27
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DO PARÁ 2012

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS … · de Recursos Hídricos (CERH/PA) e a posse dos membros ocorreu em 26 de março de 2007. A atuação do CERH, e das Câmaras Técnicas,

  • Upload
    vonhan

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE

RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO

DO PARÁ

2012

2

SIMÃO ROBISON OLIVEIRA JATENE

Governo do Estado do Pará

JOSÉ ALBERTO DA SILVA COLARES

Secretaria Estadual de Meio Ambiente

VERÔNICA JUSSARA COSTA BITTENCOURT

Diretoria de Recursos Hídricos

LUCIENE MOTA DE LEÃO CHAVES

Coordenadoria de Regulação

ANTONIO JOSÉ DA SILVA SOUSA

Coordenadoria de Informação e Planejamento Hídrico

EDSON BEZERRA POJO

Gerência de Planejamento e Usos Múltiplos

SAULO PRADO DE CARVALHO

Gerência do Sistema de Informação de Recursos Hídricos

SHEYLA CRISTINA SILVA DE ALMEIDA

Gerência de Outorga, Cobrança e Compensação

WYLFREDO PRAGANA DE OLIVEIRA

Gerência de Monitoramento, Enquadramento e Fiscalização dos Corpos de Água

Organização Geral: ALINE MARIA MEIGUINS DE LIMA

Colaboradores: DIOGO MARQUES OLIVEIRA, LUCIANA MIRANDA CAVALCANTE,

FÁBIO MONTEIRO CRUZ e PAULO SÉRGIO ALTIERI DOS SANTOS

Pará.

Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos

do Estado do Pará/Brasil / Secretaria de Estado de Meio Ambiente. – Belém: SEMA, 2012.

1. Recursos Hídricos – Pará. 2. Legislação – Pará.

I. Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. II. Título.

3

SUMÁRIO

Gestão das águas: 10 anos da Lei de Recursos Hídricos do estado do Pará___________ 4

Conselho Estadual de Recursos Hídricos – Pará: 2007 a 2011 _____________________ 7

A Outorga de Direito de uso da água e o desafio para implantação da Cobrança no

estado do Pará ___________________________________________________________ 13

A Capacitação e a Educação Ambiental em recursos hídricos ____________________ 16

O Sistema de Informações em Recurso Hídricos _______________________________ 20

Instrumentos de avaliação qualitativa da água e seu nível de implementação no estado

do Pará _____________________________________________________________ 22

Cadastro de Usuários de Recursos Hídricos ___________________________________ 25

4

Gestão das águas: 10 anos da Lei de Recursos Hídricos do estado do Pará

O marco legal da Política Estadual de Recursos Hídricos é a Lei 6.381 de 25 de julho de

2001, que completou 10 anos. Apesar deste marco, institucionalmente ela só passou a ser

implantada a partir da homologação da Lei 7.026, de 30 de julho de 2007, com a criação da

Diretoria de Recursos Hídricos na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA/PA). Ou

seja, seu período real de efetivação é de apenas 4 anos, por isso considera-se que o Sistema de

Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Pará ainda está em fase de estruturação.

Em 20 de fevereiro de 2006 foi assinado o Decreto que regulamentou o Conselho Estadual

de Recursos Hídricos (CERH/PA) e a posse dos membros ocorreu em 26 de março de 2007. A

atuação do CERH, e das Câmaras Técnicas, constituem um marco do processo de gestão da

águas no Estado, o cumprimento da agenda de reuniões e o envolvimento de seus membros

possibilitaram que no período de 3 anos (2007 a 2010) os principais instrumentos da política

fossem regulamentados, dando embasamento legal às ações de regulação e controle no Estado.

Porém, é comum o pensamento que existe ainda um longo percurso a “navegar”, tão denso e

complexo quanto o sistema hídrico do Estado. Os desafios são inúmeros, mas partem de um

ponto em comum: o valor da água como um bem que demanda por gestão, em uma região

habituada ao desperdício e ao uso sem controle, não prevendo as conseqüências em termos de

quantidade e qualidade. A mudança de pensamento é necessária em todos os níveis, do

institucional, passando pelo setor usuário, até a sociedade civil. O Estado do Pará por anos

convive com o problema do desmatamento e do processo de ocupação do território desassociado

da manutenção dos recursos naturais; a questão hídrica sempre esteve à parte neste cenário, na

visão de que nunca iria se esgotar; somente após visualizar os reais efeitos do desmatamento é

que a sociedade está percebendo que os sistemas hídricos superficiais (rios) e subterrâneos

(aqüíferos) estão também se exaurindo junto com as florestas.

Estes 10 anos mostraram que para a consolidação do processo de Gestão dos Recursos

Hídricos no Estado devem ser priorizados:

1) As particularidades e necessidades regionais: as águas do Pará tem características

específicas por passar em várias formações geológicas, com áreas mineralizadas; isto gera uma

alteração na qualidade das águas, que em diversos momentos não atende aos padrões definidos

pela legislação nacional; assim como as águas subterrâneas constituem um fator diferenciado no

Estado sendo uma fonte potencial de abastecimento para consumo humano.

2) A integração entre políticas setoriais: a implantação da “Agenda Azul”, com fortalecimento

do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PA) e elaboração do Plano Estadual de

Recursos Hídricos, que é o instrumento da política que estabelece as diretrizes e as ações

necessárias à articulação setorial e de proposição de ações de Governo para a gestão hídrica; são

5

elementos essenciais, sem estes a política hídrica não conseguirá firmar seu espaço, dentre as

demais de governo.

3) A compensação financeira e serviços ambientais: o Pará é um atrativo forte para

empreendimentos que usam grandes quantidades de água e como gerador de energia

hidrelétrica, disto advém a discussão de: Como ficam os recursos oriundos destas fontes

(royaltys)? Onde eles serão empregados? Quais os benefícios as populações residentes nos

locais de implantação destas grandes obras? Tais situações não foram ainda avaliadas; estes

recursos propiciariam a recuperação de áreas críticas, principalmente onde a população local

tem dificuldade de ter acesso à água em qualidade e quantidade para o consumo humano.

4) A outorga e a cobrança pelo uso da água: estes são instrumentos de regulação, o primeiro

aplicado a todos os usos que impliquem em alteração da quantidade e da qualidade da água ou

que tenham intervenção direta nos cursos d´água. A outorga foi o marco da evolução da Lei,

pois encontra-se regulamentado e com procedimentos administrativos e técnicos definidos, no

entanto é preciso investir na ampliação da rede de monitoramento estadual e na elaboração de

planos de bacia a fim de subsidiar os processos de análise visando a garantia de acesso à água à

todos os usuários de uma bacia. Já a cobrança insere-se na Política de Recursos Hídricos como

um instrumento financeiro, com três finalidades básicas: de reconhecer o valor econômico da

água, de incentivar a racionalização e de financiar os programas previstos nos planos de

recursos hídricos. Desta forma, a cobrança seria uma alternativa para reverter aos municípios,

em benefícios, os ônus gerados por empreendimentos de impactam diretamente sobre os

recursos hídricos, considerando-se que a legislação hídrica prevê que os recursos arrecadados

devem ser inseridos prioritariamente na bacia hidrográfica onde foi gerado.

5) O monitoramento hidrológico, hidrogeológico e do clima: é o grande gargalo da gestão

hídrica do Pará. O planejamento e execução das várias atividades humanas são extremamente

dependentes da existência de informação, não disponibilizando informações de oferta e

demanda de água de diversos setores, tais como: agricultura, pecuária, lazer e geração de

energia; é algo incerto e vulnerável a valores subestimados. O Estado do Pará necessita de uma

melhor cobertura (adensamento) da rede de estações de monitoramento das águas superficiais,

subterrâneas e meteorológicas. O avanço nesta área possibilitará o fortalecimento do

instrumento de outorga além de uma resposta mais efetiva quando ocorrerem eventos extremos

hidroclimatológicos (secas e cheias), assim como, ações preventivas quanto ao controle de

incêndios florestais e queimadas.

6) A integração entre estados: o Pará tem a maior parte do seu território drenado por bacias

hidrográficas de interesse nacional: Amazônica, Tocantins-Araguaia e Tapajós. Por isso, é

necessário que o Pará se destaque no fortalecimento do sistema de gerenciamento de recursos

hídricos para ter uma maior participação na discussão das políticas que afetam a região Norte.

6

Nestes 10 anos foi possível implantar uma estrutura de suporte a Política, destacando o papel

do CERH, do instrumento de outorga, do sistema estadual de informações e das ações de

capacitação na área hídrica que propiciaram uma maior articulação social. Porém, a principal

avaliação de futuro da lei 6.381/2001 é a necessidade de fortalecimento da Gestão de Recursos

Hídricos no Estado a partir do comprometimento deste em demandar a “Agenda Azul” como

uma Política de Governo, focando em atender as diretrizes mais imediatas e a crescente

pactuação em torno das águas, envolvendo o poder público, a sociedade civil e o setor usuário.

É sob esta perspectiva que espera-se, para os próximos 10 anos, que o Estado avance no

processo de gestão das águas, respeitando as diversidades regionais, os diferentes potenciais,

contemplando as variadas demandas setoriais e priorizando o acesso a água em quantidade e

qualidade.

7

Conselho Estadual de Recursos Hídricos – Pará: 2007 a 2011

No Ano de 2004 a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente lançou

como marco inicial de implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos, a Semana

intitulada “Navegando nas Águas Paraenses”, visando fomentar a discussão dos problemas

existentes sobre a gestão das águas no Estado do Pará, junto aos representantes do poder público

dos estados, municípios e a sociedade civil organizada, tendo como objetivo a implementação

de sua política e a sensibilização sobre a conservação das águas. Como resultado das discussões

foi construída uma minuta de Decreto que regulamenta o Conselho Estadual de Recursos

Hídricos - CERH.

Após 3 anos de discussão da proposta, em 21 de março de 2007 foi assinado o Decreto (nº

2.070/2007) que regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, tendo a 1° reunião

ocorrida em 26 de março de 2007, na Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio

Ambiente.

A lei nº 7. 026, de 30 de julho de 2007 altera dispositivos da Lei nº 5.752, de 26 de julho de

1993, que dispõe sobre a reorganização e cria cargos na Secretaria de Estado de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM, criando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente –

SEMA; vinculando o Conselho Estadual de Recursos Hídricos a esta.

O Decreto nº 276, de 02 de dezembro de 2011 revoga o Decreto nº 2.070, de 20 de fevereiro

de 2006, regulamentando a nova estrutura do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, que

passa a contar com 27 membros.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos é composto por:

representantes de órgãos públicos estaduais com atuação no gerenciamento do uso dos

recursos hídricos;

representantes dos Municípios;

representantes dos usuários dos recursos hídricos;

representantes das organizações civis legalmente constituídas, com efetiva atuação na área

de recursos hídricos.

Onde o número de representantes dos Poderes Públicos, não pode exceder à metade mais um

do total de membros. Compete ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos:

promover a articulação do planejamento dos recursos hídricos com os planejamentos

nacional, estaduais, municipais e de setores usuários;

deliberar sobre projetos de aproveitamento dos recursos hídricos cujas repercussões

extrapolem a área de atuação de um Comitê de Bacia Hidrográfica;

8

deliberar sobre questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Comitês de Bacias

Hidrográficas;

estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Estadual de

Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Estadual de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

exercer funções normativas e deliberativas relativas à Política Estadual de Recursos

Hídricos;

aprovar e acompanhar a execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos e determinar as

providencias necessárias ao cumprimento de suas metas;

aprovar os critérios e normas relativos à cobrança pela utilização dos recursos hídricos;

aprovar os critérios e normas relativos à outorga de direito de uso dos recursos hídricos;

aprovar os critérios e normas relativos ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das obras

e serviços de usos múltiplos dos recursos hídricos, de interesse comum ou coletivo;

aprovar os relatórios bienais sobre a situação dos recursos hídricos no Estado do Pará, a ser

divulgado à sociedade;

estabelecer os critérios e normas relativos à criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas;

aprovar as propostas de instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas e estabelecer

critérios gerais para a elaboração de seus regimentos internos;

encaminhar ao Governador do Estado as proposta de criação dos Comitês de Bacias

Hidrográficas;

decidir, em última instância administrativa, os conflitos sobre os usos das águas de domínio

do Estado;

aprovar os programas estaduais de capacitação, desenvolvimento tecnológico e educação

ambiental focada em gestão dos recursos hídricos.

O CERH contou na gestão de 2007 a 2011 com 23 representações e 03 Câmaras Técnicas

(CT) formadas (do Plano Estadual de Recursos Hídricos – CTPERH; de Assuntos Legais e

Institucionais – CTIL; e de Capacitação e Educação Ambiental em Recursos Hídricos –

CTCEAR).

Em termos de principais ações destacam-se as Resoluções aprovadas pelo Conselho Estadual

de Recursos Hídricos:

Resolução CERH nº 001, de 26/03/2007: Institui as Câmaras Técnicas de Assuntos Legais

e Institucionais, do Plano Estadual de Recursos Hídricos e de Capacitação e Educação

Ambiental dos Recursos Hídricos.

Resolução CERH nº 002, de 14/02/2008: Estabelece a composição das Câmaras Técnicas

de Câmaras Técnicas de Assuntos Legais e Institucionais, do Plano Estadual de Recursos

Hídricos e de Capacitação e Educação Ambiental dos Recursos Hídricos.

9

Resolução CERH nº 003, de 03/09/2008: Dispõe sobre a outorga de direito de uso de

recursos hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 004, de 03/09/2008: Dispõe sobre a divisão do estado em regiões

hidrográficas e dá outras providências.

Resolução CERH nº 005, de 03/09/2008: Dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos

Hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 006, de 03/09/2008: Dispõe sobre o Cadastro de Usuários de Recursos

Hídricos e dá outras providências (revogada).

Resolução CERH nº 007, de 03/09/2008: Dispõe sobre a Capacitação, Desenvolvimento

Tecnológico e Educação Ambiental em recursos hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 008, de 17/11/2008: Dispõe sobre a Declaração de Dispensa de

Outorga e dá outras providências.

Resolução CERH nº 009, de 12/02/2009 e Alteração (de 12/02/2009): Dispõe sobre os usos

que independem de outorga.

Resolução CERH nº 010, de 03/09/2010: Dispõe sobre os critérios para análise de Outorga

Preventiva e de Direito de Uso de Recursos Hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 011, de 03/09/2010: Dispõe sobre o cadastro estadual de usuários de

recursos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 012, de 18/11/2010: Dispõe sobre o Sistema Estadual de Informações

sobre Recursos Hídricos.

Resolução CERH nº 013, de 03/09/2010: Estabelece diretrizes de articulação entre os

procedimentos para solicitação de Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos com os

procedimentos de Licenciamento Ambiental.

Além das ações de regulamentação da política estadual de recursos hídricos o CERH esteve

atuante na discussão de planos e projetos nacionais associados às ações no Ministério do Meio

Ambiente, da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano e da Agência

Nacional de Águas.

A lei nº 6.381/2001 já tem a maior parte dos seus instrumentos regulamentados, porém ainda

existem pendências:

a) os Planos de Recursos Hídricos:

Resolução CERH nº 5, de 03/09/2008 - Dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos

e dá outras providências.

10

b) a outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos:

Decreto nº 1.367, de 29/10/2008 - Dispõe sobre o Processo Administrativo para apuração

das infrações às normas de utilização dos recursos hídricos superficiais, meteóricos e

subterrâneos, emergentes ou em depósito.

Resolução CERH nº 3, de 03/09/2008 - Dispõe sobre a outorga de direito de uso de recursos

hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 8, de 17/11/2008 - Dispõe sobre a Declaração de Dispensa de Outorga

e dá outras providências.

Resolução CERH nº 9, de 12/02/2009 e Alteração - Dispõe sobre os usos que independem

de outorga.

Resolução CERH nº 10, de 03/09/2010 - Dispõe sobre os critérios para análise de Outorga

Preventiva e de Direito de Uso de Recursos Hídricos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 13, de 03/09/2010 - Estabelece diretrizes de articulação entre os

procedimentos para solicitação de Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos com os

procedimentos de Licenciamento Ambiental.

Instrução Normativa nª 31/2009 - Dispõe sobre os procedimentos e critérios para a

concessão da Outorga Prévia e da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos

(revogada).

Instrução Normativa nº 55/2010 - Dispõe sobre os procedimentos referentes aos

requerimentos de concessão de Outorga Preventiva e de Direito de Uso de Recursos

Hídricos no âmbito desta Secretaria, revoga a IN nº 31/2009 e dá outras providencias.

c) o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos

Resolução CERH nº 4, de 03/09/2008 - Dispõe sobre a divisão do estado em regiões

hidrográficas e dá outras providências.

Resolução CERH nº 6, de 03/09/2008 - Dispõe sobre o Cadastro de Usuários de Recursos

Hídricos e dá outras providências (revogada).

Resolução CERH nº 11, de 03/09/2010 - Dispõe sobre o cadastro estadual de usuários de

recursos e dá outras providências.

Resolução CERH nº 12, de 18/11/2010 - Dispõe sobre o Sistema Estadual de Informações

sobre Recursos Hídricos.

d) a capacitação, desenvolvimento tecnológico e educação ambiental:

Resolução CERH nº 7, de 03/09/2008 - Dispõe sobre a Capacitação, Desenvolvimento

Tecnológico e Educação Ambiental em recursos hídricos e dá outras providências.

11

e) o Conselho Estadual de Recursos Hídricos:

Resolução CERH nº 1, de 26/03/2007 - Institui as Câmaras Técnicas de Assuntos Legais e

Institucionais, do Plano Estadual de Recursos Hídricos e de Capacitação e Educação

Ambiental dos Recursos Hídricos.

Resolução CERH nº 2, de 14/02/2008 - Estabelece a composição das Câmaras Técnicas de

Câmaras Técnicas de Assuntos Legais e Institucionais, do Plano Estadual de Recursos

Hídricos e de Capacitação e Educação Ambiental dos Recursos Hídricos.

f) o órgão gestor dos recursos hídricos, instituído na forma da lei;

Lei Estadual nº 7.026, de 30 de julho de 2007, que cria a Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e a Diretoria de Recursos Hídricos.

São consideradas pendências a serem discutidas para maior aprofundamento:

a) O artigo 76 que remete a outorga de água subterrânea na categoria de água mineral ainda não

tem norma estadual regulamentando-o (Art. 76. Quando as águas subterrâneas, por razões de

qualidade fisioquímica e propriedades oligominerais, se prestarem à exploração para fins

comerciais ou terapêuticos e puderem ser classificadas como água mineral, sua utilização será

regida pela legislação federal pertinente, pela legislação relativa à saúde pública e pelas

disposições desta Lei, no que couber).

b) O artigo 83 apesar de ter norma relacionada, ainda demanda de maiores esclarecimentos

quanto a questão de fiscalização, infrações e penalidades associadas à Política de Recursos

Hídricos.

c) o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes; a cobrança

pelo uso dos recursos hídricos; e a compensação aos Municípios: encontram-se ainda sem

regulamentação.

As Moções aprovadas foram referentes a:

MOÇÃO Nº 001, de 05 de maio de 2009: Recomenda sobre os procedimentos de outorga de

recursos hídricos e sua relação com o licenciamento ambiental.

MOÇÃO Nº 002, de 08 de setembro de 2009: Recomenda sobre os usos múltiplos das

águas, referente aos sistemas de abastecimento de água e lançamento de esgoto em corpos

hídricos.

MOÇÃO Nº 003, de 03 de setembro de 2010: Recomenda a aprovação do aditamento do

convênio MMA/SRHU nº 208CV0002 firmado com o Governo do Estado do Pará, através da

Secretaria de Estado de Meio Ambiente, visando apoiar o processo de construção do Plano de

Recursos Hídricos do Estado do Pará, no âmbito do programa de gestão da política nacional de

recursos hídricos.

12

MOÇÃO nº 004, de 13 de dezembro de 2010: Recomenda ao Conselho Estadual de

Recursos Hídricos, a Concessão de uma vaga no referido Conselho ao Comitê definido pela

Portaria nº. 131/06.

MOÇÃO nº 005, de 13 de dezembro de 2010: Dispõe sobre ações que visam à maior

integração entre a gestão da zona costeira e a de recursos hídricos.

13

A Outorga de Direito de uso da água e o desafio para implantação da Cobrança no estado do Pará

A questão do disciplinamento do uso da água no país não representou preocupação

importante até o início da década de 20, quando o desenvolvimento da agricultura e do

aproveitamento energético dos mananciais se tornou tema de discussão e deliberação. A

primeira legislação referente ao uso da água no Brasil teve sua história iniciada com o Código

de Águas, em 1934; este foi alterado pela Lei nº 9.433/97, a chamada “Lei das Águas”.

A gestão dos recursos hídricos no Brasil ganhou um grande impulso com a aprovação desta

lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional

de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Dentre os instrumentos de gestão

contemplados estão a Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos e a Cobrança pelo Uso

dos Recursos Hídricos.

No Pará, a Lei n° 6.381 que dispõe sobre a Política Estadual de Recurso Hídricos e institui o

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, entrou em vigor em 25 de julho de

2001. Dos instrumentos que estão dispostos na Política Estadual de Recursos Hídricos, a

Outorga de Direito de Uso dos recursos Hídricos foi implantada no Estado no ano de 2008, por

meio da Resolução nº 003, de 03 de setembro de 2008 e do Decreto Estadual Nº 1.367, de 29 de

outubro de 2008, a fim de realizar a gestão das águas, tendo como unidade de planejamento a

bacia hidrográfica.

A Outorga de Uso de Recursos Hídricos é um ato administrativo mediante o qual o Poder

Público outorgante (União, Estados ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (usuário da água)

o uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nas condições expressas no respectivo ato.

Nos limites geográficos do Estado do Pará existem rios de domínio do Estado do Pará e rios

de domínio da União (rios federais). Nos rios de domínio estadual, bem como para as águas

subterrâneas, a outorga é emitida pelo órgão gestor estadual de recursos hídricos, a Secretaria de

Estado de Meio Ambiente (SEMA/PA), e nos rios de domínio da União as outorgas são

emitidas pela à Agência Nacional de Águas (ANA).

Os critérios que dão embasamento técnico para a emissão das outorgas no estado pela

SEMA/PA estão definidos nas Resoluções aprovadas pelo Conselho Estadual de Recursos

Hídricos (CERH/PA) N° 003/2008 que regulamenta o instrumento de outorga no Estado; N°

008/2008 que dispõe sobre a declaração de dispensa de Outorga; N° 009/2010, que dispõe sobre

os usos que independem de outorga; e a Instrução Normativa N° 55/2010 que dispõe sobre os

procedimentos referentes aos requerimentos de concessão de Outorga Preventiva e de Direito de

Uso de Recursos Hídricos.

A Outorga é um instrumento com amplo amparo legal no estado e que disponibiliza ao

outorgado, plenas garantias de direito de acesso e de uso de recursos hídricos.

14

A implantação da outorga de uso dos Recursos Hídricos no Pará foi uma grande conquista

para o estado e no período compreendido entre os anos de 2008 a 2010 o número de outorgas

emitidas aumentou gradativamente e isso é de suma importância para o avanço da gestão dos

recursos hídricos no estado. Em um período de 3 anos a região do Tocantins-Araguaia é a que

possui o maior número de outorgas emitidas para tipologia captação de água superficial e isso

pode estar relacionado com o crescimento econômico, sobretudo a pecuária e a exploração

minerária na região. Para a tipologia de captação de água subterrânea, a região hidrográfica

Costa Atlântico Nordeste foi a que apresentou o maior número de outorga emitidas, essa

situação ocorre em função do número de empreendimentos industriais que concentram-se nessa

região.

De forma geral, observa-se que há um aumento de emissões de outorgas para a tipologia

captação de água subterrânea no estado como um todo, isso se dá em função do menor custo de

tratamento desse tipo de captação e também por serem consideradas naturalmente protegidas.

A cobrança pelo uso da água fundamenta-se nos princípios do poluidor-pagador e usuário-

pagador, princípios estes já adotados por vários países após a Conferência de Estocolmo, na

Suécia, em 1972, em que se procurou adotar medidas no sentido de diminuir os efeitos

negativos causados pelas ações antrópicas.

No Brasil, o instrumento de Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos está previsto na

legislação federal e nas leis estaduais de recursos hídricos, foi instituído com objetivo de

reconhecer a água como bem econômico e incentivar a racionalização do seu uso, bem como

obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos

planos de recursos hídricos.

A cobrança pelo uso da água não é uma taxa, menos ainda um imposto e não se fundamenta

em um sistema de arrecadação, pois tem como objetivos primeiros: (i) reconhecer a água como

bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; e, (ii) incentivar a

racionalização do uso da água. Portanto, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um

instrumento de gestão.

A legislação define ainda que, os recursos obtidos com a cobrança deverão ser aplicados

prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados, desta forma possibilita que os

comitês de bacias hidrográficas instalados tenham recursos para aplicar nos projetos de

recuperação dos rios que compõe a bacia.

Segundo as informações de diversos estados que já aplicam a Cobrança são várias as

situações que devem ser ajustadas antes de sua efetivação, destacando: a definição dos critérios

que irão subsidiar o cálculo da cobrança; a pactuação com o setor usuário; os instrumentos

econômicos (como a existência do Fundo de Recursos Hídricos) que terão a função de

arrecadação; a existência de um Plano de Bacia ou de Recursos Hídricos, que indique as

15

prioridades de investimentos; e a elaboração de normas que orientem o processo, dando

transparência ao emprego do recurso arrecadado.

No Estado do Pará a construção desse processo terá como parâmetro base a estruturação do

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos-SEGRH, onde a partir da elaboração

do Plano Estadual de Recursos Hídricos serão definidos critérios que nortearão a implantação da

Cobrança.

Definido um paralelo entre a outorga e a cobrança observa-se que estes instrumentos de

regulação devem ter como suporte o fortalecimento do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos no Estado, o primeiro dará conhecimento de: quem usa? onde usa? e como

usa os recursos hídricos? e o segundo possibilita identificar os usuários potenciais de

determinada bacia e partilhar com estes os custos da sua manutenção e/ou recuperação. Em

ambos os casos o processo deve ter o esclarecimento e uma pactuação social, pois o usuário

deve ser conscientizado sobre a importância de estar em conformidade com a lei e sua

responsabilidade ao utilizar a água como insumo (para abastecimento ou como parte do

processo produtivo) ou de intervir no corpo hídrico, uma vez que: “a água é um bem de domínio

público, um recurso natural limitado, dotado de função social e de valor econômico” (Art. 1º,

incisos I e II, Lei nº 6.381/2001).

16

A Capacitação e a Educação Ambiental em recursos hídricos

A política estadual de recursos hídricos do Estado do Pará tem entre suas diretrizes “a

execução e manutenção de campanhas educativas visando à conscientização da sociedade para a

utilização racional de recursos hídricos”, e entre seus instrumentos a capacitação,

desenvolvimento tecnológico e educação ambiental. Dentro dessa perspectiva a Secretaria de

Estado de Meio Ambiente através da Diretoria de Recursos Hídricos busca desenvolver um

Programa de Sensibilização e Mobilização Social pelas Águas aliado a um Programa de

Capacitação e Educação Ambiental pelas Águas para profissionais de recursos hídricos, de áreas

correlatas e para usuários de recursos hídricos em geral.

A metodologia adotada pela SEMA toma como base a participação e integração dos diversos

segmentos sociais como co-autores do processo de gestão das águas. Essa concepção é

associada aos seguintes princípios: tomada de decisão através de deliberações multilaterais e

descentralizadas; implementação da negociação social na qual participem representantes de

instituições públicas, privadas, usuários, comunidades de classes políticas e empresariais

atuantes na bacia; e dotar o processo de um caráter interinstitucional e participativo,

promovendo a integração entre as diferentes instâncias de usuários e adotar a perspectiva do

desenvolvimento sustentável para definição das ações e metas de cada programa.

Na construção do processo participativo busca-se:

Sensibilizar indivíduos e grupos sociais com a finalidade de produzir mudanças

comportamentais e promover a melhoria da qualidade ambiental e hídrica.

Envolver os usuários de água na realização dos levantamentos de informações sobre os

principais usos e conflitos dos recursos hídricos, que irão subsidiar as ações de cada programa.

Mobilizar por meio de oficinas, fóruns de debates e grupos de trabalhos, para o detalhamento

das prioridades a serem definidas.

Capacitar membros do poder público, dos usuários de recursos hídricos e da sociedade civil

organizada para fomentar a gestão participativa dos recursos hídricos.

O Programa de Sensibilização e Mobilização Social pelas Águas tem por objetivo fomentar a

organização social pelas águas visando à formação de consórcios e conselhos gestores de bacias

hidrográficas. Com este busca-se:

a) Desenvolver um processo multidisciplinar, dinâmico, flexível, participativo e permanente;

b) Desenvolver o conceito de sustentabilidade em seus aspectos institucional, econômico,

ecológico e ético;

c) Fomentar a articulação social em torno das águas como consórcios e conselhos gestores de

bacias hidrográficas;

17

d) Promover a articulação de ações de planejamento municipal (planos diretores) com o

planejamento de recursos hídricos;

e) Atuar em conjunto as atividades produtivas com a gestão dos recursos hídricos;

f) Comprometer as entidades envolvidas para sua multiplicação, permanência e continuidade.

O Programa de Capacitação e Educação Ambiental pelas Águas tem o aspecto mais amplo

de todos, podendo atuar em parceria com os mais diversos segmentos sociais, visando tanto à

transmissão de informações técnicas para gestão das águas, quanto à sensibilização e

conscientização para a conservação e preservação das áreas de mananciais. Este propõe-se em:

a) Desenvolver a consciência para a utilização racional das águas, integrando os

conhecimentos científicos ao popular em sua gestão;

b) Fomentar o intercâmbio permanente de informações em recursos hídricos, a transparência e

a ampla divulgação das ações;

c) Desenvolver eventos baseados no calendário ambiental de datas associadas ao meio

ambiente;

d) Estimular às associações de usuários de água, no sentido de que os seus associados se

tornem membros atuantes dos programas educativos;

e) Fomentar a construção de materiais educativos e informativos para subsidiar as ações do

Programa.

Os procedimentos metodológicos adotados em ambos são desenvolvidos segundo:

Primeira Etapa: levantamento das instituições públicas ou privadas que utilizam os recursos

hídricos em seu processo produtivo ou que lidam com a geração de conhecimento e tecnologias,

formação de recursos humanos, transmissão e difusão de informações, no âmbito dos recursos

hídricos e de áreas correlatas, com vistas ao planejamento e gestão integrada. Nesta etapa

consideram-se as seguintes prioridades: (1) Implantação de Ações de Mobilização Social

compreendendo oficinas de educação ambiental e campanhas educativas para os diversificados

segmentos sociais; (2) Processamento das Informações Coletadas, envolvendo banco de dados,

base cartográfica e o georreferenciamento, para a definição do perfil de uso das águas em cada

bacia hidrográfica; e (3) Implementação dos Eixos Temáticos por Programa, derivados das

demandas definidas.

Segunda Etapa: elaboração dos Planos de Ação, com definição de recursos, de executores e

de prazos. Para atingir os objetivos definidos por Programa na fase anterior faz-se necessária a

mobilização de recursos humanos e financeiros seguindo critérios racionais de

dimensionamento e alocação, priorizando resultados e otimizando as relações custo-benefício.

No que tange a recursos humanos, a abrangência regional que caracteriza esta ação coloca em

evidência a necessidade de integração dos sujeitos envolvidos e da interação política e técnica

dos órgãos e parceiros, assim como da efetiva participação dos atores locais. Quanto aos

recursos financeiros faz-se necessário pactuar com: os municípios integrantes, os governos

18

nacional e estadual; e definir mecanismos de intercâmbio e estabelecimento de parcerias

privadas nacionais e internacionais.

Terceira Etapa: execução processual das ações definidas por Programa; sendo estas

caracterizadas segundo o seu perfil em: pontuais (sem periodicidade); pontuais (com

periodicidade a partir de cronograma anual); contínuas com metas definidas de implantação (a

partir de cronograma anual); e contínuas permanentes. As ações concentradas voltadas à

mobilização e sensibilização dos atores e sujeitos sociais para evitar superposição ou

desarticulação das mesmas, buscando parcerias, superando ideologias político-partidárias e

mantendo uma estrutura que permita a participação efetiva da população; são exemplos de

contínuas permanentes. Ações integradoras de educação e saúde, interagindo professores com

agentes de saúde e multiplicadores, objetivando formar agentes ambientais; são exemplos de

contínuas com metas definidas de implantação.

Desde 2007 as principais ações desenvolvidas nesse sentido foram:

a) Programa de Capacitação e Educação Ambiental pelas Águas:

Seminários de capacitação municipal: ofertados aos representantes do poder público

municipal, para o apoio na formação na área de recursos hídricos.

Oficinas ofertadas a professores: visam discutir as questões associadas as águas junto com

professores da rede pública e particular de ensino, buscando integrar esta temáticas aos

demais conteúdos discutidos no âmbito do ensino formal.

Cursos específicos: relativos à promoção de cursos com carga horária superior a 8 h,

voltados à capacitação de servidores do estado e demais profissionais que atuam direto com

questão de recursos hídricos.

b) Programa de Sensibilização e Mobilização Social pelas Águas:

Semana das Águas: anualmente é realizada uma programação que discute e aborda a

temática água, nas comemorações do dia 22 de março.

Semana do Meio Ambiente: realizada em parceria com as ações de meio ambiente, discute a

integração dos recursos hídricos com as demais políticas, nos eventos marcos do dia 05 de

junho.

Oficinas de mobilização para elaboração de planos de manejo e de bacia: associadas a

mobilização e consulta social para o suporte na elaboração de planos de manejo de bacias

hidrográficas e planos de bacias hidrográficas.

Oficinas de sensibilização: voltadas para a articulação social em torno de bacias, visam

fomentar a formação de organismos representativos de bacias.

Dentre os eventos realizados destacam-se:

a) Programa de Capacitação e Educação Ambiental pelas Águas:

19

I Capacitação para Gestores Municipais em Recursos Hídricos – Baixo Guamá (Região

Metropolitana de Belém).

II Capacitação para Gestores Municipais em Recursos Hídricos – Costa Atlântica.

III Capacitação para Gestores Municipais em Recursos Hídricos – Alto Guamá.

IV Capacitação para Gestores Municipais em Recursos Hídricos – Xingu.

V Capacitação para Gestores Municipais em Recursos Hídricos – Marajó.

I Módulo da Capacitação do Coletivo Gestor da Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Guamá –

Legislação e gestão de recursos hídricos.

II Módulo da Capacitação do Coletivo Gestor da Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Guamá –

Águas atmosféricas e subterrâneas.

III Módulo da Capacitação do Coletivo Gestor da Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Guamá –

Águas superficiais.

Capacitações associadas ao Programa AQUABIO do MMA (2007-2010).

b) Programa de Sensibilização e Mobilização Social pelas Águas:

I Encontro de formação e discussão regimental do Coletivo Gestor da Bacia Hidrográfica do

Baixo Rio Guamá.

Oficinas de Mobilização e Sensibilização do Projeto de recuperação ambiental da bacia do

Rio Peixe-Boi.

Oficinas de Mobilização e Sensibilização do Projeto de recuperação ambiental da Bacia do

Rio Caeté.

Oficinas de Mobilização e Sensibilização do Plano de Bacia do rio Capim.

20

O Sistema de Informações em Recurso Hídricos

A plena gestão dos Recursos Hídricos depende de um completo conhecimento das

informações físicas das bacias hidrográficas, em que são considerados desde o regime dos

corpos hídricos até os aspectos relacionados à geografia do terreno da bacia, como relevo e

cobertura vegetal. A integração desses dados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG)

gera produtos essenciais para o planejamento dos recursos hídricos tais como: o comportamento

hidrometeorológico e estudos sobre demanda e disponibilidade hídrica na bacia.

O Sistema de informações é um dos instrumentos da Política de Recursos, tanto no âmbito

nacional (Lei Federal nº 9433/1997) como estadual (Lei nº 6381/2001). Tem por finalidade a

coleta, o tratamento, o armazenamento e a disseminação de informações sobre recursos hídricos

e fatores intervenientes em sua gestão. O Conselho Estadual de Recursos, através da resolução

nº 12 de 2010 regulamenta o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos

(SEIRH), definindo diretrizes para sua concepção e funcionamento.

O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos do estado do Pará visa a

descentralização da obtenção e produção de dados e informações; a coordenação unificada do

Sistema; e a disponibilização dos dados e informações garantindo a toda sociedade o seu acesso.

Na sua estruturação cabe ao Órgão Gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos atuar

como receptor das informações relacionadas com a gestão de recursos hídricos, em nível

Nacional, Estadual e Municipal, mediante acordos e convênios com órgãos e entidade públicas e

privadas, visando promover a gestão integrada das águas e em especial a produção,

consolidação, organização e disponibilização à sociedade das informações.

Atualmente as parcerias firmadas são com a: Agência Nacional de Águas (ANA),

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e com o Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE).

O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos contempla os seguintes

componentes:

a) Componente 1 - banco de dados compreendendo as informações associadas a recursos

hídricos. Este se constitui em um acervo de documentos digitais incluindo a cartografia base e

acervo de dados tabulares contendo as informações elaboradas para caracterização das regiões

hidrográficas do estado e derivadas de produtos gerados por outras entidades, mas que

contenham informações relevantes ao estado.

b) Componente 2 - base informacional relativa à aquisição de dados primários. A base primária

de responsabilidade do estado atualmente restringe-se a geração de dados hidrometeorológicos;

ao cadastro de poços de águas subterrâneas e de pontos de captação de água (estes últimos

derivados das informações obtidas a partir dos poços e captações outorgados).

21

c) Componente 3 - sistema de suporte à decisão referente à gestão de recursos hídricos. Os

dados armazenados dão suporte à avaliação da outorga de direito de uso das águas, o Cadastro

Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH) e apóiam as ações da Rede de Previsão

Climática e Hidrometeorológica do Estado do Pará (RPCH) no controle de eventos extremos.

A maior parte dos dados hidrológicos utilizados pelo estado são os gerenciados pela Agência

Nacional de Águas (ANA); que mantém em território nacional uma rede de estações

hidrometeorológicas que medem variáveis hidrológicas (nível fluviométrico, vazão) e

meteorológicas (temperatura, umidade, pressão e umidade atmosférica), sendo disponibilizadas

posteriormente na Plataforma Hidroweb (http://hidroweb.ana.gov.br/).

Dentre as estações hidrometeorológicas existentes no estado, 03 (três) delas são operadas

pelo estado do Pará (por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e da Diretoria de

Recursos Hídricos); além desta, é de responsabilidade estadual, a operação e manutenção de 09

(nove) Plataformas de Coleta de Dados (PCD's), que medem variáveis meteorológicas como

umidade, temperaturas máxima, mínima e média, precipitação, direção e velocidade do vento

entre outras e tudo em um intervalo de tempo de 03 em 03 horas, esses dados são

disponibilizados publicamente pelo Sistema Nacional de Dados Ambientais do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (http://sinda.crn2.inpe.br/PCD/).

O uso coordenado das informações dos recursos hídricos mostra por meio de estudos e

diagnósticos a situação dos regimes hidrológicos e climáticos de bacias hidrográficas, nos quais

é possível identificar quais regiões hidrográficas apresentam abundância ou estresse hídrico, por

exemplo, podendo ser adotadas políticas de uso racional adequadas para cada caso.

22

Instrumentos de avaliação qualitativa da água e seu nível de implementação no estado do Pará

Em 2001 o Estado do Pará estabeleceu a política e o Sistema de Gerenciamento Estadual dos

Recursos Hídricos, lei 6.381/01, sendo um dos últimos da federação a legislar suas águas

através dos preceitos básicos acordados com a legislação federal. Ressalta-se que houve

legislação anterior regulando a matéria: lei 5.793/94, que instituiu a política minerária e hídrica,

atrelando o uso minerário como prioritário aos recursos hídricos, inclusive mencionando nos

objetivos apenas demandas do setor, não entrando em questões referentes ao direito do cidadão

á água em qualidade e quantidade suficientes a manutenção da sadia qualidade de vida,

preceitos da constituição de 1988 (Art. 225); e a lei 6.105/98 que dispõe sobre a conservação e

proteção dos depósitos de águas subterrâneas no estado. Atendendo às questões hídricas de

forma compartimentada e setorizada.

Entre os instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH) do Pará encontra-se

o enquadramento de corpos d´água segundo classes de uso; aplicativo ligado diretamente à

qualidade, responsável por controlar as concentrações extremas permitidas de substâncias

nocivas ou vitais contidas no segmento do corpo hídrico ou no efluente a ser lançado. Este

demonstra ser provavelmente o último a ser implantado e efetivado considerando-se todos os

subsídios necessários ao processo.

O monitoramento da qualidade da água é uma ferramenta estratégica que embasa a tomada

de decisão (outorga, cobrança, paralisação, interdição de empreendimento ou de praia ou

igarapé impróprios ao uso, manejo de bacias hidrográficas, aplicação de multas, ações

revitalizadoras e etc) na Gestão dos Recursos Hídricos, pois orienta quanto a background,

ultrapassagem de padrões, alterações de tendência entre outros.

Considerando que o grande modificador da qualidade das águas é o lançamento de efluentes;

faz-se necessário tecer algumas considerações:

Os padrões devem suportar os usos mais exigentes para a classe definida, no entanto, não é

vedada a utilização do manancial para fins menos exigentes, como lançamento de efluentes e

navegação (parágrafo único do artigo 3 da Resolução CONAMA 357/2005).

Os efluentes, além de atender os padrões para a modalidade, não devem alterar os padrões da

classe correspondente (resolução do CONAMA n° 357/ 2005).

Em situações extraordinárias, fica a cargo do órgão gestor decidir se o efluente pode conter

valores menos (casos excepcionais) ou mais restritivos; o que vai depender da quantidade de

lançamentos realizados no trecho e da capacidade de depuração do corpo receptor, inclusive

quando a capacidade de alocação de empreendimentos estiver saturada (adaptado dos artigos 23

e 24 da resolução 357/ 2005 do CONAMA).

23

Atenção às substâncias que podem ter efeitos sinérgicos, não contemplados na legislação

federal.

Na região Amazônica alguns parâmetros encontram-se naturalmente acima da resolução

CONAMA 357/2005 em vários corpos hídricos. Tal fenômeno se deve a geologia, pois são

encontradas grandes jazidas que muitas vezes possuem material drenado para o leito dos rios e

para os aqüíferos subterrâneos, cita-se como exemplo o ferro e o manganês, e o clima que

promove rápida e intensa degradação da matéria orgânica, originando ácidos naturais, reduzindo

o pH e aumentando a coloração da água. Ressalta-se a quantidade elevada de mercúrio

encontrada naturalmente em alguns solos amazônicos. Portanto, faz-se necessário, além da

investigação dos lançamentos próximos, o conhecimento das características naturais,

especialmente das condições geológicas da área drenada ao se constatar alta quantidade de

determinadas substâncias.

O Estado do Pará não possui suas águas enquadradas, sendo desta forma consideradas como

classe 2 (resolução 357/ 2005 do CONAMA). Os principais motivos são:

Inexistência de rede de monitoramento oficial: Este fator é prioritário, exigido inclusive na

resolução CONAMA 357/2005 em seu Art.8. Através do monitoramento consegue-se

diagnosticar a quali-quantitativamente as águas dos mananciais e acompanhar a evolução

positiva ou negativa destas características ao longo do tempo, de forma a atender as metas de

enquadramento. Sem o mesmo é impossível o correto aferimento das características da água,

proposição de ações específicas de gestão e atenção às metas. No estado é realizado

principalmente o automonitoramento pelas empresas, exigidos no licenciamento ambiental, que

somam-se aos dados das Instituições de Ensino e Pesquisa e ao monitoramento da

balneabilidade executado pela Secretaria de Estado de Saúde. Entre as instituições a ANA, a

ELETRONORTE e a CPRM apresentam trabalho mais abrangente, no entanto devido às

grandes dimensões do estado, o monitoramento é considerado insuficiente.

Inexistência de Comitês de Bacia e pouca organização intermunicipal: estes atores são

responsáveis por tornar o processo de enquadramento participativo, princípio das Políticas de

Recursos Hídricos, citado até mesmo na resolução nº 12/ 2000 do CNRH, como responsável

pela aprovação em 1° instância administrativa. A baixa organização municipal e intermunicípios

dificultam a formação de consórcios, base para a instituição dos Comitês.

Falta de dados de qualidade da água: estes dados são importantes para o conhecimento de

background dos rios assim como para se dar um diagnóstico da situação.Este problema seria

resolvido pela rede de monitoramento, que entretanto, necessitaria de certo tempo para construir

série histórica.

Peculiaridades amazônicas: a diversidade das águas amazônicas pouco estudadas, difere dos

corpos hídricos de outras regiões por motivos supracitados, tornando alguns dos padrões

24

exigidos na resolução 357/ 2005 impossíveis de serem atingidos, mesmo em condições naturais

para água de excelente qualidade.

O enorme volume de água e a baixa densidade demográfica regional na Amazônia (em

comparação às demais regiões) relegaram a Gestão dos Recursos Hídricos a um segundo plano

em favorecimento pleno da questão florestal, em parte devido a visibilidade nacional e

internacional desta última. No entanto a PNMA/1981 subjetiva que a gestão ambiental deve

primordialmente prever, prevenir e precaver-se ao dano ambiental; o potencial existe: alguns

pontos problemáticos de contaminação são facilmente localizados no território estadual resta ao

poder público em comunhão com a sociedade civil e os setores usuários o dever de conservar e

preservar os recursos hídricos a fim de manter o uso presente e das futuras gerações.

O monitoramento e o posterior enquadramento das águas precisam ser inseridos nas pautas

de negociações políticas de forma a acelerar os estudos e a implantação de uma rede estadual de

monitoramento quali-quantitativo da água tão indispensável a um estado com recursos deste

montante e de integração tão íntima com seus ecossistemas.

25

Cadastro de Usuários de Recursos Hídricos

A Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei Estadual 6.381/2001, que dispõe sobre o

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH), instituiu como um de seus

instrumentos o Sistema Estadual de Informações dos Recursos Hídricos (SEIRH), que tem por

finalidade a coleta, o tratamento, o armazenamento e a disseminação de informações sobre

recursos hídricos e fatores intervenientes à sua gestão, compatibilizados com o Sistema

Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos – SNIRH.

Os princípios básicos para funcionamento do SEIRH estão pautados na: descentralização

da obtenção e produção de dados e informações; na coordenação unificada do Sistema; e na

disponibilização dos dados e informações à sociedade. Neste sentido, considerando a

necessidade de atuação integrada dos órgãos componentes do SEGRH na execução da Política

Estadual de Recursos Hídricos, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará – SEMA/PA

estruturou o cadastro de usuários de água como forma inicial de se manter o controle de

informações dos recursos hídricos no Estado.

Em que pese à iniciativa de se estruturar um banco de dados de usuários de água no Pará,

o referido cadastro mostrou-se inadequado no que tange a estruturação dos dados e baixo

número de informações, que possibilitassem melhores análises sobre os recursos hídricos; além

de seu caráter de não obrigatoriedade de preenchimento por parte dos usuários de água. Desta

forma, houve a necessidade de reestruturação da base cadastral de usuários de recursos hídricos

do Pará e da redefinição dos critérios para cadastramento.

Neste contexto, como forma de aperfeiçoar as informações sobre os recursos hídricos, a

SEMA/PA, em parceria com a Agência Nacional de Águas – ANA, disponibilizou o Cadastro

Nacional de Usuários de Recursos Hídricos – CNARH, visando à unificação das informações de

usuários de águas de domínio da União e do Estado. Este cadastro armazena as declarações de

uso da água em um banco de dados acoplado a uma interface para entrada de dados via Internet

e a ferramentas de gerenciamento.

O CNARH foi formalizado pela Resolução ANA n° 317/2003, com o objetivo de

registrar as informações sobre o uso da água por pessoas físicas ou jurídicas, de direito público

ou privado, em todo o país e, assim, conhecer as demandas pelo uso de água e subsidiar

informações para o gerenciamento de recursos hídricos por meio de seus instrumentos como a

cobrança e a outorga de direito de uso da água e os planos de recursos hídricos.

Neste sentido, tento em vista a necessidade de um banco de dados conciso sobre os

recursos hídricos no Pará e a praticidade de acesso ao sistema CNARH, a SEMA/PA adotou o

CNARH como fonte à obtenção de informações a respeito de usuários de água no Pará.

Destarte, o cadastro passou a ser oficial no Pará, sendo também documento obrigatório para os

26

empreendimentos que desejam obter outorga na Secretaria de Estado de meio Ambiente –

SEMA/PA, conforme o disposto na Resolução CERH nº. 11 de 03 de setembro de 2010.

O advento desse cadastro no Pará proporcionou um mapeamento mais concreto no que

tange a disponibilidade de recursos hídricos das regiões hidrográficas associada à quantidade de

pessoas e às atividades desenvolvidas, possibilitando uma noção mais exata do tamanho e do

potencial dos recursos hídricos no Estado. Assim, a SEMA/PA poderá propor ações voltadas ao

manejo adequado relacionados à utilização da água e, desta forma, garantir a qualidade e

quantidade da água, em níveis adequados, aos múltiplos usuários, atuais e futuros.

27

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE TRAV. LOMAS VALENTINAS, 2717 – MARCO

CEP: 66.095-770 – BELÉM – PARÁ TELEFONE: (91) 3184-3374 / 3184-3371

www.sema.pa.gov.br