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Computação Gráfica - Editorial - P1
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Quero ficar no teu corpoOs 5 mil anos da Tatuagem
por Tarso Araújo
A vida ferve no geloAquecimento global aumenta a
biodiversidade em torno dos icebergs
Abril 2014
www.sobretudo.com.br
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“... Uma dor imensa e um barulho de martelada
(“Tá, tá, tau...”)... “
Cor da Pele
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quero ficar no teu corpo
Os
índios maoris, da
Nova Zelândia, mantêm uma
tradição milenar de pintar o corpo de ma-
neira que a tinta nunca saia. Para isso, enfiam a
tinta debaixo da pele, usando como pincel uma madeira
cheia de agulhas que é martelada contra o corpo. O procedi-
mento provoca uma dor imensa e um barulho de martelada (“Tá,
tá, tau...”), e por isso foi chamado de tataw. No século 18, quando o
capitão James Cook passou por lá, levou a técnica para os ingleses, que
“... Uma dor imensa e um barulho de martelada
(“Tá, tá, tau...”)... “
Os 5 mil anos da Tatuagem
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acabaram adaptando o nome para tattoo. Cheio de
curiosidades como essa, o livro Tatuagem, Piercing
e Outras Mensagens do Corpo explica o significado
dos adornos desde o primeiro corpo tatuado que se
conhece – uma múmia de 5 200 anos encontrada no
gelo de Ötzi, nos Alpes, com cerca de 50 tattoos. O
homem de Ötzi deve ter usado agulhas como as dos
maoris ou penas e espinhas de peixe, preferidas por
índios do Brasil. Em 1891, quando surgiu a maqui-
ninha elétrica, a tatuagem deixou de exigir tanto sa-
crifício. Sem tanta dor, não demorou para conquistar
marinheiros, circos e virar símbolo de rebeldia nos
dias de hoje.
Tarso Araújo
Numa fria
O mar de Weddel fica ao sul da Argentina e forma um gol-fo na Antártida que, até 2002, tinha uma fina camada de gelo, que derreteu. Estima-se que existam 1000 icebergs va-gando pelo território, levando vida para 40% da área.
Oceano de icebergs
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Desde que o Titanic bateu em um iceberg em 1912, os enormes blocos de gelo que flu-tuam pelos oceanos ficaram com fama de maus. Mas uma nova pesqui sa mostra que de bandidos eles podem passar a moci-nhos – em um surpreenden-te efeito colateral positivo do aquecimento global. É só ver o que se passa embai-xo d’água. Pesquisadores perceberam que, enquanto vagam lentamente pelo mar de Weddel (sul do Atlân-tico), os pedaços de gelo que se soltaram da Antárti-da vão derretendo, deixan-do pelo caminho um rastro de nutrientes que ficaram congelados por milhares de anos. Isso atrai o fito-plâncton, microorganismo que faz fotossíntese e forma imensas florestas marinhas. A plantinha também é a base da cadeia alimentar no continente gelado.Os cien-tistas perceberam que num raio de até 3,2 quilômetros dos icebergs formou-se um
novo ecossistema: a produ-tividade biológica do mar de Weddel, que compreen-de 2,8 milhões de quilôme-tros (um terço da área do Brasil), aumentou em 40% por causa dos icebergs. Mas o mais interessante é que o gelo derretido pode, indi-retamente, servir de rota para o sequestro de CO2, o gás de efeito estufa que mais contribui para o aque-cimento global. Como o carbono é consumido pelo fitoplâncton – e este comi-do por microcamarões –, o CO2 troca a atmosfera pelo fundo do mar. “Enquanto o derretimento das calotas po-lares está contribuindo para elevar o nível dos oceanos e outras mudanças climá-ticas, esse papel adicional de remover o carbono da atmosfera pode ter implica-ções para o clima que pre-cisam ser estudadas”, disse o oceanógrafo Ken Smith, do Monterey Bay Aquarium (EUA), responsável pela pesquisa.
A Incrível!
Aquecimento global aumenta a biodiversidade em torno dos icebergs.
IcebergsOs icebergs pesquisados têm de 2 a 20 km de extensão. Menos de 20% dessa área fica na superfície, visível. A influência do iceberg na fauna marinha compreende um círculo de até 3,2 km em volta.
vida ferve
nO gelo
Nutrientes
A região polar do oceano é pobre em nutrien-tes. Mas, como é feito de água doce, o iceberg guarda sedimentos terrestres de milênios atrás, como ferro (o principal), nitratos, fosfato e áci-do silícico. À medida que o gelo vai derreten-do, os nutrientes são liberados e atraem a vida.
Fitoplâncton
O fitoplâncton é um conjunto de plantas microscópicas, unicelulares, que florescem na superfície da água quando há nutrientes. Como todas as plantas, elas fazem fotossínte-se: capturam da atmosfera o CO2 – um dos gases responsáveis pelo efeito estufa – e libe-ram o oxigênio.
Krill
É um microcamarão que se movimenta em imensos cardumes e se alimenta de fitoplânc-ton. Quando morre, o krill vai para o fundo do oceano, levando com ele o carbono acumula-do pelo fitoplâncton.
Cadeia Alimentar
Os cientistas perceberam que o krill atrai vá-rios outros predadores da fauna da Antártida, como peixes, focas, pinguins e até baleias. Al-batrozes, que também se alimentam de krill, começaram a fazer paradas nos icebergs, já que há comida por perto.
Pedr
o B
urgo
s
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