26
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA AULA 07 – CONSUMO DE ÁGUA Prof. Rogério Frade da Silva Souza UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apostila excelente para quem está iniciando os estudos.

Citation preview

Page 1: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE

ÁGUAAULA 07 – CONSUMO

DE ÁGUA

Prof. Rogério Frade da Silva Souza

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃOCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTOCURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Page 2: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

AULA 07 – CONSUMO DE ÁGUA

Page 3: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

1 INTRODUÇÃO

O consumo de água em um sistema de abastecimento é calculado com base:

- PERÍODO DE PROJETO (vida útil do projeto instalado e em funcionamento)

- POPULAÇÃO ATUAL E FUTURA (estimativa de população)

- CONSUMO PER CAPTA (quantidade de água consumida/ habitante . dia)

- VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA (anuais, mensais, diárias, horárias)

- VAZÕES DE PROJETO ATUAIS E FUTURAS (volume de água consumido / tempo)

- RESERVAÇÃO (existência ou não de reservatórios)

Page 4: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

2 PERÍODO DE PROJETO OU ALCANCE DE PROJETO

Período de projeto ou alcance de projeto: tempo em que o sistema funcionará com utilização plena de sua capacidade sem sobrecargas e deficiências na distribuição que comprometam a qualidade e a quantidade da água potável. Unidade: anos.

O período de projeto pode estar relacionado com um ou mais fatores:

- a vida útil prevista das obras e dos equipamentos;

- o período de financiamento do investimento financeiro no sistema;

- a velocidade do crescimento populacional e a dimensão do sistema;

- a dificuldade em futuras ampliações – exigindo maior vida útil do sistema.

Necessidade de ampliação e/ou melhorias no sistema após o período de projeto.

Page 5: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

2 PERÍODO DE PROJETO OU ALCANCE DE PROJETO

No Brasil, geralmente, adota-se os seguintes PERÍODOS DE PROJETO:

20 anos para pequenas e médias cidades;

30 anos para capitais e suas áreas metropolitanas.

Aconselhável que as obras sejam subdivididas e executadas em etapas;

Isso evita nos anos iniciais de operação: ociosidade do sistema e onerar a população desnecessariamente.

Page 6: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

2.1 ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO FUTURA OU POPULAÇÃO DE PROJETO

Método aritmético

Esse método admite que a população varie linearmente com o tempo (taxa de crescimento constante).

ka = (P2 – P1) / (t2 – t1)

P = P2 + ka . (t – t2)Sendo:ka = taxa aritmética de crescimento da populaçãoP1 = população no ano t1

P2 = população no ano t2

P = população de projetot = ano de alcance do projeto

Page 7: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO FUTURA OU POPULAÇÃO DE PROJETO

Método geométrico

Esse método considera para iguais períodos de tempo, a mesma percentagem de aumento da população.

Sendo:kg = taxa geométrica de crescimento da populaçãoP1 = população no ano t1

P2 = população no ano t2

P = população de projetot = ano de alcance do projetoe = base do logaritmo neperiano   2,718≈

Page 8: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

2.1 ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO FUTURA OU POPULAÇÃO DE PROJETO

Método da curva logística

Esse método admite o crescimento da população obedece a uma relação matemática do tipo curva logística – população cresce assintoticamente em função do tempo para um valor limite de saturação (K).

Condições para aplicação do método:

Conhecer 03 pontos da curva P0 (t0), P1 (t1), P2 (t2) igualmente espaçados no tempo.

t1 – t0 = t2 – t1

P0 < P1 < P2 e P0.P2 < P1²

Page 9: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

2.1 ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO FUTURA OU POPULAÇÃO DE PROJETO

Método da curva logística

T = t – t0 t = ano da projeção

Page 10: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

POPULAÇÃO FLUTUANTE

É a população que se estabelece no núcleo urbano por curtos períodos de tempo (ex.: municípios de veraneio, estâncias climáticas, cidades-dormitório, etc.).

Nesse caso, utilizar: população residente + população flutuante.

Avaliação da população flutuante feita a partir:

a)das informações do censo demográfico: proporção entre domicílios de uso ocasional e residencial;

b)séries de informações sobre consumo de energia elétr./ água das concessionárias;

c)outras fontes: redes de hotéis, pousadas e infraestrutura de camping.

Enfim, a população flutuante (contingente adicional) prevista com dados estatísticos sobre as ocorrências anteriores e as tendências esperadas de comportamento futuro.

Page 11: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

3 ESTIMATIVA DE POPULAÇÃO

Tabela – Densidade demográficas observadas em áreas urbanas

Previsão de como a população vai ocupar a malha urbana e as tendências de expansão de futuros loteamentos.

Utilizar em áreas parciais na cidade com características de ocupação semelhantes.

Tipo de ocupação Densidade demográfica

(hab./hectare)

Áreas periféricas – casas isoladas, lotes grandes 25 – 50

Casas isoladas – lotes médios e pequenos 50 – 75

Casas geminadas – predominando 1 pavimento 75 – 100

Casas geminadas – predominando 2 pavimentos 100 – 150

Pequenos prédios de apartamentos (até 6 pavimentos)

150 – 250

Prédios de apartamentos altos 250 – 750

Áreas comerciais e industriais 25 – 100Fonte: DE ANDRADE, 2010.

Page 12: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

4 CONSUMO PER CAPTA DE ÁGUA

O consumo “per capta” é o valor médio do consumo de água por pessoa, por dia (unidade: litros/hab.dia)

Obtido dividindo-se o volume total de água distribuída durante um ano, por 365 e pelo número de habitantes beneficiados. Unidade: litros/habitante.dia

Onde:qm = consumo médio per capta (litros/ habitante.dia)Volume distribuído anual (litros)População beneficiada (nº de habitantes)

qm = volume distribuído anual / (365 . população beneficiada)

Page 13: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

4 CONSUMO PER CAPTA DE ÁGUA

Tabela – Composição do consumo doméstico médio segundo os tipos de uso

Fonte: DE ANDRADE, 2010.

Page 14: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

4 CONSUMO PER CAPTA DE ÁGUA

Porém, o consumo per capta de água varia conforme o tipo de projeto, a população de projeto, a região, a classe social, a cultura, o clima, as atividades econômicas, etc.

No Brasil, normalmente adota-se nos projetos os seguintes consumos per capta (BRASIL, MS/FUNASA, 2004):

a) Em sistemas com ligações domiciliares: 100 a 300 litros/habitante.dia

b) Em sistemas com chafarizes/torneiras públicas: 30 a 50 l/hab.dia

c) Em sistemas com chafarizes/torneiras públicas/lavanderias públicas: 40 a 80 l/hab.dia

d) Em sistemas com chafarizes/torn. públicas/com sanitário público: 60 a 100 l/hab.dia

Page 15: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

4 CONSUMO PER CAPTA DE ÁGUA

Em indústrias e áreas exclusivamente comerciais: consumo (vazão) conforme o tipo de estabelecimento, determinar em cada caso – utilizar adutora de abastecimento individual no caso de indústrias.

Em uso público: irrigação de jardins, lavagem de ruas ou passeios, nos edifícios públicos, alimentação de fontes, esghichos e chafarizes e demais equipamentos públicos – consumo “contabilizado” no doméstico.

Em perdas e desperdícios: água que se pede por vazamentos na rede pública e nas residências e as que são desperdiçadas pelos maus hábitos da população – consumo “contabilizado” no doméstico.

Consumo per capta normalmente adotado nos projetos na Região Nordeste brasileira: 120 a 250 litros/habitante.dia

Page 16: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

4 CONSUMO PER CAPTA DE ÁGUA

Fonte: Adaptado de BRASIL, MS/FUNASA, 2004.

Tabela – População a ser abastecida e respectivos consumos médios “per capta” - FUNASA, 2004

Tabela – Consumos médios “per capta” de acordo com população a ser abastecida – DE ANDRADE, 2010POPULAÇÃO DE FIM DE PLANO

(habitantes)CONSUMOS MÉDIOS PER CAPTA (litros/hab./dia)

Até 50.000 150

50.000 a 500.000 habitantes 200

500.000 a 3.000.000 250

3.000.000 a 10.000.000 300

Acima de 10.000.000 350

Fonte: Adaptado de DE ANDRADE, 2010.

POPULAÇÃO DE FIM DE PLANO (habitantes)

CONSUMO PER CAPTA (litros/hab. / dia)

até 6.000 habitantes de 100 a 150

de 6.000 a 30.000 de 150 a 200

De 30.000 a 100.000 De 250 a 250

Acima de 100.000 de 250 a 300

Page 17: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

5 VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA

Fatores que afetam o consumo de água:

Clima;

Hábitos e nível de vida da população;

Natureza crescimento da cidade;

Tamanho da cidade;

Medição do consumo;

Pressão na rede;

Preço da água;

Variação do consumo ao longo do ano, dos dias e no decorrer das horas do dia.

Page 18: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

5 VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA

Nos sistemas de abastecimento, o consumo de água - expresso em termos de vazão - pode variar ao longo do ano, do dia e da hora.

Mas, por que e como essas variações acontecem?

Page 19: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

5 VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA

Variações diárias

k1 = maior consumo diário no ano

consumo médio diário do anok1 = coeficiente do dia de

maior consumo

O valor de k1 varia entre 1,2 a 2,0 - conforme as condições locais

No Brasil, normalmente adota-se k1 = 1,2

Page 20: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

5 VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA

Variações horárias

k2 = maior vazão horária do dia vazão média horária do

dia

k2 = coeficiente da hora de maior consumo

O valor de k2 varia entre 1,5 e 3,0

No Brasil, normalmente adota-se k2 = 1,5

Page 21: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

5 VARIAÇÕES NO CONSUMO DE ÁGUA

Como os reservatórios interferem nas variações no consumo?

Os reservatórios são utilizados para absorver as variações de consumo ao longo do dia (variações horárias), permitindo a continuidade no abastecimento.

Recebem (e acumulam) uma vazão constante, que é a do dia de maior consumo, e servir de volante para as variações horárias na rede de distribuição.

Reservatórios situados entre a ADUTORA DE ÁGUA TRATADA e a REDE DE DISTRIBUIÇÃO (mais comuns).

Reservatórios intermediários e de extremidade (sistemas de maior porte).

As estações de tratamento de água consomem de 1 a 5% do volume tratado para lavagem dos filtros e decantadores.

Page 22: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

6 CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA

Page 23: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

6 CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA

Num sistema de abastecimento, o consumo de água (demanda) é expresso em termos de vazão. Unidades: litros/s , m³/s, m³/hora, etc.

a) Em sistemas sem reservatório, utilizamos:

Nesse caso, é necessário incluir-se as variações diárias (k1) e horárias (k2), no cálculo da vazão (Q).

Onde:Q = vazão a ser aduzida (l/s)k1 = coeficiente do dia de maior consumok2 = coeficiente da hora de maior consumop = população de projetoq = consumo “per capta” (l/hab.dia)

Q = k1 . k2 . p . q / 86.400

Page 24: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

6 CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA

b) Em sistemas com reservatório de distribuição

b.1 Nas unidades que antecedem o reservatório de distribuição (captação, adutoras, estações elevatórias de água bruta, estações de tratamento, elevatórias de água bruta e tratada).

As obras a montante do reservatório de distribuição devem ser dimensionadas para atender a vazão média do dia de maior consumo do ano.

Para adução contínua (24 horas/dia):

Q = k1 . p . q / 86400

Para adução intermitente:

Q = (k1 . p . q) / (N . 3600)

Sendo:Q = vazão (l/s)k1 = coeficiente do dia de maior consumop = população de projetoN = número de horas de funcionamento do sistemaq = consumo “per capta” (l/hab.dia)

Page 25: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

6 CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA

b) Em sistemas com reservatório de distribuição

b.2 Nas unidades que sucedem o reservatório de distribuição (rede de distribuição):

A rede de distribuição deve ser dimensionada para a maior vazão de demanda, que é a hora de maior consumo do dia de maior consumo.

Geralmente existem reservatórios no interior dos domicílios - situação desfavorável na hora de maior consumo do dia de maior consumo.

Para adução contínua (24 horas/dia):

Q = k1 . k2 . p . q / 86400

Para adução intermitente:

Q = (k1 . k2 . p . q) / (N . 3600)

Sendo:Q = vazão (l/s)k1 = coeficiente do dia de maior consumoK2 = coeficiente da hora de maior consumop = população de projetoN = número de horas de funcionamento do sistemaq = consumo “per capta” (l/hab.dia)

Page 26: Sistemas de abastecimento de água, Slides da aula de Rogério Frade

6 CÁLCULO DO CONSUMO DE ÁGUA

Se existirem grandes consumidores (indústrias, comércios), que exijam vazão específica, podem ser adotadas as expressões gerais propostas por TSUTIYA (2006):

= 1,01 a 1,05

A ETA geralmente consome cerca de 1 a 5% do volume tratado para lavagem dos filtros e decantadores.