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Revista Forma & Conteúdo 4

Presidente

Vagner Freitas de Moraes

Vice-Presidente

Carmen Helena Ferreira Foro

Secretário-Geral

Sérgio Nobre

Secretária-Geral Adjunta

Maria Aparecida Faria

Secretário de Administração e

Finanças

Quintino Marques Severo

Secretário-Adjunto

de Administração e Finanças

Aparecido Donizeti da Silva

Secretário de Relações

Internacionais

Antônio de Lisboa Amâncio Vale

Secretário-Adjunto

de Relações Internacionais

Ariovaldo de Camargo

Secretário de Assuntos Jurídicos

Valeir Ertle

Secretária de Combate ao

Racismo

Maria Júlia Reis Nogueira

Secretária-Adjunta de

Combate ao Racismo

Rosana Sousa Fernandes

Secretário de Comunicação

Roni Anderson Barbosa

Secretário-Adjunto de

Comunicação

Admirson Medeiros Ferro Junior

(Greg)

Secretário de Cultura

José Celestino Lourenço (Tino)

Secretária-Adjunta de Cultura

Annyeli Damião Nascimento

Secretária de Formação

Rosane Bertotti

Secretária-Adjunta de Formação

Sueli Veiga de Melo

Secretária de Juventude

Edjane Rodrigues

Secretário de Meio Ambiente

Daniel Gaio

Secretária de Mobilização e

Relação com Movimentos Sociais

Janeslei Albuquerque

Secretária da Mulher

Trabalhadora

Juneia Martins Batista

Secretário de Organização e

Política Sindical

Ari Aloraldo do Nascimento

Secretário-Adjunto de

Organização e Política Sindical

Eduardo Guterra

Secretária de Políticas Sociais

e Direitos Humanos

Jandyra Uehara

Secretária de Relações de

Trabalho

Maria das Graças Costa

Secretário-Adjunto de

Relações Trabalho

Pedro Armengol de Souza

Secretária de Saúde do

Trabalhador

Madalena Margarida da Silva

Secretária-Adjunta de

Saúde do Trabalhador

Maria de Fátima Veloso Cunha

Diretoras e Diretores Executivos

Ângela Maria de Melo

Cláudio da Silva Gomes

Elisângela dos Santos Araújo

Francisca Trajano dos Santos

Ismael José Cesar

José de Ribamar Barroso

Juliana Salles de Carvalho

Julio Turra Filho

Juvândia Moreira Leite

Mara Feltes

Marcelo Fiorio

Maria Izabel Noronha (Bebel)

Milton dos Santos Rezende

Rogério Pantoja

Virginia Berriel

Vitor Carvalho

Conselho Fiscal - Efetivo

Adriana Maria Antunes

Dulce Rodrigues Sena Mendonça

Francisco Chagas (Chicão)

Jose Mandu Amorim

Conselho Fiscal - Suplentes

Amanda Corcino

Juseleno Anacleto

Nelson Morelli

Raimunda Audinete de Araújo

DIREÇÃO EXECUTIVA NACIONAL DA CUT – GESTÃO 2015/2019

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Revista Forma & Conteúdo 5

Sumário

A Formação na Retomada da Esperança

Plano Nacional de Formação: Nossos Referenciais Políticos Organizativos

Qual o Lugar do Debate Racial, de Gênero, Geracional e dos Direitos Humanos em Nossa Formação?

Formação de Formadores: O Guardião da Nossa Rede

DPPDHAR: Formar para a Disputa do Estado e do Desenvolvimento

Novos Tempos, Novos e Diversos Sujeitos, Novo CEPS

Formação Sindical da CUT na Luta por Direitos e Democracia

Plano Nacional de Formação: o Papel da Formação Sindical

PNF: Concepção e Princípios da Formação CUTista

FDA - Formação de Dirigentes: Antes, Agora, Amanhã

Negociação e Contratação Coletiva

As Novas Tecnologias a Serviço da Classe Trabalhadora

19º ENAFOR: Construindo Ações em Tempos de Retrocesso

Perspectivas da Formação Articulando os Macrossetores

ORSB - Organização e Representação Sindical de Base

Formação em Gestão Sindical para a Disputa de Hegemonia

Formigueiro: uma Rede de Formação Popular na Retomada da Esperança

Os Ramos CUTistas e a Formação Sindical

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Revista Forma & Conteúdo 6

Formação para Disputa de Projetos nos Territórios: a Relação da SNF com as Estaduais da CUT

A CUT vai aonde o Povo está: Movimentos Sociais em Luta pela Retomada da Esperança

A Escola Nordeste e a Formação CUTista na estrada e na vida

Escola Sindical São Paulo: por Nenhum Direito a Menos

Rede Nacional de Formação: Fóruns da Formação

Escolas Sindicais na Elaboração e Execução Metodológica da PNF/CUT

A Pedagogia do Cerrado e o Enfrentamento ao Golpe

Escola Sul: Construindo a Rede de Formação na Região em Diálogo com as Ações das CUTs

Formação Sindical e a Questão Internacional

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A Relação da CUT e da Formação com as Universidades

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Escola Chico Mendes na Amazônia: Formação Sindical CUTista nos Campos, Rios e Florestas da Amazônia

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Escola Sindical 7 de Outubro: a Primeira Escola Sindical da CUT e os Desafios Atuais

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A experiência da ETHCI/CUT: Educação Profissional que interessa à Classe Trabalhadora

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Educação e Formação em Tempos de Ruptura Democrática

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Arquivo, Memória e Formação Sindical na CUT

Educação Integral dos Trabalhadores: 20 nos de Conquistas e Desafios

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Revista Forma & Conteúdo 7

A Formação na Retomada da EsperançaPor Rosane Bertotti e Sueli Veiga1

“A Esperança faz parte de mim e do ar que respiro”

Paulo Freire

A Esperança como nos ensina Freire é “necessidade ontológica do ser

1 - Rosane Bertotti é Secretária Nacional de Formação da CUT (SNF/ CUT). Sueli Veiga é Secretária Adjunta da SNF/CUT.

humano”. Sem esperança, sem utopia, perdemos a principal ferramenta para transformar o mundo, para lutar contra as injustiças. No entanto, não estamos falando de qualquer esperança. Nossa esperança é freiriana, não é “estática”, “alienada”, “parada no tempo”. Ela nos move, impulsiona para a ação seja nos sindicatos, ramos, federações, confederações, nas Secretarias Estaduais de Formação da CUT ou em suas Escolas Sindicais. Esse complexo conjunto de

APRESENTAÇÃO

Foto: Paulo Pinto/Agência PT

Ato da CUT, outras centrais sindicais e movimentos sociais contra o Golpe, na Avenida Paulista, São Paulo-SP, 10/06/2016.

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Revista Forma & Conteúdo 8

agentes da CUT forma nossa Rede de Formação. Ela é nossa esperança toda em movimento, da Escola Móvel do Nordeste e sua Caravana pela Democracia à economia solidária das experiências formativas da Escola Centro-Oeste (ECO-CUT), dos novos tijolos assentados na reforma da sede da Escola 7 de Outubro, que envolve e anima toda a equipe a desenvolver nossa Política de Formação Nacional sem esquecer as especificidades regionais. Nossa esperança ativa está em cada receita deliciosa e a preços acessíveis, aprendida e ensinada na Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha (ETHCI) da CUT, que qualifica profissionalmente os/as trabalhadores/as na educação integral. Envolve também a relação estabelecida entre a Escola Sindical São Paulo e suas 20 subsedes espalhadas neste estado com a complexidade de um país. Também se encontra na Escola Sul

e na Escola Chico Mendes que de Norte a Sul reafirmam, todos os dias, a grandeza da Política Nacional de Formação (PNF).

A esperança e o sonho foram motores de nossas lutas e conquistas nos governos populares: ampliaram a presença negra nos bancos universitários, aprovaram a PEC das domésticas2 rompendo uma relação secular de Casa Grande e Senzala, levaram jovens das periferias a países estrangeiros no Ciência sem Fronteiras e tantas outras transformações sociais que enfrentaram a exclusão social histórica do país.

Neste contexto de ataque aos nossos direitos duramente conquistados,

2 - PEC das Domésticas: Proposta de Emenda à Constituição 66/2012 aprovada por unanimidade pelo Senado em 26/3/2013, que garante aos empregados/as domésticos/as direitos já assegurados aos demais trabalhadores, foi regulamentada pela Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015.

APRESENTAÇÃO

Rosane Bertotti fala na 8ª Marcha da Classe Trabalhadora na Praça da Sé, São Paulo-SP, 09/04/2014.

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Revista Forma & Conteúdo 9

APRESENTAÇÃO

nossa esperança se fortalece e constrói cotidianamente a resistência. Não são pequenos os riscos de retrocesso, com a consolidação do golpe jurídico-midiático-parlamentar. Mais uma vez, em nosso país, somos submetidos à ruptura da Democracia e vivenciamos o aprofundamento do ataque à soberania nacional, aos direitos constitucionais, trabalhistas e sindicais. O cenário que se anuncia é muito mais danoso à classe trabalhadora e aos recursos nacionais que o vivenciado no auge do neoliberalismo dos tempos de Fernando Henrique Cardoso (FHC). O papel que o capital transnacional e o imperialismo reservam a toda América Latina lembra os velhos tempos de colonização na América Portuguesa, onde a massa de trabalhadores/as, reduzida a uma condição subumana, é vista e tratada como força de trabalho e não como sujeito de direitos.

Os ataques do governo golpista atingem todas as áreas, mas na educação formal as medidas

golpistas são devastadoras. Da educação básica ao ensino superior, passando pela educação de jovens e adultos, o governo ilegítimo de Temer vem fazendo terra arrasada das políticas públicas implementadas pelos governos democráticos de Lula e Dilma. Temer pôs fim ao Pacto de Alfabetização na Idade Certa, ao Brasil Alfabetizado, ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), Ciência sem Fronteiras, ao novo sistema de avaliação que aprimorava o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e ao sistema de avaliação da educação superior; revogou nomeações para o Conselho Nacional de Educação (CNE), cortou 90 mil bolsas do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e ameaça pôr fim ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como meio de acesso às universidades públicas federais. Além disso, o golpista Michel Temer anunciou uma reforma do Ensino Médio sem consultar o Congresso e a

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Manifestantes do Levante Popular da Juventude fecham Rodovia para cobrar punição aos torturadores da ditadura civil-militar instaurada com o golpe de 1964. Ribeirão Preto-SP, 14/12/2014.

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Revista Forma & Conteúdo 10

população. Tal reforma instituída por meio de Medida Provisória 746/2016 prevê o corte de matérias do currículo escolar e, ao mesmo tempo, a ampliação da carga horária, tratando todo/a estudante como proveniente da classe média, sem levar em conta o/a estudante trabalhador/a.

A retirada da Petrobrás como operadora única do Pré-sal e a ameaça sobre o regime de partilha, põem em risco a lei dos royalties para a educação e o Fundo Social, e ainda há o risco desse Congresso reacionário aprovar a Proposta de Emenda Constitucional 241, denominada no senado de PEC 55/2016, que prevê o congelamento de investimentos em Saúde e Educação e outras áreas sociais pelos próximos 20 anos, inviabilizando por completo as metas

do Plano Nacional de Educação (PNE). Por fim, a lei da Mordaça, já implementada em vários estados e municípios, pode virar lei para todo o território nacional.

Nesse contexto, a formação comprometida com a visão crítica, com a libertação dos oprimidos, torna-se ainda mais necessária e fundamental para fazer renascer a esperança crítica e reorganizarmos nossa resistência ao desmonte promovido pelo governo golpista. Pois como nos ensina o mestre Freire: “A esperança não floresce na apatia”, cabe a nós, militantes, dirigentes, formadores/as e todos aqueles e aquelas conscientes do processo histórico e de nossa potencialidade humana de “reinventar o mundo”, a “briga pela esperança”.

Nosso Plano Nacional de Formação, considerando os eixos do 12º Congresso da CUT e legitimado no 19º Encontro Nacional de Formação (19º ENAFOR) por toda nossa Rede de Formação, foi elaborado levando em conta o cenário de retrocessos e ataques sistemáticos aos direitos constitucionais, trabalhistas e de organização.

Ao longo desta publicação, você, leitor/a, poderá conhecer os debates e deliberações do 19º ENAFOR, nosso Plano e nossa Política Nacional de Formação, terá acesso às estratégias, formatos e os desafios de nossos programas formativos voltados para a base, aos/às dirigentes e de formação popular. Conhecerá como é constituída nossa Rede e quais são nossos referenciais políticos e organizativos, nossos fóruns de decisão, nossas memórias e a grande influência de Freire em nossa prática formativa.

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MC Soffia no Canto pela de Democracia, Ato da Frente Brasil Popular em São Paulo-SP, 31/03/2016.

APRESENTAÇÃO

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Paulo Freire nos ensina que: “A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência e boniteza de mãos dadas. (...) Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso, nos fizemos seres éticos. (...) É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador.”3

Neste mandato continuaremos nossa busca pela “decência do ser” de mãos 3 - FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 26.

dadas com a boniteza. Pois com nossas práticas pedagógicas, nossas místicas, nossas estratégias, nossa alegria, com a grandeza da luta da classe trabalhadora, com o motor de nossa esperança derrubamos a ditadura civil-militar e criamos a maior Central da América Latina e a quinta maior do mundo. Juntamente com outras forças políticas e sociais reconstruímos o Estado de Direito, elegemos o primeiro presidente proveniente da classe trabalhadora e a primeira mulher para a presidência do Brasil. Nossa formação em tempos de retrocesso formará novas lideranças da classe trabalhadora, fará renascer a esperança na construção de um país justo e solidário, trazendo de volta a decência e a boniteza da democracia.

Sueli Veiga fala no Dia Nacional de Mobilização e Luta por Emprego e Garantia de Direitos, Campo Grande-MS, 16/08/2016.

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APRESENTAÇÃO

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Revista Forma & Conteúdo 12

Formação Sindical da CUT na Luta por Direitos e DemocraciaPor Vagner Freitas4

Vivemos uma nova onda mundial de retrocessos, com aumento do ódio, da intolerância, do racismo, da criminalização e da violência contra a classe trabalhadora e a população mais pobre. No Brasil, o golpe político, midiático e de parte do Poder Judiciário, que alimenta esses comportamentos, é contra a democracia e pela retirada de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

A CUT é formada por construtores/as da democracia e da defesa de direitos pela via da negociação, das manifestações pacíficas, pelo respeito ao outro e pela conscientização da classe trabalhadora. Uma das fortalezas da CUT para o confronto entre o capital e o trabalho é a formação sindical, estratégica, participativa, atualizada e de massa. Todos os anos, cerca de 5 mil dirigentes são qualificados/as nos mais diversos Programas de Formação

4 - Vagner Freitas é presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, CUT.

da CUT, coordenados pela Secretaria Nacional de Formação e pelas Escolas Sindicais, que atuam em rede. Além disso, milhares de trabalhadores/as são formados pelas entidades sindicais filiadas à CUT.

Estamos falando de dirigentes altamente qualificados/as, com visão estratégica e com capacidade de enfrentamento cotidiano das mais diversas situações de precarização do trabalho, de perdas salariais, de redução de benefícios, de assédio moral e sexual, doenças e acidentes de trabalho muitas vezes fatais, de escravização de crianças, adolescentes, jovens e adultos/as,

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CUT E DEMOCRACIA

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Revista Forma & Conteúdo 13

enfim, de negação de condições dignas de trabalho, sobretudo aos negros e negras e às mulheres.

Quanto melhor for a formação de base, melhor será a organização no local de trabalho. Isso garante a capacidade coletiva para os enfrentamentos necessários para a implantação do projeto político da CUT. É papel da CUT e dos nossos sindicatos filiados fazer formação política e sindical, estar preocupados com a transformação do mundo do trabalho, com a qualidade de vida, com as liberdades democráticas, com a luta e preparação da Central para dialogar com sua base, os movimentos sociais e a sociedade civil.

As experiências de formação da CUT e o intercâmbio com outras Centrais do mundo todo possibilitaram à nossa Central chegar ao que é hoje. A formação contribui fortemente para ampliar a organização, a estratégia política, a mobilização, o debate de ideias, a ocupação dos espaços: as ruas, os locais de trabalho, os locais de moradia, criando uma nova esfera pública inclusiva e participativa. Disso decorre o protagonismo da formação sindical que fortalece a CUT, instrumento representativo, legítimo, independente e imprescindível de luta e de defesa dos direitos da classe trabalhadora e de transformação da sociedade brasileira.

CUT E DEMOCRACIA

Grande Ato Fora Temer - Diretas Já na Avenida Paulista, São Paulo-SP, 04/9/2016.

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É preciso avançar mais. Entendemos que a transformação rumo a uma sociedade socialista, justa e igualitária, na qual acreditamos, só é possível com a construção de uma consciência de classe trabalhadora. Essa consciência de classe é fundamental para a atuação nos sindicatos, nas comunidades, nas câmaras municipais, assembleias, conselhos e outros espaços.

Nesses 33 anos de história da CUT, a formação sempre teve papel estratégico. E, graças a essa capacidade, nos tornamos a primeira e a maior Central brasileira. Muitos dos nossos dirigentes homens e mulheres, formados pela CUT, se elegeram para ocupar prefeituras, governo de estado, câmaras municipais, Congresso

Nacional e até a Presidência da República. E, cada um em sua função, trabalhou para ampliar as nossas conquistas, tanto na área trabalhista quanto na social.

Hoje, consolidado o golpe de Estado no Brasil, temos de lutar contra retrocessos. E os desafios são imensos. Vivemos uma crise internacional do sistema capitalista e do sistema financeiro e seus impactos na vida, nos direitos e liberdades dos trabalhadores e das trabalhadoras são perversos. É essencial que estejamos todos e todas preparados para esse desafio. Por isso, conclamo todos e todas para, com firmeza, garra e determinação, irmos à luta por dignidade para quem constrói o País, a Democracia e o Socialismo.

CUT E DEMOCRACIA

Vagner Freitas, Presidente da CUT Nacional, no ato Fora Temer em Brasília-DF, 12/09/2016.

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19º ENAFOR: Construindo Ações em Tempos de Retrocesso

Por Pérsio Plensack5

Quando realizamos o 19º ENAFOR, de 09 a 12 de março de 2016, já estávamos inseridos num cenário de crise política e econômica. Este quadro se intensificou contra a classe trabalhadora e contra a própria democracia. O 12º Congresso Nacional da CUT (2015) já havia reafirmado pela necessidade de lutas em defesa da democracia e dos direitos, nos âmbitos nacional e internacional, no horizonte da construção para o socialismo. Nesta perspectiva, a construção da 5 - Pérsio Plensack é educador e coordena a Secretaria Nacional de Formação da CUT.

resistência contra-hegemônica passa, necessariamente, pelo fortalecimento da organização sindical, aprofundando-se a disputa pela conquista da liberdade e autonomia sindicais. Passa também pela capacidade dos/as trabalhadores/as forjarem alianças com os movimentos sociais, intelectuais e partidos de esquerda que tenham identidade política com o projeto político e sindical estratégico da nossa Central, como condição para a consolidação da unidade de ação.

Não há dúvidas de que os ataques pelos quais vêm passando os governos progressistas na América Latina e, em particular no Brasil - cujo

19º ENAFOR

No encerramento do 19º Encontro Nacional de Formação (ENAFOR), secretários de formação estaduais, dos ramos e educadores das escolas sindicais assumem o compromisso de implementar o Plano Nacional de Formação do mandato 2015-1019. Atibaia-SP, 12/03/2016.

Foto: Roberto Parizotti/CUT

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Revista Forma & Conteúdo 16

ataque se materializou num golpe midiático, jurídico e parlamentar -, fazem parte de uma ofensiva do capital internacional por meio do sistema financeiro e das empresas transnacionais para a retomada da agenda neoliberal, na qual buscam apropriar-se das riquezas naturais, do patrimônio cultural e fragilizar a soberania das nações. Para tanto, com um amplo apoio da mídia, investem no fortalecimento de setores e partidos conservadores alinhados com as suas concepções, para atacar a democracia e os direitos da classe trabalhadora.

Neste processo há uma inversão de valores, e os governos que mais defendem e implementam estratégias e políticas que vão ao encontro dos interesses populares, passam a ser considerados vilões da nação.

A corrupção, que tem ocorrido na relação público x privado não apenas no Brasil, como nos demais países da América Latina, é taxada como marca de tais governos que, aceleradamente, perdem apoio popular e credibilidade junto ao famigerado mercado. Nesta luta, os verdadeiros vilões passam a ser vistos como “heróis” e as contradições se aprofundam. Todo esse cenário de ataques aos governos democráticos e populares como também aos direitos da classe trabalhadora são dados cruciais para a estratégia da CUT para o mandato 2015 – 2019.

Não por outra razão, o planejamento estratégico da Direção Executiva Nacional estruturou-se a partir de três eixos que vêm orientando o conjunto das ações da CUT, tanto no âmbito nacional quanto no internacional neste mandato:

19º ENAFOR

Rede de Formação da CUT se reúne no 19º ENAFOR, Atibaia-SP, 09/03/2016.

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Revista Forma & Conteúdo 17

19º ENAFOR

Eixo 01 Democracia e Desenvolvimento

Eixo 02 Transformações no mundo do trabalho, Organização Sindical e Negociação Coletiva

Eixo 03 Ação da CUT no âmbito Internacional

A definição destes eixos estruturantes parte da compreensão de que cabe ao movimento sindical CUTista exercer seu protagonismo nas disputas que estão em curso, no que diz respeito a um novo modelo de desenvolvimento sustentável com inclusão social. Isso implica debater e elaborar propostas para os meios urbano e rural envolvendo os setores públicos e privados; fortalecer o sindicalismo democrático e autônomo no Brasil e no mundo, bem como aprofundar o processo de disputa em torno dos valores que devem permear a organização e funcionamento de uma sociedade democrática e igualitária como transição para o socialismo.

Nesta direção, o tema da educação, em todas as suas dimensões, ganha significativa relevância, já que a disputa em torno da sociedade que a classe trabalhadora vislumbra como perspectiva histórica passa pela necessidade de se avançar na construção e implantação de projetos político-pedagógicos capazes de elevar o nível de consciência crítica dos sujeitos, considerando a diversidade de gênero, geracional, étnico-racial, da

diversidade sexual e das pessoas com deficiência. Por esta razão, no âmbito da PNF, não dissociamos o debate em torno da formação sindical das dimensões da educação propedêutica e da educação técnica, tecnológica e profissional, em particular, naquelas dimensões que dizem respeito à educação dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Assim sendo, as prioridades da PNF devem levar em consideração a estratégia geral da CUT, debatida e deliberada no 12º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), bem como os objetivos e eixos estruturantes do planejamento da Direção Executiva Nacional. A partir destes aspectos, é fundamental a compreensão de que a ação articulada da formação sindical com as demais Secretarias da CUT, com as estaduais e os ramos/macrossetores, coloca-se como tarefa premente frente a estes desafios.

Debates e deliberações do 19º ENAFOR

O 19º ENAFOR debateu e deliberou como objetivos estratégicos do Plano Nacional de Formação para o mandato, os quais orientam as ações a serem desenvolvidas pela Rede Nacional de Formação, as seguintes ações: • Fortalecer a estratégia da CUT em

defesa da Democracia e do Estado de Direito;

• Contribuir na atualização e consolidação do Projeto Político e Organizativo da CUT, considerando as transformações pelas quais vêm passando os mundos do trabalho;

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• Potencializar as ações da CUT no processo de disputa de hegemonia na sociedade, contribuindo no fortalecimento das alianças com os movimentos sociais;

• Fortalecer todos os atores da Rede Nacional de Formação como condição para se ampliar a cobertura da formação Sindical, tendo em vista potencializar as intervenções das direções e lideranças sindicais nos campos das relações de trabalho, da organização sindical e das políticas públicas.

Tais objetivos visam contribuir na consolidação da estratégia da CUT de disputa de hegemonia nos espaços do Estado, da Sociedade e do Movimento Sindical no Brasil e no mundo.

Prioridades da Política Nacional de Formação da CUT

A partir das ações debatidas e deliberadas, propusemos também como prioridades da PNF para o mandato, seis campos de atuação. Entendemos como campos de atuação as “frentes de trabalho” na Rede Nacional de Formação que demarcam recortes temáticos que se reportam a públicos específicos, levando-se em consideração as especificidades do espaço de atuação de cada um deles, quais sejam:

• Formação de Dirigentes;

• Formação de Formadores/as;

• Formação de base para militantes sindicais e outras organizações dos movimentos sociais;

• Formação sobre Desenvolvimento, Políticas Públicas, Direitos Humanos e Ação Regional;

• Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional, Técnica e Tecnológica na concepção de formação integral;

• Gestão da PNF.As ações do Plano Nacional de Formação, para responder aos desafios de cada um destes campos de atuação, foram estruturadas por meio de programas nacionais que têm como perspectiva garantir a identidade e a unidade político-metodológica na Rede Nacional de Formação nas abordagens dos temas. Lembrando que tais prioridades estão em consonância com a estratégia de ação da CUT definida no 12º CONCUT e, ao mesmo tempo, buscam responder às demandas oriundas do planejamento estratégico da Direção Executiva Nacional.

A noção de programa, a partir do qual se propõe a organização destes campos de atuação, implica em compreendê-lo como um instrumento para identificação, aprofundamento e abordagens temáticas referentes às suas especificidades no âmbito da PNF. Neste sentido, os programas da PNF não se restringem à realização de cursos unicamente. Preveem a realização de sistematização, estudos e pesquisas com o intuito de aprimorar permanentemente o desenvolvimento dos percursos formativos previstos para os diferentes públicos para os quais se reportam.

A definição dos respectivos programas nacionais tem como referência os desafios e as prioridades da CUT em

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âmbito nacional. Isto significa que, para além das ações previstas em cada um deles, as Secretarias Estaduais de Formação, as Escolas Sindicais e as Secretarias de Formação dos Ramos podem e devem promover outras ações que respondam às especificidades e demandas derivadas das diferentes realidades regionais e/ou setoriais, sempre em uma perspectiva de complementaridade às ações propostas por meio dos programas nacionais.

E para fortalecer ainda mais os laços de integração da Rede Nacional de Formação da CUT, o 19º ENAFOR debateu e propôs a implementação de uma Ferramenta de Tecnologia de Informação (TI) a Plataforma Digital da CUT capaz de propiciar essa integração entre todos os agentes da nossa Rede. Nesta plataforma todos e todas poderão acompanhar, interagir e contribuir no desenvolvimento do Plano Nacional de Formação, desde aquele companheiro ou companheira militante cursista que está ingressando pela primeira vez numa experiência de formação da CUT, passando pelas Escolas Sindicais, Secretarias de Formação nos estados e dos Ramos da CUT, além logicamente, da Secretaria Nacional de Formação.

Assim, é importante ressaltar que os recursos previstos pela CUT Nacional para o financiamento do Plano Nacional de Formação, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Formação, devem, prioritariamente, ser utilizados nas ações dos programas nacionais, com a previsão de contrapartida das entidades participantes. As demais ações propostas pelas Escolas, Secretarias Estaduais de Formação e Secretarias de Formação dos Ramos devem ser financiadas com recursos próprios e/ou oriundos de parcerias com os sindicatos de base, entre outras possibilidades.

Toda essa construção vivenciada durante o 19º ENAFOR também foi tomada pela reafirmação e a necessidade de manter vivo o encantamento da Formação Sindical, através da valorização dos espaços de identidade, mística, cultura e diversidades em todas as atividades formativas e materiais pedagógicos da Rede Nacional de Formação da CUT, como nos disse Paulo Freire: “Para mim a educação é simultaneamente um ato de conhecimento, um ato político e um ato de arte.”6

6 - Medo e Ousadia, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986, p. 146.

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Mesa de abertura do 19° ENAFOR, Atibaia-SP, 09/03/2016.

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Plano Nacional de Formação: Nossos Referenciais Políticos Organizativos Por Ana Paula Melli7

A Política Nacional de Formação (PNF) vem se consolidando ao longo de mais de 25 anos de existência como um dos instrumentos prioritários para a ação organizativa da CUT, sendo responsável por formular, gestar e realizar os programas de

7 - Ana Paula Melli é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT.

formação sindical.

Os temas de nossos programas de formação são definidos de acordo com a estratégia geral de ação da CUT, sempre respeitando as resoluções e diretrizes de ação definidas pela CUT em seus fóruns deliberativos.

Os referenciais metodológicos da PNF têm respondido aos desafios históricos e conjunturais assumidos pela CUT durante esse mandato. De um lado os

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Foto: Lidyane Ponciano/CUT

Em 31/03/1964, os militares derrubaram o governo democrático de João Goulart e instauraram uma ditadura no país. Meio século depois, o Brasil viveria mais um golpe, dessa vez, jurídico-parlamentar e midiático. Na foto, CUT, outras centrais sindicais e movimentos sociais repudiam os 52 anos do golpe civil-militar de 1964, Brasília-DF, 31/03/2016.

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conteúdos e abordagem dos programas da PNF visam a superação da estrutura sindical oficial e a consolidação de um sindicalismo forte e representativo, baseado em um sistema democrático de relações de trabalho, pautado na organização a partir dos locais de trabalho e na liberdade de organização e autonomia das entidades sindicais. Por outro, também desenvolvemos conteúdos que dialogam com os desafios colocados pela dinâmica da realidade. Deste modo, o 12º CONCUT apontou os temas de conjuntura que deveriam fazer parte da estratégia de formação sindical para a atual gestão da SNF. Assim, são eixos estruturantes do Plano Nacional de Formação no mandato de 2015-2019:

Democracia e Desenvolvimento

Este primeiro eixo de ação indica que a CUT deve intensificar a defesa e ampliação dos direitos, resistindo à investida conservadora que tem tomado espaços institucionais de definição de políticas de regulação dos direitos da sociedade civil e da cidadania. Para isso, é preciso fortalecer a aliança e a mobilização social em defesa da democracia e dos direitos à cidadania, fortalecer as políticas públicas e o combate às desigualdades, especialmente no campo da educação e da seguridade social, que serão campos de ataques da direita.

Também devemos fortalecer, ampliar e qualificar o processo de representação institucional da CUT nos espaços

de debate das políticas públicas, no campo e na cidade, intensificar as ações em defesa do emprego, defender um modelo de desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo, e ambientalmente sustentável, pois estes são campos da vida dos trabalhadores e trabalhadoras que devem ser também campo da ação sindical.

Transformações nos mundos do trabalho: organização sindical e negociação coletiva

Este segundo eixo de ação da CUT e da PNF, diz respeito aos temas sindicais propriamente ditos, em especial ao fortalecimento do Sindicalismo Classista, que é o princípio básico de fundação da CUT. Neste sentido, a PNF visa fortalecer a organização sindical da CUT, ampliar o avanço de sua representatividade para que se consolide como a central sindical mais importante do Brasil e reafirme sua legitimidade como ator político fundamental para os destinos da nação. Visa também fortalecer a gestão democrática e participativa da CUT, tornando o tema da sustentação financeira do sindicalismo no Brasil como uma referência para a ação autônoma e independente, para criar condições concretas à superação das arrecadações compulsórias que favorecem a manutenção de um sindicalismo de baixa representatividade, tal como temos no Brasil.

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Em 31/03/1964, os militares derrubaram o governo democrático de João Goulart e instauraram uma ditadura no país. Meio século depois, o Brasil viveria mais um golpe, dessa vez, jurídico-parlamentar e midiático. Na foto, CUT, outras centrais sindicais e movimentos sociais repudiam os 52 anos do golpe civil-militar de 1964, Brasília-DF, 31/03/2016.

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Objetiva ainda aprofundar na CUT o debate sobre o futuro do mundo do trabalho e a organização sindical necessária para o século XXI. Tal formação abre um campo de diálogo para que dirigentes e militantes conheçam e compreendam as estratégias dinâmicas de reorganização do capital, que rompem barreiras geográficas, tarifárias, políticas, setoriais etc., para se manterem dominantes no cenário mundial. Por isso, fortalecer os macrossetores como espaço de articulação dos ramos de organização sindical é uma estratégia fundamental para que a CUT seja capaz de responder com agilidade e representatividade aos novos padrões de exploração do trabalho pelo capital.

Ação internacional da CUT

A Central Única dos Trabalhadores deve levar ao conhecimento do mundo todo o golpe no Brasil, identificando-o com outras rupturas democráticas na

América Latina, onde a determinação do grande capital e o avanço dos interesses neoliberais desestabilizaram política e economicamente, ou derrubaram governos identificados com projetos democráticos e populares. Deste modo, devemos:

• enfrentar as perspectivas neoliberais e com interesses contrários aos direitos e garantias dos trabalhadores e trabalhadoras, que se dão por meio da desregulamentação imposta pelo comércio internacional e pelo setor financeiro, que procuram adaptar as normas vigentes a seus interesses de ganhos cada vez maiores, em detrimento aos interesses da classe trabalhadora;

• avançar na compreensão da dinâmica das cadeias globais de valor e abastecimento e dos novos tratados/acordos de livre comércio;

• ampliar a compreensão dos/as dirigentes sobre a Política Internacional e a ação CUTista;

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Vigília e ocupação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) do Congresso Nacional. Brasília-DF, 13/08/2013.

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• garantir a representação da CUT em organizações, fóruns e congressos sindicais, bem como em organismos internacionais, redes e outras iniciativas em que a CUT já atua; e

• realizar e dar continuidade às ações de cooperação sindical por meio do Instituto de Cooperação da CUT (IC-CUT).

O papel da formação sindical nesta estratégia é de se colocar como umas das bases de suporte à ação política e sindical. Fazer com que seus espaços de formação se consolidem como meios, para que o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras se identifique com o Projeto Político e Sindical da CUT. Assim, com acesso a instrumentos consistentes de análise, os trabalhadores podem produzir discursos e práticas que, efetivamente, sejam coerentes com a nossa visão sobre o cenário atual. E que essa ação nos coloque em direção ao projeto político e organizativo, a partir de resistências concretas às investidas conservadoras.

Assim, as abordagens sobre os conteúdos de cada um dos nossos programas de formação sindical têm como objetivos: capacitar as direções e lideranças sindicais, urbanas e rurais, para o enfrentamento consistente dos desafios da CUT no que diz respeito à ampliação da representatividade e consolidação dos ramos e macrossetores; promover maior compreensão sobre as críticas da CUT em relação à estrutura sindical oficial e a elaboração de uma proposta de Sistema Democrático de Relações

de Trabalho; reconhecer e lutar pela regulamentação das Convenções e recomendações da OIT, em especial, as Convenções 87, 151 e 158; enraizar os sindicatos com representações nos locais de trabalho e ampliar os níveis de sindicalização; identificar e evocar todas as possibilidades legais de defesa da saúde do/a trabalhador/a; aprofundar o debate sobre igualdade de oportunidades em um cenário onde há a desregulamentação do Estado como promotor de políticas públicas e cidadania; e intervir de forma consistente no debate sobre modelo de desenvolvimento e papel do Estado. Seguindo tais diretrizes, os programas de formação têm respondido aos desafios traçados nas resoluções do 12º CONCUT e no planejamento de ações para o próximo período, numa relação direta com os eixos estruturantes de ação estratégica da CUT.

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Ato de Solidariedade à Palestina, durante a 14ª Plenária da CUT, Guarulhos-SP, 01/08/2014.

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Plano Nacional de Formação: o Papel da Formação Sindical

Por Pérsio Plensack8

Em todo momento de grande dificuldade ou da necessidade de se construir uma forma de enfrentamento aos ataques sofridos, a formação sindical é reivindicada como meio e espaço para auxiliar nesse processo de reflexão, debate, mobilização e retomada da esperança de trabalhadores e trabalhadoras. A formação sindical é reconhecidamente um dos mais belos patrimônios da classe trabalhadora desde os seus primórdios tempos de organização.

8 - Pérsio Plensack é educador e coordena a Secretaria Nacional de Formação da CUT.

A CUT, em seu estatuto, define papéis que auxiliam na tarefa de implementação das lutas imediatas e históricas, onde podemos identificar secretarias e instâncias que convergem para esse objetivo e para a formação sindical articulando a estrutura vertical com a estrutura horizontal.

As Federações e Confederações são responsáveis por elaborar e desenvolver a política de formação de acordo com a linha definida pela Secretaria Nacional de Formação de nível horizontal e os objetivos da CUT, de modo a coordenar e sistematizar as experiências e atividades de formação das filiadas em seu ramo

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Foto: Mídia NINJA

Manifestação contra o golpe, Brasília-DF, 2016.

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de atividade desde os locais de trabalho à mais elevada instância de representação. Para as estruturas horizontais da CUT (Estaduais e Nacional), além do papel atribuído aos Ramos também devem documentar e analisar as experiências de luta e organização dos/as trabalhadores/as e os fatos relacionados à CUT, buscando a construção permanente de sua memória e o estabelecimento de convênios com entidades sindicais, instituições acadêmicas e centros especializados para desenvolver nossa política de formação.

Para além das obrigações estatutárias a Formação Sindical da CUT tem como papel principal contribuir para o fortalecimento da estratégia organizativa e para a ampliação da representatividade da CUT. Essas estratégias são definidas em cada Congresso nacional à luz da conjuntura política, econômica e social do país, sempre com a perspectiva da classe trabalhadora. Elas se materializam num Plano de Lutas que, por sua vez, torna-se o planejamento estratégico da direção nacional eleita no mesmo Congresso.

O Plano Nacional de Formação é estruturado considerando os eixos estratégicos do Plano de Lutas e é debatido e elaborado durante o ENAFOR – Encontro Nacional de Formação - que ocorre uma vez a cada mandato. Nas ações de formação da CUT, busca-se garantir que trabalhadores e trabalhadoras passem a compreender e interagir em sua prática sindical com essa proposta.

Em consonância com a estratégia da CUT, o Plano Nacional de Formação busca viabilizar ações que permitam fazer a disputa de um projeto de desenvolvimento econômico e social sob a ótica da classe trabalhadora, considerando as diversidades setoriais/regionais. Tarefa nada fácil para um país de dimensões continentais como o Brasil. Assim, um dos desafios da formação CUTista é atualizar e consolidar a estratégia organizativa tendo em vista a ampliação da representatividade da CUT, considerando também as transformações dos mundos do trabalho e a conquista de um novo padrão de relações de trabalho e de negociação e contratação coletiva. Ainda sob essa orientação, a Formação Sindical da CUT tem como tarefa articular os setores para que despertem a consciência de trabalhadores e trabalhadoras nos locais de trabalho, fortalecendo a identidade de classe, valorizando as diversidades e consolidando a perspectiva político-pedagógica da educação integral, tendo o trabalho como princípio educativo. Esse acúmulo da formação sindical da CUT deve incidir nos debates da qualificação socioprofissional e nas políticas de reconhecimento de saberes na Educação de Jovens e Adultos – EJA.

Em tempos de golpe de Estado, a Formação Sindical da CUT busca sistematicamente: fortalecer a estratégia da Central em defesa

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do Estado de Direito; potencializar as ações da CUT no processo de disputa da hegemonia na sociedade; e, fortalecer as alianças com os Movimentos Sociais. Compreendemos que essa é uma luta que envolve o conjunto das frentes progressistas da sociedade brasileira e que, historicamente, a CUT exerce importante protagonismo e não pode se isolar nesta missão. Sabemos que para garantir maior organicidade e capilaridade dessas ações, é preciso fortalecer todos os atores da Rede Nacional de Formação. Esse fortalecimento é condição para se ampliar a cobertura da formação sindical, potencializando as intervenções das direções e lideranças sindicais nos campos das relações de trabalho, da organização sindical e das políticas públicas.

Todas essas ações implicam no estabelecimento de nexos entre as prioridades da ação sindical e da ação formativa numa concepção metodológica que propicie a adoção de métodos de análises críticas capazes de confrontar concepção e prática sindical.

Valores estratégicos para a classe trabalhadora como a solidariedade, cooperação, tolerância e construção coletiva do conhecimento só se estabelecem em processos participativos garantidos em espaços democráticos de formação. Para que a formação sindical da CUT cumpra efetivamente seu papel, precisamos nos mobilizar e envolver todos os agentes da Rede Nacional

de Formação. Isso exige de todos e todas nós um trabalho intenso, estudo e pesquisa, muita criatividade, pés fincados na realidade e ideias voltadas para o futuro na perspectiva de conquistar uma sociedade justa, fraterna e igualitária.

Cada uma das secretarias da

CUT tem o desafio fundamental de elaborar sobre diversos temas e

organizar a intervenção política da Central sobre eles, a partir de uma

ótica coerente com os interesses da classe trabalhadora e com a

defesa de valores e posições que busquem a construção de uma

sociedade mais justa e sustentável. Cumprir este objetivo só é possível, se as elaborações e iniciativas das

secretarias forem incorporadas e debatidas pela base do movimento

sindical. Nesse sentido, o Plano Nacional de Formação e as ações

da Secretaria Nacional de Formação são estratégicas para a socialização

da agenda política da central em diferentes temas, qualificando a

atuação dos dirigentes.

Daniel Machado Gaio é Secretário Nacional de Meio Ambiente da CUT

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Perspectivas da Formação Articulando os MacrossetoresPor Ana Paula Melli9

A formação sindical da CUT, desenvolvida a partir da perspectiva da classe trabalhadora, que unifica as ações de trabalhadoras e trabalhadores para além da divisão imposta pelo capital, em categorias com interesses específicos, se mostra no atual contexto, ainda mais coerente com o projeto político e sindical da CUT.

Ao organizarmos nossas atividades formativas, integrando as categorias, setores e macrossetores, interagimos com um cenário onde todos podem perceber essa integração, que se expressa na consciência, identidade e unidade de “classe trabalhadora”.

A formação sindical atua na perspectiva de romper com os padrões impostos por uma concepção, estrutura e prática sindical corporativista, que está arraigada na ação e imaginário sindical e que serve perfeitamente aos interesses do grande capital e das elites colonizadas brasileiras. Não é à toa que convivemos com esta estrutura sindical há quase 80 anos, período em que o Brasil passou por ditaduras, democracia, populismo, vivenciou golpes de Estado e nunca foi necessário mudar a forma como o sindicalismo se organiza no Brasil.

Em 2016, com o mais recente golpe, mais uma vez passamos por rupturas

9 - Ana Paula Melli é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT.

institucionais impostas pela classe dominante, que controla o sistema financeiro, o capital midiático e o judiciário, sem que seja necessário intervir na estrutura sindical para que a ação organizada dos trabalhadores e trabalhadoras seja fragmentada.

A formação da CUT cumpre

um papel extraordinário e, na conjuntura atual, tem uma missão

importantíssima: ela deve ser capaz de fortalecer a luta de classes,

levando em conta a diversidade da classe trabalhadora e o quanto a

organização do mundo do trabalho mudou profundamente nos

últimos 15 anos. Deve considerar no processo

formativo quais os novos desafios e lutas da classe trabalhadora. É

fundamental que tenhamos estratégias formativas que levem em conta a realidade do campo e

que estimulem o fortalecimento das alianças entre os trabalhadores do

campo e cidade.

Carmen Foro é Vice- Presidenta da CUT

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Ao articular os diferentes setores, dialogamos com as estratégias do capital que também atuam de maneira articulada. O controle do capital não se restringe a um setor, especialmente os grandes grupos multinacionais detêm o controle de grandes empresas produtivas, de serviços e especulativas, já que a organização das chamadas Cadeias Globais de Valor, que dividem o mundo a partir de seus interesses lucrativos, impõe aos diferentes setores a organização do processo produtivo.

A formação sindical tem o importante papel de oferecer aos e às dirigentes sindicais CUTistas, informações sobre as medidas atuais impostas pelo grande capital, estimular a reflexão sobre os impactos para a classe trabalhadora e para o projeto político e organizativo da CUT e estimular a organização de ações para o enfrentamento a todo o ataque que estamos passando e que ainda vamos passar, com especial foco nos diferentes setores:

Setor público

O avanço neoliberal sobre os Estados nacionais através do TISA10 (acordo comercial internacional nos serviços públicos) está fazendo com que o próprio conceito de soberania nacional seja revisto à luz dos interesses do capital internacional. Ele chega ao nosso país com força total na tentativa de fazer com o Brasil seja um Estado 10 - Em inglês: Trade in Services Agreement

sem serviços e sem servidores/as públicos/as, ou seja, todos/as perdem. O setor público enquanto setor de atividade profissional deixará de existir e, consequentemente, os direitos e garantias que os trabalhadores e trabalhadoras deste setor têm também não existirão.

Além disso, para o neoliberalismo é fundamental que o Estado seja mínimo no oferecimento de serviço à população. Por isso, a PEC 241, (atual PEC 55/2016 no Senado), que congela os gastos com saúde, educação, seguridade social e pessoal por 20 anos foi rapidamente colocada na agenda pelo governo golpista.

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Ato Unificado de Servidores Públicos em Brasília-DF, 13/9/2016.

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Neste contexto de ataques aos

serviços e servidores/as públicos/as no Brasil, a Politica de Formação

da CUT para os trabalhadores/as do Setor Público será fundamental

na preparação dessa categoria para o enfrentamento a esses ataques,

principalmente em relação aos seguintes aspectos:

1. Melhorar a compreensão da categoria em relação às causas e

interesses ideológicos e econômicos desses ataques;

2. Melhorar a compreensão da categoria em relação ao Estado em

que vivemos, às classes e forças que o compõem e a correlação de forças

na luta de classe atual;

3. Melhorar os mecanismos de comunicação entre os trabalhadores

do setor publico e a sociedade;

4. Melhorar a visão classista da categoria proporcionando uma melhor

integração com as demais categorias.

Pedro Armengol de Souza é Secretário Adjunto Nacional de Relações de Trabalho da CUT

Comércio e Serviços

Todo o setor de comércio e serviços também está na linha de ataque, especialmente no que diz respeito à precarização dos direitos conquistados. Projetos de lei que regulamentam a contratação através da terceirização atingirão mais o comércio que os outros setores, pelas características organizativas das unidades de comércio.

Da mesma forma, a formação sindical será cada vez mais importante para que os dirigentes sindicais possam ter conhecimento de tudo o que está sendo colocado em risco, não somente os direitos trabalhistas, mas a própria organização sindical do setor, já que a desregulamentação através da terceirização tem esta como uma das principais consequências.Fo

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Ato Unificado de Servidores Públicos em Brasília-DF, 13/9/2016.

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Para além da terceirização, decisões de instâncias superiores

como a do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que resolveu dar fim à ultratividade

das convenções coletivas de trabalho, colocam os sindicatos numa situação

bastante delicada e vulnerável Outra pauta central à categoria é a atenção especial do negociado sobre o legislado. Recentemente,

em decisão contrária à classe trabalhadora, o ministro do

Supremo Teori Zavaski, decidiu monocraticamente a favor dos patrões

numa ação que atenta contra as garantias mínimas de proteção ao

trabalho. Porém, cabe lembrar que também obtivemos uma grande vitória

no Tribunal Superior do Trabalho (TST), mas é preciso ficar em vigília

constante, pois o atual presidente do Tribunal, Ives Gandra Martins

Filho, é desfavorável às garantias constitucionais da CLT. Os dois casos

ocorreram em setembro deste ano.

Portanto, a formação sindical é imprescindível para o enfrentamento a esta realidade nefasta e cruel aos/

às trabalhadores/as de comércio e serviços. É necessário lembrar, no

entanto, que esta é uma categoria de difícil mobilização por ser dispersa e de complicada organização, cuja maioria dos/as representantes são

jovens trabalhadoras e trabalhadores que não encaram o comércio como

profissão. Outro ponto importante de destacar é que a categoria de

comércio e serviços é bastante pulverizada.

Valeir Ertle é Secretário Nacional de Assuntos Jurídicos da CUT

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Contracs no Dia Nacional de Mobilização: Contra o Impeachment e o ajuste fiscal! Fora Cunha!, São Paulo-SP,16/12/2015.

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Indústria

A redução da atividade industrial no país, que está acontecendo desde 2013, mas que em 2015 e 2016 tem se agravado ainda mais, tem tido e terá ainda muito mais impactos sobre os níveis de emprego, níveis de sindicalização, pressão nas negociações coletivas, além de impactos nas comunidades do entorno das regiões com maior presença industrial.

A produção das empresas multinacionais, organizadas nas Cadeias Globais de Valor tem uma responsabilidade direta sobre este

cenário, pois os grandes grupos têm a possibilidade de facilmente transferir sua produção de um país para outro, para buscar melhores condições de produtividade, sem nenhuma contrapartida social.

O governo golpista permitirá, através da abertura do Brasil aos Tratados Comerciais de Nova Geração, que o setor industrial, que historicamente tem melhores níveis de proteção aos trabalhadores e trabalhadoras, seja totalmente flexibilizado, precarizando as condições de contratação (jornada de trabalho, salários, cláusulas sociais etc.), para que o Brasil seja considerado competitivo no mercado internacional.

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2°Congresso da Industriall Global Union, Rio de Janeiro-RJ, 03/10/2016.

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Cada vez fica mais evidente

que o golpe foi uma estratégia internacional de ataque à soberania

brasileira, que se expressa na adoção de uma política externa às

avessas daquela “ativa e altiva” estabelecida pelo Brasil, nos governos

democráticos e populares. Estes ataques à soberania atingem de frente

setores econômicos estratégicos na geração de empregos de qualidade, como os relacionados às indústrias,

impedem novas contratações enquanto ampliam a exploração

e a redução de direitos da classe trabalhadora, principalmente dos/as

trabalhadores/as negros e negras, que serão os mais impactados

pelas medidas recessivas e pelo desemprego. Simultaneamente,

entregam nossas riquezas às transnacionais que ocupam nossos

territórios, exploram nossa força de trabalho, impactam nossas

comunidades e ameaçam direitos conquistados com muita luta pelas

populações, especialmente nos territórios quilombolas e indígenas.

A formação da CUT terá o desafio de qualificar as intervenções dos/

as dirigentes, conscientizando sobre a precarização nas relações

do trabalho, para que possamos enfrentar e resistir à Terceirização

em curso e, ao mesmo tempo, o de fortalecer a formação de

base, incorporando os segmentos mais fragilizados da sociedade

em sua política, para que juntos enfrentemos as sequências de ataques que ameaçam nossas

históricas conquistas.

Rosana Fernandes é Secretária Adjunta Nacional de Combate ao Racismo da CUT

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Rural

A CUT é a Central entre as poucas do mundo que conta em sua base com uma expressiva participação de assalariados/as rurais e agricultores/as familiares.

Além da grande importância para a economia do país e para a segurança alimentar, o espaço rural precisa ser compreendido como estratégico para o desenvolvimento sustentável. É preciso compreender ainda que o trabalho no campo é mais que uma profissão, é um modo de vida - com diversidades e culturas próprias - e que os trabalhadores e as

trabalhadoras rurais são fundamentais para organização da CUT. Assim, a PNF precisa integrar o setor rural - tanto para assalariados quanto para a agricultura familiar -, compreendendo suas especificidades, sua realidade geográfica e diversidades culturais.

As Cadeias Globais de Valor iniciam em grande parte sua produção no campo. Então, é preciso que a Formação considere estas conexões, e passemos a nos perceber como uma só classe, ainda que em espaços distintos. O avanço do neoliberalismo no Brasil, que culminou com o golpe, além de atacar o setor rural em relação ao acesso à seguridade social, à educação no campo, ao transporte público, ataca também a própria produção, especialmente a dos/as pequenos/as produtores/as e da agricultura familiar, que sentirão de imediato a flexibilização das políticas de financiamento rurais, assistência técnica e de infraestrutura privilegiando o setor agroexportador. Dessa forma, debater sobre o impacto da reforma da seguridade social, em especial da previdência, sobre o setor rural, é uma ação da formação sindical que agrega à luta as categorias urbanas e rurais, além das temáticas que interessam tanto aos que vivem no campo como na cidade.

Integrantes da Via Campesina, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), do movimento indígena e quilombola, participam do 1º Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, Brasília-DF, agosto de 2012.

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Revista Forma & Conteúdo 34

Qual o Lugar do Debate Racial, de Gênero, Geracional e dos Direitos Humanos em Nossa Formação?

Conceição Oliveira e

Vera Gasparetto11

A CUT nasceu das lutas de setores da classe trabalhadora que se organizaram em resistência à ditadura e à política desenvolvimentista imposta 11 - Conceição Oliveira é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT, especialista em educação para a igualdade étnico-racial.Vera Gasparetto é educadora da Escola Sindical Sul e doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC.

ao país em benefício do capitalismo, da concentração de terra e renda. No campo, a terra interditada aos/às camponeses/as pobres provocou um acelerado êxodo rural para as regiões industrializadas. Na área urbana, o crescimento desigual e desordenado das cidades excluía pela segunda vez os/as trabalhadores/as migrantes e o cenário do país, em fins da década de 1970 e início de 1980, era de pobreza e aumento das desigualdades.

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO

Foto: Roberto Parizotti/CUT

Visita ao Museu Afro Brasil durante o planejamento do Coletivo Nacional de Combate ao Racismo da CUT, São Paulo-SP, 15/07/2016.

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Revista Forma & Conteúdo 35

Num primeiro momento, nos anos 1980, as classes trabalhadoras em diferentes pontos do país se organizaram pelas condições materiais de existência: por trabalho, salário, moradia, saúde e educação. Por labuta, pão e livros. A necessidade de sobrevivência deu o tom da luta de milhares de homens e mulheres, que levou à criação de diferentes frentes de luta, como a CUT, o MST, a Central dos Movimentos Populares, Movimento de Luta pela Moradia, Movimento dos Desempregados, entre outros.

Os diversos movimentos sociais das décadas de 1960 e 1970 na Europa e nos Estados Unidos - entre eles os movimentos antirracista, feminista, estudantil, homossexual, ecológico - trouxeram para a agenda das lutas sociais contemporâneas reivindicações de caráter cultural que colocavam os temas da identidade e da diferença no centro do debate político e de justiça social. Nesse contexto as reivindicações de natureza socioeconômica foram deslocadas em favor das de natureza cultural, salientando o aspecto de luta por “reconhecimento”, sem se esquecer da importância que a desigualdade econômica possui dentro da estrutura de justiça.

No Brasil, embora a documentação histórica indique a presença de gays e lésbicas na luta contra a ditadura civil-militar, a resistência negra como o Movimento Negro Unificado (MNU) criado em 1978, a luta das mulheres contra a sociedade patriarcal, a desigualdade social gritante sobrepunha-se às condições simbólicas da existência, relacionadas

ao campo do gênero/sexo, raça/etnia, intergeracionalidade, território (xenofobia) entre outros, ligadas ao “reconhecimento” das diferentes formas de exploração dentro das classes trabalhadoras.

Das mulheres sempre se cobra preparo para a disputa em espaços de

poder. Questiono: onde se formaram os homens para ocuparem todos os

espaços de poder? Se nós mulheres já fazemos mil coisas ao mesmo tempo, tivermos oportunidade de

aprimorar conhecimentos construídos pela experiência, o céu será o

limite para nós. Há 33 anos as mulheres da CUT buscam seu espaço de direito na

esfera sindical CUTista. Com nossa luta alcançamos cotas e paridade.

Mas queremos e podemos mais. Queremos empoderar essa paridade!

Uma das estratégias neste caminho é a nossa organização, resistência

e formação. A formação é uma ferramenta de luta, transformação

e empoderamento! E o momento é agora em que a CUT celebra seus 30

anos de política de gênero! Formação, ação e poder às mulheres!!!

Junéia Martins é Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT

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Visita ao Museu Afro Brasil durante o planejamento do Coletivo Nacional de Combate ao Racismo da CUT, São Paulo-SP, 15/07/2016.

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Revista Forma & Conteúdo 36

Em fins da década de 1990 e princípio do século XXI, esses temas ganharam visibilidade também nas organizações da classe trabalhadora que, no processo de redemocratização e, especialmente, durante os governos populares de Lula e Dilma, conseguiram disputar políticas públicas para combater a desigualdade estrutural de gênero e racial no Brasil.

Em resposta a essas conquistas, a pressão dos fundamentalismos religiosos levou a um retrocesso na implementação da agenda dos direitos humanos de grupos que lutam por políticas públicas emergenciais, compensatórias e estruturais dentro do Estado brasileiro, no campo do reconhecimento, da representação e, consequentemente, da redistribuição de poder. Alguns exemplos dessa “guerra ideológica” são os debates

sobre “ideologia de gênero” dentro dos Planos Municipais de Educação nas Câmaras Municipais, assim como a bandeira da “Escola Sem Partido” (Lei da Mordaça), entre outras.

Essa reação ao avanço dos direitos humanos e o crescimento da intolerância repercutem e recebem amplo apoio de setores populares despolitizados, hegemonizados pelo pensamento homofóbico, sexista, patriarcal, misógino, racista e xenofóbico.

Esse quadro político se refletiu no processo das eleições municipais de 2016, onde se percebe a diminuição da presença de representações progressistas e comprometidas com os direitos humanos nas câmaras de vereadores e nas prefeituras.

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Reunião do Coletivo Nacional de Mulheres da CUT, São Paulo-SP, 15/06/2016.

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Revista Forma & Conteúdo 37

A ofensiva reacionária, a criminalização das lutas e a

emergência de uma direita social no país exigem do movimento sindical

processos de formação que articulem os direitos humanos e a luta de

classes nas suas múltiplas dimensões. A SNF orienta o Plano Nacional de Formação neste caminho e o engajamento e a integração do

conjunto das direções CUTistas nesta empreitada é fundamental para que

estes processos formativos e de produção de conhecimentos cheguem

nas bases sindicais e populares e contribuam para a organização das

grandes lutas capazes de reverter a correlação de forças a favor da

classe trabalhadora.

Jandyra Massue Uehara Alves é Secretária Nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT

O desafio da formação da CUT é construir processos educativos e formativos no movimento sindical para romper com a dicotomia reconhecimento versus redistribuição, criando a relação entre a dimensão da luta econômica e da luta pelos direitos humanos, em diálogo com os princípios da solidariedade de classe, do combate às discriminações na perspectiva da construção do socialismo.

A Formação da CUT, ao longo de sua trajetória, vem acumulando experiências, para as quais se buscam aprimorar metodologias e conteúdos de modo a desenvolver um trabalho integral e articulado, o qual envolva o conjunto das Secretarias da Central nos percursos e processos formativos. Vem-se buscando esse envolvimento de diferentes formas, desde no planejamento das ações, até o

acompanhamento e o desenvolvimento posterior, com vistas a uma prática sindical articulada.

A partir dessa concepção onde a formação não é um fim em si mesmo, mas um meio pelo qual a estratégia da CUT circula, é que a SNF vem aprofundando nos seus programas de formação a perspectiva das transversalidades e das interseccionalidades.

A transversalidade é uma forma de organizar o trabalho formativo integrando temas permanentes como meio ambiente, direitos humanos, saúde do trabalhador, comunicação, cultura, geração, pessoas com deficiência, entre outros, de forma que sua discussão esteja presente em todo o percurso, desenvolvendo-os para que atravessem o conjunto da ação sindical.

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Revista Forma & Conteúdo 38

Já a interseccionalidade é uma metodologia que permite abordar a complexidade das identidades e das desigualdades sociais com um enfoque que dê a visão integral e multidimensional dos processos de exploração. Propõe a abordagem articulada das categorias de sexo/gênero, classe, raça, etnicidade, geração (idade), deficiência e orientação sexual, que passam a ser tratados de forma integrada no desenvolvimento do percurso formativo, como aponta Helena Hirata:

Articular sexo e raça, por exemplo, (...) nos achados de pesquisas que não olham apenas para as diferenças entre homens e mulheres, mas para as diferenças entre homens brancos e negros e mulheres brancas e

negras, como fica claro nos trabalhos realizados no Brasil, mobilizando raça e gênero para explicar desigualdades salariais ou diferenças quanto ao desemprego (HIRATA, 2014, p. 63)12.

O enfoque interseccional amplia a abordagem para além da luta de classes, pois reconhece os múltiplos sistemas de opressão que operam a partir da articulação entre capitalismo, patriarcado e racismo, demonstrando suas interações na produção e na reprodução das desigualdades sociais. Segundo a socióloga Heleieth Saffioti, para pensar essas três contradições há de se propor as transformações

12 - HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 26, n. 1, p. 63.

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Foto: Lidyane Ponciano/CUT-MG

No Encontro Regional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, realizado em set/2016 em Mariana-MG, dirigentes cutistas visitam Paracatu de Baixo, região extremamente atingida pela lama tóxica da Vale/Samarco.

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Revista Forma & Conteúdo 39

na ordem patriarcal de gênero e no nó que esta forma tem historicamente com o racismo (“irmão gêmeo”) e com o capitalismo:

A dificuldade maior de analisar o sofrimento de bilhões de mulheres no mundo, e de milhões no Brasil, deriva do fato dos eixos patriarcado, racismo, capitalismo não serem paralelos, mas entrecruzados (SAFFIOTI, 2003, p. 27)13.

O grande desafio que se coloca para a CUT é tornar a formação um meio coletivo para construir os processos articulados, alavancando a saída das ações das conhecidas “caixinhas”. Para isso é importante a articulação da intersetorialidade com as Secretarias das CUTs e construir os conteúdos e metodologias das atividades em diálogo com a prática sindical concreta e as estratégias construídas nos espaços de decisão política.

Ampliar o debate ideológico e de concepção é de fundamental importância para os enfrentamentos políticos e sindicais colocados na atual conjuntura, envolvendo na formação desde dirigentes de ponta até a base social da Central e dos movimentos sociais, para despertar a consciência de classe e desvelar as diferentes exclusões.

O Plano Nacional de Formação da

13 - SAFFIOTI, Heleieth. Violência estrutural e de gênero - Mulher gosta de apanhar? In Programa de Prevenção, Assistência e Combate à Violência Contra a Mulher – Plano Nacional: diálogos sobre violência doméstica e de gênero: construindo políticas públicas. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Brasília, 2003, p.27.

CUT oferece cursos e atividades para distintos públicos e necessidades das diferentes realidades e trajetórias de dirigentes sindicais. Amplia o processo de formação permanente e continuada, que é um dos princípios da formação, envolvendo desde as pessoas que estão chegando até as que estão há mais tempo, valoriza a relação com o movimento social e reconhece o saber acumulado nas universidades.

Vencer o racismo é um desafio civilizatório que só será

superado com iniciativas coletivas, reconhecimento da dívida histórica,

direitos e oportunidades iguais e superação incondicional da violência praticada contra a população negra.

A luta antirracista não é uma luta das negras e dos negros. É uma luta que deve contar com o compromisso

do conjunto da sociedade. Na CUT, não cabe somente à Secretaria de Combate ao Racismo a superação

da invisibilidade sobre o tema. Pautá-lo é responsabilidade de todas as

secretarias e de todos/as os/as sindicalistas.

Maria Julia Nogueira é Secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT

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A juventude sempre é lembrada quando se fala de futuro, porém

sempre está presente nas lutas que contribuem para transformações

sociais. Sendo assim, ela é o presente e é essencial para a

construção de uma sociedade melhor. Desse modo, trabalhar a questão geracional, tema transversal nas

políticas da CUT, numa perspectiva de interseccionalidade, dentro do

processo de formação, nos possibilita garantir novos elementos de reflexão

e construção de conhecimento, fortalecendo esta importante ferramenta de transformação

que é a formação.

Edjane Rodrigues é Secretária Nacional de Juventude da CUT

Para que esse processo se efetive, o fortalecimento da Rede de Formação é uma prioridade. Por meio da gestão coletiva dos recursos humanos existentes que se realiza com o envolvimento de todas as secretarias

e ramos para que de fato a Rede se entrelace e a metodologia e conteúdos da CUT caminhem na mesma direção de sua concepção e prática sindical que atendam aos desafios colocados à CUT no tempo presente.

Primeira Oficina Nacional de Participação Política e Econômica da Juventude Rural, Instituto Cajamar, Cajamar-SP, 21/10/2016.

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Oficina Pedagógica da SNF com educadores e educadoras das escolas sindicais da CUT. Instituto Cajamar, Cajamar-SP, 21/09/2016.

PNF: Concepção e Princípios da Formação CUTistaPor Pérsio Plensack14

Se fizermos uma retrospectiva de edições anteriores da Revista Forma & Conteúdo, vamos perceber que em todas elas há uma seção dedicada à concepção e princípios da formação CUTista. Isso ocorre por vários motivos. Dois deles se justificam pela grandiosidade e encantamento da proposta e pela necessidade sistemática que temos de rememorar, para militantes e ativistas de longa

14 - Pérsio Plensack é educador e coordena a Secretaria Nacional de Formação da CUT.

data que atuam na Rede de Formação da CUT, assim como para quem está chegando e para quem já atua nessa Rede há mais tempo, a importância de compreender que os valores contidos na concepção e nos princípios da nossa formação se fazem presentes até hoje. Eles devem ser considerados e respeitados em todas as tomadas de decisões e em todas nossas ações de formação. Isso é nossa missão permanente. Essa concepção e princípios são as bases que nos sustentam e nos auxiliam, sobretudo, para a retomada da esperança em tempos tão adversos como os que estamos vivendo.

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO

Foto: Conceição Oliveira/CUT

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO

Me lembro, como se fosse hoje, da primeira vez em que conheci

os princípios da Formação da CUT e do debate que fizemos no Curso de Formação de Formadores/as. É

pedagógico e motivador relembrá-los para que possamos manter nossa

retidão e coerência entre o discurso e a prática.

Aparecido Donizeti da Silva é Secretário Adjunto Nacional de Administração e Finanças da CUT

Princípios da formação sindical da CUT:

Democrática, Plural e Unitária A formação deve estimular o debate entre as diversas correntes de opinião presentes no interior do movimento sindical CUTista, criando condições para que as diferentes concepções aflorem, conheçam-se, confrontem-se e busquem, a partir dos princípios do projeto estratégico da Central, definir ações unificadas e que fortaleçam a identidade de classe. Além disto, a identidade política e metodológica da PNF/CUT se constrói, nos percursos

formativos, a partir da incorporação das diversidades regionais, com o objetivo de captar o movimento vivo dos agentes políticos e sociais e reafirmar o compromisso da CUT com a “defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, a luta por melhores condições de vida e trabalho e o engajamento no processo de transformação da sociedade brasileira em direção à democracia e ao socialismo” (CUT, 2016) 15.

Classista e de Massas

A formação da CUT é voltada para despertar a consciência de classe e a percepção da importância da unidade para a luta. Tem como meta atingir todos os ramos e macrossetores da CUT com o objetivo de articular as dimensões do cotidiano do local de trabalho com as demandas da classe.

Indelegável

A formação é uma política permanente da CUT, vinculada ao seu projeto político e organizativo. Sendo assim, a PNF se referencia nas resoluções aprovadas nas instâncias decisórias da CUT, a saber: Congressos, Plenárias, Direção e Executiva da Direção. A sua formulação, execução e sustentação financeira são de responsabilidade das entidades, fóruns e instâncias da Central. 15 - Estatuto da Central Única dos Trabalhadores: atualização aprovada no 12º CONCUT. São Paulo: CUT, 2016.

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PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO

Instrumento de Reflexão Crítica e de Libertação A formação tem como objetivo contribuir para que os trabalhadores e as trabalhadoras tenham uma visão crítica da realidade concreta, das relações sociais de e na produção e do mundo concreto em que estão inseridos para que se percebam como sujeitos da história: capazes de analisar a realidade, elaborar propostas e definir ações voltadas para a transformação social, agindo sempre de forma coletiva com convicção e consciência em seus propósitos.

Contra as DiscriminaçõesA formação deve ser um instrumento objetivo de luta por mudanças de comportamentos que reproduzam visões e práticas de exclusão e discriminação nas relações sociais,

sejam elas relativas às questões de gênero, étnico-raciais, geracional ou em relação às pessoas com deficiência e às diversidades das orientações sexuais, ideológicas e religiosas. Deve, portanto, valorizar e incentivar a solidariedade, a integração social e a luta pela igualdade e equidade de direitos e o respeito a todos sem distinções. Somente pela incorporação desses valores é que a classe trabalhadora pode efetivamente ser portadora de uma nova ética.

Integralidade do Ser Humano

A integralidade do ser humano em suas múltiplas dimensões: política, cultural, histórica e social contrapõe-se à perspectiva alienante que transforma a classe trabalhadora em mera mercadoria e força de trabalho. Portanto, o resgate da integralidade

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Programa de Formação Juventude da CUT em Ação, FF de Juventude - Módulo I - Abril de 2014.

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do sujeito trabalhador, na perspectiva da plena formação humana, tem valor estratégico para a humanização das relações sociais, permeadas pela solidariedade, ética e criticidade necessárias à ampliação das visões de mundo para uma práxis emancipadora. Trata-se da possibilidade dos trabalhadores e trabalhadoras reconhecerem-se como produtores da riqueza social e, portanto, como sujeitos históricos.

Unificada e DescentralizadaA formação CUTista é uma política unificada quanto à sua concepção, objetivos, prioridades e estratégias de implantação. A partir de uma gestão coletiva e nacionalmente articulada, é descentralizada quanto à sua elaboração e implementação, considerando as especificidades de cada região e estados, e dos ramos e macrossetores organizados na CUT.

Dimensões Política, Ideológica e TécnicaCom o objetivo de qualificar os trabalhadores e trabalhadoras, a formação da CUT deve valorizar e buscar articular as dimensões política, ideológica e técnica do conhecimento. Assim, a formação CUTista busca superar a separação histórica entre a ação de executar e a ação de pensar, dirigir ou planejar, decorrentes da divisão social no capitalismo. Ressaltamos que na concepção metodológica dialética, o conhecimento

não é compreendido como algo neutro, isto é, se insere como elemento na disputa entre as classes sociais antagônicas. Portanto, todo conteúdo técnico é compreendido como uma ferramenta política das classes em disputa, mas também contém elementos universais, resultantes da síntese de múltiplas determinações, que conformam os conhecimentos historicamente acumulados. Ao tomarmos esses conhecimentos de forma contextualizada em seus aspectos contraditórios, buscamos explicitar sua dimensão político-histórica, fruto das relações sociais produzidas por homens e mulheres na produção da sua existência.

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO

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PROGRAMAS NACIONAIS

A formação da Central Única dos Trabalhadores é abrangente e visa preparar os/as dirigentes e militantes CUTistas não apenas para a intervenção nas relações entre capital e trabalho, mas também para atuações mais qualificadas em debates na sociedade de temas relevantes para a classe trabalhadora, como o conhecimento e a disputa de políticas públicas e os necessários combates ao racismo, machismo e as LGBTfobias, entre tantas outras lutas importantes que fazem parte das políticas da Central. A porta de entrada para esse percurso formativo é o programa de Organização e Representação Sindical de Base, ORSB.

Voltado para militantes e dirigentes de base o Programa ORSB apresenta conteúdos introdutórios: sobre o processo histórico de formação da sociedade brasileira que deu origem às desigualdades que observamos cotidianamente em nosso país, como também como se deu a criação da CUT, quais são os seus princípios e valores. Assim, o programa de formação ORSB visa sensibilizar os/as

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Turma de ORSB, formada por trabalhadores do SINDEESMAT, Curitiba-PR, setembro e outubro de 2015.

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participantes para que compreendam a CUT como uma organização da classe trabalhadora, construída por homens e mulheres, para ser o mais importante instrumento de luta social dos/as trabalhadores/as brasileiros/as.

A partir dessa iniciação, o ORSB possibilita a participação futura em cursos que exijam o conhecimento de conteúdos relacionados ao projeto político e sindical da CUT.

Desenvolvimento do Programa

Com o objetivo de promover a descentralização das políticas e respeitar as diversidades regionais existentes, o programa é desenvolvido sob a responsabilidade das Secretarias de Formação das Estaduais da CUT em articulação com os sindicatos filiados à Central.

Seguindo as orientações do 19º Encontro Nacional de Formação da CUT (19º ENAFOR) e pautado pelas resoluções do nosso 12º Congresso Nacional, o ORSB conta atualmente com três módulos estruturantes, onde são apresentados os conteúdos introdutórios sobre os processos de exclusão social desde a formação da sociedade brasileira, a formação do sindicalismo no país e o surgimento da CUT como instrumento de transformação social.

Como estratégia para manter um

processo de formação continuada, também são disponibilizados módulos complementares relacionados às demais políticas da CUT.

• Módulo 01

Módulos estruturantes:

CUT e a formação da classe trabalhadora brasileira

Módulos complementares:

• Relações Sociais de Gênero na Organização Sindical da CUT

• Combate ao Racismo na Estratégia da CUT

• Ação Sindical da CUT e a Juventude

• Trabalho Decente na Estratégia da CUT

• Pessoas com Deficiência e Ação Sindical da CUT

• Orientação Sexual e Ação Sindical da CUT

• Módulo 03 CUT e a Organização e Representação Sindical de Base

• Módulo 02 CUT: Princípios e Projetos

PROGRAMAS NACIONAIS

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É na formação de base que os dirigentes sindicais de todo o Brasil, com todas as suas particularidades,

ampliam sua visão sobre a sociedade e fortalecem sua consciência de

classe, resgatando a trajetória histórica e de lutas do povo brasileiro chegando até as nossas lutas atuais

por melhores condições de vida, por dignidade, por justiça social e

por liberdade. E nesse sentido, no momento em que vivemos de grandes

ataques aos direitos da classe trabalhadora, diante da tentativa de desmonte do Estado brasileiro e da

perseguição aos movimentos sociais, o ORSB é fundamental.

Temas como o racismo, o machismo, a homofobia e a intolerância religiosa também estão presentes e devem ser

cada vez mais abordados, preparando nossos/as dirigentes para esse

novo tempo em que a internet e as redes sociais passaram a ter papel importante como espaço de debate nas disputas de mentes e corações

das pessoas.

Essa formação teve um importante papel em minha trajetória, não

somente pelos seus conteúdos, mas pela maneira com a qual eles

são apresentados, com místicas, dinâmicas e muita cultura, com

poemas e músicas que denunciam as desigualdades e abusos que sofremos

ao longo dos tempos e faz com que os/as participantes se identifiquem e

percebam como tudo isso faz parte das suas vidas.

Annyeli Damião Nascimento é Secretária Adjunta Nacional de Cultura da CUT

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Turma de ORSB em Miracema-TO, agosto de 2015.

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Formação de Formadores: O Guardião da Nossa Rede

Concebido como “guardião” da concepção político-metodológica da PNF da CUT e tendo como responsável pela sua condução as Escolas Sindicais com acompanhamento da SNF, seus principais objetivos são: formar dirigentes, lideranças, militantes e assessorias sindicais para atuarem como formadores/as militantes nos diferentes espaços da Rede de Formação da CUT e promover um processo permanente de formação para educadores/as das Escolas Sindicais, como condição na garantia da unidade e identidade da PNF, bem como para o aprimoramento das abordagens temáticas dos diferentes percursos formativos.

A Formação de Formadores/as Continuada busca ser um processo de aprofundamento temático derivado

das necessidades surgidas a partir do desenvolvimento da prática formativa por meio de ações descentralizadas nos estados, combinando ações presenciais e a distância sob a coordenação das Escolas Sindicais em parceria com as SEFs.

Eixos temáticos

Até o 19º ENAFOR a Formação de Formadores/as Inicial vinha sendo desenvolvida a partir dos seguintes eixos temáticos:

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• Concepção de educação e disputa de hegemonia

• Metodologia e técnicas nos processos formativos

• Concepção Metodológica na PNF/CUT

• Métodos e Técnicas priorizados na PNF/CUT

• Planejamento dos processos formativos

• Sistematização e avaliação dos processos formativos

Oficina pedagógica

Em julho de 2016, foi realizada a oficina pedagógica nacional com educadores/as das Escolas Sindicais e assessoria da Secretaria Nacional de Formação para revisão de conteúdo e de estratégia do Programa Nacional de Formação de Formadores. Considerando os eixos temáticos e os debates realizados durante o 19º ENAFOR, foram definidos como percurso formativo os seguintes módulos:

• Módulo 01 Concepção de educação na vida, no trabalho e no movimento sindical

• Módulo 02 Tipos de escola e pensadores/as da educação

• Módulo 03 Educação popular e a estratégia da CUT

• Módulo 04 Organização da Rede de Formação da CUT na região

Cargahorária:

(3 dias) por módulo. Totalizando 96h presenciais.

Entre um módulo e outro são realizadas atividades intemódulos com enfoque na Prática Formativa, desenvolvidas pelos próprios cursistas, para a Rede de Formação com supervisão das Escolas Sindicais.

Segunda Turma do curso Formação de Formadores em Comunicação FFCOM, em visita à sede da CUT Nacional, São Paulo-SP, 2015.

PROGRAMAS NACIONAIS

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Revista Forma & Conteúdo 50

PROGRAMAS NACIONAIS

Outras ações de Formação de Formadores/as

Para além do Programa Nacional de Formação de Formadores/as Inicial e Complementar, a Secretaria Nacional de Formação da CUT tem desenvolvido ações neste campo em parceria com outras Secretarias Nacionais da CUT. Dois exemplos recentes são as duas turmas do Curso de Formação de Formadores em Comunicação (2013/2015) e do

Curso de Formação de Formadores em Gestão Sindical (2015).

Público: Para todos os processos de formação de formadores/as recomenda-se que os/as participantes sejam egressos/as do ORSB, ou tenham vivenciado formação similar, como também, que se firme compromisso junto às entidades sindicais que inscreverem participantes para atuarem como formadores/as militantes na Rede de Formação da CUT no Estado, Ramo ou região.

Preparar o/a dirigente sindical para entender a importância da

comunicação, ler de maneira crítica a mídia, intervir nos meios e produzir

conteúdo, torna-se fundamental na luta por ideias que se acentuou com

o avanço de forças conservadoras no país. Esse é o papel do FFCOM, lapidar nossas lideranças e nossos/as comunicadores/as para defender

valores muito caros a nós como a democracia e a igualdade.

Roni Anderson Barbosa é Secretário Nacional de Comunicação da CUT

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51Revista Forma & Conteúdo

FDA - Formação de Dirigentes: Antes, Agora, Amanhã

O 19º ENAFOR aprovou a criação de uma nova iniciativa, um programa de formação de dirigentes de longa duração no qual possam ser estimuladas reflexões e análises que possibilitem aos/às dirigentes CUTistas o aprofundamento nos temas relativos à agenda da CUT nos âmbitos nacional e internacional, articulados com as questões regionais, dando condições aos/às participantes de refletir sobre o passado, desenvolver ações organizativas no presente e planejar o futuro a partir dos locais de trabalho.

Deste modo, o FDA é uma nova proposta com o objetivo de atender os desafios postos aos/às dirigentes CUTistas, na perspectiva de consolidar resultados como o fortalecimento da ação sindical nas regiões em que o curso será desenvolvido.

A previsão do Plano Nacional de Formação é realizar, dentro do mandato, uma turma por Escola

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Revista Forma & Conteúdo 52

Sindical, oferecendo 50 vagas para dirigentes sindicais das regiões de base das Escolas, que tenham feito o ORSB ou similar.

O curso foi estruturado com carga horária de 320 horas em sala de aula, distribuídas em 8 módulos com 5 dias cada módulo (40 horas). Além das aulas

presenciais, este programa também contará com atividades intermódulos com propostas de estudos e debates entre os/as participantes, por meio da Plataforma Digital da CUT, desenvolvida neste mandato pela SNF também para este fim.

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PROGRAMAS NACIONAIS

Política permanente e essencial ao projeto político e organizativo da

CUT, a Formação amplia e pavimenta os caminhos criados entre o/a

dirigente e a sua base e, dessa forma, dissemina os conceitos e valores da Central e sua luta histórica em

defesa da classe trabalhadora e da transformação da sociedade.

O golpe imposto à democracia (neste ano de 2016) coloca sob

risco iminente os direitos dos/as trabalhadores/as redobrando a importância da Formação dos/as dirigentes no sentido de articular os processos de luta com os de

reflexão. A Formação Sindical é o espaço privilegiado para possibilitar a compreensão da sociedade e dos/as trabalhadores/as de forma global, em

consonância com a realidade de cada Região do País. Com isso, provoca a

reflexão sobre as ações necessárias à transformação dessas realidades.

O momento atual e o futuro que se apresenta ao País exigem que os/

as dirigentes estejam ainda mais bem preparados por meio de uma

Formação Sindical bem planejada,

consistente e antenada com as mudanças quase diárias no mundo

do trabalho em face à conjuntura e às novas plataformas de comunicação.

Nesse contexto, as Escolas Sindicais ocupam espaço privilegiado por

serem responsáveis pela condução do processo formativo dos/as dirigentes,

com informações necessárias para o estudo e momentos de reflexão

e debate que permitem a esses/as dirigentes retornar às suas bases

com mais e melhores condições de organizar a luta.

Quem educa é a luta, mas quem se forma, luta melhor.

Sérgio Nobre é Secretário Geral Nacional da CUT

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Revista Forma & Conteúdo 53

Os módulos serão desenvolvidos através de aulas dialogadas, leitura de textos acadêmicos e sindicais, análise de conjuntura feita pelos participantes de acordo com os temas dos módulos e produção de textos colaborativos autorais, escritos a cada módulo, e que resultarão num trabalho de final de curso a ser entregue no último módulo. Todos os temas dos 8 módulos foram desenvolvidos de modo que as questões de gênero, raça, geração, orientação sexual e pessoas com deficiência sejam abordadas na perspectiva das transversalidades e das interseccionalidades, permitindo que os/as dirigentes participantes desta formação de longa duração compreendam as desigualdades em nossa sociedade como resultado de determinantes históricos (políticos, culturais, econômicos e sociais) do processo de formação da Sociedade e do Estado Brasileiro.

O programa será executado sob coordenação dos/as educadores/as das escolas sindicais com a participação de lideranças indicadas pela CUT e de pesquisadores/as acadêmicos/as que lecionam nas universidades das diferentes regiões onde o programa será desenvolvido. Estes profissionais serão convidados considerando-se o acúmulo teórico nos temas que aprofundaremos, como também a identidade com a proposta metodológica desenvolvida pela PNF da CUT.

A primeira turma do FDA será certificada pela SNF em parceira com com a Escola de Ciências do Trabalho do DIEESE. A certificação em nível de especialização ou extensão

universitárias está prevista para as turmas futuras com convênios firmados entre a SNF e universidades das regiões. Apesar de não ser o objetivo central do programa, consideramos a certificação um importante elemento neste contexto, pois a formalização dos conhecimentos produzidos pelos/as dirigentes sindicais, através de um certificado tecnicamente válido na academia, também tem valor social e para o trabalho.

Este novo programa de formação será financiado com recursos do Plano Nacional de Formação- Eixo Formação (50%) e os outros 50% deverão ser custeados pelas entidades que inscrevem seus dirigentes no curso.

Os conteúdos do programa foram definidos considerando-se os desafios colocados para os objetivos de fortalecimento da ação sindical local, combinado temas nacionais e internacionais. Deste modo, os módulos serão organizados em torno das seguintes temáticas:

• Sociedade Brasileira e Sindicalismo

• Economia Política

• Organização Internacional da Classe Trabalhadora

• Classe Trabalhadora Brasileira – Identidades e Diversidade

• Lutas Sociais e Democracia

• Regulação do Trabalho no Brasil

• Sindicalismo CUTista

• Desafios para o Movimento Sindical CUTista

PROGRAMAS NACIONAIS

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Revista Forma & Conteúdo 54

Formação em Gestão Sindical para a Disputa de Hegemonia

A preparação de dirigentes em Gestão Sindical CUTista é uma tarefa urgente e de responsabilidade de todos/as CUTistas para que nossas entidades se fortaleçam e se sustentem com “unidade de ação”, “liberdade e autonomia sindical”, representatividade e grande capacidade organizativa e propositiva, diante de tantos ataques e retrocessos de cunho antissindical e antidemocrático. A Gestão é indissociável de processos, tempos e espaços de formação e, por isso,

elaboramos o Programa de Formação em Gestão Sindical, atualizado e sintonizado com as estratégias da Central e com a realidade das regiões, ramos e Estaduais da CUT.

A Gestão Sindical CUTista contribui para o compromisso de “lutar pela emancipação dos/as trabalhadores/as como obra dos/as próprios/as trabalhadores/as, tendo como perspectiva a construção da sociedade socialista”. Essa formulação foi aprovada durante a 1ª Conferência

PROGRAMAS NACIONAIS

Foto: Lidyane Ponciano

Nova Direção da CUT Nacional eleita no 12° CONCUT, São Paulo-SP, 16/10/2015.

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Revista Forma & Conteúdo 55

Nacional da Classe Trabalhadora, CONCLAT (1981) e está presente no atual Estatuto da CUT, 2015, art. 4º, inciso II, j.

Muitas iniciativas ocorreram nessa temática na história da CUT. Porém, o primeiro Programa de Formação de Formadores Nacional sobre Gestão Sindical aconteceu em 2015, gestado a partir do processo do Orçamento Participativo (que se iniciou em outubro de 2012, no Seminário Nacional de Finanças), e idealizado no 18º ENAFOR (2013), qualificou dirigentes das Estaduais da CUT e educadores/as das Escolas Sindicais como multiplicadores na Rede de Formação, destinado a enraizar e capilarizar a visão CUTista de Gestão Sindical, entendendo-se que os sindicatos e a CUT devem garantir que as finanças estejam a serviço do projeto político, e de acordo com as diretrizes do seu planejamento estratégico.

Atualmente, conforme decisões do 19º ENAFOR (2016), este Programa é desenvolvido pelas Estaduais da CUT sob Coordenação das Escolas da CUT, em uma articulação da Secretaria Nacional de Formação com a Secretaria Nacional de Administração e Finanças (SAF). O fio condutor central é a Política de Finanças da CUT e o Orçamento Participativo (OP-CUT). O Programa é apoiado pela Secretaria Nacional de Assuntos Jurídicos (SNAJ) e pela Secretaria Nacional de Organização (SNO).

Desse modo, desde o trabalho de base, a ação planejada, as instâncias decisórias até as lutas de massa, a concepção de gestão CUTista – compartilhada, democrática, participativa, transparente e ética – se consolida como uma construção a muitas mãos.

Estamos vivendo um momento de necessidade de juntar o que tem de bom em uma boa administração

com uma boa ação política.Esse curso busca discutir

efetivamente a política de gestão em uma entidade sindical, como

instrumento da ação sindical. (…) que os/as cursistas saiam preparados para

que a luta sindical seja fortalecida desde suas origens para atender

seus objetivos.

Quintino Severo é Secretário Nacional de Administração e Finanças da CUT

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Revista Forma & Conteúdo 56

Objetivos do Programa:

• Debater a autossustentação financeira da Central, estrutura horizontal (CUT Nacional e Estaduais) e vertical (ramos da CUT), tornando a política financeira estatutária da CUT uma prioridade política e estratégica, visando uma gestão participativa e democrática com responsabilidades compartilhadas;

• Debater as principais questões políticas, jurídicas, administrativas e contábeis que envolvem a estratégia de gestão sindical CUTista;

• Potencializar a metodologia do orçamento participativo e do Planejamento Estratégico como instrumento na ampliação da participação dos/as trabalhadores/as na gestão sindical em todas as instâncias;

• Contribuir para ampliar a arrecadação da CUT, fortalecendo a estrutura, a organização sindical e os princípios da CUT;

• Contribuir para diminuir a inadimplência das entidades sindicais e ampliar a participação das entidades filiadas nas atividades e instâncias da Central;

• Contribuir para ampliar a sindicalização e o número de entidades filiadas e registradas – política de registro sindical.

Percurso Formativo

• Módulo 01 Gestão Político-Sindical CUTista para a Disputa de Hegemonia

• Módulo 03 Planejamentoe Ação Sindical

• Módulo 02 Aspectos Juridicos e Político-Organizativos, Gestão de Pessoas e Contabilidade Sindical

Público Dirigentes e assessores/as responsáveis pela Administração e Finanças das entidades filiadas à CUT

Formato • Presencial: 3 Módulos de 3 dias• Atividades Intermódulos• Carga horária: 72 horas

Realização • Local: Em cada Estadual da CUT

• Coordenação: SNF, Escolas Sindicais da CUT

• Parceria: Secretaria de Administração e Finanças

• Apoios: Secretaria de Assuntos Jurídicos (SNAJ) e Secretaria Nacional de Organização (SNO)

PROGRAMAS NACIONAIS

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DPPDHAR: Formar para a Disputa do Estado e do Desenvolvimento Nesse momento que enfrentamos o golpe à democracia, o acirramento da crise econômica e dos ataques aos direitos humanos e sociais, no campo e na cidade, foi muito acertada a decisão estratégica do 12º CONCUT de ampliar a participação popular em espaços de formulação, deliberação e gestão de políticas públicas, tendo como eixo a concepção CUTista de Estado e Desenvolvimento, constante na Plataforma da Classe Trabalhadora.

Essa resolução define a continuidade da capacitação dos/as conselheiros/

as, já realizada pelas Escolas Sindicais no período 2013-2015 por meio do Programa Desenvolvimento Políticas Públicas e Ação Regional (DPPAR) e que, para o período 2015-2019, inclui as temáticas das políticas sociais e direitos humanos, da educação profissional dos trabalhadores e da democratização do Sistema S. Por isso, o Programa passa a ser denominado de Programa de Desenvolvimento, Políticas Públicas, Direitos Humanos e Ação Regional (DPPDHAR).

PROGRAMAS NACIONAIS

A formação é estratégica para nós da CUT, no que tange ao papel do/a dirigente em compreender as políticas públicas e sua importância na construção de um país, na construção de uma cidadania.

O DPPDHAR tem essa amplitude: saber nossa função enquanto

dirigente sindical na defesa intransigente dos direitos da

classe trabalhadora, mas também compreendendo que temos um papel

muito maior na defesa de um país justo que se desenvolva, em uma

democracia participativa, onde somos atores sociais que podemos modificar

a condução desse país. Nosso desafio é ampliar para os movimentos

sociais. Temos que cada vez mais nos apropriarmos, nos empoderarmos

daquilo que é direito que conseguimos na Constituição cidadã

de 1988 e que jamais podemos abrir mão disso.

Maria Faria é Secretária Geral Adjunta Nacional da CUT

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A finalidade é qualificar dirigentes para disputarem o avanço do processo de democratização do Estado e o fortalecimento da participação popular na gestão das políticas públicas nos diferentes espaços institucionais. Os temas são abordados na perspectiva da luta de classes e da interseccionalidade de gênero, de raça, de geração e de orientação sexual, pessoas com deficiência e meio ambiente.

Este Programa, já em execução, estimula a criação de fóruns de articulação de conselheiros/as nos Estados e nas Regiões e a utilização

do hotsite “CUT cidadã”16, ferramenta interativa criada pela Secretaria Geral Nacional, com apoio da Secretaria Nacional de Comunicação. A Secretaria de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT Nacional e das Estaduais também são parceiras neste Programa.

Não haverá avanço nas políticas públicas sem muita luta contra as injustiças e as desigualdades, a partir das necessidades e do protagonismo da classe trabalhadora no centro da formação sindical. Diante desse cenário, torna-se imperativo para a Central aprofundar o tema e construir estratégias de intervenção tanto nas políticas públicas quanto nos processos de negociação Capital e Trabalho.

16 - Conheça o hotsite, Disponível em: < http://conselhos.cut.org.br/nacional/>. Acesso: 18 out. 2016

Publicação Trabalho Decente na Estratégia da CUT. Abril, 2011.

PROGRAMAS NACIONAIS

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• Módulo 01 Formação do Estado, Sistema Político e Sociedade Brasileira

• Módulo 02 Democracia, Desenvolvimento e Participação Popular.A Agenda dos/as Trabalhadores/as da CUT nas regiões.

• Módulo 03 Orçamento Público e Controle Social

• Módulo 04 Políticas Sociais e Direitos Humanos

• Módulo 05 Formação de dirigentes sobre EPT e Certificação Profissional, a intervenção dos trabalhadores no Sistema S e a participação nos espaços de gestão das políticas públicas de Educação e Trabalho.

Atividades intermodulares:Estudos e pesquisas sobre políticas públicas valorizando as experiências de organização e participação dos/as trabalhadores/as.

Público • Dirigentes Sindicais das Estaduais da CUT, Ramos e entidades filiadas, em especial que atuam em espaços de definição e gestão de Políticas Públicas e/ou de políticas setoriais de desenvolvimento

• Assessores/as Sindicais com o papel de subsidiar as Direções sobre a Plataforma da Classe Trabalhadora.

Formato2015-2019

Realização • Regional: nas bases das Escolas Sindicais da CUT• Coordenação: SNF, Escolas Sindicais da CUT• Parceria: Secretaria Geral (SG) e Secretaria de Políticas

Sociais e Direitos Humanos (SPSDH)• Apoio: Secretaria de Comunicação (SECOM)

• Módulos: 3 Estruturantes e 2 Complementares• Atividades Intermódulos• Carga horária: 32 horas por módulo. 160 horas total

PROGRAMAS NACIONAIS

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Revista Forma & Conteúdo 60

Negociação e Contratação ColetivaSeja nas negociações de acordos ou das convenções coletivas, os sindicatos são permanentemente desafiados a usar de todo seu instrumental organizativo para conquistar suas reivindicações imediatas. Por isso, uma das principais tarefas que se coloca para as organizações sindicais de fato representativas é a de negociar com as organizações patronais e conquistar melhores condições de trabalho e de vida para sua base de representação.

Contudo, para a CUT e seus sindicatos, muitos desafios também

estão colocados no que se refere às negociações coletivas em termos de reivindicações históricas, como: um sistema de relações de trabalho baseado na democracia e representatividade, em que a negociação coletiva seja o resultado de um processo constante de organização e mobilização, a partir dos locais de trabalho; e, a regulamentação da negociação coletiva e do contrato coletivo de trabalho nacionalmente articulado, com garantia do direito de greve, contra os interditos proibitórios

PROGRAMAS NACIONAIS

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e a criminalização dos movimentos sindical e social. Deste modo, consideramos fundamental para conquistarmos tais objetivos, que os/as dirigentes da CUT compreendam como se fundamentou historicamente um modelo de organização sindical e sistema de negociação coletiva baseados não na organização democrática, forte e autônoma dos sindicatos, mas sim nas garantias estatais de representação e financiamento, que levaram à fragmentação da ação sindical e a processos de negociação coletiva com pouca mobilização e baixo poder de pressão.

Defender uma livre forma de organização sindical, baseada em garantias legais de representação e na organização nos locais de trabalho, exige da CUT e seus/suas representantes que tenham capacidade de negociação efetiva, reflexão estratégica sobre o contexto em que se inserem as negociações e sua relação com a estrutura sindical corporativa.

Assim, o programa de Negociação Coletiva foi estruturado tendo em vista todo esse campo de desafios imediatos e históricos e que demarcam as diferenças entre a CUT e as demais centrais sindicais no Brasil. Para isso, aprofundamos os debates sobre as características organizativas e de negociação dos setores público e privado, categorias urbanas e rurais, empresas locais, nacionais e transnacionais.

Temos de entender que a Classe Trabalhadora só obtém

conquistas em regimes democráticos. Em meio ao golpe, a primeira grande ameaça é perdermos o que temos de

processos de Negociação Coletiva. No Brasil nem todos conquistaram

este direito, caso dos/as servidores/as públicos. Mesmo assim, o governo

golpista ameaça destruir os direitos que conseguimos conquistar. É o

golpe se concretizando com a ameaça da flexibilização dos direitos também no serviço público. Nesse contexto, a formação é instrumento fundamental

para aprofundar a importância de entender a negociação coletiva como forma de garantir direitos

conquistados e ampliá-los; preparar nossa militância na perspectiva da

luta de classes e, fundamentalmente, oferecer fundamentos para resistência

democrática.

Graça Costa é Secretária Nacional de Relações de Trabalho da CUT

Além disso, o programa de Negociação Coletiva é um campo de interação e diálogo entre a Secretaria de Formação Sindical e a Secretaria de

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Relações do Trabalho, de modo que a atualização do contexto de lutas se dá permanentemente.

O programa está organizado em 3 módulos de 4 dias cada, com carga horária total de 96 horas e é desenvolvido pelas 6 Escolas Sindicais da CUT, o que garantirá que as reflexões problematizadoras sobre o tema Negociação Coletiva, sejam feitas amplamente nas bases sindicais da CUT, retratando as diferentes realidades regionais.

Os temas dos módulos foram pensados de modo a atender a estratégia conjuntural, princípios históricos, articulação entre os diferentes ramos, organização, mobilização e comunicação com a base e domínio de técnicas de negociação, de modo que o curso atualmente tem o seguinte formato:

• Módulo 01 Histórico e Bases da Negociação Coletiva no Brasil

• Módulo 03 Preparação, Desenvolvimento e Desfecho da Negociação

• Módulo 02 Negociação Coletiva – Contextos, Âmbitos, Formas e Tendências Atuais

Os módulos ainda tratam dos desafios mais recentes enfrentados para que as negociações coletivas conquistem as demandas imediatas e históricas: são os projetos de lei que atualmente tramitam pelo Congresso Nacional e que desregulamentam uma série de direitos sindicais e trabalhistas, inclusive a própria negociação coletiva como prerrogativa dos sindicatos. Dentre estes, destacamos: Instituição do acordo extrajudicial de trabalho permitindo a negociação direta entre empregado e empregador (PL 427/2015 – Câmara); Suspensão de contrato de trabalho (PL 1875/2015 – Câmara); Prevalência do negociado sobre o legislado (PL 4193/2012 - Câmara); e, Prevalência das Convenções Coletivas do Trabalho sobre as Instruções Normativas do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE (PL 7341/2014 - Câmara) e Vedação da ultratividade das convenções ou acordos coletivos (PL 6411/2013 – Câmara).17 Caso sejam aprovados, antecipam uma Reforma Trabalhista que tanto desejam o governo golpista e ilegítimo de Temer e o Congresso mais conservador da nossa história. E a Formação da CUT prepara os/as dirigentes para enfrentar esse conjunto de ataques.

17 - Já no final de outubro deste ano, três novos projetos de lei de autoria do Deputado Federal Mauro Lopes PMDB-MG foram apresentados na Câmara Federal visando à flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Normas Gerais de Tutela do Trabalho (PL 6324/2016); Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho (PL 6322/2016) e Processo do Trabalho (PL 6323/2016).

PROGRAMAS NACIONAIS

Lançamento do piloto do Programa Formigueiro - Formação Popular Permanente, na CUT-SP, São Paulo-SP, no início da Primavera, 23/09/2016.

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Formigueiro: uma Rede de Formação Popular na Retomada da Esperança

PROGRAMAS NACIONAIS

Foto: Roberto Parizotti/CUT

Lançamento do piloto do Programa Formigueiro - Formação Popular Permanente, na CUT-SP, São Paulo-SP, no início da Primavera, 23/09/2016.

Pisa no chão, pisa manero

Quem não pode com a formiga

Não assanha formigueiro18

Como parte do eixo estratégico do Plano de Lutas da CUT e sob o mote - Direito não se reduz, se amplia! -, a SNF/CUT em parceria com uma série de movimentos sociais19, desenvolveu um projeto de formação popular permanente: o Programa Formigueiro.

18 - Pisa Manero de Juvenal Lopes/Dilson Dória Artista: Xangai. Álbum: Cantoria de Festa, 1998, Karup Discos.19 - Inicialmente a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) e a UNE (União Nacional dos Estudantes), a Rede Unida e a Mobilis encamparam a proposta, mas o programa está aberto e esperamos contar com o envolvimento de sindicatos, escolas de formação, outros movimentos sociais, formadores/as populares e instituições de defesa dos direitos humanos e sociais.

Inspirado no formato da Campanha da Fraternidade que todo ano escolhe um tema no campo dos direitos para debater com a comunidade católica, o Programa Formigueiro, a cada estação do ano, lançará um grande tema gerador para ser debatido nas formações populares. Cada uma das estações é pensada para ocorrer em 4 encontros formativos de curta duração, intercalados por atividades culturais e tem como objetivo despertar ações mobilizadoras.

O primeiro Ciclo do Programa Formigueiro já está em curso. Trata-se do Formigueiro Primavera, desenvolvido como projeto piloto no estado de São Paulo em parceria com a Escola Sindical São Paulo e a CUT SP. Ao final deste piloto, a SNF fará

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Cadernos de Participantes e Formadores do Programa de Formação

Permanente: Formigueiro (2016)

um seminário com os/as educadores/as populares que participaram da iniciativa para troca de experiências e suporte para avaliar sua execução e preparar novos materiais.

No Programa Formigueiro a SNF é responsável pela produção dos materiais pedagógicos. Esse material é composto por dois cadernos (um voltado para os/as formadores/as e um destinado aos/às participantes) e um pendrive com músicas e filmes sugeridos para os quatro encontros, além de modelos de lista de presença, crachá, cartaz de divulgação e avaliação.

No caderno destinado aos/às formadores/as tem uma proposta de Itinerário Pedagógico com dicas e orientações para auxiliar a prática formativa na implementação do

Projeto. O objetivo desse material é contribuir com as atividades, compartilhando sugestões de roteiros pedagógicos, fornecendo dicas de avaliação, sugestões de distribuição do tempo, organização e produção de materiais, mobilização para os encontros, divulgação etc. São sugestões que podem ser adaptadas de acordo com o local, o tempo disponível para o encontro, as experiências dos/as formadores/as e as características dos/as participantes. Já o caderno de formação destinado aos/às participantes organiza os temas selecionados para cada um dos encontros, propõe questões para os debates, traz textos que referenciam a discussão, é ricamente ilustrado e seu projeto gráfico além de belo também auxilia a proposta pedagógica do projeto formativo.

PROGRAMAS NACIONAIS

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Revista Forma & Conteúdo 65

Penso que o Programa Formigueiro retoma a prática,

retoma a práxis histórica que nós já vivenciamos e oferece uma

proposta de formação popular, para além do sindicato, para além

da formação sindical, da história da classe trabalhadora, da luta corporativa que é necessária e

papel do sindicato. Oferece para os movimentos populares, para os

movimentos sociais, enfim para qualquer comunidade, um instrumento

de trabalho de base, um instrumento formativo muito importante e

muito rico que dialoga com as necessidades, com as angústias, com

as demandas da maioria do povo brasileiro.

Enfim, quem acha que falta trabalho de formação de base, agora tem

no Programa Formigueiro um rico material, uma proposta organizada, sistematizada, com conteúdo, com

método e muito bonita, porque a questão estética também é algo

que a gente não pode perder. Tem boa música, poesia de autores/as

que falam sobre a realidade da vida dura das cidades, dos sonhos, das

dificuldades, das esperanças e das infelicidades que é parte da vida

de todos nós. O material organiza o debate e também está aberto a

outras contribuições, provoca outras reflexões, que podem se desdobrar

em outros temas. Sou muito entusiasta do Programa Formigueiro,

do material já produzido e acho que agora a gente tem um instrumental

para chegar em qualquer comunidade, qualquer movimento e propor um

início de debate sobre esses temas que são tão centrais: moradia,

transporte, saúde e educação, enfim, o direito à cidade. Então, aproveitem

bem o Projeto Formigueiro.

Janeslei Albuquerque é Secretária Nacional de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT

Encontro 01 Direito à Educação(EducAÇÃO para a Vida)

A Estação Primavera do Projeto Formigueiro conta com quatro encontros que objetivam debater os seguintes direitos:

Encontro 02 Direito à Saúde(Saúde Pública com qualidade para todos e todas)

Encontro 03 Direito ao Transporte Público/Coletivo(Desafio da mobilidade urbana)

Encontro 04 Direito à Moradia (Esse é o meu Lugar)

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Na conjuntura política atual com um governo ilegítimo e um Congresso Nacional historicamente formado em sua maioria por homens brancos e ricos, sem compromisso com a diversidade, os direitos humanos, sociais e trabalhistas todas as conquistas de 1988 correm sérios riscos. Nosso desafio de formação popular é construir de modo simples e eficaz, uma narrativa contra-hegemônica para que o povo brasileiro entenda os mecanismos básicos da nossa frágil democracia. Não basta elegermos um prefeito/a, um/a governador/a ou presidente/a com compromissos sociais se no Legislativo elegemos forças reacionárias, se o Judiciário se mantém inalterado como uma casta medieval repleta de privilégios, onde o Direito Civil serve antes de tudo para que os/as ricos/as roubem os/as pobres e o direito criminal para impedir que os/as pobres reajam ao saque dos/as ricos/as.

Num país como o nosso, onde todos os meios de comunicação pertencem a menos de dez famílias, sem compromisso com a cidadania, com a soberania nacional e que está a serviço das forças mais conservadoras, grande parcela do povo brasileiro não é informada sobre as ameaças e os ataques contra nossos direitos. Ao contrário, a mesma mídia que estimula o crescimento do discurso e de práticas de ódio, lucra com a desinformação propagada por meio de ricas campanhas publicitárias financiada pelo governo golpista.

Nosso grande desafio, portanto, é retomar de modo sistematizado e amplo a formação popular em tempos

de retrocesso e desesperança. Temos de unir esforços em nosso campo de esquerda e ampliar o número de formadores populares, ampliando assim nossa Rede de Formação para que nosso povo conheça a história das lutas que culminou na Constituição Cidadã, se apropriem dos mecanismos de controle social ou recriem o que já foi destruído pelo golpe, para que possamos vigiar e reagir aos Poderes que atacam as nossas conquistas.

Por meio do Programa Formigueiro almejamos contribuir na formação do povo brasileiro em relação às noções básicas de cidadania, para que na luta forjemos a consciência política dos/as cidadãos/ãs; para que o nosso povo compreenda que sem lutas, mobilizações e organização da sociedade civil não conseguiremos conquistar, manter e ampliar nossos direitos e que desmobilizados vamos assistir nossas conquistas retrocederem.

A formação popular é um processo múltiplo e permanente, mas imprescindível para transformar a sociedade. Assim, nossa proposta de formação popular só se concretizará se as Frentes políticas de resistência20, sindicatos, universidades, e demais instituições da sociedade civil abraçarem a ideia do Formigueiro como algo importante, significativo e que deve ganhar as ruas com milhares de educadores/as populares voluntários/as desenvolvendo o trabalho de formiguinha para assanhar a resistência do Formigueiro Brasil. 20 - Referimo-nos à Frente Brasil Popular (FBP) e à Frente Povo Sem Medo (FPSM).

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Novos Tempos, Novos e Diversos Sujeitos, Novo CEPS

Para envolver e formar trabalhadoras e trabalhadores na luta sindical CUTista, com formas e conteúdos atrativos, atuais, provocantes e interativos, será lançado o Novo Programa de Formação em Concepção, Estrutura e Prática Sindical (Novo CEPS)21. É um programa destinado a quem inicia sua trajetória de participação no movimento sindical, como sócio/a, na organização no local de trabalho, na oposição sindical ou em outras ações.

Nos idos de 1993, ao completar 10 anos congregando trabalhadores rurais e urbanos, a CUT, por meio da Secretaria Nacional de Formação, produziu o memorável Telecurso Sindical (Telecurso OLT). Em parceria com a TVT – TV dos Trabalhadores e FNV - Federatie Nederlandse Vakbeweging da Holanda e com apoio do Instituto Cajamar e Centro Internazionale Crocevia da Itália, o Telecurso integrou o programa “Processo de Trabalho e Organização nos Locais de Trabalho”.

Muitas e muitos dirigentes formados/as pelo Telecurso contribuíram para que a CUT se tornasse a principal referência política e organizativa no cenário sindical e social brasileiro diferenciando-se por sua Concepção, Estrutura e Prática Sindical.

21 - Lançamento previsto para Coletivo Nacional de Formação (CONAFOR), em julho de 2017.

Nesse momento extremamente difícil, no Congresso Nacional,

entre os diversos ataques contra os trabalhadores, há um conjunto

de propostas que querem o fim de qualquer tipo de organização da

sociedade civil, com perseguição a nossos/as dirigentes e entidades. Por isso é importante fazer esse debate dentro da CUT sobre os

princípios norteadores da Central, da Concepção e Prática Sindical da CUT,

em especial a defesa da convenção 87, que trata da liberdade e autonomia sindical,

para fazer um contraponto às concepções e práticas de direita

junto às nossas bases.

Ari Aloraldo do Nascimento é Secretário Nacional de Organização e Política Sindical da CUT

Por isso, é muito importante que todos/as CUTistas apoiem concretamente o Novo CEPS, que se articula com os Programas ORSB e Formigueiro e com outros momentos e espaços formativos, presenciais ou a distância, articulados

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em Rede. Ao dialogar com desafios atuais, esperanças e perspectivas para o futuro da classe trabalhadora, o Novo CEPS qualifica ainda mais a luta da CUT por democracia, cidadania e direitos.

NOVO CEPS – CUT – GESTÃO 2015-2019

Formato• Presencial / a distância• 3 Módulos• Linguagem multimídias, mídias

sociais• Plataforma da Formação da CUT• Materiais impressos

Ficha técnica• Novo CEPS. Produção

SNF/CUT, 2017. multimídias e impressos, Port.

Produção• Realização: Secretaria

Nacional de Formação da CUT (SNF/CUT)

• Parcerias e apoios: nacionais e internacionais (em construção)

• Programas relacionados:-ORSB (Organização e Representação Sindical de Base) -Formigueiro (Formação Permanente de Massa)

TELECURSO OLT - 1993

Formato• Presencial / a distância• 3 Módulos (Blocos), 10 vídeos

de 18 minutos• Linguagem televisiva• Caderno de textos

Ficha técnica• Telecurso OLT. Produção

SNF/CUT, TVT. São Paulo, 1993. Videocassete (180 min.): VHS, Ntsc, son., color. Port.; caderno de textos.

Produção• Realização: Secretaria

Nacional de Formação da CUT (SNF/CUT) e TVT - TV dos Trabalhadores

• Parceria: FNV - Federatie Nederlandse Vakbeweging

• Apoio: Instituto Cajamar e Centro Internazionale Crocevia

PROGRAMAS NACIONAIS

Caderno de Participantes e de Formadores/as do Telecurso OLT-CEPS (1993).

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As Novas Tecnologias a Serviço da Classe TrabalhadoraPor Alex Capuano22

“Faço questão enorme de ser um homem do meu tempo e não um

homem exilado dele“ (Paulo Freire)

O avanço das novas tecnologias de informação e comunicação das últimas décadas causou uma das mais profundas mudanças já vividas

22 - Alex Capuano é assessor na Secretaria Nacional de Formação da CUT.

na sociedade. Alterou as formas com as quais as pessoas se relacionam, criando e desfazendo vínculos; como produzem e consomem; como estudam, se informam e se comunicam. As perguntas que nos parecem importantes são: a quem servem essas mudanças? Quais são suas consequências na vida da classe trabalhadora?

O desenvolvimento tecnológico não serve apenas a um único campo social ou a uma única classe. Ele é um conceito em disputa, desde a sua

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elaboração e desenvolvimento até sua utilização pelo/a usuário/a final.

Paulo Freire nos ajuda a compreender esta disputa:

“O que me parece fundamental para nós, hoje, mecânicos ou físicos, pedagogos ou pedreiros, marceneiros ou biólogos é a assunção de uma posição crítica, vigilante e indagadora, em face da tecnologia. Nem de um lado, demonizá-la, nem, de outro, divinizá-la” (FREIRE, 1992, p. 133)23

Tecnologias a serviço do capital visando unicamente o lucro, o aumento de produtividade com redução de postos de trabalho e elevação do desemprego, a serviço de Estados e corporações para controlarem os cidadãos por meio de vigilância eletrônica ou censurarem a liberdade de expressão, precisam ser ressignificadas para que todo esse avanço tecnológico seja empregado a serviço da Classe Trabalhadora.

No início do século XXI a internet se popularizou, principalmente com o surgimento das redes sociais e o Observatório Social, instituto de pesquisas da CUT24, lança em 2003 o projeto Conexão Sindical, uma plataforma com objetivo de usar as Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas para potencializar as lutas dos trabalhadores no Brasil, com processos formativos de inclusão digital para dirigentes sindicais e uma rede social própria e autônoma para a troca de informações e experiências.

23 - FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 199224 - Uma iniciativa da CUT em parceria com o DIEESE, CEDEC com apoio da Centrais Sindicais FNV da Holanda e a DGB da Alemanha em 1997.

Na Era da Informação o uso das tecnologias vem numa perspectiva

de criar uma realidade virtual na qual os povos se unam, as fronteiras não

existam e possamos ter formas de compartilhar o nosso conhecimento.

Essa nova realidade é um desafio para o movimento sindical e

precisamos nos apropriar dos recursos tecnológicos existentes para acelerar nosso processo de

construção do conhecimento.As ferramentas que hoje estão

disponíveis como os mecanismos de educação a distância são

fundamentais para a nossa organização, pois vivemos num

país de dimensão continental e os recursos para formar dirigentes são

escassos. Nessa conjuntura adversa, nós precisamos mais do que nunca ter dirigentes mais qualificados, que estejam mais preparados para fazer

o trabalho de base e conscientizar a população da necessidade de um projeto popular democrático.

Admirson “Greg” Ferro Jr. é Secretário Adjunto de Comunicação Nacional da CUT

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Desde então a CUT tem realizado investimentos em novas tecnologias, principalmente com a finalidade de aprimorar e expandir o alcance de sua comunicação e o uso de informações. A criação de um sistema integrado de sites das Estaduais da CUT ao site da CUT Nacional, TV e rádio web e um núcleo para atuar exclusivamente com as mídias sociais foram iniciativas nesse sentido.

Para além da política de comunicação, a utilização dessas tecnologias deve ser potencializada para que possa se tornar estratégico para organização, mobilização e políticas da diversidade e um poderoso instrumento de suporte para a formação e luta sindicais. É a partir desse enorme desafio que a Secretaria Nacional de Formação, juntamente com a Secretaria Nacional de Comunicação (SECOM), com a Secretaria Geral, por meio do Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT (CEDOC) e com o Observatório Social estão desenvolvendo a Plataforma Digital da CUT, fortalecendo o trabalho em rede.

Essa Plataforma foi construída coletivamente, concebida com linguagens de programação livre, dividida em três ferramentas de produção e disseminação do conhecimento e que são complementares entre si:

Ambiente de Formação

Área de apoio organizativo, metodológico e pedagógico da Formação CUTista: cadastro, registro, acompanhamento e avaliação das atividades presenciais e intermodulares, sistematização das trajetórias formativas, laboratório metodológico, fórum de debates e troca de informações e experiências. Essa área é baseada no ambiente interativo moodle de educação a distância.

Biblioteca

Ambiente de disponibilização de publicações virtuais para download e físicas para empréstimo. O acervo será relacionado à formação, ao Mundo do Trabalho e a temas de interesse da classe trabalhadora, democratizando o acesso aos saberes construídos social e historicamente.

Base de Dados e Informações Estratégicas

Espaço virtual interativo de produção, de armazenamento centralizado e de disseminação de dados e informações para subsidiar estudos, pesquisas, planejamento e ação da CUT.

O Ambiente de Formação (moodle.cut.org.br) foi o primeiro a ser implementado e já é utilizado para organização de conteúdos e troca de informação entre a Secretaria Nacional

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de Formação e os/as educadores/as das escolas sindicais da CUT nas atividades anteriores e posteriores às Oficinas Pedagógicas dos programas de formação. Essas ferramentas serão disponibilizadas progressivamente a toda a Rede, possibilitando sua integração. Com isso, o acesso rápido e atualizado a dados, informações e pesquisas de interesse dos/as CUTistas vai potencializar ainda mais a luta virtual e real a serviço da Classe Trabalhadora.

Para que esse projeto tenha o êxito desejado, ele deve ser entendido como um espaço de articulação entre toda a Rede de Formação da CUT e, portanto, deve ser cada vez mais apropriado por todas as secretarias, pelas Estaduais da CUT, Escolas Sindicais, Confederações, Federações e sindicatos CUTistas, pois só assim teremos essa inteligência coletiva, fundamental na construção do conhecimento nos dias atuais.

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Os Ramos CUTistas e a Formação SindicalPor Ana Paula Melli25

Desde sua fundação em 1983, a CUT questiona a estrutura sindical oficial, que se baseia nos sindicatos divididos por categorias e por base territorial, possibilitando que hoje no Brasil existam mais de 15.000 enti-dades sindicais (MTE, 2016). Grande parte deste número é de sindicatos com pouca ou nenhuma representa-tividade, organização ou capacidade de pressão.Um dos resultados concretos desse quadro é a baixa capacidade de ne-gociação coletiva de muitos sindica-

25 - Ana Paula Melli é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT..

tos, federações e confederações, pois se não há mobilização das bases, os processos de negociação não têm força para conquistar a maior parte das reivindicações. Para enfrentar essa situação adversa e lutar pelas conquistas das reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras, ainda que sem romper com o verticalismo da estrutura sindical, a CUT organiza seus 3.960 sindicatos em 19 ramos de atividade e 46 entidades nacionais orgânicas e/ou filiadas26.Nos anos 1990, muito se debateu até chegar a tal formulação, diante da constatação de que entre os “sindicatos

26 - Conheça as 46 entidades nacionaisorgânicas e/ou filiadas à CUT, agregadas aos 19 ramos CUTistas: < http://www.cut.org.br/conteudo/ramosda-cut/>. Acesso: 22/11/2016.

Foto: Acervo CUT Brasília

Manifestantes, representando diversos ramos, protestam no Dia Nacional de Luta contra o Desmonte do Estado, Brasília-DF, 05/10/2016.

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de base ainda prevalece uma visão de interesses por categoria, cada vez mais fragmentados, e sem uma estratégia (mesmo que de longo prazo) para sua fusão visando fortalecer a organização sindical por ramo de atividade.” (13ª Plenária Nacional). Dessa resolução, é explícita a determinação da CUT de avançar na construção dos ramos, garantir a representação interna dos diferentes setores e ampliar o espaço e poder de negociação de nossas entidades nacionais, frente às organizações patronais.

Estas diretrizes se colocam em sintonia com o princípio defendido pela CUT de liberdade e autonomia sindical na perspectiva de criar unidade organizativa com a capacidade de potencializar a ação dos sindicatos, para que eles sejam cada vez mais fortes e representativos frente às empresas e entidades patronais.

Administração Pública; Alimentação; Aposentados; Comércio; Comércio Autônomo; Comunicação, Publicidade e Jornalismo; Construção; Educação; Financeiro; Metalúrgico; Municipais, Profissionais Liberais; Químico; Rural; Saúde; Transporte; Urbanitário; Vestuário e Vigilantes, são os ramos da CUT que articulam a ação dos seus respectivos sindicatos de forma a unificar pautas, especialmente durante as negociações coletivas.

Para o plano de formação sindical da SNF/CUT, esta estratégia é uma oportunidade de estabelecer uma prática sindical que consiga romper com os padrões impostos pelo corporativismo, tão fortemente arraigados na cultura sindical brasileira.

O Plano Nacional de Formação, deve analisar a diversidade e as

peculiaridades de cada ramo, porém, sempre apontando para um Projeto Comum, levando em consideração

a Luta de classe.

Eduardo Lírio Guterra é Secretário Adjunto Nacional de Organização e Política Sindical da CUT

O nosso plano de formação sindical tem a chance de incorporar os avanços ou limites das experiências dos sindicatos e do próprio ramo, em alguns dos nossos programas de formação sindical, mais especificamente nos programas ORSB e NCC, dentre os que já vem sendo desenvolvidos há algum tempo no âmbito da Política Nacional de Formação de Dirigentes.

Um exemplo disso é o debate sobre um modelo organizativo que questiona os limites das categorias e base territorial, abordados no ORSB e que identifica as semelhanças entre as condições de vida e trabalho para os trabalhadores e trabalhadoras de diferentes empresas (muitas vezes dentro da mesma

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cadeia global de abastecimento); a compreensão de que o enfrentamento ao capital é fortalecido com a unidade da classe trabalhadora, entre outras questões.

Outra situação se percebe no Programa de NCC, que nessa nova experiência nos dá a oportunidade de analisar as estratégias de negociação e mobilização envolvendo as diferentes categorias, identificar os avanços possíveis em termos de conquistas para todos os sindicatos integrantes do ramo (especialmente para os mais frágeis), entre outros aspectos.

Deste modo, a formação sindical de maneira geral, tem sido muito enriquecida com a experiência dos ramos. É o estabelecimento de um caminho que leva à unidade e fortalecimento da classe trabalhadora, objetivo almejado não só pela formação, mas pela CUT.

Contudo, ainda se coloca como um desafio para a SNF que os próprios ramos se façam presentes mais organicamente em nossas atividades, que se disponham com maior intensidade a compartilhar suas ações de formação específicas, criando assim uma sinergia que nos fortaleça para enfrentar as tentativas de desregulamentação do trabalho e precarização dos direitos, pautadas pelos setores conservadores, representantes do grande capital.

Existem mais de 60 Projetos de lei

que tramitam no Congresso Nacional no segundo semestre de 2016, que precarizam direitos sindicais e trabalhistas, que atacam fortemente o padrão de cidadania, direitos do trabalho e sindicais e proteção social da classe trabalhadora brasileira. A ação conjunta e articulada dos ramos nos fortalecerá neste momento de disputa, por isso a formação sindical conclama os ramos urbanos e rurais, públicos e privados a participar ativamente do Plano Nacional de Formação de Dirigentes.

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Ato pela Democracia na Praça da Sé, São Paulo-SP, em 31/03/2016.

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Formação para Disputa de Projetos nos Territórios: a Relação da SNF com as Estaduais da CUTPor Fernando Franzoi27

Apesar dos esforços concentrados em lutas nacionais contra o golpe e contra a retirada de direitos, as dimensões locais, estaduais e regionais se revelam imprescindíveis para se travar a luta pela hegemonia da classe trabalhadora. A PNF da CUT dialoga com as estruturas verticais – as categorias, Ramos e Macrossetores – bem como com as estruturas horizontais da Central.

No caso das Estaduais da CUT, a Central, por meio da Secretaria Nacional de Formação estruturou uma Rede Nacional de Formação

27 - Fernando Franzoi é assessor da Secretaria Nacional de Formação da CUT.

que estabelece a gestão da política formativa articulada diretamente com as Secretarias Estaduais de Formação. E, em uma concepção de regionalidade, as bases estaduais se relacionam e interagem por meio das Escolas Sindicais da CUT.

Esse desenho propicia que cada Estadual da CUT elabore seu Plano Estadual de Formação em sintonia com o Plano Nacional, mobilizando e fortalecendo os Coletivos Estaduais de Formação. Um dos resultados observados é o aumento da sensibilização, participação e conscientização dos/as dirigentes nos Estados.

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Há um grande potencial em ação, com destaque especial aos/às dirigentes formadores/as que desempenham um papel insubstituível na interiorização da CUT e no seu enraizamento nas estruturas territoriais (regionais, subsedes), tanto no papel formativo como no decisório, nas diferentes instâncias das entidades de base e de âmbito estadual.

É nas Estaduais da CUT que se amplia a cobertura da formação, tendo em vista uma ação estratégica e solidária desde as entidades de base, complementando – e não se sobrepondo – às demais iniciativas da Rede de Formação. Dessa forma, a relação da PNF com as

Estaduais potencializa o papel de cada um/a e de todos/as os dirigentes das Estaduais e dos respectivos sindicatos filiados, abrindo-se ao diálogo, à ação planejada e à estratégia construída coletivamente por todas as Secretarias, Órgãos e instâncias da CUT. Pois, a Rede de Formação da CUT se dá e se constrói desde a organização no local de trabalho e de moradia, interagindo com as entidades de base, as estruturas regionais, estaduais, ramos até a nacional. As Estaduais da CUT, portanto, são peças-chave na consolidação da Rede de Formação CUTista e de fortalecimento do Projeto Político-Organizativo da Central.

Encerramento da 14ª Plenária da CUT, Guarulhos-SP, 01/08/2014.

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A Relação da CUT e da Formação com as Universidades

Foto: Mídia NINJA

Universidades Ocupadas resistem contra os cortes de gastos na Educação. Assembleia Geral da UFMG, Belo Horizonte-MG, 26/10/2016.

Vera Gasparetto28

A relação da CUT com as universidades suscitou um amplo debate. Havia opiniões favoráveis à construção de um diálogo com o mundo acadêmico, especialmente com pesquisadores 28 - Vera Gasparetto é educadora da Escola Sindical Sul e doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC.

que reconheciam que a classe trabalhadora produz saberes. Havia também na Central questionamentos e preocupações em relação a essa aproximação justificados pela longa história de exclusão da classe trabalhadora desses espaços de produção de conhecimentos valorizados socialmente.

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Refletir sobre a história da criação do ensino superior no Brasil contribui para a compreensão das causas e impactos deste distanciamento e as novas possibilidades de trocas de conhecimentos entre a CUT e a academia.

Nascimento tardio e dependente das universidades no Brasil

Na Europa, as primeiras universidades datam do século XIII e várias universidades nos territórios americanos de colonização espanhola foram criadas no século XVI. Na América Portuguesa a Coroa proibia por lei o ensino superior. A primeira instituição brasileira de ensino com status de universidade é do século XX, mais precisamente em 1909, em Manaus29, mas com a crise da borracha seus cursos foram fechados30.

Antes da criação das universidades, as primeiras experiências de ensino superior no Brasil começaram em 1808, data da chegada da família real portuguesa em nosso território. D. João autorizou a abertura de escolas superiores em Salvador e no Rio de Janeiro, organizadas conforme o modelo português.

De origem monárquica, as primeiras “academias reais” eram voltadas à

29 - História do Ensino Superior. Disponível em: <http://universidades.universia.com.br/universidades-brasil/historia-ensino-superior/>. Acesso: 13 out. 2016.30 - São Paulo e Paraná respectivamente criaram suas universidades em 1911 e 1913. Mudanças na legislação levaram ao fechamento da Universidade em São Paulo em 1918, a UFPR recorreu à mudança de estatuto e conseguiu manter todos seus cursos em funcionamento. Devido a continuidade dos cursos oferecidos é considerada a mais antiga universidade do país. Consulte: A mais antiga do Brasil, Disponível em <http://www.ufpr.br/portalufpr/a-mais-antiga-do-brasil/>. Acesso: 17 out. 2016.

formação de uma elite dirigente – predominantemente homens brancos e ricos – e de oficiais técnicos, engenheiros militares e profissionais destinados a atender o Estado. Segundo Anibal Quijano (2002)31 a herança colonial deixou graves sequelas nos espaços colonizados, especialmente no que diz respeito à “colonialidade do ser”, do poder e do saber.

Com a conquista das sociedades e das culturas que habitam o que hoje é nomeado como América Latina começou a formação de uma ordem mundial que culmina, 500 anos depois, em um poder global que articula todo o planeta. Este processo implicou, por um lado, a brutal concentração dos recursos do mundo, sob o controle e em benefício da reduzida minoria europeia da espécie e, especialmente, de suas classes dominantes. Mesmo que moderado por momentos frente à revolta dos dominados, isso não cessou desde então. Mas agora, durante a crise em curso, tal concentração se realiza com novo ímpeto, de modo talvez ainda mais violento e em escala global.

Essa origem deixou profundas marcas no mundo acadêmico brasileiro, somada à longa história de exclusão de boa parcela da população da escolaridade básica, ainda com altas taxas de analfabetismo. São espaços elitistas, especialmente nos cursos valorizados socialmente como Direito, Medicina e Engenharias e, nas demais áreas, privilegiam conteúdos e metodologias para formar a força

31 - QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos, ano 17, nº 37, 2002.

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de trabalho para o capital. Em contraposição, ativistas e movimentos sociais lutam por uma transformação no âmbito político-acadêmico que forme para a autonomia, a criticidade e que esteja voltada para os interesses de toda a sociedade. Portanto, a Universidade é campo de disputa de hegemonia.

A ampliação do acesso nas universidades durante os governos populares de Lula e Dilma

Os movimentos sociais vêm lutando por universidades públicas, de qualidade, gratuitas e autônomas. A democratização do acesso e permanência, critérios mais justos para o ingresso e políticas de inclusão social (como cotas para negros/as, indígenas e egressos/as de escola pública) têm sido fundamentais para mudar a face das universidades públicas, dando oportunidade à classe trabalhadora e aos seus filhos e suas filhas de nela ingressarem. Programas como o FIES e Prouni que financiam universitários/as nas Universidades e faculdades privadas também ampliaram o volume de estudantes no nível superior no país, a ponto de em uma década (2003-2013) o Brasil saltar de 3,5 milhões para 7 milhões de universitários/as.

As parcerias entre a CUT e as universidades

A CUT formulou uma concepção de Educação Integral, continuada

e permanente, como o direito dos cidadãos e das cidadãs em se apropriar dos conhecimentos universais e pluriversais historicamente produzidos nos diferentes espaços de construções culturais, relacionados aos saberes tácitos, respeitando as identidades, diversidades e vivências. A CUT reivindica condições de inclusão de todos e todas no ensino superior, público, gratuito e de qualidade, como um direito da cidadania. E essa luta se intensifica na atual conjuntura para barrarmos a expansão do modelo que quer transformar toda a Educação em mercadoria privatizada, negando direitos.Na história da CUT, intelectuais orgânicos da universidade e do movimento social e sindical se organizaram na luta contra a ditadura e pela Educação Pública. As entidades Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN)32, Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituição Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (PROIFES) e Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) se constituíram como representativas nas estruturas universitárias, com esses objetivos de luta e resistência, permeadas pelas contradições desse campo em disputa. E a CUT participa de espaços estratégicos como o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, na luta histórica pela aprovação do Plano Nacional de Educação e pela universalização da Educação Pública.

32 - também conhecida como Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

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Em relação à formação sindical, deve-se favorecer um diálogo permanente e intenso com a academia para que a classe trabalhadora (dirigentes e base) reflita, com uma visão plural, sobre os problemas nacionais e regionais para intervir e transformar a realidade, com base em conhecimentos problematizados e validados cientificamente. Nesse aspecto, há inúmeras linhas de pesquisa nas Universidades brasileiras sobre trabalho, sindicalismo, movimentos sociais, sociedade, políticas públicas, educação e trabalho, dialogando com ou combatendo nossas entidades, concepções e práticas.Já no campo da Educação Profissional dos Trabalhadores (EPT), resumidamente, temos a relação com diversas universidades, a partir de 1996: Unitrabalho, UFF, PUC-SP, dentre outras pelo país todo. A aproximação com as Universidades foi definida no Plano de Formação da SNF/CUT em 1999. Nesse trajeto, a CUT estabeleceu relação com o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT/UNICAMP) e com a Escola do DIEESE que forma em nível superior seus dirigentes e assessores, para além da CUT integrar a Direção do DIEESE. Nessas parcerias da CUT com as universidades os/as participantes obtêm certificação das Universidades que, embora valorizada socialmente, não é e nem pode se tornar o objetivo principal da formação. Em 2013 e 2015 realizamos o Curso de Formação de Formadores/as em Comunicação (FFCOM) em parcerias bem sucedidas com a USP-Leste

e com o CELACC33 da Escola de Comunicações e Artes ( ECA) da USP. Ambas turmas foram certificadas pelas respectivas instituições acadêmicas sem que abríssemos mão dos princípios da formação CUTista de autonomia e indelegabilidade.Outra experiência na qual a CUT construiu parceria foi com a Universidade Global do Trabalho (GLU), de iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com várias instituições sindicais, de pesquisa e acadêmicas como: Universidade de Kassel e Escola de Economia de Berlim na Alemanha, Universidade WITS na África do Sul, UNICAMP no Brasil, e Instituto TATA na Índia). A GLU oferece cursos de mestrado internacional voltado a pessoas com atividades na área do trabalho, como dirigentes sindicais, assessorias e pesquisadores/as do meio sindical.Atualmente a SNF dialoga com a Escola de Ciências do Trabalho do DIEESE para a certificação do FDA, o curso de Formação de dirigentes de longa duração, que será executado pelas Escolas Sindicais. O objetivo nessa parceria é dialogar com a proposta de formação de sujeitos críticos para uma atuação transformadora na sociedade.Essas experiências comprovam que a CUT deve ampliar sua articulação institucional com as Universidades, de modo que a classe trabalhadora elabore e participe do reconhecimento dos saberes da humanidade, em todos os campos do conhecimento, uma vez que a riqueza social e cultural é produzida pelo trabalho.33 - Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação <http://www.usp.br/celacc/>. Acesso: 22 nov. 2016.

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A experiência da GLU é inovadora, pois coloca o movimento

sindical na gestão dos percursos formativos.

A CUT é única central sindical da América Latina que participa na

coordenação do projeto internacional da GLU e dialoga constantemente

com a UNICAMP e a FES, que também fazem parte da coordenação

nacional e internacional. As trocas com a UNICAMP vão desde o

processo de seleção dos/as alunos/as que devem ter vínculo com o

movimento sindical e em diversos outros momentos e desafios que

surgem aos/às estudantes do campus no Brasil.

Precisamos ainda reavaliar a questão do idioma, pois acaba

limitando somente aos que falam inglês, excluindo muitas vezes

alunos/as da nossa região que não falam o inglês. Mas a experiência da GLU é, sem dúvida, muito rica, tanto acadêmica como sindical, já que nos cursos você acaba encontrando com

sindicalistas de diferentes países e construindo laços de solidariedade e confiança para toda uma vida.

Ariovaldo de Camargo é Secretário Adjunto de Relações Internacionais da CUT

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Ato em Defesa da Democracia e contra o Golpismo, Belo Horizonte-MG, agosto de 2015.

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A CUT vai aonde o Povo está: Movimentos Sociais em Luta pela Retomada da EsperançaPor Conceição Oliveira34

A CUT, que nasceu no processo de redemocratização da década de 1980 juntamente com alguns dos movimentos sociais mais importantes do país, continua colocando no centro de sua estratégia o fortalecimento de sua relação com as novas e as já conhecidas organizações sociais no Brasil, na América Latina e no mundo. A relação com os movimentos sociais é histórica, desde os movimentos contra a carestia nos anos 1980, o Fórum Nacional de Lutas nos anos

34 - Conceição Oliveira é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT, especialista em educação para a igualdade étnico-racial.

1990 e, atualmente, a Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo na luta contra o golpe pela democracia. É tão importante para a CUT essa articulação que os delegados e delegadas do 12º CONCUT aprovaram a criação uma secretaria destinada à mobilização e ao relacionamento com os movimentos sociais. Esse diálogo tem permitido o desenvolvimento de ações conjuntas de enfrentamento aos sucessivos ataques impetrados contra a sociedade brasileira.As Estaduais e as Escolas da CUT distribuídas em todo o território nacional são agentes fundamentais em nossa Rede Nacional de Formação na construção dessas relações com vistas à formação e mobilização. São

Foto: Mídia NINJA

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Marcha das Margaridas, Brasília-DF, 12/08/2015.

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inúmeros exemplos de caravanas, marchas e ações conjuntas desde a região amazônica na Caravana das Águas, ao movimento em defesa da educação de jovens e adultos no Sul, passando pelas ações da região Sudeste das grandes manifestações de rua e a região Centro-Oeste que recebe as grandes marchas. Para a região Nordeste, destacamos, em especial a Caravana pela Democracia, uma ação da CUT Ceará juntamente com a Escola Nordeste, que organizam encontros com a população em bairros periféricos de Fortaleza e nas cidades do interior do Ceará.

O público é formado em sua maioria por não sindicalizados/as, os encontros ocorrem a céu aberto com o uso da “escola móvel”, ônibus multimídia da Escola Nordeste, sediada em Recife, que circula entre os nove estados da região difundindo as atividades da escola sindical. Nessas reuniões que ocorrem desde agosto, lideranças sindicais e dos movimentos sociais discutem com a população a conjuntura política, econômica e os direitos sociais. Durante o período eleitoral, as eleições municipais também foram debatidas.

No 19º ENAFOR, visando atender a essa necessidade colocada pelo 12º CONCUT, foi proposta a criação de um programa de formação que buscasse trabalhar essa unidade com os movimentos sociais. Essa proposta se concretizou na criação do Programa Formigueiro, que está sendo desenvolvido por fases em parcerias com os movimentos sociais.

A formação é um poderoso instrumento de luta. É uma das

políticas que tem a responsabilidade de preparar os/as dirigentes sindicais

para, em conjunto com os movimentos sociais, fazerem o enfrentamento

de ameaças aos direitos da classe trabalhadora, como também,

empoderá-los/as para a disputa de avanços na qualidade

de vida e na construção de condições de trabalho decente.

Mara Luzia Feltes, dirigente da Executiva Nacional da CUT

Caravana da Democracia no bairro Paupina, periferia de Fortaleza-CE, 22/08/2016.

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Caravana da Democracia no bairro Paupina, periferia de Fortaleza-CE, 22/08/2016.

Escolas Sindicais na Elaboração e Execução Metodológica da PNF/CUTPor Thalita Coelho35

“Somos um, seremos mais

Lado a lado e em frente

Um mais um nunca é demais

É poesia, é gente”

(Pedro Munhoz Quem tem coragem?)

A classe trabalhadora brasileira está sendo desafiada a construir ações concretas de resistência e enfrentamento às crises políticas e econômicas no Brasil e no mundo. Mais do que nunca, os desafios imediatos e históricos exigem de quadros dirigentes e lideranças, uma combinação apurada entre leitura de realidade e capacidade de agir.

Desde a sua construção na década de 1980, a PNF/CUT é tida como um dos mais importantes instrumentos para a luta de classes; e tem, nas suas Escolas Sindicais o eixo de aproximação entre teoria e prática revolucionárias.

A CUT é uma Central Sindical de inspiração socialista, e um de seus desafios estratégicos é o fortalecimento da identidade da

35 - Thalita Coelho é educadora da Escola Chico Mendes na Amazônia.

classe trabalhadora como condição para combater o capitalismo. A nossa política de formação dialoga com esse horizonte estratégico, sua concepção metodológica está articulada com os princípios político-organizativos da Central e assentada em práticas formativas orientadas pela perspectiva da dialogicidade apontada por Paulo Freire, ou seja, na nossa formação, educadores/as e educandos/as não sabem tudo, eles/elas aprendem e ensinam mutuamente.

Partindo dessa reflexão, a concepção de educação integral de trabalhadores é a base da PNF/CUT. Se a consciência é desde o início um produto social, como dizia Karl Marx e Friedrich Engels, e que a formação de um quadro e de dirigentes se dá desde o seu nascimento, não podemos pensar na formação de nossos/as dirigentes desarticulada da convivência com seu povo. E o nosso povo tem rostos e identidades diversas. Por este motivo, atuamos em rede. A Rede Nacional de Formação da CUT tem, em uma de suas frentes de atuação, seis Escolas Sindicais Orgânicas da CUT: Escola Sindical Sul/Florianópolis; Escola Sindical São Paulo/São Paulo; Escola Sindical 7 de Outubro/Belo Horizonte; Escola Sindical Apolônio de Carvalho/Goiânia; Escola Sindical Marise Paiva de Moraes/Recife; e Escola Sindical Chico Mendes na Amazônia/Manaus.

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Penso que as Escolas Sindicais da CUT, por meio da

elaboração e execução metodológica da PNF, têm o papel de contribuir

no fortalecimento da ação sindical frente aos desafios e demandas que se apresentam à classe trabalhadora

brasileira, com o objetivo de promover o enfrentamento e a resistência contra

a retirada de diretos historicamente conquistados.

Maria de Fatima Veloso Cunha é Secretária-Adjunta de Saúde do Trabalhador da CUT

São essas Escolas que têm a tarefa de realizar a formação de dirigentes CUTistas em todas as regiões do país, tendo o cuidado de manter a unidade teórica e metodológica da PNF/CUT, mas possibilitando que as histórias e as identidades de cada região sejam um importante elemento da nossa formação.

Isso só é possível porque compreendemos que as Escolas Sindicais são mais do que locais físicos, são espaços onde devemos pensar a nossa prática à luz das teorias revolucionárias; são espaços de reflexão sobre nossas ações e

contradições; são espaços para sonhar com o avanço da luta dos povos; mas acima de tudo, temos a convicção de que as Escolas Sindicais estão nas greves, nas assembleias, nos atos públicos, no local de trabalho; onde houver trabalhador e trabalhadora CUTista lutando, lá estarão nossas Escolas Sindicais, pois como já disse Lenin “Sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária”.

A seguir, você conhecerá um pouco da história das Escolas Sindicais e da ação de cada uma delas no fortalecimento da Rede de Formação da CUT e sua contribuição para a construção da identidade revolucionária dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros/as.

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Trabalho dos educandos sobre a trajetória de vida numa perspectiva de Educação integral dos trabalhadores na Escola de Turismo e Hotelaria da CUT.

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Escola Chico Mendes na Amazônia: Formação Sindical CUTista nos Campos, Rios e Florestas da AmazôniaPor Luiz Gonzaga, Tácito Pereira dos Santos e Thalita Coelho36

“Não importa que doa: é tempo de avançar de mãos dadas com quem

vai no mesmo rumo, mesmo que longe ainda esteja de aprender a

conjugar o verbo amar”

(Thiago de Mello – Para os que virão)

A Escola de Formação Sindical da CUT Chico Mendes na Amazônia, criada em 2011, a partir da unificação das antigas Escolas Chico Mendes e Amazônia, carrega em seu nome a força do sindicalista e seringueiro Chico Mendes e dos seis estados da base da Escola (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima) e surge de 36 - Luiz Gonzaga, Tácito Pereira dos Santos e Thalita Coelho são educadores da Escola de Formação Sindical da CUT Chico Mendes na Amazônia.

um processo de fortalecimento e unificação da formação sindical e da CUT na região.

Pensar a Amazônia e se pensar como amazônidas é um dos principais desafios com o qual a formação sindical CUTista deve contribuir, no sentido de fortalecer a nossa ação sindical na região para rompermos com a histórica lógica da exploração capitalista aqui implantada.

Nesse tempo de ataques à democracia e de retrocesso nos direitos conquistados, a formação sindical CUTista na região amazônica tem importante papel no fortalecimento da organização sindical, da resistência dos/as trabalhadores/as e no combate aos ataques neoliberais.

Programa de Formação de Formadores/as Módulo II – Belém/Pará – setembro de 2015.

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A pedagogia amazônida

A Escola Sindical Chico Mendes na Amazônia tem atuado em toda a região, o que faz com que desafios antigos e novos adquiram contornos diferentes e proporcionais à dimensão territorial da região.

Pensar as práticas formativas a partir da realidade amazônida, do chão que pisam os trabalhadores e trabalhadoras, seja no campo, na cidade, nos rios e nas florestas é um desafio central.

Nesse sentido, a formação deve impulsionar a reflexão sobre a identidade da classe trabalhadora na Amazônia, o fortalecimento da articulação regional como forma de superar as distâncias geográficas, as dificuldades de mobilidade territorial e de comunicação, mas principalmente, o fortalecimento da unidade dos/as trabalhadores/as amazônidas no enfrentamento ao capital e às elites regionais, nacional e internacional.

A história de conflitos, lutas e mortes na Amazônia, motivadas pela disputa por terra, água e questões trabalhistas devem compor a nossa reflexão e nos inspirar.

Essa história de resistências e enfrentamentos construídas no dia a dia, por homens e mulheres amazônidas nos desafia a pensarmos ações formativas com unidade política e metodológica, práticas assentadas no companheirismo e na solidariedade, respeito à identidade dos povos amazônidas e aos caminhos que já percorremos até aqui. Experiências exitosas como Grito dos Povos da Amazônia, Grito da Terra, Caravana das Águas37 e o Projeto

37 - Realizada no ano de 2002, em Manaus (AM). A Caravana foi iniciativa do movimento sindical CUTista da Amazônia,

Vento Norte38 devem impulsionar e nos desafiar a formular mais e novas formas de fazer formação sindical e em sintonia com a nossa realidade.

Caminhar rumo ao fortalecimento do sindicalismo CUTista na Amazônia

A diversidade e complexidade regional mostram que nossa formação na Amazônia deve seguir o curso dos nossos rios e chegar de forma vigorosa ao maior número de trabalhadores e trabalhadoras amazônidas.

Entretanto, essa capilaridade somente será alcançada quanto maior for nossa articulação regional, a capacidade de compreensão dos princípios políticos e organizativos da CUT, o conhecimento sobre a Amazônia, quanto mais atuante for a Rede de Formação e quanto mais forte for comprometimento de dirigentes, lideranças e entidades sindicais para com a formação CUTista.

É com esses desafios que temos pela frente, inspirados pela contribuição teórica de Paulo Freire que afirma que precisamos compreender a educação como uma forma de intervenção no mundo que provoca mudanças, é que a formação sindical CUTista pode contribuir com o fortalecimento da nossa ação sindical na luta por nenhum direito a menos e por todo um mundo a ganhar para a classe trabalhadora.

em que dirigentes e militantes sindicais saíram de diversas localidades da região em barcos, debatendo o desenvolvimento sustentável e encerraram em um grande ato em Manaus com conferências e elaboração de uma carta destinada ao então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.38 - Projeto Vento Norte, elaborado e executado pelas antigas Escolas Sindicais Chico Mendes e Amazônia nos anos de 1999 a 2002, em parceria com a CUT Nacional.

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A Escola Nordeste e a Formação CUTista na estrada e na vida

Foto: Txai Costa

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Por Jorge Spinola, Marco Levay, Almerinda Alves39

“Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente como um velho

boiadeiro levando a boiada. Eu vou tocando dias pela longa

estrada eu vouestrada eu sou”.

(Tocando em Frente - Renato Teixeira)

39 - Jorge Spinola, Marco Levay, Almerinda Alves são educadores da Escola Nordeste.

Fundada em 30 de agosto de 1997 a Escola Sindical da CUT Marise Paiva de Moraes tem sua sede localizada na cidade do Recife, mas com sua atuação abrangente em todos os estados do Nordeste. Nesses 19 anos de existência ela é o espaço de implementação da política de formação da CUT na região. A implantação dessa política pela Escola Nordeste centrou-se no desenvolvimento de Programas de Formação de Formadores/as sindicais e populares; na Capacitação de Conselheiros das Políticas Públicas de Emprego e Renda; na formação política de dirigentes sindicais; na

A ‘escola móvel’, ônibus multimídia da Escola Nordeste já percorreu mais de 30 mil quilômetros pelos estados da Região, possibilitando atividades formativas inovadoras para cutistas e trabalhadores sem sindicalização.

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elaboração de Políticas de Educação de Jovens e Adultos/as e Formação Profissional; e, no debate sobre o desenvolvimento sustentável e solidário e potencialidades do Nordeste.Como na epígrafe deste artigo, nossa Escola Sindical, “compreende a marcha e vai tocando em frente” a sua responsabilidade pelo desenvolvimento de percursos formativos que possibilitem aos/às dirigentes e formadores/as se apropriarem de forma crítica, dos temas que orientam cada um dos programas concebidos no âmbito da PNF/CUT, por meio da realização de diversas formações e encontros regionais. Assim, vai “tocando dias pela longa estrada”, enfrentando todos os desafios postos pela conjuntura política atual, compactuando com a classe trabalhadora, reforçando todos os dias o envolvimento na luta pelo reestabelecimento da democracia, fortalecendo o sindicalismo independente, democrático, classista e de massas, defendido pela CUT.

Na região Nordeste, nossa Escola estabelece relações horizontais e equânimes com as nove Estaduais da CUT, colabora e participa na construção das reuniões dos coletivos estaduais de formadores/as, na realização dos encontros estaduais de formação – principal fórum de definição das estratégias de ação nos estados - e auxilia tanto na elaboração dos percursos pedagógicos dos ORSBs quanto na execução, quando necessário.

A partir de 2012 o balanço da PNF em nossa região remonta o número de 538 participantes nas atividades formativas de Formação de Formadores seja

inicial seja continuada; 93 cursistas em Negociação e Contratação Coletiva e Desenvolvimento, Políticas Públicas, Direitos Humanos e Ação Regional além de realização de Seminários e cursos específicos para categorias da região que buscam parceria conosco.

Se “vou tocando dias pela longa estrada, eu vou, estrada eu sou”, nada mais justo então, que a Escola Nordeste se construa como espaço privilegiado que compõe a formação de quadros dirigentes da CUT e das lideranças que atuam nos locais de trabalho, para desenvolvimento e consolidação da sua concepção político-metodológica de educação integral com foco no sujeito. Afirmando-se como suporte à ação política e sindical, sendo espaço e meio dos/as trabalhadores/as, produzirem seus discursos e práticas coerentes com a perspectiva da transformação social.

Os Programas Nacionais de Formação são desenvolvidos de maneira valiosa para o enfrentamento ao retrocesso político que ora se estabelece. Nossas formações, para além dos seus objetivos específicos, constituem-se na afirmação de um espaço de troca, fortalecimento das experiências e formulações de novas estratégias e ações voltadas para a politização da base, que se tornou o maior desafio no contexto atual. Para os nossos formadores e lideranças coube “ir tocando em frente como um velho boiadeiro levando a boiada”, porém, com novas narrativas, estratégias e metodologias que facilitem e efetivem este diálogo tão urgente e premente na atual conjuntura. Sem perder de vista a crença que no campo da chamada educação popular, a

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formação sempre foi compreendida como um instrumento de libertação e disputa de hegemonia na sociedade na medida em que refuta a concepção de educação dominante.

Em todas as nossas ações formativas e cada vez mais, ressaltamos a perspectiva da dialogicidade apontada por Paulo Freire quando afirma que o processo de ensino-aprendizagem ocorre entre dois sujeitos que sabem que não sabem tudo e por isso aprendem mutuamente.

Nessa cadência de aproximação da base e efetivação da educação popular, não esquecemos quão importante e necessário é a consciência da ampliação do nosso espaço formativo e, portanto, considerar o povo como sujeito transformador da sociedade. Nos últimos meses, um dos destaques da Escola Nordeste tem sido a Caravana da Democracia. Caminhamos por vários municípios do interior dos estados do Ceará e Pernambuco e já temos agenda para os demais estados do Nordeste. É a nossa Escola Móvel “tocando dias pela longa estrada eu vou, estrada eu sou”.

A formação CUTista tem se feito presente para além de suas bases de trabalhadores e trabalhadoras formais, pois, ao chegar aos locais das atividades, torna-se uma atração para a comunidade. A Escola Móvel, instrumento que vem sendo utilizado pela Escola Nordeste da CUT desde 2011 e até hoje desperta o interesse de forma estratégica, convidativa e com um princípio fundamental para o processo formativo: a curiosidade.

O que significa esse ônibus? O que ele traz de novidade? Quem são eles e o que eles querem? Temos visto uma adesão importantíssima por pessoas que se sentem provocadas a participarem dos atos públicos; do cinema na praça que desencadeia rodas de conversa e reflexões políticas e debates a partir de temáticas previamente apresentadas, tornando nossa ação inovadora e com resultados significativos do ponto de vista político, social e cultural. O ônibus já percorreu mais de 30 mil quilômetros com uma participação em massa que ultrapassa os 4 dígitos e continua na estrada divulgando, promovendo cidadania e se mostrando essencial na interiorização da nossa Central.

Também é importante destacar que para a concretização da programação da Escola Móvel, a CUT e os demais integrantes da Frente Brasil Popular, têm contribuído e interagido com as ações desenvolvidas, trazendo a comunidade para dentro das atividades e resgatando a discussão sobre cidadania e democracia, seja nas periferias dos centros urbanos ou na zona rural.

Todo esse conjunto de articulação e de rede formativa vem potencializando nossa luta contra o Golpe Parlamentar-Jurídico-Midiático que destituiu Dilma Rousseff da Presidência e que nos impulsiona para o FORA TEMER, fazendo valer, como tão bem cantou Renato Teixeira: “Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz. De ser feliz.”

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A Pedagogia do Cerrado e oEnfrentamento ao GolpePor César Augusto Azevedo e Jodat Fernandes Jawabri40

“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente

a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas

minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza

nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha

cabeça.” Cora Coralina

40 - César Augusto Azevedo é teólogo; Jodat F. Jawabri é geógrafo e ambos são educadores da ECO-CUT.

A ECO/CUT, criada no ano de 1992 em Brasília, teve em 1997 sua sede transferida para Goiânia. Em 2001 inaugurou sua sede no centro de Goiânia e em 2007 o movimento sindical da região resolve dar à Escola o nome de Apolônio de Carvalho, passando a ser Escola Centro-Oeste de Formação Sindical da CUT – Apolônio de Carvalho - ECO/CUT.

Ao longo dos seus 23 anos de existência vem desenvolvendo experiências formativas por meio de

Foto: Acervo ECO/CUT

Formação em Economia Solidária, abril de 2016.

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um conjunto de ações que conduzem os/as trabalhadores/as a constantes debates e a uma sistemática reflexão sobre a formação sindical e também sobre a construção de um modelo de desenvolvimento para o país.

A capacidade multiplicadora da ação formativa da ECO/CUT amplia sua ação e reflexão para além da formação sindical, à medida que abrange em suas práticas formativas e pedagógicas a observação da condição humana, os compromissos com a sociedade, a valorização da cultura regional, dos saberes e do conhecimento popular aliados às novas dimensões e perspectivas do trabalho e da formação integral do/a trabalhador/a.

Esse fazer educativo e pedagógico da ECO/CUT permite a ampliação dos nossos espaços formativos; possibilitam que desenvolvamos as

ações do Plano Nacional de Formação Sindical, com as Estaduais da CUT e Sindicatos da região por meio de cursos, seminários, planejamentos, assessorias e parcerias com SENAES/MTE, com a SDT/MDA e com a DPMR/MDA41. Essas formações são voltadas para a economia solidária, o desenvolvimento territorial e, recentemente, com o apoio às mulheres trabalhadoras rurais, estimulando a participação delas nos espaços de gestão social e estímulo à sua auto-organização.

Neste sentido o PNF/CUT, na Região Centro-Oeste, com a inserção de novos 41 - Respectivamente: Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego - SENAES/MTE (2008 – 2016); Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT/MDA (2008 – 2012); Diretoria de Políticas para as Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário - DPMR/MDA (2014 – 2016)...

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Módulo I do Curso de DPPDHAR, sob coordenação da ECO-CUT, Goiânia-GO, 2/09/2016.

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conteúdos, passou também a pautar outros eixos de ação sindical voltados não só para a compreensão do processo de construção do movimento sindical na Região, mas trazendo elementos históricos e culturais que caracterizam o Centro-Oeste. Uma resposta efetiva ao momento conjuntural extremamente desfavorável, criado por setores representantes do projeto derrotado nas urnas, em 2014, e que articularam e implementam, diariamente, um golpe contra a democracia e contra todos os trabalhadores e trabalhadoras.

Com o processo de acúmulo e novas formulações, a construção do debate e a sistematização de experiências em torno da territorialidade e da economia solidária, levou-nos à elaboração de um novo eixo da PNF/CUT, que amplia as reflexões para além da formação sindical, entendendo-a como espaço de formação de identidades e culturas e de consolidação de um quadro de dirigentes sindicais capazes de intervir nos espaços de gestão com maior qualidade política, fortalecendo a sua estratégia de intervenção propositiva, na disputa de projetos de sociedade e de Estado.

Com o desenvolvimento dos cursos na Região Centro-Oeste, percebeu-se a necessidade da discussão das ações sindicais a partir da sensibilização da classe trabalhadora, da necessidade de construção de uma identidade de classe, por meio de sentimentos de pertencimento, da ascensão comum,

de traços historicamente construídos a partir do lugar onde se vive e atua, e também como uma nova forma de pensar, construir e fortalecer pedagogicamente o papel da formação e o caráter ideológico de nossa prática formativa sempre permeada pelos nossos princípios.

Como reflexo das ações e articulação da formação na região realizamos de 8 a 10 de abril de 2016, em Goiânia-GO, o “Encontro Regional de Formação da Região Centro-Oeste”. O evento contou com a presença de 245 participantes, representantes do movimento sindical, da economia solidária e dos territórios da região, ainda indígenas, quilombolas e jovens de toda a Região Centro-Oeste.

A realização de um evento com essa dimensão demonstra nitidamente a solidez das relações entre a ECO/CUT, as Estaduais da CUT e os Ramos e também nos dá a ampla visão dos desafios da formação sindical na Região Centro-Oeste. Essa compreensão passa primeiramente pela conscientização do papel da Rede de Formação da CUT (ECO/CUT, Estaduais, Sindicatos e Ramos). Por isso, é essencial a manutenção dos debates e a participação das Estaduais, Sindicatos e Ramos sobre a forma e o conteúdo para que a formação seja concretizada e se consolide na Região Centro-Oeste especialmente, nos desafios e possibilidades elencados pelos dirigentes das Estaduais da CUT, Sindicatos e Ramos da região.

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Foto: Emanoel Sobrinho

Atividade formativa no 3° Módulo do Curso de NCC com 30 dirigentes sindicais certificados, sob coordenação da Escola 7, com a participação das CUTs estaduais e de sindicatos dos estados do RJ, ES e MG, Belo Horizonte-MG, 10/11/2016.

Escola Sindical 7 de Outubro: a Primeira Escola Sindical da CUT e os Desafios AtuaisPor Adilson dos Santos, Emanoel

Mendonça Sobrinho, Silvia De

Martin e Vandercy Soares42

Fundada em 29 de agosto de 1987, a Escola Sindical 7 de Outubro foi a primeira escola de formação sindical da CUT. Ela completará 30 anos de existência em 2017 com alguns 42 - Adilson dos Santos é coordenador geral da Escola 7; Emanoel Mendonça Sobrinho e Silvia De Martin são educadores da instituição e Vandercy Soares é coordenador de Formação.

desafios. O primeiro é recuperar a vitalidade da sua sede própria, inaugurada em junho de 1990, no bairro operário do Barreiro, Belo Horizonte/MG. O segundo, avançar na consistência do seu projeto pedagógico de modo a lhe capacitar como espaço da Rede Nacional de Formação da CUT voltado à reflexão crítica e ao empoderamento da classe trabalhadora a contra a ofensiva ultraliberal em curso no Brasil.

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A Escola Sindical expressa sentidos simbólicos de forte representação para a classe trabalhadora mineira e brasileira. Em seu nome, ela torna presente a memória de luta por melhores condições de trabalho e vida, protagonizada pelo movimento grevista dos/as trabalhadores/as da Usiminas, ocorrido em 7 de outubro de 1963. A greve foi duramente reprimida pela força policial do estado de Minas, no episódio conhecido como “Massacre de Ipatinga”.

A Escola 7 de Outubro também simboliza o ressurgimento das lutas de massa que forjaram a identidade do “novo sindicalismo”, nos fins de 1970, em Minas Gerais e no Brasil. As greves organizadas por oposições sindicais e sindicatos combativos de diversas categorias, com o apoio de setores progressistas da Igreja Católica, fizeram emergir na classe trabalhadora mineira a perspectiva de luta por liberdade e autonomia sindical. Inclusive, de Minas partiram ações de solidariedade à greve histórica dos metalúrgicos do ABC, iniciada em março de 1979.

O sindicalismo democrático, solidário, combativo e autônomo está na gênese da Escola Sindical e se mantém perene nas suas instâncias diretivas. Assim, sindicalistas das CUTs Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, reunidos no Conselho Deliberativo, elegeram a atual coordenação da Escola com a representação dos três estados, em outubro de 2015.

A nova gestão assumiu o compromisso de revitalizar a Escola Sindical do ponto de vista da sua infraestrutura e do seu projeto pedagógico. A CUT Nacional, as CUTs estaduais de Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os sindicatos e ramos CUTistas, especialmente a Confederação Nacional dos Metalúrgicos CNM, apoiam esta iniciativa.

Em relação à infraestrutura nossas prioridades já estão sendo colocadas em prática: requalificar as instalações (salas de aula e quartos do Hotel); adquirir equipamentos novos e instalar o laboratório de informática. Esse processo de revitalização se tornou mais vigoroso com a iniciativa da Secretaria Nacional de Formação da CUT de promover uma grande campanha para celebrar os 30 anos da Escola Sindical 7 de

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Folhetos da Campanha de Revitalização da Escola 7 de Outubro (2016).

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Outubro, envolvendo sindicatos, gestões públicas democráticas e movimentos sociais.

Do ponto de vista do projeto pedagógico, a Escola Sindical aumentou a sua capacidade de atendimento de demandas formativas dos sindicatos e ramos CUTistas, está fortalecendo as secretarias estaduais de formação das CUTs ES, MG e RJ, além de atuar na articulação regional dos programas do Plano Nacional de Formação de Dirigentes, em vigência.

A realização do Encontro Regional de Formação 2016 aprofundou a organicidade da Escola Sindical com as instâncias organizativas da CUT na sua área de abrangência. Essa relação profícua está conferindo êxito à implementação dos programas formativos, como o de Negociação e Contratação Coletiva e o de Gestão Sindical. Além disso, tem aberto novas frentes de atuação, como a formação para o empoderamento organizativo da juventude CUTista.

Em sintonia com a concepção metodológica da PNF/CUT, a Escola criou o seu Núcleo de Estudos sobre o Mundo do Trabalho da Escola Sindical, envolvendo dirigentes e militantes sindicais do Coletivo de Formação da CUT Minas Gerais. O Núcleo vem produzindo análises sobre a conjuntura, os impactos das medidas de ajustes fiscais na vida dos/as trabalhadores/as e também a sistematização de subsídios pedagógicos que contribuam para a conscientização da classe trabalhadora, na perspectiva de estimular a ação classista contra a agenda ultraliberal colocada em prática pelo governo golpista.

Portanto, a Escola Sindical 7 de Outubro reafirma-se como espaço de encontro dos movimentos sindical e popular, e que, em sua atuação pedagógica, articula pesquisa, formação e ação sindical com o objetivo de elevar a consciência de classe e de organização dos/as trabalhadores/as nas suas lutas por direitos, democracia e socialismo.

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Dirigentes exibem seus certificados do curso de NCC, na Escola 7 de Outubro, Belo Horizonte-MG, 02/09/2016.

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Escola Sindical São Paulo: por Nenhum Direito a Menos

Por Rosana de Lucena43

Se eu perder esse trem Que sai agora às 11hs

Só amanhã de manhã.” (Adoniran Barbosa)

A Escola Sindical São Paulo/CUT foi fundada em agosto de 1993 como parte da estratégia da Política Nacional de Formação da CUT de criar uma rede própria de formação sindical através de escolas sindicais estruturadas em todas as regiões do país.

De 1995 a 1998, as atividades formativas da Escola São Paulo se concentraram exclusivamente na formação voltada para dirigentes, assessores e militantes sindicais. A partir de 1999, a Escola passou a combinar a atuação no campo sindical 43 - Rosana de Lucena é educadora da Escola Sindical São Paulo.

com o campo das políticas públicas, como elaboradora e executora nos programas de educação do trabalhador (EJA e MOVA), qualificação profissional, formação de conselheiros e economia solidária.

Hoje, além de executar os Programas Nacionais de Formação da CUT, a Escola Sindical São Paulo presta assessoria a entidades sindicais na área da formação sindical e promove atividades de formação, divulgação, pesquisa, estudos, troca de experiências com outras

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entidades e escolas de formação. Todas essas ações estão articuladas com os princípios da CUT na luta por conquistas imediatas e históricas da classe trabalhadora.

Na relação com os ramos de atividade, grande parte das Federações e Confederações Nacionais estão sediadas em São Paulo, o que garante maior aproximação, acompanhamento e sistematização das experiências e atividades de formação desde os locais de trabalho à mais elevada instância de representação. Já na estrutura

horizontal, vale lembrar que a CUT-SP possui 20 subsedes que cobrem todo o estado, sendo essas algumas das razões para que, diferentemente das demais Escolas Sindicais da CUT, a Escola Sindical São Paulo atenda exclusivamente um único estado. E neste caso, estamos falando do estado mais conservador do Brasil, onde há décadas é governado pela direita que encontra amparo nas elites e recebe blindagem da mídia golpista.

Somos um projeto pedagógico inserido nas lutas e disputas de nosso tempo,

Educadores da Escola Sindical São Paulo participam do Encontro Estadual de Formação (ENESFOR), na Colônia de Férias dos Vidreiros na cidade de Praia Grande-SP, em 2013.

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trazemos conosco a história herdada da classe trabalhadora, ela nos norteia, nos inspira e nos fortalece para os imensos desafios atuais. Vivemos um duro momento na história do Brasil e neste quadro tão grave, defender os princípios democráticos e a democracia participativa direta é uma forma de resistência e de luta! Disputar e politizar os conselhos de participação social, fortemente atacados pelos governos golpistas, qualificar a ação sindical por meio da formação e ocupar as ruas e os espaços de denúncia e demandas por nenhum direito a menos fortalecem a pauta CUTista.

Comprometida com a construção de uma sociedade justa e solidária, a

Escola Sindical São Paulo contribui no enfrentamento ao Golpe e na desconstrução de discursos de ódio, intolerância, racismo, desprezo às instituições, violações dos sujeitos de direitos e do próprio Estado Democrático de Direito.

Na lógica de um pensamento xenofóbico e totalitário, São Paulo é vista como “a locomotiva do país”. Devemos lutar para ressignificar essa ideia e compreender que “não podemos perder esse trem que sai agora às 11 horas”, senão, meu companheiro e minha companheira, “só amanhã de manhã”. O amanhã é aqui e agora! .

Turmas dos programas DPPDHAR e FF, sob coordenação da Escola Sindical São Paulo, no Instituto Cajamar, Cajamar-SP, 2016.

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Escola Sul: Construindo a Rede de Formação na Região em Diálogo com as Ações das CUTs

Por Ana Maria P. Palma, Rafael Serrao e Vera Gasparetto44

Das utopias Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!

Mario Quintana

A criação da Escola Sindical Sul em 11 de junho de 1990, em Florianópolis, foi um fato marcante na vida do movimento sindical da Região Sul do país, que reúne os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. A Escola faz parte da estratégia da CUT que, para ampliar a ação sindical, 44 - Ana Maria P. Palma, Rafael Serrao e Vera Gasparetto são educadores da Escola Sul.

criou espaços próprios de educação dos trabalhadores e trabalhadoras em todas as regiões do Brasil, com a finalidade de fortalecer a ação local. O caminho escolhido foi baseado num projeto de construção de um novo país, assentado na realidade de cada lugar, do povo e sua história e na educação popular.

A Escola Sindical Sul está no Complexo da CUT, composto pelas Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha e Hotel Canto da Ilha, com o objetivo de aproximar-se da comunidade e construir uma sociedade mais justa. O Complexo é resultado de um projeto de cooperação internacional entre a CUT e a central sindical alemã DGB, que realizaram uma campanha de base com os/as trabalhadores/as metalúrgicos/as do seu país para contribuírem financeiramente com o projeto. A

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Coletivo Regional Sul de Formação - Florianópolis- SC, 09/12/2015.

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Escola Sul é uma construção coletiva apoiada no princípio da solidariedade entre os/as trabalhadores/as da Alemanha e do Brasil.

Na formação sindical proposta pela Escola Sul a potencialidade da classe trabalhadora reside na sua diversidade. Cada trabalhador/a com sua particularidade seja étnico-racial ou geracional, de orientação sexual (identidade de gênero), de forma de vida e de cultura é um/a agente de mudança e infinita fonte de conhecimento. Cada pessoa é tratada como sujeito de direito, de tal modo que todas as ações desenvolvidas buscam o empoderamento da classe trabalhadora para uma ação sindical efetiva que caminhe no sentido da garantia dos diretos conquistados e que contemple elementos para a conquista de diretos específicos, como os diretos de igualdade de gênero e racial no local de trabalho e nas políticas públicas.

Um dos grandes desafios da Escola Sul é descentralizar a formação, chegando até as Estaduais da CUT e alcançando um maior número de dirigentes, lideranças, trabalhadores/as de base, formadores/as e assessores/as do movimento sindical na Região Sul, através do trabalho em Rede. Para isso executa os programas da PNF, além de atingir diferentes públicos e desenvolver variados temas, tanto relacionados à conjuntura como à estrutura sindical, dialogando com a realidade das Estaduais da CUT e com as diferentes necessidades de atuação. A articulação é feita em Rede com as políticas das Secretarias de Formação dos estados do Sul, envolvendo o conjunto da Central e alianças com os

movimentos sociais e com a academia na construção desses processos.

A Rede de formação é um patrimônio político que necessita ser revitalizado frente aos novos desafios da classe trabalhadora e da formação. O trabalho em Rede pressupõe troca, colaboração, proposição e, acima de tudo, disposição: pede uma organização horizontal e coletiva. Ainda que a Rede da CUT coexista com sua estrutura de direção que tem papéis e hierarquias, é possível retomar um processo de colaboração horizontal que atenda as demandas da formação, nos aspectos organizativo, mobilizador e educador que contribua para os novos desafios do movimento sindical no cenário conjuntural do país.

A gestão da Rede precisa ser permanente e cuidadosa, articulada para garantir o processo formativo, favorecendo atividades dos coletivos, encontros de formação, atualização metodológica e de conteúdo, melhoria da comunicação interna, troca de experiências e visibilidade das ações com novas linguagens e abordagens, já que a luta política e sindical é um compromisso mais presente do que nunca.

Centenas de trabalhadores/as tiveram a oportunidade de construir coletivamente a PNF da CUT de modo a contribuir para a reflexão da ação sindical, formulando políticas, executando atividades, qualificando para a disputa de hegemonia na sociedade e nas políticas públicas e a organização e mobilização em todos os espaços de luta.

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A experiência da ETHCI/CUT: Educação Profissional que interessa à Classe Trabalhadora Por Rosana Miyashiro45

“O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto:

que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.

Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.

Isto que me alegra, montão.” (Guimarães Rosa)

Com o atendimento de mais de 6 mil trabalhadores/as, a Escola de Turismo e Hotelaria Canto Da Ilha – ETHCI 45 - Rosana Miyashiro é educadora e coordena a ETHCI/CUT.

vem atuando desde 2003 na Educação Profissional/EJA não somente em Florianópolis, estabelecendo diversos convênios e parcerias.

Voltada ao desenvolvimento teórico-prático no âmbito do trabalho e educação, a Escola foi fruto dos acúmulos das experiências educativas realizadas na década de 1990 na Rede de Formação da CUT que, balizadas nos princípios da PNF/CUT, culminaram na formulação da concepção de Educação Integral como uma nova referência na educação profissional.

Através da educação integral, a escola desenvolve seu projeto político-pedagógico pautado na formação humana/omnilateral tendo o Trabalho como princípio educativo contrapondo-

Acervo da ETHCI/CUT

Mística dos educandos da ETHCI, Florianópolis-SC, 15/07/2016.

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se à visão tecnicista e ao modelo de competências que, entre outros problemas, tem reforçado a formação restrita aos imperativos do mercado e a dicotomia entre as dimensões da formação técnica, geral, sindical e para a cidadania.

A partir do legado da Educação Popular de Paulo Freire, a ETHCI propicia uma formação ampla e crítica aos/as trabalhadores/as educandos/as buscando “não apenas nos adaptar, mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a”46. Dessa forma, o desenvolvimento dos Percursos Formativos por meio da dialogicidade e valorização dos saberes e experiências dos/as trabalhadores/as integrados às diversas temáticas viabilizam a construção coletiva de novos conhecimentos e estímulo à intervenção/participação social.

Além da oferta de cursos de educação profissional, a Escola promove uma série de atividades temáticas e culturais envolvendo as comunidades, movimentos social e sindical, universidades e instituições de ensino com o objetivo de fortalecer nosso projeto de educação popular, crítica e emancipatória.

A ETHCI também vem se consolidando como um espaço de desenvolvimento metodológico por meio da formação permanente dos educadores/as, da sistematização da experiência e formulação de aportes metodológicos no âmbito da Educação Profissional e da EJA. 46 - FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

A intervenção da CUT no tema da educação profissional é estratégica mediante os enormes desafios frente ao déficit educacional oriundo das desigualdades sociais produzidas historicamente no país, onde quase metade (49,25%) da população acima de 25 anos não concluiu o Ensino Fundamental (IBGE/PNAD, 2010). Mesmo com os enormes avanços verificados na última década, essa população é mais impactada com a precarização das relações de trabalho.

No momento atual, frente a pautas regressivas de direitos trabalhistas e das políticas educacionais no país, o movimento sindical CUTista tem como tarefa estratégica se colocar como um ator relevante na defesa das políticas públicas de educação e trabalho.

É importante ressaltar que a luta pela Educação dos Trabalhadores conforma-se num importante campo de disputa tanto das relações entre trabalho e capital (na medida em que a conquista da educação profissional em acordos coletivos na perspectiva de valorização social do trabalho e luta pelo trabalho decente é fundamental) como também no combate à formação ideológica antissindical promovida pelas entidades de educação profissional do setor empresarial.

Disputa presente também na luta contra o retrocesso de políticas públicas de inclusão social num contexto político adverso, com a retomada da agenda neoliberal. É por meio de uma formação crítica na ótica do trabalho que a Escola busca contribuir para a conscientização dos/as trabalhadores/as para o fortalecimento de sua organização enquanto classe.

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Rede Nacional de Formação: Fóruns da Formação É muito comum por vezes ou outra nos depararmos com o seguinte questionamento: “Onde foi decidido isso?” Essa é sem dúvida uma inquietude muito importante para um/a militante ou dirigente sindical, afinal, se somos uma Central Sindical democrática, de massas e pela base é importante que saibamos por onde passam as decisões e quem delas participa.

Situação semelhante se expressa quando determinado/a militante ou dirigente ao fazer uso da palavra nos fóruns do movimento sindical CUTista

expõe suas ideias e sua visão acerca daquilo que deveria ser papel ou tarefa da formação sindical. Essa manifestação também é muito bem-vinda e nos cabe, a todo momento, acolher ideias e visões, mas temos o dever de situar fraternalmente esse/a companheiro/a por onde essas ideias, visões e inquietudes se materializam na Política e no Plano Nacional de Formação da CUT, localizando as estratégias e os programas de formação em que aquela questão está sendo colocada em movimento, ou ainda, situar de que (talvez) aquilo

Foto: Acervo ECO/CUT

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Encontro Regional de Formação da Região Centro-Oeste, ECOFOR, Goiânia-GO, 08 a 10/04/16.

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Revista Forma & Conteúdo 106

que esteja sendo proferido como prioridade não é necessariamente uma compreensão coletiva do conjunto dos agentes que atuam na Rede Nacional de Formação.

Entendo a Rede de Formação como um processo de integração

constituído em diversas etapas, a partir da formação de diversos

trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, que interagem e contribuem para o fortalecimento da

luta e da organização sindical. A Secretaria Nacional de Saúde

do Trabalhador, através de ações articuladas com a Rede de Formação

da CUT tem o papel de pautar o debate e fortalecer a luta pela saúde

do/a trabalhador/a.

Madalena Margarida da Silva é Secretária Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT

Para dar vazão a essas e outras questões, no âmbito da Rede Nacional de Formação da CUT é que os fóruns de debates são constituídos e propostas são encaminhadas, ou pelas atribuições estatutárias das Secretarias Nacionais e Estaduais de Formação, ou ainda, pela Direção

Executiva da CUT, a depender da relevância do tema a ser deliberado.

Cada fórum de debate e proposta da Rede Nacional de Formação cumpre um papel em relação ao Plano Nacional de Formação. São eles:

Conferência da Política Nacional de Formação da CUT – Ocorre de tempos em tempos, a depender do momento conjuntural e da necessidade que é apontada pelo conjunto de agentes da Rede Nacional de Formação e da Direção Nacional da CUT. Este é um processo que envolve toda a Rede de Formação da CUT desde os locais de trabalho, passando pelas confederações nacionais, federações estaduais, Estaduais da CUT, Escolas Sindicais, movimentos sociais e academia, no sentido de aferir o que está sendo produzido de formação bem como propor questões que norteiem nossas ações para o Futuro. Desde a fundação da CUT em 1983, foram realizadas três Conferências da Política Nacional de Formação da CUT (1999, 2002 e 2006) e, para esse mandato, o 19º ENAFOR propôs a realização da 4ª Conferência da Política Nacional de Formação da CUT.

ENAFOR – Encontro Nacional de Formação: Ocorre ordinariamente uma vez por mandato, sempre após a realização do CONCUT. Com base nas resoluções do Congresso Nacional, o ENAFOR debate a PNF da CUT e propõe um Plano Nacional de Formação com ações e programas

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de formação para o mantado. Estamos sob a vigência do 12º CONCUT que compreende o período de 2015-2019. Participam do ENAFOR: Executiva Nacional da CUT, Assessorias das Secretarias Nacionais, Secretarias Estaduais de Formação da CUT, Secretarias de Formação dos Ramos da CUT, Educadores e Coordenação das Escolas Sindicais da CUT e convidados.

CONAFOR – Coletivo Nacional de Formação: Ocorre uma vez ao ano durante o mandato e tem como objetivo fazer balanço e ajustes ao Plano Nacional de Formação proposto no ENAFOR. Participam basicamente o mesmo público do ENAFOR.

NNG – Núcleo Nacional de Gestão: Ocorre toda vez em que sejam necessárias atualizações orçamentárias e na estratégia de execução do Plano Nacional de Formação. Em geral, participam: Secretaria Nacional de Formação, Representantes dos Ramos (contemplando três de cada segmento: Indústria, Comércio e Serviços, Setor Público e Rurais), Coordenador/a Geral das Escolas Sindicais e convidados/as.

ENESFOR/ERESFOR – Encontros Estaduais/Regionais de Formação: Ocorre de forma muito flexibilizada, de

acordo com a tradição de cada CUT Estadual e Região. Geralmente uma vez por mandato, antes ou depois do ENAFOR, e participam dele membros da Direção Executiva da CUT nos estados, agentes da formação daquele determinado estado ou região, como Secretarias de Formação dos sindicatos, formadores/as voluntários/as e militantes que atuam na Rede de Formação sindical na região entre outros.

COLESFOR – Coletivos Estaduais/Regionais de Formação: Também ocorre com base na realidade e dinâmica de cada Estado/Região. Em geral, uma vez ao ano durante o mandato e tem como objetivo fazer balanço e ajustes ao Plano Nacional de Formação proposto na região em diálogo com o Plano Nacional de Formação.

ESCOLAS SINDICAIS – Em geral as escolas realizam Assembleias Gerais, Reuniões do Conselho Diretivo, Reuniões da Coordenação Política para encaminharem questões relacionadas à gestão e estratégia da Escola Sindical, como também algumas ações e práticas pedagógicas no sentido de fortalecer o papel da Escola como articuladora regional da PNF da CUT nas regiões e na relação com movimentos sociais e academia.

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Por Ana Paula Melli47

A formação sindical da CUT tem como objetivo a transformação das condições de vida e trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras e, como ponto de partida, os desafios concretos que são resultados, entre outros determinantes, do modelo de desenvolvimento econômico, da divisão internacional do trabalho e da regulação nacional e internacional das relações de trabalho. Desse modo, a temática internacional está presente em quase todas as abordagens feitas na formação sindical.

Vivemos um contexto internacional desfavorável à classe trabalhadora, onde tentativas de desregulamentação de direitos e precarização do trabalho podem ser identificadas em iniciativas e ataques em todos os continentes do mundo.

Se podemos ver tais ações na Ásia, África, Américas, Oceania e mesmo na Europa, podemos concluir que é uma determinação do grande capital, que divide o mundo em áreas de

47 - Ana Paula Melli é assessora da Secretaria Nacional de Formação da CUT.

interesse e exploração comercial a partir das referências para tornar suas atividades não só mais lucrativas, mas principalmente com maior capacidade de controle político sobre os países.Temos presenciado o avanço de setores da direita no mundo todo, com vitórias eleitorais em muitos países da Europa, que optaram por colocar no poder forças com discurso xenofóbico e conservador. Países como Alemanha, França, Suíça, Polônia, entre outros, têm vivido uma onda de eleições de representantes de direita e extrema direita para os poderes legislativos de seus respectivos países. Eles viabilizam as iniciativas neoliberais de implementação de políticas de desregulamentação das relações de trabalho para atender aos interesses

Formação Sindical e a Questão Internacional

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Círculo de estudos do Programa PANAF. Chade, 2014.

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do grande capital e do setor financeiro. A concentração de renda e poder em poucas empresas multinacionais são o resultado do avanço das forças conservadoras. Assim, o golpe jurídico-midiático e parlamentar que aconteceu no Brasil é uma etapa do que está acontecendo no mundo todo.Esses interesses atualmente se reorganizam a partir da produção nas cadeias de valor e abastecimento, que dividem o mundo e os trabalhadores e trabalhadoras em diversas categorias, uns com mais, outros com menos, outros com nenhum direito, de modo que a precarização das condições de trabalho leva ao afastamento do movimento sindical e da perspectiva de luta por direitos.Além disso, estamos conhecendo

uma nova geração de acordos e tratados comerciais, que rompem barreiras geográficas na tentativa de unificar interesses do capital, independentemente das fronteiras. Esse é o ataque mais direto à soberania dos países, que retira das mãos do poder local a possibilidade de atuar a partir dos interesses das nações. Tratados como o TISA48 é um evidente exemplo disso que impõe a privatização de serviços públicos nos países que aderem ao tratado. O Tratado Trans Pacífico (TTP) também impõe precarização dos direitos à classe trabalhadora.

O trabalho da Secretaria de Relações Internacionais da CUT

caminha lado a lado com a SNF na afirmação de combativos valores

classistas e solidários. Juntos, ampliamos e reforçamos a luta pela

soberania e a democracia contra a globalização neoliberal e sua

política de exclusão de países e povos. Essa atuação conjunta tem sido fundamental na formulação e

execução de projetos de cooperação sindical da CUT em países da África e

da América Latina.

Antônio de Lisboa é Secretário de Relações Internacionais da CUT

48 - Sigla em inglês para Trade in Services Agreement.

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Círculo de estudos do Programa PANAF. Chade, 2014.

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Revista Forma & Conteúdo 110

A CUT sempre soube desenvolver uma política de formação

política-sindical e profissional. No mundo globalizado em que vivemos,

onde os ataques do grande capital são uma constante, é preciso

aprimorar ainda mais nossa compreensão e nossos instrumentos

de luta. Este é o desafio que se coloca para a SNF, a fim de que os

trabalhadores e as trabalhadoras, com os pés enraizados na sua base

e categoria profissional, estejam preparados para projetar sua

representação no Estado, no país e em todo o planeta.

João Antonio Felício é Presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI)

A formação sindical na área internacional tem sido realizada em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais para formular conteúdos e atividades que conscientizem os sindicalistas sobre todo este cenário internacional em relação a temas que dialogam com a ação das Multinacionais e dos Tratados de Nova Geração. Estes conhecimentos serão cada vez mais importantes aos/às sindicalistas para potencializar suas lutas na resistência às políticas neoliberais e ao desmonte dos direitos

trabalhistas e de organização da classe trabalhadora.

A experiência do curso sobre as Normas Internacionais do Trabalho foi definida por se tratar de um terreno fértil para a potencialização da ação dos/as dirigentes sindicais na defesa dos direitos e garantias sindicais e trabalhistas, tanto no contexto nacional em que a classe trabalhadora tem de se defender de graves ataques às suas conquistas, como no contexto internacional.

Pautamos nossa ação nos princípios da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que afirma que só se pode fundar uma paz universal e duradoura com base na justiça social; o trabalho não é uma mercadoria para ser comercializado da mesma maneira que bens, serviços ou capital, e a dignidade humana exige igualdade de tratamento e equidade no local de trabalho; e a liberdade de expressão e associação é uma condição fundamental para um progresso constante. (Declaração dos Princípios Fundamentais do Trabalho. 2008).

Pautado nessa concepção, o Instituto de Cooperação da CUT (IC-CUT) foi fundado na perspectiva da Cooperação Sul-Sul, baseado na proposta de horizontalidade e desenvolve ações definidas a partir das necessidades de nossos parceiros. A formação sindical tem sido a principal atividade do IC-CUT, especialmente em projetos de cooperação com países africanos, em que as atividades de formação sindical são construídas e desenvolvidas coletivamente e que tem nos apresentado resultados organizativos muito satisfatórios.

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Cláudio Nascimento dedica a vida à educação popular. Após o golpe, escolheu reler Gramsci entre seus mais de 20 mil títulos. Porto Alegre-RS, 24/10/2016.

Foto: Manoela Frade/CUT

Educação e Formação em Tempos de Ruptura Democrática

Entrevista Cláudio Nascimento

Cláudio Nascimento se autodefine como um educador popular. Nascido em 1950, em Brejo da Madre de Deus, no interior de Pernambuco, ainda criança se mudou com a família para Caruaru, onde aos 14 anos, já iniciava

os debates a respeito das causas e efeitos do golpe de 1964. Cláudio fez parte da luta armada, foi preso em 1973, no Rio de Janeiro e a partir de 1975, iniciou o trabalho de formação com as oposições sindicais e no meio popular. Anos depois, com a ajuda de um “coletivo sindical” foi para a França onde colheu experiências de formação popular e sindical por três anos. Quando voltou ao Brasil,

ENTREVISTA

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Revista Forma & Conteúdo 112

participou da criação do PT e da CUT. Como educador popular, viajou o país aplicando metodologias que ajudariam a criar a área de formação da CUT. Desde 2007, vive no Sul do país, com base em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Nesta entrevista, o educador defende a radicalidade dos movimentos sociais após o golpe, a importância da formação e diz que o momento é de parar eolhar o que ficou para trás. “Temos um projeto que não se realizou e devemos trazê-lo de volta. Ele não se realizar não quer dizer que acabou. Aquelas coisas do passado que não foram realizadas são a base da utopia e da esperança. E elas podem se concretizar”.

F&C – O tema da nossa revista é “A retomada da esperança”. Com esse cenário atual dá para ter esperança?

CN - A esperança depende do olhar. Na utopia você tem que olhar o horizonte. Como diz o Eduardo Galeano, “você vai dando os passos e ela vai se distanciando”. Mas os passos têm de estar assentados na esperança. A esperança você tem de olhar “desde abaixo” como se diz na América Latina. Olhar desde cima as experiências dos governos e do Estado, não é por aí que traremos esperança. Precisamos, sim, tirar as lições de todo esse ciclo dos últimos anos. Esses governos “progressistas” têm coisas positivas,

como toda a política social que foi feita: não é fácil tirar tantas pessoas da miséria, criar novas condições. Mas tem que fazer isso criando o que Gramsci chamou de um “intelectual coletivo”. Olhar a questão educativa, cultural. Isso não foi feito. A questão ficou muito centrada no consumo. A pessoa tem direito de comprar um automóvel porque passou a ter uma

renda maior, mas deve se criar uma política

coletiva de transportes na cidade ou no país. Houve avanços, mas essas coisas vieram

como uma coisa tática e não estratégica. Vieram

dissociadas de uma forma de educação, de organização e de uma forma de consciência

para desenvolver um outro projeto.

Desenvolver olado progressivo do “senso comum”, uma mudança moral-cultural. Mas já fizemos isso no passado, tanto é que a CUT e o PT convergiram nisso, porque tínhamos uma proposta nessa perspectiva utópica. Os governos não tinham perspectiva utópica. E ficou um buraco que conseguiu ser ocupado pelas elites que desenvolveram o lado conservador do “senso comum”, com os mais obscurantistas valores do escravismo colonial. Não fizemos a disputa de hegemonia. A gente se pergunta: por que o golpe foi desse jeito? Um golpe anunciado, construído durante anos. Fizeram uma “guerra de movimento”, colocar gente na rua, inclusive o povo estava na rua, o senso comum. E também uma

ENTREVISTA

A esperança depende do olhar. Precisamos, sim, tirar as lições de todo esse ciclo

dos últimos anos.

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Revista Forma & Conteúdo 113

‘guerra de posição’, na linguagem de Gramsci, ocuparam os espaços: a Mídia, o Congresso, o Judiciário, o Parlamento e o próprio Governo. Ganharam os corações e mentes. Nós não conseguimos nos anos de governo mudar, no sentido de ter uma força majoritária no parlamento e também nos ministérios, porque recuamos nas composições com os ministros de direita que entraram. E na mídia não conseguimos fazer quase nenhuma mudança, foi o pior campo. A questão do mundo do trabalho também não conseguimos mudar. Nos 13 anos nãoconstruímos outras formas de poder, que qualificassem a democracia. O golpe é para destruir a Constituição de 1988, que resultou de um período de fluxo dos movimentos sociais. E está destruindo de uma maneira que nem precisa de força militar. É só colocar para votar que eles têm maioria.

F&C - As eleições municipais mostraram a negação da própria política, com recorde de votos brancos, nulos e abstenções. Quais os riscos da rejeição à política?

Os grandes vitoriosos dessa eleição foram as abstenções e os votos nulos, a não política. Na Argentina diziam: “Qué se van todos”. Não é esse o caminho. Duas linhas se desenvolveram na América Latina e ainda há pouco

debate a esse respeito. Uma linha de “não queremos disputar o poder”. Surgiu em cima de algumas leituras da experiência ‘neozapatista’ de Chiapas. É uma linha autonomista absoluta, nada de governo, nada de Estado. Mas uma classe que não quer ser governo, é suicida. Outra linha surgiu a partir da experiência da Venezuela, da Bolívia e do Brasil, de presidentes saídos do meio popular. Em outros países você tinha uma disputa articulada dos movimentos sociais por baixo, garantindo sua autonomia, estruturas novas de poder, estruturas coletivas,

conselhos e formas de democracia

direta e a disputa em torno da questão

do Estado. No Brasil temos apenas

embriões dessas experiências.

Aí é que entra a necessidade de uma

reforma intelectual, moral e ética. Tem

que haver novas formas de estrutura

de poder, de democracia direta,

tem que ter um bloco histórico de articulação de forças.

F&C - Qual o futuro das esquerdas?

CN - Não tentar ser vanguarda como no pós-golpe de 1964. Foi uma tragédia, porque perdemos muita gente. Foi aprendizado também. Foi uma vitória ética, mas uma derrota política. A prisão, a tortura, os assassinatos foram um desgaste tremendo. A derrota

ENTREVISTA

Tem que haver novas formas de

estrutura de poder, de democracia direta, tem que ter um bloco

histórico de articulação de forças.

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foi o que garantiu que a transição fosse negociada, via Tancredo. Foi um radicalismo fora da conjuntura, um voluntarismo muito grande. Na época a juventude foi generosa. A esquerda tinha de ter recuado, preservado uns quadros. Mas havia uma questão ética acima da política. Virou questão moral. A gente espera que as esquerdas não se fragmentem.Naquela época foram criados no mínimo dez grupos de luta armada. Numa situação daquela ninguém conseguia se reunir, a repressão dificultava pensar estrategicamente. As experiências mais ricas do passado não a levamos quando fomos governo. O que se apresenta para 2018? É Lula. Mas, e se Lula ganha, qual o projeto? O que os movimentos vão fazer? Há coisa nova como a Frente Brasil Popular, que não tínhamos há dois anos. Isso os movimentos têm que fazer avançar. A Frente Povo Sem Medo também. Temos que criar unidade. Há hoje uma pluralidade de sujeitos, é outra coisa. A grande questão é que há uma crise da democracia, que é essa relação Estado versus sociedade, no mundo todo. Os gregos tentaram criar uma forma de participação direta. Como articular aqui? Bolívia, Equador e Venezuela conseguiram criar novas formas de poder. As comunas, os conselhos populares, isso é reinvenção da democracia.

F&C - Mas o senhor acha que funciona num país do tamanho do Brasil?

CN - Não depende do tamanho do país, não. A tecnologia só ajuda esse tipo de coisa. A questão não é técnica, é mais política. Aqui lembro do mito de Sísifo da Grécia, que sobe com uma

pedra e quando chega lá em cima vê um outro cenário muito

interessante, mas a pedra rola e ele volta. Só que a pedra não é

a mesma, a montanha não é a mesma, o

cenário não é o mesmo e a pessoa não é a

mesma. E quando ele chega lá embaixo,

há uma parada. É o momento de pensar,

fazer a reflexão sobre a trajetória que se fez.

F&C - Que tipo de reflexão?

CN - Chegou um momento aqui em que tudo foi direcionado para o parlamento, você se tornar governo, “tomar o Estado” ou participar do Estado. Houve uma leitura do Brasil de que havia setores da classe dominante, da elite, que poderiam governar junto. Temos que romper com isso. Se voltarmos a ganhar uma prefeitura tem que ser diferente, há elementos para isso. A esperança é essa: temos um projeto que não se realizou e que temos que trazê-lo de volta às condições atuais Ele não se realizar não quer dizer que acabou, muito pelo contrário. Walter Benjamin e tantos pensadores falam isso. Aqueles projetos do passado

ENTREVISTA

Têm que reaprender com o que foi feito antes,

porque a gente fazia formação em qualquer

lugar.

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Revista Forma & Conteúdo 115

que não foram realizados são a base da utopia e da esperança. E elas podem se concretizar. No Brasil, por exemplo, o que se aplicou no governo das experiências que acumulamos nos anos de fluxo das lutas? Frei Beto dizia que só 10% desse espírito foi incorporado no governo Lula.

F&C - Isso serve para a própria esquerda que agora volta a ser oposição?

CN - Sim. A esquerda abandonou a discussão sobre o Estado. É preciso que os movimentos retomem essa discussão. O que é o poder? Temos que estudar o Brasil, os grandes pensadores, o que mudou no mundo e isso se faz com formação, debate, animação cultural. Mas, com o golpe,os recursos para as políticas públicas acabaram e isso joga os movimentos sociais numa situação difícil. Pouca autonomia financeira e autossustentação foram desenvolvidas. Então têm que reaprender com o que foi feito antes, porque a gente fazia formação em qualquer lugar.

F&C - O que é ser revolucionário em época em que não há revolução?

CN - O que há de mais revolucionário na conjuntura brasileira é essa ocupação das escolas pelos secundaristas.

Vi uma roda de conversa, de 200 estudantes, sem professores, sem diretores. Isso é experimentação de autogestão. Com a Escola Sem Partido, como os professores vão trabalhar com essa garotada que vem politizada? A minha geração se politizou nas ruas, não tivemos isso dentro das escolas. Das ruas saímos direto para a luta armada sem ter um processo político, de conscientização. Esse cenário agora traz uma coisa muito interessante para os professores e os pais também. Você tem algo que não vai se esgotar agora. É o “acúmulo de classe dos sujeitos sociais”.

A direita fez uma guerra de movimento. Colocou gente na rua, classe média. O senso comum sofreu influência de todo o trabalho da mídia contra o PT e foi preparado um senso comum, reacionário, conservador para apoiar o

golpe. Obscurantista, patriarcal, misógino.

Pegaram a época colonial escravagista

e a tornaram contemporânea.

Tem que haver um debate profundo

para pensar o Brasil outra vez. Parece que os governos

progressistas esqueceram que

houve a escravidão no país, e que há um imaginário assentado contemporaneamente em seus valores. Isso está presente do ponto de vista ideológico, de estrutura de sentimentos. O fato de Dilma ser mulher pesou muito no golpe. Dois

ENTREVISTA

Mario Pedrosa dizia que quando a vanguarda está em

crise a gente tem que ir para a retaguarda.

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setores sentiram muito o golpe, e digo que são dois setores radicais: juventude e mulheres. Juventude porque percebeu que “tiraram seu futuro”. A PEC 241, (atual PEC 55/2016 no Senado) e, mesmo antes dela, com o fim do Ciência sem Fronteiras no qual milhares aprenderam duas, três línguas, foram para o exterior. Isso é fabuloso para a aprendizagem. Essa garotada sabe que isto acabou, eles sentiram, perceberam, e com as passeatas e ocupações estão discutindo e se tornando conscientes do problema. Este é um governo pela morte, porque é contra a juventude, contra as mulheres, contra a vida e contra o futuro. E estes jovens ocuparam as escolas. Não foi preciso ninguém dizer para eles, ocuparam porque sentem. E as mulheres, foram às ruas quando perceberam o caráter misógino e patriarcal. O Bolsonaro quando oferece o voto dele ao torturador, ao Coronel Ustra, deixa a entender que foi o cara que violentou

a Dilma na tortura, porque isso era a coisa mais comum com as mulheres que eram presas. As mulheres sentiram, inclusive com essas igrejas conservadoras que trazem a questão da família, da propriedade, da ordem, é a Biopolítica. É terrível! Tem um grande pensador, que conheci bem, o Mario Pedrosa. Ele dizia que quando a vanguarda está em crise a gente tem que ir para a retaguarda. É isso. A disputa vai ser como reorganizar tudo isso, essas experimentações que estão germinando pelo Brasil e, nesta conjuntura, fazer isso sem a dependência do recurso público.

Sobre o papel do movimento sindical nessa nova conjuntura, é fundamental o “acúmulo de classe” construído pela CUT com a Rede de Formação, desde 1986. Esse “intelectual coletivo” deveria ser retomado em toda sua riqueza e amplitude, potencializá-lo ao máximo, pois pode preencher o campo da “reforma moral e intelectual” que tanto necessita o movimento.

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Arquivo, Memória e Formação Sindical na CUT

Por Emanoel Mendonça Sobrinho e Antônio José Marques49

A Central Única dos Trabalhadores nasceu em 1983 combatendo a ditadura civil-militar brasileira, tendo como objetivos principais lutar por liberdade e autonomia sindical dos/as trabalhadores/as do campo e da cidade, a unidade de ação da classe trabalhadora e a solidariedade internacional para a construção de uma sociedade democrática e livre da exploração capitalista. Esse fato histórico marca a identidade política da CUT na sua luta permanente por direitos e cidadania no Brasil e ainda se constitui como importante legado para a sua militância e para a sociedade em geral.

Preservar e transmitir a memória coletiva das lutas protagonizadas pela CUT tem sido um desafio assumido pelas Escolas Sindicais, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Formação (SNF), e, também, pelo Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT (CEDOC), que organiza e disponibiliza conjuntos documentais que mantêm essa memória viva e a serviço dos trabalhadores e das trabalhadoras.

49 - Emanoel Mendonça Sobrinho é educador da Escola Sindical 7 de Outubro e Antônio José Marques é coordenador do Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT (CEDOC/CUT).

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Folder do Seminário sobre Arquivos e Memória, ocorrido em São Paulo-SP, 2016.

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É preciso transmitir às novas gerações de sindicalistas os

ensinamentos da luta para construir a CUT de seus primeiros anos, não

só pela sua importância histórica, mas sobretudo pela atualidade dos

princípios que lhe deram origem para intervir na difícil conjuntura que

atravessamos hoje.

Júlio Turra é dirigente da da Executiva Nacional da CUT

A CUT sempre teve apreço por seu acervo, mas foi em 1991, durante o V Encontro Nacional de Formação, que a SNF assumiu a responsabilidade pela criação do Programa de Memória e Documentação da CUT. Naquele contexto, o programa apontou a necessidade da constituição de um Centro de Memória e Documentação e elaborou o projeto “CUT 10 anos”, dando continuidade à visão documental voltada à memória histórica da classe trabalhadora.

Em janeiro de 1999, o CEDOC, vinculado à Secretaria-Geral, iniciou o trabalho de gestão dos documentos orgânicos da CUT, organizando, preservando e disponibilizando a documentação histórica e cultural. Além de gerir, recolher e armazenar

adequadamente a documentação produzida pela própria CUT, o CEDOC preserva documentos da estrutura horizontal e vertical e dos entes da Central. Também incentiva que o movimento sindical e popular organize e preserve o seu acervo e a sua memória, como mostram as quatro edições do “Seminário Internacional o Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos”, uma parceria da CUT com o Arquivo Nacional/Centro de Referência Memórias Reveladas.

Mais recentemente, com a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), instalada em maio de 2012, pela Presidenta Dilma Rousseff, a CUT teve papel decisivo para que a CNV constituísse o Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical”. No âmbito interno, a Central instituiu a Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça da CUT, coordenada pela Secretaria de Políticas Sociais e assessorada pelo CEDOC. Essas comissões visaram investigar os crimes cometidos durante o regime autoritário, ajudar a fazer justiça e reparar os danos sofridos pelos trabalhadores e pelo movimento sindical. O CEDOC contribuiu estrategicamente nesse processo, resultando no Relatório da Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça da CUT e o livro sobre os/as sindicalistas mortos/as e desaparecidos/as, mostrando que os trabalhadores e as trabalhadoras foram as principais vítimas da ditadura.

Por outro lado, através dos programas formativos desenvolvidos pela SNF e Escolas Sindicais, milhares de militantes sindicais tomam contato com

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o patrimônio cultural e organizativo construído pela CUT. Por exemplo, muitas publicações que têm por base o acervo histórico da Central e os documentários recuperados pelo CEDOC sobre a fundação da CUT são utilizadas como material pedagógico nos processos formativos visando que os trabalhadores e trabalhadoras se (re)apropriem das experiências e saberes coletivos das lutas que forjaram o sindicalismo classista, autônomo e combativo da Central.

Com efeito, as Escolas Sindicais também produzem documentação própria e publicações relacionadas à formação sindical da classe trabalhadora. Incentivar a recuperar e organizar este vasto material, encontrado em vários tipos de suportes, além de colocá-lo à disposição do movimento sindical e de pesquisadores do mundo do trabalho, é um desafio futuro para a Rede Nacional de Formação da Central.

Podemos localizar na Escola Sindical 7 de Outubro um dos esforços mais recentes na perspectiva de preservar o acervo documental, arquivístico e bibliográfico, por meio do Projeto Memórias em Movimento, de 2015. O Projeto foi elaborado com o apoio técnico do CEDOC e aprovado pelo Ministério da Cultura. Porém, o contingenciamento do orçamento da União e o recente golpe à democracia impediram a destinação do aporte financeiro para o desenvolvimento do Projeto por esta escola sindical da CUT.

Consideramos, portanto, que há uma profunda relação entre arquivo, memória e formação sindical. Estes são indispensáveis para a construção do fio condutor entre as gerações passadas, presentes e futuras de militantes sindicais CUTistas, no sentido de manter o vigor do patrimônio cultural e das lutas históricas e imediatas da classe trabalhadora. As forças para lutarmos, mais que nunca, neste momento em que nossos direitos são atacados, são forjadas nas raízes históricas da classe trabalhadora e numa memória viva e militante.

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Folder do seminário na SNF sobre memória ocorrido em Cajamar-SP, 1993.

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Educação Integral dos Trabalhadores: 20 Anos de Conquistas e Desafios

Por Rosana Miyashiro

As experiências da CUT de Educação Integral dos Trabalhadores se iniciaram há 20 anos, em um contexto adverso de desemprego crescente, precarização das relações de trabalho e enfraquecimento do poder dos sindicatos em nível mundial, resultados da reestruturação neoliberal.

Inspiradas na concepção e prática da educação popular, nos princípios da PNF e nas resoluções desde o 5º CONCUT (1994), tais iniciativas buscaram se contrapor à Educação Profissional vigente, mesmo cientes dos limites e resistências50, e se tornaram uma referência político-pedagógica na disputa da concepção de Educação dos Trabalhadores.

50 - Ver CONCEIÇÃO, Martinho. Experiências significativas da CUT no campo da educação dos trabalhadores e trabalhadoras. São Paulo: CUT/SNF. Forma & Conteúdo, nº 17, out/2015.

O projeto Terra Solidária significou em minha vida !!! Mais

do que um projeto pedagógico, mais do que o empoderamento do conhecimento político, a visão de sociedade que queremos!!!

Lisete Maria Bernardi -

Coordenadora da Secretaria

de Comunicação

da FETRAF-SC, Coordenadora

do SINTRAF de Campo Erê e

Coordenadora da Micro

Noroeste (participou do Programa Terra

Solidária)

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A CUT, a partir de uma compreensão mais ampla da educação profissional, ao desenvolver experiências educativas envolvendo as diversas instâncias (sindicatos, federações, confederações, Estaduais da CUT e regionais/subsedes) e Escolas Sindicais, consolidou princípios e fundamentos teóricos e metodológicos da concepção de educação integral. Tais acúmulos partem de uma visão de educação envolvendo as várias dimensões dos sujeitos e da formação (política, econômica, cultural, social) em sintonia com as realidades e necessidades da classe trabalhadora.

Em contraposição ao discurso da empregabilidade que sistematicamente culpabiliza os/as trabalhadores/as pela sua pouca escolaridade e falta de qualificação profissional, os diversos programas de educação integral da CUT desenvolveram experiências e formulações, vinculando a Educação Básica de Jovens e Adultos com a Profissional, na perspectiva da integralidade que repercutem até hoje. No atual momento de golpe jurídico-parlamentar e midiático em nosso país, tal referência torna-se importante na luta pelo direito ao trabalho e educação.

Programas Nacionais• Programa Integrar - CNM/CUT • 1996

• Programa Integral - Educação Integral e Formação de Conselheiros • 1998-1999

• Programa Integração/Nacional, 13 Ramos, 16 Estados: qualificação profissional e elevação de escolaridade de trabalhadores/as jovens e adultos/as • 1999-2002

• Projeto Todos as Letras • 2004

Programas RegionaisVento Norte - Escola Chico Mendesde Amazônia (PA, RO)

Elevação Escolaridade no Cerrado -Escola Centro-Oeste

Flor de Mandacaru - Escola Nordeste (PE)Trabalho Doméstico Cidadão - Escola Nordeste (BA, PE) - 2003

Semear - Escola 7 de Outubro (MG)

Semear - Escola São Paulo

Terra Solidária e Recomeçar - Escola SulEscola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha (ETHCI)

Experiências de Educação Profissional dos TrabalhadoresCUT-1996-2016

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Reconhecemos que houve imensos avanços sociais dos Governos Lula e Dilma, no entanto, constata-se que mesmo passando por um longo período de governo democrático e popular as desigualdades produzidas historicamente não foram superadas. Há muito que se fazer, principalmente com as populações residentes nas periferias metropolitanas e com os segmentos historicamente discriminados como negros, indígenas, mulheres, portadores de deficiência, população LGBT etc.

Refletir sobre nossa história e os sentidos de nossas experiências de Educação Integral dos Trabalhadores na atualidade é fundamental para nos contrapor ao desmonte da educação em plena restauração neoliberal.

Sou privilegiado, estive coordenador e aluno do Programa

Integração. Aproveitei a oportunidade e cheguei à Universidade me formando

em Ciências Políticas. O melhor foi aprender que quem luta também

educa!

Paulo César Borba Peres (Carioca) – Presidente Sintraconst ES (Participou do Programa Integração pela Conticom)

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Em um momento em que o Plano Nacional de Educação é

atacado em todas as suas dimensões, com elevados riscos ao direito

à educação também para os/as jovens e adultos/as trabalhadores/

as, o acúmulo da CUT no campo da educação integral, sem dúvida

alguma, é uma das principais referências na nossa luta em defesa

da educação pública, universal e emancipatória. Envolver o conjunto

da CUT, através das suas Estaduais e Ramos, é fundamental

para lograrmos êxitos nas conquistas que almejamos.

José Celestino Lourenço (Tino) é Secretário Nacional de Cultura da CUT

São diversos projetos que buscam alinhar a política da educação básica, técnica e profissional sob a ótica mercantil e de cunho produtivista e conservador – a exemplo da “Escola sem Partido”, da Reforma do Ensino Médio e da PEC 241 (atual PEC 55/2016 no Senado) que buscam subordinar o Direito à Educação e ao Trabalho ao mercado global e à lógica perversa do Estado mínimo, intensificando as privatizações e a precarização das relações/condições de trabalho.

Contribuiu com minha formação enquanto pessoa e liderança, fortalecendo a opção por uma

agricultura mais sustentável, em que hoje é uma realidade na propriedade; e também a importância de estar nos

espaços de debate e construção de políticas públicas.

Gilberto Cordazzo – Agricultor Familiar e vereador (participou do Programa Terra Solidária)

Em meio aos embates em torno da concepção de educação dos/as trabalhadores/as, a CUT sempre buscou romper com as amarras do neotecnicismo da concepção hegemônica que se apresenta através da pedagogia das competências. A Concepção da Educação integral dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, tendo o trabalho como princípio educativo, amplia as dimensões da educação profissional para que os trabalhadores/as tenham acesso aos fundamentos do trabalho, das tecnologias e da cultura com vistas a uma formação crítica, não somente adaptativa aos novos imperativos do mercado.

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Mesmo com os enormes avanços verificados na última década temos ainda enormes desafios para a inclusão dos trabalhadores jovens e adultos, pois de acordo com os dados estatísticos (IBGE/PNAD 2010), 49,25% de brasileiros acima de 25 anos não concluiu o Ensino Fundamental. Essa população será ainda mais impactada pelas medidas governamentais que preconizam mudanças na educação, aposentadoria e flexibilização dos direitos trabalhistas.

A CUT reafirma seu importante papel na mobilização das entidades CUTistas e dos movimentos sociais de esquerda no sentido de impedir os retrocessos em nossa sociedade, onde as mudanças propostas para a educação explicitam a luta de classes e a disputa de um projeto de país

O curso contribuiu muito com a nossa vida: tivemos consciência

do impacto do uso do agrotóxico na nossa saúde e a gente aprendeu a agregar valor naquilo que tínhamos na propriedade. Hoje isso é o nosso

ganha-pão. Também nos incentivou a voltar a estudar.

Adélia Consoladora de Abreu Ávila - Agricultora familiar e feirante (participou do Programa Vento Norte)

• Pedagogia das competências

• Adaptativa dos imperativos do mercado

• Discurso da empregabilidade e da meritocracia

• Lógica produtivista

• Competências e Habilidades para o trabalho

• Visão unilateral, dual (formação geral versus técnica). Indivíduo dividido entre a ação de pensar e executar

• Formação operacional/simplificada com ênfase no saber-agir: saber-fazer; saber-ser; saber-saber; saber-conviver

• Trabalho como princípio educativo

• Inserção no mundo do trabalho, das tecnologias e da cultura

• Crítica às relações capital/trabalho

• Ética, emancipatória e libertadora

• Indissociabilidade das dimensões da formação técnica, social, cultural e política

• Visão integral, omnilateral e politécnica. Compreensão das dinâmicas socioprodutivas para o exercício profissional

• Formação humana: conhecimentos que estão na sua gênese científico-tecnológica e na sua apropriação histórico-social, leitura de mundo e atuação cidadã

Neotecnicismo Educação Integral

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MEMÓRIA

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Revista Forma & Conteúdo 125

SECRETARIA NACIONAL DE FORMAÇÃO Secretária de Formação Rosane Bertotti

Secretária-Adjunta de Formação Sueli Veiga De Melo

SECRETÁRIOS/AS ESTADUAIS DE FORMAÇÃOCUT - AC Evandilson Alves da CostaCUT - AL Francisco Ricardo Correia MataCUT - AM Dulce Rodrigues Sena MendonçaCUT - AP Kátia Cilene Mendonça de AlmeidaCUT - BA Maria Cristina Brito CostaCUT - CE Lucia Maria Silveira de QueirózCUT - DF Nilza Cristina Gomes dos SantosCUT - ES Eloiza Beatriz do Rozario de AbreuCUT - GO Maria Cristina Rodrigues EvangelistaCUT - MA Novarck Silva de OliveiraCUT - MG Gilmar de Souza PintoCUT - MS Sueli Veiga MeloCUT - MT João Eudes da AnunciaçãoCUT - PA Paulo André Nogueira Silva CUT - PB Gilberto Paulino de OliveiraCUT - PE Ana Isabel Cavalcante Oliveira da SilvaCUT - PI Josivaldo de Sousa MartinsCUT - PR Aparecida Reis BarbosaCUT - RJ Juarez Antunes Pinto (In Memoriam)José Luiz Garcia LimaCUT - RN Ionaldo Tomaz da SilvaCUT - RO João Ramão Chaves ZarateCUT - RR Robson Avelino de CarvalhoCUT - RS Maria Helena de OliveiraCUT - SC Cleverson Valdir de OliveiraCUT - SE Roberto Silva dos SantosCUT - SP Telma Aparecida Andrade VictorCUT - TO Maria Francisca Rocha dos Santos

SECRETARIA NACIONAL DE FORMAÇÃO: CORPO TÉCNICO- PEDAGÓGICO

Coordenação Pérsio PlensackAssessoria Alex Capuano Ana Paula Melli Conceição Oliveira Fernando FranzoiApoio Thais Oliveira

ESCOLAS SINDICAIS

Escola Centro-Oeste de Formação Sindical da CUT – Apolônio de Carvalho [email protected] • www.ecocut.org.brCoordenação Sueli Veiga Melo Roberto Miguel Maria Cristina Rodrigues Evangelista Maria Francisca Rocha dos Santos João Eudes da AnunciaçãoEducadores/as Cesar Augusto Magalhães Azevedo Jodat Fernandes Jawabri

Escola de Formação Sindical da CUT Chico Mendes na Amazônia [email protected]ção João Ramão Chaves Zarate Luiz Jorge Garcia de Sena Kátia Cilene Mendonça Almeida Evandilson Alves da Costa Antonia Maria Matias da Silva Paulo André Nogueira SilvaEducadores/as Luiz Gonzaga de Sousa Tácito Pereira dos Santos Thalita Neri Cardoso Coelho

Escola Nordeste da CUT [email protected][email protected] www.escolane.org.brCoordenação Lúcia Maria Silveira Queiroz Manoel Messias Dias do Vale Edeildo Araújo Silva FilhoEducadores/as Almerinda Alves da Silva Jorge Rodrigo Nascimento Spinola Marco Antonio Levay Filho

Escola 7 de Outubro [email protected] • www.escola7.org.brCoordenação Adilson Pereira dos Santos Thiago Ribeiro de Oliveira Vandercy Soares Neto Jose Antonio Garcia Lima Juarez Antunes Pinto (In memoriam)

Educadores/as Emanoel José Mendonça Sobrinho Sílvia de Martin

Rede Nacional de Formação

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Revista Forma & Conteúdo 126

Escola Sul [email protected] • www.escolasul.org.brCoordenação Celso Woyciechowski Cleverson Valdir de Oliveira Luiz Carlos dos SantosEducadores/as Ana Maria Palma Palma Rafael Soares Serrão Vera Fátima Gasparetto

Escola São Paulo [email protected] • www.escolasp.org.brCoordenação Telma Aparecida Andrade Victor Renato Carvalho ZulatoEducadores/as Isaías José da Silva Rosana Batista de Lucena Veridiana Garcia Bernardes Dirienzo

Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha [email protected] [email protected] www.escoladostrabalhadores.org.brCoordenação Rosana Miyashiro Aline Maria SalamiEducadores/as Ana Carolina R. Herrera Danilo Campo Jaqueline H.Cardoso Salete Aparecida Martins Patrícia Félix Juan Manuel Otalora Villamil Pedro Henrique S. Otoni Adelmo Jaqueira

Apoio Bibiana Magnabosco Marineide Rehem de Souza

ENTIDADES DOS RAMOS

QUE PARTICIPARAM DO 19º ENAFOR

CNM Confederação Nacional dos Metalúrgicos

CNQ Confederação Nacional do Ramo Químico

CNTE Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

CONFETAM Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal

CONTRACS Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços

CONTRAF Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro

FENASERA Federação Nacional dos Trabalhadores nas Autarquias de Fiscalização Profissional

FETRAF Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar

FITRATELP Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Empresas de Telecomunicações

FITTERT Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão

Coordenação e Organização Secretaria Nacional de Formação

Edição e Revisão Secretaria Nacional de Comunicação

Secretaria Nacional de Formação

Projeto Gráfico e Diagramação M.Giora Comunicação

Impressão Bangraf

Tiragem 5.000 exemplares

São Paulo, dezembro de 2016.

CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

Rua Caetano Pinto, 575, Brás

São Paulo-SP - CEP 03041-000

Tel.: (55 0XX 11) 2108.9200 / 9201

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Expediente

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