Upload
hadat
View
230
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO DE CURITIBA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRINCÍPIOS DA CIRURGIA
KLAYTON HENRIQUE MORAIS RIBEIRO
Qual data da qualificação e qual banca
Use este arquivo para versão final
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM TUMOR DO ESTROMA GASTROINTESTINAL E SUA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA
CURITIBA
2015
KLAYTON HENRIQUE MORAIS RIBEIRO
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM TUMOR DO ESTROMA GASTROINTESTINAL E SUA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau acadêmico de Mestre em Princípios da Cirurgia.
Orientador: Prof. Dr. Nicolau Gregori Czeczko
CURITIBA
2015
Ribeiro, Klayton Henrique Morais
Estudo epidemiológico de pacientes com tumor do estroma
gastrointestinal e sua expressão imuno-Histoquímica / Klayton Henrique Morais Ribeiro. – Curitiba, 2015.
67 f.: il. (algumas color); 29 cm Orientador: Prof. Dr. Nicolau Gregori Czeczko Dissertação (Mestrado em Princípios da Cirurgia) – Instituto de
Pesquisas Médicas. Faculdade Evangélica do Paraná. 1. Neoplasias abdominais 2. Marcadores biológicos de tumor 3.
Células intersticiais de Cajal. 4. Proteína c-KIT. I. Título.
CDU 616.33-006:577.27(043.2)
A Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de concluir mais este
desafio.
A toda minha família que se dedica imensamente a harmonia, união e
bem estar de todos.
Aos pacientes, razão pela qual as equipes que os assistem dedicam-se,
sem medir esforços, para obter o êxito de sua saúde.
AGRADECIMENTOS
Concluir este desafio somente foi possível devido à colaboração de
inúmeras pessoas e falar de cada uma delas seria impossível. No entanto, gostaria
de agradecer a todas aquelas pessoas e/ou instituições que planejaram e nos deram
essa oportunidade de realizar esta dissertação, aos quais agradeço:
A todos os pacientes deste estudo que confiaram em nosso trabalho e
nos deixaram realizar seu tratamento e cuidados clínicos.
Ao Hospital São Domingos, nas pessoas da presidência desta Instituição,
Dr. Hélio Mendes da Silva e Sra. Maria Antônia Andrade e Silva, os quais de
maneira pioneira trouxeram para dentro de sua instituição todo o apoio necessário a
realização deste grupo de pós-graduandos.
Ao Hospital do Câncer Tarquínio Lopes Filho, Hospital Geral, onde
tivemos todos os esforços do sistema público de saúde para tratar adequadamente
estes pacientes com o mais moderno avanço na terapia oncológica.
Ao Professor Livre Docente Orlando Jorge Martins Torres, médico,
professor livre docente do departamento de medicina II da Universidade Federal do
Maranhão.
Ao professor doutor Osvaldo Malafaia, professor responsável pela pós-
graduação a qual fazemos parte pelos seus ensinamentos e cordialidade.
Ao professor doutor Nicolau Gregori Czeczko por todas as suas
orientações e dedicação ao nosso estudo.
Ao professor doutor Jurandir Marcondes Ribas Filho e à professora
doutora Carmen Australia Paredes Marcondes Ribas por toda a atenção dispensada
a este grupo durante nossa convivência.
À professora Sirlei Bittencourt que de maneira muito carinhosa transmitiu
seus conhecimentos a esta turma de pós-graduandos.
Ao professor doutor Sílvio Gomes Monteiro que nos ofereceu todo
aprendizado e apoio na estatística.
À todos os colegas de pós-graduação pelo incentivo, amizade e
convivência nestes dois anos. Em especial aos colegas Sebastião Vieira de Morais,
Antônio Machado Alencar Júnior e Rosilda Mendes da Silva e àqueles que
compuseram a banca de qualificação desde mestrado, professor doutor Manoel
Lages Castello Branco Neto, professor doutor Caio Márcio Barros de Oliveira e o
professor doutor Ozimo Pereira Gama Filho
A todos que compõem as equipes de oncologia dos Hospitais São
Domingos e Tarquínio Lopes Filho pelo grande exemplo de dedicação aos pacientes
e seus familiares.
À minha família, em especial à minha esposa Angélica Ribeiro, e às
minhas filhas Maria Clara Ribeiro e Maria Eduarda Ribeiro pelo apoio, incentivo e
paciência durante todo tempo em que foi realizado este trabalho.
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível,
e de repente você estará fazendo o impossível.”
São Francisco de Assis
RESUMO
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM TUMOR DO ESTROMA GASTROINTESTINAL E SUA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA
Introdução: Os tumores do estroma gastrointestinal (GIST) são derivados das células intersticiais de Cajal, localizadas ao nível do plexo mioentérico, entre a camada muscular longitudinal e a circular do trato gastrointestinal. As células de Cajal são responsáveis pela motilidade intestinal, sendo chamadas de células marcapasso do trato gastrointestinal. Essas células apresentam características imunofenotípicas e ultra estruturais tanto de músculo liso quanto de diferenciação neural, e expressam o receptor Kit (CD117 ou cKIT). O GIST tem prevalência anual em torno de 20 a 40 casos por milhão de habitantes, diferindo entre as populações e uma incidência anual estimada em 4 a 5 casos por milhão de habitantes. Objetivos: Estudar epidemiologicamente uma amostra de pacientes com diagnóstico de GIST e a avaliação da expressão imuno-Histoquímica dos tumores com os marcadores cKIT, CD 34 e proteína S100. Casuística e Método: Foram avaliados dados epidemiológicos de 34 pacientes com diagnóstico de GIST e da imunomarcação do cKIT, CD 34 e proteína S100 de pacientes referenciados para definição de tratamento oncológico sistêmico a serviços especializados em oncologia de São Luís, Maranhão, Brasil, no período de 2006 a 2014. Resultados: O sexo masculino (52,9%) e a faixa etária dos 50 aos 59 anos foram os mais frequentes. Estômago foi a localização mais frequente (64,7%), seguida de intestino delgado (23,4%). Dor abdominal foi o sintoma mais relatado (23,5%). A histologia fusiforme prevaleceu (94,1%) assim como os tumores com tamanho entre 2 e 5 cm (38,2%) e não metastáticos (64,7%). Quando metastáticos, o fígado foi o órgão mais acometido (32,4%). O tratamento cirúrgico foi o mais empregado (89,4%). Tumores de alto risco ocorreu em 38,2%. A expressão positiva na imuno-Histoquímica do cKIT ocorreu em 94,1% e foi negativa em 4,9%. CD 34 foi positivo em 100% e a proteína S100 negativa em todos os pacientes. 82,4% dos pacientes estavam vivos. Conclusões: Houve maior frequência do GIST em homens, a faixa etária mais acometida foi dos 50 aos 59 anos, estômago foi o sítio anatômico mais frequente. Dor abdominal, sangramento em trato digestório, massa palpável e saciedade precoce foram os sintomas mais relatados. Tamanho entre 2 e 5 cm foi o mais comum. Tumores localizados e sem metástases como os mais frequentes, assim como a histologia fusiforme e classificados como alto risco. A sobrevida global dos pacientes foi de 82,4%. As expressões imuno-Histoquímicas do cKIT, CD 34 e proteína S100 confirmaram o diagnóstico de GIST. O cKIT foi positivo em 94,1% e negativo em 5,9%. O CD 34 foi positivo em 100% dos pacientes e a proteína S100 foi negativa em todos os casos.
Palavras-chave: Neoplasias abdominais; Marcadores biológicos de tumor; Células intersticiais de Cajal; Proteína c-KIT.
ABSTRACT
PATIENTS EPIDEMIOLOGICAL STUDY OF TUMOR STROMAL
GASTROINTESTINAL AND ITS EXPRESSION IMMUNOHISTOCHEMISTRY
Introduction: Gastrointestinal stromal tumors (GIST) are derived from Cajal
interstitial cells located at the level of the myenteric plexus, between longitudinal and
circle muscle layer of the gastrointestinal tract. The Cajal cells are responsible for
intestinal motility, being called pacemaker cells of the gastrointestinal tract. These
cells have immunophenotypic features and ultra structural both smooth muscle as
neural differentiation, and express the Kit receptor (CD117 or cKIT). The GIST has
annual prevalence around 20-40 cases per million populations, differing among
populations and an estimated annual incidence of 4-5 cases per million inhabitants.
Objectives: To study epidemiologically a sample of patients with GIST and
evaluation of immunohistochemical expression of tumors with cKIT markers, CD34
and S100 protein. Methods: We evaluated epidemiological data of 34 patients
diagnosed with GIST and immunostaining of cKIT, CD34 and S100 protein of
referred patients to define systemic cancer treatment to specialized services in
oncology São Luís, Maranhão, Brazil, in the period 2006 to 2014. Results: the male
sex (52.9%) and the age group of 50 to 59 years were the most frequent. Stomach
observed as more location (64.7%), followed by small intestine (23.4%). Abdominal
pain was the most frequent symptom (23.5%). The spindle cell prevailed as histology
most frequente (94.1%) as well as tumors in size between 2 and 5 centimeters
(38.2%) and non-metastatic (64.7%). When metastatic, liver was the most affected
organ (32.4%). Surgical treatment was the most used (89.4%). High-risk tumors
(38.2%). The positive expression in immunohistochemistry of cKIT occurred in 94.1%
and was negative in 4.9%. CD34 was positive in 100%. Protein S100 negative in all
patients. 82.4% of patients were alive. Conclusions: There was a higher frequency
of GIST in men, the most affected age group was 50 to 59 years, stomach as the
most frequent anatomical site. Abdominal pain, bleeding in the digestive tract,
palpable mass and early satiety were the most common symptoms. Size between 2
and 5 cm was the most common. Localized tumors was the most common, as well as
histology and spindle classified as high risk. The overall survival was 82.4%. The
immunohistochemical expressions of cKIT, S100 protein and CD34 confirmed the
diagnosis of GIST. The cKIT was positive in 94.1% and negative 5.9%. The CD 34
was positive in 100% of patients and S100 protein was negative in all cases.
Keywords: Abdominal neoplasms; Biological markers of tumor; Interstitial cells of
Cajal; c-KIT.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO O SEXO ........................................ 35
GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA ........................... 36
GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA .............................................................................................................. 36
GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO OS SINAIS E SINTOMAS MAIS RELATADOS ................................................................................................... 37
GRÁFICO 5 - FREQUÊNCIA DO TAMANHO DO TUMOR ............................................................ 37
GRÁFICO 6 - APRESENTAÇÃO DO TUMOR SEGUNDO A PRESENÇA DE METÁSTASE AO DIAGNÓSTICO .................................................................................................... 38
GRÁFICO 7 - TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE ............................................................... 38
GRÁFICO 8 - NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO ................... 39
GRÁFICO 9 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO O TRATAMENTO INICIAL ........... 39
GRÁFICO 10 - RISCO DOS PACIENTES SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE MIETTINEN ......... 40
GRÁFICO 11 - DISTRIBUIÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO cKIT ................... 40
GRÁFICO 12 - EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO cKIT, CD34 E PROTEÍNA S100 .......... 41
LISTA DE TABELA
TABELA 1 - DESFECHO DO PACIENTE ............................................................................................. 41
TABELA 2 - TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS ANALISADAS ......... 67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVO .......................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 17
3 CASUÍSTICA E MÉTODO .................................................................................... 28
3.1 AMOSTRA .......................................................................................................... 29
3.2 CRITÉRIO DIAGNÓSTICOS DE GIST ............................................................... 29
3.3 VARIÁVEIS ANALISADAS ................................................................................. 30
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 32
4 RESULTADOS ...................................................................................................... 34
4.1 PREVALÊNCIA .................................................................................................. 35
4.2 SEXO ................................................................................................................ 35
4.3 FAIXA ETÁRIA .................................................................................................. 35
4.4 ESCALA DE KARNOFSKY ................................................................................ 36
4.5 LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA ............................................................................ 36
4.6 SINAIS OU SINTOMAS MAIS RELATADOS ..................................................... 37
4.7 TAMANHO DO TUMOR ..................................................................................... 37
4.8 PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE METÁSTASES ............................................... 38
4.9 TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE ........................................................ 38
4.10 NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO ........... 39
4.11 TRATAMENTO INICIAL ................................................................................... 39
4.12 CLASSIFICAÇÃO DE MIETTNEN ................................................................... 40
4.13 DISTRIBUIÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA ........................... 40
4.14 DESFECHO DO PACIENTE ............................................................................ 41
4.15 ASSOCIAÇÃO DAS VARIÁVEIS ..................................................................... 41
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 43
5.1 PREVALÊNCIA ................................................................................................... 44
5.2 DISTRIBUIÇÃO POR SEXO ............................................................................... 45
5.3 DADOS DE FAIXA ETÁRIA ................................................................................ 46
5.4 ESCALA DE KARNOFSKY ................................................................................ 46
5.5 DADOS DE LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA ........................................................ 47
5.6 DADOS DE SINAIS E SINTOMAS AO DIAGNÓSTICO ...................................... 48
5.7 DADOS DE TAMANHO DO TUMOR ................................................................. 49
5.8 APRESENCAÇÃO DO TUMOR SEGUNDO A PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE
METÁSTASE AO DIAGNÓSTICO ........................................................................... 50
5.9 TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE ........................................................ 50
5.10 NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO ............ 51
5.11 TRATAMENTO PRIMÁRIO ............................................................................... 51
5.12 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ........................................................................... 52
5.13 EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA ............................................................ 52
5.14 DESFECHO DO PACIENTE ............................................................................ 53
5.15 ANÁLISE GLOBAL ............................................................................................ 54
5.16 PERSPECTIVAS FUTURAS ............................................................................. 54
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 58
APÊNDICES ............................................................................................................ 64
INTRODUÇÃO 13
Segundo a revisão publicada por ZHAO e YUE (2012), os tumores do
estroma gastrointestinal (GIST) são derivados das células intersticiais de Cajal,
localizadas ao nível do plexo mioentérico, entre a camada muscular longitudinal e a
circular do trato digestório. As células de Cajal são responsáveis pela motilidade
intestinal, sendo chamadas de células marcapasso do trato digestório. Essas células
apresentam características imunofenotípicas e ultra-estruturais tanto de músculo liso
quanto de diferenciação neural, e expressam o receptor Kit (CD117 ou cKIT),
semelhante ao tumor estromal gastrointestinal. Inicialmente eram classificados como
leiomiomas, leiomioblastomas e sarcomas, segundo descrições feitas em 1940 por
Stout. Permanecendo aceita até meados de 1970. Em 1980, a imuno-Histoquímica
trouxe a informação que estes tumores apresentavam expressão de antígenos de
diferenciação neural e não de músculo liso. O termo tumor estromal foi descrito pela
primeira vez em 1983 por Mazur e Clark e, logo no ano seguinte, também por
Schaldenbrand e Appleman. Hirota, em 1988, descobriu a mutação específica com
domínio intracelular do proto oncogene cKIT como responsável pela gênese do
GIST. Este conhecimento gerou a oportunidade de um novo tratamento direcionado
a um alvo molecular e revolucionou o direcionamento da pesquisa sobre a biologia e
o tratamento do câncer. Em 1989, os GIST eram descritos como tumores neurais
autossômicos, plexossarcomas ou GANT (do inglês gastrointestinal autonomic
neural tumor). Em 1994, foi descoberto que esses tumores expressavam CD 34
semelhante às células de Cajal. (ZHAO e YUE, 2012).
É uma neoplasia rara, com estudo mostrando a prevalência anual em
torno de 20 a 40 casos por milhão de habitantes, diferindo entre as populações; e
uma incidência anual estimada em 4 a 5 casos por milhão de habitantes, com base
nos resultados obtidos de 14 países diferentes que participaram do estudo da
European Organisation for Research and Treatment of Cancer (SANTOS JÚNIOR,
ARAÚJO e LEÃO, 2012). Os Estados Unidos da América apresentam uma
incidência anual estimada de aproximadamente 3 a 4 mil casos, sendo o tumor
mesenquimal mais comum do trato gastrointestinal (TAN et al., 2012).
O GIST pode ocorrer ao longo do trato digestório, mais frequentemente
no estômago (60%) e intestino delgado (30%). Os demais órgãos tiveram índices
menores, sendo no reto (3%), cólon (1-2%), esôfago (< 1%) e omento e mesentério
raramente (EDGE et al., 2010).
INTRODUÇÃO 14
A apresentação clínica varia dependendo da localização do tumor. A mais
comum é o sangramento. Também podendo ocorrer obstrução intestinal, dor
abdominal, fadiga, disfagia e saciedade precoce (DEMETRI, 2011).
Aproximadamente 95% dos GIST apresentam a mutação ativa no gene
KIT localizado no braço do cromossomo 4q12. Esta ativação determina a
fosforilação independente do receptor de tirosina quinase cKIT, ativando
ininterruptamente os sinais intracelulares de multiplicação celular, adesão celular,
motilidade celular e inativação da apoptose, originando o GIST (CORLESS e
HEINRICH, 2008).
Histologicamente o diagnóstico de GIST depende da morfologia e da
imuno-Histoquímica. O CD 117 ou cKIT, em geral, é positivo, embora uma proporção
de GIST verdadeiros (na faixa de 5%) seja negativa para cKIT (CASALI et al., 2008).
A expressão positiva para cKIT significa que a mutação do receptor cKIT está
presente. Existem três tipos de GIST, segundo sua classificação histopatológica: o
fusiforme, que ocorre em até 70% dos casos, o epitelióide, com frequência de 20% e
o misto, observado em 10% dos casos (CORLESS, FLETCHER e HEINRICH, 2004).
O CD 34 expressa a presença de uma glicoproteína da superfície celular
habitualmente presente nas células precursoras da hematopoese e nas células de
Cajal, essa proteína é responsável pela adesão intercelular. Oitenta e cinco por
cento dos GIST são positivos para CD 34 (SHIDHAM et al., 2002).
A proteína S100 foi implicada na tumorigênese de diversos cânceres e na
sua progressão e agressividade. Os genes S100 incluem pelo menos 22 membros
que estão localizados no cromossoma 1q21. A expressão da proteína S100 regula o
metabolismo intracelular de cálcio, proliferação, apoptose, invasão celular e
motilidade. Também atua na atividade inflamatória celular. Os GIST habitualmente
não expressam a proteína S100 (MIETTINEN, SOBIN e SARLOMO-RIKALA, 2000;
CHEN, XU e LIU, 2014).
Para a confirmação diagnóstica e a decisão terapêutica de indicar o
imatinibe, a expressão imuno-Histoquímica do cKIT é fundamental e indispensável
(CASALI et al., 2008; CORLESS e HEINRICH, 2008).
A contagem mitótica tem valor prognóstico e deve ser expressa como
número de mitoses por 50 campos de grande aumento (JOENSUU, 2006).
No GIST, diferente da maioria dos cânceres, não é utilizado o sistema de
classificação TNM que é baseado no tamanho ou extensão do tumor primário (T),
INTRODUÇÃO 15
número de linfonodos regionais acometidos (N) e presença ou ausência de
metástase a distância (M) (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR
GOMES DA SILVA, 2012). No GIST é avaliado o tamanho do tumor, a localização
anatômica e o número de mitoses por 50 campos de grande aumento. Os pacientes
são estratificados conforme o escore de MIETTINEN e LASOTA (2006). Este escore
de classificação de risco divide os GIST em quatro grupos, o primeiro de muito baixo
risco, o segundo de baixo risco, o terceiro de risco intermediário e o quarto grupo de
alto risco. Tumores de muito baixo risco são os gástricos menores que 5 cm e com
menos de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento. Os de risco intermediário
são os gástricos e com tamanho entre 5 e 10 cm e com menos de 5 mitoses por 50
campos de grande aumento além dos tumores de intestino delgado e grosso
menores que 5 cm e com menos de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento.
Também são de risco intermediário, os tumores gástricos com mais de 5 mitoses por
50 campos de grande aumento e com tamanho até 5 cm. Todos os demais tumores
são de alto risco (CASALI et al., 2008).
Seu tratamento pode ser cirúrgico, clínico ou combinado. Dentre os
cirúrgicos, este pode ser exclusivo e curativo nos tumores de muito baixo risco, baixo
risco e naqueles de risco intermediário. Segue-se com tratamento adjuvante com o
imatinibe nos tumores de alto risco ressecados e que expressam o cKIT ou somente
o tratamento clínico com esta mesma medicação naqueles casos de doença
metastática e que expressam o cKIT (JOENSUU e DeMATTEO, 2012).
O imatinibe trouxe para a oncologia uma nova forma de tratamento.
Inovou por ser feito através de pílulas diárias e de uso domiciliar, somado ao fato de
ser um tratamento direcionado para um alvo molecular hiperativado que haveria
induzido a este câncer, o receptor KIT mutado, em vez da quebra do DNA de células
em divisão, mecanismo de ação da terapia aplicada através da quimioterapia
convencional. O imatinibe bloqueia a porção intracelular do receptor mutado,
impedindo que a sinalização com estímulo ininterrupto para o crescimento do GIST
prossiga. Diversos centros de referência em atendimento oncológico relataram a sua
experiência e seu perfil epidemiológico através de estudos descritivos como este dos
pacientes diagnosticados com GIST em suas instituições (JOENSUU e DeMATTEO,
2012).
INTRODUÇÃO 16
1.1 OBJETIVO
Estudar a distribuição epidemiológica de pacientes com tumor do estroma
gastrointestinal, avaliando a sua imunoexpressão pelo cKIT, CD 34 e proteína S100,
no período de 2006 a 2014 em São Luís, Maranhão, Brasil.
REVISÃO DE LITERATURA 18
Desde 1940 já haviam descrições e dúvidas das origens e classificação
dos GIST. Em 1941, Golden e Stout, citado por LAURINI e CARTER (2010),
descreveram uma série de tumores mesenquimais no intestino delgado que
supostamente eram originados das células de músculo liso e erroneamente eram
designados de leiomioblastoma, leiomioma e leiomiosarcoma baseados nas suas
características morfológicas. A microscopia eletrônica revelou que havia
diferenciação de músculo liso em suas características nas décadas de sessenta e
setenta. Fato corroborado com o advento da imuno-Histoquímica, nos anos 80.
Finalmente em 1983, Mazur e Clark propuseram o termo tumor do estroma para
essas lesões mesenquimais, porque não havia uma linhagem específica de
diferenciação.
A origem das células do GIST é pesquisada amplamente e sua
imunomarcação desde meados de 1986. Segundo a revisão realizada por
LINHARES e VALADÃO (2006), a maioria dos tumores mesenquimais
gastrointestinais eram provenientes da musculatura lisa, sendo denominados de
“leiomiomas” e “leiomiossarcomas”. A utilização da microscopia eletrônica e da
imuno-Histoquímica, entretanto, evidenciou que apenas alguns desses tumores
apresentavam características de diferenciação de músculo liso, contribuindo para
adoção do termo mais genérico, tumor estromal. Posteriormente foi demonstrado
que esses tumores também apresentavam características de diferenciação neuronal,
designando-os de “plexossarcomas” e de “tumor gastrointestinal do nervo
autonômico” (LINHARES e VALADÃO, 2006).
O esclarecimento que essa neoplasia constitui uma afecção bem definida
designada GIST, ocorreu através das descobertas de sua origem a partir das células
intersticiais de Cajal e da expressão da proteína cKIT (CORLESS, FLETCHER e
HEINRICH, 2004).
As células intersticiais de Cajal são responsáveis pela motilidade intestinal
e apresentam características imunofenotípicas e ultra-estruturais tanto de músculo
liso quanto de diferenciação neural e expressam o receptor Kit (cKIT) semelhante ao
GIST. O Kit é um receptor tirosina quinase transmembrana, responsável por várias
funções celulares, dentre as quais proliferação, adesão, apoptose e diferenciação
celular. No GIST, a mutação no gene Kit é responsável pela ativação constitutiva na
proteína Kit, que causa estímulo sem oposição para proliferação celular, estando
implicada na sua gênese (CORLESS e HEINRICH, 2008).
REVISÃO DE LITERATURA 19
SAUL, RAST e BROOKS (1987) estudaram a histogênese de 79 casos de
GIST, avaliando a imunoreatividade para desmina, vimentina e proteína S100. O
autor não identificou expressão para proteína S100 em nenhum caso, entretanto,
todos os casos foram positivos para vimentina e 53% deles foram positivos para
desmina. O autor conclui que a histogênese dos GIST permanecia controversa e
que a maioria dos tumores demonstravam evidência de diferenciação de células do
músculo liso.
Em 1988, MIETTINEN descreveu a expressão imuno-Histoquímica de
desmina, proteína S100 e actina do músculo liso de 56 casos de tumores do
estroma gastrointestinal, dividindo em 45 casos benignos e 11 malignos. Para
facilitar a análise, os tumores foram divididos em quatro grupos: a) leiomioma típico
(n=9); b) tumores fusiformes (n=29); c) tumores de células redondas ou
leiomioblastomas (n=7); e d) sarcomas (n=11). A positividade para desmina ocorreu
em todos os casos de leiomioma, em 19 dos 29 do grupo dos tumores fusiformes,
um dos sete casos dos leiomioblastomas, nenhum do grupo do sarcoma foi positivo.
Quanto a proteína S100, todos leiomiomas típicos foram positivos, 20 dos 29 dos
tumores fusiformes também foram positivos, assim como em 3 e 6 casos do grupos
dos tumores de células redondas e dos sarcomas, respectivamente. A actina do
músculo liso foi positiva em todos os casos de leiomioma, em 11 dos 29 casos do
tumores fusiformes e, nos tumores de células redondas, apenas três dos sete foram
positivos. No grupo do sarcoma seis foram positivos.
Em 1992, UEYAMA, GUO, HASHIMOTO, DAIMARU e ENJOJI realizaram
um estudo clínico, patológico e de imuno-Histoquímica com 120 pacientes
acometidos de GIST, onde foram excluídos 24 casos por se tratarem de schwanoma
gástrico e os demais 96 foram divididos em 62 tumores benignos e 34 sarcomas. A
distribuição anatômica foi de nove casos esofágicos, 57 gástricos, 28 de intestino
delgado e dois de cólon. Actina do músculo liso foi positiva em 92% dos tumores.
Desmina foi positiva em 33 pacientes. Foi realizada a análise de sobrevida após 10
anos de seguimento observando que 74% dos pacientes com GIST gástrico
estavam vivos enquanto apenas 17% dos demais sítios (esôfago, intestino delgado,
colorretal e extra trato gastrointestinal) estariam vivos. Com estes resultados, o autor
concluiu que as características histológicas e de imuno-Histoquímica foram
diferentes dependendo da localização do tumor, assim como que o GIST tem
diferenciação de músculo liso e os tumores gástricos eram de melhor prognóstico.
REVISÃO DE LITERATURA 20
DeMATTEO, LEWIS, LEUNG, MUDAN, WOODRUFF e BRENNAN (1999)
descreveram a experiência do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Nova
Iorque, EUA, com 200 casos atendidos no período de 1982 a 1988. Nesta amostra,
27% tinham menos de 50 anos, 44% eram mulheres, 38% apresentaram tumores
maior que 10 cm, 35% eram tumores entre 5 e 10 cm, 18% eram tumores menores
que 5 cm, 20% tinham tamanho desconhecido. O estômago foi o sítio primário mais
prevalente com 39% dos casos, seguido de intestino delgado com 32%, reto (10%),
cólon (5%) e outros (14%). Quarenta e seis por cento tiveram doença localizada,
47% doença metastática e 7% tinham recidiva local exclusiva. Na análise de cinco
anos de sobrevida dos pacientes que tiveram sua doença completamente ressecada
na abordagem primária, havia 54% vivos sem doença e o fator preditivo de recidiva
foi o tamanho do tumor. Os sítios de recorrências principais foram intra-abdominais e
envolveram o sítio primário do tumor, peritônio e fígado.
MIETTINEN, SOBIN e SARLOMO-RIKALA (2000) descreveram o perfil
imuno-Histoquímico de 292 casos de tumores mesenquimais do trato
gastrointestinal, incluindo leiomiomas, leiomiossarcomas, tumores de músculo liso e
tumores estromais que foram atendidos na Universidade de Helsinki, Finlândia, entre
1970 e 1998. Neste estudo, GIST foi definido como tumores com histologias
fusiformes e epitelióides, apresentando-se rodeados por músculo liso e primários do
trato gastrointestinal, omento ou mesentério e que fossem positivos na imuno-
Histoquímica para cKIT. A idade média ao diagnóstico foi entre 59 e 64 anos. A
incidência foi idêntica em ambos os sexos. Todos os casos de GIST foram positivos
para cKIT, 100% dos casos de GIST esofágico foram positivos para CD 34, 92% dos
tumores de reto e 50% dos tumores do intestino delgado foram positivos para CD
34. A expressão da proteína S100 ocorreu em 15% dos casos. O autor concluiu que
o cKIT foi específico para os casos de GIST.
MEMEO, JHANG, ASSAAD, MCKIERNAN, MURTY, HIBSHOOSH, TONG
e MANSUKHANI (2007) descreveram que a imuno reatividade do cKIT não é restrita
ao GIST e também ocorre no melanoma, no carcinoma de células renais e no
seminoma. HORNICK e FLETCHER (2002) também demonstraram que no grupo
dos sarcomas, o angiossarcoma, o sarcoma de células claras, o sarcoma de Ewing,
o neuroblastoma e o sarcoma de Kaposi também expressaram o cKIT.
YAMAGUSHI, HASEGAWA, MASUDA, SEKINE, KAWAI, CHUMAN e SHIMODA
REVISÃO DE LITERATURA 21
(2004) evidenciaram que os tumores desmóides de abdome expressam em até 75%
dos casos positividade para cKIT.
VALADÃO, LINHARES, CASTRO, PINTO, LUGÃO, QUADROS e
MARTINS (2004) publicaram um estudo retrospectivo analisando 20 pacientes com
diagnóstico confirmado de GIST gástrico que foram atendidos entre 1986 e 2000, no
Instituto Nacional do Câncer. Onze pacientes eram do sexo masculino e nove
femininos. A idade média foi de 57 anos. Tamanho médio do tumor foi de 14,7 cm.
Setenta por cento dos pacientes tinham tumores de alto grau (maior que cinco
mitoses por 50 campos de grande de aumento) e 67% dos casos localizavam-se na
porção proximal do estômago. Gastrectomia subtotal foi realizada em 50% dos
casos, gastrectomia total em 35% e gastrectomia atípica em 10%. O autor concluiu
que muitas questões precisariam ser respondidas. Sabe-se que o tratamento
cirúrgico é o mais importante para o GIST, entretanto, a cirurgia isolada é
insuficiente para os tumores metastáticos.
MIETTINEN e LASOTA (2006) descreveram o escore de classificação de
risco de Miettnen, que divide os GIST em quatro grupos: o primeiro de muito baixo
risco, o segundo de baixo risco, o terceiro de risco intermediário e o quarto grupo de
alto risco. A classificação se baseia no tamanho do tumor, localização anatômica,
número de mitoses por 50 campos de grande aumento. Tumores de muito baixo
risco são os gástricos menores que 5 cm e com menos de 5 mitoses por 50 campos
de grande aumento. Os de risco intermediário são os gástricos com tamanho entre
cinco e 10 cm e com menos de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento, além
dos tumores de intestino delgado e grosso menores que 5 cm e com menos de cinco
mitoses por 50 campos de grande aumento. Também são de risco intermediário os
tumores gástricos com mais de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento e com
tamanho até 5 cm. Todos os demais tumores são de alto risco.
ALVARADO-CABRERO, VÁZQUEZ, SIERRA SANTIESTEBAN,
HERNÁNDEZ-HERNÁNDEZ e POMPA (2007) publicaram a experiência clínico-
patológica de três grandes centros mexicanos com 275 casos de GIST, atendidos
entre 1995 e 2004, reclassificando os casos de acordo com a expressão imuno-
Histoquímica do cKIT, CD 34, actina do músculo liso e proteína S100. Seus
resultados evidenciaram como localização anatômica: 40% dos casos no estômago,
35% no intestino delgado, 12% em colo retal, 11% localizados extra trato
gastrointestinal e 2% no esôfago. Não houve diferença entre os casos quanto ao
REVISÃO DE LITERATURA 22
sexo. A idade média ao diagnóstico foi de 61 anos. O tamanho do tumor variou de
3,5 a 34 cm (média 9,1cm). Os tumores de cólon e reto foram os maiores. A
histologia fusiforme ocorreu em 68% dos pacientes, epitelióide (16%) e misto (14%).
cKIT positivo em 96%, CD 34 em 92% e 32% para actina do músculo liso.
Numa amostra coreana com 1227 casos de GIST, que foram atendidos
em 38 hospitais, no período de 2003 a 2004, foi observado a incidência deste tumor
com 1,6 a 2,2 pacientes por 100 mil habitantes. A idade variou dos 11 aos 86 anos,
com idade média de 57,8 anos. A razão entre homens e mulheres foi de 1:1.7. A
localização mais comum foi o estômago e os GIST extra trato gastrointestinal foi
mais incidente na Coréia do que em outros centros, com percentual de 10,1%.
Achado incidental de GIST ocorreu em 8,2% dos pacientes diagnosticados. cKIT foi
positivo em 96,2% (CHO, SOHN e CHANG, 2010).
LAURINI e CARTER (2010), da Universidade do Sul do Alabama,
realizaram uma revisão de literatura e concluíram que os GIST representavam
lesões mesenquimais de histogênese incerta, e que apresentavam comportamento
biológico diversificado. Os dados evidenciaram que os fatores que previram o curso
clínico da doença foram o índice de mitoses por 50 campos de grande aumento e o
tamanho do tumor, e que uma escala de graduação de risco deveria ser proposta
baseada nos fatores descritos. Relataram também o promissor tratamento com o
imatinibe para os pacientes com doença metastática e que tiveram seu diagnóstico
acurado pelas expressões imuno-Histoquímicas que incluísse o cKIT.
LINHARES, GONÇALVES, VALADÃO, VILHENA, HERCHENHORN,
ROMANO, FERREIRA, FERREIRA, RAMOS e JESUS (2011) conduziram nova
publicação do Instituto Nacional do Câncer onde foram analisados 146 casos de
GIST atendidos naquela instituição. Obtiveram a idade média ao diagnóstico aos
44,5 anos e predomínio do sexo feminino. O principal sintoma foi dor abdominal. Na
imuno-Histoquímica, 92% dos casos foram positivos para o cKIT e 49% para CD 34.
A localização mais frequente foi estômago. Setenta por cento dos pacientes tiveram
o tumor completamente ressecado. Houve recidiva hepática em 38% dos casos,
tendo o fígado e o peritônio como os sítios principais de metástases.
RUBIN, SANON e SIRULNIK (2011) da empresa i3 Innovus, com sede no
estado americano de Massachussets e especializada em realizar estudos de
economia e viabilidade para serviços de saúde, fizeram uma análise epidemiológica
e do impacto ao custo do tratamento do GIST quando seu diagnóstico é retardado
REVISÃO DE LITERATURA 23
em 292 pacientes. O custo do paciente de GIST, no ano em que foi submetido a
tratamento cirúrgico, foi de cerca de 23 mil dólares. Ao tratar uma recidiva, o custo
anual foi de cerca de 101 mil dólares. O risco de morte que o GIST trouxe,
comparando com a população geral, foi 1,23 vezes maior. Observou-se que o tempo
médio de recorrência para os tumores de alto risco (35 pacientes) foi de 45 a 46
meses.
No Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza, Brasil, SANTOS JÚNIOR,
ARAÚJO e LEÃO (2012) publicaram a análise de oito anos de sua experiência em
GIST. Quarenta e cinco casos foram atendidos no período de 2000 a 2008. Sexo
masculino (55,6%). A idade mediana foi de 65 anos. O tamanho tumoral variou entre
um e 27 cm. Os principais sinais e sintomas ao diagnóstico foram dor abdominal
(73,3%) e massa palpável (51,1%). Os principais sítios de localização foram
estômago e intestino delgado. A ressecção cirúrgica foi o tratamento utilizado em
97,8% dos pacientes e foi tipo ressecção completa na maioria destes (77,8%). O
imatinibe foi utilizado em 57,8% dos pacientes, sendo que, na maioria dos casos
(73,1%) foi empregado como tratamento paliativo e, nos demais (26,9%), como
tratamento adjuvante. Entre os pacientes analisados, 80% apresentaram tumores
com alto risco e os principais sítios de recidiva foram fígado (50%) e peritônio
(31,8%). A sobrevida global em cinco anos foi 60% e a taxa de recorrência global de
55%. Dos fatores prognósticos testados, somente o tipo de ressecção exerceu
impacto adverso na sobrevida dos pacientes (p=0,05). Os pacientes submetidos a
ressecção completa apresentaram melhor sobrevida quando comparados àqueles
submetidos a ressecção incompleta.
LAMBA, GUPTA, LEE, AMBRALE e LIU (2012) publicaram um estudo
relatando a verdadeira revolução que os estudos em GIST trouxeram para a
oncologia, desde seu diagnóstico de suspeição, a confirmação histopatológica e
imuno-Histoquímica, classificação de risco e tratamento. O autor reforçou que a
apresentação clínica depende da localização anatômica, tamanho e agressividade
do tumor. Quanto ao tamanho, mais habitualmente provocariam sinais e sintomas os
tumores acima de 5 cm. As principais queixas dos pacientes foram sangramento do
trato gastrointestinal e massa palpável no abdome, ambos com relatados por 40%
dos casos. Ainda ocorreram quadro clínico de obstrução intestinal (25%) e dor
abdominal (20%). O GIST metastático é o grande exemplo de tratamento com
REVISÃO DE LITERATURA 24
terapia de alvo molecular. O GIST representa de 1 a 3% de todos os tumores do
trato gastrointestinal. As expressões do cKIT ocorrem na maioria dos casos.
TAN, ZHI, SHAHZAD e MUSTACCHIA (2012) relataram que cerca de
70% dos pacientes com GIST desenvolveram sintomas e cerca de 30% tiveram
achado incidental de GIST. Setenta por cento dos casos foram de tumor com
apresentação histopatológica fusiforme, seguido de 20% de epitelióide e 10% misto.
A expressão positiva do cKIT ocorreu em 95% dos casos.
FOO, LIEGL-ATZWANGER e LAZAR (2012) relataram a experiência do
serviço de patologia MD Anderson Cancer Center, Houston, EUA, onde
microscopicamente o tumor teve uma apresentação em três diferentes subtipos:
fusiforme, epitelióide e misto. Foi dado ênfase para a mutação dos receptores KIT e
do PDGRFA, que são receptores transmembrana celular compostos de um ligante
extra celular ligados a domínios quinase intra-celulares que quando ativados
estimulam a proliferação celular incontrolada. Esta alteração molecular é expressa
pela imuno-Histoquímica através do marcador cKIT, que ocorre em cerca de 90%
dos tumores, os demais 10% apresentam a mutação do receptor do fator de
crescimento plaquetário (PDGRFA). O CD 34 é um marcador com expressão entre
50 a 90% dos casos de GIST. A proteína S100 tem expressão positiva na minoria
dos casos de GIST.
BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING GROUP (2012)
publicaram um estudo multicêntrico turco que reuniu o terceiro maior número de
casos de GIST, com 1160 pacientes. Participaram 28 centros localizados na
Turquia, com casos diagnosticados por hematoxilina eosina, seguido de confirmação
com a expressão imuno-Histoquímica, com um painel que incluiu os marcadores
cKIT, CD 34, desmina, actina do músculo liso, proteína S100 e Ki67. Foram
avaliado: idade, sexo, localização anatômica do tumor e expressão dos marcadores
acima. O tumor acometeu 1,22 vezes mais homens que mulheres. A idade média
dos pacientes foi de 56,75 anos. Quarenta e cinco por cento dos tumores foram
gástricos, seguidos de intestino delgado (32%), omento ou peritônio (12,6%), colón
(9,3%) e esôfago (1,1%). Em relação à classificação de risco, 6,1% foram
classificados como de muito baixo risco, 21,7% de baixo risco, 19,3% de risco
intermediário e 53% de alto risco. cKIT foi positivo em 95,3%, CD 34 em 74,9%,
actina do músculo liso em 45,9%, desmina em 9,2% e proteína S100 em 19,1%.
REVISÃO DE LITERATURA 25
SEKER, SEVINC, YILDIZ, CIHAN, KAPLAN, GOKDURNALI, DANE,
YAMAN, KARACA, COLAK, UYETURK, BILICI, OZDEMIR, KALENDER, UNCU,
SALEPCI, ISIKDOGAN, BENEKLI, OZKAN, GUMUS, COSKUN, CAMCI,
OKSUZOGLU, BUYUKBERBER e ANATOLIAN SOCIETY OF MEDICAL
ONCOLOGY (2013) estudaram 333 casos de GIST, atendidos no período de janeiro
de 2001 a março de 2011, na Turquia, onde 61,2% foram homens e 38,8% eram
mulheres. A idade média foi de 55 anos, variando de 22 aos 102 anos. Com um
seguimento médio de 26 meses (4 a 166 meses) a sobrevida global de 1, 3 e 5 anos
foi de 96,9%, 85,8% e 78,5%, respectivamente. A sobrevida livre de doença em 5
anos foi de 40%.
SELCUKBIRICIK, YALÇIN, TURAL, ERDAMAR, DEMIR, DOĞUSOY e
MANDEL (2013) compilaram os dados de 249 pacientes de três centros turcos onde
64,3% dos pacientes eram do sexo masculino e 35,7% do feminino. Idade media foi
de 59 anos (21 - 90). O diagnóstico inicial de doença localizada ocorreu em 69,9%,
sendo os demais metastáticos. A localização gástrica ocorreu em 45,9%. Segundo
os critérios de Fletcher, 47% estavam classificados como de alto risco, 22,5% de
risco intermediário, 16,1% de baixo risco, 3,2% de muito baixo risco e 11,5% não
foram classificáveis.
TERADA (2013) publicou 423 casos de tumores malignos do reto, nos
quais apenas dois casos foram confirmados de GIST tipo fusiforme, cKIT positivo e
de risco intermediário.
LIN, CHUAH, WANG, TAI e WANG (2013) analisaram 49 casos de
tumores malignos do intestino delgado, diagnosticados no período de maio de 2000
a janeiro de 2010, em que a maioria (21 casos) eram de GIST, seguidos de 14 casos
de linfomas, oito de adenocarcinomas, três de leiomiossarcomas e três de sarcomas.
O Cambridge GIST Study Group publicou através de BULUSU,
HATCHER, HARDWICK, CARROLL, PURSGLOVE, SAVE, SAFRANEK e EARL
(2013) sua experiência prospectiva de 10 anos em GIST com 260 pacientes. Foram
excluídos 70 casos, nos quais não houve confirmação histológica de GIST. A
maioria dos casos eram do sexo masculino (52%). A idade média foi 64 anos (média
de 14 a 94 anos). Quatro por cento tinham menos de 40 anos. Oitenta e quatro por
cento dos casos foram submetidos a intervenção cirúrgica (primária ou
metastasectomia). O sítio mais frequente foi o estômago (73%), seguido de intestino
delgado (16%), GIST extra trato gastrointestinal (4%), colo retal (3%), duodeno (3%)
REVISÃO DE LITERATURA 26
e esôfago (1%). O tipo histológico mais frequente foi o fusiforme (84%). Segundo o
escore de estratificação de risco de Miettinen, tiveram: alto risco (27%), intermediário
(16%), baixo e muito baixo risco (ambos 57%). A análise da mutação do éxon 11
(64%), PDGRFA (14%), tipo selvagem ou ausência de mutação (11%), éxon 9
(5,5%) e éxon 13 ( 5,5%).
GILJACA, GROHOVAC, KOVAC e ŠTIMAC (2013) publicaram a análise
de dez anos de sua experiência na região nordeste da Croácia com 31 pacientes
com diagnóstico de GIST. As mulheres foram mais acometidas (54,8%). A média da
idade ao diagnóstico foi de 61,9 anos. Os sinais e sintomas mais frequentes foram
dor abdominal, anemia, sangue oculto positivo nas fezes ou melena. cKIT foi positivo
em todos os casos .
ARTIGAS RAVENTÓS, LÓPEZ POUSA, ORTEGA MEDINA, DÍAZ DE
LIAÑO ARGÜELLES, FERNÁNDEZ HERNÁNDEZ e LUCENA DE LA POZA (2013),
através de um estudo multicêntrico espanhol, descreveram 141 casos de GIST
operados entre junho de 2007 e dezembro de 2008. Idade média foi de 65 anos. A
localização gástrica ocorreu em 70,8% e em 22,9% o tumor ocorreu no intestino
delgado. O tamanho médio do tumor foi de 6,7 cm (0,5 – 35 cm). Os tumores foram
completamente ressecados e com margem de segurança em 97,2% dos casos. A
maioria foi classificado como de alto risco (31,95%), seguido pelos de risco
intermediário (26,4%). Com 20,3 meses de seguimento houveram 7,1% de
recorrência (10 casos). A sobrevida livre de doença foi de 95,5% no primeiro ano de
seguimento e de 91,5% no segundo ano de seguimento. O risco de recorrência foi
de 58,3% nos tumores de alto risco e risco intermediário.
CHIRINOS, FUENTES, PEREZ, GOTERA, PARRA e SEBASTIAN (2013)
trouxeram a experiência do Instituto de Oncologia Dr. Luís Razetti, Caracas,
Venezuela, com análise de 35 casos avaliados no período de janeiro de 2005 a
dezembro de 2011. A maioria era do sexo masculino (55,88%), a faixa etária mais
acometida foi de 51 a 60 anos. A doença localizada, não metastática, foi a mais
frequente (73,52%). O estômago, como sítio anatômico principal, ocorreu em
52,94%. O tratamento cirúrgico foi realizado em 70,3% dos pacientes e 75% deles
receberam o imatinibe adjuvante. A sobrevida global e a sobrevida livre de doença
foi maior em pacientes com doença localizada (p=0,0001). Ocorreram recorrências
em 24% dos pacientes de alto risco, mesmo naqueles que receberam o imatinibe
adjuvante.
REVISÃO DE LITERATURA 27
CHIANG, CHEN, TSAI e CHANG (2014) através de seu estudo
epidemiológico que reuniu o maior número de pacientes com GIST, com uma
amostra constituída de 2986 casos registrados na base de dados do registro de
câncer de Taiwan. Foi observado um aumento na incidência em relação a 1998, que
foi de 1,13 por 100 mil habitantes para 1,97 por 100 mil habitantes em 2008.
Estômago foi o sítio mais comum (47-59%), seguido por intestino delgado (31-38%)
e cólon e reto (6-9%). A sobrevida em cinco anos foi de 66,5% (60,3% homens e
70,4% mulheres; p < 0,0001). GIST gástrico teve a melhor sobrevida global com
69,5% em cinco anos, assim como intestino delgado com 65,1% (p < 0,0001). A
sobrevida dos pacientes metastáticos também melhorou com o uso do imatinibe. Os
dados de cinco anos de sobrevida de 1998-2001 foi de 58,9%, comparado com
70,2% no período de 2005-2008 (p < 0,0001). Idade jovem, mulheres, localização
primária no estômago e receber o diagnóstico precoce foram fatores independentes
de melhor sobrevida.
CASUÍSTICA E MÉTODO 29
Estudo epidemiológico do tipo observacional, descritivo e prospectivo
realizado no Hospital São Domingos e Hospital do Câncer Tarquínio Lopes Filho, em
São Luís, Maranhão, Brasil.
As normas para apresentação de documentos científicos da Universidade
Federal do Paraná (2007) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
foram a base da padronização.
Estudo pertencente à linha de pesquisa imunomarcação de tecidos e
tumores, com área de concentração em alterações moleculares nas afecções
cirúrgicas do Programa de Pós-graduação da Faculdade Evangélica do Paraná.
3.1 AMOSTRA
A amostra foi constituída de 34 pacientes encaminhados para
atendimento nos serviços de oncologia, com o diagnóstico presuntivo de GIST, dos
Hospitais São Domingos e do Câncer Tarquínio Lopes Filho, na cidade de São Luís,
estado do Maranhão, Brasil. O paciente informava os seus dados de identificação e
era submetido a anamnese e exame físico. A seguir, eram avaliados os resultados
dos seus exames de biopsia, imuno-Histoquímica e tomografia de abdome total.
Foram considerados completos para o estudo quando havia biopsia, imuno-
Histoquímica e tomografia de abdome total. O atendimento ocorreu nas duas
unidades de referência em tratamento oncológico no período de 2006 a 2014 e teve
como finalidade a avaliação especializada para a realização de tratamento adjuvante
ou paliativo. Todos foram mantidos sob cuidados clínicos e em seguimento
oncológico.
3.2 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE GIST
Foi considerado como GIST aqueles pacientes que tiveram o diagnóstico
histopatológico sugestivo de GIST pelos serviços de patologia nos quais realizaram
a biopsia, onde foram analisados suas lâminas pelo método da hematoxilina eosina.
CASUÍSTICA E MÉTODO 30
A conclusão do diagnóstico foi feita após coleta dos dados do resultado da análise
da expressão imuno-Histoquímica positiva para CD 34, positiva ou negativa para
cKIT e ausência de expressão imuno-Histoquímica da proteína S100, as quais foram
realizados em laboratório de patologia.
3.3 VARIÁVEIS ANALISADAS
Foram avaliados dados demográficos, clínicos e histopatológicos:
a) Prevalência
b) Sexo masculino ou feminino
c) Idade ao diagnóstico dividida em cinco subgrupos:
- Menor que 40 anos;
- Entre 40 e 49 anos;
- Entre 50 e 59 anos;
- Entre 60 e 69 anos;
- Maior ou igual a 70 anos.
d) Escala de performance status de Karnofsky (KARNOFSKY e
BURCHENAL, 1949):
- 100%: normal, sem queixa, sem sinais de doença;
- 90%: capaz de atividade normal, poucos sinais ou sintomas de
doença;
- 80%: atividade normal com alguma dificuldade, alguns sinais e
sintomas;
- 70%: capaz de cuidar de si próprio, incapaz de atividade normal ou
trabalho;
- 60%: necessidade de alguma ajuda, capaz de cuidar da maioria das
necessidades próprias;
- 50%: frequentemente necessita de ajuda, necessita de atenção
médica frequente;
- 40%: incapaz, necessita de cuidado especial e ajuda;
- 30%: gravemente incapaz;
CASUÍSTICA E MÉTODO 31
- 20%: muito doente, necessidade de admissão imediata e medidas
de suporte ou tratamento;
- 10%: moribundo, rápida progressão para doença fatal;
- 0%: morte.
e) Localização do tumor primário definida por exames de imagem,
endoscopia ou peça cirúrgica:
- Esôfago;
- Estômago;
- Duodeno;
- Jejuno/íleo;
- Cólon/reto;
- Extra trato gastrointestinal.
f) Sinais ou sintomas ao diagnóstico, de acordo com o relato do paciente
em relação a queixa que o levou a procurar o médico:
- Saciedade precoce;
- Sangramento no trato gastrointestinal;
- Dor ou desconforto abdominal;
- Massa palpável;
- Obstrução intestinal;
- Disfagia;
- Causas de abdome agudo cirúrgico;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Perda de peso;
- Dor pleurítica;
- Achado de exame de rotina;
- Achado durante procedimento cirúrgico.
g) Tamanho do tumor:
- Menor que 2 cm;
- 2 até 4,9 cm;
- 5 até 9,9 cm;
- Maior ou igual a 10 cm.
h) Ausência ou presença de metástase
CASUÍSTICA E MÉTODO 32
i) Subtipo histopatológico:
- Fusiforme ou Spindle cell;
- Epitelióide;
- Misto.
j) Número de mitoses por 50 campos de grande aumento:
- Menor ou igual a 5;
- Maior que 5.
k) Tratamento primário:
- Cirúrgico;
- Cirúrgico e uso do imatinibe;
- Imatinibe exclusivo.
l) Classificação de risco baseada no tamanho, número de mitoses por 50
campos de grande aumento e localização anatômica do tumor:
- Muito baixo risco;
- Baixo risco;
- Risco intermediário;
- Alto risco.
m) Coleta dos dados da expressão ou ausência de expressão por imuno-
Histoquímica dos marcadores cKIT, CD 34 e proteína S100, no laudo
do exame realizado no laboratório de patologia.
n) Desfecho do paciente em seguir vivo ou ter evoluído a óbito.
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
As variáveis numéricas foram avaliadas através de estatística descritiva,
pelos gráficos e tabelas de frequência, são elas: idade ao diagnóstico, sexo, sinal ou
sintoma relatado ao diagnóstico, escala de performance status de Karnofsky
(KARNOFSKY e BURCHENAL, 1949), localização do tumor primário, sítio
metastático, subtipo histopatológico, tamanho do tumor, número de mitoses por 50
campos de grande aumento, classificação de risco, tratamento primário, expressões
CASUÍSTICA E MÉTODO 33
por imuno-Histoquímica do cKIT, CD 34 e proteína S100 e, o desfecho do paciente
quanto a seguir vivo ou ter evoluído a óbito.
A associação das diversas variáveis classificatórias com a variável
dependente que são os marcadores imuno-Histoquímicos cKIT, CD 34 e proteína
S100 foi feito pelo teste não paramétrico de qui-quadrado de independência (x2). O
nível de significância para se rejeitar a hipótese de nulidade foi de 5%, ou seja,
considerando como significante um valor de p < 0,05.
Para análise dos dados estatísticos foi utilizado o Programa estatístico
IBM SPSS® (2011).
RESULTADOS 35
4.1 PREVALENCIA
A prevalência foi o próprio tamanho da amostra que teve 34 pacientes em
nove anos.
4.2 SEXO
Cerca de 53% (n=18) dos pacientes eram do sexo masculino e 47,1%
(n=16), do sexo feminino (GRÁFICO 1).
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO O SEXO
4.3 FAIXA ETÁRIA
A faixa etária com maior número de casos foi dos 50 aos 59 anos (n=10,
29,4%), seguido de 60 aos 69 anos (n=8, 23,5%), 70 aos 79 (n=6, 17,4%) e 40 aos
49 anos (n=6, 17,4%) e com menor incidência com idade inferior aos 40 anos (n=4,
11,8%) (GRÁFICO 2). A idade variou dos 28 aos 77 anos de idade.
52,9%
47,1%
Masculino
Feminino
RESULTADOS 36
GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA
4.4 ESCALA DE KARNOFSKY
Na escala de Karnofsky (KARNOFSKY e BURCHENAL, 1949), todos os
pacientes se apresentaram com performance status de 100%.
4.5 LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA
A localização mais comum foi no estômago com 64,7% (n=22), intestino
delgado com 23,4% (n=8), extra trato gastrointestinal com 5,9% (n=2) e tanto esôfago
quanto reto, ambos com um caso cada, representado percentual de 2,9% (GRÁFICO 3).
GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA
11,8
17,6
29,4
23,5
17,6
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
< 40 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79
%
Idade
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0
Esôfago
Gástrico
Duodeno
Jejuno
Íleo
Reto
Extra TGI
2,9
64,7
2,9
2,9
17,6
2,9
5,9
%
Lo
calização
do
tu
mo
r
RESULTADOS 37
4.6 SINAIS OU SINTOMAS MAIS RELATADOS
O percentual dos quatro sinais ou sintomas mais relatados foram: dor
abdominal (23,5%), sangramento em trato gastrointestinal (20,6%), massa palpável
(17,6%) e saciedade precoce (14,7%). Achado incidental seja em exames de rotina
ou em procedimento cirúrgico para outra finalidade ocorreu em 11,7%, seguido de
sintomas de obstrução intestinal (8,8%) e náuseas (2,9%) (GRÁFICO 4).
GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO OS SINAIS E SINTOMAS MAIS RELATADOS
4.7 TAMANHO DO TUMOR
O tamanho do tumor mais frequente ocorreu entre 2 e 5 cm, com 38,2%
dos casos. As demais medidas de escala, sendo elas menor que 2 cm, entre 5 e 10
cm e maior que 10 cm ocorreram em 20,6% dos casos igualmente (GRÁFICO 5).
GRÁFICO 5 – FREQUÊNCIA DO TAMANHO DO TUMOR
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Saciedade precoce
Dor abdominal
Obstrução intestinal
Achado rotina
14,7 20,6
23,5 17,6
8,8 2,9 2,9
8,8
%
Sin
tom
as
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
< 2 2 a 5 5 a 10 > 10
20,6
38,2
20,6 20,6
%
Tamanho do tumor (cm)
RESULTADOS 38
4.8 PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE METÁSTASES
Apresentação do tumor com ausência de metástases ocorreu em 64,7%,
sendo que os demais (35,3%) já chegaram com diagnóstico de metástases. O sítio
metastático mais frequente foi o fígado (GRÁFICO 6).
GRÁFICO 6 – APRESENTAÇÃO DO TUMOR SEGUNDO A PRESENÇA DE METÁSTASE AO DIAGNÓSTICO
4.9 TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE
O tipo histológico mais frequente foi o fusiforme com 94,1% (n=32)
seguido de epitelióde e misto, ambos com percentual de 2,9% (n=1) (GRÁFICO 7).
GRÁFICO 7 – TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
Ausência Metástasehepática
Outrasmetástase
64,7
32,4
2,9
%
Metástase
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Fusiforme Epitelióide Misto
94,1
2,9 2,9
%
Patologia
RESULTADOS 39
4.10 NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO
O número de mitoses por 50 campos de grande aumento foi maior no
grupo que apresentava menos de 5 mitoses por 50 campos de grande aumento,
com 24 casos (70,5%). Os demais 10 casos estavam no grupo com cinco ou mais
mitoses por 50 campos de grande aumento (GRÁFICO 8).
GRÁFICO 8 – NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO
4.11 TRATAMENTO INICIAL
O tratamento inicial foi exclusivamente cirúrgico em 50% dos pacientes,
combinado com imatinibe e cirurgia em 29,4% e exclusivamente com imatinibe em
20,6% (GRÁFICO 9).
GRÁFICO 9 – DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO O TRATAMENTO INICIAL
0
20
40
60
80
< 5 ≥ 5
70,5
29,5
%
Nº de mitoses por 50 campos de grande aumento
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
Cirúrgico Imatinibe Cirúrgico eimatinibe
50,0
20,6
29,4
Tratamento inicial
RESULTADOS 40
4.12 CLASSIFICAÇÃO DE MIETTINEN
A maioria dos pacientes apresentou, segundo a classificação de Miettinen
(MIETTINEN E LASOTA, 2006), escore de alto risco (38,2%), seguido de baixo risco
com 32,4% e risco intermediário com 29,4% (GRÁFICO 10). Não houve paciente
classificado como de muito baixo risco.
GRÁFICO 10 – RISCO DOS PACIENTES SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE MIETTINEN
4.13 DISTRIBUIÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA
O cKIT foi positivo em 94,1% e negativo em 5,9% dos pacientes
(GRÁFICO 11).
GRÁFICO 11 – DISTRIBUIÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO cKIT
32,4%
29,4%
38,2%
Baixo
Intermediário
Alto
5,9%
94,1%
Negativo
Positivo
RESULTADOS 41
CD 34 foi positivo em 100% dos pacientes e proteína S100 foi negativa
em todos os casos (GRÁFICO 12).
GRÁFICO 12 – EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO cKIT, CD34 E PROTEÍNA S100
4.14 DESFECHO DO PACIENTE
Na TABELA 1 é observado que 82,4% dos pacientes estavam vivos na
última análise coletada em 2014.
TABELA 1 - DESFECHO DO PACIENTE
Desfecho n %
Óbito 6 17,6
Vivo 28 82,4
Total 34 100,0
4.15 ASSOCIAÇÃO DAS VARIÁVES
A associação das diversas variáveis classificatórias com a variável
dependente que foram os marcadores imuno-Histoquímicos cKIT, CD 34 e proteína
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Negativo Positivo Positivo Negativo
5,9
94,1 100,0 100,0
%
cKIT CD34 Proteína S100
RESULTADOS 42
S100 não foi possível gerar resultados devido a ausência de variação das
expressões do cKIT, CD 34 e proteína S100, já descritos no GRÁFICO 12.
DISCUSSÃO 44
Entre 2006 e 2014, os 34 pacientes com GIST relatados neste estudo,
apresentaram maior incidência em homens, faixa etária mais acometida dos 50 aos
59 anos, estômago como localização mais frequente seguido de intestino delgado,
dor abdominal sintoma mais relatado, a histologia fusiforme prevaleceu assim como
os tumores com tamanho entre 2 e 5 cm e não metastáticos. Quando metastáticos, o
fígado foi o órgão mais acometido. O tratamento cirúrgico foi o mais empregado.
Tumores de alto risco e com mais divisão celular foram os mais frequentes quando
foi analisada a classificação de risco e o número de mitoses com 50 campos de
grande aumento, respectivamente. A expressão positiva na imuno-Histoquímica do
cKIT foi tão frequente quanto a expressão positiva do CD 34. A expressão da
proteína S100 foi negativa em todos os casos. Cerca de 83% dos pacientes estavam
vivos na análise final desses resultados. Esses dados são discutidos individualmente
a seguir.
5.1 PREVALÊNCIA
A prevalência, neste estudo, foi de 34 casos em oito anos. No Instituto de
Câncer do Ceará, Brasil, no período de tempo também de oito anos, foram
atendidos 45 casos (SANTOS JÚNIOR et al., 2012). No Instituto Nacional do
Câncer, Brasil, em 12 anos, 146 casos (LINHARES et al., 2011). Na Venezuela, 35
casos em seis anos (CHIRINOS et al., 2013). No México, 275 casos em nove anos
de atendimento em três grandes centros oncológicos, resultando em 91 casos por
hospital (ALVARADO-CABRERO et al., 2007). O Instituto Nacional do Câncer
Americano reuniu dados de diversas instituições com 1458 pacientes em oito anos
(TRAN et al., 2005). No Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Nova Iorque, EUA,
200 pacientes foram atendidos em 16 anos (DeMATTEO et al., 1999). No Reino
Unido, na Universidade de Cambridge, em 10 anos, tiveram a prevalência de 190
pacientes (BULUSU et al., 2013). Na Espanha, 141 casos em dois anos (ARTIGAS
RAVENTÓS et al., 2013). Vinte e oito centros de oncologia da Turquia reuniram
seus dados com 1160 casos em cinco anos, uma média de 41 casos por hospital
(BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING GROUP, 2012). O outro estudo
turco apresentou 333 casos de nove instituições em 10 anos, média de 37 casos por
DISCUSSÃO 45
hospital (SEKER et al., 2013). Na Coréia, segundo dados de 38 centros, houveram
1227 casos em dois anos, uma média de 32 casos por hospital (CHO et al., 2010).
No nordeste da Croácia, com 31 pacientes em dez anos (GILJACA et al., 2013). O
Taiwan teve uma prevalência de 2986 casos em 10 anos, de acordo com a base de
dados nacionais deste país (CHIANG et al., 2014).
A prevalência deste estudo foi semelhante aos estudos da literatura
mundial como demonstrado acima. Não foi observado dado discrepante de uma
elevada prevalência ou que o GIST fosse mais raro na população estudada quando
comparado aos dados brasileiros publicados (SANTOS JÚNIOR et al., 2012;
LINHARES et al., 2011), assim como aos dados de hospitais da América Latina
(ALVARADO-CABRERO et al., 2007; TRAN et al,. 2005), dos Estados Unidos da
América (DeMATTEO et al., 1999), europeus (BULUSU et al., 2013; ARTIGAS
RAVENTÓS et al., 2013; BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING
GROUP, 2012; SEKER et al., 2013) e de países asiáticos (CHO et al., 2010;
GILJACA et al., 2013; CHIANG et al., 2014).
5.2 DISTRIBUIÇÃO POR SEXO
Quanto a distribuição por sexo houve maior incidência em homens,
diferindo apenas dos dados do estudo croata, onde as mulheres foram a maioria
(54,8%) (GILJACA et al., 2013) e do Instituto Nacional do Câncer, Brasil (LINHARES
et al., 2011). A incidência em homens foi superior a 60% em dois estudos turcos
com 61% (SEKER et al., 2013) e 64,3% (SELCUKBIRICIK et al,. 2013). O
acometimento superior no sexo masculino ocorreu na maioria dos serviços que
publicaram sua experiência, tais como no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center,
Nova Iorque, EUA, com 56%, (DeMATTEO et al.,1999) e no Instituto de Câncer do
Ceará, Brasil, com 55,6% (SANTOS JÚNIOR et al., 2012). Acometimento
semelhante em ambos os sexos foi observado no estudo mexicano (ALVARADO-
CABRERO et al., 2007) e no finlandês (MIETTINEN et al., 2000).
Não foram observadas diferenças no acometimento do GIST quanto ao
sexo na população estudada, existem apenas pequenas variações percentuais em
alguns países quanto ao predomínio no sexo masculino ou feminino, entretanto, com
DISCUSSÃO 46
equilíbrio entre os sexos. Não foi observado nenhum dado que sugerisse que o
acometimento pelo sexo masculino ou feminino seria mais predominante na
população global.
5.3 DADOS DE FAIXA ETÁRIA
A faixa etária mais acometida foi dos 50 aos 59 anos (29,4%). A idade
variou dos 28 aos 77 anos. Em quatro publicações houveram idade média dentro da
faixa etária mais frequente nos dados deste estudo, sendo aos 57 anos no estudo
coreano (CHO et al., 2010); 56,75 anos no estudo turco (BULBUL DOGUSOY e
TURKISH GIST WORKING GROUP, 2012); na segunda amostra turca publicada, a
idade média foi de 55 anos (SEKER et al., 2013) e no terceiro estudo turco foi obtido
uma idade média de 59 anos (SELCUKBIRICIK et al., 2013).
A faixa etária acima dos sessenta anos foi a segunda mais comum nesta
amostra (23,5%) e a idade média dos casos ao diagnóstico em três centros, sendo
no espanhol, aos 65 anos (ARTIGAS RAVENTÓS et al., 2013), no quarto estudo
turco, também aos 65 anos (BULUSU et al., 2013) e no estudo procedente do
nordeste da Croácia, aos 61 anos (GILJACA et al., 2013).
O dado que diferiu de todos os demais veio do Instituto Nacional do
Câncer, Brasil, onde a idade mediana foi aos 44,5 anos (LINHARES et al., 2011).
O GIST predominou nas faixas etárias dos 50 aos 69 anos, sem
diferenças quanto ao acometimento em jovens com idade abaixo dos quarenta anos
(11,8%). A ocorrência do GIST em pacientes jovens abaixo dos 40 anos é reduzida
(CICHOZ-LACH et al., 2008).
5.4 ESCALA DE FSKY
Na escala de Karnofsky (KARNOFSKY e BURCHENAL, 1949) todos os
pacientes se apresentaram com o performance status de 100%, ou seja, tinham uma
condição clínica satisfatória para o tratamento a ser proposto. Neste estudo foi
DISCUSSÃO 47
demonstrado, com este resultado, que os pacientes com GIST não apresentaram
sua condição clínica deteriorada. No Instituto do Câncer do Ceará houve 68,9% dos
casos nessa condição, os demais (31,1%) tiveram sua apresentação de
performance clínica numa condição pior (SANTOS JÚNIOR et al., 2012).
A literatura pouco explorou a escala de performance status nos estudos
publicados.
5.5 DADOS DE LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA
Ao analisar a localização anatômica, o estômago prevaleceu como sítio
primário mais comum (64,7%) em todos os estudos, seguido do intestino delgado
(26,3%). Os dois juntos, nesta amostra, deram um percentual de 91% dos casos. Tal
qual foi relatado por UEYAMA et al. (1992), onde a localização gástrica ocorreu em
74%. Segundo DeMATTEO et al. (1999), os GIST gástricos ocorreram em 39% de
sua amostra, seguido pelo intestino delgado com 30%. VALADAO et al. (2004)
obtiveram em sua casuística 67% de tumores localizados no estômago. Na
publicação de ALVARADO-CABRERO et al. (2007), foi visto que os GIST gástricos
ocorreram em 40% e os de intestino delgado 35%. Já na amostra de EDGE et al.
(2010), o GIST no estômago ocorreu em 60% e os de intestino delgado em 30% dos
casos. Na publicação inglesa (BULUSU et al., 2013), o estômago foi o sítio principal
(73%), seguido do intestino delgado (16%). Dados semelhantes na publicação
espanhola, onde a localização gástrica ocorreu em 70,8% e no intestino delgado em
22,9%. Não foi observado diferenças nas duas principais localizações anatômicas da
amostra estudada com os estudos publicados na literatura internacional.
Foi evidenciado uma menor incidência tumores extra trato gastrointestinal
com 5,9%, diferindo do estudo coreano onde a incidência desta localização foi de
10% (CHO et al., 2010). Esta diferença observada na população coreana foi pontual
e não expressa que haveria uma população diferente de GIST neste estudo quanto
a localização anatômica.
DISCUSSÃO 48
5.6 DADOS DE SINAIS E SINTOMAS AO DIAGNÓSTICO
A apresentação clínica é inespecífica, dependendo da localização e do
tamanho do tumor. A dor abdominal foi o sintoma mais relatado neste estudo, assim
como no Instituto Nacional do Câncer, Brasil, onde foi relatado por 43% dos
pacientes (LINHARES et al., 2011), no Instituto de Câncer do Ceará onde a dor
abdominal foi relatada por 73,3% (SANTOS JÚNIOR et al., 2012) e também no
estudo croata (GILJACA et al., 2013). Numa revisão nova iorquina foi apresentado
que os sinais e sintomas mais frequentes foram sangramento no trato digestório e
massa palpável no abdome, ambos relatados por 40% dos casos (LAMBA et al.,
2012). Estes sinais e sintomas foram os segundos e terceiros sinais mais
apresentados nesta amostra, onde sangramento ocorreu em 20,6% e massa
palpável em 17,6% dos casos. Na revisão polonesa, a dor abdominal é relatada
como o principal sintoma e ocorreu entre 20-50% dos casos (CICHOZ-LAC et al.,
2008).
A saciedade precoce que foi o quarto sintoma mais frequente neste
estudo (14,7%), somente foi descrita na revisão polonesa com possibilidade de
ocorrer em entre 10 a 30% dos casos (CICHOZ-LAC et al., 2008).
O achado incidental, nesta amostra, foi designado de achado durante
cirurgia de rotina para outra finalidade que ocorreu em 8,8% dos casos e de achado
em exames de rotina que ocorreu em 2,9% dos casos, totalizando 11,7%. Segundo
os autores CICHOZ-LAC et al. (2008), essa apresentação poderia ocorre entre 10 a
30% dos casos.
O GIST configura-se uma doença com apresentação clínica não
característica onde diversos sinais e sintomas inespecíficos podem ser o quadro
clínico inicial. Este tumor cresce dentro da camada muscular dos órgãos do trato
digestório deslocando as estruturas vizinhas e somente apresenta sintomatologia
quando em tamanho grande. Assim como pode crescer e invadir a mucosa do órgão
acometido, causando erosão e sangramento. Desta forma, com essa fisiopatologia,
seria observado o sintoma de dor abdominal e os sinais de massa palpável e
sangramentos como os mais frequentes.
DISCUSSÃO 49
5.7 DADOS DE TAMANHO DO TUMOR
Quanto ao tamanho do tumor, foi observado o maior número de casos
com tumores que mediram entre 2 e 5 cm e as demais medidas, que são: menor que
2 cm, entre 5 e 10 cm e acima de 10 cm, com percentual semelhante (20,6%) dos
casos. Ao ser avaliado o tamanho tumoral como: acima de 5 cm versus abaixo de 5
cm, teria como resultado neste estudo que 41,2% dos casos apresentaram tumores
maiores que 5 cm. Mesmo assim, ainda prevaleceriam os tumores menores que 5
cm, com um total de 58,8%, demonstrando a superioridade dos tumores de menor
dimensão.
Na literatura internacional, os dados são opostos. Em sete estudos foi
demonstrado que a maioria dos GIST tem sua apresentação com tumores acima dos
5 cm, sendo 73% na amostra (n=200) do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center,
Nova Iorque, EUA (DeMATTEO et al., 1999). A média de tamanho dos tumores foi
de 9,1 cm na amostra (n=275) do estudo mexicano (ALVARADO-CABRERO et al.,
2007); 11 cm na amostra (n=45) brasileira do Instituto de Câncer do Ceará
(SANTOS JÚNIOR et al., 2012); 6,7 cm na amostra (n=141) do estudo espanhol
(ARTIGAS RAVENTÓS et al., 2013); 14,7cm na primeira publicação do Instituto
Nacional do Câncer, Brasil, com amostra de vinte pacientes, (VALADÃO et al.,
2004). Já na segunda publicação do Instituto Nacional do Câncer, Brasil, com uma
amostra (n=146), o tamanho médio dos tumores foi de 11,8 cm (LINHARES et al.,
2011). Por fim, na revisão da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia,
EUA, foi observado que a média de tamanho tumoral foi de 6 cm (ZHAO e YUE,
2012).
Neste estudo foi obtido dados discrepantes da literatura, onde os tumores
de menor tamanho foram a maioria dos casos, talvez pelo fato destes serviços que
prestaram atendimento a estes pacientes terem sido inaugurados numa época
quando o conhecimento sobre o GIST já estava mais difundido, facilitando a
suspeição e confirmação do diagnóstico com as lesões de tamanho ainda de menor
dimensão.
DISCUSSÃO 50
5.8 APRESENCAÇÃO DO TUMOR SEGUNDO A PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE
METÁSTASE AO DIAGNÓSTICO
A apresentação com doença localizada foi mais frequente (64,7%), fato
que também ocorreu no estudo venezuelano, onde 73,52% dos pacientes também
tinham doença localizada (CHIRINOS et al., 2013), assim como no estudo turco
(69,9%) (SELCUKBIRICIK et al, 2013). O Instituto de Câncer do Ceará, Brasil, teve
apresentação oposta com a maioria dos pacientes com doença metastática na
apresentação inicial (73,1%) (SANTOS JÚNIOR et al., 2012). Já na Espanha, quase
a totalidade dos casos (97,8%) tiveram doença localizada ao serem diagnosticados
(ARTIGAS RAVENTÓS et al., 2013). Estes dados foram discrepantes apenas com
um dos estudos.
O órgão mais acometido na metástase foi o fígado, com 32,4% dos casos,
fato também observado no estudo do Instituto Nacional do Câncer, Brasil, com o
fígado sendo acometido pela metástase em 38% da amostra (LINHARES et al.,
2011).
Pode-se observar que a tendência foi que os pacientes com GIST tenham
a oportunidade de serem diagnosticados ainda com possibilidade curativa por não
apresentarem doença metastática.
5.9 TIPO HISTOLÓGICO MAIS FREQUENTE
A histologia fusiforme também foi a mais comum (94,1%), assim como no
estudo mexicano (ALVARADO-CABRERO et al., 2007) com 68% dos casos, no
estudo inglês com 84% (BULUSU et al., 2013). Segundo a revisão feita por
CORLESS et al. (2004), o tipo fusiforme ocorre em 70% dos casos, estatística
semelhante relatada por LAURINI e CARTER, (2010) e FOO et al. (2012). Não
havendo diferenças nas amostras apresentadas.
Trata-se de uma neoplasia com padrão de apresentação histopatológica
semelhante nas diversas populações estudadas.
DISCUSSÃO 51
5.10 NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO
O número de mitoses por 50 campos de grande aumento foi maior naqueles
com menos de cinco mitoses por 50 campos de grande aumento (70,5%). Segundo
CASALI et al., 2008 e LAURINI e CARTER, 2010, esta contagem tem valor
prognóstico e reflete os tumores com menos proliferação celular, assim como é
utilizada para dividir a classificação de risco de Miettinen em dois subgrupos. Este
dado foi explorado isoladamente na primeira publicação do Instituto Nacional do
Câncer, Brasil, havendo um resultado oposto, com maior número (75%), naquela
instituição, de casos com mais de cinco mitoses por 50 campos de grande aumento
(VALADÃO et al., 2004). Esta divergência apenas reflete a presença de tumores
com maior probabilidade de agressividade na amostra inicial do Instituto Nacional do
Câncer, Brasil, pelo fato desta variável ser uma das que é utilizada para a
classificação de risco e detém o maior número de tumores classificados como de
alto risco. Não seria possível concluir que haveria uma população diferente entre as
duas instituições, para isso, seria necessário mais publicações que explorasse esse
dado isoladamente.
5.11 TRATAMENTO PRIMÁRIO
O tratamento cirúrgico foi o mais empregado nesta amostra onde 89,4%
dos pacientes foram submetidos a cirurgia, sendo o cirúrgico exclusivo, em 50% e
associado ao imatinibe em 29,4%. LINHARES et al. (2011) relataram amostra na
qual 90% dos casos foram submetidos ao tratamento cirúrgico. Naquela época ainda
não estava disponível o imatinibe para associação. Estatística semelhante foi
apresentada por SANTOS JÚNIOR et al. (2012), onde 97,8% dos pacientes foram
submetidos ao tratamento cirúrgico. Na Universidade de Cambridge, BULUSU et al.
(2013), relataram que 84% dos seus pacientes com GIST foram submetidos ao
tratamento cirúrgico. Há uniformidade quanto a conduta cirúrgica ser a principal e ter
sido empregada na maioria dos casos de GIST.
DISCUSSÃO 52
5.12 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Tumores de alto risco foram os mais observados (38,2%), quando foi
analisado a classificação de risco de Miettinen (MIETTINEN e LASOTA, 2006),
seguidos pelo de baixo risco (32,4%) e risco intermediário (29,4%). No Instituto do
Câncer do Ceará, Brasil, foi descrito a maior incidência de pacientes com tumores
de alto risco, entretanto, com percentual mais robusto, de 80% (SANTOS JÚNIOR et
al., 2012). No estudo turco de BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING
GROUP (2012), foi apresentado dados mais semelhantes a esta amostra, onde a
classificação de alto risco teve 50% dos casos, seguido de 21,7% naqueles de baixo
risco e 19,3% nos de risco intermediário. Também na amostra espanhola, dos
autores ARTIGAS RAVENTOZ et al. (2013), houve semelhança na classificação de
Miettinen. Alto risco (31,95%), seguido pelos de risco intermediário (26,4%). No
estudo inglês, da Universidade de Cambdrige (BULUSU et al., 2013) houve
predominância dos pacientes de baixo risco e muito baixo risco (ambos 57%), os
classificados como alto risco (27%) e risco intermediário (16%) foram os terceiros e
quartos mais frequentes, respectivamente. A classificação de risco é semelhante nas
amostras relatadas, a única diferença relatada reflete apenas dados locais e não
uma população com maior incidência de GIST com menos agressividade.
5.13 EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA
A expressão positiva na imuno-Histoquímica do cKIT (94,1%) foi
semelhante em todos os estudos, habitualmente acima de 90%. No estudo de
Miettinen et al. (2000), todos os pacientes foram positivos para cKIT. Na publicação
mexicana, a positividade ocorreu em 96% (ALVARADO-CABRERO et al., 2007).
LINHARES et al. (2011), do Instituto Nacional do Câncer, Brasil, obteve cKIT positivo
em 92%. TAN et al. (2012), cKIT positivo em 95% da amostra. No estudo turco, a
positividade ocorreu em 95,3% (BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING
GROUP, 2012). A apresentação da expressão imuno-Histoquímica do cKIT obedece
dados de expressão semelhante.
DISCUSSÃO 53
Foi observado elevado índice de expressão positiva do CD 34. Toda a
amostra foi positiva para este antígeno pela imuno-Histoquímica. A positividade é
relatada na literatura em até 92% das amostras em dois estudos (MIETTINEN et al.,
2000; ALVARADO-CABRERO et al., 2007) e em menor índice no estudo de
BULBUL DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING GROUP (2012), com 74,9%.
Trata-se de um marcador de adesão intercelular, sua apresentação com 100% dos
casos positivos, como nesta amostra, reflete apenas uma variação de expressão
com dados mais robustos a favor da expressão positiva.
A expressão negativa para proteína S100 é extremamente comum no
GIST e já era descrito em estudos desde a década de 80 (SAUL et al., 1987). Este
marcador faz parte do painel de imuno-Histoquímica para GIST pois o diferencia de
outros tumores do trato gastrointestinal que são positivos, tais como os tumores
fibrosos solitários e o melanoma. A amostra desde estudo foi negativa em todos os
casos. Há relatos na literatura de expressão positiva em até 19,1% (BULBUL
DOGUSOY e TURKISH GIST WORKING GROUP, 2012) e de 15% (MIETTINEN et
al., 2000). A expressão da proteína S100 tem sido relacionada com a agressividade
e risco de morte precoce de diversos tumores, incluindo o agressivo melanoma, que
mesmo com pequeno tamanho oferece riscos de recidiva e morte elevados, neste
tumor a expressão da proteína S100 relaciona-se com a possibilidade de
progressão. Na evolução natural do GIST, mesmo naqueles tumores de alto risco,
sua recidiva é tardia e seu risco de morte baixo, certamente relacionado com a
pouca expressão da proteína S100 (CICHOZ-LACH et al., 2008, CHEN, XU e LIU,
2014).
5.14 DESFECHO DO PACIENTE
Foi observado que 82,4% dos pacientes estavam vivos na análise de 2014. Já
UEYAMA et al. (1992) descreveram uma sobrevida de 74% dos pacientes de GIST,
demonstrando que desde a época quando ainda não existia terapia dirigida aos
pacientes com doença metastática, o GIST já apresentava sobrevida elevada.
Entretanto, DeMATTEO et al, (1999) descreveu que na sua amostra (n=200) uma
sobrevida inferior, com apenas 54% dos pacientes estudados vivos. No estudo turco,
DISCUSSÃO 54
a sobrevida em cinco anos foi de 78,5% (SELCUKBIRICIK et al., 2013). Na
Espanha, a sobrevida em dois anos foi de 95,5% (ARTIGAS RAVENTÓS et al.,
2013). No Taiwan, a análise de sobrevida de cinco anos, havia 70,4% dos pacientes
vivos (CHIANG et al., 2014). De forma geral, a sobrevida dos pacientes com GIST foi
elevada, exceto nos dados do autor DeMATTEO (1999), onde a sobrevida foi inferior
(54%), fato que deve ser levado em consideração que nesta época ainda não
haviam protocolos padrões para o tratamento do GIST com o imatinibe.
5.15 ANÁLISE GLOBAL
Do ponto de vista epidemiológico, esta amostra se configura com dados
semelhantes a praticamente todos os grandes centros de oncologia. Talvez
tenhamos menos casos devido a subnotificação. As poucas diferenças encontradas
em artigos publicados por outros autores, tais como a incidência maior em mulheres
na Croácia e maior frequência de tumores extra trato digestório na Coréia,
expressão negativa da proteína S100 em todos os casos, apenas representam
dados locais, e não seria uma apresentação de maneira a entender que esta
população de GIST fosse diferente das demais. O resultado da sobrevida ao final do
estudo com 82,4% dos pacientes vivos, faz compreender, não somente do ponto de
vista epidemiológico, mas também perceber que o serviço de saúde prestado a
estes pacientes segue o mesmo padrão de grandes centros nacionais e mundiais de
oncologia.
5.16 PERSPECTIVAS FUTURAS
Vislumbramos como perspectivas futuras a análise molecular do DNA de
cada mutação expressa pelo tumor para correlacionar e entender a agressividade
dos tumores de alto risco e o porque do melhor prognóstico dos tumores de baixo
risco, quais expressões do DNA tumoral estariam mais ou menos expressas nestas
situações. Entender o porque da maior frequência no estômago, haveria alguma
DISCUSSÃO 55
mutação expressa nos tumores gástricos?. O perfil molecular do DNA do GIST
também oferecerá a compreensão dos mecanismos de resistência tumoral ao
tratamento com imatinibe daqueles que não respondem como esperado, assim
como, propor novos mecanismos de reversão desta resistência. Conhecer
molecularmente cada mutação oferecerá a oportunidade para descobrir novas
terapias alvo, como novos inibidores de tirosina quinase ou anticorpos monoclonais
ou até mesmo protocolos com a terapia gênica.
CONCLUSÕES
57
O perfil epidemiológico dos pacientes com GIST referenciados para os
serviços especializados de oncologia do Hospital São Domingos e Hospital do
Câncer Tarquínio Lopes Filho, na cidade de São Luís, estado do Maranhão
demonstrou maior frequência destes tumores em homens, faixa etária mais
acometida dos 50 aos 59 anos, estômago como sitio anatômico mais frequente. Dor
abdominal, sangramento em trato digestório, massa palpável e saciedade precoce
foram os sinais e sintomas mais relatados. Tamanho entre 2 e 5 cm o mais comum.
Tumores localizados e sem metástases foram os mais frequentes, assim como a
histologia fusiforme e classificados como alto risco. A sobrevida global dos pacientes
foi de 82,4%.
As expressões imuno-Histoquímicas do cKIT, CD 34 e proteína S100
confirmaram o diagnóstico de GIST. O cKIT foi positivo em 94,1% e negativo em
5,9%. O CD 34 foi positivo em 100% dos pacientes e a proteína S100 foi negativa
em todos os casos.
59
ALVARADO-CABRERO, I.; VÁZQUEZ, G.; SIERRA SANTIESTEBAN, F. I.; HERNÁNDEZ-HERNÁNDEZ, D. M.; POMPA, A. Z. Clinicopathologic study of 275 cases of gastrointestinal stromal tumors: the experience at 3 large medical centers in Mexico. Annals of Diagnostic Pathology, v. 11, n. 1, p. 39-45, Feb. 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
ARTIGAS RAVENTÓS, V.; LÓPEZ POUSA, A.; ORTEGA MEDINA, L.; DÍAZ DE LIAÑO ARGÜELLES, A.; FERNÁNDEZ HERNÁNDEZ, J. A.; LUCENA DE LA POZA, J. L. Primary, non-metastatic gastrointestinal stromal tumour surgery: result of the grisk study. Cirurgía Espanóla, v. 91, n. 2, p. 92-102, Feb. 2013.
BULBUL DOGUSOY, G.; TURKISH GIST WORKING GROUP. Gastrointestinal stromal tumors: a multicenter study of 1160 turkish cases. The Turkish Journal of Gastroenterology, v. 23, n. 3, p. 203-211, June 2012.
BULUSU, V. R. ; HATCHER, H,. HARDWICK, R.; CARROLL, N.; PURSGLOVE, S.; SAVE, V.; SAFRANEK, P.; EARL, H. M. Ten-years prospective experience of gastrointestinal stromal tumors (GISTs) from the Cambridge GIST study group, United Kingdon. Journal of Clinical Oncology, v. 31, 2013. Supplement.
CASALI, P. G.; BLAY, J. Y.; ESMO/CONTICANET/EUROBONET CONSENSUS PANEL OF EXPERTS. Gastrointestinal stromal tumors: esmo clinical recommendation for diagnosis, treatment and folow up. Annals of Oncology, v. 19, p. 35-38, 2008. Supplement 2.
CHEN, H.; XU, C.; LIU, Z. S100 protein family in human cancer. American Journal of Cancer Research, v. 4, n. 2, p. 89-115, 2014.
CHIANG, N. J.; CHEN, L. T.; TSAI, C. R.; CHANG, J. S. The epidemiology of gastrointestinal stromal tumors in Taiwan, 1998-2008: a nation-wide cancer registry-based study. BioMed Central Cancer, v. 14. p. 102-111, 2014.
CHIRINOS, L.; FUENTES, M. B.; PEREZ, M. A.; GOTERA, G.; PARRA, J. F.; SEBASTIAN, C. G. Gastrointestinal stromal tumours: institute of oncology Dr. Luís Razetti experience, Caracas, Venezuela. Journal of Clinical Oncology, v. 31, 2013. Supplement.
CHO, M. Y.; SOHN, J. H.; CHANG, S. J. Current trends in the epidemiological and pathological characteristics of gastrointestinal stromal tumors in Korea, 2003-2004. Journal of Korean Medical Science, v. 25, n. 6, p. 853-862, June 2010.
CICHOZ-LACH, H.; KASZTELAN-SZCZERBINSKA, B.; SLOMKA, M. Gastrointestinal stromal tumors: epidemiology, clinical picture, diagnosis, prognosis and treatment. Polish archives of internal medicine, v. 118, n. 4, p 216-218, Apr. 2008.
60
CORLESS, C. L.; FLETCHER, J. A.; HEINRICH, M. C. Biology of gastrointestinal stromal tumors. Journal of Clinical Oncology, v. 22, n. 18, p. 3813-3825, Sep. 2004.
CORLESS, C. L.; HEINRICH, M. C. Molecular pathobiology of gastrointestinal stromal sarcomas. Annual Review of Pathology, v. 3, p. 557-586, 2008.
DEBIEC-RYCHTER, M.; SCIOT, R.; LE CESNE, A.; SCHLEMMER, M.; HOHENBERGER, P.; VAN OOSTEROM, A. T.; BLAY, J. Y.; LEYVRAZ, S.; STUL, M.; CASALI, P. G.; ZALCBERG, J.; VERWEIJ, J.; VAN GLABBEKE, M.; HAGEMEIJER, A.; JUDSON, I. KIT mutations and dose selection for imatinib in patients with advanced gastrointestinal stromal tumours. European Journal of Cancer, v. 42, n. 8, p. 1093-1103, May 2006.
DeMATTEO, R. P.; LEWIS, J. J.; LEUNG, D.; MUDAN, S. S.; WOODRUFF, J. M.; BRENNAN, M. F. Two hundred gastrointestinal stromal tumors recurrence patterns and prognostic factors for survival. Annals of Surgery, v. 231, n. 1, p. 51-58, 1999.
DEMETRI, G. D. Gastrointestinal stromal tumor. In: DeVITA JUNIOR, V. T.; LAWRENCE, T. S.; ROSENBERG, S. A. Cancer: principles and practice of oncology. 9th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2011. p. 1060-1073.
EDGE, S. B.; BYRD, D. R.; COMPTON, C. C.; FRITZ, A. G.; GREENE, F. L.; TROTTI, A. Gastrointestinal stromal tumors. In: EDGE, S. B. et al. (Eds). AJCC cancer staging manual. 7th ed. New York: Springer, 2010. p. 175-180.
FOO, W. C.; LIEGL-ATZWANGER, B.; LAZAR, A. L. Pathology of gastrointestinal stromal tumors. Clinical Medicine Insights: Pathology, v. 5, p. 23-33, 2012.
GILJACA, V.; GROHOVAC, D.; KOVAC, D.; ŠTIMAC, D. Gastrointestinal stromal tumors characteristics in Croatian Northern Adriatic Region. Hepatogastroenterology, v. 59, n. 120, p. 2512-2515, Nov./Dec. 2012.
HORNICK, J. L.; FLETCHER, C. D. M. Immunohistochemical staining for kit (cd 117) in soft tissue sarcomas is very limited in distribution. American Journal of Clinical Pathology, v. 117, p. 188-193, 2002.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. TNM: classificação de tumores malignos. 7. ed. Rio de Janeiro: Inca, 2012.
JOENSUU, H. Gastrointestinal stromal tumor (GIST). Annals of Oncology, v. 17, p. x280-286, 2006. Supplement 10.
JOENSUU, H.; DeMATTEO, R. P. The management of gastrointestinal stromal tumors: a model for targeted and multidisciplinary therapy of malignanct. Annual Review of Pathology, v. 63, p. 247-258, 2012.
JOENSUU, H.; ERIKSSON, M.; SUNDBY HALL, K.; HARTMANN, J. T.; PINK, D.; SCHÜTTE, J.; RAMADORI, G.; HOHENBERGER, P.; DUYSTER, J.; AL-BATRAN,
61
S. E.; SCHLEMMER, M.; BAUER, S.; WARDELMANN, E.; SARLOMO-RIKALA, M.; NILSSON, B.; SIHTO, H.; MONGE, O. R.; BONO, P.; KALLIO, R.; VEHTARI, A.; LEINONEN, M.; ALVEGÅRD, T.; REICHARDT, P. One versus three years of adjuvant imatinib for operable gastrointestinal stromal tumor: a randomized trial. The Journal of the American Medical Association, v. 307, n. 12, p. 1265-1272, Mar. 2012.
KARNOFSKY, D. A.; BURCHENAL, J. H. The clinical evaluation of chemotherapeutic agents in cancer. In: MACLEOD, C. M. (Ed.). Evaluation of chemotherapeutic agents. Columbia: Univ Press, 1949.
LAMBA, G.; GUPTA, R.; LEE, B.; AMBRALE, S.; LIU, D. Current management and prognostic features for gastrointestinal stromal tumor (GIST). Experimental Hematology & Oncology, v. 1, p. 14-24, 2012.
LAURINI, J. A.; CARTER, J. E. Gastrointestinal stromal tumors. Archieves of Pathology & Laboratory Medicine, v. 134, p. 134-41, 2010.
LIN, C. Y.; CHUAH, S. K.; WANG, S. H.; TAI, W. C.; WANG, C. C. Primary small bowel malignancy: a 10-year clinical experience from southern Taiwan. Hepatogastroenterology, v. 60, n. 124, p. 756-758, June 2013.
LINHARES, E.; GONÇALVES, R.; VALADÃO, M.; VILHENA, B.; HERCHENHORN, D.; ROMANO, S.; FERREIRA, M. A.; FERREIRA, C. G.; RAMOS, C. de A.; JESUS, J. P. de. Tumor estromal gastrointestinal: análise 146 casos do centro de referência do instituto nacional do câncer – INCA. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgia, v. 38, n. 6, p. 398-406, nov./dez. 2011.
LINHARES, E.; VALADÃO, M. Atualização em GIST. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgia, v. 33, n. 1, p. 51-54, 2006.
MEMEO, L.; JHANG, J.; ASSAAD, A. M.; MCKIERNAN, J. M.; MURTY, V. V.; HIBSHOOSH, H.; TONG, G. X.; MANSUKHANI, M. M. Immunohistochemical analysis for cytokeratin 7, kit, and pax2: value in the differential diagnosis of chromophobe cell carcinoma. American Journal of Clinical Pathology, v. 127, n. 2, p. 225-229, Feb. 2007.
MIETTINEN, M. Gastrointestinal stromal tumors an immunohistochemical study of cellular differentiation. American Journal of Clinical Pathology, v. 89, n. 5, p. 601-10, May 1988.
MIETTINEN, M.; LASOTA, J. Gastrointestinal stromal tumors: pathology and prognosis at different sites. Seminars of Diagnostic Pathologic, v. 23, n. 2, p. 70-83, 2006.
MIETTINEN, M.; SOBIN, L. H.; SARLOMO-RIKALA, M. Immunihistochemical spectrum of gists at different sites and their differential diagnosis with a reference to CD 117 (KIT). Modern Pathology, v. 13, n. 10, p. 1134-1142, 2000.
62
RUBIN, J. L.; SANON, M.; SIRULNIK, L. Epidemiology, survival, and costs of localized gastrointestinal stromal tumors. International Journal of General Medicine, v. 4, p. 121-130, Feb. 2011.
SANTOS JÚNIOR, H. M. S.; ARAÚJO, E. R. S.; LEÃO, F. G. A. Avaliação dos casos de GIST do hospital do câncer do Ceará: análise de 8 anos. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 58, n. 2, p. 189-195, abr./jun. 2012.
SAUL, S. H.; RAST, M. L.; BROOKS, J. J. The immunohistochemistry of gastrointestinal stromal tumors. evidence supporting an origin from smooth muscle. American Journal of Clinical Pathology, v. 11, n. 6, p. 464-473, June 1987.
SEKER, M.; SEVINC, A.; YILDIZ, R.; CIHAN, S.; KAPLAN, M. A.; GOKDURNALI, A.; DANE, F.; YAMAN, E.; KARACA, H.; COLAK, D.; UYETURK, U.; BILICI, A.; OZDEMIR, N. Y.; KALENDER, M. E.; UNCU, D.; SALEPCI, T.; ISIKDOGAN, A.; BENEKLI, M.; OZKAN, M.; GUMUS, M.; COSKUN, U.; CAMCI, C.; OKSUZOGLU, B.; BUYUKBERBER, S.; ANATOLIAN SOCIETY OF MEDICAL ONCOLOGY (ASMO). Prognostic factors in gastrointestinal stromal tumors: multicenter experience of 333 cases from Turkey. Hepatogastroenterology, v. 60, n. 124, p. 768-775, June 2013.
SELCUKBIRICIK, F.; YALÇIN, S.; TURAL, D.; ERDAMAR, S.; DEMIR, G.; DOĞUSOY, G.; MANDEL, N. M. Gastrointestinal stromal tumors in Turkey: experience from 3 centers. Onkologie, v. 36, n. 1-2, p. 18-24, Jan. 2013.
SHIDHAM, V. B.; CHIVUKULA, M.; GUPTA, D.; RAO, R. N.; KOMOROWSKI, R. Immunohistochemical comparison of gastrointestinal stromal tumor and solitary fibrous tumor. Archives of pathology & laboratory medicine, v. 126, n. 10, p. 1189-1192, Oct. 2002.
TAN, C. B.; ZHI, W.; SHAHZAD, G.; MUSTACCHIA, P. Gastrointestinal stromal tumors: a review of case reports, diagnosis, treatment, and future directions. ISRN Gastroenterology, v. 2012, p. 1-16, 2012.
TERADA, T. Histopathologic study of the rectum in 1464 consecutive rectal specimens in a single japanese hospital: ii. malignant lesions. International journal of clinical and experimental pathology, v. 6, n. 3, p. 385-394, 2013.
TRAN, T.; DAVILA, J. A.; EL-SERAG, H. B. The epidemiology of malignant gastrointestinal stromal tumors: an analysis of 1458 cases from 1992 to 2000. American Journal of Gastroenterology, v. 100, n. 1, p. 162-168, Jan. 2005.
UEYAMA, T. GUO, K. J.; HASHIMOTO, H.; DAIMARU, Y.; ENJOJI, M. A clinicopathologic and immunohistochemical study of gastrointestinal stromal tumors. Cancer, v. 69, n. 4, p. 947-955, Feb. 1992.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Normas Para Apresentação de Documentos Científicos. Curitiba: Editora UFPR, 2007.
63
VALADÃO, M.; LINHARES, E.; CASTRO, L.; PINTO, C. E.; LUGÃO, R.; QUADROS, C.; MARTINS, I. Gist gástrico – experiência do INCA. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 50, n. 2, p. 121-126, 2004.
YAMAGUSHI, U.; HASEGAWA, T.; MASUDA, T.; SEKINE, S.; KAWAI, A.; CHUMAN, H.; SHIMODA, T. Differential diagnosis of gastrointestinal tumor and other spindle cell tumors in the gastrointestinal tract based on immunohistochemical analysis. Virchows Archive, v. 445, n. 2, p. 142-150, Aug. 2004.
ZHAO, X.; YUE, C. Gastrointestinal stromal tumor. Journal of Gastrointestinal Oncology, v. 3, n. 3, p. 189-208, 2012.
65
APÊNDICE 1
FICHA PROTOCOLO
IDENTIFICAÇÃO
NOME
ESCALA DE KARNOFSKY
PRONTUÁRIO
HOSPITAL
IDADE AO DIAGNÓSTICO
SEXO
LOCALIZAÇÃO DO GIST NO TRATO GASTROINTESTINAL
ESÔFAGO
ESTÔMAGO
DUODENO
JEJUNO / ÍLEO
CÓLON / RETO
GIST EXTRA TGI:
OMENTO
OUTRO:
SITIO METASTÁTICO AO DIAGNÓSTICO
FÍGADO
OUTRO:
TAMANHO
< 2 CM
2,1 AT É 5 CM
5,1 ATÉ 10 CM
> 10 CM
NÚMERO DE MITOSES POR 50 CAMPOS DE GRANDE AUMENTO
SINAIS OU SINTOMAS AO DIAGNÓSTICO
SACIEDADE PRECOCE
SANGRAMENTO OU SINTOMAS DE ANEMIA
66
DOR OU DESCONFORTO ABDOMINAL
MASSA PALPÁVEL
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
DISFAGIA
CAUSA DE ABDOME AGUDO CIRÚRGICO
NÁUSEAS
VÔMITOS
PERDA DE PESO
DOR PLEURÍTICA
ACHADO DE EXAME DE ROTINA
ACHADO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
TRATAMENTO PRIMÁRIO:
CIRURGIA
USO DO IMATINIBE
OUTRO
CARACTERÍSTICA DA PATOLOGIA
FUSIFORME
EPITELIÓIDE
MISTO
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
CARACTERÍSTICAS DA IHQ:
CD117-cKIT
CD 34
PROTEÍNA S100
67
APÊNDICE 2
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS ANALISADAS
Variável n % Variável n %
Idade
Sintomas
< 40 4 11,8
Saciedade precoce 5 14,7
40 a 49 6 17,6
Sangramento 7 20,6
50 a 59 10 29,4
Dor abdominal 8 23,5
60 a 69 8 23,5
Massa palpável 6 17,6
70 a 79 6 17,6
Obstrução intestinal 3 8,8
Náuseas 1 2,9
Sexo
Achado Incidental 4 11,7
Masculino 18 52,9
Feminino 16 47,1
Tratamento inicial
Karnofsky
Cirúrgico 17 50,0
100 34 100,0
Imatinibe 7 20,6
Cirúrgico e Imatinibe 10 29,4
Localização do Tumor
Esôfago 1 2,9
Histopatologia
Gástrico 22 64,7
Fusiforme 32 94,1
Duodeno 1 2,9
Epitelióide 1 2,9
Jejuno 1 2,9
Misto 1 2,9
Íleo 6 17,6
Reto 1 2,9
Risco
Extra TGI 2 5,9
Baixo 11 32,4
Intermediário 10 29,4
Metástase
Alto 13 38,2
Ausência 22 64,7
Metástase hepática 11 32,4
cKIT
Outras metástase 1 2,9
Negativo 2 5,9
Positivo 32 94,1
Tamanho do tumor
< 2 7 20,6
CD 34
2 a 5 13 38,2
Positivo 34 100,0
5 a 10 7 20,6
> 10 7 20,6
S100
Negativo 34 100,0
N° de mitoses/50 campos de grande
aumento
< 5 24 70,5
Desfecho
> = 5 10 29,5
Óbito 6 17,6
Vivo 28 82,4
Total 34 100,0 Total 34 100,0