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A SITUAÇÃO

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Número de leitores caiu 9,1% no país em quatro anos, segundo pesquisa

Hábito de ler perde espaço para TV, tempo com amigos e diversão on-line.

Enquanto 24% dos brasileiros têm esse hábito, 85% costumam ver TV.

Dados da edição de 2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, en-comendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito de ler jornais, revistas, livros e textos na internet por atividades como ver televisão, as-sistir a filmes em DVD, reunir-se com amigos e família e navegar na rede de computadores por diversão.

A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (28), revelou uma queda no número de leitores no país: de 95,6 milhões, registrada em 2007, para 88,2 milhões, com dados de 2011. O índice representa uma queda de 9,1% no universo de leitores ao mesmo tempo em que a população cresceu 2,9% neste período.

Foram entrevistadas para a pesquisa 5.012 pessoas em 315 municípios brasileiros entre 11 de junho e 3 de julho de 2011. Os entrevistadores classificam como leitores quem leu pelo menos um livro nos três

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Quem são e onde estão os leitores do Brasil

Variação no número de leitoresPopulação brasileira com 5 anos ou mais

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meses anteriores à pesquisa. O resultado de 88,2 milhões de leitores corresponde a 50% da população total de brasileiros com 5 anos ou mais (178 milhões).

O número de entrevistados que afirmaram aos pesquisadores cultivar o hábito de ler durante o tempo livre caiu 8 pontos percentuais entre 2007 e 2011, de 36% para 24%.

No mesmo período, porém, a porcentagem de quem costuma ver televisão nas horas de lazer subiu de 77% para 85%. Vídeos e DVDs agora agora ocupam 38% das pessoas ociosas, contra 29% há quatro anos, e o hábito de navegar pela internet (mas sem de fato ler textos por prazer ou para se informar) aumentou de 18% para 24%. As reuniões com parentes e amigos também cresceu, de 31% para 44%. Os entrevistados puderam escolher mais de uma opção.

A ministra da Cultura, Ana Holanda, disse, após o lançamento da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que é preciso incentivar a leitura nos jovens. “Trabalhando com o jovem, a gente forma o leitor para a vida toda”, afirmou. Para a ministra, é preciso afastar o jovem da ideia da leitura como uma obrigação escolar. “É preciso mostrar o livro não como uma obrigação escolar, mas como uma forma de ele co-nhecer dimensões que estão além dele, outras vias, outras realidades”, declarou.

De acordo com o diretor do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi, o aumento da expectativa de vida e a redução da concentração de brasileiros em idade escolar é um dos fatores causadores da diminuição de leitores. Além disso, Gastaldi afirmou que a leitura está mais pulverizada em diversos meios.

A presidente do Instituto Pró-Livro, Karine Pansa, acredita que ainda levará tempo para que o Brasil al-cance níveis de leitura considerados ideais. ”A gente olha para países com índice de oito livros por ano.

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São países europeus. Isso é um futuro longo e a gente vai ter que batalhar muito por isso”, disse.

Karina disse que é necessário que os professores incentivem o hábito da leitura nos alunos, já que a pesquisa os aponta como as pessoas que mais influenciam os indivíduos na hora de ler.”Se você ver o prazer que o seu professor tem pela leitura, você vai se perguntar o porquê. E vai, no mínimo, ter essa inquietude de querer saber por que ele gosta tanto daquele livro”, afirmou.

PerfilAtualmente, as mulheres são maioria entre as pessoas com o hábito de ler pelo menos um livro a cada três meses (57%), e as faixas etárias que mais reúnem pessoas com o hábito de ler são entre 30 e 39 anos (16% do total), entre 5 e 10 anos (14%) e entre 18 e 24 anos (14%).

A queda do número de leitores foi apontada em todas as regiões brasileiras, com exceção do Nordeste, que ganhou um milhão de leitores entre 2007 e 2011, e onde a penetração da leitura subiu de 50% para 51%. Hoje, 29% de todos os leitores brasileiros vivem nesses estados, contra 25% em 2007. Por outro lado, no Sudeste, a penetração caiu de 59% para 50% do total da população e hoje responde por 43% do total de leitores, dois pontos percentuais a menos que na última edição da pesquisa. Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul vivem 8%, 8% e 13% dos leitores brasileiros, respectivamente.

Os leitores brasileiros leram em média 1,85 livro nos três meses anteriores à pesquisa, número menor que a média de 2007 (2,4).

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Os textos escolares são lidos com maior frequência: 44% dos leitores que leem esse tipo de texto o fazem todos os dias, e outros 44% afirmaram que leem textos escolares de vez em quando. O livro no formato tradicional vem perdendo espaço para os outros suportes. Os leitores de textos na internet afirmaram que têm o hábito de usar esse suporte com frequência: 38% o fazem todos os dias e 42% de vez em quando. Por outro lado, quase metade dos leitores (46%) que afirmaram ler livros em geral (ou seja, os que não são indicados pela escola, nem são jornais ou revistas) admitiram que cultivam esse hábito apenas uma vez por mês. Apenas 21% dessa faixa de entrevistados disse que lê livros em geral diariamente.

Ainda que o resultado da pesquisa mostra o enfraquecimento do hábito de leitura no país, os brasilei-ros se mostraram mais otimistas: 49% deles afirmou que atualmente lê mais do que no passado, e 28% admitiu que vem perdendo este costume. Outros 20% disseram que não aumentaram nem diminuí-ram o hobby de ler livros, jornais, revistas ou textos na internet.

*Colaboraram Felipe Néri, Ana Carolina Moreno, Paulo Guilherme e Elvis Henrique Martuchelli, da editoria de Arte do G1.

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A IMPORTÂNCIA

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15 benefícios da leitura para a sua vida

A leitura é uma atividade oito ou oitenta: ou você ama ou odeia. Nunca ouvi falar de alguém que gosta “mais ou menos” de ler. Quem ama não entende como alguém pode não gostar e quem detesta não consegue compreender que graça o outro vê naque-las inúmeras páginas e nas longas histórias dentro de um livro.

Quando duas pessoas de opiniões diferentes discutem sobre o assunto, os defensores da leitura têm como vantagem o fato de não existir nenhum argumento desfavorável que possa ser usado contra os livros, afinal, a atividade só traz benefícios e quem não lê pode até não ser diretamente pre-judicado, mas com certeza está perdendo muito. Quer saber por quê?

1) Desenvolvimento pessoal – A leitura é uma atividade que estimula a reflexão sobre os nossos princípios, valores, pensamentos e atitudes. E isso não acontece só quando você lê livros de auto--ajuda. Histórias ficcionais, literatura clássica, biografias e até livros relacionados a assuntos profis-sionais provocam algum tipo de reflexão durante a leitura. Depois de ler um livro, você nunca é a mesma pessoa que era antes de lê-lo. Mesmo que não perceba a mudança, algo que você leu ficou guardado nos seus pensamentos e contribuiu para o seu crescimento.

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2) Estimula a criatividade – Já falei aqui no blog sobre a relação entre criatividade e felicidade. A me-lhor maneira de se tornar uma pessoa criativa é conhecer o máximo de coisas diferentes possível, e os livros estão entre as melhores ferramentas para isso. Todos os leitores têm seu estilo de livro favo-rito, mas vez ou outra pode ser prazeroso se aventurar também por outros mundos, ler histórias dife-rentes e ter outras sensações. É esse o segredo das pessoas criativas, elas estão sempre abertas para o que é novo, e a leitura é um poço infinito de novidades, cultura, surpresas e ideias extraordinárias.

3) Melhor maneira de relaxar – Quando pensamos ou falamos sobre leitura, a imagem que vem à mente é a de alguém num lugar tranquilo, confortável e aconchegante, com a pessoa que lê ex-pressando calma e felicidade. Essa ideia de tranquilidade é a primeira que nos vem a cabeça porque a leitura é mesmo uma das melhores maneiras de relaxar. Ler é uma terapia porque é uma forma garantida de esquecer o mundo e os problemas à sua volta e abandonar o mundo digital por algum tempo, já que a atividade exige total desligamento e concentração.

4) Nunca estar sozinho – A solidão nunca é um problema porque leitores jamais ficam entediados ou tristes se não houver ninguém por perto para conversar ou lhes fazer companhia. Pelo contrário, até gostam de ter seus momentos sozinhos para apreciarem seus livros sem interrupções. Assim como um amigo, livros são bons companheiros e te fazem sorrir, te emocionam, te envolvem, te cativam e fazem com que você se identifique e se sinta bem.

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5) É um bom hábito – Ler é um hábito e, assim como qual-quer outro, requer esforço, foco e vontade, principalmen-te no começo. Alguns começam a ler quando crianças, aos poucos. Outros descobrem os livros mais tarde. O problema dos adultos que querem aprender a gostar de ler mas não conseguem, é que acham que precisam ler um livro inteiro em um dia e dez em uma semana, e se frustram quando não conseguem. O segredo é ler um pouco a cada dia e ir descobrindo o que aquilo lhe traz de bom. A leitura é um dos bons hábitos que todos deveriam desenvolver, inclusi-ve por seus benefícios à saúde: ela diminui o stress, estimula a memória, aumenta a concentração e melhora o raciocínio.

6) Ameniza situações estressantes – Filas, salas de espera, transporte público, esperar por alguém atrasado… o que essas situações têm em comum? Elas são extremamente estressantes, a não ser para quem tem sempre um bom livro à mão! Leitores já estão acostumados a abrir um livro quando se deparam com essas situações, pois sabem que é uma maneira muito melhor de passar o tempo do que ficar olhando para as paredes. Alguns até gostam de ter momentos assim no dia a dia, prin-cipalmente os que têm pouco tempo para ler. Esses são, aliás um ótimo exemplo de pessoas que conseguem ver algo de bom até mesmo em situações ruins (também conhecidos como otimistas).

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7) “Viver” outras vidas – Quem não gosta de ler talvez tenha dificuldade para entender como é isso, mas quem gosta sabe que alguns livros nos envolvem de tal forma que nos sentimos vivendo a experiência que estamos lendo. A leitura permite que você “viva” muitas histórias e tenha várias sensações, como se apaixonar por um personagem, sentir raiva, torcer por alguém, ficar ansioso e supreender-se. A vida real dificilmente possibilitará que você vivencie tantas coisas diferentes em tão pouco tempo.

8) Entretenimento acessível – Por mais que no Brasil os livros possam ser considerados caros, a leitura ainda é uma das formas de diversão mais acessíveis que existem. Não é raro encontrar livros com preços razoáveis – en-tre R$ 15 e R$ 20 – nas livrarias, principalmente entre os mais vendidos. Além disso, há outras opções: aproveitar as promoções, comprar em sebos, pegar emprestado ou trocar com os amigos.

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9) Fazer amizades – Nada melhor para um leitor do que ter com quem conversar sobre o livro que acabou de ler. E o assunto rende, como rende! Fazer amizade com pessoas que lêem é garantia de sempre ter assuntos interessantes para conversar, porque falar sobre livros é um assunto infinito, além de ser muito fácil fazer amizades com leitores. Você menciona um livro, ele diz que também leu e em poucos minutos vocês conversam como se se conhecessem há anos!

10) Informação – A coisa mais importante em um livro é, obviamente, o seu conteúdo. Existem livros sobre praticamente tudo, o que permite que você escolha ler aquilo que lhe convém e encontrar um mundo de informações dentro das páginas. Se busca conhecimento profissional, referências culturais, informações sobre saúde (inclusive as que o seu médico não te dá) histórias e lições de vida, descobrir sobre seus ídolos, sobre a história do mundo, ou o que mais quiser aprender, com certeza encontrará em um (ou mais) livros. É impossível medir quanto a leitura é capaz de somar ao seu conhecimento, mas os livros permitem que você decida o que e quanto quer aprender.

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11) Muda sua vida – Todo mundo que gosta de ler e lê bastante pode citar pelo menos um livro que “mudou a sua vida”. Seja porque abriu seus olhos para algo, mudou sua maneira de pensar, o tor-nou fanático por algum assunto ou simplesmente fez com que quisesse ler mais e mais. A única certeza que temos ao pegar um livro é que não seremos mais a mesma pessoa após lê-lo. Alguns nos mudam mais e deixam uma marca eterna na nossa vida, outros não chegam a tanto, mas nun-ca pode-se dizer que um livro não mudou em nós absolutamente nada. Alguma diferença todos eles fazem.

12) Ter novos ídolos – Ter ídolos é algo que torna nossa vida mais divertida. Acompanhar o trabalho de uma pessoa que admiramos e se espelhar em alguém que tem algo de bom a nos passar tam-bém é uma maneira de aprender. É comum termos como ídolos artistas de televisão ou cinema, cantores e bandas, mas só quem lê sabe o quanto é gratificante ser fã de um escritor. Descobrir um autor que consegue te envolver em todos os seus livros, colecioná-los, vibrar quando anunciam um novo lançamento dele, ler e reler os seus favoritos, acompanhar o seu trabalho e a sua vida… é uma atividade prazerosa e enriquecedora, que estimula e colabora com a felicidade.

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13) É bom em qualquer idade – Você pode começar a ler a partir do momento em que aprende a decifrar as combina-ções de letras e praticar a leitura até o último dia da sua vida. É uma das poucas atividades que não determinam a idade de quem pode fazê-la e na qual você encontrará infinitas opções que te agradam em cada momento da sua vida.

14) Melhora a desenvoltura – Mesmo quem não gosta de ler tem consciência de que a leitura é essencial e faz diferença no aprendizado, principalmente porque amplia o nosso vocabulário e melhora a escrita. Mas poucos percebem que a leitura frequente tem efeito também quando nos expressamos verbalmente. Quanto mais conhecimento, maior a capacidade de nos expressarmos bem, independente dos meios. Isso é excelente principalmente para os tímidos, que precisam re-forçar a confiança em conversas ou para falar em público.

15) Sentimentos que só um leitor entende – Abrir um presente e ver que é um livro que queria muito, sentir o cheio de livro novo, admirar sua estante repleta de títulos diferentes, organizá-los por cores, autores, tamanho, preferência ou da forma que achar melhor, o prazer de colecionar algo tão valioso, passar horas numa livraria e entender que livros e felicidade são sinônimos. Se você não gosta de ler, nunca entenderá.

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TEMAUPF 2015/1

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O CONTEXTO

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11 fatos que você precisa saber sobre a crise hídrica no Brasil

Há um ano quase não se falava em crise hídrica e hoje não passa um dia sem que o assunto seja pauta em pelo menos um veículo da mídia brasileira. Mas, o que aconteceu de lá para cá para essa mudança radical? Será que a problemática não deu sinais de que estava chegando? Para entender melhor esse contexto, especialistas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que atua há 25 anos pela proteção da biodiversidade brasileira, elencaram 11 fatores que influenciam a questão da crise da água no Brasil. De rios voadores à água virtual!

1. A crise da água é apenas em São Paulo #sqnNão, a escassez de recursos hídricos não é um problema exclusivo da maior cidade brasileira. Tanto que, enquanto só se falava em São Paulo, os níveis dos reservatórios do Rio de Janeiro estavam ainda pio-res. Agora, Belo Horizonte também já sinalizou que, se a seca continuar, precisará racionar água. Como essas três capitais estão no Sudeste, pode parecer que a crise está restrita a essa região, o que também não é verdade. O Sul do país está sendo considerado como ‘livre da crise’, mas já passou por situação parecida em 2006, quando uma estiagem atingiu o Paraná, ocasionando falta de água para milhares

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de pessoas. A seca chegou até mesmo a Curitiba, cidade re-conhecida como capital ecológica do país. Isso nos leva a re-fletir se estamos tratando o problema atual de forma isolada, quando deveríamos agir e pensar em âmbito nacional. E na sua cidade, que tal verificar como a situação está?

2. #fato Sem floresta não vai ter água, mas o poder público talvez pense que simA proteção das florestas nativas nas regiões de mananciais, nas margens dos rios ereservatórios é es-sencial para a produção de água. Sem cobertura florestal, a água não consegue penetrar corretamente nos lençóis freáticos, causando diminuição na quantidade de água. Mais do mesmo? Todos sabem dis-so? Em 2012, grande discussão foi levantada quando o Código Florestal foi revisto. As alterações apro-vadas implicaram na redução das Áreas de Proteção Permanente previstas em lei para as margens de rio dentro das propriedades rurais: as matas ciliares (aquelas que protegem as margens dos rios) agora devem ter 15 metros, metade do que era obrigatório antes. Especialistas da área ambiental foram vee-mentemente contra, pois apontavam para a importância da conservação dessas áreas que influenciam a produção de água. Mas, mesmo assim o projeto foi aprovado.

Durante as discussões para aprovação do novo código, processo que durou 13 anos, instituições de proteção ao meio ambiente como a Fundação Grupo Boticário, a SOS Mata Atlântica e a The Nature Conservancy investiram em ações na ordem inversa, garantindo a conservação de áreas-chave para a

Rio Tibagi abastece quase toda a região de Londrina, no norte. (Foto: Seab/Arquivo)

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produção de água em diversas regiões. Elas investiram no Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), iniciativa que premia financeiramente proprietários de terra que conservam a mata nativa em suas pro-priedades, protegendo suas nascentes, além do exigido por lei.

3. Falta de infraestrutura e investimento #desdesempreÀs vezes, costumamos deixar algumas atitudes para a última hora, quando está ‘com a corda no pes-coço’. Nesse caso, não foi diferente. Obras importantes como a construção do Sistema São Lourenço, previsto para 2011, traria água do interior até a Grande São Paulo. As obras começaram apenas em 2014 e têm previsão de ficar prontas em 2017. Isso quer dizer que, se elas tivessem começado em 2011, provavelmente teriam sido entregues em 2014, quando a crise estava se intensificando. Outro ponto importante é que, segundo o Plano Metropolitano de Água III da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a empresa não investiu nem 37% do previsto em obras.

4. Um mar de desperdícioPresente na cadeia produtiva de qualquer insumo, o desperdício é dura realidade também na distribui-ção e no consumo de água. Estima-se hoje que em torno de um quarto da água tratada é perdida no trajeto entre as represas e as torneiras.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 110 litros por dia é suficiente para atender às ne-cessidades de uma pessoa. Parece bastante, mas não é tanto assim. A cada dois minutos no banho, consumimos em média 12 litros de água. Se você é daquelas pessoas que gosta de refletir sobre os problemas do mundo num longo banho, saiba que se demorar 16 minutos terá consumido em torno de 96 litros. Isso sem contar o que usamos para escovar os dentes, dar descarga, lavarmos as mãos, cozinhar, lavar a roupa, além de matar a sede. Quando colocamos na ponta do lápis, percebemos a importância de cada um economizar ao máximo na sua rotina diária.

5. Racionar por quê? #cadeaáguaqueestavaaqui?Mesmo sem muita cobertura da mídia em anos anteriores, em 2014 muito já se falava em falta de água e em uma possível crise hídri-ca bastante grave. Apesar disso, o racionamento oficial pelos órgãos competentes não aconteceu, por quê? Será que interesses políticos influenciaram as tomadas de decisão relacionadas à crise hídrica? Mais uma dúvida sem resposta exata para os tantos questionamen-tos que envolvem a situação. Independente das razões, o fato é que essa atitude piorou ainda mais um cenário já bastante complicado.

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6. Com a palavra, São Pedro: falta chuva, sim, mas não é de hojeClaramente a falta de chuva é um fator importante na equação da crise. Mas ela não veio tão de repente assim. Desde 2012, e principalmente no ano seguinte, a quantidade de chuvas foi caindo vertiginosamente. E muitas pessoas sabiam disso. O relatório 20–F da Sabesp, de 2012, afirmava que há anos observava--se a redução nos níveis pluviométricos. Diversas instituições ambientalistas também alertavam sobre a falta das chuvas, fruto de mudanças climáticas e

desmatamentos que prejudicam o ciclo da água. Mesmo assim, quase nada foi feito. Por isso, não po-demos apenas culpar São Pedro por ter sido econômico demais nas chuvas; ou por errar na pontaria.

7. O clima muda sem pedir permissão #otempotodoA poluição e os Gases do Efeito Estufa (GEEs) que jogamos na atmosfera diariamente, têm alterado o clima e, consequentemente, as chuvas. Ainda não temos condições de saber exatamente os reais efeitos das mudanças climáticas, mas já estamos sentido os eventos extremos, com grandes secas em algumas regiões e fortes tempestades em outras, bem como os seus resultados para nossas vidas.

As mudanças climáticas, que comprovadamente foram aceleradas pela ação do homem, tornam o cli-ma irregular. Dessa forma, mesmo os especialistas acabam tendo dificuldade em prever quando, onde e quanto vai chover.

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8. A água virtual que vai embora do paísVocê já ouviu falar em água virtual? É um conceito muito interessante criado pelo professor britânico John Anthony Allan, que calcula a quantidade de água utilizada na produção de bens de consumo. Ele leva em consideração não apenas a água contida no produto, mas a que foi usada em todas as etapas do seu proces-so de fabricação. Por exemplo, na produção de uma xícara de café são utilizados cerca de 140 litros de água.

Para a produção de um quilo de carne de gado, esse número chega a 15 mil litros de água. Essa quan-tidade astronômica de água, na maioria das vezes, nem fica para o consumo do brasileiro, pois o país é o maior exportador de carne bovina do mundo. De acordo com dados da Unesco, se somarmos todas as commodities que o Brasil exporta, enviamos ao exterior aproximadamente 112 trilhões de litros de água doce por ano, o equivalente a 45 milhões de piscinas olímpicas.

9. Rios Voadores regulam chuva em todo o paísNa natureza, tudo está interligado buscando um equilíbrio. Apesar de não parecer, mas um ecossiste-ma que está a cerca de três mil quilômetros de distância pode ser fundamental para garantir a produ-ção de água em outro. No caso do Brasil, existe o fenômeno chamado ‘rios voadores’: grandes massas de vapor de água se formam no Oceano Atlântico – na altura do litoral nordestino – e ao chegarem na região amazônica aumentam de volume ao incorporar a umidade evaporada pela floresta. Levados pelas correntes de ar em direção ao Sul do país, elas são importantes para a formação de chuvas em

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diversas regiões, como a Sudeste. Portanto, o aumento no desmatamento da Amazônia, que após qua-tro anos em queda voltou a subir em 2013, pode reduzir os índices pluviométricos em outras regiões.

10. O Brasil tem uma imensa caixa d’água #cerradoDa mesma forma que temos a caixa d’água em nossas ca-sas para garantir que ela não falte, o Brasil também possui uma região que é essencial para que o recurso continue sendo produzido. É o Cerrado, que ocupa 22% do território nacional e concentra oito das 12 bacias hidrográficas do país (67%), além de possuir alta concentração de nascen-tes de rios que abastecem outras regiões brasileiras.

Apesar da sua importância, ele é o segundo bioma mais ameaçado do país e sofre com as pressões da agricultura e principalmente da pecuária e das queimadas não naturais. Além disso, o Cerrado é o que possui menor porcentagem de unidades de conservação de proteção integral, tendo apenas 8,21% do seu território legalmente protegido, sendo apenas 2,85% de proteção integral. Vale lembrar que não estamos fazendo nossa tarefa de casa: esse índice é muito abaixo da meta com a qual o Brasil se com-prometeu com a ONU, em 2010, ao se tornar signatário das Metas de Aichi. O compromisso diz que, até 2020, o país deve ter 17% de áreas terrestres de grande importância ecológica protegidas por meio de sistemas estruturados de unidades de conservação.

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11. “Águas, são muitas, infindas”. #realidadebrasileiraEsse é um pequeno trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, relatan-do à corte portuguesa sobre a incrível quantidade de água que o re-cém-descoberto Brasil tinha. Realmente somos um país privilegiado, com a maior reserva de água doce do mundo. Possuímos a maior bacia hidrográfica do planeta (Amazônica), bem como a maior pla-nície alagável do mundo (Pantanal), entre outros recordes de água doce. O Brasil é referência em água no mundo. Porém, é preciso con-servação, tecnologia e interesse político para que esse recurso seja revertido em benefício para os brasileiros.

É necessário que aprendamos com a natureza a busca pelo equilí-brio. Nenhum desses onze fatos deve ser encarado de modo isolado ou como se fosse mais importante que os demais. Todos estão inter-ligados e fazem parte de um contexto que nos trouxe até a maior crise hídrica de nossa história, porque descuidamos de nosso patri-mônio natural. O problema da água existe, mas a realidade sobre o que o casou e sobre como revertê--lo também estão aí.

Colaboração de Maria Luiza Campos, NQM, para o Portal EcoDebate, 25/03/2015

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SÃO PAULO

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Crise hídrica: São Paulo está preparada para enfrentar a estiagem?

A cidade de São Paulo entrou no período de estiagem, no mês passado, com cerca de meta-de da água que havia no reservatório da Cantareira (principal fonte de abastecimento para a capital) no início da estação seca de 2014.

Além disso, o sistema recebeu, em abril, a metade da chuva esperada para o período, e só nos primeiros cinco dias de maio viu seu nível de água cair por duas vezes.

Em meio à maior seca dos últimos 80 anos, manter a metrópole de 20 milhões de habitantes abasteci-da nos próximos meses é um dos maiores desafios já enfrentados por autoridades paulistas na história da cidade. Além de ter de vencer um período de inverno majoritariamente seco, os paulistanos têm de torcer para que as chuvas retornem na primavera – o que não ocorreu em 2014.

O governo paulista, no entanto, se diz preparado para a missão, embora especialistas ouvidos pela BBC Brasil se mostrem mais céticos.

Desde janeiro, um respeitado especialista em recursos hídricos - Benedito Braga, professor da USP e ex-presidente do Conselho Mundial da Água - assumiu a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH) do Estado.

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Sob o comando de Braga, o tom da SSRH é confian-te, mas cauteloso: tudo depende de quão severa será a estação seca, disse o secretário em entrevis-tas. Em nota à BBC Brasil, a SSRH disse que rodízio de água é um cenário “distante” mas que não foi completamente descartado e enumerou as princi-pais medidas que vêm sendo adotadas para a se-gurança hídrica da cidade.

A vazão do Cantareira deve cair ainda mais. Progra-mas de incentivo à economia de água - como o bônus para quem economiza, já em prática - serão mantidos. Além disso, a secretaria promete maior fiscalização de captações irregulares para uso industrial e irrigação e contra roubos de água na rede.

A estratégia do governo tem, como um de seus pilares, obras que visam diminuir a demanda sobre o sistema Cantareira. Assim, áreas antes abastecidas por ele passam a receber água de outras represas. No início do ano passado, o Cantareira atendia quase 9 milhões de pessoas; hoje são 5,4 milhões, informou a Sabesp. Ao mesmo tempo, obras emergenciais foram antecipadas para 2015 para reforçar a capaci-dade de abastecimento das represas Billings, Guarapiranga e sistema Alto Tietê.

Águas da Billings, em São Paulo; secretaria estadual promete mais fiscalização de captações irregulares de água na cidade

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Em entrevista à BBC Brasil, a especialista em recursos hídricos Stela Goldenstein, ex-secretária estadual de Meio Ambiente na gestão Mário Covas e municipal na gestão Marta Suplicy, explicou a lógica por trás dos planos do governo.

“A estratégia do governo é ‘não tenho água no Cantareira, mas tenho em outras represas’. Então, você encolhe a mancha urbana que era abastecida pelo Cantareira e expande a mancha abastecida por ou-tros mananciais.”

TransparênciaO problema, apontam especialistas, é que o plano depende de obras emergenciais que terão de ser fei-tas muito depressa.

E mesmo prometendo obras a toque de caixa, os pri-meiros atrasos começam a surgir. Na última segun-da-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alck-min, anunciou que uma das obras prometidas para evitar o rodízio, a ligação do sistema Rio Grande com o Alto Tietê, anteriormente prevista para ser finaliza-da em maio, só deve ficar pronta em setembro.

Redução da vazão de água força comunidades a recorrer a caminhões-pipa

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O cenário deixa especialistas apreensivos“Se na estiagem de 2015 for mantido o mesmo ritmo de uso de 2014, há chances reais de esgotarmos o Cantareira até o final de outubro próximo”, disse à BBC Brasil Décio Semensatto Júnior, professor de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A SSRH disse à BBC Brasil que a vazão do Cantareira será ainda menor em 2015, o que alteraria o resul-tado desse cálculo. Mas como a vazão já era baixa em 2014 – um terço da vazão normal – há pouco espaço para manobra. Ou seja, a Sabesp (Empresa de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a cargo das obras, corre contra o tempo.

“Vai dar tempo? Eles contam que sim”, disse Goldenstein. “Mas para sabermos se dá tempo ou não, te-ríamos de ver contratos e cronogramas de obras. Ninguém fora da Sabesp faz a menor ideia.”

Aqui, a ex-secretária de Meio Ambiente, hoje diretora-executiva da ONG Águas Claras do Rio Pinheiros – que trabalha pela limpeza do rio que corta a cidade e que poderia, um dia, ser parte da solução para o problema da água –, esbarra em uma questão que incomoda vários especialistas consultados pela BBC Brasil: eles apontam o que veem como uma falta de transparência do governo na gestão da crise hídrica, a ausência de uma estratégia mais ampla de comunicação com a população e uma suposta falta de um plano de contingência caso a estratégia atual dê errado.

“A população não foi informada sobre a crise, não sabe as dimensões econômicas, de saúde pública, da crise. Precisa ser informada brutalmente, como fez Churchill na Segunda Guerra, com aquela frase: ‘Não tenho nada a oferecer senão sangue, suor e lágrimas’”, disse à BBC Brasil o especialista em recursos

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hídricos e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) José Galízia Tundisi.

Tundisi estava se referindo ao primeiro-ministro bri-tânico Winston Churchill, que liderou a Grã-Bretanha na luta contra os nazistas. Tinha o apoio de todos os partidos políticos e da população.

“Fui demandado por bancos para fazer (um estudo com) alguns cenários para a crise hídrica. Vai conti-nuar? Quanto tempo vai durar? Vai ter repercussões no abastecimento? As indústrias podem ficar ina-dimplentes? E eu vou emprestar dinheiro para essas indústrias? É isso que eles queriam saber”, disse Tundisi.

“A população não sabe disso e precisa ser informada. Discordo dessa ideia de que você não pode informar porque a população entra em pânico. Você abre o problema para poder mobilizar a população”, argumentou.

Para Tundisi, o plano do governo só dará certo com a adesão completa dos paulistanos.

“Se o governo for bem-sucedido em reduzir drasticamente a demanda, é possível que não seja preciso um rodízio. Mas teria de haver êxito completo na redução da demanda, com premiações, informações e educação.”

Represa de Atibainha, parte do Sistema Cantareira, em fevereiro; “Se na estiagem de 2015 for mantido o mesmo

ritmo de uso de 2014, há chances reais de esgotarmos o Cantareira até o final de outubro próximo”, diz especialista

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LiderançaA SSRH disse em nota que, desde 2014, vem fazendo campanhas de esclarecimento da população. Mas, na opinião de especialistas ouvidos pela BBC Brasil, as campanhas não chegam nem perto do que precisaria ser feito para que se alcance uma mudança profunda na cultura de uso da água. Também falta orientação prática, na visão de Semensatto Júnior.

“Estamos vivendo uma situação sem precedentes e a sociedade não está preparada para isso. A de-sorientação e desorganização ocorrem porque as autoridades não informam de forma explícita o que devemos fazer. Tampouco informam se há, de fato, um plano geral de contingência e qual o nível de segurança dos reservatórios.”

Ele exemplificou: “Eles poderiam determinar que a partir de um dado volume armazenado no reserva-tório, a vazão vai ser reduzida em x% e os usuários terão que tomar um conjunto de atitudes pré-esta-belecidas para que essa redução não os prejudique mais”.

A frustração do professor não tem apenas razões profissionais. Ele disse à BBC Brasil que, no início de abril, sem qualquer aviso, o prédio onde mora, em Diadema, na grande São Paulo, ficou quase três dias sem abastecimento de água. “Fiquei 60 horas sem água. Foi o maior tempo até agora na minha casa.”

Casos como o de Semensatto são comuns. A BBC Brasil ouviu relatos de duas escolas na periferia de São Paulo afetadas pela queda na pressão da água. Em ambos os casos, as torneiras secaram. Administradores tiveram de recorrer à compra de água para o consumo e a higiene de bebês e crianças. Um diretor falou em “fezes se acumulando no vaso” e professores jogando baldes com água no sanitário periodicamente.

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Também em ambos os casos, as escolas disseram não ter sido avisadas previamente pela Sabesp. Após informarem a companhia sobre a falta de água, a resposta teria sido lenta. A Sabesp teria, inicialmente, negado a existência do problema. “A Sabesp alegava que a pressão na nossa região era normal, não havia sido diminuída”, disse o diretor, que não quis ser identificado.

Em nota à BBC Brasil, a Sabesp informou: “Com a redução de pressão, áreas mais altas e distantes dos centros de distribuição podem registrar pontualmente problemas de abastecimento”.

Goldenstein lembrou que os avisos antes do corte estão previstos no regulamento da Sabesp.

“Em situações como essas, o governo deveria informar previamente e orientar quanto aos procedi-mentos. E do ponto de vista de regulação do serviço, é previsto que tenha aviso.”

Mas com ou sem aviso, a população parece estar recebendo a mensagem, ela ponderou. “A Sabesp diz que 82% dos usuários reduziram o consumo. Ela não diz qual foi a redução, então não sabemos se é suficiente. Mas se o número é real - e não tenho domínio desse número -, significa uma mobilização excepcional. É curioso, a informação se dá por outros meios. Talvez a imprensa e as ONGs tenham tido um papel importante.”

E o plano de contingência caso a estratégia do governo não dê certo e as autoridades se vejam obriga-das a implantar um rodízio severo? Em nota, a SSRH informou que o plano está sendo elaborado. Um assessor disse à BBC Brasil que não há data para a sua divulgação.

Mônica Vasconcelos – Da BBC Brasil em Londres

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Crise da água

Acompanhe o nível dos reservatórios de São Paulo, Rio e Belo Horizonte

São Paulo

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Fonte: Sabesp

Infográfico atualizado em: 19/8/2015, às 10h15

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Rio de Janeiro

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Fonte: ANA (Agência Nacional de Águas)

Infográfico atualizado em: 12/8/2015, às 17h

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Belo Horizonte

Fonte: Copasa

Infográfico atualizado em: 19/8/2015, às 11h

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SOLUÇÕES

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Dinamarca reduziu consumo per capita de água em 35% nos últimos 20 anos

A falta d’água já foi um problema para a Dinamarca, que hoje, com a Alemanha, encabeça a lista das nações consideradas referência na Europa no que diz respeito ao sistema de abastecimento. Depois de enfrentar um período de escassez na década de 70, o país nórdico vivenciou uma ampla reforma no setor, que gerou melhorias na qualidade da água e na eficiência do sistema, queda no percentual de perda por vazamentos e redução de 35% no consumo per capita de água por ano.

Até a década de 80, cada cidadão dinamarquês consumia, em média, 60 mil litros de água por ano, cerca de 164 litros por dia. Atualmente, o consumo médio é 39 mil litros por ano, 107 litros por pessoa/dia. No Brasil, o consumo médio atual chega a 166,3 litros per capita/dia.

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Para o especialista em políticas ambientais da Universidade de Aarhus, Mikael Skou Andersen, o ponto central da reforma conduzida pelo governo foi o repasse do custo real da água para os consu-midores, o que, na Europa, é chamado de “preço cheio da água”. Além de pagar pelo que consome, o cidadão na Dinamarca paga taxas ambientais e de serviços. “Com a elevação no preço, pudemos observar uma redução considerável no consumo”, enfatiza o pesquisador que acompanhou o pro-cesso de mudança no país.

A diretiva-quadro sobre água da União Europeia (principal instrumento do bloco em relação à ges-tão dos recursos hídricos), lançada em 2000, estipu-la a introdução do chamado “preço cheio da água” em todos os países-membros, como forma de estimular o uso racional do recurso. Entretanto, muitos deles ainda não conseguiram cumprir o estabelecido. Na Irlanda, por exemplo, onde a água era forne-cida gratuitamente aos cidadãos até outubro do ano passado, a escassez de água levou à implementa-ção de um sistema de cobrança, o que tem gerado amplos protestos populares.

Até a década de 80, cada cidadão dinamarquês consumia, em média, 60 mil litros de água por ano, cerca de 164 litros

por dia. Atualmente, o consumo médio é 39 mil litros por ano, 107 litros por pessoa/dia. No Brasil, o consumo médio

atual chega a 166,3 litros per capita/dia.

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“A água é um recurso limitado e a implementação gradual do preço cheio é um incentivo ao uso cons-ciente e à melhoria das instalações. Países com sistema de preço adequado, como a Dinamarca, conse-guiram reduzir o consumo para algo em torno de 100 litros por pessoa, por dia, sem perda de conforto para o consumidor”, afirmou Skou. Para um consumo de 50 mil litros por ano, um cidadão dinamarquês que vive sozinho paga hoje mais de dez vezes o que pagaria em 1980: em torno de 3,5 mil coroas por ano (R$ 1,5 mil por ano, ou R$ 125 por mês).

De acordo com o pesquisador, o modelo aplicado na Dinamarca poderia ser seguido por países maio-res, como o Brasil. “Para balancear, o governo poderia optar pela redução de outras taxas, ou mesmo oferecer um subsídio, o que chamamos de cheque verde, para famílias de baixa renda.”

Para ampliar a eficiência do sistema, a legislação prevê que as companhias de abastecimento mante-nham o percentual de perda de água por vazamentos abaixo de 10%, do contrário, não são autorizadas a repassar a taxa ambiental aos consumidores, tendo, assim, que pagá-la ao Estado. A perda, que era de 15% na década de 80, hoje é de 6%, uma das menores do mundo. No Brasil, essa taxa varia de 30% a 40%, dependendo do município.

A reportagem da Agência Brasil visitou a Companhia de Água de Aarhus, segunda maior cidade da Dinamarca, com cerca de 330 mil habitantes. A diretora de produção do Departamento de Água Potável, Pia Jacobsen, informa que o percentual de perda de água por causa de vazamentos em Aarhus, hoje, chega a 6%, e que a meta é reduzir para 5% até 2030. “O aumento desse percentual para acima de 10% é inadmissível, pois representaria um custo muito alto para a companhia”, observa ela, em referên-cia ao que prevê a legislação.

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A companhia de Aarhus conta com 1,5 mil quilômetros de rede, a maior da Dinamarca. Todos os anos, em média, 15 quilômetros de redes velhas ou com defeito são trocadas ou renovadas. O chefe de Operações do Departamento de Água, Michael Rosenberg Pedersen, diz que o segredo da eficiência é investimento em manutenção e monitoramento 24 horas. “Dividimos a cidade em zonas e fazemos um monitoramento especial, com equipamentos modernos. Quando um problema é detectado, envia-mos uma equipe imediatamente ao local para checagem”, explica. Ele enfatizou que, para a empresa, “perder água é perder dinheiro”. “É o nosso produto que estamos jogando fora.”

Desde a seca enfrentada na década de 70, a Dinamarca passou a retirar toda a água que consome dos lençóis freáticos, e não da superfície. Nas estações de tratamento, ela passa por processos de filtragem e aeração (adição de oxigênio) e, de lá, vai direto para as torneiras. No país nórdico, é proibido fazer o tratamento da água potável com cloro ou outros aditivos, como se faz no Brasil. O governo prefere trabalhar para combater a contaminação, por meio de um monitoramento rigoroso da qualidade e da pureza de sua água subterrânea.

O resultado é uma água de alta qualidade, que sai da torneira direto para o copo dos dinamarqueses. A estudante mineira Fernanda Bartels, que mora em Aarhus há seis meses, conta que levou um tempo para tomar, com naturalidade, água da torneira. “Eu desconfiava, achava que não era pura de verdade e que iria me fazer algum mal.”

A água de torneira é servida em restaurantes e hotéis dinamarqueses. O país tem ainda um concur-so anual, o Danish Water Grand Prix, em que provadores de vinho, os sommeliers, provam a água de 30 companhias de abastecimento localizadas em diferentes regiões do país e indicam qual é a mais

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saborosa. Os organizadores do concurso garantem que o sabor da água varia bastante de região para região, de acordo com os minerais presentes em sua composição.

Para o especialista em políticas ambientais da Uni-versidade de Aarhus, apesar do sucesso das refor-mas na Dinamarca, ainda há desafios a serem en-frentados. “Os mais significativos são o controle dos níveis dos lençóis freáticos, o combate à poluição e à contaminação por pesticidas e o controle das consequências das mudanças climáticas.”

Ele destaca, entretanto, que a população dinamar-quesa aprendeu a valorizar a água e avalia que esse é o caminho para os demais países. “A água é um recurso escasso e não dá mais para adotar medidas paliativas. As nações precisam encontrar um me-lhor balanço entre a oferta e a demanda.”

Giselle Garcia – Correspondente da Agência Brasil/EBC

O país tem ainda um concurso anual, o Danish Water Grand Prix, em que provadores de vinho, os sommeliers, provam

a água de 30 companhias de abastecimento localizadas em diferentes regiões do país e indicam qual é a mais saborosa.