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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica PEDRO AUGUSTO LANZA DE PAULA Simulação Multifísica do Processo de Têmpera Acoplando as Análises Térmica, Microestrutural e Eletromagnética. CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

PEDRO AUGUSTO LANZA DE PAULA

Simulação Multifísica do Processo de

Têmpera Acoplando as Análises Térmica,

Microestrutural e Eletromagnética.

CAMPINAS

2017

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PEDRO AUGUSTO LANZA DE PAULA

Simulação Multifísica do Processo de

Têmpera Acoplando as Análises Térmica,

Microestrutural e Eletromagnética.

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de

Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Mecânica, na Área de Mecânica dos Sólidos e

Projeto Mecânico.

Orientador: Prof. Dr. Renato Pavanello

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO PEDRO AUGUSTO LANZA DE PAULA,

E ORIENTADA PELO PROF. DR. RENATO

PAVANELLO.

CAMPINAS

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2017

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098

D44s

de Paula, Pedro Augusto Lanza, 1991-

Simulação multifísica do processo de têmpera acoplando as análises térmica,

microestrutural e eletromagnética. / Pedro Augusto Lanza de Paula. –

Campinas, SP : [s.n.], 2017.

Orientador: Renato Pavanello.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Engenharia Mecânica.

1. Indução magnética. 2. Aquecimento. 3. Aço - Têmpera. 4. Método dos

elementos finitos. 5. Microestrutura - Simulação por computador. 6. Simulação

multifísica. I. Pavanello, Renato, 1959-. II. Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Multiphysics simulation of quenching process coupling

electromagnetic, thermal and microstructural analysis.

Palavras-chave em inglês:

Magnetic induction

Heating

heating

Steel - Tempering

Finite element method

Microstructure - Computer simulation

Multiphysics simulation

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos e Projeto Mecânico

Titulação: Mestre em Engenharia Mecânica

Banca examinadora:

Renato Pavanello [Orientador]

Pablo Siqueira Meirelles

Walter Jesus Paucar Casas

Data de defesa: 28-08-2017

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE MECÂNICA COMPUTACIONAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

Simulação Multifísica do Processo de

Têmpera Acoplando as Análises Térmica,

Microestrutural e Eletromagnética.

Autor: Pedro Augusto Lanza de Paula

Orientador: Prof. Dr. Renato Pavanello

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Renato Pavanello

DMC/FEM/UNICAMP

Prof. Dr. Pablo Siqueira Meirelles

DMC/FEM/UNICAMP

Prof. Dr. Walter Jesus Paucar Casas

DEMEC/UFRGS

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de

vida acadêmica do aluno.

Campinas, 28 de Agosto de 2017.

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Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser terminado sem o auxílio de diversas pessoas às quais

presto minha homenagem:

Ao meu orientador, Prof. Dr. Renato Pavanello, pelo auxílio, supervisão e apoio.

Aos funcionários da ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda., em especial ao

Wiliam Tean Su e ao Alex de Souza Rodrigues, pelo auxílio.

À ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda. pelo apoio financeiro.

À minha namorada, Carla, pelo amor, apoio, paciência e compreensão.

À minha família pelo suporte e incentivo durante toda minha formação acadêmica.

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Resumo

Componentes sujeitos a carregamentos cíclicos, tais como partes de um motor à

combustão interna, são frequentemente submetidos ao processo de têmpera de modo a

melhorar as propriedades mecânicas e prevenir falhas por fadiga e desgaste em serviço. É

importante que tais componentes possuam uma camada superficial de alta dureza e com

tensões residuais compressivas, aumentando assim a resistência à fadiga e ao desgaste, e um

núcleo tenaz, com alta capacidade em absorver impactos. Neste trabalho, um método de

simulação multifísica do processo de têmpera utilizando o Método dos Elementos Finitos é

proposto. O método de simulação proposto inclui dois estágios: aquecimento e resfriamento.

No primeiro, o componente mecânico, inicialmente a temperatura ambiente, é aquecido por

indução eletromagnética, calculada utilizando as equações de Maxwell para o caso

harmônico, até acima da temperatura de austenitização do aço. No segundo estágio, o

componente é resfriado por imersão, considerando um modelo clássico de convecção e

condução. A microestrutura resultante é calculada usando o modelo de Johnson-Mehl-

Avrami-Kolmogorov e a regra da aditividade de Sheil, para as transformações com caráter

difusional, enquanto a transformação martensítica é calculada utilizando a equação de

Koistinen-Marburguer. A simulação leva em consideração a variação das propriedades

mecânicas em função da temperatura e da microestrutura, enquanto as propriedades

eletromagnéticas são funções da temperatura e da intensidade do campo magnético

(permeabilidade magnética). Como resultado, a distribuição da microestrutura e o perfil de

dureza pós-têmpera são estimados. A implementação é feita em linguagem APDL, usando

como base as rotinas do programa ANSYS. É feita uma análise de influência dos parâmetros

do processo sobre a espessura da camada endurecida e sobre a potência total absorvida. A

metodologia foi aplicada em condições semelhantes às reais de um virabrequim fabricado

pela ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda. O modelo foi validado a partir de

resultados encontrados na literatura para partes do procedimento de simulação. A simulação

integrada do processo, tal como mostrada neste trabalho, não foi encontrada em outras

referências, tratando-se de uma contribuição inovadora.

Palavras Chave: têmpera por indução, JMAK, aquecimento, concentrador de fluxo

magnético, dureza, elementos finitos.

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Abstract

Components subjected to cyclic loads, such as parts of internal combustion engine, are

often submitted to quenching process in order to improve its mechanical properties and

prevent the fatigue and wear fail in service. It is important that such components have a high

hardness surface layer with compressive residual stress, thereby increasing the fatigue and

wear resistance, and a tenacious core with high capacity to absorb impacts. In this work, a

method of multiphysics simulation of quenching process using the finite element method is

proposed. The proposed simulation method includes two stages: heating and cooling. At first,

the mechanical component, initially at room temperature, is heated by electromagnetic

induction, calculated using the Maxwell equations for the harmonic case, up to austenitizing

temperature of steel. In the second stage, the component is cooled by immersion, whereas a

classic model convection and conduction. The resulting microstructure is calculated using the

Johnson-Mehl-Avrami-Kolmogorov model and the Sheil’s Additivity Rule, for

transformations with diffusive character, while the martensitic transformation is calculated

using the Koistinen-Marburguer equation. The simulation takes into account the variation of

mechanical properties as a function of temperature and microstructure, while the

electromagnetic properties are functions of temperature and magnetic field strength (magnetic

permeability). As result, the distribution of microstructure and post-quenching hardness

profile are estimated. The implementation is done in APDL language, using as framework the

routines of the ANSYS program. Analysis of the influence of process parameters on the

thickness of the hardened layer and on the total input power is performed. The methodology

was applied approaching real conditions of a crankshaft manufactured by ThyssenKrupp

Metallurgical Campo Limpo Ltda. The model was validated from the results found in the

literature for parts of the simulation procedure. The integrated process simulation, as shown in

this work, was not found in other references, in the case of an innovative contribution.

Keywords: induction hardening, JMAK, heating, magnetic flux concentrator, hardness, finite

element.

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Lista de Figuras

Figura 1.1: Geração de um campo eletromagnético através de um indutor em um dado instante

de tempo. .................................................................................................................................. 18

Figura 1.2: Esquema representando as tensões residuais σxx geradas pelo processo de

têmpera. .................................................................................................................................... 19

Figura 2.1: Fases principais da simulação. ............................................................................... 27

Figura 2.2: Elemento finito de 8 nós utilizado na simulação da fase térmica e eletromagnética.

.................................................................................................................................................. 30

Figura 2.3: Densidade do fluxo magnético em tesla em função da temperatura versus a

intensidade do campo magnético em A/m para o aço AISI 1045, adaptado de Li et al (2012).

.................................................................................................................................................. 34

Figura 2.4: Diagrama TTT do aço SAE 1080, adaptado de Woodard et al., (1999). ............... 36

Figura 2.5: Coeficiente de difusão em função da temperatura do aço SAE1080, baseado em

Woodard et al. (1999). .............................................................................................................. 37

Figura 2.6: Expoente n usado na equação de JMAK do aço SAE 1080 baseado em Woodard et

al. (1999). ................................................................................................................................. 38

Figura 2.7: Diagrama TTT esquemático mostrando a conversão da curva de resfriamento em

passos isotérmicos. ................................................................................................................... 38

Figura 3.1: Estratégia de simulação para a fase de aquecimento eletromagnético. .................. 42

Figura 3.2: Estratégia de simulação da fase de resfriamento. .................................................. 46

Figura 3.3: Esquema representando a simulação integrada do processo de têmpera por indução

eletromagnética. ........................................................................................................................ 47

Figura 4.1: Comparação entre a taxa de calor perdido por convecção e por radiação. ............ 51

Figura 4.2: Coeficiente convectivo para um cilindro de 38mm de diâmetro imerso em água.

Extraído de Woodard et al. (1999). .......................................................................................... 52

Figura 4.3: Condições de contorno e localização dos pontos A, B e C da seção axissimétrica

do cilindro utilizado. ................................................................................................................. 53

Figura 4.4: Distribuição microestrutural de perlita e martensita depois de 90s de imersão em

água. .......................................................................................................................................... 53

Figura 4.5: Histórico de temperaturas durante o resfriamento por imersão em água para os

pontos A,B e C. ........................................................................................................................ 54

Figura 4.6: Malha utilizada para a simulação do cilindro. ....................................................... 55

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Figura 4.7: Dureza final de acordo com a propriedade utilizada como não sendo dependente

da microestrutura. ..................................................................................................................... 55

Figura 4.8: Densidade Aço SAE 1080...................................................................................... 57

Figura 4.9: Calor Específico do Aço SAE 1080 ....................................................................... 57

Figura 4.10: Condutibilidade Térmica do Aço 1080 ................................................................ 58

Figura 4.11: Dureza final para da simulação com 8,5mm de espessura austenitizada ............. 58

Figura 4.12: Dureza final para da simulação com 5,1mm de espessura austenitizada ............. 59

Figura 4.13: Dureza final para da simulação com 3,6 mm de espessura austenitizada ............ 59

Figura 4.14: Representação do modelo axissimétrico para o caso do cilindro......................... 60

Figura 4.15: Expansão axissimétrica em ¾ do modelo, representando apenas o indutor e o

cilindro. ..................................................................................................................................... 61

Figura 4.16: Campo de temperaturas em Kelvin obtido após 20 segundos de aquecimento. .. 62

Figura 4.17: Perfil microestrutural pós-têmpera para o caso do cilindro. ................................ 64

Figura 4.18: Perfil de dureza pós-dureza para o caso do cilindro. ........................................... 64

Figura 4.19: Mapa de cores da dureza em RC pós-têmpera para o caso do cilindro. .............. 65

Figura 4.20: Objeto de estudo da simulação integrada. ............................................................ 66

Figura 4.21: Malha utilizada para a simulação do moente. ...................................................... 66

Figura 4.22: Expansão axissimétrica em ¾ do modelo, representando o indutor, o

concentrador de fluxo eletromagnético e o moente. ................................................................. 67

Figura 4.23: Condições de contorno e dados de entrada para a simulação eletromagnética. ... 68

Figura 4.24: Condições de contorno para a simulação térmica. ............................................... 69

Figura 4.25: Direções A e B onde a profundidade da camada endurecida foi observada. ....... 69

Figura 4.26: Curva de magnetização do Fluxtrol 100 .............................................................. 73

Figura 4.27: Configuração do concentrador de fluxo: 1) com concentrador e 2) com

concentrador de fluxo parcial. .................................................................................................. 74

Figura 4.28: Comparação entre a potência absorvida durante o aquecimento para as três

configurações estudadas. .......................................................................................................... 74

Figura 4.29: Dureza final em Rockwell C para as configurações: a) com concentrador de

fluxo, b) com concentrador parcial e c) sem concentrador....................................................... 75

Figura 4.30: Potência absorvida em cada passo de tempo para diferentes valores de

frequência. ................................................................................................................................ 77

Figura 4.31: Profundidade da camada endurecida nas direções A e B após a têmpera para

diferentes valores de frequência. .............................................................................................. 77

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Figura 4.32: Potência absorvida em cada passo de tempo para diferentes amplitudes de

corrente. .................................................................................................................................... 78

Figura 4.33: Profundidade da camada endurecida nas direções A e B após a têmpera para

diferentes valores amplitude de corrente. ................................................................................. 79

Figura 4.34: Comparação entre o mapa de dureza pós tempera para os casos: a) utilização de

um valor de dureza constante para cada fase b) utilização das equações de Maynier para

determinação da dureza de cada fase. ....................................................................................... 80

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Lista de Tabelas

Tabela 4.1: Razão entre a propriedade não dependente da temperatura e a propriedade da

austenita em 550°C. .................................................................................................................. 56

Tabela 4.2: Dados de entrada para a simulação do moente. ..................................................... 70

Tabela 4.3: Resistividade elétrica, calor específico e condutibilidade térmica do aço SAE

1080 utilizadas durante a simulação. ........................................................................................ 70

Tabela 4.4: Densidade do aço SAE 1080. ................................................................................ 71

Tabela 4.5: Densidade do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da temperatura. ...... 71

Tabela 4.6: Calor específico do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da temperatura.

.................................................................................................................................................. 72

Tabela 4.7: Condutibilidade térmica do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da

temperatura. .............................................................................................................................. 72

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Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras latinas

{𝐽𝑒𝑖}∗ - vetor complexo conjugado de {𝐽𝑒𝑖} no elemento de integração no ponto 𝑖

{𝐹ℎ𝑡} - vetor de carga nodal equivalente devido à convecção

{𝐹𝑞𝑓} - vetor de carga nodal equivalente devido ao fluxo de calor imposto

𝐻𝑚𝑖 - entalpia da fase 𝑖

[𝐻𝑡] - matriz de condutividade térmica do elemento

{𝐽𝑉} - densidade de corrente gerada devido à movimentação do componente mecânico dentro

do campo eletromagnético

{𝐽𝑡}- densidade de corrente total

[𝑁𝐴] - matriz das funções de forma do elemento

��𝑡 - calor gerado por unidade de volume na transformação de fase

ℎ𝑐𝑛 - coeficiente convectivo

ℎ𝑓 - coeficiente convectivo

ℎ𝑟𝑎𝑑 - coeficiente convectivo equivalente

[𝐴] - matriz de calor específico do elemento

𝐵𝑒𝑓𝑓 - densidade efetiva de fluxo magnético

𝐹𝑒 - fração de volume de final de transformação

𝐹𝑖 - fração de já transformada da fase 𝑖

𝐹𝑖 - fração volumétrica da fase 𝑖 formada.

𝐹𝑚,𝑗 - fração de matensita no passo de tempo 𝑗

𝐹𝑠 - fração de volume de início de transformação

𝐻𝑚- valor de pico do campo magnético

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣′ - taxa de calor perdido por convecção natural por unidade de comprimento

𝑄𝑟𝑎𝑑′ - taxa de calor perdido por radiação por unidade de comprimento

𝑇∞ - temperatura do ambiente

𝑇𝑎𝑟 - temperatura do ar envolta do cilindro

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𝑇𝑏 - temperatura do fluido

𝑇𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒 - temperatura de Curie

𝑇𝑖 – temperatura inicial

𝑇𝑚𝑠 - temperatura de início de transformação da martensita

𝑇𝑠 - temperatura da superfície

𝑛𝑖 - número de pontos de integração

�� - calor gerado por unidade de volume

�� - fluxo de calor imposto

�� - termo fonte

{𝑞} - vetor de fluxo de calor

[𝐻ℎ𝑓] - matriz de aproximação da parcela de superfície do termo convectivo

[𝐷] - matriz de condutividade

[𝑣] - matriz de relutância

[𝜇] - matriz de permeabilidade magnética

{𝐴��} - variação no tempo do vetor de potencial magnético

{𝐴𝑒} - potencial nodal do vetor magnético

{𝐹𝑞} - vetor de geração de calor

{𝐽𝑆} - densidade de corrente gerada por uma diferença de potencial na proximidade do

componente mecânico

{𝐽𝑒} - parcela da densidade de corrente relativa a uma corrente aplicada próxima ao

componente mecânico

{𝑇𝑒} - vetor das temperaturas nodais do elemento

{E} - intensidade do campo elétrico

{J} - densidade de corrente de condução

{N} - vetor das funções de forma

{𝐵} - densidade de fluxo magnético

{𝐷} - densidade de fluxo elétrico

{𝐻} - intensidade do campo magnético

{𝑛} - vetor unitário normal

ℎ - profundidade da camada temperada

𝐼 – corrente elétrica

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𝑃 - período de tempo de oscilação da onda eletromagnética

𝑃𝑟 - número de Prandtl

𝑅𝑎𝑑 - número de Rayleigh

𝑇 - temperatura

𝑎 - coeficiente de difusão

𝑑 - diâmetro do cilindro

𝑒 – número neperiano

𝑔 - aceleração gravitacional

𝑘 - condutividade térmica do material

𝑙 - comprimento do cilindro

𝑛 – coeficiente do modelo de JMAK

Letras gregas

μ0 - permeabilidade magnética do vácuo

𝛿𝑝 - profundidade de penetração da onda eletromagnética

𝜇20- permeabilidade magnética à 20°C

𝜌𝑎𝑟 - densidade do ar

𝜌𝑒 - densidade de cargas elétricas

𝜎𝑟 - constante de Stefan-Boltzmann

𝜏𝑒 - tempo de final de transformação

𝜏𝑠- tempo de início de transformação

[𝜌] - matriz de resistividade elétrica

[𝜎] - matriz de condutividade elétrica

∆𝑡𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 - tempo total de aquecimento

∆𝑡𝑠𝑡𝑒𝑝 – passo de tempo na simulação da fase térmica I

∆𝑡𝑠𝑡𝑒𝑝_𝑟𝑒𝑠𝑓 - passo de tempo da fase térmica III

δ - operador variacional

𝛼 - difusividade térmica do ar

𝛽 - coeficiente de expansão térmica do ar

휀 - emissividade do material

𝜇 - permeabilidade magnética

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𝜈 - viscosidade cinemática do ar

𝜌 - massa específica

𝜎 - condutividade elétrica

𝜔 – frequência de oscilação

𝜙 - propriedade genérica

Siglas

JMAK - Johnson-Mehl-Avrami-Komogorov

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Sumário

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Abreviaturas e Siglas

Sumário .................................................................................................................................. xvi

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18

1.1 Escopo Geral e Motivações ..................................................................................................... 18

1.2 Revisão da Literatura .............................................................................................................. 21

1.3 Objetivos e Contribuições ....................................................................................................... 26

2 MODELAGEM MECÂNICA MULTIFÍSICA ........................................................ 27

2.1 Método dos Elementos Finitos aplicado ao problema térmico ............................................... 27

2.2 Método dos Elementos Finitos aplicado ao problema eletromagnético .................................. 32

2.3 Modelo de Johnson-Mehl-Avrami-Komogorov e Regra da Aditividade de Sheil .................. 36

2.4 Modelo de Koistinen-Marburguer ........................................................................................... 39

3 ESTRATÉGIA DE SIMULAÇÃO ............................................................................ 41

3.1 Aquecimento ........................................................................................................................... 41

3.2 Resfriamento ........................................................................................................................... 45

3.3 Simulação multifísica integrada .............................................................................................. 46

4 RESULTADOS NÚMERICOS E ANÁLISE PARAMÉTRICA ............................ 48

4.1 Avaliação numérica da modelagem da convecção natural ...................................................... 48

4.2 Teste numérico do modelo microestrutural ............................................................................. 51

4.3 Influência das propriedades na fase de resfriamento ............................................................... 54

4.4 Simulação completa do processo integrado para o caso de um cilindro ................................. 60

4.5 Simulação da têmpera por indução em um moente de um virabrequim ................................. 65

4.5.1 Condições iniciais e de contorno do problema e propriedades dos materiais ...................... 67

4.5.2 Influência do Concentrador de Fluxo Magnético ................................................................. 73

4.5.3 Influência da frequência de oscilação da corrente do indutor .............................................. 75

4.5.4 Influência da amplitude da corrente no indutor .................................................................... 78

4.5.6 Influência da utilização das equações de Maynier para cálculo da dureza .......................... 79

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5 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 82

5.1 Sugestões de continuidade ...................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

ANEXO A – Artigo publicado no Congresso SAE 2014.............................................................. 90

ANEXO B – Artigo publicado no Congresso SAE 2015 .............................................................. 97

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18

1 INTRODUÇÃO

1.1 Escopo Geral e Motivações

Na indústria automotiva, componentes mecânicos sujeitos à carregamentos dinâmicos e

contatos mecânicos durante a sua vida útil, podem apresentar falhas por fadiga e desgaste.

Para mitigar estas falhas os componentes podem ser submetidos a um processo de têmpera

por indução a fim de se alterar a microestrutura do material e, consequentemente, suas

características mecânicas relativas à resistência à fadiga e ao desgaste.

Figura 1.1: Geração de um campo eletromagnético através de um indutor em um dado instante

de tempo.

Globalmente, no processo de têmpera por indução, o componente mecânico é submetido

a um aquecimento controlado, usando-se sistemas por indução ou fornos. Após uma região do

corpo atingir temperaturas acima da temperatura de austenitização, cessa-se o processo de

aquecimento e inicia-se a fase de resfriamento. Este último é realizado por imersão em

tanques com líquidos, permanecendo enquanto as transformações microestruturais do material

estejam se desenvolvendo. O processo é finalizado e na camada endurecida ficam

estabelecidos: o perfil microestrutural do material da peça e seu estado de tensões. Neste

processo, o consumo de energia é elevado, e seu custo é significativo em relação ao custo

total da peça.

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19

A Figura 1.1 mostra um esquema simplificado de um indutor gerando um campo

eletromagnético através de uma corrente elétrica I percorrendo um indutor elétrico. Sabe-se

que um campo eletromagnético é sempre gerado pela presença de uma corrente elétrica,

assim, é introduzida uma corrente elétrica de comportamento senoidal no indutor. O

componente mecânico a ser aquecido é então posicionado no interior do indutor a fim de que

o campo eletromagnético gerado incida sobre ele. Como a corrente do indutor é variável no

tempo, o campo eletromagnético gerado por ela também é variável no tempo, e a variação do

campo eletromagnético em um condutor elétrico causa o aparecimento de correntes na

superfície do mesmo, conhecidas como correntes parasitas. Tais correntes são responsáveis

pela geração de calor devido ao Efeito Joule.

Figura 1.2: Esquema representando as tensões residuais σxx geradas pelo processo de

têmpera.

Alguns dos parâmetros mais importantes resultantes do processo de têmpera por

indução são: a profundidade da camada temperada h, a dureza da mesma e as tensões

residuais impostas pelo processo de têmpera. O aumento da dureza superficial é um fator

importante, visto que as trincas geradas durante o processo de fadiga iniciam-se na superfície

do componente, assim, com o aumento da dureza superficial tem-se uma redução no desgaste

superficial e consequentemente na tendência à formação de trincas nesta região. As tensões

residuais também influem diretamente na resistência à fadiga do componente, uma vez que

com a indução de tensões compressivas residuais na superfície, as tensões de flexão cíclicas

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que atuam no processo de nucleação e propagação de trincas na superfície do componente

mecânico são atenuadas e a vida útil do componente é prolongada.

A Figura 1.2 representa o comportamento típico das tensões residuais em um

componente mecânico submetido ao processo de têmpera por indução eletromagnética, na

qual a área com hachuras representa a camada superficial endurecida e a área em cinza

representa o núcleo não temperado. Pode-se notar que a presença de tensões compressivas na

região endurecida diminui a probabilidade de formação e propagação de trincas geradas por

cargas cíclicas.

Do ponto de vista da estrutura dos materiais, o processo de têmpera em aços consiste

em aquecer um componente até uma temperatura superior à temperatura de austenitização e

resfriá-lo rapidamente através da imersão do mesmo em um líquido, que poderá ser água, óleo

ou uma solução polimérica, promovendo desta forma a transformação microestrutural das

fases: martensita, perlita, bainita e ferrita.

Conforme mencionado, o processo pode ser dividido em duas etapas principais: o

aquecimento e o resfriamento. Durante a primeira etapa, existem duas maneiras principais

para aquecer os componentes: aquecimento por indução eletromagnética e aquecimento em

forno. O primeiro processo possui uma eficiência energética maior, visto que é possível

aquecer somente a região de interesse do componente mecânico, além de oferecer um maior

controle do processo de aquecimento. Todavia, o custo de implementação e a complexidade

do ajuste de parâmetros do processo de aquecimento por indução eletromagnética são

superiores ao do aquecimento em forno.

No aquecimento por indução eletromagnética o componente é introduzido no interior de

uma bobina de cobre na qual percorre uma corrente elétrica alternada, geralmente de alta

frequência. A corrente elétrica que percorre a bobina produz um campo eletromagnético que

oscila na mesma frequência da corrente. Este campo penetra no componente mecânico e,

como o mesmo é constituído de um material condutor elétrico, são geradas correntes elétricas

(correntes parasitas) na superfície do componente no sentido de contrapor a variação do

campo magnético. Estas correntes percorrem o material, dissipando energia por Efeito Joule,

aquecendo assim a área superficial do componente mecânico que está submetida ao campo

magnético gerado pela bobina. O calor gerado pelo Efeito Joule concentrado na superfície é

então difundido por condução térmica, distribuindo-se pelo volume do componente

respeitando-se um conjunto de condições de contorno do tipo convecção térmica.

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O aquecimento produz uma mudança de fase nas regiões do componente mecânico cuja

temperatura final excede a temperatura de austenitização do aço. Após o final do

aquecimento, o componente é então resfriado rapidamente, e esta região do componente

mecânico que possui austenita como microestrutura pós-aquecimento poderá se transformar

novamente, produzindo perlita, bainita, martensita e ferrita. Dentro da região austenitizada,

quanto mais distante da superfície do componente mecânico, o resfriamento é mais lento e há

o favorecimento da formação de perlita, transformação essa que depende do tempo e da

temperatura. Em regiões mais próximas da superfície do componente não há tempo suficiente

para a difusão do carbono, e este acaba aprisionado e forma uma estrutura metaestável

chamada de martensita.

A martensita é uma estrutura com dureza bastante elevada, mas bastante frágil. Desta

maneira é importante controlar a profundidade da camada temperada, ou seja, com alta

dureza, para que o componente mecânico não perca sua capacidade de absorver impactos.

Para satisfazer esta condição, após a têmpera, os componentes mecânicos são submetidos ao

processo de revenimento, que visa reestabelecer a tenacidade do material, mantendo a dureza

e a profundidade da camada temperada dentro de certos limites de projeto.

Neste trabalho, porém, não serão tratados os efeitos do revenimento. Será discutido

somente o aquecimento por indução eletromagnética, o resfriamento, a microestrutura e a

dureza ao final do processo de têmpera.

1.2 Revisão da Literatura

Tendo em vista a importância do processo de têmpera e para que se possa aprimorá-lo, é

necessário compreender os principais fenômenos envolvidos: aquecimento por indução

eletromagnética, mudança de fase durante o aquecimento e o resfriamento, troca de calor

entre o corpo e a vizinhança. Dessa forma, é possível realizar simulações utilizando métodos

computacionais para se obter o perfil de tensões residuais e de dureza, possibilitando a

otimização do processo e a redução dos custos experimentais e do tempo de desenvolvimento

de vários projetos que utilizam a técnica de têmpera por indução. Além disso, é possível

incluir as restrições do processo de manufatura, no caso o tratamento térmico na etapa de

projeto, usando o conceito de “projetar para”, no qual os componentes são otimizados

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levando-se em conta a influência dos processos de fabricação. Tal enfoque permite encontrar

peças de melhor desempenho, menor peso, respeitando-se os requisitos do projeto.

A compreensão dos parâmetros do processo e a influência desses nas características

mecânicas do produto final é de suma importância para a minimização dos custos de

manufatura e do tempo de produção permitindo a obtenção de produtos com maior qualidade.

Os parâmetros do processo de têmpera que podem ser mais facilmente alterados - e

consequentemente mais estudados - são: tempo de aquecimento, potência e frequência da

corrente no indutor. Um ponto observado por Kristoffersen e Vomacka (2001) foi a obtenção

de camadas endurecidas mais profundas e um gradiente de tensão menor na zona de transição

quando utilizada uma frequência mais alta na corrente do indutor. Na prática, a espessura

mínima para uma região pré-estabelecida é adotada e o processo deve ser controlado de forma

a se obter um valor o mais próximo possível da meta, para um consumo mínimo de energia.

Neste caso, deve ser salientado que o consumo de energia no processo de têmpera é

considerável em relação ao custo total do componente.

O método dos elementos finitos é amplamente utilizado na simulação numérica dos

fenômenos de transferência do campo eletromagnético para energia térmica (Guo et al., 2012;

Ruan, 1997; Toparli et al., 2002; Cheng at al., 1998; Cho, 2012; Drobenko et al., 2007; Di

Luozzo et al., 2012; Palin-Luc et al., 2011) .Destacam-se também a utilização de outros

métodos, como método dos elementos de contorno (Cajner et al., 2004) e redes neurais

(Toparli et al., 2002). Neste trabalho foi adotado método dos elementos finitos para a solução

numérica do problema.

Para a correta utilização do método dos elementos finitos para a simulação da indução

eletromagnética é necessário que se verifique a influência do refinamento da malha sobre os

resultados obtidos. Neste caso são modelados os indutores, o meio de transmissão e as peças a

serem tratadas. A simulação no domínio do tempo envolve custos computacionais

elevadíssimos e, muitas vezes inviáveis. Dessa forma, adotam-se métodos de simulação no

domínio da frequência. (Ansys, 2007). No entanto, estes processo geralmente ocorrem na

faixa de frequência de 10 khz, o que conduz a comprimentos de onda muito pequenos, e

portanto malhas com elevado grau de refinamento (Cajner et al., 2004; Ansys, 2007).

Além disso, na simulação de aquecimento de cilindros por indução eletromagnética, foi

verificado que as dimensões da malha de ar que envolve o cilindro devem ser duas vezes

maior longitudinalmente e duas vezes e meia maior radialmente do que as dimensões do

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cilindro (Drobenko et al., 2007), para evitar a influência das condições de contorno no

problema. Tal fato também implica em malhas de grandes proporções.

Para a simulação do campo de temperaturas através do calor gerado por efeito joule na

peça aquecida, foi verificada a necessidade da utilização de uma malha mais refinada na

superfície do cilindro, contendo de 3 a 10 elementos na região superficial de geração de calor,

sendo que esta apresenta comprimento de 5 profundidades de penetração do campo

eletromagnético (Cajner et al., 2004). A profundidade de penetração do campo

eletromagnético em um condutor elétrico é dependente da frequência de oscilação do campo,

da condutividade elétrica do meio e da permeabilidade magnética do meio e pode ser definida

como a profundidade na qual a energia do campo eletromagnético equivale a 1/e, onde e é o

número neperiano, da energia do mesmo na superfície do meio condutor. É válido salientar,

também, que com a perda das propriedades ferromagnéticas do aço em temperaturas acima do

ponto de Curie, a posição de máximo calor gerado passa a se localizar cada vez mais no

interior do cilindro, onde o ponto de Curie ainda não foi ultrapassado, ou seja, onde o material

ainda possui suas propriedades ferromagnéticas (Cho, 2012; Drobenko et al., 2007).

Assim, outro fator importante a se considerar é a variação das propriedades térmicas e

eletromagnéticas com a temperatura. Para temperaturas maiores que 300ºC, para a

condutividade elétrica, e 600ºC, para a permeabilidade magnética, a não consideração da

variação da propriedade física com a temperatura, implica em erros consideráveis no campo

de temperaturas (Drobenko et al., 2007). Dentre as propriedades resistividade elétrica, calor

específico, condutibilidade térmica e permeabilidade magnética, foi observado, através de um

estudo de sensibilidade utilizando um software comercial de elementos finitos, que as duas

primeiras são as que mais interferem na profundidade da camada endurecida (Barka et al.,

2007).

Devido ao comportamento senoidal da corrente no indutor, o campo eletromagnético no

interior do cilindro ferromagnético é tratado por alguns autores como sendo também senoidal

e a análise conduzida como sendo harmônica e em regime quase estático, desprezando-se os

efeitos transientes do campo. Porém, é sabido que permeabilidade magnética em materiais

ferromagnéticos é uma função não linear da intensidade do campo magnético, logo, a

simulação transiente do fenômeno conduz a resultados mais precisos (Drobenko et al., 2007).

Como a solução de campos harmônicos é mais simples e requer menor esforço

computacional, alguns autores propõem modelos em que se obtêm uma permeabilidade

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equivalente, que seja função apenas da temperatura, de forma a obter uma distribuição de

correntes parasitas e, consequentemente, de temperaturas semelhantes às da simulação

transiente, considerando a permeabilidade magnética como função da temperatura e da

intensidade do campo magnético. (Ansys, 2007; Cajner et al., 2004; Drobenko et al., 2007; Di

Luozzo et al., 2012 )

Acompanhando-se o processo de resfriamento na têmpera, pode-se verificar a transição

das tensões inicialmente trativas na superfície para compressivas no decorrer do resfriamento.

Concluído o processo de resfriamento, as tensões permanecem como compressivas na

superfície e trativas no centro. Nota-se também, que na mesma região do cilindro em que há

um súbito aumento da tensão, ou seja, na zona de transição da tensão compressiva para

trativa, há também uma queda brusca da dureza, evidenciando uma correspondência entre o

perfil de dureza e de tensões residuais (Grum e Furlan, 1998; Grum, 2001; Palin-Luc et al.,

2011).

Com o objetivo de predizer a distribuição microestrutural após o processo de têmpera,

foram desenvolvidos modelos empíricos e teóricos. Além disso, são necessários modelos para

a dureza de cada fase formada. Na maioria dos estudos, os pesquisadores utilizam uma

formulação empírica dependente da fase formada, da taxa de resfriamento e da composição

química do aço em questão para obtenção do perfil de dureza gerado pela têmpera

(Magnabosco et al., 2006; Huiping et al., 2007; Carlone et al., 2010). Outros métodos

empregados são a utilização de valores fixos para a dureza de cada fase (Woodard et al.,

1999) e a utilização de valores experimentais obtidos para o aço que se deseja estudar (Lee et

al., 2010). Este último método é bastante interessante, já que é baseado em valores medidos

experimentalmente (Lee et al., 2010), pois a influência de um determinado elemento de liga

pode ser alterada na presença de outro elemento em específico (Doane, 1979), sendo difícil

uma determinação teórica desses valores.

Modelos derivados das equações de Johnson-Mehl-Avrami-Komogorov (JMAK) são

amplamente utilizados na simulação das transformações microestruturais que possuem caráter

difusional, ou seja, as transformações austenita-perlita, austenita-bainita, austenita-ferrita e

vice-versa. Porém, esses modelos levam em consideração transformações isotérmicas e, dessa

forma, para que a solução possa ser encontrada, as curvas de resfriamento são divididas em

uma série de passos isotérmicos conectados por uma pequena queda de temperatura

instantânea com frações volumétricas de fase constantes. A fim de se levar em conta o estágio

de nucleação da nova fase, é utilizada a Regra da Aditividade de Scheil (Hömberg, 1996,

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Woodard et al., 1999; Kang e Im, 2005; Huiping et al., 2007; Carlone et al., 2010; Lee et al.,

2010).

Quando a transformação de fase é função apenas da temperatura - quando não depende

do tempo, como no caso da transformação austenita-martensita -, os modelos encontrados

durante esta revisão foram o de Koistinen-Marburguer e o de Yu. Porém, este primeiro não é

capaz de descrever a decomposição completa da austenita em martensita, pois não leva em

consideração a irreversibilidade da transformação. Quando isso não é levado em conta, as

curvas de resfriamento contínuo ficam deformadas por conta do calor latente liberado na

mudança de fase, sendo então necessário impedir que a porcentagem de martensita já

transformada possa ser diminuída durante o resfriamento (Hömberg, 1996).

O calor latente é levado em conta na maior parte dos trabalhos dedicados à simulação da

etapa de resfriamento, e, apesar de influenciar o histórico de temperatura mais intensamente

nas proximidades do eixo de simetria no caso de cilindros, a não consideração do mesmo

causa uma grande alteração no resultado obtido da microestrutura superficial do cilindro

(Woodard et al., 1999). Outra fonte de calor durante o processo de têmpera é aquela liberada

devido às deformações, porém essa representa apenas aproximadamente 3% do calor gerado e

pode ser negligenciada (Huiping et al., 2007).

Existem, ainda, alguns fatores que dificultam um cálculo mais preciso do perfil de

dureza pós-têmpera, como o tamanho do grão antes e depois da têmpera, a presença de

precipitado na austenita e a tensão interna. A última altera o tempo de incubação da perlita e a

temperatura de início da transformação da martensita. Apesar da influência desses fatores ser

geralmente negligenciada, vários autores encontram uma boa concordância dos resultados

obtidos com os medidos experimentalmente. Outro fator que possui grande influência no

perfil de dureza é o coeficiente de troca de calor durante o processo. Esse está intimamente

ligado ao meio e ao tipo de resfriamento adotado, além de ser função da temperatura e da

geometria da peça.

Outro problema a ser considerado é que após a têmpera, muitas vezes o componente

mecânico passa por um processo de retificação, que induz tensões de tração, reduzindo as

tensões residuais compressivas induzidas pelo processo de têmpera. Esse tópico é tratado por

Grum e seus colaboradores (Grum, 2001 e Grum e Ferlan, 1998), e não será discutido neste

trabalho.

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Neste trabalho, propõe-se fazer uma simulação integrada das fases de aquecimento,

tempo de retardo e resfriamento, considerando a modelagem microestrutural e as propriedades

dependentes da temperatura.

Dentro dessa perspectiva o problema da têmpera por indução necessita de uma

abordagem multifísica, cuja obtenção da solução é complexa porém relevante para a indústria

de componentes mecânicos, sendo que seu entendimento implicará desenvolver componentes

com melhores propriedades mecânicas e com melhor desempenho em serviço. Outro ponto de

elevada relevância é a realização de um processo ou fase de aquecimento com maior

eficiência energética, além de uma redução da necessidade de realização de testes empíricos.

1.3 Objetivos e Contribuições

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma metodologia de simulação multifísica

do aquecimento por indução eletromagnética e posterior têmpera de um componente

mecânico, além de investigar a influência dos seguintes parâmetros do processo: frequência e

amplitude da corrente do indutor elétrico, além da presença ou não do concentrador de fluxo

eletromagnético. O Método dos Elementos Finitos foi utilizado na solução dos problemas

estudados, usando-se a plataforma ANSYS e a linguagem APDL.

O acoplamento das diversas fases físicas do problema (eletromagnética e térmica,

térmica e microestrutural) e a implementação de modelos para descrever as transformações

microestruturais podem ser mencionadas como objetivos específicos do trabalho.

Como resultado específico deste trabalho, menciona-se a aplicação da metodologia

proposta a um caso real de um moente de virabrequim fabricado pela ThyssenKrupp

Metalúrgica Campo Limpo Ltda.

Pode-se mencionar como contribuições deste trabalho: a investigação da influência dos

parâmetros do processo como forma de auxiliar o setup do processo, o desenvolvimento de

uma metodologia de simulação envolvendo o acoplamento de simulações de físicas distintas e

o estudo da sensibilidade de parâmetros computacionais e de propriedades físicas.

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27

2 MODELAGEM MECÂNICA MULTIFÍSICA

A simulação multifísica proposta neste trabalho pode ser dividida em duas etapas

principais: aquecimento, englobando a fase eletromagnética e o tempo de retardo, e

resfriamento, englobando a têmpera e a análise microestrutural metalúrgica. Na Figura 2.1

mostra-se o encadeamento das fases de simulação multifísica do processo.

Figura 2.1: Fases principais da simulação.

Na sequência deste capítulo, apresentam-se os princípios e hipóteses gerais adotadas

em cada módulo de simulação e as equações básicas utilizadas no processo e comentários

sobre os métodos de resolução utilizados. As equações do modelo térmico e eletromagnético

não serão abordadas de maneira aprofundada, visto que foram utilizados os módulos de

simulação térmica e eletromagnética do software comercial Ansys e que o objetivo do

capítulo é fornecer uma base teórica para a construção de metodologia de simulação

multifísica integrada do processo de têmpera.

2.1 Método dos Elementos Finitos aplicado ao problema térmico

Durante a simulação do problema acoplado foi utilizado o software comercial Ansys

para a obtenção do resultado e geração da malha de elementos finitos. O programa Ansys é

uma plataforma de uso geral que possibilita realizar análises estruturais, térmicas,

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eletromagnéticas, acústica e outras. Trata-se de um código robusto que permite o uso de

materiais com propriedades que variam em função da temperatura e que dispõe de um

conjunto amplo de métodos de resolução de sistemas não-lineares e com vários recursos que

podem ser adaptados em função do problema que está sendo resolvido. Além disso, o

programa Ansys permite o desenvolvimento de novas rotinas ou funções através do uso de

uma linguagem própria, que permite acessar a maior parte da biblioteca de funções internas

do programa. Ressalta-se também o fato do programa Ansys ser amplamente utilizado no

meio industrial e, portanto, gerar um módulo para simulação de têmpera por indução no

mesmo, permite que vários usuários possam se beneficiar deste desenvolvimento.

Para a modelagem da etapa térmica, foi utilizada a equação de conservação de energia

com a equação de condução de calor e a lei de Fourier na sua forma matricial já considerando

uma discretização e uma a aproximação por elementos finitos, como se segue (Toparli et al,.

2002),(Carlone et al., 2010), (Ansys, 2007):

{q} = −[D]{L}T(x,y) (2.1)

ρT = {L}T([D]{L}T(x,y)) + q (2.2)

[D] = [

kxx 0 00 kyy 0

0 0 kzz

] (2.3)

{L} =

{

∂x∂

∂y

∂z}

(2.4)

Aqui [D] é a matriz de condutividade e {q} é o vetor de fluxo de calor, T(x,y) é a

temperatura em um ponto qualquer, ρ é a massa específica e q é termo fonte, e a derivada com

relação ao tempo é indicada pelo ponto acima da variável.

As duas condições de contorno aplicadas a este problema foram a imposição do fluxo

de calor em uma superfície e a imposição da convecção em outra superfície. A radiação foi

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modelada como uma convecção equivalente cujo coeficiente convectivo é função da

temperatura. As duas condições de contorno podem ser equacionadas com as equações (2.5) e

(2.6) respectivamente.

{q}T{n} = −q (2.5)

{q}T{n} = hf (Ts − Tb) (2.6)

Sendo {n} o vetor unitário normal, hf o coeficiente convectivo, q o fluxo de calor

imposto, Tb a temperatura do fluido ou do meio, ou no caso da radiação modelada como

convecção equivalente, a temperatura do ambiente e Ts a temperatura da superfície onde

ocorre a troca de calor.

Utilizando novamente a Lei de Fourier para condução de calor, equação (2.1),

substituindo nas equações (2.5) e (2.6), tem-se:

{n}T[D]{L}T = q (2.7)

{n}T[D]{L}T = hf(Tb − Ts) (2.8)

Pré multiplicando a equação (2.2) por uma variação virtual de temperatura,

substituindo as equações (2.7) e (2.8) e integrando no volume chega-se a uma forma fraca do

problema, que é dada por (Toparli et al,. 2002; Carlone et al., 2010; Ansys, 2007):

∫ (ρcδTT + {L}T(δT)([D]{L}T))dV = ∫ δTqdSSV

+ ∫ δThf(Tb − T)dSS+

∫ δTqdVv

(2.9)

Fazendo-se uma discretização do domínio, a temperatura de cada elemento pode ser

escrita como uma função de x, y e t, e pode ser expressa de acordo com a equação (2.10).

T(x,y) = {N}T{Te} (2.10)

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Sendo {N} o vetor das funções de forma e {Te} o vetor das temperaturas nodais do

elemento. Neste trabalho usou-se elementos triangulares de 6 nós e preferencialmente, na

região de interesse, elementos quadrilaterais de 8 nós, cujas funções de interpolação são dadas

(Ansys, 2007):

{N}T =1

4{TI(1 − s)(1 − p)(−s − p − 1), TJ(1 + s)(1 − p)(s − p − 1),

TK(1 + s)(1 + p)(s + p − 1), TL(1 − s)(1 + p)(−s + p − 1), 2TM(1 − s2)(1 − p),

2TN(1 + s)(1 − p2), 2TO(1 − s

2)(1 + p), 2TP(1 − s)(1 − p2)}

(2.11)

As coordenadas p e s são normalizadas, ou seja, variando de -1 a 1, mas não são

necessariamente ortogonais entre si. O referencial (x, y) e o elemento finito utilizado estão

definidos na Figura 2.2.

Figura 2.2: Elemento finito de 8 nós utilizado na simulação da fase térmica e eletromagnética.

Aplicando o operador variacional na equação (2.10) e derivando a equação (2.10) com

relação ao tempo, tem-se, respectivamente:

δT = {δTe}T{N} (2.12)

T = {N}T{Te} (2.13)

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Substituindo as equações (2.10), (2.12) e (2.13) na equação (2.9):

∫ ρc{δTe}T{N}{N}T{Te}V

dV + ∫ {δTe}T[B]T[D][B]{Te}dVV

= ∫ {δTe}T{N}qdS

S+

∫ {δTe}T{N}hf(Tb − {N}

T{Te})dSS+ ∫ {δTe}

T{N}qdVV

(2.14)

Sendo a matriz [B] definida por:

[B] = {L}{N}T (2.15)

Como ρ é assumido como constante dentro do elemento e, {Te}, {Te} e {δTe} são quantidades

nodais e não variam dentro do elemento, pode-se reescrever a equação acima como:

ρ ∫ c{N}{N}TV

dV{Te} + ρ∫ [B]T[D][B]dV{Te}V= ∫ {N}qdS

S+ ∫ Tbhf{N}dSS

∫ hf{N}{N}T{Te}S

dS + ∫ {N}qdVV

(2.16)

Esta equação representa a forma semi discretizada de elementos finitos que será

utilizada para resolver as fases térmicas no processo de simulação implementado. De forma

compacta pode-se escrever:

[A]{Te} + [Ht]{Te} = {Fqf} + {Fht} + [Hhf]{Te} + {Fq} (2.17)

sendo [A] a matriz de calor específico do elemento, [Ht] a matriz de condutividade térmica do

elemento, {Fqf} é o vetor de carga nodal equivalente devido ao fluxo de calor imposto, {Fht}

é o vetor de carga nodal equivalente devido à convecção, [Hhf] é a matriz de aproximação da

parcela de superfície do termo convectivo e {Fq} é o vetor de geração de calor.

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32

2.2 Método dos Elementos Finitos aplicado ao problema eletromagnético

O problema eletromagnético é descrito pelas leis de Maxwell e pelas leis constitutivas

do material, descritas abaixo:

{∇}x{H} = {J} +𝛛𝐃

𝛛𝐭 (2.18)

{∇}x{E} = − 𝛛𝐁

𝛛𝐭 (2.19)

{∇}. {B} = 0 (2.20)

{∇}. {D} = ρe (2.21)

onde {H} é a intensidade do campo magnético, {E} é a intensidade do campo elétrico, {J} é a

densidade de corrente de condução, {D} é a densidade de fluxo elétrico, ρe é a densidade de

cargas elétricas e {B} é a densidade de fluxo magnético, o operador do produto interno é dado

por . e o produto matricial é dado por x. Em materiais bons condutores e considerando o

problema como sendo harmônico magneto-quasi-estático, as correntes de deslocamento são

negligenciáveis quando comparadas as correntes de condução. A corrente de deslocamento é a

taxa de variação do vetor densidade de fluxo elétrico, representada pelo termo 𝛛𝐃

𝛛𝐭 da equação

(2.18). Então, pode-se reescrever as equações de Maxwell da seguinte forma:

{∇}x{H} = {J} (2.22)

{∇}x{E} = − {B} (2.23)

{∇}. {B} = 0 (2.24)

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33

As equações constitutivas descritas abaixo suplementam as equações (2.22), (2.23) e

(2.24) e descrevem o comportamento dos materiais eletromagnéticos.

{J} = σ{E} (2.25)

{B} = μ{H} (2.26)

Aqui, σ é a condutividade elétrica e μ é a permeabilidade magnética. No presente

modelo, μ é função da temperatura e da intensidade do campo magnético {H}. A equação

(2.27), semelhante a utilizada por (Drobenko et al., 2007) é uma aproximação utilizada para

considerar o efeito da temperatura na curva de magnetização, curva B-H.

{B} = μ(H, T){H} = μ20(H) [1 − (T

Tcurie)6

] {H} (2.27)

onde μ20 é obtido da curva B-H em 20°C e Tcurie é a temperatura de Curie do material, na qual

o aço perde suas propriedades ferromagnéticas, isto é, a permeabilidade magnética do aço

acima da temperatura de Curie é considerada igual a permeabilidade magnética do vácuo. A

Figura 2.3 ilustra o efeito desta correção na curva de magnetização do aço AISI 1045. Nota-se

que com a aproximação da temperatura do componente com Tcurie = 770°C há uma

diminuição da densidade de fluxo magnético no material e consequentemente da

permeabilidade magnética, até o limite quando μ(T, H) = μ0, onde μ0 é a permeabilidade

magnética do vácuo.

Apesar do campo eletromagnético gerado no indutor ser senoidal, a não linearidade da

permeabilidade magnética do material ferromagnético faz com que o campo dentro do mesmo

seja não senoidal. Entretanto, para problemas cujo objetivo é a obtenção da potência

eletromagnética média dissipada e não há interesse na obtenção do campo eletromagnético,

podemos substituir o material ferromagnético por um material fictício baseado na

equivalência de energia, em que o campo eletromagnético transiente também é substituído por

um campo harmônico que incidindo sobre o material fictício, produza a mesma distribuição

de correntes parasitas do campo transiente incidindo sobre o material ferromagnético.

Considerando, portanto, o problema como harmônico no tempo, é possível reduzir o custo

computacional mantendo-se uma boa precisão (Ansys, 2007). Neste caso, a intensidade de

campo magnético pode ser aproximada utilizando a equação abaixo:

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34

1

2∫ HmdBeffBeff0

= 4

P∫ (∫ Hm sin(ωt) dB

B

0)

P

40

dt (2.28)

onde Beff é a densidade efetiva de fluxo magnético, P é o período de tempo de oscilação da

onda eletromagnética, Hm é o valor de pico do campo magnético e ω é a frequência de

oscilação do campo eletromagnético

Figura 2.3: Densidade do fluxo magnético em tesla em função da temperatura versus a

intensidade do campo magnético em A/m para o aço AISI 1045, adaptado de Li et al (2012).

Durante a solução do problema através do método dos elementos finitos, os cálculos do

fluxo magnético e da intensidade do fluxo magnético são realizados da seguinte maneira:

{B} = {∇}x[NA]T{Ae} (2.29)

{H} = [v]{B} (2.30)

[v] = [μ]−1 (2.31)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 2000 4000 6000 8000 10000

B [

T]

H [A/m]

20°C

400°C

500°C

600°C

685°C

710°C

730°C

750°C

760°C

765°C

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35

Onde [NA] é a matriz das funções de forma do elemento, [v] é a matriz de relutância,

[μ] é a matriz de permeabilidade magnética e {Ae} é o potencial nodal do vetor magnético. A

densidade total da corrente no componente é avaliada como se segue:

{Jt} = {Je} + {JS} + {JV} (2.32)

onde {Jt} é a densidade de corrente total, {Je} é a parcela da densidade de corrente relativa a

uma corrente aplicada próxima ao componente mecânico, {JS} é a densidade de corrente

gerada por uma diferença de potencial, que gera uma corrente elétrica, na proximidade do

componente mecânico e, {JV} é a densidade de corrente gerada devido à movimentação do

componente mecânico dentro do campo eletromagnético.

Como não há deslocamento do componente dentro do campo magnético, nem uma

diferença de potencial aplicada nas proximidades do componente mecânico, {JV} = {JS} = 0.

A equação (2.33) descreve o cálculo da corrente gerada no componente mecânico devido à

proximidade de outra corrente. Aqui {Ae} é a variação no tempo do vetor de potencial

magnético, [σ] é a matriz de condutividade elétrica e ni o número de pontos de integração.

{Jt} = {Je} = −[σ]1

ni∑ [NA]

T{Ae}nii=1 (2.33)

Neste caso, o calor por unidade de volume gerado por efeito Joule durante a análise

harmônica é calculado (Ansys, 2007):

q = Re(1

2ni∑ [ρ]{Jei}{Jei}

∗nii=1 ) (2.34)

onde [ρ] é a matriz de resistividade elétrica e {Jei}∗ é a o vetor complexo conjugado de {Jei}

no elemento de integração no ponto i, e q é o calor gerado por unidade de volume utilizado

com dado de entrada na simulação térmica.

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36

2.3 Modelo de Johnson-Mehl-Avrami-Komogorov e Regra da Aditividade

de Sheil

Além dos modelo térmico e eletromagnético, integrou-se na modelagem uma fase

microestrutural para representar as transformações metalúrgicas ocorridas em função das

grandes variações de temperatura envolvidas no processo de têmpera por indução. Durante o

resfriamento diferentes fases são formadas, tais como perlita, bainita, ferrita e martensita,

sendo necessário a simulação acoplada das fases microestrutural e térmica.

As transformações austenita-perlita, austenita-bainita e austenita-ferrita são difusionais,

ou seja, necessitam de um tempo finito para que a transformação ocorra. É utilizado o

modelo de Johnson–Mehl–Avrami–Kolmogorov (JMAK) para modelar esse tipo de

transformação (Carlone et al., 2010; Woodard et al., 1999; Hömberg, 1996):

Fi(T) = 1 − exp [−a(T). t(T)n(T)] (2.35)

Figura 2.4: Diagrama TTT do aço SAE 1080, adaptado de Woodard et al., (1999).

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37

Onde Fi é a fração volumétrica da fase i formada. O coeficiente de difusão, a, e o

expoente, n, são propriedades do material e podem ser obtidos pelo diagrama TTT, utilizando

τs(T) e τe(T), tempo de início de transformação e de fim de transformação para uma dada

temperatura, como segue:

n(T) =ln (ln(1−Fs)/ln (1−Fe))

ln (τs(T))−ln (τe(T)) (2.36)

a(T) = − ln(Fe) τs(T)−n(T) (2.37)

onde Fs e Fe são a fração de volume de início e final de transformação e são assumidos como

0,01 e 0,99 respectivamente. Utilizando as equações (34) e (35) e o diagrama TTT do aço

SAE 1080 é possível obter o coeficiente de difusão a e o expoente do modelo JMAK, n, para

o aço SAE 1080, mostrados nas figuras 2.5 e 2.6 respectivamente.

Figura 2.5: Coeficiente de difusão em função da temperatura do aço SAE1080, baseado em

Woodard et al. (1999).

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0 200 400 600 800

Coef

icie

nte

de

Dif

usã

o a

Temperatura [°C]

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38

Figura 2.6: Expoente n usado na equação de JMAK do aço SAE 1080 baseado em Woodard et

al. (1999).

O modelo JMAK é válido somente para transformações isotérmicas, então, para usar

este modelo, deve-se converter a curva de resfriamento para uma sequência de passos

isotérmicos como mostrada na Figura 2.7.

Figura 2.7: Diagrama TTT esquemático mostrando a conversão da curva de resfriamento em

passos isotérmicos.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 200 400 600 800

Ex

po

ente

n (

JMA

K)

Temperatura [°C]

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39

Assim, utilizando o modelo JMAK modificado, o tempo utilizado na equação (2.38) é a

soma de um tempo fictício ao valor do passo de tempo utilizado. Este tempo fictício é baseado

na fração total volumétrica já transformada de uma dada fase i, e representa o tempo que seria

necessário para que toda a fração volumétrica já formada se transformasse isotermicamente

naquela temperatura. Portanto a equação incremental para o tempo é dado por:

tj = ∆tj + tj,fict (2.38)

sendo

tj,fict (Tj) = [− ln(1−Fi,j−1)

a(Tj)]

1

n(Tj) (2.39)

Fi,j(Tj) = 1 − exp [−a(Tj)t(Tj)n(Tj)

] (2.40)

As transformações fases perlita e bainita ocorrem após de um tempo de incubação. Para

considerar este aspecto, é utilizada a Regra da Aditividade de Sheil, e a transformação poderá

começar somente se a equação (2.41) for satisfeita, ou seja, se a condição abaixo for satisfeita

(Carlone et al., 2010; Woodard et al., 1999):

∑∆tj

τs(Tj)≥ 1n

j=1 (2.41)

2.4 Modelo de Koistinen-Marburguer

A transformação austenita-martensita não possui caráter difusional e pode ser

modelada pela equação de Koistinen-Marburguer. Deve-se levar em consideração a

porcentagem de austenita já transformada em perlita e bainita, então a equação de Koistinen-

Marburguer deve ser multiplicada pela fração de austenita remanescente, como segue:

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Fm,j = [1 − exp[−0,011(Tms − T)]](1 − ∑ Fii ) (2.42)

onde Tms é a temperatura de início de transformação da martensita, Fm,j é a fração de

matensita no passo de tempo j, Fi é a fração já transformada da fase i.

Durante o resfriamento, para cada passo de tempo, as propriedades de densidade, calor

específico e condutividade térmica são atualizadas baseadas na fração volumétrica de cada

fase, assim as propriedades são função da fase e da temperatura e podem ser genericamente

representadas pela função ϕ, cujo valor atual depende do valor de cada fase ϕi, conforme a

equação abaixo:

ϕ = ∑ Fiϕini=1 (2.43)

Durante a transformação de fase há liberação de calor latente e este é incluído em cada

passo de tempo, considerando a variação da fração volumétrica e a variação de entalpia para

cada fase Hmi, como mostrado na equação (2.44). Como existe calor sendo liberado e, um

consequente aumento de temperatura, pode haver a tendência, durante a simulação

computacional, de uma diminuição da fração volumétrica de martensita já transformada.

Como este efeito não ocorre fisicamente, ou seja, durante o resfriamento não é possível

transformar martensita em austenita novamente, deve-se evitá-lo durante a simulação

mantendo sempre o valor máximo da fração volumétrica de martensita entre dois passos de

tempo consecutivos, de acordo com a equação (Hömberg, 1996) (2.45).

qt = ∑∆Hmi∆Fi,j

∆tj (2.44)

Fm,j = max[Fm,j , Fm,j−1] (2.45)

onde qt é o calor liberado por unidade de volume durante a transformação de fase.

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41

3 ESTRATÉGIA DE SIMULAÇÃO

A simulação computacional foi dividida em duas partes principais: aquecimento e

resfriamento, sendo utilizado como condição inicial da segunda fase, o campo de

temperaturas obtido na primeira.

A primeira fase engloba a simulação do aquecimento por indução eletromagnética e o

tempo de retardo, enquanto a segunda consiste no resfriamento por imersão em líquido, que

nos casos tratados é água.

O tempo de retardo é o tempo que a peça fica suspensa no ar, após o indutor ser

desligado e antes de ser imersa em água, e tem a finalidade de permitir que o calor gerado na

superfície do componente mecânico, através da indução eletromagnética, se difunda

estendendo assim a região austenitizada.

Como condição inicial da simulação, foi considerado, em todos os casos simulados, que

o componente mecânico possui uma distribuição de temperatura homogênea, igual a

temperatura ambiente, e 100% de perlita como microestrutura.

3.1 Aquecimento

A simulação computacional da fase de aquecimento consiste em acoplar a simulação

eletromagnética e a térmica, além de utilizar o campo de temperaturas após o aquecimento

propriamente dito como condição inicial para a simulação do tempo de retardo. Dessa forma

pode-se dividir a fase de aquecimento em quatro fases: fase eletromagnética, fase térmica I,

fase térmica II, e fase microestrutural I, onde as fases térmicas I e II se referem,

respectivamente, à fase térmica acoplada a fase eletromagnética e à simulação do tempo de

retardo. A fase microestrutural I refere-se à avaliação da microestrutura existente após o

tempo de retardo.

A fase de aquecimento está estruturada como mostrado na Figura 3.1, sendo que uma

volta completa no loop corresponde a um passo de tempo da fase térmica I, ∆tstep. O primeiro

passo é inserir as condições de contorno eletromagnéticas e a temperatura de cada elemento

finito, que no passo de tempo inicial do loop da fase térmica I é igual a temperatura ambiente.

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Na fase eletromagnética, a temperatura é utilizada para o programa definir, através de uma

tabela, o valor da resistividade elétrica e a correção da curva B-H de acordo com a equação

(2.27) para cada elemento finito, lembrando que caso a temperatura do elemento exceda a

Temperatura de Curie, a curva B-H é então substituída por um valor constante de

permeabilidade magnética, cujo valor é igual a permeabilidade magnética do vácuo. Como já

explicado no Capítulo 2, apesar do problema eletromagnético ser transiente, ele é tratado

como harmônico, e assim independente do tempo, através da simplificação produzida pela

equação (2.28). Neste caso é usada uma malha de elementos finitos que representa a bobina, o

concentrador de fluxo eletromagnético, o ar em torno da região de interesse e a peça que será

aquecida. A resolução deste problema harmônico produz como resultado a distribuição de

correntes parasitas na superfície do componente mecânico e também a potência, em forma de

calor, dissipada por elas.

Figura 3.1: Estratégia de simulação para a fase de aquecimento eletromagnético.

Completada a fase eletromagnética, altera-se o módulo do Ansys para a simulação de

problemas térmicos, alterando o tipo de elemento finito mas preservando a geometria. É então

necessária a eliminação dos elementos finitos que não serão utilizados na análise térmica: os

elementos pertencentes ao ar, a bobina e ao concentrador de fluxo eletromagnético. São

inseridos também as condições de contorno térmicas da fase térmica I e a potência dissipada

na fase eletromagnética, como geração de calor volumétrica devido ao efeito Joule e

calculadas com a equação (2.34), que permanece constante durante todo o passo de tempo da

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simulação transiente da fase térmica I. Como resultado é obtido o campo de temperaturas que

será utilizado no próximo passo de tempo para definir as propriedades eletromagnéticas.

Retornando agora para o primeiro passo do loop de aquecimento mostrado na Figura

3.1, altera-se o elemento finito para aquele apropriado para a simulação eletromagnética de

forma a reestabelecer os elementos não usados na simulação térmica, mas necessário na

eletromagnética. É atualizado então a temperatura de cada elemento finito e assim as

propriedades eletromagnéticas dos mesmos. A simulação eletromagnética é realizada

novamente e uma nova potência dissipada é obtida.

Assim, é realizado o loop contendo as fases eletromagnética e térmica I com ∆tTotal/

∆tstep iterações, onde ∆tTotal é o tempo total de aquecimento e ∆tstep é o passo de tempo da

fase térmica I, como já dito anteriormente. Na Figura 3.1, tal loop é sinalizado pelas setas

normais, enquanto as setas em negrito sinalizam entrada de informação no loop, como

condição de contorno.

No acoplamento das fases eletromagnética e térmica I implementado neste trabalho, é

considerado que em pequenos passos de tempo o calor gerado pela fase eletromagnética

permanece aproximadamente constante, eliminando assim um processo iterativo muito

custoso computacionalmente em que a potência dissipada variaria durante o passo de tempo

da fase térmica transiente. Por essa razão, é necessário que o passo de tempo da fase térmica I

seja pequeno o suficiente para que não haja grandes alterações no campo de temperaturas e

consequentemente nas propriedades eletromagnéticas, que levaria à uma alteração da potência

dissipada.

De uma maneira mais resumida: durante a simulação do aquecimento do componente

mecânico as fases eletromagnética e térmica estão acopladas da seguinte maneira: a simulação

da fase eletromagnética fornece como resultado o calor gerado na superfície do componente

mecânico através do Efeito Joule que é inserido como força de volume na simulação da fase

térmica I. Esta, por sua vez, fornece como resultado o campo de temperaturas, que é utilizado

para atualizar as propriedades eletromagnéticas e define o tempo total da simulação do

aquecimento, uma vez que a simulação da fase eletromagnética é harmônica no tempo. O

tempo total de aquecimento é um dado definido pelo operador do sistema, assim como a

frequência e a amplitude da corrente elétrica do indutor.

O campo de temperaturas gerado ao final do loop contendo as fases eletromagnética e

térmica I, descrito na Figura 3.1, é utilizado como condição inicial para a simulação do tempo

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de retardo. O tempo de retardo consiste no período de tempo que o componente mecânico fica

suspenso no ar a fim de se promover a difusão do calor gerado na superfície deste e, assim,

permitir que a camada superficial austenitizada cresça. Este tempo também é um dado

escolhido pelo operador do processo.

Sabe-se que para transformação de perlita em austenita necessita-se da absorção de

calor latente, porém este foi negligenciado em razão da magnitude do calor gerado por Efeito

Joule. Sabe-se também que tal transformação é dependente do tempo, mas a fim de se

diminuir o tempo total de processamento, a microestrutura no momento anterior ao tempo de

retardo e posterior ao desligamento do indutor é calculada apenas com base na temperatura

final de cada elemento finito.

Um segundo loop tem início após a determinação da microestrutura pós-aquecimento.

Neste loop estão acopladas a fase térmica II e a fase microestrutural I, que correspondem,

respectivamente à simulação do tempo de retardo e simulação da transformação

microestrutural durante o mesmo. Durante a simulação térmica do tempo de retardo foi

utilizada a mesma condição de contorno da fase térmica I, com exceção do calor sendo gerado

no componente mecânico, visto que as bobinas são desligadas durante o tempo de retardo.

A cada passo de tempo da fase térmica II são avaliadas as transformações

microestruturais, apenas no sentido de produção de austenita, uma vez que o resfriamento ao

ar é lento. Mais uma vez o calor latente absorvido foi negligenciado aqui, desta vez devido ao

pequeno intervalo de tempo que consiste o tempo de retardo, em geral um ou dois segundos, e

também a austenita gerada foi considerada somente como função da temperatura. Desta forma

os elementos finitos foram classificados como austenitizados (100% austenita) e não

austenetizados (0% austenita e 100% perlita). Devido às dimensões diminutas dos elementos

finitos na superfície do componente mecânico, da ordem de 0,3 mm, estas simplificações não

devem produzir grandes erros no perfil de dureza final.

Ao final deste segundo loop obtém-se o campo de temperaturas e o perfil

microestrutural imediatamente anterior ao resfriamento. O perfil microestrutural pré-

resfriamento tem uma grande importância, pois apenas as regiões que se transformaram em

austenita podem se transformar durante o resfriamento e produzir, por exemplo, martensita.

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3.2 Resfriamento

Para a simulação computacional do resfriamento é feito um acoplamento da fase térmica

III e da fase microestrutural II. A fase térmica III consiste no resfriamento propriamente dito

do componente mecânico, na qual este é imerso em água após passar pelo aquecimento

eletromagnético e pelo tempo de retardo. Toda a simulação da etapa de resfriamento é feita

dentro do módulo térmico do Ansys, sendo necessário desabilitar os elementos das estruturas

pertencentes unicamente a simulação eletromagnética: ar, bobina e concentrador de fluxo.

O primeiro passo do loop de resfriamento é inserir as condições iniciais e de contorno do

problema, e como já explicado, as condições iniciais são o campo de temperaturas e o perfil

microestrutural obtidos após o tempo de retardo. Já as condições de contorno consistem na

introdução do coeficiente de película em função da temperatura, através de uma tabela. O

próximo passo do loop de resfriamento consiste na simulação da fase térmica III, a fim de se

obter um novo campo de temperaturas, após ∆tstep_resf, passo de tempo da fase térmica III.

Esse novo campo de temperaturas é utilizado em conjunto com o perfil microestrutural para

calcular no perfil estrutural e assim, atualizar as propriedades físicas (densidade, calor

específico e condutibilidade térmica), que são dependentes da microestrutura, de cada

elemento, após um intervalo de tempo ∆tstep_resf.

Apesar de haver liberação calor latente durante o processo físico da transformação

microestrutural e também haver alteração das propriedades de acordo com a microestrutura,

para diminuir o custo computacional, os mesmos são mantidos constantes durante ∆tstep_resf.

Dessa forma, este último deve ser pequeno o suficiente para que não ocorram erros

significativos na avaliação do campo de temperaturas, devido ao procedimento iterativo

sequencial utilizado.

O loop é realizado até o momento em que não haja nenhum elemento com temperatura

acima da temperatura de início da martensita, visto que nessa condição não é possível

formação de nenhuma outra fase além desta.

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Figura 3.2: Estratégia de simulação da fase de resfriamento.

A segunda etapa consiste no pós-processamento dos resultados gerados pela simulação do

resfriamento para a obtenção da dureza final do componente mecânico. Alguns métodos

podem ser utilizados para descrever a dureza de cada fase e assim o perfil de dureza final do

componente mecânico, como: atribuir uma dureza fixa para cada fase, utilizar o diagrama

TTT e extrair a dureza para a porcentagem de microestrutura formada em uma determinada

temperatura ou ainda utilizar equações empíricas. Neste trabalho utilizou-se as equações de

Maynier e a atribuição de um valor fixo de dureza para cada fase.

3.3 Simulação multifísica integrada

Um dos objetivos deste trabalho é a implementação de um modelo integrado para

simulação multifísica do processo de têmpera. As duas seções anteriores trataram da

simulação das fases de aquecimento e resfriamento, que devem ser acopladas a fim de se

produzir o resultado final da simulação, que é o perfil de dureza.

A Figura 3.3 mostra como a simulação integrada foi estruturada, onde os quadros em

vermelho correspondem ao loop de aquecimento, os em laranja ao loop do tempo de retardo e

os em azul ao loop de resfriamento.

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Figura 3.3: Esquema representando a simulação integrada do processo de têmpera por indução

eletromagnética.

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4 RESULTADOS NÚMERICOS E ANÁLISE PARAMÉTRICA

Neste capítulo serão apresentados os resultados numéricos obtidos utilizando a

estratégia de simulação descrita nos capítulos anteriores. Apresentam-se inicialmente alguns

exemplos de validação das etapas de formulação, após, foi analisada a influência de alguns

parâmetros da simulação, do processo, do indutor e da peça para duas geometrias distintas da

peça a ser aquecida: um cilindro e um moente de um virabrequim.

A compreensão da influência dos diversos parâmetros dos processos de aquecimento e

têmpera é muito importante, pois tratam-se de processos complexos muito utilizados na

indústria e onde ainda são utilizados o métodos empíricos no setup dos mesmos. Dessa forma,

entender a influência de cada parâmetro através da aplicação de técnicas de simulação pode

reduzir o número de tentativas e ensaios experimentais, e consequentemente o custo e o tempo

total, para se obter o resultado esperado.

4.1 Avaliação numérica da modelagem da convecção natural

Segundo Cho (2012), durante o aquecimento do componente mecânico por indução

eletromagnética, o calor extraído da peça por convecção é pequeno quando comparado ao

calor perdido por radiação e, por isso, pode ser negligenciado. Para testar essa hipótese, será

calculada a taxa de calor perdido por unidade de comprimento para um cilindro horizontal por

convecção natural e comparada com a taxa de calor perdido por unidade de comprimento por

radiação. É sabido que existe um grande gradiente de temperaturas no cilindro durante o

aquecimento, mas para fim de simplificação, esse gradiente não será levado em conta e será

considerado que o cilindro possui temperatura homogênea para fim de comparação da

influência relativa dos efeitos de convecção e radiação.

O número de Nusselt médio para um cilindro horizontal de temperatura homogênea

pode ser calculado pela seguinte expressão (Cho, 2012):

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49

Nud =

{

0,6 +0,387(Rad)

0.5

(1+(0,559

Pr)

916)

827

}

(4.1)

onde Rad é o número de Rayleigh e Pr é o número de Prandtl. O número de Rayleigh e o de

Prandtl podem ser calculados por:

Rad =gβ(Ts−Tar)d

3

ρarν (4.2)

Pr =ν

α (4.3)

onde g é a aceleração gravitacional, Ts a temperatura superficial do cilindro, Tar a temperatura

do ar envolta do cilindro, α a difusividade térmica do ar, β é o coeficiente de expansão

térmica do ar, d o diâmetro do cilindro, ρar a densidade do ar e ν a viscosidade cinemática do

ar. Assim a taxa de calor perdido por convecção natural por unidade de comprimento Qconv′ é

dada por:

Qconv′ =

Qconv

l= hcnπ(Ts − Tar) (4.4)

hcn =kNud

d (4.5)

Aqui hcn é o coeficiente convectivo, l o comprimento do cilindro e k é a condutividade

térmica do material.

Para a taxa de calor perdido por radiação, pode-se escrever:

Qrad′ =

Qrad

l= πdεσr(Ts

4 − T∞4 ) (4.6)

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50

onde ε é a emissividade do material, σr é a constante de Stefan-Boltzmann e T∞ a

temperatura do ambiente. Para efeito de comparação foi considerado T∞ = Tar, g = 9,81m

s2,

ε = 0,8, d = 38 mm. O resultado obtido para Qrad′ e Qconv

′ é mostrado na Figura 4.1.

Observa-se na Figura 4.1 que para baixas temperaturas as perdas por convecção e radiação

são equivalentes, mas a partir de 300°C as diferenças são notáveis.

Durante a implementação computacional, a radiação foi modelada por um modelo de

convecção equivalente cujo coeficiente convectivo é função da temperatura, hrad.

Inicialmente fez-se a expansão binomial do termo da temperatura a quarta potência, obtendo-

se:

Qrad′ = Aεσr(Ts

4 − T∞4 ) = Aεσr(Ts

2 + T∞2 )(Ts + T∞)(Ts − T∞) (4.7)

onde A é a área da superfície do cilindro em contato com o ar. Assim, chamando de hrad o

coeficiente convectivo equivalente, pode-se escrever (Cajner et al., 2004; Incropera e Dewitt,

2008):

hrad = εσr(Ts2 + T∞

2 )(Ts + T∞) (4.8)

e portanto:

Qrad′ = Ahrad(Ts − T∞) (4.9)

que é o modelo convectivo equivalente usado na simulação, considerando o coeficiente hrad

variando com a temperatura Ts da superfície do cilindro. Tal modelo, implica em uma solução

de um problema térmico não linear, que foi resolvido usando-se um processo iterativo

implementado no Ansys.

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51

Figura 4.1: Comparação entre a taxa de calor perdido por convecção e por radiação.

Como a região de interesse está sujeita a altas temperaturas, o calor perdido por

convecção natural será desprezado na simulação da fase de aquecimento.

Estes resultados mostram que o efeito da radiação são preponderantes na fase de

aquecimento, principalmente em altas temperaturas, o que justifica a não consideração do

efeito de convecção neste caso.

4.2 Teste numérico do modelo microestrutural

Para validar a fase de resfriamento e a implementação do modelo microestrutural

empregado foi simulada a têmpera de um cilindro de aço SAE 1080 com 38mm de diâmetro e

76mm de comprimento. Como condições iniciais foi utilizada uma temperatura uniforme de

850°C e 100% de austenita como microestrutura inicial, de acordo com o que foi considerado

por Carlone et al. (2010).

Foi considerado a têmpera por imersão em água a 20°C e o coeficiente convectivo para

tal condição foi retirado de (Woodard et al., 1999), como mostrado na Figura 4.2.

0

5000

10000

15000

20000

0 200 400 600 800 1000 1200

Tax

a d

e ca

lor

per

did

o p

or

un

idad

e

de

com

pri

men

to [

W/m

]

Temperatura da supefície do cilindro [°C]

Convecção

Radiação

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52

Figura 4.2: Coeficiente convectivo para um cilindro de 38mm de diâmetro imerso em água.

Extraído de Woodard et al. (1999).

Os resultados obtidos desta simulação foram comparados aos publicados por Carlone et

al. (2010). Existem, porém, diferenças entre as duas simulações. Na presente simulação o

modelo da transformação austenita-martensita utilizado foi o de Koistinen-Marburguer, além

disso, o cilindro, com uma razão comprimento/diâmetro igual a 2, foi modelado como

infinitamente longo (Huiping et al., 2007) utilizando-se 95 elementos ao longo do raio.

Carlone et al, (2010) utilizou um modelo 2D com 10 elementos ao longo do raio e a

transformação austenita-martensita foi descrita pelo modelo de Yu.

Na comparação do histórico de temperaturas foram utilizados 3 pontos posicionados ao

longo do eixo x: A=0,20mm, B=8,10mm e C=18,96mm como ilustra a Figura 4.3. No artigo

de referência (Carlone et al., 2010) usou-se A=0mm, B=8,08mm e C=19,05mm. A Figura 4.3

mostra tais pontos e as condições de contorno aplicadas nesta simulação. A diferença na

posição dos pontos ocorreram devido a uma escolha diferente na malha de Elementos Finitos

utilizada.

As figuras 4.4 e 4.5 mostram, respectivamente, a distribuição microestrutural ao longo

do raio após 90s de têmpera e o histórico de temperaturas dos pontos A, B e C. É mostrado

também uma comparação com os resultados de Carlone et al. (2010). Apesar dos dois

modelos apresentarem diferenças entre si, houve uma boa concordância entre as duas

simulações, demonstrando que os modelos microestrutural e térmico acoplados tem um

0

5

10

15

20

0 200 400 600 800

Coef

icie

nte

Convec

tivo

[kW

/m²K

]

Temperatura [°C]

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53

comportamento compatível com os resultados previamente publicados na literatura

especializada.

Figura 4.3: Condições de contorno e localização dos pontos A, B e C da seção axissimétrica

do cilindro utilizado.

Figura 4.4: Distribuição microestrutural de perlita e martensita depois de 90s de imersão em

água.

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54

Na Figura 4.5, nota-se um pequeno aumento da temperatura nos pontos A e B durante o

resfriamento. Esse aquecimento se dá pela liberação de calor latente durante a transformação

de fase. A medida em que se aproxima da superfície, a taxa de calor extraído pela imersão em

água é maior, subjugando o efeito da liberação de calor latente na transformação de fase.

Figura 4.5: Histórico de temperaturas durante o resfriamento por imersão em água para os

pontos A,B e C.

Os resultados, tanto em fração de volume da martensita e perlita quanto em perfil de

temperatura, concordam com os resultados da literatura. Assim, é possível afirmar que a

metodologia implementada neste trabalho para a fase de resfriamento é adequada.

4.3 Influência das propriedades na fase de resfriamento

O estudo da influência das propriedades do material da peça a ser aquecida tem como

objetivo neste trabalho verificar a necessidade da utilização de propriedades como função da

microestrutura do material.

Como tais propriedades são difíceis de obter, ainda mais pelo espectro de temperaturas

envolvido, esta seção visa avaliar a diferença nos resultados da simulação numérica entre

utilizar propriedades em função da temperatura e utilizar propriedades mecânicas em função

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55

da temperatura e da microestrutura. Isto é, pretende-se avaliar a relevância de se modelar as

variações microestruturais durante a simulação térmica.

Foi utilizada a malha apresentada na Figura 4.6 para simular a fase de resfriamento. O

objeto de estudo é um cilindro de aço SAE 1080 infinitamente longo, já que seu comprimento

é igual a duas vezes o seu diâmetro (Huiping et al., 2007), com 38mm de diâmetro. O cilindro

é resfriado em água a 20ºC e o coeficiente convectivo utilizado foi extraído de (Woodard et

al., 1999), mostrado na Figura 6. A dureza final foi calculada de acordo com a porcentagem

de cada fase, levando em conta uma dureza fixa para cada fase, 39 Rockwell C para perlita e

66 RC para martensita.

Figura 4.6: Malha utilizada para a simulação do cilindro.

Em um primeiro momento, foi analisada a dureza final obtida quando a temperatura

inicial do cilindro é homogênea e igual a 850ºC e microestrutura inicial de 100% austenita.

Foram realizados no total 4 casos: utilizando apenas uma das propriedades (condutibilidade

térmica, densidade e calor específico) comumente utilizadas do aço e as duas outras

propriedades dependentes da microestrutura, utilizando todas as propriedades dependentes da

microestrutura e nenhuma das propriedades dependente da microestrutura. Vale salientar que

em todos os casos as propriedades são dependentes da temperatura.

Figura 4.7: Dureza final de acordo com a propriedade utilizada como não sendo dependente

da microestrutura.

0

10

20

30

40

50

60

70

0 0,005 0,01 0,015 0,02

Dure

za [

RC

]

Distância ao longo do raio [mm]

controle

calor específico

condutividade

térmicaTodas

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56

Através da Figura 4.7, pode-se notar que a propriedade que causa a maior influência na

dureza final quando utilizada como não dependente da microestrutura é a condutibilidade. As

curvas “Controle” e “Todas” denotam, respectivamente a simulação em que todas as

propriedades são dependentes da temperatura e a simulação em que todas as propriedades não

são dependentes da temperatura.

Tal comportamento pode ser explicado utilizando os gráficos de cada uma das

propriedades estudadas nesta seção. Nas figuras 4.8-4.10 são mostradas comparações entre as

propriedades comumente utilizadas e as propriedades dependentes da temperatura. Nota-se

que a propriedade não dependente da microestrutura aproxima-se da curva da propriedade da

perlita para a condutibilidade térmica e calor específico, a curva de densidade do aço SAE

1080 encontrada na literatura, além disso possui uma pequena variação entre as curvas de

austenita e perlita (razão máxima entre valor da densidade da austenita e da perlita de 1,02 na

temperatura de 0°C ou 273K), assim a influência desta propriedade não será estudada.

Ao se calcular a razão entre a propriedade não dependente da microestrutura

propriedade da austenita por volta de 550°C ou 823K, que é a temperatura que mais favorece

a transformação austenita-perlita, verificamos que esta razão é muito maior no caso da

condutibilidade térmica, como mostrado na tabela 4.1.

Tabela 4.1: Razão entre a propriedade não dependente da temperatura e a propriedade da

austenita em 550°C.

Condutibilidade Térmica Calor Específico

1,70 1,27

Como a microestrutura inicial é de 100% austenita e a curva de propriedade tende à

curva de propriedades da perlita, o resultado obtido é completamente diferente daquele com

todas as propriedades como função da microestrutura. Porém, um componente, com 19mm de

raio, totalmente austenitizado não é o que se obtém utilizando o aquecimento por indução

eletromagnética. Uma das vantagens da indução eletromagnética é aquecer prioritariamente a

superfície do componente mecânico, dessa forma, apenas uma pequena região do mesmo será

austenitizada.

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57

Por esta razão, uma segunda simulação computacional foi realizada a fim de se verificar

a influência das propriedades como função da microestrutura. A malha e as condições de

contorno convectivas são as mesmas da simulação anterior, porém, nesta etapa o cilindro tem

temperatura inicial igual a 30°C e é aquecido até que apenas uma região se austenitize. Para o

aquecimento do cilindro procurou-se inserir uma fonte de calor semelhante a do aquecimento

por indução eletromagnética, ou seja, o elemento finito mais próximo à superfície recebeu

80% do calor volumétrico gerado total, o segundo mais próximo à superfície 16% e o terceiro

4%.

Figura 4.8: Densidade Aço SAE 1080.

Figura 4.9: Calor Específico do Aço SAE 1080

7300

7400

7500

7600

7700

7800

7900

8000

8100

0 500 1000 1500 2000

Den

sidad

e [K

g/m

³]

Temperatura [K]

Austenita

Perlita

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 500 1000 1500 2000

Cal

or

espec

ífic

o [

J/K

gK

]

Temperatura [K]

Calor Específico

Austenita

Perlita

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58

Figura 4.10: Condutibilidade Térmica do Aço 1080

Diferentes valores de calor volumétrico foram utilizados a fim de se obter diferentes

espessuras de camada austenitizada. Os resultados de dureza final obtidos para 8,5mm,

5,1mm e 3,6mm de espessura de camada austenitizada estão mostrados nas figuras 4.11, 4.12

e 4.13, respectivamente. Foram simulados apenas dois casos para cada configuração, com

todas as propriedades dependentes da microestrutura e com todas as propriedades não

dependentes.

Figura 4.11: Dureza final para da simulação com 8,5mm de espessura austenitizada

0

10

20

30

40

50

60

0 500 1000 1500 2000

Conduti

bil

idad

e T

érm

ica

[W/m

K]

Temperatura [K]

Condutibilidade

TérmicaAustenita

Martensita

Perlita

0

10

20

30

40

50

60

70

0 0,005 0,01 0,015 0,02

Dure

za [

RC

]

Distância ao longo do raio [m]

Dependente

Não

Dependente

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59

Figura 4.12: Dureza final para da simulação com 5,1mm de espessura austenitizada

Figura 4.13: Dureza final para da simulação com 3,6 mm de espessura austenitizada

Através as figuras 4.11-4.13, pode-se concluir que com a diminuição da camada

austenitizada há também uma diminuição da diferença entre as duas curvas. Isso ocorre, pois,

a propriedade não dependente da temperatura se assemelha a curva da propriedade da perlita.

Assim, como há uma diminuição da área austenitizada e um aumento da área com 100%

perlita a diferença entre as curvas também diminui.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,005 0,01 0,015 0,02

Dure

za [

RC

]

Distância ao longo do raio [m]

Dependente

Não Dependente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,005 0,01 0,015 0,02

Dure

za [

RC

]

Distância ao longo do raio [m]

Dependente

Não Dependente

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60

Dessa maneira, como usualmente a profundidade da camada temperada não é maior do

que 5mm, será utilizado neste trabalho apenas as propriedades globais, não dependentes da

microestrutura, devido à pequena influência deste tipo de modelagem nestes casos.

4.4 Simulação completa do processo integrado para o caso de um cilindro

O terceiro resultado apresentado engloba as fases de aquecimento e resfriamento de

forma sequencialmente acoplada. O objetivo é mostrar uma sequência completa do

procedimento de simulação, aplicada a um caso simples de um cilindro, onde as malhas são

mais facilmente controladas. Foi simulada a têmpera de um cilindro de aço SAE 1080,

aquecido por indução eletromagnética e resfriado por imersão em água. O cilindro possui

18mm de diâmetro e 76mm de comprimento, mas devido à simetria, foi modelado apenas

38mm de comprimento, conforme mostrado na Figura 4.14. As dimensões da malha de ar que

envolve o cilindro são duas vezes maior longitudinalmente e duas vezes e meia maior

radialmente do que as dimensões do cilindro, para evitar a influência das condições de

contorno no problema (Drobenko et al., 2007).

Figura 4.14: Representação do modelo axissimétrico para o caso do cilindro.

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61

O indutor foi modelado considerando 8 fios de cobre envolvendo o cilindro e colocado

no plano de simetria. Foi considerado que o ângulo entre as espiras é muito pequeno e por

isso pode ser negligenciado, sendo assim possível a modelagem do problema como

axissimétrico. O modelo pode ser visto na Figura 4.14, onde a área cinza representa o cilindro,

a azul o ar e as áreas laranjas os fios do indutor.

Figura 4.15: Expansão axissimétrica em ¾ do modelo, representando apenas o indutor e

o cilindro.

Na Figura 4.15 foi feita uma expansão axissimétrica em ¾ do modelo do cilindro e das

espiras, lembrando que ele é simétrico com relação ao plano 𝑥𝑧, mas que essa simetria não foi

expandida nesta representação. Além disso, para facilitar a visualização, a malha de ar não

está exposta.

A malha do cilindro utilizada nessa simulação possui 55 elementos ao longo do

comprimento e 28 ao longo do raio. Os elementos próximos à superfície do cilindro são mais

finos dos que os próximos ao eixo, como pode ser visualizado na Figura 4.15. Esse tipo de

refinamento é necessário devido à baixa profundidade de penetração da onda eletromagnética

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62

e ao decréscimo da potência dissipada em uma razão de 𝑒−2 por profundidade de penetração, o

que conduz a camadas de baixa espessura onde o calor é concentrado, e por conseguinte, as

transformações metalúrgicas do material. Tipicamente a camada endurecida atinge poucos

milímetros.

Utilizou-se uma corrente de 1500 𝐴 e 𝑓=1000 𝐻𝑧 em cada um dos fios do indutor, que

possuem um raio de 1,2mm. O diâmetro do indutor é 46mm e a distância entre os fios do

mesmo é de 5mm. Por simplicidade, o calor gerado nos fios da espira por efeito joule foi

desprezado.

O cilindro, inicialmente a 20°C, é aquecido por 20s, utilizando-se um passo de tempo de

1s durante todo o aquecimento. Na Figura 4.16, é mostrado o campo de temperaturas, em

Kelvin, ao final do aquecimento.

Figura 4.16: Campo de temperaturas em Kelvin obtido após 20 segundos de aquecimento.

Para fins de simplificação e diminuição do tempo de processamento, o tempo de

transformação durante a fase de aquecimento foi negligenciada, dessa forma os elementos

com temperatura acima da temperatura de austenitização do aço 1080 (996 K) foram

considerados como 100% austenita, e os elementos com temperatura abaixo da temperatura de

austenitização como sendo 100% perlita. Pode-se observar na Figura 4.16 que apenas uma

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63

parte do cilindro ultrapassa tal temperatura, ou seja, somente essa porção estará sujeita a

transformação microestrutural durante o resfriamento.

Durante a fase de aquecimento as propriedades eletromagnéticas (condutividade elétrica

e curva de magnetização) e as propriedades térmicas (calor específico e condutibilidade

térmica) do aço são funções da temperatura, conforme mostrado nas tabelas 4.3 a 4.7. É

importante salientar que acima da Temperatura de Curie, que neste caso vale Tcurie = 1043 K

a permeabilidade magnética do aço não é obtida a partir da curva de magnetização, em vez

disso, ela se torna constante μ = μ0 = 4π10−7 N

A2.

O calor perdido por convecção durante o período de aquecimento foi negligenciado por

ser considerado pequeno quando comparado à perda de calor por radiação. Já durante o

resfriamento, apenas o calor perdido por convecção é considerado, utilizando-se o coeficiente

convectivo mostrado na Figura 4.2, que corresponde ao caso de imersão em água.

Nesse modelo foi adotado um valor constante de dureza para cada fase. Foi adotado 39

Rockwell C para a perlita e 66 RC para a martensita e austenita retida (Woodard et al., 1999).

A dureza da bainita foi assumida como 43 RC, de acordo com a escala de dureza do diagrama

TTT do aço SAE 1080.

A dureza da austenita retida é a mesma da martensita, pois ao final da simulação, todos

os elementos estão em uma temperatura abaixo da temperatura de início da transformação

martensítica (aproximadamente 220°C). Assim, como a transformação austenita-martensita

depende apenas da temperatura e a temperatura de final de transformação martensítica é maior

que a temperatura ambiente para o aço em questão, toda a austenita retida irá se transformar

em martensita tão logo a temperatura do componente mecânico se aproxime da temperatura

ambiente. Por isso, a fim de se diminuir o tempo de processamento, não é necessário que a

simulação se estenda até o cilindro atingir temperaturas próximas à temperatura ambiente.

O perfil da microestrutura e de dureza no plano de simetria após 120s de resfriamento

estão mostrados nas figuras 4.17 e 4.18, respectivamente. Na Figura 4.19 está mostrado um

mapa de cores da dureza pós-têmpera.

Pode-se observar que houve um acréscimo de dureza apenas em aproximadamente

3,5mm de espessura. Percebe-se, também, uma porcentagem muita baixa de bainita formada,

podendo ser associada à forma da curva TTT, que não favorece esse tipo de transformação, e

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à pequena região aquecida, que está sujeita a uma alta taxa de extração de calor, favorecendo

a formação de martensita.

Comparando a Figura 4.17 com a 4.18, notamos que apesar de termos apenas

aproximadamente 80% de martensita na superfície do cilindro, a dureza da mesma é de 66

RC. Isso acontece em razão de a simulação não ter sido realizada até o resfriamento do

cilindro a uma temperatura abaixo da temperatura de final de transformação martensítica do

aço 1080, restando, ainda, uma porcentagem de austenita retida, cuja dureza adotada é a

mesma da martensita.

Figura 4.17: Perfil microestrutural pós-têmpera para o caso do cilindro.

Figura 4.18: Perfil de dureza pós-dureza para o caso do cilindro.

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65

Figura 4.19: Mapa de cores da dureza em RC pós-têmpera para o caso do cilindro.

Não foi possível a realização de toda a simulação apenas com as propriedades do aço 1080

devido à dificuldade de obtenção de tais dados. Todavia, entende-se que as propriedades usadas

são representativas deste tipo de problema, e portanto, os fenômenos principais do processo foram

resguardados neste modelo. Dessa forma, a curva de magnetização utilizada foi a do aço AISI

1045, as propriedades elétricas e térmicas utilizadas durante a fase de aquecimento são do aço

SAE 1080 e todas as propriedades térmicas dependentes da microestrutura usadas na fase de

resfiramento são do aço SAE 1080.

De forma geral, pode-se observar que o processo de simulação é representativo e que a

espessura da camada endurecida está coerente com os valores normalmente praticados pela

indústria.

4.5 Simulação da têmpera por indução em um moente de um virabrequim

Nas seções seguintes serão explorados os resultados de cada uma das fases da simulação

do processo de têmpera de um moente do virabrequim. Para tanto, foi realizada uma

simulação de um esquema simplificado de ½ do moente, considerando a axissimetria.

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Figura 4.20: Objeto de estudo da simulação integrada.

Figura 4.21: Malha utilizada para a simulação do moente.

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A Figura 4.20 mostra o objeto de estudo, que inclui o indutor, o concentrador de fluxo

magnético e ar que envolve o sistema de aquecimento e o moente. A malha deste último, que

foi utilizada em todas as simulações seguintes, está mostrada na Figura 4.21.

Para diminuir o custo computacional, foram utilizados elementos finitos triangulares

fora da área de interesse. Os elementos finitos quadrilaterais na área de interesse, região onde

existe aumento de dureza devido às transformações microestruturais, são da ordem de 0,3mm.

A Figura 4.22 mostra uma expansão axissimétrica do modelo 2D.

Figura 4.22: Expansão axissimétrica em ¾ do modelo, representando o indutor, o

concentrador de fluxo eletromagnético e o moente.

4.5.1 Condições iniciais e de contorno do problema e propriedades dos

materiais

Para a simulação da têmpera por indução eletromagnética no moente, considerou-se que

o componente mecânico estava inicialmente a uma temperatura inicial Ti = 20°C e foi

aquecido por 10s. Após o aquecimento e o tempo de retardo, este foi imerso em água e

resfriado até a temperatura ambiente. O passo de tempo utilizado durante a fase de

aquecimento (fase térmica I) foi de 0,25s, durante o tempo de retardo (fase térmica II) foi de

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0,1s e durante o resfriamento (fase térmica III) foi de 0,05s. As figuras 4.23 e 4.24 mostram as

condições de contorno, dimensões do sistema e dados de entrada para a simulação

eletromagnética e térmica, respectivamente.

Figura 4.23: Condições de contorno e dados de entrada para a simulação eletromagnética.

Para avaliar a profundidade da camada endurecida no virabrequim foram definidas duas

direções A e B, como mostrado na Figura 4.25. A dureza é então avaliada nos elementos do

moente que fazem fronteira com a malha de ar na direção A e nos elementos mais próximos

ao eixo das abscissas na direção B. Esse procedimento foi utilizado pois a camada endurecida

não é uniforme. Além disso, a espessura da camada endurecida nessas regiões é um dos

parâmetros usados na indústria para analisar a qualidade do perfil da camada endurecida.

Neste trabalho, a camada endurecida foi considerada como sendo a região cuja dureza é

superior a 55 RC.

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Figura 4.25: Direções A e B onde a profundidade da camada endurecida foi observada.

Figura 4.24: Condições de contorno para a simulação térmica.

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Tabela 4.2: Dados de entrada para a simulação do moente.

As tabelas 4.3 a 4.7 apresentam as propriedades do aço SAE 1080 utilizadas durante a

simulação do processo de têmpera por indução. Todas as tabelas foram inseridas dentro do

código executado pelo programa Ansys, que utiliza interpolação linear para obter valores

entre os fornecidos na tabela (Ansys, 2007).

Tabela 4.3: Resistividade elétrica, calor específico e condutibilidade térmica do aço SAE

1080 utilizadas durante a simulação.

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71

Tabela 4.4: Densidade do aço SAE 1080.

Os dados da Tabela 4.3 e 4.4 foram utilizados durante a etapa de aquecimento, ou seja,

nas fases térmicas I e II e na fase eletromagnética.

Já as tabelas 4.5 a 4.7 foram utilizadas na simulação do resfriamento do componente

mecânico. As tabelas 4.5 e 4.6 não apresentam os valores relativos à fase martensita, porém

durante a simulação as propriedades da martensita foram assumidas como iguais a da

austenita (Woodard et al., 1999).

Tabela 4.5: Densidade do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da temperatura.

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72

Tabela 4.6: Calor específico do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da temperatura.

Tabela 4.7: Condutibilidade térmica do aço SAE 1080 em função da microestrutura e da

temperatura.

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73

4.5.2 Influência do Concentrador de Fluxo Magnético

O concentrador de fluxo magnético trata-se de um material com alta permeabilidade

magnética que é adicionado ao indutor como forma de se controlar e se aumentar o fluxo

magnético na região de interesse. O material do concentrador de fluxo magnético também

deve apresentar uma boa condutividade térmica para não atrapalhar a dissipação do calor

gerado no indutor, porém não foi considerada dissipação de calor no indutor durante a

simulação como meio de simplificação do modelo.

Nesta seção será avaliada a influência da inserção de um concentrador de fluxo

eletromagnético ao redor do indutor na dureza final e na potência absorvida pela peça. O

concentrador de fluxo utilizado foi o Fluxtrol 100, cuja curva de saturação, que relaciona a

densidade de fluxo magnético com a intensidade de campo, é mostrada na Figura 4.26.

Figura 4.26: Curva de magnetização do Fluxtrol 100

Foram estudas três configurações: com concentrador de fluxo, sem concentrador de

fluxo e com concentrador de fluxo parcial. A Figura 4.27 apresenta a configuração com

concentrador de fluxo magnético e a configuração com concentrador parcial. A frequência de

oscilação e a amplitude da corrente utilizadas nesta seção foram 9000 Hz e 4000 A,

respectivamente.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000Den

sidad

e de

Flu

xo M

agnét

ico B

[T

]

Intensidade do campo magnético H [A/m]

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74

Figura 4.27: Configuração do concentrador de fluxo: 1) com concentrador e 2) com

concentrador de fluxo parcial.

A Figura 4.28 apresenta as curvas de absorção de potência durante o aquecimento

eletromagnético para os três casos estudados nessa seção. Observando-se a Figura 4.28, nota-

se que ao utilizar o concentrador de fluxo eletromagnético na sua forma completa, há uma

maior absorção da energia eletromagnética e assim, um maior aquecimento do moente. Pode-

se observar também que a potência absorvida é ainda menor no caso da não utilização do

concentrador de fluxo eletromagnético, evidenciando assim a importância do mesmo no

aquecimento do moente para o melhor aproveitamento da energia fornecida pelo indutor.

Figura 4.28: Comparação entre a potência absorvida durante o aquecimento para as três

configurações estudadas.

0

20

40

60

80

100

120

0 2 4 6 8 10 12

Potê

nci

a A

bso

rvid

a [K

W]

Tempo [s]

Com concentrador de fluxo - 1

Concentrador de fluxo parcial - 2

Sem concentrador de fluxo - 3

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Outro fator que deve ser levado em conta na utilização do concentrador de fluxo

eletromagnético é a influência do mesmo na camada endurecida pós-têmpera. A Figura 4.29

foi gerada a partir dos resultados do perfil de dureza final para cada um dos três casos citados

acima, a fim de se analisar este fator. Nota-se a formação de uma camada endurecida pós-

têmpera mais uniforme no caso do concentrador de fluxo magnético completo quando

comparada aos outros dois casos, sendo o caso mais irregular o que não utiliza o

concentrador.

Sabe-se a partir da experiência da indústria automotiva que uma das regiões mais

críticas para a falha por fadiga do virabrequim é no raio de curvatura entre dois moentes

consecutivos. Baseando-se nos resultados obtidos nessa seção, pode-se verificar a importância

da utilização do concentrador de fluxo eletromagnético também para o perfil de dureza pós-

têmpera. Pois, uma vez que o mesmo não é utilizado ou é utilizado apenas parcialmente, para

os casos analisados, houve uma diminuição da camada endurecida na região crítica,

favorecendo a falha por fadiga na mesma. Esta redução da camada endurecida é mais evidente

para o caso sem o concentrador mostrado na Figura 4.29.

Figura 4.29: Dureza final em Rockwell C para as configurações: a) com concentrador de

fluxo, b) com concentrador parcial e c) sem concentrador.

4.5.3 Influência da frequência de oscilação da corrente do indutor

A frequência de oscilação da corrente do indutor está relacionada à potência absorvida

pelo componente ferromagnético e à profundidade de penetração do campo eletromagnético

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76

no mesmo. Esta última, representa a profundidade na qual a corrente elétrica gerada no

componente mecânico equivale a e−1, aproximadamente 36,8%, da corrente gerada na

superfície do componente mecânico. Como a maior parcela da potência dissipada pelo campo

eletromagnético no componente ferromagnético é devido ao Efeito Joule, a potência dissipada

é proporcional ao quadrado da corrente elétrica, assim a potência dissipada em uma

profundidade igual a δp é ainda menor, equivale e−2, aproximadamente 13,5%, da potência

dissipada na superfície do componente. Em bons condutores elétricos a profundidade de

penetração pode ser aproximada por:

δp = √2

ωμσ (4.10)

onde ω é a frequência de oscilação do campo eletromagnético, μ a permeabilidade magnética

do meio e σ a condutividade elétrica.

Para avaliar a influência da frequência de oscilação da corrente do indutor no perfil de

dureza e na potência absorvida no componente mecânico foram utilizados os seguintes input:

amplitude de corrente: 4200A, tempo de retardo: 1s. As figuras 4.30 e 4.31 abaixo mostram a

potência absorvida em cada passo de tempo do aquecimento (fase térmica I) e a dureza pós

têmpera para diferentes valores de frequência. Conforme a direções A e B mostrados na

Figura 4.25.

A potência absorvida possui um pico no início do aquecimento devido a

comportamento dos materiais ferromagnéticos, no qual a permissividade magnética relativa

diminui com o aumento da temperatura, chegando a 1, na Temperatura de Curie do material

do moente, que neste caso vale Tcurie = 770°C.

Observa-se também, que na direção A até aproximadamente ω = 5500Hz, não houve

camada endurecida, o que evidencia que para maiores frequências uma melhor distribuição do

calor gerado é obtida.

Notou-se também que a distribuição do calor gerado no aquecimento alterou-se de

acordo com a frequência de oscilação da corrente, alterando o perfil de dureza final do

moente.

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Figura 4.30: Potência absorvida em cada passo de tempo para diferentes valores de

frequência.

Figura 4.31: Profundidade da camada endurecida nas direções A e B após a têmpera para

diferentes valores de frequência.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 2 4 6 8 10 12

Potê

nci

a A

bso

rvid

a [k

W]

Tempo de Aquecimento [s]

3000 Hz 4000 Hz

5000 Hz 6000 Hz

7000 Hz 8000 Hz

9000 Hz

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 2000 4000 6000 8000 10000

Esp

essu

ra d

a C

amad

a en

dure

cida

[mm

]

Frequência [Hz]

Direção A

Direção B

A

B

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78

4.5.4 Influência da amplitude da corrente no indutor

A amplitude da corrente no indutor é diretamente proporcional a amplitude do campo

magnético gerado pela mesma. Porém, como o material ferromagnético possui

permeabilidade magnética não linear, existe uma relação não linear entre a potência absorvida

pelo componente mecânico e a amplitude de corrente do indutor.

Para avaliar a influência da amplitude da corrente do indutor no perfil de dureza e na

potência absorvida no componente mecânico foram utilizados os seguintes dados de entrada:

frequência de oscilação da corrente: 9000Hz, tempo de retardo: 1s, foi considerado o caso

com concentrador integral. As figuras 4.32 e 4.33 abaixo mostram a potência absorvida em

cada passo de tempo do aquecimento (fase térmica I) e a dureza pós têmpera para diferentes

valores de amplitude de corrente.

Assim como na seção anterior, observou-se um pico maior potência absorvida no

início do aquecimento, porém a dureza final encontrada possui uma relação aproximadamente

linear com a amplitude da corrente do indutor.

Figura 4.32: Potência absorvida em cada passo de tempo para diferentes amplitudes de

corrente.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 2 4 6 8 10 12

Potê

nci

a A

bso

rvid

a [k

W]

Tempo de Aquecimento [s]

3400 A 3600 A

3800 A 4000 A

4200 A 4400 A

4600 A 4800 A

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79

Figura 4.33: Profundidade da camada endurecida nas direções A e B após a têmpera para

diferentes valores amplitude de corrente.

4.5.6 Influência da utilização das equações de Maynier para cálculo da

dureza

Na presente seção foi analisada a influência no perfil de dureza do virabrequim ao utilizar

as equações de Maynier para o cálculo da dureza das fases microestruturais ao invés de

utilizar uma dureza fixa para cada fase. As equações propostas por Maynier (4.11 a 4.13),

apresentadas abaixo, são função da taxa de resfriamento e da composição do aço.

HVp = 42 + 223C + 53Si + 30Mn + 12.6Ni + 7Cr + 1Mo

+ log10(vr)(10 − 19Si + 4Ni + 8Cr + 130V) (4.11)

HVb = 323 + 185C + 330Si + 153Mn + 65Ni + 144Cr + 191Mo + log10(vr)(89 + 53C −

55Si − 22Mn − 10Ni − 20Cr − 33Mo) (4.12)

HVm = 127 + 949C + 27Si + 11Mn + 8Ni + 16Cr + 21 log10(vr) (4.13)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

3000 3500 4000 4500 5000

Esp

essu

ra d

a ca

mad

a en

dure

cida[

mm

]

Corrente [A]

Direção A

Direção B A

B

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Nas equações acima, C é a porcentagem de carbono presente no aço, Si de silício, Mn de

manganês, Ni de níquel, Cr de cromo, Mo de molibdênio, V de vanádio, vr é a taxa de

resfriamento em °C/h, HVp, HVb e HVm são a dureza Vickers da perlita e da ferrita, bainita e

martensita, respectivamente.

Figura 4.34: Comparação entre o mapa de dureza pós tempera para os casos: a) utilização de

um valor de dureza constante para cada fase b) utilização das equações de Maynier para

determinação da dureza de cada fase.

As equações de Maynier podem ser utilizadas para o cálculo da dureza das regiões que

foram austenitizadas durante o aquecimento e resfriadas durante a tempera, desta forma, os

elementos que não sofreram austenitização tiveram sua dureza fixada em 400 Vickers.

Nesta simulação foram utilizados os mesmos dados de entrada da seção 5.2, ou seja,

frequência de oscilação e a amplitude da corrente no indutor de 9000 Hz e 4000 A,

respectivamente. Além disso, foram rodados os casos: com o concentrador de fluxo, com o

concentrador de fluxo parcial e sem o concentrador de fluxo eletromagnético. Após cada

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passo de tempo durante a fase de resfriamento (fase térmica III) foram utilizadas as equações

de Maynier para calcular a dureza da fração da nova fase formada. Assim, para o cálculo da

dureza de cada elemento foi utilizada também a regra das misturas, ou seja, a dureza total de

cada ponto é composta pela dureza de cada fase formada ponderada pela própria porcentagem

de cada fase neste determinado ponto.

A Figura 4.34 mostra uma comparação qualitativa entre os dois modelos, dureza fixa de

cada fase e dureza calculada pelas equações de Maynier, apresentados na primeira e segunda

linha de imagens, respectivamente. Pode-se extrair que para os casos apresentados, utilizando

as propriedades do aço 1080 SAE, não houveram modificações significativas no resultado

final, quando se analisa o gradiente de dureza, que justifique o uso das equações de Maynier.

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5 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentada uma metodologia de simulação multifísica do processo de

têmpera por indução eletromagnética aplicados a peças cilíndricas, utilizando aquecimento

por indução eletromagnética cujo resultado final é o perfil de dureza obtido após a têmpera.

As soluções dos problemas eletromagnético e térmico foram obtidas por meio do software

comercial Ansys. A modelagem microestrutural foi adicionada ao software Ansys usando-se a

programação paramétrica através da linguagem APDL. A integração dos modelos foi feita

usando-se um esquema iterativo com cálculo não linear em cada etapa, com acoplamento

sequencial no tempo. Não foram encontrados na literatura trabalhos que façam a modelagem

sequencialmente acoplada mostrada nesta dissertação.

Devido à característica do problema físico eletromagnético, das propriedades do aço e

da frequência relativamente alta, é necessário um grande refinamento da malha de elementos

finitos próximo à superfície do cilindro. Esse refinamento, aliado às várias etapas de

simulação e a necessidade de um pequeno passo de tempo durante o resfriamento, faz com

que o procedimento de simulação dure algumas horas, evidenciando-se um ponto que pode

ser melhor estudado e aprimorado.

Para o cálculo das transformações microestruturais foi criada uma rotina, executada

dentro do programa Ansys, contendo os modelos de JMAK para as transformações

difusionais, austenita-perlita e austeniata-bainita, e de Koistinen-Marburguer para a

transformação do tipo não difusional, austenita-martensita. A implementação do modelo

microestrutural foi comparada com Carlone et al. (2010) e, apesar de terem sidos utilizados

modelos para a transformação austenita-martensita diferentes, obteve-se uma boa

concordância entre os resultados.

Estas aplicações geraram duas publicações em congressos específicos da área

automotiva:

De Paula, P.; Pavanello, R.; Su, W.; Rodrigues, A. Multiphysics Simulation of Quenching

Process Coupling Electromagnetic, Thermal and Microstructural Analysis. SAE International,

2014, 2014-36-0425.

De Paula, P.; Pavanello, R.; Su, W.; Rodrigues, A. Sensitivity analysis of multiparameter

numerical model of quenching process using electromagnetic induction heating. SAE

International, 2015, 2015-36-0391.

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Como a simulação envolve um grande gradiente de temperaturas e transformações

microestruturais, uma dificuldade encontrada foi a escassez de dados disponíveis na literatura

das propriedades dos materiais para fase microesturtural e mesmo propriedades globais para

toda a faixa de temperatura envolvida no processo. Uma saída para este problema foi utilizar

propriedades de aços similares em composição química ao aço SAE 1080.

Além disso, outra dificuldade encontrada foi a falta de resultados experimentais

disponíveis na literatura para a validação de cada fase do modelo e da simulação integrada do

processo de têmpera por indução.

A simulação como um todo, se validada experimentalmente e aplicada a geometrias

mais complexas, pode representar um ganho considerável de tempo e de recursos no projeto

de componentes que deverão passar pelo processo de têmpera por indução eletromagnética.

5.1 Sugestões de continuidade

O presente trabalho é amplo, envolvendo varias áreas da mecânica dos materiais,

térmica e eletromagnetismo. Assim varias frentes de trabalho podem ser mencionadas como

sugestão de trabalhos futuros:

avaliação experimental em casos simples de corpos cilíndricos visando a

qualificação do modelo para uso industrial;

ampliar o estudo sobre a modelagem eletromagnética na otimização da forma e da

topologia do concentrador de fluxo e dos indutores;

realizar a análise de sensibilidade de outros parâmetros do sistema, tais como

posição relativa do indutor e dos concentradores, meio no qual a peça é resfriada,

duração do tempo de retardo, forma e topologia da peça a ser temperada, entre

outros;

construir um pré e pós processador para facilitar o uso do programa desenvolvido e

permitir aos usuários dos equipamentos usar o modelo para auxiliar a regulagem

do processo para novas peças;

redução da energia consumida e do tempo total de aquecimento;

otimização da profundidade, perfil e dureza da camada endurecida;

implementar um modelo que para descrever as tensões residuais geradas durante o

processo;

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avaliar a viabilidade da implementação de um modelo 3D para estudo da

influência de geometrias complexas, tais como peças com furos e geometrias não

axi simétricas.

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ANEXO A – Artigo publicado no Congresso SAE 2014

2014-36-0425

Multiphysics Simulation of Quenching Process of a SAE 1080 Steel Cylinder, Coupling Electromagnetic, Thermal and Microstructural Analysis.

Pedro de Paula(1), Renato Pavanello(1), Wiliam Su(2), Alex Rodrigues(2)

(1) Department of Computational Mechanics, State University of Campinas,

(2) Department of Research and Development Engineering, ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda.

Copyright © 2014 SAE International

Abstract

Mechanical components, such as parts of internal combustion engine, subject to cyclic loads can be submitted to quenching process in order to improve mechanical properties preventing fatigue failures in service. It is important that such components, due to quenching process, get a high hardness surface layer, increasing the resistance to fatigue, and a tenacious core, with a high capacity of absorbing impacts.

In this paper, a multiphysics simulation method of quenching process using Finite Element Method is presented. The proposed simulation method include two stages: heating and cooling. In the first stage, the mechanical component, initially at ambient temperature, is heated by electromagnetic induction to a temperature above the steel austenitization. In the second one, the component is cooled by liquid immersion. The resulting microstructure is calculated using the Johnson–Mehl–Avrami–Kolmogorov model and Sheil’s additive rule for diffusional transformation, while austenite-martensite transformation is calculated by Koistinen-Marburguer equation.

The proposed method takes into account the variation of the material thermal properties as a function of temperature and microstructure, while the material electromagnetic properties are a function of temperature and strength of the electromagnetic field (magnetic permeability). As a result, the distribution of microstructure and hardness profile after quenching is obtained for a typical carbon steel, SAE 1080, for a mechanical component application.

Introduction

Mechanical components submitted to cyclic loadings are subjected to fatigue failure. One way to prevent such failures is submitting such components a quenching process, which basically consists in heating a component to above the austenitizing temperature of steel and then cooling it quickly.

After the quenching, it is desirable that the component presents a high hardness surface layer, with martensite microstructural configuration. The high hardness of the surface layer is important for the prevention of crack initiation in fatigue failure procedures. Another advantage of high surface hardness is increased wear resistance, on the other side, it is desirable that the mechanical component submitted to quenching process retain a tenacious core, thus providing impact resistance.

An efficient method used in the heating phase at the process is the electromagnetic induction. This type of heating has some advantages such as: greater process control, possibility to heat only one region and reduce the environmental impact.

Induction heating consists in approximating the mechanical component to an inductor traversed by a high frequency current. This current also produces electromagnetic waves of high frequency, which struck the component. The variation of the electromagnetic field at a given point generates electrical currents in order to counteract this variation of the field. As the penetration of the magnetic field is small in good conductive materials, current is generated only on the surface of the component. These currents dissipate heat by Joule effect, responsible for the heating.

The simulation method proposed in this paper is divided in two stages: heating and cooling. In both the finite element method is used. In the electromagnetic heating, the influence of the mesh size of the air surrounding the cylinder is studied, and it was found that this should be two times lengthwise and two and a half times greater than the radial dimensions of the cylinder being heated [1]. Furthermore, it is necessary the use of a finer mesh on the surface of the mechanical component containing from 3 to 10 elements in the region of heat generation [2].

During the electromagnetic heating, it was observed that for temperatures higher than 300°C and 600°C, if the variation of

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electrical conductivity and magnetic permeability, respectively, are not considered, it results in considerable errors in the field of temperatures [1]. Among the properties like electrical resistivity, specific heat, thermal conductivity and magnetic permeability through a sensitivity study, that the first two are the ones that have more influence in the depth of the hardened layer [3].

The microstructural transformation, for simplicity, will be taken into account only during the cooling phase. At the end of the heating phase, the elements that present temperature above the austenitizing one will be considered as 100% austenite, those which do not achieve such temperature are going to be considered as 100% perlite.

The latent heating is being taking into account in the most part of the work and, despite history temperature is more intensely influenced near to the cylinder symmetry axis, to disregard it cause an important alteration in the superficial microstructural resulting [4]. Another heat source during the quenching, is which released by the deformations, however its represents only 3% of the total heat released and can be neglected [5].

The principal contribution of this paper is the implementation and testing a multiphysics procedure to perform a integrated simulation of the quenching process of mechanical components considering electromagnetic, thermal and microstructural analysis.

Modeling

Electromagnetic Formulation

The proposed integrated multiphysics simulation include three principal phases: electromagnetic, thermal and microstructural coupled.

The electromagnetic problem in consideration is governed by the Maxwell’s equations:

∇x𝐇 = 𝐉 +𝝏𝑫

𝝏𝒕 (1)

∇x𝐄 = − 𝝏𝑩

𝝏𝒕 (2)

∇.𝑩 = 0 (3)

∇.𝑫 = 𝜌𝑒 (4)

where 𝐇 is the magnetic field strength, 𝐄 is the electric field

intensity, 𝐉 is the conduction current density, 𝑫 is the electric

flux density, 𝜌𝑒 is the electric charge density. In good conductor materials and considering harmonic magneto-quasi-static problem, the displacement current is negligible compared with conduction current, so we can write the Maxwell’s equations as follows:

∇x𝐇 = 𝐉 (5)

∇x𝐄 = − 𝝏𝑩

𝝏𝒕 (6)

∇.𝑩 = 0 (7)

The constitutive equations described below supplement equations (5)-(7) and describes the behavior of the electromagnetics materials.

𝑱 = 𝜎𝑬 (8)

𝑩 = 𝜇𝑯 (9)

Here, 𝜎 is the electric conductivity and 𝜇 is magnetic permeability and 𝑩 is the magnetic flux density. In the present

model, 𝜇 is function of the temperature and of the magnetic

field intensity, so it was used the following approximation to describe the variation of the 𝑩-𝐇 curve with the temperature:

𝑩 = 𝜇(𝐻, 𝑇)𝑯 = 𝜇20(𝐻) [1 − (𝑇

𝑇𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒)6]𝑯 (10)

Where 𝜇20 is obtained from the steel 𝑩-𝐇 curve at 20°C and

𝑇𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒 is the Curie temperature of the material, in which the

steel lose its ferromagnetic properties, i.e., the steel magnetic permeability above Curie point is considered equal to the free space magnetic permeability.

Despite the electromagnetic field generated in the coil be sinusoidal the non-linearity of the magnetic permeability of the ferromagnetic material, made the field inside them non-sinusoidal. However, for power loss time-average problem, we can substitute the ferromagnetic material by a fictitious material, based on energy equivalence. Considering the problem as a time harmonic it is possible to reduce the computational cost and maintaining a good accuracy [6]. In this case, the magnetic field strength is approximated by:

1

2∫ 𝐻𝑚𝑑𝐵𝑒𝑓𝑓𝐵𝑒𝑓𝑓0

= 4

𝑃∫ (∫ 𝐻𝑚 sin(𝜔𝑡) 𝑑𝐵

𝐵

0)

𝑃

40

𝑑𝑡

(11)

where 𝐵𝑒𝑓𝑓 is the effective magnetic flux density, 𝑃 the time

period, 𝐻𝑚 the peak value of magnetic field and 𝜔 the angular velocity. The output off electromagnetic phase is:

𝑄 =1

2𝑅𝑒(𝑬𝑇𝑱∗) (12)

where 𝑄 is the volumetric heat power generate based on the

Joule Effect. The thermal simulation of the heating phase is based in the Fourier's equations as follows:

𝜌𝑐𝜕𝑇

𝜕𝑡= ∇ . (𝑘∇𝑇) + 𝑄 (13)

where 𝜌 is the mass density, 𝑘 is the thermal conductivity and 𝑐 is the specific heat.

The algorithm of the heating phase is shown in Figure 1. The temperature field obtained from the Thermal Phase I, at

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heating stage, is used as initial conditional on Thermal Phase II, at cooling stage shown in Figure 2.

In the heating stage the purpose is evaluate the volumetric heat generated by the Joule Effect on the electromagnetic phase and it is an input to thermal phase I. This volumetric heat remain constant during a thermal time step. After the thermal phase I is done, the temperature filed is updated, as well the properties, and another electromagnetic simulation is done, as shown in Figure 1. These sequence runs until it got the total time heating desired.

In the cooling stage, Figure 2, the final temperature field obtained from the heating step is used as initial condition. The temperature filed is evaluated for each time step and the microstructural phase percentage, F, is updated using the microstructural model. So, the material properties and the heat released by the microstructural transformation is updated and another thermal phase II is performed. These sequence runs until the total time of cooling phase is reached.

Figure 1. Simulation strategy of the heating stage.

Figure 2. Simulation strategy of the cooling stage.

Microstructural Formulation

During the quenching many phases can be formed, such as perlite, bainite and martensite. The first two are diffusional controlled, they need a finite time for the transformation occurrence. The Johnson–Mehl–Avrami–Kolmogorov (JMAK) model can represent this transformation, using the follows equations:

𝐹𝑖(𝑇) = 1 − exp [−𝑎(𝑇𝑗). 𝑡(𝑇)𝑛(𝑇𝑗)] (14)

where 𝐹𝑖 is the volume phase fraction of the phase 𝑖 formed.

The diffusion coefficient, 𝑎, and the exponent, 𝑛, are properties

of the material and can be obtained by the steel TTT diagram, using 𝜏𝑠(𝑇) and 𝜏𝑒(𝑇), starting time transformation and

finishing time transformation for a given temperature T, as follows:

𝑛(𝑇) =ln (ln(𝐹𝑒)−ln (𝐹𝑠))

ln (𝜏𝑠(𝑇)−ln (𝜏𝑒(𝑇)) (15)

𝑎(𝑇) = − ln(𝐹𝑠) 𝜏𝑠(𝑇)−𝑛(𝑇) (16)

where 𝐹𝑒 and 𝐹𝑠 are the starting and finishing volume fraction

and assumed as 0.01 and 0.99 respectively.

The JMAK model is valid only to isothermal transformation, so to use this model we need to convert the cooling curve to a series of isothermal steps as shown in Figure 3.

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Figure 3. Schematic TTT diagram show conversion of cooling curve to isothermal steps.

Now, which modified JMAK model, the time used in the equation is a sum of a fictitious time to the duration of time step. This fictitious time is based on the cumulative transformed volume fraction of the specific i microstructural phase.

𝑡𝑗 = ∆𝑡𝑗 + 𝑡𝑗,𝑓𝑖𝑐𝑡 (17)

𝑡𝑗 ,𝑓𝑖𝑐𝑡 (𝑇𝑗) = [− ln(1−𝐹𝑖,𝑗−1)

𝑎(𝑇𝑗)]

1

𝑛(𝑇𝑗) (18)

Perlite and bainite phase have a incubation time before they can nucleate. To consider this aspect, we use Scheil’s Addictive Rule, and the transformation can begin if the following equation was satisfied.

∑∆𝑡𝑗

𝜏𝑠(𝑇𝑗)≥ 1𝑛

𝑗=1 (19)

Austenite-martensite transformation isn’t diffusional and can be modeled by the Koistinen-Marburguer equation. It have to be taken into account that a percentage of austenite had been transformed in perlite or bainite, so the Koistinen-Marburguer equation need to be multiplied by the fraction of the remaining austenite, as follow:

𝐹𝑚,𝑗 = [1 − exp[−𝛼(𝑇𝑚𝑠 − 𝑇)]](1 − ∑ 𝐹𝑖𝑖 ) (20)

Where Tms is the martensite start temperature.

During the cooling, for each time step, the properties 𝜙 (mass

density, specific heat and thermal conductivity) are updated based on the fraction of each phase, thus the properties are a function of the phase and the temperature.

𝜙 = ∑ 𝐹𝑖𝜙𝑖𝑛𝑖=1 (21)

During the phase transformation there is a release of the latent heat and it is also included in each time step, considering the variation of the volume fraction and enthalpy change of each phase. While there is heat being released, and consequently there is a increase of the temperature, it may occur a tendency of decreasing the transformed martensite volume fraction. A way to avoid this effect is maintaining the max value of transformed volume fraction of two consecutive time steps.

𝑄𝑡 = ∑∆𝐻𝑖 ,𝑗∆𝐹𝑖,𝑗

∆𝑡𝑗 (22)

𝐹𝑚,𝑗 = max[𝐹𝑚,𝑗 , 𝐹𝑚,𝑗−1] (23)

In the cooling phse, the Fourier equation (13) is also used to calculate the equilibrium thermal field.

Results

Validation

To validate the microstructural model, it was simulated a water quenching of a 38mm diameter and 76mm long cylinder. The cylinder was made of SAE 1080 steel and it was considered 100% austenite as initial phase and initial temperature of 850°C. Only austenite-perlite and austenite-martensite were considered in validation order to compare with literature results. The Figure 4 shows the convective coefficient of heat transfer of a cylinder quenching by immersion in water at 20°C versus the temperature, and it was obtained from [4].

Since the cylinder has a length/diameter ratio equal 2, it was modeled as an infinitely long cylinder [5] with 95 elements along the radius. In [7] it was used a mesh with 10 elements along the length and 20 along the radius.

Figure 4. Variation of convective coefficient with temperature of a 38mm diameter cylinder water quenching, obtained from Woodard et al., 1999.

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Figure 5. Phase distribution along the cylinder after 90s of quenching.

Despite the martensite transformation model being different from [7], it was used Koistinen-Marburguer in present validation case and Yu Parabolic model in [7], there is a very good agreement between them.

Figure 5. Boundary Condition and location of points A, B and C.

To compare the temperature history it was picked 3 points: A= 0.20mm, B=8.10mm and C=18.96mm from my model, and A=0mm, B=8.08mm and C=19.05 from [7]. Figure 5 shows these 3 points and the boundary conditions applied to this simulation.

Figure 6. Temperature history of water quenching 38-diameter cylinder of 1080 steel.

Present Case

In the present case it was simulated the induction electromagnetic heating and the water quenching by immersion of a SAE 1080 steel cylinder. The dimensions of the cylinder are radius of 19 mm and 76 mm of length, but, for symmetry reasons, it was modeled only 38 mm of length. The inductor was modeled as eight wire cooper around the cylinder and it was neglected the angle between two wires, being possible to make a 2D model of the problem.

The cylinder mesh used in the simulation has 55 elements along the length and 28 along the radius. The elements near to the surface of the cylinder is finer than the elements near to the cylinder axis.

A 1500 𝐴 current was input in the inductor wire with 1.2mm of

radius, that operate at 𝑓 = 1000 𝐻𝑧. For simplicity, it wasn’t

considered the Joule Heat loss on the inductor wire.

The cylinder was initially at 20ºC, being heated by 20 seconds. The figure 8 shows the temperature field, in kelvin, after the heating stage. Only a small part of the cylinder reach a temperature above the SAE 1080 steel austenitizing temperature (996 K), so only these elements are subjected to microstructural transformation during the cooling. As already said, all the elements with temperature below the steel austenitizing temperature are going to be considered as 100% perlite.

In the heating the electromagnetic properties (electric conductivity and B-H curve) of the steel and the thermal properties (mass density, specific heat and thermal conductivity) of the steel are temperature depended, as already explained. It’s important to highlight that above Curie Temperature, the steel magnetic permeability is not obtained from B-H curve, but instead it became a constant coefficient 𝜇 = 𝜇0, where 𝜇0 is the free space magnetic permeability.

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Figure 7. Schematic figure of the study object. Steel cylinder (grey), air (blue) and inductor wires (orange)

During the heating the heat lost by convection was neglected, because it is small compared to radiation loss [8]. In addition, during the cooling, the heat lost was modeled only as convection, with the convection coefficient showed above.

In this model it was adopted a constant value of hardness for each phase. The perlite hardness used was 39 Rockwell C (RC), martensite and retained austenite hardness was 39 RC [4]. Bainite hardness used was 43 RC, according the hardness scale of TTT diagram and quenching time.

Figure 8. Temperature distribution, in kelvin, after the heating stage.

Figure 9. Microestrutural distribution after the quenching.

Figure 10. Hardness after the quenching.

The mesh and the results were obtained through the commercial software Ansys. Unfortunately, we couldn’t get al the properties from the 1080 steel, the B-H curve is from SAE1045 steel, the electrical properties and thermal properties on heating is from E235, and the thermal properties of each microstructural phase on cooling phase is from 1080 steel.

Conclusions

The objective of this work was to simulate the process of the quenching of a SAE 1080 steel cylinder, the induction heating and the cooling. Previous works were used to validate the microstructural model and a good accuracy was achieved. Therefore, it can be said that the simulations were successfully performed. For next works, it is planned to achieve the experimental validation of the whole process using the same boundary conditions described in this paper. Additionally, it is desired in the future to implement this simulation methodology on carbon steel automotive crankshafts with also a further experimental validation.

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Contact Information

Pedro Augusto Lanza de Paula. E-mail: [email protected] Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP Rua Mendeleyev, 200 13083-860 Campinas – SP, Brasil Renato Pavanello Email: [email protected] Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP Rua Mendeleyev, 200 13083-860 Campinas – SP, Brasil MSc. Wiliam Tean Su, Research and Development Engineer Email: [email protected] Avenida Alfried Krupp, 1050 13231-900 Campo Limpo Paulista –SP, Brasil MSc. Alex de Souza Rodrigues, Research and Development Head of Division Email: [email protected] Avenida Alfried Krupp, 1050 13231-900 Campo Limpo Paulista –SP, Brasil

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ANEXO B – Artigo publicado no Congresso SAE 2015

2015-36-0391

Sensitivity analysis of multiparameter numerical model of quenching

process using electromagnetic induction heating.

Pedro de Paula(1)

, Renato Pavanello(1)

, Wiliam Su(2)

, Alex Rodrigues(2)

(1) Department of Computational Mechanics, State University of Campinas,

(2) Department of Research and Development Engineering, ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda.

Abstract

Induction hardening process is widely used to improve fatigue

strength of mechanical components that are subjected to cyclic

loads in service. The depth of the hardened layer is directed

linked with the fatigue and impact strength. So, to improve the

mechanical properties in order to preventing fatigue failure in

service, it is very important to understand the process and the

influence of its parameters.

In this paper, a sensitivity study of the influence of some process

parameters on the hardness profile of a crankshaft’s crankpin

after induction hardening using will be presented. The proposed

simulation method include two stages: heating and cooling. In

the first stage, the mechanical component, initially at ambient

temperature, is heated by electromagnetic induction to a

temperature above the steel austenitization. In the second one,

the component is cooled by liquid immersion. The resulting

microstructure is calculated using the Johnson–Mehl–Avrami–

Kolmogorov model and Sheil’s additive rule for diffusional

transformation, while austenite-martensite transformation is

calculated by Koistinen-Marburguer equation.

The simulation takes into account thermal properties as a

function of temperature and microstructure and electromagnetic

properties as a function of temperature and strength of the

electromagnetic field (magnetic permeability). The results of the

sensitivity study can help in the process setup, decreasing the

number of experimental tests.

Introduction

Induction hardening is an important industrial process used to

improve the mechanical properties of components subject to

cyclic loading, which induce the appearance of fatigue cracks

and may lead to failure of such component in service. The

induction hardening process consists of heating the material to a

temperature above the austenitization temperature and cools it

quickly in order to obtain a high hardness surface layer,

composed principally of martensite. Such a surface layer is

responsible for increasing resistance to fatigue, preventing the

crack initiation, and increasing wear resistance. It is also

necessary that the mechanical component, hold a tenaciously

core after the heat treatment process, in order to maintain good

impact resistance.

The first stage of the quenching, as said earlier, is to heat the

mechanical component to a temperature above the

austenitization temperature. An efficient method used in the

heating phase at the process is the electromagnetic induction.

This type of heating has some advantages such as: greater

process control, possibility to heat only one region and reduce

the environmental impact in addition to concentrating the heat

input on the surface, saving energy.

Electromagnetic induction heating consists of inducing electrical

currents in the mechanical component which wants to heat by

introducing it in a variable electromagnetic field. That currents

will inducted in the surface of the mechanical component and

dissipate heat by Joule effect, increasing the temperature. This

electromagnetic field is created by an inductor in which

circulates an electric current of high frequency.

The simulation method proposed in this paper is divided in two

stages: heating and cooling. In both the finite element method is

used. Due to the physical characteristics of the induction heating

problem, such as the small penetration depth of the

electromagnetic field, skin depth in good electrical conducting

materials, it is necessary the use of a finer mesh on the surface

of the mechanical component containing from 3 to 10 elements

in the region of heat generation [2].

During the electromagnetic heating, it was observed that for

temperatures higher than 300°C and 600°C, if the variation of

electrical conductivity and magnetic permeability, respectively,

are not considered, it results in considerable errors in the field of

temperatures [1]. Among the properties like electrical resistivity,

specific heat, thermal conductivity and magnetic permeability

through a sensitivity study, that the first two are the ones that

have more influence in the depth of the hardened layer [3].

It is important to note that, despite the sinusoidal behavior of the

current in the inductor, the electromagnetic field inside the

ferromagnetic mechanical component is not sinusoidal because

the magnetic permeability of ferromagnetic material is a

nonlinear function of magnetic field strength, so the simulation

of the transient phenomenon can give more accurate results [1].

As the harmonic fields solution is simpler and requires less

computational effort, some authors have proposed models in

which they obtain an equivalent permeability, which is a

function of temperature only, in order to obtain a similar

distribution of eddy currents, and consequently temperatures

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98

curves, to the simulation which the magnetic permeability as a

function of temperature and magnetic field intensity [6]. The

latent heating is being taken into account in the most part of the

work and, despite history temperature is more intensely

influenced near to the cylinder symmetry axis, to disregard it

cause an important alteration in the superficial microstructural

resulting [4].

The latent heat is not considered in the heating stage, because

the heat contribution of the induction heating is much higher

than it. Another heat source during the quenching, is which

released by the deformations, however its represents only 3% of

the total heat released and can be neglected [5].

The principal contribution of this paper is the implementation,

testing and multiparameter sensitivity analysis of a multiphysics

procedure to perform an integrated simulation of the quenching

process of mechanical components considering electromagnetic,

thermal and microstructural analysis.

Modeling

Electromagnetic Formulation

The proposed integrated multiphysics simulation include two

principal stages: electromagnetic and thermic coupled and

thermic and microstructural coupled.

The electromagnetic problem in consideration is governed by

the Maxwell’s equations:

∇x𝐇 = 𝐉 +𝝏𝑫

𝝏𝒕

(1)

∇x𝐄 = − 𝝏𝑩

𝝏𝒕 (2)

∇.𝑩 = 0

(3)

∇.𝑫 = 𝜌𝑒 (4)

where 𝐇 is the magnetic field strength, 𝐄 is the electric field

intensity, 𝐉 is the conduction current density, 𝑫 is the electric

flux density, 𝜌𝑒 is the electric charge density. In good conductor

materials and considering harmonic magneto-quasi-static

problem, the displacement current is negligible compared with

conduction current, so we can write the Maxwell’s equations as

follows:

∇x𝐇 = 𝐉

(5)

∇x𝐄 = − 𝝏𝑩

𝝏𝒕 (6)

∇.𝑩 = 0

(7)

The constitutive equations described below supplement

equations (5)-(7) and describes the behavior of the

electromagnetics materials.

𝑱 = 𝜎𝑬

(8)

𝑩 = 𝜇𝑯

(9)

Here, 𝜎 is the electric conductivity and 𝜇 is magnetic

permeability and 𝑩 is the magnetic flux density. In the present

model, 𝜇 is function of the temperature and of the magnetic field

intensity, so it was used the following approximation to describe

the variation of the 𝑩-𝐇 curve with the temperature:

𝑩 = 𝜇(𝐻, 𝑇)𝑯 = 𝜇20(𝐻) [1 − (𝑇

𝑇𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒)6]𝑯

(10)

Where 𝜇20 is obtained from the steel 𝑩-𝐇 curve at 20°C and

𝑇𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒 is the Curie temperature of the material, in which the steel

lose its ferromagnetic properties, i.e., the steel magnetic

permeability above Curie point is considered equal to the free

space magnetic permeability.

As said, despite the electromagnetic field generated in the coil

be sinusoidal the non-linearity of the magnetic permeability of

the ferromagnetic material, made the field inside them non-

sinusoidal. However, for power loss time-average problem, we

can substitute the ferromagnetic material by a fictitious material,

based on energy equivalence. The material B-H curve is

replaced by an effective B-H curve, transforming the nonlinear

transient problem in a nonlinear time-harmonic. Considering

the problem as a time harmonic, it is possible to reduce the

computational cost and maintaining a good accuracy [6]. In this

case, the magnetic field strength is approximated by:

1

2∫ 𝐻𝑚𝑑𝐵𝑒𝑓𝑓𝐵𝑒𝑓𝑓0

= 4

𝑃∫ (∫ 𝐻𝑚 sin(𝜔𝑡) 𝑑𝐵

𝐵

0)

𝑃

40

𝑑𝑡

(11)

where 𝐵𝑒𝑓𝑓 is the effective magnetic flux density, 𝑃 the time

period, 𝐻𝑚 the peak value of magnetic field and 𝜔 the angular

velocity. The output off electromagnetic phase is:

𝑄 =1

2𝑅𝑒(𝑬𝑇𝑱∗)

(12)

where 𝑄 is the volumetric heat power generate based on the

Joule Effect. The thermal simulation of the heating phase is

based in the Fourier's equations as follows:

𝜌𝑐𝜕𝑇

𝜕𝑡= ∇ . (𝑘∇𝑇) + 𝑄 (13)

where 𝜌 is the mass density, 𝑘 is the thermal conductivity and 𝑐

is the specific heat.

The algorithm of the heating phase is shown in Figure 1. The

temperature field obtained from the Thermal Phase I, at heating

stage, is used as initial conditional on Thermal Phase II, at

cooling stage shown in Figure 2.

In the heating stage the purpose is to evaluate the volumetric

heat generated by the Joule Effect on the electromagnetic phase

and it is an input to thermal phase I. This volumetric heat remain

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99

constant during a thermal time step. After the thermal phase I is

done, the temperature filed is updated, as well as the properties,

and another electromagnetic simulation is done, as shown in

Figure 1, obtaining a new volumetric heat input to the next time

step. This sequence runs until it got the total time heating

desired. After the heating, the microstructural phase of the

elements with temperature above the austenitization temperature

is set as 100% austenite. So there is another thermal step

representing the delay time before the component be submitted

to quenching, used to the heat generated in the surface of the

component diffuse to the core, and the austenitized region is

evaluated again.

In the cooling stage, Figure 2, the final temperature field

obtained from the heating stage and delay time after quenching

is used as initial condition. The temperature filed is evaluated

for each time step and the microstructural phase percentage, F, is

updated using the microstructural model. So, the material

properties and the heat released by the microstructural

transformation is updated and another thermal phase II is

performed. These sequence runs until the total time of cooling

phase is reached.

Figure 1. Simulation strategy of the heating stage.

Figure 2. Simulation strategy of the cooling stage.

Microstructural Formulation

During the quenching many phases can be formed, such as

perlite, bainite and martensite. The austenite-perlite and

austenite-bainite transformation are diffusional, they need a

finite time for the transformation occurrence. The Johnson–

Mehl–Avrami–Kolmogorov (JMAK) model can represent this

transformation, using the follows equations:

𝐹𝑖(𝑇) = 1 − exp [−𝑎(𝑇). 𝑡(𝑇)𝑛(𝑇)]

(14)

where 𝐹𝑖 is the volume phase fraction of the phase 𝑖 formed. The

diffusion coefficient, 𝑎, and the exponent, 𝑛, are properties of

the material and can be obtained by the steel TTT diagram,

using 𝜏𝑠(𝑇) and 𝜏𝑒(𝑇), starting time transformation and

finishing time transformation for a given temperature T, as

follows:

𝑛(𝑇) =ln (ln(𝐹𝑒)−ln (𝐹𝑠))

ln (𝜏𝑠(𝑇)−ln (𝜏𝑒(𝑇))

(15)

𝑎(𝑇) = − ln(𝐹𝑠) 𝜏𝑠(𝑇)−𝑛(𝑇)

(16)

where 𝐹𝑒 and 𝐹𝑠 are the starting and finishing volume fraction

and assumed as 0.01 and 0.99 respectively.

The JMAK model is valid only to isothermal transformation, so

to use this model we need to convert the cooling curve to a

series of isothermal steps as shown in Figure 3.

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100

Figure 3. Schematic TTT diagram show conversion of cooling curve to isothermal steps.

Now, with modified JMAK model, the time used in the equation

(19) is a sum of a fictitious time to the duration of time step.

This fictitious time is based on the cumulative transformed

volume fraction of the specific i microstructural phase.

𝑡𝑗 = ∆𝑡𝑗 + 𝑡𝑗,𝑓𝑖𝑐𝑡

(17)

𝑡𝑗 ,𝑓𝑖𝑐𝑡 (𝑇𝑗) = [− ln(1−𝐹𝑖,𝑗−1)

𝑎(𝑇𝑗)]

1

𝑛(𝑇𝑗) (18)

𝐹𝑖,𝑗(𝑇𝑗) = 1 − exp [−𝑎(𝑇𝑗). 𝑡(𝑇𝑗)𝑛(𝑇𝑗)

]

(19)

Perlite and bainite phase have an incubation time before they

can nucleate. To consider this aspect, we use Scheil’s Addictive

Rule, and the transformation can begin if the following equation

was satisfied.

∑∆𝑡𝑗

𝜏𝑠(𝑇𝑗)≥ 1𝑛

𝑗=1

(20)

Austenite-martensite transformation isn’t diffusional and can be

modeled by the Koistinen-Marburguer equation. It have to be

taken into account that a percentage of austenite had been

transformed in perlite and bainite, so the Koistinen-Marburguer

equation need to be multiplied by the fraction of the remaining

austenite, as follow:

𝐹𝑚,𝑗 = [1 − exp[−𝛼(𝑇𝑚𝑠 − 𝑇)]](1 − ∑ 𝐹𝑖𝑖 )

(21)

Where 𝑇𝑚𝑠 is the martensite start temperature.

During the cooling, for each time step, the properties 𝜙 (mass

density, specific heat and thermal conductivity) are updated

based on the fraction of each phase, thus the properties are a

function of the phase and the temperature.

𝜙 = ∑ 𝐹𝑖𝜙𝑖𝑛𝑖=1

(22)

During the phase transformation there is a release of the latent

heat and it is included in each time step, considering the

variation of the volume fraction and enthalpy change of each

phase. While there is heat being released, and consequently

there is an increase of the temperature, it may occur a tendency

of decreasing the transformed martensite volume fraction. A

way to avoid this effect is maintaining the max value of

transformed volume fraction of two consecutive time steps.

𝑄𝑡 = ∑∆𝐻𝑖 ,𝑗∆𝐹𝑖,𝑗

∆𝑡𝑗

(23)

𝐹𝑚,𝑗 = max[𝐹𝑚,𝑗 , 𝐹𝑚,𝑗−1]

(24)

In the cooling phase, the Fourier equation (13) is also used to

calculate the equilibrium thermal field.

Results

In the present case it was made a 2D model simulation to study

the influence of the current frequency and current amplitude in

the hardness profile and in the total energy absorbed from the

inductor of a crankshaft crankpin quenching process heated by

electromagnetic induction. The inner diameter of crankpin is

69mm and it is made of SAE 1080 steel. The inductor was

modeled as two wires evolved by a flux concentrator, Fluxtrol

50®, with 4mm thickness. The flux concentrator works like a

magnifier of the electromagnetic field, directing the flux to the

desired localization for heating. Also, the angle between the two

wires was neglected, being possible to make a 2D model of the

problem. The figure 4 shows the upper half of the ¾

axisymmetric expansion of the model, the gray region symbolize

the crankpin, the orange region presents the inductor and the

magenta, the flux concentrator.

Figure 4. ¾ Axisymmetric expansion of the model.

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101

The crankshaft was initially at 20ºC, being heated by 10

seconds. Only a small part of the crankpin reach a temperature

above the SAE 1080 steel austenitization temperature (996 K),

thus are subjected to microstructural transformation during the

cooling. All the elements which didn’t reach the steel

austenitization temperature were considered as 100% perlite.

In the heating, the electromagnetic properties (electric

conductivity and B-H curve) of the steel and the thermal

properties (mass density, specific heat and thermal conductivity)

of the steel are temperature depended, as already explained. It’s

important to highlight that above Curie Temperature, the steel

magnetic permeability is not obtained from B-H curve, but

instead it become a constant coefficient 𝜇 = 𝜇0, where 𝜇0 is the

free space magnetic permeability.

Figure 5. Variation of convective coefficient with temperature of a 38mm diameter cylinder water quenching, obtained from [4].

During the heating, the heat lost by convection was neglected,

because it is small compared to radiation loss [8]. In addition,

during the cooling, the heat lost was modeled only as

convection, with the convection coefficient showed above. The

ambient temperature used in the simulation was 20ºC.

The crankpin was cooled by immersion in 22.5ºC water, and the

convective coefficient of heat transfer used [4] is shown in the

figure 5.

In this model it was adopted a constant value of hardness for

each phase. The perlite hardness used was 39 Rockwell C (RC),

martensite and retained austenite hardness was 66 RC [4].

Bainite hardness used was 43 RC, according the hardness scale

of TTT diagram and quenching time.

Figure 6. Directions A and B which the hardened layer thickness was archived.

The figures (7 to 10) below shows the influence of the current

input (figure 10) and frequency input ( figure 9) on the hardened

layer thickness in the direction A and B, as shown in figure 6. It

is shown also, the power absorbed in each time step by the

crankpin according with current (figure 7) and frequency input

(figure 8). During the sensitivity study of current influence, it

was used 9000 Hz and 1s of delay time and in the sensitivity

study of frequency influence it was used 4200 A and 1s of delay

time.

Figure 7. Power absorbed by the crankpin in each time step for different inductor current frequencies input. Time step = 0.25s.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Po

wer

Ab

sorb

ed [

KW

]

Time step

3000 Hz

4000 Hz

5000 Hz

6000 Hz

7000 Hz

8000 Hz

9000 Hz

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102

Figure 8. Power absorbed by the crankpin in each time step for each

inductor current. Time step = 0.25s.

Figure 9. Hardness thickness in the directions A and B after quenching for inductor current frequency variation.

Figure 10. Hardness thickness in the directions A and B after quenching

for inductor current variation.

It was studied the influence of the magnetic flux concentrator

too. The power absorbed by the crankpin and the final hardness

profile was observed in three situations: 1 – with magnetic flux

concentrator, 2 – no magnetic flux concentrator and 3 – with

partial flux concentrator. The configurations 1 and 3 are shown

the figures 11 and 12, respectively. The input data for these

cases was 9000hz of current frequency, 1s of delay time and

4000A of current amplitude.

In all cases, all the properties used was from SAE 1080 steel,

unless the B-H curve, which is from SAE 1045 steel.

Figure 11. Configuration 1 – with magnetic flux concentrator.

Figure 12. Configuration 3 – with partial magnetic flux concentrator.

The figure 13 shows the power absorbed in the three

configurations and the figures 14, 15 and 16 show the hardness

profile of each configuration, after the quenching.

0

50

100

150

200

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Po

wer

Ab

sorb

ed [

KW

]

Time Step

3400 A3600 A3800 A4000 A4200 A4400 A4600 A

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 2000 4000 6000 8000 10000

Har

den

ed L

ayer

Th

ckn

ess

[mm

]

Frequency [Hz]

Direction A

Direction B

0

1

2

3

4

5

6

7

8

3000 3500 4000 4500 5000

Har

den

ed L

ayer

Th

ickn

ess

[mm

]

Current [A]

Direction A

Direction B

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103

Figure 13. Power absorbed by the crankpin in each time step for three magnetic flux concentrator. Time step = 1s.

Figure 14. Hardness profile after quenching for configuration 1 – with magnetic flux concentrator.

Figure 15. Hardness profile after quenching for configuration 2 – with

no magnetic flux concentrator.

Figure 16. Hardness profile after quenching for configuration 1 – with partial magnetic flux concentrator

Conclusions

The objective of this work was to simulate the process of the

quenching of a SAE 1080 steel crankpin and make a sensitivity

analysis of frequency, current input and geometry of magnetic

flux concentrator in the hardness profile and power absorbed.

In the cases studied, it was observed that higher frequencies and

currents input produce, most of cases, bigger hardened layer

thickness, because of the higher power input produced by them.

It was observed too, that after 5000 Hz the hardened layer

thickness in the direction B decreased while the layer thickness

in direction A increased. It could have occurred because of

different power distribution caused by each frequency input.

Also, it was observed the improvement caused by the magnetic

flux concentrator, producing a higher power input and a more

homogeneous hardened layer in the cases studied.

For next works, it is planned to improve to physical model and

explore more parameters like distance of the inductor from the

piece and geometry of magnetic flux concentrator and inductor.

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0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Po

wer

Ab

sorb

ed [

KW

]

Time step

With Flux Concentrator - 1

No Flux Concentrator - 2

Partial Flux Concentrator - 3

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