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SISTEMA PENAL, DIREITO PENAL, CONTROLE SOCIAL e FUNÇÕES. PROFESSORA: GISELE ALVES

Sistema Penal, Direito Penal, Controle Social, Funções

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SISTEMA PENAL, DIREITO PENAL, CONTROLE SOCIAL

e FUNÇÕES.

PROFESSORA: GISELE ALVES

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Direito Penal e Sociedade.

DIREITO PENAL – “É Legislado para cumprir funções concretas dentro de e para uma sociedade que concretamente se organizou de determinada maneira.” (Nilo Batista,1996).

Para compreender o direito assírio, o direito romano, ou o direito brasileiro do século XIX, necessário se faz compreender a forma como esses povos viviam, se dividiam, e como se organizavam a produção e distribuição de bens e mercadorias, etc. (Nilo Batista,1996)

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Direito Penal e Sociedade

O Direito Penal é criado pelo Estado para concretizar/realizar fins, portanto, tem uma missão política, alguns autores identificam, de forma ampla, “na garantia das condições de vida da sociedade” (Mestieri), “na finalidade de combater o crime” (Damásio), ou “na preservação dos interesses do indvíduo ou do corpo social” (Fragoso), mas que vão além disso. (Nilo Batista, 1996)

Por exemplo, o direito penal nazista garantia as

condições de vida da sociedade alemã subjugada ao Estado Nazista, ou era a pedra de toque do terrorismo desse mesmo Estado? (Nilo Batista,1996)

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Direito Penal, Sociedade e Controle Social.

Isso nos leva a seguinte indagação: O que significa interesses do corpo social, numa sociedade dividida em classes, na qual os interesses de uma classe são estrutural e logicamente antagônicos aos da outra? (Nilo Batista,1996).

A função do direito é de estruturar e garantir determinada ordem econômica e social, à qual estamos nos referindo. Tal função é habitualmente chamada de “função conservadora” ou de “controle social”.(Nilo Batista, 1996).

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Direito Penal, Sociedade e Controle Social.

“O controle social não passa da predisposição de táticas, estratégias e forças para a construção da hegemonia, ou seja, para a busca da legitimação ou para assegurar o consenso; em sua falta, para a submissão forçada daqueles que não se integram à ideologia dominante”. (ANIYAR DE CASTRO Apud BATISTA).

“É fácil perceber o importante papel que o direito penal desempenha no controle social. Sob certas condições, pode o direito desempenhar outras funções, como: educativa transformadora ou educativa conservadora”, mas o que predomina é, sem dúvida, a função de controle social. (Nilo Batista, 1996) O controle social é um dos objetos da criminologia que veremos com mais detalhes posteriormente.

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Direito Penal, Controle Social e Sistema penal.

Não podemos confundir Direito Penal com Sistema Penal, pois o primeiro é um “conjunto de normas jurídicas que prevêem os crimes e lhes cominam sanções, bem como disciplinam a incidência e validade de tais normas, a estrutura geral do crime, e a aplicação e execução das sanções cominadas”. (Nilo Batista,1996). “Há outros conjuntos de normas que estão funcionalmente ligadas ao Direito Penal: Direito processual penal, lei de organização judiciária, lei de execução penal, regulamentos penitenciários, etc.” (Nilo Batista, 1996)

Criadas e ligadas por esse conjunto de normas existem

instituições que desenvolvem atividades em torno da aplicação do direito penal. (Nilo Batista, 1996).

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Direito Penal, Controle Social e Sistema penal.

Percebemos a intervenção dessas instituições em três estágios:

→ Instituição Policial → Instituição Judicial → Instituição Penitenciária. Zaffaroni entende por Sistema Penal o “controle social punitivo institucionalizado” atribuindo à expressão “institucionalizado” a acepção concernente a procedimentos estabelecidos, ainda que, não legais. Isso permite incluir no conceito de sistema penal casos de ilegalidades estabelecidas como práticas rotineiras, mais ou menos aceitas ou toleradas, como grupos de extermínio e milícias. (ZAFFARONI Apud BATISTA,1996).

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Direito Penal, Controle Social e Sistema penal.

Cirino dos Santos (Apud BATISTA,1996) “observa que o sistema penal é constituído dos aparelhos policial, judicial, e prisional, e operacionalizado nos limites das matrizes legais”, “[...]pretende afirmar-se como sistema garantidor de uma ordem social justa, mas seu desempenho real contradiz essa aparência.”

O sistema penal apresenta-se como igualitário, devendo atingir igualmente as pessoas em função de suas condutas, quando na verdade seu funcionamento é SELETIVO, REPRESSIVO E ESTIGMATIZANTE. (Nilo Batista, 1996)

SELETIVO, pois “atinge apenas determinadas pessoas, integrantes de determinados grupos sociais, a pretexto de suas condutas”, contrariando a idéia de que é igualitário. (Criminalização primária – Nilo Batista, 1996).

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Direito Penal, Controle Social e Sistema penal.

REPRESSIVO, porque ao contrário de ser justo procurando prevenir novos crimes e ser aplicado somente quando necessário, é aplicado cada vez mais de forma expansiva e recrudescedora, contribuindo para criminalização secundária (reincidência). (Nilo Batista, 1996).

ESTIGMATIZANTE, pois causa a degradação da figura social de sua clientela, o que contribui para formação de carreiras criminosas, e para consolidação de subculturas delinquentes. (Nilo Batista, 1996).

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Controle Social e Sistema penal.

O controle social pode ser exercido de diversas formas , e a sociedade recorre a ele, que é um conjunto de sanções negativas e positivas, especificadas no processo de socialização, para ter certeza de que os indivíduos e as instituições irão adaptar sua conduta a padrões ou modelos normativos, criando um denominador “comum necessário” à sua própria coesão e funcionamento. (grifo nosso – Lélio Braga Calhau, 2007)

“Dessa forma o controle social começa na infância, e ao longo de toda a nossa existência, se internaliza e insere na nossa consciência valores e normas”. (Lélio Braga Calhau,2007)

Isso ocorre primeiro por meio das “instituições formadas por laços de parentesco e afetividade e , em seguida, por intermédio de organizações formais, como a escola, e a igreja, dotadas de pessoal especializado para criar e administrar normas”. (Lélio Braga Calhau,2007)

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Controle Social e Sistema penal.

Dentro do sistema penal existem várias formas de controle social, por exemplo, o Sistema de Justiça Criminal, formado pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias e Administração Penitenciária, que exercem um papel muito expressivo na condução do controle social formal, imposto pelo poder público. (CALHAU, 2007).

O funcionamento dessas instâncias de forma separada e organizada é objeto de estudo da Criminologia, pois são eles os aplicadores natos do controle social formal. (Lélio Braga Calhau,2007)

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Controle Social e Sistema penal.

Classificações (TIPOLOGIA) de Controle Social de Ana Lúcia Sabadell (Apud CALHAU,2007). Quanto ao modo de exercício o controle social pode

ser: ► Instrumento de orientação – ex. Escola, Igreja, etc. ► Meio de fiscalização do comportamento social – ex. Polícia e

MP. Com relação aos destinatários, o controle social pode ser: ► Difuso – Fiscaliza toda a comunidade. Ex. Associação de

moradores. ►Localizado – Controla intensamente grupos localizados,

geralmente estigmatizados. Ex. Controle de imigrantes em alguns países.

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Controle Social e Sistema penal.

Com relação aos agentes fiscalizadores, o controle social pode ser:

► Formal – Realizado pelos agentes do Estado, conhecido como

repressão. ► Informal – Realizado pela própria sociedade civil ( família,

opinião pública, ambiente de trabalho e escolar). Com relação ao âmbito de atuação, o controle social pode ser: ► Direto – Realizado diretamente sobre as pessoas. ►Indireto – Realizado por intermédio das instituições sociais. Ex.

Policial que exerce seu controle em uma comunidade, mas pode ser influenciado sobre como agir pela corregedoria de polícia, que sugere recomendações de como fazer. (Sabadell Apud Calhau, 2007).

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Controle Social e Sistema penal.

FORMAS DE CONTROLE SOCIAL (Calhau, 2007)

Com sanções formais (aplicadas pelo Estado, seja cíveis, administrativas ou penais) e informais (não possuem coercibilidade)

Controle positivo (prêmios e incentivos ) – Ex. Premiação de alunos, o que é muito utilizado na escola. Trata-se de Sistema

que possui adeptos, porém também não adeptos no meio

educacional.

Controle negativo (reprovações com

aplicação de sanções) -

Controle interno – Intitulado também de autodisciplina, e é aprendido através das

regras sociais que vão sendo internalizadas pela pessoa com o tempo. Controle externo – Funciona quando o

controle externo falha, o que pode se dar pela sociedade ou pelo Estado (ex. multas

de trânsito, ambientais, controle da polícia, etc.)

Formas de controle social

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Conceito e formas de Controle Social (Zaffaroni;Pierangeli,1997)

Toda sociedade possui uma estrutura de poder, com grupos dominados e dominantes, ou seja, setores mais próximos ou mais distantes dos centros de decisão. Tal estrutura possibilita o controle social da conduta das pessoas, que é exercido tanto sobre os grupos mais distantes do poder, como sobre os mais próximos para que os mesmos não se debilitem.

Toda sociedade tem uma estrutura de poder político e econômico em que se distinguem grupos mais marginalizados do poder, e grupos mais próximos do poder central.

Esta “centralização-marginalização” produz um enredado de distintas formas de controle social, que possui um amplo âmbito, que nem sempre é evidente.

O controle social pode ser exercido através da “família, da educação, da medicina, da religião, dos partidos políticos, dos meios de comunicação, da investigação científica; se valendo de meios “difusos” e encobertos, e até mesmo de meios específicos e explícitos, como o sistema penal”.

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Formas de Controle Social (Zaffaroni;Pierangeli,1997)

Controle social difuso: meios de massa, educação, religião, etc.

Controle social institucionalizado não punitivo: direito privado

Controle social institucionalizado punitivo (com discurso não punitivo): práticas psiquiátricas, asilos, etc. Controle social institucionalizado punitivo (com discurso punitivo): Sistema Penal.

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Referências Bibliográficas

BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 1997.

BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 1990.

BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.

CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2013.

CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

_________________. Política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

_________________. Penas e medidas de segurança no direito penal brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2013.

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Referências Bibliográficas

SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia da repressão. Rio de Janeiro, Forense, 1979.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1997.