Upload
nguyentuong
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
SIDERURGIA
1 INTRODUÇÃO
A siderurgia está dentro da ciência e tecologia denominada de metalurgia.
A metalurgia é a arte e a ciência da produção de metais e ligas metálicas com a forma e
com as propriedades convenientes a sua utilização prática.
Na história Antiga encontramos a importância dessa arte-ciência, pois encontramos a
denominação do desenvolvimento cronológico da sociedade de acordo com os descobrimentos
relacionados à metalurgia:
Idade da Pedra → Idade do Bronze → Idade do Ferro
A moderna metalurgia é uma ciência aplicada e coerente baseada na clara compreensão
da estrutura e das propriedades dos metais e ligas. O desenvolvimento dessa ciência propiciou a
produção de novos metais e ligas para motores a jato, reatores nucleares, circuitos eletrônicos,
equipamentos sofisticados, próteses humanas.
A metalurgia pode ser dividida de acordo com o enfoque de estudo:
a) Metalurgia Mecânica: está relacionada aos estudos de resistência, plasticidade,
tenacidade com relação a trabalhos mecânicos de prensagem, estampagem, laminação e forjagem
sobre o material metálico.
b) Metalurgia Física: está relacionada com os estudos envolvendo a microestrutura
(deslocamentos, defeitos, recristalização).
c) Metalurgia Química: estuda as propriedades químicas dos metais incluindo a
combinação de diferentes metais na formação de ligas.
Ela se ocupa das transformações químicas de oxidação e redução e está fundamentada na
termodinâmica. A metalurgia extrativa é um processo de redução química. Esse processo é
termodinamicamente não espontâneo, uma vez que as formas mais estáveis de se encontrar os
metais na natureza são como óxidos, sulfetos e carbonatos.
Há mais de 5000 anos o processo era a denominada fusão redutora.
O bronze (cobre e estanho) e o latão (cobre e zinco) eram obtidos por esse processo.
Muitos defendem a hipótese de que o homem descobriu o ferro no Período Neolítico (Idade da
Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Ele teria surgido por acaso, quando pedras de
minério de ferro usadas para proteger uma fogueira, após aquecidas, se transformaram em
bolinhas brilhantes. O fenômeno, hoje, é facilmente explicável: o calor da fogueira havia
derretido e quebrado as pedras. No início era extraído dos meteoros e por isso o ferro era
considerado uma dádiva dos Deuses. Aos poucos, o ferro passou a ser usado com mais
freqüência, a partir do momento em que se descobriu como o extrair de seu minério. A
exploração regular de jazidas começou em torno de 1.500 a.C., provavelmente no Oriente
2
Médio, de onde o metal teria sido importado por assírios e fenícios. Do primeiro milênio da era
cristã em diante, o ferro difundiu-se por toda bacia do Mediterrâneo.
Os minérios de ferro são fáceis de reduzir, mas o seu elevado ponto de fusão impedia de
obtê-lo no estado líquido. Eles obtinham uma massa porosa e pastosa de ferro misturada com
escória (óxidos de silicatos não reduzidos, vidros). Essa massa era compactada sendo batida ou
forjada (ferro forjado).
FIGURA 1: Fornos primitivos usados na redução do minério de ferro, pelo emprego de
carvão vegetal como combustível.
Nesses fornos, o processo era de redução direta:
C + O2 → CO2 CO2 + C → CO
CO + FeXOY → Fe + CO2
O formo original evoluiu para o alto-forno onde um jato de ar era dirigido para a zona de
altas temperaturas situada acima da soleira, ao mesmo tempo que o minério e o carvão de
madeira desciam por uma longa cuba localizada na parte superior da instalação.
No século XIV conseguiram temperaturas suficientemente elevadas para obter ferro
líquido. A gusa líquida obtida continha aproximadamente 4 % de carbono dissolvido. A presença
do carbono diminui o ponto de fuso ferro e era possível a sua fundição em moldes. O ferro
fundido era frágil devido à presença do carbono e de outras impurezas, isso impedia o seu uso
para os mesmos fins do ferro forjado.
3
No século XVIII, Cort resolveu o problema tornando a gusa mais dúctil pelo processo
denominado pudelagem. Esse processo foi desenvolvido na Inglaterra onde havia muita hulha
(carvão mineral), que primeiro era transformada em coque. Nessa técnica, o ferro fundido é
primeiro levado ao estado líquido, sem estar em contacto com a hulha cuja combustão fornece o
calor necessário. O ferro líquido (fundido) é oxidado por uma escória ferruginosa, que,
queimando as impurezas, dá ao ferro um aspecto pastoso.
Aço ferramenta com teor de carbono em torno de 1%, também foi obtido muito cedo pelo
processo de cementação (processo em que o ferro esponjoso forjado é aquecido em carvão) e
podia ser endurecido por têmpera (aquecimento ao rubro e água fria). Porém, somente no século
XIX foi obtido o aço macio (com ~ 0,25 % de carbono) por um custo que permitia o uso em
construções. O processo é denominado de convertedor e foi desenvolvido por Bessemer. Mais
tarde surgiu o processo Siemens-Martin de elaboração do aço.
A eletricidade desempenha um papel importante em muitos processos modernos de
extração.
Em 1886, o processo Hall-Héroult usado para a produção comercial do alumínio teve um
impacto importante na metalurgia. Esse é um processo elétrico de refinação da bauxita (minério
de alumínio). Outros metais que são produzidos pelo emprego da eletricidade são magnésio,
sódio e cálcio, sendo esses utilizados na produção de titânio, zircônio, urânio e nióbio, os ditos
metais modernos.
2 OBTENÇÃO DO FERRO E DO AÇO
Os diversos ferros e aços são formas de ferro metálico que diferem entre si pelos seus
teores de carbono e outros elementos de liga e também pelo modo como são fabricados. O
carbono é o componente de liga mais importante porque é o principal responsável pela imensa
gama de resistências e de outras propriedades úteis nos aços.
O aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão (transformado em
coque) e carbonato de cálcio (fundente). A fabricação do aço pode ser dividida em quatro etapas:
preparação da carga, redução, refino e laminação.
A produção do ferro gusa a partir do minério se dá pela redução química do óxido nele
contido com o carbono. O equipamento usado é um forno de formato cilíndrico vertical e de
grande altura, por isso chamado de alto forno.
O alto forno é inicialmente carregado com o coque e depois aceso. Depois de
Aproximadamente 24 horas estará quente suficiente para receber camadas sucessivas de:
4
• Minério ;
• Coque (C);
• Substância Fundente (CaCO3)
FIGURA 2: Esquema da produção de ferro gusa.
O equipamento acessório e auxiliar do tem como objetivo limpar os gases que saem do alto-
forno, bem como pré-aquecer o ar que é introduzido no forno através das ventaneiras.
2.1 Processamento do minério para o alto-forno
Os principais minérios de ferro são:
- hematita, Fe2O3, com 69,9% Fe.
- magnetita, Fe3O4, com 72,4% Fe.
- limonita (hematita hidratada) 2FeO3.3H2O, com 48,3% Fe.
- siderita (FeCO3)
5
O minério de ferro é composto principalmente por ferro e ganga, que são impurezas. Ele é
classificado de acordo com o seu teor de ferro em:
• Rico → 60 a 70% de Fe
• Médio → 50-60% de Fe
• Pobre → <50%
O minério de ferro deve passar por uma série de operações para adequa-lo a utilização nos
altos-fornos. Aoperações compreendem: britamento, peneiramento, mistura, moagem,
concentração, classificação e aglomeração. A aglomeração tem o objetivo de melhorar a
permebilidade da carga no alto-forno, reduzir o consumo de carvão e acelerar o processo de
redução. Dentre os processos de aglomeração estão a:
a) Sinterização: Consiste em aglomerar finos de minério de ferro numa mistura com
aproximadamente 5% de um carvão finamente dividido ou coque. A carga é aquecida por
intermédio de queimadores e com o auxílio de fluxo de ar. A temperatura que se desenvolve
durante o processo atinge 1.300 a 1500oC, promovendo a ligação das partículas finas do minério,
resultando num produto uniforme e poroso chamado sínter.
b) Pelotização: Neste processo é produzido inicialmente “bolas” ou “pelotas” cruas de
finos de minério de alto teor ou de minério concentrado. Adiciona-se cerca de 10% de água e,
geralmente, um aglomerante de natureza inorgânica. Uma vez obtidas as pelotas cruas, estas são
secas, pré-aquecidas e então queimadas.
2.2 Uso do carvão
O material combustível que apresenta melhor desempenho é o coque. O coque é
mecanicamente resistente, leve e poroso. Ele apresenta vantagens econômicas com relação a sua
obtenção e vantagens em termos de meio ambiente, ambas em relação ao carvão de madeira. A
hulha apresenta a desvantagem de contaminar o ferro com enxofre (elemento presente na sua
composição) que torna o material frágil.
Coqueria
O coque é o produto sólido da destilação de uma mistura de carvões realizada em torno
de 1100ºC em fornos denominados de coqueria. A destilação dá origem aos produtos
carboquímicos (gases, vapores condensáveis, benzeno, alcatrão, etc.) que são comercializados
pelas siderúrgicas. O gás de coqueria é um importante insumo para a própria usina. O processo
6
de coqueificação consiste no aquecimento do carvão na ausência de ar, levando à redução do
carbono.
Carvão (material orgânico) → C + gases + benzeno + alcatrão + outros
Função do coque no alto-forno:
- Fornecer calor necessário às necessidades técnicas do processo;
- Produzir os gases redutores;
- Carburar o ferro gusa.
2.3 Fundente e outras matérias-primas
O principal fundente é o carbonato de cálcio, CaCO3. A função do fundente é combinar-
se com as impurezas (ganga) do minério e com as cinzas do carvão, formando as chamadas
“escórias”.
Na indústria siderúrgica também é utilizada a sucata de aço, o minério de manganês as
ferro-ligas de silício, cromo, vanádio, molibdênio, níquel, tungstênio, titânio, etc.
2.4 Reações no alto-forno
As temperaturas mais elevadas ocorrem nas proximidades das ventaneiras: da ordem de
1.800 a 2000oC. Nesta região, verifica-se a reação:
C + O2 →→→→ CO2 Reação 1
Originando-se grande quantidade de calor.
Este CO2, ao entrar em contato com o coque incandescente, decompõe-se:
CO2 + C →→→→ 2CO Reação 2
O CO originado é o agente redutor.
A carga introduzida pelo topo, ao entrar em contato com a corrente gasosa ascendente sofre
uma secagem.
A decomposição dos carbonatos, contidos no calcário dá-se a aproximadamente 800oC,
conforme as seguintes reações:
CaCO3 →→→→ CaO + CO2 Reação 3
MgCO3 →→→→ MgO + CO2 Reação 4
Além do CO como agente redutor, o próprio carbono do carvão atua nesse sentido.
7
FIGURA 2: Seção transversal de um alto-forno mostrando as reações químicas em cada
região (à esquerda) e as principais zonas (à direita).
Reações químicas de redução do minério de ferro:
3Fe2O3 + CO →→→→ 2Fe3O4 + CO2 Reação 5
Fe3O4 + CO →→→→ 3FeO + CO2 Reação 6
ou
Fe2O3 + 3C →→→→ 2Fe + 3CO Reação 7
Na região que corresponde ao topo da rampa (região acima do cadinho onde o ferro líquido
e a escória são depositados), inicia-se a formação da escória, pela combinação da cal (CaO) com
Minério
Coque
Zona
Granular
Zona
de Amolecimento
e Fusão
Zona
de Coque Ativa
Camada
em Amolecimento
e Fusão
Zona
de Combustão
Cadinho
Zona de
Gotejamento
Zona
de Coque
Estagnado
8
a ganga (impurezas do minério de ferro) e uma certa quantidade de óxido de ferro e manganês.
Essa escória formada, juntamente com o ferro, começa a gotejar através dos interstícios (espaços
vazios) da carga ainda sólida, para depositar-se no cadinho.
Outras reações:
Mn3O4 + C →→→→ 3MnO + CO Reação 8
MnO + C →→→→ Mn + CO Reação 9
SiO2 + 2C →→→→ Si + 2CO Reação 10
P2O5 + 5C →→→→ 2P + 5CO Reação 11
FeS + CaO + C →→→→ CaS + Fe + CO Reação 12
As últimas reações são representadas pelas equações:
3Fe + C →→→→ Fe3C Reação 13
3Fe + 2CO →→→→ Fe3C + CO2 Reação 14
A escória e o gusa líquido separam-se por gravidade no cadinho (reservatório na parte
inferior), formando duas camadas, isto é, a inferior metálica e a superior de escória. Os dois
produtos são escoados do cadinho em níveis diferentes, ver a Figura 3.
O ferro fundido ou Ferro gusa que sai do forno é recolhido em moldes, e parte para a
próxima fase do processo ou é solidificado. O Ferro Gusa contém aproximadamente de 2% a 5%
de C, 2% de Si, e em menor proporção, fósforo e enxofre proveniente do Coque.
A escória tem a seguinte composição aproximada:
SiO2 - 29 a 38%
Al2O3 - 10 a 22%
CaO + MgO - 44 a 48%
FeO + MnO - 1 a 3%
CaS - 3 a 4%
A escória pode ser aproveitada de diversas maneiras. Um dos principais usos é na indústria
de cimento.
O gás de alto-forno é outro subproduto importante devido ao seu alto poder calorífico. Ele é
utilizado na própria usina siderúrgica. A sua composição aproximada é:
CO2 - 13%
CO - 27%
H2 - 3%
N2 - 57%
9
Referências Bibliográficas
CARVALHO, Geraldo C de; SOUZA, Celso L de.QUÍMICA. Volume Único. Ed.
Scipione,2005.
COTTRELL, A.H, Introdução à Metalurgia. 3ª Ed. Fund. Calouste:Lisboa,1976.
Manual de Siderurgia.
http://www.youtube.com/watch?v=XB8Ajxxm5SY.
http://www.youtube.com/watch?v=UtMy4ZY3jgc.
www.minitecnologias.com.br
www.ibs.org.br/siderurgia_usos_produção.
ecen.com/eee20/emiscar2.htm .