Shiva Natarajaa

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  • 8/7/2019 Shiva Natarajaa

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    Shiva NatarajaDANA CSMICA

    Geraldo Salgado-Neto

    Os mais antigos Deuses do Hindusmo so trs (Brahma: o criador;

    Vishnu: o preservador e Shiva: o destruidor). Na verdade uma tradeindissolvel formando um uno (trindade).

    Todas as vidas so parte de um grande processo rtmico de criao edestruio, de morte e renascimento e a dana de Shiva, chamada tandara,simboliza esse eterno ritmo de vida e morte que se desdobra em ciclosinterminveis.

    Na noite de Brahma, a natureza acha-se inerte e no pode danar atque Shivao determine: ele se ergue de seu xtase e danando, envia atravsda matria inerte ondas vibratrias de som que desperta e veja! A matriatambm dana, aparecendo como uma glria que o circunda.

    Danando Shivasustenta seus fenmenos multiformes. Na plenitude dotempo, danando, ele destri todas as formas e nomes pelo fogo e lhesconcede novo repouso. A dana de Shivasimboliza no apenas os cicloscsmicos de criao e destruio, mas tambm o ritmo dirio de nascimento emorte.

    A dana simboliza a base da existncia e ao mesmo tempo lembra queas mltiplas formas do mundo so Maya, no fundamentais, mas ilusrias e empermanente mudana, na medida em que segue criando-as e dissolvendo-asno fluxo incessante de sua dana.

    Seus gestos graciosos e ao mesmo tempo selvagens precipitam a ilusocsmica, seus braos e pernas ondeantes e o balano de seu torso produzem

    a contnua criao e destruio do universo, a morte equilibrando exatamente onascimento, o aniquilamento como fim de tudo aquilo que veio a existncia.

    Baseados em estatuas mais antigas, artesos indianos dos sculos X eXII representaram a dana csmica de Shivaem magnficas esculturas debronze de figuras danantes com quatro braos, cujos gestos soberbamente

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  • 8/7/2019 Shiva Natarajaa

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    equilibrados e dinmicos expressam o ritmo e a unidade da vida, os diversossignificados da dana so transmitidos pelos detalhes dessas figuras atravsde uma complexa alegoria pictrica.

    A mo direita superior de Shivasegura um tambor (damaru) quesimboliza o som da criao e regula o ritmo da dana a mo esquerda superior

    sustenta uma chama da destruio (fogo) o elemento da destruio, o equilbriodas duas mos representa o equilbrio dinmico entre a criao e a destruiono mundo, acentuado ainda mais pela face calma e indiferente do rosto, nocentro das duas mos, na qual a polaridade entre criao e destruio dissolvida e transcendida. O rosto plcido testemunha a tranqilidade e aserenidade absolutas de um processo neutro, que no dirigida a ningum,mas que responsvel pela conservao da ordem do nosso mundo.

    A segunda mo direita ergue-se num gesto que significa no tenhamedo expressando manuteno, proteo e paz; por sua vez a mo esquerdaremanescente aponta para baixo, para o p erguido e que simboliza alibertao da fascinao de Maya.

    Libertar-se do encantamento de Maya, significa romper os laos dokarma, significa compreender que todos os fenmenos que percebemos comnossos sentidos constituem parte da mesma realidade. Significa experimentarconcreta e pessoalmente, o fato de que tudo, inclusive nosso prprio ser Brahman. Esta experincia denominada mokshaou libertao.

    Shiva representada danando sobre o corpo de um demnio, smboloda ignorncia do homem e que deve ser conquistado antes que seja alcanadaa libertao. A dana contnua forma um crculo de fogo em sua volta, onde elase move dentro do ciclo csmico de fogo, mantido pela interao de criao edestruio.

    A dana de Shiva o universo que dana o fluxo incessante da energiaque permeia uma variedade infinita de padres que se fundem uns nos outros,trata-se de uma contnua dana de criao e destruio, envolvendo atotalidade do cosmos e constituindo a base de toda a existncia e de todos osfenmenos naturais. Criao e destruio so como os dois lados de umamoeda. A manh morre para dar lugar a tarde, a tarde morre quando nasce anoite, nesta cadeia de nascimento e morte o dia mantido. Assim como osaparentes equilbrios da evoluo da vida originam-se de recuperaescriativas que sucedem destruies (extines) gigantescas.

    Referncias

    1 PARTHASARATHY, A. The symbolism of Hindu gods and rituals. Bombay: ShaileshPrinters, 1983. (Vedas; Upanishads; Mahabharata; Bhagavad Gita).

    2 CAPRA, Fritjof. O Tao da Fsica: Um paralelo entre a fsica moderna e o misticismooriental. So Paulo: Editora Cultrix, 1983. p. 183-185.

    3 MCLAINE, Shirley. Danando na Luz. Rio de Janeiro: Editora Record, 1987. p. 320.

    4 GOULD, Stephen Jay. O Sorriso do Flamingo: Reflexes sobre histria natural. SoPaulo: Martins Fontes, 1990. p. 407-418.

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