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FEWS NET MOZAMBIQUE [email protected] www.fews.net A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. O conteúdo deste relatório não reflecte necessariamente o ponto de vista da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados Unidos MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar Fevereiro a Setembro de 2017 Situação de Crise esperada até pelo menos Março devido a efeitos das secas, cheias e ciclone DESTAQUES Espera-se que o número de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) ou pior atinja cerca de 2,3 milhões entre agora e Março de 2017, incluindo 300 mil pessoas potencialmente afectadas por inundações e ciclones. As reservas de alimentos das famílias estão esgotadas, e as famílias pobres dependem do acesso limitado ao mercado, alimentos silvestres e assistência humanitária, onde for disponível, para tentar cobrir os défices alimentares. Em Janeiro, a assistência alimentar cobriu aproximadamente 900 mil pessoas, representando apenas 45% dos 2 milhões de necessidades avaliadas, e prevê-se que esses nívei continuem até Março de 2017. O ciclone tropical Dineo atingiu a província costeira de Inhambane no dia 15 de Fevereiro e, segundo estimativas preliminares, o ciclone de categoria 3 afectou perto de 551 mil pessoas e destruiu 27 mil hectares de culturas. As famílias mais vulneráveis, que já enfrentavam uma situação de Crise (IPC Fase 3) devido aos défices alimentares relacionadas com a seca, poderão enfrentar carências agudas de alimentos até pelo menos o fim de Março, necessitando de ajuda alimentar urgente assim como de sementes. Devido à precipitação bastante favorável, espera-se uma colheita quase média nas zonas centro e sul, a partir de Março, apesar de algumas áreas terem precisado de novas sementeiras devido a inundações localizadas ou problemas de acesso a sementes. No entanto, espera-se uma produção abaixo da média nas zonas costeiras das províncias de Nampula e Cabo Delgado devido a chuvas irregulares e fracas e, a um nível menor, na província da Zambézia. Felizmente, os casos localizados de peste da lagarta parecem estar sob controle. De Abril a Maio, com as colheitas em curso em todo o país, excepto nas zonas afectadas pelas cheias, a FEWS NET espera que o número de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) diminua significativamente uma vez que a maioria das famílias terá acesso aos alimentos da sua própria produção, e os preços de alimentos básicos poderão baixar gradualmente. De Junho a Setembro, espera-se uma situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) em todas as zonas, mas ainda podem existir famílias localizadas em situação de “Estresse” (IPC Phase 2), particularmente na parte costeira de Cabo Delgado, e mesmo em situação de Crise (IPC Phase 3), ainda em recuperação dos choques ocorridos no final da época. CALENDÁRIO SASONAL NUM ANO NORMAL Fonte: FEWS NET Resultados estimados de segurança alimentar, Fevereiro de 2017 Fonte: FEWS NET Este mapa representa os resultados de insegurança alimentar aguda relevante para a tomada de decisão de emergência. Não reflecte necessariamente uma insegurança alimentar crónica. Visite aqui para mais detalhes sobre esta escala

Situação de Crise esperada até pelo menos Março devido a ......Situação de Crise esperada até pelo menos Março devido a efeitos das secas, cheias e ciclone DESTAQUES Espera-se

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FEWS NET MOZAMBIQUE

[email protected] www.fews.net

A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. O conteúdo deste relatório não

reflecte necessariamente o ponto de vista da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados Unidos

MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar Fevereiro a Setembro de 2017

Situação de Crise esperada até pelo menos Março devido a efeitos das secas, cheias e ciclone

DESTAQUES Espera-se que o número de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) ou pior atinja cerca de 2,3 milhões entre agora e Março

de 2017, incluindo 300 mil pessoas potencialmente afectadas por inundações e ciclones. As reservas de alimentos das famílias estão esgotadas, e as famílias pobres dependem do acesso limitado ao mercado, alimentos silvestres e assistência humanitária, onde for disponível, para tentar cobrir os défices alimentares. Em Janeiro, a assistência alimentar cobriu aproximadamente 900 mil pessoas, representando apenas 45% dos 2 milhões de necessidades avaliadas, e prevê-se que esses nívei continuem até Março de 2017.

O ciclone tropical Dineo atingiu a província costeira de Inhambane no dia 15 de Fevereiro e, segundo estimativas preliminares, o ciclone de categoria 3 afectou perto de 551 mil pessoas e destruiu 27 mil hectares de culturas. As famílias mais vulneráveis, que já enfrentavam uma situação de Crise (IPC Fase 3) devido aos défices alimentares relacionadas com a seca, poderão enfrentar carências agudas de alimentos até pelo menos o fim de Março, necessitando de ajuda alimentar urgente assim como de sementes.

Devido à precipitação bastante favorável, espera-se uma colheita quase média nas zonas centro e sul, a partir de Março, apesar de algumas áreas terem precisado de novas sementeiras devido a inundações localizadas ou problemas de acesso a sementes. No entanto, espera-se uma produção abaixo da média nas zonas costeiras das províncias de Nampula e Cabo Delgado devido a chuvas irregulares e fracas e, a um nível menor, na província da Zambézia. Felizmente, os casos localizados de peste da lagarta parecem estar sob controle.

De Abril a Maio, com as colheitas em curso em todo o país, excepto nas zonas afectadas pelas cheias, a FEWS NET espera que o número de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) diminua significativamente uma vez que a maioria das famílias terá acesso aos alimentos da sua própria produção, e os preços de alimentos básicos poderão baixar gradualmente. De Junho a Setembro, espera-se uma situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) em todas as zonas, mas ainda podem existir famílias localizadas em situação de “Estresse” (IPC Phase 2), particularmente na parte costeira de Cabo Delgado, e mesmo em situação de Crise (IPC Phase 3), ainda em recuperação dos choques ocorridos no final da época.

CALENDÁRIO SASONAL NUM ANO NORMAL

Fonte: FEWS NET

Resultados estimados de segurança

alimentar, Fevereiro de 2017

Fonte: FEWS NET Este mapa representa os resultados de insegurança

alimentar aguda relevante para a tomada de decisão de

emergência. Não reflecte necessariamente uma

insegurança alimentar crónica. Visite aqui para mais

detalhes sobre esta escala

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PANORAMA NACIONAL Situação Actual Situação actual de Segurança Alimentar

De acordo com os resultados da avaliação de segurança alimentar de Novembro/Dezembro de 2016 pelo Grupo de Avaliação da Vulnerabilidade (SETSAN / GAV) do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional, actualmente existem aproximadamente dois milhões de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) ou situação mais severa, que necessitam de ajuda alimentar urgente até que possam ter acesso aos alimentos da sua própria produção. Estas cifras estão em consonância com as estimativas da FEWS NET, que também incluem cerca de 300 mil pessoas potencialmente em risco de inundações e ciclones, elevando o número total projectado de pessoas que enfrentarão uma situação de Crise (IPC Fase 3) para cerca de 2,3 milhões de pessoas até pelo menos Março/Abril de 2017. Até agora, o número de pessoas afectadas por ciclones e inundações em situação de Crise (IPC Fase 3) é inferior a 50 mil pessoas em todo o país. Além disso, há cerca de 2 milhões de pessoas que enfrentam uma situação de “Estresse” de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 2), que estão envolvidas em algumas estratégias de sobrevivência irreversíveis para a satisfação das suas necessidades alimentares básicas mínimas.

Com base nos inquéritos do FCS da avaliação do SETSAN de Novembro de 2016, a província da Zambézia tinha 32 por cento das famílias com consumo alimentar inadequado, seguida por Inhambane (23 por cento), Tete (22 por cento), Gaza (18 por cento), Sofala (17%) e Niassa (13%). Todas as outras províncias tinham menos de cinco por cento das famílias com consumo alimentar inadequado. Uma rápida comparação com a avaliação de Julho de 2016 mostrou que o FCS tinha melhorado nas províncias de Maputo, Gaza e Manica, mas deteriorou-se em Inhambane, Tete e Zambézia. O desempenho da produção da segunda época e o nível de assistência alimentar podem ter contribuído para a melhoria ou deterioração do consumo das famílias. O Índice de Estratégias de Sobrevivência Reduzida (rCSI), também recolhido pelo SETSAN em Novembro, focalizando-se no uso de estratégias de sobrevivência baseadas no consumo, indicou que pelo menos 50% das famílias em Gaza, Inhambane, Sofala, Manica, Zambézia e Tete haviam reduzido o seu número de refeições e mostrou que os adultos estavam a consumir menos alimentos para o benefício de crianças, de uma forma mais acentuada em Zambézia, Manica e Sofala. Ademais, muitas famílias, tais como as chefiadas por mães solteiras ou idosos, que não têm condições de se envolver em outras oportunidades de trabalho, têm de depender exclusivamente do consumo de alimentos silvestres e da assistência humanitária. O consumo de alimentos silvestres foi maior em Tete (56%) e Manica (54%).

Com as reservas de alimentos totalmente esgotadas ao nível das famílias e enquanto ainda se espera por alimentos da nova época, as famílias pobres ficam com poucas opções de acesso aos alimentos para sua sobrevivência. Estas famílias, se não estiverem cobertas pela assistência humanitária em curso, são forçadas a intensificar as suas estratégias típicas de sobrevivência para tentar ter acesso ao mercado, limitado pelo pico dos preços dos alimentos básicos ou a depender de alimentos silvestres e sazonais (frutas, sementes de lírio aquático, malambe, etc) que actualmente estão mais disponíveis na sequência das chuvas, até o começo da colheita. No geral, a todos os níveis

Resultados projectados de segurança

alimentar, Fevereiro a Maio de 2017

Fonte: FEWS NET

Resultados projectados de segurança

alimentar,Junho a Setembro de 2017

Fonte: FEWS NET

Este mapa representa os resultados de insegurança

alimentar aguda relevante para a tomada de decisão de

emergência. Não reflecte necessariamente uma

insegurança alimentarcrónica. Visite aqui para mais

detalhes sobre esta escala.

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sociais , para satisfação das necessidades alimentares, para além das estratégias acima mencionadas, as famílias também passam a consumir alimentos menos preferidos.

A situação de insegurança alimentar aguda foi ainda mais acentuada, particularmente na província de Inhambane, devido aos efeitos do ciclone Dineo, que atingiu o distrito de Massinga, na província costeira de Inhambane, a 15 de Fevereiro de 2017. Com as famílias pobres nestas zonas já a enfrentar défices alimentares relacionados com a seca poderão registar-se carências agudas de alimentos até o final de Março devido à destruição de reservas de alimentos, culturas, e mau funcionamento temporário do mercado. As culturas que estavam próximas da fase de maturação e fruteiras que normalmente contribuem para diversidade alimentar e renda foram perdidas. (Vide mais detalhes sobre os efeitos d ciclone Dineo na secção Outras Zonas de Preocupação abaixo).

Rendimentos

Enquanto se concentram nas actividades agrícolas mais do que o habitual, mas ganhando menos do que o habitual do trabalho agrícola, principalmente devido ao poder de pagamento limitado das famílias médias e ricas, também afectadas pela seca do El Niño, as famílias pobres têm se empenhado igualmente em actividades de auto emprego. Para gerar renda para compra de alimentos, as famílias intensificaram estas actividades, incluindo a colecta e venda de produtos naturais, tais como capim, estacas de construção, caniço e lenha; fabrico e venda de bebidas tradicionais, produção e venda de carvão vegetal, bem como venda de animais, incluindo aves de capoeira. Algumas famílias pobres também estão envolvidas no trabalho informal (em troca de alimentos) e caça, embora feita ilegalmente. Estas actividades têm sido realizadas simplesmente para garantir valores monetários mínimos para a satisfação das necessidades básicas de alimentos e para a compra de sementes. Por outro lado, a migração para a África do Sul em busca de oportunidades de emprego, particularmente por jovens de famílias pobres, principalmente da região sul, baixou devido às condições agroclimatéricas favoráveis existentes que exigem um aumento da força laboral pelas famílias. Contudo, ainda existem algumas famílias que beneficiam de remessas resultantes de migrações.

Preços e funcionamento dos mercados

Os preços do grão de milho, o principal alimento básico a nível nacional, permanecem muito acima da média, embora encontram-se actualmente estabilizados e subindo ou tenham realmente começado a baixar em alguns locais. De Dezembro de 2016 a Janeiro de 2017, os preços do grão de milho aumentaram por uma média de 7%. O maior aumento foi observado na região sul, reflectindo o rápido esgotamento deste alimento básico. Na região centro, os preços do grão de milho estavam praticamente estáveis ou já em declínio, enquanto na região norte, onde as perspectivas para a próxima colheita ainda não são claras devido à irregularidade da precipitação, os preços do grão de milho têm sido geralmente estáveis com flutuações de menos de cinco por cento. Estes níveis de preços estão ainda muito acima da média de cinco anos e têm estado a baixar gradualmente em direcção os preços do ano passado. Os preços da farinha de milho e do arroz, substitutos do milho, têm estado praticamente estáveis ou mais baixos na maioria dos mercados, porém permanecem acima da média de cinco anos.

Progresso da campanha Agricola 2016/17

Desde o início da presente época em Novembro/Dezembro de 2016, o país recebeu uma precipitação normal a acima do normal, excepto o nordeste do país (vide Figura 1). Toda a zona costeira da província de Nampula e partes costeiras dispersas de Cabo Delgado registaram os maiores défices, com algumas zonas com precipitação acumulada de menos de 50 por cento do normal. Embora a precipitação acumulada no interior da província de Nampula seja inferior a 80 por cento da precipitação normal, as fontes de campo sugerem que a produção agrícola e as perspectivas de colheita continuam favoráveis. ( O interior de Nampula apresenta-se sendo a área mais produtiva da Província, enquanto que a zona costeira é uma área crónicamente deficiente). Em Cabo Delgado, os distritos mais críticos são Metuge, Quissanga, Ibo, Mecúfi e Mocímboa da Praia, que têm sido os mais afectados por precipitações erráticas e abaixo da média, enquanto os distritos tais como Muidumbe, Chiure, Montepuez, Namuno, Ancuabe, Palma, Meluco e Macomia são os

Figure 1. Percentagem do normal da

precipitação: 1 de Jan a 20 de Fev 2017

Fonte: FEWS NET/USGS

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menos afectados. As excepções incluem Mueda, Balama e Nangade, onde as condições e perspectivas de colheita permanecem positivas.

Como resultado da previsão maioritariamente favorável, há relatos de que o total das áreas cultivadas situa-se próximo da média, excepto em partes do nordeste. Se o acesso às sementes não tivesse sido um grande constrangimento nesta época, as áreas cultivadas teriam sido provavelmente maiores, mas depois de duas colheitas fracas consecutivas, especialmente depois de uma das secas mais severas jamais registadas, isto deixou alguns agricultores pobres sem capacidade de obter sementes uma vez que ficaram sem ou com quantidades de sementes substancialmente insignificantes, e rendimentos esgotados. O Governo de Moçambique, em coordenação com os seus parceiros humanitários, tem estado a distribuir sementes certificadas nas sete províncias afectadas pela seca desde Dezembro, mas a sua intervenção não cobriu todas as necessidades almejadas, nem o objectivo original incorporou todas as necessidades. Em finais de Fevereiro, excluindo as distribuições da FAO, apenas 69% das famílias alvo receberam sementes em Janeiro. Se as contribuições da FAO forem incluídas (não havia confirmação na altura da publicação), aproximadamente 75% dos beneficiários planificados poderão ter recebido sementes até o final de Janeiro.

Com base numa análise do Índice de Satisfação Hídrica (vide Figura 2), as culturas semeadas fora das áreas afectadas pelas cheias, estão em boas condições e em diferentes fases de crescimento. No geral, na província de Maputo e na parte sul da província de Gaza, as culturas estão entre as fases de maturação e colheita, enquanto no restante da região sul e grande parte da região centro, as culturas estão entre as fases reprodutiva e maturação. No geral, na região norte, as culturas estão na fase vegetativa. De acordo com o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), as colheitas da primeira época, principalmente do grão de milho, arroz, feijão nhemba, amendoim, batata doce e uma diversidade de culturas hortícolas, estão entre a fases vegetativa e colheita. Ademais, a colheita verde está a começar, mas ainda não é notável no interior de Gaza, partes de Cabo Delgado e Nampula. A colheita de folhas e vegetais diversos também está em curso, o que está a melhorar gradualmente a disponibilidade de alguns alimentos.

Antes de o ciclone Dineo atingir o país, a MASA reportou que devido às inundações localizadas em partes das regiões sul e centro, cerca de 15 mil hectares de culturas foram afectadas, das quais aproximadamente 10 mil hectares foram perdidos apenas nos distritos das províncias de Maputo, Gaza, Inhambane e Sofala, forçando as famílias a semear novamente em finais de Janeiro e início de Fevereiro. Além disso, segundo dados preliminares do Centro Nacional de Operações de Emergência (CENOE) do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), cerca de 27 mil hectares de terras cultivadas foram destruídas em 10 distritos da província de Inhambane pelo Ciclone Tropical Dineo. O MASA indicou igualmente que os casos da praga da lagarta foram reportados nas províncias de Tete, Manica e Gaza, mas não causaram danos significativos às culturas. As colheitas de tomate foram afectadas pela doença Tuta Absoluta, tendo as autoridades agrícolas mitigado a situação. No entanto, fontes de campo reportaram a existência do broca do milho, particularmente na província de Manica, mas até agora a área afectada não é significativa.

Assistência humanitária

Em Janeiro, a assistência alimentar pela Equipa Humanitária Nacional cobriu aproximadamente 900 mil pessoas nas províncias afectadas pela seca (vide Tabela 1). Este nível de assistência representou 64% da assistência planificada para uma população alvo inicial de 1,4 milhões de pessoas, mas contra estimativas do SETSAN de 2 milhões de necessitados, apenas corresponde a cerca de 45% do total das necessidades. (Este número não inclui o total de pessoas potencialmente afectadas por inundações e ciclones que poderia atingir cerca de 300 mil pessoas com base em estimativas históricas). A assistência humanitária continua a ser realizada através de distribuição em espécie e senhas de dinheiro em todas as sete províncias afectadas pela seca.

Numa visita recente à Província de Sofala, uma zona particularmente afectada pelo conflito, a FEWS NET testemunhou

que a trégua alcançada em Dezembro de 2016 entre a RENAMO e o Governo de Moçambique permitiu a suspensão de

Figure 2. Satisfação das Necessidades

Hídricas (WRSI) para o milho em 20

de Fevereiro de 2017

Fonte: FEWS NET/USGS

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colunas escoltadas pelas forças de defesa e segurança, o que permitiu fluxos mais rápidos de mercadorias das zonas de produção do norte. O cessar-fogo também tem estado a permitir que a assistência humanitária alcance zonas anteriormente inacessíveis onde existe população com necessidade de assistência alimentar e tem também permitido que estas famílias necessitadas se concentrem em actividades agrícolas, embora não aos níveis habituais.

Pressupostos A Perspectiva de Segurança Alimentar de Fevereiro a Setembro de 2017 baseia-se nos seguintes pressupostos de nível nacional: Disponibilidade total de alimentos básicos para o período pré-colheita

Défice do grão de milho até Março de 2017. De acordo com estimativas da FEWS NET, em parte baseadas no Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas e Balanço Alimentar preliminar para a campanha de 2016/17 (Abril de 2016 a Março de 2017), há um défice inicial do grão de milho de 543 mil toneladas. Este volume não inclui quaisquer importações projectadas, que são oficialmente estimadas em 175 mil toneladas, e também não exclui as exportações informais transfronteiriças estimadas em 110 mil toneladas. No entanto, este nível de exportações é improvável devido às actuais medidas locais de restrição para evitar exportações.

Importações internacionais de milho. Espera-se que os fluxos de milho provenientes da África do Sul através dos canais comerciais existentes, principalmente empresas moageiras, continuem normalmente.

Défice do arroz. Com base em estimativas oficiais, a produção nacional de arroz é estimada em 212 mil toneladas, com reservas iniciais de 121 mil toneladas. Com as necessidades de consumo estimadas de 574 mil toneladas, isto resultará num défice inicial de 241 mil toneladas a ser coberto por importações próximos da média de 220 mil toneladas, principalmente da Ásia, resultando num défice de 21 mil toneladas.

Mercados e Comércio

Comércio transfronteiriço informal com Zimbabwe e Malawi. Durante o período do cenário, espera-se que o comércio informal do grão de milho com o Zimbabwe permaneça o mesmo, dados os volumes relativamente baixos normalmente comercializados entre os dois países. Por outro lado, o comércio do grão de milho com o Malawi, que normalmente envolve grandes volumes, continuará abaixo da média até a colheita de Abril. A partir do período da colheita, o comércio com o Malawi deverá voltar gradualmente a níveis normais até ao final do período cenário.

Comércio informal doméstico. De Fevereiro a Abril, antes da disponibilidade de alimentos colhidos, os fluxos de comércio informal do grão de milho continuarão normalmente, mas com volumes reduzidos. De Maio até o final do período cenário, os fluxos poderão continuar normalmente, com os volumes voltando gradualmente a níveis normais.

Contexto macroeconómico. Desde Dezembro de 2016, o Metical (MZN) tem estado estável, após uma desvalorização significativa face ao USD. Em meados de Janeiro de 2017, o USD foi equivalente a 69,73 MZN, que é a mais recente baixa em relação ao recorde histórico de alta a 78,45 em Outubro de 2016. O fortalecimento do Metical pode incentivar os comerciantes a aumentar o seu nível de importações, particularmente para os alimentos processados da África do Sul. Outro desenvolvimento positivo é que a taxa de inflação deverá baixar em 2017, após uma subida agressiva da taxa pelo Banco de Moçambique em Outubro de 2016.

Preços da Farinha de milho/preços do arroz em Maputo. Prevê-se que os preços da farinha de milho e do arroz, ambos substitutos do grão de milho, permaneçam praticamente estáveis até à colheita e que, a partir de Março/Abril, continuem a diminuir progressivamente até ao final do período do cenário. A diferença média dos preços da farinha de milho neste ano em comparação com a média de cinco anos para o período de Fevereiro a Julho provavelmente será 108% mais alta, e quando comparada ao ano passado, a média será 24% mais alta. Para o arroz, prevê-se que os preços deste ano permaneçam acima da média de cinco anos em 75% e acima dos preços do ano passado em 19%.

Preços do milho em Maputo. Os preços actuais do grão de milho, de Fevereiro, em Maputo, que é um mercado representativo para o país, provavelmente alcançaram o pico, coincidindo com o período pré-colheita. A partir de Março/Abril, quando os alimentos desta época ficarem disponíveis, os preços do grão de milho começarão lenta e progressivamente a baixar durante o resto do período cenário. No entanto, mesmo com a esperada melhoria na disponibilidade do grão de milho na sequência da colheita, os preços deste cereal deverão permanecer acima da média de cinco anos até Setembro. A diferença média dos preços deste ano em relação à média de cinco anos para o período de Fevereiro a Julho provavelmente será 152% maior. Quando comparado ao ano passado, a mudança média provavelmente ainda será nove por cento maior como resultado dos efeitos cumulativos das duas colheitas fracas consecutivas. Com as chuvas favoráveis esperadas para este ano, espera-se que a produção do grão de milho esteja mais

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próxima ou acima da média, o que pode aumentar a sua disponibilidade nos mercados locais e diminuir a demanda doméstica. Isso pode contribuir para diminuir os preços para níveis ainda mais baixos ao longo do período do cenário.

Disponibilidade e acesso aos alimentos pelas famílias

De Fevereiro a Março: Espera-se que a disponibilidade de alimentos permaneça abaixo da média devido à seca de El Niño e esgotamento das reservas das famílias. As famílias continuarão sem acesso às culturas recém semeadas e dependerão de alimentos silvestres e mercados, mas o seu acesso será limitado pela sua baixa renda, acompanhado dos preços dos alimentos significativamente elevados. Em grande parte da região sul, os alimentos verdes são esperados em Fevereiro, que irão complementar ligeiramente as fontes de alimentos, enquanto que em grande parte das regiões centro e norte os alimentos verdes são esperados em Março e Abril, respectivamente. Com as condições agroclimatéricas favoráveis em curso, espera-se que a disponibilidade de alimentos verdes deste ano será média para acima da média, excepto em algumas partes do norte, onde a precipitação foi abaixo da média.

De Abril a Setembro de 2017: Espera-se que a disponibilidade de alimentos melhore significativamente, dadas as perspectivas de produção favoráveis para a época agrícola de 2016/17. Durante este período, espera-se que a disponibilidade de alimentos esteja próxima da média em grande parte das regiões sul e centro, excepto em partes da província da Zambézia, onde a produção pode ser ligeiramente inferior à média, e em partes da região norte, particularmente nas zonas costeiras de Nampula e partes de províncias de Cabo Delgado, onde se espera um nível ainda maior de produção abaixo da média, uma vez que a precipitação desta época tem sido irregular e fraca.

Previsão sazonal

Estação chuvosa. De acordo com a NOAA / CPC, espera-se que as condições neutras do ENSO se estendam pelo menos até Maio de 2017, à medida que as condições de La Niña se dissipam. O Dipolo Subtropical do Oceano Índico positivo (SIOD) implica a ocorrência de chuvas normais para acima da normal na maioria de Moçambique, particularmente nas regiões do sul e centro. De acordo com uma previsão sazonal actualizada do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), de Fevereiro a Abril de 2017, a maior parte das regiões centro e sul receberá chuvas normais acima do normal e esperam-se precipitações quase normais em grande parte da região norte.

Actividade ciclónica. Um SIOD positivo é geralmente associado com o aumento da actividade ciclônica no sudoeste do Oceano Índico, e a previsão até Março é de uma estação média. Dineo, um ciclone tropical de categoria 3, já atingiu a região sul de Moçambique com danos devastadores (consulte a secção Outras Áreas Preocupantes abaixo), e uma vez que o pico da época ciclónica termina em Março, eventos ciclónicos ou ventos fortes ainda são possíveis ao longo das áreas costeiras, principalmente entre as províncias de Cabo Delgado e Inhambane. No caso de um ciclone, a maioria das famílias afectadas provavelmente permanecerá bem em termos de alimentos, mas as famílias mais pobres podem enfrentar temporariamente uma situação de insegurança alimentar de ”Estresse” (IPC Fase 2) a Crítica (IPC Fase 3), necessitando de ajuda humanitária urgente. Nas áreas afectadas pela seca, existe a possibilidade de algumas famílias enfrentarem uma situação de insegurança alimentar mais severa.

Hidrologia/Risco de Inundações

Alto risco de inundações severas. Embora já tenham ocorrido inundações moderadas e localizadas, incluindo as resultantes do cyclone tropical Dineo, ainda existe a possibilidade de mais inundações com uma intensidade ainda maior nas bacias hidrográficas do sul e centro, já que muitas bacias hidrográficas já excederam os níveis de alerta e agora oscilam de acordo com os volumes/descargas. Como resultado, há potencial de futuras inundações durante Março, o que pode causar um desalojamento localizado da população e a necessidade de famílias pobres e muito pobres receberem assistência alimentar de emergência por causa do impacto na infra-estrutura, no acesso ao mercado, nos preços dos alimentos e nas colheitas. Contudo, espera-se que o número das famílias afectadas seja relativamente baixo como resultado do reassentamento anterior de populações em risco. As famílias mais pobres, em particular as afectadas pela seca, necessitarão de assistência urgente até poderem recuperar-se e começarem a ter acesso aos alimentos da sua própria produção. Para estas famílias, prevê-se que as culturas da segunda época serão semeadas após a recessão das águas, com uma colheita provável em Junho/Julho, que deverá ser uma colheita acima do normal, excepto em determinadas áreas afectadas pela salinização e por bancos de areia.

Animais

A melhoria significativa da disponibilidade das condições de pasto e da água desde Dezembro de 2016 contribuiu para um rápido restabelecimento das condições físicas corporais dos animais e as famílias já não precisam de deslocar os seus animais em busca de melhores condições. Espera-se que as condições médias corporais do gado, a produtividade e as distâncias em busca de pasto persistam durante o período cenário.

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Disponibilidade do trabalho agrícola e remunerações

No geral, dadas as condições agroclimatéricas favoráveis para a época agrícola de 2016/17, espera-se que as oportunidades de trabalho agrícola estejam próximas do normal em todo o país durante todo o período do cenário. Durante as fases de pré-colheita e pós-colheita, espera-se que as famílias pobres obtenham remunerações próximas da média, mas as modalidades de pagamento em espécie e outras são mais prováveis do que em dinheiro, uma vez que as famílias médias e ricas enfrentam uma capacidade financeira reduzida como resultado da seca, podendo algumas famílias ricas pagar o montante total pela mão-de-obra usada após a colheita.

Oportunidades de auto-emprego

De Fevereiro a Maio, com as condições agroclimatéricas favoráveis, a maioria das pessoas estará focalizada em actividades agrícolas em vez do auto-emprego. No entanto, para ganhar algum dinheiro para compras básicas, as famílias pobres estarão envolvidas no auto-emprego, incluindo a produção e venda de carvão, que é a principal fonte de renda na maior parte do país. Embora os níveis tenham diminuído comparado ao período seco típico, especialmente porque se torna mais difícil produzir o carvão vegetal durante a estação chuvosa, muitas famílias continuam com esta actividade para ganhar a renda necessária.

De Junho a Setembro, espera-se que as actividades de auto-emprego estejam próximas da média. As famílias produzirão e venderão principalmente carvão e lenha, actividade que vêm crescendo gradualmente nos últimos anos, particularmente nas zonas semi-áridas, apesar dos custos ambientais. Outras actividades de auto-emprego incluirão artesanato, fabrico de bebidas tradicionais e construção.

A migração para os centros urbanos em Moçambique e na África do Sul, em particular para as populações do Sul, deverá diminuir e voltar a níveis normais devido às melhores condições agroclimatéricas e procura da mão-de-obra familiar graças à melhoria esperada dos ecossistemas locais. Durante todo o período cenário, é provável que a migração seja principalmente feita por pessoas mais jovens para se envolverem principalmente em pequenos negócios ao longo dos principais centros comerciais informais.

Acesso e disponibilidade de insumos

A FEWS NET assume que uma pequena parte de agricultores acabou usando sementes de milho dos seus excedentes para a sementeira, mas a proporção foi baixa devido a uma época de escassez prolongada, após duas épocas de seca consecutivas. Tem havido desafios no acesso às sementes certificadas, que não são normalmente utilizadas em Moçambique, devido aos níveis mais baixos dos rendimentos das famílias, problemas com os fornecedores e distribuições atrasadas por parte do Governo de Moçambique e seus parceiros. A FEWS NET espera que as distribuições de sementes continuem, mas se forem recebidas após o final de Fevereiro nas zonas sul e centro ou início de Março no norte, provavelmente não produzirão quaisquer colheita. Num ano em que as condições climatéricas favoráveis conduziriam a uma produção acima da média, a FEWS NET assume que a produção das principais culturas alimentares será média este ano devido ao acesso limitado às sementes.

Assistência Humanitária de Emergência

A assistência alimentar continua abaixo das necessidades. Em todas as sete províncias afectadas pela seca, a assistência humanitária em curso, que tem vindo a aumentar gradualmente desde Outubro de 2016, permanece, e poderá permanecer, abaixo do total das necessidades nacionais durante o pico da época de escassez de Fevereiro a Março de 2017. Até o final de Março, espera-se que a ajuda alimentar continue a seguir a mesma tendência na qual o nível de assistência continuará a aumentar à medida que os recursos se tornem disponíveis, a logística esteja em dia e as zonas inacessíveis, particularmente em áreas anteriormente afectadas por conflitos, se tornem acessíveis, o que poderá ter um impacto positivo na segurança alimentar. No entanto, dado o nível actual de informação sobre as taxas de cobertura distrital e os beneficiários, incluindo a incerteza sobre o que é planificado, financiado e provável, é difícil determinar o nível exacto de impacto desta assistência; E como resultado, esses programas não foram incluídos na análise da FEWS NET. Além disso, com um número maior de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) ou situação mais severa, agora estimado em aproximadamente 2,3 milhões, incluindo pessoas potencialmente afectadas

Tabela 1. Nível de assistência alimentar até

Janeiro de 2017

Fonte: Food Security Cluster

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pelas inundações, projecta-se ser necessária uma assistência adicional e possivelmente até depois de Março em alguns zonas localizadas.

Perspectivas da produção agrícola

As estimativas do Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas calculado via satélites sugerem uma época agrícola de 2016/17 favorável. De acordo com o Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas, alargado até o final da época, estima-se que as condições de cultivo do milho estejam próximas da média nas regiões centro e norte e acima da média nas regiões sul do país. As excepções incluem a zona costeira da província de Nampula e grande parte da província de Cabo Delgado, bem como partes da província de Zambézia, devido à precipitação errática e abaixo da média, e as zonas afectadas por inundações/ciclones onde a produção da época principal será inferior à média. No entanto, não se espera que isto afecte as perspectivas gerais da produção global. Nestas áreas, a época de escassez poderá começar mais cedo do que o habitual (em volta de Outubro), uma vez que as reservas de alimentos não são suficientes para cobrir as necessidades de todo o período de consumo como tem sido típico.

Evolução provável da Malnutrição Aguda Global (GAM) durante o período de Perspectiva

A nível nacional, prevê-se que os níveis da desnutrição aguda global (GAM) poderão permanecer estáveis (dentro da fase "Aceitável" <5%) ao longo do período cenário, especialmente após a colheita devido à melhoria do consumo de alimentos proveniente da produção própria pela maioria das famílias, incluindo as famílias pobres e muito pobres. No entanto, embora se espera que o quadro nacional permaneça dentro da fase aceitável, e melhore em todas as províncias, em partes das províncias da Zambézia e Manica poderá permanecer acima da taxa aceitável de cinco por cento, e parte disto poderá em parte ser atribuída à insegurança alimentar crónica.

Migração da população devido a tensões políticas

Fontes do Governo de Moçambique sugerem que o número de pessoas que procuraram refúgio nos países vizinhos, principalmente no Malawi, ou procuram zonas mais seguras internamente, reduziu drasticamente e espera-se que continue assim durante o período cenário, já que muitas pessoas já retornaram às suas comunidades após a cessação das hostilidades com a assinatura de um acordo de cessar-fogo entre o governo e a RENAMO no final de Dezembro de 2016. Este facto também coincidiu com o início das chuvas e muitas pessoas retomaram as suas actividades agrícolas, aproveitando as condições agroclimatéricas favoráveis.

Impacto da tensão político-militar na segurança alimentar

Com o acordo de cessar-fogo em vigor, os actores humanitários gradualmente conseguem alcançar as zonas de conflito anteriormente inacessíveis, fornecendo a tão almejada ajuda humanitária. Espera-se que este processo se expanda e melhore à medida que o cessar-fogo continuar em vigor.

Situação De Segurança Alimentar Mais Provável Fevereiro a Março. Este período continuará em grande medida sendo o pico da época de escassez para a maioria das famílias pobres no país. Os alimentos verdes começaram a ficar disponíveis em Fevereiro em partes da região sul, particularmente em Maputo e zonas costeiras das províncias de Gaza e Inhambane, mas no geral a maioria das famílis pobres, que não terão acesso aos alimentos verdes caso não residam nestas zonas, continuarão a depender das estratégias de sobrevivência, compras no mercado, e assistência alimentar para cobrir as suas necessidades alimentares básicas. No entanto, espera-se que o rendimento continue baixo, essencialmente porque os pagamentos do trabalho agrícola serão limitados dada a capacidade financeira reduzida das famílias ricas também afectadas pela seca do EL Niño, e o seu poder de compra será limitado uma vez que os preços poderão continuar elevados durante este período. Isto será significativo para as famílias pobres, especialmente nas províncias de Tete, Manica e Nampula, que trabalham sazonalmente com grandes empresas de produção de culturas de rendimento, nomeadamente tabaco e cana-de-açúcar. No interior de Gaza e Inhambane, a colheita verde é esperada em meados de Março e a colheita em Abril, cerca de um mês depois da colheita das zonas costeiras do sul e centro. No geral, o acesso das famílias aos alimentos deverá variar dependendo dos tempos de sementeira e colheita. O tempo da sementeira variou com o começo das chuvas uma vez que registaram-se algumas variações locais em cada uma das três regiões: primeiro no sul, depois na região centro, e finalmente no norte, que só começaram em Dezembro e Janeiro. Dada a sementeira escalonada nesta época, a colheita começará em Março, principalmente em Maputo, partes de Gaza e Manica.

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Estima-se que entre Fevereiro e Março o número de pessoas que enfrentam uma situação de insegurança alimentar aguda Crítica (IPC Fase 3) ou pior atingirá 2,3 milhões, incluindo pessoas potencialmente afectadas pelas inundações e ciclones, que até agora representam menos de 50 mil pessoas, que podem necessitar de assistência alimentar de emergência. No entanto, não está claro até este ponto qual é o nível de assistência humanitária planificada, financiada e provável até Março. Como resultado, se não houver assistência alimentar adequada para cobrir estas necessidades até o final de Março, a FEWS NET antecipa que a situação de insegurança alimentar aguda para as famílias mais pobres não cobertas pela assistência poderá agravar-se passando do estado de Crise (IPC Fase 3) para o estado de Emergência (IPC Fase 4), particularmente para as famílias muito pobres, que viviam em áreas de conflito e não tiveram oportunidade de semear para esta época agrícola devido ao nível de deterioração das suas formas de vida. Por outro lado, estas famílias poderão registar uma fraca capacidade de geração da renda suficiente para as suas necessidades básicas mínimas devido aos preços extremamente altos dos alimentos de base. Abril a Maio. Em grande parte das zonas do centro, restantes partes de Gaza, Manica, Inhambane, Tete e Sofala, a colheita deverá começar em Abril. Em grande parte do norte e província de Zambézia, a colheita não deverá começar até Maio. Para além dos alimentos verdes, a maioria das famílias pobres nestas zonas continuará a depender de uma variedade de formas de vida e de estratégias de sobrevivência típicas. Dependendo da magnitude de quaisquer inundações e/ou tempestades, que são possíveis durante Março, algumas famílias afectadas por inundações ou ciclones poderão continuar a enfrentar défices alimentares até que se recuperem através da produção pós-inundação/ciclone em Junho. No geral, a partir de Abril, com a disponibilidade das culturas colhidas, a maioria das famílias pobres terá acesso aos alimentos da sua própria produção e a situação de insegurança alimentar aguda diminuirá e passará do nível de “Estresse“ (IPC Fase 2) a Nenhuma (IPC Fase 1), dependendo da gravidade da sua situação anterior. (Note-se que o mapeamento da FEWS NET para Fevereiro a Maio de 2017 reflete a situação mais severa de segurança alimentar esperada em Fevereiro e Março, bem como a situação de Crise (IPC Fase 3) ainda nas zonas do centro no início de Abril, antes da colheita. Uma melhoria gradual da segurança alimentar ocorrerá, mas isto não está imediatamente claro a partir do mapeamento.) Dada a melhoria gradual da situação de segurança alimentar, será provavelmente necessário que a cessação da ajuda alimentarseja também feita de forma gradual entre os meses de Abril e Maio. Junho a Setembro. No geral, a situação de insegurança alimentar aguda será Mínima (IPC Fase 1) em todo o país durante este período. Durante o período de Junho a Setembro, espera-se que a disponibilidade e acesso aos alimentos se mantenham estáveis e adequados. Espera-se que as famílias pobres continuem a satisfazer as suas necessidades alimentares através de reservas provenientes da sua colheita na época principal, juntamente com as colheitas da sementeira pós-inundação e pós-ciclone e segunda época. A colheita principal poderá restabelecer a disponibilidade de alimentos em todo o país, mas dada a magnitude da seca nos últimos dois anos, levará tempo para as famílias pobres, para muitas até depois do período cenário, para poderem restabelecer totalmente as suas formas de vida. As famílias localizadas nas zonas afectadas pelas inundações e/ou ciclones anteriores enfrentarão uma situação de insegurança alimentar Mínima (IPC Fase 1), uma vez que continuam a depender de assistência humanitária e compras no mercado. Embora a principal fonte de alimentos seja sua própria produção, as famílias utilizarão estratégias típicas de sobrevivência, como a produção de carvão vegetal, para obter dinheiro para a compra de alimentos complementares e bens não alimentares, tais como artigos de higiene e pagamento de propinas escolares. No entanto, durante os meses de Junho a Setembro, algumas famílias pobres localizadas, que poderão enfrentar dificuldades para se recuperar completamente da seca e doutros choques, poderão enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda e necessitar algum tipo de assistência para proteger as suas formas de vida ou mesmo uma situação de Crise (IPC Fase 3) e necessitar uma assistência alimentar urgente. Em grande parte das zonas costeiras de Nampula, partes de Cabo Delgado e nordeste da província da Zambézia, que tiveram chuvas abaixo da média e um lento início da estação chuvosa de 2016/17, a situação de insegurança alimentar aguda permanecerá em grande parte Mínima (IPC, Fase 1) dada a grande diversidade de alimentos e acesso à renda nestas zonas. A pesca é a principal actividade económica ao longo da costa, e a principal cultura alimentar, a mandioca, é mais resistente à seca do que o milho. No entanto, em alguns distritos da Província de Cabo Delgado, incluindo Mecúfi, Metuge, Quissanga e Mocímboa da Praia, as famílias pobres afastadas da costa poderão começar a enfrentar uma situação de “Estresse” (IPC Fase 2) em Agosto dada a prevista produção abaixo da média da época de 2016/17 e o facto de que a produção da segunda temporada não ser possível e integral às suas formas de vida como é o caso nas regiões sul e centro. As famílias doutros distritos afectadas por défices de precipitação poderão somente sentir o impacto da seca em curso mais tarde durante o ano uma vez que o período de escassez poderá iniciar mais cedo do habitual, mais provável em Outubro/Novembro de 2017, comparativamente ao que seria normal Janeiro de 2018.

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ZONAS DE PREOCUPAÇÃO Zona de Formas de Vida 22 –Semi-árida de Cereais e Gado do Sul (Província de Gaza – Distritos de Massangena, Chigubo, partes setentrionais de Chicualacuala, Mabalane, Guijá e Chibuto; Província de Inhambane – Distritos de Mabote, Funhalouro, Panda e partes setentrionais de Homoine) Situação Actual O início das chuvas foi quase normal nesta zona; entretanto, notou-se um atraso de uma a duas dekadas (período de 10 dias) em algumas zonas, o que resultou num ligeiro atraso das sementeiras. Desde o início da estação chuvosa, tem-se registado uma distribuição favorável e volumes óptimos de precipitação, o que tem contribuído para uma sementeira efectiva e elevados índices de germinação. De acordo com informantes-chave, esta será talvez uma das melhores épocas caso prevaleçam as condições actuais. Os representantes da agricultura distritais, bem como líderes e agricultores locais, disseram à FEWS NET, numa avaliação de Janeiro, que caso ocorram chuvas até o final de Fevereiro (conforme têm em grande parte recebido), há uma grande probabilidade de esta ser uma boa época com melhores perspectivas de produção. Durante a avaliação, a FEWS NET observou as culturas em diferentes estágios uma vez que os agricultores semearam de forma estratégica para tentar evitar os impactos negativos de estiagens a meio da época, semeando sempre que chovesse e sempre que tivessem sementes. Desde o início de Janeiro de 2017, ocorreram chuvas significativas, com determinadas áreas a atingirem mais de 200% do normal. Actualmente, as fases das culturas variam de emergência, para as recentemente semeadas nas zonas de inundação e afectadas por ciclones, à maturação para aquelas semeadas em Novembro. Os agricultores foram encorajados a semear culturas de variedades de ciclo curto devido às flutuações climatéricas. O acesso aos insumos foi um dos maiores desafios na zona. A FEWS NET constatou durante a avaliação que as famílias tinham utilizado todos os métodos disponíveis para poderem obter sementes para a sementeira. Um pequeno grupo conseguiu guardar algumas sementes da sua produção, enquanto outros compraram de comerciantes informais, e houve alguns que pediram emprestado de famílias ou familiares mais ricos. A FEWS NET observou que a maioria das famílias trabalhavam intensamente nos seus campos e a maioria tinha mesmo ultrapassado as áreas por si planificados inicialmente num esforço visando tirar o máximo proveito da época favorável apesar dos desafios relativos ao acesso às sementes. O Governo de Moçambique, em coordenação com os parceiros humanitários, distribuiu sementes na zona, mas não cobriu todas as necessidades. No final de Janeiro, um total de 14.282 famílias, representando 50% das 28.791 previstas para a província de Gaza foram assistidas; e para esta zona de formas de vida, que também inclui partes da província de Inhambane, o nível de cobertura é provavelmente maior do que aquela taxa, mas ainda representa menos de 50 por cento do total das necessidades. Os efeitos da seca do El Niño de 2015/16 ainda persistem à medida que as famílias pobres, no pico da época de escassez, tentam satisfazer as suas necessidades alimentares básicas através de compras no mercado, no entanto estas enfrentam rendimentos limitados e altos preços dos alimentos básicos. Em meados de Janeiro, a FEWS NET visitou Chókwe, que é o maior mercado na província de Gaza e a principal fonte de alimentos para a zona de formas de vida preocupante, e enquanto o grão de milho estava prontamente disponível, os comerciantes reportavam que o milho já era escasso no Mercado da fonte e algumas vezes de difícil acesso. Em Janeiro, o grão de milho estava quase 300 por cento acima da média de cinco anos e 109 por cento acima dos preços do ano passado. O nível actual das oportunidades de trabalho agrícola encontra-se próximo da média, mas a maioria das famílias pobres, que geralmente se dedicam a este trabalho, também se encontram concentradas nas suas próprias machambas, assim as oportunidades de geração de renda são menores, inclusive para a produção de carvão vegetal, uma actividade que é mais difícil durante a estação chuvosa. Ademais, a capacidade de pagamento das famílias ricas continua reduzida até depois de venderem a sua produção da colheita de Abril. A assistência alimentar em curso; alimentos silvestres tais como Malambe, macucua e xicutsi; e a disponibilidade gradual de alimentos verdes ajudaram a reduzir o nível de venda por aflição de galinhas e cabritos pelas famílias pobres, que ainda possuem animais.

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De acordo com a avaliação do SETSAN de Novembro de 2016, existem aproximadamente 305 mil pessoas (cerca de 40% da população na zona de formas de vida) em Crise (IPC Fase 3) ou acima, que precisam de assistência alimentar urgente até a colheita de Março/Abril. Estas populações e famílias muito pobres já usaram todas as estratégias de formas de vida e de sobrevivência sustentáveis para tentar satisfazer as suas necessidades alimentares mínimas, incluindo retirar os seus filhos da escola devido à fome e venda dos seus bens de subsistência. Até o final de Janeiro, 260.835 pessoas, das 376.530 cobertas pela Equipa Humanitária Nacional nas províncias de Gaza e Inhambane, receberam assistência alimentar, mas isso representou apenas 49% das necessidades com base na avaliação do SETSAN de Novembro de 2016. Este nível de assistência nas duas províncias pode ser extrapolado e aplicado a toda a área preocupante. Além da avaliação da segurança alimentar em Novembro de 2016, o SETSAN realizou um estudo do perímetro braquial (MUAC) para medir a prevalência de GAM. Ambos os inquéritos de segurança alimentar e nutrição foram realizados em duas comunidades seleccionadas de quatro distritos seleccionados em cada província. Dada a falta de representatividade da amostra dentro do distrito e província, os dados nutricionais só são válidos para as comunidades avaliadas. Das 177 crianças examinadas na província de Gaza, apenas uma foi identificada como sofrendo da desnutrição aguda, enquanto que na província de Inhambane, das 217 crianças sujeitas a triagem, 3.2 por cento sofriam da desnutrição aguda. Embora estes resultados não sejam significativamente representativos para as duas províncias, eles dão uma indicação de um nível aceitável da desnutrição aguda. Esta prevalência relativamente baixa de GAM pode ser parcialmente atribuída ao impacto da assistência alimentar nas duas províncias, em particular em Gaza, que teve uma cobertura mais elevada do que Inhambane.

Pressupostos Para além dos pressupostos de nível nacional, o seguinte pressuposto aplica-se a esta zona preocupante: Zona 22 Preços dos alimentos básicos

Os preços do grão de milho em Chókwe, o mercado de referência para a zona de formas de vida, deverão permanecer no seu nível de pico, que é aproximadamente 300 por cento acima da média de cinco anos e 109 por cento acima dos preços do ano passado até começarem a baixar rapidamente em Março/Abril como resultado da producão recém-colhida. No final de Julho, os preços poderão baixar para níveis abaixo dos preços de 2016, mas permanecerão acima da média de cinco anos durante todo o período do cenário. A variação média dos preços deste ano em relação à média de cinco anos para o período de Fevereiro a Julho deverá ser 162% maior, e quando comparada ao ano passado, a mudança média deverá ser 15% menor. Os preços da farinha de milho deverão aumentar ligeiramente em Fevereiro e Março, mas também começarão a baixar em Abril com a disponibilidade dos alimentos recém-colhidos. A diferença média dos preços da farinha de milho deste ano em comparação com a média de cinco anos para o período de Janeiro a Julho será 57 por cento maior e quando comparada com o ano passado, a mudança média será 21 por cento maior.

Situação de segurança alimentar mais provável De Fevereiro a Março, os impactos de uma época de escassez severa continuarão a ser sentidos. Em Março, as famílias poderão começar a ter acesso aos alimentos verdes. As fontes de formas de vida têm vindo a esvaziar-se com o começo da estação chuvosa uma vez que algumas das actividades de auto-emprego que as pessoas habitualmente exploravam como mecanismos de sobrevivência estão seasonalmente esgotadas. Na ausência da ajuda humanitária, poderão ocorrer grandes défices no consumo de alimentos. No entanto, a assistência em curso está a ajudar a mitigar a gravidade da situação. Em diferentes locais, foi reportado que a principal fonte de alimentos é a assistência alimentar e espera-se que a ajuda alimentar continue a desempenhar um papel importante na disponibilidade de alimentos para as famílias mais vulneráveis. Como resultado, espera-se que a maioria das famílias pobres da zona enfrente uma situação de insegurança alimentar aguda Crítica (IPC Fase 3) durante este período continuará a precisar da ajuda alimentar urgente. De Abril a Maio, a maioria das famílias começará a ter acesso a alimentos de sua própria produção, complementada por compras no mercado, embora os altos preços dos alimentos básicos, que se prevê que continuem muito acima da média de cinco anos, limitarão o poder de compra das famílias. O acesso à sua própria produção a partir de Abril irá melhorar significativamente a situação de segurança alimentar da maioria das famílias, incluindo as pobres e muito pobres, que podem começar a utilizar o seu pouco dinheiro obtido através de actividades de auto-emprego para a compra de artigos de uso familiar para além de alimentos, especialmente quando se espera o pagamento integral pelo trabalho agrícola após a colheita. Durante este período, as famílias pobres concentrar-se-ão mais no trabalho de colheita da produção das famílias ricas e serão

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pagas em grande parte em espécie, embora alguns pagamentos em dinheiro possam ser possíveis no final do período. Espera-se que as actividades de auto-emprego sejam mínimas, como é normal, para esta época do ano. A maioria das famílias afectadas pela seca, a partir de então, não enfrentará qualquer situação de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 1). No entanto, algumas famílias que foram afectadas por inundações localizadas poderão necessitar de tempo adicional para a sua recuperação no período de Abril a Maio. Estas famílias podem temporariamente enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda variando entre os níveis de “ Estresse” (IPC Fase 2) e Crise (IPC Fase 3) e necessitarão de ajuda humanitária de emergência, bem como sementes para a sementeira pós-inundação. As culturas semeadas tardiamente só poderão estar disponíveis em Julho como parte da produção da segunda temporada. De Junho a Setembro, as famílias pobres e muito pobres terão acesso a alimentos provenientes da sua própria produção, embora a partir de Agosto, algumas, particularmente as muito pobres, poderão esgotar as suas reservas de alimentos e começarão a comprar alimentos nos mercados como habitual. Embora a disponibilidade de alimentos esteja próxima da média ou acima da média, os preços dos alimentos básicos permanecerão acima da média de cinco anos. Para obterem dinheiro extra, as famílias utilizarão as suas actividades típicas de geração de renda. Espera-se que o rendimento auferido e o nível de oportunidades sejam próximos da média. O consumo de alimentos silvestres deverá típico ou ligeiramente inferior à média pois se espera que a disponibilidade de alimentos da produção própria seja média para acima da média. Dado o facto de ter havido uma precipitação acima da média, há expectativas de boa humidade residual durante o período pós-colheita, o que pode levar a uma produção de segunda época favorável e acima da média, desde que os agregados familiares tenham acesso às sementes necessárias. (A segunda época começa imediatamente após a colheita principal, entre Março e Maio, e é praticada principalmente em zonas baixas com boa humidade residual. Estas colheitas geralmente terminam em Setembro.) Entre Junho e Setembro, a FEWS NET espera que todas as zonas do país registem uma situação de insegurança aguda Mínima (IPC Fase 1) graças a melhorias significativas na disponibiliade de alimentos. Zona de Formas de Vida 15 - Semi-árida Central de Algodão e Minerais (Província de Tete – Distritos de Changara, Doa, partes de Moatize, Cahora Bassa, Mágoe e Chiuta; Província de Manica - Distritos de Guro e Tambara; Província de Sofala – parte do Distrito de Chemba)

Situação actual Esta zona teve um começo misto de chuvas. Para além da parte ocidental, que registou um atraso de até uma dekada, as chuvas começaram pontualmente em finais de Novembro. O início em grande parte bom das chuvas, sua distribuição favorável bem como a queda de quantidades normais para acima do normal da precipitação, permitiu uma boa sementeira a partir de Novembro em diante. Se as famílias tivessem tido acesso às sementes poderiam ter continuado a semear pelo menos até meados de Fevereiro para a estação principal. Da mesma forma que na região sul do país, esta zona também foi severamente afectada pela seca provocada pelo El Niño, que anteriormente levou a uma roptura das estratégias típicas de sobrevivência uma vez que a maioria das famílias passou de actividades agrícolas para actividades não-agrícolas tais como mineração e outras. Com a presente época promissora, a maioria tem estado a investir fortemente na agricultura. Informações doutras fontes na zona indicam que as culturas encontram-se actualmente em estágios diferentes, desde a fase de emergência à reprodutiva, uma vez que os agricultores também escalonaram a sua sementeira para evitar o impacto de períodos secos a meio da época. Desde Janeiro de 2017, a zona tem recebido quantidades significativas de chuvas, com algumas áreas a registar mais de 200 por cento do normal. As culturas semeadas incluem o grão de milho, mapira, mexoeira, amendoim e leguminosas, entre outras, e estão em boas condições. Para o acesso às sementes para a sementeira, as famílias pobres utilizaram as mesmas estratégias utilizadas e descritas pelas famílias na zona de formas de vida 22, e as distribuições de sementes encontram-se em curso. Até o final de Janeiro, um total de 9.946 famílias, representando 63% das 15.911 planificadas para a Província de Tete foram assistidas, o que dá uma visão geral de como o acesso às sementes é refletido na zona. Os efeitos da seca do El Niño de 2015/16 continuam a ser sentidos e continuarão até que a maioria das famílias comece a ter acesso aos alimentos da sua própria produção em Abril, embora os alimentos verdes sejam esperados no início de Março. O actual nível de oportunidades de trabalho agrícola é semelhante ao descrito na zona de formas de vida 22, e as oportunidades de obtenção de renda são limitadas. Como resultado, as compras de alimentos no mercado continuam problemáticas devido ao poder de compra muito reduzido. Com base nas observações da FEWS NET durante uma visita à zona em Dezembro de 2016, e também a partir de informações recentes de fontes no terreno, os alimentos estão disponíveis nos mercados locais, mas os preços permanecem elevados. Actualmente, o preço do grão de milho encontra-se a 140 por cento acima da média

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de cinco anos e 32 por cento acima do preço do ano passado. A farinha de milho, que é o substituto imediato do grão de milho, também está disponível nos mercados, mas os preços actuais estão na ordem de 112 por cento acima da média de cinco anos e 75 por cento acima do preço do ano passado. Muitas famílias pobres são, por conseguinte, forçadas a recorrer a alimentos silvestres, incluindo malambe, lírio aquático, massanica (balanites), ussica (tamarindo) e matondo, uma vez que estão mais disponíveis com as chuvas e se tornaram fontes primárias de alimentos. De acordo com a avaliação do SETSAN de Novembro de 2016, há aproximadamente 478 mil pessoas (quase 33 por cento da população na zona de formas de vida) em situação Crítica (IPC Fase 3) ou acima deste nível que precisam de assistência alimentar urgente até a colheita de Abril. Estas pessoas representam principalmente as famílias muito pobres e pobres, que registam défices no consumo de alimentos, porque não conseguem ter acesso a alimentos suficientes para cobrir suas necessidades mínimas de alimentos. Como na zona 22, estas famílias usaram todas as estratégias de formas de vida e de sobrevivência sustentáveis, forçando-as a começarem a se envolver em estratégias de sobrevivência insustentáveis e críticas. Destas famílias, as mais vulneráveis têm estado a receber assistência alimentar. No final de Janeiro, um total de 243.640 pessoas, das 371.205 pessoas assistidas na Província de Tete, receberam assistência alimentar, representando 66% do total das necessidades. Este nível de assistência pode ser extrapolado para toda a zona, que abrange a parte norte da província de Manica e uma pequena porção da província de Sofala.

Pressupostos Para além dos pressupostos de nível nacional, aplicam-se os seguintes pressupostos a esta área de preocupação: Preços dos alimentos básicos da Zona de Formas de Vida 15

Os preços do grão de milho em Tete, o mercado de referência para a zona de formas de vida, deverão atingir o seu pico em Março, antes de começarem a baixar em Abril, como resultado do grão de milho recentemente colhido da época 2016/17. A diferença média dos preços deste ano em relação à média de cinco anos para o período de Fevereiro a Julho deverá ser 193 por cento maior, e quando comparada ao ano passado, a mudança média será 27 por cento maior. Os preços da farinha de milho, um substituto, deverão atingir o pico em Fevereiro/Março e começarão a baixar lentamente com a colheita em Abril. A diferença média dos preços da farinha de milho deste ano e da média de cinco anos para o período de Fevereiro a Julho deverá ser 95 porcento maior, e quando comparada ao ano passado, a mudança media será oito por cento maior.

Preços de cabritos/Termos de troca da Zona de formas de vida 15

Não se prevê mudança significativa nos preços de cabritos durante o período de cenário, na sequência do aumento das vendas destes animais em 2016 para a geração de renda adicional. Os preços dos cabritos em Tete, um mercado representativo para a zona de formas de vida, não foram afectados pela seca, uma vez que os animais estavam no sul, e os preços permaneceram praticamente estáveis. Como resultado, os termos de troca para cabritos comparados ao grão do milho são baixos agora mas poderão gradualmente voltar ao normal enquanto os preços do grão do milho poderão aproximar a média de cinco anos mais tarde no período do scenario.

Situação de Segurança Alimentar Mais Provável De Fevereiro a Março, grande parte da zona estará sofrendo os impactos da época de escassez onde a maioria das fontes de formas de vida estará esgotada. Durante este período, algumas das actividades de auto-emprego que as pessoas exploram como mecanismos de sobrevivência estão sazonalmente esgotadas. Sem ajuda humanitária, registar-se-ão grandes défices de consumo de alimentos. Embora a assistência humanitária tenha começado mais tarde na província de Tete, em comparação com a região sul, esta tem desempenhado um papel importante na mitigação da gravidade da situação de insegurança alimentar aguda. Onde a distribuição de alimentos não é levada a cabo, as famílias pobres dependem de alimentos silvestres e continuam a realizar algumas actividades de auto-emprego para ganhar algum dinheiro para compras no mercado. No entanto, com as boas condições agro-climatéricas existentes na zona, elas têm que equilibrar as actividades de auto-emprego e actividades agrícolas para garantir a sua própria produção. Nestas condições, as famílias pobres continuarão a enfrentar uma situação de Crise (fase 3 do IPC) e com necessidade de assistência alimentar urgente.

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De Abril a Maio, a maioria das famílias começará a ter acesso a alimentos de sua própria produção, complementados por compras no mercado, embora os altos preços dos alimentos básicos, que deverão subir até 114% acima da média de cinco anos durante esse período, limitarão o poder de compra das famílias. O acesso à produção própria a partir de Abril melhorará significativamente a segurança alimentar da maioria das famílias, incluindo as famílias pobres e muito pobres, que podem utilizar o pouco dinheiro obtido através das actividades de auto-emprego para começar a comprar artigos de uso domésticos para além de alimentos. Durante este período, as famílias pobres concentrar-se-ão mais no trabalho de colheita da produção dos ricos e serão pagos em grande parte em espécie, embora o pagamento em dinheiro possa ser possível no final do período. Como na zona de formas de vida 22, as actividades de auto-emprego serão mínimas, como é típico, para esta época do ano. A maioria das famílias afectadas pela seca passará a não enfrentar qualquer situação de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 1). No entanto, algumas famílias que foram afectadas por inundações localizadas poderão levar mais tempo para a sua recuperação entre Abril e Maio. Estas famílias poderão temporariamente enfrentar insegurança alimentar aguda variando a fase de “Estresse” (IPC Fase 2) e Crise (IPC Fase 3) conforme foi mencionado que seria possível na zona de formas de vida 22. De Junho a Setembro, espera-se que as famílias pobres e muito pobres tenham acesso a alimentos de sua própria produção, embora a partir de Agosto em diante, particularmente as famílias muito pobres, que poderão não ter acesso a terras adequadas para a segunda época, terão esgotado as suas reservas e começarão a comprar alimentos dos mercados como habitual. Embora a disponibilidade de alimentos esteja próxima da média ou acima da média, os preços dos alimentos básicos permanecerão muito acima da média de cinco anos. Para obterem dinheiro adicional, as famílias envolver-se-ão em actividades típicas de geração de renda. O rendimento auferido e o nível de oportunidades deverão estar próximos da média. Espera-se que o consumo de alimentos silvestres seja normal ou ligeiramente inferior à média, uma vez que a disponibilidade de alimentos da produção própria deverá estar acima da média. Durante este período, espera-se que a situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) persista em toda a zona.

OUTRAS ZONAS DE PREOCUPAÇÃO

Província de Inhambane afectada pelo Ciclone Dineo O ciclone tropical Dineo, embora não tenha atingido a mesma intensidade de alguns tempestades anteriores que afectaram Moçambique, causou danos graves devido aos ventos fortes e chuvas intensas (vide Tabela 2), o que exigirá cerca de USD15 milhões para restaurar minimamente as formas de vida, de acordo com estimativas preliminares do Governo de Moçambique. Além dos danos alistados abaixo, o ciclone também causou danos significativos em infraestruturas, incluindo 70 centros de saúde parcialmente ou totalmente destruídos, cerca de 1.600 salas de aula, 900 postes de energia, dois sistemas de abastecimento de água, uma ponte e várias torres de telecomunicações. Além disso, cerca de 27 mil ha de terras cultivadas foram destruídas, incluindo centenas de coqueiros e cajueiros. Os distritos de Massinga, Morrumbene, Maxixe Cidade, Inhambane Cidade, Homoine, Jangamo e Inharrime na província de Inhambane sofreram o impacto máximo do ciclone, e isso reflete as áreas actuais de maior necessidade (vide Figura 3). Partes da província de Gaza sofreram danos, mas o nível foi mínimo e está sendo tratado pelas autoridades provinciais. Mesmo antes da tempestade, a maioria das famílias pobres e rurais que vivem nestas zonas costeiras encontrava-se ou em situação de “Estresse” (IPC Fase 2) ou Crise (IPC Fase 3) devido à seca relacionada ao El Niño. Algumas famílias acabam de ter acesso a uma melhor disponibilidade de alimentos a partir do surgimento de alimentos verdes, e até mesmo alguns da principal colheita, incluindo amendoim e grão de milho. Agora, estas famílias terão que semear novamente e esperar por uma nova colheita em Junho para repor as suas

Figura 3. Trajetória do Ciclone

Tropical Dineo e os distritos

severa/moderadamente afectados

Fonte: FEWS NET

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reservas, uma vez que o seu esforço visando salvar algo das culturas destruídas só proporcionará uma fonte de alimentos temporária. Espera-se que haja necessidade de um programa de assistência alimentar durante pelo menos quatro meses e uma avaliação mais detalhada está em curso (avaliações adicionais serão realizadas como parte da avaliação pré-colheita do SETSAN em Março) para determinar necessidades mais específicas e os eforços de recuperação necessários para os diferentes grupos de formas de vida. No entanto, é provável que a maioria das famílias pobres nos distritos mais afectados enfrente uma situação de Crise (IPC fase 3) durante Maio, até a colheita em Junho. Apesar dos enormes danos causados às culturas e à infra-estrutura, o ciclone contribuiu para a melhoria da humidade dos solos em muitas zonas, o que beneficiará a sementeira pós-ciclone ou segunda estação. No entanto, em muitas zonas, as famílias estão a dedicar seus recursos para pagar pelas reparações das suas habitações ou comprar alimentos, e é improvável que tenham recursos suficientes para novas sementeiras mesmo sem qualquer distribuição de sementes. Felizmente, espera-se que o impacto do ciclone seja mais temporário do que poderia ter sido em outras zonas de formas de vida no interior, uma vez que as famílias ao longo das zonas costeiras são normalmente seguras em termos da disponibilidade de alimentos ao longo de todo o ano como resultado do melhor acesso aos mercados e oportunidades de geração de renda mais diversificadas incluindo a pesca, trabalho não-agrícola informal e emprego relacionado com a actividade turística. Ademais, estas famílias cultivam uma variedade de culturas, incluindo mandioca, milho e castanha de caju, e espera-se que esta diversidade lhes permita satisfazer as suas necessidades alimentares de Junho a Setembro e transitar para uma situação de Nenhuma insegurança alimentar aguda (IPC Fase 1) como se prevê em outras partes do país.

Distritos

Pop Total

Projectada (Censo

2007)

Número de

pessoas

afectadas

% de pessoas

afectadas

Número de

pessoas

vulneráveis

% de

pessoas

vulneráveis

Casas

totalmente

destruidas

Houses

Partially

Destroyed Mortes

Pessoas

gravemente

feridas

Feridos

ligeiros

Inhambane City 81,573 70,546 86.5% 3,778 4.6% 747 10,722 2 1 0

Fumhalouro 49,836 10,870 21.8% - 0.0% 1 25 0 0 0

Homoine 131,684 77,675 59.0% 4,750 3.6% 207 1,940 1 0 0

Inharrime 133,093 276 0.2% 52 0.0% 12 115 0 0 4

Jangamo 113,366 11,359 10.0% 406 0.4% 279 1,978 2 3 1

Massinga 206,537 194,040 93.9% 6,340 3.1% 29,236 38,808 1 3 65

Maxixe 131,883 105,843 80.3% 4,979 3.8% 763 10,619 0 0 0

Morrumbene 152,517 31,837 20.9% 9,431 6.2% 2,183 6,768 1 9 15

Panda 53,102 3,570 6.7% 3,390 6.4% 284 300 0 0 0

Vilankulo 170,171 675 0.4% - 0.0% 0 0 0 0 0

Zavala 163,628 44,000 26.9% 1,855 1.1% 0 19 0 0 0

Grand Total 1,387,390 550,691 39.7% 34,980 2.5% 33,712 71,294 7 16 85

Tabla 2. Resultados preliminares do impacto do Ciclone Dineo Fonte: INGC/CENOE

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POSSÍVEIS EVENTOS QUE PODERÃO MUDAR A PERSPECTIVA

Tabela 3. Eventos possíveis durante os próximos oito meses que podem mudar o cenário mais provável.

SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO CENÁRIO Para projector a situação de segurança alimentar durante um período de seis meses, a FEWS NET desenvolve um conjunto de pressupostos sobre eventos prováveis, seus efeitos e as prováveis respostas de vários actores. A FEWS NET analisa esses pressupostos no contexto das condições actuais e formas de vida locais para desenvolver cenários que estimem a situação de segurança alimentar. Normalmente, o FEWS NET reporta o cenário mais provável. Clique aqui para obter mais informações. Click aqui para mais informações.

Zona Eventos Impacto na segurança alimentar Nacional e Zonas de Preocupação

Cessação precoce de chuvas

Isto reduziria o rendimento das culturas e afectaria negativamente a sua maturação plena.

Preços a baixar drasticamente, aproximando níveis próximos da média

Isto melhoraria significativamente o acesso aos alimentos pelas famílias pobres e permiti-las-ia cobrir outras necessidades não alimentares essenciais

Cheias de grande escala

Isto prejudicaria significativamente a trajetória positiva da boa produção para esta época. Afectaria milhares de pessoas, causando danos em infra-estruturas tais como casas, escolas, perdas de colheitas; E as famílias pobres afectadas poderão necessitar de ajuda alimentar por cinco meses, até a colheita da segunda época. Uma grande cheia também causaria surtos de doenças, especialmente se este evento conduza a problemas de saneamento.

Reacender do conflicto politico-militar

Um ressurgimento no conflito desviaria novamente os esforços das famílias das suas actividades habituais de sustento para a garantia da sua própria segurança. Isto reduziria o impacto positivo esperado da presente época e aumentaria a insegurança alimentar das famílias.