33
Nádia Manuela Fernandes Correia SÍNDROME CADASIL: EPIDEMIOLOGIA, CLÍNICA E GENÉTICA Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Artigo de Revisão Bibliográfica Orientador: José Fernando da Rocha Barros, Assistente Graduado de Neurologia e Professor Auxiliar Convidado de Neurologia Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Largo Prof. Abel Salazar, 2. 4099-003 Porto PORTO, 2011

SÍNDROME CADASIL: EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA E GENÉTICA · tendo esta mutação sido identificada pela primeira vez em 1996. O gene referido codifica ... apropriados para os indivíduos

Embed Size (px)

Citation preview

Nádia Manuela Fernandes Correia

SÍNDROME CADASIL:

EPIDEMIOLOGIA, CLÍNICA E

GENÉTICA

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina

Artigo de Revisão Bibliográfica

Orientador: José Fernando da Rocha Barros, Assistente Graduado de Neurologia e

Professor Auxiliar Convidado de Neurologia

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Largo Prof. Abel Salazar, 2. 4099-003

Porto

PORTO, 2011

2

Resumo

A Arteriopatia Cerebral Autossómica Dominante com Enfartes Subcorticais e

Leucoencefalopatia é a arteriopatia cerebral hereditária mais comum, embora seja uma

doença rara. O gene envolvido nesta patologia é o NOTCH3 e este codifica para uma

proteína de um receptor transmembranar localizado essencialmente na superfície das

células musculares lisas arteriais. As manifestações clínicas da doença estão restritas

praticamente ao sistema nervoso central, incluindo acidentes vasculares cerebrais,

demência e enxaqueca. As manifestações podem variar entre diferentes famílias e entre

indivíduos da mesma família. As alterações neuro-imagiológicas são características. O

teste genético favorece o diagnóstico definitivo. Vários estudos têm permitido fornecer

dados acerca dos mecanismos patogénicos subjacentes a esta doença. O tratamento é

empírico e sintomático; os ensaios clínicos sistemáticos realizados não demonstraram

benefícios significativos dos fármacos. Nesta revisão bibliográfica pretende-se apresentar

informação actual acerca desta patologia, especialmente no que diz respeito à

epidemiologia, clínica e genética.

Palavras-chave: CADASIL; NOTCH3; arteriopatia genética; enfarte cerebral; enxaqueca;

demência.

Abreviaturas:

CADASIL – Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and

Leukoencephalopathy

RM – Ressonância Magnética

AIT – Acidente Isquémico Transitório

HIV – Human immunodeficiency virus

SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

CARASIL – Cerebral Autosomal Recessive Arteriopathy with Subcortical Infarcts and

Leukoencephalopathy

MELAS - Mitochondrial Encephalomyopathy, Lactic Acidosis and Stroke-like episodes

AVC – Acidente Vascular Cerebral

NINDS-AIREN - National Institute of Neurological Disorders and Stroke Association

Internationale pour la Recherché et l’Enseignement en Neuroscience

3

FLAIR - Fluid-Attenuated Inversion Recovery

SNC – Sistema Nervoso Central

EGFR – Epidermal Growth Factor-like Repeat

LIN-12 – Lineage defective-12

VSMC – Vascular Smooth Muscle Cell

ECD – Extracellular Domain

TMIC – Transmembrane and Intracellular domain

RBP-Jκ – Recombination signal-Binding Protein for Jκ

CBF1 – C-repeat Binding Factor 1

AINE – Anti-Inflamatório Não Esteróide

4

Abstract

Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and

Leukoencephalopathy is the most common inherited cerebral arteriopathy, although it is a

rare disease. The gene involved in this pathology is NOTCH3 and it encodes a

transmembrane receptor primarily expressed in the surface of the arterial smooth muscle

cells. The clinical manifestations are virtually restricted to the central nervous system,

including strokes, dementia and migraine. Those may vary between different families and

between members of the same family. The neuroimaging anomalies are typical. Genetic

testing favors a definitive diagnosis. Several studies have been providing data about the

pathogenic mechanisms underlying this disease. Treatment is empirical and symptomatic;

the systematic clinical trials did not demonstrate significant benefits of the

pharmacological agents. This bibliographic review aims to present current information

about this pathology, specially the one that refers to epidemiology, clinical features and

genetics.

Key-words: CADASIL; NOTCH3; genetic arteriopathy; stroke; migraine; dementia.

5

Introdução

A angiopatia cerebral hereditária mais prevalente designa-se universalmente pelo

acrónimo CADASIL. Esta condição foi descrita pela primeira vez há mais de 30 anos

numa família sueca, embora a designação actual só tenha surgido na década de 90 do

século passado(1). As investigações sobre CADASIL têm sido uma das frentes mais

dinâmicas e liderantes da neurogenética.

A CADASIL é causada por uma mutação no gene NOTCH3 do cromossoma 19,

tendo esta mutação sido identificada pela primeira vez em 1996. O gene referido codifica

para uma proteína dum receptor transmembranar cuja função principal parece estar

relacionada com a manutenção da estabilidade estrutural e funcional vascular. Este

receptor está localizado na superfície das células musculares lisas das artérias

resultando essencialmente na oclusão das artérias de pequeno calibre do cérebro de

adultos, o que leva principalmente a pequenos enfartes cerebrais profundos e a

acumulação progressiva de áreas de desmielinização(2).

A sua prevalência é provavelmente subestimada e as manifestações estão

virtualmente restritas ao sistema nervoso central. As principais manifestações clínicas

são os eventos isquémicos subcorticais, o défice cognitivo, a enxaqueca com aura e as

perturbações psiquiátricas (especialmente as perturbações do humor e a apatia). Esta

síndrome é vista como um protótipo da demência vascular subcortical relacionada com a

microangiopatia subcortical(2).

Não existem critérios de diagnóstico aceites universalmente para a CADASIL, pois

os sintomas de apresentação, a idade de início e a progressão da doença são

variáveis(3).

A característica patológica de excelência é a presença de grânulos densos aos

electrões na camada média das arteríolas que são frequentemente identificados através

da avaliação de biopsia cutânea por microscopia electrónica(3).

Nos estadios finais, os indivíduos estão acamados e totalmente dependentes. A

morte resulta de complicações médicas, especialmente má-nutrição, doenças infecciosas

como a pneumonia de aspiração(2), morte súbita e asfixia(4).

Não existe uma cura nem um tratamento específico para a CADASIL. O

tratamento é empírico e sintomático(1). Apoio emocional e aconselhamento são

apropriados para os indivíduos afectados e as suas famílias(3).

Nesta revisão bibliográfica são apresentados a epidemiologia, as manifestações

clínicas, os exames complementares de diagnóstico, a genética e patogénese e uma

breve referência ao tratamento da CADASIL.

6

Epidemiologia

Apesar de ter sido descrita pela primeira vez em famílias europeias, a CADASIL

também foi observada em famílias americanas, do médio-oriente, africanas e asiáticas(5).

É uma patologia distribuída de forma equitativa entre os sexos masculino e feminino(1).

A prevalência das mutações do gene NOTCH3 foi estimada em 4,15 por 100000

adultos num estudo escocês(6).

O diagnóstico da doença é feito normalmente por volta dos 45 anos, mas uma

maior atenção dirigida aos familiares de indivíduos afectados para detectar

manifestações neurológicas e psiquiátricas pode levar a um diagnóstico mais precoce(2).

A idade média de início dos sintomas é 37 anos(7) e é independente do género(8, 9).

As lesões cerebrovasculares são a manifestação clínica mais frequente e a idade

média de ocorrência do primeiro evento isquémico é 42 anos, com extremos entre os 20

e os 65 anos(2); estas lesões ocorrem em 60 a 85% dos doentes, mais frequentemente

nas quarta e quinta décadas de vida(10, 11). A enxaqueca é comum entre os 20 e os 40

anos, ocorrendo em cerca de 25% dos doentes, mas pode já estar presente no início da

adolescência. Perturbações do humor, especialmente depressão, ocorrem em 10 a 20%

das pessoas, aparecendo em qualquer idade, mas especialmente por volta dos 40 a 50

anos, um período no qual as perturbações cognitivas (inicialmente subtis) podem levar a

um desenvolvimento lento de demência avançada na sexta e sétima décadas de vida(2).

A apatia está presente em cerca de 40% dos doentes(12).

A taxa de mortalidade exacta é desconhecida(1). Foi reportado que a doença tem

uma duração média de 23 anos(9) e que a morte ocorre, em média, aos 65 anos nos

homens e aos 71 anos nas mulheres devido à acumulação de morbilidades e

complicações clínicas relacionadas com infecção e imobilidade(4).

Menos de metade dos pacientes com mais de 60 anos é capaz de caminhar sem

auxílio(13). A idade média de início para a incapacidade da marcha sem assistência é de

59 anos nos indivíduos do sexo masculino e de 62 anos nos do sexo feminino, e para

ficarem acamados é de 62 anos nos homens de 66,5 anos nas mulheres;

aproximadamente 80% dos doentes acabarão completamente dependentes(4).

7

Manifestações Clínicas e Meios Complementares de Diagnóstico

O diagnóstico da CADASIL deve ser suspeitado na presença de(2):

Quadro clínico típico – um ou mais enfartes subcorticais, especialmente em

idade precoce (até aos 60 anos) ou com história familiar, enxaqueca

(normalmente com aura), alterações cognitivas progressivas ou demência do

tipo subcortical;

Achados neuro-radiológicos típicos na ressonância magnética;

Padrão de hereditariedade autossómico dominante para uma ou mais das

características clínicas típicas.

A CADASIL por vezes não é considerada no diagnóstico diferencial por diversas

razões, especialmente falta de disponibilidade da RM e história familiar aparentemente

negativa. Trinta por cento dos doentes com CADASIL têm uma história familiar deste tipo

documentada(14), estando principalmente relacionado com uma pesquisa restrita apenas

à doença cerebrovascular precoce na família, negligenciando outras apresentações

clínicas.

A CADASIL pode ser vista como uma doença polimórfica: as manifestações

predominantes podem variar em diferentes famílias e o quadro clínico e o curso funcional

podem também diferir entre indivíduos da mesma família. Diferenças fenotípicas

importantes entre famílias podem ser atribuídas às várias mutações(15).

O papel possível de influências genéticas adicionais na progressão da doença,

como a presença de alelos específicos da apolipoproteína E, é debatido; num estudo que

investigou a correlação entre o genótipo apoE e os dados imagiológicos de doentes com

CADASIL demostrou que esta relação não é estatisticamente significativa, o que sugere

que nesta síndrome as lesões estruturais causadas por alterações vasculares são

independentes do genótipo apoE(16). O burden das lesões da substância branca, a

quantidade e localização específica das lesões isquémicas, a presença e o número de

micro-hemorragias, o grau de atrofia cerebral e alterações funcionais ou anatómicas das

vias comunicantes intra- e inter-hemisféricas críticas são outros factores que podem

influenciar a natureza e a gravidade das manifestações clínicas(2).

No longo curso da doença esta agrava sempre, mas em curtos períodos (dois

anos, por exemplo) a evolução é muito variável: podem ser períodos de deterioração

rápida, estabilidade clínica ou até, ocasionalmente, de melhoria(17). Os achados clínicos

dominantes variam de acordo com o estadio da doença (ver abaixo). Anomalias neuro-

radiológicas, que podem estar presentes desde a infância(18), são frequentemente

detectadas logo no início dos sintomas (antecedem o aparecimento destes em 10 a 15

8

anos(11)) e estão quase universalmente presentes nos doentes sintomáticos (excepção

possível nos indivíduos apenas com enxaqueca) ou por volta dos 35 anos(19) (a

penetrância neuro-imagiológica está completa ou quase completa entre os 30 e os 40

anos de idade(8)).

A CADASIL pode ser classificada em três estadios clínicos/radiológicos(20):

I: geralmente entre os 20 e os 40 anos de idade, com enxaqueca e lesões bem

definidas da substância branca na RM(19);

II: entre os 40 e os 60 anos, caracterizado por acidentes isquémicos transitórios

ou permanentes levando a perturbações motoras, défices sensitivos e cognitivos, com ou

sem perturbações psiquiátricas; ao nível da RM estão presentes lesões coalescentes da

substância branca e lesões bem definidas dos gânglios basais;

III: normalmente depois dos 60 anos, com demência subcortical associada a

sinais pseudobulbares – disartria, disfagia e labilidade emocional e, nalguns casos,

apatia, mutismo e acinésia; os sinais piramidais são quase sempre marcados; a RM

mostra leucoencefalopatia difusa e múltiplos enfartes dos gânglios da base.

Alguns indivíduos com a mutação podem permanecer assintomáticos por longos

períodos, mesmo com lesões bem definidas na RM, enquanto outros apresentam apenas

uma característica major da doença, como enxaqueca com aura, AIT ou enfartes

lacunares, depressão ou ansiedade, ou evolução lenta do declínio cognitivo(2).

Os diagnósticos diferenciais que se devem ter em conta são os seguintes(1, 3):

encefalomielite disseminada aguda, doença de Behçet, encefalopatia por HIV-1 e

complexo de demência relacionado com a SIDA, doença de Lyme, esclerose múltipla,

neurossarcoidose, neurossífilis, doença de Binswanger(21), angeíte primária do sistema

nervoso(22), leucoencefalopatia multifocal progressiva, leucodistrofias, cerebrite lúpica,

doença de Fabry(13), CARASIL (Arteriopatia Cerebral Autossómica Recessiva com

Enfartes Subcorticais e Leucoencefalopatia)(23) e MELAS (Encefalomiopatia

Mitocondrial, Acidose Láctica e Episódios semelhantes a AVC)(13).

9

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Enxaqueca

O sintoma inicial mais característico é a enxaqueca com aura, presente em 20 a

40% dos doentes(24). Esta proporção é 5 vezes superior à da população geral. A

enxaqueca sem aura tem a mesma frequência em ambas as populações(11).

A frequência da enxaqueca varia consideravelmente entre famílias afectadas(8,

25). Há famílias nas quais a enxaqueca e as perturbações cognitivas tardias

insidiosamente progressivas são a única manifestação da doença(2).

Os primeiros episódios de enxaqueca podem ocorrer antes dos 20 anos de

idade(20) e preceder ou estar ligados a alterações radiológicas precoces

(hiperintensidades punctiformes na substância branca profunda ou periventricular) que

podem também estar presentes em alguns indivíduos com enxaqueca primária(2). A

idade média de aparecimento da enxaqueca com aura é 30 anos (intervalo de 6 a 48

anos), com uma média de 26 anos nas mulheres e de 36 anos nos homens(24).

Num estudo por Dichgans et al.(9), a enxaqueca estava presente em 30% dos

indivíduos do sexo masculino e em 46% dos do sexo feminino e em 95% dos doentes

afectados por enxaqueca este sintoma aparecia até aos 38 anos de idade; 14% destes

doentes reportaram frequência ou gravidade aumentada da enxaqueca alguns meses

antes do primeiro evento isquémico. Esta deterioração pode, por isso, ter valor

preditivo(2).

A relação entre enxaqueca e CADASIL pode ser justificada pela identificação de

anomalias genéticas no cromossoma 19 na enxaqueca hemiplégica familiar e na ataxia

episódica(2).

Os sintomas da aura mais frequentes são, por ordem decrescente, visuais,

sensitivos, afásicos e motores(24). Contudo, 56% dos indivíduos podem exibir auras

atípicas com aura basilar, hemiplégica ou prolongada(24) e até apresentações mais

raras, com meningismo, confusão mental, febre e coma(2, 11). Os factores precipitantes

da enxaqueca com aura são semelhantes aos da população geral: stress, flashes de luz,

fadiga, exercício físico, traumatismo crânio-encefálico, cheiros fortes, entre outros. A

frequência dos episódios de enxaqueca varia entre os indivíduos afectados, podendo

ocorrer desde 2 surtos por semana até um de 3 em 3 ou de 4 em 4 anos(24).

Lesões cerebrovasculares

Nos indivíduos com CADASIL os eventos isquémicos ocorrem normalmente na

ausência de factores de risco vascular clássicos. No entanto, encontrou-se uma

associação entre o tabagismo e o início mais precoce desses eventos(26, 27). O período

10

pós-parto pode ser de alto risco(28). Os eventos vasculares transitórios podem

inicialmente ser confundidos com enxaqueca com aura atípica ou prolongada. O início e a

gravidade dos eventos isquémicos podem variar bastante dentro de uma família (a

variação não depende do tipo de defeito genético(9)) e a acumulação progressiva de

lesões isquémicas contribui provavelmente para a emergência de manifestações

cognitivas(2). A duração média do tempo que vai desde a ocorrência do primeiro AVC até

à morte é de cerca de 19 anos nos homens e de 26 anos nas mulheres(4).

A CADASIL é responsável por 2% dos casos de enfarte lacunar com leucoaraiose

em doentes com idade menor ou igual a 65 anos e por 11% dos casos naqueles com

idade menor ou igual a 50 anos(29). A maioria das lesões tem um diâmetro inferior a 15

mm e são tipicamente enfartes lacunares arredondados ou ovais. No entanto, enfartes

maiores e lesões complexas, atípicas (alongadas), não são raras (17%). Estas lesões

maiores podem ser devidas ao envolvimento de artérias de maiores dimensões, à

confluência de lesões menores ou a degeneração tecidual secundária(30). Embora a

doença afecte predominantemente artérias mais pequenas e arteríolas penetrantes

longas de até 100 a 120 µm, estenose de artérias intracranianas major é ocasionalmente

detectada(31).

Dois terços dos episódios isquémicos correspondem a síndromes lacunares

clássicas como défice motor puro, hemiparésia atáxica, défice sensitivo puro e défice

sensitivo e motor(8). Outras apresentações como a afasia, hemianópsia e outras

perturbações corticais são observadas menos frequentemente. Os eventos vasculares

ocorrem normalmente nos estadios iniciais da doença e, à medida que se acumulam,

estão associados a outras manifestações clínicas como perturbações do humor e défices

cognitivos(2). Em estadios tardios, sequelas neurológicas variadas, incapacidade em

caminhar, incontinência urinária e manifestações pseudobulbares estão presentes em

quase todos os doentes demenciados(4, 9).

Pequenas lesões isquémicas assintomáticas surgem em 10% dos doentes

avaliados prospectivamente(2, 32). Enfartes múltiplos podem também ocorrer

simultaneamente(2). A dilatação dos espaços perivasculares também é um dos achados

na RM(33).

Hemorragias cerebrais são tradicionalmente consideradas raras(34, 35). Esta

visão tem sido, contudo, desafiada, com estudos referindo a ocorrência de hemorragia

sintomática em até 25% dos doentes com CADASIL(2). Micro-hemorragias

assintomáticas (por ordem decrescente de frequência: região subcortical, substância

branca, tronco cerebral, tálamo, gânglios basais, cerebelo e região cortical) são ainda

mais comuns e parecem aumentar em incidência com o avançar da idade dos

doentes(36, 37). Factores predisponentes para hemorragia cerebral não estão bem

11

definidos mas podem incluir, para além das micro-hemorragias, a extensão das

alterações da substância branca e o burden da lesão isquémica, o uso de agentes anti-

coagulantes, perturbações no metabolismo da glicose e do colesterol e hipertensão(36,

38).

Perturbações psiquiátricas

A prevalência das perturbações psiquiátricas é de 20 a 41% nos doentes com

CADASIL. As perturbações reportadas com maior frequência são as do humor, afectando

24% dos doentes(39); a depressão é a manifestação mais comum (pelo menos metade

dos casos)(2). A incidência varia em famílias diferentes e a gravidade também pode

variar em membros de uma família, com alguns episódios difíceis de tratar(17). Episódios

maníacos e depressivos podem alternar nalguns casos, o que pode ser confundido com a

doença bipolar até que as alterações típicas da CADASIL sejam observáveis na RM(40).

Lesões isquémicas em localizações específicas (como os gânglios da base e a

substância branca frontal) podem facilitar a emergência de perturbações do humor(2).

Perturbações do humor e outras manifestações psiquiátricas (perturbações da

adaptação e ansiedade, eventos psicóticos e, raramente, esquizofrenia) normalmente

aparecem após o diagnóstico, a partir dos 40 anos, em doentes com episódios

isquémicos prévios ou perturbações cognitivas(2); raramente representam o sintoma

inicial(39).Excepções podem levar a erros de diagnóstico(10, 41, 42).

A apatia, caracterizada pela ausência de motivação associada a diminuição do

comportamento voluntário, tem vindo a ser reconhecida como uma manifestação clínica

major e é independente da depressão. O burden das lesões subcorticais na RM é

superior nos doentes apáticos, embora a apatia também tenha sido detectada em alguns

casos na presença de poucas lesões subcorticais, sugerindo que a localização destas

também desempenha um papel importante na ocorrência deste sintoma(12).

Declínio cognitivo e demência

O défice cognitivo e a demência são a segunda manifestação mais comum da

CADASIL, a seguir à lesão cerebrovascular. A frequência e a gravidade do declínio

cognitivo variam entre diferentes membros da mesma família; a localização variável e a

gravidade da lesão do tecido cerebral desempenham um papel chave nesta

variabilidade(10). A emergência de alterações neuropsicológicas pode ocorrer

tardiamente, mesmo em doentes com manifestações da doença bem estabelecidas(43,

44). Por outro lado, sintomas cognitivos subtis e que agravam insidiosamente podem

aparecer anos antes da ocorrência dos episódios isquémicos.

12

A demência desenvolve-se em cerca de um terço dos doentes(45). A incidência

aumenta com o avançar da idade, atingindo cerca de 60% dos indivíduos sintomáticos

com 60 anos ou mais(9). A demência está presente em cerca de 90% dos doentes na

altura da morte(8). Em 10 a 15% dos doentes a demência desenvolve-se sem episódios

de AVC prévios(46).

Nos indivíduos jovens, as manifestações de disfunção executiva (quase 100%

entre os 35 e os 50 anos de idade) e os défices de atenção (69%) e de memória (70%)

estão entre as alterações cognitivas mais precoces(45), sendo que a memória de

trabalho é afectada(47). Os sinais iniciais denotam essencialmente disfunção dos

circuitos fronto-subcorticais(45, 48). Neste estadio inicial, a memória verbal episódica e

as funções visuo-espaciais – as quais tendem a predominar em testes de screening

padronizados realizados regularmente na prática clínica – estão normalmente

preservadas, o que pode levar à falsa impressão de depressão ou de cognição normal(2).

Muitos dos testes neuropsicológicos sensíveis para a detecção de alterações nos

estadios precoces do declínio cognitivo “subcortical” são dependentes da velocidade e os

doentes com CADASIL apresentam uma performance marcadamente lenta neste tipo de

teste. Para além disso, erros no planeamento e monitorização das respostas são também

frequentes(2). Os indivíduos com esta síndrome também podem mostrar uma

performance diminuída nos testes de fluência verbal e praxis ideacional em estadios

relativamente precoces da doença(48, 49).

O perfil de erro nos testes de memória representa a preservação dos circuitos do

córtex mesio-temporal responsáveis pelos processos de codificação da informação

(normalmente danificados na doença de Alzheimer e condições relacionadas com esta).

Em ensaios que avaliam vários aspectos da memória, os doentes com CADASIL têm

uma preservação relativa dos estadios de codificação da informação e reconhecimento

da informação guardada mas, em contraste, mostram perturbação da recordação livre –

precoce e tardia – desta informação (frequentemente com usurpações), embora a sua

performance melhore parcialmente com a apresentação de pistas(10, 45).

Este padrão de alteração mnésica pode ainda estar presente nos estadios de

doença avançada em até dois terços dos doentes(45). Em muitos casos, no entanto, à

medida que a idade avança e o burden das lesões da substância branca e dos enfartes

subcorticais aumentam, um declínio mais homogéneo da função cognitiva tende a

manifestar-se com o envolvimento progressivo de novos domínios cognitivos, como as

actividades instrumentais, raciocínio, linguagem e funções visuo-espaciais(45, 47, 50).

Este declínio geral indica um aumento da disfunção cortical combinada com a agressão

subcortical inicial e está associado com o desenvolvimento de mais ou menos atrofia

cerebral difusa e alastramento extensivo da agressão da substância branca(2, 45). A

13

progressão temporal dos sintomas cognitivos varia entre sujeitos, podendo haver uma

deterioração rápida e marcada da performance (possivelmente relacionada com novos

eventos isquémicos), estabilização ou até ligeira melhoria(17), mimetizando o padrão das

doenças neurodegenerativas.

A demência está sempre associada a sinais piramidais. Perturbações da marcha

(90%), incontinência urinária (80 a 90%), e sinais e sintomas pseudobulbares (50%) são

extremamente frequentes em indivíduos demenciados(10). Em estadios avançados, os

doentes são incapazes de andar(4) e raramente apresentam alterações “corticais” típicas

como a afasia, a apraxia e a agnosia(45). O padrão de preservação relativa da memória

semântica e do reconhecimento (com alguma melhoria com pistas ou dicas) permanece

frequentemente(45, 48).

Uma análise sistemática de vários grupos de critérios de diagnóstico para

demência vascular isquémica subcortical indicou que os critérios NINDS-AIREN

modificados demonstraram 90% de sensibilidade para a classificação correcta dos

doentes com CADASIL demenciados(51). O uso concomitante de informação neuro-

radiológica elimina virtualmente a dúvida nos casos em que não existem sinais

neurológicos focais: todos os doentes demenciados mostram anomalias na RM.

O factor preditivo de início e progressão do declínio cognitivo mais

consistentemente encontrado é a idade(17, 52, 53). Variáveis como a localização

específica das lesões da substância branca (ex.: as regiões da via do cingulado e frontal),

o número e o volume total das lesões isquémicas, o grau da atrofia cortical difusa ou a

presença de atrofia em áreas específicas como o hipocampo e o tálamo, também

correlacionam-se (com variações marcadas entre estudos) com a evolução do défice

cognitivo e a progressão de limitações funcionais secundárias(52-58).

Outras manifestações clínicas

Apesar de pouco discutida, as convulsões têm uma relevância significativa: 5 a

10% dos doentes com CADASIL desenvolvem epilepsia(7-9). A idade média de início é

50 anos. Normalmente aparece após o início dos acidentes isquémicos ou dos problemas

cognitivos. O agravamento persistente dos défices neurológicos ou a deterioração do

estado cognitivo após a ocorrência de convulsões foi reportado em 6 de 10 doentes que

tiveram episódios convulsivos(9).

Há vários relatos de encefalopatias complexas e agudas, incluindo o

desenvolvimento rápido de coma(2). Parkinsonismo e outras manifestações

extrapiramidais como as distonias são ocasionalmente relatadas(59-61).

14

Défice visual por enxaqueca retiniana também foi descrita(2). Lesão de outros

nervos cranianos, especialmente do oitavo nervo é descrita eventualmente e pode estar

relacionada com a isquemia dos núcleos pontinos(62, 63).

Achados electromiográficos anormais são provavelmente comuns. Polineuropatia

ou miopatia (relacionadas com disfunção mitocondrial ou insuficiência vascular) são

ocasionalmente descritas(2, 64).

Envolvimento vascular noutras áreas, como as artérias coronárias, também tem

sido relatado. Estudos prospectivos sugerem, contudo, que este tipo de evento deve ser

raro(65, 66).

15

EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

Ressonância magnética

As anomalias mais precoces e mais frequentes são áreas de sinal aumentado na

RM ponderada em T2 ou em FLAIR. Primeiro surgem como áreas punctiformes ou

nodulares, predominantemente nas áreas periventriculares e no centro semi-oval; mais

tarde, estas alterações tornam-se mais difusas, geralmente simétricas e localizadas

maioritariamente na cápsula externa e na parte anterior dos lobos temporais, áreas

altamente sugestivas de CADASIL(67-69). As hiperintensidades periventriculares são tão

comuns na CADASIL (presentes em 96% dos doentes) que a sua ausência praticamente

exclui o diagnósitco(19). As alterações moderadas a graves na substância branca das

regiões temporais anteriores exibem ligeiramente menor sensibilidade (89% vs. 93%)

mas muito mais especificidade (89% vs. 45%) do que aquelas da cápsula externa(69). Os

gânglios basais e o tálamo são também afectados (uma diferença fundamental da

esclerose múltipla, que por vezes mimetiza a CADASIL) e, ocasionalmente, o tronco

cerebral(70).

Os enfartes lacunares de forma, tamanho e número variáveis surgem na RM

ponderada em T1 como áreas punctiformes ou maiores de sinal diminuído. Estes enfartes

ocorrem essencialmente dentro das mesmas áreas das alterações em T2, mas ocorrem

mais tardiamente(19, 71). A RM ponderada em difusão pode mostrar pequenas áreas de

sinal aumentado, sugestivas de enfartes recentes, por vezes múltiplos(11). Outros

achados na RM incluem dilatação dos espaços perivasculares, às vezes com um padrão

típico de status cribrosum (que corresponde a dilatações múltiplas) predominantemente

nos gânglios basais(33), e micro-hemorragias detectadas em imagens gradient echo

(T2*) em 25 a 69% dos doentes(37, 72).

Biópsia Cutânea

Embora as manifestações clínicas sejam praticamente restritas ao SNC, mais

especificamente ao encéfalo, a arteriopatia está também presente em outros órgãos

como o baço, o fígado, o coração, a retina, o rim, o músculo, a aorta e a pele(2, 73-76).

Por isso, o diagnóstico de CADASIL pode ser confirmado através da análise ultra-

estrutural de pequenas arteríolas obtidas, por exemplo, através da biópsia cutânea; a

microscopia electrónica mostra uma substância osmiofílica granular característica na

camada média dos vasos perto das células musculares lisas(5, 73-75, 77, 78).

A biópsia da pele tem uma sensibilidade de 45% e uma especificidade de

100%(69).

16

O exame ultraestrutural da biópsia cutânea deve ser restrito a duas situações

raras: um teste molecular negativo num doente com clínica e características na RM

altamente sugestivas da CADASIL e a identificação de uma sequência variante de

significado desconhecido não envolvendo um resíduo de cisteína(11).

A coloração imuno-histoquímica das amostras de pele com um anticorpo

monoclonal específico para o NOTCH3, o qual pode revelar a acumulação da proteína

NOTCH3 na parede vascular, é altamente sensível (85-96%) e específica (95-100%) para

o diagnóstico de CADASIL(76, 79); esta ainda não está disponível comercialmente(3).

Teste genético

O teste genético é o gold standard para o diagnóstico da CADASIL. O screening

dos 23 exões que codificam os 34 EGFR do domínio extracelular do NOTCH3 tem uma

especificidade de 100%, quando uma mutação que leva a um número ímpar de resíduos

de cisteína num EGFR é detectada, e a sensibilidade é perto de 100%(80-82).

Mais de 95% das mutações são missense; as outras são pequenas deleções in-

frame ou mutações splice-site(80, 83-86). Praticamente todas as mutações levam a um

número ímpar de resíduos de cisteína num dado EGFR, sendo que a falta de

emparelhamento leva a uma alteração conformacional do domínio(80, 81, 83, 84, 86-90).

O teste genético está indicado se o paciente tem uma síndrome clínica

característica em combinação com achados neuro-imagiológicos característicos ou uma

história familiar positiva, particularmente se não há história de hipertensão. A

necessidade é mais questionável se um doente sem uma história familiar tem apenas

enxaqueca com aura e poucos hipersinais na RM ponderada em T2(11). Em familiares

adultos assintomáticos de doentes com CADASIL, o teste genético levanta as mesmas

questões psicológicas e éticas que nas outras doenças autossómicas dominantes de

início na idade adulta que levam a demência e a morte prematura, como a doença de

Huntington(91).

17

Genética e Patogénese

A CADASIL é uma doença autossómica dominante causada por mutações no

gene NOTCH3 que, por sua vez, localiza-se no cromossoma 19p13.1(92). Este gene

codifica um receptor transmembranar single-pass de 2321 aminoácidos com um domínio

extracelular contendo 34 EGFR, cada um incluindo seis resíduos de cisteína, 3 repetições

Notch/LIN-12 um domínio transmembranar e um domínio intracelular (contendo sete

repetições anquirina)(11, 87). Mais de 150 mutações têm sido reportadas em pelo menos

500 famílias(11). O NOTCH3 tem 33 exões mas todas as mutações associadas à

CADASIL ocorrem nos exões 2 a 24 (o que totaliza 23 exões); estes codificam os 34

EGFR(2, 86, 90), com clustering principalmente nos exões 3 e 4 e que codificam os

EGFR 2 a 5 (mais de 40% das mutações em mais de 70% das famílias ocorrem nestes

exões)(11). A maioria das mutações ocorre nos codões do exão 4, seguido pelos exões

3, 5 e 6(69, 80, 87). Mutações de novo têm sido relatadas mas a sua frequência exacta é

desconhecida(93, 94).

A genética da CADASIL está directamente ligada à da família de receptores

Notch. Estes receptores de superfície medeiam a transdução de sinal com ligandos

(como o Jagged e o Delta) das células vizinhas, que também são receptores

transmembranares. As mutações no NOTCH3 são responsáveis pela CADASIL, cuja

principal característica é a degeneração vascular, indicando que este sistema

desempenha um papel importante na manutenção da estabilidade estrutural e da função

das células musculares lisas vasculares (VSMC)(2). Um estudo em que se realizou

cultura de linfócitos do sangue periférico e de fibroblastos de doentes com CADASIL e de

controlos sugere que o Notch3 também está implicado na regulação da via apoptótica

intrínseca, sendo que na CADASIL há uma perda desta regulação(95).

A via de sinalização Notch tem vindo a ser altamente preservada por toda a

filogenia, possuindo um papel central no desenvolvimento embrionário da maioria dos

órgãos dos vertebrados, com múltiplos efeitos dependendo da dose e do contexto

celular(96), incluindo vários aspectos do desenvolvimento vascular como a

vasculogénese, angiogénese, remodelação vascular e diferenciação das VSMC(97).

Nos mamíferos, há 4 receptores NOTCH; enquanto outros genes do grupo Notch

são ubíquos, estudos com tecidos de embriões tardios e adultos de ratos e de seres

humanos demonstraram que NOTCH3 é expresso predominantemente nas VSMC,

preferencialmente em pequenas artérias(98, 99). Ratos modificados por engenharia

genética sem Notch3 têm defeitos estruturais proeminentes nas pequenas artérias devido

à diferenciação e maturação diminuídas das células musculares lisas arteriais.

18

Adicionalmente, ratos Notch3-null têm uma auto-regulação do fluxo sanguíneo cerebral e

um tónus miogénico vascular defeituosos(100, 101). Contudo, a perda total de NOTCH3

não causa patologia característica da CADASIL.

Assim como com todos os receptores NOTCH, o NOTCH3 é inicialmente

sintetizado como uma cadeia polipeptídica única, a qual subsequentemente sofre

processamento proteolítico constitutivo(98, 102). O NOTCH3 funciona na superfície

celular como um heterodímero composto pelo seu domínio extracelular (NOTCH3ECD)

ligado não covalentemente (ligação dependente do Ca2+) ao domínio intracelular

ancorado à membrana (NOTCH3TMIC). A união do ligando ao domínio ligand-binding inicia

uma série de clivagens proteolíticas que libertam o domínio intracelular do NOTCH, o

qual se transloca para o núcleo. Aqui, o domínio intracelular do NOTCH interage com o

factor de transcrição RBP-Jκ e co-activadores e activa a transcrição de genes alvo(103).

As mutações da CADASIL provocam a acumulação gradual de NOTCH3ECD sem

acumulação associada de NOTCH3TMIC, provavelmente pela redução da eficiência na

clearance do NOTCHECD(98). Este domínio forma agregados microscópicos à volta das

VSMC e pericitos das artérias e capilares cerebrais, em proximidade aos depósitos de

material osmiofílico granular (mas não dentro destes). No entanto, o facto de o

NOTCH3ECD ser parte do material osmiofílico granular ou não é muito debatido(76, 98,

104).

Os mecanismos moleculares pelos quais actuam as mutações da CADASIL

podem incluir alterações na activação do NOTCH3; contudo, a activação Notch clássica

não está alterada e, por isso, as lesões não podem ser explicadas somente por perda ou

ganho de função da via de sinalização clássica relacionada com o Notch3 (mediada por

CBF1/RBP-Jκ). Trabalhos recentes sugerem fortemente que estas mutações actuam

através de mecanismos neomórficos (ex.: funções tóxicas) em vez de um

comprometimento da função NOTCH3 normal. Ensaios com recurso a reporter gene em

células em cultura têm mostrado que a maioria dos alelos mutantes NOTCH3 associados

à CADASIL pode activar a transcrição RBP-Jκ a níveis semelhantes dos alelos do tipo

selvagem(15, 88, 105-107). Para além disso, estudos genéticos num modelo de rato da

CADASIL que expressa uma mutação representativa no EGFR2 (Arg90Cys) indicaram

que o receptor mutante retém a função normal nas artérias cerebrais apesar da

acumulação de NOTCH3ECD(82). Por contraste, algumas mutações que ocorrem

naturalmente no domínio ligand-binding (EGFR 10 e 11)(15, 88), correspondendo a 4%

dos doentes com CADASIL(108), resultam na redução da função do receptor NOTCH3.

Num estudo por Monet-Leprêtre et al.(108), foi sugerido que as mutações nos EGFR10-

11 estão associadas a performances cognitivas preservadas em comparação com os

doentes com outras mutações; no entanto, este genótipo estava associado a um maior

19

volume das hiperintensidades da substância branca. Esta discrepância pode estar

relacionada com a natureza das alterações subjacentes às hiperintensidades (lesões do

tecido cerebral menos destrutivas). Os dados correntes indicam que a alteração do

número de resíduos de cisteína, e não o efeito da mutação na sinalização, é o

denominador comum na CADASIL. Presentemente, a hipótese é que o ganho de nova

função pela proteína mutante, a qual pode ter origem em novas interacções proteína-

proteína, é um mecanismo provável para as mutações CADASIL; contudo, outros

mecanismos têm sido sugeridos(109-111).

Vários estudos com recurso a diversas técnicas imagiológicas têm demonstrado

uma diminuição precoce no fluxo sanguíneo cerebral e metabolismo, o que sugere

isquemia subcortical crónica(46, 112-114). A hemodinâmica cerebral comprometida

provavelmente resulta de alterações estruturais e funcionais nas artérias cerebrais.

Estudos através da autópsia de doentes com CADASIL têm exibido estenose das

arteríolas na substância branca(115-117) mas não nos gânglios basais, outra localização

comum de enfartes lacunares(117). Para além disso, a vaso-reactividade das pequenas

artérias penetrantes provavelmente está comprometida tanto pela fibrose vascular como

pela degeneração das células musculares lisas. Um estudo demonstrou que uma

reactividade cerebrovascular basal diminuída está associada a um maior aumento das

hiperintensidades da substância branca, mas não com um maior aumento dos enfartes

lacunares ou das micro-hemorragias(118). Além do mais, estudos funcionais têm

indicado um aumento reduzido no fluxo sanguíneo cerebral em resposta à inalação de

dióxido de carbono ou à infusão de acetazolamida em doentes com CADASIL(119, 120).

A reactividade está também alterada na microcirculação cutânea, com uma resposta de

hiperémia pós-oclusiva retardada (após a isquemia, a dilatação da microvasculatura tem

uma amplitude normal mas é dramaticamente prolongada)(121).

As alterações vasculares na CADASIL têm sido parcialmente demonstradas em

ratos transgénicos, nos quais é expressa uma proteína NOTCH3 humana com uma

mutação CADASIL prototípica (Arg90Cys) nas células musculares lisas. Estes ratos têm

a auto-regulação do fluxo cerebral diminuída (através da redução da capacidade de

relaxamento ou aumento da resistência vascular dos vasos de resistência) e o tónus

miogénico (induzido pela pressão) aumentado antes do aparecimento das anomalias

estruturais vasculares como a perda de células musculares lisas(122-124). Esta

observação sugere que a disfunção cerebrovascular pode contribuir para o despoletar da

doença, embora provavelmente não seja a causa da patologia porque estes ratos não

desenvolvem lesões parenquimatosas. Para além disto, num estudo por Stenborg et

al.(125), verificou-se que a vasodilatação dependente do endotélio está diminuída nas

artérias de resistência no antebraço dos doentes com CADASIL.

20

Há assim evidência significativa da existência de isquemia subcortical crónica na

CADASIL, o risco da qual aumenta com a idade. Esta isquemia pode causar enfartes

lacunares recorrentes e alterações micro-estruturais que se correlacionam com declínio

cognitivo e a incapacidade motora e finalmente levam a atrofia cortical e a apoptose

neuronal. Por outro lado, a patofisiologia dos outros dois sintomas principais –

perturbações do humor e enxaqueca com aura – é maioritariamente desconhecida(11).

21

Tratamento

Actualmente, apenas existe tratamento sintomático para a CADASIL.

Na profilaxia da enxaqueca com aura são utilizados os fármacos comuns como os

anti-epilépticos e os beta-bloqueadores. Segundo alguns artigos, a acetazolamida tem

sido eficaz nestes doentes(126, 127). Para o tratamento agudo são preferíveis os

analgésicos convencionais e os AINE’s(11).

A prevenção dos eventos isquémicos é baseada na utilização de agentes anti-

plaquetários (em vez de anti-coagulantes, pelo risco aumentado de hemorragia intra-

cerebral(128)) e no controlo/tratamento dos factores de risco cardiovasculares.

Num ensaio clínico randomizado em doentes com CADASIL, em que se testou a

eficácia do donepezil em pacientes com declínio cognitivo, verificou-se uma melhoria nas

várias mensurações da função executiva, embora a relevância clínica deste achado não

seja clara(129).

A fisioterapia, o apoio psicológico, os cuidados de enfermagem e o

aconselhamento genético são muito importantes nesta doença crónica.

22

Conclusão

Para além de ser a forma de angiopatia cerebral hereditária mais comum, a

CADASIL tem ganho grande interesse como um modelo da demência vascular

subcortical. Os mecanismos subjacentes aos sintomas desta doença estão longe serem

totalmente conhecidos e, por isso, devem continuar a ser realizados estudos em doentes

com CADASIL e em ratos transgénicos.

O desenvolvimento e a avaliação de protocolos para intervenção farmacológica e

reabilitação cognitiva devem ser uma prioridade.

23

Referências Bibliográficas

1. Behrouz R, Benbadis SR, Barkhans PE, Talavera F, Lopate G. CADASIL (Cerebral Autosomal

Dominant Artheriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy). 2008 [updated

2008/08/20; cited 2010 2010/10/03]; Available from:

http://emedicine.medscape.com/article/1423170-overview.

2. Andre C. CADASIL: pathogenesis, clinical and radiological findings and treatment. Arq

Neuropsiquiatr. 2010 Apr;68(2):287-99.

3. Lesnik Oberstein SA, Boon EMJ, Dichgans M. CADASIL [Cerebral Autosomal Dominant

Arteriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy]. 2009 [updated 2009/07/23;

cited 2010 2010/09/27]; Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1500/.

4. Opherk C, Peters N, Herzog J, Luedtke R, Dichgans M. Long-term prognosis and causes of death

in CADASIL: a retrospective study in 411 patients. Brain. 2004 Nov;127(Pt 11):2533-9.

5. Ruchoux MM, Maurage CA. CADASIL: Cerebral autosomal dominant arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy. J Neuropathol Exp Neurol. 1997 Sep;56(9):947-64.

6. Razvi SS, Davidson R, Bone I, Muir KW. The prevalence of cerebral autosomal dominant

arteriopathy with subcortical infarcts and leucoencephalopathy (CADASIL) in the west of Scotland.

J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2005 May;76(5):739-41.

7. Desmond DW, Moroney JT, Lynch T, Chan S, Chin SS, Mohr JP. The natural history of CADASIL:

a pooled analysis of previously published cases. Stroke. 1999 Jun;30(6):1230-3.

8. Chabriat H, Vahedi K, Iba-Zizen MT, Joutel A, Nibbio A, Nagy TG, et al. Clinical spectrum of

CADASIL: a study of 7 families. Cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts

and leukoencephalopathy. Lancet. 1995 Oct 7;346(8980):934-9.

9. Dichgans M, Mayer M, Uttner I, Bruning R, Muller-Hocker J, Rungger G, et al. The phenotypic

spectrum of CADASIL: clinical findings in 102 cases. Ann Neurol. 1998 Nov;44(5):731-9.

10. Chabriat H, Bousser MG. Neuropsychiatric manifestations in CADASIL. Dialogues Clin

Neurosci. 2007;9(2):199-208.

11. Chabriat H, Joutel A, Dichgans M, Tournier-Lasserve E, Bousser MG. Cadasil. Lancet Neurol.

2009 Jul;8(7):643-53.

12. Reyes S, Viswanathan A, Godin O, Dufouil C, Benisty S, Hernandez K, et al. Apathy: a major

symptom in CADASIL. Neurology. 2009 Mar 10;72(10):905-10.

13. Meschia JF, Brott TG, Brown RD, Jr. Genetics of cerebrovascular disorders. Mayo Clin Proc.

2005 Jan;80(1):122-32.

24

14. Razvi SS, Davidson R, Bone I, Muir KW. Is inadequate family history a barrier to diagnosis in

CADASIL? Acta Neurol Scand. 2005 Nov;112(5):323-6.

15. Joutel A, Monet M, Domenga V, Riant F, Tournier-Lasserve E. Pathogenic mutations

associated with cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy differently affect Jagged1 binding and Notch3 activity via the RBP/JK

signaling Pathway. Am J Hum Genet. 2004 Feb;74(2):338-47.

16. van den Boom R, Lesnick Oberstein SA, van den Berg-Huysmans AA, Ferrari MD, van Buchem

MA, Haan J. Cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy: structural MR imaging changes and apolipoprotein E genotype. AJNR Am J

Neuroradiol. 2006 Feb;27(2):359-62.

17. Peters N, Herzog J, Opherk C, Dichgans M. A two-year clinical follow-up study in 80 CADASIL

subjects: progression patterns and implications for clinical trials. Stroke. 2004 Jul;35(7):1603-8.

18. Fattapposta F, Restuccia R, Pirro C, Malandrini A, Locuratolo N, Amabile G, et al. Early

diagnosis in cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy (CADASIL): the role of MRI. Funct Neurol. 2004 Oct-Dec;19(4):239-42.

19. Chabriat H, Levy C, Taillia H, Iba-Zizen MT, Vahedi K, Joutel A, et al. Patterns of MRI lesions in

CADASIL. Neurology. 1998 Aug;51(2):452-7.

20. Verin M, Rolland Y, Landgraf F, Chabriat H, Bompais B, Michel A, et al. New phenotype of the

cerebral autosomal dominant arteriopathy mapped to chromosome 19: migraine as the

prominent clinical feature. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1995 Dec;59(6):579-85.

21. Caplan LR. Binswanger's disease--revisited. Neurology. 1995 Apr;45(4):626-33.

22. Williamson EE, Chukwudelunzu FE, Meschia JF, Witte RJ, Dickson DW, Cohen MD.

Distinguishing primary angiitis of the central nervous system from cerebral autosomal dominant

arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy: the importance of family history.

Arthritis Rheum. 1999 Oct;42(10):2243-8.

23. Yanagawa S, Ito N, Arima K, Ikeda S. Cerebral autosomal recessive arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy. Neurology. 2002 Mar 12;58(5):817-20.

24. Vahedi K, Chabriat H, Levy C, Joutel A, Tournier-Lasserve E, Bousser MG. Migraine with aura

and brain magnetic resonance imaging abnormalities in patients with CADASIL. Arch Neurol. 2004

Aug;61(8):1237-40.

25. Sabbadini G, Francia A, Calandriello L, Di Biasi C, Trasimeni G, Gualdi GF, et al. Cerebral

autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leucoencephalopathy (CADASIL).

Clinical, neuroimaging, pathological and genetic study of a large Italian family. Brain. 1995

Feb;118 ( Pt 1):207-15.

25

26. Singhal S, Bevan S, Barrick T, Rich P, Markus HS. The influence of genetic and cardiovascular

risk factors on the CADASIL phenotype. Brain. 2004 Sep;127(Pt 9):2031-8.

27. Adib-Samii P, Brice G, Martin RJ, Markus HS. Clinical spectrum of CADASIL and the effect of

cardiovascular risk factors on phenotype: study in 200 consecutively recruited individuals. Stroke.

2010 Apr;41(4):630-4.

28. Roine S, Poyhonen M, Timonen S, Tuisku S, Marttila R, Sulkava R, et al. Neurologic symptoms

are common during gestation and puerperium in CADASIL. Neurology. 2005 Apr 26;64(8):1441-3.

29. Dong Y, Hassan A, Zhang Z, Huber D, Dalageorgou C, Markus HS. Yield of screening for

CADASIL mutations in lacunar stroke and leukoaraiosis. Stroke. 2003 Jan;34(1):203-5.

30. Herve D, Mangin JF, Molko N, Bousser MG, Chabriat H. Shape and volume of lacunar infarcts:

a 3D MRI study in cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy. Stroke. 2005 Nov;36(11):2384-8.

31. Choi EJ, Choi CG, Kim JS. Large cerebral artery involvement in CADASIL. Neurology. 2005 Oct

25;65(8):1322-4.

32. O'Sullivan M, Rich PM, Barrick TR, Clark CA, Markus HS. Frequency of subclinical lacunar

infarcts in ischemic leukoaraiosis and cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical

infarcts and leukoencephalopathy. AJNR Am J Neuroradiol. 2003 Aug;24(7):1348-54.

33. Cumurciuc R, Guichard JP, Reizine D, Gray F, Bousser MG, Chabriat H. Dilation of Virchow-

Robin spaces in CADASIL. Eur J Neurol. 2006 Feb;13(2):187-90.

34. Maclean AV, Woods R, Alderson LM, Salloway SP, Correia S, Cortez S, et al. Spontaneous

lobar haemorrhage in CADASIL. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2005 Mar;76(3):456-7.

35. Oh JH, Lee JS, Kang SY, Kang JH, Choi JC. Aspirin-associated intracerebral hemorrhage in a

patient with CADASIL. Clin Neurol Neurosurg. 2008 Apr;110(4):384-6.

36. Lesnik Oberstein SA, van den Boom R, van Buchem MA, van Houwelingen HC, Bakker E,

Vollebregt E, et al. Cerebral microbleeds in CADASIL. Neurology. 2001 Sep 25;57(6):1066-70.

37. Dichgans M, Holtmannspotter M, Herzog J, Peters N, Bergmann M, Yousry TA. Cerebral

microbleeds in CADASIL: a gradient-echo magnetic resonance imaging and autopsy study. Stroke.

2002 Jan;33(1):67-71.

38. Viswanathan A, Guichard JP, Gschwendtner A, Buffon F, Cumurcuic R, Boutron C, et al. Blood

pressure and haemoglobin A1c are associated with microhaemorrhage in CADASIL: a two-centre

cohort study. Brain. 2006 Sep;129(Pt 9):2375-83.

39. Valenti R, Poggesi A, Pescini F, Inzitari D, Pantoni L. Psychiatric disturbances in CADASIL: a

brief review. Acta Neurol Scand. 2008 Nov;118(5):291-5.

40. Kumar SK, Mahr G. CADASIL presenting as bipolar disorder. Psychosomatics. 1997 Jul-

Aug;38(4):397-8.

26

41. Pantoni L, Pescini F, Inzitari D, Dotti MT. Postpartum psychiatric disturbances as an

unrecognized onset of CADASIL. Acta Psychiatr Scand. 2005 Sep;112(3):241; author reply 2.

42. Leyhe T, Wiendl H, Buchkremer G, Wormstall H. CADASIL: underdiagnosed in psychiatric

patients? Acta Psychiatr Scand. 2005 May;111(5):392-6; discussion 6-7.

43. Trojano L, Ragno M, Manca A, Caruso G. A kindred affected by cerebral autosomal dominant

arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy (CADASIL). A 2-year

neuropsychological follow-up. J Neurol. 1998 Apr;245(4):217-22.

44. Henao-Arboleda E, Aguirre-Acevedo DC, Pacheco C, Yamile-Bocanegra O, Lopera F.

Monitoring cognitive characteristics in a population with hereditary cerebrovascular disease

(CADASIL) in Colombia. Rev Neurol. 2007 Dec 16-31;45(12):729-33.

45. Buffon F, Porcher R, Hernandez K, Kurtz A, Pointeau S, Vahedi K, et al. Cognitive profile in

CADASIL. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2006 Feb;77(2):175-80.

46. Mellies JK, Baumer T, Muller JA, Tournier-Lasserve E, Chabriat H, Knobloch O, et al. SPECT

study of a German CADASIL family: a phenotype with migraine and progressive dementia only.

Neurology. 1998 Jun;50(6):1715-21.

47. Amberla K, Waljas M, Tuominen S, Almkvist O, Poyhonen M, Tuisku S, et al. Insidious

cognitive decline in CADASIL. Stroke. 2004 Jul;35(7):1598-602.

48. Peters N, Opherk C, Danek A, Ballard C, Herzog J, Dichgans M. The pattern of cognitive

performance in CADASIL: a monogenic condition leading to subcortical ischemic vascular

dementia. Am J Psychiatry. 2005 Nov;162(11):2078-85.

49. Charlton RA, Morris RG, Nitkunan A, Markus HS. The cognitive profiles of CADASIL and

sporadic small vessel disease. Neurology. 2006 May 23;66(10):1523-6.

50. Almkvist O. Cognitive syndrome(s) in preclinical and clinical vascular dementia. Int

Psychogeriatr. 2003;15 Suppl 1:127-31.

51. Benisty S, Hernandez K, Viswanathan A, Reyes S, Kurtz A, O'Sullivan M, et al. Diagnostic

criteria of vascular dementia in CADASIL. Stroke. 2008 Mar;39(3):838-44.

52. O'Sullivan M, Ngo E, Viswanathan A, Jouvent E, Gschwendtner A, Saemann PG, et al.

Hippocampal volume is an independent predictor of cognitive performance in CADASIL. Neurobiol

Aging. 2009 Jun;30(6):890-7.

53. Viswanathan A, Gschwendtner A, Guichard JP, Buffon F, Cumurciuc R, O'Sullivan M, et al.

Lacunar lesions are independently associated with disability and cognitive impairment in CADASIL.

Neurology. 2007 Jul 10;69(2):172-9.

54. Liem MK, van der Grond J, Haan J, van den Boom R, Ferrari MD, Knaap YM, et al. Lacunar

infarcts are the main correlate with cognitive dysfunction in CADASIL. Stroke. 2007 Mar;38(3):923-

8.

27

55. O'Sullivan M, Barrick TR, Morris RG, Clark CA, Markus HS. Damage within a network of white

matter regions underlies executive dysfunction in CADASIL. Neurology. 2005 Nov 22;65(10):1584-

90.

56. Bruening R, Dichgans M, Berchtenbreiter C, Yousry T, Seelos KC, Wu RH, et al. Cerebral

autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy: decrease in

regional cerebral blood volume in hyperintense subcortical lesions inversely correlates with

disability and cognitive performance. AJNR Am J Neuroradiol. 2001 Aug;22(7):1268-74.

57. O'Sullivan M, Singhal S, Charlton R, Markus HS. Diffusion tensor imaging of thalamus

correlates with cognition in CADASIL without dementia. Neurology. 2004 Mar 9;62(5):702-7.

58. Viswanathan A, Godin O, Jouvent E, O'Sullivan M, Gschwendtner A, Peters N, et al. Impact of

MRI markers in subcortical vascular dementia: a multi-modal analysis in CADASIL. Neurobiol

Aging. 2010 Sep;31(9):1629-36.

59. Van Gerpen JA, Ahlskog JE, Petty GW. Progressive supranuclear palsy phenotype secondary

to CADASIL. Parkinsonism Relat Disord. 2003 Aug;9(6):367-9.

60. Miranda M, Dichgans M, Slachevsky A, Urbina F, Mena I, Venegas P, et al. CADASIL presenting

with a movement disorder: a clinical study of a Chilean kindred. Mov Disord. 2006 Jul;21(7):1008-

12.

61. Wegner F, Strecker K, Schwarz J, Wagner A, Heinritz W, Sommerer F, et al. Vascular

parkinsonism in a CADASIL case with an intact nigrostriatal dopaminergic system. J Neurol. 2007

Dec;254(12):1743-5.

62. Phillips JS, King JA, Chandran S, Prinsley PR, Dick D. Cerebral autosomal dominant

arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy (CADASIL) presenting with sudden

sensorineural hearing loss. J Laryngol Otol. 2005 Feb;119(2):148-51.

63. Rufa A, Cerase A, Monti L, Battisti C, Forte F, Federico A, et al. Acute vestibular syndrome in a

patient with cerebral autosomal dominant leukoencephalopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy (CADASIL). J Neurol Sci. 2008 Aug 15;271(1-2):211-3.

64. Sicurelli F, Dotti MT, De Stefano N, Malandrini A, Mondelli M, Bianchi S, et al. Peripheral

neuropathy in CADASIL. J Neurol. 2005 Oct;252(10):1206-9.

65. Lesnik Oberstein SA, Jukema JW, Van Duinen SG, Macfarlane PW, van Houwelingen HC,

Breuning MH, et al. Myocardial infarction in cerebral autosomal dominant arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy (CADASIL). Medicine (Baltimore). 2003

Jul;82(4):251-6.

66. Cumurciuc R, Henry P, Gobron C, Vicaut E, Bousser MG, Chabriat H, et al. Electrocardiogram

in cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy

28

patients without any clinical evidence of coronary artery disease: a case-control study. Stroke.

2006 Apr;37(4):1100-2.

67. Auer DP, Putz B, Gossl C, Elbel G, Gasser T, Dichgans M. Differential lesion patterns in

CADASIL and sporadic subcortical arteriosclerotic encephalopathy: MR imaging study with

statistical parametric group comparison. Radiology. 2001 Feb;218(2):443-51.

68. O'Sullivan M, Jarosz JM, Martin RJ, Deasy N, Powell JF, Markus HS. MRI hyperintensities of

the temporal lobe and external capsule in patients with CADASIL. Neurology. 2001 Mar

13;56(5):628-34.

69. Markus HS, Martin RJ, Simpson MA, Dong YB, Ali N, Crosby AH, et al. Diagnostic strategies in

CADASIL. Neurology. 2002 Oct 22;59(8):1134-8.

70. Chabriat H, Mrissa R, Levy C, Vahedi K, Taillia H, Iba-Zizen MT, et al. Brain stem MRI signal

abnormalities in CADASIL. Stroke. 1999 Feb;30(2):457-9.

71. Herve D, Godin O, Dufouil C, Viswanathan A, Jouvent E, Pachai C, et al. Three-dimensional

MRI analysis of individual volume of Lacunes in CADASIL. Stroke. 2009 Jan;40(1):124-8.

72. van den Boom R, Lesnik Oberstein SA, Ferrari MD, Haan J, van Buchem MA. Cerebral

autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy: MR imaging

findings at different ages--3rd-6th decades. Radiology. 2003 Dec;229(3):683-90.

73. Ruchoux MM, Chabriat H, Bousser MG, Baudrimont M, Tournier-Lasserve E. Presence of

ultrastructural arterial lesions in muscle and skin vessels of patients with CADASIL. Stroke. 1994

Nov;25(11):2291-2.

74. Ruchoux MM, Guerouaou D, Vandenhaute B, Pruvo JP, Vermersch P, Leys D. Systemic

vascular smooth muscle cell impairment in cerebral autosomal dominant arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy. Acta Neuropathol. 1995;89(6):500-12.

75. Ebke M, Dichgans M, Bergmann M, Voelter HU, Rieger P, Gasser T, et al. CADASIL: skin biopsy

allows diagnosis in early stages. Acta Neurol Scand. 1997 Jun;95(6):351-7.

76. Joutel A, Favrole P, Labauge P, Chabriat H, Lescoat C, Andreux F, et al. Skin biopsy

immunostaining with a Notch3 monoclonal antibody for CADASIL diagnosis. Lancet. 2001 Dec

15;358(9298):2049-51.

77. Goebel HH, Meyermann R, Rosin R, Schlote W. Characteristic morphologic manifestation of

CADASIL, cerebral autosomal-dominant arteriopathy with subcortical infarcts and

leukoencephalopathy, in skeletal muscle and skin. Muscle Nerve. 1997 May;20(5):625-7.

78. Tikka S, Mykkanen K, Ruchoux MM, Bergholm R, Junna M, Poyhonen M, et al. Congruence

between NOTCH3 mutations and GOM in 131 CADASIL patients. Brain. 2009 Apr;132(Pt 4):933-9.

29

79. Lesnik Oberstein SA, van Duinen SG, van den Boom R, Maat-Schieman ML, van Buchem MA,

van Houwelingen HC, et al. Evaluation of diagnostic NOTCH3 immunostaining in CADASIL. Acta

Neuropathol. 2003 Aug;106(2):107-11.

80. Peters N, Opherk C, Bergmann T, Castro M, Herzog J, Dichgans M. Spectrum of mutations in

biopsy-proven CADASIL: implications for diagnostic strategies. Arch Neurol. 2005 Jul;62(7):1091-4.

81. Joutel A, Vahedi K, Corpechot C, Troesch A, Chabriat H, Vayssiere C, et al. Strong clustering

and stereotyped nature of Notch3 mutations in CADASIL patients. Lancet. 1997 Nov

22;350(9090):1511-5.

82. Monet M, Domenga V, Lemaire B, Souilhol C, Langa F, Babinet C, et al. The archetypal R90C

CADASIL-NOTCH3 mutation retains NOTCH3 function in vivo. Hum Mol Genet. 2007 Apr

15;16(8):982-92.

83. Dichgans M, Herzog J, Gasser T. NOTCH3 mutation involving three cysteine residues in a

family with typical CADASIL. Neurology. 2001 Nov 13;57(9):1714-7.

84. Dichgans M, Ludwig H, Muller-Hocker J, Messerschmidt A, Gasser T. Small in-frame deletions

and missense mutations in CADASIL: 3D models predict misfolding of Notch3 EGF-like repeat

domains. Eur J Hum Genet. 2000 Apr;8(4):280-5.

85. Dotti MT, De Stefano N, Bianchi S, Malandrini A, Battisti C, Cardaioli E, et al. A novel NOTCH3

frameshift deletion and mitochondrial abnormalities in a patient with CADASIL. Arch Neurol. 2004

Jun;61(6):942-5.

86. Joutel A, Chabriat H, Vahedi K, Domenga V, Vayssiere C, Ruchoux MM, et al. Splice site

mutation causing a seven amino acid Notch3 in-frame deletion in CADASIL. Neurology. 2000 May

9;54(9):1874-5.

87. Joutel A, Corpechot C, Ducros A, Vahedi K, Chabriat H, Mouton P, et al. Notch3 mutations in

cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy

(CADASIL), a mendelian condition causing stroke and vascular dementia. Ann N Y Acad Sci. 1997

Sep 26;826:213-7.

88. Peters N, Opherk C, Zacherle S, Capell A, Gempel P, Dichgans M. CADASIL-associated Notch3

mutations have differential effects both on ligand binding and ligand-induced Notch3 receptor

signaling through RBP-Jk. Exp Cell Res. 2004 Oct 1;299(2):454-64.

89. Federico A, Bianchi S, Dotti MT. The spectrum of mutations for CADASIL diagnosis. Neurol Sci.

2005 Jun;26(2):117-24.

90. Wang T, Baron M, Trump D. An overview of Notch3 function in vascular smooth muscle cells.

Prog Biophys Mol Biol. 2008 Jan-Apr;96(1-3):499-509.

91. Walker FO. Huntington's disease. Lancet. 2007 Jan 20;369(9557):218-28.

30

92. Joutel A, Ducros A, Alamowitch S, Cruaud C, Domenga V, Marechal E, et al. A human homolog

of bacterial acetolactate synthase genes maps within the CADASIL critical region. Genomics. 1996

Dec 1;38(2):192-8.

93. Joutel A, Dodick DD, Parisi JE, Cecillon M, Tournier-Lasserve E, Bousser MG. De novo

mutation in the Notch3 gene causing CADASIL. Ann Neurol. 2000 Mar;47(3):388-91.

94. Coto E, Menendez M, Navarro R, Garcia-Castro M, Alvarez V. A new de novo Notch3

mutation causing CADASIL. Eur J Neurol. 2006 Jun;13(6):628-31.

95. Formichi P, Radi E, Battisti C, Di Maio G, Tarquini E, Leonini A, et al. Apoptosis in CADASIL: an

in vitro study of lymphocytes and fibroblasts from a cohort of Italian patients. J Cell Physiol. 2009

May;219(2):494-502.

96. Gridley T. Notch signaling in vascular development and physiology. Development. 2007

Aug;134(15):2709-18.

97. Iso T, Hamamori Y, Kedes L. Notch signaling in vascular development. Arterioscler Thromb

Vasc Biol. 2003 Apr 1;23(4):543-53.

98. Joutel A, Andreux F, Gaulis S, Domenga V, Cecillon M, Battail N, et al. The ectodomain of the

Notch3 receptor accumulates within the cerebrovasculature of CADASIL patients. J Clin Invest.

2000 Mar;105(5):597-605.

99. Prakash N, Hansson E, Betsholtz C, Mitsiadis T, Lendahl U. Mouse Notch 3 expression in the

pre- and postnatal brain: relationship to the stroke and dementia syndrome CADASIL. Exp Cell

Res. 2002 Aug 1;278(1):31-44.

100. Domenga V, Fardoux P, Lacombe P, Monet M, Maciazek J, Krebs LT, et al. Notch3 is

required for arterial identity and maturation of vascular smooth muscle cells. Genes Dev. 2004

Nov 15;18(22):2730-5.

101. Belin de Chantemele EJ, Retailleau K, Pinaud F, Vessieres E, Bocquet A, Guihot AL, et al.

Notch3 is a major regulator of vascular tone in cerebral and tail resistance arteries. Arterioscler

Thromb Vasc Biol. 2008 Dec;28(12):2216-24.

102. Logeat F, Bessia C, Brou C, LeBail O, Jarriault S, Seidah NG, et al. The Notch1 receptor is

cleaved constitutively by a furin-like convertase. Proc Natl Acad Sci U S A. 1998 Jul 7;95(14):8108-

12.

103. Schweisguth F. Regulation of notch signaling activity. Curr Biol. 2004 Feb 3;14(3):R129-38.

104. Ishiko A, Shimizu A, Nagata E, Takahashi K, Tabira T, Suzuki N. Notch3 ectodomain is a major

component of granular osmiophilic material (GOM) in CADASIL. Acta Neuropathol. 2006

Sep;112(3):333-9.

31

105. Karlstrom H, Beatus P, Dannaeus K, Chapman G, Lendahl U, Lundkvist J. A CADASIL-mutated

Notch 3 receptor exhibits impaired intracellular trafficking and maturation but normal ligand-

induced signaling. Proc Natl Acad Sci U S A. 2002 Dec 24;99(26):17119-24.

106. Haritunians T, Chow T, De Lange RP, Nichols JT, Ghavimi D, Dorrani N, et al. Functional

analysis of a recurrent missense mutation in Notch3 in CADASIL. J Neurol Neurosurg Psychiatry.

2005 Sep;76(9):1242-8.

107. Low WC, Santa Y, Takahashi K, Tabira T, Kalaria RN. CADASIL-causing mutations do not alter

Notch3 receptor processing and activation. Neuroreport. 2006 Jul 17;17(10):945-9.

108. Monet-Lepretre M, Bardot B, Lemaire B, Domenga V, Godin O, Dichgans M, et al. Distinct

phenotypic and functional features of CADASIL mutations in the Notch3 ligand binding domain.

Brain. 2009 Jun;132(Pt 6):1601-12.

109. Arboleda-Velasquez JF, Rampal R, Fung E, Darland DC, Liu M, Martinez MC, et al. CADASIL

mutations impair Notch3 glycosylation by Fringe. Hum Mol Genet. 2005 Jun 15;14(12):1631-9.

110. Opherk C, Duering M, Peters N, Karpinska A, Rosner S, Schneider E, et al. CADASIL

mutations enhance spontaneous multimerization of NOTCH3. Hum Mol Genet. 2009 Aug

1;18(15):2761-7.

111. Takahashi K, Adachi K, Yoshizaki K, Kunimoto S, Kalaria RN, Watanabe A. Mutations in

NOTCH3 cause the formation and retention of aggregates in the endoplasmic reticulum, leading

to impaired cell proliferation. Hum Mol Genet. 2010 Jan 1;19(1):79-89.

112. Chabriat H, Bousser MG, Pappata S. Cerebral autosomal dominant arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy: a positron emission tomography study in two

affected family members. Stroke. 1995 Sep;26(9):1729-30.

113. Tuominen S, Miao Q, Kurki T, Tuisku S, Poyhonen M, Kalimo H, et al. Positron emission

tomography examination of cerebral blood flow and glucose metabolism in young CADASIL

patients. Stroke. 2004 May;35(5):1063-7.

114. Tatsch K, Koch W, Linke R, Poepperl G, Peters N, Holtmannspoetter M, et al. Cortical

hypometabolism and crossed cerebellar diaschisis suggest subcortically induced disconnection in

CADASIL: an 18F-FDG PET study. J Nucl Med. 2003 Jun;44(6):862-9.

115. Baudrimont M, Dubas F, Joutel A, Tournier-Lasserve E, Bousser MG. Autosomal dominant

leukoencephalopathy and subcortical ischemic stroke. A clinicopathological study. Stroke. 1993

Jan;24(1):122-5.

116. Okeda R, Arima K, Kawai M. Arterial changes in cerebral autosomal dominant arteriopathy

with subcortical infarcts and leukoencephalopathy (CADASIL) in relation to pathogenesis of diffuse

myelin loss of cerebral white matter: examination of cerebral medullary arteries by reconstruction

of serial sections of an autopsy case. Stroke. 2002 Nov;33(11):2565-9.

32

117. Miao Q, Paloneva T, Tuominen S, Poyhonen M, Tuisku S, Viitanen M, et al. Fibrosis and

stenosis of the long penetrating cerebral arteries: the cause of the white matter pathology in

cerebral autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy.

Brain Pathol. 2004 Oct;14(4):358-64.

118. Liem MK, Lesnik Oberstein SA, Haan J, Boom R, Ferrari MD, Buchem MA, et al.

Cerebrovascular reactivity is a main determinant of white matter hyperintensity progression in

CADASIL. AJNR Am J Neuroradiol. 2009 Jun;30(6):1244-7.

119. Pfefferkorn T, von Stuckrad-Barre S, Herzog J, Gasser T, Hamann GF, Dichgans M. Reduced

cerebrovascular CO(2) reactivity in CADASIL: A transcranial Doppler sonography study. Stroke.

2001 Jan;32(1):17-21.

120. Chabriat H, Pappata S, Ostergaard L, Clark CA, Pachot-Clouard M, Vahedi K, et al. Cerebral

hemodynamics in CADASIL before and after acetazolamide challenge assessed with MRI bolus

tracking. Stroke. 2000 Aug;31(8):1904-12.

121. Gobron C, Vahedi K, Vicaut E, Stucker O, Laemmel E, Baudry N, et al. Characteristic features

of in vivo skin microvascular reactivity in CADASIL. J Cereb Blood Flow Metab. 2007 Feb;27(2):250-

7.

122. Ruchoux MM, Domenga V, Brulin P, Maciazek J, Limol S, Tournier-Lasserve E, et al.

Transgenic mice expressing mutant Notch3 develop vascular alterations characteristic of cerebral

autosomal dominant arteriopathy with subcortical infarcts and leukoencephalopathy. Am J

Pathol. 2003 Jan;162(1):329-42.

123. Dubroca C, Lacombe P, Domenga V, Maciazek J, Levy B, Tournier-Lasserve E, et al. Impaired

vascular mechanotransduction in a transgenic mouse model of CADASIL arteriopathy. Stroke.

2005 Jan;36(1):113-7.

124. Lacombe P, Oligo C, Domenga V, Tournier-Lasserve E, Joutel A. Impaired cerebral

vasoreactivity in a transgenic mouse model of cerebral autosomal dominant arteriopathy with

subcortical infarcts and leukoencephalopathy arteriopathy. Stroke. 2005 May;36(5):1053-8.

125. Stenborg A, Kalimo H, Viitanen M, Terent A, Lind L. Impaired endothelial function of

forearm resistance arteries in CADASIL patients. Stroke. 2007 Oct;38(10):2692-7.

126. Weller M, Dichgans J, Klockgether T. Acetazolamide-responsive migraine in CADASIL.

Neurology. 1998 May;50(5):1505.

127. Forteza AM, Brozman B, Rabinstein AA, Romano JG, Bradley WG. Acetazolamide for the

treatment of migraine with aura in CADASIL. Neurology. 2001 Dec 11;57(11):2144-5.

128. Choi JC, Kang SY, Kang JH, Park JK. Intracerebral hemorrhages in CADASIL. Neurology. 2006

Dec 12;67(11):2042-4.

33

129. Dichgans M, Markus HS, Salloway S, Verkkoniemi A, Moline M, Wang Q, et al. Donepezil in

patients with subcortical vascular cognitive impairment: a randomised double-blind trial in

CADASIL. Lancet Neurol. 2008 Apr;7(4):310-8.