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Ano 62 - nº 492 – São Paulo – setembro – dezembro – 2015 O Brasil está muito doente. Chamem um médico! Houve um tempo (e não faz tanto tempo as- sim) em que a economia brasileira crescia 10% ao ano. O mesmo que cresceu a fantástica economia da Chi- na nos últimos 25 anos. O que signifi- ca, exatamente, nosso país crescer 10%? Significa que agricultura, indústria, co- mércio e serviços crescem 10%. Signifi- ca que os empregos crescem 10%. Sig- nifica que, como nossa população cres- ce 2% ao ano, a cada ano os brasileiros ficam 8% mais ricos – ou 8% menos po- bres. Página 2. Crise? A resistência, a representação e a uni- dade de ação devem ser prioritárias; com elas se prepara, desde já, a possibilidade de retomada do crescimento econômico, derrotando o ajuste fiscal e a recessão e voltando-se às condições vantajosas da conjuntura dos últimos anos, sem os er- ros. Página 4. O Congresso e a sua pauta conservadora A pauta imposta à Câmara, que tam- bém depende de apreciação do Senado, é uma ameaça às conquistas políticas, econômicas e sociais, além de estar sen- do utilizada como elemento de pressão sobre o governo, a quem o presidente da Câmara atribui responsabilidade por sua inclusão na investigação da Operação Lava Jato. Página 7. Praia Grande Nos últimos meses do ano, muitos associados foram recebidos por nosso Depar- tamento Social, que promoveu encontros e jogos. Páginas 16 a 19. Nossa Colônia recebe atletas paralímpicos Vinte e sete jogos em seis dias defi- niram o campeão brasileiro de basque- te em cadeira de rodas. De 10 a 15 de no- vembro, a cidade de Praia Grande, no li- toral paulista, recebeu 180 atletas de 12 equipes para a principal competição de clubes do país. O evento foi realizado em nossa Colônia de Férias e a entrada para o público foi gratuita. Página 20. Impossível é algo que não tentamos ou desistimos no meio do caminho. (Autor desconhecido) Feliz 2016

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Ano 62 - nº 492 – São Paulo – setembro – dezembro – 2015

O Brasil está muito doente. Chamem um médico!

Houve um tempo (e não faz tanto tempo as-sim) em que a economia brasileira crescia 10% ao ano. O mesmo que cresceu a fantástica economia da Chi-na nos últimos 25 anos. O que signifi-ca, exatamente, nosso país crescer 10%? Significa que agricultura, indústria, co-mércio e serviços crescem 10%. Signifi-ca que os empregos crescem 10%. Sig-nifica que, como nossa população cres-ce 2% ao ano, a cada ano os brasileiros ficam 8% mais ricos – ou 8% menos po-bres. Página 2.

Crise?

A resistência, a representação e a uni-dade de ação devem ser prioritárias; com elas se prepara, desde já, a possibilidade de retomada do crescimento econômico, derrotando o ajuste fiscal e a recessão e voltando-se às condições vantajosas da conjuntura dos últimos anos, sem os er-ros. Página 4.

O Congresso e a sua pauta conservadora

A pauta imposta à Câmara, que tam-bém depende de apreciação do Senado, é uma ameaça às conquistas políticas, econômicas e sociais, além de estar sen-do utilizada como elemento de pressão sobre o governo, a quem o presidente da Câmara atribui responsabilidade por sua inclusão na investigação da Operação Lava Jato. Página 7.

Praia Grande

Nos últimos meses do ano, muitos associados foram recebidos por nosso Depar-tamento Social, que promoveu encontros e jogos. Páginas 16 a 19.

Nossa Colônia recebe atletas paralímpicos

Vinte e sete jogos em seis dias defi-niram o campeão brasileiro de basque-te em cadeira de rodas. De 10 a 15 de no-vembro, a cidade de Praia Grande, no li-toral paulista, recebeu 180 atletas de 12 equipes para a principal competição de clubes do país. O evento foi realizado em nossa Colônia de Férias e a entrada para o público foi gratuita. Página 20.

Impossível é algo que não tentamos ou desistimos no meio do caminho.

(Autor desconhecido)

Feliz 2016

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2 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015E D I T O R I A L

• Redação e Administração: R. Santo Amaro, 255 - Bela Vista - SP - CEP 01315-903. Tel.: (0xx11) 3116-3750 - Fax: (0xx11) 3116-3795 Registrado no DNPI sob nº 253.158. • Presidente: Edson Ribeiro Pinto• 1º Secretário: Roberto Nascimento• 1º Tesoureiro: Jorge Evangelista Lima

Este jornal é Órgão Ofi cial do Sindicato dosEmpregados Vendedores e Viajantes do Comércio no Estado de São Paulo

• Jornalista responsável: Lilly D. Portella (MTb 10.394)• Editoração eletrônica: Manuel Rebelato Miramontes • Fotos: SindVend, Camarão e Arquivo Esta é uma publicação quadrimestral, com distribuição gratuita.• Home-page: www.sindvend.com.br• Impressão: G set Indústria Gráfica e Editora Ltda. (As matérias assinadas não refl etem, necessariamente, a opinião deste jornal).

O Brasil está muito doente. Chamem um médico!

Houve um tempo (e não faz tanto tempo assim) em que a economia

brasileira crescia 10% ao ano. O mesmo que cresceu a fantástica economia da China nos últimos 25 anos.

O que significa, exatamente, nosso país crescer 10%? Significa que agricul-tura, indústria, comércio e serviços cres-cem 10%. Significa que os empregos crescem 10%. Significa que, como nossa população cresce 2% ao ano, a cada ano os brasileiros ficam 8% mais ricos – ou 8% menos pobres.

Mas o Brasil mudou muito. Hoje, não crescemos a 10%, nem a 5%, nem 0%. Hoje, nosso crescimento é negativo, e em 2015 os brasileiros ficaram 3,6% me-nos ricos – ou 3,6% mais pobres.

As notícias de uma luta implacável contra a corrupção, detonada pelo Minis-tério Público, não sobrepujam a ingover-nabilidade em que o país está submer-gindo, com as disputas entre os poderes

Executivo e Legislativo. Uma disputa que não ocorre por melhores condições para o Brasil, mas por um mesquinho au-mento de poderes pessoais.

Quando tivemos a última notícia que fez os brasileiros felizes? Já não lembra-mos mais.

Somos inundados todos os dias por notícias sobre a queda no grau de inves-timento (que significa não apenas me-nos investimentos estrangeiros no Bra-sil, mas também a retirada de investi-mentos feitos – e menos empregos), notícias sobre a piora do atendimento na área da saúde (leia-se menos quali-dade de vida), notícias sobre a piora do índice de desenvolvimento humano – abaixo do México, Uruguai e Sri Lanka, por exemplo (leia-se menos capacida-de para conseguir um emprego), notícias sobre a queda de 13% da Bolsa de Valo-res (leia-se menos negócios, menos em-pregos), queda no programa Minha Casa

Minha Vida, dobra o custo da energia elétrica, sobe a inflação acima de 10%, o país fecha 2015 com um déficit orçamen-tário de 51,8 bilhões de reais – uma dívi-da nossa, de cada brasileiro, que vamos ter de pagar com mais impostos.

Ao mesmo tempo, o governo anuncia um aumento do salário mínimo acima do que estava previsto no orçamento.

Presidente, isso é bom. Mas, em 2015 foram fechados um milhão e meio de postos de trabalho, e 2016 promete mais fechamentos. De que nos adianta a pers-pectiva de um salário melhor se não te-mos o emprego?!

O povo brasileiro não quer muito. Quer, apenas, de volta, os empregos que uma política cruel e pouco competente nos está roubando. Mas o seu governo não é capaz disso.

Edson Ribeiro Pinto

Presidente

O desafio é negociar transformações

Acordos sociais são instrumentos políticos para promover avanços no padrão civilizatório da sociedade, inclusive com uma previdência pública que materializa compromissos com aqueles que construíram a riqueza do país.

Clemente Ganz Lúcio*

Vive-se mais porque as condições de saúde melhoraram. Mudanças eco-

nômicas e culturais diminuíram a fecun-didade. A proporção de idosos aumenta e a de crianças diminui. Isso exige que a previdência social esteja em permanen-te construção, como no debate de pro-postas realizado no Fórum Nacional de

Previdência Social (2007), pelo governo, trabalhadores e empresários.

A base dessa construção deve ser o aperfeiçoamento do sistema da segu-ridade social (saúde, assistência e pre-vidência social), para fortalecer os ade-quados instrumentos de financiamento e melhorar a gestão.

O papel do Estado na economia e na promoção dos direitos sociais estão em permanente disputa, materializados na agenda das reformas tributária, federa-tiva, política, previdenciária, entre outras.

É urgente que as reformas constitu-am um acordo social que supere o per-sistente “pacto do egoísmo”, operado pe-las elites, que cria e aumenta desigual-dades, inviabilizando mudanças que

permitiriam ao país e à nação antecipa-rem o futuro.

Desenvolvimento é promover bem--estar social e qualidade de vida para todos, com sustentabilidade ambien-tal. Isso requer uma política econômi-ca voltada para o crescimento produ-tivo e o emprego e uma economia po-lítica orientada para a distribuição e as transformações.

Acordos sociais são instrumentos políticos para promover avanços no pa-drão civilizatório da sociedade, inclusive com uma previdência pública que mate-rializa compromissos com aqueles que construíram a riqueza do país.

(*)Clemente Ganz Lúcio é di-retor técnico do Dieese.

(Matéria publicada no jor-nal do Diap de 19/nov/2015)

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 3E CO N O M I A

Com novo salário mínimo, governo gastará mais

O reajuste no salário mínimo para R$ 880 a partir de janeiro do próxi-

mo ano, com pagamento em fevereiro, vai gerar uma despesa alta ao governo em um momento em que tenta reajustar as contas públicas – que registrarão em 2015 o maior rombo da história.

De acordo com dados da proposta de orçamento federal do próprio gover-no, enviada pelo Executivo ao Congres-so Nacional no fim de agosto de 2015 pelo Ministério do Planejamento, a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, há o impacto líquido de R$ 328 milhões nas contas públicas.

Isso porque o salário mínimo corrige os benefícios previdenciários. Pela lei, os aposentados não podem receber menos do que um salário mínimo. Além disso, também há efeito no pagamento de sen-tenças judiciais, da Lei Orgânica de As-sistência Social (Loas) e do programa de Renda Mensal Vitalícia (RMV), do segu-ro-desemprego e abono salarial.

Atualmente o salário mínimo está em R$ 788. Com a confirmação de que ele avançará para R$ 880 no próximo ano, o aumento será de R$ 92. Com isso, o im-pacto total do reajuste, para as contas do governo federal, será de R$ 30,2 bilhões no ano que vem.

Dificuldade para arrumar as contas públicas

Neste ano de 2015, por conta da re-cessão que atingiu a economia brasileira, impactando fortemente a arrecadação, e também pelo pagamento das chamadas “pedaladas fiscais” – atrasos de paga-mentos a bancos públicos por conta de benefícios sociais – as contas públicas registrarão o maior rombo da história.

De janeiro a novembro, segundo nú-meros divulgados pelo Banco Central, as contas públicas tiveram um déficit pri-mário (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida pública) de R$ 39,52 bilhões - o pior resultado da série histórica, que começa em dezembro de 2001, para o período.

O aumento do déficit do Instituto Na-cional do Seguro Social (INSS) também está contribuindo para o aumento do rom-bo nas contas públicas em 2015, e continu-ará pressionando as despesas fortemente no ano que vem. Nos onze primeiros me-ses deste ano, o déficit da Previdência so-mou R$ 88,86 bilhões, contra R$ 58,46 bi-lhões em igual período de 2014.

Com a confirmação de que as pedala-das fiscais - que levaram o Tribunal de Con-tas da União (TCU) a recomendar a repro-vação das contas do governo Dilma Rous-seff - serão totalmente pagas ainda em

2015, o rombo das contas públicas deve superar a barreira dos R$ 115 bilhões nas contas do setor público neste ano. Com a revisão da meta fiscal pelo Congresso Na-cional, o limite, para o déficit público, é de cerca de R$ 117 bilhões neste ano.

O desempenho sofrível das contas públicas acontece apesar de várias me-didas de ajuste apresentadas pelo Exe-cutivo no decorrer de 2015 - várias de-las aprovadas pelo Congresso Nacional.

O governo subiu tributos sobre com-bustíveis, automóveis, empréstimos, im-portados, receitas financeiras de empre-sas, exportações de produtos manufatu-rados, cerveja, refrigerantes, cosméticos e folha de pagamentos. A alta da tributa-ção sobre a folha começa a valer, porém, somente em 2016.

O Executivo também limitou benefí-cios sociais, como o seguro-desempre-go, o auxílio-doença, o abono salarial e a pensão por morte, medidas já aprovadas pelo Congresso Nacional.

Além disso, efetuou um bloqueio ini-cial de R$ 69,9 bilhões no orçamento deste ano, valor que foi acrescido de ou-tros R$ 8,6 bilhões no mês passado - os maiores valores da história. Os principais itens afetados pelo contingenciamento do orçamento de 2015 foram os inves-timentos e as emendas parlamentares.

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4 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015E CO N O M I A

Intenção de consumo das famílias paulistanas cresce em dezembro após 13 meses de queda

Em decorrência da crise econômica que assola o País, 2015 foi o pior ano

desde 2010 para a intenção de consu-mo do paulistano. Desde maio, o indica-dor que mede a disposição das famílias da capital paulista para consumir encon-tra-se abaixo dos 100 pontos e, em de-zembro, registrou 66 pontos, queda de 39,2% no comparativo com dezembro de 2014, quando estava em 108,7. Em rela-ção a novembro, quando atingiu a míni-ma histórica de 65,3 pontos, o indicador apresentou leve alta de 1% e interrompeu uma sequência de 13 quedas mensais consecutivas.

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensal-mente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos significa insatisfação e aci-ma de 100 pontos representa satisfação em relação às condições de consumo.

Todos os sete itens que compõem o indicador mantiveram-se abaixo de 100 pontos em dezembro, sendo que os componentes Emprego Atual e Nível de Consumo Atual atingiram os menores patamares já vistos. Os dados mostram que a insatisfação das famílias paulista-nas é generalizada em relação às condi-ções de emprego, consumo e renda. A maior retração mensal se deu no item Nível de Consumo Atual, que recuou 1,8% e ficou em 40,4 pontos. O item tam-bém registrou em dezembro a menor pontuação entre todos os quesitos ana-lisados, seguido por Momento para Du-ráveis (41,6 pontos).

Os itens relacionados a emprego, por sua vez, apontaram os melhores ní-veis de pontuação do ICF em dezem-bro. Entretanto, enquanto Perspectiva Profissional subiu 2,2% na comparação com novembro e atingiu 93,3 pontos, o quesito Emprego Atual voltou a cair (-1%) na comparação mensal e registrou 90,1 pontos, reflexo direto do aumento

do desemprego registrado nos últimos meses.

Segundo a FecomercioSP, a baixa contínua na intenção de consumo das famílias ao longo do ano reflete a de-terioração de aspectos que interferem no poder de compra, como inflação, de-semprego e juros, assim como a falta de perspectiva de melhora dos cenários po-lítico e econômico. Dessa maneira, as famílias paulistanas têm priorizado os bens de primeira necessidade, adotando postura cautelosa.

A pesquisa mostra ainda que a inten-ção de consumo caiu mais entre as fa-mílias com renda superior a dez salá-rios mínimos, entre as quais o ICF atingiu 59,8 pontos, após recuo mensal, de 0,7%, e anual, de 41,5%. No caso das famílias com renda inferior a dez salários míni-mos, o índice também apresentou queda na comparação anual (-38,5%), mas subiu na comparação com novembro (1,6%), fe-chando o ano em 68,2 pontos.

(Fonte: Fecomercio)

Crise?

A resistência, a representação e a unidade de ação devem ser prioritárias; com elas se prepara, desde já, a possibilidade de retomada do crescimento econômico, derrotando o ajuste fiscal e a recessão e voltando-se às condições vantajosas da conjuntura dos últimos anos, sem os erros.

João Guilherme Vargas Neto*

Apenas os brasileiros com sua criati-vidade irresponsável sabem inven-

tar a crise crônica e a conjuntura de um dia só, pontuando uma semana de vá-rios dias D.

É o que estamos testemunhando: uma crise política exacerbada pela mídia e pelas pesquisas que se prolonga, sem solução, com reviravoltas estonteantes a todo o momento; as desorientações cam-peiam por todos os lados; barata-voa...

Em 1813, Antônio de Moraes e Silva, na boa edição de seu dicionário, o pri-meiro da língua brasileira, registrava a

palavra crize (com z) em sua acepção médica como “mudança para melhor” e figuradamente como “o estado e cir-cunstâncias arriscadas e perigosas em que alguém se acha”.

A atual crise brasileira oferece pou-cas condições de atender ao sentindo médico, mas é muito bem descrita no sentido figurado.

Parece que o horror sem fim vai pou-co a pouco fulanizando a crise enquan-to mascara as verdadeiras dificuldades.

Para mim é claro que, mesmo exage-rada e deformada, existe crise política; no entanto, o quadro de recessão (que é real) não configura crise econômica e muito menos crise social.

Para os trabalhadores, exceto em uma ou outra manifestação induzida, a crise política tem preocupado muito me-nos que a recessão e o ajuste, que são vividos nas empresas com o crescimen-to das demissões e com as dificuldades reais para garantir o emprego e os rea-justes de salários.

Os trabalhadores estão apreensivos e esperam da direção sindical as orienta-ções de resistência e a busca de soluções para seus verdadeiros problemas.

Nada lhes adiantaria “bater palmas para doido dançar” e se engolfarem no confuso torvelinho político que se lhes apresenta.

Muitos dirigentes já compreenderam isto e procuram mobilizar suas bases para obterem nas campanhas salariais em cur-so os melhores resultados possíveis. Não querem capitular e não querem turvar ain-da mais as águas poluídas do Tietê político.

A resistência, a representação e a uni-dade de ação devem ser prioritárias; com elas se prepara, desde já, a possibilida-de de retomada do crescimento econô-mico, derrotando o ajuste fiscal e a reces-são e voltando-se às condições vantajo-sas da conjuntura dos últimos anos, sem os erros.

(*) Membro do corpo técnico do Diap, é consultor de diversas entidades sindicais.

(Matéria publicada no Jor-nal do Diap de 21/out/2015)

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 5O P I N I Ã O

Endividamento atinge 62% das famílias brasileiras em 2014

Valor de dívida mensal das famílias alcançou o total de R$ 17,3 bilhões, acréscimo de aproximadamente R$ 880 milhões na comparação com 2013. Dados são da quinta edição da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela FecomercioSP com base em informações do Banco Central, IBGE e CNC.

Em 2014, a proporção de famílias en-dividadas no Brasil recuou em relação a 2013, mas apesar dessa pequena que-da, no período, houve acréscimo no nú-mero de famílias com algum tipo de dí-vida. O valor mensal dessas pendên-cias também aumentou. É o que apon-ta a quinta edição da Radiografia do En-dividamento das Famílias Brasileiras, re-alizada pela Federação do Comércio de

Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A pesqui-sa traz dados de 2012, 2013 e 2014, com base em informações do Banco Central do Brasil, IBGE e da CNC.

De acordo com a assessoria econô-mica da FecomercioSP, a queda no en-dividamento indica que as famílias brasi-leiras preservaram seus gastos em tem-pos de incertezas e ficaram mais caute-losas em relação a empréstimos e aqui-sição de bens duráveis. Por outro lado, a política monetária de elevação da taxa de juros adotada pelo Banco Central vi-sando o controle inflacionário resultou em expressivos aumentos no custo dos empréstimos, principalmente para pes-soas físicas, e impediu uma queda maior.

Os economistas da FecomercioSP alertam que o ciclo de expansão do consumo observado nos últimos anos se encerrou. O descontentamento da sociedade diante da atual conjuntura

econômica derrubou os indicadores de confiança tanto de consumidores quan-to de empresários aos menores patama-res históricos. A retomada da confiança depende da manutenção do emprego e da renda, ao lado de uma inflação mais controlada.

Veja os dados separados por re-gião: Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sul.

São Paulo reduz dívida em 6%

O valor mensal de dívidas das famí-lias em 2014 na cidade de São Paulo caiu na comparação com o valor do ano ante-rior. Segundo a Entidade, os dados vão ao encontro à forte retração registrada no comércio de bens duráveis vista nas pesquisas da FecomercioSP e indicam a baixa confiança dos paulistanos tan-to em relação às suas condições presen-tes, como em termos de expectativas a médio e longo prazos que começaram a prevalecer desde o ano passado.

O fator e a fórmula 85/95

Apesar desta aliviada para os trabalhadores da iniciativa privada, reduzindo o corte que acontecia por ocasião da aposentadoria, se sabe que o Poder Executivo não descansará enquanto não estiver em debate no Congresso um ato legal que estipule uma idade mínima para os benefícios do RGPS. Permaneçamos atentos.

Vilson Antonio Romero*

Após a reforma previdenciária de 1998, através da Emenda Constitu-

cional 20, a Lei 9.876/99, instituiu a fa-migerada fórmula matemática para defi-nir o valor das aposentadorias por tem-po de contribuição (antigo tempo de ser-viço) do Regime Geral de Previdência So-cial (RGPS), administrado pelo INSS: o fa-tor previdenciário.

O cálculo, existente até hoje, leva em conta alíquota de contribuição no valor fixo de 0,31, idade do trabalhador, tempo de contribuição para a Previdência So-cial e expectativa de vida do segurado na data da aposentadoria a partir de da-dos do IBGE.

Durante muito tempo, demonstramos que este instrumento inibidor das apo-sentadorias nada mais era que uma “tun-ga” ao valor dos benefícios previdenciá-rios, em especial e especificamente ao

ser aplicado como redutor do salário de benefício.

Salário de benefício, que já era e con-tinua sendo calculado sobre a média corrigida dos 80% maiores salários de contribuição do trabalhador, computa-dos desde julho de 1994, ou desde o iní-cio da formalização de sua condição de segurado, se posterior.

Pois agora surgiu uma boa notícia. Depois de vetar emenda parecida inse-rida na votação de uma Medida Provisó-ria, o Palácio do Planalto editou outro ato, agora transformado na Lei 13.183, de 4 de novembro último.

Apesar de trazer o veto à desaposen-tação e uma nova regra para a previdên-cia complementar dos servidores públi-cos, a nova Lei também, ao referendar a Medida Provisória 676, institui a fórmula 85/95 como opção para as aposentado-rias por tempo de contribuição.

Através da aplicação desta fórmu-la, os trabalhadores da iniciativa priva-da podem se aposentar em situação, na maior parte dos casos, mais vantajosa do que se fosse utilizada a regra do fa-tor previdenciário, que, lembrem-se: não foi extinto, permanece como modalidade de cálculo do benefício.

Vejamos um exemplo: para atingir o fator previdenciário igual a 1,00 que garantiria a integralidade do salário de

benefício, um trabalhador do sexo mas-culino teria que, aos 60 anos de idade, ter trabalhado e contribuído por 41 anos.

Com a opção apresentada pela fór-mula 85/95, este mesmo trabalhador, com a mesma idade, teria a exigência de tempo de contribuição reduzida em seis anos, podendo ingressar com seu pe-dido de aposentadoria ao completar 35 anos de contribuição.

Se a este trabalhador fosse aplicada a regra do fator previdenciário, tendo ele 60 anos e 35 anos de contribuição, o seu salário de benefício seria diminuído em exatos 15%.

A regra vale até 2018 e, a partir de en-tão, começa a avançar um ponto a cada dois anos, até atingir 90/100, sendo 90 para as mulheres e 100 para os homens em 2027.

Apesar desta aliviada para os traba-lhadores da iniciativa privada, reduzin-do o corte que acontecia por ocasião da aposentadoria, se sabe que o Poder Exe-cutivo não descansará enquanto não es-tiver em debate no Congresso um ato le-gal que estipule uma idade mínima para os benefícios do RGPS. Permaneçamos atentos.

(*) Jornalista e auditor-fiscal, presi-dente da Anfip e conselheiro da ABI.

(Texto publicado no Jor-nal do Diap de 18/nov/2015)

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6 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015O P I N I Ã O

O Congresso e a sua pauta conservadora

A pauta imposta à Câmara, que também depende de apreciação do Senado, é uma ameaça às conquistas políticas, econômicas e sociais, além de estar sendo utilizada como elemento de pressão sobre o governo, a quem o presidente da Câmara atribui responsabilidade por sua inclusão na investigação da Operação Lava Jato.

Antônio Augusto de Queiroz*

No Brasil, convivemos em um am-biente de moralismo justiceiro, com

uma combinação de quatro fatores que são sinônimo de crise em qualquer con-juntura ou lugar: 1) um Congresso con-servador e capturado pelo poder eco-nômico; 2) um governo fraco; 3) um Ju-diciário midiático; e 4) uma imprensa tendenciosa.

Neste texto cuidarei apenas da pauta priorizada pelo Congresso Nacional, que pode ser classificado como conservador do ponto de vista social, liberal do ponto de vista econômico e atrasado do pon-to de vista do meio ambiente e dos direi-tos humanos.

Antes de tratar especificamente da pauta patrocinada pelo Congresso, em especial pela Câmara dos Deputa-dos, é importante resgatar o ambiente da eleição de 2014, que elegeu o Con-gresso mais conservador do período pós-redemocratização.

Uma das causas da eleição do atu-al Congresso foi a frustração com a (fal-ta de) resposta das instituições às mani-festações de junho de 2013, quando mi-lhões de pessoas foram às ruas protes-tar em quatro das cinco dimensões da ci-dadania: 1) eleitor; 2) contribuinte; 3) usu-ário de serviço público; e 4) consumidor. A quinta dimensão é a de assalariado/trabalhador.

Como eleitor, o cidadão tinha e conti-nua tendo razão de sobra para protestar. Ele é o titular do poder e, quando dele-ga para que alguém em seu nome legis-le, fiscalize, aloque recursos no orçamen-to ou administre um município, um esta-do ou a própria União, o faz com base em um programa, com exigência de presta-ção de contas e alternância no poder. E nenhum representante tem correspondi-do a essa expectativa, contribuindo para

a descrença do eleitor nos agentes pú-blicos e nos políticos de modo geral.

Na dimensão de contribuinte, o cida-dão também protestou com razão. A co-brança de tributos no Brasil é injusta e regressiva, além de incidir basicamente sobre consumo e salários, quando de-veria recair sobre renda, lucros e dividen-dos, patrimônio, grandes fortunas e he-rança, assim como sobre doações e re-messas de lucros ao exterior. Além dis-so, especialmente na época dos protes-tos, havia denúncia de desvio de recur-sos públicos, favorecimento a empresá-rios inescrupulosos, como Eike Batista, e a construção de obras da Copa, especial-mente grandes estádios, a que o povo não teria acesso.

Como usuário de serviço público, que foi o estopim das manifestações, sobre-tudo no transporte público, o cidadão igualmente tinha e continua tendo ra-zão. Apesar do esforço de seus servido-res, os serviços públicos de saúde, edu-cação, segurança e mobilidade urbana, além de insuficientes, continuam de má qualidade, tanto por problemas de ges-tão quanto por falta de recurso.

Na dimensão de consumidor, o cida-dão também estava e continua insatis-feito com justo motivo. O governo per-deu a guerra com o mercado financeiro, e o Banco Central voltou a elevar a taxa de juros. Por pura especulação, num mo-mento de sazonalidade de produtos hor-tifrutigranjeiros, principalmente batata e tomate, a inflação disparou, e o custo de vida ficou mais caro. A atualização das tarifas públicas ou dos preços adminis-trados, como energia elétrica e combus-tíveis, também impactou o orçamento das famílias, contribuindo para o aumen-to da indignação do consumidor.

O cidadão, entretanto, não protestou, naquela oportunidade, na dimensão de assalariado/trabalhador porque o em-prego e a renda cresciam. Se tivesse par-ticipado do processo, o resultado certa-mente teria sido outro, sobretudo pela capacidade de articulação.

As manifestações foram convoca-das pelas redes sociais, sem a partici-pação dos setores organizados — parti-dos, sindicatos, movimentos sociais etc. — por isso não havia liderança clara e in-terlocução com capacidade e experiên-cia na sistematização das reivindicações, sobretudo na negociação com os pode-res responsáveis pela aplicação das res-pectivas políticas públicas reivindicadas.

A efetividade, no regime representativo, requer institucionalidade.

Frustrados em suas expectativas, os eleitores ficaram indignados e passaram a se identificar com o primeiro populis-ta, fundamentalista ou messiânico que se apresentasse “contra tudo que está aí”. Com isso elegeram, irrefletidamen-te, parlamentares conservadores e neoli-berais que tinham o mesmo diagnóstico da situação, porém com propostas com-pletamente opostas às esperadas pelos eleitores, que, afinal, pediam mais gover-no, mais Estado, mais políticas públicas.

O Congresso eleito nesse ambien-te político foi esse que vemos, formado por bancadas como a ruralista, a evan-gélica, a da segurança/bala e a da bola, que, somadas, reúnem a maioria absolu-ta das cadeiras da Câmara dos Deputa-dos. Essas bancadas, que representam o que há de mais atrasado na política na-cional, têm atuado de modo articulado.

Para completar esse quadro sombrio, a Câmara elegeu como seu presiden-te o deputado Eduardo Cunha (PMDB--RJ), que representa simultaneamente as bancadas conservadoras e os interesses empresariais. A pauta imposta à Câma-ra, que também depende de apreciação do Senado, é uma ameaça às conquis-tas políticas, econômicas e sociais, além de estar sendo utilizada como elemen-to de pressão sobre o governo, a quem o presidente da Câmara atribui respon-sabilidade por sua inclusão na investiga-ção da Operação Lava Jato.

Entre as matérias pautadas para constranger o governo, além da chama-da pauta-bomba, com proposições que aumentam despesas, podemos men-cionar, por exemplo, as emendas cons-titucionais 88/15, conhecida como PEC da Bengala, que aumenta a idade de 70 para 75 anos para a aposentadoria com-pulsória de magistrados, retirando da presidenta o direito de indicar ministros dos tribunais superiores, especialmen-te do STF, STJ, TST etc., e 86/15, do orça-mento impositivo, que força a liberação automática das emendas parlamentares.

No campo dos direitos humanos, a questão mais simbólica foi a aprovação da PEC 171/93, que reduz a maiorida-de penal. Mas não se limitou a ela: exis-te a PEC 18/11 e as cinco anexas, que re-duzem de 16 para 14 anos a idade para ingresso no mercado de trabalho; o PL 3.722/12, que desmonta o Estatuto do Desarmamento; o PL 6.583/13, sobre o

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 7O P I N I Ã O

Estatuto da Família, que nega o direito à união homoafetiva reconhecida pelo Su-premo Tribunal Federal; e o Projeto de Decreto Legislativo 1.358/13, que susta a RN 15, que trata da definição de limites de tolerância para exposição ao calor ou para o exercício de atividade a céu aber-to, entre outros.

Na área ambiental, dois exemplos ilustram bem a mentalidade dos rura-listas. Eles pretendem aprovar a PEC 215/00, que transfere do Poder Executi-vo para o Poder Legislativo a aprovação de demarcações de terras indígenas, dos territórios quilombolas e das áreas de preservação ambiental, e já aprovaram na Câmara, por 320 votos a favor contra 135, o PL 4.148/08, que acaba com a exi-gência do símbolo da transgenia no rótu-lo dos produtos com organismos geneti-camente modificados (OGM), como óleo de soja, fubá e derivados do milho e da soja transgênica, entre outros.

No campo político, a Câmara apro-vou a PEC 182/07, que restabelece o fi-nanciamento empresarial de campanha, já declarado inconstitucional pelo STF, além da rejeição das proposições que indicavam a ampliação da participação nas decisões políticas e nos processos eleitorais.

Além disso, a minirreforma eleito-ral, colocada em prática por intermédio da Lei 13.165/15, ficou muito aquém das expectativas da sociedade. Ela promo-veu mudanças nas leis 9.096/95 (parti-dos políticos), 9.504/97 (normas gerais para eleições) e 4.737/65 (Código Eleito-ral), com as seguintes mudanças princi-pais: 1) redução do prazo de filiação par-tidária; 2) redução do período de campa-nha e de propaganda eleitoral; 3) modi-ficação na forma de preenchimento das vagas pelos partidos ou coligações; e 4) previsão de janela para mudança de partido sem perda de mandato, sempre no sétimo mês que antecede o término do mandato. O texto aprovado instituía o financiamento empresarial de campa-nha aos partidos, mas a presidenta Dil-ma vetou.

No aspecto econômico, destaca-se a tentativa de desmonte dos marcos regu-latórios que protegem as empresas na-cionais, o conteúdo local, o sistema de partilha na exploração do pré-sal, entre outras proposições, como o PLS 167/15; que trata do estatuto jurídico das esta-tais e determina a privatização de em-presas públicas, como os Correios, o BN-DES e a Caixa Econômica Federal, entre outras.

Na área dos direitos sociais, espe-cialmente na esfera dos trabalhistas, a

investida é assustadora. Além da apro-vação do PL 4.330/04, que autoriza a terceirização e a pejotização em qual-quer atividade da empresa, há a emenda à MP 680, aprovada na comissão mis-ta, mas rejeitada no plenário da Câmara, que pretendia a adoção da prevalência do negociado sobre o legislado, o que representaria o fim do direito do trabalho e da própria CLT, na medida em que va-leria a lei se acordo ou convenção coleti-va não dispusesse em sentido diferente.

Também fazem parte da pauta tra-balhista da bancada empresarial: o PL 450/15, que institui o Simples trabalhis-ta, ou seja, a redução de direitos traba-lhistas dos empregados de pequenas e microempresas; e o PL 8.294/14, que institui a livre estipulação das relações contratuais de trabalho diretamente en-tre empregados e empregadores, mais nocivo do que o PL 4.193/12, que só apli-ca a lei se não houver acordo ou conven-ção com menos direitos. Além destes, existem dezenas de outros, como o PL 7.341/14, que determina a prevalência da convenção coletiva sobre as instruções normativas do Ministério do Trabalho e Emprego.

Essa pauta só não avançou mais e foi toda incorporada ao ordenamento jurídico pela resistência dos movimen-tos sociais, das centrais sindicais e tam-bém pelo fato de ter sido tão retrógrada que até o Senado, que é uma casa con-servadora por natureza, considerou exa-geradas as propostas da Câmara dos Deputados e resolveu debatê-las com mais cuidado, sem açodamento. O fato de o líder desse processo, o presidente

da Câmara, estar sob investigação tam-bém arrefeceu os ânimos de seus alia-dos na aplicação dessa agenda atrasada e antinacional.

No Senado, que resiste à agenda re-trógrada da Câmara, foi elaborada a tal Agenda Brasil, cujo conteúdo coinci-de com os interesses empresariais e do mercado. Apresentada como uma agen-da positiva em contraponto à pauta da Câmara, ela também constitui amea-ça a direitos e aos marcos regulatórios que protegem a economia e as empre-sas nacionais. Seu escopo é abrangente e está dividido em três eixos — Melhoria do Ambiente de Negócios, Equilíbrio Fis-cal e Proteção Social.

Como se vê, as ameaças persistem, e os setores populares precisam organizar a resistência, nas ruas e no campo insti-tucional, porque o governo, além de fra-gilizado e dividido em relação aos temas da agenda conservadora e neoliberal do Congresso, não dispõe de meios e re-cursos para conter a investida empresa-rial sobre os direitos nem das bancadas conservadoras, muitas delas lideradas por integrantes dos partidos da base go-vernamental. A eventual queda do pre-sidente da Casa, por si só, não será su-ficiente para barrar o ímpeto retrógrado da composição da Câmara dos Deputa-dos. Todo cuidado e toda atenção serão pouco.

(*) Jornalista e analista político, e diretor de documentação do Diap. Artigo publicado ori-

ginalmente na revista Le Monde Diplomati-que Brasil, Ano 9, nº 100, novembro de 2015.

(Texto publicado dia 20/nov/2015, pelo Jornal do Diap)

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8 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015

Como ser um profissional competitivo sempre, mesmo diante de momentos tão desafiadores

José Antonio Kairalla Caraccio (*)

Team and Client Keeper(*)  é o conjunto de ações que envolve:

1 - Capacitação de Pessoas - “Es-queça Você e Aposte no seu Time” - Giovane Gávio Bicampeão Olímpico de  Vôlei.

2 - Metodologias de Gestão Co-mercial - “Alcance o Amanhã Fazen-do Muito Bem Feito o que Precisa Ser Feito” - Fabrizio Fasano Jr., empresá-rio e Sócio da Rede.

Contexto: É muito comum ouvirmos pessoas dizendo que aquela situação que está vivenciando agora, até então, apenas imaginava ocorrendo com as ou-tras pessoas ou ainda recordando que já haviam passado por isso antes, que su-peraram com muita dificuldade, mas sur-preenderam-se porque supunham  que jamais fossem se repetir. Mas aí estão elas novamente!

Situação Frequente: Sabemos que mesmo contra nossa vontade existem variáveis atuando todo tempo, algumas a nosso favor e outras nos trazendo di-ficuldades e problemas. É natural para algumas pessoas que quando atingem uma posição confortável passam a ne-gligenciar ações que deveriam manter e aprimorar permanentemente.

Zona de Conforto:  Exemplifican-do, um profissional de vendas, que vem

cumprindo suas metas e recebendo seus ganhos compatíveis a elas, conferindo--lhe assim uma estabilidade financeira bastante confortável. Passou a frequen-tar a zona de conforto pelas circunstân-cias e não percebeu a dinâmica de mer-cado com suas mutações frequentes.

Dificuldades e Problemas: Dificul-dades e problemas passaram a surgir e seus pares e concorrentes mais aten-tos já haviam detectado o novo cenário e já trabalhavam soluções para combatê--los. O profissional que habitava a zona de conforto, acomodado, passou a atu-ar como passageiro na corrida da supe-ração. Suas metas não eram mais cum-pridas, seus ganhos reduziram e passou a definir como vilões de seus resultados os “preços altos” de seus produtos e a crise, isentando-se de qualquer respon-sabilidade sobre seus resultados.

Consequências: A desmotivação e a falta de alternativas passaram a fazer parte de seus pesadelos. Quantos estão neste perfil e quais as consequências de contaminarem toda a equipe? Felizmen-te, apesar de todas as dificuldades, pro-blemas e conflitos, os clientes continu-arão precisando de nossos produtos e serviços assim como iremos continuar precisando de nossos fornecedores.

Soluções e seus ingredientes:  O conhecimento, a informação, a análi-se, a humildade, o trabalho em equipe, a inovação, a criatividade, a nova forma de abordar e de fazer, o entusiasmo e a motivação.

Conclusão final:  O planejamento e o espírito de realizar novas metodo-logias darão um novo caminho promis-sor que certamente levará o nosso pro-fissional de vendas a se reciclar e obter um grau de maturidade e resultados ja-mais atingidos.

No próximo artigo abordaremos so-bre “Metodologias de Gestão Comercial”

Conheça nossos treinamentos foca-dos em Liderança, Vendas, Negocia-ção, Técnicas de Apresentação-Ex-pressão Verbal e na Excelência ao Atendimento a Clientes. Nossa me-todologia contempla dinâmicas viven-cias em todas as fases com a participa-ção de todos os presentes.

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(*)Team and Client Kee-per, consultor responsável

José Antonio Kairalla Caraccio

Desde 1995, são 20 anos de experi-ência. Mais de 440 projetos realizados.

Em torno de 30.500 profissionais participaram dos nossos treinamentos, workshops,  convenções e capacitação de equipes como Consultoria em Gestão Comercial e Estratégias de Marketing;

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- O objetivo principal é adicionar va-lor aos negócios de nossos clientes por meio de ações focadas.

- Contamos com uma equipe de con-sultores associados com vasta experiên-cia em Assessoria em Tecnologia de In-formação voltada à Gestão Comercial.

no 108Boletim

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 9

no 108Boletim

Nuclave dispõe de espaços para clientes empresariais

O Nuclave oferece às empresas insta-lações modernas e completamen-

te equipadas e climatizadas para reuniões, treinamentos, seminários ou palestras.

Na sede, dispõe de um auditório para 95 pessoas, um miniauditório para 36 pesso-as, salas de dinâmica para 20 ou 16 pesso-as, serviço de coffee-break.

A utilização é feita por período (das 8h às 17h30 ou das 18h às 22 horas).

Seminários, reuniões de planejamen-to, revisões, treinamento etc. poderão ser desenvolvidos com a necessária privaci-dade em nossa Colônia de Férias. Loca-lizada na Vila Mirim, em aprazível região da Praia Grande, numa área de 12 mil me-tros quadrados. Se a empresa precisar da

utilização de mais de um - ou de vários

dias -, a Colônia dispõe de ampla e com-

pleta estrutura, e, além do mais, ela fica a

aproximadamente 800 metros da praia.

A Colônia oferece:

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hóspedes, num total de 120 aparta-

mentos (que incluem suítes para oca-

siões especiais como casamentos e

bodas);

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meira linha, com moderno restaurante,

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ta com especialização no preparo de

refeições segundo a idade;

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O SindVend coloca à disposição das empresas uma série de serviços que, de uma forma ou outra, poderão contribuir para o aprimoramento profissional de suas equipes.

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Atendimento em nossa sede: Rua Santo Amaro, 255 – 3º andar – Bela Vista (Metrô Anhangabaú) – CEP 01315-903 – São Paulo – SP.

Visite nossa homepage: www.sindvend.com.br

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10 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015E N O L O G I A

O vinho do mês: Pazzo 2013Califórnia – Trata-se da maior e mais

importante região vinícola dos Estados Unidos. É das mais respeitadas no ce-nário vitivinícola mundial em face da sua sofisticada tecnologia, inclusive ampara-da pela legendária Universidade de Da-vis e concentração dos melhores produ-tores com notável capacidade de investi-mento. Utiliza praticamente todas as ce-pas europeias conhecidas. Está localiza-da na costa oeste onde recebe forte in-fluência marítima do Oceano Pacífico. A Califórnia se subdivide em cerca de 40 sub-regiões com o título de AVA, reuni-das em cinco grandes grupos regionais: North Coast, Central Coast, South Coast, Central Valley e Sierra Foothills.

North Coast – Entre todas é a que concentra a nata da produção para o que contribui em grande parcela a condi-ção geográfica e clima influenciado pelo Oceano Pacífico que provoca o apareci-mento de um “fog” matinal quase cons-tante e comum a toda costa atenuando o rigor dos verões, conferindo equilibrado desenvolvimento dos frutos. O perfil on-dulado de colinas e vales de rios permite um conveniente desenvolvimento da ati-vidade. Como o nevoeiro referido atinge somente até uma determinada extensão em direção ao interior depreende-se que existe a possibilidade de cultivo de dife-rentes variedades melhor adaptadas aos diversos mesoclimas.

O solo é comumente arenoso com variações em partes onde se encontra maior concentração de pedras, rochas e terrenos de origem vulcânica.

A North Coast apresenta-se dividida em 12 AVAs pertencentes a diferentes condados: Napa Valley – Guenoc Vallay – Clear Valley – Anderson Valley – Men-docino – Redwood Valley – Dry Creek Valley – Alexander Valley – Knigths Val-ley – Russian River Valley e Carneros.

Napa Valley – É uma das mais famo-sas e mais importantes. Localiza-se ao norte da Baía de San Francisco, cortada pela Highway 29 com aproximadamente 50 km de extensão, limitada a leste pela serra de Nevada e a oeste pela região de Sonoma. Região de clima semelhante ao do Mediterrâneo, solo variado, predomi-nantemente arenoso-calcário, com man-chas argilosas, e em alguns pontos vul-cânico. Na verdade, é uma singular man-cha relativamente plana numa área mon-tanhosa por excelência, que abriga os

nomes mais famosos da produção do vinho americano. No início a implanta-ção das vinícolas priorizava a zona pla-na, mas nos últimos tempos as encos-tas têm sido o foco desse trabalho, face às vantagens em relação à drenagem e insolação. As videiras são dispostas de maneira uniforme e compacta. Essa re-gião abriga um certo número de distri-tos à semelhança das comunas do Hau-t-Medoc em Bordeaux, com seus vinhe-dos próprios, e, concentrando as melho-res vinícolas da Califórnia, com espeta-cular estrutura para o turismo voltado para o vinho. Essas comunas congre-gam o que se convencionou chamar de: “Medoc da Califórnia”. No entanto, guar-dam da região de Bordeaux grande dife-rença trocando o refinamento e a delica-deza pela potência e maior teor alcoóli-co. Seguindo a rota norte vamos encon-trar: Napa, Stag’s Leap District, Yountvil-le, Oakville, Rutherford, Santa Helena e Calistoga.

Janzen Vineyard – A família Janzen constituída por Noel e a esposa Diane viviam confortavelmente em Winnipeg, na Suíça, com atividade incessante nas estações de inverno num hotel de luxo, quando Noel foi contaminado pelo “ví-rus” da enofilia da qual nunca mais se li-vraria. Voaram para o Canadá de onde alcançaram a costa oeste dos Estados Unidos fincando raízes no Napa Valley de onde galgaram fama no mundo do vi-nho através de profícuo trabalho com os vinhedos da região iniciado por impor-tante passagem de 12 anos na Caymus Vineyard. Amadurecidos pelo estágio trataram de realizar o sonho da constru-ção da vinícola própria que nasceu sob o título de Janzen Vineyard, numa área de natureza pródiga, banhada de sol, povo-ada de vinhedos com linda vista para a cidade de Santa Helena, no Dutch Hen-ry Canyon ao longo do lado oriental do Napa Valley, cercado por montanhas e rodeado por encantador riacho. Assim, em 1993 gravou o nome no primeiro pro-duto que recebeu o nome de Baccio Di-vino, um beijo divino construído a partir de Cabernet Sauvignon com parceria de Sangiovese e Petite Sirah. Grandes flo-restas cercam toda a região criando um microclima especial onde predominam longos verões. A produção da vinícola está assessorada por experiente equi-pe onde se destacam Kyle Janzen que herdou os conhecimentos dos pais, Kirk

Venege, enólogo que presta inestimá-veis trabalhos também nos vinhedos e Cam Christie na gerência de vendas, tra-zido do Canadá.

Pazzo 2013 – O grande desempenho do Baccio Divino Influenciou o casal a partir para nova produção, depois de co-memorar uma dúzia de safras trabalhan-do basicamente com Sangiovese e Ca-bernet Sauvignon foram acrescentadas outras variedades como Zinfandel, Mer-lot e Viognier. Assim, em 1999 nasceu o Pazzo (louco em italiano), com Sangiove-se, Cabernet Sauvignon, Syrah, Zinfan-del, Merlot e Viognier que pela mistura dá para entender o nome do vinho. Com-pletando a família de vinhos viria a nascer em 2006 a terceira cria chamada de Va-gabond onde estrelaria a Syrah fazendo par com Cabernet Sauvigon, culminando a seguir com o Janzen Estate Napa Valley Cabernet Sauvignon colhida dos melho-res vinhedos. Finalmente, em 2013 nasce-ria a versão mais recente do Pazzo, uma mistura de Cabernet Sauvingon, Syrah e Sangiovese que reúne estilo suculento temperado por frutas vermelhas e negras, especiarias apimentadas, ervas e toques exóticos de carne. Está pronto para be-ber. O vinho estagia 21 meses em barricas de carvalho francês. Teor alcoólico: 14,6%.

Análise visual – Cor vermelha rubi muito escura.

Análise olfativa – Fruta vermelha muito madura cheia e voluptuosa. Pre-sença de herbáceo evidente além de es-peciarias doces com fundo de baunilha. Frequentes toques mentolados impres-sionam o olfato.

Análise gustativa – Potente, intenso e provocante com leve apimentado. Sa-bor que envolve o palato com elegân-cia. Taninos finos e resolvidos acompa-nhados de acidez vibrante. Mostra per-fil gastronômico e final longo lembrando alcaçuz.

Avaliação: 90/100

Preço: US$ 90,00 – Importadora Vin-ci – (11) 2797-0000

Saúde!

Daniel Pinto

([email protected])

Daniel Pinto é médico, professor de Eno-logia da Universidade Anhembi Morum-

bi, ex-presidente da ABAV e autor do li-vro “Manual Didático do Vinho – Inicia-

ção à Enologia”, pertencente ao catá-logo da Editora Anhembi Morumbi

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 11V O C Ê E A P R E V I D Ê N C I A

Novas regras para a aposentadoria estão em vigor

A presidente Dilma Rousseff sancio-nou, dia 5 de novembro, a lei que es-

tabelece as novas regras para o cálculo da aposentadoria. A  Lei n° 13.183 asse-gura, entre outras coisas, a “regra 85/95 progressiva” para a concessão da apo-sentadoria,  criando uma alternativa ao Fator Previdenciário.

A nova regra estipula um sistema de pontos para que a pessoa possa se apo-sentar pelo valor integral. Esse sistema soma a idade com o tempo de contribui-ção. Entenda:

Como funciona?

A nova regra determina que, para as mulheres que querem se aposentar até o fim de 2018, é preciso somar o tempo de contribuição com a idade, até atingir um total de 85 pontos. No caso dos ho-mens, a soma deve ser de 95 pontos. O tempo mínimo de contribuição previden-ciária é de 30 anos para as mulheres e de 35 para os homens. 

Na prática, como isso funciona?

Uma mulher de 55 anos de idade, por exemplo, poderá pedir a aposentadoria após ter contribuído por 30 anos com o INSS (a soma alcança 85 pontos). Já o homem precisaria ter contribuição de 35 anos para se aposentar aos 60 anos de idade, por exemplo (a soma chega a 95 pontos). 

A idade do aposentado, contudo, pode ser maior ou menor. Isso vai depender do tempo de contribuição previdenciária. 

Como assim?

Por exemplo: um trabalhador que te-nha 58 anos de idade, mas contribua há 37, pode se aposentar pelo valor integral, de R$ R$ 4.663.

E a partir de 2019, como fica?

A regra 85/95 adquire um cará-ter progressivo a partir de 31 de dezem-bro de 2018. Após essa data, para afas-tar o uso do fator previdenciário, a soma da idade e do tempo de contribuição ga-nhará pontos extras de acordo com o ano em que o trabalhador quiser se apo-sentar. Isso leva em conta o aumento da expectativa de vida do brasileiro. 

Na prática, como vai funcionar?

Por exemplo, para conseguir a apo-sentadoria em 2019 ou 2020, deve-se

somar um ponto à regra 85/95. Portan-to, o cálculo final deverá ser de 86 pon-tos, se mulher, e 96 pontos, se homem. No caso das pessoas que quiserem se aposentar entre 2021 e 2022, somam--se dois pontos, chegando a 87/97. E as-sim por diante até 2026, quando a soma para as mulheres deverá ser de 90 pon-tos e para os homens, 100.

Por que instituir essa progressividade do sistema de pontos?

Porque o modelo não pode ser está-tico, já que a expectativa de vida do bra-sileiro continuará crescendo. Vincular o sistema de pontos à expectativa de vida evita que a discussão sobre os valores tenha que ser feita a cada tanto.

Por que a mudança da regra é importante?

A nova fórmula é importante para evitar o gasto extra na Previdência So-cial e garantir acesso à aposentadoria ao trabalhador brasileiro. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência So-cial, sem a fórmula esse déficit nas con-tas previdenciárias poderia atingir R$ 100 bilhões até 2026.

Sim, mas por que mudar as regras?

Diversos países estão revendo seu modelo de previdência por causa do aumento da expectativa de vida e da rápida transição demográfica que es-tão vivendo. As pessoas estão viven-do mais tempo, e recebendo aposenta-doria por um período maior de tempo, o que aumenta os custos da Previdên-cia. Ao mesmo tempo, no caso brasilei-ro, as taxas de fecundidade estão cain-do, o que significa que nas próximas dé-cadas haverá menos contribuintes para cada idoso.

Hoje há mais de 9 pessoas em idade ativa para cada idoso. Em 2030 serão 5 na ativa para cada idoso, e em 2050, 3. Em 2060, 2,3.

O fator previdenciário foi extinto?

Não, ele continua em vigor. Contudo, não incidirá na aposentadoria de quem completar o patamar mínimo de pon-tos, que até dezembro de 2018 será de 85 para mulheres e 95 para homens, e depois aumentará progressivamente até chegar a 90/100 no ano de 2026.

O que é o fator previdenciário?

É uma fórmula complexa que reduz o valor do benefício com o objetivo de evitar aposentadorias precoces. O fator é aplicado a aposentadorias por tempo de contribuição. 

A mudança das regras já está em vigor?

Sim. Vale a partir de 5 de novembro de 2015.

Os trabalhadores vão se aposentar com 85 e 95 anos?

Não! 85 e 95 é o número de PONTOS que eles deverão atingir para se aposen-tarem integralmente. O número de pon-tos é igual à idade da pessoa mais o tem-po de contribuição com o INSS. 

E a “desaposentação”?

A presidente Dilma vetou o trecho que criava a chamada “desaposenta-ção”, que permitia ao aposentado que segue trabalhando refazer o cálculo do seu benefício.

Na justificativa do veto, Dilma argu-mentou que a “desaposentadoria” iria “contrariar os pilares do sistema previ-denciário brasileiro, cujo financiamento é intergeracional e adota o regime de re-partição simples”. 

A presidente justificou também que “a alteração resultaria, ainda, na possibilida-de de cumulação de aposentadoria com outros benefícios de forma injustificada”. 

O ministério calcula que a “desaposen-tação” teria uma impacto negativo de até R$ 181 bilhões nos gastos com os aposen-tados ao longo dos próximos 20 anos.

Obs. Em resumo, a ideia central da desaposentação é a seguinte:

- O aposentado continua a trabalhar e a  contribuir  com o INSS após a sua aposentadoria;

- Essas contribuições não vão retor-nar de forma alguma para este aposen-tado, pois os benefícios previdenciários previstos para quem já é aposentado são mínimos;

- Vale lembrar também que até abril de 1994 existiu um benefício chama-do  pecúlio (extinto pela lei  8.870  de 1994), que consistia na devolução das contribuições do segurado já aposen-tado, com juros e atualização monetária, em um pagamento único.

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12 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015SAÚ D E

Combate à dengueDrauzio Varella

É fundamental conscientizar as pes-soas de que combater o mosqui-

to da dengue, além de responsabilidade dos órgãos governamentais que deve-riam encarregar-se do saneamento bá-sico, abastecimento de água e de cam-panhas educativas permanentes, requer empenho de toda a sociedade, uma vez que o Aedes aegypti pode encontrar, em cada moradia e arredores, ambiente pro-pício para sua proliferação. Consideran-do os dados levantados pela Fundação Nacional de Saúde de que o mosquito vetor “foi erradicado duas vezes do Bra-sil, em 1955 e 1973, e que, com o relaxa-mento da vigilância entomológica ocorri-do no final da década de 70 e início dos anos 80, foi reintroduzido, instalando-se definitivamente no país”, conclui-se que o trabalho de combate deve ser perma-nente e contínuo. Desse modo, algumas medidas elementares podem ser toma-das individual e coletivamente para auxi-liar na erradicação do Aedes aegypti:

* Vasos de flores ou plantas – a va-silha que fica sob o vaso para recolher a água excedente deve ser mantida seca. Uma boa medida é enchê-la com areia até a borda. A água dos vasos com flo-res deve ser trocada a cada 2 ou 3 dias;

* Pneus velhos – devem ser furados para eliminar a água que eventualmente se acumule, guardados em lugar coberto ou jogados fora;

* Caixas d’água  – devem ser lava-das periodicamente e tampadas duran-te todo o tempo;

* Piscinas  – o cloro da água das piscinas deve estar sempre no nível adequado;

* Garrafas vazias  – devem ser guar-dadas de cabeça para baixo, em lugares cobertos e as tampas jogadas fora em sacos de lixo;

* Recipientes descartáveis (copos, pratos, travessas etc.) – devem ser colo-cados em sacos de lixo para serem reco-lhidos pelos lixeiros;

* Lixo  – nunca deve ser jogado em terrenos baldios, ou nas ruas e calçadas. Além disso, as latas de lixo devem estar sempre tampadas e limpas;

* Bebedouros de animais  – pre-cisam ser lavados e a água trocada sistematicamente;

* Depósitos de água – quaisquer que sejam os tipos e a finalidade a que se

destinam, se não for possível prescindir deles, devem ser mantidos limpos e tam-pados com segurança;

* Bromélias – algumas plantas arma-zenam água entre suas folhas e podem tornar-se eventuais criadouros dos mos-quitos. Entre elas, destacam-se as bro-mélias cujo cultivo é comum nos jardins e residências. Eliminá-las não resolveria o problema da dengue e poderia afetar o equilíbrio ecológico. Como é quase im-possível retirar totalmente o grande vo-lume de água que se embrenha pelas folhas, a solução é diluir uma colher de sopa de água sanitária em 1 litro de água limpa e regá-las duas vezes por semana. Esse mesmo preparado pode servir para inibir a formação de criadouros nos va-sos de flores ou plantas com água.

Importante - Há quem afirme que a borra de café ou o fumo diluído em água também seriam úteis para contro-lar o surgimento de criadouros nos prati-nhos sob os vasos ou na água retida pe-las plantas. Em relação à borra de café, essa eficácia não foi comprovada pelos testes realizados no Laboratório de Pes-quisas de Aedes aegypti do Serviço Re-gional de Marília da Sucen.

Uso de repelentes e inseticidas – O aumento de casos de dengue trouxe al-gumas alterações nos hábitos das pes-soas que passaram a consumir mais re-pelentes de insetos e inseticidas. No entanto, seu uso exige cuidado, por-que podem causar intoxicações e aler-gias especialmente em crianças peque-nas. Nunca se deve aplicá-los em be-bês ou crianças com menos de 4 anos de idade. É importante considerar, ain-da, que vários tipos de inseticida ape-nas afugentam os mosquitos de dentro dos domicílios e são ineficazes em rela-ção aos focos que estão nas redonde-zas. O mesmo acontece com os produ-tos naturais à base de citronela e andi-roba. Portanto, os cuidados com os lo-cais que eventualmente possam trans-formar-se em criadouros não podem restringir-se aos períodos de chuva e calor, época de maior incidência da den-gue, nem à aplicação ocasional de inse-ticidas e repelentes.

Reprodução em água suja – Em Per-nambuco, os biólogos Cleide Albuquer-que e André Furtado localizaram em Olinda e Recife respectivamente, em di-ferentes ocasiões, larvas de  Aedes ae-gypti  em água que continha resídu-os de alimentos e de sabão. Por isso a

população está sendo instruída para não jogar larvas do mosquito em vasos sa-nitários ou canaletas, mas sim na areia porque elas não sobrevivem em am-biente seco. Embora o achado demande mais pesquisa e observação, pode ser sinal de que o mosquito esteja desenvol-vendo novo mecanismo de adaptação.

Bioinseticida – Segundo matéria de Luciana Miranda publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, na Universidade Estadual Fluminense (RJ), está sendo de-senvolvido um novo bioinseticida para atacar as larvas do mosquito da dengue que poderá substituir os larvicidas quí-micos. Seu componente básico é a bac-téria BTI (bacillus thuringiensis israelen-sis). Esse microorganismo produz uma toxina que ataca as larvas do Aedes ae-gypti sem prejudicar outros animais, se-res humanos ou o equilíbrio ecológi-co. As larvas do Culex e do Anopheles, mosquitos transmissores de outras do-enças, também são atacadas pela bac-téria BTI. “O estudo começou em dezem-bro passado e os pesquisadores espe-ram ter os primeiros resultados nos pró-ximos dois anos”.

Leia também:

Aedes (Stegomyia) aegypti  (aē-dēs  do  grego  “odioso” e  ægypti  do  la-tim  “do Egipto”) é anomenclatura taxo-nômica para o mosquito que é popular-mente conhecido como  mosquito-da--dengue  ou  pernilongo-rajado. É uma espécie de  mosquito  da família  Culici-dae  proveniente da África, atualmen-te distribuído por quase todo o mundo, com ocorrência nas regiões  tropicais  e subtropicais, sendo dependente da con-centração humana no local para se es-tabelecer. O mosquito está bem adap-tado a  zonas urbanas, mais precisa-mente ao domicílio humano, onde con-segue reproduzir-se e pôr os seus ovos em pequenas quantidades de água lim-pa, isto é, pobres em matéria orgâni-ca em decomposição e sais (que confe-ririam características ácidas à água), que preferivelmente estejam sombreados e no  peridomicílio. As fêmeas, para reali-zar hematofagia, podem percorrer até 2 500  m.  É considerado  vector  de doen-ças graves como o dengue, a febre ama-rela, a febre zika e a chikungunya e, por isso mesmo, o controle das suas popu-lações é considerado assunto de saúde pública.

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 13P O R T U G U Ê S

Escrever bem não é luxoMilton Claro

Isso é responsabilidade do auditor, cujo ainda não veio.

Por Deus, não! Cujo quer dizer do qual.

Poderemos dizer, corretamente, por exemplo, Isso é responsabilidade do au-ditor, do qual ainda não temos notícias, mas já estaríamos dizendo outra coisa.

A frase do título deve ser escrita com o qual: Isso é responsabilidade do audi-tor, o qual ainda não veio, ou, simples-mente, que ainda não veio.

A testemunha acusou que ele ha-via atirado quando a vítima já estava rendida.

Podemos acusar alguém ou, mes-mo, um fato. Acusamos o vizinho de ha-ver roubado nossas maçãs, acusamos a falta de verba para explicar a interrupção do serviço. Mas, nunca, se acusa que.

Bem... quase nunca. Se você quiser transformar uma frase de errada em rigorosamente correta, coloque uma vírgula depois do verbo: A testemunha acusou, que ele havia atirado quan-do a vítima já estava rendida. Com esta redação, passamos a subenten-der a presença do verbo dizer depois da vírgula: A testemunha acusou, (di-zendo) que ele havia atirado quando

a vítima já estava rendida. E o verbo acusar passa a signif icar apenas fez uma acusação.

Firulas da nossa língua! E que língua não as tem?

O juiz se levantará, para ouvirmos a sentença do mesmo.

Onde está o erro? Em lugar nenhum. Mas não é bom português. Aliás, é um péssimo emprego dessa palavra, que se aplica corretamente em tantas outras si-tuações. Neste caso, devemos escrever – ou dizer – o juiz se levantará, para ou-virmos sua sentença.  É mais simples, mais curto e corretíssimo.

Mas, não tenha medo dessa palavra. Veja alguns usos bem apropriados:

A mãe mesma apanhou a bola (ou A própria mãe apanhou a bola).

Elas mesmas levaram.

Ele terminou a obra por si mesmo.

Mas, em lugar de realmente, ou de fato, mesmo é invariável: Eles vieram mesmo.

Que é que isso daí tem a ver com a história toda? Isso daí não vai dar certo.

Dois erros, aqui. Bem, não são erros – apenas linguagem pobre, muito usada inadvertidamente. Percebeu onde?

Que é que tem que sobrando e daí não explica mais nada além do que isso já tenha explicado. Que tal simplesmen-te dizer Que isso tem a ver com a história toda? Isso não vai dar certo.

Vou terminar perguntando quanto é dois mais um? 

Claro, não é uma pegadinha. É um erro. Quando expressa quantidade, quanto varia e devemos dizer quantos são dois mais um.

Mas o emprego mais comum é, mes-mo, no singular, como em Quanto cus-ta isto?

No próximo número tem mais.

Milton Claro é publicitário, escritor e criador do site

www.santamissa.com.br. Email: [email protected]

Feriados e pontos facultativos de 2016O governo federal já publicou no “Diário Oficial da União” a lista dos feriados federais para o ano de 2016. Além do 1º

de janeiro, são mais 13 datas, entre feriados e pontos facultativos. Confira a lista:

- 8 de fevereiro (segunda-feira): Carnaval (ponto facultativo)

- 9 de fevereiro (terça): Carnaval (ponto facultativo)

- 10 de fevereiro: quarta-feira de Cinzas (ponto facultativo até ás 14 horas)

- 25 de março (sexta): Paixão de Cristo (feriado nacional)

- 21 de abril (quinta): Tiradentes (feriado nacional)

- 1º  de  maio (domingo): Dia  Mundial  do  Trabalho  (feriado nacional)

- 26 de maio (quinta): Corpus Christi (ponto facultativo)

- 7  de setembro (quarta):  Independência do Brasil (feriado nacional)

- 12 de  outubro (quarta): Nossa  Senhora Aparecida  (feriado nacional)

- 28 de outubro (sexta): Dia do Servidor Público (ponto facultativo)

- 2 de novembro (quarta): Finados (feriado nacional)

- 15 de novembro (terça): Proclamação da República (feriado nacional)

- 25 de dezembro (domingo): Natal (feriado nacional)

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14 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015O P I N I Ã O

Receituário dos neoliberais para a criseAntônio Augusto de Queiroz (*)

A criatividade neoliberal, frente à crise fiscal, parece inesgotável, com pro-

postas absurdas para atacar as supos-tas causas primárias dos desajustes e da baixa produtividade no nosso País. Em lugar de “uma ponte para o futuro”, como essas propostas passaram a ser co-nhecidas, poderiam ser batizadas como “passaporte para o período medieval”.

Entre as medidas sugeridas estão: a) a desindexação geral, b) a desvinculação orçamentária, c) a privatização selvagem, d) a abertura da economia, e) a livre ne-gociação e f) o aumento da idade míni-ma na aposentadoria.

A proposta de desindexação, segun-do essa lógica, alcançaria não apenas os contratos, mas principalmente o salário mínimo e os benefícios previdenciários, cuja atualização passaria a depender da vontade e da disposição do governo de plantão.

A desvinculação orçamentária con-sistiria na completa eliminação de qual-quer percentual de orçamento vinculado a uma despesa específica, como saúde, educação, pessoal, ciência e tecnologia, previdência etc., cabendo ao governan-te decidir como aplicar o orçamento, cuja prioridade, dependendo da visão ideoló-gica, poderia ser pagar a dívida pública em lugar de investir em educação ou em infraestrutura.

A privatização selvagem consistiria em abrir mão de toda atividade de Esta-do que não estivesse voltada para o con-trole da moeda e da segurança pública, podendo as demais atividades essen-ciais, como educação e saúde, ainda que

com a alocação parcial de recursos púbi-cos, serem conduzidas pelo setor priva-do, que ampliaria seu escopo de presta-ção de serviços ao Estado.

Isso incluiria, naturalmente, abrir mão de empresas como Petrobras, Caixa Eco-nômica, Banco do Brasil, Correios, BN-DES, Casa da Moeda, entre outras, além de transferir para a iniciativa privada ser-viços públicos como transporte, educa-ção, saúde, lazer, previdência etc.

A abertura da economia consistiria, em primeiro lugar, na eliminação de qual-quer tratamento prioritário à empresa nacional, assim como na eliminação de qualquer conteúdo nacional ou restrição aos investimentos estrangeiros no País, valendo regras semelhantes às propos-tas na Área de Livre Comércio das Amé-ricas (Alca).

A livre negociação, naturalmente, consistiria na prevalência do negocia-do sobre o legislado ou mesmo na eli-minação do Direito do Trabalho, transfe-rindo para a livre negociação a definição

de salários e condições de trabalho por acordo entre trabalhadores e emprega-dores, sem a interferência ou interven-ção do Estado.

Por fim, a instituição de uma idade mí-nima para a previdência social, tanto do regime geral (INSS) quanto do regime próprio (servidores públicos) superior a 65 anos, algo próximo da expectativa de vida média da população brasileira.

Tem sido isso, grosso modo, o que pregam os neoliberais para enfrentar a crise. Os tópicos aqui detalhados fo-ram apresentados pela consultoria Ro-senberg Associados, em palestra para seus clientes. O que foi proposto nessa apresentação não difere muito do que propôs Armínio Fraga em artigo recen-te em O Globo ou o que propôs o PMDB na proposta batizada de “ponte para o futuro”.

(*) Jornalista, analista político e di-retor de documentação do Diap.

(Texto publicado no Jor-nal do Diap de 03/dez/2015)

Salário mínimo sobe para R$ 880 em 2016

A partir de 1º de janeiro de 2016, o salário mínimo será de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais). O aumento também foi superior ao previsto lei orçamentária aprovada no Congresso em R$ 865,46.

O aumento do salário mínimo, defini-do pelo decreto assinado pela pre-

sidente Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial de 30 de dezembro de 2015, aumentou o piso de R$ 788 para

R$ 880. O reajuste causará um impacto

total de R$ 30,2 bilhões às contas públi-

cas em 2016.

De acordo com o Ministério do Pla-

nejamento, Orçamento e Gestão, o va-

lor supera em R$ 4,77 bilhões o im-

pacto de R$ 25,5 bilhões previstos ini-

cialmente no Projeto de Lei Orçamen-

tária Anual (Ploa). O aumento tam-

bém foi superior ao previsto lei orça-

mentária aprovada no Congresso em

R$ 865,46.

O reajuste do mínimo leva em con-sideração a variação do salário-base da economia que acompanha o Índice Na-cional de Preços ao Consumidor (INPC), que ainda não foi divulgado o índice de 2015. Outra variação é a taxa de cresci-mento real do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos em um país) dois anos antes da vigência.

Para 2016, a referência foi o PIB de 2014, que registrou crescimento de 0,1%. A regra de cálculo atual está garantida por lei até 2019.

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 15

O plantador de árvores

Um rei seguia pela estrada com sua comitiva, quando viu um homem ve-

lho plantando uma arvorezinha.

Achou aquela atitude muito estranha, já que a árvore demoraria em crescer e, quando pudesse dar frutos, o velho, na certa, não estaria mais lá para aproveitar.

E então, o rei perguntou ao velho plantador de árvores por que insistia numa tarefa tão inútil. Ao que o homem respondeu:

- Fico feliz em plantar, mesmo não sendo eu quem vai colher. Não estamos aproveitando hoje as árvores que foram

plantadas há muitos anos? Plantar é o que importa. Não o colher.

O rei considerou sábia a atitude do homem e, comovido, entregou um saco com muitas moedas de ouro como prê-mio à sabedoria do plantador de árvores.

E ele agradeceu assim:

- Viu como são as coisas? Eu mal acabei de plantar e já estou colhendo frutos valiosos.

“O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória. Por isso, tenha cuidado com o que planta.”

Os trabalhadores sob o fogo do dragão

Uma meticulosa orquestração está em curso com o objetivo de liquidar a nossa legislação trabalhista e social.

Paulo Paim*

Os olhos da sociedade estão exclu-sivamente voltados para as crises

política e econômica do país. Isso é mais do que necessário para o aprimoramen-to da democracia.

A sociedade não pode se calar e ficar acomodada vendo a banda passar. Tam-bém pudera: inflação em alta, aumento do custo de vida, desemprego crescente, ajuste fiscal, escândalos e mais escân-dalos envolvendo variados matizes par-tidários e setores empresariais.

Apesar disso, chamo a atenção para uma meticulosa orquestração que está em curso, conduzida por grupos no Con-gresso Nacional, que tem por objetivo li-quidar a nossa legislação trabalhista e social.

A situação se agravou ainda mais após as últimas eleições, com a redu-ção do número de senadores e deputa-dos federais compromissados com es-sas causas. O resultado está sendo ter-rível: perda de força, mobilidade e ação.

Os conservadores, por sua vez, toma-ram quase totalmente o campo de bata-lha. Isso vem sendo traduzido nos pro-jetos que estão sendo apresentados ou reavivados das gavetas do Legislativo.

Recentemente, a Comissão Mista da Medida Provisória 680/15, que institui

o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), aprovou uma emenda de autoria do deputado Darcísio Perondi (PMDB--RS), que na prática revoga a CLT (Conso-lidação das Leis do Trabalho). Direitos as-segurados na lei, como carteira assinada, 13º salário, horas extras, vale-transporte, auxílio-alimentação, seguro-desempre-go, adicionais, fundo de garantia, férias, jornada de trabalho, direitos das domés-ticas e outros direitos ficam vulneráveis, correndo o risco de serem extintos.

Muito grave também foi a forma como aprovaram a emenda: sem deba-te algum. Uma espécie de reforma tra-balhista empurrada goela abaixo. Duran-te audiência pública na Comissão de Di-reitos Humanos do Senado foi aventa-do que o governo federal teria interes-se que a emenda à MP 680 fosse apro-vada. Não acredito nisso. Recuso-me a crer em tal cretinice. O próprio ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, me garantiu que é um absurdo achar que o Executivo está por trás des-sa proposta.

Nesta mesma esteira encontra-se o PLC 30/15, da Câmara dos Deputados, que trata da terceirização de qualquer setor de uma empresa, incluindo a ativi-dade-fim. Essa proposta enfraquecerá o sistema de negociação coletiva e o con-trole judicial.

Ela já foi aprovada na Câmara e atu-almente tramita na Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional (Agenda Brasil), sob minha relatoria. 

É importante destacar o que diz o Sin-dicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho sobre a terceirização: em cada dez acidentes de trabalho, oito ocorrem em empresas terceirizadas. De cada cin-co mortes em ambiente de trabalho, qua-tro se dão em empresas assim.

O levantamento das centrais sindi-cais, por sua vez, mostra que o salário nessas empresas é 30% inferior ao nor-mal. Os terceirizados trabalham, em mé-dia, três horas semanais a mais e perma-necem menos tempo no emprego: 2,5 anos, ao passo que os demais permane-cem seis anos, em média.

Temos ainda o PL 450/15, que cria o Simples Trabalhista, e o PL 1.463/11, que institui um novo Código do Trabalho.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado está promovendo um movimen-to de mobilização nacional por meio de debates em Brasília e audiências públi-cas nas Assembleias Legislativas dos Estados, chamando a atenção para o verdadeiro crime de lesa-pátria que está sendo articulado contra os brasileiros.

A Associação Nacional dos Magistra-dos da Justiça do Trabalho também está esclarecendo a população, reafirmando que essa orquestração afronta a Consti-tuição. Portanto só há uma forma de bar-rar o fogo do dragão: a mobilização da população nas ruas, dos estudantes e dos movimentos sindical e social. Se for preciso, vamos parar o Brasil.

(*) Senador da República. Artigo publica-do na Folha de S.Paulo, em 13/out/2015.

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16 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015C O L Ô N I A D E F É R I A S

Dia das Crianças

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 17C O L Ô N I A D E F É R I A S

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18 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015C O L Ô N I A D E F É R I A S

Natal e Ano Novo

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O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015 19C O L Ô N I A D E F É R I A S

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20 O ARAUTO | SETEMBRO - DEZEMBRO | 2015B A S Q U E T E S O B R E R O D A S

Basquete sobre rodas

Nossa Colônia de Férias foi sede da maratona do Campeonato Brasileiro

Vinte e sete jogos em seis dias defi-niram o campeão brasileiro de basque-te em cadeira de rodas. De 10 a 15 de no-vembro, a cidade de Praia Grande, no li-toral paulista, recebeu 180 atletas de 12 equipes para a principal competição de clubes do país. O evento foi realizado em nossa Colônia de Férias e a entrada para o público foi gratuita.

Para a torcida, a competição foi uma oportunidade de ver em ação boa parte dos atletas que defenderam as seleções brasileira masculina e feminina – como estímulo à participação feminina no es-porte. O regulamento permite a partici-pação de até duas atletas mulheres nas equipes. Para os atletas, o estímulo ex-tra foi a presença do técnico da seleção

masculina, Tiago Frank, que acompa-nhou todas as partidas para acompanhar veteranos e novatos que possam defen-der o país em 2016.

As 12 equipes inscritas representaram Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo, que conta com seis times: ADD Magic Hands, ADD Magic Wheels, CAD SP, CAD SJRP, Gadecamp e ADR. As de-mais equipes foram ADDF (PE), ADF (PA), CBPRN América Tigres (RN), Afadefi (SC), All Star Rodas Pará (PA) e Cidef (RS).   

Em 2014, a ADD Magic Hands levou o título do campeonato, que foi realizado no Recife. A vice ficou com o CAD SJRP e o terceiro lugar com o Gadecamp.

Equipes participantes:

- ADD Magic Hands – SP

- ADD Magic Wheels – SP

- CAD São Paulo – SP

- CAD SJRP – SP

- ADR – SP

- GADECAMP – SP

- ADDF – PE

- ADF – PA

- CBPRN América Tigres – RN

- AFADEFI – SC

- All Star Rodas Pará – PA

- CIDEF – RS

Esta foi a primeira vez que o time de

basquete sobre rodas do Clube Amigos dos Deficientes (CAD/Vetnil/Smel/Lei Paulista de Incentivo ao Esporte) con-quistou o título da Série A do Campeo-nato Brasileiro de Basquete sobre Rodas.

ADD Magic Wheels – SP