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SOBRE A HISTÓRIA 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA Ao

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História2

SUMÁRIO DO VOLUMEHISTÓRIA

SOBRE A HISTÓRIA 51. Introdução ao estudo da História 5

1.1 A História e seus métodos de estudo 51.2 Como se divide a História 71.3 A evolução da historiografi a 91.4 A Pré-História 11

ANTIGUIDADE ORIENTAL 182. A Antiguidade Oriental 18

2.1 A civilização egípcia 182.2 As civilizações mesopotâmicas 242.3 Demais civilizações 292.4 As civilizações indiana, chinesa e japonesa 32

ANTIGUIDADE CLÁSSICA 403. O Mundo Grego 40

3.1 O Período Pré-Homérico ou Creto Micênico (Século XX-XII a.C.) 413.2 Período Homérico (Século XII – VIII a. C.) 423.3 Período Arcaico (Século VIII – VI a.C) 423.4 O período Clássico (Século V – IV a.C.) 473.5 A cultura grega 50

4. Roma 574.1 A Monarquia (753 a.C. – 509 a.C.) 584.2 A República (509 A.C. – 27 A.C.) 594.3 A expansão romana e o fi m da República 604.4 O Império Romano 654.5 O Baixo Império 674.6 A cultura romana 68

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SUMÁRIO COMPLETOVOLUME 1

UNIDADE: SOBRE A HISTÓRIA 1. Introdução ao estudo de História

UNIDADE: ANTIGUIDADE ORIENTAL2. A Antiguidade Oriental

UNIDADE: ANTIGUIDADE CLÁSSICA3.O mundo grego4. Roma

VOLUME 2

UNIDADE: IDADE MÉDIA5. A Alta Idade Média6. Feudalismo7. A crise do Sistema Feudal: o fi m da Idade Média e o Renascimento comercial e urbano

VOLUME 3

UNIDADE: A MODERNIDADE8. A formação do Estado Nacional e a expansão marítima europeia9. Renascimento, Reforma e a Contrarreforma

UNIDADE: AMÉRICA NATIVA10. As civilizações pré-colombianas

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Introdução ao estudo da História

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SOBRE A HISTÓRIA

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA

Ao ler jornais, revistas, assistir a noticiários, ou mesmo a um � lme, seja ele de � cção ou não, é necessário um arcabouço de conhecimentos para que se possa ter compreensão daquilo com que se está tendo contato. Muitas vezes, os meios de comunicação abordam a condição de países, de con� itos, ou os costumes e as culturas diferentes e ocorre alguma di� culdade de acompanhar as discussões. É nesse momento que se percebe a importância do estudo de História, pois o conhecimento acerca do passado colabora decisivamente para que sejam compreendidas as questões dos dias atuais. A sociedade atual é fruto de milhares de anos de História, em que mudanças profundas ocorreram. Houve, também, muitas permanências. É o conhecimento desse processo que colabora para a compreensão do mundo que nos cerca. Somente compreendendo-o é que se pode interagir com ele, promovendo alterações bené� cas à sociedade e, consequentemente, ao próprio indivíduo.

1.1 A História e seus métodos de estudo

Normalmente, a� rma-se que o estudo da História consiste em compreender como as sociedades surgiram e se transformaram ao longo do tempo e em diferentes espaços. Mas é preciso esclarecer que a História é fruto do presente, pois se volta para o passado a partir das inquietações e problemáticas que são vivenciadas no presente. Ou seja, com o passar do tempo, diferentes gerações de historiadores se dedicam ao estudo de uma mesma temática, e cada um deles analisa essa temática a partir de uma ótica diferente, a qual está alinhada com as indagações de seu tempo. Segundo o historiador e jornalista inglês Edward Hallet Carr, “... o historiador, antes de começar a escrever História, é o produto da História. O ponto de vista que determinou a abordagem do historiador está enraizado no background social e histórico do pesquisador.” Assim, entende-se que a História está continuamente em processo de construção devido às transformações que ocorrem no meio em que vivem aqueles que se dedicam ao seu estudo. Outro fator que possibilita um contínuo repensar da História é o desenvolvimento tecnológico, que atualmente permite muitas descobertas sobre as gerações passadas. O historiador procura investigar e analisar ações humanas que foram responsáveis por mudanças ou permanências na sociedade. Além disso, procura entender como essas rupturas ou continuidades se relacionam com a atualidade. Para tal, o pesquisador utiliza as chamadas fontes históricas. São consideradas como fontes históricas os registros, os vestígios e as marcas deixadas pelo homem ao longo do tempo, os quais possibilitam entender como viveram os antepassados. Existe uma variedade muito grande de fontes, pois tudo tem um valor histórico. Existem as fontes escritas, que englobam todos os tipos de registros produzidos pelo ser humano em forma de inscrições, cartas, letras de canções, livros, jornais, pan� etos, revistas, documentos públicos, testamentos, etc. As fontes não escritas englobam todos os tipos de registros produzidos pela atividade humana que utilizam linguagens diferentes da escrita, como por exemplo, pinturas, esculturas, vestimentas, armas, músicas, discos fonográ� cos, � lmes, fotogra� as, utensílios.

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Outro exemplo de fonte histórica não escrita é o depoimento de pessoas (idosos, moços, gente famosa e gente comum) sobre inúmeros aspectos da vida social e individual. Esses depoimentos podem ser colhidos a partir de entrevistas gravadas pelo próprio historiador. Servem para registrar a memória (pessoal e coletiva) e ampliar a compreensão da história que está sendo feita hoje, ou a de um passado recente. É a chamada de História Oral. Além de consultar e analisar essas variadas fontes, o historiador conta com o auxílio de outras ciências, como, por exemplo, a Geogra� a, a Sociologia, a Filoso� a, a Antropologia, a Economia, a Arqueologia, a Paleogra� a, a Numismática, dentre outras.

Compreendendo ossentidos do textoCompreendendo ossentidos do texto

A atividade seguinte fez parte da Olimpíada Brasileira de História do Brasil promovida pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). A questão promove uma refl exão acerca do papel dos museus. Para resolvê-la, leia os trechos seguintes:

O BOM MUSEU

artigo de jornal

“Conhecemos instituições de internamento: o asilo, o hospital, a prisão, a escola, o quartel. Ora, o museu as reúne todas: de fato, parece uma escola, por sua vontade didática e suas peocupações historicistas; evoca a prisão, com suas vigilâncias, barreiras, proibições, sem contar o silêncio e os longos corredores; assemelha-se ao hospital ou ao asilo, porque recolhe restos mais ou menos deteriorados, salvos do desastre ou do tempo e, aliás, tratados em consequência (múltiplos cuidados: desinfecção, próteses e restaurações consolidantes): é uma escola, uma prisão, um hospital”. Esse é um trecho de “Le Musée sans Fin” (O Museu sem Fim, ed. Champ Vallon, 1982), escrito por François Dagognet, ele próprio bom leitor de Michel Foucault. Local disciplinar e repressivo, em que as obras são confi nadas e os espectadores adestrados segundo normas rígidas de comportamento, o museu também é um lugar de crença e de espetáculo. A crença no valor espiritual das artes faz dele uma solene catedral laica. Os limites da visibilidade, dispostos pelos curadores e diretores, transforma-o num cenário. As decisões, o domínio e a manipulação situam-se nas coxias. Sobre o público, massa passiva e menosprezada, derramam-se escolhas misteriosas, indiscutíveis.

El supremo A velha ideia do intelectual diante da vanguarda das massas nasceu no Iluminismo e reforçou-se com certas concepções marxistas. Tem hoje seu refúgio no diretor ou no conservador de museus. É ele quem

Disponível em: <www.creafrance.org/fr/poi/14390/grotte-de-niaux>. Acesso em: 10 out. 2012.

Durante um longo período da história, o homem não dominava a escrita, e uma das formas de registro desses homens era a pintura nas cavernas. Através do uso de pigmentos naturais, eles registravam seu cotidiano. Na imagem, pintura rupestre encontrada na caverna de Niaux na França. Atualmente essas pinturas são fontes de estudo do modo de vida do homem na Pré-História.

Disponível em: <http://gigawallpapers.com>. Acesso em: 10 out. 2012.

Essa imagem é um registro do ataque ao World Trade Center, em Nova Iorque, EUA. A partir desse documento histórico, pode-se desenvolver uma ampla pesquisa, pois é importante analisar o contexto histórico em que o fato ocorreu e suas consequências. Enfi m, é necessário avaliar quais suas repercussões, dentre outras discussões.

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decreta quais obras que o público deve ver, quais vão para as reservas. Esse poder chega às raias da paranoia. Os grandes museus internacionais permitem, pelo menos aos estudiosos, acesso fácil ao acervo conservado em reserva. Mas, em outros, o pesquisador encontra tropeços e portas fechadas. É então a via-crúcis dos pedidos negados, das cartas não respondidas, dos arbitrários: “ Esta não”, “aquele não pode”. É o gostinho prazeroso do mando: todas as razões se resumem a “porque eu não quero”.

Libertação Em 1937, Le Corbusier propôs o projeto de um museu de arte moderna em que as reservas seriam abertas ao público. [A arquiteta] Andrée Putman criou, para o museu de Rouen, na França, uma formidável apresentação, incluindo as reservas no percurso do espectador. São poucos os exemplos de soluções assim democráticas. Ocorreu no Museu D. João 6o, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma renovação espantosa, coordenada pela professora Sonia Gomes. Sua coleção preciosa, admirável, vinculada à Escola Nacional de Belas Artes desde seus antigos primórdios, está exposta em totalidade, afora as obras mais frágeis, como os papéis. Ideia perfeita: salas de exposição concebidas como reservas. Que não se imagine, no entanto, a assepsia sem graça comum nesses lugares. A museografi a de Marize Malta, sensível, pensou as cores com cuidado, dispôs obras nas paredes e nos painéis que o visitante deve, ele próprio, manipular para trazê-las à exposição. Não é um recinto técnico: é um lugar lindo e de prazer. O visitante não o percorre apenas: fi ca e não tem mais vontade de ir embora.

Inédito Todos os diretores de museus brasileiros deveriam fazer uma peregrinação ao D. João 6o. Para inspirarem-se em suas soluções e, sobretudo, em seu espírito. Muitos decerto invocariam razões práticas para continuarem autoritários. Os obstáculos são, porém, mentais, e não concretos. Outros aproveitariam. Fica longe, no Fundão, prédio da Reitoria. Mas quem não foi, faça um esforço e vá, para se regalar. Glossário Curador (CURADORIA): designação genérica do processo de concepção, organização e montagem da exposição pública. Inclui todos os passos necessários à exposição de um acervo, quais sejam conceitução, documentação e seleção de acervo, produção de textos, publicações e planejamento da disposição física dos objetos. Refere-se também ao cargo ou função exercida por aquele que é responsável por zelar pelo acervo de um museu.

1 A partir da leitura do texto anterior, assinale a alternativa mais pertinente.a) As reservas fazem parte do acervo de um museu, ainda que não sejam expostas ao público e tenham seu aceso restrito.b) O museu é um lugar de disputas, no qual a curadoria cria seu próprio discurso cultural ao selecionar as obras de arte que serão expostas.c) O museu é apresentado pelo artigo como um lugar de prazer, em que a arte e os documentos perdem seu valor por conta de seus manuseios pelo público visitante.d) O texto defende uma ideia inovadora de museu que, diferente de um espaço disciplinador, deveria interagir com o seu público visitante e proporcionar a ele uma atividade de lazer.

1.2 Como se divide a História

Um aspecto importante no estudo da História é a contagem de tempo. Existem diversas formas de se medir o tempo, pois muitos sistemas de contagem foram criados por povos de culturas diferenciadas e em épocas diferentes. Na maioria das vezes, os sistemas de contagem de tempo surgiram a partir da observação dos fenômenos da natureza, principalmente da movimentação dos astros como o Sol e a Lua. Através da observação da movimentação desses astros, surgiu, por exemplo, a de� nição do dia e da noite, da contagem dos meses, etc. Essas são medidas cronológicas, ou seja, que medem o tempo físico. A História utiliza-se do tempo cronológico para facilitar seu estudo, mas o tempo histórico é bastante diferente. Tempo histórico são os períodos em que os homens vivenciaram realidades mais ou menos semelhantes, ou seja, compartilharam da mesma maneira de compreender a realidade, os problemas semelhantes, as ideias, os conceitos, entre outras questões. Muitos historiadores, como, por exemplo, Eric Hobsbawn, a� rmam que o século XX está compreendido entre o ano de 1914 (início da Primeira Guerra Mundial) e o ano de 1989 (queda do Muro de Berlim), período marcado pelas atrocidades das duas guerras mundiais e pela disputa ideológica entre Capitalismo

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e Socialismo. É bom ressaltar que o fato de a queda do Muro de Berlim ser considerada o marco do � m do século XX não quer dizer que a mentalidade das pessoas tenha mudado radicalmente. A mudança na forma de compreender a realidade nos sistemas econômicos e nas relações sociais ocorre lentamente, é um processo de longa duração. Ao contrário, eleições de presidentes, golpes de Estado, revoltas sociais são processos de curta duração. É bom ressaltar que, ao se criarem divisões cronológicas ou históricas em relação ao passado, age-se de maneira arbitrária, pois essas divisões existem a partir da ótica daqueles que as criaram, excluindo o modo de outros indivíduos ou de outras sociedades compreenderem a realidade. Analisando dessa forma, é compreensível a existência e a adoção de diferentes calendários por diferentes sociedades. Na maioria das sociedades ocidentais, é adotado o calendário cristão. Esse calendário tem como marco inicial o nascimento de Jesus Cristo. Dessa maneira, o ano 1 é o ano em que Jesus Cristo nasceu. As datas antes de Cristo devem ser identi� cadas com a.C., e as datas depois de Cristo podem ser identi� cadas com d.C. ou sem nenhuma identi� cação. O calendário cristão agrupa o tempo em dias, meses e anos. Os períodos maiores são agrupados em décadas (10 anos), séculos (100 anos) e milênios (1 000 anos). Os séculos são indicados por algarismos romanos.

Exemplos: Século I – do ano 1 até o ano 100. II – do ano 101 até o ano 200. XV – do ano 1401 até o ano 1500. XX – do ano 1901 até o ano 2000.

Muitas pessoas comemoraram a chegada do século XXI no início do ano 2000, mas, na realidade, o século XXI teve início em 2001. Para calcular os séculos, existem duas regras que facilitam a compreensão: • Se o ano termina com dois zeros, tira-se os dois zeros e tem-se o século. 500 → 500 = século V 1900 → 1900 = século XIX

• Para outras datas, excluem-se os dois últimos algarismos e soma-se 1 ao número, obtendo-se o século. 484 → 484 → 4 + 1 = século V 2013 →2013 → 20 + 1 = século XXI Essas regras são válidas, também, para as datas anteriores ao nascimento de Cristo. Para facilitar e organizar mais ainda o estudo da História, os historiadores dividem o tempo em períodos históricos. Para dividir o tempo histórico em períodos, são utilizados critérios, como a economia, a política, a organização social e os conhecimentos tecnológicos, buscando formar períodos com características semelhantes. O início e o � m dos períodos são marcados por acontecimentos históricos que foram relevantes no momento em que a sociedade passava por um processo de transformação. Nesse sentido, a História está dividida em cinco grandes períodos: Pré-História: abrange toda a experiência humana anterior ao surgimento da escrita, ocorrida há aproximadamente 4000 a.C.. Contudo, essa visão de Pré-História é criticada atualmente, pois a História tem início a partir do momento em que o homem produz cultura, diferenciando-se do restante dos animais. Idade Antiga: marca o início da História, vai da invenção da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C..

Disponível em: <http://fr.wikipedia.org>. Acesso em: 10 out. de 2012.

Mosaico representando o ciclo dos meses do calendário hebraico.

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Idade Média: inicia-se com a queda do Império Romano do Ocidente e termina com a invasão da cidade de Constantinopla (atual Istambul), pelos turcos, em 1453. Idade Moderna: inicia-se em 1453 e � nda com a Revolução Francesa ocorrida em 1789. Idade Contemporânea: inicia-se com a Revolução Francesa e continua transcorrendo até os dias atuais.

PERIODIZAÇÃO CLÁSSICA DA HISTÓRIA

Atualmente, a divisão da História nos cinco grandes períodos citados anteriormente tem sido bastante criticada, pois refere-se a acontecimentos ocorridos na Europa. Ela torna-se eurocêntrica, ou seja, tem como centro de referência a Europa. Dessa maneira, excluem-se as experiências vivenciadas por outros povos, como os chineses, os africanos e os árabes, como se essas tivessem menor importância.

1.3 A evolução da historiografia

A historiogra� a é o estudo da escrita da História, ou seja, de como ao longo do tempo o homem modi� cou a sua forma de compreender o passado. A maioria dos estudiosos concorda que a origem da História se encontra entre os gregos da Antiguidade Clássica. O grego Heródoto, considerado o “Pai da História”, seria o responsável pelo desenvolvimento dessa ciência. Nesse período, os historiadores se dedicavam principalmente ao estudo de grandes feitos heroicos e à narrativa de guerras. Assim, a História era basicamente descritiva, narrativa, um verdadeiro amontoado de datas e fatos. Alguns pensadores como Tucídides e Políbio contribuíram através da busca pela causalidade, ou seja, eles buscavam encontrar as causas, os motivos dos acontecimentos históricos. Os romanos destacaram-se pelo uso que � zeram da história, tentando utilizá-la como um agente dispersor de um sentimento nacionalista. Durante a Idade Média, período marcado pela forte in� uência da religiosidade, a História acompanhou as tendências da sociedade. A História da humanidade era explicada através dos dogmas cristãos. Era comum, também, ressaltar o passado da nobreza, classe social privilegiada naquela época.

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A Revolução Francesa foi um fato histórico que repercutiu na maneira de escrever a História, pois despertou nos estudiosos a necessidade de se compreenderem as sociedades, ao invés de se dedicarem, unicamente, às consideradas grandes personalidades. Com o desenvolvimento do Capitalismo, os historiadores passaram a analisar as sociedades precedentes a partir dos aspectos econômicos e sociais, mas de maneira compartimentada e, na maioria das vezes, priorizando o econômico, como se esse aspecto da sociedade a direcionasse totalmente. No século XIX, com a difusão do Positivismo de Augusto Comte, a função do historiador passou a ser a de encontrar fatores determinantes da verdade histórica. Na visão dos positivistas, era possível detectar a verdade histórica através da análise de documentos

o� ciais, governamentais, os quais jamais seriam errôneos, omissos ou deturpados. Na denominada história positivista, é perceptível a valorização dos trabalhos sobre o militarismo e a política, sendo a última compreendida como a descrição de fatos ligados a governantes. Para os positivistas, a história era construída a partir da pesquisa dos fatos em documentos o� ciais, da organização e da exposição desses fatos de maneira impessoal, ou seja, uma narrativa imparcial do passado. É importante ressaltar que os positivistas deixaram uma grande contribuição quanto ao domínio das técnicas de investigação, coleta e utilização de fontes. No � nal da década de 1920, na França, um grupo de estudiosos, dentre os quais se destacaram Marc Bloch e Lucien Febvre, criaram uma revista que mudou os rumos dos estudos da História. A revista Annales d’histoire économique et sociale possibilitou o surgimento de uma abordagem questionadora da História. Sua principal contribuição foi em relação às fontes históricas: a arquitetura, os objetos de arte, os utensílios domésticos, as vestimentas, as músicas, as iconogra� as, as cartas, os pan� etos, ou seja, tudo que é revelador do passado é também fonte histórica. Além disso, a Escola dos Annales rompeu com uma visão histórica pautada no campo político ou da história individual, desenvolvida, principalmente, através do pensamento positivista.

A partir dos Annales, houve uma ampliação das fontes históricas tornando possível que objetos antes desprezados se tornassem colaboradores na pesquisa sobre o passado. Nas imagens: documento que libertou os escravos no Brasil; trajes de ofi ciais na Guerra dos Sete Anos; capa do disco do grupo Secos e Molhados; escultura de Michelangelo representando Jesus Cristo e Maria.

Obra retratando a Tomada da Bastilha, fato ocorrido em 14 de julho de 1789 e que se tornou símbolo da Revolução Francesa.

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Nessa época, destacava-se a corrente de pensamento que havia se disseminado a partir do � nal do século XIX: o Marxismo. Os historiadores marxistas adaptaram os escritos de Karl Marx e de Friedrich Engels, e surgiu, assim, uma nova forma de compreender a História. Dentre as obras desse período, tiveram destaque: O capital, escrito em 1867 por Marx, e o Manifesto Comunista, escrito em 1848 por Marx e Engels. Para os marxistas, a história é movida pela luta de classes, ou seja, desde os tempos mais remotos, os homens vivenciam os con� itos entre dominados e dominadores. Para eles, haveria um momento em que as classes menos privilegiadas, através de sua conscientização, promoveriam uma revolução, dando início à criação de uma sociedade justa. É a crença numa história linear, progressista e revolucionária. Quando surgiu a Escola dos Annales, muitos marxistas criticaram-na porque ela não priorizava o econômico, e sim buscava compreender a sociedade em sua totalidade e, principalmente, porque ela não apresentava um modelo explicativo que pudesse ser aplicado aos diversos períodos históricos. Assim, com o passar das décadas, surge a Nova História, responsável por tirar essa ciência do isolamento e relacioná-la com conhecimentos de outras áreas. Ao longo da segunda metade do século XX, novas abordagens foram surgindo. Hoje, muitos historiadores buscam especializar-se no estudo de certas áreas, como a história das mentalidades, do cotidiano, do gênero, regional, oral, etc. O importante é compreender que, atualmente, os historiadores buscam conhecer o passado em suas múltiplas representações, sem privilegiar essa ou aquela classe social, e que, principalmente, buscam um diálogo a partir do presente.

Saiba maisSaiba mais

2 Leia, atentamente, os trechos a seguir: (...) Num artigo do professor de sociologia da USP, Emir Sader, publicado em O Globo (10/05/97), ele cita o provérbio africano que diz “até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caça continuarão glorifi cando o caçador”. (...) Segundo o historiador Júlio José Chiavenato, “uma das características básicas da historiografi a ofi cial é negar ao povo qualquer participação profunda nas mudanças da sociedade”. A partir daí, são construídas as supostas ideias dos grandes heróis nacionais e dos baderneiros, dos defensores dos interesses do Brasil e dos que querem destruí-lo, dos mantenedores da ordem, da paz e da família e dos que querem vendê-lo ao terrorismo internacional. Apoiadas na mídia – entendida desde a carta de Caminha até os modernos jornais de hoje – as elites conseguem escrever sua própria história. (...)

Disponível em: <www.latinoamericano.jor.br>. Acesso em: 08 ago. 2009.

Os trechos anteriores criticam o uso da História como forma de legitimar um grupo social no poder. Discuta com seu professor a respeito da historiografi a brasileira, priorizando uma análise do tratamento dado à construção da narrativa histórica no período do Regime Militar (1964/85) no Brasil.

1.4 A Pré-História

Na segunda metade do século XIX, as publicações de Charles Darwin, com destaque para a obra A origem das espécies por meio da seleção natural, causaram enorme rebuliço. A visão perpetuada por séculos através da religião de que o Homem havia sido criado por Deus foi abalada pelos estudos do naturalista britânico, que defendia, a partir de suas pesquisas, a ideia de que a maioria das espécies evolui ao longo do tempo. Segundo Darwin, em meio a cada espécie existe uma permanente concorrência entre seus membros e somente os mais aptos conseguem sobreviver. Desse modo, a própria natureza faz a sua seleção. Darwin observou que, dentro de uma mesma espécie, os seres apresentam variações. Ao

Disponível em:<www.piclib.nhm.ac.uk>. Acesso em: 04 jul. 2012.

Ilustração feita pr Darwin.

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estudar, por exemplo, um grupo de pássaros, Darwin percebeu que os de bico mais a� ado sobreviviam e se reproduziam mais do que os outros. Assim, suas características seriam transmitidas a um número cada vez maior de descendentes. Após muitas gerações, isso levaria ao predomínio de pássaros com bico a� ado. Observações como essa constituíram a base do Darwinismo. Na obra citada, Darwin a� rmou que o homem deveria evoluir tal como outros organismos. Essa a� rmação bastou para que críticos apontassem para uma discussão que não estava expressa no texto do pesquisador: a ideia de que o ser humano teria evoluído do macaco. No início, quando lançou sua teoria, Darwin foi motivo de piadas e chacotas. Contudo, mesmo recebendo muitas críticas, alguns cientistas buscaram compreender e defender a teoria de Darwin. Atualmente, a ideia foi comprovada e aperfeiçoada por pesquisadores e estudiosos do assunto, os quais concluíram que o ser humano não evoluiu propriamente do macaco, mas sim que seres humanos e macacos podem descender de uma mesma espécie. Esses estudos contrariavam a visão religiosa, ou seja, o Criacionismo. Os defensores dessa teoria acreditam que o mundo e o homem foram criados por Deus. E, ainda, que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, como relata a Bíblia no livro de Gênesis. Essa linha de pensamento fundamenta a crença de cristãos e de judeus e deve ser respeitada para que diferentes culturas possam conviver em harmonia. Segundo a teoria evolucionista os seres vivos se adaptam ao meio ambiente para garantir a sobrevivência. Nessa ótica, sabe-se que os primeiros hominídeos, chamados de Australopithecus, também tiveram de se adaptar ao meio em que viviam. Ao longo da História, os primeiros espécimes do gênero humano desenvolveram o raciocínio e foram capazes de produzir recursos que garantiram a sua supremacia e a sua sobrevivência em um ambiente hostil. Pode-se a� rmar que, ao estabelecer formas de interação com a natureza garantindo a sobrevivência humana, os homens da época criaram as primeiras formas de trabalho, as quais posteriormente se transformaram de acordo com o contexto socioeconômico. É necessário ressaltar que, no estudo de História, a análise das relações de trabalho é uma abordagem necessária, pois contribui decididamente para o entendimento de diferentes tempos e culturas. Atualmente é sabido que as descobertas e as conquistas realizadas pelo homem foram lentas. Como os homens pré-históricos eram ágrafos, a pesquisa a respeito desse período � cou restrita à análise de objetos encontrados, de pinturas rupestres, de sepulturas, entre outros. Por ser o período mais longo da História, os historiadores dividiram a Pré- História em três períodos: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Cada um desses períodos foi marcado por determinadas descobertas e conquistas. Mas isso não quer dizer que todos os grupos humanos apresentaram o mesmo nível de desenvolvimento. Cada grupo se desenvolveu em um ritmo próprio. Leia as informações seguintes a respeito dos períodos citados.

Paleolítico (Pedra Lascada)

• Iniciou-se há 2 milhões de anos e terminou, aproximadamente, há 10 000 anos a.C.. • O homem de Neandertal demonstrava os primeiros sinais de uma linguagem articulada. • A grande descoberta desse período foi o domínio do fogo.

Caricatura de Darwin ridicularizado na fi gura de um macaco. A imagem foi publicada na revista francesa La Lune.

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Imagem representando o cotidiano na Pré-História.

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História 13

• Por volta de 40 000 e 18 000 anos atrás, o homem atingiu grande desenvolvimento cultural. Nesse período, o homem de Cro-Magnon era diferente do homem de Neandertal e produzia instrumentos com sílex. • Representação de cenas de caça nas paredes de cavernas. As pinturas rupestres tinham uma função mágica de garantir, na prática, o sucesso das caçadas tal como foram representadas.• Era o homem nômade e geralmente abrigava-se em cavernas ou em lugares mais altos para fugir dos predadores. • Por um curto período, o homem de Neanderthal passou a conviver com outra espécie de hominídeo: o homo sapiens, que surgiu na África e se espalhou pelo mundo chegando até a América. • Os pesquisadores desconhecem os motivos que levaram o homem de Neandertal a desaparecer.

Neolítico (Pedra Polida)

• Entre o Paleolítico e o Neolítico, houve um período intermediário, o Mesolítico. • A passagem do Paleolítico para o Neolítico deu-se entre 15 000 e 10 000 anos. Nesse período, a Terra adquiriu suas características atuais, pois ocorreu o � m da Era Glacial. • Surgiram fl orestas em regiões temperadas da Europa. No norte da África, surgiram vales, que permitiram a sedentarização. • Nas regiões da Mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates), da Índia e da China também ocorreu a formação de vales, gerando a grande revolução da Pré-História: Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica. • O homem começou a cultivar cereais, a domesticar animais e a utilizá-los como força de tração, fonte de alimento e vestuário, abandonando, gradativamente, o nomadismo. • O homem começou a dominar a natureza e a se organizar em sociedades, nas quais a terra, o rebanho e os instrumentos de trabalho eram de propriedade de toda a comunidade. Não havia divisão social, somente divisão sexual do trabalho, sendo a principal atividade o cultivo da terra. • Uma das grandes invenções desse período foi a cerâmica. Com os potes de cerâmica, tornou-se possível armazenar os alimentos. • Surgiram os primeiros traços de religiosidade: acreditavam, entre outros, na deusa da fertilidade, relacionada à fertilidade da terra. • As comunidades eram constituídas por famílias clânicas ou clãs, surgindo, posteriormente, o patriarca, líder religioso e político. • A invenção da roda revolucionou os transportes, com veículos puxados por animais. Com o passar do tempo sua aplicação se generalizou em diversos mecanismos.• No fi nal desse período, os instrumentos de defesa e de trabalho feitos de pedra, de ossos e de madeira foram substituídos pelos de metais. Era o início de um novo período, a Idade dos Metais.

Idade dos Metais • Transição entre Pré-História e história, em que coexistiram elementos de ambos os períodos.• Há, aproximadamente, 3 300 anos a.C., os homens passaram a fabricar instrumentos metálicos. Os primeiros metais utilizados foram o cobre, o estanho e o bronze. • Os grupos que possuíam armas em metal venciam facilmente os grupos rivais. Os confl itos, geralmente, ocorriam devido à disputa por fontes de água, terras férteis, entre outras. • O aumento populacional foi, gradativamente, tornando as sociedades mais complexas. Foram surgindo trabalhadores especializados: pedreiros, marceneiros, artesãos em geral.

Disponível em: <www.routard.com>. Acesso em: 10 out. 2012.

A domesticação de animais e a invenção da agricultura geraram novas fontes de alimentos.

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Introdução ao estudo da História

História14

• Muitos trabalhadores abandonaram a atividade agrícola e passaram a tirar seu sustento do artesanato. • Com o surgimento das primeiras cidades, ocorreu a intensifi cação do comércio, e surgiu a estratifi cação social. Essas mudanças são denominadas de Revolução Urbana. • Para administrar essa sociedade mais complexa, tornou-se necessária a criação de uma estrutura política que fosse aceita pela maioria da população. Daí o surgimento do Estado. • O surgimento do Estado não ocorreu de forma simultânea nas diferentes regiões do globo, pois os grupos humanos seguiram ritmos diferentes de desenvolvimento.

Trabalhando com PesquisaTrabalhando com Pesquisa

A PRÉ-HISTÓRIA NA AMÉRICA Em 1975, foi encontrado em Lagoa Santa (MG) o fóssil humano mais antigo das Américas, de 11 500 anos. Era uma mulher, denominada de Luzia pelo pesquisador que a encontrou. Os estudos realizados após essa descoberta revelaram que as características de Luzia eram mais próximas dos habitantes de algumas regiões da África e da Oceania do que dos atuais índios do Brasil. Assim como ocorreu na Europa e no Crescente Fértil, a população da América não se desenvolveu da mesma forma. Dentre os povos com maior complexidade, destacaram-se os astecas, os maias e os incas. Essas civilizações possuíam uma organização social complexa e hierarquizada, desenvolveram técnicas agrícolas, e o seu artesanato era muito rico, com destaque para a confecção de tecidos, objetos de ouro e de prata. Utilizando metais preciosos, os povos pré-colombianos fabricavam brincos, enfeites para o nariz, placas peitorais e outros objetos ornamentais. Os primeiros indícios da ourivesaria na América datam de aproximadamente 1200 a.C.. Essas civilizações, principalmente os maias, utilizaram o ouro misturado com outros metais no fabrico de estatuetas, joias, ornamentação de paredes, de templos e de palácios. As peças recebiam um belo acabamento e polimento, comprovando a existência de técnicas avançadas. Através de peças arqueológicas, observou-se que o artesanato inca era semelhante ao dos chimus (civilização pré-colombiana que se desenvolveu na costa do atual Peru), pois era comum artistas chimus serem levados para realizar trabalhos para o imperador inca. As facas de sacrifício eram as peças mais apreciadas da ourivesaria chimu. Muitas peças encontradas nas escavações estão perfeitas e encontram-se em exposição em vários museus da América e da Europa.

Revista Nossa História, Ano 02, Número 22. (Adaptado)

As informações contidas no texto anterior revelam que os povos podem se encontrar, dentro de um mesmo período em estágios de desenvolvimento diferentes. Comparando os europeus com os diversos povos americanos no momento da chegada de Colombo à América (1492), observam-se diferenças enormes entre europeus e os ameríndios e entre os próprios nativos do continente. Numa visão europeia do século XIX, essas diferenças eram explicadas pela teoria evolucionista. No século XX, o antropólogo francês Levi Strauss, a partir da realização de pesquisas a respeito dos índios americanos, propõe uma nova compreensão acerca das diversidades entre os grupos humanos.

3 Pesquise a respeito da teoria evolucionista desenvolvida no século XIX e das críticas promovidas pelo antropólogo Levi Strauss a essa teoria.

Disponível em: <www.meusestudos.com/artesplasticas>. Acesso em: 12 set. 2012.

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Introdução ao estudo da História

História 15

Exercícios de salaExercícios de sala4 (UECE) Por muito tempo, os historiadores

acreditavam que deveriam e poderiam reproduzir os fatos “tal como haviam ocorrido”. Dentre as características do conhecimento histórico que assim produziam, podemos assinalar corretamente:a) Ao privilegiarem a realidade dos fatos, os historiadores esperavam produzir um conhecimento científi co, que analisasse os processos e seus signifi cados.b) Era uma história linear, cronológica, de nomes, fatos e datas, que pretendia uma verdade absoluta, expressão da neutralidade do historiador.c) Como se percebeu ser impossível chegar à verdadeira face do que “realmente aconteceu”, todo o conhecimento histórico fi cou marcado pelo relativismo total.d) Os fatos privilegiados seriam aqueles poucos que eram amplamente documentados, como as festas populares e a cultura das pessoas comuns.

5 (ENEM) Leia atentamente o texto seguinte:

Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os

construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que

a Muralha da China fi cou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares? BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível

em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

Partindo das refl exões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que:a) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, fi caram na memória.b) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo.c) os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo.

e) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas.

6 Para facilitar o estudo da História, os historiadores utilizam-se do século. Cite os séculos a que pertencem os seguintes anos e, posteriormente, os anos que fazem parte dos seguintes séculos: a) 1125 = f) XX = b) 2013 = g) I = c) 439 = h) XV = d) 81 = i) IV = e) 1800 = j) XVIII =

7 (FUVEST-SP) Há cerca de 2000 anos, os sítios superfi ciais e sem cerâmica dos caçadores antigos foram substituídos por conjuntos que evidenciam uma forte mudança na tecnologia e nos hábitos. Ao mesmo tempo que aparecem a cerâmica chamada itararé (no Paraná) ou taquara (no Rio Grande do Sul) e o consumo de vegetais cultivados, encontram-se novas estruturas de habitações.

André Prous. O Brasil antes dos brasileiros. A pré-históriado nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 49. Adaptado.

O texto associa o desenvolvimento da

agricultura com o da cerâmica entre os habitantes do atual território do Brasil, há 2000 anos. Isso se deve ao fato de que a agriculturaa) favoreceu a ampliação das trocas comerciais com povos andinos, que dominavam as técnicas de produção de cerâmica e as transmitiram aos povos guarani.b) possibilitou que os povos que a praticavam se tornassem sedentários e pudessem armazenar alimentos, criando a necessidade de fabricação de recipientes para guardá-los.c) proliferou, sobretudo, entre os povos dos sambaquis, que conciliaram a produção de objetos de cerâmica com a utilização de conchas e ossos na elaboração de armas e ferramentas.d) difundiu-se, originalmente, na ilha de Fernando de Noronha, região de caça e coleta restritas, o que forçava as populações locais a desenvolver o cultivo de alimentos.e) era praticada, prioritariamente, por grupos que viviam nas áreas litorâneas e que estavam, portanto, mais sujeitos a infl uências culturais de povos residentes fora da América.

8 (FUVEST-SP) A passagem do modo de vida caçador-coletor para um modo de vida mais sedentário aconteceu há cerca de 12 mil anos e foi causada pela domesticação de animais e de plantas. Com base nessa informação, é correto afi rmar quea) no início da domesticação, a espécie humana descobriu como induzir mutações nas plantas para obter sementes com características desejáveis.

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