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SOCIEDADE EDUCACIONAL DA PARAÍBA - SEDUP FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP FRANCISCO LEONARDO DE ANDRADE BORGES PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR JOÃO PESSOA - PB 2009

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SOCIEDADE EDUCACIONAL DA PARAÍBA - SEDUPFACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP

FRANCISCO LEONARDO DE ANDRADE BORGES

PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR

JOÃO PESSOA - PB2009

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FRANCISCO LEONARDO DE ANDRADE BORGES

PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR

Trabalho de conclusão de Curso de Direito como parte das exigências curriculares para a obtenção do titulo de Bacharel em Direito, junto a Faculdadede Ensino Superior da Paraíba – Fesp.

Professor Orientador: Msc. Sérgio José Vieira Lopes.

JOÃO PESSOA - PB2009

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B732p Borges, Francisco Leonardo de Andrade.

Propaganda eleitoral irregular / Francisco Leonardo de Andrade Borges – João Pessoa, 2009.

50f.

Orientador: Profº. Ms. Sérgio José Vieira Lopes

Monografia (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP.

1. Propaganda Eleitoral. 2. Propaganda Irregular. I. Título

BC/FESP CDU: 342.8(043)

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FRANCISCO LEONARDO DE ANDRADE BORGES

PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR

Trabalho de Conclusão de Curso de Direito como parte das exigências curriculares para a obtenção do titulo de Bacharel em Direito, junto a Faculdadede Ensino Superior da Paraíba – Fesp

JOÃO PESSOA, PB,______ de _____________ de 2009

Banca Examinadora

Orientador

_____________________________________________________Professor: Msc. Sérgio Vieira Lopes.

_____________________________________________________Professora: Paula Gecislany Vieira Gomes

______________________________________________________Professor: Alexandre Cavalcanti Andrade de Araújo

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RESUMO

O presente trabalho tem por foco e finalidade apresentar as formas de

propaganda eleitoral irregular e também o uso da propaganda eleitoral como meio

de manipulação do eleitorado. Por meio de pesquisa bibliográfica, será apresentada

a legislação eleitoral brasileira no que concerne à propaganda eleitoral e temas

pertinentes. O primeiro capítulo trata da propaganda propriamente dita, de seu

conceito, do seu surgimento, histórico e evolução, de seus objetivos. O segundo

capítulo apresenta as diversas formas de publicidade. O terceiro capítulo trata

exclusivamente da propaganda eleitoral nos termos da Lei. O quarto capítulo

conceitua o que seja propaganda eleitoral irregular, as formas que ela apresenta,

sobretudo o abuso de poder econômico e de poder. O quinto e último capítulo é

dedicado à reforma eleitoral realizada recentemente por meio da Lei nº 12.034/09, e

aquelas pertinentes ao tema dessa monografia, com ênfase na propaganda eleitoral

na Internet. O trabalho concluirá com uma reflexão sobre a eficácia das medidas

contra a propaganda eleitoral irregular e um questionamento acerca da própria

validade da propaganda.

Palavras chave: Propaganda Eleitoral Irregular. Marketing Eleitoral. Propaganda

Eleitoral. Manipulação Ideológica. Propaganda Eleitoral na Internet

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ABSTRACT

The present work has for focus and purpose to present the forms of irregular

electoral propaganda and also the use of the electoral propaganda as a mean of

manipulation of the electorate. Through bibliographical research, the Brazilian

electoral legislation will be presented in what it concerns to the electoral propaganda

and pertinent themes. The first chapter treats of the propaganda, of its concept, of its

appearance, historical and evolution, of its objectives. The second chapter presents

the several publicity forms. The third chapter treats exclusively of the electoral

propaganda in the terms of the Law. The fourth chapter considers what it is irregular

electoral propaganda, the forms that it presents, above all the abuse of economical

power and of the power itself. The fifth and last chapter is dedicated to the electoral

reform accomplished recently through the Law no. 12.034/09, and those pertinent

ones to the theme of that monograph, with emphasis in the electoral propaganda in

Internet. The work will end with a reflection about the effectiveness of the measures

against the irregular electoral propaganda and a questioning concerning the own

validity of the propaganda.

Key Words: Irregular Electoral propaganda. Electoral Marketing. Electoral.

Propaganda. Ideological manipulation. Electoral propaganda in Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................6

1 PROPAGANDA E PROPAGANDA POLÍTICA........................................................9

1.2 TÉCNICAS DE PROPAGANDA ELEITORAL .....................................................14

2 PUBLICIDADE POLÍTICA .....................................................................................16

2.1 A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL..................................................................16

2.1.1 Comunicação institucional por força da lei .................................................16

2.1.2 Comunicação institucional convocatória.....................................................17

2.1.3 Propaganda institucional ou propaganda oficial ........................................17

2.2 PROPAGANDA POLÍTICA.................................................................................18

2.2.1 Propaganda partidária ...................................................................................18

2.2.2 Propaganda intrapartidária............................................................................19

2.2.3 Propaganda não partidária desenvolvida por políticos ..............................20

2.2.4 Propaganda não partidária informal .............................................................20

2.3 PROPAGANDA ELEITORAL ..............................................................................20

3 A PROPAGANDA ELEITORAL E SUA LEGISLAÇÃO ........................................22

3.1 PRINCÍPIOS DA PROPAGANDA POLÍTICA ......................................................24

3.1.1 Princípio da legalidade ..................................................................................24

3.1.2 Princípio da liberdade....................................................................................25

3.1.3 Princípio da responsabilidade ......................................................................25

3.1.4 Princípio igualitário ........................................................................................25

3.1.5 Princípio da disponibilidade..........................................................................26

3.1.6 Princípio do controle judicial da propaganda..............................................26

3.2 CONDUTAS VEDADAS NA PROPAGANDA ELEITORAL .................................26

4 PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR..........................................................32

4.1 ABUSO DE PODER ECONÔMICO E DE PODER DE AUTORIDADE ...............35

5 AS NOVAS REGRAS ELEITORAIS PARA O ANO DE 2010 ...............................38

5.1 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET......................................................44

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................48

REFERÊNCIAS.........................................................................................................50

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INTRODUÇÃO

Política é, ou deveria ser coisa séria, bem como o Processo Eleitoral que

culmina no dia da votação, em que a vontade do povo deve decidir que candidatos

serão seus representantes na Administração Pública durante o próximo mandato.

No entanto, no Brasil, a política e os políticos são desacreditados, e as eleições são

consideradas uma festa entre outras, disputando com o carnaval e o futebol a paixão

do brasileiro. Queima de fogos, almoços e jantares para comemorar coligações,

carreatas, discussões acaloradas entre correligionários e eleitores em praça pública,

os showmícios agora proibidos, são exemplos do fervor que anima o povo durante a

campanha eleitoral. E assim como se observam desvios e exageros de conduta no

arrebatamento do carnaval, também no Processo Eleitoral brasileiro ocorrem

transgressões às normas das leis.

Diz-se que o Brasil possui a Constituição Federal mais elaborada e

abrangente do mundo, com tal detalhamento que se aproxima do absurdo se

comparada, por exemplo, à Constituição dos Estados Unidos da América. Por outro

lado, a Legislação Eleitoral brasileira é clara no que tange aos direitos, deveres,

proibições e vedações aos candidatos no uso da propaganda. Às vezes, no entanto,

dá ensejo a discussões de interpretação devido a problemas de conceituação ou

generalizações conceituais. Por exemplo, como observa Joel Cândido (1998) o

Código Eleitoral misturou os conceitos “Propaganda Partidária”, “Propaganda

Política” e “Propaganda Eleitoral” no Título II, Parte Quinta, o que causa ainda mais

confusão ao já problemático processo eleitoral. Apesar dos seus problemas, a

Legislação Eleitoral tem o objetivo de promover sempre justiça entre candidatos na

corrida eleitoral e prezar pelo bem público, e procura sempre se aperfeiçoar.

Mediante os desvios cometidos nas práticas de propaganda eleitoral, objetiva-

se com a pesquisa apresentar modelos das irregularidades na propaganda eleitoral,

analisar suas configurações, assinalar as lacunas presentes em lei que favorecem

tais práticas, e realçar o uso do marketing profissional como imprescindível

instrumento nas campanhas eleitorais.

O Brasil é um país jovem, e pode ser considerado uma criança se comparado

aos países do Velho Mundo. Mas, apesar dessa juventude, é um país que

amadureceu diante das circunstâncias que lhe foram impostas no curso de sua

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História. Há pouco a Ditadura Militar era Governo, a Democracia é muito recente, e a

cada dia é preciso trabalhar para a melhoria do sistema. De muito tempo é referida a

necessidade de reformas em setores da administração pública brasileira, carregada

de vícios herdados desde o período colonial, como por exemplo, o nepotismo. Outro

exemplo é a “cabidagem de emprego” verificada no excesso de funcionários nas

repartições públicas brasileiras. Bem como a burocracia desnecessária que torna

muito lento todo processo administrativo ou judiciário. São problemas estruturais

fundamentais e de gerenciamento que redundam em um mau funcionamento do

Estado, e conseqüentemente, em problemas sociais. Por isso a Reforma Política,

dentro da qual está a Legislação Eleitoral, é também imprescindível para a evolução

da sociedade democrática.

Há, no entanto, um outro grande problema estrutural no país, também um

vício, um pensamento, uma crença, uma herança indesejada, mas que se situa não

no Governo, mas numa idiossincrasia do povo brasileiro. A maioria do povo

brasileiro acredita em salvadores da pátria. Ele acredita que “Um Homem”, um único

homem, irá de uma vez por todas, resolver todos os seus problemas. Mas, tal

postura é ideal para o ensejo da manipulação. É devido a essa crença infantil que o

engodo propaga da população nas campanhas eleitorais e perpetua o mecanismo

nefasto. Portanto, não é sem culpa que a população é ludibriada. Sabe-se o que

origina essa fantasiosa concepção popular de governo: a ignorância e a falta de

instrução. É uma arenga decantada, destilada, mas é a infeliz verdade. Assim como

é infeliz a verdade que essa situação levará muito tempo a mudar por completo.

Mas, em tempos atuais, com as facilidades dos meios de comunicação,

sobretudo com o advento da internet, a sociedade adquiriu a possibilidade de tomar

conhecimento de tudo que acontece em toda parte do planeta. Talvez seja por essa

via que a população se torne mais consciente e faça valer seus direitos.

Tudo o que venha a trazer informação e conhecimento é de valia para o

aumento de poder, seja de uma pessoa, uma comunidade, uma nação. Portanto, o

estudo e o esclarecimento sobre as formas de irregularidades praticadas nas

propagandas eleitorais podem ser mais um instrumento para a realização da justiça

social. Ciente das normas que regem a propaganda os cidadãos poderão

reconhecer as irregularidades e poderão contribuir no exercício da justiça por meio

de denúncias.

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A Constituição Federal, em seu art. 1º, parágrafo único, estabelece que “todo

o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente [...]” (BRASIL, 2008a, p. 175), em concordância com a redação do

Código Eleitoral, Lei nº 4.737 de 15/07/65, art. 2º: ”todo poder emana do povo e será

exercido, em seu nome, por mandatários escolhidos, direta e secretamente, dentre

candidatos indicados por partidos políticos nacionais [...]” (BRASIL, 2008a, p. 19).

O Brasil, um Estado democrático de direito, concede ao seu povo o poder,

que deverá ser exercido por meio de representantes escolhidos pelo voto. Portanto,

de acordo com a vontade do povo, por meio do sufrágio universal, serão escolhidos

os homens e mulheres que, durante o próximo mandato, irão conduzir os destinos

desse próprio povo.

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1 PROPAGANDA E PROPAGANDA POLÍTICA

Domenach (1963, p.8) afirma que “[...] desde que existem competições

políticas, isto é, desde o início do mundo, a propaganda existe e desempenha o seu

papel”. Sem a propaganda política não seriam possíveis a revolução comunista nem

o fascismo, e o autor salienta que Lênin e Hitler foram grandes gênios

propagandistas do século XX. Compreensão que não escapou à observação do

próprio Hitler quando disse: “A propaganda permitiu-nos conservar o poder, a

propaganda nos possibilitará a conquista do mundo" (DOMENACH, 1963, p.8), e

antes dele a Napoleão:

Para ser justo, não é suficiente fazer o bem, é igualmente necessário que os administrados estejam convencidos. A força fundamenta-se na opinião. Que é o Governo? Nada, se não dispuser da opinião pública (DOMENACH, 1963, p.8).

O termo propaganda vem do latim pontifical propaganda e difundiu-se na

Europa no século VII quando, do tempo da Contra-Reforma, a Igreja pelo Papa

Gregório XV criou a Congregação da Fé (De Propaganda Fide) com fim de divulgar

e propagar a fé católica. Posteriormente Urbano VIII fundou o Colégio da

Propaganda, com o objetivo de preparar sacerdotes para as missões no estrangeiro.

Apesar de ter adentrado nos domínios da linguagem comum no decorrer do século

XVIII, apenas no século XX a palavra perdeu definitivamente sua marca religiosa

(DOMENACH, 1963).

O desenvolvimento das tecnologias de produção ocorrido no século XIX

possibilitou a um grande número de empresas produzirem mercadorias de qualidade

semelhante. Era necessário, pois, encontrar um meio de divulgar seus produtos a

fim de atingir as massas consumidoras e de sobrepujar um grande número de

concorrentes. Com a revolução dos meios de comunicação surgiu a propaganda nos

moldes que se conhecem hoje, não somente como meio de informação, mas,

sobretudo, como método de persuasão.

Domenach (1963) salienta que a propaganda política é subsidiada pela

ciência no que concerne aos seus meios para convencer e dirigir as massas. Ela

confunde-se com a publicidade comercial, utilizando-se de meios desta, para criar e

transformar opiniões. Distingue-se, entretanto, por não visar objetos comerciais e

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sim, políticos. Enquanto a publicidade primeiramente suscita (inventa) necessidades

para depois apresentar a satisfação (produto), a propaganda política “[...] sugere ou

impõe crenças e reflexos que, amiúde, modificam o comportamento, o psiquismo e

mesmo as convicções religiosas ou filosóficas” (DOMENACH, 1963, p.9). O autor diz

que por influenciar a atitude fundamental do homem a propaganda se assemelha à

educação, mas sendo dela a antítese justamente pela utilização de técnicas de

convencimento e subjugação.

Consoante Garcia (1986, p.10-11), a propaganda ideológica tenta “[...] formar

a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu

comportamento social”. Ele explica que “as mensagens apresentam uma versão da

realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas

condições em que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica,

regime político ou sistema cultural”. O autor alerta que é de tal modo elaborada a

propaganda que “não é mais tão fácil perceber que se trata de propaganda e que há

pessoas tentando convencer outras a se comportarem de determinada maneira”

(GARCIA, 1986, p.11).

Por toda parte e em todos os momentos são propagadas idéias que interferem nas opiniões das pessoas sem que elas se apercebam disso. Desse modo, são levadas a agir de uma ou outra forma que lhes é imposta, mas que parece por elas escolhida livremente. Obrigadas a conhecer a realidade somente naqueles aspectos que tenham sido previamente permitidos e liberados, acabam tão envolvidos que não têm alternativa senão a de pensar e agir de acordo com o que pretendem dela (GARCIA, 1986, p.12).

De acordo com Asch (1977, p. 520) muitos autores concordam que “todos os

esforços para provocar a crença e a ação em outras pessoas são idênticos à

propaganda”, redundando em que “o que quer que façamos para outras pessoas,

todas as vezes que abrimos a boca, somos propagandistas, porque estamos

exercendo um poder psicológico” (ASCH, 1977, p. 520).

Ribeiro (1998) pensa de outra forma. Para o autor só se pode caracterizar

como propaganda quando se verifica uma intenção deliberada de influenciar nas

opiniões e ações das pessoas, ao passo que as expressões naturais que

acidentalmente possam vir a influenciar os outros não são propaganda. Desse modo

afirma Livas (1971 apud RIBEIRO, 1998, p. 446):

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Atos de simples exteriorização de um estado de ânimo, como o riso ou a exclamação, ou ainda a expressão do pensamento com o único propósito de identificação do seu ponto de vista, não constituem ato de propaganda, pois esta requer o desejo de que, mediante a própria expressão, alguém modifique em certo sentido algum dos seus aspectos de sua conduta, em consonância com o desejo da pessoa que nesse sentido se manifestou.

Ribeiro (1998, p. 445) está de acordo com a maioria dos autores quando

conceitua a propaganda como “[...] um conjunto de técnicas empregadas para

sugestionar pessoas na tomada de decisão”, sem preocupação nem esforço para

demonstrar logicamente seus argumentos, mas apenas se utilizando de meios que

desencadeiem “[...] ostensiva ou veladamente, estados emocionais que possam

exercer influência sobre as pessoas. Por isso mesmo, com a propaganda não se

coaduna a análise crítica de diferentes posições, desde que procura induzir por

recursos que atuam diretamente no subconsciente individual” (RIBEIRO, 1998, p.

445). Se no conceito de Fávila Ribeiro a propaganda procura induzir estados

emocionais, então é evidente que ela entra em conflito com a norma do art. 242,

caput, da Lei nº 4.737/65.

Ao fato de a propaganda menosprezar a inteligência e apenas tentar produzir

emoções concorda Azambuja (1985, p. 341):

mesmo em se tratando de idéias, o tom da propaganda é emocional; não se dirige quase nunca à inteligência dos indivíduos e sim aos sentimentos. Ainda que defendendo ideais e princípios doutrinários, a propaganda política se dirige a estados afetivos dos leitores, ouvintes e espectadores: a esperança, a ambição, as desilusões, os preconceitos, os medos.

Ribeiro (1998) reflete que a propaganda difere-se da educação “[...] porque

esta procura transmitir conhecimento, mediante exame da sua validade científica,

enquanto a outra procura deflagrar reações favoráveis ou desfavoráveis, provocando

atitudes de aprovação ou de rejeição em terceiros” (RIBEIRO, 1998, p. 446).

Segundo o autor a propaganda, por meio de aplicação de técnicas, procura explorar

os impulsos humanos, nas propagandas comerciais apelando para os impulsos

sexuais, e nas propagandas políticas incentivando a combatividade.

Conforme Neto (2004, p. 153 apud ALMEIDA, p. 221), “a expressão

‘propaganda política’ é empregada para significar, em síntese, todas as formas, em

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lei permitidas, de realização de meios publicitários tendentes à obtenção de

simpatizantes ao ideário partidário ou à obtenção de votos”.

Segundo Schumpeter (1961 apud RIBEIRO, 1998, p. 446), “[...] a propaganda

não se destina a oferecer uma vontade genuína, mas uma vontade artificialmente

elaborada, tornando-se a vontade coletiva o resultado e não a causa primeira do

processo político”.

A teoria dos reflexos condicionados de Pavlov é a base em que se sustenta a

opinião sobre os métodos da propaganda que, segundo Tchakhotine (1967 apud

RIBEIRO, 1998, p. 446), utiliza “[...] um número relativamente restrito de fórmulas

decisivas e concisas que devem ser cravadas a grandes golpes no psiquismo das

massas postas de antemão em estado de impressionabilidade mas acentuado”.

Mayer (1997) reflete com profundidade sobre os objetivos da propaganda,

lança sobre a natureza humana um julgamento severo, e sobre a sociedade tira uma

conclusão que o senso comum não gostaria de aceitar:

[...] o principal objetivo da indústria dos mass media seria a conversão de fantasias e sonhos da realidade em realidade da fantasia e do sonho. Na mesma linha de raciocínio, a arte de reinvenção da realidade ou de sonegação do verdadeiro. A sedução dos mass media consistiria, essencialmente, nesta capacidade ou vocação: a de transmitir aos cidadãos aquilo que eles desejam ou aspiram ouvir num acordo, cumplicidade ou conveniência perfeita, já que o homem parece ser, por natureza, avesso à verdade. Esta inclinação humana encontra a sua justificativa na fuga à realidade tida como penosa, intricada e decepcionante. Tal concepção converge no sentido de uma dedução antecipada: a de ver a sociedade aceitando e até mesmo desejando a manipulação (MAYER, 1997, p. 38 – 39).

Para Pinto (1990, p. 15) propaganda

é uma técnica de apresentação de argumentos e opiniões ao público de tal modo organizada e estruturada para induzir conclusões ou pontos de vista favoráveis aos seus anunciantes. É um poderoso instrumento de conquistas a adesão de outras pessoas, sugerindo-lhes idéias que são semelhantes àquelas expostas pelos propagandistas.

Manhanelli (1992) explica a evolução da propaganda eleitoral a partir da

experiência dos políticos e agentes publicitários:

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É importante diferenciar esta fase do marketing eleitoral da fase anterior da propaganda. Na fase de propaganda, os candidatos desenvolviam esforços para “vender” e “difundir” as ações sociais que produziam, tentando persuadir a sociedade a “comprá-las” como sendo o melhor que poderia ser feito.Na fase do marketing eleitoral, primeiro o candidato procura obter informações sobre aquilo que a sociedade quer, para aí então produzir propostas sociais adequadas a estes desejos (MANHANELLI, 1992, p. 20).

O autor escreve que com o passar do tempo os candidatos entenderam a

necessidade de fazer levantamento de opinião a cerca dos desejos dos eleitores

para, então, produzir propostas adequadas. Mas a palavra correta não é “proposta”,

e sim “discurso”.

Enfim, segundo o dicionário de Rabaça e Barbosa (1995, p. 481) propaganda

é um

[...] conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão, destinadas a influenciar as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público num determinado sentido. Ação planejada e racional para divulgação das vantagens, qualidades, superioridades de um produto, serviço, marca, idéia, doutrina, instituição, etc.

Propaganda política, por sua vez, é uma modalidade de propaganda que,

embora utilize técnicas comuns à propaganda comercial, difere-se desta não

somente quanto aos fins que almeja quanto aos meios de que se utiliza. Na

definição de Rabaça e Barbosa (1995, p. 482) a propaganda política é

“caracterizada pela comunicação persuasiva com fins ideológicos. [...] tem por

objetivo a conquista e a conservação do poder”.

Mas, em uma sociedade livre, democrática, em que os cidadãos escolhem

seus representantes por meio do voto, a propaganda política é o meio mais eficiente

para se aproximar dos eleitores. É pela propaganda que os partidos políticos e

candidatos têm a possibilidade de expor suas idéias, propostas e compromissos. Eis

a importância da propaganda política e não se poderia coibi-la a pretexto dos

problemas a ela associados, pois a propaganda, “ela diz diretamente com a

Democracia, com o estado de direito e com o direito constitucional de votar e ser

votado” (CÂNDIDO, 1998, p. 154).

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1.2 TÉCNICAS DE PROPAGANDA ELEITORAL

Conforme Ribeiro (1998), ao longo das muitas campanhas políticas pode-se

observar quais procedimentos de propaganda favorecem e quais procedimentos

desfavorecem os candidatos. O autor avalia que o planejamento da campanha

eleitoral não deve ser muito rígido, para se adequar às circunstâncias que vão se

apresentando no curso da campanha. O autor resume em três regras consagradas

na prática da propaganda política, a saber, a estratégia ofensiva, o aguçamento a

reações instintivas e a indução a condicionamentos psicológicos aguçar:

a) estratégia ofensiva: sai com vantagem na campanha eleitoral o candidato que

se antecipa aos adversários, determinando a tônica que será desenvolvida no

desenrolar da campanha. Além da vantagem cronológica é necessário adotar

e não perder a postura ofensiva, propondo os temas chave para aquele

momento da campanha. Dessa forma os adversários são colocados na

defensiva como que subordinados e obrigados a versarem sobre aqueles

temas e a se defenderem de acusações que por ventura forem difundidas.

Essas provocações muitas vezes não são feitas diretamente pelo candidato,

que procura mostrar-se alienado e irresponsável por tais acusações. Para

esses casos são utilizadas pessoas justamente com esse propósito,

principalmente se essas provocações têm chance de decair para a esfera da

delinqüência. A postura ofensiva usada sistematicamente aumenta o poder de

arregimentação e torna os adversários inibidos e podendo “[...] conduzi-los da

irritação ao destempero e, afinal, ao desespero” (RIBEIRO, 1998, p. 448);

b) aguçamento a reações instintivas: essa técnica consiste em difundir para o

público que os adversários estão patrocinando medidas perigosas e

prejudiciais, “[...] criando-se um quadro artificial para provocar medo e

ansiedade nos indivíduos” (RIBEIRO, 1998, p. 448). Na esteira dessa

manobra procura-se mostrar, por outro lado, que as medidas propostas pelo

outro grupo (aquele que está atacando) são as melhores e mais seguras

porque são mais racionais, menos extremistas, e que estão em consonância

com a vontade do povo; ou seja, fazem assim porque querem manipular

nosso instituo de conservação, nossas tendências conservacionistas, apelam

para o apego que se tem ao conhecido, e exagera-se o medo ao

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desconhecido, etc. para que aqueles que estão no poder possam lá

permancerem.

c) indução a condicionamentos psicológicos: essa técnica tem como objetivo

atuar no subconsciente do eleitorado por meio de repetição de imagens ou

mensagens. Elas devem ser apresentadas de diferentes formas no decorrer

do pleito para não se tornarem enfadonhas e, portanto, não ter efeito

negativo. Convém, no início, que as idéias não causem muita polêmica, ao

contrário, deve-se construir uma atmosfera de receptividade. Com o tempo e

com a simpatia conquistada pode-se então aprofundar mais os temas sem

perigo. A propaganda deve ser expressa de forma simples sem ser vulgar, e

devem-se evitar assuntos complexos que obriguem esforços de raciocínio.

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2 PUBLICIDADE POLÍTICA

Publicidade é, de modo geral, o expediente utilizado para tornar público

qualquer elemento do conhecimento humano. Propaganda é, por sua vez, a

publicidade realizada com a intenção de influenciar o público, de cativá-lo, de ganhar

sua simpatia, de fazê-lo aceitar algo: é utilizada para anunciar produtos à venda ou

apresentar candidatos aos eleitores. A publicidade política é aquela que se relaciona

com temas políticos. Para Joel Cândido (1998, p. 153) “propaganda política é

gênero; propaganda eleitoral e propaganda partidária são espécies desse gênero”.

A publicidade política é dividida em Comunicação Institucional, Propaganda

Política e Propaganda Eleitoral.

2.1 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

Comunicação institucional é a comunicação realizada por órgãos públicos ou

pela administração pública. Ela é subdividida em comunicação institucional por força

de lei; comunicação institucional convocatória, e propaganda institucional ou oficial.

2.1.1 Comunicação Institucional Por Força da Lei

Utilizada pela administração pública para dar caráter efetivo a seus atos. São

os atos oficiais publicados nos diários oficiais ou de órgão de imprensa utilizado para

esse fim.

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2.1.2 Comunicação Institucional Convocatória

Tem objetivo de oficiar uma convocação, como para concursos públicos ou

para a eleição.

2.1.3 Propaganda Institucional ou Propaganda Oficial

Ao contrário das comunicações institucionais por força da lei e a convocatória,

a propaganda institucional não é obrigatória. Ela é a propaganda feita pelo Estado

para dar publicidade a um ato administrativo seu, a uma obra em projeto ou

realizada, enfim, a uma realização administrativa.

A propaganda institucional está prevista e referida no Capítulo VII da

Constituição da República, nos seguintes termos:

Art. 37.[...][...]§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (BRASIL, 2008a, p. 190).

Entretanto, a Lei das Eleições, como é chamada a Lei nº 9.504/97, em que diz

“Das Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em Campanhas Eleitorais”, em seu

art. 73, inciso VI, alíneas “b” e “c”, e inciso VII, considera:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: [...]VI-nos três meses que antecedem o pleito: b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

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c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;VII – realizar, em ano de eleição, antes do prazo fixado no inciso anterior (que é de 3 meses), despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição (BRASIL, 2008a, p. 326 - 329).

Portanto, enquanto o art. 37, § 1º, da Constituição Federal prevê a

Propaganda Institucional, em ano de pleito eleitoral devem-se considerar as

proibições do art. 73 da Lei 9.504/97, que assim dispostas pretendem, segundo

Cândido (1998) “proteger e tornar eficaz o Princípio Igualitário entre os partidos e

candidatos, assim como resguardar a probidade administrativa, a moralidade para o

exercício do mandato, a normalidade e a legitimidade das eleições”.

2.2 PROPAGANDA POLÍTICA

A propaganda política é dividida em propaganda partidária, propaganda

intrapartidária, propaganda não partidária desenvolvida por políticos e propaganda

não partidária informal.

2.2.1 Propaganda Partidária

É a propaganda que os partidos políticos fazem a fim de conquistar a simpatia

dos cidadãos. É o espaço destinado aos partidos para expor seus fundamentos,

seus planos e metas, enfim, em que apresentam suas ideologias. Para Cândido

(1998, p. 153), a propaganda partidária “é a divulgação genérica e exclusiva do

programa e da proposta política do partido, em época de eleição ou fora dela, sem

menção a nomes de candidatos a cargos eletivos, exceto os partidários, visando a

angariar adeptos”.

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A Lei dos Partidos Políticos, como é conhecida a Lei Federal nº 9.096, de 19

de setembro de 1995, disciplina a propaganda partidária em seus arts. 45 a 49. Ela

dispõe acerca do acesso gratuito ao rádio e televisão pelos partidos políticos. O art.

45, caput, estipula horário da transmissão que deve ser entre as dezenove horas e

trinta minutos e as vinte e duas horas, exceto no segundo semestre do ano eleitoral,

por força da Lei 9.504/97, art.36, § 2º. Determina temas de abordagem que devem

ser, exclusivamente, para a difusão dos programas partidários, para a transmissão

de mensagens aos filiados a fim de informar-lhes sobre questões concernentes ao

partido, e para a divulgação da postura do partido em relação a temas político-

comunitários. A seguir, o art. 45 veda a participação de pessoa filiada que não seja a

responsável pelo programa; também não permite promoção de interesses pessoais

ou de outros partidos, bem como propaganda de candidatos a cargos eletivos; e

veda a trucagem, ou seja, a manipulação de imagens ou cenas, efeitos ou recursos

que distorçam ou falseiem os fatos. Os demais artigos, do 46 ao 49, detalham sobre

a relação entre as emissoras e os partidos políticos, definindo horários e

responsabilidades, e das atribuições do Tribunal Superior Eleitoral nesta relação.

2.2.2 Propaganda Intrapartidária

A Lei 9.504/97 em seu art. 36, caput, permite o início da propaganda eleitoral

somente após o dia 5 de julho do ano da eleição. Mas, no § 1º deste artigo a Lei

permite a propaganda intrapartidária ao pré-candidato na quinzena anterior à data

de escolha pelo partido. Essa propaganda, no entanto, é restrita, não podendo ser

utilizados meios de comunicação em massa como radio, televisão e outdoors. A data

da escolha dos candidatos deve ser feita no período de 10 a 30 de junho, conforme

art. 8º, caput, da mesma Lei.

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2.2.3 Propaganda Não Partidária Desenvolvida por Políticos

A propaganda política não partidária desenvolvida por políticos é a que não

tem objetivos políticos nem eleitorais, mas apenas com intenção de apresentar e

discutir temas de interesses sociais gerais, como por exemplo.

2.2.4 Propaganda Não Partidária Informal

A propaganda política não partidária informal é a propaganda feita por

cidadãos comuns, não políticos nem filiados a algum partido, que debatem assuntos

de teor político.

2.3 PROPAGANDA ELEITORAL

A propaganda eleitoral é a publicidade política utilizada pelos partidos

políticos e pelos candidatos para atrair o eleitorado e captar os seus votos nas

eleições. Por meio da propaganda os partidos e os candidatos querem fazer crer aos

eleitores, de forma direta, dissimulada ou disfarçada, que tais são os melhores e os

mais aptos para exercer o cargo em disputa. Enquanto a propaganda partidária

objetiva a divulgação de suas ideologias, a propaganda eleitoral se concentra em

engrandecer as qualidades do candidato e mostrar quais os seus planos de ação no

caso de vitória no pleito.

De acordo com o Acórdão nº 16.183/2000 do TSE (BRASIL, 2000):

[...]Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva o conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício da função pública [...].

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Conforme Almeida (2009, p. 221), “não há como confundir propaganda

partidária ou propaganda político-partidária com propaganda eleitoral”, visto que a

primeira trata-se, exclusivamente, da divulgação da ideologia do partido e de seu

programa com a finalidade de conseguir adeptos, enquanto que a propaganda

eleitoral está sempre atrelada a uma determinada eleição e é feita com a intenção

de conquistar o voto do cidadão eleitor.

No mesmo sentido considera Costa (2002, p. 738 apud ALMEIDA, 2009, p.

222), segundo o qual a propaganda partidária “[...] tem por finalidade divulgar o

ideário dos partidos políticos, expor sua plataforma de poder e cooptar novos

filiados. Já a propaganda eleitoral tem por fito a divulgação do nome de um

determinado candidato a cargo eletivo, pleiteando votos numa eleição concreta”.

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3 A PROPAGANDA E SUA LEGISLAÇÃO

Como visto anteriormente, o início da propaganda eleitoral foi estipulado pelo

art. 36, caput, da Lei nº 9.504, de 30.9.97, e só “[...] é permitida após o dia 5 de julho

do ano da eleição” (BRASIL, 2008a, p. 303). Com a ressalva de que é permitida a

propaganda intrapartidária restrita na quinzena anterior à escolha do candidato que

deve ser feita, conforme o art. 8, caput, entre 10 e 30 de julho do ano das eleições. E

o registro dos candidatos deve ser solicitado à Justiça Eleitoral até às dezenove

horas do dia 5 de julho, conforme estipulado pelo art. 11 da mesma Lei.

A propaganda eleitoral tem seu término nas quarenta e oito horas antes do

pleito, confome o Código Eleitoral (BRASIL, 2008a, p. 133):

Art. 240. [...][...]Parágrafo único. É vedada, desde quarenta e oito horas antes até vinte e quatro horas depois da eleição, qualquer propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões públicas.

Essa vedação não se aplica à propaganda eleitoral na internet, conforme

expresso no art. 7º da Lei nº 12.034/09.

Joel Cândido (1998) entende que não se deve considerar o término do

período da propaganda entre as quarenta e oito horas antes e vinte e quatro horas

depois da eleição. O autor afirma que nesse período são restringidas apenas

algumas formas de propaganda, aquelas de alcance de massas, a saber, “mediante

radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões públicas”, com o fito de manter “a

serenidade de ânimos e a tranqüilidade pare se votar e apurar os votos”. Entretanto,

“o corpo-a-corpo para convencimento de última hora, a distribuição de cartazes e

fotos, “santinhos” e slogans, sem desordem ou coação, é perfeitamente legal no dia

do pleito [...] para aliciar os indecisos”. As propagandas eleitorais só se encerram

quando são fechadas as urnas (CÂNDIDO, 1998, pp. 158-159).

A legislação eleitoral responsabiliza os candidatos e os partidos por toda

propaganda eleitoral no que se refere às despesas e conseqüências de abusos.

Assim, está disposto no art. 241 da Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral) que “toda

propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles

paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus

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candidatos e adeptos” (BRASIL, 2008a, p. 133), e no art. 17 da Lei das Eleições que

“as despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos

partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei” (BRASIL, 2008a,

p. 292).

A propaganda sempre deverá mencionar a legenda do partido. No caso de

coligações o art. 6º, § 2º, da Lei nº 9.504/97 dispõe que “na propaganda para eleição

majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas

de todos os partidos que a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada

partido usará apenas sua legenda sob o nome da coligação” (BRASIL, 2008a, p.

281).

A propaganda deverá se utilizar apenas da língua nacional e não deve “[...]

empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública,

estados mentais, emocionais ou passionais” (BRASIL, 2008a, p. 134). Esse é o texto

do art. 242 do Código Eleitoral, mas, como salientado em capítulo precedente, a

propaganda política se utiliza de técnicas de sugestão psicológica para seduzir e

conquistar os eleitores.

A legislação eleitoral protege o direito à propaganda ao assinalar, no texto do

art. 248, caput, que “ninguém poderá impedir a propaganda eleitoral, nem inutilizar,

alterar ou perturbar os meios lícitos nela empregados” (BRASIL, 2008a, p. 137). A

destruição, alteração ou perturbação de propaganda eleitoral correta acarreta pena

de detenção ou multa, conforme expresso no art. 331 do Código Eleitoral, e o

impedimento do exercício da propaganda acarreta detenção e multa, conforme o art.

332 do mesmo Código.

Enfim, a propaganda realizada em conformidade com a lei “[...] não poderá

ser objeto de multa nem cerceamento sob alegação do exercício do poder de

polícia” (BRASIL, 2008a, p. 308), conforme art. 41 da Lei das Eleições. Com a nova

lei eleitoral em vigor, Lei nº 12.034/09, a propaganda também não poderá ser

cerceada ou multada sob alegação de violação de postura municipal. A nova

legislação estipula que o poder de polícia sobre a propaganda deve restringir-se “[...]

às providências necessárias para inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia

sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet“

(BRASIL, 2009, p. 3). Outras alterações à lei serão apontadas no Capítulo 5 dessa

monografia.

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Para CÂNDIDO (1998) a propaganda eleitoral pode ser lícita, irregular ou

criminosa. A propaganda lícita é toda propaganda que não é proibida por lei comum

ou criminal, e está amparada no Princípio da Liberdade da Propaganda Política. Sua

realização é de responsabilidade dos partidos, candidatos, adeptos e empresas de

publicidade contratadas. São exemplos de propaganda lícita os comícios, os

debates na televisão, a panfletagem, a propaganda gratuita no rádio e TV. A

propaganda irregular não sofre proibição ou vedação, apenas uma restrição ao

Princípio de Liberdade. A propaganda é criminosa quando o legislador considera a

conduta infringente da ordem jurídica criminal.

3.1 PRINCÍPIOS DA PROPAGANDA POLÍTICA

Joel Cândido (1998) diz de seis princípios norteadores da propaganda

política, a saber, Princípio da Legalidade, Princípio da Liberdade, Princípio da

Responsabilidade, Princípio Igualitário, Princípio da Disponibilidade e Princípio do

Controle Judicial da Propaganda.

3.1.1 Princípio da legalidade

Princípio principal do Direito Eleitoral, “ao qual se vinculam todos os demais,

plenamente em vigor em nosso sistema eleitoral, e que consiste na afirmação de

que a lei federal regula a propaganda” (CÂNDIDO, 1998, p.156).

Expressa a competência da legislação federal em regular nacionalmente

sobre toda a matéria que abrange a propaganda política.

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3.1.2 Princípio da liberdade

Princípio que concede o livre direito à propaganda, em conformidade com a

lei, sendo considerados crimes eleitorais passíveis de pena, como se observa no art.

331, caput, do Código Eleitoral, “inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda

devidamente empregado”, e no art. 332, caput, do mesmo Código, “impedir o

exercício da propaganda” (BRASIL, 2008a, p. 158). Bem como “não serão admitidos

cortes instantâneos ou qualquer tipo de censura prévia nos programas eleitorais

gratuitos”, como pontua o caput do art. 53 da Lei nº 9.504/7-97 (BRASIL, 2008a, p.

316). E, como bem apontado por Almeida (2009) a liberdade da propaganda está

expressa no caput do art. 39 da Lei das Eleições, segundo o qual “a realização de

qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado,

não depende de licença da polícia” (BRASIL, 2008a, p. 305), bem como no § 2º do

art. 37 da mesma lei, segundo a qual “em bens particulares, independe da obtenção

de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral, a veiculação de

propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou

inscrições (BRASIL, 2008a, p. 305).

3.1.3 Princípio da responsabilidade

Princípio previsto no Código Eleitoral, art. 241, caput, diz que “toda

propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles

paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus

candidatos e adeptos” (BRASIL, 2008a, p. 133).

3.1.4 Princípio igualitário

É o princípio que garante a todos o direito à propaganda, paga ou gratuita,

com igualdade de oportunidades.

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Olivar Coneglian (2006) ressalta que essa “igualdade de oportunidades” é

formal. Pois, em realidade, os tempos de propaganda gratuita concedidos aos

partidos políticos são diferentes, dependendo da sua representatividade. Assim,

partidos com grandes representações dispõem de mais tempo que outros partidos,

com menor representação.

3.1.5 Princípio da disponibilidade

O Princípio da Disponibilidade diz, conforme texto no caput do art. 256 do

Código Eleitoral, que as autoridades federais, estaduais e municipais devem

oferecer aos partidos políticos, coligações, candidatos e adeptos, em igualdade de

condições, as facilidades para o uso da propaganda (BRASIL, 2008a).

3.1.6 Princípio do controle judicial da propaganda

“Consiste na máxima segundo a qual à Justiça Eleitoral, exclusivamente,

incumbe a aplicação das regras jurídicas sobre a propaganda e, inclusive, o

exercício de seu Poder de Polícia” (CÂNDIDO, 1998, p. 157). O poder de polícia

conferido à Justiça Eleitoral, conforme salienta Almeida (2009, p. 223) diz do “[...]

dever de fiscalizar e executar as medidas coibidoras [...]”.

3.2 CONDUTAS VEDADAS NA PROPAGANDA ELEITORAL

A Lei nº 11.300/06 trouxe à legislação da Lei das Eleições acréscimos e

modificações no que se refere às condutas vedadas na propaganda eleitoral, como

visto no caput e § 1º do art. 37, § 4º, incisos II e II do § 5º, § 6º, § 7º e § 8º do art. 39.

A Lei das Eleições, art. 37, caput, não permite nenhuma propaganda eleitoral,

seja a fixação de faixas ou mesmo pichações “nos bens cujo uso dependa de

cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos de uso

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comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, [...] e outros

equipamentos urbanos” (BRASIL, 2008a, p. 304). Vale ressaltar que, de acordo com

a Resolução 22.718 para as eleições de 2008, o Tribunal Superior Eleitoral instrui no

§ 2o do art. 13 que os “bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim

definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem

acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios,

estádios, ainda que de propriedade privada” (BRASIL, 2008b, p. 215).

O descumprimento dessa norma sujeita o responsável pela propaganda “[...] à

restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00

(dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais)” (BRASIL, 2008a, p. 305). Dessa forma

a lei procura zelar pelo patrimônio público no que concerne à poluição visual e

estética dos municípios.

Nas propriedades particulares é permitida a propaganda eleitoral sem

necessidade de licença municipal ou permissão da Justiça Eleitoral, desde que a

propaganda não exceda a dimensão de 4m². Ao passo que “nas dependências do

Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a critério da Mesa

Diretora” (BRASIL, 2008a, p. 305).

Também não há necessidade de licença ou autorização dos órgãos

competentes para “[...] a veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de

folhetos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a

responsabilidade do partido, coligação ou candidato” (BRASIL, 2008a, p. 305),

conforme expresso no art. 38 da Lei das Eleições. Bem como não é necessária

licença da polícia para a prática “[...] de qualquer ato de propaganda partidária ou

eleitoral, em recinto aberto ou fechado” (BRASIL, 2008a, p. 305). No entanto, em

conformidade com o art. 39, § 1º, a autoridade policial deverá ser informada da

intenção do ato político com vinte e quatro horas de antecedência no mínimo a fim

de garantir o uso do local segundo a ordem de notificações. Esse procedimento

também permitirá que a autoridade policial possa tomar “[...] as providências

necessárias à garantia da realização do ato e ao funcionamento do tráfego e dos

serviços públicos que o evento possa afetar” (BRASIL, 2008a, p. 306). Aqui também

é notória a preocupação do legislador quanto a harmonia do processo eleitoral, que

se deseja corra da forma mais disciplinada.

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Para uso e funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, a lei

estipula o horário entre às oito e vinte e duas horas, desde que os equipamentos

não sejam instalados a menos de duzentos metros

I – das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros estabelecimentos militares; II – dos hospitais e casas de saúde; III – das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento (BRASIL, 2008a, p. 306).

Ao passo que, conforme o texto do § 4º, do art. 39, “a realização de comícios e a

utilização de aparelhagem de sonorização fixa são permitidas no horário

compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas (BRASIL, 2008a, p.

306), mantidas as vedações do parágrafo anterior. Essas disposições da lei são

estatuídas com o fim de que os atos de propaganda eleitoral não perturbem o bom

andamento da vida da sociedade.

No dia da eleição, conforme texto do § 5º do art. 39:

Constituem crimes [...] puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:I – o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;II – a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca-de-urna; III – a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, broches ou dísticos em vestuário (BRASIL, 2008a, p. 306 - 307).

Outra vez é nítida a preocupação da lei quanto à ordem no processo eleitoral

no dia da votação, destacado no inciso I a necessidade de tranqüilidade no dia da

eleição com a vedação do uso de equipamentos de som e agrupamentos de

partidários em carreatas ou comícios, no inciso II o aliciamento de eleitores e no

inciso III a vedação da propaganda ostensiva.

O § 6º do art. 39 proíbe durante a campanha eleitoral “[...] a confecção,

utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com a sua autorização, de

camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas [...]” (BRASIL, 2008a,

p. 306), práticas essas que podem favorecer os candidatos com mais recursos

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financeiros. A lei nesse sentido procura tornar a disputa mais igualitária e coíbe o

abuso de poder econômico e a compra de votos por meio de favorecimento material

ao eleitorado.

Com o § 7º do art. 39 ficam proibidas aquelas que eram as grandes atrações

das campanhas eleitorais, os showmícios, em que se reuniam o maior número de

pessoas, não somente os eleitores partidários dos candidatos que faziam os

comícios, mas toda a gente que a esses eventos se dirigiam para aproveitar a

apresentação dos artistas. A lei proíbe eventos desse gênero, mesmo que os

artistas não tenham sido remunerados. Por meio dessa proibição a legislação

pretende assegurar a isonomia entre os candidatos no pleito, pois a contratação de

shows de artistas era possível apenas àqueles de maior poder financeiro, em

desfavor dos que careciam de meios.

A utilização de outdoors para a propaganda eleitoral fica vedada pelo texto do

§ 8º do art. 39 da Lei das Eleições, “[...] sujeitando-se a empresa responsável, os

partidos, coligações e candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao

pagamento de multa no valor de 5.000 (cinco mil) a 15.000 (quinze mil) UFIRs”

(BRASIL, 2008a, p. 307). Dessa forma a legislação visa coibir o abuso de poder

econômico e procura manter entre os candidatos a igualdade de chances no pleito,

visto que a propaganda mediante outdoors favorecia os candidatos com maior poder

financeiro.

É considerado crime punível com detenção ou prestação de serviços e multa

“o uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou

semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade

de economia mista [...]” (BRASIL, 2008a, p. 308), conforme art. 40, caput.

É hábito nas disputas eleitorais o uso da propaganda negativa, ou seja, o

ataque aos demais candidatos, dizendo de suas más procedências ou maus

governos anteriores. O Código Eleitoral, entretanto, considera crime os atos de

propaganda negativa em que se procura, por meio de calúnias, difamações e injúrias

denegrir a imagem dos oponentes. Esses crimes são puníveis com detenção e ou

pagamento de multa, conforme segue:

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:

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Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:Pena – detenção de seis meses a dois anos e pagamento de 10 a 40 dias-multa.§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 30 dias-multa.Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.§ 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena:I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes:Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código Penal.

O Código Eleitoral, nos incisos do art. 243, estabelece as propagandas que

não são toleradas (BRASIL, 2008a, p. 134 - 135):

I – de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social ou de preconceitos de raça ou de classes;II – que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas, ou delas contra as classes e instituições civis;III – de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;IV – de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem pública;V – que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza;VI – que perturbe o sossego público, com algazarra ou abusos de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;VII – por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda;VIII – que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a outra qualquer restrição de direito;IX – que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública.

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Nota-se no disposto acima a preocupação do legislador de que a propaganda

não seja instrumento de provocação de animosidade e beligerância contra o regime

ou componente do Estado, contra o bem estar da sociedade em geral ou contra

minorias ou qualquer indivíduo ou bem. Assim, qualquer propaganda que procure

realizar um levante popular que incida numa das proibições da lei não será tolerada.

Nota-se também a preocupação com a ética na conduta da propaganda, não se

tolerando que se ludibrie as pessoas, que cause sujeira nas cidades ou que se

calunie, difame ou injurie qualquer pessoa ou autoridade pública.

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4 PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR

A pesquisa do Direito Eleitoral com enfoque nas práticas de irregularidades no

Processo Eleitoral dá margem a diversas questões, entre as quais, também as de

teor psicológico. Poder-se-ia enveredar, por exemplo, por uma via de análise da

natureza humana a fim de tentar esclarecer e explicar sua tendência a desprezar ou

ignorar o bem do outro em prol de si. Houve um tempo em que se quis acreditar, na

pessoa de Jean-Jaques Rousseau (1995) que viveu entre 1712 e 1778, em sua obra

“Emílio”1, dizia que o homem nascia puro, que era bom por natureza e a sociedade o

corrompia. Mais de um século antes, porém, Tomas Hobbes (1979), que viveu entre

1588 - 1679 em sua obra “O Leviatã”2, havia dado à natureza do homem a inclinação

do lobo, sendo a guerra de todos contra todos o estado natural, e, portanto, o medo

e a angústia, razão pela qual os homens se vêem obrigados a fundarem um estado

social e a autoridade política. Mas talvez o bom senso de Balzac (1799 - 1850) em

“A Comédia Humana” tenha encontrado um melhor entendimento da questão. Ele

diz que o homem não é bom nem mau, mas nasce com instintos e aptidões.

Questões de psicologia à parte, o fato é que não se pode deixar de tentar remediar o

efetivo à procura de soluções e melhorias.

A propaganda irregular, como salienta Cândido (1998), ao contrário da

propaganda criminosa, não está proibida ou vedada, mas sofre uma restrição à

liberdade de propaganda, concedida pelo art. 248 do Código Eleitoral, segundo o

qual ninguém tem direito de impedir que ela se realize desde que seja feita de forma

lícita (BRASIL, 2008a).

Podem-se citar como exemplos de irregularidades na propaganda eleitoral:

a) a propaganda realizada antes do início previsto em lei;

b) a propaganda realizada entre ás quarenta e oito horas antes até vinte

e quatro horas depois da eleição;

c) a propaganda que não apresenta a legenda partidária, que é feita em

língua estrangeira, ou que tem a intenção de provocar estados

psicológicos (art. 242);

1 Que é uma novela, que fala sobre a educação ideal para as crianças.2 Que é um tratado sobre política.

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d) aquelas em que se verifica o abuso de poder econômico e o abuso de

poder de autoridade ou político;

e) a propaganda paga senão pelo partido (art. 241);

f) a propaganda que utiliza alto-falantes ou equipamentos de som a

menos de 500m de hospitais, câmaras legislativas, bibliotecas

públicas, teatro, etc;

g) a divulgação de testes pré-eleitorais ou resultados de prévias nos

quinze dias anteriores ao pleito;

A fim de tentar coibir a prática de irregularidades na propaganda eleitoral a lei

prevê diversas medidas e conseqüências, tanto de ordem eleitoral, quanto

administrativa ou civil. Cândido (1998) as enumera:

a) cassação do registro do candidato (art. 334 do CE);b) ineficácia contratual de candidatos ou partidos com empresas que possam burlar ou tornar inexeqüíveis quaisquer dispositivos do Código Eleitoral ou instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (art. 251);c) cassação do direito de transmissão da propaganda partidária gratuita pelo rádio e pela televisão (art. 45, § 2º, da LOPP);d) anulabilidade da votação (art. 222 do CE);e) solidariedade dos partidos na responsabilidade imputada aos candidatos e adeptos pelos excessos que cometerem (arts. 241 e 243, § 1º do CE);f) inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 3 (três) anos subseqüentes à eleição em que se verificou o ato, além da cassação do registro do candidato (LC nº 64/90, art. 22, XIV).

O supracitado art. 334 do Código Eleitoral prevê, além da cassação do

registro do candidato, também a privação de liberdade de seis meses até um ano,

para o candidato que “utilizar organização comercial de vendas, distribuição de

mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores”

(BRASIL, 2008a, p. 158).

As irregularidades mais comumente praticadas nas propagandas eleitorais

são as que desrespeitam o disposto no caput do art. 37 da Lei das Eleições:

Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer

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natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados (BRASIL, 2008b, p. 304).

Nos sites da internet dos diversos Tribunais Regionais Eleitorais é possível

constatar o grande número de propaganda irregular praticada nas eleições. Pelo

elevado número e recorrência se é levado a entender que a pena de multa não é

suficiente para coibir a prática dessas irregularidades. Aqui, a questão “o crime

compensa?” parece estar respondida, apesar do alto valor das multas aplicadas em

algumas situações. No site do TRE/SP, podem-se encontrar vários exemplos das

irregularidades cometidas e as multas aplicadas:

Myryam Athie é multada por propaganda irregular O juiz auxiliar da propaganda eleitoral Francisco Carlos Shintate multou em R$ 2.000,00 a candidata a vereadora Myryam Athie (PDT) por propaganda irregular em bem público.

Myryam manteve uma carreta com sua fotografia e os dizeres “12500 Myryam Athie Laços com São Paulo” estacionada em via pública. De acordo com a decisão, ao manter a carreta estacionada no mesmo local por um longo período, a candidata retirou o caráter móvel da propaganda. O veículo foi apreendido.

A legislação eleitoral proíbe a veiculação de propaganda em bens públicos, mas permite que sejam utilizados bonecos e cartazes móveis em vias públicas, desde que não dificultem o bom andamento do trânsito (TRE-SP, 2008).

TRE multa Maluf por litigância de má-fé pela terceira vezNa sessão plenária de hoje, o TRE determinou multas que totalizaram R$ 88 mil ao candidato eleito a deputado federal, Paulo Salim Maluf (PP), por litigância de má-fé e por propaganda irregular em bem público pela terceira vez.

A propaganda irregular consistiu em inscrição a tinta em muro do estádio municipal de Suzano. Notificado para retirar a propaganda irregular, o candidato declarou tê-la removido, mas não o fez, sendo então condenado à multa de R$ 80 mil por litigância de má-fé e em R$ 8 mil pela propaganda irregular.

Em outras representações, Maluf já havia sido multado por litigância de má-fé e por propaganda irregular nos mesmos valores nas cidades de Santo André e Campinas.Cabe recurso ao TSE (TRE-SP, 2006).

Vereador eleito é multado por propaganda irregularO juiz auxiliar da 1ª Zona Eleitoral, Roberto Maia Filho, condenou, ontem, o vereador eleito Juscelino José Ataliba Antônio Gadelha (PSDB), eleito com 25.633 votos, ao pagamento de multa no valor de5.320,50 reais por afixação de cartaz em poste com semáforo, na

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Rua da Mooca, 166. Após denúncia via internet (denúncia on-line), o candidato foi notificado para retirar a propaganda irregular em 24 horas e não o fez. A propaganda foi retirada pela municipalidade após o 1º turno.Até hoje, somente 27 representações de propaganda antecipada/irregular foram julgadas procedentes e as multas aplicadas atingiram o valor total de 435.885,00 reais, já que, em sua grande maioria, os candidatos retiram a propaganda irregular após a notificação da Justiça Eleitoral.Cabe recurso ao TRE (TRE-SP, 2004).

Propaganda irregular é punidaO candidato a deputado federal Sílvio Tadeu Pina, da coligação São Paulo em Boas Mãos, foi condenado ao pagamento de multas no valor total de 10.641,00 reais por propaganda irregular. A propaganda foi colada em postes públicos ao longo da Av. Atlântica e em postes que são suporte de semáforos, na altura do nº 300 da Av. Santos Dumont, ambas em Santo André.

Também foram condenados por propaganda irregular os candidatos a deputado estadual Cícero de Freitas (PTB), Edmur Mesquita (PSDB) e Geraldo Lopes (PMDB). A propaganda de Cícero de Freitas foi veiculada em banner afixado em poste de sinal de tráfego na Av. Washington Luiz, a de Edmur Mesquita consistiu na colagem de cartazes no Viaduto Pires do Rio, e a propaganda de Geraldo Lopes foi inscrita a tinta em muro público na Estrada do Guarapiranga. Cada um foi multado em 5.320,50 reais. Cabe recurso ao TRE. O TRE já aplicou 5.567.335,00 reais em multa (TRE-SP, 2002).

4.1 ABUSO DE PODER ECONÔMICO E PODER DE AUTORIDADE

O abuso do poder econômico, em uma de suas formas, é verificado quando

da compra de votos, seja por meio de dinheiro, bens ou serviços, ou mesmo

promessas de vantagens materiais. Esse tipo de aliciamento é repudiado, pois

denota violação da liberdade de escolha e vai contra o princípio de igualdade entre

os candidatos. Não se deve ignorar ou esquecer, no entanto, que tal prática não

somente compromete o candidato como também deve ser considerado o eleitor que

se vende (SILVEIRA, 1998). No Brasil, em que a maioria da população sofre

economicamente, a possibilidade de obter vantagens predispõe o eleitor a vender

sua intenção de voto, senão o voto mesmo. Portanto, recriminar somente o político

desonesto e chamar ao cidadão de vítima corrompida é fechar os olhos à verdade.

Faz-se necessário a educação política da população, a fim de fazê-la compreender

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em que medida tal prática é danosa à democracia e à justiça e vergonhosa

moralmente.

O desvio ou abuso de poder de autoridade é verificado quando se utiliza dos

poderes do cargo efetivo para conseguir benefícios no pleito, como por exemplo, o

transporte de eleitores das áreas rurais em veículos em poder da administração

pública. O texto que diz de tais práticas está no Código Eleitoral, art. 237, e assevera

que “a interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de

autoridade, em desfavor da liberdade do voto, serão coibidos e punidos” (BRASIL,

2008a, p. 132). A lei prevê que o eleitor pode denunciar tais práticas, sendo que

tanto eleitores quanto partidos políticos podem relatar e indicar as provas ao

Corregedor-Geral ou Regional, a fim de que se investigue e apure tais denúncias.

O abuso do poder econômico é coibido por meio das normas que limitam a

captação de recursos pelos partidos e candidatos, a fim de que os gastos com

propaganda não ameacem o princípio da igualdade em desfavor dos candidatos

com menos recursos financeiros. Sendo limitada a doação de fundos para

campanha por parte de pessoa jurídica em dois por cento de seu faturamento bruto

do ano anterior à eleição, a legislação procura equilibrar a disputa eleitoral e

dificultar que haja ensejo de retribuições de favores no futuro. E, conforme o texto da

Lei das Eleições, art. 24:

É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de:I – entidade ou governo estrangeiro;II – órgão da Administração Pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público;III – concessionário ou permissionário de serviço público;IV – entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal;V – entidade de utilidade pública;VI – entidade de classe ou sindical;VII – pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.VIII – entidades beneficentes e religiosas;IX – entidades esportivas que recebam recursos públicos;X – organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;XI – organizações da sociedade civil de interesse público (BRASIL, 2008a, p. 295).

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A Lei das Eleições também prevê a obrigação de abertura de conta específica

para campanha eleitoral e registro de comitê financeiro na Justiça Eleitoral, além da

prestação de contas de gastos das campanhas. Todas essas medidas previnem, ou

tentam prevenir, contra o abuso de poder econômico, no entanto, apesar de tanta

precaução, o uso de “caixa dois” parece ser prática comum nas campanhas da

maioria dos partidos políticos. Os partidos que descumprem as normas de

arrecadação e aplicação de recursos são penalizados com a perda do direito de

recebimento da cota do Fundo Partidário, além de os candidatos beneficiados

sofrerem a implicação de reconhecimento de abuso de poder econômico.

A legislação procurou sanar os problemas do abuso de poder econômico com

as seguintes medidas, conforme assinala Ribeiro (1998, p. 423):

I – na fase do alistamento: a gratuidade do registro civil e expedição

da certidão correspondente exclusivamente para fins eleitorais;

II – na fase de propaganda: a instituição dos horários gratuitos, com

o caráter de exclusividade em matéria de propaganda pelo rádio e

televisão e delimitação do uso pelos jornais;

III – na fase de votação:

a) a adoção de cédula oficial a ser impressa e distribuída

exclusivamente pela Justiça Eleitoral;

b) fornecimento de transporte nas áreas rurais – de exclusiva

responsabilidade da Justiça Eleitoral;

c) fornecimento de alimentação nas áreas rurais – de exclusiva

responsabilidade da Justiça Eleitoral.

IV – nos instrumentos de controle: com aumento dos instrumentos

operacionais da Justiça Eleitoral.

De acordo com o autor, observando-se as transformações da legislação

eleitoral brasileira, é preciso que se reconheça “[...] o persistente esforço feito para

erradicar tudo que possa servir de estímulo à concorrência desleal, dando vigorosa

defesa à liberdade política, sem perder de vista sua dimensão social, traduzida nos

postulados éticos e igualitários que a condicionam” (RIBEIRO, 1998, p. 663).

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5 AS NOVAS REGRAS ELEITORAIS PARA O ANO DE 2010

Como salientado na Introdução dessa monografia, a Legislação Eleitoral

brasileira procura se aperfeiçoar de acordo com as exigências das épocas e em

conseqüência das próprias experiências nos pleitos realizados. E eis que no dia 29

de setembro deste ano, 2009, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,

sancionou nova lei eleitoral, a Lei nº 12.034/09, que altera as correntes legislações:

LPP, Lei nº 9.096/95, Lei das Eleições, Lei nº 9.504/97 e o Código Eleitoral, Lei nº

4.737/65.

A nova legislação entra em vigor já nas eleições de 2010, exceto o disposto

no art. 5º, que entrará em vigor somente nas eleições de 2014. A urna eletrônica, tão

celebrada na evolução do processo eleitoral, ganhará um novo elemento que

proporcionará mais segurança e confiabilidade aos resultados das votações. A partir

de 2014 cada voto será impresso para imediata conferência dos eleitores, e

depositado automaticamente em local lacrado. Ao fim das votações a Justiça

Eleitoral sorteará dois por cento das urnas para conferir os resultados dos votos

impressos e comparar com os resultados obtidos das respectivas urnas eletrônicas

(BRASIL, 2009).

A grande novidade dessa reforma refere-se à propaganda eleitoral na

internet, que será examinada em capítulo à parte, mas outras mudanças relevantes

devem ser apontadas.

Uma das interessantes mudanças que a nova legislação eleitoral traz é a

necessidade de apresentação das “propostas defendidas pelo candidato a Prefeito,

a Governador de Estado e Presidente da República” (Brasil, 2009, p. 2) na

solicitação de registro dos candidatos à Justiça Eleitoral (IX do § 1º do art. 11 da Lei

nº 9.504/97). Desta forma procura a legislação refrear um pouco o abuso do recurso

demagógico das promessas de campanhas. Tendo sido registradas as plataformas

de governo a população poderá comparar o que foi prometido em registro com o que

de fato tem sido feito e assim questionar o mandato dos candidatos que foram

eleitos. Quem sabe, num estágio de evolução adiante, a legislação institua

penalizações para promessas não cumpridas, o que seria, verdadeiramente, uma

revolução.

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Para votar, de agora em diante, o eleitor precisará apresentar, juntamente

com o seu título de eleitor, um documento com fotografia, conforme art. 91-A,

acrescido à Lei nº 9.504/97. E no parágrafo único desse artigo fica vedado, dentro

da cabine de votação, o porte de telefones celulares, máquinas fotográficas e

filmadoras (BRASIL, 2009). A vedação do porte e uso desses aparelhos eletrônicos

nas cabines de votação pode ser uma garantia a favor da manutenção da liberdade

e sigilo do voto, já que se poderia, por meio de tais recursos eletrônicos, exigir uma

prova digital do voto do eleitor “comprado” ou manipulado.

O voto em trânsito para Presidente e Vice-Presidente será possível nas

capitais dos Estados, em urnas específicas, conforme art. 233-A, caput,

acrescentado ao Código Eleitoral.

A Lei agora permite, no dia das eleições, que eleitor manifeste suas

preferências, mas de forma silenciosa e individual, por meio “[...] de bandeiras,

broches, dísticos e adesivos” (BRASIL, 2009, p. 4), conforme o art. 39-A, acrescido à

Lei das Eleições. No entanto, até que terminem as votações, estará vedada a

aglomeração de pessoas que estejam identificadas pela padronização do vestuário,

ou que estejam usando aqueles instrumentos de propaganda citada no caput do

artigo, o que caracterizaria manifestação coletiva (§ 1º). Ainda em relação às

posturas no dia das eleições, o § 2º preceitua que “no recinto das seções eleitorais e

juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos

escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de

partido político, de coligação ou de candidato” (BRASIL, 2009, p. 4). O § 3º preceitua

que “aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só e permitido que, em seus

crachás, constem o nome e a sigla do partido político ou coligação a que sirvam,

vedada a padronização do vestuário (BRASIL, 2009, p. 4). No § 4º fica disposto que

cópias deste artigo deverão ser afixadas nas áreas internas e externas das seções

eleitorais.

Em nova redação, a lei agora prevê, além do cancelamento do registro,

também a possibilidade de cancelamento do diploma do candidato que utilizar a

publicidade política instituída pela Constituição Federal (§ 1º do art. 37) com

intenção de promoção pessoal, o que configura abuso de autoridade (BRASIL,

2009).

Para tentar manter a isonomia entre os candidatos que pleiteiam uma vaga

nas eleições, a nova legislação inclui o § 11 ao art. 73 da Lei das Eleições, segundo

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o qual, em anos eleitorais, as entidades mantidas ou vinculadas nominalmente a

candidatos não mais poderão executar os programas sociais descritos no § 10

(BRASIL, 2009).

Em nova redação, o art. 77 da Lei das Eleições, que antes proibia a

participação de candidatos a cargos do Poder Executivo em inaugurações de obras

públicas nos três meses anteriores ao pleito, agora estende a proibição para os

candidatos a cargos do Legislativo. Esta medida também tem como escopo a

tentativa de manter a igualdade de chances entre os candidatos (BRASIL, 2009).

No que concerne à propaganda eleitoral a Lei 12.034/09 traz significativas

mudanças.

Em nova redação, o § 3º do art. 36 da Lei das Eleições altera o valor da multa

para cinco mil a vinte e cinco mil reais ao responsável pela divulgação de

propaganda antecipada e ao beneficiário da propaganda no caso ser comprovado

seu conhecimento prévio. Ao art. 36 é acrescido um quarto parágrafo: “na

propaganda dos candidatos a cargo majoritário, deverão constar, também, o nome

dos candidatos a vice ou a suplentes de senador, de modo claro e legível, em

tamanho não inferior a 10% (dez por cento) do nome do titular” (BRASIL, 2009, p. 3).

No que se refere aos modos de propaganda eleitoral, à legislação do art. 37

foram feitas alterações no § 2º e acrescidos os parágrafos 4, 5, 6, 7, e 8:

§ 2o Em bens particulares, independe de obtenção de licença Municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m² (quatro metros quadrados) e que não contrariem a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no § 1o.§ 4o Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.§ 5o Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, Bem como em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano.§ 6o É permitida a colocação de cavaletes, bonecos, cartazes, mesas para distribuição de material de campanha e bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.§ 7o A mobilidade referida no § 6o estará caracterizada com a colocação e a retirada dos meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas.

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§ 8o A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade (BRASIL, 2009, p. 3)

Todo material de campanha eleitoral deverá trazer, de agora em diante, o

número do CNPJ ou o número do CPF do responsável pela confecção daquela

propaganda e também daquele que contratou o serviço, além da informação da

respectiva tiragem (BRASIL, 2009). Essa norma, parágrafo acrescido ao art. 38 da

Lei das Eleições, deverá contribuir no sentido identificar a responsabilidade e

idoneidade das propagandas, bem como servir de base e prova para o cálculo dos

gastos de campanha.

O art. 39 da Lei das Eleições também sofreu mudanças. O inciso III do § 5º foi

alterado, tendo sido retirado dele o que era desnecessário, ou seja, a especificação

dos tipos de propaganda não permitida e considerados crimes no dia da votação,

sendo sua nova redação simplesmente, “a divulgação de qualquer espécie de

propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos” (BRASIL, 2009, p. 3). Além

dessa mudança, esse artigo ainda tem a adição do parágrafo nono que permite, até

às vinte e duas horas do dia anterior à eleição, a propaganda por meio de

distribuição de material gráfico e as usuais manifestações coletivas com uso de som

com jingles ou mensagens dos candidatos. O parágrafo décimo veda o uso de trios

elétricos nas campanhas, abrindo exceção no caso da sonorização de comícios

(BRASIL, 2009).

O art. 43, que ditava as normas para a divulgação de propaganda eleitoral

paga na imprensa escrita, em sua nova redação estipula o tamanho máximo

permitido por edição para cada candidato, sendo de 1/8 de página de jornal padrão e

1/4 de página para tablóides e revistas, limitados em dez anúncios para cada veículo

e em datas diversas. O artigo ainda foi acrescido da permissão de que o jornal

impresso poderá reproduzir seu conteúdo na internet. Em seu § 1º o legislador alerta

que o valor pago pela inserção da propaganda eleitoral no veículo deve estar

expresso de forma visível. O § 2º estipula a multa a que estão sujeitos os partidos,

coligações, candidatos e responsáveis pelos veículos de comunicação que não

observarem o que é disposto no artigo. A multa varia de mil a dez mil reais ou o

valor pago pela divulgação da propaganda caso este seja maior ao estabelecido na

multa (BRASIL, 2009). Novamente pode-se perceber a preocupação do legislador

em relação à responsabilidade das contas de campanha e da veiculação da

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propaganda eleitoral. As alterações na legislação eleitoral que tratam das atribuições

de responsabilidade das propagandas eleitorais podem ter sido elaboradas, entre

outros motivos, pelos escândalos das vultosas somas de dinheiro empregadas nas

campanhas eleitorais e pagas às agências de publicidade.

O legislador incluiu três parágrafos ao art. 44 da Lei das Eleições, que institui

a propaganda eleitoral em horário gratuito no rádio e na televisão. Na nova

legislação, conforme o § 1º, será obrigatório para toda propaganda eleitoral gratuita

que ela utilize a Linguagem Brasileiras de Sinais (LIBRAS), ou então o recurso de

legendas, devendo ser estes materiais entregues obrigatoriamente às emissoras.

Assim, o legislador procura atender ao público com deficiência auditiva. O § 2º

determina que “no horário reservado para a propaganda eleitoral, não se permitirá o

uso comercial ou propaganda realizada com a intenção, ainda que disfarçada ou

subliminar, de promover marca ou produto” (BRASIL, 2009, p. 3), norma esta que

não precisaria existir por simples bom senso, mas que, ao que parece, fez-se

necessária. E o § 3º assinala que a emissora que veicular propaganda eleitoral sem

autorização de funcionamento do poder competente, será punida nos termos do § 1º

do art. 37 (BRASIL, 2009), ou seja, com multa no valor de dois mil reais a oito mil

reais (BRASIL, 2008a).

O legislador acrescentou o art. 53-A à Lei. Aos partidos e coligações será

vedado incluir propaganda dos candidatos a eleições majoritárias no horário

destinado aos candidatos a eleições proporcionais, ou vice-versa, podendo, no

entanto serem utilizadas legendas com referência aos candidatos majoritários, ou

então, a inserção de cartazes ou fotografia desses candidatos ao fundo da imagem

da propaganda. A participação de candidatos majoritários em horário de propaganda

eleitoral de candidatos a eleições proporcionais e o inverso poderá ser realizada

expressamente para o pedido de voto ao candidato que cedeu seu tempo de

propaganda, conforme § 1º. O § 2º impede que o horário destinado a candidatos de

eleições proporcionais seja usado para propaganda de candidato majoritário e vice-

versa. E o § 3º adverte que a inobservância do disposto nesse artigo acarretará ao

partido político ou à coligação a perda “[...] em seu horário de propaganda gratuita,

tempo equivalente no horário reservado à propaganda da eleição disputada pelo

candidato beneficiado” (BRASIL, 2009, p. 4). O presente artigo tem por fundamento

a necessidade de evitar que o horário gratuito reservado a determinado candidato

seja utilizado unicamente para servir a outro, pois é de conhecimento que algumas

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candidaturas “inviáveis” são feitas unicamente para alastrar a propaganda de

candidaturas mais importantes.

A propaganda irregular foi contemplada na recente reforma com a inclusão do

art. 40-B na Lei das Eleições. Conforme o artigo, a propaganda irregular deverá ser

representada “[...] instruída com prova da autoria ou do prévio conhecimento do

beneficiário, caso este não seja por ela responsável” (BRASIL, 2009, p.4). O

parágrafo único do artigo observa que o candidato representado por propaganda

irregular será considerado responsável se não providenciar a retirada ou

regularização da propaganda no prazo de quarenta e oito horas após ter sido

notificado da representação, e também se no exame do caso ficar revelado, pelas

circunstâncias e peculiaridades, que o candidato beneficiado não pode ser

considerado ignorante do conhecimento da propaganda irregular (BRASIL, 2009).

O legislador fez saber, por meio do art. 36-A incorporado à Lei, que,

Não será considerada propaganda eleitoral antecipada:I- a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, desde que não haja pedido de votos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, planos de governos ou alianças partidárias visando às eleições;III - a realização de prévias partidárias e sua divulgação pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; ou IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se mencione a possível candidatura, ou se faça pedido de votos ou de apoio eleitoral (BRASIL, 2009, p. 4).

O inciso I do novo artigo permite que os filiados a partidos ou pré-candidatos

possam participar de programas nos veículos de comunicação até para expor

plataformas e projetos políticos, mas observa que não se poderá fazer pedido de

voto, com o qual se caracterizará propaganda antecipada e, portanto, propaganda

irregular. Essa ressalva da Lei também está presente no inciso IV, proibidas também

a menção a possível candidatura ou o pedido de apoio eleitoral. Desse modo

ampliam-se as possibilidades de os partidários e os políticos, possíveis candidatos,

exporem suas idéias e projetos antes da data prevista para o início da propaganda

eleitoral.

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De acordo com a nova legislação, as doações em dinheiro de pessoas físicas

para campanhas eleitorais poderão ser feitas pelo site do candidato, partido ou

coligação por meio de cartão de crédito, desde que haja identificação do doador e

emissão de recibo eleitoral, conforme alíneas a e b do inciso III, inclusive, do § 4º do

art. 23 da Lei 9.504/97 (BRASIL, 2009).

5.1 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

A rede mundial de computadores, a internet, vem se demonstrando como o

meio de comunicação mais democrático que jamais existiu. Apesar de seu acesso

estar limitado a quem possua um micro computador com conexão à rede, ou a quem

procure se conectar utilizando as máquinas de uma lan house, ou outro

estabelecimento que o disponha, estima-se que cinqüenta milhões de pessoas

utilizam a internet no Brasil, segundo o especialista em marketing político, o

consultor Gaudêncio Torquato (FRANÇA, 2009). Desse modo, a propaganda

eleitoral via internet gera possibilidades a mais para que os partidos e candidatos se

aproximem dos eleitores.

A propaganda eleitoral na internet, conforme estipulado no art. 57-A incluído

na Lei das Eleições, será permitida somente após o dia 5 de julho do ano da eleição,

assim como é para os demais meios (BRASIL, 2009)

O art. 57-B estabelece quais as formas que poderão ser utilizadas para a

realização da propaganda eleitoral na internet. Os candidatos poderão fazer

propaganda eleitoral em sites pessoais ou em sites do partido ou coligação, desde

que comuniquem o endereço eletrônico à Justiça Eleitoral, e desde que o provedor

de serviço de internet esteja estabelecido no Brasil. Poderão os candidatos enviar

mensagens eletrônicas, e-mail, para os endereços de suas próprias listas de

contatos ou por eles cadastrados gratuitamente. Também será permitido aos

candidatos fazer propaganda eleitoral por outros meios disponibilizados na internet,

como as redes sociais, como Orkut, Twitter ou Facebook, ou por meio de blogs (uma

espécie de site com menos recursos), e também por meio de sites ou programas de

mensagem instantânea como o MSN. O conteúdo das propagandas realizadas por

esses meios deverão ser produzido ou editado pelos próprios candidatos, pelos

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partidos ou coligações, ou mesmo por qualquer outra pessoa que simpatize e queira

fazer propaganda de candidatos de sua preferência (BRASIL, 2009).

Assim como no rádio e televisão, também na internet está vedada qualquer

tipo de propaganda eleitoral paga, conforme caput do art. 57-C. Também não poderá

haver propaganda eleitoral nos sites de pessoas jurídicas, com ou sem fins

lucrativos, bem como em sites “oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da

administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios” (BRASIL, 2009, p. 4).

A nova legislação assegura, por meio da internet, a “livre manifestação do

pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral [...] assegurado o

direito de resposta [...]” (BRASIL, 2009, p. 4). Muito provavelmente, os assessores

dos candidatos e a Justiça Eleitoral terão muito trabalho no que concerne ao direito

de resposta da propaganda na internet, devido ao grande número de conteúdos que

podem vir a circular na rede. A vedação do anonimato é uma medida que assegura

a responsabilização das propagandas e permite que o direito de resposta seja

cumprido. Mas, assegurar a livre manifestação do pensamento é coisa que a

legislação não precisava mencionar, pois não poderia proibir, nem se quisesse,

sobretudo na internet, a não ser que tomasse a descabida decisão de bloquear

totalmente a internet no país. Ainda assim seria possível acessar a internet e

continuar alimentando blogs e sites via satélite por meio de celular. Além de que, a

manifestação do pensamento já é garantida pela Constituição Federal e a internet é

onde mais se pode ter certeza de que essa liberdade é praticada. O governo

autoritário do Irã tentou proibir o acesso à internet, não conseguiu. Somente a

experiência das próximas eleições poderá esclarecer sobre as questões que estão

por vir na campanha eleitoral pela internet.

O art. 57-E, caput, veda que as pessoas relacionadas no art. 243 utilizem,

doem ou cedam aos candidatos, partidos ou coligações o cadastro com os

endereços eletrônicos de seus clientes. O parágrafo primeiro do artigo proíbe que

cadastro de endereços eletrônicos seja vendido (BRASIL, 2009). Essas medidas

3 São elas: entidade ou governo estrangeiro; órgão da Administração Pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público; concessionário ou permissionário de serviço público; entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal; entidade de utilidade pública; entidade de classe ou sindical; pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; entidades beneficentes e religiosas; entidades esportivas que recebam recursos públicos; organizações não-governamentais que recebam recursos públicos, e organizações da sociedade civil de interesse público.

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previnem que os eleitores não tenham suas caixas de correio eletrônico inundadas

de mensagens de propaganda eleitoral não requerida.

O art. 57-F assinala que os provedores de internet que hospedam a

propaganda eleitoral deverão providenciar para que as propagandas julgadas

irregulares sejam eliminadas da rede assim que forem recebidas as notificações, do

contrário estarão sujeitas às penalidades previstas na Lei. E, de acordo com o

parágrafo único do artigo, os provedores serão considerados responsáveis pela

divulgação da propaganda irregular se for comprovado o seu prévio conhecimento

(BRASIL, 2009).

O art. 57-G vem em garantia da liberdade do eleitor ao estabelecer que as

mensagens enviadas eletronicamente pelos candidatos, partidos ou coligações

contenham um mecanismo que permita ao eleitor se descadastrar, para no futuro

não mais receber mensagens daquele remetente, que terá um prazo de quarenta e

oito horas para providenciar o solicitado, além do qual estarão sujeitos ao

pagamento de multa de cem reais por cada mensagem (BRASIL, 2009).

O art. 57-H prevê, além das sanções legais ordinárias, multa de cinco a trinta

mil reais àquele que realizar propaganda eleitoral na internet atribuindo a autoria

desta a terceiro, seja ela pessoa comum, candidato, partido ou coligação (BRASIL,

2009).

O direito de resposta na internet está assegurado no inciso IV, incluído no § 3º

do art. 58 da Lei das Eleições, em cujas alíneas têm-se:

a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido;b) a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva;c) os custos de veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original (BRASIL, 2009, p. 5).

O art. 7º da nova lei eleitoral esclarece que a vedação da propaganda eleitoral

no intervalo entre as quarenta e oito horas antes até vinte e quatro horas depois da

eleição, constante do parágrafo único do art. 240 do Código Eleitoral, não será

aplicada à propaganda na internet (BRASIL, 2009). Realmente seria muito difícil

fiscalizar em toda a internet se as propagandas foram retiradas da rede.

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Verdadeiramente, não seria difícil, seria, mesmo, fácil, bastando apenas digitar

algumas palavras em um site de busca. Mas seria uma tarefa gigantesca e

provavelmente inviável.

Quanto aos debates entre candidatos (art. 46 da Lei das Eleições), a nova lei

eleitoral apenas fez acréscimos referentes às regras dos debates em rádio e

televisão, e não informou sobre os debates na internet, com o que, não havendo

restrição, portanto, estão liberados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da humanidade, bem como a vida de um homem, é um processo

contínuo de aprendizagem. No entanto, essa progressão não segue sempre uma

linha reta: às vezes há retrocessos, estagnações, saltos. Mas o conhecimento

permanece, e será sempre ampliado enquanto se estiver disposto a refletir sobre as

experiências do presente e do passado. De outra forma está-se condenado a repetir

os mesmos erros e sofrer as mesmas, ou piores, decepções.

Assim acontece com a legislação eleitoral brasileira. As reformas são

justamente as provas de que se está atento às necessidades do presente, de que se

aprendeu com o passado, e de que se está preocupado com o futuro.

Deste trabalho podem-se vislumbrar as várias dimensões que um único tema

pode abarcar. Pode-se ter noção da importância e seriedade dos trabalhos

legislativos. Pode-se ter noção da energia necessária para dar cabo de tais

trabalhos. E pode-se, também, imaginar as dificuldades que se encontram em meio

ao caminho do aperfeiçoamento das leis com vistas à Justiça.

Minhas considerações finais não poderiam deixar de tocar num ponto que me

parece óbvio no que se refere à propaganda eleitoral irregular. Foi visto que o

legislador procura, por meio de sanções, coibir a prática de irregularidades, mas

também ficou evidente que apesar delas, os candidatos continuam a praticá-las.

Ora, se as medidas tomadas para que não se pratiquem irregularidades não estão

surtindo efeito, outras medidas devem ser adotadas. Se os candidatos consideram

que os benefícios advindos da propaganda irregular compensam o valor da multa a

pagar pela irregularidade, que se aumentem as multas. Afinal, não é uma questão

de desconhecimento da lei, mas de desrespeito à lei.

Quando iniciei essa monografia, tinha como objetivo único a apresentação

das irregularidades praticadas na propaganda eleitoral. Porém, a necessidade de

dar um breve histórico da propaganda colocou-me em contato com um tema que

muito superficialmente eu conhecia, a manipulação pela propaganda. Mas, como

essa não é a área da minha formação, eu não podia me deter a fundo, e não vinha

ao caso. Mas, quando me deparei com o art. 242 do Código Eleitoral, - e com as

informações que havia tomado sobre o tema da sugestão mental -, imaginei ter

encontrado a pedra de toque, ou melhor, a pedra que ninguém quereria tocar na

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legislação. E não encontrei nenhum comentário, nem sequer uma menção dos

nossos mestres em direito eleitoral, sobre o problema. Daquela vez eu apenas

assinalei, vou expô-lo, aqui, onde cabe.

Fávila Ribeiro, no capítulo XI, Propaganda Eleitoral, admite que a propaganda

seja

[...] um conjunto de técnicas empregadas para sugestionar as pessoas na tomada de decisão. Despreza a propaganda a argumentação racional, prescindindo do esforço persuasivo para demonstração lógica da procedência de um tema. Procura, isto sim, desencadear, ostensiva ou veladamente, estados emocionais que possam exercer influência sobre as pessoas. Por isso mesmo, com a propaganda não se coaduna a análise crítica de diferentes posições, desde que procura induzir por recursos que atuam diretamente no subconsciente individual. [...]Efetivamente, para que se possa caracterizar a propaganda é de mister haja o propósito deliberado de influir na opinião alheia [...] (RIBEIRO, 1998, p. 445).

O Código Eleitoral nos diz que a propaganda não deve “[...] empregar meios

publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais,

emocionais ou passionais” (BRASIL, 2008a, p. 134).

Ora, “meios publicitários” são as “técnicas empregadas para sugestionar”. A

não ser que acreditemos que Fávila Ribeiro estivesse dizendo apenas da

propaganda comercial e inocentando a propaganda eleitoral, teremos de admitir que

o autor silenciou por conveniência. Sim, porque tocar nesse ponto é tornar-se um

exilado intelectual, como o é Jahr Garcia4 (sobre o qual até então eu nunca ouvira

falar), e ter sobre si aquele olhar atravessado de todos os que reconhecem a

questão, mas não querem se macular e não querem passar por ridículos.

A citação de Fávila Ribeiro contém toda a fórmula demonstrativa da vileza no

trato com o semelhante. Desencadear estados de torpeza ao invés de promover o

conhecimento e a consciência, - para o bem do povo! Difícil de acreditar.

De todas as reformas pelas quais há de passar a legislação eleitoral em sua

evolução, a reforma que proibirá a falta de respeito, que proibirá a indecência de

tomar o eleitor como instrumento, creio, jamais virá.

4 Nélson Jahr Garcia, nasceu em São Paulo, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Professor da USP, e de outras Faculdades Particulares. Fez mestrado e doutoramento em Ciências da Comunicação na ECA-USP. Escreve livros, artigos. É webdesigner e ebook-publisher.Responsável por todas as traduções e distribuição para a Internet para o Português de toda as obras de Shakespeare (VIRTUALBOOKS, 2009)

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