Sócrates Cuidado de Si

8/17/2019 Sócrates Cuidado de Si

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PROMETEUS * VIVA VOX

FILOSOFIA EM REVISTAAno 4 - no. 4 Julho/2008 ISSN 1807-3042

Conselho editorial: Dr. Aldo Dinui !editor"# Dr. $aros Antonio da Sil%a# Dr.$aros Andr& de 'arros# Dr. Jos& (li%a. $s. Antonio )ar*u+nio

ÓCRATE E O CUIDADO DE I OU A TERAPÊUTICA DA ALMA

Raimundo Araújo dos antos

1

Resumo

Esse texto retende ser uma a!orda"em sim#es$ na %erdade$ um resumo$ re&o#'ido dos textosde P#at(o so!re o auto)&on'e&imento e o &uidado de si* S(o os e#ementos +ue est(o na !ase dosa!er ,ti&o ini&iado or S-&rates e &onstituem o onto de artida do +ue &'amamos tera.uti&ada a#ma*Pa#a%ras)&'a%e/ &on'e&imento de si$ &uidado de si$ tera.uti&a da a#ma*

A!stra&t

T'at text intends to !e a sim#e aroa&'$ a&tua##0$ a summar0$ &o##e&ted o t'e texts o P#ato ont'e se#)2no3#ed"e and t'e &are o itse#* T'e0 are t'e e#ements t'at are in t'e !ase o t'e initiateet'i&a# 2no3#ed"e or So&rates and t'e0 &onstitute t'e startin" oint o 3'at &a##ed t'eraeuti&so t'e sou#*4ord)2e0/ 2no3#ed"e o itse#$ &are o itse#$ t'eraeuti&s o t'e sou#*

5*** ara o 'omem nen'um !em suera o dis&orrer &ada dia so!re a %irtude e outros temas de +ue me ou%istes rati&ar +uando examina%a a

mim mesmo e a outros$ e +ue uma %ida sem exame n(o , di"na de umser 'umano***6*7P#at(o$ Ao#o"ia $ 89 a:*

Eu estou a disosi;(o tanto do o!re +uanto do ri&o$ semdistin;(o &idade or esta re#ex(o/ n(o , &onorme > nature?a do 'omem+ue eu ten'a ne"#i"en&iado todo os meus interesses


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7P#at(o$ Ao#o"ia $ 8B ! e 81 !:*

S-&ratesB$ no me#'or sentido "re"o da a#a%ra$ , um !om &idad(o*Tendo nas&ido o!re &onser%ou)se assim or toda a sua %ida* Anda%a

e#as ruas de Atenas$ no %er(o e no in%erno$ des&a#;o e %estindo semre omesmo 7mode#o: manto "rosseiro* Tin'a or"u#'o de sua ori"em$ semree#o"iou o esor;o do tra!a#'o e e? deste o mode#o ara sua i#osoia$semre de%otada ao &uidado de si e ao &uidado do outro*

oi S-&rates +uem inau"urou o &ontinente da ,ti&a na 'ist-ria dai#osoia*

Se"uindo a rase ins&rita no tem#o de Ao#o em De#os 5&on'e&e)tea ti mesmo6$ S-&rates er"unta%a insistentemente so!re o ser do 'omem*O +ue , ser um 'omem justo A injusti;a %a#e mais do +ue a justi;a O +ue

, me#'or ara o ser do 'omem ue ins de%e erse"uir a %ida 'umanaua# , a orma de %ida mais e#i? ua# , o modo de %ida +ue rea#i?a mais#enamente todas as oten&ia#idades do ser do 'omem Com e#e tem inF&ioesse &ontinente +ue odemos &'amar de tera.uti&a da a#ma*

O +ue S-&rates des&o!riu &omo t'eraeuti2-s $ andando e#as ruas de Atenas oi +ue os %a#ores redominantes entre os atenienses 7a no;(o de %ida e#i?: esta%am asso&iados > ri+ue?a materia# e ao oder* Mostram issomuito aramente as r-rias exressGes #in"HFsti&as dos "re"os* Porexem#o$ 2a#-s $ 7!e#o: a"at'-s 7!om: eram os adjeti%os &om +ue eram+ua#ii&ados os reresentantes da asse dominante$ ou seja$ os ri&os eoderosos* Eis +ue a maioria dos atenienses$ ao ser interro"ada a reseitodas %irtudes do 'omem e da %ida justa ou e#i?$ resondia$ em "era#$ &om asima"ens %u#"ares +ue redomina%am so!re tudo isso* Ser e#i? , ser ri&o* satisa?er todos os desejos* ossuir muitos es&ra%os e n(o re&isartra!a#'ar* ossuir o oder e ser amoso*

O exem#o de M,non8 ser%e &omo uma !oa i#ustra;(o* uandointerro"ado or S-&rates a reseito do +ue , a %irtude$ resondeu +ueexistiam a %irtude do 'omem #i%re$ a %irtude da mu#'er$ a %irtude da&rian;a$ a %irtude do es&ra%o* Esta%a assim$ aenas rerodu?indo oima"inJrio dominante na so&iedade "re"a a reseito do +ue era a %irtude*Sendo uma so&iedade 'ierar+ui?ada$ a so&iedade "re"a exressa%a$ no seuima"inJrio dominante$ a mesma 'ierar+uia* A %irtude do 'omem #i%re$sen'or de es&ra%os$ era sa!er mandar nas mu#'eres$ nas &rian;as e nos

2 Se nos !asearmos nas inorma;Ges de P#at(o de +ue S-&rates morreu &om &er&a de setenta anos$odemos dedu?ir +ue nas&eu em K ou KN a* C* De &erte?a$ sa!e)se +ue sua morte o&orreu em 8 a*C* as&era no demo de A#oe&ia$ um dos distritos de Atenas* Era i#'o de Soronis&o$ ta#'ador de edras$

e enarete$ arteira*3 C* P#at(o$ M.non $ diJ#o"o +ue trata da ensina!i#idade da %irtude*


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es&ra%os* Estes$ orimidos$ de%iam sa!er o!ede&er$ e &ada um o!ede&er dea&ordo &om a sua ese&Fi&a situa;(o so&ia#$ a mu#'er &umrindo as suas5%irtudes6 de esosa$ a &rian;a &omo i#'o$ o es&ra%o &omo tra!a#'ador* Or-rio artes(o ainda +ue &omo 'omem #i%re$ mas o!re$ de%ia ossuir

uma %irtude ese&Fi&a*Ora$ S-&rates n(o %ia sa!edoria nessas ima"ens da %irtude* Pe#o

&ontrJrio$ %ia ne#as o moti%o de muitos ma#es 7 aranomias :* Por isso$dia#o"a%a &om os orimidos$ mesmo &om as mu#'eres$ &omo Te-dota$ AsJsia e Diotima$ atri!uindo)#'es muitas %e?es sa!edoria* Era o!re eami"o de o!res &omo s+uines e Aristodemo* Era nas&ido na amF#ia deartes(os e admirador do tra!a#'o destes$ ami"o de saateiros$ &omo Sim(o$e de es&ra%os$ &omo ,don Q +ue$ #i!ertado "ra;as > sua inter%en;(o7tera.uti&a: tornou)se i#-soo e undador da es&o#a de E#is* Outro dos seus&ontinuadores$ Di-"enes o &Fni&o$ tam!,m oi es&ra%o* Por isso mesmo$S-&rates n(o se &ontenta%a &om as ima"ens dominantes da %irtude* EstJ&erto de +ue a ins&ri;(o no tem#o de Ao#o o imu#siona%a ara uma"rande tarea/ &on%idar os 'omens a se examinarem$ or+ue todo ma#ad%,m da i"norn&ia +ue #e%a as essoas a in%erterem os sentidos dos %a#ores* Como no &aso de M.non$ o &onjunto de %irtudes aontado or e#eera a exress(o da mu#ti#i&idade ima"inJria)ideo#-"i&a e n(o o ser da %irtude$ n(o a orma uni%ersa# da %irtude* M.non ensa%a sa!er o +ue erao ser da %irtude$ mas n(o ossuFa a &on&eito de %irtude$ des&re%ia aenas&omo %irtude os r,)&on&eitos de#e e de seus &ontemorneos*

A tera.uti&a so&rJti&a tem inF&io na &onstata;(o dessas aranomias eesta!e#e&e +ue o uso de uma re&isa t,&'ne , o &amin'o ara &o#o&J)#asem dú%ida e destrui)#as$ a!rindo esa;o ara a &on&e;(o do +ue oderia %ir a ser um no%o modo de %ida &om no%a "ama de %a#ores*

A ese&ii&idade da tera.uti&a so&rJti&a

A ati%idade i#os-i&a de S-&rates tem &omo sustenta;(o$ no seuonto de artida$ n(o a dis&uss(o so!re a nature?a do uni%ersoK$ ou omodo de exist.n&ia do +ue se denominam 5&osmo6$ ois$ se"undo or-rio S-&rates$ +uem se dedi&a a essas es+uisas$ a!sor%endo)setota#mente ne#as$ es+ue&e de si mesmo$ ou seja$ da+ui#o +ue mais imorta/o 'omem e os ro!#emas do 'omem*

4 C* P#at(o$ Ao#o"ia 1 & ss*, C* enoonte$ MemorJ%eis I$ 1$ 1B e 1N* In Co#e;(o os Pensadores* S(o Pau#o$ A!ri# Cu#tura#$ 1B* C*

tam!,m o edro B8a$ onde S-&rates a#a da ne&essidade de examinar antes a si mesmo +ue +ua#+ueroutra &oisa 7reerindo)se$ nesse &aso$ > interreta;(o dos mitos:*7


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A t,&'ne de S-&rates$ ana#o"amente > arte do seu ai$ ta#'ador deedras$ %ai ou&o a ou&o destruindo o ex&essi%o$ as ima"ens a#sas einormes$ e #an;ando mo%imento em dire;(o > &on&e;(o da id,ia em si eor si da %irtude ana#o"amente > arte da sua m(e$ +ue era arteira$ e#e

#e%a as essoas a &on&e!erem suas r-rias id,ias$ &om as +uais e#as sesentiram renas&idas* O momento ini&ia# desse mo%imento ne"ati%o ,exatamente esse en+uadramento da dú%ida 7aoria :$ +ue se dJ &om aironia$ uma das dimensGes do m,todo so&rJti&o* A dú%ida , o mo%imento+ue irrome no &'o+ue &ontradit-rio das mú#ti#as ima"ens* Para#isa a&erte?a existente e mostra > &ons&i.n&ia de um indi%Fduo +ue e#e n(o odemais &ondu?ir o rumo da sua %ida atra%,s da+ue#a mesma rota* A dú%ida$ aaoria 7aus.n&ia de assa"em: &o#o&a o indi%Fduo diante do nada das suasima"ens$ do nada do seu &amin'o$ do nada dos ins da sua %idaN*

S-&rates &onse"uia$ assim$ o!ri"ar os atenienses a reensarem assuas ima"ens de !e#o e de !om$ de justo e injusto$ de %ida e#i? e de idea#de &idade* Assim &omo desde sua ju%entude a!a#ara as r-rias &erte?as$semre reetindo +ue aenas sa!ia +ue n(o sa!ia$ a!a#a%a tam!,m as&erte?as de todos$ o!res ou ri&os$ 'omens #i%res ou es&ra%os$ artes(os$o#Fti&os$ rostitutas$ soistas ou juF?es* Todos diante de S-&rates eramo!ri"ados a reensar os seus ins*

uem estaria$ no entanto$ disosto a erder as do&es ima"ens&ostumeiras uem estaria disosto a erder as suas &modas &erte?asuem estaria disosto a erder as &oisas +ue &onsidera%a !e#as e !oas$ainda +ue udessem n(o ser nem !e#as e nem !oas uem estariadisosto$ so!retudo$ a &air em rounda dú%ida e %i%en&iar a an"ústia de&ontestar os r-rios ins mais am#os de todo o sistema tradi&iona# da %idaateniense

S-&rates esta%a &erto de +ue os ma#es +ue a&ometem os 'omens t.mori"em no modo &omo e#es en&aram os ins de sua %ida$ or isso , +ue assuas er"untas$ suas dú%idas$ suas inda"a;Ges so!re a %irtude e a justi;a

n(o se deti%eram na ne"a;(o aenas dos ins indi%iduais dos atenienses aor;a de sua tera.uti&a n(o se #imitou a um m,todo 7t,&'ne : de&on'e&imento$ a uma mora# indi%idua#$ a uma i#osoia arti&u#ar de %ida*

uando S-&rates o!ri"ou a ati%idade i#os-i&a a %o#tar)seundamenta#mente so!re o mundo 'umano$ a di%isa 5&on'e&e)te a timesmo6 do tem#o de Ao#o assumiu uma re#exi!i#idade mais am#a e

A artir de S-&rates se desen%o#%eu a temJti&a da i#osoia da dú%ida 7a)oria V aus.n&ia de assa"em :* A aoria &omo sistemati?arJ Arist-te#es 7#i%ro !eta da MetaFsi&a: se desdo!ra na diaoria $ isto ,$ noatra%essar a dú%ida$ e e%entua#mente$ +uando se &onse"ue atin"ir a suera;(o da dú%ida$ o ro&esso

aor,ti&o en&ontra a euoria $ isto ,$ a e#i? &'e"ada$ o im da an"ustiante %ia"em atra%,s da dú%ida* C*Wenoit$ X* S-&rates Q O nas&imento da ra?(o ne"ati%a) Moderna$ S(o Pau#o$ 1N$ nota 1$ * 1B*8


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mais rounda do +ue um re&eito ara re"er meramente a %ida indi%idua#dos 'omens* Se S-&rates$ ao se"uir esse re&eito$ inau"urou a ti&a$ ainau"urou &omo insearJ%e# da Po#Fti&a*

O &uidado de si e o &uidado dos outros

S-&rates 5ensa%a +ue n(o se ode ser justo so?in'o6 $ou seja$ +uen(o ode 'a%er %ida e#i? ara um &idad(o +uando toda uma &idade %i%eso! o si"no da injusti;a* DaF o &omromisso assumido de emreender atarea de examinar n(o s- a si mesmo$ mas tam!,m os outros*

O &uidado de si n(o se oGe ao &uidado da &idade* Do mesmo modo+ue se emen'a no &uidado de si$ S-&rates$ na Ao#o"ia e no CrFton $roama &omo seu de%er$ &omo a+ui#o e#o +ue de%e a tudo sa&rii&ar$mesmo a sua %ida$ a o!edi.n&ia >s #eis da &idade*

O &uidado de si ,$ ortanto$ indisso#u%e#mente &uidado da &idade e&uidado dos outros$ &omo se %. e#o exem#o do r-rio S-&rates$ &ujara?(o de %i%er , o&uar)se &om os outros* XJ$ de a&ordo &om Yean Wrun$em S-&rates$ em um s- temo um ase&to 5missionJrio6 e 5ou#ar6$ +uese reen&ontrarJ osteriormente em &ertos i#-soos da era 'e#enFsti&a$disosto no tre&'o da Ao#o"ia $ na &ita;(o +ue introdu? essas&onsidera;Ges$ a sa!er$ o 5&o#o&ar)se > disosi;(o tanto do o!re +uantodo ri&o$ sem distin;(o e e#o re&on'e&imento de +ue , um 'omemen&arre"ado e#o deus a o&uar)se dos assuntos da &idade$ &on%idando&ada um a tornar)se me#'or69*

O &omromisso de S-&rates &om uma tera.uti&a da a#ma 'umanaa? de#e um 'omem do mundo$ mas +ue ao mesmo temo estJ ora domundo$ or+ue trans&ende os 'omens e as &oisas dos 'omens or suaexi".n&ia mora# e e#o emen'o +ue e#a im#i&a* s- misturado aos'omens e >s &oisas$ no &otidiano +ue se ode &omreender a %erdadeirai#osoia* S-&rates oi o rimeiro a mostrar +ue$ em todos os temos e em

todos os #u"ares$ em tudo o +ue nos &'e"a e em tudo o +ue a?emos$ a %ida &otidiana dJ a ossi!i#idade de i#osoar* E somente nesse i#osoar ,+ue se en&ontra a ossi!i#idade da %ida e#i? +ue$ or sua %e?$ deende deum itinerJrio$ de uma as&ese +ue &ondu? ao &on'e&imento de si*

A tera.uti&a so&rJti&a , um &uidar de si$ undada no &on'e&imentode si* Seu im , a %ida e#i? ara o 'omem &omo indi%Fduo e &omo &idad(o*O sa!er so&rJti&o retira sua #e"itimidade do esor;o in%esti"ati%o$ da t,&'ne $&aa? de orne&er a ra?(o do +ue , dito 7#-"on did-nai :* DaF +ue ara7 In M* Mer#eau)Pont0$ Z#o"e de #a 'i#oso'ie et autres essais $ Paris$ 1N* * 89$ Aud Wrun$ Y*

S-&rates$ P#at(o$ Arist-te#es $ * N*8 C* Ao# * 8B !* C ainda Ei&teto$ Diatri!es I$ I[$ BK I$ I$ 19$ I[$ I[$ B1*


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orientar &om se"uran;a os &amin'os da sua tera.uti&a$ sem in&orrer noserros da tradi;(o "re"a !aseada nas a#sas ima"ens dos %a#ores sem seerder na &onus(o &riada e#os soistas$ era re&iso en&ontrar a deini;(o7o #-"on did-nai : de 'omem*

A ne&essidade de deini;(o da ess.n&ia do Xomem

en'uma t,&'ne ou tera.uti&a #o"raria a#&an;ar !ons resu#tados emsua a;(o se n(o sou!esse dar as ra?Ges 7#-"on did-nai : do seu o!jeto*Lem!remos +ue S-&rates %i%e em um &ontexto de disuta entre a oesia$ asoFsti&a e a i#osoia* A rimeira$ semre te%e a rima?ia na deini;(o dose#ementos da Paid,ia +ue de%iam ormar o esFrito ateniense$ mas %em aosou&o erdendo terreno$ a!a#ada e#as &rFti&as ro%enientes de todos os#ados/ sejam internas$ sejam da i#osoia e$ rin&ia#mente da soFsti&a* Mas$a !ata#'a ina# i&a reser%ada > soFsti&a e > i#osoia$ +ue a+ui n(o nosinteressa &o#o&ar em &ena* Aenas nos imorta aontar +ue na disuta e#arima?ia na &ondu;(o da Paid,ia "re"a$ a disuta entre i#osoia e soFsti&a"an'a &ontornos de deini;(o em a%or da rimeira +uando S-&rates tra? >#u? todas as aranomias 7&ontradi;Ges:$ aorias e in&erte?as dos soistas e oxe+ue)mate ao +ua# se %iram exostas todas as tentati%as or e#es atuadas$ois deendiam su!stan&ia#mente do ato de terem a#ado dos ro!#emasdo 'omem sem ter inda"ado de maneira ade+uada a nature?a ou ess.n&iado 'omem$ ou ao ato de t.)#a determinado de modo tota#menteinade+uado* Pois !em$ dierentemente dos soistas$ S-&rates &onse"uiua?er isso$ e de ta# modo$ +ue de dar > ro!#emJti&a do 'omem umsi"nii&ado de&ididamente no%o*

Sua t,&'ne tera.uti&a n(o oderia atin"ir seu im se n(o &on'e&esse!em seu o!jeto* E seu o!jeto , o 'omem* E o +ue , o 'omem Per"untaS-&rates* O 'omem , a sua a#ma 1$ uma %e? +ue , a a#ma +ue o distin"ue

So!re as &rFti&as internas > oesia &* Yae"er$ 4* Paid,ia $ Martins ontes$ *1 en-anes$ r" Die'#

Detienne$ M* Los maestros en #a %erdad $ Taurus$ Madrid* So!re a &rFti&a da i#osoia > oesia &* P#at(o$\on $ Reú!#i&a $ edro * in P#atone Q Tutti ]#i S&ritti Q a &ura de Rea#e ]* Rus&uni$ Mi#ano$ 1N*10 Como mostra Rea#e$ ]* in Xist-ria da i#osoia Anti"a %o#* I $ S(o Pau#o Lo0o#a$ * B9* em!ora a#iteratura e a i#osoia "re"a$ os -ri&os$ os Fsi&os$ os #Fri&os$ os trJ"i&os jJ a#assem 'J s,&u#os de s0&',7a#ma:$ nin"u,m antes de S-&rates entendeu or a#ma a+ui#o +ue S-&rates entendeu e$ deois deS-&rates$ todo o O&idente* Para Xomero$ a#ma era o esFrito no sentido de 5antasma6$ +ue a!andona%ao 'omem na sua morte$ ara ir &omo %( e in&ons&iente #ar%a$ %a"ar sem o!jeti%o no Xades* Para os-ri&os$ ao in%,s$ era o demnio +ue em n-s exia%a a &u#a$ e +ue era tanto mais e#e mesmo +uantomais se seara%a do eu &ons&iente$ e tanto mais ati%o +uanto mais se enra+ue&ia nossa &ons&i.n&ia7ortanto$ no sono$ na erda dos sentidos e na morte: ara os Fsi&os$ era o rin&Fio ou um momento dorin&Fio 7ortanto$ J"ua$ ar o"o:$ enim$ ara os oetas$ era a#"o indeterminado e$ em todo &aso jamaisteori&amente deinido* Ao &ontrJrio$ a a#ma$ ara S-&rates$ &oin&ide &om a nossa &ons&i.n&ia ensante e

oerante$ &om a nossa ra?(o e &om a sede da nossa ati%idade ensante e eti&amente oerante* Emou&as a#a%ras/ ara S-&rates a a#ma , o eu &ons&iente$ , a ersona#idade inte#e&tua# e mora#*10


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de todas as outras &oisas$ ois a a#ma , o eu &ons&iente$ , a ersona#idadeinte#e&tua# e mora#* s- a artir dessa deini;(o +ue , ossF%e# esta!e#e&eruma %erdadeira tera.uti&a +ue ossa &orri"ir os ma#es +ue tem a&ometidoesses temos de aid,ia diri"ida e#a oesia$ e#a soFsti&a e e#a no;(o de

a#ma -ri&a e ita"-ri&a11*Toda doutrina so&rJti&a ode ser resumida nessas roosi;Ges

&on%er"entes/ 5&on'e&er a si mesmo6 e 5&uidar de si mesmo6* E &on'e&era 5si mesmo6 n(o +uer di?er &on'e&er o r-rio nome nem o r-rio&oro$ mas examinar)se interiormente e &on'e&er a r-ria a#ma$ assim&omo &uidar de si n(o +uer di?er &uidar do r-rio &oro$ mas da r-riaa#ma* Ensinar o os 'omens a &on'e&er e a &uidar de si mesmos , a tareasurema da +ua# S-&rates &onsidera ter sido in%estido or deus e o a? &omdistin;(o or+ue &on'e&e a a#ma dos 'omens*

o r-#o"o da o!ra #atni&a ProtJ"oras1B$ a dieren;a entre ossoistas e S-&rates , mar&ante/ os soistas s(o %arejistas de a#imentos daa#ma$ mas n(o &on'e&em nem os a#imentos nem a a#ma$ ortanto$ n(osa!em se a?em !em ou n(o en+uanto S-&rates , aramente reresentado&omo a+ue#e +ue &on'e&e esses a#imentos e &on'e&e a a#ma$ e ,aresentado &omo 5m,di&o da a#ma6 18*

o La+ues $ a &i.n&ia da edu&a;(o , aresentada &omo a 5


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me#'or$ e deois de ter$ &omo na Ao#o"ia$ #i"ado a r-ria o!ra edu&ati%a ao +uererdo dJimon$ S-&rates di?/

-&rates Q [amos$ di?e)me &om +ue arte 7t,&'ne: odemos &uidar de n-smesmos

A#&i!Fades/ Q (o sa!erei di?er* -&rates Q isso$ &ontudo$ estamos de a&ordo/ n(o &om uma arte &om a +ua#

oderemos tornar me#'ores +ua#+uer uma das nossas &oisas$ mas &om a arte de tornarme#'ores a n-s mesmos

A#&i!Fades Q %erdade* -&rates Q Ora$ terFamos &on'e&ido +ua# , a arte +ue torna me#'ores os &a#;ados$

se n(o &on'e&.ssemos os &a#;ados A#&i!Fades Q ImossF%e#**** -&rates Q E$ ortanto$ &on'e&er a si mesmo , uma &oisa J&i# e era ta#%e? um

'omem +ua#+uer a+ue#e +ue$ no tem#o de De#os$ &onsa"rou a+ue#e mote$ ou ,$ aoin%,s$ uma &oisa diF&i# e n(o ara todos

A#&i!Fades Q A mim$ S-&rates$ amiúde are&eu ser &oisas de todos$ norma#mentedii&F#ima*

-&rates Q Mas$ - A#&i!Fades$ J&i# ou n(o$ ara n-s , assim/ se nos &on'e&ermos$sa!eremos$ ta#%e?$ tam!,m +ua# , o &uidado +ue de%emos ter &om n-s mesmos se n(onos &on'e&ermos$ jamais o sa!eremos*

A#&i!Fades Q Assim ,* -&rates Q Di?e)me$ ois$ de +ue modo oder)se)J en&ontrar 5esse si mesmo6 E deois de ter distin"uido entre sujeito +ue uti#i?a determinado instrumento e o

r-rio instrumento$ e mostrado +ue este , o meio +ue a+ue#e uti#i?a$ o diJ#o"o rosse"ue/

-&rates Q E n(o ser%e o 'omem de todo o &oro A#&i!Fades Q Certo* -&rates Q Mas$ n(o dissemos +ue uma &oisa , +uem ser%e de a#"o$ outra &oisa ,

a+ui#o de +ue e#e se ser%e A#&i!Fades Q Sim* -&rates Q Uma &oisa$ ortanto , o 'omem$ outra o seu &oro*A#&i!Fades Q Pare&e +ue sim* -&rates ) ue ,$ ois$ o 'omem A#&i!Fades Q (o sei di?er*-&rates Q Isso$ or,m$ odes di?er/ +ue e#e , o +ue se ser%e do &oro*

A#&i!Fades

Q Sim* -&rates Q E o +ue , +ue se ser%e do &oro sen(o a a#ma A#&i!Fades Q (o , outra &oisa


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+ue a úni&a &oisa +ue o reme , +ue e#es &uidem de si mesmos$ ou seja$+ue &uidem da r-ria a#ma*

Se S-&rates de%ota sua %ida toda > miss(o de #e%ar os 'omens a&on'e&erem a si mesmos$ a &uidarem de si , or+ue e#e entende +ue a %ida

%irtuosa e a %ida saudJ%e# s(o sinnimas* A %irtude$ n(o oderia ser outra&oisa +ue n(o &i.n&ia$ &on'e&imento$ e o 'omem %irtuoso , o 'omem +ue&on'e&e a si mesmo$ e esse &on'e&er a si mesmo #e%a$ ne&essariamente$ ao&uidado de si$ da sua a#ma* a %irtude resente na a#ma +uem indi&a o+uanto a a#ma , !oa e s(*

Se o 'omem se distin"ue e#a sua a#ma e se a#ma , o eu &ons&iente einte#i"ente$ ent(o a %irtude 7aret, :$ ou seja$ a+ui#o +ue atua#i?a #enamenteessa &ons&i.n&ia e inte#i".n&ia n(o ode ser sen(o a &i.n&ia e o&on'e&imento*

O %a#or suremo ara os 'omens ,$ ortanto$ o &on'e&imento$ uma %e? +ue , justamente o &on'e&imento +ue a? a a#ma ser do modo &omode%e ser e$ or isso$ rea#i?a o 'omem$ &uja ess.n&ia , a a#ma*

Assim$ se os %a#ores undamentais dos atenienses eram$rin&ia#mente$ a+ue#es #i"ados ao &oro/ a %ida$ a saúde$ o %i"or Fsi&o$ a!e#e?a$ ou !ens exteriores$ ou #i"ados > exterioridade do 'omem$ &omo ari+ue?a$ o oder$ a ama e seme#'antes$ entendemos o or+u. S-&rates osata&a e os aonta &omo sintomas de um 'omem ou so&iedade doente* Eentendemos or+ue S-&rates n(o a#a de saúde e doen;a do &oro* Se 'Jdoen;as +ue s(o &onse+H.n&ias da &ontin".n&ia ou ra+ue?a 'umana e#asn(o de%em ser moti%os de reo&ua;(o e os m,di&os s(o &ometentesara &uidar de#as* Mas o %erdadeiro &uidado do 'omem de%e ser &om suaa#ma$ ois , ne#a +ue as doen;as$ %F&ios odem se insta#ar e #e%ar > ruFnatodo 'omem$ toda so&iedade*

REERÊCIA WIWLIO]R_ICA /

PLAT`O* Tutti ]#i &ritti* A &ura di ]io%anni Rea#e* Mi#ano Rusoni$ 1N*A#&i!Fades Maior* Co#* DiJ#o"os %o#* [ Q trad* Car#os A#!erto unes*Uni%ersidade edera# do ParJ$ 1*WEOIT$ XECTOR* -&rates Q O nas&imento da ra?(o ne"ati%a* S(o Pau#oModerna$ 1NWRU$ YEA* -&rates$ Lis!oa$ Dom uixote$ 19K* -&rates$ P#at(o$ Arist-te#es$ Lis!oa$ Dom uixote$ sd*

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]OTLLIEW$ A* O son'o da ra?(o Q Uma 'ist-ria da i#osoia o&identa# da]r,&ia ao Renas&imento ) trad* Pedro Yor"ensen Yúnior* S(o Pau#o DIEL$B*PLAT`O$ EOOTE$ ARISTÓAES* -&rates* Co#* Os Pensadores*

S(o Pau#o$ A!rai# Cu#tura#* 1B 7Cont,m a Ao#o"ia de S-&rates deP#at(o Ditos e eitos memorJ%eis de S-&rates e Ao#o"ia de S-&rates deenoonte As u%ens de Arist-anes:*REALE$ ]* Xist-ria da i#osoia Anti"a [o# I* Trad* Mar&e#o Perine$ S(oPau#o$ Lo0o#a$ 18SAU[A]E$ M* -&rates e a &ons&i.n&ia do Xomem* Rio de Yaneiro$ A"irEditora$ 1*STOE$ I* * O ju#"amento de -&rates* S(o Pau#o Coman'ia das Letras$184OL$ * -&rates$ o sorriso da ra?(o* S(o Pau#o Wrasi#iense$ 19B*

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Sócrates Cuidado de Si