38
I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral: Uma revisão sistemática Valeriano Francisco Rodrigues Neto Salvador (Bahia) Agosto, 2016

Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

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Page 1: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Sintomas depressivos em pacientes acometidos por

Acidente Vascular Cerebral: Uma revisão sistemática

Valeriano Francisco Rodrigues Neto

Salvador (Bahia)

Agosto, 2016

Page 2: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

II

FICHA CATALOGRÁFICA

(elaborada pelo SIBI-UFBA, da Bibliotheca Gonçalo Moniz : Memória da Saúde Brasileira/SIBI-

UFBA/FMB-UFBA)

Rodrigues Neto, Valeriano Francisco Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral: Uma revisão sistemática / Valeriano

Francisco Rodrigues Neto. -- Salvador, 2016. 38 f.

Monografia, como exigência parcial e obrigatória para conclusão do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Professor orientador: William Azevedo Dunningham. TCC (Graduação - Medicina) -- Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, 2016.

Palavras chaves: 1. Sintomas. 2. Depressão. 3. AVC. I. Dunningham, William Azevedo. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral: Uma

revisão sistemática

Page 3: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Sintomas depressivos em pacientes acometidos por

Acidente Vascular Cerebral: Uma revisão sistemática

Valeriano Francisco Rodrigues Neto

Professor orientador: William Azevedo

Dunningham

Monografia de Conclusão do

Componente Curricular MED-

B60/2016.1, como pré-requisito

obrigatório e parcial para

conclusão do curso médico da

Faculdade de Medicina da Bahia

da Universidade Federal da Bahia,

apresentada ao Colegiado do Curso

de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)

Agosto, 2016

Page 4: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

IV

Monografia: Sintomas Depressivos em pacientes acometidos por Acidente

Vascular Cerebral: Uma revisão sistemática, de Valeriano Francisco

Rodrigues Neto.

Professor orientador: William Azevedo Dunningham

COMISSÃO REVISORA: William Azevedo Dunningham (Presidente, Professor orientador), Professor do

Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da

Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Eduardo Pondé de Sena, Professor do Departamento de Biorregulação do

Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.

Maria de Fátima Diz Fernandez, Professor do Departamento de Patologia e

Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da

Bahia.

Membro suplente

Murilo Pedreira Neves Júnior, Professor do Departamento de Medicina

Interna e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Bahia da

Universidade Federal da Bahia

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO:

Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e

julgada apta à apresentação pública no X Seminário

Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da

Bahia da Universidade Federal da Bahia, com

posterior homologação do conceito final pela

coordenação do Núcleo de Formação Científica e de

MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em

___ de _____________ de 2016. (dia e mês são

manuscritos pela coordenação do Colegiado, quando

do ato de homologação – portanto, não preencher

essa data).

Page 5: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

V

“Toda grande caminhada começa com um simples

passo.” (Buda)

Page 6: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

VI

À minha avó, Hilda Couto de

Souza.

Page 7: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

VII

EQUIPE Valeriano Francisco Rodrigues Neto, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA.

Correio-e: [email protected].

William Azevedo Dunningham, Professor do Departamento de Neurociências e

Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Page 8: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

VIII

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

Page 9: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

IX

FONTES DE FINANCIAMENTO 1. Recursos próprios.

Page 10: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

X

AGRADECIMENTOS

Ao meu Professor orientador, Doutor William Dunningham, por ter me acolhido

num momento delicado para a realização desta monografia.

Ao meu Professor, membro da comissão revisora e amigo, Doutor Eduardo

Pondé de Sena, por ter ajudado na correção deste trabalho.

Ao meu colega e amigo, Pedro Larocca Magalhães, com quem tive o prazer de

compartilhar a realização de um projeto de pesquisa e de construir juntos as

ideias de nossas monografias.

Page 11: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

1

SUMÁRIO

ÍNDICE DE QUADROS 2 ÍNDICE DE SIGLAS 3 I. RESUMO 4 II. OBJETIVOS 5 III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6

IV. METODOLOGIA 9

V. RESULTADOS 10

VI. DISCUSSÃO 15

VII. CONCLUSÕES 16 VIII. SUMMARY 17 IX. REFERÊNCIAS IBLIOGRÁFICAS 18

Page 12: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

2

ÍNDICE DE FIGURA, GRÁFICOS, QUADRO E TABELAS

QUADRO QUADRO I. Resultados da busca dos dados.

QUADRO II. Frequência de sintomas depressivos nos trabalhos estudados

QUADRO III. Relação de frequência das escalas de depressão entre os artigos

11

15

16

Page 13: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

3

ÍNDICE DE SIGLAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

BDI Inventório de Depressão de Beck

CES-D Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos

DPAVC Depressão Pós-AVC

DSM-V Manual Estatístico e Diagnóstico das Doenças Mentais, 5ª edição

GDS Escala Geriátrica de Depressão

HADS Escala Hospitalar de Depressão e Ansiedade

HAM-D Escala de Depressão de Hamilton

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IDB Índice de Dependência de Barthel

MADRS-S Escala de Depressão Autoaplicável de Montgomery Asberg

mRS Escala Modificada de Rankin

NIHSS National Institutes of Health Stroke Scale

OMS Organização Mundial da Saúde

OR Odds Ratio

SCL-90-D Escala de Sintomas Depressivos em Check-list

SDS Escala Autoaplicável de Depressão de Zung

SS-QoL Escala para Quantificação da Qualidade de Vida

Page 14: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

4

I. RESUMO

Sintomas Depressivos em pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral: Uma

revisão sistemática. Introdução: As doenças cerebrovasculares são a terceira causa de morte

no mundo inteiro, ficando atrás apenas do infarto agudo do miocárdio e do câncer. No Brasil,

o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocupa a primeira posição nas causas de óbito na

população acima dos 45 anos, além de se configurar como a doença mais incapacitante nessa

mesma faixa etária. Dentre as complicações do AVC, a depressão se destaca por ser a que tem

maior risco de mortalidade. Objetivos: Estudar o tema “Sintomas depressivos em pacientes

acometidos por Acidente Vascular Cerebral”. Conhecer o impacto destes sintomas

depressivos sobre a funcionalidade do paciente. Métodos: Utilizando as bases de dados

Bireme, serão usados os descritores “Stroke” e “Depressive Symptoms”. Será realizada uma

revisão sistemática de artigos escritos em português, inglês e espanhol, publicados a partir de

1990, realizados nos seguintes países: Estados Unidos, países da União Europeia, Austrália e

Brasil. Foram excluídos artigos que abordassem pacientes com idade inferior a 18 anos, ou

que estudassem outras doenças que não depressão ou AVC; estudos feitos em modelos

animais ou que observassem comportamentos moleculares das duas doenças previamente

citadas; trabalhos para validação de escalas diagnósticas da DPAVC, ou artigos que

avaliassem resposta terapêutica dessa mesma doença e artigos guiados para estabelecer

relação causal entre depressão e AVC. Aspectos Éticos: Não se aplica. Resultados: Existem

vários preditores dos sintomas depressivos após AVC; a qualidade de vida desses pacientes é

muito comprometida; a ferramenta diagnóstica mais usada é a escala de depressão de

Hamilton. Conclusões: Gravidade e localização do AVC tem relação com depressão; essa

doença é muito incapacitante; seu diagnóstico não é padronizado.

Palavras chave: 1. Sintomas; 2. Depressão; 3. AVC.

Page 15: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

5

II. OBJETIVOS

PRIMÁRIO

Estudar sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral.

SECUNDÁRIOS

1. Conhecer a repercussão dos sintomas depressivos sobre a funcionalidade e

qualidade de vida do paciente.

2. Enumerar os sintomas depressivos mais encontrados.

3. Identificar preditores de depressão no grupo estudado.

4. Relacionar diferentes critérios diagnósticos para a depressão utilizados em

pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral.

Page 16: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

6

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a interrupção súbita do aporte sanguíneo

cerebral, podendo ser de natureza isquêmica ou hemorrágica, e pode cursar com

quaisquer sinal e sintoma referente às funções do sistema nervoso central (SNC);

apresenta uma fase aguda e uma fase crônica, caracterizadas respectivamente por

inchaço cerebral e reconstrução do tecido cerebral morto pelo AVC (gliose). As

doenças cerebrovasculares são a terceira causa de morte no mundo inteiro, ficando

atrás apenas do infarto agudo do miocárdio e do câncer. No Brasil, o AVC ocupa a

primeira posição nas causas de óbito na população acima dos 45 anos, além de se

configurar como a doença mais incapacitante nessa mesma faixa etária (Ministério da

Saúde, 2013). A literatura é escassa no que diz respeito às taxas de complicações do

AVC, e, em especial, as complicações psiquiátricas do AVC, que foram

negligenciadas por muitos anos, em decorrência do descobrimento de um tratamento

para as complicações motoras – paralisia espástica (Ministério da Saúde, 2013).

A depressão é o transtorno psiquiátrico mais frequente na população geral,

ocorrendo em todas as faixas etárias. É uma doença de alta morbi-mortalidade

responsável por altos custos de tratamento. Nas duas últimas décadas, está havendo

um aumento na frequência de depressão, levando a Organização Mundial de Saúde

(OMS) a considera-la como uma epidemia; a doença obedece uma distribuição entre

homens e mulheres de 2:1, segundo a National Comorbidity Survey (2003). Dentre as

complicações da depressão – como abuso de álcool, tentativas de suicídio, diabetes

melitus, infarto agudo do miocárdio – as doenças cerebrovasculares ainda têm lacunas

a serem preenchidas em vários aspectos, como relação causal, sintomas preditores do

prognóstico do paciente e tratamento específico.

De acordo com o Código Internacional das Doenças, versão 10 (CID-10, 2008),

define-se episódio depressivo como período de, no mínimo, 2 semanas, com a

presença de dois grupos de sintomas: 1) Humor triste, diminuição do interesse e do

prazer (anedonia), diminuição da energia e fatigabilidade; 2) pessimismo, diminuição

da auto-estima, ideação de ruína e/ou culpa, pensamentos e atos suicidas, diminuição

ou aumento do sono, diminuição da atenção e concentração, lentificação ou agitação

Page 17: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

7

da atividade psicomotora. Havendo dois sintomas do primeiro grupo e dois do

segundo, o episódio é dito como leve; é classificado como moderado se apresenta dois

do primeiro e três ou quatro do segundo grupo; e grave se apresenta três sintomas do

primeiro grupo e quatro ou mais sintomas do segundo grupo.

Segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico das Doenças Mentais, versão 5

(DSM-V, 2013), Transtorno Depressivo Maior se encaixa na presença de, pelo menos,

5 dos seguintes sintomas por, pelo menos, 2 semanas: Humor Deprimido, Anedonia,

Perda/Ganho de peso, Insônia/Hipersonia, Agitação psicomotora/Retardação, Fadiga,

Culpa/Inutilidade, Diminuição da capacidade de concentração ou do pensamento,

Frequentes pensamentos sobre a morte.

Inúmeras escalas para mensurar a depressão foram desenvolvidas no intuito de

melhorar o diagnóstico dessa condição e o diagnóstico diferencial com estresse

psicossomático, cada uma delas apresentando pontos de corte e itens específicos. Não

há evidências de que uma determinada escala seja mais apropriada que outra escala

para diagnosticas e estadiar a depressão; assim sendo, não há um instrumento “padrão-

ouro” para o diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior (Dennis et al., 2012).

Não existem critérios diagnósticos definidos para a DPAVC; essa condição é

suscitada se o paciente desenvolve sintomas depressivos preenchendo os critérios

acima citados, após a ocorrência de um AVC, sem definição de intervalo de tempo

entre o evento isquêmico e os sintomas depressivos (DSM-V, 2013).

Segundo Ayerbe et al. (2013), a DPAVC por si já é considerada um preditor

independente de pouca funcionalidade do paciente a longo prazo, e sua prevalência

está em torno de 30%, com a maioria dos pacientes desenvolvendo os primeiros

sintomas logo após este evento. Diabetes, maus hábitos de saúde, comprometimento

cognitivo e comportamento anti-social foram sugeridos como subjacentes ao

surgimento da DPAVC, mas estes dados são sustentados por hipóteses de revisões

sistemáticas e estudos observacionais sobre este tema.

A depressão é a complicação cognitiva mais comum no pós-AVC, e é a que

está associada a um pior prognóstico clínico do paciente. Baseando-se nos dados da

American Heart Association de 2010, Robinson et al. (2010) estimaram que, dos

sobreviventes ao AVC nos Estados Unidos (5 milhões), pouco menos que 50% (2,4

milhões) deles cursem com depressão pós-AVC (DPAVC). Ginkel et al. (2013)

Page 18: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

8

estimam ainda que um terço de todos os pacientes acometidos por AVC apresentam

sintomas depressivos em algum momento do “follow-up” (i. e.: seguimento) pós-AVC

(Matos et al, 2006 apud Hackett et al, 2005). A prevalência de depressão entre os

pacientes acometidos por AVC varia muito, dependendo do método utilizado para

diagnosticar a depressão (Terroni et al, 2003).

O impacto da depressão no período pós-AVC é evidenciado principalmente no

que diz respeito à recuperação do indivíduo deprimido; Terroni et al. (2003)

evidenciaram que pacientes deprimidos apresentam queda da recuperação funcional

em comparação com os pacientes não deprimidos, tendo aqueles também maior tempo

de permanência hospitalar durante a fase aguda da doença. O mesmo autor também

conclui em seus trabalhos que esses pacientes estão muito submetidos à condição de

subdiagnóstico e subtratamento; estima-se que apenas 20% a 50% dos pacientes com

depressão pós-AVC são corretamente diagnosticados por médicos não-psiquiatras.

Fatores que contribuem para essa condição são, dentre outros: primeiro, a falta de

padronização no diagnóstico, sendo aplicadas várias escalas, com diferentes pontos de

corte para o diagnóstico de depressão; segundo, a maioria dos estudos sobre a DPAVC

exclui pacientes com sequelas cognitivas graves (como afasia, anartria), o que diminui

o poder dos estudos; terceiro, a avaliação do estado de humor do paciente é feita quase

exclusivamente enquanto o paciente está internado, a maioria dos pacientes que já

passou da fase aguda do AVC não tem avaliação de depressão.

As bases biológicas da DPAVC não estão muito claras; existe evidência

crescente que sugere que a anormalidade na liberação de citocinas proinflamatórias

desempenhe um papel importante no desenvolvimento de disfunções neuroquímicas,

em especial, a depressão (Robinson et al, 2010). Ainda existem muitas lacunas no que

diz respeito à relação do desenvolvimento da mesma com a localização da isquemia

cerebral. Para Robinson et al. (2010), é a área de pesquisa com mais controvérsia; já

que relacionar sinais e sintomas com uma topografia específica é um dos objetivos da

neurologia, porém essa relação não está presente na psiquiatria; e vários estudos

falharam em encontrar essa relação. Entretanto, Robinson et al. (2010) conduziram

uma meta-análise que comparou a frequência de depressão maior entre pacientes com

lesões anteriores e posteriores do hemisfério esquerdo, o estudo teve uma associação

positiva para depressão nas lesões anteriores do hemisfério esquerdo. O mesmo estudo

Page 19: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

9

comparou depressão entre pacientes com lesões anteriores dos hemisférios direito e

esquerdo, e novamente houve associação positiva para depressão nas lesões anteriores

do hemisfério esquerdo.

A justificativa desse estudo é estudar a doença depressiva que surge após o

AVC, seus sintomas, preditores, impacto em funcionalidade e qualidade de vida e

métodos diagnósticos

Page 20: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

10

V. METODOLOGIA

a. Desenho de estudo: Revisão Sistemática.

b. Critérios de inclusão: Descritores “Stroke” e “Depressive Symptoms”. Artigos

escritos em português, inglês e espanhol, publicados a partir de 1990. Estudos

realizados nos seguintes países: Estados Unidos, países da União Europeia,

Austrália e Brasil. Filtros de busca: “Texto Completo”, Base de dados

internacionais”, MEDLINE”, “Predição”, Diagnóstico” e “Humanos”.

c. Critérios de exclusão: Artigos que abordassem pacientes com idade inferior a

18 anos, ou que estudassem outras doenças que não depressão ou AVC.

Estudos feitos em modelos animais ou que observassem comportamentos

moleculares das duas doenças previamente citadas. Estudos para validação de

escalas diagnósticas da DPAVC, ou artigos que avaliassem resposta

terapêutica dessa mesma doença. Artigos guiados para estabelecer relação

causal entre depressão e AVC.

d. Procedimentos de coleta de dados: De acordo com a Declaração PRISMA para

Publicação de Revisões Sistemáticas e Meta-análises de Estudos que Avaliam

Intervenções de Serviços de Saúde, foi executada uma busca de artigos na

plataforma BIREME, entre Maio e Outubro de 2015, foi realizado um primeiro

screening dos dados obtidos, baseando-se no título; em seguida, feito um

segundo screening dos dados selecionados, baseando-se no resumo do artigo.

e. Análise de dados: Os artigos selecionados foram completamente lidos e suas

informações foram sistematizadas em tabela e em tópicos de discussão. A

frequência dos sintomas depressivos foi descrita e organizada em tabela, bem

como o impacto desses sintomas sobre a funcionalidade do paciente e os

preditores ao aparecimento dos sintomas.

Page 21: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

11

VI. RESULTADOS

Aplicando-se os critérios de inclusão e exclusão de artigos conforme pré-estabelecido

para a presente revisão, a busca inicial encontrou 244 artigos, dos quais foram descartados

169 pela leitura do título; dos 75 artigos restantes, 52 foram descartados pela leitura do

abstract; restando então 22 artigos dessa triagem, que foram selecionados. Foi adicionada

mais uma publicação, pela sua relevância no trato do assunto e por preencher os critérios de

inclusão deste trabalho, resultando ao final em 23 artigos para estudo. O quadro 1 relaciona o

material encontrado, apresentando dados de identificação e linhas de abordagem utilizadas

pelos autores.

Quadro 1. Resultados da busca dos dados.

Autores Título Ano de

Publicação Principais achados

Willey et al.

Early Depressed

Mood After Stroke

Predicts Long-Term

Disability

2015 Pacientes com humor deprimido dentro do

1º e do 2º ano após o AVC tendem a estar

funcionalmente prejudicados (IDB < 60).

Guajardo et al.

The Influence of

Depressive

Symptoms on Quality

of Life after Stroke:

A Prospective Study

2015 A presença de sintomas depressivos,

avaliados na escala HAM-D-31, predizem

uma baixa qualidade de vida do paciente.

Mudanças na qualidade de vida do paciente

dentro do primeiro mês após o AVC prediz

sintomas depressivos após 03 meses desse

evento.

Ayerbe et al. Natural history,

predictors and

associated Outcomes of anxiety

up to 10 years after

stroke: the South

London Stroke

Register.

2013 A ansiedade tem forte associação com a

depressão, e isso aponta para redução da

qualidade de vida do paciente a longo prazo.

Allan et al. Long-term incidence

of depression and

predictors of

depressive symptoms

in older stroke

survivors

2013 Associação positiva em análise univariada

entre dano cognitivo e depressão dentro de

1 ano após o AVC.

Silva et al. Is Poststroke

Depression a Major

Depression?

2013 Os resultados mostraram que os sintomas

dos pacientes com DPAVC são mais

brandos se comparados aos sintomas do

transtorno depressivo maior.

Caeiro et al. Apathy Secondary to

Stroke: A Systematic Review and Meta-

Analysis

2013 Os pacientes que desenvolvem DPAVC,

assim como os que desenvolvem declínio cognitivo, geralmente não apresentam

apatia.

Page 22: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

12

Brookes et al. Depressive symptoms as a predictor of

quality of life in

cerebral small vessel

disease, acting

independently of

disability; a study in

both sporadic small

vessel disease and

CADASIL

2013 Sintomas depressivos foram o maior preditor de redução da Qualidade de Vida,

avaliada em escala específica para isso (SS-

QoL).

Loubinoux et al. Post-Stroke

Depression:

mechanisms,

translation and therapy

2012 DPAVC é a complicação neuropsiquiátrica

não cognitiva mais frequente na isquemia

cerebral, afetando mais que 50% dos

pacientes acometidos pelo AVC.

Altieri et al. Depression after minor stroke:

prevalence and

predictors

2012 Os sintomas depressivos mais frequentes em forma decrescente foram inibição ao

trabalhar, falta de decisões, fatigabilidade,

tristeza, choro, pessimismo e irritabilidade.

Associação positiva entre o

desenvolvimento da DPAVC e tempo de

educação escolar < 8 anos e entre DPAVC

e Diabetes Melitus. Tempo de escolaridade

> 8 anos fator protetor ao desenvolvimento

da DPAVC.

Sibon et al. Evolution of

Depression

Symptoms following

Stroke: A Prospective

Study Using Computerized

Ambulatory

Monitoring

2012 Sintomas de fase aguda que mais se

relacionaram com níveis preditores de

depressão foram anedonia e fadiga. 90 dias

após o evento, os sintomas mais associados

foram tristeza, ansiedade e pensamentos negativos.

Ayerbe et al. Natural History,

Predictors and

Associations of

Depression 5 Years

After Stroke. The

South London Stroke

Register

2011 Frequência média de depressão foi 30%,

com 14% de casos graves. Dano cognitivo

teve associação positiva com o

desenvolvimento da DPAVC, enquanto que

independência das atividades diárias

tiveram associação negativa com a

DPAVC. A prevalência de depressão

dobrou entre os pacientes com pouco

suporte familiar, além do dano cognitivo.

Tennen et al. Are Vascular Risk

Factors Associated

With Post-Stroke Depressive

Symptoms?

2011 Pacientes com sintomas depressivos

pontuaram mais no NIHSS. HAS

apresentou associação positiva com a presença de sintoma depressivos; o escore

do NIHSS e a HAS se apresentaram como

preditores independentes dos sintomas

depressivos.

Bour et al. Depressive symptoms

and executive

functioning in stroke

patients: a follow-up

study

2011 O estudo não encontrou associação

significante entre a disfunção executiva e

os sintomas depressivos.

Ostir et al. Patterns of Change in

Depression After

Stroke

2011 O estudo concluiu que as taxas de

depressão eram maiores na fase aguda do

AVC e tenderam a se resolver em até 12

Page 23: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

13

meses após o evento.

Nishimayama et

al.

Early Depressive

Symptoms after Ischemic Stroke Are

Associated with a

Left

Lenticulocapsular

Area Lesion

2010 Houve associação positiva entre lesão na

área lenticulo-capsular esquerda e desenvolvimento de sintomas depressivos

após 01 mês do evento. Houve associação

negativa entre HAS e sintomas depressivos,

bem como elevado nível educacional e o

surgimento desses sintomas.

Terroni et al.

Importance of

retardation and

fatigue/interest

domains for the

diagnosis of major

depressive episode

after stroke: a four

months prospective study

2009 Sintomas cognitivos, acessórios, sintomas

da área do interesse e ansiedade

apresentaram relação positiva com o

desenvolvimento da depressão dentro de 04

meses após o AVC.

Snaphaan et al. Post-Stroke Depressive

Symptoms Are

Associated with Post-

Stroke Characteristics

2009 A prevalência média de DPAVC foi de 13% (10-15%). Não houve associação

significativa entre o subtipo do AVC e a

DPAVC.

Christensen et

al.

Depressed Mood

After Intracerebral

Hemorrhage: The

FAST Trial

2009 Os sintomas depressivos mais presentes

foram: humor deprimido, preocupação,

somatização de sintomas, disfunções

sexuais, sentimento de incapacidade,

ansiedade. Houve associação positiva entre

gênero feminino, história de comorbidades,

dano neurológico e o desenvolvimento de

sintomas depressivos 15 dias após o AVC.

Schepers et al. Prediction of

Depressive

Symptoms up to three years post-stroke

2009 A presença de sintomas depressivos na fase

aguda do AVC teve associação positiva

com esses mesmos sintomas presentes a 1 e a 3 anos após o evento.

Vickery et al. Self-Esteem Level and Stability,

Admission

Functional Status,

and Depressive

Symptoms in Acute

Inpatient Stroke

Rehabilitation

2009 A baixa funcionalidade dos pacientes na presença de baixa autoestima teve

associação positiva com o relato de

sintomas depressivos.

Dafer et al. Poststroke

Depression

2008 DPAVC acontece principalmente entre 3-6

meses após o AVC, ocorrendo em 18 a

78% dos pacientes com grande risco para

tanto. Sintomas mais esperados são humor

deprimido (61%), irritabilidade (33%) e

mudanças no apetite (33%).

Skånér et al.

Self-rated health,

symptoms of

depression and general symptoms at

3 and 12 months after

a first-ever stroke: a

municipality-based

study in Sweden

2007 Os sintomas depressivos mais presentes

durante 03 meses após o evento isquêmico

foram sensação de desconforto, perda da iniciativa e redução da capacidade de

concentração. Enquanto que aos 12 meses,

os principais sintomas foram perda de

iniciativa, distúrbios do sono e perda da

capacidade de concentração.

Page 24: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

14

Provinciali et al. Depression after First-Ever Ischemic

Stroke: The

Prognostic Role of

Neuroanatomic

Subtypes in Clinical

Practice

2008 Os infartos cerebrais de circulação anterior total (TACI) apresentaram associação

positiva com o surgimento de sintomas

depressivos até 9 meses após o AVC. Não

houve associação significante entre infartos

da circulação posterior ou hemisfério

infartado com o surgimento destes

sintomas.

Os preditores desses sintomas depressivos foram centro de discussão de 11 trabalhos.

Dano cognitivo foi citado como preditor nos trabalhos de Ayerbe et al. (2013) e Allan et al.

2013), os primeiros também concluíram que independência das atividades diárias (IDB = 20)

– assim como a realização de muitas atividades diárias – se comportaram como fator protetor

contra a DPAVC (5 a 10 vezes menos depressão se comparados com pacientes inativos e

dependentes), dado semelhante ao encontrado no seguimento de Snaphaan et al. (2009),

porém eles usaram a escala MEEM para mostrar que aqueles que pontuaram mais nessa

escala, tiveram menor chance de desenvolver depressão. A prevalência de depressão dobrou

entre os pacientes com pouco suporte familiar, além do dano cognitivo; Ayerbe também

citaram sedentarismo como possível preditor de depressão.

Os segundos autores também encontraram AVC prévio, demência e fatores de risco

cardiovasculares (HAS, DM) como preditores ao desenvolvimento dessa condição estudada.

Fatores cardiovasculares (HAS, DM, Dislipidemia) foram estudados como preditores segundo

Tennen et al. (2011) e Altieri et al. (2012), entretanto, Nishiyama et al. (2010) encontrou HAS

como fator protetor ao desenvolvimento de sintomas depressivos 01 mês após o evento

isquêmico.

A gravidade do AVC, segundo pontuação do NIHSS ou do mRS, também se

comportou como fator predisponente à DPAVC de forma crescente (Ayerbe et al., 2010,

Tennen et al., 2011, Snaphaan et al., 2009). Relacionar o local da lesão isquêmica cerebral

com os sintomas depressivos foi objeto do estudo de Nishiyama et al. (2010), que

encontraram associação positiva entre lesão na área lenticulo-capsular esquerda e

desenvolvimento de sintomas depressivos após 01 mês do evento, entretanto, essa associação

não teve significância no estudo de Provinciali et al. (2008). Estes também encontraram que

há relação entre infartos da circulação cerebral anterior e o desenvolvimento de depressão,

mas sem predileção por hemisfério acometido.

Page 25: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

15

Níveis educacionais também foram estudados por alguns autores (Altieri et al., 2012 e

Nishiyama et al., 2010), e todos eles encontraram que o tempo de escolaridade menor que 8

anos, geralmente, se enquadra como preditor ao desenvolvimento da DPAVC, o contrário se

comportando como fator protetor ao desenvolvimento da mesma.

Apenas um estudo avaliou depressão após AVC hemorrágico (Christensen et al.,

2009), e o mesmo apresentou os seguinte fatores como preditores: desvio da linha média, o

volume de sangue intraparenquimatoso (o estudo não revelou quantidades), NIHSS maior que

15 pontos, GCS < 8 pontos, IDB entre 0-49 pontos, sexo feminino e raça negra.

O maior preditor de depressão, para Schepers et al. (2009), é a presença de sintomas

depressivos a 6 meses após o início do AVC.

Disfunção executiva, morbidade, e dependência de um cuidador tiveram foco principal

em 5 dos artigos selecionados. Wiley et al. (2015) dividiram a avaliação da funcionalidade

dos pacientes analisados após 1 e 2 anos do AVC, atráves da escala IDB, e encontraram

associação positiva (Odds Ratio > 1 e Intervalo de Confiança acima da unidade) entre baixa

funcionalidade e a ocorrência de humor deprimido nesses dois momentos, sendo que no

segundo ano após o AVC houve mais impacto do humor deprimido sobre a funcionalidade. Já

Ayerbe et al. (2013), analisando a ansiedade, encontraram que depressão está associada com

aquela condição em cerca de 75% dos casos, e que isso favorece o aparecimento de

disfunções a 3 meses e a 3 anos após o AVC; encontrou ainda que a sequela motora do AVC

(paresia) pode ser um preditor para esses transtornos mentais.

A mesma lógica se seguiu no trabalho de Bour et al. (2011), que encontraram que

pacientes vítimas de AVC que cursaram com sintomas depressivos até 2 anos após o evento

vascular, apresentaram maior disfunção executiva do que aqueles pacientes no pós-AVC que

não apresentaram esses sintomas. Esses resultados também foram encontrados com Vickery et

al. (2009), que encontraram forte associação entre redução da autoestima e sintomas

depressivos e o impacto disso na independência funcional de cada um, sendo que quanto mais

sintomas, pior a autoestima, e menor a independência funcional dos pacientes num

seguimento de 1 ano pós-AVC. Entretanto, Ostir et al. (2011) concluiram que a presença de

depressão e sintomas depressivos no início do evento isquêmico, tem relação inversa com a

funcionalidade do paciente, de modo que quanto mais sintomas depressivos apareciam ao

longo de um ano de seguimento, piores eram os estados funcionais dos pacientes submetidos

ao estudo; e até aqueles que não apresentaram sintomas depressivos na fase aguda do AVC,

Page 26: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

16

em algum momento do seguimento se apresentaram com sintomas depressivos, porém esses

foram os que tiveram melhor recuperação (ou total) da funcionalidade.

Dos 23 trabalhos elencados, 10 descriminaram os sintomas depressivos que

acometiam os pacientes estudados. Humor deprimido e anedonia (perda do prazer em realizar

atividades diárias) foram os sintomas mais prevalentes em todos os trabalhos. Os outros

sintomas encontrados estão organizados no Quadro 2, abaixo.

Quadro 2. Frequência de sintomas depressivos nos trabalhos estudados

Sintomas de Depressão Nº de

Artigos

Frequência (%)

Humor Deprimido 6 54,5%

Anedonia 4 36,0%

Irritabilidade 3 27,2%

Ansiedade 3 26,8%

Fatigabilidade 3 26,5%

Pensamentos negativos 3 26,1%

Apatia 2 18,1%

Tristeza 2 23,0%

Agitação 2 18,0%

Ideação suicida 2 18,0%

Disfunção sexual 1 9,0%

Choro 1 10,3%

Distúrbios do sono 1 13,0%

Alterações do apetite 1 6,0%

Culpabilidade 1 5,0%

Outro ponto observado neste trabalho foi o uso das escalas de depressão, aplicadas em

19 dos 23 trabalhos eleitos. A Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) foi utilizada em 6

trabalhos. Rocha e Silva et al. usaram 3 escalas para avaliar depressão no mesmo trabalho.

Ayerbe et al. usaram a mesma escala de depressão (HADS) em dois trabalhos diferentes. O

Quadro 3, abaixo, discrimina as escalas usadas, as frequências numerais com que foram

usadas e os autores que as usaram.

Page 27: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

17

Quadro 3. Relação de frequência das escalas de depressão entre os artigos

Escala Frequência (n) Autor(es)

HAM-D 6 Willey et al., Terroni et al., Guajardo et al., Rocha

e Silva et al., Sibon et al., Christensen et al.

HADS 4 Ayerbe et al., Rocha e Silva et al., Snaphaan et al.

BDI 3 Rocha e Silva et al., Altieri et al., Provinciali et al.

CES-D 3 Tennen et al., Ostir et al., Schepers et al.

MADRS 2 Skaner et al., Brookes et al.

GDS 2 Allan et al., Brookes et al.

SCL-90-D 1 Bour et al.

SDS 1 Nishiyama et al.

Page 28: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

18

VII. DISCUSSÃO

A Depressão é uma condição que aparece dentre as mais incapacitantes no cenário

atual das doenças, infelizmente ainda é uma condição muito negligenciada por profissionais

de saúde e até por médicos especialistas; a Depressão pós-AVC não é uma condição rara e por

si já se apresenta sendo mais grave por ter a carga incapacitante de um Acidente Vascular

Cerebral seguido ainda de um transtorno depressivo. Portanto, deve ser diagnosticada e

tratada precocemente.

No tocante aos preditores deste transtorno depressivo, esta revisão já encontrou

controvérsias entre autores que diziam que um mesmo grupo de aspectos (disfunções

funcional, executiva e cognitiva) se comporta tanto como causa, quanto como efeito da

DPAVC. Esse conflito de informações se deu também para outros preditores.

Fatores cardiovasculares (HAS, DM, Tabagismo, Dislipidemia) e cerebrovasculares

(AVC prévio, tipo do AVC) foram tratados como fatores de risco para esta doença, mas

também houve autores que encontraram, por exemplo, associação negativa entre Hipertensão

Arterial Sistêmica e o desenvolvimento da DPAVC. Na literatura específica, estas associações

não têm possibilidade de inferência; Yang et al., 2013 não encontraram significância

estatística entre os fatores de risco previamente ditos e o desenvolvimento de DPAVC 6

meses após o aparecimento deste evento.

Houve concordância entre os resultados desta revisão e as conclusões de Paul et al.,

2013 sobre os níveis educacionais e a chance de surgimento dos sintomas depressivos. Porém,

os dois trabalhos estudados nesta revisão e o trabalho usado como referência internacional

apresentam vieses de seleção e de aferição muito gritantes; Paul et al., 2013 selecionaram

grupos em que a maioria (77,8%) tinha renda familiar extremamente baixa; a população

estudada por Altieri et al, 2012 teve nível médio de educação de 9 anos; e Nishiyama et al.,

2010 não apresentaram análise demográfica da sua amostra, apenas a análise uni e

multivariada. Concluímos que este ponto é inconclusivo em relação à DPAVC.

Em relação à localização do infarto e da circulação infartada (circulação anterior ou

posterior), esta revisão mostra que existe uma relação que ainda não está clara, pois um

trabalho mostra associação entre lesões frontais, mas não mostra associação entre circulação

infartada e DPAVC; enquanto que outro trabalho mostra exatamente o oposto. A literatura

internacional é unânime: Há relação entre localização do infarto e o desenvolvimento de

Page 29: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

19

sintomas depressivos. Ao mesmo tempo, ela é incerta, pois os autores trazem distintas áreas

para se encaixar como fator predisponente; a saber: Lobo temporal (Yang et al., 2013) e

Gânglios da base (Guiraud et al., 2015). De acordo com o conhecimento neurofisiológico, o

surgimento de sintomas depressivos decorrentes de lesões nas topografias aqui citadas tem

fundamento, uma vez que as vias neuroanatômicas monoaminérgicas, relacionadas a estas

estruturas têm função importante na regulação do humor.

No que diz respeito à gravidade do AVC, mensurada pela escala NIHSS, esta revisão

traz a ideia de que, quanto maior a gravidade do infarto cerebral, maior a chance de se

desenvolver DPAVC. Ideia que é contemplada por alguns autores, como Zhang et al., 2016,

que encontrou associação positiva entre NIHSS > 3 e o desenvolvimento de depressão pós-

AVC. Entretanto, é tratada sem significância por outros autores, como Yang et al., 2013. Este

ponto é muito importante para a compreensão da fisiopatologia da doença, e essa dicotomia

localização x gravidade da lesão é alimentada pelo interesse dos pesquisadores dessa área em

encontrar uma via hormonal ou anatômica para o aparecimento de sintomas depressivos após

o AVC. Devemos pensar a DPAVC como consequência de um infarto cerebral estratégico,

por que uma doença com um conjunto tão rico de sintomas relacionados ao humor não parece

ser consequência de uma lesão cerebral inespecífica, já que o humor tem suas vias definidas –

ainda que não estejam totalmente elucidadas.

O fato de os preditores de risco e de proteção – assim como os outros pontos

discutidos nesta revisão – não estarem muito claros pode ser consequência da pouca

padronização metodológica entre os trabalhos envolvidos nesta revisão (variadas escalas de

depressão aplicadas, tempo de seguimento e de intervenção destoantes, análise estatística

peculiar). É um ponto que explica a DPAVC ainda não ter protocolos de investigação e de

conduta terapêutica, além da escassez de trabalhos.

Em relação à funcionalidade daqueles que são acometidos pela DPAVC, esta revisão

encontrou que, dos 5 artigos que abordaram este tema, todos eles encontraram uma associação

positiva entre os sintomas depressivos pós-AVC e baixa funcionalidade após o surgimento

destes sintomas, apesar de esses estudos terem metodologias diferentes. Esse é um dos

motivos pelo qual não se pode concluir se essa baixa funcionalidade é secundária às sequelas

motoras do AVC ou se essa relação se faz com a DPAVC, por que os estudos não analisaram

as variáveis ajustadas. Na literatura específica, a desordem funcional, executiva e cognitiva é

tratada como causa do transtorno depressivo após o AVC – resultados também encontrados

Page 30: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

20

como preditores de DPAVC nesta revisão – e como base para o desenvolvimento de demência

vascular – embora esta revisão não tenha abordado danos cognitivos (Pohjasvaara et al., 2002;

Ojagbemi et al., 2014). Este último ponto mostra a necessidade de mais trabalhos para a

melhor compreensão da fisiopatologia desta doença. Mok et al., 2004 encontraram ainda uma

associação positiva entre disfunção cognitiva e AVC por doença de pequenos vasos

intracranianos.

Quando falamos em funcionalidade após um AVC, não podemos deixar de mencionar

o tema “qualidade de vida”. Dos mesmos cinco trabalhos citados no parágrafo anterior, 3

mostraram que, a longo prazo (i. e.: 1 ano após o AVC), os sintomas depressivos predizem

baixa qualidade de vida dos pacientes – dialogando com as disfunções executiva, funcional e

cognitiva. Essa mesma lógica é vista na literatura com os trabalhos de Jarackz et al., 2002 e

Zikic et al., 2014. Todos estes aspectos mostram o quão grave é esta condição e a importância

da sua identificação e tratamento precoces.

No que diz respeito aos sintomas depressivos encontrados nesta revisão, a

predominância do humor deprimido e da anedonia mostram um comportamento semelhante

entre a DPAVC e o transtorno depressivo sem uma causa primária descrita (i. e.: idiopático ou

transtorno depressivo maior), podendo aquela ser inclusa em versões futuras do Manual

Estatístico e Diagnóstico das Doenças Mentais como um transtorno depressivo, uma vez que

ela não é reconhecida por este manual. Esses dados são condizentes com os dados do Instituto

Nacional de Saúde e Excelência de Cuidados (NICE, 2009), que reconheceu esses mesmos

sintomas nas suas diretrizes de depressão em adultos. Também condizem com os sintomas do

Transtorno Depressivo Maior (TDM), segundo os dados consolidados no CID-10 (2008) e no

DSM-V (2013).

No tocante ao diagnóstico e estadiamento da depressão pós AVC, esta revisão

encontrou que há preferência ao uso das escalas HAM-D, HADS e BDI. Este dado conflita

com a meta-análise de Mitchell et al., 2010, que encontrou a Escala de Depressão Geriátrica

(GDS) como a ferramenta mais usada em sua análise, sendo que a versão curta dessa escala

(GDS4/5) apresentou uma sensibilidade de 92,5% e uma especificidade de 77,2% no

diagnóstico de TDM. Esses dados mostram a falta de padronização para este diagnóstico na

ausência de uma ferramenta “padrão-ouro”, e não se pode tomar nenhuma escala de depressão

como tal, pois a literatura carece de um trabalho metodologicamente bem estruturado que

calcule e compare a acurácia de cada uma das escalas “popularizadas” para o diagnóstico de

Page 31: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

21

TDM, bem como para o diagnóstico de DPAVC. A variação da porcentagem de diagnósticos

entre os trabalhos estudados mostra que essa falta de padronização pode subestimar este

diagnóstico.

Um ponto positivo desta revisão é que ela mostra a divergência de opiniões acerca de

uma doença muito incapacitante e também faz uma perspectiva futurado entendimento desta

condição. Por outro lado, este trabalho apresenta uma série de limitações; dentre as quais, o

limitado espectro de busca e o pequeno número de trabalhos selecionados são as principais.

Page 32: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

22

VIII. CONCLUSÕES

1. A funcionalidade do paciente, bem como sua qualidade de vida, é

substancialmente afetada com o surgimento de sintomas depressivos após o

AVC;

2. Humor deprimido é o sintoma mais frequente entre os pacientes com DPAVC;

3. Comorbidades cardiovasculares e cerebrovasculares, hábitos de vida e grau de

escolaridade são aspectos cujo comportamento de risco ou proteção contra

DPAVC ainda não estão claros;

4. Gravidade e localização do infarto cerebral apresentam associação positiva

com os sintomas depressivos após o AVC

5. O diagnóstico de Depressão Pós-AVC não é padronizado e pode estar sendo

subestimado.

Page 33: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

23

IX. SUMMARY

Depressive Symptoms in Stroke Victims: A Systematic Review. Introduction: The

cerebrovascular diseases are the third cause of death in the world wide, being passed by the

acute myocardium infact and cancer. In Brazil, stroke is the first cause of death in the elderly,

and also are the most incapacitant disease in the same age range. Between the complications

of stroke, post-stroke depression (PSD) is highlighted because of its high mortality risk.

Objectives: Study the depressive symptoms in stroke victims, know the impact of those

symptoms in patient’s functionality. Methods: Using Bireme database, the terms “Stroke”

and “Depressive Symptoms” will be used. A systematic review will be done with articles

wrote in Portuguese, English and Spanish, all published from 1990, realized in United States,

Europe Union, Australia and Brazil. Were excluded articles with patients < 18 years old,

animal models, molecular aspects, articles for validation of depressin scales and for

estabilishing casual net between depression and stroke. Ethics aspects: Doesn’t apply.

Results: There are lots of predictors of PSD; patients’ quality of life is quite impaired; the

most used diagnostic tool is the Hamilton Depression Scale. Conclusions: Severity and stroke

location have positive association with PSD; this disease is quite incapacitant; the diagnosing

is not standardized

Key words: 1. Symptoms; 2. Depression; 3. Stroke.

Page 34: Sintomas depressivos em pacientes acometidos por Acidente

24

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