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REVISTA OHUN Revista eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFBA Ano 2, nº 2, outubro 2005 ISSN: 18075479 51 SÍTIOS DE REPRESENTAÇÃO RUPESTRE DA BAHIA (1950 -1990): levantamento dos dados primários dos acervos iconográficos das coleções arqueológicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA) * Carlos Costa ** RESUMO A históri a da arqueologia pré -colonial ligada ao estado da Bahia é cheia de obstáculos negativos, que conduziram a uma certa falta de sistematização e perda da documentação escrita acerca dos sítios pesquisados, bem como da cultura material coletada nos trabalhos a rqueológicos. Um levantamento no acervo iconográfico das coleções arqueológicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA), das coleções Carlos Ott, Valentín Calderón e AAPHB (Sobradinho e Itaparica), permitiu, ainda qu e de maneira fragmentária, restabelecer informações básicas acerca dos sítios de representações rupestres laborados entre 1950 e 1990 possibilitando retornar aos dados primários, in situ , os quais noticiamos neste trabalho. Palavras chave: levantamento documental, representação rupestre, arqueologia pré-colonial, Bahia. ROCK ART SITES IN BAHIA (1950 -1990): survey on primary data from iconographic files of archeological collections at Museu de Arqueologia e Etnologia at Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA) ABSTRACT The history of pre-colonial archaeology in the state of Bahia is full of negative obstacles, which led to the lack of systematization and loss of part of the written records about sites already researched as well as part of the samples of the material culture colleted during archaeological researches. A survey on primary data from iconographic files of archaeological collections at Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA), which were assembled in Carlos Ott, Valentín Calderón and AAPHB (Sobradinho and Itaparica) collections. Although these collections were somehow fragmented, they allowed us to reestablish basic information on sites of rock art researched between 1950 and 1990 allowing us to return to the sites which we publish in this paper. Key Words : survey on written records, rock art, pre-colonial archaeology, Bahia. * Parte dos dados em que se assenta este artigo foi gerado, inicialmente, como trabalho de final de curso de graduação em Museologia, na Universidade Federal da Bahia, originalmente com o título “Elaboração de Instrumento documental para registro de sítios das coleções arqueológicas do MAE/UFBA”, apresentado no segundo semestre do ano letivo de 2001. ** Museólogo pela Universidade Federal da Bahia. Mestrando do Programa de Pós -Graduação em Arqueologia / Conservação do Patrimônio da Universidade Federal de Pernambuco. Membro colaborador do Laboratório de Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA). E -mail: [email protected]

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    STIOS DE REPRESENTAO RUPESTRE DA BAHIA (1950-1990):levantamento dos dados primrios dos acervos iconogrficos das colees arqueolgicas do Museu de

    Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA)*

    Carlos Costa**

    RESUMOA histria da arqueologia pr-colonial ligada ao estado da Bahia cheia de obstculos

    negativos, que conduziram a uma certa falta de sistematizao e perda da documentao escrita acerca dos stios pesquisados, bem como da cultura material coletada nos trabalhos arqueolgicos. Um levantamento no acervo iconogrfico das colees arqueolgicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA), das colees Carlos Ott, Valentn Caldern e AAPHB (Sobradinho e Itaparica), permitiu, ainda que de maneira fragmentria, restabelecer informaes bsicas acerca dos stios de representaes rupestres laborados entre 1950 e 1990 possibilitando retornar aos dados primrios, in situ , os quais noticiamos neste trabalho.Palavras chave: levantamento documental, representao rupestre, arqueologia pr-colonial, Bahia.

    ROCK ART SITES IN BAHIA (1950-1990):survey on primary data from iconographic files of archeological collections at Museu de Arqueologia

    e Etnologia at Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA)

    ABSTRACTThe history of pre-colonial archaeology in the state of Bahia is full of negative obstacles, which

    led to the lack of systematization and loss of part of the written records about sites already researched as well as part of the samples of the material culture colleted during archaeological researches. A survey on primary data from iconographic files of archaeological collections at Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA), which were assembled in Carlos Ott, Valentn Caldern and AAPHB (Sobradinho and Itaparica) collections. Although these collections were somehow fragmented, they allowed us to reestablish basic information on sites of rock art researched between 1950 and 1990 allowing us to return to the sites which we publish in this paper.Key Words: survey on written records, rock art, pre-colonial archaeology, Bahia.

    * Parte dos dados em que se assenta este artigo foi gerado, inicialmente, como trabalho de final de curso de graduao em

    Museologia, na Universidade Federal da Bahia, originalmente com o ttulo Elaborao de Instrumento documental para registro de stios das colees arqueolgicas do MAE/UFBA, apresentado no segundo semestre do ano letivo de 2001.**

    Muselogo pela Universidade Federal da Bahia. Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Arqueologia / Conservao do Patrimnio da Universidade Federal de Pernambuco. Membro colaborador do Laboratrio de Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA). E -mail: [email protected]

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    1- IntroduoNa histria da arqueologia cientfica do estado da Bahia, dos anos 60 atualidade, houve a

    atuao de personagens de expresso que, indubitavelmente, marcaram o fazer arqueolgico, a exemplo de Thales de Azevedo, Vital Rego, Carlos Ott, Valentin Caldern, dentre outros. Todavia, apesar da expressiva contribuio destes atores, parte dos materiais e documentos dos trabalhos arqueolgicos que realizaram no pode ser acessada, por absoluta falta de sistematizao ou, em alguns casos, pela perda irreparvel dos materiais e documentos que deveria estar, no mnimo, nas reservas e exposies de museus. No entanto, tal perda no est atrelada aos pesquisadores que geraram as colees, muito menos aos gestores recentes das instituies culturais que as armazenam, mas, refere-se a um histrico de atuao de outros agentes, que ao patrimnio conferiram descaso, relegando o cuidado e a devida salvaguarda durante muito tempo.

    Um destes fatores a ao do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional / IPHAN (anteriormente Subsecretaria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional / SPHAN) na proteo do patrimnio arqueolgico. Em decorrncia das organizaes e re-organizaes internas do rgo, de suas constantes mudanas de estruturas de fiscalizao (ora com poder centralizado em Braslia ou Rio de Janeiro, ora com fiscalizao por delegacias regionais, ora com superintendncias regionais e especiais, etc), de seus constantes manejos e re-manejos do quadro funcional de um local a outro, da carncia de quadro tcnico capacitado para tratar da matria arqueolgica, da falta de uma legislao especfica atualizada e gil proteo do patrimnio arqueolgico, da falta de verbas, dentre outros fatores, conduziram a inevitvel desorganizao e desaparecimento de dados.

    No caso da documentao arqueolgica, os constantes encaminhamentos de uma regional a outra para anlise, pareceres e/ou arquivamento (nem sempre com o devido retorno regional de origem ou com a informao de onde se encontra o documento) e a falta de sistematizao interna das bibliotecas e arquivos levaram ao pouco controle de muitos dos escritos e imagens acerca dos trabalhos arqueolgicos: projetos, pareceres, relatrios tcnicos/cientficos, fichas de registros, fotografias, cartas, plantas, mapas, etc. Isto relativo ao passado da instituio. Mas, no podemos negar que ainda hoje difcil conseguir acesso aos documentos de pesquisas antigas, pois, o rgo carece de funcionrios preparados que possam atender nos arquivos e bibliotecas ou, ainda mais complicado, no dispe de alguns dos documentos primrios nos arquivos1.

    Se, por um lado, temos a histrica atuao precria do IPHAN na proteo do patrimnio arqueolgico, por outro, o histrico das pesquisas arqueolgicas no estado da Bahia demonstra os outros fatores que tambm favoreceram a perda de documentos e artefatos.

    Durante os anos 60 e 70 Valentin Caldern, que na ocasio era professor do departamento de Cincias Sociais e nico arquelogo da UFBA, deparou-se com constantes reformulaes internas da Universidade, na maioria das vezes polticas. Tal conjuntura poltico/estrutural da Universidade levou Caldern a submeter os acervos arqueolgicos (materiais e seus respectivos documentos de registro e estudo) as constantes mudanas de espaos fsicos, de maneira geral inadequados organizao dos acervos; as primrias condies de acondicionamento, em locais abafados propcios a mofo, fungos e traas, conduziram a pouca organizao e, s vezes, ao desaparecimento de materiais e documentos. Contudo, frente ao rigor imposto aos trabalhos que realizou, estas mudanas nunca foram intenes de Caldern, de maneira que sempre buscou alternativas ao melhor acondicionamento dos materiais. Para se ter uma idia, em 1966 criou o Laboratrio de Arqueologia, prevendo institucionalizar um espao guarda dos materiais arqueolgicos; mas, infelizmente, esta instncia no foi frente. Posteriormente,

    1 A esta ltima situao referimo-nos, especificamente, ao caso da 7 Superintendncia Regional do IPHAN (Salvador-

    BA). Num panorama mais abrangente, sugerimos leitura do artigo Repensando uma relao: os arquelogos e o IPHAN de Tnia Andrade Lima (1997), onde faz um histrico do descaso da Unio ao patrimnio arqueolgico, quando analisa pormenorizadamente a estrutura administrativa e funcional do IPHAN.

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    em 1975, realizou escavaes no subsolo da antiga Faculdade de Medicina da Bahia, onde antes existiu o Colgio dos Jesutas, com o intuito de preparar um espao adequado salvaguarda dos acervos gerados em, naquela ocasio, quinze anos de pesquisas. O espao que viria a ser, em 1983, o Museu de Arqueologia e Etnologia2.

    Todavia, aquilo que seria a soluo na organizao dos dados arqueolgicos baianos, contrariamente, foi o ponto de maior dissoluo, de maior desorganizao de parte destas informaes. Brigas polticas ocorridas na primeira dcada de existncia do MAE (especificamente no final da dcada de 80), conduzidas por interesses particulares de uns poucos, nada justificados por razes cientficas ou sociais, igualmente levaram a perda de informaes arqueolgicas. Neste momento histrico da instituio, profissionais com larga e slida formao em arqueologia e em etnologia indgena a exemplo dos professores Pedro Agostinho, Maria Rosrio Gonalves Carvalho e Carlos Etchevarne foram substitudos por prticos, com pouca, ou nenhuma, formao tcnica/acadmica. Acerca disto, eloqentemente preconiza Gabriela Martn:

    (...) apesar do esforo do antroplogo Pedro Agostinho responsvel pela organizao do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA, pelas rivalidades internas e dissenses polticas a instituio pouco tem produzido. Porm, a partir de 1995, o trabalho conjunto de Ana Gantois, nova diretora do MAE e do arquelogo Carlos Etchevarne, tem significado uma nova e promissora etapa no desenvolvimento da pesquisa pr-histrica da Bahia. (Martn, 1999: 41-42)3

    Se, por um lado, tem-se o enfraquecimento institucional da arqueologia baiana, por outro, de maneira paralela, abre-se o cenrio a atuao de arquelogos sem preparo tcnico/acadmico, que aproveitaram o momento (dcada de 80) para fazer carreira arqueolgica a custa do bem comum da nao. Neste momento ocorreram salvamentos arqueolgicos que, indubitavelmente, traduziram-se em notcias fortuitas da existncia de stios e materiais arqueolgicos, ao invs da construo de conhecimento, seja pela pouca percia no levantamento, reconhecimento e registro de dados arqueolgicos ou mesmo no mau acondicionamento e falta de estudo dos materiais. Aos profissionais que executaram estes salvamentos, valia mais o extico status de arquelogo e dos proventos que isto poderia trazer, do que a responsabilidade social da atividade. Destes trabalhos nenhuma publicao slida, nenhum relatrio tcnico e/ou cientfico e nenhum dos materiais podem ser encontrados (ou, quando so encontrados, esto mal feitos, descontextualizados e/ou mal acondicionados), muito menos esto disponibilizados.

    Com este cenrio traado, fica marcado a existncia de um problema grave de carter tcnico a boa parte das pesquisas arqueolgicas realizadas na Bahia, entre 1950 e 1990: a falta de registro dos dados. Desta maneira, na atualidade, dispomos de poucas informaes que nos permitam retornar ao documento arqueolgico in situ. com este panorama flagrado que apresentamos nosso trabalho. Trata-se dos resultados de um levantamento de dados ao acervo iconogrfico das colees arqueolgicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE/UFBA): Carlos Ott, Valentn Caldern e AAPHB (Sobradinho e Itaparica). Nosso objetivo disponibilizar a comunidade cientfica as informaes sistematizadas sobre representao rupestre no estado da Bahia, a fim de oferecer dados daquilo que j foi pesquisado e que no se encontra publicado.

    2 O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia foi fundado em 1983. Inicialmente idealizado por

    Valentin Caldern (que no pode ver seu ideal concretizado, haja vista seu falecimento em 1980), o museu foi, de fato, fundado pelos Professores Antnio Rios, Maria Clia Teixeira e Pedro Agostinho.3 Na atualidade o MAE/UFBA est sob a direo de Carlos Caroso, professor do departamento de Antropologia da UFBA.

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    2- As representaes rupestres nos anos 50: as pesquisas de Carlos OttO mdico alemo Carlos Ott4 teve atuao na arqueologia baiana entre os anos 40 e 60 do

    sculo XX. Efetivamente, no se trata de pessoa com formao estrita voltada a arqueologia, mas, de um arquelogo amador, que utilizava seu tempo livre para realizar pesquisas. Apesar deste vis pouco cientfico, seus trabalhos redundaram em dois livros: Vestgios de cultura indgena no serto da Bahia, de 1945, e Pr-histria da Bahia, de 1958.

    Nestes trabalhos, Ott apenas apresenta informaes referentes a trs stios de representaes rupestres que, de to fortuito e vago, quase no auxiliam a pesquisa, como pode se ver:

    - John Casper Branner teria descoberto pinturas na Serra do Mulato a 60km ao sudoeste de Juazeiro (1910). Contudo, Carlos Ott no visitou o stio;

    - Em Campo Formoso, Bahia, Ott visitou o stio Buraco d'gua, onde realizou reprodues de painis do stio;

    - Em Serrinha Carlos Ott ouviu falar de pinturas; neste municpio passou alguns dias juntamente com Menandro Negreiros Falco. Neste momento, visitou a Toca do Cachimbo em companhia de Leobino Ribeiro em busca das pinturas. A caverna consistia de uma entrada baixa, pela qual se rastejava cerca de 4m at uma bifurcao, de onde surgiam dois sales altos (6-8m de altura) com cerca de 5m de comprimento. Mas, apesar de todo esforo empenhado, Ott no achou pinturas no stio, embora tivesse encontrado material cermico, inclusive cachimbos.Na segunda publicao citada (1958), Carlos Ott re-enfatiza o stio de Buraco dgua, dando

    uma quantidade maior de dados, bem como de reprodues no contextualizadas do stio e dos painis. Ademais, apenas informaes no comprovadas de stios rupestres em Juazeiro e Serrinha.

    FIGURA 1: Imagens do stio Buraco dgua, registradas por Carlos Ott (1945), em Campo Formoso BA.

    4 Embora tenha adotado o nome de Carlos Ott nas publicaes, seu verdadeiro nome era Karl B. Ott.

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    3- As representaes rupestres nos anos 60: as pesquisas de Valentn CaldernA atuao do espanhol Valentin Rafael Simon Joaquim Caldern de La Vara na arqueologia

    baiana esteve concentrada nos anos 60; ligado a UFBA e associado ao PRONAPA5, durante este perodo realizou inmeros levantamentos, prospeces e escavaes em stios pr-coloniais do interior. Nos anos 70, farto da precariedade em que se encontrava a arqueologia no estado e das condies de trabalho na Universidade, voltou-se aos estudos de arte sacra, quando dirigiu o Museu de Arte Sacra da UFBA. Nestes ltimos dez anos de sua atividade, at o seu falecimento em 1980, sua contribuio arqueologia foi, em maior parte, de carter burocrtico, resumindo-se a escavao do subsolo do antigo Colgio dos Jesutas em Salvador (hoje, parte da rea do MAE), a coordenao distante do Projeto Sobradinho de Salvamento Arqueolgico em 1976-7 (no qual, pouco atuou), ao cargo de delegado regional do IPHAN para assuntos arqueolgicos e a idealizao e negociao para a fundao do MAE/UFBA, alm de algumas poucas publicaes6.

    A contribuio de Valentin Caldern a arqueologia baiana no pequena. Podemos dizer que foi ele quem efetivamente assentou as bases para o desenvolvimento da arqueologia cientfica no estado; at hoje, quarenta anos depois, seus trabalhos so referncias aos estudos das populaes pr-coloniais do Nordeste. Muitas das classificaes de Tradies Arqueolgicas de cermica, de representao rupestre e de ltico devem-se aos estudos de Caldern; algumas, por exemplo, ainda so muito utilizadas, como a tradio ltica Itaparica e a tradio cermica Aratu. Na reserva tcnica e arquivo do MAE a quantidade de documentos e materiais arqueolgicos de seus trabalhos imensa. Por este motivo e frente ao que conhecemos das publicaes de Caldern, aderimos observao de Gabriela Martn:

    A obra publicada por Caldern pequena, se levarmos em conta suas atividades de campo e hoje a perda da identidade e da fil iao de muitos dos materiais arqueolgicos, produto de suas numerosas prospeces e escavaes, representam um prejuzo irreparvel para a arqueologia do Nordeste. (Martn, 1999: 41)

    No que se refere s representaes rupestres, apesar de sua classificao inicial dos stios atravs daquilo que chamou de tradio realista7 (posteriormente tradio naturalista8) e de tradio simbolista9 para as reas da Chapada Diamantina e do Planalto, suas publicaes pouco

    5 Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas, idealizado e financiado pelo Smithsonian Institution, sob a coordenao

    de Betty Meggers e Clifford Evans.6 Alm disto, de acordo com informaes de Antnio Matias, restaurador do MAE que atuou com Caldern de 1966 a

    1980, mesmo estando na direo do Museu de Arte Sacra da UFBA Valentin Caldern disps duas salas desta instituio para armazenamento dos materiais arqueolgicos resultantes das pesquisas ocorridas na dcada de 60, quando igualmente destinava dois dias da semana (segundas e quartas) para trabalhos com os materiais arqueolgicos. Tais atividades laboratoriais eram realizadas com a coordenao de Caldern.7 O exame de uma srie de pictografias nas quais bem visvel a inteno de reproduzir homens, animais e plantas, com

    o mximo rigor permitido pela habilidade tcnica de seus autores, levou a identificao de uma forma de expresso artstica que por sua difuso espacial e, provavelmente, temporal, suas caractersticas de fidelidade aos modelos que se tentaram copiar, denominamos de Tradio Realista, cuja extenso geogrfica parece ultrapassar os limites do Estado (Caldern, 1983 [1967]: 14). Acreditamos que esta tradio refira-se a atual Tradio Nordeste. Aqui, valer uma ressalva: de acordo com Gabriela Martn, Caldern o primeiro a aplicar o termo tradio para as representaes rupestres (1999: 240). Assim sendo, tradio para Caldern significava o (...) conjunto de caractersticas que se refletem em diferentes stios ou regies, associados de maneira similar, atribuindo cada uma delas ao complexo cultural de grupos tnicos diferentes que as transmitiram e difundiram, gradualmente modificados, atravs do tempo e do espao (Caldern, 1983 [1967]: 13).8 Esta tradio, estudada pela primeira vez no norte da Chapada Diamantina (...) se caracteriza pelos esforos

    realizados em todas as suas fases para reproduzir figuras antropomorfas ou zoomorfas com a maior fidelidade, permitindo identificar, facilmente, as aes que esto realizando (Caldern, 1983 [1971]: 30).9 Esta a mais abundante e espalhada por todo o Pas. Geomtrica ou grosseiramente figurativa, deve corresponder a

    povos marginais, com cultura muito primitiva. Encontramo-la na Caverna do Bode, na Serra Solta, no Rio So Francisco

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    expressam da quantidade de stios rupestres que registrou, pois, apenas trabalham com snteses. Nos arquivos do MAE, pudemos levantar informaes de 55 stios dentre os quais 50 na Bahia, 2 em Pernambuco, 1 em Minas Gerais, 1 em Gois e um sem estado definido , que passamos a apresentar os dados preliminares:

    Stios rupestres levantados por Valentin Caldern10

    Stio Municpio UF Vestgio Data Observaes01 Serrote (BA-FN-02 e BA-11) Cura BA Pinturas --- ---02 Gruta do Bode (BA-CS-07 e BA-22) Ituau BA Pinturas 22/05/1967 ---03 Lagoa (BA-CS-[08 ou 04?] e BA-23) Ituau BA Pinturas 23/05/1967 ---04 Cachoeira (BA-CS-09 e BA-24) Ituau BA Pinturas 23/05/1967 ---05 Gruta de Mandiau (BA-RS-02 e BA-33) Serra Solta BA Pinturas, ltico

    e cermica 26/05/1967 ---

    06 Gruta do Morro das Porteiras (BA-RC-07 e BA-36)

    Santana dos Brejos BA Pinturas 26/05/1967 ---

    07 Morro Pintado n 1 (BA-RC-11 e BA-40) Coribe BA Pinturas 26/05/1967 ---08 Morro Pintado n 2 (BA-RC-12 e BA-41) Coribe BA Pinturas 26/05/1967 ---09 Abrigo da Pedreira das Lajes (BA-CN-06

    e BA-42) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---10 Boqueiro do Brejo (BA-CN-07 e BA-43) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---11 Serra das Lajes n 1 (BA-CN-08 e BA-44) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---12 Serra das Lajes n 2 (BA-CN-09 e BA-45) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---13 Serra das Lajes n 3 (BA-CN-10 e BA-46) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---14 Serra da Lagoa da Velha (BA-CN-11 e BA-47) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---15 Toca do Pintado (BA-CN-12 e BA-48) Morro do Chapu BA Pinturas 25/05/1967 ---16 Abrigo da Estrada (BA-CN-13 e BA-49) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---17 Abrigo da Cachoeira do Regato (BA-CN-14 e BA-50) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---18 Fazenda Jaboticaba (BA-CN-15 e BA-51) Morro do Chapu BA Pinturas 26/05/1967 ---19 Abrigo do Manelo (BA-CN-21 e BA-57) Morro do Chapu BA Pinturas 28/05/1967 ---20 Encontro dos Rios (BA-CN-28 e BA-64) Morro do Chapu BA Pinturas 28/05/1967 ---21 Poo da Quarana (BA-CN-29 e BA-65) Morro do Chapu BA Pinturas 28/05/1967 ---22 Itacoatiara (BA-FC-01 e BA-68) Xique-Xique BA Pinturas 28/05/1967 ---23 Beira da Serra de Guin (BA-CS-13) Mucug BA Pinturas --- ---24 Cidade Abandonada Sincra BA Pinturas --- Sem sigla

    25 2 Zona So Francisco Cura BAPinturas, cermica, sseo e miangas

    --- Sem sigla

    26 Gruta dos Vcios Ibiquera BA Pinturas 1964 Sem sigla27 Gruta de Lagedinho --- BA Pinturas 1964 Sem sigla28 Gruta de Joo Corra Mucug BA Pinturas 1964 Sem sigla29 Gruta do Luizinho Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla30 Gruta da Ricarda Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla31 Gruta do Morcego Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla32 Gruta da Mesquita Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla33 Gruta do Urubu Ituau BA --- 1964 Sem sigla

    (Cura e Petrolina) e em diversos pontos da Chapada, especialmente nos sops desta, perto da estrada que vai de Irec ao Morro do Chapu. So sempre motivos isolados sem correlao aparente. Superpem-se e misturam-se sem conservar nenhuma harmonia, variando bastante quanto forma. Podem ser simples crculos ou espirais, assim como complicados desenhos lineares altamente elaborados como os que se podem ver na Serra Solta. (Caldern, 1983 [1967]: 15-16).10

    Nos arquivos do MAE no existem coordenadas geogrficas para os stios de Caldern, ao mesmo passo que muitos registros carecem de informaes bsicas que permitam retornar seguramente ao stio.

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    34 Gruta do Tup Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla35 Gruta da Mangabeira Ituau BA --- 1964 Sem sigla36 Gruta do Morro do Urubu Ituau BA --- 1964 Sem sigla37 Gruta de Arrasta Saco Ituau BA --- 1964 Sem sigla38 Gruta do Morro da Cal Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla39 Gruta do Candeias Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla40 Gruta da Cabocla Ituau (Paiol) BA Pinturas 1964 Sem sigla41 Incries das Cunhambebas Ituau BA --- 1964 Sem sigla42 Inscries do buraco Ituau BA --- 1964 Sem sigla43 Inscrio da gua preta Ituau BA --- 1964 Sem sigla44 Inscries das Moendas Ituau BA --- 1964 Sem sigla45 Inscries das Cidades Abandonadas Serra do Sincor BA --- 1964 Sem sigla46 Inscries da Bucaina Ituau (Bicudo) BA --- 1964 Sem sigla47 Inscries de Passagem Grande Ituau BA --- 1964 Sem sigla48 Inscrio do Morro do Ouro Barra da Estiva BA --- 1964 Sem sigla49 Inscrio da Cachoeirinha Ituau BA --- 1964 Sem sigla50 Riacho de gua Preta Ituau BA Pinturas 1964 Sem sigla51 Gruta do Camoca Paiol --- --- --- Sem sigla52 Pedra Escrivida (PE-1) Petrolina PE Pinturas e ltico --- ---53 Pedra dos Letreiros (PE-6) Ilha da Assuno PE Pinturas --- Cabrobr54 Inscries Gualujhas (?) MG Pinturas --- Sem sigla55 Gruta da Pedra (GO-1) Formosa GO Pinturas, carvo

    e ltico 9/8/1966 ---

    Fonte: MAE/UFBA

    FIGURA 2: Aspecto geral da Serra da Lagoa da Velha, em Morro do Chapu - BA, rea que d nome ao complexo de abrigos registrados por Valentin Caldern em 1967. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

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    FIGURA 3: Viso lateral de um dos abrigos da Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

    FIGURA 4: Exemplo de suporte rochoso aproveitado com friso de veados enfileirados, na Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

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    FIGURA 5: Vista de um painel com sobreposies, da Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

    FIGURA 6: Detalhe de um painel com sobreposies, na Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

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    FIGURA 7: Detalhe de um painel com motivos em amarelo, na Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

    FIGURA 8: Detalhe de um painel com sobreposies, na Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

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    4- As representaes rupestres nos anos 70: as pesquisas na barragem de Sobradinho

    Trata-se do Projeto Sobradinho de Salvamento Arqueolgico, financiado pela Companhia Hidreltrica do So Francisco (CHESF), realizado na rea da cota de inundao do lago da barragem de Sobradinho, quando de sua construo no Vale do So Francisco, na Bahia 11. Embora este salvamento seja integralmente atribudo a Caldern, cujo relatrio publicado leva o seu nome (Caldern et alli, 1977), de fato, as atividades de campo pouco tiveram a sua participao. Neste salvamento coube a Caldern a coordenao distante do projeto12, viabilizado em funo da sua notoriedade como cientista13. Desta maneira, a execuo e responsabilidade direta das atividades ficaram a cabo de Yara Atade e Ivan Drea, discpulos de Caldern (Martn, 1999: 42).

    A rea do lago da barragem de Sobradinho tem, em linha reta, cerca de 300km de extenso, onde apenas se identificaram 28 stios, nos quais foram feitas prospeces, pequenas sondagens e coletas de materiais. Do universo artefatual resgatado, sobressaem-se piles, mos-de-pilo e cermicas. No relatrio publicado, no existe nenhuma datao ou estudo dos materiais, apenas listagens preliminares.

    Dentre os stios observados, 8 so de representao rupestre, como aparecem nos dados sumarizados no relatrio publicado. Todavia, pode-se encontrar maiores informaes nos arquivos do MAE. So os stios:

    Stios rupestres levantados no salvamento arqueolgico da barragem de Sobradinho14

    Stio Municpio UF Vestgio Data Observaes

    01 Pimenta (BA-SF-105) Casa Nova BA Pinturas e pilo de pedra 17/04/1976 ---

    02 Lagoas Novas (BA-SF-106) Casa Nova BA Cermico, ltico e pinturas 24/04/1976 ---

    03 Encaibro ou Incaibro (BA-SF-107) Sento S BA Pinturas 12/04/1976 ---04 Pedra Branca (BA-SF-116) Casa Nova BA Pinturas 19/07/1976 ---

    05 Calumbi (BA-SF-119) Sento S BALtico, cermico, piles e pinturas

    26/07/1976 ---

    06 Serra do Tabuleiro Alto (BA-SF-121) Caju BA Pinturas e gravuras 05/08/1976 ---07 Serra do So Gonalo (BA-SF-122) So Gonalo BA Pinturas 02/08/1976 ---08 Brejo de Dentro (BA-SF-128) Sento S BA Pinturas 19/01/1977 ---

    Fonte: MAE/UFBA

    11 Os trabalhos abrangeram os municpios de Casa Nova, Caju, Pilo Arcado, Remanso, Sento S e Sobradinho.

    12 Isto porque, como foi dito, Caldern estava envolvido com as atividades do Museu de Arte Sacra da UFBA, de onde era

    Diretor e pesquisador ativo.13

    Neste ponto torna-se indispensvel ressaltar que em 1976 Caldern recebeu o grau de Comendador da Ordem do Mrito da Bahia, conferido pelo Gro Mestre o Governador do estado da Bahia (Decreto de 01 de julho de 1976), e no ano seguinte o grau de Oficial da Ordem de Rio Branco, outorgado pelo Gro Mestre o Presidente da Repblica Federativa do Brasil (Decreto de 06 de abril de 1977).14

    Nos arquivos do MAE, no existem coordenadas geogrficas para os stios de Sobradinho.

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    FIGURA 9: Detalhe de um painel do Stio do Incaibro, Sento S BA. Fonte: Caldern et alli, 1977: 53.

    FIGURA 10: Detalhe de um painel do Stio do Taboleiro Alto, Caju BA. Fonte: Caldern et alli, 1977: 60.

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    FIGURA 11: Detalhe de um painel do Stio de So Gonalo, Sento S BA. Fonte: Caldern et alli, 1977: 64.

    FIGURA 12: Detalhe de um painel com sobreposies, na Serra da Lagoa da Velha, Morro do Chapu - BA. Foto: Fabiana Comerlato, 2005.

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    5- As representaes rupestres nos anos 80: as pesquisas na barragem de ItaparicaRefere-se ao Projeto Itaparica de Salvamento Arqueolgico realizado entre 1984 e 1987, que

    cobriu a rea da cota de inundao do lago da barragem de Itaparica, cerca de 100km em linha reta entre a Bahia e Pernambuco, financiado pela CHESF. Tendo em vista o carter interestadual do trabalho, sua execuo foi dividida entre duas equipes: os estudos na margem pernambucana ficaram sob a responsabilidade da Universidade Federal de Pernambuco, que tiveram a coordenao de Gabriela Martn; e os estudos da margem baiana pela Universidade Federal da Bahia, sob a coordenao de Pedro Agostinho.

    Os trabalhos na margem baiana abrangeram os municpios de Chorrcho, Glria e Rodelas, quando foram localizados pouco mais de 200 stios, dentre os quais 15 de representao rupestre, que foram divididos em: 1) abrigo aberto; 2) afloramento rochoso a cu aberto, na beira de um curso dgua; 3) afloramento rochoso a cu aberto, isolado sobre vrzea. Alm dos abrigos, dentre o acervo resgatado constam materiais lticos lascados, cermicos e alguns poucos sepultamentos (Etchevarne 1992, 1995, 2002b). Embora atualmente estejam submersos no lago da barragem, nos arquivos do MAE podem se ver informaes sobre os seguintes stios rupestres15:

    Stios rupestres levantados no salvamento arqueolgico da barragem de ItaparicaStio Municpio UF Vestgio Data Observaes

    01 Pedra do letreiro (BA-FN-5 e PSAI-1) Glria (Serra dos Negros) BA Pinturas 17/04/1984 ---

    02 Serra do Maroto (BA-FN-9 e PSAI-5) Glria (Salgado dos Bencios) BA Pinturas 23/04/1984 ---

    03 Ponta da Serra (BA-FN-10 e PSAI-6) Glria (Bode Assado) BA Pinturas 24/04/1984 ---

    04 Itacoatiara I (BA-FN-11 e PSAI-7)Rodelas (Riacho Itacoatiara, Serra do Curral)

    BA Cermico, ltico e gravuras --- ---

    05 Itacoatiara III (BA-FN-13 e PSAI-9)Glria (Riacho Itacoatiara, Serra do Curral)

    BA Gravuras --- ---

    06 Itacoatiara V (BA-FN-14 e PSAI-10) Rodelas (Itacoatiara) BACermico e gravuras --- ---

    07 Bebedouro das Pedras (BA-FN-17 e PSAI-13) Rodelas (Tapera) BA Gravuras 21/01/1985 ---

    08 Pedra da Moeda do Sr. Clarindo (BA-FN-18 e PSAI-14) Glria (Penedo) BA Gravuras 21/01/1985 ---

    09 Itacoatiara VII (BA-FN-24 e PSAI-20)Rodelas (Riacho Itacoatiara) BA

    Habitao com Gravuras --- ---

    10 Go (BA-FN-37 e PSAI-33) Rodelas (Penedo) BA Gravuras --- ---11 Nossa Senhora de Ftima Santana BA Pinturas 14/07/1987 Sem sigla

    12 Pedra Escrita Santana BA Pinturas e cermica 27/07/1987 Sem sigla

    13 Pedra Escrevida Santana BA Pinturas 11/07/1987 Sem sigla14 Pedras do Chapu Lenis BA Pinturas --- Sem sigla15 Bella Vista --- --- Pinturas 27/04/1990 ---

    Fonte: MAE/UFBA

    15 Aqui, indicamos veementemente a consulta tese de doutorado de Carlos Etchevarne (1995), onde faz um minucioso e

    sistemtico estudo dos padres de ocupao dos stios da margem baiana da barragem de Itaparica.

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    FIGURA 13: Stio Itacoatiara I, Rodelas (Serra do Curral) - BA. Gravuras em bloco, encontradas em escavao arqueolgica. Fonte: Etchevarne, 1995: 292.

    FIGURA 14: Stio Pedra da Moeda. Gravuras em parede rochosa, encontradas em Glria (Penedo) - BA. Fonte: Etchevarne, 1995: 293.

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    FIGURA 15: Stio Bebedouro das Pedras. Gravuras em laje, encontrados em Rodelas (Tapera) BA. Fonte: Etchevarne, 1995: 293.

    6- O panorama atual dos estudos com representao rupestre na BahiaTendo em vista as dimenses do estado da Bahia, poucos so os estudos realizados com

    representaes rupestres, de maneira a permitir construir perfis grficos16 acerca dos grupos que ocuparam o estado.

    Dentre os principais trabalhos realizados, no municpio de Central e regies circunvizinhas no oeste baiano, uma equipe coordenada por Maria Beltro, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e arqueloga do Museu Nacional, tem atuado desde 1984 de maneira quase contnua, realizando levantamentos e escavaes em stios arqueolgicos. Seus estudos nos stios rupestres tm associado os grafismos a eventos celestes (cometas, lua, sol e estrelas, identificando calendrios lunares, etc.), vinculando-os tematicamente quilo que chamou de Tradio astronmica, bem como associando a confeco de algumas pinturas ao uso de substncias alucingenas, mais especificamente quelas que chamou de Tradio geomtrica (Beltro, 2000).

    No sudoeste baiano e leste de Gois, Pedro Igncio Schmitz, Diretor do Instituto Anchietano de Pesquisas da Universidade do Vale dos Sinos, coordenou o Projeto Serra Geral, quando localizou, prximo ao Rio So Francisco, 10 stios com pinturas rupestres que filiou a Tradio So Francisco. Nestes stios, Schmitz realizou um minucioso estudo dos painis, com desenhos sistemticos dos stios, quando buscou associar as pinturas aos contextos arqueolgicos escavados, relacionando-as aos suportes utilizados e s formas de apropriao dos paredes rochosos (Schmitz et alli, 1997).

    16 Segundo Anne Marie Pessis, o perfil grfico de cada stio constitui os aspectos tecnolgicos, temticos e cenogrficos

    (1993: 12). Aliado ao conceito de perfil grfico, Pessis prope o de identidades grficas, que so (...) constitudas por um conjunto de caractersticas que permitem atribuir um conjunto de grafismos a uma determinada autoria social (Ib.: 12); Pessis complementa a idia ao afirmar que as (...) identidades grficas (...) podero ser estabelecidas a partir de um conjunto de stios nos que se dispe de perfis grficos (...) (Ib.: 11). Por sua vez, de acordo com Raoni Valle O perfil grfico expressa juntamente com as caractersticas das formas (morfologias) as disposies espaciais destas formas (caractersticas cenogrficas), as propriedades visveis das tcnicas de execuo do gravado, a reconstituio das cadeias operacionais de confeco, matria prima do suporte e reconstituies hipotticas gestuais e instrumentais. O conjunto de padres grficos assinalados no perfil de uma determinada rea arqueolgica caracteriza a identidade grfica do acervo rupestre respectivo (2003: 7).

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    Mais recentemente, no norte do estado, Celito Kestering, professor do curso de arqueologia da Universidade Federal do Vale do So Francisco e pesquisador da Fundao Museu do Homem Americano, estudou 31 stios existentes no Boqueiro do Riacho de So Gonalo, no municpio de Sento S, situado em parte do territrio que definiu como rea arqueolgica de Sobradinho17 (2001, 2002, 2003a e 2003b). Seus estudos tm buscado reconhecer os perfis grficos das representaes rupestres da rea citada, a fim de possibilitar um ponto inicial a comparao com perfis grficos reconhecidos em outras reas e, assim, junto com evidncias arqueolgicas e geolgicas, tentar estabelecer rotas de influncia grfica dos grupos pr-coloniais, bem como criar condies identificao de provveis stios pleistocnicos.

    Trabalhos de levantamento de stios rupestres no estado tm sido realizados por Cludia Cunha Kachimareck, com os prprios recursos, mas, com o apoio institucional do Laboratrio de Arqueologia e do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia, oportunizando registrar inmeros stios em Morro de Chapu e Oliveira dos Brejinhos, dentre outros municpios, alm de estudos pontuais relativos as tradies rupestres recorrentes nos abrigos (Kachimareck, 2002; Morales Jr e Kachimareck, 2004).

    Por fim, no Laboratrio de Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas daUniversidade Federal da Bahia, Carlos Etchevarne tem buscado os meios para iniciar uma linha de pesquisa com representaes rupestres. Neste panorama, tem realizado levantamentos, pareceres e estudos nos municpios de Itaparica (1995, 2002b), Juazeiro (1997), Morro do Chapu (2000a) e, em especial, Iraquara (1998, 2002b), onde tem negociado com o poder executivo municipal para criar um ncleo de pesquisa, ensino e aproveitamento turstico na regio. No obstante os estudos especficos, Etchevarne tm organizado seminrios acerca do tema18, a fim de divulgar e agregar interessados na conservao e estudo dos inmeros stios de pinturas e gravuras do estado. Alm disto, em 2001, conseguiu expandir a linha de concentrao em antropologia do Programa de Ps-Graduao em Cincias Sociais (de onde professor), que passou a ser concentrao em antropologia/arqueologia, alm de estreitar os vnculos com o Programa de Ps-Graduao em Arqueologia / Conservao do Patrimnio da Universidade Federal de Pernambuco. Por sua vez, num esforo conjunto e paralelo ao de Etchevarne, particular interesse nos estudos com representaes rupestres tem demonstrado a nova direo no MAE/UFBA, especificamente o Diretor Carlos Caroso, que vem buscado viabilizar os recursos necessrios para projetos que visem a produo de conhecimento acerca das populaes pr-coloniais do estado, atravs de atividades de pesquisa, ensino e extenso.

    7- Consideraes finaisNosso intuito, ao apresentar os dados obtidos na documentao primria do MAE/UFBA, de

    animar um novo cenrio pesquisa com representao rupestre na Bahia, seja em arqueologia, histria da arte, antropologia, etc. Temos as fichas acerca dos stios noticiados19, com as devidas referncias documentao primria; aliado a isto, todo interesse em disponibilizar os dados obtidos. Num

    17 A rea arqueolgica de Sobradinho abrange os municpios baianos de Casa Nova, Caju, Pilo Arcado, Remanso, Sento

    S e Sobradinho, no permetro que corresponde ao lago da barragem de Sobradinho.18

    I Seminrio de Arqueologia, ocorrido em 2001, no mbito da FFCH/UFBA, tendo como palestrantes principais Denis Vialou e gueda Vilhena Vialou, e o II Seminrio de Arqueologia, ocorrido em 2004, no Museu Geolgico da Bahia, tendo como palestrantes principais Nide Guidon, Anne Marie Pessis e Gabriela Martn. 19

    At ento dispomos de dados de 78 (setenta e oito) stios, sendo: 55 (cinqenta e cinco) na coleo Valentin Caldern; 08 (oito) na coleo AAPHB Sobradinho; e 15 (quinze) na coleo AAPHB Itaparica.

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    panorama em que publicaes so poucas ou inexistentes, estas informaes parecem ser as nicas vias ao retorno de parte daquilo que foi pesquisado no estado20.

    No pode se perder de vista que o Nordeste brasileiro tem despontado com reas referenciais no estudo das representaes rupestres (reas de enclaves arqueolgicos21), pelo longo tempo de permanncia de grupos de pesquisa nas reas estudadas e conseqentes acmulos de resultados sistemticos notadamente a rea do Parque Nacional da Serra da Capivara no sudoeste do Piau (Pessis, 2003) e do Serid nordestino, no Rio Grande do Norte e na Paraba (Martn, 2003: 11-32). Por sua vez, a Bahia, com mais de 70% de seu territrio inserido no polgono das secas, divide o mais importante recurso hdrico do Nordeste o rio So Francisco com seus respectivos rios tributrios com os estados de Pernambuco, de Sergipe e de Alagoas, estando, ainda, a menos de 50km da divisa com o Piau (portanto, na depresso sanfranciscana), sendo, possivelmente, rea de influncia mtua de grupos humanos que viveram nos diferentes espaos destes territrios. Desta maneira, de sada, impe-se uma sugestiva perspectiva pesquisa do Nordeste brasileiro, na qual chamamos a ateno ao territrio baiano.

    FIGURA 16: Municpios baianos em que foram localizados stios rupestres entre 1950 e 1990.

    20 Como comum em levantamentos documentais, os registros de stios antigos apresentaram poucas informaes, se

    comparados com os mais recente, nos quais o nmero de informaes maior.21

    A idia de enclave arqueolgico refere-se a (...) uma unidade territorial com densa concentrao de vestgios arqueolgicos indicadores da presena humana em diacronia contnua. Nestas reas, escolhidas como unidades de estudos, considera-se a interao homem-meio desde a pr-histria at os dias atuais. Uma rea de pesquisa arqueolgica constitui tambm uma unidade territorial, com importante quantidade de vestgios arqueolgicos, mas, para a qual, no se dispe de dados suficientes que indiquem uma ocupao humana contnua. As reas arqueolgicas representam o ponto de partida para identificar enclaves nos quais se poder determinar a presena humana contnua durante longos perodos de tempo (Guidon et alli, 1990: 125).

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    8- AgradecimentosAgradeo a Aurea Tavares, a Cludia Cunha, a Fabiana Comerlato e a Leandro Silva pelas

    leituras, crticas e sugestes a este trabalho. Agradeo a Antnio Matias pelos esclarecimentos concedidos acerca da atuao de Caldern. A responsabilidade pelo contedo expresso restringe-se ao autor.

    9- Referncias bibliogrficasBELTRO, Maria. Ensaio de arqueologia: uma abordagem transdisciplinar. Rio de Janeiro, Zit.

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