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1 OS SISTEMAS E AS SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS Introdução O termo extrapiramidal foi introduzido por Kinnier Wilson (1912) quando descreveu a degeneração hepatolenticular pelo acúmulo de cobre nos gânglios da base devido ao déficit da enzima cerulosplasmina. Os pacientes tinham um tipo de distúrbio motor, diferentes dos piramidais, os quais foram associados aos gânglios da base, sendo esses cleos os componentes mais importantes do sistema extrapiramidal (SE). O reconhecimento do corpo estriado no controle dos movimentos foi outra contribuição realizada pelo médico americano George Huntington, 1872, para justificar os efeitos de outro sistema que não o piramidal. Mas, a história do SE começou com experimentos em macacos e humanos e seus resultados mostraram que havia outra via eferente além da piramidal. Fulton admite dois SE: via motora cerebelar e sistema motor extrapiramidal propriamente dito ou sistema córticoestriadomesencefálico. Mas, o SE não forma um agrupamento tão bem definido. Não pode ser definido como um conjunto exclusivamente subcortical devido sua dupla conexão aferente e eferente com o córtex cerebral. Constitui um grupo de organizações nervosas complexas que não estão diretamente relacionadas com a produção do movimento voluntário, mas com a integração e a atividade da regulação da função muscular. Na realidade, SE é mais um conceito funcional do que anatômico com suas desordens hipocinéticas e hipercinéticas, advindas primariamente de estudos de pacientes com doenças neurológicas e, cuja integração, segue a do sistema motor periférico. A hipocinesia significa redução de amplitude do movimento, mas é usada também para representar a bradcinesia ou redução na velocidade do movimento, podendo ser associado com tremor, rigidez e instabilidade da marcha como no: parkinsonismo puro e parkinsonismo plus. Por sua vez, a hipercinesia significa excesso de movimento e geralmente se refere a uma ampla variedade de movimentos involuntários anormais ou discinesias, sendo classificada pela regularidade, velocidade e duração dos movimentos como: atetose, balismo, coréia, distonia,

Sindrome Extrapiramidais

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Page 1: Sindrome Extrapiramidais

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OS SISTEMAS E AS SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS

Introdução

O termo extrapiramidal foi introduzido por Kinnier Wilson (1912) quando descreveu a

degeneração hepatolenticular pelo acúmulo de cobre nos gânglios da base devido ao déficit da

enzima cerulosplasmina. Os pacientes tinham um tipo de distúrbio motor, diferentes dos

piramidais, os quais foram associados aos gânglios da base, sendo esses núcleos os componentes

mais importantes do sistema extrapiramidal (SE). O reconhecimento do corpo estriado no

controle dos movimentos foi outra contribuição realizada pelo médico americano George

Huntington, 1872, para justificar os efeitos de outro sistema que não o piramidal. Mas, a história

do SE começou com experimentos em macacos e humanos e seus resultados mostraram que

havia outra via eferente além da piramidal. Fulton admite dois SE: via motora cerebelar e sistema

motor extrapiramidal propriamente dito ou sistema córticoestriadomesencefálico.

Mas, o SE não forma um agrupamento tão bem definido. Não pode ser definido como um

conjunto exclusivamente subcortical devido sua dupla conexão aferente e eferente com o córtex

cerebral. Constitui um grupo de organizações nervosas complexas que não estão diretamente

relacionadas com a produção do movimento voluntário, mas com a integração e a atividade da

regulação da função muscular. Na realidade, SE é mais um conceito funcional do que anatômico

com suas desordens hipocinéticas e hipercinéticas, advindas primariamente de estudos de

pacientes com doenças neurológicas e, cuja integração, segue a do sistema motor periférico. A

hipocinesia significa redução de amplitude do movimento, mas é usada também para

representar a bradcinesia ou redução na velocidade do movimento, podendo ser associado com

tremor, rigidez e instabilidade da marcha como no: parkinsonismo puro e parkinsonismo plus.

Por sua vez, a hipercinesia significa excesso de movimento e geralmente se refere a uma ampla

variedade de movimentos involuntários anormais ou discinesias, sendo classificada pela

regularidade, velocidade e duração dos movimentos como: atetose, balismo, coréia, distonia,

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espasmo hemifacial, resposta hiperecplexa, mioclonia, estereotipia, tics e tremor. Portanto, o SE

está relacionado com a execução dos movimentos automáticos e a regulação do tônus muscular,

particularmente dos reflexos tônicos relacionados com as posturas e o equilíbrio, os quais são

integrados nos gânglios da base (GB).

Generalidades

O SE nos vertebrados inferiores é o órgão mais importante de integração motora sem influência

cortical que aparecem nos peixes, anfíbios, répteis e aves. A motricidade automática sofre

diferenciação na evolução da simplicidade dos peixes até o aperfeiçoamento nos primatas. Do

ponto de vista filogenético, consideramos a existência de dois sistemas automáticos: primário e

secundário.

1. O sistema motor primário é complexo e independe dos estímulos advindos do meio ambiente.

São movimentos de ordem instintiva, ligados a preservação da espécie. No homem encontramos

os movimentos automáticos como sucção, mastigação, deglutição, choro e, as reações de defesa,

de medo, fuga ou ataque. As estruturas responsáveis pela integração desses sistemas

automáticos são o arquiestriado e o paleoestriado, que estão em conexão com o tálamo (vida

efetiva), hipotálamo (vida vegetativa), e o lobo orbitário (vida instintiva). 2. Os movimentos

automáticos secundários são mais complexos porque transmitem transição dos movimentos

automáticos aos voluntários. Não dependem dos movimentos estereotipados dos automatismos

primários e quase independentes dos estímulos ambientais. No homem encontramos os

movimentos automáticos de aquisição remota como nadar, andar, andar de bicicleta, etc., que

dependem do aprendizado; enquanto que os movimentos involuntários de aquisição social como

escrever no teclado do computador, tocar piano, dirigir automóvel passam pelo processo

progressivo de aprendizado até ficarem perfeitamente organizados, que mais nada representam

que atos práxicos. Os movimentos automáticos secundários dependem de áreas psicomotoras

corticais que se projetam pelo circuito de reverberação, cuja aferência é feita por um vasto

circuito que percorre curta distância, córticoestriado (áreas corticais, núcleo caudado e

putâmem) e uma eferência cujo circuito sai do globo pálido, tálamo e chega de volta ao córtex

cerebral.

Page 3: Sindrome Extrapiramidais

3

ANATOMOFISIOLOGIA

Os anatomistas reconhecem o SE como um sistema corticofugal do tipo não-piramidal ou

prépiramidal e, não mais, como SE propriamente dito. Merece destaque a via motora cerebelar

chamada de córticopontocerebelar que é filogeneticamente mais antiga do que o sistema

extrapiramidal propriamente dito, aparecendo “pari passu” no neocórtex de primatas e em

humanos. O SE distingue três níveis: 1) Andar superior, que é formado pelas áreas corticais

extrapiramidais, sobretudo as localizadas na área prémotora; 2) Andar intermediário, que

engloba os diversos núcleos subcorticais, tais como neoestriado (núcleo caudado e putâmen) e o

paleoestriado (globo pálido), subtalâmico de Luys, núcleo rubro e substância negra; 3) Andar

inferior, que é composto pela formação reticular do teto do mesencéfalo e do rombencéfalo. A

medula espinhal Fig. 01

Surós, 81

recebe em nível do

seu corno anterior

a influência das

fibras

extrapiramidais

descendentes

integradas nos

seguintes feixes:

rubroespinhal,

vestibuloespinhal,

olivoespinhal e

retículoespinhal

que se originam

em feixes a partir

de núcleos

organizados no

tronco cerebral

(Fig.1).

Page 4: Sindrome Extrapiramidais

4

Diante dessas contradições, a definição de SE continua ser usada do ponto de vista clínico. Os GB

que mais contribuem para o SE e são os mais importantes para a clínica são: núcleo caudado

(NC), putâmen, globo pálido (GP), substância negra (SN), e núcleo subtalâmico de Luys (NST).

Além do controle dos movimentos voluntários, os GB têm conexões envolvendo o sistema

límbico com os aspectos emocionais do movimento, bem como as conexões com o sistema

óculomotor e com a cognição. Alguns autores incluem outros núcleos cinzentos como:

substância inominada (SI), núcleo acumbens (NA), claustrum, amígdala, substância perfurada

anterior (SPA) e tubérculo olfatório (TO); os quais não fazem parte dos SSEE e a maioria não está

funcionalmente relacionada com os GB. Existem duas divisões nos GB, que formam dois

sistemas: o estriado dorsal e o estriado ventral. A primeira é formada pelo núcleo caudado e

putâmen, relacionada

Brodal, 84

nenhum dos dois sistemas tem importância (Fig.2).

Fig. 02

principalmente com o

SE; e o estriado ventral

que é constituído do

NA, da porção anterior

da SPA e do TO, cujas

conexões estão mais

relacionadas com o

sistema límbico.

Similarmente, existe um

sistema pálido dorsal (o

próprio globo pálido) e

um pálido ventral (a

porção posterior da

substância perfurada

anterior). Mas, do

ponto de vista clínico,

Page 5: Sindrome Extrapiramidais

5

Via motora cerebelar

Também chamada de via motora indireta, o sistema corticopontocerebelar trata-se de uma

cadeia neuronal que começa em áreas bem definidas do córtex cerebral, atinge a ponte, termina

no córtex cerebelar; volta pelo núcleo denteado onde se divide em: um ramo ascendente como

dentadotálamocortical e um ramo descendente dentadorubroespinhal. Os primeiros neurônios

desse circuito situam-se na área prémotora 6 de Brodmann, área préfrontal 10 de Brodmann,

áreas temporais 20 e 21 de Brodmann, área 7 ou parietal superior de Brodmann e área 19

paraestriada occipital de Brodmann. Os neurônios são de tamanho grande, mas não são gigantes

como os da área 4 de Brodmann, e projetam seus axônios sobre os núcleos da ponte

constituindo quatro fascículos: frontopontino de Arnold, têmporopontino de Türck-Meynert,

parietopontino e occipitopontino. Os quatro feixes descem pela cápsula interna, em seguida pelo

pedúnculo cerebral e fazem sinapses com os núcleos pontinos que estão situados na porção

ventral da ponte, circundados pelos fascículos do feixe corticoespinhal; em seguida os axônios do

segundo neurônio cruzam a linha média e entram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio e

terminam no córtex cerebelar, veja a figura 1. Após integração no córtex cerebelar, das células

de Purkinge saem os axônios para a porção ventrolateral do núcleo denteado; os axônios do

quarto neurônio saem do núcleo denteado pelo pedúnculo cerebelar superior, cruzam a linha

média na decussação de Wernekink no mesencéfalo e terminam em dois lugares distintos: um na

porção magnocelular do núcleo rubro e outra no núcleo ventrolateral (NVL) do tálamo. Do

núcleo rubro as fibras terminam diretamente e, indiretamente via formação reticular, nos

núcleos dos pares cranianos; enquanto as fibras rubroespinhais cruzam a linha média na

decussação de Forel para descerem pelo tronco cerebral e terminam nos núcleos motores da

medula. Mas, uma pequena porção de axônios sai da porção magnocelular do núcleo rubro para

terminar no núcleo ventrolateral do tálamo. As fibras do núcleo denteado fazem sinapse no NVL

do tálamo e os axônios do terceiro neurônio eferente ascendem pela cápsula interna em direção

ao córtex cerebral e terminam nas áreas 4 e 6 de Brodmann. A via motora cerebelar tem baixo

controle sobre a eumetria e sinergia dos movimentos, mas governa a medida, velocidade e

direção dos movimentos, fazendo com que os músculos se contraiam no tempo e em ordem

determinada (Fig.3).

Page 6: Sindrome Extrapiramidais

6

Fig. 03

Surós, 81

Sistema motor extrapiramidal propriamente dito

Devido sua história antiga, o sistema córticoestriadotegmentar de Fulton constitui um sistema

paleoencefálico. No córtex seus neurônios saem da área prémotora 6 de Brodmann, a qual

subdivide-se em áreas 6a, 6b, e a primeira em 6a α e 6a β. Também existem outras áreas

extrapiramidais, as áreas supressoras 4s, 8s, 2s, 19s e 24s. Além de outras áreas como 3, 2 e 1,

parietais e 4 motora de Brodmann, também contribuem para o SE. Uma das mais importantes

funções desse sistema está na hierarquia funcional da área 6 sobre a área 4 de Brodmann. Por

exemplo, não existe reciprocidade entre as áreas 4 e 6 de Brodmann, apenas da área 6 para 4 de

Brodmann. Outro componente importante são os neurônios que saem da área 4s de Hines,

situada no fundo da fissura précentral, dando origem ao feixe justapiramidal que se mistura com

o feixe córticoespinhal até alcançar a formação reticular no bulbo, tendo a função específica de

inibir o funcionamento na ponta anterior da medula, produzindo diminuição do tônus muscular e

dos reflexos. As áreas 8s, 4s e 2s conectam-se respectivamente com: a cabeça, corpo e cauda do

núcleo caudado. Ainda recebe fibras das áreas 6, 8, 9 e 13 no lobo frontal, área 19 no lobo

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occipital e área 24 no giro do cíngulo. Esse núcleo envia fibras para o globo pálido, putâmen, SN e

NSL. O putâmen recebe fibras do núcleo caudado, SN, NSL, e as áreas 4 e 6 de Brodmann. Envia

fibras para o GP, NST e SN. As áreas 3, 1 e 2 do lobo parietal e as áreas 4 e 6 do lobo frontal

projetam-se diretamente sobre o núcleo rubro. As áreas 4s de Hines, 4 e 6 de Brodmann

projetam seus axônios sobre a SN, NST e núcleos da formação reticular, veja figuras 1, 2 e 3.

A partir do nível intermédio do sistema partem quatro dos feixes mais importantes no contexto

anatomofisiológico dos SE:

1. Fascículo rubroespinhal de Von Monakow se origina do núcleo rubro (NR). Esse núcleo é

formado por uma coluna longa de substancia cinzenta, situada no mesencéfalo, que se estende

ao diencéfalo, sendo derivada da formação reticular. É constituído por duas porções

ontofilogenéticas: o paleorubro situado no terço caudal, mais antigo, magnocelular, formado por

poucas e grandes células que se projetam para o peleocerebelo (núcleos emboliforme e

globoso); e o neorubro, mais recente, constituído por numerosas e pequenas células que

recebem fibras do núcleo denteado do cerebelo. Ambos dão origem ao trato rubroespinhal que

após a decussação ventral de Forel, vai situar-se na medula imediatamente à frente do trato

corticoespinhal, estendendo-se até os limites lombossacros em interneurônios somatotópicos. A

função do NR está relacionada com o tônus muscular, sendo que as lesões da porção

parvocelular do NR apresenta-se com hipotonia; enquanto que as lesões na porção do

magnocelular ou do feixe rubroespinhal apresentam-se com hipertonia e tremor do tipo

cerebelar ou parkinsoniano; as lesões que estão na porção média do NR apresentam tremor

parkinsoniano por perda da inibição rubronígrica sobre a área reticular pontomesecefálica

geradora do tremor: área tremorogênica.

2. Fascículo tectoespinhal se origina no tegmento do mesencéfalo, na região da lâmina

quadrigêmea que se encontra além dos colículos, num aglomerado de grandes células cujos

axônios se juntam aos provenientes dos colículos superiores e contornando a substância cinzenta

periaquedutal, cruzam para o lado oposto na decussação tegmentar ventral de Meynert. Assim

se formam os tratos tectais mediais, que descem o tronco cerebral medialmente e vão terminar

nas células da medula cervical. Outras fibras que vêm dos colículos superiores, cruzam

dorsalmente ao aqueduto e formam o trato tectomesencefálicoespinhal lateral que atingem

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níveis medulares mais caudais que o medial. Os colículos superiores recebem fibras das áreas 17,

18 e 19 de Brodmann, enquanto os colículos inferiores formam um relé da via acústica,

recebendo colaterais do leminisco lateral. Tais relações possibilitam as respostas de defesa de

cabeça, dos olhos e membros superiores através dos estímulos luminosos e sonoros.

3. Vestíbuloespinhal é um trato originado a partir do núcleo vestibular lateral (NVL) de Deiters.

Esse núcleo está situado no nível de entrada do nervo vestibular no assoalho do IV ventrículo. É

formado por células gigantes com certas diferenças regionais quanto a número e tamanho.

Praticamente todas as células do NVL contribuem para a formação do trato vestíbuloespinhal

(TVE) ipsilateral que desce por toda extensão da medula espinhal na parte anterior do funículo

lateral numa velocidade que varia de 24 a 140 m\s. Esse trato é organizado somatotopicamente,

porque as células da parte dorsocaudais do NVL projetam-se para a região lombossacra da

medula, enquanto as células da porção rostrocaudais projetam-se para os segmentos cervicais. O

TVE tem uma influência 3 a 5 vezes maior sobre as intumescências do que nos segmentos

torácicos. As fibras do TVE nos segmentos cervicais dão origem a colaterais que entram na

lamina IX e em partes das laminas VII e VIII de Rexed. Considera-se que esse trato exerça uma

influência facilitadora sobre a atividade reflexa somática da medula espinhal e sobre os

mecanismos que controlam o tônus muscular dos músculos extensores. Considera-se que uma

grande parte dos efeitos facilitadores sobre os neurônios motores-α é mediada tanto mono

como bissinapticamente por meio dos interneurônios nas laminas VII e VIII. A influência do TVE

sobre os neurônios-γ parece ser exercida sobre neurônios estáticos, monossinápticos e

excitatórios. Motoneurônios-γ flexores e extensores parecem ser facilitados e inibidos,

respectivamente. Motoneurônios α e γ dentro de um determinado pool de motoneurônios

parecem ser ativados em paralelo pelo núcleo de Deiters, e suas atividades parecem ser

intimamente relacionadas. .

4. O feixe retículoespinhal (FRE) é constituído pelos componentes lateral e medial. O FRE pontino

se origina de um aglomerado de células no tegmento pontino medial, denominados de núcleos

pontinos caudal e oral. O núcleo reticular pontino caudal começa no tegmento pontino caudal e

se estende rostralmente até o núcleo motor do trigêmio. O FRE pontino é quase ipsilateral e

desce por toda extensão da medula, pela parte medial do funículo anterior, área sulcomarginal,

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na lâmina VIII e parte da lâmina VII. Ainda no tronco encefálico e medula associa-se ao fascículo

longitudinal medial. Sua estimulação excitação os neurônios motores tanto mono como

polissinápticos que suprem os músculos axiais e dos membros, sendo que os efeitos mais fortes

são nos músculos axiais do pescoço com padrão facilitador. O FRE bulbar origina-se nos dois

terços mediais da formação reticular do bulbo. A maioria das fibras origina-se no núcleo

gigantocelular situado posterior ao complexo olivar inferior e lateralmente à região

paramediana. O FRE bulbar é bilateral, sendo que as fibras que cruzam no bulbo são mais

numerosas do que as não cruzadas; descem à medula pela parte anterior dos funículos laterais,

terminando na lâmina VII e algumas na lâmina I com padrão inibidor. A maioria dos impulsos da

formação reticular que influenciam os neurônios motores gama mediados pelos neurônios

internunciais dos segmentos das lâminas VII e VIII. Entre os impulsos estão respostas simpáticas

que promovem aumento da pressão arterial. As funções mais importantes do FRE são as de:

facilitar o movimento voluntário, induzido pelo córtex e atividade reflexa; influenciar o tônus

muscular, provavelmente pelo sistema-γ; afetar as atividades fásicas associadas à respiração;

exercer efeitos pressores e depressores sobre o sistema circulatório; exercer influências

facilitadoras e inibidores sobre a transmissão central dos impulsos sensoriais. As fibras

retículoespinhais especiais surgem do núcleo magno da rafe no bulbo e do núcleo pontino da

rafe. Essas fibras descem à medula, bilateralmente pelo funículo dorsolateral, terminando na

intumescência cervical nas lâminas I, II e V de Rexed, tendo um efeito analgésico pelas ações da

serotonina sobre os neurônios sensitivos. A via corticoreticuloespinhal origina-se de áreas difusas

do córtex, sendo que a maioria sai da área motora 6 de Brodmann. Projeta-se bilateral na

formação reticular nos núcleos da ponte e bulbo, sendo que à maioria é cruzada, terminando na

medula com velocidade de condução que varia entre 20 a 138 m\s, veja a figura 19.

O significado funcional desse sistema é o de regular todos os movimentos em relação ao próprio

corpo e ao espaço de acordo com a vivência do individuo, que compreende também os

engramas de sua musculatura convenientemente treinada. Entre elas estão: 1. Regular os

movimento voluntários mediante circuito reverberante entre o córtex e os núcleos do primeiro e

segundo níveis; 2. Regular a contração tônica, facilitando a produção de hipertonia dos músculos

agonistas e relaxando os antagonistas; 3. Produz os movimentos automáticos, instintivos e

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mímicos; 4. Adaptação das posições instintivas de equilíbrio e adaptação dos movimentos aos

estímulos ópticos e auditivos.

O CORPO ESTRIADO

O nome de corpo estriado vem do fato de que essa massa cinzenta não tem coloração nem

textura homogêneas. A cápsula interna o atravessa e envia a seu interior ramos que o estriam.

Essa estrutura consiste de duas partes distintas: o neoestriado (núcleo caudado e o putâmen)

que é derivado da parede lateral da vesícula telencefálica, sendo a maior parte do corpo

estriado, mas carente em ferro; e a outra parte é o paleoestriado (globo pálido) que deriva da

lâmina basal do diencéfalo, sendo rica em ferro. A porção da vesícula telencefálica forma

inicialmente uma massa única, mais tarde as fibras da cápsula interna produzem um

deslocamento incompleto da mesma em duas partes secundárias: NC e o putâmen. Existem duas

outras estruturas antigas que mantêm íntimo contato com o neoestriado e com peleoestriado: a

SN e o NST, respectivamente. Outro componente importante, que não faz parte do corpo

estriado, mas divide-o, é a cápsula interna (CI). O núcleo accumbens tem uma relação

ontogenética mais íntima com NC e o putâmen do que com os núcleos septais, mas tem

projeções para o GP e a SN (Fig.4).

Fig. 04

Lent, 05

Os GB são muito susceptíveis à

anóxia, degenerações

perivasculares e acúmulo de

substâncias como o cobre na

doença de Wilson, o cálcio na

doença de Fahr, pigmentos

biliares no Kernicterus e ferro na

doença de Hallervorden-Spatz; o

que evidencia uma qualidade

especial da rede capilar e da

barreira hematoencefálica nessa região. Como mostrado no diagrama abaixo, as setas indicam

projeções funcionais (não indicam o trajeto anatômico) de uma vasta rede neural interconecta os

núcleos dos GB. O fluxo do tráfego neural dá-se principalmente da esquerda para a direita. A

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atividade no NC segue para o putâmen e o GP, que por sua vez se projeta para os núcleos

talâmicos ventroanterior (VA), ventrolateral (VL), centromediano (CM), núcleo subtalâmico de

Luys (NST), hipotálamo (H), núcleo rubro (NR), substância negra (SN) e tegmento ventrolateral e

núcleo pedúnculo pontino (TVL). Além disso, os núcleos ventrais ST, H, NR, SN e TVL enviam

projeções de volta ao GP. Finalmente, o SN envia projeções tanto para o putâmen como para o

NC. A estrutura eferente mais importante dos GB é o GPi, suas fibras eferentes formam a alça

lenticular (Fig.5).

Fig. 05

Eyzaguirre, 77

O neoestriado

O núcleo caudado (NC) é uma

massa cinzenta alongada e

arqueada que se relaciona, por

um lado em toda sua extensão

com a superfície do ventrículo

lateral e, por outro com a ínsula.

Seu comprimento é de 70

milímetros; sua largura é de 20

milímetros na altura da cabeça

que diminui até chegar a 2 milímetros na altura da cauda. A cabeça do núcleo caudado é

separada do putâmen pelas fibras do braço anterior da CI, exceto rostralmente, aonde a

continuidade é mantida. A cabeça do núcleo caudado é uma massa de substancia cinzenta em

forma de pêra, com protuberância no aspecto lateral do corno frontal do ventrículo lateral; seu

corpo estende-se ao longo da margem dorsolateral do tálamo, do qual é separado pela estria

terminalis e pela veia tálamoestriada; seu comprimento corre para trás no assoalho do

ventrículo, depois se dirige para baixo e para frente no teto do corno temporal e limita-se com a

amígdala, estabelecendo relação com o núcleo central do complexo amigdalóide. O putâmen é

grande, mede 45 milímetros de comprimento, localiza-se abaixo da CI na região insular. A parte

maior e mais lateral localiza-se entre a cápsula externa e a lâmina medular lateral do GP. É

atravessado por inúmeros fascículos de fibras mielinizadas no sentido ventromedial, na direção

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12

do GP. O putâmen é separado da ínsula pelo claustrum, sendo a cápsula externa por dentro e a

cápsula extrema por fora do claustrum (Fig.6).

Fig. 06

DeJong, 06

O NC e o putâmen são semicontínuos, separados pelas fibras que fluem do braço anterior da

cápsula interna. A estrutura mielínica do NC é simples. Aparece sulcada de fascículos cujo volume

aumenta da parte anterior ao ventrículo para a posterior à CI. Esses fascículos compreendem

fibras externas, médias e internas. As fibras mais externas passam por cima do putâmen e

penetram na lâmina medular externa; as fibras médias chegam à lâmina medular interna, ora

diretamente, ora depois de ter seguido um curto trajeto do GP; enquanto as fibras mais internas

seguem esse último núcleo e se unem as fibras que saem pelo vértice. As fibras dessas lâminas

medulares atravessam o GP, constituindo as fibras radiadas, que vão à asa lenticular. No

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putâmen as fibras seguem direção de fora para dentro, atravessam as lâminas medulares e

terminam na asa lenticular, ou chegam ao GP onde se misturam com as fibras radiadas. A

substância cinzenta e branca alterna como estrias, originando o nome estriado. Feixes finamente

mielinizados, com fibras de pequeno diâmetro chamadas de lápis de Wilson cruzam o estriado

em direção ao GP, que também contribui na aparência marmórea. Inferiormente, logo abaixo da

substancia perfurada anterior, a cabeça do núcleo caudado se funde com a parte inferior do

putâmen, e é medialmente contínuo com o núcleo acumbens (Fig.7).

Fig. 07

No neoestriado se distingue dois tipos de neurônios: os neurônios espinhosos constituem 95 a

96% do total dos neurônios do estriado e os não espinhosos; quanto à histologia, essas duas

espécies de células são chamadas alomorfa. De acordo com os neurotransmissores o neoestriado

pode ser dividido em dois grupos: um que utiliza ácido gama-aminobutírico (GABA) e como co-

transmissor encefalina (ENC) que é o tipo de célula mais comum no estriado e o outro que utiliza

GABA e como co-transmissor a substância P (SP) ou dinorfina. O primeiro projeta-se ao GPe pela

via estriadopalidal e o segundo à substância negra e ao GPi pela via estriadonigral-pálidointerno.

Page 14: Sindrome Extrapiramidais

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Histologicamente o núcleo caudado e o putâmen são idênticos; eles têm uma origem

embriológica comum. Os neurônios são de duas categoriais: 1. Com dendritos espiculados; 2 com

dendritos lisos.

Os neurônios espiculados são mais numerosos, as células são redondas de tamanho médio,

emitem múltiplos dendritos primários revestidos de espículas e axônios longos. Existem dois

tipos neurônios estriatais espiculados. Os neurônios espiculados Golgi tipo I que têm axônios

longos e que dão origem a colaterais distais e os neurônios espiculados Golgi tipo II são maiores

e dão origem as colaterais proximais. Existem três tipos de neurônios estriatais não espiculados.

1. Os neurônios tipo II de Golgi contêm axônios curtos e corpos grandes chamados de células de

Hunt. Essas células são colinérgicas e servem como o principal alvo das fibras nigroestriadas no

neoestriado, servindo como equilíbrio entre as reações da dopamina e do GABA. Esses neurônios

possuem uma ramificação dendrítica muito extensa, o que lhes permitem perceber e integrar

informações de regiões relativamente grandes do estriado e, por isso, são considerados

neurônios de associação mais importantes do núcleo.

2. A maioria dos neurônios grandes não espiculados tipo I de Golgi de corpo ovóide é gabaérgico

e outros são mediados pelo neuropeptídeo Y e à somatostatina, sendo que esse último contém a

óxido nítrico sintetase para produzir ou modular o óxido nítrico. A maioria possui no citoplasma

uma proteína aceptora de cálcio, parvalbumina, e uma minoria de neurônios tem outra proteína

aceptora de cálcio, calretinina, e um núcleo com uma reentrância. Todos esses neurônios

utilizam como co-transmissores a substância P, neurotensina ou hormônio liberador da

tireotrofina. Esses interneurônios são os principais responsáveis pelos mecanismos inibitórios do

estriado.

3. Os neurônios de tamanho médio e soma redondo também são gabaérgicos e utilizam como

co-transmissores somatostatina e neuropeptídeo Y; seu citoplasma possui a enzima óxido nítrico

sintetase que intervém na síntese de óxido nítrico (ON). O ON tem ação vasodilatadora, e o

bloqueio de sua produção no estriado reduz a liberação de todos os neurotransmissores do

núcleo (GABA, glutamato, acetilcolina e dopamina). Esses neurônios são importantes para o

funcionamento geral do estriado, pois pode modificar o fluxo sanguíneo local e modular a

Page 15: Sindrome Extrapiramidais

15

liberação de neurotransmissores e intervir nos potenciais sinápticos de potenciação de longo

prazo.

Fig. 08

Carpenter, 99

(Fig. 8) O diagrama acima,

mostra neurônios estriatais

espiculados (cor amarelo) e

não espiculados (cor cinza)

com informações e vias de

saída e neurotransmissores;

as fibras córticoestriatais

(cor azul) originam-se em

quase todas as áreas do

córtex cerebral e,

provavelmente, tem

glutamato como

neurotransmissor

excitatório. As fibras

tálamoestriadas (cor preto)

originam-se em grande parte

do complexo nuclear

centromediano-

parafascicular. Seu

neurotransmissor não foi

identificado. As fibras nigroestriatais (cor vermelho) originam-se na parte compacta da SN e

conduzem dopamina para as terminações dos neurônios estriatais espiculados. As fibras do

núcleo dorsal da rafe (cor verde) conduzem serotonina para o estriado e para a SNr. Os

neurônios estriatais espiculados (cor amarelo) contêm GABA, encefalina e substância P em varias

combinações, mas o GABA é o dominante dos neurônios espiculados tipo I e do tipo II. As fibras e

terminações de diferentes neurônios espiculados GABA-érgicos projetam-se para cada um dos

segmentos do GP, embora apenas as projeções para o GPi sejam mostradas aqui. As fibras dos

neurônios espiculados que contêm encefalina projetam-se para o GPe, enquanto as que contêm

Page 16: Sindrome Extrapiramidais

16

substância P se projetam para o GPi. Uma população isolada de neurônios estriatais espiculados

que contêm esses mesmos neurotransmissores, projeta-se para a parte reticular da SN (não

mostrado). Os neurônios não espiculados (cor cinza) são neurônios estriatais intrínsecos. Os do

tipo I parecem conter GABA, neuropeptídeo Y e somatostatina. As terminações de neurônios

colinérgicos gigantes contatam todas as partes dos neurônios estriatais espiculados que recebem

projeções nigroestriatais e dos neurônios intrínsecos regulam o equilíbrio estriatal de dopamina

e GABA. O neurotransmissor dos neurônios não espiculados do tipo III não foi identificado.

Do ponto de vista histoquímico, a microestrutura do neoestriado consiste de zonas ricas de

acetilcolinesterase que circundam zonas pobres dessa enzima. As ricas recebem o nome de

matriz e as pobres de estriossomos ou mosaico de detalhes que compõem 10 a 20% do volume

do estriado. A matriz recebe aferências do córtex cerebral associativo e sensóriomotor, enquanto

os estriossomos recebem aferências do sistema límbico. As aferências neocorticais agrupam-se

de maneira a inervar um determinado conjunto de neurônios de projeção da matriz, os quais

representam módulos funcionais elementares, similares às colunas do córtex cerebral. Os

estriossomos primariamente contêm SP e ENC. Os neurônios encefalinérgicos têm receptores

dopaminérgicos D2; os neurônios SP têm receptores D1. No caudado os estriossomos têm uma

alta concentração de dopamina comparada com a matriz. O padrão estriossomo-matriz não é

evidente no putâmen, que consiste principalmente de estriossomos. Os neurônios colinérgicos

da matriz são facilitadores na projeção dos neurônios e são inibidos pela dopamina. A enzima

conversora de angiotensina foi encontrada no estriado, talvez implicada em algum mecanismo

bioquímico.

Aferências ao neoestriado

O neoestriado é a principal estrutura receptora dos núcleos da base. O território sensóriomotor

do estriado origina-se nas áreas motoras préfrontais e nas áreas sensoriais parietais, terminando

principalmente na matriz do putâmen e em uma pequena região dorsolateral do caudado. No

putâmen há uma distribuição somatotópica dessas aferências corticais no sentido láteromedial,

com o membro inferior na posição dorsolateral e a cabeça ventromedial e, entre ambos, o

membro superior. Os neurônios glutamatérgicos que se originam de células piramidais pequenas

Page 17: Sindrome Extrapiramidais

17

nas camadas V e VI de todo o neocórtex ipsilateral e bilateral (células piramidais não se projetam

para o núcleo caudado, mas para o putâmen sim).

O território associativo origina-se nas áreas corticais associativas frontais, parietais e temporais

para se projetar especialmente na matriz do NC e em menor proporção ao putâmen rostral. As

funções desse território são cognitivo-comportamentais. O putâmen também recebe aferentes

do tálamo com input sensorial e cognitivo, vindas do núcleo centromediano e as fibras do núcleo

parafascicular projetam-se para o NC. A cabeça do núcleo caudado recebe projeções do lobo

frontal, o corpo do NC dos lobos parietal e occipital, e a cauda do NC do lobo temporal. O input

maciço do lobo frontal para a cabeça do núcleo caudado é maior do que o que recebe o resto do

núcleo. Essas conexões formam o substrato anatômico para o papel do caudado na cognição. O

caudado também recebe fibras do núcleo dorsomedial e ventroanterior do tálamo (fibras

tálamoestriadas) e do putâmen. As conexões do putâmen são mais localizadas; ele recebe fibras

das áreas corticais 4 e 6 de Brodmann e área 2 de Brodmann do lobo parietal, áreas 8 e 9 de

Brodmann dos centros motores prérrolandicos que são essencialmente as mesmas áreas que

fazem o trato corticoespinhal. O putâmen também recebe fibras da SN pelo feixe em pente e,

também tem, uma grande conexão com o caudado.

As fibras que vêm do núcleo basolateral da amígdala para a região ventromedial do NC e para

partes ventrocaudais do putâmen sugerem que o estriado pode ser dividido em porções

límbicas, relacionadas com Fig. 09

Carpenter, 99

fenômenos comportamentais,

e as não límbicas. Enquanto, a

via noradrenérgica que se

destina ao neoestriado é uma

colateral do sistema

noradrenérgico que se origina

no lócus coeruleus e tem

projeção ascendente para o

córtex cerebral, sistema

límbico e hipotálamo; esse

Page 18: Sindrome Extrapiramidais

18

sistema está relacionado com mecanismo do sono e vigília. Já as terminações serotoninérgicas

que atingem o neoestriado são colaterais de neurônios originados dos núcleos da rafe, os quais

ascendem para o córtex e sistema límbico e estão relacionados com mecanismos do humor.

(Fig. 9) O diagrama acima, mostra as projeções córticoestriadas bilaterais organizadas

somatotopicamente da área motora primária 4 de Brodmann até o putâmen. A projeção

ipsilateral é muito maior que a contralateral. As projeções da área da perna do córtex motor

estão em vermelho e as do braço e da face estão em preto e azul, respectivamente. O córtex

prémotor projeta-se ipsilateralmente ao NC e ao putâmen; o córtex préfrontal projeta fibras para

todas as partes do NC.

Eferências do neoestriado

O caudado envia fibras para o tálamo (fibras estriadotalâmica) e para o putâmen e GP. As fibras

eferentes primárias do estriado se projetam para o GP e SN. As fibras estriadopalidal do caudado

correm diretamente através do braço anterior da cápsula interna, e aquelas do putâmen se

projetam medialmente através da lâmina medular externa no GP. As eferências neoestriatais

inibidoras que se destinam ao GP e à SN são mediadas pelo GABA. O território sensóriomotor do

estriado projeta-se para as áreas ventrolaterais do GPi e do GPe, o território associativo às

regiões dorsomediais e o território límbico inerva o GPi. A eferência estriatonigral excitadora é

mediada pela SP, um peptídeo encontrado em altas concentrações na SN. Inerva principalmente

a SNr e exerce uma ação inibidora. As fibras originadas no território associativo inervam as

partes rostrais da SNr. As provenientes do território sensóriomotor do putâmen terminam na

parte caudal da SNr. As do território límbico se superpõem às dos outros territórios na SNr e na

Fig. 10

Carpenter, 99

área de Tsai. Postula-se uma via

estriatopalidal mediada pela

ENC e LEU-ENC, devido à alta

concentração desses peptídeos

no NC e GP.

(Fig.10) O diagrama acima,

mostra o sistema de feed-back

Page 19: Sindrome Extrapiramidais

19

estriatonigral em plano sagital. As fibras estriatonigral (cor azul) que se projetam sobre células da

parte reticular da SN têm como neurotransmissores o GABA, ENC e substância P, mas o GABA é

dominante. Os agrupamentos entremesclados na parte compacta da SN dão origem a fibras

nigroestriadas ( cor vermelho) que conduzem dopamina para terminações no núcleo caudado ou

putâmen que terminam em padrão de mosaico.

O paleoestriado

O GP é filogeneticamente mais antigo do que o neoestriado, bem desenvolvido em vertebrados

inferiores. Os feixes de fibras mielinizadas que atravessam o GP lhes dão aparência descorada em

relação ao caudado e putâmen. O GP situa-se medial ao putâmen e lateral à cápsula interna e

uma fina lâmina medular lateral o separa do putâmen. Internamente, o GP é dividido pela lâmina

medular interna em um GP externo (GPe) e um GP interno (GPi). Ainda existe uma lâmina

medular acessória, menos distinta, que divide o GPi em duas partes interna e externa que dão

origem a fibras eferentes distintas. Os dendritos palidais são revestidos por botões sinápticos, o

que sugere que um dendrito deve receber informação de múltiplos axônios neoestriatais. A

união do GP pela parte interna e do putâmen pela externa formam funcionalmente o núcleo

lenticular. As células do GP são predominantemente grandes neurônios fusiformes com

dendritos longos e lisos que se arborizam paralelos às lâminas medulares. O GPe constitui cerca

de 70% do GP e contém a maioria dos neurônios do tipo GABAérgicos e menos frequente

colinérgicos. O neuropeptídeo associado é a SP no GPi e ENC no GPe.

Aferências ao paleoestriado

Os principais aferentes do GP são do caudado e putâmen. Os neurônios neoestriatais espiculados

projetam-se para o GP e SN. Populações diferentes de neurônios projetam-se para o GPe e GPi,

tendo GABA como mediador. Mas, as fibras neoestriatais originadas em região não límbicas e

límbicas projetam-se para o GPe conduzindo ENC e, as para o GPi, SP. O NST também envia fibras

para o GP no fascículo subtalâmico; algumas passam através da CI no segmento medial do GP,

algumas cruzam na comissura supraóptica de Gudden, tendo a glicina como mediador químico

inibidor. Existem também fibras da SNc para o GP. O GP também recebe impulsos do núcleo

dorsomedial e VA do tálamo, através das fibras talamoestriadas no pedúnculo talâmico inferior,

Page 20: Sindrome Extrapiramidais

20

e da área 6 de Brodmann e possivelmente área 4 de Brodmann através de colaterais

corticoespinhais.

Eferências do paleoestriado

Os eferentes do GP são a principal saída dos GB. Existem quatro grandes feixes: a) o fascículo

lenticular; b) a asa lenticular; c) as fibras pálidotegmentares; d) as fibras palidosubtalâmicas que

surgem do GPe. As fibras palidofugais são discutidas em termos de suas relações com os campos

de Forel. Portanto, Augusto Forel realizou estudos anatômicos dos GB e região subtalâmica,

usando técnicas degenerativas. Forel identificou campos na área subtalâmica e GB, e rotulou por

“H”, por causa de sua semelhança com um chapéu de plumas: Existem os campos de Forel H, H1

e H2; esses se referem a diferentes feixes de fibras que cursam na região do NR, NST e zona

incerta (ZI). O campo tegmentar ou prérubral (campo H de Forel) situa-se logo rostral ao NR, e

primariamente contém fibras dentadotalâmica vindas do pedúnculo cerebelar superior

contralateral e fibras rubrotalâmica do NR ipsilateral ascendentes em direção ao tálamo através

da região subtalâmica. As fibras dentadotalâmicas e rubrotalâmicas formam uma cápsula em

torno do NR; a porção dessa cápsula um pouco rostral ao NR é o campo prérubral ou H de Forel.

O fluxo de fibras palidofugais no campo prérubral volta para acima e quando essas fibras

ascendem em direção ao tálamo, o campo prérubral divide-se em lâmina dorsal e ventral; a

divisão dorsal consiste do fascículo lenticular (campo H2 de Forel), a divisão ventral é o fascículo

talâmico (campo H1 de Forel).

Tanto a alça como o fascículo lenticular tem a mesma origem, GPi, e o mesmo destino, o tálamo;

a diferença é que o fascículo lenticular penetra através, e a alça lenticular roda em volta da

cápsula interna. Ambos passam através do campo H e ambos juntam-se ao fascículo talâmico. O

fascículo lenticular emerge da superfície dorsal do GPi, e depois perfura a cápsula interna para

situar-se logo acima do NST e abaixo da ZI. A alça lenticular emerge da superfície ventral do GPi,

corre ventromedialmente para a alça em volta do braço posterior da cápsula interna, e depois

entra no campo prérubral. Após atravessar a CI, o fascículo lenticular se junta à alça lenticular no

bordo medial da ZI; ambos depois entram como fascículo talâmico logo acima da ZI.

Page 21: Sindrome Extrapiramidais

21

Fig. 11 Carpenter, 99 (Fig. 11) O diagrama acima,

mostra a origem e trajeto

das fibras eferentes

palidais que formam a alça

lenticular e o fascículo

lenticular. As fibras da alça

lenticular (cor vermelho)

originam-se na porção externa do GPi (lateral à lâmina medular acessória, linha tracejada) e

fazem trajeto dorsal e ventromedial. As fibras do fascículo lenticular (cor preto) originam-se na

porção interna do GPi (medial à lâmina medular acessória, linha tracejada) e fazem trajeto dorsal

e medial através das fibras da cápsula interna.

O fascículo talâmico (campo H1 de Forel) é um feixe complexo que se situa um pouco dorsal a ZI.

Ele conduz as fibras palidofugais bem como as fibras rubrotalâmicas e dentadotalâmicas. O

fascículo talâmico entra em fileira rostroventral dos núcleos talâmicos: primariamente no VL e

VA. Algumas fibras pálidofugais separam-se do fascículo talâmico e entram no núcleo

centromediano talâmico. As fibras dentadotalâmicas no fascículo talâmico são destinadas

primariamente para VL, mas Fig. 12

Carpenter, 99

algumas entram nos núcleos

intralaminares. O VL está

envolvido na integração e

coordenação dos GB e funções

cerebelares, e projeta-se na área 4

de Brodmann do córtex motor. O

ponto onde o fascículo talâmico

converge sobre o VL que é de

importante estratégia singular na

função do sistema motor.

(Fig. 12) O diagrama acima, mostra

os sistemas de fibras palidofugais

Page 22: Sindrome Extrapiramidais

22

em plano transverso. As fibras da alça lenticular (cor vermelho) originam-se na porção externa do

GPi, passam ventral, medial e rostral em torno da cápsula interna e penetram no campo pré-

rubro. As fibras do fascículo lenticular H2 (cor preto) saem da superfície dorsal da parte interna

do GPi, atravessam o ramo posterior da capsula interna e passam medial, dorsais ao NST, para

penetrar no campo pré-rubro. A alça fascicular e o fascículo lenticular misturam-se no campo

pré-rubro (campo H de Forel, não mostrado) e projetam-se dorsalmente, como componentes do

fascículo talâmico (H1). As fibras do fascículo talâmico passam dorsalmente à zona incerta. O

fascículo subtalâmico (cor azul) consiste de fibras pálidosubtalamicas originadas no GPe e fibras

subtálamopalidais que terminam em fileiras paralelas à lâmina medular, em ambos os segmentos

palidais. O maior numero de fibras subtálamopalidais termina no GPe. Ambos os componentes

do fascículo subtalâmico atravessam a capsula interna. As fibras tálamoestriadas do núcleo

centromediano (cor preto) projetam-se para o putâmen.

Em resumo: O GPe projeta-se ao GPi, a SNr, ao núcleo reticular do tálamo e ao NST. As três

primeiras projeções terminam nos dendritos proximais e no corpo celular dos neurônios dessas

estruturas, o que possibilita ao GPe um controle eficiente desses neurônios eferentes dos GB. O

GPi é uma das duas eferências mais importantes dos GB (a outra é a SNr). O GPi inerva os

núcleos talâmicos ventroanterior principal, anterior ventrolateral e centromediano, o núcleo

pedúnculo pontino e o núcleo da hebênula lateral. Essas eferências do GPi, assim como as do

GPe, utilizam GABA como neurotransmissor e são, inibitórias .

Fig. 13

Carpenter, 99

(Fig. 13) O diagrama acima,

mostra as projeções eferentes

do segmento do GPi em plano

sagital. As fibras da alça

lenticular (cor vermelho)

arqueiam-se ventralmente em

torno da capsula interna,

enquanto as fibras do fascículo

lenticular (cor azul) atravessam

a cápsula interna rostral ao NST. Esses feixes de fibras misturam-se no campo H de Forel. As

Page 23: Sindrome Extrapiramidais

23

colaterais descendentes do campo H projetam-se para a parte compacta do núcleo

pedúnculopontino que está parcialmente incrustado no pedúnculo cerebelar superior (NPP),

como feixe pálidotegmentar. As fibras do NPP voltam para o GPi, NST, SN e núcleos talâmicos. As

células grandes são colinérgicas e projetam-se para o tálamo, enquanto as células menores não

colinérgicas projetam-se para o estriado e SN. As fibras pálidotalamicas (cor vermelho e azul)

projetam-se principalmente para os núcleos VL e VA do tálamo, mas também emitem colaterais

para o núcleo CM do tálamo.

ESTRUTURA DIRETAMENTE ASSOCIADA AO NEOESTRIADO

A substância negra

A SN é uma massa cinzenta que se situa no pedúnculo cerebral entre crus cerebri e o tegumento

do mesencéfalo no nível dos colículos superiores e estende-se por todo o mesencéfalo. A SN é

composta de duas partes: a parte profunda ou zona compacta (SNc), que possui projeções

ventrais como dedos de luva e que é constituída por médios e grandes neurônios (os grandes só

no homem) dopaminérgicos contendo melanina que dá o seu nome a estrutura; e a mais

superficial ou zona reticulada (SNr), que contém grandes neurônios multipolares, GABAérgicos

não pigmentados similares aqueles do GP. Foram descritos três tipos de neurônios nigrais: 1)

grandes neurônios situados exclusivamente na SNr; 2) neurônios grandes e médios, que contêm

melanina, na parte da SNc; 3) células com axônios curtos Golgi tipo II, encontrados em ambas as

partes da SN. Dorsomedialmente à SN há uma região que contém células espalhadas de vários

tamanhos similar a SNc, chamada de área tegmentar ventral de Tsai. A SNr está relacionada

intimamente com o GPi, como uma extensão essencial do mesencéfalo; sendo separados pelas

fibras da cápsula interna e crus cerebri, e ambos estão envolvidos nas funções eferentes dos GB.

A SN recebe aferentes do sistema estriadonigral, que cruza obliquamente através da crus cerebri.

O NSL é uma pequena massa cinzenta em forma de lente, situada na região talâmica ventral,

sendo dorsal e medial ao pedúnculo cerebral. A SNr é a outra estrutura de saída dos GB.

Aferências à substância negra

As fibras neoestriadonigrais vindas da cabeça do NC projetam-se na SNr, enquanto o putâmen

projeta fibras para todas as partes da SN. A SNr recebe as projeções palidonigrais originadas no

Page 24: Sindrome Extrapiramidais

24

GPe do tipo GABA-érgicas. As fibras tegmentonigrais consistem de projeções dos núcleos da rafe

mesencefálicos que contêm serotonina e colecistocinina, e de projeções do NPP. As projeções

serotoninérgicas para a SN têm origem no núcleo dorsal da rafe e as do NPP, que são

excitatórias, projetam-se por axônios de neurônios colinérgicos para a SNc e, em menor

quantidade, para o GPi.

Carpenter, 99

Fig. 14

(Fig.14) O diagrama acima,

mostra alguns importantes

sistemas aferentes estriatais.

As projeções córticoestriadas

(cor preto) originam-se em

grandes regiões do córtex

cerebral e são distribuídas

para partes do núcleo caudado

e do putâmen e terminam em

padrão de mosaico. Essas

projeções têm glutamato

como neurotransmissor. As fibras nigroestriadas (cor vermelho) originam-se em agrupamentos

entremesclados de células na parte compacta da substância negra (SNc) e conduzem dopamina

para terminações no núcleo caudado ou no putâmen. As fibras talamoestriadas (cor azul)

originam-se grandemente no complexo nuclear centromediano-parafascicular (CM-PF). As

células do CM projetam-se para o putâmen e as do PF projetam-se para o núcleo caudado.

Eferências da substância negra

As fibras nigroestriatais originam-se na SNc, nos neurônios dopaminérgicos e atravessam parte

do GP e projetam-se topograficamente para o NC e para o putâmen, mas não para ambos. Elas

sobem através do subtálamo caudal e alcançam a cápsula interna, onde feixes isolados de fibras

nigroestriatais se entrecruzam com as fibras capsulares, dando em corte histológico um aspecto

de pente de cabelo, daí o termo feixe em pente. Algumas fibras passam ao NC enquanto o

restante continua para atingir o putâmen e GP. As fibras dopaminérgicas formam uma matriz de

axônios varicosos finos ao redor de neurônios neoestriatais. As terminações nervosas que

Page 25: Sindrome Extrapiramidais

25

contêm dopamina têm pequenas vesículas granulares, com cerca de 50 nm de diâmetro. Os

neurônios dopaminérgicos têm ação inibitória e sinérgica sobre os neurônios neoestriatais,

terminando em receptores présinapticos D1, que produz redução na excitabilidade da

membrana, e em receptores D2, que causa redução na liberação da dopamina. As fibras

nigroestriatais saem da SNc carregando dopamina para inibição e as estriadonigrais chegam a

SNr, formando um feed-back na regulação do movimento automático, trazendo GABA como

inibidor, SP como excitadora, e ENC. As fibras nigrotalâmicas são GABA-érgicas e originam-se na

SNr para projetar-se na: 1) parte magnocelular do núcleo ventral anterior do tálamo; 2) partes do

núcleo dorsomedial do tálamo. As fibras nigrotectais originam-se na SNr e projetam-se de forma

topográfica para a camada intermediária de substância cinzenta dos colículos superiores

ipsilateral, as quais, têm importante função na iniciação dos movimentos oculares sacádicos

rápidos. As fibras nigrotegmentares originam-se na SNr em neurônios GABA-érgicos e projetam-

se para o NPP e núcleos talâmicos. Os agonistas dopaminérgicos que em doses adequadas

estimulam preferencialmente os receptores présinapticos têm sido utilizados em afecções

extrapiramidais como na coréia e doença de Parkinson.

ESTRUTURA DIRETAMENTE ASSOCIADA AO PALEOESTRIADO

O núcleo subtalâmico de Luys está localizado na superfície interna da porção peduncular da

cápsula interna, tem forma de uma grossa lente biconvexa. Inferiormente, a parte medial do NST

é sobreposta às porções rostrais da SN. As células do NST são fusiformes, piramidais ou

redondas, com prolongamentos ramificados, mas forma uma única população de neurônios.

Cada neurônio dá origem a seis ou sete dendritos que se ramificam sucessivamente e, parece

usar o glutamato como mediador químico tanto no metabolismo basal como nas conexões

palidais e nigrais.

Aferências ao núcleo subtalâmico de Luys

O NST recebe aferência excitatórias do córtex cerebral, das áreas motoras, que determinam uma

distribuição somatotópica e um território sensóriomotor. As fibras palidosubtalâmicas são

reciprocamente conectadas com o GPe via fascículo subtalâmico, um feixe maciço que corre

diretamente através da cápsula interna e topograficamente organizado. As células GABA-érgicas

são inibidoras, situadas em fileiras paralelas, fazem conexão para o NST como o único eferente

Page 26: Sindrome Extrapiramidais

26

palidal vindo do GPe; todos os outros vêm do GPi. Outra aferência é a do tálamo, procedente dos

núcleos centromediano e parafascicular. O primeiro projeta-se para território motor e, o

segundo, termina no território associativo e límbico do NST. As fibras tegmentosubtalâmicas

vindas do NPP que se projetam para o NST, não se originam de neurônios colinérgicos. O NPP

recebe aferências do córtex cerebral, do GPi e parte da SNr e as transmitem para o NST.

Fig. 15

Carpenter, 99

(Fig. 15) O diagrama

acima, mostra as

projeções aferentes (cor

azul) do NST. As fibras

córticosubtalamicas

parecem ser colaterais

das projeções

corticofugais que,

provavelmente, se

projetam para o

putâmen. A maior

informação para o NST,

as fibras

pálidosubtalamicas, originam-se em fileiras paralelas de células do segmento do GPe. Poucas

colaterais das fibras pálidosubtalamicas terminam na parte reticular da SN. Um pequeno número

de células dos núcleos CM, parafascicular e NPP se projetam para o NST.

Eferências do núcleo subtalâmico de Luys

As eferências do NST projetam-se para ambos os segmentos do GP e SNr. Essa via

subtalâmiconigral emite algumas colaterais para a SNc. O maior numero de neurônios do NST

projeta-se para as fileiras de terminações no GPe. As projeções do GP dependem do seu

segmento. As que vão ao GPe se originam de neurônios do NST que recebem inervação do GPe.

As projeções ao GPi originam-se nos neurônios da parte ventrolateral do NST (território

associativo), de onde também surge a via subtálamonigral. Isso indica que o GPe, que inerva os

Page 27: Sindrome Extrapiramidais

27

neurônios da parte dorsolateral do NST, não inerva os neurônios do núcleo que se projetam ao

GPi e à SNr.

ESTRUTURA DE TRANSIÇÃO

Fig. 16

Adams, 05

A cápsula interna é a passagem de

vários tratos formada por dois

braços. Num corte coronal a

cápsula interna divide importantes

componentes dos GB e SE.

Apresenta um braço anterior que

na parte lateral situa-se o putâmen

e o GP e medialmente a cabeça do

núcleo caudado. No braço posterior

da cápsula interna está à porção

medial do GP que forma o limite

lateral e do outro lado o tálamo,

NST e SN como limite medial. Todas

as eferências e muitas aferências

conectadas com os GB são feitas

pelo diencéfalo e mesencéfalo, as

quais são separadas dos GB pela cápsula interna e a crus cerebri. O NC e o putâmen são de

aspecto citológico e funcional similares, mas o braço anterior da cápsula interna os separa. Fibras

originadas da cápsula interna e da crus cerebri separam a SN do GP, que são intimamente

relacionados (Fig.16).

ESTRUTURAS ENVOLVIDAS COM O SISTEMA EXTRAPIRAMIDAL

Outras estruturas importantes no controle do SE incluem o tálamo, núcleo rubro (NR), a

formação reticular (FR), o núcleo olivar inferior, zona incerta (ZI), núcleos vestibulares, núcleo

pedúnculo pontino (NPP) e substância cinzenta da lâmina quadrigêmea. Os núcleos talâmicos

que estão envolvidos são às vezes referidos como núcleos motores do tálamo, incluindo o núcleo

Page 28: Sindrome Extrapiramidais

28

ventral lateral (pars oralis e pars caudalis); ventral posterior lateral (pars oralis); e porções

anteriores do ventral.

O núcleo rubro está localizado no tegmento do mesencéfalo no nível dos colículos superiores.

Desse núcleo parte um circuito que parece estar envolvido tanto no tremor postural como no de

ação: núcleo rubro – oliva bulbar – córtex cerebelar – núcleo denteado – núcleo rubro. A oliva

inferior e o cerebelo são os principais alvos para os aferentes proprioceptivos do fuso muscular e

do órgão neurotendíneo. A continuação da alça cerebelo ao núcleo rubro, vai até o núcleo

ventrolateral do tálamo e, segue para o córtex motor cerebral, levando informações

proprioceptivas processadas no cerebelo, sendo importante fonte de retroalimentação durante a

execução de movimentos. Colaterais do trato piramidal também exercem influência sobre o NR

(os neurônios piramidais tônicos são facilitadores e os fásicos inibidores) e oliva bulbar (os

neurônios piramidais tônicos). Ambas colaterais voltam ao córtex motor, participando do

processo de controle, veja abaixo (Fig.17)

Fig. 17

Eyzaguirre, 77

A formação reticular do

mesencéfalo contém

numerosos elementos

celulares, dispersos e

agrupados, os últimos

formam grupos

localizados no

mesencéfalo no nível do

aqueduto de Sylvius. Esses

grupos situam-se nas

porções dorsal, ventral e

lateral dos núcleos

profundos do mesencéfalo chamado de cérebro extrapiramidal, que recebe fibras procedentes

do GP, hipotálamo, e áreas 4 Brodmann, 4s de Hines e 6 de Brodmann. Esses núcleos

mesencefálicos recebem colaterais sensitivas da medula espinhal. Desse sistema nuclear

mesencefálico central partem fibras descendentes através dos feixes reticuloespinhais,

Page 29: Sindrome Extrapiramidais

29

rubroespinhal, vestibuloespinhal e tectoespinhal que alcançam a medula: são vias

extrapiramidais. Os feixes tectoespinhais e tectobulbar coordenam os movimentos da cabeça,

olhos, tronco e das extremidades como resposta as estimulações labirínticas.

Fig. 18 A ZI é uma faixa de substância

cinzenta localizada entre o

fascículo talâmico e o fascículo

lenticular. Composta por

grupos celulares difusos que

têm continuidade lateral com o

núcleo reticular do tálamo. Essa

zona recebe fibras corticofugais

do córtex précentral. O NPP é

um núcleo colinérgico que se

situa caudal à SN no tegmento

do tronco cerebral,

parcialmente enterrado no

pedúnculo cerebral superior.

Recebe aferentes

primariamente do córtex

cerebral, do GPi, e envia

projeções colinérgicas para os

neurônios dopaminérgicos na

SNc (Fig. 18).

Adams, 05

SIGNIFICADO FUNCIONAL DO CORPO ESTRIADO

O neoestriado é o centro que rege os movimentos automáticos secundários complexos como a

marcha, salto, etc.; enquanto o sistema pálido SN atua como centro dos automatismos primários

Page 30: Sindrome Extrapiramidais

30

simples: mímicoemotivos, deglutição, mastigação, etc. Também intervêm na execução dos

movimentos associados involuntários que se realizam durante movimentos quaisquer,

consequência das excitações proprioceptivas e táteis que chegam ao tálamo e voltam pelo

reflexo tálamopalidal. A estimulação do NC provoca movimentos da cabeça para o lado oposto à

estimulação. Por essa razão, a lesão nos GB produz a perda de certas associações entre os

movimentos das pernas e do tronco, e entre os movimentos dos braços e pernas, como o

balanço do braço esquerdo com o da perna direita durante a marcha. Por tudo o que se tem dito,

justifica que se considere o corpo estriado como o centro da personalidade motora.

O complexo pálido SN intervêm na regulação do tônus postural, por inibir o funcionamento dos

neurônios γ tanto nos núcleos cranianos como na medula anterior. O controle da atividade γ

estática contribui assim para a regulação postural, ao ajustar o tono estático para assegurar

antecipadamente as condições de posição que exigem a execução correta do movimento

voluntário. As fibras piramidais participam no início do ato voluntário no motoneurônios α e no

ajuste reflexo do movimento pela atividade dos motoneurônios γ dinâmicos. Esses impulsos

inibidores trafegam pela via piramidal direta até a medula anterior, pela via nigroespinhal até a

ponta anterior da medula e pelo circuito pálidotalamocortical que controla os motoneurônios γ,

veja na figuras 7 e 18. A hipertonia plástica à medida que é reduzida com o movimento passivo

na musculatura proximal dá lugar ao fenômeno da roda denteada ou sinal de Negro. Na

eletroneuromiografia a rigidez estriada é mantida por descargas com frequência básica de 4 a 8

ciclos por segundo, isso é a frequência do tremor quando ele ainda não aparece, o que explicaria

o sinal da roda denteada.

Existem três circuitos de inibição originados a partir do córtex cerebral: 1. Área supressora 4s de

Hines, área 6aα, SN, estriado, pálido, NVL do tálamo; 2. Áreas supressoras 4s e 8s de Hines, área

6 de Brodmann, núcleo caudado e putâmen, pálido, NVL do tálamo; e 3. Áreas supressoras do

estriado, NSL, NVL do tálamo, área 6 de Brodmann. Lesões nesses circuitos produzidas por

doenças condicionam as hipercinesias como tremor parkinsoniano que consistem de oscilações

regulares e muito lenta (4 a 5 ciclos por segundo) que é o resultado da contração e relaxamento

alternativa dos músculos agonistas e antagonistas; movimentos coreoatetósicos e hemibalismo.

Foi descrito uma área tremorogênica, situada na região ventromedial da calota mesencefálica,

Page 31: Sindrome Extrapiramidais

31

entre o núcleo rubro e a SNr. Os dois pedúnculos cerebelares superiores ao cruzarem na

decussação de Wernekink dividem esta região em duas partes: uma caudal ao cruzamento e

outra lateral que se situa por fora do X desenhado pelos pedúnculos. A parte lateral recebe fibras

do córtex cerebral, NSL e tubérculos quadrigêmios, a porção caudal chegam fibras nigrais e

outros aferentes procedentes da parte lateral. Os axônios eferentes da porção caudal alcançam a

oliva bulbar pelas fibras retículo-olivares. O complexo pálidonigral inibe a zona tremorogênica da

formação reticular, mas se essa área for estimulada não haverá tremor. Para se obter o tremor é

necessário combinar duas lesões: a interrupção das fibras ascendentes nigroestriadas cruzadas e

a interrupção da via descendente tegmentorubroespinhal (Fig. 19).

Fig. 19

Perkin, 98

Os circuitos que saíram do córtex prémotor voltam para esse córtex, pelo menos, por cinco

circuitos que estão separados anatômica e fisiologicamente. Cada projeção chega a uma porção

do lobo frontal, a saber:

1. Circuito motor protótipo que converge sobre o córtex prémotor constitui dois circuitos: o

motor esquelético e o óculomotor. O primeiro está relacionado com o controle motor que os

núcleos da base realizam. Seu ponto de partida são as áreas 4, 6, 1, 2, 3, e 5 de Brodmann, as

quais chegam ao voltar do tálamo. São descritas duas aferências do putâmen aos núcleos de

saída (GPi e SNr). Existe uma via direta, que recebe esse nome porque conecta diretamente o

putâmen ao GPi e à SNr. Essa via estriadonigral é inibidora, pois utiliza GABA como

neurotransmissor e dinorfina e substância P como co-transmissores. Os neurônios que originam

Page 32: Sindrome Extrapiramidais

32

a via no putâmen possuem

principalmente receptores

dopaminérgicos D1, os quais são

ativados pela dopamina liberada

pela via nigroestriada. Em

consequência disso, o GPi e a SNr

são inibidos, com a liberação dos

núcleos talâmicos e a

Diagrama - 1

concomitante facilitação dos

movimentos: a via direta facilita

os movimentos ao desinibir o

tálamo. A outra via é indireta

porque o putâmen conecta-se com o GPi e SNr pelo GPe e NST. A via estriadopalidal que inerva o

GPe, é inibidora e utiliza GABA como neurotransmissor e co-transmissor encefalina. Os neurônios

que se originam no putâmen possuem receptores para dopamina D2, sobre os quais a via

nigroestriada dopaminérgica exerce uma ação inibidora. O GPe inibe a atividade do NST, o qual

estimula o GPi e a SNr pelas vias glutamatérgicas subtalamopalidal e subtálamonigral. Isso se

significa que quando se ativa a via estriadopalidal o GPe é inibido, que deixa de inibir o NST, o

qual estimula os núcleos GPi e SNr, e dessa forma, o tálamo é inibido. Isso diminui a atividade

cortical motora, com a conseguinte inibição dos movimentos: a ativação da via indireta inibe o

córtex motor (Diagrama -1).

2. O circuito óculomotor, sobre o campo frontal dos olhos, está relacionado em dois circuitos

com o controle dos movimentos sacádicos que constituem o componente rápido do nistagmo.

Inicia-se principalmente nas áreas 8 e 9 frontais de Brodmann e área parietal 7 de Brodmann e se

projeta para o NST e NC. O NC é conectado por uma via direta ao GPi e a SNr e, aos núcleos de

saída por uma via indireta, pelo GPe e NST. A região lateral do SNr inerva o colículo superior e o

inibe tonicamente. O colículo superior por sua vez excita a área pontina juntamente com as

aferências corticais que também ativam o NST. Na área pontina encontram-se os neurônios de

comando para os movimentos sacádicos. O sistema funciona de tal maneira que quando

funciona um movimentos sacádico o córtex inibe a SNr por meio da via direta do caudado, o qual

Page 33: Sindrome Extrapiramidais

33

desinibe o colículo superior, que ativa a área pontina juntamente com o córtex. A seguir, pela via

indireta e por sua ação direta sobre o NST, se restabelece a inibição do colículo superior pela SNr,

para finalizar o movimento Diagrama - 2

sacádico. Quando se deseja

manter a visão sobre um

objeto de interesse, a via

indireta e o NST voltam a ser

ativados pelo córtex para

evitar os movimentos

sacádicos e, assim, fixar a

visão. A lesão desse circuito

determina que os

movimentos sacádicos sejam

iniciados tardiamente,

tornem-se lentos e que o paciente não possa manter o olhar fixo devido à falta de inibição do

colículo superior (Diagrama – 2).

3. Circuito sobre o córtex préfrontal dorsolateral também recebe a participação da área parietal

7 de Brodmann, que se projeta na região ânterodorsal do NC e se conecta com as vias de saída

direta e indireta. A lesão desse circuito é acompanhada de distúrbios cognitivos e

comportamentais. Nos primatas

são produzidas alterações da

memória espacial e no ser humano

observa-se apatia, veja diagrama

abaixo.

Diagrama - 3

4. Circuito sobre o córtex

órbitofrontal lateral origina-se na

porção inferior e lateral do córtex

préfrontal e se projeta para a

região ventromedial do NC. A lesão

Page 34: Sindrome Extrapiramidais

34

desse circuito nos primatas provoca alteração da discriminação dos objetos e do controle

temporal das respostas (quando responder). No homem provoca comportamento desinibido:

paciente conta histórias disparatadas, mostra-se loquaz, irritável, eufórico e desatento sobre si

mesmo (Diagrama – 3).

5. Circuito límbico que projeta para o giro do cíngulo e córtex órbitofrontal. O córtex anterior do

giro do cíngulo, área 24 de Brodmann, a região órbitofrontal medial e a ínferotemporal enviam

fibras para o putâmen e núcleo acumbens que por meio do tálamo, amígdala, hipocampo, córtex

entorrinal e perrinal conecta-se novamente com as áreas corticais de origem. A lesão desse

circuito produz no homem transtornos perceptivos, afetivos e emocionais severos, como

alucinações, depressão, ansiedade, agitação, indiferença, docilidade e persistência em uma

tarefa (Diagrama -4).

Acredita-se que a parte

receptora dos GB seja o

núcleo estriado, o putâmen,

que recebe as fibras

organizadas

topograficamente de todas as

partes do córtex cerebral e da

SNc e, a saída dos GB, é feita

pelo

Com

GPi e a parte da SNr.

relação ao putâmen

Diagrama - 4

existem dois sistemas de

eferências: o sistema eferente

direto vai do putâmen para o GPi e volta para a substância negra reticulada e um sistema

eferente indireto que atravessa o GPe e caminha para o NST. Na grande maioria o NST e o GPe

atuam como uma unidade funcional, pelo menos com relação ao parkinsonismo. O GPi e a SNr

podem ser vistos como uma unidade similar, dividindo as formas de input e output. Dentro da

via indireta existe uma alça interna criada pelas projeções do NST para o GPi e SNr. Do GPi dois

feixes de fibras alcançam o tálamo: a asa lenticular e o fascículo lenticular. A primeira roda em

Page 35: Sindrome Extrapiramidais

35

volta da capsula interna; e o fascículo lenticular atravessa a CI num numero de pequenos

fascículos e depois continuam medial e caudalmente para depois de juntar com a asa no campo

prérubral. Ambos os feixes juntam-se ao fascículo talâmico, o qual contém não somente as fibras

palidotalâmicas, mas as mesotalâmicas, rubrotalâmicas, e denteadotalâmicas. Essas projeções

são dirigidas para alvos separados no núcleo ventrolateral do tálamo e em menor quantidade

para o núcleo ventroanterior do tálamo e núcleos intralaminares do tálamo. O núcleo

centromediano do grupo intralaminar projeta para trás para o putâmen e via o núcleo

parafascicular para o NC. A maior projeção do núcleo talâmico ventral para o córtex prémotor

ipsilateral completa a grande alça córtico-estriado-pálido-tálamo-cortical, veja figuras 7, 11, 12 e

16.

Do ponto de vista semiológico, a espasticidade é diferente da rigidez. A hipertonia para

movimentos passivos difere da rigidez por não ser uniforme aos vários tipos de movimentos e

variar com a velocidade do movimento. Além do mais, a rigidez tende a afetar todos os músculos

no mesmo grau, enquanto a hipertonia varia de um grupo de músculos para outro. Na

espasticidade, se o movimento for realizado lentamente, pode existir pouca resistência. Mas, se

o movimento for rápido, haverá aumento rápido da resistência. Com o cotovelo em 90 graus e o

antebraço pronado o médico supina lentamente a mão do paciente, a menos que a espasticidade

seja severa, nesse caso haverá clonus do músculo pronador. Na hemiparesia ou hemiplegia, a

espasticidade é mais marcada nos músculos flexores e pronadores da extremidade superior e

extensores da inferior. A postura apresenta-se com flexão do membro superior, tendo flexão do

antebraço sobre o braço, do punho e dos dedos da mão; no membro inferior haverá extensão

completa, podendo haver espasmo dos músculos adutores do quadril. Existe mais resistência

passiva no movimento de extensão do que de flexão na extremidade superior e, na extremidade

inferior, mais resistência passiva no movimento de flexão do que de extensão.

Resumo: Os GB controlam a execução e o direcionamento dos movimentos voluntários,

associados com a motricidade fina. Integram as informações provenientes do córtex e de regiões

subcorticias, processam-nas paralelamente e as reconduzem, em seguida, por meio do tálamo,

até as regiões corticais motoras (retroalimentação). Neurônios provenientes do córtex motor

suplementar, prémotor, motor primário e somestésico, bem como do lobo parietal, enviam seus

Page 36: Sindrome Extrapiramidais

36

axônios para o putâmen. A condução subseqüente da informação do putâmen, inicialmente,

pode ocorrer por uma via direta (amarelo) e uma indireta (verde). Ambas as vias levam

finalmente ao córtex motor, por intermédio do tálamo. Na via direta, os neurônios do putâmen

projetam-se para o GPi e para a SNr. Ambas as regiões nucleares projetam-se, em seguida, como

uma retroalimentação, para a parte motora do tálamo, que se projeta nas áreas motoras

corticais. A via indireta origina-se no putâmen e segue pelo desvio do GPe e do NST, de volta

para o GPi que, em seguida, projeta-se no tálamo. Como alternativa, esta via pode conduzir

sinais, a partir do NST, até a SNr que, por sua vez, projeta-se no tálamo. Em caso de perda de

neurônios dopaminérgicos inibitórios, na SNc, a via indireta é desinibida e a via direta não é mais

estimulada. Isso leva a um aumento da inibição dos neurônios tálamocorticais. A redução

consequente de movimentos causa distúrbio hipocinético, como na doença de Parkinson. A

ativação reduzida do GPi e da SNr levam a um aumento da ativação dos neurônios

tálamocorticais, resultando em movimentos espontâneos ou distúrbios hipercinéticos como na

coréia de Huntington (Fig.20).

RESPOSTA DOS GÂNGLIOS DA BASE AOS MOVIMENTOS E AOS ESTÍMULOS EXTERNOS

Fig. 20

Prometheus, 07

Os neurônios do putâmen,

GPe, GPi e do NST são

ativados com os

movimentos passivos das

articulações e com a

estimulação das estruturas

profundas dos músculos,

mas muito pouco com os

estímulos cutâneos.

Observou-se que alguns

neurônios são ativados

como parte dos ajustes

posturais que o animal

realiza durante a execução

Page 37: Sindrome Extrapiramidais

37

de movimentos. Também existem neurônios relacionados com a codificação da direção dos

movimentos. Mas o que se destaca é que alguns neurônios de ambos os segmentos do GP,

especialmente do interno, e do putâmen mostram atividade alternante (ativação-silêncio)

durante a execução de movimentos sequenciais. Isso indicaria ao córtex motor quando passar de

um movimento para outro na sequência. Foi postulado que o putâmen também estaria

relacionado com o planejamento motor. Isso se baseia na existência de neurônios que são

ativados antes do inicio do movimento, mas depois da ativação da área motora suplementar

(AMS). Dessa forma, interviria na seleção ou na organização do planejamento motor. Por meio

de estudos com tomografia por emissão de pósitrons, foi observado no homem que o putâmen é

ativado simultaneamente com a AMS, quando o paciente imagina movimentos. No NC e no

putâmen os neurônios que apresentam maior atividade espontânea, os interneurônios

Mumentaler, 04

Fig. 21 colinérgicos, respondem a

estimulação associados a uma

recompensa. A magnitude da

ativação é proporcional à

importância que ela tem para o

animal. Os neurônios da SNr

somente são ativados com

movimentos oculares, orofaciais

como a mastigação, e da língua,

enquanto que os neurônios da SNc

não respondem aos movimentos,

mas como os do caudado e

putâmen, aumentam sua atividade

durante a aprendizagem de uma

área e quando recebe a

recompensa, após ter aprendido

essa resposta (Fig. 21).

Na figura ao lado aparecem 5 circuitos extrapiramidais: o feixe piramidal cruzado projeta-se para

a medula sem conexões (cor vermelha); 1) circuito regulador do córtex motor, 2) circuito

Page 38: Sindrome Extrapiramidais

38

regulador pálidosubtalamopalidal; 3) circuito regulador pálidotalamoestriado; 4) circuito

regulador pálidotalamoestriado; 5) circuito regulador estriadonigroestriado e circuito regulador

rubro-olivocerebelorubral.

CONEXÕES EXTRAPIRAMIDAIS COM VIAS AFERENTES E EFERENTES

O sistema estriado – as conexões aferentes do estriado ascendem desde o núcleo emboliforme

do cerebelo (Eb), passam através da porção parvocelular do núcleo centro mediano do tálamo

(Ce) - a porção magnocelular recebe as vias da dor - e chega ao núcleo caudado (Cd) e deste ao

putâmen (Put). O núcleo caudado possui duas vias eferentes: a) até a parte anterior da

substancia negra (Ni) onde convergem com os fascículos eferentes do córtex préfrontal (desde a

área 9 até a área 12 de Brodmann), e b) através da parte dorsal do globo pálido externo (Pall.e.)

e Globo pálido interno (Pall.i) até a maior parte dos núcleos rostrais e pósterolaterais (L.po.) do

tálamo, que estão conectados por duas vias com a região ou franja de Hines (4s). A via eferente

da área 4s envia colaterais ao núcleo caudado (via multineural em feed back) e termina no

núcleo rubro (Ru) e na formação reticular (F.rt.). O putâmen tem duas vias eferentes

importantes: a) uma caminha para a substância negra posterior, onde converge com as fibras

eferentes do córtex motor (áreas 4γ e 6aα). Da substância negra posterior se origina o fascículo

nigroretículo-espinhal, e da substância negra anterior as fibras eferentes vão ao GPi e de lá vão

ao núcleo subtalâmico (S.th.). A via eferente desses núcleos chegam ao GPi e provavelmente a

porção magnocelular do núcleo rubro (Ru) ou região subrúbrica. As fibras eferentes do GPe

chegam ao núcleo rubro e a formação reticular. b) A outra cadeia neuronal atravessa o GPi, o

fascículo talâmico para a parte anterior do núcleo ventrolateral do tálamo (V.o.a.), que tem

conexões duplas com a área 6aα e o córtex motor précentral. Essa área 6aα envia colaterais para

trás que chegam ao putâmen. A via eferente chega à formação reticular e provavelmente a

substância negra e com certeza a medula espinhal através do fascículo piramidal.

O sistema piramidal – Da porção parvocelular do núcleo dentado do cerebelo nascem fibras que

chegam ao núcleo ventro-oralposterior do tálamo (V.o.p.), que está conectado em duas direções

com a área 4γ e o córtex motor précentral. Essa área é onde se origina a maior parte das fibras

longas do fascículo piramidal, o qual envia colaterais ao putâmen e a parte posterior da

substância negra.

Page 39: Sindrome Extrapiramidais

39

Jung & Hassler,

cit. Barraquer-Bordas, 1976

Fig. 22

O sistema estatocinético – As conexões

ascendentes dos sistemas vestibular e

estatocinético alcançam o núcleo vestibular

(Ve) e como fibras vestíbulo-retículo-

talâmica chegam ao núcleo ventro-

intermédio (Vi.in.) do tálamo, que tem

conexões duplas com a região central do

córtex e provavelmente na área 3a. Essa área

influi com fibras eferentes sobre partes da

formação reticular mesencefálica, que

controla todos os movimentos de rotação

para o mesmo lado. Outra via é o fascículo

vestíbulo-mesencefalico que corre para o núcleo instersticial (Ist.) que coordena os movimentos

de rotação. Fibras ascendentes vão a porção interna do núcleo ventro-oral do tálamo (V.o.i.) que

está em íntima e dupla conexão com a região do campo frontal óculomotor ou área 8 de

Brodmann. Essas fibras eferentes influem sobre a formação reticular; na parte medial que

controla a coluna cinzenta anterior pelo fascículo reticuloespinhal ventral, e a parte lateral, que

atua principalmente através do fascículo reticuloespinhal lateral.

Os sistemas eferentes – A disposição eferente são os fascículos reticuloespinhais, o fascículo

piramidal e o fascículo central da calota, para a oliva inferior (Oi) que atua, por um mecanismo

em feed back, sobre o cerebelo (Fig. 22).

HISTÓRIA CLÍNICA

Pacientes relatam dificuldade de se levantar de uma cadeira, especialmente de um sofá;

dificuldade de fazer a volta na beira da cama; e em todas as atividades reduz a velocidade de

atividades da vida diária. Pacientes e familiares podem interpretar lentidão como um sinal

próprio do idoso ou sinal precoce de artrite e não suspeitar de desordem neurológica. Alguns

pacientes podem interpretar hipocinesia como fraqueza. Lentidão e fadiga, embora sejam

proeminentes na hipocinesia, podem ter características de depressão, catatonia e

hipotireoidismo. Dificuldade de começar e parar podem também ser vistas com hipocinesia. O

Page 40: Sindrome Extrapiramidais

40

parkinsoniano pode se queixar de começar a hesitação ou freezing de seus pés durante fazer

uma volta de 180 graus, quando tenta alcançar o alvo ou quando passam através de um portal.

Dificuldade em parar é a queixa de paciente com festinação como parte da hipocinesia, e esse

paciente tem tendência acelerar o passo andando, até chegar ao ponto de correr. Não pode

parar a não ser que encontre uma parede. O mecanismo é considerado como uma combinação

de perda do reflexo de postura e a postura flexora, deslocando o centro de gravidade para frente

dos seus pés.

Queda é uma queixa importante de desordem do movimento, e todos os adultos caem sem

justificativa devem ser examinado neurologicamente. Eventualmente, paciente com

parkinsonismo desenvolve perda dos reflexos de postura que levam a pobreza de equilíbrio, e

queda. Esse problema é particularmente aparente para pacientes com freezing da marcha.

Queda ocorre em outras desordens, especialmente na doença de Huntington em que a perda do

reflexo postural ocorre em associação com um gaguejado e marcha coreica. Ataxia do tronco

devido a prejuízo cerebelar ou proprioceptivo pode causar uma base alargada com marcha

cambaleante, que o paciente interpreta como marcha de bêbedo. Queda também é comum na

hiperecplexia ou síndrome de susto excessivo. Nessa desordem, geralmente herdada com um

defeito no gene para o receptor ou transportados de glicina, um barulho súbito ou uma ameaça

pode fazer o paciente endurecer ou perder o tono muscular e cair. O paciente tem um exagero

do reflexo susto, que pode ser medido eletrofisiologicamente. Se o paciente tiver uma reação

retardada ao barulho súbito ou uma ameaça, deve ser considerado um problema psicogênico.

Outra causa de queda é mioclonia positiva e negativa. No abalo mioclônico positivo o paciente é

lançado perdendo o equilíbrio. Na mioclonia negativa o paciente, especialmente na dos músculos

da coxa quando o paciente está em pé ou andando, produz um salto e a inibição súbita dos

músculos leva a uma queda. A causa comum de mioclonia negativa é a pós hipóxia, e nesses

casos os pacientes se queixam de abalos súbitos dos corpos que causam perda do controle do

equilíbrio.

Para descrever essa desordem, que aparecem como as várias formas de hipercinesias, os

pacientes podem usar o termo abalo e tremedeira muscular. Geralmente, um abalo muscular

súbito é mioclonia ou tic. Movimentos rítmicos são tremores, mioclonias rítmicas ou

Page 41: Sindrome Extrapiramidais

41

segmentares, ou movimentos repetitivos de discinesia tardia como discinesia oro-línguo-bucal,

balançando o corpo, andando no lugar. Na distonia, os movimentos podem ocorrer ou aumentar

com atividade voluntária como escrevendo, vertendo líquido, abotoando uma camisa, e

andando. O tempo dos movimentos anormais é importante para documentar, especialmente

com os tremores. O tremor parkinsoniano ocorre enquanto parte do corpo afetado está em

repouso como nas mãos no colo do paciente em repouso. Tremor de atitude, associado com

muitas drogas noradrenérgicas, hipertireoidismo, ou tremor essencial é visto quando o braço é

mantido contra a gravidade e geralmente piora na atividade; é tipicamente pior na mão direita, e

o paciente geralmente se queixa de letra grande e malfeita. Tremor cerebelar é visto quando o

braço do paciente tenta alcançar o alvo; esse tipo de tremor causa extrema sujeira, derramando

e sujando a roupa.

Exposição a medicação requer um lugar especial na história de desordens de movimento. As

drogas mais importantes que induzem a movimentos anormais são aquelas que são antagonistas

dos receptores-D2 de dopamina. Essas drogas podem causar reações distônicas, acatisia aguda,

parkinsonismo, síndrome neuroléptica malígna e discinesias tardias. Certas drogas e

componentes endócrinos como tiroxina, epinefrina e insulina alteram o tono noradrenérgico,

pode exagerar um tremor fisiológico. Anticonvulsivantes podem induzir coréia, e valproato de

sódio hipocinesia. Cocaína pode induzir coréia, tics, e opsoclonus-mioclonus.

Embora as desordens de movimentos sejam condições motoras primárias, elas podem ocorrer

um número de fenômenos sensitivos. Cãimbras dolorosas são mais frequentes devido à doença

neuromuscular ou mesmo na síndrome do homem rígido. Às vezes, distonia pode ser dolorosa,

particularmente induzida por drogas. Cãimbra no pé devido a espasmo distônico pode ser um

sinal precoce de parkinsonismo. Também no parkinsonismo, e nas síndromes tardias a dor pode

ser focal nas áreas oral e genital, tendo com caráter queimando ou de entorpecimento e

coçando. Na acatisia ocorre desordem de movimento associada com uma inquietação, pacientes

geralmente descrevem um vago e intenso desconforto no seu corpo com uma necessidade para

mover, que é aliviada com o movimento. Síndrome das pernas inquietas é caracterizada por

sensações desagradáveis nas pernas no final do dia, com necessidade de mover para obter alívio;

Page 42: Sindrome Extrapiramidais

42

existem com frequência movimentos periódicos das pernas durante o sono que geralmente

acorda o paciente.

NEUROQUÍMICA FUNCIONAL DO SISTEMA ESTRIADONIGRAL

O glutamato é um aminoácido com seus receptores excitatórios situados nas terminações

nervosas aferentes primárias das células granulares do cerebelo, giro denteado e a via

córticoestriado e subtalâmicopalidal. A via direta putâmen pálidonigral é ativada pelas projeções

glutaminérgicas do córtex sensóriomotor e pelas projeções estriatal dopaminérgica nigral. A

ativação dessa via direta inibe o GPi, o qual, torna a inibir os núcleos ventrolateral e anterior do

tálamo. Como consequência, a direção talamocortical é aumentada e os movimentos iniciados

no córtex são facilitados. O circuito indireto surge dos neurônios do putâmen que contêm GABA

(GABA é um neurotransmissor sintetizado pela via da vitamina B6 com a enzima glutamato

descarboxilase) e quantidades menores de encefalina. Essas projeções têm um efeito inibidor

sobre o GPe, o qual, desinibe o NSL através da liberação de GABA, fornecendo excesso direção

subtalâmica para o GPi e substância negra reticulada. O efeito nítido é a inibição talâmica que

reduz o input talamocortical para o campo motor précentral e impede o movimento voluntário.

A condução aumentada através da via indireta conduz a hipocinesia pelo aumento da inibição

pálidotalamico, enquanto o aumento da condução através da via direta resulta em hipercinesia

pela redução da inibição pálidotalamica. A via direta é facilitadora dos movimentos iniciados no

córtex e a via indireta como potencialmente supressora conflitando com formas motoras não

desejadas. Na doença de Parkinson, a perda do input dopaminérgico da substância negra reduz a

atividade na via direta e aumenta a inibição na via indireta; o nítido efeito dos núcleos tálamo e

para reduzir a excitação do sistema motor cortical.

A acetilcolina (ACh) também é fisiologicamente ativa nos gânglios da base. As altas

concentrações de ACh e de suas duas enzimas, a colina acetilransferase e a acetilcolinaesterase

estão no estriado. A ACh é sintetizada pela união da colina e da acetilcoenzima-A e liberada pelos

grandes e esparsos neurônios não espiculados Golgi tipo 2. Esses neurônios têm um efeito

principalmente excitatório sobre os neurônios espinhosos dentro do putâmen que constitui a

principal origem das vias direta e indireta. A dopamina, pelo contrário, tem efeito inibitório e

excitatório sobre esses neurônios. Os efeitos dos agentes da atropina dependem de sua

Page 43: Sindrome Extrapiramidais

43

capacidade de antagonizar a ACh no seu local dentro dos gânglios da base e nas projeções para

os núcleos pedúnculo pontinos. A ACh parece também atuar na membrana présinaptica das

células do estriado e influenciar a liberação dos neurotransmissores.

No sistema dopaminérgico, uma catecolamina é sintetizada em quatro caminhos no sistema

nervoso central, e o mais importante e mais amplamente entendido envolve a via nigroestriada

dos GB. A via que sintetiza a dopamina é feita a partir da tirosina que pela enzima tirosina

hidroxilase origina a dopa, esta por uma descarboxilase origina a dopamina. A dopamina é

sintetizada nas células nigrais, sendo transportada ao longo dos axônios para o estriado terminal,

onde ela é liberada das vesículas para dentro das fendas sinápticas. A dopamina também pode

ser sintetizada diretamente na terminação nigroestriada. Existem receptores para dopamina nas

células estriadas póssinápticos présinápticos no axônio nigral. A despolarização dos receptores

présinápticos surge do potencial de repouso do neurônio présináptico e faz o neurônio

despolarizar mais fácil; por outro lado, gradiente entre potencial de repouso e o potencial de

ação tem reduzido de modo que a liberação final é uma redução de dopamina. Esse mecanismo

é importante para a autoregulação da função de dopamina. A ativação dos receptores

póssinápticos pela dopamina pode levar a despolarização ou hiperpolarização, dependendo do

local do receptor. Um conceito importante sobre todos os neurotransmissores, incluindo

dopamina, é que o resultado final, hiperpolarização ou despolarização, depende tanto do

transmissor como do seu receptor. O conceito de um transmissor inibidor deve ser abandonado

para a maioria dos conceitos precisos da interação de um inibidor entre neurotransmissor e

receptor. A atividade dopaminérgica pode ser aumentada por quatro mecanismos: 1. Aumento

de síntese; 2. Aumento de liberação; 3. Prolongamento da atividade neurotransmissora; e 4.

Estimulação direta do receptor. A síntese do neurotransmissor pode ser aumentada dando dopa

e quando a dopa é combinada com um inibidor descarboxilase ativo perifericamente, mais dopa

é liberada para cruzar a barreira hematoencefálica e ainda pode ser usada para a síntese de

dopamina central. A liberação ou atividade da dopamina pode ser efetuada por drogas como

cocaína, anfetamina, metilfenidado, amantadina, e possivelmente alguns tricíclicos, todos

forçando a liberação de catecolaminas présinápticas ou inibindo a enzima transportadora de

dopamina que é utilizada para recaptar dopamina da fenda sináptica. Inibindo o transportador

de dopamina prolonga a atividade da dopamina. A recaptação de dopamina na célula

Page 44: Sindrome Extrapiramidais

44

présináptica é o caminho normal para sua utilização. A dopamina é metabolizada por duas

enzimas, monoamino-oxidase (MAO) e catecol-O-metiltransferase (COMT). O produto de

degradação da dopamina pela a ação dessas duas enzimas é o ácido homovanílico. A

prolongação da atividade da dopamina pode também ser efetuada pelo bloqueio de atividades

dessas enzimas. Finalmente, a ativação direta dos receptores de dopamina nas células estriatais

pode ser induzida pelos agonistas como bromocriptina, pergolide, pramiprexol e outras drogas. A

dopamina não ultrapassa a barreira hematoencefálica (Fig. 23).

Perkin, 98 Fig. 23

A função da dopamina pode ser antagonizada por três mecanismos básicos: 1. Redução da

síntese; 2. Redução da liberação; e 3. Bloqueio dos receptores de dopamina. A α-metil-para-

Page 45: Sindrome Extrapiramidais

45

tirosina inibe a síntese de dopamina pelo bloqueio limitando a taxa da tirosina-hidroxilase. Já que

esse é o mesmo caminho para o bloqueio da síntese de noraepinefrina, o uso dessa droga tem

efeitos amplos no sistema nervoso autônomo. As próprias vesículas de dopamina são bloqueadas

pela reserpina e tetrabenazina pelo transportador da monoamina vesicular. Tal bloqueio expõe a

dopamina citoplasmática à monoamina oxidase, que cataboliza a dopamina, portanto reduzindo-

a. Essas drogas são inespecíficas e também inibem o estoque vesicular de noraepinefrina e

serotonina. Finalmente, o bloqueio do receptor ocorre pelas fenotiazinas ou haloperidol. Essas

drogas são relativamente específicas para o sistema dopaminérgico, mas não são específicas

para qualquer uma das vias dopaminérgicas. Consequentemente, quando uma droga tenta

bloquear a função da dopamina em uma região, pode também bloquear a função dopaminérgica

nos sistemas dos gânglios da base e fora dele.

As vias dopaminérgicas incluem: nigroestriada, mesolímbica, mesocortical e os circuitos

hipotalâmicos envolvendo a prolactina. Os receptores da dopamina faltam em duas grandes

categorias: as associadas com o grupo D1, ou independente da adenilciclase do grupo D2. O grupo

D1 inclui os receptores D1 e D5, e o grupo D2 contém D2, D3 e D4. A relação para o estriado e

seu duplo input da substância negra, a via direta envolve os receptores D1e a indireta os

sistemas D2. O D1, D2, D3, D4 e o D5 são encontrados no estriado, sendo que D1 e D2 em maior

quantidade; D2 e D4 no globo pálido lateral; D1, D2 e D3 no núcleo subtalâmico de Luys; D1 no

globo pálido medial; D1, D2 e D3 na substância negra compacta; D1 e D3 no núcleo acumbens;

D1 e D4 no córtex frontal e certas estruturas límbicas; D4 hipocampo; e D3 e D5 no hipocampo.

As afinidades das drogas pelos receptores são os seguintes: dopamina atua no D1++, D2 +++ e D3

++++; bromocriptina atua no D2 ++ e D3 ++; pergolide atua no D1+, D2 ++++ e D3 +++; ropinirol

atua no D2 ++++, D3 +++; e pramipexol atua no D2 +++ e D3 +++.

FISIOPATOLOGIA DOS SINTOMAS EXTRAPIRAMIDAIS – HIPOCINESIAS

O diagnóstico da síndrome extrapiramidal hipertônica e hipocinética do tipo parkinsoniana

baseia-se numa constelação característica de achados, embora não haja um achado único que

seja essencial para o diagnostico, nem mesmo o tremor. As características clínicas do

parkinsonismo são: 1) transtorno dos movimentos automáticos primários como acinesia,

diminuição dos movimentos acessórios e propulsão e retropulsão; 2) hipertonia do tipo

Page 46: Sindrome Extrapiramidais

46

extrapiramidal apresenta rigidez, tônus postural aumentado, tônus antagonista aumentado,

fenômeno da roda dentada e anormalidades posturais; 3) Tremor; 4) outros sinais e sintomas

somáticos como micrografia, disartria, distúrbio respiratório, “fraqueza” motora, reflexo

nasopalpebral alterado e outros axiais da face, sinais autonômicos (seborréia, baba, ataques de

sudorese), crise oculógira e outros distúrbios óculomotores, distonia, disfunção erétil, bexiga

hiperativa; 5) anormalidades mentais como lentidão cognitiva, labilidade emocional, distúrbio

afetivo, demência; 6) manifestações tardias e iatrogênicas como fenômeno de liga-desliga,

discinesia por L-dopa, alucinações e psicoses induzidas por drogas. Deve ser ressaltada a crise

parkinsoniana que ocorre com acinesia e rigidez grave, febre alta e sudorese profusa por

distúrbio autonômico, associada ao uso de levodopa.

Acinesia

A acinesia é um dos sintomas da síndrome extrapiramidal hipertônica hipocinética que está mais

esclarecido. Trata-se da redução da motricidade espontânea na ausência de qualquer paralisia,

constituindo um fenômeno motor, caracterizado ainda pela perda da iniciativa motora e

espontaneidade dos movimentos. A pobreza de gestos, lentidão de movimentos, ausência de

mímica e fala monótona são comuns. A escrita é difícil, e a micrografia é um sinal precoce da

doença. A acinesia pura compõe 15% da população parkinsoniana, sendo constituída por quatro

déficits principais: déficit na iniciativa motora, na melodia cinética, na estratégia de aprendizado

e fatigabilidade rápida.

1. O déficit na iniciativa é percebido melhor pela restrição proprioceptiva e visual ou de sua

integração central que é mais percebido quando o paciente passa por lugares estreitos como um

corredor. Durante essa tentativa o paciente pode sentir uma sensação de infelicidade, ansiedade

e mesmo de instabilidade postural. Outro aspecto clínico da acinesia é chamado de déficit da

motivação cinética por envolve além de um fator de vigília um forte componente emocional: é

uma redução do impulso para se deslocar, sair do local, como levantar de uma cadeira, sentar na

cama, virar-se durante a noite, etc. O terceiro aspecto do déficit de iniciativa é a perda de

movimentos associados, do volume da fala e da habilidade para escrever. Na realidade, no

parkinsonismo ocorre uma redução da fase em que entram em ação os mecanismos integrativos

de preparo para o movimento para aumentar o disparo da energia cinética para movimentos de

Page 47: Sindrome Extrapiramidais

47

massa mais vitais. 2. Déficit na melodia cinética é observado pela incapacidade de passar rápido

de um padrão motor para outro. O paciente precisa pensar para executar cada ato motor, o

resultado sendo uma diminuição da atividade motora global. 3. Déficit na estratégia de

aprendizado pode ser visto na dificuldade que tem o parkinsoniano em mudar o padrão motor

repetitivo estabelecido, sendo mais fácil continuar do que mudar de padrão. O paciente tem

dificuldade de separar objetos comuns em grupos diferentes, baseando-se no tamanho,

consistência, cor e outras propriedades. 4. Fatigabilidade rápida é observada em qualquer

atividade motora que o parkinsoniano se cansa rápido.

Propulsão e retropulsão constituem a incapacidade do paciente de recuperar o equilíbrio quando

empurrado bruscamente para frente ou para trás pelo examinador. Os passos necessários para

ele se recuperar do distúrbio são demasiado pequenos, lentos ou ausentes, e o paciente tropeça

ou cai na direção do empurrão. A mesma dificuldade pode ocorrer quando o paciente tropeçar

ao caminhar, ou mesmo abrir uma porta, e ela ceder de súbito e inesperadamente. Quando o

paciente vem apresentar esse problema e se torna consciente dele, o prognóstico quanto à

evolução da doença e ao efeito do tratamento piora.

A rigidez

A rigidez extrapiramidal é um aumento difuso no tônus muscular ao movimento passivo, que

ocorre primariamente com lesões que envolvem os GB. Existe um nível constante de tônus

aumentado que afeta tanto os músculos agonistas como os antagonistas, sem variar ao

movimento. Tanto os músculos flexores como extensores estão envolvidos, com resistência ao

movimento passivo em todas as direções. O aumento do tônus é igual do começo ao fim do

movimento e não varia com a velocidade do movimento. Esse tipo de rigidez é chamado de: em

cano de chumbo. Os músculos envolvidos podem ser firmes e tensos à palpação. Quando

colocado em uma nova posição o segmento muscular permanece ali, em uma postura

desajeitada.

A rigidez é percebida melhor à flexão e extensão do cotovelo. A rigidez no punho pode ser

demonstrada agitando-se o antebraço e observando-se o movimento da mão sem apoio. Além

da rigidez, a hipertonia também se manifesta por tônus postural aumentado. Isso ocorre ao se

realizar a dorsoflexão passiva do pé, sobrevém uma contração ativa do músculo tibial anterior

Page 48: Sindrome Extrapiramidais

48

chamada reflexo de fixação. Outro sinal é a presença do travesseiro psíquico, quando o paciente

deitado em decúbito dorsal não encosta a cabeça no leito.

A rigidez pode ser de dois tipos: plástica e em roda dentada. No primeiro caso o aumento do

tônus pode demonstrar-se por simples distensão passiva dos segmentos de um membro. No

segundo caso a resistência da distensão não é contínua, realizando-se a sacudidas, como a os

dentes de uma catraca. Ambos os tipos representam tipos distintos de um mesmo transtorno

fisiopatológico. Por exemplo, a rigidez parkinsoniana é uma manifestação de hipertonia

muscular, mais pronunciada na musculatura flexora do que na extensora, dando ao paciente

uma postura encurvada, caracterizando uma distonia em flexão. Na rigidez existe a presença dos

reflexos tônicos de estiramento que é explicado por uma hiperatividade dos motoneurônios γ

estáticos. O sinal da roda denteada ocorre durante o movimento passivo que não se realiza de

uma vez, mas mediante interrupções intermitentes, mais ou menos regulares, que representa

um rápido aumento da resistência ao alongamento muscular, seguido de súbita diminuição que

se repete igual entre si até o fim do movimento. Na hipertonia plástica existe uma resistência

constante em qualquer sentido. O sinal da roda denteada é devido a uma descarga periódica dos

órgãos neurotendíneos de Golgi provocada pelo súbito aumento da tensão durante o

estiramento de um músculo rígido, e levando-o ao seu relaxamento. Na rigidez parkinsoniana

existe um predomínio dos mecanismos estáticos sobre os dinâmicos, diferente da rigidez de

descerebração que ambos estão aumentados.

Na realidade existiriam duas formas de rigidez: uma reflexa ou plástica que é γ; e uma não

reflexa ou básica que é α, e persistirá após rizotomia posterior. Associado a falta de eferência da

SN, que aboliria sua ação inibidora sobre os motoneurônios α tônicos, ficando sob a ação de uma

estrutura facilitadora reticular pontina. A lesão da SN contribuiria para a desinibição dos

impulsos palidais eferentes, que teriam uma ação facilitadora sobre os reflexos tônicos de

estiramento através de duas vias: 1. GPe via feixe retículo-espinhal atuando sobre os neurônios

espinhais internunciais do reflexo tônico de estiramento; 2. GPi via núcleo ventrolateral do

tálamo, seguindo para área 6aα, e descendo pelas fibras corticoespinhais para terminar nos

neurônios internunciais da medula. Isso explica porque uma lesão na área 6aα ou no núcleo

ventrolateral do tálamo poderia reduzir a facilitação e, consequentemente, a rigidez.

Page 49: Sindrome Extrapiramidais

49

As alterações do tônus muscular que ocorrem por lesões do SE têm o reflexo de postura um

aliado, e tem várias origens: vestibular, proprioceptivos tonicolabirinticos, estimulações

procedem dos órgãos terminais proprioceptivos musculares e tendinosos do pescoço, etc. O mais

importante é o reflexo de estiramento ou de tração. Esse reflexo consiste da contração muscular

reflexa desencadeada pelo alongamento das fibras musculares. Esse reflexo mantém a postura

estática com um consumo mínimo de energia. Quando um músculo que se acha em atividade

postura recebe um estímulo procedente da área piramidal, juntamente parte outro estímulo da

área extrapiramidal que elimina ou suprime o reflexo de postura. Nessas condições o movimento

voluntário pode ser harmônico e corretamente realizado. Quando as áreas ou as vias supressoras

estão lesadas faltam às estimulações inibidoras sobre a atividade reflexa periférica: nessas

condições o tônus muscular aumenta e os reflexos profundos se exaltam e se acompanham de

clonus.

Nas doenças extrapiramidais, existe associado hipocinesia e bradcinesia, mas não paralisia. Com

movimentos ativos repetidos existe um declínio gradual na velocidade e amplitude. Isso pode ser

obtido pedindo que o paciente rapidamente feche e abra os olhos ou a boca ou a mão ou a

oposição do indicador com o polegar. Os pacientes também apresentam perda de movimentos

associados, lentificação para iniciar um movimento, limitação da amplitude do movimento,

perda do balanço dos braços e pernas, inabilidade para realizar movimentos repetidos ou manter

dois movimentos voluntários e simultâneos.

Paratonia é uma alteração no tônus ao movimento passivo que é com frequência manifestado

em doença do lobo frontal difusa. A paratonia foi dividida em inibitória e facilitadora.

Gegenhalten é uma forma de rigidez na qual a resistência ao movimento passivo parece

proporcional ao vigor com o qual o movimento é tentado. A resistência do paciente aumenta na

proporção que o examinador atua para mover o membro; quanto mais o examinador empurra o

membro endurecido parece que o paciente puxa para trás. Isso parece que embora o paciente

esteja ativamente lutando, mas a resposta é involuntária. Isso quer dizer que a severidade do

gegenhalten pode ser julgada pela altura da exortação do examinador para relaxar. No membro

examinado, o examinador passivamente eleva o braço do paciente, pede ao paciente para

relaxar, libera o braço, e observa se o braço permanece elevado ou não. O braço permanecendo

elevado, na ausência de parkinsonismo ou espasticidade, indica paratonia. Na paratonia

Page 50: Sindrome Extrapiramidais

50

facilitadora (mitgehen), o paciente coopera. O paciente ativamente assiste o movimento passivo

do examinador, e o braço pode continuar a se mover mesmo que o examinador o tenha liberado.

Na técnica descrita por Kral, o examinador pede ao paciente para relaxar, e depois passivamente

flete e estende o cotovelo várias vezes, liberando o braço do paciente com a mão no nível da

coxa.

FISIOPATOLOGIA DOS SINTOMAS EXTRAPIRAMIDAIS – HIPERCINESIAS

Os tremores

O tremor é constituído por movimentos involuntários alternantes, agonistas e antagonistas, de

amplitude mais limitada, de ritmo pouco variável, com frequência de acordo com as formas

entre 4 a 12 por segundo, susceptíveis de ser alterado em sua intensidade e ritmo pela atividade

voluntária e emoção que pode afetar qualquer território, podendo ser generalizado,

predominando nas partes distais dos membros superiores.

Comparo o tremor com a memória, sendo que a memória é ouvida e não vista e o tremor é visto

e não ouvido: exceto os velopalatinos e vestibulares que são raros. Portanto, a clínica da perda

da memória pertence a um universo abstrato, parafraseando as palavras de Gabriel Garcia

Márquez: a vida não é a que vivo, senão a de uma lembrança, e como a lembro para contá-la;

enquanto a classificação clínica do tremor pertence a um universo fisiopatológico: você o vê, mas

não sabe quem realmente ele é. A maneira correta de fazer um diagnóstico de um tremor é

descrevê-lo em seus detalhes, associando-o a um estudo eletrofisiológico. Veja os tipos mais

comuns de tremor:

Tremor fisiológico caracteriza-se por ser muito fino e detectável unicamente por técnicas

eletrofisiológicas; 8 a 12 Hz; também presente durante o sono.

Tremor em repouso é o tremor parkinsoniano clássico; tem um ritmo lento de 4 a 6 contrações

por segundo, particularmente regular, aparecendo quando o segmento interessado está em

posição de repouso, e desaparecendo durante o movimento voluntário. De um a outro

segmento, esse tremor é assincrônico. Dois sistemas estão em jogo no tremor parkinsoniano: a

via nigroestriatal, tendo equilíbrio entre acetilcolina e dopamina no neoestriado; e o circuito

rubro-olivodenteadorubral, tendo efeitos mais relacionados com os precursores de serotonina. O

Page 51: Sindrome Extrapiramidais

51

tremor de repouso dito de extrapiramidal dos parkinsonianos, o seu termo ainda é discutível. Há

quem o chame de tremor estático, tremor postural (TP) ou ainda de tremor rítmico. Uma vez que

no autêntico repouso o tremor de repouso desaparece, o termo TP é mais abrangente como

tremor parkinsoniano.

Tremor intencional aparece durante movimentos voluntários; amplitude aumentada quando o

movimento se aproxima de seu alvo. Pode ser visto nas polineuropatias (raramente), condições

tóxicas, esclerose múltipla com freqüência. Provocado por lesão do núcleo denteado ou de seus

tratos eferentes.

O tremor postural é uma condição neuromuscular em que a parte do corpo se dispõe imóvel,

sem esforço e sem oposição a ação da gravidade. O TP aparece quando os membros

permanecem relaxados: em posição de decúbito os braços dispostos ao longo do corpo, em

posição sentada as mãos apoiadas nos joelhos, e durante a marcha quando os braços estão

pendentes passivamente. A menor contração voluntária do músculo que está tremendo

desaparece imediatamente o tremor. O caráter alternante do TP é bem aparente. Sua frequência

varia tanto de um paciente a outro como de um grupo muscular a outro no mesmo paciente, ou

ainda no mesmo grupo muscular em momentos diferentes no mesmo paciente, sua frequência

varia de 4 a 8 ciclos por segundo. Quando afeta o segmento cefálico é do tipo afirmativo pela

contração alterna dos músculos flexores e extensores do pescoço.

Tremor de ação aparece durante qualquer movimento ativo, até na escrita. Existem duas

variedades dentro dos tremores de ação: 1. Tremor cinético ou de movimento se trata mais de

um movimento realizado irregularmente do que um tremor, que no final do movimento,

continua como um tremor estático. É próprio de patologia cerebelar. 2. Tremor de atitude (TA)

aparece durante o movimento voluntário, com postura contra a gravidade, predomina na

extremidade distal superior e desaparece com o repouso e em movimentos fásicos. Sua

frequência é menor do que a do tremor parkinsoniano e a amplitude aumentada à medida que o

movimento continua. A melhor postura para aparecer o tremor de atitude é pela oposição dos

índices, sem tocá-los, em frente ao peito e com os braços elevados na altura dos ombros.

Durante a prova aparecem oscilações em todos os planos, principalmente no vertical (sinal do

esgrimista de Garcin), mas quando o tremor é extremo é impossível que os índices mantenham-

Page 52: Sindrome Extrapiramidais

52

se próximos. Também pode ser obtido na prova índice nariz quando o dedo aproxima-se do

nariz. Quando o tremor de atitude acomete o segmento cefálico, intervêm na orientação da

cabeça no espaço, apresentando-se no sentido negativo. O tremor de atitude está relacionado

com o estriado ou com o circuito dentadorubrotâlamico.

O tremor de atitude é habitualmente um tremor essencial, familiar, raramente evolui para um

tremor parkinsoniano. Um tremor até certo ponto similar ao de atitude que se observa na

doença de Wilson e eletivamente na sua forma tardia de Westphal-Strümpell. Esse tipo de

tremor de atitude é mais uma discinesia do que um tremor autêntico; as oscilações são amplas,

irregulares, tem lugar em todos os planos, não possui um modelo fixo. O sinal do esgrimista é

nítido e a importância do movimento oposicionista é mais nítida no movimento voluntário do

que no automático e condiciona uma gesticulação desordenada que se opõe a execução do ato:

esse é um sinal muito particular chamado de gesto acompanhado de Froment. O examinador

segura o braço do paciente para realizar um movimento, leva a mão até o nariz ou escreve, o

braço do paciente fica desobediente e o examinador aprecia as descargas oposicionistas que ele

mesmo tenta parar.

Tremor vibratório é muito parecido com o tremor fisiológico ou de fadiga ou emocional. Pode ser

do tipo intermitente ou permanente, pode aparecer em repouso, mas geralmente aparece

durante um movimento ou na manutenção de uma atitude. Predomina nas extremidades distais,

principalmente na realização de gestos delicados, pode ser generalizados afetando os músculos

do rosto e da língua. Sua oscilação é de 8 a 9 ciclos por segundo e de amplitude irregular. Pode

ser obtido na prova dos braços estendidos com os dedos separados, repousando sobre os dedos

uma folha de papel. A etiologia mais comum é o hipertireoidismo, alcoolismo crônico e paralisia

geral progressiva.

Tremor rubro aparece em repouso, torna-se mais intenso a uma postura mantida e ainda mais

intenso durante o movimento. É visto no tremor de bater de asas na doença de Wilson. Lesão no

núcleo rubro ou em suas conexões, incluindo o núcleo denteado do cerebelo. O núcleo denteado

possui duas porções, uma dorsomedial, mais antiga, e outra ventrolateral, mais recente. O

núcleo emboliforme situa-se próximo ao hilo do núcleo caudado e, nesse sítio, existem células

similares às encontradas no núcleo denteado. Portanto, não havendo diferença entre as células

Page 53: Sindrome Extrapiramidais

53

da porção dorsomedial do núcleo denteado e as do núcleo emboliforme. As fibras eferentes mais

antigas do núcleo denteado vão para o núcleo rubro, lá, inicia-se o feixe rubroespinhal que leva

as informações do núcleo rubro para a medula espinhal. Veja na figura abaixo, área de enfarte

nas imediações da porção dorsomedial do núcleo denteado do cerebelo à esquerda, num

paciente com tremor rubral, principalmente à esquerda, ao realizar a prova calcanhar joelho (Fig.

24).

Carpenter, 98 Fig. 24

Tremor cerebelar é muito variável, lento nas partes proximais dos braços e das pernas, e

também na cabeça ou do tronco quando o paciente fica em pé. Visto em lesão do pedúnculo

cerebelar superior.

Tremor ortostático (TO) com uma freqüência de 16 Hz aparece nas pernas quando o indivíduo

afetado fica em pé. Os pacientes se queixam de dificuldade em caminhar e por vezes até de

tonturas ou quedas, especialmente no escuro. Geralmente, o TO é invisível ao olho nu e só pode

ser detectado pela eletroneuromiografia. Responde a primidona, levodopa e clonazepan.

Tremor senil tem freqüência entre 4 a 5 Hz, aparece em repouso e afeta, nas mãos, cabeça e

mandíbula.

Tremor essencial não difere do ponto de vista fenotípico do tremor familiar autossômico

dominante, mas seu início é em média um pouco mais tardio. A idade de início tem dois picos,

um na segunda década e outro na sexta década de vida. Geralmente um tremor das mãos,

bilateral, se acompanha frequentemente de um tremor da cabeça. Sua frequência é de 5 a 9 Hz

em repouso e se agrava com estresse e na tentativa de manter-se numa posição fixa como para

Page 54: Sindrome Extrapiramidais

54

segurar um copo com água no ar. O estudo histopatológico revela perda dos neurônios pequenos

do estriado.

O genioespasmo é um tremor isolado queixo e lábio superior, transmitido hereditariamente num

padrão autossômico recessivo. Aparece na infância, agrava-se pelo estresse.

Asterixis é um tremor grosseiro e irregular das mãos quando os braços estão estendidos. É uma

condição que pode ser descrita como incapacidade de se manter uma determinada postura,

geralmente simétrica em casos de derivação portocava e outras condições hepáticas,

encefalopatia urêmica; ou ser unilateral causada por lesão no cérebro, especialmente no tálamo.

As distonias

Distonia é a contração tônica involuntária de músculos ou grupos de músculos. Pode ter duração

mais curta ou mais longa. Pode ser focal quando afeta um grupo de músculos como no torcicolo

espasmódico ou câimbra do escrivão ou generalizada como na distonia de torção. Atualmente, as

distonias são classificadas segundo a etiologia como na fase inicial da doença de Wilson e de

Huntington, neurodegeneração associada ao pantotenoquinase, pósencefalite e após trombose

venosa cerebral.

Distonia de torção generalizada se caracteriza por movimentos lentos, vigorosos, principalmente

de rotação da cabeça e do tronco, acompanhados de movimentos variáveis das extremidades,

mais comumente movimentos atetóides dos dedos. Os músculos envolvidos parecem lutar

continuamente contra a contração de seus músculos antagonistas, de modo que o paciente

parece estar em desconforto. Quando o paciente tenta um movimento voluntário, aparecem

contrações tônicas de grupos musculares antagônicos levando a posturas anormais. Uma postura

estacionária, uma vez obtida, tende a ser mantida por um longo, por mais incomum ou

desconfortável que possa ser. A torção pode ser induzida por movimentos voluntários ou pela

emoção, e estão ausentes no sono. Com freqüência o tônus dos demais músculos se mostra

diminuído e as articulações podem estar hiperextensiveis. Os pacientes passam gradualmente a

uma postura distônica permanente com hiperlordose da coluna lombar, com flexão dos quadris e

rotação interna dos braços e das pernas.

Page 55: Sindrome Extrapiramidais

55

Torcicolo espasmódico é a forma mais comum de distonia. Limita-se a musculatura cervical e da

nuca. O paciente apresenta contração muscular involuntária desconfortável, protraída, em

câimbra, que geralmente puxa fortemente a cabeça para o lado em alguns segundos, ao mesmo

tempo em que inclina a cabeça para o mesmo lado ou o lado oposto. Os músculos agonistas e

antagonistas se contraem simultaneamente, criando a impressão viva de que duas forças estão

lutando entre si, até que a mais forte predomina lentamente. Num dado momento parece que a

hipertonia cede bruscamente por um instante e então a cabeça tende a posição normal, logo em

seguida o espasmo reaparece com intensidade inusitada, reiterando uma série de oscilações

lentas, desiguais, em interconexão com o esforço do paciente, que consciente ou não, se opõe a

essa sequência que o atormenta.

Distonias segmentares correspondem às distonias localizadas a uma extremidade, com as

mesmas características distônicas do torcicolo espasmódico. Trata-se de um movimento de

torção do membro sobre seu eixo, de pronação e supinação forçadas, às vezes alternantes, com

contração lenta e progressiva, sendo frequente a contração simultânea dos músculos

antagonistas. Essas distonias podem se associar a sintomas piramidais, cerebelares, sensitivos e

hemianópticos. As alterações do tônus podem ser vistas no sinal da mão escavada descrita por

Garcin. Esse aspecto manual pode ser de uma distonia (mão escavada tônica) ou de uma paresia

piramidal (mão escavada parética).

Distonia de torção também obedece ao eixo corporal, apresentando-se em duas formas. 1. O

espasmo de torção intermitente, que imprime ao eixo corporal atitudes bizarras de inclinação,

torção, anteflexão, retroflexão; 2. A distonia permanente, que aparece enquanto se adota a

atitude bípeda, a marcha, inclusive a posição sentada, e que desaparece no repouso em decúbito

dorsal. Ligada a atividade, a distonia toma um aspecto especial, que ao passar para a postura

bípede e deambulação, a distonia se junta a uma série de movimentos ou de atitudes

estereotipadas do tronco e das extremidades, que se renova a cada tempo da marcha, da

maneira que a progressão e as sinergias aparecem ela produz uma mutação da distonia.

Atetose

Esse termo do Grego significa mutável ou solto. Geralmente ocorre por lesão nos GB no período

neonatal e na infância. A condição caracteriza-se por movimentos lentos, contorcidos, contínuos,

Page 56: Sindrome Extrapiramidais

56

nos dedos das mãos e dos pés, mas pode envolver a musculatura axial, incluindo o pescoço, a

face e a língua. Como regra, os movimentos anormais são mais pronunciados nos dedos das

mãos e dos pés, face, língua e garganta. Pode- se detectar formas básicas de movimentos que

alternam entre flexão e extensão e flexão e pronação do braço e entre flexão e extensão dos

dedos das mãos, a flexão com adução do polegar e superposição dos outros dedos sobre ele com

a mão fechada. Outros movimentos característicos são: eversão e inversão do pé, retração e

enrugação dos lábios, torcer o pescoço e tronco, e enrugar e relaxar a testa ou abrir e fechar os

olhos com força. A atetose pode ser desencadeada por movimentos voluntários em qualquer

parte do corpo; esse fenômeno chama-se de transbordamento. A fala pode aumentar a atetose

nos membros, pescoço, tronco, face e língua. A velocidade desses movimentos pode às vezes, ser

mais rápido do que os movimentos coreicos, usando o termo coreoatetose. Quando a atetose

está associada com contrações mistura-se com distonia. Em adulto a atetose adquire a forma de

coreoatetose. A síndrome atetósica precisa de uma anatomia patológica definida como no

estriado, no núcleo ventrolateral e GP. Essas três estações patológicas se encontram o circuito

das reações supressoras entre as áreas 4 de Brodmann e 4s de Hines.

Balismo

Esse termo designa movimentos de arremesso, amplos, de predomínio axial, estereotipado, de

um membro inteiro por lesão do NST ou do tálamo ou da região parietal contralateral. Quando o

balismo continua por uma semana sem parar, pode chegar à exaustão e até a morte. A perda da

estimulação reguladora desde o NST até a parte magnocelular do NR acarreta por meio do trato

rubroespinhal, a desordenada das células do corno anterior da medula espinhal. O uso de

haloperidol pode reverter o quadro ou espontaneamente.

Mioclonias

O termo mioclonia pode ser definido como contração involuntária única ou repetitiva, abrupta,

breve, rápida, como um raio, um puxão, arrítmica, assinérgica envolvendo porções de músculos,

músculos inteiros, ou grupos de músculos e são independentes da vontade. Mioclonia é vista

principalmente em músculos de extremidades de preferência superior e tronco, porém o

envolvimento é multifocal, difusa ou espalhada. Pode envolver músculos faciais, mandíbula,

língua, faringe e laringe. As contrações agudas, como um choque, usualmente aparece com

Page 57: Sindrome Extrapiramidais

57

paroxismo em intervalos irregulares, durante o repouso ou ativado por estímulo emocional,

visual, auditivo, táctil e mental, mas desaparece com o sono e se originam no neoestriado. Às

vezes não chegam a deslocar um segmento corpóreo, enquanto outras vezes determinam um

movimento violento de todo um membro ou mesmo lançam o paciente ao solo. As drogas de

primeira escolha são nitrazepam, ácido valpróico, clonazepam e piracetam.

Mioclonias fisiológicas ocorrem em normais. Puxões hípnicos são mioclonias que aparecem

durante a fase II do sono, mas desaparece durante o sono. Mioclonia essencial hereditária é

geralmente uma desordem benigna, pode haver algum prejuízo na função cerebelar e

progressão gradual nos sintomas. Paramioclonia multiplex (doença de Friedreich ou de Kny) foi

descrito como uma desordem na vida adulta, causando contrações paroxísticas dos membros e

tronco, com frequência de 10 a 50 por minuto, está presente no repouso e agravada pelo

estímulo emocional, e desaparece na contração voluntária e durante o sono.

A mioclonia epiléptica progressiva é um grupo de desordem que incluem a síndrome de

Unverricht-Lundborg (epilepsia mioclônica progressiva familiar) e doença de Lafora. Os corpos de

Lafora são inclusões citoplasmáticas neuronais similares aos corpúsculos amiláceos vistos no SNC

e em outros órgãos em pacientes com epilepsia mioclônica. Na síndrome de Unverricht-

Lundborg os puxões mioclônicos estão presentes durante e entre ataques e se intensifica antes

de ocorrer convulsão; associa-se com deterioração intelectual e motora progressivas. Epilepsia

mioclônica juvenil ou síndrome de Janz começa por volta da puberdade, apresenta convulsões

tônico-clonicas generalizadas associadas com mioclonias que afetam os braços, especialmente ao

despertar, sendo de caráter familiar dominante ou recessivo.

Mioclonia também pode ocorrer isolada em desordens metabólicas urêmica ou anóxica

(mioclonia de ação ocorre como sequela na síndrome de Lance-Adams), panencefalite

esclerosante subaguda, síndrome de Hallevorden-Spatz, doença de Creutzfeld–Jacob, Alzheimer,

Wilson, Huntington, degeneração córticobasal, encefalite viral, etc.

Mioclonia palatal é caracterizada por movimentos rítmicos e involuntários do palato mole e

faringe, às vezes de laringe, músculos oculares, diafragma e ocasionalmente de outros músculos,

mas não desaparece com o sono. Com o fechar e abrir da trompa de Eustáquio, às vezes causa

um click acompanhando os movimentos, audíveis para o paciente e às vezes para o médico.

Mioclonia palatal ocorre com lesão envolvendo as conexões entre a oliva, o núcleo denteado e o

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58

núcleo rubro. O triângulo de Guillain e Mollaret é uma alça: oliva inferior – pedúnculo cerebelar

inferior – núcleo denteado – pedúnculo cerebelar superior – núcleo rubro – trato tegmentar

central – oliva inferior. A lesão pode ocorrer em qualquer local dessa alça. Lesão no trato

tegmentar central pode causar hipertrofia da oliva inferior. Existe gliose do amiculum da oliva,

aumenta grosseiramente o tamanho da oliva, que pode ser visualizada pela RM. A diferença

entre tremor e mioclonia é que no tremor o movimento é feito entre contração de agonista,

relax do antagonista e desaparece com o sono, enquanto na mioclonia há contração e relax do

agonista e não desaparece com o sono e drogas.

Miorritmia

É um abalo persistente e rítmico de um único grupo muscular com freqüência de 1 a 4 Hz, ocorre

mais na face (platisma e orbicular do olho) e no aparelho de deglutição com protusão rítmica da

língua. Deve-se a uma lesão do tronco cerebral ou do cerebelo e pode aparecer com uma

latência que varia de dias a anos. O aparecimento de soluços persistentes e intratáveis pode ser

por miorritmias do diafragma vindo após anestesia geral, encefalite, esclerose múltipla ou sem

qualquer causa conhecida. Existe a miorritmia palatina ou nistagmo palatino; a miorritmia

óculomastigatória vista na doença de Whipple. A miorritmia pode ser tratada com dose maciça

de metilfenidato 20mg.

Coréia

Esse termo é derivado do Grego que significa dança. São movimentos involuntários, irregulares,

sem propósitos, sem ritmo, abrupto, rápido e não sustentado que flui de uma parte do corpo

para outra. Esses movimentos podem ser simples ou pouco elaborados e de distribuição variável.

Apesar dos movimentos serem sem objetivos o paciente pode incorporá-los dentro de um ato

deliberativo, como se fazê-los menos notáveis. Quando as ações são voluntárias, eles podem

assumir um caráter bizarro e exagerado. Careta e som respiratório peculiares podem ser outras

expressões dos movimentos anormais. Os membros são hipotônicos e, por causa disso, o puxão

do joelho é pendular; com o paciente sentado sobre a extremidade da mesa do examinador com

o pé pendente, as pernas balançam para trás quatro ou cinco vezes com um único reflexo

patelar. Existem formas de coréia hereditária, infecciosa e vascular: coréia hereditária benigna

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59

acontece na infância por mutação no cromossomo 14; coréia de Huntington apresenta caráter

genético dominante, causada por uma repetição CAG expandida no braço curto do cromossomo

4, levando degeneração dos neurônios espinhais de tamanho médio do putâmen que deixam de

atuar sobre o GP, inicia-se entre 30 e 50 anos, apresentando durante seu curso coréia, demência,

psicose, depressão e, nas formas tardias, 25% começa com coréia; neuroacantocitose é uma

desordem familiar, caracterizada por coréia e demência progressiva associada com anormalidade

das hemácias. Coréia infecciosa causada pela reação antígeno e anticorpos, originada por

infecção da orofaringe do estreptococus beta-hemolítico do grupo-A de Lancefield. Os anticorpos

reagem com os capilares nos gânglios da base, putâmen, desencadeando a coréia. Coréia

vascular (senil) ocorre por lesão vascular, geralmente isquemia nos gânglios da base. Coréia

gravídica que ocorre durante o período de gestação, para alguns autores é uma recidiva de

coréia de Sydenham.

Tics orgânicos

Muita gente através de suas vidas apresenta movimentos habituais. Quando o indivíduo torna-se

tenso pode aparecer tics simples, altamente personalizados, maneirismos idiossincráticos com os

lábios e línguas, repetir ações como cheirando, pigarreando, protundindo o queixo, piscando os

olhos. Estereotipia e irresistibilidade são as principais características de identificação dos tics. O

paciente admite fazer o tic para se sentir completamente livre da tensão. Tais movimentos

podem ser suprimidos por curto tempo, mas reaparecem tão breve quando a atenção do

indivíduo é desviada. Em certos casos, os tics tornam-se tão incorporados que o indivíduo fica

incapaz de poder controlá-los. Uma característica de muitos tics é que correspondem a atos

coordenados que normalmente atendem algum objetivo. A condição varia de um tic simples para

um complexo, tendo como protótipo a síndrome de Gilles de La Tourette.

Hiperecplexia é um transtorno autossômico dominante designado como doença do susto. Os

indivíduos afetados respondem a um estímulo inesperado por um abalo convulsivo ou às vezes

por uma queda, sem perda de consciência. Pode está associada à síndrome do homem rígido

com espasmo. Os potenciais evocados somatossensitivos revelam uma forte resposta C 60-75

m\s depois de um estímulo a um nervo periférico.

Page 60: Sindrome Extrapiramidais

60

É mostrado diagramas das vias extrapiramidais que formam um circuito cortical – ganglionar –

tálamo – cortical. As linhas em azul representam estímulos excitatórios mediados principalmente

por glutamato e, as linhas em preto, estímulos inibitórios mediados por dopamina e GABA. Os

mais importantes neurotransmissores dos GB são o glutamato (excitatório do córtex para o

estriado e do NST para o GP medial), GABA (inibitório do estriado para o GP lateral pela via

indireta e pela via direta para a SNr; e do GP medial para o tálamo), dopamina (excitadora pela

via direta da SNc para o estriado e inibidora pela via indireta), acetilcolina (sintetizada e liberada

pelos neurônios não espinhosos Golgi tipo II do estriado, são principalmente excitatórios sobre

os neurônios espinhosos dentro do putâmen que constitui a principal origem das vias direta e

indiretas) e serotonina (seus

precursores têm efeito inibidor sobre

o circuito rubro-olivodenteadorubral).

Diagrama A

Adams, 05

Acredita-se que o segmento medial do

GP e a SNr atuem como uma entidade

que projeta neurônios contendo GABA

para o tálamo (núcleos ventrolateral e

ventroanterior) e para o núcleo

pedúnculopontino. Neurônios

dopaminérgicosAqdaume s,s0a5em da SNc têm uma influencia excitatória direta sobre as fibras

estriatopalidais (via dos receptores D1) e um efeito inibitório indireto nas fibras estriatopalidais

D(viiaagdraoms areAceptores D2) que se projetam para a parte lateral do GP e para o NST (Diagrama A).

Diagrama B

Adams, 05 Na doença de Parkinson, como o

sintoma mais característico é a

hipocinesia, acontece por redução da

taxa de dopamina na parte compacta

da substância negra que corresponde

à via direta para o estriado, não

estimulando o estriado haverá perda

da atividade inibitória sobre o globo

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61

pálido medial e, em troca, aumenta a inibição para os núcleos talâmicos que reduzem o input

para o córtex cerebral (Diagrama B). Adams, 05

Diagrama C

talamocortical (Diagrama C).

LEITURAS RECOMENDADAS

Na doença de Huntington, como o

sintoma mais característico é o

quadro de coréia, a hipercinesia

resulta de uma redução da inibição

do estriado dentro da via indireta,

assim haverá excesso de estímulo ao

núcleo subtalâmico, que por sua vez

não inibirá o GP medial, causando

excesso de atividade no circuito

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