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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA VILMAR JULIO AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DO USO DE FLUIDO DE CORTE NO PROCESSO DE ALARGAMENTO DE FERRO FUNDIDO VERMICULAR JOINVILLE 2009

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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

VILMAR JULIO

AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DO USO DE FLUIDO DE CORTE NO PROCESSO DE

ALARGAMENTO DE FERRO FUNDIDO VERMICULAR

JOINVILLE

2009

ii

VILMAR JULIO

AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DO USO DE FLUIDO DE CORTE NO PROCESSO DE

ALARGAMENTO DE FERRO FUNDIDO VERMICULAR

Dissertação de Mestrado submetida ao Instituto

Superior Tupy como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Mecânica, sob orientação da Professora Dra

Salete Martins Alves.

JOINVILLE

2009

iii

VILMAR JULIO

AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DO USO DE FLUIDO DE CORTE NO PROCESSO DE

ALARGAMENTO DE FERRO FUNDIDO VERMICULAR

Trabalho aprovado como requisito parcial para

a obtenção do grau de Mestre em Engenharia

Mecânica do Instituto Superior Tupy – IST,

pela comissão formada pelos professores:

____________________________________________________

Profa Dr

a Salete Martins Alves – SOCIESC (orientadora)

____________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo Teixeira dos Santos (MIDIville)

____________________________________________________

Prof. Dr. Ulisses Borges Souto (SOCIESC)

JOINVILLE

2009

iv

DEDICATÓRIA

Especialmente para minha querida esposa

Rosimeri Nunes Julio e aos meus queridos filhos

Alisson Endi Julio e Leonardo Henrique Julio pelo

carinho, amor, estímulo e compreensão.

v

AGRADECIMENTOS

À professora orientadora Dra Salete Martins Alves por ter trabalhado fortemente no

cumprimento das orientações para realização deste trabalho de mestrado, e soluções de

problemas.

Aos integrantes da equipe de trabalho, principalmente à Marcelo Cavalaro, Marciano

Caetano, Leandro Lenzi e Jean Carlo Duseck pelo comprometimento nas tarefas designadas.

À todos(as) os(as) professores(as) de Mestrado em Engenharia Mecânica da Sociedade

Educacional de Santa Catarina - SOCIESC.

Aos integrantes da banca avaliadora professor Dr. Ulisses Borges Souto (SOCIESC) e

Dr. Marcelo Teixeira dos Santos (MIDIville).

Às equipes dos laboratórios (SOCIESC) utilizados no experimento, em especial à

professora Dra Sueli Fischer Beckert e à laboratorista Teresinha Pires Ribeiro Martins.

À Indústria de Fundição Tupy S. A. pela parceria em contribuir com material e

equipamentos específicos utilizados para esta dissertação.

vi

RESUMO

A boa qualidade da superfície acabada de peças usinadas, especificamente, a precisão

dimensional e as condições posteriores ao processo de furação, são difíceis de serem

alcançadas. Entre outras operações que visam a melhorar estas condições dimensionais do

processo de furação como mandrilamento, brunimento, brochamento, torneamento e

retificação internos, encontra-se a operação de alargamento. Esta operação deve ser realizada

com refrigeração no meio convencional de usinagem, contudo o uso de fluidos de corte tem

sido questionado pela legislação ambiental e literaturas sobre o assunto. O objetivo deste

trabalho propõe estudar o processo de alargamento de furos feitos em ferro fundido

vermicular, utilizando dois métodos de lubrificação / refrigeração por inundação e por mínima

quantidade de lubrificante (MQL). Os testes de alargamento foram realizados utilizando

alargadores de metal duro monocortante revestido com nitreto de titânio (TiN), os parâmetros

de corte utilizados foram velocidade de corte (vc) fixada em 100 m/min e avanço de corte (vf)

fixado em 0,15 mm/rot. Foram avaliadas também a concentração do fluido de corte por

inundação (concentração 10%) e as diferentes vazões para MQL (30 e 50 ml/h), bem como

diferentes valores de sobremetais (0,1; 0,3 e 0,5 mm). As influências destas variáveis foram

avaliadas em função do diâmetro, da rugosidade e da circularidade dos furos alargados. Estes

experimentos foram realizados num centro de usinagem Feeler - FV 600. Como resultado foi

possível verificar a possibilidade de redução do uso de fluido de corte neste processo de

alargamento do ferro fundido vermicular.

Palavras chave: Alargamento, Ferro Fundido Vermicular, MQL.

vii

ABSTRACT

The quality of the finished surface of a machined work piece, specifically the dimensional

accuracy, and other parameters of the conditions subsequent to the process of drilling are

difficult to achieve. Among other operations that tend to improve the dimensional

requirements of the drilling such as, burnishing, broaching, turning and internal grinding, is

also included reaming. This operation must be performed with cooling, using conventional

machining; however the use of cutting fluids has been questioned by environmental

legislation and literature on the subject. The objective of this work was to study the reaming

process of holes in compact graphite iron, using two methods of lubrication / cooling by

flooding and a minimum quantity of lubricant (MQL). The reaming tests were carried out

with cemented carbide reamer with TiN coating. The cut parameters used were cut speed (vc)

of 100 m/min and feed (vf) of 0,15 mm/rot. It was also evaluated the concentration of cutting

fluid with flooding of 10% and the different flow rates for MQL (30 e 50 ml/h), as well as

different depth cut values (0,1; 0,3 and 0,5 mm). The influence of these variables was

evaluated in function of the diameter, roughness, and roundness of the holes. These

experiments were carried out in a Feeler of the machining center - FV 600. The result made it

possible to verify the possibility of reduction of the use of cutting fluid in the reaming process

of the compact graphite iron.

Keywords: Reaming, Compact Graphite Iron, MQL.

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Caracterização do ferro fundido cinzento, vermicular e nodular .......................... 4

Figura 2.2 – Efeito de teor de silício do ferro fundido vermicular ........................................... 9

Figura 2.3 – Esquema de furo piloto (corte longitudinal) ...................................................... 12

Figura 2.4 - Desalinhamentos possíveis dos alargadores ....................................................... 13

Figura 2.5 - Classificação dos alargadores ............................................................................ 14

Figura 2.6 - Chanfros dos alargadores de máquinas .............................................................. 15

Figura 2.7 - Ângulos de corte em alargadores de máquinas .................................................. 16

Figura 2.8 – Alargador monocortante ................................................................................... 21

Figura 2.9 - Alargador monocortante ajustável com inserto intercambiável .......................... 22

Figura 2.10 - Classificação dos fluidos de corte .................................................................... 29

Figura 2.11 – Fresamento com MQL em alta velocidade ...................................................... 36

Figura 2.12 - Evolução da força de avanço em função do Lf ................................................. 37

Figura 2.13 – Circularidade de 15 furos para diferentes condições lubrificantes ................... 38

Figura 2.14 – Tolerância H7 de 15 furos para diferentes condições lubrificantes .................. 38

Figura 3.1 – Esquema de experimento .................................................................................. 41

Figura 3.2 – Placa de ferro fundido vermicular para corpo de prova ..................................... 42

Figura 3.3 – (a) Fixação do corpo de prova na máquina, (b) corpo de prova usinado ............ 43

Figura 3.4 – Equipamento para medição de dureza Brinell ................................................... 44

Figura 3.5 – Identificações de dureza Brinell ........................................................................ 44

Figura 3.6 – Dureza Brinell dos corpos de prova .................................................................. 45

Figura 3.7 – Matriz de furos do corpo de prova .................................................................... 46

Figura 3.8 – Micrografia da amostra 1 (50 vezes). Ataque com Nital 4% ............................. 49

Figura 3.9 – Micrografia da amostra 2 (50 vezes). Ataque com Nital 4% ............................. 49

Figura 3.10 – Micrografia da amostra 3 (50 vezes). Ataque com Nital 4%............................ 50

Figura 3.11 – Micrografia da amostra 3 (500 X). Ataque com Nital 4% ............................... 51

Figura 3.12 – Alargador para experimento ........................................................................... 52

Figura 3.13 – Ângulos dos insertos ...................................................................................... 52

Figura 3.14 – Esquema para refrigeração por inundação ....................................................... 53

Figura 3.15 – Esquema para refrigeração por MQL .............................................................. 54

Figura 3.16 – Unidade de controle de vazão de sistema MQL .............................................. 54

Figura 3.17 – Centro de usinagem ........................................................................................ 55

Figura 3.18 – Equipamento de ajuste das ferramentas .......................................................... 57

ix

Figura 3.19 – Equipamento para calibração do alargador ...................................................... 58

Figura 3.20 – Mandril e cone com base flutuante ................................................................. 59

Figura 3.21 – Esquema de posicionamentos para batimento ................................................. 59

Figura 3.22 – Micrômetro para medição de diâmetro............................................................ 60

Figura 3.23 – Esquema para rugosidade (Ra) ........................................................................ 61

Figura 3.24 – Equipamento para erros de forma de circularidade .......................................... 62

Figura 4.1 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre o diâmetro ................ 65

Figura 4.2 - Efeito da Interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre o

diâmetro ............................................................................................................................... 65

Figura 4.3 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra) ...... 67

Figura 4.4 - Efeito da interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre a

rugosidade (Ra) .................................................................................................................... 68

Figura 4.5 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre a circularidade .......... 69

Figura 4.6 - Efeito da Interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre a

circularidade ........................................................................................................................ 69

Figura 4.7 – Influência do sobremetal no diâmetro ............................................................... 71

Figura 4.8 – Influência do sobremetal na rugosidade (Ra) ..................................................... 74

Figura 4.9 – Influência do sobremetal na circularidade ......................................................... 76

Figura 4.10 – Influência da condição de lubrificação sobre o diâmetro ................................. 78

Figura 4.11 – Influência da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra) ....................... 80

Figura 4.12 – Influência da condição de lubrificação sobre a circularidade ........................... 82

Figura 4.13 - Média de diâmetro por condição de lubrificação ............................................. 83

Figura 4.14 - Média de rugosidade (Ra) por condição de lubrificação ................................... 84

Figura 4.15 - Média de circularidade por condição de lubrificação ....................................... 84

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Elementos de composição do CGI ...................................................................... 6

Tabela 2.2 – Características de ferros fundidos cinzento, vermicular e nodular ....................... 8

Tabela 2.3 – Tipos, característica e aplicação dos alargadores .............................................. 19

Tabela 2.4 - Sobremetais (mm) para alargamento ................................................................. 24

Tabela 2.5 - Propriedades dos revestimentos TiN ................................................................. 26

Tabela 2.6 - Fluidos de corte utilizados no alargamento de vários metais ............................. 40

Tabela 3.1 – Composição química do corpo de prova de CGI ............................................... 47

Tabela 3.2 – Composição típica do CGI perlítico ................................................................. 47

Tabela 3.3 – Composição de amostra com CGI-Ti ............................................................... 47

Tabela 3.4 – Faixa de titânio para o CGI .............................................................................. 48

Tabela 3.5 – Planejamento estatístico para experimento ....................................................... 56

Tabela 4.1 – Parâmetros para alargamento ........................................................................... 63

Tabela 4.2 - ANOVA para o Diâmetro ................................................................................. 64

Tabela 4.3 - ANOVA para a Rugosidade (Ra) ...................................................................... 66

Tabela 4.4 - ANOVA para a Circularidade ........................................................................... 68

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 3

2.1 FERRO FUNDIDO VERMICULAR (CGI) .................................................................. 3

2.1.1 Composição do ferro fundido vermicular ............................................................... 4

2.1.2 Influência dos elementos químicos do ferro fundido vermicular ........................... 6

2.1.3 Características do ferro fundido vermicular ........................................................... 7

2.2 PROCESSO DE ALARGAMENTO ........................................................................... 10

2.2.1 Pré-furo ................................................................................................................... 11

2.2.2 Alinhamento e desalinhamento no processo de alargamento ............................... 12

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ALARGADORES ............................................................... 13

2.3.1 Alargador monocortante ........................................................................................ 20

2.3.2 Parâmetros para alargamento ............................................................................... 22

2.4 REVESTIMENTO DE FERRAMENTAS ................................................................... 24

2.4.1 Revestimento com TiN ........................................................................................... 25

2.5 FLUIDOS DE CORTE ................................................................................................ 27

2.5.1 Classificação e seleção dos fluidos de corte............................................................ 28

2.5.2 Função e aplicação dos fluidos de corte ................................................................. 31

2.5.3 Aplicação de fluidos de corte com sistema MQL .................................................. 33

2.5.4 Fluidos de corte para alargamento ........................................................................ 39

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 41

3.1 FLUXOGRAMA DO EXPERIMENTO ...................................................................... 41

3.2 MATERIAIS ............................................................................................................... 42

3.2.1 Corpo de prova ....................................................................................................... 42

3.2.2 Ferramentas para alargamento ............................................................................. 51

3.2.3 Fluidos de corte para o experimento ..................................................................... 53

3.3 CENTRO DE USINAGEM ......................................................................................... 55

3.4 METODOLOGIA DO ENSAIO DE ALARGAMENTO ............................................. 55

3.4.1 Condições de corte .................................................................................................. 56

3.4.2 Preparação do Alargador ....................................................................................... 57

3.4.3 Medição de diâmetro .............................................................................................. 60

3.4.4 Medição de rugosidade ........................................................................................... 60

xii

3.4.5 Medição de circularidade ....................................................................................... 61

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................... 63

4.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO DOE .......................................................................... 64

4.2 AVALIAÇÃO DO SOBREMETAL ............................................................................ 70

4.2.1 Influência do sobremetal no diâmetro ................................................................... 70

4.2.2 Influência do sobremetal na rugosidade (Ra) ........................................................ 72

4.2.3 Influência do sobremetal na circularidade ............................................................ 75

4.3 AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE LUBRIFICAÇÃO ............................................. 77

4.3.1 Influência da condição de lubrificação sobre o diâmetro ..................................... 77

4.3.2 Influência da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra) ........................... 79

4.3.3 Influência da condição de lubrificação sobre a circularidade .............................. 81

4.4 AVALIAÇÃO GERAL DAS CONDIÇÕES ESTUDADAS........................................ 83

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 86

6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS........................................................ 87

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 88

1

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Em novas tecnologias de usinagem também aparecem requisitos que demandam de

produção em massa de furos com estreita tolerância de acabamento superficial e precisão

geométrica que são necessárias para uma montagem seriada. Estas características poderão ser

alcançadas com a aplicação do processo de alargamento.

Bezerra et al. (2000) relatam que o processo de alargamento tem sua grande aplicação

em motores à combustão interna (indústria automobilística), a qual demonstra um

significativo desenvolvimento na tecnologia de peças de veículos, como:

cabeçote (árvore de comando, tucho hidráulico, guia de válvula, alojamento da

ignição);

bloco (linha da árvore do virabrequim);

biela;

bomba de óleo;

carcaça de transmissão;

cilindro de freio;

braço da suspensão.

Em furos com precisão, altas rotações e rigidez, deve-se usar metal duro. Portanto,

quando se necessita maior precisão nos processos de furação (furos menores que 20 mm) e

quando se deseja, no acabamento de um furo, uma tolerância na faixa de IT7, é utilizado o

processo de alargamento (DINIZ et al., 2000).

Segundo Stephenson e Agapiou (2005), para garantir as condições de acabamento,

deve-se considerar que os alargadores possam produzir furos com variações de circularidade

menores que 0,025 mm.

Durante a furação, a aplicação de fluidos de corte interfere na vida útil das

ferramentas, bem como, o acabamento superficial e a geometria do furo, que devem ser

mantidos dentro da qualidade exigida. Sendo assim, o processo de alargamento também exige

a aplicação adequada de fluidos de corte, que tem efeito sobre a espessura da camada

danificada após a usinagem (BELLUCO e CHIFRE, 2002).

Lugscheider et al. (1997) comentam que o não cumprimento de procedimentos como

a usinagem do pré-furo, a não observação da rigidez da máquina, parâmetros de corte e

adequada aplicação de fluido de corte interfere diretamente na precisão do furo alargado.

2

A falta de fluidos de corte no processo de alargamento produz temperatura que pode

resultar em problemas de:

precisão do furo;

excessiva formação de aresta postiça de corte;

prejudicar o acabamento superficial do furo.

Com a utilização de fluidos de corte em grande quantidade são necessários os métodos

de tratamentos e descartes dos mesmos. Estes processos, de tratamento e de descarte, são os

maiores impulsionadores no aumento do custo de todo um processo de usinagem.

Alves (2005) descreve que, frequentemente, os custos de refrigeração ficam embutidos

nos custos gerais do processo de usinagem. E destaca a importância destes serem observados

paralelamente aos custos fixos da instalação do sistema de refrigeração, onde entram a

aquisição, manuseio e o descarte dos fluidos refrigerantes.

Quando descartado impropriamente, os fluidos de corte podem causar danos ao solo e

aos recursos híbridos, acarretando sérios impactos ambientais. No chão-de-fábrica, os

operadores podem ser afetados pelos efeitos negativos dos fluidos de corte, como por

exemplo, problemas de pele e respiratórios. Com o objetivo de tornar os processos de

usinagem mais ecológicos, algumas tecnologias têm sido desenvolvidas, como a usinagem

com a técnica de mínima quantidade de lubrificante (MQL).

Portanto, é importante avaliar a viabilidade da redução do uso de fluido de corte no

processo de alargamento. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi estudar a minimização do

fluido de corte no alargamento do ferro fundido vermicular através da técnica de mínima

quantidade de lubrificante (MQL).

Também, os objetivos específicos deste trabalho foram:

Determinar qual a condição de lubrificação é a mais indicada para o

processo estudado;

Verificar a viabilidade do uso da técnica de MQL;

Avaliar a influência do sobremetal na operação de alargamento.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 FERRO FUNDIDO VERMICULAR (CGI)

A obtenção do ferro fundido vermicular (CGI) é feito través de um processo

intermediário entre o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular, conforme ilustra a

figura 2.1(a), (b) e (c). Uma das maneiras é adicionando elementos nodulizantes como o

magnésio (Mg) na liga, porém resulta em uma liga intermediária devido ter concentração

insuficiente para formar ferro fundido nodular. A outra maneira é adicionando ao mesmo

tempo, elementos nodulizantes suficientes para formar o ferro nodular e, elementos anti-

nodulizantes como o titânio (Ti). A adição de titânio deve ser suficiente para formar

carbonetos e carbonitretos duros, com dimensões da ordem de 5-10 µm, os quais têm um

efeito nocivo na usinagem. Por não exigir um controle tão rigoroso da quantidade de

magnésio na liga, pode-se dizer que esta segunda maneira é a mais fácil de ser realizada

(MOCELLIN, 2002).

O ferro fundido cinzento, o ferro fundido vermicular e o ferro fundido nodular são

diferenciados pela forma das partículas da grafita. A figura 2.1(a) mostra o aspecto das

partículas da grafita do ferro fundido cinzento submetido a um ataque de Nital 10%, orientada

em forma de lamelas individuais, longas e aleatórias, ligeiramente flexionadas e suas pontas

arredondadas. Na figura 2.1(b) observa-se a complexa e difícil caracterização das partículas

da grafita do ferro fundido vermicular (CGI) com ataque de Nital 10%, que também aparecem

de formas aleatórias, e as extremidades arredondadas. Porém, são mais espessas, mais curtas,

mais grossas que as de ferro fundido cinzento. A figura 2.1(c) também mostra o aspecto das

partículas da grafita do ferro fundido nodular submetido a ataque químico profundo e alguns

nódulos cortados na metalografia original, onde observa-se que nem todos os nódulos são

esféricos, algumas partículas de grafita apresentam-se como um tipo de “nódulo estrelado”.

(DAWSON et al., 2001 e COLPAERT, 2008).

4

Figura 2.1 – Caracterização do ferro fundido cinzento, vermicular e nodular

Fonte: COLPAERT (2008)

2.1.1 Composição do ferro fundido vermicular

Mocellin (2002) e Xavier (2003) relatam que os ferros fundidos não podem ter suas

propriedades físicas e mecânicas explicadas somente pela composição química, dependem

também:

da forma, tamanho e da quantidade de partículas de grafita;

do tipo e proporção de perlita/ferrita, e efeito de seus estabilizadores;

do efeito do silício;

do efeito do enxofre e sulfeto de manganês;

do efeito das inclusões;

do efeito do titânio e do cromo.

Grafita

A grafita no ferro fundido vermicular aparece em forma de vermes (partículas

vermiculares), onde são alongadas e orientadas (aleotoriamente) como no ferro fundido

cinzento. Porém, são menores e mais espessas, contendo pontos arredondados e superfícies

irregulares (DAWSON et al., 2001).

Guesser (2002) relata que o ferro fundido vermicular deve conter alguma grafita

nodular. Esta condição é justificada na utilização deste material em blocos e cabeçotes de

5

motores à combustão, que devido a complexidade geométrica, solicitações térmicas e

mecânicas severas, e ainda, ter-se praticamente, a exigência de ausência de contração,

permitindo neste caso, uma taxa de no máximo 20% de grafita nodular. E em contra partida,

no caso do seu uso em coletores de escape, para não prejudicar a fundibilidade ou o

desempenho, deve-se permitir uma taxa de até 50% de grafita nodular.

Segundo Dawson et al. (2001), de acordo com a especificação A842-85 da American

Society for Testing and Materials (ASTM), Sociedade Americana para Amostragem e

Materiais, o CGI deverá conter mais de 80% de partículas de grafita em forma de „vermes‟ e

menos de 20% de partículas de grafita em forma esferoidal, pois, a forma do tipo de esferas

ou flocos causam enfraquecimentos localizados no material.

De acordo com Dawson (1994) as propriedades físicas e mecânicas do CGI são

determinadas pela forma e razão entre a grafita perlítica e a grafita ferrítica.

Efeitos da perlita e ferrita

O ferro fundido é um material composto de partículas de grafita incluídas na matriz

férrea. Portanto, suas propriedades são determinadas pelas formas das partículas de grafita e

da matriz férrea: ferrita ou perlita (DAWSON et al., 2001).

Segundo Dawson (1999) a perlita no diagrama ferro-carbono é composta por uma

fração no volume de 88% de ferrita e 12% de Fe3C (cementita). E que para o equilíbrio

termodinâmico da matriz do ferro, uma série de fatores contribui e tornam aceitável a

consideração da proporção de Fe3C na faixa entre 8-15%, na composição da perlita, são eles:

a adição de elementos inoculantes que promovem o crescimento de grafita;

elementos perlitizantes que atuam como barreiras de difusão para o carbono se

depositar na forma de grafita, formando a perlita, e também;

quanto ao comportamento da solidificação e a velocidade de resfriamento.

A quantidade de perlita e ferrita determina a tensão limite de resistência e tem uma

influência direta nas propriedades físicas e mecânicas dos ferros fundidos.

De acordo com Dawson (1999), na comparação com o ferro fundido cinzento quanto

aos efeitos estabilizadores de perlita, o ferro fundido vermicular apresenta uma tendência

ferritizante. Esta tendência é causada pela baixa quantidade de oxigênio e enxofre, que facilita

a deposição de átomos de carbono sobre as partículas de grafita em formação. Desta forma,

6

alguns elementos são adicionados na liga como perlitizantes, são eles: o cobre (Cu), o estanho

(Sn), o manganês (Mn), e o antimônio (Sb).

Os elementos-chave no controle do processo de produção do ferro fundido vermicular

são as habilidades para medir, de maneira precisa, o comportamento do metal líquido e para

responder antes do vazamento das peças. Quanto aos trabalhos que necessitam de altas

temperaturas, como em blocos e cabeçotes, a estabilidade dimensional do componente ferrita

do ferro fundido vermicular pode ser aplicada em um coletor de escape com mais de 95%. Ou

seja, a matriz metálica do ferro fundido vermicular pode ser variada de acordo com as

aplicações (GUESSER, 2002).

2.1.2 Influência dos elementos químicos do ferro fundido vermicular

Através dos trabalhos publicados por Boehs (1979), Dawson (1994), Dawson (1999),

Dawson et al. (2001), Reuter (2000), Goodricht (2003), Xavier (2003) e Colpaert (2008),

pode-se avaliar a influência dos elementos químicos da composição do CGI, além de seus

valores, e efeitos de suas propriedades na usinagem (tabela 2.1).

Tabela 2.1 – Elementos de composição do CGI

Item Elemento Como

aparecem no

CGI

Efeito das

propriedades na

usinagem do

CGI

Referências

1 Silício (Si) 2,0 a – 2,4% forma matriz

ferrítica

(endurecimento)

Dawson et al. (2001)

2 Enxofre (S) 0,005 - 0,25% combina com o

magnésio

(nodulizante)

Dawson et al. (2001)

3 Sulfeto de

manganês

(MnS)

<10 µm protege contra

oxidação e

difusão

(lubrificante)

Boehs (1979), Reuter

(2000), Dawson et al.

(2001)

4 Inclusões 0,1 - 10 µm baixa e alta

dureza

(abrasivos)

Dawson (1994), Dawson

(1999), Dawson et al.

(2001)

5 Titânio (Ti) 0,005 - 0,02%

e 0,1 - 0,2%

previne a

formação de

nódulos

Dawson et al. (2001)

7

Continuação da tabela 2.1

6 Cromo (Cr) forma (Fe,

Cr)3C

aumento da

solubilidade,

força e resistência

à tração

Dawson et al. (2001),

Xavier (2003)

7 Fósforo (P) 0,01% (*) forma

“esteadita”,

dureza e

resistência ao

desgaste

Dawson (1999),

Guesser ( 2002), Goodricht (2003),

Colpaert (2008)

8 Manganês

(Mn)

deposição de

átomos de

carbono sobre

as partículas

de grafita

estabilizadores, tendência

ferritizante

Dawson (1999)

9 Magnésio

(Mg)

elementos

nodulizantes e anti-

nodulizantes

liga intermediária,

sua redução

aumenta a vida da

ferramenta

Dawson (1999),

Mocellin (2002)

10 Cobre (Cu) deposição de

átomos de

carbono sobre

as partículas

de grafita

estabilizadores, tendência

ferritizante

Dawson (1999)

(*) A formação de “esteadita” se dá quando corre um aumento do fósforo,

proporcionando à elevada dureza e resistência ao desgaste (GOODRICHT, 2003 e

COLPAERT, 2008). Foram inseridos somente os elementos compostos na análise química do

corpo de prova do experimento.

2.1.3 Características do ferro fundido vermicular

Segundo Mocellin (2002), a grafita vinda do ferro fundido nodular, não gera efeito de

tensões ao ferro fundido vermicular, conferindo-o propriedades como: resistência mecânica;

ductilidade, e tenacidade.

De acordo com Marquard et al. (1998, apud MOCELLIN, 2002), a grafita lamelar

interconectada do ferro fundido cinzento conferem ao ferro fundido vermicular propriedades

como a boa condutividade térmica. Portanto, o ferro fundido vermicular ganha grande

importância na utilização industrial por que mantém as boas características do ferro fundido

cinzento e ferro fundido nodular, como:

8

elevada resistência mecânica;

ductilidade;

tenacidade;

resistência a choques térmicos;

amortecimento de vibrações;

boa condutividade térmica.

A tabela 2.2 mostra comparações típicas das características dos ferros fundidos

cinzento, vermicular e nodular.

Tabela 2.2 – Características de ferros fundidos cinzento, vermicular e nodular

Propriedade Cinzento Vermicular Nodular

Resist. à tração (MPa) 250 450 750

Módulo elasticidade (GPa) 150 145 160

Alongamento (%) 0 1.5 5

Condut. térmica (W/mK) 48 37 28

Dureza (BHN 10/300) 179-202 217-241 217-255

Fadiga (MPa) 110 200 250

Fonte: Dawson et al. (2001)

Usinabilidade do CGI

Nas últimas três décadas, o ferro fundido vermicular foi aceito, principalmente, no

mercado de construção de automóveis, com aplicação em blocos de motores diesel. Com as

partículas de sua grafita de difícil caracterização, possuem propriedades como: tenacidade

bastante boas, mantêm a condutividade térmica elevada e é possível obter-se resistência e

amortecimento de vibrações (COLPAERT, 2008).

Xavier (2003) realizou testes em torneamento com ferro fundido vermicular,

comparando teores de silício entre 3,0% e 4,0%, na vida útil da ferramenta. Na liga com 3,0%

de silício a usinabilidade é melhorada, mas diminui sua dureza e a resistência mecânica de

386 MPa são afetadas. Já na liga com 4,0% de silício, a resistência mecânica alcança valores

9

de 500 MPa. Porém, teve-se uma redução da sua usinabilidade e condutividade térmica com

perda em torno de 15%. A figura 2.2 ilustra os resultados desta comparação.

Figura 2.2 – Efeito de teor de silício do ferro fundido vermicular

Fonte: Dawson et al (1999 apud XAVIER, 2003)

Dawson (1994) discorre que a usinabilidade do CGI é prejudicada devido a formação

de pequenas inclusões (5 a 10 µm) duras de óxidos de titânio. E que na produção de CGI sem

titânio, a usinabilidade é igual e muitas vezes superior ao dos ferros cinzentos. Contudo, a

usinabilidade do CGI totalmente perlítico com 245 de dureza Brinell (HB), pode ser mais

difícil do que o ferro fundido cinzento totalmente perlítico com 210 de dureza Brinell (HB).

Segundo Koppka e Allermeier (2005), na usinagem de ferro fundido vermicular para

blocos de motores a diesel foram feitos registros de aproximadamente 20% do aumento de

força de corte, resultando uma carga bem mais elevada, tanto para as ferramentas quanto para

as máquinas. Koppka e Allermeier (2005) ainda relatam que as primeiras usinagens de

substituição do ferro fundido vermicular por ferro fundido lamelar (sem alterar os parâmetros

de corte) foram registradas uma redução da vida útil da ferramenta em 50%.

Nos experimentos sobre torneamento de Dawson et al. (2001), o aumento do titânio

(Ti) de 0,01 a 0,02% foi suficiente para reduzir a vida da ferramenta em aproximadamente

50%. Se aumentar o titânio para 0,04%, tem-se um nível de resistência no CGI, se aumentar o

titânio para 0,22%, ocorre uma estabilização no CGI. Isto vem reforçar o resultado e a

importância de inclusões e determinando a usinabilidade de ferro fundido. É evidente que a

adição de titânio reduz seriamente a usinabilidade do CGI. Portanto, a taxa de titânio deve ser

controlado tão baixo quanto possível para melhorar a vida da ferramenta.

10

2.2 PROCESSO DE ALARGAMENTO

A usinagem de furação em massa e montagem seriada demanda de estreita tolerância

de acabamento superficial e precisão geométrica. Normalmente, em processos convencionais

de furacão, essas exigências não são obtidas somente com o uso de brocas. O processo de

alargamento contribui como uma segunda operação, quando uma única ferramenta pode

alargar um grande número de furos em produção seriada (BEZERRA, 2000).

Stemmer (1992) define os alargadores como sendo ferramentas multicortantes de

forma cilíndrica ou cônica, que impõe durante sua função, movimentos de corte rotativo e

avanço axial. Servem para alargar e acabar furos previamente já preparados para este fim,

deixando-os com dimensões mais precisas.

O alargamento é um processo de usinagem para reduzir o valor da rugosidade, e/ou

classificar o tamanho dos furos existentes com precisão. Como o alargador e peça trabalhada

giram e avançam um contra o outro (no caso da utilização de alargador com lâmina flutuante

a peça é rotacionada), são produzidos cavacos para remover quantias relativamente pequenas

de material da parede do furo. O alargamento pode ser executado nos mesmos tipos de

máquinas usadas para perfurar (LUGSCHEIDER et al., 1996).

O alargamento é definido como um tipo de furação utilizando uma ferramenta que

produz cavacos com pequenas dimensões, que proporciona superfícies com alta qualidade

superficial, precisão dimensional e de forma. O alargamento é uma tecnologia que utiliza

ferramenta de corte com geometria definida (WEINERT et al., 1998).

Segundo Santos (2004), o processo de alargamento em usinagem é dividida em duas

condições. A primeira condição se dá no corte pelas arestas principais, e a segunda condição

se dá no alisamento do furo em processo, pelas réguas guias ou arestas laterais, que guiam a

ferramenta se apoiando na superfície deste mesmo furo.

Devido ao processo de alargamento ter sua necessidade de aplicação em acabamentos

mais finos, é frequentemente usado especialmente no campo de diâmetros abaixo de 20 mm.

Alguns dos principais itens para a estruturação deste processo são (WEINERT, 1998):

faixas de tolerâncias de redução crescentes;

condição de fusos da máquina;

unidade de fixação;

ferramenta de corte.

11

2.2.1 Pré-furo

Muito além de um simples processo de furação em usinagem a precisão e acabamento

do furo alargado dependem principalmente da condição do pré-furo, da fixação da peça,

rigidez e robustez da máquina-ferramenta, parâmetros de corte plenamente adequados, e da

aplicação mais correta dos fluidos de corte (SANTOS, 2004).

Lugscheider et al. (1997), estudaram o alargamento com diferentes condições de

lubrificação, concluíram que a precisão e a qualidade do furo final produzido através do

alargamento, dependem:

da condição do furo inicial;

da correta rigidez e instalação da máquina;

da velocidade de avanço;

de um corte satisfatório;

de fluido corretamente aplicado;

de reafiação precisa de ferramentas desgastadas.

Lugscheider et al. (1997) ainda explicam que, os alargadores acompanham a linha de

centro do pré-furo, existindo algumas condições de fundamental importância a serem

observadas no acabamento deste pré-furo, como:

cilindricidade;

retilinidade;

regularidade da superfície.

Para alargamentos de precisão da forma há a necessidade de uma ótima condição do

pré-furo, ou pré-furação, pois ao primeiro contato do alargador com a borda desta pré-furação,

todas as arestas principais de corte do alargador deverão estar igualmente carregadas num

corte contínuo (WEINERT, 1998).

Devido a máquina utilizada não ter uma bucha-guia para o alargador, depois de

realizar o pré-furo, em seu experimento de avaliação do processo de alargamento de guias de

válvulas, Santos (2004) usinou um furo piloto com 5,3 mm de diâmetro e 6 mm de

profundidade (figura 2.3), que serviu de guia para o alargamento final. O seu teste

experimental apresentou uma pequena variação de 1 µm no desvio de forma com a variação

da profundidade de corte de 0,06 e 0,25 mm. A rugosidade e variação do diâmetro

apresentaram valores semelhantes para as duas profundidades de corte.

12

Figura 2.3 – Esquema de furo piloto (corte longitudinal)

Fonte: Santos (2004)

Santos (2004) afirma que o pré-furo no processo de alargamento, tem grande

influência na condução do alargador durante a usinagem. Isto se dá devido a existência de

corte frontal neste processo. Então, uma de suas sugestões é gerar novos estudos na variação

do alinhamento do pré-furo com o eixo da ferramenta, já que um possível desalinhamento

pode piorar a posição e forma final do furo.

De acordo com Mason (2000) os alargadores são multifuncionais, garantem a

dimensão e acabam um furo existente. Porém, como não realinham este furo, a tendência dos

alargadores é seguir o furo onde penetram.

2.2.2 Alinhamento e desalinhamento no processo de alargamento

Para o bom alinhamento no processo de alargamento é necessário a montagem de um

suporte rígido (haste de alargador mantida diretamente e rigidamente na árvore da máquina).

Pois, qualquer condição de desalinhamento entre o eixo-árvore da máquina e a peça será

imediatamente corrigido pelas buchas guias. Este procedimento evita furos alargados em

forma de sino, cônico ou com excentricidade. Esta necessidade deve ser tomada como

primordial porque o alargador é auto guiável, portanto, um suporte rígido pode não ser

satisfatório ao ponto de evitar desalinhamentos (BEZERRA, 1998).

Na preparação do processo de alargamento deve-se ter as condições e estruturas

necessárias para realizá-lo, como um sistema de fixação. Um suporte pendular pode permitir

um desalinhamento angular limitado do alargador, ou um desalinhamento paralelo limitado do

alargador. Este sistema, não descarta a possibilidade de ter-se a condição de ambos, ao mesmo

tempo (figura 2.4).

13

Figura 2.4 - Desalinhamentos possíveis dos alargadores

Fonte: Metals Handbook (1989)

O desalinhamento induz a uma falta de direção que muda o valor de parâmetros do

processo e introduz forças adicionais no sistema; que influência na qualidade do furo

alargado. Forças adicionais também causam mudanças e agem no alargador quando da

passagem pelo furo. Para prever com precisão a qualidade final do furo, a influência de todos

estes fatores precisam ser melhores entendidos. (BHATTACHARYYA et al., 2006).

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ALARGADORES

Os alargadores classificam-se conforme apresentado na ilustração da figura 2.5.

Devem obedecer a dois segmentos, seja este realizado com auxílio de máquinas ou

manualmente (SANTOS, 2004).

14

Figura 2.5 - Classificação dos alargadores

Fonte: Santos (2004)

De acordo com o esquema da figura 2.5, a classificação dos alargadores inicia-se pelos

alargadores de máquinas, para usinagem de desbaste ou de acabamento. Ambos podem ser

paralelos ou cônicos. Os alargadores de desbaste são multicortantes. Os alargadores de

acabamento paralelos também podem ser multicortante ou monocortante. Já os alargadores de

acabamento cônicos são apenas multicortante. Na continuidade do esquema, têm-se os

alargadores manuais, que podem ser convencional paralelo e convencional cônico.

Os alargadores podem ser aplicados em ferramentarias (com o auxílio de máquinas

ferramenteiras), em máquinas de linhas produtivas, como em linhas ou módulos de máquinas

transfer de usinagens, e em condições manuais, utilizando bancadas de ajustagem.

Alargadores de máquinas

Toda a usinagem é executada nos chanfros do alargador. Os alargadores de máquina

definem-se, em geral, sendo de corte à direita. No uso de hélice esquerda, o cavaco é

empurrado para frente, afim de não prejudicar a superfície usinada. Desta forma, ocorre um

empuxo axial que fixa melhor a ferramenta, eliminando folgas da máquina. Para uma melhor

observação do sentido de corte se verifica olhando o alargador de topo (STEMMER, 1992).

Ainda segundo Stemmer (1992, p. 37), “Se o dente inferior corta da esquerda para a

direita diz-se que o corte é à direita. Neste caso, o alargador de topo observado corta em

sentido anti-horário”. A figura 2.6 ilustra chanfros de alargadores de máquina.

Desbaste

Acabamento

Paralelos

Paralelos

Cônicos

Cônicos

Alargador

Convencional

(multicortes)

Alargador

Monocortante

Alargador Convencional

(multicortes)

Alargadores

Manuais

Convencional

Paralelo

Convencional

Cônico

Alargadores

de Máquinas

15

Figura 2.6 - Chanfros dos alargadores de máquinas

Fonte: Stemmer (1992)

De acordo com Santos (2004), para alargamento nos materiais mais duros e frágeis, no

caso de cavacos curtos, são utilizados ângulos de saída negativos ou ângulos neutros, e nos

materiais macios e dúcteis, no caso de cavacos longos, são utilizados ângulos positivos.

Com base na figura 2.7 pode-se identificar os ângulos dos alargadores de máquina,

estes são relacionados da seguinte forma:

αo– Ângulo de incidência ortogonal;

βo – Ângulo de cunha ortogonal;

γo – Ângulo de saída ortogonal;

λs – Ângulo de inclinação do gume;

γp – Ângulo de saída passiva do gume secundário;

γf – Ângulo de saída lateral (ângulo de hélice);

SS = Os = Plano do gume da ferramenta;

MM = Po = Plano ortogonal da ferramenta.

16

Figura 2.7 - Ângulos de corte em alargadores de máquinas

Fonte: Stemmer (1992)

Alargadores de desbaste

Em alargamento, depois da execução do pré-furo com broca helicoidal ou furos

fundidos, geralmente emprega-se os alargadores de desbaste para calibrar e melhorar a

perpendicularidade e acabamento superficial do furo.

O diâmetro dos alargadores de desbaste devem ser cuidadosamente adequados, e

averiguados com antecedência, para não ocorrer interferências de medidas não desejadas ao

longo do processo do alargamento de desbaste.

Segundo Stemmer (1992, p. 34), “A escolha do diâmetro do alargador de desbaste

deve ser feita em função do diâmetro do furo e do acabamento da precisão requeridos. Se a

última operação for feita com o alargador de desbaste, este é escolhido com diâmetro igual ao

do furo desejado.”

Almeida (2008) relata que, quanto à sua forma e dimensão, os alargadores de desbaste

têm como objetivo melhorar a tolerância do furo ou permitir uma perpendicularidade do furo

em relação à parede. Em geral, para uma melhor condição dos pré-furos, normalmente

executados por brocas helicoidais, são utilizados os alargadores de desbaste, o qual, também

prepara a sequência do processo de alargamento para os alargadores de acabamento. Na

condição mais usual os alargadores são compostos por uma haste que pode ser cilíndrica ou

cônica, e segundo catálogos de fabricantes, os mesmos podem ser fixos em mandris por

17

parafusos laterais, em mandris hidráulicos, por interferência térmica ou diretamente em

adaptadores.

Segundo Santos (2004), para o alargamento de desbaste de furos usam-se os

alargadores de desbaste helicoidais com haste cônica, em geral com três arestas cortantes,

tendo a possibilidade de usar alargadores de desbaste montáveis, para uso em geral, com

quatro arestas cortantes.

Alargadores de acabamento

Para uma segunda operação do processo de alargamento, os alargadores de

acabamento permitem uma melhor facilidade para chegar na tolerância de qualidade IT 7

(FERRARESI, 1975). De acordo com a tabela da International Organization of

Standardization – ISO e a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, esta tolerância

é aceitável para o ajuste de furos de medidas normais de 10 a 18 mm. Esta tolerância é aceita

na gama de 0 a + 0,018 mm.

De acordo com Stemmer (1992), após a utilização do alargador de desbaste,

dependendo do diâmetro do furo, há a necessidade de uma operação adicional com alargador

de acabamento. Nesta aplicação, utilizam-se os alargadores de desbaste com sub-medida, com

variação de diâmetro entre 0,2 e 0,4 mm. Com este tipo de alargador obtêm-se um bom

acabamento superficial e acabamento de furos com grande precisão. Em caso normal os

dentes são retos. Em geral, para melhores precisões, possuem um número par de dentes

(número de insertos) distribuídos na periferia. Também são usados para alargar furos com

interrupções na parede como: rasgos de chaveta, furos e fendas. Para tanto, deve-se usar

alargadores com dentes helicoidais.

Alargadores de acabamento são muito utilizados na produção em série, devido a

possibilidade de realizar o acabamento em um grande número de furos com o mesmo

alargador. Na operação de acabamento, além da qualidade superficial, procura-se melhorar

também, a precisão de forma e de medida do furo. Dependendo do tipo de alargador, possuem

um número maior de arestas cortantes (número de insertos), que varia de acordo com o

diâmetro, o tipo do alargador e o material a ser usinado (ALMEIDA, 2008).

18

Insertos de corte dos alargadores

Santos (2004) fez um comparativo entre alargadores monocortantes com insertos de

diamante e alargadores multicortantes de metal duro, utilizando dois fluidos de corte semi-

sintéticos. E explica que a utilização de alargadores multicortantes (maior número de dentes),

há também a possibilidade da utilização de uma maior velocidade de avanço. Almeida (2008)

explica que as maiores velocidade de avanço se dá utilizando alargadores multicortantes, dos

tipos que possuem um maior número de dentes.

Na continuidade deste assunto, Santos (2004) comenta sobre a dificuldade de

regulagem das ferramentas monocortantes, além da manutenção dos componentes de fixação

e regulagem. Também, mostrou que os alargadores monocortantes têm vantagem como:

separar as funções de corte e guia em elementos de trabalho diferentes (ex.: guia ou sapata e

inserto de corte). Tendo assim, a possibilidade de ajuste de diâmetro e troca do consumível

(inserto). Desta forma, obtêm-se a usinagem de furos com alta qualidade, permitindo a

utilização de maiores velocidades de corte.

Ainda, quanto ao alargador monocortante, Kress (2001) contribui destacando que o

desenvolvimento deste tipo de alargador permitiu atingir a qualidade requerida, mas a vida

útil das ferramentas ainda deve ser melhorada para aumentar sua rentabilidade.

Segundo Agarico (2002), os alargadores multicortantes não tem a necessidade de

inclusão de componentes móveis, por isso, podem ser fabricados com maior estabilidade, e

podem ser fabricados do próprio material de corte.

De acordo com Weinert (1998), tendo em vista que o alargador multicortante tem duas

ou mais arestas de corte, na maioria dos casos, estas facilitam a medição do diâmetro da

ferramenta.

Tipos mais comuns de alargadores

Para a apresentação mais específica dos tipos de alargadores, sugere-se a tabela 2.3,

mostrando os diversos tipos de alargadores mais comuns citados pelas literaturas estudadas,

bem como suas características e maiores aplicações em processos de usinagem.

19

Tabela 2.3 – Tipos, característica e aplicação dos alargadores

Desenho Tipos de alargadores Característica Aplicação

com três arestas e

haste cônica

melhorar a tolerância

do furo

desbaste paralelo

em máquina

com haste cilíndrica semelhantes as

brocas helicoidais

desbaste paralelo

em máquina

com haste cônica usado em diâmetros

entre 9 e 50 mm

desbaste paralelo

em máquina

com 3 canais e haste

cônica

Ø da ponta define o

diâmetro do pré-furo

desbaste paralelo

em máquina

fixo e haste cônica melhora as condições

dos pré-furos

desbaste em

máquina

com canal helicoidal e

haste reta

uso em quase todos

os metais

desbaste em

máquina

com canal helicoidal e

haste cônica

usinar em forma de

hélice

desbaste em

máquina

para corte frontal, com canais retos ou

helicoidais

assemelha-se as fresas de topo

corte frontal em máquina

de canal reto e haste

reta

usado em furadeiras

de coluna e tornos

revólveres

aplicação geral

em máquina

canal reto e haste

cônica

uso em furadeiras de

coluna e tornos

revólveres

aplicação geral

em máquina

com canais retos e

haste reta

usado em furos

passantes

acabamento em

máquina

com canais retos e

entrada helicoidal à

esquerda e haste reta

uso em furos

passantes com corte

interrompido

acabamento em

máquina

com canais helicoidal

à direita (≈ 100) e

haste reta

usado em furos cegos acabamento em

máquina

com canais helicoidal

à esquerda (≈ 100) e

haste reta

uso em furos com

rasgos de chaveta

acabamento em

máquina

com canais helicoidal

à esquerda (≈ 450) e

haste reta

uso em furos com

canais de lubrificação

desbaste em

máquina

acabamento com canal reto e haste cônica

trabalho em máquina acabamento em máquina

cônico e haste cônica para tornar cônicos

furos para pinos ou

cones Morse.

desbaste em

máquina

cônico e haste cônica para tornar cônicos

furos para pinos ou

cones Morse.

semi-desbaste em

máquina

cônico e haste cônica para tornar cônicos

furos para pinos ou

cones Morse.

acabamento em

máquina

ajustável com haste

cônica

permite variar o

diâmetro a ser

alargado

desbaste e

acabamento

20

Continuação da tabela 2.3

com lâmina removível

e haste reta

obter um plano

geométrico específico

desbaste e

acabamento

regulável ou

expansivo e haste reta

permite variar o

diâmetro a ser

alargado

ajustar diferentes

medidas de furos

em máquina

com lâmina flutuante a peça de trabalho é

rotacionada

compensar

desgastes em

máquina

conjugado eliminar operação

secundária de furação

para furos rasos

em máquina

de diâmetro múltiplo e

haste cônica

manter o alinhamento

de mais de um furo

concêntrico

usado em

máquina

de canais helicoidal e haste reta

tem chanfro de 450,

serve como guia

para trabalhos

manuais

(*) monocortante precisão indústrias

automotivas

(*) O alargador utilizado no experimento desta dissertação foi do tipo monocortante

com duas guias laterais.

2.3.1 Alargador monocortante

Para Santos (2004) as principais vantagens dos alargadores monocortantes sobre os

alargadores convencionais pode ser a intercambialidade dos insertos, que para compensar o

desgaste, possibilita o ajuste do diâmetro.

Segundo Weinert et al. (1998) os alargadores monocortantes já estão consolidados na

produção industrial, mas para aumentar a eficiência de corte são necessárias a variação dos

materiais dos alargadores e a medição das cargas nos elementos de função, além de se levar

em consideração a influência dos diferentes materiais (aço, alumínio e ferro fundido) das

peças usinadas, para a boa qualidade da superfície de furação. Também relatam uma grande

gama de vantagens proporcionadas pelos alargadores monocortantes, como por exemplo:

a separação das funções de corte e guia em elementos de trabalho diferentes –

insertos e guia (especialmente importantes);

o corte e a força passiva que foram gerados na aresta de corte são transferidos

para a parede do furo pelas guias, de tal forma que a ferramenta é guiada no

furo usinado e a superfície é alisada;

21

usando-se ferramentas com corte único e guias independentes, surgem novas

possibilidades de projeto da ferramenta, pelas quais será obtido um aumento

imenso do desempenho;

a intercambialidade dos elementos de trabalho permite a aplicação de

diferentes pares de materiais que são ajustados às necessidades de usinagem;

a estrutura simples do corpo da ferramenta básica deixa espaço suficiente para

o projeto específico de suprimento interno de refrigerante;

alargadores monocortante oferecem a possibilidade de ajustar a lâmina se o

limite de tolerância foi excedido devido ao desgaste.

Ainda de acordo com a experiência de Weinert et al. (1998), tem-se uma vantagem

adicional, que é a intercambialidade dos insertos, o qual desgasta-se mais rapidamente do que

as guias. Quanto ao uso de alargadores monocortantes na produção industrial, destacam que a

eficiência dos alargadores modernos pode ser mostrada com um exemplo de sua aplicação em

indústrias automotivas, na usinagem de precisão de caixas de câmbio de alumínio em um

sistema transfer, usando-se um alargador monocortante com ponta de metal duro. A figura 2.8

ilustra um alargador monocotante com duas guias.

Figura 2.8 – Alargador monocortante

Fonte: Weinert et al. (1998)

22

Santos (2004) utilizou um alargador monocortante (titulado de tipo 2) ajustável com

inserto intercambiável, em diamante policristalino (PCD), com refrigeração interna, haste

cilíndrica e diâmetro de 10 mm, conforme ilustra na figura 2.9.

Figura 2.9 - Alargador monocortante ajustável com inserto intercambiável

Fonte: Santos (2004)

Santos (2004) registra o fato de que a rugosidade média (Ra) obtido com o alargador

monocortante foi em média 15% melhor que o alargador multicortante. Este autor apresentou

também, melhores resultados da altura média (Rz) e máxima das irregularidades (Rt). E

afirmou que isto ocorreu devido a utilização de insertos de corte em PCD, extremamente

afiado, onde este material garantiu um alargamento mais uniforme mantendo a ferramenta

isenta de aresta postiça de corte.

2.3.2 Parâmetros para alargamento

Segundo Santos e Costa (2005), em consulta aos catálogos de fabricantes, os valores

médios orientativos e recomendados como dados de corte para alargamento variam conforme

a aplicação. Onde as principais variáveis são:

material;

geometria da peça;

tipo de máquina;

tipo de fixação (peça e ferramenta);

acabamento;

tolerância desejada.

23

Velocidade de corte para alargamento

Santos (2004) alargou guias de válvulas de motor a combustão com liga de alumínio e

observou que o teste com alargador monocortante em diamante policristalino apresentou

igualdade nos resultados da rugosidade média e desvios de forma com a variação da

velocidade de corte de 90 até 140 m/min. E complementa que, devido a essa condição

preliminar, seus ensaios foram realizados com a velocidade de corte (vc) fixada em 80 m/min

(sem a variação desta velocidade de corte) e uma velocidade de rotação de 4.622 rpm.

Segundo Santos e Costa (2005), o alargador monocortante tem grande importância por

executar furos de elevada qualidade e permitir utilizar maiores velocidades de corte. As

baixas velocidades de corte podem gerar arestas postiças, prejudicando o acabamento

superficial do furo alargado.

Já na aplicação de um alargador de alta velocidade revestido com nitreto de titânio

(TiN) do tipo anel de corte em uma placa de base de motor de ferro fundido cinzento, Mason

(2000) relata que reduziu o tempo de corte e melhorou a confiabilidade do processo usinando

um furo de 125 mm de diâmetro por 150 mm de comprimento. O alargamento foi executado a

uma velocidade de 150 m/min, 400 rpm, com uma velocidade de avanço de 720 mm/min.

Mason (2000) também divulga que foi utilizado um lubrificante de emulsão a 8 - 10%. O

tempo de produção foi de 14 s, a vida da ferramenta cerca de 20.000 mm e o acabamento

superficial foi de cerca de 3,2 μm Ra.

Profundidade de corte (sobremetal)

A influência da profundidade de corte (sobremetal) no alargamento é maior para a

rugosidade dos furos, pois como uma pequena quantidade de material (cavaco) é removido,

ocasiona o esmagamento do mesmo, ocorrendo a deformação plástica, que produz

irregularidades na superfície deste furo (SANTOS, 2004).

Assim como os demais parâmetros do processo de alargamento, os sobremetais

escolhidos também devem ser observados como uma condição básica e de muita importância.

Stemmer (1992) adverte que alargamento de furos com alargadores fixos, em aço

rápido, são observados sobremetais de 0,1 a 0,8 mm (tabela 2.4). Para alargadores ajustáveis,

os valores tabelados devem ser reduzidos à metade. Para alargadores manuais devem ser

usadas sobremetais de 0,03 a 0,08mm.

24

Tabela 2.4 - Sobremetais (mm) para alargamento

Diâmetro dos furos Aço e FoF

o

Zinco, cobre

e ligas de

alumínio

Plásticos

Até 5 mm 0,1 a 0,2 0,5 0,2

5 a 20 mm 0,2 a 0,3 0,6 – 0,8 0,4

20 a 50 mm 0,3 a 0,5 ----------- 0,5

Maior que 50 mm 0,5 a 1,0 -----------

Fonte: Stemmer (1992, p. 40)

2.4 REVESTIMENTO DE FERRAMENTAS

Por proporcionar um desempenho muito superior ao da ferramenta sem revestimento

na usinagem, principalmente dos materiais ferrosos, o revestimento das ferramentas de metal

duro ganhou grande importância há décadas. Para manter um núcleo tenaz de uma ferramenta,

e garantir suas características duras, resistentes ao desgaste e quimicamente inertes na

superfície, é necessário que esta ferramenta seja revestida (AIMEIDA, 2008).

Por razões construtivas dos alargadores com arestas cortantes de metal duro, e para o

mesmo diâmetro do alargador, o número de arestas cortantes são de 2 a 6 vezes menor que os

alargadores de aço rápido (FERRARESI, 1975).

Segundo Miranda (2003) a qualidade atual das ferramentas de corte é decorrência de

avanços tecnológicos, tais como:

diminuição do tamanho do grão;

melhores ligantes;

gradientes de concentração de cobalto;

novos revestimentos.

Miranda (2003) segue afirmando que estes avanços tecnológicos melhoraram:

a resistência ao desgaste;

a tenacidade (resistência a quebras);

a dureza a quente (alta dureza e estabilidade química a alta temperatura).

25

Este conjunto de melhorias permitiu o aumento do uso do metal duro em velocidades

de corte e faixas de avanço mais altas.

Segundo Klocke e Krieg (1999 apud MIRANDA, 2003), entende-se que no mercado

existem basicamente quatro grupos principais de materiais de revestimento duros. O primeiro

grupo é o mais difundido, são materiais baseados no titânio como nitreto de titânio (TiN),

carboneto de titânio (TiC) e carbonitretos de titânio (Ti (C, N)). Onde a fase metálica é

completada com outros metais como alumínio (Al) ou cromo (Cr). Estes têm o papel de

melhorar as propriedades como: a dureza e a resistência à oxidação. O segundo grupo é

representado com revestimentos cerâmicos como o Al2O3.

Nos últimos anos, foram acrescentados dois outros grupos, sendo o terceiro grupo, o

diamante-CVD (são adicionais de revestimentos superduros), o quarto grupo é o revestimento

de lubrificantes sólidos (que são camadas duras com muito baixo coeficiente de atrito). O

desenvolvimento de máquinas-ferramentas com robustez, potência e rigidez maiores, altas

rotações, e principalmente, desenvolvimentos dos materiais, revestimentos e geometrias das

ferramentas de corte, tem sido possível a usinagem sem fluido de corte. Dentro da exploração

de novas tecnologias de fabricação, o desafio será a usinagem sob alta velocidade de corte e

sem fluido de corte. Desta forma, as ferramentas revestidas têm um papel importante quando

se busca alta produtividade, proporcionando, em conjunto, a alta qualidade. E considerando

cada aplicação prática, os fabricantes de ferramentas devem encontrar o melhor revestimento

para a ferramenta mais correta (MIRANDA, 2003).

2.4.1 Revestimento com TiN

Miranda (2003) explica que o nitreto de titânio (TiN) é muito utilizado em

revestimento de ferramentas por possuir um bom balanço entre propriedades de dureza,

tenacidade, aderência sobre aço e metal duro, estabilidade química e térmica, e o atrito

reduzido. Como estas propriedades não são ideais para todas as aplicações, abre-se então, um

campo para a implementação de outras camadas como o carbonitreto de titânio (TiCN) e

nitreto de titânio e alumínio (TiAlN).

De acordo com Sales e Santos (2007), o TiN é depositado pelo processo de deposição

física de vapor (PVD). O TiN apresenta aspectos positivos na relação de custo benefício em

usinagem de peças de diferentes materiais e mesma ferramenta.

26

Comparação do TiN com os demais revestimentos

A aderência do TiN sobre o material de base não é muito boa. A espessura da camada

de TiN é usualmente de 5 a 7 μm, dando uma cor dourada ao inserto (STEMMER, 1995).

Segundo Wetzel (2004), a resistência ao desgaste de cratera do TiN é maior que no

TiC devido o TiN possuir o dobro de energia interna total de um sistema (entalpia) de

formação e de estabilidade termodinâmica, possuindo uma menor tendência à difusão

comparada ao TiC.

Stemmer (1995), descreve que a existência dos carbonitretos de titânio (revestimento

múltiplos de TiC – Ti (C, N) – TiN), combinam as boas características de resistências de

desgaste por abrasão das superfícies de saída do TiC com a resistência a oxidação e formação

de crateras do TiN. Para assegurar a boa aderência o material de base aplicado, inicialmente, é

o TiC puro. Em seguida, aplica-se o TiN, gerando-se uma passagem progressiva do TiC para

o TiN. Desta forma, ocorrem menores forças de usinagem em cortes interrompidos devido o

TiN ser menos frágil e apresentar menor atrito que o TiC. Os insertos de TiN podem ser

usados na usinagem de aço, ferro fundido, ferro fundido maleável e materiais duros,

desenvolvendo altas velocidades de corte. Porém, os revestimentos múltiplos de TiC – Ti (C,

N) – TiN não são adequados para a usinagem de materiais que tenham afinidade com o TiC

ou o TiN, como ligas de alumino, magnésio e titânio, ligas de níquel, alguns aços resistentes à

corrosão e aos ácidos, e aços de nitretação.

A tabela 2.5 mostra os desenvolvimentos dos revestimentos à base de TiN.

Tabela 2.5 - Propriedades dos revestimentos TiN

Tipo Espessura típica

(µm)

Microdureza

HV 0,05

Resistência à

Oxidação (0C)

Coeficiente de

atrito

TiN 1 a 5 2.100 a 2.600 até 450 0,4

TiCN 1 a 5 2.800 a 3.200 até 350 0,25 a 0,4

TiAlN 1 a 5 2.600 a 3.000 até 700 0,3 a 0,4

TiAlCrYn 1 a 5 2.600 a 3.000 até 950 0,3 a 0,4

Fonte: Schultz et al. (1994 apud MIRANDA, 2003)

27

2.5 FLUIDOS DE CORTE

Segundo Alves (2005), Taylor em 1890 introduziu a utilização de fluido de corte na

usinagem dos materiais. Inicialmente ele utilizou água para resfriar a região ferramenta-peça-

cavaco, com isto ele conseguiu aumentar a velocidade de corte em 33%. Depois começou a

utilizar água e soda, ou água e sabão para evitar a oxidação da peça e/ou ferramenta.

Os experimentos realizados por SU et al. (2007) comprovaram que o uso de fluidos de

corte dentro do processo de usinagem causa alguns problemas como custo alto, poluição, e

perigos para a saúde do operador. Solucionar os problemas relacionados ao uso de fluidos de

corte é um novo desafio para os investigadores que procuram alternativas de minimizar ou até

mesmo evitar o uso de fluidos de corte nas operações de usinagem.

Dentre os processos de manufatura das indústrias do setor metal mecânico, as operações

de usinagem ocupam uma parcela significativa nos meios produtivos. E como um auxiliar

deste processo, os fluidos de corte destacam-se com grande importância na melhoria do

processo de usinagem convencional que beneficia na produtividade, e como um dos principais

responsáveis pelos aspectos nocivos ao meio ambiente, sendo um agente de grande

importância na melhoria do processo, trazendo benefícios na produtividade (DIAS et al.,

2006).

O conhecimento sobre o desempenho de fluidos de corte utilizados em trabalhos com

diferentes materiais e operações é de fundamental importância para garantir a eficiência da

maior parte dos processos convencionais de usinagem. Embora exista grande necessidade de

investigações das consequências a respeito da utilização de fluidos de corte, são poucos os

trabalhos que avaliam de forma qualitativa e quantitativa a sua influência em operações

específicas de usinagem. Entretanto, diferentes combinações de fluido-ferramenta-material

podem ser utilizadas (ÁVILA e ABRÃO, 2000).

Silva e Bianchi (2000) explicam que na utilização de fluidos de corte solúveis e/ou

sintéticos, e na condição de criar menores gradientes a serem removidos por este fluido, deve-

se estar atento, principalmente, para a busca da diminuição da energia gerada na região de

corte.

Ainda de acordo com Silva e Bianchi (2000), a seleção correta de um fluido de corte

dependerá de fatores como:

aspectos econômicos;

tipo de máquina operatriz;

custos relacionados aos procedimentos de descarte;

28

tipo de sistema de circulação de fluido de corte;

saúde humana e contaminação do fluido;

meios de controle;

método de aplicação do fluido;

severidade da operação;

tipos de operação;

materiais usinados;

compatibilidade do metal com o fluido.

2.5.1 Classificação e seleção dos fluidos de corte

Quanto à classificação dos fluidos de corte deve-se ter a compreensão de sua origem

que pode ser mineral, animal, vegetal, sintético (orgânicos e inorgânicos).

Alves (2005, p. 19) cita que “[...] há uma grande variedade de fluidos disponíveis no

mercado e estão divididos em quatro classes principais que são os óleos integrais, óleos

emulsionáveis, semi-sintéticos e sintéticos”.

Os fluidos de corte mais comuns são os óleos emulsionáveis de base vegetal, mineral

ou sintético. Sua aplicação deve ser feita com grande vazão de "tubeiras" direcionadas para a

área de corte, com 75% do jato direcionado para a peça e 25% do jato direcionado para a

ferramenta, desde que o fluxo não seja interrompido para a eficiência do arraste de cavaco

(WEINGAERTNER, 1991).

Diniz (2000) refere-se à classificação dos fluidos de corte, tendo uma padronização

única difundida e estabelecida entre as empresas fabricantes, onde estas agrupam seus

produtos da seguinte maneira:

1. Ar;

2. Aquosos (água e emulsões);

3. Óleos (óleos minerais, graxos, compostos e extrema pressão).

Baradie (1996) discorre em seu artigo sobre caracterização de fluidos de corte, que

além da classificação dos fluidos de corte, também se deve considerar a importância de itens,

como:

29

a composição dos fluidos de corte;

a disposição dos fluidos de corte;

a reciclagem dos fluidos de corte;

novas tecnologias de um processo de usinagem limpa.

Diante das formas de classificação dos fluidos de corte, baseada em autores como

Weingaertner (1991), Baradie (1996), Diniz (2000), Miranda (2003), Santos (2004) e Alves

(2005), pode-se classificar os fluidos de corte conforme sugerido na figura 2.10.

Figura 2.10 - Classificação dos fluidos de corte

1. Ar: em certos cortes a seco o ar é utilizado para a remoção de cavaco da região de

corte e para fornecer ação refrigerante (seu poder refrigerante é pequeno). É muito empregado

na usinagem do ferro fundido cinzento, pois quando se utiliza líquido como fluido de corte

deste material, os minúsculos cavacos formados são conduzidos pelo líquido às partes de

atrito da máquina-ferramenta, danificando-a.

Silva e Bianchi (2000) comentam que o ar é o fluido gasoso mais comum, e em casos

de prevenção a oxidação da peça e do cavaco, são utilizados alguns gases como o argônio, o

hélio e o nitrogênio.

2. Aquosos (fluidos a base de água): suas vantagens são a grande abundância, baixo

preço, não inflamável, baixa viscosidade e baixa densidade. Se comparados aos fluidos à base

de óleo, na condição de uso de bocais convencionais, acabam por dispersar muito, (PEREIRA

et al., 2005).

Classificação dos Fluidos de Corte

1. Ar 2. Aquosos

2.3

Soluções

(sintéticas)

2.2 Micro-

emulsões

(semi-

sintéticas)

2.1 Emulsões

convencio-

nais

3. Óleos

3.1

Minerais

3.2

Graxos

3.4

Vegetais

3.5

Extrema

pressão

3.3

Compostos

30

Segundo Alves (2005), “Este fluido apresenta uma refrigeração eficiente aliado a um

moderado poder lubrificante o qual depende da taxa de diluição e da constituição do

concentrado do fluido aquoso.”

2.1. Emulsões convencionais (emulsões aquosas): compõem-se de pequena

porcentagem de um concentrado de óleo emulsionável, usualmente composto por

emulsificadores de óleo mineral e outros ingredientes, dispersos em pequenas gotículas na

água.

Santos (2004) descreve que para garantir a estabilidade da emulsão, nas emulsões óleo

na água, deve-se impedir a formação de gotas maiores, para isso, as gotículas de óleo

(miscela) tendem a se juntar. As cargas eletrostáticas de mesmo sinal fazem com que as gotas

de óleo se repelem promovendo o movimento permanente.

2.2. Micro emulsões ou semissintéticas: são combinações de fluidos sintéticos e

emulsões em água.

Segundo Silva e Bianchi (2000) os óleos semi-sintéticos são combinações de fluidos

sintéticos e emulsões em água que contêm uma pequena porcentagem de óleo mineral

emulsionável, de 5 a 30% de concentração. Combinam algumas das propriedades dos fluidos

sintéticos e dos óleos emulsionáveis. Suas principais desvantagens são a lubrificação

insuficiente em determinadas operações, a formação de compostos insolúveis (em água de

dureza elevada), e possuem um melhor controle de oxidação do que as emulsões

convencionais.

2.3. Soluções - sintéticas: são soluções químicas constituídas de sais orgânicos e

inorgânicos dissolvidos em água, não contendo óleo.

Segundo Silva e Bianchi (2000), estes permitem rápida dissipação de calor, bom

controle dimensional, funciona como detergente e proporciona a excelente visibilidade da

região de corte, e elevada resistência à oxidação do fluido e à ferrugem.

Segundo Weingaertner (1991), os fluidos sintéticos são soluções químicas e

participam na condição de membros mais novos da família dos fluidos de corte. Em sua

mistura incluem-se: sabões, umectantes, lubrificantes suaves, nitreto, fosfatos, inibidores de

corrosão e germicidas.

3. Óleos.

3.1. Óleos minerais (puros): são muito usados na usinagem de aço de baixo carbono,

latão, bronze e ligas leves. São mais baratos e menos sujeitos à oxidação que os óleos graxos e

os óleos compostos.

31

Stemmer (1995) ainda descreve que para a usinagem de aço, latão, alumínio, magnésio

e metais anti-fricção, os óleos minerais puros são utilizados para certas operações leves em

máquinas automáticas. Sua principal vantagem é a lubrificação simultânea de guias e partes

móveis da máquina e protegem contra a corrosão.

3.2. Óleos graxos: são de origem vegetal e animal. Possuem boa capacidade de

molhar a peça e da ferramenta. Têm boa capacidade lubrificante, mas suas propriedades anti-

soldantes são fracas. Facilitam a obtenção de peças com bom acabamento e possuem média

capacidade de refrigeração.

3.3. Óleos compostos: são misturas de óleos minerais e graxos. Possuem as vantagens

dos óleos graxos e tem maior estabilidade química (não se deterioram ou se tornam mais

viscosos com o tempo) e sua viscosidade pode ser ajustada pelo óleo mineral.

Stemmer (1995) observa que os óleos compostos são óleos mistos e aditivos que

aumentam a “molhabilidade” e a aderência do meio lubri-refrigerante, reduzindo o atrito entre

a face da ferramenta e o cavaco, devido as suas características polares. E apresentam boas

vantagens de lubrificação sob extrema-pressão dos “óleos graxos”. Suas moléculas são

formadas por longas cadeias de átomos de carbono, da mesma forma que seus extremos

polarizados aderem fortemente às superfícies, e estes extremos formam películas lubrificantes

que reduz o atrito e o desgaste.

3.4. Óleos vegetais: De acordo com Alves (2005), as propriedades lubrificantes dos

óleos vegetais, são reconhecidas desde as últimas quatro décadas do século XX. Até então,

sua utilização não era disseminada, devido à necessidade de estabilização das emulsões.

3.5. Óleos de extrema pressão (EP): incorpora na sua composição elementos que

fazem com que eles suportem elevadas pressões, sem vaporizar.

São minimizadores da aresta postiça, devido à formação de uma película anti-solda na

face da ferramenta. São compostos de enxofre, cloro ou fósforo, que reagem em altas

temperaturas (de 200 a 10000

C), formando na zona de corte sulfetos, cloretos ou fosfetos

(STEMMER, 1995).

2.5.2 Função e aplicação dos fluidos de corte

Segundo Diniz (2000), devido o atrito da ferramenta sobre a peça trabalhada e a energia

para a deformação de cavacos nos processos de usinagem, desenvolve-se uma grande

quantidade de calor. E deduz que, a condição de diminuição do coeficiente de atrito, além de

32

diminuir o calor gerado neste processo, também poderá diminuir os esforços e a potência de

corte.

A função dos fluidos de corte na usinagem é introduzir uma melhoria no processo,

atuando principalmente através de:

retirada dos cavacos da zona de corte;

eliminação do calor gerado na usinagem;

diminuição do atrito entre ferramenta e cavaco.

Como a diferença de temperatura entre as regiões de contato na usinagem sem fluido

de corte é maior do que na usinagem com fluido de corte, o fluxo de calor é maior. Os efeitos

da eliminação do fluido de corte nas ferramentas são mais intensos, uma vez que os

mecanismos de desgaste são ativados com o aumento da temperatura. A elevação da

temperatura acontece pela falta de refrigeração, beneficiando a ocorrência de deformações

plásticas, adesões, difusão, oxidação e aumento do atrito peça/ferramenta/cavaco. A

consequência destes efeitos é uma redução significativa na vida da ferramenta (MIRANDA,

2003).

Os fluidos de corte devem possuir baixa viscosidade para fluir facilmente, capacidade

de molhar bem o metal para estabelecer um bom contato térmico, alto calor específico e alta

condutividade térmica, a fim de retirar eficientemente o calor da região de corte, da peça e a

ferramenta a serem utilizadas. Fluidos convencionais como o óleo refrigerante reduz a

temperatura da área a ser usinada, mas em contra partida, devido a lavação das partes em

contato, diminui a ação lubrificante (WETZEL, 2004).

Segundo Pereira et al. (2005), considerando que parte dos fluidos de corte não penetra

efetivamente na região de corte, não há necessidade de uso de grandes quantidades destes

fluidos.

Na usinagem, o fluido de corte penetra entre as superfícies em contato por

capilaridade, ajudado pela vibração entre ferramenta, peça e cavaco. A minimização do atrito

acontece através do bom acabamento da superfície de saída da ferramenta ou da própria peça

a ser usinada. Pois, se o fluido não chegar à região de corte, o processo de usinagem não

conseguirá a lubrificação necessária, afetando a qualidade de todo o processo (DINIZ, 2000).

Sendo assim, entende-se que a rugosidade das superfícies em contato (cavaco-

ferramenta) influencia diretamente na funcionalidade dos fluidos de corte como lubrificante.

De acordo com Diniz et al. (2006) o calor produzido pelo atrito da ferramenta-peça e

cavaco-ferramenta é reduzido pela lubrificação e extraído pela refrigeração. Assim, diminui o

33

desgaste da ferramenta, a dilatação da peça e danos em sua superfície. Em operações de

usinagem com alta pressão e baixa viscosidade o fluido de corte também pode possuir outras

funções como: retirada de cavaco da região de corte e proteção contra corrosão.

Conforme Pereira et al. (2005), a condição de redução ou de completa eliminação dos

fluidos de corte pode ocasionar problemas como:

aumento de temperatura nos processos;

queda de rendimento da ferramenta de corte;

perda de precisão dimensional e da geometria das peças;

aumento do teor de particulados na atmosfera;

maior risco de soldagem;

variações no comportamento térmico da máquina.

A função de refrigeração dos fluidos de corte é usada para altas velocidades de corte, e

a função lubrificação se desenvolve melhor em baixas velocidades de corte (SANTOS e

SALES, 2007).

Mesmo sendo excelentes na lubrificação, os óleos são relativamente pobres em

resfriamento. Como é fato que a lubrificação e o resfriamento são características oposta em

um espectro, nenhum fluido de corte poderá fornecer ótima lubrificação e resfriamento

(ALVES, 2005).

Sempre houveram dificuldades na seleção e aplicação de fluidos de corte na indústria,

resultando em processos de usinagem de maneira distante da ótima desejada. Quando os

fluidos de corte são corretamente aplicados, podem aumentar a produtividade e reduzir custos,

tornando possível o uso de velocidades de cortes mais altas e maiores profundidades de corte.

Portanto, a aplicação efetiva de fluidos de corte também pode aumentar vida útil da

ferramenta de corte, diminuir a rugosidade da superfície da peça trabalhada, aumentar a

precisão dimensional e diminuir o consumo de energia na usinagem (BARADIE, 1996).

2.5.3 Aplicação de fluidos de corte com sistema MQL

Nas últimas décadas, foram realizadas diversas pesquisas para minimizar ou restringir

ao máximo o uso de fluidos de corte nos processos de usinagem. Os maiores fatores que

contribuíram para justificar estas pesquisas foram os custos de operação do produto final, a

34

preservação da saúde do operador, as exigências de conservação do meio ambiente e as áreas

adjacentes afetadas (ALVES, 2005).

Segundo Machado e Diniz (2000), na utilização dos fluidos de corte em condição

minimizada, os experimentos científicos têm se intensificado em duas técnicas, sendo uma o

corte completamente sem fluido (corte a seco), e a outra, o corte com mínima quantidade de

lubrificante (MQL).

As alternativas tecnológicas para viabilizar a redução e/ou a eliminação de fluidos de

corte mostra os caminhos que as pesquisas atuais têm tomado nos processos de usinagem com

ferramentas de geometria definida.

De acordo com Miranda (2003), estes caminhos básicos são:

a otimização de ferramenta (tem a ver com a avaliação do material da

ferramenta, do revestimento, assim como das características geométricas da

ferramenta empregada no processo);

o uso de técnicas de mínima quantidade de lubrificação (MQL);

a substituição do processo de fabricação da peça.

Na técnica de MQL, o óleo lubrificante é pulverizado em um fluxo de ar comprimido e

direcionado a aresta de corte da ferramenta.

Segundo Pereira et al. (2005), os produtos lubrificantes usados na técnica de MQL

devem ser ecologicamente corretos, ou seja, isentos de solventes e materiais fluorados e com

altíssima taxa de remoção de calor.

Pereira et al. (2005), complementam que esta quantidade mínima de fluido é dirigida

por um jato de ar ao ponto em que está sendo executada a usinagem. Deve ser suficiente para

reduzir o atrito da ferramenta e ainda evitar a aderência dos materiais. E alertam que o volume

de fluido pode variar em função do volume de cavacos e do processo de usinagem.

Quando as guias das ferramentas são perfeitamente ajustadas (em processo de

alargamento), a força cortante fornece apoio para o furo alargado, limitando o desvio. O atrito

e a lubrificação devem trabalhar juntos, uma das funções das guias é transportar o cavaco que

fica na parede do furo. Assim, a temperatura gerada pelas guias que prejudica a superfície do

furo, pode ser minimizada. É importante que o sistema de MQL seja de regulagem média na

ferramenta e com refrigeração interna. E o padrão de abertura de saída média de MQL é o

fator decisivo por assegurar a boa lubrificação contínua das guias do alargador e um seguro

transporte de cavaco (WEINERT et al., 2004).

35

Ocorrem situações em que o material da ferramenta é resistente ao desgaste e não

necessita de fluido de corte para resfriá-lo. Nesta situação, o fluido de corte cumpre seu papel

de refrigerante e é utilizado para que nenhum dano possa ser causado à peça. Em alguns

processos de furação a seco em alumínio, não é possível ou não é econômico, o cavaco adere

aos canais helicoidais da broca, provocando o entupimento destes canais, devido à alta

ductilidade do alumínio. Nestes casos, usa-se a técnica de MQL para evitar a quebra da broca

(DINIZ, 2000).

SU et al. (2006), mostraram que o uso da técnica de MQL tem um desempenho

satisfatório nas operações de usinagem. Porém, os autores observam que existem poucas

investigações sobre o uso desta.

A integração e o controle de sistemas de MQL é uma exigência básica para

ferramentas que fazem parte da usinagem a seco. Os dados de quantidades de ar e fluido, e

dados da ferramenta, devem ser organizados em unidade única (WEINERT et al., 2004).

A usinagem com a técnica de MQL visa o desenvolvimento de uma geração de

ferramentas e revestimentos resistentes ao calor (BERSENKOWITSCH, 2000).

Vantagens da aplicação da técnica de MQL

A técnica de MQL tem sido aceita como uma aplicação bem sucedida de processos

quase secos devido as suas características ambientalmente favoráveis. A mínimzação dos

fluidos de corte também apresenta benefícios econômicos pela redução do custo de

lubrificante e diminui o tempo de limpeza da peça/ferramenta (SUDA et al. (2002) e

WEINERT et al. (2004)).

Para o experimento de SU et al. (2007), foi projetado um equipamento específico para

comparar e comprovar a ação mais viável dos fluidos de corte em um ambiente menos

agressivo aos usuários, principalmente no que tange a um ambiente de processo de usinagem.

No torneamento de Inconel 718 e fresamento de AISI D2, utilizaram o corte a seco, a mínima

quantidade de lubrificante (MQL) e a mínima quantidade de lubrificante com ar (CAMQL).

Concluíram como sendo um experimento de contribuição satisfatória, no que diz respeito ao

aumento da vida útil da ferramenta. Com MQL, obtiveram formas de cavacos com forma

mais curtas, planas, com baixa temperatura e um melhor resultado da rugosidade da superfície

usinada no fresamento em alta velocidade com AISI D2 (figura 2.11).

36

Figura 2.11 – Fresamento com MQL em alta velocidade

Fonte: SU et al. (2007)

A figura 2.11(a) apresenta um início de dobra e deformação plástica do cavaco,

aparentemente por condição da alta temperatura no momento da usinagem. As figuras 2.11(b)

e 2.11(c) apresentam partes curtas e planas do cavaco, aparentemente por condição da baixa

temperatura resultante da refrigeração de momento. A figura 2.11(c), ainda apresenta um tipo

de textura específica, em toda face do cavaco (SU et al., 2007).

De acordo com Heinemann et al. (2006), por causa de trabalhos intensivos de

pesquisas administrados nos últimos anos, a técnica de MQL é agora uma alternativa

estabelecida para refrigeração convencional de resfriamento interno de furação. Esta técnica,

também resulta na adequada vida satisfatória da ferramenta para perfuração de pequenos

diâmetros.

Usando a técnica de MQL há uma notável redução de custos de usinagem obtido pela

quantidade mínima de lubrificante. Neste caso, o lubrificante é borrifado diretamente na área

cortante. Nos casos de necessidade de molhar a peça trabalhada e a ferramenta, é mais correto

e muito importante que se defina as condições que permitem a técnica de MQL para ser

aplicado com reais benefícios (ATTANASIO et al., 2005).

Em seu experimento Miranda (2003) construiu um equipamento que foi utilizado nos

ensaios complementares com a técnica MQL. Este equipamento permitiu uma regulagem do

volume de óleo por meio de um registro tipo agulha, em quantidades menores que 40 ml/h de

MQL, vaporizando o óleo em um fluxo de ar comprimido à pressão constante de 450 kPa, e

sem comprometer a vazão da mistura de fluido de corte. Os ensaios complementares com

MQL apresentaram um melhor resultado da força de avanço em relação ao comprimento de

avanço (Lf) por número de furos executados (figura 2.12).

37

Figura 2.12 - Evolução da força de avanço em função do Lf

Fonte: Miranda (2003)

Miranda (2003) explica que o menor desgaste de flanco verificado foi para os ensaios

com o uso de MQL (linha em cor vermelha da figura 2.12), pelo fato de ter ocorrido um

melhor efeito lubrificante do óleo em relação ao fluido de corte emulsionado.

Chiffre et al. (2009) estudaram alargamento de aço inoxidável com 15 amostras

(furos) utilizando a condição de mínima quantidade de lubrificação MQL (50 e 60 ml/h). O

lubrificante foi aplicado com o bocal direcionado bem próximo (acima) do corpo de prova.

Estes autores concluíram que a utilização do MQL no alargamento proporciona bons

resultados em termos de dimensões dos furos e acabamento superficial. Também avaliaram

que a aplicação com dois bocais fornecem bons resultados como na aplicação com apenas um

bocal. As figuras 2.13 e 2.14 mostram os resultados obtidos para a circularidade e o diâmetro

dos furos, respectivamente, observa-se que os erros de circularidade se mantiveram estáveis

para as condições testadas, e que, o dimensional dos furos estavam dentro da tolerância H7.

38

Figura 2.13 – Circularidade de 15 furos para diferentes condições lubrificantes

Fonte: Chiffre et al. (2009)

Figura 2.14 – Tolerância H7 de 15 furos para diferentes condições lubrificantes

Fonte: Chiffre et al. (2009)

Desvantagens da aplicação do sistema MQL

De acordo com Koppka e Ellermeier (2005), os fabricantes de motores à combustão a

diesel dedicam-se cada vez mais a desenvolver processos mais econômicos para materiais de

difícil usinagem, mas considerando a comparação da usinagem com MQL e usinagem a seco,

apenas um quarto (1/4) da vida útil da ferramenta é alcançada.

Segundo Gaitonde et al. (2008) para uma ótima quantia de MQL as condições das

forças de corte de usinagem deveriam ser cuidadosamente selecionadas, e em segundo plano,

sugerem o desenvolvimento de novo material de ferramenta com coeficiente de fricção mais

baixo e alta resistência ao calor.

39

Para Aoyama et al. (2008) a técnica de MQL tem duas desvantagens dentro do seu uso

prático comparado com o fluxo convencional de abastecimento com fluido, que são:

1. a pouca condição na remoção do cavaco da área de corte;

2. a pessoa do meio inala uma parte de névoa de óleo, a inalação de lubrificante

flutuante é prejudicial para a saúde do corpo humano, manchas em partes

elétricas da máquina que se está trabalhando, névoa de óleo adere dentro das

partes elétricas ou componentes de máquina, e esta, a névoa de óleo às vezes

causa problemas de deslizamento ao lado da máquina, causando acidentes.

Aoyama et al. (2008) também realizaram um experimento para reduzir a flutuação do

óleo, no qual pode-se ter um coletor de névoa que é preso a cada parte de um sistema de

MQL. Porém, o consumo de energia elétrica resultante do equipamento para coletar a névoa

se torna um dos problemas, do ponto de vista de conservação de energia.

2.5.4 Fluidos de corte para alargamento

Os fluidos de corte para o processo de alargamento necessitam de uma boa

lubricidade, garantindo uma boa qualidade superficial e a integridade das guias dos

alargadores. Nos catálogos de fabricantes de alargadores monocortante (com única aresta de

corte) é recomendada a utilização de fluidos de corte (de preferência interna), isto devido à

lubrificação das guias, aumento da vida das lâminas (insertos) e expulsão dos cavacos

(ECKHARDT, 1993 e KRESS, 1974 apud SANTOS, 2004).

Os ensaios de Schroeter (1989) provaram que a utilização de emulsões é

economicamente viável. O óleo integral obteve melhores resultados de rugosidade e

circularidade do furo, devido ao maior poder de lubrificação, e menores esforços de

usinagem, o que acarretou em uma menor influência na sobremedida do furo.

De uma forma geral, os fluidos de corte apresentam comportamentos distintos em um

ensaio, sendo que as variáveis de processo como máquina, ferramenta, material da peça,

condição do pré-furo e os parâmetros de corte têm grande influência no resultado final do

ensaio, o que também dificulta a sua repetibilidade (SANTOS, 2004).

O uso de fluido de corte por inundação mantém a temperatura quase constante. Neste

caso, a quantidade de fluido de corte pode ser mais importante que o seu tipo (BEZERRA,

1998). A tabela 2.6 ilustra os fluidos de corte utilizados no alargamento de vários metais.

40

Tabela 2.6 - Fluidos de corte utilizados no alargamento de vários metais

METAL óleo solúvel óleo

sulfurizado

querosene mais

óleo animal

óleo neutro

não viscoso

(*) seco

aço

aço inoxidável

ferro fundido

cinzento

ferro maleável

ou nodular

alumínio

cobre

latão

Fonte: Metals Handbook (1989, vol. 16, p. 248)

(*) Utilização de um jato de ar para refrigeração da peça ou remoção de cavaco.

41

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão descritos todos os procedimentos experimentais utilizados neste

trabalho de alargamento. Os ensaios preliminares e definitivos foram realizados no

Laboratório da Sociedade Educacional de Santa Catarina – SOCIESC.

3.1 FLUXOGRAMA DO EXPERIMENTO

A figura 3.1 mostra as principais etapas da metodologia para a realização deste

experimento. Uma das etapas foi a preparação dos materiais, com sua primeira fase no corpo

de prova, que foi dividida em atividades de: preparação, medição de dureza, análise química e

metalográfica. A segunda fase foi a de ferramentas, que foi dividida em: brocas, alargador e

insertos para alargamento. A terceira fase foi a de fluidos de corte, que foi dividida em três

variáveis: fluido por inundação, MQL1 e MQL2. A quarta fase foi a de máquina ferramenta,

onde foi utilizado o centro de usinagem da SOCIESC.

Após, tem-se a etapa de ensaios de alargamento, incluindo os ensaios preliminares e

definitivos, que resultaram nas análises de diâmetro, rugosidade e circularidade.

Figura 3.1 – Esquema de experimento

Diâmetro

Ferramentas Fluidos de

corte Máquina

ferramenta Corpo de prova

Preparação;

Medição de dureza; Análise química;

Metalografia.

Brocas; Alargador;

Insertos.

Inundação;

MQL1;

MQL2.

centro de usinagem

SOCIESC

Materiais Ensaio de

alargamento

EXPERIMENTO

Rugosidade

Ensaios

Preliminare

s

Ensaios

Definitivos

`Circularidade

42

3.2 MATERIAIS

Os materiais específicos utilizados para os ensaios preliminares e definitivos de

alargamento, foram:

Ferro fundido vermicular – CGI (placas para corpo de prova);

Ferramentas (brocas e alargador monocortante);

Meio refrigerante (fluido de corte por inundação e MQL).

3.2.1 Corpo de prova

Conforme descrito no item 3.2 o material utilizado como corpo de prova para os

ensaios preliminares e definitivos do experimento foram placas de ferro fundido vermicular

cedidas pela Indústria de Fundição Tupy S. A.

As dimensões das placas de ferro fundido vermicular (fundida/bruta) tinham

aproximadamente as medidas de 400 mm de comprimento, 250 mm de largura e 42 mm de

espessura (altura). A figura 3.2 ilustra uma das placas de ferro fundido vermicular

(fundida/bruta).

Figura 3.2 – Placa de ferro fundido vermicular para corpo de prova

Após a obtenção do corpo de prova de ferro fundido vermicular (CGI), deu-se

sequência às demais condições necessárias para a preparação dos mesmos e realização dos

ensaios preliminares e teste definitivos, obedecendo: preparação, medição de dureza, análise

química e metalográfica.

43

Preparação do corpo de prova

Para analisar as superfícies do corpo de prova com penetração da esfera na medição de

dureza, foi priorizado o desbaste das faces superiores e inferiores das placas de ferro fundido

vermicular (retirada do sobremetal de fundição). Os desbastes foram executados em 3 passes

de 0,3 mm de profundidade de corte, totalizando 0,9 mm.

A figura 3.3(a) ilustra a disposição de uma das placas de ferro fundido vermicular

fixada na mesa da máquina (centro de usinagem – SOCIESC), para a usinagem de desbaste, e

a figura 3.3(b) ilustra uma das placas fora da máquina, com as faces já usinadas.

Figura 3.3 – (a) Fixação do corpo de prova na máquina, (b) corpo de prova usinado

Após a usinagem de desbaste, as placas ficaram com uma espessura (altura) média de

39 mm.

Medição de dureza do corpo de prova

Para a medição de dureza do corpo de prova foi utilizado um equipamento durômetro

para dureza Brinell WOLPERT (DR-02) – modelo BK, 1973 (figura 3.4), do Laboratório de

Preparação de Amostras (PAM) da SOCIESC, segundo Norma Mercocur, referência NM 187

– 1:99, primeira edición 1999-04-01, Parte 1: Medição de dureza Brinell.

44

Figura 3.4 – Equipamento para medição de dureza Brinell

Fonte: SOCIESC (2009)

Para realizar as medições de dureza as placas foram divididas em nove (9) quadrantes

(pontos) uniformemente distribuídos na superfície das mesmas, priorizando uma medição de

cada quadrante. Para as endentações (marcações) foram utilizadas esfera de 10 mm de

diâmetro, com carga de 3.000 kg e o tempo de permanência da carga de 30 s. Os resultados

foram de aquisição indireta, auxiliado por uma lupa com escala de divisões mínimas de 0,05

mm e uma tabela de conversão para dureza Brinell. A figura 3.5 ilustra as identificações das

medidas de dureza Brinell em uma das placas de ferro fundido vermicular.

Figura 3.5 – Identificações de dureza Brinell

O gráfico da figura 3.6 mostra os valores médios de durezas Brinell obtidos de sete

dos corpos de prova (placas), onde houve uma variação média de 4,5%.

45

Figura 3.6 – Dureza Brinell dos corpos de prova

Dimensional do corpo de prova

Para o planejamento dimensional foi proposta uma matriz para a furação do corpo de

prova com 400 mm de comprimento, 250 mm de largura, e 39 mm de espessura. Para manter

o dimensional foi obedecido a distância de 24 mm entre centros, 14 mm de fuga da lateral

maior (400 mm) e 29,5 mm da lateral menor (250 mm). No processo de alargamento foram

usinados 50 furos de 13,5 mm de diâmetro para cada ensaio, totalizando 150 furos para cada

placa de ferro fundido vermicular (figura 3.7).

46

Figura 3.7 – Matriz de furos do corpo de prova

Análise química do corpo de prova

A análise química do corpo de prova foi realizada no Laboratório de Preparação de

Amostras (PAM) da SOCIESC. Foram utilizadas amostras de três corpos de prova com

dimensões de 39 mm² (aproximadamente). A preparação destas amostras foi feito com lixas

para a remoção de sujeiras, óxidos e demais impurezas existentes. O equipamento utilizado

foi um espectrômetro, fabricação e modelo MAX que utiliza a queima do material através do

argônio e a capitação dos gases gerados, com o software do mesmo fabricante.

O resultado da análise química e composição dos elementos de ligas das placas de

ferro fundido vermicular utilizados nos ensaios desta dissertação estão ilustrados na tabela

3.1.

47

Tabela 3.1 – Composição química do corpo de prova de CGI

Amostras Perlita

(%)

Nodular

(%)

Composição (%)

Si Mn S P Cr Ti Mg Cu

1ª >95 <5 2,43 0,281 0,016 0,019 0,034 0,016 0,0088 0,87

2ª >95 <5 2,43 0,312 0,017 0,033 0,037 0,019 0,0078 0,84

3ª >95 <5 2,37 0,287 0,015 0,026 0,035 0,017 0,0100 0,83

A composição perlítica da tabela 3.1 aproxima-se da tabela 3.2 de Dawson (1999), que

mostra um resumo da composição típica do CGI com teores perlíticos de 95%.

Tabela 3.2 – Composição típica do CGI perlítico

Perlita

(%)

Nodular

(%)

Composição (%)

C Si Mn S Mg Cu Sn Cr Mo P

95 10 3,60 2,29 0,40 0,013 0,012 0,74 0,07 0,03 -- 0,01

Fonte: Dawson (1999, p. 10)

Os valores de 0,019, 0,033 e 0,026 de fósforo (P) das amostra da tabela 3.1 são

elevados, em comparação ao valor de fósforo da tabela 3.2. De acordo com Goodricht (2003)

e Colpaert (2008), o aumento de fósforo na composição do ferro fundido fundido, tende-se a

formarem “esteaditas”. A “esteadita” é um eutético ternário, composta pela austenita,

carbonetos de ferro e fosfetos de ferro, com elevada dureza, na faixa de 400-600 de dureza

Brinell (HB), e resistente ao desgaste.

Dawson et al. (2001) mostram a microestrutura e composição de ferro fundido

vermicular e titânio (CGI-Ti) em torneamento de bloco de motor. Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Composição de amostra com CGI-Ti

Perlita

(%)

Nodular

(%)

Composição (%)

C Si Mg Cu Sn Mn Sb S Ti Cr

90-95 5-10 3,46 2,35 0,011 0,86 0,08 0,26 ** 0,008 0,01 **

90-95 <5 3,50 2,32 0,012 0,91 0,090 0,29 0,006 0,013 0,04 0,04

80-90 <5 3,60 2,22 0,011 0,80 0,087 0,39 0,005 0,009 0,22 0,04

Fonte: Dawson et al. (2001, p. 52)

Ainda de acordo com Dawson et al. (2001), o conteúdo de titânio no CGI pode ser

considerado amplamente em uma faixa de 0,005 a 0,02% (tabela 3.4), e quanto maior o teor

48

de titânio, maior a possibilidade de formação de carbonitretos de titânio devido a reação com

o carbono e com o nitrogênio presentes na fase líquida do metal. Desta forma, os valores de

titânio (0,016, 0,017 e 0,019%) das amostras da tabela 3.1 estão na faixa de típico teor

residual.

Tabela 3.4 – Faixa de titânio para o CGI

Ti (%) Função metalúrgica

0,005 a 0,02 Típico teor residual

0,04 a 0,07 Adição intencional para melhorar resistência ao desgaste

0,10 a 0,25 Adição intencional para estabilizar a grafita vermicular

Fonte: Dawson et al (2001, p. 52)

Dawson et al. (2001) afirmam que o aumento do titânio de 0,01 a 0,02% é suficiente

para reduzir a vida útil de ferramenta em aproximadamente 50%. Sendo assim, o resultado da

composição de titânio (0,016, 0,017 e 0,019%) da tabela 3.1, também estão de acordo com a

literatura estudada.

Metalografia

Após a análise química as amostras dos três corpos de prova foram encaminhadas para

as análises metalográficas. Estas amostras foram conduzidas a um processo de polimento e ao

ataque de Nital (solução de ácido nítrico em álcool etílico) a 4%. Depois, foi analisada a

microestrutura com um microscópio tipo Olympus BX51 com capacidade de ampliação de 50

a 1000 vezes. Este foi a uma câmera digital Evolution LC Color que utiliza o software Image

Pro Plus para a análise e obtenção das imagens dos corpos de prova. A figura 3.8 ilustra a

micrografia da amostra 1 ampliada em 50 vezes.

49

Figura 3.8 – Micrografia da amostra 1 (50 vezes). Ataque com Nital 4%

A figura 3.9, ilustra a micrografia da amostra 2 ampliada em 50 vezes, onde tem-se a

observação dos primeiros nódulos.

Figura 3.9 – Micrografia da amostra 2 (50 vezes). Ataque com Nital 4%

A figura 3.10, ilustra a micrografia da amostra 3 ampliada em 50 vezes, onde já

observa-se vários nódulos.

50

Figura 3.10 – Micrografia da amostra 3 (50 vezes). Ataque com Nital 4%

De uma forma geral, quando as amostras são observadas na ampliação de 50 vezes,

tem-se a concepção de que os materiais são semelhantes, sendo que na amostra 3 (figura

3.10), apresenta-se com mais nódulos formados, porém, representam <5% (tabela 3.1), não

sendo significativos com relação a estrutura de CGI, não afetando sua usinabilidade.

De acordo com Dawson (1994), a usinabilidade do CGI é drasticamente reduzida

quando mais de 20% das partículas de grafita são apresentadas como nódulos. Para uma boa

usinabilidade deve-se ter os pontos de consistência da microestrutura bem controlada, com

nodularidade ideal em torno de 5% a 20%. Então, o material estudado com <5% de

nodularidade (tabela 3.1), aproxima-se de uma microestrutura bem controlada.

Com a ampliação da estrutura em 500 vezes (figura 3.11), as amostras apresentam a

formação de carbonetos complexos, que podem ser de cromo (Cr). Justifica-se a presença

deste elemento (Cr) em função da quantidade do mesmo detectado pela análise química do

material da tabela 3.1, e que apresentam-se entre os valores das composições das tabelas 3.2 e

3.3 de Dawson (1999) e Dawson et al. (2001). Este fenômeno pode prejudicar a usinabilidade

em função da sua elevada dureza. Observa-se também a formação de “esteaditas” em grande

quantidade, devido aos teores elevados de fósforo (P).

51

Figura 3.11 – Micrografia da amostra 3 (500 X). Ataque com Nital 4%

3.2.2 Ferramentas para alargamento

Foram utilizadas 3 brocas com diâmetros diferentes para furação inicial (pré-furo),

visando à quantidade de sobremetal de 0,1, 0,3, e 0,5 mm. A primeira broca (denominada

broca 1) a ser utilizada foi de 13,0 mm de diâmetro, a segunda broca (denominada broca 2) foi

de 13,4 mm de diâmetro, e a terceira broca (denominada broca 3) foi de 13,2 mm de diâmetro.

Todas as brocas utilizadas foram de metal duro e revestidas com TiN do fabricante KARB

Tools e com refrigeração externa.

Alargador

A ferramenta utilizada para alargamento nos ensaios foi um alargador monocortante

com corpo de metal duro e refrigeração externa, com 13,5 mm de diâmetro e insertos

intercambiáveis, com duas guias laterais de metal duro, e dispostas a 45° e a 180° do inserto, e

cada uma destas guias com 3,0 mm de largura.

O alargador foi fixado por intermédio de um sistema de cabeçote portapinça

pneumático (usualmente denominado de tirante ou „cilindro hidrochek‟), com mandril

Esteaditas

Carbonetos

52

Weldon PO-1043509/07 K41348 Ø 16 mm H7 e base flutuante da fabricante MAPAL (figura

3.12).

Figura 3.12 – Alargador para experimento

Os insertos utilizados são do fabricante MAPAL (Wendeplatten DBP u. AP DZ 91

ROW - 966701, modelo DZ 91 R0W de metal duro revestido com nitreto de titânio (TiN),

tendo a geometria apresentada na figura 3.13: ângulo de saída de 0°, dois ângulos de ataque,

sendo o primeiro ângulo de 75°, e este, foi responsável pela maior remoção de material. O

segundo ângulo foi de 15° em um comprimento de 0,55 mm, permitindo assim, uma

profundidade de corte máxima de 1 mm no diâmetro, e este, foi responsável em realizar o

acabamento do furo. O inserto intercambiável tem a melhor fixação possível em função do

ajuste perfeitamente balanceado e do próprio sistema de fixação, consequentemente, isto

prolonga a vida útil da ferramenta (MAPAL, 2009).

Figura 3.13 – Ângulos dos insertos

Tirante

(retention knob) Fonte: ISCAR Tooling

System (1998, p. 108)

Cabeçote portapinça

Alargador

monocortante

Inserto

intercambiável

Duas guias

laterais de metal duro

(3,0 mm de largura)

53

3.2.3 Fluidos de corte para o experimento

Foram utilizados três (3) níveis de lubrificação: um sistema por inundação

(concentração 10%) e duas vazões em sistema da mínima quantidade de lubrificação – MQL

(MQL1 = 50 ml/h e MQL2 = 30 ml/h).

Fluido de corte por inundação

A concentração de fluido de corte utilizada por inundação foi de 10% de óleo Blazer

2.000 Universal – MD miscível em água, designado para uma média de concentração de 5 a

25%. A concentração foi monitorada semanalmente através de um refratômetro manual com

escala de 0 a 32%, com resolução de 1% na escala Brix. O sistema montado foi de um bico

injetor de refrigeração externa totalmente aberto, direcionado bem próximo do inserto e da

peça, aproximadamente 450 da lateral do alargador (figura 3.14).

Figura 3.14 – Esquema para refrigeração por inundação

Fluido de corte com o sistema MQL

Para a aplicação e obtenção do sistema MQL utilizou-se um aplicador de bomba de

deslocamento positivo (Positive Displacement Pump Applicators) - ACCU-LUBE, que possui

uma bomba regulável e precisa da quantidade de fluido a ser misturado com o ar comprimido.

O fluido utilizado foi um óleo natural da marca ACCU-LUBE LB-2.000, indicado para

usinagem severa de materiais ferrosos e não ferrosos, e não submetidos a tratamento térmico,

com vazões de 50 ml/h (MQL1) e 30 ml/h (MQL2). Segundo o fabricante sua principal

característica é o alto poder de lubrificação procurando evitar a geração de calor. Ainda tem

54

como vantagem a condição de ser biodegradável, não tóxico e ambientalmente seguro. O

sistema utilizado para refrigeração externa foi de dois bicos injetores totalmente abertos,

aproximadamente 450 das laterais do alargador, direcionados bem próximos do inserto e da

peça, e com misturadores individuais (figura 3.15).

Figura 3.15 – Esquema para refrigeração por MQL

A figura 3.16 ilustra o equipamento do sistema MQL montado no centro de usinagem

da SOCIESC, com a estratificação de todos os seus componentes.

Figura 3.16 – Unidade de controle de vazão de sistema MQL

Fonte: ACCU-LUBE (2009)

1. Reservatório de óleo

2. Válvula de entrada de ar

3. Filtro de ar com manômetro

4. Gerador de freqüência

5. Válvula reguladora de vazão de ar

6. Regulador de dosagem de óleo

7. Caixa em alumínio

8. Imã de fixação

9. Fornecimento de ar

10. Bomba dosadora

55

3.3 CENTRO DE USINAGEM

O experimento foi realizado no centro de usinagem da SOCIESC (FEELER – FV600).

A máquina possui um sistema de refrigeração externa com capacidade para 100 litros, seu

sistema de comando é o Mitsubishi Meldas 500 com linguagem ISO. A potência instalada é

de 5,3 kW, com rotação máxima de 6.000 rpm (figura 3.17).

Figura 3.17 – Centro de usinagem

Fonte: SOCIESC (2009)

3.4 METODOLOGIA DO ENSAIO DE ALARGAMENTO

A tabela 3.5 mostra o planejamento estatístico 3k utilizado na finalizacão do

experimento de alargamento em cada placa de ferro fundido vermicular (CGI).

E para garantir a confiabilidade e repetibilidade dos resultados foi feito um

planejamento estatístico fatorial 3n

aleatório, gerado pelo software Minitab 15, e realizada as

réplicas dos ensaios.

56

Tabela 3.5 – Planejamento estatístico para experimento

Ordem Sobremetal Condição de Lubrificação

1 0,5 MQL1 (50 ml/h)

2 0,5 MQL 2 (30 ml/h)

3 0,5 Inund. (10%)

4 0,1 MQL 2 (30 ml/h)

5 0,3 MQL 2 (30 ml/h)

6 0,3 MQL 1 (50 ml/h)

7 0,3 MQL 1 (50 ml/h)

8 0,1 Inund. (10%)

9 0,1 MQL 1 (50 ml/h)

10 0,1 Inund. (10%)

11 0,1 MQL 1 (50 ml/h

12 0,3 MQL 2 (30 ml/h)

13 0,5 Inund. (10%)

14 0,3 Inund. (10%)

15 0,5 MQL 1 (50 ml/h)

16 0,3 Inund. (10%)

17 0,5 MQL 2 (30 ml/h)

18 0,1 MQL 2 (30 ml/h)

3.4.1 Condições de corte

Nos ensaios preliminares foram estabelecidos os parâmetros de corte utilizados neste

projeto, utilizando somente a broca de 13,00 mm de diâmetro, condição máxima de

sobremetal (0,5 mm), e com velocidades de corte de 80, 100 e 120 m/min, e diferentes

velocidades de avanço de 0,15, e 0,2 mm/rot.

Após os ensaios preliminares foram definidos os parâmetros de corte utilizados e

fixados nos ensaios definitivos: velocidade de corte (vc) de 100 m/min e o avanço (vf) de 0,15

mm/rot., o que representa, aproximadamente, uma rotação (n) de 2.358 rpm e uma velocidade

efetiva de corte (ve) de 354 mm/min.

Também foi determinado através de ensaios preliminares, as vazões de MQL

utilizadas nos ensaios definitivos, sendo estas de 30 ml/h e 50 ml/h. Além da condição de

lubrificação variou-se a quantidade de sobremetal em 0,1, 0,3 e 0,5 mm, a ser retirado no

processo de alargamento de 13,5 mm de diâmetro.

57

3.4.2 Preparação do Alargador

Para que houvesse repetibilidade nas características e precisão dos ensaios foram

utilizados equipamentos para a calibração dos insertos e do batimento do alargador. O

micrômetro utilizado foi com precisão de 1 divisão (DIV.) 0,005 mm. A fabricante MAPAL

(2008) recomenda a utilização de micrômetro de precisão de 1 DIV. 0,005 mm para o ajuste

das dimensões, bem como a utilização de mandril flutuante para ajuste do batimento da

ferramenta.

Para a regulagem das ferramentas foi utilizado um dispositivo de ajuste MAPAL,

modelo UNISET-V da Indústria de Fundição Tupy S.A., fabricado em 2004 (figura 3.18).

Este equipamento tem uma precisão de ± 1 μm, é composto por dois carrinhos de medições

motorizados que funcionam como apalpadores digitais. A fixação da ferramenta foi é feita por

entre centros e ajustáveis, que garantem um melhor alinhamento.

Figura 3.18 – Equipamento de ajuste das ferramentas

Fonte: Indústria de Fundição Tupy S. A. (2009)

Os insertos foram ajustados na dimensão dianteira com 13,495 mm e na dimensão

traseira com 13,484 mm, deixando-as com uma conicidade dentro da recomendação da

fabricante MAPAL, que é de 0,01 mm a 0,015 mm. Com este ajuste da dimensão dianteira

verificou-se uma folga entre as guias e os insertos de 7 μm, condição esta, indicada pela

fabricante (MAPAL, 2009).

58

O ajuste rigoroso dos insertos dentro do padrão descrito se tornou indispensável, pois,

Santos (2004), Kress (1974) e Beck (1996), afirmam que quanto maior a conicidade dos

insertos, maior será a rugosidade da superfície, e quanto menor for a folga entre as guias e os

insertos pode ocorrer aderência de material da peça nas guias dos alargadores.

Calibração do alargador

Antes das trocas de insertos foi feito a calibração do alargador auxiliado por um

equipamento com uma barra de calibração com 20,003 mm de diâmetro (figura 3.19).

Figura 3.19 – Equipamento para calibração do alargador

Fonte: Indústria de Fundição Tupy S. A. (2009)

Entre centro

Entre centro

Barra de

calibração

com 20,003 mm

de diâmetro

59

Batimento do alargador

Antes de começar os ensaios de alargamento foram medidos os batimentos radial e

axial do alargador, através de parafusos laterais do mandril Weldon PO-1043509/07 K41348

Ø 16 mm H7 com base flutuante da fabricante MAPAL (figura 3.20).

Figura 3.20 – Mandril e cone com base flutuante

A figura 3.21 mostra o esquema montado, onde foi posicionado o relógio comparador

(apalpador) e os parafusos de ajustes radial e axial do batimento do alargador.

Figura 3.21 – Esquema de posicionamentos para batimento

Parafusos sem cabeça com

sextavados internos

Alargador

60

Para uma boa repetibilidade dos resultados, foram feitos em todos os ensaios: a troca

(intercambialidade) e o ajuste dos insertos do alargador monocortante para evitar batimento

maior que 0,002 mm. Foi mantido um procedimento de: ajuste dos insertos, conferência do

batimento do conjunto alargador e verificado a fixação e alinhamento do corpo de prova na

mesa da máquina.

3.4.3 Medição de diâmetro

A medição do diâmetro para alargamento foi realizada nas faces das posições inferior,

média e superior dos furos (para a coleta de dados foram definidos os furos 10, 30 e 50 de

cada corpo de prova). Foi utilizado um micrômetro de medição interna de três contatos

(pontas), de fabricação Mitutoyo de 11 – 14 (1 DIV. 0,005 mmm) e incerteza de medição de

0,0007 mm (figura 3.22).

Figura 3.22 – Micrômetro para medição de diâmetro

3.4.4 Medição de rugosidade

Para a verificação e análise da qualidade superficial dos furos alargados foi utilizado

somente o parâmetro de rugosidade (Ra).

As medições foram feitas em três (3) faces (planos) dos furos, são: superior, central e

inferior, e em três (3) posições de 1200, assim, pode-se verificar o comportamento da

qualidade dos furos alargados conforme o desgaste dos insertos.

Os valores foram obtidos com a utilização de um rugosímetro modelo SJ-201P/M da

Mitutoyo. E para garantir a repetibilidade do posicionamento mais correto das medições

realizadas, foi utilizado como auxílio uma mesa de desempeno e um medidor de alturas

61

digital, que serviu de suporte. A ponta do apalpador do traçador de alturas foi substituída por

um suporte confeccionado especificamente para fixar a unidade acionadora do rugosímetro. A

figura 3.23 detalha o esquema montado para a obtenção da rugosidade em condição vertical.

Figura 3.23 – Esquema para rugosidade (Ra)

Fonte: SOCIESC (2009)

Para o padrão de rugosidade (Ra) foi utilizado um filtro do tipo Gauss que transmite

50% do comprimento de amostragem de ondulação estabelecido como limite λc = cut-off

(específico para remover ondulação). A filtragem separa a rugosidade e ondulação

(Laboratório de Metrologia da SOCIESC, 2009). O comprimento de amostragem foi de 0,8

mm x 5 (valor do cut-off). Com o auxílio de um esquadro padrão, foram realizados

esquadrejamentos periódicos por ensaio, para garantir o paralelismo das paredes dos furos e

da unidade acionadora do rugosímetro.

3.4.5 Medição de circularidade

O equipamento utilizado para a obtenção de erros de forma foi a Máquina de Medição

de Erros de Forma – 1047 do fabricante Taylor Hobson, modelo Talyrond 252 do Laboratório

de Metrologia da SOCIESC (figura 3.24).

Unidade

acionadora

Unidade

rugosímetro

e display

Mesa de

desempeno

Novo

suporte para fixar a

unidade

acionadora

Corpos de

prova

Medidor de

alturas digital

62

Figura 3.24 – Equipamento para erros de forma de circularidade

Fonte: SOCIESC (2009)

63

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo estão apresentados as análises e discussão dos resultados de

dimensional, rugosidade (Ra) e circularidade do experimento de alargamento, seguindo o

planejamento estatístico DOE (Design of experiments). Combinando as variáveis de processo

(sobremetal e condição de lubrificação), ambas com 3 níveis, foram planejadas 9 condições de

ensaio e realizado suas réplica (total de 18 ensaios). O alargador utilizado foi de 13,5 mm de

diâmetro com revestimento de nitreto de titânio (TiN). Foram fixados os parâmetros de:

velocidade de corte (vc) em 100 m/min; avanço (f) em 1,5 mm/min; os meios lubrificantes nas

condições de mínima quantidade de lubrificação (MQL1 = 50 ml/h e MQL2 = 30 ml/h) e por

inundação (concentração de 10%); sobremetal de 0,1, 0,3 e 0,5 mm. A tabela 4.1 (com base

na tabela 3.5) mostra a sequência de ensaio gerada pelo software Minitab 15, considerando

um planejamento estatístico fatorial 3n aleatório, e sua réplica.

Tabela 4.1 – Parâmetros para alargamento

Ensaios Sobremetal Quant.

furos

Revest. vc

(m/min

vf

(mm/rot)

Meio

lubrificante

1 0,5 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h)

2 0,5 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

3 0,5 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

4 0,1 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

5 0,3 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

6 0,3 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h)

7 0,3 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h)

8 0,1 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

9 0,1 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h)

10 0,1 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

11 0,1 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h

12 0,3 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

13 0,5 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

14 0,3 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

15 0,5 50 TiN 100 0,15 MQL1 (50 ml/h)

16 0,3 50 TiN 100 0,15 Inund. (10%)

17 0,5 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

18 0,1 50 TiN 100 0,15 MQL2 (30 ml/h)

Primeiramente será apresentada a análise estatística (ANOVA) realizada no software

Minitab 15, baseado no planejamento experimental feito no próprio software. Nesta análise

será avaliada se as variáveis de processo (condição de lubrificação e sobremetal) influenciam

as variáveis de resposta (diâmetro, rugosidade e circularidade). Além disto, da análise

64

estatística será avaliado os resultados obtidos a partir da construção gráfica dos mesmos no

decorrer do processo de alargamento do ferro fundido vermicular, considerando todas as

variáveis de estudo.

4.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO DOE

O DOE (Design of experiments) é uma poderosa ferramenta para modelagem e análise

da influência das variáveis do processo sobre algumas variáveis específicas que são funções

não conhecidas (Puertas e Pérez, 2003). Consiste num conjunto de técnicas matemáticas e

estatísticas que permite criar arranjos experimentais e avaliar seus resultados de maneira

eficiente e não tendenciosa. (Paiva et al., 2007). Para a realização desta pesquisa foi realizado

um planejamento de experimento de três níveis e dois fatores, utilizando o software Minitab

15. A seguir são apresentados a análise estatística do DOE da pesquisa realizada.

A resposta da análise ANOVA obtida para o diâmetro dos furos alargados (tabela 4.2),

apresenta um ajuste não satisfatório do modelo R2 = 62,57%. Contudo para esta variável de

resposta nem a interação entre as variáveis estudadas e nem a contribuição individual de cada

variável exerce estatisticamente influência significativa sobre o diâmetro dos furos, pois o

valor de P é menor do que 0,05 (P > 0,05), baseado no nível de confiança de 95%. Quanto

menor o valor P, menor é a probabilidade de estar cometendo um erro (SOCIESC, 2008).

Tabela 4.2 - ANOVA para o Diâmetro

Fonte DF Seq SS Adj SS Adj MS F P

SM 2 0,0000565 0,0000565 0,0000282 0,54 0,601

CL 2 0,0000121 0,0000121 0,0000061 0,12 0,892

SMxCL 4 0,0007202 0,0007202 0,0001800 3,43 0,057

Erro 9 0,0004718 0,0004718 0,0000524

Total 17 0,0012606

S = 0,00724020 R2 = 62,57% R

2 (adj) = 29,31%

Legenda: SM (Sobremetal), CL (condição de lubrificação), SS (soma quadrática), MS (média

quadrática) e DF (graus de liberdade).

65

Na figura 4.1, embora observa-se uma tendência de redução do diâmetro com o

aumento do sobremetal e com a redução do nível de lubrificação, deve-se considerar que

avaliando os dados numericamente estas variações são desprezíveis (0,004 mm do diâmetro).

Este desvio provavelmente é resultado de outras interferências durante o processo, como por

exemplo, vibrações oriundas da estrutura da central de usinagem.

Figura 4.1 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre o diâmetro

A figura 4.2 mostra graficamente que a interação entre as variáveis de processo não

influencia nos resultados do diâmetro.

Figura 4.2 - Efeito da Interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre o

diâmetro

66

Observa-se na tabela 4.3 que o modelo possui um ajuste razoável R2=77,36% e

também se observa que a interação entre as variáveis estudadas é significativa. Analisando os

efeitos das variáveis isoladas, conclui-se a partir dos valores de P, ambos maiores do que 0,05,

e que estas variáveis não exercem influência estatisticamente significante sobre a rugosidade

(Ra) para as condições de alargamento em ferro fundido vermicular testadas.

Tabela 4.3 - ANOVA para a Rugosidade (Ra)

Fonte DF Seq SS Adj SS Adj MS F P

SM 2 0,18525 0,18525 0,09263 1,52 0,271

CL 2 0,18449 0,18449 0,09224 1,51 0,272

SMxCL 4 1,50823 1,50823 0,37706 6,17 0,011

Erro 9 0,54974 0,54974 0,06108

Total 17 81,983

S = 0,247148 R2 = 77,36% R

2 (adj) = 57,23%

A figura 4.3 mostra um gráfico dos principais efeitos exercidos sobre a rugosidade

(Ra) com os níveis de cada variável estudada. Observa-se que com o aumento do sobremetal

há um acréscimo no valor da rugosidade do furo, contudo este comportamento não é linear, e

maior variação da rugosidade quando se aumenta o sobremetal de 0,1 para 0,3 mm, esta

variação é menor quando do aumento do sobremetal de 0,3 para 0,5 mm. Analisando o efeito

da condição de lubrificação sobre a rugosidade não foi possível obter uma tendência com a

diminuição do nível de lubrificação.

67

Figura 4.3 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra)

Analisando a figura 4.4, confirma-se o resultado da análise ANOVA que a interação

da condição de lubrificação com o sobremetal influencia os valores de rugosidade (Ra)

obtidos no alargamento do ferro fundido vermicular. Observando que para o sobremetal 0,1 e

0,5 mm a interação exerce uma influência praticamente linear, mas com comportamento

contrário, ou seja, para o máximo sobremetal (0,5 mm) com a diminuição do efeito de

lubrificação ocorre um aumento da rugosidade, contudo o efeito contrário é observado para o

sobremetal 0,1 mm.

Chiffre et al. (2009) em alargamento de aço inoxidável também observaram que uma

taxa de lubrificação menor conduz a uma rugosidade mais alta.

Também de acordo com Santos (2004) a capacidade lubrificante influencia na

rugosidade, sendo que melhores resultados são obtidos quando o fluido de corte apresentar

maior poder de lubrificação.

68

Figura 4.4 - Efeito da interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre a

rugosidade (Ra)

Ao analisar a resposta obtida para circularidade dos furos alargados (tabela 4.4),

observa-se novamente um ajuste razoável do modelo R2 = 74,40%. Contudo, para esta

variável de resposta à interação entre as variáveis estudadas não é significativa (P = 0,1) bem

como a condição de lubrificação. Avaliando o sobremetal verificou-se que o mesmo exerce

influência significativa sobre a circularidade dos furos (P = 0,012).

Tabela 4.4 - ANOVA para a Circularidade

Fonte DF Seq SS Adj SS Adj MS F P

SM 2 35,220 35,220 17,610 7,55 0,012

CL 2 0,625 0,625 0,312 0,13 0,876

SMxCL 4 25,147 25,147 6,287 2,70 0,100

Erro 9 20,991 20,991 2,332

Total 17 81,983

S = 1,52721 R2 = 74,40% R

2 (adj) = 51,64%

A figura 4.5 mostra graficamente os principais efeitos que o sobremetal e a condição

de lubrificação exercem sobre a circularidade. Observa-se que na condição de lubrificação

praticamente não há variação nos valores de circularidade. Ao analisar o sobremetal, a

variável de processo exerce estatisticamente influência sobre a circularidade, verifica-se que

69

menores valores de sobremetal (0,1 mm) proporcionam maiores erros de forma

(circularidade) dos furos. Estes valores são reduzidos para maiores sobremetal (0,3 e 0,5 mm).

Figura 4.5 - Efeito do sobremetal e da condição de lubrificação sobre a circularidade

Como previsto pela análise ANOVA, a figura 4.6 mostra que a interação entre as

variáveis de processo, sobremetal e condição de lubrificação, não exercem estatisticamente

influência sobre a circularidade.

Figura 4.6 - Efeito da Interação entre a condição de lubrificação e o sobremetal sobre a

circularidade

70

O planejamento fatorial mais empregado é o 2k, onde se tem k fatores, cada um com

dois níveis. Geralmente as respostas (respostas praticamente lineares) obtidas através deste

tipo de planejamento fornecem bons valores de R2, mostrando que o modelo de análise ajusta

com sucesso os dados experimentais. A maioria dos experimentos realizados e publicados na

literatura utilizam este tipo de planejamento, alguns exemplos de aplicação do planejamento

fatorial 2k podem ser encontrados nos artigos publicados por Kanlayasiri e Boonmung (2007),

Yung et al. (2009), Puertas e Perez (2003), entre outros.

Contudo, neste experimento se utilizou um experimento fatorial com três níveis (32)

apresentado R2 menores que 77%, ou seja, uma resposta razoável para explicar as influências

exercidas pelos fatores avaliados (sobremetal e condição de lubrificação) sobre a qualidade

superficial e geométrica dos furos alargados. Portanto, propôs-se a fazer também uma análise

isolada destes fatores no decorrer dos ensaios de alargamento estudados. Esta análise será

apresentada no próximo item.

4.2 AVALIAÇÃO DO SOBREMETAL

Para a avaliação da influência do sobremetal, primeiramente serão mostrados os

resultados da lubrificação por inundação (concentração de 10%), depois da mínima

quantidade de lubrificação (MQL1 e MQL2). Também, serão mostrados os resultados de

diâmetro, rugosidade (Ra) e a circularidade dos furos 10, 30 e 50, obedecendo as suas

interações com os sobremetais de 0,1, 0,3 e 0,5 mm.

4.2.1 Influência do sobremetal no diâmetro

Para avaliar a influência do sobremetal sobre o diâmetro no decorrer do processo de

alargamento foram construídos gráficos mantendo fixa a condição de lubrificação. A figura

4.7 apresenta os três gráficos gerados avaliando a variação do diâmetro em função da

quantidade de furos alargados para as condições 4.7(a) inundação, 4.7(b) MQL1 = 50 ml/h e

4.7(c) MQL2 = 30ml/h. Analisando os gráficos da figura 4.7 para todas as condições de

lubrificação observa-se pouquíssima variação do diâmetro, podendo-se afirmar que o

sobremetal não exerce influência significativa no diâmetro para as condições testadas.

71

(a) Diâmetro por inundação (concentração 10%)

13,48

13,485

13,49

13,495

13,5

13,505

13,51

13,515

13,52

10 30 50

Furos

(mm

)

0,5

0,3

0,1

(b) Diâmetro por MQL1 (50 ml/h)

13,485

13,49

13,495

13,5

13,505

13,51

13,515

13,52

10 30 50

Furos

(mm

)

0,5

0,3

0,1

(c) Diâmetro por MQL2 (30 ml/h)

13,4920

13,4940

13,4960

13,4980

13,5000

13,5020

13,5040

13,5060

10 30 50

Furos

(mm

)

0,5

0,3

0,1

Figura 4.7 – Influência do sobremetal no diâmetro

72

Este fato pode ter acontecido pelo atrito dos insertos nas faces dos furos usinados, e o

alisamento das duas guias laterais do alargador monocortante pode ter proporcionado

estabilidade no experimento. Deve-se considerar que a força de corte e a força passiva que

são gerados na aresta de corte são transferidos para a superfície do furo pelas guias, de tal

forma que a ferramenta é guiada no furo usinado e a superfície é alisada (WEINERT et

al.,1998). Contudo, pode-se verificar que para o menor sobremetal (0,1 mm), na condição de

lubrificação por inundação (figura 4.7(a)), houve uma variação maior no diâmetro de

aproximadamente 15 µm, fato este que não foi observado para as condições de mínima

quantidade de lubrificação.

Chiffre et al. (2009) estudaram alargamento de aço inoxidável com MQL. Os autores

observaram que na utilização do sistema com um bocal direcionado bem próximo da peça, a

450 da lateral do alargador e com lubrificação externa com vazões de 50 e 60 ml/h, apresentou

um resultado dimensional nominal bem próximo da tolerância H7 (0 a 18 µm) para pequenos

sobremetais (0,05 e 0,1 mm).

De um modo geral, para maiores sobremetais, percebe-se uma variação de

aproximadamente 5 µm no diâmetro para todas as condições de lubrificação. Desta forma,

pode-se observar que não houve alterações significativas do dimensional com a utilização de

lubrificação por inundação. Também é importante salientar que todos os diâmetros medidos

para todas as condições de sobremetais ficaram dentro da tolerância H7.

4.2.2 Influência do sobremetal na rugosidade (Ra)

O efeito do sobremetal sobre a rugosidade (Ra) está apresentado na figura 4.8, onde

foram fixadas as condições de lubrificação. Observa-se na figura 4.8 que a rugosidade (Ra)

aumenta para todos os valores de sobremetal estudados. Quando se utiliza fluido de corte por

inundação observa-se que para o menor sobremetal (0,1 mm), tem-se os piores valores de

rugosidade. Este fato, segundo Bezerra et al. (1998), pode ser atribuído à pequena quantidade

de material removido e consequente esmagamento do material por deformação plástica.

Ao analisar as figuras 4.8 (b) e (c) verifica-se que este efeito é minimizado, onde o

menor sobremetal permite bons resultados de qualidade superficial. Também é importante

salientar que uma diminuição da lubrificação, como no caso do MQL2 (30 ml/h), maiores

valores de rugosidade foram encontrados prejudicando o acabamento superficial dos furos

alargados. Santos (2004) diz que a capacidade lubrificante do fluido de corte influencia na

73

rugosidade, sendo que melhores resultados são obtidos quando o fluido de corte apresentar

maior poder de lubrificação.

Para o sobremetal de 0,5 mm observou-se menor variação da rugosidade durante o

processo de alargamento com MQL1 (50 ml/h) e com fluido de corte aplicado por inundação.

Contudo para condição de menor lubrificação MQL2 (30ml/h) houve uma variação

considerável.

De acordo com Bezerra (1998), a melhora da rugosidade para velocidades de corte

maiores que 50 m/min foi atribuída ao desaparecimento das arestas postiças de corte (APC) e

a rigidez suficiente do sistema para evitar que a vibração comprometesse o acabamento.

Então, para a sensível melhora da rugosidade com a mínima quantidade de

lubrificação MQL1 (50 ml/h), pode-se concordar que a velocidade de corte fixada em 100

m/min, a intercambialidade e ajuste dos insertos, e o controle do batimento do alargador,

mantiveram a rigidez suficiente do sistema planejado para a realização de um melhor

acabamento de alargamento.

O sobremetal 0,3 mm na média apresentou bons resultados e com poucas variações de

rugosidade em todas as condições de lubrificação. Bezerra (1998) investigou alargamento de

alumínio e verificou que o sobremetal de 0,3 mm proporcionou melhor acabamento

superficial.

Embora este trabalho tenha utilizado um material diferente obteve-se a mesma

conclusão.

74

(a) Rugosidade por inundação (concentração 10%)

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

(b) Rugosidade por MQL1 (50 ml/h)

0

0,5

1

1,5

2

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

(c) Rugosidade por MQL2 (30ml/h)

0,0000

0,5000

1,0000

1,5000

2,0000

2,5000

3,0000

3,5000

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

Figura 4.8 – Influência do sobremetal na rugosidade (Ra)

75

4.2.3 Influência do sobremetal na circularidade

Para avaliar a tolerância dimensional de um furo não é suficiente considerar apenas as

medidas do diâmetro, pois não são suficientes para assegurar que um furo seja totalmente

cilíndrico (ALMEIDA, 2008).

Durante a fabricação, a forma e o posicionamento relativo desses elementos

geométricos são desviados da situação ideal. Se estes desvios irão comprometer a

funcionalidade da peça, tolerâncias deverão ser aplicadas aos mesmos. As tolerâncias desses

desvios (tolerância de forma, de orientação, de posição e de batimento) constituem as

chamadas tolerâncias geométricas (ROSAS, 1983 apud DA SILVA, 2001).

Segundo Bezerra (1998), existem alguns desses desvios de forma na produção de

furos. Devem-se considerar o erro de circularidade e cilindricidade, como os principais

obstáculos quando se almeja alta precisão e alta qualidade dos furos. O erro de circularidade é

medido através da circunscrição do mesmo em um círculo básico onde a área interna formada

pelas linhas do furo real e do círculo básico é igual à área externa formada pelas mesmas

linhas. Seu valor é a máxima diferença entre o raio maior (R) e o raio menor (r).

O efeito do sobremetal sobre os erros de circularidade obtidos neste experimento,

estão apresentados na figura 4.9. Através da análise dos gráficos (a), (b) e (c) pode-se

observar que nos menores sobremetais tem-se maiores erros de circularidade, sendo este fato

mais expressivo para o alargamento por inundação.

Segundo Almeida (2008), na usinagem de materiais frágeis, como o ferro fundido, o

processo de formação do cavaco é dominado mais intrinsecamente pela nucleação e

propagação de trincas com pouca deformação. A propagação dessas trincas na região do plano

de cisalhamento primário imposta pela ação da cunha cortante é um processo de pouco

controle, podendo invadir a peça, promovendo destacamento de material além do

programado.

Os resultados demonstram que este controle pode ser mais crítico para menores

quantidades de material a ser retirado (menores sobremetais).

Este fato também foi observado por Bezerra (1998) no alargamento de liga de

alumínio. Este autor verificou que os melhores resultados foram obtidos entre as

profundidades de corte de 0,2 e 0,3 mm. Isto pode ser explicado da mesma forma como na

rugosidade, onde valores muito pequenos de sobremetais acarretariam em esmagamento de

material em algumas áreas da superfície do furo, enquanto valores maiores de sobremetais

tenderiam a piorar os resultados de circularidade.

76

(a) Circularidade por inundação (concentração 10%)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

(b) Circularidade por MQL1 (50 ml/h)

0,0000

1,0000

2,0000

3,0000

4,0000

5,0000

6,0000

7,0000

8,0000

9,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

(c) Circularidade por MQL2 (30 ml/h)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

10 30 50

Furos

(µm

)

0,5

0,3

0,1

Figura 4.9 – Influência do sobremetal na circularidade

77

Quando se utiliza MQL (50 ml/h), o efeito do sobremetal sobre a circularidade foi

minimizado. Na figura 4.9(b) observa-se resultados semelhantes de circularidade para todos

os sobremetais estudados.

O erro de circularidade pode ocorrer por uma fixação não correta de peças e do

sistema utilizado (BEZERRA, 1998). Pode-se concluir que a circularidade da figura 4.9(b) foi

obtida devido a boa fixação do sistema utilizado como: monitoramento periódico (semanal)

do batimento da ferramenta e fixação do corpo de prova, por exemplo.

4.3 AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE LUBRIFICAÇÃO

Nesta fase da análise e discussão serão mostrados os resultados de diâmetro,

rugosidade (Ra) e circularidade, suas possíveis interações com lubrificação por inundação

(concentração de 10%) e mínima quantidade de lubrificação (MQL1 e MQL2). Tendo como

referência os furos 10, 30 e 50, respectivamente.

4.3.1 Influência da condição de lubrificação sobre o diâmetro

Os gráficos da figura 4.10 mostram uma avaliação do diâmetro em função da condição

de lubrificação, fixando-se o sobremetal. Analisando os gráficos observa-se uma leve

tendência de diminuição do diâmetro no decorrer do processo de alargamento, uma pequena

alteração do diâmetro que pode ter acontecido pelo atrito dos insertos nas faces dos furos em

consequência do alisamento destes pelas duas guias laterais do alargador monocortante,

conforme também citado nos experimentos de Weinert et al. (1998).

Verifica-se que as variações do diâmetro para todas as condições de lubrificação

estudadas estão entre 2 a 5 μm, com exceção da condição de lubrificação por inundação com

o sobremetal 0,1 mm, onde a variação do diâmetro entre os furos medidos foi de 9 µm (figura

4.10(c). Portanto, todos os diâmetros estão dentro da tolerância H7. Chiffre et al. (2009)

também observaram em seu experimento de alargamento em aço inoxidável com MQL que os

furos ficaram próximos ao valor nominal e dentro da tolerância H7.

Almeida (2008) explica que devido ao ferro fundido vermicular (CGI) ser um pouco

mais dúctil que o ferro fundido cinzento, sua deformação plástica é relativamente mais

dominante, alterando o controle de qualidade dos furos alargados.

78

(a) Diâmetro por sobremetal 0,5 mm

13,4850

13,4900

13,4950

13,5000

13,5050

13,5100

13,5150

13,5200

10 30 50

Furos

mm

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

(b) Diâmetro por sobremetal 0,3 mm

13,4920

13,4940

13,4960

13,4980

13,5000

13,5020

13,5040

13,5060

13,5080

13,5100

10 30 50

Furos

mm

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

(c) Diâmetro por sobremetal 0,1 mm

13,4800

13,4850

13,4900

13,4950

13,5000

13,5050

13,5100

13,5150

13,5200

10 30 50

Furos

mm

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.10 – Influência da condição de lubrificação sobre o diâmetro

79

A partir destas considerações e análise da figura 4.10 verifica-se que a condição de

lubrificação não exerce influência significativa sobre o diâmetro dos furos alargados.

4.3.2 Influência da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra)

Como já esperado, a rugosidade (Ra) sofre influência da condição de lubrificação. Pela

figura 4.11, os valores de rugosidade aumentaram no decorrer da operação de alargamento e

em função de uma menor lubrificação do processo, maiores valores de rugosidade foram

observados para a condição MQL = 30 ml/h (figuras 4.11 (a), (b) e (c)).

Chiffre et al. (2009) observaram que uma taxa de lubrificação maior conduz a uma

menor rugosidade, e que ao mesmo tempo, uma taxa de lubrificação menor conduz a uma

rugosidade mais alta. E ainda explica, que quando acontecem estes resultados nas condições

de corte diferentes, o processo de alargamento mostrou-se estável.

Conforme já citado, Weinert et al. (2004) descrevem em seus experimentos que a

geração de calor produzido pelas guias do alargador, prejudica a superfície alargada. E para a

correção deste evento, é importante a alimentação de jato de MQL por canais internos, e o

processo deve ter uma abertura média da saída de MQL, sendo um fator decisivo para

assegurar uma boa lubrificação das guias do alargador e no transporte do cavaco. Isto pode ser

verificado principalmente para baixas vazões de MQL (30 ml/h), onde neste experimento, a

alimentação do lubrificante foi externa, um bocal totalmente aberto direcionado com jato bem

próximo a 450 da lateral do alargador.

Os melhores resultados de rugosidade foram obtidos para a condição de lubrificação

por inundação (concentração 10%) para todos os sobremetais fixados. Contudo, ao analisar os

valores de rugosidade obtidos para a condição de MQL = 50 m/h, observa-se que estes valores

estão próximos aos obtidos pela condição de inundação. Segundo Kalpakijan e Schmid

(2008), as rugosidades esperadas para o alargamento estão na faixa de 0,8 μm e 3,2 μm.

Sendo que os valores de rugosidade obtidas nas condições descritas neste parágrafo estão

entre 1 e 1,5 μm. Conclui-se que, pode-se trabalhar com uma quantidade reduzida de fluido de

corte no alargamento de ferro fundido vermicular, sem prejudicar a qualidade superficial.

80

(a) Rugosidade por sobremetal 0,5 mm

-

0,5000

1,0000

1,5000

2,0000

2,5000

3,0000

3,5000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

(b) Rugosidade por sobremetal 0,3

0,0000

0,2000

0,4000

0,6000

0,8000

1,0000

1,2000

1,4000

1,6000

1,8000

2,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

(c) Rugosidade por sobremetal 0,1

0,0000

0,5000

1,0000

1,5000

2,0000

2,5000

3,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.11 – Influência da condição de lubrificação sobre a rugosidade (Ra)

81

4.3.3 Influência da condição de lubrificação sobre a circularidade

Os valores obtidos para a circularidade considerando sua influência pela condição de

lubrificação estão apresentados nos gráficos da figura 4.12. Pode-se verificar que os valores

de circularidade não sofrem variações significativas em função da condição de lubrificação,

mostrando uma relativa estabilidade nos erros de forma (circularidade).

Resultados semelhantes foram observados por Chiffre et al. (2009). Eles observaram

que a circularidade manteve-se estável para as condições de alargamento estudadas em aço

inoxidável com MQL (50 e 60 ml/h). Souza também (2004) verificou que o tipo de fluido de

corte não influencia estatisticamente a circularidade dos furos após o alargamento de aço. Os

fluidos de corte estudados por Souza (2004) se diferenciavam pelo poder lubrificante.

Portanto, pode-se concluir que um bom desempenho em termos de precisão

dimensional e geométrica pode ser obtido com a utilização da mínima quantidade de

lubrificante (MQL), principalmente para vazão de 50 ml/h.

82

(a) Circularidade por sobremetal 0,5

-

1,0000

2,0000

3,0000

4,0000

5,0000

6,0000

7,0000

8,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

(b) Circularidade por sobremetal 0,3

0,0000

1,0000

2,0000

3,0000

4,0000

5,0000

6,0000

7,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

(c) Circularidade por sobremetal 0,1

0,0000

2,0000

4,0000

6,0000

8,0000

10,0000

12,0000

14,0000

16,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.12 – Influência da condição de lubrificação sobre a circularidade

83

4.4 AVALIAÇÃO GERAL DAS CONDIÇÕES ESTUDADAS

Para a avaliação geral da influência conjunta das variáveis de processo estudadas

(condição de lubrificação e sobremetal) em todos os níveis, são mostrados gráficos, na qual

todas as condições de ensaios estudados são plotadas num mesmo gráfico, a partir do qual

pode-se identificar qual a condição que exerce menor influência sobre as variáveis de

resposta: diâmetro, rugosidade (Ra) e circularidade.

No conjunto de gráficos da figura 4.13, a maior variação de diâmetro acontece na

lubrificação por inundação (concentração 10%) e menor sobremetal (0,1 mm), seguido da

variável de MQL1 (50 ml/h) e maior sobremetal (0,5 mm), e estas, são as condições extremas.

Os demais resultados se mantêm estáveis, com variação em torno de 5 µm, podendo

considerar estes resultados desprezíveis, pois não interferem na precisão dimensional dos

furos alargados.

Diâmetro

13,4800

13,4850

13,4900

13,4950

13,5000

13,5050

13,5100

13,5150

13,5200

10 30 50

Furos

mm

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.13 - Média de diâmetro por condição de lubrificação

Se há uma busca por menores valores de rugosidade é aconselhável realizar o

alargamento de ferro fundido vermicular com lubrificação por inundação e sobremetal 0,1

mm, obtendo-se rugosidades menores do 1 µm (figura 4.14). O pior resultado de rugosidade

foi obtido na combinação entre a lubrificação por MQL2 (30 ml/h) e maior sobremetal (0,5

mm). As demais condições também se mantêm estáveis.

84

Rugosidade (Ra)

-

0,5000

1,0000

1,5000

2,0000

2,5000

3,0000

3,5000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.14 - Média de rugosidade (Ra) por condição de lubrificação

Nas aplicações gerais de superfícies, é comum os furos alargados ficarem na gama

entre 0,8 e 3,2 mm, e nos alargamentos de alta precisão pode-se produzir um acabamento de

rugosidade menor que 0,4 µm (CHIFFRE et al., 2009).

A avaliação da circularidade em função das condições ensaiadas é apresentada na

figura 4.15. Observa-se que para a maioria das combinações de condição de lubrificação e

sobremetal, os erros de circularidade se mantêm estável. Cabe destacar, que a condição de

lubrificação por inundação (concentração 10%) e menor sobremetal (0,1 mm) apresentam

maiores erros de circularidade, em torno de 12 µm.

Circularidade

-

2,0000

4,0000

6,0000

8,0000

10,0000

12,0000

14,0000

16,0000

10 30 50

Furos

(µm

)

Inund 0,5

MQL1 0,5

MQL2 0,5

Inund 0,3

MQL1 0,3

MQL2 0,3

Inund 0,1

MQL1 0,1

MQL2 0,1

Figura 4.15 - Média de circularidade por condição de lubrificação

85

A partir do exposto no capítulo 4 pode-se verificar que embora a aderência da resposta

obtida na análise ANOVA seja razoável (R2< 75), a maioria das conclusões obtidas pelo

modelo estatístico pode ser comprovada pela análise individual dos variáveis de processo.

86

5 CONCLUSÕES

Um dos resultados obtidos neste processo de alargamento em ferro fundido

vermicular, foi que quando se trata de precisão, e principalmente, da qualidade de um

processo de usinagem (alargamento), mesmo sendo de fabricação unitária ou seriada pode-se

ter seus objetivos planejados de confiabilidade alcançados, bem como a qualidade requerida

através da análise ANOVA.

Pela análise estatística ANOVA, a variável sobremetal não exerce influência

significantiva sobre o diâmetro, bem como a interação entre as variáveis de sobremetal e

condição de lubrificação. Observa-se um acréscimo não linear da rugosidade (Ra) com o

aumento do sobremetal e condições de lubrificação. A interação destas variáveis influenciam

nos valores de rugosidade. As variáveis de sobremetal exercem influência sobre a

circularidade, apresentando maiores erros de forma para o menor sobremetal, e nas condições

de lubrificação não há variação nos valores de circularidade. A interação entre estas variáveis

não exercem estatisticamente influência sobre a circularidade.

Na avaliação isolada do sobremetal no diâmetro, percebe-se uma variação aproximada

de 5 µm para todas as condições de lubrificação, com todos os diâmetros dentro da tolerância

H7 (0 a + 0,018 mm). Houve uma sensível melhora da rugosidade com a influência do

sobremetal. Pode-se concordar que foi proporcionado pelo monitoramento periódico do

sistema montado para execução do experimento. Já na análise individual da influência do

sobremetal na circularidade teve-se um controle mais crítico para menores sobremetais.

Na avaliação isolada da condição de lubrificação no diâmetro, todos os diâmetros

também estão dentro da tolerância H7, não tendo influência significativa sobre o diâmetro. Os

melhores resultados de rugosidade foram obtidos para a condição de lubrificação por

inundação (para todos os sobremetais). Na circularidade a influência destas variáveis mostram

estabilidade, com bom desempenho da lubrificação por MQL1 (50 ml/h).

Finalmente, conclui-se que a redução do uso de fluido de corte através do MQL é

totalmente viável para o processo de alargamento em ferro fundido vermicular, mantendo os

requisitos de qualidade superficial e precisão geométrica e de forma requeridos para este

processo de acabamento.

87

6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Realizar experimentos em ferro fundido vermicular com quantidade maior de furos

alargados com intuito de avaliar a vida da ferramenta.

Estudar a utilização de um sistema de MQL com lubrificação interna do alargador e

comparar com aplicação externa.

Estudar possíveis combinações de vazão de MQL e tipos de revestimentos de

ferramentas que permitam melhores resultados no alargamento de ferros fundidos.

88

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