Sobre a Terceira Antinomia _ Alessandro Pinzani - Academia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

kjhk

Citation preview

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 1/28

    SOBRE A TERCEIRA ANTINOMIA

    SOBRE A TERCEIRA ANTINOMIA

    Alessandro PinzaniUniversidade Federal de Santa Catarina

    Algumas das pginas kantianas mais conhecidas e mais debatidasso aquelas dedicadas chamada Terceira Antinomia ou ao Terceiroconflito das idias transcendentais. Na clebre carta a Garve de 21 desetembro de 1798, Kant afirma que foi justamente a oposio entre atese de que h liberdade no homem e a tese de que no h liberdade,mas tudo nele necessidade natural que o despertou primeiramente dosono dogmtico e o levou critica da razo .1 Isso aponta para acentralidade destas pginas para a primeira Crtica e para a obrakantiana em geral.

    Minha inteno neste escrito (1) individuar o lugar sistemtico eo estatuto terico das antinomias da razo; (2) apresentar brevemente ocontedo da terceira antinomia; (2a) analisar a tese e os argumentosapresentados para sustent-la; (2b) analisar a anttese e os argumentosapresentados para sustent-la; (2c) fazer algumas consideraes sobretese e anttese; (3) analisar a soluo da antinomia oferecida por Kante fazer algumas consideraes sobre tal soluo.

    O presente texto pretende apenas oferecer alguns instrumentosanalticos e hermenuticos para melhor entender este difcil passokantiano e no pretende ser uma interpretao definitiva dele, nemapontar para solues filosficas ltimas ou para os problemaslevantados por Kant, que esto entre os mais complexos, mais debatidose, todavia, mais obscuros da histria do pensamento.

    1. O que so as antinomias da razo?

    O primeiro passo consiste em situar a terceira antinomia nocontexto da Crtica da Razo Pura. Estamos na DialticaTranscendental, que a segunda parte da Lgica Transcendental, que asegunda parte da Doutrina Transcendental dos Elementos.2A primeira1Br, AA 12: 257 f.2Sobre a arquitetnica da primeira Criticaver o ensaio de Ricardo Terra nestevolume.

    Search... LOG IN SIGN UP

    UPLOADED BY

    Alessandro PinzaniVIEWS

    251INFO

    more DOWNLOAD

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 2/28

    562 | Alessandro Pinzani

    parte da Lgica Transcendental, a Analtica, tinha-se ocupado dascondies nas quais podemos ter conhecimento de objetos a partir domaterial sensvel oferecido pelos nossos sentidos (conforme exposto naprimeira parte da Doutrina Transcendental dos Elementos, a saber, naEsttica Transcendental). O protagonista da Analtica o entendimento(Verstand), que, com base nas suas categorias, forma os conceitos, dosquais nos servimos para conhecer o mundo fenomnico. A finalidade daAnaltica , por um lado, mostrar quais so as condies e, portanto, oslimites de tal conhecimento, e, por outro lado, responder ao empirismoe, em particular, ao ceticismo manifestado por Hume relativamente aouso de categorias como causalidade etc. Na Dialtica, a protagonista arazo (Vernunft), termo que aqui indica uma faculdade especifica (masque at este momento tinha sido usado por Kant de maneira genrica).Enquanto o entendimento produz conceitos, a razo produz idias,aplicando, contudo, as categorias do entendimento em um mbito, queest alm dos limites do conhecimento legitimo estabelecidos naAnaltica. A finalidade da Dialtica , por um lado, criticar as formasdogmticas de metafsica, que se caracterizam justamente por fazer taloperao indevida, e mostrar sua vacuidade (poderamos dizer que,enquanto o alvo polmico da Analtica Hume, o da Dialtica soLeibniz e seus seguidores); ao mesmo tempo, porm, Kant insiste sobreo fato de que a razo produz suas idias de maneira necessria, isto ,que elas correspondem a uma necessidade ou carncia (Bedrfnis)3 darazo, e no a um capricho dos filsofos metafsicos4. Tais idias, que sereferem respectivamente ao indivduo, ao mundo e a Deus e do lugar,portanto, psicologia, cosmologia e teologia racionais (conforme atradicional diviso da metafsica especial), tm, em suma, suas razesna prpria estrutura da razo.5Por isso, Nodari observa corretamenteque no obstante a dialtica transcendental intente descobrir a ilusodos juzos transcendentes e impedir simultaneamente que ela engane, adialtica transcendental jamais poder conseguir que tal ilusodesaparea e cesse de ser uma iluso.6Ao mesmo tempo, j que o erroest na maneira de proceder da razo (no fato de ela aplicar as categoriasdo entendimento alm dos limites do conhecimento), isso no significa3Sobre o conceito deBedrfnisver Klein 2010.4Sobre a necessidade da Dialtica do ponto de vista arquitetnico e sistemticover entre outros: Heimsoeth 1967, Krings 1996 e Gardner 1999, 219.5RENAUT 1998, 353.6NODARI 2009, 63.

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 3/28

    Comentrios s obras de Kant: Crtica da razo pura|563

    que os objetos das idias sejam falsos. Este um ponto central, pois, de

    outra maneira, no seria possvel defender a existncia da liberdade, que o que nos interessa neste contexto.Kant denomina estas idias de transcendentais e as define da

    forma seguinte: o objeto de uma ideia puramente transcendental seralgo de que no se possui qualquer conceito, embora a razo tenhaproduzido necessariamente esta ideia segunda as suas leis originrias. 7Como j se disse, a razo se serve das categorias do entendimento paracriar tais idias, mas os objetos delas ficam inacessveis nossaexperincia. Disso deriva a impossibilidade de ter um conceito deles, jque o conceito de uma coisa criado aplicando as categorias doentendimento ao material fornecido pela experincia sensvel.

    Peter Baumann chama a ateno para um aspecto que, a nossover, parece antecipar anlogos mecanismos mencionados por Hegel naFenomenologia do Esprito: A razo pura produz sofisticaes,paralogismos, antinomias, subrepes, porque somente passando pelaperda de si [Selbstverlust], pela alienao de si [Selbstentusserung] epelo estranhamento de si [Selbstentfremdung] consegue encontrar ocaminho para as idias regulativas da cincia e para os conceitosfundamentais relativos prxis.8 O erro gnosiolgico se torna,portanto, elemento necessrio de um caminho que , ao mesmo tempo,de purificao epistmica e de correo prtica: a razo deve fazer errospara encontrar as idias e os conceitos que, respectivamente, regulemsua atividade teortica e inspirem sua atividade prtica.

    O primeiro captulo do segundo livro da Dialtica Transcendentalse ocupa dos chamados paralogismos da razo pura e representa umacrtica da psicologia racional e de sua idia central, a saber, a daimortalidade da alma.9 Por paralogismo lgico Kant entende umsilogismo falso pela sua forma, independentemente do seu contedo; umparalogismo transcendental tem um fundamento transcendental, quenos faz concluir, falsamente, quanto forma.10O ponto de partida emquesto a orao Eu penso, que possui uma funo meramentelgica ou epistemolgica e no pode ser o fundamento para atribuir

    7KrV, A338/B396.8BAUMANN 1988, 184.9Cf. Ameriks 1998, 371 ss. Ver tambm Sellars 1970, Kalter 1975, Ameriks1982, Strawson 1987, Sturma 1989, Kitcher 1990, Hatfield 1992, Horstmann1993.10KrV, A341/B399.

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 4/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 5/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 6/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 7/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 8/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 9/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 10/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 11/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 12/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 13/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 14/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 15/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 16/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 17/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 18/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 19/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 20/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 21/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 22/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 23/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 24/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 25/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 26/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 27/28

  • 06/09/2015 SOBREATERCEIRAANTINOMIA|AlessandroPinzaniAcademia.edu

    http://www.academia.edu/8116094/SOBRE_A_TERCEIRA_ANTINOMIA 28/28

    Job Board About Press Blog People Terms Privacy Copyright We're Hiring! Help Center

    Find new research papers in: Physics Chemistry Biology Health Sciences Ecology Earth Sciences Cognitive Science Mathematics Computer Science Engineering

    Academia 2015