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Direito Constitucional (Teoria e Questões) para os Cargos de Analista e Técnico Legislativo do Senado Federal Professora Nádia Carolina 1 www.pontodosconcursos.com.br Olá, caro (a) aluno (a)! Esta certamente é uma das aulas mais importantes de nosso curso. Trataremos do processo legislativo. O processo legislativo consiste no conjunto de atos realizados quando da produção das espécies normativas enumeradas na Constituição. Essas espécies estão enumeradas no art. 59 da Carta Magna, compreendendo as emendas constitucionais, as leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções. Trata-se das chamadas normas primárias, que retiram sua validade diretamente da Constituição. Caso haja desrespeito às regras do processo legislativo previstas na Constituição, tem-se a inconstitucionalidade FORMAL do ato resultante. Quanto aos ritos e aos prazos, o processo legislativo pode ser ordinário, sumário ou especial. O ordinário é aquele que se destina à elaboração das leis ordinárias, sem prazo definido para conclusão de suas fases. No sumário, esses prazos são delimitados pela Carta Magna, sendo esta a diferença deste processo legislativo para o anterior. Finalmente, nos processos legislativos especiais, o rito é diferente do estabelecido para as leis ordinárias, como é o caso daquele referente às emendas constitucionais, por exemplo. Fases do processo legislativo ordinário O processo legislativo ordinário apresenta três fases: introdutória, constitutiva e complementar. A introdutória compreende a iniciativa de lei. A constitutiva, a discussão e a votação do projeto de lei, a manifestação do Chefe do Executivo (sanção ou veto) e, se for o caso, a apreciação do veto pelo Legislativo. Por fim, a complementar abrange a promulgação e a publicação da lei. 1. Fase introdutória

SF Constitucional TEO EXE Nadia Aula 05

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Olá, caro (a) aluno (a)!

Esta certamente é uma das aulas mais importantes de nosso curso.

Trataremos do processo legislativo.

O processo legislativo consiste no conjunto de atos realizados quando

da produção das espécies normativas enumeradas na Constituição. Essas

espécies estão enumeradas no art. 59 da Carta Magna, compreendendo as

emendas constitucionais, as leis complementares, as leis ordinárias, as leis

delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções.

Trata-se das chamadas normas primárias, que retiram sua validade

diretamente da Constituição.

Caso haja desrespeito às regras do processo legislativo previstas na

Constituição, tem-se a inconstitucionalidade FORMAL do ato resultante.

Quanto aos ritos e aos prazos, o processo legislativo pode ser ordinário,

sumário ou especial. O ordinário é aquele que se destina à elaboração das leis

ordinárias, sem prazo definido para conclusão de suas fases. No sumário,

esses prazos são delimitados pela Carta Magna, sendo esta a diferença deste

processo legislativo para o anterior. Finalmente, nos processos legislativos

especiais, o rito é diferente do estabelecido para as leis ordinárias, como é o

caso daquele referente às emendas constitucionais, por exemplo.

Fases do processo legislativo ordinário

O processo legislativo ordinário apresenta três fases: introdutória,

constitutiva e complementar. A introdutória compreende a iniciativa de lei. A

constitutiva, a discussão e a votação do projeto de lei, a manifestação do Chefe

do Executivo (sanção ou veto) e, se for o caso, a apreciação do veto pelo

Legislativo. Por fim, a complementar abrange a promulgação e a publicação da

lei.

1. Fase introdutória

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Na fase introdutória, tem-se a iniciativa legislativa pela autoridade

competente, que apresenta um projeto de lei ao Legislativo. Essa iniciativa foi

atribuída expressamente, pela Constituição:

• A qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado

Federal ou do Congresso Nacional;

• Ao Presidente da República;

• Ao Supremo Tribunal Federal;

• Aos Tribunais Superiores;

• Ao Procurador-Geral da República;

• Aos cidadãos.

Apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) não estar contemplado

neste rol, entende-se que este detém a iniciativa da lei (ou leis) reguladora de

seus cargos, serviços e funções, com fundamento no art. 73 c/c art. 96, II, da

CF. O Tribunal de Contas tem, também, com base no mesmo fundamento, a

iniciativa de lei de organização do Ministério Público que atua junto à Corte de

Contas (art. 130, CF).

É importante destacar que aquele que apresenta projeto de lei pode

solicitar sua retirada. Entretanto, para ter validade, o pedido necessitará do

deferimento das Casas Legislativas, de acordo com as regras regimentais.

1.1 Tipos de iniciativa

A iniciativa é dita geral, quando é concedida a determinada autoridade

ou órgão para apresentação de projeto de lei sobre matérias diversas. Porém,

há algumas restrições estabelecidas constitucionalmente, uma vez que

deverão ser respeitadas as matérias de iniciativa reservada. Têm iniciativa

geral o Presidente da República, os deputados e senadores, as comissões da

Câmara ou Senado e os cidadãos.

A iniciativa é restrita quando concedida a determinada autoridade ou

órgão para a apresentação de projeto de lei sobre matérias especificadas na

CF/88. É o caso dos Tribunais do Poder Judiciário, que têm apenas iniciativa

para as matérias enumeradas nos arts.93 e 96, II, da Cart Magna.

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A iniciativa é reservada (exclusiva ou privativa), quando apenas

determinados órgãos que gozam do poder para propor leis sobre matéria

específica. É o caso da previsão constitucional de que cabe ao Supremo

Tribunal Federal propor lei complementar sobre o Estatuto da Magistratura

(CF/88, art. 93).

Finalmente, a iniciativa é dita concorrente, quando pertence,

simultaneamente, a mais de um órgão ou pessoa. É o que se verifica na

iniciativa de lei sobre a organização do Ministério Público da União, que é

concorrente entre o Presidente da República e o Procurador-Geral da

República (art. 61, §1º, II, “d”, c/c art. 128, § 5º, CF).

Casa Iniciadora

São apreciados inicialmente pela Câmara dos Deputados os projetos de

lei de iniciativa de deputado federal ou de alguma comissão da Câmara dos

Deputados, do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos

Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da República e dos cidadãos.

Já ao Senado cabe apreciar inicialmente os projetos de lei de iniciativa

de senador ou de comissão do Senado Federal.

Por fim, nos casos de iniciativa de Comissão Mista do Congresso

Nacional (composta por deputados e senadores), a apreciação inicial será feita

alternadamente pela Câmara e pelo Senado.

1.1.1 Iniciativa popular

A iniciativa popular é do tipo GERAL, sendo exercida pelos cidadãos nas

condições estabelecidas pela Constituição.

A CF/88, em seu art. 61, §2º, no que se refere a leis editadas pela

União, exige a subscrição de, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,

distribuído por, pelo menos, cinco estados brasileiros, com não menos de três

décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Já para as leis editadas pelos Estados-membros e Distrito Federal, a

Carta Magna deixou à lei a função de dispor sobre a iniciativa popular (art. 27,

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§4º e art. 32, § 3º, CF). Para os municípios, previu iniciativa popular de projetos

de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de

manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (art. 29, XIII,

CF/88).

1.1.2 Iniciativa privativa do Chefe do Executivo

Dispõe o art. 61. §1º, CF/88 que:

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República

as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na

administração direta e autárquica ou aumento de sua

remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e

orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração

dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime

jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;

d) organização do Ministério Público e da Defensoria

Pública da União, bem como normas gerais para a

organização do Ministério Público e da Defensoria Pública

dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da

administração pública, observado o disposto no art. 84,

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico,

provimento de cargos, promoções, estabilidade,

remuneração, reforma e transferência para a reserva.

Segundo o STF, esse dispositivo é de observância obrigatória para os

demais entes federados. Além disso, tais matérias não podem ser

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exaustivamente tratadas na Constituição Estadual e na Lei Orgânica de

município ou do Distrito Federal, sob pena de invadir a iniciativa privativa do

chefe do Executivo.

Vamos treinar o que vimos até agora com algumas questões?

1. (FCC/2010/TJ-PI) No processo de elaboração de leis e atos normativos, o Presidente da República:

a) tem iniciativa privativa para propor projeto de lei sobre a criação de

cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e

autárquica de todas as unidades da federação.

b) pode solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa,

situação que implica o processo legislativo sumário, cujo prazo para

conclusão é de, aproximadamente, cem dias.

c) edita leis delegadas, desde que autorizado pelo Congresso Nacional

com base nos pressupostos constitucionais da urgência e da relevância.

d) exerce o poder de veto sobre projetos de lei ordinária e complementar, o

qual poderá ser derrubado por maioria de três quintos dos membros do

Congresso Nacional em sessão unicameral.

e) tem iniciativa para propor projeto de emenda constitucional, desde que a

proposta tenha o apoio de um terço da Câmara ou do Senado Federal.

A letra “a” está incorreta. Essa iniciativa do Presidente da República se

refere apenas a cargos, funções ou empregos públicos na administração direta

e autárquica da União.

A letra “b” está correta. Fundamento: art. 64 da CF.

A alternativa “c” está errada. Não são necessárias urgência e relevância

para delegação legislativa pelo Congresso Nacional.

A letra “d” também está errada. De acordo com o art. 66, § 4º, da Carta

Magna, o veto será apreciado em sessão CONJUNTA, dentro de trinta dias a

contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da MAIORIA

ABSOLUTA dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.

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Finalmente, a letra “e” está incorreta. O Presidente da República tem

iniciativa para propor emenda Constitucional, independentemente de qualquer

apoio da Câmara ou do Senado (art. 60, II, CF).

Gabarito: B

2. (Cesgranrio/2010/Petrobrás) De acordo com o texto da Constituição Federal,

o processo legislativo NÃO compreende a elaboração de:

a) emendas à Constituição.

b) medidas provisórias.

c) leis delegadas.

d) decretos.

e) resoluções.

O gabarito é a letra “d”. O art. 59 determina que o processo legislativo

compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares,

leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e

resoluções. Note que não há previsão para decretos, pois neste gênero

estariam compreendidos os decretos executivos, atos normativos secundários.

Importante: o parágrafo único do art. 59 prevê que LEI complementar

disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

3. (FCC/2009/TRT 15ª Região) A iniciativa popular pode ser exercida pela

apresentação:

a) ao Senado Federal de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por

cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por onze Estados,

com não menos de um décimo por cento dos eleitores de cada um

deles.

b) ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por sete

Estados, com não menos de dois décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

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c) ao Senado Federal de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois por

cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por quatro Estados,

com não menos de um décimo por cento dos eleitores de cada um

deles.

d) à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por nove

Estados, com não menos de dois décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

e) à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco

Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

O gabarito é a letra “e”, com base no art. 61, §2º, da Constituição

Federal.

1.1.3 Iniciativa dos tribunais do Poder Judiciário

De acordo com a Carta Magna (art. 93, caput), lei complementar, de

iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura.

Além disso, compete ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais

Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a

extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos

que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros

e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; c) a criação ou

extinção dos tribunais inferiores e, finalmente, d) a alteração da organização e

da divisão judiciárias (art. 96, II, CF).

Também cabe ao Tribunal de Justiça a iniciativa de lei de organização

judiciária do respectivo estado (art. 125, §1º, CF).

1.1.4 Iniciativa reservada

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O Poder Legislativo, devido ao princípio da separação dos Poderes, não

pode fixar prazo para que o detentor da iniciativa reservada apresente projeto

de lei sobre determinada matéria, fora daqueles casos em que o prazo é

definido pela própria Constituição. Com base no mesmo fundamento, também

não cabe ao Judiciário obrigar órgão ou autoridade de outro Poder a exercer tal

iniciativa.

Entretanto, devido a previsão constitucional não veda que o Poder

Judiciário, por meio de mandado de injunção ou ação direta de

inconstitucionalidade por omissão, reconheça a mora do detentor da iniciativa

reservada e, em conseqüência disso, declare a inconstitucionalidade de sua

inércia.

Emendas parlamentares

É possível haver emenda parlamentar a projeto de iniciativa reservada a

outro Poder da República. Assim, se o Presidente da República apresenta

projeto de lei sobre matéria de iniciativa privativa, os congressistas podem

apresentar emenda e este projeto, por exemplo.

Entretanto, esse poder de emendar não é absoluto, ilimitado. É

necessário que se cumpram alguns requisitos: o conteúdo da emenda deverá

ser pertinente à matéria da proposição e esta não poderá acarretar aumento de

despesa, ressalvadas as emendas à lei orçamentária anual e à lei de diretrizes

orçamentárias e às leis referentes à organização dos serviços administrativos

da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos tribunais federais e do

Ministério Público.

Ressalta-se, ainda, que segundo o STF a sanção presidencial a projeto

de lei não convalida defeito resultante de emenda parlamentar nem defeito de

iniciativa.

2. Fase constitutiva

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Na fase constitutiva, o projeto de lei é discutido e votado nas duas casas

do Congresso Nacional e, sendo aprovado, sofre sanção ou veto do Presidente

da República. Caso o projeto aprovado pelo Legislativo seja vetado pelo Chefe

do Executivo, a fase constitutiva ainda compreenderá a apreciação do veto

pelo Congresso Nacional.

Após ser apresentado, o projeto de lei passará pela fase de instrução na

casa legislativa iniciadora, na qual será submetido à apreciação das

comissões. Essa apreciação se dará em duas comissões diferentes: uma

comissão temática, que examinará aspectos relacionados à matéria e a

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que avaliará aspectos referentes à

forma.

A apreciação do projeto de lei pelas comissões também acontece na

Casa revisora. Se a Casa iniciadora for a Câmara dos Deputados, a revisora

será o Senado Federal e vice-versa.

Aprovado o projeto pelas comissões tanto no aspecto formal, quanto no

aspecto material, será encaminhado ao Plenário da respectiva Casa, onde será

objeto de discussão e votação.

No Plenário projeto de lei é posto em discussão e depois em votação, na

forma estabelecida nos regimentos das Casas legislativas.

Em se tratando de lei ordinária, a aprovação do projeto será por maioria

simples ou relativa, mas em se tratando de lei complementar a aprovação será

por maioria absoluta.

Na casa iniciadora o projeto poderá ser aprovado ou rejeitado.

Aprovado, será encaminhado à Casa revisora. Rejeitado, será arquivado e a

matéria somente poderá ser objeto de novo projeto, na mesma sessão

legislativa, se houver proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer

das Casas (princípio da irrepetibilidade).

Na casa revisora, após a apreciação pelas comissões, discussão e

votação, poderá haver três possibilidades: o projeto ser aprovado da mesma

forma como foi recebido da Casa iniciadora; o projeto ser aprovado com

emendas ou, finalmente, o projeto ser rejeitado.

Na primeira situação, em que o projeto de lei é aprovado sem emendas,

este será encaminhado ao Chefe do Executivo para sanção ou veto. Na

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terceira situação, em que projeto de lei é rejeitado, este será arquivado, com

aplicação do princípio da irrepetibilidade.

Por fim, na segunda situação, em que o projeto de lei é aprovado com

emendas, este voltará à Casa iniciadora, para que estas sejam apreciadas. Se

aceitas, o projeto será encaminhado ao Chefe do Executivo com as respectivas

emendas, para sanção ou veto. Se rejeitadas, o projeto de lei é encaminhado

(sem as emendas) ao Chefe do Executivo para que ele aprove ou vete o texto

original da Casa iniciadora.

Observa-se, portanto, que no processo legislativo federal a Casa

iniciadora tem predominância sobre a revisora.

Após aprovação do projeto nas duas Casas do Congresso Nacional,

esse seguirá para a fase do autógrafo, que é o documento formal que reproduz

o texto definitivamente aprovado pelo Legislativo.

Posteriormente, caberá ao Chefe do Executivo sancioná-lo

expressamente, sancioná-lo tacitamente ou vetá-lo.

Ocorrerá a sanção expressa se o Presidente da República concordar

com o texto do projeto de lei, formalizando por escrito o ato de sanção no prazo

de 15 dias úteis, contados da data do recebimento do projeto. Depois disso, ele

promulgará e determinará a publicação da lei.

Ocorrerá a sanção tácita se o Presidente da República optar pelo

silêncio no prazo de 15 dias úteis, contados do recebimento do projeto. Nessa

hipótese, ele terá um prazo de 48 horas para promulgar a lei resultante da

sanção. Do contrário, o Presidente do Senado, em igual prazo, deverá

promulgá-la. Se este não o fizer, caberá ao Vice-Presidente do Senado a

promulgação da lei, sem prazo definido constitucionalmente.

Se o Presidente da República considerar que o projeto, no todo ou em

parte, é contrário ao interesse público ou inconstitucional, deverá vetá-lo no

prazo de 15 dias úteis, contados da data do recebimento do projeto. O veto

deverá ser comunicado ao Presidente do Senado, no prazo de 48 horas, e os

motivos do veto.

O veto será apreciado em sessão conjunta no Congresso Nacional,

dentro de 30 dias, a contar do seu recebimento. Só poderá ser rejeitado pelo

voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em votação secreta.

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Se dentro do prazo de 30 dias não houver a deliberação do veto, este

será colocado na ordem do dia da sessão imediata, retardando as demais

deliberações do Congresso Nacional, até que ocorra a sua votação. Note que,

nesse caso, haverá o trancamento de pauta da sessão conjunta do Congresso

Nacional, não de sessão da Câmara ou do Senado.

Se houver rejeição do veto, por maioria absoluta dos deputados e

senadores, a matéria será encaminhada ao Presidente da República. Ele terá

um prazo de 48 horas para emitir o ato de promulgação. Caso não o faça

nesse prazo, a competência para promulgar passará a ser do Presidente do

Senado que terá igual prazo para promulgar. Se este também não o fizer, a

promulgação será de responsabilidade do Vice-Presidente do Senado, sem

prazo definido constitucionalmente.

Caso o veto seja mantido, o projeto será arquivado, com obediência ao

princípio da irrepetibilidade.

É importante ressaltar que discussão e votação de projeto de lei não são

competências apenas do Plenário do Congresso Nacional. A Carta Magna

outorga essas competências às Comissões, no que se refere a situações e

matérias que o regimento determinar (delegação interna corporis). Entretanto,

caso um décimo dos membros da Casa respectiva decida que uma comissão

não pode apreciar e votar o projeto de lei, este irá para plenário.

Veto

O veto é a manifestação de discordância do Chefe do Executivo com o

projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Dispõe a Constituição, em seu

art. 66, §1º, que se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou

em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou

parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento,

e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado

Federal os motivos do veto. No primeiro caso, tem-se o veto jurídico; no

segundo, o veto político.

O veto jurídico traduz controle preventivo de constitucionalidade, ao

evitar que uma lei inconstitucional venha a ser inserida no ordenamento

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jurídico. Já o veto político traduz um juízo político de conveniência do

Presidente da República, em seu papel de representante e defensor da

sociedade.

O veto pode ser total ou parcial. Será total quando incidir sobre todo o

projeto de lei, e parcial quando se referir a apenas alguns dos dispositivos do

projeto. Destaca-se, todavia, que veto parcial deverá abranger texto integral de

artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.

O veto parcial não impede que a parte não-vetada do projeto seja

promulgada e publicada de imediato, independentemente da apreciação do

veto pelo Legislativo. Nesse caso, os dispositivos vetados serão publicados

sem texto, constando a apenas a expressão “vetado”. Posteriormente, caso o

veto seja superado, os artigos a ele referentes serão encaminhados à

promulgação e após a devida publicação, começarão a produzir feitos (ex

nunc).

Não há veto tácito em nosso ordenamento jurídico. Caso o Presidente

da República não manifeste sua posição em relação a um projeto de lei no

prazo previsto, este será sancionado tacitamente.

É admissível o controle judicial sobre a inoportunidade do veto, desde

que haja, previamente, manifestação do Poder Legislativo a respeito. Entende

o STF que não cabe ao Judiciário pronunciar-se sobre a oportunidade do veto

antes de manifestação do Legislativo.

O veto do Chefe do Executivo deve ser obrigatoriamente apreciado pelo

Congresso Nacional em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu

recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos

deputados e senadores, em votação secreta.

Veja, abaixo, as características do veto no processo legislativo ordinário:

Características do veto Expresso Deve ser uma manifestação expressa do Chefe do Executivo Formal Deve ser feito por escrito Motivado Por inconstitucionalidade ou contrariedade ao interesse público Supressivo Acarreta eliminação de dispositivos de lei Superável ou relativo

Os dispositivos vedados poderão ser restabelecidos por deliberação do Congresso Nacional

Irretratável Uma vez comunicado ao Presidente do Senado, o Presidente da

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República não pode alterar seu posicionamento, retirando o veto Insuscetível de apreciação judicial

Não pode haver controle judicial das razões do veto

Que tal mais algumas questões para fixarmos o conteúdo estudado?

4. (FCC/2010/Assembléia Legislativa de SP) Estabelecem as regras

constitucionais sobre o processo legislativo ordinário que:

a) o Presidente da República e o Presidente do Supremo Tribunal

Federal poderão solicitar urgência para a apreciação de projetos de

sua iniciativa.

b) a discussão e votação de projetos de lei de iniciativa do Supremo

Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início no Senado

Federal.

c) os projetos de lei propostos pelo Presidente da República e

aprovados pelo Congresso Nacional sem emendas parlamentares

não precisam ser sancionados pelo Chefe do Poder Executivo.

d) veto presidencial interposto por motivos de inconstitucionalidade só

poderá ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos membros da

Comissão de Constituição e Justiça do Congresso Nacional.

e) compete privativamente ao Presidente da República propor projeto

de lei que disponha sobre criação de cargos, funções ou empregos

públicos na administração direta e autárquica federal ou aumento de

sua remuneração.

A letra “a” está incorreta. De acordo com a Carta Magna, em seu art. 64,

§ 1º, o Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de

projetos de sua iniciativa. Não há tal previsão para o Presidente do STF.

A letra “b” também está incorreta. A discussão e votação de projetos de

lei de iniciativa do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão

início na Câmara dos Deputados, com fundamento no art. 64, caput, CF.

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A letra “c” também contém erro. Todos os projetos de lei propostos pelo

Presidente da República, no processo legislativo ordinário, necessitarão de ser

submetidos à sanção ou veto do Chefe do Poder Executivo.

A alternativa “d” também é absurda. De acordo com o art. 66, § 4º, da

Constituição Federal, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de

trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da

maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. A CCJ

não dispõe de competência para deliberar sobre o veto.

A alternativa “e” está perfeita. Fundamento: art. 61. §1º, II, “a”, CF/88.

Gabarito: letra E

5. (Cespe/2010/DPU) Considere que o chefe do Poder Executivo tenha

apresentado projeto de lei ordinária que dispõe sobre a remuneração de

servidores públicos. Nesse caso, não se admite emenda parlamentar ao projeto

para aumento do valor da remuneração proposto.

Questão correta. Fundamento: art. 63, I, CF.

6. (FCC/2009/TRT – 3ª Região) O veto no processo legislativo brasileiro, além

de motivado, caracteriza-se por ser:

a) verbal, informal, aditivo, insuperável ou absoluto, irretratável e

insuscetível de apreciação judicial.

b) formal, expresso, aditivo, superável ou relativo, retratável e suscetível de

apreciação judicial.

c) expresso, formal, supressivo, superável ou relativo, irretratável e

insuscetível de apreciação judicial.

d) informal, verbal, supressivo, superável ou relativo, irretratável e

suscetível de apreciação judicial.

e) formal, expresso, aditivo, insuperável ou absoluto, retratável e suscetível

de apreciação judicial.

O gabarito é a letra “c”. Se errou, dê uma olhadinha naquela tabelinha

em que listamos as características do veto...

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3. Fase complementar

Na fase complementar, há a promulgação e a publicação da lei.

A promulgação é o ato solene que atesta a existência da lei. Incide sobre

a lei pronta, declarando a sua potencialidade para produzir efeitos. Assim, a lei

nasce com a sanção, mas tem sua existência declarada pela promulgação.

Em princípio, cabe ao Chefe do Executivo. Entretanto, há hipóteses em

que a promulgação poderá ser feita pelo Legislativo, diante da omissão

do Presidente da República: quando há sanção tácita, quando há superação do

veto e, finalmente, quando o Presidente da República não formaliza a

promulgação no prazo de 48 horas.

Existem, ainda, casos em que a promulgação é ato de competência

originária do Poder Legislativo: emendas à Constituição (promulgadas pelas

Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal), decretos legislativos

(promulgados pelo Presidente do Congresso Nacional, que é o Presidente do

Senado Federal) e resoluções (promulgadas pelo Presidente do órgão que as

edita).

A publicação é requisito para que a lei entre em vigor e que tenha

eficácia. Realiza-se pela inserção da lei no Diário Oficial. Dirige-se a todos os

afetados pela lei, informando-os de sua existência. A Carta Magna não

estabelece prazo para o ato de publicação da lei.

Procedimento legislativo sumário

A Carta Magna disciplina o processo legislativo sumário ou de urgência

no seu art. 64, §1º, no qual estabelece que o Presidente da República poderá

solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa.

Nesse caso, o processo legislativo deve terminar no prazo máximo de

cem dias (45 dias na Câmara, 45 dias no Senado e mais dez dias para a

Câmara apreciar as emendas dos senadores, se houver), desconsiderando os

períodos de recesso do Congresso Nacional.

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Se as Casas não se manifestarem, cada uma, em até 45 dias, trancar-

se-á a pauta das deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção

das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.

A Constituição estabelece que o processo legislativo sumário (ou de

urgência) não poderá ser aplicado aos projetos de códigos.

O regime de urgência constitucional não exclui o pedido de urgência

para apreciação de determinado projeto de lei no âmbito das casas do

Congresso Nacional, na forma estabelecida nos respectivos regimentos.

Lei ordinária

É o ato legislativo típico, primário e geral aprovado por maioria simples

ou relativa. Tem como características a generalidade e a abstração.

Lei complementar

Sua aprovação é se dá por maioria absoluta. Em alguns casos, a lei

confere a essa espécie normativa iniciativa reservada (como a do STF no que

se refere ao Estatuto da Magistratura, por exemplo). Os demais procedimentos

como discussão, votação, revisão, emenda, sanção, veto, superação do

veto, promulgação, publicação, dentre outros, seguem as regras do processo

legislativo comum, aplicável às leis ordinárias.

Os assuntos tratados por lei complementar estão expressamente

previstos na Constituição, o que não acontece com as leis ordinárias. Isso

porque se trata de matérias às quais o constituinte decidiu dar tratamento

especial, por meio de processo legislativo mais dificultoso que o ordinário.

No seu campo de atuação, delineado constitucionalmente, a lei

complementar não pode ser afastada por meio de lei ordinária, lei delegada ou

outra qualquer espécie infraconstitucional do processo legislativo. Entretanto,

essa espécie normativa não é hierarquicamente superior às outras,

infraconstitucionais. Apenas apresenta competências diferentes.

Processos legislativos especiais

1. Emendas à Constituição

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A Constituição é do tipo rígida, portanto o processo legislativo de

emenda constitucional é mais laborioso do que o ordinário. Ele está detalhado

no art. 60 da Carta Magna e compreende as seguintes fases:

• Iniciativa de um dos legitimados;

• Discussão e votação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois

turnos, considerando-se aprovada quando obtiver, em ambos, 3/5 dos

votos dos membros de cada uma delas;

• Promulgação pelas Mesas da Câmara e do Senado, com o respectivo

número de ordem, se aprovada;

• Caso a proposta seja rejeitada ou havida por prejudicada, será

arquivada, não podendo a matéria dela constante ser objeto de nova

proposta na mesma sessão legislativa.

Os legitimados a propor emenda constitucional estão enumerados no

art. 60 da Constituição, nos termos a seguir:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante

proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos

Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das

unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,

pela maioria relativa de seus membros.

O § 1º do mesmo artigo traz, ainda, as limitações circunstanciais ao

poder de emenda constitucional. Reza o dispositivo que a Constituição não

poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa

ou de estado de sítio.

Que tal mais um pouco de treino com um exercício?

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7. (FCC/2010/Assembléia Legislativa – SP). A respeito das regras do processo

legislativo referentes às emendas constitucionais, é correto afirmar que:

a) a Constituição poderá ser emendada mediante proposta de qualquer

membro ou Comissão da Câmara dos Deputados ou do Senado

Federal.

b) matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por

prejudicada somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma

sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros

de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

c) a proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do

Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada pelo

voto da maioria absoluta de Deputados Federais e Senadores, em

sessão unicameral.

d) a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção

federal, estado de defesa ou estado de sítio.

e) a Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de

emenda ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

A letra “a” está incorreta. A Constituição só pode ser emendada pelos

legitimados do art. 6º, I, II e III, CF.

A letra “b” também está incorreta. De acordo com o art. 60, § 5º, da CF,

a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por

prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão

legislativa.

A letra “c” também está incorreta. O art. 60, § 2º, da CF, determina que a

proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso

Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,

TRÊS QUINTOS dos votos dos respectivos membros.

A alternativa “d” está correta. Fundamento: art. 60, §1º, CF.

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Finalmente, a alternativa “e” está errada. Não há sanção presidencial no

processo legislativo de emenda constitucional.

Gabarito: letra D

2. Medidas Provisórias

A medida provisória é ato normativo primário geral, editado pelo

Presidente da República.

Segundo o art. 62 da Carta Magna, em caso de relevância e urgência, o

Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,

devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Caso este esteja de

recesso, não há a necessidade de convocação extraordinária.

A medida provisória não pode disciplinar sobre qualquer matéria, em

virtude da existência de limitações constitucionais à sua edição. De acordo com

o art. 62, §1º, da CF:

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre

matéria:

I - relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos

políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a

carreira e a garantia de seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e

créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto

no art. 167, § 3º;

II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança

popular ou qualquer outro ativo financeiro;

III - reservada a lei complementar;

IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo

Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do

Presidente da República.

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A medida provisória deve ser submetida, de imediato, ao Congresso

Nacional, onde terá o prazo de sessenta dias (prorrogáveis por mais sessenta)

para ser apreciada. Esses prazos não correm durante os períodos de recesso

do Congresso Nacional.

Lá, as medidas provisórias serão apreciadas por uma comissão mista,

composta de senadores e deputados, que apresentará um parecer favorável ou

não à sua conversão em lei. A votação será iniciada, obrigatoriamente, pela

Câmara dos Deputados, que é a Casa iniciadora.

Emitido o parecer, o Plenário das Casas Legislativas examinará a

medida provisória.

Caso esta seja integralmente convertida em lei, o Presidente do Senado

Federal a promulgará, remetendo-a para publicação. Nesse caso, não há que

se falar em sanção ou veto do Presidente da República, uma vez que a medida

provisória foi aprovada exatamente nos termos por ele propostos.

Caso a medida provisória seja integralmente rejeitada ou perca sua

eficácia por decurso de prazo, em face da não apreciação pelo Congresso

Nacional no prazo estabelecido, o Congresso Nacional baixará ato declarando-

a insubsistente e deverá disciplinar, por meio de decreto legislativo, no prazo

de sessenta dias, as relações jurídicas dela decorrentes. Caso contrário, as

relações jurídicas surgidas no período permanecerão regidas pela medida

provisória.

Se forem introduzidas modificações no texto adotado original da medida

provisória (conversão parcial), esta será transformada em “projeto de lei de

conversão”, sendo o texto encaminhado ao Presidente da República para

sanção ou veto. A partir daí, seguirá o trâmite do processo legislativo ordinário.

As medidas provisórias têm eficácia pelo prazo de sessenta dias a partir

de sua publicação, prorrogável uma única vez por igual período. A prorrogação

dá-se de forma automática, sem precisar de ato do Chefe do Executivo. Os

prazos não correm durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados de

sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada

uma das Casas do Congresso Nacional. Nesse caso, ficarão sobrestadas, até

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que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em

que a medida provisória estiver tramitando.

Portanto, no 45º dia sem apreciação, a medida provisória trancará a

pauta da Casa Legislativa em que estiver tramitando, obstando a votação de

qualquer outra matéria. Esse fato, porém, não interromperá a contagem do

prazo (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta) para a conclusão do

processo legislativo da medida provisória. Deduz-se, com isso, que é possível

que, mesmo com o trancamento de pauta, haja expiração do prazo para a

conclusão do processo legislativo, sem que o Congresso Nacional tenha

ultimado a apreciação da medida provisória. Nessa situação, a medida

provisória perderá sua eficácia, desde a sua edição, por decurso de prazo (ex

tunc).

A jurisprudência do STF não admite que medida provisória submetida ao

Congresso Nacional seja retirada pelo Chefe do Poder Executivo. Entretanto,

aceita que medida provisória nessa situação seja revogada por outra. Nesse

caso, a matéria constante da medida provisória revogada não poderá ser

reeditada, em nova medida provisória, na mesma sessão legislativa.

No que se refere aos estados-membros, segundo o STF, estes podem

adotar medida provisória, desde que haja previsão de edição dessa espécie

normativa em sua Constituição, nos mesmos moldes da Constituição Federal.

3. Leis delegadas

As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, após

este solicitar delegação ao Congresso Nacional.

Da mesma forma que ocorre com as medidas provisórias, as leis

delegadas não podem cuidar de qualquer matéria. De modo geral, a matéria

vedada à medida provisória coincide com a que é proibida à lei delegada. Essa

Coincidência, porém, não é absoluta, pois há proibições que se aplicam

somente à medida provisória (por exemplo, determinar seqüestro de bens),

bem como vedações que somente são impostas à lei delegada (por exemplo,

dispor sobre direitos individuais).

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A delegação legislativa se dá por resolução do Congresso Nacional, que

determinará o conteúdo e os termos para o seu exercício. Será inconstitucional

um ato de delegação genérico, vago, que dê poderes ilimitados ao Presidente

da República em termos de competência legislativa.

O processo de elaboração de lei delegada é desencadeado pela

solicitação de autorização do Presidente da República ao Congresso Nacional

para a edição de lei sobre determinada matéria. Efetivada essa solicitação, o

Congresso Nacional a examinará e, caso a aprove, editará resolução que

especificará o conteúdo e os termos para o exercício da delegação concedida.

A delegação poderá ser típica e atípica. A primeira, que costuma ser a

regra, se dá quando o Congresso Nacional concede poderes para que o

Presidente da República elabore, promulgue e publique a lei delegada, sem

participação posterior do Legislativo. A segunda ocorre quando a resolução

determina a apreciação do projeto de lei pelo Congresso Nacional. Nesse

caso, o Congresso Nacional sobre ele deliberará, em votação única, vedada

qualquer emenda. Caso aprovada, a lei delegada será encaminhada ao

Presidente da República, para que a promulgue e publique.

Se rejeitada, o projeto será arquivado, somente podendo ser

reapresentado, na mesma sessão legislativa, por solicitação da maioria

absoluta dos membros de uma das Casas do Congresso Nacional ( princípio

da irrepetibilidade).

A delegação não vincula o Presidente da República, que, mesmo diante

dela, poderá não editar lei a delegada. Também não retira do Legislativo o

poder de regular a matéria. Além disso, o Congresso Nacional pode revogar a

delegação antes do encerramento do prazo fixado na resolução.

A Carta Magna outorgou ao Congresso Nacional a competência para

sustar os atos do Executivo que exorbitem dos limites da delegação legislativa.

O ato de sustação surtirá efeitos não-retroativos (ex nunc). Trata-se do

chamado “veto legislativo”.

Esse controle legislativo não veda uma eventual declaração de

inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário, quanto a matéria ou quanto aos

requisitos formais do processo legislativo.

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De acordo com o STF, se o Congresso Nacional sustar os efeitos de ato

normativo do Poder Executivo, a ação de sustação poderá sofrer controle

repressivo judicial. Assim, após o ato de sustação efetuado pelo Congresso

Nacional, poderá o Chefe do Executivo pleitear judicialmente a declaração de

sua inconstitucionalidade, por meio de ação declaratória de

inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal.

4. Decretos legislativos

Os decretos legislativos são atos editados pelo Congresso Nacional para

o tratamento de matérias de sua competência exclusiva (art. 49 da CF),

dispensada a sanção presidencial. Trata-se de espécie normativa primária.

Duas de suas funções mais importantes são a aprovação definitiva dos

tratados, acordos e atos internacionais celebrados pela República Federativa

do Brasil e a regulação dos efeitos de medida provisória não convertida em lei

pelo Congresso Nacional.

5. Resoluções

As resoluções são espécies normativas utilizadas pelas Casas

Legislativas, em conjunto ou separadamente,para dispor sobre assuntos de

sua competência não sujeitos à reserva de lei. Esses assuntos são

basicamente aqueles enumerados nos arts. 51 e 52 da Constituição, que

apontam as competências da Câmara e do Senado, respectivamente.

A Carta Magna exige a edição de resoluções, também, em outros

dispositivos constitucionais, dentre os quais:

a) delegação legislativa para a edição de lei delegada

(resolução do Congresso Nacional);

b) definição das alíquotas máximas do imposto da

competência dos Estados e do DF, sobre transmissão causa

mortis e doações, de quaisquer bens ou direitos (resoluções

do Senado);

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c) fixação das alíquotas do imposto sobre circulação de

mercadorias e serviços aplicáveis às operações e

prestações interestaduais e de exportação (resoluções do

Senado)

d) Suspensão de execução de lei declarada inconstitucional

pelo STF (resoluções do Senado).

A promulgação da resolução se dá pelo Presidente da respectiva Casa

legislativa.

Vamos resolver mais alguns exercícios?

8. (Cespe/2010/TER-MT) Assinale a opção correta quanto ao processo

legislativo devidamente estabelecido na CF:

a) No que se refere a leis delegadas, se a resolução determinar a

apreciação do projeto de lei pelo Congresso Nacional, este a fará em

votação única, sendo vedada qualquer emenda.

b) A CF poderá ser emendada mediante proposta de um terço das

assembléias legislativas das unidades da Federação, mediante a

maioria relativa de seus membros.

c) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir

a forma republicana de governo.

d) É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a

direito civil.

e) Decorrido o prazo de quinze dias para o exame do projeto de lei

aprovado pelo Congresso Nacional, o silêncio do presidente da

República importará veto, em razão da impossibilidade de ocorrer

sanção tácita.

A letra “a” está correta. Fundamento: art. 60, §3º, CF.

A letra “b” está incorreta. Determina o art. 60, III, da CF, que a

Constituição poderá ser emendada mediante proposta De Mais Da Metade das

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Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada

uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

A letra “c” está incorreta. Dispõe o art. 60, § 4º, CF/88, que não será

objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: a forma

federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação

dos Poderes e, finalmente, os direitos e garantias individuais. Essas são as

chamadas cláusulas pétreas.

A letra “d” está incorreta. Matéria relativa a direito civil não está no rol de

vedações às medidas provisórias.

A alternativa “e” está incorreta. Dispõe o art. 66, § 3º, da CF, que

decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República

importará sanção. O veto necessariamente deverá ser motivado, não existindo

veto tácito em nosso ordenamento jurídico.

Gabarito: letra “a”.

9. (Cespe/2009/OAB) Considerando as normas constitucionais sobre processo

legislativo, assinale a opção correta.

a) A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer

membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. As

comissões permanentes de ambas as casas podem discutir e votar

projetos de lei que dispensarem a competência do plenário, mas não

têm o poder de apresentar tais projetos para dar início ao processo

legislativo.

b) A emenda à CF será promulgada, com o respectivo número de ordem,

pelo presidente do Senado Federal, na condição de presidente do

Congresso Nacional. Se a promulgação não ocorrer dentro do prazo de

quarenta e oito horas após a sua aprovação, as mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal deverão fazê-lo.

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c) São de iniciativa privativa do presidente da República as leis que

disponham sobre o aumento de remuneração dos cargos, funções e

empregos na administração direta e autárquica.

d) A iniciativa popular de lei pode ser exercida pela apresentação, à

Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal, de projeto de lei

subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído, pelo

menos, por cinco estados.

A letra “a” está incorreta. A iniciativa das leis complementares e

ordinárias cabe, sim, em regra, a qualquer membro da Câmara dos Deputados

ou do Senado Federal. Além disso, As comissões permanentes de ambas as

casas podem discutir e votar projetos de lei que dispensarem a competência do

plenário Tais comissões têm, ainda, o poder de apresentar projetos de lei,

dando início ao processo legislativo. Fundamento: art. 61, “caput”, CF.

A letra “b” é absurda. Determina o art. 60, § 3º, da CF, que a emenda à

Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do

Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

A letra “c” está correta. Fundamento: art. 61, §1º, II, “a”, CF.

A letra “d” está errada. Dispõe o art. 61, § 2º, da CF, que a iniciativa popular

pode ser exercida pela apresentação à CÂMARA DOS DEPUTADOS de projeto de lei

subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos

por cinco Estados, COM NÃO MENOS DE TRÊS DÉCIMOS POR CENTO DOS

ELEITORES DE CADA UM DELES.

Gabarito: letra “c”.

10. (FCC/2009/TRT 15ª Região) No âmbito do processo legislativo previsto na

Constituição Federal:

a) as medidas provisórias terão sua votação iniciada no Senado Federal.

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b) a emenda à Constituição será promulgada pelo Presidente da

República.

c) são de iniciativa privativa do Congresso Nacional, dentre outras, as leis

que fixem o efetivo das Forças Armadas.

d) não serão objeto de lei delegada, dentre outras, a matéria reservada à

lei complementar.

e) a Casa na qual tenha sido iniciada a votação enviará o projeto de lei ao

Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

A letra “a” está incorreta. As medidas provisórias terão sua votação

iniciada na Câmara dos Deputados (art. 62, §8º, CF).

A letra “b” também está errada. Determina o art. 60, § 3º, da CF, que a

emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

A alternativa “c” está errada. Dispõe o art. 61, §1º, II, da CF, que são de

iniciativa privativa do PRESIDENTE DA REPÚBLICA as leis que fixem ou

modifiquem os efetivos das Forças Armadas.

A letra “d” está correta. Fundamento: art. 68, §1º, CF.

Finalmente, a letra e” está errada. Reza o art. 66, “caput”, da CF, que a

Casa na qual tenha sido CONCLUÍDA a votação enviará o projeto de lei ao

Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

Gabarito: letra “d”.

11. (Cespe/2009/TCE-AC). Acerca do processo legislativo brasileiro, assinale a

opção correta.

a) Segundo a CF, emenda constitucional disporá sobre a elaboração,

redação, alteração e consolidação das leis.

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b) A CF prevê a hipótese de iniciativa popular, que pode ser exercida pela

apresentação, à Câmara dos Deputados, de projeto de lei subscrito por,

no mínimo, 10% dos eleitores de qualquer estado da Federação.

c) As medidas provisórias perderão a eficácia, desde a edição, se não

forem convertidas em lei no prazo de trinta dias a contar de sua

publicação, devendo o Congresso Nacional disciplinar as relações

jurídicas dela decorrentes.

d) A reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que

tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de

prazo será permitida apenas uma vez, por igual período.

e) procurador-geral da República tem competência para propor projeto de

lei ordinária ou complementar.

A alternativa “a” está errada. O parágrafo único do art. 59 da Carta

Magna estabelece que LEI COMPLEMENTAR disporá sobre a elaboração,

redação, alteração e consolidação das leis.

A alternativa “b” também tem erro grosseiro. O art. 61, § 2º , da CF,

estabelece que a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à

Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, UM POR

CENTO do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com

não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

A letra “c” está errada. O art. 62, § 3º, da CF, determina que as medidas

provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a

edição, se não forem convertidas em lei no prazo de SESSENTA DIAS,

prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o

Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas

delas decorrentes.

A letra “d” também é absurda. O § 10 do art. 62 da Carta Magna veda a

reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido

rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

A letra “e” está correta. Fundamento: art. 61, “caput”, CF.

Gabarito: letra “e”

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12. (FGV/2008/Senado Federal) O processo legislativo confere aos cidadãos

poder de iniciar o processo legislativo. Trata-se da lei de iniciativa popular.

Consoante o texto constitucional, tal projeto deve preencher os seguintes

requisitos:

a) subscrição de um por cento do eleitorado nacional, distribuído por pelo

menos cinco estados e com pelo menos três décimos por cento dos

eleitores em cada um deles.

b) subscrição de, no mínimo, de um milhão de eleitores, divididos por dez

estados da federação, proporcionalmente.

c) subscrição de dez por cento do número total de eleitores do país,

divididos por, no mínimo, vinte estados da federação, em

proporcionalidade.

d) subscrição de cinco por cento do eleitorado nacional, distribuído por,

pelo menos, quinze estados, e cinco décimos de eleitores por estado.

e) subscrição de vinte por cento do eleitorado nacional, distribuído por dez

estados sem limite por cada estado.

Que fácil, não? Gabarito: letra “a”, com base no art. 61, §2º, da CF.

Processo legislativo nos Estados-membros , Distrito Federal e Municípios

As regras básicas do processo legislativo estabelecidas na Constituição

são de observância obrigatória no âmbito dos Estados-membros, Distrito

Federal e Municípios. Assim, esses entes federados devem prever de forma

idêntica à da Constituição Federal:

a) as espécies normativas integrantes do processo

legislativo federal, bem como o respectivo procedimento e

quorum para sua aprovação;

b) as hipóteses de iniciativa reservada e concorrente;

c) os limites do poder de emenda parlamentar;

d) as diferentes fases do processo legislativo, nas diversas

espécies normativas;

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e) o princípio de irrepetibilidade de projetos rejeitados na

mesma sessão legislativa.

Controle Judicial

O processo legislativo sujeita-se a controle incidental pelo Poder

Judiciário. Este deverá ser provocado por meio da impetração de mandado de

segurança.

Não se admite o controle judicial do processo legislativo mediante ação

direta de inconstitucionalidade, pois o ajuizamento desta pressupõe uma norma

pronta e acabada, já publicada e inserida no ordenamento jurídico.

Além disso, somente podem provocar o Poder Judiciário os

congressistas da Casa Legislativa em que estiver tramitando a proposta, por

meio de mandado de segurança. Entretanto, a aprovação da proposta em

discussão – projeto de lei ou proposta de emenda à Constituição – retira do

congressista a legitimidade para continuar no feito, restando prejudicado o

mandado de segurança.

Destaca-se ainda que no processo legislativo federal, o controle será

exercido originariamente perante o STF, órgão ao qual compete,

originariamente, apreciar os atos emanados do Congresso Nacional, suas

Casas e componentes.

Despedimo-nos aqui.

Na próxima aula (extra) trarei muitos exercícios comentados. Tentarei

atender ao pedido de vocês!

Bons estudos!

Nádia

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Questões apresentadas nesta aula

1. (FCC/2010/TJ-PI) No processo de elaboração de leis e atos normativos, o Presidente da República:

a) tem iniciativa privativa para propor projeto de lei sobre a criação de

cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e

autárquica de todas as unidades da federação.

b) pode solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa,

situação que implica o processo legislativo sumário, cujo prazo para

conclusão é de, aproximadamente, cem dias.

c) edita leis delegadas, desde que autorizado pelo Congresso Nacional

com base nos pressupostos constitucionais da urgência e da relevância.

d) exerce o poder de veto sobre projetos de lei ordinária e complementar, o

qual poderá ser derrubado por maioria de três quintos dos membros do

Congresso Nacional em sessão unicameral.

e) tem iniciativa para propor projeto de emenda constitucional, desde que a

proposta tenha o apoio de um terço da Câmara ou do Senado Federal.

2. (Cesgranrio/2010/Petrobrás) De acordo com o texto da Constituição Federal,

o processo legislativo NÃO compreende a elaboração de:

a) emendas à Constituição.

b) medidas provisórias.

c) leis delegadas.

d) decretos.

e) resoluções.

3. (FCC/2009/TRT 15ª Região) A iniciativa popular pode ser exercida pela

apresentação:

a) ao Senado Federal de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por

cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por onze Estados,

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com não menos de um décimo por cento dos eleitores de cada um

deles.

b) ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por sete

Estados, com não menos de dois décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

c) ao Senado Federal de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois por

cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por quatro Estados,

com não menos de um décimo por cento dos eleitores de cada um

deles.

d) à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por nove

Estados, com não menos de dois décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

e) à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um

por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco

Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

4. (FCC/2010/Assembléia Legislativa de SP) Estabelecem as regras

constitucionais sobre o processo legislativo ordinário que:

a) o Presidente da República e o Presidente do Supremo Tribunal

Federal poderão solicitar urgência para a apreciação de projetos de

sua iniciativa.

b) a discussão e votação de projetos de lei de iniciativa do Supremo

Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início no Senado

Federal.

c) os projetos de lei propostos pelo Presidente da República e

aprovados pelo Congresso Nacional sem emendas parlamentares

não precisam ser sancionados pelo Chefe do Poder Executivo.

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d) veto presidencial interposto por motivos de inconstitucionalidade só

poderá ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos membros da

Comissão de Constituição e Justiça do Congresso Nacional.

e) compete privativamente ao Presidente da República propor projeto

de lei que disponha sobre criação de cargos, funções ou empregos

públicos na administração direta e autárquica federal ou aumento de

sua remuneração.

5. (Cespe/2010/DPU) Considere que o chefe do Poder Executivo tenha

apresentado projeto de lei ordinária que dispõe sobre a remuneração de

servidores públicos. Nesse caso, não se admite emenda parlamentar ao projeto

para aumento do valor da remuneração proposto.

6. (FCC/2009/TRT – 3ª Região) O veto no processo legislativo brasileiro, além

de motivado, caracteriza-se por ser:

a) verbal, informal, aditivo, insuperável ou absoluto, irretratável e

insuscetível de apreciação judicial.

b) formal, expresso, aditivo, superável ou relativo, retratável e suscetível de

apreciação judicial.

c) expresso, formal, supressivo, superável ou relativo, irretratável e

insuscetível de apreciação judicial.

d) informal, verbal, supressivo, superável ou relativo, irretratável e

suscetível de apreciação judicial.

e) formal, expresso, aditivo, insuperável ou absoluto, retratável e suscetível

de apreciação judicial.

7. (FCC/2010/Assembléia Legislativa – SP). A respeito das regras do processo

legislativo referentes às emendas constitucionais, é correto afirmar que:

a) a Constituição poderá ser emendada mediante proposta de qualquer

membro ou Comissão da Câmara dos Deputados ou do Senado

Federal.

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b) matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por

prejudicada somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma

sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros

de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

c) a proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do

Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada pelo

voto da maioria absoluta de Deputados Federais e Senadores, em

sessão unicameral.

d) a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção

federal, estado de defesa ou estado de sítio.

a Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de

emenda ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

8. (Cespe/2010/TER-MT) Assinale a opção correta quanto ao processo

legislativo devidamente estabelecido na CF:

a) No que se refere a leis delegadas, se a resolução determinar a

apreciação do projeto de lei pelo Congresso Nacional, este a fará em

votação única, sendo vedada qualquer emenda.

b) A CF poderá ser emendada mediante proposta de um terço das

assembléias legislativas das unidades da Federação, mediante a

maioria relativa de seus membros.

c) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir

a forma republicana de governo.

d) É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a

direito civil.

Decorrido o prazo de quinze dias para o exame do projeto de lei

aprovado pelo Congresso Nacional, o silêncio do presidente da

República importará veto, em razão da impossibilidade de ocorrer

sanção tácita.

9. (Cespe/2009/OAB) Considerando as normas constitucionais sobre processo

legislativo, assinale a opção correta.

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a) A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer

membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. As

comissões permanentes de ambas as casas podem discutir e votar

projetos de lei que dispensarem a competência do plenário, mas não

têm o poder de apresentar tais projetos para dar início ao processo

legislativo.

b) A emenda à CF será promulgada, com o respectivo número de ordem,

pelo presidente do Senado Federal, na condição de presidente do

Congresso Nacional. Se a promulgação não ocorrer dentro do prazo de

quarenta e oito horas após a sua aprovação, as mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal deverão fazê-lo.

c) São de iniciativa privativa do presidente da República as leis que

disponham sobre o aumento de remuneração dos cargos, funções e

empregos na administração direta e autárquica.

d) A iniciativa popular de lei pode ser exercida pela apresentação, à

Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal, de projeto de lei

subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído, pelo

menos, por cinco estados.

10. (FCC/2009/TRT 15ª Região) No âmbito do processo legislativo previsto na

Constituição Federal:

a) as medidas provisórias terão sua votação iniciada no Senado Federal.

b) a emenda à Constituição será promulgada pelo Presidente da

República.

c) são de iniciativa privativa do Congresso Nacional, dentre outras, as leis

que fixem o efetivo das Forças Armadas.

d) não serão objeto de lei delegada, dentre outras, a matéria reservada à

lei complementar.

e) a Casa na qual tenha sido iniciada a votação enviará o projeto de lei ao

Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

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11. (Cespe/2009/TCE-AC). Acerca do processo legislativo brasileiro, assinale a

opção correta.

a) Segundo a CF, emenda constitucional disporá sobre a elaboração,

redação, alteração e consolidação das leis.

b) A CF prevê a hipótese de iniciativa popular, que pode ser exercida pela

apresentação, à Câmara dos Deputados, de projeto de lei subscrito por,

no mínimo, 10% dos eleitores de qualquer estado da Federação.

c) As medidas provisórias perderão a eficácia, desde a edição, se não

forem convertidas em lei no prazo de trinta dias a contar de sua

publicação, devendo o Congresso Nacional disciplinar as relações

jurídicas dela decorrentes.

d) A reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que

tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de

prazo será permitida apenas uma vez, por igual período.

procurador-geral da República tem competência para propor projeto de

lei ordinária ou complementar.

12. (FGV/2008/Senado Federal) O processo legislativo confere aos cidadãos

poder de iniciar o processo legislativo. Trata-se da lei de iniciativa popular.

Consoante o texto constitucional, tal projeto deve preencher os seguintes

requisitos:

a) subscrição de um por cento do eleitorado nacional, distribuído por pelo

menos cinco estados e com pelo menos três décimos por cento dos

eleitores em cada um deles.

b) subscrição de, no mínimo, de um milhão de eleitores, divididos por dez

estados da federação, proporcionalmente.

c) subscrição de dez por cento do número total de eleitores do país,

divididos por, no mínimo, vinte estados da federação, em

proporcionalidade.

d) subscrição de cinco por cento do eleitorado nacional, distribuído por,

pelo menos, quinze estados, e cinco décimos de eleitores por estado.

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e) subscrição de vinte por cento do eleitorado nacional, distribuído por dez

estados sem limite por cada estado.

Gabarito

1-B

2-D

3-E

4-E

5-Correta

6-C

7-D

8-A

9-C

10-D

11-E

12-A