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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE CRIMINOLOGIA CRIME & CASTIGO Sérgio William Domingues Teixeira Juiz de Direito Titular da Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas Professor Adjunto Do Curso de Direito da UNIR/RO Professor da Escola da Magistratura do Estado de Rondônia Especialista em Direito Penal pela UFMG Mestre em Direito pela FGV Doutorando em Direito Penal pela UERJ

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIADEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CURSO DE CRIMINOLOGIA

CRIME & CASTIGO

Sérgio William Domingues Teixeira Juiz de Direito Titular da Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas

Professor Adjunto Do Curso de Direito da UNIR/RO Professor da Escola da Magistratura do Estado de Rondônia

Especialista em Direito Penal pela UFMG Mestre em Direito pela FGV

Doutorando em Direito Penal pela UERJ

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SOCIEDADE - VIOLÊNCIA e CRIME

Homem Civilizado = Convivência Social Harmoniosa

Inadaptados = Segregação (privação coercitiva da liberdade)

DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA

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Violência e Castigos Físicos

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Violência nos Dias de Hoje

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CRIME

SOCIAL

RELIGIOSOE

FILOSÓFICO

JURÍDICO

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Crime

Crime

• Conceito• Natural ?

• Conceito • Artificial?

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Crime e Criminalidade

Crime (Direito Penal)

Criminologia

Sociedade

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Direito Penal• Crime

Criminologia• Crime

• Criminoso• Vítima• Controle Social

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ORIGEM DO CRIME E DA PENA

As primeiras leis da humanidade certamente foram denatureza penal, consistentes em determinar as condutasproibidas e impor sanções aos transgressores.

A pena, então, pode-se dizer, é tão antiga quanto ahistória do homem em sociedade.

Pode-se, ainda, dizer que quando surgiu a sociedade,surgiu também a ideia de “crime”.

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Origem e Expansão do Direito Penal

FASES:

– CONSUETUDINÁRIA ou de REPARAÇÃO

– DIREITO PENAL COMUM

– HUMANITÁRIA

– CIENTÍFICA

– DIREIRTO PENAL MODERNO

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Período Consuetudinário ou de Reparação

Vingança: Divina

– Primitiva

Privada– Ato de Guerra– Duelo– Paz Social

• Mediação pela coletividade

Pública– Estado assume o JUS PUNIENDI

• Abusos e violências• Fase absolutista: penas capitais, suplícios e martírios• Ordálias de Deus

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PRISÃO COMO LOCAL DE ESPERA

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TORTURA E CASTIGOS FÍSICOS COMO FORMA DE PUNIÇÃO

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Período do Direito Penal Comum

Combinação Diversas Normas Diferentes fontes de Direito

– (Grego, Romano, Germânico, Canônico, etc)

Modificação da Responsabilidade Penal: Objetiva e Coletiva Subjetiva e Pessoal

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Direito Penal Comum

ROMA GRÉCIA IDADE MÉDIA

– Penitenciários Prisão celular

– Prisões leigas Casa de Correção – 1552 – Birdewell, Londres Sec. XIX – prisão como locus da execução da pena

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Humanização da Pena

Penitenciários - Prisão Celular

Casa de Correção Bridewell – 1552 Inglaterra

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Período Humanitário Iluministas:

– O que era a pena?– De onde vem o Direito de Punir?

Direito de Punir:• Direito de vingança do Estado (Retribuição)• Forma de exemplificação (Prevenção)• Forma de expiação (Ressocialização)• Um contrato (Rosseau)

– Limites:• Não pagar mais que outro pelo mesmo crime• “Preço” fixado de antemão.

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PRECURSORES THOMAS HOBBES – Leviatã – 1651

JOHN LOCKE – Dois tratados Sobre o Governo – 1689

JEAN JACQUES ROSSEAU - Do Contrato Social – 1762 • Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da

Desigualdade entre os Homens - 1755

CESARE DE BONESANA (BECCARIA) – Dos Delitos e das Penas – 1764– Criticava duramente o Direito penal vigente– Insurgia-se contra a tortura, o arbítrio dos juízes e a falta de PROPORCIONALIDADE

entre o delito e a pena

IMANUEL KANT- Crítica da Razão Pura – 1781

JEREMY BENTHAM - Teoria da penas e das recompensas – 1818– Precursor da idéia de arquitetura penitenciária– Panóptico– Separação dos presos, higiene e alimentação adequada

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Sistema Pensilvânico

1776 – Filadélfia - “Morte em vida”

– Regime do Isolamento, nos três turnos, em cela individual,nua, de tamanho reduzido, sem atividades laborais e semvisitas.

– Os presos eram expostos aos olhares dos visitantes, comoexemplos atemorizantes.

– Walnutt Street Jail – 1776; depois em Eastern Penitentiary,1829; e, posteriormente, acolhido na Inglaterra, Bélgica,Suécia e Holanda.

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Prisão como locus da Execução da Pena

A partir do Séc. XVIII

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Sistema Auburniano

– Em 1816, tomando como base o SistemaPensilvânico, o Capitão Elaes Lynds, daPenitenciária de Auburn, no Estado de NovaYorque, criou o “Sistema do Silêncio”.

– Isolamento celular apenas no período noturno,com vida em comum durante o dia,observando-se absoluto silêncio (rigormáximo), cujo descumprimento era punido comcastigo corporal imediato.

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Sistemas Progressivos:

– Sistema de Montesinos

– Sistema de Marcas

– Sistema Progressivo Irlandês

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Sistema de Montesinos:– Manoel Montesinos Y Molina (1796-1862), advogando a função

ressocializadora da pena, propôs, junto ao Presídio de San Augustin, emValência, Espanha, um sistema baseado: A) tratamento Humanitário; B) trabalho remunerado; C) ausência de castigos corporais; D) apresentação de regras orientadoras da execução (precursor dos

códigos)

– Compunha-se de três fases:1. Ferros:

• Presos, subjugados por correntes, faziam trabalhos de limpeza nointerior da unidade;

2. Trabalho:• Os próprios presos poderiam escolher a oficina onde realizariam o

seu trabalho, aprimorando sua capacitação profissional;3. Liberdade Intermediária:

• Direito a visitar familiares e ao trabalho externo.

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Sistema de Marcas:– Preconizado por Alexander Maconochie (1787-1860), Capitão

da Marinha Real Inglesa, que criou, na Austrália, o Sistema deMarcas, dividindo-o em três fases:

1) Da Prova:– Isolamento celular, diurno e noturno, por período curto (base do

Pensilvânico) 2) Do Isolamento e Trabalho:

– Promovia-se isolamento noturno e trabalho em comum, durante o dia, sobsilêncio (base do Auburniano)

3) Do Livramento Condicional:– Funcionava como prêmio, baseando-se no binômio conduta x trabalho,

recebendo marcas ou vales

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Sistema Progressivo Irlandês:

– Walter Crafton, da Irlanda, entre 1854/1864, adaptou oSistema de Marcas, criando entre a segunda e terceirafase, uma intermediária, consistente na transferência dorecluso para prisões agrícolas, com regime mais brando,havendo permissão de diálogo entre os detentos etrabalho no campo.

Este sistema, com algumas modificações, foirecepcionado pelo Código Penal Brasileiro de1940.

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Período Científico Fase Criminológica do Direito Penal

Antropológica– 1876 (Cesar Lombroso) – “O Homem Delinquente”

Sociológica– 1880 (Enrico Ferri) – “O Novo horizonte do Direito e do Procedimento Penal”

Jurídica– 1885 (Rafael Garofalo) – “Criminologia”

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Sistema Punitivo Atual

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A Expansão do Direito Penal

É uma característica do Direito Penal Contemporâneo– Configura-se por:

Introdução de novos tipos penais Agravamento dos já existentes Reinterpretação das garantias penais e processuais Criação de novos bens jurídico-penais Flexibilização das regras de imputação Reflexo direto no aumento do número de

encarceramentos

Mais crime = Mais prisão = Banalização D. Penal

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Fracasso do Direito Penal

Fúria Legiferante do Estado

Inadequação da Legislação Penal e Processual Penal

Tratamento do Direito Penal como forma educativa docontrole social

Desenvolvimento de um Direito Penal puramentesimbólico e estigmatizante

Incremento das taxas de reincidência e impunidade

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Impunidade

1000 arrombamentos 390 reportados à polícia 39% 40 pessoas são presas 4% 13 pessoas são condenadas 1,3% 10 efetivamente cumprem pena 1%

REISS, Albert J. e ROTH, Jeffrey A. in Understanding and Preventing Violence. Panel on the Understanding andControl of Violent Behavior. Comite on Law and Justice. Washington/ DC: National Academy Press.

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Conflito no Sistema Penal

Direito Penal Mínimo

Direito Penal Máximo

Abolicionismo Penal

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Abolicionismo Penal Forma mais radical de confrontação com os postulados penais

– Filippo Gramática; Louk Hulsman; Thomas Mathiesen

Teoria deslegitimadora do Direito Penal Defende a extinção de todo o aparato penal

– Destaca: A crueldade do sistema penal Sua natureza seletiva A incapacidade da pena em cumprir as suas funções de prevenção e

ressocialização A Característica estigmatizante da pena (Teoria do Etiquetamento) O problema da Cifra negra A Dúvida sobre o que deve ou não ser considerado crime A inviabilidade do modelo tradicional em possibilitar aos cidadãos

resolverem, através de outros ramos do direito, seus conflitosindividuais.

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Abolicionismo

É utópico

Substituir o Direito Penal por algo melhor somente será possível quando substituirmos a nossa sociedade por uma melhor

(Alessando Baratta – Criminologia Crítica e Crítica ao Direito Penal)

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Direito Penal Mínimo

Garantismo Penal ou Direito Penal Constitucional Direito Penal Principiológico Direito Penal – ultima ratio Intervenção Penal Mínima

– Nilo Batista (surgiu em face da ascensão da burguesia em reação ao sistema penal absolutista)

– Corolários Fragmentariedade Subsidiariedade Lesividade Individualização da Pena

– Defesa do Cidadão

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Direito Penal Máximo Movimento Lei e Ordem

• Foco na repressão • Não combate as causas do crime• Banalização da ideia de crime

– Base ideológica:• Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows

Theory)• Programa de Combate Ostensivo à Criminalidade• Tolerância Zero• (Rudolph Giuliani – ex-prefeito de Nova York –

1994-2002)

Direito Penal do Inimigo• Günter Jakobs

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Direito Penal do Inimigo 1985 – Alemanha 1999 – conferência do Milênio – Berlim

– Pressuposto: “Infrator” deve ser tratado como inimigo do Estado

e não como pessoa Ao inimigo – limitação de direitos e garantias “TERRORISTA” Fundamentação Contratualista do Estado

– Hobes (Inimigo é aquele que rompe com a sociedade civil)– Kant (Estado de Natureza / Estado de Guerra – Estado

Civil)

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Velocidades do Direito Penal

Velocidades do Direito Penal (Silva Sanches) 1ª Velocidade

– Direito Penal Tradicional

2ª Velocidade– Flexibilização de regras penais e processuais em favor do

infrator– Adoção de medidas alternativas à prisão

3ª Velocidade– Flexibilização das regras– Desformalização e redução de garantias em desalinho aos

interesses do infrator• DIREITO PENAL DO INIMIGO

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Países com as maiorespopulações prisionais (2006)

147.926

160.046

160.712

161.844

213.926

332.112

885.666

1.548.498

2.193.798

401.236

0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000

Irã (52º)*

Ucrânia (25º)*

África do Sul (28º)*

Tailândia (46º)*

México (57º)*

Índia (203º)*

Brasil (53º)*

Rússia (3º)*

China (114º)*

Estados Unidos (1º)*

Fonte: International Centre for Prison Studies

Nota: * lugar que ocupam os países considerando-se as taxas de encarceramento por 100.000 hab.

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Expansão Carcerária 1992/2008

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Gasto com a População Carcerária em Rondônia

R$ 11.500.000,00 (mês) R$ 138.000.000,00 (ano) R$ 1.032.000.000,00 (mês) R$ 12.384.000.000,00 (ano)

1.504 presos em Regime Aberto – com prisão domiciliar (fev/2012) 1.652 presos cumprindo pena em Livramento Condicional (fev/2012) Total de presos em Porto Velho = 6.186 Cerca de 74% da população carcerária do Estado

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Desafios na Esfera Penal Necessidade política, social e econômica de se buscar

novas formas de enfrentamento da violência e da criminalidade (Roxin), como forma de sobrevivência da

própria sociedade.

Utilização, sempre que possível, de PMA’s Adoção de um sistema penal garantista

Redução dos tipos penais

Adoção de novas formas de pacificação social.– Utilização de modelos consensuados de Justiça Criminal

Justiça Reparatória (conciliação e reparação) Justiça Restaurativa (uso de mediação para solução do conflito)

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Solução

Punir Menos e Punir Melhor

Direito Penal como ultima ratio

Enfoque Criminológico (Controle Social)

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Sérgio William Domingues Teixeira [email protected] (069) 3217-1033

TJRO