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1 SOCIEDADES INDÍGENAS SITIADAS PELO AGRIBUSINESS NA AMAZÔNIA MERIDIONAL: UMA ABORDAGEM ETNOPOLÍTICA DOS PROCESSOS DE SUBMISSÃO OU RESISTÊNCIA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS A TENTATIVAS DE ALICIAMENTO E COOPTAÇÃO José Antônio Souza de Deus Universidade Federal do Rio de Janeiro - IGEO/ UFRJ [email protected] Ludimila de Miranda Rodrigues Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/ UFMG [email protected] Henrique Moreira de Castro Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/ UFMG [email protected] Resumo Esse trabalho, que se situa na interface entre a Geografia Agrária, Geografia Política e Etnogeografia se propõe a analisar a dinâmica etnopolítica e sociocultural, em curso, dos povos indígenas da Amazônia Meridional, hoje crescentemente impactados pela expansão dos “territórios corporificados” da soja no assim denominado “arco do desmatamento”, adotando como procedimentos metodológicos básicos: pesquisa bibliográfica (na literatura científica disponível e bancos de dados de organizações não-governamentais- sobretudo, o ISA); reconhecimentos de campo na região central de Rondônia; sistematização / contextualização dos dados; análise e reflexão críticas sobre os conceitos e temas em pauta e sobre as informações (primárias e secundárias), obtidas na pesquisa. Palavras-chave: Agronegócio. Sojicultura. Complexos Sojíferos. Etnogeografia e Etnopolítica. Povos Indígenas da Amazônia Meridional. Introdução A problemática das comunidades tradicionais é um dos temas atualmente privilegiados pelos estudos etnogeográficos. No Brasil, essas comunidades são muito bem representadas e exemplificadas pelas sociedades indígenas e núcleos quilombolas, que, aliás, vivenciam hoje uma experiência política e sociocultural extremamente dinâmica, particularmente, “na fronteira”,- que envolve por vezes, aspectos bastante controversos e complexos (DEUS, 2010, DEUS, BARBOSA, TUBALDINI, 2011). Zeinad (2012, p. 26/ 27) diagnosticando a atual situação ambiental da Floresta Amazônica e do Cerrado, registra que, com o avanço do “arco do desmatamento” nas porções sul e leste da região norte, ”os dois maiores biomas do país vêm sendo

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SOCIEDADES INDÍGENAS SITIADAS PELO AGRIBUSINESS NA AMAZÔNIA MERIDIONAL: UMA ABORDAGEM ETNOPOLÍTICA DOS PROCESSOS DE SUBMISSÃO OU RESISTÊNCIA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS A TENTATIVAS DE ALICIAMENTO E COOPTAÇÃO

José Antônio Souza de Deus Universidade Federal do Rio de Janeiro - IGEO/ UFRJ

[email protected]

Ludimila de Miranda Rodrigues Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/ UFMG

[email protected]

Henrique Moreira de Castro Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/ UFMG

[email protected]

Resumo Esse trabalho, que se situa na interface entre a Geografia Agrária, Geografia Política e Etnogeografia se propõe a analisar a dinâmica etnopolítica e sociocultural, em curso, dos povos indígenas da Amazônia Meridional, hoje crescentemente impactados pela expansão dos “territórios corporificados” da soja no assim denominado “arco do desmatamento”, adotando como procedimentos metodológicos básicos: pesquisa bibliográfica (na literatura científica disponível e bancos de dados de organizações não-governamentais- sobretudo, o ISA); reconhecimentos de campo na região central de Rondônia; sistematização / contextualização dos dados; análise e reflexão críticas sobre os conceitos e temas em pauta e sobre as informações (primárias e secundárias), obtidas na pesquisa. Palavras-chave: Agronegócio. Sojicultura. Complexos Sojíferos. Etnogeografia e Etnopolítica. Povos Indígenas da Amazônia Meridional. Introdução A problemática das comunidades tradicionais é um dos temas atualmente privilegiados

pelos estudos etnogeográficos. No Brasil, essas comunidades são muito bem

representadas e exemplificadas pelas sociedades indígenas e núcleos quilombolas, que,

aliás, vivenciam hoje uma experiência política e sociocultural extremamente dinâmica,

particularmente, “na fronteira”,- que envolve por vezes, aspectos bastante controversos

e complexos (DEUS, 2010, DEUS, BARBOSA, TUBALDINI, 2011).

Zeinad (2012, p. 26/ 27) diagnosticando a atual situação ambiental da Floresta

Amazônica e do Cerrado, registra que, com o avanço do “arco do desmatamento” nas

porções sul e leste da região norte, ”os dois maiores biomas do país vêm sendo

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substituídos gradativamente pela monocultura das pastagens e a cultura de grãos, com

destaque para a soja, além do desmatamento para a retirada da madeira- mais de 80% da

qual extraída de forma ilegal”. Essas aceleradas e intensivas descaracterização e

devastação do Cerrado, em particular, são muito preocupantes e têm sido

crescentemente denunciadas como temerárias e irresponsáveis uma vez que: “trata-se de um bioma com uma flora altamente rica, no qual há a predominância de espécies lenhosas de várias famílias, como o pequi (Caryocar brasiliense), o murici (Byrsonima spp.),o jatobá (Hymenaea spp.), as sucupiras (Bowdichia sp., Pterodon sp.), entre outras” (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2001).

De acordo com a eminente pesquisadora Bertha Becker (2007, p. 272), uma grande

novidade que emerge no contexto territorial amazônico no final do século XX, diz

respeito, efetivamente, à introdução aí, dessa agricultura capitalizada, destacando-se: “a agroindústria de grãos, principalmente da soja. Introduzida nos cerrados do Mato Grosso, essa agroindústria se expandiu, sobretudo nos anos 1990, pelos estados do Tocantins, Maranhão e Rondônia, pelos cerrados e campos dos estados do Amazonas e Roraima e por antigas áreas pastoris do sudeste do Pará. A crescente valorização da soja no mercado externo e as incertezas da economia parecem ter revalorizado a terra como ativo”.

Ainda segundo a autora, “baseada numa poderosa logística, a agroindústria tende a se

expandir rapidamente, ainda mais com a consolidação do mercado da China” e essa

atividade econômica tem também influenciado notadamente os processos recentes de

reorganização do território em áreas excepcionalmente ativas e dinâmicas em termos de

crescimento econômico, como a Pré-Amazônia mato-grossense e Rondônia (nesse estado,

recentes estudos da Embrapa empreendidos nos municípios de Porto Velho, Ariquemes,

Castanheiras, Cerejeiras e Vilhena, mostraram o excelente potencial e grande adaptação

às condições naturais encontradas aí desse destacado produto agrícola). A partir do final

do século XX (anos 90), o entorno da BR-163 passou a constituir por sua vez, uma das

principais fronteiras de expansão da agricultura moderna na área do Cerrado em Mato

Grosso, concentrando-se a maior produção de grãos nos municípios de Sorriso, Lucas do

Rio Verde, Nova Mutum, Nova Ubiratã, Diamantino e Tapurah.

O óleo de soja - vale ressaltar- é o mais utilizado pela população mundial no preparo de

alimentos. O grão é também é extensivamente usado em rações animais. Outros

produtos derivados da soja incluem insumos da agro-indústria e da indústria alimentícia

(massas, farinha, bebidas...), sabão, adubos, cosméticos, resinas, tintas, solventes e

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biodiesel. Ressalte-se que, em 2004, o complexo da soja foi responsável por nada

menos que 10.4% (US$ 10 bilhões) do valor total das exportações brasileiras (PASCA,

2006).

A produção da soja em larga escala representa uma enorme pressão sobre os recursos

naturais e ecossistemas da região amazônica. E a sojicultura- uma modalidade de

atividade agrícola altamente tecnificada-, tem a propósito, desencadeado impactos

ambientais extremamente significativos nessa região como o sensível incremento do

desmatamento (principalmente no bioma Cerrado), a degradação dos solos e o

agravamento do quadro crítico de disponibilidade de recursos hídricos (gerado em

decorrência de processos de irrigação das lavouras de soja).

Vale ressaltar ainda que a mecanização que chega junto com a soja tem ocasionado

também, impactos socioeconômicos, principalmente, para os pequenos produtores

familiares que estão sendo excluídos da atividade sojeira. Muitos deles têm sido

deslocados de suas propriedades que, a seguir, dão lugar aos grandes latifúndios.

Ademais, tem ocorrido uma fraca geração de empregos na sojicultura e pequena

produção de alimentos nas áreas em que ela se estabelece, aliadas a uma elevada

concentração da posse da terra.

Desenvolvimento do trabalho Uma realidade complexa e preocupante, imbricada com essa expansão dos “territórios

corporificados” da soja em sub-regiões como a Amazônia Meridional e Oriental diz

respeito, por outro lado, à influência por ela exercida sobre comunidades tradicionais aí

domiciliadas, como as sociedades indígenas, legalmente domiciliadas em territórios

para elas reservados pelo Estado, e que, aliás, se caracterizam e se notabilizam hoje,

pelo exercício de novas territorialidades nesse contexto intrarregional (DEUS, 2008,

DEUS, MELLO, 1997). Como salienta Collins (1990, p. 128, tradução nossa), nos

últimos vinte anos, “a pressão sobre os povos nativos da Amazônia cresceu

enormemente à medida que a tecnologia moderna compelida por novos direcionamentos

políticos expansionistas abriram as áreas remanescentes das rain forests ao

desenvolvimento”.

Becker (p. 123) é uma das autoras que identifica com maior precisão e nitidez os

conflitos, vulnerabilidades e possíveis estratégias de solução do agronegócio da soja,

que geram de fato “problemas de concentração fundiária e de renda, bem como a

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expulsão de pequenos produtores, ameaças às terras indígenas e intensificação do

desmatamento”. Para o antropólogo Edmundo A. Peggion (UNESP), a devastação do

entorno das áreas indígenas tem inclusive impedido o livre trânsito da fauna,

ocasionando o descontrole dos ciclos ecológicos. Para o pesquisador, os povos

indígenas não são imunes à “mentalidade desenvolvimentista” predominante na região

(e que remete a um modelo de desenvolvimento homogêneo e hegemônico).

Outros geógrafos como Júlia Adão Bernardes (2002) e Dan Pasca (2006, p. 629)

explicitam que, no Mato Grosso, a partir de 1985, “a pecuária foi gradualmente

substituída pela sojicultura, uma vez que as extensas áreas planas de Cerrado

constituíam o espaço ideal para a mecanização” (e essa monocultura disseminou-se,

assim, pelos municípios de Campo Novo dos Parecis, Sapezal e Campos de Júlio).

Pasca (2006) discrimina povos indígenas das áreas culturais Tapajós / Madeira e

Tocantins / Xingu como os Xavante, Enawenê-Nawê e Pareci como aqueles “que mais

sofrem essa pressão atualmente”. Ressalte-se que “o estado de Mato Grosso é o maior

produtor de soja do país, com 18.2 milhões de toneladas, na safra 2009/ 2010”

(PIMENTEL, 2011, p. 60). E na década anterior, em 1995, a soja já ocupava aí,

aproximadamente um território de 2.280.360 ha de extensão, detendo desde então, esse

estado, a segunda maior área de produção do grão no país, contribuindo com 20% do

total da produção nacional dessa commodity (BERNARDES, 2002).

Em tese de doutoramento desenvolvida na Universidade de Tübingen o pesquisador

Dan Pasca (2006, p. 629) caracteriza a etnia pareci do oeste de Mato Grosso, como

aprisionada “nos tentáculos do agronegócio”, pois a expansão da fronteira agrícola na

região em que estão sediados esses índios teria significado para eles, “a perda de grande

parte de seu território tradicional e a degradação dos recursos naturais”, além de

ocasionar “mudanças na organização social e no sistema econômico tradicional”.

A agricultura familiar dos Pareci (Paresi)- sociedade indígena do tronco (ou família)

aruak-, era baseada em tubérculos (especialmente a mandioca). Alguns integrantes da

etnia ainda fazem beiju (de mandioca), consomem carne moqueada e tomam a chicha

(bebida tradicional), mas as crianças da tribo estão hoje adaptadas a uma dieta baseada

em produtos industrializados (de baixo teor nutricional), devido ao crescente processo

de inserção dos pareci na sociedade de consumo.

A pressão exercida pelo agribusiness sobre os Pareci teve dois objetivos essenciais:

primeiramente, a construção de estradas que atravessando as terras indígenas,

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permitiram, com o encurtamento dos trajetos, reduzir os custos de frete; e,

posteriormente, o acesso à própria terra indígena para o plantio da leguminosa Assim,

extensas plantações de soja foram implantadas nas reservas em áreas onde antes havia

apenas vegetação típica do Cerrado (um total de 1,5 mil hectares de terra foram então

destinados ao plantio da soja nas áreas indígenas). Nesse processo de interação entre

índios e sojicultores, os Pareci emprestaram a terra e entraram como parte da mão-de-

obra. Os fazendeiros forneceram as sementes, os adubos e as máquinas.

Politicamente fragmentados e pressionados por influentes sojicultores da região e

seduzidos por suas promessas, é que esses índios aceitaram essa construção de estradas

atravessando as terras: Pareci, Utiariti e Rio Formoso. Em setembro de 2003, e

posteriormente, em dezembro de 2008 os Pareci chegaram a pressionar a FUNAI no

sentido de ajudá-los a continuar investindo na lavoura mecanizada e obter

financiamento direto para a agricultura em grande escala. Os Pareci protestavam contra

a postura da então direção da FUNAI de considerar a atividade ilegítima, tendo

conseguido consequentemente autorização do órgão para fazer empréstimos bancários

que financiassem suas lavouras. O empréstimo foi feito pelo Banco do Brasil e

beneficiou 1.800 índios parecis nos municípios de Campo Novo, Sapezal, Conquista do

Oeste, Diamantina e Tangará da Serra.

Tal decisão, embora não tenha sido consensual, pôde ser viabilizada em função da

organização política descentralizada desses índios. As críticas mais contundentes a ela,

em geral, vieram dos mais velhos, que questionaram a adoção de valores e

comportamentos individualistas e mercantilistas que se associa à experiência. A

repartição dos benefícios advindos da assinatura do contrato com a associação dos

fazendeiros, entre as comunidades, também gerou divergências e conflitos internos entre

os índios (PASCA, 2006).

Parcerias agrícolas informais e bastante desiguais (incentivadas pelo governo estadual

mato-grossense que discrimina os grupos indígenas que não se adaptam e não se

submetem ao modelo do agronegócio) foram, nesse contexto, estabelecidas entre índios

e fazendeiros para o arrendamento de terras (a formalização de tais acordos é

questionável, pois se coloca em questão se poderiam os indígenas gerir dessa forma

terras que legalmente pertencem à União. O Ministério Público Federal está

investigando se existe irregularidade no desenvolvimento da experiência). Outros

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contratos foram estabelecidos para plantações de soja nas terras indígenas: Irantxe (do

povo indígena de mesmo nome); e Tirecatinga, dos Nambikwára.

Peggion (2006, p. 607) coloca em pauta esse recente fenômeno do envolvimento de

povos indígenas de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas com “um processo produtivo

que tem como referência a monocultura”. Pudemos igualmente evidenciá-lo in loco, em

interlocuções com lideranças e outros membros de grupos étnicos locais em

reconhecimentos de campo que empreendemos na área central de Rondônia em 2010/

2011. Nessa região, povos indígenas do grupo étnico tupi-kawahíb, domiciliados na

mais importante área de preservação do estado- o Parque Nacional dos Pacáas-Novos

(LEONEL, 1995), como os Uru-Eu-Wau-Wau e Amondáwa, têm progressivamente

substituído seus sistemas econômicos tradicionais pela produção intensiva de produtos

como milho, café e feijão, com o objetivo de comercializá-los.

Já o Parque Indígena do Xingu pode também ser visualizado, no período recente, como

uma “terra sitiada”, desde que “a retomada do crescimento da economia, estimulada

pela exportação de commodities como a soja, levou à conversão em massa das fazendas

ao sul do Parque ao plantio de grãos”. Segundo a Empresa de Assistência Rural do

Estado do Mato Grosso (Empaer), o cultivo da soja tornou-se a atividade agrícola

predominante em todo o leste mato-grossense, envolvendo porções das bacias dos rios

Araguaia e Xingu.

A substituição da pecuária pela sojicultura se explica por várias razões: queda de

produtividade da pecuária devido à degradação do solo; disponibilidade maior de

crédito para a soja; facilidade de manejo do cultivo, maiores produtividade e

rentabilidade do cultivo de grãos. A expansão da soja na região dos formadores do

Xingu ocorreu, sobretudo, na última década do século XX, mas sua introdução na

região data desde 1980, quando esteve vinculada aos incentivos do governo federal para

produtores rurais do Sul, que migraram para o norte do Mato Grosso, atraídos pelos

projetos de colonização.

A intensificação da produção de soja aconteceu na década de 90, sobretudo quando

ingressaram no cenário econômico regional, as grandes empresas comercializadoras do

grão. A partir da chegada das transnacionais, a soja experimentou, de fato, notável

impulso na região. Para se ter uma idéia, em 1996, o município de Canarana produzia

soja em cerca de 18 mil hectares, o que representa apenas 25% dos 70 mil hectares em

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que se produz o grão atualmente, ainda segundo dados da Empaer. Isso representa uma

safra de 1,5 milhão de sacos de soja (ou 90 mil toneladas).

O Parque Indígena do Xingu foi criado pelo Decreto no. 51.084, de 31/ 07/ 1961

(MENEZES, 2000, 2001), e constituiu a primeira grande área indígena demarcada no

país, com 2,8 milhões de hectares de extensão (sua implantação- vale ressaltar-, ocorreu

em período bem anterior à implementação de outras reservas indígenas territorialmente

extensas na Amazônia brasileira).

É relevante assinalar que esse território configurou-se como referência histórica-

inconfundível e emblemática-, para o indigenismo brasileiro, pois, como registra

Capelas Jr. (2011, p. 83), “o Xingu foi modelar para todas as demais reservas indígenas

hoje demarcadas na Amazônia”. Vivem aí, 14 etnias diferentes (com culturas e tradições

diversas), integrantes de diferentes troncos ou famílias etnolinguísticas: tupi (Kamayurá

Awetí, Kayabí), jê (Suyá, Tapayúna, Kayapó Txukahamãe ou Mentuktire), aruak

(Waurá, Mehináku, Yawalapity), karib (Kalapálo, Kuikúro, Matipu, Nahukwá) e outros

(Trumái), que em sua maioria, vivem já secularmente, uma experiência de intenso

convívio intercultural (configurando, regionalmente, a constituição da Área Cultural do

Alto Xingu, também conhecida como “área do Uluri”).

No final do século XX (década de 80), já se registrava, nos limites do parque, a

implantação de “oito novos municípios, além de uma grande quantidade de fazendas e

estradas”. Segundo Capozzoli (2011, p. 20): “deslocando-se no sentido horário, em torno do Parque estão as cidades de Paranatinga, Nova Ubiratã, Feliz Natal, Santa Carmem, Cláudia, União do Sul, Marcelândia, e Peixoto de Azevedo. Na porção leste, passando pelo norte do parque, ainda seguindo os ponteiros de um relógio, aparecem: Vila Rica, Santa Cruz do Xingu, São José do Xingu, São Félix do Araguaia, Alto Boa Vista, Querência e Bom Jesus do Araguaia.”

Como descreve Capelas Jr. (2011, p. 24), o parque é hoje “uma ilha de verde em meio

ao avanço da agropecuária no norte do Mato Grosso” uma vez que em 2009, 5.8

milhões de hectares do seu entorno já estavam desmatados- o que corresponde a 47% da

área que circunda essa vasta terra indígena (PIMENTEL, 2011).

Consequentemente, os índios xinguanos vivenciam hoje uma experiência inédita- mais

contraditória e ameaçadora (!)-, de contato próximo e frequente, com a nossa

civilização. Esses novos impasses, como acentua Capozzoli (2011, p. 18), trazem

apreensão e medo para as lideranças indígenas locais pois, nessa situação de intensa

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pressão cultural vinda de fora (do “mundo dos brancos”), os jovens indígenas tem

repudiado valores culturais tradicionais “e sonham com objetos de consumo...”.

Outra ameaça é a “poluição dos rios, cujas nascentes estão fora do parque. A

contaminação das águas que afluem para o Parque com agrotóxicos é uma grande

ameaça aos índios, que têm nos peixes, parte essencial de sua dieta” (VILLELA, 2011,

p. 55). Os povos indígenas xinguanos estão, entretanto, atentos e mobilizados e,

periodicamente, a Associação Terra Indígena do Xingu (ATIX) promove expedições de

fiscalização das fronteiras do Parque- o que- vale ressaltar!- constitui um claro exemplo

de exercício de territorialidade desses grupos tribais!

Os índios querem evitar que o lugar onde vivem, e que preservam, seja invadido e

prejudicado pela descaracterização ambiental que ocorre no entorno. Expedições

realizadas por eles nos municípios de Canarana, Querência e Gaúcha do Norte,

visitando fazendas e checando em campo as paisagens, através de cartas-imagem

Landsat 2000, verificaram que o cultivo da soja não está restrito às pastagens e/ou às

áreas degradadas, mas também vem se expandindo para as áreas que estavam, até então,

intactas. Os desmatamentos continuam a leste e sul, no entorno do Parque e, atualmente,

a produção também está se expandindo a oeste da reserva, em municípios que

originalmente viviam da exploração madeireira como: Sinop, Vera, Cláudia,

Marcelândia e Nova Ubiratã. Em Gaúcha do Norte, ao sul do Parque, a expedição

flagrou atividades de desmatamento em fazendas próximas ao rio Culuene (Gaúcha do

Norte) e áreas recém-derrubadas em Querência, ao que tudo indica, para iniciar-se aí, a

cultura da soja.

Quanto aos índios xavante, que vivem ao sul do parque, na região do Rio das Mortes,

somam hoje “aproximadamente 13 mil pessoas, distribuídas por mais de 150 aldeias,

que, por sua vez, estão espalhadas por nove terras indígenas- ao todo são 1.380.000 ha-

das quais seis são territorialmente descontínuas” (PAULA, 2006, p. 737); e observa-se

que uma de suas reservas, a Terra Indígena Parabubure (homologada e registrada em

1987/ 1988- SEREBURÃ et al., 1998), “está localizada numa região que tem sido nos

últimos anos, incorporada cada vez mais pelo agronegócio”. Em seu entorno “grandes

extensões de plantação de soja, milho e algodão se misturam aos antigos pastos

(naturais e artificiais) e a pequenas propriedades dedicadas à pecuária de leite, à

produção de seringais, etc.” (PAULA, 2006, p. 738).

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Como os Pareci, os Xavante também têm sido muito hábeis em utilizar instrumentos de

luta como a manifestação política e a propaganda para reivindicar da FUNAI, verbas

destinadas à implementação de melhorias para suas comunidades, como a mecanização

de lavouras e a obtenção de sementes selecionadas.

Felizmente, entretanto, em contraposição a essa realidade, no interior da Terra Indígena

Parabubure “vem ocorrendo uma intensa recuperação da vegetação nativa” desde a

retomada do território por parte dos xavante no final do século XX (década de 70). O

antropólogo Luís Roberto de Paula enfatiza, nesse contexto, que: “esse fenômeno socioambiental implica, dentre outras coisas, na retomada da reprodução de caça e no retorno lento, mas constante, de áreas de coleta e, principalmente, na clara demonstração dos Xavante de que, apesar de estarem fortemente pressionados pelo contato, pretendem manter a sua identidade cultural e seus modos próprios de viver”.

O ecologista Frans Leeuwenberg (2006, p. 740) acentua inclusive que “a retomada do

plantio de diversas espécies de batatas nativas, conhecimento tradicional ligado às

mulheres mais velhas do grupo”, tem auxiliado recentemente o povo xavante “a

enfrentar problemas de segurança alimentar”- o que se efetivou através de um projeto-

piloto em parceria com uma organização não-governamental (Puma) a partir de 2004.

Os Xavante distinguem um total de 18 espécies de batatas tradicionais. E como

explicita Leeuwenberg (2006, p. 741/ 742): “a meta do projeto é mostrar que populações indígenas que ainda possuem uma área com produção silvestre de alimentos tradicionalmente utilizados, podem (e devem) ter o seu sustento tirado de sua própria reserva- mais rico em termos nutricionais- e assim manter a sua saúde e dignidade...”

Já no estado do Tocantins, um grupo timbira, os Khahó (Craôs), que como os Xavante,

pertence à família Jê (Tronco Macro-Jê), conscientizado da importância de uma “volta

ao passado” como forma de garantir à comunidade, melhores condições de

sobrevivência; e interessado em retomar a agricultura diversificada substituída, há

décadas, pela monocultura de arroz, obteve da Embrapa amostras de um tipo de milho

antigamente cultivado por eles, cujas sementes tinham sido coletadas em território de

seus parentes xavantes e armazenadas pela empresa em 1970.

Os Krahô, liderados por uma associação que congrega 16 aldeias, assinaram com a

Embrapa, contrato prevendo pesquisas para a conservação de recursos genéticos- o que

na prática colocou à disposição da comunidade uma equipe multidisciplinar altamente

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capacitada. Um projeto de produção e comercialização de polpa de frutos nativos do

Cerrado inaugurou, também, a partir de 1993/ 1994, alternativas econômicas viáveis

para as comunidades timbira do Maranhão e Tocantins, e para seus vizinhos regionais

não-índios.

Os povos da família jê têm sido caracterizados, a propósito, pelos etnólogos, como

“sociedades dialéticas”, constituindo, segundo alguns deles, notáveis exemplos de

resistência sociocultural (GONÇALVES, 1983). De acordo com Siqueira (2006, p.

703), fortalecidos e unidos politicamente, os Timbira, por exemplo, “buscam manter a

integridade de suas terras e implementar alternativas econômicas sustentáveis frente à

grande pressão da fronteira agrícola no Cerrado amazônico”.

E também a história dos xavante, segundo Aracy Lopes da Silva (1998, p. 378): “deixa

evidente sua grande capacidade de responder a esses fatores externos e,

simultaneamente, proceder a rearranjos que permitiram a preservação estrutural de sua

sociedade”. Desde as últimas décadas do século XX (a partir da década de 70), tem

havido uma atuação decidida dos xavante no sentido de buscar garantir a posse das

terras que eles ocupam e a recuperação de parcelas do seu território tradicional, no leste

do Mato Grosso. Nas últimas décadas, desmembramento e proliferação de aldeias

transformou-se, aliás, numa ação deliberada adotada por esses índios como tática de

ocupação física das áreas de reserva de modo a permitir a fiscalização constante de seus

limites e impedir / inviabilizar invasões em seus territórios.

Conclusões Percebemos que as questões associadas à Identidade e Etnicidade adquirem cada vez

mais visibilidade e força na “pós-modernidade” (DEUS, 2011), nos aspectos e

dimensões político-territoriais, socioculturais e socioambientais / etnoambientais,

sobretudo- fenômeno que remete à questão da luta pelos direitos à diferença (DEUS,

2005, DEUS, BARBOSA, 2009) - a exemplo daqueles crescentemente colocados em

pauta pelas comunidades tradicionais.

Nesse contexto, referendando as proposições da geógrafa Bertha Becker (2007),

consideramos relevante a adoção de ações, pelo Estado e sociedade civil brasileiros, no

sentido de fortalecer uma estratégia, que, aliás, já está em curso, de criação de novas

unidades de conservação e de proteção às áreas indígenas ameaçadas pelas frentes de

expansão (por exemplo: da soja), bem como o incentivo à implementação de programas

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de etnodesenvolvimento e etnossustentabilidade que resgatem, valorizem e revitalizem

os saberes tradicionais dessas sociedades. Tais ações / intervenções podem estar

inclusive estreitamente vinculadas a diretrizes de ordenamento territorial, e

objetivamente se somar ao protagonismo indígena já crescentemente exercido nessa

perspectiva.

Vale ressaltar que outros pesquisadores que fizeram proposições no sentido de abrir

perspectivas e discutir alternativas para o desenvolvimento da região amazônica como a

antropóloga Berta Ribeiro também apontam para a necessidade de se “preservar as

reservas indígenas e desenvolver mais estudos sobre a sabedoria desses povos em

termos de manejo florestal” (RIBEIRO, 1992, p. 256, tradução nossa).

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