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Sistema de informação em uma instituição de pesquisa, documentação e divulgação da cultura popular tradicional brasileira através da música folclórica: um estudo prospectivo Adaci Rosa da Silva, n. USP 307030 Caio Batista da Silva, n. USP 6438074 Rita de Cássia Bonadio Inácio, n. USP 1768162 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO CBD0264 - Informacão, Ciência e Tecnologia Profa. Dra. Asa Fujino Período matutino – 1.sem. 2011

SI sobre cultura popular tradicional e música folclórica

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O contexto da área de cultura popular tradicional e folclore no Brasil

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Sistema de informação em uma instituição de pesquisa, documentação e divulgação da cultura popular tradicional

brasileira através da música folclórica:um estudo prospectivo

Adaci Rosa da Silva, n. USP 307030Caio Batista da Silva, n. USP 6438074Rita de Cássia Bonadio Inácio, n. USP 1768162

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTESDEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

CBD0264 - Informacão, Ciência e TecnologiaProfa. Dra. Asa FujinoPeríodo matutino – 1.sem. 2011

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Uma definição de cultura

“[...] a cultura não se caracteriza apenas pela gama de atividades ou objetos tradicionalmente chamados culturais, de natureza espiritual ou abstrata, mas apresenta-se sob a forma de diferentes manifestações que integram um vasto e intricado sistema de significações.

Assim, o termo cultura continua apontando para atividades determinadas do ser humano que, no entanto, não se restringem às tradicionais (literatura, pintura, cinema - em suma, as que se apresentam sob uma forma estética) mas se abrem para uma rede de significações ou linguagens incluindo tanto a cultura popular (carnaval) como a publicidade, a moda, o comportamento (ou a atitude), a festa, o consumo, o estar-junto, etc.” (COELHO NETTO, 1997, p.103)

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Conceito de sistema cultural

Sistemas são todos integrados estruturados por partes em constante interação que devem ser entendidos a partir de suas estruturas e processos. O sistema cultural interage com o ambiente que estáinserido, assim como com os outros sistemas existentes e seus componentes significativos, quais sejam, os tecnológicos, os sociológicos e os ideológicos.

O conceito de sistema cultural indica as relações (simbólicas, econômicas, sociais, políticas) entre as formas culturais específicas em um contexto mais amplo de Cultura, entre produtos culturais, agentes culturais e a sociedade. Permite focalizar particularmente a dinâmica cultural a partir da esferas da produção, distribuição, uso e consumo de bens culturais.

Enquanto sistema de trocas simbólicas refere-se a um sistema de bens culturais no qual agentes e instituições produzem e difundem arte, literatura ou ciência, que geram consumo cultural e distinções de gostos, os quais têm função social de legitimação das diferenças sociais. (BOURDIEU, 2007).

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Sistema cultural contemporâneo:a cultura como atividade organizada

De acordo com Albino Rubim o sistema cultural contemporâneo envolve as seguintes práticas sociais:

1. Criação, inovação e invenção;2. Transmissão, difusão e divulgação;3. Preservação e manutenção;4. Administração e gestão;5. Crítica, reflexão, estudo e investigação;6. Recepção e consumo

“Cada uma dessas práticas, ao adquirir complexidade, constitui historicamente instâncias com crescente especialização, institucionalização e mobilização de recursos (humanos, financeiros, etc.).” (RUBIN, 2005, p.17).

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Os agentes da organização do sistema cultural

“A criação cultural está associada aos intelectuais, aos cientistas, aos artistas, e aoscriadores de manifestações culturais populares; a transmissão e a divulgação da cultura constituem o campo por excelência, dos educadores e professores, e mais recentemente, dos profissionais da comunicação e das mídias; a preservação da cultura – material e imaterial, tangível e intangível – requer arquitetos restauradores, museólogos, arquivistas, bibliotecários, etc.

A reflexão e a investigação da cultura é realizada por críticos culturais, estudiosos e pesquisadores; a gestão da cultura supõe a existência de administradores, economistas, etc.

A organização da cultura exige a presença de um tipo de profissional especializado: o produtor ou promotor ou ainda o animador cultural.

A exceção do sistema cultural fica por conta da atividade de consumo, que não demanda uma especialização profissional singular, pois ao contrário disso, a qualidade do sistema pode ser medida por sua capacidade de ampliar e mesmo universalizar o consumo cultural. Ela supõe que o sistema cultural seja capaz de democratizar a cultura, tornando todos potenciais e reais consumidores culturais.” ( RUBIN, 2005, p. 18).

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A Economia Criativa

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divide o conjunto de industrias criativas em quatro categorias amplas, a saber: patrimônio cultural, artes, mídia e criações funcionais, subdivididas em oito áreas conforme o quadro a seguir:

In: REIS (2008, p. 63)

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Culturas populares tradicionais e folcloresão tratadas como patrimônio

Nos fins do século XVIII na Europa, a partir do Iluminismo, iniciou-se mais marcadamente a distinção cultural entre o erudito e o popular, esta divisão se estendeu a outros níveis da realidade social, como, por exemplo, entre o rural e o urbano, o oral e o escrito, o tradicional e o moderno. A cultura começa a ser usada como marca distintiva de “classes superiores”, e a erudição parece como estratégia de distinção social. (ROCHA, 2009).

Na Europa sob impacto da Revolução Industrial iniciou-se a valorização da cultura popular, no século XIX, com o movimento romântico que entendia que na cultura popular havia vestígios da memória dos primórdios da civilização. Nesse momento surge a predileção por viagens pitorescas a terras distantes, o interesse pela vida dos camponeses, a adoção do método colecionista, o número crescente de publicações a partir do interesse dos intelectuais sobre os hábitos, canções, lendas do povo (Burke,1989).

Um marco disso foi a criação do termo folk-lore pelo etnólogo inglês William John Thoms, em 1848. A palavra folclore foi adotada em substituição a termos como “antiguidades populares” e “literatura popular”, que designavam a prática, existente desde o século XV, de recolher as tradições preservadas pela transmissão oral entre os camponeses, identificando nelas uma “sabedoria tradicional do povo”. (Vilhena, 1997).

O folclore foi atrelado à ideia de “espírito do povo” e à teoria do evolucionismo cultural e social terminou servindo de base a ideologias nacionalistas. Desde então o termo folclore tornou sinônimo de cultura popular, embora nem toda cultura popular seja folclórica. Passou a ser entendido como expressão cultura “autêntica“ do povo (civilização, nação, etnia), e visto como cultura “estática” sob risco de extinção, por isso defendido como “patrimônio”. (ROCHA, 2009).

Com o tempo, sendo as práticas de folclore e cultura popular vinculadas aos grupos em posição subalterna na sociedade, inicialmente foram identificadas com os camponeses e depois com os pobres em geral, a população trabalhadora, os não-escolarizados e não-civilizados. Assim essas culturas ficaram historicamente marginalizadas.

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O conceito de patrimônio cultural imaterial no Brasil

O conceito de patrimônio cultural imaterial é amplo, dotado de forte viés antropológico, e abarca potencialmente expressões de todos os grupos e camadas sociais, sendo que

“Verifica-se no país a tendência ao seu entendimento e à sua aplicação aos ricos universos das culturas tradicionais populares e indígenas. Tal tendência encontra sua base de apoio em relevantes razões interligadas. Esses universos culturais abrigam circuitos de consumo, produção e difusão culturais organizados por meio de dinâmicas e lógicas próprias que diferem em muito dos demais circuitos consagrados de produção cultural e, ao mesmo tempo, a eles articulam-se importantes questões relativas ao desenvolvimento integrado e sustentável.Esses processos culturais têm, também, larga história. Comportando

inúmeras transformações e re-significações, e derivando seus sentidos sempre da atualização em contextos do presente, tais processos culturais podem evocar tanto a continuidade com o passado pré-colonial, como no caso indígena, como a formação dinâmica da chamada cultura popular e do folclore brasileiros configurados em especial desde o último quartel do século XVIII (ANDRADE, 1982).” (CAVALCANTI, 2008, p. 12).

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Culturas populares tradicionaise folclore no Brasil: patrimônio cultural público

As culturas populares tradicionais no Brasil podem ser entendidas como formas de cultura que surgiram no Brasil colonial e escravocrata. São manifestações que carregam traços das culturas tradicionais dos povos que formaram o Brasil (indígenas, africanos e europeus).

A partir do século XIX essas praticas passaram a ser estudadas, identificadas como “populares” e nomeadas “folclore”, “cultura popular”, “folguedos” ou “brincadeiras populares” e, sendo estas formas de expressão da religiosidade são chamadas de “catolicismo popular”.

Nos anos 20 o movimento do modernismo brasileiro impulsionou a discussão sobre a cultura nacional brasileira. Mário de Andrade, em 1936, elaborou o anteprojeto de proteção ao patrimônio artístico nacional, no qual aparece a ideia de que a música, a dança e as lendas tradicionais do Brasil deviam ser salvaguardadas como patrimônio imaterial do povo brasileiro.

A função de defesa e salvaguarda da cultura nacional foi institucionalizada em 1937 com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), no então Ministério da Educação e Saúde Pública. Atualmente, denominado Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é uma autarquia do Ministério da Cultura, que atua na proteção da cultura imaterial por meio do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI), criado em 2004. Nesse processo outras instituições foram sendo criadas: em 1946 foi criado o Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura (IBECC), ligado ao Ministério das Relações Exteriores, sendo instalada a Comissão Nacional do Folclore, voltada ao registro, estudo e difusão do folclore; em 1958 foi lançada a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, ligada ao então Ministério da Educação e Cultura; em 1975 é criado o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), para bens culturais não considerados pelos critérios do então SPHAN; em 1976 a Campanha é transformada em Instituto Nacional do Folclore, vinculado à Fundação Nacional de Arte (Funarte), que é transformado em Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) em 1997; em 1979 é criada a Fundação Nacional Pró-Memória para implementar política de preservação. (CAVALCANTI, 2008, p. 15-17).

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Conceito de música folclórica

O conceito de folkmusic foi disseminado a partir do nacionalismo europeu do século XIX na busca por certo ideal de “essencialismo” das raízes musicais regionais, nacionais e étnicas. Inicialmente era usado para identificar músicas produzidas nos ambientes rurais em oposição às músicas populares marcadas pelos ambientes urbanos, mas a partir da década de 1920 foi ampliado e passou a incluir também músicas representativas da classe trabalhadora urbana.

No final do século XX começou a ser usado para identificar músicas “neotradicionais”, que incorporam elementos da música contemporânea, buscando diferentes interações entre músicas tradicionais e folclóricas com os sons de músicas clássicas, religiosas e populares, com uso de instrumentos acústicos e elétricos. Já globalizado o gênero folkmusic passou a ser conhecido no mercado da música como “world music”.

Do ponto de vista da etnomusicologia é um gênero relacionado a práticas de festas folclóricas ou rituais específicos, como cantigas de crianças e músicas de trabalho – como, por exemplo, canções de plantio e colheita ou a música das rendeiras e lavadeiras, ou músicas de comunidades étnicas e raciais específicas, como as produzidas pelos índios guaranis, canções de tribos africanas, ou música judaica. Trata-se, portanto, de um conceito que articula os vieses sociológico e antropológico. (Grove Music Online, 2011). No Brasil são identificados como música folclórica da cultura popular tradicional: congos, maracatu, bumba-meu-boi, cavalo-marinho, coco, cacuriá, tambor de crioula, caboclinhos, ciranda, samba de roda, jongo, caxambu, batuque de umbigada, repente, frevo, além cantos ritualísticos de terreiro (candomblé) e manifestações da religiosidade do catolicismo popular como a folia de reis, ou de irmandades afro-brasileiras (por exemplo o Kuenda é um canto ritualístico para N. Sra. Do Rosário de uma comunidade fechada de Minas Gerais).

Do ponto de vista da indústria fonográfica, trata-se de um dos segmentos de menor interesse comercial, mas no Brasil muitos elementos sonoros dessa música aparecem plasmados a outros gêneros musicais, especialmente, na chamada música popular e contribuíram para composições de artistas como: Dorival Caymmi, Luíz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Vinícius de Moraes e Baden Powell, João Bosco e Aldir Blanc, Clara Nunes, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Edu Lobo, Chico César, Chico Science, entre outros. Aparecem também na música erudita nacional: Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, entre outros.

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A área da música folclórica:da prática ritualística à obra musical

Música+

Artes Dramáticas (Dança e Teatro)

Culturas populares tradicionais

MMúúsica sica folclfolclóóricarica

Cantos ritualísticos tradicionais >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Espetáculos / Performances

Conhecimento via memória >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Conhecimento via registros (escrito ou sonoro)

Atividade não profissional >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Atividade profissional

Transmissão oral-auditiva >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Partituras / apresentações / gravações / mídias

Prática coletiva / inter e transgeracional >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Execução individual / coletiva

Autoria indeterminada >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Autoria determinada

Uso particular em âmbito local/regional >>>>>>>>>>>>>>>>>> Consumo massivo / uso desterritorializado

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Elementos envolvidos na cadeia produtivade uma obra musical

Músicos (criação, composição, interpretação, execução da obra musical)Produtores e agentes artísticosIndústria de instrumentos musicaisIndústria de equipamentos musicaisIndústria fonográficaEstúdios de ensaio e gravaçãoEmpresas de locação de som e iluminação;Comércio de produtos musicais (distribuição) Radiodifusão e mídia impressa (divulgação)Tecnologias (edição e gravação de som)Espetáculos e shows (perfomances, execução)Formação acadêmicaFormação técnica e empresarialFormação de platéiasPolíticas públicas de fomento e incentivo à culturaDireitos autorais, Direitos Associados e Direitos sui generis (Domínio Público)Produção ilegal (via uso de tecnologias)Distribuição ilegal (pirataria)

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Indústria Fonográfica“Majors: grandes gravadoras que são, frequentemente, partes de conglomerados de comunicação de atuação múltipla;Indies: gravadoras independentes de pequeno ou médio porte.”

Divisão de trabalho: “Nova Ecologia do Mercado Fonográfico”Majors: promoção e distribuição maciça de um conjunto cada vez mais restrito de artistas, segmentos e produções – normalmente escolhidos entre aqueles que já provaram sua viabilidade comercial em indies;Indies: responsabilizam-se por grande parcela das atividades de produção e formação de novos artistas, atendimento a segmentos marginais e exploração de novos nichos de mercado;A divisão de trabalho e “Nova Ecologia do Mercado Fonográfico” : (Tecnologias de Produção e armazenamento musical; a distribuição, “Sistema Aberto” de produção)

Associações – entidades representativasABPD - Associação Brasiileira dos Produtores de DiscosABRAMUS - Associação Brasileira de Música e ArtesECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição IFPI - International Federation of Phonografic IndustryRIAA - Recording Industry Association of AmericaABMI - Associação Brasileira da Música Independente

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Culturas populares tradicionaise folclore: legislação nacional atual

A proteção da cultura imaterial do Brasil é instituída no pais pela Constituição Federal de 1988, que na Seção “Da Cultura” estabelece:

Art. 215 O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. §1. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional” .

Art. 216 Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de naturezamaterial e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadoresde referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadoresda sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I – as formas de expressão;II – os modos de criar, fazer e viver;III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinadosàs manifestações artístico-culturais;V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico.

§1. O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro por meio de registros, vigilâncias, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

Fonte: Brasil (1988)

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Culturas populares tradicionaise folclore: marcos legais

Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), instituído pela “Lei Rouanet”, Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, apóia ações de salvaguarda. Em seu escopo geral, tem, os seguintes objetivos:

1) captar e canalizar recursos para facilitar e democratizar o acesso às fontes de cultura;2) estimular a regionalização da produção cultural;3) preservar bens culturais materiais e imateriais. (CAVALCANTI, 2008, p. 25).

Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), instituído pelo Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, no qual compreende o Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro como “os saberes, os ofícios, as festas, os rituais, as expressões artísticas e lúdicas, que, integrados à vida dos diferentes grupos sociais, configuram-se como referências identitárias na visão dos próprios grupos que as praticam. [...]. institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, [...] e, com ele, o compromisso do Estado em inventariar, documentar, produzir conhecimento e apoiar a dinâmica dessas práticas socioculturais. Vem favorecer um amplo processo de conhecimento, comunicação, expressão de aspirações e reivindicações entre diversos grupos sociais. (CAVALCANTI, 2008, p. 12 e 18).

Os bens culturais de natureza imaterial estariam incluídos, ou contextualizados, nas seguintes categorias que constituem os distintos Livros do Registro:

1) Saberes: conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.2) Formas de expressão: manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.3) Celebrações: rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social.4) Lugares: mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas. (CAVALCANTI, 2008, p. 19).

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Culturas populares tradicionaise folclore: legislação internacional atual

UNESCO. Convenção Relativa a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, de 1972, ratificada pelo Decreto nº 80.978/1977.

UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, de 2003,ratificada pelo governo brasileiro por meio do Decreto nº 5.753/2006.

UNESCO. Recomendação sobre a Salvaguardada da Cultura Tradicional e Popular, de 1989.

UNESCO. Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 2005, ratificada pelo governo brasileiro pelo Decreto n.º 6177/2007.

Fonte: CAVALCANTI; FONSECA (2008)

Esse assunto também vem sendo discutido pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI (WIPO) que desde os anos de 1980 tem produzido documentos que discutem o problema da propriedade intelectual nas expressões do folclore. Entres os quais: Consolidated Analysis of the Legal Protection of Traditional Cultural Expressions/ Expressionsof Folklore, 2003; The Protection of Traditional Cultural Expression/ Expressions of Folklore: Revised Objectives and Principles, 2006.

Fonte: CAMP (2008)

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Política Nacional de Cultura atual:as diferentes dimensões da cultura

Artes populares, artes eruditas e indústrias criativas são colocadas num mesmo patamar de importância, merecendo igual atenção do Estado. [...] A promoção da cidadania cultural não se dáapenas no acesso e inclusão social por meio da cultura. Engloba os direitos culturais como um todo. [...] Sob o ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três formas: (i) como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas; (ii) como elemento estratégico da nova economia (ou economia do conhecimento); e (iii) como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a identidade e a diversidade cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e desenvolvimento humano. (BRASIL, 2009, p. 9-11).

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Culturas populares tradicionaise folclore: políticas públicas nacionais

Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI), o Registro Bens Culturais de Natureza Imaterial, e o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). Destaque ao inventário Celebrações e Saberes da Cultura Popular, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, projeto iniciado em 2001, e o Tesauro de Folclore e Cultura Popular Brasileira do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, do IPHAN/MinC, publicado em 2004.

Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania - Cultura Viva, da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (SCC/MinC), criado em 2004, com o objetivo de ampliar e garantir o acesso aos meios de fruição, produção e difusão cultural. Atua por meio de uma rede de Pontos de Cultura, e apóia projetos que incentivam a transmissão de saberes tradicionais, e apóia as condições materiais de existência de bens culturais imateriais. (CAVALCANTI, 2008, p. 27-28). Os pontos de cultura são articulados por um Pontão de Cultura temático, que trabalha para capacitar produtores, gestores, artistas na gestão compartilhada e difundir produtos.

Programa Identidade e Diversidade Cultural: Brasil Plural, da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, criado em 2006.

Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, instituída em 2007.

Programa de Promoção das Culturas Populares, instituído em 2007.

Realização de Encontros, Seminários e Conferências para as Culturas Populares (2006-2010).

Plano Nacional de Cultura – PNC, Lei n.º 12.343, de 2 de dezembro de 2010, com duração de 10 (dez) anos. Mesma lei cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC e integra o Plano Setorial para as Culturas Populares e o Plano Setorial para as Culturas Indígenas.

Observação: Há políticas de salvaguarda de patrimônio cultural imaterial em diversos países, entre os quais: Japão, Tailândia, Filipinas, Romênia, Bolívia, Venezuela, França, e mais recentemente, na China.

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Música+

Artes Dramáticas (Dança e Teatro)

Publicações especializadas

impressas ou não (livros, artigos,

discos, fitas, CDs, filmes, etc.)

Comunidades ou grupos

Culturas populares tradicionais

Coleções/ Acervos públicos ou privados: museus, bibliotecas, arquivos, centros de

doc. e pesquisa

Registros audiviovisuaisproduzidos em

pesquisas (Música, Antropologia,

História)

Universo abrangido e fontes potenciais da informação em Música folclórica

MMúúsica sica folclfolclóóricarica

Divulgação via mídias em geral,

festivais de música folclórica e

apresentações

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Instituições representativas da área

As comunidades e grupos que preservam práticas das culturas populares tradicionais e do folclore são quem representam mais propriamente o que seria a área da música folclórica.

Contudo, em termos mais amplos, podemos citar:

Ministério da Cultura, por meio de suas secretarias e órgãos, em especial o IPHAN e o CNFCP;

UNESCO;

Instituições da sociedade civil voltadas à preservação da memória e à promoção da cultura popular e do folclore em níveis local, regional ou nacional: associações culturais estruturadas como Organização Não-Governamental (ONG) e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Algumas dessas nos últimos anos se tornaram Pontos de Cultura.

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Principais Serviços de Informaçãode música folclórica

De modo geral, pode-se dizer que existem poucos serviços de informação organizados nessa área em todo o mundo. As poucas exceções de material fonográfico bem organizado são realizações de laboratórios, museus, centros de documentação ou de pesquisadores independentes. Na maioria das vezes o que encontra está registrado em discos e CDs publicados como resultados de pesquisas realizadas, o que limita o acesso a algumas informações básicas como datas, local dos registros e nomes dos realizadores.

Entre os SI identificados descatam-se:Smithsonian Folkways: recurso online do Smithsonian Institution, museu nacional dos Estados Unidos. Fornece acesso a dezenas de milhares de gravações de áudio e centenas de recursos de vídeo do National Museum's Ralph Rinzler Folklife (que inclui Smithsonian Folkways) e conteúdos de arquivos de parceiros, incluindo a International Library of African Music, da Willard Rhodes University, África do Sul; o Archives and Research Centre for Ethnomusicology (ARCE), do American Institute for Indian Studies, e o Aga Khan Music Initiative for Central Asia, da Ásia Central.

Disponível em: http://www.folkways.si.edu/index.aspx

A maior base de dados nacional de música folclórica disponível na Internet é da Finlândia. Compilada pela Universidade de Jyväskylä, contém 9.000 temas musicais folclóricos para ver e ouvir. Destina-se a qualquer interessado na tradição musical finlandesa.

Disponível em: http://esavelmat.jyu.fi//index_en.html

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Principais Serviços de Informaçãode música folclórica no Brasil

No Brasil repete-se a situação de escassez de serviços de informação organizados na área de música folclórica, embora existam registros em instituições como os Museus da Imagem e do Som (MIS) espalhados por diversas cidades do país.

Entre os SI que possuem acervo de música folclórica no Brasil destacam-se:Discoteca Oneyda Alvarenga, criada em 1935 com o nome de Discoteca Pública Municipal de São Paulo, por Mário de Andrade. Desde 1982 sua sede é Centro Cultural São Paulo e, a partir de 1987, passou a receber o nome atual. Entre outros registros de música folclórica tem a Coleção da Missão de Pesquisas Folclóricas, de 1938, missão organizada por Mário de Andrade que percorreu o Norte e o Nordeste do Brasil para registrar suas manifestações culturais e folclóricas, em especial de dança e música. Disponível em: http://www.centrocultural.sp.gov.br/missao_p.htm

http://www.centrocultural.sp.gov.br/cg/missao_alfabetica.htm

Arquivo do IEB-USP, fundos pessoais de Mário de Andrade, Camargo GuarnieriDisponível em: http://www.ieb.usp.br/menu.asp?categ=1

Biblioteca do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) , acervo sonoro-visual. Destacam-se as coleções “A arte da cantoria” e documentação registrada por folcloristas.Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=43

A Biblioteca Nacional possui o maior acervo de música da América Latina, com aproximadamente 220 mil peças, abrangendo: música erudita e popular

Disponível em: http://www.bn.br/site/pages/catalogos/musica/musica.htm

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Caracterização da instituição selecionada

A instituição selecionada, uma entidade da sociedade civil, é uma organização não-governamental que atua na área das culturas populares tradicionais produzindo pesquisas, documentos impressos, sonoros e audiovisuais, obras fonográficas e documentários sobre as diversas manifestações da cultura popular tradicional brasileira.

Trata-se de um centro de pesquisa, documentação e divulgação das culturas populares tradicionais brasileiras de música, dança e teatro. O foco do trabalho dessa entidade é a música produzida em manifestações localizadas da cultura afro-brasileira de matriz cultural Bantu, bastante difundida no sudeste do Brasil, especialmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo.

A maior parte de seu acervo é composta de documentos sonoros produzidos por pesquisadores (etnomusicólogos e antropólogos) ligados à entidade, por meio de gravações de campo. Trata-se de um acervo considerado importante para as pesquisas acadêmicas em cultura popular tradicional e música folclórica. Segundo o diretor dessa instituição, esse acervo é “o coração das atividades que realizam”.

Realiza também atividades educativas nas áreas de promoção da cultura popular tradicional e formação de público por meio de projetos especiais, oficinas de música e danças tradicionais, visitas monitoradas (estudantes). Esses projetos, via de regra, contam com o apoio de órgãos públicos de governos (federal, estadual e municipal) e empresas públicas, como a Petrobrás. A entidade mantém uma equipe de profissionais qualificados para produção de seus projetos culturais e concorre regularmente em editais privados e públicos em nível federal, estadual e municipal, por meio de Leis e Programas de Incentivo à Cultura. Já obteve financiamento para seus projetos por meio da Lei Rouanet do Governo Federal; por meio do Programa de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de São Paulo e por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Lei Mendonça. Já realizou parceria com o Itaú Cultural e a TV Cultura.

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Caracterização da instituição selecionada

A instituição foi criada em 1988 por um grupo de universitários (antropólogos, etnomusicólogos, músicos e sociólogos) que produzia encontros e festas voltadas ao culto às tradições e aos mestres da cultura popular brasileira, sobretudo de manifestações que envolviam música e dança. Pesquisavam e buscavam recriar essas manifestações para se apresentarem a um seleto público de classe média, também, formado por universitários.

A partir de 1992 este grupo dedicou-se ao registro de músicas-danças da tradição oral brasileira, recolhidas em viagens de campo programadas em função do calendário das festas populares, buscando aproximar-se de mestres e grupos tradicionais em busca de orientação para suas práticas de canto, dança, percussão, improvisação poética, artesanato de instrumentos musicais, confecção de figurinos e adereços.

Tornou-se “um coletivo de práticas e estudos das tradições das culturas populares brasileiras”, cada vez mais buscando metodologias adequadas e investindo em equipamentos de tecnologia digital para captar imagens e sons. Em 1998, para ampliar o acesso aos registros em áudio e vídeo dos trabalhos de campo o grupo tornou-se juridicamente uma ONG, e seu acervo passou a ser referência para a realização de todos os projetos da entidade. Somente em 2000 houve a abertura do Acervo da entidade para consulta no local.

A entidade está instalada desde 2000 num prédio de três andares. No térreo há a biblioteca, a reserva técnica climatizada, a sala de trabalho e processamento arquivístico do Acervo e as salas de produção e administração. No subsolo há um auditório em forma de teatro de arena, com capacidade para 100 pessoas Este piso abriga, ainda, uma ilha de edição de vídeo, uma sala de gravação e a área técnica do Estúdio, que é todo equipado. No primeiro andar há um outro auditório, com capacidade para 80 pessoas, onde ocorrem gravações em áudio e concertos de música.

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Linhas de Atuação da instituição

1. Educação

Objetivos: a inclusão da cultura popular no ensino formal; oferecer material para apoio didático sobre a cultura popular tradicional; contribuir para a implementação da Lei 10.639/2003, com ênfase na cultura banta. Compreende planejamento de produtos sobre cultura popular tradicional (CDs, DVDs, livros, etc.) como material de apoio ao professor, buscando suprir uma carência existente na área educacional sobre este tema; a realização de cursos relacionados àhistória e cultura africana e afro-brasileira.

2. Comunidades

Objetivos: capacitar comunidades herdeiras da cultura popular tradicional para registrar, refletir e divulgar sua herança cultural, visando a autonomia das mesmas; auxiliar a superar a sua condição de exclusão sócio-cultural a partir da inclusão da cultura popular tradicional naspolíticas públicas da área; fomentar e promover o diálogo entre as diversas comunidades; levar às comunidades apresentações de diferentes universos sócio-culturais (cultura popular tradicional, urbana, erudita) apartados do mercado; divulgar a produção cultural das comunidades em escolas, em outras comunidades e junto ao público em geral; capacitar as comunidades ao uso e crítica dos meios de comunicação, ao conhecimento claro acerca de direitos autorais e conexos e à conservação de registros bibliográficos e audiovisuais com o objetivo de fortalecer a criação de centros de memória locais, onde jovens e mestres, a partir da reflexão acerca da memória, tornem-se responsáveis pelo auto-registro e gerência desses centros.

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Linhas de Atuação da instituição

3. Sociedade/Difusão Social

Objetivos: divulgar a cultura popular tradicional junto a todos os setores da sociedade; estruturar ações específicas junto a formadores de opinião; fomentar ações de formação de platéia para música popular tradicional, popular urbana e erudita ausentes do circuito midiático; promover parcerias com outras instituições, através de leis de incentivo e editais públicos e privados de apoio à cultura, para realização de produtos culturais; constitui-se como pólo de apoio e difusão de manifestações de cultura popular tradicional, promovendo apresentações de cultura popular tradicional e urbana, além de concertos, oficinas, cursos e palestras.

4. Pesquisa/Memória

Objetivos: fomentar atividades sistemáticas de pesquisa, registro, reflexão e divulgação da cultura popular tradicional brasileira. A documentação das práticas artísticas das comunidades produtoras de cultura popular tradicional e a conservação desses registros constituem duas ações essenciais para desenvolver uma política de relacionamento com as comunidades que possa resultar na preservação, difusão e no reconhecimento de sua produção cultural.

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Organização da instituição

Conselhos:Conselho Diretivo: 01 presidente, 01 secretária, 01 tesoureiro, 01 suplente Conselho Fiscal: 04 pessoas e 01 suplente

Equipe

Direção: 01 pessoa (função ocupada pelo presidente)

Setores:

Acervo: 01 coordenação (o diretor e presidente), 01 técnico (função ocupada tesoureiro)

Eventos: 01 coordenação

Selo (marca da instituição) - CDs, documentários em vídeo, livros: 01 coordenação vendas/distribuição

Estúdio: 01 coordenação (mesmo pessoa que ocupa a função de coordenação de Eventos), 01 técnico, 01 assistente técnico

Administração: 01 técnico, 01 assistente administrativa/recepção, 01 serviços gerais

Captação de recursos: 01 coordenação

Comunicação: 01 coordenação (mesma pessoa que ocupa a função de coordenação de Venda/distribuição)

Consultoria em gestão de projetos culturais01 Empresa de consultoria

Contabilidade/consultoria administrativa01 Empresa de Contabilidade

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O SI da instituição

O Acervo da instituição é formado por registros sonoros, audiovisuais e fotografias das manifestações populares documentadas ao longo de 20 anos em centenas de comunidades.

Possui 1.800 horas transcritas e indexadas de som digital, 10.000 fotografias e 900 horas de vídeo, mantidos em reserva técnica climatizada. Soma-se a esse material, coletado em 140 localidades brasileiras, uma discoteca, uma videoteca e uma biblioteca com cerca de 3.700 títulos, voltada para os estudos afro-brasileiros e africanos, sociologia, antropologia, folclore, música, religião, arte popular e temas afins.

Seu objetivo tornar-se um centro de referência na área de documentação da cultura popular brasileira. Por isso também recebe doações e depósitos de documentos em diferentes suportes – fitas e discos de áudio e vídeo, filmes, cromos, negativos e fotografias em papel, livros, LPs, CDs, cartazes, teses, objetos etc. – nas áreas de antropologia, sociologia, folclore, etnomusicologia, música, dança, literatura, artes e história. Particularmente interessam á instituição documentos e obras relativos à cultura popular brasileira.

No site da instituição consta um formulário on-line para agendamento de consultas, com campos de dados pessoais e dados sobre a pesquisa e o material solicitado. Também há a possibilidade de acesso ao banco de dados, WinISIS, com a possibilidade de busca nos seguintes categorias: trabalhos de campo, livros, audio, vídeo, fotos, entrevistas.

No mesmo site há acesso a textos assinados por autores ligados à instituição; há acesso a materiais de apoio a professores, e informações sobre algumas comunidades selecionadas por “laços de amizade e parceria”.

O site atende aos interesses mais amplos da instituição, que tem também aberto seus espaços a concertos de música erudita. Funciona como canal de comunicação e informação sobre serviços e produtos da instituição, inclui ainda blog, informativo, agenda cultural da instituição, divulgação de curso, do estúdio e do catálogos de vendas dos produtos com o selo da entidade.

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Principais concorrentes da instituição

Abaçaí Cultura e Arte, uma OSCIP que pelo processo de terceirização gerencia atualmente toda a atividade cultural do Estado de São Paulo, entre as quais as manisfestações do folclore paulista. É responsável pelo Mapa Cultural Paulista e pela realização do programa Revelando São Paulo, que está em sua 10ª. edição. Disponível em: http://www.abacai.org.br/

Fórum Permanente de Cultura Popular (FCP), uma ONG de caráter nacional, criada em 2007, mas que em parceria com o Ministério da Cultura realizou o Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares (SNPPC), em 2005 e em 2006. Esta entidade se apoia ainda em uma Cooperativa de Cultura Popular destinada a abrir o mercado de trabalho para os grupos recriadores das culturas populares. Trata-se de uma rede de fóruns com entidades organizadas em nível municipal ou estadual.

Pode-se dizer que os Pontos de Cultura, pelo menos aqueles ligados às tradições populares, também são concorrentes dessa instituição pois estimulam a gestão comunitária da organização da cultura popular que produzem, diminuindo o papel de intermediários. O próprio diretor da instituição reconhece isso, mas não como um problema, pois estão entre os objetivos da entidade o fortalecimento das comunidades pela cultura.

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Referências

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