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Ano 24 - nº 194 - Set/09 R$ 7,50 Fé e Razão O primeiro Mandamento Conversando com Sciadini Se tu és... Arte e Espiritualidade Jesus Cristo O Pantocrator de Monreale ritmo da Palavra A vida ao Assunto do Mês Só Família A era virtual: algumas repercurssões na educação dos filhos

Shalom Mana 194

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Publicação mensal, editada e organizada pela Comunidade Católica Shalom.

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Ano 24 - nº 194 - Set/09 R$ 7,50

Fé e RazãoO primeiro Mandamento

Conversando com SciadiniSe tu és...

Arte e Espiritualidadejesus cristoO Pantocrator de Monreale

ritmo daPalavraA vida aoAssunto do Mês

Só FamíliaA era virtual:algumas repercurssões

na educação dos fi lhos

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2 Shalom Maná | Setembro/2009

Coordenação Geral RICARDO MOREL LOPES CRIStIAnO tuLI

Coordenação Editorial AnDRéA LunA vALIMELIAnA GOMES LIMA

Equipe de RedaçãoAnDRéA LunA vALIMAnDRéIA GRIPPELIAnA GOMES LIMAJOSé RICARDO F. BEzERRA

RevisãoJOSé RICARDO F. BEzERRASAnDRA vIAnAREJAnE nASCIMEntO

Editor de ArteAuGuStO F. OLIvEIRA

Gerente ComercialELIAnA GOMES LIMA

AssinaturasLAnE MARquES

Jornalista ResponsávelEGíDIO SERPA

E X P E D I E N T E

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E D I T O R I A L

A vidA Ao ritmo dA PAlAvA

Talvez hoje sejamos convidados a viver embalados por diversos ritmos. O que não falta é diversidade para todos os gostos.

Mas o que é mesmo viver embalado ao ritmo da Palavra? O que significa dizer isso?

Deixar que a Palavra de Deus paute nossas vidas para que esta torne-se uma doce melodia, como o Magnificat, cantado por Maria. Renovar o amor e o zelo pela Palavra de Deus é um dos principais objetivos desta edição da Shalom Maná.

Fazer a experiência de que a Vontade de Deus é porto seguro para nós, luz para nosso caminho, é descobrir a verdadeira felicidade.

Como é importante perceber a beleza e a grandeza do amor de Deus quando quis constituir um povo, e não se contentando, quis relacionar-se com ele, dando-nos Leis e Leis de amor.

Por isso, o Instituto Parresia no Fé e Razão nos esclarece acerca do primeiro mandamento, explorando a riqueza dos Mandamentos de Deus e sua aliança conosco.

No Sacramento e Liturgia veremos que Cristo está presente em toda oração verdadeira, mas está, sobretudo, na oração litúrgica da Igreja, a qual não só os padres, monges e consagrados são chamados a rezar, mas todo povo de Deus.

“Toda lei Divina se resume no amor...” Foi com estas palavras que Bento XVI iniciou sua homilia de conclusão do Sínodo dos Bispos de 2008, cujo tema era “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.

Esta Palavra que salva e tem poder de nos tirar de nossas paralisias, é contemplada também no Entrelinhas, onde você vai encontrar o famoso diálogo de Jesus com a Samaritana. O desejo de Jesus de entrar em nossas vidas, de curar as nossas feridas e mudar o percurso da nossa história.

E, em se tratando de nossas vidas, o que fazer diante do grande dom e ao mesmo tempo, grande desafio, que tem sido a Era virtual dentro das famílias? Como fazer da Internet uma aliada na educação dos filhos? Você encontrará respostas e orientações seguras no Só Família, escrito por nossa querida psicopedagoga Laura Martins, que nos traz importantes orientações acerca desse assunto.

Essas temáticas e outras pertinentes à nossa condição de cris-tãos, você encontrará nesta edição! Shalom!

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SUMÁRIO

Só FamíliaA era virtual: algumasrepercussões na educação dos fi lhos

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EntrelinhasO Segredo da Samaritana

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Assunto do MêsA vida ao ritmo da Palavra

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Liturgia e SacramentoLiturgia das horas: O encontro com o cristo Ressuscitado

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13 44

45

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A Palavra do PapaA Palavra de Deus navida e na missão da Igreja

Orando com a PalavraEu, porém, vos digo...

Arte e Espiritualidadejesus cristoO Pantocrator de Monreale

Fé e RazãoO primeiro Mandamento

Conversando com SciadiniSe tu és...

AtualidadeA cabana.De qual deus fala o livro?

EspiritualidadeVocê sabe rezar o Pai-Nosso?

Divirta-se

04 2835

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Acontece no Mundo República checa prepara

visita papal refl etindo sobre “Caritas in Veritate”

Vaticano prepara documento sobre a formação dos seminaristas

Mobilização no Facebook contra proibição dos crucifi xos na Espanha

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A PALAvRA DO PAPA

DeusA Palavra de

na vida e na missão da Igrejatodos nós que participamos dos trabalhos sinodais, levamos conosco a consciência renovada de que a tarefa prioritária da Igreja, no início deste novo milênio, é antes de tudo alimentar-se da Palavra de Deus, para tornar eficaz o compromisso da nova evangelização, do anúncio nos nossos tempos.

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Homilia de Bento XVI na Conclusão do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus

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Queridos irmãos e irmãs! A Palavra do Senhor, que há pouco ressoou no Evangelho, recordou-

nos que toda a Lei Divina se resume no Amor. O Evangelista Mateus narra que os fariseus, de-pois de Jesus ter respondido aos saduceus fechando-lhes a boca, reuniram-se para o pôr à prova (cf. 22, 34-35). Um destes, um doutor da lei, perguntou-lhe: Mestre, na Lei, qual é o maior mandamento?” (v. 36). A pergunta deixa trans-parecer a preocupação, presente na antiga tradição judaica, de encontrar um prin-cípio unificador das várias formulações da vontade de Deus. Era uma pergunta difícil, considerando que na Lei de Moi-sés são contemplados 613 preceitos e proibições. Como discernir, entre todos eles, o maior? Mas Jesus não hesita, e responde imediatamente: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. É este o maior e o primeiro manda-mento” (vv. 37-38).

Na sua resposta, Jesus cita o Shemá, a oração que o israelita piedoso recita várias vezes ao dia, sobretudo de manhã e à tarde (cf. Dt 6,4-9; 11,13-21; Nm 15,37-41): a proclamação do amor ínte-gro e total devido a Deus, como único Senhor. O realce é dado à totalidade desta dedicação a Deus, enumerando as três características que definem o homem nas suas estruturas psicológicas profundas: coração, alma e mente. A palavra mente, diánoia, contém o elemento racional. Deus não é apenas objeto do amor, do compromisso, da von-tade e do sentimento, mas também do intelecto, que, portanto, não

deve ser excluído deste âmbito. É precisamente o nosso pensamento que se deve conformar com o pen-samento de Deus.

Depois, Jesus acrescenta algo que, na realidade, não tinha sido perguntado pelo doutor da lei: “O segundo é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (v. 39). O as-pecto surpreendente da resposta de Jesus consiste no fato de que Ele estabelece uma relação de semelhança entre o primeiro e o segundo mandamento, definido também agora com uma fórmula

bíblica tirada do código levítico de santidade (cf. Lv 19,18). E eis, portanto que, na conclusão do trecho, os dois mandamentos são associados no papel de princípio-base no qual se fundamenta toda a Revelação Bíblica: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (v. 40).

A página evangélica sobre a qual estamos a meditar realça que ser discípulos de Cristo significa pôr em prática os seus ensinamen-tos, que se resumem no primeiro e maior mandamento da Lei divina, o mandamento do amor. Também a primeira Leitura, tirada do Livro do Êxodo, insiste sobre o dever do amor; um amor testemunhado concretamente nas relações entre as pessoas: devem ser relações de respeito, de colaboração, de ajuda generosa. O próximo a ser amado é também o estrangeiro, o órfão, a viúva e o indigente, aqueles cidadãos que não têm “defensor” algum. O autor sagrado desce a

pormenores específicos, como no caso do objeto dado em penhor por um destes pobres (cf. Êx 20,25-26). Neste caso é o próprio Deus que se faz de fiador na situação deste próximo.

Na segunda Leitura podemos ver uma aplicação concreta do gran-de mandamento do amor numa das primeiras comunidades cristãs. São Paulo escreve aos Tessalonicenses, fazendo-lhes compreender que, apesar de conhecê-los há pouco tempo, os aprecia e sente por eles afeto. Por isso indica-os como um “modelo para todos os crentes

da Macedônia e da Acaia” (1Ts 1,6-7). Não faltam certa-mente debilidades e dificuldades naquela comunidade fundada recentemente, mas é o

amor que tudo supera, tudo renova, tudo vence: o amor de quem, cons-ciente dos próprios limites, segue docilmente as palavras de Cristo, Mestre divino, transmitidas através de um seu fiel discípulo. “Vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, escreve São Paulo, aco-lhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar das numero-sas tribulações”. “Partindo de vós, se divulgou a Palavra do Senhor, não apenas pela Macedônia e Acaia, mas propagou-se por toda a parte a fé que tendes em Deus” (1Ts 1,6-8). Os ensinamentos que tiramos da experiência dos Tessalonicenses, experiência que na verdade irmana qualquer comunidade cristã au-têntica, é que o amor pelo próximo nasce da escuta dócil da Palavra Divina. É um amor que aceita tam-bém provações duras pela verdade da Palavra Divina e precisamente por isso o verdadeiro amor cresce e a verdade resplandece em todo o seu esplendor. Como é então impor-

Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com

toda a tua mente. É este o maior e o primeiro mandamento.”

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afetuosa do Bispo de Roma. Saúdo os Delegados fraternos, os Peritos, os Auditores e os Convidados es-peciais, os membros da Secretaria Geral do Sínodo, quantos se ocu-param das relações com a impren-sa. Dirijo um pensamento especial aos Bispos da China Continental, que não puderam estar represen-tados nesta Assembleia Sinodal. Desejo fazer-me aqui intérprete e dar graças a Deus, do seu amor a Cristo, da sua comunhão com a Igreja Universal e da sua fidelidade ao Sucessor do Apóstolo Pedro. Eles estão presentes na nossa oração, juntamente com todos os fiéis que estão confiados aos seus cuidados pastorais. Pedimos ao “Pastor supremo do rebanho” (1Pd 5,4) para que lhes dê alegria, força e zelo apostólico para guiar com sabedoria e com clarividência a comunidade católica na China, que nos é tão querida.

Todos nós, que participamos nos trabalhos sinodais, levamos conosco a consciência renovada de que a tarefa prioritária da Igreja, no início deste novo milênio, é antes de tudo alimentar-se da Palavra de Deus, para tornar eficaz o com-promisso da nova evangelização,

do anúncio nos nossos tempos. Agora é necessário que esta expe-riência eclesial seja levada a todas as comunidades; é necessário que se compreenda a necessidade de traduzir em gestos de amor a Palavra ouvida, porque só assim se torna credível o anúncio do Evangelho, apesar das fragilidades humanas que marcam as pessoas. Isto exige em primeiro lugar um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil da sua Palavra.

Neste Ano Paulino, fazendo nossas as palavras do Apóstolo: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16), faço votos sinceros para que em cada comunidade se sinta mais forte a convicção deste anseio de Paulo como vocação ao serviço do Evangelho para o mundo. Recordei no início dos tra-balhos sinodais o apelo de Jesus: “a messe é grande” (Mt 9,37), apelo ao qual nunca nos devemos cansar de responder apesar das dificuldades que podemos encontrar. Muitas pessoas estão em busca, por vezes até sem se dar conta, do encontro com Cristo e com o seu Evange-lho; muitas têm necessidade de reencontrar n’Ele o sentido da

PENSAMENTODeus não é apenas

objeto do amor, do compromisso,

da vontade e do sentimento, mas

também do intelecto, que, portanto, não deve ser excluído

deste âmbito. É precisamente o nosso

pensamento que se deve conformar com o pensamento de Deus.

tante ouvir a Palavra e encarná-la na vida pessoal e comunitária!

Nesta celebração eucarística, que encerra os trabalhos sinodais, ouvimos de modo singular o víncu-lo que existe entre a escuta amorosa da Palavra de Deus e o serviço ab-negado aos irmãos. Quantas vezes, nos dias passados, ouvimos expe-riências e reflexões que revelam a necessidade hoje emergente de uma escuta mais íntima de Deus, de um conhecimento mais verda-deiro da sua Palavra de Salvação; de uma partilha mais sincera da fé que se alimenta constantemente na mesa da Palavra Divina!

Queridos e venerados Irmãos, obrigado pela contribuição que cada um de vós ofereceu ao apro-fundamento do tema do Sínodo: “A Palavra de Deus na vida e na mis-são da Igreja”. Saúdo-vos a todos com afeto. Dirijo uma saudação especial aos Senhores Cardeais Presidentes, delegados do Sínodo e ao Secretário-Geral, ao qual agradeço a constante dedicação. Saúdo-vos a vós, queridos irmãos e irmãs, que viestes de todos os con-tinentes trazendo a vossa experiên-cia enriquecedora. Regressando a casa, transmiti a todos a saudação

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sua vida. Dar testemunho claro e partilhado de uma vida, segundo a Palavra de Deus, confirmada por Jesus, torna-se, portanto, um critério indispensável para teste-munhar a missão da Igreja.

As leituras que a Liturgia oferece hoje à nossa meditação recordam-nos que a plenitude da Lei, como de todas as Escrituras Divinas, é o amor. Portanto, quem pensa que compreendeu as Escri-turas, ou pelo menos uma parte delas, sem se comprometer a cons-truir, mediante a sua inteligência, o duplo amor de Deus e do próximo, na realidade demonstra que ainda está longe de ter compreendido o seu sentido profundo. Mas como pôr em prática este mandamento, como viver o amor de Deus e dos irmãos sem um contato vivo e in-tenso com as Sagradas Escrituras? O Concílio Vaticano II afirma que “é necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” (Const. Dei Verbum, 22), para que as pessoas, encontrando a verdade, possam crescer no amor autêntico. Trata-se de uma exigência hoje indispensável para a evangelização. E dado que, com frequência, o encontro com a Escritura corre o

risco de não ser “um fato” de Igreja, mas exposto ao subjetivismo e à arbitrariedade, torna-se indis-pensável uma promoção pastoral robusta e crível do conhecimento da Sagrada Escritura, para anun-ciar, celebrar e viver a Palavra na comunidade cristã, dialogando com as culturas do nosso tempo, pondo-se ao serviço da verdade e não das ideologias atuais e fomen-tando o diálogo que Deus quer ter com todos os homens (cf. ibid., 21). Com este fim, deve ser dada a máxima atenção à preparação dos pastores, destinados depois à ne-cessária ação de difundir a prática bíblica com subsídios oportunos. Devem ser encorajados os esforços em ato para suscitar o movimento bíblico entre os leigos, a formação dos animadores de grupos, com particular atenção aos jovens. Deve ser apoiado o esforço de fazer conhecer a fé através da Palavra de Deus também a quem está “afastado” e, sobretudo, a quantos estão em busca sincera do sentido da vida.

Deveriam ser acrescentadas muitas outras reflexões, mas li-mito-me a ressaltar por fim que o lugar privilegiado no qual ressoa

a Palavra de Deus, que edifica a Igreja, como foi dito tantas vezes no Sínodo, é sem dúvida a Litur-gia. Nela sobressai que a Bíblia é o Livro de um povo e para um povo; uma herança, um testamen-to entregue aos leitores, para que atualizem na sua vida a história da salvação testemunhada por escrito. Há, portanto, uma relação de re-cíproca pertença vital entre povo e Livro: a Bíblia permanece um Livro vivo com o povo, seu sujeito, que o lê; o povo não subsiste sem o Livro, porque nele se encontra a sua razão de ser, a sua vocação, a sua identidade. Esta pertença recíproca entre povo e Sagrada Escritura é celebrada em cada assembleia litúrgica, a qual, graças ao Espírito Santo, ouve Cristo, porque é Ele quem fala quando na Igreja se lê a Escritura e se acolhe a aliança que Deus renova com o seu povo. Portanto, Escritura e Liturgia convergem no único fim de levar o povo ao diálogo com o Senhor e à obediência à vontade do Senhor. A Palavra que saiu da boca de Deus e testemunhada nas Escrituras volta para Ele em forma de resposta orante, de resposta vivida, de resposta que brota do amor (cf. Is 55,10-11).

Amados irmãos e irmãs, rezemos a fim de que da escuta renovada da Palavra de Deus, sob a ação do Espírito Santo, possa brotar uma au-têntica renovação na Igreja universal e em cada comunidade cristã.

Maria Santíssima, que ofereceu a sua vida como “Serva do Se-nhor” para que tudo se cumprisse em conformidade com a vontade divina (cf. Lc 1,38) e que exortou a fazer tudo que Jesus nos dissesse (cf. Jo 2,5), nos ensine a reconhe-cer na nossa vida a primazia da Palavra, a única que pode dar a salvação. Assim seja!

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Tomemos o Evan-gelho segundo São Lucas, Lc 6,27-38. Leia atentamente

pelo menos quatro vezes os versí-culos propostos, em voz alta, ou em

meia voz, procurando responder à pergunta: O que o texto diz? Em seguida releia, silenciosamente, ouvindo de Deus o que o texto lhe diz pessoalmente. Esta é a medita-ção. Diante de tudo o que lhe foi

ORAnDO COM A PALAvRA

Eu, porém, vos digo...

revelado, faça sua oração, seja de louvor, súplica ou intercessão. E, por fim, continue o momento de oração, deixando-se amar pelo Se-nhor da vida, escutando no coração aquilo que ele desejar.

José Ricardo F. BezerraMissionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

A contemplação dos mistérios de Deus é uma graça, um dom gratuito, que requer apenas uma atitude de recolhimento, abertura, aceitação, abandono e confiança.

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Para mim, esse é um dos tre-chos mais desconcertantes, emba-raçosos, difíceis e desafiadores dos evangelhos.

As orientações de Jesus são cla-ras: “Amai”, “Fazei o bem”, “Abençoai”, “Orai”, “Emprestai”, “Perdoai”, “Dai”. E ainda: “Sede misericordiosos”, “Não julgueis”, “Não condeneis”.

E com quem praticar também: “Os vossos inimigos”, “aos que vos odeiam”, “os que vos amaldiçoam”, “os que vos difamam”, “os que te ferem na face”, “os que te tiram a capa”, “os que te tomam o que é teu”, “os que te pedem”.

Amar o próximo como a si mesmo quando o próximo é amigo, é até fácil de entender e aceitar. Agora amar os inimigos, os que nos odeiam, amaldiçoam, difa-mam, roubam ou tomam o que é nosso é coisa totalmente inédita. No Antigo Testamento era per-mitido o olho por olho e o dente por dente (lei do talião). O Novo é mais exigente. A virtude da Justiça manda dar a cada um o que lhe é devido. Portanto o que Jesus pede é ir além da justiça. Amar e fazer o bem aos que os amam, os pagãos também o fazem. Mas a quem quiser escutá-lo, Ele pede mais e apresenta as razões: “Será grande a vossa recompensa”, “sereis filhos do Altíssimo” e “porque ele é bom para com os ingratos e maus”. Veja as pa-lavras que o anjo Gabriel anuncia a Maria sobre Jesus: “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo...” (Lc 1,32). Ou seja, a recompensa é o próprio Jesus, ser como Ele.

Se ele nos pede é por que é pos-sível e Ele mesmo dá o exemplo. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Os apóstolos não estariam errados se invocassem a justiça e o direito diante dos judeus que prenderam e flagelaram Jesus. Mas Ele não permite que Pedro use a espada para defendê-lo ou o pede

o socorro das legiões de anjos para livrá-lo. Nem faz um milagre diante de Herodes ou faz ameaça Pilatos para escapar da morte. Ele sabe que cumpre a Vontade do Pai e que a jus-tiça definitiva pertence a Deus. A Ele só cabia amar, orar e perdoar os que o condenavam, “pois não sabiam o que estavam fazendo...” (cf. Lc 23,34).

Que tal iniciar sua oração não pelos “inimigos” que talvez você não identifique, mas pelos que o ofenderam, ou o agrediram seja com palavras ou com atos. Ou pelos que não lhe deram a atenção, ou enfim pelos que lhe pediram alguma coisa e você não atendeu. Peça perdão por não ter sido capaz de praticar esta passagem naquela ocasião. Se conseguir identificar seus “inimigos”, também ore por eles. Suplique a graça de amar como Jesus amou, dando sua vida. Interceda por todos os que lhe prejudicaram intencionalmente ou não. Peça a misericórdia de Deus por você e por eles. Abra-se à ação do Espírito Santo que é capaz de mudar corações de pedra por corações de carne, sensíveis à Vontade de Deus. Relembre as vezes que você amou os difíceis, perdoou, não condenou e nem julgou os outros. Sinta a alegria de ter imitado Jesus, tornando-se filho de Deus. Louve e agradeça, pois foi graça e não mérito seu.

A contemplação dos mistérios de Deus é uma graça, um dom gratuito, que requer apenas uma atitude de recolhimento, abertura, aceitação, abandono e confiança. Então se recolha ao mais íntimo do seu cora-ção. Abandone-se no Amor. Confie n’Aquele que só sabe amar e deseja habitar em nós transformando-nos na imagem do Seu Filho.

Termine este momento, ano-tando em seu caderno as graças recebidas para que nada se perca.

Jesus eu tenho confiança em vós!Shalom!

AMAR

Amar o próximo como a si mesmo quando o próximo é amigo, é até fácil de entender e aceitar. Agora amar os inimigos, os que nos odeiam, amaldiçoam, difamam, roubam ou tomam o que é nosso é coisa totalmente inédita.

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ARtE E ESPIRItuALIDADE

Uma palavra sobre a Catedral e o entor-no de Monreale.A harmônica dis-

posição das linhas arquitetônicas, a profusão dos mosaicos ico-nográficos e a rica simbologia fazem deste edifício um dos mais sacros e belos do mundo.

Está situado no vértice do monte Caputo sobre um platô que domina a concha d’ouro, cha-mada assim porque quando o sol bate nas plantações de laranjas da sua encosta, percebem-se reflexos dourados. De sua torre se vê o golfo de Palermo, a concha d’ouro e a vizinha cidade de Palermo, capital da Sicília, a maior ilha meridional da Itália.

A Catedral de Monreale foi construída durante o reinado de

Guglielmo II (1172-1189) que a ofertou à Virgem Mãe de Deus. Sua arquitetura é uma fusão das influências da civilização ociden-tal latino-germânica, do Oriente bizantino e árabe.

Descrição e interpretação da obraA grandiosa imagem do Cristo

Pantocrator (Onipotente), centro de convergência do Antigo e do Novo Testamento está repre-sentada em mosaicos na imensa ábside (1 quarto da esfera) do presbitério, no centro de toda a concepção arquitetônica e deco-rativa da catedral. Daí, Ele do-

mina os olhares dos que entram no templo.

As proporções da imagem são impressionantes: a cabeça com a barba mede 3m; a mão direita mede 1,80m, sendo 7m a altura to-

tal e 13,30m a largura total até a base.

A sua cabeça é envolvida por um nimbo de ouro cru-ciforme onde está escrito à direita e à esquerda em grego: Jesus Cristo o Pan-tocrator. Ele estende

a mão direita e abençoa ao modo grego segurando os dois últimos dedos com o polegar indicando o número oito; isto significa que a primeira criação foi feita em seis dias e no sétimo descansou; enquanto a nova criação feita pelo sangue do Cordeiro de Deus que obedeceu até a morte de cruz foi restaurada num só dia, o oitavo.

O Pantocrator de MonrealeJesus Cristoquando se entra na catedral de Monreale, um êxtase de maravilha e estupor toma conta do peregrino que fica sem fôlego e sobrelevado pelo senso da beleza e grandiosidade. São 8.000 m² de mosaicos coloridos e de ouro.

Cassiano AzevedoMissionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

A Catedral de Monreale foi construída durante o reinado de Guglielmo II

(1172-1189) que a ofertou à Virgem Mãe de Deus. Sua arquitetura é uma fusão das influências da civilização ocidental latino-germânica, do Oriente bizantino e árabe.”

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O cabelo cai nas costas por de-trás das orelhas que ficam à mostra. A barba é curta deixando aparecer o queixo. Com a mão esquerda, Ele segura o livro do Evangelho aberto na página onde em grego e em latim se lê: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas” ( Jo 8,12). Os fiéis sem-pre o veneraram como terrificante maravilha e o chamaram de O Pai Eterno de Monreale.

Entre as várias representações do Pantocrator esta é uma das mais célebres e das mais inesquecíveis. Tem o rosto comprido, os olhos largos e penetrantes, o nariz le-vemente arqueado; a sobrancelha,

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o olhar, o bigode e a boca direita compreendem uma expressão severa de justo juiz, enquanto o conjunto esquerdo nos transmite a misericórdia.

A imagem de Cristo adulto aparece nos mosaicos da catedral por 67 vezes e todas são do mesmo tipo, tanto nos lineamentos do rosto como no modo de pentear os cabelos. O mesmo vale para a roupa e os calçados que não variam se não em poucos casos. Aqui se quer exprimir antes de tudo a sua natureza humana e a sua paixão indicada pela cruz representada no nimbo; depois, a sua missão entre os homens, expressa nas palavras do Evangelho e, enfim, a sua divindade recordada pelo título de Pantocrator. O seu olhar chega a cada ponto e a cada ângulo da igreja e permanece impresso de modo incancelável.

Ele veste uma túnica vermelha dourada que simboliza a humani-dade e um manto azul que traduz sua divindade. A luz sai de seu Corpo como em toda representa-ção iconográfica dos santos, pois nos lembra que todos nós rece-beremos um corpo glorioso como o de Cristo. Seu pescoço é muito grosso, pois sua garganta está cheia do sopro do Espírito Santo a ser ministrado para a Igreja.

Ele é o Ressuscitado que por ter passado pela Cruz, recebe do Pai o domínio sobre todo o universo para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos seres celestes, ter-restres e dos que vivem sob a terra e para glória de Deus, o Pai, toda língua confesse: Jesus é o Senhor Pantocrator. Que assim seja!

DIVINDADE

Ele veste uma túnica vermelha dourada que simboliza a humanidade e um manto

azul que traduz sua divindade.

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Fé E RAzÃO

Sabemos, porém, que o amor não é sentimento, mas ato livre da vonta-de, fi delidade à aliança

que tem em Deus a sua fonte e o seu modelo.

Poderíamos nos perguntar: “Por que o amor é apresentado como uma lei, um mandamento, algo que devemos obedecer?” A resposta a esta pergunta, segundo Santo Agostinho2, é que existem dois modos de induzir o homem a fazer ou não certa coisa: por cons-trição, com a ameaça do castigo, ou por atração. O amor o induz do segundo modo. Somos atraídos por aquilo que amamos. Neste sentido, o amor é uma lei, um mandamento, que cria no homem um dinamismo que, espontaneamente, o leva a amar e a fazer a vontade de Deus, a amar tudo aquilo que Deus ama.

Eu sou o Senhor, teu DeusPrimeiro Deus libertou o povo

da escravidão do Egito (Ex 1-15),

depois se revelou como o artífi ce daquele milagre fundamental e central da história do povo eleito, selando com ele uma aliança (Ex 24,3-18); e de forma ainda mais admirável, única e defi nitiva, deu-se a conhecer por meio da En-carnação e da obra redentora do Filho. Diante desta incomparável doação de amor, a única resposta lógica que o homem pode dar a Deus é a fé, numa adesão livre e total: “com todo o coração, com toda a alma e de todo o entendi-mento”. Portanto, ao Deus que se doa totalmente, a resposta mais completa do homem é a doação total de si por meio da fé, da es-perança e da caridade.

As virtudes teologais como res-posta ao primeiro mandamento

O primeiro mandamento “abrange a fé, a esperança e a caridade”3, portanto, na vivência das virtudes teologais, o homem

chega a Deus, seu princípio e fi m último, e dá a Ele a adoração que lhe é devida: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele presta-rás culto” (Mt 4,10). A adoração, por sua vez, não pode ser um ato privado, pois tem caráter de culto (latria) a Deus.

A fé, como resposta a Deus, é a fonte da nossa vida religiosa, mo-ral e espiritual (CIC 2087), e não devemos considerá-la como um salto no escuro ou como conhe-cimento puramente intelectual de verdades reveladas. Ela é um dom de Deus, do Deus que ama, salva, cura e perdoa. O Catecismo nos ensina que crer em Deus consiste em dar testemunho dele (cf. CIC 2087). Devemos ainda, conhecer e nutrir a nossa fé, de forma afetiva e efetiva, pois a virtude da fé se manifesta e se fortalece em cada ato do cristão.

O primeiroMandamentoInterrogado sobre qual é o maior Mandamento da Lei, Jesus respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro Mandamento. O segundo é semelhante a esse: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”1. Jesus ensina-nos, portanto, que o amor é a plenitude de toda a Lei.

Josefa AlvesMissionária da Com. Católica Shalom em Aquiraz/CE

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Em Mt 10,32, Jesus nos diz que a fé deve ser confessada. Portanto, renegar a fé é, por si só, um pecado mortal.

“O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe.”4

O mesmo Deus a quem de-vemos amar é também o objeto da nossa esperança. Segundo São Paulo, o conteúdo da nossa esperança é a revelação da glória do Cristo Ressusci-tado e a transforma-ção do mundo.5 O primeiro manda-mento também visa os pecados contra a esperança, que são o desespero e a presunção; pois quando amamos a Deus acima de todas as coisas e o adoramos com a nossa vida, cremos no seu amor e Nele esperamos salvação, alegria, consolo, sabedoria, porque Ele é fiel e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças.6

Quanto à virtude teologal da caridade, que é a maior,7 ela é o fundamento de toda a nossa vida moral e, segundo S. Tomás de Aquino, o amor a Deus faz com que o homem viva a vida de Deus e, pelo amor, seja transformado no amado8. O Catecismo expõe como pecados contra o amor de Deus, a

indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acídia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus.

Na primeira parte do primei-ro mandamento, contemplamos Deus como nosso único Senhor a quem adoramos e servimos por meio das virtudes teologais. Na segunda parte contemplamos Deus como nosso único Senhor, o único a quem se deve o culto sagrado. A virtude da religião nos

dispõe a tal veneração. Esta virtude é o laço que liga o homem a Deus (religião vem de religio = religar), fonte de todo bem; por meio dela o homem reconhece e confessa sua dependência de Deus através de atos interiores e exteriores.

O primeiro ato da virtude da religião é a adoração, ou seja, “reconhecê-lo como Deus, como Criador e Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso. “Adora-rás o Senhor, teu Deus, e só a Ele prestarás culto” (Lc 4,8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (6,13).”9 A adoração (cultus latriae) é devi-da somente a Deus e tem duplo

aspecto: 1. deve ser exercitada em espírito e verdade, na humildade e em espírito de dependência de Deus. 2. a adoração liberta o ho-mem de si mesmo, do pecado e do mundo.10

A oração é uma das condições indispensáveis para podermos obe-decer aos mandamentos de Deus11 e nasce da necessidade que o cora-ção humano tem de estar unido ao seu Criador. De fato, como disse

Santo Agostinho, o nosso coração estará inquieto enquanto não repousar em Deus.12

Outros atos da virtude da religião são: o sacrifício, que

deve ser sempre uma expressão do sacrifício espiritual de quem o cumpre. Todos os nossos sacrifí-cios, se unidos ao único e definitivo sacrifício de Cristo na cruz, adqui-rem valor pleno e contribuem para a edificação do corpo de Cristo: as promessas, os votos, o dever social e o direito à liberdade religiosa.

Somente na obediência ao pri-meiro mandamento que o homem será plenamente livre. O Deus amor, é um Deus pessoal, que ama o homem, ao mesmo tempo Ele é o Altíssimo, o Eterno, acima de todas as categorias humanas; é o Criador do Céu e da terra e o Redentor do homem; é o Único.

Na primeira parte do primeiro mandamento, contemplamos Deus

como nosso único Senhor a quem adoramos e servimos por meio das virtudes teologais.”

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cURSO: EVANgELIzAÇÃO E EXERcÍcIO DA RAzÃO

Quando Deus não é o primeiro na nossa vida, caminhamos para a dúvida, a incerteza, o relativismo, o egoísmo, para a mentira, para o vazio. E dado que uma das fortes características humanas é a busca da felicidade e do amor, é necessário compreender que o amor antecede e preside a nossa existência. Mas quais são os meios pelos quais podemos conhecer este Amor, que, por ser também a Verdade, é o único que preenche os anseios do coração humano? A resposta a essa pergunta você poderá obter no curso Evangelização e Exercício da Razão, que o Instituto Parresia estará promovendo nos dias 12 e 13 de setembro em Fortaleza, e que poderá também promover na sua missão, comunidade, paróquia ou ministério.

A esse Deus, somente a Ele o homem deve adorar. É por meio da adoração ao Deus Único que a vida humana é unifi cada, visto que a idolatria é uma perversão do sentimento religioso inato do homem.

O Senhor deve ser sempre o primeiro para nós, não devemos pôr nada na frente do único Deus: nem ídolos, nem superstições, nem o dinheiro, nem a nossa carreira, nem o nosso futuro, nem as nossas preocupações.

Notas1. Mt 22,37.2. Comentário ao Evangelho de S. João, 26,4-5.3. CIC 2086.4. CIC 2088.5. Cfr. Rm 8,19-21 e 1Cor 2,9.6. Cfr. 1Cor 10,13.7. Cfr. 1Cor 13,13.8. Cfr. Summa Teológica III Sent., d.29, q.1, a.3, ad 1; III Sent., d.27, q.1, a.1.9. CIC 2096.10. Cfr. CIC 2097.11. Cfr. CIC 2098.12. Cfr. Santo Agostinho, Confi ssões, I,1.

A oração é uma das condições indispensáveis para podermos obedecer

aos mandamentos de Deus11 e nasce da necessidade que o coração humano tem de estar unido ao seu Criador.”

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SÓ FAMíLIA

Poderíamos comparar a internet com uma grande feira, ou um enorme Shopping Center, onde encontramos de tudo o que precisamos e também aquilo que nos poderia prejudicar...

Laura MartinsMissionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

A ra virtual:algumas repercussõesna educação dos fi lhos

A ra virtual:algumas repercussões

Estamos vivendo na era virtual. Quanta rapidez em adquirir informações! Quan-

tas descobertas através da interati-vidade que liga o mundo todo entre si! Quanto lazer acessível a todos através da telinha do computador! Realmente é fantástica a evolução tecnológica do homem!

Porém, é importante que o ser humano domine a máquina e não que esta o domine! Parece uma frase feita, sem maiores reper-

cussões. Mas não é bem assim...Vejamos!

Poderíamos comparar a inter-net com uma grande feira, ou um enorme Shopping Center, onde encontramos de tudo o que pre-cisamos e também aquilo que nos poderia prejudicar...

Quando vamos às compras, precisamos refletir sobre o que realmente precisamos, sobre aquilo que nos é ofertado nas promoções e aquilo que é realmente importante e valioso e que devemos adquirir.

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Nossos reais valores cristãos devem ser norteadores de nosso viver, a fi m de não sermos como um barco à deriva nas águas do mundo... É preciso ter na mente e no coração, o sentido da nossa vida, a fi m de navegarmos nesta direção e conquistarmos a felicidade e a realização como pessoas humanas.

Aquela felicidade que não se compra, ao contrário do que diz a mídia. Aquela felicidade que se constrói de dentro para fora, que nos realiza como seres humanos, criados para amar, servir, crescer e construir um mundo de paz e fraternidade.

Na internet encontramos valio-sos tesouros da sabedoria, impres-

sionantes e belíssimas imagens que realmente nos fazem contemplar a beleza dos seres humanos e da natureza criada por Deus!

No entanto, nela também en-contramos o que poderíamos chamar de lixo da humanidade, ou seja, a expressão de nossas más inclinações que favorecem o abuso hedonista e egocêntrico dos falsos valores. Estes impulsionam o ser humano a práticas violentas de desrespeito ao outro, à sua digni-dade de pessoa.

Não precisamos descer aos deta-lhes para citar tais “lixos” que às vezes são clicados ou aparecem como fl ashes a sugerir um click, pois toda pessoa, como ser racional, traz em si, a consciência que sinaliza os frutos (bons ou ruins) de suas escolhas a cada momento do seu cotidiano.

Como nossa família tem se rela-cionado com a “telinha” do com-putador?

Para sabermos, basta observar os comportamentos no cotidiano familiar:

As horas passadas no com-•putador (a recomendação dos estudiosos do comportamento humano são duas horas para

crianças e adolescentes; para os adultos, com exceção dos que utilizam o computador como instrumento de trabalho, ou de estudo, deve ser de, no máximo, três horas);Qualidade daquilo que estamos •acessando (sites que não fi ram os valores que você escolheu para orientar o seu viver e a sua família);Qualidade dos relacionamentos •que estabelecemos no ambiente doméstico, ou seja, o convívio familiar onde existe diálogo, afeto, paciência, atenção cui-dadosa com o outro, cumpri-mento das responsabilidades de cada um (trabalho, estudos, tarefas domésticas, etc.);A qualidade no desempenho de •outras atividades importantes na vida, tais como: os estudos, a atividade física, o lazer em família, os relacionamentos sociais, as tarefas domésticas, entre outros.

BEM ESTAR

Alguns sábios afi rmam, com propriedade, que

tudo fora do equilíbrio, que é abusivo e

excessivo, é prejudicial ao ser humano, uma vez

que escasseia outras vivências necessárias

ao bem estar e à felicidade da pessoa.

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Alguns sinais de alerta:Irritabilidade e agressividade •excessivas sinalizam estresse e cansaço mental que também são favorecidos pelo sedentarismo, pelos jogos violentos de internet e o desgaste cognitivo inerente às muitas horas passadas diante da telinha;Fechamento e isolamento fa-•miliar;Indiferença e individualismo •excessivos;Sedentarismo, com suas con-•sequências, como: excesso de peso, preguiça, entre outros prejuízos à saúde.Fadiga, sentimentos depressi-•vos, tais como: apatia, falta de motivação para os relaciona-mentos sociais, desmotivação para os estudos, desvalorização da própria vida, perda de senti-do existencial, entre outros;Hedonismo (busca desmedida •de prazer. Ex: comer excessiva-mente, vícios adquiridos na área da sexualidade, entre outros).

Alguns sábios afi rmam, com propriedade, que tudo fora do equilíbrio, que é abusivo e exces-

sivo, é prejudicial ao ser humano, uma vez que escasseia outras vi-vências necessárias ao bem estar e à felicidade da pessoa.

Alegrias autênticas e a reali-zação plena são construídas na relação concreta com os nossos semelhantes. Para isso é necessário o convívio, pois é nele que cresce o conhecimento mútuo necessário ao crescimento como pessoa. A socionomia ensina que o indivíduo é ferido na relação e também é curado pelas relações. No conví-vio, ela aprende a amar, a se dar, a respeitar, a colocar-se no lugar do outro, a perdoar, a usufruir do afeto e do carinho, aprende também a solucionar confl itos, a se expressar, a dialogar, a enfrentar desafi os.

Na internet temos o “poder” de fugir rapidamente daquilo que nos incomoda... Nela, temos a facilidade de fantasiar, de sair da realidade concreta, que muitas vezes, se apresenta desafi adora, e exige enfrentamento.

Os jogos violentos, e certas posturas de personagens fi ctícios, tais como: sarcasmo, humor negro, pessimismo, desvalorização da vida (já que se mata ou morre com tanta facilidade), vão gerando sutis comportamentos de desrespeito ao fraco, ao idoso, aos pais; rebeldia; insensibilidade em relação ao que é belo e bom e à transcendência.

As crianças e os adolescentes são os mais atingidos, uma vez que estão mais vulneráveis em vista de suas fases de desenvolvimento. É possível que estes, abusando dos jogos e das más infl uências da “teli-nha”, diante de uma situação limite (estresse emocional, por exemplo), reajam de forma extremamente ne-gativa, prejudicando tragicamente a si, e aos semelhantes.

O Criador nos dotou de uma grande capacidade de mudar, de evo-luir e construir sempre novas vivên-cias que nos realizem e nos tragam alegrias autênticas! É preciso buscar com criatividade tais vivências para a nossa família e, para os fi lhos, dentro de suas necessidades específicas, oportunizando e até provocando a adesão a atividades mais saudáveis e prazerosas também.

“Arregacemos as mangas” para lançarmo-nos à busca da verdadei-

ra felicidade e realização hu-manas. Sem esforço não

chegaremos lá!

FUgIR

“Na internet temos o “poder” de fugir rapidamente daquilo que nos incomoda... Nela, temos a facilidade de fantasiar, de sair da realidade concreta...”

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ASSuntO DO MÊS

Vejamos dois pequenos textos dos Estatu-tos da Comunidade Shalom: “A Palavra

de Deus é a fonte de toda a revelação (cf. Jo 17, 17b). Conhecê-la, segundo S. Jerônimo, é conhecer o próprio Cris-to e desconhecê-la é ignorá-lO. Esta é a razão pela qual temos por meta a

dedicação diária do período de uma hora para orar e meditar a Palavra do Senhor. A Palavra, desta forma, é alimento e direcionamento para nossas vidas. Nosso estudo da Palavra é ora-cional. Aproximemo-nos das Sagradas Escrituras em espírito de oração e es-cuta, desejosos de não perder o essencial da Palavra de Deus, que nos foi dada

A vidaao ritmo da Palavra

Gleidson BezerraMissionária da Com. Católica Shalom em Aquiraz/CE

“Deus se revela na sua Palavra e a Palavra de Deus deve ser, para cada membro, a suprema regra a ser vivida”. Sabendo ser essa a vontade de Deus não só para os membros da Comunidade Shalom, mas para todos os fi lhos de Deus, é que juntos, neste artigo, iremos descobrir a alegria e o sabor de viver no ritmo da Palavra e a ter uma relação com Deus abrindo espaço no nosso dia a dia para a ação transformadora que só Ele opera.

para ser vivida. Estejamos atentos para não cairmos em tentações de intelectualismos ou fundamentalismo, mas com o auxílio do Santo Espírito, apoiados na Tradição e Magistério da Igreja e utilizando o método da Lectio Divina, fi rmemos a nossa busca do próprio Deus e de Sua Sabedoria revelada nas Sagradas Escrituras.” (ECCSh, 36).

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E ainda: “Deus se revela na Sua Palavra e a Palavra de Deus deve ser, para cada membro, a suprema regra a ser vivida. Abracemos e nos submetamos a esta Palavra que nos é transmitida e interpretada corre-tamente segundo o Magistério da Igreja.” (ECCSh, 81)

Tais textos dizem-nos o quanto a Palavra de Deus é importante e como ela deve ser vivida a cada dia. A Palavra não é simplesmente dados históricos ou apenas algo bonito ou importante. É a fonte da verdade e da vontade de Deus.

Por isso, podemos afi rmar que todas as pessoas que trilham um caminho de relacionamento com Deus, em que a base, a fonte e a primazia não é a Palavra, fun-damenta essa relação em falsas

imagens de Deus e, consequen-temente, se relaciona de forma errada com Ele.

A Palavra é a própria fonte da Revelação, aprendendo a me re-lacionar com ela eu aprendo a me relacionar com o próprio Cristo, Vivo e Ressuscitado.

Vejamos uma maneira simples, pedagógica e efi caz de vivermos no nosso dia a dia a Lectio Divina: a vida ao ritmo da Palavra de Deus.

Lectio Divina: A vida ao ritmo da vida da Palavra de Deus

No dicionário ritmo signifi ca: andamento constante e regular que permite organizar o próprio tem-po. Tempo – hora, dias, semana, ano. Dentro desse entendimento podemos dizer que, se uma pessoa

está fora do ritmo, ela não está em um andamento constante e regular. Toda vida tem um ritmo, cada pessoa tem um ritmo. Cada pessoa tem um andamento constante e regular que permite organizar o próprio tempo. Então, como viver e organizar o ritmo da vida à luz da Palavra de Deus?

O essencial é que dita o ritmo da vida de cada pessoa. Portanto, o ritmo da vida de cada pessoa é con-cebido de acordo com o objetivo que cada um tem para sua vida.

Vamos dizer que se o objetivo da vida de uma pessoa é ganhar muito dinheiro, ela vai ditar o ritmo de cada dia, cada semana, cada mês e cada ano, para o seu objetivo: ganhar muito dinheiro. Provavelmente vai arriscar perder

REVELAÇÃO

A Palavra é a própria fonte

da Revelação, aprendendo a me

relacionar com ela eu aprendo a me relacionar com o

próprio Cristo, Vivo e Ressuscitado.

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muitas coisas, talvez seja capaz de arriscar perder até a própria famí-lia, até a própria paz, pois o obje-tivo da vida passa a ser o essencial da vida e o essencial da vida dá o ritmo da vida.

Uma pessoa sem objetivo na vida tende a ser uma pessoa ansiosa e insegura, não sabe que ritmo ditar. Vive à mercê dos ventos de doutrina1 (cf. Ef 4, 14).

O que é essencial na vida ne-cessita de espaço. O essencial não pode ser negado nem mesmo um único dia. Tudo o que pode passar mais de um dia sem ser vivido não é essencial. O essencial é o que diaria-mente precisa de espaço na minha vida. Tudo gira em torno do que é essencial na vida de uma pessoa.

A alimentação é algo essencial na vida, e por isso, a humanidade é organizada por esse aspecto im-prescindível da vida. Todo mundo dita seu ritmo a partir do café da manhã, do almoço, do jantar. To-dos têm (de uma maneira geral) o horário certo para cada refeição.

Quando se compreende o que de fato é essencial na vida, significa dizer que a vida passa a ser regida por esse essencial e este tem sempre espaço no meu dia. Se é verdade que Deus é tão central e essencial na nossa vida isso signifi-ca dizer que em nenhum dia pode ser negada essa relação, o nosso encontro com Deus, pois o que é essencial na vida de uma pessoa dita o ritmo dela e ela sente falta quando não tem. Assim, a Palavra de Deus que é a fonte da Revela-ção, da sabedoria, da vontade de Deus deve ter espaço privilegiado na nossa vida, e não pode ser ne-gado nem mesmo por um dia. A nossa vida necessita girar em torno da Palavra de Deus.

Independente de como esteja-mos, o que é essencial não pode

deixar de ter espaço na nossa vida. Uma pessoa pode estar incapaz de comer, em coma, mas há uma alimentação que mesmo em coma, ela recebe. Pois a alimentação é essencial à vida.

Lectio Divina: A liturgia diária em cada manhã

A Palavra de Deus deve ditar o ritmo da nossa vida. Ela não pode deixar de estar presente nem mesmo por um dia na nossa vida. Se Deus é o essencial da nossa vida, logo a sua Palavra necessita falar como devo caminhar. É assim que a Igreja se organiza, porque o essencial da Igreja é exatamente buscar ser fiel à Palavra de Deus, o Verbo feito carne. Podemos dizer que ela é ritmada pelo ciclo litúrgico: Advento, Natal, Tem-po Comum, Quaresma, Páscoa, Tempo Comum. Para cada tempo da liturgia existe uma palavra de Deus que dita o ritmo do tempo litúrgico.

Nossa vida também é um ciclo, podemos entender cada acordar, cada dia, cada semana, cada mês como um ciclo. E assim como na Igreja, esse ciclo necessita ser rit-mado pela Palavra de Deus.

Precisamos entender que no começo do meu ciclo, ou seja, a cada manhã, Deus nos chama. Ele nos chama através da sua Palavra, da liturgia diária. E essa liturgia diária deve ditar o ritmo de cada dia. A cada dia Deus nos chama e pede algo de nós. A liturgia de hoje dita o ritmo do meu dia hoje, pois ela não nos pede algo para amanhã. Hoje devo responder ao que Deus me pede. A Palavra de cada dia deve dar o sentido e direção ao mesmo.

Vejamos quatro passos impor-tantes para deixar que a Palavra de Deus dê ritmo a nossa vida.

hOjE

A liturgia de hoje dita o ritmo do meu dia hoje, pois ela não nos pede algo para amanhã. Hoje devo responder ao que Deus me pede.

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Primeiro passo: Lectio MatutinaA Palavra de Deus que nos é

dirigida pela Igreja hoje (através da liturgia diária) vai dizer para onde devo caminhar. A cada manhã essa liturgia diária precisa ser lida e meditada e esse primeiro contato é como que o “bom dia” de Deus para nós. Como algo essencial, necessita ser uma das primeiras coisas a serem feitas na nossa vida. O primeiro passo da minha Lectio Divina é então a minha Lectio ma-tutina, ou seja, reservar na minha manhã um horário para ler e rezar com essa palavra. Não podemos “sair da nossa casa” sem esse bom dia de Deus.

Com esse primeiro contato, Deus vai dar uma direção clara para o meu dia. Deus vai dizer a sua sabedoria para o meu dia. Por isso, esse primeiro contato é tão importante, pois podemos apenas viver à mercê da nossa organiza-ção, dos nossos compromissos, do que achamos importante e não inserirmos em meio a tudo isso a sabedoria de Deus revelada na sua Palavra de cada dia. O que Deus estar a manifestar através da sua Palavra deve ditar o ritmo daquele meu dia e devo viver os compro-missos iluminados pela Palavra de Deus que é uma lâmpada para os meus pés (cf. 119,105).

Por exemplo, se eu rezo hoje com a Palavra de ICor 13 que fala da caridade, do amor, posso com-preender que a caridade é o ritmo que devo viver hoje. Durante todo o meu dia devo buscar viver a cari-dade, de forma ainda mais intensa, em meio as minhas atividades diárias. A maneira como vou viver essa caridade é o próprio Deus que vai nos dizer por meio da sua Divina Providência. Porque Ele é o essencial. A cada um de nós cabe neste dia viver a caridade, porque

esta foi a Palavra que Deus me deu para viver. Dei esse exemplo da caridade, mas o ritmo, a sabedoria de Deus depende da Palavra do dia, depende da liturgia diária. Deus pode nos dar uma palavra de louvor, de combate espiritual, de provação, de convite a uma oração mais larga, de testemunho, de um novo chamado a carregar a Cruz, de eleição, etc. Deus sabe o que cada um necessita e qual a sua vontade para cada pessoa. O importante é de maneira direta e objetiva ser regido pela Palavra de Deus em meio às atividades de cada dia. Não podemos ser guiados simplesmente pela nossa agenda pessoal, ou pela nossa organização de cada dia. Isso tem seu valor, mas está abaixo da sabedoria de Deus revelada nas Sagradas Escrituras.

Vivendo essa experiência expe-rimentamos como Deus está vivo, como o que Ele me fala ganha sentido durante todo o meu dia. Se Deus me fala de serviço e caridade, então minha regra suprema a ser vivida naquele dia é o serviço e a caridade. Devemos sair da nossa Lectio matutina com uma Palavra que Deus nos deu naquele dia, uma Palavra que deve governar o nosso dia. As coisas do ordinário vão continuar, mas o foco da nossa vida é a fidelidade à Palavra que nos foi dada. Devemos sair da Lectio matutina com um foco que dite o ritmo do nosso dia.

Segundo passo: A Lectio escrita As Sagradas Escrituras são a

revelação de Deus de forma es-crita. Segundo Amadeo Cencini “A escrita é a forma mais profunda e elevada de manifestar um pensamen-to”, por isso, Deus se manifesta pela Palavra escrita. Por isso, o segundo passo da Lectio é a escrita.

cOMPROMISSO

O que Deus estar a manifestar através

da sua Palavra deve ditar o ritmo daquele meu dia

e devo viver os compromissos

iluminados pela Palavra de

Deus que é uma lâmpada para os meus pés.

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Após essa Lectio experimentamos em tudo que Deus é vivo. No nosso

trabalho, nas circunstâncias do dia a dia, nos imprevistos contemplamos a Deus que é vivo e presente. Deus nos dará oportunidades para vivermos o nosso rhema.”

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Se, por exemplo, eu rezo com ICor 13, eu devo ler pelo menos umas três vezes essa passagem e depois dessa leitura devo ficar com um versículo ou uma palavra mais forte. Depois da leitura, o passo seguinte é transcrever para um caderno o versículo e o que compreendo de direção de Deus para mim através desse versículo. É importante não somente pensar e refletir, mas escrever. Devo escrever tudo o que a Palavra está gerando, o que me faz recordar, entender, pensar, lembrar, rezar, etc.

A Palavra de hoje, da liturgia diária tem um efeito para hoje. A Palavra de Deus deve me governar hoje. O que Deus me disse hoje tem efeito hoje, sua salvação tem poder hoje, é a sua vontade hoje.

Preciso terminar o momento da Lectio escrita sempre com uma direção muito clara. Devo sair com uma decisão: a palavra final fruto do que Deus me disse. Podemos escolher um rhema, uma direção.

Após essa Lectio experimenta-mos em tudo que Deus é vivo. No nosso trabalho, nas circunstâncias do dia a dia, nos imprevistos va-mos contemplamos a Deus que é vivo e presente. Deus nos dará oportunidades para vivermos o nosso rhema.

A Virgem Maria é nosso gran-de exemplo de alguém que acolheu a Palavra: “Faça-se em mim segun-do a vossa Palavra”. Maria acolheu a Palavra, e foi visitar a sua prima Isabel por obediência a Palavra de Deus. Vemos nas atividades da Virgem Maria os frutos e as provas da Palavra de Deus em sua vida. Vemos a prova que passou com São José, vemos João Batista estremecer no ventre de sua mãe, vemos a Palavra se cumprir, vemos a vontade de Deus em sua vida e essa vontade purifica e santifica.

A Palavra vem ao encontro da nossa necessidade, vem nos falar e vem gerar vida e ressurreição. A sabedoria revelada na Sagrada Escritura desta palavra que Deus me deu hoje é para hoje. Esse é o princípio da liturgia diária, sig-nifica liturgia para cada dia, uma palavra, uma fonte, uma ação de Deus para cada dia.

Terceiro passo: A Palavra continuada

A Palavra que me foi dada na minha oração e que se tornou escrita em meu caderno de ora-ção deve se encarnar na minha pequena e humilde história, que é a história daquele dia, do acordar ao dormir. Aqui a Palavra se torna fato, acontecimento, verdade. Foi o que também aconteceu com a Virgem Maria. A Palavra de Deus não se torna vida em mim apenas no momento da minha Lectio, mas é uma obra de Deus que acontece durante todo o meu dia. O momento da Lectio é, so-bretudo, o momento de acolher, de compreender, de entender o que Deus está dizendo, mas não é nesse momento que acontece toda a ação de Deus.

Maria nos ensina a todos os dias dizer aquela Palavra que nos foi dada “Faça-se em mim segun-do a tua Palavra”. A manifestação desse ‘faça-se’ é durante o dia, é a Palavra continuada que não pode em nenhum instante sair do nosso pensamento, em tudo que formos viver e fazer. Tudo deve ser basea-do, governado e regido pela Palavra acolhida na minha oração.

A Palavra dada pela manhã deve me reger durante todo dia. Um dia em que não conseguir fazer esses passos pela manhã (lectio matutina e escrita), preciso, pelo menos, fazê-la durante alguns minutos.

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nossa inteligência, da refl exão, do que achamos melhor, mas sim fru-to da sabedoria de Deus. A Palavra continuada ganha vida, tem poder na nossa vida. Experimentamos do Cristo Vivo e Ressuscitado, Ele que governa a nossa vida, Ele que vem sobre nós. Por isso, devo sempre diante de tudo o que vou decidir, discernir, viver naquele dia; trazer em minha mente e em meu coração a Palavra que Deus me deu. Essa é a Lectio continuada, a Palavra de Deus que se faz carne ao longo da minha pequena história. Passamos assim a depender de Deus, não podemos viver um dia sequer sem saber o que Deus quer de nós. Isso é depender de Deus,

é estar abandonado em suas mãos. É decidir a nossa vida de cada dia a partir da Palavra, ao passo que viver sem a Palavra é viver segundo o nosso pensamento, que pode ser bom, mas pode não ser a sabedoria de Deus.

A sabedoria de Deus muitas vezes é loucura para os gentios, estranha aos pagãos, é insensatez para o mundo grego e os gentios. Os pagãos e os gregos podem estar dentro de nós, mas até para estes, Cristo é poder de Deus, sabedoria de Deus. Vamos aprendendo a nos submeter, vamos aprendendo a obediência a Deus (cf. Hebreus).

Deus pode nos pedir algo muito difícil naquele dia, mas

Não posso começar o dia sem saber o que Deus quer de mim. Posso, por exemplo, na missa pela manhã sair com um versículo e me deixar reger por aquela liturgia.

O momento da Lectio é sempre o acolhimento da obra de Deus nunca a obra de Deus completada. Não termino uma Lectio dizendo o que Deus fez. Ele falou e eu aco-lhi. Agora Deus vai fazer durante minha pequena e humilde história, vai realizar a sua Obra de amor.

Naquele dia devo apostar na Pala-vra, ela deve reger as minhas escolhas, discernimentos, tudo que vou fazer e viver, acontecimentos e etc.

Nossa resposta ao ritmo daquele dia não pode ser fruto somente da

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devemos acolher a palavra e di-zer “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Temos sempre que depender de Deus e não da nossa força, a obra vem de Deus cabe a nós acolher, deixar aquela Palavra nos reger. Obediência a Deus, não a nossa inteligência. Esse é um exercício que nos leva a santidade e o objetivo a nossa relação com a Palavra de Deus é exatamente a santidade.

Quarto Passo: Lectio noturnaNo fi nal do nosso dia podemos

terminá-lo com as completas2 ou com uma revisão de vida. Muitas vezes corremos o risco de viver-mos este momento de maneira infrutífera, seca, porque fazemos pensando no nosso dia, no que fi zemos de errado. A nossa revi-são de vida, nosso Kyrie Eleison (Senhor tende piedade), nosso último grito do dia, deve levar-nos a rever se fomos fi éis ou não ao que Deus nos pediu naquele dia. Assim, nossa revisão de vida tem razão de ser. Então nosso ato penitencial não será um momento de lembrarmo-nos do nosso dia, do que fi zemos de errado, mas sim revisarmos o grau da nossa obedi-ência a Deus. Vamos rever nosso dia e ver todas as infi delidades que possivelmente cometemos tendo como referência a voz de Deus, o que Ele me falou nesse dia, o que Ele manifestou. Se Deus me pediu serviço naquele dia, então devo recordar as vezes em que eu não o fi z. Nosso pedido de perdão será a nossa falta de serviço. De maneira mais profunda devemos pedir perdão pela falta de obedi-ência a Deus, que é o maior de todos os nossos pecados. É assim que entra o mal no mundo.

Sempre vamos ter ao fi nal da noite que clamar a misericórdia

de Deus porque é difícil sermos fi éis ao que Deus nos disse pela manhã até o fim do nosso dia. Somos levados pelas paixões, pelo que pensamos, pela nossa inteli-gência. Muitas vezes damos um jeito, burlamos o que Deus nos disse, tomamos uma decisão de manhã, mas à tarde nós seguimos outro caminho. No fundo é a nossa independência, nosso orgulho, nossa fraqueza.

Nossa revisão de vida é para clamar a misericórdia de Deus pela falta de obediência.

Terminamos o dia clamando a misericórdia. Terminamos o dia também nos alegrando pelas vezes que conseguimos ser fi éis. E assim podemos cantar: “Deixai, agora, vosso servo ir em paz, pois meus olhos viram a vossa salvação” (Lc 2, 29-31).

Nossa vida termina neste mo-mento quando o ritmo daquele dia acaba. Assim vamos aprendendo a viver a teologia do hoje que Cristo nos fala no seu Evangelho (cf. Mt 6, 34). Se acordarmos no outro dia é porque Deus tem outro plano, outra Palavra e uma obra a realizar. E no fi nal de cada dia devemos dizer: “Deixai agora vosso servo ir em paz” e no co-meço de cada dia escutar o “bom dia” de Deus.

Dessa forma vamos viver uma Lectio Divina rica e profunda. Uma Palavra viva e ressuscitada, que tem poder, atua e realiza grandes coisas em nossa vida.

É o Cristo Vivo e Ressuscitado que nos fala de manhã e opera milagres durante todo o nosso dia.

Notas1. Vemos no mundo de hoje muitas pessoas bus-cando felicidade fora de Deus ou buscando um Deus que faça a sua vontade. Vemos pessoas fora do ritmo de Deus e da sua vontade.2. Liturgia das horas.

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28 Shalom Maná | Setembro/2009

COnvERSAnDO COM SCIADInI

Coisas que acontecem a todos nós, pobres mortais. E quando se chega a fazer o

exame de consciência no fim do dia, aquela avaliação rápida, mas sincera de como foi o dia, o que ganhamos e o que perdemos e no que empatamos, nos encontramos mais ou menos em déficit. E isto não nos faz bem. Comecei a rezar e me veio à mente um gesto dos Padres da Igreja. Não lembro o autor que diz: “Se tu és...”

Se tu és Simão de Cirene: as-sume a tua missão com alegria, sabendo que tu és chamado a aju-dar a carregar também a cruz que não é tua, para que o outro consiga continuar o caminho. Tu não tens

Se tu és...

Frei Patrício Sciadini, ocdDiretor do Centro Teresiano de Espiritualidade, na cidade de São Roque/SP

é uma noite agitada. Hoje, não tive aquele equilíbrio necessário no trabalho, trabalhei demais e concluí pouco, me achando dono do tempo e afinal o tempo me dominou por completo.

vontade de carregar nem a tua cruz e tampouco a dos outros, mas al-guém te obriga a carregar a cruz. E tu o fazes. Mesmo obrigado, a cruz carregada com amor pode tornar-se leve e te fazer sentir algo de grande no teu coração, te fazer descobrir o mistério da solidariedade.

Se tu és Pedro: que na tua vida renegaste Jesus e disseste gritando com toda a voz que não pertence ao seu grupo, que não sabe quem é e que nunca o viu, e por medo continuas a negá-lo vergonho-samente, não desanimes porque um dia Jesus passará perto de ti como passou perto de Pedro e o teu olhar se encontrará com o dele e aí tu te converterás e assumirás a coragem de seguir Jesus e viver

até a morte por ele. Não importa se tens fugido para longe, voltarás como Pedro e serás rocha e pedra para os demais.

Se tu és Zaqueu: que tens medo de ti mesmo, da própria situação, mas tens no coração o desejo de ver Jesus porque ouviste falar dele, tu correrás bem à frente e subirás numa árvore para ver e não ser visto. SE ÉS pequeno de estatura moral, quem sabe injusto, ganancioso, amante do prazer e da bela vida, às custas dos outros, não desanimes, saibas que Jesus olhará para o alto e vendo-te ridículo entre os ramos da árvore da vida, te convidará a descer porque ele, hoje, “quer fi-car na tua casa”. É necessário que

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entre em nós a salvação através do encontro com Cristo.

Se tu és de coração duro, hi-pócrita como os fariseus e como os mestres da lei e passa o teu tempo para encontrar razões que justifi quem os teus pecados e o que fazes, se tu também “arma armadilhas” para pegar Jesus e assim mostrar tua superioridade, não perca a coragem. O amor de Deus é maior que o teu pecado

AMOR

O amor de Deus é maior que o teu pecado e um dia você vai deixar cair das tuas mãos as pedras prontas para serem lançadas contra todos os pecadores e

pecadoras.

e um dia você vai deixar cair das tuas mãos as pedras prontas para serem lançadas contra todos os pecadores e pecadoras, o questio-namento de Jesus vai te desarmar e serás obrigado como tantas ve-zes eu fui, a dizer: “Senhor, tende piedade de mim!”

Se tu queres ser como Jesus, levanta-te e anda! Não pares de buscar a verdade, passa como Jesus a tua vida amando, perdoando a

todos! Passa fazendo o bem, par-tilhando a cruz do outro, assumes a cruz como dom e amor. Não tenhas medo das derrotas e das difi culdades, sê como Jesus que corre atrás dos discípulos que se afastam, dos pecadores, enfi m, da ovelha perdida.

Não devemos gastar nossas energias no que se é, mas sim, no que queremos ser. E todos nós queremos ver e ser como Jesus.

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30 Shalom Maná | Setembro/2009

LItuRGIA E SACRAMEntO

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Liturgia das horas: Rezar a Liturgia das Horas (LH), ou antes chamada Ofício Divino ou Breviário, não é somente um chamado para os padres, religiosos, monges, enfim, mas para todos os batizados, como bem ensina o Concílio vaticano II.

Liturgia das horas: Rezar a Liturgia das Horas (LH), ou antes

O encontro com o Cristo Ressuscitado

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Todos nós, não por obrigação, mas por amor a Deus, somos chamados a rezar

uma oração litúrgica. Unindo-se assim a toda Igreja, a fi m de santifi car e consagrar o seu dia, e também unir-se de forma mais plena a Cristo. Seja no acordar, ao surgimento de um novo dia, rezando as Laudes, no fi m da tarde, rezando as Vésperas, ou ainda, no fi m da noite, antes do sono, rezando as comple-tas. Por isso vamos refletir em cinco pontos acerca da importância da LH para a vida de todo batizado:

do tempoConsagração

A história da LH tem como princípio o exemplo e mandamen-to de Cristo, que é a participação no mistério salvífi co e no êxodo pascal de Jesus. E assim, Jesus, os apóstolos e os primeiros cristãos rezavam usando os salmos (cf, Mt 27,46; Lc 23,46; Cl 3,16). Com isso, a LH refere-se à oração em que se realiza em cada momento específi co do dia, santifi cando-o e consagrando-o como realidade fundamental da nossa existência, para que em determinados mo-mentos do nosso dia possamos rezar em unidade com toda a Igreja, e que no nosso coração e em nossos lábios não cessem os louvores devidos a Deus.

súplica para a salvação dos homens. Os Apóstolos e as comunidades primitivas cristãs também seguiram os passos de Cristo. Nós, batizados, também somos chamados a orar sem cessar. Dentre as diversas for-mas de oração Cristã, a Igreja dá preferência à oração litúrgica, na qual reconhece “natureza muitíssi-mo superior” em relação às outras (SC 13). Para o maior louvor a

Deus, a Igreja dispõe somente da Liturgia das Horas que exprime plenamente a Igreja orante como tal e a sua permanência constante na oração e que “A LH é o exercício e a realização mais elevada da missão perene orante confi ada por Cristo à sua Igreja” (IGLH 10; 13).

Liturgia das HorasO caráter escatológico da

Como será a oração da Igreja no céu? Essa pergunta que deve mover os nossos corações en-quanto habitantes aqui na terra já pode ser respondida aqui mesmo na terra, já que, se a LH tem o seu caráter horário, também tem o seu caráter escatológico, pois se “a materialidade sacramental e a sua efi cácia regeneradora, cessará no paraíso, porém o louvor perene de Deus será a função eterna e jubi-losa na assembleia celeste. A LH ocorre neste meio de glorifi cação contínua, que, sublimada e trans-fi gurada, jamais cessará” (IGLH 15- 16). Assim, o Louvor que não se acabará que é a oração no céu, sob esse caráter universal e perene,

é o louvor proposto pela recitação diária da oração da Liturgia das Horas que cada batizado é cha-mado a viver.

Sacerdote celesteAto de Cristo,

“Cristo está presente em toda a oração verdadeira, mas está, sobre-tudo, na oração litúrgica da Igreja, na qual e com a qual também ele

suplica e salmodia” (SC 7; IGLH 13). O sacerdócio de Cristo deu-se de uma for-ma pela a sua oração de louvor a Deus e súplica em favor aos

homens, e que esse aspecto do sa-cerdócio de Cristo encontra-se de forma particular na oração litúrgica da Igreja (SC 7), por isso o sacerdó-cio de Cristo não é cessado aqui na terra, mas é prolongado e realizado por nós e a LH propõe aos fi éis esse caráter de rememorar a vida de oração levada por Jesus, concorrendo para a salvação dos homens.

que se realiza em cada momento específi co do dia, santifi cando-o e consagrando-o como realidade fundamental da nossa existência, para que em determinados mo-mentos do nosso dia possamos rezar em unidade com toda a Igreja, e que no nosso coração e

Liturgia das horas: O encontro com o Cristo Ressuscitado

Márcio André Teixeira BarradasMissionário da Com. Católica Shalom em Aquiraz/CE

Cristo está presente em toda a oração verdadeira, mas está, sobretudo, na

oração litúrgica da Igreja, na qual e com a qual também Ele suplica e salmodia.”

Comunidade OranteIgreja é tida como

Cristo é o modelo da fi delidade da oração ao Pai como caminho de Louvor contínuo a Deus e de

místico e apostólicoFortalecimento ascético-

A LH capacita os fi éis nas lutas e difi culdades no caminho de santi-dade, que são apresentadas ao longo do dia, fazendo crescer no caminho das virtudes e enriquecendo-nos na graça. Da mesma forma, vem a nos encorajar no nosso caminho apostólico, já que o auxílio divino é indispensável nesse caminho de serviço da vinha do Senhor. Assim, a atitude de fé e escuta da Palavra de Deus, louvando e suplicando a Deus ao longo do nosso dia, nos faz dar o sentido de toda a nossa luta e da nossa oferta diária, renovando as nossas forças e dando a certeza

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Seu auxílio

32 Shalom Maná | Setembro/2009

que não estamos lutando sós, pois Deus fala concretamente por meio da sua Palavra e nos une com toda a Igreja.

Liturgia das HorasOs elementos da

A LH é introduzida pelo Invi-tatório, que consta o verso: “Abri os meus lábios, ó Senhor, e minha boca anunciará o vosso Louvor” (Salmo 94). Assim, os fiéis são convidados a cantar os louvores a Deus e se abrirem à escuta da Palavra de Deus, sendo que podem ser substituídos pelo salmo 99, 66 ou 23. A LH dispõe também dos Hinos (principal elemento poético de criação eclesiástica), que são des-tinados aos louvores a Deus porque contém elementos populares que expressam muitas vezes mais clara-mente do que outras partes da LH, dando o verdadeiro sentido de cada hora canônica e o sentido piedoso da celebração litúrgica.

A Salmodia refl ete uma riqueza insuperável aos fi éis na LH, já que nos apresenta os salmos para me-ditarmos e rezarmos por conta da “virtude que é dada de elevar a men-te dos homens a Deus, despertar piedosos e santos afetos, ajudá-los maravilhosamente a agradecer na prosperidade e dar-lhes na adver-sidade consolo fortaleza e ânimo” (Introdução Geral à Liturgia das

Horas). Quem salmodia, abre-se ao sentimento dos salmos, seja de lamentação, louvor, confi ança, ação de graças, ou outros gêneros. Por isso, quem salmodia não faz tanto em nome próprio, e sim da Igreja e do próprio Cristo, pois muitas vezes reza salmos de lamentação quando está feliz ou reza salmos de júbilo quando está triste.

A LH apresenta três elemen-tos que auxiliam a compreensão dos salmos: os títulos, as orações sálmicas e as antífonas. Os títulos, a luz do Novo Testamento e dos Padres da Igreja, dão um convite a rezar com o salmo num sentido cristológico; presente no suple-mento do livro da LH, as orações sálmicas a fi m de ajudar a recitar e interpretar os salmos no sentido cristão; As antífonas ajudam-nos a destacar determinado pensamento digno de atenção que pode nos passar despercebido, e também

pode tornar mais agradável a reci-tação dos salmos.

Os cânticos do Antigo Testamen-to e do Novo Testamento também compõem dentre os elementos da LH, sendo que entre os salmos intercala-se um cântico do Antigo Testamento ou do Novo Testamen-to, na oração da manhã e da tarde respectivamente. Após a salmodia há a leitura do Apóstolo, que é uma breve citação de alguma Carta Paulina, e que se conclui com os cânticos evangélicos do Benedictus, Magnifi cat, Nunc Dimitis.

Por fi m, a LH contém ainda a Lei-tura dos Padres da Igreja, Preces, Oração do Senhor e Oração conclusiva.

Para melhor compreensão sobre os elementos da LH, nos artigos dos próximos meses será explicada especifi camente cada oração das LH: como rezar as Laudes (oração da manhã), Vésperas (oração do fi m da tarde) e Completas (oração da noite).

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AtuALIDADE

De qual deus fala o livro?

ACabana.

Essas analises vão ser importantes para nos ajudar a:– Perceber nas en-

trelinhas do livro, ou em outros que venhamos a ler, a ideologia de esvaziamento de pontos essenciais de nossa fé católica;

Ajudar-nos a perceber nossa •atitude diante daquilo que le-mos, principalmente em obras de cunho religioso ou “autoaju-da”, que adentram na dimensão espiritual/espiritualista que interessam a nós católicos; Ajudar-nos a despertar o senso •critico – não neurótico, mas atento – para filtrar à luz de nossa fé aquilo que vale a pena

ler ou não. A oferta hoje é ta-manha e exige de nós critérios para não perder tempo, nem dinheiro, com aquilo que nada acrescenta de consistente à nossa fé ou a nossa vida.

Ás vezes impressiona a inca-pacidade que muitos têm de não perceber, dentro daquilo que estão lendo, onde tem verdade ou não. Alguns não conseguem ver nada errado onde qualquer olhar mais atento percebe tudo!

Estará em itálico o diálogo de análise e questionamento com al-gumas colocações feitas no livro.

A proposta não é analisar todo o livro, mas apenas algumas partes

na esperança que possa despertar naqueles que ainda vão ler, se tiverem “estômago”, uma nova percepção e naqueles que já leram uma confirmação daquilo que pro-vavelmente haviam percebido.

Desnecessário se faz dizer que a análise foi feita a partir da fé católica, o que poderá tornar al-gumas colocações não muito claras para quem não está razoavelmente por dentro da doutrina básica de nossa fé.

“A cabana” – análise do livro sob a ótica católica.a. O livro é muito bem escrito e

atraente no seu enredo simples, no assunto e no estilo. A lin-

Carmadélio SouzaMissionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

Recebi uma análise bem interessante de alguém que leu o livro e percebeu muita coisa contraria à fé católica. Como esse livro tem sido muito comentado e muita gente boa tem lido, estamos publicando a análise que virá dividida em três edições da Revista.

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36 Shalom Maná | Setembro/2009

guagem, porém, com algumas citações bíblicas feitas de for-mas indiretas, traz uma profu-são de sofismas capaz de iludir o leitor menos atento. (lembro que a “metodologia” do sofisma, muito utilizado na filosofia grega antiga, consiste em tomar uma verdade ou duas verdades e combiná-las com uma ou mais inverdades de forma que tudo pareça ver-dadeiro ou que tudo pareça falso, de acordo com o objetivo de quem sofisma). O livro traz em seu pró-prio enredo incoerências entre a trama e o que é dito pelas “pessoas” da “trindade”.

b. A editora do mesmo (e isso é muito importante ao comprar ou ler um livro) dedica-se a livros de autoajuda ou assuntos não comprovados nem pelo próprio livro nem pela ciência, teologia e, por vezes, o bom senso. É bastante ler a lista dos seus “clássicos”, na ultima página do livro. A exceção é O Monge e o Executivo.

O livro conta a história de um homem que, em um acampamento nas montanhas com os f i -

lhos tem sua caçula sequestrada e morta enquanto está sob a água, tentando salvar o outro filho, que se afogava sob um bote. Após quatro anos de tristeza e desilusão, recebe uma carta de Deus, que se apresenta como Papai convi-dando-o a voltar à cabana onde o crime contra sua filha havia sido cometido. Relutante, aceitou.

Até aqui, nada anormal. A ficção, afinal, dá direito a todo tipo de imaginação. O inadequa-do começa quando este homem, Mack, encontra a “trindade” na cabana. Naturalmente, como autor, Young goza o direito de utilizar sua imaginação, sua bela linguagem, suas descrições do Pai como uma senhora negra que cozinha, o Filho como um judeu cujo nariz enorme o deixa feio e o Espírito como uma moça asiática feita de luz.

Ele tem o direito, sim, de ima-ginar a trindade como um autor leigo ignorante da boa teologia e eclesiologia e influenciado pela Nova Era, pelo Espiritismo e pelo Relativismo. Nós é que temos o dever de distinguir o que é bom do que não é. A narrativa é tão en-volvente, que os deslizes de Young quanto à fé, à eclesiologia e à moral podem passar despercebidos para a pessoa mais bem formada. Veja-mos alguns:

I. O PAIO Papai é apresentado como uma

mulher (Young parece decidido a que-brar todos os paradigmas) e chamado de papai durante todo o livro, tanto

pelo Filho e pelo Espírito, quanto por Mack. Sabemos que João Paulo II afir-ma que Deus é Pai e Mãe quanto ao cuidado, ao coração misericordioso, as entranhas de misericórdia, tão típicas de uma mãe. Entretanto, o Deus que Jesus nos veio revelar é o Deus que é Pai, ainda que afirme em Mt 5 que Ele tem entranhas de mãe. A justifica-tiva do “pai” para apresentar-se como

mulher é o fato de Mack ter rejeição ao seu pai biológico (p. 83). Esta mulher, entretanto, não é mãe, mas pai. Seus afazeres são, segundo ela mesma, de cozi-nheira e governanta. Este pai mulher traz

as cicatrizes de Jesus, como se o Pai não fosse puro espírito, mas tivesse um corpo de homem, isto é, de mulher.

Em um esforço de fazer “Deus mais perto de nós”, o autor acaba por esbarrar no grotesco. Além da descrição do Pai como uma enorme negra que se autointitula governanta-cozinheira e traz cicatrizes no corpo (???), destacam-se algumas situações espe-ciais. Perguntado por Mack sobre que música estava ouvindo, respondeu:

“Um barato da Costa Oeste”. É um disco que ainda nem foi lan-çado, chamado Viagens do Coração, tocado por uma banda chamada Diatribe. Na verdade – ela piscou para Mack – esses garotos ainda nem nasceram.

– É mesmo, reagiu Mack bas-tante incrédulo. – Um barato da Costa Oeste, hein? Não parece muito religioso.

O livro é muito bem escrito e atraente no seu enredo simples, no assunto e

no estilo. A linguagem, porém, com algumas citações bíblicas feitas de formas indiretas, traz uma profusão de sofismas capaz de iludir o leitor menos atento.”

– Ah, acredite: não é. É mais tipo funk e blues eurasiano com uma mensagem fantástica. – Ela veio bamboleando na direção de Mack, como se estivesse dançando, e bateu palmas. Mack recuou. (!!!)

– Então Deus ouve funk?

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– Ora, veja bem, Mackenzie. Você não precisa fi car me rotulan-do. “Eu ouço tudo e não somente a música propriamente dita, mas os corações que estão por trás delas.” (p. 81)

Os rótulos são especialmente detestados na nova era e no relati-vismo, e ainda o “pai” dá uma ex-plicação completamente esdrúxula para ter-se revelado como pai e não como mãe:

“…assim que a Criação se de-gradou, nós soubemos que a verda-deira paternidade faria muito mais falta do que a maternidade. Não me entenda mal, as duas coisas são necessárias, mas é essencial uma

ênfase na paternidade por causa da enormidade das consequências da função paterna” (p. 84).

Creio que tal absurdo dispensa comentários. O autor não leva em conta o que a Bíblia e a Igreja dizem da missão do homem, do pai, da mulher e do homem na criação, na família, na sociedade. Aliás, esta é uma das características do livro. Não lhe importa o que diz a Palavra ou a Igreja e esta, como todas as insti-tuições, são desprezíveis aos olhos da “trindade”, que orienta Mack a desprezá-las.

Ao definir o que Ele é, desau-toriza o que os homens pensam

e definem dele (embora não cite diretamente a Igreja e os teólogos, fica implícito pelas palavras que

usa). No final, felizmente diz que é “acima e além

de tudo o que você possa perguntar ou pensar.”(p. 88) Na página 89, o pai

faz uma afirmação capaz de fazer tremer os céus:

“Quando nós três pe-netramos na existência hu-

mana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos to-talmente humanos. Tam-bém optamos por abraçar todas as limitações que isso implicava. Mesmo que

tenhamos estado sempre presentes nesse universo

criado, então nos tornamos carne e sangue. Seria como

se este pássaro, cuja natureza é voar, optasse somente por andar e permanecer no chão. Ele não deixa de ser pássaro, mas isso altera signifi cativamente sua experiência de vida.” E continua a confusão teológica sobre 3 Pessoas em um só Deus dizendo: “Ainda que por natureza Jesus seja totalmente Deus, ele é totalmente humano e vive como tal (!!!) Ainda que ja-mais tenha perdido sua capacidade inata de voar, ele opta, momento a momento, por fi car no chão. Por isso (!!!) seu nome é Emanuel, Deus conosco, ou Deus com vocês, para ser mais exata.”

De uma tacada só, além de des-truir o dogma da Santíssima Trin-dade, (somente o Filho se faz homem e, embora as outras duas pessoas estejam com ele e nele, não se pode dizer que os três se fi zeram homem) atinge a união hipostática e a profecia de Isaías. A impressão que dá é que o autor “ouviu o galo cantar, mas não sabe onde”. Por mais que se queira justifi car tais afi rmações com o fato da intenção do autor não ser teológica, ele insiste, como outros autores de livros metade cristãos-metade autoajuda, em colocar o Evangelho, a Palavra e a Igreja a serviço de sua ideia e objetivo e não o contrário.

Depois, infelizmente, vem algo ainda pior, que fazemos questão de transcrever:

“ – Mas, e todos os milagres? As curas? Ressuscitar os mortos? Isso

Em um esforço de fazer ‘Deus mais perto de nós’, o autor acaba por esbarrar no grotesco.

Além da descrição do Pai como uma mulher enorme que se autointitula governanta-cozinheira e traz cicatrizes no corpo (???)...”

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38 Shalom Maná | Setembro/2009

não prova que Jesus era Deus… você sabe, mais que humano?

– Não, isso prova que Jesus é realmente humano.

– O quê?– Mackenzie, eu posso voar,

mas os humanos, não. Jesus é totalmente humano. Apesar de ele ser também totalmente Deus, nunca aproveitou sua natureza divina para fazer nada. Apenas viver seu relacionamento comigo do modo como eu desejo que cada ser humano viva. Ele foi simples-mente o primeiro a levar isso até as últimas instâncias: o primeiro a colocar minha vida dentro dele (??) o primeiro a acreditar (??) no meu amor e na minha bondade, sem considerar aparências nem consequências.

Tal comentário, além de dizer que Jesus precisava da virtude Te-ologal da fé, deixa de fora todos os profetas, todos os patriarcas, João Batista, José e Maria. Desclassifica tudo o que Jesus fez, não somente os milagres, mas o milagre maior do amor de total entrega na Cruz e na Eucaristia.

“– E quando curava os cegos?– Fez isso como um ser humano

dependente e limitado que confia na minha vida e no meu poder de trabalhar com ele e através dele. Jesus, como ser humano, não ti-nha poder para curar ninguém.” (p. 90).

Este é mais um golpe inacreditá-vel na união hipostática, mas conse-gue piorar no parágrafo seguinte:

“– Só quando ele repousava em seu relacionamento comigo e em nossa comunhão, nossa comum-união, ele se tornava capaz de expressar meu coração e minha vontade em qualquer circunstân-cia determinada. Assim, quando você olha para Jesus e parece que

ele está voando, na verdade ele está… voando. Mas o que você realmente está vendo sou eu, minha vida nele. É assim que ele vive e age como um verdadeiro ser humano, como cada humano está destinado a viver: a partir de minha vida” (p. 90).

Este é um dos sofismas mais disfarçados e sutis do livro, o que torna a afirmação aparentemente verdadeira para os mais distraí-dos, mas totalmente absurda para alguém mais atento: uma verdade – cada ser humano é chamado (não destinado!) e várias inverdades, a partir da primeira linha (então quer dizer que Jesus ora “repousava em seu relacionamento com Deus e Sua vontade, ora não??? Este raciocínio mentiroso é coroado com uma última inverdade: Jesus vive e age como verdadeiro ser humano. NÃO É ISSO o que Jesus quis dizer quando afirma que faz o que vê o Pai fazer, que aprendeu tudo do Pai, que Ele e o Pai são um! Jesus É totalmente homem e totalmente Deus e é um com o Pai, gerado, não criado, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro.

Em um dado momento, o mesmo Pai, que nos pede para não chamar o irmão de “Racca”, sob pena do fogo do inferno (Mt 5), diz:

“– Homens! algumas vezes são tão idiotas!

Ele não podia acreditar.– Ouvi Deus me chamar de

idiota? – gritou pela porta de tela.Viu-a (“ela” é Deus) dar de

ombros antes de desaparecer na virada do corredor. Depois ela (o “pai”) gritou em sua direção:

– Se a carapuça serve, que-rido. Sim, senhor, se a carapuça serve…”

MISSÃO

O autor não leva em conta

o que a Bíblia e a Igreja dizem da missão do

homem, do pai, da mulher

e do homem na criação,

na família, na sociedade.

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ESPIRItuALIDADE

Pe. Leonardo WagnerMissionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

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Obviamente que sua resposta a essa pergunta é sim. Quem não sabe

rezar o Pai-Nosso? Talvez você espere que, com esse título, eu esteja a ponto de dizer coisas do tipo: “Não, você não sabe rezar o Pai-Nosso porque você não sabe perdoar aos que lhe tem ofendi-do”.

Bem, isso até pode ser verdade, pode até ser... Mas não é exata-mente isso que eu quero lhe falar. Quero saber se você sabe dizer as palavras da oração que o Senhor nos ensinou.

“Que absurdo!” – você pode protestar – “Está pensando que por acaso eu sou um analfabeto religio-so? Que nunca fui ao catecismo?”. Bom, calma, claro que não penso

isso. Mas tenho obser-vado algumas

Você sabe rezar o

Pai-Nosso?Obviamente que sua resposta a essa pergunta é sim. quem não sabe rezar o Pai-nosso? talvez você espere que, com esse título, eu esteja a ponto de dizer coisas do tipo: “não, você não sabe rezar o Pai-nosso porque você não sabe perdoar aos que lhe tem ofendido”.

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40 Shalom Maná | Setembro/2009

Vamos lá:- Pai nosso que estais nos céus...Até aqui acho que quase nin-

guém erra. É plural e somos mes-mo habituados a dizer no plural.

Uma coisa importante antes de continuar: toda oração litúrgica, ou seja, as orações ofi ciais, que estão nos livros litúrgicos tais como o Missal, os livros dos sacramentos, dirigem-se a Deus na terceira pes-soa do plural. Preste atenção, na missa e nos diversos sacramentos só se dirige a Deus, Jesus, o Es-pírito Santo, com o “vós”. Esse é chamado o plural majestático, mas isso não tem importância para nós agora, o importante é saber que, na liturgia, não tratamos nenhuma Pessoa Divina com o pronome “tu” ou “você”.

Voltemos ao Pai-Nosso:- Seja feita a vossa vontade assim

na terra como no céu.Agora sim, um erro comum,

pois muita gente coloca o plural aqui, mas aqui é no singular! Então decore bem e veja se você não está rezando errado: o primeiro é “nos céus” e o segundo é “no céu”.

Alguém poderia me argumen-tar que na Bíblia (algumas versões) coloca tudo no singular, tanto o primeiro quanto o segundo. Po-rém, o correto é a versão ofi cial, litúrgica, presente em latim e em todas as outras traduções.

Nem vou comentar que tem muita gente – muita gente mesmo! – que diz assim:

- Venha a nós ao vosso reino.

Meu Deus, o que quer dizer essa frase? Nada! Está completa-mente errada, tão errada que não tem sentido. O certo (e acredito que os meus leitores sabem) é:

- Venha a nós o vosso reino.Bom, até agora eu acredito que

a maioria dos que estão lendo esse artigo admita que nunca errou, e que sempre reza o Pai-Nosso como eu estou ensinando. Ok. Vamos ver agora se você diz isso:

- Perdoai-nos as nossas ofensas...Ah, peguei você não foi? Du-

vido muito que a maioria das pessoas diga “perdoai-nos”. Pois é, redundante ou não, é assim que está no Missal, a versão ofi cial: perdoai-nos.

Agora tente rezar lendo pausa-damente o Pai-Nosso, como Jesus nos ensinou e a Santa Igreja nos transmitiu:

Pai nosso que estais nos céus, santifi cado seja o vosso nome; ve-nha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoa-mos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

Ah, já ia me esquecendo, na Missa não se diz o amém no fi nal do Pai-Nosso.

Espero que eu tenha feito jus ao ditado que diz que ninguém pode ensinar Pai-Nosso a vigário!

PERDOAI-NOS

Ah, peguei você não foi? Duvido

muito que a maioria das

pessoas diga “perdoai-nos”. Pois

é, redundante ou não, é assim que

está no Missal, a versão ofi cial:

perdoai-nos.

coisas engraçadas na nossa liturgia que ocorre, não só entre pessoas simples e de humilde condição, mas até mesmo em rádios ca-tólicas, entre as pessoas que se dizem informadas e preparadas. Não é por culpa de alguém, mas sim porque simplesmente muitas vezes não prestamos atenção a certos detalhes ou nos viciamos em erros banais.

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EntRELInHAS

O segredo dasamaritanaElena Arruguy SalaMissionária da Com. Católica Shalom em Israel/Haifa

Creio que valha a pena nos determos no que acontece entre o encontro de Jesus com essa mulher e a partida dela, em missão, em aberta evangelização na região onde vivia. O que acontece entre o primeiro passo e o resultado dele é o encontro de amor com o Esposo.

Os textos do evan-gelho de S.João são sempre em-blemáticos para

quem os lê e com eles reza. Eles se entranham em nós e são fecundos de vida. A Palavra ilumina e faz

expandir aquilo que somos diante de Deus e do que Ele é para nós.

Assim que fazemos a opção por Jesus, depois de uma experi-ência forte com o Espírito Santo, quando passamos a assumir nossa identidade de filhos de Deus e

ultrapassamos a barreira do ritua-lismo e da mera tradição cultural católica, descobrimos a Palavra de Deus e começamos a devorá-la. A palavra é exatamente essa: devorar. É a fome e a sede mais profunda da alma que se manifesta e que

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a partida dela, em missão, em aberta evangelização na região onde vivia. O que acontece entre o primeiro passo e o resultado dele é o encon-tro de amor com o Esposo. É Jesus quem toma a iniciativa de puxar conversa. Ele está à espera. Isso nos dá a certeza de que, como evange-lizadores, semeadores da Palavra e construtores do Reino, (aquilo que somos chamados a ser quando as-sumimos a vocação Shalom), nosso papel é levar a pessoa, qualquer pessoa, todas elas, ao encontro de Jesus, onde Ele a espera, o espera. Jesus espera aqueles que são seus e lhes foram dados pelo Pai e com eles trava um diálogo de verdade de, na verdade, começando um relacionamento pessoal que vai ao encontro de tudo o que a pessoa precisa para se tornar adoradora e livre em ‘espírito e em verdade’.

Seguindo os passos da Sa-maritana e vendo esta conversa acontecer, notamos que o Senhor a alcança onde está a sua maior vulnerabilidade: na sua vida sexual, nos seus afetos e emoções, nos seus relacionamentos amorosos com

o sexo oposto. Sem que Ele alcance esta di-mensão da sua existência ela não poderia se

tornar aquilo que ela vem a ser: um testemunho livre e eficaz. Não sei se entre nós há muitas pessoas que tenham tido cinco maridos ou cinco mulheres, cinco ‘companheiros ou companheiras’, com quem tenham vivido mari-talmente. Mas creio que entre nós há inúmeros corações que amaram e se apaixonaram e se envolveram emocionalmente e até fisicamente com cinco ou até mais do que cinco pessoas. E é aí que Jesus quer tocar, quer pensar as feridas (sendo Ele mesmo o Bom Samaritano!), quer

sente, quais os desejos mais autên-ticos, que espírito move o coração do Deus dos cristãos, que o descubra e se abasteça do que nos revela João, o caçula dos apóstolos.

Um dos encontros mais belos do quarto evangelho é o de Jesus com a Samaritana. Muito conhe-cido, muito explorado, já exaus-

tivamente comentado o diálogo travado entre esta mulher pagã, não judia, com Jesus. Ela que se torna grande e corajosa evangeliza-dora, após ter ela mesma bebido da água viva oferecida por Jesus, e não somente da água do poço de Jacó. Entretanto, o que há de novo neste encontro que seja luz para nós? O que há de novo na Palavra de Deus que nos faça crescer na vivência concreta e diária do Evangelho?

Creio que valha a pena nos determos no que acontece entre o encontro de Jesus com essa mulher e

passa a ser saciada com aquilo que verdadeiramente a sacia. E o evan-gelho de S.João oferece verdadei-ros banquetes para a alma. Quase sem perceber decoramos partes dos textos, e passamos a nos referir aos capítulos e seus respectivos temas e personagens com a maior liberda-de. Falamos do cego de nascença ( Jo 9), do Bom Pastor ( Jo 10), de Nicodemos ( Jo 3), da ora-ção de Jesus por nós ( Jo 17), da pecadora pública de Jerusalém, pega em adultério e perdoada ( Jo 8), do discurso sobre a Eucaristia e o Pão da Vida ( Jo 6)... E assim, sucessivamente, personagens e relatos nos revelam Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, aquele que morreu e ressuscitou, e como Ele se comunica e relaciona com aque-les que são seus. O discípulo que se auto-alcunha de discípulo amado, revela como ninguém o amor de Jesus, o Amor do Pai, as entranhas do coração de Deus. Se alguém quiser saber como se parece, como

EVANgELIzAR

Ela que se torna grande

e corajosa evangelizadora,

após ter ela mesma bebido

da água viva oferecida por Jesus, e não

somente da água do poço de Jacó.

O que há de novo na Palavra de Deus que nos faça crescer na vivência concreta e

diária do Evangelho?”

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soprar ressurreição. Jesus não se es-candaliza absolutamente com nada que diz respeito a nós, pois ele sabe o que há no coração humano, mas Ele seguramente quer nos dar um sopro de vida que nos sacie a sede de amor, libertando-nos de tantos jogos e comportamentos que só nos tem levado à dor, à solidão e ao pecado. Ele quer se apresentar a nós como o Esposo, ensinando-nos a não mais buscar nas pessoas aquilo que somente Deus pode dar. Ele é o Esposo que nossas vidas anseiam sofregamente encontrar.

Quando a Samaritana replica e pede: “Dá-me de beber!”, ela pede a Jesus o dom do Espírito para conseguir libertar-se de suas desordens afetivas. E aí aparece o Esposo que se apresenta e pede água e dá água viva! Seguramente naquele tempo, mesmo havendo fofoca e falatório, não poderia haver tanta exposição das desor-dens sexuais-comportamentais à luz do dia como vemos hoje na TV, no cinema, na internet e no ambiente social que nos cerca e no qual vivemos. Mas seja às claras, seja escondido, pois as realidades existenciais do ser humano são atemporais, o Senhor nos espera para que a Ele entreguemos todas as desordens sexuais e relacionais presentes em nossa história.

Não adianta abafar, não adianta esconder, nem tampouco negar as marcas deixadas em nós, no corpo, na mente, nos afetos e na alma, pelas concupiscências de nossa própria carne e da carne dos outros em nós! Quantas pessoas sofreram agressão sexual, abuso sexual! Quantas pessoas sentem em si mesmas a desordem e a compulsão manifestada no homos-sexualismo, na masturbação, nos jogos de sedução e manipulação do próprio corpo e do corpo alheio, entre homens e mulheres, entre

NÃO ADIANTA

Não adianta abafar, não adianta esconder, nem tampouco negar as marcas deixadas em nós, no corpo, na mente, nos afetos e na alma, pelas concupiscências de nossa própria carne e da carne dos outros em nós!

mulheres e homens! Quanto mau uso do corpo humano em busca de amor e de segurança!

Mesmo que já estejamos ati-vamente empenhados na evange-lização, o Senhor nos convida a não esconder nada dele, a não deixar qualquer sombra maculando nossa alma. O Senhor quer fazer brilhar a limpidez da água viva onde se encontram as vergonhas e a mes-quinhez, nosso calcanhar de Aquiles, nosso pecado e tudo o que ficou distorcido como consequência dele no entendimento que temos sobre nós mesmos. Jesus quer nos ensinar a viver plena e livremente o dom da nossa sexualidade e identidade, o dom de nosso corpo. Jesus não nos quer vivendo de aparências, com vida dupla ou de discursos. Jesus pede que chamemos ‘os nossos cinco maridos’ – e cada um sabe o nome que cada um assumiu em sua história de vida! – e os apresentemos a Ele. Só assim Ele pode se tornar verdadeiramente nosso Esposo.

E nesse caminho, é a graça da castidade, dom do Espírito, que fará de Jesus verdadeiramente o Esposo. É o dom da castidade que torna Jesus o grande amor de nossas vidas, e coloca aos poucos a ordem do amor original em nós. Seja qual for nosso estado de vida Jesus não nos quer impuros ou puritanos, reprimidos ou depra-vados. O mais belo de todos os homens, quer fazer este novo em nós: quer arrancar-nos das menti-ras e das manipulações da cultura secular que nos empurra para o pecado e para a mentira, e quer fazer de todos nós belos e belas como Ele, almas esposas. Só assim nosso testemunho será fecundo como foi o da Samaritana. Só as-sim daremos prova de verdadeira conversão. E que o Esposo nos ajude a jamais desanimar...

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44 Shalom Maná | Setembro/2009

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por José Ricardo Ferreira Bezerra

Labirinto

hORIzONTAIS1-Pró-consul da Ilha de Pafos convertido por Paulo (At 13,7)2-Esposa de Áquila, encontrada por Paulo em Corinto (At 18,2)3-Companheiro de prisão de Paulo em Filipos (At 16,19) 4-Judeu de Alexandria que Paulo encontrou em éfeso (At 18,24)5-Governador e esposo de Drusila que ouviu Paulo (At 24,24)6-Imperador a quem Paulo apelou para ser julgado (At 25,11)7-Avó de timóteo, que Paulo considerava um fi lho (2tm 1,2.5)8-Primeiro mártir da Igreja que Paulo aprovou a morte (At 8,1)9-Enviado com Paulo, Barnabé e Silas após o Concílio de Jerusalém (At 15,22)10-Mestre judeu cuja escola Paulo frequentou (At 22,3) 11-Apresentou Paulo aos Apóstolos (At 9,27)12-Filho na fé que Paulo deixou em Creta (tt 1,4-5)13-Efésio que Paulo levou ao templo de Jerusalém (At 21,29)

VERTIcAIS1-Colaborador ao qual Paulo pediu por Onésimo (Fm 1.1.10) 2-Mãe de timóteo, que Paulo considerava um fi lho (2tm 1.2.5)3-Companheiro de Paulo que separou-se dele na Panfília (At 15,38)4-Mago que fi cou cego com a palavra de Paulo (At 13,8)5-Impôs as mãos, rezando pela cegueira de Paulo (At 9,17)6-Apóstolo exortado por Paulo em Antioquia (Gl 2,11)7-Jovem que levou uma queda numa pregação de Paulo (At 20,9)8-A quem Paulo perseguia na pessoa dos cristãos (At 9,5)9-Governador que substituiu Félix (At 24,27)10-verdadeiro fi lho na fé de Paulo (2tm 1,2)11-Primeira mulher convertida por Paulo em Filipos (At 16,14)12-Esposo de Priscila encontrado por Paulo em Corinto (At 18,2)13-Advogado que acusou Paulo diante de Félix (At 24,1)

Personagens relacionados ao Apóstolo Paulo

Filme:Santa Teresade Los Andes

Uma superprodução com duração de 400min.,

dividida em cinco partes distri-buidas em 3 DVDs.

Traz a emocionante história de Juanita Fer-nández, que aos dezoito anos entrou para a vida religiosa no carmelo de Los Andes, no Chile, onde recebeu o nome de Teresa de Jesus. Jovem de saúde frágil, nada realizou de extraordinário. Em sua breve existência, conseguiu superar as difi culdades que a vida religiosa, no carmelo, lhe apresentou. Após onze meses de uma vida de intensa oração e trabalho morreu de tifo, com apenas vinte anos de idade. Teresa de Jesus foi pro-clamada santa pelo papa João Paulo II no dia 21 de março de 1993.

Boas maneiras– Filipe — argumentava a professora — suponha

que somos convidados para almoçar na casa de um Amigo. Acabado o almoço, o que devemos dizer?

– Cadê a sobremesa!

A formiguinha

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ACOntECE nO MunDO

Sacerdotes, professores e autoridades da República Checa refl etirão sobre a

encíclica de Bento XVI, Catitas in veritate, durante uma conferência que se celebrará em Brno no dia 19 de setembro, uma semana antes da visita do Papa ao país.

O anúncio foi feito no dia 17 de agosto por David Macek, expoente do Partido Democrata Cristão, em declarações transmitidas pela Rá-dio Vaticano.

A viagem apostólica na Re-pública Checa, segundo Macek, será a primeira internacional após a publicação da encíclica e, portanto, converter-se-á em uma oportunidade para refl etir sobre a ética na economia e sobre ques-tões sociais.

República Checa prepara visita papal refl etindo sobre

“Caritas in Veritate”

Após chegar ao aeroporto in-ternacional de Praga no dia 26 de setembro, o Papa visitará o famoso “Menino Jesus” na igreja de Santa Maria da Vitória e terá encontros com as autoridades políticas e civis. Presidirá as vésperas na ca-tedral dos santos Vito, Venceslau e Adalberto.

No dia seguinte, programou-se a celebração da missa no aeropor-to Tu any, de Brno. Logo depois, acontecerá o Ângelus e, posterior-mente, um encontro ecumênico no arcebispado da capital e com o mundo acadêmico na Sala de Vladislav, no Castelo de Praga.

Na segunda-feira, 28 de setem-bro, a visita será concluída com a celebração da santa Missa na me-mória litúrgica de São Venceslau, padroeiro da nação checa.

ÉTIcA E EcONOMIA

A viagem apostólica na República Checa, segundo Macek, será a primeira internacional após a publicação da encíclica e, portanto, converter-se-á em uma oportunidade para refl etir sobre a ética na economia e sobre questões sociais.”

Vaticano prepara documento sobre a formação dos seminaristas

O Vaticano prevê publicar um texto “breve, forte e muito claro” sobre a

formação dos seminaristas, ao fi nalizar o Ano Sacerdotal.

Para preparar o documento, o prefeito da Congregação para a

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Francisco CaamañoMinistro da Justica Espanhola

46 Shalom Maná | Setembro/2009

O anúncio do ministro da Justiça, Francisco Caamaño, da intenção

do Governo espanhol de proibir a presença dos símbolos religiosos nos centros educativos públicos provo-cou a mobilização no Facebook.

Com este motivo se criou o grupo “Sim ao crucifi xo”, que teve mais de 700 usuários na rede social, pouco depois de ter sido criado.

“O sinal da cruz é o sinal uni-versal do amor e da paz”, dizem os promotores no Facebook.

O grupo é promovido pelo site da revista Ecclesia.

Nos foros de discussão, alguns dos participantes retomaram as

declarações do Cardeal Eduardo Martínez Somalo, carmalengo emérito e antigo prefeito da Con-gregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Após a reunião com Pedro Sanz, presidente do Governo de La Rioja, o purpurado espanhol reconheceu que “não entende” por que o Governo espanhol propõe mediante uma lei tirar crucifi xos dos colégios públicos.

Educação Católica prevê propor, nos próximos meses, a convoca-tória da comissão permanente de membros de vários dicastérios, que se ocupa da formação dos candi-datos ao sacerdócio.

Esta Congregação, responsável pela formação dos seminaristas, quer fazer compreender esta men-sagem aos que se preparam para o sacerdócio: “Foste escolhido, é uma honra, sejas feliz por ser sacerdote”.

Dom Brugues constata que “boa parte dos jovens que se apre-sentam às casas de formação em países como Itália, Espanha, Fran-ça, Alemanha e Estados Unidos têm uma boa formação profi ssio-nal, às vezes formação universitária de alto nível, mas carecem de uma cultura geral e, sobretudo, de uma cultura cristã”.

Atualmente, a Congregação para a Educação Católica tem a responsabilidade por 2.700 semi-nários e também por 1.200 univer-sidades católicas e 250.000 escolas católicas em todo o mundo.

Nessas instituições, está sen-do desenvolvida uma cultura da excelência, pondo especial ênfase na formação integral da pessoa, especialmente em sua dimensão espiritual, que corre o risco de ser esquecida em uma sociedade secularizada.

contra proibição dos crucifi xos na Espanha

Mobilização no

O cardeal confessou que des-conhece “a quem os crucifi xos po-dem agredir”, “ainda que não seja católico”. Não se entende, disse, como “para chegar à pluralidade e para ter uma autêntica democracia tenha de se suprimir um elemento da pluralidade, que é o catolicismo, ou não respeitar a grande maioria, que são crentes”.

a quem os crucifi xos podem

agredir?”, “ainda que não seja católico?”w Cardeal Eduardo Martínez Somalo

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Litúrgia diária

Pão da Vida

Com textos de:Frei

PatrícioSciadini, ocd.

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