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SISTEMA AMBIENTAL DA BACIA DO RIO VIEIRA - MONTES CLAROS/ NORTE DE MINAS SOARES, Adenise Thais 1 INTRODUÇÃO No mundo todos os recursos hídricos são fonte de vida, pois tudo depende da água. A água é o principal elemento que faz a agricultura continuar em funcionamento, sendo impossível a produção de alimentos sem água. Com o aumento da população aumentou a demanda de água por habitante e o descaso com o uso inadequado desse líquido tem deixado água no mundo inteiro em estado de degradação muito alto, pois a maioria dos rios em todo o mundo estão sofrendo com a poluição. A falta de saneamento básico para a maioria da população gera descaso com o lixo que, sem destino certo ficam na frente de suas casas sem recipiente adequado. O lançamento de poluentes nas águas dos rios brasileiros tem provocado conseqüências devastadoras como a morte e extinção de uma variedade de animais dentre alguns podemos citar os peixes, que antes de as águas serem poluídas eram fonte de renda e a alimentação de muitas famílias. Os recursos hídricos de água doce podem acabar. É preciso que as autoridades e também a população em geral adotem medidas preventivas para cuidar desse bem precioso que torna possível a vida na terra. No Brasil há vários exemplos de poluição hídrica, como o Rio Tietê em São Paulo, o Rio dos Sinos em Porto Alegre dentre outros. A sociedade a primeiro momento não tem se preocupado com as conseqüências advindas do descarte inadequado de lixo. Ao olhar em volta nota-se uma quantidade exagerada de lixo nas ruas, tapando os bueiros e traduzindo uma imagem de desconforto 1 Acadêmica do 2º período do curso de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, bolsista da Fapemig do Projeto de Pesquisa Atlas do sistema ambiental de Montes Claros/MG em DVD. [email protected]

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SISTEMA AMBIENTAL DA BACIA DO RIO VIEIRA - MONTES CLAROS/ NORTE DE MINAS

SOARES, Adenise Thais 1

INTRODUÇÃO

No mundo todos os recursos hídricos são fonte de vida, pois tudo depende da

água. A água é o principal elemento que faz a agricultura continuar em funcionamento,

sendo impossível a produção de alimentos sem água. Com o aumento da população

aumentou a demanda de água por habitante e o descaso com o uso inadequado desse

líquido tem deixado água no mundo inteiro em estado de degradação muito alto, pois a

maioria dos rios em todo o mundo estão sofrendo com a poluição.

A falta de saneamento básico para a maioria da população gera descaso com o

lixo que, sem destino certo ficam na frente de suas casas sem recipiente adequado. O

lançamento de poluentes nas águas dos rios brasileiros tem provocado conseqüências

devastadoras como a morte e extinção de uma variedade de animais dentre alguns

podemos citar os peixes, que antes de as águas serem poluídas eram fonte de renda e a

alimentação de muitas famílias. Os recursos hídricos de água doce podem acabar. É

preciso que as autoridades e também a população em geral adotem medidas preventivas

para cuidar desse bem precioso que torna possível a vida na terra. No Brasil há vários

exemplos de poluição hídrica, como o Rio Tietê em São Paulo, o Rio dos Sinos em

Porto Alegre dentre outros.

A sociedade a primeiro momento não tem se preocupado com as conseqüências

advindas do descarte inadequado de lixo. Ao olhar em volta nota-se uma quantidade

exagerada de lixo nas ruas, tapando os bueiros e traduzindo uma imagem de desconforto

1 Acadêmica do 2º período do curso de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros -Unimontes, bolsista da Fapemig do Projeto de Pesquisa Atlas do sistema ambiental de Montes Claros/MG em DVD. [email protected]

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e falta de senso da população, sem contar as doenças adquiridas pela falta de

saneamento básico e futuras inundações em decorrência das chuvas, que ao chegar não

tem por onde escorrer. As enxurradas por sua vez jogam diretamente para o Vieira uma

grande carga de poluentes modificando a qualidade da água.

Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo estudar o sistema ambiental da

bacia hidrográfica do rio Vieira, em Montes Claros/MG. Os procedimentos

metodológicos são baseados em revisão bibliográfica, visita a campo e registro

fotográfico ao longo do curso do rio Vieira. O estudo foi desenvolvido no Projeto

intitulado Atlas do sistema ambiental de Montes Claros/MG em DVD, vinculado ao

Laboratório de Geografia Física do Departamento de Geociências - Universidade

Estadual de Montes Claros (Unimontes).

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS NO MUNDO

E BRASIL

Ao verificar o globo terrestre, percebe-se que o que predomina no planeta é a

água. Porém, grande parte desse volume encontra-se nos mares e oceanos sendo

salgada. A quantidade de água encontrada no planeta é incessante, com variação apenas

quanto ao estado físico que é encontrada na natureza, estado sólido, líquido ou gasoso.

No estado sólido apresenta-se sob forma de gelo representando uma pequena parte do

volume total de água no planeta. No estado líquido é representada pela maior parte do

volume, sendo de maior utilidade para os organismos vivos, porém a grande maioria é

encontrada nos mares e oceanos e é salgada, sendo dessa maneira, imprópria para

consumo humano. Já a água no estado gasoso é encontrada sobre forma de vapor na

atmosfera e representa uma minúscula parte, porém não deixa de ser importante.

As perspectivas futuras com a relação ao abastecimento e consumo de água não

são boas. Por ser um recurso renovável, muitos consideram que a água não terá fim.

Porém de acordo com Branco (1993, p.64) sua distribuição no tempo e no espaço pode

ser alterada em função da periodicidade das chuvas e de outros fenômenos que

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deformam o ciclo hidrológico normal. Sendo alterada por processos naturais ou

provocada pelo homem ao acabar com a vegetação natural de algumas regiões,

interferindo nos fenômenos de evapotranspiração, afetando a periodicidade das chuvas.

Todas as atividades humanas dependem do uso da água. Água para beber,

cozinhar, lavar, cuidar da higiene pessoal, regar as plantas, entre outros. Percebe-se que

a vida humana tanto como a vida animal é dependente da água em todos os sentidos. O

próprio corpo humano é formado por 70% de água, para o funcionamento do organismo

e outras funções vitais. Os recursos hídricos no mundo todo são responsáveis por

grande parte da energia mundial, através das Usinas Hidrelétricas, como exemplo a

hidrelétrica de Itaipu, responsável pela energia de parte de três estados: Argentina,

Brasil e Paraguai.

De acordo com Branco (1993, p. 12) “os 1.360 quatrilhões de toneladas de

água do planeta acham-se assim distribuídos: Água salgada (oceanos e mares) 95,5%,

calotas polares e geleiras 2,2% e água doce 2,3%”. Ainda com esses dados foi possível

perceber que a maior parte da água disponível no nosso planeta é salgada e água doce

essencial para a vida se encontra em quantidades muito pequenas e mal distribuídas.

“Dos 2,3% de água doce, a maior parte, ou seja, 31 mil trilhões de toneladas encontra-se

retida no solo e no subsolo; cerca de 130 trilhões de toneladas constituem os lagos e

pântanos e o restante acha-se distribuído na atmosfera e nos rios” ( BRANCO, 1993, p.

12).

Muitos países já estão sofrendo com a falta de água. Em todo mundo encontra-

se regiões com escassez, a população tem sofrido os efeitos da seca e desperdício. Há

lugares com muita água doce, porém imprópria para consumo devido à poluição. Assim

é possível perceber a gravidade da situação. Onde vários países já estão exportando

água, o que pode gerar conflitos futuros em disputa de territórios que possuem esse

recurso natural em grande quantidade e boas condições para consumo.

Azevedo (2000, p.19) prossegue dizendo “onze países da África e nove do

Oriente Médio já não tem água. A situação também é crítica no México, Hungria, Índia,

China, Tailândia e Estados Unidos”. Devido tal situação é cada vez mais crítica a falta

de água, sendo necessária maior atenção tanto da população, quanto das autoridades

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locais em relação aos recursos hídricos e sua preservação. Lugares onde a água já se

encontra poluída é preciso adotar medidas de tratamento e revitalização. Quanto maior o

crescimento da população maior a demanda de água, contudo seu valor comercial em

decorrência da escassez se torna elevado, ou seja: quanto maior o risco de escassez de

um produto, maior o valor econômico atribuído a ele.

No que diz respeito ao Brasil é o País com maior reserva de água doce do

mundo, no entanto, se encontra mal distribuída sendo que a maior parte do volume de

água se encontra na Amazônia, onde vive uma população muito pequena em relação às

demais áreas do território brasileiro como a região Sudeste.

No Brasil com em outros países os recursos hídricos tem sido palco das

atenções nos últimos anos, com debates sobre uma melhor distribuição e uso adequado,

tendo em vista que há lugares em que há água em abundância e lugares em que a

escassez predomina. A ação antrópica tem dificultado a manutenção da pureza da água

com o descaso com o lixo e despejo de esgotos diretamente nos rios. Tal ação tem

acelerado o processo de deterioração das características físicas, químicas e biológicas

dos recursos hídricos, o que resulta em danos nocivos para a população como, por

exemplo: um aumento significativo das doenças de veiculação hídrica, como diarréia,

esquistossomose, dengue, entre outras. De acordo com Magalhães (2009, p. 16):

[...] nas áreas onde o saneamento é deficiente, é grande o numero de casos de doenças como desinteria, hepatite A, dengue, febre amarela, esquistossomose, dentre outras. No Brasil a partir da década de 1980 com os processos de tratamento de água, especialmente a cloração, juntamente com o desenvolvimento de novas tecnologias, houve uma redução dos efeitos danosos dessas doenças, entretanto observa-se que, nas áreas onde o poder aquisitivo da população é menor, ainda prevalecem altos índices de ocorrência dessas moléstias.

A demanda de água aumenta continuamente com o passar dos anos, devido ao

aumento populacional e crescente necessidade desse recurso líquido para a preservação

da vida e realização as tarefas humanas. Muitos usam de modo inadequado esse recurso,

exagerando no desperdício em suas residências ao tomar banho, lavar automóvel e

calçadas. O crescimento das cidades é intenso, o que acarreta problemas de

abastecimento para muitas regiões metropolitanas. A população brasileira nunca se

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preocupou em economizar água, pois este recurso hídrico sempre foi considerado

inesgotável pelos brasileiros ao saber que o Brasil possui maior reserva de água doce do

mundo, porém, mal distribuída.

Como foi comentado anteriormente no Brasil, com relação distribuição de

água, além da distribuição geográfica desigual, que trás benefícios para algumas regiões

e danos devido a escassez em outras, outro problema vem preocupando uma pequena

parcela da população, que é a poluição dos mananciais, conseqüência dos dejetos

industriais e também domésticos. Os resultados do despejo in natura do esgoto

industrial e doméstico nos córregos e rios são mais graves em regiões metropolitanas,

pois, polui todas as fontes de abastecimento tornando a água imprópria para o consumo,

sendo necessário adotar medidas de tratamento e buscar água em mananciais de

localidades distantes. Para Azevedo (2000, p. 24):

[...] o crescimento das cidades, intensificado a partir da década de 50, também trouxe problemas de suprimento de água para várias regiões metropolitanas. O Brasil nunca se preocupou em economizar água, pois este recurso sempre foi considerado inesgotável pela população. Porém, a distribuição geográfica desigual e a poluição dos mananciais, causadas pelos dejetos industriais e domésticos, forçam-nos a pensar sobre o uso racional e a conservação da água.

Como exemplo, podemos citar a cidade metropolitana de São Paulo, que tem

sofrido com o alto índice de poluição no Rio Tietê, resultando em problemas com o

abastecimento de água para a população. “A solução encontrada foi buscar a água

necessária ao abastecimento da Grande São Paulo na bacia do Rio Piracicaba, a cem

quilômetros de distância” comenta Azevedo (2000, p. 25). A situação tende a piorar se

as autoridades, proprietários de indústrias e a população não adotarem medidas que

possam acabar com o lançamento de esgotos e lixo diretamente nos rios afetando

drasticamente a qualidade e pureza das águas. Além de ser distante a localidade doadora

dos recursos hídricos para São Paulo, podemos imaginar que não deve ser agradável

para as cidades próximas ao rio abrir mão da sua água para beneficiar outra cidade que

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não soube cuidar, preservar e administrar seus recursos hídricos e agora sofre os efeitos

oriundos das suas próprias ações.

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VIEIRA

A caracterização dos sistemas ambientais, os componentes ou elementos, tanto

os processos e interações que neles possam se manifestar, tem como objetivo

proporcionar o entendimento de sua natureza e determinar suas características

essenciais,não somente para preservar o meio ambiente da área como também para

estabelecer sistemas de usos.Assim, será elaborado uma caracterização dos

componentes da bacia hidrográfica do Vieira, apresentadas a seguir (OLIVEIRA, 2007).

A bacia hidrográfica do rio Vieira está situada sobre terrenos da unidade

neoproterozóica do Grupo Bambuí. Percebe-se que a rocha que predomina é o calcário.

A principal nascente do rio Vieira está localizada a - 43° 56´ 04´´ W e -16° 47´ 22´´ S

na Fazenda Betânia a cerca de oito quilômetros da cidade de Montes Claros, onde pode

ser verificada água limpa e livre de cargas poluentes (Figura 01).

Figura 01: Mapa da região de estudo, bacia do rio Vieira.

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Fonte: LEITE, M. R, 2011

O curso do rio Vieira é de aproximadamente 53 km, deságua no rio Verde

Grande, afluente da margem direita do rio São Francisco. O rio Verde Grande percorre

parte do estado de Minas Gerais no sentido Bahia onde deságua no rio São Francisco no

município de Malhada-BA. No que ser refere ao clima, observa-se a ocorrência de verão

quente e chuvoso, e inverno quente e seco, na bacia do Vieira (LEITE, 2011).

Na região onde está localizada a nascente do rio Vieira, a natureza se encontra

bastante preservada, apesar da falta de sensibilidade de pessoas que visitam o local.

Algumas dessas pessoas visitam a nascente com real interesse de apreciar a natureza e

aproveitam a oportunidade para desfrutarem de alguns momentos de lazer. Porem,

muitos visitantes não possuem o objetivo de apreciar as belezas do local, e acabam

usando este lugar não somente para diversão, mas também como depósito de lixo,

deixando para trás os recipientes dos alimentos e bebidas consumidos. Dentre estes

podemos citar garrafas pet, plásticos, restos de cigarros, outros.

Na área da nascente observa-se flora bem preservada com característica de

mata de galeria típica do cerrado, com presença de espécies semi-decídua, decídua,

epífitas, lianas, musgos, liquens. É possível verificar também um corredor fechado

(galeria) que margeia o curso do rio, assim tem-se um microclima bem peculiar. Quanto

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a fauna pode-se observar a presença de pássaros, peixes e répteis no curso do rio. No

entanto, no perímetro urbano de Montes Claros o cenário do rio Vieira modifica-se

completamente, pois falta estratégias de conservação e preservação deste recurso

hídrico. O leito do rio se encontra canalizado; a vegetação foi destruída, existe a

presença de lixo no curso dos rios da bacia do rio Vieira, o que compromete a qualidade

ambiental das águas.

O rio Vieira tem sofrido com os efeitos do aumento da urbanização, falta de

rede esgoto eficiente e apoio da população, que parece não perceber os resultados

negativos da falta de consciência de pessoas que jogam os lixos nas encostas dos rios e

mesmo nas ruas. Como resultado de tamanha despreocupação percebe-se a baixa

qualidade das águas do Vieira ao adentrar a cidade e uma mudança significativa na

paisagem por onde passa o curso do rio.

Observa-se os elementos naturais da paisagem serem substituídos por

elementos artificiais. Construções em grande escala e de forma desordenada tem

mudado drasticamente o ambiente natural por onde deveria passar o rio. Hoje o rio

Vieira é canalizado e nota-se ao seu redor muito concreto e com algumas árvores. Nas

mediações em que o rio é canalizado pode-se perceber ainda grande falta de cuidado

com as muretas de proteção, pois, em algumas partes do rio não há proteção, correndo

risco de vir a acontecer acidentes (Figura 03).

Figura 02: Leito do rio canalizado e a falta de cuidado com as muretas de

proteção

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Fonte: SOARES, A.T, Jun 2014

Com o intuído de revitalizar a bacia do rio Vieira, foi construída a Estação de

Tratamento de Esgoto, a ETE. Essa estação de tratamento recebe diariamente uma

quantidade enorme de lixo de variadas espécies, dificultando a triagem do lixo e

fazendo com que esse processo de tratamento se torne mais lento que o necessário, sem

contar que também prejudica a eficácia do procedimento. No leito do rio próximo a foz,

logo depois da ETE, é notável a presença de uma grande quantidade de espuma branca,

evidenciando assim, que o processo de tratamento ainda precisa de melhorias, pois a

espuma é um sinal de que a água ainda não se encontra completamente despoluída.

Os impactos negativos estão presentes em todo curso da bacia do rio Vieira,

contudo, a sociedade não se deu conta que existe o comprometimento da qualidade das

águas superficiais subterrâneas, pois se trata de área repleta de rochas calcárias. O

lançamento de entulho no leito do rio demonstra a falta de consciência de parte da

população, ações isoladas que buscam sensibilizar a comunidade local dos fatores

degradantes, ainda não repercutem. De acordo com Fonseca e Fonseca (2012, p.8)

Em Montes Claros – MG são muitos os problemas ambientais e poucas ações efetivas. Destarte, é nítida a paisagem de degradação do rio Vieira, o poder público e própria população local se mostram ineficiente e alheia a situação,

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faltam ações eficazes com o intuito de revitalizar e manter seu equilíbrio ambiental e de toda a bacia do Vieira.

Desta forma, o município de Montes Claros apesar de ser considerado o pólo

em contexto regional, nota-se que ao comentar sobre saneamento há um déficit tanto das

companhias que prestam o serviço quanto da própria população que não acatam as

pressupostos éticos, em relação à água e os corpos de água do município, já que

conseqüências afetam o próprio cidadão Montes Clarence.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou mostrar a realidade com a qual a população mundial vem

se deparando em relação a água. Em especial, ao se tratar do rio Vieira em Montes

Claros. A situação dos recursos hídricos tem piorado com o passar dos anos, devido ao

descaso das pessoas quanto a maneira adequada de cuidar e evitar desperdício. A

poluição hídrica junto a impermeabilização do solo e a canalização dos rios

impossibilitam o consumo humano, além de destruir a paisagem natural. Assim, é

preciso que a população em geral, junto com as autoridades competentes adotem

medidas preventivas que contribuam para a qualidade e preservação da água,

indispensável à vida.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Erasmo Carlos. Água: escassez e importância para a economia brasileira. 2000. 54 f. Monografia. (Graduação em Ciências Econômicas) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros (MG), 2000. BRANCO, Samuel Murgel. Água: origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993. FONSECA. Valber Leonardo. FONSECA, Gildette Soares. A paisagem de agonia do rio Vieira em Montes Claros – MG. Disponível em: < http://www.unimontes.br/arquivos/2012/geografia_ixerg/eixo_politica_meio_ambiente/a_paisagem_de_agonia_do_rio_vieira_em_montes_claros.pdf>. Acesso em: 21 de jun/ 2014.

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JUNIOR, Arlindo Philippi. SILVEIRA, Vicente Fernando. Controle da qualidade das águas. In Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São Paulo: Manole, 2005. LEITE, Manoel R. Sensoriamento remoto aplicado à análise temporal da relação uso da terra / temperatura e albedo de superfície na bacia do rio Vieira no Norte de Minas Gerais. 2011.111f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011. MAGALHÃES, Sandra C. M. A Expansão Urbana de Montes Claros e suas implicações na ocorrência de doenças de veiculação hídrica. 2009, 142 f. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2009. OLIVEIRA, Rachel I. C. Diagnóstico do Sistema Ambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Viamão, Mato Verde – MG. 2007.126f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007.