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Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura de Concreto” Engº Benedito Arruda Ribeiro Lopes Dissertação de Mestrado em Estruturas Publicação E.DM-011A/98 Brasília – DF Setembro de 1998

Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

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O aumento da quantidade de edificações e seu custo tornam cada vez mais premente anecessidade de prolongar sua vida útil e otimizar os gastos com sua manutenção, gerando anecessidade de desenvolvimento de sistemas voltados para o gerenciamento e monitoração deestoques constituídos de um grande número de edifícios, patrimônio que corresponde a maisde 30% do capital total na maioria das entidades responsáveis por esses estoques.Observou-se, junto aos maiores bancos, empresas e órgãos públicos, detentores degrandes estoques de edifícios no país, que os gastos com a manutenção predial são de elevadamonta e suscetíveis de significativas reduções, com a utilização de sistemas de monitoraçãodos estoques de edifícios. Verificou-se também que, apesar dos valores envolvidos com otema, a maioria das entidades pesquisadas não possui uma estratégia eficaz para amanutenção de seus estoques, e apenas algumas estão iniciando um processo deinformatização.O objetivo deste estudo é o aperfeiçoamento do sistema de manutenção predialdenominado Siscop, desenvolvido e utilizado pelo Banco do Brasil desde 1989, visando a suacomplementação com a inclusão do componente “estrutura”, utilizando a metodologiadesenvolvida por Castro (1994), na Universidade de Brasília. Obtido o grau de deterioração daestrutura e associando-o aos dos demais componentes, obtém-se um índice de degradação únicopara a edificação, que ponderará o seu estado físico e o desempenho de seus diversoscomponentes ao longo do tempo, observando sua exposição ao meio ambiente, intensidade deuso/utilização e manutenção, de modo permitir a modelagem de sua degradação. Asinformações relativas à degradação física associadas a outras de natureza econômica tornampossível a manutenção preditiva, qual seja, prognosticar de maneira confiável o melhor instantepara intervenções significativas nas edificações, de forma a otimizar os recursos investidos bemcomo o seu aprovisionamento, proporcionado ante uma previsão do futuro estado do estoque.Os testes com o sistema resultante deste trabalho, realizados em seis edifícios do Bancodo Brasil, mostraram sua eficiência e utilidade para a manutenção de grandes estoques deedifícios.

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Universidade de Brasília

Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil

Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de

Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura

de Concreto”

Engº Benedito Arruda Ribeiro Lopes

Dissertação de Mestrado em Estruturas

Publicação E.DM-011A/98

Brasília – DF

Setembro de 1998

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Universidade de Brasília

Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Civil

Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de

Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura

de Concreto”

Engº Benedito Arruda Ribeiro Lopes

Dissertação de Mestrado submetida ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

Aprovada por:

________________________________

Prof. João Carlos Teatini de S. Clímaco (Orientador – PhD – UnB)

________________________________ Prof. Antônio Alberto Nepomuceno (Orientador – Doutor – UnB) ________________________________ Prof. Rosa Maria Sposto (Examinador Interno – Doutora – UnB) ________________________________ Prof. Vanderley Moacir John (Examinador Externo – Doutor – USP) Brasília, 28 de setembro de 1998.

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Ficha Catalográfica Lopes, Benedito Arruda Ribeiro Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura de Concreto” [Distrito Federal] 1998. xvii, 308p., 297 mm (ENC/FT/UnB, M.Sc., Estruturas, 1998). Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil 1. Manutenção Predial 3. Estrutura 3. Componente Estrutura 4. Sistema de Manutenção 5. Durabilidade e Vida útil 6. Concreto Armado 7. Metodologia de Manutenção 6. Sistema de manutenção adotado pelo Banco do Brasil I. ENC/FT/UnB II. Título (série) Referência Bibliográfica Lopes, B.A.R., 1998. Sistema de Manutenção Predial para Grades Estoques de Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura de Concreto”. Dissertação de Mestrado, Publicado Nº: E.DM-011A/98, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 308p. Cessão de Direitos Nome do Autor: Benedito Arruda Ribeiro Lopes Título da Dissertação de Mestrado: Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de Edifícios: Estudo para inclusão do componente “Estrutura de Concreto” Grau: Mestre em Ciências Ano: 1998 É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. ______________________________ Benedito Arruda Ribeiro Lopes SQN 211 Bloco F Ap. 111 Asa Norte 70.863-060 Brasília DF [email protected] [email protected] Brasília DF, 28 de setembro de 1998.

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“Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis.”.

Sócrates

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AGRADECIMENTOS

À Deus, razão de minha existência, e que nunca me abandonou. Aos meus pais, “in memoriam”, Tomaz Vila Nova Ribeiro Lopes e Raimunda Arruda Ribeiro Lopes, pelo afeto e educação. Aos engenheiros, Nicolau Gentchuvinicov, meu cunhado, “in memoriam”, e José Ruben Ribeiro, meu primo, pelo incentivo. À minha companheira e inspiradora, Mara Lúcia Montandon Borges, pelo encorajamento e apoio em todos os momentos. Aos meus filhos pela compreensão de minha ausência, e a todos meus familiares pelo carinho. Aos meus orientadores, professores João Carlos Teatini S. de Clímaco e Antônio Alberto Nepomuceno, minha gratidão pela compreensão, paciência e valiosos ensinamentos. À colega Eliane Kraus de Castro, meus agradecimentos pela importante colaboração. Ao professor Elton Bauer, pela amizade, incentivo e indicação ao curso de mestrado. Aos professores do mestrado, em especial ao Paul W. Partridge, Guilherme Sales S. A. Melo, Moema Ribas Silva, Eldon Londe Mello e Athail R. Pulino Filho, pelos conhecimentos passados e pela grande amizade. Ao professor Vanderley Moacir John, pelos ensinamentos, colaboração e estímulo ao estudo. Aos professores Paulo Roberto Helene do Lago, Luiz Carlos Bonin, Rui Alberto Cremonini, engenheiros Wellington Longuini Reppete e Lawrence J. Kaetzel, pela valiosa colaboração. Aos meus colegas do Banco do Brasil, em especial ao Superintendente da Infra Estrutura, Manoel Gimenes Ruy, pela confiança, apoio, e principalmente por valorizar e enaltecer a “Manutenção Predial” dentro de nossa empresa, sem o que este trabalho não teria sido realizado. Aos engenheiros Sérgio da Silva Breves pela ajuda na criação do Siscop, e Fernando Marcos Mota Pereira e Silva pela colaboração e divulgação. Ao engenheiro Joaquim Andrade Filho, pelo constante apoio e indicação ao mestrado. Aos engenheiros Eurico de Salles Cidade, Luiz Fernando Duarte Siqueira, José Eduardo Bernat de Souza, Marilena Vasconcelos Zeymer, Paulo Sérgio Martins de Souza, Antônio César Gomes Pereira, José Marcus de Souza e Teldo Falliere do Nascimento, pelo auxílio e amizade. Aos amigos e colegas de pós-graduação, Marcos Wilson Matos Marques, Luis Angel Dalguer Gudiel, João Carlos Fonseca, Silvio Caldas, Neil Armstrong Sousa Barbosa, John Gibbons Prahl, Ana Elisa Godoy Coelho, Ana Gabriela Saraiva de Aquino Lima, Andréia Azeredo Nince, Márcio Augusto Roma Buzar, Anna Paula Loucron Soares, Chenia Rocha Figueiredo, Eliana Cristina Barreto Monteiro, Micheline Ferreira Facuri, Milton Soares Filho, Lenildo Santos da Silva, Elvio Antônio Guimarães, Silvana Conceição Silva, Samuel Miranda Farfan, Zenon V. Guzman Nuñez Del Prado, Suzana Moreira Ávila, Soraya Rita do Amaral Gracia, pelo companheirismo, intercâmbio e encorajamento.

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RESUMO

O aumento da quantidade de edificações e seu custo tornam cada vez mais premente a

necessidade de prolongar sua vida útil e otimizar os gastos com sua manutenção, gerando a

necessidade de desenvolvimento de sistemas voltados para o gerenciamento e monitoração de

estoques constituídos de um grande número de edifícios, patrimônio que corresponde a mais

de 30% do capital total na maioria das entidades responsáveis por esses estoques.

Observou-se, junto aos maiores bancos, empresas e órgãos públicos, detentores de

grandes estoques de edifícios no país, que os gastos com a manutenção predial são de elevada

monta e suscetíveis de significativas reduções, com a utilização de sistemas de monitoração

dos estoques de edifícios. Verificou-se também que, apesar dos valores envolvidos com o

tema, a maioria das entidades pesquisadas não possui uma estratégia eficaz para a

manutenção de seus estoques, e apenas algumas estão iniciando um processo de

informatização.

O objetivo deste estudo é o aperfeiçoamento do sistema de manutenção predial

denominado Siscop, desenvolvido e utilizado pelo Banco do Brasil desde 1989, visando a sua

complementação com a inclusão do componente “estrutura”, utilizando a metodologia

desenvolvida por Castro (1994), na Universidade de Brasília. Obtido o grau de deterioração da

estrutura e associando-o aos dos demais componentes, obtém-se um índice de degradação único

para a edificação, que ponderará o seu estado físico e o desempenho de seus diversos

componentes ao longo do tempo, observando sua exposição ao meio ambiente, intensidade de

uso/utilização e manutenção, de modo permitir a modelagem de sua degradação. As

informações relativas à degradação física associadas a outras de natureza econômica tornam

possível a manutenção preditiva, qual seja, prognosticar de maneira confiável o melhor instante

para intervenções significativas nas edificações, de forma a otimizar os recursos investidos bem

como o seu aprovisionamento, proporcionado ante uma previsão do futuro estado do estoque.

Os testes com o sistema resultante deste trabalho, realizados em seis edifícios do Banco

do Brasil, mostraram sua eficiência e utilidade para a manutenção de grandes estoques de

edifícios.

Page 7: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

vii

ABSTRACT

The growth in the amount of constructions and its cost has increased the need to

prolong its useful life and optimize the expenses with its maintenance, generating the need of

develop systems towards the administration and monitoring of stocks constituted of a great

number of buildings, patrimony that corresponds in more than 30% of the total capital in most

of the responsible entities for those stocks.

It was observed, close to the largest banks, companies and public agencies, detainers

of a great number of buildings in the country, that the expenses with the maintenance of the

buildings are high and susceptible of significant reductions, with the use of systems to a

monitor stocks of buildings. It was also verified that, in spite of the values involved with the

subject, most of the researched entities doesn't possess an effective strategy for the

maintenance of its stocks, and just some are now beginning an computerizing.

The objective of this study is the improvement of the maintenance system denominated

“Siscop”, developed and used by Bank of Brazil since 1989, seeking its complementation with

the inclusion of the component “structure”, using the methodology developed by Castro (1994),

in the University of Brasília. Obtained the degree of deterioration of the structure and

associating it to the other components, it is obtained an unique degree of degradation for the

construction, that will ponder its physical state and the acting of its several components along

the time, observing its exposure to the environment, intensity of use and maintenance, in way to

allow a forecast of its degradation. The information about the physical degradation associated to

others of economic nature allows for preventive maintenance, which is, to predict in a reliable

way the best instant for significant interventions in the constructions, in a way the to optimize

the invested resources as well as its provision, provided in the face of a forecast of the future

state of the stock.

The tests with the resulting system of this work, accomplished in six buildings of the

Bank of Brazil, showed its efficiency and usefulness for the maintenance of stocks with a great

number of buildings.

Page 8: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

viii

ÍNDICE

Capítulo Pág

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 9

2.1. Tendências dos Sistemas de Manutenção Predial 11

2.1.1. Manutenção preditiva 11

2.1.2. Substituição de variáveis qualitativas por quantitativas 12

2.1.3. Cadastro de materiais e análise de desempenho 13

2.2. Utilização de sistemas especialistas na manutenção predial 13

2.2.1. Sistemas especialistas utilizados na construção civil 14

2.2.2. Sistema especialista em desenvolvimento no pais 15

2.3. Metodologia para manutenção de estruturas de concreto armado

desenvolvida no Mestrado em Estruturas do Departamento de

Engenharia Civil da UnB

15

2.3.1. Princípios gerais 16

2.3.2. Definição dos parâmetros 18

2.3.3. Grau de deterioração dos elementos e da família 21

2.3.4. Grau de deterioração da estrutura 23

3. SISTEMAS DE MANUTENÇÃO PREDIAL 25

3.1. Aspectos gerais referentes a manutenção predial utilizada por entidades

detentoras de grandes estoques de edifícios no país

27

3.1.1. Sistemas utilizados 27

3.1.2. Estrutura organizacional 28

3.1.3. Custos nos edifícios em uso 28

Page 9: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

ix

Capítulo Pág

3.2. Sistema de manutenção predial utilizado pelo Banco do Brasil – SISCOP 31

3.2.1. Histórico 31

3.2.1.1. Nova metodologia para o sistema 32

3.2.1.2. Implantação do novo sistema 36

3.2.2. Evolução do Sistema Siscop 38

3.2.3. Custos globais com manutenção 38

3.2.4. Custos unitários com manutenção 42

3.2.5. Necessidades na manutenção do sistema Siscop 45

4. METODOLOGIA 49

4.1. Revisão do relatório de vistoria (RVS) 51

4.1.1. Alterações realizadas 51

4.1.2. Alterações sugeridas 52

4.2. Inspeção 54

4.2.1. Etapas do programa de inspeção 54

4.2.2. Inspeção dos diversos componentes 58

4.2.3. Inspeção do componente estrutura 59

4.3. Alterações na utilização da metodologia de Castro para o componente

estrutura

61

4.3.1. Alterações na família de elementos 62

4.3.2. Alterações na relação dos danos 62

4.3.3. Inclusão de ensaios na inspeção 67

4.3.4. Definição dos novos fatores de ponderação dos danos 69

4.3.5. Cálculo do grau de deterioração de um elemento (Gde) 70

4.3.6. Proposição de alteração do cálculo para elemento com qualquer número

de danos

74

4.4. Elaboração do relatório técnico de vistoria (RTV) 76

4.4.1. Componentes não estruturais 77

4.4.2. Componente estrutura 78

Page 10: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

x

Capítulo Pág

4.5. Compatibilizacão do componente estrutura com os demais no cálculo do

índice de degradação (ID)

79

4.6. Desenvolvimento de módulo para o componente estrutura 80

5. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA 83

5.1. Teste do relatório de vistoria em seis prédios do Banco do Brasil 86

5.1.1. Primeiro estudo de caso: Edifício do NRT (Núcleo Remoto de

Telemática) do Banco do Brasil em Porto Alegre RS

87

5.1.1.1. Histórico e Planejamento 87

5.1.1.2. Inspeção geral e detalhada 89

5.1.1.3. Processamento das informações e resultados 90

5.1.2. Segundo estudo de caso: Edifício do DPT (Divisão de Processamento e

Telemática) do Banco do Brasil em Santo Amaro SP

91

5.1.2.1. Histórico e Planejamento 91

5.1.2.2. Inspeção geral e detalhada 93

5.1.2.3. Processamento das informações e resultados 96

5.1.3. Terceiro estudo de caso: Edifício Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro

do Banco do Brasil no Rio de Janeiro RJ

97

5.1.3.1. Histórico e Planejamento 97

5.1.3.2. Inspeção geral e detalhada 99

5.1.3.3. Processamento das informações e resultados 101

5.1.4. Quarto estudo de caso: Edifício Garagem do Cidade São Sebastião do

Rio de Janeiro do Banco do Brasil no Rio de Janeiro RJ

102

5.1.4.1. Histórico e Planejamento 102

5.1.4.2. Inspeção geral e detalhada 103

5.1.4.3. Processamento das informações e resultados 105

5.1.5. Quinto estudo de caso: Edifício da Agência Centro Salvador do Banco do

Brasil em Salvador BA

106

5.1.5.1. Histórico e Planejamento 106

5.1.5.2. Inspeção geral e detalhada 107

5.1.5.3. Processamento das informações e resultados 109

Page 11: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xi

Capítulo Pág

5.1.6. Sexto estudo de caso: Edifício do DPT (Divisão de Processamento e

Telemática) do Banco do Brasil em Brasília DF

110

5.1.6.1. Histórico e Planejamento 110

5.1.6.2. Inspeção geral e detalhada 111

5.1.6.3. Processamento das informações e resultados 114

5.1.7. Resumo dos estudos de caso 116

5.2. Análise do emprego do relatório técnico de vistoria em campo 117

5.3. Recomendações para procedimentos em campo 118

5.4. Cálculo do índice de degradação para os casos experimentais 119

5.5. Verificação da aplicabilidade do sistema com o componente estrutura 121

6. ANÁLISE DE RESULTADOS 123

6.1. Comparação de resultados após a inclusão do componente estrutura 125

6.2. Observações sobre os resultados e o estado geral dos prédios inspecionados 127

6.3. Compatibilidade entre as metodologias empregadas 129

6.4. Modificações no método de cálculo do grau de deterioração de um elemento 129

6.5. Necessidade de aprimoramentos do sistema 131

6.6. Procedimentos pós-análise de resultados 132

7. CONCLUSÕES 135

7.1. Considerações sobre o tratamento matemático 137

7.2. Aplicabilidade da metodologia proposta 138

7.3. Vantagens do emprego do sistema 139

7.4. Sugestões para posteriores trabalhos 140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 143

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xii

ANEXOS

ANEXO Pág

ANEXO A – Relatórios do sistema de manutenção predial SISCOP 151

A.1 – Relatório de vistoria semestral (RVS) 153

A.2 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 157

ANEXO B – Primeiro estudo de caso: Edifício do NRT – Núcleo Remoto de

Telemática do Banco do Brasil S.A. – Porto Alegre RS

165

B.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 167

B.2 – Planilhas de cálculo 173

B.3 – Documentação fotográfica 181

ANEXO C – Segundo estudo de caso: Edifício da DPT – Divisão de

Processamento e Telemática do Banco do Brasil S.A. –

Guarulhos SP

187

C.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 189

C.2 – Planilhas de cálculo 197

C.3 – Documentação fotográfica 209

ANEXO D – Terceiro estudo de caso: Edifício Cidade São Sebastião do Rio

de Janeiro do Banco do Brasil S.A. – Rio de Janeiro RJ

213

D.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 215

D.2 – Planilhas de cálculo 221

D.3 – Documentação fotográfica 233

ANEXO E – Quarto estudo de caso: Edifício garagem do Cidade São

Sebastião do Rio de Janeiro do Banco do Brasil S.A. – Rio de

Janeiro RJ

239

E.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 241

E.2 – Planilhas de cálculo 247

Page 13: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xiii

ANEXO Pág

E.3 – Documentação fotográfica 253

ANEXO F – Quinto estudo de caso: Edifício da Agência Centro do Banco do

Brasil S.A. – Salvador Ba

257

F.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 259

F.2 – Planilhas de cálculo 265

F.3 – Documentação fotográfica 275

ANEXO G – Sexto estudo de caso: Edifício do DPT – Divisão de

Processamento e Telemática do Banco do Brasil S.A. –

Brasília DF

281

G.1 – Relatório técnico de vistoria (RTV) 283

G.2 – Planilhas de cálculo 289

G.3 – Documentação fotográfica 301

ANEXO H – Resumo de estudo de caso em seis edifícios do Banco do Brasil

S.A.

305

Page 14: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xiv

LISTA DE FIGURAS

Figura Legenda Pág

2.1 Fluxograma para o cálculo do Grau de Deterioração da Estrutura

(Gd)

17

2.2 Grau do dano (D) x Fator de Intensidade do dano (Fi) 20

3.1 Distribuição dos gastos com conservação, manutenção e limpeza 30

3.2 Gastos anuais (em US$) com manutenção predial no período de

1987 a 1997, fonte: Banco do Brasil S.A.

40

3.3 Gastos anuais com Manutenção, Conservação e Limpeza 40

3.4 Gastos anuais com Manutenção, Conservação, Limpeza e Impostos 41

3.5 Custos Globais observados no ano de 1997 42

3.6 Custos observados no período de 1987 a 1997 (US$/m²) 44

3.7 Custos de Manutenção e Limpeza de 1987 a 1997 (% do custo de

reposição)

44

3.8 Custos observados no período de 1987 a 1997 (% do custo de

reposição)

45

Page 15: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela Conteúdo Pág

1.1 Custos de manutenção anuais expressos como porcentagem (%)

do custo de reposição dos edifícios

4

2.1 Classificação dos níveis de deterioração do elemento (Castro,

1994)

22

2.2 Fator de relevância estrutural (Fr) adotado por Castro 23

2.3 Classificação dos níveis de deterioração da estrutura segundo

Castro (1994)

24

3.1 Componentes constantes do Relatório de Vistoria utilizado no

SISCOP

33

3.2 Conceitos de degradação para planilha de vistoria utilizados pelo

Banco do Brasil S.A.

34

4.1 Programa para inspeção em edificações 55

4.2 Etapas básicas para avaliação de estruturas acabadas de concreto

armado (CEB, 1989)

56

4.3 Fatores de ponderação dos danos 70

4.4 Grau máximo de Deterioração de um elemento (Gde) com três

danos ou mais

71

4.5 Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com dois danos 71

4.6 Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos 72

4.7 Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos de Fi

= 2,5

72

4.8 Freqüência dos fatores de ponderação (Fp) e grau dos possíveis

danos

73

4.9 Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com quatro danos 74

4.10 Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos ou

mais

75

4.11 Características do novo tratamento matemático proposto 76

4.12 Pesos em uso e sugeridos para o cálculo do Índice de Degradação

(Id) pelo SISCOP

80

Page 16: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xvi

LISTA DE TABELAS

Tabela Conteúdo Pág

5.1 Prédios escolhidos para utilização da metodologia e suas

características

87

5.2 Detalhe da planilha Sinopse contida no Anexo B.2 91

5.3 Detalhe da planilha Inspeção contida no Anexo C.2 95

5.4 Cobrimento da armadura, profundidade de carbonatação e teores

de cloreto no edifício Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,

nos anos de 1993 e 1997

101

5.5 Resultados das inspeções com relação ao cobrimento da armadura,

profundidade de carbonatação e teores de cloretos no prédio

garagem do edifício Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,

do ano de 1993, fornecidos pela consultoria

105

5.6 Teor de cloretos (%) em relação à massa de cimento 109

5.7 Detalhe da planilha Inspeção contida no Anexo G.2 113

5.8 Detalhe da planilha Sinopse contida no Anexo G.2 115

5.9 Detalhe da planilha Resumo contida no Anexo H 116

5.10 Índice de Degradação (Id) dos prédios utilizados no estudo de caso 120

6.1 Comparativo dos Índices de Degradação (Id) nos prédios do

estudo

126

6.2 Resultados finais dos prédios objetos do estudo 128

6.3 Resultados finais comparativos 130

Page 17: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

xvii

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Significado

CG custos globais

CI custos iniciais

CM custos de manutenção

CL custos com limpeza

CE custos com energia

CA custos com administração

CU custos com o uso (impostos, taxas, água, aluguéis, etc.)

VR valor residual ou de demolição

ICC índice de conservação do componente

IDC índice de degradação do componente

ID índice de degradação da edificação

Fi fator de intensidade do dano

Fp fator de ponderação do dano

D grau do dano

m número de danos detectados no elemento

mx maior dano detectado no elemento

Gde grau de deterioração do elemento

Gdf grau de deterioração de uma família de elementos

n número de elementos componentes da família (com Gde > 15)

Fr fator de relevância estrutural da família de elementos

Gd grau de deterioração da estrutura

k número de famílias de elementos presentes na edificação

Page 18: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

Page 19: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

3

1. INTRODUÇÃO

A atenção voltada para a manutenção predial tem sido crescente em todo o mundo,

devido aos altos valores envolvidos nesta atividade ao longo da vida útil das edificações.

Estes valores, acumulados ao longo do tempo, assumem proporções significativas quando

comparados com os investimentos iniciais de construção. Embora interpretada como uma

atividade secundária, a manutenção é essencial e inevitável, repercutindo de forma direta

na vida útil da edificação e em seu desempenho global. Por não ser uma atividade fim,

muitos detentores de grandes estoque de edifícios deixam de se preocupar com esses

gastos referentes à manutenção, situação em que os valores assumem maior ordem de

grandeza. Segundo Seeley (1982), em épocas de contenções de despesas a manutenção

predial está entre as primeiras atividades a sofrerem cortes em suas verbas. Outro motivo

que faz com que a atividade seja colocada em menor evidência é o fato dos dispêndios

ocorrerem paulatinamente ao longo do tempo, escapando, na maioria das vezes, ao

controle dos responsáveis, que em grande parte não fazem nenhum tipo de contabilização

específica para monitorar esses gastos.

Portanto, torna-se imprescindível a obtenção e armazenamento dos dados referentes à

manutenção, tais como gastos, quantidade de unidades, respectivas áreas construídas, tipo

de edificações, padrões construtivos etc. Os gastos anuais unitários e em percentuais, com

referência ao valor de reposição, são informações vitais para qualquer tipo de sistema de

manutenção, pois, através delas, torna-se perceptível a situação dos gastos, auxiliando na

decisão de reduzi-los e no dimensionamento desta redução.

Segundo John (1988), os custos médios anuais de manutenção para grandes estoques de

edifícios situam-se entre 0,7% e 2,5% do custo de reposição do estoque, incluindo-se as

reformas e modernizações. Em seus estudos, o autor baseou-se em observações realizadas

por pesquisadores em diversos países, conforme Tabela 1.1. Nota-se que a idade,

concepção e intensidade do uso das edificações, juntamente com as características

ambientais, determinam diferentes níveis de gastos, e que os pesquisadores utilizam

diferentes processos para obtenção destes valores, dificultando desta forma uma

comparação direta entre eles.

Page 20: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

4

Tabela 1.1 – Custos anuais de manutenção expressos como porcentagem (%) do custo de

reposição dos edifícios (John, 1988)

FONTE LOCAL % CUSTO DE REPOSIÇÃO

Stone Inglaterra 1,5

Bromilow Austrália 0,7 a 1,0

Abad Espanha – Correios e telecomunicações 0,45 a 1,40

Steel Canadá – Edifícios de campus de pesquisa 1,76

Steel EUA – Universidades 1,0 a 2,0

Steel EUA – Edifícios de escritórios 0,85

Sobral Brasil – Serviços de saúde 2,4

Sobral Brasil – Ensino 2,7

Sobral Brasil – Segurança 3,4

A falta de utilização de sistemas de manutenção informatizados, por parte dos detentores

de grandes estoques de edifícios, faz com que dados importantes sobre as edificações

sejam perdidos com o decorrer do tempo. Portanto, uma preocupação inicial seria a

utilização imediata, e pelo maior número possível de entidades e empresas, de sistemas

que venham a formar bancos de dados sobre os estoques, e da necessidade de

padronização das informações, uma vez que não existem normas técnicas sobre o

assunto. Com a utilização desses sistemas de manutenção poder-se-ia, com relativa

facilidade, obter informações sobre custos de manutenção dos diversos tipos de

edificações no Brasil.

Este estágio, em que se usa sistemas de manutenção predial informatizados , é o mais

importante dentre os demais, pois desperta a conscientização dos proprietários de grandes

estoques de edifícios frente aos gastos referentes à manutenção, quando oferece a

possibilidade do estabelecimento de uma estratégia de prioridades, baseada no

direcionamento das atenções para as unidades mais degradadas. A simples alocação de

recursos em edificações mais degradadas traduz-se em redução de custos de manutenção

a curto ou médio prazo, além de melhoria de suas condições, conforme já observado por

Page 21: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

5

Cremonini (1988), fazendo com que tais sistemas se consolidem, proporcionando desta

forma o desenvolvimento das demais etapas.

Tomou-se como base deste estudo o sistema de manutenção predial adotado pelo Banco

do Brasil S. A., denominado Siscop, pois verificou-se, após breve pesquisa junto aos

maiores bancos e órgãos públicos detentores de grandes estoques de edifícios no país, que

apenas alguns dentre os informantes estão iniciando um processo de informatização. O

referido sistema, desenvolvido em 1989 e implantado em 1990, ainda em uso, está sendo

revisado e em sua terceira versão. Apesar do tempo de utilização, sua evolução ficou

prejudicada em diversos aspectos, que serão posteriormente detalhados, cabendo salientar

que a principal modificação proposta é a complementação do sistema Siscop que abrange

15 componentes, relacionados na Tabela 3.1, com a introdução do componente estrutura,

segundo metodologia desenvolvida por Castro (1994), tema fundamental deste presente

trabalho.

A complexidade da avaliação do componente estrutura, conforme abordagem feita por

Repette (1991), induz a uma maior utilização e experimentação dessa metodologia, para

aperfeiçoamento e melhor adequação de sua avaliação relativa a danos. Considera-se este

componente como de importância vital, por implicar na segurança da edificação,

acrescentando-se a possibilidade dos seus danos se estenderem a outros componentes, tais

como revestimentos e acabamentos, além de instalações, todos de alto custo de reposição,

e ainda, em caso de intervenções, estas abrangerem outros componentes ainda não

atingidos por danos. Componentes com função estrutural raramente podem ser substituídos

a custos economicamente baixos, determinando desta maneira a vida útil do prédio

(Carruthers, 1980); portanto, sua manutenção exige atenção intensificada quanto às

inspeções, obtenção de diagnósticos corretos, e tempestividade nas soluções de problemas,

através de intervenções adequadas.

A inclusão do componente “estrutura” no sistema Siscop, utilizado pelo Banco do Brasil

S.A, foi realizada através de diversos procedimentos. Inicialmente, foi revisto o relatório

de vistoria semestral (RVS), incluindo nele o componente “estrutura”, com o registro das

informações fornecidas pelos usuários. A introdução do relatório técnico de vistoria

(RTV), possibilitou a criação do principal documento para a inclusão do componente. Por

Page 22: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

6

meio dele todas as informações técnicas, dos diversos componentes, são obtidas e

introduzidas no sistema para processamento. Algumas rotinas foram introduzidas nas

inspeções, como a elaboração de ensaios para obtenção de informações técnicas. Sendo

que na verificação das alterações aplicadas ao sistema Siscop, foram realizados

experimentos em seis prédios do Banco do Brasil S. A. Os resultados obtidos

comprovaram a eficiência da metodologia, e sua utilidade na avaliação e monitoração do

estado do componente “estrutura” de uma edificação ou estoque de edificações.

Com a integração deste componente, a inspeção de estrutura passará a fazer parte da

vistoria técnica do Siscop, iniciando-se a formação de um banco de dados em seu sistema

de gerenciamento. No prazo de, aproximadamente, seis anos, com a inspeção de

praticamente todo o estoque, poder-se-ia obter, uma base de dados, cujas análises

fornecerão informações sobre a freqüência de ocorrência de determinadas patologias,

associação destas a outras informações, como a localização próxima ao mar (presença de

cloreto/corrosão), em grandes centros (carbonatação) ou em ambientes industriais

(ambientes agressivos), ou ainda verificar ocorrências regionais, e detectar problemas de

projeto, materiais e execução.

No Capítulo 2 da dissertação mostra-se as tendências mundiais, e previsões da evolução

dos sistemas de manutenção predial. Esboçando a utilização da manutenção predial de

forma preditiva, em sistemas que possibilitem a análise de desempenho de componentes.

Ressalta-se a importância do aumento de desenvolvimento de sistemas inteligentes, e sua

utilização na construção civil. É feita, também, uma descrição da metodologia proposta

por Castro ( 1994), em sua forma original, a ser utilizada na complementação do sistema,

objetivo desta dissertação.

No Capítulo 3 é apresentado um breve panorama da utilização de sistemas de manutenção

predial no país, por empresas e entidades públicas e privadas, detentoras de grandes

estoques de edifícios. Tendo em vista que a base de estudo é a complementação do Siscop

– Sistema de manutenção predial do Banco do Brasil S. A., com a inclusão do

componente estrutura, é relatado, sucintamente, tanto o funcionamento do sistema, quanto

o seu comportamento, desde a sua implantação em 1990 até os dias de hoje, ressaltando

Page 23: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

7

resultados obtidos sob o aspecto de custos de manutenção, no período de 1987 a 1997.

O Capítulo 4 versa sobre a metodologia a ser aplicada com relação ao componente

estrutura. Descreveu-se o relatório de vistoria semestral (RVS), a ser preenchido pelos

usuários durante as inspeções semestrais, bem como o relatório técnico de vistoria (RTV),

a ser utilizado pelos engenheiros e arquitetos nas inspeções programadas. São também

apresentadas alterações a serem realizadas na metodologia originalmente proposta. E,

finalmente, é realizada a compatibilização do componente estrutura com os demais, para

fornecer o índice de degradação (ID) da edificação.

No Capítulo 5, é relatada a utilização experimental da metodologia proposta, com o uso

do relatório técnico de vistoria (RTV) em seis prédios do Banco do Brasil S.A., e

analisado o seu emprego, desde as dificuldades para obtenção de informações a

respeito da edificação, da agressão ambiental, e das diversas etapas da vistoria, até o

preenchimento do relatório em campo. Nesse capítulo é descrito a utilização de

medições/ensaios com a finalidade de levantar informações adicionais na própria

estrutura, como cobrimento de concreto da armadura, profundidade de penetração da

carbonatação e presença de cloretos. Neste capítulo, realizam-se os cálculos do índice

de degradação para estes casos experimentais. Apresenta-se Sugestão para modificar o

método de cálculo do grau de deterioração de um elemento, bem como é verificada a

aplicabilidade do sistema com o novo componente. Recomendações para procedimentos

em campo são ainda sugeridas.

No Capítulo 6, a análise dos resultados obtidos é feita, comparando-se os resultados

obtidos, antes e após a inclusão do componente estrutura. Observam-se, ainda, os

resultados numéricos alcançados através dos cálculos e a sua representatividade com

relação ao real estado dos prédios inspecionados. Neste capítulo, discute-se a

compatibilidade entre as metodologias empregadas para a estrutura e os demais

componentes. São apresentadas ainda outras necessidades de aprimoramentos para o

sistema. E, finalmente são sugeridas proposições para procedimentos após a análise de

resultados.

No Capítulo 7, são apresentadas as conclusões sobre os resultados obtidos, e propostas

Page 24: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

8

algumas considerações sobre o tratamento matemático empregado. Aborda-se, ainda, a

aplicabilidade da metodologia proposta, vantagens do emprego do sistema, a evolução do

sistema de manutenção predial e sugestões para posteriores trabalhos.

Page 25: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De
Page 26: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Page 27: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

11

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Tendências dos sistemas de manutenção predial

2.1.1. Manutenção preditiva

Apesar de atualmente serem pouco utilizados em nosso país, os sistemas de manutenção

predial informatizados deverão se tornar ferramentas indispensáveis para as entidades

detentoras de grandes estoques de edifícios. A necessidade primária no gerenciamento de

um estoque de edifícios é ter uma visão instantânea e panorâmica da situação de cada

unidade perante as demais, sob o aspecto de suas condições físicas, possibilitando o

conhecimento das condições do estoque e o estabelecimento de parâmetros para

determinação de planos de atuação por prioridades nas intervenções programadas. A

evolução dos sistemas dependerá de uma utilização mais intensa e ampla, que propiciará

a substituição gradativa de parâmetros qualitativos por quantitativos, objetivando a

minimização da subjetividade nos resultados e o aumento da confiabilidade nos métodos

empregados.

Este procedimento inicial, de avaliar as edificações sob o aspecto de suas condições

físicas, é uma atividade básica que possibilitará o aprimoramento do próprio sistema.

Com a coleta de uma maior quantidade de dados, poder-se-á, então, estabelecer rotinas de

armazenamento de dados de natureza econômica, como os gastos periódicos com a

manutenção de cada componente. E, a partir destas informações, iniciar análises

estabelecendo relações entre situações físicas e dispêndios em função do tempo,

empregando métodos matemáticos na modelagem.

A análise de modelos elaborados tornará possível a previsão do tempo em que a

edificação atingirá níveis inaceitáveis de desempenho, bem como a evolução dos gastos

Page 28: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

12

relativos à manutenção torna-se mais vantajosa. A combinação dessas informações

fornecerá a decisão pelo momento ótimo de se efetuar uma intervenção e sua intensidade,

ou seja, quais componentes serão envolvidos, e a que nível, bem como uma estimativa

dos gastos a serem despendidos. Desta forma, é factível a condição de se exercer uma

manutenção que vá além da prevenção, para alcançar o aprimoramento, com a utilização

de sistemas de manutenção predial que permitam predizer as necessidades de futuras

intervenções com detalhes.

2.1.2. Substituição de variáveis qualitativas por quantitativas

A exemplo da metodologia desenvolvida para o componente estrutura, abordada com

maiores detalhes no item 2.5 a seguir, e tema principal deste trabalho, haverá necessidade

de semelhante aprofundamento em pesquisas de metodologias para os demais

componentes, possibilitando, desta forma, reduzir ao máximo a subjetividade na

avaliação dos componentes e da edificação.

Para o item estrutura, no caso de concreto armado, a corrosão e as fissuras são os danos

de maior freqüência, como observado por Nince (1996) e Andrade (1997). Esses danos

podem ser estimados por medidas, como o potencial de corrosão, perda percentual de

seção da armadura, aberturas e extensão de fissuras, sendo elegidas como variáveis

quantitativas ao invés de qualitativas. Da mesma forma, a penetração de cloretos e da

carbonatação, pode ser quantificada e medida em unidades, facilitando comparações entre

elementos de uma mesma estrutura e, até mesmo, de estruturas distintas, e observados

outros aspectos como condições ambientais, níveis de exposição, etc. Futuramente, talvez

também seja possível, ao classificar o tipo de ambiente e de micro ambiente em que se

encontra a edificação ou elementos, quantificar com maior facilidade os seus agentes

agressivos, em vez de atribuir um fator de intensidade para a agressão ambiental. Helene

(1997) salienta a necessidade de se avaliar a agressividade ambiental sob o ponto de vista

da durabilidade da armadura e da durabilidade do concreto.

Page 29: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

13

2.1.3. Cadastro de materiais e análise de desempenho

A coleta de informações padronizadas sobre o comportamento dos diversos materiais

usados em edificações, sob influência de vários fatores como a intensidade de uso,

exposição, etc. permitiria a homologação de materiais em função de sua vida útil,

velocidade de degradação, e desempenho resultante. O resultado da análise dessas

informações é imprescindível como retroalimentação aos técnicos que elaboram projetos

e especificações. Facilitando, de alguma forma, também, o intercâmbio dessas

informações entre as diversas entidades que utilizam esses materiais, ou fazem pesquisas

científicas sobre o seu comportamento, como já citado por Clifton & Sunder (1997).

Como enfatizado por John (1987) o levantamento através de observações “in situ” traz

grandes vantagens sobre outros métodos de avaliação, como os ensaios de

envelhecimento acelerado ou natural, proporcionando, assim, o aprofundamento nos

estudos de patologias, auxiliando a análise da interação dos fenômenos que provocam a

deterioração das edificações. Possivelmente, haveria necessidade de utilização de análise

não linear para o estudo destes fenômenos, dada a grande sinergia existente entre os

fatores envolvidos no processo.

2.2. Utilização de sistemas especialistas na manutenção predial

Outro aspecto desses sistemas que poderá ser desenvolvido é a formação de bancos de

dados que venham a alimentar sistemas especialistas, visto que a nível mundial tem

crescido nas últimas décadas a pesquisa e utilização destes sistemas na construção civil

(Kurihara & Kaetzel, 1997). Sistemas especialistas pertencem a uma divisão da

inteligência artificial, ramo da ciência da computação, cujo objetivo consiste em auxiliar

os usuários na resolução de problemas complexos em vários domínios. Estes sistemas

têm sido definidos de diferentes formas por alguns autores. Feigenbaun (1980), um dos

precursores no desenvolvimento destes sistemas, define um sistema especialista como um

programa inteligente de computador que usa conhecimento e procedimentos inferenciais

para resolver problemas que são tão difíceis a ponto de requerer significativa

especialidade humana para sua solução.

Page 30: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

14

Sistemas especialistas são formados essencialmente de três componentes: a base de

conhecimento, que nada mais é do que o armazenamento de conhecimentos a cerca de um

certo domínio, por meio de especialistas; mecanismos de inferência, que determinam

onde o conhecimento será usado, controlando a seleção e uso do conhecimento e fatos

contidos na base de conhecimento, aplicando o raciocínio necessário para resolver o

problema; e interfaces que possibilitam a interação entre usuário e o sistema.

2.2.1. Sistema especialistas utilizados na construção civil

Uma breve exposição sobre a aplicação de sistemas especialistas na indústria da

construção foi apresentada por Kaetzel et alli (1995), que enumera dezoito sistemas

desenvolvidos para a construção civil. Foram classificados, segundo suas aplicações, nas

seguintes áreas: projetos, planejamento e gerenciamento, diagnósticos, reparos e

reabilitação, cabendo citar, dentre eles, os seguintes sistemas:

CRACK, projetado para diagnosticar causas de fissuras em estruturas de concreto

armado. O sistema recomenda também métodos para controle e reparo de fissuras,

possuindo módulos para checar os requisitos mínimos de qualidade do concreto e de seus

constituintes, da mistura, operação, vibração, cura, e desforma, do aço para armadura, das

limitações de concentração de tensões, códigos, especificações e normas técnicas,

cálculo de tensões, temperatura e dimensões de fissuras. Utiliza informações dos usuários

na descrição da idade da fissura, desenho, localização, direção, profundidade,

comprimento e largura.

CRACKS, projetado para identificar a provável causa de fissura, requerendo inicialmente

sua idade. Desenhos e fotos digitais são usadas no monitor para confirmar os

diagnósticos, e auxiliar o usuário em sua utilização.

DURCON (Durable Concrete), desenvolvido por Clifton e Kaetzel, que aborda quatro

processos de deterioração do concreto: corrosão da armadura, ação de gelo e degelo,

ataque de sulfatos e reações entre os álcalis do cimento e os agregados. O sistema

também recomenda a razão água/cimento e espessura de cobrimento para diferentes meio

Page 31: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

15

ambientes. Foi desenvolvido para fornecer conhecimento especialista aos projetistas de

concreto.

REPCON, é um sistema baseado em domínio especialista, desenvolvido para ajudar

engenheiros a julgar as condições de estruturas de concreto danificadas e para propor

reparos recomendados. O usuário deve descrever inicialmente a estrutura, partes

estruturais da edificação, e informações acerca do dano. A base de conhecimento

considera danos a estruturas devido a carbonatação, presença de cloretos, e outras causas

químicas. O sistema tenta analisar o dano e produz uma proposta de reparo.

2.2.2. Sistema especialista em desenvolvimento no pais

Recentemente foi apresentado por Silva et alli (1997) um trabalho sobre o

desenvolvimento de um protótipo de sistema especialista denominado sistema

EDIFICAR (Sistema Especialista para Diagnóstico de Fissuras em Concreto Armado). O

sistema fornece diagnósticos para os casos de fissuras típicas em lajes, vigas, pilares e

lajes em balanço de edificações correntes, excluindo-se casos complexos. O sistema

oferece também as principais medidas preventivas que devem ser adotadas no sentido de

evitar a ocorrência de fissuração, ou minimizar sua incidência. Na versão atual ainda não

são indicadas as medidas corretivas para os diversos casos.

2.3. Metodologia para a manutenção de estruturas de concreto armado

desenvolvida no Mestrado em Estruturas do Departamento de Engenharia

Civil da UnB

A metodologia proposta por Castro(1994), em dissertação no Mestrado de Estrutura do

Departamento de Engenharia Civil da UNB baseia-se em critério sugerido por Klein et

alli (1991), com objetivo de implementar vistorias em pontes e viadutos com estrutura de

concreto, visando a manutenção periódica e indicando as intervenções necessárias. Com

algumas adaptações e modificações na formulação, a metodologia permite a

quantificação do grau de deterioração de uma estrutura usual e de seus elementos. Castro

Page 32: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

16

baseou-se no modelo desenvolvido por Tuutti (1982), para estudo da evolução do

processo de corrosão de armadura, para propor uma formulação para cálculo do grau do

dano em um elemento estrutural de concreto.

2.3.1. Princípios gerais

A Figura 2.1 apresenta o fluxograma dos procedimentos da metodologia. As vistorias são

orientadas por um Caderno de Inspeção (Castro, 1994), onde constam diversas matrizes, e

os dados necessários ao desenvolvimento do processo de avaliação da estrutura.

A estrutura é dividida em “famílias” de elementos estruturais típicos. Para cada família é

definida uma matriz com as possíveis manifestações de danos, específicas da família, e

respectivos “fatores de ponderação”. Os danos conceituados no Caderno de Inspeção

(Castro,1994) são os seguintes: segregação (nichos e ninhos); eflorescência;

desagregação; esfoliação, carbonatação; fissuração inaceitável; flechas excessivas;

deficiência de cobrimento; manchas de corrosão; presença de cloretos; manchas e

infiltração.

Page 33: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

17

Manutenção Estrutural

Para cada elemento de uma família

AtribuirFator de Intensidade

do dano (Fi)

VerificarFator de Ponderação

do dano (Fp)

IntroduzirFator de Relevância estrutural da família (Fr)

CalcularGrau de deterioração da estrutura (Gd)

Calcular - Grau de deterioracão da familia de elementos (Gdf)

Calcular - Grau de deterioração do elemento (Gde)

Calcular - Grau de dano (D)

Dividir em famílias de elementos típicos

E S T R U T U R A

Figura 2.1 - Fluxograma para o cálculo do Grau de Deterioração da Estrutura (Gd)

proposto por Castro (1994)

Page 34: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

18

A cada elemento inspecionado é atribuído um “fator de intensidade”, classificando o nível

de gravidade de uma determinada manifestação de dano. Para cada manifestação no

elemento, um grau de dano é calculado, a partir dos fatores de ponderação e intensidade

correspondentes.

Calcula-se com os graus dos danos, para cada elemento de uma família um “grau de

deterioração”, e com este o “grau de deterioração da família de elementos”. Através do

cálculo de uma média ponderada dos graus de deterioração das famílias, cujo fator de

ponderação é o “fator de relevância estrutural da família”, definidos em função da sua

importância estrutural, obtém-se o “grau de deterioração da estrutura”.

2.3.2. Definições dos parâmetros

Estruturas de concreto armado de edificações usuais podem ser classificadas nas

seguintes famílias de elementos: pilares, vigas, lajes, cortinas, escadas e rampas,

reservatório superior e inferior, blocos de fundação, juntas de dilatação e elementos de

composição arquitetônica.

O fator de ponderação (Fp), quantifica a importância relativa de um determinado dano

sobre os elementos de uma família. Uma mesma manifestação patológica pode ter fatores

de ponderação diferentes conforme as características da família a que o elemento

pertence, e conseqüências que lhe possa acarretar. Para cada tipo de manifestação é

preestabelecida uma pontuação, numa escala de 0 a 10.

Atribui-se o fator de intensidade do dano (Fi), de acordo com a gravidade e extensão da

manifestação em um elemento, levantado por meio de vistorias, classificando os danos

em: sem lesões (Fi = 0), lesões leves (Fi = 1), lesões toleráveis (Fi = 2), lesões graves (Fi

= 3) e estado crítico (Fi = 4) , de forma similar à proposta por Klein et alli (1991).

Uma pontuação pode resultar muito subjetiva, se não for acompanhada de classificação

detalhada, identificando a gravidade das lesões e sua evolução, como recomendado pelo

RILEM Committee 104 - Damage Classification of Concrete Structures (RILEM, 1991).

Page 35: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

19

Uma tabela de classificação faz parte do Caderno de Inspeção (Castro, 1994), como

subsídio ao técnico nas inspeções.

O grau do dano (D) em um elemento é calculado a partir do fator de ponderação (Fp) e do

fator de intensidade (Fi), usando-se analogia com modelo proposto por Tuutti (1982) para

corrosão de armaduras, generalizada pelo Código Modelo MC - 90 CEB-FIP (1991) aos

demais tipos de degradação das estruturas. A deterioração, segundo este modelo,

desenvolve-se em duas fases, iniciação e propagação dos danos. Na primeira fase

(iniciação), a velocidade de degradação é lenta, e não compromete a vida útil da estrutura.

Porém, na segunda fase (propagação), fatores aceleradores do processo de deterioração

aumentam da velocidade de degradação, até expor a estrutura ao risco de colapso.

A Figura 2.2 ilustra o cálculo do grau de um dano, para o fator Fp = 10 (mais alto).

Iniciação e propagação do dano são fases representadas nas abcissas numa escala de 0 a

4, segundo o fator de intensidade (Fi) , adotando-se como abcissa de “mudança de fase” o

valor intermediário 2,5. Estabelecendo um limite máximo D = 100 para o grau de um

dano, correspondente a Fi = 4, estado crítico de uma manifestação.

Partindo de zero, que corresponde à ausência do dano, até as coordenadas (2,5;10), é a

fase de iniciação. Caso haja uma manifestação de dano com um grau D < 10, não deverá

haver sinais de comprometimento ou necessidade de intervenção imediata no elemento.

Porém, para D > 10 , supõe-se que o dano já atingiu a fase de propagação, em que

progride de forma mais rápida e intensa, devendo-se prever limites, a partir dos quais a

intervenção passa a ser necessária, com diferentes níveis de urgência, à funcionalidade ou

segurança. Na situação mais desfavorável (Fp = 10) o grau do dano é expresso por:

2,0 F para F 4 = D ii ≤ (2.1)

3,0 F para 140 - F 60 = D ii ≥ (2.2)

Para fatores de ponderação inferiores ao máximo (Fp < 10), obtém-se, o grau do dano

Page 36: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

20

multiplicando as expressões (2.1) e (2.2) pelo fator Fp / 10, resultando nas expressões

genéricas:

onde: )100( ≤≤ pF e )40( ≤≤ iF

Propagaçãoiniciação

mudança de fase

Colapso/perdainaceitável defuncionalidade

Figura 2.2 – Grau do dano (D) x Fator de Intensidade do dano (Fi) (Castro, 1994)

O grau do dano será, portanto, uma função com duas variáveis. Sendo o fator de

ponderação (Fp), característico para cada família, e manifestando o fator de intensidade

(Fi) atribuído pelo técnico responsável pela inspeção estrutural. Desta forma, a

representação gráfica do grau do dano (D), expressa-se por um volume, que secionado

pelo plano Fp = 10, geraria a Figura 2.2.

2,0 F para F . F 0,4 = D ipi ≤ (2.3)

3,0 F para F 14) - F (6 = D ipi ≥ (2.4)

Page 37: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

21

2.3.3. Grau de deterioração dos elementos e da família

Determina-se o “grau de deterioração” de um elemento estrutural (Gde) em função dos

graus de dano “D” das várias manifestações observados no elemento. Denominando de

“m” o número de danos no elemento e Di o grau do dano de ordem (i), determina-se o

grau de deterioração segundo uma das seguintes expressões:

onde: Dmx = maior dano detectado no elemento

A formulação permite que num elemento com somente dois danos deva prevalecer, o

dano de maior grau. Evitando que o uso de uma média “amenize” o grau do maior dano,

ou uma utilização da soma dos graus dos danos no elemento, redunde em estimativa

incorreta do seu estado físico.

A expressão (2.6) define o grau de deterioração do elemento (Gde) como a soma do grau

máximo de dano na peça com a média aritmética dos demais (m - 1) graus. Ou seja, o

dano maior seria “agravado” pela soma da média dos graus dos demais danos.

Um fator de intensidade 4,0 indica situação crítica, necessitando de intervenção imediata

com relação àquele dano. Tornou-se, portanto, necessária a elaboração de uma Tabela

indicando as medidas a serem adotadas em função do Gde . Baseando-se na Figura 2.2 e

na aplicação de ajustes da metodologia a situações reais, elaborou-se a Tabela 2.1, com

recomendações para elementos isolados.

2 m para D = G x mde ≤ (2.5)

2 > m para 1-m

D + D = G

(i)

1-m

1 = ix mde

∑ (2.6)

Page 38: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

22

Tabela 2.1 – Classificação dos níveis de deterioração do elemento (Castro, 1994)

Nível de deterioração Gde Medidas a serem adotadas Baixo 0 - 15 estado aceitável

Médio 15 - 50 Observação periódica e necessidade de

intervenção a médio prazo

Alto 50 - 80 Observação periódica minuciosa e necessidade

de intervenção a curto prazo

Crítico > 80 Necessidade de intervenção imediata para

restabelecer funcionalidade e/ou segurança

Sendo definido, o “grau de deterioração de uma família” (Gdf), como uma média

aritmética dos graus de deterioração dos elementos que apresentem danos expressivos. O

grau de deterioração da família deverá colocar em evidencia elementos em pior situação

de deterioração, em vez de ser atenuado por elementos em melhores condições.

Caracterizando os “danos expressivos” estabeleceu-se um valor limite para o grau de

deterioração do elemento. Considerando a ocorrência simultânea de todos os danos

possíveis, com o mesmo fator de intensidade Fi = 2,5 , valor correspondente à mudança

da fase de iniciação para a de propagação do dano, resulta num valor aproximadamente

constante de Gde = 15 . Adotado como limite para indicar a necessidade de intervenção.

Para os “n” elementos com Gde > 15, obtem-se o grau de deterioração da família :

2.3.4. Grau de deterioração da estrutura

n

G = G

de(i)

n

1=idf

∑ (2.7)

Page 39: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

23

O grau de deterioração da estrutura (Gd) é definido através da média ponderada dos graus

de deterioração das diversas famílias de elementos, usando como pesos os fatores de

relevância estrutural. Observando todas as “k” famílias de elementos que compõem uma

estrutura obtem-se:

Onde: Fr : fator de relevância estrutural de uma família de elementos;

Gdf : grau de deterioração da família.

O fator de relevância estrutural (Fr) visa considerar a relativa importância das diversas

famílias em que a estrutura é subdividida. Consta da metodologia proposta por Klein et

alli (1991), como uma classificação específica para estruturas de pontes. Para edificações

convencionais, adotou-se uma escala de fatores de relevância conforme Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Fator de relevância estrutural (Fr) adotado por Castro (1994)

Família de elementos Fr

Elementos de composição arquitetônica Fr = 1,0

Reservatório superior Fr = 2,0

Escadas/Rampas, Reservatório inferior, Cortinas, Lajes secundárias Fr = 3,0

Lajes, Fundações, Vigas secundárias, Pilares secundários Fr = 4,0

Vigas e Pilares principais Fr = 5,0

Uma vez calculado o valor de Gd, da expressão (2.8), classifica-se a estrutura em um dos

quatro níveis de deterioração, conforme a escala da Tabela 2.3, que indica as medidas que

deverão ser tomadas, tendo por finalidade uma manutenção mais adequada, segundo o

nível de deterioração da estrutura.

F

GF = G

r(i)

k

1i=

df(i)r(i)

k

1i=d

.

(2.8)

Page 40: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

24

Torna-se imprescindível a análise individual dos elementos, podendo ser recomendada a

intervenção imediata ou a curto e médio prazo em elementos isolados da estrutura, em

função do fator de intensidade de um dano ou do grau de deterioração do elemento.

Portanto, poderá ocorrer necessidade de intervenção em elementos isolados, embora o

nível de deterioração da estrutura possa ser aceitável do ponto de vista global.

Tabela 2.3 – Classificação dos níveis de deterioração da estrutura segundo Castro (1994)

Nível de deterioração Gd Medidas a serem adotadas Baixo 0 –15 estado aceitável

Médio 15 – 40 observação periódica e necessidade de

intervenção em médio prazo

Alto 40 – 60 observação periódica minuciosa e necessidade

de intervenção em curto prazo

Crítico > 60 Necessidade de intervenção imediata para

restabelecer funcionalidade e/ou segurança

Page 41: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De
Page 42: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 3

SISTEMAS DE MANUTENÇÃO PREDIAL

Page 43: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

27

CAPÍTULO 3

3. SISTEMAS DE MANUTENÇÃO PREDIAL

3.1. Aspectos gerais referentes a manutenção de edifícios utilizada por entidades

detentoras de grandes estoques de edifícios no país

Geralmente, observa-se uma maior preocupação com a manutenção de edifícios por parte

de entidades que possuem estoques numerosos, e onde a sistematização de procedimentos

torna-se imperativa. Portanto, procurou-se obter informações quanto ao desenvolvimento

das atividades relacionadas à manutenção predial, junto a algumas entidade detentoras de

grandes estoques de edifícios no país.

3.1.1. Sistemas utilizados

Da pesquisa realizada junto aos grandes detentores de estoques de edifícios no Brasil,

dentre eles a Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,

Instituto Nacional de Previdência Social – INSS, e os bancos do Brasil, Itaú, Unibanco e

Bradesco, depreende-se que a manutenção praticada, ainda não está devidamente

sistematizada. Poucos utilizam um sistema informatizado, que forneça condições para

uma perfeita monitoração de seu estoque de edifícios, enquanto os demais estão

implantando ou em via de implantar um sistema que atenda às suas necessidades. A maior

parte destas instituições busca utilizar uma manutenção preventiva em suas edificações;

entretanto, é de difícil avaliação a forma como ela é realizada.

Observou-se que, nos sistemas de manutenção em uso, todos possuem normas,

administrativas e técnicas, e manuais, orientando como e quando proceder a manutenção.

No entanto, quanto à utilização, tanto pelos usuários quanto por técnicos, de um modelo

padrão de relatório para a realização de vistorias periódicas e inspeções, metade ainda não

implementou esta documentação. A utilização destes relatórios proporcionaria a

ingerência dos usuários na definição de prioridades nas intervenções para todo o estoque,

Page 44: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

28

uma vez que nenhuma das entidades pesquisadas emprega avaliação de pós-ocupação,

alijando a oportunidade para detectar a satisfação com o desempenho da edificação do

ponto de vista do usuário. Por conseguinte, também não foi desenvolvido banco de dados

contendo informações sobre as condições do estoque. Quanto aos gastos, todos fazem o

controle através da contabilidade, mas apenas alguns fazem uso de projeções destes

gastos para o futuro, com a finalidade de aprovisionamento e otimização de recursos.

3.1.2. Estrutura organizacional

Uma característica comum a todos é a utilização da “terceirização”, ou seja, a contratação

dos serviços de execução da manutenção com outras empresas/entidades, pertencentes ou

não ao conglomerado/órgão e, até mesmo a possibilidade de recontratação destes

serviços, a um segundo nível de detalhamento das atividades. Porém, esses serviços ficam

ainda submissos à entidade contratante, através do planejamento, coordenação e controle

de um departamento ou setor técnico da entidade, que responde pela manutenção do

estoque.

Geralmente, as entidades pesquisadas possuem órgãos regionais em sua estrutura para

fiscalização da execução destas atividades, mas a quantidade necessária de técnicos

próprios envolvidos nesta função torna-se difícil equacionar, pois depende do nível de

delegação de atribuições aos usuários, da eficiência da filosofia adotada para a

manutenção, e, principalmente, do nível cultural e de conscientização da empresa, e do

empenho de seus administradores.

3.1.3. Custos nos edifícios em uso

O custo global (CG) ou LCC (life cycle costs) é descrito por Lee (1988) como sendo a

soma dos custos iniciais de produção da edificação aos custos totais de utilização,

realizados ao longo de toda sua vida útil. Este valor pode ser expresso pela seguinte

equação:

CG = CI + CM + CL + CE + CA + CU - VR (3.1)

Page 45: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

29

Onde: CI = custos iniciais;

CM = custos de manutenção;

CL = custos com limpeza;

CE = custos com energia;

CA = custos com administração;

CU = custos com o uso (impostos, taxas, água, aluguéis, etc.);

VR = valor residual (+) ou de demolição (–).

Os custos totais de utilização envolvidos durante a vida útil de uma edificação estão

divididos em duas categorias: custos de operação e custos de manutenção. Alguns autores

agregam um terceiro componente, como valor residual, no caso de ainda haver um

reaproveitamento da edificação através de recuperação total, renovação ou reciclagem.

Ou, em caso contrário, um custo de demolição (John, 1988), fechando assim o ciclo da

edificação.

Os custos de operação compreendem os gastos com serviços de limpeza, consumo de

energia, água, impostos e taxas, etc. Geralmente, são expressos pela razão entre valor e

unidade de área (exemplo: US$/m²), ou outras unidades como ocupantes (exemplo:

US$/aluno), leito hospitalar, etc. Já os custos de manutenção, normalmente, são

representados em termos de percentagem dos custos para reposição do edifício como

novo, podendo, também, ser expressos pela razão entre valor e unidade de área,

facilitando, neste caso, sua comparação com outros custos.

Entre as entidades citadas, pesquisaram-se os valores gastos com manutenção e limpeza,

tendo sido incluídos os dispêndios com a limpeza, devido à grande influência exercida

sobre as atividades de manutenção e, por conseguinte, em seus custos. Observa-se, no

caso específico do Banco do Brasil, nos últimos onze anos, que estes gastos com limpeza

têm apresentado tendências de crescimento, provavelmente por envolver em sua

composição grande parte de “serviço”, em contraposição à parcela concernente a

“material”. No Banco do Brasil, as atividades de manutenção predial estão divididas em

“conservação predial”, a cargo da própria administração da dependência, e a

“manutenção” a cargo do departamento técnico. Nas outras entidades, não foi detalhado

este aspecto organizacional e contábil.

Page 46: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

30

Os gastos anuais observados na pesquisa, efetuada no Banco do Brasil, com a

manutenção predial e limpeza variam entre 3,5% a 7,5% do custo de reposição do

estoque, considerando-se que a limpeza atualmente representa cerca de 45% destes gastos

(Figura 3.1). Deduz-se desse fato que os gastos exclusivos com manutenção predial

situam-se entre 1,98% a 4,15%. Supõe-se, portanto, a possibilidade de redução paulatina

para níveis entre 1,6% a 2,0%, conforme observações internacionais (Tabela 1.1),

significando diminuição da ordem de 14,3% a 33,3% destes dispêndios anuais. Esses

gastos, realizados pelas entidades acima, estão, em média, por volta de US$

75.000.000/ano, consequentemente, significando uma possível economia de US$

7.840.000/ano a US$ 21.380.000/ano.

Gastos em 1987

Manutenção49%

Limpeza43%

Conservação8%

Gastos em 1997

Conservação5%

Limpeza45% Manutenção

50%

Figura 3.1 – Distribuição dos gastos com conservação, manutenção e limpeza

observados no Banco do Brasil

O registro da quantidade de prédios e suas áreas construídas, por serem informações que

se alteram ao longo do tempo, apresenta um certo dinamismo, tornando árduo o

acompanhamento e relacionamento com seus respectivos gastos com a manutenção,

índice de degradação e desempenho do estoque. Quanto ao aspecto de gastos com

manutenção, observou-se no Banco do Brasil, que os resultados se defasam no tempo,

pois os retornos dos investimentos efetuados em determinada época, freqüentemente,

repercutem ao longo de um período, sob a forma de redução de gastos futuros. Pode-se

aqui estabelecer um paralelo à formulação de Sitter (1986), conhecida como a Lei dos

Cinco, baseada no modelo de vida útil de Tuutti (1982), na qual propõe-se uma

proporcionalidade dos custos das intervenções durante as diversas fases da vida útil de

uma estrutura. Na qual, para cada dólar despendido por unidade de área construída com

Page 47: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

31

procedimentos corretos de projeto e execução, equivalem a cinco dólares em ações de

manutenção durante toda a vida útil, e, havendo necessidade de correções ou reparos,

causados pela aceleração e propagação de processos de deterioração esses valores se

elevam a vinte e cinco dólares por unidade de área construída, atingindo cento e vinte e

cinco dólares nos casos em que se exijam reparos ou reforços de grandes proporções, ou

até mesmo a substituição.

3.2. Sistema de manutenção predial utilizado pelo Banco do Brasil – Siscop

3.2.1. Histórico

Até o ano de 1989, a manutenção predial no Banco do Brasil era realizada de forma

muito pouco eficaz. Havia normas de manutenção tanto para os usuários ocupantes dos

prédios quanto para o corpo técnico das regionais. As atividades eram, e ainda

permanecem, divididas em parte de responsabilidade dos ocupantes, denominada de

“conservação predial”, e outra denominada “manutenção”, a cargo do departamento

técnico, existindo programação orçamentária, verbas pré definidas para as unidades, bem

como alçada decisória às dependências e regionais. Além de serem poucas, estas normas

estavam defasadas da realidade do estoque, que cresceu em mais de 300%, de 1975 a

1985, superando, hoje, a área total os 4 milhões de metros quadrados.

A título de ilustração pode-se citar algumas normas então em uso, como a vistoria por

parte dos ocupantes com periodicidade mensal. Era preenchido um relatório, que

consistia de aproximadamente 12 itens, incluindo-se dentre eles um para cortinas e

persianas, outro para capacho, ressaltando a importância atribuída a itens pouco

significativos perante o todo. Este itens eram vistoriados e a eles atribuídos três níveis de

avaliação quanto ao estado de conservação: ruim, regular ou bom.

Estes relatórios eram guardados nas dependências (agências e outros pontos) e não eram

encaminhadas cópias ao Departamento de Engenharia, ficando à disposição dos técnicos

na ocasião das vistorias, bem como para os auditores, que também levantavam estes

aspectos em suas auditorias. No corpo técnico do Banco do Brasil havia uma das normas

Page 48: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

32

em que era exigida semestralmente a vistoria a todos os prédios da jurisdição da regional,

meta dificílima de ser atingida, tendo em vista a limitação do corpo técnico perante as

outras atividades. Nesta época, havia muitas obras de construção de prédios novos e

reformas para adaptações de outros.

Portanto, a manutenção era realizada conforme o conhecimento dos técnicos sobre o

estado de conservação de cada unidade em sua região, uma vez que a jurisdição de cada

regional é subdividida em regiões. Em grande parte das situações, as dependências que se

comunicavam com maior freqüência com o Departamento de Engenharia, ou cujo estado

de conservação, por alguma razão, já era de conhecimento do técnico, recebiam mais

atenção que outras, que poderiam estar em situação mais desfavorável quanto à sua

degradação.

A maior falha na manutenção era a falta de planejamento, com base em atuações

prioritárias, e, mesmo, a inexistência de subsídios para esta tarefa, pois não havia a

possibilidade de “visualização” de todo o estoque em determinado “instante”. Neste

período, estava sendo usado um sistema, denominado SISTECNE, que processava

informações originadas pela regionais, e que, embora rico em detalhes sobre andamento

de obras de manutenção, era inconsistente e pouco eficaz para o controle.

3.2.1.1. Nova metodologia para o sistema

Tendo em vista o crescimento do estoque, e conseqüente aumento dos gastos com

manutenção predial, resolveu-se envidar esforços na busca, junto às entidades de

pesquisas, através da participação em congressos e seminários, para encontrar uma nova

metodologia para o planejamento da atividade de manutenção. Nesta época, o setor que

dirigia manutenção de todo estoque consistia de apenas dois engenheiros civis. Dentre

alguns poucos critérios, existentes na época, para determinação do estado físico de

edificações estava a metodologia desenvolvida pelo Ministério da Construção do Japão, e

os conceitos de degradação e predição de vida útil sugeridos por Ishizuka (1983), que,

indubitavelmente se apresentavam mais adequados. A princípio, os maiores obstáculos na

implantação de uma nova filosofia de manutenção predial seriam de aspectos culturais, e

Page 49: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

33

houve necessidade de trabalhos de divulgação e conscientização, tanto junto aos usuários

quanto aos técnicos do Banco do Brasil.

Por não haver sido possível, na ocasião, o acesso a sistemas já desenvolvidos com base

nestes critérios, estabeleceram-se alguma definições iniciais para a criação do sistema.

Foram eleitos os 15 principais componentes (Tabela 3.1) de acordo com o Caderno Geral

de Encargos do Banco do Brasil, que fariam parte do relatório de vistoria, excetuando-se

os itens “fundações” e “estrutura”, que, por implicar na segurança e integridade física dos

seus ocupantes e do próprio prédio, é recomendada a comunicação imediata à unidade

regional da jurisdição.

Tabela 3.1 – Componentes constantes do Relatório de Vistoria usado no SISCOP

Item Componente predial Peso (P)

01 Alvenaria 5,53% 02 Pavimentação 14,30% 03 Revestimento 15,90% 04 Forro Falso 4,73% 05 Marcenaria 9,51% 06 Serralharia 11,11% 07 Ferragens 0,74% 08 Vidraçaria 4,73% 09 Pintura 3,94% 10 Instalações Elétricas 7,92% 11 Instalações Hidro-sanitárias 14,30% 12 Cobertura 1,34% 13 Impermeabilização 1,87% 14 Equipamentos Sanitários e de Cozinha 1,54% 15 Diversos 0,74%

Foi estabelecida uma amplitude de 0 a 10 para os conceitos de degradação (Tabela 3.2), a

serem atribuídas pelo vistoriador em inspeção visual. Os valores e conceitos referentes

ao estado de conservação são agrupados em cinco níveis: péssimo, ruim, regular, bom e

ótimo, correspondendo o índice de degradação do componente (IDC) ao complemento do

índice de conservação do componente (ICC), em valor percentual. Exemplificando: ICC =

3 corresponde a IDC = 70%.

Page 50: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

34

Tabela 3.2 – Conceitos de degradação para planilha de vistoria utilizados pelo Banco do

Brasil

Índice de Conservação

Estado de Conservação Conceito

0 – 1 PÉSSIMO

Totalmente degradado. Sem possibilidade de reparo,

reposição necessária e imediata. Perda total do

desempenho. Vida útil totalmente esgotada.

2 – 3 RUIM

Muitas partes degradadas (mais de 70%). Requer

grandes reparações urgentes. Desempenho residual baixo

e inaceitável. Vida útil muito reduzida mas ainda

prolongável.

4 – 6 REGULAR

Diversas partes degradadas (mais de 40%). Requer

reparações importantes. Desempenho insatisfatório com

perdas significativas. Vida útil reduzida mas

prolongável.

7 – 8 BOM

Algumas partes degradadas (menos de 30%). Requer

pequenas reparações. Desempenho satisfatório sem

perdas significativas. Vida útil pouco reduzida.

9 – 10 ÓTIMO

Degradação inexistente ou insignificante. Reparações

desnecessárias ou adiáveis. Desempenho satisfatório.

Vida útil inalterada.

Seguindo a metodologia, os relatórios de vistoria seriam preenchido pelos próprios

usuários e encaminhados à regional de engenharia, para processamento, permitindo, desta

forma, a manifestação por parte dos ocupantes de sua satisfação com relação a edificação,

quanto ao seu estado físico e funcional. O vistoriador deve ser alertado para se eximir, o

máximo possível, de ponderar valores como padrões estéticos, visuais, cores, formas., etc,

de maneira a não influenciar na avaliação da degradação do componente,

independentemente também do local em que está aplicado. O índice de conservação do

componente deve retratar apenas seu estado físico e funcional, evitando, desta forma

influências que tornem os indicadores subjetivos. Inicialmente, definiu-se uma freqüência

Page 51: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

35

trimestral para a realização periódica de vistoria das dependências.

Para satisfazer a necessidade de se estabelecer uma relação comparativa entre as diversas

unidades do estoque, foi preciso sintetizar em um único índice estes diversos

componentes de um mesmo prédio, denominado índice de degradação (ID). Utilizou-se,

para tanto, uma ponderação dos diversos índices de degradação dos componentes, com

seus respectivos custos relativos à construção de um prédio de porte médio, usando-se um

peso (P) para cada componente, através da seguinte fórmula:

nn

DCnD PII .15

1∑=

= (3.2)

onde: n = componente predial (1 a 15);

IDCn = índice de degradação do componente n;

Pn = peso % do custo do componente n (Tabela 3.1).

Considerou-se como melhor peso para esta ponderação o custo de substituição de cada

componente, mas estes valores eram indisponíveis na época. Justifica-se tal

posicionamento, pois a degradação é um indicativo da parcela do componente que está

necessitando ser substituído ou recuperado, e as atividades de manutenção tem maior

analogia com estas atividades do que com a construção de uma edificação nova, devido

às técnicas construtivas diferenciadas. No desenvolvimento do sistema verificou-se a

necessidade dos pesos variarem, em função do tipo de edificação, classificando-as em

quatro grupos, em função da área. Porém, tal alteração não foi implementada ainda.

Na manutenção, na maior parte das atividades, o componente a ser recuperado recebe

serviços outros, além daqueles realizados durante a construção, como remoção de

material, demolição. Além disso, em grande parte dos trabalhos de reparos/substituição de

componentes há necessidade de remoção de outros componentes, geralmente de

acabamento, muito comum nos casos que envolvem impermeabilizações, sendo, portanto,

esses custos bem mais elevados que os de construção, onde os serviços são, de certa

Page 52: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

36

forma, otimizados. Isto não ocorre em um prédio impossibilitado de ser desativado para

manutenção, onde grande parte dos serviços são realizados em horários noturnos ou em

dias não úteis, encarecendo sobremaneira estes custos.

3.2.1.2. Implantação do novo sistema

No começo de 1990, foi implantado e iniciou-se a utilização, em todo o Brasil, do sistema

de manutenção denominado Siscop (Sistema de Conservação Predial). Como não se tinha

conhecimento de nenhum outro sistema em uso no país, houve receio de não se obter

resultados satisfatórios, principalmente, quanto a possíveis divergências de conceitos por

parte dos usuários. Porém, segundo experiência anterior (John, 1987), antes da utilização

da metodologia em escolas públicas em Porto Alegre, embora o método já tivesse sido

largamente empregado por Ishizuka (1983), foi realizado um pequeno teste da

aplicabilidade da escala de degradação, possibilitando que duas ou mais pessoas,

realizando um mesmo levantamento, encontrem resultados que não diferenciassem

significativamente, embora seja inerente ao processo de desempenho a compreensão que

as pessoas reajam de maneira diferente a um mesmo problema.

Um teste piloto foi realizado em dez prédios do Banco do Brasil, localizados na grande

Porto Alegre, antes de colocar o relatório, normativos e orientações sobre o

preenchimento e a realização das vistoria para uso em todo o país. Dois técnicos da sede

do Departamento de Engenharia em Brasília e diversos técnicos da regional, responsáveis

pela região onde se localizavam os prédios escolhidos, faziam, isoladamente, a vistoria

do prédio e o preenchimento dos relatórios. Em seguida, era verificado o resultado, sendo

então entregue ao usuário de cada prédio designado para sua manutenção toda a

documentação, sem orientações verbais, para que procedesse a mesma vistoria e

preenchesse o relatório de vistoria. Portanto, para cada prédio testado foram feitos quatro

relatórios por pessoas diferentes. Aferidos os resultados, verificou-se que,

estatisticamente, os valores podiam ser bem aceitos, revelando-se melhores que os

esperados.

Notou-se que a maior discrepância ocorrida durante a aplicação do teste piloto foi entre

Page 53: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

37

os valores adotados pelos técnicos visitantes e os atribuídos por um dos técnicos da

regional no item “cobertura” de um dos prédios, sendo o índice atribuído pelo técnico da

região três pontos inferior aos outros dois; isto, posteriormente, foi justificado pelo seu

conhecimento da ocorrência de vazamentos na cobertura durante os períodos chuvosos.

Tal fato veio reforçar o melhor aproveitamento das informações oriundas dos usuários, ou

que, de outra forma, tenham um maior contato com a mesma.

Houve, inicialmente, a preocupação de, durante o processamento do índice de degradação

(ID), verificar se o prédio possuía um índice de degradação do componente (IDC) igual ou

superior a 70%, somente para alguns componentes denominados críticos, tais como

instalações elétricas, instalações hidro-sanitárias, cobertura e impermeabilização, por

questões de segurança ou possibilidade de propagação de danos a outros componentes.

No relatório, o sistema assinala essas ocorrências, chamando a atenção do técnico

responsável pelo prédio. É solicitado um relato sucinto, no verso do relatório, das

deficiências verificadas, indicando o local em que ocorre com maior intensidade,

principalmente quando o índice de degradação do componente (IDC) for igual ou superior

a 60% .

O sistema Siscop funcionava paralelamente a um outro, denominado Sisdepim, onde se

acessavam muitas outras informações, possibilitando a verificação da taxa de ocupação

do prédio (número de ocupantes por m²), a natureza do prédio, se próprio ou alugado, e a

existência de terreno adquirido para construção de novo prédio. Associavam-se estas

informações com o índice de degradação (ID) do prédio, o que reflete, indiretamente, os

gastos futuros com seu uso, e possibilitava uma indicação para iniciar o processo de

construção de novo prédio.

Para procedimentos de programação anual de atuação, cada regional deveria, realizar

vistorias técnicas a partir do prédio mais degradado até o prédio que se situasse logo

acima do limite superior dos índices de degradação, este limite consistindo no valor

médio de todos os índices de degradação (ID) levantados no último trimestre do ano

anterior mais um desvio padrão. Por se tratar de uma distribuição normal este

procedimento faria com que todos os prédios fossem vistoriados, pelo menos a cada seis

anos.

Page 54: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

38

3.2.2. Evolução do sistema Siscop

A primeira versão do sistema foi desenvolvido em linguagem Dbase III e Clipper 4.0 e

suas funções eram restritas, sendo a principal a entrada de dados levantados em campo

através das vistorias efetuadas nos prédios, para formação do banco de dados. Outra

função era estabelecer prioridades e definir a programação anual de atuação de cada

regional. Em uma Segunda, versão elaborada em linguagem Clipper 5.0, foram

acrescentadas algumas funções estatísticas, mas não ao nível desejado, e houve diversos

problemas de funcionamento, a ponto de necessitar nova versão. A terceira versão está

sendo desenvolvida fazendo uso dos programas Access 97 e Visual Basic. As rotinas

necessárias ao tratamento estatístico mais complexo não foram colocadas no sistema, mas

existem a facilidade de exportação de dados para outros aplicativos específicos para

análise estatística. Em 1997, o estoque predial do Banco do Brasil contava com uma área

total construída de 4.121.996 m², compreendendo 7.195 pontos.

3.2.3. Custos globais com manutenção

Como já mencionado, a manutenção no Banco do Brasil está classificada em duas

categorias, uma de responsabilidade dos ocupantes, denominada “conservação predial”, e

outra, denominada “manutenção”, a cargo do departamento técnico. A conservação

predial é a manutenção leve (day to day) e a outra a manutenção pesada (long term),

como classifica Skinner (1983). Inicialmente, estabeleceu-se como meta um repasse

gradativo de algumas atividades da “manutenção” para a “conservação”, com um

aumento da verba destinada às dependências e uma maior autonomia, mantendo com o

departamento técnico apenas os serviços de maior relevância, em detalhes técnicos e

valores expressivos. A verba destinada à conservação, era, inicialmente, calculada com

base nos gastos com pintura, dimensionada pela área construída.

Observa-se, na Figura 3.2, os gastos totais do Banco do Brasil, em US$/ano, durante o

período de 1987 a 1997, onde utilizou-se a cotação média mensal do dólar americano, no

câmbio oficial para venda em todas as indexações. Verifica-se, inicialmente, uma

tendência crescente nos gastos de manutenção nos dois níveis, até o ano de 1990, ano de

Page 55: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

39

implantação do sistema Siscop. Após este período, houve declínio por dois anos seguidos,

contrariando uma tendência de crescimento relativamente acentuado, ao tempo que o ID

médio nacional apresentou decréscimo, apontando os resultados positivos da implantação

do sistema. No período de 1993 em diante, houve cortes orçamentários e, no entanto, a

curto prazo, esses valores cresceram. Nota-se que a contenção de verbas destinadas à

manutenção leve (conservação) acaba por refletir de forma ampliada e incoercível na

manutenção pesada, demonstrando a necessidade de intervenções intempestivas, em vista

da velocidade de propagação de danos, confirmando as observações de Tuutti (1982),

Sitter (1986) e outros.

Embora não seja usual, a análise dos custos de manutenção juntamente com os de

limpeza, sabendo-se que existe uma forte interação entre estas atividades, apresentam-se,

na Figura 3.3, os gastos totais com conservação, manutenção e limpeza. Para

determinados componentes de acabamentos internos e externos, como pavimentação,

pinturas, revestimento, etc., a limpeza é imprescindível para sua maior durabilidade. Da

mesma, forma como ocorreu com a manutenção houve a nítida formação do desenho de

uma “sela”, como na Figura 3.2 devido ao comportamento da manutenção, pois a

limpeza, com veremos a seguir, tem se mostrado continuamente crescente.

Manuntenção Predial

Manutenção

ConservaçãoUS$ 5 milhões

US$ 10 milhões

US$ 15 milhões

US$ 20 milhões

US$ 25 milhões

US$ 30 milhões

US$ 35 milhões

US$ 40 milhões

US$ 45 milhões

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Figura 3.2 – Gastos (US$) do Banco do Brasil S.A. com manutenção de 1987 a 1997

Page 56: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

40

Manutenção, Conservação e Limpeza

US$ 10 milhões

US$ 20 milhões

US$ 30 milhões

US$ 40 milhões

US$ 50 milhões

US$ 60 milhões

US$ 70 milhões

US$ 80 milhões

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

199 6

1997

Figura 3.3 – Gastos anuais (US$) com Manutenção, Conservação e Limpeza, observados

no Banco do Brasil S.A. de 1987 a 1997

Os valores de controle de gastos, geralmente, têm origem na contabilidade, sendo

lançados mensalmente e são confiáveis em termos quantitativos. Porém, observou-se em

balanços de dois meses, alguns lançamentos com valores negativos, tratando-se de contas

essencialmente devedoras, onde não poderiam ocorrer créditos. Após algumas

investigações, chegou-se à conclusão de que se tratavam de acertos contábeis de valores

históricos lançados incorretamente, portanto, devendo-se proceder uma análise minuciosa

destas informações, sendo mais recomendada a observação por períodos anuais, visando,

desta forma, evitar influências de distorções. Outra ocorrência que chamou a atenção foi a

observação de valores extremamente elevados para impostos no ano de 1991 (Figura 3.4).

Após indagações ao departamento contábil, não se chegou a nenhuma elucidação; porém

em outro departamento, obtiveram-se informações verbais de um antigo funcionário do

setor que cuidava do assunto, pois não havia nenhum registro do ocorrido. Trata-se de

lançamento do imposto de IPTU na cidade do Rio de Janeiro, também originário de

acertos de exercícios anteriores. O valor lançado foi de, aproximadamente, US$

42.500.00 quando deveria situar-se entre US$ 11.000.000 a US$ 12.000.000 (valores

observados nos anos anterior e posterior). Tal fato corrobora as observações já feitas

anteriormente.

Page 57: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

41

US$ 5 milhões

US$ 10 milhões

US$ 15 milhões

US$ 20 milhões

US$ 25 milhões

US$ 30 milhões

US$ 35 milhões

US$ 40 milhões

US$ 45 milhões

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

Conservação Manutenção Limpeza Impostos

Figura 3.4 – Gastos anuais (US$) com Manutenção, Conservação, Limpeza e Impostos,

observados no Banco do Brasil S.A., no período de 1987 a 1997

Os custos de operação individualizados são bons indicadores para a comparação entre

prédios, mas valores globais também revelam o comportamento do estoque de prédios.

Foram levantados dados disponíveis somente de 1993 a 1997, referentes aos itens

limpeza, energia, água, impostos e taxas, excetuando portanto o item aluguel,

apresentando um distribuição típica em todos os anos, como o mostrado na Figura 3.5.

Porém, não foram detectados variações significativas para estes itens neste período. Para

análise mais detalhada seria necessária a observação de um período suficientemente

extenso de forma a permitir uma verificação de tendências, sendo muito importante o

conhecimento de mudanças no mercado nas épocas analisadas. Como exemplo, o

aumento de tarifas, alta no mercado imobiliário para locações, aumento do salário

mínimo, etc., que influenciam em alguns custos, devendo ser ponderadas.

Page 58: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

42

Gastos em 1997

Água6%

Energia36%

Impostos11%

Conservação2%

Limpeza21%

Manutenção24%

Figura 3.5 – Custos globais observados no ano de 1997 pelo Banco do Brasil S.A.

3.2.4. Custos unitários com manutenção

Muito embora o comportamento dos custos totais do estoque seja importante, a análise

deve considerar os custos unitários, principalmente na ocorrência de variações

significativas de aumento, substituições ou diminuição do estoque. Proporciona-se, deste

modo, a facilidade de comparação entre estoques, prédios, etc., porém, importando

examinar, com atenção e minúcia, o fato de que estes valores podem variar muito, com

relação a padrões, idade e outras características.

Sendo um dos indicadores mais importantes para a monitoração do estoque, um cuidado

especial deve ser empregado no controle de cadastro das áreas construídas dos prédios.

No banco de dados deverá haver arquivos dos prédios, com as respectivas áreas em

determinadas épocas. No caso em estudo, o ideal seria à mesma época em que são

realizadas as vistorias semestrais.

No desenvolvimento do Siscop, ocorreram três graves erros. Primeiramente, a utilização

de um cadastro baseado em dependências, em vez de prédios, observação feita desde a

sua implantação, pelo fato de algumas dependências mudarem de prédio. Em segundo

lugar, a falta do registro da idade real dos prédios (data de construção), não

implementada até o momento. Estas falhas somente serão corrigidas, com a atualização

Page 59: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

43

do sistema CRM (cadastro de recursos materiais), e o estabelecimento de vínculo entre

estes sistemas. E por último, a falta de coleta periódica de características do banco de

dados, como por exemplo, a área construída. Isto ocasiona perdas irreparáveis ao sistema,

pois o estoque é dinâmico, esses dados devem ser colhidos sistematicamente. Tanto que,

para a análise dos custos, houve necessidade da recomposição das áreas de cada ano

observado, e pela falta de 50% destas informações realizaram-se interpolações e

projeções.

Para os custos de manutenção e limpeza foram feitas observações considerando-os sob as

formas de valor e percentual de reposição, e o resultado foi semelhante ao dos custos

globais, como pode ser observado nas Figuras 3.6, 3.7 e 3.8. Nos índices encontrados, se

comparados com dados de outros países, verifica-se a possibilidade de redução destes

custos. Uma questão fundamental, quanto à redução de custos com manutenção, é a

verificação das condições físicas e funcionais do objeto. Há de haver uma constante

comprovação da conservação ou melhoria do seu estado e desempenho, sendo o limite

para a redução dos custos com manutenção, o resultado vantajoso obtido através da

análise da relação custo x benefício.

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

$0

$2

$4

$6

$8

$10

$12

$14 Manuntenção Predial e Limpeza

Conservação Limpeza Manutenção

Figura 3.6 – Custos unitários despendidos pelo Banco do Brasil S.A., observados no

período de 1987 a 1997 (US$/m²)

Page 60: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

44

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

0%

1%

2%

3%

4%Custo da Manuntenção e Limpeza Predial

Figura 3.7 – Custos de Manutenção e Limpeza no Banco do Brasil S.A. de 1987 a 1997

(% do custo de reposição)

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

0%

1%

2%

3%

Custo da Manuntenção Predial

Figura 3.8 – Custos de manutenção observados no Banco do Brasil S.A., durante o

período de 1987 a 1997 (% do custo de reposição)

3.2.5. Necessidades na manutenção do sistema Siscop

Indubitavelmente, a contemplação do componente estrutura no sistema Siscop, é a maior

necessidade com que se depara, no momento, a manutenção predial no Banco do Brasil.

Além da inestimável importância, por implicar na segurança da edificação, os danos

Page 61: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

45

estruturais podem atingir outros componentes, com altos custos de reposição, tais como

revestimentos, acabamentos, instalações, etc. E ainda, em caso de intervenções, estas

abrangerem outros componentes ainda não atingidos por danos, pela exigência da sua

remoção, para se ter acesso à estrutura. Componentes com função estrutural, raramente

podem ser substituídos à custos resultantes economicamente viáveis, determinando desta

maneira a vida útil do prédio, (Carruthers, 1980). Portanto, sua manutenção exige atenção

intensificada quanto às inspeções, obtenção de diagnósticos corretos, e tempestividade nas

soluções de problemas através de intervenções adequadas.

Outra falha existente no sistema atualmente, além da falta do componente estrutura, é a

forma como os dados são coletados e armazenados. As vistorias realizadas pelas

dependências não são cobradas com rigor, devendo haver sanções para os responsáveis

pelas dependências, que não cumprirem as instruções de realização das vistorias

periódicas.

A forma como as informações são manipuladas, contribui para a perda progressiva dos

dados. O relatório de vistoria semestral, referente ao primeiro semestre de cada ano, não é

processado, sendo os dados apenas assinalados no relatório e arquivado por período de

quatro anos, sendo após este prazo expurgados (incinerados). Tais dados são

irremediavelmente perdidos e irrecuperáveis, pois é praticamente impossível reconstituir

situações decorrido um lapso de tempo tão grande. Mesmo porque, seria uma incoerência

deter informações, por um determinado intervalo de tempo, e depois se desfazer das

mesmas, havendo necessidade de recupera-las futuramente, ainda mais que, o esforço

maior é a coleta das informações (a realização das vistorias), e não o seu armazenamento.

Toda e qualquer informação sobre a edificação, colhida de forma sistemática, e por

períodos regulares de observação, são imprescindíveis sob a ótica da análise de séries

temporais, portanto, todo o sucesso nas futuras utilizações para a modelagem da vida útil

das edificações, e de seus componentes, dependerá destas informações. É importante

ressaltar, que em média a vida útil das edificações, que constituem o estoque, situam-se

em torno de sessenta anos, conforme norma inglesa BS 7543 (BSI, 1992). O ideal seria

possuir informações durante todo este período, perante o qual é relativamente ínfimo o

intervalo de quatro anos. Identifica-se aqui nitidamente uma falta de visão do processo

Page 62: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

46

em sua totalidade, preponderando porém uma visão fragmentada, onde existe

simplesmente a preocupação com as atividades imediatas, olvidando-se aquelas que ainda

estão por serem implementadas, mas que sem dúvidas, serão as mais importantes, e

valiosas em termos de retornos.

Possuindo o Banco do Brasil uma rede interna de informática ampla e bem consolidada, e

a facilidade de transmissão e armazenagem desses dados, poderia ser criado um pequeno

sistema de entrada de dados, acessível a todas as dependências, para a coleta dos dados

contidos nos relatórios de vistoria. Evitando-se desta maneira, também o refazimento de

trabalhos, como a digitação dos relatórios mais de uma vez, além de uniformizar e

unificar os procedimentos para ambos relatórios, ficando transparente ao usuário a forma

de utilização das informações.

O uso de um plano de atuação constante, além de diminuir custos, reduz a chance de

concentração de gastos futuros em torno de um período de tempo relativamente curto.

Exemplifica-se, com a hipotética ocorrência do esgotamento da vida útil de diversas

unidades, ou de componentes importantes, em determinada época, que ao atingirem seu

esgotamento e requerem substituição, provavelmente causarão um grande impacto nos

custos de manutenção de todo o estoque, devido a este concentração de gastos. A

antevisão deste fato, permitiria elaboração de estratégia para evitá-lo ou contorná-lo.

Conquanto, os cortes de verbas para manutenção ocasionem resultados momentâneos, ou

a curto prazo, todavia provocam uma aceleração na degradação do estoque, que poderão

resultar numa concentração dessa natureza, num futuro mais próximo, sem que haja

tempo suficiente para se implementar uma estratégia que vise solucionar a situação.

Torna-se, dessa forma, necessário um maior controle dos custos a nível de componentes,

devendo ser detalhados os seus diversos materiais constituintes, e ao mesmo tempo

monitorado o seu desempenho. As intervenções realizadas, principalmente, as grandes

não são registradas pelo sistema, inexistindo informações sobre a data de realização, tipo

de intervenção, componentes envolvidos e grau de substituição/reparação.

Page 63: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De
Page 64: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 4

METODOLOGIA

Page 65: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

51

CAPÍTULO 4

4. METODOLOGIA

4.1. Revisão do relatório de vistoria semestral (RVS)

4.1.1. Alterações realizadas

No estudo sobre o sistema Siscop elaborado por Lopes (1993), com base nos índices de

conservação dos componentes (ICC) observados no ano de 1992, foram analisados alguns

parâmetros estatísticos, como a média e o coeficiente de variação dos ICC. Entre os

componentes estudados, a vidraçaria apresentava a maior média e menor desvio padrão e

por conseguinte o menor coeficiente de variação. Considerando que esse componente

apresenta vida útil praticamente igual, senão maior, que a do prédio, e seu custo não

figura entre os principais, nos projetos usuais, tanto no custo inicial da obra quanto em

relação aos gastos com manutenção predial, sugeriu-se sua substituição por outro

componente que revelasse maior subsídio para análise de custo e eficiência de projeto.

Da mesma forma, o citado autor considerou que o componente alvenaria, por apresentar

maior vínculo com os componentes estrutura e fundações, muitas vezes, acumula as

funções de um ou de ambos. Tal vinculação permite que alguns problemas de estrutura e

fundações se manifestem, de forma visível, primeiramente nas alvenarias. Concluiu-se

que a maioria de seus problemas devem-se a falhas de projeto ou execução nos

componentes fundações e/ou estrutura, e não por problemas de fim de vida útil ou falta de

manutenção, sugerindo-se sua remoção do RVS (Relatório de Vistoria Semestral) (Anexo

A.1).

Esses componentes haviam sido excluídos do RVS, em 1994, porém, tendo em vista a

importante função de sinalização de problemas ocorridos nos componentes estrutura e

fundações, os mesmos foram posteriormente restituídos, em 1996. A vidraçaria assim

como a alvenaria, em casos de grandes movimentações estruturais, sofrem rupturas em

conseqüência das tensões resultantes, apontando, desta forma, a ocorrência de anomalias

Page 66: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

52

na edificação. Ademais, os erros e falhas, tanto de projeto quanto de execução, não

detectados e corrigidos em suas respectivas fases, deverão sê-los durante a manutenção

da edificação.

4.1.2. Alterações sugeridas

Em vista da utilidade das informações fornecidas pelos ocupantes da edificação, seria

importante, na realização da vistoria, a obtenção dessas informações sobre as condições

da estrutura. Embora deva ser mantida a orientação para contato imediato de técnicos nos

casos de problemas com a estrutura, alguns detalhes poderiam ser passados através do

relatório de vistoria semestral, tais como a observação das seguintes ocorrências:

a) Surgimento ou aumento de fissuras em peças de concreto armado, em seus

revestimentos ou em alvenarias;

b) Sinais de esmagamento de peças estruturais, provenientes de ruptura do concreto por

compressão, devido a esforços excessivos em relação a sua resistência;

c) Corrosão de armaduras, evidenciadas pelo aparecimento de manchas marrom

avermelhadas ou esverdeadas na superfície do elemento estrutural ou do seu

revestimento. Manchas provenientes do afloramento de óxidos de ferro, oriundos da

corrosão das armaduras, carreados através de lixiviação ou outro mecanismo,

apresentando aumento de volume e perda da seção por desagregação;

d) Mudança na geometria de peças estruturais que possa ser constatada visualmente,

como flecha em lajes ou vigas, desnivelamento de pisos ou tetos, perda de prumo

(verticalidade) de pilares, paredes, cortinas etc.;

e) Deformação de outros componentes, sem razão aparente, tais como esquadrias,

divisórias, forros, etc, provocando a quebra de vidros e dificultando, eventualmente, o

seu funcionamento, como por exemplo, portas que passam a raspar no piso ou soleira,

e janelas em seus batentes;

Page 67: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

53

f) Verificação de alteração na utilização dos espaços da edificação, que ocasione a

colocação de material cujo peso possa ultrapassar a capacidade de carga fixada em

projeto para o local;

g) Existência de juntas de dilatação sem tratamento adequado, preenchidas com material

rígido ou que tenha perdido a elasticidade. Que apresente no concreto em seu entorno

o desprendimento de lascas ou surgimento de fissuras. Sem tratamento de

impermeabilização ou com tratamento danificado;

h) Percolação de água ou outro líquido através do concreto provocando carreamento de

materiais. Aparecimento de manchas brancas na superfície, proveniente das águas que

penetram no concreto, podendo com o tempo formar estalactites. Ocorrem

freqüentemente nas fissuras em lajes, principalmente em locais em contato freqüente

com a água, tais como reservatórios, calhas e banheiros;

i) Armaduras expostas ou cuja localização seja visível em função de manchas

reticuladas, evidenciando sua proximidade da superfície.

Para atender à mudança proposta, faz-se necessário alterar os itens do relatório de vistoria

semestral (RVS), incluindo o componente estrutura, no qual os usuários deverão assinalar

as anomalias ocorridas na estrutura da edificação, de acordo com orientações específicas,

baseadas nas observações acima, e atribuir um índice de conservação do componente

(ICC) para ela. Este componente não entraria no cálculo do índice de degradação (ID) do

prédio, servindo apenas como indicador das condições do componente, para apreciação e

análise do técnico responsável pela região a que pertence o prédio.

Na última revisão do sistema Siscop foram introduzidos os itens “Programação Visual”

(abrangendo letreiros, totens, placas de identificação e sinalização, etc.), e

“Documentação do Prédio” (escritura, certidões, averbações, recolhimento de impostos,

taxas e tarifas relativas ao prédio), sendo que ambos, apesar de receberem atribuição de

notas, não influenciam no cálculo do índice de degradação (ID) do prédio. Julga-se

oportuna a substituição deste último pelo item “Estrutura”, uma vez que a parte

Page 68: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

54

documental da edificação tem pouca significância para a sua manutenção.

4.2. Inspeção

O melhor resultado de uma inspeção dependerá basicamente do perfil do técnico, que

deverá possuir, além de alguma experiência na área de manutenção, uma inclinação para a

investigação e pesquisa. Constantemente, defrontar-se-á com problemas provenientes de

falhas originadas nos projetos, na execução, na qualidade de materiais, na utilização e na

própria manutenção, ou ainda provenientes de duas ou mais falhas de origens diferentes.

Estes problemas, de difícil equacionamento, requerem minúcia na inspeção e, não raro,

evocar o auxílio de um especialista. Contudo, a qualidade e a quantidade de informações

levantadas são vitais para o processo de resolução. Por conseguinte, torna-se necessária a

realização uma inspeção criteriosa, de acordo com uma programação constituída de etapas

preestabelecidas.

4.2.1. Etapas do programa de inspeção

Para facilitar e padronizar os procedimentos na realização da inspeção nas edificações,

utilizar-se-á um programa de inspeção constante de cinco etapas, a saber:

– Histórico;

– Planejamento;

– Inspeção Geral;

– Inspeção Detalhada;

– Processamento de informações e resultados.

Estas etapas, sintetizadas na Tabela 4.1 e detalhadas a seguir, foram baseadas em preceitos

do CEB (1989) para avaliar estruturas acabadas de concreto armado, resumidas num total

de seis etapas básicas, conforme Tabela 4.2. A recomendação, apesar de direcionada para a

avaliação, servirá parcialmente para a definição de algumas etapas da inspeção dos

diversos componentes de uma edificação.

Page 69: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

55

Tabela 4.1 – Programa para inspeção em edificações

ETAPA OBJETIVOS OPERAÇÕES Histórico Obter informações importantes sobre a

edificação, efeitos climáticos e do meio

ambiente no qual está inserido, para

auxílio nas demais etapas da inspeção,

notadamente no planejamento.

– Pesquisar dados

históricos sobre projeto,

execução, operação, uso e

manutenção da edificação

– Pesquisar dados regionais

sobre o clima, atmosfera,

micro e meio ambiente

Planejamento Estabelecer, com base na análise das

informações obtidas na fase anterior, um

plano de inspeção, de forma eficiente, e

otimizando todos recursos disponíveis.

Dividir a edificação em blocos, níveis,

etc., e elaborar um cronograma de

inspeção com detalhamento.

– Analisar dados históricos,

resultados de testes e

ensaios

– Estabelecer cronograma

– Definir todos os materiais

e equipamentos a serem

utilizados na inspeção

Inspeção geral Estudar e entender o funcionamento da

edificação. Selecionar áreas para a

inspeção detalhada. Determinar técnicas

de medição mais apropriadas.

– Inspeção visual

– Documentação fotográfica

– Ensaios não destrutivos

– Medições

Inspeção

detalhada

Levantar informações minuciosas dos

danos que acometem os componentes, de

modo a possibilitar diagnósticos precisos.

– Selecionar amostras

– Ensaios físicos/químicos

– Ensaios destrutivos

Processamento

de informações

e resultados

Com base nos dados coletados, processar a

avaliação da edificação, considerando

todos os seus componentes, inclusive a

estrutura, sob o ponto de vista da

deterioração.

– Análise da deterioração

– Pesquisa complementar

– Análise complementar

– Diagnóstico e prognóstico

Page 70: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

56

Tabela 4.2 – Etapas para avaliação de estruturas acabadas de concreto armado (CEB,

1989)

ETAPA OBJETIVOS OPERAÇÕES Pré-planejamento

Assegurar que a investigação seja eficiente, segundo os conhecimento técnicos e os recursos econômicos disponíveis.

– Coletar dados históricos e resultados de testes

Inspeção geral Entender o funcionamento da estrutura. Selecionar áreas para a inspeção detalhada. Determinar as técnicas de medição mais apropriadas.

– Inspeção visual – Relatório fotográfico – Uso de ensaios não

destrutivos – Selecionar amostras

Inspeção detalhada

Obter dados suficientes e confiáveis que possibilitem uma avaliação segura da estrutura.

– Ensaios destrutivos – Provas de carga – Ensaios físicos e químicos

Apresentação dos resultados

Assegurar que os resultados sejam facilmente consultados e comparados.

– Elaboração de diagramas e gráficos por computador

– Análise estatística Interpretação dos resultados

Utilizar os dados para a avaliação do desempenho presente e futuro da estrutura frente aos requisitos impostos.

– Análise estrutural – Análise de deterioração – Comparação com

experiências anteriores Recomendações

Determinar quais as ações de reparo, reforço, tratamento preventivo ou investigações adicionais a serem tomadas.

A inspeção de qualquer componente deverá ser precedida de um planejamento. Mas antes

de planejar é indispensável uma breve investigação sobre a edificação, desde sua

concepção, projeto, execução, operação, uso e manutenção. Uma concisa anamnese é

muito importante para definições no planejamento, e no levantamento de informações

complementares sobre a edificação, recomendada por Helene (1997), para o

desenvolvimento do trabalho e obtenção de um correto diagnóstico e prognóstico.

Coletam-se dados sobre suas origens, as necessidades iniciais para a qual foi concebida,

parâmetros que nortearam o desenvolvimento do projeto, sua destinação inicial,

características da execução, outras utilizações por que passou a edificação, reformas e

acréscimos importantes, alterações e modernizações realizadas, etc., de maneira a formar

Page 71: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

57

um histórico sucinto. Quanto à região, verificar condições climáticas, incidência de ventos,

índice pluviométrico, umidade relativa do ar, variações térmicas, presença de agente

agressivo no ambiente ou micro ambiente, condições geológicas, etc. Com base nessas

informações preliminarmente levantadas, juntam-se outras obtidas em:

– projetos arquitetônicos;

– projetos estruturais;

– projetos de instalações;

– especificações técnicas;

– tecnologia empregada;

– cadernos de encargos;

– diários de obra;

– resultados dos ensaios de controle tecnológico;

– laudos e atestados de materiais empregados.

E, finalmente, elabora-se um plano de inspeção. Esta fase visará minimizar o tempo

dispendido bem como os recursos envolvidos, conciliando-os da maneira mais eficaz,

otimizando assim a inspeção. Muitas destas informações não estarão disponíveis,

principalmente, quando se tratar de imóveis locados de terceiros, ocorrência muito comum,

atualmente, em face da tendência à desmobilização por parte da maioria das entidades

possuidoras de grandes estoques de edifícios, ou quando se tratar de imóveis antigos.

Todavia, esta fase não poderá demandar tempo excessivo a fim de não comprometer a

duração total da inspeção. Estabelece-se um cronograma de inspeção com base na área

total da edificação e na dificuldade de acesso às suas partes. Algumas fachadas altas, por

exemplo, possuem acesso por meio de gôndolas ou balancins, que demandam tempo na

sua preparação e operação, outras, sem possibilidade de acesso rápido, requerem uma

vistoria apenas com a utilização de binóculos ou outro instrumento ótico semelhante como

câmara fotográfica com teleobjetivas.

Concluído o planejamento, realiza-se a inspeção em duas etapas. Inicialmente, executa-se

uma inspeção geral, objetivando o conhecimento global da edificação, identificando locais

com problemas, e elegendo áreas para inspeções detalhadas. Nesta etapa, a inspeção é

Page 72: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

58

essencialmente visual, sendo conveniente a elaboração de uma documentação fotográfica,

pois o registro das imagens enriquecerá e facilitará, futuramente, a obtenção de um

diagnóstico mais acertado. Há, também, a possibilidade de digitalização de imagens que

poderá alimentar banco de dados, de forma a ser utilizado em sistemas especialistas, e

auxiliar na monitoração de danos ao longo do tempo.

Na inspeção detalhada, os elementos/materiais danificados do componente são

primeiramente identificados e quantificados, para, em seguida, serem examinados

minuciosamente, submetendo-os a verificações e medições de algumas de suas principais

características, através de ensaios “in situ”. Nesta ocasião, deve-se também documentar

fotograficamente as condições peculiares em que se encontram os diversos elementos e

materiais que apresentem danos. Poderá, ainda, haver necessidade de coleta de amostras

para ensaios complementares em laboratório ou a programação de realização de outros

ensaios “in situ”, que exijam equipamentos mais sofisticados. Nesta etapa, é realizado o

diagnóstico dos diversos danos existentes, ou, em alguns casos, é iniciada uma pesquisa

para obtê-lo.

4.2.2. Inspeção dos diversos componentes

Dentre as informações utilizadas na inspeção, indubitavelmente os projetos são de extrema

importância; portanto, sua obtenção definirá um expressivo ganho de tempo no decorrer do

trabalho, além de propiciar uma aferição mais precisa da edificação. Infelizmente, nem

sempre se logra êxito na procura de projetos, e, quanto maior a idade da edificação,

menores são as chances. Tornando-se muito comum, ao encontrá-los, a verificação de que

estão incompletos, fato que também prejudica o andamento do trabalho.

Nestes casos, é necessário uma forma alternativa para identificação e localização dos

componentes que apresentem alguma manifestação de dano. Sugere-se a uniformização

deste procedimento, com a utilização, como referência do pavimento (ou nível), associado

a outro recurso para definição, de preferência com o estabelecimento de eixos

coordenados, com origem perpendicular aos pontos extremos inferior e esquerdo, de

maneira que as coordenadas de qualquer ponto da edificação sejam sempre positivas.

Page 73: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

59

Outra alternativa seria o emprego de câmaras de raio infravermelhos, em que a obtenção

precisa das coordenadas seria extremamente facilitada, reduzindo o risco de erros e

facultando a armazenagem de dados no sistema de manutenção predial.

Alguns equipamentos tornam-se imprescindíveis na inspeção de edificações. Addleson

(1992) relaciona um kit básico e outro especializado, dentre eles, destacam-se os seguintes:

prancheta de rascunho; escalas; nível de bolha, prumo, trenas; paquímetro; higrômetro;

fissurômetro; câmara fotográfica ou de vídeo, com filtros, objetivas, flash ou lâmpadas;

lanternas; lupas; espelhos; binóculos; bússola; martelos; marretas; ponteiros; talhadeiras;

furadeira elétrica e brocas; etc. Hoje, indubitavelmente, deve-se acrescer a utilização de

computadores portáteis, com inúmeras funções a serem utilizadas na inspeção e

monitoração das edificações (Sjöström, 1997).

As informações sobre a durabilidade de materiais devem ser levantadas durante a

inspeção. Ao detectar quaisquer anomalias em partes dos componentes, deve-se verificar a

sua idade real, extensão do dano, diagnosticar a causa de sua deterioração, as providências

a serem tomadas e sua urgência. É fundamental a sistematização da coleta de dados para a

determinação da idade (vida útil) dos materiais, a serem catalogados com máxima

fidelidade, para que, futuramente, se possa determinar o desempenho do material

empregado em condições reais de uso, manutenção, etc.

4.2.3. Inspeção do componente estrutura

Para a inspeção do componente estrutura são válidas as recomendações feitas para os

demais componentes, porém, é necessário ao técnico vistoriador conhecimento suficiente

para entender o funcionamento da estrutura, que permita a identificação dos danos que

acometem as estruturas de concreto armado com maior freqüência e suas formas de

manifestação. Por se tratar de matéria específica, é recomendável o treinamento dos

técnicos que farão as vistorias, por intermédio de participação em cursos que contenha em

seu programa temas como, “Patologia das estruturas”, “Manutenção de estruturas”,

“Métodos de recuperação de estruturas”, entre outras.

Page 74: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

60

Durante a inspeção geral devem ser observados, atentamente, os diversos aspectos que

possam influenciar na deterioração dos elementos estruturais, como a proximidade do mar,

predominância de ventos, umidade, nível de poluição, etc. Torna-se cada vez mais

importante o relacionamento de danos com a susceptibilidade dos componentes serem

afetados pela agressividade do meio ambiente, devendo ser não apenas monitorada esta

influência, mas investigada, como historicamente ocorre este fato, através de sistemas de

informações geográficas (Sjöström, 1997). Além das mudanças dos níveis de agressividade

regional, uma edificação poderá apresentar um quadro de maior ou menor grau de

exposição a esta agressividade ao longo do tempo, através de mudanças de barreiras

naturais como arborização, relevo, etc., ou mesmo a construção de edifícios altos em seu

entorno, protegendo-o, ou a demolição de edificações, passando a expô-lo de forma mais

acentuada. Da mesma forma a implantação ou desativação de uma indústria, que altere as

condições ambientais de sua vizinhança, poderá influenciar na monitoração das

edificações em sua zona de influência.

Tratamentos matemáticos de modelagem poderão auxiliar na previsão da velocidade de

degradação da estrutura, em função das patologias associadas a outras variáveis, como

características ambientais, de projeto, de materiais, de execução, de uso, de manutenção,

etc. Estes tratamentos terão possibilidade de serem realizados com base na observação de

séries históricas e através dos grandes recursos computacionais atuais, como no exemplo

do projeto europeu Wood Assess ilustrado por Sjöström (1997). Tal procedimento

também poderá ser aplicado aos demais componentes, considerando inclusive a sinergia

existente entre diversos danos observados.

A estrutura, quando revestida, demandará maiores cuidados durante a inspeção, exigindo

do vistoriador redobrada atenção. Neste caso, as manifestações dos danos durante a fase de

iniciação são retardadas, pela dissimulação provocada pelos acabamentos colocados sobre

a estrutura, e, em alguns casos, sequer é possível a constatação da existência de danos

como ninhos de concretagem ou segregação do concreto. Por esta razão, existe a

preocupação da detecção de anomalias com maior acuidade, porque, quando são passíveis

de serem observadas, já se encontram em estágio mais avançado, onde ocorre a

propagação do dano, demandando maiores recursos e urgência nas intervenções. Portanto,

a observação de manifestações nos acabamentos aplicados sobre a estrutura deve gerar

Page 75: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

61

expectativas quanto ao seu estado de deterioração, havendo durante a investigação dos

danos a provável necessidade de remoção do revestimento, para possibilitar um exame

mais minucioso do elemento nestes locais.

Na falta de informações, como pranchas de projetos, deve-se estabelecer formas de

identificar os elementos, através de eixos coordenados e níveis ou pavimentos, como

sugerido anteriormente para os diversos componentes. Durante a fase da inspeção

detalhada, será fundamental realizar testes nas áreas de inspeção para medir, com o auxílio

de um paquímetro, a camada de carbonatação, empregando solução de fenolfetaleína a 1%

, e medir também o cobrimento de concreto nas armaduras. Nos casos de localidades

litorâneas ou em que haja suspeição de contaminação por cloretos, deve-se coletar

amostras do concreto para análise laboratorial.

4.3. Alterações na utilização da metodologia de Castro (1994) para o componente

estrutura

A utilização da metodologia deve ser feita segundo as necessidades de cada entidade e

conforme as características do seu estoque. A metodologia foi inicialmente aplicada por

Castro (1994) em dois prédios, um deles o prédio do Departamento de Engenharia Civil da

Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, uma edificação escolar pública, e o

outro um prédio residencial de propriedade da Universidade de Brasília, localizado na

SQN 107, bloco H, ambos em Brasília DF. Posteriormente Andrade (1997) também fez

uso da metodologia em prédio residencial em Recife PE, da forma como foi concebida,

sem qualquer alteração na formulação dos cálculos, e utilizando apenas três famílias de

elementos estruturais, pilar, viga e aparelho de apoio, sendo esta última família uma

inclusão dentre aquelas usadas originalmente por Castro (1994). Antes da utilização da

metodologia em seis prédios de uso comercial de propriedade do Banco do Brasil S.A.

verificou-se a necessidade de algumas pequenas alterações na metodologia, visando uma

maior abrangência e facilidade de sua aplicação. Inicialmente, observou-se a necessidade

de se alterar a nomenclatura das famílias, o acréscimo de alguns outros danos e a

realização de alguns ensaios.

Page 76: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

62

4.3.1. Alterações na família de elementos

Originalmente consta da metodologia que a estrutura deve ser subdividida em famílias de

elementos, e dentre elas uma é denominada “juntas”. No entanto, há dificuldade durante a

inspeção para se identificar tais elementos. Por estar uma junta entre elementos como

pilares, vigas, lajes, etc., ao se atribuir danos a ela poderá incorrer no erro de não assinala-

los em todos os elementos que a conformam, e que são afetados por seus danos. Os danos

mais comuns que ocorrem às juntas devem-se a mau dimensionamento, falha de execução,

falta ou deterioração do tratamento para impermeabilização, etc. Sendo assim, definiu-se

pela retirada desta família de elementos, mantendo-se as demais: pilar; viga; laje; escada

ou rampa; reservatório; bloco e elemento arquitetônico, optando-se pela inclusão dano

“junta danificada” na relação de danos por elemento. Ainda porque, em projetos estruturais

não se tem o hábito de identifica-los. Muito embora tais detalhes devessem receber uma

atenção especial nas fases de projeto, execução, e utilização (manutenção) da edificação,

pois é onde ocorrem muitas falhas que contribuem grandemente para a deterioração da

estrutura bem como de outros componentes.

4.3.2. Alterações na relação dos danos

Os danos relacionados na metodologia desenvolvida por Castro (1994) têm origem na

degradação material do componente e outros mecanismos de deterioração, ou em falhas

construtivas, que de alguma forma contribua para o desenvolvimento ou aceleração da

degradação/deterioração do componente. Algumas destes danos são estáveis (ninhos de

concretagem, cobrimento deficiente, etc.), podendo, porém, influenciar na evolução de

outros danos, ao passo que outros são dinâmicos, sofrendo modificações de acordo com

diversos fatores. Portanto, todos eles devem ser levantados numa avaliação de danos,

mesmo que não apresente possibilidade de evolução, pois de alguma forma poderão alterar

o comportamento do componente. Da mesma forma verifica-se a necessidade de

determinar condições ambientais, a presença de agentes físicos ou químicos, etc., de forma

que se possa monitorar e correlacionar as diversas variáveis, e possibilitar a modelagem do

comportamento do componente quanto à sua degradação/deterioração. A necessidade de

alimentação do sistema com o maior número possível de informações, poderá ser de

Page 77: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

63

fundamental importância para o seu perfeito funcionamento, facilitando o diagnóstico do

especialista com base nas observações do vistoriador. Exemplificando, o surgimento de

fissuras em determinada peça estrutural, poderá ser melhor dignosticado, se for informada

a existência de outros danos tais como problemas de geometria da peça.

Alterou-se a relação de danos com a unificação daqueles referentes à junta, englobando-os

sob a denominação de “junta danificada”. Procedeu-se da mesma forma com os danos

referentes a recalques e a deslocamentos da estrutura, unificando-os sob a denominação de

“recalque/deslocamento”. O dano referente a corrosão estava denominado apenas de

“mancha de corrosão”, tendo sido alterado para “corrosão” abrangendo todos seus

estágios, desde o surgimento de manchas de corrosão, que são os primeiros indícios, até a

perda total da seção da armadura. Por outro lado, acrescentaram-se os danos referentes a

deformação lenta ou fluência, sobrecarga, agressão ambiental e junção de elementos. A

seguir estão relacionados os danos e sua conceituação:

a) Segregação: Deficiência de concretagem, com exposição de agregados, devido a um

ou mais dos seguintes problemas: dosagem inadequada, diâmetro máximo

característico do agregado graúdo não condizente com as dimensões da peça,

lançamento e adensamento inadequados e taxas excessivas de armaduras;

b) Lixiviação/Eflorescência: Percolação de água ou soluções através do concreto ou

sobre o concreto, provocando carreamento de materiais. Aparecimento de manchas

brancas na superfície, proveniente das águas que penetram no concreto, carregando a

cal liberada na hidratação do cimento, que é extremamente solúvel em águas,

principalmente puras e brandas. Ocorrem freqüentemente nas fissuras em lajes,

podendo, com o tempo formar estalactites;

c) Desagregação: Fenômeno característico de ataque químico no concreto com perda da

capacidade aglomerante da pasta, causando a separação dos agregados;

d) Esfoliação: Ocorrência de lascas que se destacam do concreto por vários motivos,

como por exemplo: proveniente de choques, por corrosão da armadura, por pressão ou

Page 78: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

64

expansão no interior do concreto, etc.;

e) Carbonatação: O dióxido de carbono, CO2 , presente no ar, penetra através da rede de

poros do concreto e reage com os constituintes alcalinos da pasta de cimento,

principalmente com o hidróxido de cálcio. A carbonatação da cal reduz o pH da fase

aquosa do concreto e provoca a despassivação das armaduras. Pode ser detectado por

meio de um ensaio simples, através da utilização da fenolftaleína como indicador. A

parte carbonatada do concreto fica incolor (pH < 8,5) e a parte não carbonatada

permanece vermelho carmim;

f) Fissuração inaceitável: NB-1/78 – considera-se que a fissuração é nociva quando a

abertura das fissuras na superfície do concreto ultrapassa os seguintes valores: 0,1 mm

(peça não protegida em meio agressivo); 0,2 mm (peça não protegida em meio não

agressivo); 0,3 mm (peça protegida);

g) Flecha excessiva: NB-1/78, considera: 1) Para carga total (permanente + sobrecargas)

flechas < 1/300 do vão e < 1/500 do comprimento do balanço; 2) para cargas

acidentais flechas < 1/500 do vão e < 1/250 do comprimento do balanço;

h) Desvio de geometria: Prumo: verticalidade das peças estruturais, com evidência para

pilares; Excentricidade: quando possível, observar a ocorrência, nas zonas de

interrupção de concretagem, de desvio das seções de peças estruturais subseqüentes;

Furos Passantes: existência de furos, não previstos em projeto, para passagem de

instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias, ar condicionado, etc., que podem

comprometer a segurança estrutural e expor a armadura ao meio ambiente, propiciando

a sua corrosão; Nível: horizontalidade das peças estruturais;

i) Cobrimento deficiente: NB-1/78 – considera-se que qualquer barra da armadura,

inclusive de distribuição, de montagem e estribos, deve ter cobrimento de concreto

pelo menos igual ao seu diâmetro, mas não menor que: 1) Revestidas internas: lajes

[0,5 cm]; paredes [1,0 cm]; vigas, pilares e arcos [1,5 cm]; 2) Revestidas externas: lajes

e paredes [1,5 cm]; vigas, pilares e arcos [2,0 cm]; 3) Aparente: internas [2,0 cm] e

externas [2,5 cm]; 4) Em contato com o solo [3,0 cm] e 5) Em meio agressivo [4,0

Page 79: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

65

cm];

j) Corrosão: Manifestada, no início, pelo aparecimento de manchas marrom

avermelhadas ou esverdeadas na superfície do elemento estrutural, devido à lixiviação

dos óxidos de corrosão formado sobre as armaduras, e agravada nos demais estágios,

até a perda total da seção da armadura por desagregação;

k) Cloreto (presença): Devido ao emprego de aditivos à base de cloretos na execução do

concreto, principalmente em pré-moldados, ou à penetração de cloretos provenientes

do meio ambiente (como, por exemplo, regiões marítimas), ou contaminação. Como

conseqüência, pode-se ter: fissuras generalizadas sobre a armadura e manchas

escurecidas, devido à retenção de umidade, criando fungos no concreto;

l) Mancha: Devido ao depósito sobre a superfície de fungos, mofos, etc., por exemplo,

manchas negras nas fachadas;

m) Deformação lenta: Deformação progressiva do concreto em função do tempo, sob

ação de carga constante (permanente e acidental);

n) Sobrecarga: Decorrente de todas ações que podem atuar sobre a estrutura, incluindo-

se o uso impróprio, em que são desobedecidas as restrições de projeto (norma NBR

6120) para o seu carregamento (pessoas, móveis, veículos, etc.), devendo-se supor a

probabilidade de ocorrência simultânea destes elementos. Pode haver necessidade de

se considerar outras cargas, como vento, efeitos térmicos, neve, etc., que, por se

tratarem de fatores climáticos e sujeitos a variações sazonais, devem ser consultados

bancos de dados climatológicos da região;

o) Agressão ambiental: Classes de exposição segundo o código modelo do CEB (1991):

1 – Ambiente Seco; 2 – Ambiente Úmido: A (com geada) e B (sem geada); 3 –

Ambiente Úmido com geada e sujeito a agentes de degelo; 4 – Ambiente Marinho: A

(com geada) e B (sem geada); 5 – Ambiente Quimicamente agressivo (gás, líquido ou

sólido): A (ligeiramente agressivo), B (moderadamente agressivo) e C (altamente

agressivo);

Page 80: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

66

p) Infiltração/Vazamento: Penetração de umidade ou líquidos no concreto, devido à

existência de falhas de execução, de impermeabilização, fissuras, alta permeabilidade,

falta de proteção ao elemento, etc.;

q) Recalque/Deslocamento: Movimentação estrutural em função de deformação

excessiva e/ou diferencial do solo, por mau dimensionamento das fundações,

sobrecargas excessivas, infiltrações ou elevação do lençol freático;

r) Ninho de concretagem: Regiões com concreto de baixa compacidade ou ausência do

concreto devido a falhas nas operações de lançamento e adensamento, vazamento de

formas, densidade da armadura, etc., comprometem a resistência do concreto, sua

aderência à armadura, ou potencializam a ação degenerativa ambiental. Com maior

incidência em partes inferiores de vigas, pilares, paredes estruturais, e na região de

encontros entre estes elementos. Detecção visual ou auscultação por impacto de

martelo;

s) Esmagamento: Ruptura com maceramento do concreto, em função de carga excessiva

para a resistência da peça, ou devido a movimentação da superestrutura;

t) Junta danificada: Preenchimento da junta de dilatação com material rígido ou com

baixo módulo de elasticidade, ocasionando tensões indesejáveis à estrutura. Junta mal

dimensionada ou sem impermeabilização.

u) Junção de elementos: Ocorrência de fixação de elementos estruturais a outros,

elaborados em épocas diferentes, havendo junção entre concreto novo e velho ou outro

material, sem a necessária aderência ou compatibilização.

Cabe ressaltar a necessidade de distinguir as origens diversas de alguns danos, tal como o

caso de fissuras, que tanto poderão advir de manifestação de problemas estruturais, quanto

de deformações previstas e aceitas por norma. Principalmente para o caso de monitoração

destes danos.

Page 81: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

67

4.3.3. Inclusão de ensaios na inspeção

Alguns danos demandam uma investigação mais minuciosa da estrutura, como nos casos

do cobrimento deficiente, profundidade da carbonatação e da presença de cloretos, todos

eles relacionados a mecanismos de deterioração da armadura. A carbonatação age por ação

de gás carbônico da atmosfera, que penetra por difusão e reage com os hidróxidos

alcalinos da solução dos poros do concreto, reduzindo o seu pH e podendo despassivar a

armadura. Este fenômeno ocorre com maior freqüência nas grandes metrópoles, onde há

maior concentração de dióxido de carbono no ar, e, internamente, em ambientes onde

funcionam motores e equipamentos que utilizem a queima de combustível como fonte de

energia. Da mesma maneira, poderá ocorrer a despassivação pelo elevado teor de íon

cloro (cloreto), através da penetração do cloreto por processos de difusão, de impregnação

ou de absorção capilar de águas contendo teores de cloreto, que, ao superarem um certo

limite em relação à concentração de hidroxilas na solução dos poros do concreto,

despassivam a superfície do aço e instalam a corrosão. O limite recomendado pela

literatura é de 0,4% com relação à massa de cimento (Helene, 1993), porém, esse teor varia

em função de muitos condicionantes e pode estar entre 0,05 a 1% da massa de cimento

utilizada na mistura do concreto (Helene, 1997).

Portanto, muitas vezes, é necessária a realização de ensaios durante a inspeção detalhada.

O número de áreas de inspeção deverá ser seis, devendo a escolha destas áreas ser feita

durante a inspeção geral, quando eleger-se-ão seis elementos estruturais distintos, tomando

por base localizações mais expostas e susceptíveis a deterioração, cuja possibilidade de

apresentar ou vir a apresentar, futuramente, alguma espécie de dano seja maior, ou

elementos que, pela importância estrutural, requeiram uma atenção maior na monitoração.

Cada área de inspeção medirá em torno de dois metros quadrados, onde serão escolhidos

seis pontos, que deverão distar no mínimo de trinta centímetros uns dos outros. Para tanto,

recomenda-se desenhar no elemento uma área de aproximadamente 150x150cm, com um

reticulado de cerca de 30x30cm, originando nos cruzamentos vinte e cinco pontos, dos

quais seis serão escolhidos. Obter-se-á o total de trinta e seis pontos distintos da estrutura,

formando, portanto, uma grande amostra (amostras com mais de trinta elementos),

facilitando a realização de um tratamento estatístico mais aprimorado.

Page 82: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

68

Em cada um dos pontos serão feitos medidas, com uso de um paquímetro, do cobrimento

do concreto, tomando-se o cuidado, para quando for o caso, retirar o revestimento

existente, fazendo anotação de sua espessura, em milímetros, bem como de sua natureza.

Outras observações são importantes, como no caso de pinturas, sejam quais forem, pois

são barreiras protetoras que poderão ser consideradas posteriormente durante a análise. As

aberturas no concreto para a medição deverão ser realizadas, de preferência, com a

utilização de ponteiro e marreta. As medidas serão tomadas, nos casos de pontos em

arestas de elementos estruturais, a partir da face mais próxima até a armadura (geralmente

o estribo).

Após a realização das medidas de cobrimento da armadura, dever-se-á realizar, logo em

seguida, a medida da profundidade de carbonatação, utilizando-se para tanto uma solução

de álcool e fenolfetaleína a 1%, que deverá ser aspergida sobre as fraturas nestes mesmos

pontos. Não é recomendável que se faça o ensaio em furos realizados com furadeiras

elétricas e brocas com ponta de metal duro, pois a alta rotação e o atrito podem alterar a

superfície do furo, dificultando a reação da solução, sendo preferível o aproveitamento das

aberturas realizadas com a utilização de ponteiro e marreta, pois resultam em superfícies

fraturadas praticamente sem alterações.

A coleta de concreto para ensaio em laboratório do teor de cloreto, em todas as vistorias da

estrutura, é recomendável para edifícios nas seguintes situações: localizados em cidade

litorâneas; suspeição de contaminação de materiais; ou utilização excessiva de aditivos

aceleradores de pega à base de cloretos. Antes da coleta do material, torna-se importante a

observação dos valores encontrados para a medida de cobrimento da armadura, pois

dependendo destes valores, serão definidos o número de locais onde serão retiradas as

amostras do concreto.

O material coletado, geralmente, é retirado sob a forma de pó com furadeiras elétricas,

dificultando sobremaneira o seu acondicionamento em áreas desabrigadas e expostas a

incidência de ventos. A profundidade de coleta poderá ser definida a cada 5mm ou a cada

10mm, sendo o ideal a coleta em pelo menos três profundidades para propiciar uma

melhor visualização da penetração de cloretos.

Page 83: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

69

Este ensaio é mais importante para casos em que se constata a insuficiência da espessura

do cobrimento, pois aumenta a probabilidade da ocorrência de despassivação da armadura.

Configurando situação em que se exigiria uma espessura de camada menor no intuito de

refinar as medidas, mas que paradoxalmente torna-se mais susceptível de agregar erros

provenientes da forma de coleta. Isto porque na utilização de brocas para concreto o

volume retirado tem a forma cilíndrica e uma ponta cônica. Uma broca de diâmetro de

12,5mm possui uma ponta de formato triangular, com altura de aproximadamente 2mm;

para atingir uma camada de 5mm (3mm do cilindro + 2mm do cone), o volume escavado,

se comparado com o de um cilindro de 5mm, apresenta uma diferença da ordem de 27%,

significando que alguma margem de erro é introduzida. Quanto menor for a profundidade,

quando se utiliza este processo de retirada de material, podem ser adicionados outros erros

de origem, no controle da operação que envolve dimensões diminutas.

Este procedimento poderia ser modificado com a substituição do uso da furadeira pela

extração de testemunho com diâmetros maiores, não fosse o alto custo destas extrações.

Outra forma de contornar o problema seria a utilização de outra ferramenta com diâmetro

grande e geometria da ponta diferente, como as brocas usadas na perfuração de rochas.

Recomenda-se que seja coletada amostra com um valor próximo de 10gr para o peso total

da soma das amostras de uma mesma área e profundidade, com o intuito de se obter

material bastante para a realização do ensaio em laboratório. Ao retirar o material de níveis

mais profundos há que se tomar o cuidado para não contamina-lo com material de níveis

menos profundos.

4.3.4. Definição dos novos fatores de ponderação dos danos

Em virtude da alteração, por unificação ou inserção de outros danos na metodologia,

houve necessidade de revisão dos fatores de ponderação dos danos para as diversas

famílias de elementos estruturais. Foram preservadas as definições anteriormente adotadas

para os danos mantidos, e aos novos danos inseridos buscou-se ajustar valores com a

finalidade de se obter uma harmonização com aqueles já existentes, conforme mostra a

Tabela 4.3.

Page 84: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

70

Tabela 4.3 – Fatores de ponderação dos danos (FP)

FP Dano estrutural Pilar Viga Laje Escada Rampa

Cortina Reserva-tório

Bloco Peça de Arquitet.

1 Segregação 6 4 5 4 5 5 6 4

2 Lixiviação/Eflorescência 5 5 3 5 5 7 5 3

3 Desagregação 7 7 7 7 7 7 7 7

4 Esfoliação 8 8 8 8 8 8 8 8

5 Carbonatação 7 7 7 7 7 7 7 7

6 Fissuração inaceitável 10 10 10 10 10 10 10 8

7 Flecha/ Flambagem 10 10 10 10 10 10 10 10

8 Desvio de Geometria 9 7 7 7 7 8 7 7

9 Cobrimento deficiente 6 6 6 6 6 7 6 6

10 Corrosão 7 7 7 7 7 9 7 7

11 Cloreto (presença) 10 10 10 10 10 10 10 10

12 Mancha 5 5 5 5 5 6 5 5

13 Deformação Lenta 8 9 8 8 8 8 8 8

14 Carga Acidental 10 10 10 10 10 10 10 10

15 Agressão Ambiental 8 8 8 8 8 8 8 8

16 Infiltração/ Vazamento 6 6 6 6 6 9 6 6

17 Recalque/ Deslocamento 10 10 10 10 10 10 10 10

18 Ninho de concretagem 8 8 7 7 8 9 8 8

19 Esmagamento 10 9 7 7 10 9 10 7

20 Junta danificada 10 8 6 7 6 5 – 5

21 Junção de elementos 10 8 7 7 8 9 8 6

4.3.5. Cálculo do grau de deterioração de um elemento (Gde)

A determinação do grau de deterioração de um elemento (Gde) conforme formulação

contida na expressão (2.5) dá-se em função de uma única variável, o grau de dano “D”.

Havendo apenas um dano, o grau de deterioração do elemento seria o grau deste dano, mas

na ocorrência de dois danos prevaleceria o dano de maior grau, e, para elementos com três

ou mais danos, seria uma soma do maior grau de dano com a média dos demais. O intuito

desta formulação foi a preservação do maior grau de dano, ao passo que, com a ocorrência

de danos adicionais, estes seriam acrescidos através de uma média deles, possibilitando,

desta forma, o estabelecimento de um valor máximo para o grau de deterioração de um

elemento com três ou mais danos.

O grau do dano (D), por sua vez, é calculado em função de duas variáveis: o fator de

ponderação do dano (Fp), que varia conforme a família de elementos, e o correspondente

Page 85: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

71

fator de intensidade (Fi). De acordo com o procedimento de cálculo, o máximo grau de

deterioração de um elemento (Gde) é observado quando ocorrem no mínimo três danos,

cujos fatores de ponderação sejam iguais a 10, com fatores de intensidade iguais a 4 (lesão

crítica), e, como se pode observar na Tabela 4.3, todos as famílias de elementos possuam

mais de três danos com fator de ponderação igual a 10. Portanto, qualquer um dos seus

elementos pode atingir um grau de deterioração (Gde) máximo, que é 200, com um mínimo

de três danos com lesões críticas, conforme se observa na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Grau máximo de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos ou mais

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B54 7 4 10 100,0 Arquitetônico 11 4 10 100,0 17 4 10 100,0 200,00 Crítico

Todavia, o procedimento de cálculo talvez não se apresente representativo o bastante para

o caso de dois danos, no qual o menor é desprezado. Em alguns casos hipotéticos, como

quando ocorrem dois danos, conforme o exemplo mostrado na Tabela 4.5, em que o

elemento brise possui dois danos, flambagem excessiva e presença de cloretos, cujo fator

de ponderação é 10 para ambos, e se manifestando com a mesma intensidade 3 (lesão

grave), resulta grau de dano igual a 40 (nível médio), para ambos. Portanto, um dos danos

deverá ser ignorado, resultando num grau de deterioração do elemento (Gde) igual a 40

(nível médio).

Tabela 4.5 – Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com dois danos

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B54 7 3 10 40,0 Arquitetônico 11 3 10 40,0 40,00 Médio

No entanto, se o mesmo elemento, exemplificado na Tabela 4.5, ou outro, em condições

semelhantes, vier a apresentar mais um terceiro dano, por mais leve que seja, como o caso

de uma mancha, que para a família de elemento arquitetônico tem fator de ponderação

igual a 3, que se manifeste com fator de intensidade 1 (lesão leve), resultará em grau de

Page 86: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

72

dano (D) igual a 1,2 (nível baixo). Em se tratando de elemento com três danos o grau de

deterioração do elemento (Gde) resultante se elevaria para o valor de 60,60 (nível alto),

vide Tabela 4.6 abaixo, significando um acréscimo de 52%, se comparado com o estado

em que se encontrava anteriormente. Isto em razão do surgimento de um dano cujo grau

tem um nível muito baixo (1,2), levando a um questionamento do procedimento adotado

para os elementos com dois danos.

Tabela 4.6 – Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B54 7 3 10 40,0 Arquitetônico 11 3 10 40,0 2 1 3 1,2 60,60 Alto

Levando-se em consideração os diversos danos, para as várias famílias de elementos e

respectivos fatores de ponderação, tanto aqueles originais quanto os novos constantes da

Tabela 4.3, para se determinar o valor do grau de deterioração de um elemento (Gde), para

um fator de intensidade intermediário igual a 2,5, dever-se-ia utilizar apenas três dos

maiores danos (Fp = 10), como no exemplo de cálculo do máximo grau de deterioração de

um elemento (Tabela 4.4), em vez de todos os possíveis danos ao mesmo tempo.

Considerando-se tais premissas, obtém-se na Tabela 4.7 o valor de grau de deterioração

(Gde) igual a 20, para caracterizar o limite de danos com fator de intensidade igual a 2,5,

valor hipotético e fixo, que indica o ponto de transição entre as fases de iniciação e

propagação dos danos.

Tabela 4.7 – Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos de Fi = 2,5

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B54 7 2,5 10 10,0 Arquitetônico 11 2,5 10 10,0 17 2,5 10 10,0 20,00 Baixo

Tal raciocínio se impõe porque a utilização de danos com fatores de ponderação menores

resultará em danos de grau inferiores, fazendo com que o resultado final para o elemento

Page 87: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

73

seja “amenizado”. Os fatores de ponderação que ora estão aqui definidos variam de 3, para

lixiviação em elemento arquitetônico e laje, até o limite de 10, para diversos danos em

várias famílias, sendo que mais próximo a este limite superior se concentra o maior

número deles (Tabela 4.8).

Tabela 4.8 – Freqüência dos fatores de ponderação (FP) e grau dos possíveis danos

Fp 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Freqüência 0 0 2 3 17 20 39 34 8 44

Fi Grau do Dano (D) 1 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2 3,6 4 2 0,8 1,6 2,4 3,2 4 4,8 5,6 6,4 7,2 8 3 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 4 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Da mesma forma, num elemento com três danos de mesmo grau o surgimento de um

quarto dano de grau mais baixo poderá fazer com que o seu grau de deterioração do

elemento (Gde) seja reduzido em até 16%, vide Tabela 4.9, fato que se constitui em um

paradoxo, pois o acréscimo de novos danos deveria resultar em aumento do grau de

deterioração do elemento ao invés de reduzi-lo.

Tal fato ocorre em virtude da utilização da citada média no cálculo do valor do Gde, que,

da mesma forma, interfere no cálculo do grau de deterioração da família de elemento

(Gdf) e no grau de deterioração da estrutura (Gd). Este procedimento faz com que o efeito

de sobreposição de danos venha a “amenizar” o grau de danos à medida que aumentem em

número e assumam valores menores. Desta maneira, com a monitoração ao longo do

tempo de um elemento, uma família de elementos ou mesmo de uma estrutura poderá ser

prejudicada, pois o grau de deterioração não retratará com fidelidade a sua evolução,

quando os elementos, que venham a ser acometidos de novos danos, poderão apresentar

valores díspares da realidade.

Page 88: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

74

Tabela 4.9 – Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com quatro danos

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B54 4 3 8 32,0 Arquitetônico 6 3 8 32,0 13 3 8 32,0 2 1 3 1,2 53,73 Alto

4.3.6. Proposição de alteração do cálculo para elemento com qualquer número de

danos

Uma solução viável para estes casos seria uma única formulação de cálculo para elementos

com qualquer número de danos. Procurando preservar a filosofia adotada na metodologia,

deverão ser adicionados ao maior dano os demais danos. Porém, estes outros danos teriam

que ser ponderados à medida que crescessem, tanto em número quanto em grau. Para

tanto, o grau de deterioração do elemento (Gde) deveria ser expresso pela adição de dano

de maior grau (Dmx), ao produto dele vezes a soma dos demais danos, dividido pelo

somatório de todos os danos do elemento. Chamando de “m” o número de danos

detectados no elemento e Di o grau de dano de ordem (i), o grau de deterioração será

determinado a partir da seguinte expressão:

⎜⎜⎜⎜

⎟⎟⎟⎟

⎞−

+=

=

=m

i

m

i

iD

DmxiDDmxGde

1

1

)(

)(1 (4.1)

onde: Dmx = maior grau de dano

Utilizando este tratamento matemático, o grau de deterioração (Gde) de um elemento, seria

uma função que tenderia a um valor máximo próximo de 200, valor máximo no tratamento

original. Porém, haveria um crescimento menos acentuado, necessitando um número

grande de danos, e de grau de deterioração alto para se aproximar deste limite, e não mais

apenas três danos de grau máximo (100).

Page 89: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

75

Outras situações podem ser comparadas com o tratamento original, conforme pode ser

verificado na Tabela 4.10, em que o grau de deterioração de um elemento (Gde) foi

calculado utilizando-se a formulação proposta com base na expressão (3.1).

Tabela 4.10 – Grau de Deterioração de um elemento (Gde) com três danos ou mais

Elemento Relevância Estrutural

Identificação Dano Estrutural

Fator de Intensidade (Fi)

Fator de Ponderação (Fp)

Grau do Dano (D)

Grau de Deterioração (Gde)

Nível

Elemento Principal Brise B51 7 4 10 100,0 Arquitetônico 11 4 10 100,0 17 4 10 100,0 166,67 Crítico Elemento Principal Brise B52 7 3 10 40,0 Arquitetônico 11 3 10 40,0 60,00 Alto Elemento Principal Brise B53 7 3 10 40,0 Arquitetônico 11 3 10 40,0 2 1 3 1,2 60,30 Alto Elemento Principal Brise B54 7 2,5 10 10,0 Arquitetônico 11 2,5 10 10,0 17 2,5 10 10,0 16,67 Baixo Elemento Principal Brise B55 4 3 8 32,0 Arquitetônico 6 3 8 32,0 13 3 8 32,0 2 1 3 1,2 53,47 Alto

Nota-se que, através da utilização do tratamento matemático proposto, além da

simplificação da função, sendo expressa por uma única fórmula, obtém-se uma resposta de

evolução do grau de deterioração do elemento (Gde) de forma menos abrupta. Isto se

verifica quando ocorre o agravamento do dano, expresso pelo aumento do fator de

intensidade, ou quando surgem novos danos.

Neste novo tratamento matemático, os limites de máximos valores do grau de deterioração

do elemento (Gde), assumidos pelas diversas famílias, são obtido quando ocorrem todos os

danos possíveis à família. No tratamento matemático original, este limite era obtido com

apenas três danos cujos fatores de ponderação e intensidade (Fi e Fp) fossem máximos. Da

mesma forma se comportam os limites para os demais níveis de lesões, definidas pelo fator

de intensidade (Fi), vide Tabela 4.11.

Page 90: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

76

Tabela 4.11 – Características do novo tratamento matemático proposto

Fa

tor Família

Pila

r

Vig

a

Laj

e

Esc

ada

Cor

tina

Res

erva

tóri

o

Blo

co

Ele

men

to

Arq

uite

tôni

co

Fr Fator de Relevância Estrutural P Principal 5 5 4 3 3 3 4 2S Secundária 4 4 3 2 2 2 3 1

Fi Fator de Intensidade Gde Valores imites* 1 Lesão Leve 7,8 7,8 7,7 7,7 7,8 7,8 7,7 7,7 2 Lesão Tolerável 15,5 15,5 15,5 15,5 15,5 15,5 15,5 15,5

2,5 Lesão Intermediária 19,4 19,4 19,4 19,4 19,4 19,4 19,4 19,3 3 Lesão Grave 77,7 77,5 77,4 77,4 77,5 77,7 77,4 77,3 4 Lesão Crítica 194,2 193,8 193,5 193,6 193,8 194,2 193,6 193,3

Deterioração Nível Medidas a serem adotadas Elementos (Gde) Estrutura (Gd) Baixo Estado aceitável 0 A 20 0 a 20 Médio Observação periódica e necessidade de

intervenção a médio prazo 20 A 50 20 a 40

Alto Observação periódica minuciosa e necessidade de intervenção a curto prazo 50 A 80 40 a 60

Crítico Necessidade de intervenção imediata para restabelecer funcionalidade e/ou segurança > 80 > 60

* Calculados considerando todos os danos possíveis com fator de intensidade (Fi) fixo

4.4. Elaboração do Relatório Técnico de Vistoria (RTV)

A implementação de um rotina técnica de inspeções no sistema de manutenção predial do

Banco do Brasil ainda não foi concretizada embora conste de muito dos normativos de

funcionamento do sistema Siscop. Esta falha tolheu de tal modo o desenvolvimento do

programa Procop (programa de conservação predial), que tinha como um dos objetivos

primordiais o progresso na área de refinamento de procedimentos técnicos nas

intervenções em seu estoque. Uma vez resolvido com a criação do sistema o problema de

definição de prioridades, o próximo passo seria tirar o máximo proveito desta estratégia de

abordagem na manutenção do estoque, aprimorando a monitoração, já inicializada com as

vistorias realizadas pelos ocupantes, com um procedimento técnico delineado pelo

acompanhamento do comportamento dos diversos componentes ao longo do tempo.

Page 91: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

77

As vistorias técnicas, porém, não evoluíram sob o aspecto de um sistema de manutenção

predial; primeiramente, pela falta de padronização na elaboração de inspeções, que

continuaram sendo feitas da mesma forma que antes da criação do sistema, ou seja, cada

técnico fazendo a inspeção a seu modo, limitando-se ao levantamento dos problemas da

edificação para saná-los após uma especificação de reforma. Todas as informações sobre o

comportamento dos materiais têm sido perdidas, por falta de um procedimento simples e

oportuno como o cadastramento dos dados que estão disponíveis com certa facilidade.

Portanto, existe a necessidade de desenvolvimento de um roteiro para uniformizar os

procedimentos e um documento que seja, a um tempo, o meio de coligir informações e

uma ferramenta auxiliar na elaboração de diagnósticos e prognósticos. Este documento é o

RTV – relatório técnico de vistoria (Anexo A.2).

4.4.1. Componentes não estruturais

A primeira parte do RTV colimará todos os componentes, exceto a estrutura, e para a

sistematização das vistorias técnicas não se poderá prescindir da criação de um cadastro de

identificação dos diversos materiais, propiciando o armazenamento de informações a eles

referentes em um banco de dados. Este cadastro poderá ser fundamentado em documento

utilizado pela entidade para fazer especificações ou orçamentos; no caso do Banco do

Brasil, poderia ser usado como base o caderno geral de encargos, com algumas adaptações.

Sem este procedimento torna-se difícil a evolução da manutenção predial.

Durante a realização da inspeção, conforme as orientações do item 3.2, após o

levantamento e identificação dos materiais que, por quaisquer motivos, devam ser

substituídos, mesmo não apresentando deteriorações ou degradação que justifiquem sua

reposição, destes materiais seriam extraídas informações complementares como a idade

real, quantidade envolvida, localização, etc, para, finalmente, diagnosticar a causa de sua

substituição. Cabendo salientar entre as causas as seguintes: o esgotamento de sua vida

útil; o uso indevido do material; a má conservação (manutenção leve); problemas

intrínsecos à qualidade do material; erros na aplicação do material; falhas de projeto;

especificação inadequada; mudança de lay-out e outras.

Finalmente, deverá ser consignado o estado de conservação de todos estes componentes,

Page 92: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

78

independentemente de haver sido constatada ou não a necessidade de substituição de suas

partes. Esta avaliação do estado de conservação balizará aquela realizada pelos usuários,

sugerindo ajustes no tratamento dos dados formados pelo estoque, propiciando também

um retorno àqueles usuários que diligenciam a manutenção predial da unidade, ao tempo

que indicará a necessidade de intensificação da difusão de conhecimentos e técnicas

relativas a manutenção leve, bem como conscientizando da sua importância para a

empresa e para a unidade.

4.4.2. Componente Estrutura

A introdução de um programa de inspeção, como o sugerido no item 3.2, demandará

também introduzir uma parte do relatório técnico de vistoria (RTV) dedicada à coleta de

informações relativas à estrutura. Este relatório consistirá de uma planilha, que será

preenchida em campo, que defina o formato das informações a serem coletadas. Por se

tratar de um componente mais complexo que os demais, sob o aspecto de avaliação, a

planilha deverá conter uma síntese dos conceitos sobre as deteriorações da estrutura de

concreto armado, com a finalidade de facilitar o seu preenchimento pelo técnico.

O relatório técnico de vistoria (RTV), conforme proposição contida no Anexo A.2, foi

elaborado com a intenção de padronizar as informações, sob a forma de colunas, que

definem campos, contudo oferecendo certa liberdade no seu preenchimento. A primeira

coluna será preenchida com o tipo de elemento estrutural inspecionado, ou seja a família a

que pertence. A seguir a informação da identificação do elemento, com base nos projetos

consultados ou conforme sugerido no item 3.2.3. O fator de relevância estrutural (FR) deste

elemento deve ser informado na coluna seguinte, por ser o momento mais propício para

aquilatar sua importância perante a estrutura como um todo; se realizada em outro instante

ou após a inspeção, esta definição talvez se torne mais árdua. Os vinte e um danos

catalogados serão codificados por números de 1 a 21, conforme Anexo A.2, para facilitar o

preenchimento pelo técnico vistoriador. Em uma mesma linha, poderão ser anotados

diversos danos observados em um mesmo elemento. Da mesma forma, a intensidade com

que se manifesta cada dano também será codificada com números de 1 a 4 (leve, tolerável,

grave ou crítica). Finalmente, um campo maior para observações, que possibilitará a

Page 93: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

79

complementação das informações, tais como: localização mais precisa, extensão do dano,

condições ambientais ou identificação de agentes agressivos no local, etc.

A finalidade do relatório é a coleta do maior número possível de informações sobre a

estrutura, de forma a permitir, através de sistema informatizado definir as condições da

estrutura sob o aspecto da sua deterioração. Portanto, apesar de exigir do vistoriador um

conhecimento do mecanismo dos danos, e possíveis soluções para os mesmos, nesta fase

de levantamento de informações, o mesmo deverá intensificar sua atenção para a coleta de

informações, que o auxiliará em fase posterior na elaboração de diagnósticos e

recomendações para pesquisas mais aprofundadas sobre o estado da estrutura.

4.5. Compatibilização do componente estrutura no cálculo do índice de

degradação (ID)

O cálculo do índice de degradação da edificação é realizado da forma descrita no item

2.3.2, com base em pesos para cada componente, conforme a Tabela 3.1, mas para a

inserção de mais um componente haveria a necessidade de se alterar todos os demais.

Sugere-se, como peso para o componente estrutura, a ser inserido, o valor de 16,90%. Este

percentual é o mesmo da época de implantação do sistema, em que os pesos dos demais

componentes foram levantados com base no custo de construção médio.

Cabe aqui salientar, como mencionado anteriormente, a utilização dos custos (percentuais)

de construção como peso, em vez de custos de reposição, o que seria o mais correto, estes

porém mais difíceis de se obter. Tais pesos, assim como os seus respectivos custos,

também devem variar no tempo, necessitando revisões periódicas para a sua atualização.

Observa-se, na Tabela 4.11, que os pesos ora em uso não totalizam 100%. Este fato

ocorreu quando na metodologia original os percentuais referentes aos componentes

fundações e estrutura foram proporcionalmente divididos entre os demais componentes,

sendo tal resíduo deixado, propositadamente, para que o I.D. não assumisse os valores zero

e um. Tal preocupação no entanto não se faz necessária, porque o resíduo de 1,80% é

muito pouco significativo, razão pela qual não houve a preocupação de mante-lo nos

Page 94: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

80

novos pesos sugeridos, que totalizam 100%.

Tabela 4.12 – Pesos em uso e sugeridos para o cálculo do índice de degradação (ID) pelo

Siscop

COMPONENTE Em uso Sugerido01 Alvenaria 5,53% 4,68%02 Pavimentação 14,30% 12,10%03 Revestimento 15,90% 13,46%04 Forro 4,73% 4,00%05 Marcenaria 9,51% 8,05%06 Serralharia 11,11% 9,40%07 Ferragens 0,74% 0,63%08 Vidraçaria 4,73% 4,00%09 Pintura 3,94% 3,34%10 Inst. Elétrica 7,92% 6,70%11 Inst. Hidro Sanitária 14,30% 12,10%12 Cobertura 1,34% 1,13%13 Impermeabilização 1,87% 1,58%14 Equip. Sanitários 1,54% 1,30%15 Diversos 0,74% 0,63%16 Estrutura ––––– 16,90%Total 98,20% 100,00%

4.6. Desenvolvimento de módulo para o componente estrutura

Para a utilização da metodologia proposta na avaliação da estrutura, é preciso o

desenvolvimento de um módulo do sistema Siscop para o componente estrutura. Em vista

da atual situação em que se encontra o sistema, necessitando diversas modificações e

ajustes, seria oportuna a introdução do componente estrutura, tanto a nível de vistorias de

responsabilidade do corpo técnico quanto àquelas realizadas pelos ocupantes dos prédios.

A linguagem utilizada na última versão (V 3.0 – Beta 2) favorece grandemente a

exportação e importação dos dados utilizados no sistema, possibilitando que os dados

armazenados sejam facilmente transportados para outras bases de dados, para serem

modelados por outros sistemas especializados.

Page 95: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

81

Com base no Relatório Técnico de Vistoria (RTV), haverá necessidade de criar um

relatório em meio eletrônico, a ser utilizado em computadores portáteis, para auxiliar o

técnico na tarefa de vistoriar o prédio. Através de menu de “ajuda”, o mesmo poderá ser

informado de detalhes importantes e orientado durante as diversas etapas no procedimento

de inspeção. Até mesmo o uso de fotos digitalizadas facilitaria a identificação de danos,

bem como estimar a sua intensidade de manifestação e extensão.

Este recurso propicia o processamento instantâneo dos dados, facilitando imensamente a

filtragem de erros, e respondendo de imediato como se encontra o componente em

determinada fase dos trabalhos, com dados estatísticos e de análise, favorecendo ainda a

tomada de decisão nos procedimentos de inspeção, com base em informações de

resultados parciais. A inserção de rotinas para consulta a mapotecas digitalizadas em

sistemas “CAD” deverá ser prevista, pois a tendência de que projetos e outras informações

sob forma de imagens venham a ser armazenadas através de meio digital é assaz premente.

Futuramente, o assinalamento dos danos, com sua intensidade e extensão, poderá ser

realizado diretamente sobre projetos de estrutura tridimensionais digitalizados, resolvendo

um grande problema atual, que é o de identificação dos elementos, proporcionando uma

drástica redução no tempo despendido com a inspeção.

A estrutura do módulo deverá ser flexível, prevendo facilidades de modificação em

parâmetros utilizados no processamento dos dados, tanto para alteração de itens existentes

quanto para inclusão de novos. Deverão ser desenvolvidos acessos a outros sistemas,

utilizados na especificação e elaboração de orçamentos, para otimizar ao máximo o

aproveitamento das informações, ao tempo que se economizarão dispêndios com a entrada

destes mesmos dados, novamente.

A maior preocupação durante a revisão do Siscop deverá ser a consistência dos dados a

armazenar nos bancos do sistema, evidenciando que a necessidade de manutenção e

atualização de dados, tais como número universal dos prédios, e suas características, como

área total construída, número de pavimentos, data de reforma, etc., e aqueles provenientes

de todos os relatórios de vistoria, é fundamental para o perfeito funcionamento deste

sistema.

Page 96: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 5

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Page 97: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

85

CAPÍTULO 5

5. APLICAÇÃO DA METOLOGIA

A aplicação desta metodologia em sistemas de manutenção de grandes estoques de

edifícios deve ser acompanhada de algumas adaptações, necessárias ao perfeito

funcionamento do sistema. Algumas delas foram relatadas no Capítulo 3, e como já foi

mencionado, a necessidade de adaptações depende, particularmente, de características

intrínsecas do estoque.

Esta metodologia, de imediato, define uma ordem de prioridade de intervenção, dentro de

prazos recomendados, conforme a Tabela 3.3, nos elementos que venham a atingir níveis

de deterioração inaceitáveis, deliberando, assim, a questão da urgência na intervenção. A

maior preocupação com a metodologia seria a representatividade do estado de

deterioração de um edifício perante o estoque, obtido através da determinação do grau de

deterioração para o componente “estrutura”, que juntamente com o índice de degradação

dos demais componentes, estabelece o estado de deterioração da edificação.

Embora o componente “estrutura” praticamente defina a vida útil da edificação, a forma

de ponderação a ser utilizada deverá permanecer conforme sugerido no item 3.5, na qual

se propõe o valor percentual que a estrutura representa na construção de edifícios novos.

Os demais componentes terão os fatores de ponderação alterados, conforme os valores

sugeridos na Tabela 4.11.

Para a análise da viabilidade da metodologia, foi testado o relatório técnico de vistoria

proposto (Anexo A.2) em seis prédios de grande porte, pertencentes ao estoque do Banco

do Brasil S. A., localizados em cinco diferentes cidades do pais. Todas as cidades

escolhidas são grandes capitais, sendo duas delas cidades litorâneas. A intenção na

escolha dos prédios foi de eleger aqueles em que as vistorias seriam mais difíceis ou

intensificadas, por se tratarem de prédios com área total construída muito grande, ou cuja

concepção arquitetônica dificultasse a realização de manutenções, ou prédios que

tivessem importância relevante para a empresa do ponto de vista estratégico, exigindo

Page 98: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

86

cuidados especiais, ou que estivessem inseridos em ambiente agressivo.

5.1. Teste do relatório técnico de vistoria em seis prédios do Banco do Brasil

A vistoria aos prédios foi programada para ser realizada dentro de 5 dias úteis, tempo que

inclui o deslocamento até a localidade, tendo por base a cidade de Brasília. O trabalho

seria realizado por dois técnicos, sendo que um faria a vistoria do componente “estrutura”

e o outro a dos demais componentes. No componente “estrutura”, foi utilizado o relatório

técnico de vistoria, porém, para os outros componentes, não foi possível a sua utilização,

devido a exiguidade do prazo e a não familiaridade com o relatório por parte dos técnicos.

No entanto, o nível de degradação de cada um deles foi registrado.

A escolha recaiu, primeiramente, sobre um edifício localizado em Porto Alegre, por se

tratar de um projeto de arquitetura arrojado, mas cuja manutenção é extremamente difícil.

A seguir, um prédio em Santo Amaro foi escolhido, devido, também, ao projeto

arquitetônico aliado às suas dimensões, e por já Ter, há algum tempo, apresentado

problemas de corrosão nas armaduras. O terceiro prédio em estudo, trata-se de um dos

maiores prédios do Banco do Brasil, tanto em área construída quanto em altura (43

pavimentos), e que apresenta sérios problemas de corrosão de armadura, localizado

próximo ao mar, na cidade do Rio de Janeiro. O quarto é um edifício garagem que serve ao

anterior e é contíguo a ele. O quinto prédio localiza-se em Salvador, edificado há trinta

anos, bem próximo ao cais do porto. Como o sexto e último, foi escolhido o prédio que

abriga o DPT – Divisão de Processamento e Telemática do Banco do Brasil em Brasília,

pois, além de ser um prédio de importância estratégica para a empresa, também é

caracterizado como insuspeito, pela pouca agressividade do meio ambiente em que se

encontra. Alguns detalhes sobre os prédios escolhidos, que totalizam área de 155.077m²,

cerca de 3,8% da área total do estoque (4.121.996m²), encontram-se na Tabela 5.1.

Page 99: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

87

Tabela 5.1 – Prédios escolhidos para utilização da metodologia e suas características

Prédio Cidade Ano*

Área (m²)

NRT – Núcleo remoto de telemática Porto Alegre RS 1978 11.399

DPT – Divisão de processamento e telemática Santo Amaro SP 1977 31.090

Ed. Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 1973 56.679

Ed. Garagem do Cidade S. S. do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 1977 10.966

Agência Centro Salvador Salvador BA 1967 27.577

DPT – Divisão de processamento e telemática Brasília DF 1981 24.979

Total 155.077 * Ano de construção

5.1.1. Primeiro estudo de caso: Edifício do NRT (Núcleo Remoto de Telemática) do

Banco do Brasil em Porto Alegre RS

5.1.1.1. Histórico e planejamento

Este prédio, concebido para abrigar um centro de processamento de dados do Banco do

Brasil, localiza-se na Av. dos Estados, 1545, no bairro Anchieta, próximo do Aeroporto

Internacional de Porto Alegre, distando aproximadamente 30m da rodovia BR 116. Na

região, devido à topografia, ocorre grande incidência de ventos, predominando os de

sudeste. O clima apresenta grandes variações de temperatura. A edificação possui

11.399m² de área construída, distribuída entre nove diferentes níveis, os níveis superiores

apresentando maior volume que os inferiores até o nível intermediário, que é quase

totalmente vazio (exceto a torre de elevadores e escadas). Os pavimentos subseqüentes

não possuem lajes de piso e forro em comum, medindo o afastamento entre elas em torno

de 0,80m. Alguns detalhes podem ser vistos na Documentação Fotográfica (Anexo B.3).

Atingindo a altura de 49,75m, a estrutura em concreto armado tem projeção horizontal de

Page 100: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

88

26,60m x 174,3m. Externamente o concreto é aparente, sem qualquer pintura protetora,

internamente, vigas e lajes são revestidas pelo forro e os pilares com argamassa e pintura.

Os pilares principais apresentam alto índice de esbeltez, com seções horizontais de 0,60

m x 1,20 m chegando à altura de 43,45 m. Houve necessidade de uma consultoria para

detalhar a execução destes elementos, devido às dificuldades encontradas durante esta

etapa, uma delas foi a alta densidade de armadura na seção em região de traspasse. Esta

edificação é citada por MacGregor (1992) como exemplo extremo de pilar esbelto. As

informações obtidas sobre o concreto utilizado na estrutura foram as seguintes:

• Data da estrutura: 1978

• fck do concreto: 25 MPa

• Traço do concreto: 1:2:3

• Controle: rigoroso

• Relação água/cimento: ignorado

Na fase de planejamento, houve dificuldade na obtenção dos projetos estruturais. Com o

intuito de redução do espaço físico ocupado no prédio, que a cada dia torna-se mais

oneroso, os projetos de estrutura foram retirados da mapoteca, remanescendo apenas os

projetos de arquitetura e instalações, que são utilizados com maior freqüência. Os projetos

estruturais foram transferidos para um cômodo do subsolo, cujas dimensões dificultam o

manuseio das pranchas. Após árdua pesquisa, detectou-se a falta de algumas pranchas do

projeto original, provavelmente extraviadas ou arquivadas incorretamente.

Tal situação corrobora a necessidade de digitalização em projetos, pois, além da redução

do espaço físico necessário a seu manuseio, confere um alto grau de facilidade na sua

utilização, reduzindo sobremodo os riscos com a segurança e durabilidade dos projetos.

Outras informações importantes como o relação água/cimento dificilmente são obtidas.

Caso fossem armazenadas em arquivos de sistema não seriam perdidas, principalmente em

se tratando de empresas cuja atividade principal não seja a engenharia.

Page 101: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

89

5.1.1.2. Inspeção geral e detalhada

Durante a inspeção, verificou-se que o prédio, devido às suas formas, tornava a inspeção e

muitos serviços de manutenção extremamente difíceis, como se pode constatar na

Documentação Fotográfica (Anexo B.3). No acesso aos diversos locais da edificação,

encontrou-se a maior dificuldade. Fez-se uso de uma teleobjetiva de 200mm para

possibilitar a inspeção da maioria dos elementos que não ofereceram acesso a uma

distância mínima para exame. Da mesma forma, a manutenção torna-se difícil, mesmo

uma simples limpeza das fachadas vem a ser uma tarefa complexa, a ponto de não ter sido

realizada desde a sua construção até hoje. Os componentes que se apresentavam mais

degradados foram pintura externa e impermeabilização.

Os pilares, devido à sua esbeltez e importância estrutural, foram objeto de maior atenção

durante as inspeções, devendo ser monitorados com maior intensidade. Dos elementos

inspecionados, 35 apresentavam danos (18 pilares, 12 vigas, 1 laje e 4 escadas), e dentre

eles 28 elementos com grau de deterioração (Gde) acima de 20, que indica nível de

deterioração médio, recomendando uma observação periódica. Maiores detalhes podem

ser observados no relatório técnico de vistoria (Anexo B.1).

Foram escolhidas seis áreas para inspeção detalhada e realização de ensaios, três delas

localizadas em pilares do nível 1, duas em pilares do nível 2 e uma em parede do nível 16

(cobertura), sendo esta última cancelada por insuficiência de tempo para a realização dos

ensaios. O cobrimento foi medido em 30 pontos distintos, 6 em cada área de inspeção,

obtendo-se uma média de 33,9mm, porém com um coeficiente de variação alto (33,7%).

Neste caso, é possível calcular a média e o desvio padrão do cobrimento considerando

todas as áreas, porque, segundo a norma NB 1 da ABNT(1960), todos os elementos

envolvidos têm a mesma condição de obrigatoriedade de execução com relação ao

cobrimento mínimo.

O ensaio de carbonatação, utilizando fenolftaleína como solução indicadora, acusou,

dentre os 30 pontos ensaiados, apenas 6 pontos de ocorrência de carbonatação. Destes 6

pontos foram 2 na área 2 com média de 3,7mm e 4 pontos na área 4 com média de 5,0mm.

Tal resultado não era esperado, pois a expectativa seria de um valor maior, tendo em vista a

Page 102: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

90

idade da estrutura. Possivelmente, a qualidade do concreto, com uma resistência um pouco

mais elevada, tenha contribuído para uma menor porosidade e conseqüente redução do

fenômeno de carbonatação.

Durante a inspeção geral, observou-se, de antemão, a ocorrência de deficiência de

cobrimento em grande número de vigas. Esta falha ocorre com maior freqüência em fundo

de vigas, e naquelas localizadas na fachada, devido a defeito no detalhe da pingadeira que

favorece o surgimento de pontos de corrosão na armadura destes elementos. Com menor

gravidade, alguns pilares apresentavam corrosão devida a deficiência do cobrimento.

5.1.1.3. Processamento das informações e resultados

Após a realização da vistoria e preenchimento do relatório técnico de vistoria (RTV),

procedeu-se o processamentos das informações levantadas. O resultado geral da estrutura,

como pode ser verificado em detalhes nas planilhas de cálculo contidas no Anexo B.2,

apresentou um grau de dano (Gd) igual a 48, representando um nível alto de degradação,

sendo recomendada a observação periódica minuciosa e necessidade de intervenção em

curto prazo. Nesta utilização da metodologia, foi acrescida a observação dos graus de

deterioração acumulado das diversas famílias de elementos, por tipo de dano, e geral da

estrutura. Para o prédio vistoriado, este valor acumulado foi da ordem de 2.032.

Durante o processamento das informações, foi criada uma planilha denominada

“Sinopse” contendo um resumo dos resultados obtidos. Esta planilha espelha de forma

sintética toda a estrutura quanto aos danos levantados, apresentando, para cada tipo de

família inspecionada e para a estrutura em geral, informações resultantes dos danos, de

forma qualitativa e quantitativa. De forma qualitativa, expressa a freqüência de ocorrência

de cada tipo de dano, em percentuais, e de forma quantitativa, representa o grau de

deterioração acumulado; estes valores são calculados tanto para as famílias de elementos,

quanto para a estrutura em geral.

Através da planilha Sinopse, contida no Anexo B.2, nota-se que, dentre os danos

identificados, 28,4% deles são referentes à corrosão, mas o dano com grau de

Page 103: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

91

deterioração acumulado mais alto foi a esfoliação (691). Na planilha Sinopse, cujo

detalhe é mostrado na Tabela 5.2, uma visão sintética de cada família de elementos é

proporcionada, verificando-se, por exemplo, que a família “Viga” atingiu o maior grau de

deterioração da estrutura em estudo, com Gdf igual a 66 (nível alto), com acúmulo de grau

de deterioração de 1.114, que seguramente definiu o alto grau de deterioração da estrutura

(Gd).

Tabela 5.2 – Detalhe da planilha Sinopse contida no Anexo B.2

Pilar Viga Laje Escada GERAL

Dan

o

Danos a estrutura % Grau % Grau % Grau % Grau % Grau1 Segregação 29,4% 29 1,8% 29 2 Lixiviação/Eflorescência 2,0% 20 6,7% 12 3,7% 32 4 Esfoliação 28,6% 234 26,7% 432 33,3% 26 27,5% 691 9 Cobrimento deficiente 24,5% 132 24,4% 264 33,3% 96 24,8% 492

10 Corrosão 30,6% 193 24,4% 84 33,3% 28 33,3% 22 28,4% 328 12 Mancha 8,2% 30 8,9% 110 33,3% 4 8,3% 144 16 Infiltração/Vazamento 6,7% 180 33,3% 5 3,7% 185 21 Junção de elementos 2,0% 100 2,2% 32 1,8% 132

Nº Elementos / Grau Total 18 738 12 1.114 1 37 4 144 35 2.032 Mínimo / Máximo Grau de Dano 7 100 47 125 35 35 30 32 7 125

Desvio Padrão / Média 24 32 28 66 0 35 0 32 29 44 Fr / Família Principal 5 46 5 66 4 35 Gde >20 28 Fr / Família Secundária 2 32 Alto 48 Nível de deterioração do elemento Baixo <= 20 Médio <= 50 Alto <= 80 Crítico > 80 Nível de deterioração da estrutura Baixo <= 20 Médio <= 40 Alto <= 60 Crítico > 60

5.1.2. Segundo estudo de caso: Edifício do DPT (Divisão de Processamento e

Telemática) do Banco do Brasil em Santo Amaro SP

5.1.2.1. Histórico e planejamento

Concebido originalmente para abrigar um centro de processamento de dados e depósito

regional do Banco do Brasil, o prédio localiza-se na rua Verbo Divino, 1830, na cidade de

Santo Amaro, na grande São Paulo, próximo ao rio Pinheiros. A região, em função da

Page 104: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

92

topografia e proximidade do rio, era, na época, sujeita a constantes inundações, por ocasião

das chuvas. O clima apresenta grandes variações de temperatura, uma atmosfera com

níveis de poluição altos, devido ao ambiente da metrópole, à proximidade de algumas

zonas industriais e de vias trânsito intenso, como a marginal do Pinheiros.

A edificação possui 31.090m² de área construída, ocupando praticamente a totalidade do

terreno. O pavimento térreo tem o formato triangular do terreno, e no pavimento superior

encontram-se jardins, pátios e a elevação do corpo principal do prédio, que possui a

forma de três setores cilíndricos de alturas e diâmetros diferentes, e estão em interseção

entre si. A torre de diâmetro maior possui sete pavimentos e a de diâmetro intermediário

seis pavimentos, a torre de diâmetro menor serve de circulação vertical, abrigando

escadas, elevadores e reservatórios superiores, mais detalhes podem ser observados na

Documentação Fotográfica (Anexo C.3). Atualmente, este prédio conta com a presença

permanente de dois engenheiros responsáveis pela manutenção.

A estrutura em concreto armado, tanto externamente, quanto internamente, é aparente, à

exceção de vigas e lajes da parte interna de escritórios que são revestidas por forro falso.

Apesar de aparente, o concreto externo foi protegido por verniz poliuretano. Esta

proteção, aplicada a cerca de cinco anos, após reparos realizados nas fachadas, visou

coibir o avanço da corrosão em diversos elementos estruturais. As informações obtidas

sobre o concreto utilizado na estrutura foram as seguintes:

• Data da estrutura: 1977

• fck do concreto: 16 MPa

• Relação água/cimento: ignorado

Durante a fase de planejamento, novamente, observou-se que os projetos estruturais

estavam incompletos, a falta de várias pranchas do projeto original, desta vez, não se

justificando, pois a mapoteca, neste caso, localiza-se no próprio prédio e restringe-se

apenas aos projetos referentes a ele. Sendo esta uma segunda ocorrência, denota que o

técnico vistoriador deverá contar sempre com imprevistos desta natureza, que

forçosamente demandam um tempo extra na procura e posteriormente, principalmente, na

realização da vistoria. Em casos como esse, deve-se utilizar uma forma alternativa de

Page 105: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

93

identificação dos elementos estruturais. Neste prédio a estrutura foi lançada sobre eixos

cartesianos com abscissas e ordenadas cuja escala é múltipla de 7,20m, sendo o sistema de

coordenadas utilizado para a identificação dos elementos localizados nas áreas onde não se

dispunha de projeto.

Parte do prédio é ocupado pela tesouraria regional do Bando do Brasil, cujo esquema de

segurança assume grande rigor no controle de acesso às suas instalações, motivo pelo qual

alguns detalhes da edificação não poderão ser relatados. Desta forma, a locomoção no

local é dificultada em virtude das inúmeras portas, grades e outros dispositivos de

prevenção, sendo realizada sempre com o acompanhamento de agentes da segurança. Estes

pequenos detalhes devem ser considerados no planejamento da inspeção. A disponibilidade

de tempo para realizar a inspeção em determinados ambientes requer, dos vistoriadores, o

estabelecimento de um cronograma mais rigoroso, prevendo as dificuldades para a

realização da inspeção nestes locais.

5.1.2.2. Inspeção geral e detalhada

Apesar de não possuir muitos pavimentos, a área total construída do prédio é grande, como

também o volume de concreto utilizado. Do total de elementos da estrutura, foram

identificados 116 apresentando danos, distribuídos nas seguintes famílias de elementos:

• “Pilar” – 6 elementos;

• “Viga” – 51 elementos;

• “Laje” – 58 elementos;

• “Escada” – 1 elemento.

O projeto arquitetônico tira proveito de pilares e vigas das fachadas, tornando-as

recortadas e com a função de “brises” verticais e horizontais, aumentando desta forma a

área de concreto aparente. Nestes elementos, em suas partes mais expostas, o verniz

encontra-se totalmente danificado, necessitando reposição. Durante a inspeção detalhada,

constatou-se que uma junta de dilatação do pavimento térreo foi executada deslocada de

7,20m do seu eixo original, constante do projeto. Deduz-se, então, que houve negligência

Page 106: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

94

na atualização das pranchas de fôrmas do projeto estrutural após as alterações.

Conforme informado no histórico, a região era sujeita a inundações e por esta razão o

prédio foi concebido para que o pavimento térreo se destinasse a depósito de material de

expediente, objetivando proteção contra a umidade, este pavimento foi totalmente

construído em nível elevado de, aproximadamente, 1,50m do solo. As lajes deste piso têm

dimensão de 3,60x3,60m e devido aos constantes carregamento e descarregamento,

mostram sinais de fissuras perimetrais de forma generalizada. Segundo o engenheiro

residente, após análise da armação das lajes, e verificação de uma flexibilidade excessiva

das mesmas, foi empregado injeção de resina de base epóxi.

Preocupou-se, inicialmente, com a inspeção da face inferior destas lajes, pois, além do alto

índice de umidade do local, desconhece-se o estado em que se encontra a parte inferior

destes elementos estruturais, principalmente quanto ao cobrimento e fissuras. Porém, além

da dificuldade para deslocamento, devido à pequena altura, e das condições do solo

demasiadamente lodoso, havia risco de contração de leptospirose, devido a grande

quantidade de ratos, impossibilitando assim a vistoria sem equipamento adequado. Ficou,

entretanto, a recomendação de sua realização, oportunamente. Neste local, segundo

informação da administração do prédio, também houve proliferação de cupins, que

provavelmente se alimentam das madeiras restantes da obra e caminham pela estrutura. Na

inspeção de juntas de dilatação, observou-se que algumas peças de neoprene estão

perfuradas pelos insetos.

Este fato ilustra a ocorrências de situações que fogem ao planejamento, e surgem em

determinada fase da vistoria em que o tempo encontra-se comprometido. O mesmo veio a

ocorrer com os ensaios para medição de carbonatação e cobrimento, em que não foi

possível contar com o auxílio do pessoal da empresa contratada para a manutenção do

prédio. Desta forma, somente foi realizada a medição da profundidade de carbonatação,

ficando a do cobrimento, a cargo de empresa a ser contratada, sob os cuidados do

engenheiro residente.

Os valores encontrados para cobrimento e carbonatação encontram-se na planilha de

Inspeção, contida no Anexo C.2, cujo detalhe está apresentado de forma compacta na

Page 107: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

95

Tabela 5.3. Da leitura das medidas de cobrimento, depreende-se a precisão de como foram

mensuradas, e, embora houvesse a orientação para a utilização de um paquímetro ao

realizá-las, a orientação não foi seguida. Em decorrência da forma como foram obtidas, as

medidas não apresentaram grandes dispersões, indicadas por coeficientes de variação de

no máximo 16%. Para todas as áreas temos uma média de 30,2mm e desvio padrão de

5,8mm. Somente foi possível a utilização da Estatística Descritiva, considerando pontos de

áreas diversas, observando-se que os elementos inspecionados tiveram a mesma exigência

de cobrimento, segundo a norma então em vigor. O mesmo critério não poderia ser

aplicado para a carbonatação, por ser um fenômeno físico-químico de maior

complexidade, envolvendo muitas variáveis, podendo talvez, neste caso, utilizar-se a

Estatística Inferencial.

As áreas inspecionadas forneceram elementos amostrais para a medida de profundidade de

carbonatação com coeficientes de variação elevados, chegando ao valor de 86% na área Nº

4 coincidindo com os valores individuais inferiores, onde a média alcançou 3,1mm

(mínima), ou seja, indicando uma fase inicial do fenômeno ou uma menor velocidade na

área inspecionada. O inverso ocorreu com as medidas encontradas nos pontos da área Nº 1

em que o coeficiente de variação é 24%, relativamente baixo em vista das demais áreas, e

a média é igual a 9,6mm (máxima). Independentemente da forma de manifestação da

carbonatação, foi constatado o fenômeno em 26 dos 30 pontos examinados. Portanto,

deve-se considerar a presença da carbonatação nos locais inspecionados (fachadas e

coberturas), embora ainda não esteja atingindo a profundidade das armaduras.

Page 108: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

96

Tabela 5.3 – Detalhe da planilha Inspeção contida no Anexo C.2

Área 1 2 3 4 5 6 Média S Cv

Cobrimento 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 0 0% Carbonatação 12,2 6,3 12,0 9,4 7,9 9,5 9,6 2,3 24%

Áre

a 1

V15

9

Exposição 12,8 18,7 13,0 15,6 17,1 15,5 15,5 Cobrimento 35,0 25,0 35,0 25,0 35,0 35,0 31,7 5,2 16% Carbonatação 0 10,2 9,4 6,3 4,4 5,1 5,9 3,7 63%

Áre

a 2

PF15

A

Exposição 35,0 14,8 25,6 18,7 30,6 29,9 25,8 Cobrimento 30,0 30,0 40,0 40,0 30,0 40,0 35,0 5,5 16% Carbonatação 9,8 8,5 5,6 0 11,4 5,5 6,8 4,1 60%

Áre

a 3

C1

Exposição 20,2 21,5 34,4 40,0 18,6 34,5 28,2 Cobrimento 20,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 24,2 2,0 8% Carbonatação 5,9 0 2,7 0 4,4 5,6 3,1 2,7 86%

Áre

a 4

V61

Exposição 14,1 25,0 22,3 25,0 20,6 19,4 21,1 Cobrimento 35,0 35,0 35,0 35,0 35,0 35,0 35,0 0 0% Carbonatação 3,8 7,7 10,3 6,1 3,8 5,3 6,2 2,5 41%

Áre

a 5

PF15

A

Exposição 31,2 27,3 24,7 28,9 31,2 29,7 28,8 Geral Cobrimento 30,2 5,8 19% Medidas em mm.

5.1.2.3. Processamento das informações e resultados

O resultado geral da estrutura, conforme detalhes das planilhas de cálculos contidas no

Anexo C.2, apresentou um grau de deterioração (Gd) igual a 36, representando um nível

médio de degradação, sendo recomendada a observação periódica e necessidade de

intervenção em médio prazo. O grau de deterioração acumulado do prédio tem o valor de

2.224.

Na planilha Sinopse, do Anexo C.2, observa-se, dentre todos os danos identificados, que

22,3% deles são referentes à fissuração inaceitável, com grau de deterioração acumulado

de 616. Mas o dano com grau de deterioração acumulado mais alto foi o cobrimento

deficiente com 648, representando 20,9% dos dano levantados no prédio. Portanto, estes

dois danos são os principais verificados no prédio, somando mais da metade do grau de

deterioração acumulado da estrutura.

Quanto às famílias de elementos estruturais, foi a de “Viga” que atingiu o maior grau de

deterioração da estrutura em estudo, com Gdf igual a 46 e classificando-se como de nível

Page 109: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

97

médio, acumulando grau de deterioração de 715. Porém, a família de elementos “Laje”

apesar de apresentar Gdf igual a 36, tem um grau de deterioração acumulado bem mais

expressivo de 1.355. Na família de elementos “Viga”, o dano de maior freqüência foi de

33,0% para a fissuração inaceitável, com um grau de deterioração acumulado de 296. Já a

família de elementos “Laje”, tem como dano de maior freqüência a

lixiviação/eflorescência, com 28,2%, e acumula um grau de deterioração de 164, sendo o

cobrimento deficiente o dano de maior grau de deterioração acumulado, com 434 e

freqüência de 23%, seguido de fissuração inaceitável, com 304 e freqüência de 17,2%.

Estes números representam bem o estado da estrutura, em que preponderam os danos

referentes ao cobrimento deficiente em todas as famílias. Em segundo lugar vêm os danos

de fissuração inaceitável, sendo estes danos muitas vezes decorrentes do primeiro, através

da manifestação da corrosão, muito embora o dano corrosão não tenha apresentado

valores tão elevados quanto estes. Este perfil da situação estrutural do prédio é condizente

com o histórico do mesmo, que há alguns anos apresentou problemas de corrosão

generalizados em sua fachadas e em outros locais, provavelmente originários de um

cobrimento de armadura deficiente. Porém, este resultado contrasta com os valores

encontrados na medição dos cobrimentos.

Uma observação, digna de ressalto nesta vistoria, é a situação da estrutura de sustentação

das torres de condensação da instalação de ar condicionado central. O concreto armado

encontram-se com corrosão generalizada, o cobrimento é deficiente e o ambiente apresenta

constantemente um alto índice de umidade, propiciando o surgimento e aceleração da

propagação deste dano. Este fato é muito comum na maioria dos prédios que possuem

sistema de ar condicionado central com torres de arrefecimento sobre estruturas de

concreto.

Page 110: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

98

5.1.3. Terceiro estudo de caso: Edifício Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro do

Banco do Brasil no Rio de Janeiro RJ

5.1.3.1. Histórico e planejamento

O prédio Edifício Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro, localizado na rua Senador

Dantas, 105, Centro, na cidade do Rio de Janeiro, foi projetado para ser utilizado por

escritórios comerciais. Sua estrutura, executada entre 1973 e 1975, é de concreto armado

com lajes protendidas. Durante a construção, os empreendedores enfrentaram dificuldades

financeiras, culminando com a dação em pagamento do prédio ao Banco do Brasil, e sua

conclusão somente se deu em torno de 1980. O edifício está localizado no centro da cidade

do Rio de Janeiro, em meio a ruas de tráfego intenso, com altos níveis de emissão de

poluentes, e próximo ao mar. As variações de temperatura da região não são grandes,

porém, no verão apresenta altas temperaturas e altos índices pluviométricos; a umidade

relativa do ar é alta na maior parte do ano, devido à proximidade do mar, e a pressão

atmosférica também é alta em função da altitude.

Trata-se do prédio mais alto do estoque e o segundo da cidade do Rio de Janeiro, com

quarenta e três pavimentos e um subsolo, atingindo altura superior a 150m, também é um

dos maiores prédios em área construída. Sua torre tem seção retangular de

aproximadamente 30x32m, com fachadas de vidro, e concreto aparente, sem proteções

adicionais, revestidas de granito apenas no pavimento térreo. Os pilares dos pavimentos

acima do 23º andar alteram de formato, apresentando-se mais esbeltos e projetando-se para

o exterior do plano da fachada, à guisa de brises verticais, e compondo o conjunto

arquitetônico. Maiores detalhes podem ser observados na Documentação Fotográfica

(Anexo D.3). As características do concreto empregado na estrutura do prédio são as

seguintes:

• Data da estrutura: 1973

• fck do concreto: 22,5 MPa

• Relação água/cimento: ignorado

Page 111: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

99

Com menos de dez anos de concluído, o prédio apresentou problema de corrosão nas

fachadas em concreto aparente. Após tentativa de realização de reparos urgentes, no ano de

1989, os resultados negativos obtidos fizeram com que os serviços fossem suspensos ainda

no seu início.

Em 1993, foi efetuada uma inspeção detalhada do prédio, através de entidade de

consultoria. Neste trabalho, foram realizados ensaios de carbonatação, análise do teor de

cloretos totais, medida do cobrimento das armaduras, resistividade elétrica e potencial de

corrosão. Obteve-se como resultado uma medida de cobrimento insuficiente e

profundidade de carbonatação atingindo a armadura em cinco das seis áreas de inspeção. O

teor de cloretos totais, acima de 0,3% em relação à massa de cimento, ultrapassou o

cobrimento em duas das seis áreas. Apesar da elaboração de uma especificação técnica

detalhada dos serviços necessários para a recuperação dos elementos das fachadas, estes

serviços não foram executados.

Para fins de monitoração dos danos, em novembro 1997, foram realizados novos ensaios

em três das seis áreas de inspeção, apresentando como resultado o aumento da

profundidade de carbonatação nas três áreas, e de forma inesperada os teores de cloretos

totais baixaram, indicando alterações nos procedimentos de ensaio ou nas características

das áreas de inspeção. Todavia, importa salientar que, embora o teor de cloretos totais seja

importante no processo da corrosão da armadura, o nível de carbonatação e estado

adiantado da corrosão, provocando a excessiva fissuração do concreto, permite a

penetração de cloretos, através destas fissuras, com maior rapidez do que pela penetração

por impregnação, através dos poros do concreto.

Considerando-se que os ensaios realizados nas inspeções anteriores seriam suficientes para

definir o estado da estrutura, e tendo em vista que a última inspeção fora realizada um mês

antes desta vistoria, decidiu-se pela não realização de novos ensaios. A vistoria nas

fachadas seria realizada por meio de uma gôndola, que serve para a limpeza e outros

serviços de manutenção da fachada. Porém, apesar da precaução de pedir com

antecedência a sua utilização, solicitando a verificação de seu funcionamento, a gôndola

não pode ser usada, devido a problemas técnicos de manutenção, o que dificultou muito a

vistoria às fachadas. Novamente, lançou-se mão de uma teleobjetiva de 200mm para

Page 112: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

100

auxiliar na vistoria, mas em função da altura do prédio não foi de todo útil, e houve

necessidade de exame através das janelas de cada pavimento. A utilização de um binóculo

neste caso teria sido útil.

5.1.3.2. Inspeção geral e detalhada

Devido à altura do prédio, os danos na fachada, vistos do nível térreo, não se apresentam

muito visíveis, exceto nos pilares revestidos com granito, que apresentam manchas

acentuadas de corrosão sobre a pedra. Porém, através das janelas do próprio prédio e da

cobertura do edifício contíguo, que lhe serve de garagem e interliga-se a ele no 23º

pavimento, pode-se observar que na fachada norte os danos são muito mais acentuados.

Nesta fachada, que vai do 23º ao 43º pavimento, constata-se, visualmente e com relativa

facilidade, a insuficiência do cobrimento, falhas de concretagem e uma geometria muito

irregular para os pilares. A corrosão encontra-se generalizada em toda esta fachada e em

processo de propagação.

Na seqüência, a fachada oeste também apresenta insuficiência de cobrimento e corrosão,

porém com intensidade inferiores às encontradas na fachada norte. As manifestações são

em menor número e intensidade. Nas fachadas sul e leste o nível de deterioração por

observação visual é a menor. Nota-se que em todas as fachadas a concentração dos danos

ocorre nos pavimentos mais altos, o que pode ser justificado por sua maior exposição às

intempéries, aliada à baixa qualidade da execução, podendo ser relacionada com o fato

dos empreendedores terem enfrentado dificuldades financeiras durante a construção do

edifício.

Internamente, as lajes são de concreto protendido, e estão revestidas por forro, e os demais

elementos revestidos por diversos acabamentos tais como argamassa, pintura, cerâmicas,

pedras, etc. Não foram observados danos graves durante as inspeções, a exceção do último

pavimento (43º), denominado pavimento “técnico”, onde as estruturas do teto (cobertura)

são aparentes e sem revestimento. Neste pavimento, constatou-se uma grande quantidade

de danos, como cobrimento deficiente, fissuração, corrosão, lixiviação e eflorescência,

desvio de geometria, etc.

Page 113: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

101

Na inspeção da estrutura, detectaram-se danos em 68 elementos, distribuídos pelas famílias

de elementos, conforme segue:

• “Pilar” – 51 elementos;

• “Viga” – 5 elementos;

• “Laje” – 11elementos;

• “Reservatório” – 1 elemento.

Dentre estes elementos, 48 apresentaram grau de deterioração acima de 20, sendo que a

grande maioria deles foram os pilares das fachadas, notadamente na fachada norte, nos

andares mais altos, onde se observa uma qualidade muito baixa na execução da estrutura.

Os ensaios de cobrimento, carbonatação e teor total de cloretos não foram realizados, em

virtude das inspeções anteriores, efetuadas através de consultoria, a última um mês antes

desta vistoria. Embora não dispondo, durante a vistoria, dos resultados dos últimos

ensaios, estes foram recebidos posteriormente, e são mostrados na Tabela 5.4.

Apesar do fato ocorrido com o ensaio dos teores de cloretos, em que os resultados

indicaram valores inferiores aos anteriores, como já mencionado no histórico do prédio,

verifica-se que a frente de carbonatação já havia atingido, nas três áreas de inspeção, a

profundidade das armaduras, configurando a sua despassivação, desde a primeira inspeção,

datada de 1993. Quatro anos após, a profundidade de carbonatação avançou ainda mais.

Diante destas informações, considerou-se o dano por carbonatação nestas fachadas com

nível de intensidade 3. Devido às condições ambientais, foi considerada sua agressividade

aos elementos expostos também com intensidade 3.

Page 114: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

102

Tabela 5.4 – Cobrimento da armadura, profundidade de carbonatação e teores de cloretos

no edifício Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro (1993 e 1997)

Local Norte 38º Norte 26º Oeste 4º Ano 1993 1997 1993 1997 1993 1997 Revestimento - - - - - - Cobrimento 9 9 7 7 14 14 Carbonatação 20 23 9 16 16 18 Cloretos (> 0,3%) 10 - 20 - 10 - Exposição -11 -14 -13 -9 -2 -4 Medidas em milímetros (mm)

5.1.3.3. Processamento das informações e resultados

No Anexo D.2, encontram-se as planilhas de cálculo, contendo o grau de deterioração dos

elementos (Gde), que variou de 8 a 109. O resultado geral da estrutura, como pode ser

verificado, apresentou um grau de dano (Gd) igual a 59, representando um nível alto de

degradação. É recomendada a observação periódica minuciosa e intervenção em curto

prazo. O grau de deterioração acumulado do prédio tem o valor de 6.738.

Na planilha Sinopse, observa-se, dentre todos os danos identificados, que 20,5% deles são

referentes à corrosão, com grau de deterioração acumulado de 2.394. Este dano também

apresentou o grau de deterioração acumulado mais alto. O segundo, foi a agressão

ambiental com 16,4% acumulando grau de deterioração de 1.664, e, em terceiro, aparece

a carbonatação com 16,1% e 1.338 de grau de deterioração acumulado. Estes três danos

respondem por 80% do total acumulado de grau de deterioração da estrutura.

Analisando a planilha Sinopse, verifica-se que a família de elementos que apresenta maior

grau de deterioração acumulado é “Pilar” com o valor de 5.886 e grau de deterioração da

família (Gdf) igual a 70 (nível alto). Nesta família, um dos danos de maior freqüência foi a

corrosão, com 20,1%, e grau de deterioração acumulado de 1.966, seguido da agressão

ambiental com Gdf igual a 20,1% e grau de deterioração acumulado de 1.632, e

carbonatação com Gdf igual a 20,1% e grau de deterioração acumulado de 1.338,

Page 115: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

103

apresentando, portanto, uma freqüência de danos semelhantes ao geral da estrutura.

Entretanto, a família “Reservatório”, com apenas um elemento, atinge o valor mais alto

com Gdf igual a 117 (nível crítico), e o menor grau de deterioração acumulado de apenas

128. Neste caso, um elemento apenas serviu como representativo do grau de deterioração

de uma família, e, sendo um valor alto, influenciou no cálculo do grau de deterioração da

estrutura, mesmo com um fator de ponderação mais baixo (3).

A família de elementos “Laje” apresentou um grau de deterioração (Gdf) igual a 51 (nível

médio), e grau de deterioração acumulado de 536. O dano registrado de maior freqüência

foi a fissuração com 23,8%, mas o que acumulou maior grau de dano foi a corrosão com

221 e freqüência de 19,0%. E, finalmente, as famílias principal e secundária “Viga” com

Gdf igual a 38 e 37, respectivamente, cuja freqüência de danos maior foi a corrosão com

27,8% e grau acumulado de deterioração de 118.

5.1.4. Quarto estudo de caso: Edifício Garagem do Cidade São Sebastião do Rio de

Janeiro do Banco do Brasil no Rio de Janeiro RJ

5.1.4.1. Histórico e planejamento

O prédio foi projetado para ser utilizado como garagem do edifício Cidade São Sebastião

do Rio de Janeiro, sendo contíguo a ele. Com a mesma localização, está inserido nas

mesmas condições climatológicas e ambientais que o prédio anterior.

Trata-se do prédio com trinta pavimentos e um subsolo, construído em concreto armado.

Sua torre tem seção horizontal trapezoidal, com fachadas de concreto aparente revestido

com chapas de cimento amianto. Em sua cobertura, abriga as torres de arrefecimento das

instalações de ar condicionado do edifício Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Maiores detalhes podem ser observados na Documentação Fotográfica (Anexo E.3). As

características do concreto empregado na estrutura do prédio são as seguintes:

Page 116: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

104

• Data da estrutura: 1977

• fck do concreto: 22,5 MPa

• Relação água/cimento: ignorado

Em 1993, foi efetuada uma inspeção detalhada do prédio, através de entidade de

consultoria, devido ao surgimento de alguns pontos de corrosão em pilares internos do

prédio. Neste trabalho, foram realizados ensaios de carbonatação, análise do teor de

cloretos totais, medida do cobrimento das armaduras, resistividade elétrica e potencial de

corrosão. Apesar da elaboração de uma especificação técnica detalhada dos serviços

necessários para a recuperação dos elementos das fachadas, estes serviços não foram

executados.

Embora tenham sido realizadas inspeções para fins de monitoração dos danos realizados

no edifício Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em novembro 1997, neste prédio

não foram realizados novas inspeções, considerando-se que os ensaios realizados nas

inspeções anteriores foram suficientes para definir o estado da estrutura. Durante a vistoria

não foram, portanto, realizados novos ensaios.

5.1.4.2. Inspeção geral e detalhada

Externamente, o prédio não apresenta sinais de danos aparentes, e o exame de suas

fachadas torna-se mais difícil em função das placas de cimento amianto que as revestem.

Os danos encontrados, em sua maioria, localizam-se internamente ao prédio. Devido à

utilização do mesmo como garagem, a exposição a concentração de gás carbônico provoca

a despassivação das armaduras nos elementos com cobrimento de concreto deficiente,

facilitando o surgimento da corrosão.

Na inspeção da estrutura, detectaram-se danos em 19 elementos, distribuídos pelas famílias

de elementos, conforme segue:

Page 117: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

105

• “Pilar” – 6 elementos;

• “Laje” – 13elementos;

Dentre estes elementos, 18 apresentaram grau de deterioração acima de 20, sendo que a

maioria deles foram em lajes. Apesar dos poucos pilares danificados, neles, entretanto, os

danos foram maiores.

A inspeção visual foi dificultada, em virtude da baixa iluminação do ambiente,

principalmente, para o caso de fissuras em lajes. Mas por outro lado, facilitada em virtude

da ausência de revestimento na maioria dos elementos. A movimentação horizontal das

plataformas dos elevadores, durante o embarque e desembarque de veículos, provocam

alguns danos acidentais, devido a impactos nas testeiras das lajes de pavimentação, apesar

da existência de dispositivo para absorção destes impactos.

Na cobertura, onde estão instaladas as torres de arrefecimento das instalações de ar

condicionado do edifício Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, existe uma estrutura

de suporte para estas torres que, em virtude da grande concentração de umidade, aceleram

o processo de corrosão nas armaduras do concreto. Estes equipamentos dispõem de

ventiladores no trocadores de calor, que lançam a umidade sobre a fachada do prédio

contíguo, fazendo com que a corrosão nesta área seja potencializada.

Nas inspeções procedidas em 1993, foram realizados ensaios de carbonatação, análise do

teor de cloretos totais, medida do cobrimento das armaduras, resistividade elétrica e

potencial de corrosão. Obteve-se como resultado uma medida de cobrimento insuficiente e

profundidade de carbonatação atingindo a armadura em três das quatro áreas de inspeção.

Considerou-se, portanto, este dano com nível de intensidade 3. O teor de cloretos totais

não atingiu o valor de 0,3% em relação à massa de cimento em nenhuma das quatro áreas,

conforme Tabela 5.5. Os ensaios de resistividade elétrica apontaram para um índice alto

em todas áreas, e em apenas uma delas o potencial de corrosão indicou uma possível

corrosão ativa.

Page 118: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

106

Tabela 5.5 – Resultados das inspeções com relação ao cobrimento da armadura,

profundidade de carbonatação e teores de cloretos no prédio garagem do edifício Cidade

de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1993

Local Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Revestimento - - - - Cobrimento 15 11 7 29 Carbonatação 17 19 21 12 Cloretos (> 0,3%) 0 0 0 0 Exposição -2 -8 -14 9

Medidas em milímetros (mm)

5.1.4.3. Processamento das informações e resultados

Como pode ser verificado na planilha Sinopse do Anexo E.2, neste prédio foram

detectados danos em apenas 19 elementos estruturais assim distribuídos: 6 pilares e 13

lajes, dos quais 19 elementos apresentavam grau de dano superior a 20. O grau de

deterioração da estrutura alcançou o valor 42, significando um nível médio de degradação,

sendo recomendada a observação periódica e necessidade de intervenção em médio prazo.

O grau de deterioração acumulado do prédio tem o valor de 1.144.

Dentre os maiores danos observados destaca-se a carbonatação, com freqüência de 26,8%,

cumulando grau de deterioração de 532, juntamente com a fissuração, com a mesma

freqüência, mas acumulando grau de deterioração de 128. Outro dano que se destaca é o

cobrimento deficiente, com freqüência de 18,3% e acumulando grau de dano de 293. Em

apenas duas famílias de elementos foram detectados danos. Na família “Laje”, com Gdf de

39 e grau de dano acumulado de 734, tendo como maior dano a carbonatação. A família de

elementos “Pilar” alcançou Gdf de 44, e acumulou grau de deterioração de 410,

destacando-se como principal dano a carbonatação, com freqüência de 23,1% e

acumulando grau de deterioração de 168.

Page 119: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

107

5.1.5. Quinto estudo de caso: Edifício da Agência Centro Salvador do Banco do

Brasil em Salvador BA

5.1.5.1. Histórico e planejamento

Localizado na Av. Estados Unidos, 561, no bairro Comércio. O prédio foi concebido para

abrigar agência bancária e outras dependências do Banco do Brasil, atualmente, ocupam o

prédio, além da agência centro Salvador, o NRT (Núcleo Remoto de Telemática) de

Salvador, a regional do Departamento de Engenharia, uma Superintendência regional,

alguns órgãos regionais e uma parte cedida ao Banco Central do Brasil. O prédio localiza-

se no bairro do Comércio em Salvador, cujas ruas possuem tráfego intenso, próximo ao

porto marítimo, e a menos de 100m do mar. A temperatura da região é alta durante todo o

ano, com pequenas variações, os índices pluviométricos são altos, a umidade relativa do ar

é alta o ano todo, devido à proximidade do mar, estando sujeita a névoa salina, e a pressão

atmosférica também é alta, em função de estar ao nível do mar.

O prédio possui dez pavimentos, um subsolo e cobertura, com área de 27.577m². O

subsolo, térreo e sobreloja têm dimensões de aproximadamente 40x100m e os demais

16x100m. A fachada principal é voltada para o leste e a secundária para o oeste. Maiores

detalhes podem ser observados na Documentação Fotográfica (Anexo F.3). A estrutura é

em concreto armado, revestido com diversos tipos de materiais, e possui uma única junta

de dilatação, dividindo-o em dois blocos com extensão de 50m cada um, com as seguintes

características:

• Data da estrutura: 1967

• fck do concreto: ignorado

• Relação água/cimento: ignorado

Este prédio, dentre os seis escolhidos, é o único cuja estrutura é totalmente revestida, e em

que, além dos ensaios de cobrimento e carbonatação, foi coletada amostra do concreto para

o ensaio de teor total de cloretos. Por tratar-se de estrutura revestida, ficou estipulada de

antemão, a profundidade máxima da coleta em 20mm, sendo colhidas a cada 5mm, ou seja

em quatro profundidades: 0-5mm; 5-10mm; 10-15mm e 15-20mm. Porém, o ideal teria

Page 120: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

108

sido, primeiramente, medir os cobrimentos das diversas áreas de inspeção e, a partir destes

valores, estipular o limite de profundidade para a coleta de amostra do concreto. Mas, para

agilizar os ensaios, evitando a volta da equipe às mesmas áreas, perda de tempo com a

ligação do equipamento e outros contratempos, todos os três ensaios foram feitos em cada

área em seqüência.

5.1.5.2. Inspeção geral e detalhada

Durante a fase inicial da inspeção geral, não foram notados danos graves no prédio, sendo

a mais preocupante a corrosão detectada na fachada oeste, onde foi executado um anteparo

com cobogós, cuja estrutura de sustentação apresenta sérios problemas. Inicialmente não

foi possível localizar nos projetos estruturais, detalhes da viga e pilares de sustentação dos

cobogós. Estes elementos estruturais estão ligados a estrutura principal do prédio através

do prolongamento de vigas e nervuras das lajes, embora no projeto estrutural não haja

estes detalhes. A corrosão ocorre no encontro do prolongamento destas nervuras com os

pilares e vigas de sustentação dos cobogós; também algumas vigas destas apresentam

sinais de corrosão, com fissuração do concreto. Mas, a corrosão mais intensa ocorre nas

armaduras colocadas entre os cobogós, tanto na horizontal quanto na vertical, talvez

motivada pela maior porosidade da argamassa de assentamento dos cobogós e penetração

de cloretos.

Prosseguindo a inspeção geral, em sua fase final, detectou-se corrosão generalizada na laje

de cobertura da torre de arrefecimento do sistema de ar condicionado, em local de difícil

acesso e também de solução complicada, tendo em vista o funcionamento ininterrupto do

equipamento de ar condicionado e a necessidade da refrigeração contínua dos

equipamentos do sistema de computação. Na fachada oeste, ao nível da rua, o prédio é

revestido por cerâmicas artesanais, e, durante a inspeção geral, verificou-se que estava

faltando uma das cerâmicas. Ao efetuar exame mais cuidadoso, notou-se que uma grande

área apresentava altos níveis de corrosão em vigas e lajes, a ponto de romper estribos de

alguma vigas. No local, existe uma ventilação dos equipamentos de ar condicionado,

provocando um aumento da umidade. Um fato agravante foi o fechamento do local, com a

colocação de grades de proteção, confinando os elementos estruturais em ambiente cuja

altura é inferior a 1,50m. O acesso ao local foi feito através de um pequeno portão, distante

Page 121: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

109

mais de 20m da área de interesse, com a locomoção prejudicada em função das pequenas

dimensões do caminho até o local, entrecortada de diversos pilares e tubulações de

instalações.

Na inspeção da estrutura detectaram-se danos em 51 elementos, distribuídos pelas famílias

de elementos conforme segue:

• “Pilar” – 5 elementos;

• “Viga” – 15 elementos;

• “Laje” – 23 elementos;

• “Elemento Arquitetônico” – 8 elementos.

Deste total, 49 elementos apresentaram grau de deterioração acima de 20, sendo que os

danos foram mais intensos nas vigas.

Após a inspeção geral, foram escolhidas as áreas de inspeção detalhada onde seriam

realizados os ensaios. Foram escolhidas três áreas, com faces voltadas para as direções sul

e oeste, em vigas na cobertura do nível mais baixo, devido à exposição e importância

estrutural, pois, várias delas em balanço sustentam duas lajes de 8x17m, a uma altura de

14m do solo e sobre tráfego de pessoas. Na área onde detectou-se a corrosão, não foi

possível realizar os ensaios, devido às pequenas dimensões disponíveis para a equipe, e a

forte ventilação, que prejudicaria a coleta do pó de concreto. Outro local, próximo às torres

de ar condicionado, foi escolhido, mas após o inicio dos ensaios houve necessidade de

abandona-los, devido à forte corrente de ar formada pelos ventiladores das instalações. Um

pilar da fachada oeste foi escolhido, por sustentar os cobogós, e, por último, uma parede do

reservatório superior foi escolhida por encontrar-se em local de muita exposição às

mudanças de temperatura e pressão do vento.

Obteve-se uma grande variação nas medidas do cobrimento das armaduras, principalmente

nas áreas nº 1 e nº 3, em que, sob o revestimento de argamassa, foi encontrada armadura,

projetando-se da face das vigas em 9,7mm e 5mm, respectivamente, e o coeficiente de

variação, portanto, atingiu o valor de 112% em ambas as áreas. Já o teste de carbonatação

Page 122: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

110

somente acusou o ponto nº 2 da área de inspeção nº 3, revelando ser o dado não confiável,

devendo ser desconsiderado. O ensaio de teor de cloreto totais realizado indica teores

próximos de 0,3% com relação à massa de cimento, em 3 das cinco áreas, mas apenas na

camada mais superficial (0-5mm), portanto, com valores inferiores aos 0,4% indicado pela

literatura (Helene, 1993).

Tabela 5.6 – Teor de cloretos totais (%) em relação à massa de cimento

Local Profund. 0 – 5mm 5 – 10mm 10 – 15mm 15 – 20mm Área 1 0,302% 0,266% 0,176% 0,112% Área 2 0,257% 0,193% 0,146% 0,149% Área 3 0,292% 0,196% 0,125% 0,137% Área 4 0,272% 0,170% 0,132% 0,137% Área 5 0,303% 0,184% 0,129% 0,122%

5.1.5.3. Processamento das informações e resultados

Consultando o Anexo F.2, onde se encontram as planilhas de cálculo, verifica-se que o

grau de deterioração dos elementos (Gde) variou de 80 a 167. O resultado geral da

estrutura, como pode ser verificado, apresentou um grau de deterioração (Gd) igual a 120,

representando um nível de degradação crítico, sendo necessária a intervenção imediata

para restabelecer funcionalidade e/ou segurança. O grau de deterioração acumulado do

prédio tem o valor de 8.706.

Na coluna “geral” da planilha Sinopse, observa-se, dentre todos os danos identificados,

que 21,2% deles são referentes à corrosão, com grau de deterioração acumulado de 1.996,

porém, o dano com grau de deterioração acumulado mais alto foi a fissuração, somando

2.347, e freqüência de ocorrência da ordem de 20,0%. O terceiro dano em grau de

deterioração acumulado foi a esfoliação, com o valor de 1.878, e freqüência de 19,5%.

Analisando a planilha Sinopse, verifica-se que a família de elementos “Viga” apresenta

maior grau de deterioração acumulado com o valor de 3.602. O grau de deterioração da

família de relevância principal é igual a 158 (nível crítico), e a secundária 61 (nível alto).

Page 123: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

111

Nesta família, o dano de maior freqüência foi a fissuração, com 21,1%, e grau de

deterioração acumulado de 1.200. Em seguida, foram esfoliação, corrosão e cobrimento

deficiente com freqüência de 19,7%, com grau de deterioração acumulado de 854, 812 e

317, respectivamente.

Em segundo lugar, vem a família de elementos “Laje”, com grau de deterioração

acumulado de 3.562. O grau de deterioração da família de relevância principal é de 78

(nível alto), e a secundária 115 (nível crítico); já nesta família, preponderou o dano

corrosão, tanto na freqüência, de 21,6%, quanto no grau de deterioração acumulado de

834, seguido dos danos cobrimento deficiente, também com freqüência de 21,6%, agressão

ambiental, com 19,6%, fissuração e esfoliação, com 17,6%, e graus de deterioração

acumulados de 636, 640, 780 e 624, respectivamente.

A família “Elemento Arquitetônico” obteve Gdf igual a 54 e grau de deterioração

acumulado de 787. Entre os danos verificados estão esfoliação, agressão ambiental,

corrosão e fissuração, todos com a mesma freqüência de 25,0%, mas com graus de

deterioração acumulados de 256, 256, 224 e 51, respectivamente.

Embora com apenas 5 elementos, a família “Pilar” apresenta 3 em estado crítico, fazendo

com que o grau de deterioração da família de relevância principal atinja o valor de 167, e

secundária 154, acumulando grau de deterioração de 754. Dos danos levantados, a

fissuração apresentou maior freqüência de ocorrência, com o percentual de 29,4%, e grau

de deterioração acumulado de 316. Os demais danos, esfoliação, cobrimento deficiente,

corrosão e agressão ambiental tiveram freqüência de 17,6%, e acumularam graus de

deterioração de 144, 72, 126 e 96.

Page 124: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

112

5.1.6. Sexto estudo de caso: Edifício do DPT (Divisão de Processamento e

Telemática) do Banco do Brasil em Brasília DF

5.1.6.1. Histórico e planejamento

O prédio localizado no Setor Área Isolada Norte – SAIN, Quadra 716, Bloco C,

concebido originalmente para abrigar um centro de processamento de dados do Banco do

Brasil, também denominado edifício Sede IV, localiza-se na cidade de Brasília. O clima

da região não apresenta grandes variações de temperatura durante o ano, predominando

um clima ameno, havendo, no entanto, variações no ciclo diário, em que à noite a

temperatura registra ligeiras baixas. A pluviometria apresenta características bem

definidas, com um período seco entre os meses de abril e outubro, no mês de agosto a

umidade relativa do ar cai a níveis extremamente baixos. No período caracterizado por

abundância de chuvas, a umidade alcança altos índices. A atmosfera não apresenta

poluição, pois a emissão de poluentes, que se dá em grandes espaços abertos, origina-se,

em sua maior parte, de veículos automotores.

Com 24.979 m² de área construída, o prédio é dividido em 18 blocos retangulares

interligados, e o número de pavimentos varia de três a cinco. Sete blocos são torres de

escadas, com reservatórios na cobertura, e dimensões de 4,70x18,80m, revestidas

externamente com mármore branco. Os demais blocos têm as fachadas em concreto

aparente, sem proteção adicional, e brises de alumínio. O nível do subsolo é ocupado em

sua maior parte por estacionamento de veículos. Maiores detalhes podem ser observados

na Documentação Fotográfica (Anexo G.3). Devido à intensa utilização através de

diversos turnos de trabalho (24hs/dia), e constantes alterações de leiaute, a edificação em

geral apresenta um desgaste maior que aquelas de uso menos intenso. As principais

características da estrutura de concreto armado são:

• Data da estrutura: 1981

• fck do concreto: 18 mpa

• Relação água/cimento: ignorado

Page 125: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

113

5.1.6.2. Inspeção geral e detalhada

A vistoria foi facilitada, tendo em vista, as diversas obras em andamento no prédio, o que,

de certa forma, tornou-a mais fácil, como no exame de lajes estando os forros

desmontados. No entanto, alguns locais, em fase de conclusão, podem dissimular sinais de

anomalias como fissuras, manchas, etc. Toda tubulação de água fria do prédio, que era de

ferro galvanizado, estava sendo substituída por outra de PVC, devido à corrosão dos tubos.

Nos sanitários, estavam sendo trocados os revestimentos de pisos e paredes, forros, metais

e louças. As instalações de água do sistema de ar condicionado central, também,

apresentavam sérios problemas de perfuração de tubos, provocada pela corrosão,

colocando o sistema em situação crítica, em razão da dificuldade para a substituição da

tubulação, que, em certas partes, encontra-se em calhas subterrâneas.

O aspecto geral do prédio sugere um baixo padrão de qualidade de execução. A estrutura

em concreto aparente apresenta diversos defeitos construtivos, como irregularidade da

geometria dos elementos estruturais, deficiência de cobrimento das armaduras,

acabamentos da superfície do concreto aparente, execução de juntas de dilatação, que, no

caso deste prédio, são muitas, defeitos nas impermeabilizações, etc. Durante a inspeção

geral notou-se que diversas peças de concreto aparente apresentavam fissuras superficiais

excessivas, com desenhos aleatórios, como de revestimento, algumas com sinais de

reparos, e outras como se tivesse sido aplicado um revestimento de argamassa corrigindo

possíveis defeitos de concretagem; é o caso dos pontos nº 2, 3 e 5 da área de inspeção nº 2.

Nos sete blocos das torres de escadas e reservatórios, o revestimento externo de mármore

branco apresenta-se muito fissurado, e, internamente com muitos sinais de infiltração.

Segundo informações, o problema havia sido corrigido, mas não foram feitas

investigações no concreto sob o revestimento, devido à ausência de indícios que

evidenciassem a corrosão. Na inspeção da estrutura, detectaram-se danos em 62

elementos, distribuídos pelas famílias de elementos, conforme segue:

• “Pilar” – 40 elementos;

• “Viga” – 16 elementos;

• “Laje” – 2 elementos;

Page 126: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

114

• “Cortina” – 1 elementos;

• “Reservatório” – 3 elementos.

Deste total apenas 27 elementos apresentaram grau de deterioração acima de 20, sendo que

os danos foram mais intensos nos pilares. Após a inspeção geral, foram escolhidas cinco

áreas de inspeção para realização dos ensaio de medição do cobrimento da armadura e

profundidade de carbonatação. Os elementos escolhidos foram pilares, devido à

importância estrutural e por aparentarem possuir mais danos. Em razão da maior

exposição, foram escolhidos pilares externos do prédio, três em diferentes pontos

localizados na cobertura e outros dois mais próximos ao solo.

Nos resultados dos ensaios de medida do cobrimento das armaduras, o coeficiente de

variação das medidas nas diversas áreas não foi alto, variando de 6% a 41%. Entretanto,

considerando os 30 pontos, em razão de serem todos pilares com a mesma condição de

exposição, o coeficiente de variação foi de 72%. Isto significa uma grande dispersão nas

medidas de cobrimento para elementos que deveriam possuir dimensões próximas, o que

reflete má qualidade na execução, em se tratando de concreto aparente.

O teste de carbonatação acusou penetração em todos os pontos de todas as áreas de

inspeção, sendo que na área nº 1 a profundidade atingiu a armadura em todos os pontos

pesquisados, devido à deficiência de cobrimento, e, na área nº 3, a carbonatação atingiu a

armadura nos pontos nº 3 e 4; porém, a espessura para a exposição já é muito reduzida nos

demais pontos desta área, vide Tabela 5.7. Considerou-se, portanto, o dano carbonatação

com intensidade 2 em todos elementos localizados externamente.

Page 127: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

115

Tabela 5.7 – Detalhe da planilha Inspeção contida no Anexo G.2

Área 1 2 3 4 5 6 Média S Cv

Cobrimento 9,1 10,5 9,7 3,4 10,1 4,6 7,9 3,1 39%Carbonatação 12,0 12,7 32,4 16,1 13,6 15,5 17,1 7,7 45%

Áre

a 1

P68A

Exposição -2,9 -2,2 -22,7 -12,7 -3,5 -10,9 -9,2 Revestimento 0 21,7 14,9 0 17,3 0 9,0 10,1 112%Cobrimento 68,5 73,4 46,6 79,6 38,5 74,2 63,5 16,8 26%Carbonatação 10,4 10,6 13,6 7,7 5,2 10,0 9,6 2,9 30%

Áre

a 2

P80B

Exposição 58,1 62,8 33,0 71,9 33,3 64,2 53,9 Cobrimento 7,3 11,2 6,0 7,0 11,2 15,3 9,7 3,5 37%Carbonatação 7,0 9,9 8,7 9,8 10,9 10,3 9,4 1,4 15%

Áre

a 3

P64B

Exposição 0,3 1,3 -2,7 -2,8 0,3 5,0 0,2 Cobrimento 44,6 66,8 27,0 39,8 27,7 24,9 38,5 16,0 41%Carbonatação 9,8 10,3 11,4 10,7 9,9 11,6 10,6 0,8 7%

Áre

a 4

P7

Exposição 34,8 56,5 15,6 29,1 17,8 13,3 27,9 Cobrimento 56,4 53,4 61,7 55,0 56,7 53,0 56,0 32 6%Carbonatação 21,4 28,9 8,2 30,6 19,5 29,5 23,0 8,6 37%

Áre

a 5

P9

Exposição 35,0 24,5 53,5 24,4 37,2 23,5 33 Geral Cobrimento 35,1 25,4 72%

5.1.6.3. Processamento das informações e resultados

Após o processamento das informações, cujos resultados se encontram na planilha Sinopse

do Anexo G.2, verificou-se que o grau de deterioração da estrutura alcançou o valor 52,

significando um nível alto de degradação, recomendando-se, portanto, a observação

periódica minuciosa e necessidade de intervenção em curto prazo. O grau de deterioração

acumulado do prédio alcançou o valor de 2.753.

Dentre os danos gerais da estrutura, destaca-se a fissuração, que além de ocorrer com

maior freqüência (19,4%), acumulou grau de deterioração de 836, praticamente um terço

do total do prédio. O segundo com maior valor acumulado de grau de deterioração foi o

dano “mancha”, com o valor de 368, embora com freqüência de 15,2%. Este dano, além do

aspecto estético, pode contribuir para acelerar outros processos de deterioração,

principalmente quando associado ao dano maior que é a fissuração.

Dos demais danos de relevância, a carbonatação, que apresentou-se com freqüência de

18,7%, e grau de deterioração acumulado de 300, é preocupante, apesar de ainda não

atingir um índice crítico, em função do cobrimento. A corrosão ocorreu com uma

Page 128: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

116

freqüência de 15,2%, e acumulou grau de deterioração de 276. E, finalmente, o dano

“deficiência de cobrimento” se manifestou com freqüência de 13,8%, acumulando grau de

deterioração de 275, e “esfoliação” com freqüência de 8,0%, mas grau de deterioração

acumulado de 272. Os demais danos tiveram pouca significância.

Sob o aspecto das famílias de elementos, analisando-se a planilha Sinopse, cujo detalhe

encontra-se na Tabela 5.8, verifica-se que a família de elementos “Pilar” apresenta maior

grau de deterioração acumulado, com o valor de 1.672. O grau de deterioração da família

de relevância principal é igual a 43 (nível médio), e a secundária 57 (nível alto). Nesta

família, o dano de maior freqüência foi a fissuração, com 20,6%, e grau de deterioração

acumulado de 572. Em seguida, foram carbonatação, mancha, corrosão e cobrimento

deficiente, com as freqüências de 17,6%, 16,1%, 16,1% e 15,6%, respectivamente, e com

graus de deterioração acumulados de 196, 196, 134 e 178, respectivamente.

Em seguida, vem a família de elementos “Viga”, com grau de deterioração acumulado de

706. O grau de deterioração da família de relevância secundária é de 53 (nível alto). O

dano corrosão atingiu o maior grau de deterioração acumulado, com o valor de 240, e

freqüência de 19,7%. Porém, o dano com maior freqüência foi a carbonatação, com 21,3%,

mas totalizando grau de deterioração acumulado de apenas 70. Seguido dos danos mancha,

corrosão e cobrimento deficiente, com as freqüências de 18,0%, 13,1% e 11,5%, e graus de

deterioração acumulados de 168, 59 e 86, respectivamente.

Com apenas três elementos, a família “Reservatório” tem Gdf igual a 53 (nível alto), e

grau de deterioração acumulado de 268. Dentre os danos verificados, os maiores foram

infiltração/vazamento, corrosão e esfoliação, com freqüências de 18,8%, 12,5% e 12,5%, e

graus de deterioração acumulados de 79, 72 e 64, respectivamente. Das duas famílias

restantes, a família “Cortina” apresenta apenas um elemento, conferindo um grau de

deterioração à família de 33, e acumulando grau de deterioração de 59. Apresentaram-se

como danos principais: infiltração/vazamento e lixiviação/eflorescência. A família “Laje”,

com apenas dois elementos, de Gde inferior a 20, sequer teve o grau de deterioração da

família (Gdf) calculado.

Page 129: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

117

Tabela 5.8 – Detalhe da planilha Sinopse contida no Anexo G.2

Pilar Viga Laje Cortina Reservatório GERAL Danos a estrutura % Grau % Grau % Grau % Grau % Grau % Grau

1 Segregação 1,6% 3 0,4% 3 2 Lixiviação/Eflorescênci

a 1,0% 4 1,6% 4 25,0% 14 20,0% 20 18,8% 17 3,0% 57

3 Desagregação 0,5% 6 1,6% 6 0,8% 11 4 Esfoliação 8,0% 150 8,2% 58 12,5% 64 8,7% 272 5 Carbonatação 17,6% 196 21,3% 70 25,0% 11 20,0% 6 18,8% 17 18,6% 272 6 Fissuração inaceitável 20,6% 572 19,7% 240 25,0% 16 6,3% 8 19,4% 800 8 Desvio de Geometria 3,5% 36 2,7% 36 9 Cobrimento deficiente 15,6% 178 11,5% 86 12,5% 11 13,3% 251

10 Mancha de Corrosão 16,1% 134 13,1% 59 25,0% 6 20,0% 6 12,5% 72 15,2% 254 12 Mancha 16,1% 196 18,0% 168 20,0% 4 14,8% 348 16 Infiltração/Vazamento 20,0% 24 18,8% 79 1,5% 103 18 Ninho de concretagem 1,6% 6 0,4% 6 19 Esmagamento 0,5% 100 0,4% 100 20 Junta danificada 0,5% 100 1,6% 6 0,8% 106 Nº Elementos / Grau Total 45 1.672 16 706 2 47 1 59 3 268 67 2.753 Mín. / Máx. Grau de Dano 8 164 6 160 13 19 38 38 14 61 6 164

Desvio Padrão / Média 27 26 38 31 4 16 38 28 45 29 29 Fr/ Principal 5 43 3 38 3 61 Gde >20 27 Fr/ Secundária 4 57 4 53 Alto 50

Nível de deterior. do elemento Baixo <= 20 Médio <= 50 Alto <= 80 Crítico > 80

Nível de deterior. da estrutura Baixo <= 20 Médio <= 40 Alto <= 60 Crítico > 60

5.1.7. Resumo dos estudos de caso

De acordo com a metodologia aplicada, o grau de deterioração da estrutura (Gd) varia de 0

a 200. Para os seis prédios vistoriados, como se pode verificar no Anexo H, os dados

observados apresentam, em grande parte, graus elevados de deterioração da estrutura,

mesmo nos prédios que, inicialmente, não havia suspeição deste estado de deterioração.

Apesar da quantidade de prédios vistoriados perante o estoque ser diminuta, a área total

construída é representativa (3,8%), mas, mesmo assim, insuficiente para fazer conjeturas

acerca do estoque.

Pautando-se, portanto, apenas sobre os prédios vistoriados, nota-se, claramente, que uma

estratégia baseada em prioridades de atuação poder ser traçada. Vislumbra-se ainda a

possibilidade de intervenções preventivas, em função dos danos detectados e dos ensaios

realizados. De forma sintética, um detalhe da planilha resumo é apresentada na Tabela

5.9, onde os dados mais importantes sobre a estrutura e as famílias de elemento

estruturais são colocados de maneira simplificada.

Page 130: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

118

Tabela 5.9 – Detalhe da planilha Resumo contida no Anexo H

PRÉDIO (UF) RS SP RJ 1 RJ 2* BA DF Área construída (m²) 11.399 31.090 50.679 10.966 27.577 24.979 Grau de dano (D) acumulado 2.032 2.224 6.738 1.144 8.706 2.753 Grau de deterioração da estrutura (Gd) 48 39 59 42 120 50 Nível de deterioração da estrutura Alto Médio Alto Alto Crítico Alto Número de elementos com danos 35 116 68 19 51 67 Grau de Deterioração das Famílias (Gdf)

Pilar Principal 46 29 70 44 167 43 Pilar Secundário 154 57 Viga Principal 66 50 38 158 Viga Secundária 37 61 53 Laje Principal 35 40 51 39 78 Laje Secundária 40 115 Escada Principal 37 Escada Secundária 32 Cortina Principal 38 Cortina Secundária Reservatório Principal 117 61 Reservatório Secundário Elemento Arquitetônico Principal 54 Elemento Arquitetônico Secundário 2* – edifício garagem

5.2. Análise do emprego do relatório técnico de vistoria em campo

O relatório técnico de vistoria (RTV) está composto de duas partes, a primeira dedicada

aos diversos componentes, exceto estrutura, e a segunda exclusivamente voltada para

utilização no componente estrutura. Visando auxiliar o técnico durante as vistorias aos

prédios do estoque, o relatório traz alguma informações sob a forma de conceitos, valores

que podem ser assumidos, com finalidade de facilitar o seu preenchimento.

A primeira parte foi desenvolvida com o intuito de captar dados relativos à durabilidade,

desempenho e origem de defeitos, dentre outras utilidades. Porém, como já mencionado

no início deste capítulo, não foi possível a utilização desta parte do relatório na íntegra,

mas somente efetuado o levantamento do valor da degradação de cada componente.

A segunda parte diz respeito unicamente ao componente estrutura. Foi elaborada de modo

a ser preenchido com dados que identifiquem os elementos estruturais danificados, os

danos que acometem o elemento, sua intensidade, e outras observações importantes. Um

campo destinado às observações deverá conter informações que precisem a sua

Page 131: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

119

localização, características físicas, situações anormais que requeiram explicitações,

peculiaridades a respeito da forma como se manifesta o dano, sua extensão, etc., de forma

a auxiliar futuramente na elaboração de diagnósticos.

O relatório foi elaborado de modo a facilitar o seu preenchimento, dando liberdade na

forma de coletar dados, sem contudo, se despojar da fidelidade das informações. Os

danos referentes a um mesmo elemento podem ser relacionados pelo seu número, numa

mesma linha, ou em mais linhas se o espaço for insuficiente, separados por vírgulas, de

maneira a condensar informações e demandar o menor tempo possível do técnico. Da

mesma maneira, os fatores de intensidade, são correlacionados sempre na ordem com os

respectivos danos. Diversos exemplos da aplicação do relatório técnico de vistoria (RTV)

encontram-se nos anexos. Caso haja necessidade, pode ser feito um croqui no verso da

folha do relatório, que será muito oportuno, e facilitará sobremodo interpretações futuras.

No entanto, o desenho do relatório pode ser alterado conforme as necessidades e

exigências dos técnicos que irão utilizá-los. Neste caso específico, os relatórios foram

preenchidos por uma única pessoa, não servindo de base para uma pesquisa mais ampla

de sua utilização. Entretanto, o modelo foi sendo ajustado à medida em que era utilizado

nas seis vistorias. A colocação do fator de relevância próximo à identificação do elemento

é providencial, pois durante a inspeção o técnico, de posse do projeto, e examinando o

elemento, terá facilidade de definir o seu fator de relevância. Do contrário, em outra

ocasião tornar-se-ia mais árdua. Uma grande parte do tempo durante a inspeção é

demandada na identificação dos elementos.

O relatório pode ser aperfeiçoado e desenvolvido sob a forma de telas do próprio sistema,

para uso em computadores portáteis, que realizariam o processamento dos dados à

medida que fossem introduzidos. Filtros seriam introduzidos visando a inibição de erros.

A apresentação de dados utilizando cores, como usada nas tabelas, facilitam a leitura,

chamando a atenção para os dados mais importantes. Da mesma maneira, funções de

ajuda podem ser incorporadas, à medida que o sistema evolua, disponibilizando imagens

ilustrativas, auxiliando a identificação de danos, formas de manifestação, graus de

intensidade, etc.

Page 132: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

120

5.3. Recomendações para procedimentos em campo

Durante a realização das seis vistorias, verificou-se que determinadas tarefas demandam,

por vezes, tempo excessivo, como é o caso de obtenção dos projetos estruturais,

imprescindíveis no processo, quando não obtidos, acarretam grandes perdas nos prazos.

Por conseguinte, a solicitação destes documento, com antecedência, torna-se profícua às

diligências necessárias. Semelhante situação ocorre com a equipe que auxiliará nas

tarefas relativas aos ensaios a serem executados na áreas de inspeção.

A definição das áreas dos ensaios, deverá ser feita durante a inspeção geral, e a realização

dos ensaios, logo em seguida, no início da inspeção detalhada. Estes ensaios demandam

tempo, e, não raro, provocam atrasos. É importante ressaltar, que, no caso de ensaios para

a investigação do teor total de cloretos, o processo torna-se mais demorado, devido a

necessidade de se proceder a medição do cobrimento das armaduras em todas as áreas de

inspeção, e, posteriormente, com base nas medidas auferidas, retornar a cada uma destas

áreas de inspeção, para efetuar o ensaio do teor total de cloretos.

Logo após a realização das medidas relativas ao cobrimento da armadura, deve ser

realizada uma análise estatística da amostra por área de inspeção. Para o coeficiente de

variação, o valor ideal será de até 20%, sendo aceitável, de forma circunspeta até 50%.

Para valores maiores, é aconselhável a ampliação da amostra na área; persistindo a

variação, a área deverá ser examinada com maior rigor, mas não descartada. Como

comentado no segundo caso de estudo, deve-se inicialmente utilizar a Estatística

Descritiva, ponderando-se que, poderão ser juntadas para análise em única amostra, áreas

de elementos com mesma medida de cobrimento em projeto.

Para as medidas de carbonatação e presença de cloretos, são válidas as mesmas

recomendações, acrescidas da observação de que, para a utilização de amostras de áreas

diferentes, haverá necessidade de se provar que o fenômeno ocorre em mesmas condições

nestes locais, sendo mais indicado para este caso a utilização da Estatística Inferencial.

Deve-se identificar, durante a inspeção detalhada, os elementos que tenham a mesma

condição de exposição das áreas de inspeção, quanto à carbonatação e penetração de

Page 133: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

121

cloretos, para facilitar posteriormente a eventual inserção destes danos, após a obtenção

dos resultados de ensaio.

Ao final das inspeções, providenciar a recomposição das áreas danificadas pelos ensaios e

coletas de amostras, de forma a não deixar pontos vulneráveis neste elementos,

procurando restabelecer os seus padrões estéticos.

5.4. Cálculo do índice de degradação para os casos experimentais

O cálculo do índice de degradação, conforme exarado no Capítulo 2, considera a

ponderação dos diversos componentes, realizada através da utilização dos seus custos

médios para construção como fatores. No caso de itens inexistentes, os fatores dos

componentes são redimensionados, proporcionalmente, com base nos existentes.

Processadas as informações contidas no relatório técnico de vistoria, tomando como base

os valores referentes à degradação de cada componente, obteve-se os índices de

degradação (ID), como apresentado na Tabela 5.10. Verifica-se da tabela que o prédio em

melhores condições é o DPT em Santo Amaro SP, com índice de degradação 0,1329,

representando que 13,29% do prédio encontra-se degradado, necessitando, a priori, de

reposição deste percentual, para que se restabeleçam as condições para que foi concebido,

em termos de desempenho e durabilidade. Cabe a observação, de que determinados

valores percentuais de reposição muito baixos, são economicamente desvantajosos de se

efetivarem. Pois alguns componentes não podem ser repostos parcialmente.

De modo semelhante, em piores condições encontra-se o prédio da agência Centro

Salvador BA, indicando uma degradação da ordem de 35,05%, que já identifica uma

necessidade de intervenção. Consequentemente, as condições da amostra um espectro

abrangente, variando de condições que dispensam intervenção ou mesmo maiores

cuidados, àquelas em que se não houver intervenção pode acarretar maiores perdas, ou

seja, incorrem na necessidade de intervenção. Portanto, a amostra forneceu condições

apropriadas, para testar a utilização do sistema.

Page 134: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

122

Tabela 5.10 – Índice de Degradação (ID) dos prédios utilizados no estudo de casos

COMPONENTE RS RJ 1 RJ 2* SP BA DF 01 Alvenaria 10 8 8 9 7 8 02 Pavimentação 8 8 7 9 8 8 03 Revestimento 9 3 6 8 4 7 04 Forro 8 8 - 9 8 8 05 Carpintaria 9 8 - 9 7 9 06 Serralharia 9 7 6 9 6 8 07 Ferragens 9 8 7 9 6 8 08 Vidraçaria 10 8 8 9 8 9 09 Pintura 4 8 6 9 7 7 10 Inst. Elétrica 10 8 7 9 8 8 11 Inst. Hidro Sanitária 9 7 7 9 6 8 12 Cobertura 9 7 7 9 8 8 13 Impermeabilização 4 8 8 9 9 8 14 Equip. Sanitários 8 8 7 8 6 8 15 Diversos 7 5 6 10 8 7 I.D. 0,1491 0,3229 0,3355 0,1329 0,3505 0,2207 2* – edifício garagem

5.5. Verificação da aplicabilidade do sistema com o componente estrutura

Para a verificação dessa aplicabilidade, considera-se que os testes efetuados foram

satisfatórios com algumas modificações introduzidas no sistema. Obviamente, todos

sistemas tendem a se aperfeiçoar com a intensificação da sua utilização; por conseguinte,

outras alterações surgirão, espontaneamente, ao longo de sua própria evolução.

Na introdução do componente estrutura no sistema Siscop, houve necessidade de

alterações nos fatores de ponderação utilizados até então. Estes fatores propostos estão

contidos no item 3.5, e para os presentes casos o valor utilizado foi de 16,9%. Porém,

resta ainda definir o modo como os valores auferidos pela estrutura através do sistema

proposto, aqui expresso pelo grau de deterioração da estrutura (Gd), se adequaria à escala,

utilizada pelo sistema Siscop, que varia de 0 a 10.

Como exposto no Capítulo 3, o grau de deterioração (Gd) de uma estrutura teria um

máximo em função de seus elementos, compreendido num intervalo que vai de 0 a 200

(máximo), logo, a conversão do grau de deterioração da estrutura (Gd) para a escala

empregada pelo sistema Siscop torna-se simples. A comparação destes dados

experimentais será realizada em pormenores no próximo capítulo.

Page 135: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De
Page 136: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 6

ANÁLISE DE RESULTADOS

Page 137: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

125

CAPÍTULO 6

6. ANÁLISE DE RESULTADOS

6.1. Comparação de resultados após a inclusão do componente estrutura

O fator de ponderação para o componente estrutura será, conforme critério descrito no

item 3.5, igual a 16,9%, podendo este valor percentual variar segundo as características de

cada estoque. Ao ser introduzido no sistema juntamente com os demais componentes, o

grau de deterioração calculado para a estrutura (Gd) é convertido, da maneira exposta no

capítulo anterior, num índice que varia de 0 a 10, e, em seguida, aplicado o mencionado

fator de ponderação, resultando numa parcela do índice de degradação (ID) do prédio.

Num dos casos em estudo, o edifício garagem do Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro,

devido às peculiaridades de seu uso, o prédio não possui os componentes forro e

carpintaria, existentes nos demais prédio. Para este caso, o fator de ponderação de cada um

dos componentes foi recalculado, em função da redistribuição dos pesos dos componentes

inexistentes.

Processados os dados de cada prédio, obteve–se os valores dos índices de degradação (ID)

contemplando o componente estrutura, que foram comparados com os anteriormente

calculados, apresentados na Tabela 5.10. As diferenças obtidas foram expressas em

percentuais de variação com relação aos valores originais, como poder ser visto na Tabela

6.1.

Sabe-se, de antemão, que a introdução deste componente somente pode acarretar

influência máxima igual ao seu valor de ponderação, ou seja 16,9%, exceto nos casos em

que o prédio não possui algum dos demais componentes, situação em que o fator é

majorado, em função da quantidade de componentes inexistentes e de seus respectivos

fatores de ponderação.

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126

Tabela 6.1 – Comparativo dos Índices de Degradação (Id) nos prédios objetos do estudo

COMPONENTE RS SP RJ 1 RJ 2* BA DF 01 Alvenaria 10 9 8 8 7 8 02 Pavimentação 8 9 8 7 8 8 03 Revestimento 9 8 3 6 4 7 04 Forro 8 9 8 - 8 8 05 Carpintaria 9 9 8 - 7 9 06 Serralharia 9 9 7 6 6 8 07 Ferragens 9 9 8 7 6 8 08 Vidraçaria 10 9 8 8 8 9 09 Pintura 4 9 8 6 7 7 10 Inst. Elétrica 10 9 8 7 8 8 11 Inst. Hidro Sanitária 9 9 7 7 6 8 12 Cobertura 9 9 7 7 8 8 13 Impermeabilização 4 9 8 8 9 8 14 Equip. Sanitários 8 8 8 7 6 8 15 Diversos 7 10 5 6 8 7 16 Estrutura 8 8 7 8 5 8 I.D. 0,1491 0,1329 0,3229 0,3355 0,3505 0,2207 I.D. (com a estrutura) 0,1513 0,1304 0,3081 0,3859 0,3831 0,2139 Variação percentual +1,5% -1,9% -4,6% +15,0% +9,3% -3,1% 2* – edifício garagem

Depreende-se, das informações fornecidas na Tabela 6.1, que nos prédios cujo índice de

degradação apresentava-se alto, a manifestação da deterioração da estrutura se expressou

de modo mais significativo, e as variações foram maiores. Nessa situação há necessidade

de maior precisão e confiabilidade, na estimação das condições da edificação, condizendo

assim com a realidade. Portanto, naqueles edifícios em que a variação foi de 3% a 15%,

provavelmente, não sendo considerado o componente estrutura, se estaria incorrendo em

erros de semelhante grandeza. Podendo afirmar-se, portanto, que quanto maior for o

índice de degradação, maior será o erro embutido, caso o componente estrutura não venha

a ser ponderado. Sendo que em tais situações, quando o índice de degradação é alto, é

justamente a condição onde tais erros seriam indesejáveis.

Page 139: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

127

6.2. Observações sobre os resultados e o estado geral dos prédios inspecionados

Coincidentemente, nas situações em ocorreram maiores índices de degradação dos

componentes em geral, manifestaram-se, também, maiores graus de deterioração para o

componente estrutura, o que evidencia a interdependência existente entre os diversos

componentes. Da mesma forma, como uma cobertura danificada deixa de proteger os

componentes que estão sob sua proteção, o mesmo ocorre entre a pintura e o revestimento,

e entre este a alvenaria, e assim por diante (Bauer, 1988). Ou mesmo, a manifestação de

colapso de alguns componentes, que repercuta em outros, como o vazamento nas

instalações hidráulicas, que finda por deteriorar revestimentos, forros, pisos, outras

instalações, etc.

Observa-se em edifícios de grande porte, que é mais difícil ponderar um conceito sobre seu

estado geral, sem um critério de exame sistemático, onde suas partes sejam verificadas aos

poucos, para, no final, obter-se uma avaliação do todo. Um dos atributos deste sistema é

justamente facultar esta possibilidade, que, indubitavelmente, viabiliza a prospecção de

novos rumos para a manutenção predial de grandes estoques de edifícios.

Como consignado no Capítulo 4, as vistorias foram divididas em duas partes, uma

contemplando o componente estrutura e outra os demais, tendo sido realizado cada qual

por um técnico, na tentativa de reduzir eventuais tendências na formação de conceitos

intervenientes entre os componentes em estudo. Perante os resultados observados, tais

objetivos foram atingidos. Com intuito meramente ilustrativo, cabe citar o prédio em

Porto Alegre, em que o índice de degradação foi baixo, divergindo do índice composto

com o grau de deterioração em apenas 0,5%.

O edifício localizado em Salvador aparentava, até o segundo dia de vistoria, um estado

bom, tanto no tocante ao componente estrutura quanto aos demais; somente na segunda

metade da vistoria é que foram detectadas manifestações mais graves. Os cálculos

relativos à estrutura , em virtude do cronograma de vistorias, só foram concluídos algum

tempo após a vistoria, quando já havia sido determinada a degradação dos diversos outros

componentes. Não era esperado, do resultado dos cálculos, um grau de deterioração tão

elevado. Tal fato ocorreu em função dos altos graus de deterioração de alguns elementos

Page 140: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

128

estruturais isolados, e, no caso da família de “elemento arquitetônico” por ocorrerem de

forma generalizada.

Devem ser seguidas as recomendações da Tabela 2.3, para cada elemento do componente

estrutura, independentemente do nível de deterioração da estrutura, que atinja grau de

deterioração superior a 20, no que ser refere às medidas a serem adotadas. Para a

estrutura como um todo, as recomendações estão na Tabela 2.5. Para os demais

componentes, dependendo do nível de degradação, as providências a serem tomadas estão

contidas nas normas internas do Banco do Brasil referentes ao sistema Siscop.

Quanto às grandes intervenções, para fins de estabelecimento de prioridades e elaboração

de planos de atuação, deverão figurar nos relatórios do Siscop, além do índice de

degradação (ID), o grau de deterioração acumulado e o grau de deterioração da estrutura

(Gd). Com estas três informações tem-se uma visão maior do estado da edificação,

principalmente sob o aspecto segurança da estrutura, onde as duas informações indicam a

extensão e a gravidade do seu estado. Nos prédios vistoriados, o índice de degradação foi

maior para os prédios com grau de deterioração mais altos; porém, como o estudo não foi

abrangente o suficiente no aspecto de experimentação, poderá ocorrer, no estoque,

situações onde o ID, embora inferior aos outros índices, apresente um alto grau de

deterioração acumulado. Este fato reflete que um volume grande de recursos deverá ser

envolvido em sua recuperação, podendo ser esta uma informação decisiva na alteração de

prioridades.

Tabela 6.2 – Resultados finais dos prédios objetos do estudo

PRÉDIO (UF) RS SP RJ 1 RJ 2* BA DF Área construída (m²) 11.399 31.090 56.679 10.966 27.577 24.979 Índice de degradação (ID) 0,1513 0,1304 0,3081 0,3859 0,3831 0,2139 Grau de dano (D) acumulado 2.032 2.224 6.738 1.144 8.706 2.753 Grau de deterioração da estrutura (Gd) 48 39 59 42 120 50 Nível de deterioração da estrutura Alto Médio Alto Alto Crítico Alto 2* – edifício garagem

Page 141: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

129

6.3. Compatibilidade entre as metodologias empregadas

Há de se ponderar, novamente, que, o número de prédios em estudo, foi insuficiente para

abranger com mais profundidade o estudo. Porém, a utilização de prédios de grande porte

sugere que o teste é significativo perante o estoque. A escolha da amostra recaiu sobre

estes prédios, justamente para assegurar a utilização da metodologia em prédios cujas

peculiaridades, de alguma forma, seja óbice à sua utilização, tais com condições de acesso,

dimensões, utilizações, e outras características. A aplicação da metodologia proposta

torna-se mais fácil à medida que a estrutura seja mais simples, as condições de inspeção

mais favoráveis, e o volume de trabalho, enfim, seja menor.

A filosofia utilizada no sistema Siscop era, até então, de grande simplicidade, sem

aprofundamento no mecanismo da degradação da edificação e, por muito tempo, foi

utilizada sem maiores dificuldades. Faltava obter refinamento no tratamento de suas

informações, o que requer aprofundamento e aprimoramento de suas atividades, pois sua

finalidade busca a monitoração de fenômenos complexos e com grande sinergia entre si. A

estratégia do sistema Siscop era iniciar uma modelagem, de forma simplificada, da

degradação das edificações, e paulatinamente, promover um aprofundamento da pesquisa

detalhando este mecanismo. A metodologia para o componente estrutura, desenvolvida na

Universidade de Brasília, apresenta-se mais detalhada em sua origem, faltando um

aprimoramento decorrente, principalmente, da experimentação. Indubitavelmente ambos

se complementam, mesmo estando em níveis diferenciados de detalhamento. Porém, como

já mencionado, esta nova metodologia cria condições para o desenvolvimento de outras,

considerando outros componentes, que ainda não possuam uma sistematização para a sua

monitoração.

6.4. Modificações no método de cálculo do grau de deterioração de um elemento

Durante a utilização da metodologia proposta, como relatado no capítulo 3, observou-se

que o cálculo do grau de deterioração de um elemento, basicamente, se desenvolve em

torno de uma soma. Sendo o maior dano preservado, e os demais acrescentados sob a

forma de uma média simples. Há no entanto a situação de exceção para o caso de dois

Page 142: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

130

danos, em que prevalece apenas o maior deles.

Como já demonstrado no Capítulo 3, para efeito de monitoração de elementos estruturais,

considerando as atuais condições de cálculo a variação do resultado do cálculo de um

elemento com dois danos passando para três, através de um terceiro dano o mais leve

possível, chega-se a um acréscimo de 52%. Da mesma forma, o acréscimo de novos

danos a partir do terceiro dano, caso estes danos acrescidos ao longo do tempo (novos

danos), que venham a ser de grau inferior ao segundo maior dano, introduzem uma

redução no grau de deterioração do elemento, que chega a atingir o valor de 16%, para as

atuais condições de cálculo. Este fato é muito provável de ocorrer, pois novos danos

geralmente irrompem com pequeno grau de intensidade. Com o novo tratamento

matemático utilizado, pode-se comparar os resultados obtidos, conforme Tabela 6.3

abaixo.

Tabela 6.3 – Resultados finais comparativos

PRÉDIO (UF) RS SP RJ 1 RJ 2* BA DF Área construída (m²) 11.399 31.090 56.679 10.966 27.577 24.979 (ID) com tratamento matemático original 0,1499 0,1277 0,3037 0,2958 0,3735 0,2079 (ID) com tratamento matemático proposto 0,1513 0,1304 0,3081 0,3859 0,3831 0,2139 Grau de dano (D) acumulado 2.032 2.224 6.738 1.144 8.706 2.753 (Gd) com tratamento matemático original 46 36 54 39 109 43 (Gd) com tratamento matemático proposto 48 39 59 42 120 50 Nível de deterioração da estrutura Alto Médio Alto Alto Crítico Alto 2* – edifício garagem

Uma outra situação, também observada no edifício Cidade São Sebastião do Rio de

Janeiro, em que uma laje de reservatório apresentava danos graves, atingindo um grau de

deterioração do elemento (Gde) de 109, por ser o único elemento da família, este valor

passou a ser o grau de deterioração da família (Gdf), utilizado no cálculo da degradação da

estrutura (Gd). Caso se utilizasse o tratamento matemático original e houvesse um outro

elemento nesta família com Gde > 20, o Gdf seria a média deles e poderia, portanto, o

acréscimo de mais um elemento com dano pequeno, reduzir o grau de deterioração da

família (Gdf), e por conseguinte da estrutura, o que seria incoerente.

Page 143: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

131

A utilização de médias, ainda que ponderadas, acarretam a introdução de imperfeições no

cálculo dos graus de deterioração, tanto do elemento, quanto da família e na estrutura

como um todo. Para suprir esta deficiência, lançou-se mão do grau de deterioração

acumulado para danos, família de elementos e em geral para toda a estrutura, conforme

mostram as planilhas Sinopse (planilhas de cálculo contida nos Anexos). Com o auxílio

da planilha Sinopse tem-se uma visão mais ampla da estrutura, como a quantidade de

elementos por família e uma estatística do grau de deterioração de seus elementos.

Uma questão que interfere indiretamente nos cálculos é a consideração dos elementos da

família “Pilar” como uma unidade no prédio inteiro, em vez de considerá-lo por pavimento

para a finalidade de cálculo, ao passo que a maioria dos demais elementos estão restritos a

um único pavimento. Há situações, em que vigas recebem, num mesmo trecho,

denominações diferentes, apenas por pequenos detalhes do projeto, sendo consideradas

distintas para efeito de cálculo. O mesmo deve ocorrer com os pilares, que apesar de

usarem uma mesma nomenclatura, por razões de projeto, em cada pavimento recebem

cargas diferentes, têm detalhes de armaduras diferentes, podem até apresentar graus de

exposição diferentes, como nos casos de pilotis e subsolos, e, para efeito de análise

estrutural, são considerados os trechos entre os nós. Como exemplo, pode ser citado o

segundo estudo de caso, o edifício Cidade São Sebastião do Rio de Janeiro, que possui 44

pavimentos, com pilares medindo mais de 150m de extensão. Esta consideração, além de

repercutir nos cálculos de uma forma mais fidedigna, facilita grandemente o trabalho do

técnico vistoriador.

6.5. Necessidade de aprimoramentos do sistema

Além das sugestões contidas nos Capítulos 2 e 3, visando a complementação do sistema

para introdução do componente “estrutura”, os tópicos levantados no Capítulo 4 e neste,

também fazem parte do rol de necessidades para o melhoramento do sistema Siscop.

Dentre eles cabe destacar, o desenvolvimento do Relatório de Vistoria Semestral (RVS) em

ambiente do sistema da rede interna do Banco do Brasil, o que facilitaria seu

preenchimento por parte da dependência encarregada das vistorias, e, simultaneamente,

Page 144: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

132

agilizaria o processamento das informações. A base do funcionamento do sistema é o

conjunto de dados fornecidos pelos usuários, sem os quais o funcionamento do sistema é

comprometido. Portanto, o ponto inicial é o estabelecimento de continuidade no fluxo de

informação, mesmo que as necessidades de manutenção não sejam supridas de forma

adequada, ou até não realizadas. Sem estas informações não se pode saber o real estado do

estoque, e, consequentemente, como ele está se comportando.

A criação de um módulo do sistema Siscop para o componente estrutura é essencial, dada a

importância do componente, por diversas vezes mencionada neste trabalho. Além da

utilização para tratamento de dados do componente, servirá, ainda, como base para o

desenvolvimento de módulos semelhantes para os demais componentes, que ainda não

foram desenvolvidos.

Falta ao sistema a utilização de métodos de modelagem de dados, que possibilite a

previsão do estado dos edifícios, individualmente e de todo o estoque, ao longo do tempo.

O estabelecimento de previsões da degradação para um edifício far-se-á através da

modelagem de todos os seus componentes, necessitando da coleta constante de dados.

Caso seja utilizada a análise de séries temporais para os componentes, esta coleta deverá

obedecer a intervalos regulares, para que se viabilize o seu uso. Outras ferramentas de

modelagem deverão ser pesquisadas, como a análise não linear e o uso da Inteligência

Artificial, para que possibilite a determinação do estado do estoque em tempo futuro.

Empregando-se para os custos os mesmos recursos usados para a modelagem da

degradação dos componentes, de forma que o comportamento dos gastos em função da

degradação dos componentes, também, possa ser modelado, será possível a obtenção de

informações de natureza física e econômica do futuro estado do edifício ou estoque. Isto

permitirá a otimização das intervenções nas edificações, constituindo assim uma nova

forma de proceder a manutenção predial, de maneira preditiva.

6.6. Procedimentos pós-análise de resultados

Concluída a vistoria, todos os dados referentes à edificação deverão ser processados. Para

Page 145: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

133

o componente estrutura as planilhas de cálculo serão fundamentais, principalmente a

planilha Sinopse, que contém a síntese das principais informações. Todas as informações

sobre a edificação serão então analisadas, incluindo resultados de ensaios, os dados

históricos, etc, de maneira que se possibilite a elaboração de diagnóstico das causas dos

diversos danos, se direcione o estudo de sua solução e se estabeleçam prognósticos.

Algumas vezes, há necessidade de se complementar a investigação com a introdução de

informações adicionais.

Na fase posterior, elaboram-se as especificações, devendo as mesmas, quando necessário,

ser testadas através de ensaios em amostras, para a garantia de sua eficácia. Torna-se muito

importante, para serviços vultosos, a realização de análise econômica de custos ao longo

do tempo, garantindo que, o melhor resultado seja atingido através da minimização dos

recursos envolvidos. Soluções complexas exigem a realização de projetos, cronogramas,

etc., para a realização da intervenção.

Após a contratação dos serviços restará ainda a fiscalização de sua execução, com o

acompanhamento e gerenciamento de todas as etapas, objetivando o controle da qualidade

até a obtenção do produto final, com garantia do resultado esperado.

Em todas as fases acima, não raro, haverá a necessidade de consultoria especializada, quer

por haver necessidade de equipamentos de ensaios mais complexos, apoio de laboratório

com tecnologia apropriada, mão de obra especializada, e parecer de especialista em

determinadas áreas. Recomenda-se que se evite a contratação direta de empresa

representante de produtos, ou especializada em execução de serviços, para elaborar

projetos, especificações, etc. Havendo a necessidade é preferível recorrer a um consultor

independente, que se comprometa com resultados, e auxilie nas diversas etapas dos

serviços. Para esta finalidade as universidades constituem fontes de colaboração muito

valiosas.

Page 146: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

Capítulo 7

CONCLUSÕES

Page 147: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

137

CAPÍTULO 7

7. CONCLUSÕES

7.1. Considerações sobre o tratamento matemático

O cálculo do grau de deterioração da família de elementos e da estrutura, empregando

formulações que tenha como base a média, aritmética ou ponderada dos graus de

deterioração dos elementos, utilizada na metodologia de Castro (1994), pode provocar

alguma distorção quando determinada família possuir poucos elementos ou grandes

variações de valores. Assim, na análise dos estudos de casos foi sugerida a utilização do

grau de deterioração acumulado, e outras informações estatísticas contidas nas planilhas

Sinopse, como complemento na análise destes dados.

Uma formulação mais sofisticada poderia usar um tratamento matemático que

considerasse os danos como variáveis independentes, ponderando as possíveis

correlações existentes entre eles. Outras formas de tratamento poderão introduzir

imprecisões nos cálculos para a monitoração das edificações. No presente caso, foi

utilizado como variável para cada dano o seu grau de deterioração, e para cada elemento

ou família o grau de deterioração acumulado deste dano, de maneira que se possibilite a

obtenção de modelos, que delineiem o comportamento dos danos nos diversos elementos,

e se consiga projetar prognósticos mais precisos e confiáveis.

Além de uma formulação consistente, é também necessário que a metodologia contenha,

em sua várias fases, cadernos e planilhas de inspeção que sejam claras, objetivas e

precisas, de forma a permitir uma avaliação correta da edificação e de sua estrutura, desde

os estágios iniciais, onde o preenchimento será feito por técnicos não especializados.

Portanto, o treinamento das equipes para o trabalho no processo é essencial, em diferentes

níveis, desde os usuários leigos àqueles que farão o tratamento dos dados e definição

sobre as formas de intervenção.

Page 148: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

138

7.2. Aplicabilidade da metodologia proposta

A metodologia introduzida, pautando-se no objetivo de estimar danos em elementos

estruturais, cumpre com rigor o preceito de caracterizar um elemento pelo dano que lhe

ocorre em maior grau, além de recomendar, conforme a gravidade dos danos, providências

para o restabelecimento de seu desempenho e funcionalidade. Tais procedimentos

conferem à metodologia grande utilidade no atendimento aos aspectos de segurança e às

prescrições primordiais da manutenção predial.

A utilização da metodologia no controle de grandes estoques de edifícios há de ser

ponderada sob dois importantes aspectos. Primeiramente, com a função de contribuir para

a formação do índice de degradação (Id) do edifício, servindo como parâmetro estimador

das prioridades para intervenção. Neste aspecto, após realizadas as alterações sugeridas, e

conforme os estudos de caso realizados e já comentados, verifica-se que a aplicabilidade

da metodologia atende às expectativas, principalmente, considerando-se que o componente

“estrutura” representa para o sistema Siscop apenas 16,9% do custo de reposição global da

edificação. Com as alterações sugeridas, a distorção no cálculo do grau de deterioração em

um elemento, provocada pela utilização da média simples, foi eliminada. Além disso, as

informações adicionais sugeridas, como o registro do grau de deterioração acumulado da

estrutura, vêm complementar o conhecimento sobre o componente.

O segundo aspecto refere-se à monitoração do componente e de suas partes (elementos e

famílias de elementos) ao longo do tempo. Para esta finalidade, a metodologia cumpre o

papel a que foi concebida, sob o enfoque de se formar um banco de dados para a

edificação e para seu estoque. Os valores apurados, ao longo do tempo, para os graus de

deterioração dos elementos, das famílias e da estrutura, através de diferentes vistoriadores,

poderão sofrer pequenas distorções, mas como não se realizou estudos de casos

considerando esta hipótese, torna-se mais difícil tecer comentários mais fundamentados.

Não obstante, as informações colhidas em banco de dados, como tipos de dano e

intensidade, serão úteis na realização da monitoração através de modelagem, usando-se um

tratamento matemático adequado.

Da análise dos resultados obtidos nos testes aplicados aos seis prédios do Banco do Brasil,

Page 149: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

139

conforme os dados informados no Capítulo 4, verifica-se que os prédios mais deteriorados

são os prédios da Agência Centro Salvador e o Edifício Cidade São Sebastião do Rio de

Janeiro. O primeiro atingiu o grau de deterioração de 120 e acumulado de 8.706, atingindo

um nível crítico, e o segundo um grau de deterioração de 59 e acumulado de 6.738, ainda

no nível alto, apesar de estar próximo ao limiar do nível crítico (60), sendo que ambos os

prédios apresentam grandes extensões de danos, como mostra o grau de deterioração

acumulado, e, portanto, estão sendo preparadas intervenções visando a recuperação do seu

componente estrutura, dentro do programa de manutenção predial. O resultado dos testes

nesses dois prédios foram suficientes para comprovar a eficácia do sistema, pois no

primeiro caso, em que os danos de grande intensidade ocorreram em várias “famílias” da

estrutura, suas manifestações não se deram em locais de fácil observação visual, portanto,

sem muitas evidências, situação oposta ao segundo caso, onde as manifestações são mais

visíveis, e pronunciáveis através do desprendimento de partes do concreto dos pilares da

fachada.

Nos demais prédios também verificou-se a utilidade do sistema, identificando principais

danos e sua extensão. No caso de Porto Alegre foi o problema de esfoliação provocada

pela corrosão proveniente do cobrimento deficiente nos fundos de vigas. No prédio em

Santo Amaro foi o cobrimento deficiente em lajes, vigas e pilares, e a fissuração do

concreto. Em Brasília a fissuração em pilares, vigas e lajes, que poderão provocar outros

danos como a corrosão. Por conseguinte, os testes efetuados indicam que não há restrições

quanto à aplicação da metodologia para o componente estrutura em sistemas de

manutenção predial, devendo-se atentar apenas para a maneira de se utilizar as

informações obtidas através da metodologia.

7.3. Vantagens do emprego do sistema

As vantagens na utilização de um sistema de manutenção predial são inúmeras, sendo que

para grandes estoques de edifícios é praticamente imprescindível o seu uso. Para pequenas

quantidades de prédios, o sistema também se mostrará extremamente útil, principalmente

quando se tratar de edificações especiais, que requeiram uma manutenção mais acentuada,

em vista da intensidade de uso, complexidade, tamanho, etc., como no caso de hospitais,

Page 150: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

140

shopping centers, hotéis, escolas, metrôs, presídios, etc. Da mesma forma, em edificações

que possua importantes funções, como centros de processamentos de dados, de

telecomunicações, indústrias especiais, usinas de energia, em que a falha na manutenção

reflita em altos custos no seu funcionamento, o sistema trará grandes benefícios.

Através da monitoração dos diversos prédios do estoque, ao longo do tempo, pode ser

obtida uma visualização do seu comportamento, quanto ao desempenho e custos de

manutenção. Tal fato permitirá, ainda, a identificação dos componentes responsáveis por

maiores dispêndios em determinado período, bem como sua durabilidade sob diversos

contextos.

Através de modelagens, poder-se-ão prever situações futuras, tanto para o estoque, quanto

para os prédios individualizados e seus componentes, possibilitando, desta forma, uma

estimativa de vida útil (física e econômica), e a programação de intervenções futuras, com

base na projeção das condições físicas e econômicas, ou seja, considerando-se os seus

desgastes físicos, custos de manutenção e operação. A modelagem poderá ainda indicar o

ponto ótimo para as intervenções, de forma a obter redução de custos, e um

direcionamento mais eficaz dos recursos.

As informações sobre o estoque, fornecidas pelo sistema, facultará estudos regionalizados,

averiguando a ocorrência de problemas restritos às condições peculiares de determinadas

localidades. O levantamento detalhado de danos, da forma como apresentados pela

planilha Sinopse, propiciará também análises estatísticas de suas manifestações. Outras

vantagens poderão advir com a utilização do sistema, tratando as informações de forma

sistemática e estimulando o crescimento de uma cultura sobre o tema “manutenção”, ainda

extremamente deficiente no país.

7.4. Sugestões para posteriores trabalhos

a) Introduzir no sistema técnicas de diagnóstico que identifiquem com maior precisão as

causas dos principais danos (acima de determinado grau), tais como falhas de projeto,

especificação incorreta, má execução, materiais de má qualidade, uso incorreto,

Page 151: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

141

manutenção deficiente, esgotamento da vida útil, etc. Essas técnicas, como salientado,

devem contemplar, de forma adequada, a simplicidade e precisão, pelas características de

uso do sistema.

b) Proceder o levantamento de custos de reparos dos danos estruturais, com base no grau

de deterioração acumulado, conforme mostrado na planilha Sinopse, estabelecendo

correlações entre os danos e seus respectivos custos de recuperação.

c) Estudar a adoção, para os fatores de intensidade dos danos, de uma escala mais ampla,

nos moldes daquela usada para o fator de ponderação, que varia de 0 a 10.

d) Utilizar métodos de estatística inferencial para a análise dos dados da inspeção,

considerando outras variáveis, como no caso da espessura da camada de cobrimento de

concreto, introduzindo formas de considerar os valores recomendados pela norma da

época do projeto original para os diversos elementos. Em fenômenos como a

carbonatação e penetração de cloretos, usar técnicas para mensurar as variáveis que

influenciam nos fenômenos.

e) Refinar a classificação das famílias de elementos estruturais, que poderão ser

acrescidas, bem como investigar valores apropriados para o fator de relevância estrutural,

que também poderá ser alterado com a introdução de uma escala com mais níveis.

f) Propor metodologias de natureza semelhante para estruturas distintas, não em concreto

estrutural, como metálicas, de madeira, alvenaria estrutural, etc.

Page 152: Sistema de Manutenção Predial Para Grandes Estoques De

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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