12
SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262

SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262

Page 2: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 20202

“Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4,2-3).

Queridos irmãos e irmãs,Em primeiro lugar, quero agradecer

de coração pelas orações em favor de minha saúde e dos padres que comigo vi-vem aqui na Basílica de Nossa Senhora da Penha. Talvez nem todos saibam, mas fui contaminado pelo novo coronavírus. Com a graça de Deus e o acompanhamento médico, consegui me recuperar bem. Esta experiência só me faz reforçar o que já havia dito na mensagem anterior: o cui-dado com a vida, dom precioso de Deus.

No mês passado eu reforcei a impor-tância de mantermos nossa fé e nossa esperança em Deus: isto é para toda a vida! O cristão recebe de Deus, como dons, as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Por meio destas virtudes que têm a Deus como objeto, isto é, como seu fim, o cristão possui um organismo espi-ritual por meio do qual ele se relaciona com Deus, orienta para Ele a sua vida e também para os irmãos, aos quais está

EDITORIAL / IGREJA

ligado pela fé e caridade, compartilhando a mesma esperança. A Escritura diz que “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5,). Sendo assim, apesar de todas as dificuldades e cenários terríveis que temos visto, devemos voltar nosso olhar para Aquele que é amor e misericórdia e que não descuida do seu povo: “Não dorme, nem cochila o vigia de Israel” (Sl 121,4). Ele jamais desampara seus filhos e filhas.

Enquanto reavivamos nossa esperança no Senhor, caminhando na fé e amando-O sobre todas as coisas, também buscamos amar nosso próximo, como Jesus nos en-sinou. Portanto, o amor a Deus se reflete também no amor que tenho aos irmãos. Neste sentido, tenhamos presente os so-frimentos e as dores de nosso próximo. Rezemos por todos! Supliquemos a Deus por todos e apresentemos à Nossa Mãe santíssima a humanidade ferida e que busca levantar-se. Peçamos a Deus que tudo isso seja ocasião para que mais e mais pessoas O conheçam e experimentem a sua mise-ricórdia em Cristo Jesus.

Neste momento, ainda não sabemos ao certo quando poderemos celebrar juntos a Santa Eucaristia, mas, de qualquer modo, recordando este grande dom deixado por Jesus na última ceia, e que devemos ce-lebrar “em sua memória”, não devemos deixar passar em branco a grande festa de Corpus Christi. Nela, a Igreja bendiz e glorifica o Senhor que se faz presente real e substancialmente a nós nas espécies do pão e do vinho consagrados, quando celebramos o Santo Sacrifício do Altar. Ali nós o reconhecemos e localizamos, para Ele converge nosso olhar e nosso coração e cremos, com toda a certeza que vem da fé, que Ele está aqui realmente!

Alimentando os seus com o Seu próprio Corpo e Sangue, Ele nos transmite a sua vida e faz de nós um só corpo: “Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10,17). Por isso, a Solenidade de Corpus Christi é também a “festa da unidade”. Neste sentido, vale a pena citar as palavras de Santo Agostinho no seu Sermão 272 (1): “Portanto, se vós sois o corpo de Cristo e seus membros, sobre a mesa do Senhor está colocado o

vosso mistério: recebeis vosso mistério. Ao que sois respondeis Amém, e ao res-ponder o firmais. Realmente, se te diz: O corpo de Cristo, respondes: Amém. Sê membro do corpo de Cristo e teu Amém será verdadeiro”.

E depois de falar sobre o único pão que é formado de muitos grãos e do único vinho que é feito de muitos cachos de uva, ele conclui: “Assim também Cristo, o Senhor, nos selou, quis que lhe pertencêssemos, consagrou em sua mesa o mistério da paz e de nossa unidade. Aquele que recebe o mistério da unida-de e não mantém o vínculo da paz não recebe o mistério a seu favor, mas como testemunho contra ele”.

Portanto, meus irmãos, ao celebrar Corpus Christi, sobretudo neste momento difícil que atravessamos, lembremos de quanto devemos ser instrumentos de paz e reconciliação, construtores de pontes e artífices da unidade. Longe de nós os sec-tarismos, longe de nós as divisões e intri-gas, pois a multidão dos que acreditaram era um só coração e uma só alma (cf. At 4,32). Celebrando São Pedro e São Paulo em 29 de junho, oremos intensamente pelo Santo Padre, o Papa Francisco, e por sua missão de ser sinal visível de unidade na Igreja, bem como de ser também, sob a assistência do Espírito Santo, aquele que confirma na fé os seus irmãos. Que Deus o abençoe em seu ministério!

Que o Senhor, Pão vivo descido do céu, nos dê a graça de superarmos quan-to antes esta pandemia. Que a Virgem da Penha, nossa Mãe, de quem o Senhor Jesus, enquanto homem, recebeu o Seu corpo, interceda pela Igreja, pelos fiéis no mundo inteiro, pela humanidade sofredora, pelos que trabalham nos ser-viços essenciais de nossa cidade, e por todos os que atuam na área da saúde e da pesquisa de uma cura e de uma vacina contra o novo coronavírus. Fiquem com Deus e permaneçamos unidos na oração.

Nota:(1) BONDAN, Diác. Fernando José. Lecionário Patrístico Dominical. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=VOkbBAAAQBAJ&pg=PT205&lp-g=PT205&dq=como+de+muitos+gr%C3%A3os+-se+fez+o+unico+p%C3%A3o&source=bl&ots=-zWc_5QfxDo&sig=ACfU3U13lW9WqTGb5Xu-dytv7AnXrEpRt4Q&hl=pt=BRR&sa=X&ved-2ahUKEwigg52Y0MLpAhXKF7kGHQ0EAc8Q6AE-wRXoECAwQAQ#v=onepage&q=como%20de%20muitos%20gr%C3%A3os%20se%20fez%20o%20unico%20p%C3%A3o&f=false (acessado em 20/05/2020).

Pe. EDILSON DE SOUZA SILVAPároco da Basílica de Nossa

Senhora da Penha

O APÓSTOLO DO BRASILAo ser canonizado pelo Papa Francisco,

após um dos mais demorados processos de canonização da história, em 03 de abril de 2014, Padre José de Anchieta, um dos fundadores de São Paulo, já estava na me-mória do povo brasileiro como seu santo. Vale lembrar as palavras do Santo Padre ao celebrar a missa em ação de graças pela sua canonização na Igreja de Santo Inácio de Loyola em Roma:

“Padre José de Anchieta é o primeiro jesuíta que Inácio envia para a América. Um jovem de 19 anos... Era tão grande a alegria que ele sentia, era tão grande o seu júbilo, que fundou uma Nação: lançou os fundamentos culturais de uma Nação em Jesus Cristo.” Como sabemos, foi tão grande e significativo o trabalho deste je-suíta, tão importante o seu trabalho cate-quético junto aos nativos e aos portugueses, que justificam seu título de “Apóstolo do Brasil”. Com relação aos colonizadores, foi notória sua defesa com relação aos indíge-nas, especialmente pelos abusos daqueles que queriam escravizar os indígenas.

No dia 09 de junho comemoramos o seu dia. Aqui em São Paulo, não podemos esquecer o Pátio do Colégio no centro his-tórico da cidade, que merece nossa visita para conhecer o local onde foi construído o primeiro colégio jesuíta com a participa-ção de nosso querido santo. Ali, na capela, encontra-se uma preciosa relíquia sua – o fêmur de seu corpo. A inauguração do Co-légio em São Paulo ocorreu em janeiro de

1554. Aqui nascia a nossa cidade. Anchieta assim se manifestou em carta a seu provincial: “A 25 de janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérri-ma e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e por isso a ele dedicamos nossa casa!”

Ainda que nos interesse aqui realçar as virtudes cristãs do santo como apóstolo e catequista, não podemos deixar de mencio-nar suas qualidades e conhecimentos cultu-rais como homem, principalmente na área do cultivo das letras. Dramaturgo, poeta e gramático é considerado pelos melhores historiadores da Literatura Brasileira como uma das mais importantes “manifestações literárias” do período colonial. Sua atuação inteligente e decidida naquele contexto ini-cial de nossa História, no séc. XVI, o coloca em destaque em todo livro de história da literatura nacional. Entre suas produções destaca-se o Poema à Virgem Maria, escrito em latim (De Beata Virgine Dei Matre Maria) no qual, ao longo de cerca de cinco mil ver-sos, expressa sua devoção a Nossa Senhora. Revela-se aqui o homem culto, capaz de versejar também na língua latina. Conta-se que o compôs em Iperoig, escrevendo com uma vareta nas suas praias, quando estava refém dos Tamoios, numa tentativa de apaziguar um grave conflito entre os

portugueses e franceses, que envolvia os tamoios. As peças de teatro, chamadas de “Autos”, sempre foram motivadas pelo desejo de melhor poder ensinar a doutrina aos indígenas de uma forma mais amena e atrativa. Foram escritos em português, com partes em espanhol e também em tupi.

Embora não nascido no Brasil, São José de Anchieta tem do povo brasileiro o mesmo carinho e respeito como se aqui nascido fora. Afinal, viveu no Brasil quase toda sua vida e boa parte aqui em São Paulo. Jovem ainda chegou, em 1553, já adoentado e fra-gilizado, mas muito forte na fé e disposição para o apostolado. Nasceu na Espanha, no arquipélago das Canárias, em 1534. Exerceu por quase dez anos o cargo de Provincial dos Jesuítas no Brasil. Seu falecimento se deu, aos 63 anos de idade, em 1597, em Reritiba, hoje denominada Anchieta, por ele fundada em1566, no Espírito Santo.

IDEOVALDO R. ALMEIDAPasCom

EDITORIAL

Page 3: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHA JUNHO DE 2020 3PUBLICIDADES

“NA FORÇA DO AMOR-COMUNHÃO NASCIDO NO CORAÇÃO DA SANTÍSSIMA TRINDADE, ELEVEMOS HUMILDEMENTE NOSSOS ROGOS AO DEUS DE ETERNO AMOR”

Page 4: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 20204PUBLICIDADES

“VIVER A EUCARISTIA É UNIR-SE A CRISTO, O PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU EM SUA HUMANIDADE, PARA ASSIM PARTICIPARMOS DE SUA DIVINDADE”

Page 5: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHA JUNHO DE 2020 5FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

ORIGEM DAS FESTAS JUNINAS

NOS CAMINHOS DE MARIA IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA: Compaixão e Serviço

“Aqui servimos a Igreja de teu Filho junto ao teu Imacula-do Coração” - (Canto de Ir. Miria Therezinha Kolling)

No sábado seguinte à Sole-nidade do Sagrado Coração de Jesus, celebramos a memória do Imaculado Coração de Maria, este ano, a 20 de junho. A Igreja sempre dispensou especial aten-ção ao coração da Mãe de Jesus, atenta àquilo que as Escrituras falam sobre a observância da Virgem em relação à vontade divina, a qual cultivava de modo exemplar e único em seu coração puríssimo e disponível: “Maria, contudo, conservava cuidado-samente todos esses aconteci-mentos e os meditava em seu coração” (Lc 2, 19); “Sua mãe, porém, conservava a lembran-ça de todos esses fatos em seu coração” (Lc 2, 51).

A partir do período medieval, santas, santos, beatas e beatos que tiveram particular devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, inclusive com experiências mís-ticas e visionárias, tornam-se grandes referências e incentiva-dores dessas devoções para os séculos seguintes.

De fato, o culto ao Coração Imaculado de Nossa Senhora

torna-se mais difuso a partir do século XIX, quando a Igreja oficializa as celebrações litúr-gicas em sua honra. A partir das aparições de Fátima, em 1917, a prática da comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados – dia especialmente consagrado à Virgem Santíssima – reforça a devoção ao coração de Maria. Queremos, contudo, nos fixar na simplicidade/imensidão do coração de Maria expressas nos trechos de algumas canções ma-rianas, embasadas, certamente, nos versículos bíblicos expostos no início deste escrito e que evi-denciam a discrição e, ao mesmo tempo, a solicitude do coração de Maria de Nazaré, Mulher, Mãe e Esposa que viveu as agruras de seu tempo, todavia manteve o coração em sintonia incompará-vel com o de seu Filho e Senhor. Referimo-nos a estes conhecidos versos, tão singelos e, simultane-amente, tão profundos (tal qual o próprio coração da Mãe de Deus):

1 – “Imaculada, Maria de Deus, CORAÇÃO POBRE aco-lhendo Jesus”; “Um CORAÇÃO que era ‘sim’ para a vida, / um CORAÇÃO que era ‘sim’ para o irmão, / um CORAÇÃO que era ‘sim’ para Deus, / Reino de Deus renovando este chão”,

de J. Tomas F. e Frei Fabreti (maiúsculas nossas);

2 – “CORAÇÃO acolhedor da Palavra, / educador da fé, / inspirador da missão. / Maria, transborda tua paz! / Vem con-solar os aflitos hoje e sempre, os filhos teus, / pois só tu és, ó Maria, / REFLEXO DO CORAÇÃO MATERNO DE DEUS”, de Julio Ricarte (maiúsculas nossas);

3 – “No CORAÇÃO DE MARIA, no olhar doce e terno, / sempre tiveste na vida um apoio ma-terno”, de Dom Navarro e Wal-deci Farias (maiúsculas nossas).

Tais composições motivam-nos muitas reflexões... Ora, Maria, que conservava tudo em seu coração, estava intimamen-te ligada ao coração de Jesus. São indissociáveis os corações de Jesus e de Maria. Amavam-se mutuamente e de forma inigualável, como Filho e Mãe. E Maria, unida a seu Jesus, é a maior colaboradora do plano salvífico do Pai. Peregrina pelas estradas de Nazaré e de outros lugares com Cristo, hoje Ela é caminheira junto à comunidade cristã como Mãe da Igreja. Seu coração é expressão do amor materno de Deus Pai pelo seu povo escolhido, pela humanidade sofredora. Porque seu coração

estava absolutamente aberto ao Espírito, Maria enfrentou com fé determinada e inabalável os desafios de seu tempo e, nestes nossos dias, ensina aos seus filhos como serem fiéis ao discipulado de Jesus. Com efeito, já que seu co-ração padeceu (cf. Lc 2, 35), Maria compreende nossas dores e se faz solidária em nossos sofrimentos.

Os corações de Jesus e de Ma-ria amam-nos e sofrem conosco e por nós, têm compaixão. Muitos, talvez, perguntem-se: “Onde está Deus, que não vê o que estamos passando, que nada faz para amenizar este sofri-mento?”. A bem da verdade, a pandemia e qualquer outra in-tempérie por que passemos não são da vontade de Deus, que nos deseja a vida em plenitude (cf. Jo 10,10). Tampouco são castigos ou punições enviadas pelos céus. E onde está Deus então? Uma vez que seu coração sente compai-xão de nós, Ele está morrendo nos hospitais, está chorando na pessoa dos pobres, dos presos e dos migrantes, sofre e padece na pele do seu povo oprimido (cf Mt 25, 31-46): está mais próximo de nós do que pode-se imaginar!

O coração materno de Maria, transpassado por uma “espada de dor”, como vemos na imagem de Nossa Senhora das Dores, ou cercado de espinhos, como na imagem da Virgem de Fátima, igualmente sofre por nós e co-nosco, seus filhos: com aqueles

que enterram seus mortos, com os que são refugiados, com os que morrem de fome, com os que são vítimas da doença, da violên-cia, da perseguição, do egoísmo que explora, escraviza e visa ao lucro – frutos do pecado. Do co-ração da Mãe de Jesus brota uma chama que não se apaga. Aquela que gerou o Amor não cessa de amar e ser solidária quando tudo parece perdido, quando humanamente nada mais resta a ser feito. Ela age e intercede em favor de nossa humanidade pecadora e necessitada. Seu coração é bondoso e generoso, atento e providente, por isso, na Arte Sacra, está anelado por uma coroa de rosas, sinal da glória e do poder que lhe foram dados pelo próprio Criador e expressão do louvor que lhe é devido por nós, seus filhos adotivos, irmãos de Jesus, nosso Redentor.

Fazer nosso coração semelhan-te ao de Jesus, como se clama naquela jaculatória, é compa-decer-se dos irmãos e resgatar a dignidade que é direito de todas as gentes e desejada pelo Libertador, como, continuamente, motiva-nos o Papa Francisco. Tenhamos, assim, um coração semelhante ao Sagrado Coração de Jesus, ao Castíssimo Coração de São José e ao Doce e Imaculado Coração de Maria, Mulher forte do Evangelho, que, como na Visitação (cf. Lc 1, 39) ou durante o casamento em Caná (cf. Jo 2, 1-11), vai ao encontro dos que necessitam de seu socorro, sobremaneira nos momentos históricos e dramáticos de penúria, guerra, escravidão, perseguição, carestia e epidemia: Virgem das Mercês, de Guadalupe, da Penha, Aparecida, de Lourdes, de Fátima... E quando fatigados, reclinemo-nos no regaço de nossa Mãe e Senhora e sintamos seu coração pulsar de amor por nós...

LEONARDO CAETANO de ALMEIDA

Pastoral da Comunicação e Associado da Academia Marial

de Aparecida

A cristianização das fes-tas juninas está diretamente relacionada às comemora-ções de importantes figuras do catolicismo, exatamente na época da passagem, entre as quais se destacam: Santo Antônio (dia 13 de junho); São João (dia 24) e São Pedro (dia 29). O crescimento da festividade aconteceu so-bretudo no Nordeste, região que atualmente possui as maiores festas. A maior festa junina do país acontece na cidade de Campina Grande, no estado da Paraíba. As festas brasileiras de São João são típicas da região Nordeste por ser uma região árida, onde o nordestino agradece anualmente a São

João Batista e a São Pedro pelas chuvas caídas nas la-vouras na época propícia para a colheita do milho que, por tradição é a fonte prin-cipal das principais comidas da festa, tais como a canjica, a pamonha, o mungunzá, o milho cozido, a pipoca, a broa de milho e o tradicional bolo de milho. Outros pratos típicos das festas são o arroz doce, a cocada, o bom-bocado, o quentão, vinho quente, o pé de moleque, a batata doce, o bolo de amendoim, pinhão co-zido etc. O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado, onde barracas são erguidas unicamente para o evento,

ou então um galpão já exis-tente com de-pendências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é todo decorado com bandeirinhas coloridas de papel, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matu-tos. Nas missas do dia 13 (dia de Santo Antônio) acontece a benção e a distribuição dos pães, que é dado pelos padres e, em troca, os fiéis costumam deixar ofertas, e o pão que é bento deve ser deixado junto aos demais mantimentos para

que estes não faltem jamais. Grandioso também é esse tempo para festejar com a família e os amigos. Talvez, neste ano não vejamos a tradicional festa de todos os anos, mas continuemos essa tradição típica popular, re-zando e pedindo a proteção dos santos padroeiros.

ELVIS ROBERTO BERTOLA

Equipe de Acolhida e do Dizimo

Page 6: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 20206FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

Proclamado o Evangelho, segue-se a sua explicação. É mandato do Senhor: “Ide, pois, e ENSINAI a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e fazei com que obedeçam tudo quanto ensinei.” (Mt, 18-20).

Por isso, desde o início, a Igreja tem como uma de suas missões precípuas ensinar (Palavra), ao lado de santifi-car (sacramentos) e de reger (moral e vida cristã) as almas que abriram seus corações e suas vidas para o seguimento do Senhor Ressuscitado. Junto com a catequese, a homilia tem um papel preponderante na missão de ensinar da Igreja, uma vez que ela está intrinse-camente ligada à Liturgia da Palavra e, consequentemente, Cristo nos fala pela boca do sacerdote, pelo Espírito San-

TUA MISSA DO DOMINGO, TEU TRABALHO DA SEMANA - 11 A Liturgia da Palavra – IV - A Homilia

SÃO JOÃO BATISTA

to, que jamais deixa de guiar o perene anúncio do Kerig-ma evangélico. Este mistério acontece independentemente das condições interiores de quem prega. Claro está, po-rém, que uma vida coerente com o Evangelho confere uma chancela de autenticidade im-portantíssima, mas o principal é feito pela ação do Espírito e sua graça. O exemplo começa pelo homiliasta maior: o Se-nhor Jesus. Toda a sua vida pública foi uma contínua pre-gação, anunciando o Reino de Deus já entre nós, exortando à conversão do coração e da vida e convidando ao seguimento do verdadeiro Caminho, Ver-dade e Vida: Ele mesmo.

A função da homilia é, pois, explicar, no melhor sentido etimológico da palavra: ex (por para fora) plicare (dobrar). Ex-plicar, portanto, significa desdo-

brar, ou, se quiserem, desvelar ao entendimento da assembleia o que as leituras contêm, para que fiquem mais claras para os ouvintes, pois o anúncio do Evangelho deve ser ouvido.

Para tanto, é necessário que, tanto quem ouve a pre-gação, quanto quem prega, conheça de antemão os tex-tos bíblicos propostos pela Liturgia Dominical, ou seja, prepare-se para ouvir ou para pregar. Mais ainda, ambos os lados deste processo comu-nicativo: Emissor-Pregador e Receptor-ouvinte, devem es-tar preparados por um contato orante prévio com a Palavra. Desse modo, os efeitos e frutos da audição da pregação serão mais abundantes.

Cabe ao pregador, na Santa Missa, “atualizar” a força da Palavra de Deus que, porven-tura, possa ficar obscura por

São João Batista: àquele que Jesus confiou o mistério do sacramento do Batismo, veio ao mundo através do anúncio do anjo Gabriel e é conhecido pela voz que clama no deserto.

Todos os anos, a Igreja Católi-ca comemora, no dia 24 de Junho, a festividade de São João Batista, primo de Jesus, que o batizou no Rio Jordão.

Seu nascimento foi um milagre recebido de Deus e anunciado pelo anjo. Seus pais Zacarias e Isabel já estavam em idade avançada quan-do um anjo do Senhor apareceu para Zacarias no templo e revelou que a sua esposa lhe daria um filho, ao qual deveria chamar João.

Zacarias, que era sacerdote do templo, não compreendeu e questionou aquela aparição. Tanto ele quanto a esposa já não podiam ter filhos e isso para ele era um mistério. O anjo se apresentou como Gabriel, aquele que está diante de Deus, e disse que tinha sido enviado para lhe anunciar esta boa notícia. No entanto,

também lhe afirmou que, por ele ter duvidado, ficaria mudo.

Quando completou o tempo, Maria, a Mãe de Jesus, foi visi-tar sua prima Isabel que estava grávida de João e essa recebeu Jesus ainda no ventre de sua Mãe, exaltando o Mestre: “Maria par-tiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumpri-mentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!’ Como posso me-recer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvi-dos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”. Maria disse: “A minha alma engrandece o

uma série de fatores inerentes à própria natureza da Sagrada Escritura: tempo, lugar, costu-mes, expressões, contextos, teologia, espiritualidade.

Por sua própria natureza, a homilia é ambiente de escuta atenta. Cristo continua falando depois das leituras. Por isso, a posição adequada é a de estar sentados. Emblemática a posi-ção de Maria, sentada aos pés do Senhor ouvindo-o (Lc, 10, 39). É a posição corporal do discípulo que, depois de ouvir, transforma o ensinamento em ação e vida.

Muito haveria ainda a con-siderar sobre esta função importantíssima do homiliasta (pregador) e da escuta atenta da homilia. Termino, porém, com a exortação de São Ben-to, Patriarca dos monges, logo no início de sua Regra de vida para quem quer seguir Jesus de modo incondicional e com o coração indiviso na vida monástica, mas que ser-ve para qualquer cristão de boa vontade: “Obsculta, o fili, praecepta Magistri, et inclina aurem cordis tui, et admonitionem pii patris li-benter excipe, et efficaciter

comple.” (Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração; rece-be de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai). Os verbos não deixam dúvida: escutar o Mestre (Cristo), inclinar (humildade), receber (a boa nova), executar (vivência da vontade de Deus), conselho (conteúdo da homilia). São Ben-to certamente não pensou na pregação da Palavra na Liturgia quando escreveu este primeiro versículo de sua Regra, mas não estão presentes aí os elementos de um programa homilético?

Que a Mãe e Senhora da Penha, aquela que guardava tudo que ouvia meditando no seu coração, nos ensine a sermos verdadeiros discípulos.

ATÍLIO MONTEIRO JÚNIORMinistro da Palavra e do

Batismo

Senhor, e se alegrou o meu espí-rito em Deus, meu Salvador, pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome!” (Lc 1, 39-49)

Após o nascimento de João, todos queriam dar-lhe o nome de seu pai, por ser uma tradição antiga; mas Santa Isabel afirmou que o menino se chamaria João. Zacarias confirmou o nome ao escrevê-lo em uma tábua. No mes-mo instante, aquele que estava mudo, voltou a falar e, louvou a Deus, proclamando as palavras co-nhecida como o Cântico de Zaca-rias: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. Fez aparecer para nós uma força de salvação na casa de seu servo Davi, como tinha pro-metido desde outrora, pela boca de seus santos profetas, para nos salvar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam. Ele usou de misericórdia para com nossos pais, recordando-se

de sua santa aliança e do juramento que fez a nosso pai Abraão, para conce-der-nos, que, sem temor e libertos das mãos dos inimigos, nós o sirvamos, com santidade e justiça, em sua presença, todos os nossos dias. E tu, Menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar-lhe os ca-minhos, anunciando ao seu povo a salvação, pelo perdão dos seus pecados. Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará, para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, e dirigir nossos passos no caminho da paz.” (Lc 1,67-79)

Após ter completado o tempo oportuno, Jesus iniciou sua missão através do Batismo realizado por João que passou a tomar o nome de Batista, por ser aquele que batizou o Mestre. Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram essa passagem. O batismo de Jesus marca uma das principais narrativas

evangélicas. João pregava o batis-mo para a remissão dos pecados.

João foi o precursor de Jesus, anunciou sua vinda e a salvação que o Messias traria para todos. Ele era a voz que gritava no de-serto e anunciava a chegada do Salvador, e é também o último dos profetas. Depois dele, não houve mais nenhum profeta em Israel.

Sua festa é celebrada desde os primórdios, e ele é venerado como profeta, santo e mártir. Dia 24 de junho, celebramos seu nascimento; e dia 29 de agosto, seu martírio. São João Batista, rogai por nós!

NEYLANA CANDIDO

de OLIVEIRAPascom

Page 7: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHA JUNHO DE 2020 7PUBLICIDADES

“EIS O PENSAMENTO DO CORAÇÃO DE JESUS AO LONGO DAS GERAÇÕES: LIBERTAR O HOMEM DA MORTE E CONSERVAR A VIDA EM TEMPO DE PENÚRIA”

S. BattistuzzoCompra e Venda

Locação e AdministraçãoPABX

2296-4666FAX

2296-4383

Rua Dr. Almeida Nogueira, nº 260 Penha - CEP:03634-050(Esquina com a Rua Betari atrás do Shopping Penha)

Page 8: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 20208FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

Neste ano de 2020, devido à quarentena, fomos surpreen-didos pela antecipação do “fe-riado” de Corpus Christi para o último dia 22 de maio. Na-turalmente que, para nós que cremos, essa antecipação não diz nada, do ponto de vista da fé. Tradicionalmente, a Igreja celebra Corpus Christi sempre na quinta-feira da semana em que se celebra a solenidade da Santíssima Trindade, e não por acaso: a cada Celebração Eucarística, o Filho se entrega ao Pai pela ação do Espírito. A partir da imagem que escolhi para ilustrar esta importante solenidade, gostaria de extrair três pontos, como sempre faço nas minhas homilias, para nossa reflexão e aprendizado:

1) A Eucaristia é memo-rial. A síntese e a sublimidade da doutrina da Eucaristia repousam na verdade que, no mistério eucarístico, é repre-sentado de modo admirável o sacrifício da cruz, consumado uma vez para sempre no cal-vário, atualizado e recordado a cada celebração eucarísti-ca, de modo incruento, ou seja, sem o derramamento de sangue, para continuar salvan-do os homens e as mulheres de todos os tempos e lugares (Papa Paulo VI, Mysterium

11 DE JUNHO: A SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

Fidei, 27). A Eucaristia, por-tanto, é o que se chama de memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor e, exatamente por isso, traba-lha com as três dimensões do tempo: o passado, o presente e o futuro. Isso fica bastante explícito na aclamação que fazemos após o momento da consagração, durante a santa missa: Anunciamos, Senhor, a vossa morte (passado) e pro-clamamos a vossa ressurreição (presente). Vinde, Senhor Je-sus! (futuro) Por isso, “a missa – e eu quero dizer toda Missa – é o paraíso na terra” (1).

2) A Eucaristia é o Se-nhor vivo entre nós. “No sublime sacramento da Euca-ristia, depois da consagração do pão e do vinho, nosso Se-nhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está contido verdadeira, real e substancialmente sob a aparência daquelas coisas sensíveis” (DS 1636). Por isso, a Eucaristia é o maior tesouro espiritual da Igreja, porque contém o próprio Cristo. Dei-xando-a para nós, Cristo nada mais tem a nos doar, pois se ela é o maior tesouro, Ele já nos deixou tudo. A Igreja, portanto, professa a fé que “[...] pela consagração do

pão e do vinho realiza-se uma mudança de toda a substân-cia do pão na substância do corpo de Cristo, nosso Se-nhor, e de toda a substância do vinho na substância de seu sangue. Esta mudança foi chamada, convenientemente e com propriedade, pela santa Igreja Católica, de transubs-tanciação” (DS 1642): cremos que, embora nossos olhos ve-jam pão e vinho, nossas mãos os toquem e nossa boca sinta os sabores de pão e de vinho, na verdade, tudo é apenas aparente: as substâncias se mudam no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Logo, nada fica do pão e do vinho, senão as espécies, por debaixo das quais está Cristo inteiro, em sua realidade física, mesmo corpórea, ainda que não do mesmo modo como os corpos se situam localmente (Papa Paulo VI, Mysterium Fidei, 48). Essa constatação, no entanto, só nos é possível fazer com o olhar da fé, como cantamos a cada adoração eucarística: Venha a fé, por suplemen-to, os sentidos completar! Santo Ambrósio ensina que no momento da conversão euca-rística já não se tem o que a natureza formara, mas o que a bênção consagrou; e a for-

SASP – Serviço Social da Penha“Ele é a rocha, as suas

obras são perfeitas e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros, justo e reto Ele é”. (Deuteronômio 32,4)

Caros leitores, continu-amos a viver uma situação de pandemia que muda tudo a nossa volta. No entanto, não podemos nos esquecer de que somos filhos e filhas muito amados de Deus, Não devemos reclamar, pois Deus sabe o que faz. Ele é o Deus do amor, que nos criou a sua semelhança. Não quer que seus filhos e filhas sofram. Ele quer sempre a nossa felicida-

de, mesmo que precisemos enfrentar obstáculos. Nestes momentos, Ele nos dá segu-rança, porque sabemos que podemos confiar n’Ele. Deus é fiel em qualquer circunstân-cia. A fidelidade de Deus a seus filhos faz parte de um Deus que é FIEL, AMOR, SANTO, JUSTO, MISERICORDIOSO, mesmo em tempos iguais aos que esta-mos vivendo. Um dia, toda a alegria voltará, mais forte que nunca! Estejamos prontos para retomar nossa atividades, sor-rirmos mais, abraçarmos mais, convivermos melhor com o nosso próximo, darmos muitos louvores a este Deus que agora

ça da bênção é maior que a da natureza, porque a bênção é ca-paz de mudá-la. Ora, se a palavra de Cristo é capaz de fazer do nada aquilo que não existia, não pode-rá também mudar as coisas que exis-tem naquilo que não eram? Criar as coisas não é menos que transformá-las. (Papa Paulo VI, Mysterium Fidei, 53)

3) A Eucaristia nos im-plica uns com os outros. San-to Agostinho, na linha do após-tolo Paulo, afirma que tanto a Eucaristia quanto a Igreja são o Corpo de Cristo – embora em graus diferentes, já que a Eucaristia é a presença real por excelência. Agostinho, ao apresentar o Corpo de Cristo ao povo, dizia: Sejam o que vocês estão vendo e recebam o que vocês são, o Corpo de Cristo. O Papa Paulo VI já dis-sera à Igreja que aqueles que comungam se tornam quase que responsáveis uns pelos outros. A Eucaristia, então, produz e manifesta a unidade da Igreja. Disso tudo se infere que o mesmo zelo que se tem para com a Eucaristia deve-se ter para com os irmãos. “O cálice da bênção que abenço-amos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão” (1Cor 10,16-17). Aliás, o Evangelho de João é o único que não narra a instituição da Eucaristia; faz apenas menção à ceia e relata o lava-pés (cf. Jo 13,1ss). Isso para indicar que, na vida do cristão, o serviço deve ser perene. “Se, portanto, eu, o Mestre e

o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,14-15). O dilatar-se do amor cristão, portanto, parte exatamente da Eucaristia, já que o cristão é convidado a sobrepor o bem comum ao bem pessoal. Talvez seja por isso que Jesus, quando tentado, dissera ao Diabo que “nem só de pão vive o homem” (cf. Mt 4,4), porque o pão de cada dia deve levar ao pão eucarístico, e vice-versa.

Nestes tempos de pande-mia, em que estamos privados de participar da celebração da missa, peçamos ao Senhor a graça de não desanimarmos e, sobretudo, de darmos o tes-temunho de unidade de que, agora, tanto o mundo quanto a Igreja precisam. Não é hora para fazer protestos e cobran-ças. Cuidar da vida é também ser eucarístico.

Nossa Senhora da Penha nos proteja de todos os males e pe-rigos e leve até o coração de Seu Filho nossos anseios e desejos sinceros de, apesar do tempo presente, continuar a buscá-Lo.

NOTA: (1) HAHN, Scott. O Ran-quete do Cordeiro. A missa segundo um convertido. Lorena: Cléofas, 2014, p.19.

Pe. TIAGO COSMO da S. DIAS

Vigário Paroquial e Coor-denador Diocesano

da Pascom

está preparando um futuro maravilhoso para nós!

“Alegrai-vos na ESPE-RANÇA. Sede pacientes nas TRIBULAÇÃO. Perseverai em ORAÇÃO.” (Rm 12,12)

Bênçãos e graças a todas as mães.

SOLEIMAR MARIA ROSSIEquipe do SASP

Page 9: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHA JUNHO DE 2020 9PUBLICIDADES

“COMO IGREJA, VOLTEMOS NOSSO OLHAR AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA, QUE NOS SERVIU COM AMOR, CUMPRINDO A VONTADE DIVINA EM SUA VIDA”

Page 10: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 202010FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

“A PALAVRA DO SENHOR RESSOA FORTE NOS CORAÇÕES ACOLHEDORES E TRAZ O DINAMISMO DO AMOR DIVINO QUE NOS RENOVA E NOS TRANSFORMA”

A graça do Senhor Jesus Cris-to, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós (2Cor 13, 14)

Queridos irmãos e irmãs, es-tamos passando por um tempo de dificuldades e incertezas, mas nós cristãos temos para onde olhar, em quem colocar nossa esperança e confiança: Jesus de Nazaré: “Se ficar preso a Cristo e ao mastro da sua cruz, o homem pode es-cutar todas as vozes do mundo, sem recear que elas o perturbem e o desviem do caminho” (Tomas Halík). Olhando para Jesus, Aquele que revela o Pai (cf Jo 14, 9) e que por meio Dele nos veio o Espírito Santo, nessa pequena reflexão, queremos mergulhar no mistério central da nossa fé: A Trindade! O Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Segundo uma antiga e boni-ta tradição, conta-se que Santo Agostinho, pensando no mistério trinitário, passeava na beira da praia quando avistou uma criança que fizera um pequeno buraco na areia e com um balde buscava água no mar e derramava dentro no pequeno buraco. Ao se aproximar e questionar a intenção da criança,

esta lhe respondeu: “Quero colo-car toda aquela água do amor dentro desse buraco”. Diante disso Agostinho logo interveio e lhe disse: “Mas isso é impossível, jamais caberá toda aquela água aqui dentro”. Ouvindo isso, a criança lhe respondeu: E você tentando entender o mistério da Trindade!

Queridos amigos, Deus no seu mistério é o grande e imenso ocea-no! Nossa pobre e pequena capaci-dade de compreensão é semelhante ao buraquinho feio pela criança da areia da praia. Jamais iremos esgo-tar o mistério Divino, mas pelo seu Amor, podemos mergulhar cada vez mais. “Quantas noites, na cama, não perguntei: como é Deus, que nome exprime a comunhão dos divinos Três? E não encontrei nenhuma palavra nem me veio nenhuma luz. Comecei então a louvar e a glorificar. Foi quando se encheu de luz o meu coração. Já não perguntava mais, estava dentro da própria comunhão divi-na” (L. Boff, A Santíssimo Trindade é a melhor comunidade).

Professamos a fé em um ÚNICO Deus em Três Pessoas. Não são 3 deuses, pois as Pessoas divinas não

se dividem entre si na essência, mas possuem uma mesma divinda-de, ou seja, Um só Deus por na-tureza. Vale ressaltar que não são três características de um mesmo ser, mas Três Pessoas distintas que são o Único Deus.

Já no dia do nosso Batismo somos introduzidos na comunidade e adotados na filiação divina pelo mistério Trinitário e, assim nos tor-namos Templos da própria Trinda-de. Participamos, no já e ainda não, dessa comunhão perfeita que existe no coração da Trindade. “Já se disse, de forma bela e profunda, que nosso Deus em seu mistério mais íntimo não é uma solidão, mas uma família. Pois leva em si mesmo a paternidade, a filiação e a essência da família que é o amor. Este amor, na família divina, é o Espírito Santo” (João Paulo II, Peubla, 1979).

Desse inefável mistério, apren-demos que nós também somos uma comunidade: não fomos feitos para a solidão; precisamos nos relacionar uns com os outros, pois participamos da mesma família chamada humanidade; “Se Deus significa Três Pessoas divinas em eterna comunhão entre si, então devemos concluir que nós tam-bém, seus filhos e filhas, somos

chamados à comu-nhão” (L. Boff, A Santíssimo Trindade é a melhor comu-nidade). Portanto, viver promovendo intrigas, ódios, di-visão e intolerância é colocar-se fora da comunhão de amor da família humana que, ainda que im-perfeita, é imagem da comunhão divina do Pai, Filho e Espírito Santo.

Por isso, ainda que conheça-mos toda a teologia trinitária, esse mistério nos exorta a buscar a comunhão entre nós que não significa uniformidade, pois no próprio Deus há diversidade, mas sobretudo unidade.

De forma muito poética e mística, o Padre da Igreja Santo Irineu (200) afirmou: ‘O Filho e o Espírito Santo constituem as duas mãos pelas quais o Pai nos toca, nos abraça e nos molda cada vez mais à sua imagem e semelhança. Filho e Espirito Santo foram enviados ao mundo para morarem entre nós e nos in-serirem na comunhão trinitária’.

Por fim, quem louva e adora Deus que é o Pai, o faz unicamente pelo Filho no Espírito Santo. Por

isso, nesses tempos difíceis, ado-ramos Deus Trindade e invocamos seu Amor e sua Misericórdia certos de que seremos atendidos: “Pai, estende tua mão e salva-nos desta miséria! E o Pai, que es-cuta o grito de seus filho e filhas oprimidos, estendeu suas duas mãos para nos libertar e nos abraçar em seu seio bondoso: o Filho e o Espírito Santo” (L. Boff, A Santíssima Trindade é a melhor comunidade).

Termino essa reflexão com a jaculatória que acompanha as mais belas e antigas orações: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio agora e sempre. Amém.

Padre DIEGO NASCIMENTOVigário Paroquial

A TRINDADE!

Page 11: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHA JUNHO DE 2020 11PUBLICIDADES

“NA VERDADE, NA VERDADE, EU VOS DIGO: SE NÃO COMERDES A CARNE DO FILHO DO HOMEM E NÃO BEBERDES SEU SANGUE, NÃO TEREIS A VIDA EM VÓS”

Page 12: SÃO PAULO - XXII JUNHO DE 2020 - EDIÇÃO 262 · 2020. 8. 25. · 2 JUNHO DE 2020 O SANTUÁRIO DA PENHA “Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos

O SANTUÁRIO DA PENHAJUNHO DE 202012FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

CONFISSÕES INDIVIDUAISSANTUÁRIO EUCARÍSTICO DIOCESANO:

Terça à Sexta: das 09:00 h às 11:00 h e das 15:00 h às 16:00 hSábado: das 09:00 h às 11:00 h.

BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA PENHA: Sexta: das 16:00 h às 17:30 h. - Sábado: das 9:00 às 11:00 e das 14:00 h às 15:00 h.

NOTAS!O SANTÍSSIMO SACRAMENTOFica exposto durante o dia (exceto às 2ª feiras) no Santuário Eucarístico Diocesano (Igreja Velha da Penha).

VISITA AOS DOENTES:Para receber a visita do Padre ou de Ministros (as) para comunhão, necessário agendar na livraria ou na secretaria (deixando: en-dereço, telefone e horários mais

convenientes).

CAMPANHA DOS ALIMENTOS PARA AS

FAMÍLIAS CARENTES:Trazer como ofertório

nas missas do dia 08 de cada mês, na Basílica.

SECRETARIA DA BASÍLICASegunda à Sexta-Feira das 08:30 h às 12:00 h e das 14:00 às 17:30 h

Sábado das 08:30 h às 12:00 h e das 14:00 às 16:00h. A secretaria está fechada aos Domingos e Feriados

ÓRGÃO INFORMATIVO E FORMATIVO DA BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA PENHA PADROEIRA DA CIDADE DE SÃO PAULO DIOCESE DE SÃO MIGUEL PAULISTA | RUA SANTO AFONSO, 199 – FONES: 2295-4462 – SÃO PAULO.

Site: www.basilicadapenha.com.br / e-mail: [email protected]://facebook.com/basilicansradapenhasp

• DIRETOR:Pe. Edilson de Souza Silva •EDITOR:Pe. Tiago Cosmo da Silva Dias• JORNALISTARESPONSÁVEL: Ricardo Bigi - Mtb 39.450 •DIGITAÇÃOeMONTAGEM: Roberto A. de Oliveira •REVISÃO:Eduardo Mazzocatto •RELAÇÕESPÚBLICAS/COMERCIAIS:Elvis R. Bertola e Roberto A. de Oliveira •ASSINATURAS:José Pinfildi Filho •COLABORADORES:Pe. Edilson de Souza Silva, Pe. Tiago Cosmo da Silva Dias, Pe. Diego Nascimento Silva, Atílio Monteiro Junior, Ideo-valdo Ribeiro de Almeida, Leonardo C. de Almeida, Marilena A. T. Lima, Neylana Cândido de Oliveira, Ralph Rosário Solimeo, Roberto A. de Oliveira, Soleimar M. Rossi •ILUSTRAÇÕESeFOTOS:Pascom, Inventy Soluções Criativas.•MURAL:Juliana A. Pinfildi •SITEeFACEBOOK:Emerson Pinfildi, Lécia Braz Bittencourt •TIRAGEM:2.000 exemplares• EDITORAÇÃOELETRÔNICA:José Hildegardo – Fone: (88) 99974-9086• FOTOLITOeIMPRESSÃO: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. – Fone: (11) 4615-4680Asmatériasassinadassãodetotalresponsabilidadedeseusautores.

ATIVIDADES SUSPENSAS EM RAZÃO DA PANDEMIA CORONA VÍRUSSeguindo orientação do Ministério da Saúde e das autoridades Estaduais e Municipais,

para se evitar aglomerações, todas as atividades da Basílica de Nossa Senhora da Penha descritas nesta página, estão suspensas durante o período que durar a quarentena,

fortalecendo o combate ao vírus.

PARA ANUNCIAR ligue: (11) 97325-9848

São João Batista, voz que clama no deserto, que dissestes:

“Endireitai os caminhos do Senhor! Fazei penitência, porque no meio de vós esta quem não conheceis, e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias”; ajudaiBme a fazer penitência das minhas faltas, para que eu me torne digno do perdão Daquele que vós anunciaste com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo”.

São João Batista rogai por nós. Amém.

ORAÇÃO A SÃO JOÃO BATISTA