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Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato
Grosso
São Paulo, 2012
Orientador: Prof. Dr. José Soares Ferreira Neto
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
MATO GROSSO
• 903.358 Km²: Terceira maior UF do país (BRASIL, 2002)
• 3.035.122 habitantes: 1,6% da população brasileira (BRASIL, 2011)
• 21.784.735 de hectares de pastagens: 73,74% das terras utilizadas em 71,21% das propriedades (BRASIL, 2006)
• 28.769.469 de cabeças (BRASIL, 2011) em 107.761 propriedades (MATO
GROSSO, 2011): maior rebanho bovino e bubalino do país
• 3.810.056 bovinos abatidos em 2010: 17,4% do total realizado sob SIF no Brasil (BRASIL, 2010)
• 680 milhões de litros/ 595.394 vacas ordenhadas (BRASIL, 2009): 2,34% do leite produzido no Brasil. Atividade leiteira em 40,8% dos estabelecimentos (BRASIL, 2006)
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE EM BOVINOS
• Brasil • Prevalência média de 1,3%: dados de notificação oficiais entre 1989 a 1998 (LAGE ET AL, 2006)
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE EM BOVINOS
• Mato Grosso • Nenhum estudo epidemiológico dirigido com abrangência Estadual
• 72 bovinos com testes tuberculínicos positivos: Notificação oficial entre 2005 e 2010 (MATO GROSSO, 2011c)
• 26 casos de tuberculose bovina: amostras coletadas em frigoríficos habilitados para exportação entre 2009 a 2011 (MATO GROSSO, 2011d)
• 27 (0,05%) bovinos condenados e 4 com identificação positiva: SIE de 57.641 bovinos entre 2004 e 2005 (SALAZAR, 2005)
• SIF de 41.193 bovinos e 492 rebanhos (Furlanetto, 2012)
Animais: 0,007% [IC 95% = -0,001%; 0,016%] Rebanhos: 0,610% [IC 95% = -0,080%; 1,300%]
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE
• Bubalinos • Nenhum estudo em MT. Constatada no Brasil (FREITAS J. A. ET AL, 2006; FREITAS J. A; PANETTA J. C., 2002; MOTA P. M. P. C. ET AL, 2002)
• Animais silvestres de vida livre
• Não há estudos que confirmem sua influência na reintrodução da doença em rebanhos bovinos (LOBO, 2008)
• Cervos do pantanal não são disseminadores e provavelmente não tem a doença ativa: Em Mato Grosso do Sul estudo em 53 animais (LUNA ET
AL, 2003)
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
OBJETIVO
• Levantar as prevalências de tuberculose e respectivos fatores de risco em
bovinos e bubalinos • Empregaram-se questionários epidemiológicos em amostras representativas de propriedades e animais que foram examinados com a utilização de teste tuberculínico em todos os municípios do Estado
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
ESTRATOS
Figura 1 - Mapa do Estado de Mato Grosso com a divisão dos circuitos produtores: pantanal (1), leite (2), engorda (3) e cria (4). No detalhe a localização do Estado no Brasil – São Paulo–2011.
Diferentes sistemas de produção, práticas de manejo, finalidades de exploração, tamanho médio de rebanhos e sistema de comercialização, e capacidade operacional e logística do INDEA/ MT (NEGREIROS et al, 2009)
X
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
AMOSTRA
Tabela 1 - Resumo censitário do efetivo bovino e detalhes da amostra estudada, segundo os circuitos produtores- Mato Grosso - 2011
Circuito Produtor
Total de municípios
Total de propriedades com atividade
reprodutiva
Propriedades amostradas
Total de fêmeas com idade ≥24
meses
Fêmeas e machos
reprodutores amostrados
1 – Pantanal 6 6.836 146 1.021.778 3.938
2 – Leite 50 22.878 387 2.249.231 9.462
3 – Engorda 27 17.967 302 2.885.960 7.933
4 – Cria 58 45.615 298 5.486.549 7.545
Total 141 93.296 1.133 11.643.518 28.878
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
PREVALÊNCIA >> focos • Não foi possível constatar diferenças entre os circuitos produtores
Tabela 2 – Prevalência de focos de tuberculose bovina e respectivo intervalo de confiança (IC) por circuito produtor e para o Estado – Mato Grosso - 2011
Circuito Produtor Propriedades
Prevalência (%) IC 95% (%) Examinadas Positivas
1 – Pantanal 146 0 0,0 (1)
[0,0; 2,0]
2 – Leite 387 5 1,3 [0,5; 3,1]
3 – Engorda 302 2 0,7 [0,2; 2,7]
4 – Cria 298 5 1,7 [0,7; 4,1]
Mato Grosso 1.133 12 1,3 [0,7; 2,4]
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
PREVALÊNCIA >> animais
• Distribuição relativamente homogênea entre os circuitos produtores, com exceção do circuito engorda onde o resultado foi estatisticamente inferior ao circuito cria • Maior proporção de propriedades do tipo corte neste circuito (70%) em relação aos demais: pantanal (65%), leite (41%) e cria (55%)
Tabela 4 – Prevalência de bovinos fêmeas e machos reprodutores com idade ≥24 meses positivos para tuberculose e respectivo intervalo de confiança (IC) por circuito produtor e para o Estado - Mato Grosso - 2011
Circuito Pecuário Animais
Prevalência (%) IC (95%) (%) Examinados Positivos
1 – Pantanal 3.938 0 0,000 (1)
[0,000; 0,076]
2 – Leite 9.462 12 0,037 [0,008; 0,168]
3 – Engorda 7.933 3 0,010 [0,003; 0,043]
4 – Cria 7.545 8 0,240 [0,064; 0,904]
Mato Grosso 28.878 23 0,123 [0,034; 0,440]
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
PREVALÊNCIA >> focos
Tabela 3 - Prevalência de focos de tuberculose bovina estratificada por tipo de exploração nos circuitos produtores – Mato Grosso - 2011
Prevalência de focos de tuberculose (P)
Circuito produtor
Corte Leite Misto
P(%) IC 95%
(%)
P (%) IC 95%
(%)
P (%)
IC 95% (%) (Positivas/
examinadas) (Positivas/
examinadas) (Positivas/
examinadas)
1 – Pantanal 0,0 (0/94) (1)
[0,0; 3,1] 0,0 (0/28) (1)
[0,0; 9,8] 0,0 (0/23) (1)
[0,0; 11,7]
2 – Leite 0,0 (0/157) (1)
[0,0; 1,9] 2,7 (4/148) [1,0; 7,0] 1,3 (1/76) [0,2; 8,8]
3 – Engorda 0,0 (0/209) (1)
[0,0; 1,4] 2,1 (1/ 47) [0,3;13,7] 2,4 (1/42) [0,3; 15,1]
4 – Cria 0,6 (1/161) [0,1; 4,3] 3,2 (3/94) [1,0; 9,5] 2,8 (1/36) [0,4; 17,3]
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DISCUSSÃO > prevalência (focos)
MT: 1,3% [0,7; 2,4%]
MG: 5,02% [4,67%; 5,37%] (BELCHIOR, 2000)
• A associação entre tuberculose bovina e a atividade leiteira foi constatada por diversos autores (BELCHIOR, 2000; PEREZ ET AL, 2002; PORPHYRE;
STEVENSON;MCKENZIE, 2008; RAMÍREZ-VILLAESCUSA ET AL, 2010; ZENDEJAS-MARTÍNEZ, 2007; ZENDEJAS-MARTÍNEZ; TOWNSEND; MILIÁN-SUAZO, 2008)
• Fatores inerentes a este tipo de exploração, descritos como predisponentes a doença:
• Densidade (CLEAVELAND ET AL, 2007; HUMBLET ET AL, 2010; OLIVEIRA ET AL, 2008)
• Ciclo produtivo mais longo (AMENI ET AL 2007; BALAKO ET AL 2011; BIFFA ET AL, 2011;
BONSU; LAING; AKANMORI, 2000;INANGOLET ET AL, 2008; JAVED ET AL, 2011; KAZWALA ET AL, 2001; MUNYEME ET AL 2009; REGASSA ET AL, 2010)
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
DISCUSSÃO > prevalência (focos)
MT: 1,3% [0,7; 2,4%]
MG: 5,02% [4,67%; 5,37%] (BELCHIOR, 2000)
Segundo Braga (2010) em 14 Estados do Centro-Sul
• MT - um dos dois com propriedades restritas ao corte significativamente maior que outros tipos de exploração: 55,43% [52,13%; 58,68%]
• MG - predominância de propriedades do tipo leite: 56,36% [54,20%; 58,5%]
• Centro-Sul – criações extensivas: • corte e misto, respectivamente: 94,33% [93,4%; 95,13%] e 80,14% [74,72%; 86,28%] • exclusivamente de leite: 58,61% [57,05%; 60,15%].
• As criações extensivas são mais frequentes em MT (92,02%) do que em MG (59,82%).
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
DISCUSSÃO >> análise univariada
Variável e categorias Neg. Pos. Total % χ2 p
Tipo de exploração
(1) Corte
Leite
Misto
620
309
174
1
8
3
621
317
177
0,2
2,5
1,7
11,8
0,003
Entrega de leite
(1) Não
Sim
714
390
3
9
717
399
0,4
2,3
7,8 (3)
0,006
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
DISCUSSÃO >> análise univariada
• O tamanho do rebanho que em outras pesquisas foi descrito como fator associado (BIFFA ET AL, 2011; CADMUS ET AL, 2010; CARRIQUE-MAS; MEDLEY; GREEN, 2008; CLEAVELAND ET AL, 2007; KANEENE ET AL, 2002; LILENBAUM; SOUZA; FONSECA, 2007; PORPHYRE ET AL, 2008; PROAÑO-PEREZ ET AL, 2006; RAMÍREZ-VILLAESCUSA ET AL,
2010) resultou em MT como fator de proteção
• Forte associação (p<0,001) entre propriedades com rebanho geral ≥487 cabeças e o tipo de exploração corte
Variável e categorias Neg. Pos. Total % χ2 p
Quartil de rebanho total
(1) 1 a 55
56 a 141
142 a 486
487 a 16.957
279
274
272
279
3
2
7
0
282
276
279
279
1,1
0,7
2,5
0,0
8,7 (3; 4)
0,028
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
DISCUSSÃO > análise univariada • Raças mais frequentes entre as propriedades amostradas, zebuínas (61%) e mestiças (36%), fortemente associadas com corte e leite respectivamente (p<0,001)
• Independência desta variável em relação à condição de foco quando avaliada no grupo das propriedades dos tipos leite e misto separadamente do corte
Variável e categorias Neg. Pos. Total % χ2 p
Raça bovina predominante
(1) Zebuínas
Européias de leite
Européias de corte
Mestiças
Outras Raças
680
20
6
386
8
2
1
0
9
0
682
21
6
395
8
0,3
4,8
0,0
2,3
0,0
11,3
(3) 0,011
Raça bovina predominante
(1) Zebuínas
Mestiças
680
386
2
9
682
395
0,3
2,3
9,6 (3)
0,003
Variável e categorias Neg. Pos. Total % χ2 p
Tipo de ordenha
(1) Não ordenha
Em sala
Mecânica ao pé
Manual
564
14
22
500
0
3
0
9
564
17
22
509
0,0
17,6
0,0
1,8
26,2 (3)
<0,001
Quantidade de ordenhas
(1) Não ordenha
Uma ordenha
Duas ou três ordenhas
559
493
41
0
11
1
559
504
42
0,0
2,2
2,4
15,1
(2) <0,001
Entrega do leite a granel
(1) Não
Sim
939
165
6
6
945
171
0,6
3,5
8,0 (3)
0,005
Resfriamento do leite
(1) Não
Sim
952
152
7
5
959
157
0,7
3,2
5,5 (3)
0,018
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
DISCUSSÃO >> análise univariada
Não associado
Não associado
Não associado
Variável e categorias Neg. Pos. Total % χ2 p
Tipo de ordenha em propriedades dos tipos leite e misto
(1) Manual
Mecânica ao pé
Mecânica em sala
442
22
14
8
0
3
450
22
17
1,8
0,0
17,6
9,1 (3)
0,006
Em concordância com Belchior (2000) a utilização de ordenha mecanizada permaneceu associada à condição de foco.
Situação epidemiológica da tuberculose bovina no Estado de Mato Grosso – São Paulo, 2012
CONCLUSÕES
• Em MT as prevalências de tuberculose bovina, tanto de focos quanto de animais, são baixas • A infecção está mais concentrada em propriedades de leite com maior grau de tecnificação no modo de produção
• A implementação de um sistema de vigilância para detecção e saneamento dos focos residuais constitui a melhor alternativa para o controle da doença no Estado
Obrigado
João Marcelo Brandini Néspoli [email protected]
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar