sociologia da ciência

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CIES e-WORKING PAPER N. 69/2009

A sociologia da cincia em Portugal:contributos para a sua anlise

TERESA DUARTE

CIES e-Working Papers (ISSN 1647-0893) Av. das Foras Armadas, Edifcio ISCTE, 1649-026 LISBOA, PORTUGAL, [email protected]

Teresa Duarte licenciada e mestre em sociologia pelo Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa (ISCTE), onde actualmente frequenta o programa de doutoramento em sociologia. Tem vindo a desenvolver trabalho nas reas da sociologia do trabalho, da educao e da cincia. E-mail: [email protected]

Resumo O presente texto toma como objecto de estudo a sociologia da cincia. Apesar de ser considerado um domnio de produo sociolgica ainda emergente, a sociologia da cincia constitui uma rea de especializao em crescimento e consolidao que apresenta um diversificado contexto terico e metodolgico e um importante acervo de pesquisas empricas. Apesar do carcter mais recente em Portugal, a evoluo que este domnio tem conhecido justifica que possa ser tomado como objecto de estudo. Neste sentido, este ensaio procura caracterizar a sociologia da cincia, partindo, em termos metodolgicos, da anlise de livros (e captulos de livros) e revistas cientficas (entre 1988 e 2008), cujos textos so de natureza essencialmente emprica e que tm como sede disciplinar a sociologia. Este texto composto por trs partes principais: na primeira parte, procura-se caracterizar a sociologia da cincia atravs da anlise dos seus autores, protagonistas e instituies; na segunda, analisam-se os produtos da investigao sociolgica neste domnio, procurando descortinar as principais reas temticas abordadas; na terceira e ltima parte, analisam-se os procedimentos metodolgicos utilizados. Palavras-chave: sociologia da cincia; autores, protagonistas e instituies; reas temticas e metodologias dominantes.

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Abstract The object of study in this text is the sociology of science. Although considered a field of sociological production that is still emerging, the sociology of science is an expanding area of specialisation, in the process of consolidation, that presents a diversified theoretical and methodological context and an important stock of empirical research. Though this field of study is rather recent in Portugal, the development that it has undergone justifies its being taken as an object of study. For this reason, this essay seeks to characterise the sociology of science on the basis, in methodological terms, of the analysis of books (and chapters in books) and scientific journals (between 1988 and 2008) whose texts are by nature essentially empirical and whose place, from a disciplinary perspective, is within sociology. The text is divided into three main parts: the first part seeks to characterise the sociology of science through an analysis of its authors, protagonists and institutions; the second analyses the products of sociological research in this field and seeks to unveil the main thematic areas addressed; the third and final part analyses the methodological procedures used. Keywords: sociology of science; authors, protagonists and institutions; thematic areas and dominant methodologies

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1. Introduo1

A sociologia da cincia constitui uma rea de especializao da sociologia ainda muito recente. Dois factos so, a este respeito, ilustrativos: em 1976, a revista cientfica Science Studies mudou o seu nome para Social Studies of Science, tornando-se a primeira revista especializada na rea; apenas em 1978 criada, pela associao de socilogos americanos, uma seco dedicada sociologia da cincia, apesar de os primeiros trabalhos terem sido produzidos nos anos 40 do sculo XX (Bucchi, 2004). Robert Merton considerado o fundador da sociologia da cincia atribuiu este atraso a vrios factores: escassa conscincia do papel social da cincia, pelo que esta era analisada na forma como influenciava a sociedade2 nas suas caractersticas estruturais e nos seus processos de desenvolvimento , no se estudando o modo como a sociedade influenciava a cincia;3 e ao facto de a cincia ter sido tradicionalmente considerada como uma actividade distinta de outras actividades humanas, o que no a colocava exposta a ser questionada sociologicamente. Merton vaticinava, em 1952, que a sociologia da cincia s teria probabilidade de se desenvolver quando a prpria cincia fosse colocada na agenda pblica como problema social (Costa, 1996). Na realidade, a partir dos anos 60, a sociologia da cincia comea a desenvolver-se,4 apresentando actualmente um diversificado contexto terico e metodolgico e um importante acervo de pesquisas empricas. Como referido por Martinez, vila e Costa, [...] a) inclui uma enorme diversidade de objectos de estudo e de estratgias analticas,

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O presente texto corresponde ao trabalho de avaliao elaborado para a unidade curricular A Investigao Sociolgica em Portugal do 1 ano do Programa de Doutoramento em Sociologia do Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa ISCTE. Autores clssicos da sociologia, como Marx, Durkheim e Weber, incluem-se nesta perspectiva. Estes autores estudavam a sociedade em geral, constituindo os aspectos cientficos uma parte do que analisavam.

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Na sua tese de doutoramento intitulada Cincia, Tecnologia e Sociedade na Inglaterra do Sculo XVII (1939), Merton precursor desta perspectiva analtica, ao identificar os factores sociais (tico-religiosos), econmicos e militares que condicionaram o nascimento, no sculo XVII, de uma das primeiras comunidades cientficas modernas a Royal Society, de Londres.

Os estudos de Hagstrom (1965) sobre as lgicas de estruturao das comunidades cientficas, de Crane (1972) sobre a importncia dos colgios invisveis de dentistas, de Cole (1973) sobre a estratificao social da cincia, e de Zuckerman (1977) sobre os cientistas que ganharam o prmio Nobel so emblemticos desse desenvolvimento (Martinez, vila e Costa, 1994; vila, 1998).

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no s diferentes entre si mas que, no raramente, se apresentam como antagnicas ou radicalmente heterogneas; b) tem visto juntar-se-lhe um conjunto de trabalhos provenientes de disciplinas vizinhas, como a antropologia e a psicologia social, constituindo com elas actualmente, e com as verses renovadas da histria das cincias, uma vasta rea de pesquisa, habitualmente designada por estudos sociais da cincia, com forte tendncia para a integrao transdisciplinar; c) permanentemente invadido pela discusso de questes epistemolgicas ou, mais genericamente, do mbito da filosofia do conhecimento (1994: 80). Apesar do carcter mais recente em Portugal, a evoluo que este domnio de produo sociolgica tem conhecido justifica precisamente que possa ser tomado como objecto de estudo. Os objectivos gerais deste trabalho assumem como horizonte uma sociologia da investigao sociolgica em Portugal, tomando como referente de anlise a sociologia especializada da cincia. A sociologia torna-se, assim, objecto de reflexividade a partir dos seus prprios instrumentos de observao da realidade social. Tomando como objecto de estudo a sociologia da cincia, a pesquisa baseia-se, em termos metodolgicos, na anlise de livros (e captulos de livros) e revistas cientficas5 cujos autores sejam portugueses, entre 1988 e 2008. Estas publicaes tm como sede disciplinar a sociologia (pese embora muitas delas se terem enriquecido com contributos de outras cincias sociais) e so textos de natureza essencialmente emprica.6

Em face deste critrio excluem-se teses, actas de congressos, prefcios, relatrios de investigao, recenses, publicaes como CIES e-Working-Papers (documentos electrnicos que resultam de pesquisas desenvolvidas quer por investigadores do CIES, quer por investigadores que colaboram com membros ou actividades do centro) e Oficina do CES (dedicadas divulgao dos resultados de investigaes em progresso, e que esto disponveis on-line), videogramas e revistas de divulgao cientfica como CTS Cincia, Tecnologia e Sociedade, Colquio/Cincias, Biologia e Sociedade, entre outras. No que se refere s revistas cientficas, a pesquisa incidiu sobre as seguintes publicaes: Anais Universitrios Srie Cincias Sociais e Humanas; Anlise Social; Cadernos de Cincias Sociais; Comunicao e Sociedade; Configuraes; Economia e Sociologia; Educao, Sociedade e Culturas; Frum Sociolgico; Portuguese Journal of Social Sciences; Revista Crtica de Cincias Sociais; Sociedade e Cultura/Cadernos do oroeste/Srie Sociologia; Sociologia; Sociologia, Problemas e Prticas; e Trajectos, Revista de Comunicao, Educao e Cultura.6

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O processo de seleco dos textos nem sempre foi imediato, na medida em que alguns estudos se encontram em regies de fronteira. Alis, muitos deles enquadram-se, nitidamente, nos estudos sociais da cincia.

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Num primeiro momento procura-se caracterizar a sociologia da cincia atravs da anlise dos seus autores, protagonistas e instituies. Num segundo momento lanado um olhar sobre os produtos da investigao sociolgica neste domnio, procurando descortinar as principais reas temticas abordadas e, num terceiro momento, na linha do ponto anterior, procura-se averiguar os procedimentos metodolgicos utilizados. Com esta breve descrio e reflexo pretende-se contribuir para a anlise da sociologia da cincia em Portugal.

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2. A sociologia da cincia em Portugal autores, protagonistas e instituies Uma primeira incurso no campo da sociologia da cincia passa pela sua caracterizao em termos de autores, protagonistas e instituies, utilizando uma anlise extensiva. Desde logo, a identificao dos autores, bem como o levantamento das suas pertenas institucionais constitui um bom indicador para um mapeamento do campo da sociologia da cincia. No entanto, anterior a este mapeamento, relevante observar a distribuio da produo cientfica entre 1988 e 20087 neste domnio sociolgico, tendo sempre presente que no se incluram diversos tipos de publicaes.8 No total, entre captulos de livros na rea da sociologia da cincia (79 captulos de 11 livros), captulos de livros fora do mbito da sociologia da cincia (18) e artigos cientficos em revistas nacionais e internacionais (59), obtiveram-se 156 referncias. Como se pode observar no grfico 1, por tipo de publicao: at 1996 a produo cientfica, em geral, e em particular no caso das revistas,

foi muito reduzida. A partir da, existiram oscilaes anuais, sendo 2002 e 2004 os anos de maior publicao de revistas cientficas; quanto aos captulos em livros na rea da sociologia da cincia, verifica-se

que, desde a publicao do primeiro livro (Comunidade Cientfica e Poder, em 1993), 2000 e 2001 correspondem aos anos de maior volume; relativamente publicao em livros fora do mbito da sociologia da cincia,

o primeiro registo do ano de 1999.

Globalmente, o ano de 2001 aquele que assinala maior produo cientfica, mas no ano 2000 que, de alguma forma, se consolida a produo nesta rea de especializao.97 8

A pesquisa de publicaes, para efeitos deste texto, terminou em meados de Janeiro de 2009.

Alguns ensaios que so informados pelo pensamento social sobre a cincia e que tm anlises importantes da situao cientfica portuguesa caso de Jos Mariano Gago (1990), Manifesto para a Cincia em Portugal, Lisboa, Gradiva, e de Joo Caraa (1993), Do Saber ao Fazer: Porqu Organizar a Cincia, Lisboa, Gradiva no foram aqui considerados. O reduzido volume de publicaes relativas ao ano de 2008, pode indiciar que muitas ainda se encontram a ser editadas e distribudas no incio de 2009 vide caso do ltimo nmero da revista Sociologia, Problemas e Prticas, datada de Maio de 2008 mas que publicada em Janeiro de 2009. 69

Grfico 1 - Produo cientfica na rea de sociologia da cincia por tipo de publicao, segundo o ano (1988-2008)14

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0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Livros na rea de Sociologia da Cincia (captulos) Captulos de Livros (outros) Artigos Cientficos (revistas nacionais e internacionais)

2.1 Autores e autorias

possvel observar que vrios so os investigadores que se debruaram sobre este domnio de especializao (ver Anexo). No entanto, 44,4% apresentam uma nica publicao na rea.10 Um dos indicadores do modo de produo cientfica refere-se

individualizao/colectivizao da cincia. No caso das publicaes em anlise, todos os livros na rea da sociologia da cincia so obras colectivas, o que no com certeza independente do facto de muitas dessas publicaes terem resultado de projectos colectivos de investigao. Nestes livros (grfico 2) existe um peso um pouco mais elevado (56,9%) da autoria colectiva relativamente individual, mais evidente nas obras A Comunidade Cientfica Portuguesa nos Finais do Sculo XX: Comportamentos, Atitudes e Expectativas (1995), Pblicos da Cincia em Portugal (2002) e Cultura Cientfica e Movimento Social: Contributos para a Anlise do Programa Cincia Viva (2005).

A este nvel, podero existir vrias hipteses explicativas (entre outras): os autores integraram equipas de investigao nesta rea de especializao, tendo enveredado/regressado, posteriormente, por/a outras reas; os autores publicam, sobretudo, noutros formatos; ou no publicam/no tm publicado.

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Grfico 2 mero de captulos de livros na rea de sociologia da cincia por tipo de autoria, segundo o ano (1988-2008)10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Autoria individual

Autoria colectiva

Relativamente s revistas cientficas, sucede precisamente o inverso (grfico 3): predominam as autorias individuais, o que pode estar, em parte, relacionado com a elaborao de teses.

Grfico 3 mero de artigos publicados em revistas cientficas na rea de sociologia da cincia por tipo de autoria, segundo o ano (1988-2008)7

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0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Autoria individual Autoria colectiva

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Outros dois indicadores relevantes para caracterizar este domnio de investigao sociolgica so o sexo e a formao disciplinar dos autores. A partir da informao recolhida, verifica-se que, nesta rea de investigao, predominam as mulheres (61,9%). Quanto formao disciplinar, dos 63 autores das publicaes seleccionadas, 58,7% tm como formao sociologia. Para alm da formao em antropologia, psicologia social e cincias da comunicao, todos os outros autores tm afiliao a reas muito diversas.11

2.2 Protagonistas breves notas

Apesar de o nmero de investigadores que se debruam sobre esta rea de especializao ser vasto, o nmero de autores que mais tem publicado bastante mais reduzido. De entre estes, destacam-se quatro investigadores: Maria Eduarda Gonalves, Antnio Firmino da Costa, Patrcia vila e Joo Arriscado Nunes. Trs destes investigadores leccionam no Instituto de Cincias do Trabalho e da Empresa e pertencem ao Centro de Investigao e Estudos de Sociologia. Dos quatro autores, talvez seja Maria Eduarda Gonalves a que possui um perfil menos ortodoxo, na medida em que as suas qualificaes acadmicas (incluindo o doutoramento) so todas no domnio das cincias jurdicas. As principais reas de investigao desta autora centram-se quer nos domnios do direito europeu e do direito da sociedade da informao, quer no domnio das relaes entre cincia, tecnologia e polticas pblicas. Dos 11 livros em anlise na rea de sociologia da cincia, Maria Eduarda Gonalves coordena/organiza 6 deles. Por seu turno, todas as qualificaes acadmicas de Antnio Firmino da Costa so na rea da sociologia. De entre vrios domnios de investigao (sociologia, desigualdades sociais, leitura e literacia, culturas urbanas e avaliao de polticas pblicas), o autor tem trabalhado em cincia e sociedade. Em termos de publicaes (na rea), Antnio Firmino da Costa tem a co-autoria de dois dos livros em anlise: Pblicos da Cincia em Portugal (2002) e Cultura Cientfica e Movimento Social: Contributos para a Anlise do Programa Cincia Viva (2005).

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No foi possvel apurar a formao disciplinar de quatro dos autores.

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Patrcia vila constitui outra das autoras com maior produo cientfica. Tal como Antnio Firmino da Costa, realizou a sua formao acadmica em sociologia, tendo inclusivamente realizado uma tese de mestrado na rea de sociologia da cincia A distribuio do capital cientfico: cultura e relaes sociais na comunidade cientfica (1997). Por ltimo, Joo Arriscado Nunes. Licenciado em Histria e doutorado em sociologia, o autor tem desenvolvido investigao nas reas dos estudos de cincia e de tecnologia (em particular da investigao biomdica, cincias da vida e da sade pblica, da relao entre cincia e outros modos de conhecimento), da sociologia poltica e da teoria social e cultural.12 co-autor, com Maria Eduarda Gonalves, de um dos livros inventariados: Enteados de Galileu? A Semiperiferia no Sistema Mundial da Cincia (2001). Entendendo que as publicaes constituem um dos principais indicadores das posies estratgicas ocupadas pelos indivduos, pode colocar-se (grosseiramente )13 a hiptese de que estes quatro autores ocupam um lugar privilegiado no campo cientfico (Bourdieu, 1976).

2.3 Pertenas institucionais

A identificao das pertenas institucionais dos autores14 sugere que existe um domnio, quase exclusivo, do contexto universitrio, e uma elevada concentrao de autores em determinadas instituies, onde se evidencia o Centro de Investigao eToda a informao apresentada, relativa aos quatro investigadores, consta das respectivas pginas pessoais na internet. No caso de Maria Eduarda Gonalves, Antnio Firmino da Costa e Patrcia vila, na pgina do Centro de Investigao e Estudos de Sociologia; no caso de Joo Arriscado Nunes, na pgina do Centro de Estudos Sociais. Obviamente, esta concluso sofre de muitas debilidades. Basta enunciar que, para construir um ndice de capital cientfico, vila (1997) incluiu 10 variveis, agrupadas em 4 grandes dimenses: o estatuto institucional (o grau acadmico e a categoria profissional), as funes de orientao e coordenao (a orientao de doutoramentos, a coordenao de equipas de investigao e o exerccio de cargos de chefia numa instituio de investigao), a produtividade cientfica (o nmero global de publicaes e o nmero de projectos) e a internacionalizao da actividade (medida pela residncia no estrangeiro durante pelo menos um ano, ter tido algum momento de formao acadmica no estrangeiro e o nmero de semanas passadas no ltimo ano no estrangeiro por motivos profissionais).14 13 12

Esta informao foi obtida, sobretudo, atravs das breves notas biogrficas constantes de alguns livros e da consulta de informao na internet (pginas pessoais, institucionais e fichas da FCT).

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Estudos de Sociologia do ISCTE. Para alm deste centro de investigao, destaca-se ainda o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o prprio ISCTE (com investigadores que pertencem a outros centros), o Instituto de Cincias Sociais da Universidade do Minho e o Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa. Para alm desta leitura, que o quadro 1 sugere, tambm observvel a concentrao de autores na regio de Lisboa e Vale do Tejo. Contudo, existem plos activos e muito dinmicos nas regies Centro e Norte do pas.

Quadro 1 Instituies a que pertencem os autores que publicaram em livros e em revistas cientficas na rea de sociologia da cincia, entre 1988 e 2008Instituio Centro de Investigao e Estudos de Sociologia/ISCTE Centro de Estudos Sociais/Universidade de Coimbra Instituto de Cincias Sociais/Universidade do Minho ISCTE Instituto de Cincias Sociais/Universidade de Lisboa (antigo) Observatrio da Cincia e Tecnologia Faculdade de Cincias e Tecnologia/Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Cincias Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa Instituto Superior de Cincias da Nutrio/Universidade do Porto Escola Superior de Comunicao Social/Instituto Politcnico de Lisboa Escola Superior de Enfermagem/Universidade de vora Escola Superior de Tecnologias da Sade de Lisboa Faculdade de Engenharia/Universidade do Porto Fundao Calouste Gulbenkian Gabinete de Estudos e Acompanhamento de ID/ITQB/UNL Instituto Politcnico de Beja ISEG/Universidade Tcnica de Lisboa Reitoria da Universidade de Coimbra Universidade do Minho Universidade dos Aores (pertena desconhecida) N 17 6 6 6 5 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3

2.4 Produo cientfica em revistas

Um dos indicadores do grau de internacionalizao de um domnio consiste no exame das suas publicaes. A este respeito, a partir do recenseamento efectuado, verifica-se que 76,3% dos artigos so publicados em revistas cientficas nacionais. De entre estas, o maior volume de produo cientfica regista-se na Revista Crtica

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de Cincias Sociais,15 na Sociologia, Problemas e Prticas16 e na Anlise Social17 (quadro 2), o que alis coerente com as pertenas institucionais dos autores.

Quadro 2 mero de artigos publicados em revistas cientficas na rea de sociologia da cincia por revista, segundo o ano (1988-2008)1988 Revistas nacionais total Revista Crtica de Cincias Sociais Sociologia, Problemas e Prticas Anlise Social Comunicao e Sociedade Frum Sociolgico Outras revistas Revistas internacionais total 2 2 1 2 2 1 3 1 2 1 3 1 1 1 1 1 1 89 1 91 1 1 94 2 1 1 96 4 2 1 1 2 1 1 1 97 3 98 4 99 2000 3 1 1 1 2 2 01 5 2 02 5 2 03 2 1 1 04 5 2 1 3 1 1 1 05 2 06 4 07 1 08 Total 2 45 12 11 9 4 2 7 14

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A Revista Crtica de Cincias Sociais surge em Junho de 1978, sob a direco de Boaventura de Sousa Santos, a partir do trabalho de um conjunto de docentes de cincias sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Est enquadrada no Centro de Estudos Sociais.

A revista Sociologia, Problemas e Prticas inicia a sua publicao em Junho de 1986, no mbito do Centro de Investigao e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa. Esta a revista mais antiga das referidas o primeiro nmero de 1963. Enquadra-se nas actividades do Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa.17

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3. Em busca das reas temticas dominantes da sociologia da cincia em Portugal

Nesta parte do texto procura-se identificar as principais reas temticas que tm constitudo os estudos em sociologia da cincia em Portugal. Neste sentido, analisa-se o contedo dos artigos e livros inventariados, realizando, sempre que possvel, um enquadramento relativo s principais publicaes nessa rea. Em termos gerais, encontram-se trs eixos temticos na investigao sociolgica da cincia em Portugal: a) um centrado nas instituies cientficas e nos profissionais da cincia, b) outro nos estudos de laboratrio e c) um ltimo na relao entre cincia e sociedade. Pese embora serem estas as reas temticas mais privilegiadas pelos investigadores, no devem ser ignorados os (ainda reduzidos) estudos no domnio da sociologia da cincia e tecnologia.18 A organizao do texto prioriza a rea temtica ao invs da cronologia de surgimento dos temas.

a) Instituies cientficas e profissionais da cincia

Uma das vertentes da sociologia especializada da cincia agrega estudos que analisam as prticas e os sistemas de regras e valores dos cientistas portugueses. O primeiro e nico estudo sobre a comunidade cientfica19 portuguesa publicado em 1995 coordenado por Jorge Correia Jesuno e integra, precisamente, esta rea18

Nesta rea destaca-se o trabalho de Cristina Palma Conceio (2003) sobre a inveno independente em Portugal, que resultou, alis, da sua tese de mestrado no ISCTE, em 2001, sob a designao de A inveno independente em Portugal: protagonistas, estratgias e contextos. Lusa Oliveira (2000) publica tambm um artigo que pode ser aqui enquadrado, sobre os novos desafios que so colocados universidade.

Apesar de utilizado no ttulo da obra, o conceito de comunidade cientfica tem sido alvo de vrias crticas, identificando-se dois tipos de argumentos (vila, 1998): os cientistas no constituem um grupo homogneo, as motivaes e os seus interesses no so necessariamente convergentes; no se pode considerar que os cientistas pertencem todos a um mesmo grupo social, mas existem muitas comunidades que tm composio, dimenso e temporalidade variveis. Bourdieu (1976) precisamente um dos autores que se distancia deste conceito e que se inscreve no primeiro tipo de argumentos, ao analisar a cincia enquanto campo, mais precisamente campo cientfico sistema cientfico entendido enquanto

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temtica. A obra A Comunidade Cientfica Portuguesa nos Finais do Sculo XX: Comportamentos, Atitudes e Expectativas, que resulta da realizao de um inqurito comunidade cientfica portuguesa efectuado por uma equipa interdisciplinar de investigadores, caracteriza esta comunidade em vrias vertentes prticas profissionais, concepes sobre a cincia e valor social, atitudes e expectativas dos cientistas portugueses, origens sociais e estratificao dos cientistas, entre outras. Referem-se aqui, apenas, alguns desses captulos. Neste livro bem patente a tradio de Merton e, especificamente, uma das linhas analticas deste autor que integra a primeira fase da sociologia da cincia: a anlise sociolgica das relaes sociais e dos padres culturais internamente constitutivos da instituio cientfica. Merton realiza um conjunto de anlises neste campo, entre as quais analisa o ethos da cincia (os padres normativos que orientam a actividade cientfica), as suas ambivalncias e disputas, os sistemas de recompensas e os processos de avaliao na cincia, e as formas de estratificao social existentes na instituio cientfica (1977). Partindo das normas reguladoras da comunidade cientfica enunciadas por Merton universalismo, comunalismo, desinteresse e cepticismo organizado Jorge Correia Jesuno e Patrcia vila (1995b) estudam as atitudes dos cientistas portugueses relativamente s normas subjacentes actividade cientfica. Estes autores procuram ainda apurar quais so os pressupostos epistemolgicos dos cientistas, em termos da distino entre cincia e no cincia. Em termos das prticas cientficas, Alan Stoleroff e Teresa Patrcio detm-se na diviso do trabalho cientfico, temtica que j tinha sido objecto de um artigo anteriormente publicado pelos autores, numa obra colectiva coordenada por Maria Eduarda Gonalves em 1993. Neste captulo, Stoleroff e Patrcio concebem a prtica

espao social diferenciado, onde os agentes desenvolvem estratgias com vista acumulao de um capital simblico e relacional que a acumulao de autoridade cientfica. De igual forma, Latour e Woolgar (1988) tambm se afastam deste conceito, ao referirem que o principal interesse que orienta os cientistas reside, no na procura da verdade cientfica, mas no aumento do respectivo ciclo de credibilidade. Na segunda ordem de argumentos, que se inicia com Kuhn ao mencionar a existncia, no de uma, mas de mltiplas comunidades, inscrevem-se autores como Knorr-Cetina. Esta autora considera que as unidades bsicas de organizao da cincia so as arenas transepistmicas (1982), na medida em que o trabalho dos cientistas suportado por relaes e actividades que ultrapassam o lugar de observao e as fronteiras das especialidades, sendo estas arenas quer mais pequenas do que as comunidades, quer maiores, porque incluem cientistas de outras reas e, inclusivamente, no cientistas.

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cientfica como um conjunto de actividades profissionais dos indivduos (em redor da realizao, produo e transmisso do conhecimento) de vrios estatutos e categorias que constituem a comunidade cientfica. Fernando Lus Machado, Patrcia vila e Antnio Firmino da Costa foram dos autores desta equipa que apresentaram dados mais surpreendentes. Estudaram a origem de classe e a composio social dos cientistas, e construram, a partir de um conjunto de variveis, um ndice de capital cientfico. da correlao deste ndice com a origem de classe que surgem, segundo os autores, dados inesperados. Apesar de este livro concentrar uma parte muito considervel da investigao nesta rea, outros trabalhos surgiram posteriormente (Patrcio e Stoleroff, 1996; vila, 1997 e 1998). As duas investigaes que vo ser brevemente referidas decorrem precisamente de A Comunidade Cientfica Portuguesa nos Finais do Sculo XX: Comportamentos, Atitudes e Expectativas, e tm a autoria de Patrcia vila, uma das protagonistas no domnio em estudo. vila (1997) parte do inqurito realizado junto da comunidade cientfica portuguesa, e elege como eixo de anlise o sistema de estratificao social interno ao campo cientfico, que operacionalizado atravs da construo do ndice de capital cientfico. A autora pretende, assim, examinar as relaes que se estabelecem entre aquele sistema e as dimenses de estruturao internas (a diversidade disciplinar, organizacional e institucional) e externas (a idade, a naturalidade e a origem social dos cientistas) ao campo cientfico. Decorrendo da mesma obra, vila (1998) retoma os dados do mesmo inqurito, construindo uma tipologia dos investigadores. Neste artigo, a autora pretende compreender de que forma os investigadores se diferenciam em termos da sua prtica cientfica, e conclui que o perfil-tipo dos investigadores portugueses pode ser diferenciado a partir da anlise dos padres de actividade quotidianos, relacionando-se estes com o lugar que ocupam na estrutura social do campo cientfico.

b) Estudos de laboratrio

Uma das reas temticas da sociologia especializada da cincia pode designar-se estudos de laboratrio. Genericamente, estes analisam as relaes sociais que se

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estabelecem no contexto do laboratrio entendido, globalmente, como o lugar onde se realiza o trabalho cientfico e o modo como o conhecimento cientfico produzido. So ilustrativas deste ramo de estudos, em Portugal, as investigaes realizadas por Antnio Firmino da Costa, Patrcia vila e Margarida Martinez (Costa, vila e Martinez, 2000; Martinez, vila e Costa, 1994), e por Joo Arriscado Nunes (1996a, 1996b, 2000 e 2001c) em laboratrios. A referncia a estas publicaes no pode ser descontextualizada das alteraes ocorridas na sociologia da cincia a partir dos anos 70 alteraes em termos de temtica e forma de a abordar. Como salienta vila: A anlise das influncias da sociedade na cincia e a anlise da especificidade das relaes sociais na esfera cientfica passam a centrar-se, de forma quase exclusiva, na produo ou construo do conhecimento cientfico. Em certo sentido, a sociologia da cincia cede lugar sociologia do conhecimento cientfico. (1998: 88). Ou seja, ultrapassada a primeira fase da sociologia da cincia que teve como principal protagonista Robert Merton, e uma fase seguinte onde se destacou Thomas Kuhn, David Bloor constitui o principal impulsionador desta nova fase, adoptando um conjunto de propostas analticas sob a designao de programa forte. Segundo este programa, o conhecimento cientfico tem conhecido um estatuto epistemolgico privilegiado que limita e condiciona a sua possibilidade de constituio como objecto de anlise sociolgica. Em face do obstculo constitudo por este estatuto, a sociologia do conhecimento cientfico pretende revelar a natureza social dos processos de produo cientfica, demarcando-se da viso racionalista e objectivista dos processos de produo da cincia. Para alm de Bloor, Harry Collins prolonga e aprofunda este programa nos anos 80, atravs de um novo programa (Empirical Program of Relativism EPOR) que se centra na anlise das controvrsias cientficas e, mais especificamente, na forma como os factos cientficos so socialmente produzidos na negociao e discusso entre cientistas. Para alm de Collins, autores com Yearley, Pinch ou Pickering enquadrados no programa de construtivismo social e relativismo metodolgico tm tambm realizado importantes contributos nesta rea de especializao (vila, 1998). A sociologia do conhecimento cientfico tem ainda realizado outras pesquisas que elegem o laboratrio como espao de anlise das prticas cientficas. Os estudos de

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laboratrio, de base antropolgica, passam a conceber a anlise da prtica cientfica como a nica via para dar conta da forma como o conhecimento cientfico produzido atravs da observao participante do trabalho quotidiano dos cientistas. Neste campo, Bruno Latour e Steve Woolgar tiveram um papel determinante com a edio do livro La Vie en Laboratoire: La Production des Faits Scientifiques, em 1979. Estes autores, a que se juntaram Knorr-Cetina e Michel Callon, fizeram a primeira etnografia de um laboratrio de investigao cientfica. Feito este pequeno desvio para enquadramento do surgimento desta rea temtica, e voltando s publicaes nacionais, constata-se que, no perodo em anlise, Margarida Martinez, Patrcia vila e Antnio Firmino da Costa (1994) so dos primeiros investigadores a realizar uma pesquisa num centro de investigao, no mbito dos estudos de laboratrio.20 Neste artigo, os autores observam a forma como as culturas profissionais so simultaneamente configuradas e configuram as organizaes, verificando-se um ajustamento mtuo entre as lgicas especficas da organizao e as dinmicas e estratgias de investigao que se reconfiguram permanentemente. Analisam ainda as formas de traduo (sendo a biotecnologia e a interdisciplinaridade operadores de traduo, na ptica da teoria do actor-rede Latour, Callon, entre outros) das redes sociais e dos modos de organizao num centro de investigao. Joo Arriscado Nunes o autor que mais tem publicado na rea dos estudos de laboratrio, privilegiando realizar estudos de caso em instituies de investigao na rea da sade.21 O autor explicita assim a sua preferncia: As etnografias de laboratrio clssicas produzidas nas dcadas de 1970 e 1980 constituram, sem dvida, uma pea central na emergncia dos estudos sociais da cincia tal como hoje os conhecemos. Graas a elas, foi possvel produzir uma viso renovada do trabalho de fazer cincia, dos processos, ocorrncias no tempo, de articulao heterognea de actores humanos e no-humanos e formas de conhecimento, de instrumentos, de materiais e de linguagens, e das contingncias locais envolvidas nesses processos. (2001c: 35).Dois destes autores (Costa e Martinez) tinham j realizado um estudo num centro de investigao nos anos 80 Eduardo Gomes Cardoso, Jorge Correia Jesuno, Antnio Firmino da Costa, Alfredo Pereira e Margarida Martinez (1986), Factores de Eficcia e Eficincia do Centro de Qumica Estrutural do IST, Lisboa, ISCTE.21 20

Outros investigadores do Centro de Estudos Sociais tm desenvolvido investigao neste campo, referindo-se, a ttulo exemplificativo, Maria Ins Faria e Susana Costa.

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Refiram-se, muito sucintamente, dois dos seus trabalhos. No ano 2000, Joo Arriscado Nunes desenvolve um trabalho centrado na produo do conhecimento cientfico, trabalho que publica no livro Cultura Cientfica e Participao Pblica. Neste captulo, o autor questiona a observao proporcionada pela microscopia, concluindo que as interferncias do contexto de utilizao dos procedimentos cientficos anulam uma concepo de cincia enquanto neutra e assptica. Em 2001, de entre as vrias publicaes, participa como autor e organizador na obra Enteados de Galileu? A Semiperiferia no Sistema Mundial da Cincia. No captulo que integra este livro, Nunes parte do espao do laboratrio para identificar as especificidades da investigao em biologia do cancro em Portugal ou seja, num contexto semiperifrico do sistema mundial de cincia (Nunes, 2001c).22 Este autor procura averiguar o modo como variaes locais entre laboratrios so mediadas por diferenas nos meios sociais e culturais locais e nacionais em que os laboratrios se situam, em funo da sua posio no sistema mundial da cincia. Como salienta, no laboratrio que se desenvolvem estratgias de articulao entre a relao com o local e as patologias que a surgem (como o cancro do estmago) e a transnacionalizao da investigao, surgindo o laboratrio como um espao privilegiado de articulao entre escalas e onde convergem e se intersectam dinmicas muito diversas.

c) Cincia e sociedade

Um dos aspectos que mais se tem constitudo como objecto de anlise por parte da sociologia o [...] da relao entre a esfera especializada da cincia (conhecimentos, instituies, investigadores) e as pessoas no envolvidas directamente na actividade cientfica (Costa, Conceio e vila, 2007: 64). Estes estudos tm ficado conhecidos sob a designao (genrica) de cincia e sociedade. semelhana do que sucedeu noutras reas temticas, o crescente desenvolvimento deste domnio no alheio a vrias alteraes no contexto, a principal das quais coloca a cincia como um dos elementos fundamentais de constituio da sociedade. Esta centralidade bem demonstrvel, na medida em que a

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Cristiana Bastos (1994), autora que faz uma investigao pioneira sobre a SIDA, aborda as diferenas culturais nas respostas globais a esta doena.

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cincia incorporada por vrias actividades econmicas, sistemas institucionais de organizao social e competncias profissionais, e a cincia e a tecnologia invadem os modos de vida quotidiana, quer sejam os produtos de consumo, as prticas culturais, as possibilidades de lazer ou a interaco social (Costa, vila e Mateus, 2002a). A partir da anlise dos vrios livros e artigos cientficos, repartiu-se cincia e sociedade em quatro subtemas: literacia cientfica e compreenso pblica da cincia, promoo da cultura cientfica, participao pblica nos debates e controvrsias de base cientfica e usos da cincia em contextos de governao no fundo, e genericamente, publicaes que analisam a forma como a cincia percepcionada e apropriada pelo pblico e como se relaciona com outras esferas sociais. Antes da imerso neste ramo temtico, refira-se que aqui que existe maior volume de produo cientfica por parte dos autores portugueses.

c.1) Literacia cientfica e compreenso pblica da cincia

No plano dos estudos realizados, uma das linhas de investigao/balizas temticas que pode ser invocada dentro de cincia e sociedade a genericamente denominada literacia cientfica e compreenso pblica da cincia.23 Os estudos sobre literacia cientfica, desenvolvidos internacionalmente a partir da dcada de 1950/60, pressupunham um dfice de conhecimento cientfico na populao e seguiam uma estratgia de investigao que partia da aferio de conhecimentos cientficos bsicos (conhecimentos bsicos sobre os conceitos, as teorias e os mtodos cientficos para lidar com os problemas de ordem prtica) por parte da populao, atravs de inquritos por questionrio. J nos anos 80, estudos sobre a compreenso pblica da cincia analisam as atitudes da populao perante a cincia. Baseados igualmente em inquritos extensivos mas tambm em anlises de imprensa, estes estudos pressupunham que baixos nveis de literacia cientfica conduziam a

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Este termo, tal como outros nesta rea (por exemplo, cultura cientfica), constitui um termo ambguo. Como menciona Bauer, [...] On the one hand it refers to a diversity of activities that aim at bringing science closer to the public on the other it refers to research that tries to determine what the publics understanding of science may be. (2004: 39).

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atitudes negativas em relao cincia, o que teria consequncias em termos de desenvolvimento cientfico (Bauer, 2004). neste enquadramento que Portugal realiza alguns inquritos por questionrio cultura cientfica dos portugueses24 na perspectiva da literacia cientfica e da compreenso pblica da cincia existindo, por exemplo, nos anos 90, uma inquirio especfica realizada pelo (ento) Observatrio das Cincias e das Tecnologias25 do (ento) Ministrio da Cincia e Tecnologia, que incidia sobre as fontes e prticas de informao sobre a cincia, os conhecimentos cientficos e as atitudes e crenas perante a cincia (Costa, Conceio e vila, 2007). Dois dos captulos da obra colectiva Cultura Cientfica e Participao Pblica (Gonalves, 2000a), incluem anlises baseadas neste inqurito cultura cientfica dos cidados: o captulo da autoria de colaboradoras/investigadoras do prprio Observatrio, mais precisamente, Maria de Lurdes Rodrigues, Joana Duarte e Ana Paula Gravito que analisa, de forma sinttica, os principais resultados do referido questionrio, no descurando uma reflexo metodolgica sobre algumas das crticas colocadas a estas inquirio , e o captulo de Patrcia vila, Ana Paula Gravito e Jorge Vala que examina o impacte do nvel de conhecimento cientfico nas crenas relativas cincia e s relaes entre cincia e sociedade. Paula Castro e Maria Lusa Lima, apesar de no utilizarem dados do Inqurito Cultura Cientfica, tambm se centram em redor da variabilidade das concepes de cincia entre o pblico, mas igualmente da variao das concepes de ambiente. Qualquer destas abordagens apresenta crticas ao Inqurito Cultura Cientfica,26 crticas que tm tido claros impactos na investigao realizada nesta rea:Estes questionrios aplicam-se desde 1988 em Portugal (Rodrigues, Duarte e Gravito, 2000). Alguns inseriam-se nos inquritos do Eurobarmetro.25 26 24

OCT/MCT (1998), Relatrio do Inqurito Cultura Cientfica dos Portugueses, 1996/1997.

Estas crticas surgem nestes captulos, bem como noutros textos, como vila e Castro (2003), Costa, vila e Mateus (2002a) e Costa, Conceio e vila (2007). Costa, vila e Mateus desenvolvem, no livro Pblicos da Cincia em Portugal, contributos para a superao de alguns dos problemas identificados: [...] b) o do recurso a indicadores de atitudes face cincia que so com frequncia muito artificiais ou irrealistas [...]; c) o do centramento da anlise nas atitudes, como se as relaes das pessoas com a cincia fossem apenas, ou sobretudo, dessa ordem, prestando assim bastante menos ateno s prticas sociais de relao com a cincia; d) o da interpretao das respostas aos diversos itens dos inquritos, feita de maneira muito fragmentada, como se cada atitude, opinio, prtica, etc., tivesse significado isolado, independente da maneira como esses itens se combinam entre si constituindo padres de cultura cientfica ou, de maneira mais ampla, modos de relao com a cincia. (2002d: 72).

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se, numa fase inicial, a realizao de questionrios populao constitua o mtodo privilegiado para aferir da cultura cientfica, a partir de meados dos anos 90 do sculo XX, este mtodo tem sido alvo de questionamentos, quer quanto aos pressupostos quer quanto ao contedo dos questionrios por exemplo, questiona-se a pertinncia dos indicadores usados (vila, Gravito e Vala, 2000), do conceito de literacia (vila e Castro, 2003), e a prpria viso (tradicional) da cincia que a percepciona como neutral e imune aos valores e influncias externas, onde no existem controvrsias, e que entende os cientistas enquanto detentores do saber e o pblico (homogneo) como assumindo uma posio meramente passiva e ignorante (Gonalves, 2000c, 2000d e 2003b). Mais precisamente, entende-se que estes questionrios no incluem a pluralidade e a complexidade das cincias, dos pblicos e dos contextos sociais, econmicos ou polticos em que os pblicos se encontram com as cincias, no permitindo captar as suas atitudes e prticas em relao cincia. Por esse motivo, alguma investigao realizada passou a orientar-se para captar esta heterogeneidade, objectivo claramente definido na publicao interdisciplinar Os Portugueses e a Cincia (Gonalves, 2003a), baseada em estudos de caso.

c.2) Promoo da cultura cientfica Vrios estudos tm sido realizados sobre promoo da cultura cientfica. Neste mbito inclui-se, entre outras, a divulgao cientfica e o movimento social de promoo da cultura cientfica.

i. Divulgao cientfica

Os primeiros artigos publicados, em revistas cientficas, na rea da sociologia da cincia em Portugal tiveram como tema a divulgao cientfica. O trabalho pioneiro de Fernando Lus Machado e Idalina Conde (1988a, 1989) sobre a divulgao cientfica em Portugal caracteriza os protagonistas da divulgao cientfica (prticas e concepes de divulgao) (1988a), e realiza a sociografia dos leitores de algumas revistas de

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divulgao (1989).27 Estes estudos investigam, no fundo, a relao da cincia com pblicos no especialistas. No mesmo mbito mas de forma mais aprofundada e abrangente, em 2002, a obra Pblicos da Cincia em Portugal procurou analisar os pblicos de revistas de divulgao cientfica ou de cultura cientfica. Neste livro, os autores Antnio Firmino da Costa, Patrcia vila e Sandra Mateus estudaram a composio social desses pblicos, as suas prticas de procura e recepo de informao sobre cincia e disposies associadas a essas prticas ou sua ausncia, as suas preferncias quanto a publicaes peridicas nesta rea, as concepes e atitudes relativas cincia, e as relaes destas variveis com outros domnios de competncias, estilos de vida e padres culturais. Os autores propem o conceito de modos de relao com a cincia, identificando (7) perfis-tipo dessa relao.28 Tendo um objecto de estudo diferente, Ana Delicado29 tem produzido investigao sobre os museus, enquanto um dos principais instrumentos das polticas de promoo da cultura cientfica (2006). Muito recentemente publicou um artigo sobre os museus enquanto espaos de produo (investigao) e de reproduo (formao de cientistas) da cincia (2008a). Um outro conjunto de trabalhos distintos, no campo da divulgao cientfica, centra-se, genericamente, no que se pode designar como relao da cincia com os media. Neste campo, existe o contributo de vrios autores: Jos Lus Garcia (2001) e Manuel Correia (2003) examinam a forma como os media se debruam sobre controvrsias cientficas, respectivamente, Foz Ca e o projecto Combo (Core-Mantle Bundary); Pedro Casaleiro (2000) analisa os conjuntos temticos relativos a cincia mais presentes na imprensa atravs da anlise dos jornais Correio da Manh, Jornal de otcias e Pblico, comparando-os com os pblicos dos museus. O autor aponta pistas para a reformulao das estratgias dos museus de cincia; Hugo Mendes (2003) tambm investiga a forma como os media comunicam a cincia atravs da anlise

Em 1988, estes dois autores publicam na revista CTS Cincia, Tecnologia e Sociedade um artigo intitulado A divulgao cientfica em Portugal: protagonistas, prticas e pblicos. Este estudo ainda complementado com o resultado de um conjunto de entrevistas que tiveram como objectivo traar o perfil de uma revista de divulgao cientfica em Portugal.29 28

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A tese de doutoramento da autora intitula-se A musealizao da cincia em Portugal.

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comparativa da cobertura de cincia pelos jornais Pblico, Expresso e Correio da Manh. De entre estes vrios contributos refira-se, muito brevemente, o trabalho de Jos Lus Garcia no livro O Caso de Foz Ca: Um Laboratrio de Anlise Sociopoltica (2001). O investigador estuda o papel dos media na construo das gravuras rupestres como patrimnio, sublinhando a estratgia eminentemente comunicativa de um dos actores de forma a obter os efeitos de agenda e a notoriedade pblica dos seus argumentos.

ii. Movimento social de promoo da cultura cientfica

Antnio Firmino da Costa, Cristina Palma Conceio, Ins Pereira, Pedro Abrantes e Maria do Carmo Gomes publicaram, em 2005, um estudo muito relevante sobre uma outra modalidade de divulgao cientfica que teve desenvolvimento recente em 1996 em Portugal: o programa Cincia Viva, programa pioneiro na visibilidade da cincia junto do cidado e pioneiro na forma como colocou a promoo da cultura cientfica na agenda pblica e nas prioridades dos investigadores. Os autores partiram da hiptese de que com o Cincia Viva se assistiu emergncia de um movimento social focado na promoo da cultura cientfica. Como salientam: O envolvimento alargado, o entusiasmo visvel da partilha de uma causa (a da cultura cientfica, vivida como valor, importante em si mesmo, e como objectivo de mudana, prosseguido com deliberao), a disponibilidade para o voluntariado, os laos informais e o estabelecimento de redes de cooperao, o carcter no rotineiro das aces e dos contactos, os rituais do encontro, os smbolos identificadores e os sentimentos de identidade colectiva tudo isto levava a colocar a hiptese do movimento social (2005a: 3). Adoptando um conceito de movimento social que remete [...] para a emergncia e afirmao de formas no rotineiras de aco colectiva, com o envolvimento deliberado de um conjunto de actores sociais em torno de um objectivo ou de uma causa, implicando algum tipo de mudana social (2005h: 114), concluram pela existncia de um movimento social de promoo da cultura cientfica.

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c.3) Participao pblica nos debates e controvrsias de base cientfica

A eroso da crena na cincia como nica fonte legtima de saber por via da multiplicao de controvrsias pblicas e da percepo de que os peritos divergem entre si e so falveis, e que podem no ter uma opinio neutral e desinteressada em face da estreita relao das prticas cientficas com os seus contextos socioeconmicos ou polticos (Gonalves, 2000c) contribuiu para que se abrisse e se incrementasse um espao de investigao que faz uma outra abordagem da relao entre a cincia e os pblicos no especialistas.30 Mais concretamente, uma rea que analisa a participao pblica nos debates e controvrsias sociais e polticas de base cientfica. Neste domnio, so muito relevantes alguns estudos que abordam um conjunto de controvrsias pblicas de base cientfica ocorridas em Portugal, e a sua importncia como instncias de debate sobre temas relativos ao ambiente, alimentao e sade: um sobre Foz Ca (Gonalves, 2001b), outro sobre a doena das vacas loucas (Gonalves, 2001c), outro sobre o caso de co-incinerao de resduos industriais perigosos (Nunes e Matias, 2003), outro sobre o urnio empobrecido (Delicado e Bastos, 2007) e outro ainda sobre o projecto Combo (Correia, 2000 e 2003).31 Aborda-se, sumariamente, um dos estudos. Eduarda Gonalves uma das pioneiras e impulsionadoras destes estudos em Portugal. Em 1993, coordena uma obra colectiva intitulada Comunidade Cientfica e Poder, onde, num captulo por si redigido, salienta que em Portugal no se fez a unidade entre o poder e a cincia, no tendo a cincia sido entendida como um instrumento til (no plano econmico, social e poltico), da existir uma escassa

No limite, alguns destes estudos enquadram-se numa linha de problematizao muito distinta das anteriormente focadas, na medida em que tocam a crtica pblica da cincia (Costa, vila e Mateus, 2002a). Adoptando uma postura epistemolgica construtivista de compreenso da cincia, alguns investigadores, entre os quais Boaventura de Sousa Santos, problematizam a natureza e as modalidades de conhecimento de base cientfica e suas aplicaes. Estas perspectivas destacam a existncia de efeitos perversos e destrutivos associados cincia, sendo esta entendida como modo de conhecimento hegemnico e supressor de outros modos de cognio (Santos, 1989 e 2000). Castro e Lima (2003) analisam tambm uma controvrsia o processo de consulta pblica sobre a incineradora de resduos domsticos de S. Joo da Talha.31

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institucionalizao do recurso ao parecer cientfico na rea de poltica.32 Numa outra obra colectiva, Cincia e Democracia (1996a), Maria Eduarda Gonalves adopta a mesma linha de pensamento, referindo a existncia de um dfice cientfico dos processos de deciso (escasso recurso cincia e ao contributo dos cientistas em vrias esferas poltica, econmica e social). A autora faz um estudo de caso sobre a controvrsia em redor das gravuras de Foz Ca (Gonalves, 2000d), onde investiga as atitudes e prticas dos actores sociais e polticos envolvidos perante a cincia. Para alm de artigos, coordena no ano 2001 uma obra colectiva e pluridisciplinar exclusivamente sobre Foz Ca O Caso de Foz Ca: Um Laboratrio de Anlise Sociopoltica. Na controvrsia relativa arte pr-histrica de Foz Ca, a cincia acabou por se constituir como um factor decisivo na opo poltica que foi tomada, aps um debate pblico onde participaram actores no cientficos, como polticos, meios de comunicao social e cidados. Como salientam Aida Valadas e Lima e Manuela Reis, tambm co-autoras deste livro, este caso foi marcado por um envolvimento cvico e poltico cuja abrangncia no tem precedentes na sociedade portuguesa, no que respeita a aces de defesa e valorizao do patrimnio.

Gonalves, Patrcio e Costa (1996), ao analisarem as concepes dos deputados portugueses sobre o papel social da cincia e sobre as polticas de C&T em Portugal, revelam que o aparelho poltico no criou as condies para incorporar a participao de cientistas nos processos de deciso de forma regular e sistemtica.

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c.4) Usos da cincia em contextos de governao

Apesar de este tema ter menor representao, so de destacar alguns estudos que analisam o uso da cincia em contextos de governao.33 No entanto, no se pode ocultar que este subtema tem pontos de ligao muito intensos com a participao pblica nos debates e controvrsias de base cientfica. Mais uma vez, observando obras de Eduarda Gonalves (1996c,34 2001b e 2003b), tomando como objecto os projectos de avaliao do impacte ambiental35 a barragem de Foz Ca (quer no artigo de 2003 quer no livro de 2001) e a co-incinerao de resduos industriais a autora observa o peso dos argumentos tcnico-cientficos e a opinio do pblico na deciso. Nos dois casos estudados, os movimentos sociais gerados impulsionaram as autoridades a apoiarem-se mais no parecer cientfico. Paula Castro e Maria Lusa Lima (2003) avaliam as diferentes vises da cincia que emergem nas controvrsias em torno das questes ambientais, partindo das avaliaes de impacte ambiental, nomeadamente das transcries pblicas de debate ambiental. Outros investigadores, como Susana Costa, Helena Machado e Joo Arriscado Nunes (2003), investigam o uso da cincia no meio judicial, a partir do estudo de caso das percias policiais que recorrem a tcnicas de identificao por perfis de ADN. Os autores analisam, por um lado, os condicionamentos exercidos sobre a prtica dos peritos e, por outro, as diferentes interpretaes e avaliaes dos procedimentos forenses pelos magistrados. Este estudo tambm confirma a tendncia dos poderes estatais para terem uma atitude de reverncia e de respeito acrtico pela cincia e pelos cientistas.

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Incluem-se ainda os trabalhos de Jos Lus Garcia e Filipa Subtil (2000) a propsito do conflito relativo ponte Vasco da Gama e outros artigos de Susana Costa (2001) e de Joo Arriscado Nunes e Susana Costa (2001) na relao entre cincia e justia.

A propsito do diagnstico de casos de BSE de animais importados do Reino Unido, Gonalves (1996c) examinou a audio parlamentar onde concluiu que o parlamento utilizou o argumento de falta de prova cientfica referido por alguns investigadores para justificar a inexistncia da doena, ou seja, usou a falta de consenso com fins polticos. Como salienta: A regulao do risco ambiental tem oferecido interessante matria-prima de anlise sobre as relaes entre a cincia e os processos de deciso, especialmente em contextos de controvrsia cientfica ou de controvrsia pblica de base cientfica. (2001b: 33).35

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4. Tendncias metodolgicas da sociologia da cincia em Portugal

A sociologia da cincia, como a maior parte das restantes sociologias especializadas, tem conjugado metodologias extensivas e metodologias intensivas, quantitativas e qualitativas. A seleco de livros (e captulos de livros) e revistas cientficas, entre 1988 e 2008, na rea da sociologia da cincia em Portugal exemplificativa desta diversidade metodolgica. Sem a pretenso da exaustividade, examinaram-se apenas alguns (dos 11) livros na rea da sociologia da cincia, para dar conta desta pluralidade metodolgica. Por exemplo, a obra A Comunidade Cientfica Portuguesa nos Finais do Sculo XX: Comportamentos, Atitudes e Expectativas dos estudos que utiliza unicamente metodologias extensivas mais precisamente, um inqurito por questionrio a uma amostra representativa de cientistas portugueses. J os livros Pblicos da Cincia em Portugal e Cultura Cientfica e Movimento Social utilizam uma estratgia metodolgica mltipla:

o primeiro aplica um inqurito por questionrio a uma amostra representativa da populao, realiza entrevistas a um leque muito diversificado de interlocutores (cientistas e jornalistas, grupos de responsveis por actividades institucionais de promoo da cultura cientfica, professores, estudantes, entre outros) e realiza levantamentos documentais;

o segundo recorre a anlise documental, efectua uma anlise quantitativa da informao constante em bases de dados de projectos de ensino experimental das cincias e das tecnologias nas escolas do ensino bsico e secundrio, realiza entrevistas a trs actores-chave do Cincia Viva e faz observao directa (nos fruns Cincia Viva e em laboratrios).

Sendo as restantes obras constitudas por captulos autnomos no sentido de corresponderem (na maior parte das vezes) a pesquisas distintas entre si dentro de um mesmo livro seleccionaram-se apenas exemplos de investigaes que utilizaram, unicamente, metodologias intensivas. Muito sumariamente, o primeiro exemplo do

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livro Enteados de Galileu? A Semiperiferia no Sistema Mundial da Cincia, onde Joo Arriscado Nunes relata e discute os resultados que alcanou atravs de uma pesquisa etnogrfica num centro de investigao. O outro exemplo, do livro Cincia e Democracia, refere-se a uma investigao de Maria Eduarda Gonalves. A autora analisa a controvrsia ligada ao caso das vacas loucas atravs da anlise do contedo de informao dos media, relatrios e actas de audies parlamentares. Por ltimo, pode ser relevante notar que, apesar da diversidade metodolgica que perpassa esta sociologia especializada, um olhar focalizado em cada uma das reas temticas dominantes definidas anteriormente permite avanar com a hiptese de que cada uma delas privilegia um tipo de metodologia. Mais concretamente: os estudos realizados no mbito de instituies cientficas e profissionais da cincia recorrem, sobretudo, a metodologias extensivas; os estudos de laboratrio utilizam, predominantemente, metodologias intensivas e, especificamente, anlises etnogrficas; e os estudos na rea de cincia e sociedade mobilizam, sobretudo, metodologias mistas.

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5. otas conclusivas O presente trabalho tomou como objecto de estudo a sociologia da cincia em Portugal. Apesar de ser considerado um domnio de produo sociolgica ainda emergente,36 a sociologia da cincia uma rea de especializao em crescimento e consolidao. Se dvidas existissem, basta observar o volume de produo cientfica, nos anos em anlise. De entre vrias estratgias que possvel seguir para a realizao deste trabalho, optou-se, em termos metodolgicos, pela anlise de livros (e captulos de livros) e revistas cientficas entre 1988 e 2008 que tivessem como sede disciplinar a sociologia e cujos autores fossem portugueses. A anlise destas publicaes trouxe a viso de um domnio de especializao onde predominam autores do sexo feminino, com formao acadmica em sociologia, que trabalham no contexto acadmico, na regio de Lisboa e Vale do Tejo. Como modo de produo cientfica, privilegia-se tanto a autoria individual (nas revistas cientficas) como a autoria colectiva (no caso dos livros), mas existe uma relativa concentrao da publicao em trs revistas nacionais: a Revista Crtica de Cincias Sociais, a Sociologia, Problemas e Prticas e a Anlise Social. A sociologia da cincia realizada em Portugal revelou tambm uma diversidade de objectos de estudo e de estratgias analticas (Martinez, vila e Costa, 1994), o que levou a agregar a produo cientfica em trs reas ou eixos temticos: instituies cientficas e profissionais da cincia que analisa as prticas e os sistemas de regras e valores dos cientistas portugueses , estudos de laboratrio que analisa as relaes sociais que se estabelecem no contexto do laboratrio e o modo como o conhecimento cientfico produzido , e cincia e sociedade que estuda a relao entre a esfera especializada da cincia e as pessoas no envolvidas directamente na actividade cientfica. Metodologicamente, esta sociologia especializada conjuga quer metodologias extensivas quer intensivas, apontando-se a existncia de uma relao entre as reas temticas e os procedimentos metodolgicos. No final deste texto, espera-se ter contribudo, de alguma forma, para a anlise da sociologia da cincia em Portugal.

Cf. programa da unidade curricular A investigao sociolgica em Portugal programa de doutoramento em sociologia, 2008-2009.

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