Sistema de Apoio a Decisão Para Justificar Investimentos Em Tecnologia Da Informação

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAO

    CURSO DE GRADUAO EM ADMINISTRAO

    ALICE PROVENZI

    SISTEMA DE APOIO A DECISO PARA JUSTIFICAR INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA DA INFORMAO

    Porto Alegre 2012

  • ALICE PROVENZI

    SISTEMA DE APOIO A DECISO PARA JUSTIFICAR INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA DA INFORMAO

    Trabalho de Concluso de Curso de graduao apresentado ao Departamento de Cincias Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Administrao.

    Professor Orientador: Antonio Carlos Gastaud Maada

    Porto Alegre 2012

  • ALICE PROVENZI

    SISTEMA DE APOIO A DECISO PARA JUSTIFICAR INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA DA INFORMAO

    Conceito Final:

    Aprovado em: ___ de ______ de ____

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________

    ______________________________________________________

    ______________________________________________________

    Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Gastaud Maada

  • AGRADECIMENTOS

    O esforo destinado nesta pesquisa foi impulsionado, em diversos momentos, pelos fundamentais incentivos e apoio da minha famlia, amigos, e meu professor.

    Agradeo em primeiro lugar aos meus pais, Maria Izabel e Ademir Provenzi, que me proporcionam eternamente o suporte e amor necessrios para as minhas investidas em grades sonhos, grandes conquistas, e grandes construes.

    Meus sinceros agradecimentos ao professor Antonio Carlos Gastaud Maada, que me orientou, no s nesta pesquisa, mas na postura e nas expectativas que irei buscar na vida acadmica e profissional.

    Agradeo meus queridos amigos e familiares que colaboraram de forma especial durante esta pesquisa:

    minha amiga Denise Pagnussatt, pela companhia e coaching, que me ajudaram e incentivaram muito no desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Gabriel, pelo cuidado, compreenso e companheirismo durante os dias de imerso na pesquisa, e tambm por toda a ajuda e ateno para que a mesma obtenha o maior sucesso possvel.

    Aos meus primos Fred e Murilo, pelos diversos inputs quando eu estava buscando algum aprimoramento, e pelo suporte no dia a dia.

    minha afilhada Luiza, que aos 5 anos fez questo de ajudar no tema da escola para que eu pudesse voltar a brincar logo.

    s minhas familiares Tia Dalva e Sabrina, pelas orientaes de lngua portuguesa e inglesa.

    minha colega Lauren, pela colaborao, no s durante nossas pesquisas, mas em toda a faculdade;

    Agradeo tambm ao amor e a presena dos meus irmos, e o carinho dos meus amigos que esto sempre ao meu lado e fazem, no s este, mas todos os desafios e etapas da minha vida valerem a pena serem vividos.

  • RESUMO

    Como justificar investimentos em Tecnologia da Informao (TI)? A resposta para esta pergunta no simples. Este trabalho objetiva identificar uma maneira de apoiar os processos de deciso de investimentos em Tecnologia de Informao. Para a realizao da pesquisa, utiliza-se uma serie de mtodos: entrevistas com gestores e executivos de TI, pesquisa exploratria para elaborao de um modelo de Sistema de Apoio Deciso (SAD) e aplicao do instrumento em estudos de caso. O modelo consiste em uma anlise de Custo Total de Propriedade (TCO), avaliando os custos totais de investimento entre dois ou mais cenrios. O foco desta tcnica comparar os custos do ambiente de desktops atual com um cenrio futuro com a adoo de uma soluo de tecnologia baseada em virtualizao de desktops, trazendo um ganho financeiro em um determinado perodo se o decisor optar pela adoo da nova tecnologia. As anlises do mercado de TI mostram algumas fortes tendncias na transformao da Era do PC para a Era da Computao em Nuvem. Com isso, a tomada de deciso ao longo dessa transformao envolve mudanas de paradigma na gesto de TI, e, portanto, convm ser embasada dentre diversos aspectos: benefcios financeiros, benefcios intangveis, inovao tecnolgica e percepo de novas formas de trabalho. Durante o desenvolvimento dessa pesquisa, constatou-se que a metodologia de anlise comparativa de TCO vem sendo uma ferramenta amplamente utilizada para anlise financeira nos processos decisrios de TI. No entanto, a grande maioria das ferramentas disponveis foi desenvolvida por empresas americanas, e a alimentao de dados dos sistemas possui mtricas diferentes da realidade brasileira. Na pesquisa exploratria foi desenvolvido um SAD para anlise de TCO adaptado e flexvel para a insero de dados da realidade das empresas no Brasil. A aplicao do instrumento aconteceu com dois estudos de caso, identificando o papel deste SAD no processo de deciso, e sua correlao com as demais tcnicas e anlises para justificativa de investimentos em TI.

    Palavras-chave: Sistema de Apoio Deciso; Tecnologia da Informao; Custo Total de Propriedade.

  • ABSTRACT

    How can investments in Information Technology (IT) be justified? The answer to this question is not simple. This work aims at identifying a way to support the decision-making processes regarding Information Technology investments. In order to carry out this research a series of methods were used: interviews with IT managers and CEOs, exploratory research to design a model for a Decision Support System (DSS), and application of an instrument in case studies. The model is based on the analysis of Total Cost of Ownership (TCO), evaluating the total costs of investments in two or more scenarios. This technique focuses on comparing the costs of current desktop environments and a future scenario where a technology solution based on desktop virtualization is implemented, bringing financial gain for a specific period if the decision maker chooses the latter. Market analyses in IT show some strong tendencies of transformation from the Age of PC towards the Age of Cloud Computing. Thus, the decision-making process throughout this transformation involves changes of paradigm in IT management, and, therefore, it should be based on a number of aspects: financial benefits, intangible benefits, technology innovation and the perception of new forms of work. Whilst developing this research it was found that the methodology of TCO comparative analysis has been a widely used tool in financial analysis within decision-making processes in IT. However, the vast majority of tools available was developed by USA-based companies and the data feeding in the systems have different metrics to those in Brazilian reality. This exploratory research developed a DSS for TCO analysis, which is adapted and flexible to enable data feeding according to the reality of companies in Brazil. This tool was applied in two case studies identifying the role of this supportive system in the decision process and its relation with other techniques and analyses to justify IT investments.

    Keywords: Decision Support System; Information Technology; Total Cost of Ownership

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 A tomada de deciso e a ajuda ao decisor .............................................. 17 Figura 2 Pirmide sobre os tipos de sistemas de informao e grupos atendidos . 18 Figura 3 Distribuio dos sistemas conforme nveis organizacionais ..................... 21 Figura 4 Componentes de um SAD ........................................................................ 24 Figura 5 Comparao entre a arquitetura tradicional e a virtualizao .................. 35 Figura 6 Topologia de um ambiente de desktop virtualizado ................................. 36 Figura 7 Objetivos da anlise de TCO ................................................................... 42 Figura 8 Comparativo de TCO para 05 anos .......................................................... 48 Figura 9 Metodologia VMware de ROI e TCO ........................................................ 49 Figura 10 Desenho de pesquisa ............................................................................. 54 Figura 11 Arquitetura do SAD Estudo de TCO para VDI ........................................ 55 Figura 12 Nveis da estrutura de TI ........................................................................ 61 Figura 13 Estudo de caso A: Vantagens e Pontos de ateno .............................. 63 Figura 14 Comparativo final de TCO Empresa A ................................................ 67 Figura 15 Participantes do processo de deciso para investimentos em TI ........... 68 Figura 16 Estudo de caso B: Vantagens e Pontos de ateno .............................. 70 Figura 17 Estudo de Caso B: Plano de Execuo .................................................. 71 Figura 18 Comparativo final de TCO Empresa B ................................................ 73

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 TCO de Desktop para 2011 ..................................................................... 45 Tabela 2 Calculadora de TCO Alinean ................................................................... 46 Tabela 3 Resultado do TCO ................................................................................... 47 Tabela 4 Aspectos da pesquisa e fundamentao terica ..................................... 50 Tabela 5 Clculo individual de cada componente .................................................. 58 Tabela 6 - Comparativo final ..................................................................................... 59 Tabela 7 Custo de energia eltrica ......................................................................... 59 Tabela 8 Distribuio dos custos com dispositivo de acesso ................................. 64

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Ferramentas customizadas entre a metodologia Alinean e fornecedores de solues para desktops ........................................................................................ 46 Quadro 2 Custos no modelo Alinean ...................................................................... 47 Quadro 3 Elementos que compem os custos dos dois cenrios .......................... 57 Quadro 4 Estudo de Caso B - Tcnicas usadas no processo de deciso .............. 69

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    BYOD Bring our Own Device CEO Chief Executive Officer CFO Chief Finance Officer CIO Chief Information Officer COO Chief Operation Officer CPD Centro de Processamento de Dados FCS Fatores Crticos de Sucesso FERF Financial Executives Research Foundation MOMC Multi-objective, Multi-criteria NPV Net Present Value ROI Return Over Investment SI Sistemas de Informao SAD Sistema de Apoio Deciso SaaS Software as a Service SaaS TCO Total Cost of Ownership TI Tecnologia da Informao TIC Tecnologia da Informao e Comunicao VDI Virtual Desktop Infrastructure vDaaS Virtual Desktop as a Service VM Virtual Machine

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 12 1.1 TEMA .................................................................................................................. 14 1.2 QUESTO DE PESQUISA .................................................................................. 14 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14 1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 1.4.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 1.4.2 Objetivos Especficos .................................................................................... 14 2 FUNDAMENTAO TERICA .................................................................................. 16 2.1 SISTEMAS DE INFORMAO E DECISO ....................................................... 16 2.1.1 Mapeando o Processo de Deciso ............................................................... 16 2.1.2 Dos Sistemas de Informao aos Sistemas de Apoio Deciso (SAD) .... 20 2.1.3 Caractersticas de um SAD ............................................................................ 23 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAO (TI) ............................................................... 26 2.2.1 A Evoluo da TI ............................................................................................ 26 2.2.2 Administrando a TI de Forma Estratgica .................................................... 28 2.2.3 TI: As Tendncias e Conceitos da Atualidade ............................................. 30 2.2.4 TI: Justificando Investimentos ...................................................................... 37 2.2.4.1 Processos na Tomada de Deciso de Investimento...................................... 38 2.3 CUSTO TOTAL DE PROPRIEDADE (TCO) ....................................................... 41 2.3.1 Anlise de Custo Total de Propriedade ........................................................ 41 2.3.2 Comparativo de TCO para Infraestrutura de Desktops ............................... 44 2.4 O MODELO DE TCO COMO SISTEMA DE APOIO PARA INVESTIMENTOS EM TI ............................................................................................................................... 49 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS................................................................... 51 3.1 MTODO DE PESQUISA ................................................................................... 51 3.2 ETAPAS DA PESQUISA ..................................................................................... 52 3.2.1 Levantamento Terico ................................................................................... 52 3.2.2 Criao e Validao do Modelo de Pesquisa ............................................... 52 3.2.3 Realizao dos Estudos de Caso ................................................................. 53 3.3 DESENHO DE PESQUISA ................................................................................. 53 4 ANLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 55

  • 4.1 DESENVOLVIMENTO DO MODELO ESTUDO DE TCO PARA VDI ............... 55 4.2 APLICAO DO INSTRUMENTO - ESTUDOS DE CASO ................................. 60 4.2.1 Estudos de Caso A ......................................................................................... 60 4.2.1.1 Descries das Caractersticas da Empresa A ............................................. 60 4.2.1.2 Operacionalizao: Etapas do Estudo A: ...................................................... 61 4.2.1.3 Anlises Qualitativas do Estudo A ................................................................. 63 4.2.2 Estudos de Caso B ......................................................................................... 67 4.2.2.1 Descries das caractersticas da empresa B ............................................... 67 4.2.2.2 Operacionalizao: Etapas do Estudo B ....................................................... 69 4.2.2.3 Anlises Qualitativas do Estudo B ................................................................. 70 5 CONCLUSO ................................................................................................................. 75 5.1 SUGESTES DE APRIMORAMENTO ............................................................... 76 REFERNCIAS ................................................................................................................. 77 APNDICE A ESTRUTURA BASE DO MODELO ..................................................... 84

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    1 INTRODUO

    O conceito de Tecnologia da Informao (TI) mais abrangente do que os de processamento de dados, sistemas de informao, engenharia de software, informtica ou o conjunto de hardware e software, pois tambm envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais (KEEN, 1993). Alguns autores, como Alter (1999), fazem distino entre Tecnologia da Informao e Sistemas de Informao, restringindo primeira expresso apenas os aspectos tcnicos, enquanto que a segunda corresponderia s questes relativas ao fluxo de trabalho, pessoas e informaes envolvidas. Outros autores, no entanto, usam o termo tecnologia da informao abrangendo ambos os aspectos, como a viso de Henderson & Venkatraman (1993).

    Neste trabalho, adota-se o conceito mais amplo de Tecnologia da Informao (TI), incluindo os sistemas de informao, o uso de hardware e software, telecomunicaes, automao, recursos multimdia, utilizados pelas organizaes para fornecer dados, informaes e conhecimento (LUFTMAN et al., 1993; WEIL, 1992).

    A evoluo da tecnologia da informao (TI), no decorrer da histria recente, principalmente a partir da dcada de 90, acarretou considerveis mudanas no somente no mbito econmico-social, mas tambm no aspecto cultural. A rapidez de evoluo nessa rea ocorreu, segundo Schreiber et al. (2002), em vista da necessidade de tecnologias padronizadas e eficientes na melhoria da qualidade dos processos e de modelos prticos e geis. Diante dessa realidade, so crescentes as modificaes das formas de trabalho e acesso s informaes. As solues tecnolgicas so as principais responsveis pela instantaneidade e disponibilidade de informao, quebrando barreiras impostas pela distancia fsica.

    O Gartner espera que o mercado brasileiro de TI experimente uma taxa de crescimento anual de 9,9% at 2015 (GARTNER, 2012). Villate (2012) destaca que entre as 10 grandes tendncias de TI para os prximos anos esto temas como cloud computing, ou computao em nuvem, e consumerizao. Nesse sentido, Stevenson, (2012) relata que a TI esta passando pela transformao da Era PCs1 para a Era da Computao em Nuvem (Era Cloud). O Gartner (2012) destaca: (...)

    1 PC Sigla utilizada para Personal Computer Computador Pessoal.

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    O reinado do computador pessoal como o dispositivo de acesso exclusivo das empresas est chegando ao fim, e em 2014, a nuvem pessoal vai substituir o computador pessoal no centro da vida dos usurios digitais.

    Existe uma ampla rea de pesquisa quando se pensa em justificativas para investimentos em TI, principalmente, devido a sua difcil associao direta gerao de vantagem competitiva. Gunasekaran, Love e Miele (2001), relatam a dificuldade de calcular projetos de TI considerando expectativas intangveis como os ganhos de competitividade e qualidade nos produtos.

    constatada a importncia da utilizao de um Sistema de Apoio a Deciso para a tomada de decises gerenciais e estratgicas (LAUDON e LAUDON, 2003), (FREITAS, BECKER, KLADIS e HOPPEN, 1997). Os SAD tentam combinar modelos e tcnicas analticas. Constituem um campo multidisciplinar que envolve: Teoria da Deciso, metodologias de concepo, arquiteturas lgicas, interao homem-mquina e inteligncia artificial (GOMES, GOMES e ALMEIDA, 2009).

    Explora-se, no desenvolvimento deste trabalho, o uso de um SAD baseado em anlise financeira de Custo Total de Propriedade (TCO). A anlise do TCO considera todos os custos, diretos e indiretos, ao longo de um determinado perodo, comparando o custo total de propriedade entre cenrios alternativos. Existe um conjunto de metodologias e ferramentas j desenvolvidas para ajudar medio do TCO, o que permite gerenciar e reduzir os custos de maneira a otimizar o valor total dos investimentos (DEGRAEVE, LABRO & ROODHOOFT, 2000).

    Neste trabalho pretende-se conhecer as metodologias de TCO para projetos de TI, suas caractersticas e aplicabilidade em empresas brasileiras. Como primeiro resultado da pesquisa, percebe-se as inconsistncias de modelos que assumem custos indiretos muito distintos da realidade brasileira, e busca-se desenvolver, como instrumento de anlise, um modelo adaptado denominado Estudo de TCO para VDI.

    A metodologia de trabalho envolve tcnicas de entrevistas, pesquisa exploratria qualitativa, criao e validao do instrumento de pesquisa e aplicao de estudo de caso.

    A investigao atravs das anlises qualitativas com a aplicao do instrumento busca o entendimento de questes relacionadas como os gestores de TI justificam os investimentos na adoo de novas tecnologias, quais as tcnicas e

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    ferramentas utilizadas durante o processo decisrio e como o uso de anlise de TCO pode ajudar a tomada de deciso.

    1.1 TEMA

    O tema desta pesquisa consiste em uma anlise sobre um Sistema de Apoio Deciso baseado em anlise comparativa de Custo Total de Propriedade para justificar investimentos em Tecnologia da Informao.

    1.2 QUESTO DE PESQUISA

    Como os gestores de Tecnologia da Informao justificam os investimentos em novas solues de TI?

    1.3 JUSTIFICATIVA

    O crescimento constante do mercado da Tecnologia da Informao no Brasil mostra que que os investimentos nesse setor esto cada vez maiores e demandam cada vez mais detalhes no processo de

    1.4 OBJETIVOS

    1.4.1 Objetivo Geral

    Propor um Sistema de Apoio Deciso baseado em comparativo de custo total de propriedade (TCO) para auxiliar executivos a justificar investimentos em Tecnologia da Informao (TI).

    1.4.2 Objetivos Especficos

    Analisar o processo de deciso para investimentos em Tecnologia da Informao.

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    Validar um Sistema de Apoio Deciso baseado em Custo Total de Propriedade (TCO) para justificar investimentos em Tecnologia da Informao.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Neste captulo so expostos os materiais da literatura utilizados na pesquisa, organizados em trs tpicos principais. Inicialmente estuda-se aspectos sobre o processo de tomada de deciso, explorando a literatura de Sistemas de Informao (SI) e especificamente sobre Sistemas de Apoio Deciso (SAD). A partir disso, pretende-se entender o contexto da Tecnologia da Informao no cenrio atual, explorando aspectos sobre a administrao da TI, o processo de tomada de deciso e justificativas de investimento, bem como as principais tendncias e desafios que os gestores de TI vm enfrentando. Verifica-se o uso da tcnica de anlise financeira de Custo Total de Propriedade (TCO) e aprofunda-se nas caractersticas e benefcios da mesma, visando classificar o mtodo de analise de TCO como um SAD para investimentos em TI.

    2.1 SISTEMAS DE INFORMAO E DECISO

    2.1.1 Mapeando o Processo de Deciso

    A atividade de tomar decises crucial para as organizaes. Esta atividade acontece o tempo todo, em todos os nveis, e influencia diretamente o desempenho organizacional. A deciso, de um modo genrico, possui dois objetivos: a ao no momento e a descrio para o futuro (SIMON, 1965). Esta ao no momento possui uma qualidade imperativa, pois seleciona um estado de coisas futuras em detrimento de outro e orienta o comportamento rumo alternativa escolhida. A descrio de um estado futuro, num sentido estritamente emprico, pode ser correta ou errada.

    A organizao um local onde as decises so frequentemente tomadas e este o processo que constantemente reorienta seus objetivos. Segundo Hein (1972), as decises administrativas so normalmente aquelas que atingem imediatamente ou posteriormente os objetivos de uma empresa. Para Simon (1965), o objetivo da organizao , indiretamente, um objetivo pessoal de todos os seus participantes.... O que difere no peso de que cada participante tem no estabelecimento dos objetivos da organizao o seu poder de deciso que, nas organizaes, normalmente, se concentra nas mos de seus gerentes.

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    Figura 1 A tomada de deciso e a ajuda ao decisor

    Fonte: Freitas (1993)

    O esquema da figura 1 identifica o processo de tomada de deciso dentro das organizaes, salientando as variveis mais importantes que interferem neste processo. Neste esquema, o decisor se encontra no centro do processo. Todos os esforos devem ser despendidos para auxili-lo neste momento. Este processo necessita ser bem compreendido e, ferramentas, mtodos e modelos precisam estar disponveis no momento da tomada da deciso.

    As decises dentro da organizao podem, entre outras formas, ser classificadas quanto atividade a que elas pertencem, segundo trs nveis (ANTHONY, 1965):

    Nvel operacional: processo pelo qual se assegura que as atividades operacionais sero bem desenvolvidas. O controle operacional utiliza procedimentos e regras preestabelecidas de decises, normalmente so decises programveis, com processos muito estveis e resultam em resposta imediata;

    Nvel ttico: englobando a aquisio genrica de recursos e as tticas para a aquisio, localizao de projetos e novos produtos; as decises no nvel ttico so normalmente relacionadas com o controle administrativo e so utilizadas para decidir sobre as operaes de controle, formular novas regras de deciso que iro ser aplicadas por parte do pessoal de operao;

    Nvel estratgico: englobando a definio de objetivos, polticas e critrios gerais para planejar o curso da organizao. O propsito das

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    decises no nvel estratgico desenvolver estratgias para que a organizao seja capaz de atingir seus macro objetivos; as atividades neste nvel no possuem um perodo com o ciclo uniforme; estas atividades podem ser irregulares, ainda que alguns planos estratgicos se faam dentro de planejamentos anuais ou em perodos preestabelecidos.

    Embora esta classificao seja bastante aceita, no define de maneira restrita as fronteiras entre um nvel e outro. Podem-se ter decises em que sua classificao no esteja bem definida, sendo difcil classific-la de acordo com o modelo de Anthony (1965). A hierarquia entre os trs nveis pode ser representada por meio da pirmide organizacional que tambm representa a abrangncia e importncia das decises dentro da organizao, que aumentam na medida em que a deciso acontece em seus nveis superiores. A pirmide (figura 2) transmite a ideia da hierarquia dentro da organizao, onde os elementos colocados em posies superiores so responsveis pelas decises ditas estratgicas.

    Figura 2 Pirmide sobre os tipos de sistemas de informao e grupos atendidos

    Fonte: Anthony (1965)

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    Simon (1977), como criador dos termos Decises Programveis e decises No-programveis, registra que as decises ...no so, na verdade, tipos distintos, mas um todo contnuo, com decises altamente programveis, em uma extremidade, e decises no-programveis, na outra. possvel encontrar decises de todos os matizes neste contnuo.

    As decises programveis (tambm denominadas de estruturadas) se explicam mediante um conjunto de regras e procedimentos pr-estabelecidos. Elas so tomadas em um ambiente de certeza ou baixa incerteza, em razo de quase todas as variveis j serem conhecidas de antemo. Este tipo de deciso pode ser facilmente delegado.

    As decises no programveis (ou no estruturadas), por sua vez, no tm regras para seguir e nem possuem um esquema especfico para ser utilizado. Podem ser desconhecidas ou inditas. Nas decises no-programveis conhecidas, o tomador da deciso j esteve envolvido em problema igual ou parecido. Embora todas as variveis no sejam conhecidas, j existe certa experincia em situaes semelhantes. Nas decises no-programveis inditas, o tomador de deciso se v diante de uma situao completamente nova e no pode contar com nenhuma regra pr-estabelecida para auxili-lo. Nas decises no-programveis dificilmente todas as variveis esto disponveis ou existe muita dificuldade para que sejam reunidas e organizadas em tempo hbil, com a finalidade de se montar um modelo.

    Segundo Hein (1972), quando se trata dos mtodos quantitativos no auxlio s decises administrativas, a tendncia tem sido expressar em termos de grandezas matemticas e, posteriormente, basear a deciso assentada em um processo matemtico de otimizao. Ou seja, esta posio tende a tratar o processo decisrio como uma situao em que as variveis so conhecidas, podendo ser mensuradas e o resultado matematicamente calculado. Apoiar um tomador de deciso em seu processo decisrio consiste em lhe fornecer um suporte computacional adequado a diferentes fases do processo decisrio, possibilitando a especificao de resultados numricos e o estabelecimento de relacionamentos entre elementos (variveis) julgados importantes (FREITAS, BECKER, KLADIS e HOPPEN, 1997).

    Nesse sentido, segundo Meirelles (2004), o apoio deciso obtido com o auxilio de um modelo baseado em computador, que necessita de uma formalizao do problema, melhora significativamente a percepo e avaliao de situaes da

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    empresa, a comunicao com outros administradores sobre problemas e alternativas de ao e o desenvolvimento da intuio do tomador de deciso (aprendizagem). O apoio deciso resultante de modelos computacionais diminui limitaes naturais da mente do tomador de deciso, em termos de processamento e avaliao de informaes, atravs da adoo de estratgias menos simplistas.

    2.1.2 Dos Sistemas de Informao aos Sistemas de Apoio Deciso (SAD)

    Campbell (1977) define sistema de uma forma mais simples: um grupo de partes ou componentes inter-relacionados que funcionam juntos para alcanar um objetivo. Maciel (1974) salienta que um sistema implica na considerao dos elementos que compem, no conjunto das relaes desses elementos entre si e o conjunto de suas atividades.

    Na viso de Cautela e Polloni (1980) define-se sistema de informao o conjunto de elementos interdependentes logicamente associados para que, de sua integrao, sejam geradas informaes necessrias tomada de decises.

    Para OBrien (2001) sistema de informao um conjunto organizado de pessoas, hardwares, softwares, redes de comunicaes e recursos de dados que coleta, transforme e dissemina informaes em uma organizao

    Laudon e Laudon (1999) abordam o mesmo tema como um conjunto de componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informaes com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, coordenao, a anlise e o processo decisrio em organizaes.

    Os Sistemas de Informaes so desenvolvidos com diferentes propsitos, dependendo das necessidades da organizao e, particularmente, das necessidades especficas dos indivduos que iro utiliz-los. Laudon e Laudon (2003) classificam os sistemas da seguinte maneira:

    Sistemas de Informaes Transacionais, SIT, processam grande volume de informaes para funes administrativas rotineiras; atende o nvel operacional das organizaes;

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    Sistemas Especialistas, SE, atende as necessidades de informao do grupo de especialistas em qualquer nvel, os SE assimilam a experincia de quem toma as decises para a reproduo da soluo de problemas;

    Sistemas de Informaes Gerenciais, SIG, esses sistemas atendem s necessidades de diversos nveis gerenciais de alto escalo e proporcionam informaes peridicas de planejamento e controle para a tomada de deciso;

    Sistemas de Apoio Deciso, SAD, sistema desenvolvido para atender necessidades do nvel estratgico da organizao. Auxiliam o tomador de deciso em decises semiestruturadas quando lhe proporcionam a informao solicitada, gerando alternativas;

    Sistemas de Apoio ao Executivo, SAE, normalmente utilizados pela alta gerncia, em atividades pouco estruturadas de explorao da informao.

    A figura 3 abaixo mostra a distribuio dos sistemas de acordo com os nveis organizacionais segundo Laudon e Laudon (1999):

    Figura 3 Distribuio dos sistemas conforme nveis organizacionais

    Fonte: Laudon e Laudon (1999)

    Os gerentes e as organizaes esto constantemente envolvidos com o processo de deciso. Este processo to presente que as atividades da empresa,

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    em todos os seus nveis hierrquicos, so essencialmente de tomada de deciso e resoluo de problemas.

    Os sistemas de informao como apoio tomada de deciso tm sido utilizados cada vez mais ao longo das ltimas dcadas. Neste sentido, os sistemas de apoio deciso so sistemas informatizados e interativos, utilizados no processo decisrio, que proporcionam ao decisor acesso fcil a banco de dados e modelos, apoiando a tomada de deciso semiestruturada ou no estruturada (SPRAGUE & WATSON, 1989).

    Sprague e Watson (1989) definem SAD como sistemas computacionais que ajudam os responsveis pela tomada de decises a enfrentar problemas no-estruturais atravs da interao direta com modelos de dados e anlises. Constituem um campo multidisciplinar que envolve: Teoria da Deciso, metodologias de concepo, arquiteturas lgicas, interao homem-mquina e inteligncia artificial (GOMES, GOMES e ALMEIDA, 2009). Algumas proposies essenciais conexo informao-deciso so definidas por Le Moigne (1974 apud FREITAS, BECKER, KLADIS e HOPPEN, 1997):

    (...) os numerosos Sistemas de Deciso existentes na organizao independe do seu Sistema de Informao, eles so ativados ou desativados segundo o desejo ou a necessidade de seus membros; (...) um sistema de informao antes de tudo um banco de dados da organizao; (...) os Sistemas de Deciso resultam na interao entre o banco de programas (modelos) com o banco de dados; (...) a possibilidade de visualizar as informaes de forma grfica se mostra extremamente potente para aumentar a capacidade cognitiva do manager; e (...) o grau de complexidade e de incerteza explicam a quantidade de informao necessria organizao.

    Segundo Courbon (1983 apud FREITAS, BECKER, KLADIS e HOPPEN, 1997), um SAD um sistema homem-mquina (associao de um decisor e de um sistema tcnico, de onde a importncia da ergonomia), o qual, atravs de um dilogo (o controle exercido pelo usurio e no pelo sistema) permite a um decisor ampliar o seu raciocnio (e no modelar ou reproduzir esse processo) na identificao e na resoluo de problemas mal estruturados. Busca-se definir uma ferramenta que d suporte ao usurio final e no que venha substituir o seu julgamento e no, por consequncia, a sua deciso.

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    O uso adequado de SAD oferece benefcios como o aumento do nmero de alternativas examinadas para a soluo do problema, uma melhor compreenso do negcio, uma resposta mais rpida a algumas situaes inesperadas, novos conhecimentos e aprendizagens, melhoria na comunicao, melhor controle, melhoria nos custos, melhores decises, um trabalho de equipe mais eficaz, ganhos de tempo e melhor utilizao dos recursos de dados (CLERICUZI, ALMEIDA E COSTA, 2006).

    Estes sistemas podem apoiar os decisores em problemas que envolvam risco, principalmente quando existe conflito entre vrios objetivos. Portanto, quando bem implementados os SAD podem aumentar significativamente a qualidade da deciso. (GREGORIADES et al., 2003).

    David & Olson (1987), afirmam que um SAD deve ser capaz de analisar complicados problemas e relaes, podendo ser utilizado diretamente pelo tomador de deciso. Isto requer que o SAD seja um componente ativo no processo de deciso, que disponha as informaes de uma maneira clara e simples e que permita ao tomador de deciso rever e interpretar facilmente as alternativas.

    2.1.3 Caractersticas de um SAD

    Os projetistas de SAD devem trabalhar com trs subsistemas bsicos (GOMES, GOMES & ALMEIDA, 2009):

    1. banco de dados; 2. banco de modelos; 3. comunicao ou interfaces.

    O primeiro subsistema, Banco de Dados, agrupa todas as informaes disponveis, bem como as fornece de forma rpida e permite sua manipulao de forma eficiente. O Subsistema de Modelos constitudo de modelos gerenciais, capazes de lidar com os dados da empresa mediante simulaes, clculos, resolues de problemas matemticos, entre outros. Esse sistema utiliza-se de otimizao, simulao e dados estatsticos.

  • 24

    Por fim, o Subsistema de Comunicao ou Interface o conjunto de todos os componentes de hardware ou software que traduzem os componentes anteriores em uma interface amigvel para dar suporte ao usurio do SAD.

    O modelo conceitual de um SAD proposto por Sprague e Watson (1989), chamado de paradigma DDM (Dilogos, Dados e Modelos), composto por dois bancos: o banco de dados (BD) e o banco de modelos (BM) e trs subsistemas: o sistema gerenciador de banco de dados (SGBD), o sistema gerenciador do banco de modelos (SGBM) e uma interface amigvel. Para estes autores, este paradigma a prpria arquitetura de um SAD. A Figura xx mostra os componentes de um SAD.

    Figura 4 Componentes de um SAD

    Fonte: Sprague e Watson (1989)

    Quanto s caractersticas dos Sistemas de Apoio Deciso (GOMES, GOMES & ALMEIDA, 2009) destacam:

    pode respaldar decises independentes e sequenciais; pode apoiar todas as etapas do processo de tomada de decises; o usurio pode adapt-lo ao longo do tempo; podem-se usar ferramentas de simples manuseio como o Excel; os mais complexos podem estar integrados com Sistemas Corporativos;

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    modelos padronizados podem ser adotados.

    Alter (1999), em sua abordagem sobre SAD, relaciona quatro caractersticas fundamentais:

    interatividade dilogo usurio-mquina; potncia o sistema humano-tecnolgico permite responder s

    questes mais importantes; acessibilidade (user-friendliness) torna fcil o uso do sistema para

    usurios com diferentes graus de experincia, com resposta no tempo e forma adequados; e

    flexibilidade poder de adaptao s mudanas nas necessidades de uma dada situao; permite ao usurio e ao intermedirio adaptar o uso do SAD s caractersticas cognitivas e a vrias maneiras de solucionar um problema, e permite desenvolver o SAD de modo evolutivo e adaptativo.

    No que tange a flexibilidade, pode-se destacar:

    flexibilidade para resolver: permite explorar as diversas opes de visualizar e solucionar um mesmo problema, de forma pessoal, para o usurio;

    flexibilidade para modificar: possibilita um desenvolvimento evolutivo e modificaes no SAD, quando forem necessrios para a soluo de outros problemas;

    flexibilidade para adaptar: possibilita a adaptao do Sistema de Apoio Deciso em um sistema diferente, quando as mudanas so muito grandes;

    flexibilidade para evoluir: possibilita o aprimoramento do Sistema de Apoio Deciso em funo da evoluo da tecnologia.

    Como benefcios esperados, pode-se considerar:

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    rpidas simulaes; custo de modelagem menor do que o custo de examinar alternativas no

    sistema real;

    a modelagem permite que o gerente avalie os riscos relacionados a aes especficas;

    os modelos matemticos permitem a anlise de um nmero muito grande de alternativas e solues possveis;

    os modelos podem dar vises claras de fenmenos complexos. Quando se fala em auxiliar o processo de tomada de deciso, isso no significa somente fornecer informaes para apoio deciso, mas, analisar alternativas, propor solues, pesquisar o histrico das decises tomadas e simular situaes (FALSARELLA e CHAVES, 2004). Assim o SAD proporciona ao gestor informaes mais dirigidas ao problema, de forma que este dependa menos de sua intuio. Com isso, tem-se em conjunto a capacidade de articular julgamento humano e informaes computacionais no momento da tomada de deciso (FORTULAN, 2006).

    2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAO (TI)

    As organizaes tm procurado um uso cada vez mais intenso e amplo de Tecnologia de Informao (TI), como uma poderosa ferramenta empresarial que altera as bases da competitividade e estratgias empresariais (ALBERTIN e ALBERTIN, 2005). Buscando aprofundar-se nas razes e atribuies da afirmao acima, busca-se conhecer o contexto atual da TI, as tendncias e conceitos em evidncia, e a maneira como os processos de deciso de investimento acontecem.

    2.2.1 A Evoluo da TI

    A TI est em constante transformao e inovao. Esse processo pode ser dividido por geraes da TI, comeando pela computao (1950s-1970s), seguida pela 2 gerao (1980s), caracterizada pelos microcomputadores e redes locais, provocando transformaes importantes em como a TI passou a ser utilizada. A terceira gerao (1990s) evidncia o uso disseminado da internet, e em decorrncia, um grande impacto sobre as possibilidades de conectividade mundial, bem como a

  • 27

    adoo dos sistemas integrados (ERPs, CRMs). O avano para a quarta gerao e as grandes transformaes est ligado a uma nova forma com a qual as organizaes iro operar e interagir, gerindo, agora, a TI com diversos componentes independentes que, ao evolurem tecnologicamente, promovem a reestruturao de processos, com altos impactos sobre a eficincia, redues de custo e maior agilidade e produtividade.

    Um dos principais componentes da TI a infraestrutura. Para Weill & Broadbent (2000), a infraestrutura de TI a base da capacidade da tecnologia de informao, tida como servios confiveis compartilhados pela empresa e coordenados centralmente, geralmente pelo grupo de sistemas de informao. Sendo esta um componente que demanda altos investimentos em tecnologias de hardwares e softwares, a infraestrutura ganha muita ateno na gesto e alinhamento da TI com o negcio.

    Um estudo do Gartner (2012) revela que os gastos com infraestrutura tiveram crescimento de 20% em 2011, mantendo-se semelhante em 2012. A consultoria observa que, embora o cenrio seja promissor, os CIOs enfrentam o desafio de aliar eficientes estratgias de gesto ao uso da tecnologia aplicada operao e gerenciamento de data centers para gerar valor e crescimento ao negcio. A infraestrutura precisa ser dimensionada para atender suficientemente as necessidades da companhia, sem onerar exageradamente um investimento ocioso de recursos, sejam eles para o processamento pesado de servios corporativos nos centro de processamento de dados (CPDs) como nos dispositivos de trabalho do usurio final, como desktops, tablets, e smart-phones.

    As transformaes tecnolgicas na dimenso de infraestrutura de TI esto muito ligadas forma com a qual os recursos so disponibilizados ao requisitante, a fim de possibilitar que a TI possa ser oferecida sob demanda aos usurios. Nesse sentido, pode-se dizer que a TI est passando pela transformao da Era PCs2 para a Era da Computao em Nuvem (Era Cloud) (STEVENSON, 2012). Para Sultan (2012), a Computao em Nuvem um paradigma computacional emergente que promete fornecer oportunidades para distribuir uma variedade de servios de uma forma que jamais foi experimentada anteriormente.

    2 PC Sigla utilizada para Personal Computer Computador Pessoal.

  • 28

    De acordo com o Gartner (2012), o reinado do computador pessoal como o dispositivo de acesso exclusivo das empresas est chegando ao fim, e em 2014, a nuvem pessoal vai substituir o computador pessoal no centro da vida dos usurios digitais. Essas transformaes podem transmitir as maiores oportunidades de sucesso empresarial. O mercado busca constantemente por excelncia de produtos e servios, preo baixo e otimizao do atendimento, o que demanda aes de modernizao de alto impacto, em um ritmo muito mais intenso do que o que vem sendo observado. Para Monserrat (2012):

    preciso ajudar a TI ser mais efetiva. um desafio que todos os CIOs enfrentam, o desafio da transformao. Os usurios querem todo as possibilidades oferecidas pela nuvem. Isso acontece porque a TI precisa mudar o paradigma e sair do mundo PC para a era da computao em nuvem.

    O desafio comea na escolha do que ser adotado de solues relacionadas ao universo da tecnologia de informao, assim como a consequente capacitao dos quadros envolvidos na operacionalizao dos processos em questo. A assertividade dessa transformao pode trazer imensas oportunidades para que as empresas se tornem mais eficazes e, muitas vezes, reduzirem custos operacionais, tornando o papel da TI cada vez mais estratgicos dentro da organizao.

    2.2.2 Administrando a TI de Forma Estratgica

    Segundo Torres (2006), como uso estratgico para a Tecnologia da Informao entendem-se todos aqueles que trazem aumento nas possibilidades de sucesso para uma determinada organizao e, cada caso, por que nico, demanda solues tambm nicas, por isso a importncia cada vez maior de solues flexveis, que as novas plataformas tecnolgicas possibilitam.

    Durante os anos 80, com a introduo da administrao estratgica nas escolas, comeou-se a reconhecer a tecnologia como um importante elemento na competitividade estratgica (BURGELMAN, CHRISTENSEM e WHELLWRIGHT, 2004). Grant (1998) defende que o desenvolvimento tecnolgico e o processo resultante de sua evoluo tornaram-se um fator fundamental para a gerao de inovao. As mudanas tecnolgicas oferecem s empresas algumas das mais

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    valiosas oportunidades para manter-se a vitalidade das corporaes (GARUD, NAYYAR e SAPHIRA, 1997).

    Tomando conhecimento da importncia da TI na gesto estratgica das empresas, o perfil dos profissionais de gerncia e diretoria de TI comea a passar por um processo de mudana de paradigma. Alm do conhecimento tcnico, o gestor de TI precisa de bom conhecimento e vivncia de planejamentos, definio de estratgias e resoluo de problemas.

    imprescindvel que o profissional de tecnologia entenda do negcio da empresa para conseguir aplicar a tecnologia como vantagem competitiva. Assim, conceitos de administrao de empresas so necessrios para definir a melhor forma de aplicar uma tecnologia em benefcio da organizao (BATISTA, 2004). Esse elo entre necessidades da organizao e aplicao de tecnologia em benefcio da empresa a principal responsabilidade do CIO, o diretor-executivo de informaes, que representa o topo do hierarquia na rea de TI, e est intimamente ligado alta administrao da corporao.

    Segundo Batista (2004), como delegaes do CIO destacam-se a liderana no redesenho dos mtodos de negcio da organizao e a reestruturao da infraestrutura de tecnologia, com o intuito de aumentar a produtividade, sua eficincia e eficcia.

    A posio do CIO na estrutura organizacional mostra-se um tema bastante polmico. Um estudo realizado pela consultoria Gartner em parceria com o instituto de pesquisas especializado na rea financeira FERF (Financial Executives Research Foundation), aponta que em 42% das organizaes do mundo, o CIO se reporta ao principal executivo de finanas, ou CFO. O levantamento mostra ainda que em 33% dos casos a TI est diretamente ligada ao CEO, em 16% ao COO (Chief Operation Officer ou responsvel pela rea de operao), em 2% ao diretor administrativo e em 7% para outros executivos (CIO Brasil, 2010).

    De acordo com o relatrio, em 75% das organizaes, o CFO desponta como uma figura fundamental para definir os investimentos em tecnologia da informao. Ou seja, mesmo naquelas em que ele no est acima da rea de TI, apresenta um grande poder de influncia sobre o dia-a-dia do CIO.

    Para Sinnet (2010):

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    Na maior parte das organizaes, o CFO e o CIO trabalham juntos no cotidiano, tanto para financiar a TI quanto para fornecer informaes que suportem os processos financeiros. Mas ainda existe uma oportunidade para que essa aliana seja mais poderosa e traga mais valor organizao.

    Pastore (2010) salienta tambm que:

    Uma nova gerao de CEOs com viso mais alinhada s demandas externas comea a surgir nas empresas. (...). A tecnologia, por sua vez, representa um elemento essencial a esses executivos, que enxergam os CIOs como parceiros estratgicos e no mais como cumpridores de ordens, focados apenas em atividades operacionais.

    Essas afirmaes, ao mesmo tempo em que representam uma situao favorvel ao gestor de TI, por outro lado, exigem dele uma postura bastante adequada. Para Babe (2010), Agora vital que o CIO ocupe um lugar mesa executiva, atuando como um homem de negcios. Ele tem de ser algum capaz de me orientar e no qual eu possa confiar para chegar s concluses acertadas.

    2.2.3 TI: As Tendncias e Conceitos da Atualidade

    O Brasil figura na oitava posio entre os maiores mercados de Tecnologia da Informao e Comunicao (TIC) do mundo (SAKAMOTO, 2012).

    De acordo com os dados divulgados pela consultoria IDC Brasil em 2012, o mercado brasileiro de TI continuar crescendo em 2012, mesmo com a crise mundial e a desacelerao da economia nos Estados Unidos. Estudos do Gartner apontam que mercados emergentes de TI, como o Brasil, crescero 4,6%, ndice acima da mdia global este ano (SAKAMOTO, 2012).

    Muitas solues de TI foram e continuam sendo desenvolvidas voltadas a proporcionar benefcios que possam ser usados para gerar competitividade nas organizaes. Diversas empresas de TI se adaptaram ao modelo de desenvolvimento baseado nas demandas e expectativas do usurio final da tecnologia, pois os responsveis pela adoo ou no de determinada tecnologia esto fortemente alinhados com as necessidades do negcio, e no apenas na evoluo tcnica de hardwares e softwares. Na Era da Computao em Nuvem e, diante deste grande paradigma computacional (SULTAN, 2012), possvel verificar que a deciso dos gestores na adoo de determinada tecnologia no acontece baseada na escolha do fornecedor/produto pelo que ele , e sim, pelo motivo pelo

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    qual ela existe. O motivo, a razo que impulsiona a necessidade do uso, o que realmente agrega valor aos usurios e empresa em geral (SINEK, 2009).

    Sinek (2009), criador do modelo Golden Circle, explica esse fenmeno fazendo uma associao entre o entendimento biolgico do funcionamento do crebro humano, e a inspirao das pessoas na tomada de decises. Um exemplo claro dessa filosofia a utilizao do iPhone, o smartphone desenvolvido pela empresa de tecnologia Apple. De acordo com uma anlise do Gartner (2011), o iPhone representa 23.5% do mercado de smartphones e, a maior fatia de uma nica fabricante. As pessoas no compram o iPhone porque ele oferece maiores capacidades tcnicas, ou porque a matria prima mais resistente do que os demais telefones celulares inteligente. A Apple foi capaz de posicionar o seu produto atravs de suas prprias crenas, de como eles acham que a tecnologia pode ajudar na vida das pessoas, de quanto a tecnologia conecta ideias, pessoas, produtos e at ferramentas de trabalho, na palma da mo do usurio. O motivo pelo qual a Apple inova e lana anualmente atualizaes de seus produtos converge com o que as pessoas desejam. Essa mesma filosofia evidencia a potncia do seu produto da linha de tablets, o iPad. A frequente demanda de usar um nico dispositivo para tarefas pessoais e corporativas tem modificado a rea de Tecnologia da Informao como um todo.

    A TI corporativa precisa se preparar e se adaptar para essa torrente entrada de dispositivos mveis demandando acesso s informaes. O controle e segurana dos dados, e o gerenciamento dos dispositivos so os maiores desafios a serem afrontados. Essa tendncia ganhou o nome de Consumerizao e, segundo o Gartner (2007) carrega o status de causador do maior impacto na TI corporativa para a dcada 2010-2020. A forma com a qual se estruturava a infraestrutura de TI no passado dificilmente atende ao novo contexto. Alm disso, a TI vivencia outros desafios, como crescimento acelerado de dados digitais e a necessidade de controle de espao fsico e energia dos centros de processamento de dados.

    Villate (2012), porta-voz da empresa de pesquisa IDC, apontou como principais tendncias para TI os temas cloud computing, big data e consumerizao. Segundo ele, o modelo de cloud computing ter investimentos 5,3 vezes maiores e chegar a US$ 1,5 bilho, e atualmente menos de 10% das organizaes brasileiras tm amplo uso de servios com base nessa tecnologia. O forte crescimento denota a baixa penetrao desse tipo de artifcio nas companhias, que ainda esto em fase

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    de adoo inicial. Villate (2012) tambm acrescenta que A consumerizao vai determinar as novas dinmicas corporativas e as oportunidades de trabalho.

    Com isso, as transformaes da ltima dcada trouxeram a tona conceitos e solues de tecnologia focadas nas tendncias acima descritas. Para uma melhor interpretao da pesquisa, so consideradas as definies abaixo, para os termos que sero abordados:

    Cloud Computing: Segundo o NIST3 (2011), a definio de Cloud computing : um modelo para

    permitir o acesso sob-demanda, onipresente e conveniente rede para um grupo compartilhado de recursos computacionais configurveis (por exemplo, redes, servidores, armazenamento, aplicativos e servios) que podem ser rapidamente fornecidos e liberados com o mnimo esforo de gerenciamento ou interao com o provedor de servio.

    O modelo de computao em nuvem composto, tipicamente, por cinco caractersticas essenciais, trs modelos de servios e quatro modelos de implantao da nuvem (NIST, 2011), conforme descrito abaixo.

    Caractersticas Essenciais Servio sob-demanda: as funcionalidades computacionais so providas

    automaticamente sem a interao humana com o provedor do servio; Amplo acesso aos servios: os recursos computacionais esto disponveis

    atravs da Internet e so acessados via mecanismos padronizados, para que possam ser utilizados por dispositivos mveis e portteis, computadores, etc.;

    Resource pooling 4 : os recursos computacionais (fsicos ou virtuais) do provedor so utilizados para servir a mltiplos usurios, sendo alocados e realocados dinamicamente conforme a demanda do usurio. Neste cenrio, o usurio do servio no tem a noo da localizao exata do recurso, mas deve ser capaz de definir a localizao em um nvel mais alto (pas, estado, regio);

    3 NIST (National Institute of Standards and Technology) - Instituto Nacional de Padres e

    Tecnologias. 4 O termo resource pooling utilizado para definir um conjunto de recursos que se comportam

    como se fossem um nico recurso (WISCHIK et al. 2008). O objetivo desta tcnica aumentar a confiabilidade, flexibilidade e eficincia do sistema como um todo.

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    Elasticidade: as funcionalidades computacionais devem ser rpida e elasticamente providas, assim como, rapidamente liberadas. O usurio dos recursos deve ter a impresso de que ele possui recursos ilimitados, que podem ser adquiridos (comprados) em qualquer quantidade e a qualquer momento;

    Medio dos servios: os sistemas de gerenciamento utilizados para computao em nuvem controlam e monitoram, automaticamente, os recursos para cada tipo de servio (armazenamento, processamento e largura de banda). Este monitoramento do uso dos recursos deve ser transparente para o provedor do servio, assim como, para o consumidor do servio utilizado.

    Modelos de servios Software como um servio (Software as a Service SaaS): aplicaes de

    interesse para uma grande quantidade de usurios passam a ser hospedadas na nuvem como uma alternativa ao processamento local. As aplicaes so oferecidas como servios pelos provedores e acessadas pelos clientes atravs de aplicaes como o browser. Todo controle e gerenciamento da infraestrutura de rede, sistemas operacionais, servidores e armazenamento feito pelo provedor do servio.

    Plataforma como um Servio (Plataform as a Service PaaS): a capacidade oferecida pelo provedor para o usurio desenvolver aplicaes que sero executadas e disponibilizadas em nuvem. Neste sentido, surge um outro conceito conhecido como utility computing5, utilizado para denominar toda a plataforma de suporte ao desenvolvimento e fornecimento de aplicaes em nuvem. Qualquer aplicao, quando desenvolvida, precisa seguir um modelo de computao, um modelo de armazenamento e um modelo de comunicao. As plataformas para desenvolvimento de aplicaes em nuvem fornecem tais modelos e permitem utilizar conceitos implcitos tais como virtualizao e compartilhamento de recursos.

    Infraestrutura como um Servio (Infraestructure as a Service IaaS): a capacidade que o provedor tem de oferecer uma infraestrutura de processamento e armazenamento de forma transparente. Neste cenrio, o usurio no tem o controle da infraestrutura fsica, mas, atravs de mecanismos de virtualizao, possui controle sobre os sistemas operacionais, armazenamento, aplicaes instaladas e, possivelmente, um controle limitado dos recursos de rede.

    5 Uma tentativa de traduo para este termo seria computao vista como um utilitrio. Entretanto,

    neste caso, os autores preferem usar o termo em ingls.

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    Modelos de implantao Nuvem privada (private clouds): compreende uma infraestrutura de nuvem

    operada unicamente por uma organizao. Os servios so oferecidos para serem utilizados internamente pela prpria organizao, no estando disponveis publicamente para uso geral;

    Nuvem comunidade (community cloud): fornece uma infraestrutura compartilhada por uma comunicade de organizaes com interesses em comum;

    Nuvem pblica (public cloud): a nuvem disponibilizada publicamente atravs do modelo pay-per-use. Tipicamente, so oferecidas por companhias que possuem grandes capacidades de armazenamento e processamento;

    Nuvem hibrida (hybrid cloud): a infraestrutura uma composio de duas ou mais nuvens (privada, comunidade ou pblica) que continuam a ser entidades nicas porm, conectadas atravs de tecnologia proprietria ou padronizada.

    Conceito: Virtualizao de servidores: A virtualizao uma metodologia de dividir os recursos de um computador

    em mltiplos ambientes de execuo, aplicando um ou mais conceitos ou tecnologias, tais como hardware e software de particionamento, time-sharing, simulao de mquina parcial ou total, emulao, qualidade de servio, e muitos outros (SINGH, 2004).

    A definio de virtualizao a mesma que foi criada para os mainframes por volta de 1960. Virtualizao pode ser definida como a capacidade de criar diversas mquinas lgicas, chamadas de mquinas virtuais, em um nico hardware (CREASY, 1981). O objetivo principal da virtualizao a simplificao da administrao de recursos computacionais atravs de tcnicas que permitem ocultar, perante outros sistemas, aplicaes ou usurios finais, as caractersticas fsicas dos recursos (SIQUEIRA, 2006 apud POLLON, 2008). Uma mquina lgica constitui-se de um sistema operacional. A definio clssica para sistema operacional, encontrada em vrios livros, a de uma camada de software inserida entre o hardware e as aplicaes que executam tarefas para os usurios e cujo objetivo tornar a utilizao do computador, ao mesmo tempo, mais eficiente e conveniente (SILBERSCHATZ, 2001).

    Para Padala e Shin (2008), a virtualizao de servidores refere-se ao particionamento dos recursos de uma nica mquina fsica em vrios ambientes de

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    execuo. Esse tipo de virtualizao que tambm conhecida como consolidao de servidores, uma prtica comum em centros de dados corporativos como um esforo para melhorar a utilizao dos recursos e centralizar manuteno. A virtualizao de servidores dissocia o software rodando em um servidor do hardware esse servidor fsico. Um nico host 6 logicamente dividido em um nmero de mquinas virtuais (VMs) das quais cada uma pode executar seu prprio sistema operacional e seus aplicativos de servidor prprios, fazendo uso de uma poro de recursos alocados ao host fsico.

    A figura 5 ilustra a comparao entre a arquitetura tradicional e a virtualizao:

    Figura 5 Comparao entre a arquitetura tradicional e a virtualizao

    Fonte: Pollon (2008)

    Conceito: Infraestrutura de Desktop Virtual (VDI): Para muitos analistas, o conceito de virtualizao de desktops o mesmo empregado na virtualizao de servidores, ou seja, executar diversos sistemas operacionais em um nico equipamento fsico. Porm, uma diferena fundamental nessa topologia o fato de que separar os recursos lgicos (sistema operacional, aplicaes e dados) de um dispositivo de acesso (desktop) promove outros benefcios ao usurio final, como, por exemplo, a mobilidade e a flexibilidade de acessar as informaes de qualquer lugar, a qualquer momento e em qualquer dispositivo (CITRIX, 2007).

    6 Host (Hospedeiro): mquina fsica que suporta uma ou mais mquinas virtuais.

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    O termo VDI, ou Virtual Desktop Infrastructure se refere ao processo de execuo de um desktop do usurio dentro de uma mquina virtual que fica hospedada em um servidor no datacenter. uma poderosa forma de virtualizao de desktop, porque permite desktops totalmente personalizados para cada usurio com toda a segurana e simplicidade de gerenciamento centralizado. As principais vantagens que podem ser obtidas com a virtualizao do desktop esto ligadas a mobilidade e segurana (DELL, 2009). Mobilidade, pois permite que os usurios acessem os recursos corporativos de qualquer lugar, podendo aumentar sua produtividade e, a segurana, pois a rea de TI consegue entregar tais recursos de forma a no transferi-lo ao dispositivo na ponta, apenas oferecendo as informaes para que sejam usadas e manipuladas, mas que essas permaneam sob controle e administrao da rea de TI e, principalmente, armazenadas dentro dos datacenters. A figura 6 abaixo ilustra a topologia de um ambiente de desktop virtualizado:

    Figura 6 Topologia de um ambiente de desktop virtualizado

    Fonte: VMware (2012)

    Os fornecedores de solues de virtualizao de desktops destacam que essa tecnologia, quando bem implementada, pode oferecer grandes redues nos custos com gerenciamento de desktops, comparado a modalidade tradicional de gesto de PCs. (CITRX, 2007; VMWARE, 2012). Para auxiliar as empresas que esto avaliando os benefcios dessa tecnologia, grande parte destes fornecedores

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    disponibilizam ferramentas que auxiliam a fazer a anlise de reduo de custos mediante um estudo de comparativo de TCO.

    Consumerizao e BYOD - Bring our Own Device Consumerizao um grande fenmeno na rea da Tecnologia da

    Informao. "A consumerizao de TI no apenas uma tendncia passageira, um negcio que ser realizado em uma base contnua, principalmente entre as pequenas e medias empresas" (HAGGLUND, 2011).

    De acordo com as projees do Gartner, at 2015, os projetos de desenvolvimento de aplicaes voltadas para smartphones e tablets vo superar os projetos nativos de PCs a uma taxa de quatro para um. Hoje, temos o Facebook e o Foursquare, por exemplo, que possuem alguns recursos, mas que no desempenham a funo de socializar. Os aplicativos mobile devem comear a ser fator de socializao (ITWEB, 2011).

    Uma pesquisa divulgada pela Dimension Research (COMPUTERWORLD, 2011), relata que 87% dos funcionrios usam dispositivos pessoais para fins relacionados ao trabalho, como acesso ao e-mail e sistemas integrados de gesto e tambm 80% usam smartphones pessoais.

    O BYOD (Bring Your Own Device), estratgia para deixar os funcionrios escolherem e comprarem os dispositivos que desejam usar para fazer o seu trabalho, desde PCs e laptops a smartphones e tablets, vem ganhando impulso no mercado corporativo. As mquinas pertencem aos empregados, que as levam junto com eles ao sarem da empresa (NASH, 2011).

    Para ter certeza de que os dados da empresa usados nos dispositivos pessoais esto minimamente seguros, a soluo mais indicada permitir o acesso a eles somente por meio de aplicaes mveis, baseadas no ambiente virtual da empresa, disponveis a partir de uma rede segura. Os usurios devem tambm concordar em no armazenar dados em seus dispositivos. Os laptops, tablets, netbooks ou smartphones atuam apenas como interface que permitem ao usurio trabalhar com as informaes corporativas (COMPUTERWOLRD, 2011).

    2.2.4 TI: Justificando Investimentos

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    Alcanar efetividade em investimentos em Tecnologia da Informao (TI) tem-se tornado uma das primordiais preocupaes para as organizaes, medida que a competitividade no ambiente de negcios aumenta e gera presses sobre as empresas (KOHLI e DEVARAJ, 2003).

    Os gestores de TI utilizam diversos mtodos e tcnicas para avaliar os investimentos em TI, desde simples frmulas computacionais at tcnicas complexas de combinao entre anlises quantitativas e qualitativas (GUNASEKARAN, NGAI e McGAUGHEY, 2006). Segundo Gunasekaran, Love e Miele (2001), para garantir crescimento e competitividade, as empresas necessitam investir em tecnologia no longo prazo.

    A proporo de investimentos em relao receita tem aumentado, medida que a complexidade do ambiente de negcios est aumentando (MELVILLE, KRAEMER e GURBAXANI, 2004), o que tem priorizado o assunto da deciso de investimentos em TI na agenda dos executivos.

    O Gartner relata a estimativa de 144 bilhes de dlares em investimentos em TI no Brasil em 2012, sendo 65% de dlares do setor corporativo (IT WEB, 2011).

    Para a maioria das organizaes, custos de infraestrutura ainda esto consumindo muito do oramento de TI. A empresa mdia gasta 61% do seu oramento em operaes do dia a dia, e 25% sobre migraes e atualizaes progressivas, deixando pouco do oramento, menos de 14%, para a inovao (VMWARE, 2007)

    2.2.4.1 Processos na Tomada de Deciso de Investimento

    Clemons e Weber (1990) argumentam que ,na maioria das vezes, os projetos estratgicos de TI no possuem justificativas econmico-financeiras formais. Eles observam que as dificuldades em justificar um investimento que no se prova diretamente o seu valor no so surpreendentes. Adoo pelo usurio, benefcios futuros e o impacto na concorrncia so difceis de prever. Ainda, eles alegam que, como a importncia estratgica da TI aumenta, as decises sobre onde e quando alocar recursos para projetos de TI tornaram-se mais arriscada e difcil.

    A deciso de investimento em TI tem sido referenciada tanto na literatura de contabilidade quanto de TI. No entanto, a maioria dos estudos tende a se concentrar

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    nas tcnicas financeiras e nas atividades para avaliao de projetos de investimentos (BALLANTINE, 1999 apud BATAGLIA 2002).

    Sanchez e Albertin (2009), em anlise sobre deciso de investimento e percepo de valor, consideram que a deciso de investimentos, em geral, baseia-se na racionalidade de que haver valor econmico positivo gerado. Assim, avaliam-se os benefcios versus os custos, sendo que nem todos os benefcios podem ser expressos em termos financeiros, mas usualmente os custos o so.

    Benefcios no financeiros so conhecidos como benefcios intangveis na literatura (GARDNER, 2000; BATISTA, 2004), e sua avaliao depende da percepo de seu valor pelos decisores. possvel enderear a avaliao desses benefcios durante o processo de deciso de investimento utilizando os princpios dos Fatores Crticos de Sucesso7 (ROCKART, 1979; BATISTA, 2004). J com relao a anlises de benefcios financeiros, vrias tcnicas contbeis tradicionais tm sido usadas para calcular puramente retorno financeiro do investimento (ROI), incluindo a Valor Presente, Valor Presente Lquido (NPV) e Taxa Interna de Retorno (DEKLEVA, 2005).

    Alguns pesquisadores concentraram seus estudos na evoluo do uso das tcnicas de avaliao ao longo do tempo (PIKE, 1988 apud BATAGLIA, 2002). Conceber meios de demonstrar o valor da tecnologia corporativa tem ocupado os CIOs h 25 anos, desde que esta profisso existe. Embora mtricas como a taxa de retorno interno e valor econmico agregado sejam aplicadas com sucesso variado, ROI e TCO continuam sendo as mais utilizadas (CIO, 2008).

    Para Hayes (2004), o TCO uma mtrica chave para avaliar os investimentos em TI, pois vai alm do preo inicial de compra ou custo de implementao, considerando os custos totais de um ativo durante a sua vida til.

    Hirschheim e Smithson (1999) propem que a avaliao de TI deve levar em conta os aspectos tcnico e social do sistema. Hogbin e Thomas (1994), a partir do ciclo de desenvolvimento de sistemas, props um modelo para o processo de avaliao de investimentos em TI. O modelo composto por cinco fases: coleta de dados para anlise do projeto, avaliao do projeto, tomada de deciso, controle durante a implementao, e auditoria ps-implementao. Segundo o autor, as propostas de investimento devem passar pelas trs fases iniciais e, caso sejam

    7 FCS: pontos fundamentais que devem ser obstinadamente perseguidos para que uma atividade

    tenha sucesso (ROCKART, 1979).

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    preliminarmente aprovadas, devem ser detalhadas e passar novamente pelas mesmas fases. Na coleta de dados para a avaliao do projeto de investimento, ocorreria o levantamento dos objetivos, custos, benefcios, riscos e necessidades associadas ao projeto. Bataglia (2002) destaca que esses dados seriam consolidados em um documento chamado Business Case, que teria como objetivos: estabelecer o escopo e os objetivos do projeto; determinar a viabilidade financeira; e apoiar a tomada de deciso. Esse documento seria validado pelo patrocinador do projeto, ou seja, responsvel na organizao pelo projeto.

    O business case pode ser considerado uma das principais ferramentas de apoio durante a tomada de deciso. Consiste em apresentar qualitativa ou quantitativamente os benefcios esperados com a adoo de determinada tecnologia, alinhados com necessidades especficas ou genricas da organizao, a ponto de fornecer justificativas para a aprovao de determinada aquisio.

    fundamental que o Business Case mostre, prioritariamente, clareza dos objetivos do projeto, quais os benefcios tangveis e intangveis. Segundo Batista (2004), os Fatores Crticos de Sucesso so o destaque de um processo para facilitar a definio dos principais pontos de relevncia em cada atividade, excluindo os desejos pessoais de um ou mais componentes do sistema envolvido. Essa metodologia foca a soluo no problema real definido sem sofrer a influncia de outros problemas reais ou imaginrios que no so relevantes no momento.

    Deve-se dedicar ateno especial diferenciao dos dois tipos distintos de FCS (BATISTA, 2004):

    FCS diretos: aqueles que diretamente interagem com a meta envolvida; FCS indiretos: aqueles que podem afetar a meta de forma indireta, ou

    seja, podem espelhar melhora em outra atividade.

    A escolha da melhor soluo pode ser executada de vrias formas, mas a principal caracterstica a ser observada pelas organizaes a viabilidade econmica da soluo (Batista, 2004). Para enderear essa anlise de viabilidade financeira, diversas tcnicas de gesto financeira e contbil so utilizadas, entre elas a de comparao de Custo Total de Propriedade (TCO), foco desta pesquisa, que ser aprofundado no captulo 2.3.

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    importante que o processo de deciso inclua uma anlise tcnica conjuntamente com a percepo do usurio final com relao ao novo modelo ou forma de acesso aos recursos e soluo de tecnologia. Muitas vezes os FCS dependem dessa validao para que o projeto possa ser justificado. O termo comum para etapa chama-se Prova de Conceito (POC, do ingls Prove of Concept) e pode ser executado antes, em paralelo ou aps a anlise financeira. A POC uma prototipagem da soluo final. Para Batista (2004):

    (...) esse mtodo se resume na construo de um prottipo do sistema, podendo ser um sistema experimental completo ou uma parte dele. A prototipagem tem como caractersticas principais rapidez e economia, permitindo que os usurios possam executar um test-drive da aplicao.

    Para Laudon e Laudon (2004), a prototipagem consiste em montar um sistema experimental de forma rpida e sem muitos gastos para submet-lo avaliao dos usurios finais. Este prottipo deve ser refinado at que corresponda exatamente aos requisitos dos usurios.

    2.3 CUSTO TOTAL DE PROPRIEDADE (TCO)

    2.3.1 Anlise de Custo Total de Propriedade

    O conceito de custo total na literatura no possui limites claros. Muitos autores tm estudado bastante o TCO e suas aplicaes em diversas reas. A literatura sugere a necessidade de diferentes condutores (drivers) de custo para se estimar com exatido o custo total de propriedade para diferentes produtos e servios (ELLRAM e SEIFERD, 1998; DEGRAEVE e ROODHOOFT, 1999).

    Borinelli (2003) diz que

    Custo Total de Propriedade uma abordagem estruturada para se determinar os custos totais associados aquisio e subsequente utilizao de determinado bem ou servio de determinado fornecedor. um enfoque abrangente, que vai alm do preo, para considerar vrios outros custos, dentre os quais: assistncia tcnica, custo de falhas, custos administrativos, manuteno e custos de ciclo de vida.

    Segundo Batista, (2004), a necessidade de medio da relao custo/benefcio dos sistemas de informao integrados possibilitou a criao de

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    parmetros para a visualizao dos ciclos de vida dos custos e da produtividade. Especialistas dizem que a melhor maneira de controlar ambos os lados (custos e produtividade) e, consequentemente, medir a relao custo/benefcio, utilizar parmetros como o TCO (Total Cost of Ownership, ou Custo Total de Propriedade) e TVO (Total Value Ownership, ou Valor Total de Propriedade).

    Existe um conjunto de metodologias e ferramentas j desenvolvidas para ajudar medio do TCO, o que permite gerenciar e reduzir os custos de maneira a otimizar o valor total dos investimentos (DEGRAEVE et al., 2005).

    Para Ellram (2002), o TCO uma importante tcnica de gerenciamento de custos, usada pelas organizaes e definida como uma abordagem para se entender e gerenciar os verdadeiros custos, que envolvem um bem a ser negociado com fornecedor, ou a deciso sobre terceirizao. Utiliza-se o TCO em diferentes graus, cobrindo uma gama de situaes relacionadas a compras estratgicas e tticas.

    Ellram e Siferd (1998) analisaram os objetivos da anlise de TCO e as principais reas de impacto dentro das empresas.

    Figura 7 Objetivos da anlise de TCO

    Fonte: (Ellram e Siferd (1998) O modelo tradicional de clculo de TCO agrupa os custos da seguinte forma:

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    Custos Diretos - orados: hardware e software (aquisies e leasing) 18%; gerenciamento (rede, sistemas e armazenamento) 16%; suporte (helpdesk8, treinamento, deslocamento) 11%; comunicao (infraestrutura e taxas) 6%; desenvolvimento (aplicaes e contedo) 3%.

    Custos Indiretos custo de usurio final (suporte casual e autoaprendizagem) 35%; tempo de espera (perda de produtividade devido a interrupes) 11%.

    Os custos apresentados podem variar de acordo com o tipo de tecnologia utilizada e com as interdependncias com outras atividades e/ou tecnologias.

    Segundo Batista (2004), a reduo de TCO envolve a resoluo dos desequilbrios do modelo de relacionamento cclico, que visa amenizar a divergncia entre as trs perspectivas intimamente ligadas a sistemas de informao, que so: organizao, pessoas e tecnologia.

    Perspectiva tecnolgica: gerenciamento automtico e remoto; inventrio de hardware e software; distribuio automtica de software; gerenciamento de sistemas e redes; deteco e reparo contra a ao de vrus; gerenciamento do estado de servidores; abertura, acompanhamento e fechamento de problemas; controle remoto de clientes; utilizao de hardware gerencivel; negcios tolerantes a falhas;

    8 Servio de apoio a usurios para suporte e resoluo de problemas tcnicos, informtica,

    telefonia e tecnologias de informao, ou pr e ps vendas. Este apoio pode ser tanto dentro de uma empresa (profissionais que cuidam da manuteno de equipamentos e instalaes dentro da empresa), quanto externamente (prestao de servios a usurios), por meio de um sistema de gerenciamento de incidentes ou call center. Disponvel em: . Aceso em: 10/05/2012

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    realizao automtica de backup e recuperao de dados; segurana fsica. Perspectiva organizacional: gerenciamento de ambientes usurios; segurana e proteo de dados; controle e gerenciamento de mudanas; padronizao de intercmbio de dados com fornecedores, plataformas e

    aplicaes; gerenciamento das prticas de TCO.

    Perspectiva pessoal: treinamento de usurios; treinamento dos administradores; criao de um grupo de administrao estvel; Criao de ambientes de colaborao.

    Conforme Degraeve & Roodhooft (1999), o TCO o verdadeiro custo de um bem ou servio comprado, sendo formado por seu preo e outros fatores que reflitam custos adicionais gerados pelos fornecedores na cadeia de valor da empresa.

    2.3.2 Comparativo de TCO para Infraestrutura de Desktops

    A utilizao da tcnica de TCO para apoio a decises de investimento em TI comeou com o Gartner em 1986. Segundo Kirwin (2005) "Desde os primeiros estudos em 1986 com o Gartner, a metodologia de anlise de TCO tem ajudado milhares de gestores de TI a tomar decises baseadas em valor econmico com mais propriedade.

    Diversos fornecedores de solues de tecnologia para desktops disponibilizam ferramentas de anlise de comparao de TCO. Essas ferramentas so usadas pelos gestores de TI para apoiar decises de investimento, em conjunto com os demais processos e anlises.

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    O Gartner divulga uma srie de anlises de TCO para desktops, normalmente considerando mtricas e custos para o mercado americano. O objetivo desse modelo comparar diversas alternativas de tecnologia para um mesmo ambiente, evidenciando os diferenciais de custo entre elas. A tabela 1 mostra um exemplo de comparao divulgada em 2010:

    Tabela 1 TCO de Desktop para 2011

    Fonte: Gartner (Novembro, 2010)

    Uma empresa especializada em ferramentas de anlise financeira para investimentos em TI chamada Alinean desenvolveu uma metodologia amplamente utilizada no mercado pelos fornecedores de TI bem como pelos gestores que tomam as decises de investimento. At Junho de 2007, 20.000 empresas j haviam utilizado o bando de dados da Alinean para clculos de gastos em TI (VMWARE,

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    2007). A ferramenta de comparao de TCO da Alinean de desktops agrupa diversos custos dos cenrios tradicional e virtual, ilustrados na tabela 2.

    Tabela 2 Calculadora de TCO Alinean

    Fonte: Alinean (2010)

    Ferramentas customizadas entre a metodologia Alinean e fornecedores de solues para desktops so disponibilizadas para uso dos gestores de TI. Algumas ferramentas unificam a anlise do ROI e do TCO, pois grande parte dos dados que alimentam a anlise servem para as duas mtricas. O quadro 1 abaixo rene algumas dessas ferramentas:

    Quadro 1 Ferramentas customizadas entre a metodologia Alinean e fornecedores de solues para desktops Fornecedor da ferramenta

    Nome Disponivel em:

    CSC CSC Virtual Desktop Services

    http://www.alinean.com/restricted.aspx?t=CSC VirtualDesktopServices&i=89

    Citrix Citrix XenDesktop ROI/TCO Calculator

    http://www.alinean.com/restricted.aspx?t=Citrix XenDesktopROICalculator&i=55

    Dell Dell Desktop Virtualization Calculator

    https://roianalyst.alinean.com/Desktop_Virtualization/

    VMware ROI TCO Calculator http://roitco.vmware.com Fonte: Adaptado de Alinean (2010)

    Aprofunda-se o detalhamento dos dados do modelo com base na ferramenta da Alinean volta para um dos fornecedores citados no quadro 1, onde destacam-se

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    os custos de capital, custos operacionais e custos de produo, comparando cinco cenrios em que a soluo pode ser adquirida.

    O quadro 2 relaciona os custos incididos na anlise da Alinean:

    Quadro 2 Custos no modelo Alinean

    Custos de capital

    Aquisio de hardware

    Manuteno de hardware

    Software de Antivrus

    Custos de software

    Manuteno de software

    Atualizao de parque de maquinas (desktops)

    Licenas de software ociosas

    Custos operacionais

    Suporte local dos desktops

    Suporte de Helpdesk

    Suporte terceirizado

    Perdas com furto de laptops

    Perdas de dados decorridos de falhas de hardware

    Consumo de energia e refrigeramento

    Questes de recuperao de dados

    Questes de conformidade

    Custos de produo

    Downtime de usurios

    Melhorar produtividade

    Produtividade com autonomia dos funcionrios

    Fonte: Adaptado de TCO segundo metodologia Alinean (2010)

    Aps a alimentao de dados na ferramenta, os resultados do TCO so apresentados no relatrio final, com diversos modelos matemticos e comparativos, como, por exemplo, o comparativo de custo mensal por usurio, formato ilustrado na tabela 3 abaixo:

    Tabela 3 Resultado do TCO

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    Tradicional Tradicional Premium Gerenciado pelo

    cliente Gerenciado pelo

    provedor Desktop como

    servio

    Custos por usurio por ms $78.92 $ 85,04 $54.89 $65.39 $64.87 Fonte: Adaptado de TCO segundo metodologia Alinean (2010)

    Diversos resultados so apresentados na interface grfica, como o montante total dos custos tangveis e intangveis, formato ilustrado na figura 8.

    Figura 8 Comparativo de TCO para 05 anos

    Fonte: Adaptado de TCO segundo metodologia Alinean (2010)

    Por fim, restringindo a comparao para cenrio atual versus cenrio futuro, a utilizao da anlise de TCO para comparao de infraestrutura de desktops pode ser uma forte ferramenta de apoio deciso para os gestores de TI, quanto adoo ou no dessa tecnologia, bem como das formas de aquisio que tais solues em nuvem so oferecidas. Essa metodologia busca um balano entre simplicidade e credibilidade das informaes, proporcionando uma viso clara das redues de custos quando isso positivamente demonstrado (VMWARE, 2011).

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    A figura 11 abaixo simplifica o resultado de uma anlise com a amostragem de um TCO menor no caso do ambiente de desktops virtualizado.

    Figura 9 Metodologia VMware de ROI e TCO

    Fonte: VMware ROI TCO Calculator (2011)

    2.4 O MODELO DE TCO COMO SISTEMA DE APOIO PARA INVESTIMENTOS EM TI

    Analisando a reviso de literatura explorada sobre Custo Total de Propriedade, Sistemas de Informao e os diversos tipos de sistemas, constata-se que a tcnica de comparativo de TCO pode ser classificada como um Sistema de Apoio a Deciso para auxiliar os processos de deciso de investimento em TI, perante suas caractersticas, funcionamento e arquitetura.

    Ao explorar a literatura sobre Tecnologia da Informao no contexto atual e os aspectos do processo de tomada de deciso de investimentos em TI, destaca-se a potencialidade do uso de anlises de TCO. Nesta pesquisa pretende-se validar um modelo de comparativo de TCO para avaliao de investimentos em TI, usando como referncia projetos de computao em nuvem voltados a infraestrutura de desktops.

    Para simplificar a compreenso da pesquisa, a tabela 4 apresenta um resumo dos aspectos identificados na literatura como relevantes para o desenvolvimento de SAD. Aps cada aspecto, so descritos esses aspectos encontrados no modelo de anlise comparativa de TCO e a fundamentao terica.

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    Tabela 4 Aspectos da pesquisa e fundamentao terica Aspectos Literatura SAD Modelo de comparativo de TCO Objetivos Auxiliar o tomador de deciso em decises semiestruturadas proporcionando a informao solicitada e gerando alternativas

    Laudon e Laudon (2003), Sprague e Watson, (1989); Courbon (1983),

    Metodologia de anlise comparativa de custos para auxiliar os gestores de TI na tomada de deciso de investimentos

    Arquitetura Banco de Dados

    Banco de Modelos

    Interface

    Sprague e Watson, (1989) Gomes, Gomes & Almeida, (2009)

    Baseia-se em dados de custos, tamanho e definies do ambiente (quadro 2); permite trabalhar com modelos de clculos, premissas, comparaes e simulaes (tabela 3); transforma os resultados em interface grfica (figura 8)

    Caractersticas Interatividade Potncia Acessibilidade Flexibilidade

    Alter (1999) Gomes, Gomes & Almeida (2009);

    O modelo de TCO acessvel no preenchimento dos dados, permite que o decisor interaja, modificando e analisando simulaes, flexvel nas adaptaes para diferentes fornecedores.

    Fonte: A autora (2012)

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    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    So apresentados neste captulo os mtodos de pesquisa utilizados no estudo, as principais formas de coleta de dados e suas etapas.

    3.1 MTODO DE PESQUISA

    Com a inteno de alcanar o objetivo geral e os objetivos especficos, opta-se por uma pesquisa exploratria desenvolvida mediante levantamento bibliogrfico, estudo de casos e pesquisa de campo, com a realizao de entrevista em profundidade.

    A pesquisa exploratria se justifica, pois de acordo com Gil (1999, p. 117),

    bastante adequada para a obteno de informaes acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicaes ou razes a respeito das coisas precedentes.

    O Estudo de Casos, por sua vez, possibilita, de acordo com Yin (1994, p. 23), investigar um fenmeno atual dentro do seu contexto real, quando as fronteiras entre o fenmeno e o contexto no so claramente definidas e utilizando-se vrias fontes de evidncia.

    No que se refere s entrevistas, caracterizam-se como semiabertas em profundidade (DUARTE, 2006) e sero realizadas com gestores de TI.

    A pesquisa qualitativa, ao contrrio da quantitativa, no procura enumerar ou medir os eventos estudados, nem emprega procedimentos estatsticos de anlise de dados. Envolve a obteno de dados descritivos sobre as pessoas, lugares e processos interativos, pelo contato direto do pesquisador com a situao estudada, visando a compreenso dos fenmenos, com base nas perspectivas dos indivduos, informaes mais difceis de serem obtidas por uma pesquisa quantitativa.

    De acordo com Bogdan e Biklen (2000), as principais caractersticas da pesquisa qualitativa e os aspectos essenciais nos estudos desse tipo so:

    o ambiente a fonte de dados (mundo emprico) e o pesquisador o instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado;

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    os dados coletados aparecem sob a forma de transcries de entrevistas, anotaes de campo, fotografias e desenhos, entre outros documentos;

    os pesquisadores qualitativos tentam compreender os fenmenos que esto sendo estudados a partir das perspectivas dos participantes, o que esclarece o dinamismo interno das situaes dificilmente compreendido pelos observadores externos e, por fim;

    os pesquisadores tm proximidade do fenmeno que est sendo estudado, possibilitando uma melhor anlise dos resultados encontrados.

    Para a aplicao das teorias de TCO e SAD, sero analisados dois casos de utilizao de uma ferramenta de comparativo de TCO para suporte deciso de adoo de virtualizao de desktops, buscando entender a importncia, credibilidade e benefcios da mesma no processo de deciso das organizaes.

    3.2 ETAPAS DA PESQUISA

    3.2.1 Levantamento Terico

    Na etapa 01 escolhido o tema de pesquisa e desenvolvida a reviso de literatura em questo. Com relao ao tema TI, primeiramente buscou-se conhecer a evoluo histrica da TI at o momento atual, e entender as principais tendncias para a prxima dcada. A partir desses resultados, investigaram-se aspectos do mercado de virtualizao de desktops e das tcnicas utilizadas na justificativa de investimentos nessa tecnologia, atravs de conhecimento prtico de especialistas e dados de mercado, apresentados no captulo 2.

    Constatou-se nessa anlise o frequente uso de ferramentas de comparativo de TCO, como Sistema de Apoio Deciso de adoo da tecnologia. Itens apresentados tambm no captulo 2.

    3.2.2 Criao e Validao do Modelo de Pesquisa

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    Aliando as informaes obtidas ao estudo terico sobre tomada de deciso, SAD e TCO, desenvolve-se a prxima etapa, onde criado um instrumento de pesquisa para ser aplicado, denominado pela pesquisadora como Estudo de TCO para VDI. O instrumento foi desenvolvido em planilha de excel, e trabalha com modelos matemticos e interfaces grficas.

    A validao do modelo ocorreu de duas maneiras. Inicialmente, como validao interna, criou-se dois cenrios hipotticos e os dados foram submetidos na planilha Estudo de TCO para VDI e aplicados na ferramenta baseada na metodologia da Alinean, comparando a proximidade dos dois resultados. Aps, o modelo foi submetido, como validao externa, para anlise de 10 executivos do mercado de TI e de um pesquisador da rea de SI.

    3.2.3 Realizao dos Estudos de Caso

    A seleo amostral, para fins dessa anlise, opta-se pelo no aleatrio de amostragem intencional. A amostra foi composta por elementos intencionalmente selecionados pela pesquisadora e denominados por Duarte (2006) como informantes-chave, que detm as informaes fundamentais aos aspectos centrais da questo deste estudo. Identificam-se empresas que passaram por processos de deciso de adoo de VDI, a fim de conhecer mais profundamente as tcnicas, mtodos e etapas do processo de deciso de investimento em TI.

    Para aplicao do instrumento na etapa 3, investigou-se sob estudo de caso o uso da anlise de TCO no processo decisrio de duas empresas brasileiras. Foram analisados mercados distintos: indstria siderrgica e educao. Nesta etapa ocorrem as entrevistas semiabertas aos gestores de TI e a aplicao em conjunto da planilha de Estudo de TCO para VDI.

    O processamento dos dados das entrevistas e a avaliao do modelo de ferramenta utilizada acontecem na sequncia das anlises anteriores, trazendo os resultados finais da pesquisa e as concluses quanto a aplicao desta prtica.

    3.3 DESENHO DE PESQUISA

    A figura 12 apresenta as quatro etapas