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Situaçao Da Mulher e Rapariga Em Moçambique

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As mulheres continuam ainda em desvantagens emelação aos homens no acesso à educação, em

moçambique. O inquérito demográfico e de saúdeIDS) de 2011 indicou que nas zonas rurais, entre as

mulheres, 41% não frequentou a escola, enquanto

as zonas urbanas a percentagem desce para 13%,ontra as proporções de 18% de homens nas zonasurais que não frequentaram a escola e 4% deomens nas zonas urbanas. Dados mais recentes donquérito aos orçamentos familiares (IOF)014/2015, indicam que as mulheres continuam emesvantagem em relação aos homens no queoncerne ao domínio da leitura e da escrita, aopresentarem uma taxa de analfabetismo em014/15 de 57.8%, comparativamente a 30.1%os homens.

Vinte anos depois da Plataforma de Acção de Beijing,Comissão sobre o Estatuto das Mulheres (CSW) na9ª sessão coloca como prioridade a sua avaliação,

num contexto em que o mundo discutia a agenda pós015 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,cordados pelos Estados membros em Setembro de000. Considerando que, ao nível nacional, o Fórum

Mulher busca contribuir para a garantia dos DireitosHumanos das Mulheres; decidiu, em 2015, levar aabo esta avaliação que culmina com a produção doelatrio sobre “a situação das mulheres e raparigasm Moçambique 2005 – 2015 ” como mais umaerramenta para medir a implementação da

Plataforma de Acção de Beijing, nos ODMs e outros

ompromissos.

Introdução

Educação e Saúde

Os serviços de saúde para as mulheres, principalmente paas que vivem nas zonas rurais ainda não são suficientes, equalidade dos serviços disponíveis não permite ainda que mulheres que tem acesso a esses serviços usufruam mesmos com garantia que o seu direito a saúde é exercidde forma a conferir-lhes o bem-estar individual e social. níveis de cobertura dos serviços de saúde, principalmente que diz respeito por exemplo a cobertura de partosinstitucionais está longe de responder a necessidadcontribuindo desta forma para que indicadores como mortalidade materna e infantil tenham um nível de progreslento.Dentre os vários problemas ligados à Saúde de Mulher, paralém do acesso aos serviços e ao tratamento que aindcontinuam baixos mesmo com os esforços do MinistériSaúde em estende-los, a educação continua a ser apontandcomo um dos principais factores que determina a melho

da saúde da Mulher. Por exemplo, o Inquérito Demográficode Saúde (IDS) mostra que 51% das adolescentes grávidanão possuem nenhum nível de escolaridade, contra 26% dadolescentes que alcançaram pelo menos o ensino secundá

Apesar dos esforços feitos pelo governo de Moçambiqpara reduzir a mortalidade materna, a taxa de mortalidadematerna continua entre as mais altas do mundo, na ordem d408/100.000 nascimentos em 2011. As principais causasão: os abortos clandestinos, a anemia, a eclâmpsia, hemorragia, o trabalho de parto obstruído e as infecçõepuerperais.Cerca de 24% das mortes maternas ocorrem entre amulheres mais jovens na faixa etária dos 15-19 anos didade e 11% das jovens e raparigas com idades entre 15 e24 anos estão infectadas por HIV e SIDA, quancomparadas com 3.7% de jovens e rapazes da mesma faixaetária.Igualmente o acesso aos serviços de planeamento famil

não teve avanços significativos sendo que em 2003 atingim17%, e baixou para 12% em 2011, sendo a taxa global defecundidade de 5.9 e o número ideal de filhos para asmulheres é de 4.8 e para os homens 5.4

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Contudo, um dos maiores desafios da participação activdas mulheres na politica, prende-se com o facto de participação política em si ser consequência da formcomo o sistema político está estruturado, e comperceção que se tem do próprio papel das mulheres numespaço publico e de tomada de poder. No que concerneao sistema político, este“obriga” a que muitas vezes asmulheres tenham que primeiro e quase que unicamen

responder as questões ligadas aos seus partidosdescurando a agenda das mulheres. Quanto apercepções do papel que as mulheres tem no espaçpúblico e particularmente na política, as mesmas estalinhadas ao binário público-privado e corpo- mente eque as mulheres se espera que se restrinjam ao espaçprivado e sejam responsáveis por assegurar o cuidado as tarefas percebidas como femininas. Portanto muitvezes as agendas políticas dos seus partidos não sã

sensíveis as questões de género e elas próprias sãresultado de um sistema patriarcal que lhes oprime

É preciso compreender que, por um lado, o sucesso integração da mulher em posições de tomada ddecisões pode ser resultante das obrigações que o paíassume; no entanto, tal pode não se reverte por umefectiva mudança de comportamento no que tange mudança nas relações socias de género

Moçambique é um dos países com as taxas maislevadas de casamentos prematuros. Segundo dados

do inquérito demográfico e de saúde (IDS) 2011,48% das mulheres entre 20 e 24 anos de idadeasaram antes dos 18 anos e 14% antes dos 15nos. As províncias do centro e norte do país são as

que apresentam os maiores índices de casamentos

prematuros, e o casamento antes dos 18 anos éparticularmente elevado nas províncias do Niassa,Cabo Delgado, Nampula e manica (ministério daaúde et al., 2013).

“… Os casamentos prematuros e a fraca retenção da raparigana escola é um desafio para a emancipação da mulher. É

preciso criar políticas, normas e programas que promovem apermanência da rapariga na escola. Há uma ausência de um

discurso claro e forte contra as práticas e normas socioculturais

negativas por parte da sociedade incluindo as instituições doestado e do governo…por vezes, essas práticas e normas temmaior reconhecimento e valorização por parte da sociedade eposicionam-se acima de direitos humanos reconhecidos ao nível

internacional e nacional…”

papel da mulher em moçambique, tem estado a

anhar espaço, principalmente desde as primeirasleições legislativas de 1994, que o número de

mulheres que participam nos processos políticos,obretudo nos órgãos de tomada de decisão temumentado tanto na administração pública e nosrgãos de decisão política, assim como ao nível dosartidos políticos. estes avanços podem sererificados com maior relevo a nível do podergislativo, seguido do executivo.

30,3 35,6

18,1 18,7

33,3 38,8 36,4 32,2

GovernoCentral

Parlamento Governadores Administradores

Evolução da participação das mulheresem cargos de liderança e tomada de

decisão (%) Ano 2005 Ano 2015

, as mulheres despertaram, antes elas eram vedadas aparticipação na vida política...porque havia percepçãode que as mulheres não têm capacidade para dirigir,

entretanto, paulatinamente as coisas forammudando..."hoje temos muitas mulheres em cargo de

direcção..."

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A indústria extractiva é um sector que assumiu um lugade destaque, nos últimos dez anos, tendo beneficiado damaior parte do investimento directo estrangeiro no país,representando por grandes corporações internacionais deprospecção e exploração de gás natural, petróleo nabacia do rovuma e do carvão mineral em tete.

Apesar de haver uma grande atenção aos grandesprojectos, a actividade de extracção de recursos mineraisem moçambique, sobretudo de pedras preciosas emateriais de construção é predominantementedesenvolvida por pequenos e médios operadores, amaioria dos quais desenvolve a sua actividadeartesanalmente. No entanto, os benefícios dos projetos dedesenvolvimento da indústria extrativa têm alcançadoprimeiramente os homens, enquanto as mulheres acabampor arcar desproporcionalmente com os riscos ambientaiseconómicos e sociais correspondentes. Por exemplo, naactividades de exploração mineira em pequena escala asmulheres têm um envolvimento notável, com“garimpeiras” e como auxiliares, confeccionandoalimentos para os homens e prestando outros serviços.

Em moçambique ainda persistem diferenças derendimentos entre mulheres e homens. O índice dedesigualdade de género estimou uma desigualdadesalarial de 0.80, ou seja, as mulheres auferem emmédia 20% menos rendimento do que os homens(world economic forum, 2014). Estimativas similares com baseno relatório do inquérito às famílias de 2014/15indicam que as mulheres auferem menos 21% dosrendimentos dos homens. No que diz respeito à mulherrural, devido ao seu perfil caracterizado pelo baixonível de educação formal, coloca-se em situações deexclusão em relação as oportunidades de empregoformal. Muitas vezes, as mulheres acabamdesenvolvendo sobretudo a actividade da agriculturafamiliar como sua fonte principal de renda ou comocomo empregadas domésticas nas casas dostrabalhadores.

Há um aumento da população com acesso à águapotável no país de 40.5% em 2008/9 para 50.3% em2014/15 No entanto, nas áreas rurais o aumento noacesso à água potável atinge apenas 36.1% dasfamílias. As mulheres continuam a ser aquelas queainda percorrem grandes distâncias a busca da água.

No que tange ao acesso a terra e controle dosrecursos, as mulheres continuam a ser o grupo que estáa perder, cada vez mais, o acesso a terra comoresultado da não observação da Lei de Terra o que éagravado pela avalanche dose “chamados” grandesinvestimentos no País, em particular na área daindústria extractiva. Existem constrangimentos nagestão da indústria extractiva que colocam as

comunidades das zonas onde os recursos são extraídos,e particularmente a mulher, em situação dedesvantagem. É que actividade de exploração derecursos minerais está a afectar o seu ambiente, acessoa recursos como água, terra, bem como os seus meiosde vida, de um modo geral. De um total de 962 títulosde Licenças de prospecção e pesquisa 25 títulos sãodetidos por mulheres, correspondente a 2,6% contra2,5% do ano transacto e d um total de 267

Certificados Mineiros, apenas 17 títulos são detidos pormulheres, o que corresponde a 6.3%.

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A diversidade cultural, as tradições e culturas enraizadasos sistemas familiares patrilineares e matrilineare

vigentes no sul e norte de moçambique respectivamenttrazem consigo práticas costumeiras que perpetuam aviolência directa ou indirecta contra a mulher copráticas tradicionais nocivas, dentre elas os vulgocasamentos prematuros que aniquilam ou retardam odesenvolvimento físico, psicológico e social da raparige da mulher em geral.

O relatório do governo sobre avaliação daimplementação de beijing elaborado em 2014 apresentatambém alguns dados onde cita que durante o período2009-2013 houve um a aumento do número de casosatendidos, passando de cerca de 20.000 casos em 2009para, 23.948 dos quais 15.290 mulheres e 4.942crianças em 2013, no que diz respeito aos homens, umpequena percentagem corresponde a violência física queé uma das manifestações mais cruel da violência contrmulheres e rapariga.

Para alem dos estragos ambientais que esta industriatraz no meio ambiente, há que referir que tem criadouma situação de vulnerabilidade das mulheres, aprostituição na qual as raparigas são as mais visadasdeste processo levando com que não continuem comos seus estudos, aumento do índice de HIV, e tambémcom destaque para o surgimento de doençasrespiratórias, derivadas da poluição aos alimentos.

Os contratos de concessão assinados pelo governocom as multinacionais prevêem a garantia debenefícios para as comunidades. As mulheres têmuma participação insignificante na decisão sobrecomo como esses benefícios são alocados, visto que asua integração nos postos de tomada de decisão

locais, como os conselhos consultivos de localidade élimitada. Por exemplo, os Comités de reassentamentode Palma, região onde será construída a fábrica deliquefacção de gás natural, são compostos apenaspor homens. A comunidade de Topuito, em Nampula,afectada pelo projecto de exploração de areiaspesadas pela mineradora Kenmare, o comité degestão de recursos é compostos por dez líderescomunitários e todos são do sexo masculino

“…Estamos preocupadas com o nosso empoderamentoeconómico. Em alguns locais, a terra que nos pareceu tersido um ganho aquando da aprovação da Lei de Terras

está a ser retirada de nós. Os grandes projectos não estãotrazer melhoria para as nossas vidas. Somos reassentadasm zonas onde não temos terra para trabalhar e produzir anossa comida para sustentar os nossos filhos. As nossas

filhas estão a ser prostituídas pelos trabalhadores dessas

grandes empresas. As nossas verduras já não são maisverdes, são castanhas ou pretas. A água que bebemos nãoé saudável…afinal que desenvolvimento é este?”

ViolênciaA violência contra mulher continua a ser um dos

roblemas alarmante, em moçambique. No nosso país,ma em cada três mulheres entre os 15-49 afirma ter

ofrido violência física por parte do parceiro e 12% dasmulheres relata ter sofrido violência sexual desde os 15nos de idade.

O nível de consciência sobre o problema da violência cona mulher aumentou, particularmente nas cidades e zonas

semiurbanas. Já há denúncias, as pessoas já falam sobre oassunto, os governantes tem abordado muito nos seusdiscursos a questão da emancipação da mulher e daerradicação da violência contra a mulher, mesmo as

mulheres líderes também já falam sobre o assunto, mostrapreocupação. Um facto positivo é que as pessoa e a mediatambém já fala muito sobre a violência contra a mulher...estamos satisfeitas porque sentimos que isso é o resultado

também do nosso trabalho… do trabalho das nossasorganizações e instituições que trabalhamos na área da

violência…”

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… Comparando com o passado de há 10 e 5 anos atrásentimos que a situação das mulheres melhorouonsideravelmente. Ontem não tínhamos praticamenteenhum poder de decisão, mas hoje já termos voz, aociedade já reconhece e ouve a nossa voz, os nossosritos, as nossas angústias. Mesmo nas comunidadesurais em algumas, os Régulos já dão palavra as

mulheres, o que não acontecia antes. Por exemplo, euomo camponesa seria quase impossível participar em umncontro como este. O meu marido não havia de deixar eminha família também, mas vim e ele até me desejou

om trabalho. Esta mudança acontece principalmenteorque o acesso a informação aumentou, porqueprendemos muito nas Conferências e o Fórum Mulherambém abriu-nos os olhos. Nós estávamos a dormir. Asonferências, os encontros e o facto de já irmos a escolaa alfabetização faz-nos ver o mundo de uma forma

iferente, aprendemos também que afinal somos pessoastemos direitos. Em termos de quotas ainda não

tingimos os objectivos, mas os números são bons aoível central. Ao nível dos distritos também os númerosstão a crescer, mas ainda está aquém do desejável…

SENTIMENTOS E PERCEPÇÕES DASMULHERES ENTRE AVANÇOS E RECUOS

“…Em termos de legislação, políticas e programas

sentimos que avançamos bastante…Foram criados osMecanismos Institucionais de Género, programasespecíficos para promoção dos Direitos das Mulheres, osGabinetes de Atendimento a Família e Criança (antesGabinetes de Atendimento a Mulher e Criança), foramestabelecidas quotas para as mulheres foram revistas ecriadas leis que defendem os nossos direitos, foiaprovada uma Politica Nacional de Género, isso ébastante positivo…”

…O Fórum Mulher desempenhou um papel importanterque abriu-nos os olhos e também alguns homens járeditam que as mulheres devem ter direitos iguais.inda não estamos nos níveis que desejamos, masntimos que estamos a caminho, embora ainda seja umminho sinuoso porque o machismo ainda está bemesente nas nossas casas, nos sossos serviços e na ruaando andamos, ainda sentimos isso...”

“…Outra conquista, embora isso não dependa apenas do

governo ou das politicas, mas das pessoas em si queestão nos lugares de tomada de decisão. Já há mulheresque estão nos lugares de tomada de decisão que já seligam com os movimentos das mulheres, as vezes elaspróprias solicitam capacitação sobre as questões degénero, solicitam alguma assessoria…não são muitas,mas algumas tem feito um trabalho notável…”Porexemplo, a liderança do gabinete na altura da discussãoe aprovação da Lei contra a Violência contra a Mulherfoi muito boa, houve uma boa coordenação e por issohouve muitos ganhos. Sentimos uma certa abertura porparte da Presidência da Assembleia da República.

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…Embora tenhamos avançado muito em termos deegislação, ainda há muitos problemas na aplicaçãoessa legislação. Muitas vezes ela nem é aplicada ou é

mal aplicada pelos próprios funcionários da Justiça ea Lei e Ordem. O aumento da consciência sobre aiolência contra a mulher é notório nas cidades, mas nas

onas rurais ainda é um tabu. Por exemplo, estivemosa semana passada numa comunidade em Ribaué commulheres e perguntamos a elas se sabiam que violênciara crime e a maior parte delas disse que não,isseram que pensavam que é dever do homem batera mulher para educa-la!

“…Mesmo com o aumento da consciência sobre aproblemática da violência contra a mulher, do aumentode denúncias parece que as formas de agressão contraas mulheres tornaram-se mais violentas, mais brutais,mais desumanas. A forma como os homens violentam ematam as mulheres é de uma crueldade imensurável.Os depoimentos que vemos diariamente são muitograves e assustadores. Por exemplo, o homem quematou o bebé recém-nascido porque a mulher anãoquis manter relações sexuais com ele logo após oparto. No passado, o período pós parto era muitorespeitado, mas hoje é motivo de violência. Os discursossobre as práticas culturais parece estar a retrocederporque estamos a voltar atras e isso vai nos fazerperder as conquistas alcançadas, por exemplo, ocontrolo do corpo da mulher, o controlo do vestuário damulher e da rapariga, a prática de lobolo que parece

estar cada vez mais desejada e acentuada até entreas próprias mulheres...é um grande recuo. Por exemplo,em três escolas da cidade de Maputo, surgiu umanorma que obriga as meninas a vestiram saias muitocumpridas, a interdição das mulheres a serviços públicosincluindo atendimento médico em função do traje. Aagravar esta situação, notamos uma redução dosserviços de atendimento ao jovem e adolescentes (SAJ)criando uma situação de maior vulnerabilidade dasjovens e dos jovens aos serviços relacionados comviolência, com saúde e direitos sexuais ereprodutivos…tudo isto constitui, para nós, grandesrecuos das nossas lutas…

“…Estamos preocupadas com o nosso empoderamentoeconómico. Em alguns locais, a terra que nos pareceuter sido um ganho aquando da aprovação da Lei deTerras está a ser retirada de nós. Os grandes projectosnão estão a trazer melhoria para as nossas vidas.Somos reassentadas em zonas onde não temos terrapara trabalhar e produzir a nossa comida para

sustentar os nossos filhos. As nossas filhas estão a serprostituídas pelos trabalhadores dessas grandesempresas. As nossas verduras já não são mais verdes,são castanhas ou pretas. A água que bebemos não ésaudável…afinal que desenvolvimento é este?”.

“…Os funcionários de saúde que trabalham nos cantos de aconselhamento não têm formação econhecimentos suficientes para atender de forma adequada aos jovens. Por exemplo, nem todassabem administrar todos os métodos anticonceptivos, sobretudo quando se trata de implante eaparelho anticoncepcional. Isto para nós representa um atraso porque desencoraja-nos a aderir aesses cantos de aconselhamento...”

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