Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
A FORMAÇÃO INICIAL DE EDUCADORES MATEMÁTICOS: QUE PERFIL
PROFISSIONAL PRECISA SER CONSTRUIDO NAS UNIVERSIDADES?
Américo Junior Nunes da Silva
Universidade do Estado da Bahia – UNEB/Campus IX
Ilvanete dos Santos de Souza
Universidade do Estado da Bahia-UNEB /Campus IX
Simone dos Santos Barros
Universidade do Estado da Bahia-UNEB /Campus IX
RESUMO
O seguinte trabalho surgiu das atividades e estudos desenvolvidos nas aulas de Estágio
Supervisionado II, diante das inúmeras discussões e debates fomentados. Tem como
principal objetivo discutir a configuração dos cursos de Licenciatura em Matemática e
mostrar a importância das componentes de Educação Matemática para a formação de
Professores realmente comprometidos com a qualidade do processo de ensino-
aprendizagem e a importância de um perfil humano na formação desses profissionais.
Sabe-se que os componentes de Educação Matemática aliados aos componentes
específicos de Matemática são indispensáveis e compreendem como ponto importante
de discussão e de debate para que os acadêmicos reúnam as competências necessárias
ao exercício da docência.
Palavras-chave: Educação Matemática; Formação inicial; Processo de ensino-
aprendizagem;
INTRODUÇÃO
Diante da definição dada por D’Ambrósio (2007, p.07) a disciplina Matemática
como uma “Estratégia desenvolvida pela espécie humana ao longo de sua história para
explicar, para entender, para manejar e conviver com a realidade sensível, perceptível, e
com seu imaginário, naturalmente dentro de um contexto natural e cultural”, percebe-se
o quanto de prático e de aplicável as situações reais e cotidianas está presente nessa
2
ciência. Mas ao longo dos anos, essa funcionalidade foi se perdendo, a ideia de ciência
viva e mutável, foi sendo transferida para morta e cristalizada, e essa mesma imagem foi
sendo transmitida para os licenciandos da área durante a sua formação inicial, que após
a mesma tratam de atuar em salas de aula com essa visão, contribuindo para ampliar
essa ideia equivocada e permitir que a aversão à disciplina se torne tão comum.
Impossível se dar o que não tem, e nesse principio, é difícil fazer os alunos gostarem de
Matemática se os próprios professores não encontram funcionalidade na mesma.
Para Pimenta e Lima (2004), O estagio é o lócus onde a identidade profissional é
gerada, construída e referida, volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada,
reflexiva e critica e por isso, deve ser planejado gradativamente e sistematicamente com
essa finalidade. A Licenciatura habilita o profissional para as atividades de docência,
preparando-os para desenvolver uma série de competências que são únicas e exclusivas:
formar sujeitos conscientes, politizados e instruídos na área que se propõe a ensinar.
Fica evidente nessa definição a presença de três campos de atuação, O específico, o
social e o político, ambos geridos pelo campo pedagógico que fundamenta a ação
docente e concretiza estratégias que possibilita a eficiência dessas ações.
Segundo Porto (2004, p. 11):
A formação de professores assume, sem dúvida, posição de prevalência nas
discussões relativas à educação numa perspectiva transformadora. Esta é uma
preocupação evidenciada nas investigações mais recentes e na literatura da
área, provocando debates e encaminhando propostas acerca da formação
inicial e continuada de docentes. Neste movimento mundial, a formação
continuada ocupa lugar de destaque, estando, de forma crescente, associada
ao processo qualitativo de práticas formativas e pedagógicas.
Um grande desafio das Universidades é formar professores com qualidade social
e compromisso político de transformação, respondendo as novas dimensões diante dos
desafios da sociedade contemporânea. É fato que algumas formações iniciais dos
educadores matemáticos são ausentes dessa articulação entre conhecimentos
específicos, pedagógicos e políticos. Mas há um ponto que merece destaque na
articulação entre as dimensões citadas, é preciso incluir outra que seria um diferencial
necessário no perfil do futuro professor, a HUMANIZAÇÃO. E essa mesma
preocupação na formação inicial deve se manter durante sua formação continuada
possibilitando compreender as mudanças que ocorrem no contexto social, cultural,
político e educacional.
É possível verificar em (D’AMBROSIO, 1998, p. 9-10) que:
3
Só faz sentido insistirmos em educação se for possível conseguir por meio
dela um desenvolvimento pleno, e desenvolvimento pleno não significa
melhores índices de alfabetização, ou melhores índices econômicos e
controle da inflação, ou qualidade total na produção, ou quaisquer dos vários
índices propostos por filósofos, políticos, economistas e governantes. Tudo se
resume em atingirmos melhor qualidade de vida e maior dignidade da
humanidade como um todo e isso se manifesta no encontro de cada indivíduo
com outros
Muitas universidades fazem um desserviço para a Educação, formando
professores de Matemática com uma visão seca, desumana, sem articulação entre
questões pedagógicas e específicas, sem compreender e atuar nos processos de
aprendizagem e nas dificuldades que surgem ao longo do processo educativo, sem
formação política e sem compreender os diversos recursos metodológicos que o
auxiliará no bom desenvolvimento de sua prática. Pelo contrário, formam-se
profissionais com um perfil extremamente conteudista, preocupados unicamente com o
cumprimento de programas e conteúdos, sem perceber que o calendário só está sendo
cumprido por causa do sujeito, o aluno.
A MATEMÁTICA E OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM: UMA VISÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Sabe-se que muitos alunos, durante sua vida escolar, apresentam uma série de
problemas de aprendizagem, causados por uma infinidade de fatores, sejam de cunho
orgânico, psicológico ou de sistema. E da maneira como a Matemática é apresentada
para esses alunos, essas dificuldades se acentuam, principalmente, quando essa má
apresentação acontece nas séries iniciais, pois sem uma boa base, e com aversão a
disciplina fica complicada seguir na construção de habilidades no que tange ao
conhecimento matemático.
De acordo com BOSSA (2001, p.19):
No Brasil, a escola torna-se palco cada vez mais de fracassos e de formação
precária, impedindo os jovens de se apossarem da herança cultural, dos
conhecimentos acumulados pela humanidade e, consequentemente, de
compreenderem melhor o mundo que o rodeia. A escola, que deveria formar
jovens capazes de analisar criticamente a realidade a fim de ao mesmo
tempo, preservar as conquistas sociais, contribui para perpetuar as injustiças
sociais que sempre fizeram parte da história do povo brasileiro.
Muitos professores, em busca de culpados para a situação caótica em que se
encontra a Educação no Brasil, não considerando as questões estruturais e históricas,
4
nem se incluindo como parte desse processo, usa como alvo de críticas a Pedagogia
dizendo que a mesma não fornece subsídio concreto para que as diversas teorias e
tendências propostas aconteçam de fato.
Porque é tão difícil para os professores, e principalmente para os de Matemática,
perceberem que o problema da educação é essencialmente material, social, concreto e
não apenas teórico. Se levarmos em consideração as condições socioeconômicas dos
alunos e das escolas, veremos que as dificuldades educacionais terão suas raízes
históricas numa sociedade autoritária, excludente e desigual e não nas propostas e ideias
que tentam mudar essa realidade. Não é a pedagogia que é liberal, mas o sistema
capitalista, neoliberalista, que arma assim.
Segundo (FREIRE, 1996): “A teoria sem a prática é puro verbalismo inoperante,
a prática sem a teoria é um atavismo cego”. E isso se configura como um sério
problema, pois essas diversas teorias que fundamentam o trabalho pedagógico muitas
vezes não são ressignificados pelos professores em sala de aula de acordo com a
realidade a qual está inserido. É inaceitável a adoção de uma proposta pedagógica sem
esse trabalho de criar um conjunto de significados para fundamentar a prática. Não se
pode aceitar uma teoria de forma vertical, ou seja, de cima para baixo, precisamos
enquanto educadores não nos esconder diante de uma “máscara teórica” sem fazer as
reflexões e análises pertinentes para compreender a funcionalidade e aplicabilidade de
uma determinada teoria as nossas práticas educativas.
É só imaginar o belo construtivismo piagetiano que não enxerga a pedagogia de
Freire e Marx na sala, o resultado vai ser o catastrófico “oba, oba” dentro da sala de
aula. Precisamos partir da condição dada pelos nossos alunos, refazer teoria que atenda
essa prática, visando à mudança social que começou a dar sinal nos últimos anos.
Segundo Gisele dos Santos Santana, em Formação de Professores e Escola na
Contemporaneidade:
A falta de uma abordagem multicultural na formação dos professores tem
feito com que esses profissionais acabem reproduzindo uma ideologia
educacional eurocêntrica e que a adoção dessa postura tem papel fundamental
na construção de políticas educacionais abrindo campos de pesquisa e
discussão para que educadores e pensadores da educação avaliem seus
posicionamentos no cotidiano escolar.
É fato, que a formação do professor de Matemática precisa ter um enfoque
quanto às questões multiculturais, para que as suas atitudes adquiram conteúdo político
5
e as suas ações deixem de ser individualizadas e passem a ter ação coletiva contra a
sociedade desigual.
Cada professor precisa ser orientado em sua formação a fazer a sua parte, a
tentar mudar a sua realidade. Não adiante alimentar uma ideia utópica de que poderá
mudar o contexto educacional de uma hora para outra, isso é impossível de acontecer.
Mas impossível também é aceitar educadores descrentes de que sua parte é importante e
que nada que faça irá contribuir nessa mudança.
FORMAÇÃO E AÇÃO DOCENTE EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Além das características já citadas, elencar-se-á mais algumas que se configuram
como alicerce na formação inicial dos educadores, relembrando que as já citadas
anteriormente também fazem parte desse alicerce e precisam da mesma atenção, pois
essa formação precisa ser ampla.
Iniciaremos nossa discussão abordando a Matemática e à sua história. Não tem
como aos futuros professores ser negligenciada a importância dessa temática em sua
formação. É difícil fundamentar uma prática consistente sem conhecer o passado, são
nessas práticas consistente do presente que se articula melhores estratégias para
possibilitar um futuro diferente. Percebemos o quanto o estudo do passado é
significativo por permitir essa análise e reflexão pertinentes à construção de uma prática
verdadeiramente pautada em princípios de qualidade da Educação.
Uma das tarefas mais complexas da atividade docente é avaliar. Dar um enfoque
melhor a essas questões nas licenciaturas possibilitará perceber uma enorme diferença
entre avaliar qualitativamente um aluno e observar o resultado de treinamento. O que
acontece na maioria das vezes nas escolas, hoje, principalmente quanto a Educação
Matemática é observar esse resultado de treinamento. É importante parar de usar os
conteúdos como objetivos a serem atingidos, os conteúdos são veículos usados para
conduzir o processo.
O foco em sala de aula é o aluno e a sua aprendizagem. É importante que o
professor conheça o currículo, o programa e o calendário, mas que nunca perca de foco
o objetivo principal do mesmo naquela sala. Todos os instrumentos educativos precisam
se articular para alcançar o objetivo, e não o inverso.
Um importante dispositivo didático para proporcionar a redução da discrepância
entre cotidiano escolar e dia-a-dia vivenciado pelos alunos é o uso de jogos
matemáticos, explorando a ludicidade como ferramenta que possibilite a maior
integração entre os alunos e os conhecimentos matemáticos, se perceberá a sua
6
funcionalidade e tornará o processo de ensino e aprendizagem dinâmico, acessível e real
em aprendizagem.
É necessário ter na escola um espaço de construção constante, como um
laboratório, onde uma infinidade de pesquisa poderá ser realizada. O desejo de
desenvolver pesquisas, de aprender a aprender, deve estar incorporado ao perfil de todos
os educadores, e esse desejo precisa ser fomentado nas Universidades, pois através da
pesquisa que se cria uma teia de significados da sua prática, se analisa, reflete, discute
com o objetivo de uma melhora na ação e uma busca pela qualidade de seus trabalhos,
da formação discente com a preocupação e foco na cidadania e o posicionamento crítico
as questões sociais, políticas e culturais.
CONSIDERAÇÕES
Através do acompanhamento das atividades de campo dos estagiários, percebeu-
se que os assuntos discutidos repercutiram através de atividades práticas de vivência do
planejamento (elaboração, execução e avaliação), com metodologias e recursos que
auxiliaram os acadêmicos no desempenho eficiente e eficaz de suas ações no contexto
escolar, visando o processo de ensino-aprendizagem e a formação política desses
educandos.
É importante destacar que a proposta de estágio aqui evidenciada preocupou-se
em “estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios
de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada”
(NÓVOA, 1997, p.25). Articulando o ensino e a pesquisa preparando o acadêmico para
situações reais de ensino e aprendizagem, conhecendo assim a realidade imprescindível
à formação profissional. Essa proposta objetiva que os estagiários vejam “a escola como
um ambiente educativo, onde trabalhar e formar não sejam atividades distintas. A
formação deve ser encarada como um processo permanente” (NÓVOA, 1997, p.29), Só
assim teremos futuros profissionais que reflitam, verdadeiramente, sobre a sua prática
pedagógica e que conheçam o processo de construção do conhecimento matemático.
REFERÊNCIAS
BOSSA, N. A. Fracasso Escolar: Um Olhar Psicopedagógico: Artmed, 2001.
7
D’AMBROSIO, Ubiratan. Da Realidade à Ação : Reflexões sobre Educação
Matemática - São Paulo: Summus; Campinas : Ed da Universidade Estadual de
Campinas, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra. .1996
NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. In: António Nóvoa
(coord.). Os Professores e a sua Formação. 3ª edição. Lisboa (Portugal): Publicações
Dom Quixote. 1997, p.15-33.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São
Paulo: Cortez, 2004.
PORTO, Yeda da Silva. Formação Continuada: a prática pedagógica recorrente. In:
MARIN, Alda J. (org.). Educação continuada. 2 ed. Campinas: Papirus, 2004.
(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
O QUE É EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
Émile de Mesquita Martins
Universidade de Brasília – UnB
RESUMO
O presente trabalho trata acerca de uma reflexão quanto a abordagem metodológica que
é, frequentemente, utilizada na EJA. Manifestamos nossa preocupação com a forma
como a matemática na EJA é ministrada, fazemos uma breve abordagem de pesquisas
voltadas para a educação matemática em Brasília-DF, nos últimos anos e propomos uma
reflexão/ação baseada em argumentos levantados por meio de estudos e pesquisas
realizadas pelos grupos de pesquisa do DF nos últimos anos.
Palavras-chave: EJA, educação matemática, alfabetização matemática
JUSTIFICATIVA
Geralmente, os sujeitos da Educação de Jovens e Adultos têm dificuldade em lidar com
a matemática ensinada na escola, por essa ser ministrada através de um ensino
sistemático. Por outro lado, pesquisas de natureza etnográfica têm revelado que tais
sujeitos apresentam grande desenvolvimento de pensamento matemático fora do
contexto escolar. Isto revela a existência de tensão que merece nossa reflexão situada
entre o desenvolvimento da pesquisa e as práxis pedagógica no contexto da aula de
matemática na EJA.
OBJETIVO
Incentivar educadores das primeiras séries do ensino fundamental da Educação de
Jovens e Adultos a buscar meios para o ensino de uma matemática motivadora, que
respeite o conhecimento adquirido durante a vida de seus educandos, que relacione a
matemática cotidiana à matemática escolar e que incite o sujeito da EJA a valorizar seus
conhecimentos e saberes adquiridos ao longo de sua experiência de vida.
2
DISCUSSÃO
O ensino da matemática voltado para a educação de jovens e adultos está permeado por
metodologias que não abarcam o conhecimento que esse aluno tem em si e traz consigo.
Talvez por falta de interesse ou por falta de contribuições pedagógicas sobre essa
questão, muitos educadores da educação de jovens e adultos usam de metodologias
infantis para ensinar esse público. Esquecem-se ou se omitem do saber que esse público
tem, de suas características próprias, que tem em si uma grande carga de saberes
construídos ao longo de suas experiências.
A matemática não é apreendida e compreendida apenas no âmbito escolar, pois também
vivemos a matemática nos contextos fora da escola. Devido a isso, o ensino da
matemática na EJA deve ser feito de modo que incentive o aluno a expor os seus
conhecimentos prévios e deve ser permeado pela afetividade, ou seja, acreditando que
aquele aluno é capaz sim de resolver as situações-problema propostas.
A escola não prepara o aluno da EJA para lidar com situações mais complexas
existentes no dia-a-dia, afinal, muitas vezes mostra a esse aluno apenas as situações-
problema apresentadas nos livros didáticos e essas não cumprem com a formação de um
cidadão, pois mostram uma realidade diferente daquela que o Jovem e o Adulto vivem
diariamente e que, até mesmo, se difere da sua cultura. Ou seja, ao aluno da EJA nem
sempre é colocado um desafio para a sua aprendizagem, afinal, o que muitas vezes o é
proposto não incita sua curiosidade, não é uma situação-problema, haja vista que não se
confronta com sua realidade vivencial e experiencial.
O professor, ao ensinar a matemática, o faz na tentativa de mostrá-la de uma forma mais
simplificada, com o objetivo de facilitar o maior entendimento da mesma. No entanto,
isso não pode ser feito na EJA, pois a “Educação Matemática deve estar alicerçada nos
contextos de produção e significação sociocultural do saber humano (...)”, já que essas
situações simplificadas “são desprovidas de sentido teórico e prático tanto para a
matemática como para o cotidiano”1.
O currículo do ensino da matemática deve estar ancorado nas situações e experiências
reais que vivemos em nossa sociedade e em nossa vida, devido a isso o adulto ou o
jovem não ou pouco escolarizado necessita de uma atenção diferenciada. Não basta
apenas criticar o fato de educadores utilizarem metodologias inadequadas para ensinar o
jovem e o adulto, mas é necessária a existência de abordagens que desafiem o jovem e o
3
adulto, de forma que respeitem sua individualidade, o tempo e a forma como a
aprendizagem se dá, bem como sua cultura.
METODOLOGIA
Desde o ano de 2004 o grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática (GEPEM
DF, atualmente denominado EDEM), se incomoda com o fato de produzir estudos e
pesquisas sobre a matemática, mas não devolver esses estudos e pesquisas para a
sociedade. Devido a essa inquietação, desde o ano de 2005 o grupo começou a realizar
uma pesquisa sobre um breve panorama da história da matemática no Brasil e em
Brasília.
O referido grupo realizou um referencial sintético que abarca “a história de como a
matemática se constituiu como disciplina (...), sua evolução (...)” para o que hoje é
considerada como educação matemática e “(...) sua importância no currículo escolar.” 2.
Nos estudos/pesquisas desenvolvidas, foi realizada a seguinte síntese sobre a história da
Educação Matemática no Brasil e em Brasília. A preocupação com o Ensino da
Matemática se inicia com a Revolução Industrial, a Americana e a Francesa, devido a
uma preocupação que a sociedade passou a ter com a importância desse ensino. No pós-
guerra foi o momento para repensar a educação e reorganizá-la. O século XX foi o
século que foram organizadas algumas comissões, tais como CIEAEM, CIAEM, ICME,
CIAEM3. Sendo assim, houve reflexos no Brasil, tais como, o surgimento da SBEM –
Sociedade Brasileira de Educação Matemática. Inicia-se a realização dos ENEM –
Encontro Nacional de Educação Matemática. Tem-se como seção regional no Distrito
Federal, que ocorre a cada três anos o EBREM – Encontro Brasiliense de Educação
Matemática.
Numa pesquisa realizada pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática do
Distrito Federal, COMPASSODF, o grupo tinha como tema “A história da
Aprendizagem-Ensino e da Educação Matemática no DF”. Conforme relatam os autores
do artigo4, a referida pesquisa “abrange o período de 1960 até os dias atuais”. O que
motivou o grupo a realizar essa pesquisa foi a inquietação de saber se a produção
científica é inserida (e como é) no contexto e no cotidiano das salas de aula do DF.
O grupo identificou como a referência dos estudos e das pesquisas sobre a Educação
Matemática em Brasília e no Brasil, a professora Nilza E. Bertoni. A qual é considerada
como referência, porque conseguiu fazer uma ponte entre a UnB e a escola da rede
4
pública do DF e tinha como objetivo efetuar mudanças no currículo da licenciatura de
matemática.
Desde o ano de 1980, a professora Nilza E. Bertoni, de acordo com o relato do grupo
COMPASSODF, “luta pela reestruturação do currículo do curso de Licenciatura em
Matemática na UnB”. Por isso, esteve preocupada com a formação de professores dos
anos iniciais, tanto que foi até o ano de 1987, professora da disciplina de metodologia
para o ensino da matemática na Faculdade de Educação da UnB.
Por meio da atuação do grupo COMPASSODF foram criados dois projetos, o primeiro
trata sobre a elaboração de um novo currículo de Matemática para a educação básica e o
segundo trata sobre a formação de professores.
Com as ações da professora Nilza, juntamente com o grupo de estudo e pesquisa,
atualmente muitos professores estão implementando a educação matemática no DF,
muitos desenvolvem projetos importantes sobre a matemática, dão vida ao SBEM-DF e
cerca de 40 professores, no DF, “(...) realizaram ou realizam cursos de mestrado ou
doutorado de investigação matemática na educação matemática (...)”, conforme relato
do grupo de pesquisa COMPASSODF.
RESULTADOS PARCIAIS
Uma pesquisa qualitativa realizada em Brasília-DF, sobre o ensino da matemática na
EJA, observou que esse ensino é baseado “(...) na memorização de fórmulas e
algoritmos formais, utilizando-se de atividade desenvolvidas para crianças”, isso mostra
o quão é necessário que esse ensino matemático aconteça “(...) de forma a favorecer a
atribuição de significados pelo sujeito, a socializar e refletir seus procedimentos
espontâneos de resolução de problemas matemáticos, auxiliando a (re)construção de sua
auto-estima em relação à área do conhecimento.” 5
O educador da educação de jovens e adultos deve sempre se conscientizar de que esse
sujeito tem saberes valorosos, construídos ao longo de sua experiência, por isso deve
sempre valorizá-lo e valorizar os seus saberes, bem como ensinar esse sujeito a olhar
para si e enxergar-se como uma pessoa digna, que tem saberes e conhecimentos de
muito valor e de uma grande riqueza. Acontecendo o contrário se torna o “primeiro
passo para negar que o aluno se lance na aventura matemática, o que implica não
aprender e gerar uma situação de fracasso e de exclusão”6
5
Quando o educador da EJA nega os conhecimentos que o jovem ou o adulto tem em si e
traz consigo “(...) faz com que esse adulto se desaproprie do que ele sabe e não se
aproprie de novos saberes”, além disso, “(...) o educando, somente se desenvolve
quando se depara com uma situação desestruturante, desafiante e de alto significado
dentro do seu contexto sócio-econômico-cultural (...)”7.
Quanto mais o educador problematizar os conceitos matemáticos, problematizar a forma
de ensinar a matemática para o jovem e o adulto não ou pouco escolarizado, mais esse
aluno irá se desenvolver, mais se sentirá parte da escola, mais acreditará em si e em seu
potencial. Haja vista que quando o educador tem essa ação de problematizar e, por
conseguinte, desafiar o sujeito da EJA, mais esse sujeito enxergará o sentindo naquilo
que lhe é ensinado e quando algo faz sentindo, incita a nele mergulhar e dele se
aprofundar.
Na EJA, o ensino da matemática deve promover a participação do aluno, de forma que o
qual exponha sua forma de elaborar e solucionar problemas, suas estratégias para
registrar quantidades, suas formas de calcular e registrar etc. Cabe ao professor
“respeitar e valorizar esses procedimentos espontâneos (...)”, pois assim favorecerá “o
desenvolvimento matemático (...)” dos alunos da EJA. Dessa forma, o sujeito da EJA se
descobrirá como “ser matemático” que está em “desenvolvimento e com imenso
potencial”8.
O professor da EJA deve conhecer as especificidades desse público para melhor
desenvolver sua prática docente, sempre levando em consideração a inserção no
currículo da EJA os saberes que esse público adquiriu com sua realidade, com sua
experiência de vida, inserindo também em seu currículo, o perfil desse alunado,
considerando-o sujeito de sua aprendizagem, como aquele que construirá juntamente
com o professor, com sua família, com seus demais colegas de sala de aula, com sua
cultura, seu próprio aprendizado.
Por fim, a EJA deve levar em consideração a carga de saberes que o aluno jovem e
adulto construiu e constrói em seu dia-a-dia, para que forneça formas de subsidiar a
formalização dessa carga de saberes, de forma que não exclua o que traz consigo, mas
que respeite e, portanto, socialize esses saberes, para que esse sujeito seja construtor e
participativo de sua aprendizagem e para que esse sujeito valorize o seu saber e queira
associá-lo e compartilhá-lo ao conhecimento escolar.
6
REFERÊNCIAS
BACCARIN, S. A. O. ; BERTONI, N. E. ; MENEZES, M. ; BATISTA, C,O ;
TORRES, P. . A história da apredizagem-ensino da Matemática e da Educação
Matemática no DF. In: IX ENEM -Encontro Nacional de Educação Matemátia, 2007,
Belo Horizonte- MG. Diálogos entre a Pesquisa e a Prática Educativa, 2007.
MUNIZ, C. A. ; COSTA, E. S. ; SILVA, E. B. DA ; CARVALHO, R. P. F. ;
BACCARIN, Sandra . Professora Nilza Eigenheer Bertoni: sua contribuição para o
desenvolvimento da educação matemática no DF e no Brasil. In: 32a reunião anula
da ANPEd, 2009, Caxambu. Anais da 32a reunião anual da ANPED. Caxambu :
ANPED, 2009. v. 1. p. 1-15.
MUNIZ, Cristiano A. Educação Matemática para a EJA. In Muniz (org) no prelo.
1 Trechos retirados do texto “Os sentidos do aprender e ensinar matemática”.
2 Retirado do artigo “A história da Aprendizagem-Ensino e da Educação Matemática no DF”.
3 Comissão Internacional para Estudos e Melhoria do Ensino de Matemática (CIEAEM), Comissão Inter-
americana em Educação Matemática (CIAEM), Congresso Internacional em Educação Matemática
(ICME), Congresso Iberoamericano de Educação Matemática (CIAEM). 4 Relatos retirados do artigo do grupo COMPASSODF “Professora Nilza Eigenheer Bertoni: Sua
contribuição para o desenvolvimento da educação matemática no Distrito Federal e no Brasil”. 5 Trechos retirados do texto “Contextos de Produção em Educação Matemática na EJA”. 6 Trechos retirados do texto “Os sentidos do aprender e ensinar matemática”.
7 Trechos retirados do texto “Contextos de Produção em Educação Matemática na EJA”.
8 Trechos retirados do texto “Os sentidos do aprender e ensinar matemática”.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA
MATEMÁTICA: A EXPERIÊNCIA DO PIBID NA ESCOLA MUNICIPAL
JOANA PORTO1
Meire Melo de Souza - [email protected]
Iza Manuella Aires Cotrim-Guimarães - [email protected]
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – campus Januária.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas das experiências realizadas pelo
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, através das quais se
apresenta uma discussão e reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem da
matemática no Ensino Fundamental por meio de atividades lúdicas. No
desenvolvimento do PIBID/IFNMG, especificamente no que se refere ao subprojeto da
Matemática, as atividades lúdicas são planejadas como estratégias facilitadoras e
podendo contribuir para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Este trabalho
apresenta a seleção de algumas das atividades desenvolvidas pelos acadêmicos bolsistas
da Licenciatura em Matemática do IFNMG/Januária na Escola Municipal Joana Porto,
na cidade de Januária – MG. Tais atividades, além de colaborar para o processo de
ensino-aprendizagem da Matemática na referida escola, contribuem para a formação dos
acadêmicos, uma vez que possibilitam aplicar e (re)construir conhecimentos, vivenciar a
docência, observar e analisar as estratégias e metodologias de ensino da matemática.
Essa observação e análise, de forma especial, permitiram a construção deste trabalho e o
apontamento das questões aqui apresentadas, onde foi possível concluir que o lúdico na
matemática contribui para a melhoria do ensino-aprendizagem da disciplina, pois
possibilita o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio, trabalho em equipe e a
melhoria da relação entre alunos e professor.
Palavras chaves: Lúdico, jogos matemáticos, motivação.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas das experiências realizadas
pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, através das
1 Apoio financeiro da CAPES-Brasil.
2
quais se apresenta uma discussão e reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem
da matemática no Ensino Fundamental por meio de atividades lúdicas.
O PIBID/IFNMG é promovido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento
do Pessoal de Nível superior), e tem como um dos seus objetivos possibilitar a atuação
dos licenciandos em matemática no âmbito escolar, de forma que estes possam
colaborar para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, atuando e
desenvolvendo experiências inovadoras, sem desrespeitar a cultura local, e priorizando a
aprendizagem significativa (IFNMG, 2009a).
Além disso, o desenvolvimento do Programa tem a intenção de contribuir para a
formação dos acadêmicos, aprimorando a prática pedagógica dos futuros professores
por meio da “ação combinada entre conteúdos aprendidos e docência em sala de
aula”(IFNMG, 2009a, p.6), que por sua viabilizará a aplicação e (re)construção de
conhecimentos, a observação e análise das estratégias e metodologias de ensino da
matemática.
O subprojeto do PIBID/IFNMG referente à matemática prevê a utilização de
recursos matemáticos que estimulem e motivem a aprendizagem de conceitos
matemáticos através de atividades lúdicas, contextualizadas e didáticas. “Nesse
momento serão utilizados materiais lúdicos, jogos, dinâmicas, para que seja despertado
no aluno, no início do conteúdo, o interesse, ou no final, com o intuito de fixar a
aprendizagem e reforçar o desenvolvimento de atitudes e habilidades” (IFNMG, 2009b,
s/p).
Assim, diversas atividades lúdicas foram estudadas e planejadas pelos
acadêmicos bolsistas para contribuir com o ensino-aprendizagem da matemática nas
escolas atendidas pelo PIBID/IFNMG, dentre elas a Escola Municipal Joana Porto, no
município de Januária – MG. Essas atividades foram analisadas e algumas delas
selecionadas para compor esse trabalho, que se propõe, portanto, a apresentar essas
experiências e provocar uma reflexão sobre as mesmas, especialmente no que se refere à
ludicidade no ensino de matemática.
O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA
MATEMÁTICA
A utilização de atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem da
matemática é uma estratégia que pode facilitar o aprendizado, promover a construção do
conhecimento, motivar os alunos, estimular o raciocínio, o trabalho em equipe e o
3
desenvolvimento da criatividade e facilitar o entendimento dos conteúdos. Por tudo isso,
o lúdico no ensino da matemática tem sido apontado e valorizado por muitos estudiosos
no campo da educação matemática como instrumentos importantes que favorecem a
aprendizagem matemática do educando (ALVES, 2009; GAZELA e GAZELA, 2009;
MUNIZ, 2010). Vale reforçar essas considerações com a afirmação de Alves (2009, p.
103):
Pela aplicação dos jogos e pelas demais atividades desenvolvidas,
suscitou-se a efetiva participação nas aulas de matemática, pois os
alunos sentiam-se motivados, tendo interesse e prazer para tal,
propiciando também o desenvolvimento da aprendizagem de
conteúdos matemáticos.
Através do PIBID/IFNMG foi possível perceber que as atividades lúdicas podem
ajudar os alunos a compreender melhor a matemática, através da realização de jogos e
atividades lúdicas para se trabalhar os mais diversos conteúdos da matemática, muitas
vezes de forma interdisciplinar. Algumas dessas atividades serão relatadas nesse
trabalho. Foram escolhidas a partir da análise do seu desenvolvimento, em que se
constatou que estas atividades aqui apresentadas surtiram maior efeito e motivação no
ensino-aprendizagem.
ALGUMAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA MUNICIPAL
JOANA PORTO, DURANTE O PIBID/IFNMG
ATIVIDADE 1 - DOMINÓ DA MULTIPLICAÇÃO
Este jogo é utilizado como se fosse um dominó comum, porém ele é de
multiplicação, que tem como um dos principais objetivos fixar a tabuada de 2,3,4 e 5,
mas que também pode se adaptado para os outros números.
Figura 1 – Dominó da multiplicação
4
ATIVIDADE 2 - JOGO DE XADREZ CHINÊS ADAPTADO A CARTAS DE
NÚMEROS DECIMAIS
Este jogo é baseado na soma de números decimais, mas pode ser adaptado a
qualquer conteúdo desejado. O jogo é composto de 20 cartas, 18 peões e 1 tabuleiro.
1- Cada jogador coloca os peões “bolas de gude” na cor escolhida na base (uma das
pontas da estrela), alternando as pontas, no caso de 3 jogadores.
2- O aluno escolhido para começar o jogo pega uma determinada carta e resolve a conta
nela proposta. Se o jogador acertar a conta ele anda uma casa no tabuleiro. É permitido
mover o peão para qualquer casa.
3- O próximo jogador escolhe outra carta, resolve a conta proposta e, em caso de acerto,
“anda” uma casa.
4- O primeiro que mover todos os peões através do tabuleiro para a ponta oposta da
estrela é o vencedor.
ATIVIDADE 3 - JOGO DO RESTO
Este jogo é baseado no resto da divisão de um número natural dado por outro.
O jogo é composto por um tabuleiro (figura 3) e por cartas numeradas de 1 a 9. O jogo
tem seu início a partir da casa de número 13. O jogador sorteia um número e faz a
divisão da “casa” em que se encontra pelo número sorteado. O resto da divisão indica o
número de casas que o jogador irá deslocar no tabuleiro.
Figura 3 – tabuleiro do jogo do resto
Figura 2 – Tabuleiro do Xadrez Chinês
5
ATIVIDADE 4 - QUADRADO MÁGICO
Este jogo tem como objetivo trabalhar a soma de número decimais, mas também
pode ser adaptado para outro conteúdo. Neste jogo deve-se substituir as letras por
números decimais, de modo que a soma, nas filas horizontais, verticais e diagonais seja
sempre a mesma.
Ao realizar estas atividades foi possível verificar motivação, interesse e
agilidade na resolução das operações e atividades. Também foi possível perceber que as
atividades contribuíram para a fixação e compreensão dos conteúdos de modo mais fácil
e dinâmico. Além disso, as atividades foram realizadas em grupo, havendo a
sistematização do conteúdo tanto no atendimento específico aos grupos quanto na
socialização das atividades para toda a classe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversas atividades lúdicas já foram desenvolvidas como contribuição ao
processo de ensino-aprendizagem da matemática no Ensino Fundamental da Escola
Municipal Joana Porto, através do PIBID/IFNMG. O Programa se encontra em
andamento, mas nos dozes meses em que estas atividades já foram realizadas os
licenciandos em matemática do IFNMG/campus Januária, bolsistas no referido
Programa, aplicaram, observaram e analisaram os resultados de tais atividades, algumas
das quais apresentadas aqui, e verificaram que:
- os alunos se mostraram bastante motivados durante as atividades, se
envolvendo de forma participativa, curiosa e efetiva na sua realização;
- durante as atividades os alunos fizeram muitas indagações, principalmente
sobre o mito de que a matemática é difícil e “chata”. Mas também fizeram
Figura 4 – quadrado
mágico
6
apontamentos, muitos dos quais se referiram à dinamicidade e facilidade do aprendizado
da matemática através das atividades lúdicas.
Por fim, por meio da ludicidade no ensino da matemática, verificamos ainda que
os alunos se envolveram e se empenharam na proposta de cada atividade lúdica,
trocaram informações, compartilharam conhecimentos, contribuindo para uma
aprendizagem significativa. Despertaram a atenção, curiosidade e a vontade de
participar de atividades fora da rotina de aula. Consequentemente, estas atividades
contribuíram para a melhoria do processo de ensino aprendizagem da matemática.
REFERÊNCIAS
ALVES, Eva Maria Siqueira. A Ludicidade e o Ensino de Matemática: Uma Prática
Possível. 5a Ed, Campinas, SP: Ed Papirus, 2009.
GAZELA, Gisela Natacha. GAZELA, Sônia Regina de T. Iniciação cientifica:
Motivação da Aprendizagem Através do Lúdico: Uma Proposta de intervenção na área
de Ciências da Natureza. Anuário da Produção de Iniciação Cientifica Discente. Vol.
XII, No 15, Ano 2009.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE
DE MINAS GERAIS – CAMPUS JANUÁRIA (IFNMG). Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência. Subprojeto Matemática. 2009a. <documento de trabalho>
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE
DE MINAS GERAIS – CAMPUS JANUÁRIA (IFNMG). Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência. Subprojeto Matemática. 2009b. <documento de trabalho>
MUNIZ, Cristiano Alberto. Brincar e Jogar: enlaces teóricos e métodos lógicos e
metodológicos no campo da educação matemática. Belo Horizonte, MG: Autentica
Editora, 2010.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
O CONCEITO DE FUNÇÃO E A LINGUAGEM EM LIVROS DE
MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO
Anne Jaqueline da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
Vandembergue Antonio da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
RESUMO
Este trabalho consiste na análise do conceito de função em dois livros do Ensino Médio
de Matemática, volume único, publicados nos anos de 2000 e 2004. Com o objetivo de
mostrar como o conteúdo é apresentado e quais os recursos propostos para utilização
tanto dentro da sala de aula, quanto fora dela, com o intuito de se trabalhar com os
alunos de maneira mais dinâmica, tendo em vista que alguns irão necessitar de
conhecimentos sólidos sobre o assunto, por estarem próximos da vida universitária. Na
análise dos dados, investigamos desde os pré-requisitos até o conceito de função em si,
mostrando sua linguagem matemática e o seu uso no cotidiano.
Palavras-chaves: funções, linguagem, livros de matemática.
O CONCEITO DE FUNÇÃO E SUA LINGUAGEM
Para elaboração deste trabalho, selecionamos quatorze capítulos contidos em
dois livros de Matemática publicados um no ano de 2000 de volume único e o outro em
2004, abordando a avaliação e comparação entre as obras. Esta escolha deve-se ao fato
de serem de nível médio e publicações de fácil acesso. Com base nestes pressupostos,
investigamos os dois livros, considerando sua linguagem matemática e suas aplicações
no cotidiano em relação ao tema ―funções‖.
O conceito de função é um dos mais importantes na área da matemática, que
considerando dois conjuntos, não-vazios e uma relação binária entre eles, é que essa
2
relação é função se, e somente se, a cada elemento do primeiro conjunto corresponder
um único elemento do outro conjunto. Este conceito nos leva ao entendimento de
questões futuras, que sem ele não teremos uma base sólida para o nível superior, os
quais necessitaram em muitos cursos, da Matemática, considerada por muitos,
complexa.
Esta imagem surge de como o conceito é construído para cada pessoa, algumas
vezes pelos professores e outras pelos próprios livros, com sentenças secas, mostrando
apenas sua representação e não como surgiram e para que servem, relacionados com o
cotidiano. Existem muitos exemplos relacionados às funções, como o tempo de viagem
é função, entre outras coisas, da distância percorrida; a altura de uma criança é função
de sua idade; o consumo de combustível é função, entre outras coisas, da velocidade e o
perímetro de um triângulo é função da medida de seus lados. Segundo Dante, “o
conceito de função é um dos mais importantes na Matemática. Ele está presente sempre
que relacionamos duas grandezas variáveis”.
Funções, que para muitos seria um dos piores assuntos da área de exatas, é o
tema de nosso estudo, ao qual daremos total atenção, tendo como base conceitos
trazidos em livros da Matemática. De acordo com a afirmação Zabala (2002, p. 43) “a
função social do ensino é de formar para compreender a realidade e intervir nela, o que
implica ter de ensinar para a complexidade”.
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
A base do nosso trabalho se encontra em uma pesquisa bibliográfica relacionado
ao estudo de dois livros de Ensino Médio, priorizando acima de tudo a linguagem
matemática. Logo abaixo, iremos citar alguns tópicos relevantes presentes nas duas
obras analisadas com o intuito de estabelecer tanto uma comparação, como o conceito
das funções em si. Para uma melhor explicação e compreensão, vamos nomear o
primeiro livro de M1 e o segundo de M2.
Nos dois livros, M1 e M2, encontramos pré-requisitos para o estudo das
funções, sendo que no M2 é reservado um capítulo exclusivo para ele,
lembrando que é dividido em volumes.
Ainda com base nos pré-requisitos encontramos no M1 conceitos como: produto
cartesiano, relação binária, diagrama de flechas e gráfico cartesiano e no M2,
além dos encontrados no primeiro há uma análise de domínio, imagem, relação
inversa e propriedades das relações.
3
No livro M1, o conceito de funções inicia com uma lei da correspondência
através de uma linguagem matemática: y = f(x) (le-se: y é função de x, com x є A
e y є B), citando alguns exemplos nos diagramas de flechas. Logo após destaca
conceitos de: domínio, contradomínio, imagem, raiz ou zero de uma função,
qualidades da função (injetora, sobrejetora e bijetora), função inversa e
composta.
No livro M2, o autor logo de início, cita relações binárias, a partir de conjuntos.
Exemplos:
A = {0, 1, 2, 3} e B = {-1, 0, 1, 2, 3}
Temos A em B:
R = {(x, y) є A x B l y = x + 1}
O conceito de função vem a partir da função definida:
(
Citando logo após, alguns conceitos, trazidos também com uma linguagem
matemática, são eles: notações das funções (domínio e imagem), funções iguais
(domínios e contradomínios – f(x) = g(x) para todo x do domínio).
Logo após os conceitos básicos de funções, tanto no livro M1, como no M2
classificam-nas em vários tipos, explicando cada tópico com conceitos,
exemplos e exercícios, na tentativa de enfatizar todas as ramificações presentes.
São elas: funções polinomiais do 1º grau (constante, afim), do 2º grau
(quadráticas), compostas, inversas, exponenciais, modulares, logarítmica, e
presente apenas no livro M1 a função trigonométrica.
O livro M1, contém uma linguagem simples e objetiva, organizado através de
exemplos, exercícios resolvidos, propostos e complementares, além de uma
ficha-resumo e curiosidades no final de cada capítulo, chamado de ―saiba um
pouco mais‖.
No livro M2 as questões são de vestibulares realizados nas diversas
Universidades e Faculdades de vários estados brasileiros, presentes tanto no
decorrer dos conceitos como no final do livro, no geral mais de 900 questões.
ANÁLISE DOS LIVROS SEGUNDO ABORDAGEM DOS ASSUNTOS
Ao analisarmos o conjunto de assuntos contidos nos dois livros, confeccionamos
a Tabela 1, mostrando uma ordem para se abordar cada assunto em relação às
―funções‖.
4
Tabela 1 – Assuntos Abordados em Funções
1. Introdução ao estudo das funções 7. Função afim
2. Determinação do domínio e imagem 8. Função quadrática
3. Função par / Função ímpar 9. Função modular
4. Função injetora / Sobrejetora / Bijetora 10. Função exponencial
5. Função composta 11. Função logarítmica
6. Função inversa 12. Função trigonométrica
Observando esta tabela constata-se que no livro M1, todos os assuntos estão
presentes, abordados com uma linguagem de fácil entendimento. Já no M2, notamos
que não consta uma das funções, a trigonométrica, lembrando que o livro M1 é de
volume único, o que nos leva a concluir que os conceitos deverão ser simplificados e no
M2 que é publicado em volumes, a definição poderá ser mais longa e conter um maior
número de exemplos e questões. Mesmo sendo de um único volume, no livro M1 o
número de questões não deixa a desejar, possuindo no final de cada capítulo uma lista
de exercícios complementares. De acordo com os PCENEM:
―Além das conexões internas à própria Matemática, o conceito de função desempenha
também papel importante para descrever e estudar através da leitura, interpretação e
construção de gráficos, o comportamento de certos fenômenos tanto do cotidiano, como
de outras áreas do conhecimento, como a Física, Geografia ou Economia. Cabe,
portanto, ao ensino de Matemática garantir que o aluno adquira certa flexibilidade para
lidar com o conceito de função em situações diversas e, nesse sentido, através de uma
variedade de situações problema de Matemática e de outras áreas, o aluno pode ser
incentivado a buscar a solução, ajustando seus conhecimentos sobre funções para
construir um modelo para interpretação e investigação em Matemática. (BRASIL, 1998,
p. 43)‖.
O grau de direcionamento das atividades envolve uma linguagem tanto com
ênfase na Matemática quanto na prática cotidiana, prevalecendo assim a primeira. A
5
representação matemática de certos conceitos é de suma importância para o
entendimento das questões propostas, sem deixar de lado, evidentemente, a
intertextualização de disciplinas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nosso objetivo principal, ao promover uma breve análise de livros do Ensino
Médio da área de Matemática, relacionado com assuntos abordados para o conceito de
funções, pretende chamar a atenção dos educadores na escolha de livros que contenham
abordagem maior de conceitos para assim, haver um melhor entendimento por parte dos
alunos que o utilizarem. Mas apesar da linguagem de fácil entendimento contido nas
duas obras analisadas, tanto o professor como os alunos, não devem se satisfazer com os
exercícios contidos em apenas um livro, a pesquisa por outras questões fora do
proposto, faz com que o conceito não fique restrito, na Matemática a prática estabelece
o aprendizado. Acreditamos que em um livro, seu vocabulário deve ser de fácil
entendimento por ser de suma importância para o aprendizado do aluno. Vale ressaltar
que este é o início de um trabalho e que temos muito a acrescentar em nossa pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Ensino Médio — PCNEM. Brasília: MEC, 1998.
DANTE, Luis Roberto; Matemática: Contexto e Aplicações. Volume único: ensino
médio. São Paulo: Ática, 2002.
FILHO, Benigno; XAVIER, Cláudio. Matemática aula por aula. Volume único: ensino
médio. São Paulo: FTD, 2000.
IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos da matemática elementar 1:
conjuntos e funções. 8. ed. São Paulo: Atual, 2004.
ZABALLA, A. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o
currículo escolar. (Tradução de Ernani Rosa). Porto Alegre: ArtMed, 2002.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO: SUA UTILIZAÇÃO POR FUTUROS
PROFESSORES DE MATEMÁTICA
Romilson Cardoso, UNIPAM, [email protected]
RESUMO
O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa feita com o objetivo
principal de verificar se os concluintes do curso de Matemática do UNIPAM – Centro
Universitário de Patos de Minas pretendem e estão preparados para utilizar
adequadamente o computador como recurso pedagógico ao ministrarem suas aulas. Os
dados foram obtidos analisando-se as respostas dos questionários aplicados aos alunos
da 4ª série e do 6º período do curso de Matemática da referida instituição. O estudo
possibilitou detectar se os futuros professores de Matemática pretendem utilizar o
computador na sala de aula, entretanto, não estão preparados para tal uso, sendo que há
uma falta de compreensão sobre a importância do uso do computador no ensino de
Matemática.
PALAVRAS-CHAVE: Informática. Computador. Educação Matemática.
JUSTIFICATIVA
Vem se tornando uma realidade na vida escolar a utilização do computador
na prática de ensino. A tentativa de inserir o computador no ambiente escolar ainda é
feita de forma desarticulada, sendo esse recurso usado inadequadamente.
Esta pesquisa trará com certeza ao corpo docente e aos graduandos, um
aprimoramento para a edificação de seus currículos e consequentemente a formação de
melhores profissionais, capazes de utilizar adequadamente o computador nas aulas de
Matemática.
OBJETIVOS
Verificar se os concluintes do curso de Matemática do UNIPAM – Centro
Universitário de Patos de Minas pretendem e estão preparados para usar adequadamente
o computador nas aulas de Matemática.
Sensibilizar os professores e futuros professores a fazer uso do
2
computador como recurso pedagógico ao ministrarem suas aulas, desfazendo mitos e
preconceitos.
Divulgar e refletir sobre o uso do computador nas práticas de sala de aula
de Matemática.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica e de
campo. A pesquisa bibliográfica fundamentou-se em livros, e artigos retirados da
Internet de pesquisadores renomeados na área da informática na educação e informática
na educação matemática como Borba e Penteado (2003), Chaves (2001), Penteado
(1999), Souza (2001), Valente (1995), dentre outros, e visou construir o referencial
teórico que sustenta a pesquisa desenvolvida. A pesquisa de campo concretizou-se
através da elaboração de um questionário. Este questionário (cf. apêndice) foi composto
de cinco questões, sendo três objetivas e duas discursivas. Após a elaboração do
questionário, o mesmo foi aplicado a trinta e seis alunos concluintes do curso de
Matemática do UNIPAM – Centro Universitário de Patos de Minas. Subseqüente à
tabulação dos resultados obtidos passou-se à apreciação destes resultados,
confrontando-os com os estudos compreendidos por meio da pesquisa bibliográfica.
A INFORMÁTICA NO ENSINO DE MATEMÁTICA
Ultimamente, muito se tem escrito sobre a informática na escola, mas há
pouco consenso entre os diversos autores e docentes sobre o valor do uso dessa
tecnologia e os benefícios que ela pode trazer aos alunos.
O estudo do uso do computador no ensino da Matemática tem se firmado
como uma das áreas mais ativas e relevantes da Educação Matemática.
D’Ambrosio (apud SOUZA, 2001) destaca a importância de recursos
tecnológicos para o ensino da Matemática quando menciona que:
A modernização da Matemática nas escolas tornou-se uma preocupação em
todos os países, sobretudo em vista da entrada na era da alta tecnologia. Os
trabalhadores e a população em geral, e sem dúvida técnicos e cientistas,
necessitam de uma Matemática mais Moderna. Novas posturas, novos
métodos de ensino e até mesmo novos conteúdos se fazem
necessários.(D’AMBROSIO apud SOUZA, 2001).
3
Os computadores ainda não estão amplamente disponíveis para a maioria
das escolas devido a diversas dificuldades. Para Chaves (2003) as principais
dificuldades enfrentadas com as propostas de introdução do computador na escola são:
custo do equipamento; a produção de software educacional de qualidade; o treinamento
de professores para a utilização competente do computador em seu trabalho; barreiras às
inovações tecnológicas e a impaciência de pais, de alunos, de professores, de
fabricantes, da sociedade em geral.
Muitos professores não fazem uso de ferramentas tecnológicas temendo sua
substituição pela máquina, o que causaria o desemprego na sua classe. Segundo Borba e
Penteado (2003), diversas pesquisas e experiências mostraram que não se corre esse
risco e que, ao contrário, o professor torna-se uma peça chave nesse processo de
inserção das novas tecnologias na sala de aula. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(1998), ainda acrescenta que o uso do computador vem reforçar o papel do professor na
preparação, condução e avaliação do processo de ensino e aprendizagem, longe da idéia
de substituição do computador pelo professor.
Outro risco que o professor pode enfrentar é a questão da autoridade na sala
de aula. Ele tem que tomar decisões rápidas, na frente dos alunos, sem saber ao certo as
conseqüências dessas decisões. Para Penteado (1999):
o professor continua sendo a autoridade dentro da sala de aula, e é ele quem
vai conduzir os alunos no sentido de explorar esse ou aquele conceito, mas a
negociação entre ele e seu aluno parece ganhar força. O poder legitimado
pelo domínio da informação não está só nas mãos do professor, e os alunos
conquistam espaços cada vez maiores neste processo de negociação.
(PENTEADO, 1999)
Nesse sentido, surge em sala de aula uma nova forma de autoridade
representada por aluno e professor em constante negociação, sendo necessário, então,
que professor e aluno aprendam a organizar esse espaço democrático.
Mesmo com bastantes dificuldades, várias são as finalidades do uso correto
do computador nas aulas de Matemática. O professor precisa saber que o computador
não vai substituir o quadro e o giz. Se o professor optar por utilizar a máquina para
transmitir conhecimentos, o computador se torna um caderno mais moderno. No
entender de Valente (1995), o aluno seria apenas um “virador de páginas eletrônicas”.
O computador deve ser usado como fonte de informação; para investigação
e resolução de problemas usando softwares matemáticos como o Cabri Géomètre II,
4
MPP, Car (Compasso e Régua), Graphmat, etc.; como ferramenta para realizar
determinadas atividades como uso de planilhas eletrônicas, processadores de texto,
banco de dados, etc.
O trabalho em grupo com outros professores, pesquisadores, educadores
etc., pode ser um estímulo ao professor, para que ele introduza o computador na sala de
aula. Além do estímulo, a troca de experiências e idéias pode trazer novas alternativas
para o professor experimentar em suas aulas, e ele poderá contar, também, com o apoio
do grupo no momento de avaliar e elaborar sua prática. Como exemplo do quanto pode
ser rico o trabalho em grupo, quando se pretende implantar o uso do computador na sala
de aula, existem grupos cujo tema de trabalho é novas tecnologias na Educação
Matemática: o GPIMEM- Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação
Matemática1, que estuda a relevância do computador, calculadoras gráficas e outras
tecnologias na Educação Matemática e a Rede Interlink2, que tem o objetivo de produzir
e compartilhar conhecimento sobre trabalho educativo em escolas públicas envolvendo
Matemática e Tecnologia da Informação e Comunicação. Ambos os grupos foram
criados por iniciativa de professores da UNESP-Univesidade Paulista de Rio Claro-SP.
O uso da informática na educação demanda conhecimentos específicos, por
parte do professor, ele deve saber interagir com a máquina de forma inovadora. Deste
modo Penteado (1999) chama a atenção para a necessidade da formação inicial do
professor:
É preciso que o professor, desde sua formação inicial, tanto nas Licenciaturas
quanto nos cursos de Magistério, tenha a possibilidade de interagir com o
computador de forma diversificada e, também, de discutir criticamente
questões relacionadas com as transformações influenciadas pela Informática,
sobretudo nos estilos de conhecimento e nos padrões de interação social.”
(PENTEADO, 1999)
Ainda assim, Penteado (1999) afirma que o uso do computador na escola
não se concretizará unicamente com apoio de cursos esporádicos, é preciso que o
professor seja motivado a desenvolver atividades com o computador juntamente com a
comunidade, criando assim estratégias para a resolução dos problemas locais.
A formação continuada do professor também é de fundamental importância
para a utilização do computador como ferramenta do processo de ensino aprendizagem
1 http://www.rc.unesp.br/igce/pgem/gpimem.html
2 http://www.rc.unesp.br/igce/matematica/interlk
5
e o uso desse recurso também enriquece a relação professor–aluno, como cita os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998):
As experiências escolares com o computador também têm
mostrado que seu uso efetivo pode levar ao estabelecimento de
uma nova relação professor-aluno, marcada por uma maior
proximidade, interação e colaboração. Isso define uma nova
visão do professor, que longe de considerar-se um profissional
pronto, ao final de sua formação acadêmica, tem de continuar
em formação permanente ao longo de sua vida profissional.
(BRASIL, 1998).
“(...) o professor tem também que atualizar constantemente o seu
vocabulário sobre computadores e softwares. As novidades nesta área surgem num
ritmo muito veloz”.(BORBA e PENTEADO, 2003).
Com certeza, os desafios são muitos. Utilizar novas tecnologias em sala de
aula requer do professor uma re-estruturação de sua percepção sobre ensino e
aprendizagem de Matemática. Mas o importante é que todos tenham contato com esse
tipo de discussão, para que edifiquem conhecimentos e pontos de vistas sobre um tema
que, a cada dia que passa, está mais presente no meio educacional.
REFERÊNCIAS
BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação
Matemática. 3.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 98 p.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
matemática.Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 142p.
CHAVES, Eduardo C. O Computador na Educação. Disponível em
<http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/EDTECH/funteve.htm>.Acesso em 30. maio.
2006.
PENTEADO, Miriam Godoy. Novos Atores, Novos Cenários: discutindo a inserção dos
computadores na profissão docente. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. (Org.).
Pesquisa em Educação Matemática: Concepções e Perspectivas. São Paulo: Editora
UNESP, 1999. 313p.
6
SOUZA, Maria José Araújo. Informática Educativa na Educação Matemática:
Estudo de Geometria no ambiente do software Cabri-Géomètre. 2001. 172p.
Dissertação (Mestrado em Educação Brasileira)-Faculdade de Educação, Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza, 2001.
VALENTE, José Armando. Informática na educação: conformar ou contornar a escola.
Perspectiva. Florianópolis, n. 24, 1995.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
O PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ATO DE PLANEJAR: UNICIDADE
ENTRE DIMENSÃO POLÍTICA E DIMENSÃO PEDAGÓGICA
Américo Junior Nunes da Silva
Universidade do Estado da Bahia – UNEB/Campus IX
Ilvanete dos Santos de Souza
Universidade do Estado da Bahia-UNEB /Campus IX
Simone dos Santos Barros
Universidade do Estado da Bahia-UNEB /Campus IX
RESUMO
Este relato de experiência apresenta as impressões surgidas quanto ao planejamento escolar
e a Educação Matemática durante as atividades de Estágio Supervisionado II realizado pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus IX – Barreiras-BA, em diversas escolas
públicas da zona urbana. Teve como objetivo principal levantar dados quanto ao
planejamento escolar, e perceber como acontece e se estrutura o mesmo dentro das
unidades escolares e principalmente perceber se há uma cultura de planejamento entre os
docentes que trabalham com a disciplina de Matemática e a imagem que os mesmos e
alguns dirigentes escolares possuem desse processo. O referido estudo preocupou-se,
também, com a formação dos futuros professores, ao tempo que tentou orientar quanto à
importância do planejamento para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Educação Matemática; Formação de Professores; Planejamento escolar.
INTRODUÇÃO
Planejamento de aula é a sequência de tudo que vai ser desenvolvido em um dia
letivo, é a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no período de tempo
em que o professor e o aluno interagem numa dinâmica de ensino-aprendizagem
(PILETTI, 1984). Partindo da concepção de planejamento escolar apresentada por Piletti,
pode-se constituir esse instrumento como sendo teórico-metodológico construído pelo
professor e para o aluno, com o objetivo de organizar e prever as ações didáticas que serão
2
realizadas no ambiente escolar, pois as chances de se obter sucesso quando se têm
objetivos, metodologias e recursos bem definidos são bem maiores do que para aqueles
professores que preferem levar a atividade docente no improviso.
Parece ser uma evidência que muitos professores não gostem e pouco
simpatizem em planejar suas atividades escolares. O que se observa é uma clara
relutância contra a exigência de elaboração de seus planos. Há uma certa
descrença manifesta nos olhos, na vontade e disposição dos professores, quando
convocados para planejamento. Menegola e Sant’Anna (2001, p. 43)
E nesta aversão ao ato de planejar, se encaixam um número grande de professores
de Matemática que continuam com a prática de considerar o planejamento como uma
perda de tempo, e quando o realiza, não tem o cuidado de executá-lo e avaliá-lo, não
criando subsídios para a ressignificação da prática pedagógica e para a construção de uma
proposta de trabalho organizada que atenda as demandas cognitivas do discente com
significado.
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de
formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade consciente da
previsão das ações político – pedagógicas, e tendo como referência permanente
às situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica,
política e cultural) que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a
comunidade, que integram o processo de ensino. (LIBÂNEO, 1994, p. 222)
O planejar é uma tarefa que não tem feito parte da realidade de muitos professores
de Matemática, por não compreenderem sua necessidade em estruturar uma prática
educativa mais eficiente, eficaz e efetiva, dizem trazer o planejamento feito “na cabeça” e
que apresentar o plano é desnecessário, tendo em vista os anos de trabalho dos mesmos
com a disciplina e a série.
Infelizmente a imagem que se tem, em algumas escolas, é do planejamento como
uma atividade exclusivamente burocrática, feito pelo professor para a direção da escola,
com o único objetivo de ficar na gaveta da diretoria. Como constata-se na fala da
professora regente de uma das escolas onde aconteceu o estágio supervisionado II, ao fazer
seguinte afirmação: – Fazer o planejamento pra arquivar, só pra tá bonito na pasta, e
ninguém usar. Fazemos o plano de unidade, e o plano de aula é semanal, com conteúdo,
objetivo e metodologia. Como trabalho em duas 5ª série e na EJA de 5ª e 6ª a modificação
no plano é pouca. Essa concepção é perceptível em parcela considerável dos professores
de matemática do município, quando questionados sobre o planejamento, nas respostas ao
questionário aplicado pelo estagiário no período de regência.
3
O PLANO DE AULA COMO INSTRUMENTO DE AÇÃO SOCIAL
Mudar a imagem burocrática quanto ao ato de planejar tem sido um desafio para
todos que pensam e acreditam em uma escola pública verdadeiramente de qualidade, tendo
em vista que vivenciar o que se planeja em sala de aula é essencial para o sucesso, ou pelo
menos, a tentativa de uma ação que priorize a aprendizagem e o seu processo de
construção.
O planejamento enquanto construção-transformação de representações é uma
mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a
ser consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona,
fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições
objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo.
(VASCONCELLOS 2000, p. 79)
As escolas públicas do município que sediaram as atividades de estágio
supervisionado II, segundo questionários analisados pelos estagiários, embora não
tivessem Laboratórios de Educação Matemática, apresentavam material de apoio que
auxiliavam o professor no pensar sistemático de atividades que fortaleçam o processo de
planejamento, e quando o planejar é consequentemente executado e avaliado de forma
significativa favorece o processo de ensino e aprendizagem da Matemática.
Dada a relevância do planejamento os acadêmicos de Matemática, compreendem o
significado do planejamento para a ação docente, pontuando:
O planejamento possibilita a escola ter uma maior organização,
definindo metodologias e conteúdos a serem desenvolvidos pelos professores na
sua prática pedagógica, focando-se na necessidade do aluno. Sendo assim vai do
pensar (estabelecer metas) ao agir (ação/prática). Acadêmica do Curso de
Licenciatura em Matemática 7º semestre realizou o estágio na Educação de
Jovens e Adultos.
Eu não consigo imaginar um docente sem um planejamento, pois ele é
quem vai possibilitar aos mesmos previsões do que se espera ao ensinarmos cada
conteúdo. É através dele também que nos organizamos seguindo assim uma
sequência de ações pedagógicas, que durante o percurso é totalmente flexível.
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Matemática 7º semestre realizou o
estágio no 7º ano.
Ao realizar atividades de planejamento é necessário contextualizá-la com questões
voltadas as situações recorrentes do cotidiano escolar. As questões sociais permeiam a
relação professor x aluno, ou melhor, todo relacionamento mantido dentro e fora da
instituição escolar, e o professor não deve ser negligente em vivenciar essas situações
dentro do ambiente e do processo de ensino-aprendizagem. Abordar temáticas que fazem
parte da realidade do grupo ao qual trabalha, preocupando-se com as questões político-
4
sociais e com as questões de cunho pedagógico, focando numa aprendizagem com
significado. Dessa forma não se alimenta a ideia de que o plano se trata de um documento
feito para ser lida uma única vez e que não se faz necessário a sua vivência de forma
efetiva nas aulas
A imagem do planejamento como atividade não funcional foi sendo construída ao
longo dos anos, principalmente pelo fato de se perder a aplicabilidade do mesmo não se
acompanhando a sua execução e nem se pensando em estratégias de transformação da
realidade com a utilização de recursos lúdicos importantes para a diminuição da distância
entre a disciplina e o cotidiano dos alunos.
Como afirma Gandin (2009, p.14): “O planejamento tem a difícil função de
organizar a ação sem ferir a liberdade e a riqueza dos participantes de um grupo”. Ou seja,
é necessário que se respeite as individualidades desse grupo no momento de planejar.
Sabe-se que em meio a salas heterogêneas, quanto ao nível cognitivo, é indispensável o
trabalho de sondagem e reconhecimento da turma, para que as atividades que
posteriormente serão planejadas tenham sucesso em sua execução.
Destaca-se três etapas básicas de um planejamento, deixando claro a necessidade de
articular a dimensão pedagógica e política em ambas, são elas: ELABORAÇÃO/
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO. Quando rigorosamente seguidos, garantirá o sentido real
do planejamento que é a mudança, a transformação de uma determinada realidade, pois
planejar vai muito além de preencher quadrinhos, como foi diagnosticado em algumas
escolas onde aconteceu o estágio, é importante coloca-lo em prática, vivenciar, perceber os
possíveis erros e corrigi-los para atividades futuras.
Planejar é decidir que tipo de sociedade e de homem se quer e que tipo de ação
educacional é necessário para isso; verificar a que distância se está deste tipo de
ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final que se pretende;
propor uma série orgânica de ações para diminuir essa distância e para contribuir
mais para o resultado final estabelecido; agir em conformidade com o que foi
proposto; e revisar sempre cada um desses momentos e cada uma das ações, bem
como cada um dos documentos deles derivados.
(Ibidem , 2009, p.23).
Mas ai pergunta-se: Para que planejar? E a resposta é direta: Para conseguir
eficiência no que se faz. No caso da Educação Matemática a expectativa esperada sempre
será uma aprendizagem com significado, sem perder de vista que a execução se dá dentro
de determinado limite. Tentar-se-á, portanto, definir o ato de planejar de forma a elucidar a
ação do professor de matemática nesse processo. Portanto, planejar é organizar a própria
5
ação, de forma racional e precisa intervindo na realidade, conduzindo-a e aproximando-a
do objetivo de transformar essa realidade e ao mesmo tempo possibilitar uma
aprendizagem Matemática de qualidade. Essa definição de planejamento só terá sentido se
vier embutido com reflexão e ação. Questionar o que foi feito, como foi feito, e para que
foi feito, prezando pela eficiência e eficácia no processo educativo.
Na concepção de Luckesi (1994, p.108):
O planejamento não será nem exclusivamente um ato político-filosófico, nem
exclusivamente um ato técnico, será, sim, um ato ao mesmo tempo político-
social, cientifico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido
com as finalidades sócias e políticas; cientifico, na medida em que não se pode
planejar sem um conhecimento da realidade: técnico da medida em que o
planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter os
resultados.
Para o professor de Matemática, organizar a sua ação reflete em pensar de forma
sistemática como se dará o trabalho de construção do conhecimento matemático no aluno.
Racionalidade e precisão são palavras que fazem parte do perfil dos professores de
matemática de uma forma geral, e quando professor conscientemente bem formado e com
articulação entre os conhecimentos pedagógicos e específicos possibilita a escolha de
recursos metodológicos que facilita e trás bons resultados a essa ação. O ideal é possibilitar
a construção do conhecimento matemático no aluno, desmistificando a ideia de que a
Matemática é difícil onde só poucos privilegiados a dominam.
Os professores muitas vezes vêem a construção do plano e o ato de
planejar como uma obrigação sem sentido e funcionalidade para a sua
prática, e os professores de Matemática além de se incluírem nessa lista
não usam os recursos que eles mesmos solicitaram para enriquecer uma
prática que não vejo acontecer, pois acompanho em sala e vejo os
comentários dos alunos. Diretora de Escola pública em Barreiras-BA
É perceptível que a referida diretora compreende a importância do planejamento
para a prática pedagógica, além de contribuir, com a oferta de recursos para sua execução.
A equipe gestora e de coordenação tem um importante papel no momento de criar espaço
de planejamento e de cobrar de forma consistente a execução e avaliação dos mesmos. O
objetivo principal de qualquer escola é propiciar uma educação de qualidade e a formação
de cidadãos críticos e conscientes para o exercício de seu papel e a transformação de sua
6
realidade, e sabe para que isso realmente aconteça um dos primeiros passos é fazer o
planejamento acontecer de fato.
Portanto, muitas vezes os momentos de planejamento nas unidades escolares
acontecem individualmente pelo professor, sem o acompanhamento de um coordenador
para sugerir e apresentar proposta de trabalhos coletivos e interdisciplinares. A
participação da equipe de coordenação não é apenas necessária no momento de elaboração
do plano, mas em todo o processo de execução e de avaliação.
Segundo Freire (2005, p.65): “A prática de pensar a prática é a melhor maneira de
pensar certo.” É importante destacar que o planejamento tem um duplo posicionamento, o
político e o pedagógico. Este se refere à ação educativa e as características da instituição
em que se planeja enquanto aquele está ligado ao ideal de sociedade e homem. Precisa
haver uma articulação entre ambos para que os objetivos traçados sejam alcançados tanto
da instituição como do professor quanto ao processo de ensino e aprendizagem.
Muitas escolas estabelecem modelos como sendo ou não eficientes para uma
prática, mas o que determina a eficiência e eficácia de um plano não é o modelo adotado,
mas sim a ação realizada a partir desse modelo.
Segundo Pimenta (2010, p. 83) “a atividade docente é sistemática e científica, na
medida em que toma objetivamente (conhecer) o seu objeto (ensinar e aprender) e é
intencional, não-casuística”, ou seja, não se deve levar a ação docente na base do
improviso, tendo em vista que se está em jogo a formação política, social e intelectual do
sujeito.
CONSIDERAÇÕES
Tendo em vista a formação de professores de Matemática com qualidade que
atuarão na educação básica do município de Barreiras-Ba, a disciplina de Estágio
Supervisionado II, pode garantir uma ótica privilegiada quanto às atividades de regência
desenvolvidas no Ensino Fundamental II, conclui-se que os alunos estagiários que
iniciaram as suas atividades de estágio curricular apresentaram uma proposta de trabalho, e
uma postura quanto às atividades de planejamento condizente com a realidade, que é
justamente a ligação entre as questões políticas, a formação de cidadãos críticos e a
instrução quanto ao conhecimento matemático, características essas de um bom
profissional em Educação Matemática.
7
O uso do planejamento como ponte organizacional de uma ação e sua
intencionalidade em busca de objetivos que priorizem uma boa aprendizagem foi
perceptível durante as atividades de estágio. Devido à necessidade de profissionais na área
para atuarem na rede de ensino do município, tem-se a certeza, que a preocupação e o fato
de se cobrar um olhar cientifico e detalhado sobre as atividades de estágio, em particular ao
planejamento escolar, vem assegurar justamente isso, que os profissionais aqui formados
consigam perceber e fazer dos planos, pontes para a transformação social e a formação de
cidadãos críticos, conscientes de seu papel na sociedade e principalmente
matematicamente instruídos.
REFERÊNCIAS
D’AMBROSIO, Ubiratan. Da Realidade à Ação : Reflexões sobre Educação Matemática -
São Paulo: Summus; Campinas : Ed da Universidade Estadual de Campinas, 1996.
FREIRE, Paulo. Revista Educação e Sociedade, n.1, 2005.
GANDIN. Danilo. Planejamento Como Prática Educativa. 17ª edição. São Paulo-SP.
Edições Loyola, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos, Didática. São Paulo. Editora Cortez. 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
MENEGOLLA e SANT’ANA, Maximiliano e Ilza Martins. Porque Planejar? Como
Planejar? 11º Ed. Editora Vozes. Petrópolis. 2001.
PILLETTI, Caludino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1984.
PIMENTA. Selma Garrido. O Estágio na Formação de Professores, Unidade Teoria e
Prática? - 9. Ed. – São Paulo-SP: Cortez, 2010.
VASCONCELLOS, Celso dos S: Planejamento Projeto de Ensino-Aprendizagem e
Projeto Político-Pedagógico. Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São Paulo, 2000.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
UMA ANÁLISE DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
MATEMÁTICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM DESSA DISCIPLINA
Valmira Nunes. Neila Marcelle Gualberto Leite.
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - Campus Januária.
[email protected]; [email protected]
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar algumas das contribuições para o processo de
ensino-aprendizagem da matemática quando se trabalha a contextualização dos
conteúdos matemáticos; objetiva também atender a futuros professores e pesquisadores
que desejam adotar a metodologia em questão. A ideia desse trabalho surgiu a partir das
orientações de professores de matemática do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
(IFNMG) que constantemente orientam os alunos do curso de formação de professores
a procurar recursos e/ou metodologias que tornem as aulas de matemática mais
significativas. Desta forma, realizamos uma discussão reflexiva acerca de pesquisas que
discorrem sobre esta metodologia, seja enfatizando conceitos, experiências, relatos,
contribuições ou que ressaltam preocupação com o uso inadequado. Para desenvolver
este trabalho adotamos como metodologia uma revisão de literatura. Portanto,
acreditamos que este artigo contribui de forma significativa para a reflexão de
profissionais da área de educação matemática, bem como dos acadêmicos do curso de
formação de professores, acerca da contextualização de conteúdos.
Palavras – chaves: contextualização de conteúdos, ensino-aprendizagem de matemática,
metodologia de ensino de matemática.
JUSTIFICATIVA
Este trabalho pretende auxiliar a futuros professores e pesquisadores na área de
educação matemática, servindo como apoio para aqueles que desejam adotar uma
metodologia que desperte o interesse do educando para aprendizagem da matemática,
em especial para os alunos do curso de formação de professores de matemática do
IFNMG que são constantemente orientados a buscar recursos e/ou metodologias que
tornem o aprendizado de matemática mais significativo e que mostre ao educando que
essa é uma disciplina aplicável em seu cotidiano.
2
OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar algumas das contribuições
para o processo de ensino-aprendizagem da matemática quando se trabalha a
contextualização dos conteúdos matemáticos. Apresenta os seguintes objetivos
específicos: discutir o conceito e experiências da contextualização no ensino da
matemática apresentados na literatura atual; analisar em que medida os professores têm
utilizado a contextualização de conteúdos no processo de ensino-aprendizagem da
matemática e satisfazer a futuros professores e pesquisadores na área de educação
matemática que desejam adotar essa metodologia.
METODOLOGIA
Para desenvolvermos um artigo reflexivo de análise da contextualização de
conteúdos e algumas de suas contribuições para o processo de ensino-aprendizagem da
matemática, adotamos como metodologia uma revisão de literatura; desta forma,
discutimos conceitos e experiências da contextualização no ensino da matemática
apresentados na literatura atual.
INTRODUÇÃO
O processo de ensino-aprendizagem de matemática, assim como todo o processo
educacional atual, passa por um período de reflexão entre pesquisadores e professores,
acerca das possibilidades de um ensino mais significativo que buscam superar velhos
processos de ensino que não atendem às expectativas dos professores e dos alunos no
processo ensino-aprendizado (DRUCK, 2006). Particularmente, podemos verificar que
grande parte dos alunos da educação básica indaga sobre a falta de associação entre a
matemática ensinada na escola e a realidade.
Desta forma, este artigo surgiu da necessidade de promover uma reflexão sobre a
contextualização de conteúdos matemáticos, visando oferecer aos futuros professores e
pesquisadores de educação matemática um material que possua contribuições
significativas para a comunidade científica sobre essa metodologia no ensino de
matemática. Pretendemos discutir o conceito e experiências da contextualização no
3
ensino da matemática apresentados na literatura atual, assim como apresentar um
material de apoio com referências atuais que discutem o tema.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Vieira (2004), houve uma mudança nos paradigmas da educação,
assim o aluno deixa de ser um receptor de informações e executor de condutas já
determinadas e se transforma no sujeito da aprendizagem, passando assim a refletir a
repercussão do conhecimento em sua vida social. Afirma ainda, que essa mudança
requer uma nova maneira de lidar com o conhecimento, pois para se refletir sobre a
repercussão do conhecimento na vida social é necessário que se trabalhe com estratégias
de contextualização.
Neste sentindo, acreditamos que a contextualização é uma metodologia de
ensino que propicia ao educando fazer uma intermediação entre a matemática e a
realidade. Mas o que é, de fato, a contextualização?
Segundo Rays (2006), a educação contextualizada ou sistematizada exige uma
metodologia de ensino que realize as mediações entre quesitos tais como: teoria e
prática, pensamento e ação, entre outros. Neste sentido os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) de matemática (1997) complementa:
Esse processo de transformação do saber científico em saber escolar não
passa apenas por mudanças de natureza epistemológica, mas é influenciado
por condições de ordem social e cultural que resultam na elaboração de
saberes intermediários, como aproximações provisórias, necessárias e
intelectualmente formadoras. É o que se pode chamar de contextualização do
saber. (BRASIL, 1997, p. 30).
Portanto, é uma metodologia que contribui à realidade dos alunos, seja no campo
material, social, filosófico, religioso, ou outro, estabelecendo elos entre os
conhecimentos e significados que o educando possui nos mesmos e o conhecimento
cientifico que está sendo desenvolvido.
Podemos observar que além do interesse do educando em saber em que a
matemática pode ser aplicada, existem outros fatores que evidenciam a necessidade do
4
uso de uma metodologia inovadora, como na afirmação de Fernandes (2010) que
acredita que por diversas vezes os professores têm dificuldades de discorrer com alunos
da educação básica sobre conteúdos matemáticos que são muito abstratos. Visando uma
solução, a autora afirma que: “(...) o professor pode recorrer a um contexto pró-ativo,
isto é, situar o raciocínio do aluno a partir de um conceito que seja uma forma mais
elementar daquele conhecimento considerado (...)” (s/p).
O PCN de Matemática pode ser considerado como regente da educação
matemática e recomenda que:
O conhecimento matemático deve ser apresentado aos alunos como
historicamente construído e em permanente evolução. O contexto histórico
possibilita ver a Matemática em sua prática filosófica, científica e social e
contribui para a compreensão do lugar que ela tem no mundo. (Brasil, 1997,
p.19).
Após verificarmos alguns fatores que contribuem para que se adote a
contextualização de conteúdos, cabe ressaltar algumas maneiras de contextualizar na
expectativa de obtermos os mais elevados índices de contribuições para o processo de
ensino-aprendizagem na abordagem da matemática. Desta maneira, podemos destacar
um método de contextualizar enfatizado por Lopes et al. (2008), os quais afirmam que
recuperar o processo histórico de construção do conhecimento matemático pode se
tornar um importante elemento de contextualização. Acrescenta Barros (2008), que a
criação de situações problemas que tenham o potencial de fazer o educando adquirir
conhecimentos que ele ainda não domina, ou seja, a utilização da contextualização
amplia a visão do mundo cotidiano do educando.
Analisaremos agora algumas contribuições da contextualização de conteúdos no
processo de ensino-aprendizagem da matemática. Como a que está presente na
afirmação de Vieira (2004) que alega que as estratégias da contextualização permitem
contemplar conteúdo escolar com as vivências do educando, assim o aluno passa a ser
visto como sujeito sociocultural. Acrescenta Fernandes (2010) que a contextualização
de conteúdos é um excelente mecanismo para entrelaçar a matemática com outras
disciplinas e assim, mostrar que a matemática não é uma disciplina fragmentada, bem
como é um instrumento facilitador para demonstração de onde seus conteúdos podem
ser aplicados. Complemente Barros (2008) que a contextualização de conteúdos permite
ao educando compreender melhor o mundo em que vive.
5
Porém, é necessário discorremos sobre discussões a respeito da contextualização
quando adotada de forma inadequada. De acordo com Lopes et al. (2008), é necessário
verificar que a contextualização pregada de forma artificial torna-se ineficaz. Os autores
ainda afirmam que por diversas vezes o conceito ou procedimento desejado não possui
nenhuma ligação com a situação em questão e que a contextualização intensamente
ligada na realidade, com aspectos fantasiosos, não é educativa.
Reforçando essas discussões, Souza e Roseira (2010), demonstram preocupação
com professores que tentam explicar conteúdos levando para o cotidiano do aluno
conceitos matemáticos que são abstratos.
Corroboram Lopes et al. (2008) e Souza e Roseira (2010) com a preocupação de
se empregar a contextualização de modo inadequado e torná-la ineficaz.
DISCUSSÃO
Na expectativa de desenvolvermos um trabalho de análise de algumas
contribuições da contextualização de conteúdos para o processo de ensino-
aprendizagem da matemática, discutimos conceitos e experiências de professores e
alunos apresentados na literatura atual.
Durante desenvolvimento analisamos trabalhos que discorrem sobre
contribuições quando se adota a contextualização de conteúdos, analisamos também
trabalhos que enfatizam preocupação quanto à utilização desta metodologia
principalmente quando adotada de modo artificial. Vale ressaltar que essa preocupação
é bastante pertinente, pois sendo esta metodologia propiciadora do enriquecimento das
aulas de matemática seu uso de modo inadequado contribui para que criem um mito
quanto sua ineficácia, além de não contribuir com o processo de ensino-aprendizagem
da matemática.
Diante do exposto, podemos verificar que a utilização da contextualização de
conteúdos contribui de maneira significativa para aprendizagem da matemática.
Entretanto, devemos utilizá-la de maneira adequada.
REFERÊNCIAS
6
BARROS, S. D. S. Conhecimento de física. In: BRASIL. Orientações curriculares para
o ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Vol. 2. Brasília,
DF: 2008, p. 43-66.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF,1997.
DRUCK, S. O drama do ensino da matemática. Disponível em:
<http://www.sed.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=98&id_comp=284&id_reg=7
0&voltar=lista&site_reg=98&id_comp_orig=284> Acesso em 20 nov. 2010.
FERNANDES. S. D. S. A contextualização no ensino da matemática: um estudo com
alunos e professores do ensino fundamental da rede particular do Distrito Federal.
Disponível em:
<http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/22006/SusanadaSilvaFernandes.pdf> Acesso
em: 27 nov. 2010, 11:15:30.
LOPES, C. A. E. e et al. Conhecimento de matemática. In: BRASIL. Orientações
curriculares para o ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias.
Vol. 2. Brasília, DF: 2008, p. 67-137.
RAYS, O. A. Metodologia do ensino: cultura do caminho contextualizado. In: VEIGA.
I.P.A. (coord.). Repensando a didática. 24 ed. Rev. e atual. Campinas. SP: 2006, p. 93-
108.
SOUZA, N. F. de, ROSEIRA, N. A. F. A Contextualização no processo de
ensino-aprendizagem da Matemática. In: III JORNADA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, XVI JORNADA REGIONAL DE
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 04 a 07 de maio de 2010, Passo Fundo.
VIEIRA, G. M. Estratégias de “Contextualização” nos Livros Didáticos dos Ciclos
Iniciais do Ensino Fundamental. 2004, (Dissertação de Mestrado, Educação)-
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
UMA PROPOSTA DE ATIVIDADES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA PARA
O ENSINO MÉDIO ATRAVÉS DO AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM TELEDUC
Vanilza dos Santos - [email protected]
Marcio Yuji Matsumoto - [email protected]
Faculdades Oswaldo Cruz – São Paulo
RESUMO
Neste trabalho, foi proposto um curso virtual de matemática financeira, na
modalidade EaD, como uma alternativa viável para a adoção deste tema no ensino
médio. Para tal, foi escolhido o TelEduc como Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA), por sua facilidade de uso pelos cursistas e por permitir ao docente a
incorporação de atividades com recursos multimidiáticos, promovendo também a
interatividade entre os estudantes, favorecendo a construção colaborativa de
conhecimentos.
Palavras-chave: AVA, Matemática Financeira, EaD
JUSTIFICATIVA
Integrar as novas tecnologias de informação e de comunicação no ensino, de
forma significativa, tem sido, nos últimos anos, tema de muitos estudos. De fato,
aprender a usar a tecnologia e localizar recursos que possam enriquecer o currículo
escolar ou acadêmico é uma tarefa importante para atender a função social da instituição
de ensino, permitindo que seus alunos possam tirar maior proveito do uso da
informática e crescer em um mundo extremamente competitivo.
O uso pedagógico das tecnologias deve ser acompanhado por uma perspectiva
de trabalho colaborativo, tornando o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) atraente
para os estudantes, uma vez que tornam-se mais ativos em sua própria educação. Com
base nos trabalhos de autores socio-construtivistas, como de Vygostsky, pode-se
considerar que os computadores sejam instrumentos de mediação [1], pois possibilitam
2
novas relações para a construção do conhecimento, permitindo novos modelos de
interação e formas de comunicação entre computadores interligados.
É relevante destacar que a incorporação de computadores no ensino não deve ser
apenas a informatização dos processos de ensino já existentes, pois não se trata de aula
com “efeitos especiais”. O computador permite criar ambientes de aprendizagem que
façam surgir novas formas de pensar e aprender; favorece a interação com uma grande
quantidade de informações, que se apresentam de maneira atrativa, por suas diferentes
notações simbólicas (gráficas, linguísticas, sonoras, etc.). As informações são
apresentadas em textos informativos, imagens, gráficos, tabelas, utilizando cores,
símbolos, diagramação e efeitos sonoros diversos.
O desenvolvimento de atividades em um AVA deve possibilitar a prática das
expectativas de aprendizagem de diversos níveis segundo a taxionomia de Bloom. Deve
permitir, por exemplo, observar regularidades em situações problematizadoras, criar
soluções, estabelecer relações, pensar a partir de hipóteses, além de incentivar a
aprendizagem cooperativa, a interação e a colaboração entre os cursistas no processo de
construção de conhecimentos [2].
Por outro lado, o tema Matemática Financeira foi escolhido para ser
desenvolvido num AVA, por tratar-se de uma área pouco explorada no ensino básico
dos estudantes e possuir grande relevância no exercício da cidadania, além de
amadurecer idéias críticas em relação à economia, finanças e o mercado.
OBJETIVO
Propor atividades para um curso virtual de matemática financeira, de tal modo
que os estudantes sejam estimulados a compartilharem os dados pesquisados, conceitos,
explicações formuladas, textos produzidos e pesquisados, através de ferramentas
planejadas para tal finalidade, como o portfólio e o correio eletrônico, tendo em vista
uma aprendizagem colaborativa. Desenvolver práticas lúdicas para consolidar os
conceitos discutidos, tais como os jogos digitais. Incentivar o uso de recursos
tecnológicos relacionados ao tema, como os softwares de planilhas eletrônicas e
calculadoras virtuais.
DISCUSSÃO
Como expectativas gerais de aprendizagem para os estudantes, podem ser
mencionadas as seguintes habilidades e competências: avaliar o valor do dinheiro no
3
tempo, relacionar conceitos e grandezas financeiras e desenvolver habilidades com
planilhas eletrônicas e ferramentas matemáticas virtuais. O público-alvo são estudantes
do ensino médio e os pré-requisitos são as operações básicas de matemática elementar
trabalhadas no ensino fundamental. Pessoas com Necessidades Especiais (PNEs)
poderão ser cursistas, desde que apresentem apenas níveis parciais de deficiência visual.
Para atender este público, o curso sugere a instalação de um software para ampliação
dos caracteres no monitor, como o Magnifixer. Atendendo os deficientes auditivos, os
vídeos propostos são acompanhados de legendas.
A ementa básica envolve conceitos tais como: juros e remuneração do capital,
taxa de juros, regime de juros simples e composto, cálculo do montante e do principal a
juros compostos e planos de financiamento.
A concepção pedagógica do projeto está baseada na aprendizagem colaborativa
entre os cursistas, por meio de ferramentas que promovam a interatividade entre os
pares. O processo ensino-aprendizagem será online, midiatizado e apoiado por redes de
computadores e educadores. Espera-se que, com o uso das diversas bases de dados
ocorra não só o domínio de ferramentas tecnológicas, com softwares especializados na
área de cálculos financeiros, mas também das estratégias para desenvolvimento de
habilidades cognitivas, reflexão crítica e solução de problemas entre os estudantes, por
meio de atividades lúdicas, como dinâmicas de grupo e criação de apresentações.
METODOLOGIA
O AVA escolhido para este curso é o TelEduc [3], cuja vantagem é o seu
trabalho operacional simples, oferecendo uma interface de navegação intuitiva para os
cursistas. O TelEduc possui todas as ferramentas mais aplicadas em aulas virtuais (ex.:
Portfólio, Fórum, Exercícios, Mural, Bate-Papo ou Chat, etc.), seja qual for o ambiente
utilizado. Portanto, conhecendo, no contexto pedagógico, as funcionalidades de cada
uma delas, o planejamento de cursos para outros ambientes virtuais será compatível.
As atividades no AVA são separadas em teóricas e práticas. As atividades
teóricas visam fornecer subsídios conceituais para um certo tópico do curso, que serão
avaliados através das atividades práticas. O TelEduc oferece ferramentas para elaborar
tais atividades em forma de exercícios objetivos ou discursivos, além de jogos
educativos como campo minado e palavras-cruzadas. Apesar de tais ferramentas, o
ambiente permite conexões de seus usuários com objetos de aprendizagem externos e,
4
assim, fazerem uso de recursos midiáticos mais complexos, tais como infográficos
interativos, vídeos e animações.
RESULTADOS PARCIAIS
Nesta seção, será apresentada uma descrição sumária da sequência das
atividades que compõem este curso. É importante ressaltar que o processo avaliativo
deve ocorrer ao longo de todo o curso, compreendendo etapas diagnósticas, por meio de
ferramentas como o fórum e questionários individuais, verificando os conhecimentos
prévios dos cursistas para, eventualmente, modificar a sequência das tarefas planejadas;
etapas formativas, para verificar o progresso na aquisição das competências e
habilidades esperadas nos estudantes, através do uso de portfólios individuais ou de
grupos, ou exercícios dinâmicos como jogos e atividades interativas, como os chats.
Finalmente, as atividades somativas foram planejadas para serem suficientemente
complexas, envolvendo produção, registro e compartilhamento de textos, apresentações
e vídeos nos portfólios, com a finalidade de potencializar a construção do conhecimento
em equipe, valorizando aspectos cognitivos superiores como representar idéias,
comparar análises ou resultados que permitam refletir sobre suas escolhas e tomada de
decisões.
Ao longo de todo o curso, tanto nas atividades teóricas quanto nas práticas, são
utilizados recursos midiáticos diversificados, como hipertextos acessados através de
links, textos em formato universal como o pdf, e vídeos, em formatos mp4 ou avi,
disponibilizados para o domínio público, além de apresentações em formato ppt. Para a
escolha desses recursos foi considerado que os estudantes não são simples usuários ou
consumidores de produções já desenvolvidas, mas desenvolvedores de suas próprias
criações. Ou seja, no projeto deste curso em EaD, foram planejadas condições para que
os grupos de cursistas possam criar suas próprias apresentações, vídeos e resoluções de
problemas práticos, tendo em vista situações reais.
Na primeira aula, com duração estimada de 6 horas, a proposta é de promover a
ambientação dos estudantes no AVA, incentivando a interatividade através da
ferramenta fórum. Pede-se para que se discuta, como tema gerador, a mudança no valor
do dinheiro com o tempo, apresentando aos cursistas trechos de reportagens em forma
de vídeos e textos que comentem sobre investimentos, inflação e taxas de juros, como
temas geradores. Como material de apoio, disponibiliza-se um breve texto sobre a
importância da educação financeira no exercício da cidadania.
5
Na segunda aula, com duração de 4 horas, os conceitos mais elementares de
matemática financeira são abordados, tais como os juros simples, capital e montante.
Como atividade teórica, sugere-se a leitura de um texto introdutório sobre tais tópicos e,
como atividade prática, pede-se a resolução de execícios de múltipla escolha e
discursivos, que abordem a resolução numérica de problemas aplicados. Tais atividades
são disponibilizadas na ferramenta Exercícios do AVA.
Na terceira aula, de 10 horas de duração, os conceitos de juros compostos são
trabalhados através da apresentação de uma vídeo-aula [4]. Em seguida, com o auxílio
de um tutorial de uso de uma calculadora financeira virtual, resolver problemas
inspirados em situações reais, como calcular o valor das prestações de um bem
adquirido a uma determinada taxa de juro mensal. Apesar de tal tipo de problema poder
ser resolvido com o uso de uma calculadora mais simples, a calculadora financeira
permite realizar operações mais específicas, com números de passos reduzidos, além de
introduzir no estudante noções elementares de lógica de programação. Como uma tarefa
lúdica, visando revisar conceitos-chave abordados até esta aula, são propostos jogos
digitais, como campo minado e palavras-cruzadas, respondendo questões descritivas
sobre os mesmos.
Finalmente, na quarta aula, de 10 horas programadas, as dívidas em
financiamento são discutidas. Como atividade teórica, propõe-se a leitura de um
capítulo de um livro eletrônico. Por outro lado, o uso de uma planilha eletrônica é
estimulado como atividade prática. Sugere-se, por exemplo, que se construa uma
planilha de amortização de uma dívida de um determinado valor em parcelas periódicas,
a uma certa taxa de juros. Como uma atividade somativa de conclusão, propõe-se a
criação cooperativa de uma apresentação, em grupo, sobre opções para um plano de
financiamento na compra de um determinado bem, ou de um investimento financeiro,
apresentando vantagens e desvantagens, conforme os respectivos modelos, e
compartilhá-la na ferramenta portfólio.
Além das expectativas de aprendizagem já discutidas, esta tarefa visa trabalhar
com habilidades e competências relacionadas ao uso de novas tecnologias no processo
de ensino-aprendizagem, como os recursos de editor de apresentação (LibreOffice ou
Google Docs), os correios eletrônicos e chats, tendo em vista um trabalho colaborativo.
Além de ser uma atividade procedimental para conhecer o uso deste recurso, há também
um caráter atitudinal na proposta, pois o trabalho em equipe é valorizado. Como
6
critérios de avaliação, há o respeito às orientações dos formadores e o cumprimento dos
prazos estabelecidos.
Os instrumentos de avaliação utilizados são de dois tipos: avaliação
automatizada, em testes objetivos e jogos, ou assistida por computador, fazendo uso de
canais interativos, como fóruns, portfólios, correios eletrônicos e comunicação
multimídia por meios síncronos (chats).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diferencial desta proposta de EaD é que, em vez de se transpor simplesmente
os conteúdos de um curso presencial tradicional, normalmente com interações
discursivas retóricas entre professor e aluno e entre os próprios cursistas, para o
computador, este é baseado em um enfoque construtivista do conhecimento, visando
preparar o alunos para a mudança, para o aprender a aprender e para o saber ser,
desenvolvendo neles a possibilidade de capacitação necessária ao exercício da cidadania
crítica e participação na sociedade, por meio de atividades reflexivas, mediadas por
recursos tecnológicos que valorizem a interação dos cursistas, ampliando as
possibilidades de comunicação por intermédio da integração entre diferentes linguagens.
REFERÊNCIAS
[1] Lins RM, Moita MHV, Dacol S, Interatividade na Educação a Distância, XXVI
ENEGEP - Fortaleza, 2006.
[2] Piconez SCB, Filatro AC, O Desenvolvimento Profissional da Docência na
Formação de Professores face a Utilização das Tecnologias, ETD – Educação Temática
Digital, Campinas, v.10, n.2, 394-427, 2009.
[3] Otsuka JL, da Rocha HV, Um modelo de suporte à avaliação formativa para
ambientes de educação a distância: dos conceitos à solução tecnológica, Revista Novas
Tecnologias na Educação, v. 3, n.2, 2005.
[4] Morgado ACO, Matemática Financeira, Vídeo-Aula, IMPA, 2008.
http://strato.impa.br/videos/PAPEM_JAN08/PAPEM300108-02.avi (acessado em
30/07/2011)
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
AVALIAÇÃO E CRIATIVIDADE NO ENSINO DE RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Autoras: Raimunda Maria de Oliveira – CEF 01 de Sobradinho –
Tatiana Modesto Pimentel – Escola Olhos D’água de Sobradinho –
RESUMO
A proposta de trabalho, presente nesse pôster, tem como objetivo analisar estratégias de
resolução de problemas que favoreçam a aprendizagem matemática de estudantes com
deficiência intelectual. Para isso foram elaboradas duas fichas de observação (anexos).
A primeira tem como propósito observar como o pensamento do(a) estudante(a) com
deficiência intelectual se organiza a partir do registro de suas ideias a respeito das
situações-problema apresentadas. A segunda, oferecer ao(à) professor(a) condições de
avaliar, a partir desses registros, com o máximo de informações possíveis, como esse(a)
estudante organiza seu pensamento em busca de soluções das situações-problemas que
foram apresentadas.
PÚBLICO ALVO: Estudantes com deficiência intelectual das séries iniciais e finais do
ensino fundamental.
PALAVRAS-CHAVE: deficiência intelectual, situações-problema, avaliação.
JUSTIFICATIVA
“Pensar como se pensa”
Na aprendizagem matemática cada um tem um jeito de organizar seu
pensamento, de acordo com suas “experiências cognitivas”. O papel do educador
matemático está em propiciar condições para que o(a) estudante consiga estabelecer
relações entre o que sabe e o que está aprendendo. Ao pensar em avaliação da
aprendizagem matemática é preciso encontrar alternativas que permitam ao(a)
professor(a) ter o maior número possível de informações sobre o pensamento
matemático do(a) estudante. Segundo D’Ambrósio (2004, p. 37):
2
A aprendizagem é aquisição de capacidade de explicar, de aprender e
compreender, e de lidar, criticamente, com situações novas. Não é mero
domínio de técnicas, habilidades e muito menos a memorização de algumas
explicações e teorias.
Partindo desse pressuposto, devem-se criar condições no espaço pedagógico
para que o(a) estudante possa compreender seu próprio processo de aprendizagem, bem
como, elementos na avaliação com o objetivo de obter melhores resultados no processo
de aprendizagem estabelecendo, a partir daí, outras formas de ensinar e aprender.
Ao refletir sobre a aprendizagem matemática significativa, destaca-se o que
Marciano (1998, p. 64) menciona a respeito da resolução de problemas:
Para aprender Matemática é preciso construir os sentidos dos conhecimentos
e, para isso, é preciso resolver problemas e refletir acerca desse trabalho. Para
que as crianças construam o sentindo do conhecimento não basta que
reconheçam as situações para as quais eles são úteis. É preciso também
conhecer os limites de sua utilização: em que momentos é necessário utilizar
outra técnica, como se relacionam os diversos conceitos, quais as melhores
formas de representação para tratar e obter a informação, como controlar os
resultados.
Assim, complementando suas ideias, a matemática passa a ser uma ferramenta
na resolução de problemas e espera-se que as crianças resolvam problemas para
aprender matemática e não ao contrário, que conheçam matemática para resolver
problemas.
Nesse sentido, torna-se fundamental compreender a importância da resolução de
problemas no ensino da matemática e de que forma esse novo enfoque pode auxiliar
estudantes com deficiência intelectual - foco desse trabalho - considerando para isso um
novo papel para o(a) educador(a) matemático(a) num contexto social diferente.
Independente das características do indivíduo é importante compreender que a
sociedade precisa de cidadãos mais atuantes, capazes de tomar decisões, fazer escolhas
assertivas e conviver com a diversidade, de forma a eliminar os preconceitos que ainda
existem no meio social:
É necessário formar cidadãos matematicamente alfabetizados, que saibam
como resolver, de modo inteligente, seus problemas de comércio, economia,
3
administração, engenharia, medicina, previsão do tempo e outros da vida
diária. E, para isso, é preciso que a criança tenha, em seu currículo de
Matemática elementar, a resolução de problemas como parte substancial,
para que desenvolva desde cedo sua capacidade de enfrentar situações-
problema (DANTE, 1995, p.15).
Ao resolver problemas mobilizamos estruturas mentais, por vezes, não
tão previsíveis e compreensíveis, mas que favorecem a descoberta de caminhos que
possam auxiliar na compreensão desses mecanismos a partir das situações-problema.
Dessa forma, em situação de aprendizagem e partindo de situações-problema estudantes
necessitam antecipar e formular resultados, justificativas, criar argumentos e reproduzir
o processo de descoberta. Ele(as) necessitam por em prática tudo o que sabem, que
contém algo novo e ainda não tem resposta e exige investigações e busca de soluções
(MARINCEK, 2001).
Quando se fala em mobilizar estruturas mentais, acredita-se que a resolução de
problemas passa a ser um elemento indispensável no desenvolvimento dessas estruturas
no sentido de fazer a criança ou o(a) adolescente “pensar no que pensou”. Para Dante
(2009) resolver problemas pode auxiliá-los na apreensão de significados e para isto,
traça algumas metas, entre elas:
fazer pensar;
desenvolver o raciocínio lógico;
ensinar a enfrentar situações novas;
conhecer as primeiras aplicações matemáticas;
aulas mais interessantes e motivadoras.
Acrescentaria:
Torná-lo(a) mais autônomo;
valorizar os conceitos espontâneos;
promover maior interação entre os pares, permitindo o diálogo em busca das
soluções;
finalmente, a possibilidade de auxiliar e conhecer um pouco mais as estruturas
mentais de estudantes com deficiência intelectual – proposta desse trabalho.
4
Ao organizar o processo de resolução de problemas Polya1 estabeleceu quatro
etapas importantes, apresentadas por Dante (1995) e que são mencionadas em seus
livros como apoio didático:
compreender o problema;
elaborar um plano;
executar um plano;
verificação ou retrospectiva;
emissão de resposta2.
A compreensão do problema corresponde à fase em que, antes de iniciar o
processo de resolução, se faz necessário responder algumas questões: O que se pede no
problema? O que se procura no problema? O que se quer resolver no problema? O que o
problema está perguntando? É possível resolvê-lo utilizando figura, gráfico, tabela ou
representá-lo por meio de esquemas? É possível estimar ou chutar a resposta?
Na etapa de elaboração de um plano de ação para resolver o problema, importa
que seja feita a conexão entre as informações que o problema apresenta e o que ele
pede. Devem-se considerar as seguintes questões: Você já resolveu um problema
parecido? Qual é o seu plano para resolver o problema? Que estratégias você utilizará
na solução? É possível resolver o problema por partes? Organizar os dados em gráficos,
tabelas ou diagramas pode ajudar na solução. Resolver o problema por partes.
Em seguida, ao executar o que foi planejado deve-se verificar cada passo a ser
dado.
Na etapa de execução os cálculos indicados no plano são realizados. É a vez de
analisar a solução obtida, fazendo um retrospecto e verificando o resultado. A
importância dessa etapa se dá em função da oportunidade do(a) estudante rever como
pensou inicialmente (pensar como pensou) até chegar a solução encontrada. Hora de
refazer, “tirar a prova” e, se for o caso, corrigir os possíveis enganos identificados.
Pode-se, aqui, identificar uma estratégia a ser empregada em outros problemas.
1 George Polya, matemático húngaro que dividiu a resolução de problemas em quatro etapas.
2 Foi considerada como etapa, posteriormente.
5
A importância da etapa final, emissão de resposta, em estudos e observações, se
deve ao fato de que ao encontrarmos um resultado numérico, este nem sempre
significará a resposta ao problema proposto.
Os procedimentos sugeridos por Polya não determinam, necessariamente, uma
obrigatoriedade em seguir essa sistematização, isto poderia tornar a tarefa enfadonha. A
sua importância se dá em função de proporcionar a qualquer estudante uma forma de
relacionar seus conhecimentos espontâneos e transformá-los em saberes mais
elaborados. Para Dante (1995, p. 30):
Ensinar a resolver problemas é uma tarefa mais difícil do que ensinar
conceitos, habilidades e algoritmos matemáticos. Não é um mecanismo direto
de ensino, mas uma variedade de processos de pensamento que precisam ser
cuidadosamente desenvolvidos pelo aluno com o apoio e incentivo do
professor.
Seguindo esses passos o(a) professor(a) oportuniza ao(à) estudante refletir sobre
seu processo de aprendizagem de forma contínua, estendendo-se ao longo da vida,
conforme vá atuando em diferentes situações e circunstâncias (Moysés, 1997).
Ao destacar a resolução de problemas no ensino da matemática do(a) estudante
com deficiência intelectual pretende-se também propiciar um fazer pedagógico que
verifique, num processo contínuo, o progresso do indivíduo na escola.
A ficha de observação criada para o(a) estudante, chamada de história
matemática – registre como você pensou (anexo), tem esse propósito porque permite
que ele(a) acompanhe de forma mais sistemática seu desenvolvimento. Para o(a)
professor(a), temos história matemática – reflita sobre a avaliação (anexo), deve
permitir conhecer melhor como o(a) estudante organiza suas ideias e que outras
estratégias devem ser oferecidas para que ele(a) avance ao identificar dificuldades. A
avaliação nesse caso é muito mais do que um processo para apontar erros, torna-se uma
estratégia de acompanhamento das habilidades e competências necessárias à
aprendizagem matemática, identificar avanços e elaborar novas estratégias para eliminar
as dificuldades encontradas. Possibilita uma tomada de decisão diante do que será
observado durante as atividades propostas.
Ao finalizar essa apresentação é importante destacar que a proposta de resolução
de problemas através da ficha avaliação do(a) estudante e do(a) professor(a) tem em
6
seu cerne propiciar um ambiente educativo e investigativo, favorável ao
desenvolvimento da criatividade, pois criar faz parte de processo de aquisição do saber.
A possibilidade de pensar e realizar a situação de forma original tem sido apoiada em
habilidades e competências adquiridas no decorrer das atividades de ensino e
aprendizagem.
OBJETIVOS
Avaliar como o(a) estudante com deficiência intelectual organiza seu
pensamento na resolução de problemas - considerando as seguintes etapas:
compreensão do problema, elaboração de um plano, execução desse plano,
validação e emissão de resposta - através das fichas de avaliação utilizadas
pelo(a) estudante e pelo(a) professor(a)
Propiciar ao(à) estudante com deficiência intelectual condições para solucionar
problemas utilizando a criatividade, a partir das fichas de observação, criando
suas próprias estratégias.
METODOLOGIA
Para concretizar esse trabalho, foram elaboradas as fichas de avaliações
(professor/a e estudante), contemplando os passos de resolução de problemas que já
foram explicitados anteriormente.
Considerando o público alvo (séries iniciais ou finais do Ensino Fundamental),
partiu-se para a elaboração de problemas e/ou situações-problemas de modo que a
aprendizagem seja mediada a partir das questões propostas pela ficha de observação
do(a) estudante e das observações feitas pela ficha de observação/avaliação do(a)
professor(a). Essas observações possibilitam ao(à) professor(a) realizar ações
pedagógicas pontuais nas dificuldades relatadas na ficha de observação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Há dois aspectos importantes a serem considerados em relação ao processo de
ensino e aprendizagem matemática dos(as) estudantes com necessidades educacionais
especiais. As fichas de observação e a avaliação do(a) professor(a) tornarão mais
acessíveis os conteúdos apresentados nas atividades propostas, considerando a
resolução de problemas como eixo norteador desse processo.
7
Trouxeram resultados mais positivos em se tratando de êxito e compreensão, a
partir dos problemas propostos e dos registros feitos pelos(as) próprios(as) estudantes.
A eles(as) foi proporcionado espaço de criatividade a partir das indagações registradas
nas fichas e dos registros anotados da atividade proposta. Foi um processo livre no que
se refere ao registro e a observação dos erros apontados pelo(a) professor(a). Nesse
sentido, a deficiência não se destacou, pois o centro do trabalho foi a aprendizagem,
destacando o potencial que cada um(a) apresentou nas soluções propostas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
D’AMBRÓSIO, Ubiratan et al: FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis (org.).
Letramento no Brasil: Habilidades Matemáticas. São Paulo, Global, 2004.
DANTE, Roberto Luiz. Didática da resolução de problemas de matemática. 7ª
edição. Editora Ática S.A. 1995.
MARCIANO, Lilian Ceile. As crianças resolvem problemas para aprender matemática.
In: MARINCEK, Vania. Aprender matemática resolvendo problema. Porto Alegre.
Artmed Editora, 2001.
MARINCEK,Vania. Aprender matemática resolvendo problema. Porto Alegre. Artmed
Editora, 2001.
8
ANEXO
HISTÓRIA MATEMÁTICA – REGISTRE COMO VOCÊ PENSOU
Nome:___________________________Data:________Bimestre:_________
Situação-problema
Reconte
a história
Que
informaçõe
s do
problema
são
importante
s?
O que a
história
quer saber?
Desenhe
uma
solução
para esse
problema
Faça de
um jeito
diferente
esse
problema
Prove
que a sua
solução
está
correta
Responda
à pergunta
Convença
outra
pessoa que
você está
correto
Pensando sobre o que você fez C E C E C E C E C E C E C E C E
Explique Explique Explique Explique Explique Explique Explique Explique
C – Certo / E - Errado
HISTÓRIA MATEMÁTICA – REFLITA SOBRE A AVALIAÇÃO
Série:________Turma:____________Data:_____________________
Nome
Interpreta
ção
Reconhece
os dados do
problema
Reconhece a
pergunta do
problema
Utiliza
outras
estratégias de
interpretação
Utiliza
outras
estratégias
de solução
Sabe validar
Emite a
resposta do
problema
Sabe
argumentar
S N S N S N S N S N S N S N S N
Sociedade Brasileira de Educação Matemática – Regional Distrito Federal 23 a 25 de setembro de 2011
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO GESTAR II DE MATEMÁTICA:
CONTRIBUIÇÃO À CRIATIVIDADE DOCENTE
Emanuel Nogueira de Souza, PPGECM/IEMCI/UFPA, [email protected]
Prof. Dr. Renato Borges Guerra, IEMCI/UFPA, [email protected]
RESUMO
Neste trabalho são feitas considerações acerca da Transposição Didática a partir dos
pressupostos do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II – de
Matemática do Ministério da Educação. A necessidade do GESTAR II como proposta
de formação continuada de professores de matemática nas modalidades presencial e
semipresencial, é justificada pelas dificuldades sentidas/percebidas na prática do
professor de matemática da Educação Básica a partir dos resultados de avaliações
internas e externas. No texto mostramos a necessidade e relevância da transposição
didática como elemento fundamental à criatividade docente. Usamos a análise
documental do material impresso do Gestar II de Matemática a fim de identificar a
orientação/discussão da transposição didática para a formação, como subsídio para a
criação docente.
Palavras-chave – Transposição Didática. Gestar. Formação Docente.
INTRODUÇÃO
O Gestar II de Matemática do Ministério da Educação se caracteriza como um
programa de formação continuada semipresencial, com monitoramentos in loco e
encontros de formação presencial, e tem como pressupostos o socioconstrutivismo e
assenta-se em fundamentos da Didática da Matemática, tendo como estrutura de seu
material, impresso para o professor, sessões norteadas por três eixos: conhecimento
matemático, conhecimentos em Educação Matemática e Transposição Didática, sendo
este último, tomado por mim, como objeto de estudo, por estar atrelado diretamente à
prática do professor.
As orientações/ discussões apresentadas no material impresso do Programa
servem de norte/referência para a prática dos professores de matemática dos Anos
Finais do Ensino Fundamental.
2
A Transposição Didática aparece como elemento expressivo que perpassa todo o
material impresso, desde o Guia Geral, os Cadernos de Teoria e Prática – TP’s, e ainda,
está presente nos Textos de Referência.
A necessidade da discussão é justificada pela relação existente entre
Transposição Didática em matemática e prática docente. A transposição didática é
incrementada pela criatividade docente visando a transformação dos saberes a fim de se
tornarem adequados às necessidades atuais do ensino de matemática.
Como principal objetivo buscamos compreender através da Transposição
Didática os mecanismos que fundamentam a relação saber-professor-aluno, como meio
de melhoria para a prática dos professores de matemática do Ensino Fundamental.
CARACTERIZANDO O PROGRAMA GESTAR II
O Programa GESTAR II é uma iniciativa do Ministério da Educação como uma
reação aos resultados negativos de avaliações do processo de aprendizagem dos alunos
em Língua Portuguesa e Matemática, e como necessidade para formação de professores
apontadas no Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE, proposto pelo
Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, aos municípios que apresentaram
baixo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Visa proporcionar aos professores das áreas de Língua Portuguesa e Matemática,
reflexões acerca dos processos de ensino e aprendizagem, a partir de abordagens
teóricas e metodológicas na concepção de formação continuada em serviço, endossadas
no documento Brasil (2002, p.12), qualificar o professor nas duas áreas para, no
processo de ensino e aprendizagem, dar condições às crianças para a aquisição,
desenvolvimento e domínio de sistemas de representação da linguagem escrita e da
matemática, e dos conteúdos que as duas linguagens veiculam.
É relevante destacar que o Programa aprofunda os conteúdos nos seus diferentes
aspectos: conceituais, procedimentais e atitudinais, conforme, aparece em Brasil (2002),
diante de uma situação-problema, [o professor deverá] identificar os
pontos importantes que ela apresenta; mobilizar recursos disponíveis:
(a) conhecimentos/saber; (b) habilidades/saber fazer; (c) atitudes/ser;
articular esses recursos em vista dos pontos identificados; tomar a
melhor decisão/fazer o encaminhamento adequado (BRASIL, 2002,
p.16).
3
Aponta, também, para a relevância dos conteúdos na formação docente:
a formação de professores para atuarem no Ensino Fundamental
é uma tarefa complexa porque o trabalho a ser desenvolvido na
sala de aula exige uma sólida formação teórica e interdisciplinar,
que não só os habilite a compreender o fenômeno educacional e
seus fundamentos históricos, políticos e sociais, como também
lhes assegure o domínio dos conteúdos a serem ensinados nesse
nível da escolarização (Idem).
O que justifica a necessidade dos docentes aprimorarem suas práticas
pedagógicas e profissional, sendo que no Programa, isso ocorre num processo contínuo
e em serviço através da modalidade semipresencial. Temos ainda as atividades que são
desenvolvidas de forma presencial, individual ou coletiva, orientadas pelo formador, e
encontradas nos cadernos de Teoria e Prática – TP’s. Estes cadernos compõem, junto
aos cadernos de atividades do aluno (AA’s) e o guia geral, o material impresso
disponibilizado para os professores cursistas.
O Estado do Tocantins aderiu ao Programa no ano de 2003, porém, apenas em
outubro de 2005, realizou sua primeira formação de formadores, a fim de desenvolver
essas atividades, que foram aplicadas aos professores cursistas em maio de 2007.
O Programa se fundamenta na concepção socioconstrutivista que consiste na
construção do conhecimento a partir da interação entre aluno e professor, sendo este
mediador na relação entre alunos e conhecimento social e historicamente construídos.
No que tange à área de matemática o Programa pretende tornar os professores
competentes e autônomos a fim de provocar e conduzir a um ensino contextualizado,
capacitando-os a usar o conhecimento matemático no planejamento e avaliação de
atividades apoiadas em pressupostos da Didática da Matemática. Nesse sentido, tem
como especificidades, mobilizar e desenvolver conceitos matemáticos a partir de
situações-problemas da realidade sócio-cultural. Busca também capacitar o professor a
transpor para a sala de aula os conhecimentos desenvolvidos por meio das atividades
propostas, e por último, introduzi-lo aos conceitos fundamentais da teoria e prática da
Educação Matemática.
A proposta pedagógica de matemática no Programa assenta em três eixos:
Conhecimentos Matemáticos – mobilizados a partir de situações-problemas;
4
Conhecimentos de Educação Matemática – que implicam em leituras, reflexões e
discussões acerca do tema; e Transposição Didática – que visa ajudar ao professor
conhecer e produzir situações didáticas facilitadoras do desenvolvimento de
conhecimentos matemáticos em sala de aula, sendo esta, nosso objeto de estudo nessa
pesquisa.
A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO PROGRAMA GESTAR II
A Transposição Didática aparece no Programa como um dos diferenciais nas
discussões acerca da prática do professor de matemática, haja vista ela constar no guia
geral – documento geral que norteia o GESTAR II, e nos cadernos de teoria e prática
(TP’s) – cadernos compostos por atividades, textos e propostas de atividades assentadas
nos três eixos que compõem o Programa.
Como mencionamos anteriormente, o Programa busca a atualização dos saberes
profissionais através do suporte e acompanhamento da ação do professor no próprio
ambiente de trabalho. A execução de atividades junto aos alunos vem como um
exercício da parte prática do Programa. Existem os momentos presenciais – com o
formador e os demais professores cursistas; os momentos semipresenciais – o professor
cursista e formador na própria escola; e os momentos à distância – em que o professor
cursista desenvolve as atividades dos cadernos de teoria e prática (TP’s) e cadernos de
atividades de apoio à aprendizagem do aluno (AAA’s). Por isso a relevância da
Transposição Didática dentro do Programa, já que toda a atividade docente está sendo
norteada por ela, como mostraremos posteriormente.
O guia geral contem a apresentação e as orientações acerca do Programa, sendo
o primeiro material impresso a ser trabalhado com o professor cursista numa proposta
interativa.
No guia geral, a Transposição Didática aparece em dois momentos: no que se
refere ao processo avaliativo do professor cursista dentro do Programa; e na
caracterização da proposta pedagógica de matemática. Da avaliação, temos os focos no
desempenho escolar dos alunos e no desempenho dos professores, sendo este avaliado
nas sessões presenciais coletivas, pelo material produzido, pelo desempenho em sala de
aula, constatado pelo acompanhamento in loco, e resultados dos alunos, e por avaliações
de conteúdo, também nos momentos presenciais de formação.
5
Da avaliação do desempenho do professor, no guia geral consta em Brasil (2008,
p.17) que as avaliações processuais serão realizadas por meio das Lições de Casa ou
das Transposições Didáticas – atividades didáticas – práticas a serem realizadas no
período do curso e que serão analisadas e comentadas pelo formador.
Posteriormente o formador faz uma análise da produção do professor cursista
para consequente certificação, embasando-se, dentre outros fatores, no desempenho
obtido na Lição de Casa ou na Transposição Didática. Nesse aspecto a Transposição
Didática torna-se um elemento indispensável à prática pedagógica do professor cursista,
segundo o Programa.
Do currículo do GESTAR II, temos a proposta pedagógica do Programa,
perpassando três eixos, sendo eles:
Os conhecimentos matemáticos, que se desenvolvem em dois momentos: No
primeiro, o professor se apropria da resolução de uma situação-problema a fim de
mobilizar conhecimentos matemáticos já conhecidos ou buscar outros que surjam nesse
contexto. No segundo momento, ele usa os conhecimentos mobilizados na etapa
anterior para elaborar procedimentos e conceitos matemáticos.
No segundo eixo, chamado de “Conhecimentos de Educação Matemática”,
perpassa-se três elementos, que são: Situação Problema, Conhecimento Matemático em
Ação e Transposição Didática. Temos que ao trabalhar com situação problema o
professor cursista vivencia novas formas de aprender matemática a partir de situações
do mundo real, onde, para sua solução, necessitam buscar e construir conhecimentos
matemáticos. Para essa construção embasam-se em teorias da Educação Matemática,
exercitando e compreendendo esse processo junto aos seus alunos posteriormente.
No último eixo apontado, a Transposição Didática, no que se refere à
estruturação dos módulos é vista como algo que pretende ajudar o professor cursista no
conhecimento, pesquisa e produção de situações didáticas a fim de facilitar o
desenvolvimento de conhecimentos matemáticos em sala de aula. É uma execução das
propostas dos dois eixos anteriores.
Da implementação do Programa, de acordo com o guia geral, os Cadernos de
Teoria e Prática (TP’s) têm quatro unidades e um título geral. Cada unidade está
organizada em três seções: na primeira seção apresenta a resolução de uma situação
6
problema, na segunda trabalha a construção do conhecimento matemático em ação, e na
terceira seção, traz sugestões de como poderia trabalhar os conteúdos em sala de aula, a
quem intitulam Transposição Didática.
Os conhecimentos da terceira seção visam ajudar o professor na produção de
novas situações didáticas facilitadoras do desenvolvimento dos conhecimentos vistos
nas seções 1 e 2. Conforme Brasil (2008, p.48): A seção 3 procura ajudá-lo em um dos
aspectos da Educação Matemática de seus alunos: o modo como você poderá fazer em
sala de aula, a Transposição Didática dos conteúdos matemáticos que você trabalhou
nas Seções 1 e 2.
Também no guia geral, temos:
A Transposição Didática na Matemática: Os textos matemáticos a
serem estudados fazem uma adaptação do saber puro e sistematizado
para um conhecimento mais dinâmico e adaptado à vida real. Este
processo se constitui em uma primeira transformação do saber
matemático. A Seção 3 irá sugerir novas formas desse saber,
adequadas ao contexto didático e que favoreçam a aprendizagem do
aluno. O Gestar de Matemática irá sugerir formas adequadas ao
contexto didático que favoreçam a aprendizagem. Ambos os processos
constituem um aspecto fundamental do que se chama Transposição
Didática. (BRASIL, 2008, p.48)
Do Texto de Referência, intitulado “Transposição Didática: O professor como
construtor de conhecimento”, no final da Unidade 4 do TP 1, temos:
A escola, não podendo trabalhar a matemática tal qual é tratada em
níveis superiores, requer dos responsáveis e envolvidos no processo
escolar uma transformação desse saber matemático, que cabe também
ao professor, adequando-o aos interesses e necessidades do aluno. Essa
transformação é denominada de transposição didática. (MUNIZ, 2008,
p.191)
É no tratamento dado aos saberes na escola que evidenciamos mais fortemente o
processo criativo do professor de matemática. No texto são discutidas as
relações/diferenciações entre a matemática como conhecimento científico e como objeto
de ensino. São apontadas direções na reconstrução dos saberes para fora da academia e
para os não cientistas. Também aqui é evidenciada a possiblidade de revelar saberes e
concepções dos docentes no processo de transformação da transposição.
CAMINHO METODOLÓGICO
7
Como metodologia usamos pesquisa bibliográfica, que, conforme Severino (2007,
p.122), “é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas
anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.” As informações
foram obtidas nos documentos oficiais do Programa Gestar II de Matemática, que são:
Guia Geral e Cadernos de Teoria e Prática – TP’s, de onde fizemos posteriormente, as
análises.
CONCLUSÃO
A partir das análises feitas pudemos constatar a relevância da Trasnposição
Didática como elemento fundamental à criatividade docente. A maneira como a
temática é discorrida nos documentos observados aponta para uma prática do professor
de matemática pautada em um processo criativo de mudanças e transformações de
saberes.
As discussões levantadas pelo material impresso conduzem o professor à
observação e construção da própria prática. As transformações sofridas pelos saberes
evidenciam a diferenciação entre a matemática como saber científico e como objeto de
ensino. E mais, apontam para a real necessidade da discussão da prática docente com
fins de atender às demandas atuais da sociedade no que se refere ao ensino de
matemática.
Percebemos a urgência de uma discussão ainda mais acentuada em torno do
conceito de Transposição Didática, e mencionamos a importância do Programa Gestar II
como ferramenta que trouxe o mesmo ao cenário de discussões na formação docente.
Consideramos as discussões levantadas no material e apartir dele extremamente
relevantes. É fundamental que o professor de matemática compreenda o seu papel na
transposição dos saberes, e que tenha elementos que posssam sustentar/subsidiar essas
transformações vividas pelos saberes em sala de aula. Assim caminharemos ainda mais
rumo à escola que atenda à sociedade mas que também esteja voltada à necessidade e
existência dos saberes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO FUNDESCOLA. Guia Geral do GESTAR.
Brasília, 2002.
8
. MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO FUNDESCOLA. Guia Geral do GESTAR.
Brasília, 2008.
. TP 1 – Matemática na alimentação e nos impostos. Programa Gestão da
Aprendizagem Escolar - GESTAR II de Matemática. Brasília: 2008a.
MUNIZ, C. Transposição Didática: O professor como construtor de conhecimento. In:
TP 1 – Matemática na alimentação e nos impostos. Programa Gestão da
Aprendizagem Escolar - GESTAR II de Matemática. Brasília: 2008a.
SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª Edição. São Paulo: Cortez,
2007.