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" CAPITULO 2 SINERGIA DE MERCADOS COMO INDICADOR PARA APLICAÇAO DOS RECURSOS DO f'NO NA AMAZÔNIA Alfredo Kingo Oyama Homma, D.Se. Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e Professor Visitante UFPA e FCAP

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"CAPITULO 2

SINERGIA DE MERCADOS COMO INDICADORPARA APLICAÇAO DOS RECURSOS DO f'NO

NA AMAZÔNIA

Alfredo Kingo Oyama Homma, D.Se.Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e Professor

Visitante UFPA e FCAP

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SUMÁRIO

RESUMO EXECUTIVO 165

1. INTRODUÇÃO 173

2. GRUPO DAS FRUTEIRAS NATIV AS DA AMAZÔNIA 181

2.1 Açaí fruto e palmito 185

2.2 Cupuaçu 191

2.3 Pupunha para palmito 196

2.4 Bacuri 203

3. GRUPO DAS FRUTEIRAS NÃO-TRADICIONAIS E EXÓTICAS 205

3.1 Abacaxi 205

3.2 Laranja 208

3.3 Banana 211

3.4 Maracujá 213

3.5 Mamão 215

4. GRUPO DAS FRUTEIRAS COMO NICHOS DE MERCADOS 217

4. J Acerola 217

4.2 Mangostão 219

4.3 Goiaba 220

4.4 Outras fruteiras (manga, caju, carambola, graviola, murici, 222taperebá, abricoteiro)

s. NOVAS ALTERNATIVAS ECONÔMICAS PLANTAS 227AROMÁTICAS E MEDICINAIS, COMO SOLUÇÃO PARA ABIOPIRATARIA

5.1 Perfumaria

5.2 Plantas medicinais

227

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6. DESENVOL VIMENTOINDUSTRIAIS

COM CULTIVOS PERENES 239

6.1 Pimenta-do-reino 239

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6.2 Cacau 2426.3 Dendê 2436.4 Café 2486.5 Coco 2516.6 Guaraná 2546.7 Urucum 2626.8 Borracha 2646.9 Cana-de-açúcar 2677. PRODUÇÃO DE GRÃos 2717.1 Soja 2718. SEGURANÇA ALIMENTAR 2778.1 Mandioca 2778.2 Arroz 2808.3 Feijão 2829. NOVOS PRODUTOS 2839.1 Pimenta longa 2839.2 Curauá 2859.3 Neen 2869.4 Cumaru 2879.5 Floricultura 2889.6 Camu-camu 2899.7 Inhame 2909.8 Jambu e pimenta de cheiro 2909.9 Brotos de bambu 29110. ATIVIDADE MADEIREIRA 29310.1 Extração madeireira de florestas nativas 29410.2 Reflorestamento 29911.' ATIVIDADE PECUÁRIA 30511.1 Pecuária 305

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12. PESCADO 31312.1 Pescado 31313. RECURSOS DA FAUNA 31913.1 Mel 31913.2 Tartaruga 32013.3 Diversos produtos da fauna 32214. MERCADO DE PRODUTOS EXTRA TIVOS 32514.1 Pau-rosa 32514.2 Castanha-do-pará 32614.3 Babaçu 33014.4 Outros Produtos Extrativos 33215. INFRA-ESTRUTURA PARA O DESENVOL VIMENTO DE 335

ATIVIDADE PRODUTIVA

15.1 Calcário e fertilizantes 33515.2 Energia, transportes e apoio 33615.3 Outros insumos agrícolas 33916. CONSIDERAÇÕES FINAIS 343

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RESUMO EXECUTIVO

Existe uma escassez de informações econômicas regionaise, .por se tratar de produtos típicos da Amazônia, muitas delassequer foram incluídas nos Censos Agropecuários. Quando osprodutos são produzidos a nível nacional ou internacional, comocacau, café, borracha, pimenta-do-reino, soja, milho, arroz, entreoutros, existem publicações que efetuam julgamento em nível doPaís, que podem auxiliar quanto as perspectivas futuras. Entre asquestões mais freqüentes referem-se quais os mercados para osprodutos da Amazônia ou quais seriam as opções agrícolas ?

As dificuldades aumentam, quando se tratam de produtosregionais, tais como o cupuaçu, pupunha, açaí, guaraná, plantasmedicinais, aromáticas, pirarucu, entre dezenas de outros. Ascoletas de informações oficiais quanto à produção, área, municípiossão precárias ou inexistentes e, as exportações quando efetuadas,pelo pequeno volume, são consideradas como Outros.

Neste cenário, naturalmente, as controvérsias e osequívocos são normais. Uns tentam retratar um mercado fantástico,interessado em definir políticas de financiamento para esta ouaquela atividade. Outros pensam que estudos de mercado consistemno fornecimento de uma listagem de endereços fornecidos porinstituições públicas para efetuarem as vendas, encontrar mercadosinexistentes ou resolver crises de preços. Esquecem que mercadoconsiste em identificação com base em pesquisa e observaçãosistematizada e posterior conquista mediante estratégia que forneçaconfiança, qualidade, segurança e desempenho competitivo no queconcerne ao atendimento do consumidor e, quem conhece nãofornece informações sobre suas estratégias para os iniciantes e oprocesso de aniquilamento faz parte do jogo. É salutar nessesentido a presença de determinadas ONGs tentando ajudar naconquista de mercados. de produtos não-madeireiros, de produtos.orgânicos e da difusão de muitas informações via internet.

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Muito comum para resolver problemas de mercado são asvisitas de técnicos governamentais, às vezes completamente alheiosao problema, que poucos resultados conseguem trazer. Osprodutores e aqueles envolvidos na comercialização precisamaprender que mercado se conquista através do tempo, mediantedisputas e que exige constante aprendizado, aperfeiçoamento emtecnologias, idiomas, criatividade, qualidade, etc.

Verifica-se que muitos setores da economia, devido aovácuo governamental na coleta de dados básicos, dispõem de suaspróprias estatísticas que, infelizmente, são utilizadas mais comosentido defensivo contra determinadas propostas governamentais.O acesso a essas informações, bastante restrito, apesar dasevidentes perdas em curto prazo, poderia contribuir para o melhordesempenho do setor a médio e longo prazos.

Os pesquisadores podem contribuir na análise dasexperiências passadas, comparando com outros produtos similarese coletando informações de interesse coletivo. Efetuar pesquisas demercado se faz necessário, mesmo que sejam custosas edemoradas, porque pode representar a forma adequada para se criarestratégias competitivas, uma vez que apenas as informações devarejo não satisfazem à a abrangência e a dimensão temporal quese vive no momento.

Quando inexistem as informações ou a democratizaçãonão se processa adequadamente, os produtores podem pagar umalto custo privado e social, ao acreditar no mercado do mito, dofolclore, da fantasia, da angústia e do capricho de determinadaspessoas ou governantes. Na Amazônia a história está cheia dessesexemplos, onde para muitos, pagou-se com a tragédia humana.

A contribuição deste trabalho foi a de tentar reunir asinformações proporcionadas pela imprensa escrita sobre algumassinergias de mercado observadas e divulgadas pelos jornalistasnestes últimos quatro anos. Foram compilados dados,principalmente, da Gazeta Mercantil e de O Liberal, na crença deque os jornalistas investigativos têm um faro para perceber as

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informações mais recentes sobre as transformações que estãoocorrendo nos mercados para diversos produtos da Amazônia.

Dessa forma, em um ambiente carente de informações, osprodutores e os técnicos, precisam se organizar, acompanharatentamente as notícias divulgadas e analisá-Ias, visitar os locais deconsumo desses produtos e viabilizar estudos de mercado. Em ummundo globalizado e das facilidades dos meios de comunicação, asinformações são virtuais, onde os consumidores e os comerciantes,definem a dinâmica do mercado e sinalizam as informações sobreos problemas de safra, preços, abastecimento de mercado, gostos epreferências dos consumidores, do que os produtores.

As alternativas para investimentos agrícolas na Amazôniadevem assumir caráter dinâmico. adaptando-se aos mercadosdisponíveis, substituição de importações, novos mercados, produtosorgânicos e ambientais, entre outros, com capacidade de evoluir eadaptar-se às mudanças. O vácuo representado pela carência dealternativas tecnológicas e seu contínuo aperfeiçoamentoconstituem as principais limitações para o surgimento de novasoportunidades. A carência infra-estrutural constitui outro círculovicioso, onde os eventos que ainda não aconteceram terminamgerando externalidades negativas. Entre as principais conclusõesdesta revisão, que servem, também, como prioridades de pesquisaagrícola e de investimentos, podem ser sumariados nos principaistópicos:

As atividades intensivas em mão-de-obra e em terraapresentam as maiores vantagens comparativas em longo prazo naAmazônia. Nesta categoria incluem a pecuária, reflorestamento eplantio de culturas perenes. Ressalta-se que no caso de cultivosperenes frações de áreas são suficientes para saturar o mercadoexistente.

A recuperação de pastagens evitando-se a incorporação denovas áreas e de evitar a queima periódica de pastos, melhoria daqualidade do rebanho e sanidade, induzirão a formação de umapecuária mais sustentável. Considerando uma vida útil média de 10

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anos para as pastagens, há necessidade de proceder a recuperação,de no mínimo 10% das áreas totais de pastagens na Amazônia, emtorno de 2 milhões de hectares anuais. Ressalta-se que há grandesperspectivas na produção de carne sem a utilização de insumosquímicos e de ração e utilizando procedimentos éticos em relaçãoao meio ambiente.

o reflorestamento visando atender à demanda de madeirasnobres, celulose, compensados e para carvão vegetal para atenderàs guseiras, evitando a pressão da extração de florestas nativas,apresentam grandes perspectivas de gerar emprego e renda erecuperar áreas desmatadas. Somente em se tratando da produçãode carvão vegetal para atender as guseiras, há necessidade de umaárea equivalente a 30 mil hectares anuais de floresta para seremtransformadas em carvão vegetal. No caso do mogno, a estimativaé que uma área equivalente a mil hectares plantados, serianecessária anualmente para atender ao mercado para exportaçãodessa madeira.

Algumas práticas de manejo de recursos naturais, aoprivilegiar determinadas atividades, como vem acontecendo para ocaso de açaizais manejados, tendem a apresentar riscos para abiodiversidade se grande parte dessas áreas forem transformadasem áreas homogêneas, além da própria limitação da oferta.

o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis aindaem grande estoque (madeireiros, açaizeiros, babaçuais, etc.), emprocesso de esgotamento (castanheiras, etc.) e, àqueles criados pelaação antrópica como acontece com a expansão de babaçuais nasáreas derrubadas no triângulo formado pelos Estados do Pará,Maranhão e Tocantins, precisam ser explorados da maneira maisracional. Novas alternativas, como a verticalização desses produtos(óleo de castanha, óleo de babaçu, palmito de babaçu, etc.),precisam ser incentivados, sobretudo pelas comunidades locais.

Ampliação da oferta de determinados cultivos e criaçõesque apresentam déficit no abastecimento regional e de substituiçãode importações. Entre estes podem ser mencionados a ampliação

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dos plantios de açaí, para acompanhar o crescimento da demandaexterna e o abastecimento regional, o plantio de seringueiras,dendê, café, hortaliças, arroz, milho, feijão, mandioca, aves, suínos,produção de leite, etc. Para reduzir o preço do vinho de açaí para osconsumidores paraenses, àqueles destinados para consumo fora doEstado do Pará e para o exterior há necessidade de incentivar osplantios racionais. Apesar dos evidentes riscos de pragas e doenças,há um mercado atual para mais de 120 mil hectares de seringueiraem idade de sangria para substituir as importações de borrachavegetal que deveriam ser incentivadas nas áreas de escape, bemcomo de dobrar a atual área plantada de dendê, em tomo de 60 milhectares.

Há necessidade de envidar esforços visando adomesticação imediata de plantas conhecidas, como o bacuri,andiroba, copaíba, cumaru, pau-rosa, com amplas possibilidades demercado. As restrições atuais estão no lado da oferta, totalmentedependente do extrativismo e com evidentes sinais de esgotamentoou atingimento da capacidade máxima de coleta.

Ampliação das atividades que estão sofrendo pressão deesgotamento espacial e do crescimento da demanda, tais comorecursos pesqueiros, madeireiros, entre os principais. No caso derecursos pesqueiros teria de combinar atividades de criação e derepovoamento de rios, este último, bastante carente de informaçõestecnológicas e de responsabilidade do setor público. Os altos preçospagos pelos consumidores urbanos demonstram o potencial dessaatividade.

Novas atividades potenciais, nos quais há necessidade decriar oferta para induzir a demanda devem ser incentivadas em umprimeiro instante. Entre estas atividades poderiam ser mencionadosos interesses recente pelo neen, novos produtos da biodiversidade,criação de animais silvestres, produção de insumos agrícolas,reprodutores bovinos, entre outros.

Abastecimento alimentar, com ênfase para os produtosalimentares consumidos pela população com menor poder

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aquisitivo como farinha de mandioca, arroz e feijão vigna e, milhopara alimentação de pequenos animais. Estes plantios devem serorientados com vistas à sua intensificação, reduzindo os custosambientais decorrentes dessas atividades.

Inserção no amplo mercado nacional e internacional quese descortina na produção de plantas medicinais, aromáticas,corantes e inseticidas naturais. O estrangulamento existente nosetor de pesquisa agrícola precisa ser quebrado para reduzir oscustos econômicos por parte dos produtores. Sobretudo éinteressante destacar o crescimento do mercado de cosméticosutilizando como insumos plantas nativas da Amazônia.

Gradativa expansão de produtos que apresentam grandesperspectivas externas como a produção de pupunha para palmito,óleo de dendê, cacau, guaraná, entre os principais. Na expansão dosplantios de pupunha é necessário reavaliar a expansão do mercadode palmito, dos quais, a exportação máxima de 11 mil toneladas depalmito de açaí pode ser considerada como mercado potencial.Quanto ao mercado interno, as possibilidades são maiores, seconsiderar que quase 200 mil toneladas brutas de palmito de açaí jáforam extraídas no seu pico, mas deve implicar na redução de seuspreços. O cacau, apesar do soerguimento da cacauicultura baianamediante enxertia com clones resistentes à vassoura-de-bruxa,pode-se considerar como meta de expansão gradativa, em tentardobrar a atual área plantada na Amazônia, para os próximos dezanos. Privilegiando os pequenos produtores, estes terão maiorescondições de suportar crises de preços freqüentes nesta cultura ecomo fonte de renda constante, mesmo nas condições maisinóspitas. O guaraná vai depender da efetiva consolidação comonovo produto universal, esperando-se no mínimo, quanto ànecessidade de dobrar a atual área plantada para os próximos cincoanos.

Novos mercados representados pelos produtos orgarucosprecisam ser valorizados na Amazônia, face às característicasinerentes à região que precisam ser explorados. O mercado deprodutos certificados, tanto para produtos agrícolas como

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madeireiros deverão crescer nos próximos anos. A certificação paraquatro madeireiras (Madeireira Itacoatiara Ltda., Gethal Amazonas,Juruá Florestal Ltda. e Cikel Brasil Verde S/A) mostram que se osempresários regionais não conseguirem reagir a essa novamudança, o mercado de madeiras será controlado por grandesmadeireiras estrangeiras.

Os incentivos econômicos sempre que possível devem serdirigidos para cobrir externalidades e suspensas imediatamentequando estas são criadas. Verifica-se que os incentivos econômicossempre têm caminhado em direção aos mais favorecidos. Quandopossível os financiamentos agrícolas devem ser dirigidos paraatender comunidades, visando apoiar em infra-estrutura deinteresse coletivo.

Para muitas culturas precisam criar mecanismos quepermitam limitar a expansão das áreas de plantio, a exemplo dapimenta-do-reino, para no máximo 10% da área plantada eenfatizando a agricultura familiar, com maiores condições desuperar crises de mercado. Essa assertiva é válida para um grandeelenco de atividades, tais como laranja, cupuaçu, urucum, banana,coqueiro, abacaxi, entre outros, em consonância com a sinergia domercado. O perigo de determinadas atividades de moda que sãoinseridas na Amazônia, sem mercado e definição tecnológica,estimulada até por caprichos individuais, são riscos constantes naAmazônia.

A qualidade da administração tecnológica dasagroindústrias precisa ser incentivada, bem como fornecendocapital de giro, que constituem uma das grandes limitações dosprojetos implantados,

A verticalização do setor madeireiro, indústrias de sucosde frutas regionais, produtos utilizando frutas produzidas naAmazônia como ingredientes (sucos, concentrados, geléias,bombons, doces, etc.), apresentam grandes chances de sucessoassociando-se com qualidade e higiene. O crescimento da

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fruticultura regional, vai depender, em parte da capacidade de criarnovos subprodutos e da sua verticalização.

Melhoria da qualidade de diversos produtos agrícolas comvistas a atingir o mercado externo, como cacau, café, madeira, etc.

A carência de tecnologia agrícola tem constituído emgrande limitação para o desenvolvimento de diversas atividadesatuais e potenciais, com amplo mercado nacional e internacional.As possibilidades de mercado de produtos agrícolas na Amazôniaestão sendo limitadas pela carência de informações tecnológicas,pela falta de assistência técnica e dificuldades de infra-estrutura.Para a maioria das atividades mencionadas o risco está presente,como acontece para o dendê, seringueira, cupuaçu, cacau, pimenta-do-reino, café, coco, entre outros, nos quais o aparecimento depragas e doenças, constituem desafios ainda não solucionados.

Como tópico final, existe o mercado ambientalrepresentado pela demanda anual de 1.300 a 1.700 mil hectares defloresta densa e de vegetação secundária que são derrubados equeimados anualmente. Práticas tecnológicas, voltadas para autilização de insumos modernos (calcário e fertilizantes químicos)e da mecanização da terra (destoca, aração e gradagem), poderiamconstituir em amplo mercado para comunidades interessadas emreduzir desmatamentos e queimadas e aumentar a produtividadeagrícola.

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1. INTRODUÇÃO

As alternativas agrícolas para a Amazônia devem seranalisadas no contexto quanto à distância em relação aos mercados,perecibilidade dos produtos, possibilidades de beneficiamento,competitividade com outras áreas produtoras, rentabilidade, custode oportunidade dos fatores de produção, entre os principais. Abusca de "novidades", em geral, destinadas para exportação, temorientado muito das propostas de desenvolvimento, esquecendo osprodutos tradicionais e aqueles destinados ao mercado local, muitasvezes com maiores vantagens comparativas.

Em outro aspecto confunde-se estudo de mercado paradescobrir mercados que não existem ou como solução para as crisesde mercado, comuns para todos os produtos agrícolas ou dasmudanças das regras de jogo governamentais. O mercado pela suaprópria natureza competitiva, faz com que a solução dependa dacapacidade dos próprios agentes de comercialização emconquistarem ou ampliarem mercados. Trata-se de habilidade inatade determinados indivíduos, que não pode ser baseado em listasmilagrosas mostrando os locais onde devem ser colocados osprodutos, uma vez que constitui segredo comercial daqueles queconseguiram criar seus mercados. Os conceitos de credibilidade e aqualidade dos produtos devem ser condições essenciais para aconquista de novos mercados. Naturalmente, cabem aospesquisadores, através das análises de tendências e das experiênciaspassadas mostrar os possíveis cenários ou evitar determinadoserros.

Há alguns paradoxos e contrastes com relação aodesenvolvimento da Amazônia. A economia da região amazônicarepresenta US$ 21,5 bilhões do PIB, representando 7,6% do PIBnacional, US$ 2.583,19 de PIB per capita e produz 1,2 milhão de

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toneladas de grãos (Scharf, 2000). Outro grande desafio está nageração de novos empregos. Nesse contexto o desenvolvimento daagricultura representa a opção mais barata para a sociedade manteros atuais e gerar novos empregos. O setor industrial da Amazôniagera 37,2% do PIB regional mas só consegue absorver 17,5% damão-de-obra regional. É paradoxal quando se verifica que o xaropeda Coca-Cola é o principal produto que sai de Manaus, com US$230 milhões exportados, depois vem os televisores, as motocicletase os aparelhos de ar-condicionado. Apesar da ênfase da importânciada agricultura e por envolver o maior contingente populacional,tem uma função marginal na economia regional.

As oportunidades para a Amazônia devem estar orientadasno aproveitamento das áreas desmatadas. O Amazonas tem umaárea desmatada de 2%, perdendo apenas para o Amapá com 1,5%,o Estado do Pará já desmatou 20 milhões de hectares, mais de 15%,Rondônia com 22%, Acre com 10%, Maranhão 40% e MatoGrosso com 15%. O reduzido desmatamento dos Estados doAmazonas e do Amapá decorre do forte processo de urbanização ede políticas públicas como a criação da Suframa e da Área de LivreComércio de Macapá e Santana. Na Amazônia a emissão anual de200 milhões de toneladas de carbono para atmosfera, via conversãoda floresta primária em agropecuária e outros usos do solo é otriplo da emissão brasileira de 65 milhões de toneladas, via queimade combustível fóssil (Higuchi, 2000).

A recente intervenção na ex-SUDAM, no início de 2001, edos eventos passados, mostram que os incentivos fiscais precisamser revistos, uma vez que sempre tem caminhado em direção aosmais favorecidos. Com o processo de democratização, as decisõestêm-se orientado para as forças vivas da sociedade e da busca deobjetivos coletivos, que conflitam com as ações centralizadoras epela iniquidade. Tome-se o exemplo, do Distrito Agropecuário daSuframa (DAS), com uma história marcada por erros deplanejamento, criado através do Decreto-Lei 288/67, ocupa umaárea de 589 mil hectares, que chegou a abrigar 165 projetosagropecuários como a Sharp, Semp Toshiba, Dismac e Gradiente.Entre os motivos do fracasso para o DAS está a falta de tecnologia

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para as empresas que implantaram os projetos na área, a ausênciade linhas de financiamento para o setor na época de suaimplantação e o cultivo de seringueiras passíveis de doenças empraticamente todos os projetos.

Dessa forma, a região amazônica não se cansa de procurarsua vocação econômica, sendo várias as tentativas de fazer destaregião tropical um pólo de desenvolvimento agrícola. A plenacompreensão das lições da História é que vai determinar os rumosque serão avaliados no futuro. Nos últimos anos cresce o mercadobaseado no apelo da preservação da floresta através da melhoriadas condições de vida das populações ribeirinhas, tradicionais eindígenas.

A partir da década de 90 eclodiu a questão ambiental naAmazônia, cujo marco balizador teve como o conjunto de pressõesdecorrente do assassinato do líder sindical Chico Mendes em 1988.A exposição da mídia nacional e internacional chamou a atençãopara diversos produtos da Amazônia e de novos enfoques dedesenvolvimento.

A Amazônia passou a transrmtir a idéia de força, dapureza, de energia, contrapondo com a necessidade de salvá-Ia dadestruição, introduzindo novas relações éticas na aquisição destesprodutos. Muitos desses produtos representam a comercializaçãodo folclore e de mitos, do mercado da angústia, de green products,artificialmente criados, nos quais com o processo dedemocratização desses produtos podem conduzir a perda dessesmercados e a redução dos preços.

o crescimento do mercado de muitos produtos tipicamenteamazônicos, está ensejando o desenvolvimento de dois movimentosdistintos, quanto ao nível de preços. Para muitos produtos aexpansão do mercado está levando ao aumento dos preços e outrosà sua redução, ganhando economias de escala, que deverá ser atendência dominante.

A identificação do mal da vaca louca em 1986, na

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Inglaterra, cuja gravidade iria combinar com o alastramento dofoco da febre aftosa, descoberto em 21 de fevereiro de 2001, nasproximidades de Londres, trouxe a desconfiança dos consumidoresdos países desenvolvidos quanto a qualidade dos alimentos. Nocaso da carne bovina, presencia-se na Europa, algo que beira aparanóia, na visão dos famintos subdesenvolvidos.

A desconfiança dos consumidores diz respeito aosalimentos, em cujo processo produtivo foram utilizadosfertilizantes químicos, inseticidas, fungicidas, herbicidas,hormônios de crescimento, carrapaticidas, antibióticos, entredezenas de outros produtos comumente utilizados pela modernaagricultura. Não é sem razão, portanto, a desconfiança doseuropeus e japoneses com relação aos produtos transgênicos.

Este aspecto está produzindo, como conseqüência, ocrescimento do mercado de produtos orgânicos, aquele que proíbeo uso de fertilizantes e defensivos químicos e integra técnicas comoadubação verde, rotação de culturas, compostagem, entre outras.No caso da criação animal, feita pelo mesmo princípio, é vetado ouso de herbicidas nos pastos, carrapaticidas e quaisquer processosartificiais de crescimento.

o mercado de produtos orgânicos que apareceutimidamente, no final da década de 70, vem crescendoaceleradamente na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

Na União Européia, a área com agricultura orgânica atingequase 3 milhões hectares, nos Estados Unidos, 1 milhão, Austráliaquase 2 milhões, Japão com 5 mil hectares e o Brasil com 100 milhectares. Com a exceção da União Européia, cuja área comagricultura orgânica representa mais de 2% da área agrícola total,para os demais países mencionados este percentual está entre0,10% a 0,40%.

No caso brasileiro, cerca de duas dúzias de produtosorgânicos já foram credenciados e estão sendo exportados. A guisade ilustração estes produtos são: café, laranja, soja, horticultura,

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óleo de dendê, açúcar mascavo, banana, cacau, guaraná, uva, arroz,erva-mate; manga, óleos essenciais, urucum, mel, óleo de babaçu,chá, gengibre, goiaba, palmito, gado de leite, gado de corte,morango e, outros em vias de certificação. Somente algunsprodutos produzidos na Amazônia tiveram a sua certificação(urucum, óleo de dendê e palmito), uma vez que o guaranácertificado como orgânico é produzido na Bahia. No Brasil há faltade produtos orgânicos pela reduzida oferta (Pereira Filho, 2001).

Como os produtos orgânicos não podem utilizar insumosartificiais, naturalmente, que sua produtividade é baixa e,consequentemente, o seu custo de produção mais elevado. Poroutro lado, os preços são bastante altos, por exemplo, a sojaorgânica pode ser vendida a US$ 16,00 a saca no interior doParaná, o dobro das cotações da soja convencional, o café orgânicovale também o dobro e o guaraná orgânico a US$ 7,00/quilo e,assim por diante.

o processo de classificação como produto orgamco éefetuado por entidades nacionais credenciadas e vinculadas comcertificadoras internacionais. Como a credibilidade é importanteperante os consumidores, o processo é rigoroso, pode demorarvários anos e constantemente avaliado, cujas despesas precisam sercobertas pelos agricultores interessados.

A dimensão do interesse desse mercado, pode ser avaliadapelo fato de que já existem mais de dez certificadoras nacionais eestrangeiras atuando no país, a mais antiga, desde 1978, no RioGrande do Sul. Muitas dessas certificadoras tem atuação local,fornecendo selo verde para produtos agrícolas para venda nas feirase supermercados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro ePernambuco.

A exportação de produtos orgamcos exige o selo verdefornecida por uma certificadora acreditada nos países importadores.No País, o Instituto Biodinâmico, fundado em 1982, com sede emBotucatu, vinculado ao International Federation of OrganicAgriculture Movements (IFOAM) e da alemã Deutsche

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Akkreditierungsrat (DAR), vinha atuando isoladamente até o anopassado. A chegada de poderosas certificadoras· internacionaiscomo a alemã BCS Õko-Garantie, com presença em 45 países, nofinal de 2000, em São Paulo; da francesa Ecocert Brasil, presenteem mais de 50 países, no início deste ano, em Porto Alegre e, daamericana Farm Verified Organic (FVO), com atuação em 11países de quatro continentes, estabelecendo-se em Recife, no finalde 2000, são sinais que o mercado de produtos orgânicos deveaquecer nos próximos anos.

Neste cenário do emergente mercado de produtosorganicos é interessante verificar que, salvo determinadasrestrições, muitos produtos da Amazônia podem ser enquadradosna categoria de orgânicos, desde que esforços sejam orientadosneste sentido. Verifica-se que grande parte dos produtos agrícolas,produzidos pela agricultura familiar, tais como arroz, milho,mandioca, cupuaçu, banana, castanha-do-pará, pimenta-do-reino,cacau, café, pupunha, etc. pelo baixo nível tecnológico vigente, nãoempregam fertilizantes químicos, herbicidas, inseticidas, etc.

De forma idêntica, a pecuária menos desenvolvidadepende apenas de pastagens naturais e do mínimo de insumosindustriais utilizados. Eticamente, o que não coaduna para ocredenciamento do selo verde são os procedimentos utilizados paraproduzir estes produtos agrícolas e pecuários serem efetuadosmediante a derrubada da floresta e a utilização de outros processosincorretos. Os produtos florestais como açaí, palmito, babaçu,castanha-do-pará, cupuaçu nativo, plantas medicinais, todospoderiam ser enquadrados como sendo produtos orgânicos.

Procurar-se-á, tentar separar em diversas categorias, asprincipais sinergias, identificadas na imprensa, mostrando aspossíveis tendências onde deverão ser canalizados os esforços dosórgãos públicos.

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2. GRUPO DAS FRUTEIRAS NATIVAS DA AMAZÔNIA

o conjunto de frutas amazônicas e, mesmo as exóticas ouaté mesmo importadas fora da Amazônia e industrializadas naregião, passaram a ganhar a simpatia do mercado nacional einternacional. Muitas dessas fruteiras amazônicas (cupuaçu,·pupunha, açaí, etc.) estão em franca expansão em áreas fora daAmazônia, como nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Rio deJaneiro, São Paulo e Paraná, localizando próximos dos mercadosconsumidores emergentes, poderão constituir em limitaçõesfuturas. No passado, várias fruteiras que tiveram sua entrada noEstado do Pará que alcançaram grande desenvolvimento local,como mamão hawaí e melão, perderam a competitividade com asáreas produtoras do Nordeste, Sudeste e Sul. Outras fruteiras comoa acerola, mangostão, durian, rambutan, estão sendo cultivadas noNordeste, Sudeste e Sul, para atender os maiores núcleos urbanosdo País.

O caminho da exportação, a exemplo do Nordeste, torna-se viável na medida em que esses empreendimentos ganhem aconfiança quanto à qualidade, higiene, confiabilidade na entrega,facilidades de transporte para o exterior em bases competitivas,segurança quanto ao controle de doenças e pragas e quanto àsnormas éticas i e ambientais. As péssimas condições infra-estruturais, principalmente quanto a rodovias, mão-de-obratreinada, disponibilidade de tecnologia, dificuldade de conexãopara o exterior, constituem algumas limitações, para a redução decustos de produção. Escândalos como a do Ibama e da ex-SUDAM,tendem a constituir em pontos negativos para a conquista demercado externo.

Dados pouco conhecidos, levantados pelo InstitutoBrasileiro de Fruticultura (Ibraf) e IBGE, indicam que o Brasil já éo terceiro produtor mundial de frutas, vindo depois da China, Índiae o quarto é os Estados Unidos, com cerca de 33 milhões detoneladas ao ano (1997), abrangendo uma superfície de mais de 2,5milhões de hectares, sem contar a produção nos quintais (Tabela 1).A fruticultura brasileira, perde, a curtas distâncias, para a China e

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Índia. mas supera os Estados Unidos. Pelo fato de ter um consumointerno expressivo. como os demais produtores. e também por faltade experiência exportadora de frutas. o Brasil ainda registra. nestaárea. presença modesta no mercado externo.

No mercado internacional de frutas. avaliado em US$ 20bilhões anuais. os exportadores brasileiros ainda detêm umaposição acanhada, de aproximadamente 0.6%. com uma balançadeficitária superior a US$ 100 milhões. As exportações nacionaisainda estão muito abaixo de US$ 200 milhões ao ano. enquanto asvendas do Chile. por exemplo. já superam a barreira de US$ 1bilhão (Quadros. 1999; Nogueira. 2(00). Projeções da FAOapontam um crescimento de 40% no consumo mundial de frutastropicais. no período de 1995 a 2005.

Países37.333.232.528.8

Tabela 1 - Países maiores produtores de frutas no mundo. 1997Um milhão de toneladas

ChinaÍndiaBrasilEstados UnidosFonte: Nogueira (2000).

A dimensão do mercado de frutas pode ser avaliadaquando na Europa só 3% dos consumidores já provaram umapapaia. Para contrapor a isso. o Instituto Brasileiro de Fruticultura.criou uma campanha liderada pela Master Publicidade. com umamarca guarda-chuva Brazilian Fruit, orçada em US$ 4 milhões nosEstados Unidos. Inglaterra. França e Alemanha (Pfeifer, 1998). Apesquisa do Intemational Trade Center (ITe). órgão da ONUmostra que na Europa a manga só foi consumida por 23%.enquanto 98% conhecem o kiwi e 75% já consumiram. O Brasil é oterceiro produtor mundial de frutas. com consumo per capita de 45kg/ano enquanto nos países desenvolvidos é de 120 kg/ano.

A fruticultura desenvolvida no Submédio São Franciscodeve servir de exemplo para a Amazônia. Com uma área de 125

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mil hectares, entre os sertões da Bahia e Pemambuco, conhecidocomo o pólo Petrolina/Juazeiro produziu 800 mil toneladas defrutas (Leão, 2000). O destaque foi o coco verde com 192 miltoneladas, a uva 170 mil toneladas, a manga com 158 miltoneladas. Nesse mesmo período os produtores do vale do rio SãoFrancisco foram responsáveis por 92% do volume de uvaexportado pelo País e de 82% de manga, 10.250 toneladas e 44 miltoneladas, respectivamente. Os primeiros esforços para exportaçãona região iniciaram em 1986 (melão) e 1987 (uva e manga).Atualmente são gerados três empregos diretos por hectare irrigado,garantindo mais de 300 mil empregos diretos e outros 1,5 milhãoindiretos.

Na reunião do Conselho Deliberativo da ex-SUDAM emnovembro de 1999, dos 55 projetos submetidos a apreciação, 22projetos eram sobre a industrialização do cupuaçu, açaí e café. Issomostrava uma grande reviravolta com relação há 20 anos atrás,quando à totalidade dos projetos eram sobre a pecuária (Passos,1999). O conjunto das propostas agro-industriais soma R$ 121milhões, dos quais, posteriormente, descobriu-se, tratar de desviode recursos incentivados, apesar da boa idéia das propostas.

O nicho de mercado inexplorado de frutas da Amazôniafez com que a assistente social Iolane Contente Tavares abrisse emSão Paulo, a Frutos da Amazônia, fabricando biscoitos de castanha-do-pará, cookies recheados de cupuaçu, bolos recheados de geléiasde frutas do Norte, bombons com recheios de cupuaçu e bacuri. NoNatal de 1999 o campeão de vendas foi o panetone recheado decupuaçu e castanha-do-pará (Neves, 2000). A próxima criação deFrutos da Amazônia é ovos de Páscoa com chocolate recheado decupuaçu. Para embalar seus doces ecológicos utiliza paneiros demiriti sob medida para os doces, as cuias e o patchouli vão domercado do Ver-a-Peso (Nascimento, 2000).

O chef do restaurante Laurent utiliza cajá, pitanga, bacuri,mangaba, pequi, maracujá, manga, sapoti, gravio1a, jabuticaba,cupuaçu, jaca e seringuela. O Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo,é conhecido pelo soberts de cajá, mangaba, cupuaçu, açaí e pitanga

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que fazem sucesso entre seus hóspedes internacionais. No réveillonde 2000 incluiu peito de pato ao molho de açaí (Neves, 2000).

Fruticultores e representantes da cadeia produtiva emRoraima criaram a Câmara Setorial de· Fruticultura. A meta dosprodutores é elevar de 10 mil para 60 mil hectares a área plantadacom frutas em Roraima em um prazo de cinco anos. A privilegiadaposição geográfica de Roraima que faz fronteira com Venezuela eGuiana, estando ligada por via rodoviária podendo atingir em 24horas aos portos do Caribe. As culturas a serem privilegiadasseriam a manga, melancia, laranja, banana, abacaxi, tangerina, caju,graviola e camu-carnu. A manga ocorre na entres safra nas demaisregiões produtoras do Pàís, o abacaxi está desenvolvendo nosmunicípios de Cantá, Apiaú e Mucajaí. Em Cantá, situada a 32 kmde Boa Vista existe uma agroindústria que processa o fruto(Valéria, 2001a). O Estado do Amazonas constitui o grandemercado consumidor de melancia produzida em Roraima (Valéria,2001 b).

A Cooperativa Camponesa do Araguaia-Tocantins(Coocat), em Marabá, tem 932 sócios de sete municípios doSudeste do Pará trabalham no beneficiamento de acerola, maracujá,cupuaçu, murici e açaí, que são encaminhados para São Paulo,Bahia e Rio de Janeiro (Soares, 1998).

Desde 1 de junho de 1999, a ONG Amigos da Terralançou uma homepage bilingüe português-inglês(www.amazonia.org.br) para ofertar produtos da Amazônia,fornecendo preços, formas de pagamento e custos de frete, comofertas no atacado e no varejo (Scharf, 1999).

A presença da mosca da carambola que deve ter entradopelo Oiapoque, vindo da Guiana Francesa, obrigando a um rígidocontrole, constitue um exemplo de risco que a fruticulturaapresenta, associada com a falta de maiores conhecimentostecnológicos (Cavalcante, 1999).

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2.1 Açaí fruto e palmito - crescimento do mercado de fruto

Com a demanda ampliada pela mídia em conexão com aAmazônia, o suco de açaí, como é conhecido nas Regiões Nordestee Sudeste do Brasil, tornou-se uma febre entre os adeptos da culturada saúde e freqüentadores de academias e, em 2000, foi iniciada aexportação. Já na região amazônica, o fruto do açaizeiro,importante na alimentação diária das populações locais por seus

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altos valores nutricionais, é também unânime preferência popularpor seu singular paladar.

A fruta é obtida de açaizais nativos sem manejo, de áreasmanejadas e do início de plantios racionais nas áreas de várzeas ede terra firme. Trata-se de um produto em que o crescimento domercado levou a um aumento dos níveis de preços, exigindo aampliação da oferta desse produto para atender consumidoreslocais.

o açaizeiro está sendo cultivado em diversos locais forada região amazônica, como na Bahia, Rio de Janeiro, EspíritoSanto e Paraná para atender nichos de mercados locais e depreservação ambiental. Este fato fez com que a pesquisadoraMarilene Leão Alves Bovi, do Instituto Agronômico de Campinas(IAC), decorrente de seus trabalhos com exploração racional,manejo e cultivo do açaf e.do palmito e sua transformação ematividade competitiva, fosse a vencedora do Prêmio Frederico deMenezes Veiga 2001.

Segundo a Associação das Indústrias de Polpas e Sucos deFrutas do Pará (Asspolpa) que se transformou em Sindicato dasIndústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas) nodia 12/12/2000, existem 80 empresas ligadas à indústria deprocessamento de polpas de frutas no Estado do Pará, sendo que oSindfrutas congrega pouco mais de 20 associados, dos quais 30trabalham com exportação.

A estimativa é que 70 a 80% da polpa de açaí vendidas noPaís são produzidas no Pará e os maiores compradores são Rio deJaneiro, São Paulo, Brasília e alguns Estados do Nordeste. Somenteem Belém existem 3 mil pontos de venda de açaí (Fujiyoshi, 2000).

~ O consumo de vinho de açaí em 2001 está estimado em 150toneladas diárias em Belém, totalizando 4.500 toneladas/mês. Aestimativa é que no Rio de Janeiro estejam consumindo 500toneladas/mês e em São Paulo 150 toneladas/mês e outras 200toneladas/mês nas diversas cidades como Brasília e no Nordeste(Paiva, 2001). Essa atividade, sem nenhuma publicidade, está

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injetando 40 milhões de reais nos Estados do Pará e Amapá, queteve suas vendas triplicadas desde 1995 (Franco, 1999b). O produtoé transportado em caminhões frigoríficos com capacidade de até 24toneladas de polpa congelada (Guimarães, 1998).

Há necessidade de se criar um selo de qualidade para ovinho de açaí que deveria ser instituído e emitido pela Sindfrutasnos mesmos moldes das indústrias de café. Cerca de 70% de açaíconsumido no País é oriundo de empresas informais. No Rio deJaneiro o que se toma não é vinho de açaí, mas um suco tão fino,misturado com outros tantos produtos, que já perdeu o gosto, oodor e até o valor calórico das frutas.

A empresa Muaná Alimentos, fundada em 1998, comobraço da Agro Industrial Itá Ltda. que há 20 anos industrializapalmito, iniciou a industrialização do fruto do açaí, tendo comoparceiro o Fundo Terra Capital, administrado pela A2R-AxialRecursos Renováveis, desmembrada do Banco Axial, quefinanciou, em 1998, com US$ 1,5 milhão (Silva, 2000; Paiva,2001). Essa empresa faturou em 2000, R$ 6 milhões e produz 60toneladas de polpa de açaí por mês. Do total da matéria-prima, 60%vêm das áreas manejadas pela própria empresa na ilha de Marajó eoutros 40% são comprados da população local (Mautone, 2000).

As empresas Polpa de Frutas da Amazônia e MuanáAlimentos já exportaram 32 toneladas de polpa congelada para omercado norte-americano em 2000 (Ferreira, 2000). A MuanáAlimentos tem capacidade para produzir 30 toneladas de polpa pormês, já a Polpa de Frutas da Amazônia montou uma fábrica emSanta Bárbara, com capacidade para 200 toneladas, mas estáproduzindo 30 t/mês. No Amapá o suco da fruta gera uma receitade R$ 20 milhões por ano na economia do Estado.

A paraense Senun Fruit fabrica xaropes de maracuja,acerola, goiaba, bacuri, cupuaçu e abacaxi, meio termo entre o sucoconcentrado e a polpa (Romero, 1999).

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A Pronam (Produtos Naturais da Amazônia Ltda.)estabelecida em Manaus iniciou a produção de 400 latas/dia depolpa de açaí açucarada e pasteurizada, esperando alcançar 3 millatas até o final do ano (Franco 1999a). A validade do produto édois anos e pode ser mantida a temperatura ambiente. O ribeirinhoapanha as frutas e entrega às processadoras entre R$ 5,00 e R$ 8,00reais a "rasa", contendo 13 litros de açaí (Franco, 1999a). No Parásão cultivados 10 mil hectares e são colhidas 111,5 mil toneladasde frutos. O rendimento médio é de 1 kg de caroço de açaí rende0,57 litros de vinho (Guimarães et aI., 1998).

A Pronam já está comercializando vinho de açaípasteurizado em quatro embalagens, 1 litro e 580 rn1 para diluiçãoe pronto para beber em embalagens de vidro de 325 rn1ou 500 ml ejá se encontram nos supermercados do Rio de Janeiro, São Paulo eBelo Horizonte (Soares, 2000). A Pronam já manda 22 mil litros deaçaí pasteurizado por mês para o Rio de Janeiro. O açaí utilizado éproveniente do município de São Sebastião de Boa Vista, Pará, e oprocessamento do fruto é feito no próprio município. Tem umprojeto florestal com 870 hectares de açaí plantado no Estado doAmazonas (Ninni, 2000).

A empresa D' Amazônia Indústria e Comércio deChocolates Ltda., criada em janeiro de 2000, está fabricandobombons de açaí, outros com recheio de cupuaçu e castanha-do-pará. A D' Amazônia começou a fabricar bombons de chocolate aoleite com recheio de cupuaçu, depois chocolate branco comcupuaçu. Estes produtos estão sendo vendidos em Recife, Salvador,Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro(Bemerguy, 2000).

Cada lata de açaí é vendida nos portos, em média, por R$15,00, que é suficiente para produzir de 9 a 10 litros de vinho. Opreço do litro do vinho de açaí varia de R$ 1,00 a 3,00 (Ferreira,2000). Em 1945 entrou em funcionamento a primeira máquina demoer açaí através do comerciante Ovídio Bastos, localizado na ruados Mundurucus (Salvação ..., 1999).

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o aumento de preço da rasa de fruto açaí (14 kg) que noinício de fevereiro era vendido a R$ 14,00 passou a custar R$ 30,00na feira do Ver-o-Peso na terceira semana de fevereiro de 2001(Exportação ..., 2001). Em vários pontos de Belém o açaí grossoestava sendo vendido a R$ 8,00 o litro, o mesmo preço de um quilodefiZet mignon (Barbosa, 2001).

o vinho de açaí estava sendo comercializado emsupermercados do Rio de Janeiro, em pacotes de 400 gramas,custando R$ 3,60, em agosto de 2000. A Mossoró Agro-IndustrialS/A (Maisa), que possui um plantio de 37 mil hectares de diversasfruteiras na Chapada do Apodi, Rio Grande do Norte, dentre as 20polpas de frutas que exporta, vende polpa de .açaí em embalagensde 100/400 gramas e em caixas de 12 kg contendo 30 pacotes de400 gramas.

A Frutigel Frutas e Polpas localizada no Rio de Janeiro,comercializa 10 toneladas por mês. A Cooperativa MistaAmazônica Ltda. (Copama) triplicou suas vendas nos últimos trêsanos e no ano passado exportou para o Rio de Janeiro e São Paulo,400 toneladas de polpa de açaí (Franco, 1999b).

A indústria King of Palms, localizado em Santana doAmapá e no arquipélago de Marajó que explora o palmito de açaífoi o primeiro produto brasileiro a ganhar o certificado deintegridade biológica da União Européia, o selo AB (agriculturebiologique). A metade do palmito exportado pela King of Palmsresponde 7 a 8% da exportação brasileira de palmito que deve girarem torno de 70 milhões de dólares por ano (Lessa, 2000).

o manejo de açaizais, em uma dinâmica de longo prazo,considerando a expansão dessas áreas podem constituir em riscospara a biodiversidade. As comunidades que começaram a manejarseus açaizais têm a tendência de manter em pé os açaizeiros eeliminar todas as outras plantas de porte alto (Raffles, 1995). Issocria uma situação de alto risco para a diversidade florestal. Queiroz& Mochiutti (2001) constataram que em alguns locais já se observao efeito dessa tendência, onde densidades de mais de 1.000

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touceiras de· açaizeiros por hectare afastaram, quase que porcompleto, as outras espécies vegetais.

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2.2 Cupuaçu - fruta em ascensão

O cupuaçu é originário da floresta amazomca, da suapolpa é utilizada na preparação de sucos, doces, sorvetes erefrescos. Seu suco é, costumeiramente, oferecido aos que visitam aregião para que conheçam o sabor símbolo da Amazônia. O saborexótico do cupuaçu e suas propriedades revitalizantes vêmconquistando cada vez mais adeptos em vários países.

Atualmente, a maior produção provém de plantiosracionais, estimados em mais de 20 mil hectares distribuídos nosEstados do Pará, Rondônia, Amazonas e Acre. No Estado do Paráexistem mais de 14 mil hectares plantados, dos quais 5 mil hectaresestão em produção, cuja produção de frutos teve um crescimento de65% nos últimos quatro anos (Tabela 2). No período de 4 a 6 dedezembro de 1996 foi realizado o Agroinvest-Pará (Cupuaçu ...,

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1996), afirmava que existiam 1.200 plantadores de cupuaçu noEstado do Pará, com 6 mil hectares.

No Sudeste Paraense, sobretudo na microrregião deMarabá, ainda são encontrados nas matas remanescentes, estoquesde cupuaçuzeiros nativos, que passaram a ser aproveitados com avalorização do fruto, acompanhados de plantios visando aumentar asua produção.

Quanto à produção de cupuaçu nativo, a área de maiorocorrência é no Sudeste Paraense que tem sofrido forte pressãomigratória nestas últimas três décadas, traduzida na constantedestruição dos recursos naturais, em especial, das áreas decastanheiras e de cupuaçuzeiros. A valorização dos frutos decupuaçuzeiros a partir da segunda metade da década de 80, induziua sua conservação, que passou a perder a sua importância pelotempo relativamente curto para atingir a frutificação, levando a suacontínua destruição.

Tabela 2 - Principais áreas produtoras de cupuaçu no Estado doPará - 1997/2000

Area plantada (ha) Area colhida (ha) Produção (1000 frutos)Microrregiões

1997 1998 1999 2000 1997 1998 1999 2000 1997 1998 1999 2000

Santarém 347 393 282 402 220 203 145 200 977 606 704 1.006

Castanhal 420 784 1.071 1.158 102 202 430 562 321 321 1.284 1.684

Cametá 857 856 1.123 1.123 342 80 155 305 843 166 492 1.183

Tomé-Açu 2.322 2.659 2.985 3.030 687 698 1.233 1.761 4.255 4.293 7.115 10.740

Itaituba 386 308 312 312 51 71 219 219 163 312 1.512 1.512

Tucuruí 1.404 1.161 1.201 1.075 124 160 181 301 577 611 670 970

Marabá 840 795 886 886 275 230 310 310 2.064 621 813 838

Pará 10.458 12.357 13.904 14.169 2.410 2.653 3.887 5.011 12.970 9.737 15.881 21.479

Fonte: Grupo de Coordenação Estatística Agropecuária - IBGE

A Cooperativa Agrícola Mista de Torné-Açu (Camta)produz cerca de 2 mil toneladas de polpa por ano, de 11 frutas(acerola, cupuaçu, açaí, graviola, maracujá, goiaba, abacaxi,

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carambola, caju, muruci e taperebá) e fornece de 30 a 40% de suaprodução para grandes clientes como a Kibon Sorvane, Jandaia eMaisa. Tem 100 cooperados, .ernprega 65 pessoas diretamente e 3mil empregos indiretos (Ninni, 2000a). A produção de polpa defrutas responde por 53'% do faturamento da cooperativa.

Em 2000, a Camta produziu 1.150 toneladas de cupuaçuque contribuiu com 25% do faturamento da cooperativa estimadaem 5 milhões de reais (Pereira Filho, 2001).

A Sucasa, instalada no município de Castanhal, foifundada na década de 80 e produzia nesta época apenas polpa demaracujá que fornecia integralmente para a Parmalat.

Atualmente, a produção da Sucasa está concentrada emacerola, maracujá, abacaxi e caju que representa 90% da produçãoda empresa e os 10% são para a produção de castanha-de-caju e depolpas de frutas de abacaxi, acerola, bacuri, caju, cupuaçu, goiaba,graviola, manga, maracujá, muruci, taperebá e açaí. Fornecemconcentrados para a Yakult e para a Rio Dourado, em Minas Geraise exporta para a Alemanha, Suíça e a Holanda. O mercado localcorresponde apenas 5% (Ninni, 2000a).

A produção de frutos de cupuaçu no Pará foi de 9,737milhões de frutos em 1998, aumentou para 15,881 milhões defrutos em 1999 e 21,479 milhões em 2000 (Pereira Filho, 2001). Ofruto está cotado a R$ 1,00 e a polpa a R$ 3,50/kg.

Grande parte da safra de cupuaçu nativo, em 1999, noSudeste Paraense foi perdida na mata devido a impossibilidade deescoamento (Braz, 1999). O Castanhal Araras, pioneiro naprodução em escala comercial de polpa de cupuaçu chegou avender sozinho em 1997, cerca de 13 toneladas de polpa cortadas atesoura em mutirão na sua associação, praticamente perdeu omercado.

No Amazonas cerca de 60% dos plantios decupuaçuzeiros, que ocupam uma área de 10 mil hectares, estão

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atacados com a vassoura-de-bruxa. Estes plantios se localizam nosmunicípios de Presidente Figueiredo, ltacoatiara, Rio Preto da Eva,Manacapuru, Iranduba e Careiro da Várzea. O maior produtor daregião é a Associação de Produtores Rurais da ComunidadeSagrado Coração de Paraná da Eva, que congrega 35 produtores eproduzem 200 t de polpa destinada para o mercado do Sudeste,Nordeste e para Alemanha, Estados Unidos e Japão (Valéria, 2000;2001).

O Projeto Reflorestamento Econômico ConsorciadoAdensado (Reca), em Nova Califórnia, Rondônia, conta com 364famílias, beneficiam o cupuaçu e a semente fermentada é vendidapara a produção de cupulate (Callado, 1999). Em 1999 venderam18 toneladas de sementes de cupuaçu a R$ 0,70/quilo para a Itália etem pedidos para mais 300 toneladas. A disponibilidade do ProjetoReca é de 30 a 40 toneladas de sementes de cupuaçu que sãovendidas a R$ 1,00/quilo. O projeto Reca em 1999 produziu 140toneladas de polpa de cupuaçu dos quais já tinha comercializado100 toneladas (Scharf, 1999).

A Pronam vai lançar no mercado até novembro, a polpa decupuaçu pasteurizada em vidros de 325 rnl e 500 rnl, pronta parabeber e concentrado de cupuaçu em latas de 1 kg (Ninni, 2000b).

Em outubro de 1999 foi criada a D' Amazônia Indústria eComércio de Chocolates Ltda. dentro do Programa de Incubadorade Empresa de Base Tecnológica, mantida pela UFPa, que estácomercializando chocolate ao leite com recheio de cupuaçu eestender com recheiros de bacuri, castanha-do-pará e licor de açaí(Romero, 2000).

A empresa JL Festas, fabricantes de Bombons Finos, emManaus, iniciou a fabricação de balas de castanha-do-pará ecupuaçu (Valéria, 1999). Em São Paulo já são comercializados 10mil unidades de balas produzidas em Manaus.

As pesquisas com cupulate iniciaram em 1983(Cupulate ... , 1999). Em Manaus, a Chocam, chegou a produzir

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cupulate, mas não chegou a comercializar o produto porque vemtentando há dois anos sem conseguir a licença de operação junto aoMinistério da Saúde, além de constituir em projeto envolvido emdrenagem de recursos incentivados da ex-SUDAM.

° aproveitamento de sementes de cupuaçu para afabricação do chocolate (cupulate), são bastante restritas. Assementes frescas de cupuaçu representam 17,08% do peso do fruto,que depois de secas, representam 45,5% do peso fresco. Emresumo, de 1.000 kg de sementes frescas, produz 160 kg de pó e135 kg de manteiga de cupuaçu. Do pó obtido que adicionandoaçúcar produziria 180 kg de cupulate. Como a produção de polpade cupuaçu é pulverizada e a quantidade de semente bastantepequena, a obtenção de economias de escala obtidas na indústria dechocolate de cacau são restritas, a não ser para uso medicinal oupara cosmético (Siqueira, 1999).

Nos supermercados do Rio de Janeiro encontram-se apacotes de 400 gramas de polpa de cupuaçu, que estavam sendovendidos R$ 4,80, em agosto de 2000. A Mossoró Agro-IndustrialSI A (Maisa), exporta polpa de cupuaçu em tambores de 190 kg.

Referências consultadas

BRAZ, A. Cupuaçu, o bom negócio em Marabá. Gazeta MercantilPará, Belém, 14 abr. 1999. p.l.CALLADO, R. Produtores de RO exportam sementes de cupuaçu.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 25 novo 1999. pA.CUPUAÇU pode arrasar com os cofres do Estado. O Liberal,Belém, 22 novo 1996. p.8.CUPULA TE só se sustenta se a polpa for industrializada. OLiberal, Belém, 19 set. 1999. p.8.NINNI, K. Fabricantes de polpas arriscam novos negócios. GazetaMercantil Pará, Belém, 28 ago. 2000a. (Especial Feito no Pará,p.l2).NINNI, K. Pronam aposta no açaí pasteurizado. Gazeta MercantilPará, Belém, 28 ago. 2000b. (Especial Feito no Pará, p.8).PEREIRA FILHO, J. Os bons frutos do Norte e Nordeste. Gazeta

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Mercantil, São Paulo, 14 a 20 fev. 2001. (Por Conta Própria, p.8).ROMERO, S. Chocolates com recheios regionais ganham espaço.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 7 fev. 2000. p.l.SCHARF, R. Produtores amazônicos procuram compradores.Gazeta Mercantil, São Paulo, 17 maio 1999. p.A-8.SIQUEIRA, F. Produção do "cupulate" ainda não compensa. OLiberal, Belém, 26 set. 1999. p.8.VALÉRIA, M. Balas de cupuaçu são um bom negócio. GazetaMercantil Pará, Belém, 18 out. 1999. pA.VALÉRIA, M. Clones mudam agricultura amazonense. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 ago. 2000. pA.VALÉRIA, M. Vassoura-de-bruxa também ameaça a árvore docupuaçu. Gazeta Mercantil Pará. Belém, 31 de maio 2001. pA.www.amuzon.com.hr/-carntu

2.3 Pupunha para palmitomundialmente

produto reconhecido

As possibilidades do cultivo da pupunha para a produçãode palmito são bastante grandes, pelo fato de ser um produtoconhecido, como alternativa para a conservação e preservação dosaçaizais nativos, do ciclo rápido, da capacidade de perfilhamento,entre outros.

o mercado para palmito é bastante amplo, sendo que ogrande problema é que essa mesma idéia está sendo desenvolvidano Peru, em que somente na região de Iquitos e Pucallpa, o governoperuano incentiva o plantio de 10.000 hectares nos próximos 5anos, sem falar na Costa Rica, Equador e Colômbia. No Brasil,plantios estão se espalhando na Bahia, Espírito Santo, Rondônia,Pará, além de outros substitutos como a palmeira real, no Estado doParaná.

o cultivo da pupunha no País já alcança 10 mil hectares,que em 1996 era de 6 mil hectares (Pereira Filho, 2001). No Valeda Ribeira o plantio de pupunha saltou de 300 hectares em 1998para 1.500 hectares em 2000, com mais de 200 pequenos

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produtores. O palmito da pupunheira representa 5%. A semente depupunha é contrabandeada do Peru, que desde 1999 proibiu aexportação, por meio de uma lei de proteção a biodiversidade,resultado que fez o preço de semente quase duplicou. Antes custavaUS$ 13,00 e atualmente custa US$ 20,00 e um quilo de sementesgera cerca de 200 mudas. O produtor precisa de 5 mil mudas parapreencher um hectare, um investimento de quase US$ 500,00.Dessa forma, o investimento para plantar pupunha é alto. Cerca de80 toneladas de sementes de pupunha sem espinhos foramimportadas de Yurimaguas, no Peru, para os plantios em Altamira,no ano 2000.

O quadro de exportação de palmito de açaí deve mudarnos próximos anos para palmito de pupunha. Em 1988, foramexportados 85% do palmito de açaí para França e Estados Unidos.Em 1986 foram exportadas 8.457 toneladas de palmito emconserva, no valor de US$ 23.850 mil FOB e em 1987 atingiu9.615 toneladas no valor de US$ 35.579 mil (Palmito ... , 1989). Asexportações de palmito decresceram de 30 milhões de dólares em1995, para 25 milhões em 1996 e 23 milhões em 1997. No iníciodos anos 90 o Brasil ainda exportava em média 11 mil toneladas depalmito e o Estado do Pará respondia por mais de 96% dosembarques. Em 1997, segundo o Sindicato dos Exportadores dePalmito do Pará, a Argentina importou 36,7% do palmito do Pará e23% do Equador.

No Pará já existem 5 mil hectares plantados com 24milhões de árvores de pupunheiras. A microrregião daTransamazônica lidera a corrida com mais de 18 milhões deárvores, mas existem plantios em Redenção, Santa Maria dasBarreiras e no nordeste do Estado. Na Europa, o preço é de US$2,00 o frasco de 300 gramas (Ferreira, 2000c).

No sudoeste paraense concentra 13 rnumcipios e ondevivem um milhão de habitantes estão plantados 35 milhões de pésde cacau, 20 milhões de pés de café e 18 milhões de pés depupunha (Agricultores ... , 2001). Na pecuária convive um milhão decabeças de gado bovino. A pupunha produz 2 toneladas de palmito

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por hectare e um bom palmito de pupunha enche um vidro e meioenquanto que são necessários seis a sete palmitos de açaí. Namicrorregião de Altamira, 8 projetos de plantio de pupunha foramaprovados entreos anos de 1998 e 1999 pela ex-SUDAM, no valorde R$ 80 milhões, sendo metade oriunda de incentivos do Finam,posteriormente, motivo de denúncia de desvio de recursos. As áreasplantadas nas proximidades dos municípios de Altamira e Uruarásomam cerca de 3 mil hectares com 15 milhões de palmeiras(Ferreira, 2001). Quando as 8 fábricas estiverem funcionando, amicrorregião de Altamira produzirá entre 6 a 8 mil toneladas depalmito/mês, o que corresponde a 25% do mercado nacional. Aprevisão é que serão gerados 400 empregos diretos.

A empresa Amazon Oikos Agroflorestal, no município deSanta Izabel do Pará conta com um plantio de 500 mil pés depupunheiras para palmito em uma área de 100 hectares, na fazendaFronteira da Guadalupe e mais 50 hectares para produção de frutose sementes. Cada hectare rende 2,2 toneladas de palmito (Ferreira,2000b).

Dois projetos financiados pela ex-SUDAM nos municípiosde Redenção e Sapucaia, vão plantar 680 hectares de pupunha,pretendendo produzir 1,8 milhão de palmitos ou 3,5 tlpotes/dia,com um investimento de 4,5 milhões de reais (Ferreira, 2000).

A empresa Agroflorestal do Norte S.A. plantou 2,4milhões de pupunheiras com sementes trazidas do Peru em umaárea de 480 hectares no município de Vigia, com investimentos de6,5 milhões de reais, sendo 50% do Finam. Importou as sementesem 1999, emprega 40 trabalhadores rurais e 70 hectares estão naidade de corte e cada hectare produz 2,2 toneladas de palmito(Ferreira, 2000a).

o Projeto Reflorestamento Econômico ConsorciadoAdensado (Reca), estabelecido em Nova Califórnia, em 1984,conta com 364 famílias, nasceu em torno de um posto de gasolina,fazia parte do Acre que foi incorporada pelo Estado de Rondônia.Foram assentados pelo Incra em 1984 e em 1989, os holandeses

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investiram US$ 958,00 por hectare a fundo perdido, após dez anosde atividades, transformou-se em alternativa ambiental e de rendapara o produtor rural da região (Callado, 1999; Vieira, 1999). Em1998, a renda dos agricultores do Reca foram a venda de sementesde pupunha para plantio (50%), cupuaçu (31%), palmito depupunha (15%) e de seus subprodutos como farinha e macarrão(Callado, 1999). A venda anual de sementes de pupunha no ProjetoReca é de 30 toneladas, ao preço de R$ 1O,00/quilo com espinho eR$ 15,00/quilo sem espinho.

A Cooperativa de Produtores da Amazônia Ltda.(Cooperama), acaba de inaugurar uma fábrica no município deItapuã do Oeste, em Rondônia, com apoio do Programa de Apoioao Desenvolvimento da Agroindústria, do FNO, com investimentototal de R$ 1,06 milhão, sendo R$ 964,2 mil do FNO (97%). Estafábrica tem capacidade de produzir 30 toneladas de palmito depupunha/mês e foi projetada com assessoramento do Instituto deTecnologia de Alimentos (lTAL). A Cooperama congrega 58associados, possui seu próprio cultivo de 600 mil pés e de 120 miniprodutores com 1,5 milhão de pés financiados pelo BASA. Possuilocalização privilegiada no Km 80, da rodovia Porto Velho-Manaus(Rondônia ... , 2001).

Em Extrema, Acre, a Cooperativa Agroextrativista deExtrema (Cooapex) beneficia castanha-do-pará para atender omercado internacional. Eles fazem o aproveitamento do óleo decastanha onde a cotação chega a US$ 12.00/litro. Os produtorestrabalham com a produção de farinha de pupunha e a produção deóleo de safrol em 15 hectares que são vendidos a US$ 6,00/litrodeixando um rendimento líquido de R$ 700,00/hectare/ano. Estãopensando em ampliar o plantio para 200 hectares (Callado, 1999).A Bonal vai exportar 100 t de palmito de pupunha para o Chile,produzido pela Acrepalm, uma associação que reúne 150produtores. A Bonal vende 5% de sua produção de palmito para aFrança, Austrália e México, tendo faturado R$ 1,4 milhão em 2000(Biscaro & Amadorim, 2001).

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No Espírito Santo, no município de Linhares, aAgropastoril Abiko Ltda., com uma área de 160 hectares, planta 60hectares de maracujá, 30 hectares de pimenta-do-reino e 50hectares de pupunha, com 350 mil pés (Chiabai, 2000).

No murucipio de Dueré, no Estado de Tocantins estásendo implantado um plantio de 300 hectares irrigado de pupunha,dos quais foi plantada 1,3 milhão de mudas, restando 250 milmudas para serem plantadas. Este empreendimento no valor de R$12 milhões de reais, com 50% de incentivos fiscais que, decorrenteda crise institucional, os recursos não estão sendo liberados(Pinheiro, 2001). Este plantio, que teve autorização do Ibama, pordesmatar 200 hectares de floresta, está localizada na FazendaCampestre, pertencente a São Bento Agropecuária SI A, com sedeem Gurupi, Tocantins. Importou 8 toneladas de sementes do Peru,com germinação de 95%, perda de 2% nos viveiros e há umexcedente de 500 mil mudas que estão sendo vendidas a R$ 0,60para outros produtores. A previsão é uma produção de 800toneladas de palmito por ano e os subprodutos como ração para apecuária e com a fábrica no município de Gurupi. O custo deimplantação foi de R$ 17 mil por hectare e R$ 1.500,00 demanutenção a partir do terceiro ano (Pinheiro, 2000).

No Paraná, na região norte e noroeste, já existem 900 milpés plantados em 1998 e seriam plantados mais de um milhão em1999. As experiências começaram em 1992, o custo de implantaçãoé de R$ 4 mil por hectare com 5 mil plantas e remunera a R$ 1,50por cabeça de pupunha (Klenk, 1998). Calcula-se umarentabilidade de R$ 3,5 mil por hectare. O município de São Toméparece ter liderança no plantio de pupunha.

Na Costa Rica, que iniciou as exportações de palmito depupunha em 1978, possui uma área plantada de 4.500 hectares,com 5.000 plantaslha no espaçamento de 2m x 1m. A produção depalmito é de 10.000 unidades/ha/ano, com tamanho do palmitovariando de 60 a 70 em. O consumo em Costa Rica está estimadona produção obtida em 600 hectares e a totalidade é destinada aexportação. O preço de exportação é de US$ 21,00/caixa, sendo

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que cada caixa contém 24 latas de 220 gramas líquidos ou 500gramas brutos. Costa Rica e Equador estão conquistando o mercadode palmito com plantios de pupunha (Pinto, 1998). A Costa Rica jáestá plantado a sua capacidade total de 12 mil hectares de pupunhae produzindo 4 mil toneladas e o Equador 6 mil hectares depupunha

o Equador tem interesse de vender palmito de pupunhapara Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Manaus, através doGrupo Expo Palm, que já atua há cinco anos no mercado emovimenta 10 milhões de dólares no segmento de palmito depupunha, para os Estados Unidos, Europa, Mercosul e Ásia(Medina, 2000).

o fruto da pupunha e do vinho de açaí vem ganhandoatenção de chefs de alta gastronomia, como Paul Bocuse e deDanilo Braga, este proprietário da Locanda della Mimosa epresidente da Associação Brasileira de Restaurantes da BoaLembrança (Bittencourt, 2001). Em São Paulo, existe a Palmitariada Pupunha que assa o palmito de pupunha com casca que constituiuma iguaria cujo prato é cobrado a R$ 30,00 cada palmito.

A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVS)identificou no final de 1999, três casos de botulismo causados peloconsumo de palmito em conservas. Existiam 416 empresas queestavam cadastradas na agência reguladora, 86 já perderam oregistro de fabricação porque não se adequaram às Resoluções 362e 363 que criam o Padrão de Identidade e Qualidade do Palmito emConserva e o Programa Nacional de Inspeção Sanitária nasIndústrias de Palmito em Conserva (Leobet, 2000).

Referências consultadas

AGRICULTORES da Transamazônica apostam na pupunha e nocacau. O Liberal, Belém, 9 abr. 2001. p.6.BISCARO, F. & AMADORI, R. Palmito do Acre vai ao Chile.Gazeta Mercantil, São Paulo, 9 a 15 maio 2001. (Por Conta

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Própria. p.3).BITTENCOURT, L. Depois do açaí, a pupunha. Gazeta MercantilPará, Belém, 8 jan. 200l. p.1 e 3.CALLADO, R. Produtores de RO exportam sementes de cupuaçu.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 25 novo 1999. p.4.CHIABAI, S. Pupunha e pimenta ganham destaque no EspíritoSanto. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 16 fev. 2000. p.6.FERREIRA, P.R. A vez da pupunha na Transamazônica. GazetaMercantil Pará, Belém, 14 fev. 2001. p.6.FERREIRA, P.R. Agroindústria aposta no palmito. GazetaMercantil Pará, Belém, 3 jan. 2000a. p.6.FERREIRA, P.R. Área plantada com pupunheira chega a 5 milhectares no Pará. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 10, 11 e 12 novo2000b.p.1.FERREIRA, P.R. Pupunheira para a diversificação da economiaregional. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 30 jun. e 1 e 2 jul. 2000c. p.6.KLENK, L.A. Pupunha conquista produtores do Paraná. GazetaMercantil, São Paulo, 21 out. 1998. (Por Conta Própria, p.6).LEOBET, D. Vigilância pune indústria de palmitos. GazetaMercantil, São Paulo, 5 jun. 2000. p.A-9.MEDINA, E. Equador quer vender palmito de pupunha. GazetaMercantil Pará, Belém, 12 abr. 2000. p.4.MOTT A, I.P. Palmito da Bruneto ganha mercado. GazetaMercantil Pará, Belém, 5 out. 2000. p.4.PALMITO a receita do Brasil. Revista Cacex, Rio de Janeiro,24(1101):4-8,31 jul. 1989.PEREIRA FILHO, J. Palmito da pupunha conquista o Sudeste.Gazeta Mercantil, São Paulo, 28 mar. a 3 abr. (Por Conta Própria,p.6).PINHEIRO, A.c. Tocantins inicia plantio de pupunha. GazetaMercantil Pará, Belém, 13 dez. 2000. p.6.PINHEIRO, A.C. Pupunha irrigada corre risco no TO. GazetaMercantil Pará, Belém, 27, 28 e 29 abr. 2001. p.4.PINTO, T. Indústria de palmito perde mercado. Gazeta Mercantil,São Paulo, 16 dez. 1998. p.B-24.RONDÔNIA ganha fábrica de palmito. Gazeta Mercantil Pará,Belém, 31 jan. 2001. p.6.VIEIRA, E. produção sustentada vira realidade na Amazônia.

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Gazeta Mercantil, São Paulo, 13 out. 1999. p.A-8.

2.4 Bacuri - grande potencial de mercado

Há necessidade de incentivar plantios desta árvore, quepode apresentar grande desenvolvimento futuro, totalmentedependente de estoques nativos. Existe grande limitação quanto amaiores conhecimentos sobre seu cultivo. As possibilidades demercado para a polpa do bacuri são semelhantes a do açaí e docupuaçu.

A polpa do bacuri é cotada a R$ 10,00/quilo e naentressafra alcança R$ 16,00, três vezes mais do que a polpa decupuaçu. Não existe plantio comercial e a árvore nativa só frutificadepois de 10 a 15 anos e as mudas enxertadas são vendidas a R$25,00 que pode frutificar depois de 3 a 5 anos. Uma árvore adultaproduz de 200 a 300 frutos por ano, que poderia render R$ 150,00ao agricultor (Pereira Filho, 2001). °preço da fruta está cotado aR$ 0,25 a R$ 1,00 nas feiras livres de Belém (Shanley et aI., 1998).

o problema do bacuri é o baixo rendimento da polpa que éde apenas 10 a 12% do fruto e os equipamentos industriais nãoconseguem despolpar o bacuri.

Referências consultadas

PEREIRA FILHO, J. Falta desenvolver tecnologia. GazetaMercantil, São Paulo, 14 a 20 fev. 2001. (Por Conta Própria, p.9).SHANLEY, P.; CYMERYS, M.; GALV ÃO, J. Frutíferas da matana vida amazônica. Belém, Supercores, 1998. 127p.

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3. GRUPO DAS FRUTEIRAS NÃO-TRADICIONAIS EEXÓTICAS

3.1 Abacaxi

o Brasil é o terceiro maior produtor mundial do abacaxi,perdendo apenas para a Tailândia e Filipinas, mas exporta apenas1% das 1,4 milhão de toneladas que produz por ano. Adenominação indígena para o abacaxi "inaka'ti" ou "fruta cheirosa"ilustra apenas uma das características desta deliciosa e bemdifundida fruta tropical. De origem sul-americana, esta fruta foioferecida aos primeiros colonizadores como um gesto dehospitalidade e boas vindas. O abacaxi é cultivado em diferentesregiões tropicais como: África, China, Índia, lava, Filipinas eHavaí, entre muitas outras.

O cultivo de abacaxi no Estado do Pará, pode serconsiderando como uma cultura de sucesso, em que da posição deimportadora quase absoluta do Estado da Paraíba, tornou-se auto-suficiente e, na segunda metade da década 90, tornou-se o segundoprodutor nacional, para cair em terceira posição em 2000.

A área plantada de abacaxi, no Estado do Pará, em 2000foi de 10.373 hectares, superior ao da Paraíba, da variedade pérola,que renderam 121 milhões de frutos, média de 22.351 frutos/ha.Segundo a Associação dos Produtores de Abacaxi de Floresta doAraguaia (Apafa) e Cooperativa Mista Agropecuária de Floresta doAraguaia (Coomafa) existem cerca de 650 produtoresindependentes em Floresta do Araguaia. Para 2001, os produtoresdecidiram reduzir o plantio para 8,5 mil hectares, embora exista nomunicípio uma indústria para processamento de abacaxi, a Florestado Araguaia Conservas Alimentícias Ltda. (Flora), que foi instaladanodia 20 de outubro de 1998 (Braz, 2000).

A indústria de processamento de abacaxi em Floresta doAraguaia pertence ao grupo italiano Tropical Food Machinery, queexporta para os mercados europeus, asiáticos e norte-americanos. Omunicípio de Floresta do Araguaia produz 200 t/dia, o dobro do

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que a fábrica pode processar no mesmo período (Braz, 2001). Em2000 a Flora pagou R$ 90,00 pela tonelada de abacaxi de segunda edos tipos B e C postos no seu pátio. Os atravessadores estãopagando R$ 0,25/unidade. Em Floresta do Araguaia existem doistipos de lavouras do abacaxi: as roças novas de toco, em processode extinção nos próximos 3 a 5 anos, onde se consegue produzir acustos bem baixos, porém sem continuidade e a roça mecanizada,de custo elevado pelo aluguel de tratores e máquinas. A roça detoco se faz em mata virgem derrubada a R$ 400,00 o alqueire e nãoexige adubo ou defensivo agrícola, mas o replantio na mesma áreaexige novos investimentos.

O custo de produção de abacaxi em Floresta do Araguaiaestá situando entre R$ 0,05 a R$ 0,08 por fruto, com 50% daslavouras mecanizadas, faz com que seja 23% mais barato do que ada Paraíba (Franco, 1998).

Em 1998, foi efetuada a primeira exportação de 22toneladas de abacaxi in natura variedade pérola, de cascaesverdeada de Floresta do Araguaia, para Rotterdan, na Holanda e aseguir distribuídas para a França, Rússia e Inglaterra. O trajeto detransporte é ainda bastante complicado, implicando o rodoviário atéMarabá e daí transportada pelos trens da CVRD até Santa Inês, noMaranhão, e por caminhão até Natal, onde é escoada para omercado internacional.

A variedade Smooth Cayenne é a mais conhecida nomercado internacional e apresenta a casca amarelada. Essaexportação através do Porto de Natal custou R$ 5,5 mil/t, o quetorna inviável, se não for pelo porto de Itaqui (Passos, 1999). Acolheita de abacaxi em Floresta do Araguaia é no período dejaneiro a maio, em Minas Gerais a colheita começa em julho e naBahia e no Espírito Santo em setembro. O ideal é colher o abacaxino período de julho a setembro que coincide com o verão noHemisfério Norte, o que será possível com irrigação e uso decarbureto (Passos, 1999).

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o murucipio de Salvaterra conta uma área plantada deabacaxi de 600 hectares, uma média de 30 toneladas defrutos/hectare, que representa uma oferta de 18 mil toneladas defrutos, dos quais espera-se 40% será absorvido pela agroindústria,que terá capacidade de processar 2 t/hora. A agroindústria queconta com a parceria da Tropical Food Machinery para fabricarsuco concentrado de abacaxi pretende comprar de pequenosprodutores de Salvaterra, Cachoeira do Arari e demais localidadessituadas num raio de 100 km da fábrica, já que o fruto tem'condições de ser aproveitado até 72 horas após a colheita (Ferreira,2000).

Em 1999 a colheita de abacaxi em Salvaterra foi de 5milhões, com 400 hectares plantados que não receberam nenhumfinanciamento, quando no começo da década chegava a colher 10milhões de frutos (Romero, 1999). A produção de Salvaterrachegou a ser exportada para Fortaleza, entre 30 mil a 40 milabacaxis por semana. Cada hectare de abacaxi significa a geraçãode 5 empregos. O custo de produção de abacaxi em Salvaterra porserem bastante primitivas em comparação com Floresta doAraguaia, chega a R$ 0,15/fruto, sendo o preço de compra noatacado é de R$ 0,1O/fruto.

O Estado do Tocantins em 1999 tinha uma área plantadade abacaxi de 2.500 a 3.000 hectares na sua parte central, comprodutividade média de 30 t/hectare ou 20 mil frutos/hectare(Motta, 1999). Em abril de 1999 foi efetuado o primeiro embarquede 28 toneladas de abacaxi de Miracema do Tocantins, encaixotadoe paletizado a uma temperatura média entre 10° a 12° C emcaminhão frigorífico com destino ao porto de Salvador, paraRotterdan, na Holanda e sua distribuição para Itália, França,Dinamarca e Holanda (Motta, 1999).

A instalação de unidades de processamento de abacaxiestá estimada em US$ 1,1 milhão e a capacidade é de 2 t/hora/suco(Ferreira, 1999). A previsão é aproveitar a casca do abacaxi paraextrair o aroma, fabricação de adubo orgânico e ração animal. Afábrica instalada em Floresta do Araguaia tem capacidade para

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processar 5 mil toneladas a 10 mil toneladas de suco assegurandocasca suficiente para a instalação de uma unidade voltada paraextração de aroma, cujo investimento é de US$ 100 mil. Oinvestimento da fábrica do grupo Tropical Food Machinery, emFloresta do Araguaia foi de 2,8 milhões, onde a cada dois dias aempresa Flora envia 22 toneladas de suco concentrado para Europa,América do Norte, Caribe e países do Mercosul, através do portode Santos (Ferreira, 1999).

Referências consultadas

BRAZ, A. Barreiras ao escoamento do abacaxi. Gazeta MercantilPará, Belém, 31 jan. 2001. p.6.BRAZ, A. Floresta diversifica sua produção agrícola. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 ago. 2000. p.3.CARDOSO, D. Embrapa tira os espinhos do abacaxi. GazetaMercantil, São Paulo, 3 novo 1998. p.B-24.FERREIRA, P.R. Cametá também pode ter fábrica de suco. GazetaMercantil Pará, Belém, 11 ago. 1999. p.6.FERREIRA, P.R. Máquinas da fábrica de suco de abacaxi chegama Salvaterra. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 18 abr. 2000. p.1.FRANCO, L. Abacaxi brasileiro encontra nichos. GazetaMercantil, São Paulo, 10 novo 1998. p.B-24.MOTT A, I.P. Tocantins vai exportar abacaxi para a Europa.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 28 abr. 1999. p.4.PASSOS, C. Exportação de abacaxi volta em 2000. GazetaMercantil Pará, Belém, 14 jul. 1999. p.6.ROMERO, S. Verticalização pode recuperar o abacaxi emSalvaterra. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 abr. 1999. p.1.

3.2 Laranja

A produção de laranja que dependia na sua totalidade deimportações do Nordeste e Sul do País durante a década de setenta,teve uma rápida expansão, atendendo a metade do consumo doEstado do Pará e exportando para o Amazonas, Amapá eMaranhão. Foi outro exemplo de sucesso de atividade agrícola

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ocupando áreas desmatadas e de substituição de importações. Em2000, o Estado do Pará é o sexto maior produtor nacional.

Um fato histórico importante foi o esforço do agrônomosergipano Antônio Soares Neto, da Emater-Pa, durante a década de70, trouxe mudas de Sergipe para iniciar os primeiros plantios delaranja no município de Capitão-Poço, Pará. Plantou as primeiras 4mil mudas, em áreas decadentes de pimentais, que contou com oapoio da Sagri e Emater na distribuição de mudas e teve forteimpulso na década de 80. Não apresenta ainda a presença de cancroCÍtriconos plantios.

Existem mais de três milhões de laranjeiras no eixoCapitão Poço-Irituia-Ourérn cultivada por 800 pequenos, médios egrandes produtores, cuja produção em 1999 foi de 55 mil toneladas,gerando cerca de 3.500 empregos diretos. A guisa de comparação,em São Paulo, existem 120 milhões de laranjeiras.

Em 1999, somente de Capitão Poço saíram 2.200 carretascom 15 toneladas, num total de 34 mil toneladas. O mercadoconsumidor de Belém consumiu 20 mil toneladas. O preço domilheiro de laranja recebido pelo produtor é de R$ 7,00, chegandoaté a R$ 5,00. A produtividade de laranja em Capitão Poço é de 3,9caixas de 40,8 quilos cada, considerada boa.

Uma das grandes dificuldades que por muito tempoatormentou os produtores de laranja de Capitão Poço foi a condiçãoda PA-124, chamada de Estrada da Laranja, só concluída em 2000.Os valores de frete chegam a R$ 23,OO/t para Belém, e para oNordeste que compra 70% da safra de Capitão Poço, os valores portonelada chegam a R$ 40,00 para São Luís, R$ 55,00 paraTeresina, R$ 70,00 para Fortaleza, R$ 90,00 para Natal e R$110,00 para Recife, além de R$ 300,00 para Manaus.

Uma outra opção de escoamento é a PA-253 que ligaCapitão Poço a Irituia e de lá para BR-316, significa aumentar aviagem em quase 200 km.

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A Citropar - Citrícos do Pará, maior produtora de laranjano Estado do Pará, desenvolve desde 1994, nos municípios deCapitão Poço e Garrafão do Norte, uma fazenda com 4,2 milhectares, dos quais 3,1 mil estão cultivados com laranjeiras(Franco, 1999). A Citropar plantou 180 mil pés de laranja-pêra porano e em 1998, somou 980 mil pés plantados, dos quais 460 mil emprodução, cuja produção em 1999 foi de 35 mil toneladas. Asvendas estão sendo dirigi das para Fortaleza, Teresina, Belém, SãoLuís, Recife e João Pessoa e pretende expandir para Manaus,Goiânia, Brasília e Macapá. Para o Piauí, o preço de venda é de R$220,00 a tonelada mais o frete de R$ 45,00 por tonelada. Aprodutividade de seus pomares é de 2,5 caixas de 40,8 quilos por péde laranja foi elevada para 4 caixas por pé. O pólo de produção delaranja no nordeste paraense concentra 75% da produção estadualque tem uma área de 14,2 mil hectares e uma produção de 1,33bilhão de laranjas colhidas.

A indústria de suco concentrado orgamco de laranjaconseguiu em três anos crescer do zero para US$ 4,5 milhões deexportação. Iniciada na safra 1998/99 pela Montecitrus, nomunicípio de Monte Azul Paulista (SP), passou a ter a concorrênciada Citrus Kiki, do município de Engenheiro Coelho (SP) queiniciou as exportações de suco orgânico de laranja para a Europaem 2000. A atual área certificada é de 797 hectares, mas está emvias de processo outros 5.876 hectares (Gonçalves, 2001).

Referências consultadas

FRANCO, L. Citropar aumenta área plantada de laranja. GazetaMercantil, São Paulo, 7 abr. 1999. p.B-26.GONÇALVES, J.A. Cresce exportação de suco de laranjaorgânico. Gazeta Mercantil, São Paulo, 2 maio 2001. p.B-14.MENDES, E. Pequeno produtor abandona laranjal. O Liberal,Belém, 2 abr. 2000. p.11.

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3.3 Banana

o Brasil é o terceiro produtor mundial de banana,seguindo-se da Índia e Equador, mas apenas 3% de sua produção éexportada, basicamente para Argentina e Uruguai. O Pará éatualmente o maior produtor nacional desde 1998. A despeito dosdiversos problemas fitossanitários que a cultura apresenta, um novoe grave patógeno (Mycospharella fijiensisi da bananiculturamundial está se disseminando pelo País, causando a doençaconhecida como Sigatoka-negra. A primeira discrição da doençaocorreu nas Ilhas Fiji (Ásia), em 1963, no Distrito de Sigatoka,recebendo o nome de "Raia Negra". A partir daí o patógeno passoupela África e atingiu a América Central (Honduras) em 1972, ondea doença foi renomeada como Sigatoka-negra. A partir deHonduras houve uma disseminação muito rápida por toda aAmérica Central e, posteriormente, pela América do Sul.

No Brasil, a constatação da doença ocorreu em 1998, nosmunicípios de Tabatinga e Benjamim Constant, Estado doAmazonas. No final do mesmo ano foi constatado no Acre, no anoseguinte (1999) em Rondônia e Mato Grosso em 2000, nomunicípio de Almeirim, Pará. Nos locais onde foi observada, adoença está ocorrendo com alta agressividade sobre todas asvariedades comercialmente cultivadas no Brasil, comprometendototalmente a qualidade e a quantidade da banana produzida. Osdanos são advindos da destruição precoce das folhas, responsáveisprincipais pela geração da energia necessária ao desenvolvimentoprimeiramente da planta e, posteriormente, dos frutos comqualidade e em quantidade, economicamente compensatórias, comperdas superiores a 50% e na redução da vida útil. O Estado doAmazonas desencadeou um agressivo programa de substituição devariedades, tendo distribuído até abril de 2001, cerca de 592 milmudas de variedades resistentes a Sigatoka-negra (Amadori, 2001).

Marcelo Bicelli, estudante do segundo grau em Altamiraresolveu aproveitar a produção de bananas na Transamazônica epassou a vender a fruta frita em rodelas salgadas e crocantes,vendidas em embalagens plásticas de 50 gramas. Produz 2.700

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pacotes de banana frita, comercializados em 400 pontos de venda eemprega 11 pessoas. O consumo mensal de banana é de 25toneladas. O produto é denominado de Bananica, fornece 3toneladas de banana desidratada por mês para a Marisa, empresalocalizada em Castanhal que fabrica a farinha e distribui para oNorte e Nordeste (Ferreira, 2000b).

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grossodesenvolveram técnica de secagem de frutas, que pelo processotradicional consumiam grande quantidade de lenha. A média parasecagem de banana era de 35 quilos de lenha para cada quilo defruta. O modelo desenvolvido gasta 3 kg de lenha para cada quilode banana. As frutas depois de lavadas e descascadas são cortadasem fatias, cujo tamanho varia para cada espécie (Loureiro, 1999).Cerca de 300 kg de banana resultam em 50 kg de bananadesidratada, depois de 24 horas no forno, já as mangas ficam poucomais de 6 horas contra 4 horas do abacaxi.

A Embrapa Amazônia Ocidental lançou a cultivar prataZulu, desenvolvida no município Rio Preto da Eva, a 80 km deManaus, com resistência a Sigatoka-negra e apresenta resistênciaao mal-do-panamá e à broca-do-rizoma (Valéria, 2000).

A Comunidade de Novo Paraíso, através da Associaçãodos Pequenos Produtores de Grotão dos Caboclos de Novo Paraíso(Agrocanp) localizado no Km 48 da rodovia que liga o municípiode São Geraldo do Araguaia e Eldorado dos Carajás, ganhou umaindústria de processamento de frutas com capacidade de processar500 tJano, com recursos do Projeto Piloto para Proteção dasFlorestas Tropicais (Ferre ira, 2000a).

A Brasnica Frutas Tropicais apontada como a maiorprodutora de banana do País possui duas propriedades na região deAraguaína, Tocantins, com 130 hectares de bananeiras estápensando em ampliar sua área no Bico do Papagaio (Motta, 1999).As vantagens estão relacionadas com a proximidade da FerroviaNorte-Sul e a previsão seria de plantar 1.000 hectares para vendadireta em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

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Referências consultadas

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3.4 Maracujá

° Brasil é o primeiro produtor mundial, seguindo-se oPeru, a Venezuela, África do Sul, Sri Lanka, Austrália, Papua NovaGuiné, Ilhas Fiji, Hawai, Formosa e Quênia. Mais da metade daprodução mundial de maracujá é exportada sob a forma de suco.

Fruta muito utilizada na Região Norte e Nordeste,destacando-se o Pará como quarto produtor vindo logo depois daBahia, São Paulo e Sergipe e segundo exportador de suco,perdendo para a Bahia. Diversas agroindústrias instaladas noEstado do Pará têm no fruto do maracujá a sua matéria-primaprincipal. ° aparecimento de uma virose e uma bacteriose nosplantios de Capitão-Poço, pode colocar em risco essa atividade.

Do suco de maracujá pode-se obter boas quantidades devitaminas hidrossolúveis, sais minerais e fibras, podendo tambémser aplicado (o suco) como sedativo e calmante. A polpa pode ser

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utilizada na preparação de sucos, sorvetes, vinhos, licores-ou doces.Das sementes pode ser extraído óleo para aproveitamentoindustrial. É também considerada planta ornamental devido agrande exuberância de suas flores. O maracujá fruto temrendimento para polpa em 30% (Guimarães et al., 1998).

O pólo fruticultor de Paranã, na região sudeste deTocantins que já produz 564 toneladas de fruto de maracujá porano de um único produtor, adquiriu urna área de 60 hectares para odesenvolvimento de um projeto cooperativo. Esta área foi divididaem 6,5 hectares para sete produtores que estão ingressando nonegócio da fruticultura e a prefeitura fará uma concessão de 10anos (Mota, 2000).

Dois anos depois de fundada a Cooperativa Mista deProdutores Hortifrutigranjeiros de Mineiros Ltda. (Cooperfruit), emGoiás, que chegou a ter 120 cooperados não reúne mais que 30produtores (Braz, 2001). A crise começou quando os preços quechegou a R$ 320,00/t despencou para R$ 120,00 e algumas fábricasda Bahia, Rio de Janeiro e Pará pressionaram a cotação e chegarama pagar R$ 0,08/quilo. O Equador colocou no mercado brasileiroem 1998, o concentrado de maracujá a US$ 4,6 mil a tonelada e em2000 o produto equatoriano chegou ao Brasil por R$ 1,75 mil FOBSantos. Na última década o ano 2000 foi muito ruim para omaracujá.

Referências consultadas

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3.5 Mamão

o Brasil concentra 40% da produção mundial de mamão,com 40 mil hectares. Mais de 80% do mamão produzido no Paísestão plantados na Bahia e no Espírito Santo. O fato de o mamãonecessitar transporte rápido para o consumo, faz com que o uso defrete por avião, cerca de 4 a 5 vezes mais caro que o marítimoreduza as possibilidades de exportação de diversos Estados daAmazônia, como é o caso do Pará.

O Espírito Santo é no momento o único Estado brasileiro aexportar mamão para os Estados Unidos, apesar de ser o segundoprodutor nacional, o primeiro é a Bahia. A exportação de mamãopara os USA em 2000 foi de 5 mil toneladas, crescimento de 63%em relação a 1999 que foi de 3,1 mil toneladas. A receita deexportações subiu de US$ 2,5 milhões para US$ 4,1 milhões. Aparticipação das vendas de papaia para aquele País no volume totalexportado pelo Brasil foi de 19,5% em 1999 e de 23,2% em 2000.

O frete do quilo de mamão para Miami custa em torno deUS$ 0,58 e para países europeus cerca de US$ 0,90. Apesar doEspírito Santo ser o maior exportador brasileiro de mamão, estasrepresentam pouco mais de 10% das cercas de 175 mil toneladas demamão produzidas por ano naquele Estado. No geral asexportações de mamão somaram 21,5 mil toneladas em 2000,gerando US$ 17,69 milhões superando 36,9% as 15,71 miltoneladas exportadas em 1999 e, em faturamento 30,3% que foi deUS$ 13,58 milhões (Sarlo, 2001).

O Estado do Espírito Santo está exportando mamão viaavião através do aeroporto do Galeão, obtendo US$ 1.00/quilo e novarejo o consumidor europeu paga entre US$ 1.00 a US$ 2.00 porunidade, em média meio quilo (Hasse, 1999). As possibilidades doEstado do Pará exportar mamão, válidas para outras frutasperecíveis, irão depender da existência de fluxo de transporte aéreoe da segurança quanto ao controle de pragas e doenças.

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A grave enfermidade denominada mancha anelar domamoeiro ou mosaico provocado por um vírus, tem a possibilidadede ser contornada com o mamão transgênico (Souza Júnior, 2001).

Referências consultadas

HASSE, G. Praga ataca papaia do ES. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 19 out. 1999. (Relatório Gazeta Mercantil. Fruticultura, p.3).SARLO, L. ES amplia oferta de mamão papaia aos EUA. GazetaMercantil, São Paulo, São Paulo, 14 mar. 200l.SOUZA JÚNIOR, M.T. Mamão transgênico. Biotecnologia,Ciência e Desenvolvimento, Brasília, 2(13):132-137, mar./abr.2001.

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4. GRUPO DAS FRUTEIRAS COMO NICHOS DEMERCADOS

4.1 Acerola

De origem centro americana, a acerola ou cereja-das-antilhas alcançou o atual destaque a partir da constatação dos altosteores de vitamina C, 100 vezes maiores que a laranja e o limão, 20vezes mais que a goiaba e 10 vezes mais que o caju e a amora.Atualmente é largamente cultivada em diversas regiões brasileiras,destacando-se o Norte e o Nordeste. A acerola fruto rende 68% empolpa.

Os maiores plantios de acerola estão localizados noNordeste, destacando-se a da Caju do Brasil S.A (Cajuba)considerada a maior produtora individual no Brasil com 450hectares, na Bahia e a Mossoró Agroindustrial S.A. (Maisa) no RioGrande do Norte, com 450 hectares na chapada do Açu, no vale dorio São Francisco teria cerca de 300 hectares plantados, 200 dosquais integrados a Nischery do Brasil Agrícola Ltda. que operacom-produção própria.

No Estado do Pará destacam-se os plantios da CooperativaAgrícola Mista da Amazônia (Copama) com cerca de 200 hectares,em Castanhal, Pará, sendo a maior parte destinados à exportação edos Grupos Utiara, Frutos do Brasil Ltda.(Brasfrut) e CooperativaAgrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), são outros exemplos deempresas que investem nessa fruta. Em 1997 o Estado do Parátinha l.945 ha, com uma produção de 15.431 toneladas.

Em 1999, foi efetuada a exportação do primeiro contêinercom 14 toneladas de polpa de acerola, produzida no município deCoroatá, situado a 319 km de São Luís, Maranhão, para aAlemanha (Monteles, 1999). Apesar de São Luís contar com umdos melhores portos do País, o de Itaqui, a acerola teve de serembarcada pelo porto de Fortaleza. O motivo é que nenhum navioquis atracar em São Luís para embarcar apenas um contêiner.Seriam necessários pelo menos 25 contêiners para atrair navios. Oquilo da polpa é vendido a R$ 1,00.

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o preço de venda no vale do rio Francisco está cotado aUS$ 0,40/kg (maiores e mais vermelhos). No que se refere aomercado internacional, o Japão é um mercado promissor, masmuito exigente e de difícil penetração. Os japoneses preferemadquirir a fruta congelada in natura, devido à preocupação emevitar alterações por perda de vitaminas ou mudanças na coloração,o que pode vir a ocorrer com o esmagamento. A Alemanha, outrogrande mercado em potencial, tem aumentado gradativamente assuas compras de polpa, que é utilizada para a produção de mixedjuice, uma mistura de diversos sucos de frutas muito apreciada naEuropa.

Os frutos congelados são cotados a US$ 1,50/kg em SãoPaulo e no mercado exterior a US$ 1,300 a US$ 1,700 a tonelada.Outra possibilidade é a pasta de frutos verdes cotado a US$ 7,000/tque é utilizada para a fabricação de cápsulas vitarnínicas de 500mg. O preço in natura entregue pelo produtor está na faixa de US$0,60/kg.

O mercado nacional está sendo abastecido por diversosplantios localizados no Nordeste que deve estar produzindo algoem torno de 5 mil toneladas e do Sul do País. A estimativa é que aRegião Sudeste do País consome entre 5 a 6 mil toneladas de frutospor ano, os mercados japonês e europeu com cerca de 2,5 miltoneladas cada um, além da perspectiva do mercado americano.

A cultura é altamente intensiva em mão-de-obra, cerca de4 a 5 pessoas/hectare, com um rendimento por dia de colheita entre10 a 15 caixas de 15 kg, com custo aproximado de R$ 0,50 porcaixa. A desuniformidade da maturação, faz com que essa atividadeseja intensiva em mão-de-obra e com isso, uma possível vantagempara os plantios no Nordeste brasileiro.

Referências consultadas

ARAÚJO, P.S.R. & MINAMI, K. Acerola. Campinas, FundaçãoCargill, 1994. 81p.MONTELES, F. MA exporta acerola para mercado europeu.

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Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 abr. 1999. p.l.VIGLIO, E.C.B. Acerola; setor industrial impulsiona a produção.Agroanalysis, Rio de Janeiro, 14(4):51-52, dez. 1994.

4.2 Mangostão

As primeiras mudas de mangostão foram trazidas porFelisberto de Cardoso Camargo, em 1942, procedentes do Panamá,que só teve desenvolvimento a partir da década de 80. O alto preçodo fruto faz com que seja consumido apenas pelos aficionados doproduto. A dificuldade para exportação, devido a sua perecibilidadee de infra-estrutura local, tem limitado a expansão.

Estima-se que existam entre 15 a 20 mil pés de mangostãono Pará, concentradas nos municípios de Tomé-Açu, Santa Izabeldo Pará e Santo Antônio do Tauá. A caixa, com 10 unidades, évendida por R$ 4,00. O consumidor paga, em média, R$ 25,00 porcaixa. Cada planta pode produzir de 800 a 1.000 frutos em cadaano. Os Estados Unidos, a Inglaterra e o Japão são os maioresimportadores, pagando por uma fruta US$ 0,50 a 1,00 e compram,principalmente da Malásia, o maior produtor mundial (PereiraFilho, 2000).

Um produtor em Santa Izabel do Pará, tem 1.500 plantas,vendeu 135 toneladas de mangostão em 1999 e faturou cerca de R$350 mil, 60% vendida para São Paulo e o restante para o Nordeste.O valor da muda enxertada custa R$ 15,00 a 20,00, levando doisanos para preparar a muda e a colheita depois de quatro anos deplantada. A árvore adulta alcança 5 metros de diâmetro de copa, epor isso o espaçamento é de 10m x 10m.

Mais de 20 produtores localizados entre os municípios deAnanindeua e Santa Izabel do Pará já plantaram 10 mil árvores demangostão, enquanto que o rambutan está com 1.250 pés e cerca de500 em produção (Ferreira, 1999). O rambutan começa a produzirdepois de 4 anos e é chamada de "fruta barriga de aluguel" face asemelhança com o urucum.

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o mangostão foi introduzido pelos imigrantes japonesesna Bahia há cerca de 30 anos no município de Una, a 549 km deSalvador, que concentra 60% da safra do Estado (Aragão, 2000). Aexpectativa é que a safra 1998/99 da Bahia deve ter ficado em tornode 40 toneladas. Cerca de 50% da produção é comercializada para aCooperativa Agrícola Sul Brasil, na Grande São Paulo e outra partevendida para supermercados do Rio de Janeiro. Uma caixa, com 12frutos, custa em média R$ 20,00. O mangosteiro adulto possui emmédia 10 metros de altura e uma produção de 2 mil frutos/ano.

O ideal é manter a média de 500 a 600 mangostões/ano,pois apenas o fruto grande tem valor comercial. Em uma área de 5hectares de mangostão espera colher o equivalente a 15 mil caixas.Reza a lenda que a Rainha Victória, da Inglaterra (1837-1901), aoprová-lo afirmou não haver saboreado anteriormente fruta tãodeliciosa.

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Frutas exóticas ganham espaço nossupermercados. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 7 abr. 1999. p.6.PEREIRA FILHO, J. Hortaliça dá espaço ao exotismo domangostão. Gazeta Mercantil, São Paulo, 14 novo 2000. (PorConta Própria, p.ll).ARAGÃO, c.Mangostão ainda é um ilustre desconhecido. GazetaMercantil, São Paulo, 8 novo 2000. (Suplemento EspecialAgricultura Irrigada, p.14).

4.3 Goiaba

A goiabeira é uma planta frutífera americana de culturapré-colombiana. Na região amazônica a goiabeira é uma das frutasmais familiares sendo encontrada em qualquer lugar, devido afacilidade com que as suas sementes são dispersadas por pássaros epequenos animais. Planta rústica, podendo ser cultivada até mesmoem regiões subtropicais.

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o Estado de São Paulo produz 70% da produção nacional,com cerca de 6 mil hectares de área plantada. O vale do rio SãoFrancisco vem muito abaixo com 500 hectares e mais de 4 milhectares com árvores ainda em fase de crescimento. Aprodutividade é de 40 t/ha, sendo a média nacional 30 t/ha.

O cultivo da goiaba está sendo impulsionado no municípiode Dom Eliseu, Pará, pela fábrica Senor SI A que pertence ao grupobelga Sociedade Internacional de Plantação e Financeira (Sipef)que desenvolve suas atividades em uma área de 5 mil hectares, naFazenda Ourinhos, situada nas margens da rodovia BR-222 queliga a rodovia Belém-Brasília para Marabá (Bemerguy, 2000). NaFazenda Ourinhos estão plantados 230 hectares de goiaba e ospequenos produtores já plantaram 600 hectares (Ferreira, 1999a;2000). O investimento na fábrica foi de 1,1 milhão de dólares e temcapacidade de processar até 2 t/hora e a meta é atingir umaprodução 25 mil toneladas de doces de goiaba em 2005. O GrupoBonal tem investimentos no Acre, Maranhão e São Paulo, além deIndonésia, Papua Nova Guiné e Zaire. Atua no Brasil desde 1977,tendo investido mais de 22 milhões de dólares emempreendimentos rurais (Bemerguy, 2000).

A previsão do plantio de goiaba em Dom Eliseu é produzir140 kg/pé permitindo uma produtividade de 40 t/hectare. O GrupoBonal começou suas atividades em 1971 quando comprou umseringal no Acre e em 1978 se instalou no Pará e Maranhão, ondepassou a cul tivar seringueira (Ferre ira, 1999b).

Referências consultadas

BEMERGUY, L. Bonal impulsiona produção de goiaba no Pará.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 28 ago. 2000. (Especial Feito noPará, p.9).FERREIRA, P.R. O plantio de goiaba cresceu mais de 300% emDom Eliseu. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 abr. 2000. p.l.FERREIRA, P.R. Doces de goiaba de Dom Eliseu chegam aossupermercados Gazeta Mercantil Pará, Belém, I set. 1999a. p.l.

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FERREIRA, P.R. Dom Eliseu planta goiaba e já fabrica polpa edoces Gazeta Mercantil Pará, Belém, 28 abr. 1999b. p.4.

4.4 Outras fruteiras: manga, caju, carambola, graviola,muruci, taperebá, abricoteiro

No município de Cariri, a 260 km de Palmas estálocalizado um plantio de 200 hectares de manga, na FazendaBarreiro, que iniciou a colheita de 80 toneladas de manga davariedade Palmer, Tommy Atkins e Haden, todas híbridasamericanas. O peso médio da fruta é de 400 gramas, não tem fibras,sabor adstringente leve, alto teor de açúcar, muita polpa além dotom avermelhado da casca que a torna atrativa ao paladar. Avariedade Palmer é mais tardia e a Tommy Atkins e a Haden saemmais precocemente. Outro grande plantio está localizado nomunicípio de Peixe, de 100 hectares, das variedades Tommy Atkinse a Haden. O custo de produção gira em torno de R$ 7,5 mil a R$ 8mil por hectare. O produto está' sendo comercializado a R$ 1,20 aR$ 1,50 o quilo. A produtividade média é de 20 tJhectare (Motta,1999).

Os pequenos e médios produtores do Médio São Franciscoacabam de fundar a Cooperativa dos Produtores de Manga eDerivados da Bahia (Comanba), para entrar no exigente mercadonorte-americano na entres safra do México, que vai de agosto asetembro, o maior fornecedor para aquele País (Quadros, 1999).

Os produtores de manga do vale do rio São Franciscoproduziram 85 mil toneladas de manga em 1998, dos quais 28 miltoneladas foram exportadas. A produção em 21 mil hectares, ou 1/3da área nacional, representa 80% das exportações da fruta querepresentou US$ 25 milhões em 1998 (Aragão, 1999).

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Tabela 3- Exportação brasileira de algumas frutas selecionadas

Fruta 1998 1999 2000T US$mil T US$ T US$

Manga 39.185 32.518 52.853 32.011 67.169 35.763Maçã 10.706 5.667 57.438 30.153 64.480 30.757Melão 65.004 28.323 65.453 28.733 60.904 25.005Mamão 9.879 9.453 15.709 13.578 21.510 17.694Laranja 65.614 14.359 103.086 21.108 75.345 15.248Fonte: Secex/DTIC (Lessa, 2001).

o mercado americano importou 200 mil toneladas demanga em 1998, dos quais apenas 7 mil toneladas foram dePetrolina (Tabela 3). A Europa absorveu 25 mil toneladas. Osamericanos exigem que toda a manga importada passe por umprocesso de tratamento hidrotérmico (por imersão em água quente)para eliminação de larvas e ovos da mosca branca. O consumoanual de manga na Europa é de 0,42 kg/pessoa contra 22,51 kg demaçã, 17,38 kg de laranja e 8,11 kg de banana (Aragão, 1999).

Referências consultadas

ARAGÃO, c. Impasse na produção de manga. Gazeta Mercantil,São Paulo, 19 out. 1999. (Relatório Gazeta Mercantil. Fruticultura,p.3).LESSA, R. Surge novo pólo de fruticultura no RN. GazetaMercantil, São Paulo, 5 mar. 2001. p.B-16.MOTA, I.P. Fruticultor do TO vai colher 80 tono de manga. GazetaMercantil Pará, Belém, 25 fev. 1999. p.3.QUADROS, M.J. Exportação é o novo nome do jogo. GazetaMercantil, São Paulo, 19 out. 1999. (Relatório Gazeta Mercantil.Fruticultura, p.1).

4.4.1 Caju

Nome oriundo da palavra indígena acaiu, que em tupi querdizer "noz que se produz", tem origem na América tropical e éfacilmente encontrado no Norte e Nordeste do Brasil. A parte

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carnosa do caju (que é um pseudofruto formado pelo pedúnculo) émuito apreciada na forma de bebidas, além de possuir elevado teorde vitamina C. Já a castanha (fruto), por sua vez, tornou-seespeciaria de luxo, indispensável na culinária nordestina e muitodifundida em todo o mundo.

Em Paragominas, em 1998, produziu 250 toneladas decaju, gerando um faturamento de R$ 100 mil para os produtores(Romero, 1999).

Os Sindicatos Rurais de Ipixuna, Alenquer, Santarém eCametá vão receber quatro mini-usinas de processamento decastanha-de-caju através da Delegacia Federal de Agricultura, noPará (Ferreira, 2001). Uma unidade custa R$ 35 mil e temcapacidade para beneficiar 10 t/dia. O quilo da castanha in naturacusta R$ 0,05.

O cajueiro anão desenvolvido pelo pesquisador Levi deMoura Barros, da Embrapa Agroindústria Tropical, vencedor doPrêmio Frederico de Menezes Veiga 2001, é cultivado em 25 milhectares, com potencial de expansão, nos próximos cinco anos,para 100 mil hectares.

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Estado ganha quatro usinas de caju. GazetaMercantil Pará, Belém, 10 jan. 2001. p.6.ROMERO, S. Verticalização pode recuperar o abacaxi emSalvaterra. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 abro 1999. p.3.

4.4.2 Carambola

Originária da Ásia tropical, a carambola foi introduzida noNordeste, em 1817, mais precisamente em Pernambuco, de onde seexpandiu para todo o litoral brasileiro. Fruta muito rica em saisminerais, vitaminas A, C e complexo B, é ainda, fonte natural deácido oxálico.

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Quando cortado no sentido transversal adquire a forma deuma perfeita estrela de cinco pontas, característica que lheconcedeu o nome mundial de "star fruit".

4.4.3 Graviola

A graviola [Anona muricata (Annonaceae)] é uma frutatropical de origem americana e é a mais perfumada e importanteentre todas as frutas conhecidas como araticuns. A polpa congeladaé empregada no preparo de sucos e sorvetes. Quando misturadacom sucos de outras frutas é utilizado em uma infinidade demousses, gelatinas e pudins.

Seu cultivo é comum em pomares domésticos de cidades esítios das Regiões Norte e Nordeste, onde é, seguramente, maiscomercializada e consumida que em qualquer outro lugar domundo. O maior problema da graviola é uma mariposa quedeposita larvas na fruta durante a sua maturação, cujo controle édifícil. Os produtores do nordeste paraense estão cobrindo os frutoscom jornais com bons resultados.

4.4.4 Muruci

Fruteira arbustiva, encontrada em toda a regiaoamazônica, e no litoral das Regiões Norte e Nordeste. Seus frutossão amarelos, medindo de 1 a 2 em. Seu sabor exótico confere aesta fruta características únicas sem paralelo dentre as fruteirasamazônicas.

4.4.5 Taperebá

Este fruto tem grande simpatia internacional para sucos esorvetes. O espaçamento recomendado é 10m x 10m. O rendimentode polpa é de 36% em relação ao peso do fruto. Uma árvore produzcerca de 1.000 frutos, o peso de cada fruto é de 11 gramas.

Com vasta distribuição tropical, esta fruta encontra-se,largamente difundida nas Regiões Norte e Nordeste, nesta últimaconhecida como cajá. É fruta de sabor, aroma e coloração adequada

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a conquista de consumidores exigentes. A técnica de enxertiadesenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical, permite reduzira juvenilidade e o porte das plantas, obtendo-se cajazeiros commenos de dois metros em plena frutificação (Souza et al, 2000).

Referência consultada

SOUZA, F.X.; INNECCO, R.; ARAUJO, C.A.T. Métodos deenxertia recomendados para a produção de mudas de cajazeirae de outras fruteiras do genêro Spondias. Fortaleza, EmbrapaAgroindústria Tropical, 2000. 6p.

4.4.6 Abricoteiro

°maior destaque é o plantio de Teruo Shimomaebara, emCastanhal, com 2 mil pés de abricoteiros plantados desde 1987, dosquais 1.300 pés estão em fase de produção. A partir do 4° ano oabricoteiro produz 1.000 frutos/hectare que são comercializadas aR$ 0,50 a R$ 1,00 por fruto ou em caixas de 8 kg por R$ 30,00 nossupermercados (Ferreira, 1999). No varejo o fruto pode valer atéR$ 3,00 a R$ 4,00. A partir do décimo ano, cada árvore chega aproduzir mais de 100 frutos, o que permite uma rentabilidade anualpor hectare de mais de R$ 15 mil.

Referência consultada

FERREIRA, P.R. Cipó é utilizado para reduzir diabete. GazetaMercantil Pará, Belém, 9 ago. 1999b. p.1.

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5. NOVAS ALTERNATIVAS ECONÔMICAS - PLANTASAROMÁ TICAS E MEDICINAIS, COMO SOLUÇÃOPARA A BIOPIRATARIA

5.1 Perfumaria

o cheiro do Pará está conquistando o mercado nacional epode em pouco tempo perfumar o mercado internacional (Silva,2000). Vários cremes e loções com frutas e plantas típicas dafloresta amazônica como açaí, cupuaçu, guaraná, buriti, andiroba,estão enriquecendo sabonetes, cremes e loções da indústria decosméticos (Zaché, 2000). Respaldadas em pesquisas, as empresasde cosméticos explicam que o interesse em buscar recursos daAmazônia se baseia nos poderes medicinais da flora dessas regiões.As espécies seriam ricas em substâncias que hidratam e previnem oenvelhecimento da pele.

Outro argumento dos fabricantes é o anseio das pessoaspor consumir produtos naturais, alcançarem maior espaçointernacional já que o mundo está voltado para a exploração dabiodiversidade da Amazônia.

No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de HigienePessoal, Perfumaria e Cosmética (Abihtec) estima que o mercadobrasileiro movimentou em 1998, US$ 9,5 bilhões no setor decosméticos, higiene pessoal e perfumaria (Valéria, 2000). Outroaspecto é que esse mercado cresceu cerca de 22% ao ano nosúltimos quatro anos.

Já foram aprovados no Conselho de Administração daZona Franca de Manaus quatro fábricas de cosméticos que deverãoalavancar o Pólo de Cosméticos de Manaus (Scharf, 2000). Asempresas Amazon Cosméticos, Amazonas-Brasil, AmazôniaCosméticos e a Crodamazon, vão produzir batons, desodorantes,cremes de barbear, pós-barba, entre outros, utilizando óleos deburiti, piquiá, maracujá, castanha-do-pará e cupuaçu. A obtençãodesses produtos será centrada nos municípios de Silves, Codajás,Itacoatiara, Caruari e Urucará (Amadori, 2001).

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A Fluídos da Amazônia Ltda. (perfumaria Chamma) foifundada em 1959, submeteu em junho de 1996 o projeto do seunegócio a Incubadora Tecnológica da Universidade Federal do Pará(PIEBT). Possui atualmente 21 lojas espalhadas pelo País, nascidades de Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo,Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis e Goiânia, além dequatro pontos de venda em Belém. Produz xampu e condicionadorde açaí, cupuaçu, castanha-do-pará, copaíba e andiroba (Ninni,2000b).

A Fluídos da Amazônia Ltda. produz perfumes esabonetes e até sachês. O sabonete de andiroba se baseia noprincípio de que a planta possui perpenos, que é antiinflamatório eajuda a tratar as lesões de pele. Em 1998, empresa lançou a suanova linha de perfumes e cosméticos que utiliza patchouli,priprioca, óleos de castanha-do-pará, copaíba, andiroba, caroço deaçaí e resina de ucuuba (Ferreira, 1998).

A Artesanato Juruá Ltda., está no mercado há mais de 30anos e seu produto mais vendido é o sabonete Juruá à base de melde abelhas e proteínas naturais (cacau, mamona, babaçu ecastanha), decorrente das pesquisas do italiano Francisco Filizzola,que fugindo da II Guerra Mundial instalou-se em Óbidos. Tem umaprodução mensal de 7 mil a 9 mil produtos cosméticos e vemexportando seus produtos para o Japão (1 mil a 2 milsabonetes/mês), Alemanha e a França (Ferreira, 2001c; Ninni,2000b).

A Brasmazon - Indústria de Oleaginosas e Produtos daAmazônia Ltda., surgiu em 1995, localizado no município deAnanindeua, Pará, é um dos maiores produtores de oleaginosas daregião, do empresário Max Yamaguchi, em parceria com a BerancaIngredients, com sede em São Paulo, vai lançar sabonetes a base decupuaçu, tendo como ingredientes ativos os óleos de copaíba,andiroba e ucuuba e óleo de andiroba em pó (Ferreira, 2001a). Noperíodo de novembro de 1999 a junho de 2000, a Brasmazonproduziu 120 toneladas de óleos, sendo 50 toneladas de óleo deandiroba. A Brasmazon vende, em média, 30 toneladas de óleo de

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andiroba para a francesa Yves Rocher (Ferreira, 2001 b). Em 2000,a empresa vendeu 15 toneladas de óleo de cupuaçu e a previsãopara este ano é a produção de 1.000 toneladas. Na safra denovembro de 2000 a junho de 2001, espera produzir 475 toneladasde óleos de andiroba, maracujá, murumuru, copaíba, castanha-do-pará, ucuuba e cupuaçu. Compra a matéria-prima de 1.500 famíliasespalhadas em mais de 100 municípios dos Estados do Pará eAmapá.

Na natureza a densidade das andirobeiras de grande porteque alcança até 30 metros é de 4,6 árvores/hectare. Há relatos deque árvores de andirobeiras de grande porte podem produzir de 180a 200 kg de semente/ano. O óleo de andiroba é extraído através doprocesso de prensagem após sofrerem um rápido cozimento, comrendimento situado entre 5 a 10%, mas com equipamentosindustriais é possível obter 20 litros para cada 60 kg de sementes. Olitro de andiroba é vendido a R$ 4,00 pelos coletores e em SãoPaulo chega a R$ 45,00. O preço do litro de óleo de andirobaestava sendo vendido pelos extratores da Floresta Nacional doTapajós a R$ 1,58/litro e os intermediários a R$ 3, 16/litro. Nacolônia japonesa de Tomé-Açu um produtor possui um plantio com15.000 árvores já em franca produção, mas que não estáaproveitando integralmente. O óleo de copaíba está sendo vendidoa R$ 1O,00/litro pela Associação dos Povos Indígenas doTumucumaque, no Amapá e a R$ 12,00/kg pela Associação dosProdutores Alternativos do Município de Ouro Preto d'Oeste, emRondônia.

A Aveda Incorporation, uma fabricante de cosméticos dosEstados Unidos associou com a Florabrasil, uma divisão da FormilQuímica Ltda. está interessada na compra de 8 t de óleo deandiroba em 2001 e triplicar a partir de 2002 (Amadori, 2001). Asempresárias cariocas Suiana Sasse e Regina de Castro fundaram aNatu-Science há um ano e meio, inaugurando uma fábrica emItaipava, com investimentos de R$ 50 mil para produção de velasrepelentes, óleos e sabonetes de andiroba, obtida através da comprade matéria-prima em Belém e de outros locais do Norte e Nordeste(Radier, 2000).

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Como produto derivado, a indústria de perfume vaiprecisar de álcool de cana-de-açúcar, o que abre outras opções seassociado com as indústrias de concentrados para bebidas quenecessitam de açúcar caramelizado.

Referências consultadas

AMADOR I, R. Crodamazon vai beneficiar frutos regionais paraindústria de cosméticos. Gazeta Mercantil Amazonas, Manaus,29 de mai. 2001. p.l.AMADORI, R. Óleo de andiroba em escala industrial no Acre.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 16 mai. 2001. p.3.FERREIRA, P.R. Empresa lança nova linha de perfumes extraídosde plantas. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 6, 7 e 8 novo 1998. p.l.FERREIRA, R. Brasmazon inicia a produção de sabonetes de óleosvegetais. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 6 jun. 2001 a. p.l.FERREIRA, R. Brasmazon lança linha de produtos. GazetaMercantil Pará, Belém, 26, 27 e 28 jan. 2001b. p.l.FERREIRA, R. Mais duas empresas estão na Incubadora de Baseda UFPa. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 jun. 2001c. p.l.NINNI, K. Brasmazon associa-se à Beraca. Gazeta MercantilPará, Belém, 28 ago. 2000b. (Especial Feito no Pará, p.7).NINNI, K. Chamma e Juruá divulgam as essências da região.Gazeta Mercantil Pará, Belérn, 28 ago. 2000a. (Especial Feito noPará, p.7).OLIVEIRA, F.A.; MARQUES, L.C.T.; FERREIRA, c..A.P.Produtos não-madeireiros da Floresta Nacional do Tapajós,Santarém, Pará. Belém, FAO/IBAMA, 1993. 22p. (digitado).RADIER, J. Produtos da andiroba para exportação. GazetaMercantil Pará, Belém, 1 mar. 2000. p.4.SCHARF, R. O filão dos cosméticos à base de espécies nativas.Gazeta Mercantil, São Paulo, 27 abr. 2000. p.A-8.SILVA, C. Cheiro do Pará está conquistando o mercado nacional.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 jun. 2000. (Especial MeioAmbiente, p.2).VALÉRIA, M. Processo produtivo não atrapalha o pólo cosmético.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 29 fev. 2000. p.4.ZACHÉ, J. Beleza da terra. Isto É, São Paulo, 27 dez. 2000. p.82-83.

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5.2 Plantas Medicinais

Estima-se que todos os anos as doenças do mundo emdesenvolvimento como a malária, tuberculose e doença do sonomatam 6 milhões de pessoas (Piling, 1999). O custo de pesquisapassou de US$ 300 milhões para US$ 500 milhões para cada novoremédio gerado. Dessa forma dos 1.233 medicamentos licenciadosno mundo entre 1975 a 1997, apenas 13 se destinaram a doençastropicais.

Em 1998, o mercado nacional de medicamentos e decosméticos movimentou US$ 18 bilhões, sendo 25% provenientesde produtos naturais. Os produtos da medicina alapática, baseadaem plantas de uso indígenas, movimentam por ano no Brasilrecursos da ordem de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão, enquantoque no mundo é de US$ 47 bilhões, sendo a Alemanha o maiorconsumidor, seguindo dos Estados Unidos e do Japão.

O Centro de Biotecnologia da Amazônia está sendoconstruído em uma área de 12,7 mil metros quadrados no DistritoIndustrial e as obras estão orçadas em R$ 9,6 milhões. O Ministériodo Meio Ambiente por meio do Programa de Ecologia Molecularpara Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Probem)investiu R$ 5,6 milhões e os R$ 4 milhões restantes são dascontrapartidas do Governo do Estado 'do Amazonas e da Suframa(Valéria, 2001). O Centro de Biotecnologia da Amazônia pretendecongregar 80 grupos de pesquisa nacionais e 15 entidadesestrangeiras, americanas, européias e japonesas (Cavalcanti, 1998).

No dia 1" de agosto de 2000 foi realizado em Manaus, oSeminário Internacional Plantas da Amazônia: OportunidadesEconômicas e Sustentáveis, promovido pelo INPA e Sebrae/ AM,que veio demonstrar as possibilidades que se abrem no mercado deplantas medicinais.

As pesquisas com jaborandi iniciaram em 1972, pelaMerck, fazendo com que construísse a Unidade Industrial Vegetex,em Parnaíba (Piauí) e, Merck Maranhão, em São Luís, onde são

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produzidas anualmente 9 toneladas de sais de pilocarpina(Komatsu, 2000). Em 1989 foi adquirida a Unidade Agro-industrialFazenda Chapada, no município de Barra do Corda, no Maranhão,com 3 mil hectares para cultivar jaborandi, que já somam 15milhões de pés que respondem por 60% da produção depilocarpina.

A fava danta é uma leguminosa arbórea, nativa doscerrados brasileiros com grande incidência nos Estados doMaranhão e Piauí. A casca do fruto da fava d' anta é rica em rutina,embora acompanhada de bioflavonóides de difícil separação. Desde1996 a Merck passou a desenvolver pesquisas com essa planta e,atualmente a Merck Maranhão produz 450 toneladas de rutina porano, atendendo cerca de 40% das necessidades mundiais dessasubstância. Como subprodutos da extração da rutina, a UnidadeIndustrial da Merck Maranhão fabrica rhamnose e quercetina.

A fava d'anta fornece a rutina, que é um eficaz vasodilatador, utilizado por laboratórios e comercializado por empresasexportadoras como a Merck Nordeste, Sanrisil, Fitol e PVP. Estasempresas exportam US$ 20 milhões anuais em rutina do cerrado ea população nativa permanece excluída do processo (Paiva, 1998).Para o pequeno produtor rural a coleta de fava d'anta representaapenas 0,51 % de sua renda familiar anual e a demanda chega a 2mil toneladas/ano.

A ipecacuanha é uma planta medicinal ameaçada deextinção, existente nos Estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará(Pereira Filho, 2001a). Um plantio de ipeca bem conduzido poderender R$ 175 mil/hectare. Os laboratórios fitoterápicos pagam R$35,00/quilo de raiz, e o extrato é vendido a R$ 150,00/1itro. A mudade ipeca pode produzir até cinco toneladas de raiz por hectare,sendo que na mata dá até 3 toneladas. A colheita é feita de 20 em20 meses, resiste bem a pragas e doenças, existindo apenas um tipode inseto que destrói a folha sem comprometer a raiz. Existe umplantio com 35 mil plantas no município de Augusto Corrêa, Pará.

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A empresa amazonense de fitoterápicos Amazon Ervasdeu inicio ao processo de exportação para a África do Sul, Portugale Venezuela de quatro produtos de sua linha de 150 itensencapsulados (Valéria, 1999c). Os produtos que começam a ganharespaço no mercado externo são compostos emagrecedores e anti-celulítico, guaraná e copaíba. A Amazon Ervas está instalada naAmazônia há 15 anos e até 1995 funcionou como uma farmácia demanipulação e em 1996 para atender a Portaria Federal 6/95 queregulamentou a produção de fitoterápicos construiu a fábrica emuma área de 2.240 rn? no Distrito Industrial que já está entre ascinco maiores do Brasil. As outras quatro estão instaladas em SãoPaulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Nos últimos dez anos, os medicamentos fitoterápicosdespertaram a atenção da comunidade científica, crescendo para opequeno produtor o mercado das plantas medicinais (Pereira Filho,2001b). De 1990 a 1999, o plantio destas espécies aumentou seisvezes no Estado do Paraná, o maior produtor. O Paraná tem maisde 2,2 mil hectares de área cultivada que há dez anos eram 371hectares. Os medicamentos fitoterápicos ganharam mercado porserem naturais e ter preço mais baixo. Existem no Brasil mais de200 medicamentos à base de plantas registrados, que movimentamum mercado de 1 bilhão de reais por ano. A Alemanha tem 117plantas com uso terapêutico aprovado e no Brasil não tem dez. Aespinheira-santa está em falta no mercado que são utilizadas notratamento de úlceras, nativa do Sul e Sudeste, uma muda custa R$2,50 em viveiros de São Paulo e um hectare pode produzir umatonelada de folhas secas. O quilo pode ser vendido a R$ 6,00 econseguir uma renda de R$ 6.000,00/hectare. Trabalhar complantas medicinais exige, além de conhecimento técnico,investimentos, construção de viveiro, estufa e secador. O agricultorvende as folhas ou a raiz desidratada. Para se ter uma idéia do valordesse investimento, o equipamento para propriedade de até 3hectares custa R$ 25 mil.

A muirapuama é considerada como substituto da Viagra,que é usado o tronco, que não tem como regenerar após o corte senão houver reposição e o uso planejado da espécie. A unha-de-gato

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vem sofrendo forte extração no Acre e pode ser utilizado comocoquetel anti-Aids.

Seis comunidades rurais do Maranhão localizados nosmunicípios de Presidente Vargas, Paço do Lumiar, São JoãoBatista, Nina Rodrigues, Igarapé do MeIo e Newton Belo estãorecebendo treinamento para cultivo racional e manipulaçãoadequada de plantas medicinais (mastruço, vick, gengibre, losna,capim limão, hortelãzinho, babosa, manjericão, enxuga e arruda),apoiados pela Universidade Federal do Maranhão e pelaUniversidade Estadual do Maranhão financiados pelo BASA(BASA. .., 2001).

No município de Castanhal, Pará, o japonês TeruoShimomaebara tem um plantio de 2.500 pés de cipó-pucá tCissussicyoides) em 3 hectares que necessita de apoio de estacas ebastante sol, com aplicação para diabete, hipertensão, reumatismo einfecções urinárias (Ferreira, 1999). O material é acondicionado empacotes de 50 gramas é vendido por R$ 5,00 no Pará e US$ 10,00no Japão. A produção é de 500 pacotes por semana ou 100 kg/mês(Ferreira, 1999). Dedica-se também ao plantio de pata-de-vaca queé utilizado para reduzir a pressão arterial e problemas renais,possuindo 800 pés e as folhas são retiradas após 8 meses de cultivo.

Foi realizado em Tóquio, no período de 9 a 12 de marçode 1999, a I Feira Internacional de Alimentos (Foodex), onde aCooperativa Mista Agropecuária dos Produtores Diretos deUrucará, PRB Produtos Regionais do Brasil (Amazondry),Cooperativa Agrícola Mista Efigênio Sales, Moinho Amazonas,Cupuama Cupuaçu do Amazonas, Pronatus do Amazonas, AmazonErvas e Agrorisa Produtos Alimentícios Naturais levaram frutasregionais em pó, palmitos de pupunheira, mel e guaraná em pó eem cápsulas. A PRB levou a sua linha de polpas em pó de açaí,acerola, maracujá e cupuaçu e amostra de antocianina, um corantedo açaí (Medina, 1999). A empresa norte-americana RaintreeNutrition Inc. sediada no Texas está faturando uma média de US$60 mil por mês comercializando produtos a base de plantas daAmazônia. As plantas são importadas in natura do Brasil pela

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Raintree, beneficiadas, industrializadas e vendidas nos EstadosUnidos, Europa e Ásia. Essa empresa comercializa 5 a 6 t/mês devárias plantas amazônicas, principalmente unha-de-gato, catuaba ea muirapuama. Adquire a matéria-prima dos ribeirinhos entre US$1,00 a US$ 5,00/quilo e vende por US$ 10,00 e o produtoindustrializado chega a US$ 50,00, principalmente a unha-de-gato ea muirapuama (Valéria, 2000a).

A multinacional Yves Rocher, criada em 1959, obteve nosEstados Unidos e na Europa patente do óleo de andiroba comoantiinflamatório para tratamento de celulite (Passos, 2000). Osprodutos a base de óleo de andiroba que foi patenteado pela YvesRocher, quando aplicados na pele podem interferir no metabolismoda gordura. A idéia é evitar os pré-adipócitos, células de gordurasda pele, comparados a saquinhos vazios, se transforme emadipócitos, saquinhos cheios (Passos, 2000). A BrasmazonIndústria de Oleaginosas da Amazônia Ltda. é a fornecedora deóleo de andiroba para a Yves Rocher, desde 1996, tendo exportado10 toneladas e custaram US$ 60,8 mil (FOB) ou US$ 5,82/quilo. Amédica Ana Lídia Carvalho menciona que o princípio ativo dojambu já foi patenteado (Lei ..., 2000).

Com o apoio financeiro do BASA, a FCAP estádesenvolvendo pesquisas com muirapuama, andiroba, sacaca,copaíba, camu-camu, cipó-tuíra, sacurijuzinho, São João caa,barbatimão e pariri visando a sua propagação e domesticação(BASA. .., 2000)

Há necessidade de fazer primeiro para evitar abiopirataria, uma vez que a idéia de exportar produtos fármacos daAmazônia como imperativo concede ao adquirente o direito depropriedade induzindo ao processo de patenteamento oficial(Fonseca, 1999). Na esfera internacional é indispensável ofechamento de acordos que proíbam registros e patenteamentos deorganismos, de suas partes e dos produtos derivados de seumetabolismo, sem que esteja claramente especificado a origem e aforma de sua obtenção.

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Do mesmo modo é necessano garantir o direito depropriedade intelectual às populações que geraram o conhecimento,para que não haja também uma pirataria cultural tão repugnantequanto a biológica.

Comenta quanto a facilidade de efetuar biopirataria, pelafalta de legislação, uma vez que o enquadramento de um turistabelga com um carregamento de besouros e borboletas foi através doCódigo Florestal (Valéria, 1999). São necessários US$300 milhõese pode chegar a 30 anos de pesquisa para produzir um únicomedicamento quimioterápico. Para os fitoterápicos são necessáriosUS$ 8 a US$ 10 milhões e oito anos de pesquisas.

o químico inglês Conrad Gorinsky, presidente daFundação para Etnobiologia, com sede em Londres, conviveu comos índios uapixanas, em Roraima durante dezessete anos e, semavisar ninguém registrou no Escritório Europeu de Patentes, osdireitos de propriedade intelectual sobre dois compostosmedicinais, um extraído da semente de bibiru (Octotea rodioeii,uma árvore amazônica, e outro do cunani (Clibadium sylvestre)usadas como anticoncepcional pela tribo.

Cinco holandeses foram detidos em Cruzeiro do Sul, Acre,pelo Ibama e Polícia Federal com carregamento de mudas depimenta longa, unha-de-gato, cerejeira, além de mudas de cipóSanto Daime, que após o pagamento de fiança foram mandados devolta para o País de origem (Convênio ..., 1999).

Em julho de 1999, o laboratório britânico Glaxo Welcomefez uma parceria com a brasileira Extracta Moléculas NaturaisLtda. prometendo pagar US$ 3,2 milhões por 30 meses paraidentificar substâncias naturais de seu interesse que possam seralvo de pesquisa de medicamentos (Vasconcelos & Komatsu,2000).

o acordo de cooperação técnica entre a AssociaçãoBrasileira para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia(Biomazônia), uma organização social com escritórios em Manaus,

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Brasília e São Paulo e a empresa suíça Novartis Pharma AG criadaem março de 1996, decorrente da fusão das empresas suíças Ciba eSandoz, foi assinado no dia 30 de maio de 2000 para vigorar por 3anos e envolver US$ 4 milhões (John, 2000). Previa a coleta de até10 mil microorganismos (fungos e bactérias) por ano, num total de30 mil no prazo do contrato. Esse acordo foi cancelado, levando ogoverno brasileiro a editar a Medida Provisória 2.052, de 29 dejunho de 2000, para disciplinar sobre o assunto.

Referências consultadas

BASA apoia três pesquisas para uso racional de plantas. GazetaMercantil Pará, Belém, 13 abr. 2000. p.3.BASA financia no MA fitoterapia e cultivo de hortos medicinais.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 13 fev. 2001. p.3.CAVALCANTI, H. Uma das maiores experiências na área debiodiversidade começa a ser realidade. Gazeta Mercantil Pará,Belém, 3 ago. 1998. p.6.CONVÊNIO deve deter biopirataria no País. O Liberal, Belém, 16novo1999. p.6.FERREIRA, P.R. Cipó é utilizado para reduzir diabete. GazetaMercantil Pará, Belém, 9 ago. 1999. p.l.FONSECA, OJ.M. Biopirataria, uma questão (quase) insolúvel.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 10 fev. 1999. p.2.JOHN, C. Acordo vai ser questionado na justiça. O Liberal,Belém, 25 jun. 2000. p.6-7.KOMATSU, A. Novartis pode desistir do acordo comBioAmazônia. Gazeta Mercantil Latino-americana, São Paulo,24 a 30 jul. 2000. p.l.LEI internacional pode ser nociva a pesquisas no Brasil. O Liberal,Belém, 19 mar. 2000. p.3.MEDINA, E. Produtos da floresta a caminho do Japão. GazetaMercantil Pará, Belém, 25 fev. 1999. p.4.PAIVA, P.B. Planta medicinal pode elevar renda no cerrado.Gazeta Mercantil, São Paulo, 2, 3 e 4 out. 1998. p.B-23.PASSOS, C. Yves Rocher obtém patente para uso do óleo deandiroba. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 8, 910 set. 2000. p.I-3.PEREIRA FILHO, J. Lucros debaixo da terra com planta

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medicinal. Gazeta Mercantil, São Paulo, 7 a 13 mar. 2001a. (PorConta Própria, 6).PEREIRA FILHO, J. Cresce o espaço das plantas na medicina.Gazeta Mercantil, São Paulo, 11 a 17 abr. 2001 b. (Por ContaPrópria, p.8-9).PILING, D. Na doença e na riqueza. Gazeta Mercantil, São Paulo,1 e 2 novo 1999. p.A-3.ROMERO, S. Perfumaria paulista investe no mercado da regiãoNorte. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 9, 10 e 11 abr. 1999. p.l.VALÉRIA, M. Amazon Ervas começa a exportar. GazetaMercantil Pará, Belém, 22 mar. 1999c. p.4.VALÉRIA, M. CBA será suporte para pólo de bioindústrias.Gazeta Mercantil Amazonas, Manaus, 1 mar. 2001. (Zona Francade Manaus - Especial 34 anos, p.11).VALÉRIA, M. Ibama cria câmara técnica para combater abiopirataria. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 29, 30 e 31 jan. 1999. p.6.VALÉRIA, M. Invalidado acordo de material genético. GazetaMercantil Pará, Belém, 6, jun. 2000a. p.4.VALÉRIA, M. Planta amazônica conquista mercado. GazetaMercantil Pará, Belém, 2 ago. 2000b. p.4.VASCONCELOS, L. & KOMATSU, A. Brasil não sabe comoexplorar potencial de sua biodiversidade. Gazeta MercantilLatino-americana, São Paulo, 24 a 30 jul. 2000. p.l.

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6. DESENVOL VIMENTO COM CULTIVOS PERENESINDUSTRIAIS

6.1 Pimenta-do-reino

Apesar da introdução da pimenta-do-reino em escalacomercial ser creditada aos imigrantes japoneses em Tomé-Açu,em 1933, a sua introdução no País remonta desde os primórdios doBrasil Colônia. Em 1819, von Martius, na sua viagem pelaAmazônia no período 1818-1820, observou a existência de pés depimenta-do-reino nos quintais de Belém. Mas foi a partir do finalda II Guerra Mundial, com a destruição dos pimentais da Malásia eda lndonésia e do estímulo forçado para a produção de alimentospara atender as tropas de ocupação japonesa, é que os preços dapimenta dispararam, levando a euforia para a colônia de Torné-Açu, sem precedentes, como o ciclo do diamante negro. Estaopulência pode ser percebida durante a década de 60, por extensosrenques de pimenteiras ao longo da rodovia de Belém a Castanhal,onde, inclusive, esta cidade, era cercada por extensos pimentais.Foi a lavoura da pimenta que iniciou a era do NPK e damecanização agrícola na Amazônia.

A grande capacidade de resposta dos agricultoresparaenses aos sinais de mercado e preços favoráveis, além dedemonstrar a vitalidade do setor produtivo, constitui também empreocupação. Nos anos de 1980 a 1983, o Brasil liderou a produçãomundial de pimenta-do-reino e nos anos de 1980 a 1982 e em 1984,fomos os maiores exportadores mundiais de pimenta-do-reino,graças a produção paraense. Em apenas cinqüenta anos após a suaintrodução chegou a superar a produção da Índia, lndonésia e aMalásia. Em 1991, alcançou a máxima produção nacional depimenta-do-reino, com 50 mil toneladas e em 1981, exportou aquantidade máxima, com quase 47 mil toneladas.

Na lavoura da pimenta-do-reino, de cada tonelada depimenta produzida significa a manutenção de um emprego duranteum ano. A queda na produção de pimenta-do-reino no Estado doPará, que já chegou a produzir 50 mil toneladas na década de 80 e,

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reduziu-se para 20 mil toneladas durante a década de 90, indica que30 mil empregos foram suprimidos no meio rural.

A grande pergunta é se há mercado nos proximos anospara produzir novamente 50 mil toneladas de pimenta-do-reino ?No momento existe uma euforia no plantio da pimenta-do-reino noEstado do Pará e até em Estados como Mato Grosso do Sul,Tocantins, Maranhão, Minas Gerais e Ceará, contagiados pelospreços que alcançaram até R$ 11,00/kg, com quadrilhasespecializadas no roubo de pimenta-do-reino, que foram motivo demanchete nacional. Trata-se de um preço insustentável, motivadopor circunstâncias momentâneas e associado a desvalorizaçãocambial de 14 de janeiro de 1999. O perigo é que ao seguir a modadominante, corre-se o risco de todos os produtores seremprejudicados. A cultura da pimenta sofreu essa conseqüênciadurante as décadas de 80 e 90. Por ser um produto inelásticoobtém-se maiores lucros mantendo-se seus preços elevados e emquantidade reduzida. Como o sal de cozinha, a pimenta-do-reinonão consegue aumentar seu consumo, que cresce a razão de 2,5%no mundo, simplesmente, reduzindo-se seus preços.

Outra conseqüência dessa febre de plantio constitur ainflação nos preços de insumos para a implantação dos pimentais.Face a dificuldade de obter adubo orgânico, os produtores estãotransportando esterco de aves e torta de mamona do Nordeste, daescassez de mourões, interesse no setor de venda de mudas, entreoutros aspectos. Estes fatos induzem a necessidade de seestabelecer uma expansão controlada da cultura de pimenta. Estacultura emprega uma pessoa por cada tonelada produzida,apresenta alta densidade de renda por área, cultivo serni-perene,não perecível, entre outras vantagens.

Como o ciclo de vida da pimenta-do-reino está na faixa de8 a 10 anos, nesse sentido a taxa ideal de expansão não deveriaultrapassar 10 a 12% da área colhida, para cobrir a depreciação dospimentais. No caso paraense, esta taxa ideal de plantio anualdeveria estar entre 1.100 a 1.700 hectares/ano. Esse ritmoasseguraria uma contínua renovação, o controle da produção e de

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preços. Em vez de promover uma expansão desenfreada, o aumentoda produtividade deveria ser incentivado, pela heterogeneidadetecnológica que esta cultura apresenta, com produtividade variandoentre 600 a 3.200 kg/haJano, redução nos custos de produção e,privilegiando pequenos produtores, uma vez que constitui emexcelente opção para capitalização, de emprego de mão-de-obrafamiliar, com maior capacidade de suportar crises futuras de preçose de reinvestimentos dos lucros obtidos no próprio local.

No âmbito internacional, a participação do Brasil desde1980, na Comunidade dos Países Produtores de pimenta-do-reino,fundada em 1972, não tem sido devidamente aproveitada.Constituída pela Índia, Indonésia, Malásia, Brasil, Tailândia, SriLanka, Micronésia e Papua Nova Guiné, sendo que estão de forapaíses que mostraram rápida expansão como o Vietnã e a China,com capacidade de exportação superior a 40 mil toneladas. ATailândia e o Vietnã conseguiram ocupar o vácuo da produçãobrasileira durante o período de crise que se estendeu no final dadécada de 80 e por quase toda a década de 90. Somente o Vietnãapresenta capacidade de exportar 30 a 35 mil toneladas de pimentae com baixo custo de mão-de-obra.

Apesar das dificuldades, há necessidade de se definirpolíticas de controle de produção entre os países membros, troca dematerial genético de interesse similar e tecnologia de novosprodutos. A pimenta-do-reino chegou a representar mais de 35% dovalor das exportações paraenses em 1975, reduziu para pouco maisde 2%, mas ainda tem uma importante contribuição futura e cabeaos produtores a tarefa de mantê-Ias de maneira mais sustentávelpossível.

As exportações de pimenta-do-reino do Estado do Pará em1999 foram de 76.9 milhões de dólares e em 2000 de US$ 60,1milhões. Em 1999 houve uma quebra de 50% da safra da Indonésiafazendo com que o preço da pimenta-do-reino disparasse para maisde R$ 1O,00/kg e em 2000 a produção se normalizou ofertandogrande quantidade do produto caindo para R$ 3,80/kg (Ferreira,2001).

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Referências consultadas

FERREIRA, R. Cai exportação de suco e de pimenta. GazetaMercantil Pará, Belém, 1 fev. 2001. p.3.HOMMA, A. Pimenta-do-reino: por uma expansão controlada.Gazeta Mercantil, Belém, 26 jan. 2000. p.2.

6.2 Cacau

A produção de amêndoa seca de cacau no Pará em 2000chegou a 30 mil toneladas e a área plantada é de 50,2 mil hectares,dos quais 35,9 mil hectares estão em fase de produção em 46municípios do Estado. A produção paraense é exportada para SãoPaulo e Bahia para a fabricação de chocolates, manteiga e batom decacau.

A Cargill Agrícola S/A e a Nestlé são alguns doscompradores da produção da microrregião de Altarnira queconcentra 70% da produção, sendo o município de Medicilândia omaior produtor com cerca de 9 mil toneladas de amêndoas secas,que conseguem uma produtividade de 1,5 t/hectare, em terra roxa.Fora da Transamazônica, as outras áreas de cultivo são o Sul doPará, Baixo Tocantins, principalmente, Cametá e a região Nordeste,onde Tomé-Açu tem a maior produção. Em cada hectare sãoplantados 1.100 árvores, no espaçamento 3m x 3m e a produçãocomeça no terceiro ano de cultivo. Somente de receita do ICMSque a Secretaria Estadual de Fazenda do Pará arrecada sobre avenda de amêndoas in natura é de R$ 3,5 milhões/ano. Hánecessidade de investir na melhoria da qualidade do cacauproduzido na Amazônia.

o município de Medicilândia, às margens da rodoviaTransamazônica, no Pará é a líder em implantação de novas áreasde lavoura cacaueira (Fujiyoshi, 2001). A elevação do preço daamêndoa seca de cacau, de R$ 85,00/saca de 60 quilos para R$120,00, motivaram as recentes expansões.

o cacau vem ganhando impulso em Rondônia, onde nosúltimos três anos a área cultivada aumentou em 20% passando de

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35.455 hectares para 42.207 hectares e recuperando 2.036 hectaresabandonados (Valéria, 2000).

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Projeto para agregar valor ao cacau. GazetaMercantil Pará, Belém, 17 jan. 2001. p.6.FUJIYOSHI, S. Cacau avança na Transamazônica. GazetaMercantil Pará, Belém, 18 abr. 2001. p.6.VALÉRIA, M. Rondônia é o quarto maior produtor brasileiro decafé. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 4 jul. 2000. p.4

6.3 Dendê

No Estado do Pará, que é o primeiro produtor nacional,existem apenas 40.000 hectares em comparação com os 2,5milhões de hectares na Malásia, que produziu 8,6 milhões detoneladas de óleo na safra 1996/97 e a Indonésia com 1.800.000hectares. A produção mundial de óleo de dendê em 1998 foi de 18milhões de toneladas em comparação com os 20,3 milhões detoneladas de óleo de soja, constituindo no segundo óleo vegetalmais consumido no mundo. A produção nacional representa 0,6%do total mundial. A previsão é a produção de óleo de dendê superara produção de óleo de soja (Nascimento, 1998). O Estado do Paráproduziu 80 mil toneladas em 1997 que corresponde a 85% do totalnacional. Desse total, foi exportado 30 mil toneladas e importado110 mil toneladas, indicando que é possível dobrar a atual área emprodução no Estado do Pará, para substituir as importações egrandes perspectivas de expandir essa cultura (Barcelos, 1999a;1999b). O dendê possui um rendimento de 4 a 6 t/ha de óleocorrespondente a 20 a 25 t cachos/ha. A cultura de dendê conseguegerar um emprego para cada 5 hectares plantados.

O Grupo Agropalma é a maior empresa produtora de óleode palma, com cerca de 75% do mercado, com as aquisições dediversas empresas do setor, desde a sua fundação em 1982(Cardoso, 2000). A principal aplicação do óleo de palma é no setorde alimentos, como matéria-prima para produção de margarina,

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gorduras para panificação, biscoitos e massas. Entre os principaisclientes da Agropalma estão a Nestlé, Danone, Arisco, Sadia,Ajinomoto, entre outras. O Grupo Agropalma implantou aCompanhia Refinadora da Amazônia (CRA), inaugurada em julhode 1997, em Icoaraci, no distrito de Belém, tem capacidade paraprocessar 170 toneladas de óleo bruto/dia. O Grupo Kabacznic quejá atua há mais de 50 anos fabricando sabão em barra marmorizadoda marca Cutia, líder de vendas na Amazônia, implantou aRefinaria Yossam Ltda., no município de Santa Izabel do Pará,com capacidade de refinar 36 mil toneladas de óleo de palma brutopor ano (Pinto, 1999). O consumo de óleo de palma bruto nomercado nacional gira em torno de 150 mil toneladas, existindo umdéficit no balanço oferta-demanda de cerca de 60 mil toneladas.

A Agroindustrial Palmasa S/A, localizada em Igarapé-Açu, pode ser considerada como uma empresa de médio porte, das12 empresas existentes na Amazônia, absorve a produção de 2.500hectares cultivados de pequenos produtores e possui uma unidadede industrial inaugurada em 1992, com capacidade para beneficiar36 mil toneladas de cachos de frutos frescos por ano, mas que estáoperando com capacidade ociosa de 16 mil toneladas. A produçãomédia de 5 mil toneladas de óleo de palma bruto é destinada paradiversos clientes como a Sanbra, Gessy Lever, Colgate-Palmolive,Maeda, Agropalma e Companhia Refinadora da Amazônia (Souza,1998).

O Grupo uruguaio Sanza que já atua a 10 anos no Brasilcomprou a unidade de produção da Copalma, no município dePorto Grande e uma área de 18,7 mil hectares em Calçoene paraproduzir óleo de dendê (Cavalcante, 2001). Em Calçoene o GrupoSanza pretende investir até o final do ano US$ 3,5 milhões parafazer o maior viveiro de dendê da América Latina com 2,1 milhõesde mudas, com previsão para início de produção em 2004, seconseguir superar diversos problemas jurídicos.

A cidade de Tabatinga, situada a 1.105 km de Manaus, vaiimplantar um projeto de dendê através da Diocese do AltoSolimões, orçado em R$ 4,2 milhões (Valéria, 2001). A expectativa

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é plantar 400 hectares, tendo como beneficiários 80 famílias, cadaum com 5 hectares, atingindo 20 toneladas óleo/ano por agricultor.O projeto que está sendo negociado com a Suframa permitiria aimplantação de uma usina de beneficiamento de 8 mil toneladas decaeho de dendê/ano, gerando uma receita bruta de R$ 160 mil/ano.Outra idéia em curso é o plantio de 200 hectares de dendê noProjeto de Assentamento Tarumã-Mirirn, localizado no ramal Pau-Rosa, no Km 21, da rodovia BR-174 (Valéria, 2000).

o projeto de geração de energia elétrica utilizando o óleode palma iniciado em dezembro de 1996, com financiamento doCNPq, Programa do Trópico Úmido e Ministério da Ciência eTeenologia, foi apresentado no IV Encontro do Fórum Permanentede Energias Renováveis, realizado no período de 6 a 9 de outubrode 1998, em Recife. Para gerar energia na Vila Boa Esperança,foram instalados uma micro-usina para produção de óleo e novegrupos geradores de 160 kWh, o que leva a capacidade de geraçãopara 1 Mw. O custo de implantação atingiu R$ 569.700,00. Umaárea de 15 hectares de dendê produz frutos suficientes paraabastecer um grupo motor gerador de 132 Kva que funcione 6horas diárias o ano todo. A extração de óleo está sendo feita emuma rnicro-usina com capacidade de 500 quilos de cachos de frutosfrescos por hora. O custo de geração de energia elétrica pormegawatt-hora é de R$ 157,00 divididos em R$ 100,00 com aprodução de óleo, R$ 5,00 de lubrificantes e R$ 52,00 dedepreciação (Kaltner, 1999; Romero, 1999).

O cultivo apresenta, porém, graves riscos com relação adisseminação do amarelecimento fatal, no qual os plantios foramseriamente afetados desde 1983 (Denpasa ..., 2001a; 2001b). Oscustos de produção no Pará estão estimados em US$300,00/tonelada em comparação com Malásia e lndonésia queproduzem óleo de palma a US$ 250,00/tonelada (Cordeiro, 1999).

Há necessidade de considerar a cultura do dendê integradaas· demais atividades produtivas a nível local e regional, porexemplo, enfocando a produção de alimentos, para sustentar a mão-de-obra utilizada nos dendezais, treinamento de recursos humanos,

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entre outros (Kaltner, 1999b; 1999c). O potencial real para acultura do dendê na região amazônica deve ser considerado apenaso uso de áreas desmatadas. Se considerar as áreas propícias,somente no Estado do Amazonas possui 56 milhões, mas cujautilização implicará no seu desmatamento (Medi na, 1999). Ocultivo de dendê como programa de compensação ecológica,promovendo a recuperação de áreas aptas que já estão desmatadasconstitui outra opção.

Expansão controlada da cultura, adequando com odesenvolvimento paralelo do aparelho socio-econômico, sob riscode criar entraves futuros. A política atual deve estar voltada emprimeiro plano para a substituição de importações, no mínimodobrando a atual área plantada.

Estar em consonância com novas oportunidades e conseguirevoluir adequadamente em sintonia a essas mudanças, tais como:modificações, decorrentes da construção da Alça Viária; mercado deprodutos orgânicos; como seqüestradora de C02; como combustíveladicionado ao óleo diesel; utilização como combustível em motorescomo Elko desenvolvido pelo Instituto Elko (Elsbett Konstruktion,Nuremberg, Alemanha) e do motor Stirling aperfeiçoado peloholandês Roelf Meijer (Stirling Thermal Motors Inc., Ann Arbor,Michigan); como alternativa para a expansão da soja na Amazônia; ecomo combustível para regiões distantes da Amazônia. Os erros doProálcool devem servir de alerta para não repetir quanto a essapossibilidade para o óleo de dendê.

Referências consultadas

BARCELOS, E. Existe mercado para o dendê. Gazeta MercantilPará, Belém, 9 set. 1999a. p.2.BARCELOS, E. Dendê: compromissos com o homem e com aAmazônia. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 17 jun. 1999b. p.2.CARDOSO, D. Agropalma amplia liderança no setor. GazetaMercantil, São Paulo, 24 abr. 2000. p.B-24.CAVALCANTE, A. Grupo Sanza vai produzir óleo de dendê noAmapá. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 14 mar. 2001. p.6.

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CORDEIRO, E. Preços do óleo de palma dão sinais derecuperação. Gazeta Mercantil, São Paulo, 13 set. 1999. p.B-2l.DENPASA mergulha em crise e demite últimos empregados. OLiberal, Belém, 17 fev. 2001a. p.5.DENPASA nega crise e mantém a produção. O Liberal, Belém, 20fev. 2001 b. p.7.HOMMA, A.K.O.; FURLAN JÚNIOR, J.; CARVALHO, R.A.;FERREIRA, C.A.P. Bases para uma política de desenvolvimentoda cultura do dendê na Amazônia. In: VIÉGAS, I.J.M. &MÜLLER, A.A. A cultura do dendezeiro na Amazôniabrasileira. Belém, Embrapa Amazônia Ocidental, 2000. p.11-30.KALTNER, F.J. Geração de energia elétrica em comunidadesisoladas. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 1 fev. 1999a. p.2.KALTNER, F.J. ° agronegócio da palma africana. GazetaMercantil Pará, Belém, 24 fev. 1999b. p.2.KALTNER, F.J. A agroindústria do óleo de palma, o discurso e arealidade. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 14 jul. 1999c. p.2.MEDINA, E. Malásia pode incentivar palma no Amazonas. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 jul. 1999. p.6.NASCIMENTO, C.R.O. Óleo de palma: opção para o País. GazetaMercantil, São Paulo, 4 novo 1998. p.2.PINTO, T. Kabacznic produzirá óleo de palma. Gazeta Mercantil,São Paulo, 12jul. 1999. p.B-16.ROMERO, S. Óleo de dendê vira energia elétrica em comunidadedo Moju. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 9, 10 e 11 out. 1998. pA.SOUZA, L Palmasa incentiva ampliação de dendezais em Igarapé-Açu. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 13 jul. 1998. p.l; p.3.TOMPKINS, J.S. ° Stirling - motor do futuro. Seleções doReader's Digest, Lisboa, 37(222): 92-96, dez. 1989.VALÉRIA, M. Dendê será âncora dos assentamentos. GazetaMercantil Pará, Belém, 24 mai. 2000. p.4.VALÉRIA, M. Embrapa vai implantar projeto de dendê emTabatinga. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 26, 27 e 28 fev. 2001. pA.WORKSHOP SOBRE A CULTURA DO DENDÊ, 1995, Manaus.Anais. Manaus: Embrapa-CPAA, 1985. 120p. (Embrapa-CPAA.Documentos, 5).www.agropalma.brwww.denpasa.com.br

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6.4 Café

Apesar da cultura do café ter sido introduzi da no Brasilpelo Estado do Pará, em l727, o cultivo só foi retomado porocasião da implantação da colonização na Transamazônica durantea década de 70 e só a partir de 1997 voltou a ser enfocado (Ferre ira,1999).

o café é produzido em cerca de 1.700 municípios,abrangendo aproximadamente 300 mil unidades produtivas:Proporciona 7 milhões de empregos diretos e indiretos, ajudando afixação do homem no campo.

Com uma produção média de 28 milhões de sacas de 60kg, o Brasil é o maior produtor mundial, consumindo 25% de suaprodução e exportando os 75% restantes, os quais geraram umamédia de 1,7 bilhão de dólares anuais em divisas nos últimos 10anos. O Brasil atualmente detém 25% do mercado consumidorinternacional.

Com a extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC) em1990, o governo transferiu à iniciativa privada uma parte dasatividades desse órgão, sobretudo aquelas ligadas às políticas decomercialização e exportação. No entanto, em relação às atividadesvoltadas para o cafeicultor, estas foram praticamente paralisadas,apesar dos esforços de lideranças do subsistema produtivo e dosantigos servidores daquele órgão, que resultou na criação doPrograma Integrado de Apoio à Cafeicultura (Pró Café).

Este programa foi criado através de convênio celebradoentre o Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MA) e aConfederação Nacional da Agricultura (CNA), com interveniênciado Conselho Nacional do Café (CNC).

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A produção da café no Estado do Pará está dispersa em 62municípios, tendo um rendimento médio de 2.118 kg/hectare.Atualmente 8 mil famílias de pequenos e médios produtores estãoplantando café, sendo que a maior área plantada está no municípiode Medicilândia, cuja produção em 1997, representou 61% do quefoi colhido no Estado. A estimativa é que um hectare serni-adensado de café com 2.500 plantas por hectare custe R$ 4.800,00e R$ 961,00 para o custeio da safra, resultando num custo total deR$ 5.700,00.

Cerca de 90% do café que é consumido em Belém, emtorno de l.200 t/rnês, equivalente a 24 mil toneladas de café emcoco, ou seja 83% da produção do Estado em 1996 é importado deoutros centros produtores brasileiros (Ferreira, 1998).

A demanda de 18 indústrias torrefadoras existentes noPará é de 14,4 mil toneladas de café beneficiado, equivalente a 24mil toneladas de café em coco (Ferreira, 2001). Atualmenteimporta 90% do café em grãos, o Pará tem uma vantagemcomparativa decorrente dos preços mais baratos da terra e umacultura que pode ser desenvolvida por pequenos produtores.

A produção de café orgânico na Amazônia pode ser umaalternativa para atender nichos de mercado. O café orgânico éproduzido de acordo com as práticas naturais e utilizando adubaçãoorgânica, que tem grande capacidade de reestruturação do solo,contribuindo inclusive para evitar erosão e recuperar terrasdegradadas ou solos excessivamente arenosos. A sua produção setornou uma alternativa atraente em vista da demanda crescente dosEstados Unidos e Japão.

Para ser considerado café orgânico, a lavoura deve estarsem uso de defensivos e adubos químicos durante pelo menos trêsanos. No Brasil, já existem organismos que orientam os produtores,avaliam e certificam o café orgânico, o que é um elementofundamental. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), apenas 10mil sacas são efetivamente comercializadas no mercado mundialcomo café orgânico. Estima-se que existam apenas 100

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cafeicultores produzindo esse tipo de café no mundo. No Brasilapenas nove produtores possuem o selo de certificação.

o preço pago pode chegar a duas vezes o praticado nomercado tradicional. Em virtude do crescimento da demanda e dapouca oferta, o café orgânico está bastante valorizado, porém com aentrada de outros produtores nesse mercado o preço não devesuperar 30% o do café tradicional. Segundo as informações daAssociação de Cafeicultura Orgânica do Brasil (Acob), mesmoutilizando métodos naturais a produtividade pode chegar a 23 sacasbeneficiadas por hectare, com custos variando de US$ 80,00 a US$120,00 por saca, índices equivalentes aos da produção tradicional(Ormond et al., 1999).

Com 201.658 hectares plantados dos quais 176.897hectares já produzindo, Rondônia alcança a quarta posição noranking dos produtores brasileiros de café (Valéria, 2000). Acultura está ganhando a adesão de mini e pequenos produtores eaproximadamente 40% das propriedades rurais do Estado têmcomo fonte de renda a cafeicultura. A produção estimada em 2000foi de 190 mil toneladas, 80% das quais exportadas para as regiõesSul e Sudeste. A produtividade é de nove sacas de café beneficiadopor hectare/ano, abaixo da média nacional de 10 sacas.

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Cultura do café está em fase de expansão noPará. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 2 set. 1998. p.6.FERREIRA, P.R. Produtores paraenses devem plantar 5 milhectares de café. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 1, 2, 3 e 4 abr.1999. p.l; p.3.OLMOND, J.G.P.; PAULA, S.R.L.; FAVERET FILHO, P. Café:(re)conquista dos mercados. BNDES Setorial, Rio de Janeiro,10:3-56, set. 1999.VALÉRIA, M. Rondônia é o quarto maior produtor brasileiro decafé. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 4 jul. 2000. p.4

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6.5 Coco

Existem grandes possibilidades para a expansão da culturado coqueiro no Estado do Pará, que já se destaca como terceiroprodutor nacional. A produção brasileira de coco é da ordem de 1,5bilhão de frutos por ano. No Brasil, a tonelada de coco está sendocomercializada a R$ 5.000,00.

A Fazenda da Socôco, pertencente a Socôco S/AIndústrias Alimentícias, tem 27 mil hectares, no município deMoju, dos quais 4 mil estão plantados com coco, o que equivale a600 mil coqueiros de híbridos Anão Amarelo da Malásia (fêmea) xGigante do Oeste Africano (macho) e uma produção diária de 220mil cocos e produção anual de 75 milhões de cocos, que atende70% das necessidades (Ferreira, 2000b). A meta é plantar 150 milpés/ano e, com isso, dobrar a produção dentro de cinco a sete anos.

A Socôco tem uma fábrica em Ananindeua, de onde saí apolpa triturada e desidratada para a fábrica de Maceió, onde sãofabricados os produtos finais da marca, como o leite, o coco raladoe a água de coco Socôco que atende 40% do mercado nacional deprodutos alimentícios derivados do coco. A fábrica e a fazenda,juntas, empregam 1.600 pessoas. A produção de água de coco,Quero Coco, é produzida em Ananindeua e tem uma produçãomensal de 180 mil caixas, de 27 unidades de garrafas. A matéria-prima produzida em Ananindeua atende 75% das necessidadestotais da empresa, sendo o Sul e Sudeste responsáveis por 68% dasvendas da empresa, com maior incidência para o coco ralado. ASocôco foi fundada em 1966, com a produção do Coco RaladoSocôco e está presente há 15 anos no Pará.

A Fazenda da Socôco, em Moju, bateu recorde deprodutividade na safra de 1999/2000 com 140 frutos/árvore de cocoindustrial (Ferreira, 2000c). O recorde mundial monitorado peloinstituto francês Institut de Recherches pour les Ouiles etOleagineux (lRHO), em diversos países da Ásia e da África é de120 frutos/árvores/ano. A Socôco produz 10 mil toneladas ano decoco ralado, 1,3 milhão de litros de leite de coco através da Socôco

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e 40 mil litros/dia de água de coco pela Amacoco e implantou aAmafibra, no dia 26 de maio de 2001, um investimento de 5,5milhões de reais, que vai produzir 120 mil m3 de pó da cascaexterna do fruto para substrato agrícola (Indústria ..., 2001;Mesquita, 2001).

A tendência mundial do confinamento da agriculturalargamente difundido na Europa, Estados Unidos e Canadá éproduzir cada vez mais frutas, legumes e hortaliças em grandesestufas utilizando substratos vegetais (Ferreira, 2000c). Na cidadede Elejido, na Espanha existem 35 mil hectares de estufas que fazdaquela região espanhola a maior produtora de legumes e verdurasda Europa, tudo a base de substratos vegetais. Grupos holandeses eespanhóis estão interessados na produção de substratos vegetaisbem como produtores agrícolas brasileiros para a formação demudas de laranja, eucalipto, algodão, café, flores e hortaliças.

o Sindicato Nacional dos Produtores de Coco do Brasil(Sindicoco) apresentou denúncia na Procuradoria Geral daRepública quanto a importação de coco com grande incidência depragas. As importações de coco em 1999 chegaram a 9 miltoneladas, através de triangulações irregulares de locais que nãoproduzem coco corno a Suíça e Chile (Franco, 2000).

o Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia(POEMA) ampliou o projeto de utilização da fibra de coco,principalmente, na fabricação de acessórios para a indústriaautomobilística (Silva, 2000). A fábrica Poematec Fibras Naturaisfoi inaugurada no dia 7 de março de 2001 no município deAnanindeua, criada pelo Poema, utilizando tecnologia alemã nobeneficiamento da fibra (Soares, 2001 b). A fábrica recebeuinvestimentos de R$ 8 milhões, sendo metade da Daimler-Chryslerna forma de equipamentos e desenvolvimento de tecnologia, doFNO e do Fundo de Desenvolvimento do Estado (FDE).

A fábrica terá capacidade de processar 75 toneladas defibra de coco/mês, produzirá encostos de bancos, manta de assento,cama leito de caminhão e sofá-cama, e na área de jardinagem e de

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colchões, uma vez que a demanda da Mercedes Benz sócompromete 60% da capacidade da fábrica (Silva, 2000).

o aproveitamento da casca de coco representa umaalternativa de renda para 700 famílias de 23 municípios do Estadodo Pará. A Poematec vai produzir 25 mil toneladas de artefatospara indústria automobilística gerando 50 empregos e faturamentode R$ 900 mil por ano, sendo que a meta é atingir 80 mil toneladase geração de 150 empregos (Soares, 2001a).

Os pequenos produtores ficarão encarregados de fornecera casca dos frutos secos para as fabriquetas instaladas nosmunicípios de Soure, Salvaterra e Ponta de Pedras, Marapanim,Capanema, Castanhal, Capitão Poço e Moju (Soares, 200Ia). Juntasas 8 unidades vão beneficiar 1,2 milhão de frutos/mês, produzindo8 toneladas de fibra que irão direto para as máquinas da Poematec.A fábrica da Poematec terá capacidade para produzir 100 mil peçaspor mês.

A revitalização dos coqueirais no município de Ponta dePedras, no Marajó, com mais de trinta anos, com plantios de arroz,feijão e milho e abacaxi, com aplicação de fertilizantes químicos,conseguiu elevar a produtividade de 60 frutos de coco/hectare para13.200 frutos por hectare depois de 4 anos. A produtividade decaupi foi de 900 kg/ha, abacaxi 2,6 t/ha, milho 2 t/ha e arroz 2,5t/ha (Ferreira, 2000b).

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Coqueiros produzem mais no Marajó. GazetaMercantil Pará, Belém, 24 mai. 2000a. p.6.FERREIRA, R. Socôco investe R$ 10 milhões no Pará para dobrara produção. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 4 out. 2000b. p.l.FERREIRA, R. Socôco vai aumentar em 100% sua área plantadano Moju. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 2 mai. 2000c. p.1.FRANCO, L. Produtor tenta limitar importação de coco. GazetaMercantil, São Paulo, 21 mar. 2000. p.B-24.

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INDÚSTRIA reforça o ciclo de reciclagem de coco no Pará. OLiberal, Belém, 28 maio 2001. p.6.MESQUITA, L. Socôco inaugura amanhã sua terceira fábrica emAnanindeua. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 25, 26 e 27 de maio2001. p.l.SILVA, C. Projeto amplia uso da fibra de coco. Gazeta MercantilPará, Belém, 5 jun. 2000. (Especial Meio Ambiente, p.6).SOARES, R. Agroindústria do coco gera renda para 4 mil pessoas.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 6 mar. 2001 a. p.1.SOARES, R. Poema tec inicia produção com 25 mil toneladas deartefatos. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 8 mar. 2001b. p.1.WWW.sococo.com.br

6.6 Guaraná

Para atender a expansão da nascente indústria de suco delaranja em São Paulo, com problemas de mercado, o então Ministroda Agricultura Cirne Lima, implementou a Lei dos Sucos atravésdo Decreto-Lei 5.823, assinado em 14/1111972. Essa Leiestabelecia que todo refrigerante, que levasse o nome do produtonatural, deveria conter limites máximo e mínimo para proteger oconsumidor contra produtos artificiais, muito em voga naquelaépoca. A conseqüência da Lei dos Sucos foi a oligopolização dasgrandes indústrias de refrigerantes, uma vez que as pequenasindústrias baseadas em sucos artificiais não tiveram condições deatender a legislação.

No caso do guaraná, o cumprimento dessa legislação criouuma grande demanda por esse produto, uma vez que estabeleciaquantitativos de 0,2 grama a 2 gramas de guaraná para cada litro derefrigerante. No caso do xarope de guaraná, a quantidade variavade 1 grama a 10 gramas de guaraná para cada litro de xarope. Pode-se observar que, em ambas as situações, a quantidade de guaranáentre o mínimo e o máximo permitido legalmente é de 10 vezes.Essa variação pode ser vista comparando os percentuais do guaranáTaí que contem 0,2 grama/litro (0,02%) de refrigerante, o Tuchauá1,10 grama/litro (0,11 %).

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A produção de guaraná até o advento da Lei dos Sucos eradecorrente da coleta extrativa e de plantios semidomesticados,concentrados nos municípios de Maués e Manacapuru, no Estadodo Amazonas. Essa produção, por várias décadas, permaneciaestacionária entre 200 a 250 toneladas/ano. Com o advento da Leidos Sucos desencadeou-se uma grande febre pelo plantio doguaraná, em que a escassez de conhecimentos tecnológicos sobre acultura obrigou a tentativa de copiar técnicas de cultivos do cacau edo café e da experiência dos produtores, além dos esforços que arecém-criada Embrapa, dos Estados do Amazonas e Pará,procuraram efetuar para a sua domesticação, numa corrida contra otempo.

A expansão da cultura do guaraná, nesse primeiro ciclo,procurou atender, principalmente, o mercado interno derefrigerantes e como produto geriátrico. Quanto ao primeiro, emface da elasticidade da concentração permitida entre o mínimo e omáximo, da concorrência com outros refrigerantes e de questões desabor, o mercado foi rapidamente preenchido. No que concerne aoaspecto geriátrico, o teor de cafeína encontrado na amêndoa doguaraná, cerca de 4,5%, representando em torno de quatro vezes oconteúdo desse a1calóide no próprio café, terminaram levando acertas precauções quanto ao seu uso. Isso fez com que a produçãode guaraná estabilizasse em 2.300 toneladas anuais, porém, quasedez vezes a produção durante a fase extrativa.

Em termos de localização, a produção impulsionada pelaLei dos Sucos, determinou uma grande expansão dos plantios dessacultura nos Estados do Amazonas e Bahia, levando este último aconcentrar 60% da produção brasileira até 1997. Há uma tendênciarecente da volta da concentração da produção de guaraná para oEstado do Amazonas, a partir de 1998, que deverá suplantar aprodução baiana.

o segundo boom do guaraná na Amazônia parecedescortinar com a fusão da Companhia Antárctica e da CompanhiaCervejaria Brahma, ocorrida em 1"julho de 1999, que resultou naCompanhia de Bebidas das Américas (AmBev), que a imprensa

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Como o guaraná está associado, também, a venda daimagem da Amazônia, que passou a constituir-se em um novoproduto que já está sendo explorado. Para produzir e exportar oguaraná, as indústrias de refrigerantes estão se comprometendo autilizar somente frutos de plantações desenvolvidas na Amazônia eem que se adotem normas de respeito à ecologia e à biodiversidade.Este aspecto, com toda certeza, reduzirá o impacto da expansão dosplantios de guaraná na Bahia. Aos legisladores cabem a tarefa deevitar que a região seja mera fornecedora de matéria-prima, mas ade estimular o máximo possível o seu processo de verticalização naAmazônia e planejar sua expansão.

enfatizou como sendo a primeira multinacional verde-amarela.Posteriormente, o acordo que a AmBev efetuou com a Pepsico Inc,assinado em 21 de outubro de 1999, em que o Presidente FernandoHenrique Cardoso foi o primeiro a tomar conhecimento dessanovidade, comprometendo-se a distribuir o guaraná para mais de175 países, indicam a transformação desse produto em escalaplanetária. Nesse acordo pretende produzir e exportar o guaranáproduzido na Amazônia que adotem normas de respeito à ecologiae à biodiversidade (Agora ... , 1999).

As opções que se colocam em termos da expansão dacultura do guaraná é que no ano 2005 o guaraná Antárctica seja odono de 1% do bolo mundial do mercado de refrigerantes, hojelimitado ao Brasil, que responde por 0,5% do total mundial. Issosignifica a necessidade de efetuar um programa escalonado deplantio de guaraná, cuja primeira perspectiva, seria a de dobrar aatual produção, que resultará na geração de novos empregos eoportunidades através da ampliação da área de plantio de guaraná.O apelo ecológico e energético dessa fruta da Amazônia e a suaentrada no cenário internacional, através das mãos da Pepsi, podetornar o guaraná em novo produto universal, da mesma formacomo o café tornou-se símbolo nacional.

Outro é o lado místico que essa cultura apresenta, queimpressionou von Martius, na sua viagem pela Amazônia em 1818-1820, quando batizou essa planta, utilizada pelos índios Maués e

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Andirás, na forma de bastão e ralado na língua do pirarucu. Assim,desde o lançamento pioneiro, em 1907, do guaraná Andrade, emManaus, seguindo-se a nível nacional, do guaraná Antárctica em1921 e do guaraná Brahma em 1927, tudo indica que o guaraná vaise tomar um refrigerante universal. Os produtores da Amazôniadevem ficar sintonizados com essa perspectiva e a necessidade doaprimoramento tecnológico. O mundo tem sede e a perspectiva éque o negócio de bebidas vai dobrar na próxima década.

O Brasil é o único País do mundo a produzir guaraná emescala comercial e praticamente toda a produção nacional éconsumida no mercado interno. Cerca de 70% são absorvidos pelaindústria de refrigerantes, aproximadamente 15% sãoindustrializados para a venda na forma de bastão, e o restante, naforma de xarope, pó ou extrato para exportação e para a indústriafarmacêutica. O alto conteúdo de cafeína (4,3% a 4,7%) muitosuperior a do café (0,8 a 1,3%) tomou-se restrição para acomercialização nos Estados Unidos.

Em 1975, no município de Camamu, foi implantada aAgro-Brahma S.A. com uma área de aproximadamente 1.250hectares, dos quais 255 hectares plantados com cerca de 115.000guaranazeiros (O sabor. .., 1985). A Companhia Antactica Paulistapossui uma fazenda em Maués de 1.070 hectares desde 1963, queem 1972, foi transformada em Sociedade Agrícola Maués(Samasa). O crescimento do consumo de refrigerantes no Brasilcresceu de 26,5 litros/habitante/ano em 1992 para 41,7litros/habitante/ano em 1996. A maneira mais tradicional depreparação do guaraná para consumo é na forma de bastão para serralado na língua de pirarucu.

As normas e padrões sobre a classificação do guaranáestão regulados pela Portaria 70, de 16/03/1982, do Ministério daAgricultura.

Em 1982, foi criado o Programa Nacional de Estímulo aoDesenvolvimento da Cultura do Guaraná, pela Secretaria deProdução Rural do Estado do Amazonas (Sepror), que tinha como

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meta estabelecer 16.000 hectares de guaraná no Estado doAmazonas no quadriênio 1982/85, chegando apenas 4 mil hectares(O sabor ..., 1985). As exportações de 1980 para 1984 de guaranásob diversas formas passaram de US$ 656.172 para US$ 4 milhões.

O objetivo da AmBev é conquistar 1% do mercadomundial de refrigerantes em cinco anos que representa uma fatia de700 milhões de dólares (Aires, 1999). O guaraná Antáctica estáentre os 15 refrigerantes mais vendidos no mundo e possui apeloecológico e o sabor diferente. As vendas globais da Pepsi em 1998chegaram a US$ 22 bilhões, com lucro operacional de US$ 2,6bilhões e possui uma fábrica em Manaus onde sai o concentrado deseus refrigerantes.

O negócio de bebidas vai dobrar na próxima década, asvendas da Coca-Cola no mundo é de 1 bilhão de latas e garrafas deCoca-Cola ao mesmo tempo em que para cada Coca-Cola vendidaas pessoas bebem 47 doses de outros refrigerantes (Ivester, 1999).

A Embrapa Amazônia Ocidental lançou em 1999, asvariedades BRS-Amazonas e BRS-Maués, resultado de umprograma de melhoramento genético iniciado deste 1976. A BRS-Amazonas possui ramos curtos e tolerância à antracnose, principaldoença do guaranazeiro causada pelo fungo Colletotrichumguaranicola, a produtividade média de sementes torradas podealcançar 1,49 kg por planta/ano.

A BRS-Maués foi selecionada na área da Fazenda SantaHelena do Grupo Antactica, possui ramos longos e tolerância àantracnose e ao superbrotamento (doença causada pelo fungoFusarium decemcellulare) e a produtividade pode alcançar 1,55 kgde semente torrada por planta ano (Guaraná ..., 1999).

A Embrapa Amazônia Ocidental lançou no dia 29 denovembro de 2000 dez novos clones de guaraná somando aos 12 jálançados em 1999. A resistência à antracnose, precocidade, ramoscurtos, são algumas das características dos diversos clones lançados(Tupinambá,2000).

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A produtividade dos cJones lançados pela EmbrapaAmazônia Ocidental está entre 400 a 600 quilos/hectare em relaçãoaos 100 kg obtidos nos plantios tradicionais. A produção brasileiraé de 3,6 mil toneladas de frutos/ano, sendo a Bahia o maiorprodutor _com 1,8 mil tonelada, seguido do Amazonas com 1.300toneladas. Os ataques de doenças, a baixa qualidade das mudasplantadas e a falta de renovação dos plantios reduziramdrasticamente a produtividade das lavouras. Mais de 70% daprodução vai para as indústrias de bebidas e o restante para asindústrias farmacêuticas (Romero, 2000b). A Embrapa AmazôniaOcidental está pensando em ampliar a capacidade de produção de100.000 mudas ano para 200.000 mudas em 200 l.

O lançamento das variedades cJonadas BRS-Amazonas eBRS-Maués distribuídas pela Embrapa Amazônia Ocidental chegaà fase adulta em 1,5 ano, metade do tempo normal e produz 16 a 24quilos de cafeína por hectare, em relação ao rendimento de 1,6 a 4quilos por hectare dos plantios tradicionais. As mudas têm umaprodutividade de 400 quilos de sementes por hectare (Romero,2001a). Em Maués sai 70% da produção amazonense, que em 2000deve ficar em 700 toneladas de sementes torradas.

No município de Maués, na Fazenda Santa Helena, estãoas plantações da AmBev com 1.020 hectares plantados, dos quais30% já tem mudas cJonadas e respondem por 60% da produçãoestadual. No município de Presidente Figueiredo, a 107 km deManaus detém as plantações da Coca-Cola com 650 hectares e doGrupo Santa Claúdia com 80 hectares (Romero, 2000a).

Para suprir a demanda de matéria-prima a AmBevdepende ainda da produção dos municípios de Maués, Boa Vista deRamos, Barreirinha e Urucará. No ano da fusão, o preço do guaranácaiu para R$ 4,80/quilo e em 2000, o preço já alcançava R$ 6,00 ..Os índios Saterê-Mawé, da região de Maués, dependem daprodução de guaraná para a sua sobrevivência, tendo exportado 10toneladas em 2000 que foram negociadas com a organizaçãoeuropéia de Comércio para o Terceiro Mundo (CTM), da Itália(Valéria,2000a).

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No período de 7 a 10 de março de 2000 foi realizado emChiba, Japão, a 25' Feira Internacional de Alimentos e Bebidas(Foodex 2000), que reuniu 2,6 mil expositores de todo o mundoatraindo 94 mil visitantes. Nessa Feira, houve interesse dosempresários japoneses na importação de guaraná e isotônicos e ainstalação de uma fábrica de produtos farmacêuticos em Manaus(Medina, 2000). Houve a participação de 7 empresas do Amazonas,nos quais foram efetuados acordos para exportação de derivados deguaraná, polpa de cupuaçu, estimando o mercado em 1.500toneladas por ano (Medi na, 2000).

A Associação Mauesense das Indústrias do Guaraná inNatura, espera que dentro de poucos anos, a produção de guaranáno município de Maués alcance 600 toneladas, da atual produçãode 280 toneladas em 1999, que representa 70% da safra doAmazonas (Mota, 2000). Na Bahia existem 1,6 mil pequenosprodutores em 11 municípios do Estado, que faturam, no total, R$5,4 milhões por ano (Mota, 2000). Em 1999, a safra do Amazonasque é colhida entre outubro e dezembro foi de 2.370 toneladasenquanto a da Bahia foi de 2.524 toneladas.

Em 1999, no Amazonas a produtividade saiu de 235kg/hectare de 1998, para 363 kg/hectare, um crescimento de54,47%, enquanto na Bahia, a produtividade é de 499 kg/hectare(Amazonas ..., 1999).

A Sucasa, empresa sediada em Castanhal, implantada comum investimento de R$ 6 milhões, exportou em janeiro de 2001, aprimeira partida de 21 toneladas de um energético a base de açaí eguaraná em sacos plásticos de 100 gramas que irão direto paralanchonetes e prateleiras de supermercados dos Estados Unidos, novalor de US$ 45 mil (Ferreira, 2001).

o Estado do Amazonas através do Instituto deDesenvolvimento Agropecuário do Amazonas (IDAM) e aEmbrapa vão distribuir 250 mil mudas de guaraná aos produtoresde Maués, Boa Vista do Ramos e Urucará (AM ..., 2001). Aempresa Amazônia Biotecnologia de Plantas instalada no

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Amazonas tem capacidade para reprodução de clones de plantasfrutíferas (Valéria, 2000b).

No caso do guaraná a verdade é que se vende muito mais ofolclore em torno do guaraná do que o produto em si (Pinto, 1999).O mercado de em guaraná em pó praticamente estabilizou-sedepois da proibição do produto nos Estados Unidos, no início dadécada de 90, pelo excesso de cafeína. Em 1998, a empresa DuarteFonseca & Cia. Ltda. dona da marca Globo vendeu 360 milpatinhos de 100 gramas de guaraná comercializadas no País. Noperíodo de 26 a 28 de novembro de 1999 foi realizada em Maués aXXFesta do Guaraná.

Na cidade de Taperoá, a 300 km de Salvador, a empresaNaturkork e Naturwaren - Import & Grobhandel adquire o guaranáorgânico, reconhecido pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e exportapara a Alemanha (Aragão, 2000). Em 1995 foi feita a primeiraexportação de 2 toneladas de guaraná orgânico e em 1999 (3,5 t) eem 2000 (4 t) foram exportadas para a Alemanha. A empresaadquire aproximadamente 7 toneladas de guaraná orgânicoproduzido por 21 produtores que cultivam o guaraná orgânico noProjeto Onça. Enquanto sem o selo do IBD é vendido a R$ 1,50 oquilo, a mesma quantidade exportada sai por US$ 7,00, sendo queem 1999 chegou a ser vendida por US$ 14,00.

Referências consultadas

AGORA, o mundo vai pedir o sabor do Brasil. Veja, São Paulo, 27out. 1999.AIRES, L. Pepsi distribuirá guaraná. Gazeta Mercantil Latino-Americana, São Paulo, 25 a 31 out. 1999. p.3.AM distribui 250 mil mudas de guaraná. Gazeta Mercantil Pará,Belém, 28 mar. 2001. p.6.AMAZONAS volta a liderar a produção de guaraná. GazetaMercantil Pará, Belém, 29 novo 1999. p.4.ARAGÃO, C. Guaraná orgânico sai do Sertão para a Alemanha.Gazeta Mercantil, São Paulo, 8 novo 2000. (Suplemento Especial

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6.7 Urucum

Agricultura Irrigada, p.15).FERREIRA, R. Sucasa exporta energético à base de açaí e guaraná.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 21 mar. 2001. p.l.GUARANÁ BRS-Amazonas e BRS-Maués. Manaus, 1999. 4p.(Folder).HOMMA, A. Guaraná: novo boom para a Amazônia ? GazetaMercantil, Belém, 22 dez. 1999. p.2.IVESTER, D. °mundo tem sede. Veja, São Paulo, 20 out. 1999.p.1l-15.MEDINA, E. AM exportará cápsulas de guaraná. GazetaMercantil Pará, Belém, 17 abr. 2000. p.4.MOTA, C. Ambev distribui mudas de guaraná. Gazeta MercantilPará, Belém, 16 maio 2000. p.4.O SABOR dos trópicos. Informação semanal Cacex, 20(968):2-6,Rio de Janeiro, 14 out. 1985.PINTO, T. Guaraná Globo sai da sombra aos 61 anos. GazetaMercantil, São Paulo, 7,8 e 9 de mai. 1999. p.C-6.ROMERO, S. Embrapa desenvolve o "superguaraná". GazetaMercantil, São Paulo, 28, 29 e 30 jul. 2000a. p.B-20.ROMERO, S. Embrapa desenvolve variedades de guaraná. GazetaMercantil, São Paulo, 27 dez. 2000b. p.B-18.TUPINAMBÁ, M.J. Mais dez clones de guaraná entram nomercado. Folha da Embrapa, Brasília, 8(43): 10, novo 2000.VALÉRIA, M. Clones mudam agricultura amazonense. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 ago. 2000b. p.4.VALÉRIA, M. Guaraná plantado pelos índios vai para a Europa.Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 jul. 2000a. (Por Conta Própria, p.6).

°Brasil é atualmente o maior produtor mundial e terceiroexportador mundial de sementes de urucum. Outros paísescompetidores são o Quênia e o Peru. No Brasil, São Paulo é omaior produtor, seguindo-se a Paraíba e vindo o Estado do Pará emterceiro lugar. Os maiores compradores do Brasil são os EstadosUnidos, a França, a Inglaterra, a Venezuela e o Japão. Durante adécada de 70 houve uma grande expansão de plantios de urucum

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no nordeste paraense, que levaram frustração pela inexistência demercado.

A primeira colheita verifica-se 13 meses após o plantio,estabiliza ao sexto ano, obtendo-se uma produtividade de 1.500quilos/ha de sementes secas. A densidade dos plantios varia deacordo com o espaçamento adotado, podendo variar de 357plantas/ha para grandes plantios para facilitar a mecanização até714 plantas/ha para unidades familiares.

Utilização da descachopadeira, separa as semente ou grãoda cápsula, separa impurezas e ventila, que apresenta umrendimento de 200 kg de sementes por hora. Das sementes se extraío corante utilizado na alimentação, rações, têxteis, farmacológicose cosméticos. Os preços recebidos pelos produtores é de R$ 78,00por saca de polietileno de 50 kg.

Existem diversas empresas que executam obeneficiamento nas regiões produtoras do Estado do Pará. Hánecessidade de avançar no processo de extração do princípio ativo,a bixina, através do qual poder-se-á aumentar seu valor agregado.

A Aveda Incorporation, uma fabricante de cosméticos dosEstados Unidos está adquirindo urucum dos índios Yawanawá,localizado no município de Tarauacá, Acre (Amadori, 2001).

Referências consultadas

AMADORI, R. Óleo de andiroba em escala industrial no Acre.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 16 maio 2001. p.3.CASTRO, c.n., MARTINS, c.s., FALESÍ, i.c., NAZARÉ,R.F.R.; KATO, O.R.; STEIN, R.L.B.; VENTURIERI, M.M. A culturado urucum. Brasília, EMBRAPA-SPI, 1994. 61p. (Coleção Plantar, 20).

6.8 Borracha

O volume de produção de borracha natural no mundo é de5,7 milhões de toneladas, concentrada na Tailândia, Indonésia e

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Malásia, refletindo a participação da pequena produção, comopredominante, representando quase 95% da produção mundial,restando, para o Brasil, em conjunto com os demais países daAmérica Latina, a participação de cerca de 1,2%.

o Brasil iniciou as importações de borracha vegetal em1951 e eqüivale, atualmente a 85% do seu consumo, representando100 mil a 120 mil toneladas de borracha vegetal do Sudesteasiático. Isso indica que a região amazônica poderia incentivar oseu plantio em áreas de escape ou em outras áreas do País,equivalente a 120 mil hectares, com possibilidade de gerar renda eemprego para mais de 60 mil famílias, sem considerar aspossibilidades de crescimento.

Os Estados de São Paulo, Mato Grosso e Bahia, juntasproduziram 60 mil toneladas de borracha que somadas as 10 miltoneladas produzidas nos outros Estados não foram suficientes paraatender a demanda de 150 mil toneladas/ano (Valéria, 1999). Aprodução de borracha sintética, no Brasil, com 342 mil toneladas, écerca de seis vezes maior que a produção de borracha natural.

A Organização Internacional da Borracha Natural (INRO)que agrupava seis países produtores e 17 nações consumidoras deborracha, encerrou suas atividades em 13 de outubro de 1999(Cordeiro, 1999).

O Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado dasPopulações Tradicionais (CNPT) inaugurou em Porto Velho umausina de beneficiamento de borracha com capacidade paraprocessar 1.500 toneladas de borracha/ano, ou 120 t/rnês, devendobeneficiar cerca de 3 mil famílias de seringueiros nos municípiosde Guajará-Mirim e Machadinho do Oeste que vendiam toda aborracha bruta para Mato Grosso e São Paulo (Valéria, 2000b). Ausina de Porto Velho custou R$ 800 mil e foi financiada peloMMA e será administrada pela Cooperativa dos SeringueirosExtrativistas de Rondônia. Já foram construídas duas usinas noAcre e outra no Pará, que juntas produzem 120 r/mês.

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o Projeto de Assentamento Luís Lopes Sobrinho, umaárea de 4,4 mil hectares no município de São Francisco do Pará,que ocupou a área da Paracrévea Borracha Vegetal SI A, razãosocial a partir de 1975, foi invadida em 1996, decorrente no atrasodos pagamentos dos salários (Cooperativa ..., 1999). Possui 150 milseringueiras que estão produzindo 35 toneladas de borrachaprensada por mês e possui 273 famílias assentadas. O Incradesapropriou a área em agosto de 1998 e cada família recebeu R$1.025,00 em crédito de fomento e mais R$ 400,00 em crédito dealimentação.

A Fiocruz está pensando em localizar uma indústria depreservativos em Xapuri, no Acre, com capacidade de produzir95,4 milhões de unidades ano, consumindo 17,5 toneladas deborracha/mês que serão adquiridas de 70 associações (Valéria,2000a). Dessa forma a Secretaria Estadual de Floresta eExtrativismo prega a modernização do extrativismo.

O couro vegetal produzido artesanalmente por índios dastribos Kaxinawá e Yawanamá e seringueiros podem serencontrados em algumas das mais badaladas e famosas lojas domundo (Cardoso, 1998). É o caso da renomada e tradicional grifefrancesa Maison Herrnês, com sede em Paris, que transforma amatéria-prima feita pelos nativos brasileiros a partir do látexextraído das seringueiras em pastas para empresários e outrosartigos de luxo. Apesar de ser mais conhecida no País pelas suasgravatas e lenços, a Herrnês, fundada há 180 anos, tem fortetradição em artigos de couro. O acordo com a grife parisiense e oBrasil só foi .possível graças ao "Projeto Couro Vegetal daAmazônia", programa desenvolvido há três anos pela empresacarioca Couro Vegetal da Amazônia SI A, responsável pelacomercialização do produto em parceria com duas reservasindígenas do Acre, Kaxinawá, no rio Jordão e Yawanawà, no rioGregório e mais duas reservas extrativistas, localizadas no AltoJuruá, no Acre e em Boca do Acre, no Amazonas. Com umcontrato firmado até 2008, a Couro Vegetal comercializa o produtosob a marca Treetap, compra dos produtores por cerca de R$ 6,00por um par de lâminas de couro (80 em x 60 em), o equivalente a

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dois litros de látex. Estes dois litros produzem um quilo deborracha seca que consegue vender por no máximo R$ 0,70. Estecouro está sendo comercializado a razão de R$ 5,00 a R$ 10,00/m2,

conforme a espessura do couro (COURO ..., 2001).

Foi lançada a sandália D' Árvore no dia 20 de janeiro de2001 durante o Rock in Rio no desfile "A moda por um mundomelhor". O produto é resultado da parceria entre a Cooperativa dasAssociações de Produtores de Epitaciolândia e Brasiléia (CAPEB),do Acre e a WWF-Brasil e o Instituto Ecoamazon, através doProjeto de Desenvolvimento e Marketing de Produtos Naturais e aAmazonLife detentora da marca Treetap de couro vegetal. OProjeto Couro Vegetal da Amazônia é realizado desde 1991,através da parceria da AmazonLife, Instituto Nawa para oDesenvolvimento do Extrativismo Sustentável na Amazônia e trêsassociações de produtores do Acre. Com essas sandálias seriapossível aumentar a renda dos seringueiros em sete vezes,atualmente o faturamento médio anual do seringueiro é de R$900,00. O custo de produção da sandália é de R$ 35,00 e vai servendido a R$ 95,00 (Valéria, 2001).

A Deep E Company, de Portland, Oregon, especialista emcalçados naturalistas está investindo mais de meio milhão dedólares para fabricar no Brasil, nos próximos meses, uma coleçãode sandálias e sapatos de estilo casual com solado de folha clara deborracha obtida dos seringais nativos da floresta amazônica (Pinto,1998).

Referências consultadas

COOPERA TIV A quer agregar valores. Gazeta Mercantil Pará,Belém, 30 jun. 1999. p.6.CORDEIRO, E. Preço da borracha aumenta 17,8%. GazetaMercantil, São Paulo, 21 dez. 1999. p.B-lS.CARDOSO, D. Da Amazônia para as vitrines da Hermês. GazetaMercantil, São Paulo, 20 out. 1998. p.B-24.COURO Vegetal da Amazônia. www.treetap.com.br. 25/04/2001.

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PINTO, T. Sapato amazomco nos pés americanos. GazetaMercantil, São Paulo, 28 dez. 1998. p.C-2.VALÉRIA, M. Acre vai produzir preservativos. Gazeta MercantilPará, Belém, 10 fev. 2000a. p.4.VALÉRIA, M. Extrativistas lançam sandália ecológica. GazetaMercantil Pará, Belém, 11 jan. 2001. p.4.VALÉRIA, M. Seringueira resiste a mal-das-folhas. GazetaMercantil Pará, Belém, 14 out. 1999. p.4.VALÉRIA, M. Usina beneficiará borracha ainda este mês emRondônia. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 10, 11 e 12 mar.2000b. p.4.

6.9 Cana-de-açúcar

A Recofarma Indústria do Amazonas, subsidiária da Coca-Cola, é a maior fabricante brasileira de concentrados pararefrigerantes, bem como a da Brahma, instalada em julho de 1998,da Pepsi-Cola e da maior fabricante mundial de corante decaramelo, a americana Williamson da Amazônia, estão instaladasno Distrito Industrial da Suframa. Com isso deve aumentar ademanda de açúcar mascavo, cuja produção da única usina deaçúcar e álcool da Jayoro, localizado em Presidente Figueiredo, a107 km de Manaus é toda adquirida pela Recofarma desde 1994. AJayoro produz 50% do açúcar produzido no Estado do Amazonas,cuja produção foi de 4.294 toneladas e 2 milhões de litros de álcoolem 1998 (Mota, 1998a; 1998b). A área plantada da usina foi del.300 hectares.

A Coca-Cola está, também, comprando 600 toneladas porano de açúcar mascavo produzido em dois assentamentos do Incrano Amazonas: Uatumã e Canoas. A empresa fornece muda decana-de-açúcar adaptadas ao clima da região e treina famíliasassentadas para o cultivar e beneficiar o produto. Os trabalhos têma participação de técnicos do Incra e do projeto Lumiar e acoordenação geral a cargo da Associação dos Assentados de RioCanoas.

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Pesquisadores da Coopersucar, Instituto de PesquisasTecnológicas e Universidade de São Paulo em parceria com aUsina da Pedra, em Serrana, São Paulo, vem desenvolvendo hácinco anos, a partir de uma bactéria que se alimenta de açúcar, opolímero "poli (3-hidroxi-butirato)" ou PHB que se transforma emplástico que se degrada depois de 180 dias em contato com a terra(Costa, 1999). No Estado de São Paulo, o custo de produção deuma tonelada de açúcar é de US$ 190,00/tonelada em comparaçãocom US$ 480,00 na Europa e US$ 525,00 nos Estados Unidos eUS$ 850,00 no Japão. Para a produção de um quilo de PHBgastam-se três quilos de açúcar.

A distância em relação aos mercados coloca em vantagempara o Estado do Acre envolver-se na produção de culturas comobjetivos energéticos, tais como dendê e cana-de-açúcar. Autilização de óleo de dendê corno substituto de diesel para geraçãode motores elétricos pode ser interessante para o Estado do Acre,cuja dependência nas termelétricas é absoluta. O Estado do Acreconsumiu 10.025.000 litros de álcool carburante em 1995, tantopara carros movidos a álcool corno da obrigatoriedade da misturacom gasolina na proporção de 22%. Considerando que umatonelada de cana-de-açúcar produz 80 litros de álcool (aprodutividade de São Paulo atinge 88 litros) ter-se-á umanecessidade mínima de 2.100 hectares de cana-de-açúcar paraprodução de álcool, considerando uma produtividade de 60 tlha decana-de-açúcar. A expansão da lavoura de cana-de-açúcar para aprodução de álcool e de açúcar representa urna possibilidadedecorrente do seu próprio isolamento e depende de ação políticapara a sua concretização.

Em 1995 foram consumidos no Estado do Acre,124.626.000 litros de óleo diesel, quantia cinco vezes superior aoconsumo de 24.534.000 litros de gasolina automotiva, indicandoseu forte uso corno combustível para as termelétricas. O uso deóleo de dendê para geração de energia terrnelétrica paradeterminados municípios distantes, além de resolver a dependênciado óleo diesel, geraria empregos e renda. A sua viabilizaçãodecorre contudo de políticas públicas nacionais sobre a questão

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energética, problemas tecnológicos quanto a existência de motoresadequados e quanto a utilização de gás natural das reservas deUrucu, localizado no rio Juruá, Estado do Amazonas. Apesar daremota viabilidade quanto a produção de óleo de dendê para finsindustriais, apresenta grandes possibilidades se for concretizada oseu uso como diesel vegetal, para no mínimo 10.000 hectares.

Referências consultadas

COSTA, E.A. Plástico biodegradável chega mercado dentro de umano. Gazeta Mercantil, São Paulo, 15, 16 e 17 fev. 1999. p.A-6.MOTA, C. AM será maior produtor de concentrado. GazetaMercantil Pará, Belém, 8 dez. 1998b. p.3.MOTA, C. Usina de açúcar supera meta de produção. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 dez. 1998a. p.3.

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7. PRODUÇÃODE GRÃos

7.1. Soja

No InICIO do século XX o café proporcionou odesenvolvimento industrial de São Paulo e a partir da década de 60o ciclo da soja, consolidou as economias gaúcha e paranaense,contribuindo para o florescimento dos centros urbanos de médioporte desses dois Estados.

Da produção de 31,6 milhões de toneladas de soja em2000, apenas três grupos, a Bunge Alimentos S/A, ADM e CargillAgrícola S/A abocanharam 60% da safra (Baldi, 2001). A BungeAlimentos S/A adquiriu 23,1 % da produção nacional.

No Brasil existem cerca de 240 mil sojicultoresresponsáveis por mais de 35 milhões de toneladas de soja.Atualmente, o Brasil é o segundo produtor mundial com menos dametade da produção americana, que apresenta limite de suacapacidade de expansão para no máximo de 10 a 15%, cabendo,portanto, a oportunidade futura para o Brasil.

A previsão da produção de soja para a safra 2000/2001 nosEstados do Maranhão, Piauí e Tocantins é de 796,4 mil toneladascom uma área plantada de 317,7 mil hectares. A safra de soja em2001 no Maranhão deverá bater recorde, com produção estimada de600 mil toneladas, 150 mil superior a de 2000, totalizando umaárea de 201 mil hectares (Monteles, 2001).

A CVRD inaugurou o terminal ferroviário de PortoFranco, município localizado a 278 km de Balsas. Até a safra1999/2000 a soja era enviada de caminhão até Imperatriz, a 400 kmde Balsas onde era transbordada para a Ferrovia Norte-Sul que fazo transporte até o terminal de Ponta da Madeira, em São Luís. Onovo terminal permitirá economia de US$ 1,76 por tonelada de sojae a previsão será transportar 620 mil toneladas (Janary Júnior,2001).

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o Grupo Hermasa, associação entre o Grupo Maggi e oGoverno do Estado do Amazonas, exportou 905 mil toneladas desoja no ano 2000, com uma receita de US$ 167 milhões. Possuiuma frota de 33 balsas e seis empurradores com capacidade paratransportar 210 mil toneladas/mês (Soares, 2001).

Apesar do entusiasmo pela cultura da soja no Estado doPará, não conta nem com 5 mil hectares plantados com esta cultura(Fiori, 2001). Falta de pesquisas quanto a melhor época de plantio,conflito com as épocas de plantio e de colheita, terminaramdesestimulando os produtores.

A importância do porto de Santarém é de drenar a sojaproduzida no Mato Grosso, estimada em 2 milhões de toneladasanuais, uma vez que a distância é de apenas 1 mil km, metade docaminho para o porto de Santos (Hessel, 1999). Outro aspecto estárelacionado com o aproveitamento de 250 mil hectares de terrascultiváveis na região de Santarém que, adicionados a dosmunicípios de Oriximiná, Itaituba, Alenquer, Óbidos e Belterrasalta para 400 mil hectares, quase a área dos Estados de Alagoas eSergipe juntos, adicionando um potencial de 1,6 milhão detoneladas.

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Existem 600 mil hectares de áreas degradadas disponíveispara a implantação de um pólo de soja, num raio de 15 a 100 km doporto de Santarém. As vantagens competitivas indicam que o custodo frete do escoamento tomando a região central mato-grossense(município de Sorriso) em direção a Rotterdan, na Holanda,passando pelo porto de Santarém, através de BR-163, teria umdiferencial em relação ao custo do escoamento do produto pelosportos de Paranaguá e Santos de, pelo menos US$ 37,50 e US$33,00 respectivamente.

É possível aumentar em 70 milhões de toneladas aprodução de grãos no cerrado, só com o melhor uso do solo jáocupado (Abramovay, 2000). Dos 200 milhões de hectares de quese compõem os cerrados brasileiros, 35 milhões são pastagenscultivadas, 10 milhões voltam-se ás culturas anuais e 2 milhões

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correspondem a culturas perenes (café e fruteiras) e florestais. Oscerrados respondem por 30% das principais lavouras, além deabrigar 40% do rebanho bovino e 20% do rebanho suíno.

O Mato Grosso é segundo maior produtor de soja do País,com 5,3 milhões de toneladas anuais e o terceiro na produção degrãos em geral, com 14 milhões de toneladas anuais (Pinto, 2000).Quando estiver completamente operacional a hidrovia Araguaia-Tocantins poderá reduzir o custo do frete agrícola dos atuais R$70,00 (US$ 60,86) por tonelada de grãos movimentada por rodoviapara os portos de Santos ou Paranaguá para R$ 12,00 (US$ 10,43)até Belém, que fica à metade de caminho de, por exemplo, EstadosUnidos ou quase 3 mil quilômetros a menos do porto de Rotterdan(Gonzalez, 1998).

A maior certificadora de produtos orgânicos na França, aEcocert, fundada há 11 anos instalou sua sede em Porto Alegre estáiniciando a certificação de soja orgânica da Cooperativa Três deMaio (Cotremaio), no noroeste do Rio Grande do Sul (Gonçalves,2001). Há interesse na certificação de café e laranja em São Paulo,soja no Rio Grande do Sul e do Paraná e carne no Centro-Oeste. AEcocert certificou 6.200 produtores, envolvendo uma área orgânicasuperior a 200 mil hectares e 2.350 indústrias européias. Estaempresa é certificada pela European Acreditation System (EAS),ligado à União Européia. Dos cerca de 100 mil hectares plantadoscom orgânicos no Brasil, 63 mil são certificados pelo InstitutoBiodinâmico (IBD), segundo Dennis Ditchfield, presidente daentidade. O IBD é credenciado pela International Federation ofOrganic Agriculture Movements (Ifoam) e tem a ISO 65,certificação mundial concedida pela Deutscher Akkreditierungsrat(DAR), da Alemanha, similar ao Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A americana FarmVerified Organic (FVO) foi a primeira a abrir suas portas emRecife, no final de outubro de 2000.

O crescimento acelerado do consumo de produtosorgânicos nos países desenvolvidos gera uma disputa acirrada detradings européias e japonesas por soja brasileira cultivada sem uso

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Vendas no Area com % área Número dePaís varejo orgânicos agrícola total fazendas

(US$ (1.000 ha) orgânicasmilhões)

União Européia 6.300 2.822 2,08 107.000Estados Unidos 6.600 900 0,20 5.000Austrália 18 1.736 0,38 2.000Japão 3.000 5 0,10 n.d.Brasil 150 100 0,20 3.500Fonte: Gonçalves (200 I).

de fertilizantes químicos e agrotóxicos (Gonçalves, 2001). Somentena Europa a produção por orgânicos cresce 40% ao ano e seacentuou nos últimos meses com a crise da "vaca louca". Como ademanda supera a oferta nesse mercado, produtores brasileirosestão conseguindo vender soja orgânica a US$ 16,00 a saca (preçono interior do Paraná), quase o dobro das cotações do grãoconvencional. Cerca de 6.500 hectares de soja orgânica foramcertificadas para exportação pelo IBD com incremento de 100%sobre a área da oleaginosa atestada como orgânica na colheitapassada.

Tabela 4 - Área cultivada, número de produtores e mercado de produtosorgânicos no mundo, 2001

Os preços de produtos orgamcos estão em média 40%mais altos que os convencionais. Agricultura orgânica movimentaUS$ 40 bilhões ao ano e o mercado cresce atualmente numa taxaque oscila entre 5 a 50% em alguns países. No caso do Brasil, oíndice de crescimento tem girado em torno de 50%, a área plantadaé de 100 mil hectares e a receita alcança US$ 150 milhões (Tabela4). Desse total US$ 20 milhões provêm do mercado interno e US$130 milhões provenientes de exportações para Alemanha, França eJapão. O Brasil ocupa a 34' posição no ranking internacional com0,2%, atrás da Argentina com 0,22%. Na Europa, por exemplo, ocrescimento é de 25% ao ano, em uma área de cultivo 25 vezesmaior que a do Brasil. Entre 1987 e 1997, a área passou de 250 mil

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hectares para 2,5 milhões de hectares. Na Áustria, a produçãoagrícola orgânica atinge 40% do total cultivado.

Referências consultadas

ABRAMOV AY, R. Preservar para lucrar com o cerrado. GazetaMercantil, São Paulo, 22 mai. 2000. p.A-3.ARAGÃO, C. Novas certificadoras. Gazeta Mercantil, São Paulo,8 novo2000. (Suplemento Especial Agricultura Irrigada, p.lS).BALDI, N. Comércio de grãos é muito concentrado. GazetaMercantil Pará, Belém, 6 mar. 2001. p.4.BUENO, AJ.T. & FRANÇA NETO, J.B.F. A defesa dosprodutores de soja. Gazeta Mercantil, São Paulo, 6 dez. 1999.p.A-3.flORI, M.F. Amazônia pouco receptiva à soja. Diário do Pará,Belém, 8 abril, 2001. p.7.GONÇALVES, J.A. Soja orgânica atrai empresas e grandesprodutores. Gazeta Mercantil, São Paulo, 11 abr. 2001. p.B-14.GONZALEZ, N. Tecnologia alternativa de canais. GazetaMercantil Latino-Americana, São Paulo, 22 a 28 jun. 1998.(Trans'98, p.I8).HESSEL, R. Porto de Santarém atrai indústrias de grãos. GazetaMercantil, São Paulo, 1,2,3 e 4 abr. 1999. p.B-20.JANARY JÚNIOR. Maior safra de soja no Corredor Norte. GazetaMercantil, São Paulo, 31 mar. 1 e 2 abr. 2001. p.B-16.MEDINA, E. Hermasa colhe a primeira safra de arroz. GazetaMercantil Pará, Belém, 18 abro 2000. p.4.MONTELES, F. Balsas espera colher 600 mil toneladas de sojaeste ano. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 9, 10 e 11 mar. 2001.p.l.PINTO, T. Santarém torna-se rota econômica de grãos. GazetaMercantil, São Paulo, 30 mar. 2000. (Energia do Pará, p.3).SOARES, A.R. MAGGI aumenta exportações de soja. GazetaMercantil, São Paulo, São Paulo, 16, 17 e 18 fev. 2001.TELES Pires- Tapajós vai baratear o frete da soja em um terço.Gazeta Mercantil, São Paulo, 3 abr. 2000. (80 anos, p.16).

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8. SEGURANÇA ALIMENTAR

Apesar da ênfase de produzir para a exportação constantenas políticas agrícolas de todos os Estados que compõem aAmazônia Legal, uma componente importante que tem sidonegligenciada refere-se a uma política de substituição deimportações e de segurança alimentar. A capacidade dessasatividades na geração de empregos para o contingente de pequenosprodutores é bastante grande. Estados como o Amazonas e Pará, secontabilizarem a quantidade de arroz, milho, feijão, açúcar, laranja,limão, banana, abacate, hortaliças (tomate, repolho, pimentão),aves, suínos, ovos, leite, queijo, entre os principais, apresentampercentuais de dependência que atingem a 95% de importação dasáreas mais dinâmicas do País, de Estados vizinhos e até do exterior.Essas possibilidades indicam a necessidade de utilização de níveistecnológicos aperfeiçoados, como por exemplo, o uso dahidroponia para a produção de hortaliças como já está acontecendono Estado do Pará. A distância em relação aos centros deimportação desses produtos torna-se em vantagem para diversasunidades federativas da Amazônia desenvolverem essas atividades.Sem falar em produtos enlatados, tais como sardinha, carne e leitee, produtos salgados, todas passíveis de serem substituídas porprodutos in natura produzidas no próprio local. Além de provocarevasão de divisas, perdem-se as oportunidades de emprego e criamum círculo vicioso para a implantação dessas atividades.

A produção de alimentos deve ser um mercado políticocativo dos pequenos produtores, como uma maneira de resolver ageração de empregos para a massa de marginalizados do meiorural. Não se justifica em hipótese nenhuma, importar alimentos deoutras partes do País e do exterior sabendo-se que esses produtospodem ser produzidos a uma distância de 20 a 50 quilômetros dosprincipais centros urbanos regionais.

8.1 Mandioca

Uma das maiores heranças da civilização indígena foi ocultivo da mandioca, iniciada há 3.500 anos, possivelmente

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domesticada pelos tupis na bacia amazônica. Cultura rústica, semmuitas exigências com tratos culturais, os tubérculos podempermanecer no solo e retirado a medida de suas necessidades. Afarinha de mandioca constitui um produto pronto para serconsumido, transportado e armazenado, que influenciarampoderosamente os destinos da civilização.

o Pará é atualmente o maior produtor nacional dessacultura, rivalizando-se com Paraná, Bahia e Maranhão, entre osmaiores produtores. Tomou-se elemento comum da paisagem local,o xleslocamcnto de dezenas de caminhões em direção a Belém eoutros centros urbanos, nas tardes de sextas- feiras, trazendocolonos do nordeste paraense para comercializarem farinha nasmanhãs de sábados em diversas feiras livres da cidade e, o seuimediato retomo. Nas áreas produtoras, para a concretização davenda da farinha, as atividades iniciam a partir da metade dasemana, envolvendo o arranquio da mandioca, o transporte, odescascamento, a ralação, a prensagem para a retirada do tucupi, abusca da lenha, a torrefação, a tintura, o ensacamento, a espera docaminhão que atende as comunidades, entre outros. Dependendo dotipo de farinha a ser produzida (seca, d'água, mista, tapioca), dagoma, do tucupi ou da folha para maniçoba, os caminhos podemser diferentes. Muitas comunidades se orgulham pela qualidade epela tradição de diversos produtos e subprodutos da mandioca.

Altamente intensiva em mão-de-obra, estima-se que paracada três hectares, emprega-se duas pessoas durante o ano,indicando que o cultivo da mandioca esteja gerando mais de 200mil empregos, talvez, a maior fonte geradora de emprego no Estadodo Pará. A produção de farinha de mandioca varia entre 80 a 90sacos de 60 kg, que são adquiridos pelos feirantes e revendidos naforma de litro. A comercialização nas feiras em litros, transforma osaco de 60 kg em 100 litros de farinha, beneficiando-se dessamudança. Isso indica que se os produtores tivessem condições derevender a sua farinha diretamente para os consumidores, poderiamampliar bastante a sua lucratividade.

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Apesar de ser um produto básico da alimentação naAmazônia, sobretudo das populações de baixa renda, a suaimportância não é correspondida em termos de apoio para essaagroindústria familiar. Se remunerar os gastos de mão-de-obra,grande parte familiar ou em mutirão, utilizados na produção defarinha, com o valor do salário mínimo, verificar-se-á que muitomal cobrem os custos de produção, não raras vezes apresentandolucro negativo. Essa é a razão porque determinados produtosagrícolas, como a fabricação de farinha são exclusivos daagricultura familiar, pela baixa lucratividade e altamente intensivosem mão-de-obra.

Há várias políticas que precisam ser desencadeadas paraauxiliar esses produtores que anonimamente vem garantindo oabastecimento deste importante produto. Casas de farinhacomunitárias, mecanização parcial no processo de fabricação dafarinha, tratores e implementos agrícolas, para atendimentocoletivo, e fertilizantes químicos para aumentar a produtividade,melhorar a qualidade e, sobretudo, a infra-estrutura social. Chama aatenção, contudo, pela baixa produtividade no Pará (14toneladas/hectare) e o cultivo em bases mais tecnificadas noParaná, atingindo 22 toneladas/hectare, indicando que seriapossível aumentar a produção de farinha entre 50 até 100%, com aatual área plantada.

Uma das grandes limitações dos atuais produtores defarinha no nordeste paraense refere-se a busca de lenha, que chegaa participar entre 10 a 15% do custo de produção de farinha. Ascapoeiras do nordeste paraense, depois de dezenas de anos dequeimadas e derrubadas sucessivas já não conseguem produzirlenha suficiente para aquecer os fornos das casas de farinha. Issoobriga a busca de lenha ou de resíduos de serrarias em locaisdistantes. Constituindo em clara indicação da necessidade deimplantar programas de reflorestamento para os produtores defarinha.

A entrada recente de grandes supermercados no circuito decomercialização de farinha em Belém, eliminou parcialmente a

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questão de falta de higiene nas vendas em feiras livres. Um dosgraves problemas, que foi alertado em 1993, pelo químico Dr. JoséGuilherme Soares Maia, que, na época, era Diretor do MuseuParaense Erru1io Goeldi, refere-se ao uso de corantes industriais nafabricação de farinha, para dar tonalidade amarela, para tornar maisatrativa. A natureza desses corantes, muitas vezes de qualidadeduvidosa, não tem recebido a sua devida atenção por parte dosconsumidores.

Dez produtores no Vale do Mimoso, na regiao deBandeirantes, 74 km de Campo Grande abateram em janeiro de200 I, o primeiro lote de frango caipira, alimentado com ração àbase de mandioca. Estes frangos vão receber o rótulo de "frangoecológico", cujo custo de produção é de R$ 2,10, pelo longo tempoaté o abate o criador deve vender o frango a R$ 3,00/quilo.

A produção de arroz irrigado nos lavrados (cerrados) deRoraima é um negócio rentável, produzindo 7 mil quilos porhectare. Na safra de 1999 produziram 56 mil toneladas em umaárea cultivada e 8 mil hectares, destinando 80% da produção para oEstado do Amazonas (Pinto, 1999).

Referências consultadas

HOMMA, A. Em favor da farinha de mandioca. GazetaMercantil, Belém, 27 out 2000. p.2.VALENTE, R. MS abate frango alimentado com ração à base demandioca. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 24 jan. 2001. p.6.

8.2 Arroz

A produção de arroz na Amazônia, nas áreas de terrafirme, com exceção dos plantios mecanizados, é feita com aderrubada de floresta densa ou de capoeirões. Isso indica aimportância de utilizar sistemas mais intensivos de uso da terrapara o segmento da agricultura familiar para reduzirdesmatamentos e queimadas. O Estado do Pará é o quarto produtornacional.

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A colheita ocorre 110 dias após o plantio enquanto no Sulo ciclo é de 140 dias. O custo de produção de arroz irrigado emRoraima é 30% mais alto do que em outras regiões do País, devidoa distância dos fornecedores de adubos e fertilizantes, dos quaisvem importando 6 mil toneladas de fertilizantes da Venezuela.

Pela primeira vez desde a criação da Comissão TécnicaNacional de Biossegurança (CNTBio) determinou a destruição deplantas geneticamente modificadas de arroz transgênico resistenteao herbicida Liberty Link mantidas pelo IRGA e a multinacionalAgroEvo do Brasil, em Cachoeirinha, Rio Grande do Sul (Zanatta,1999).

Ao longo da rodovia Belérn-Brasília a partir deParagominas e entrando pela rodovia BR-222 até Marabá, estáexpandindo o cultivo mecanizado do sistema arroz+milho, emáreas de pastagens degradadas. O cultivo do arroz na primeira safrafinancia a recuperação da área, para então iniciar as safras demilho. Este sistema revela-se interessante para recuperar extensasáreas de pastagens degradadas e conter os desmatamentos equeimadas na Amazônia. A existência de grandes plantios dessasduas culturas combina com a de unidades de beneficiamento earmazenamento para estas duas culturas, passou a fazer parte dapaisagem do trecho dessas duas rodovias mencionadas.

O preço de venda de arroz, em 1998 foi de R$ 15,00 e aprodutividade média de cada hectare foi de 60 sacos o que permiteum retorno de R$ 900,00/hectare. O preço da saca de milho é de R$10,00 e a produção média é de 80 sacas por hectares emParagominas (Ferreira, 1998). Um dos resultados indiretos datentativa de expansão da soja no Estado do Pará foi a expansãomecanizada das lavouras de arroz e milho.

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. O sonho de uma Califórnia amazônica na Belém-Brasília. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 20 ago. 1998. (InformeEspecial- Paragominas, p.4).

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PINTO, P. Arroz rende mais em Roraima. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 27 set. 1999. p.B-22.ZANA TIA, M. Arroz modificado será incinerado por ordem daCNTBio. Gazeta Mercantil, São Paulo, 20 e 21 abro 1999. p.B-23.

8.3 Feijão

Os altos preços do feijão caupi na safra 2000 fizeram comque os produtores do Estado do Ceará ficassem estimulados,deixando de importar a produção do nordeste paraense (Fujiyoshi,2001).

Referência consultada

FUJIYOSHI, S. Pesquisa sobre o potencial do agronegócio. GazetaMercantil Pará, Belém, 21 mar. 2001. p.ô.

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9. NOVOS PRODUTOS

9.1 Pimenta longa

Até o início da década de 90, o Brasil era o principalprodutor de safrol quando obtinha o produto pela extração dacanela de sassafrás (Ocotea pretiosa Mezz), em Santa Catarina eParaná. No entanto, a produção não sustentável criava o perigo deextinção da espécie, fazendo com que em 1991, o InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama) proibisse a exploração da canela de sassafrás. De uma horapara outra, o Brasil passou de principal produtor mundial paraimportador. Em todo o mundo, o consumo de safrol excede 3 miltoneladas/ano, mas a oferta do produto encontra-se comprometida.

A pimenta longa (Piper hispidinervumi é uma plantainvasora encontrado normalmente no Vale do Acre (AC). É umplanta arbustiva, rústica, muito exigente a luz e água e que aparececom freqüência em áreas de capoeira. Das folhas e dos talos finos éextraído um óleo essencial com alto teor de safrol.

o safrol é um componente químico aromático utilizadopela indústria como matéria-prima na manufatura de heliotropina(fixador de fragrâncias) e butóxido de piperolina (agentesinergístico nos inseticidas e pesticidas naturais a base depiretrium). Esta espécie tem .alta concentração de teor de safrol(acima de 90%) que é obtido através do óleo essencial extraído dasfolhas e talos finos da planta por meio de um processo dedestilação. No Brasil existem outras duas espécies, a Piperaduncum e a Piper hispidum, no entanto, a concentração de safrolencontrada nestas plantas é tão pequena que inviabiliza a escalacomercial do produto.

Dados preliminares de pesquisas realizadas na EmbrapaAcre revelam que a pimenta longa pode atingir a produtividadeanual de até 200 kg por hectare de óleo essencial com mais de 90%de teor de safrol. O resultado é mais que atraente para o pequenoprodutor, pois o preço no mercado nacional e internacional oscila

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o plantio piloto foi implantado no município de Igarapé-Açu, a 140 km de Belém, numa área de 15 hectares, na comunidadede São Jorge do Jabuti. A renda estimada é de R$ 1 mil por hectareem duas safras por ano, e a demanda brasileira é de uma miltonelada o que exige uma área plantada de 4 mil hectares. O grupoespanhol Destilaciones Bordas Chinchurreta S/A, com sede em

entre US$ 5,00 e US$ 8,00 por quilo. Os trabalhos de pesquisaestão sendo desenvolvidos na Embrapa Acre, Embrapa AmazôniaOriental (PA), Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), emparceria com a Associação de Produtores Unidos Vencedora(Aspruve), em Vila Extrema, Acre e a Associação de ProdutoresAcorda Jabuti, em Igarapé-Açu, no Pará.

O custo de implantação de 1 hectare de pimenta longa é deR$ 2.505,57 e o custo de manutenção de 1 hectare a partir do 2°ano de R$ 803,50. Uma usina para processar 15 hectares é estimadaem R$ 11.600,00. O custo do processamento de um litro de óleo éde R$ 0,83. A receita líquida média por hectare/ano, ou seja,considerando todo o custo de implantação e manutenção de 15hectares durante um ciclo de 6 anos, a construção da usina, acolheita e o processamento do óleo, incluindo salários e encargosde um gerente e um operador necessários para o funcionamento dausina é de R$ 700,00 (Centro ..., 2001).

O preço do óleo no mercado nacional e internacional,varia de 4,5 a 8 dólares (atualmente o preço do produto entregue noParaná é de R$ 10,00). A produtividade no 10 ano é de 100 a 125kg de óleo por hectare e no 20 ano, ou seja, com dois cortes é de200 a 250 kg de óleo. O rendimento de óleo varia de 2 a 2,5%(Centro ..., 2001).

No dia 12 de dezembro de 1998 foi inaugurada a primeirausina de destilação da folha de pimenta-longa para produção desafrol, componente químico aromático utilizado na manufatura daheliotropina (importante fixador de fragrâncias) e do butóxido depiperonila que entra na composição de inseticidas a base depiretrium (Ferreira, 1999).

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Sevilha, também participou da parceria do financiamento atravésda sua filial Geroma do Brasil, que produz heliotropina em PontaGrossa, Paraná.

Na Vila Extrema, no Acre, vão produzir 3 mil quilos desafrol em 15 hectares. A renda obtida é de R$ 700,00/hectare. Oquilo do safrol está cotado a US$ 5,60 (Soares, 1998).

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Empresa espanhola extrai safrol da pimenta-longa. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 18 mar. 1999. p.17.(Edição Especial).SOARES, A.R. Pimenta-longa vira sensação econômica noscampos do Acre. Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 novo 1998. p.4(Oportunidades na Amazônia).CENTRO de informação de pimenta longa.www.embrapa.br/pimentalonga. 20/0412001.

9.2 Curauá

O governo estadual através do Decreto 4.168 publicado noDiário Oficial do Estado do Pará, de 24 de julho de 2000, isentou,temporariamente, a Central de Comercialização de ProdutosAgrossilvopastoris do Lago do Curuai, do recolhimento de ICMS,nas transações com a fibra> e na compra de máquinas eequipamentos necessários à produção.

O Lago Curuai fica localizado no município de Santarémé, no momento, a única a comercializar a fibra de curauá, concentra150 famílias e com uma área plantada de 350 hectares que cultivamessa bromeliácea. Outros municípios paraenses que estãocultivando são Bragança, Ponta de Pedras e Itaituba. A maiorinteressada pelo curauá é a Mercedes Benz, que mantém parceriacom o Poema, cuja demanda potencial pode chegar a 300 tlano queadquire a fibra a R$ 1,00/kg (Passos, 2000).

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Referências consultadas

Existe uma demanda atual de 150 toneladas de fibra decurauá e a produção é de apenas 8 toneladas (Soares, 2001). Nomunicípio de Santarém a meta é ampliar á área plantada em mais100 hectares até o final de 2001, com o apoio do BASA e do Bancodo Brasil.

PASSOS, C. Comércio do curauá isento do ICMS. GazetaMercantil Pará, Belém, 25 jul. 2000. p.l.SOARES, R. Parceria para lançar o projeto curauá. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 fev. 2000. p.6.

9.3 Neen

As primeiras mudas de neen, árvore indiana da mesmaespecie do mogno foram trazidas para o Brasil em 1993 pelopesquisador da Embrapa Belmiro Pereira das Neves, da RepublicaDominicana e plantadas em Goiânia (Diniz, 1999).

Em apenas 2,5 anos após o plantio é possível colher asfolhas e, em quatro anos, a planta produz sementes. O corte podeser feito a partir de 10 anos. No mercado internacional a sementede neen, que rende um extrato mais concentrado que o da folha estácotado a US$ 20,00 o quilo. Cada árvore produz cerca de 30 kg desementes e outros 30 quilos de folhas por ano. A madeira dequalidade equivalente ao mogno está avaliada em US$ 200 por m'.A produtividade é de 1.000m3 de madeira por hectare (Diniz,1999). O BASA pretende financiar através do Pro-Rural cerca de200 projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadasutilizando esta planta. As suas possibilidades estão relacionadascom o crescimento da agricultura orgânica e da necessidade decriar oferta para gerar alternativas.

O mineiro Aniraldo Pereira efetuou o primeiro plantio deneen, localizado próximo a Castanhal, um plantio com 10 milplantas no espaçamento de 3m x 3m e as mais recentes comespaçamento de 6m x 6m com 20 mil plantas (Mendes, 200Ia). A

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estimativa do proprietário é que após quatro anos de plantio cadahectare poderá render R$ 15 mil com a venda de folhas e sementes.Cada lata de óleo pode ser vendida a R$ 70,00 (Mendes, 2001b).

Referências consultadas

DINIZ, M.S. Uma nova alternativa para o mogno. GazetaMercantil, São Paulo, São Paulo, 1 dez. 1999.MENDES, E. Pará descobre potencial do neem, uma árvoreindiana. O Liberal, Belém, 19 fev. 2001a. p.lO.MENDES, E. Árvore indiana para reflorestar. O Liberal, Belém,23 abro2001b. p.lO.

9.4 Cumaru

Inicia-se a produção aos sete anos de idade, não existemplantios racionais de cumaru, apesar da grande distribuição demudas efetuadas durante as décadas de 50 e 60 pelo IAN eatualmente de algumas ONGs como a Sopren, no Estado do Pará.No estado natural, a densidade de ocorrência é de 0,2árvore/hectare.

Aos dez anos a produção de sementes atinge o normal,espera-se uma produção de 3 kg de sementes beneficiadas porplanta adulta com mais de 5 anos de idade, com espaçamento de5m x 5m, obtendo-se 400 plantas por hectare.

o preço do cumaru tem sido vendido pelos coletores aUS$ 3,16/quilo na região da Floresta Nacional de Tapajós, emSantarém, chegando contudo a ser vendido em alguns anos pelosatacadistas a US$ 11,84/quilo de semente. Em 1996, o preço FOBde semente de cumaru para exportação estava cotado a US$4,30/kg.

Apresenta um mercado com amplas possibilidades, face aoesgotamento das reservas naturais de cumaru na região deSantarém decorrente da derrubada para extração madeireira eexpansão da fronteira agrícola. Não se descarta da importância do

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cumaru como árvore de reflorestamento para a produçãomadeireira.

As sementes de cumaru, de onde se extrai a cumarina, têmamplo mercado na indústria de cosméticos, cigarros e charutos,sabonetes finos, como componentes de determinados produtosraticidas.

9.5 Floricultura

o negócio de flores no País movimenta 1,5 bilhão dedólares. Os chineses com mais de 80 mil hectares cultivados,dominam mais da metade da produção mundial, bastante distantedo Brasil com apenas 5 mil hectares (Negreiros, 2001).

O valor ainda é baixo se comparado ao de outrosmercados, mas o consumo per capita de flores no Brasil subiu deUS$ 1,50 para US$ 7,00 nos últimos dez anos (Biscaro, 2000).Entre os aliados nessa trajetória estão os supermercados,hipermercados e home centers que de cinco anos para cá têmaumentado suas áreas de jardinagem e floricultura (Tabela 5). AHolarnbra, uma colônia de holandeses que estabeleceram no Brasilhá 52 anos, produz atualmente, 19 milhões de vasos de violeta, 11milhões de dúzias de rosas, 2 milhões de maços de crisântemos,reunindo 160 produtores e emprega 22,5 mil pessoas na produção.

As oportunidades para a Amazônia são para a floriculturatropical da sua heterogênea biodiversidade. Somente na GrandeBelém e o município de Castanhal, existem 44 produtores de florestemperadas e tropicais (Ferreira, 2001).

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Tabela 5 -Consumo de flores per capita ao ano no mercadomundial

País US$ 1.00NoruegaSuíçaSuéciaDinamarcaItáliaAlemanhaÁustriaHolandaBélgicaFrançaJapãoEstados UnidosArgentinaBrasil

137.00128.00113.00103.00101.0090.0069.0066.0064.0051.0048.0043.0025.007.00

Fonte: Instituto Brasileiro de Flores (Ibraflor)

Referências consultadas

BISCARO, F. Novos rumos para a floricultura. Gazeta Mercantil,São Paulo, 14 jun. 2000. (Por Conta Própria, p.8-9).FERREIRA, R. Floricultura ganha um novo impulso com a feira daSagri. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 14 maio 2001. p.l.NEGREIROS, A. As flores do sertão. Veja, São Paulo, 34(16):94,25 abr. 2001.

9.6 Camu-camu

O camu-camu produz 2.800 mg de Vitamina C por 100gramas da polpa. O Inpa já vem estudando a planta há mais de 15anos e existem 21 mil pés plantados em Tomé-Açu, em faseexperimental (Ferreira, 1999a). No Peru já existem 10 mil hectaresplantados.

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Em Castanhal, Teruo Shimomaebara plantou 1.000 pés decamu-camu (1999b). A Camta enviou uma amostra de 2 toneladasde camu-camu para o Japão e o Laboratório Semprebela, do Rio deJaneiro está utilizando o camu-camu como bálsamo desembaçante,restaurador de cabelos, revigorante capilar e xampu.

Referências consultadas

FERREIRA, P.R. Planta amazônica produz mais vitamina. GazetaMercantil Pará, Belém, 10 fev. 1999a. p.6.FERREIRA, P.R. Cipó é utilizado para reduzir diabete. GazetaMercantil Pará, Belém, 9 ago. 1999b. p.1.

9.7 Inhame

A introdução do inhame em Floresta do Araguaia ocorreuem 1997, por Chico Barbosa, economista de 36 anos formado pelaUFPa que acabou elegendo-se como primeiro prefeito. Trouxe umcaminhão de mudas de inhame da variedade São Tomé, de PortoFranco (MA), como alternativa a monocultura do abacaxi. Aprodutividade é de 15 t/hectare e o preço é de R$ 0,20/kg.

No município de Floresta do Araguaia, a 360 km deMarabá, produziu em 2000, cerca de 3,5 toneladas de cará-inhameem 200 hectares plantados por pequenos produtores, paraexportação para Ceará, Pernambuco e Sudeste (Braz, 2000).

Referência consultada

BRAZ, A. Floresta diversifica sua produção agrícola. GazetaMercantil Pará, Belém, 7 ago. 2000. p.3.

9.8 Jambu e pimenta de cheiro

o jambu planta nativa da regrao amazomca, hortaliçabastante utilizada na farmacologia e culinária e um doscondimentos indispensáveis do tradicional "pato no tucupi". Ojambu (Spilanthes oleracea) provoca um "tremor na boca" uma

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espécie de entorpecimento que para os apreciadores aprimora osabor do jambu.

Em caráter tentativo já está ocorrendo a exportação depimenta de cheiro do Estado do Pará em pequena quantidade para oJapão, com grande sucesso. A distância com relação ao mercadopode induzir o seu plantio em países tropicais mais próximosprovocando a drenagem de recursos genéticos.

Referências consultadas

NUNES, M.C. Nazaré, o jambu que homenageia a padroeira doPA. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 8, 9 e 10 out. 1999. (Círio 99,p.12).

9.9 Brotos de bambu

Empresários de Taiwan estão pensando em investir US$10 milhões no plantio de bambu no Estado do Amazonas paraproduzir 24 mil toneladas de brotos de bambu (Medi na, 1999). Oproduto sairia de Manaus com preço de US$ O,80/quilo. Asoportunidades seriam para atender os países ricos do Sudesteasiático.

Referência consultada

MEDINA, E. Taiwan quer plantar bambu no Amazonas. GazetaMercantil Pará, Belém, 16 novo 1999. p.6.

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10. ATIVIDADE MADEIREIRA

Nesse grupo enquadram-se atividades nos quais mesmo adespeito da desvantagem da distância com relação aos mercadosem comparação com outras unidades federativas do País, aAmazônia tem vantagens comparativas excepcionais. A distânciacom relação aos mercados faz com o preço da terra tenha um baixocusto de oportunidade, aconselhando atividades que sejamaltamente intensivas no uso da terra.

Dessa forma plantios de espécies madeireiras nobres comomogno, teca, cerejeira, cedro e castanha-do-pará, para produção demadeira, devem ser enfatizadas pelas comunidades e prefeiturasmediante fornecimento de mudas para numa perspectiva de médioa longo prazos, terem uma valiosa fonte de recursos. A Amazôniaperdeu quatro décadas na ilusão de que os recursos madeireiroseram inesgotáveis e é necessário recuperar o tempo perdido, paraatender a crescente demanda de madeira no futuro que não pode serbaseada exclusivamente na falácia da contínua incorporação denovas áreas de floresta densa sob manejo florestal. São programascujo custo é bastante modesto, exigindo-se mais paciência e aconscientização das populações, sem muita dependência imediatade infra-estrutura. Como elemento secundário recomenda-setambém o reflorestamento de madeiras de rápido crescimento paraa indústria de compensados. As possibilidades de mercado demadeiras nobres no futuro são muito grandes e a Amazônia nãopode perder essas oportunidades.

o preço da teca em tora está cotado em US$ 800,00/m3,

bem maior que o do mogno cotado a US$ 300,00/m3. Em 1992, porexemplo, o Brasil exportou 244.685 m> de madeira de mognoserrada. Se considerar um plantio de mogno no espaçamento de 6mx 6m, totalizando 277 árvores/ha e uma produtividade de 1,5mê/árvore de mogno, teria um volume potencial de 400 mê/ha.Considerando que desse plantio seria possível obter no mínimo 200mvha, bastaria em torno de 1.250 hectares/ano para atender asexportações de mogno. Se considerar um horizonte de 40 anos,bastaria plantar 50.000 hectares em monocultivo e efetuar um corte

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anual de 1.250 hectares que evitaria as pressões sobre a floresta e oesgotamento dessa espécie. Se for em sistemas agroflorestais, comuma densidade menor, a área plantada de mogno poderia ser 4 ou 5vezes essa dimensão (150.000 a 200.000 hectares) .

. O reflorestamento com teca, no Sudeste asiático, cobreuma área estimada de 2,5 milhões de hectares, dos quais 1,1 milhãode hectares é da Indonésia e ainda planta anualmente 50.000hectares/ano. Os investimentos para o plantio estão estimados emUS$ 1.500,00/hectare e pode proporcionar US$ 160.000,00 porhectare com a produção de 200 m3 de madeira em tora depois de 20anos ou 300 m> em 25 anos. Segundo estimativas, 250.000 m3 demadeira teca são comercializadas no mercado internacional.

10.1 Extração madeireira de florestas nativas

As estimativas variam entre 28 milhões de metros cúbicosa 40 milhões de metros cúbicos de madeira sendo retiradas dafloresta amazônica e, que apenas 20% são autorizadas pelo Ibama(Cardona, 1999). As razões para que isso ocorra vão desde oreduzido número de fiscais do Ibama, apenas 380 em toda aAmazônia, e a falta de empenho dos governos estaduais emunicipais em colaborar com a fiscalização.

O setor madeireiro no País representa 4% do PIB e 8% novalor das exportações e no Estado do Pará é o terceiro no rankingdas exportações, só perdendo para os minérios (Campbell, 2000).Em 1999, a arrecadação do ICMS foi inversamente proporcional,onde o comércio estadual e interestadual de madeira em torarecolheu. R$ 8.249.324,65. Já a cobrança referente ao comércio demadeira serrada e laminada foi de R$ 25.047.722,08. A somadesses dois valores corresponde a apenas 3,18% da arrecadação doEstado.

Em 1998, o comércio de madeira em tora recolheu para oscofres públicos a título de ICMS R$ 7.103.716,78 e de madeiraserrada e laminada recolheu R$ 26.507.247,08, representando umaparticipação de 2,95%.

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Durante a década de 80, Paragominas chegou a abrigar120 serrarias. Novo Progresso, Senador José Porfírio e Portel noEstado do Pará e Novo Aripuanã e Apuí, no Estado do Amazonasdaqui a 30 anos, vão ter o mesmo destino de Paragominas. É naAmazônia que são extraídas 90% da madeira nativa do Brasil. EmEstados como Rondônia, Mato Grosso e Pará, estima que o setorparticipa com 15% na composição do PIB. Em toda a regiãoestima-se que a extração madeireira movimente US$ 2,5 bilhões egere 500 mil empregos diretos e indiretos.

No município de Novo Progresso, Pará, criado em 1991, a370 km da divisa com Mato Grosso, o número de empresasmadeireiras passou de sete para 102, dos quais oito são laminadorase duas faquiadoras (Ferreira, 2000). A comercialização de móveis eartefatos de madeira para o mercado externo rendeu ao Parásomente US$ 2,7 milhões de receita ou 0,17% da pauta deexportações de 1999. Faltam empresas moveleiras e projetos paraaproveitamento dos resíduos, que causam grandes problemasambientais e uma forte dor de cabeça aos empresários.

Mesmo sendo um instrumento de mercado, a certificaçãopoderá conter o avanço da atividade madeireira (Romero, 2000). Aregião oeste do Pará, com a oferta de energia, converteu-se emnovo front de exploração, vem aumentando o número demadeireiras em cidades como Altamira, Itaituba e Brasil Novo. Deacordo com o Instituto de Manejo Florestal e Agrícola (Imaflora),que com a Scientific Certification System (SCC), dos EstadosUnidos, a SGS Forestry Qualifor Program, da Inglaterra, e aassociação da Rainforest AlIiance e a Smart Wood Program, dosEstados Unidos, forma o grupo das cinco entidades credenciadaspara emissão do selo do Forest Stewardship Council (FSC), comsede em Oaxaca, no México.

No dia 31 de março de 2001, as áreas certificadas nomundo somavam 22.165.741 hectares, dos quais apenas 670.266hectares no Brasil. A primeira empresa a ter selo verde naAmazônia foi a Madeireira Itacoatiara Ltda., da Precious WoodAmazon, de origem suíça, com 80.571 hectares e a segunda a

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Gethal Amazonas, de origem gaúcha que foi comprada pelos norte-americanos, com uma área de 40,8 mil hectares no município deManicoré.

A Madeireira Itacoatiara Ltda. iniciou suas atividades emItacoatiara em 1994, desenvolvendo o manejo florestal nos critériosinternacionais conseguiu a obtenção do selo verde em 1997(Valéria, 1999). Com isso conseguiu abrir mercados antes fechadosna Europa. O mundo produz 3,4 bilhões de metros cúbicos demadeira por ano, com faturamento de US$ 400 bilhões e emprega60 milhões de pessoas. Na Amazônia são produzidas 70% damadeira do País e a exportação de produtos madeireiros representa17% do valor total de toda a exportação na Amazônia. O Brasilpossui 1/3 das florestas tropicais remanescentes do mundo e elasestão concentradas na Amazônia e Mata Atlântica.

Com a intervenção do Ibama no Pará, no início de 2000,foram revisados 1.293 planos de manejo, desses, cerca de 800foram suspensos e 300 cancelados (Scharf, 2000). A utilização daspráticas de manejo reduz a taxa interna de retorno de 122% para71 % e pressupõe investimentos iniciais relativamente altos(Rornero, 2001).

O Bndes através do Guavirá Industrial e Agroflorestal,empresa madeireira sediada em Mato Grosso, em uma área de 58mil hectares deu início ao seu primeiro projeto de manejo florestal(Goldberg, 2001). No período de 1991 a 1998, o comércio mundialde produtos primários de madeira tropical decresceu de US$ 13bilhões para US$ 10 bilhões e o segmento de maior valor agregadosubiu de US$ 1 bilhão para US$ 3,8 bilhões.

A empresa paraense Juruá Florestal Ltda., no município deMoju, recebeu no dia 6 de abril de 2001, o certificado florestal doFSC, sendo a primeira empresa madeireira nacional da RegiãoNorte a receber o selo (Souza, 2001). A adoção das normas foi feitaem parceria da Embrapa, Cifor, Fundação Floresta Tropical (FTT),Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, FCAP e o DFID. Nodia 7 de maio, a Cikel Brasil Verde SI A, sediada em Paragorninas,

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Pará, com 140.658 hectares, é a quarta empresa a recebercertificação florestal do FSC. representando a metade das florestascertificadas da Amazônia (Conger, 2001; Fujiyoshi, 2001).

A indústria madeireira de Alta Floresta que respondeu por4,4% das exportações do Estado de Mato Grosso, totalizando R$28,79 milhões começa a mudar com o lançamento do Promadeira,lançado no dia 30 de setembro de 1999, que dá isenção de 85% deICMS (Cordeiro, 1999). A isenção de 85% será total para quemaproveitar o resíduo da madeira, por ser a ponta mais poluentedessa cadeia produtiva e agregar mais tecnologia na fabricação decompensados e tacos. A isenção para fabricação de móveis será95%; para lambris, forros e esquadrias 90%; para madeira serrada eseca, 40%. Do incentivo recolhido a indústria recolhe 7% para umfundo de desenvolvimento do setor, que inclui reflorestamento,formação de mão-de-obra, pesquisas das espécies nativas e designde móveis.

o grupo Trarnontina fundado há 89 anos no município deCarlos Barbosa, no Rio Grande do Sul, está instalado no Pará há 14anos (Bemerguy, 2000). A unidade localizada em Icoaraci produz300 itens diferentes e 650 mil peças mensais entre cabos, pranchas,cavadeiras, tacos, móveis, empregando 400 funcionários. Aprodução mensal é de 15 mil cadeiras e mesas de madeira, 220 milcabos de madeira para ferramentas, 190 mil utilidades domésticas,35 mil ferramentas montadas, 70 mil cepos para facas, 93 miloutros itens e 5 milhões de tacos para cabos de facas e ferramentas,utilizando madeira regional.

A criação de 500 mil quilômetros quadrados de Flonas até2010 para exploração madeireira está suscitando debates desoberania nacional e de ameaça as florestas. A empresa Florex queganhou a concessão para exploração da Flona Tapajós em uma áreade 2 mil hectares em 2000, de um total de 600 mil hectares daquelaFlona. A Gethal Amazônia S/A, possui 40,8 mil hectares queexplora há sete anos no Amazonas, no município de Itacoatiara, eproduz 2,4 mil metros cúbicos/mês de compensados e destina 75%para o mercado externo (Paiva, 2001).

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Referências consultadas

CONGER, L. Programa certifica produtos de madeira. GazetaMercantil Latino-americana, São Paulo, 7 a 13 maio 2001. p.7.BEMERGUY, L. Tramontina produz cadeiras e mesas em Icoaraci.Gazeta Mercantil Pará, Belérn, 28 ago. 2000. (Especial Feito noPará, p.6).CAMPELL, U. Madeireiras sonegam ICMS. O Liberal, Belém, 28maio 2000. p.12.CARDONA, L Só 20% da madeira sai legalmente da Amazônia.Gazeta Mercantil, São Paulo, 19 out. 1999. p.A-9.CORDEIRO, E. Incentivos para a madeira. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 6 out. 1999. (Mato Grosso, p.l).FERREIRA, P.R. Expansão das serrarias. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 13 dez. 2000. (Amazônia, p.ó).FUJIYOSHI, S. Cikel recebe selo verde pela maior área de florestanativa. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 8 maio 2001.p.l.GOLDBERG, S. Bndes financia manejo florestal. GazetaMercantil, São Paulo, 11 abr. 2001. p.A-II.PAIV A, P. Exploração de florestas cria polêmica. GazetaMercantil Latino-Americana, São Paulo, 2 a 8 abr. 2001. p.11.ROMERO, S. Exploração madeireira se desloca na Amazônia.Gazeta Mercantil, São Paulo, 12, 13 e 14 jan. 2001. p.A-7.ROMERO, S. Madeireiras do Pará habilitam-se ao selo verde.Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 out. 2000. p.A-l O.SCHARF, R. Protesto afeta vendas de madeireira amazonense.Gazeta Mercantil, São Paulo, 31 jul. 2000. p.A-7.SOUZA, A.P. Juruá ganha selo de qualidade do FSC. GazetaMercantil Pará, Belém, 10 abr. 2001. p.l.VALÉRIA, M. A importância da certificação. Gazeta MercantilPará, Belém, 15 abr. 1999. pA.www.fscoax.org/principal/htmwww.smartwood.orgwww.qualitor.com.www.scsl.com

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10.2 Reflorestamento

Os madeireiros precisam mudar seu enfoque de apoiar asua oferta de madeira apenas na extração madeireira. Hánecessidade de se apoiar no reflorestamento. Naturalmente, plantarpor plantar sem uma finalidade econômica não tem sentido. Porexemplo, o volume máximo de mogno que a Amazônia chegou aexportar, poderia ser obtido em um plantio de 40.000 hectares,abatendo-se 1.000 hectares/ano.

Aqui estão as maiores vantagens comparativas deatividades voltadas para o futuro, dentro de um horizonte de 10 a20 anos. Já se observam sinais do setor empresarial investindo noreflorestamento para a produção de madeira para carvão vegetal,madeiras nobres e madeiras brancas para laminados na região deParagominas, Sul do Pará, Altamira e Rondônia. Acrescentam-se asgrandes possibilidades do reflorestamento para a produção decelulose, no qual a Jari foi a pioneira, do plantio de bambu noMaranhão e da entrada da Champion no Amapá.

O setor florestal no País contribui com 5% do PIB,participa com 8,5% das exportações nacionais, tem receita anual deUS$ 20 bilhões, recolhe R$ 3 bilhões de impostos anuais, gera 1,6milhão de empregos diretos e 5,6 milhões indiretos e movimenta aeconomia de 1,2 mil municípios (Scharf, 2000).

O setor de papel e celulose quer ampliar a produção de 7,2milhões de toneladas para 10 milhões em 2005, depois aumentarãooutros 3 milhões de tlano. Até 2006 deverá dobrar a produção depainéis reconstituídos, definição que inclui aglomerados, chapas defibra e produtos mais modernos, como o MDF, que poderá serquadruplicado até a metade da década. A madeira serrada deverácrescer entre 5 a 10% ano. Para atender a demanda as indústrias depapel e celulose teriam de plantar 170 mil hectares/ano e osprodutores de carvão vegetal outro tanto. Quem produz lenha oucavaco para fins energéticos industriais teria de plantar 70 milhectares anuais. Os fabricantes de MDF, aglomerados, chapas defibras, compensados e madeira serrada, precisariam de 130 mil

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hectares. Ou seja, será necessano plantar 540 mil hectares defloresta, três vezes mais do que o efetivamente plantado cada ano(Scharf,2001).

No contexto mundial, o Brasil produz metade de celulosede fibra curta (eucalipto), sétimo de celulose (fibra curta e longa) edécimo-primeiro de papel. Para atender ao consumo interno e deexportação há necessidade do País plantar nos próximos cincoanos, pelo menos 3 milhões de hectares de árvores de rápidocrescimento.

A Associação dos Madeireiros de Marabá e Região(Assimar) ligada ao Sindicato dos Madeireiros de Marabá e Região(Sindimar) começou a produzir 100 mil mudas de paricá, para afabricação de laminados, com possibilidade de corte com 12 anos,no bairro de São Félix do Xingu, na margem direita do rioTocantins, próximo à cabeceira da ponte rodoferroviária, em umaárea de 3,5 hectares, para reflorestar uma fazenda de 600 hectaresdegradados (Braz, 2001a).

o Laboratório de Sementes Florestais da Aimex foi montadoem 1997, em Benevides, Pará, com investimento de R$ 700 mil,ocupa uma área de 21,5 hectares e até outubro de 2000 foramcoletadas 10 toneladas de sementes de essências florestais (Braz,2001).

O BASA através de recursos do FNO está concedendofinanciamento de reflorestamento com prazo de quinze anos, sendooito de carência (Ferreira, 2000). Nesse sentido foram financiadostrês projetos no nordeste do Pará com 1.200 hectares de paricá e600 hectares de teca em Rondônia, ocupando 1,8 milhão dehectares. O plantio de teça, em Rondônia, foi atacada por umabroca, a mesma que atinge as árvores de café. O custo por hectaredo preparo da área com a cultura de essências florestais é de cercade R$ 2,5 mil e a despesa com a correção do solo e compra deadubos em torno de 1,5 a 2,5 toneladas por hectare (Ferreira, 2000).

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Em Colorado do Oeste, Rondônia, com recursos do FNOalguns produtores estão plantando paricá, com seis anos de carênciae pagamento em 4 anos, com juros de 14% ao ano (Soares, 2000).O paricá espera-se que possa ser abatido com 9 anos, o metrocúbico custando entre R$ 45,00 e R$ 60,00 e a expectativa é que aprodução chegue a 300 metros cúbicos por hectare.

O Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO)administrado pelo Banco do Brasil começará a financiar projetos dereflorestamento e oferecerá prazo de 20 anos, carência de 10 anos etaxa de juros de 5% ao ano, se a madeira for destinada a serrarias ese for para a produção de energia o prazo será menor, de 10 anoscom 5 de carência

Segundo o Sindicato de Indústrias Madeireiras deParagominas (Sindiserpa), já foram plantadas em Paragominas, 6milhões de árvores, em sua maioria, pari cá, uma espécie madeireirade rápido crescimento (Coutinho, 2001). Em julho de 2001, aFlorapac fará a primeira extração de 7 mil hectares plantados hásete anos.

As grandes plantações de teca, madeira de origem asiática,com preços três vezes superiores ao mogno, estão sendodesenvolvidas, principalmente, em Mato Grosso, nos municípios deCáceres e Jangada. No Pará, é de destacar o excelente plantio de300 hectares de mogno (20 mil pés) consorciado com pimenta-do-reino em Paragominas, bem como em Medicilândia, de umprodutor gaúcho, que por iniciativa própria resolveu plantarconsorciado com cacau, no início da década de 70. Se todos osprodutores de cacau na Transamazônica (30.000 hectares) tivessemplantado mogno, no início da colonização, a Transamazônica seriatotalmente diferente.

Enriquecimento de capoeiras com especies de valorcomercial como mogno, angelim, andiroba e virola, estão sendodesenvolvidos em Curralinho, Abaetetuba, Moju, Cametá, Oeiras eBaião, no Estado do Pará, em pequenas comunidades.

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Existem no País, 15 mil hectares plantados com teca eprevisão de acréscimo de 5 mil hectares a cada ano (Scharf, 1999).O custo de plantio e manutenção de um hectare está estimado emR$ 1.500,00. O preço de venda está estimado em US$ 4.330,00/m3

de teca serrada contra US$ 1.133,00/m3 cobrado pelo mogno.

As usinas siderúrgicas do corredor da Estrada de FerroCarajás deram o primeiro passo na produção de carvão vegetallançando o Fundo Florestal de Carajás a ser alimentadas com acontribuição das dez siderúrgicas independentes - sem aciaria -instaladas nos Estados do Pará e Maranhão (Passos, 2000). Acriação do Fundo Florestal Carajás em 2000, que começou a serrecolhido a partir de 2001 para o BASA é que sejam recolhidos atéo final do ano entre US$ 3,6 milhões a US$ 4 milhões. A previsão éreflorestar 5 mil hectares entre as regiões de Marabá e Santa Inês,

Atualmente, em Juruena, tem um projeto de seqüestro deC02, da indústria automobilística Peugeot com investimentoprevisto de US$ 12 milhões. A empresa contratou a Office Nationalde Forêts, da França e o Instituto Pro-Natura, do Rio de Janeiro,para desenvolver o projeto por um período de 40 anos.

O pólo siderúrgico do Maranhão e do Pará constituído denove siderúrgicas, das quais sete no Maranhão deverão produzir 1,8milhão de toneladas de ferro gusa em 2001, mais de 300 miltoneladas do que em 2000 (Monteles, 2001). O faturamentoprevisto é de US$ 200 milhões. O ferro gusa é a principal atividadeeconômica de Açailândia, onde para cada tonelada do produto, osetor contribui com R$ 10,00 de ICMS. As siderúrgicas do Pará eMaranhão geram 20 mil empregos diretos e indiretos e contribuemcom US$ 200 milhões em divisas.

A produção conjunta dessas empresas foi em tomo de 1,5milhão de toneladas em 2000, e a proporção de ferro gusalcarvãoestá em tomo de 600 quilos de carvão. Para atender a demanda de1,7 milhão de toneladas de ferro gusalano, a área plantada deve serde pelo menos 130 mil hectares, um hectare de eucalipto para 13t/ano de commodity.

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sendo que o grupo de empresas já detém 25 mil hectaresreflorestados.

A Siderúrgica Ibérica do Pará, produto da parceria daViena Siderúrgica do Maranhão S/A, sediada em Açailândia, e aOruro, Analisis e Inversiones S/A, sediada em Astúrias, Espanhavai iniciar a construção de uma unidade fabril de ferro gusa comcapacidade inicial de 100 mil toneladas/ano com possibilidade deampliação para 220 mil toneladas com a construção do segundoalto-forno. Os investimentos previstos são de US$ 10 milhões deonde serão aplicados US$ 500 mil para programas dereflorestamento. O ferro gusa será exportado para América doNorte, Ásia e Europa, principalmente Espanha, Itália e Alemanha(Braz, 2001 b).

Referências consultadas

COUTINHO, Z. Desenvolver sem devastar. O Liberal, Belém, 13maio2001. p.lO.SOARES, R. FNO financia pequenos plantios. Gazeta MercantilPará, Belém, 24 jul. 2000. p.3.BRAZ, A. A alternativa da Cosipar. Gazeta Mercantil Pará,Belém, 23 ago. 1999. pA.BRAZ, A. Marabá ganha nova indústria de gusa. GazetaMercantil Pará, Belém, 4 abr. 2001 b. p.3.BRAZ, A. Reflorestamento de áreas degradadas. GazetaMercantil Pará, Belém, 5, 6 e 7 jan. 2001a. p.1; p.3.BROWDER, 1.0.; MATRICARDI, E.A.T.; ABDALA, W.S. Issustainable tropical timber production financially viable ? Acomparative analysis of mahogany silviculture among smallfarmers in the Brazilian Amazon. Ecological Economics, 16(2):147-159, Feb. 1996.FERREIRA, P.R. Plantar árvores, um bom negócio. GazetaMercantil Pará, Belém, 10 maio 2000. p.6.MONTELES, F. Produção de gusa de Carajás pode crescer 20%este ano. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 13 mar. 2001. p.l.SCHARF, R. Ministério faz programa para ter mais florestas.

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Gazeta Mercantil, São Paulo, 9 maio 2000. p.A-8.SCHARF, R. Pacote do governo vai estimular plantio florestal. GazetaMercantil, São Paulo, 5, 6 e 7 jan. 2001. p.A-5.SCHARF, R. Madeira asiática substitui o mogno. Gazeta Mercantil,São Paulo, 22 jun. 1999. p.A-6.PASSOS, C. Siderúrgicas de Carajás lançam o Fundo Florestal.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 9 novo2000. p.l.

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11. ATIVIDADE PECUÁRIA

11.1 Pecuária

Nesse setor encontram-se grandes perspectivas futuras nomercado de carne. A pecuária do Sul e Sudeste está com ocrescimento do rebanho reduzido nos últimos dez anos em face dacompetitividade com o Mercosul, no qual o aumento daprodutividade é mais importante. O rebanho do Nordeste está emdecréscimo decorrente das secas, competição de áreas paraagricultura e crescimento demográfico. Os rebanhos do Norte eCentro-Oeste são àqueles que apresentam nítido crescimento deseus efetivos. É interessante ressaltar que a queda do rebanhonordestino foi compensada pelo crescimento do rebanho da regiãoNorte. O desafio para a pecuária na Amazônia depende do aumentoda produtividade do rebanho, da perenização das pastagens semdepender de incorporação de novas áreas e de sanidade do rebanho(Tabela 6).

Tabela 6- Produção mundial de carnes (em mil toneladas)

TipoProdução Exportação

1999 2000 2001* 1999 2000 2001*Aves 64.900 66.600 68.500 7.009 7.213 7.364Suínos 89.800 91.200 93.600 3.304 3.227 3.275Bovinos 59.000 59.600 59.900 5.483 5.498 5.442Ovinos/Caprinos 11.200 11.400 1l.500 695 775 790Outras 4.000 4.000 4.000 253 265 261Total 228.900 232.800 237.500 16.744 16.978 17.l32Fonte: Scaramuzzo et a!. (2001).* Estimativa

Há necessidade da mudança no enfoque da pecuária naAmazônia. A questão ecológica trouxe como grande conseqüênciao desprezo pela pecuária, esquecendo que essa atividade constitui amaior forma de uso da terra na Amazônia. Para reduzirdesmatamentos e queimadas há necessidade de aumentar aprodutividade das pastagens e do rebanho, mudando a pecuária que

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necessita efetuar queimadas de dois em dois anos de suas pastagense o seu abandono depois de 10 a 12 anos.

o Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina com6,6 milhões de toneladas de equivalente-carcaça representando12% da produção mundial. O rebanho brasileiro com 167 milhõesde cabeças que se concentra nos Estados de Mato Grosso do Sul,com mais de 22,3 milhões e Minas Gerais com 19 milhões, sóperde para a Índia e representa 16% do total mundial (Schelp,2001). O Brasil é também o segundo maior produtor de carne defrango com 5,5 milhões de toneladas e sétimo lugar na produção desuínos, com 37 milhões de cabeças, sendo que 2,3 milhões sãomatrizes de linhagens, com 1,9 milhão de toneladas (Tabela 6). Acarne suína, decorrente das pesquisas nos últimos 20 anos, o Brasiltem uma carne 31% menos gorda, 10% menos colesterol e 14%menos calorias. No total a produção é de 14 milhões de toneladas,com um movimento de US$ 15 bilhões (Carnes ..., 2001).

Tabela 7- Focos de febre aftosa na Região Norte, Pará e Brasil

O custo de produção da carne bovina brasileira é inferior amédia mundial e o fato de 81,1 % da criação estar localizado emregiões até então consideradas livres de febre aftosa, o quecontribui para atrair novos mercados (Tabela 7). O rebanhobrasileiro é criado numa área de 220 milhões de hectares de pastos,o que corresponde a 25,8% do território nacional.

Região 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000Norte 65 144 232 113 59 17 25 24 9Pará 2 48 7 21 14 7 13 4 7Brasil 1.232 1.433 2.093 589 215 167 35 37 47

Fonte:Rossi (2001).

Nos últimos dez anos houve um grande salto de qualidade,queda na taxa de mortalidade e aumento da taxa de natalidade quesubiu para 65%. Nos próximos 10 anos a expectativa é que aprodução poderá atingir 30 milhões de toneladas e o índice de

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desfrute, quantidade de cabeças abatidas em relação ao total dorebanho poderá aumentar de 21 para 42% (Tabela 8).

Tabela 8 - Principais importadores de carne brasileira(bovinos, aves, suínos, etc.)

País US$ mil FOB Em 1000 t1999 2000 1999 2000

Arábia Saudita 242,53 175,38 219,70 210,53Países Baixos 165,74 174,49 56,58 78,20Hong Kong 166,62 163,18 169,24 192,94Alemanha 77,32 124,03 34,47 56,39Japão 159,96 121,99 102,47 111,53Reino Unido 80,78 102,65 32,85 47,50Argentina 102,13 97,34 87,43 79,07Itália 78,97 83,09 29,28 34,68Espanha 78,42 80,08 34,12 39,36Chile 32,09 53,81 18,90 31,66

Fonte: Carnes ..., (2001)

Os animais criados para corte industrial somam 20,2milhões de cabeças e as exportações de carne bovina totalizaramem 314,3 mil toneladas em 2000, contra 291,6 mil toneladas em1999.

A identificação da "vaca louca" em 1986 e da febre aftosano dia 21 de fevereiro de 2001, com rápida disseminação naEuropa, as possibilidades de que haja um incremento na exportaçãoé muito maior. As previsões são de que o setor consiga exportarUS$ 5 bilhões em 2005, ano em que o governo espera erradicar afebre aftosa em todo o País (Tabelas 8 e 9). Como conseqüência deenfermidades da "vaca louca" e aftosa, colocou a pecuária européiaem pânico, com sacrifício de um milhão de cabeças (junho 2001).

Vários países estão buscando mais carne no Brasildecorrente da crise da "vaca louca" , como o Irã que comprou 1.580mil toneladas de carne em 2000, o Egito, 2,4 mil toneladas e aprevisão é exportar US$ 1 bilhão em 2001 contra US$ 820 milhõesem 2000 (Aliski, 2001).

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Tabela 9- Exportações brasileiras de came

Tipos US$ iOOO FOB Em toneladas Preço médio USSIt

1999 2000 1999 2000 1999 2000

Boi in natura 443.835 503.296 150.740 188.656 2.944,37 2.667,80

Boi industrializada 360.375 275.576 140.838 125.698 2.558,80 2.192,37

Frango in natura 875.438 805.737 770.582 906.746 1.136,07 888,60

Frango industrializado 17.375 23.009 5.807 9.348 2.992,24 2.461,53

Peru in natura 45.506 73.604 25.387 42.489 1.792,51 1.732,32

Suíno in natura 114.742 162.758 75.408 116.005 1.521,62 1.403,03

Demais carne 49.822 60.174 45.784 54.618 1.088,20 1.101,73

Total 1.907.094 1.904.155 1.214.545 1.443.559 1.570,21 1.319,07

Fonte: Carnes ... , (2001)

A cadeia produtiva da pecuana de corte no Paísmovimenta cerca de US$ 30 bilhões anualmente, cujo consumo percapita saltou de 37,5 quilos em 1995 para 40,9 quilos por habitanteestimados em 2000 (Porteiras ..., 2000). Trata-se da terceira maiortaxa do mundo, atrás apenas da Argentina (60,5 quilos per capita) edo Uruguai (60 quilos per capita).

o Pará possui o quinto rebanho do País, o ICMS do boi ézero e apenas a came é taxada a 1,8% (Ferreira, 2000). Estima-seque pelo menos 120.000 bovinos do Estado do Pará são exportadosanualmente para atender ao mercado nordestino. O nível daqualidade do rebanho pode ser vista nas feiras e exposições que sãorealizadas em vários Estados da Amazônia.

O levantamento efetuado em 1996 pelo IBGE comprovouque a cidade de Belém tem o maior consumo per capita de carnebovina do País, com 42,702 quilos por habitante/ano (Franco,1999a). O consumo da cidade de Belém está estimado em 30 milbois/mês, sendo que a Socipe abastece 20%. A maior demanda épor came de segunda 20,191 quilos/habitante/ano. O frigorífico deRedenção abate 15 mil animais por mês e envia para Recife 50% desua produção.

A Socipe, a mais antiga cooperativa de criadores doEstado do Pará, fundada há 60 anos, com 600 associados, abate

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mensalmente 3 mil animais (Souza, 1999). A Região Metropolitanade Belém, consome quase 16 quilos/per capita de carne de primeirae mais de 22 quilos de segunda por ano.

Desenvolvido a partir de uma parceria entresupermercados, frigoríficos e produtores, o "baby búfalo" - carne denovilho bubalino está ganhando as gôndolas de supermercados doPará, apesar de ser um produto de consumo restrito (Franco,1999b).

Uma onda de novos investimentos do setor coureiro vemdesembarcando no Norte do País, atraído pelo rebanho de quase 20milhões de reses (Pinto, 2000). As plantas industriais visam aprodução de wet-blue, semi-acabados e acabados, mas tambémcalçados e artefatos para exportação (Tabela 10). O Brasil é oterceiro exportador mundial de calçados.

O grupo paranaense Fujiwara, de Apucarana (PR), queexporta 1,2 milhão de calçados de proteção à Argentina, Uruguai,Estados Unidos e Inglaterra estabeleceu-se em Conceição doAraguaia, em 1999. O curtume Araguaia Industrial S/A, do grupoFujiwara, produz em Conceição do Araguaia, 600 couros wetblue/dia, prevendo atingir 1.400 couros/mês e a produção decalçados em 2001. O grupo mineiro Braspelco está investindonuma planta industrial em Castanhal para produzir 3 mil peças dewet-blue por dia.

Tabela 10 - Indústria de curtumes no Pará e MaranhãoEmpresa Atividade Local ização Valor

1 milhão reais

Cia Couro do Maranhão Curtume Maranhão 14,0

Fujiwara Calçados Pará 16,5

Braspelco Calçados/artefatos Pará 35,0

Bertin Calçados Pará 18,6

Brazanca Curtume Pará 10,0Fonte: Pinto (2000).

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Um pool de curtumes voltado à exportação está emformação no Tocantins, para abastecer o mercado europeu (Pinto,1999a). O Estado de Tocantins sempre vendeu o couro bovino semqualquer beneficiamento, a preços irrisórios, para os atravessadoresque circulam na região. A associação do grupo italiano Brascomholding da Indústria de Curtumes Cogolo SI A com o FrigoríficoGurupi SI A espera-se que o couro do Tocantins chegue a Itália comcada peça variando entre US$ 40 e US$ 50,00.

Um destaque especial refere-se ao crescimento do setor delaticínios nos Estados do Pará e Rondônia nos últimos anos, quededicam a produção de queijo para exportação para o Sul do País.Somente no Sudeste Paraense encontram-se instaladas 28 indústriasde laticínios. A coleta de leite é efetuada, na sua maioria porpequenos criadores, que servem como fornecedores de machos paraengorda para os médios e grandes criadores. Com isso assumem orisco dessa atividade e evitam o desgaste das pastagens dos médiose grandes criadores.

Os avicultores e os frigoríficos começaram a sair dovermelho, com a recuperação dos preços do frango vivo, quesubiram 19% em um ano (Scaramuzzo et aI., 2001). O consumo percapita de frango na Região Metropolitana de Belém é de 24,993quilos ao ano, enquanto a média nacional é de apenas 16,814 quilos(Souza, 1999).

O frango vivo corresponde a 75% do comércio do produtona Região Metropolitana de Belém é o frango resfriado e congeladoque respondem por 25% das vendas (Romero, 1999). Existem cercade 200 granjas no Estado.

Apesar de não existir estatísticas sobre o total de avesconsumidas na ceia do Círio de Nazaré, em Belém, os númerosdisponíveis apontam que o frango, o peru e o chester congeladossubstituíram o pato regional na tradicional iguaria paraense, o "patono tucupi". Só a Sadia colocou no mercado 400 toneladas de perunas redes de supermercados e a Perdigão colocou a venda de 110toneladas de chester, para atender à demanda durante o Círio deNazaré de 1999 (Ferreira, 1999). Mas o grande campeão é o frango

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(vivo, resfriado e congelado), cujo consumo fica em torno de 5,8mil toneladas. A alta do mercado de patos, em Belérn, durante oCírio de 1999, fez com que entrasse o peru congelado. °pato vivoregional foi vendido nas feiras da capital por R$ 20 e R$ 25,00. °quilo de pato resfriado importado de granjas gaúchas custa emmédia R$ 4,00 o quilo e o pato importado varia entre R$ 4,55 a R$6,80 (Pinto, 1999b).

Referências consultadas

ALISKI, A. Frigoríficos avançam no rastro da "vaca louca".Gazeta Mercantil, São Paulo, 28 mar. 2001. p.B-18.CARNES. Gazeta Mercantil Latino-americana, São Paulo, 19 a25 mar. 2001. p.25-27.FERREIRA, P.R. Criadores investem em genética para melhorarrebanho. Gazeta Mercantil, São Paulo, 13 dez. 2000. (Amazônia,p.7).FERREIRA, P.R. Seis mil toneladas de aves. Gazeta Mercantil,São Paulo, 8, 9 e 10 out. 1999. (Círio 99, p.6).FRANCO, L. "Baby búfalo" ganha espaço no varejo. GazetaMercantil, São Paulo, 14 jul. 1999b. p.B-20.FRANCO, L. Belérn, a capital da carne bovina. Gazeta Mercantil,São Paulo, 2 fev. 1999a. p.B-20.HOMMA, A. ° dilema da pecuária na Amazônia. GazetaMercantil, Belérn, 27 jul. 1998. p.2.PINTO, T. Indústrias de couro investem na Amazônia. GazetaMercantil, São Paulo, 4,5 e 6 fev. 2000. p.B-20.PINTO, T. Peru conquista consumidor de pato. Gazeta Mercantil,São Paulo, 5 out. 1999a. p.B-20.PINTO, T. Curtumes querem vender para a Europa. GazetaMercantil, São Paulo, 30 abr. 1999b. (Relatório Tocantins, a NovaFronteira, p.2).PORTEIRAS abertas para a pecuária. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 20 set. 2000. p.2.ROSSI, A. Câmara vota rastreamento de rebanhos. GazetaMercantil Pará, Belém, 20 mar. 2001. p.A-12.ROMERO, S. Estoque nas granjas força queda no preço do frangovivo. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 3 mar. 1999. p.1.

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SCARAMUZZO, M.; CORDEIRO, E.; VARGAS, R. Preço dofrango sobe 19% em um ano. Gazeta Mercantil, São Paulo, 5 mar.2001. p.B-16.SCHELP, D. Vamos escapar dessa? Veja, São Paulo, 34(18):120-121,9 maio 2001.SOUZA, L Belém tem o maior consumo de carne bovina do Brasil.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 18 mar. 1999. (Edição Especial, p.5).

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12. PESCADO

i2.1 Pescado

Em 2000, o Brasil com uma das maiores faixas oceânicasdo mundo importou US$ 298 milhões e exportou US$ 228 milhões(Boas, 2001). A pesca comercial brasileira tem-se ocupadoessencialmente dos recursos mais próximos a costa, mais fáceis decapturar e mais rentáveis, que exigem pouca ou nenhuma evoluçãotecnológica. Estima-se que o Brasil tem condições de produzir 1,5milhão de toneladas anuais em pesca marinha. Mas osdesembarques efetivos, precariamente calculados com base emmapas de bordo enviados ao Ibama pelos pesqueiros apontam paraalgo abaixo de 700 mil toneladas/ano. A atividade pesqueira gera800 mil empregos e constitui uma das principais fontes de proteínaanimal, mas carece de um ordenamento adequado baseado emdados consistentes. A intenção é contribuir para a pesca sustentávelem todo o País.

A reconhecida importância da atividade pesqueira naAmazônia nunca esteve entre as prioridades do governo com vistasa organizar o setor. Historicamente desorganizada, a pesca naregião registra freqüentes conflitos envolvendo pescadoresartesanais e empresas comerciais, ou conflitos entre os própriospescadores artes anais em disputa pelos cardumes existentes emlagos de várzeas (Dutra, 1999). Isso levou à implementação dasreservas de lago, homônimo as reservas extrativistas, onde ocontrole dos recursos pesqueiros seriam da comunidade.

Mais de 1.300 espécies de peixes já foram descritas naAmazônia, mas o número estimado de espécies é de 2.500, o querepresenta 8% dos peixes de todo o mundo, 30% dos peixes deágua doce do Planeta e 75% dos peixes de água doce do País. NaAmazônia, o volume do comércio com o pescado de 200 miltoneladas por ano dá a média de US$ 200 milhões/ano, aí incluídosUS$ 1,2 milhão resultante da exportação de espécies ornamentais,gerando 70 mil empregos diretos. O potencial pesqueiro pode, noentanto elevar a produção entre 425 mil a 1,5 milhão de

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toneladas/ano. No Baixo Amazonas verifica-se um dos mais altosíndices de consumo de pescado do mundo ocidental. Cadahabitante consome, em média, 480 gramas/dia e na cidade deManaus é de 190 gramas. Na região do Lago Grande, município deMonte Alegre, revela que o consumo médio é de 369gramas/habi tante/ dia.

A produção de pescado no Pará é da ordem de 100 miltoneladas por ano, sendo que o alto número de atravessadores elevao preço do produto. A estimativa é que o Estado do Pará produz10% do pescado do País (Tabela 11).

o comércio de pescado no Estado do Pará é operado poratravessadores que atuam em Belém e em toda a região do Salgado,que leva para fora do Estado, diariamente 150 toneladas de pescado(Siqueira, 2000). Em Belém, são comercializados, diariamente,cerca de 80 toneladas de peixe.

o Acre possui 3 mil açudes e mil produtores de peixes emcativeiro, com produtividade de 3 toneladas/ano. Os municípiosque se destacam são Sena Madureira, Brasiléia, Assis Brasil,Epitaciolândia, Xapuri, Santa Rosa e Manuel Urbano.

A matrinxã é a segunda espécie de peixe mais capturadano Estado do Amazonas, desde 1994, a primeira é a jaraqui(Valéria, 1999). A produção de matrinxã cresceu de 5.360toneladas em 1994 para 6.391 toneladas em 1995, despencou para1.883 toneladas em 1996 e 342,5 toneladas em 1998, em função daredução dos estoques naturais.

A ausência do SIF, um sistema de inspeção federal doMinistério da Agricultura e Abastecimento, está impedindo oEstado do Amapá exportar 200 toneladas por mês de cação, 20toneladas de gurijuba para Hong Kong e, a França quer importartoda a produção de tamuatá (Cavalcante, 2000).

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Tabela 11- Frota pesqueira do Pará

Ano Camarão Piramutaba Total1987 198 43 2411988 177 50 2271989 183 48 2311990 189 48 2371991 180 66 2461992 156 57 2131993 208 54 2621994 205 48 2531995 160 48 2081996 140 48 1881997 106 48 1541998 116 48 1641999 121 48 169

Fonte: Sindipesca

No I Fórum de Debates sobre Pesca e Aquicultura,promovido pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará,realizado em abril de 1999, mostrou que o Estado do Amapáproduz 500 toneladas de gurijuba por ano, que é comercializada aUS$ 1,50/quilo. A produção de 100 toneladas de grude de gurijubatem seu preço médio entre 8 a 10 dólares/quilo (Ferreira, 1999c). Ogrude é obtido da bexiga natatória do peixe, que depois é salgada eressecada ao sol. Colocado em água fervente, o grude produz umlíquido branco leitoso que é exportado e transformado em gelatina,para indústrias de bebidas, de instrumentos musicais, de colas,móveis, filmes e até fábricas de cimento. Em 1995 foramexportadas mais de 1 milhão de dólares com a venda de gurijubapara a Alemanha, Hong Kong e China.

Um dos melhores negócios da regrao amazoruca é apiscicultura que pode produzir de 2.500 a 10 mil quilos anuais deproteína por hectare em contraste com a pecuária que rende 70quilos/hectare/ano. Pode-se criar em cativeiro tucunaré, curimatã-pacu e até tambaqui, o peixe mais procurado na região, mas boaparte da piscicultura é baseada em espécies exóticas como a tilápia-africana e a carpa asiática. A demanda de tambaquis é tanta que aprodução vem caindo ano a ano. No passado era possível encontrar

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tambaquis com 1 metro e 30 quilos de peso e atualmente 90% dostambaquis apresentam-se com menos de 55 em. As exportações depeixe do Pará caíram de US$ 3,7 milhões em 1995 para US$ 1,4milhão em 1998.

Em 1989 o empresário Dalberto Uliana adquiriu uma áreade 22,3 mil hectares que pertenceu ao americano Daniel K. Ludwig(Ferreira, 1999a). Dez anos depois a Fazenda Arapaima, localizadoem São Raimundo, município de Almeirim, dedica-se a venda depirarucu como peixe ornamental e fornece 5 toneladas mês de carnede pirarucu salgada para supermercados.

A criação de peixes em gaiolas flutuantes começa aexpandir no Pará que detém 38% das águas interiores do País(Ferreira, 1999b). Os filhotes de tambaqui são adquiridos daEstação Experimental de Piscicultura de Terra Alta, da Secretariade Agricultura do Estado do Pará e custa R$ 40,00/milheiro. Aalimentação dos peixes é constituída de ração que custa entre R$0,60 a R$ 0,80 no mercado de Belém e, pode-se criar 75 peixes emcada metro cúbico. Aos seis meses o peso dos peixes chega a 500gramas permitindo um retomo de 40% sobre o investimento.

A maior preocupação do Sindicato das Indústrias de Pescado Pará e Amapá (Sindipesca) é agilizar a instalação de TED (turtleexclude device) nas redes de pesca dos 100 barcos que compõem afrota camaroeira do Pará (Romero, 1998). O TED é um dispositivoque permite o escape das tartarugas marinhas nas redes de arrasto ea sua ausência nos barcos foi o que levou os Estados Unidos aestabelecer o embargo em maio de 1998.

O camarão com cabeça para exportação custa 22% amenos que o tradicional, diferença mais do que compensada pelaredução do custo e aumento de 30% no volume embarcado,representando ganho de 10% (Pinto, 2000). O camarão emcativeiro custa 25% abaixo do preço do camarão-rosa, cotado aUS$ 10,37 mil a tonelada no mercado externo. A quantidade decamarão-rosa exportado caiu de 5,5 mil toneladas em 1993 para 2,4mil toneladas em 1999, e o valor das exportações de 42,061

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milhões de dólares para US$ 25,626 milhões (Tabela 12).

Tabela 12- Demonstrativo das exportações de peixe e camarão doEstado do Pará

Ano Camarão PeixeQuantidade Valor US$ Quantidade Valor US$

1993 5.503.609 42.061.889 2.005.888 4.305.6611994 4.205.298 39.022.921 1.377.958 3.024.8441995 2.471.954 26.624.633 1.234.677 3.707.5471996 2.346.147 26.682.477 800.481 2.410.6471997 1.471.116 18.264.002 346.121 1.263.0701998 2.225.787 23.725.643 637.125 1.802.6451999 - 24.223.183 - 3.507.467

Fonte: Sindipesca

No dia 1 de junho de 2000 foi realizado em Muaná, o 19"Festival do Camarão onde mais de 20 toneladas de crustáceos daágua doce foram consumidos (Ferreira, 2000).

Referências consultadas

BOAS, S.V. A dinâmica marítima. Gazeta Mercantil, São Paulo,12, 13, 14 e 15 abro 2001. p.8.CAVALCANTE, A. Preservação ambiental, programa de governono AP. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 jun. 2000. (EspecialMeio Ambiente, p.13).CRIAÇÃO de peixes exige mais viveiros e alevinos. GazetaMercantil, São Paulo, 26 novo 1998. p.4 (Oportunidades naAmazônia).DUTRA, M. Em busca de acordos na zona da pesca. GazetaMercantil Pará, Belém, 15,16 e 17 fev. 1999c. p.6.FERREIRA, P.R. Criar peixe em gaiola fica 70% mais barato.Gazeta Mercantil, São Paulo, 27 jan. 1999b. (Por Conta Própria,p.1).FERREIRA, P.R. Sobrepesca ameaça espécies. Gazeta MercantilPará, Belém, 9, 10 e 11 abr. 1999c. p.1.FERREIRA, P.R. Uliana abaterá cinco toneladas mensais depirarucu no Jari. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 20 jan. 1999a.

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p.l.FERREIRA, P.R. Muaná deve comercializar 20 t de camarão.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 30 maio2000. p.3.PINTO, T. Camarões rosa para exportação. Gazeta Mercantil, SãoPaulo, 5 jan. 2000. p.B-20.ROMERO, S. Camarão paraense volta ao mercado dos EUA napróxima semana. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 2 set. 1998. p.l.SCHARF. R. Amazônia exporta xarope, TV e moto; peixe, não.Gazeta Mercantil, São Paulo, 11 maio 2000.p. A-7.SIQUEIRA, F. Rede de atravessadores desvia 150 toneladas depeixe no Pará. O Liberal, Belém, 28 maio 2000. p.II.VALÉRIA, M. Inpa desenvolve tecnologia para a criação dematrinxã em cativeiro. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 17 mar.1999a. p.6.

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13. RECURSOS DA FAUNA

13.1 Mel

Em um ano e meio o produtor consegue multiplicar cincocolméias em 50, com uma produção de 250 quilos ano (Medi na,)999). Vendendo o quilo por R$ 20,00 ele terá uma renda médiaanual de R$ 5 mil ou de R$ 416,00 por mês. A produção de mel, apartir da criação de abelhas sem ferrão, é considerada umaatividade potencial em função da variedade de espécies nativasexistentes na Amazônia e das propriedades medicinaiscomprovadas do mel. Muitos já experimentaram as qualidades domel da jandaira ou da uruçu. Após um ano, a multiplicação dascolméias é mais rápida, em questão de quatro ou cinco meses sãomultiplicadas por 100 e 200 e, assim, sucessivamente.

A criação de abelhas tem ainda a vantagem de não tomarmuito tempo do proprietário, onde um meliponário com 50colméias exige 5 horas semanais de trabalho, ou seja, uma hora pordia, com folga nos sábado e domingos. O preço de uma colméia éde R$ 50,00. O manejo é considerado simples, uma vez que asespécies são adaptadas à flora da região, rica em propriedadesterapêuticas. Uma criação de cinco colméias exige um investimentode R$ 400,00. Algumas empresas, como a Citropar dedica tambéma criação de abelhas com o objetivo de aumentar a produção delaranjas.

O preço do mel no mercado internacional é de R$1,20/quilo enquanto no mercado interno é de R$ 2,00 (Lopes,1998). Para a exportação ser um negócio interessante é necessárioreduzir os custos com a melhor tecnologia e agregar valor aoproduto. Há um forte crescimento do mercado de mel orgânico,com potenciais compradores na Alemanha e Estados Unidos(Torriglia, 2001).

A empresa Gotas de Mel, com o apoio da UniversidadeFederal do Pará conseguiu obter com sucesso aromatizar o mel deabelha com o aroma de cupuaçu. São necessários cinco a sete

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13.2 Tartaruga

quilos de polpa de cupuaçu para aromatizar 100 kg de mel epretende dar ao mel aroma e sabor de açaí, bacuri e acerola. Essaempresa processa 8 toneladas de mel durante o ano (Pereira Filho,2000a).

Referências consultadas

LOPES, F. Laboratório analisa qualidade do mel. GazetaMercantil, São Paulo, 7 out. 1998. (Por Conta Própria, p.3).MEDINA, E. Para técnicos, mel é desperdiçado. Gazeta MercantilPará, Belém, 29 set. 1999. p.4.PEREIRA FILHO, J. Pesquisa para fazer mel com sabor de cupuaçu.Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 jul. 2000a. (Por Conta Própria, p.11).TORRIGLIA, A. Produção alternativa ganha terreno. Gazeta MercantilLatino-americana, São Paulo, 30 abr. a 6 mai. 2001. p.22.

No Estado do Amazonas, o quilo da tartaruga viva custacerca de R$ 20,00, com preço paralelo ao aplicado nacomercialização de camarão-rosa criado em cativeiro. Em SãoPaulo a carne de tartaruga limpa e beneficiada chega a custar R$36,00 e tem como principais compradores os restaurantes.

O Estado do Amazonas já possui 60 mil tartarugas sendocriadas em cativeiro e 12 criadores registrados no Ibama, compossibilidade de produzir mais de uma tonelada/hectare (Valéria,1999). O Centro Nacional de Quelônios da Amazônia (Cenaqua)foi criada em 1975 com a proposta de monitorar e acompanhar astartarugas na Amazônia (Valéria, 1999). Em março de 2001 foicriada a Associação Brasileira de Criadores de Quelônios (ABCQ)(Pereira Filho, 2001).

O agrônomo Yoshihiro Noguchi possui um criadouro nomunicípio de Ananindeua com cerca de 20 mil tartarugas suppon(Trionyx sinensis japonicus) bastante apreciada pelos japoneses epelos chineses. Estes ovos são misturados em bebidas alcóolicas ou

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milk shake e são considerados como verdadeiros fortificantes eafrodisíacos. Cada matriz é capaz de gerar 200 ovos por ano, e nocriadouro de Noguchi produz uma média de 60 a 80 quilos de ovospor mês. Cada ovo pesa de três a cinco gramas, bem menores queosovos das tartarugas regionais que pesam entre 200 a 300 gramas.Noguchi comercializa 15 a 20 quilos de tartaruga suppon por mês edemanda duas toneladas de farinha de peixe importada de SãoPaulo e mais 500 quilos de farinha de mandioca mensais para aração de tartaruga. Cada quilo está custando R$ 20,00 enquanto queno Japão os apreciadores de suppon não hesitam desembolsar US$100,00 a US$ 200,00 por pessoa para degustar a tartaruga numavariedade de entradas e pratos.

A suppon demora até 2 anos e meio para atingir o tamanhoideal de abate e o rendimento de carne é de 70% enquanto que acarne de tartaruga da Amazônia rende uma média de 30%(Fujiyoshi,2001b).

No município de Benevides, a Fazenda Inhamuns, já contacom uma população de 40 mil tartarugas em tanques instalados em4 hectares, já tem quatro anos e cerca de 10 mil em condições deabate (Fujiyoshi, 2001a).

A venda de animal só é permitida quando atinge pesosuperior a 1,5 quilo o que acontece num período de 4 anos. Existemsomente 7 criadores no Pará e 82 no Brasil, cuja criação foiiniciada em 1992. Até então, nenhum dos criadores brasileiros éautorizado para a comercialização de banha, vísceras ou carapaçade tartaruga, somente a carne tem comércio autorizado no Paísdesde 1996 (Fujiyoshi, 2001a).

Referências consultadas

FUJIYOSHI, S. Fazenda cria 40 mil tartarugas no município deBenevides. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 7 mar. 2001a. p.l.FUJIYOSHI, S. Agrônomo cria tartaruga asiática. GazetaMercantil Pará, Belém, 20 mar. 2001 b. p.l.PEREIRA FILHO, J. Tartaruga em cativeiro escapa da extinção.

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Gazeta Mercantil, São Paulo, 16 a 22 maio 2001. (Por ContaPrópria. p.7).RÃMAZON. Dez anos de alta produtividade. O Liberal, Belém,22 abro 2001. p.9.VALÉRIA, M. Aumenta a criação de tartarugas. Gazeta MercantilPará, Belém, 7 mar. 1999. p.4.

13.3 Diversos produtos da fauna

Somente São Paulo consome 50 tJmês de carne de animaissilvestres, incluindo tartaruga, jacaré, cateto, capivara, javali e ema.No País existem cerca de 350 criatórios de animais silvestres. Acriação de rãs, motivo de malversação de recursos incentivadospela SUDAM, não deixa de ser uma boa alternativa, que está sendovendida a R$ 15,00/quilo no atacado.

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Um grama de veneno de jararaca vale US$ 600,00 e o dacascavel US$ 1.200,00. Recentemente foi descoberta, em saposamazônicos, uma substância que é 247 vezes mais potente do que amorfina, algo que pode mudar todas as formas de tratamento comanestésicos no mundo (Valéria, 1999).

o Ibama e a Polícia Federal apreenderam no Aeroporto deGuararapes, 90 aranhas-caranguejeiras vivas que seriam enviadaspara a Suíça, que foram coletadas em Santarém a R$ 4,00/cada(TRÁFICO ..., 1999). Estas aranhas seriam revendidas na Suíça aR$ 15,00.

Os mumcipios de Óbidos e Santarém destacam-se pelofornecimento de insetos, borboletas e plantas da Amazônia para aInglaterra, Suíça, França, Estados Unidos e países asiáticos(Mendes, 1999). O preço médio de um besouro de carapaça grandeé de US$ 1,5 mil, algumas espécies de borboletas podem valer atéUS$ 10 mil e o mico-leão-dourado é vendido no Brasil por R$350,00, mas na Europa vale US$ 15 mil e o melro custa nas feiraslivres R$ 400,00 e nos Estados Unidos alcança US$ 13 mil(Mendes, 1999). Um sapo por exemplo é comprado por R$ 5,00 e

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vendido a pesquisadores do exterior por até US$ 600,00. Um sapoda espécie dendrobata (venenoso) pode valer até US$ 3 mil.

Em 1997, o publicitário belga Robert van der Merghel foicondenado a um ano de prisão por tentar pegar um avião em Tefé,levando seis caixas com mais de 200 besouros e borboletas(Mansur & Cavalcanti, 1999). A Polícia Federal, em Santarém,prenderam em flagrante, Maria Laise Joss, de 28 anostransportando uma caixa com 200 borboletas azuis, um recipientecom besouros, juntamente com o marido, o suíço Michel GilbertJoss (Mulher. .., 2000). O lucro seria de R$ 1,00 a R$ 20,00 porcada borboleta e besouro.

Referências consultadas

MANSUR, A. & CAVALCANTI, K. Xenofobia na selva. Veja,São Paulo, 18 ago. 1999. p.l14-119.MENDES, C. Estrangeiro chefia biopiratas. O Liberal, Belém, 14novo1999. p.lO.MULHER foi presa em Óbidos sob acusação de biopirataria. OLiberal, Belém, 7 set. 2000. p.7.TRÁFICO de aranhas de Santarém à Suíça. O Liberal, Belém, 8novo1999. p.7.VALÉRIA, M. A retirada de material da floresta amazônica estácada vez mais fácil. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 30-31 jan.1999. pA.

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14. MERCADO DE PRODUTOS EXTRA TIVOS

14.1 Pau-rosa

Não existem plantios racionais de pau-rosa, especula-seque uma árvore adulta deve levar uns 15 anos para atingir 15metros de altura e DAP de 34,2 em. É possível o aproveitamentodas plantas de menor idade, incluindo o aproveitamento integral defolhas, galhos, tronco e raízes para extração do óleo essencial.

o rendimento de linalol é de 0,7 a 1,2% do peso damadeira, em média 1%. Considerando que são necessários 18 a 20toneladas de madeira para produzir um tambor (180 litros) de óleoessencial de pau-rosa e que uma árvore pesa em média 1,75tonelada, são necessárias 11 árvores para produzir um tambor. Adensidade média de árvores de pau-rosa na floresta é de 1 árvore/5hectares. Não se tem informação sobre espaçamento adequado parao plantio, mas pode-se especular entre o minimo de 200 a 400árvores/hectare. .

o preço de exportação é de US$ 28,77/kg de óleoessencial de pau-rosa, atingindo até US$ 33,00/kg. A exportaçãomáxima de óleo essencial de pau-rosa alcançado foi de 444toneladas em 1951 e veio declinando com o esgotamento dasreservas mais acessíveis. A exportação de 1995 foi 42 toneladas ede 1996 foi de apenas 34 toneladas. Apresenta amplo mercado, faceao esgotamento das reservas naturais de pau-rosa baseado noextrativismo de aniquilamento ao longo de um século. A escassezfez com que o óleo essencial de pau-rosa fosse deslocado para aperfumaria fina, onde constitui um dos componentes do Chanel 5.

Estima-se que 300 pessoas estejam envolvidas naatividade, principalmente, nas cinco usinas ainda ativas emParintins, Maués e Presidente Figueiredo (Utilização ..., 2000). Aextração no passado já chegou a envolver 6 mil pessoas noAmazonas (Valéria, 2000). Estima-se que em 40 anos de extraçãopredatória, dois milhões de árvores foram abatidas na Amazôniapara suprir a encomenda de linalol. Na década de 60, as

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exportações flutuaram entre 61 toneladas a 337 toneladas,provenientes de cerca de 50 destilarias localizadas no Pará.. Amapáe Amazonas, que já demonstravam sinais de esgotamento.Atualmente a produção está estabilizada em 250 tambores de 180quilos de óleo por ano. A degradação genética pela exploraçãointensiva pode ser irreversível, com o desaparecimento total daespécie na região amazônica.

o perfume Chanel 5, por exemplo, foi ameaçado deboicote quando os franceses descobriram que empregava em suafórmula óleo do pau-rosa, uma madeira tropical que os ecologistasalegam estar ameaçada de extinção (Cavalcanti & Eichenberg,1998). O bafafá só cessou quando a Chanel se comprometeu adesenvolver plantações próprias na Amazônia.

Referências consultadas

CAVALCANTI, K. & EICHENBERG, F. A selva é chique. Veja,São Paulo, 4 novo 1998.

UTILIZAÇÃO do pau-rosa. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 30mai. 2000. p.4.

VALÉRIA, M. Embrapa sai em defesa do pau-rosa. GazetaMercantil Pará, Belém, 28 jun. 2000. p.4.

14.2 Castanha-do-pará

Os castanhais nativos apresentam uma produtividademédia 36 litros por hectare, baseando-se na existência de 3 a 4árvores por hectare. O beneficiamento da castanha-do-pará éefetuando há várias décadas em Belém, Óbidos e Manaus paraexportação. Em nível de extratores estão sendo efetuados a partirdo final da década de 80 nos Estados do Acre e no Amapá e nasreservas indígenas Caiapós, no Sul do Estado do Pará, paraobtenção de óleo para The Body Shop lnc.

O preço da castanha-da-pará com casca, na regiãoprodutora de Marabá, está sendo praticado a R$ 17,00 por

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hectolitro. A cotação no mercado internacional em Rotterdan é deUS$ 1,67/libra peso de castanha-do-pará sem casca. A castanha-do-pará com casca e desidratada está sendo exportada em Belém arazão de US$ 1,09 a 1,30/kg e sem casca a razão de US$ 2,88 a3,22/kg.

Apesar da queda de produção da castanha-do-pará naAmazônia não está sendo acompanhada por um aumento nospreços. A existência de inúmeros produtos substitutos, comocastanha-de-caju, nozes, avelãs, amendoim, etc. tornam a castanha-do-pará como um produto que se acabar não vai fazer falta nomercado internacional.

Da produção nacional, 85% destinam-se para asexportações e 15% para o consumo doméstico. Os três maiorescompradores de castanha-do-pará sempre foram os Estados Unidos,a Inglaterra e a Alemanha, que respondem por mais de 80% dodestino das exportações e o restante, para mais de 20 países. OBrasil é o maior produtor mundial de castanha-do-pará, masdenota-se nos últimos anos a crescente participação da castanhaboliviana. Em 1995, das importações dos Estados Unidos decastanha-do-pará, 44% foram de origem boliviana e 39% do Brasil,sendo que o Brasil forneceu 100% da castanha-da-pará com cascapara os Estados Unidos. O Brasil é o principal fornecedor decastanha-do-pará para a Alemanha com 71% e a Bolívia com 20%.No Reino Unido, a Bolívia participou com 57% do total deimportações de castanha-do-pará.

Existe um plantio de 300 mil pés de castanheiras naFazenda Aruanã, aproximadamente 3.000 hectares, localizado nomunicípio de Itacoatiara, no Estado do Amazonas e uma outra doex-Bamerindus, de aproximadamente mil hectares, em São Geraldodo Araguaia, no Sudeste Paraense, que foi totalmente destruídapeloMST e posseiros.

O mercado potencial está associado com as perdasdecorrentes da destruição de castanhais no Sudeste Paraense e doEstado do Acre e do crescimento populacional. Apesar da ênfase

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que a pesquisa tem enfatizado para enxertia de castanheiras érecomendável que sejam feitos plantios de "pé franco", com oobjetivo de obter madeira depois de 20 anos. Com a enxertia, asárvores tornam-se imprestáveis para aproveitamento madeireirodevido a mudança na conformação das copas. O mercado demadeiras no futuro constitui uma das grandes alternativas que nãopodem ser desprezadas.

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A The Body Shop Inc, uma griffe inglesa de cosméticos,com lojas em vários países, foi uma das primeiras a explorar a idéiade utilizar produtos da floresta amazônica, ao comprar óleo decastanha-do-pará dos índios caiapós para utilizar em cremes exampus. Esta empresa utiliza óleos brasileiros de plantasamazônicas em quinze produtos. Além de inflar as vendas dasempresas, esse tipo de marketing resulta em benefícios paracomunidades pobres, que antes tinham poucas perspectivas detrabalhar e enriquecer.

Benedito Mutran, depois de 34 anos exportando castanha-do-pará investiu R$ 680 mil em equipamentos de embalagens quepreservam por mais de um ano o sabor do produto, substituindo ooxigênio pelo nitrogênio, em sacos que não permitem a entrada deraios solares (Ferreira, 2001). A meta é vender 240 toneladas decastanha sem casca e 500 toneladas do produto com casca, que temmaior demanda no período natalino. Benedito Mutran produz 10mil toneladas de amêndoas descascadas de castanha que asseguramum faturamento de R$ 13,6 milhões e faz o beneficiamento numafábrica em Belém, que emprega 800 mulheres no período da safra apartir de abril.

No Estado do Acre 95% da castanha-do-pará saí para osEstados do Pará e para a Bolívia (Amadori, 2001a). A extraçãoanual é da ordem de 11 mil toneladas de castanha, detendo 60% daprodução nacional, o preço pago ao produtor foi de R$ 0,40 porquilo, que com a industrialização poderá ser comercializada a R$1,SO/quilo. Visando agregar valor, a Suframa aprovou a construçãode duas indústrias de beneficiamento, no valor de R$ 1,1 milhãonos municípios de Xapuri e Brasiléia, distantes 190 km e 260 km,

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respectivamente, de Rio Branco, que deverá processar metade desua safra (Amadori, 2001b).

A Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas doLaranjal do Jari (Comaja), fundada em 1985, em 1998 efetuou avenda de óleo comestível de castanha-do-pará para a Provence-Régine e em 2000, mais 5 toneladas serão vendidas para essaempresa (Cavalcante, 2000). As cooperativas estão produzindobiscoitos, castanha desidratada sem casca e farinha de castanha quesão colocados no mercado local e também comprados pelo governopara serem usados na merenda escolar. O governo paga R$ 30,00por hectolitro e a empresa paraense R$ 35,00/hl. As caixas com 20kg de castanha desidratada sem casca empacotadas à vácuo estãosendo vendidas a R$ 105,00 (tipo grande), R$ 100,00 (tipo médio)e R$ 95,00 (tipo pequena).

As comunidades ribeirinhas situadas à beira do rioIratapuru, no Laranjal do Jari, Estado do Amapá, foram financiadascom US$ 290 mil do Programa Piloto de Proteção das FlorestasTropicais (PDAlPPG7), os 170 caboclos passaram a beneficiarcastanha-do-pará (Zanatta, 1999). Com isso passaram a vender ohectolitro a R$ 55,00 contra R$ 8,00 em 1995. O quilo do biscoitoé vendido a R$ 7,00 e o litro do azeite a R$ 45,00.

Os madeireiros do Sudeste do Pará estão se reunindo paraplantar até abril de 2001, cerca de 61 mil mudas de castanha-do-pará. A Associação das Indústrias Madeireiras de Eldorado dosCarajás (Assimec) plantou 29.666 mudas de castanheiras em134,13 hectares, no período de junho de 1999 a janeiro de 2000,nas localidades de Água Fria, Curva do S e Pinheirinho (Silva,2000).

Referências consultadas

AMADORI, R. Suframa financia indústria no Acre. GazetaMercantil, Belém, 21 fev. 2001a. p.6.AMADORI, R. Acre vai agregar valor à castanha. GazetaMercantil, São Paulo, 25 abr. 2001 b. (Por Conta Própria, p.3).

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CAVALCANTE, A. Preservação ambiental, programa de governono AP. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 jun. 2000. (EspecialMeio Ambiente, p.13).CAVALCANTI, K. & EICHENBERG, F. A selva é chique. Veja,São Paulo, 4 novo 1998.FERREIRA, P.R. Produtor de castanha descobre o Brasil. GazetaMercantil, São Paulo, 7 a 13 fev. 2001. (Por Conta Própria, p.6).SILV A, C. Castanheiras em áreas já exploradas por madeireiras.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 5 jun. 2000. (Especial MeioAmbiente, p.2).ZANATTA, M. Novo modelo no que restou do Jari. GazetaMercantil, São Paulo, 30 set. 1999. p.A-8.

14.3 Babaçu

A área de 18 milhões de hectares da pré-Amazôniamaranhense de transição entre as florestas úmidas da Amazônia eas terras semi-áridas do Nordeste, concentram 200 palmeiras debabaçu por hectare (Pinto, 1998). Cerca de 10 milhões estão emterras maranhenses que produzem 94.531 toneladas de amêndoasde babaçu ou 88% da produção nacional. Na região dos cocais,homem que se preza não coleta e nem quebra coco babaçu. Oesforço físico é enorme, mas a tradição dita que o homem trabalhena roça e a mulher se desdobre entre as atividades domésticas e omanejo com o babaçu.

A boa aceitação do óleo de babaçu dos cocaismaranhenses é reforçada pelo certificado de qualidade orgânicoexpedido pelo Instituto Biodinâmico (IBD), de Botucatu. AFederação das Indústrias do Maranhão (Fiema) estima a produçãoem 1998 de 24 mil toneladas de óleo, cujo óleo refinado maisbarato custa no mercado R$ 1,80/kg e do bruto R$ 1,20/kg superiora do óleo de dendê cotado a R$ 1,25/kg. Em 1994, a CulturalSurvival começou a comprar óleo de babaçu feito a partir deprensagem manual da Cooperativa dos Pequenos Produtores deLago do Junco (Coppalj) para a cadeia de cosméticos inglesa TheBody Shop Inc.

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o Movimento Interestadual das Quebradeiras de CocoBabaçu (MIQCB) pretendem criar alternativas econômicas paracerca de 700 mil pessoas que sobrevivem do extrativismo dobabaçu nos Estados do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins(Monteles, 2001a). Somente no Maranhão cerca de 300 mil pessoassobrevivem das venda de amêndoas que é comercializada ao preçomédio de R$ 0,25/quilo. Em Pedreiras, as extrativistas passaram aaproveitar o mesocarpo (parte entre a pele e a casca do babaçu) ricaemnutrientes na merenda escolar (Monteles, 2001a).

o processamento do coco babaçu é feito pela Cooperativados Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco(Coppalj) e pela Cooperativa dos Pequenos ProdutoresAgroextrativistas de Esperantinópolis, no Maranhão, que vemfabricando sabonete a partir do óleo de babaçu e vem exportandoóleo de babaçu e sabonete desde 1998. Entre seus clientesdestacam-se a inglesa The Body Shop Inc e as americanas Aveda ePacific Sensuals (Monteles, 2001b). O preço de óleo de babaçu éde US$ 3,00/quilo, a unidade de sabonete a US$ 0,50, o mesocarpoa US$ 6,00/quilo e a torta a US$ 0,50/quilo. Vários produtoscosméticos no País também já estão utilizando o óleo de babaçu,como o creme de barbear da Gillette.

O aproveitamento do palmito de babaçu, com sede emAraguaína, Tocantins, está sendo exportado para São Paulo, SantaCatarina, Paraná e Brasília. A produção da Babaçu Indústria deAlimentos Ltda., é de 4 mil caixas/mês, mas com capacidade paraproduzir 8 mil caixas se houver demanda. O palmito de babaçu temgosto mais próximo do açaí, mais adocicado (Motta, 2000).

Referências consultadas

MONTELES, F. Alternativa para erradicar a pobreza. GazetaMercantil Pará, Belém, 11 abro2001 a. p.l.MONTELES, F. Sabonete de babaçu será exportado para os EUA.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 23 abr. 200 Ib. p.l.MOTTA, I.P. Palmito da Bruneto ganha mercado. Gazeta

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14.4 Outros produtos extra tivos

Mercantil Pará, Belém, 5 out. 2000. p.4.PINTO, T. Babaçu eleva status das mulheres de Ludovico. GazetaMercantil, São Paulo, 10 novo 1998. p.A-9.

Existem dezenas de produtos extrativos menores que sãocomercializados e que para a ampliação da oferta necessitam seremdomesticados. Muitos desses produtos constituem renda invisívelde produtores que vendem o excedente obtido. Há necessidade deestimular plantios dessas espécies vegetais mediante programas dedistribuição de mudas pelas prefeituras municipais, organizaçõesnão-governamentais e esforços visando a sua domesticação. Aseguir são mencionadas várias dessas frutas que foram motivo depesquisa de Shanley et al. (1998).

A árvore de jatobá (Hymenaea courbaril L.) adulta produz800 frutas que são comercializadas a R$ 0,20/fruto na feira do Ver-o-Peso em Belém. ° piquiá [Caryocar villosum (Aubl) Pers.]produz em média 300 frutos por árvore e é vendido a razão deR$0,15 a R$0,50/fruto.

Uma árvore de uxi (Endopleura uchi Cuatrec) chega aproduzir 1.000 frutos que são vendidas na feiras a razão de R$ 0,10a R$ 0,20/fruto. A palmeira bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.)produz em média 20 kg de frutas/ano e uma lata de 18 kg estásendo vendida a razão de R$ 18,00. A palmeira buriti que estásendo dizimada nos açaizais manejados produz em média 150 kgde frutas e estavam sendo vendidas a R$ 1,00 e R$ 2,00/quilo. NoPeru o buriti tem a mesma importância que o açaizeiro no Estadodo Pará.

° consumo de tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.)constitui um hábito da população de Manaus, assumindo um papelsimilar com a venda de pupunha cozida em Belém. Uma palmeiraproduz 750 frutas que são vendidas a razão de R$ 0,01 a R$O,lO/fruto.

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Duas árvores com grandes possibilidades referem-se aandiroba e a copaíba. Uma árvore de andiroba produz em média125 kg sementes/ano, cuja densidade na floresta varia entre 1 a 8árvores/hectare. O óleo de andiroba estava sendo vendido peloprodutores a razão de R$ 2,00/litro que no comércio varejista chegaa R$ 25,00/litro. A copaíba apresenta uma densidade de 0,1 a 2árvores/hectare e chega a produzir 2,5 litros de óleo/árvore. Osprodutores chegam a vender óleo de copaíba a R$ 0,50/litro e noretalho chegam a alcançar R$ 90,00/litro.

Referência consultada

SHANLEY, P.; CYMERYS, M.; GALV ÃO:J. Frutíferas da matana vida amazônica. Belém, Supercores, 1998. 127p.

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15. INFRA-ESTRUTURA PARA O DESENVOLVIMENTODE ATIVIDADE PRODUTIVA

15.1 Calcário e fertilizantes

Para alimentar a população mundial de 7 bilhões dehabitantes, estudos da FAO mostram que é necessário aumentar aárea de plantio de 200 milhões de hectares e a produtividade em60%. Só a agricultura brasileira terá que alimentar 200 milhões em2005, significando que a produção de grãos deverá crescer paracerca de 140 milhões de toneladas. Cerca de 70% dos solos do Paíssão ácidos e pobres em nutrientes, indicando que seria possíveldobrar a produção em cinco anos, desde que seja quadruplicado oconsumo de calcário e dobrado o de fertilizantes. Aplicando umatonelada de calcário na área cultivada com arroz, soja, milho e trigocom custo estimado de R$ 750,00, a produção aumentaria em quase19milhões de toneladas (Quaggio, 2000).

A primeira mina de calcário deverá entrar em operação atéo final de 2001, com investimentos de 1,5 milhão do Governo doEstado do Pará, através da Pará Minérios, em Palestina do Pará, a600 km de Belém, uma jazida de 7,5 milhões de toneladas (Soares,2001). Isso deverá garantir uma produção anual de 300 miltoneladas anuais de calcário ao longo de 24 anos.

o baixíssimo consumo de fertilizantes na Região Norte,46.246 toneladas (1997), aumentando para 66.903 toneladas (1998)e 71.261 toneladas (1999), representando, respectivamente, 0,33%,0,46% e 0,52%, do total nacional, mostram a baixa intensificaçãoda agricultura regional. O uso desses fertil izantes paradeterminadas culturas como dendê, coco, pimenta-do-reino,hortaliças e reduzido cultivo de arroz, milho e feijão vigna, entre osprincipais. A Adubos Trevo, comprada pelo grupo norueguêsNorsk Hydro planeja vender 50 mil toneladas fertilizantes,importado da Rússia, Canadá e Israel, em Imperatriz, para aslavouras de soja, arroz, algodão e fruticultura nos Estados doMaranhão, Pará e Tocantins (Monteles, 2001).

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15.2 Energia, transportes e apoio

A disponibilidade de ca1cário e de fosfatos poderá induzira recuperação da pastagens degradadas, reduzindo com isso apressão de ocupação de novas áreas.

Referências consultadas

MONTELES, F. Trevo aumenta estoque de adubo em Imperatriz.Gazeta Mercantil Pará, Belém, 6 jun. 2001. p.1.QUAGGIO, J.A. O ca1cário e os desafios da agricultura brasileira.Gazeta Mercantil, São Paulo, 16 ago. 2000. p.A-2.SOARES, R. Governo extrai ca1cário de Palestina. GazetaMercantil Pará, Belém, 28 mar. 2001. p.6.

No dia 15 de junho de 1998, foi inaugurada a chegada dalinha de transmissão em Altamira e em dezembro de 1998 a energiaelétrica chegou a Uruará e Ruropólis. No dia 27 de fevereiro de1999 a energia chegou a Santarém.

Há uma eterna discussão regional quanto a localização doporto de Itaqui, como saída para escoamento de minério daProvíncia Mineral de Carajás. A possibilidade de acostamento denavios do porte de Berge Sthal, considerado o maior navio domundo, com 343 metros de comprimento, 63 metros de largura,com 23 metros de calado, de bandeira cipriota, faz a rotaRotterdan/São Luís uma vez por mês transportando 355 miltoneladas de minério de ferro fino. Foi construído nos estaleirosHyundai, na Coréia do Sul pertence a empresa norueguesaBergesen Dy SI A e o minério é comprado pela siderúrgica alemãThyssen Krupp Sthal AG. O navio iniciou sua viagem em 1987.

Mandar 10 toneladas de madeira serrada de Uruará paraMarabá, num percurso de aproximadamente 700 km, custa o dobrodo que seria necessário para transportar o mesmo peso do Rio deJaneiro para Salvador. Paga-se R$ 100,00 por tonelada de cargatransportada de Altamira para Brasília. Se o destino for Salvador o

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preço sobe para R$ 135,00. Uma porta produzida em Uruará chegaa Salvador com R$ 4,00 de frete, se fosse produzida no Sul do Paráchega ao mesmo destino com acréscimo de R$ 1,80.

A Tech Ion já instalou a unidade de irradiação dealimentos em Manaus e planeja instalar outra, em Belém e emJuazeiro, na Bahia, no vale do rio São Francisco (Aragão, 1999).Esta técnica permite o combate a bactérias, fungos e insetos quecausam apodrecimento dos alimentos, permitindo também oretardamento do amadurecimento.

o escoamento de soja em 2000 no Brasil foi de 5% atravésde hidrovias, 28% em ferrovias e 67% por rodovias, para umadistância média ao porto de 900 a 1000 km. Na Argentina 2% emhidrovias, 16% ferrovias e 82% através de rodovias para umadistância média ao porto de 250 a 300 km enquanto nos EstadosUnidos 61% foi por hidrovias, 23% em ferrovias e 16% emrodovias, para uma distância média de 1.000 km (Cardoso, 2001).

Nos anos 80 um caminhão carregava no máximo 15toneladas de soja, há cinco anos esse limite passou para 27toneladas e atualmente existem carretas no mercado chamados deRomeu e Julieta programadas para transportar até 52 toneladas. Háum uso intensivo de ferrovias e hidrovias nos Estados Unidos e osargentinos são favorecidos pelas curtas distâncias entre as regiõesprodutoras e os portos de embarques de apenas 300 km (Cardoso,2001).

o frete de soja das regioes produtoras até o porto deembarque tem um custo médio de US$ 28,00/tonelada enquantonos Estados Unidos e Argentina oscila entre US$ 15,00 e 14,00respectivamente, e as despesas portuárias é de US$ 7,00/toneladanoPaís enquanto nos concorrentes é de US$ 3,00 (Cardoso, 2001).

o acesso pelo canal norte do rio Amazonas de navios deaté 120 mil toneladas (Cape Size), que teriam como destino oterminal da Hermasa em Itacoatiara, poderia reduzir o frete deItacoatiara a Rotterdan de U$ 14,00/t para US$ 1O,00/t (Cardona,

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1998). Atualmente, a navegação no rio Amazonas está limitada anavios de até 60 mil toneladas (Panamax).

A hidrovia TelesPires-Tapajós, com 1.043 km, pretendeligar Santarém à região de Cachoeira Rasteira, próximo domunicípio mato-grossense de Apiacás, a 687 km ao norte deCuiabá. Pelo porto de Santarém, o custo de cada toneladatransportada pode baixar de R$ 90,00 para até R$ 35,00 e aprevisão é que essa hidrovia esteja transportando cerca de 2,5milhões de toneladas de soja e 614 mil toneladas de fertilizantes. AABM, a Mitsui, a Cargill Agrícola SI A, o grupo Maggi e a Ceval jádemonstraram interesse na privatização. Atualmente o baixo rioTapajós é totalmente navegável numa extensão de 345 km, até asproximidades da vila de São Luís do Tapajós. Ali podem ser usadoscomboios de cerca de 200 m de comprimento, 32 m de largura e2,8 m de calado. No trecho até Buburé há 28 km de cachoeiras. Nomédio Tapajós embarcações maiores só podem navegar no períodode águas altas, porém sem carga. A seguir há um trecho de 170 kmem condições razoáveis de navegação, sucedida por 50 km comvárias corredeiras até a cachoeira de Mangabalzinho. Os 147 kmseguintes, até a cachoeira de Chacorão, têm condições consideradasrazoáveis de navegação. Depois há mais um trecho de 111 km comafloramentos rochosos até a foz do rio Teles Pires. Para superar osobstáculos e tornar esses trechos navegáveis, serão necessáriasobras como a construção de um canal e eclusa na região dascachoeiras de Buburé e retirada das rochas nesse e em outrostrechos.

Com o asfaltamento da BR-163, permitirá a exportação desoja de Sorriso, no norte de Mato Grosso, pelo Porto de Santarémcom um percurso de 1.400 km em comparação com 2.500 km sefosse pelo porto de Paranaguá. Para uma exportação estimada de 3milhões de toneladas significaria uma economia de 60 milhões dedólares, a redução no custo de fretes para adubos e o encurtamentode cinco dias de navios em direção ao hemisfério norte (Gonçalves,2001).

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Um terminal de cargas e toda a infra-estrutura portuáriapara viabilizar a hidrovia Guarná-Capim serão implantados pelaempresa de navegação e transporte fluvial Bertolini que investiráR$ 6 milhões no empreendimento (Ferreira, 2001). Essa empresa játransporta diariamente 3 mil toneladas de caulim para o Rio CapimCaulim, de Ipixuna até Vila do Conde, num percurso que consome21 horas. A ligação entre o porto de Barcarena e o porto deParagominas deverá ser feita em 35 horas. No dia 22 de janeiro de2001 foi feita uma viagem experimental transportando 600 metroscúbicos de madeira dos municípios de Portel e Breves paraParagominas.

Referências consultadas

ARAGÃO, C. Irradiação amplia prazo de venda. GazetaMercantil, São Paulo, 19 out. 1999. (Relatório Gazeta Mercantil.Fruticultura, p.2).CARDOSO, D. Transporte de soja fica mais barato. GazetaMercantil, São Paulo, 6, 7 e 8 abro 2001. p.B-16.CARDONA, r. Grandes navios poderão navegar no rio Amazonas.Gazeta Mercantil, São Paulo, 13 out. 1998. p.B- 24.FERREIRA, P.R. Bertolini investirá R$ 6 mi em porto. GazetaMercantil Pará, Belém, 24 jan. 2001. p.6.GONÇALVES, l.A. Cargill vai exportar soja pelo porto deSantarém. Gazeta Mercantil, São Paulo, 28 de maio 2001. p.B-16.MONTELES, F. A viagem mensal do gigante graneleiro. GazetaMercantil Pará, Belém, 9 ago. 1999. p.3.NINNI, K. Tramoeste, um projeto de R$ 250 milhões. GazetaMercantil, São Paulo, 26 fev. 1999. (Energia para o Oeste, p.2).PINTO, t. & NINNI, K. Rodovias ainda emperramdesenvolvimento. Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 fev. 1999.(Energia para o Oeste, p.2).

15.3 Outros insumos agrícolas

° aproveitamento de lixo orgaruco urbano para finsagrícolas pode constituir em importante forma de reduzir a

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poluição ambiental e reduzir os custos da limpeza urbana. Asimportações de adubo orgânico (aves, gado, tortas diversas) deEstados do Nordeste, para as lavouras de pimenta-do-reino, laranja,hortaliças, entre os principais constituem indicativos daimportância do setor público municipal investir nessa área.

A produção de mudas de qualidade constitui outra grandelimitação da agricultura regional, que no caso de cultivos perenesos prejuízos serão perceptíveis depois de vários anos, em termos detempo e dos lucros não auferidos. No caso de dendê e pupunha sãoevidentes a falta sementes e as proibições de importar sementes doexterior decorrentes de riscos de introdução de moléstias,necessitando maiores investimentos internos (Ferreira, 1999).

A fabricação de ração animal, a preços competitivos,constitui outra limitação para o desenvolvimento da pecuárialeiteira, criação de suínos e de aves.

A falta de touros na pecuária brasileira, cuja oferta deanimais melhorados soma 35 mil cabeças/ano consegue atendereqüivalente a 14% da demanda nacional (Cardoso, 2001). Existeuma demanda de 40 milhões de vacas em fase de reprodução, queestão sendo utilizados touros comuns cujo preço é vendido nomercado por cerca de R$ 700,00, enquanto que touros com genéticaprovada custa em média R$ 2.500,00. No caso específico daAmazônia, a melhoria do rebanho bovino vai depender de fortesinvestimentos nessa área.

Referências consultadas

CARDOSO, D. Falta touros na pecuana brasileira. GazetaMercantil, São Paulo, 1 maio 200l. p.B-14.FERREIRA, P.R. Proibição de importar sementes de dendêpreocupa empresas. Gazeta Mercantil Pará, Belém, 19, 20 e 21mar 1999. p.l; p.3.HOMMA, A.K.O. Uma política para a reciclagem do lixo urbano:um comentário teórico. Revista Econômica do Nordeste,Fortaleza, 28:469-476, jul. 1997. (Número especial).

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HOMMA, A.K.O. Criando um preço positivo para o lixo urbano: areciclagem e a coleta informal. In: 11 ENCONTRO NACIONALDA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA,SãoPaulo-SP, 1997. Anais .... São Paulo, ECO-ECO, 1997. p.22-34.HOMMA, A. Lixo é problema ecológico na Amazônia. GazetaMercantil Pará, Belém, 8 jun 1998. p.2.HOMMA, A. Por uma Amazônia mais limpa. Gazeta MercantilPará, Belém, 6 mai 1998. p.2.RECICLAGEM DO LIXO URBANO PARA FINSINDUSTRIAIS E AGRÍCOLAS, 1998, Belém, PA. Anais. Belém:Embrapa Amazônia Oriental/SECTAMlPrefeitura Municipal deBelém, 2000. 217. (Embrapa-CPATU. Documentos, 30).

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16. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As alternativas para investimentos agrícolas na Amazôniadevem assumir caráter dinâmico adaptando-se aos mercadosdisponíveis, substituição de importações, novos mercados, produtosorgânicos e ambientais, entre outros, com capacidade de evoluir eadaptar-se às mudanças. O vácuo representado pela carência dealternativas tecnológicas e seu contínuo aperfeiçoamentoconstituem as principais limitações para o surgimento de novasoportunidades. A carência infra-estrutural constitui outro círculovicioso, onde os eventos que ainda não aconteceram terminamgerando externalidades negativas. Entre as principais conclusõesdesta revisão, que servem, também, como prioridades de pesquisaagrícola e de investimentos, podem ser sumariados nos principaistópicos:

O sucesso das agroindústrias na Amazônia vai dependerde políticas macroeconômicas que procurem evitar os vazamentosdos excedentes financeiros gerados para as regiões maisdesenvolvidas, implicando na reduzida capacidade deautofinanciamento. A adoção de políticas fiscais como a isençãototal do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS) para agroindústrias, para se instalarem nos municípiosinterioranos, são medidas que necessitam ser avaliados eimplementados. Outro aspecto secular tem sido a característica deregião exportadora de matérias-primas, fazendo com que otransporte de retorno ocorra com capacidade ociosa, reduzindo-seos fretes de retorno e com isso inibindo as possibilidades deindustrialização. As agroindústrias, neste cenário pessimista,tenderiam apenas a viabilizar mecanicamente as matérias-primaspara exportação devido a perecibilidade, peso e volume, gastoscom energia, poluição, etc.

A característica deficitária crônica da economia da RegiãoNorte em termos de balança comercial, que atinge quase US$ 1bilhão em 2000, sugere a necessidade de políticas comerciais maisagressivas com os principais países exportadores e importadores,como garantia para as atividades do setor primário. A Região

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Norte, apesar da ênfase ecológica tem sido muito mais um mercadocativo dos países desenvolvidos.

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As atividades intensivas em mão-de-obra e em terraapresentam as maiores vantagens comparativas em longo prazo naAmazônia. Nesta categoria incluem a pecuária, reflorestamento eplantio de culturas perenes. Ressalta-se. que no caso de cultivosperenes frações de áreas são suficientes para saturar o mercadoexistente.

A recuperação de pastagens evitando-se a incorporação denovas áreas e de evitar a queima periódica de pastos, melhoria daqualidade do rebanho e sanidade, induzirão a formação de umapecuária mais sustentável. Considerando uma vida útil média de 10anos para as pastagens, há necessidade de proceder a recuperação,de no mínimo 10% das áreas totais de pastagens na Amazônia, emtomo de 2 milhões de hectares anuais. Ressalta-se que há grandesperspectivas na produção de carne sem a utilização de insumosquímicos e de ração e utilizando procedimentos éticos em relaçãoao meio ambiente.

o reflorestamento visando atender a demanda de madeirasnobres, celulose, compensados e para carvão vegetal para atenderas guseiras, evitando a pressão da extração de florestas nativas,apresentam grandes perspectivas de gerar emprego e renda erecuperar áreas desmatadas. Somente em se tratando da produçãode carvão vegetal para atender as guseiras, há necessidade de umaárea equivalente a 30 mil hectares anuais de floresta para seremtransformadas em carvão vegetal. No caso do mogno, a estimativaé que seria necessária uma área equivalente a mil hectaresplantados anualmente para atender o mercado para exportaçãodessa madeira.

Algumas práticas de manejo de recursos naturais, aoprivilegiar determinadas atividades, como vem acontecendo para ocaso de açaizais manejados, tendem a apresentar riscos para abiodiversidade se grande parte dessas áreas forem transformadasem áreas homogêneas, além da própria limitação da oferta.

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o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis aindaem grande estoque (madeireiros, açaizeiros, babaçuais, etc.), emprocesso de esgotamento (castanheiras, etc.) e, àqueles criados pelaação antrópica como acontece com a expansão de babaçuais nasáreas derrubadas no triângulo formado pelos Estados do Pará,Maranhão e Tocantins, precisam ser explorados da maneira maisracional. Novas alternativas, como a verticalização desses produtos(óleo de castanha, óleo de babaçu, palmito de babaçu, etc.),precisam ser incentivados, sobretudo pelas comunidades locais.

Ampliação da oferta de determinados cultivos e criaçõesque apresentam déficit no abastecimento regional e de substituiçãode importações. Entre estes podem ser mencionados a ampliaçãodos plantios de açaí, para acompanhar o crescimento da demandaexterna e o abastecimento regional, o plantio de seringueiras,dendê, café, hortaliças, arroz, milho, feijão, mandioca, aves, suínos,produção de leite, etc. Para reduzir o preço do vinho de açaí para osconsumidores paraenses, àqueles destinados para consumo fora doEstado do Pará e para o exterior há necessidade de incentivar osplantios racionais. Apesar dos evidentes riscos de pragas e doenças,há um mercado atual para mais de 120 mil hectares de seringueiraem idade de sangria para substituir as importações de borrachavegetal que deveriam ser incentivas nas áreas de escape, bem comode dobrar a atual área plantada de dendê, em torno de 60 milhectares.

Há necessidade de envidar esforços visando adomesticação imediata de plantas conhecidas, como o bacuri,andiroba, copaíba, cumaru, pau-rosa, com amplas possibilidades demercado. As restrições atuais estão na oferta, totalmentedependentes do extrativismo e com evidentes sinais de esgotamentoou atingimento da capacidade máxima de coleta.

Ampliação das atividades que estão sofrendo pressão deesgotamento espacial e do crescimento da demanda, tais comorecursos pesqueiros, madeireiros, entre os principais. No caso derecursos pesqueiros teria de combinar atividades de criação e derepovoamento de rios, este último, bastante carente de informações

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tecnológicas e de responsabilidade do setor público. Os altos preçospagos pelos consumidores urbanos demonstram o potencial dessaatividade.

Novas atividades potenciais, nos quais há necessidade decriar oferta para induzir a demanda devem ser incentivadas em umprimeiro instante. Entre estas atividades poderiam ser mencionadoso interesse recente pelo neen, pelos novos produtos dabiodiversidade, criação de animais silvestres, produção de insumosagrícolas, reprodutores bovinos, entre outros.

Abastecimento alimentar, com ênfase para os produtosalimentares consumidos pela população com menor poderaquisitivo como farinha de mandioca, arroz e feijão vigna e, milhopara alimentação de pequenos animais. Estes plantios devem serorientados com vistas a sua intensificação, reduzindo os custosambientais decorrentes dessas atividades.

Inserção no amplo mercado nacional e internacional quese descortina na produção de plantas medicinais, aromáticas,corantes e inseticidas naturais. O estrangulamento existente nosetor de pesquisa agrícola precisa ser quebrado para reduzir oscustos econômicos por parte dos produtores. Sobretudo éinteressante destacar o crescimento do mercado de cosméticosutilizando como insumos plantas nativas da Amazônia.

Gradativa expansão de produtos que apresentam grandesperspectivas externas como a produção de pupunha para palmito,óleo de dendê, cacau, guaraná, entre os principais. Na expansão dosplantios de pupunha é necessário reavaliar a expansão do mercadode palmito, dos quais, a exportação máxima de 11 mil toneladas depalmito de açaí pode ser considerado como mercado potencial.Quanto ao mercado interno, as possibilidades são maiores, seconsiderar que quase 200 mil toneladas brutas de palmito de açaí jáforam extraídas no seu pico, mas deve implicar na redução de seuspreços. O cacau, apesar do soerguimento da cacauicultura baianamediante enxertia com clones resistentes a vassoura-de-bruxa,pode-se considerar como meta de expansão gradati va, em tentar

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dobrar a atual área plantada na Amazônia, para os próximos dezanos. Privilegiando os pequenos produtores, estes terão maiorescondições de suportar crises de preços freqüentes nesta cultura ecomo fonte de renda constante, mesmo nas condições maisinóspitas. O guaraná vai depender da efetiva consolidação comonovo produto universal, esperando-se no mínimo, quanto anecessidade de dobrar a atual área plantada para os próximos cincoanos.

Novos mercados representados pelos produtos organicosprecisam ser valorizados na Amazônia, face às característicasinerentes a região que precisam ser explorados. O mercado deprodutos certificados, tanto para produtos agrícolas comomadeireiros deverão crescer nos próximos anos. A certificação paraquatro madeireiras (Madeireira Itacoatiara Ltda., Gethal Amazonas,Juruá Florestal Ltda. e Cikel Brasil Verde S/A) mostram que se osempresários regionais não conseguirem reagir a essa novamudança, o mercado de madeiras será controlado por grandesmadeireiras estrangeiras.

Os incentivos econômicos sempre que possível devem serdirigidos para cobrir externalidades e suspensas imediatamentequando estas são criadas. Verifica-se que os incentivos econômicossempre têm caminhado em direção aos mais favorecidos. Quandopossível os financiamentos agrícolas devem ser dirigidos paraatender comunidades, visando apoiar em infra-estrutura deinteresse coletivo. O sentido do estratégico não pode ficarflutuando entre atividades produtivas mais fortes ou mais fracas.

Para muitas culturas precisam criar mecanismos quepermitam limitar a expansão das áreas de plantio, a exemplo dapimenta-do-reino, para no máximo 10% da área plantada eenfatizando a agricultura familiar, com maiores condições desuperar crises de mercado. Essa assertiva é válida para um grandeelenco de atividades, tais como laranja, cupuaçu, urucum, banana,coqueiro, abacaxi, entre outros, em consonância com a sinergia domercado. O perigo de determinadas atividades da moda, que sãoinseridas na Amazônia, sem mercado e definição tecnológica, que

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são estimuladas até por caprichos individuais, representam riscosconstantes na Amazônia.

A melhoria de qualidade no padrão da administraçãogerencial e tecnológica das agroindústrias precisa ser incentivada,bem como o fornecimento capital de giro, que constituem uma dasgrandes limitações dos projetos implantados.

A verticalização do setor madeireiro, indústrias de sucosde frutas regionais, produtos utilizando frutas produzidas naAmazônia como ingredientes (sucos, concentrados, geléias,bombons, doces, etc.), apresentam grandes chances de sucessoassociando-se com qualidade e higiene. O crescimento dafruticultura regional, vai depender, em parte da capacidade de criarnovos subprodutos e da sua verticalização. Melhoria da qualidadede diversos produtos agrícolas com vistas a atingir o mercadoexterno, como cacau, café, madeira, etc.

A carência de tecnologia agrícola tem constituído emgrande limitação para o desenvolvimento de diversas atividadesatuais e potenciais, com amplo mercado nacional e internacional.As possibilidades de mercado de produtos agrícolas na Amazôniaestão sendo limitadas pela carência de informações científicas etecnológicas, pela falta de assistência técnica e pelas dificuldadesde infra-estrutura. Para grande parte das atividades produtivasmencionadas, os riscos estão presentes, como acontece para odendê, seringueira, cupuaçu, cacau, pimenta-do-reino, café, coco,entre outros, nos quais o aparecimento de pragas e doenças,constituem desafios ainda não solucionados. Como tópico final,existe o mercado ambiental representado pela demanda anual de1.300.000 a 1.700.000 hectares de floresta densa e de vegetaçãosecundária que são derrubados e queimados anualmente. Práticastecnológicas, voltadas para a utilização de insumos modernos(calcário e fertilizantes químicos) e da mecanização da terra(destoca, aração e gradagem), poderiam constituir em amplomercado para comunidades interessadas em reduzir desmatamentose queimadas e aumentar a produtividade agrícola.

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