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Sindicato dos Empregados em Concessionárias dos Serviços de Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização de Energia Elétrica de Fontes Hídricas, Térmicas ou Alternativas de Curitiba - SINDENEL Ao Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal Senador José Sarney Do: Sindicato dos Empregados em Concessionárias dos Serviços de Geração, Trâ$$rá»áãjj,'39Ís1ribuição e Comercialização de Energia Elétrica de Fontes Hídricas, Térmicas ou Alternativas^dté^flitiDa - SINDENEL - Rua Prof. Ulisses Vieira, 1515, Bairro Santa Quitéria, CEP 80310-120, Curi^bs^ Paraná e CSMEC - Coletivo Sindical Majoritário dos Empregados da Copei Curitiba, 23 de fevereiro de 2011. Assunto: PLS n° 39, de 2007, que "acrescenta o art. 879-A ao Decreto-Lei 5.452, de 1° de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), para regular a declaração de prescrição intercorrente na execução trabalhista". Senhor Presidente, O presente ofício tem como objeto o PLS n° 39, de 2007, que acrescenta o art. 879-A ao Decreto-Lei 5.452, de 1° de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), para regular a declaração de prescrição intercorrente na execução trabalhista, de autoria do Senador Álvaro Dias PSDB/PR. Consta na justificativa do aludido projeto que se vislumbra a segurança jurídica ante a possibilidade de o empregador ser surpreendido, anos depois da reclamatória, por uma execução trabalhista. No entanto, cabe argumentar sobre o conceito de segurança jurídica, haja vista que o instituto também deve proteger o trabalhador de ver seu direito, consolidado em crédito, ser triturado diante artifícios do empregador relapso. Não é possível se afirmar injusta a situação onde o empregador é levado a honrar com suas dívidas trabalhistas legalmente corrigidas e atualizadas, apuradas após o devido processo legal. Tal fundamento ainda se revela mais importante quando verificamos a onda de terceirizacão e precarizacão das relações trabalhistas hodiernas. Empresas de terceirizacão são criadas todos os dias a fim de baratear o custo da mão de obra para grandes empresas (e, infelizmente, para o Poder Público) e desaparecem (junto com seus sócios), repentinamente, deixando os trabalhadores à míngua. Consequência óbvia: uma avalanche de ações trabalhistas e posterior congestionamento de execuções, eis que impossível encontrar qualquer bem apto a cumprir com o crédito do trabalhador. Então, o humilde operário, que não vê possibilidade de ter seus créditos satisfeitos, deixa de atuar no processo, - pela evidente ineficácia do método - é reputado como relapso/inerte pelo Poder Judiciário e, por final, tem seu crédito fulminado pela prescrição intercorrente. Ademais, a própria CLT, através de seu art. 889, regula muito bem tal conjuntura na execução trabalhista. Pois o art. 40, §§ 2° e 3°, Lei n. 6830/80 (aplicável ao processo do trabalho por força do mencionado dispositivo legal celetista) estipula que "decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado o devedor ou bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos" (§2°). Ressalva, logo após, que "encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para o prosseguimento da execução" (§3°). Ora, não nos parece que o poderoso Estado mereça um tratamento mais privilegiado que o miserável trabalhador com relação aos créditos judiciais, ainda mais quando se verifica que o Direito do Trabalho é fundamentado pelo princípio da proteção. Aliás, a Constituição Federal especifica as hipóteses de prescrição no processo do trabalho, no seu art. 7°, XXIX. Vale dizer, a estipulação de outra espécie prescritiva no seio trabalhista, como propõe o projeto em Rua Ulisses Vieira n°. 1515 -Fone : (41) 3019- 5161 -Fax: (41) 3274-5115 -CEP.: 80.310-120 Santa Quitéria - Curitiba - Paraná - Brasil - e-mail: [email protected] Órgão de representação dos empregados da : Copei - Itaipu - Eletrosul - Elejor - Tradener Tractebel - Brascan - Electra, UEG, lotados em Curitiba.

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Sindicato dos Empregados em Concessionárias dos Serviçosde Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização deEnergia Elétrica de Fontes Hídricas, Térmicas ou Alternativasde Curitiba - SINDENEL

Ao Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal

Senador José Sarney

Do: Sindicato dos Empregados em Concessionárias dos Serviços de Geração, Trâ$$rá»áãjj,'39Ís1ribuição eComercialização de Energia Elétrica de Fontes Hídricas, Térmicas ou Alternativas^dté^flitiDa - SINDENEL -Rua Prof. Ulisses Vieira, n° 1515, Bairro Santa Quitéria, CEP 80310-120, Curi bs^ Paraná e CSMEC -Coletivo Sindical Majoritário dos Empregados da Copei

Curitiba, 23 de fevereiro de 2011.

Assunto: PLS n° 39, de 2007, que "acrescenta o art. 879-A ao Decreto-Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943(Consolidação das Leis do Trabalho), para regular a declaração de prescrição intercorrente na execuçãotrabalhista".

Senhor Presidente,

O presente ofício tem como objeto o PLS n° 39, de 2007, que acrescenta o art. 879-A ao Decreto-Lei n° 5.452,de 1° de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), para regular a declaração de prescriçãointercorrente na execução trabalhista, de autoria do Senador Álvaro Dias PSDB/PR.

Consta na justificativa do aludido projeto que se vislumbra a segurança jurídica ante a possibilidade de oempregador ser surpreendido, anos depois da reclamatória, por uma execução trabalhista.

No entanto, cabe argumentar sobre o conceito de segurança jurídica, haja vista que o instituto também deveproteger o trabalhador de ver seu direito, consolidado em crédito, ser triturado diante artifícios do empregadorrelapso. Não é possível se afirmar injusta a situação onde o empregador é levado a honrar com suas dívidastrabalhistas legalmente corrigidas e atualizadas, apuradas após o devido processo legal.

Tal fundamento ainda se revela mais importante quando verificamos a onda de terceirizacão e precarizacãodas relações trabalhistas hodiernas. Empresas de terceirizacão são criadas todos os dias a fim de baratear ocusto da mão de obra para grandes empresas (e, infelizmente, para o Poder Público) e desaparecem (juntocom seus sócios), repentinamente, deixando os trabalhadores à míngua.

Consequência óbvia: uma avalanche de ações trabalhistas e posterior congestionamento de execuções, eisque impossível encontrar qualquer bem apto a cumprir com o crédito do trabalhador. Então, o humildeoperário, que não vê possibilidade de ter seus créditos satisfeitos, deixa de atuar no processo, - pela evidenteineficácia do método - é reputado como relapso/inerte pelo Poder Judiciário e, por final, tem seu créditofulminado pela prescrição intercorrente.

Ademais, a própria CLT, através de seu art. 889, já regula muito bem tal conjuntura na execução trabalhista.Pois o art. 40, §§ 2° e 3°, Lei n. 6830/80 (aplicável ao processo do trabalho por força do mencionadodispositivo legal celetista) estipula que "decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado odevedor ou bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos" (§2°). Ressalva, logo após, que"encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para oprosseguimento da execução" (§3°). Ora, não nos parece que o poderoso Estado mereça um tratamento maisprivilegiado que o miserável trabalhador com relação aos créditos judiciais, ainda mais quando se verifica queo Direito do Trabalho é fundamentado pelo princípio da proteção.

Aliás, a Constituição Federal especifica as hipóteses de prescrição no processo do trabalho, no seu art. 7°,XXIX. Vale dizer, a estipulação de outra espécie prescritiva no seio trabalhista, como propõe o projeto em

Rua Ulisses Vieira n°. 1515 -Fone : (41) 3019- 5161 -Fax: (41) 3274-5115 -CEP.: 80.310-120Santa Quitéria - Curitiba - Paraná - Brasil - e-mail: [email protected]

Órgão de representação dos empregados da : Copei - Itaipu - Eletrosul - Elejor - TradenerTractebel - Brascan - Electra, UEG, lotados em Curitiba.

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debate, estaria eivada de inconstitucionalidade, eis que do legislador constituinte já tratou das duasmodalidades possíveis no direito laborai, quais sejam, a prescrição bienal e quinquenal.Não cabe também lastrear o projeto ao argumento de uma suposta e profunda divisão entre processocognitivo e executivo. Após as reformas processuais de 2005 e 2006, o cumprimento de sentença virousomente uma fase do processo de conhecimento. Ou seja, não há que se falar em desinteresse por parte dotrabalhador na fase executiva por uma suposta inércia. Isso por que se o trabalhador ajuizou uma ação,prosseguiu com ela fazendo prova perante o juiz ou homologando um acordo, resta caracterizado esolidificado o seu interesse em ver seu direito (em forma de crédito) satisfeito.

Ainda mais, quando se verifica que uma das maiores peculiaridades do processo do trabalho é justamente ofato de ser permeado pelo franco impulso oficial. Já que cabe ao magistrado trabalhista dirigir o processo,com ampla liberdade (art. 765, CLT), indeferir diligências inúteis e protelatórias (art. 130, CPC), e,principalmente, determinar qualquer diligência que considere necessária ao esclarecimento da causa (art.765, CLT).

Resta claro que a aprovação do referido projeto estaria tão somente premiando as artimanhas contábeis ejurídicas de maus empresários, punindo e precarizando, ainda mais, o trabalhador brasileiro. Sem falar nopatente desequilíbrio material com relação àquele empregador que cumpre rigorosamente as suas obrigaçõespara com seus obreiros, a despeito de toda a dificuldade que enfrenta, ainda, a livre iniciativa, dado os altosencargos que deve suportar.

Estas são questões relevantes que demandam de reflexão por parte do legislador pátrio. Por isso se faznecessária a rejeição e o arquivamento do PLS n° 39, de 2007: i) para garantir a proteção dos créditos dostrabalhadores face às precariedades das relações trabalhistas atuais; ii) pela Constituição Federal já preverquais as hipóteses de prescrição no Direito do Trabalho; iii) para conferir um tratamento isonômico aosempresários e; iv) pelo fato da CLT já bem regulará questãp

Respeitosamente,

Presidente do SINDENEL

Rua Ulisses Vieira n°. 1515-Fone : (41)3019- 5161 -Fax: (41) 3274-5115-CEP.: 80.310-120Santa Quitéria - Curitiba - Paraná - Brasil - e-mail: [email protected]

Órgão de representação dos empregados da : Copei - Itaipu - Eletrosul - Elejor - TradenerTractebel - Brascan - Electra, UEG, lotados em Curitiba.