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SOFRENDO OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS DR. LAÍS MARQUES by passea OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS Dr. Lais Marques da Silva Ex-custódio e presidente da JUNAAB O silêncio que se observa nas reuniões dos grupos de A.A. cria uma atmosfera de confiança e respeito recíprocos entre o alcoólico que faz o seu depoimento e os demais companheiros. O olhar daquele que faz o seu depoimento encontra calor humano e resposta por parte daqueles que o escutam em silêncio, tudo isso levando a uma comunhão de interioridades. O silêncio permite o estabelecimento de uma abertura, de uma disponibilidade pessoal em relação àquele que oferece a sua experiência além de facilitar o aparecimento de uma relação marcada pelo sentimento de confiança, fundamental para a comunicação, para que se possa abrir para o outro, para que haja o relacionamento que possibilita o desenvolvimento de liames profundos e para o surgimento de amizades verdadeiras. Confiar é indispensável para se livrar de doenças e é manifestação de fé em si mesmo, nos outros e no Poder Superior. O silêncio é o caminho que leva ao encontro consigo mesmo e com o outro. O silêncio de quem escuta um depoimento transmite a seguinte mensagem a quem o faz: eu sei que você tem valor, sei que você é apenas um doente, sei que você é um ser humano e que, como eu, sofre de uma devastadora enfermidade. Por tudo isso, você merece o meu silêncio, a minha atenção e o meu respeito, a minha compreensão e a minha compaixão, esta, entendida como a consciência profunda do sofrimento de outra pessoa associada ao desejo de ajudá-la. Dar atenção ao próximo é ato de amor, e a maneira mais comum e importante do exercício da atenção é escutar. Mas aprendemos na escola a ler e a falar, mas não a

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SOFRENDO

OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS – DR.

LAÍS MARQUES by passea

OBRIGADO PELO SILÊNCIO DE VOCÊS

Dr. Lais Marques da Silva

Ex-custódio e presidente da JUNAAB

O silêncio que se observa nas reuniões dos grupos de A.A. cria uma atmosfera de

confiança e respeito recíprocos entre o alcoólico que faz o seu depoimento e os demais

companheiros. O olhar daquele que faz o seu depoimento encontra calor humano e

resposta por parte daqueles que o escutam em silêncio, tudo isso levando a uma

comunhão de interioridades. O silêncio permite o estabelecimento de uma abertura, de

uma disponibilidade pessoal em relação àquele que oferece a sua experiência além de

facilitar o aparecimento de uma relação marcada pelo sentimento de confiança,

fundamental para a comunicação, para que se possa abrir para o outro, para que haja o

relacionamento que possibilita o desenvolvimento de liames profundos e para o

surgimento de amizades verdadeiras. Confiar é indispensável para se livrar de doenças e

é manifestação de fé em si mesmo, nos outros e no Poder Superior. O silêncio é o

caminho que leva ao encontro consigo mesmo e com o outro.

O silêncio de quem escuta um depoimento transmite a seguinte mensagem a quem o faz:

eu sei que você tem valor, sei que você é apenas um doente, sei que você é um ser

humano e que, como eu, sofre de uma devastadora enfermidade.

Por tudo isso, você merece o meu silêncio, a minha atenção e o meu respeito, a minha

compreensão e a minha compaixão, esta, entendida como a consciência profunda do

sofrimento de outra pessoa associada ao desejo de ajudá-la.

Dar atenção ao próximo é ato de amor, e a maneira mais comum e importante do

exercício da atenção é escutar. Mas aprendemos na escola a ler e a falar, mas não a

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escutar, a despeito de que as pessoas, na sua vida diária, passam muito mais tempo

escutando do que falando ou escrevendo. Mas é difícil escutar bem e, na maioria dos

casos, as pessoas simplesmente não escutam ou praticam uma escuta seletiva em que

ficam atentos apenas ao que lhes interessa ou para encontrar o momento certo em que

uma conversa possa ser encerrada.

Para escutar, é necessário calar, silenciar, abrir os ouvidos e se por atentamente a

escutar quem fala. Ouvir profundamente significa auscultar, prestar atenção, dar ouvidos,

compreender, acolher, entender, examinar, discernir.

É preciso estar disposto a se esforçar para conseguir escutar verdadeiramente. O esforço

para escutar o depoimento de um companheiro vem do fato de entender que ele

necessita da nossa atenção e que é digno dela.

Por outro lado, a atenção dedicada pelo companheiro que ouve um depoimento também

lhe beneficia, pois resulta no seu próprio crescimento que, por outro lado, ocorre a partir

do conteúdo daquilo que está recebendo. No momento de silêncio, em que ouvimos

atentamente o depoimento de um companheiro, suspendemos todos os nossos juízos,

pensamentos e preocupações.

Desapegamo-nos do nosso próprio ser. Esse silêncio nos convida a superar os

obstáculos do preconceito, da exclusão, da falta de diálogo e da falta de solidariedade.

Podemos avaliar, a partir das considerações que vimos fazendo, a importância de se

estar em um ambiente em que se desfrute de um profundo e acolhedor silêncio quando

nos lembramos de situações que, muitas vezes, marcaram muito as nossas vidas.

Recordamos de várias situações das quais saímos nos sentindo muito mal por não

termos conseguido dizer o que desejávamos. Não é que tenhamos sido muito exigentes,

mas, apenas, que tivemos dificuldade em articular calmamente o que desejaríamos ter

dito e o resultado é que ficamos frustrados, raivosos e nos sentindo culpados. Quando

podemos, descarregamos essa raiva em alguém e o que resulta é que as pessoas que

estão à nossa volta fecham seus ouvidos para as nossas colocações, resultando que fica,

por mais essa razão, ainda mais afastada a esperança de se entrar em harmonia com os

outros. Podemos também, por decoro, jogar a raiva para dentro e, nesse caso, vamo-nos

tornando progressivamente mais descontentes e tendemos a abandonar o convívio

daquelas pessoas ou até mesmo a abandonar uma instituição a que pertencêramos.

No entanto, ao contrário, desfrutando do silêncio respeitoso reinante nas reuniões dos

grupos, os alcoólicos têm oportunidades repetidas de, calmamente, ir se desenvolvendo e

se tornando progressivamente mais capazes de realizar uma comunicação plena sem

que ocorra o fechamento dos ouvidos por parte dos que ouvem o depoimento.

Desfrutando do silêncio do grupo, pelo contrário, muitos companheiros vêm curtindo a

sensação positiva de liberdade, de alívio e de relaxamento que vem depois de terem

podido passar as suas mensagens, de terem participado e colaborado. À medida que os

depoimentos se sucedem, o raciocínio vai ficando cada vez mais claro, as idéias vão

sendo arrumadas, a qualidade do relacionamento com os companheiros do grupo vai

melhorando.

Na verdade, a língua presa e o sentir-se culpado são manifestações longínquas de falta

de afirmação pessoal, de incapacidade de ser assertivo e aí vale notar que a falta de

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auto-estima está na raiz do problema. Sem acreditar que temos valor, não seremos

capazes de fazer as nossas colocações, de expressar as nossas necessidades de modo

convincente e, nessa condição, os nossos argumentos irão falhar e recuaremos ou

concordaremos quando o que desejávamos era dizer não.

A essa altura, é importante destacar que o amor ao próximo é uma via de mão dupla

porque, estando dirigido para aquele que faz o depoimento, o faz perceber a

concentração, a atenção e o amor que lhe chegam da parte de quem o escuta, e o faz se

sentir gratificado. Quem faz o depoimento doa a sua experiência, valiosa e única, e quem

o escuta, o receptor, se torna, desse modo, também doador, na medida em que oferece

ao depoente a sua atenção e o seu amor. Escutar com atenção total e completa,

avaliando cada palavra e entendendo cada frase, é a verdadeira forma de escutar, que

exige um grande e indispensável esforço de concentração ao dedicar o seu tempo

apenas a quem faz o seu depoimento, colocando de lado as suas preocupações, os seus

pensamentos. É um esforço amoroso. Fazê-lo é prova de estima e consideração e, quem

escuta, ao valorizar o depoimento, faz o depoente se sentir valorizado. Sentindo-se

assim, o depoente ficará estimulado a fazer relatos de maior conteúdo. Fica disposto a

oferecer a sua estima e, com isso, estabelece-se um ciclo, ascendente e criativo, de

evolução e de crescimento.

Mas esse ciclo virtuoso exige atenção, concentração e, portanto, esforço, e não poderá

ocorrer senão em ambiente de silêncio completo. O barulho, as conversas e os

movimentos de pessoas dentro do grupo tiram a atenção, quebram a concentração e todo

o riquíssimo processo fica comprometido.

A escuta atenta implica em contenção e em afastamento da própria personalidade e isso

leva à aceitação do outro. Por outro lado, percebendo-se aceito, o companheiro que faz o

seu depoimento sente-se menos exposto, menos vulnerável eisso cria um caminho para

que o companheiro possa abrir-se mais completamente. Importa ainda considerar que,

freqüentemente, o depoente recebe atenção amorosa depois de muitos anos de um

grande vazio e, às vezes, até pela primeira vez na vida.

O fato importante e fundamental para a recuperação do alcoólico, e que só é possível no

ambiente silencioso dos grupos de A.A., é que o companheiro só ganha consciência da

importância da sua individualidade na medida em que é reconhecido como tal pelos

outros companheiros, pelas outras consciências.

Isso ocorre na família, posteriormente na vida social e, especialmente, nos grupos de

A.A.. A identidade da consciência individual, subjetiva, depende desse reconhecimento

uma vez que a identidade do eu só ocorre através da identidade do outro que me

reconhece como tal e que, por outro lado, depende também de que eu o reconheça. Este

é um mecanismo extremamente importante na construção do indivíduo, pois que

indispensável para o crescimento da sua própria humanidade. E isso acontece no

ambiente respeitoso e silencioso dos grupos de A.A..

A compaixão que é despertada nos companheiros dos grupos, numa atmosfera marcada

pelo silêncio, significa que eles sentem no coração um impulso forte para ajudar aquele

que faz o seu depoimento a se livrar do seu sofrimento. É uma saudável atitude da mente

e do corpo que procura aliviar a dor e o sofrimento de outros seres humanos. A

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compaixão é a resposta espontânea de um coração que está aberto para os

companheiros do grupo. Resulta, então, que as pessoas se sentem mais próximas e mais

confortáveis no convívio mútuo. Pensam nas outras pessoas, chegam a uma

compreensão madura de si mesmas e das suas relações com os outros.

Não há sentimento mais denso e mais enriquecedor que a compaixão. Nem mesmo a

nossa própria dor pesa tanto quanto a que sentimos com alguém e por alguém. Esta dor

é amplificada pela nossa imaginação quando, mais tarde, dialogando conosco,

começamos a imaginar como deve ter sido grande o sofrimento do companheiro diante

dos fatos que nos foram relatados no seu depoimento, dor que é prolongada por muitos

ecos, ou seja, pelas lembranças que conservamos e que voltam à nossa consciência

repetidas vezes. Esses sentimentos compõem a espiritualidade e aumentam a nossa

dimensão humana; despertam o amor ao próximo, o sentimento de fraternidade.

O sofrimento é uma experiência universal e, por isso, deveria existir mais compaixão no

mundo. O problema está em que, freqüentemente, não nos encontramos abertos para

sentir dor. Se fugimos dela e nos defendemos, isto significa que também nos fechamos

para o aparecimento da compaixão. Mas não é preciso ser santo para sentir compaixão,

ela é a resposta natural de um coração aberto em relação a outro ser humano.

Usualmente estamos com os corações fechados para sentir dor. Afastamo-nos da dor,

nos fechamos, nos defendemos. Neste caso, a fonte da compaixão permanece fechada e

saímos do que é verdadeiro e próprio do ser humano para o que é fabricado,

decepcionante e fonte de confusão, isso quando nos voltamos para as coisas do mundo

que nos cercam.

Compaixão não é o mesmo que tristeza. As pessoas usualmente têm uma aversão ao

sofrimento, à tristeza, mais do que uma abertura em relação a ela. Assim, dizemos que

uma pessoa é "baixo astral" e nos afastamos dela porque nos faz sofrer. Afastamo-nos ou

fazemos alguma coisa para aliviar a nossa tristeza.

Fazemos isso por nós. Mas se prestarmos atenção à diferença entre tristeza e

compaixão, veremos que, na compaixão, não há fixação nem aversão e que a condição

de abertura em relação ao sofrimento do outro é realmente a grande motivação para uma

resposta hábil e efetiva. A tristeza incomoda, a compaixão abre o coração para o

sentimento de amor ao próximo, para o fato de sermos irmãos.

Nos grupos, não há uma atmosfera de tristeza, como se poderia imaginar e as pessoas

que não conhecem o A.A. pensam que lá existe muita tristeza. Ao contrário, o ambiente é

alegre, composto por pessoas vitoriosas e que têm os seus corações abertos ao

sofrimento, que sentem compaixão; e a alegria se traduz em saúde e é uma forma de

terapia. Agora é possível imaginar o quanto de silêncio e respeito é necessário existir

numa reunião de grupo para que se vá absorvendo essas realidades, sentindo essas

tênues diferenças, mesmo não estando consciente delas.

O silêncio respeitoso propicia o surgimento da empatia, que é a tendência para sentir o

que se sentiria caso estivesse na situação e nas circunstâncias experimentadas por outra

pessoa. Os companheiros abrem, então, os seus corações porque aprendem como é o

verdadeiro amor, como é grande o valor da oração e que é pelo amor e pela dor que os

homens se elevam do seu chão cotidiano. Isso acontece justamente em momentos

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difíceis, em que o amor se tornou aparentemente impossível e o coração parece ter se

transformado em pedra. Só o silêncio cria as condições para que tão importante

aprendizado ocorra.

O silêncio permite que se desenvolva uma interação entre os companheiros dos grupos e

que essa mesma interação se desenvolva dentro de um padrão de relação entre as

pessoas que poderia ser entendido pelo binômio eu-tu, relacionamento direto e profundo,

do olho no olho. O olho é a porta da alma e isso é conhecido desde os egípcios que

pintavam as faces de perfil e sempre com um grande olho. Também nos mosaicos

bizantinos os artistas retrataram as figuras humanas com olhos grandes,

desproporcionais.

Graças ao desenvolvimento da solidariedade, da compaixão, do amor ao próximo e, em

especial, à sinergia que o silêncio propicia, um fraco mais um fraco não mais são dois

fracos e sim um forte. Do mesmo modo, uma asa mais uma asa significam uma ave

completa, que pode voar, e que, por ser inteira, recupera a sua liberdade e ganha altura.

Em A.A. ouvimos, com freqüência, os seus membros dizerem que são pássaros de uma

asa só e que, por isso, têm que estar sempre juntos. Mas é importante enfatizar que, num

grupo, só estarão realmente juntos quando em sintonia, que só é possível dentro de um

ambiente marcado por um silêncio respeitoso.

Há também uma forma de relacionamento que se faz com as coisas e aí o binômio é

outro, é o eu-isso. Muitas vezes, os seres humanos entram numa relação com os outros

seres humanos no modo de eu-isso e aí a qualidade do relacionamento inter-humano se

deteriora, pois que deixa de ser eu-tu. O pior é que esta relação, que reduz a dimensão

humana da outra pessoa, ocorre freqüentemente. O relacionamento eu-isso é marcado

pela idéia de posse, que não existe na relação eu-tu. No decurso das nossas vidas, nos

relacionamos com pessoas e coisas e muita gente se relaciona com as outras pessoas

como se elas fossem coisas, procurando tirar vantagem de uma relação que, neste caso,

não tem a qualidade de ser verdadeiramente humana.

O relacionamento nos grupos de A.A. tem a qualidade do eu-tu, relacionamento precioso,

mas que necessita de uma abertura do coração e de uma atmosfera de silêncio

respeitoso, indispensáveis ao estabelecimento de troca de interiores. A qualquer quebra

de atenção durante um depoimento, a relação eu-tu se desfaz e deixa de haver as trocas

enriquecedoras de interiores.

Vale lembrar que as reuniões de A.A. são eventos em que se fala e que dão espaço e

suporte para uma profunda mudança existencial.

A compreensão empática, que só ocorre quando há silêncio, significa que sentimos,

precisamente, os sentimentos e os significados pessoais daquilo que está sendo relatado

pelo companheiro. É como se os que ouvem em silêncio estivessem dentro do mundo

privado daquele que faz o seu depoimento, de modo que é possível entender não só o

significado do que é conscientemente relatado, mas também o que está abaixo do nível

de consciência. Ouvimos até o inaudível pois que, no silêncio, nos tornamos mais

sensíveis e capazes de entender até o que não é relatado num depoimento. É ir além das

suas dimensões. Há uma expansão da interioridade do ser humano em direção ao outro.

O silêncio cria condições para que aquele que faz o depoimento abra um lugar para os

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outros dentro do seu mundo pessoal e isso é indispensável para a sua própria realização

existencial. Por outro lado, o companheiro que faz o depoimento precisa ser ouvido e

compreendido e não apenas escutado, como se fosse simplesmente um isso, uma coisa

falante, um dispositivo eletrônico ou uma pessoa a pregar no deserto. O grupo de A.A.

propicia o espaço de visibilidade necessário em que a grandeza fugaz da frágil existência

humana possa aparecer além do fato de que a nossa existência só pode se desenvolver

no estar-junto dos homens nesse mundo que nos é comum. Ademais, o silêncio também

cria condições para uma comunicação ilimitada, o que é da máxima importância porque a

própria verdade é comunicativa e desaparece quando não existe comunicação.

Desfrutando de um silêncio respeitoso, o companheiro pode abrir-se inteiramente, pode

estar realmente presente, de corpo e alma, diante dos demais companheiros, aceitando-

os e sendo aceito por eles. Esta presença, inteira e completa, de si mesmo, faz com que

o companheiro fique presente também para os outros; os outros sentem a sua presença.

Este aspecto é de extrema importância, pois muitas vezes estamos falando com uma

pessoa que, como se diz, não está nem aí e encontra-se dispersa em seus pensamentos

e interesses pessoais enquanto falamos. Freqüentemente ficamos falando sozinhos, o

outro está presente, mas, em realidade, não está. Deste modo, entendemos a necessária

ênfase quando falamos de presença inteira e completa. Conhecemos pessoas que estão

sempre presentes e disponíveis e que significam muito para nós. Não há o eu sozinho, há

sempre o eu-tu, na sua totalidade. Quando existe o silêncio empático, sente-se a

presença inteira e completa das pessoas.

Aquele que faz o depoimento também se identifica, também ganha dimensão no processo

de comunicação. O relacionamento do eu com o tu quebra o isolamento, integra as

pessoas. É preciso estar presente para se tornar presente para os outros. Como acentuei,

às vezes, conversamos com pessoas que parecem estar muito distantes, pensando em

outras coisas ou, como se diz, estão no mundo da lua e isso destrói o relacionamento

entre seres humanos e, especificamente, o tu da relação eu-tu.

É importante lembrar ainda que a fala é poderosa e que, ao fazer o seu depoimento, o

companheiro está consciente do que está relatando e que a sua fala vem do coração.

Estar consciente é indispensável para entrar no reino dos humanos e para o

estabelecimento de uma base indispensável para a vida espiritual. Em realidade, é

preciso estar consciente tanto da fala quanto das ações. Sendo verdadeiro e oferecendo

a sua enriquecedora experiência de vida, o companheiro se torna um pólo de atração, e

mais, ao ser consciente e honesto, a sua mente se torna mais serena e mais aberta e o

seu coração mais feliz e mais pacífico. O estabelecimento de uma relação de harmonia

virtuosa com o grupo traz luz ao coração e claridade à mente.

Numa atmosfera marcada pelo silêncio, estabelece-se uma vibração recíproca a partir do

face-a-face, do olho-no-olho, da comunicação profunda que permite que se veja, no fundo

do olho das pessoas, o que vai no seu interior; o silêncio respeitoso é indispensável para

que se estabeleça essa relação profunda. Por outro lado, a comunicação superficial, feita

por monossilábicos, frases gravadas e esperadas, torna as pessoas ansiosas, resultando

que voltam às suas exposições, aos seus temas ou explicações porque não se sentem

percebidas. O companheiro que faz o seu depoimento fala dos seus sentimentos, de

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emoções escondidas, reprimidas e que geram doenças.

Desabafar, confidenciar, partilhar a intimidade, segredos e pecados, neste ambiente

muito especial, é de grande poder curativo, é excelente terapia.

Por outro lado, somente quem vive a experiência de ouvir o outro é capaz de amá-lo na

sua totalidade, de todo o coração, e isso significa dar-se por gratuidade, sem reservas, de

coração a coração e sentir a experiência da alegria, do medo, da coragem, do

descontentamento, do sofrimento, do desejo e da tristeza.

O relacionamento que se estabelece no grupo é gratuito. Um companheiro oferece o seu

depoimento, a sua experiência, e os outros membros do grupo oferecem o seu silêncio

respeitoso, a sua compreensão, o seu amor de irmão.

Não há nenhum interesse interposto na relação entre o membro que faz o depoimento e

os demais que o escutam. Um doa a sua riqueza interior, a sua experiência, e os outros a

aceitam respondendo com um sentimento de compaixão e de compreensão.

Essa é uma relação muito rica e enriquecedora que pode acontecer entre seres humanos

quando assentada na reciprocidade, na capacidade de entender e de amar o próximo.

Um ser só cresce com os outros dentro deste tipo de relacionamento. O silêncio

possibilita o estabelecimento da via de mão dupla. Permite a manifestação da palavra

com todo o seu poder e que, por sua vez, conduz à reciprocidade, entendida como um

poderoso mecanismo totalizador capaz de fazer com que todos fiquem envoltos em uma

só atmosfera, que cria as condições para que aquele que faz o depoimento encontre o

seu interior, a sua subjetividade e que se identifique como sendo uma pessoa, um ser

humano, porque também não há o tu sem o eu. A elevada compreensão cria condições

para que haja paz entre os seres humanos.

Não estamos acostumados ao silêncio, à sua dimensão profunda, tão profunda que

assusta, amedronta e angustia porque nos coloca diante de nós mesmos e o medo ocorre

porque não nos conhecemos.

Tudo isso ocorre dentro da liberdade de tomar a decisão de prestar o seu depoimento

que, no silêncio respeitoso e na relação empática, conduz a uma relação inter-humana

profunda, que é o fundamento da existência em A.A..

Meditando acerca do conteúdo dos depoimentos e se abrindo para a dor e o sentimento

de compaixão, os membros do grupo estarão ganhando dimensão humana e

espiritualidade e isso numa época em que as pessoas se permitem esquecer cada vez

mais daquilo que é mais característico do homem, que é a sua humanidade.

O silêncio atinge e penetra o coração humano e é aí que está a nossa interioridade, o

lugar onde somos o que somos.

Estas considerações foram feitas a partir de uma prática que sempre me encantou em

A.A.. Muitos companheiros, após o seu depoimento, agradecem dizendo: "Obrigado pelo

silêncio de vocês". Isso sempre me tocou muito e passei a meditar e a procurar o porquê,

e penso que encontrei a sua essência.

REFLEXÕES DIÁRIAS – MÊS DE MAIO by passea

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REFLEXÕES DIÁRIAS - MÊS DE MAIO

1 de MAIO

CURANDO O CORAÇÃO E A MENTE

Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza

exata de nossas falhas.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48

Desde que é verdade que Deus vem para mim através das pessoas, posso ver que

mantendo as pessoas à distância, eu também mantenho Deus à distância. Deus está

muito mais perto de mim do que eu penso, e posso sentí-Lo amando as pessoas e

permitindo que elas me amem. Mas não posso nem amar e nem ser amado, se permito

que meus segredos fiquem no caminho.

O meu lado que recuso olhar é que me governa. Devo ter disposição para olhar o lado

negro, a fim de curar minha mente e o meu coração, porque este é o caminho da

liberdade. Devo caminhar na escuridão para encontrar a luz, e caminhar no medo para

encontrar a paz.

Revelando meus segredos – e assim me livrando da culpa – posso de fato mudar meu

pensameto; alterando o meu pensamento; posso mudar a mim mesmo. Meus

pensamentos criam meu futuro. O que serei amanhã é determinado pelo que penso hoje.

________________________________________

2 de MAIO

ILUMINANDO O PASSADO ESCURO

Agarre-se à ideia de que, nas mãos de Deus, o passado negro é o maior bem que você

possui – a chave para a vida e a felicidade de outros. Com ela você pode afastar deles a

morte e a miséria.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 141 ou p. 153

Meu passado não é mais uma autobiografia; é um livro de referência para ser tirado da

estante, aberto e compartilhado. Hoje quando relato por dever, sai a mais maravilhosa

pintura, porque, embora este dia seja negro – como acontece com alguns dias – as

estrelas brilharão com mais intensidade mais tarde. Em um futuro muito próximo serei

chamado para atestar que elas brilham. Todo meu passado será neste dia parte de mim,

porque ele é a chave não a fechadura.

________________________________________

3 de MAIO

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LIMPEZA DA CASA

De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto

enfrentar outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito das

coisas que há tempos temos escondido, nossa disposição de “limpar a casa” é

meramente teórica.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 52

Era até comum para mim falar com Deus e comigo mesmo sobre os meus defeitos de

caráter. Mas, sentar-me cara a cara e discutir abertamente estas intimidades com outra

pessoa era muito mais difícil. Nessa experiência eu reconheci, entretanto, um alívio

semelhante ao que experimentei quando admiti pela primeira vez que sou um alcoólico.

Comecei então a apreciar o significado espiritual do programa, e a compreender que este

Passo era apenas uma introdução do que ainda estava por vir nos restantes dos Sete

Passos.

________________________________________

4 de MAIO

“INTEIRAMENTE HONESTO”

Se esperamos viver felizes por muito tempo neste mundo, precisamos ser inteiramente

honestos com alguém.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 94 ou p. 102

Como todas as virtudes, a honestidade é para ser compartilhada. Ela começou após eu

compartilhar “ ... toda (minha) história de vida com alguém ... ” a fim de encontrar o meu

lugar na Irmandade. Mais tarde compartilhei minha vida a fim de ajudar o ingressante a

achar o seu lugar conosco.

Este “compartilhar” me ajuda a aprender a ser honesto em todos os meus assuntos e a

saber que o plano de Deus, para mim, torna-se realidade através da disposição de abrir-

me honestamente.

________________________________________

5 de MAIO

A FLORESTA E AS ÁRVORES

... aquilo que nos vem, enquanto estamos sós, pode ser deturpado pelos nossos anseios

e autojustificativas. A vantagem de falar com outra pessoa é que podemos, de forma

direta, obter seus comentários e conselhos sobre a nossa situação...

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OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 52 e 53

Não me lembro de quantas vezes me senti raivoso e frustrado e disse para mim mesmo:

“As árvores me impedem de ver a floresta!” Finalmente percebi de que quando estava

sofrendo dessa maneira, é que necessitava de alguém que pudesse me guiar em separar

a floresta e as árvores; que pudesse me sugerir um caminho melhor para seguir; que

pudesse me ajudar a apagar o fogo; e me ajudar a evitar as rochas e as armadilhas.

Peço a Deus para me dar a coragem de chamar um membro de A.A. quando estou na

floresta.

________________________________________

6 de MAIO

“NADA ESCONDA”

A inteira confiança depositada naquele com quem compartilharemos nossa autoanálise,

bem como nossa boa disposição, serão as provas verdadeiras da situação... Desde que

você não esconda nada, sua sensação de alívio aumentará de minuto a minuto. As

emoções reprimidas durante anos saem de sua clausura e, milagrosamente,

desaparecem ao serem expostas. À medida que a dor diminui, uma tranqüilidade

benéfica a substitui.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 54

Um pequeno caroço de sentimentos fechados dentro de mim começou a se revelar

quando assisti às primeiras reuniões de A.A., e o autoconhecimento tornou-se uma tarefa

de aprendizagem para mim. Este novo autoconhecimento trouxe muitas mudanças em

minhas respostas às situações da vida. Percebi que tinha o direito de fazer escolhas em

minha vida e, lentamente, a ditadura interna de hábitos perdeu seu controle.

Acredito que se eu procurar Deus posso encontrar uma maneira de viver melhor e peço a

Ele todo dia para me ajudar a viver uma vitória sóbria.

________________________________________

7 de MAIO

RESPEITO PELOS OUTROS

Estas partes de nossa história deixamo-las para contar a uma pessoa que as

compreenda e que seja sincera. A regra é sermos duros conosco mesmos, mas sempre

termos consideração pelos outros.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 95 ou p. 103

Respeito pelos outros é a lição que aprendi desta passagem

Devo fazer qualquer coisa para me libertar, se eu desejo encontrar esta paz de espírito

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que tenho procurado por tanto tempo. Contudo, nada disto deve ser feito às custas dos

outros. Egoísmo não tem lugar na maneira de vida de A.A.

Quando faço meu Quinto Passo, é mais sábio escolher uma pessoa com quem

compartilho objetivos comuns, porque se essa pessoa não me entende, meu progresso

espiritual pode ser retardado e posso estar em perigo de recair. Assim, peço orientação

divina antes de escolher o homem ou a mulher que terá a minha confiança.

________________________________________

8 de MAIO

UM LUGAR DE DESCANSO

Todos os Doze Passos de A.A. nos pedem para atuar em sentido contrário aos nossos

desejos naturais, todos desinflam nosso ego. Quando se trata desse assunto, poucos

Passos são mais duros de aceitar do que o Quinto. Mas, dificilmente, qualquer deles é

mais necessário à obtenção da sobriedade prolongada e à paz mental do que este.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48

Após escrever meus defeitos de caráter, estava sem disposição de falar sobre eles, e

decidi que era a hora de parar de carregar esta carga sozinho. Precisava confessar estes

defeitos com alguém. Tinha lido – e tinham me falado – que não podia me manter sóbrio

a não ser que o fizesse.

O Quinto Passo me dava um sentimento de pertencer, com humildade e serenidade,

quando o praticava diariamente em minha vida. Era importante admitir meus defeitos de

caráter na ordem apresentada no Quinto Passo: “A Deus, a nós mesmos e a outro ser

humano.” Admitir para Deus em primeiro lugar preparou o terreno para a admissão a mim

mesmo e para outra pessoa. De acordo com a descrição de como o Passo é feito, um

sentimento de ser um com Deus e com meus companheiros me levou a um lugar de

descanso onde pude preparar-me para os Passos restantes em direção a uma

sobriedade plena e significativa.

________________________________________

9 de MAIO

CAMINHANDO PELO MEDO

Se ainda nos apegamos a algo que não queremos soltar, pedimos a Deus que nos ajude

a ter a vontade.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 93 ou p. 105

Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de

caráter se originavam de minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente

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a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia

tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros

Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo às

sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três

primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi

que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto

estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela

tinha um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência

espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos

Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.

________________________________________

10 de MAIO

AFINAL, LIVRE

Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser

humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa

um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço

sincero de ser aquilo que poderíamos ser.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 51

Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de

compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após

fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o

Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta

liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.

Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.

________________________________________

11 de MAIO

UMA NOVA SENSAÇÃO DE PERTENCER

Enquanto não falássemos, com toda a franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos outra

pessoa fazer a mesma coisa, ainda não estaríamos participando.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 50

Após quatro anos em A.A. fui capaz de descobrir a liberdade do peso de emoções

enterradas que tinham me causado muita dor. Com a ajuda de A.A. e do apadrinhamento

a dor foi libertada e senti uma sensação de pertencer e de paz interior. Também senti

uma alegria e um amor por Deus que nunca havia experimentado. Tenho muito respeito

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pelo poder do Quinto Passo.

________________________________________

12 de MAIO

O PASSADO TERMINOU

A experiência de A.A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas

persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se ... o

Quarto Passo ... tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar ... então,

torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas

torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48

O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Mas minha atitude sobre o assunto pode

ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso

desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz,

minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar

meus sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de

meus companheiros alcoólicos.

10 de MAIO

AFINAL, LIVRE

Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser

humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa

um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço

sincero de ser aquilo que poderíamos ser.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 51

Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de

compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após

fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o

Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta

liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.

Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.

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11 de MAIO

UMA NOVA SENSAÇÃO DE PERTENCER

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Enquanto não falássemos, com toda a franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos outra

pessoa fazer a mesma coisa, ainda não estaríamos participando.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 50

Após quatro anos em A.A. fui capaz de descobrir a liberdade do peso de emoções

enterradas que tinham me causado muita dor. Com a ajuda de A.A. e do apadrinhamento

a dor foi libertada e senti uma sensação de pertencer e de paz interior. Também senti

uma alegria e um amor por Deus que nunca havia experimentado. Tenho muito respeito

pelo poder do Quinto Passo.

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12 de MAIO

O PASSADO TERMINOU

A experiência de A.A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas

persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se ... o

Quarto Passo ... tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar ... então,

torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas

torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 48

O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Mas minha atitude sobre o assunto pode

ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso

desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz,

minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar

meus sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de

meus companheiros alcoólicos.

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13 de MAIO

A MANEIRA MAIS FÁCIL E SUAVE

Se saltarmos este passo chave, talvez não sobrepujemos a bebida.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 94 ou p. 101

Certamente não fugi à oportunidade de ver quem eu era, especialmente quando as dores

de minhas bebedeiras pairavam sobre mim como uma nuvem escura. Contudo, logo ouvi

nas reuniões a respeito do companheiro que simplesmente não queria praticar o Quinto

Passo e continuava vindo às reuniões, trêmulo pelos horrores de reviver o seu passado.

A maneira mais fácil e suave é praticar estes Passos para nos libertar de nossa doença

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fatal e colocar nossa fé na Irmandade e em nosso Poder Superior.

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14 de MAIO

É BOM SER EU MESMO

Inúmeras vezes os novatos procuraram guardar para si certos fatos de suas vidas...

desviaram-se para métodos mais fáceis... mas, não aprenderam o suficiente sobre a

humildade...

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 93 e 94 ou p. 101 e 102

Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar

para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto”

nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo.

É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso

compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa

compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso

praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira

humildade. Métodos mais fáceis não funcionam.

________________________________________

15 de MAIO

CONHEÇA DEUS, CONHEÇA A PAZ

É evidente que uma vida onde se incluem profundos ressentimentos só nos leva à

futilidade e à infelicidade... Porém, com o alcoólico, cuja esperança é a manutenção e o

crescimento de uma experiência espiritual, este negócio dos ressentimentos é grave

mesmo.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 87 ou p. 95

Conheça a Deus;

Conheça a Paz.

Sem Deus;

Sem Paz.

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16 de MAIO

NÓS PERDOAMOS...

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Frequentemente, enquanto dávamos este Passo com nossos padrinhos ou conselheiros

espirituais, pela primeira vez nos sentíamos verdadeiramente capazes de desculpar os

outros, não importa quão profundamente nos houvessem maltratado.

Nosso inventário moral nos havia persuadido de que era desejado um perdão geral para

todos, mas foi somente quando resolutamente demos o Quinto Passo, vimos em nosso

íntimo, que poderíamos aceitar o perdão e perdoar também.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, P. 50 e 51

Que grande sentimento é o perdão! Que revelação sobre minha natureza emocional,

psicológica e espiritual. Tudo que se precisa é boa vontade para perdoar; Deus fará o

restante.

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17 DE MAIO

... E PERDOAMOS

Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim

mesmo.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 268

Perdoar a si mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas

retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que

a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A.A. permitem-me ver

como o ressentimento cresceu e em consequencia bloqueou esse fluxo em minha vida.

Os Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser

dispersados – pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução

que posso achar a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e

aos outros.

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18 de MAIO

LIBERDADE PARA SER EU MESMO

Se trabalharmos com afinco nesta fase de nosso desenvolvimento, ficaremos

surpreendidos antes de chegar à metade do caminho. Vamos conhecer uma nova

liberdade e uma nova felicidade.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 103 ou p. 112

Minha primeira verdadeira liberdade é a liberdade de não precisar beber hoje. Se

realmente desejá-la, praticarei os Doze Passos, e através deles me chegará a felicidade

desta liberdade – às vezes rapidamente, outras vezes lentamente. Seguir-se-ão outras

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liberdades, e fazer seu inventário será uma nova alegria. Tive uma nova liberdade hoje, a

liberdade de ser eu mesmo. Tenho a liberdade de ser melhor do que jamais fui.

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19 de MAIO

DANDO SEM RESTRIÇÕES

E ele sabe bem que sua própria vida ficou enriquecida, como um dividendo extra por dar

ao outro, sem exigir qualquer retribuição.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 69

O conceito de dar sem restrições foi difícil de entender quando vim para o Programa pela

primeira vez. Tinha suspeitas quando os outros queriam me ajudar. Pensava: “Que eles

vão querer de volta?” Mas logo aprendi a alegria de ajudar outro alcoólico, e entendi

porque eles estavam ali no começo à minha disposição.

Minhas atitudes mudaram e eu desejava ajudar aos outros.

Algumas vezes ficava ansioso, quando queria que eles conhecessem as alegrias da

sobriedade, que soubessem que a vida pode ser linda.

Quando minha vida está repleta do amoroso Deus do meu entendimento e dou este amor

para meu companheiro alcoólico, sinto uma riqueza em especial que é muito difícil de

explicar.

________________________________________

20 de MAIO

UM DIA DE CADA VEZ

Acima de tudo, faça-o um dia de cada vez.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 11

Por que engano a mim mesmo dizendo-me que devo ficar sem beber somente um dia,

quando sei perfeitamente bem que nunca mais posso beber em minha vida? Não estou

me enganando, porque um dia de cada vez é provavelmente a única maneira, pela qual

eu posso alcançar o objetivo a longo prazo de permanecer sóbrio.

Se eu determino que nunca mais vou beber na vida, me coloco numa certa condição.

Como posso ter certeza de não mais beber, quando não tenho ideia do que me espera no

futuro?

Na base de um dia de cada vez, tenho certeza de que posso ficar sem beber por um dia.

Assim, fico numa condição de confiança. No final do dia tenho a recompensa da

realização. A realização me faz sentir bem e faz com que eu queira mais!

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21 de MAIO

UMA LISTA DE BÊNÇÃOS

Um exercício que pratico é o de tentar fazer um inventário completo de minhas bênçãos...

NA OPINIÃO DO BILL, p. 37

O que tive de agradecer? Eu me fechei em mim mesmo e fiz uma lista das bênçãos pelas

quais não sou responsável, começando com a de ter nascido com um corpo e uma mente

sãos. Repassei exatamente setenta e quatro anos de vida, até o presente momento.

A lista ocupou duas páginas e levou duas horas para ser escrita.

Incluí saúde, família, dinheiro, A.A. – enfim, a gama toda.

Todo dia, nas minhas orações, peço a Deus que me ajude a lembrar de minha lista e ser

grato por ela durante todo o dia.

Quando lembro minha lista de gratidão, é muito difícil concluir que Deus me castigou.

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22 de MAIO

PRIMEIRO PASSO

Admitimos ... (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 17

Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu.”

Tal obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa

mais da metade de minha vida.

O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a

primeira expressão do Primeiro Passo... “Nós”.

Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia

vida. Se tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e

outro alcoólico tenho um propósito divino na minha vida... tornei-me um canal para o amor

benéfico de Deus.

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23 de MAIO

SAÚDE ESPIRITUAL

Ao vencermos a enfermidade espiritual, endireitamo-nos mental e fisicamente.

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ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 85 ou p. 93

É muito difícil para mim aceitar minha doença espiritual, devido ao meu grande orgulho

disfarçado por sucessos materiais e por meu poder intelectual. Inteligência não é

incompatível com humildade, desde que eu coloque a humildade em primeiro lugar.

Procurar prestígio e riqueza é o objetivo final para muitos neste mundo moderno. Seguir a

moda e parecer melhor do que sou realmente é uma doença espiritual.

Reconhecer e admitir minhas fraquezas é o começo de uma boa saúde espiritual. É um

sinal de saúde espiritual ser capaz de pedir a Deus todo o dia para me iluminar,

reconhecer Sua vontade e ter forças para executá-la. Minha saúde espiritual está ótima

quando percebo que, quanto mais melhoro, mais descubro quanto necessito da ajuda dos

outros.

________________________________________

24 de MAIO

“FELIZ, ALEGRE E LIVRE”

Estamos certos de que Deus nos quer felizes, alegres e livres. Não devemos compartilhar

a crença de que esta vida é um vale de lágrimas, embora em certa época tenha sido

justamente isto para muitos de nós. Porém, é claro que nós mesmos criticamos a nossa

própria degradação; não foi Deus. Evitemos então a criação deliberada de uma desgraça.

Mas, se vierem problemas vamos aproveitá-los alegremente, como uma oportunidade de

demonstrar Sua onipotência.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 148 ou p. 161

Por anos acreditei num Deus punidor e o culpava por minha desolação. Aprendi que devo

entregar as “armas” do ego a fim de agarrar as “ferramentas” do programa de A.A. Não

luto com o programa porque ele é um presente e eu nunca briguei quando recebia um

presente. Se algumas vezes continuo lutando, é porque estou ainda preso às minhas

velhas ideias e “... os resultados são nulos.”

________________________________________

25 de MAIO

GRATIDÃO PROGRESSIVA

A gratidão deve ir para frente, nunca para trás.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 29

Eu sou muito grato ao meu Poder Superior por ter-me dado uma segunda chance para

viver uma vida digna.

Através de Alcoólicos Anônimos recuperei minha sanidade. As promessas estão sendo

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cumpridas em minha vida. Sou grato por estar livre da escravidão do álcool. Sou grato

pela paz de espírito e a oportunidade de crescer, mas minha gratidão deve ir para frente,

nunca para trás. Não posso ficar sóbrio nas reuniões de ontem ou abordagens passadas.

Preciso colocar minha gratidão em ação hoje.

Nosso cofundador dizia que a melhor maneira de demonstrar mossa gratidão é levar a

mensagem para os outros. Sem ação a minha gratidão é apenas uma emoção agradável.

Preciso colocá-la em ação praticando o Décimo Segundo Passo, transmitindo a

mensagem e praticando os princípios em todos os meus assuntos. Sou grato por

transmitir a mensagem hoje.

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26 de MAIO

TRANSFORMANDO O NEGATIVO EM POSITIVO

Nosso crescimento espiritual e emocional em A.A. não depende tanto de nossos

sucessos como de nossos fracassos e contratempos. Se você tiver isso em mente, acho

que sua recaída terá o efeito de impulsioná-lo escada acima, ao invés de para baixo.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 29

No contato com a dor e a adversidade que nossos cofundadores encontraram e

venceram para estabelecer A.A., Bill W. envia uma clara mensagem: uma recaída pode

ser uma experiência positiva para a abstinência e uma vida toda de recuperação. Uma

recaída mostra a verdade daquilo que ouvimos repetidamente nas reuniões: “Evite o

primeiro gole!” Reforça a convicção na natureza progressiva da doença, e insiste na

necessidade e na beleza da humildade de nosso programa espiritual. Verdades simples

vêm a mim de maneiras complicadas quando sou dirigido pelo ego.

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27 de MAIO

SEM SENTIMENTO DE CULPA

Dia a dia tentamos nos aproximar um pouco da perfeição de Deus. Assim sendo não

precisamos ser consumidos por um tolo sentimento de culpa ...

NA OPINIÃO DO BILL, p. 15

Quando descobri pela primeira vez que não havia um único “não faça” nos Doze Passos

de A.A., fiquei perturbado, porque esta descoberta abria de repente um portal gigantesco.

Somente então fui capaz de perceber o que A.A. representa para mim:

A.A. não é um programa de “não faça” mas de “faça”.

A.A. não é uma lei marcial, é liberdade.

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A.A. não é choro sobre os defeitos, mas suor sobre como colocá-los em ordem.

A.A. não é penitência, é salvação.

A.A. não é “pesar por mim”, por meus pecados, passados e presentes.

A.A. é “Louvor a Deus” pelo progresso que estou fazendo hoje.

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28 de MAIO

DIREITOS IGUAIS

Uma vez ou outra, Grupos de A.A. resolvem inventar regras ... Após um período de medo

e intolerância, o Grupo se acalma .... Não queremos negar a ninguém a oportunidade de

recuperar-se do alcoolismo. Queremos ser justos, tanto quanto possível, sempre ficando

ao alcance de todos.

A TRADIÇÃO DE A.A. COMO SE DESENVOLVEU, p. 14, 15 e 17

A.A. me ofereceu completa liberdade e me aceitou na Irmandade por mim mesmo. Para

ser membro não dependia de concordância, sucesso financeiro ou educação, e sou muito

grato por isto. Muitas vezes me pergunto se estendo essa mesma igualdade aos outros

ou se nego a eles a liberdade de ser diferentes.

Hoje tento substituir meu medo e minha intolerância pela fé, paciência, amor e aceitação.

Posso levar estas forças para meu Grupo de A.A., minha casa e meu escritório. Faço um

esforço para levar minha atitude positiva para qualquer lugar que vou.

Não tenho nem o direito, nem a responsabilidade de julgar os outros. Dependendo da

minha atitude, posso ver ingressantes em A.A., membros da família e amigos, como

ameaças ou como professores. Quando penso em algum dos meus julgamentos

passados, fica claro como meu farisaísmo me causou danos espirituais.

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29 de MAIO

VERDADEIRA TOLERÂNCIA

Para ser membro de A.A. o único requisito é o desejo de parar de beber.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 125

Ouvi a forma reduzida da Terceira Tradição, pela primeira vez, no Preâmbulo. Quando

vim para A.A. não podia aceitar a mim mesmo, meu alcoolismo ou um Poder Superior. Se

houvesse qualquer requisito físico, mental, moral ou religioso para ser membro, hoje eu

estaria morto. Bill W. diz em sua fita sobre as Tradições, que a Terceira Tradição é um

alvará para a liberdade individual. Porém, o que mais me impressionou foi o sentimento

de aceitação dos membros que estavam praticando a Terceira Tradição, por me

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tolerarem e me aceitarem. Sinto que a aceitação é amor e amor e a vontade de Deus

para nós.

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30 de MAIO

NOSSO PROPÓSITO PRIMORDIAL

Quanto mais A.A. se agarra ao seu propósito primordial, maior sua influência proveitosa

em todos os lugares.

A.A. ATINGE A MAIORIDADE, p. 99 ou p. 96

É com gratidão que reflito nos primeiros dias de nossa Irmandade e naqueles sábios e

amáveis “seguidores dos passos” que proclamavam que não podíamos nos desviar de

nosso propósito primordial de transmitir a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

Desejo prestar meus respeitos àqueles que trabalham no campo do alcoolismo, tendo

sempre em mente que A.A. não endossa qualquer causa que não seja a sua própria.

Devo lembrar que A.A. não tem o monopólio de fazer milagres e permaneço

humildemente agradecido por um Deus amoroso que tornou A.A. possível.

________________________________________

31 de MAIO

DISPOSIÇÃO PARA SERVIR AOS OUTROS

... nossa Sociedade tem concluído que existe apenas uma única e elevada missão: levar

a mensagem de A.A. para aqueles que não sabem haver uma saída.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 136

A “Luz para a liberdade” brilha alegre sobre meus companheiros alcoólicos quando cada

um de nós desafia o outro para crescer. Os “Passos” para o aperfeiçoamento de si

mesmo têm um início pequeno, mas cada Passo é um degrau a mais na escada que vai

desde o abismo do desespero para uma nova esperança. Honestidade torna-se minha

“ferramenta” para me soltar das “cadeias” que me escravizam Um padrinho, que é um

ouvinte atencioso, pode me ajudar a ouvir verdadeiramente a mensagem que me guiará

para a liberdade.

Peço a Deus coragem para viver de maneira que a Irmandade possa testemunhar Seus

favores. Esta missão me liberta para compartilhar minhas dádivas de bem-estar através

de uma disposição de espírito para servir aos outros.

O TRABALHO EM GRUPO by passea

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" O TRABALHO EM GRUPO "

Por NELSON F.

Todo conhecimento é fruto do trabalho em equipe. Este constitui a unidade de trabalho.

Não é como se poderia pensar, o esforço de um indivíduo isolado.

A mais tradicional forma de trabalho em equipe é a REUNIÃO DE GRUPO. Esta é talvez,

o melhor exemplo de como se compartilhar o trabalho em qualquer organização.

Quando as pessoas se reúnem para discutir um assunto em busca de consenso, estão,

num sentido concreto, estabelecendo uma CONSCIÊNCIA DE GRUPO, que é o produto

dos talentos e aptidões de todos os envolvidos. A forma de como realizarão suas tarefas,

bem como, o êxito que obterão, serão assim, determinados pela CONSCIÊNCIA

COLETIVA. Esta e a chave para o alto desempenho do grupo e a harmonia existente

entre os membros que o compõem. Essa capacidade de pensamentos e emoções torna

um grupo, especialmente, produtivo e bem sucedido.

Esse equilíbrio mental e emocional é a diferença, e o porquê de alguns grupos

trabalharem de forma mais eficaz do que outros. Afinal, quando as pessoas se reúnem

para trabalhar em equipe, cada um trás consigo certas aptidões ou conhecimentos

próprios de sua cultura pessoal. O grupo não deve ter mecanismos que impeçam às

pessoas contribuírem com seus talentos.

Só a harmonia interna do Grupo é capaz de criar um clima que permita que os

companheiros, que tragam conhecimentos e aptidões próprias, possam torná-los capazes

de serem assimilados pelo grupo. Haverá sempre, o que é bom reconhecer, os ansiosos,

os controladores, os dominadores excessivos e os apáticos. Só uma coisa não pode

existir - os choques emocionais - seja por medo ou raiva; rivalidades e ressentimentos.

Num ambiente desses as pessoas não podem dar o melhor de si. Só uma harmonia plena

permite a um grupo aproveitar, ao máximo, as qualidades mais criativas de seus

membros.

O que as pessoas fazem, ou oferecem com sua participação, seja através do serviço

direto ao grupo ou em suas experiências nos depoimentos fazem parte do trabalho

coletivo. Depende de seu bom desempenho a permanência ou dispersão de

companheiros nas Reuniões.

Todas as formas de trabalho são aspectos da inteligência emocional. Temos que

aprender a surpreender os pensamentos negativos e as emoções compulsivas. Liderar

não e dominar, mas sim, a arte de convencer as pessoas a trabalharem visando um

objetivo comum.

PAZ “Alicerce do verdadeiro amor, da alegria ao dar de nós mesmos e ver o outro

crescer.” O grande anseio daqueles que buscam o crescimento espiritual é a

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SERENIDADE, estado de espírito em que procuramos alcançar e manter inabalável a paz

interior, apesar das vicissitudes da vida. Para atingir a SERENIDADE é necessário aceitar

as coisas que não podemos modificar. Nossa tendência é querer mudar o que não

podemos: nosso passado, o modo de ser das pessoas, as circunstâncias de nossa vida,

as contingências do mundo ou do país... tudo isso está fora de nosso alcance. Só

podemos mudar a nós mesmos e as nossas atitudes. Existe uma máxima que diz: “Nada

muda se eu não mudar.” SERENIDADE não é fraqueza ou submissão. O homem sereno

aceita o semelhante como ele é, sem coagi-lo a mudar, sem a ele submeter-se.

SERENIDADE não é apenas exercício de paciência ou tolerância, atitudes que podem

mascarar o sentir-se superior. A SERENIDADE existe independentemente de atitudes do

outro, depende em primeiro lugar de nós mesmos: da CORAGEM de enfrentar ou aceitar

o sofrimento, e do esforço para superar nossos defeitos de caráter. Em primeiro lugar,

dispondo-nos a analisar minuciosa e destemidamente nossas ações e nossas atitudes,

para descobrir quem realmente somos, e em que devemos mudar. Quantas vezes

continuamos a tomar as mesmas atitudes que nos fazem sofrer, esperando resultados

diferentes. Admitindo que precisamos mudar, podemos fazer a nossa parte, não

alimentando sentimentos negativos, procurando viver de acordo com nossa consciência.

A mudança interior, que leva ao crescimento espiritual, somente ocorrerá se nos abrirmos

à ação de Deus, que se manifestará se assim o permitirmos. A SABEDORIA nos fará

compreender essas coisas aparentemente tão simples. A paz espiritual não significa

ausência de problemas ou de sofrimento emocional, pois estes sempre estarão presentes

em nossas vidas. Tampouco significa que todas as nossas preces serão atendidas do

modo que desejarmos. Nem sempre Deus nos dá tudo o que queremos mas, com

certeza, nos dará sempre o que precisamos. A paz espiritual é o alicerce do verdadeiro

amor e da alegria que nos permitem dar de nós mesmos, sem qualquer outro objetivo que

não seja ver o outro crescer. Muitas vezes pensamos que a felicidade está nas coisas

que julgamos necessárias, mas sobre as quais não temos o controle absoluto. Dizemos

que para sermos felizes, dependemos do amor das outras pessoas, de nossa saúde

física e mental, de nosso equilíbrio financeiro, e de inúmeras outras coisas ou situações.

Estamos condicionados a “TER” para nos sentirmos felizes, quando na realidade é muito

mais importante "SER". Afirmamos que "temos" nossas mulheres, nossos filhos, nossos

pais; é preciso, entretanto, "sermos" maridos, pais, filhos, dando o que de melhor

possuímos. ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR requer de cada

um de nós que abracemos a realidade de nossas vidas. Pode ser que estejamos doentes,

desempregados, deprimidos, com dificuldades no casamento ou no trabalho. Não importa

o número, nem a grandeza de nossos problemas, precisamos aceitá-los como parte de

nossa jornada de vida. Aqueles que encontram a paz e a felicidade aprendem a enfrentar

os seus problemas, muitas vezes maiores que os de outras pessoas: a aceitação os

capacita a tirar o maior proveito possível da adversidade, sem se tomarem críticos ou

amargos, mesmo sabendo que alguns aspectos problemáticos de suas vidas

provavelmente não poderão ser modificados. Devemos lembrar que, em quaisquer

circunstâncias, podemos escolher o nosso próprio caminho. Nesse sentido, podemos

contar sempre com o nosso programa de recuperação, consubstanciado nos princípios de

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A. A., notadamente nos 12 Passos sugeridos. Se estivermos atentos, veremos que desde

o início, ao sermos escolhidos para participarmos de nossa Irmandade, recebemos a

dádiva de Deus, que colocou e continua colocando à nossa disposição as ferramentas

necessárias para que possamos nos recuperar e sermos felizes, cultivando a

SERENIDADE. Trabalhando nosso interior, começamos nosso aperfeiçoamento. Estamos

aprendendo a todo o momento; basta que estejamos atentos às coisas que nos cercam.

Tudo que vemos e ouvimos tem um significado lógico, positivo, tem uma finalidade. Ao

praticarmos o programa, temos a oportunidade de refletir sobre nossa condição humana,

sendo induzidos a reflexões profundas. Assumimos a responsabilidade pelo nosso

crescimento, aperfeiçoando e desenvolvendo nossas qualidades, enfrentando e

corrigindo nossos defeitos de caráter. Sabemos que, pelas nossas imperfeições,

encontraremos dificuldades e obstáculos a serem superados. A análise constante de

nossas ações e atitudes, o apoio e os ensinamentos incondicionais de nossos

companheiros, a leitura e o estudo freqüente de nossa Literatura, o reconhecimento de

nossas limitações, a abertura à ação de Deus, são meios de alcançarmos o crescimento

espiritual que almejamos. Guiados pela SABEDORIA que emana de Deus e que se

manifesta em nossa “Consciência Coletiva”, adquirida em nossas reuniões e

desenvolvida com a prática de nossos princípios, continuemos a trabalhar para alcançar a

SERENIDADE, lembrando-nos da grande responsabilidade que nos cabe na construção

de uma sociedade mais justa e equilibrada, tendo a CORAGEM de, com nossos

exemplos, e praticando o 12° Passo, nos tomarmos íntegros, felizes e úteis, e assim

transformarmos o mundo num lugar mais agradável de se viver. A cada momento, diante

de nossas necessidades e de nossas dificuldades podemos dizer simplesmente:

“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos

modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguir

umas Das outras”. (João Roberto) VIVÊNCIA N.° 89 – MAI/JUN. 2004.

NÓS, OS JOVENS, TEMOS ESPAÇO EM A.A.? by passea

Nós, os jovens, temos espaço em A.A.?

"Ele foi levar o pai para conhecer A.A. e acabou ficando".

Nos primeiros tempo de A.A. não havia jovens, pois, somente os alcoólicos já

desesperados conseguiam engolir e digerir essa verdade amarga: ser um alcoólico.

Com imensa satisfação afirmamos que, com o passar dos anos, isso mudou. Os

alcoólicos que ainda mantinham sua saúde, suas famílias, seus empregos, e até dois

carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. Crescendo essa tendência,

uniram-se a eles muitos alcoólicos jovens, que mal passavam de alcoólicos em potencial.

Esse fato se concretiza a cada dia na nossa Irmandade. E eu sou parte desta realidade.

Conheci o A.A. em outubro de 1999, motivado pelos problemas que o meu pai estava

enfrentando com o álcool. Minha intenção era levá-lo para A.A., já que ele estava

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precisando de ajuda, bebendo descontroladamente todos os dias.

Ao entrar em contato com a Irmandade, fiquei maravilhado com as histórias verídicas de

recuperação de vários alcoólicos, que de maneira geral, haviam bebido muitos anos e

agora tinham encontrado a sobriedade. Fiquei surpreso por ver meu pai evitar o primeiro

gole a partir daquela reunião milagrosa. No dia segunite fomos, eu e meu pai, novamente

à reunião, e vi novas pessoas contarem suas histórias de sucesso frente à doença do

alcoolismo.

Durante essa reunião fiquei refletindo sobre a possibilidade de também possuir a doença,

já que eu estava passando por vários problemas e bebendo muito. Ao encerrar a reunião,

fui perguntar aos membros do grupo se eles poderiam me informar se eu era ou não

alcoólico. Como resposta, me disseram que só eu poderia me considerar alcoólico ou

não. Saí daquela reunião um pouco menos preocupado com meu pai, que havia

conseguido ficar 24 horas sem ingerir o primeiro gole, e fiquei pensando mais em mim,

tentando descobrir se eu era mesmo um alcoólico.

Nessa avaliação, algumas coisas me levaram a crer que eu era mesmo doente, pois eu

não vinha de experiências muito agradáveis com a bebida. Entretanto, minha mente

alcoólica me mostrava vários pontos que me descartavam da condição de alcoólico, pois

eu era jovem (22 anos), não bebia diariamente, havia recém me formado com certo êxito

num curso superior, não havia perdido família, nem gostava de beber cachaça. Todas

essas situações divergiam da maioria dos membros que eu escutara.

Na minha peregrinação de tentar ajudar meu pai, fui com ele em mais uma reunião, só

que agora em outro grupo de A.A. A reunião iniciou-se e eu prestei bastante atenção nos

depoimentos dos companheiros e ouvi um companheiro jovem declarar-se alcoólico.

Porém, o que me marcou mais foi um senhor, com cerca de 70 anos, que foi falando da

sua vida, que havia pouco tempo que ingressara na Irmandade, que estava bem, mas

que sentia muito por não ter conhecido A.A. quando mais novo. Parecia que aquele

senhor estava falando ao meu ouvido, e que cada palavra que ele dizia, se dirigia

especificamente a mim. Percebi que Deus o utilizou para abrir a minha mente, para eu me

aceitar como alcoólico e que não precisava chegar a uma situação de profundo

desespero para encarar que eu realmente tinha problemas com o álcool. Assim

sensibilizado por todo esse contexto espiritual, eu ingressei em A.A., convicto que eu

tinha problema com o álcool. Talvez um

alcoólico em potencial, mas que não precisaria passar por mais dificuldades além das que

eu havia passado, para encontrar a sobriedade.

Deus havia aberto Seus braços de Pai bondoso para acolher-me. Ele não perguntava

quantos anos eu tinha, o único requisito que eu necessitava era o desejo de abandonar a

bebida, e isso eu tinha. Saí daquela reunião junto com meu pai, e parecia que eu estava

nas nuvens. Aquela situação era um grande presente de Deus para mim, sou grato até

hoje por A.A. me aceitar como sou, jovem, com o desejo de abandonar a bebida.

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Como a doença do alcoolismo me cegou, colocando uma venda nos meus olhos,

dificultando a visão de mim mesmo como um alcoólico!

Agora compreendo o meu descontrole frente à bebida e que o meu contato com ela

sempre trouxera problemas, porém, ver-me como um alcoólico era algo que ia contra o

meu ego, era uma auto-imagem que eu não queria ter; hoje aceitar-me como realmente

sou, me faz muito bem.

Agradeço a Deus por estar em recuperação evitando o desenvolvimento da doença, que

poderia ter me levado à morte.

Durante esta caminhada, em recuperação, tive várias experiências interessantes, como a

incerteza de meus pais e familiares frente a minha condição de alcoólico. Meu pai chegou

a dizer que eu não precisava participar de A.A. por causa dele, que eu não era alcoólico.

Ele voltou a beber após afastar-se das reuniões; permaneceu longe de A.A. por cerca de

dois anos. Eu, graças a Deus, continuei participativo da Irmandade, vivenciando os

passos, respeitando as tradições e procurando realizar serviços até que, em junho de

2002, eu tive a grata satisfação de estar novamente com meu pai dentro de A.A.

Daquele momento em diante, venho apadrinhando-o e presenciado sua dedicação pela

recuperação.

Hoje ele já compreende que realmente eu não estou em A.A. porque tenho um pai

alcoólico, e sim, porque eu sou um alcoólico.

Em certa reunião um companheiro nosso, pai de um amigo meu, e que me conhecia

desde criança, também disse que eu não era alcoólico. Outras pessoas que não fazem

parte de A.A. me disseram que eu era muito jovem, e que eu não precisava ser tão

radical em não beber nenhum gole, mas eu bem sei dos meus problemas com a bebida, e

que realmente preciso evitar o primeiro gole e recuperar-me da doença através do

programa de doze passos. No meu ponto de vista, essas conclusões de certas pessoas,

alcoólicas e não, sobre mim, referente ao alcoolismo, refletem, de certa forma, uma visão

da nossa sociedade em geral, ainda distorcida sobre o alcoólico. De que é somente

aquele que está no mais profundo estágio do alcoolismo, com muitas perdas, quase à

beira da loucura ou da morte. Esquecem-se, que mesmo estes, não nasceram assim.

Que essa condição foi galgada, dia após dia, utilizando o álcool de forma progressiva, e

quase todos os alcoólicos

não começaram diretamente na sarjeta. Entretanto essa visão tem se modificado, dentro

e fora de A.A. As pessoas têm reconhecido a natureza progressiva da doença, além de

compreenderem que ela não escolhe sexo, raça, idade, posição sócio-econômica-cultural

e que a Irmandade de A.A. está de portas abertas para todo aquele que deseja

abandonar a bebida.

Tenho visto cada vez mais jovens dentro das salas e espero estar contribuindo de alguma

forma para que o jovem se sinta cada vez mais à vontade na Irmandade, participando de

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reuniões em vários grupos e apadrinhando alguns jovens.

Deixo aqui o meu grande abraço a todos os companheiros e reitero: A.A. é para todos,

inclusive os jovens!

Muita sobriedade e serenidade!

PSIU!!! GRUPOS PSIU!!! GRUPOS by passea

PSIU!!! GRUPOS PSIU!!! GRUPOS

Este chamado é direcionado a todos os Grupos de A.A. espalhados em cada canto deste

imenso Brasil. Vamos colocar a nossa responsabilidade em ação, vamos assinar ou

renovar a assinatura da REVISTA VIVÊNCIA do nosso Grupo Base, sabe porque?

A Vivência nos proporciona lições de vida que em nenhuma outra circunstância

poderíamos obter. “Em suas páginas vários companheiros abordam os Passos de A.A..

Suas palavras nos conduzem ao reduto seguro que magicamente sentimos e

vivenciamos com eles suas mensagens de Fé, Coragem, Esperança ... Certeza. A leitura

de seus textos nos faz recordar esta certeza: “raramente temos visto fracassar uma

pessoa que cuidadosamente seguiu nosso caminho”.

A Vivência tem por finalidade:

. Apadrinhamento na compreensão do Programa de Recuperação através dos

depoimentos pessoais;

. Complementação no trabalho do Comitê trabalhando Com Os Outros através dos

depoimentos pessoais e artigos de profissionais e amigos;

. Apadrinhamento aos profissionais de diversas áreas no conhecimento de como funciona

o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos;

. Artigos dos Profissionais amigos na compreensão da doença do alcoolismo, assim como

eles lidam com este problema com seus pacientes;

. Enfim, o apadrinhamento nos Princípios de A.A.: Recuperação, Unidade e Serviço.

Em 2015, que a Vivência seja a grande multiplicadora da chegada de mais pessoas que

precisam de uma sala com portas abertas.

LEITURA PARA OS FINAIS DE SEMANA DO MÊS

DE MAIO by passea

A Origem e o porquê da Estrutura de AA

A origem: (a busca)

Fontes e eventos que fundamentaram a origem:

1935 - Por intermédio da Srª. Henrietta, Bill fala com Dr. Bob.

1937 – 40 casos mais ou menos sólidos. Um olhar para o futuro: necessidade de

estruturar.

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1938 – Criada a Fundação do Alcoólico

1938 – Bill escreve Os Doze Passos –O Primeiro Legado: Recuperação

1939 - Publicação do livro Alcoólicos Anônimos.

1941- março-A reportagem de Jack Alexander, no Saturday Evening Post, possibilita o

reconhecimento nacional (EUA). Expansão de 2000 para 8000 membros.

1942- A Oração da Serenidade é adotada pela Irmandade.

1946- As Doze Tradições são publicadas – O Segundo Legado: Unidade.

1949-A Associação Psiquiátrica Americana reconhece A.A.

1950- Primeira Convenção Internacional em Cleveland. Cerca de 3000 membros aprovam

As Doze Tradições.

1951- 12000 médicos da Associação Americana de Saúde Pública outorgam a Alcoólicos

Anônimos o Prêmio Lasker.

1954- Os “Propósitos Múltiplos” da Fundação do Alcoólico são abandonados; agora é

Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

1955-03 de julho de 1955. “Domingo às Dezesseis Horas”. Ergue-se o espiral do Terceiro

Legado: Serviço.

O Símbolo, a Marca, a Estrutura Identificável, a identidade Visual de A.A.

(Finalmente, a definição).

A Estrutura de Alcoólicos Anônimos, representadas, graficamente, por um triângulo

eqüilátero (equilíbrio), dentro de um circulo (igualdade) é, essencialmente espiritual.

Assim, a estrutura de A.A, como um todo, por ser espiritual, não se organiza. A estrutura

de Serviço (Terceiro Legado), sim.

(Paralelo entre a Fé e a Igreja)

A Estrutura do Terceiro Legado

O PORQUÊ:

(a normatização)

( ORGANOGRAMA)

A CONFERÊNCIA DE SERVIÇOS GERAIS

“ (...)

PELO fato de conhecermos o grande impacto que A.A.pode ter sobre as gerações futuras

que nos seguirão, tivemos o cuidado de constituir uma estrutura de serviço de A.A. na

Junta de Serviços Gerais, na Conferência de Serviços Gerais e nas incontáveis unidades

de serviço que cumprem as tarefas diárias essenciais para levar a mensagem de A.A.,

através do mundo inteiro.

Com toda a razão Bill tem descrito essa estrutura de serviço como um legado, que

merece a mesma atenção e compreensão que têm sido outorgadas ao Primeiro Legado(

Doze Passos ) (Sic) e ao Segundo Legado (Sic) (Doze Tradições) (Sic).

Mas o Terceiro Legado ( SERVIÇO )tem um elo de ligação com os outros dois. É o elo

que nos permite usar esse legado durante toda a nossa vida,com a condição de que nós

não somente o preservemos, mas que tratemos de aumentar seu conteúdo espiritual para

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as gerações que venham depois de nós.Cada geração seguinte , á medida que recebe

esse legado ,deverá do mesmo modo protegê-lo, se os membros quiserem empregá-lo

para ganhar a vida e passá-lo à geração seguinte , com um conteúdo espiritual

enriquecido .

A Conferência de Serviços Gerais de A.A. é, naturalmente , o instrumento prático para a

preservação , intensificação e administração desse grande Terceiro Legado (Serviço). A

idéia da Conferência foi desde o princípio simples e decisiva .É baseada na crença de

que todos nós que temos estado ligados ao A.A., durante seu crescimento e

desenvolvimento inicial , temos uma obrigação para com a sociedade . Essa obrigação é

para assegurar que essa Irmandade sobreviva , que essa tocha de fé , essa luz radiante

de esperança para o mundo jamais seja extinta.

Podemos não precisar de uma Conferência de Serviços Gerais para assegurar nossa

própria recuperação , mas precisamos dela para assegurar a recuperação do alcoólico

que tropeça ainda na escuridão , à procura de luz . Precisamos dela para assegurar a

recuperação de alguns recém-nascidos , inexplicavelmente destinados ao alcoolismo

.Precisamos dela para manter , de acordo com o Décimo Segundo Passo , um refúgio

permanente para todos os alcoólicos que no futuro possam encontrar em A.A. esse

renascimento que fez com que seus primeiros membros voltassem à vida .

Precisamos dela porque somos conscientes do efeito devastador da tendência humana

para o poder e o prestígio que nunca devemos permitir que invada o A.A.. Precisamos de

uma Conferência para proteger A.A. de qualquer tipo de governo e ao mesmo tempo para

preveni-lo da anarquia ; precisamos dela para proteger a Irmandade da desintegração ,

ao mesmo tempo que se evita a superintegração . Precisamos dela para que Alcoólicos

Anônimos e unicamente Alcoólicos Anônimos possa ser depositário permanente de seus

próprios Doze Passos, Suas Doze Tradições e todos os seus Serviços.

Precisamos de uma Conferência para assegurar que mudanças dentro do A.A. ocorram

unicamente como resposta para as necessidades e desejos de A.A. como um todo, e não

somente de alguns . Precisamos dela para assegurar que as portas de A.A. nunca se

fechem , para todas as pessoas que tenham um problema alcoólico possam sempre

chegar livremente em nossas salas de reunião e se sentir bem vindas . Precisamos dela

para ajudar a assegurar que Alcoólicos Anônimos nunca pergunte a ninguém que precisa

de ajuda qual é a sua raça , qual é a sua crença ou qual é a sua posição social.”

BERNARD B. SMITH

PRESIDENTE DA JUNTA DE SERVIÇOS DE ALCOÒLICOS ANÔNIMOS DE 1951

a1956

AUTOR :-- EFECÊ DE SOUZA

COMO MELHORAR SUA COMUNICAÇÃO NO GRUPO

Siga sua intuição

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Em reunião de Recuperação, determine quando quer falar ou permaneça em silêncio.

Procure, em depoimento, transmitir o que lhe parece importante no momento, tendo em

vista o assunto em andamento e suas necessidades. Procedendo desta maneira, você vai

se conscientizar de que está em você a livre decisão e a responsabilidade de utilizar este

tempo da maneira que o fizer. Vai doer apenas em você se deixar de aproveitar este

momento.

Não se preocupe em agradar aos outros com o que você vai dizer. Diga simplesmente o

que você considera necessário e importante para si mesmo. Os outros também seguirão

as suas intuições e poderão dizer se pensam diferente.

Não fique ausente

Um "ausente" não perde apenas a possibilidade de realização própria dentro do grupo,

como também significa uma perda para o grupo todo. Impossibilitado de participar de uma

discussão, sentindo-se entediado, com raiva, procure interromper e colocar seus

sentimentos. No momento em que se consegue superar uma interrupção dessas, ou se

recomeça a discussão com maior clareza ou se parte para um assunto de maior

importância.

Seja direto

Se quer comunicar alguma coisa a alguém do grupo, dirija-se diretamente a essa pessoa,

mostre-lhe com o olhar que é a ela que você está se referindo. Não fale com terceiros

sobre um outro e também não fale para o grupo quando, na verdade, está se dirigindo a

uma pessoa em especial.

Use 'eu' no lugar de 'nós' ou 'a gente'

Evite falar em nós ou na gente pois você pode estar se escondendo atrás dessas

palavras, não querendo arcar com a responsabilidade do que está dizendo. Mostre-se

pessoalmente, fale EU. Além de tudo, se você usar "nós" ou "a gente" estará envolvendo

outros sem saber se eles concordam com o que está sendo dito.

Dê sua opinião, evite perguntas

Quando fizer uma pergunta, esclareça porque a está fazendo. Perguntas, muitas vezes,

são um método de não se mostrar a si próprio ou a sua opinião. Além disso, perguntas

podem soar como inquisidoras, muitas vezes são isso mesmo, e acabam encurralando o

outro. Expressando sua opinião claramente é muito mais fácil para o outro associar-se ao

seu modo de pensar.

Experimente novas posturas

Indague-se: Revelo em minha postura o que realmente quero transmitir, ou na verdade

gostaria de portar-me de maneira diferente?

Procure, algumas vezes, experimentar novas posturas. Arrisque-se aos arrepios que isto

causará, eles são um bom sinal de que você de fato está experimentando uma nova

postura.

Atente para os avisos de seu corpo

Para descobrir o que você no momento realmente sente e quer, ouça o que diz o seu

corpo. O corpo pode contar, muitas vezes, mais sobre nossos sentimentos e

necessidades do que a nossa cabeça.

Forneça "feed back" – retornos

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Se a postura de um companheiro do grupo lhe causar sentimentos agradáveis ou

desagradáveis, comunique isso logo a ele e não, mais tarde, a um terceiro. Ao dar "feed

back", fale simplesmente dos sentimentos que o comportamento do outro desencadeou

em você. Tente descrever a ação do outro de maneira concreta e precisa para que ele

possa entender qual o comportamento que causou em você tais sentimentos. Deixe em

aberto a questão de quem é o "culpado" dos sentimentos que você sente. Você não

precisa, para isso, de fatos objetivos ou de provas, seus sentimentos subjetivos são o

bastante, pois você tem direito inalienável a eles.

Receba "feed back' – retornos"

Se receber resposta sobre o que falou, não tente logo se defender e nem esclarecer as

coisas. Saiba que não estão sendo passados fatos objetivos, isso nem é possível, mas

sim sentimentos subjetivos do outro. Alegre-se que o seu interlocutor fale de seu

problema a você, o problema que ele tem com você. Procure ouvir calmamente, para

poder verificar se de fato está entendendo o que ele está lhe dizendo.

Falar um de cada vez

Apenas um deve falar de cada vez. Quando várias pessoas querem falar ao mesmo

tempo é preciso encontrar uma alternativa para essa situação.

(Artigo traduzido e adaptado da revista alemã AA INFORMATIONEN, edição de março de

1993)

Vivência n° 29 – MAIO/JUNHO DE 1994

Como podemos manter o A. A. simples?

Este número da Grapevine chegará às mãos de seus leitores em julho, o mês em que

celebramos o vigésimo quinto aniversário de A. A. em Long Beach, Califórnia.

Cruzaremos um novo portal para o nosso futuro. Nos alegraremos ao pensar nas dádivas

e nas maravilhas do ontem. E voltar a consagrar a realizar a imensa promessa do

amanhã, sem dúvida consideramos nossa posição atual. Conseguimos manter “A. A.

simples” ou inadvertidamente, cometemos algum erro?

Ao refletir sobre estas questões, comecei a considerar nossa estrutura básica: aqueles

princípios, relações e atitudes que formam a substância de nossos Três Legados de

Recuperação, Unidade e Serviço. Em nossos Doze Passos e Doze Tradições,

encontramos vinte e quatro princípios bem enunciados. Em nosso Terceiro legado se

incluem os estatutos para serviço mundial que prevê a existência de milhares de

representantes de serviços gerais, centenas de membros de comitês locais, oitenta

delegados da Conferência de Serviços Gerais, junto com o pessoal de nossa Sede,

especializados em assuntos legais, financeiros, de Relações Públicas e de publicações e

seus ajudantes. Nossos serviços de Grupo e de área contribuem ainda mais para esta

aparente complexidade.

Na primavera passada, completaram-se 22 anos do estabelecimento de nossa junta de

custódios para o A. A. no seu todo. Até aquele momento, não havíamos tido princípios

enunciados nem serviços especiais. Não havíamos sequer sonhado com os Doze

Passos. E quanto às Doze Tradições, basta dizer que éramos uns quarenta membros

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com apenas três anos de experiência. Assim que não tínhamos muito que fosse

“tradicional”. A. A. era composto dois Grupos pequenos um de Akron e outro em Nova

Iorque. Éramos uma família muito íntima. O Dr. Bob e eu éramos os “papais”. Naqueles

dias, se fazia o que nós dizíamos. As salas de reuniões eram as salas de estar de nossas

casas. A vida social se desenvolvia ao redor dos cafés nas mesas de nossas cozinhas. O

alcoolismo se considerava, certamente, como uma enfermidade mortal. A honradez, a

confissão, a reparação dos danos, o trabalho com outros e a orientação eram a única

fórmula para nossa sobrevivência e desenvolvimento. Esses eram anos sem

complicações, de facilidade. Não havia necessidade da máxima: “Mantenham-no

simples”. Não podíamos ter sido menos complicados.

O contraste entre então e agora é impressionante. Para alguns de nós é horripilante.

Portanto, perguntamos: “Terá seguido o A. A. a advertência do Dr. Bob de mente-lo

simples?” Como poderíamos enquadrar os Doze Passos, as Doze Tradições, a

Conferência de Serviços Gerais e Convenções Internacionais de hoje com nosso A. A.

original de “cafés e bolos”?

Para mim, não me parece difícil fazê-lo. A simplicidade autentica de hoje se encontra,

creio eu, em qualquer princípio, prática e serviço que sirvam para assegurar para sempre

nossa harmonia e eficácia geral. Portanto, foi melhor anunciar claramente nossos

princípios do que deixá-los em termos vagos; melhor classificar suas aplicações do que

deixá-las indefinidas; melhor organizar nossos serviços do que deixá-los ao azar ou não

ter nenhum método para realizá-los.

Um retorno à época da mesa da cozinha não nos daria a desejada simplicidade. Só

poderia significar a irresponsabilidade, a discórdia e a ineficácia em grande escala.

Imaginem: não haveria princípios orientadores bem definidos, não haveria literatura, nem

salas de reunião, nem apadrinhamento planejado, nem direção estável, não haveria

relações bem estabelecidas com os hospitais, nem saudáveis Relações Públicas, nem

serviços locais ou mundiais. Voltar a essa época de simplicidade dos dias do passado

seria tão absurdo como vender o volante, o depósito de gasolina e os pneus do carro da

família. O carro seria sem dúvida uma coisa simples – eu não teria que comprar gasolina

ou pagar os consertos. Mas nosso carro não andaria. A vida familiar apenas se poderia

considerar mais simples; logo porém ficaria confusa e complicada.

Uma anarquia exposta de A. A., animada unicamente pelo espírito de “reunamo-nos”,

simplesmente não nos basta para os Aas de hoje. O que em 1938 dava bons resultados

para uns quarenta membros não vai funcionar para os 200.000 Aas de 1960. Nossa maior

grandeza, e por conseguinte, nossas maiores responsabilidades constituem a diferença

entre a infância de A. A. e a sua maioridade. Nos demos conta de como seria idiota tentar

recuperar a simplicidade que conhecíamos em nossa infância para desta forma evitar a

simplicidade com a qual sempre temos que enfrentar para “mantê-lo simples” hoje. Não

devemos atrasar o relógio nem devemos tentar fazê-lo.

A história da evolução de nossas idéias a respeito da “simplicidade para hoje” é

fascinante. Por exemplo: chegou a hora em que tivemos que codificar – ou organizar, se

assim o preferem – os princípios básicos que havia, surgido de nossa experiência.

Colocou-se muita resistência à essa idéia. Muitos membros expressavam a firma

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convicção de que, com a publicação dos Doze Passos estava-se complicando o muito

simples (ainda que algo confuso) programa de recuperação transmitido por palavras.

Dizia-se que “estávamos atirando a simplicidade pela janela”. Mas não era assim. É só

perguntar-se, “Onde se encontraria hoje o A. A. sem os Doze Passos?” Só Deus sabe o

bem que se fez com a enumeração precisa e a publicação destes princípios em 1939. A

codificação simplificou muito a nossa tarefa. Quem pode dizer o contrário agora?

Em 1945, elevou-se o clamor parecido quando enunciaram-se claramente nas Doze

Tradições de A. A. sólidos princípios para vier e trabalhar juntos. Nos parecia muito difícil

chegar a um acordo a respeito. Não obstante, quem pode dizer agora que as Tradições

complicaram nossas vidas? Ao contrário, estes princípios tão claramente definidos

simplificaram grandemente a tarefa de manter a unidade. E para nós, os Aas, a unidade é

uma questão de vida ou morte.

O mesmo aconteceu em todas as partes com nossos serviços ativos, especialmente os

serviços mundiais. Quando se criou nossa primeira junta de custódios de A. A., havia

graves inquietações. As pessoas sentiam-se muito alarmadas porque esta operação

supunha certos trâmites legais, certas questões de autoridade e de dinheiro e algumas

transações comerciais. Dizíamos alegremente que A. A. havia “separado completamente

o material do espiritual”. Portanto, produziu-se uma grande emoção quando o Dr. Bob e

eu propusemos os serviços mundiais; quando insistimos que estes serviços tinham que

estar encabeçados por uma junta permanente; e ainda quando dissemos que havia

chegado o momento de que – pelo menos nessa esfera – teríamos que colocar o material

a serviço do espiritual. Alguém que tivesse experiência teria que tornar à direção, e teria

que haver gasolina no depósito de A. A.

A medida que nossos custódios e seus colegas começaram a levar nossa mensagem

para todo o mundo, pouco a pouco nossos temores começaram a desaparecer. A. A. não

se havia tornado mais complicado. Havia se simplificado. Podiam perguntar a qualquer

um das dezenas de milhares de alcoólicos e seus familiares que estavam chegando ao A.

A. graças aos nossos serviços mundiais. Suas vidas sem dúvida haviam sido

simplificadas. E, em realidade, as nossas também.

Quando em 1951 reuniu-se pela primeira vez a nossa Conferência de Serviços Gerais,

voltamos a conter a respiração. Para alguns estes acontecimentos significavam um

desastre total. Agora as brigas e as politicagens seriam a norma. Nossos piores traços de

caráter tomariam a dianteira. A serenidade de nossos custódios e de todos os demais se

veria transtornada (como as vezes de fato aconteceu). Poriam se obstáculos à nossa

grandiosa espiritualidade e à terapia de A. A. Alguns se embebedariam por esse motivo

(e de fato, alguns o fizeram). Mais forte do que nunca se ouvia gritar: “Pelo amor de Deus,

mantenham-no simples!” Alguns membros protestavam. “Por que o Dr. Bob, Bill e os

custódios não podem continuar dirigindo estes serviços? Essa é a única forma de mantê-

lo simples”.

Porém, poucos sabiam que o Dr. Bob estava doente de morte. Ninguém parou para

pensar que em breve só restariam um punhado de pioneiros; e que também estes não

tardariam em desaparecer. Os custódios se encontrariam muito afastados e

desconectados da Irmandade a qual serviam. O primeiro grande vendaval os poderia

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derrubar. A. A. sofreria um ataque do coração. Quase com total certeza o resultado seria

um colapso irreparável.

Portanto, nós Aas tivemos que tomar uma decisão: O que seria realmente o mais

simples?

Conseguiríamos estabelecer essa Conferência de Serviços Gerais, apesar de seus

gastos e perigos particulares? Ou ficaríamos em casa de braços cruzados, esperando as

funestas conseqüências de nosso temor e nossa insensatez? Nos perguntávamos, o que

seria melhor a longo prazo, e, portanto, o mais simples? Como revela nossa história, nos

colocamos em ação. A Conferência de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos acaba de

celebrar sua décima reunião. Com toda certeza sabemos que este instrumento

consolidou nossa unidade e assegurou a recuperação de milhares de alcoólicos enfermos

que ainda estão por vir.

Por conseguinte, creio que temos mantido a fé. Na minha opinião, foi agindo da maneira

como temos feito que conseguimos que o A. A. seja verdadeiramente simples. Pode ser

que alguns ainda nos perguntem: Não estaremos nos afastando de nossa Tradição

original segundo a qual “A. A. como tal, nunca deverá ser organizado?” Absolutamente,

não. Não estaremos “organizados” enquanto não criarmos um governo; enquanto não

dissermos quem deve ou não ser membro; enquanto não autorizarmos nossas juntas e

comitês de serviços a impor castigos por falta de afinidade, por não contribuir com

dinheiro ou por mau comportamento. Eu sei que cada AA em seu coração compartilha a

convicção de que nunca poderá acontecer nenhuma dessas coisas. Simplesmente

organizados, nossos princípios para que se possam entender melhor, e continuarmos

organizando assim nossos princípios com a finalidade de poder fazer uma transfusão do

sangue vital de A. A. aos que sem ele morreriam. Nisto consiste exclusivamente a

“organização” de A. A. Nunca poderá haver mais. Uma pergunta para terminar: “Terá

desaparecido do mundo de A. A. a época de café e bolos de amizades íntimas porque

nós estamos modernizando?”

COMUNICAÇÃO: BASE FUNDAMENTAL PARA UM BOM SERVIÇO NO 3º LEGADO

Prezados Companheiros: - Hoje, nos reencontramos!

A todo momento conversamos com nós mesmos, seja para definir e avaliar sentimentos,

emoções, comportamentos e atuações ou seja para emitir opiniões, formular idéias ou

ainda, aprofundar pensamentos e buscar compreender o sentido daquilo que ouvimos e

vivemos no dia-à-dia.

Todo ser humano procura se comunicar, mas é muito comum encontrar pessoas que não

conseguem interagir umas com as outras.

Dentro de uma comunicação, a clareza e a forma como a mensagem é transmitida,

“pedem” de nós um comprometimento pessoal.

Por definição,“Comunicação é um processo pelo qual as pessoas tentam expressar o que

pensam e o que sentem para os outros, como também destes, vir a tê-la em

reciprocidade. Nesse sentido, é importante sabermos ouvir e escutar para sermos

ouvidos e escutados por alguém”. Não é diferente para nós, quando estamos realizando

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um Serviço de Alcoólicos Anônimos!

“A comunicação é uma troca de idéias e informações. Não é o que se diz, mas o que o

outro entende sobre o que estamos dizendo! Ela é mais do que apenas dizer palavras.

Ela entra em todas as facetas de nossas atividades cotidianas e relações pessoais. Ela

melhora o nosso relacionamento interpessoal e nos faz aceitar mais e melhor os outros,

principalmente depois de conhecer as suas virtudes ou limitações. Quando existe clareza,

o que anima uma comunicação e o que a torna mais cativante são o tema, as pessoas e

os relacionamentos que passam a existir entre elas”.

“As comunicações são como uma via de duas mãos, e a tarefa de comunicar-se não está

concluída até que haja compreensão, aceitação e uma ação resultante. A finalidade da

comunicação é afetar comportamentos. É trazer esclarecimentos dentro de uma

informação. Um erro comum é o de se emitir orientações por escrito e se acreditar que

sua interpretação será desta forma mais precisa do que a verbal, sem a possibilidade de

problemas na sua receptividade. Há a necessidade da interação, levando-se melhores

esclarecimentos e despertando-se o interesse pelo assunto. Por isso, a razão dos valores

que devemos dar as interações e aos processos de trocas e aos relacionamentos, senão

tudo cai de água abaixo e continuaremos fazendo descaso em cima de descaso, mais

preocupados com o que vamos dizer”.

Comunicação é para os nossos trabalhos do Terceiro Legado mais do que um requisito

fundamental. Ela é essencial para o conhecimento do Programa de Recuperação de

Alcoólicos Anônimos, tanto pelo membro quanto pela Sociedade. Ela é o elo de ligação

para o bem estar e para uma continuidade saudável das atividades desenvolvidas pelo 3º

Legado - Serviço em AA.

Os membros de AA que se interessam pelos Serviços da Irmandade, normalmente se

apegam as atividades como um gesto de sobrevivência. Isto porque, a ausência de

atividades leva também ao doente alcoólico o aparecimento de doenças físicas e mentais,

que não têm nada a ver com o alcoolismo (embora ele atribua ao alcoolismo). Como

exemplo, a auto-desvalorização, o declínio da auto-estima, a desmotivação ou o

isolamento social, para não falar do tenebroso afastamento do Grupo, que ocorre na

medida em que o tempo passa e também, quando “as coisas melhoram...”

Vejo portanto, que praticar o Terceiro Legado, significa também ingerir “um comprimido

de milagrosa medicação” para a nossa saúde, que com o passar dos anos normalmente

dá os seus sinais com o avançar da idade e na medida que completamos mais anos de

Sobriedade! E entendo que é fundamental fazer esta comunicação e alerta à nossa

Comunidade, que ainda tem dúvidas sobre os Serviços em AA.

Eis uma comunicação importante e faço-a agora: Em outubro de 2008, a Irmandade de

Alcoólicos Anônimos já existia em 180 países, com 113.168 Grupos, com mais de Dois

milhões de membros, tendo o Livro “Alcoólicos Anônimos” em 58 idiomas e mundialmente

contando com a existência de 61 Escritórios de Serviços Gerais. Mas, continua

necessitando dos nossos Serviços!

Outra comunicação que nos faz muito bem lembrar, como Servidores, diz respeito a

nossa política de Relações Públicas, quando em 1973 a Conferência de Serviços Gerais

(EUA/Canadá) confirmava que: “temos de reconhecer que nossa competência para falar

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de alcoolismo se limita ao tema de Alcoólicos Anônimos e seu Programa de

Recuperação”. Sapateiro, não vá além de suas chinelas, foi o que nos foi dado a

entender! É uma comunicação básica, clara e fundamental.

Na verdade, já em junho de 1960, o nosso co-fundador Bill W. previa alguns desafios,

tendo em vista o crescimento tão vertiginoso de nossa Irmandade: - dizia ele em um

artigo, “Para onde vamos a partir de agora? Quais são nossas responsabilidades para

hoje e para o amanhã?

As respostas a estas perguntas vem sendo respondidas na medida que nossos

Servidores se dispõem a praticar o Terceiro Legado. Será que estamos fazendo tão bem

como deveria ser, o “Alcoólicos Anônimos Amanhã”, imaginado pelo nosso co-fundador?

Será que estamos retribuindo a dádiva recebida? Será que não estamos nos

acomodando? Pergunto: Como será Alcoólicos Anônimos, depois de Amanhã...? Onde

erramos? Onde acertamos? Onde podemos corrigir? Onde está o Amor? Onde está o

Perdão? Onde está a Espiritualidade? Onde está a Gratidão?

Para que a mensagem de AA possa ser divulgada corretamente, sem banalização, há a

necessidade de conhecermos o Programa de Recuperação, seus Princípios e como

funcionam os segmentos organizados dentro da Irmandade, seus Representantes, seus

Encargos, seus níveis de responsabilidades e autoridades delegadas. De outra forma,

sempre haverá retrocesso...

Uma ação bem coordenada e de forma organizada, proporciona o alcance da Sobriedade

e da mensagem de AA a um número maior de empresas públicas e privadas, clínicas e

hospitais, escolas e universidades: Nossos grandes multiplicadores da mensagem. Para

isto, o entendimento do 3º Legado, precisa ser claro, aberto, preciso, transparente e

responsável. Estes atributos só acontecem se houver uma comunicação clara e objetiva,

sem distorções, de forma com que o receptor possa receber a mensagem sem ruídos e

possa repassá-la para a Comunidade AA.

A imprensa e o rádio no Brasil, desde os anos da década de 1950 vem abordando temas

sobre Alcoólicos Anônimos. Nos últimos anos temos presenciado, principalmente a

Televisão mostrar, como funcionam os grupos de AA. Isto ocorre desde o ano de 1975

(com a novela “Meu rico português”). Nestas ocasiões, além de enaltecer a credibilidade

e a importância de AA e da mensagem de esperança e amor ao alcoólico que ainda sofre,

prestam um valioso serviço de comunicação e informação correta à Sociedade. Somos

imensamente gratos. Quantos novos companheiros e quantas novas companheiras

chegaram aos Grupos e hoje reconhecem o valor daquelas comunicações! Foram muitos,

muitos...e muitas!

Por outro lado, outro meio de comunicação que está sendo bastante pesquisado está

sendo a Internet. Ai, convém checar as informações! Elas são variadas! Elas devem ser

filtradas, pois devido a liberdade de expressão não há um comprometimento e se

identifica a existência de assuntos controvertidos e alguns outros que banalizam o

conteúdo da mensagem de AA. Eis porque uma comunicação necessita ser eficaz.. Sua

eficácia traduzirá a mensagem correta e esta será de grande valia aos interessados no

Programa de AA e a todos aqueles que atuam no 3º Legado.

Todo o empenho que se faz buscando atrair o alcoólico para um grupo de AA

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denominamos como Serviço. Atrair um novo membro a um grupo é um momento muito

mágico e acompanhar a Recuperação do alcoólico é uma dádiva de Deus, porque ali

também estamos todos nós, em Unidade recebendo-o, e juntos, repassando adiante a

dádiva da Sobriedade! É a comunicação afetiva. É o resultado do nosso único propósito

primordial – Transmitir, comunicar, levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre!

Ferramentas para o trabalho do Terceiro Legado e espaço para todos que o queira não

faltam! Quem deseja honestamente trabalhar em AA, sempre encontrará um lugar

compatível com as suas habilidades. Antes de nós, muitas experiências foram

vivenciadas, discutidas exaustivamente, eliminadas e muitas outras foram colocadas em

prática porque deram certo. A presença de um bom veterano, repassando suas

experiências serve de estímulo bastante significativo ao desenvolvimento de um Grupo.

Normalmente ele é o responsável pelo despertar dos demais membros para a prática do

Terceiro Legado, repassando sua vasta experiência, não a restringindo somente para si

próprio.

Para que um membro assuma um Encargo é necessário que conheça um mínimo sobre o

3º Legado – Serviço em AA. Só a vontade de querer “trabalhar” pelo seu grupo e

conseqüentemente pelo AA já é importante, porém insuficiente. Pois como já é dito, “o

que deve ser feito, deve ser bem feito” e para o bom Serviço, a nossa Irmandade não

foge desta regra!

Todo membro que desperta para o trabalho dentro de AA, deve ao mesmo tempo se

“alimentar” com as boas novas das literaturas específicas que possam melhor lhe

conduzir e torná-lo eficiente no desempenho do 3º Legado. Ler tudo que possa lhe

orientar para melhor divulgar a Irmandade: “O Grupo”, “Os Doze Passos e as Doze

Tradições”, “O Manual de Serviços”, “Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais”, as

“Recomendações da Conferência”, “Revista Vivência”, folhetos, como por exemplo,

“Como falar em reunião de não AA” e tudo que é notícia em AA.

Um dos principais requisitos prende-se a sua nova Responsabilidade: Servidor de

Confiança. Um bom Servidor, representa o seu Grupo, o seu Distrito, a sua Área, a sua

Região, o seu País. Esta representação significa se fazer presente nos fóruns de

Serviços, tais como Reuniões de Serviços, Reuniões nos Distritos, Reuniões de

Comissões ou Comitês, Assembléias de Área, Conselhos de Representantes,

Conferências e Eventos. Para isto, convém ficar sempre atento às Comunicações...

Existindo ou não as convocações, os Servidores de Confiança foram escolhidos para

estar presentes. É assim que funciona a ação do 3º Legado durante o tempo de mandato

assumido. Foi um compromisso para exercer o 3º Legado, que normalmente ocorre

quando o 1º Legado – Recuperação e o 2º Legado – Unidade, já estão bastante

assimilados e compreendidos. Normalmente, quando entendemos que é chegado o

momento do exercício da Gratidão. Do passar adiante! Da doação. Do dar de graça o que

de graça recebeu! Porém, isto não é uma regra. É possível que existam os sacrifícios de

tempo, de outros compromissos, etc., etc. Mas, e no tempo das bebedeiras....? Porque a

acomodação? Por que esperar que somente os outros façam por você e para você?

Todos nós podemos! É até uma verdadeira e salutar mudança de hábito!

O nivelamento e a igualdade de propósito entre todos os membros, o é “proibido proibir”,

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a não obrigatoriedade, a não exclusão e a ausência de regras, direcionam a Irmandade

ao longo dos anos para um segmento, cada vez mais admirado e compreendido dentro

da sociedade.

Nosso entendimento é de que toda espécie de trabalho tem que ser realizado para se

manter um grupo de AA em funcionamento. É através do trabalho dos membros do grupo

que os doentes alcoólicos de uma comunidade ficam sabendo que AA existem e de que

forma pode ser encontrado. É através do Serviço em AA que são atendidos os pedidos de

ajuda e são mantidos os órgãos de serviços e os contatos necessários com o restante do

AA a nível local, nacional e internacional e assim, o grupo fica informado e sai do

isolamento.

Nos grupos, os membros encarregados destes serviços são também chamados de

Servidores, que escolhidos pelos demais membros executam suas atividades por

períodos limitados, proporcionando a rotatividade. Portanto, aprender a aceitar a

responsabilidade dentro do grupo é um privilégio. Este privilégio e esta responsabilidade

devidamente manejadas, podem ser bastante útil à recuperação. Muitos membros de AA

descobriram e constataram que o Terceiro Legado representa uma excelente maneira de

fortalecer a própria sobriedade e por isto procuram não se afastar de atividades que

possam fortalecer o seu Programa de Recuperação.

O AA é um corpo amante, crescente e vivo. Ama através do Serviço. Cresce através do

Serviço e torna-se vivo através do Serviço. Sua reprodução não é biológica e as novas

gerações de membros e Servidores somente poderão acontecer através do Serviço,

tendo a obediência aos princípios, entre eles o da escolha democrática e o da rotatividade

nos encargos.

O 3º Legado compreende os órgãos de serviços, diretores e encargos dentro de nossa

Irmandade a partir do grupo, indo até a estrutura nacional e internacional. Compreende os

Procedimentos do 3º Legado para o sistema de escolha e votação de representantes de

AA. Compreende a Junta Nacional de Serviços Gerais e a Conferência de Serviços

Gerais. Compreende a Reunião de Serviços Mundiais. Compreende as Garantias Gerais

e a Ata de Constituição da Conferência.

Simples tarefas de Serviço ajudam a desenvolver a confiança, ou um início de crédito em

seus próprios valores e opiniões e até mesmo o retorno do respeito próprio e da auto-

estima. Serviço é tão fundamental para AA, assim como a abstinência do álcool está para

a Sobriedade. É o verdadeiro núcleo em torno do qual a Irmandade é construída.

A comunicação é um instrumento de integração e também de instrução. São os

relacionamentos dentro de nossa Irmandade entre os Órgãos de Serviços e os Grupos e

seus membros. A comunicação é responsável pela circulação das informações que são

emanadas e, quanto mais bem informados, mais envolvidos estaremos com os nossos

propósitos, pois a comunicação amplia a visão do membro de AA interessado na prática

do 3º Legado, proporcionando-lhe ser um dos melhores porta-vozes do Grupo ou do

segmento de Serviço onde desempenha suas atividades.

No campo afetivo, a comunicação permeia toda a ação do ser humano, possibilitando as

interações, o compartilhamento com as idéias e os anseios para minimizar o sofrimento e

a necessidade de ajuda. O ser humano necessita comunicar-se. A falta de comunicação

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leva à solidão. Leva a uma carência afetiva e emocional.

Que o Poder Superior nos ilumine!

CAMPOS S.

CONSCIÊNCIA COLETIVA

Dr. Lais Marques da Silva

Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB

" ...um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva".

"...que todas as decisões importantes sejam tomadas através de discussão, votação e,

sempre que possível, por substancial unanimidade".

Introdução

Tive a excepcional oportunidade de estar presente a nove Conferências de Serviços

Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Nelas, buscaram-se caminhos para a

Irmandade como um todo e procuraram-se os melhores encaminhamentos para a solução

de situações que ocorreram na vida da Irmandade, encaminhamentos esses que se

constituíram em fundamento para a tomada de importantes decisões. No decurso dessas

grandes reuniões, os eventos se mostraram ainda mais valiosos do que o já tão

significativo processo de autogestão, em si.

Todo o trabalho realizado no decurso de uma conferência é de grande valor para a vida

da Irmandade não só para o momento que passa, mas é também determinante em

relação aos dias futuros. É assentado num processo de caráter fundamental, que é o da

busca da Consciência Coletiva. Além de sábio em si mesmo, é, sobretudo, inspirado pelo

Poder Superior, poderosa fonte de iluminação, valiosa e norteadora dos destinos de

centenas de milhares de seres humanos vitimados pelo mesmo demônio, o alcoolismo, e

que hoje estão presentes nos grupos de Alcoólicos Anônimos, no Brasil. Mas é também

igualmente importante para a existência da Irmandade de Alcoólicos Anônimos em todo o

mundo no que ela representa de caminho de salvação para milhões de seres humanos,

hoje sofrendo nas garras do alcoolismo.

Coloquei neste trabalho o que vi e aprendi no convívio com os companheiros de

Alcoólicos Anônimos, além do resultado da minha experiência pessoal no período em que

fui presidente da Junta de Custódios e da JUNAAB, ocasião em que procurei aplicar os

conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, inspirado que fui pela poder da Segunda

Tradição. Consciente da sua importância fundamental para os dias de hoje e para o futuro

da Irmandade, coloco nas páginas desse trabalho a minha esperança de um horizonte

radioso não só para os que sofrem nas garras do alcoolismo, mas para toda a

humanidade.

Uma pequena história dentro de uma grande história

Há uma pequena história, muito antiga, que nos ajuda a entender a fragilidade dos seres

humanos, a sua necessidade de cooperar e, sobretudo, a entender o quanto dependemos

uns dos outros.

Na mitologia grega, os deuses resolveram habitar o mundo e criar a humanidade. Criaram

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os mortais, os seres vivos, e também as condições para a existência de todas as

espécies que iriam coabitar na Terra. Encarregaram Epimeteu, cujo nome significa

reflexão posterior, ou seja, aquele que só se da conta da coisa errada depois que a fez,

de prover os futuros seres vivos com as qualidades necessárias à sua sobrevivência.

Assim, foram dados a cada espécie os equipamentos necessários para que se

alimentassem e resistissem às intempéries, como: peles, lã, carapaça, etc. e ainda para

se defender uns dos outros: as garras, chifres e velocidade na corrida.

Todas as espécies foram equipadas mas, no momento de criar o homem, nada havia

sobrado. Epimeteu tinha esquecido dele e, assim, continuava nu e desarmado. Para que

essa espécie não desaparecesse, Prometeu, cujo nome significa previdente, foi chamado

pelo imprevidente irmão, Epimeteu, e encarregou-se de roubar dos deuses o fogo e as

artes para dá-las aos homens. Distribuiu as artes de que dispunha mas que não eram

suficientes em número para dar um conjunto completo a todos os homens e assim deu

talentos diferentes a cada um de modo que, para sobreviverem, deveriam intercambiar as

suas dádivas e, portanto, cooperar e o que resultou é que todos se tornaram dependentes

uns dos outros. Prometeu também moldou os homens de forma mais nobre e os

capacitou a caminhar de forma ereta. Desse modo, puderam se alimentar e resistir ao

frio, mas continuaram não podendo se defender contra outras espécies por não

possuíram armas. Mas o presente do fogo que Prometeu deu à humanidade foi mais

valioso do que quaisquer um dos que haviam sido dados aos animais.

Os homens procuraram então estar reunidos para se defender dos animais e se

agruparam em cidades, mas não conseguiram viver juntos porque disputavam entre si e

frequentemente guerreavam uns contra os outros. Como conseqüência, dispersaram-se

pela floresta e foram novamente ameaçados de extinção pelas outras espécies de

animais. Dessa vez, foi o próprio Zeus, o Deus mitológico maior, que salvou os homens

dotando-os de qualidades morais, de senso de justiça e de respeito de si mesmos, o que

permitiu que cada um pudesse viver em coletividade com os outros. O gênero humano foi

salvo e por isso, hoje, os homens vivem em comunidades e não isolados, como a maioria

dos outros animais. Mas os homens continuaram frágeis e desamparados e é isso que

nós somos e a nossa sobrevivência continua dependendo de que troquemos as nossas

dádivas, as nossas riquezas interiores.

A vida é difícil. Encontrar o caminho que se vai trilhar na vida é difícil. O caminho tem que

ser feito em solo árido e pedregoso, e machuca. Não há indicações nem avisos.

Nenhuma orientação. Em realidade, cada um de nós faz o seu próprio caminho ao longo

da vida e o caminho é feito tão somente ao caminhar. Mas a boa notícia é que não temos

que fazer o caminho sozinhos e podemos recorrer a um poder maior que nos dá força e

do qual a maioria das pessoas tem consciência. Ainda mais, na medida em que vamos

fazendo o nosso caminho, podemos nos ajudar uns aos outros, intercambiar os talentos

que recebemos.

Podemos trocar nossas riquezas interiores. Podemos trocar experiências, forças e

esperanças. Podemos cooperar uns com os outros. Podemos nos solidarizar. Podemos

ser tolerantes. Podermos ser solidários e desenvolver o amor ao próximo. Podemos nos

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compadecer. Podemos entender que somos irmãos. Assim, Ele não estará apenas no

meio de nós, como que espalhado num grupo de seres humanos, mas entre nós.

Presente a partir do nosso relacionamento fraterno. Então, teremos condições de

vislumbrar o caminho e encontrar a coragem para trilhá-lo.

Como não é possível simplificar as coisas e obter respostas fáceis, é preciso pensar de

modo abrangente, aceitar os mistérios e os paradoxos da vida e não desanimar ante a

multidão de causas e conseqüências que são inerentes a cada experiência humana.

Enfim, aceitar e valorizar o fato de que a vida é complexa.

Agora, vamos ao homem e às suas instituições. No caso do A.A., à Irmandade, como um

todo. Aos serviços que definem a ação. O A.A. é uma irmandade em ação.

No mundo em que vivemos, existem as autoridades, os líderes, os governantes, os

chefes, o Papa, etc. e, desde pequenos, nos acostumamos a recorrer à autoridade dos

nossos pais e a essas outras autoridades. Resumindo, nos acostumamos a procurar uma

orientação que vem de fora. Essas autoridades se apóiam em dogmas, em normas

estabelecidas ao longo do tempo, na força da imposição, ou seja, numa estrutura de

poder, que pode ser definida como a capacidade de mudar o comportamento do outro.

Mas tudo isso é muito estranho ao A.A.. Ele é fruto de uma concepção muito melhor,

muito mais perfeita do que isso que acabamos de ver.

Historicamente, os co-fundadores eram solicitados para dar orientações, idéias,

sugestões ou até para buscar soluções para as novas realidades que iam surgindo em

decorrência do fato de o A.A. ser uma Irmandade viva, em ação. Mas eles se deram

conta de que as suas vidas eram finitas e que a irmandade, tal como era, tinha que

encontrar, em si mesma, os melhores caminhos para continuar viva e em ação.

Seria algo como desenvolver um processo de auto-gestão, gestão que vem de dentro, e

esse modelo se assenta no processo de busca da consciência coletiva que se constitui no

alicerce desse modelo. É a chave para o seu funcionamento, baseado no fato de que o

Poder Superior se manifesta em um determinado momento da troca de riquezas interiores

e de cooperação e feita ao longo dessa busca da consciência coletiva.

Procurei estudar, conhecer esse processo e o que me foi possível entender, apreender,

está colocado no trabalho sobre consciência coletiva. É a minha visão atual e, por certo,

ainda incompleta.

Outro aspecto que gostaria de enfocar é o que revela um paradoxo. Mais presentes do

que pensamos nas nossas vidas, apesar do desconforto que causam à nossa formação

racionalista. Diz-se até que alguma coisa só é verdadeira quando contém o paradoxo.

É que o A.A. não muda, pois tem princípios sólidos, cuja vitalidade tem-se mostrado

extraordinária ao longo de 72 anos da sua existência. Não muda mas muda. Aí está um

paradoxo.

Os animais pré-históricos que não mudaram também não mais existem e o A.A. não tem

vocação para se tornar um dinossauro. O fato é que não muda na sua essência, mas se

renova, se adapta, se atualiza a cada ano, porque a cada ano se repensa, se mantém

com vitalidade renovada, mais especificamente, após cada Conferência.

Essa é a idéia-força que está subjacente a todo o processo da Conferência e que precisa

ser identificada. Alias, é essencial que seja identificada para que os membros que dela

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participam tenham plena consciência da importância do trabalho que realizam.

A Conferência tem uma exterioridade, ela é bonita, mas tem, sobretudo, uma essência,

um conteúdo interior maior e mais importante. Tem uma roupagem e um corpo

igualmente muito bonito e, por certo, mais importante.

Um outro aspecto que é preciso destacar é que a realidade com que, a todo o momento,

nos defrontamos não tem nada de simples. O mundo não é feito apenas em preto e

branco, mas também de muitos tons de cinza e de todas as cores e suas nuances. A

realidade se apresenta sempre sob múltiplos aspectos. Frequentemente, não somos

capazes de identificar, sozinhos, toda a complexidade de uma determinada situação.

Mas, se ela for analisada também por outros companheiros, aí teremos a possibilidade

de, participando da busca conjunta da consciência coletiva, alargar o nosso campo de

visão e conhecer melhor para melhor decidir e melhor agir.

Finalmente, vale ressaltar que, se a Conferência é colocada frente às realidades do A.A.

do Brasil, isso não levará à conclusão de que resultariam irmandades muito diferentes

nos diversos países do mundo. E isso porque são realizadas reuniões mundiais, a cada

dois anos, em que numerosos países participam e nas quais também se busca a

consciência coletiva, a integração em um só corpo, sendo que as diferenças locais

apenas enriquecem o todo e o A.A. será eterno, enquanto assim funcionar.

O que é consciência coletiva?

É uma condição a que se chega por meio da participação de todos os membros que

compõem um grupo, usualmente em reuniões de serviço, por meio de um processo no

qual se busca o conhecimento mais completo de algum assunto ou a solução para um

determinado problema que tenha sido colocado em estudo, podendo resultar em se optar

por ações que, eventualmente, irão ser empreendidas.

Como se desenvolve o processo?

Dando a oportunidade e até mesmo solicitando que todos os membros presentes e

participantes de uma reunião para que ofereçam as suas contribuições, tanto para o

estudo de um problema quanto para a sua solução. Isto significa que ninguém deve ser

excluído, que ninguém deve ficar de fora. É indispensável que o coordenador seja

suficientemente hábil para conter os que procuram impor as suas vontades e pontos de

vista e, para isso, deve limitar o tempo de que cada membro irá dispor para apresentar a

sua contribuição e, ao mesmo tempo, será necessário oferecer aos mais retraídos a

mesma oportunidade e o mesmo espaço de tempo para participar no processo de busca

da consciência coletiva. Não só oferecer, mas, muitas vezes, será necessário até solicitar

que os mais tímidos apresentem os seus pontos de vista. O poder coletivo, desse modo,

contém o poder individual, a grandiosidade do alcoólico.

Numa primeira rodada, em que cada um dos participantes da reunião, de forma

seqüencial e ordenada, expõe a sua opinião acerca do assunto em estudo, pode ocorrer

que as colocações fiquem muito distantes umas das outras, mas, quando se faz uma

nova rodada de opiniões na qual se busca um melhor entendimento acerca do assunto,

observa-se que, após pensar e meditar por algum tempo acerca do que havia sido

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colocado por cada um dos companheiros, anteriormente, as opiniões então emitidas vão

tendendo para uma área mais central, vão ficando menos distantes entre si, vão

convergindo em torno de uma idéia ou decisão que, num certo momento, surgirá como

sendo apoiada por uma substancial unanimidade. As opiniões vão gradativamente

tendendo para um ponto central. Não há limitação quanto ao número necessário de

rodadas nem quanto ao tempo que cada uma irá consumir. O processo deverá demorar o

tempo que for necessário. O que se verifica é que, numa primeira rodada, os

companheiros usam a palavra para expressar apenas opiniões, na maioria dos casos, e

as opiniões formam, no seu conjunto, uma plataforma instável. Já, numa segunda ou

terceira rodadas, o que se observa, frequentemente, é que as colocações são mais

elaboradas, mais estudadas, já se apresentam como convicções e ainda que, pela

multiplicação das vias de abordagem, faz-se um esforço para pensar de modo mais claro

e profundo sobre o assunto em tela.

Todos devem ser ouvidos, é necessário que haja ampla participação, os assuntos

precisam ser estudados por completo e detalhadamente diante do fato de que as

decisões a serem tomadas são sempre importantes. Esse processo pode exigir um longo

tempo de participação e de maturação, um esforço prolongado por parte dos

participantes, e, às vezes, é conveniente que se decida por uma parada, por um momento

de relaxamento para tomar um cafezinho. O importante é que não haja pressa.

Como decorrência do fato de que todos têm igual direito de participar e de opinar, resulta

que o poder coletivo atua de modo a limitar o poder individual. A linguagem, o diálogo e a

discussão de um determinado tema atenuam as posições conflitantes. Como todos

podem interrogar, questionar e contra-argumentar, resulta que a razão supera a força e

controla o exercício do poder. A linguagem tende a ser racional e as discussões

pressupõem a apresentação de justificativas, de argumentos e todos devem estar abertos

ao questionamento. Como nenhum companheiro detém a verdade em um sentido

completo e absoluto, o processo decisório passa pela superação de diferenças e implica

na convergência em torno do interesse comum e dos objetivos orientados pelos princípios

de A.A., para se chegar ao consenso. As diferenças e divergências existentes podem ser

superadas por meio do entendimento mútuo e diante do interesse comum.

O consenso, como forma de tomar decisões, implica em que deve haver um espaço para

justificar, explicar, persuadir e convencer e que deve ser concedido a cada um dos

participantes da reunião a mesma oportunidade, não cabendo dispor de força, privilégio

ou autoridade especial. Portanto, não deverá existir condições para a imposição, para a

violência ou para o privilégio, que são formas de exercício do poder. A razão se sobrepõe

à força e é uma das formas de controle do exercício do poder. O uso de linguagem

adequada torna o ambiente racional, e nele, as discussões têm o seu fundamento na

apresentação de justificativas e de argumentos num ambiente que deve ser aberto à

interpelação e ao questionamento.

Ocorre, na busca da consciência coletiva, que os companheiros entrem num processo de

reflexão, de flexão sobre si mesmos, que olhem para dentro, quando então,

frequentemente, descobrem que não sabem tanto quanto pensavam sobre o assunto que

está sendo tratado resultando que se tornem mais humildes e tolerantes e assumam

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atitude mais sóbria. Cada um dos companheiros presentes numa reunião de serviço

exercita a sua capacidade de apreciar uma determinada questão, de desenvolver a

imaginação e de cultivar a mente aberta. Assim é que funcionam as coisas no âmbito do

que é humano, com a pluralidade e a relatividade essenciais que lhe são próprias. Fatos

e opiniões, embora distintas, não estão necessariamente em oposição uma vez que

fazem parte de uma mesma realidade.

Talvez a reunião se prolongue bastante e é possível que poucos itens de uma agenda

sejam abordados ou ainda que poucas decisões sejam tomadas, mas o que é preciso ter

em mente é que o processo em si é o fato mais importante e isso porque tem valor

terapêutico. Ele vale, em primeiro lugar, pela evolução e pelo crescimento espiritual que

propicia. A Irmandade de Alcoólicos Anônimos não é uma empresa em que a eficiência e

o uso do tempo ficam em função dos resultados esperados e dos objetivos fixados por um

processo administrativo. Em Alcoólicos Anônimos, tempo não é dinheiro; é saúde, é

recuperação, é crescimento espiritual, sobretudo. A Irmandade de Alcoólicos Anônimos é

uma Irmandade em que todos procuram deter a sua doença e entrar num processo de

cura, não física, mas psicológica e espiritual e a participação no serviço, especialmente

no processo que leva à consciência coletiva, tem grande importância para a recuperação

e para que se possa alcançar a serenidade. O próprio processo da busca da consciência

coletiva é, pela sua natureza, uma maneira de diminuir a velocidade que impomos às

nossas vidas, de evitar o estresse. Nele tudo se desenvolve sem obcessividade e cada

membro participante vive um agora mais longo, mais demorado.

Por que é importante chegar à consciência coletiva?

Porque é um processo sábio, do qual não sairão vencedores nem vencidos. Porque, pela

ampla participação, todos aceitam, ao final e ao cabo, e sem resistências psicológicas, as

decisões que foram acordadas e ainda porque, em face da ampla participação, todos se

sentem igualmente responsáveis pelas ações que serão tomadas e também pelas suas

conseqüências. Numa visão maior, até mesmo pelos destinos da Irmandade de

Alcoólicos Anônimos.

O usual é que procuremos ser mais espertos e controlar uns aos outros em função de

objetivos individuais ou dos interesses de pequenos grupos e isso costuma ocorrer ao

nos comportarmos seguindo o modelo que recebemos no decurso das nossas vidas.

A atitude mental que se assume ao participar do processo em que se busca a consciência

coletiva é a da procura da verdade em relação a uma determinada situação ou problema

que está em apreciação. Ao se colocar nesta posição e abandonar a busca de provas de

que está certo, o companheiro entra em contacto com uma verdade maior, transcendente,

unificada e unificadora, que se manifesta no decurso do processo e, por outro lado, o

desejo de buscar a verdade para uma determinada situação desperta a inspiração, cria

um certo tipo de receptividade. A partir desta posição madura o companheiro se

questiona se realmente o que vê é tudo que diz respeito ao problema em estudo e,

usualmente, chega à conclusão de que a sua visão não é tão abrangente quanto

imaginava. Passa a admitir que existem aspectos enriquecedores na visão de cada um

dos outros companheiros que participam da reunião e o que há de inadequado na sua, o

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que traz alívio das tensões e facilita o desenvolvimento do processo.

O companheiro se dá conta de que não estava tão certo quanto pensava. Ganha

conhecimento acerca de aspectos do problema que não havia identificado anteriormente.

Passa a ver não somente o seu lado, a sua pequena verdade, mas uma verdade maior,

mais abrangente. Colocar-se neste ato de busca da consciência coletiva, de querer a

verdade ou o que é mais conveniente para a solução de determinado problema, leva a

renunciar ao que antes se apegava, àquilo que via como sendo a sua verdade. É estar

disposto a ver além da sua perspectiva, do seu ângulo de visão. Nas relações humanas,

aquele que só conhece o seu lado, em relação a um determinado assunto em estudo,

sabe realmente pouco em relação a ele. Acresce ainda que, no caso de um grupo de

companheiros, quando em cooperação, o todo humano que se forma é maior do que a

soma das suas partes, de modo que cada membro poderá realizar, em conjunto com os

outros, mais do que conseguiria se estivesse sozinho ou em grupos sem esse

entendimento.

Participar do processo que leva à consciência coletiva traz ganhos espirituais importantes

para o membro de A.A., ameniza o ego e muda o seu comportamento quando, em

decorrência, deixa de cultivar a separação. Acontece um importante ganho, um

crescimento espiritual de grande valor para a recuperação do alcoólico.

O companheiro desiste da necessidade de vencer as pessoas com quem convive e da

qual resulta, freqüentemente, em estar separado, isolado. Desiste de ser especial,

diferenciado dos outros e de estar sempre com a razão, de querer que as coisas sejam

do seu modo. A integração aperfeiçoa a sua individualidade, enriquece-o como indivíduo,

o inclui na comunidade dos humanos e jamais diminui a sua dimensão pessoal.

Por meio da consciência coletiva, os conflitos podem ser resolvidos sem derramamento

de sangue físico ou emocional e, mais ainda, com sabedoria. Sempre que se busca

adequadamente chegar à consciência coletiva, os gladiadores baixam as armas e os

escudos e se tornam hábeis em ouvir e entender e, sobretudo, em respeitar e aceitar os

dons dos outros, bem como as suas limitações. Ao longo da busca da consciência

coletiva, aceitamos que somos diferentes, mas que, por outro lado, estamos ligados aos

demais membros pelas nossas feridas e pelo fato de estarmos aprendendo a lutar juntos,

mais do que uns contra os outros. Os conflitos são resolvidos. Os membros aprendem a

desistir de facções e de compor pequenos subgrupos. Aprendem a ouvir mutuamente e a

não rejeitar.

O silêncio de quem escuta representa uma abertura, uma disponibilidade em relação ao

outro. É como criar uma zona de silêncio que significa confiança no outro. Dar um lugar

aos outros é indispensável para que possamos desenvolver a nossa relação existencial.

A amabilidade do acolhimento, da abertura, não exclui a personalidade de quem escuta,

daquele que procura o verdadeiro em meio a múltiplas verdades. Só assim se chega à

plenitude do diálogo. É como viver as tarefas do mundo tais como elas se apresentam. A

vida é então realizada e confirmada na concretude de cada instante, de cada dia.

A busca da consciência coletiva é uma experiência importante para por fim aos conflitos,

pois, durante o processo de busca, não procuramos tirar a energia dos outros

companheiros. Sempre que alguém sai vencedor, o perdedor fica deprimido, em baixa.

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Mas se procuramos a consciência coletiva, estaremos recebendo energia de uma outra

fonte, do Poder Superior.

Na consciência coletiva está contida a filosofia do diálogo, da relação entre os membros

de AA. O que importa é uma relação desenvolvida no diálogo, na atitude existencial do

face-a-face, na vibração recíproca. O diálogo assim desenvolvido abre novas

perspectivas em relação ao sentido da existência humana de cada um dos membros

participantes porque está voltado para um novo projeto de existência e não para um

passado nostálgico. O processo da busca da consciência coletiva estabelece uma nova

relação entre os membros de A.A. e, numa visão maior, entre os seres humanos.

Só seria possível pensar na libertação do alcoolismo a partir da libertação do próprio

alcoólico das múltiplas prisões do seu egoísmo congênito, uma vez que a liberdade se

encontra no compartilhar de experiências, forças e esperanças e no despertar do outro

que ainda se encontra nas garras do alcoolismo. Os membros de A.A. não cessam de se

enriquecer pela convivência com outros companheiros, cujas possibilidades são

multiplicadas ao infinito pela magia dos seus poderes, sempre renovados, enquanto

praticando o programa de recuperação. O amor ao próximo lhe dará a chave de todas as

prisões, da própria libertação, da saída para uma nova vida.

O conjunto das relações sociais tende, naturalmente, ao conflito e às contradições.

Finalmente é preciso estar sempre alerta para o fato de que a fronteira entre o bem-estar,

a felicidade e a alegria de vivermos numa autêntica comunidade e o conflito, o desgaste

emocional e o perigo de uma recaída está em nós mesmos. Nós somos o teatro de uma

luta contínua entre as forças da vida e da morte. Tudo depende do que fazemos a cada

dia, a cada instante entre o bem e o mal, pois que estão estreitamente relacionados – "o

inferno não é separado do paraíso senão pela espessura de um fio de cabelo". Neste

ponto, nesta escolha, está a possibilidade do surgimento de uma nova realidade, de um

novo impulso que pode levar à realização plena das mais radiosas perspectivas que

podemos ter a partir da infinita riqueza contida nos Legados de A.A. e, ainda, a

possibilidade de que esse novo impulso abra as portas do sonho, tão necessário à própria

sobrevivência, ao mesmo tempo em que abra as portas do caminho de salvação para

outros alcoólicos.

A prática da Segunda Tradição é indispensável para que o conjunto de companheiros que

compõem as reuniões de serviço possam chegar à solução de problemas e encontrar

caminhos para a Irmandade como um todo. Essa prática determina a qualidade do

trabalho realizado e os resultados das grandes reuniões, como as que ocorrem nas

conferências de serviços gerais, nas inter-áreas, nas áreas, nas reuniões de distrito, etc.

e até mesmo nas reuniões que contam com um menor número de companheiros, como

usualmente ocorre nas reuniões de serviço dos grupos. É a aplicação prática de um

conhecimento que harmoniza o conjunto das relações sociais, que naturalmente tendem

ao conflito e às contradições, e evita o domínio do homem sobre o homem, além criar

condições para que ocorra a emancipação humana.

Se consultada a consciência coletiva, as decisões são realistas.

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A ampla participação assegura que a realidade seja conhecida nos seus mais diferentes

aspectos, que nenhuma particularidade seja omitida, que nenhuma conseqüência das

decisões a serem tomadas deixe de ser considerada e avaliada. O estudo resulta sempre

completo porque é o resultado da soma de todas as experiências, de todas as visões.

Significa que se estuda e se decide com segurança.

Freqüentemente, o nosso narcisismo nos faz sentir que somos os guardiões de uma

estrutura frágil e ameaçada e que, se não fosse por nós, tudo já estaria perdido. Isso é a

manifestação de que algo está errado com a nossa saúde mental e espiritual e que é

preciso colocar, lado a lado, a nossa realidade com a que é percebida pelos irmãos em

quem confiamos. O fato é que a verdade compartilhada é poderosa, eleva o espírito e é

por isso que interagimos quando participamos das atividades do grupo ou das que são

mais ligadas ao serviço. Freqüentemente a verdade é um processo, o resultado de uma

relação entre nós mesmos e os outros, que dá à verdade maior clareza e brilho.

Precisamos de coragem para ver a verdade, mas ela nos fortalece, e estar dentro da

realidade significa não estar alienado. Ocorre uma confiança no diálogo, na busca comum

da verdade.

No conjunto, o grupo sempre aprecia melhor porque inclui membros com muitos e

diferentes pontos de vista e com a liberdade assegurada de expressá-los por meio do

processo que busca a consciência coletiva. Incorpora-se o claro e o escuro, o sagrado e o

profano, a tristeza e a alegria, a glória e a lama e é por essa razão que as decisões são

bem elaboradas. Não é provável que se deixe de apreciar algum aspecto importante.

Como cada membro representa um padrão de referência e, se eles são muitos, o grupo

de trabalho se aproxima mais e mais da realidade. As decisões são realistas e

usualmente seguras.

Não ao totalitarismo

É comum pensar que as diferenças possam sempre ser resolvidas por uma autoridade

maior. No passado de cada um de nós, era costumeiro apelar para a intervenção do pai

ou da mãe para o entendimento de situações e para a solução de problemas. Procura-se

freqüentemente até apelar para um ditador benevolente. Mas Alcoólicos Anônimos, em

favor da maturidade dos seus membros, nunca pode ser totalitário.

Nós nos acostumamos, ao longo da nossa vida, a aceitar certas formas de autoridade

que sempre serviram como orientação para definir a realidade em que vivemos e, sem

ela, nos sentíamos confusos e perdidos. Mas a busca da consciência coletiva passa a ser

o exercício através do qual sempre, e em grupo, encontramos a orientação, sempre

conhecemos de uma maneira mais completa a realidade e, é bom acentuar, sem a

necessidade de qualquer autoridade que não a do Poder Superior. No decurso do

processo de busca da consciência coletiva, acontece o retorno da sensação de

segurança, agora sob uma forma mais espiritualizada, a segurança espiritual.

A maneira menos primitiva de se resolverem as diferenças individuais é a de apelar para

o que chamamos de democracia. Pelo voto, determina-se o lado que prevalece. A maioria

governa. Mas este processo exclui as aspirações da minoria. Diferentemente, o processo

de tomada da consciência coletiva inclui as aspirações da minoria. É como transcender

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as diferenças pessoais de modo a incluir, na mesma medida, a minoria. Entrar no

processo que leva à consciência coletiva é ir além da democracia. Recorrer ao voto não é

a solução. Apenas o consenso integra as minorias e, em realidade, até evita a sua

formação. O processo pelo qual se chega ao consenso é uma aventura porque não se

pode antecipar o que vai resultar, é algo quase místico e mágico, mas que funciona.

Durante o processo de busca da consciência coletiva, a autoridade fica descentralizada.

Não há líderes e, ao mesmo tempo, todos são igualmente líderes. Há um verdadeiro

"fluxo de liderança". Os membros se sentem livres para se expressar e para oferecer as

suas contribuições e o fazem no exato momento e na devida dimensão. Há lideranças. É

o espírito de comunidade que lidera e não o individualismo.

O desenvolvimento da humildade

O processo de busca da consciência coletiva atenua o individualismo áspero que leva à

arrogância e isso se faz por meio da limitação da participação e ao evitar preponderância

e excessos - a velha prepotência e a conhecida manipulação. O poder individual só é

contido, só é limitado, pelo poder coletivo. Este é um princípio fundamental. É exatamente

o que acontece no processo de busca da consciência coletiva.

Desenvolve-se, nos membros do grupo de trabalho, um individualismo ameno que leva à

humildade. Durante o processo, as dádivas de todos são apreciadas e também

reconhecidas as próprias limitações e isso está na base da aceitação das nossas

imperfeições. "Conhece-te a ti mesmo" é uma regra segura para chegar à humildade.

Nesse momento, fica muito claro que o problema não é a dependência e sim a real

interdependência. Não só os membros se tornam mais humildes, mas também o grupo

como um todo.

O grupo como um lugar seguro

As pessoas se tornam mais amenas quando participam do processo de busca da

consciência coletiva porque se olham através das lentes do respeito. O grupo se torna um

lugar seguro porque há aceitação e compreensão, e as pessoas sentem com uma

intensidade nova o amor e a confiança. Desarmam-se. Passa a haver a paz e, sobretudo,

os membros aprendem a fazer a paz.

É também um lugar seguro porque no grupo ninguém está tentando curar, converter ou

mudar o outro e, paradoxalmente, é exatamente por isso que a evolução espiritual e

comportamental e, ainda, a conversão acontecem. No grupo, as pessoas são livres para

serem elas mesmas, livres para procurar a própria saúde psicológica e espiritual. Tudo

isso faz do grupo um lugar seguro em que as pessoas podem abrir mão das suas

defesas, das suas máscaras, dos seus disfarces. Aceitamos ser vulneráveis, expor as

nossas feridas e fraquezas, e assim fazendo, aprendemos também a ser afetados pelas

feridas dos outros. O amor surge nesse compartilhar e isso é possível porque abrimos

mão da norma social de pretender sermos invulneráveis.

Num lugar seguro, as pessoas se desarmam e aprendem a fazer a paz, que nasce do

processo de busca da consciência coletiva.

Um estado de espírito muito especial

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Quando nos preparamos psicologicamente para participar de uma reunião de serviço em

que se vai à busca da consciência coletiva e nos sujeitamos ao processo que leva a ela,

resulta o surgimento de uma atmosfera tal que, paradoxalmente, nela as pessoas falam

mais baixo e, no entanto, são mais ouvidas. Nada é agitado e não se forma o caos.

Pode haver discussão e luta, mas ela é construtiva e move-se em direção ao consenso.

Em realidade, entra-se no processo de formação de uma verdadeira comunidade.

Esse estado de espírito é indispensável para que se possa estar aberto para a

manifestação do Poder Superior. Para a inspiração e para a voz do Espírito Santo.

Quando nos dirigimos para uma reunião de serviço, não podemos imaginar qual será o

resultado dos trabalhos nem devemos interferir nele. O processo de formação da

consciência coletiva é verdadeiramente um mistério.

O estado de espírito de quem vai para uma reunião de serviço

Quando se vai para uma reunião de serviço, é preciso ter em mente que a intenção, a

idéia, é levar tão somente uma contribuição, uma experiência pessoal. É preciso lembrar

sempre que o todo é formado pelas partes e que cada um de nós não é senão uma parte,

mas uma parte realmente importante. Cabe ainda lembrar que as nossas experiências

são tanto o fruto das nossas vivências, e por isso são muito ricas, quanto limitadas à

esfera pessoal. Ao mesmo tempo, precisamos ter a consciência do valor da contribuição

que podemos dar, mas também a de que ela será parte de um todo, de um conjunto

maior, que se formará a partir das contribuições de cada um dos que estarão presentes à

reunião.

O que fica dessas considerações é que a atitude de humildade é indispensável se se

deseja chegar à consciência coletiva. É aceitar que, pelo menos diante do fato de se estar

frente a uma manifestação do Poder Superior, a prepotência, a arrogância, o narcisismo e

a agressividade possam dar lugar à humildade e à aceitação daquilo que irá resultar da

soma de todos os conhecimentos e contribuições, mas, sobretudo aceitar que ao final se

chegará ao melhor caminho, à melhor solução, à melhor decisão.

O que acontece quando não se busca a consciência coletiva

Muitas coisas podem acontecer. A realidade pode ser distorcida e as conclusões ou

decisões podem não ser as mais sábias ou convenientes. Parte dos que compõem o

grupo pode ficar excluída dos trabalhos, por ser constituída de membros mais tímidos ou

por estarem dominados pelos mais prepotentes, pelos que melhor fazem uso da palavra.

Pode ocorrer que, antes de uma reunião, os componentes do grupo procurem contactar

outros membros para lhes convencer acerca das suas pretensões ou postulações ou,

simplesmente, conseguir adesões ou fazer acordos. Obviamente, a consciência coletiva

estará sendo manipulada e aí poderiam os mais doentes chegar ao seu "dia de glória",

pois teriam manipulado até mesmo o Poder Superior. No entanto, nessas condições, a

consciência coletiva não se estabelece e Ele não fala. Talvez falem outras vozes menos

divinas.

Quando não se busca a consciência coletiva, o que usualmente acontece é correr o

sangue emocional e até mesmo o físico. Usualmente a luta se estabelece, mas ela não

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leva a nada porque é caótica, é barulhenta e não construtiva.

As agressões tornam as reuniões cansativas e os resultados são nulos ou diminutos. As

reuniões se tornam tanto desagradáveis quanto improdutivas. É um conflito sem frutos e

que vai para lugar nenhum. As pessoas tornam-se prisioneiras das suas raivas, dos seus

ressentimentos e das suas ambições pessoais desmesuradas. Outros procuram concertar

as cabeças, convencer ou curar os seus companheiros e isso, muitas vezes, pode até

parece ser coisa de amor, mas o fato é que fazem isso para o seu próprio conforto, em

seu favor.

É fundamental que busquemos a complementação sempre que opiniões diferentes ou

contrárias às nossas forem apresentadas. Devemos buscar, nessas situações, o sentido

de existir, de ser. Devemos identificar, na existência dos opostos, o sentido da

complementaridade. Sempre que nos incompatibilizamos uns com os outros é porque

estamos medindo forças e assumindo posições antagônicas. Se buscarmos o sentido do

complementar, poderemos reverter o antagonismo e somar as nossas potencialidades em

torno de um propósito comum. Desse modo, não perdendo o nosso ponto de vista,

identificamos um sentido maior que é a grande manifestação da Consciência Coletiva.

A insensatez

Quando não se busca a consciência coletiva, a insensatez se estabelece no grupo. Isto é,

passa-se a agir de forma contrária aos próprios interesses, de forma contrária à apontada

pela razão. Exatamente ao contrário da sabedoria que está no exercício do julgamento

atuando com base na experiência e no uso das informações disponíveis.

No caos e na manipulação, buscam-se as atitudes contrárias aos interesses da

Irmandade de Alcoólicos Anônimos, não obstante as advertências desesperadas de

alguns e da existência de alternativas melhores e viáveis. A busca da insensatez torna-se

trágica e, dolorosamente, um comportamento dominante. Dominados pelas paixões, os

membros do grupo abandonam o comportamento racional, tornam-se passionais. A

mitologia grega tinha uma figura para representar a cegueira da razão, o desvario

involuntário, de cujas conseqüências os companheiros depois se arrependem, chamada

Ate, filha de Eris, deusa da discórdia e da disputa. Tomados de cega insensatez, as

vítimas da deusa se tornam incapazes de realizar uma escolha racional, de distinguir

entre atos morais e imorais.

Onde e como o Céu e a Terra se tocam

O homem, desde tempos imemoriais, vem procurando fazer contato com as forças

criadoras, com o sagrado. Procurou lugares e objetos em que o céu e a terra se

encontrassem. Concebeu a montanha e a cidade sagradas, a residência real, a árvore da

vida e da imortalidade, a fonte da juventude, etc.

De acordo com crenças indianas, o monte Meru seria uma montanha sagrada e sobre ela

brilharia a estrela polar. Na crença iraniana, a montanha Elburz seria o ponto em que a

terra estava ligada ao céu. A população budista do Laos considera sagrado o monte

Zinnalo. No Edda, o Himinbjorg, que quer dizer "montanha celestial", é considerado o

ponto em que o arco-íris alcançaria a parábola do céu.

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Para os povos mesopotâmicos, o Zigurate era a montanha cósmica. Na Palestina era o

Monte Tabor. Para os cristãos, a montanha cósmica era o Gólgota, o lugar onde Adão

tinha sido criado e sepultado e o sangue do Salvador teria sido derramado sobre o crânio

de Adão, servindo para a sua redenção e esta crença ainda permanece entre os cristãos

orientais. A cidade da Babilônia, como indica o próprio nome, era tida como a "porta dos

deuses" pois era por meio dela que os deuses desciam para a terra.

A idéia de que o santuário reproduz o Universo, na sua essência, passou para a

arquitetura religiosa da Europa cristã e para as basílicas dos primeiros séculos, do

mesmo modo que as catedrais medievais reproduziam simbolicamente a "Jerusalém

celestial".

O lugar sagrado, o "Centro", seria a zona da realidade absoluta e lá estariam os seus

símbolos: a árvore da vida e da imortalidade, a fonte da juventude, etc. daí a idéia de que

a estrada que leva ao "Centro" é um "caminho difícil". Difícil também a peregrinação aos

lugares sagrados como Meca, Hardwar e Jerusalém, feita em viagens cheias de perigos e

realizadas por expedições heróicas. A mesma dificuldade encontra aquele que procura

caminhar em direção ao seu ego, ao "Centro" do seu ser. A estrada é árdua e cheia de

perigos porque representa um ritual de passagem do âmbito profano para o sagrado, do

efêmero e ilusório para a realidade e para a eternidade, da morte para a vida, do homem

para a divindade. Chegar ao "Centro" equivale a uma consagração; a existência profana e

ilusória dá lugar a uma nova existência, a uma vida real, duradoura. Na busca da

consciência coletiva o grupo de trabalho procura chegar ao "Centro", ao ponto mais

elevado.

Eu, pessoalmente, considero que é através do processo de formação da consciência

coletiva, após percorrer um caminho muitas vezes trabalhoso e difícil, que estabelecemos

um contato entre o céu e a terra. É por meio do processo de busca da consciência

coletiva que o céu e a terra se tocam. A consciência coletiva é a voz do Poder Superior.

O conceito de substancial unanimidade e a idéia da formação de uma verdadeira

comunidade centrada na busca da manifestação do Poder Superior estão na base de

uma nova dimensão de divindade e permitirão que a Irmandade de Alcoólicos Anônimos

se aperfeiçoe de maneira progressiva e que, por meio da busca da consciência coletiva,

os seus membros conquistem a mais absoluta liberdade espiritual, ficando então livres de

preconceitos e de sentimentos negativos em relação aos demais companheiros.

Finalmente

Finalmente, é necessário dar passos concretos e assumir atitudes que concorram para

que sejam bem sucedidas as reuniões de serviço. Assim, ficam as seguintes sugestões:

É conveniente que os assentos sejam distribuídos em círculo ou que a mesa que se vai

usar seja redonda. É uma forma de equilibração e nela não há destaques.

Evite usar as palavras "eu" e "você". Use o "nós", de modo a se incluir no grupo.

Dirija-se ao grupo como um todo, mesmo quando falando para apenas um dos seus

componentes.

Evite ficar próximo dos mais íntimos. Isso impede a formação de grupinhos separados.

Evite a discussão paralela. Não fique falando baixo com o companheiro ao lado. Alguém

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pode entender como crítica.

Olhe para quem estiver usando a palavra. É uma atitude de respeito. Não fique alheio à

discussão de determinado assunto enquanto se prepara para uma intervenção.

Ao se manifestar, não se afaste do que vem sendo discutido pelo grupo. De outra forma,

haverá o risco de se perder o encadeamento, o raciocínio que vinha sendo desenvolvido.

Ao opinar, procure fundamentar a sua contribuição, apresentar algo de valor e não dar

apenas um palpite. Diante de um palpite, os demais companheiros devem fazer

perguntas como: Por quê? Quando? Onde? Etc., para forçar uma operação mental que

resulte em manifestação mais elaborada.

Tenha boa vontade com os tímidos pois que, com essa atitude, irá encorajá-los a

participar do grupo.

Não eleve a voz. Não se emocione. Não crie barreiras à comunicação. Não diga não

concordo. Discorde sem dizer não concordo.

Às vezes, é bom lançar dúvidas para forçar a reflexão e evitar o dogmatismo.

O coordenador deve evitar o papel de chefe. Quem tem chefe é bando.

Se o grupo não evoluir, em determinado momento será bom fazer uma pausa para

examinar o que está dificultando o progresso da reunião. É melhor tomar essa atitude

enquanto o grupo está reunido do que deixar que as críticas ocorram depois, o que seria

uma atitude desleal para com o grupo.

Os que não entendem do assunto em discussão, por vezes, se mostram lógicos e

criativos e apresentam boas contribuições.

Tenha coragem de expor as suas opiniões, de oferecer sua experiência. Corra o risco de

ser contestado, é natural. Não fique só na colocação das dúvidas.

Evite a palavra acho, até porque às vezes o companheiro que assim se manifesta, está

mais do que convicto. Se tiver dúvidas, abra o jogo.

Seja generoso. Elogie. Estimule os companheiros do grupo.

Se estiver muito acima do grupo em determinado assunto, não dê aula. Procure fazer

perguntas inteligentes que despertem idéias.

Passe a bola para poder recebê-la de volta. O processo se tornará mais dinâmico e

produtivo.

Nunca procure derrotar um companheiro presente a uma reunião. Você não veio para

isso. O que se espera é que contribua com a sua experiência pessoal. Lembre-se de que

o companheiro derrotado em público jamais o perdoará. Isso fere muito.

Se for tímido, procure acompanhar a evolução do assunto em estudo e isso já é uma

forma de participar e de evoluir.

Evite as expressões: "é claro" e "você não entendeu". Não culpe o grupo quando não for

entendido. A reunião evolui melhor dizendo: "talvez eu não tenha sido muito claro".

Estimule todos os companheiros presentes a prestar o seu esclarecimento, a dar a sua

contribuição. Por outro lado, não seja paternal. Lembre-se de que todos têm igual

responsabilidade pelo êxito da reunião.

O dominador costuma usar a expressão: "ninguém quer trabalhar" e o tímido se queixa de

que "não o deixam participar". Mas a verdade é que ambos demonstram a sua

imaturidade.

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O objetivo de cada um é cooperar. Não cabe obedecer, uma vez que todos têm o mesmo

direito de participação.

É preciso que todos ofereçam as suas contribuições, a sua experiência. Participe e não

fique na posição confortável de omisso. Participe, mesmo que tenha que enfrentar

dificuldade em ser ouvido.

Não se alongue em excesso. Prolixidade é manifestação de falta de clareza. Ser objetivo

e sintético demonstra inteligência. Falar em demasia é, às vezes, um recurso usado por

quem tem o desejo de emperrar os trabalhos do grupo.

Participar implica em assumir responsabilidade de modo que se ocorrer que um

companheiro não se sentir responsável, é porque não participou, não fez parte do grupo.

Evite usar frases feitas. Não empobreça o grupo. Seja criativo.

Não se impressione com a pretensa superioridade que algum participante do grupo possa

ter em relação aos outros. É indispensável que haja reciprocidade para que ocorra a

participação de todos.

Não se sinta desconfortável quando demonstrar o seu entusiasmo. Participe de corpo e

mente. Somos seres humanos. Estamos vivos.

Evite ser duro com os companheiros ao assumir atitudes racionais e lógicas. Ser lógico,

sim, mas com amor. Igualmente, amor sem lógica é sentimentalismo, e não ajuda.

Aceite as pessoas, derrube as barreiras psicológicas. Deixe-se evoluir e contribua para a

evolução dos outros. É preciso não ser impermeável e avaliar com boa vontade os pontos

de vista dos companheiros. Só assim se estabelecerá um diálogo enriquecedor.

Não seja deslumbrado. As pessoas são perspicazes e críticas.

As dificuldades não devem desencorajar o grupo. É possível ir comendo o mingau quente

pela beirada.

Se for inevitável a votação, que pelo menos ocorra uma longa discussão acerca do

assunto de modo a alcançar substancial unanimidade.

1° Ciclo dos Doze Conceitos Para SERVIÇOS MUNDIAIS

APRESENTAÇÂO

“ CRESCIMENTO E LIDERANÇA A PARTIR da INTERPRETAÇÂO E ESTUDO Dos

CONCEITOS”.

AUTORIA :-WILMA –DF

“ TRADUZEM os “DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS”,UM número de

Princípios que se tornaram tradicionais nos nossos serviços .São uma Interpretação da

estrutura de serviços mundiais de A.A.,que mostram a evolução pela qual eles chegaram

á sua forma atual .EM Síntese ,pretendem os Conceitos registrar o “ porquê” da nossa

estrutura de tal maneira que a valiosa Experiência do Passado e as lições tiradas dessa

Experiência Nunca devam ser esquecidas ou perdidas”

“ Os Conceitos tentam apresentar uma Estrutura na qual todos possam trabalhar em

prol de bons resultados com o mínimo de atritos .”

“ CADA Conceito é um grupo de Princípios relacionados ,que se inicia dando aos Grupos

De A.A. a Responsabilidade Final e a Autoridade Suprema pelos nossos Serviços

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Mundiais ,consubstanciadas pelas Razões centralizadas na SEGUNDA TRADIÇÂO .”

“ Para conseguir a ação eficiente , os Grupos precisam delegar uma Autoridade

operacional ,escolhendo que tenham plenos poderes para falar por e atuar por eles , onde

a CONSCIÊNCIA de Grupo possa ser ouvida .È onde identificamos o Princípio da ampla

Autoridade e Responsabilidade delegadas aos “servidores de Confiança”, respeitando-se

a clara Tradição Dois DE A.A. transferindo-se para a Conferência de Serviços Gerais De

A.A. .,a Verdadeira voz ativa e a Consciência efetiva de toda a nossa Irmandade “.

“Para que em todos os níveis possa haver um Equilíbrio contínuo no relacionamento

perfeito entre a Autoridade Suprema e a Responsabilidade delegada , atitudes teriam que

ser definidas . O “ Direito de DECISÂO “dá aos nossos Líderes de Serviço uma discrição

adequada e Liberdade de Ação , competindo-lhes dentro do Sistema dos seus Deveres e

Responsabilidades , a ação de como eles podem interpretar e aplicar a sua própria

autoridade e responsabilidade para cada problema

ou situação em particular , conforme elas aparecem .Essa espécie de Liderança

moderada deveria ser a essência do “ DIREITO de DECISÂO”.

“ Todos nós desejamos profundamente tomar parte . “Queremos um relacionamento de

A.A. em SOCIEDADE IRMANADA ..” È o nosso ideal mais importante , que a união

espiritual de A.A.nunca inclua membros Considerados de Segunda Classe”

“ O Direito de Participação é um corretivo a autoridade Suprema , porque atenua as suas

asperezas ou o seu mau emprego .” O Direito de Participação dá a cada servidor o direito

de Voto de acordo com a sua Responsabilidade .e a Participação garante além do mais

que cada junta de serviço ou Comitê tenha sempre a posse de diversos elementos e

pessoas com talento e que assegurarão um funcionamento eficiente”.

“ Os Direitos de Apelação “ e de “PETIÇÃO “, certamente , têm em vista o problema total

da proteção e melhor aplicação possível dos sentimentos e da Opinião das minorias

“.Protege e encoraja a Opinião da Minoria e dá certeza que as queixas podem ser

ouvidas e tratadas adequadamente .Acreditamos que jamais estaremos sujeitos à Tirania

,seja das MAIORIAS ou DAS MINORIAS , desde que cuidadosamente definamos o

Relacionamento entre elas.”

“ O maior perigo da Democracia sempre será a “ Tirania “de uma Maioria apática ,egoísta

,não Informada ou mal Humorada .Acreditamos que o espírito da Democracia sempre

sobreviverá na nossa Irmandade e na Estrutura de nossos Serviços , a despeito dos

contra-ataques que serão desfechados . Felizmente, não estamos obrigados a manter

uma administração que obrigue obediências e imponha Punições .Precisamos apenas

manter no Alto nossas Tradições , que constitua e exerça as

nossas diretrizes nelas contidas, de maneira a levar continuamente a nossa Mensagem

àqueles que sofrem.”

“ São os custódios que garantem a boa administração da Junta de Serviços Gerais,tendo

Liberdade e de Ação na ausência da Conferência . Deles é esperada uma Liderança da

formulação política de A.A.e sua adequada execução .Eles são os guardiões ativos das

nossas DOZE TRADIÇÔES .Eles devem funcionar quase exatamente como os Diretores

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de qualquer organização de Negócios .”

“ Eles precisam ter ampla autoridade para realmente administrar e conduzir os negócios

de A.A.simultaneamente compreendendo que a CONFERÊNCIA é o verdadeiro Reduto

da Suprema Autoridade Sobre Serviço , por que dessa maneira como

Regra geral ,sejam os assuntos sérios sempre resolvidos dentro de uma cooperação

harmoniosa e feliz

“ A unificação da Estrutura de Serviços no Brasil deveria ser reavaliada á Luz do Conceito

VIII e esperamos que neste ciclo o assunto possa ser abordado com precisão

,esclarecimento e impessoalidade , onde as experiências contidas neste Conceito

possam se com as experiências já vivenciadas neste curto espaço de Unificação Dos

órgãos de Serviço no BRASIL.” POR outro lado também esperamos que a liderança em

A.A. seja um tema apresentado sem distorções e com exemplos de como se tornar ou

alcançar esta necessidade Vital Dentro de A.A.”.

“O entendimento mais aprofundado sobre a SEGUNDA TRADIÇÂO poderá nos trazer

uma melhor compreensão quando tratarmos das responsabilidades de serviço em A.A.

com a sua correspondente autoridade de serviço equivalente , quando tratarmos do

DÈCIMO CONCEITO” . PORTANTO ,que em todos os Níveis possamos identificar esta

correspondência e assim nossos Grupos sejam melhor informados.”

“ Necessitamos repassar minuciosamente aos grupos a essência e a praticidade do

CONCEITO XI,Principalmente sobre que consiste nossa estrutura subordinada de Serviço

e sua composição e atribuições á nível de JUNTA”.

“ Questionamento SOBRE o que é a ATA de Constituição da CONFERÊNCIA ,SOBRE o

conteúdo do ART.12 da ata da Constituição ou sobre as Garantias GERAIS DA

CONFERÊNCIA acontecerão no decorrer deste grandioso evento.”

“ Precisamos ,prezados companheiros[as]estar de mentes e corações abertos e espíritos

desarmados para assim alcançarmos mais um pouco além ,daquilo que conhecíamos

quando aqui chegamos”

“ a aplicabilidade no dia a dia em nossos grupos ,dos Princípios contidos nos “ DOZE

CONCEITOS para SERVIÇOS MUNDIAIS” , dignificará mais e mais o membro , o

GRUPO e a nossa gloriosa IRMANDADE .

Fraternalmente,

Lúcio

Felizmente, a nossa Irmandade é abençoada com toda a sorte de liderança verdadeira - o

pessoal ativo de hoje e os líderes em potencial de amanhã, de acordo com cada nova

geração de membros capazes que vão aparecendo. Temos uma abundância de homens

e mulheres cuja dedicação, estabilidade, visão e habilidades especiais os tornam capazes

de lidar com qualquer serviço que lhes possa ser designado. Somente temos que

procurar esse pessoal e confiar nele para que nos sirva.

Em algum lugar da nossa literatura há uma declaração que diz o seguinte: "Os nossos

líderes não dirigem por mandato, lideram pelo exemplo". Com efeito, dizemos para eles:

"Atuem por nós, mas não mandem em nós."

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Um líder no serviço de A.A. é, portanto, um homem (ou uma mulher) que pode

pessoalmente colocar princípios, planos e normas em ação de maneira tão delicada e

efetiva que leva o resto de nós a querer apoiá-lo e ajudá-lo na sua tarefa. Quando um

líder nos guia pela força excessiva, nos revoltamos; mas quando ele se torna um

submisso cumpridor de ordens e não usa critério próprio, então ele realmente não é um

líder.

Uma boa liderança elabora planos, normas e idéias para melhoramento da nossa

Irmandade e seus serviços. Mas nos assuntos novos e importantes, todavia, consultará

amplamente antes de tomar decisões e atitudes. Boa liderança também é saber que um

excelente plano ou idéia pode vir de qualquer um, de qualquer lugar. Conseqüentemente,

uma boa liderança muitas vezes substituirá os seus acalentados planos por outros que

são melhores e dará crédito aos seus autores.

A boa liderança nunca se esquiva. Uma vez segura de que tem ou pode obter apoio geral

suficiente, ela toma decisões livremente e as coloca em ação, desde que, naturalmente,

essas ações estejam dentro do esquema da sua autoridade e responsabilidade definidas.

Um político é um indivíduo que está sempre tentando "arranjar para as pessoas aquilo

que elas querem". Um estadista é um indivíduo que sabe cuidadosamente discernir

quando fazê-lo e quando não. Ele reconhece que mesmo as grandes maiorias, quando

muito perturbadas ou não informadas, podem, às vezes, estar completamente

enganadas. Quando tal situação aparece, ocasionalmente, e algo de importância vital

está em jogo, é sempre dever da liderança, mesmo que em pequena minoria, tomar

posição contra a tormenta, usando toda a sua habilidade de autoridade e persuasão para

efetuar uma mudança.

Nada, no entanto, pode ser mais prejudicial à liderança do que a oposição, apenas com o

intuito de ser oposição. Nunca pode ser: "Vai ser da nossa maneira ou nada". Esse tipo

de oposição é geralmente causado por um orgulho cego ou um desejo de domínio que

nos leva a bloquear algo ou alguém. Há então a oposição que dá seu voto dizendo: "Não

estamos satisfeitos." Nenhuma razão verdadeira nem mesmo é dada. Isso não serve.

Quando requisitada, a liderança tem sempre que apresentar as suas razões, e que sejam

boas.

Então, também um líder precisa reconhecer que mesmo as pessoas mais orgulhosas ou

raivosas podem algumas vezes estar totalmente certas, enquanto as mais calmas e

humildes podem estar enganadas.

Esses pontos são ilustrações práticas das diversas discriminações cuidadosas e das

pesquisas profundas que a liderança verdadeira tem sempre que tentar exercer.

Outro qualificativo para a liderança é o dar-e-receber, a habilidade de transigir sem rancor

sempre que possa fazer progredir uma situação que aparenta ser a direção certa. Fazer

concessões é muito penoso para nós, beberrões de "tudo ou nada". Entretanto, não

podemos nos esquecer de que o progresso é quase sempre caracterizado por uma série

de concessões vantajosas. Não podemos, entretanto, fazer concessões sempre. Uma vez

ou outra é realmente necessário fincar os pés numa convicção sobre um assunto, até que

ele se esclareça. (...)

Liderança, muitas vezes, tem pela frente críticas pesadas e às vezes de longa duração.

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Isso é um teste ácido. Há sempre os críticos construtivos, os nossos amigos de verdade.

Nunca podemos deixar de ouvi-los atenciosamente. Devemos estar dispostos a deixar

que eles modifiquem as nossas opiniões ou que as mudem completamente. Muitas

vezes, também, teremos que discordar e fazer pé firme sem perder a sua amizade.

Há então aqueles que gostamos de chamar de nossos críticos "destrutivos". Conduzem

pela força, são politiqueiros, fazem acusações. Talvez sejam violentos, maliciosos. Eles

soltam boatos, fazem fofocas para atingir seus alvos - tudo pelo bem de A.A.,

naturalmente! Mas em A.A., já aprendemos, afinal, que esses sujeitos, que devem ser um

pouco mais doentes do que nós, não são tão destrutivos assim, dependendo muito de

como nos relacionamos com eles.

Para começar, deveríamos ouvir cuidadosamente o que eles dizem. Algumas vezes estão

dizendo toda a verdade; outras vezes somente parte da verdade, embora freqüentemente

eles estejam racionalizando até o ridículo. Se estivermos por dentro de toda a verdade,

parte da verdade ou sem verdade alguma, pode ser igualmente desagradável para nós.

Essa é a razão pela qual temos que ouvir tão cuidadosamente. (...) Há poucos meios

melhores de auto pesquisa e de desenvolvimento de genuína paciência do que a prova a

que nos submetem esses membros bem-intencionados, mas erráticos. Isso é pedir muito

e, às vezes, não conseguiremos, mas precisamos continuar tentando.

Agora chegamos ao atributo da mais alta importância: o da visão. Visão é, penso, a

habilidade de fazer boas estimativas, tanto para o futuro imediato como para um futuro

mais distante. Alguns podem achar esse tipo de esforço como se fosse uma espécie de

heresia, porque nós de A.A. estamos constantemente dizendo a nós mesmos: "Um dia de

cada vez." Mas esse princípio valioso realmente refere-se à nossa vida mental e

emocional e quer dizer principalmente que não somos tolos para lamentar o passado nem

sonhar com o futuro de olhos abertos.

Como indivíduos e como uma irmandade, iremos certamente sofrer se deixarmos toda a

tarefa do planejamento para o amanhã nas mãos da Providência. A verdadeira

Providência Divina foi dar a nós, seres humanos, uma considerável capacidade de

antevisão e Ela evidentemente espera que a usemos. Por isso, precisamos distinguir

entre desejos fantasiosos sobre um amanhã feliz e o presente uso das nossas forças de

estimativas bem pensadas. Isso pode determinar a diferença entre progresso futuro e

infortúnio imprevisto.

Visão é por isso a própria essência da prudência, uma virtude essencial, se é que existe

uma. Naturalmente, podemos muitas vezes cometer erros de cálculo quanto ao futuro,

como um todo, ou em parte, mas o pior é recusar-se a pensar nele.

Precisaremos constantemente desses mesmos atributos - tolerância, responsabilidade,

flexibilidade e visão - entre os líderes de serviços de A.A. em todos os níveis. Os

princípios de liderança serão os mesmos, seja qual for o tamanho da atividade. (...)

Agradecemos a Deus pelo fato de Alcoólicos Anônimos ter sido abençoado com tanta

liderança em todos os seus setores. (Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais, p.

54-7)

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(VIVÊNCIA - Março/Abril 2001)

O Grupo de A.A.

O que é, e como funciona

Companheiros(as), acredito que cada um de nós temos o nosso entendimento de “grupo”

e desde que nascemos, passamos a fazer parte de um grupo qualquer, pois já iniciamos

nossas vidas fazendo parte de um grupo - o familiar. Em seguida passamos a fazer parte

do grupo de alunos na Escola, depois o grupo de amigos, etc. Assim, seguimos pela vida

fazendo parte de grupos, os mais diversos. Mais tarde, devido a nossa doença do

alcoolismo, viemos a fazer parte de um grupo de Alcoólicos Anônimos e isso graças a um

Poder Superior que um dia manifestou na mente de um alcoólico, mostrando-lhe que ao

conversar com outro alcoólatra, ele poderia ficar sem beber, e tudo começou a partir de

1934, quando Bill W. recebeu a mensagem de Ebby e mais tarde, já em 1935, Bill W.

encontra com Dr. Bob e com a troca de experiências, eles conseguiram ficar sem beber.

Desde então, os dois passaram a transmitir a mensagem a outros alcoólicos, que juntos

formaram o primeiro grupo, que se reuniam na casa de Dr. Bob. A partir dali começou a

surgir grupos de alcoólicos por todos os lados até se tornar uma Irmandade que tem

como marco de sua fundação, o dia 10 de junho de 1935.

Naqueles primeiros dias, aqueles alcoólicos que se reuniam, ainda não podiam se

chamar grupo de Alcoólicos Anônimos, pois ainda não existia a Irmandade e as reuniões

eram feitas com a presença dos casais, quando, esposas acompanhavam seus alcoólicos

à reunião. Enquanto eles trocavam suas experiências sobre a bebida e de como estavam

recuperando-se, as mulheres ficavam conversando sobre outras coisas, e Anne, esposa

de Dr. Bob fazia o café. Mais tarde, percebendo que os assuntos dos maridos não lhes

interessavam diretamente, as esposas resolveram discutir seus próprios problemas, ou

seja, as dificuldades que tinham com os maridos devido a sua bebida e assim, elas

fundaram o Al-Anon.

Devido a transmissão da mensagem, foram surgindo outros grupos de alcoólicos por

todos os lados, como em Akron – Clevelland – Nova Iork e em outros lugares. Bill W., Dr.

Bob e outros companheiros, percebendo o crescimento do movimento, entenderam que

precisavam escrever um livro que pudesse levar a outros alcoólicos suas experiências de

como estavam conseguindo ficar sem beber. Assim, escreveram o livro que após

analisarem vários títulos, e baseados no anonimato que eles já vinham praticando, foi

sugerido o nome, “Alcoólicos Anônimos”. O livro foi publicado, e a partir daí, os grupos

passaram a se chamar grupos de Alcoólicos Anônimos, quando deixaram de ser um

amontoado de pessoas para se transformar num grupo de pessoas afins – todos

alcoólicos.

Para que pudéssemos compreender melhor o significado da palavra “grupo” recorremos

ao Dicionário e encontramos a seguinte definição: grupo é, amontoado de pessoas ou

coisas; agregado, conglomerado de pessoas; sociedade; grupo de pessoas afins e/ou

com um mesmo propósito.

O que é um Grupo de A.A.?

É uma pergunta que nem sempre conseguimos responde-la, pois a maioria de nós,

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membros, ainda não temos um entendimento correto do que é um Grupo de Alcoólicos

Anônimos. A maioria dos membros tem como Grupo de A.A., o local onde se realizam as

reuniões. Porém, segundo o livreto “O Grupo de AA” isso não é verdade, senão vejamos:

Como afirma claramente um trecho do texto da Terceira Tradição..., “Dois ou três

alcoólicos quaisquer reunidos em busca de sobriedade podem se autodenominar um

grupo de A.A., desde que, como grupo, não possuam outra afiliação.”

Alguns AAs reúnem-se como grupos de A.A. especializados – grupos masculinos, grupos

para mulheres, grupos para jovens, grupos para médicos, grupos para homossexuais, e

outros. Se seus participantes forem todos alcoólicos, e se abrirem suas portas para todos

os alcoólicos que quiserem ajuda, independente de profissão, sexo ou outras distinções,

e se atenderem todos os demais aspectos que definem um grupo de A.A., eles poderão

denominar-se um grupo de A.A.

Conforme o texto acima, fica claro a definição do grupo de A.A., pois, para se considerar

um grupo de A.A., ele precisa preencher esses requisitos: todos os membros do grupo

são alcoólicos e eles mantêm a porta aberta para receber todos alcoólicos que desejam

se recuperar. A partir do momento em que pessoas não alcoólicas passam a fazer parte

do grupo, este grupo não deve ser considerado um grupo de A.A., pois deixou de ser um

grupo de pessoas afins, que neste caso, todos alcoólicos, tornando-se um grupo misto.

Ainda sobre a definição do grupo, percebe-se a falta de compromisso com a Irmandade,

por parte de muitos grupos. Se não vejamos a forma em que estamos tratando o assunto

- anonimato. No livreto “As Tradições como elas se desenvolveu” Bill W. deixou escrito

que a Irmandade promete ao membro que está chegando 100% de anonimato e isso não

vem acontecendo em nosso meio, pois, nossos grupos deixaram de ser grupos de

alcoólicos em busca de sua recuperação, para serem grupos mistos, onde nas reuniões,

participam pessoas não alcoólicas, normalmente como membros. Em nosso

entendimento, isso fere frontalmente, a Décima Segunda Tradição e jogamos por terra

todo trabalho que nosso co-fundador, Bill W. teve para elaborar às nossas Tradições.

Também, temos o problema do relacionamento de A.A. com a Comunidade, são

problemas por todos os lados, e um dos motivos, é o fato de não respeitarmos a Sexta e

Sétima Tradições. Por exemplo: alguns Grupos envolvem o nome de A.A. com religião,

(expondo imagens de santos e outras entidades em suas salas de reuniões); aceitam

doações de fora, (usando espaço físico para realizarem suas reuniões sem pagar nada,

aceitam doações diversas para realizar suas festas) etc; usam o espaço de reunião do

grupo para a realização de outras atividades extra A.A. como (bailes, jogos, ponto de

encontro para o 13º passo) etc; usam de meios escusos para arrecadar dinheiro para

pagar suas despesas, como (rifas, almoço com venda de inscrições, inclusive para a

comunidade, etc.

Assim, percebemos a série de problemas que vivemos atualmente e precisamos

encontrar meios para resolvê-los. Não sabemos como ainda, mas juntos, com certeza

iremos encontrar a melhor maneira de resgatar tudo aquilo que Bill W. sonhou que

poderia ser a nossa Irmandade.

Alcoólicos Anônimos tem sido descrita como uma Organização incomum, pois “a

responsabilidade final e a autoridade suprema para o Serviço Mundial recaem sobre os

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Grupos e não aos Custódios da Junta de Serviços Gerais ou sobre o Escritório de

Serviços Gerais”.(Conceito I).

De acordo com o Conceito I, a partir de 1955, Bill W. passou para os grupos a

responsabilidade do futuro da Irmandade. Acreditamos que naquele momento, todos os

presentes concordaram com esta atitude dele em sair da frente, deixando que cada grupo

resolvesse seus problemas da melhor forma possível. A partir de então, nem ele e tão

pouco a Fundação poderiam interferir nas atividades dos grupos – seria liberdade total.

Entretanto, os grupos, talvez não tenham dado conta de que tudo que ocorresse com a

Irmandade dali para frente, seria de responsabilidade deles. A Quinta Tradição define

bem a finalidade do grupo. Ele tem um único objetivo, o de transmitir a sua mensagem ao

alcoólico que ainda sofre. E para cumprir essa tarefa um “DEUS AMANTÍSSIMO” pode se

manifestar na consciência coletiva desse grupo, permitindo aos seus membros se

libertarem do alcoolismo e viverem uma vida significativa, feliz e útil. (Tradições 2ª e 5ª).

“... muita atenção foi dada para a extraordinária liberdade que as Tradições de A.A.

permitem ao membro individual e ao seu Grupo: não serão aplicadas penalidades aos

que não estiverem de acordo com os princípios de A.A.; não haverá taxas nem

mensalidades – somente contribuições voluntárias; nenhum membro de A.A. será expulso

– ser membro de A.A. será sempre da escolha do indivíduo; cada grupo deve conduzir os

seus assuntos internos como bem lhe aprouver – sendo somente pedido que se abstenha

de praticar atos que possam prejudicar A.A. como um todo e, finalmente, que qualquer

grupo de alcoólicos que se reuna para conseguir sobriedade possa se chamar um grupo

de A.A., desde que como grupo, não tenha outro propósito ou filiação”. (Garantia VI do

Conceito 12). Essa liberdade do grupo expressa pela Garantia VI vem seguida de um

alerta, e diz lá: “Sabemos que nós pessoalmente temos que escolher: ou os Doze Passos

e Doze Tradições de A.A. ou encarar a dissolução e a morte, tanto como indivíduos

quanto como grupos.” As vezes isso soa como uma ameaça, porém sabemos que a

maioria de nós alcoólicos, não aceitamos este tipo de ameaça, parece que é da própria

doença. Então nos rebelamos e às vezes fazemos tudo ao contrário do que nos sugere

às Tradições e agindo assim, geralmente, terminamos de forma não muito agradável. Se

for o grupo, ele vai deteriorando-se e entra em colapso. Daí começa as fofocas, os

desentendimentos entre os membros, a freqüência vai caindo e o fim. Com o membro

acontece mais ou menos a mesma coisa: ele passa a não concordar com os

companheiros(as), tudo está errado, sempre procurando uma desculpa para não ir à

reunião e começa a se sentir melhor fora do grupo. Com o tempo as coisas vão piorando

e ele chega aquela frase fatal: “Será que está valendo a pena ficar sem beber?”

Possivelmente, neste momento, ele está a um passo do primeiro gole, e geralmente ele

vai beber.

Finalizando, gostaríamos de convidar os Companheiros(as), para analisarmos os pontos

abaixo e fazermos uma reflexão sobre o nosso comportamento enquanto membro de

A.A., individual e como grupo:

Procuramos conhecer o funcionamento e a sua estrutura interna de nosso Grupo?

Qual a responsabilidade do grupo com a manutenção da Irmandade?

Tenho me comportado como um verdadeiro membro de A.A., buscando a minha

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recuperação e participando ativamente do meu grupo base?

Tenho preocupado com o crescimento do meu grupo base através dos princípios?

Tenho dado o verdadeiro valor à Irmandade que salvou a minha vida, colocando-me à

disposição do Grupo e/ou dos Órgãos de Serviços para servi-los?

Minha contribuição para com o meu grupo base, estão de acordo com as minhas

condições?

Tenho buscado o conhecimento do que é o grupo e também, da Irmandade

como um todo?

Tenho contribuído para o bem estar do meu grupo base?

Tenho passado os meus conhecimentos e experiências para os recém-chegados?

Bem, acreditamos que as respostas honestas a estas perguntas, poderão nos ajudar a

melhorar nossa postura dentro da Irmandade, e quem sabe mudar o rumo das coisas.

Obrigado,

Julho/2007

Membro de A.A.

" O GRUPO DE A. A. EM AÇÃO "

* INTRODUÇÃO

Através de observações e experiências adquiridas nestas poucas 24 horas vivenciando

nossa Irmandade, venho observando um "mal crônico" que persiste em inquietar o A. A.

no Brasil. Estou referindo-me aos baixos índices de Recuperação em nossos Grupos.

De tempos em tempos atribuiu-se esse problema a diversos motivos. Hoje os motivos

são:

- A falta de literatura para orientar nossos antepassados quando da chegada do A. A. no

Brasil.

- A inexistência de uma Estrutura de Serviços eficiente com Comitês e Comissões

atuantes.

Tais motivos parcialmente solucionados desde 1969 com a fundação do hoje extinto

CLAAB - Centro de Distribuição de Literatura de A. A. para o Brasil e, em 1974 quando

foram convocados os primeiros Delegados de Área e realizado o 1º Conclave de A. A. no

Brasil. Dois anos após com a Eleição dos Custódios em Assembléia realizada em 29 de

fevereiro de 1976 - criou-se a JUNAAB - Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos

Anônimos do Brasil - quando foi estabelecido o ESG - Escritório de Serviços Gerais.

Estes foram realmente os primeiros Organismos de Serviços de A. A. registrados

juridicamente no Brasil, fato ocorrido em 29 de junho de 1976.

O problema permanece irremovível, hoje com os seguintes discursos:

- Que os hábitos adquiridos nos tempos pioneiros, com a inexistência da Literatura, estão

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demais arraigados e somente serão diluídos com o tempo.

- Que a Estrutura de Serviços existente, não está sendo eficientemente usada no objetivo

de recuperar os alcoólicos que ainda sofrem.

Se pesquisarmos profundamente com uma análise consciente, fatalmente iremos

constatar que falta uma "Determinação obtida por uma ampla conscientização"

empreendida pelos diversos segmentos de Serviços (Servidores) responsáveis, para uma

tomada de posição no sentido de minimizarmos o problema.

Um posicionamento que objetive ascender os níveis de recuperação da Irmandade no

Brasil, através do desenvolvimento de ações dinâmicas sensibilizadoras da profundidade

dos Princípios Espirituais de nossa Irmandade.

Os doentes alcoólicos buscam A. A. porquê de alguma forma se sentiram atraídos pela

imagem da Irmandade que lhe foi passada por alguma forma de divulgação ou pela

abordagem de um membro, despertando- lhe um fio de esperança para cessar o

sofrimento vivido.

A partir de nossas próprias experiências do primeiro dia, é fácil imaginar o que se passa

pelas mentes doentes ante o desapontamento com a realidade mostrada nos Grupos de

A. A., que na maioria das vezes desmente a concepção que tínhamos a respeito. A

inverdade nunca poderá ser a base de um objetivo que envolve vidas humanas.

Se estabelecermos um confronto entre o que deveria ser uma real Programação de

Recuperação de A. A., e o que é divulgado ou passado pelo abordante e a realidade que

o ingressante irá constatar no Grupo, onde estará assistindo à sua primeira reunião,

iremos detectar de uma forma generalizada as seguintes falhas e distorções:

- Desinformação sobre o que é realmente o Programa de Recuperação de A. A.:

Grande parte de responsabilidade pela má Recuperação, reside na qualidade do

apadrinhamento realizado, quando o recém-chegado, após o primeiro dia, é lançado à

sua própria sorte, sendo-lhe negadas as informações vitais de como proceder de agora

em diante. É voz corrente em nossos Grupos: "Evite o Primeiro Gole... Freqüente as

reuniões na medida do possível... e traga mais um, quando puder..." Esta é a orientação

comum, precursora da inércia e estagnação, que presta o maior desserviço ao doente e à

Irmandade.

- A Rotina e a Repetitividade:

A ignorância e o desconhecimento do que deve ser feito, levam os Grupos de A. A. a

realizarem uma programação pobre e deficiente, onde a rotina e a repetitividade

provocam o desânimo e a desmotivação, com o cansativo desfile pela "Cabeceira de

Mesa" dos mesmos companheiros que contam sempre a mesma "estória".

- Despreparo dos Servidores Responsáveis:

As lideranças de Grupos se afirmam mais pela assiduidade e pela capacidade de falar

mais alto, que pelo grau de conhecimento dos Princípios de A. A. Assim o nível da

programação oferecida é paralela ao preparo do Servidor dirigente. É lamentável o

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estrangulamento de Grupos de A. A. por mãos incapazes impulsionadas pela força do

anseio individual.

- Inexistência de Clima Espiritual que Possibilite a Recuperação:

Os Grupos de A. A., com raríssimas exceções, não se preocupam com o estabelecimento

deste clima espiritual, só obtido com a fiel obediência dos Princípios que orientam a

nossa Irmandade. Enquanto houver meia observância deles, haverá sempre meia

Recuperação. Onde estes Princípios não são observados, inexiste a Recuperação. E os

exemplos estão aí mesmo, às centenas.

Diante deste quadro que se nos apresenta:

* O QUE FAZER?:

Para melhor entendimento do que tratamos até agora, vamos desmembrar este Tema em

quatro pontos de suma importância, a saber:

1) O Grupo de A.A. - Como Entidade Espiritual.

2) O Grupo de A.A. - E o Espaço Físico.

3) O Grupo de A.A. - Cumprindo o Seu Propósito.

4) O Grupo de A.A. - E Nossas Falhas

- O Grupo de A.A. - Como Entidade Espiritual:

Para caracterizarmos o Grupo de A.A. como uma Entidade Espiritual, necessário se faz

retornarmos no tempo e buscarmos nas primeiras preocupações com o trato do problema

do alcoolismo as experiências obtidas. Senão vejamos:

A história de A.A. nos leva ao encontro do alcoólatra Holland H. com o eminente

psiquiatra Dr. Carl Gustav Jung, em meados de 1930. Deste encontro tiramos a

conclusão do que foi dito pelo Dr. Jung à Holland: "Que sua recuperação seria impossível

pela ciência". Disse-lhe também que a esperança de tal acontecer, residia na

possibilidade de que ele, Holland H. chegasse a ter algum tipo de experiência espiritual

ou religiosa, que buscasse um ambiente religioso e esperasse o melhor.

Em carta resposta que enviou a Bill W. o Dr. Jung diz: "A única forma correta e legítima

para a dita experiência espiritual ou religiosa, é que ela ocorra realmente com você, e

somente acontece quando estiver transitando pela estrada que conduz a uma

compreensão mais elevada. Pode ser conduzida a esta meta por um ato de pura graça,

por meio de um contato pessoal e honesto com semelhantes, ou ainda através de uma

educação aprimorada da mente, mais além dos confins do mero relacionamento" .

Analisando as palavras do Dr. Jung, sentimos que Holland H. escolheu a segunda opção

face às circunstâncias. E aí tudo começou, Holland H. conversando com Ebb T.; Ebb T.

conversando com Bill W.; Bill W. conversando com Dr. Bob; Bill W. e Dr. Bob

conversando com Bill D., ou seja um alcoólico conversando com outro alcoólico, sem

desejar nada em troca, e nenhuma recompensa a não ser a esperança de continuar

sóbrio.

Ainda com o objetivo de situar o Grupo de A.A. como Entidade Espiritual, lembremos os

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Grupos Oxford do clérigo Sam Snoemaker, ou da Igreja do Calvário onde os membros

dos Grupos Oxford mais necessitados eram assistidos e alimentados. Lembremos de

quando Bill W. em companhia de Alec, apesar de Ebby tentar impedi-los, se atiraram de

joelhos diante do púlpito na Igreja do Calvário entregando suas vidas a Deus. E foi destes

Grupos, que Bill W. selecionou os princípios que mais tarde transformaram- se em nossos

Doze Passos. Foi vivenciando os Grupos Oxford que Bill W. pode aprender o que fazer e

o que não fazer em relação aos alcoólicos. Como exemplo eis algumas lições aprendidas:

- Que não deveríamos ser um movimento de temperança, mas um movimento que deve

se limitar a levar o alcoólico à sobriedade, isto é, em vez de se preocupar em salvar o

mundo das diversas chagas sociais, A.A. deve se preocupar apenas em libertar os

alcoólatras dos grilhões do alcoolismo.

- Que outras idéias e atitudes, como os famosos "Conceitos dos Absolutos", é muitas

vezes demais para os bêbados. Que as idéias de Pureza, da Honestidade, do

Desinteresse e do Amor, devem ser alimentadas com colheres de chá homeopaticamente

e não em doses cavalares.

- Que o anonimato é essencial, não só para proteger a Irmandade, mas também como

instrumento para o desenvolvimento da espiritualidade. Que o membro de A.A.

respeitando este princípio do anonimato, poderá agir e trabalhar, sempre com o espírito

de ajuda ao próximo, de compreensão, sabendo que aquela sua ação ou trabalho jamais

será trampolim para alcançar a fama, prestígio ou poder.

- Que A.A. deverá sempre dar a liberdade de falar, pensar e agir livremente, uma vez que

o alcoólatra jamais se submeterá a quaisquer tipo de pressão, a não ser aquela exercida

pelo álcool.

- Que A.A. jamais deverá intrometer-se na vida particular e privada de seus membros e,

portanto, não fornece uma "orientação coletiva" para seu comportamento e aplicação na

sua própria vida.

- Que A.A. apenas pode sugerir os Princípios de Recuperação, deixando sob a

responsabilidade do próprio doente alcoólico a opção de exercitá-los ou não. Mas fica a

advertência que, se seus membros desejam uma vida útil e feliz, não existe outro

caminho, que não seja a submissão a estes Princípios.

Como podemos perceber, estes são princípios espirituais, que foram aproveitados dos

Grupos Oxford e legados a nós membros ativos da Irmandade de A.A. para pô-los em

prática.

" O GRUPO DE A. A. EM AÇÃO " ( FINAL )

- O Grupo de A.A. - E o Espaço Físico:

A imagem física do Grupo de A.A. deve ser perfeitamente sintonizada com a imagem

espiritual. A simplicidade deve revestir o espaço físico ocupado, de forma a permitir que

ali se instale - pelo propósito único de seus membros na prática dos princípios espirituais

da Irmandade - o ambiente espiritual a que se referiu o Dr. Jung, propiciador da

recuperação através de um "Despertar Espiritual".

Em síntese, o espaço físico, só será condizente com o que se propõe um Grupo de A.A.,

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quando o seu visual no plano material, mantido pela relação espírito/matéria, estiver

perfeitamente sintonizado com os Princípios da Irmandade: Recuperação, Unidade e

Serviços.

O relacionamento matéria/espírito iniciou-se segundo Bill W., quando Ebb T. gastou de

seu dinheiro para telefonar e pagar a passagem do metrô para ir ao seu encontro e

transmitir a mensagem.

- Responsabilidade de Prover Espaço Físico:

Já sabedores de que nosso espaço físico é simples na sua aparência (física), podemos

respirar aliviados e certificarmo-nos de nossa condição de participação.

Nossa Sétima Tradição nos diz: "Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente

auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora". Desde nossa primeira

participação numa sala de A.A. constatamos este fato, (através de uma sacola),

evidentemente sentiremos ainda que seja tênue, a responsabilidade de também

contribuirmos com a sacola. Este é o único lugar em A.A. onde o material funde-se com o

espiritual. Por esta razão, devemos ter sempre em mente que: "O metal só brilha se

houver luz". Pode-se entender que o dinheiro (metal), só atingirá seu objetivo se for

iluminado pela intenção da luz (espiritual) .

Diante do exposto concluímos que: a responsabilidade de prover o espaço físico do

Grupo de A.A., cabe aos membros que compõem a Irmandade, a partir do seu auto-

ingresso na mesma.

- Diferença entre Grupo de A.A. e Reunião de A.A.:

Talvez não seja bem aplicada a expressão "diferença", desde que acreditamos que o

Grupo de A.A. depende das Reuniões, e as Reuniões de A.A.dependem dos Grupos de

A.A. Assim entendemos que: os Grupos de A.A. continuam a existir além dos horários

das Reuniões, ajudando quando solicitado, com o 12º Passo, trabalhando em instituições

e atividades de I.P. (Informação ao Público), integrado em Comissões de Colaboração

com a Comunidade Profissional (CCCP) e Comissões Institucionais (C.I.), por intermédio

do Organismo de Serviços Locais.

Assim a Consciência Coletiva de A.A. a nível mundial, parece concordar em seis pontos

que definem um Grupo de A.A.:

1) Todos os membros de um Grupo de A.A. são alcoólicos, e todos os alcoólicos são

qualificados para serem membros.

2) Como Grupo ele é totalmente auto-suficiente.

3) O propósito primordial de um Grupo é o de ajudar alcoólicos a se recuperarem através

dos Doze Passos.

4) Como Grupo ele não emite opinião sobre quaisquer assuntos alheios à Irmandade.

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5) Como Grupo sua norma de procedimento para com o público, se baseia na atração ao

invés da promoção, e seus membros mantêm o anonimato em nível da imprensa, rádio,

televisão e cinema.

6) Como Grupo ele não possui nenhuma outra filiação.

A realização de Reuniões programadas regularmente é a principal atividade de qualquer

Grupo de A.A. Algum grau de organização é necessário para conservar a funcionalidade

e a eficácia de tais reuniões. Nossa Quarta Tradição diz que: "Cada Grupo deve ser

autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros Grupos ou ao A.A. em seu

conjunto". Previsivelmente, portanto, as reuniões realizadas por nossos milhares de

Grupos têm cada uma suas próprias características.

- O Grupo de A.A. - Cumprindo o seu Propósito:

Conforme está explícito em nossa Quinta Tradição, o único objetivo primordial de um

Grupo de A.A. é o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

Nesta máxima duas perguntas se nos apresenta: A primeira é - Qual a mensagem deverá

que deverá ser transmitida? A segunda é - Quem é o alcoólatra que ainda sofre?

Claro está que a resposta á primeira pergunta é: A Mensagem a ser transmitida é a

Mensagem de A.A.; é a mensagem de esperança de futuro promissor; é a mensagem que

irá mostrar ao doente alcoólico, a luz no fim do túnel em que ele entrou quando da sua

militância alcoólica. É a mensagem legada a nós membros de A.A., através dos Doze

Passos, aliás, nesta máxima ainda podemos notar que muito sabiamente está registrado

"Transmitir a Mensagem" e não "Levar a Mensagem". Será que já sabemos fazer a

diferença entre a transmitir a mensagem e levar a mensagem?. Pesquisando no

Dicionário, verificamos que: TRANSMITIR é "fazer passar de um possuidor ou detentor

para outro" e LEVAR é fazer passar de um lugar para outro. Transportar" . Donde

verificamos que - para se transmitir uma mensagem, principalmente de otimismo e

esperança, é necessário antes de mais nada, ter tido uma experiência anterior ou vivido

algo semelhante e com relativo ou mesmo grande sucesso.

Para a pergunta número dois, poderemos deduzir que o alcoólatra que ainda sofre, pode

estar dentro do Grupo, assistindo mas não participando da reunião. Em conseqüência

desta observação, formulamos uma terceira pergunta. Será que os Grupos de A.A. estão

preparados para cumprirem seu propósito primordial de transmitir a mensagem de A.A.

ao alcoólatra que ainda sofre? Particularmente não sei responder e acredito que não

saberemos respondê-la, mas o que nós sabemos e procuramos despertar em nossos

irmãos em A.A. é que, para atingir este propósito primordial, tão decantado e enfatizado

na Quinta Tradição, torna-se absolutamente necessário, que algumas condições e

circunstâncias sejam satisfeitas. E Alcoólicos Anônimos, na sua sabedoria, já nos oferece

de mão beijada estas condições, basta apenas que nós, integrantes de um Grupo de

A.A., as satisfaçamos. E a condição básica e essencial é que reine no Grupo de A.A., um

ambiente de paz, de harmonia, de fraternidade, de confiança mútua e a somatória das

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qualidades que poderemos denominar de BEM-ESTAR COMUM.

Se um Grupo de A.A. dedicar todo o seu entusiasmo em criar tal ambiente, - o do BEM-

ESTAR COMUM - meio caminho foi andado e vencido, para favorecer ao doente que

ainda sofre. E o grande instrumento para se encontrar ou criar este ambiente, é a chave

da Boa Vontade. Boa Vontade para aceitar que todas as decisões a serem tomados pelo

Grupo de A.A., sejam tomadas através da Consciência Coletiva e não "na opinião do

Grupo de A.A.... " Também é necessário que o Grupo de A.A., esteja sempre com as

portas abertas para receber o possível doente alcoólico que foi procurá-lo. E, em sendo

procurado, evitar a todo e qualquer custo ou sacrifício, criar-lhe quaisquer tipo de

obstáculo ou entrave, e até pelo contrário, deverá proporcionar- lhe as melhores

condições de facilidade, oferecendo-lhe companheirismo, confiança e camaradagem, . É

necessário também que, no Grupo de A.A. que deseje cumprir o seu propósito primordial,

seus membros saibam respeitar não só os seus próprios limites e o de outros Grupos,

mas também e principalmente os limites dos outros segmentos da sociedade. É

necessário também para um Grupo de A.A. que deseje cumprir o seu propósito

primordial, que se abstenha de coligar-se com qualquer outro Grupo de Ajuda Mútua ou

movimento similar, evitando assim sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. Com

estes procedimentos, muitos problemas poderão ser evitados e, dentre estes podemos

citar, o problema da busca da fama, prestígio e poder, o que certamente os afastariam do

seu propósito primordial - o de Transmitir a Mensagem ao Alcoólatra que ainda sofre.

- O Grupo de A.A. - E NOSSAS FALHAS:

A Tradição Cinco e o Passo Doze, que trazem em seu bojo a essência da nossa

Irmandade, não sendo compreendidos e aplicados, tornam-se um empecilho à

recuperação daqueles que já pertencem à Irmandade e àqueles que estão para chegar. A

coragem para mudar aquelas coisas que posso, se aplica perfeitamente dentro de nossas

falhas.

A justificativa de que deu certo para alguns, tem que ser descartada, porque o Programa

de Recuperação sugerido por Alcoólicos Anônimos, é para todos e não para alguns.

Como a primeira tradução para o português do Livro Azul, livro básico de A.A. somente

ocorreu nos idos de 1973 (?), podemos com absoluta certeza afirmar que de 1947 a 1973

(?), toda mensagem recebida e transmitida, baseava-se no folheto que o publicitário

americano Herbert L. Daugherty entregou ao economista inglês Harold W. para traduzi-lo

- "Folheto (Livro) Branco", não tivemos a oportunidade de iniciarmos o A.A. no Brasil, com

o livro básico de Alcoólicos Anônimos. Sabemos das dificuldades encontradas pelos

nossos pioneiros, dificuldades estas vencidas através de suas boa vontade quase sempre

alicerçadas no EU ACHO. Mas hoje os tempos são outros, e já contamos com um

elevado número de títulos da Literatura de A.A., traduzidos e distribuídos pela JUNAAB.

Pergunta-se então: Porque continuamos persistindo em transmitirmos a mensagem de

A.A., contrariando nossos escritos? Talvez esta seja a nossa principal falha.

Temos consciência que estamos errados e não temos coragem para mudar. Podemos

observar que mesmo nossos Órgãos de Serviços cooperam para que a mensagem de

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A.A. seja distorcida. Numa rápida análise, uma verdadeira avalanche de coisas materiais,

são oferecidas como integrantes do Programa de Recuperação, visando apenas o lucro

material, contrariando frontalmente o enunciado na Tradição Cinco. No apêndice do

LIVRO AZUL - cada grupo de A.A. deve ser uma entidade espiritual.. .

Que entidade espiritual é esta que oferece objetos materiais? A Mensagem de A.A. é uma

proposta de crescimento espiritual, uma nova maneira de viver, através dos Doze Passos

- princípios espirituais - que se aplicados em nossas vidas, podem expulsar a obsessão

pela bebida alcoólica.

Existe uma idéia generalizada, que o Brasil é um país com grande número de

analfabetos. Devemos lembra que o analfabeto não é surdo. O analfabeto ouvindo é tão

capaz de transmitir a mensagem ouvida, como um erudito...

Nossos Doze Conceitos para Serviços Mundiais, lembram-nos que não existe A.A. de

segunda classe. Todos nós membros de um Grupo de A.A., temos que ouvir a mesma

mensagem. Se um Grupo de A.A. não ouve e não transmite a verdadeira mensagem de

A.A., como pode ser um Grupo de A.A. em Ação? Um Grupo de A.A. em Ação, subtende-

se que é um Grupo de pessoas imbuídas de um mesmo ideal, mesma confiança mútua,

mesmo propósito, etc...

Para que isto aconteça, acreditamos que a liderança do Grupo de A.A., tem que acreditar

nas mudanças necessárias e pagar o preço que estas mudanças acarretam. Devemos

lembrar que estamos lidando com vidas humanas.

Em casos de vidas humanas, não existe meia recuperação. O Programa de A.A. é para

recuperação integral do doente alcoólico que queira se recuperar e o Grupo de A.A. deve

estar à disposição de qualquer um queira fazer parte deste Grupo de A.A., sem lhe ser

apresentado nenhum obstáculo à sua chegada. Nossa falha é a de não abrirmos a caixa

de ferramentas espirituais e colocá-la à disposição de quem os procura e também

explicar-lhes como estas ferramentas têm nos ajudado. Nossa falha está em

continuarmos desrespeitando nossas Tradições, da Primeira à Décima Segunda, que é a

única maneira de nos mantermos unidos. A Tradição Nove é rica em ensinamentos

quando diz: "a mesma sentença se aplica aos Grupos..."

Teríamos uma grande relação de nossas falhas, mas acredito que o plenário, também

pode e deve acrescentar algumas falhas observadas no seu Grupo de A.A., no seu

Escritório de Serviços, no seu Distrito, na sua Área... que as apresente, enriquecendo

nosso trabalho.

Uma indagação: FALTA DE CORAGEM PARA MUDAR AQUILO QUE PODE SER

MUDADO?

Isaias

BIBLIOGRAFIA:

- A.A. Atinge a Maioridade

- Alcoólicos Anônimos

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- Doze Passos e Doze Tradições

- Doze Conceitos para Serviços Mundiais

- O Grupo de A.A.

O GRUPO DE A.A. ... Onde tudo começa

Alcoólicos ANÔNIMOS® é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham

suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar

outros a se recuperarem do alcoolismo.

. O único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de

A.A. não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; somos auto-suficientes,

graças às nossas próprias contribuições.

. A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma

organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem

combate quaisquer causas.

. Nosso propósito primordial é

Direitos autorais © de The A.A. Grapevine, lnc.;

reimpresso com permissão

Publicado pela

JUNAAB - Junta de Serviços Gerais

de Alcoólicos Anônimos do Brasil.

Caixa Postal 3180

CEP 01060-970 São Paulo/SP

http://www.alcoolicosanonimos.org.br

Revisado em maio de 2002

Com autorização de

Alcoholics Anonymous World Services, Inc.

475 Riverside Drive

York, NY 10115

2.000 – 11/02 Impresso no Brasil

O grupo de A.A.

Índice

A única finalidade de A.A.............................................................................

A importância do anonimato.........................................................................

Introdução......................................................................................................

Como utilizar este livreto...............................................................................

O grupo... Onde começa a

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estrutura de serviços de A.A.

O que é um grupo de A.A...............................................................................

Como tomar-se membro

de um grupo de A.A.?.....................................................................................

A diferença entre as reuniões

abertas e as reuniões fechadas.........................................................................

Que tipos de reunião são

realizadas pelos grupos de A.A.?.....................................................................

Ciclos...............................................................................................................

O grupo base....................................................................................................

Procedimentos sugeridos para as reuniões.......................................................

Auto-suficiência: A Sétima Tradição...............................................................

Café, chá e companheirismo.............................................................................

Como funciona um grupo de A.A.

Como começar um novo grupo de A.A............................................................

A escolha de um nome para o grupo de A.A....................................................

O que fazem os membros do grupo de A.A......................................................

De quais servidores de confiança necessitamos?..............................................

Estrutura de Serviços Internos do grupo de A.A...............................................

Coordenador......................................................................................................

Secretário...........................................................................................................

Tesoureiro..........................................................................................................

Representante de Serviços Gerais (RSG)..........................................................

Coordenador do CTO........................................................................................

Representante da Vivência (RV).......................................................................

Como abordar e

ajudar os recém-chegados?................................................................................

Princípios acima das personalidades

O princípio da rotatividade................................................................................

O que é uma consciência de grupo esclarecida?...............................................

Inventário do grupo...........................................................................................

Reuniões de Serviço..........................................................................................

Sobre os problemas do grupo............................................................................

Como o grupo se relaciona com A.A. como um todo

Como o grupo de A.A. se enquadra na

estrutura da Irmandade.......................................................................................

O que é o ESG – Escritório de

Serviços Gerais?.................................................................................................

O que faz o Escritório de Serviços Gerais?........................................................

Quem está encarregado do ESG?.......................................................................

Como são tomadas as "decisões

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que afetam A.A.?"..............................................................................................

Como são financiados nossos

serviços nacionais?.............................................................................................

Como os grupos podem ajudar o ESG?..............................................................

O que é um Escritório de

Serviços Locais (ESL)? Como funciona?...........................................................

O que faz um Escritório

de Serviços Locais?.............................................................................................

O que A.A. não faz

A posição de A.A. no campo do alcoolismo

"Cooperação sem afiliação"................................................................................

A.A. e outras entidades.......................................................................................

Outras perguntas sobre A.A..............................................................................

Os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos.........................................................

As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos....................................................

As Doze Tradições – Forma longa...................................................................

Os Doze Conceitos para os

Serviços Mundiais – Texto Integral.................................................................

A única finalidade de A.A.

Quinta Tradição: Cada grupo é animado de um único propósito primordial - o de transmitir

sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

"Há quem profetize que A.A. poderia muito bem se tornar uma nova ponta de lança para

um despertar espiritual em todo o mundo. Ao dizerem isso, nossos amigos são tão

generosos quanto sinceros. Mas nós, de A.A., devemos considerar que essa homenagem

e essa profecia podem se converter num gole embriagante, se realmente acreditarmos

que este é o propósito de A.A., e se começarmos a nos comportar de acordo.

"Nossa Sociedade irá portanto ater-se prudentemente à sua única finalidade: transmitir a

mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Vamos resistir à presunçosa suposição de que,

só porque Deus nos possibilitou sairmo-nos bem em uma única área de atuação,

estaríamos destinados a ser um canal dispensador da graça salvadora para todo o

mundo."

Bill W., co-fundador de A.A., 1955

A importância do anonimato

Décima Segunda Tradição: O anonimato é o alicerce espiritual das nossas tradições,

lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das

personalidades.

Qual a finalidade do anonimato em A.A.? Por que será que o anonimato é

freqüentemente citado como sendo a mais importante proteção que a Irmandade tem

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para garantir sua existência e seu crescimento contínuos?

Na imprensa, radio, televisão e filmes, o anonimato enfatiza a igualdade de todos os

membros de A.A. Ele refreia nossos egos facilmente infláveis; nossas descabidas

convicções de que o violar o anonimato poderia ajudar alguém; e nossos desejos de

reconhecimento pessoal ou controle. Acima de tudo, a Tradição do Anonimato recorda-

nos que o que importa é a mensagem de A.A., não o mensageiro.

Em nível pessoal, o anonimato garante a privacidade de todos os membros. Essa é uma

proteção freqüentemente muito importante para os recém-chegados, que poderiam

hesitar em buscar ajuda em A.A. se tivessem qualquer motivo para acreditar que seu

alcoolismo poderia ser publicamente revelado.

Na teoria, o principio do anonimato parece claro, mas nem sempre é fácil colocá-lo em

prática. Seguem-se algumas diretrizes gerais selecionadas a partir da experiência dos

grupos de A.A., e que podem ser úteis.

Mantendo o anonimato em público

Quando participamos como membros de A.A. em programas de rádio, televisão ou em

filmes e vídeos, evitamos mostrar nossos rostos ou revelar nossos sobrenomes. Na

imprensa escrita identificamo-nos apenas por nosso primeiro nome e a inicial do

sobrenome.

Usamos nossos prenomes e a inicial do sobrenome apenas quando falamos como

membros de A.A. em reuniões que não sejam de A.A. (Leia o folheto "Falando em

Reuniões de Não-A.A.")

Não escrevemos "A.A." nos envelopes que enviamos pelo correio, nem mesmo na

correspondência enviada aos órgãos de A.A. Nos materiais feitos para serem afixados

quadros de avisos de A.A. ou impressos em programas de A.A. acessíveis ao público em

geral, omitimos os sobrenomes e os títulos que possam identificar qualquer membro.

Entendendo o anonimato no grupo de A.A.

Podemos usar nossos sobrenomes dentro dos nossos grupos. Ao mesmo tempo,

respeitamos o direito de cada companheiro de manter seu próprio anonimato da forma

que desejar e tão rigorosamente quanto quiser. Alguns grupos mantêm listas de nomes e

números de telefones fornecidos voluntariamente por seus membros e podem distribuí-los

– mas apenas a membros do grupo.

Não reproduzimos nenhum depoimento pessoal feito nas reuniões de A.A. por qualquer

companheiro. A palavra "anônimos" que consta no nome de nossa irmandade é uma

promessa de privacidade. Além disso, a única história de recuperação que realmente

podemos compartilhar é a nossa própria historia.

Em nossas relações pessoais com não-alcoólicos – e com pessoas que pensam que

podem ter um problema com o álcool – podemos nos sentir à vontade para dizer que

somos alcoólicos em recuperação (sem revelar nomes de outros membros de A.A.),

embora se recomende discrição. Nesses casos, nossa franqueza pode ajudar a transmitir

a mensagem.

Abstemo-nos de gravar em vídeo qualquer palestra ou reunião especial de A.A. que

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possa ser exibida em público. Alem disso, seguindo a recomendação da Conferencia de

Serviços Gerais de 1980, é aconselhável que palestras de companheiros de A.A. na

condição de membros, sejam realizadas ao vivo, evitando a tentação de, ao usar

videoteipe, colocar personalidades acima dos princípios e assim encorajar o estrelismo

dentro de A.A.

Para maiores informações sobre esta importante Tradição, consulte o folheto

"Entendendo o Anonimato".

Introdução

Como afirma o Conceito I:

A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de A.A.

deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.

O grupo de A.A. – a palavra final da Irmandade

Dizem que Alcoólicos Anônimos é uma organização virada de ponta-cabeça porque a

"responsabilidade final e a autoridade suprema pelos Serviços Mundiais recaem sobre os

grupos – e não sobre os custódios, a Junta de Serviços Gerais ou o Escritório de Serviços

Gerais em Nova Iorque". ("Doze Conceitos Ilustrados para os Serviços Mundiais").

Toda a estrutura de A.A. depende da participação e da consciência de cada grupo, e o

modo como cada um desses grupos conduz seus assuntos afeta A.A. no mundo inteiro.

Por isso, pessoalmente, estamos sempre conscientes da responsabilidade por nossa

própria sobriedade e, como grupo, conscientes da necessidade de transmitir a mensagem

de A.A. ao alcoólico que ainda sofre e que nos procura pedindo ajuda.

A.A. não tem nenhuma autoridade central. Dispõe apenas de uma organização mínima e

algumas Tradições, ao invés de regulamentos. Como observou nosso co-fundador Bill W.

em 1960, "respeitamos voluntariamente as Doze Tradições porque precisamos e porque

queremos fazê-lo. Talvez o segredo de sua força resida no fato de essas mensagens

inspiradoras brotarem de experiências de vida e estarem enraizadas no amor".

A.A. é formada pela voz coletiva de seus grupos locais e de seus representantes na

Conferencia de Serviços Gerais, os quais trabalham visando a unanimidade nas questões

vitais para a Irmandade. Cada grupo funciona de modo independente, exceto em

questões que afetem outros grupos ou A.A. como um todo.

O trabalho essencial dos grupos de A.A. é feito por alcoólicos que estão, eles próprios,

recuperando-se através da Irmandade, e cada um está habilitado a realizar sua tarefa em

A.A. da forma que julgar melhor, dentro do espírito das Tradições. Isso significa que

funcionamos como uma democracia, sendo todos os planos de ação do grupo aprovados

pela voz da maioria. Nenhum indivíduo isolado é nomeado para agir pelo grupo ou por

A.A. como um todo.

Cada grupo é tão singular quanto uma impressão digital, e os modos de transmitir a

mensagem de sobriedade variam não apenas de grupo para grupo, mas também de

região para região. Agindo com autonomia, cada grupo traça seu próprio rumo. Quanto

melhor informados estiverem seus membros e quanto mais forte e mais coeso estiver o

grupo, maior será a garantia de que, quando alguém nos procurar em busca de ajuda, a

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mão de A.A. esteja estendida.

A maioria de nós só consegue se recuperar se houver um grupo. Como disse Bill, "aflora

em cada membro a percepção de que ele é apenas uma pequena parte de um grande

todo... Ele aprende que o clamor de seus desejos e ambições deve ser silenciado sempre

que possa prejudicar o grupo. Fica evidente que o grupo precisa sobreviver para que o

indivíduo viva".

Como usar este folheto

Este livreto foi desenvolvido como um instrumento de informação e como um guia de

sugestões para grupos de A.A. – e não para ditar a ninguém o que deve ser feito. Ele

serve como um complemento ao Manual de Serviços de A.A. e outros títulos de nossa

literatura (veja a contracapa) que abordam em maior profundidade questões especificas

dos grupos.

Desenvolvido para facilitar consultas rápidas, o livreto aborda quatro áreas principais: (1)

o que é um grupo de A.A.; (2) como funcionam os grupos; (3) a relação entre os grupos e

a comunidade; (4) como cada grupo se enquadra na estrutura de A.A. como um todo.

O índice descreve, do modo mais completo possível, todos os assuntos relacionados ao

grupo abordados neste livreto. Caso você tenha quaisquer outras duvidas, por favor entre

em contato com o ESG – Escritório de Serviços Gerais de A.A. – que estará pronto para

ajudá-lo em tudo o que for possível.

O grupo... Onde começa

a estrutura de serviços de A.A.

O que é um grupo de A.A.

Como afirma claramente o texto integral da Terceira Tradição, "Nossa Irmandade deve

incluir todos os que sofrem do alcoolismo. Não podemos portanto recusar quem quer que

deseje se recuperar. A condição para tornar-se membro não deve nunca depender de

dinheiro ou formalidade. Dois ou três alcoólicos quaisquer reunidos em busca de

sobriedade podem se autodenominar um grupo de A.A., desde que, como grupo, não

possuam outra afiliação."

Alguns AAs reúnem-se como grupos de A.A. especializados – grupos masculinos, grupos

para mulheres, grupos para jovens, grupos para médicos, grupos para homossexuais, e

outros. Se seus participantes forem todos alcoólicos, e se abrirem suas portas para todos

os alcoólicos que quiserem ajuda, independente de profissão, sexo ou outras distinções,

e se atenderem todos os demais aspectos que definem um grupo de A.A., eles poderão

denominar-se um grupo de A.A.

Os grupos de A.A. são referendados pelos Comitês de Área, após um ano de

funcionamento experimental, recebendo apoio dos Escritórios de Serviços Locais (ESL).

Como tornar-se membro de um grupo de A.A.?

"Para ser membro de A.A. o único requisito é o desejo de parar de beber" (Terceira

Tradição). A filiação a um grupo não exige portanto nenhuma formalidade. Assim como

nos tornamos membros de A.A. bastando afirmar que o somos, do mesmo modo somos

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membros de um grupo ao afirmarmos isso e continuarmos a participar das reuniões.

A diferença entre as reuniões abertas e as reuniões fechadas

A finalidade de toda reunião de um grupo de A.A. como afirma nosso Preâmbulo, é

permitir aos membros de A.A. que "compartilhem suas experiências, forças e esperanças

a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo".

Com essa finalidade os grupos realizam reuniões abertas e reuniões fechadas.

As reuniões fechadas destinam-se exclusivamente a membros de A.A. e a pessoas que

têm um problema com a bebida e "têm um desejo de parar de beber".

As reuniões abertas são franqueadas a qualquer pessoa interessada no programa de

recuperação do alcoolismo de Alcoólicos Anônimos.

Nos dois tipos de reunião o coordenador pode solicitar que os participantes limitem seus

depoimentos a questões pertinentes à recuperação do alcoolismo.

Sejam abertas ou fechadas, as reuniões dos grupos de A.A. são coordenadas por

membros de A.A., que determinam o formato de suas reuniões.

Que tipo de reuniões são realizadas pelos grupos de A.A.?

Nossa Quarta Tradição diz que "cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que

digam respeito a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto". Previsivelmente, portanto, as

reuniões realizadas por nossos milhares de grupos têm cada uma suas próprias

características.

Os tipos mais comuns de reuniões de A.A. são:

1. Debates. Seja a reunião aberta ou fechada, um membro de A.A. que atua como "líder"

ou "coordenador" abre a reunião da forma habitual e seleciona um assunto para

discussão.

Geralmente esses assuntos derivam do nosso Livro Azul, ou dos livros Os Doze Passos e

as Doze Tradições, Na Opinião do Bill ou ainda da revista Vivência. Algumas sugestões

especificas de assuntos são: aceitação versus submissão; a liberdade através da

sobriedade; princípios versus personalidades; medo (ou temores indefiníveis); rendição;

gratidão; raiva; boa vontade; honestidade; atitude; ressentimentos; reparações; humildade

e tolerância.

2. Públicas. Um ou mais membros selecionados antecipadamente "compartilham suas

experiências" conforme descrito no Livro Azul, contando como estavam, o que aconteceu

e como estão agora.

Dependendo das diretrizes gerais da consciência do grupo, alguns grupos preferem que

os oradores tenham um tempo mínimo de sobriedade contínua. Pode-se também

programar profissionais amigos de A.A.

3. Novos. Normalmente coordenadas por algum membro do grupo que já esteja sóbrio há

algum tempo, essas reuniões incluem freqüentemente sessões de perguntas-e-respostas

para ajudar os recém-chegados. Sobre essas reuniões veja o folheto Sugestões para

Coordenar Reuniões de Novos.

4. Literatura. Uma vez que os Doze Passos são a base de nossa recuperação pessoal em

A.A., muitos grupos dedicam uma ou mais reuniões por semana ao estudo alternado de

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cada Passo. (Alguns grupos abordam dois ou três Passos por reunião.) Esse mesmo

formato pode ser aplicado às reuniões sobre o Livro Azul ou dos Doze Passos e Doze

Tradições. Muitos grupos têm o habito de ler em voz alta trechos pertinentes do Livro Azul

ou dos Doze Passos e Doze Tradições no início das reuniões.

5. Temáticas. Membros de A.A. do grupo base ou de outro grupo são convidados a

proferir palestra sobre um tema escolhido. Normalmente a palestra tem duração de uma

hora e a seguir acontece uma sessão de perguntas e respostas.

6. Mini-temáticas. O grupo distribui pequenos cartões com motivos extraídos da literatura

de A.A. como sugestão para os depoimentos da primeira hora de reunião. Na segunda

hora um membro do grupo familiarizado com o tema profere uma palestra de no máximo

trinta minutos, seguida de uma sessão de perguntas e respostas de mais trinta minutos.

Além das reuniões descritas acima, os grupos também realizam os seguintes tipos de

reuniões:

Serviços. Alguns grupos programam reuniões especiais ao longo do ano, independentes

das reuniões normais, para que os servidores discutam sobre os assuntos do grupo com

seus membros e deles obtenham a orientação do grupo. Normalmente os servidores do

grupo são eleitos nessas reuniões. Consulte o capitulo sobre Reuniões de Serviço na

pagina 37.

Inventario do grupo. São reuniões em que os participantes do grupo procuram verificar

como o grupo está atendendo ao seu propósito primordial. Consulte o capitulo sobre o

Inventario do grupo na pagina 36.

Vivência. Nessas reuniões discute-se sobre assuntos de A.A. abordados na revista

Vivência.

Ciclos

Como fruto da experiência do A.A. brasileiro, realizam-se atualmente os chamados Ciclos

de estudos da literatura de A.A., principalmente sobre os Doze Passos, as Doze

Tradições, os Doze Conceitos para Serviços Mundiais e o livro Alcoólicos Anônimos (livro

Azul).

Trata-se de eventos com duração de um, dois ou três dias. Normalmente são

estruturados em grupos de trabalho que se reúnem após uma palestra geral sobre o

assunto enfocado. São praticados principalmente pelos Distritos de A.A., mas podem

também ser realizados por Escritórios Locais ou por grupos de A.A.

O grupo base

Tradicionalmente, a maioria dos membros de A.A. constatou, ao longo dos anos, que é

importante pertencer a um grupo que possam chamar de seu "grupo base". Este é o

grupo onde o membro assume responsabilidades e tenta manter relações de amizade.

Embora todo membro de A.A. seja habitualmente bem-vindo em qualquer grupo e sinta-

se em casa em qualquer reunião, o conceito de "grupo base" continua sendo o vínculo

mais forte entre o membro de A.A. e a Irmandade.

Pertencer a um grupo dá ao membro o direito de votar em questões que possam afetar o

grupo e possam também afetar A.A. como um todo – num processo que forma a

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verdadeira pedra angular da estrutura de serviços de A.A. Tal como ocorre com todos os

assuntos decididos pela consciência de grupo, cada membro de A.A. tem direito a um

voto, e este voto idealmente deveria ser expresso em seu grupo base.

Ao longo dos anos, a própria essência da força de A.A. tem permanecido nos grupos

base, os quais, para muitos membros, tornam-se uma extensão de sua família. Outrora

isolados por seu modo de beber, os membros encontram no seu grupo base um sistema

sólido de apoio contínuo, de amizade e, muito freqüentemente, de apadrinhamento.

Também aprendem por experiência própria, através dos trabalhos do grupo, como

"colocar princípios acima de personalidades" objetivando transmitir a mensagem de A.A.

Falando a respeito de seu próprio grupo, um membro declara: "Parte do meu

compromisso é freqüentar as reuniões de meu grupo, receber os recém-chegados à

porta, e estar à sua disposição – não somente por eles, mas por mim. Meus

companheiros de grupo são as pessoas que me conhecem, que me ouvem e que me

orientam quando eu me desvio. Eles me proporcionam sua experiência, sua força e o

amor de A.A., capacitando-me a "levar adiante a mensagem ao alcoólico que ainda

sofre".

Procedimentos sugeridos para as reuniões

Não há um tipo ou formato de reunião que seja "o melhor", mas alguns formatos

funcionam melhor que outros.

Normalmente o coordenador abre a reunião com a leitura do Preâmbulo e algumas

observações. Em alguns grupos observa-se um minuto de silencio e/ou recita-se a

Oração da Serenidade. Em outros lê-se algum trecho do livro Alcoólicos Anônimos –

normalmente uma parte do Capitulo 5 ("Como funciona") ou do Capítulo 3 ("Mais sobre o

alcoolismo"). Em muitas reuniões promove-se a leitura em voz alta de um capítulo, ou

parte de um capítulo, de Os Doze Passos e as Doze Tradições. Convidar diferentes

membros ou visitantes para que façam a leitura ajuda especialmente os recém-chegados

a sentirem-se participando da vida do grupo.

O coordenador pode enfatizar a importância de preservar o anonimato dos membros de

A.A. fora da reunião e recomendar aos participantes que "deixem aqui o que aqui

ouviram". (Sobre esse assunto, consulte o folheto Entendendo o Anonimato)

Muitas reuniões são encerradas com o Pai-Nosso ou com a Oração da Serenidade.

Auto-suficiência: A Sétima Tradição

Não existem taxas ou mensalidades para pertencer a A.A., mas temos nossos gastos.

Respeitando nossa Sétima Tradição, os grupos podem "passar a sacola" para cobrir

despesas de aluguel da sala, água e café aos presentes, literatura de A.A., folhetos,

relações de grupos e contribuições para os serviços prestados pelo ESL, comitês de

Distrito ou de Área e pelo ESG. Os membros de A.A. são livres para contribuir com a

quantia que desejarem, ate um máximo equivalente a US$2.000,00 (dois mil dólares) por

ano.

Café, chá e companheirismo

Muitos membros de A.A. contam que fizeram muitos amigos nas conversas ao redor do

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café durante os intervalos, ou antes e depois das reuniões.

Na maioria dos grupos são os próprios membros que preparam cada reunião, fazem o

café e limpam a sala. Você ouvirá com freqüência membros de A.A. afirmarem que

começaram a se sentir "realmente participantes" quando começaram a fazer o café e a

arrumar as cadeiras, fazendo "terapia ocupacional". Alguns recém-chegados acreditam

que essas atividades amenizam sua timidez e facilitam o contato com os outros membros

do grupo.

Como funciona um grupo de A.A.

Quarta Tradição: Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito

a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto.

Como começar um novo grupo de A.A.

Pode ser que você esteja pensando em começar um novo grupo. As razões para isso

podem variar, mas o modo de fazê-lo é basicamente o mesmo.

O importante para formar um grupo de A.A. é haver dois ou três alcoólicos que o queiram;

alem da cooperação de outros membros de A.A., um ligar para as reuniões, uma garrafa

de café, literatura de A.A., listas de endereços de grupos e alguns suprimentos simples.

Uma vez que o grupo esteja pronto pra funcionar, é importante divulgar sua existência

para os grupos mais próximos, para o Escritório de Serviços Local, os comitês de Distrito

e de Área e o Escritório de Serviços Gerais. Essas fontes, podem proporcionar grande

apoio.

A escolha de um nome para o grupo de A.A.

Por mais meritória que possa ser qualquer atividade ou instituição, a experiência nos

ensinou que os grupos de A.A. devem evitar cuidadosamente toda forma de filiação ou

endosso de qualquer empreendimento fora de A.A.

Sexta Tradição: Nenhum grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o

nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a

fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem do nosso

objetivo primordial.

É necessário evitar qualquer aparência de vínculo de A.A. com qualquer organização,

associação ou instituição política ou religiosa.

Por conseqüência, um grupo de A.A. que se reúna numa instituição correcional ou de

tratamento, ou numa igreja, deverá ter o cuidado de não usar o nome dessa instituição,

escolhendo algum nome totalmente diferente para o grupo. Com isso busca-se deixar

claro que o grupo de A.A. não está vinculado ao hospital, igreja, prisão, centro de

tratamento, etc., mas simplesmente aluga espaço para suas reuniões.

Nossa consciência de grupo recomenda que reuniões de propósitos especiais não

constem das listas de reuniões de A.A.

O propósito primordial de qualquer grupo de A.A. é transmitir a mensagem aos alcoólicos.

A experiência com o álcool é algo que todos os membros de A.A. têm em comum. É

ilusório sugerir ou dar a impressão que A.A. resolve outros problemas ou que sabe como

proceder com respeito à dependência de drogas.

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A Conferência também recomenda que nenhum grupo de A.A. seja batizado com o nome

de qualquer pessoa, viva ou morta, AA ou não-AA. Essa é uma das maneiras pelas quais

podemos "colocar os princípios acima das personalidades".

O que fazem os membros do grupo de A.A.

"Eu sou responsável... quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo

ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isto eu sou responsável". Em

outras palavras, quando os recém-chegados se dirigem a uma sala de reunião, queremos

que A.A. esteja lá para eles assim como esteve para nós – coisa que só poderemos fazer

continuamente se funcionarmos como grupo.

Entretanto, para que um grupo funcione continuamente, uma série de tarefas têm que ser

realizadas. É através dos esforços combinados e do contínuo comprometimento dos

membros do grupo que será possível:

* Providenciar e manter um local para as reuniões.

* Programar as reuniões.

* Coletar as contribuições e alocá-las e gastá-las adequadamente.

* Dispor sempre de literatura aprovada pela Conferência.

* Dispor sempre da revista Vivência e de listas dos grupos locais.

* Dispor sempre de água e café.

*Divulgar aos alcoólicos da região que existe um grupo de A.A. e onde encontrá-lo.

* Responder aos pedidos de ajuda.

* Ventilar e resolver os problemas do grupo.

* Manter contato contínuo com o restante de A.A. - localmente através do ESL, em nível

nacional através do Comitê de área, e internacionalmente através do Escritório de

Serviços Gerais.

De quais servidores de confiança necessitamos?

É preciso que haja gente para realizar as tarefas do grupo. A maioria de nós concorda

que A.A. nunca deveria "organizar-se". Entretanto, desde que não coloquemos em risco

nosso compromisso de preservar nossa Irmandade democrática e espiritual, podemos

"criar juntas ou comitês de serviços, diretamente responsáveis perante aqueles a quem

prestam serviços" (Nona Tradição). Esses servidores dos grupos de A.A. são

denominados "servidores de confiança", sendo normalmente eleitos pelo grupo para

períodos limitados de serviços. Como recorda nossa Segunda Tradição, "Nossos lideres

são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar".

Os grupos constataram que a inviabilidade de se eleger não-alcoólicos para servir ao

grupo, uma vez que faltaria a eles a necessária identificação com nosso propósito

primordial ou com os outros membros do grupo. Cada grupo determina o período mínimo

de sobriedade sugerido para que um membro seja elegível para algum encargo. A diretriz

geral poderia sugerir de seis meses a um ano ou mais de contínua sobriedade.

Os encargos podem ter títulos, mas títulos em A.A. não significam autoridade ou

honrarias: apenas descrevem serviços e responsabilidades. Constatou-se que geralmente

não funciona entregar cargos a certos membros apenas para ajudá-los a permanecerem

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sóbrios. Ao contrário, o bem-estar do grupo deverá ser a única preocupação ao se

escolher servidores. Na época da eleição dos servidores, poderá ser muito útil fazer no

grupo uma revisão da Primeira e da Segunda Tradições.

Os grupos podem garantir de várias maneiras que os serviços necessários sejam

realizados com o mínimo de organização. Veja abaixo um quadro sugerido de servidores

do grupo.

ESTRUTURA DE SERVIÇOS

INTERNOS DO GRUPO DE A.A.

Seguem-se os cargos instituídos por muitos grupos para servi-los internamente e junto à

comunidade externa.

Coordenador: O coordenador do grupo serve durante um período especifico de tempo

(normalmente seis meses ou um ano). A experiência sugere que o coordenador deva ter

ao menos um ano de sobriedade contínua e, idealmente, deveria ter ocupado antes

outros cargos no grupo.

Sua função é coordenar as atividades dos demais servidores do grupo e dos membros

que assumirem a responsabilidade pela literatura, acolhida, café, programação de

reuniões internas e outras atividades vitais para o grupo.

Quanto mais o coordenador e os demais servidores do grupo estiverem informados sobre

A.A. como um todo, melhor exercerão suas funções. Tendo claramente em mente a

Primeira Tradição e estimulando os membros a se familiarizarem com todas as Tradições,

eles contribuirão para garantir que o grupo se mantenha saudável.

Secretário: À semelhança do coordenador, o secretário também precisa ser um servidor

versátil. Em grupos que não têm coordenador, os secretários executam suas tarefas.

Cada grupo tem procedimentos próprios, mas, a menos que existam outros servidores ou

comitês, geralmente é atribuição dos secretários:

* Divulgar informações sobre atividades e eventos importantes de A.A.

* Manter atualizado um arquivo estritamente confidencial dos nomes, endereços e

números de telefone dos membros do grupo (sujeito à aprovação de cada membro), e

saber quais deles estão disponíveis para chamados de Décimo Segundo Passo.

* Manter um registro dos aniversários de sobriedade dos membros, caso o grupo assim o

deseje.

* Manter um quadro de avisos para fixação de notícias e boletins de A.A.

* Certificar-se de que o distrito, o ESL e o Escritório de Serviços Gerais sejam informados

por escrito de qualquer mudança de endereço, local, horário de reuniões ou servidores do

grupo.

* Certificar-se de que os livros, livretos e folhetos aprovados pela Conferência estejam

disponíveis e adequadamente expostos durante as reuniões.

* Aceitar e designar companheiros para atividades de Décimo Segundo Passo (a menos

que haja um coordenador especifico para essa atividade).

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* Transmitir aos membros do grupo a correspondência recebida.

Sétima Tradição: Todos os grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto-suficientes,

rejeitando quaisquer doações de fora.

Tesoureiro: Os grupos de A.A. são auto-suficientes através da contribuição voluntária de

seus membros. A sacola que circula nas reuniões geralmente cobre as necessidades

financeiras do grupo, sobrando o suficiente para que o grupo possa assumir sua parte na

manutenção do ESL, do Comitê de Distrito e de Área e do Escritório de Serviços Gerais.

Ninguém é obrigado a contribuir, mas a maioria dos membros contribui. Os que podem

contribuir geralmente se dispõem a colocar um pouco mais na sacola, para compensar os

que não podem. Os fundos do grupo destinam-se a cobrir serviços como por exemplo:

* aluguel da sala;

* literatura de A.A.;

* lista dos grupos locais, geralmente adquiridas do ESL mais próximo ou do Comitê de

Áreas;

* água e café;

* Contribuição aos órgãos de serviço de A.A., feita normalmente a cada mês ou a cada

trimestre.

O tesoureiro normalmente mantém registros claros no livro-caixa e informa ao grupo

quanto dinheiro foi arrecadado e quanto foi gasto. Fazem relatórios e demonstrativos

financeiros periódicos ao grupo. Pode-se evitar problemas mantendo os fundos do grupo

numa conta bancária separada que exija duas assinaturas em cada cheque.

A experiência de A.A. indica claramente não ser adequado que o grupo acumule grandes

valores alem do necessário para suas despesas acrescido de uma reserva prudente.

Esse valor deverá ser determinado pela consciência do grupo. Também podem surgir

problemas quando o grupo aceita contribuições exageradas, em dinheiro, bens ou

serviços, feitas por um único membro.

O folheto Auto-Suficiência pelas Nossas Próprias Contribuições, aprovado pela

Conferência, contem sugestões de como o grupo pode contribuir para os serviços de A.A.

Atualmente grupos em todo o Brasil têm adotado o Plano 60-25-15. Esse plano consiste

em o grupo, após cobrir todas as suas despesas mensais, e deduzida a parcela

correspondente à sua reserva prudente, remeter o saldo registrado em seu livro caixa ao

ESL. Fica a cargo do próprio ESL, a retenção de 60% desses fundos para seu uso

próprio, repassando 25% daquela quantia para o Comitê de Área e 15% para o ESG.

Alem disso o ESG, os Comitês de Área e ocasionalmente de Distrito, bem como os ESL,

aceitam contribuições de membros individuais – desde que não ultrapassem valor

equivalente a dois mil dólares anuais. As contribuições provenientes de espólios em

valores equivalentes a uma parcela única de no máximo dois mil dólares são aceitáveis,

desde que sejam provenientes de membros de A.A.

Alguns membros celebram seus aniversários de sobriedade enviando um "presente" ao

Escritório de Serviços Gerais para expressar sua gratidão pelos serviços prestados em

todo o país – geralmente são contribuições do equivalente a um dólar por ano de

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sobriedade. Converse com o RSG de seu grupo, ou escreva para o ESG para obter

maiores detalhes a respeito.

Representante de Serviços Gerais (RSG): Trabalhando através dos Comitês de Distrito e

de Área, o RSG é o contato do grupo com a Conferência de Serviços Gerais, através da

qual os grupos compartilham suas experiências e divulgam a consciência coletiva de A.A.

Chamados algumas vezes de "guardiões das Tradições", os RSGs se familiarizam com o

Terceiro Legado de A.A.: nossa responsabilidade espiritual de servir gratuitamente.

Geralmente eleitos para períodos de dois anos, são tarefas do RSG:

* representar os grupos no Distrito e nas assembléias gerais de Área;

* manter os membros do grupo informados sobre as atividades de serviços gerais em

suas áreas;

*receber e divulgar em seu grupo toda correspondência recebida dos demais órgãos de

serviço e o BOB Mural, que é o principal instrumento de comunicação entre o ESG e a

Irmandade.

O RSG também pode ajudar seu grupo a resolver uma série de problemas,

especialmente os relacionados às Tradições. Para servir seu grupo, o RSG pode se

apoiar em todos os serviços oferecidos pelo ESG (veja à página 40).

Junto com o RSG elege-se um suplente, para a eventualidade de o titular não poder

comparecer a todas as reuniões de Distrito e de Área. O suplente deveria ser estimulado

a dividir as responsabilidades com o titular no grupo, no Distrito e na Área. (Para maiores

informações, consulte o Manual de Serviços de A.A., paginas 25 a 27)

Coordenador do CTO: É o coordenador do comitê responsável pela divulgação do grupo

junto à comunidade. Reúne-se com os coordenadores de CTO dos demais grupos no

CTO do Distrito. Para maiores detalhes sobre este trabalho leia o Manual do CTO.

Representante da Vivência (RV): A tarefa do RV é divulgar a revista brasileira da

Irmandade – Vivência – junto aos membros do grupo, e familiarizá-los com a

oportunidade de aprimoramento da sobriedade que ela oferece, através de artigos

baseados em experiências pessoais de recuperação escritos por companheiros de A.A.,

alem dos artigos escritos por não-AAs sobre suas experiências profissionais. Chamada às

vezes de "reunião impressa", a Vivência também publica um calendário mensal dos

eventos especiais de A.A.

O RV eleito pelo grupo deve enviar seu nome e endereço para: Vivência, caixa Postal

3180, CEP 01060-970, São Paulo-SP. Os mesmos dados devem ser enviados para o

Coordenador Estadual de Vivência do ESL. Com estas informações ele será devidamente

cadastrado e receberá regularmente correspondência com os formulários de assinatura

de Vivência.

Outras atribuições do RV são:

* Informar ao grupo a chegada de cada nova edição e comentar sobre as matérias nela

publicadas;

*Fazer com que a Vivência sempre esteja exposta em lugar visível no grupo e, se

possível, manter um pequeno mural com frases da ultima edição, cupom de assinatura,

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lista das assinaturas vencidas e a vencer, etc.

* Sugerir aos companheiros mais antigos o uso da revista no apadrinhamento;

* Sugerir ao grupo que ofereça assinaturas de cortesia da Vivência a médicos, religiosos,

juizes, advogados, delegados, assistentes sociais, jornalistas, repórteres, etc.

* Sugerir ao grupo que use artigos da revista nas reuniões com temas e nos trabalhos do

CTO;

* Motivar os membros do grupo a mandarem colaborações para a Vivência: artigos,

desenhos, etc.

* Solicitar aos profissionais, principalmente àqueles que conhecem o nosso programa, o

envio de artigos à revista;

* Orientar e motivar os companheiros a fazerem ou renovarem suas assinaturas, e

encaminhar à Vivência as assinaturas, renovações e sugestões dos assinantes;

* Manter contato com o Representante de Vivência do Distrito (RVD) ou Representante

de Vivência do ESL, para a solução de eventuais problemas.

Como abordar e ajudar os recém-chegados?

Naturalmente nenhum alcoólico pode ser ajudado por A.A. a menos que saiba da nossa

existência e onde nos encontrar. Por isso é importante que os grupos de cidades

menores divulguem o local e o horário de suas reuniões nas diversas entidades públicas

locais existentes. Junto com essa informação, vale a pena distribuir o folheto A.A. num

Relance ou Alcoólicos Anônimos em sua Comunidade.

Nas grande áreas urbanas pode-se usar as listas de grupos fornecidas pelos ESLs com

essa finalidade.

Devem os grupos de A.A. anunciar ao público em geral reuniões abertas para obter

informações sobre A.A.? Alguns grupos o fazem, por uma única razão: para permitir que

a comunidade conheça a ajuda disponível para alcoólicos através de nosso programa.

Pequenos anúncios são comumente colocados nas seções de serviços comunitários dos

jornais locais para permitir que as pessoas saibam como encontrar a reunião de A.A.

mais próxima, caso o desejem.

Para sugestões de material de divulgação, consulte o Manual do CTO.

Alguns grupos mantêm uma relação dos membros disponíveis para fazer o trabalho de

Décimo Segundo Passo. Os grupos podem ainda formar comitês de recepção para

garantir que todo recém-chegado, seja ele visitante ou companheiro em potencial, seja

bem recebido.

Geralmente os padrinhos assumem a responsabilidade de ajudar os recém-chegados a

encontrar seu caminho em A.A. Para melhor orientação consulte o folheto Perguntas e

Respostas sobre o Apadrinhamento.

Princípios acima das personalidades

Segunda Tradição: Somente uma autoridade preside, em ultima análise, ao nosso

propósito comum – um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência

coletiva. Nossos lideres são apenas servidores de confiança; não têm poderes para

governar.

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O princípio da rotatividade

Tradicionalmente a rotatividade impede que membros de A.A. se perpetuem nos cargos.

Também garante que as tarefas do grupo, como quase tudo em A.A., sejam

compartilhadas por todos. Muitos grupos já elegem suplentes para cada um dos

servidores de confiança, e os preparam para assumir os cargos de seus titulares, quando

estes ficam vagos, enquanto o grupo escolhe novos membros para preencher as

suplências.

Pode ser difícil deixar um cargo de A.A. do qual você goste. Se você fez um bom

trabalho, se honestamente não vê ninguém disposto, capacitado ou com tempo disponível

para fazê-lo, e se seus amigos tiverem a mesma opinião que você, será especialmente

mais difícil. Mas esse será um verdadeiro passo para o seu crescimento – um passo em

direção à humildade, que é, para muitos, a essência espiritual do anonimato.

Entre outras coisas, o anonimato na Irmandade significa que abrimos mão de qualquer

prestígio pessoal em função de qualquer trabalho que façamos para ajudar alcoólicos. No

espírito da Décima Segunda Tradição, o anonimato nos lembra de sempre "colocarmos

princípios acima de personalidades".

A rotatividade nos proporciona recompensas espirituais bem mais duradouras que

qualquer fama. Como em A.A. não há nenhum "status" em jogo, não precisamos competir

por títulos e glorias – e temos total liberdade para servir na medida em que formos

necessários.

O que é uma consciência de grupo esclarecida?

A consciência de grupo é a consciência coletiva dos membros do grupo, e representa

portanto substancial unanimidade em qualquer assunto, antes que qualquer ação

definitiva seja tomada. Os membros do grupo alcançam isso compartilhando

completamente as informações, os pontos de vista individuais e através da prática dos

princípios de A.A. Estar plenamente informado exige a disposição de ouvir a opinião da

minoria com mente aberta.

Em questões delicadas, o grupo trabalha lentamente, desestimulando moções formais até

que aflore um entendimento claro da visão coletiva. Colocando princípios acima de

personalidades, os membros são cautelosos com as opiniões dominantes. O resultado

baseia-se em algo mais do que uma simples contagem dos votos "a favor" e "contra",

justamente por ser a expressão espiritual da consciência do grupo. A expressão

"consciência de grupo esclarecida" significa que a informação pertinente foi examinada e

que todos os pontos de vista foram ouvidos antes que o grupo votasse.

Inventário do grupo

Muitos grupos realizam periodicamente uma "reunião de inventário do grupo" para avaliar

como estão cumprindo com o propósito primordial: ajudar alcoólicos a se recuperarem

através dos Doze Passos sugeridos por A.A. Alguns grupos fazem o inventário

examinando as Doze Tradições, uma de cada vez, para determinar o quanto estão

vivendo de acordo com esses princípios.

Os grupos interessados em realizar inventários regulares acharão útil uma revisão do

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Décimo Passo. As perguntas a seguir, recolhidas a partir da experiência compartilhada de

A.A., poderão ser úteis para se chegar a uma consciência de grupo esclarecida. Os

grupos provavelmente vão querer acrescentar suas próprias perguntas a esta lista:

1. Qual o propósito básico do grupo?

2. Que mais o grupo pode fazer para transmitir a mensagem?

3. O grupo está atraindo alcoólicos de diferentes origens? Estamos vendo no grupo uma

amostra representativa da nossa comunidade?

4. Os novos membros permanecem conosco, ou está havendo uma excessiva

rotatividade? Se assim for, qual a razão? O que podemos fazer a respeito como grupo?

5. Estamos enfatizando a importância do apadrinhamento? Com que eficiência? Como

podemos melhorar?

6. Temos o cuidado de preservar o anonimato dos membros de nosso grupo e de outros

AAs fora das salas de reunião? Deixamos na sala as confidências compartilhadas nas

reuniões?

7. Dedicamos algum tempo a explicar a todos os membros do grupo a importância de

realizar as tarefas de cozinha, arrumação e outros serviços essenciais que são parte

integrante do nosso trabalho de Décimo Segundo Passo?

8. Todos os membros estão tendo oportunidade de falar nas reuniões e de participar das

demais atividades do grupo?

9. Tendo em mente que o preenchimento dos cargos é uma grande responsabilidade, e

que não deve ser encarado como o resultado de um concurso de popularidade, estamos

escolhendo cuidadosamente quem ocupa esses cargos?

10. Estamos fazendo todo o possível para proporcionar um local de reunião agradável?

11. O grupo cumpre com sua justa parcela na realização dos propósitos de A.A., como

descritos nos nossos Três Legados – Recuperação, Unidade e Serviço?

12. O que o grupo tem feito ultimamente para divulgar a mensagem de A.A. junto a

profissionais da comunidade – médicos, sacerdotes, autoridades legais, educadores e

outros, que freqüentemente são os primeiros a entrar em contato com alcoólicos que

precisam de ajuda?

13. Como o grupo está cumprindo sua responsabilidade em relação à Sétima Tradição?

Reuniões de Serviço

Na maioria dos grupos o coordenador, ou algum outro servidor, convoca as reuniões de

serviço, que habitualmente se realizam mensalmente ou trimestralmente.

Embora alguns grupos possam ocasionalmente permitir a presença de pessoas que não

são membros do grupo, apenas os membros têm direito a voto. A pauta dessas reuniões

pode incluir: a eleição de novos servidores, a programação de reuniões; a apresentação e

discussão do relatório periódico do tesoureiro; a apresentação do relatório de atividades

do representante de serviços gerais e de outros servidores do grupo; a distribuição dos

fundos excedentes entre o ESL, o ESG e o Comitê de Área, etc.

Antes de realizar votações, é essencial que todos os fatos relevantes sobre o assunto em

exame sejam levados ao conhecimento dos membros. Em muitos casos, pode-se pedir a

alguns membros que examinem os prós e os contras da questão e os apresente na

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reunião. Chegar a uma consciência de grupo esclarecida, tanto nas grandes questões

quanto nas pequenas, pode levar algum tempo. Mas é importante que os pontos de vista

da minoria e dos divergentes sejam ouvidos junto com os da maioria (veja a pagina 34).

Em alguns casos, podem até mudar o curso dos acontecimentos.

As reuniões de serviço são geralmente programadas para antes ou depois das reuniões

regulares do grupo. Elas tendem a ser informais, mas os costumes variam de grupo para

grupo. Alguns grupos já tentaram importar procedimentos parlamentares para suas

reuniões de serviço, apenas para descobrir que muitos membros não têm conhecimento

desse tipo de procedimentos e sentem-se muito intimidados para falar. Alem disso, a

natureza espiritual de nossa Irmandade, incorporada em nossas Tradições e em nossos

Conceitos, já nos proporcionam ampla orientação.

Sobre os problemas do grupo...

Problemas do grupo geralmente são a evidência de uma saudável e desejável

diversidade de opiniões entre os membros. Eles nos dão a oportunidade de "praticar

estes princípios em todas as nossas atividades", conforme nos diz o Décimo Segundo

Passo.

Os problemas do grupo podem incluir questões comuns em A.A., tais como: o que o

grupo deve fazer com relação aos "recaídos"? Como estimular o comparecimento às

reuniões? Como conseguir mais pessoas para ajudar nas tarefas? O que fazer a respeito

da quebra de anonimato de algum membro? Ou do entusiasmo romântico de algum

praticante do "décimo terceiro passo"? Como escapar da influência dos "velhos

resmungões", aqueles veteranos que insistem em saber o que é melhor para o grupo? E

como conseguir que os veteranos compartilhem mais suas experiências na solução dos

problemas do grupo?

Praticamente todo problema de grupo tem uma solução que habitualmente se consegue

através do método da consciência de grupo esclarecida. É importante mencionar que o

emprego do senso de humor, a prática de dar um tempo para esfriar os ânimos, o uso da

paciência, da cortesia, da boa vontade para ouvir e para esperar – alem do senso de

justiça e da confiança num "Poder superior a nós mesmos" – provaram ser muito mais

eficientes do que argumentos "legalísticos" ou acusações pessoais.

Como o grupo se relaciona

com A.A. como um todo

Primeira Tradição: Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação

individual depende da unidade de A.A.

COMO O GRUPO DE A.A. SE ENQUADRA NA

ESTRUTURA DA IRMANDADE

Cada grupo elege um Representante de Serviços Gerais (RSG) que se reúne com os

RSGs de outros grupos de uma micro-região num Distrito. Uma vez por ano os RSGs de

uma Área reúnem-se numa Assembléia de Área, quando elegem seus Delegados de

Área. Os Delegados compartilham as experiências de sua Área com os Delegados de

outras Áreas de A.A. do Brasil durante a Conferência, na qual são eleitos os Delegados à

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RSM (Reunião de Serviços Mundial), estabelecendo-se assim a unidade de A.A. mundial.

O que é o ESG – Escritório de Serviços Gerais?

O Escritório de Serviços Gerais é a secretaria da Junta de Serviços Gerais de A.A. do

Brasil. É também um repositório das experiências e dos conhecimentos compartilhados

de todos os AAs. Ele cumpre com nosso propósito primordial: (1) proporcionando

serviços, informações e experiência aos grupos de todo o Brasil; (2) publicando a

literatura de A.A.; (3) apoiando as atividades da Junta de Serviços Gerais de A.A.; (4)

divulgando as recomendações da Conferência de Serviços Gerais.

A historia do ESG inicia-se em 1969, com a fundação do hoje extinto CLAAB – Centro de

Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil. Em 1974 foram convocados os primeiros

Delegados de Área e realizado o primeiro Conclave Nacional de A.A. do Brasil. Em 1976,

com a eleição dos Custódios, a reunião, que até então era chamada de Conclave

Nacional, passou a denominar-se Conferência de Serviços Gerais. Foi então que foi

formado o ESG, para funcionar como Escritório-Secretaria da Junta de Serviços Gerais,

formada pelos Custódios, sendo 8 membros de A.A. e 3 membros não-alcoólicos e

contando com a participação dos 2 Delegados à RSM (Reunião de Serviços Mundial).

O que faz o Escritório de Serviços Gerais?

Trabalhando em estreita cooperação com os comitês da Junta de Serviços Gerais, as

responsabilidades do Escritório de Serviços Gerais perante os grupos abrangem:

1. Receber, organizar, e transmitir aos grupos e membros de A.A. em todo o Brasil a

experiência compartilhada sobre os desafios e soluções dos grupos, sempre que

solicitado.

2. Trabalhar através do CTO – Comitê Trabalhando com os Outros – com os solitários

(RIS: AAs que vivem em áreas onde não há reuniões); os membros deficientes físicos ou

que por qualquer outro motivo não podem deixar suas casas, os Internacionalistas (AAs

que trabalham embarcados em navios ou aeronaves), os AAs nas Forças Armadas e os

AAs em instituições correcionais ou de tratamento.

3. Responder às inúmeras cartas solicitando a A.A. informações ou ajuda para alcoólicos.

4. Publicar e distribuir o JUNAAB Informa, o BOB Mural, a revista Vivência e outros

boletins publicados pelo Comitê de Publicações Periódicas.

5. Distribuir os livros, livretos e folhetos de A.A. aprovados pela Conferência de Serviços

Gerais e publicados pelo Comitê de Literatura. (Consulte a relação da literatura ao final

deste folheto.)

6. Divulgar nacionalmente informações públicas sobre A.A. como um todo, colaborando

com a imprensa e os meios de divulgação eletrônicos, assim como as organizações

envolvidas com o tratamento do alcoolismo.

7. Produzir e distribuir materiais audiovisuais.

8. Secretariar a Conferência de Serviços Gerais e organizar a sua realização através do

CAC – Comitê de Assuntos da Conferência.

9. Organizar a realização das Convenções Nacionais de A.A. através do COC (Comitê de

Organização da Convenção).

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10. Pesquisar e manter o arquivo da história de A.A. do Brasil através do CISM (Comitê

de Imagem, Som e Memória).

11. Responsabilizar-se pelas despesas necessárias ao bom andamento dos serviços

decorrentes dos encargos de Custódio e de Delegado à Reunião de Serviços Mundial.

Quem está encarregado do ESG?

Existe uma diretoria composta por quatro membros: o Diretor Geral, sempre um Custódio

Alcoólico; O Tesoureiro-Geral, sempre um Custódio não-alcoólico; o Diretor Financeiro

(Custódio alcoólico) e o Diretor Executivo, sempre um membro de A.A. As atividades

diárias são responsabilidade de um gerente administrativo profissional, auxiliado por uma

equipe de funcionários.

Como são tomadas as "decisões que afetam A.A."?

Os Custódios da Junta de Serviços Gerais (8 alcoólicos e 3 não alcoólicos) são

responsáveis perante os grupos de A.A. através da Conferência de Serviços Gerais. Os

grupos elegem anualmente Delegados (que servem durante dois anos) à reunião anual

da Conferência de Serviços Gerais, para ouvir os relatórios dos comitês da Junta e das

equipes do ESG, e para dar as diretrizes para o futuro, principalmente na forma de

Recomendações. É responsabilidade da Conferência trabalhar em busca de consenso,

ou de uma consciência de grupo esclarecida, nas questões vitais para A.A. como um

todo. Os Delegados à Conferência respondem aos grupos de suas Áreas através do

Comitê de Área.

Cada Comitê de Área é eleito por uma assembléia de Representantes de Serviços Gerais

dos grupos (RSGs, ver pág. 29) e a ela responde.

O elo essencial entre os RSGs e os Delegados da Área para a Conferência de Serviços

Gerais são os Membros do Comitê de Distrito (MCDs) e seus suplentes, geralmente

eleitos ao mesmo tempo. Como servidores de confiança dos Comitês de Distrito,

compostos por todos os RSGs de um mesmo distrito, os MCDs são expostos à

consciência de grupo de todos os grupos dos seus Distritos. Como membros dos Comitês

de Áreas, eles podem compartilhar, essa consciência de grupo com o Delegado da Área

e os Comitês de Área.

Não fosse o elo proporcionado pelos MCDs, mantendo a comunicação com os novos

grupos à medida que A.A. se expande, a Conferência de Serviços Gerais poderia

rapidamente se tornar incontrolável. À medida que aumenta o número de grupos, pode-se

acrescentar novos Distritos.

Como são financiados nossos serviços nacionais?

Assim como nas demais atividades de A.A., as despesas do Escritório de Serviços Gerais

são cobertas principalmente pelas contribuições individuais e dos grupos. Uma vez que

essas contribuições não são suficientes para cobrir totalmente os custos dos serviços

nacionais de A.A., a renda proveniente das publicações é utilizada para compensar a

diferença.

Para saber como seu grupo pode contribuir, veja as sugestões contidas nas paginas 28 e

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29.

Como os grupos podem ajudar o ESG?

O trabalho que é feito pelo ESG depende muito de cada um dos grupos, que são os que

têm a responsabilidade final sobre A.A. e que, em ultima instância, são os que colhem os

benefícios desse trabalho.

Se os grupos pretendem que A.A. esteja disponível, hoje e no futuro, para os novos

membros, é necessária sua participação no trabalho do ESG. Abaixo seguem-se alguns

dos modos pelos quais os grupos podem contribuir:

1. Manter-se informados e perguntar sobre o que ocorre no ESG – afinal tudo é feito em

nome dos grupos. Quanto mais você souber sobre A.A., mais útil você será para

transmitir a mensagem.

2. Eleger um Representante de Serviços Gerais qualificado. O RSG ficará, sem duvida

alguma, tão agradecido por seu interesse e por suas idéias quanto você fica quando

alguém o apóia.

3. É importante informar ao ESG qualquer mudança ocorrida no grupo – como a eleição

de um novo RSG ou mudanças no endereço ou no nome do grupo. Essa é a única forma

de garantir que a correspondência continue a chegar ao grupo.

O que é um Escritório de Serviços Locais (ESL)? Como funciona?

O Escritório de Serviços Locais é freqüentemente o primeiro lugar para onde o alcoólico

na ativa telefona ou vai em busca de ajuda de A.A.

Embora funcionem independentemente da estrutura de serviços gerais de A.A., os ESL

são uma parte vital da Irmandade. Na maioria das Áreas qualquer grupo que assim o

desejar pode pertencer ao ESL, que é financiado pelas contribuições dos grupos filiados.

Essas contribuições são voluntárias.

Nas áreas em que é impraticável abrir um escritório, os grupos às vezes formam comitês

conjuntos para realizar as atividades de Décimo Segundo Passo e usam algum serviço de

recados e/ou atendimento telefônico cuidadosamente preparado. Importante: sistemas de

serviços locais desse tipo parecem funcionar melhor se administrados separadamente do

trabalho dos Comitês de Serviços Gerais da Área, que geralmente já têm muitas

atividades para realizar.

A maioria dos Escritórios Locais emprega no máximo um ou dois funcionários, e portanto

apóia-se muito no trabalho de voluntários. Muitos AAs descobriram que servir um

Escritório Local – atendendo telefonemas de alcoólicos e fazendo o que houver para ser

feito – enriquece muito sua sobriedade e amplia seu circulo de amigos.

O que faz um Escritório de Serviços Locais?

Os métodos e objetivos variam de uma Área para outra, mas de um modo geral as

responsabilidades dos Escritórios Locais incluem:

1. Responder aos pedidos de ajuda de alcoólicos na ativa e, quando for o caso,

providenciar voluntários de A.A. para acompanhá-los a uma reunião.

2. Manter os telefones de A.A. nas listas telefônicas locais, receber os pedidos por

telefone e por correio e encaminhá-los aos grupos locais, distribuindo assim

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geograficamente o trabalho do Décimo Segundo Passo de forma a garantir ajuda aos

recém-chegados.

3. Distribuir listas atualizadas de grupos e reuniões.

4. Estocar e vender a literatura de A.A. e números avulsos da revista Vivência.

5. Servir como centro de comunicações para os grupos participantes – muitas vezes

publicando circulares ou boletins para manter cada grupo informado sobre o que se passa

nos demais.

6. Organizar para que os grupos realizem um intercambio de oradores.

7. Fornecer informações sobre centros de tratamento, hospitais e clínicas.

8. Responder aos pedidos de informação sobre A.A. provenientes da imprensa local;

planejar programas locais de radio e televisão sobre A.A.; providenciar oradores para

escolas e entidades não A.A.

9. Manter a comunicação e a cooperação – sem afiliação – com a comunidade e com os

profissionais de ajuda na área do alcoolismo.

O que A.A. não faz

Décima Tradição: Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade;

portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.

1. Recrutar membros ou fornecer a motivação inicial pra que os alcoólicos se recuperem.

2. Manter registro ou históricos de casos dos seus membros.

3. Acompanhar ou tentar controlar seus membros.

4. Fazer diagnósticos ou prognósticos clínicos ou psicológicos.

5. Providenciar hospitalização, medicamentos ou tratamento psiquiátrico.

6. Fornecer alojamento, alimentação, roupas, dinheiro, emprego ou outros serviços

semelhantes.

7. Fornecer aconselhamento familiar ou profissional.

8. Participar de pesquisas ou patrociná-las.

9. Filiar-se a entidades sociais (embora muitos membros e servidores cooperem com

elas).

10. Oferecer serviços religiosos.

11. Participar de qualquer controvérsia sobre o álcool ou outros assuntos.

12. Aceitar dinheiro pelos seus serviços, ou contribuições de fontes não- A.A.

13. Fornecer cartas de recomendação para juntas de livramento condicional, advogados,

oficiais de justiça, escolas, empresas, entidades sociais ou quaisquer outras organizações

ou instituições.

A posição de A.A. no campo

do alcoolismo

Sexta Tradição: Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar

o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a

fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso

objetivo primordial.

"Cooperação sem afiliação"

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Alcoólicos Anônimos é uma irmandade mundial de alcoólicos que se ajudam mutuamente

a permanecer sóbrios e que se oferecem para compartilhar suas experiências de

recuperação gratuitamente com outras pessoas que possam ter problemas com a bebida.

Os membros de A.A. se caracterizam pela aceitação de um programa sugerido de Doze

Passos para a recuperação pessoal do alcoolismo.

A Irmandade funciona através de mais de 97.000 grupos espalhados em mais de 150

países. Embora se estime que existam hoje cerca de dois milhões de membros, A.A.

reconhece que nem sempre seu programa é eficaz para todos os alcoólicos e que alguns

desses alcoólicos podem necessitar de aconselhamento ou tratamentos profissionais.

A.A. preocupa-se unicamente com a recuperação pessoal e continua sobriedade dos

alcoólicos que procuram ajuda na Irmandade. A.A. não se dedica a nenhuma forma de

pesquisa sobre o alcoolismo e nem ao tratamento medico ou psiquiátrico, educação ou

propaganda sobre alcoolismo, embora seus membros, a título pessoal, possam fazê-lo.

A.A. adota uma política de "cooperação sem afiliação" com outras organizações que se

dedicam ao problema do alcoolismo.

Tradicionalmente, Alcoólicos Anônimos não aceita e nem busca ajuda financeira de

fontes externas. Os membros de A.A. preservam seu anonimato pessoal na imprensa,

filmes e outros meios de comunicação.

A.A. e outras entidades

A.A. não está filiado a nenhuma outra organização ou instituição. Nossas tradições

estimulam a "cooperação sem afiliação".

Outras perguntas sobre A.A.

O que são os Três Legados de A.A.?

Os Três Legados originam-se da experiência acumulada pelos primeiros membros de

A.A., transmitida e compartilhada conosco, e consiste em:

(1) sugestões para a recuperação – Os Doze Passos;

(2) sugestões para atingir a Unidade – As Doze Tradições; e

(3) o Serviço de A.A. – descrito no Manual de Serviços de A.A., nos Doze

Conceitos para o Serviço Mundial, no Manual do CTO e no livro A.A. Atinge a Maioridade.

Quem dirige clinicas e outros centros de tratamento?

A.A. não proporciona serviços médicos ou sociais. Como Irmandade, não estamos

qualificados a prestar esta ajuda.

No entanto, muitos membros de A.A. servem como valiosos funcionários em hospitais e

centros de tratamento. Não existe, contudo, nenhum "hospital de A.A." ou nenhuma

"clinica de A.A." – embora muitas dessas instituições realizem-se reuniões de A.A. e haja

companheiros de A.A. disponíveis.

Seguindo nossa Sexta Tradição, os membros e grupos asseguram-se de que o nome de

A.A. não seja incorporado ao nome de instituições ou usado em sua literatura

promocional ou seu logotipo. Tais instituições também não deveriam utilizar nenhum

nome (como por exemplo "Casa do Décimo Segundo Passo") que possa induzir

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erroneamente a crer num endosso de A.A.

OS DOZE PASSOS

DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio

sobre nossas vidas.

2. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à

sanidade.

3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em

que O concebíamos.

4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza

exata de nossas falhas.

6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de

caráter.

7. Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos

dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,

salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.

10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o

admitíamos prontamente.

11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente

com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua

vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos

transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas

atividades.

AS DOZE TRADIÇÕES

DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual

depende da unidade de A.A..

2. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum - um

Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são

apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.

3. Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber.

4. Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros

Grupos ou a A.A. em seu conjunto.

5. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial - o de transmitir sua

mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

6. Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de

A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que

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problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso propósito

primordial.

7. Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando

quaisquer doações de fora.

8. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não-profissional, embora nossos

centros de serviços possam contratar funcionários especializados.

9. A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de

serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.

10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o

nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.

11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-

nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.

12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da

necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

As Doze Tradições

(Forma Longa)

Nossa experiência em A.A. nos ensinou que:

1. Cada membro de Alcoólicos Anônimos é apenas uma pequena parte de um grande

todo. A.A. precisa continuar a viver, ou a maioria de nós certamente morrerá. Portanto, o

nosso bem-estar comum está em primeiro lugar. Mas o bem-estar individual vem logo

depois.

2. Para os objetivos do nosso grupo, há somente uma autoridade final - um Deus

amantíssimo, como pode expressar-Se em nossa consciência coletiva.

3. A nossa Irmandade deve incluir todos os que sofrem de alcoolismo. Não podemos,

portanto, recusar quem quer que deseje se recuperar. A condição para tornar-se membro

não deve nunca depender de dinheiro ou formalidades. Dois ou três alcoólicos quaisquer

reunidos em busca de sobriedade podem se autodenominar um grupo de A.A., desde que

como grupo não possuam qualquer outra afiliação.

4. Com respeito aos seus próprios assuntos, nenhum grupo de A.A. está sujeito a

autoridade alguma alem de sua própria consciência. Quando, porém, seus planos

interferem no bem-estar de grupos vizinhos, estes devem ser consultados. E nenhum

grupo, comitê regional ou membro como indivíduo deve tomar qualquer atitude que possa

afetar seriamente A.A. como um todo, sem consultar os Custódios da Junta de Serviços

Gerais. Em tais questões, nosso bem-estar comum tem absoluta primazia.

5. Cada grupo de Alcoólicos Anônimos deve ser uma entidade espiritual com um único

propósito primordial: o de levar sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

6. Problemas de dinheiro, propriedade e autoridade podem facilmente nos afastar de

nosso objetivo espiritual primordial. Acreditamos, portanto, que quaisquer bens de valor

considerável, de real utilidade a A.A. devem ser incorporados e administrados

separadamente, fazendo-se assim uma divisão entre o material e o espiritual. Um grupo

de A.A., como tal, jamais deveria dedicar-se ao comercio. Entidades secundárias de

auxílio a A.A., tais como clubes ou hospitais que requeiram muitos bens materiais e muita

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administração, devem ser incorporadas, de forma que, se necessário, possam os grupos

livremente descartarem-se deles. Tais instituições não deveriam, portanto, usar o nome

de A.A. Sua administração deve ser de exclusiva responsabilidade das pessoas que

financiam. Para os clubes, são em geral preferíveis gerentes que sejam membros de A.A.

Mas os hospitais e outros locais de recuperação devem, porem, ficar bem afastados de

A.A. e ter supervisão médica. Embora um grupo de A.A. possa cooperar com quem quer

que seja, tal cooperação nunca deve chegar ao ponto de filiação ou endosso, real ou

implícito. Um grupo de A.A. não pode vincular-se a ninguém.

7. Os grupos de A.A. devem ser inteiramente auto financiados pelas contribuições

voluntárias dos seus próprios membros. Acreditamos que cada grupo deve atingir, em

pouco tempo, esse ideal; que qualquer solicitação de fundos usando-se o nome de A.A. é

altamente perigosa, seja ela feita por grupo, clubes, hospitais ou por outros agentes

exteriores; que a aceitação de grandes donativos de qualquer fonte ou de contribuições

que acarretem quaisquer obrigações é desaconselhável. Vemos ainda com grande

preocupação aquelas tesourarias de A.A. que continuam a acumular além da reserva

prudente, fundos sem um propósito específico. A experiência tem nos demonstrado,

freqüentemente, que nada pode destruir nosso patrimônio espiritual com tanta certeza,

como as discussões fúteis sobre propriedade, dinheiro e autoridade.

8. Alcoólicos Anônimos deve manter-se sempre não-profissional. Definimos o

profissionalismo como o emprego do aconselhamento a alcoólicos em troca de honorários

ou salário. Todavia, podemos empregar alcoólicos para desempenhar aquelas funções

para os quais, em outras circunstâncias, teríamos que contratar não-alcoólicos. Tais

serviços especiais podem ser bem recompensados. Mas nosso trabalho habitual do

Décimo Segundo Passo de A.A. jamais deve ser pago.

9. Cada grupo de A.A. necessita da menor organização possível. A forma rotativa da

liderança é a melhor. O grupo pequeno pode eleger um secretário, o grupo grande seu

comitê rotativo e os Grupos de uma ampla região metropolitana, seu Escritório de

Serviços Locais, o qual freqüentemente emprega um secretário em tempo integral. Os

Custódios da Junta de Serviços Gerais se constituem, na realidade, em nosso Comitê de

Serviços Gerais de A.A. Eles são os guardiões de nossa Tradição de A.A. e os

depositários das contribuições voluntárias dos AAs, através dos quais mantemos nosso

Escritório de Serviços Gerais em Nova Iorque. Eles são autorizados pelos grupos a cuidar

de nossas relações públicas em geral e garantem a integridade de nosso principal órgão

de divulgação: a revista A.A. Grapevine. Todos esses representantes têm sua ações

guiadas pelo espírito de serviço, pois os verdadeiros líderes em A.A. são apenas

servidores experientes e de confiança da Irmandade. Seus títulos não lhes conferem

nenhuma autoridade real e eles não governam. O respeito universal é a chave para sua

utilidade.

10. Nenhum grupo ou membro de A.A. deve jamais expressar, de forma a envolver A.A.,

qualquer opinião sobre assuntos controversos externos - particularmente sobre política,

medidas de combate ao álcool ou religião sectária. Os grupos de A.A. não se opõem a

nada. Com respeito a tais assuntos, eles não podem expressar qualquer opinião.

11. Nossas relações com o público em geral devem caracterizar-se pelo anonimato

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pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a publicidade sensacional. Nossos nomes e

fotografias, como membros de A.A. não devem ser divulgados pelo radio, filmados ou

publicamente impressos. Nossas relações públicas devem orientar-se pelo princípio da

atração e não da promoção. Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos.

Achamos melhor deixar que nossos amigos nos recomendem.

12. Finalmente, nós de Alcoólicos Anônimos, acreditamos que o princípio do Anonimato

tem uma enorme significação espiritual. Lembra-nos que devemos colocar os princípios

acima das personalidades; que devemos realmente conduzir-nos com genuína

humildade. Isto para que as nossas grandes bênçãos jamais nos corrompam, a fim de

que vivamos para sempre em grata contemplação d'Aquele que reina sobre todos nós.

Os Doze Conceitos para os Serviços Mundiais

1. A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de A.A.

deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.

2. Quando, em 1955, os grupos de A.A. confirmaram a permanente Ata de Constituição

da sua Conferência de Serviços Gerais, eles, automaticamente, delegaram à Conferência

completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim

tornaram a Conferência - com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no

Artigo 12 da Ata da Constituição da Conferência - a verdadeira voz e a consciência

efetiva de toda a nossa Sociedade.

3. Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente

definida entre os Grupos, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais de A.A. e as suas

diversas corporações de serviços, quadros de funcionários, comitês e executivos, assim

assegurando as suas lideranças efetivas, é aqui sugerido que dotemos cada um desses

elementos dos serviços mundiais com um tradicional "Direito de Decisão".

4. Através da estrutura da nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de

responsabilidade um tradicional "Direito de Participação", tomando cuidado para que a

cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto

representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.

5. Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional

"Direito de Apelação", assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e

de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente

consideradas.

6. Em benefício de A.A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a

principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente,

tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em

geral. Mas a Conferência também reconhece que a principal iniciativa e a

responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente

pelos Custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de

Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

7. A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de

Serviços Gerais são instrumentos legais e que os Custódios têm plenos poderes para

administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos.

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Além do mais é entendido que a Ata de Constituição da Conferência não é por si só um

documento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da

bolsa de A.A. para efetivar sua finalidade.

8. Os Custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: (a)

com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles

são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais Comitês

dirigem diretamente esses assuntos; (b) mas com relação aos nossos serviços,

constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos Custódios é

principalmente, aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que

exercem através de sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.

9. Bons líderes de serviços, bem como métodos sólidos e adequados para a sua escolha,

são em todos os níveis indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança no

futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, exercida pelos fundadores de A.A.,

deve, necessariamente, ser assumida pelos Custódios da Junta de Serviços Gerais de

Alcoólicos Anônimos.

10. Toda a responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de

serviço equivalente - a extensão de tal autoridade ser sempre bem definida, seja por

tradição, por resolução, por descrição específica de função ou por atas de constituição e

estatutos adequados.

11. Enquanto os Custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos

serviços mundiais de A.A., eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos

comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos, quadros de

funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas

de serviço, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como foram

introduzidos dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles

são relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos

executivos, quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a

remuneração desses trabalhadores especiais, serão sempre assuntos para muita atenção

e cuidado.

12. As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência

de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de A.A., tomando muito cuidado

para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que

suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente

princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em

posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões

importantes sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por

substancial unanimidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente

punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste

serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da

mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência

permaneça sempre democrática em pensamento e ação.

Observação: A Conferência de Serviços Gerais recomendou que o "texto integral" dos

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Conceitos seja estudado detalhadamente.

PUBLICAÇÕES DE A.A.

Relação da literatura oficial de A.A., editada em português, pela JUNAAB – Junta de

Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil, que pode ser adquirida nos grupos e

Escritórios de Serviços Locais de A.A. de sua cidade.

LIVROS

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

A.A. ATINGE A MAIORIDADE

DR. BOB E OS BONS VETERANOS

LEVAR ADIANTE

NA OPINIÃO DO BILL

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES

REFLEXÕES DIÁRIAS

VIEMOS A ACREDITAR

VIVER SÓBRIO

LIVRETOS E FOLHETOS

44 PERGUNTAS

A TRADIÇÃO DE A.A. - COMO SE DESENVOLVEU

A.A. COMO FUNCIONA

A.A. COMO UM RECURSO PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

A.A. E A CLASSE MÉDICA

A.A. E OS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA AOS EMPREGADOS

A.A. É PARA MIM?

A.A. EM INSTITUIÇÕES DE TRATAMENTO

A.A. EM SUA COMUNIDADE

A.A. NUM RELANCE

A.A. PARA A MULHER

AS DOZE TRADIÇÕES ILUSTRADAS

AUTO-SUFICIÊNCIA PELAS NOSSAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES

CARTA A UMA MULHER ALCOÓLICA

DENTRO DE A.A.

EIS O A.A.

ENTENDENDO O ANONIMATO

FALANDO EM REUNIÕES DE NÃO A.A.

MENSAGEM A UM RECLUSO QUE PODE SER UM ALCOÓLICO

O ARTIGO DE JACK ALEXANDER SOBRE A.A.

O MELHOR DE BILL – EXTRAÍDO DO GRAPEVINE

O MEMBRO DE A.A. - MEDICAMENTOS E OUTRAS DROGAS

OS CO-FUNDADORES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

OS DOZE PASSOS ILUSTRADOS

OS JOVENS E A.A.

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OUTROS PROBLEMAS ALÉM DO ÁLCOOL

PARA ONDE VOU DAQUI?

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE APADRINHAMENTO

PRIMEIRAS NOÇÕES

SE VOCÊ FOR UM PROFISSIONAL

SUGESTÕES PARA COORDENAR REUNIÃO DE NOVOS

TRÊS PALESTRAS ÀS SOCIEDADES MÉDICAS POR BILL W., CO-FUNDADOR DE

A.A.

UM CLÉRIGO PERGUNTA A RESPEITO DE A.A.

UM PEQUENO GUIA PARA A.A.

UM RECÉM-CHEGADO PERGUNTA...

UMA MENSAGEM AOS ADMINISTRADORES DE INSTITUIÇÕES CORRECIONAIS

UMA MENSAGEM PARA OS JOVENS...

VOCÊ DEVE PROCRAR O A.A.?

VOCÊ PENSA QUE É DIFERENTE?

LITERATURA DE SERVIÇOS

MANUAL DE SERVIÇOS DE A.A.

MANUAL DO CTO

O GRUPO DE A.A.

O RSG

DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS ILUSTRADOS

DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS

PERIÓDICOS

REVISTA VIVÊNCIA (publicada bimestralmente)

Eu sou responsável...

Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão do

A.A. esteja sempre ali. E por isto: Eu sou responsável.

Uma declaração de Unidade

Devemos, para o futuro de A.A.:

Colocar nosso bem-estar comum em primeiro lugar;

Manter nossa Irmandade unida;

Porque em A.A., a unidade garante nossas vidas

E s vidas daqueles que ainda virão.

Literatura aprovada pela

Conferência de Serviços Gerais de A.A.

Dr. Laís Marques da Silva

Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB

Os substantivos definem as idéias. Dizemos que uma questão é substantiva quando ela

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contém o significado, a substância. Na designação “Doze Conceitos para Serviços

Mundiais”, temos dois substantivos que devemos analisar detidamente a fim de que

possamos compreender a totalidade dos seus conteúdos.

O primeiro é a palavra conceito. Recorrendo ao “Aurélio”, vemos que: 1. Em Filosofia,

significa a representação de um objeto pelo pensamento, por uma das suas

características gerais - abstração, idéia; 2. Ação de formular uma idéia por meio de

palavras - definição, caracterização e, 3. Pensamento, idéia, opinião. Estas primeiras

acepções nos transmitem o significado da palavra conceito porque respondem às

indagações: qual a idéia e qual a sua definição?

O segundo substantivo é a palavra serviço. Com ela já estamos bem familiarizados, pois

vivemos numa Irmandade animada pelo espírito de serviço, entendido como o ato de

colocar a sobriedade ao alcance de todos os que a desejem. Os serviços definem o AA

como o conhecemos e põem os seus membros em contato, em comunicação, com os

que precisam de ajuda, os que querem parar de beber.

O serviço em AA compreende tudo o que se venha a realizar para alcançar o alcoólico

que ainda sofre e se compõe de uma grande variedade de atividades que vão desde o

preparo de uma xícara de café até a manutenção do Escritório de Serviços Gerais. No

entanto, o serviço básico, e também a razão primordial da existência de AA, é o de levar

a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. O serviço dá à Irmandade a marca da ação.

Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em recuperação e em ação.

Do mesmo modo que o objetivo de cada membro é a sua própria sobriedade, o dos

serviços é colocar esta mesma sobriedade ao alcance de todos os que a desejem; “Cada

grupo é animado de um único propósito - o de transmitir a mensagem ao alcoólico que

ainda sofre”.

O ideal de ajuda se constitui numa importante força de coesão para o grupo porque

anima os seus membros em torno de um objetivo comum e, por isso, se torna um sólido

alicerce para a Irmandade. Indispensável à Unidade, é a própria essência do Terceiro

Legado.

A tarefa de estender a mão àquele que ainda sofre oferece a cada membro um trabalho

suficientemente grande para polarizar a imaginação e os esforços dos seus membros e

para fazer nascer um profundo sentimento de lealdade em relação ao grupo. “Razões

tinham que ser encontradas para manter as pessoas autoritárias e causadoras de atrito

em seus devidos lugares. Um adequando comitê de serviços, com considerável pressão,

aliado a muito amor e confiança, provou ser a resposta”. O serviço traz recompensas

imateriais para os que o realizam e é um dos pilares sobre os quais se assenta a

recuperação individual.

Voltando ao tema, vemos que os serviços são mundiais e aí muita gente entende que não

é da sua alçada em razão do adjetivo mundial, considerado o âmbito restrito da sua

atuação individual. Mas os serviços têm uma outra dimensão, a espacial, uma vez que

compreendem as ações que se desenvolvem nos grupos, as que são realizadas a nível

nacional, as que ultrapassam as fronteiras de um país e as que são executadas a nível

internacional. Como a Irmandade está em cerca de 147 países do mundo, os serviços se

tornaram realmente mundiais. Assim, o alcance da Irmandade é global e a sua

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mensagem é dirigida à espécie humana, a todos os que têm problemas com a bebida.

Os Doze Conceitos, ligados ao Terceiro Legado, interessam em especial aos “servidores

de confiança”, isto é, aos companheiros que se dedicam ao serviço.

Com poucos anos de existência, a Irmandade contava com milhares de grupos, com uma

Junta de Serviços Gerias, com uma Conferência e uma Revista. Era necessário, então,

estabelecer as relações entre estas essas estruturas. Desta forma, quando o próprio Bill

W. idealizou os 12 Conceitos, estabeleceu as relações que visavam, a meu ver, montar

um sistema, como se espera que exista numa sociedade como aquela em que vivemos,

preocupada com os controles, a retroalimentação e com a reformulação do planejamento.

Os Doze Conceitos de AA dão a coesão necessária aos serviços e previnem a existência

de superposições e, como tal, evitam dissensões.

Outro ponto que é necessário esclarecer é o conceito de Serviços Gerais. São serviços

que os grupos não podem fazer por si mesmos, como: uniformizar, editar e distribuir uma

literatura composta de numerosos títulos; fazer um trabalho de informação ao público

padronizado a nível nacional; passar a experiência adquirida pelos grupos da nossa

Irmandade como um todo aos novos grupos; atender, numa escala maior, aos pedidos de

ajuda; publicar a Revista Nacional, etc.

Há frases que demonstram um grande poder de síntese e que dão uma idéia muito clara

das coisas: “Os Passos são para o alcoólico viver e as Tradições são para a Irmandade

viver”. Uma outra diz que “Os Passos ensinam a viver e as Tradições ensinam a

conviver”. São frases que, sendo curtas, exibem um grande poder de síntese e encerram

uma grande significação. No entanto, em relação aos Conceitos, fica um pouco difícil

condensar, fazer uma ponte que os una como um todo. Resta o esforço de tentar costurá-

los de modo a transmitir uma idéia condensada, uma visão global do seu conteúdo e é o

que passamos a fazer agora.

Conceito I: Nele fica estabelecido que “A responsabilidade final e a autoridade suprema

para os serviços mundiais recaem sobre os grupos de AA.” “Esta responsabilidade e a

conseqüente autoridade foram transferidos para os grupos no decurso da Convenção

Internacional de Saint Louis, em 1955”. Esta é a idéia do Conceito I.

Material de Serviço originário do Escritório de Serviços Gerais

(General Service Office)

LISTA DE CHECAGEM DE CONCEITOS

Um material de serviço para grupos, distritos, áreas

Alguns destes tópicos para discussão foram originalmente desenvolvidos por um grupo

de A.A. e posteriormente aprimorados pelos custódios do Comitê de Literatura para

serem distribuídos pelo Escritório de Serviços Gerais ( GSO). Apesar do fato desta lista

pretender ser um ponto de partida para discussão por grupos, distritos ou áreas; os

membros de A.A. podem individualmente ver nela utilidade, conjuntamente com os

escritos do co-fundador Bill W.,com um padrinho para o serviço caso tenha algum e para

reflexão de sua experiência própria. Informações adicionais sobre os Conceitos podem

ser encontradas no Manual de Serviços de A. A. /Doze Conceitos para Serviços Mundiais

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e no panfleto “Os Doze Conceitos Ilustrados.” (Os Conceitos citados aqui estão em sua

forma resumida.)

Conceito I: A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de

A.A. deveriam sempre residir na consciência coletiva de toda a nossa irmandade.

• O nosso grupo possui um representante de serviços gerais ( R.S.G. ) ? Nós sentimos

que nosso grupo faz parte de A.A. como um todo ; e que as ações e decisões do nosso

grupo são reflexo disto ?

• Nós realizamos reuniões da consciência de grupo, encorajando todos a participar?

Passamos essa consciência para o distrito, área ou reunião da Intergrupal?

• A “consciência coletiva” de Alcoólicos Anônimos está viva em meu grupo? Na minha

área?

• Como nos adaptamos ao triângulo invertido de A.A.?

• Estamos dispostos a fazer o que for necessário para que a democracia de serviços

mundiais funcione em quaisquer circunstâncias?

Conceito II: A Conferência de Serviços Gerais de A.A. tornou-se, para quase todo

propósito prático, a voz ativa e a consciência efetiva de toda nossa Sociedade em seus

negócios mundiais.

• Nós temos compreensão da história da Conferencia de Serviços Gerais ( a

“Conferência” )?

• O que é uma Sugestão da Conferência? Os R.S.G.’s dos grupos, o M.C.D., o Delegado

da Área relatam aos grupos os pontos principais da Conferência e as Sugestões da

Conferência?

• Está o nosso grupo de acordo com as responsabilidades mais amplas da Sétima

Tradição?

Conceito III: Para assegurar uma liderança efetiva, devemos dotar cada elemento de A.A.

– A Conferência, a Junta de Serviços Gerais e suas corporações de serviços,

funcionários, comitês, e executivos – com o tradicional “ Direito de Decisão ”.

• Nós compreendemos o significado de “Poder de Decisão?” Nós o outorgamos em todos

os níveis de serviço ou nós “tutoramos?”

• Nós confiamos em nossos servidores de confiança – R.S.G., M.C.D., Delegado de Área,

a própria Conferência?

Conceito IV: Em todos os níveis de responsabilidade, deveríamos manter o tradicional

“Direito de Participação”, concedendo um voto representativo em proporção

correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.

• Nós compreendemos os princípios espirituais que embasam o “Direito de Participação?”

• O que “em proporção razoável” significa? Nós entendemos quando é apropriado que um

funcionário pago de A.A. tenha direito a voto na Conferência de Serviços Gerais ou em

nossa estrutura local de serviços?

• Nós esperamos que, por nós sermos membros de A.A. , deveria ser permitido que

votássemos em qualquer grupo, mesmo que não fossemos membro ativo deste grupo ?

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Conceito V: Por toda nossa estrutura, o tradicional “Direito de Apelação” deveria

prevalecer,assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e de que as

petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente consideradas.

• Nós encorajamos a opinião da minoria, o “Direito de Apelação”, para que ela seja ouvida

em nosso grupo, reuniões do comitê de distrito, assembléias de área e a Conferencia?

• O que nosso grupo considera como “substancial unanimidade?”

• Nosso grupo já experimentou a “tirania da maioria” ou a “tirania da minoria?”

• O Nosso grupo compreende a importância de que todos os pontos de vista sejam

ouvidos antes que se proceda uma votação ?

Conceito VI: A Conferencia reconhece que a iniciativa principal e a responsabilidade ativa

na maior parte dos serviços mundiais,deveria ser exercida pelos custódios membros da

Conferencia agindo como a Junta de Serviços Gerais.

• Estamos familiarizados com a maneira como nossa Junta de Serviços Gerais (G.S.B.)

custódios classe A e classe B prestam serviços a A.A.? Estamos familiarizados como

nossos outros servidores de confiança prestam serviço a A.A.?

• Compreendemos com clareza os termos “principal iniciativa” e “responsabilidade ativa?”

Podemos traçar um paralelo com nosso grupo?

Conceito VII: A Ata de Constituição da Conferencia e os Estatutos da Junta de Serviços

Gerais são instrumentos legais, dando poderes aos custódios para administrar e conduzir

os serviços mundiais. A Ata de Constituição da Conferencia não é um documento legal;

ela depende da força da tradição e do poder da bolsa de A.A. para efetivar a sua

finalidade.

• Nós agimos com responsabilidade no tocante ao “poder da bolsa?”

• Nós concluímos que o poder prático e espiritual da Conferencia será quase sempre

superior ao poder legal da Junta de Serviços Gerais?

Conceito VIII: Com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças

em geral, os custódios são os principais planejadores e administradores. Eles e seus

comitês principais dirigem diretamente esses assuntos; mas com relação aos nossos

serviços, constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos custódios

é principalmente aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que

exercem através da sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.

• Nós compreendemos a relação entre a entidade coorporativa de serviço (JUNAAB) e a

Junta de Serviços Gerais?

• Como se aplica o termo “supervisão de custódia” ao relacionamento dos custódios com

as duas entidades de serviço?

• O meu grupo recebe o informativo trimestral da JUNAAB e o BOB Mural? Ele assina a

Revista Vivência? E eu; sou assinante? (N.T. 1)

( N.T. :1 ) A situação foi adaptada para o Brasil .

Conceito IX: Bons líderes de serviço em todos os níveis são indispensáveis para nosso

funcionamento e segurança no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, até

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então exercida pelos fundadores, deve ser assumida pelos custódios.

• Nós discutimos a melhor forma de fortalecer a formação e liderança de nossos futuros

servidores de confiança?

• Nós reconhecemos a necessidade de servidores no grupo? Qual nosso critério para

escolha? Nós às vezes damos um encargo para alguém, ”porque será bom para ele?”

• Eu represento um exemplo positivo de liderança?

Conceito X: Toda responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de

serviço equivalente e a extensão desta autoridade ser bem definida.

• Compreendemos “autoridade” e “responsabilidade” como relacionadas a decisões da

consciência coletiva dos RSG’s, MCD’s e nossos delegados de área?

• Porque a delegação de “autoridade” é tão importante para o funcionamento efetivo de

A.A.? Nós utilizamos este conceito para definir os limites da “autoridade?”

Conceito XI: Os custódios devem ter sempre o melhor possível em comitês, diretores de

serviços, executivos, funcionários e consultores. A composição, qualificação, criação de

procedimentos, e direitos e deveres deve ser sempre motivo da maior atenção.

• Compreendemos como os papéis desempenhados pelos diretores não custódios e os

membros escolhidos do comitê servem para apoiar e fortalecer o sistema de comitês ?

• Como encorajamos nossos servidores especiais remunerados a exercitarem seu

tradicional “Direito de Participação?”

• Praticamos a rotatividade em todas os nossos encargos de serviço?

Conceito XII: A Conferencia deve observar o espírito das tradições de A.A.,tomando

cuidado para que nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que fundos o

suficiente para as operações mais uma reserva sejam seu prudente princípio financeiro;

que nenhum de seus membros seja colocado em posição de autoridade não delegada

sobre outros; que todas as decisões importantes sejam tomadas através de

discussão,votação e quando possível por substancial unanimidade; que suas ações

nunca sejam pessoalmente punitivas nem um incitamento a controvérsias públicas; que

nunca desempenhe qualquer ato de governo,e que,assim como a Sociedade a quem

serve,permaneça sempre democrática em pensamento e em ação.

• Como nos precavemos para não ser “sede de perigosa riqueza ou poder?”

• Como praticamos a utilização prudente das contribuições da Sétima Tradição e da

revenda de literatura?

• Nós asseguramos as liberdades espirituais de todos membros de A.A. não colocando

nenhum membro em posição de autoridade absoluta sobre outros?

• Nós tentamos chegar às decisões importantes através de discussão, voto e,quando

possível,substancial unanimidade?

• Como guardiões das Tradições de A.A.; achamos sempre justificativa para o fato de

sermos pessoalmente punitivos ?

• Tomamos o cuidado de evitar controvérsias públicas?

• Procuramos sempre tratar o próximo com mútuo respeito e amor?

Revisado 07/01/2002

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Tradução: DS17AA Setor 05 Área RJ

Comp. Ricardo Gorobo

" PARTICIPAÇÃO COM RESPONSABILIDADE "

A RESPONSABILIDADE DOS GRUPOS COM OS SERVIÇOS MUNDIAIS

Os grupos de A. A. têm hoje em dia a responsabilidade final e autoridade suprema pelos

nossos serviços mundiais. (Conceito I)

A RESPONSABILIDADE DELEGADA (CONFERÊNCIA/ JUNTA DE CUSTÓDIOS)

Em benefício de A. A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a

principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais. Mas a Conferência

também reconhece que a principal iniciativa e responsabilidade ativa, na maioria desses

assuntos, deveria ser exercida principalmente pelos Custódios, membros da Conferência

quando eles atuam entre si como Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

(Conceito VI)

A RESPONSABILIDADE NO SERVIÇO

Quase todas as sociedades e governos, hoje, apresentam sérios desvios do princípio

muito sadio de que cada responsabilidade operacional deve ser acompanhada de uma

autoridade correspondente para acompanhá-la. É por isso que temos tido tanto trabalho

em discussões precedentes ao definir as autoridades e responsabilidades dos Grupos de

A. A., da Conferência, dos Custódios e das nossas corporações de serviço ativo.

Tentamos fazer, certamente, com que a autoridade em cada um desses níveis seja igual

à nossa responsabilidade. Então tentamos relacionar esses níveis entre si de tal maneira

que esse princípio seja mantido completamente. (Conceito X)

A RESPONSABILIDADE COM A AUTO-SUFICIÊNCIA

Para que A. A. possa manter-se livre de quaisquer influências externas, precisamos

assumir a responsabilidade com a manutenção dos nossos grupos e organismos de

serviços em todos os níveis.

"Os serviços abrangem, desde a xícara de café até a Sede de Serviços Gerais para a

ação nacional e internacional. A soma de todos esses serviços é o Terceiro Legado de A.

A. Tais serviços são absolutamente necessários para a existência e crescimento de A. A.

Aspirando simplicidade, muitas vezes nos perguntamos se poderíamos eliminar alguns

dos serviços atuais de A. A. seria maravilhoso não se ter preocupações, nem políticas,

nem despesas e nem responsabilidades! Mas isso é apenas um sonho acerca de

simplicidade; isso, na verdade, não seria simplicidade. Sem seus serviços essenciais, A.

A. se converteria rapidamente numa anarquia disforme, confusa e irresponsável. " (A. A.

Atinge a Maioridade, pg. . 122; 5ª Ed, 2001)

A RESPONSABILIDADE NO SERVIÇO DO GRUPO

"A. A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos porém criar juntas ou comitês de

serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços" (Nona

Tradição)

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A RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES DE CONFIANÇA

Não obstante, os grupos de A. A. reconheceram que para os propósitos dos serviços

mundiais, a "Consciência de Grupo de A. A.", como uma totalidade, tem certas limitações.

Não pode atuar diretamente em muitos assuntos de serviço porque não está

suficientemente informada sobre os problemas em questão. É também verdade que a

Consciência de Grupo, durante de muito distúrbio, não é sempre o guia mais seguro,

porque temporariamente podem impedir o seu funcionamento de forma inteligente e

eficiente. Portanto, quando a Consciência de Grupo não pode ou não deve atuar

diretamente, quem deveria atuar no seu lugar? A segunda parte da Segunda Tradição

nos dá a resposta quando descreve os líderes de A. A. como "servidores de confiança".

Esses servidores devem estar sempre prontos para fazer pelos Grupos o que os grupos

não podem ou não devem fazer por si mesmos.

Conseqüentemente, os servidores tendem a usar as suas próprias informações e

julgamento, às vezes a ponto de discordar de uma opinião mal informada ou

preconcebida do Grupo.

Portanto, será observado que nos serviços de mundiais de A. A. confiamos numa

pequena porém idônea minoria — nos cento e tanto membros da C. S.G. — para atuar

como Consciência de Grupo de A. A., em muito dos nossos assuntos dos nossos

serviços. Como em outras sociedades livres, confiamos nos nossos servidores (cf.

Conceito III), embora sabendo que na eventualidade de falharem nas suas

responsabilidades ainda teremos ampla oportunidade para adverti-los ou substituí-los.

(Conceito V)

A RESPONSABILIDADE NA RECUPERAÇÃO

"Algumas pessoas se opõem firmemente à posição de A. A. de que o alcoolismo é uma

doença. Sentem que esse conceito tira dos alcoólicos a responsabilidade moral. Como

qualquer A. A. sabe, isso está longe de ser verdade. Não utilizamos o conceito de doença

para eximir nossos membros da responsabilidade. Pelo contrário, usamos o fato de que

se trata de uma doença fatal para impor a mais severa obrigação moral ao sofredor, a

obrigação de usar os Doze Passos de A. A. para se recuperar". (Na Opinião do Bill – pág.

32)

A RESPONSABILIDADE NO APADRINHAMENTO

"Todos os padrinhos são necessariamente líderes. Os valores são tão grandes quanto

podem ser. Uma vida humana e geralmente a felicidade de toda uma família está em

jogo. O que o padrinho diz ou faz, como prevê as reações dos seus afilhados, como

controla e se apresenta bem, como faz as suas críticas e como controla bem o seu

afilhado, através de exemplos espirituais pessoais – essas qualidades de liderança

podem constituir toda a diferença entre a vida e a morte". (Conceito IX)

A RESPONSABILIDADE COM A TRANSMISSÃO DA MENSAGEM

Quando qualquer um, seja onde for,

estender a mão pedindo ajuda,

quero que a mão de A. A.

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esteja sempre ali.

E por isto: Eu sou responsável".

— Declaração do 30º aniversário

Convenção Internacional de 1965

"(...) O Escritório de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos é muito mais do que o

principal portador da mensagem de A. A. ele tem apresentado A. A. ao mundo conturbado

em que vivemos. Tem encorajado a propagação de nossa Irmandade em todos os

lugares. A. A. World Services, Inc. está pronto para atender às necessidades especiais de

qualquer grupo ou indivíduo isolado, seja qual for a distância ou o idioma. Seus muitos

anos de acumulada experiência estão disponíveis para todos nós. (...)

Esse é o legado de responsabilidade dos serviços mundiais que nós, os membros mais

antigos que vão desaparecendo, estamos deixando a vocês, os A.As de hoje e de

amanhã. Sabemos que vocês vão guardar, sustentar e estimar esse legado mundial

como a maior responsabilidade coletiva que A. A. já teve. (Bill W. – Na Opinião do Bill,

pág. 332)

Isaias

Bibliografia:

- Doze Conceitos para Serviços Mundiais

- Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade

- Doze Passos e Doze Tradições

- Na Opinião do Bill

A Relação do Indivíduo Com A.A. como Grupo.

Pode ser que alcoólicos Anônimos seja uma nova forma de sociedade humana.O

Primeiro dos Doze Pontos de nossa Tradição diz: Cada membro de Alcoólicos Anônimos

não é senão uma pequena parte de um grande todo. É necessário que eu o A.A. continue

vivendo ou, do contrário, seguramente a maioria de nós morrerá. Por isto, o nosso bem-

estar comum tem prioridade, porém seguido de perto pelo bem-estar individual. Isto

representa um reconhecimento, comum em todas as sociedades, de que, às vezes, o

indivíduo tem que antepor o bem-estar de seus companheiros aos seus próprios desejos

descontrolados.

Se o indivíduo não cedesse nada, em benefício do bem-estar comum, não poderia existir

sociedade alguma o que restaria seria a obstinação e a anarquia, no pior sentido da

palavra.

Todavia, o Terceiro Ponto de nossa Tradição parece ser um convite aberto à anarquia.

Aparentemente, contradiz o Primeiro Ponto. Ele diz: Nossa Comunidade deve incluir a

todos os que sofrem de alcoolismo. Por isto, não podemos rechaçar a ninguém que

queira recuperar-se. Para tornar-se membro de A.A. não depende de dinheiro ou

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formalidade. Quando dois ou três alcoólatras se reunirem para manter a sobriedade,

podem chamar-se um grupo de A.A.. Isto implica claramente em dizer que um alcoólatra

é membro se ele assim o disser; que não podemos privá-lo de ser membro; que não

podemos exigir-lhe sequer um centavo; que não podemos impor-lhe nossas crenças e

costumes; que ele pode recusar tudo o que sustentamos e, não obstante, continuar sendo

membro. Na realidade, nossa Tradição leva o Princípio de independência individual a tal

fantástico extremo que, enquanto tiver o mínimo interesse na sobriedade, o alcoólico mais

imoral, mais anti-social, mais crítico, pode reunir-se com uma quantas almas gêmeas e

anunciar-nos que foi formado um novo grupo de A.A. Mesmo opondo-se a Deus, à

medicina, contrários ao nosso programa de recuperação, inclusive uns contrários aos

outros, estes indivíduos desenfreados, ainda assim, constituem um grupo de A.A., se

assim o crêem.

Às vezes, nossos amigos não-alcoólicos nos perguntam: Temo-los ouvido dizer que o

A.A. tem estrutura social segura E prosseguem: Devem estar brincando. Segundo vemos,

sua Terceira Tradição tem uma cimentação tão firme quanto à cimentação da Torre de

Babel. No Primeiro Ponto, vocês dizem abertamente que o bem-estar do grupo tem a

primazia. Em seguida, no Ponto Três, passam a dizer a cada A.A. que ninguém o pode

impedir que pense ou faça como melhor lhe convenha. É certo que no Segundo Ponto

falam vagamente de uma autoridade final, Um Deus amoroso tal como se expresse na

consciência do grupo. Com todo respeito aos seus pontos de vista, olhada de fora esta

Tradição parece irrealista. Além de tudo, o mundo atual não é senão a triste história de

como a maioria dos homens tem perdido sua consciência e, por isto, não pode encontrar

o seu caminho. Agora vêm vocês, alcoólicos (gente, além de tudo, pouco equilibrada.

Verdade?) para nos dizer amavelmente: 1) Que o A.A. é um formoso socialismo muito

democrático. 2) Que o A.A. também é uma ditadura, sujeitando-se os seus membros ao

mandato benigno de Deus. E, finalmente, que o A.A. é tão individualista que a

organização não pode punir aos seus membros por mal comportamento ou incredulidade.

Portanto, continuam nossos amigos, quer nos parecer, dentro da Sociedade de Alcoólicos

Anônimos vocês têm uma democracia, uma ditadura e uma anarquia, tudo funcionando

ao mesmo tempo. Deita-se tranqüilamente na mesma cama estes conceitos que nos dias

atuais acham-se em tão violento conflito que vão dilacerando o mundo? Contudo,

sabemos que o A.A. dá resultado. Portanto, vocês, de alguma forma, devem ter

conciliado estas grandes forças. Contem-nos, se puderem, o que é que mantém o A.A.

unido? Por que o A.A. também não se desgarra?Se todo membro de A.A. goza de uma

liberdade pessoal que pode chegar à libertinagem, por que sua Sociedade não explode?

Deveria explodir, mas não explode.

É provável que, ao ler o nosso Primeiro Ponto, nossos amigos do mundo afora, tão

tomados pela perplexidade deste paradoxo, deixem de atentar para uma declaração

muito significativa: É necessário que o A.A. continue vivendo ou, do contrário,

seguramente a maioria de nós morrerá.

Esta dura asserção leva implícito todo um mundo de significado para cada membro de

Alcoólicos Anônimos. Embora seja totalmente certo que nenhum grupo de A.A. pode

forçar a qualquer alcoólico a contribuir com dinheiro ou a submeter-se aos Doze Passos,

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cada membro de A.A. se vê obrigado, com o passar do tempo, a fazer estas coisas.

A verdade é que, na vida de cada alcoólico, sempre há um tirano à espreita. Chama-se

álcool. Astuto, impiedoso, suas armas são a aflição, a loucura e a morte. Não importa o

tempo que levemos sóbrios, ele se coloca sempre ao nosso lado, vigiando, pronto para

aproveitar qualquer oportunidade para reiniciar seu trabalho de destruição. Tal como um

agente da Gestapo, ele ameaça a cada cidadão A.A. com a tortura e a extinção a menos

que o cidadão A.A. esteja disposto a viver sem egoísmo, amiúde antepondo a seus

planos e ambições pessoais o bem-estar de A.A. no seu todo.

Aparentemente, nenhum ser humano pode forçar os alcoólatras a viverem juntos felizes e

utilmente. Porém o Sr. Álcool pode e costuma fazê-lo!

Isto se pode ilustrar com uma história: Faz algum tempo, listamos amplamente nossos

aparentes fracassos ocorridos durante os primeiros anos de A.A. A cada alcoólatra que

aparecia na lista, se lhe havia sido dada uma boa orientação.

A maioria havia assistido as reuniões durante vários meses. Depois de recair e tornar a

recair, todos desapareceram. Alguns diziam que não eram alcoólatras. Outros não

puderam aceitar nossa crença em Deus. Uns quantos carregavam intensos

ressentimentos contra seus companheiros. Anarquistas convencidos, não podiam ajustar-

se à nossa Sociedade. E como a nossa Sociedade não se ajustava a eles, marcharam.

Porém, só temporariamente. No curso dos anos, a maioria destes chamados fracassos

tem retornado, convertendo- se, freqüentemente, em excelentes membros. Nunca fomos

atrás deles. Voltaram por conta própria.

Cada vez que vejo alguém que acaba de retornar, pergunto-lhe porque voltou a se unir ao

nosso rebanho. Invariavelmente, sua resposta é mais ou menos assim: Quando contatei

A.A. pela primeira vez, inteirei-me de que alcoolismo é uma enfermidade: uma obsessão

mental que nos impulsiona a beber e uma sensibilidade física que nos condena à loucura

ou à morte se continuamos bebendo. Porém, logo fiquei desgostoso com os métodos de

A.A. e cheguei a odiar a alguns dos alcoólicos que conhecia ali. E ainda continuava com a

idéia de que podia deixar a bebida pelos meus próprios meios. Depois de vários anos

bebendo de forma terrível, compreendi que era impotente para controlar o álcool e me

rendi. Retornava ao A.A. porque não tinha outro lugar a que recorrer. Já havia tentado em

todos os demais. Tendo alcançado este ponto, soube que teria que fazer algo

rapidamente: que tinha que praticar os Doze Passos do programa de recuperação de

A.A.; que teria que deixar de odiar aos meus companheiros alcoólicos; que agora teria

que ocupar meu lugar entre eles, como uma pequena parte deste grande todo, a

Sociedade de Alcoólicos Anônimos. Tudo se reduzia à simples alternativa do agir ou

morrer. Tinha que me ajustar aos princípios de A.A. se não, poderia despedir-me da vida.

Acabou a anarquia para mim e aqui estou.

Esta história mostra a razão pela qual, nós, os A.As., temos que viver juntos. Do

contrário, morreremos sós. Somos os atores de um drama inexorável, no qual a morte é o

ponto dos que vacilam em seus papéis (nota do tradutor: ponto, aqui, significa pessoa

que no teatro vai lendo o que os atores hão de dizer, para lhes auxiliar a memória). Há

alguém que possa imaginar a imposição de uma disciplina mais rigorosa que esta?

Não obstante, a história do beber descontrolado nos mostra que o temor, por si só, tem

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disciplinado a muitos poucos alcoólatras. Para nos mantermos unidos, nós, os

anarquistas, é necessário muito mais do que o simples temor.Há uns poucos anos,

fazendo uma palestra em (Baltimore), encontrava-me pondo sal nos grandes sofrimentos

que nós, os alcoólicos, havíamos conhecido.

Desconfio que as minhas palavras tinham um forte cheiro de autocomiseração e

exibicionismo. Insistia em descrever a nossa experiência de bebedores como uma grande

calamidade, um terrível infortúnio. Depois da reunião, fui abordado por um padre, que

com um tom muito gentil, me disse: Eu o ouvi dizer que cria que sua maneira de beber

era um infortúnio. Entretanto, a mim me parece que, no seu caso, aquilo era uma

tremenda bem-aventurança.

Não foi essa experiência horrível o que o humilhou tanto que fez com que pudesse

encontrar a Deus? Não foi o sofrimento o que lhe abriu os olhos e o coração? Todas as

oportunidades que você tem hoje, toda esta maravilhosa experiência a que você chama

de A.A., tiveram sua origem num profundo sofrimento pessoal. No seu caso, não foi

nenhum infortúnio. Foi uma bem-aventurança que não tem preço. Vocês, A.As., são

pessoas privilegiadas.

Este sincero e profundo comentário me comoveu muito. Marca um momento decisivo de

minha vida. Fez-me pensar, como nunca, sobre a relação que mantinha com meus

companheiros de A.A. Fez-me pôr em dúvida os meus próprios motivos. Por que havia

vindo à Baltimore? Estava ali só para banhar-me nos aplausos e louvação dos meus

companheiros? Estava ali como mestre ou como pregador?

Via-me como um eminente expedicionário da cruzada moral Ao refletir, confessei

envergonhadamente a mim mesmo que tinham todos esses motivos, que havia extraído

um prazer indireto, e bastante egocêntrico, de minha visita. Mas, isso era tudo? Não

haveria um motivo melhor do que a minha avidez por prestígio e aplauso? Fora à

Baltimore unicamente para satisfazer a esta necessidade e a nenhuma outra mais

profunda ou nobre? Então, me veio uma luz de inspiração.Sob minha vanglória superficial

ou pueril, vi operando Alguém muito superior a mim. Alguém que queria transformar- me;

Alguém que, se eu o permitisse, livrar-me-ia dos meus desejos menos honestos e os

substituiria com aspirações mais louváveis, nas quais, se eu tivesse suficiente humildade,

poderia encontrar a paz.Naquele momento, vi nitidamente a razão pala qual devia ter

vindo à Baltimore.

Devia ter viajado para ali possuído pela feliz convicção de que necessitava dos

baltimorenses ainda mais do que eles necessitavam de mim; que teria necessidade de

compartilhar com eles tanto suas penas, quanto suas alegrias; que teria necessidade de

sentir-me unido a eles, fusionando-me em sua sociedade; que, inclusive, se eles

persistissem em considerar-me como seu mestre, eu deveria considerar a mim mesmo

como aluno deles. Compreendi que havia estado vivendo muito isolado, muito apartado

dos meus companheiros e muito surdo a essa voz interior. Ao invés de ir à Baltimore

como mero agente que levava a mensagem de experiência, cheguei com fundador de

Alcoólicos Anônimos. E, tal como um vendedor numa convenção, coloquei meu crachá de

identificação para que todos pudessem vê-lo bem. Como seria melhor se tivesse gratidão

ao invés de satisfação de mim mesmo ? gratidão por haver padecido os sofrimentos do

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alcoolismo; gratidão pelo milagre da recuperação que a Providência havia operado em

mim; gratidão pelo privilégio de servir aos meus companheiros alcoólatras e gratidão

pelos laços fraternais que me uniam a eles numa camaradagem cada vez mais íntima,

como raras sociedades conhecem. Era verdade o que me dissera o padre: ?Seu

infortúnio converteu-se em bem-aventurança.

Vocês, os A.As., são pessoas privilegiadas.

A experiência que tive em Baltimore não foi nada insólita. Cada A.A. passa em sua vida

por parecidos acontecimentos espirituais decisivos momentos de iluminação que o une,

cada vez mais intimamente, aos seus companheiros e ao seu Criador. O ciclo é sempre o

mesmo. Primeiro, recorremos ao A.A. porque morreríamos se não o fizéssemos. Depois,

para deixar de beber, dependemos de sua filosofia e do companheirismo que nos é

oferecido. Depois, por algum tempo, tendemos a voltar a depender de nós mesmos, e

buscamos a felicidade por intermédio do poder e dos aplausos. Finalmente, algum

acidente, talvez um grave contratempo, nos abre ainda mais os olhos. Na medida em que

vamos aprendendo as novas lições e aceitamos, de fato, o que nos ensinam, alcançamos

um novo e mais frutífero nível de ação e emoção. A vida adquire um sentido mais nobre.

Vislumbramos novas realidades; percebemos a qualidade de amor que nos faz enxergar

que mais vale dar do que receber. Estas são as razões pelas quais cremos que

Alcoólicos Anônimos pode ser uma nova forma de sociedade

Cada grupo de A.A. é um refúgio seguro. Porém, sempre está rodeado pelo tirano álcool.

Como os companheiros de Eddie Rickenbacker, flutuando numa balsa em alto mar, nós,

os que vivemos no refúgio de A.A., apegamo-nos uns aos outros com uma determinação

tal que o mundo raramente pode compreender.

A anarquia do indivíduo vai desaparecendo. Se desvanece o egoísmo e a democracia se

converte em realidade. Começamos a conhecer a verdadeira liberdade de espírito.

Tornamo-nos, cada vez mais, conscientes de que tudo vai bem; de que cada um de nós

pode confiar, incondicionalmente, em quem nos guia com amor desde o nosso interior e

desde do alto.

(Artigo escrito por Bill W. para a Grapevine de julho/46)

ROTATIVIDADE NO SERVIÇO:

CHAVE PARA O NOSSO FUTURO

Dr. Oscar Rodolpho Bittencourt Cox

Presidente da Junta de Serviços Gerais do Brasil

Quando os veteranos perceberam a finitude da vida do Ser Humano e a

grandiosidade daquilo que casualmente ocorreu entre dois bêbados, ou

seja, a possibilidade de deixarem de beber, identificaram um sério

problema existencial para a continuação daquilo que descobriram.

Bill e Dr. Bob, considerados co-fundadores da Irmandade de Alcoólicos

Anônimos, nos primeiros momentos foram buscar outros bêbados e Bill

D. mostrou a eles a possibilidade de formar uma cadeia de

reabilitados diante da doença do alcoolismo.

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Alcoolismo, doença secular, sem solução plausível e que agora no

século XX começou a ser interrompida no seu processo destruidor. Os

números e estatísticas mostram a extensão deste mal e quando o câncer

surgiu no corpo do Dr. Bob, levando-o a falecer em novembro de 1950,

percebeu-se que o processo de recuperação dos alcoólicos não podia

ser interrompido.

A estrutura de A.A, nos primórdios apresentava duas Áreas de atuação

que corriam em paralelo, isto é, sem contato uma com a outra. A

primeira, formada pelos Grupos, vivenciando o programa e a segunda,

pelos amigos de A.A. que orientavam e juntamente cm os co-fundadores,

administravam a Irmandade (Fundação do Alcoólico, criada em maio de

1938 – futuros Custódios Não Alcoólicos).

Ocorreu então, historicamente, um processo dirigido por Bill W. de

aproximação para que os grupos apreendessem estes amigos, esta

administração e juntos assumissem o comando do processo. Deste modo a

finitude humana não mais teria influência sobre o destino de A.A.

podendo se esperar a perenidade desta recuperação tão inovadora e

espetacular em que pessoas doentes pudessem assumir a própria

responsabilidade sobre sua saúde e vida.

A ameaça à saúde do Dr. Bob, o talvez poder moderador , junto a

impulsividade de Bill W., levou a que em 1950 ocorresse a 1ª

Convenção Internacional em Cleveland – julho 1950 com a anexação das

Tradições ao programa.

É em abril de 1951 após a 1ª Conferência de Serviços Gerais que

começa um período experimental de cerca de cinco anos, unindo os

Custódios de A.A. com a Irmandade como um todo.

Deste primeiro encontro houve uma caminhada contínua até 1955, quando

em Saint Louis, Bill W. se retira da direção de A.A. e os Grupos

passam a assumi-la. Nesta época, já eram conhecidos pela Irmandade os

Passos da Recuperação (1939) e as Tradições (1946).

Surge então, a necessidade do treinamento, da preparação de novos

líderes em A.A.. Pessoas que pelo amor e gratidão a sua recuperação,

desejam participar da manutenção do processo que um dia as salvou. Em

Alcoólicos Anônimos se dá o nome de

-APADRINHAMENTO EM SERVIÇO-

Apadrinhar quer dizer compartilhar erros e acertos e deixar que o

apadrinhado caminhe ao lado. Para tal, tenho que estar aberto e

desapegado para estender a mão.

A partir de 1962, quando surgem os Conceitos, o 4° nos informa: "A

participação é a base da harmonia".

A estrutura em serviço através o Manual sugere uma série de encargos

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e períodos para exercê-los. Surge daí, como conseqüência a

necessidade de um grande número de membros serem apadrinhados nos

encargos o que inexoravelmente só é possível com grande oferta de

pessoas e logicamente: ROTATIVIDADE.

A ROTATIVIDADE EM SERVIÇO necessita de muitos servidores novos

chegando, apadrinhados pelos veteranos, que passando pelos encargos,

não mais os ocupam, mas que, presentes, estimulam e criam novas

lideranças.

Para isto, membros de A.A., precisam aprender a AMAR.

AMAR É PERMITIR QUE O OUTRO SEJA ELE, AO MEU LADO.

A ROTATIVIDADE NÃO É DESCARTAR.

A ROTATIVIDADE POSSIBILITA APRENDER A AMAR.

A ROTATIVIDADE POSSIBILITA CONVIVER COM AS DIFERENÇAS.

A "ROTATIVIDADE – CHAVE PARA O FUTURO" é um grande desafio para

Alcoólicos Anônimos porque exige pré-requisitos fundamentais: a

TRANSFORMAÇÃO DO MEDO PESSOAL em relação à doença e de si mesmo

(distonia) numa entrega e confiança a um Poder Superior.

SÓ O PODER SUPERIOR RETIRA O MEDO HUMANO

Daí, o cidadão poder exercer A PRÁTICA DO AMAR.

Outro requisito fundamental: temos que confessar que não sabemos AMAR

e pedir ajuda para o aprendizado.

Um terceiro quesito é o desapego. O desapego a coisas e pessoas é

possível quando entro no processo do autoconhecimento em que os

referenciais externos eu os desloco para dentro de mim. São meus

valores que passam a me orientar. Deixo o perfeccionismo, pois não

tenho mais que agradar pessoas para que elas me amem. Deixo de ser

condicionado pelos outros e passo a ter meus próprios pontos de

referência através dos sentimentos. Posso acertar como errar.

Acredito ser uma pessoa.

Devido a estas dificuldades, o animal-homem (Homo sapiens) quando em

grupo confiável tende biologicamente a defender um corporativismo

cada vez mais conservador e conseqüentemente destruidor.

O grupo defende o membro deste grupo e este protege o grupo e assim,

o conjunto (membro/grupo), agindo o poder, atropela o direito do

indivíduo, o direito das minorias em particular. Este mesmo

indivíduo, fora do grupo apresentará um discurso que não condiz com

sua conduta quando no grupo.

Este aspecto biológico é combatido pela ROTATIVIDADE e daí o título:

CHAVE PARA O FUTURO pois, será graças a ela que OS PRINCÍPIOS serão

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preservados. Daí, o recém-chegado ao grupo ser o mais importante na

reunião.

Esta visão é extremamente revolucionária para a humanidade. Estamos

moldando, na visão de Bill W., um novo Homem em recuperação e mais

espiritualizado.

Toda empresa e A.A. têm o seu lado empresarial. A.A. é uma grande

editora, que tende a proteger, como toda empresa, sua condição de

sobrevivência empresarial, quando ameaçada. Mas como A.A. possui o

lado tradicional – o mais importante –, será a ROTATIVIDADE a sua

grande protetora. Ela deve ser almejada, tendo como única autoridade

a consciência de grupo, facultando o não temer os novos servidores em

potencial, seus novos desafios de cada vez mais abrir toda a

estrutura em todos os níveis de serviço, do grupo aos comitês da

Junta, onde todo alcoólico em recuperação deve e pode circular

apadrinhado e apadrinhando.

Na Junta urge a presença de membros de A.A. de todas as áreas

presentes aos Comitês de Assessoramento e em especial:

CAC: COMITÊ DE ASSUNTOS DA CONFERÊNCIA;

COC: COMITÊ DE ORGANIZAÇÃO DA CONVENÇÃO.

Cientificamente, o exercício prolongado e repetitivo, relativamente

passivo, onde a falta de renovação existe, como exemplo, podemos

citar: espetáculos, televisão, leitura de jornais e revistas de

conteúdo superficial provocam rapidamente o tédio e a aversão.

No nosso caso, serviços e grupos "quase parando", maratonas

repetitivas e intermináveis são os exemplos. Estas atividades assim

postas não estimulam suficientemente nosso organismo.

A Psicologia Industrial nos mostra que a produção de um empregado é

melhor e sua motivação é mais elevada quando lhe confiam um trabalho

no qual pode executar certa medida de iniciativa e de criatividade, e

sobretudo quando lhe é permitido completar uma parte significativa e

unificada deste trabalho ao invés de confiá-lo à repetição mecânica

de gestos minuciosamente medidos.

Resumindo, eis a importância sob um outro aspecto da ROTATIVIDADE.

Há muitos anos o G.S.O. (General Service Office) adotou o conceito da

ROTATIVIDADE nos encargos do pessoal de A.A.

Para o conhecimento e exercício de todos os encargos da estrutura de

A.A. há, portanto, necessidade de estar ao lado da experiência e da

vivência de erros e acertos. Isto é a ROTATIVIDADE DINÂMICA onde o

apadrinhamento não pode ser capenga porque o alcoólatra não se

estruturou no AMAR, nãp foi orientado a aprender a AMAR: a ser ele e,

logicamente não sabe o que fazer. Podemos chamar de um "EGOÍSMO

ENVERGONHADO".

Do exposto acima é que provém a queixa comum da falta de servidores,

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permanecendo as mesmas pessoas em serviço apenas mudando de encargos.

Este movimento rotatório dos mesmos servidores é movimento de morte,

porque não havendo "sangue novo", o corporativismo cresce e a

desconfiança acompanha, logo acabando em fechar a mão de A.A.

A Irmandade morre.

O membro de A.A. deve aprender e exercitar o pertencer daí, repetindo

o título: ROTATIVIDADE NO SERVIÇO: CHAVE PARA O NOSSO FUTURO.

Este é, portanto um grande desafio para Alcoólicos Anônimos.

Estes comentários devem ser exaustivamente praticados e não devemos

fugir do conflito. Temos que aprender a conviver com as diferenças. E

é isto a prova maior de AMOR, de entrega ao PODER SUPERIOR.

Eis um grande desafio proposto para Alcoólicos Anônimos a partir

desta Conferência.

Estejamos desarmados, com mente aberta e boa vontade para discutir o

melhor para Alcoólicos Anônimos.

Para todos nós, uma boa Conferência.

SERVIÇO EM A. A., ONTEM... E HOJE...

O serviço em A. A. é o Terceiro legado e a ação é a palavra mágica.

O serviço em A .A. teve seu início no momento em que Ebby entrou em ação para

procurar Bill e lhe transmitir a mensagem em dezembro de 1934. A partir daí iniciou o

processo para o nascimento da Irmandade dos Alcoólicos Anônimos.

No livro “A. A. Atinge a Maioridade” na parte onde Bill fala sobre o Terceiro Legado, ele

conta como o Serviço em A. A. se desenvolveu.

“O nosso DÉCIMO SEGUNDO PASSO, que leva a mensagem, é o serviço básico que a

irmandade de A. A. oferece. É o nosso principal objetivo, é a razão primordial de nossa

existência. Portanto, A. A. é mais que um conjunto de princípios; é uma sociedade de

alcoólicos em ação. Precisamos levar a mensagem, caso contrário, nós mesmos

poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada à verdade podem perecer.

Portanto, um serviço em A. A. é tudo aquilo que nos ajuda a alcançar uma pessoa que

sofre – o chamado Décimo Segundo Passo, propriamente dito – pelo telefone ou por uma

xícara de café, assim como o Escritório de Serviços Gerais de A. A. para ação nacional

ou internacional. A soma total de todos esses serviços é o nosso Terceiro Legado de

Serviço.

Os serviços incluem locais de reunião, cooperação com hospitais e escritórios

Intergrupais; significam também, folhetos, livros e boa publicidade de qualquer natureza.

Requerem Comitês, Delegados, Custódios e Conferências e não deve ser esquecido que

eles necessitam de contribuições voluntárias em dinheiro, provenientes dos membros da

Irmandade.

Esses serviços quer sejam executados por indivíduos, Grupos, Áreas ou A. A. como um

todo, são absolutamente vitais para nossa existência e crescimento. Não podemos

simplificar A. A. abolindo-os. Somente estaríamos procurando complicações e confusões.

Com respeito a qualquer serviço determinado, fazemos, portanto, uma única pergunta: “é

realmente necessário esse serviço?” Se a resposta for positiva, precisamos mantê-lo ou

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então fracassaremos na nossa missão junto aqueles que necessitam e procuram A. A.”

No inicio da Irmandade muitos desses serviços ainda não existiam. Quem resolvia e

executava tudo que precisava ser feito, eram Bill, Dr. Bob, os primeiros membros com

suas esposas e alguns amigos que acreditavam no projeto florescente.

As primeiras reuniões de A. A. foram realizadas na casa de Dr. Bob., pois não havia outro

lugar mais adequado. Portanto tiveram um teto para lhes abrigarem e os gastos com o

café Dr. Bob cobria.

No entanto, foram aumentando as pessoas e as reuniões ficando cada vez maior, eles

tiveram que se mudar. Foram para a casa de T. Henry e Clarace Willians. Tiveram que

comprar mais cadeiras serviram refeições e fora o desgaste da casa, etc. Após ficarem

reunindo por algum tempo na casa dos companheiros, logo precisaram mudar de novo,

pois, a cada dia aumentava o pessoal e os locais iam ficando pequenos. O mais

interessante é que ninguém pagava nada até que tiveram que alugar salas em hotéis e

pagar aluguel. Os membros chiaram, diziam que A. A. não precisava ter despesas, pois já

estavam mal acostumados e mesmo assim, tiveram que dar suas contribuições. Mesmo

sem existir ainda a Sétima Tradição, já dava início o princípio da auto-suficiência com o

Grupo pagando suas próprias despesas. De maneira que os Grupos iam aumentando, os

problemas também iam surgindo. Por isso Bill e Dr. Bob já começavam a pensar como

seria aquele movimento no futuro. A mensagem era transmitida boca a boca através dos

membros da imprensa, rádio e todo tipo de comunicação, como vendedores que iam de

uma cidade para outra, os hospitais que ajudavam os alcoólatras e os amigos que

ficavam sabendo do movimento.

Bill conta o seguinte: ...”Quando o Dr. Bob e eu percebemos, no outono de 1937, que

umas quarenta pessoas tinham-se recuperado do alcoolismo, nós de repente nos

perguntamos: Como pode essa experiência ser compartilhada? Como pode a mensagem

ser difundida ? O Dr. Bob tinha se recuperado há dois anos e meio, e eu estava sóbrio há

três anos, portanto não poderíamos continuar sendo uma sociedade secreta, da qual

raramente se ouvia falar. A informação verbal com os poucos alcoólicos que podíamos

entra em contato, através de nossos métodos comuns, não seria somente lenta, mas

também perigosa; perigosa porque a mensagem de recuperação, na qual tínhamos agora

depositado toda a nossa confiança, poderia ser logo truncada e distorcida, antes mesmo

de ser aceita. Claro que nossa florescente sociedade e sua mensagem teriam que ser

divulgadas. Após muita conversa sobre as várias possibilidades apresentadas por Bill

para resolver o problema, surgiu a idéia de escrever um livro que poderia levar a

mensagem a qualquer lugar. Dr. Bob, entre todas aquelas possibilidades apresentadas, a

que ele gostou mesmo, foi a do livro”. Porém, eles sabiam que para escrever, editar e

publicar este livro precisariam de muito dinheiro e naquele momento, nenhum dos dois

tinha absolutamente nada. Daí começou a grande cruzada para levantar fundos e levar o

projeto adiante.

Desde o início, apesar de Bill ser muito atirado e entrar de cabeça nas suas idéias,

mesmo assim, ele levava os assuntos para ser decididos no Grupo, através da

consciência coletiva e assim fez, apresentou as idéias aos Companheiros de Akron e de

New York, que após muita discussão a idéia do livro foi aprovada, porém, ninguém se

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prontificou a fazer nada. Ao receber apoio dos Companheiros, Bill sai em busca dos

patrocinadores para o livro. Daí vem a contribuição do Rockfeller, quando Bill sonhava

que ele iria nos ajudar com milhões, ele disponibilizou apenas $5000 dólares para a

Irmandade e ainda nos alertou que o dinheiro poderia atrapalhar a Irmandade. (Imaginem

como Bill deve ter ficado diante dessa situação).

Após a edição do livro que recebeu o nome de Alcoólicos Anônimos, a Irmandade

começou a crescer e trouxe muito serviço, principalmente para Bill. Por chegar muitos

pedidos de informações, surgiu a necessidade do primeiro escritório de A. A., onde Bill e

Ruth respondiam as cartas. Também, muitas esposas de membros ajudavam nas

respostas às milhares de cartas que chegavam.

Na história dos Serviços em A. A. existem muitos fatos interessantes. Por exemplo:

Nossa primeira Junta consistia de cinco Custódios. Dick Richardson, Frank Amos e o Dr.

Strong eram os membros não-alcoólicos, e foi escolhido o Dr. Bob e um dos A.As. de

New York para formar o contingente alcoólico. Porém o membro de N. Y. logo se

embriagou. Ele foi demitido e um outro alcoólico assumiu o seu lugar.

Dessa forma a Irmandade foi crescendo e também, a necessidade de ampliar a Estrutura

de Serviços. Então surgiu a Fundação do alcoólico, em seguida realizaram uma

Conferência e assim chegou-se a forma em que estamos hoje. Portanto, devemos

lembrar que para realizar tudo isso, Bill encontrava barreiras de todos os tipos. Como hoje

haviam os membros progressistas e os conservadores, então as coisas às vezes eram

muito difíceis para ser colocadas em prática. Os progressistas queriam ver a Irmandade

crescer e os conservadores colocavam dificuldades em tudo, simplesmente por medo de

atrapalhar o que tinha dado certo até ali. Portanto, se o desejo dos conservadores

tivessem prevalecido, a mensagem não teria sido difundida e nós não estaríamos aqui.

Vemos a cada dia as coisas se modificando com uma velocidade enorme. Como foi dito

anteriormente, os primeiros serviços em A. A. acontecia através da boa vontade dos

membros. Pois eram poucos e não tinham a menor possibilidade de escolha, era fazer ou

fazer. Tanto é verdade, que os maiores colaboradores que contribuíram para o

crescimento da Irmandade foram os nossos amigos não alcoólicos da Ciência e da

Religião.

Entendemos que hoje não precisaríamos passar por tantas dificuldades em conseguir

servidores para executar os nossos serviços. Temos uma gama de informações através

de nossa literatura, como também, milhares de pessoas freqüentando os Grupos. As

vezes ficamos tristes com a falta de gratidão por parte de alguns membros que tem

condições de servir o Grupo ou a Irmandade como um todo e preferem ficar na sombra

criticando. Ainda se dirigissem suas críticas e apresentasse uma sugestão, tudo bem,

estariam contribuindo de alguma forma, o problema é que isso não acontece.

Após 12 anos do início de A. A. nos Estados Unidos, em 1947 através de um americano,

a mensagem chegou no Brasil. Depois de algum tempo por aqui, nosso Companheiro

começou a sentir a necessidade de manter contato com outros alcoólicos. Assim ao

encontrá-los deu início a Irmandade aqui no Brasil. Pelo que sabemos, este Companheiro

chegou aqui sem trazer nada da literatura de A. A., apenas sua experiência e a forma que

eles haviam encontrado lá nos Estados Unidos para ficar sem beber. Junto com outros

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alcoólicos, eles fundaram o primeiro Grupo de A. A. na cidade do Rio de Janeiro com a

primeira reunião acontecendo no dia 05 de setembro de 1947.

Apesar da Irmandade já estar funcionando a doze anos nos Estados Unidos, começamos

aqui sem as principais informações da Literatura e tudo funcionava na base da boa

vontade. Aos poucos foram surgindo novos Grupos e cada um funcionando de sua

maneira, praticando de real da Irmandade, o trabalho do Décimo Segundo Passo,

fazendo as abordagens. Dessa forma a Irmandade foi crescendo e aos poucos, foram

chegando os livros com as informações de como deveria funcionar. Iniciou-se a formação

de nossa Estrutura de Serviços com a implantação dos ESL’s, das Áreas e os Distritos.

Os Grupos formaram seus Comitês de Serviços e elegeram seus RSG’s. Apesar das

deficiências em seu funcionamento devido aos costumes já implantados, mesmo assim, a

mensagem foi sendo transmitido o que possibilitou a muitas pessoas encontrarem a

sobriedade. Esses membros, mesmo sem conhecimento da literatura de A. A. foram

prestando seus serviços à Irmandade, simplesmente pelo prazer de servir. Havia menos

cobrança e parece que tudo era mais simples, com mais calor humano. Costumávamos

ter mais de uma chapa para as eleições dos Comitês de Serviços nos Grupos, como

também, vários nomes que apareciam como candidatos nas Assembléias.

As coisas vieram funcionando assim até a Conferência de 1992, quando o tema foi a

Mudança na Matriz. A partir daí, as coisas começaram a mudar, vieram as cobranças e

até algumas exigências quanto ao funcionamento dos Grupos e a forma de prestar

serviços pelos Companheiros. Com isso, a cada dia foi ficando mais difícil conseguirmos

Companheiros (as) para prestar serviços e até hoje, sentimos reflexos daquela sugestão

que foi mal interpretada. Pois na cabeça de muitos Companheiros (as), tínhamos que

mudar tudo. Segundo eles, da forma que os Grupos vinham funcionando estava tudo

errado e teríamos que implantar o A. A. ideal.

Vejamos como estamos hoje em relação aqueles dias quando tudo começou. Naquela

época os sistemas de comunicações eram precários, as Emissoras de rádio alcançavam

um pequeno raio de ação. Não tínhamos satélites para transmitir para a mensagem para

longa distância e a maioria das transmissões era feitas através do telégrafo. Para uma

mensagem chegar a uma distância de 100km gastava muitos dias. Os meios de

transportes, também eram precários e tudo isso dificultavam o trabalho.

Hoje, se queremos saber o que está acontecendo em qualquer parte do mundo, basta

ligar um micro em qualquer lugar e conectar à internet ou então ligar o celular e em

poucos segundos temos a resposta do que procuramos e isso acontece em qualquer

lugar que estejamos. Até nos anos 90, o Relatório final de nossa Conferência de Serviços

Gerais demorava aproximadamente 30 dias para chegar às Áreas. Hoje, dez minutos

após o término da Conferência, o disket com o Relatório já está nas mãos dos Delegados.

Por tudo isso, precisamos melhorar nossas atitudes em relação ao Serviço da Irmandade,

não podemos ficar presos ao passado, a mensagem não mudou, mas a forma de

transmiti-la sim. Até a forma de fazer abordagem nos dias hoje mudou, já não temos a

mesma disposição para trabalhar com os possíveis doentes alcoólatras como antes. Com

o desenvolvimento do CTO a maioria dos membros se acomodou. Portanto, precisamos

nos preparar para abordar e conviver com os novos membros, pois, o perfil do alcoólatra

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que nos procuram mudou. Já não chegam pessoas no Grupo totalmente analfabetas e só

com o problema de alcoolismo. Se não prepararmos os nossos futuros servidores,

estaremos atrasando a evolução da Irmandade. Vez ou outra vemos Companheiros

rejeitando doentes alcoólatras nos Grupos, às vezes, alegam que a pessoa não precisa

de A. A. ou então, que ali não é para pessoas que usam drogas. Porque isso acontece?

Simplesmente, por falta de um Comitê de Serviços ativo e esclarecido, com pessoas

preparadas. Quem deve ser o Servidor? Aquele membro que se interessa pela Irmandade

e busca o conhecimento do que é Alcoólicos Anônimos. Qualquer um membro pode

prestar serviços a Irmandade? Claro! Desde que seja observado os critérios para cada

encargo, como também, a participação do membro nas reuniões do Grupo é um serviço,

pois a suas mensagem poderá salvar uma vida. Sem contar que existem muitas coisas

que precisam ser feitas, não exige conhecimentos e tão pouco experiência em A. A.,

basta que o membro tenha boa vontade e seja orientado.

Concluindo:

Apesar das muitas dificuldades no entendimento entre os membros quanto a melhor

forma de apadrinhar o Companheiro (a) para o Serviço, acreditamos que o tempo dará as

respostas e num futuro próximo, os Grupos estarão colocando o conhecimento do

Terceiro Legado à disposição de todos os seus membros.

Acreditamos também, que o mundo evoluiu e nós fazemos parte dele. Portanto, os

Princípios de A. A. são perfeitos e não há razão para pensar em modificá-los, porém,

devemos nos adequar aos novos tempos para colocá-los em prática.

Obrigado

Membro de A .A.

Maio/2007

TRABALHANDO COM O GRUPO DE A. A.

01 - O QUE É UM GRUPO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

Um Grupo de AA é a menor porção da nossa Irmandade e sua célula básica, sem os

Grupos não existiria Alcoólicos Anônimos. Um Grupo de AA deve preencher os seguintes

requisitos:

1. Todos os membros do Grupo são alcoólicos;

2. Como Grupo, somos totalmente auto-suficientes;

3. O propósito primordial do Grupo é o de levar a mensagem ao alcoólatra que ainda

sofre;

4. Como Grupo não pode haver afiliação ou ligação a coisas externas;

5. Como Grupo não deverá dar opiniões a coisas alheias à Irmandade;

6. Como Grupo a política de relações públicas baseia-se na atração e não na promoção.

Seus membros devem manter o anonimato pessoal a nível de imprensa, rádio, televisão e

filmes.

02 – TIPOS DE REUNIÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

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FECHADA – Somente para alcoólicos são dedicadas à “terapia” dos companheiros. A

dinâmica poderá ser estabelecida pelo Comitê Orientador do Grupo ou pelo Coordenador

e versará sobre: discussões informais das dificuldades que os companheiros enfrentam

para manter a sobriedade, troca de experiências baseadas nos Doze Passos e Doze

Tradições, seleciona mento de tópicos específicos tais como: Slogans de AA, os Três

Legados, Prece da Serenidade, etc.

ABERTAS – Dedicadas ao esclarecimento a qualquer pessoa interessada sobre AA.

Neste caso os oradores serão previamente selecionados e os assuntos pré-escolhidos.

Extraordinariamente uma reunião fechada, poderá tornar-se aberta no caso de visita

inesperada de pessoas não AA. Nesse caso o Coordenador consultará o Grupo para

saber da conveniência de abrir uma reunião fechada.

PÚBLICA – Esta é uma reunião aberta ao grande público e quase sempre para

comemorar um evento de AA. Para esta reunião são convidados o público em geral e,

especialmente, médicos, psicólogos, assistentes sociais, sacerdotes, etc.

03 – LEMBRETES PARA O COORDENADOR

(Sugestões para uma boa Coordenação)

01. Evite tomar ares de “autoridade”. A função do coordenador é liderar a reunião. Zele

pelas Tradições de AA e seja Humilde.

02. Evite bancar o “professor/pregador”, evitando longas dissertações sobre qualquer

assunto. Análise e diagnósticos são próprios para médicos.

03. Evite comentários em relação ao depoimento do companheiro, salvo quando for

solicitado. Não deprecie nem humilhe, quanto menos tagarela, melhor.

04. Evite interromper o Companheiro, e seja diplomático para manter o tempo.

05. Evite coordenar, se você está tumultuado, mau humorado, deprimido.

06. Preserve a UNIDADE do Grupo com atitudes cordiais e fraternas.

07. Dê exemplo de doação, lembrando-se sempre que da sobriedade de cada um

depende a sua própria.

08. Lembre-se que seu Grupo é autônomo, mas está ligado com o todo de AA. Como o

seu Grupo, existem mais outros 80.000 espalhados pelo mundo.

09. Lembre-se das palavras do Dr. BOB, “ Mantenha o AA simples”.

10. “ VIVA e DEIXE VIVER “.

04 – SUGESTÕES DE TEMÁTICAS PARA REUNIÕES DO GRUPO

- Os Doze Passos

- As Doze Tradições

- O livro “Alcoólicos Anônimos”

- Os Doze Conceitos

- Oração da Serenidade

- Os “sologans” de AA:

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- A) Viva e deixe viver;

- B) Devagar se vai ao longe

- C) Primeiro, as primeiras coisas;

- D) É possível;

- E) Pensei;

- F) Pela Graça de DEUS.

- Os Três Legados: Recuperação, Unidade e Serviço

- O livro “Viver Sóbrio”

- O Manual de Serviço

- Participação e Ação

- Abordagens e apadrinhamento

- Maneiras de levar a mensagem

- Inventário do Grupo

- Responsabilidade

- Sejamos amigos dos nossos amigos

- Aceitação X admissão

- Tolerância

- Nós planejamos a ação, não os resultados

- Princípios X personalidades

- Serenidade e humildade

- Ressentimentos e ódio

- Entendendo o anonimato

- Depressões

- Gratidão e honestidade

- DEUS, como nós O entendemos

-

05 – ABERTURA DAS REUNIÕES

(Oração da Serenidade e o Preâmbulo de AA)

CONCEDEI-NOS SENHOR,

A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS

MODIFICAR,

CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS QUE PODEMOS,

E SABEDORIA PARA DISTINGUIRMOS UMAS DAS OUTRAS.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham

suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar

outros a se recuperarem do alcoolismo.

O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro

de AA não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; somos auto-suficientes,

graças às nossas próprias contribuições.

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AA não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma

organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem

combate quaisquer causas.

Nosso propósito primordial é o de mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólatras a

alcançarem a sobriedade.

06 – ORIGEM DA ORAÇÃO DA SERENIDADE

Normalmente, toda e qualquer reunião de AA tem início com a Oração da Serenidade,

seguida de um momento de silêncio para meditação e logo a seguir com a leitura do

Preâmbulo de AA.

A origem da Oração da Serenidade é obscura. Dizem alguns que foi o teólogo e filósofo

Boethius, que viveu no século V, autor da “Consolação da Filosofia”, que teria escrito

antes de sua morte, após longo período de cativeiro.

Outros creditam-na ao teólogo Reinhold Niebuhr, que teria escrito em 1932, ao término de

uma oração maior. Este, entretanto, a credita a um teólogo do Século XVIII, Friedrich

Oetinger. O que temos como certo é que a Oração da Serenidade chegou até nós de

forma inusitada e acidental.

Ruth Hock, a primeira Secretária do GSO de New York, estava trabalhando em 1941,

quando Jack C. apareceu com o jornal “Herald Tribune” onde, , na coluna dos obituários,

foi encontrada a Oração da Serenidade, ali incluída sem maiores explicações. Foi o

quanto bastou para, por sua extrema simplicidade, mas profunda racionalidade, ser

imediatamente adotada por Alcoólicos Anônimos. A versão original publicada no “Herald

Tribune” dizia: “ Mamãe, DEUS, conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que eu

não posso modificar, coragem para modificar as coisas que eu possa e sabedoria para

conhecer a diferença. Adeus”. (Do livro “Pass it On”, páginas: 252/258)

07 – OS DOZE PASSOS

DOZE PASSOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

01- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio

sobre nossas vidas.

02- Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à

sanidade.

03- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em

que O concebíamos.

04- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

05- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a

natureza exata de nossas falhas.

06- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de

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caráter.

07- Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

08- Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos

dispusemos a reparar os danos a elas causados.

09- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que

possível, salvo quando faze - las significasse prejudicá-las ou a outrem.

10- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o

admitíamos prontamente.

11- Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente

com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua

vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos

transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas

atividades.

08 – OS DOZE PASSOS – RECUPERAÇÃO

A prática dos Doze Passos é condição primordial para a recuperação do alcoólico, cuja

obtenção é, por sua vez, um processo pelo qual o equilíbrio emocional conduzirá o

companheiro a uma vida feliz e útil, livrando-o das tensões, ansiedades, depressões e

compulsões as mais diversas. Os Doze Passos são um conjunto de princípios espirituais,

não necessariamente religiosos, mas baseados na ética, na moral e em ensinamentos

universalmente transmitidos por todas as denominações religiosas. Os Doze Passos

foram desenvolvidos a partir da dura realidade e evidência de que havíamos perdido

nossa força e nossa vontade em relação ao álcool e de que somente um Poder Superior

a nós mesmos poderia nos reconduzir ao equilíbrio e à recuperação das nossas vidas. A

recuperação individual é a base do triângulo na qual assenta toda a estrutura da nossa

Irmandade. No livro “Alcoólicos Anônimos atinge a maioridade”, páginas: 143/144, está

descrito como foram elaborados os Doze Passos de AA. Nosso co-fundador BIL, dizia

que estes passos era o leme seguro para a sobriedade de qualquer alcoólico, desde que

ele fosse bastante honesto consigo mesmo. Os Doze Passos é o nosso primeiro Legado-

Recuperação.

09 – AS DOZE TRADIÇÕES

AS DOZE TRADIÇÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

01. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual

depende da unidade de AA.

02. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum – um

Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são

apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.

03. Para ser membro de AA, o único requisito é o desejo de parar de beber.

04. Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros

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Grupos ou a AA em seu conjunto.

05. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua

mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

06. Nenhum Grupo de AA deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de AA

a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que

problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso objetivo

primordial.

07. Todos os Grupos de AA deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando

quaisquer doações de fora.

08. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos

centros de serviços possam contratar funcionários especializados.

09. AA jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém criar juntas ou comitês de

serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.

10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o

nome de AA jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.

11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-

nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.

12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da

necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

10 – AS DOZE TRADIÇÕES – UNIDADE

Alcoólicos Anônimos não é, e jamais deverá ser, uma sociedade formal e

hierarquicamente organizada. A sua unidade ao redor do mundo se orienta e se

concretiza pela aceitação individual e coletiva de um conjunto de regras de

procedimentos conhecido entre nós como as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. A

prática dessas regras por parte de cada membro e de cada Grupo de AA tem conseguido

manter a Irmandade dentro de um padrão de unidade jamais experimentado por qualquer

sociedade semelhante; exemplo de obediência voluntária, não conseguida por temor de

punições, portanto sem a obrigatoriedade de corrente de uma disciplina hierarquizada.

A consciência de cada membro e de cada Grupo é o seu próprio juiz. Nenhum de nós,

membro do Grupo, é uma ilha isolada. Somos, em vontade e consciência, um só

continente, embora de muitas terras, línguas e crenças diferentes.

EU SOU RESPONSÁVEL ...

Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda,

Quero que a mão de AA esteja sempre ali.

E PARA ISTO: EU SOU RESPONSÁVEL

11 – OS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS

01. A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de AA

deveriam sempre recair na consciência coletiva de toda a nossa Irmandade.

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02. Quando, em 1955, os Grupos de AA confirmaram a permanente Ata de Constituição

da sua Conferência de Serviços Gerais, eles, automaticamente, delegaram à Conferência

completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim

tornaram a Conferência – com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no

Artigo 12 da Ata de Constituição da Conferência – a verdadeira voz e a consciência

efetiva de toda a nossa Sociedade.

03. Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente

definida entre os Grupos de AA e as suas diversas corporações de serviços, quadros de

funcionários, comitês e executivos, assim assegurando as suas lideranças efetivas, é aqui

sugerido que dotemos cada um desses elementos dos serviços mundiais com um

tradicional “Direito de Decisão”.

04. Através da estrutura da nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de

responsabilidade um tradicional “Direito de Participação”, tomando cuidado para que a

cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto

representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.

05. Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional

“Direito de Apelação”, assim nos assegurando de que a opinião da maioria seja ouvida e

de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente

consideradas.

06. Em benefício de A. A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a

principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente,

tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em

geral. Mas a Conferência também reconhece que a principal iniciativa e a

responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente

pelos Custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de

Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

07. A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de

Serviços Gerais são instrumentos legais e que os Custódios têm plenos poderes para

administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos.

Além do mais, é entendido que a Ata de Constituição da Conferência não é por si só um

documento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da

bolsa de AA para efetivara sua finalidade.

08. Os Custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: a)

com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles

são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais Comitês

dirigem diretamente esses assuntos; b) mas com relação aos nossos serviços,

constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos Custódios é

principalmente aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que

exercem através de sua capacidade de eleger os diretores dessas entidades.

09. Bons líderes de serviços, bem como métodos sólidos e adequados para a sua

escolha, são em todos os níveis indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança

no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, exercida pelos fundadores de AA,

deve, necessariamente, ser assumida pelos Custódios da Junta de Serviços Gerais de

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Alcoólicos Anônimos.

10. Toda a responsabilidade de serviço deveria corresponder a uma autoridade de

serviço equivalente – a extensão de tal autoridade ser sempre bem definida, seja por

tradição, por resolução, por descrição específica de função ou por atas de constituição e

estatutos adequados.

11. Enquanto os Custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos

serviços mundiais de AA eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos

comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos e quadro de

funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas

de serviços, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como são introduzidos

dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles são

relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos executivos,

quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a remuneração

desses trabalhos especiais, serão sempre assuntos para muita atenção e cuidado.

12. As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência

de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de AA, tomando muito cuidado

para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que

suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente

princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em

posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões

importantes sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por

substancial unanimidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente

punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste

serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da

mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência

permaneça sempre democrática em pensamento e ação.

12 – OS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS

SERVIÇO

Os Doze Conceitos para Serviços Mundiais e o Manual de Serviço de AA é,

fundamentalmente, todo trabalho e esforço desenvolvidos no sentido de trazer o

alcoólatra que ainda sofre ao convívio da Irmandade. Em outras palavras, e de forma

mais objetiva, podemos dizer que Serviço é “abordagem”. Lembremos porém, que o

serviço se baseia na atração e jamais na promoção. Para que o conjunto de trabalhos e

esforços se realizem de forma harmoniosa e uniforme, dentro dos princípios gerais de

Alcoólicos Anônimos, necessário se torna conceituá-los quanto à sua forma e

desenvolvimento. É aconselhável, senão necessário, que cada membro e cada Grupo de

AA conheçam “Os Doze Conceitos para o Serviço Mundial”, um dos textos da literatura de

AA editado pelo CLAAB.

A exemplo de outros países onde os trabalhos de AA foram organizados segundo suas

próprias características e necessidades, no Brasil a sua estrutura de serviços está

organizada segundo o estabelecido em um Manual de Serviços aprovado pela

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Conferência de Serviços Gerais e em obediência aos princípios gerais de AA. Mundial. O

Manual é, pois, guia e ensinamento, e cada Grupo deve ter um exemplar dessa

verdadeira ferramenta de trabalho.

13 – A 7a. TRADIÇÃO: AUTO-SUFICIÊNCIA

(A Independência de AA como Instituição)

É costume no Brasil fazer-se um intervalo nas reuniões fechadas para o tradicional

cafezinho, aproveitando-se esta ocasião para “correr a sacola”.

É sugerido que o Coordenador lembre aos presentes a importância do nosso princípio da

Auto-Suficiência. Vamos ajudá-lo no esclarecimento dessa Tradição de AA.

Um dos principais, senão o principal motivo do respeito e da administração que a

sociedade em geral tem por Alcoólicos Anônimos é a sua independência financeira. A

nossa Irmandade, não dependende dos cofres públicos nem da ajuda de instituições e de

pessoas não-alcoólicas, tem conseguido manter, com dignidade, os seus princípios e

fazê-los respeitados por governos, pessoas e instituições. A auto-suficiência de AA como

um todo, começa na de cada Grupo que a compõe. E a de cada Grupo, na sacola de

cada reunião. Durante muitos anos, e até mesmo nos dias atuais, mantivemos um

discurso inconseqüente, dizendo ao recém-chegado que “em AA não é preciso dar

dinheiro, pois somos auto-suficientes” A inconseqüência de tão contraditório discurso nos

conduziu a que tenhamos hoje não apenas uma, mas pelo menos quatro gerações de

companheiros erradamente informados, e por isso educados na irresponsabilidade

quanto a necessidade da sua contribuição. Quando acordamos para esta realidade

estávamos cercados de necessidades por todos os lados, em rota de colisão com a

insolvência de nossos principais organismos de trabalho. Precisamos mudar este

discurso e corrigir esta má educação.

O Plano 60-25-15, significa: 60% da arrecadação da sacola para as despesas do Grupo,

25% para a Central de Serviços ou Intergrupal e 15% para o Escritório de Serviços

Gerais.

14 – ABORDAGEM

O seu Grupo, a exemplo dos demais Grupos em todo o mundo, é animado de um único

propósito primordial: o de transmitir ao alcoólatra que ainda sofre a mensagem de

Alcoólicos Anônimos. Está na Quinta Tradição. A transmissão dessa mensagem pode ser

feita de maneira diversas, sendo a mais comum a “abordagem” cara a cara, aquela feita

individualmente pelo membro que transmite sua experiência a um alcoólatra na ativa.

Outra, a coletiva, feita nos serviços em hospitais, empresas e em instituições correcionais

ou ainda em reuniões públicas. Em todos estes casos deve ser usada a atração em vez

da promoção.

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Quando o Grupo não dispuser de um Comitê de Abordagem, o Coordenador do Grupo

deve pedir a um dos membros que faça a abordagem, cujo pedido tenha chegado ao

Grupo, normalmente por intermédio da Central, da Intergrupal e mesmo por pedido direto

de pessoas não-alcoólicas. Convém registrar esse pedido no resumo de ata da reunião, a

fim de ser informado se a abordagem foi feita ou não, dando ciência ao solicitante. Na

abordagem indireta, feita de forma sugestiva na reunião pública, tenha sempre presente

que AA é uma instituição leiga, não profissional e que apesar dos altos índices de

recuperação alcançado pela Irmandade, esta não é senão uma opção com a qual o

indivíduo ou a sociedade pode contar para a solução do alcoolismo. O alcoólatra

abordado não é obrigado a tornar-se membro de AA, mas nós, membros da Irmandade,

somos responsáveis pela transmissão da mensagem de Alcoólicos Anônimos, até porque

é assim que mantemos a nossa própria sobriedade.

15 – INGRESSO / APADRINHAMENTO

Usualmente o Coordenador deixa para fazer o ingresso do visitante ou do abordado mais

para o final da reunião fechada, quando o provável ingressante teve oportunidade de

ouvir os vários depoimentos de companheiros mais antigos, nos quais é enfatizado o

alcoolismo como doença, o programa de AA e os seus princípios, etc. Não é conveniente

constranger o visitante a fazer-se membro de AA, mas deixá-lo à vontade quanto a esta

decisão, que poderá ser tomada até mesmo em outra reunião. Lembre-se: AA é uma

opção.

Tomada a decisão, o novo membro poderá escolher um(a) dos(as) companheiros(as)

presentes para ser o seu padrinho ou madrinha. Pode ocorrer que esta escolha imediata

decorra do fato do ingressante já ser conhecido do seu padrinho ou madrinha. No caso de

não serem conhecidos, é conveniente que o Coordenador apenas indique um dos

presentes para entregar-lhe a ficha de ingresso – se este for o costume do Grupo – e

deixe ao ingressante escolher futuramente o seu padrinho ou madrinha, aquele ou aquela

com que mais “afinou” no decorrer de algumas outras reuniões. Sendo o 1o. Passo

essencial para a tomada de decisão do visitante, sugere-se que um dos membros mais

antigos do Grupo verse seu depoimento pessoal sobre esse importante passo. Lembre-

se, nenhum membro do Grupo deve fazer pressão para a permanência do visitante.

No folheto “Perguntas e Respostas Sobre Apadrinhamento”, você encontrará respostas

para qualquer dúvida porventura existente. O melhor exemplo de relacionamento entre

padrinho e afilhado é o caso de BILL e Dr. BOB, nossos co-fundadores. Com base neste

exemplo, podemos dizer que o Apadrinhamento é a realização prática e vivida, em toda a

sua extensão das palavras: amigo, companheiro e confidente.

16 – ENCERRAMENTO DA REUNIÃO

Qualquer reunião, seja fechada, aberta ou pública, deve ser encerrada com a Oração da

Serenidade ou Pai Nosso. Nas reuniões abertas e públicas o Coordenador, ante o

encerramento, deve agradecer a presença dos convidados não-alcoólicos, citando, na

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oportunidade, nominalmente, aqueles convidados especiais que não estiveram presentes

na abertura. Nas reuniões fechadas agradece aos companheiros a ajuda recebida para o

bom andamento da reunião, assim como pela contribuição na sacola. Orienta sobre a

próxima reunião e pede a quem esteja secretariando que leia a correspondência

recebida, o resumo da reunião e o movimento de caixa, alertando aos companheiros a

necessidade das contribuições na sacola, para saldar os compromissos financeiros do

Grupo. O tesoureiro fornecerá ao Coordenador/Secretário a cada reunião, o valor desses

compromissos monetários.

Após a Oração da Serenidade ou Pai Nosso, pede aos presentes observarem um instante

de silenciosa reflexão. Nesta oportunidade os companheiros religiosos poderão fazer, em

silêncio, qualquer outra oração do seu credo religioso, respeitando, assim, os

companheiros de outra ou de nenhuma denominação religiosa.

17 – DADOS HISTÓRICOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

Como nós sabemos, Alcoólicos Anônimos começou em 1935 na cidade norte-americana

de Akron, Estado de CHIO, resultante do encontro de BILL W. , corretor da Bolsa de

Valores de New York e o médico cirurgião de Akron, Dr. BOB, ambos considerados casos

perdidos de alcoólatras. Nossos dois co-fundadores permaneceram sóbrios até a morte,

graças ao trabalho que eles desenvolveram junto a outros alcoólatras, descobrindo assim,

desde o início, que para sair do egocentrismo, característica marcante da personalidade

de todo alcoólatra, seria necessário pensar em outro ser humano, para sair de si mesmo.

Compreenderam que para se manterem sóbrios, este estado de felicidade e utilidade,

deveria ser compartilhado com outros alcoólatras sofredores. BILL e BOB, juntamente

com outros alcoólicos em recuperação, conseguiram nos primeiros anos da nossa

Irmandade, os seguintes resultados:

1935 - 5 membros

1936 - 15 membros, aumento de 200%

1937 - 40 membros, aumento de 170%

1938 - 100 membros, aumento de 150%

1939 - 400 membros, aumento de 300%

1940 - 2000 membros, aumento de 400%

1941 – 8000 membros, aumento de 300%

(Dados do livro AA Atinge a maioridade)

Dados fornecidos pelo GSO de New York, nos diz que a 1o. de janeiro de 1986,

tínhamos:

69.019 Grupos de Alcoólicos Anônimos espalhados pelo mundo todos, sendo que 38.285,

somente nos Estados Unidos e Canadá, e que o número de membros ativos, era de

1.446.000.

18 – SUGESTÕES PARA COORDENAÇÃO DE REUNIÕES

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(GUIAS DE AA)

Estes guias estão baseados na experiência dos membros de AA que trabalham nos

diversos campos de serviço. Também refletem o espírito das Doze Tradições e das

recomendações da Conferência de Serviços Gerais. De acordo com nossa Tradição de

autonomia, exceto em assuntos que afetem outros Grupos ou AA como um todo, a

maioria das decisões se toma por meio da consciência coletiva dos membros

participantes. O propósito deste Guia é ajudar a tornar esclarecida uma consciência

coletiva.

Com o objetivo de atender um anseio de nossa Irmandade, apresentamos uma sugestão

para coordenação de reuniões de um Grupo de AA. O bom andamento de uma reunião

em um Grupo de AA, qualquer que seja ela, depende do discernimento, do conhecimento

e do bom senso do Coordenador (O famoso “jogo de cintura”). Portanto, estamos

relacionando, após a sugestão de roteiro, algumas sugestões para balizar o

comportamento do Coordenador durante uma reunião. Cada Grupo utilizará aquilo que

lhe for conveniente, para elaborar o roteiro para coordenação de suas reuniões.

COORDENAÇÕES DE REUNIÕES – ROTEIRO

ABERTURA:

Boa noite (ou bom dia, boa tarde) a todos. Sejam bem-vindos a mais uma reunião de

Alcoólicos Anônimos no Grupo(mencionar o nome do Grupo onde esta ocorrendo a

reunião).

Meu nome é(mencionar o nome de quem esta coordenando a reunião) e sou alcoólatra

(ou alcoólico(a)).

Alcoólicos Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham suas

experiências, forças e esperanças, afim de resolver seu problema comum e ajudar outros

a se recuperarem do alcoolismo.

O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro

de AA não há necessidade de pagar taxa ou mensalidades, somos auto-suficientes,

graças as nossas próprias contribuições.

Alcoólicos Anônimos não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum partido

político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia;

não apóia nem combate quaisquer causas.

Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a

alcançarem a sobriedade.

Embora Alcoólicos Anônimos não esteja ligado a nenhuma seita ou religião, temos por

costume começar e terminar as reuniões de AA no mundo todo com uma breve

invocação, conhecida por nós como Oração da Serenidade, e convido a todos que

quiserem que me acompanhem, após um instante de silêncio.

ORAÇÃO DA SERENIDADE:

Concedei-nos, Senhor, a SERENIDADE necessária

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Para aceitar as coisas que não podemos modificar.

CORAGEM, para modificar aquelas que podemos e

SABEDORIA para distinguir umas das outras.

PARA SER LIDO, SE FOR OPORTUNO, DE ACORDO COM O TIPO DE REUNIÃO:

Esta é uma reunião ABERTA e podem assistir a ela pessoas não alcoólicas, nossos

familiares, amigos ou quaisquer outras que queiram conhecer nosso programa de

recuperação.

Esta é uma reunião de Serviço (ou Administrativa) para tratar de assuntos de interesse do

Grupo. Ela é FECHADA e somente para membros de AA.

Outros tipos de reunião serão anunciadas, de acordo com a disposição do Grupo de

realizá-las.

Nesta reunião ouviremos alguns depoimentos de membros de AA. Aquele que estiver

dando seu depoimento merece de nós toda consideração e respeito. Lembramos que os

depoimentos são pessoais e não refletem necessariamente a opinião da Irmandade de

Alcoólicos Anônimos como um todo.

NOTA: As pessoas que chegam pela primeira vez deverão ser tratadas de acordo com o

que determina a consciência coletiva do Grupo e com os princípios de Aa. Se o visitante

estiver alcoolizado e o Coordenador da Reunião achar por bem ceder a palavra, poderá

faze - lo. Se o visitante for um profissional, deverá ser-lhe dada toda atenção, pois

poderemos ter a oportunidade de apadrinhar um futuro amigo de AA. O Grupo poderá

dispor de algum tempo para transmitir recados do RSG, CTO, ou outro servidor. Poderá

faze - lo antes ou depois do intervalo para o café, ou quando suas consciência coletiva

determinar.

SÉTIMA TRADIÇÃO

(Para ser lido antes do intervalo para o café)

Nossa Sétima Tradição diz: “Todos os Grupos de AA deverão ser absolutamente auto-

suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora”. Para cumprir essa Tradição passamos

uma sacola entre os presentes. Esse dinheiro é utilizado para cobrir as despesas de

nosso Grupo, para distribuição gratuita de literatura e para manutenção dos Órgãos de

Serviço de AA.

Agora convido todos a saborearem um cafezinho.

NOTA: Após o intervalo para o café, a reunião segue normalmente.

ENCERRAMENTO:

TERCEIRA TRADIÇÃO

“Para ser membro de AA o único requisito é o desejo de parar de beber”. Se houver

alguém presente com o desejo de fazer parte de nossa Irmandade, considere-se membro.

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Ao final da reunião procure o Coordenador ou outro servidor, para receber folhetos

informativos sobre AA.

NOTA: Embora não existam formalidades para o ingresso de membros em AA, alguns

Grupos ainda utilizam a entrega de fichas aos novatos. Como em qualquer outro assunto,

aqui também prevalece o que determinar a consciência coletiva de cada Grupo.

ANONIMATO:

Nossas Tradições de Anonimato dizem o seguinte:

Décima Primeira: “Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da

promoção;cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na impressa, no rádio e em

filmes”.

Décima Segunda: “O anonimato é o alicerce espiritual de nossas Tradições, lembrando-

nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades”.

Embora nenhum membro de AA deva jamais revelar a ligação de qualquer outro membro

com a Irmandade, Alcoólicos Anônimos não deve ser mantido secreto ou como

movimento clandestino. Havendo necessidade, deveríamos estar dispostos a nos

identificar como membros de AA, se com isso pudermos estar ajudando alguém.

NOTA: Sobre esse assunto, talvez seja oportuno termos a mão o seguinte lembrete:

“Quem você viu aqui,

o que você ouvir aqui,

quando você sair daqui,

deixe que fique aqui”.

Chegamos ao término de mais uma reunião nesse Grupo. Nossa Sacola somou R$ e

tivemos a presença de ... companheiros(as)

PARA SER LIDO QUANDO TIVERMOS NOVATOS NA SALA.

Pedimos aos recém-chegados que não deixem levar por qualquer má impressão causada

por esta reunião. Visitem-nos mais vezes, pois assim entenderão melhor nossa

programação. E tenham certeza de que serão sempre bem-vindos.

Agradecemos a presença de todos e aproveitamos para convidá-los para nossa próxima

reunião que será dia(falar o dia da semana) às (falar o horário).

Para encerrar nossa reunião, convido a todos que quiserem que me acompanhem, após

um instante de silencia, na

ORAÇÃO DA SERENIDADE

Concedei-nos, Senhor, a SERENIDADE necessária

Para aceitar as coisas que não podemos modificar.

CORAGEM para modificar aquelas que podemos e

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SABEDORIA para distinguir umas das outras.

Boa noite (ou bom dia, boa tarde) e muito obrigado a todos.

19 – ALCOOLISMO

O uso de álcool é conhecido desde os tempos bíblicos, mas passou a ser estudado em

1856 na Suécia pelo especialista, MANGOS-HUS, que aliás, é o autor da expressão

“ALCOOLISMO”, que designa uma doença caracterizada pela dependência física e

psíquica do álcool.

Em 1935, BIL e o Dr. BOB, realizaram a primeira reunião dos Alcoólicos Anônimos, pôr

admitirem que também eram impotente perante o álcool, daí então resolveram

conscientizar outros Alcoólatras que realmente os mesmos precisavam de ajuda pôr se

tratar de uma doença, e não mais pararam com este trabalho. Com isso, espalhou-se

pelo mundo todo, grupos de ajuda a todos que sofriam com o problema do alcoolismo e

fazendo sofrer a todos que os rodeavam, principalmente os seus familiares, surgindo

assim: GRUPOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS – AA.

O alcoolismo, é uma doença que se manifesta com pequenas doses ingeridas, chegando

ao ponto da pessoa perder o controle sobre ela.

Problemas sociais: desajuste no lar, separação conjugal, perda do emprego,

incapacidade de desempenhar papéis sociais, endividamento, acidente de trânsito,

homicídios, suicídios, demandas legais como: perdas dos filhos por exemplo e as

amizades, pois a mesma sociedade que os incentiva a beber é a mesma que os

descrimina expulsando-os de seu meio, principalmente no meio FAMILIAR e tornando-se

assim um zero a esquerda perante a todos.

Doença física: hepatite, cirrose hepática, depressão, frequência cardíaca acelerada,

hipertensão, insônia, pancreatite, gastrite e úlceras estomacal e duodenais, redução da

coordenação motora, impotência sexual, lesões celebrais, diabete e outras.

É uma doença progressiva e de fins fatais e, se não for tratada, com o passar do tempo

compromete a saúde física e mental do indivíduo.

Em resumo: A progressão da doença vai da perda da auto estima, a desagregação da

família, a perda do emprego, ao comprometimento orgânico até a internação hospitalar e

FINALMENTE, A MORTE.

Não esqueça ainda que a bebida para muitos, é a porta de entrada para as drogas mias

fatais, levando ainda mais rápido ao caminho de tudo que foi citado acima!

Se você quer ou tem alguém que quer receber ajuda, procure um Grupo de AA.

“SE FOR DE SUA PRÓPRIA INICIATIVA, NÓS ESTAMOS DE BRAÇOS ABERTOS

PARA AJUDAR E TAMBÉM SER AJUDADO”.

20 – DOZE SUGESTÕES PARA UMA BOA COORDENAÇÃO

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01- Evite tomar ares de “autoridade”. Lembre-se que a função do Coordenador ao liderar

a reunião, é zelar pelas Tradições de AA. E as Tradições de AA baseiam-se na

HUMILDADE. Portanto procure mentalizar o velho ditado: “que comece por mim”.

02- Antes de aceitar uma coordenação, faça um minucioso inventário moral de si mesmo

e veja se está em condições de assumi-la. Sobriedade é um estado de espírito que se

transmite e um Coordenador tumultuado ou mal-humorado pode contagiar todo o Grupo.

03- Existe querer bancar o “professor” ou “pregador”. Lembre-se que a cadeira de

Coordenador não é tribuna, que uma reunião de AA não é sala de aula e que seus

companheiros não são alunos.

04- Não faça análises ou diagnósticos dos companheiros. Esse direito não compete a nós

membros de AA. Procure inteirar-se do folheto.”AA em sua Comunidade”.

05- Não faça comentários em relação ao depoimento dos companheiros, salvo quando for

solicitado pelo depoente, ou se isso se tornar absolutamente necessário para ajudar,

nunca para depreciar ou humilhar. Quanto menos o Coordenador “tagarelar” melhor a

reunião.

06- Evite interromper o companheiro, mesmo que ele esteja “falando demais”. Em alguns

Grupos o tempo é limitado e você poderá depois falar livremente.

07- Evite dialogar com os companheiros, salvo se a reunião for informal isso, porém, não

significa que você não possa perguntar aos novos como estão passando o dia-a-dia.

08- Procure estar sempre atento durante todo o tempo em que transcorrer a reunião.

Atento com os que falam, com os que ouvem e também com os que chegam. Alguém

pode estar “tumultuando” e, talvez, precisando desabafar.

09- Jamais abuse do direito que o Grupo lhe concedeu ao confiar-lhe a liderança de sua

reunião. Procure não criticar o depoimento do companheiro. Lembre-se que você é um

simples servidor e, como tal, deve ser sempre um fiel servidor no Grupo.

10- Procure inteirar-se, se a reunião é “aberta” ou “fechada” e se a palavra deve ser

“dirigida” ou apenas “franqueada”. Não se esqueça dos novos, dos recém-chegados e

dos visitantes, já que geralmente têm algo de novo para nos transmitir. Lembre-se de que

uma reunião “aberta” deixa de ser do Grupo para ser de AA, como um todo e que nosso

programa é de atração e não de promoção. Dizem que todo alcoólico é inteligente. Como

tal, um Coordenador deve ser membro de AA – um alcoólico portanto.

11- Evite dirigir a reunião a seu bel prazer. Deixe que tudo transcorra naturalmente e que

cada um fale livremente. Em AA cada um fala de si.

12- Não complique! A UNIDADE do Grupo deve ser preservada a todo instante e o

Coordenador é o guardião dessa UNIDADE. Portanto, é bom lembrar o que diz nossa

Primeira Tradição – “ O bem-estar coletivo deve estar em primeiro lugar”. Lembre-se das

últimas palavras do Dr. BOB: “MANTENHA AA SIMPLES”.

UMA VISÃO DOS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS

Dr. Laís Marques da Silva

Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB

Os substantivos definem as idéias. Dizemos que uma questão é substantiva quando ela

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contém o significado, a substância. Na designação "Doze Conceitos para Serviços

Mundiais", temos dois substantivos que devemos analisar detidamente a fim de que

possamos compreender a totalidade dos seus conteúdos.

O primeiro é a palavra conceito. Recorrendo ao "Aurélio", vemos que: 1. Em Filosofia,

significa a representação de um objeto pelo pensamento, por uma das suas

características gerais - abstração, idéia; 2. Ação de formular uma idéia por meio de

palavras - definição, caracterização e, 3. Pensamento, idéia, opinião. Estas primeiras

acepções nos transmitem o significado da palavra conceito porque respondem às

indagações: qual a idéia e qual a sua definição?

O segundo substantivo é a palavra serviço. Com ela já estamos bem familiarizados, pois

vivemos numa Irmandade animada pelo espírito de serviço, entendido como o ato de

colocar a sobriedade ao alcance de todos os que a desejem. Os serviços definem o AA

como o conhecemos e põem os seus membros em contato, em comunicação, com os

que precisam de ajuda, os que querem parar de beber.

O serviço em AA compreende tudo o que se venha a realizar para alcançar o alcoólico

que ainda sofre e se compõe de uma grande variedade de atividades que vão desde o

preparo de uma xícara de café até a manutenção do Escritório de Serviços Gerais. No

entanto, o serviço básico, e também a razão primordial da existência de AA, é o de levar

a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. O serviço dá à Irmandade a marca da ação.

Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em recuperação e em ação.

Do mesmo modo que o objetivo de cada membro é a sua própria sobriedade, o dos

serviços é colocar esta mesma sobriedade ao alcance de todos os que a desejem; "Cada

grupo é animado de um único propósito - o de transmitir a mensagem ao alcoólico que

ainda sofre".

O ideal de ajuda se constitui numa importante força de coesão para o grupo porque

anima os seus membros em torno de um objetivo comum e, por isso, se torna um sólido

alicerce para a Irmandade. Indispensável à Unidade, é a própria essência do Terceiro

Legado.

A tarefa de estender a mão àquele que ainda sofre oferece a cada membro um trabalho

suficientemente grande para polarizar a imaginação e os esforços dos seus membros e

para fazer nascer um profundo sentimento de lealdade em relação ao grupo. "Razões

tinham que ser encontradas para manter as pessoas autoritárias e causadoras de atrito

em seus devidos lugares. Um adequando comitê de serviços, com considerável pressão,

aliado a muito amor e confiança, provou ser a resposta". O serviço traz recompensas

imateriais para os que o realizam e é um dos pilares sobre os quais se assenta a

recuperação individual.

Voltando ao tema, vemos que os serviços são mundiais e aí muita gente entende que não

é da sua alçada em razão do adjetivo mundial, considerado o âmbito restrito da sua

atuação individual. Mas os serviços têm uma outra dimensão, a espacial, uma vez que

compreendem as ações que se desenvolvem nos grupos, as que são realizadas a nível

nacional, as que ultrapassam as fronteiras de um país e as que são executadas a nível

internacional. Como a Irmandade está em cerca de 147 países do mundo, os serviços se

tornaram realmente mundiais. Assim, o alcance da Irmandade é global e a sua

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mensagem é dirigida à espécie humana, a todos os que têm problemas com a bebida.

Os Doze Conceitos, ligados ao Terceiro Legado, interessam em especial aos "servidores

de confiança", isto é, aos companheiros que se dedicam ao serviço.

Com poucos anos de existência, a Irmandade contava com milhares de grupos, com uma

Junta de Serviços Gerias, com uma Conferência e uma Revista. Era necessário, então,

estabelecer as relações entre estas essas estruturas. Desta forma, quando o próprio Bill

W. idealizou os 12 Conceitos, estabeleceu as relações que visavam, a meu ver, montar

um sistema, como se espera que exista numa sociedade como aquela em que vivemos,

preocupada com os controles, a retroalimentação e com a reformulação do planejamento.

Os Doze Conceitos de AA dão a coesão necessária aos serviços e previnem a existência

de superposições e, como tal, evitam dissensões.

Outro ponto que é necessário esclarecer é o conceito de Serviços Gerais. São serviços

que os grupos não podem fazer por si mesmos, como: uniformizar, editar e distribuir uma

literatura composta de numerosos títulos; fazer um trabalho de informação ao público

padronizado a nível nacional; passar a experiência adquirida pelos grupos da nossa

Irmandade como um todo aos novos grupos; atender, numa escala maior, aos pedidos de

ajuda; publicar a Revista Nacional, etc.

Há frases que demonstram um grande poder de síntese e que dão uma idéia muito clara

das coisas: "Os Passos são para o alcoólico viver e as Tradições são para a Irmandade

viver". Uma outra diz que "Os Passos ensinam a viver e as Tradições ensinam a

conviver". São frases que, sendo curtas, exibem um grande poder de síntese e encerram

uma grande significação. No entanto, em relação aos Conceitos, fica um pouco difícil

condensar, fazer uma ponte que os una como um todo. Resta o esforço de tentar costurá-

los de modo a transmitir uma idéia condensada, uma visão global do seu conteúdo e é o

que passamos a fazer agora.

Conceito I: Nele fica estabelecido que "A responsabilidade final e a autoridade suprema

para os serviços mundiais recaem sobre os grupos de AA." "Esta responsabilidade e a

conseqüente autoridade foram transferidos para os grupos no decurso da Convenção

Internacional de Saint Louis, em 1955". Esta é a idéia do Conceito I.

Conceito II: Em 1955, os grupos delegaram autoridade à Conferência para a manutenção

dos serviços mundiais e tornaram a Conferência a verdadeira voz e a consciência efetiva

de toda a Irmandade de AA. Com este conceito, o grupo resolve o problema de como

encaminhar os assuntos ligados ao serviço, isto é, o faz por meio de um instrumento, que

é o da delegação. Desta maneira, delega o seu papel de condutor à Conferência de

Serviços Gerais e o faz elegendo um representante de serviços gerais para cada grupo,

os quais se reúnem em Assembléia de Área e elegem, anualmente, no caso do Brasil, um

delegado por Área que atua em nome de todos os grupos da respectiva Área.

A idéia central deste conceito está na delegação, feita pelos grupos à Conferência, do seu

papel de condutor da Irmandade.

Conceito III: Por esse conceito, a "Conferência delega à Junta de Serviços Gerais a

autoridade para administrar os assuntos de AA. Estabelece também as relações entre os

grupos de AA, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais, funcionários e comitês

executivos acentuando o tradicional "Direito de Decisão", que pode ser aplicado em

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praticamente todos os níveis da estrutura de serviços mundiais. Este conceito estabelece

também uma relação de confiança nos líderes responsáveis dando-lhes o poder de

decisão, levando em conta a sua responsabilidade e autoridade diante dos problemas e

das situações que apareçam.

A liderança moderada é a essência do "Direito de Decisão" atribuído aos servidores de

confiança. Bill afirmou: "todo o nosso programa dentro de AA repousa no princípio da

confiança mútua. Confiamos em Deus, confiamos no AA e confiamos em cada um de

nós".

Conceito IV: Trata do "Direito de Participação". Constitui-se numa salvaguarda contra a

autoridade absoluta, suprema. É uma garantia de participação, do direito de tomar parte.

Cria um mecanismo que impede a existência de membros de "segunda classe". Está em

perfeita consonância com a Segunda Tradição. Esse direito está incluído no Estatuto da

Conferência de Serviços Gerais. Com ele, os membros da JUNAAB tornam-se membros

votantes na Conferência.

Esse conceito atende a uma necessidade, mais do que a um desejo de pertencer e de

participar.

Conceito V: O "Direito de Apelação" garante que uma eventual minoria seja sempre

ouvida. Qualquer membro de AA pode exercer este direito, bastando para isso redigir um

documento e dirigi-lo à Junta de Serviços Gerais. A outra face desse direito é também

muito importante, pois ela faz com que todo o tempo necessário e que todo o cuidado

sejam dedicados aos temas em discussão. A minoria bem ouvida representa uma

proteção contra uma maioria eventualmente desinformada, precipitada ou irritada. Previne

uma possível "tirania" da maioria. Dessa forma, uma maioria simples raramente é

suficiente para tomar decisões. Se não se chega a uma substancial maioria, é preferível

adiar a decisão ou sair para o "procedimento do Terceiro Legado" ou ainda fazer o sorteio

no "chapéu".

Conceito VI: Atribui, em primeiro lugar à Conferência e, depois, à Junta, a

responsabilidade de manter serviços mundiais e de decidir sobre assuntos de finanças e

de normas de procedimento. Na sua ausência, a Conferência delega autoridade

administrativa à Junta. Estabelece que, embora os custódios devam operar sob

observação e orientação da Conferência, eles devem funcionar como diretores de uma

grande organização de negócios, para o que devem ter ampla autoridade para

administrar e conduzir os negócios de AA.

Conceito VII: Por esse conceito, a Conferência reconhece a Ata de Constituição e os

Estatutos da Junta de Serviços Gerais como instrumentos legais e lhe dá plenos poderes

para administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de AA.

A Conferência fica com a força da tradição e com o poder do dinheiro e dá à Junta o

direito de eleger os seus membros. Assim, estabelece que a escolha dos novos custódios

cabe à própria Junta e que esta escolha deve ser submetida à aprovação da Conferência.

Assim, a Conferência pode rejeitar, mas não eleger os novos candidatos a custódio. Isto

é, preserva à Junta de Custódios o direito de funcionar livre e adequadamente tal como

qualquer junta de diretores de negócios. Tudo isso dentro do conceito de "Servidores de

Confiança".

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Esse conceito estabelece um equilíbrio de poderes entre a Conferência e a Junta,

indispensável a uma harmoniosa colaboração. Assim, a Ata de Constituição dá, aos

custódios, autoridade legal de tal forma que lhes é possível dizer "não" para o que vem da

Conferência, de vetar qualquer das suas ações. No entanto, eles não estão obrigados a

usar toda a autoridade e durante o tempo todo. Muitas vezes é mais sensato um sim.

Também a Conferência deve evitar o abuso da sua autoridade tradicional.

Conceito VIII: Por ele, os custódios da Junta atuam como planejadores, administradores e

executores e, em relação aos serviços incorporados, exercem supervisão de custódia,

podendo eleger os diretores dessas entidades. A Junta delega funções executivas e fica

com a supervisão e, para evitar a concentração de dinheiro e de autoridade, as

incorporações são mantidas separadas.

Conceito IX: Esse conceito atribui a liderança dos serviços mundiais aos custódios da

Junta e os tornam diretamente responsáveis pela nossa Irmandade. Enfatiza também a

necessidade de se escolher bons líderes para a estrutura de serviços. As pessoas certas

devem ser escolhidas para as muitas tarefas a serem executadas em cada nível de

serviço.

"Não importa com que cuidado projetamos a nossa estrutura de serviços em princípios e

relações, não importa quão bem repartamos a autoridade e a responsabilidade, os

resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores do que o

desempenho pessoal daqueles que devem servir e fazê-la funcionar. Boa liderança não

pode funcionar bem numa estrutura mal planejada ... liderança fraca não pode funcionar

nem na melhor das estruturas."

Estabelece ainda que a base da estrutura de serviços repousa em milhares de RSGs, que

nomeiam numerosos membros dos Comitês de Área e também tantos outros delegados,

além de apreciar os candidatos a custódio das Áreas. A votação se faz pelo método do

Terceiro Legado, ou seja, por 2/3 da votação ou por sorteio.

Conceito X: Estabelece a relação entre responsabilidades e limita a extensão. A maior

responsabilidade e autoridade estão com os grupos e, por meio deles, com a

Conferência. O Conceito I estabelece que a responsabilidade final e a autoridade

suprema estão nos grupos e o Conceito II estabelece que eles delegam essa autoridade

à Conferência. Esta, por sua vez, pelo Conceito III, delega para a Junta de Serviços

Gerais a autoridade para administrar os assuntos de AA.

A autoridade suprema da Conferência nunca deveria ser usada o tempo todo, a não ser

numa emergência e isso acontece geralmente quando a autoridade que foi por ela

delegada fracassa e precisa ser reorganizada em função da sua deficiência ou porque os

limites da autoridade são constantemente ultrapassados.

Além dos dispositivos para igualar autoridade e responsabilidade, esse conceito

acrescenta duas garantias: o "Direito de Apelação" e o "Direito de Petição" a fim de

assegurar que a minoria tenha uma autoridade correspondente à sua responsabilidade.

A Segunda Tradição define o que se entende por "Consciência de Grupo" como sendo a

autoridade final e também fala dos servidores de confiança como tendo autoridade

delegada. As definições cuidadosas e o respeito mútuo são indispensáveis para manter o

equilíbrio necessário à realização de um trabalho correto e harmonioso.

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Conceito XI: Por ele, os custódios devem ter a melhor assistência dos comitês

permanentes, dos diretores de serviços incorporados, dos executivos, funcionários e

consultores. Nesse conceito, está definida a atuação dos diversos comitês da Junta, a

sua composição, funções e relações.

Conceito XII: Tem o mesmo conteúdo do artigo 12 da Ata de Constituição da Conferência.

Estabelece que a Conferência observe o espírito das Tradições de AA; que nunca seja

sede de riqueza ou de poder, que tenha fundos suficientes para funcionar, que nenhum

membro seja colocado em posição de autoridade absoluta sobre os outros; que as

decisões sejam tomadas após discussão, votação e, se possível, substancial

unanimidade. Que nenhuma ação seja punitiva ou leve à controvérsia pública; que

embora preste serviço, não desempenhe ato de governo, permanecendo democrática em

pensamento e ação.

Esse conceito é a base do funcionamento da Conferência e, diferentemente dos 11

precedentes, há para ele um mecanismo de proteção contra mudanças. Isto é importante

porque garante o bem-estar geral do AA.

São promessas solenes em que a Conferência se submete às Tradições e dá outras

garantias. A prudência é a marca das garantias que protegem a Irmandade contra a

riqueza, o prestígio, o poder, etc.

No seu conjunto, os Conceitos definem uma estrutura de serviços, estabelecem ralações

entre elas, definem onde ficam a autoridade superior e a responsabilidade maior,

estabelecem de modo muito sábio o equilíbrio entre a Conferência e a Junta de Serviços

Gerais, cuidam primorosamente da relação entre a responsabilidade e a autoridade,

garantem o direito e a atuação das minorias e estabelecem um modo de atuar da

Conferência, ditado pela prudência e pela temperança. É um conjunto magistral em que

nada ficou faltando, em que tudo que é necessário ao funcionamento harmonioso e eficaz

de um imenso organismo foi pensado e sabiamente definido. É um conjunto de normas

perfeito e irretocável.

CICLO DE ESTUDO DOS DOZE PASSOS DE A.A. by passea

P a l e s t r a s

UM FRAGMENTO DA HISTÓRIA

“A origem dos Doze Passos” – Bill W. 1953

De onde vieram os Doze Passos?

“Ninguém inventou Alcoólicos Anônimos. Simplesmente, brotou e cresceu – pela graça de

Deus”.

“O fator humano foi responsável por três das principais fontes de inspiração dos passos –

os Grupos de Oxford, Dr. William D. Silkworth e o renomado psicólogo William James,

que alguns chamam: O Pai da Psicologia Moderna”. (pág.230)

O grupo Oxford foi um movimento evangélico que floresceu nas décadas de 20 e 30, sob

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a direção do Dr. Franck Buckman, antigo pastor luterano.

Bill W. conheceu o grupo Oxford através de seu amigo Ebby, que o visitou sóbrio em

novembro de 1934. No verão de 1934, Ebby tinha se unido ao grupo Oxford e conseguiu

a sobriedade apesar de que “ele não ficou convencido de todas as ideias e atividades do

G.O., mas o haviam impressionado muito sua profunda sinceridade e sentia-se muito

agradecido pelas atenções”. (pág.231)

Vemos o bem que fez a Ebby ter experienciado o verdadeiro Amor demonstrado a ele

pelos G.O. e que permitiram a ele a sobriedade apesar de ele não concordar com eles em

tudo.

E Ebby contou a Bill W., surpreso por estar sóbrio, que “dei-me conta de que não podia

dirigir minha própria vida”. Isto é, Ebby estava vivendo o princípio da Honestidade. Ebby

disse também: “Tive de fazer reparação a quem eu havia feito danos”. Isto é, ele estava

vivendo o princípio do “Amor ao Próximo”. “Também praticavam um tipo de confissão que

chamavam “Partilha”. E aí, Ebby começara a praticar o princípio da Integridade.

Praticavam também o “Tempo de Silêncio”, uma meditação “para buscar a origem de

Deus em todos os aspectos grandes e pequenos da Vida”. E com isso, Ebby estava

praticando o princípio da Espiritualidade.

“Ainda que essas simples ideias não fossem nada novas, causaram em mim impacto

colossal. Hoje em dia, nos damos conta do porquê um alcoólico estava falando com

outro, como ninguém mais pode fazê-lo melhor. Isto é, Ebby foi um fator humano

responsável pela inspiração dos passos.

Duas ou três semanas após reencontrar o amigo Ebby, diz Bill W., ”Cheguei

cambaleando ao hospital Charles B. Towns, esse célebre empório de desintoxicação”.

No Hospital Bill W. foi atendido por seu médico Dr. Silkworth, “O qual pouco tempo depois

iria contribuir com uma importantíssima ideia sem a qual A.A. nunca poderia ter êxito. Há

anos que ele afirmava que o alcoolismo era uma doença, uma obsessão mental

associada a uma alergia corporal”.(pág.232) Isto é o Dr. Silkworth afastou-se da ideia

errônea de que o alcoolismo era um problema de caráter e foi o primeiro a tratá-la como

uma doença crônica, progressiva, incurável e que quando não detida é fatal.

“Uma terceira corrente de influência entrou em minha vida, através do livro de Willian

James, “As Variedades da Experiência Religiosa. Alguém o havia deixado em meu quarto

de hospital”.(pág.233)

William James “Disse-se que as experiências espirituais não somente podiam converter-

nos em gente mais flexível, que podiam transformar os homens e mulheres de forma que

pudessem fazer sentir e crer o que anteriormente lhes havia sido impossível. E o maior

beneficio mencionado no livro era que, na maioria dos casos descritos, os que se viram

transformados eram pessoas desesperadas”.(pág.233)

Bill W. se reuniu ao grupo Oxford, manteve-se sóbrio e tentou ajudar a outros alcoólicos.

“Talvez nossos candidatos não pudessem aguentar o rigor dos quatro absolutos do G.O.

– honradez, a pureza, a generosidade e o amor”.(pág.233)

Bill W. ouviu então mais uma vez o Dr. Silkworth: “Devido a que se identifica com os

alcoólicos, é possível que os possa tocar, como eu não consigo. Fale-lhes sobre as duras

realidades médicas primeiro e faça-as sem dó nem piedade”.

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Pouco tempo depois, Bill W. conheceu o Dr. Bob, que também participara dos Grupos

Oxford sem alcançar a sobriedade. Falou-lhe como o Dr. Silkworth sugerira e no dia 10 de

junho de 1935 o Dr. Bob deixou de beber para sempre. Juntos, Bill W. e o Dr. Bob

começaram o trabalho de A.A. percebendo que, ao ajudar outros a alcançarem a

sobriedade, eles conseguiam manter a própria sobriedade.

Em 1939, os iniciadores de A.A. resolveram escrever com a sua experiência um livro que

ajudasse os alcoólicos que morassem fora a seguirem os passos de A.A.

Diz Bill W. “Lembro-me muito bem da tarde em que foram redigidos os Doze Passos.

Estava deitado em uma cama sentindo-me bastante desencorajado e sofrendo um de

meus imaginários ataques de úlcera”.(pág.236) “Por fim, comecei a escrever em um bloco

de papel amarelo barato. Embora me sentisse pouco inspirado, para grande surpresa

minha, demorei pouco tempo – talvez meia hora – em estabelecer certos princípios, os

quais ao contá-los resultaram serem doze. E por alguma razão inexplicável, havia

colocado a ideia de Deus no Segundo Passo, quase no princípio”.(pág.237)

Bill W. foi apenas um feliz instrumento: Os doze passos simplesmente brotaram e

cresceram – pela graça de Deus.

E nós agradecemos por isso.

Dra. Sandra Lúcia de Oliveira Rodrigues da Silva

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“SEJAMOS AMIGOS DOS NOSSOS AMIGOS”

No dicionário do Aurélio Buarque encontramos a seguinte definição de amizade. “Amigo:

que é ligado a outrem por laços de amizade, amigável”. O homem amigo é aquele que é

companheiro, protetor. Amizade é o sentimento fiel de afeição, apreço, estima ou ternura

entre pessoas.

Para ilustrar um tipo de relação de amizade, citemos o que um companheiro evolutivo diz

quando o indaguei sobre o que é um amigo.

-“Meu melhor amigo é o meu primo. Ele não mora aqui em BH e nos falamos ao telefone

ou e-mail. Quando seus pais morreram, fui a primeira pessoa com quem ele falou. Fui

escolhido para compartilhar com ele esse momento de muita dor. Senti-me útil podendo

lhe fazer companhia em uma hora como esta, tão difícil. Em uma oportunidade ganhei

dele um presente caríssimo. Pude perceber que minha alegria não estava ligada ao

presente caro em si, mas por perceber que meu amigo sabia que o presente me deixaria

muito feliz. Ele sabe muita coisa a meu respeito. Neste momento ele me havia

reconhecido como pessoa humana. Fica falando de suas aquisições, de seu patrimônio,

por horas, e confesso que não tenho muito interesse nestes assuntos, mas sinto que

estar perto dele, ouvindo suas histórias é como se estivesse no colo dele. Existem amor e

respeito em nossa amizade”.

Este companheiro evolutivo diante de seu amigo se sente livre, à vontade, reconhecido,

útil e amado.

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Outra alusão à amizade vem de Buda.

Um discípulo perguntou a Buda:

- Mestre, qual é o maior tesouro do homem?

- A amizade, respondeu Buda.

- E o que preciso para ser um grande amigo?

E Buda o respondeu:

- “Para ser um grande amigo você precisa de três coisas: primeiro, possuir o desejo

sincero de crescer como pessoa humana. Assim terá o que oferecer ao amigo, terá o que

dar a ele como produto de seu crescimento. Segundo, terá de ser verdadeiro, e, terceiro,

ser amoroso, para que a verdade que precisa ser dita não doa”.

Amizade envolve nossas relações interpessoais e, nessas exposições, as pessoas se

mostram umas às outras, sua visão de mundo, crenças, seu caráter e sua estrutura de

personalidade. Podemos ver assim pessoas que possuem muitos amigos, enquanto

outras queixam por falta delas. Pessoas com facilidade em fazer amigos são aquelas

mais capazes em criar uma atmosfera onde o amigo se sente livre, amado, reconhecido e

útil.

No livro, “A linguagem do Coração”, capítulo “Sejamos amigos de nossos amigos”, colhi

algumas virtudes e qualidades que facilitam a construção de relacionamentos saudáveis,

enquanto que a ausência deles dificulta.

FACILITA AMIZADE POSITIVA DIFICULTA AMIZADE

Confiança Dúvida

Fé Desconfiança

Bom humor Mau humor

Compreensão – Capacidade de transformar uma experiência dura em algo proveitoso.

Intolerância – Mágoas e ressentimentos deixando as pessoas se sentindo vitimas.

Reconhecer o outro Egoísmo

Cortesia Sentimento de vingança

Afabilidade Sarcasmo

Gratidão Ingratidão

Paciência Impaciência

Tolerância – Respeita opiniões contrárias. Intolerante – Dificuldade em ouvir o outro.

Caridade Cristã Desinteresse pelo outro

O alcoólico, quando em sua militância, ocupou mais o lado direito da tabela. Nessa fase

difícil de sua vida amargou derrotas terríveis para a bebida e, nessa linha da vida, pode

não ter conhecido o que é um verdadeiro amigo.

Alicerçando suas ações em terreno movediço, feriu e foi ferido, colecionou frustrações,

mágoas, ressentimentos e o sentimento de vingança habitou o seu coração, e se via, na

maioria das vezes, vítima do mundo e, brigado com Deus, caminhava a passos largos

para o fundo do poço. Com tantos sentimentos negativos, ver o outro como amigo era

tarefa muito difícil.

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Ao ingressar no A.A. foi resgatado desse fundo do poço, com a auto-estima abalada, por

um Deus amantíssimo que se fez conhecer através do programa de recuperação.

Começou a ver uma luz no fim do túnel quando tudo parecia perdido.

Acolhido pelo grupo incondicionalmente (a única coisa que se pedia era o desejo de parar

de beber), começou a experimentar os verdadeiros laços de amizade. Com o programa

dos 12 passos, começou a refletir sobre sua mente obsessiva, suas crenças, medos e

inseguranças. Sempre acompanhado pelos companheiros de A.A. e bem próximo aos

olhos do Poder Superior.

Em cada Passo praticado, tomava consciência de um mau hábito e buscava transcendê-

lo, enfrentava de frente seus defeitos de caráter e se capacitava na construção de

relacionamentos saudáveis. Um novo homem, uma nova mulher se formava. Já possuía

as virtudes de um grande amigo, adquirida com a vivência dos 12 Passos.

Mas Bill dizia: “Corrigir nossos defeitos de caráter é um trabalho de uma vida inteira!”

Diminuía a cada dia a necessidade de controlar os outros, os erros de interpretações dos

fenômenos, a culpa, a falta de amor próprio, e sobretudo, diminuía o encantamento pelo

álcool.

Uma nova perspectiva se abria, e Bill reconheceu os amigos não alcoólicos. Vindo de

todas as direções, sempre dispostos a ajudar, colaboraram para que o A.A. se

alavancasse para ser o que é hoje.

“Estes amigos injetam em nossas artérias mundiais uma corrente sem fim e sempre

crescente de sangue vital”. (Bill W.)

“Alguns amigos correram sério risco, ao demonstrar uma confiança sem limites e

generosidade tamanha”. (Bill W.)

Bill diz sempre que estes amigos ajudaram o A.A. a se encontrar. E nos momentos mais

difíceis, havia sempre um não alcoólico mostrando dedicação, que muitas vezes salvou

vidas.

Bill relata experiências que revelam a importância de se estar diante de um amigo:

“Atrevo-me a dizer que o que ocasionou essas afortunadas circunstâncias foram a

compreensão e a tolerância deles, não as nossas”. E sugere aos alcoólicos serem

sempre amigáveis.

Bill se sentiu inúmeras vezes acolhido por esses amigos não alcoólicos, como o Dr.

Silkworth. Com ele, aprendeu a necessidade de se trabalhar o ego, com seus hábitos

cheio de justificativas e as características da doença do alcoolismo. Bill se sentiu

reconhecido por Dr. Silkworth quando este o tranquilizou dizendo que o que se passava

com ele não se tratava de uma alucinação, mas de uma experiência luminosa que

precisava ser agarrada.

Muitas vezes, estes amigos, relata Bill, vieram ao seu encontro como verdadeiros

socorristas que o impediram de bebedeiras secas e trazendo sempre apoio vitalizador.

Bill nos traz sugestões valiosas que nos ajudam na construção de relacionamentos

humanos, fraternos e saudáveis como ficar vigilantes às convicções particulares, aos

preconceitos, à arrogância e à teimosia, ao lado crítico e duro, à tendência de se opor

pelo mero fato de opor-se. Essa vigilância prepara o ser para desafios maiores.

Assíduos nos grupos de A.A., participando de seminários, exercendo liderança, lendo as

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literaturas de A.A., praticando os 12 Passos, uma reforma moral vai se concretizando no

interior do ser. Um sentimento de gratidão aos amigos de jornada, alcoólicos e não

alcoólicos, uma fé inabalável no Poder Superior, uma alegria de viver a cada 24 horas,

faz-se abrir uma nova necessidade. A de amar os nossos inimigos.

Não se trata de ter por eles uma afeição como se tem por um grande amigo, mas sim de

não alimentar por eles nenhum sentimento negativo, ódio, rancor, mágoa ou

ressentimento.

Para algumas pessoas, pode parecer estranho amar os inimigos, mas, para quem está no

A.A., alimentar uma gama de sentimentos negativos é reviver um passado de sofrimentos

e dores sem fim e colocar em risco a própria saúde.

Desejar o bem àqueles que nos fizeram mal, estar atento aos padrões dos pensamentos,

das palavras e das ações é um caminho espiritual vivido no A.A., que deixa a jornada

mais leve, menos amarga, podendo experimentar uma liberdade que nos possibilita a

fazer escolhas melhores e a viver valores humanos como o amor, alegria, paz, força,

coragem, confiança e a solidariedade. Virtudes do amigo que alimentam a alma.

Dr. José Rubens

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Exposição dos Passos

Primeiro Passo

“Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio

sobre nossas vidas”.

“Quem se dispõe a admitir a derrota completa? Quase ninguém é claro. Todos os

instintos naturais gritam contra a idéia da impotência pessoal. É verdadeiramente terrível

admitir que com o copo na mão, temos convertido nossas mentes numa tal obsessão pelo

beber destrutivo, que somente um ato da providência pode removê-la”. (Os Doze Passos)

Quando entrei pela primeira vez em uma sala de alcoólicos anônimos, estas foram as

primeiras palavras que ouvi do meu padrinho “ou você para de beber ou vai beber até

morrer. Aceita que você é impotente perante o álcool e que perdeu o domínio sobre sua

vida”. Estava aí o único passo do nosso programa que deve ser feito 100 por cento. De

inicio não me assustei muito, pois mesmo não conhecendo o A.A. e nunca tendo ouvido

falar dos 12 passos isto não era novidade para mim.

Durante minha militância alcoólica, desde o início eu percebia que tinha algo diferente

comigo, meus amigos bebiam e quando chegavam a uma determinada hora paravam e

eu continuava. Com o passar do tempo fui bebendo mais e mais, tornando-me

dependente. No inicio era aquele namoro de fim de semana, mas com o passar do tempo

passou a ser namoro sem fim. Perdi tudo; família, auto-estima, amor próprio, fui parar na

rua e capaz de fazer as coisas mais absurdas para suprir meu vício, magoando as

pessoas que eu mais gostava, traindo meus amigos e principalmente não me

respeitando. Minha família, por exemplo, não sabia o que fazer, pois como alcoólico que

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sou, sempre achava uma saída para as minhas complicações. Quando o bicho pegava

dava sempre um jeito de me safar honestamente ou desonestamente. Quando estava no

ápice da minha dependência alcoólica atingia um estágio de insanidade tão grande que

fazia qualquer coisa para beber.

No decorrer de vários anos de muito sofrimento, sempre tendo o álcool como parceiros,

tentei parar algumas vezes. Até conseguia, mais sempre pensava; um trago só não vai

fazer mal. Aí é que eu me enganava e voltava tudo de novo e cada vez mais pesado. Foi

quando percebi que tinha perdido totalmente o controle da minha vida, mas aceitar a

derrota era muito difícil. Eu pensava; “porque as outras pessoas podem e eu não?” Então

foi num dia de desespero total que resolvi procurar meu cunhado que já fazia parte da

irmandade de A.A. e que até já serviu de gozação lá em casa, bebum vocês sabem com

é né; mas ele não me negou ajuda. E foi aí que me deparei com essa grandiosa

irmandade de Alcoólicos Anônimos que viria a ser o divisor de águas em minha vida,

dando condições de paralisar com minha doença e seguir uma nova vida, tanto física,

quanto mental e, principalmente, espiritual.

Quando entrei na sala de A.A. e me deparei com o 1º passo não tinha mais jeito, ou eu o

aceitava 100% como meus companheiros haviam me sugerido ou continuaria morrendo

pouco a pouco. Somente através da aceitação da derrota total perante o álcool eu poderia

estar pronto para dar alguns passos rumo a minha recuperação e graças ao meu poder

superior aceitei o 1º Passo de nosso programa de recuperação e, através de uma

reformulação de vida sugerida pelos meus companheiros, estou hoje aqui podendo contar

um pouco da minha história.

Em nossas literaturas é descrito que somente quando o bebedor problema atinge o fundo

do poço na derrota completa perante o álcool, estaria ele pronto para aceitar este passo.

Mas, com o decorrer dos anos, podemos perceber que o álcool esta destruindo as

pessoas mais cedo e várias pessoas estão chegando cada vez mais rápido em A.A.,

mesmo que não tenham bebido até atingirem a derrota total, se identificam prontamente

com o 1º Passo de A.A.

Expositor(a): __________________________

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Segundo Passo

“Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à

sanidade”.

Acreditar é algo impossível para alguém que está derrotado moralmente e

espiritualmente?

Quanto mais em algo que não se vê ou não se pode tocar? Porém é algo que acontece

quando estamos no fundo do poço e viemos a acreditar em um Poder Superior no qual

depositamos nossas esperanças de reerguermos a nós mesmos, buscando forças de

onde não se pensa existir mais.

Como seria possível acreditar que os delírios, a vontade de auto-extermínio, o

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afastamento total da sociedade, amigos e familiares; poderia vir a ser revertido em

alegria, vontade de viver, ser produtivo, ser amado e amar? No início de uma caminhada,

onde homens e mulheres que experimentaram uma vida cheia de alegria, afeto e

produtividade se encontram em um caos interior e admitem sua derrota por algo que não

se encaixa na sua realidade e se vêem envoltos a situações que em tempos anteriores

resolveriam de letra, e nenhum ser vivo poderia lhe suprir tais necessidades ou lhe ajudar

a sair de eventuais problemas (muitas vezes causadas por ele mesmo).

É nessa hora que a humildade, a fé e a paciência têm que ser mais forte que nós

mesmos.

HUMILDADE de olhar para si mesmo e ver que está sozinho no mundo terreno, e muita

das vezes chorar e clamar por socorro a um Poder Superior, que naquele momento

confiamos ser aquilo ou aquele que possa nos ouvir e nos transformar.

FÉ para acreditar que muita das vezes não poderíamos ver nem tocar neste Poder

Superior, mas que Ele iria nos dar as respostas, sentidos e direções para nossas vidas;

até mesmo que Ele restaurasse nossa fé quando não a tínhamos mais. Fé que ao sermos

restaurados de forças físicas, morais e espirituais pudéssemos novamente levantar e

caminhar em busca de uma vida digna e de respeito, vivendo e deixando outros viverem.

PACIÊNCIA para sabermos que tudo não aconteceria da noite para o dia, que nossos

entes queridos ou pessoas as quais um dia fizemos sofrer, nos perdoaria rapidamente,

que os bons empregos perdidos fossem aparecer em um estalar de dedos; paciência

para conosco mesmo em saber que estamos vivos e batalhando contra algo que um dia

nos derrotou, trazendo prejuízos sem medidas e muitas vezes irreparáveis.

Por isso nossa sanidade deve estar alicerçada em buscar sempre a humildade, a fé em

algo que não se vê ou se toca, mas que espiritualmente nos conforta, e paciência para

irmos nesta caminhada que é a vida com a certeza de chegar, e chegarmos firmes

sempre acreditando em um Poder Superior ao qual nos devolveu a sanidade e nos

fortalecerá para sermos fortes e inabaláveis nos dias difíceis.

Expositor(a): __________________________

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Terceiro Passo

“Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de DEUS na forma em

que o concebíamos”.

É necessário confiar, acreditar que ajuda oferecida é suficiente e capaz de reverter o

mecanismo de destruição.

Medo, dúvida, insegurança são coisas naturais e deverão ser enfrentadas com paciência

e compreensão.

O que devemos ter nesse passo? A confiança.

Confiança é o combustível que moverá nosso passo, para agir nesse momento de

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decisão, apesar do risco constante e dificuldades que estarão sempre diante de nós.

O Terceiro Passo é um passo de ação. Chegou o momento, é preciso começar a

acreditar em alguma coisa, em Deus, em pessoas, grupos, plano de vida, algo que

funcione.

O importante é confiar, dar-se a chance de experimentar esta ação, e dizer a um Poder

Superior: Ofereço-me a ti, para que trabalhes em mim e faças comigo o que desejares.

Liberta-me da escravidão do ego, para que eu possa realizar a sua vontade.

Encontrar com meu Poder Superior sozinho é opcional. Pois sozinho me declaro sem

reservas e, fazendo estas declarações, tenho a oportunidade de exercer a minha

honestidade e humildade que trago comigo, e assim a resposta tem um efeito imediato e

às vezes considerável. Um relato pessoal: Terceiro passo é isso. Tomar uma decisão e

colocar em ação, aquilo que posso fazer hoje eu faço, não coloco essa ação em um

arquivo para ser realizado quando chegar o momento.

Essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom

para mim.

Expositor(a): __________________________

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Quarto Passo

“Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.

Nosso real e significativo momento de vida é de reconhecimento – Gratidão – Ação e

solidariedade.

Vejam só: Diante de “flashs” divinamente elaborados sobre nossas vidas, admitimos...,

acreditamos... e então decidimos.

Agora, neste instante, podemos perceber o amparo incondicional que aconteceu em cada

um de nós. O alívio imediato impulsionou em nosso interior uma curiosidade. Quero

entender como isto aconteceu?! Na busca, dúvidas, desconfiança, incapacidade

emocional, medo, insônia, ideias evasivas, contudo, a sensação de profundas certezas:

a) Não posso beber;

b) Quero entender;

c) Preciso perseverar;

d) “só por hoje”;

e) “um dia de cada vez”

f) “Agora não”

Preste atenção > ouça > Mente aberta > vá com calma

O companheirismo, a disponibilidade coletiva, a sinceridade, as experiências

compartilhadas e sobretudo a honestidade individual e intransferível, nos revelou o direito

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de acreditar.

Identificada a causa, sendo transparente e aceitando as recomendações propostas,

descobrimos que em todas as situações embaraçosas de embriaguez que

experimentamos nos foi concedido um indulto para chegarmos até aqui. Podemos

concluir que:

- quando tudo parecia perdido

- quando queríamos desistir

- quando virávamos as costas

- quando explodíamos para desarmar a barraca

Então jogamos a toalha e pedindo socorro, mesmo sem avaliar o merecimento, Ele veio,

era o AMOR. Personificando a tolerância, a compreensão, a esperança e constantemente

investindo em nossa evolução. Incentivando-nos ao progresso moral, tornou clara e

cristalina, proporcionando à nossa tenra capacidade humana a divina sabedoria da

escolha

DECIDIMOS

Estamos diante de um labirinto – CORAGEM!

Diga a você mesmo (a):

Este labirinto sou EU?!

Vamos entrar?!

CONFIE!

Você não está sozinho(a): A partir de agora jamais estará. Sua consciência será seu guia;

e EU estarei permanentemente com você.

Lembre: Vá com calma!

Oxigene-se! Respire!

“Cheire uma flor”

“Assopre a chama de uma vela”

OUTRA VEZ

“A solidão pode parecer tenebrosa; É daí que conquistamos o isolamento e produzimos

grandes feitos” (reflexão, lembranças, pensamentos, leituras, escritas meditação, etc.)

Viemos acreditar – página 130/131 – Gr Universo

18 de janeiro de 2012.

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Cante, chore, dance, ria antes que

a cortina se feche e tudo termine sem aplausos”

C. Chaplin

... quando nos aproximamos Dele, Ele se revelou!

Agora sou EU, é comigo! Opa!

PARE

“Lembre-se de que estamos lidando com o álcool – traiçoeiro, desconcertante, poderoso!

Se ajuda é demais para nós. Meias medidas de nada adiantaram. Nossa meta não é a

PERFEIÇÃO ESPIRITUAL, é o desejo de crescermos espiritualmente. Então, qual será o

método?

EXPERIMENTAR!

Exercite, pratique, deguste

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Comecemos:

Quem sou?

De onde vim?

Para onde vou?

... sou criatura divina...

Origem simples, desprovido do saber (ignorante), porém, com uma centelha de luz

(consciência) que sabiamente pesquisada é o meu norte para o crescimento como ser

humano.

Tendo na bagagem da consciência a lei natural: Lei de Deus

“É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar

de fazer e o homem só é infeliz quando dela se afasta.” Divide-se em:

Adoração – trabalho – reprodução – conservação – destruição – sociedade – progresso –

igualdade – liberdade – Justiça / Amor / Caridade

Obstáculos – desvios – afastamento – sem norte (perdido? Abandonado?)

NÃO! Estou com meus iguais!

Orgulho – egoísmo – desregramentos – ressentimentos – fraqueza – máscara – mentira –

vinganças – discussões – medo...

Leia – releia – estude o capítulo V do livro Azul

1- Altruísta

2- Amoroso

3- Atencioso

4- Ativo

5- Conscientizado

6- Disposto

7- Estudioso

8- Perseverante

9- Sóbrio

10- Tolerante

ESTOU SALVO?

NÃO! Estou com meus iguais!

“Um dia de cada vez”

Destino: Rumo à felicidade!

A fé está fazendo por nós o que sozinhos não conseguimos fazer.

Então?!

Vamos juntos em busca de mais 24 horas.

Um abraço,

Com sorriso

Fontes: Alcoólicos Anônimos / LE – terceira parte /Experiências pessoais

Expositor(a): __________________________

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Quinto Passo

“Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza

exata de nossas falhas".

Já fizemos outras admissões

...Que sofremos de uma doença,

...Que precisamos de ajuda e

...Que existe uma força superior a nós mesmos para nos ajudar.

Pensando nisso, percebemos que, quando fazemos isto, nossa aceitação e ou admissão

torna-se mais significativa.

Depois do 4º passo podemos enxergar o 5º passo como ajuda, para nos vermos,

enxergar a natureza exata de nossas falhas; isto é, para caminhar em uma viagem para

dentro de nós. Quem eu sou, os caminhos que percorri e reconhecer a natureza exata de

minhas falhas e fazer isso diante de outro ser humano.

A palavra chave para este passo é “Coragem"

COR vem do latim, que quer dizer CORAÇÃO,

AGEM vem de totalidade, e com a totalidade do coração confessemos a natureza exata

de nossas falhas; para isso é necessário humildade e honestidade.

Este passo nos remete à necessidade do outro; sabemos que precisamos do PODER

SUPERIOR na forma que cada um concebe e CONFIANÇA NO OUTRO.

Pomos em prática o 5º passo, sendo sinceros e honestos conosco mesmos, com Deus e

partilhando nosso inventário moral com alguém em que confiamos, alguém que nos

compreenda, que nos incentive e não nos condene.

"Se pudesse resumir em uma só palavra, esta seria REFORMULAÇÃO de vida.

Quebremos o orgulho, as barreiras do medo e do isolamento, culpa , vergonha e até

raiva, através do reconhecimento das facetas adoecidas do nosso caráter e do

comportamento de forma honesta e clara. O mais importante é iniciarmos."

24 HORAS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

OBRIGADA A TODOS

Expositor(a): __________________________

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Sexto Passo

“Prontificamos inteiramente a deixar que DEUS removesse todos esses defeitos de

caráter”.

Este é o passo da maturidade emocional e espiritual. O sofrimento físico, o momento de

depender de Deus. É hora de admitir que há necessidade de crescer mais, para que a

minha vida com as outras pessoas seja marcada com amor. O amor que recebo do meu

Poder Superior.

Nos primeiros cinco passos, eu me pergunto se omiti alguma coisa que poderá me

impedir de ser uma pessoa livre; pois sendo extremamente sensível, isso me levou a ter

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atitudes e comportamentos destrutivos. Por isso, é que preciso de muita direção de Deus,

pois sei que ainda tenho defeitos dos quais eu gosto, e gosto muito.

Quando cheguei em AA, meu padrinho me disse com muita sabedoria nos meus 3 meses

de sobriedade que não havia mágica para me convencer a ficar na irmandade; que a vida

não é um hino de amor, nem uma eterna manhã de primavera, e se eu queria o que eles

tinham, só precisava seguir essas verdades: mente aberta, boa vontade e honestidade.

Pois eu acabava de sair da quadra dos brinquedos para a da realidade, e que iria

conhecer melhor o mundo (agora sem o álcool), onde eu veria o vício ao lado da virtude;

a hipocrisia, a maldade...mas eu não poderia desanimar; porque Deus, que é intocável,

mas real, iria me guiar por caminhos bons e por estradas encontráveis e, assim, saber

escolher o que melhor me conviesse! Isso me fez parar de lutar e tentar ouvi-lo, porque

me fazia muito bem, já que parecia que a nossa história era quase sempre a mesma. Na

maioria das vezes, lutei com meus defeitos de caráter; ou deixei que eles me

manipulassem; só por não entender (ainda) o que era prontificar.

Quando percebi que precisava crescer espiritualmente, deixei a rebeldia de lado; isso

poderia ser fatal. Afinal, eu já havia caminhado um bom pedaço do caminho; agora, seria

crescer à imagem e semelhança do criador.

Então, entendi o que a literatura quis me dizer com perdoar nossas negligências.

Comecei a me policiar e encontrei coragem para reconhecer inteiramente que precisava

analisar meus defeitos e, então, me preparar para o grande encontro:

Eu e o meu Poder Superior.

Fiz o que é sugerido no passo:

Prontifiquei-me e deixei que Ele removesse aquele defeito que estava me impedindo de

crescer. E esse foi o meu começo da limpeza de casa.

Ainda na procura de um despertar espiritual, na angústia de sair de um 5º passo e o

medo de continuar com um vazio no coração, percebi que Deus não havia me

abandonado! Ele sempre esteve comigo.

Eu era assim: primeiro, a verdade era só minha. Nunca procurei me curvar diante da

humildade; não procurava em momento algum preparar meu coração para perdoar e dar

perdão.

O orgulho me cegava, a avareza me enganava, a luxúria me conduzia à profundeza da

vergonha, a ira me dominava, a gula me entorpecia, a inveja me deixava no isolamento e

a preguiça nunca me deixou ir à procura de Deus.

Sendo assim, como posso explicar estar hoje no programa, depois de ter cometido tanta

insanidade?

São perguntas para as quais ainda não tenho todas as respostas, mas com o tempo

talvez eu consiga. Como pude passar por tudo isso, posso dizer que o 6º passo é como

se fosse o calvário.

Mas, nossos programas nos sugere a humildade e dela a sabedoria. Os doze passos são

um exercício contínuo onde podemos atingir um grau de humildade satisfatório para

crescermos e continuarmos tentando. Afinal, hoje eu quero viver uma vida que não inclua

retaliação, ressentimentos e raiva, sem machucar a mim, nem também os outros.

Quando decidi e permiti que Deus me invadisse, os meus defeitos deixaram de vir à tona.

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Da minha parte, posso dizer que estou de acordo com o que diz o início do passo: “ Este

é o passo que separa os adultos dos adolescentes”...

No meu próprio caso, desde que ingressei no AA, eu tenho tido sensíveis melhorias da

doença do Ego, através das sugestões. Na medida em que experimento viver de acordo

com o programa, sinto que a minha disposição e honestidade têm aumentado e eu me

convenci de que posso me recuperar de qualquer problema; e o único requisito é confiar

em Deus e limpar a casa. Confiar significa que Ele sabe melhor do que eu o que é melhor

para mim. É prontificar para renovar a cada amanhecer, e mudar de vida é cair de joelhos

e sem indagações, pois não escolhemos ser alcoólicos.

A única coisa urgente é que sigamos tentando, e da melhor maneira possível, pois Deus

quer que sejamos corajosos para nos tornarmos brancos como a neve.

Porque a sabedoria dele, essa é indiscutível...

Se o alcoolismo é uma doença que afeta primeiramente o meu relacionamento comigo,

com os outros e com Deus, é necessário, então, ser como sentinela em tempo de guerra;

vendo que meus defeitos podem estar dormindo em meu inconsciente. E se eu não

trabalhar com esses detalhes de momento em momento, nunca conseguirei secar as

ramificações da árvore dos defeitos de caráter.

Desde o início da minha vida ativa, bebida e pecados sempre andaram de mãos dadas.

Enfim, para mim, era mais uma dessas tantas vidas carregadas de culpa e castigo; que

muitas vezes tentei adiar explicações e coisa e tal; mas acabei ficando sem medidas para

medir:

Por que eu bebia tanto?

Minha ignorância sobre a resposta fundamentava-se na manutenção da minha bebedeira;

porque, com tanta aberração, ficava difícil para uma pessoa como eu descobrir o que

seria um comportamento aceitável, gostoso, saudável e natural, como hoje, à luz dos

doze passos, por exemplo.

As mudanças em minha vida, em todas as áreas, foram significativas e até, de certa

forma, rápidas.

Claro que passei por vários obstáculos, para ter coragem de modificar as coisas, pois

tinha sempre a dúvida se a minha vida no álcool era um estado natural ou indicava uma

profunda falha de personalidade.

O plano de 24 horas me chamou a atenção e eu fiz a feliz opção: continuar a frequentar

AA e, só por hoje, desejar buscar a perfeição.

Procuro hoje, na medida do possível, modificar em minha vida, no que refere ao meu

comportamento, atitudes, medos, caráter, etc... Costumo sempre pedir apoio de

orientação dos companheiros mais experientes e, com a ajuda do Poder Superior, eu

tenho conseguido êxito, desde que pratico a honestidade e a humildade que citei no

começo deste texto.

O livro Despertar Espiritual, pág. 229, diz que, talvez nossos grupos devessem ser grupos

de aplicações dos passos, em vez de grupos de estudo dos passos. Não é necessário

perguntar quem pratica o programa. É possível perceber quando trabalhamos os passos,

nossas vidas mudam radicalmente, vão muito alem da eliminação do álcool. As pessoas

mudam.

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E esse “mudar” se traduz, acredito, em fazer minha parte ou prontificar-me ou me

esforçar para que minhas atitudes com outras pessoas não sejam um reflexo desse ser

inferior em que o alcoolismo nos transforma...

Expositor(a): __________________________

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Sétimo Passo

“Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”.

No sexto passo, prontificamo-nos por inteiro, não apenas uma parte, deixar que Deus

removesse nossa montanha de defeitos de caráter. Eu entendo que são os mais

cabeludos, tipo: egoísmo, desonestidade, ira, etc.

No sétimo passo, vamos a Ele implorar humildemente, que Ele nos livrasse de nossas

imperfeições. Aí eu entendo que são os defeitos de caráter de menor poder destrutivo,

mas que nos impedem de sermos melhores, tais como: procrastinação,

descomprometimento, sovinice.

Todos os doze passos são exercícios de humildade, qualidade do humilde, extremo

oposto do orgulho, defeito maior do alcoólico ativo e de tantos desativados, daí a grande

dificuldade de uma maioria significativa, em aceitar os doze passos para a recuperação.

Você já ouviu isso? “Só dou o primeiro passo e a segunda parte do décimo segundo”.

Programa individual é parcial = resultado insatisfatório ou nulo.

O sétimo passo enfatiza a humildade. Humildade, palavra derivada, humo ou húmus,

produto da decomposição da matéria orgânica, vegetal ou animal, estrume, esterco. “És

pó”. Não dá para ter orgulho de ser isso, não é mesmo? Enganou-se meu amigo, o

alcoólico ativo tem. O orgulho cega.

O PRDP nos oferece uma nova maneira de viver, para isso é necessário nos esvaziarmos

de todo orgulho, egoísmo, soberba, vaidade, arrogância, prepotência e autossuficiência.

Não é pedir demais para um alcoólatra? Não, se a vida dele depender disso! Precisamos

nos libertar desse egoísmo. Precisamos fazê-lo, ou ele nos matará!

Portanto, humildade é a pedra fundamental sobre a qual edificaremos nossa nova vida,

nova casa que vamos construindo daqui para frente: “futuro”. A casa velha, “passado”,

vamos visitar quando for necessário, mas não morar nela, mudamos para outra melhor.

Deus torna isto possível, e com freqüência, parece não haver meios de se libertar

totalmente do interesse próprio sem a ajuda d`Dele. Portanto, a fé é a pedra angular que

dá sustentação ao arco do triunfo, sob o qual passará o homem reformulado, (nova

formula) para uma vida íntegra, útil e feliz.

Por que rogar? Deus não sabe de tudo, ele me conhece, sabe das minhas faltas, o que

preciso? Simples! Ele não arromba portas, só entra se for convidado. Portanto, abra a sua

boca!!! Segundo Aurélio, rogar é: pedir com insistência, com humildade, implorar,

suplicar. É mais que pedir.

Precisamos nos livrar das nossas imperfeições, são elas que nos afastam da graça do

PS. São elas que nos aprisionam na escravidão do ego, nos tornamos meros escravos de

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nós mesmos, perdemos a herança do pai das luzes, criador do universo, dono do ouro e

da prata. Desprezamos o banquete e nos contentamos com as migalhas! Ele quer nos

cobrir de bênçãos, para abençoarmos os outros, não para nos ensoberbarmos e ficarmos

cheio de orgulho espiritual, tipo: Eu sou o caminho, verdade, a luz. Sou o melhor

padrinho, afilhado. Agarre-se na barra da minha calça, “ou saia” e siga meus passos. Há,

há, há! Eu tenho a única mensagem. Esses caras estão querendo acabar com o A.A. Eu

não vou deixar. No “meu” grupo, não aceito isso ou aquilo. Não precisamos de professor.

Prateleira de cima. Está escrito no livro maior: “Deus dá graça ao humilde (simples) e

rejeita o soberbo”. Lembra do sexto passo: Quem não gosta de se sentir um pouquinho

superior ao outro, ou bastante superior? Percebes como é difícil para um ser humano

normal, não só os alcoólicos colocar Deus em primeiro lugar? Devemos colocar as coisas

espirituais sempre acima das materiais. “Buscai primeiro as coisas do alto e o resto vos

será dado por acréscimo”. Devemos colocar os princípios, que são preceitos espirituais,

acima das personalidades, sejam lá quem forem, até Bill W. e Dr. Bob Smith. Não

cultuamos pessoas vivas ou desencarnadas, ou não somos anônimos?

E o que dizer do cisco no olho dos outros, quando os nossos estão com uma baita trave

do tamanho de um ônibus. Freud explica: aqueles defeitos que vemos nos outros, são os

nossos que recusamos enxergar. Empurramos para bem fundo do nosso ser, lixo debaixo

do tapete. Esquecemos do quinto e quarto passos. Aquela parte que me recuso olhar é a

que me governa.

Tem ainda os defeitos de estimação. Já ouviram isto? Eu não consigo largar! Eu gosto!

Vai comigo para o tumulo! Isso é prova que a vida espiritual esta paralisada, não evolui!

Tudo que não está evoluindo, está regredindo, tudo que não renova, morre. Até o amor!

Concordo com Bill, quando ele disse: “Nossos dias de vida na terra constituem em um

mero dia na escola, todos nós somos alunos de um jardim da infância espiritual”.

Seremos sempre crianças aos olhos de Deus, até quando envelhecermos seremos

crianças aos seus olhos, assim como os filhos são sempre crianças aos olhos dos pais.

Isso só vale para os que acreditam ou vierem a acreditar nesse PS, Deus na forma que

concebemos “segundo passo”, e decidiram entregar suas vidas e vontade aos cuidados

dele “terceiro passo”.

Aqueles que gritam que Deus não existe, o fazem por desespero de não encontrá-lo. Aos

que recusam o consolo de uma fé, seu maior castigo é continuar vivendo! O resultado

dessa escolha é uma confusão profunda, pois lhe falta a bússola, o sextante ou se

preferirem o GPS espiritual. Ao vermos outras pessoas resolverem seus problemas por

meio de uma simples confiança no Espírito do Universo, fomos obrigados a parar de

duvidar do poder de Deus. Nossas idéias não funcionavam, mas a idéia de Deus dava

certo.

Para mim, Pimenta, humildade é: ser igual sem perder a individualidade, reconhecer que

sou apenas uma pequena parte de um grande todo, uma gota no oceano, conhecer meus

limites. Na mesa do companheiro Doc. Havia uma placa que definia a humildade: “É o

silêncio perpétuo do coração. É estar sem problemas. É nunca estar descontente ou

atormentado, irritado ou ofendido. Não se surpreender com qualquer coisa que me façam,

sentir que nada é feito contra mim. É estar tranquilo quando ninguém me elogia, e quando

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sou culpado ou desprezado, é possuir um lar abençoado em meu interior onde eu possa

entrar, fechar a porta e me ajoelhar diante de meu pai em segredo e estar em paz como

em um profundo oceano de tranqüilidade, quando tudo ao meu redor e perto de mim

parecer ser um problema”.

Para finalizar, que isto é apenas uma exposição e não um livro, a oração do sétimo

passo: “Meu criador, agora desejo que me aceites como sou, por inteiro, bom e mau.

Peço que removas de mim todo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil a

ti e aos meus companheiros. Concede-me força para que ao sair daqui, eu cumpra as

tuas ordens. Assim seja”.

Teremos, então, dado o sétimo passo.

Expositor(a): __________________________

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Oitavo Passo

“Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos

dispusemos a reparar os danos a elas causados”.

• Os passos estão devidamente ordenados e devem ser vivenciados paulatinamente.

• No Quarto Passo descobrimos a nossa verdadeira identidade/ personalidade/caráter e

as consequências de nossas atitudes/atos (Auto Conhecimento).

• No Oitavo Passo vamos nos preocupar com as nossas relações pessoais, limpando

todo o entulho do passado e buscando melhorar a nossa relação ( INCUMBÊNCIA

BASTANTE DIFÍCIL).

• Primeiramente, devemos procurar nos perdoar e também perdoar àqueles que nos

prejudicaram.

• No Quinto Passo admitimos perante Deus e os “Homens” as nossas falhas, mas agora

iremos procurar os que prejudicamos e tememos pela reação deles. Tem aqueles ainda

que nem sabem que foram prejudicados por nós.

• O que queremos dizer quando falamos que “prejudicamos” outras pessoas?Através do

nosso comportamento alcoólico, causamos os mais diversos danos, físicos, mentais,

emocionais e espirituais às pessoas.

Exemplos:

• Se estamos sempre de mau humor, despertamos ira nas pessoas

• Se mentimos para as pessoas

• Privamos as pessoas de seus bens materiais

• Causamos insegurança

• Despertamos ciúmes, angústia e vontade de vingança nas pessoas

Ao fazermos a revisão detalhada das nossas relações e detectarmos quais tipos de

comportamentos que causaram prejuízos às pessoas, estaremos prontos a iniciar a

relação das pessoas que foram afetadas em menor ou maior grau.

Esse é o Passo do fim do nosso isolamento de nossos semelhantes e de Deus.

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Bibliografia: Livro Alcoólicos Anônimos / Os Doze Passos de A.A. / Revista Vivência /

Artigos e Apostilas diversos.

Expositor(a): __________________________

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Nono Passo

“Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,

salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem”.

Entendendo o Nono Passo

As catástrofes são sempre notícias absorventes. Terremotos, furacões, incêndios,

enchentes, ataques terroristas, guerras e tantas outras tragédias prendem a nossa

atenção. Porém raramente vemos trabalho árduo de reconstrução que acontece depois

que o desastre passou. Vidas, lares, negócios e comunidades inteiras são restauradas e

reanimadas. Esse ano tivemos enchentes por todo o estado, muitos desabrigados,

mortes, etc. Todos podemos nos lembrar do fatídico 11 de setembro e o ataque às torres

gêmeas em Nova Iorque. Todos podemos detalhar ao máximo o ocorrido, as mortes, os

lances mais excepcionais e tudo de importante ligado àquele ataque terrorista. O mesmo

podemos dizer do furacão Katrina nos Estados Unidos ou o violento tsunami que atacou a

costa asiática. Mas poucos, ou praticamente ninguém, viu ou vê o trabalho árduo de

reconstrução que acontece depois que o desastre passou. Vidas, lares, negócios e

comunidades inteiras são restauradas e reanimadas. É um longo e exaustivo trabalho.

Pois bem, o Nono Passo assemelha-se às restaurações e à reconstrução que acontecem

depois de uma calamidade. Pelo processo de reparação, começamos a corrigir os danos

de nosso passado. No Oitavo Passo avaliamos os danos e fizemos um plano. Agora, no

Nono, entramos em ação.

Após haver elaborado a relação das pessoas as quais prejudicamos, refletido bem sobre

cada caso específico e procurado imbuir do propósito correto para agir, veremos que o

reparo dos danos causados divide em várias classes aqueles aos quais nos devemos

dirigir.

O Nono Passo completa o processo de perdão que começou no Quarto Passo e satisfaz

nossos requisitos para nos reconciliar com os outros. Neste passo, tiramos as folhas

mortas de nosso jardim, recolhemos e tentamos nos desfazer dos velhos hábitos.

Estamos prontos para enfrentar nossas faltas, a admitir o grau de nossos erros e a pedir

e a oferecer perdão. Aceitar a responsabilidade pelos danos causados pode ser uma

experiência de humildade porque nos força a admitir o efeito que tivemos na vida do

outro.

Desde que começamos nossa recuperação, percorremos um longo caminho para

desenvolver um novo estilo de vida. Vimos como a impotência e o descontrole de nossas

vidas causaram danos. Nosso compromisso de enfrentar nossas falhas de caráter, admiti-

los para os outros e, por fim, pedir a um Poder Superior para removê-los, foi experiência

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de humildade. No Oitavo e Nono Passos prosseguimos com a última etapa para reedificar

nosso caráter.

O Nono Passo, tal como todo o programa de A.A., exige que tenhamos coragem,

perseverança e fé de que o que estamos fazendo é para o nosso próprio benefício, é para

o nosso próprio desenvolvimento emocional e espiritual e todo o esforço será

recompensado. Mas, especificamente no Nono Passo, teremos que desenvolver algo

mais, teremos que ter um cuidadoso senso de oportunidade e julgamento de cada caso

de reparação. Por muitas vezes, a reparação terá que ser adiada e em muitas outras será

melhor não fazê-la. Este passo é o único que fala que o adiamento talvez seja o mais

oportuno a se fazer.

Na minha opinião, a prática do Nono Passo teria que ter o acompanhamento direto de um

padrinho, esta figura tão mal compreendida em nossos meios. Com a ajuda do padrinho

podemos facilitar a distinção daquelas reparações que devemos fazer das que não

devemos. Ele pode nos fazer ver quando estamos apenas protelando uma reparação sob

a desculpa de que estamos apenas sendo prudentes. A nossa velha e conhecida

racionalização. Aliás, racionalizamos que nosso passado ficou para trás, que não há

necessidade de provocar mais aborrecimentos. Imaginamos que reparações por danos

passados são desnecessários, que tudo que temos que fazer é alterar o nosso

comportamento atual. Apesar de que alguns de nossos comportamentos passados

podem ser sepultados sem confronto direto. Dá logo para perceber que a tarefa de

distinguir aquelas reparações que devo fazer das que não devo exige sabedoria e

sabedoria, quando se trata de nós mesmos, é arriscado achar que a temos. É melhor

pedir ajuda e apoio de outras pessoas durante este trecho de nossa viagem. Enfim, não

devemos nos esquecer que o objetivo final é o de ver a nossa vida melhorada, cheia de

paz, serenidade, livre dos medos e ressentimentos de nosso passado.

É bom salientar que o Nono Passo tem duas partes distintas a respeito de fazer

reparações:

“Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível”.

Por reparação direta devemos entender aquelas pessoas que estão acessíveis e podem

ser abordadas quando já estivermos prontos. Podem ser amigos ou inimigos. Talvez a

reação da outra pessoa nos surpreenda, principalmente se a reparação for aceita. Mas

devemos estar preparados para caso ela não seja aceita também. Nossa reparação não

depende da reação do outro. Há, porém, aquelas pessoas que não estão acessíveis,

algumas podem já ter morrido e outras nem sabemos por onde andam. Neste caso não

nos resta muita coisa a fazer, talvez o simples fato de elas terem sido lembradas na

nossa relação já seja uma reparação.

A outra parte do Nono Passo diz:

“Salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem”.

Há reparações que talvez devem ser evitadas. Principalmente os casos de infidelidade

conjugal, pois nesses casos poderiam ocorrer danos para várias partes. Outras situações

seriam aquelas em que o risco da perda do emprego possa ser iminente, prejudicando a

nossa família ou mesmo revelações que poderiam levar à prisão com consequente

afastamento da família. São situações extremamente difíceis e a decisão não deve ser

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tomada sozinha.

Há também reparações que exigem ação protelada. Raras vezes é aconselhável abordar

de forma repentina um indivíduo que ainda sofre profundamente com as injustiças que

fizemos. Nas situações em que a nossa dor ainda é profunda, a paciência é a melhor

escolha. Nossas metas finais são o crescimento e a reconciliação. Imprudência e pressa

podem fazer mais danos e frustra nossas metas finais.

É importante que tenhamos claro em nossas mentes a distinção entre fazer reparações e

pedir desculpas. Estas são apropriadas, mas não substituem aquelas. Podemos pedir

desculpas por chegar atrasado a um compromisso, mas enquanto não corrigirmos esse

comportamento, a reparação não foi feita. O pedido de desculpas funciona como

reparação desde que acompanhado do compromisso de mudança de comportamento.

Durante a prática desse passo podemos passar por recaídas emocionais ou espirituais

ocasionais. Isso é normal, mas é importante que apreendamos a lidar com elas

imediatamente, pois do contrário podemos ter nossa capacidade de fazer reparações

prejudicadas. Essas recaídas podem ser sinais de que não estamos colocando o

programa em prática com eficiência. Talvez tenhamos nos afastado de nosso Poder

Superior e necessitemos voltar ao Terceiro Passo. Talvez tenhamos deixado de citar

alguma coisa em nosso inventário e por isso devemos retornar ao Quarto Passo. Ou

talvez não queiramos abandonar um comportamento derrotista e precisemos retornar ao

Sexto Passo.

Ideias Fundamentais do Nono Passo:

Reparações Diretas: São as que fazemos a alguém que prejudicamos. Marcamos um

encontro ou planejamos nos encontrar pessoalmente com essas pessoas.

Reparações Indiretas: São as reparações não pessoais que fazemos aos que

prejudicamos, a alguém que já morreu, de localização desconhecida ou inacessível por

alguma razão. Nesse casos uma oração ou mesmo descrever os danos causados ao

nosso padrinho são suficientes.

Reparações para nós mesmos: Muitas vezes prejudicamos mais a nós mesmos que a

qualquer outra pessoa. O procedimento de reparação não seria completo sem algum

tempo dedicado a endireitar a nós mesmos. Talvez, a prática de A.A., seja a maneira

mais agradável de fazer reparações a nós mesmos.

Uma citação final: “Só o ofendido sabe o quanto dói a ofensa”.

Expositor(a): __________________________

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Décimo Passo

“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o

admitíamos prontamente”.

O 10° passo na minha visão é um passo que me convida a fazer uma reflexão sobre os

nove passos anteriores. Estou praticando os princípios ou estou só lendo passo a passo?

Passo sugere caminhada, nesse caso caminhada espiritual. Revendo o nosso jeito de ver

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as coisas, sentir tais coisas, pois nossas reações a tudo que nos passa vem de nossos

valores espirituais, ou do que aprendemos com os passos. Será que estamos preparados

para a turbulência que temos que viver no dia a dia, ou nossa espiritualidade é mera

teoria?

O 10° passo sugere que eu continue fazendo inventário e sempre estando pronto para

admitir o possível erro, pois o alívio vem quando fazemos algo a respeito.

Todos nós ou quase todos temos em casa um quartinho onde guardamos aquilo que não

estamos usando por muito grande que ele seja; é preciso de vez em quando dá uma

organizada, jogar algo fora, algo que estamos relutando em desfazer, mas percebemos

que só serve para travar os espaços. Se deixarmos do jeito que está é possível que crie

ninhos e mude para lá algo que não gostaríamos, ninhos não aparecem de um dia para o

outro é o acumulo diário de capim, quando se percebe ele está pronto, instalado.

Por isso Bill, através do 10° passo, nos sugere que estejamos sempre vigilantes, sempre

fazendo avaliação do nosso comportamento. Se ficarmos irritados com os outro é porque

algo em nós não está bem.

Por isso é bom sempre fazer inventário, para não sermos surpreendido e só vermos o

ninho pronto, lembrando que ele é feito capim por capim.

Bill fala também do rancor, um luxo que não podemos ter. Rancor, raiva, ira é como

segurar uma brasa, ela queima só a gente mesmo. Mesmo se acharmos justificativas

para elas, devemos sempre lembrar que quem tem o programa de recuperação somos

NÓS, isso não quer dizer que vamos deixar as pessoas fazer de nós aquilo que elas

quiserem, mas devemos sempre lembrar que a base do AA é amor e tolerância.

Existem vários tipos de inventário, o relâmpago, o do fim do dia, fim de semana, fim de

mês ate mesmo fim de ano. Todos são válidos e muito bons. Há necessidade de ver em

qual deles nós nos encaixamos, pois quanto mais prolongarmos, mais perigoso fica;

nervosismo, irritação e falta de paciência podem ser sintomas de que as coisas não estão

indo bem. Às vezes as pessoas podem até pensar que estamos perdendo tempo com

tanto tempo gasto com inventários, meditação, ciclo de passo, mas quando fazemos com

amor e com a mente aberta ficamos leves e em paz. Ciclo de passos a meu ver é um

SPA espiritual.

Ao fazer o inventário eu me coloco novamente no eixo, volta autodomínio, controle da

língua e sempre pensando em tratar o outro do mesmo modo que eu gostaria de ser

tratado com amor e paciência.

Termino o meu trabalho com esta frase: que não se ponha o sol sobre o vosso

ressentimento.

Obrigado

Expositor(a): __________________________

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Décimo Primeiro Passo

“Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com

Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua

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vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade”.

Como orar se por conta do meu ativo alcoolismo e suas consequências um poderoso

sentimento de vergonha prevalecia? Como meditar diante da minha incapacidade mental

e espiritual? Por minha experiência, revelo que só consegui superar esses

questionamentos com a minha aceitação de Alcoólicos Anônimos. Em A.A. me convenci e

aprendi que sobre a minha total derrota frente ao alcoolismo, percebi a gravidade da

minha insanidade e que diante desses fatos só me restava uma única saída: entregar,

sem condicionantes, minha vontade e minha vida a Deus, na forma de minha fé.

No sentido de organizar nossas ideias, recordamos que a nossa obsessão pelo beber

destrutivo foi removida por um Deus de quem ainda não tínhamos uma sóbria

consciência. Da mesma forma, a sanidade mental nos foi sendo devolvida por Ele, com o

alerta da necessidade de positivas ações. Dizíamos da entrega, e há que ser notado que

por essa decisão (aliás, a nossa primeira positiva ação), Deus em nós e por nós estará

fazendo o melhor para nossa recuperação.

Na convivência dos três Passos iniciais para nossa recuperação em A.A., aprendemos

que “se reconhecermos a Deus como um Pai, que nos possa receber e ajudar, teremos

maior desejo de procurá-Lo, de conhecê-lo e de alcançá-Lo.” Considerando-se todos os

componentes de nossa personalidade alcoólica, encontrar Deus sabemos que requer um

intenso trabalho. Por isso, entendemos que o 11º Passo significa uma intensa viagem,

através da qual chegaremos a um seguro porto espiritual. No itinerário, o mapa nos

informa da necessidade de conhecer a si mesmo, da admissão dos nossos pessoais

limites humanos, do humildar-se e da cooperação com Deus para os acertos de falhas e

imperfeições.

A rota, em direção ao colo de Deus, se amplia à medida em que devemos reaprender a

conviver com quem causamos danos. Assim, estaremos amparados para vivermos o

modo de ser um AA – sóbrio, com equilíbrio emocional e de maneira útil, sob quaisquer

condições, dia após dia, em tempo bom ou não. Poucos quilômetros nos distanciam do

projeto de uma vida na qual possamos “conversar e ouvir” sobre o que Ele espera de

cada de um de nós.

Para essa “audiência” com Deus, fazemos rogos para conhecer Sua vontade em relação

a nós e forças para realizar essa vontade. Interpretamos que Essa vontade será atendida

se cada um de nós for obediente aos princípios espirituais estabelecidos nos dez

primeiros Passos. Temos consciência da dimensão dessa obediência, mas, mais uma

vez, rogamos a Ele forças para cumprir Sua vontade.

Alcoólicos Anônimos, em cada um de seus momentos de recuperação, representa uma

procura, uma busca ou uma singela descoberta. Como o distanciamento de Deus, no

meu caso, foi atitude unilateral de minha parte, na redescoberta de Deus em minha vida

não encontrarei buracos negros ou maresias, a menos que eu permita meus tubarões ou

fantasmas prevalecerem. E para a aplicação do 11º Passo será suficiente tornar real o

dever da minha casa interior através da oração e meditação.

No universo de A.A. esses recursos de aperfeiçoamento espiritual não são, à primeira

ação, pacíficos. Sentido faz encontrarmos em nossa literatura reflexões sobre o uso da

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oração e meditação:

a) “Aquele que nega Deus, O nega por causa de seu desespero por não encontrá-Lo”.

b) “Os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram

devidamente”.

c) “Se virarmos as costas à meditação e à oração, também estamos negando às nossas

mentes, emoções e intuições, um apoio imprescindível”.

Oração e meditação cuidam de nossas almas e elas só funcionam com esse tipo de

alimento e por essas práticas interligadas, acrescidas do auto-exame, receberemos a “luz

a presença de Deus, do alimento de Sua força e da atmosfera de Sua graça”.

Dito as certezas acima, de que forma podemos usar as citadas ferramentas? Nos

momentos de agitação ou mesmo de paz, o auto-exame permite fazermos internas e

individuais verificações de nós próprios. Por exemplo, ao final de nossas jornadas diárias

ou em qualquer hora de complicações emocionais, podemos fazer uma revisão de nosso

dia ou do momento de instabilidade, nos indagando se ficamos ressentidos, se fomos

egoístas, desonestos ou se sentimos medo.

Superados esses gargalos, o ambiente mental estará apropriado para os exercícios da

oração e da meditação. Orações, as mais diversas, a humanidade vem utilizando; da

mesma forma, o modo de meditação, que não cede lugar ao debate, é uma opcional

escolha de quem a pratica. Os princípios de A.A., no 11º Passo inclui como sugestão a

clássica oração de São Francisco de Assis, que interpreto como uma espiritual síntese do

nosso programa de recuperação, em especial ao funcionar como uma verdadeira

anulação do ego, sobretudo quando são feitos os seguintes pedidos a Deus:

“Ó Mestre, faze que eu procure menos

Ser consolado do que consolar;

Ser compreendido, do que compreender,

Ser amado, do que amar...

Porquanto:

É dando que se recebe; é perdoando, que se é perdoado e

É morrendo que se vive para a vida eterna. Amém”.

Comentávamos que este princípio trata de viagem. Bill W. assegura que, após o exercício

dessa oração, que na minha interpretação estaremos em estado de meditação e que por

ela (meditação) faremos uma viagem ao reino do espírito. O cofundador nos deixou ainda

definições, ao afirmar que a meditação “é algo que sempre pode ser desenvolvido. Ela

não tem limites, tanto na extensão como na altura. (...) ela é essencialmente uma

aventura individual que cada um de nós realiza à sua maneira”.

Quanto à oração, Bill W. afirma que “é a elevação do coração e da mente para Deus, e

neste sentido abrange a meditação”. Como, neste Passo, já estamos trabalhando com

consciência, não usamos a oração na forma de petição, aliás, o que não mais nos

convém, lembrando-nos sempre do “Se for a sua vontade” nos momentos de conversa e

audição com Deus. Através desse Passo perceberemos de fato a nossa capacidade de

recebermos orientação para nossas vidas à medida que paramos de exigir de Deus o que

queremos e como queremos. Se assim agirmos, novas fontes de coragem serão

descobertas, independentemente de eventuais situações de sofrimento e dor.

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Por meio de nossas ações nesta viagem, passaremos a sentir que:

a) Deus age de maneira misteriosa na realização de Suas maravilhas;

b) Passamos a fazer parte do mundo do espírito e

c) O amor de Deus vela sobre nós e, se nos voltarmos para Ele, tudo estará bem

conosco, aqui, agora ou no que vier depois.

Por tudo que já percorremos, reina a paz; mas ainda não concluímos e nem concluiremos

o que Deus quer de nós: fé com obras, principalmente pelo único e primordial propósito

de A.A. Nesse sentido, insiro neste espaço a oração universal legada por Jesus Cristo,

Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso Nome,

Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade

Assim na terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,

e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal.

Amém.

Refletindo com o “Pai Nosso”, e isenta de qualquer coloração religiosa, me permitam

tentar reforçar minhas convicções: estou, efetivamente, em aliança com Deus e alinhada

com Ele para aceitar serenamente tão somente a Sua vontade em relação a minha vida?

Que a bondade e misericórdia de Deus continue nos abençoando com forças, se for a

vontade Dele. Meu forte abraço!

Expositor(a): __________________________

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Décimo Segundo Passo

“Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos

transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas

atividades”.

Sob a graça de Deus, e após a alimentação espiritual recebida pelo caminhar sob à luz

dos primeiros onze Passos contidos no programa de recuperação de A.A, o membro de

A.A. chega ao Décimo Segundo Passo. Sabemos, por experiências da Irmandade, que o

percurso não é tarefa fácil; em alguns momentos pomos em dúvida a nossa capacidade

para exercitá-los, noutros, reconhecemos a inexistência da fidelidade absoluta aos

princípios, bem como queremos reduzir a nossa responsabilidade vivendo o auto engano

do “Não somos santos”.

Mesmo sendo considerado esse patamar, Alcoólicos Anônimos nos reanima ao assegurar

que: a) os nossos “Passos” são guias para o progresso e b) nossa meta é o progresso

espiritual, e não a perfeição espiritual. [“Nossa meta” me dá o alerta de que o bloco do eu

sozinho não funciona. Sou responsável por mim, contudo, a minha recuperação

aconteceu e prosseguirá se eu continuar atento e obediente ao coletivo espiritual de

A.A.].

A nossa chegada ao pátio da Estação 12 nos permite entender que somos possuidores

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de suficiente combustível para vivermos com prazer e em ação. E isso acontece porque

esses princípios projetam um novo modo de vida ao alcoólico. Por outro, os seus

luminosos acendem para a grande “oportunidade de nos voltarmos para fora em direção

de nossos companheiros ainda aflitos”. Nela, e recorrendo ao recurso espiritual da fé que

funciona, sentimos o sabor do dar pelo dar, além da possibilidade de encontrar a

almejada sobriedade emocional.

Alcoólicos, e as pessoas que nos cercam, sóbrias emocionalmente? Sim, é possível!

Basta ouvirmos por que e para quem os sinos da “Estação” ecoam, para ocuparmos os

assentos de uma verdadeira viagem do espírito, cujo bilhete avisa que começamos a

praticar todos os Doze Passos em nossa vida diária.

Nessa viagem em direção de nós e dos nossos iguais, nada haverá de nos incomodar,

pois com o sentimento da gratidão e pela humilde grandeza de nada querer em troca com

a nossas ações de Aas, nos imunizamos contra trepidações e/ou turbulências

emocionais. Isso acontece porque “Ajudar os outros é a pedra fundamental de nossa

recuperação”, conforme atesta Bill W. Por sua vez, a experiência de A.A. testemunha que

o exercício dos “Doze Passos de A.A.” oferecerá bem instalados trilhos ao alcoólico, cujo

resultado serão vagões cheios de utilidade, integridade e felicidade.

Com a clareza de que o 12º Passo é a consequência da soma de todos os trechos de

uma abençoada estrada, além de termos aceitado que é fundamental a transmissão da

mensagem de A.A. para continuarmos sóbrios e sermos instrumentos para evitar a morte

daqueles a quem devemos apresentar a verdade de Alcoólicos Anônimos, repensemos

no seguinte entendimento de Bill W. , constante do Manual de Serviços de A.A.:

“O nosso Décimo Segundo Passo, que leva a mensagem, é o serviço básico que a

irmandade de A.A. oferece. É o nosso principal objetivo e a razão primordial de nossa

existência. Portanto, A.A. é mais do que um conjunto de princípios; é uma sociedade de

alcoólicos em ação”.

Visto esse pensamento do cofundador, deve ser observado que a prática desse Passo

segue um roteiro com a seguinte distribuição espiritual:

a) Através da aplicação dos onze “Passos” que o precedem, experimentaremos a

realidade do despertar espiritual. A propósito, o que significa e o que representa esta

individual revolução interna?

Os nossos textos respondem nos dizendo tratar-se para o alcoólico de um novo estado

de consciência e uma nova maneira de ser, lembrando que, para essa conquista (ou

dádiva?), são indispensáveis a boa vontade, a honestidade e uma mente aberta. Percebo

também que o “despertar” é a graça pela graça, mas para tal haverá a necessidade de se

estar pronto para recebê-lo. Portanto, à luz dos “Passos”, examinemos a trajetória de

preparação.

A nosso ver, “Os Passos”, que propiciam o renascimento humano do bebedor-problema,

possuem uma inteligente lógica espiritual. No Passo Um não lhe escapa aceitar a derrota

total, além da ingovernabilidade de sua vida decorrente de sua obsessão pelo beber

destrutivo. Com essa admissão, é inaugurado a sua reconstrução. Pela aceitação do

Passo Dois, sobretudo com a utilização de uma fé que há de renovada, tem-se de volta a

sanidade, na razão direta do grau de restabelecimento da aliança com um Poder superior.

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A.A. não exige, mas espera de cada um de nós ação. Por isso, no Passo Três decidimos

nos entregar totalmente a Deus – a vida é Dele e a atitude do “tudo não eu posso só” se

distancia do característico egoísmo do alcoólatra. Que alívio sentiremos quando da

aplicação desses três primeiros “Passos”, porque a partir daí estaremos com a coragem

para mudarmos a nossa postura diante de tudo aquilo que tínhamos como motivo para

bebermos, provida do autoconhecimento, auto perdão e liberdade encontrados nos

Quarto e Quinto Passo. Com isso, está aberto o caminho para uma vida adulta, bastando

deixarmos a Deus a remoção de todos os defeitos de caráter. A lógica do

aperfeiçoamento espiritual nos pede também humildade, pois só assim rogaremos a Ele

que nos livre de nossas imperfeições, como tão bem proposto no Passo Sete.

Até aqui trabalhamos nós mesmos, o que não é suficiente. Convivíamos em sociedade e

para ela o Programa de Recuperação nos dá direito de voltarmos. Os Passos Oito e Nono

nos permitem essa ação, à medida que temos consciência a quem causamos danos e

buscamos implementar reparações. Assim, o típico isolamento deixou de permear a vida

do alcoólico. Com esse instrumental, já sabemos o que queremos – sendo A.A. o grande

bem - e estamos sendo habilitados a conduzirmos a vida sob quaisquer condições,

conforme preconiza o Passo Dez. A nosso ver, o universo do espírito se aproxima em

nossa recuperação, pois em nossa rota faremos uso da oração e meditação para

sabermos a vontade de Deus em relação a nós, rogando a Ele apenas força para

cumprirmos o que Ele quer de nós. É o que preconiza o Décimo Primeiro Passo.

Nesse cenário, e com a dedicação para que a orquestra esteja completa e com os

instrumentos polidos (registre-se: saiamos da “dança dos dois passos” para o “samba dos

Doze Passos”), a experiência de A.A. confirma ser inevitável a colheita da paz de espírito,

além do amor por si e pelo próximo. A isso, classificaria como “despertar espiritual”.

b) Com o “despertar” vem ao membro de A.A. a “sugestão” para que seja transmitida aos

alcoólicos a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Nesse sentido, a experiência confirma

que o espírito de A.A. chegará ao membro se estiver em constante treinamento, sob pena

de a sobriedade emocional ser apenas uma hipótese. Como posso transmitir o “tesouro

de A.A.” se não me disponho a realizar a garimpagem necessária. Nada melhor, a nosso

ver, ficarmos atentos ao exemplo do Dr. Bob, que no livro “Alcoólicos Anônimos” registra

todo o seu sentimento de responsabilidade consigo próprio e com os seus assemelhados

na sua incansável missão de transmissão da mensagem de A.A. Assim o fez para mais

de 5.000 pessoas pelas seguintes motivações:

• Sentimento de dever

• É um prazer

• Porque, ao fazer isto, estou pagando minha dívida para com o homem que encontrou

tempo para me transmitir tudo isto.

• Porque , a cada vez que o faço, garanto-me um pouco mais contra uma possível

recaída.

Quanta convicção nos legou o cofundador. Observados os limites e aptidões, resta a

cada um de nós, AÇÃO, AÇÃO, AÇÃO... Já dizia um de nossos conselheiros espirituais:

“não há limites no trabalho de evolução espiritual”.

c) O exercício dos “Passos” nos transforma, ou somos pelas mãos de Deus reinventados

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para, em sendo uma nova criatura, cumprirmos tão somente a Sua vontade. Para tanto,

praticar os princípios em todas as nossas atividades é essencial. Afinal, observado a

humildade disposta no “Passo Sete”, passamos a ser exemplo. A Tradição realça o

quanto é vital a Unidade de A.A., portanto, acordo que, enquanto indivíduo, sou impelido

a ter atitudes ancoradas no Programa de Recuperação da Irmandade, ou seja, sem

divisões. Não há como ser no Grupo o “exemplo” e no meu ambiente familiar, na minha

profissional, na comunidade ou no dia a dia da convivência em sociedade ficar distante do

que Alcoólicos Anônimos esperam do alcoólico em recuperação. Por oportuno,

transcrevemos alguns questionários contidos neste princípio:

1)Temos condições para amar a vida com tanto entusiasmo quanto amamos aquela

pequena parcela que descobrimos, quanto tentamos ajudar outros alcoólicos a alcançar a

sobriedade?

2)Somos capazes de levar às nossas vidas em família, por vezes bastante complicadas,

o mesmo espírito de amor e tolerância com que tratamos os nossos companheiros do

Grupo de A.A.?

3) As pessoas de nossa família, que foram envolvidas e até marcadas pela nossa

doença, merecem de nós o mesmo grau de confiança e fé que temos em nosso

padrinhos?

4)Estamos prontos para arcar com as novas e reconhecidas responsabilidades que nos

cercam?

Se formos laboriosos, o “milagre” acontece! E acontecerá diante da convicção de que

Deus faz por nós o que nunca poderíamos fazer por nós mesmos, como também em nós

membros de A.A. reside um bom crédito: o bebedor – problema de ontem não conhece o

alcoólico em recuperação de hoje, mas este conhece muito bem aquele bebedor –

problema de ontem. O “alcoólico de hoje” voltará ao submundo do “bebedor de ontem” se

assim o desejar.

O Décimo Segundo Passo revela-se como uma firme, se for o caso, verificação dos onze

primeiros “Passos de A.A”. Buscando sermos bons alunos no entendimento dos seus

exercícios, enfrentamos os mais diversos conflitos, problemas e até mesmo a angústia

das “dores do crescimento”. E, ao enfrentá-los, soluções surgem (ou “o que não tem

solução, solucionado está”), possibilitando restabelecer a ordem em nosso interior, com o

mundo ao nosso redor e com Deus.

E com a nossa integração ao mundo do espírito, com consciência, agiremos com

utilidade, integridade e felicidade. Só nós, que já fomos beneficiados por essas ações,

sabemos a extensão de “contemplar os olhos de homens e mulheres se abrirem

maravilhados à medida em que passam da treva para a luz, suas vidas se tornando

rapidamente cheias de propósito e sentido, famílias inteiras se reintegrando, o alcoólico

marginalizado sendo recebido alegremente em sua comunidade como cidadão

respeitável, e acima de tudo, ver estas pessoas despertadas para a presença de um

Deus amantíssimo em suas vidas.”

Diante da tamanha importância dos fatos acima relatados, que acontecem quando somos

titulares da mensagem que Deus nos reserva como condutores, a nós, membros de A.A.

cabe rogar a esse mesmo Deus que suas bênçãos nos cheguem com SERENIDADE,

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CORAGEM e SABEDORIA, em cada dia de nossa renascida vida.

Expositor(a): __________________________

“Alcoólicos Anônimos é mais do que um conjunto de princípios; é uma sociedade de

alcoólicos em ação. Precisamos levar a mensagem, caso contrário, nós mesmos

poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada a verdade podem perecer.” (Bill W.)

Oração da Serenidade

Concedei-nos Senhor, a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não

podemos modificar, CORAGEM para modificar aquelas que podemos e SABEDORIA

para distinguir umas das outras.

Foi bom você ter vindo!

O TERCEIRO PASSO NA VISÃO DE UM COMPANHEIRO by passea

Terceiro Passo:

“Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, na forma em que O

concebíamos”.

Primeiramente gostaria de colocar que o Terceiro Passo é o ponto de agrupamento de todas as

pessoas em A.A. A expressão nele contida “Deus como nós O concebíamos” abre as portas para todas

as pessoas de todas as religiões ou mesmo para as pessoas agnósticas ou atéias. Se assim não fosse,

mais da metade dos membros de A.A. que dizem ter tido algum problema com Deus ou com as

religiões estariam condenados à morte irremediavelmente. Praticamente esse passo antecipou a

terceira Tradição que diz “Que o único requisito para ser membro é o desejo de parar de beber”; o

passo diz praticamente que o único requisito para alcançar a sanidade é confiar nas ações de um poder

superior a nós mesmos, seja ele qual for.

Nos dois primeiros passos, admitimos nossa impotência, viemos a acreditar que um Poder Superior

pode devolver-nos a sanidade e, agora, precisamos decidir entregar nossa vontade e nossas vidas a

seus cuidados. Não tomaremos essa decisão só uma vez, mas todos os dias, muitas vezes por dia. A

minha maior dificuldade nesse Passo foi entender que a entrega da vontade e da vida não é feita de

uma vez só, tipo um passe de mágica “toma, é sua”. Não, não é isso. Nenhum de nossos passos é feito

uma só vez e pronto. Nada disso, os passos são um modo de vida e o Terceiro Passo não é diferente.

Decidir escolher a vontade de Deus para nós é um modo de vida, é uma escolha. O Terceiro Passo é

acima de tudo confiança, mas não uma confiança cega, mas sim uma confiança esclarecida, clara,

evidente. Mas confiança não se consegue 100% instantaneamente; confiança se adquire com o tempo,

com as experimentações, com as evidências. Um início às vezes tímido pode nos levar a grande

desenvoltura na prática desse passo. Como exemplo, podemos tomar uma criança ao começar a andar.

Inicialmente ela engatinha meio assustada, depois ganha confiança e se coloca de pé, mais à frente

cambaleia, cai, machuca, ergue novamente e...pronto, já caminha sozinha, sem ajuda externa. O que a

fez conseguir isso? Confiança. E como ela adquiriu essa confiança? Treinando, caindo, levantando,

recomeçando, testando, acreditando que pode. O mesmo acontece com a prática do Terceiro Passo:

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iniciamos timidamente, depois ganhamos confiança e seguimos em frente, tal como um corredor de

maratona prestes a vencer uma prova. Cabeça erguida, satisfação pela vitória pessoal, talvez até sinta

algumas dores ou incômodos, mas está ciente que isso também faz parte do desfecho final. Ás vezes,

acontece um tombo, mas se levanta e segue em frente. A confiança o faz tomar essa decisão: ir em

frente. A prática desse passo também nos traz confiança; quando somos atormentados por alguém ou

alguma coisa, respiramos profundamente e vamos em frente.

Se quisermos ser bem sucedidos na prática dos passos precisamos estar preparados para entregar aos

cuidados de Deus toda a nossa vontade e todas as partes de nossa vida. Somente quando realmente

estivermos capacitados a aceitar esse fato, a nossa viagem rumo à sanidade terá tido início. Note-se

que eu disse a palavra início e é isso mesmo, pois é aqui no Terceiro Passo que praticamente

começamos o trabalho de recuperação e por isso esse passo é considerado a pedra angular que

segura todos os outros. Sem esse tipo de aceitação do Terceiro Passo não iremos muito longe.

Alguns obstáculos mentais surgem quando deparamos com o passo e um deles é pensarmos que

estamos perdendo a nossa identidade, o nosso livre arbítrio em relação às escolhas que a vida nos

oferece. Podemos achar que perdemos tudo, que perdemos o controle de tudo e nos assustamos com

isso. Na realidade queremos controlar tudo e quando o passo nos diz para entregar a vida e a vontade

nos assustamos e nos rebelamos. Esse é um fato real que nos paralisa. Mas não podemos ficar

parados o tempo todo na encruzilhada do Terceiro Passo. A vida, nossa maior mestra, nos impele a

praticá-lo, Talvez os traços herdados de nossa infância quando tentamos prender a atenção e cuidar

das pessoas a nossa volta para que eles não nos abandonassem tenha reforçado em nós uma porção

de tendências indesejáveis, tais como controlar, vigiar e um excessivo senso de responsabilidade. As

condições em que crescemos muitas vezes nos impediram de confiar em Deus. Talvez nossas orações

tenham ficado sem resposta e não conseguimos imaginar como um Deus podia ser tão cruel para nós.

O Terceiro Passo é uma oportunidade que o programa nos dá de realinharmos com Deus, talvez e bem

provável um outro Deus, agora da minha concepção e não aquele Deus que me foi imposto e sobre o

qual eu não tive nenhuma oportunidade de participação na sua conceituação Aqui vale um parêntesis

para dizer que o programa dos Doze Passos não é um programa religioso na acepção da palavra, ele é

um programa prático para facilitar a nossa recuperação. Alcoólicos Anônimos teve início num contexto

em que o pragmatismo era um modelo usado e pragmatismo nada mais é que fazer uso daquilo que dá

resultado prático. Experimentação de erros e acertos, aquilo que deu certo continuamos a usar, aquilo

que não deu descartamos. É assim a prática sugerida de Deus em nossa vida. Um Deus que cuida dos

resultados e por isso mesmo ele é muito prático. Posso escolher o que quiser e o que julgar melhor

para mim em determinado momento, mas o resultado não é necessariamente aquele que eu imagino. O

resultado é sempre de Deus, cabe a nós aceitarmos.

É com a criação desse novo Deus que tenho galgado os passos em minha vida, um dia de cada vez.

Mas não tem sido fácil descartar aquele outro Deus, porque mesmo ele não tendo funcionado, ele está

impregnado dentro de mim, afinal foram anos vivendo sob a sua imagem. Logo, a prática do Terceiro

Passo para mim é uma oportunidade que estou tendo de substituir aquele Deus que não deu certo por

um outro da minha concepção. É um trabalho de construção diária, como todo o programa de A.A. É

trabalho de construção a quatro mãos: eu vou construindo Deus e ele vai me moldando à sua maneira.

Durante a minha vivência no programa, alguns depoimentos a respeito desse passo me marcaram

muito e aqui abro mais um parêntesis para citar dois deles: o primeiro é de uma companheira que dizia

não concordar com o Deus das religiões. E, de acordo com a proposta do Passo, ela atribuiu uma

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Deusa como sendo a sua divindade. Pois bem, numa determinada reunião, ela usou o termo Deusa

como ela a concebia e foi ridicularizada por todos que estavam no grupo. Ao que ela reagiu, em

prantos, dizendo: Será que eu vou ter que continuar a aceitar um Deus de segunda mão como antes?

Será que vou ter que aceitar o Deus de vocês? Será que não posso ter a minha própria concepção de

Deus? Não, meus companheiros, continuou ela, não é isso que diz o Terceiro Passo. O Terceiro Passo

me dá inteira liberdade para conceber o meu Deus, do meu modo e do meu jeito.

Graças a sua Deusa, essa companheira não saiu do grupo ou voltou a beber quando foi ridicularizada.

É esse o cuidado que devemos ter, não é o meu Deus que vai funcionar para o outro e sim o Deus dele

que vai funcionar para ele. Lembram-se quando o Dr. Silkworth advertiu para Bill: Não adianta ficar

pregando para eles, Bill... Pois é, o programa é individual, o Deus de minha concepção também é

individual...

No livro Viemos a Acreditar, tem um depoimento sob o título “Uma filosofia prática” em que o seu autor

diz ser ateu e por isso mesmo teve muita dificuldade em entender e praticar o Terceiro Passo. Devido a

um grande problema surgido em seu emprego passava pela sua cabeça pedir demissão e sair da

cidade a qual morava. O padrinho dele em A.A. sugeriu para ele que trabalhasse com afinco por mais

um determinado tempo e não preocupasse com os resultados. Pois bem, assim ele o fez e depois de

um ano percebeu que teve duas promoções e todos os seus relacionamentos melhoraram muito. Ele, a

partir daí, passou a entender o Terceiro Passo como sendo a prática da não preocupação. Fazer e não

preocupar, os resultados seriam independentes da vontade dele. Ele pode até não gostar dos

resultados, discordar deles, mas por mais que ele resista, os resultados são estes que estão aí. A partir

desse belíssimo texto, passei a me observar. Hoje quando minha relação com Deus está bem, percebo

claramente que não estou preocupado com nada, porque confio. Confiança é a palavra que define o

Terceiro Passo para mim e se confio em uma força superior a mim mesmo, não tenho espaço para

preocupar. Esse depoimento tem guiado a minha relação com Deus e com minha vida. Quando começo

a enveredar por caminhos da autopiedade e da preocupação me lembro dele e retorno ao caminho. A

intensidade com que estou preocupado com o futuro ou, pior, preocupado com o que aconteceu no

passado e me perco tentando fazer o impossível que é reescrever a história, serve para mim como

indicador de minha prática de Deus em minha vida e se estou me afastando dele, como não raro

acontece, respiro fundo e tento voltar a aquele princípio de orar silenciosamente e pedir: “Meu Deus me

ajude a voltar a confiar em Ti, pois estou me perdendo pelo caminho de minhas imaginações e atitudes

negativas”. Nem sempre essa retomada é imediata, mas se insisto e persisto ela acontece e isso tem

sido meu modo de praticar essa confiança em um novo Deus que, até aqui, tem me dado bons

resultados.

O Terceiro Passo, portanto me proporciona o entendimento de Deus de uma outra forma. Não se trata

mais daquele Deus vingativo julgador ou seja lá o que me foi passado, mas sim de um Deus que

funciona quando as coisas vão mal, que eu posso realmente acreditar nele porque ele é todo justiça e

amor. Não é mais aquele Deus que se parece com meus pais, autoritários, dedo em riste, isso não

pode, aquilo também não; também não é aquele Deus doentio das religiões e igrejas, como eu estudei;

nem um Deus a minha semelhança, um fardo de medo e incapacidade. Deus é Deus. Não como meu

pai, nem minha mãe, nem minha igreja ou eu mesmo. Ele está acima disso tudo, pois se assim não

fosse, eu não poderia confiar a Ele minha vida e minha vontade. É assim a minha concepção de Deus

hoje: um Deus que funciona que é justiça e que eu posso e devo discordar dele o quanto eu quiser e a

hora que quiser, mas tenho que aceitar que a minha vida e minha vontade está em suas mãos, pois

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assim eu decidi.

O divino, o sagrado, pode ganhar muitos nomes. Pode ser Poder Superior, pode ser Deus, pode ser

Deuses, Deusa, pode ser uma vibração ou uma iluminação. Independentemente de como o

denominamos, há algo que reconhecemos como transcendente que ultrapassa a coisificação do mundo

e a materialidade da vida, que faz com que haja importância em tudo que existe. Desse ponto de vista,

não basta que eu me conecte com os outros ou com a natureza. Preciso fazer uma incursão no interior

de mim mesmo em busca da vida que vibra em mim e da fonte dessa vida. É essa fonte que posso até

chamar de Deus como eu O concebo. A conexão com essa fonte é aquilo que os gregos chamavam de

“sympatheia”, que significa simpatia. Trata-se de buscar uma relação simpática com o divino. E o

Terceiro Passo é o início dessa relação que irá se desenvolver nos demais passos.

NOSSO BEM ESTAR COMUM by passea

1a. Tradição de AA

1 Tradição

“ o nosso bem estar comum devera estar em primeiro lugar; a recuperação pessoal

depende da unidade de AA”

A qualidade mais preciosa que a sociedade de Alcoólicos Anônimos tem é a unidade. As

nossas vidas e as daqueles que estão para vir dependem diretamente dela. Ou

permanecemos unidos ou AA morre. Sem unidade, o coração de AA deixaria de bater, as

nossas artérias mundiais deixariam de levar a graça vivificante de Deus e a sua dádiva

desperdiçar-se-ia.

Fechados outra vez nas masmorras, os alcoólicos acusar-nos-iam, dizendo :que coisa

extraordinária poderia ter sido AA!”

“ Que significa isto?” perguntam alguns com ansiedade.

“Então, em AA o individuo não conta? Será que tem que ser dominado e absorvido pelo

seu grupo?”

Podemos responder a esta pergunta com um veemente “NÃO”!. Acreditamos que não

existe no mundo outra irmandade que cuide de cada um dos seus membros com tanto

carinho; certamente que não há nenhuma que guarde mais ciosamente o direito de cada

individuo pensar, falar e agir livremente. Nenhum AA pode obrigar outro a fazer o que

quer que seja;

Ninguém pode ser punido ou expulso. Os nossos doze passos são apenas sugestões

para a nossa recuperação; as doze tradições, que garantem a unidade do AA, não

contem uma única proibição. Dizem repetidamente “Nós devemos…” mas nunca “Tu tens

de …!”

Para muitas pessoas, toda esta liberdade individual é sinônimo de pura anarquia.

Qualquer recém-chegado, qualquer amigo que olhe para AA pela primeira vez, fica muito

perplexo. Vêem uma liberdade que parece quase permissividade. No entanto

reconhecem de imediato, uma força irresistível de propósito e ação em AA “Como é

possível”, perguntam, “que este grupo de anarquistas funcione? Como é possível que

coloquem em primeiro lugar o seu bem estar comum? O que será que os mantêm

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unidos”?

Aqueles que observam AA mais de perto encontram rapidamente a chave deste estranho

paradoxo. O membro de AA precisa de adaptar os princípios da recuperação. A sua vida

depende, de fato da obediência e princípios espirituais. Se ele se desvia muito, o castigo

é certo e rápido: adoece e morre. Inicialmente, submete-se porque precisa, mas depois

descobre um modo de vida que quer verdadeiramente seguir. Para alem disto, descobre

que não pode manter esta dádiva preciosa, se não a der aos outros. Ninguém em AA

consegue sobreviver se não transmitir a mensagem. No momento em que se forma um

grupo, através do trabalho do décimo segundo passo, faz-se outra descoberta – a de que

a maioria dos indivíduos não se recupera a não ser que haja um grupo. Compreende- se

que o clamor dos desejos e ambições pessoais deve ser silenciado, sempre que

prejudiquem o grupo. Torna-se claro que o grupo tem de sobreviver para que o individuo

não morra.

Assim á partida, a questão principal é como viver e trabalhar em conjunto enquanto

grupos. No mundo que nos rodeia temos lideres destruírem povos inteiros. A luta pela

riqueza, poder e prestigio tem estado a dilacerar a humanidade como nunca. Se

personalidades fortes tem ficado num impasse ao procurar a paz e a harmonia, o que é

que poderia acontecer ao nosso errático bando de alcoólicos? Com o mesmo ardor com

que tínhamos lutado e rezado pela recuperação individual, começamos a procurar os

princípios pelos quais AA, como tal, pudesse sobreviver. A estrutura da nossa sociedade

foi forjada através da experiência.

Vezes sem conta, em inúmeras cidades e aldeias, revivemos a historia de Eddie

Rickenbacker e dos seus bravos companheiros, quando o seu avião se despenhou no

pacifico. Com nós, viram-se subitamente salvos da morte, mas ainda flutuando num mar

perigoso. Perceberam muito bem que o seu bem estar comum estava em primeiro lugar.

Nenhum podia ser egoísta em relação água e ao pão. Cada um tinha de pensar nos

outros, pois sabiam que só podiam encontrar a sua verdadeira força ancorados numa

mesma fé. E assim fizeram, de forma a ultrapassar todas as imperfeições da sua frágil

embarcação, todas as provas de incerteza, de dor, de medo e de desespero, e ate a

morte de um deles.

Assim tem sido, também, com AA . pela fé e pelas obras, conseguimos basear-nos em

lições de experiência inacreditável. Essas lições vivem nas Doze Tradições de Alcoólicos

Anônimos que – se Deus quiser – nos manterão unidos enquanto ele precisar de nós.

Varella.

REFLEXÕES DIÁRIAS – 1º PASSO by passea

1º PASSO

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos

perdido o domínio sobre nossas vidas.

Quase ninguém se dispõe a admitir uma derrota total. É terrível admitir que o álcool

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tornou-se uma obsessão que priva o alcoolista de toda sua auto-suficiência. O primeiro

passo trata da dificuldade que surge para admissão da derrota completa em relação ao

uso do álcool. O alcoolista, com o copo na mão, perde o controle quanto à ingestão de

bebida alcoólica e quanto a todas as conseqüências desta ingestão.

Para obter sucesso em manter-se abstinente, é preciso reconhecer esta impotência

perante o álcool. Caso contrario, a sobriedade será precária. Diz a literatura de A. A.: “O

princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura sem que antes admitamos

a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda”

(Os Doze Passos, p. 14). Muitos se revoltam por ter que admitir a derrota. Chegam no

grupo de A. A. buscando apoio e escutam que nenhuma força de vontade será suficiente

para quebrar a obsessão pela bebida.

Inicialmente, apenas os casos mais desesperados conseguiam aceitar esta verdade.

Felizmente, isto mudou com o passar dos anos. Alcoolistas em um estágio menos grave

conseguiam reconhecer seu alcoolismo. Para que estas pessoas pudessem aceitar esta

perda do governo de sua vida, os alcoolistas que tinham atingido um grau mais sério de

alcoolismo puderam a elas mostrar que, em momento anterior à chegada do fundo do

poço, a vida já havia se tornado ingovernável. Percebeu-se que, caso o recém-chegado

ainda permanecesse em dúvida, levava consigo a idéia da natureza da enfermidade, e,

muitas vezes, voltava ao grupo antes de precisar chegar a dificuldades extremas.

Observa-se que poucas pessoas conseguem praticar com sinceridade o programa de

A.A. sem chegarem afundar completamente. Isso ocorre pelo fato de que “... praticar os

restantes onze passos de A. A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum

alcoólatra que ainda bebe, sonharia adotar” (Os Doze Passos, p. 15). É o desejo de

sobrevivência que leva o alcoolista a ter disposição para escutar a mensagem de A. A., e

a reconhecer a necessidade de seguir o programa dos Doze Passos.

IMPOTÊNCIA

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio

sobre nossas vidas.

Não é coincidência que o próprio Primeiro Passo mencione impotência. Uma admissão de

impotência pessoal perante o álcool é a pedra fundamental do alicerce da sobriedade.

Aprendi que não tenho o Poder e controle que uma vez pensei ter. Sou impotente sobre

os que as pessoas pensam sobre mim. Sou impotente até por ter perdido o ônibus. Sou

impotente sobre como as outras pessoas praticam (ou não praticam) os Passos. Mas,

também aprendi que não sou impotente perante algumas coisas. Não sou impotente

perante minhas atitudes. Não sou impotente perante a negatividade. Não sou impotente

sobre assumir responsabilidade por minha própria sobriedade. Tenho o poder de exercer

uma influência positiva sobre mim mesmo, as pessoas que amo e o mundo em que vivo.

A VITÓRIA DA RENDIÇÃO

Percebemos que somente através da derrota total somos capazes de dar os primeiros

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passos na direção da liberação e da força. Nossa admissão de impotência pessoal

finalmente produz e alicerce firme sobre o qual, vidas felizes e significativas podem ser

construídas.

Quando o álcool influenciava cada faceta de minha vida, quando as garrafas tornaram-se

o símbolo de toda minha auto-indulgência e permissividade, quando vim a perceber que,

por mim mesmo, não podia fazer nada para vencer o poder do álcool, percebi que não

tinha outro recurso a não ser a rendição. Na rendição encontrei a vitória – vitória sobre

minha egoística auto-indulgência, vitória sobre minha resistência teimosa à vida como ela

era dada para mim. Quando parei de lutar contra tudo e contra todos, comecei a

caminhada para a sobriedade, serenidade e paz.

UM ATO DA PROVIDÊNCIA

Realmente é terrível admitir que, com um copo na mão temos convertido nossas mentes

numa obsessão tão grande por beber destrutivamente que somente um ato da

providência pode removê-la de nós.

Meu ato da Providência (manifestação de cuidado e direção divina) veio quando

experimentei a falência total do alcoolismo ativo – tudo que tinha algum significado em

minha vida havia ido embora. Telefonei para Alcoólicos Anônimos e, a partir daquele

instante minha vida nunca mais foi a mesma. Quando penso naquele momento tão

especial, sei que Deus estava agindo em minha vida bem antes que eu fosse capaz de

conhecer e aceitar conceitos espirituais. O copo foi arriado através desse único ato da

Providência e minha jornada pela sobriedade começou. Minha vida continua se

expandindo com o cuidado e a direção divina. O Primeiro Passo, no qual admiti que era

impotente perante o álcool, que tinha perdido o domínio de minha vida, tornou-se mais

um significado para mim um dia de cada vez – na salvadora de vidas, vivificante

Irmandade de Alcoólicos Anônimos.

O PASSO 100%

Somente o Primeiro Passo, onde admitimos inteiramente que somos impotentes perante

o álcool, pode ser praticado com absoluta perfeição.

Muito antes de conseguir alcançar a sobriedade em A. A. eu sabia, sem nenhuma dúvida,

que o álcool estava me matando mas, mesmo com esse conhecimento, fui incapaz de

parar de beber. Assim, quando encarei o Primeiro Passo, foi fácil admitir que me faltava

forças para não beber. Mas, que tinha perdido o domínio de minha vida? Nunca. Cinco

meses após ter chegado em A. A. estava bebendo novamente e imaginando por quê.

Mais tarde, de volta a A. A. e sentindo a dor de minhas feridas, aprendi que o Primeiro

Passo é o único que pode ser praticado 100%. E que a única maneira para praticá-lo é

aceitar esse Passo 100%. Desde então, já se passaram muitas 24 horas e não precisei

praticar novamente o Primeiro Passo.

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ATINGINDO O FUNDO

Por que toda esta insistência que todo A. A. deve primeiro atingir o fundo do poço? A

resposta é que poucas pessoas tentarão praticar programa de A. A. sinceramente, a

menos que tenham chegado ao fundo. Pois praticar os restantes onze Passos do

programa, significa a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que esta

ainda bebendo pode sonhar em fazer.

Atingindo o fundo do poço minha mente abriu e fiquei disposto a tentar algo diferente. O

que tentei foi A. A. Minha nova vida em A. A. pode-se comparar como aprender a andar

de bicicleta pela primeira vez: A. A. tornou-se minha bicicleta de treinamento e minha mão

de apoio. Não é que eu desejasse tanto a ajuda; simplesmente não queria voltar a sofrer

essas coisas novamente. Meu desejo de evitar voltar ao fundo novamente foi mais forte

que meu desejo de beber. No começo isso foi que me manteve sóbrio. Porém, após

algum tempo, descobri a mim mesmo trabalhando os Passos o melhor que podia. Em

breve percebi que minhas atitudes e ações estavam mudando aos poucos. Um Dia de

Cada Vez, senti-me bem comigo mesmo, com os outros, e minhas feridas começaram a

cicatrizar. Agradeço a Deus pela bicicleta de treinamento e a mão de apoio que escolhi

chamar de Alcoólicos Anônimos.

UMA BEBIDA AJUDARIA?

Voltando atrás em nossas próprias história de bebida, não poderíamos mostrar que, anos

antes de perceber, que estávamos fora de controle, que nossa maneira de beber, mesmo

naquela época, não era apenas um hábito, mas era de fato o início da progressão fatal.

Quando eu ainda estava bebendo, não podia responder a qualquer situação da vida como

podiam outras pessoas mais saudáveis. O menor incidente desencadeava um estado de

espírito que, acredite, eu tinha que beber para entorpecer meus sentimentos. Mas o

entorpecimento não melhorava a situação, então procurava uma saída na garrafa. Hoje

preciso estar consciente do meu alcoolismo. Não posso me permitir acreditar que ganhei

o controle sobre minha maneira de beber – ou novamente pensarei que ganhei o controle

sobre minha vida. Tal sentimento de controle é fatal à minha recuperação.

HONESTIDADE RIGOROSA

Quem se dispõe a ser rigorosamente honesto e tolerante?

Quem se dispõe a confessar suas falhas a outra pessoa e a fazer reparações pelo danos

causados? Quem se interessa, ao mínimo, por um Poder Superior, e ainda pela

meditação e a oração? Quem se dispõe a sacrificar seu tempo e sua energia tentando

levar a mensagem de A. A. ao próximo? Não, o alcoólico típico, egoísta ao extremo,

pouco se interessa por estas medidas, a não ser que tenha de tomá-las para sobreviver.

Eu sou um alcoólico. Se eu beber eu morrerei. Meu Deus, que poder, energia e emoção

esta simples declaração gera em mim! Mas, verdadeiramente, é tudo que preciso saber

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por hoje. Estou disposto a ficar vivo hoje? Estou disposto a ficar sóbrio hoje? Estou

disposto a pedir ajuda e estou disposto a ajudar outro alcoólico que ainda sofre hoje?

Descobri a natureza fatal de minha situação? O que devo fazer, hoje, para permanecer

sóbrio?

PRIMEIRO PASSO

Admitimos... (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)

Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “!Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu”.

Tal obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa

mais da metade de minha vida.

O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a

primeira expressão do Primeiro Passo... “Nós”.

Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia

vida. Se tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e

outro alcoólico tenho um propósito divino na minha vida... tornei-me um canal para o amor

benéfico de Deus.

“A RAIZ PRINCIPAL” DE A. A.

O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora sem que antes admitamos

a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa Irmandade.

Derrotado e sabendo disto, cheguei às portas de A. A. sozinho e com medo do

desconhecido. Um Poder fora de mim mesmo havia me tirado de minha casa, guiou-me

para uma lista telefônica, depois até a parada de ônibus e pelas portas de Alcoólicos

Anônimos. Uma vez dentro de A. A. Experimentei uma sensação de ser amado e aceito,

algo que não sentia desde a minha tenra infância.

Que nunca perca a sensação de milagre que experimentei nessa primeira noite com A.

A., o maior evento de toda a minha vida.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 11-14-17-19-24-26-34-151-301)

MENSAGEM PARA REFLEXÃO by passea

MENSAGEM PARA REFLEXÃO

Prezados companheiros e companheiras, vivemos em um mundo de constantes

mudanças em todos os aspectos. Algumas delas para melhor e outras, nem tanto. Em

A.A. não é diferente e a grande mudança do momento é a formação de novas Áreas cujo

objetivo é encurtar as distâncias para facilitar a comunicação entre os Grupos e a Área,

fazendo com que a via de mão dupla seja mais eficiente possibilitando o crescimento e

fortalecimento dos Grupos.

No entanto, nos últimos anos estão acontecendo algumas mudanças em A.A. que têm

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nos preocupado muito.

Hoje, depois de 64 anos da chegada de A.A. no Brasil, adquirimos muita experiência e

muito esclarecimento sobre o funcionamento de A.A. e a importância do serviço através

do estudo da literatura que é fundamental para o nosso crescimento e para a continuação

da Irmandade. No entanto, estamos “pensando em demasia e sentindo bem pouco.” O

que está acontecendo conosco, companheiros (as)?

Percebe-se que existem muitos membros de A.A. com dificuldade em conviver com os

alcoólicos que chegam ao Grupo com múltipla dependência, ou seja, usuários de outras

drogas e também, com os homossexuais – mulheres – jovens - empresários e

profissionais bem sucedidos e ainda, com os alcoólicos que tem dificuldade em

permanecer sóbrios por muito tempo e recaem constantemente. Isso sem falar dos

possíveis alcoólicos enviados pela justiça que também são rejeitados em alguns Grupos.

Em contrapartida, muitos Grupos permitem que pessoas não alcoólicas freqüentem

diariamente as reuniões de recuperação, tirando a liberdade do membro de fazer seu

depoimento. Agindo assim, alguns Grupos estão invertendo as coisas, pois, rejeitam um

alcoólico e acolhem um não alcoólico. Se isso continuar acontecendo, qual será o futuro

de Alcoólicos Anônimos?

Acreditamos que podemos falar dos princípios sem ter que mudar a parte física do Grupo,

sem perder a espiritualidade. Podemos fazer eventos que atendam a necessidade de

todos, pois é possível ter qualidade com simplicidade, é possível falar de princípios sem

melindrar o companheiro(a). Não devemos esquecer os alertas que Bill nos deixou na

literatura: ...”não tem que”, mas “devemos”, “mantenha a mente aberta”, “eu sou

responsável”, “Atue por nós mas não mande em nós”, “...em A.A. não tem membros de

segunda classe”. Acreditamos que, talvez a falta de atenção para com estes alertas, seja

o que está contribuindo com a decadência de muitos Grupos de A.A., pois, estamos

deixando de ser irmãos e companheiros, deixando de sentir a dor do outro.

Companheiros(as), não podemos perder o amor que é a essência de A.A., nem o

companheirismo, o comprometimento, a simplicidade e tudo aquilo que nos aproxima uns

dos outros pois, assim como eu preciso de A.A. hoje, pode ser que meus netos ou

bisnetos possam precisar amanhã.

Diante de tudo isso, que tal refletirmos sobre este texto da Primeira Tradição, que diz:

“...Sem unidade, o coração de Alcoólicos Anônimos deixaria de bater, nossas artérias

mundiais deixariam de transportar a graça vivificante de Deus e as dádivas divinas dadas

a nós seriam gastas à toa. De novo em sua prisão, os alcoólicos nos condenariam,

dizendo, “que coisa formidável poderia ter sido A.A.!”

Vamos recordar um pouco da fala de Dr. Bob em sua última mensagem: “Existem duas

ou três coisas que lampejaram em minha mente, nas quais me amparo para emprestar

um pouco de ênfase. Uma delas é a simplicidade do nosso programa. Não vamos

estragar tudo com complexos freudianos e coisas que são interessantes para a mente

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científica, mas que muito pouco tem a ver com nosso verdadeiro trabalho de A.A. Nossos

Doze Passos, quando apurados até o fim, se resumem nas palavras ‘amor’ e ‘serviço’.

Entendemos o que é o amor e compreendemos o que é serviço. Assim, conservemos

essas duas coisas na mente.”

Que o Poder Superior nos ilumine e que possamos preservar a nossa Irmandade para

todos que dela precisarem, hoje, amanhã e sempre!

20/11/2011

MCA/Área-MG

LIDERANÇA EM AA – SEMPRE UMA

NECESSIDADE VITAL by passea

TEMA: “LIDERANÇA EM AA – SEMPRE UMA NECESSIDADE VITAL”

EXPOSITOR: MARCOS P. (DELEGADO DE AREA 2009/2010)

Nenhuma sociedade pode funcionar bem senão contar com líderes competentes em

todos os níveis e o A.A. não pode considerar-se uma exceção. Às vezes nós AAs

abrigamos a idéia que podemos abrir mão de toda liderança ou por outras vezes exigimos

que nossos líderes sejam pessoas impecáveis e de inspiração sublime – gente de energia

e ação, bons exemplos para todos e quase infalíveis. A verdadeira liderança, certamente,

tem que seguir por caminhos intermediários a esses extremos.

Mas o que é liderança?

Liderança é o poder de agregar pessoas, criando uma visão e fornecendo a motivação e

as metas necessárias para atingi-la. Está inserida em diversas áreas da sociedade. Seja

política, religião, esportes e áreas administrativas não importando se pública ou privada.

A liderança deverá permitir ao grupo vislumbrar oportunidades de crescimento e

desenvolvimento. Incentivando, mostrando que é possível, adotando uma postura de

otimismo e entusiasmo. O verdadeiro líder é aquele que passa e conquista a confiança de

seus companheiros, é o espelho para seu liderado. Ao mencionar a expectativa de

crescimento, a liderança deverá buscar o comprometimento da equipe por meio da real

possibilidade de participação de seus membros no benefício gerado pelo resultado

atingido. É necessário muito cuidado para não confundirmos a liderança com a arte de

agradar e de demonstrar simpatia para as pessoas. Geralmente, em toda liderança

sempre existirá tomadas de decisões que podem agradar ou não as pessoas. O

verdadeiro líder é aquele que sabe o que precisa ser feito e faz. O líder é servidor de uma

causa, de uma obra. Sua missão é organizar e entusiasmar um grupo de pessoas para

juntos servirem a uma causa maior, ou seja, o ambiente ou contexto onde estiver

inserido.

Bons líderes são aqueles que têm poder de influência positiva sobre pessoas ou grupos

baseado na experiência pessoal e no conhecimento, conquistando credibilidade e

confiança e obtendo aceitação, consenso e ação na consecução de objetivos.

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Liderar é conduzir um grupo de pessoas influenciando seus comportamentos e suas

ações para atingir objetivos e metas de interesse comum deste grupo, de acordo com

uma visão de futuro baseado num conjunto coerente de idéias e princípios. Existem

características básicas para que um indivíduo possa tornar-se um líder, tais como visão,

integridade, conhecimentos, autoconfiança, honestidade, flexibilidade, entre outras tantas

qualidades, mas é preciso destacar que nenhum líder é dotado de todas essas

qualidades o tempo todo, afinal são pessoas normais e como tais suscetíveis à falhas.

O líder é quem guia, quem toma a frente, quem inspira, quem dá confiança… São muitas

definições, mas uma das melhores é: o líder é quem serve. O líder servidor é fundamental

para a manutenção e crescimento de Alcoólicos Anônimos. Os líderes não dirigem por

mandato, lideram pelo exemplo. Com efeito, dizemos para eles: “Atuem por nós, mas não

mandem em nós.” Quando um líder nos guia pela força excessiva, nos revoltamos; mas

quando ele se torna um submisso cumpridor de ordens e não usa critério próprio, então

ele realmente não é um líder.

Não importa com que cuidado projetemos a nossa estrutura de serviço de princípios e

relacionamentos, não importam com que equilíbrio dividamos autoridade e

responsabilidade, os resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores

do que o desempenho pessoal daqueles que compõem essa estrutura e a fazem

funcionar. Boa liderança não pode funcionar bem numa estrutura mal planejada. Má

liderança não funciona nem na melhor das estruturas.

Com liderança teremos um constante problema. Boa liderança pode estar aqui hoje e

desaparecer amanhã. Equipar nossa estrutura de serviços com trabalhadores capazes e

com boa vontade tem que ser uma atividade constante. Esse é um problema que por sua

própria natureza não pode ser sempre resolvido. Precisamos continuamente encontrar as

pessoas certas para as nossas inúmeras tarefas.

Felizmente, a nossa Irmandade é abençoada com toda sorte de liderança verdadeira – o

pessoal ativo de hoje e os líderes em potencial de amanhã, de acordo com cada nova

geração de membros capazes de lidar com qualquer serviço que lhes possa ser

designado. Somente temos que procurar esse pessoal e confiar nele para que nos sirva.

Um líder em A.A. é um homem ou mulher que pode pessoalmente por em prática

princípios, planos e políticas de maneira tão dedicada e eficaz que os demais querem

apoiá-lo e ajudá-lo a realizar o seu trabalho.

Uma boa liderança elabora planos, normas e idéias para melhoramento de nossa

Irmandade e seus serviços. Mas nos assuntos novos e importantes consultará

amplamente antes de tomar decisões e atitudes. Boa liderança também é saber que um

excelente plano ou idéia pode vir de qualquer um, de qualquer lugar. Portanto, boa

liderança abandonará seus acalentados planos por outros melhores e dará crédito aos

seus autores. A boa liderança nunca se esquiva. Uma vez segura de que tem ou pode

obter apoio geral suficiente, ele toma decisões livremente e as coloca em ação, desde

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que, naturalmente, essas ações estejam dentro do esquema de sua autoridade e

responsabilidade.

Boa liderança reconhece que mesmo as grandes maiorias quando muito perturbadas ou

não informadas podem, às vezes, estar completamente enganadas. Quando tal situação

aparece, ocasionalmente, e algo de importância vital está em jogo, é sempre dever da

liderança, mesmo que em pequena minoria, tomar posição contra a tormenta, usando

toda a sua habilidade de autoridade e persuasão para efetuar a mudança.

Boa liderança não se esquiva, quando requisitada, tem sempre que apresentar as suas

razões e que sejam boas. Um líder precisa reconhecer que mesmo as pessoas mais

orgulhosas ou raivosas podem muitas vezes estar totalmente certas, enquanto as mais

calmas e humildes podem estar enganadas.

Outro qualitativo para a liderança é o dar e receber, a habilidade de transigir sempre que

possa progredir uma situação que aparenta ser a direção certa. Fazer concessões é

sempre difícil para nós, pessoas de tudo ou nada. Entretanto não podemos esquecer de

que o progresso é quase sempre caracterizado por uma série de concessões vantajosas.

Ás vezes, entretanto, é necessário fincar o pé em determinada convicção sobre um

assunto até que ele se esclareça.

Liderança muitas vezes tem pela frente críticas pesadas e às vezes de longa duração. È

um teste pesado. Há sempre os críticos construtivos, os nossos amigos de verdade.

Nunca podemos deixar de ouvi-los atenciosamente. Devemos estar dispostos a deixar

que eles modifiquem as nossas opiniões ou que as mudem completamente. Muitas

vezes, também, teremos que discordar e fazer pé firme sem perder a sua amizade.

Há também aqueles que gostamos de chamar de nossos críticos destrutivos. Conduzem

pela força, são politiqueiros, fazem acusações. Talvez sejam violentos, maliciosos. Eles

soltam boatos, fazem fofocas para atingir seus alvos – tudo pelo bem de A.A.,

naturalmente! Mas em A.A. já aprendemos, afinal, que esses sujeitos, que devem ser um

pouco mais doentes do que nós, não são tão destrutivos assim, dependendo muito de

como relacionamos com eles. Para começar devemos ouvir cuidadosamente o que eles

dizem. Algumas vezes estão dizendo toda a verdade; outras vezes somente parte da

verdade, embora frequentemente estejam errados. Se eles estiverem certos, nós o

agradecemos; se estiverem errados, nós os perdoamos, afinal, estão mais doentes que

nós. De qualquer forma esses são bons testes para a nossa tolerância e paciência.

Um atributo da mais alta importância da boa liderança é a visão.

Visão é a habilidade de fazer boas estimativas, tanto para o futuro imediato como para o

futuro mais distante. Parece um contra-senso ao nosso “um dia de cada vez”. Mas esse

princípio altamente eficaz refere-se à nossa vida mental emocional e quer dizer que não

somos tolos para lamentar o passado nem sonhar com o futuro de olhos abertos.

Como indivíduos e como irmandade iremos certamente sofrer se deixarmos toda a tarefa

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do planejamento para o amanhã nas mãos da Providência. Nos foi dado a todos nós a

capacidade de antevisão e devemos usar essa virtude. Precisamos distinguir entre

desejos fantasiosos sobre um amanhã feliz e o presente uso das nossas forças de

estimativas bem pensadas. A diferença entre progresso futuro e fracasso é determinada

aí.

O fazer estimativas tem diversos aspectos. Olhamos para a experiência passada e

presente para ver o que pensamos que elas representam. Disso deduzimos uma idéia ou

uma norma provisória. Primeiro perguntamos como é que essa idéia ou norma poderá

funcionar num futuro próximo. Perguntamos então como é que essa idéia ou norma se

aplicaria nas mais diversas condições num futuro distante. Se uma idéia for boa, nós a

tentaremos. Reavaliaremos mais tarde se está funcionando bem. Nesse ponto, talvez

tenhamos que tomar uma decisão crítica. Devemos responder a pergunta: Poderão as

vantagens de hoje se reverter em obrigações amanhã? A tentação de aproveitar os

benefícios imediatos, esquecendo-nos dos precedentes nocivos ou das conseqüências

que possam resultar.

Essas não são teorias fantasiosas. Temos que fazer uso desses princípios para

constantemente fazer previsões. As nossas finanças devem ser avaliadas e distribuídas

nos orçamentos. Precisamos pensar nas nossas necessidades de serviço em relação às

condições econômicas gerais, às capacidades dos Grupos e boa vontade para contribuir.

Frequentemente precisamos pensar com meses e até anos de antecedência.

Todas as Doze Tradições foram inicialmente questões de estimativa e visão para o futuro.

A política de auto sustentação e do anonimato foram desenvolvidas assim. Primeiro uma

idéia, depois uma norma de procedimento experimental, depois uma firme norma de

procedimento e finalmente uma convicção – uma visão para o futuro.

Tolerância, responsabilidade, flexibilidade e visão são atributos indispensáveis entre os

lideres de serviços de A.A. em todos os níveis. Os princípios de liderança serão os

mesmos, seja qual for o tamanho da atividade.

Talvez isso pareça uma tentativa de projetar um tipo de membro de A.A. privilegiado e

superior. Mas não é. Os nossos talentos variam muito. Um regente de orquestra não é

necessariamente bom em finanças e previsões e vice-versa. Quando falamos em

liderança em A.A. somente declaramos que deveríamos selecionar essa liderança na

base de obter o melhor talento que pudemos encontrar.

Embora possa parecer que o assunto “liderança” seja aplicável somente no serviço, ele é

útil em qualquer campo de trabalho, particularmente no trabalho dos Doze Passos. Todos

os padrinhos são necessariamente líderes. Uma vida humana e geralmente a felicidade

de toda uma família está em jogo. O que o padrinho diz ou faz, como prevê as reações

dos seus afilhados, como controla e se apresenta bem, como faz as suas críticas e como

lidera bem seu afilhado, através de exemplos espirituais pessoais – essas qualidades de

liderança podem constituir toda a diferença, muitas vezes a diferença entre a vida e a

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morte.

Agradecemos a Deus pelo fato de Alcoólicos Anônimos terem sido abençoados com tanta

liderança em todos os seus setores.

Fonte: Os Doze Conceitos para serviços mundiais -

PARA O RV – REPRESENTANTE DA

REVISTA VIVÊNCIA by passea

Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.

O QUE É A REVISTA VIVÊNCIA?

A revista "Vivência" é a nossa "reunião impressa" para os membros de A.A do Brasil.

Redigida, revisada e lida por membros de A.A. e outras pessoas interessadas no

programa de A.A. de recuperação do alcoolismo, "Vivência" é uma corda salva-vidas que

une um alcoólico com outro.

"Vivência" comunica a experiência, força e esperança de seus colaboradores e reflete um

amplo espectro geográfico da experiência atual de Alcoólicos Anônimos com a

recuperação, a unidade e o serviço. Publica também artigos de pessoas não alcoólicas,

que colaboram espontaneamente com a Revista.

As páginas da "Vivência" são a visão de como cada membro de A.A., de maneira

individual, aplica em sua vida o programa de recuperação, e é um fórum para as mais

variadas e divergentes opiniões de A.A. do Brasil.

Os artigos não pretendem ser comunicados oficiais de Alcoólicos Anônimos enquanto

irmandade, e a publicação de qualquer artigo não implica que Alcoólicos Anônimos e a

revista "Vivência" estejam de acordo com as opiniões expressas.

A Revista é editada bimestralmente e todas as colaborações são bem-vindas.

PORQUE SER UM ASSINANTE DA VIVÊNCIA?

A revista VIVÊNCIA, criada sob a inspiração da GRAPEVINE, tem desempenhado

satisfatoriamente a sua função, não apenas na troca de experiências, mas também na

divulgação da literatura, de eventos e na transmissão da mensagem de AA para os

possíveis alcoólicos, seus familiares, para os profissionais da área de saúde, e para a

comunidade em geral. A VIVÊNCIA registra a evolução da nossa Irmandade no Brasil a

cada dois meses, através de fatos gerados na JUNAAB e das informações recebidas de

todas as Áreas. A cada número ela traz notícias sobre Encontro Estaduais, Regionais,

Convenções, Conferências, Seminários e outros eventos que refletem o nível de

consciência compartilhada a cerca de nossos princípios. A VIVÊNCIA é um excelente

meio de divulgação de alcoólicos Anônimos junto à comunidade em geral, um eficaz

instrumento do CTO, constituindo-se também extraordinário canal interno de

comunicação permanentemente aberto. Externamente é o nosso cartão de visitas para a

sociedade. Além disso traz indispensável contribuição para o fortalecimento da nossa

preciosa UNIDADE. Os relatos de experiências por companheiros e companheiras de

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todo o País são recursos adicionais para o melhor entendimento e prática dos TRÊS

LEGADOS.

OBJETIVOS PRINCIPAIS DA REVISTA VIVÊNCIA:

a) Informar o público em geral como funciona a Irmandade de A. A.

b) Destacar o Programa de Recuperação de A. A. através dos depoimentos de

companheiros que chegam à redação.

c) Informar aos membros e aos Grupos de A. A. o que a Comunidade Profissional pensa

a respeito da nossa Irmandade e sobre os problemas do alcoolismo.

Qual a importância da Revista Vivência para a divulgação da mensagem de A.A.

VIVÊNCIA, É uma forma de atração e não de persuasão. Condensamos material de

inquestionável interesse não só para quantos foram ou ainda são vitimas do alcoolismo,

mas, igualmente, para aqueles que se preocupam em conhecer, no âmago, a

complexidade de um problema que tantos males tem causado à humanidade.

Ela foi criada com a finalidade de veicular o pensamento da comunidade sobre o

programa e os princípios da irmandade, pensamento este externado na forma de

depoimentos ou comentário sobre como cada um pratica o programa sugerido de A.A., e

como os princípios têm sido assimilados e praticados em proveito próprio da instituição

como um todo.

Por outro lado, em se tratando de uma publicação acessível ao público em geral, a revista

desempenha, também, o seu papel institucional na medida em que transmite a esse

público o que é, o que faz, como faz, e o que deixa de fazer Alcoólicos Anônimos

enquanto Irmandade. Neste particular é com indisfarçável satisfação que registramos sua

plena aceitação, principalmente por parte da comunidade profissional que conosco

comunga do mesmo propósito primordial, dentro de uma mesma visão e com a mesma

abordagem acerca do problema do alcoolismo.

Assim, quanto à sua finalidade, não restam dúvidas de que a VIVÊNCIA tem preenchido

este seu duplo papel, em que pese o fato dos seus primeiros números haverem sido

editados em caráter experimental. A nossa dificuldade não está, pois, na revista em si

como publicação, mas na quase impossibilidade de mantê-la como órgão financeiramente

autônomo dentro da estrutura dos nossos serviços considerados essenciais.

Sabem os que lidam no campo empresarial das comunicações, e nele no particular de

jornais e revistas, que as publicações desse gênero vão buscar seus recursos financeiros

na venda de espaços para a publicação de anúncios e de matéria de cunho institucional

por parte de empresas e instituições. A nossa revista, muito embora tenha também o

público externo como destinatário, não pode, por força de um nosso princípio tradicional,

buscar nessa fonte os recursos financeiros de que necessita. Neste caso é a própria

Irmandade que terá de arcar com o sustento financeiro da sua revista, seja por meio de

assinaturas seja por meio de venda avulsa por parte das Centrais e Intergrupais de

Serviços.

Apesar das dificuldades o número de assinantes vem aumentando e aumentará muito

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mais quando cada um fizer do seu companheiro, amigo, parente ou colega de serviço

mais um assinante da nossa revista.

Ao longo de toda a sua história, a Revista Vivência vem contribuindo, de forma decisiva,

para firmar e para difundir a cultura de A.A., importante e fundamental fator de coesão e

de unidade. Tem sido também, o veículo de expressão das experiências pessoais de

numerosos membros da Irmandade, assim como o meio disponível que lhes tem

possibilitado expressar as suas visões, emoções, experiências e esperanças, ou,

simplesmente, servido para contar as suas histórias. Ela tem sido a expressão da alma de

A.A. e, por isso, traz toda a riqueza da criação humana.

Como melhor divulgar a revista Vivência aos Profissionais

A VIVÊNCIA - EXISTIR PARA SERVIR. Não tem opinião sobre assuntos alheios à

Irmandade de Alcoólicos Anônimos e nem pretende entrar em qualquer controvérsia,

dentro ou fora da Irmandade. Nosso objetivo é o de levar a mensagem salvadora de A.A.

ao alcoólico sofredor. Não estamos trabalhando com uma mercadoria qualquer. Estamos

lidando com vidas humanas, o mais precioso dos bens.

A sobriedade só tem sentido se for partilhada com outros. Aliás, este é o método mais

eficiente para nos conservarmos sóbrios. Quando tudo falha, esta opção funciona. Não

podemos desperdiçar energias inutilmente. Outros alcoólicos morreriam, se o fizéssemos.

E quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, queremos que a

mão de A.A. esteja sempre ali. E por isso, nós somos responsáveis.

VIVÊNCIA, por isso mesmo, é uma proposta sedimentada no universo vitorioso de A.A. É

uma forma de atração e não de persuasão. Condensamos material de inquestionável

interesse não só para quantos foram ou ainda são vitimas do alcoolismo, mas,

igualmente, para aqueles que se preocupam em conhecer, no âmago, a complexidade de

um problema que tantos males tem causado à humanidade.

REVISTA VIVÊNCIA E CTO – COMPARTILHANDO A MENSAGEM

O propósito primordial de Alcoólicos Anônimos é transmitir a sua mensagem ao alcoólico

que ainda sofre. A finalidade básica do CTO - Comitê Trabalhando com os Outros é

organizar, estruturar, padronizar e facilitar a divulgação da mensagem de A.A..

No desempenho dessas atribuições o CTO conta com uma poderosa aliada que é a

REVISTA VIVÊNCIA, cujo conteúdo contribui efetivamente de duas maneiras: na

formação e na informação. Na formação dos servidores do comitê ela apresenta artigos

sobre a atuação do CTO nas outras áreas, constituindo-se numa valiosa troca de

experiências que nos proporciona oportunidades para o aprimoramento do nosso

trabalho.

Mas, é no campo da informação, ou seja, na transmissão da mensagem de A.A. que a

Vivência apresenta uma performance excepcional. Uma pessoa que não conheça

Alcoólicos Anônimos ao ter em mãos um exemplar da nossa Revista percebe claramente,

pela apresentação gráfica, que ela é elaborada com capricho e carinho. Ao manuseá-la o

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leitor encontra já nas primeiras páginas o Preâmbulo que é uma síntese da finalidade de

A.A., além dos enunciados dos Doze Passos e das Doze Tradições. Mais adiante,

encontra uma variedade enorme de artigos que vão, desde depoimentos de membros,

trechos da literatura de A.A. até artigos de profissionais da saúde, educação e outros.

Aliás, os artigos de profissionais constituem uma recomendação do nosso trabalho junto à

comunidade, abrindo portas para que conquistemos mais amigos.

“A história de A.A. esta repleta de nomes de não alcoólicos, profissionais e leigos, que se

interessaram pelo programa de recuperação de A.A.. Milhões de nós devemos nossas

vidas a essas pessoas e nossa dívida de gratidão não tem limites.” (Do folheto: A.A. em

sua Comunidade).

Portanto, ao oferecermos um exemplar da revista ou uma assinatura para alguém não-

alcoólico estamos também contribuindo para levar a mensagem e fazendo um trabalho de

CTO, que é o agente da Quinta Tradição e do Décimo Segundo Passo. Muitas pessoas

que tomam conhecimento da nossa Revista acabam ficando interessadas pelos assuntos

ali tratados e tornam-se assinantes.

Mas é no trabalho do Décimo Segundo Passo e na Quinta Tradição que a Vivência vem

ampliando a sua participação junto aos Comitês Trabalhando com os Outros dos Grupos ,

no trabalho de estudos e treinamentos para melhoria e padronização da mensagem de

nossa Irmandade. A sua dinâmica com experiência atuais e passadas de membros de

A.A., e de nossos profissionais amigos, são matérias facilitadoras para compreensão e

aplicação dos Princípios de Alcoólicos Anônimos.

Queremos ressaltar que a Vivência não foi criada objetivando substituir nossas literaturas

oficiais de Alcoólicos Anônimos. “ A Revista tem como objetivo principal, o de informar ao

público em geral como funciona a Irmandade de A.A., destacando o Programa de

Recuperação, tendo também a finalidade de informar aos membros e aos Grupos de A.A.

o que a comunidade profissional pensa a respeito de nossa Irmandade e sobre o

problema do alcoolismo”. (Manual de Serviço de AA, pág. 125).

Assim podemos destacar dentro do seu conteúdo:

.Apadrinhamento, principalmente, aos recém-chegados na compreensão do Programa de

Recuperação através dos depoimentos pessoais;

.Complementação ao trabalho do Comitê Trabalhando Com Os Outros através dos

depoimentos pessoais e artigos de profissionais amigos;

.Apadrinhamento aos profissionais de diversas áreas no conhecimento de como funciona

o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos;

.Artigos dos Profissionais amigos que nos ajuda a compreender a doença do alcoolismo,

e a visão dos mesmos nas práticas diárias com os bebedores-problemas;

.Enfim, o apadrinhamento nos Princípios de AA: Recuperação, Unidade e Serviço.

CTO E A VIVENCIA

Todos nós sabemos que CTO significa Comitê Trabalhando com os Outros, gostaríamos

de interpretar essas letras para “Companheiros em ação com os outros”, ora Bill não dizia

que o Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em ação, assim

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resumidamente toda a nossa ação seja ela para a manutenção da nossa estrutura, a

edição de livros, periódicos, informativos e livretes têm como finalidade exclusiva a

transmissão da mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Devemos utilizar todos esses

meios sempre que possível como ferramenta eficaz na transmissão da mensagem

àqueles que precisam. Nos Estados Unidos a Revista Grapevine é tida por alguns como a

principal ferramenta de Décimo Segundo Passo, e nos trabalhos de Informação ao

Publico.

Sabemos o quanto a nossa Vivencia tem ajudado muitos alcoólicos (as) na manutenção

da sua sobriedade porque não podem frequentar as reuniões em nossos grupos, pelos

mais variados motivos, ou seja, companheiros (as) que se encontram em locais

longínquos e de difícil acesso, os que cumprem pena em regime fechado, os que se

encontram internados em clinicas de recuperação ou hospitalizados, os que cumprem

jornada de trabalho a noite então eles (as) “frequentam a nossa reunião impressa”, a

forma como a Vivência é conhecida, pois como nas nossas reuniões presenciais o

conteúdo da revista também é o compartilhar e experiências forças e esperanças.

Temos assim o conhecimento da eficácia da Vivencia na manutenção da recuperação do

alcoólico, porque então não a utilizamos como meio de abordagem ao alcoólico que ainda

sofre, porque não a utilizamos como de meio de informação e aproximação com toda a

comunidade profissional das mais variadas especialidades, talvez estejamos sendo

redundante, pois uma grande parcela de companheiros(as) da nossa irmandade tem

conhecimento desta ferramenta de comprovada eficácia, o que nos falta de fato é ação.

Precisamos é deixar de ver a Revista como um periódico gerador de receitas, mas sim

como ferramenta auxiliar da mensagem de A.A.

Ressaltamos que nos Estados Unidos a Revista Grapevine, a nossa Revista pioneira, em

muitos anos apresentou resultado financeiro negativo, mas não deixou de cumprir o seu

papel na transmissão da mensagem, pois lá não se poupa esforços sejam eles

financeiros ou não para que a mensagem chegue ao seu destino. Pó outro lado

acreditamos que os exemplares já lidos devem continuar com o seu propósito de oferecer

ajuda aos que precisam após a leitura pelo assinante, dentre as forma de utilização

desses exemplares, para que a mensagem siga adiante, destacamos por experiência as

seguintes:

o Deixe no consultório do seu médico ou dentistas, quando não oferecer

assinatura de cortesia.

o Encaminhe para as clinicas de recuperação e instituições de tratamento

o Encaminhe para as instituições prisionais depois de contato prévio

o Deixe no salão do seu cabeleireiro

o Ofereça ao familiar que pediu ajuda

o Faça chegar ao companheiro (a) que se afastou

o Presenteie o ingressante

o Traga para o grupo para ser utilizada como tema de estudos

Essas são algumas maneiras simples de utilização da Revista, que podem ser

facilmente adotadas. Precisamos ampliar a nossa base de dados dos nossos amigos

profissionais da medicina, psicologia , psiquiatria e outros da áreas sociais, através de

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assinaturas de cortesia que vem caindo ano a ano, e isso exige um trabalho de

responsabilidade e amor dos nossos representantes da Vivencia em todos os níveis da

nossa estrutura. Sabemos que quando falamos com o coração a mensagem chega e

atinge, não temos duvida que os depoimentos contidos na nossa Revista são a mais a

pura linguagem do coração, reflitamos sobre isso.

CTO e Vivência: Caminhando juntos

Qual o objetivo do CTO?

É fazer cumprir a nossa Quinta Tradição:

“Cada grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem

ao alcoólico que ainda sofre”.

O Comitê Trabalhando Com os Outros organiza, estrutura e padroniza a divulgação da

mensagem de A.A., pois nenhum alcoólico poderá ser ajudado se não souber o que é

A.A. e onde poderá ser encontrado.

A Revista Vivência pode ajudar o CTO atingir seus objetivos? De que modo?

Na página 01 da Revista, no Preâmbulo, há uma síntese do que é Alcoólicos Anônimos.

Nossos Passos, Tradições, Conceitos, 12 Perguntas e endereços dos ELS também estão

inseridos.

As Comissões do Comitê Trabalhando com os Outros:

Muitas vezes utilizamos “terceiras pessoas” para fazer a mensagem de A.A. chegar ao

Alcoólico.

Bill utilizou um profissional da Medicina: Doutor Silkwort: um ministro religioso: Reverendo

Walter Tunks, a Irmã Ignatia e Sra. Henrietta Seiberling.

O CCCP – Comissão de Cooperação com a Comunidade Profissional - é a Comissão

responsável pelo bom relacionamento entre Alcoólicos Anônimos e a imensa gama de

profissionais. Esta Comissão entra em contato com os Profissionais da Organização que

pretende “dar assistência” aos alcoólicos.

. No 1º contato com o profissional, o companheiro da CCCP leva uma Revista Vivência e

oferece ao profissional. No dia da Reunião com os funcionários, oferece alguns

exemplares para os mesmos.

A CIP – Comissão de Informação ao Público - é a Comissão do CTO que informa o

público em geral sobre o Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos. Ela mantém

viva a imagem da Irmandade junto à Comunidade informando principalmente os

profissionais sobre o trabalho que pode ser feito com o alcoólico ativo.

Como a CIP pode utilizar a Vivência para atingir seus objetivos?

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. A Imprensa: A TV quer fazer um programa sobre o alcoolismo e convida A.A. No 1°

contato com o repórter, levar um exemplar da Revista Vivência.

. A Medicina: o médico psiquiatra chama A.A. para colaborar com o hospital psiquiátrico:

presenteá-lo com um exemplar da Revista Vivência.

. A Justiça: juízes, promotores, delegados, como funciona o A.A.? Há revistas com

depoimentos de detentos, levar um exemplar.

. A Educação: Universidades, Estagiárias: presentear o Reitor e depois os estagiários que

chegam aos grupos.

. A Religião: vamos formar um grupo; precisamos do salão da Igreja. Informar o religioso

o que é Alcoólicos Anônimos - levar uma revista.

. As Organizações Não-Governamentais, por exemplo, Casas de Recuperação; temos

grupo de apoio; levar a cada 15 dias um exemplar e sortear entre os internos.

. Assinatura-Cortesia: na comunidade onde se localiza o Grupo: ao Profissional, ao

Religioso, à Assistente Social, ao Médico, etc.

. Nas Reuniões de Informação ao Público: montar um stand com literatura de A.A. e

exemplares da Vivência. Um RV presente para a divulgação da Revista:

a) Falar sobre a revista, folheando-a;

b) Deixar a(s) folhear (em) também;

c) Abrir na página: Como saber se alguém é alcoólico?

d) Além de oferecer a assinatura, se notar que a pessoa está interessada, oferecer um

exemplar da Vivência.

A CIT – Comissão de Instituições de Tratamento - é a Comissão que leva a mensagem

de A.A. aos internos dos hospitais, Clinicas de Repouso. Levando a mensagem de A.A.,

esta Comissão reforça a possibilidade do paciente alcoólico continuar sóbrio após a alta

através da frequência aos grupos de A.A.

Como a Revista Vivência pode ajudar a CIT?

A Revista Vivência traz depoimentos de companheiros que estiveram internados, saíram

da internação e foram direto a um Grupo de A.A. Presentear o Diretor da Instituição com

um exemplar. No dia da Reunião do Grupo de Apoio, sortear um exemplar entre os

pacientes. Eles irão aguardar este momento. A Oração da Serenidade: falar durante o

depoimento e mostrar a 4ª capa da Revista.

A CIC – Comissão de Instituições Correcionais - é A Comissão que leva a mensagem de

A.A. aos presídios, penitenciárias e Instituições Correcionais. O que faz a Comissão de

Instituições Correcionais?

Primeiro: palestras aos funcionários do presídio; é importantíssimo que eles tenham a

noção exata de como a Irmandade vê o alcoolismo, sua proposta de recuperação e que

tipo de atividade A.A. pretende desenvolver junto aos presos;

Segundo: reunião com os reeducandos alcoólicos.

Como utilizar a Revista Vivência para a CIC atingir seus objetivos?

No 1º contato com o Diretor do Presídio: levar uma Revista Vivência. Presentear os

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funcionários e os reeducando.

Como poderemos adquirir para o Comitê Trabalhando com Os Outros as revistas para

este trabalho maravilhoso da Quinta Tradição?

. solicitando aos companheiros que queiram colaborar com os trabalhos do Décimo

Segundo Passo e Quinta Tradição, que façam doações das Revistas Vivência já lidas.

. aquisição pelo Grupo, Distrito ou mesmo pelo CTO junto aos ELS das revistas com os

temas conforme o trabalho a ser realizado. E o mais importante: apadrinhar o ESL que dê

desconto para esta aquisição.

Revista Vivência: uma excelente ferramenta na prática dos Três Legados de A.A.

Na Recuperação:

É uma reunião impressa. Identificamo-nos com os depoimentos publicados nas edições

da Revista Vivência, pois eles são um veículo de recuperação à nossa disposição a

qualquer tempo e lugar possibilitando assim, o conhecimento de relatos "que talvez nunca

ouvíssemos", pois são depoimentos de companheiros e companheiras que estão em

outros estados, como por exemplo: nós que moramos em Goiás, como ouvir experiências

de companheiros do Acre, Amazonas ou até mesmo no Sul sem nos deslocarmos para lá

ou eles para cá?

A Vivência é a manifestação da vontade de Deus através dos membros; fonte geradora

de força, experiência e esperança, resultando em maior qualidade de recuperação de

seus leitores.

Na Unidade:

Na unidade orgânica dos Representantes de Serviços do Grupo a Vivência é um elo de

ligação com o Universo de Alcoólicos Anônimos através de todos os eventos e

acontecimentos publicados. É a manifestação do Amor de Deus através dos artigos dos

companheiros onde muitas vezes ou quase sempre são inspirados por Deus em bloco.

Explico: são muitas experiências sobre um mesmo assunto com prismas diferentes e

amplos que transmitem sentimentos, pensamentos e ações que ajudam a transformar o

velho homem renovando assim, o sentimento de unidade do novo homem, único e

verdadeiro caminho da sobriedade.

No Serviço:

"Quem quiser ser o primeiro, terá que ser servo de todos".

Ter o privilégio de ser um servidor em A.A. e digo mais: um servidor da Revista Vivência,

assim como no Comitê Trabalhando com os Outros e outro qualquer encargo é sem

dúvida um tanto complicado e ardil aos olhos do velho homem.

Ser RV, RVD e CRV vem suprindo minhas carências e deficiências gerando crescimento

como pessoa, como profissional e na vida familiar. O mais importante tem sido o

crescimento espiritual quando imbuído de coragem, sabedoria, amor, boa vontade e

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anonimato venho servindo o próximo sem nenhum reconhecimento material ou troca de

favores pessoais, apenas o mais importante: paz e graça da parte de Deus nosso Pai.

ESCREVER O QUE?

A revista VIVÊNCIA tem se preocupado em compartilhar as maneiras individuais de se

praticar nossos princípios. Acreditamos que em A.A. a única forma de ensinar é falando

da gente, sobre a nossa experiência, falando a linguagem do coração. Portanto, como já

ficou claro em nossas edições, damos preferência aos artigos que falam sobre

experiências vividas, sejam elas baseadas em fatos acontecidos dentro da Recuperação

do autor, dentro da Unidade do Grupo ou em Serviço de A.A. Talvez você tenha ouvido

uma frase numa reunião de A.A. que gostaria de compartilhar, ou talvez somente queira

narrar um acontecimento curto de poucas linhas. Não importa o tamanho, mande para

nós. Precisamos também de artigos que caracterizem a função informativa de VIVÊNCIA

para a comunidade em geral, inclusive de profissionais amigos.

DOZE MANEIRAS DE USAR A VIVÊNCIA

Sente-se ressentido, confuso ou simplesmente aborrecido? Gaste alguns minutos com

VIVÊNCIA. Sua leitura lhe trará nova perspectiva do seu problema de bebida, do A.A. e

de você.

Para milhares de leitores, em milhares de grupos, no Brasil e no exterior, VIVÊNCIA é

muito mais que uma revista. É parte vital deste programa que ajuda homens e mulheres a

levar uma vida feliz e produtiva sem álcool.

VIVÊNCIA é um informativo inspirador, mensageiro simpático e prestativo como um

membro ou pessoa amiga - ou mesmo um grupo de A.A. de qualquer tamanho. É

particularmente útil no apadrinhamento.

Quer ter acesso aos Passos e Tradições? VIVÊNCIA não pode lhe dizer o que fazer, mas

certamente pode lhe mostrar a experiência de outros.

Eis algumas formas práticas como VIVÊNCIA é útil para muitos companheiros e grupos:

1. É uma reunião escrita

VIVÊNCIA é a solução ideal para quem não pode assistir às reuniões regularmente ou

para quem deseja mais reuniões. Compacta de fácil leitura, a cada bimestre, publica a

essência do que de "melhor" você poderia esperar de uma reunião.

2. É o presente ideal

Para um companheiro ou amigo, poucos presentes podem ser mais apropriados do que

uma assinatura de VIVÊNCIA. É uma lembrança continuada de sua atenção e fonte de

prazer e de inspiração para o presenteado.

3. Preparando palestras

Procurando ideias para fazer uma palestra mais interessante? Você encontrará na leitura

de VIVÊNCIA: histórias pessoais, artigos interpretativos, anedotas, noticiário de A.A. do

Brasil e do mundo, opiniões de médicos sobre o alcoolismo e o programa de recuperação

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oferecido pelo A.A. e muitas outras matérias.

4. Informações

Como A.A está chegando aos hospitais e prisões? O que é a Conferência de Serviços

Gerais e o que ela significa para os membros de A.A. individualmente? E quanto ao A.A.

no resto do mundo? VIVÊNCIA traz o mundo para sua casa e o mantém sempre

atualizado.

5. É um fórum

Quer transmitir uma ideia? VIVÊNCIA lhe dá uma visão tão ampla quanto possível de

A.A. como um todo, onde você e seus companheiros podem permutar histórias, pontos de

vista e interpretações do programa de recuperação.

6. Companheira nas abordagens

Permita que VIVÊNCIA mostre ao recém-chegado o que A.A. realmente é - uma

maravilhosa comunidade humana de mais de dois milhões de homens e mulheres em

todo o mundo, unidos no propósito comum de permanecerem sóbrios e ajudar outros a

alcançarem a sobriedade.

7. Reuniões temáticas mais produtivas

Grupos de todo Brasil estão usando artigos de VIVÊNCIA para discussão em reuniões

temáticas. Com VIVÊNCIA, os membros ficam melhor preparados para tais reuniões,

capazes de contribuir mais construtivamente.

8. A experiência acumulada

Você pensa que seu grupo tem problemas? Não se preocupe. Procure inteirar-se das

inúmeras experiências de grupos publicadas frequentemente em VIVÊNCIA. É uma forma

construtiva de manter seu grupo sintonizado com as Tradições.

9. Uma aliada no A.A. Institucional

Existe alguém no seu grupo apadrinhando (ou pretendendo apadrinhar) um grupo em

hospital ou numa prisão? Uma assinatura de presente será profundamente apreciada por

homens e mulheres com limitados contatos com o mundo exterior.

10. Ofertada ao recém-chegado

Muitos grupos usam VIVÊNCIA como importante ajuda para os programas de

apadrinhamento. Encorajam os recém-chegados a ler a revista, a discutir e fazer

perguntas sobre os assuntos lidos. Alguns grupos oferecem gratuitamente uma revista a

cada visitante.

11. Ligação com a Irmandade

A.A. vem crescendo muito em todo o mundo. Seu grupo, seu distrito ou Área estão

experimentando as dores do crescimento? Muitas soluções podem ser encontradas

através das experiências compartilhadas em VIVÊNCIA.

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12. Arquivo da história de A.A.

VIVÊNCIA espelha os acontecimentos da Irmandade de Alcoólicos Anônimos no

momento atual. É uma preciosa coleção da experiência acumulada ao longo dos

Porque a Revista Vivência é importante para os Aas, amigos de A. A. e Profissionais?

A Revista Vivência é ...

- Um “Décimo Segundo Passo moderno”. Quantas vezes ficamos inibidos em abandonar

o assunto alcoolismo; basta começarmos mostrando Nossa Revista seguida da

abordagem;

- Uma “Reunião Ambulante”; podemos levá-la a qualquer lugar e para casa. Quando

chegamos cansados do serviço, sem ânimo de irmos à reunião do grupo, ou há alguém

doente na família, que nos prende em casa, a Vivência nos servirá de alento para o

momento apenas;

- A melhor ajuda para os companheiros que estão em iminente recaída. É só ler qualquer

matéria que a compulsão desaparece;

- Como sugestão, poderá ser livro de cabeceira de todo AA, pois lendo toda manhã um

trecho de qualquer matéria, ficaremos fortalecidos nas próximas vinte e quatro horas;

- Útil no Apadrinhamento! Basta oferecer uma Revista Vivência ao seu afilhado;

- Importante para esclarecer os Profissionais e a Comunidade, pois divulga Alcoólicos

Anônimos e seu programa de recuperação. Poderá chegar aos profissionais e à

comunidade através de assinaturas/cortesia;

- Eficaz nas abordagens e aos familiares: basta oferecermos um exemplar da mesma ao

alcoólico problemático ou a um familiar do mesmo.

AO REPRESENTANTE DA REVISTA VIVÊNCIA

- Sugere-se que todo RV leia a Revista Vivência para obter subsídios e desenvolver seu

trabalho.

- Faça sua própria assinatura, pois ninguém pode divulgar um produto que não conhece.

- A tarefa do RV é divulgar a Revista Vivência junto aos membros do grupo e familiarizá-

los com a oportunidade de aprimoramento da sobriedade que ela oferece, através de

artigos baseados em experiências pessoais de recuperação escritos por companheiros de

A. A., além dos artigos escritos por não Aas sobre suas experiências profissionais.

Chamada às vezes de “reunião impressa”, a Vivência também publica um calendário

mensal dos eventos especiais de A. A.

- Ao RV eleito pelo grupo, sugere-se enviar seu nome e endereço para Vivência, Caixa

Postal 580, CEP 01060-970, São Paulo – SP. Os mesmos dados devem ser enviados

para o Coordenador de Publicação e Literatura da Área. Com estas informações ele será

devidamente cadastrado e receberá regularmente a correspondência com os formulários

de assinatura da Vivência.

Outras atribuições do RV

- Informar ao grupo a chegada de cada nova edição e comentar sobre as matérias nela

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publicadas;

- Fazer com que a Vivência sempre esteja exposta em lugar visível no grupo e, se

possível, manter um pequeno mural com frases da última edição, cupom de assinatura,

lista das assinaturas vencidas e a vencer, etc.

- Sugerir ao grupo que ofereça, assinaturas de cortesia da Vivência a médicos, juízes,

advogados, delegados, assistentes sociais, jornalistas, repórteres, etc.

- Sugerir ao grupo que use artigos da Revista nas reuniões com temas e nos trabalhos do

CTO – Motivar os membros do grupo a mandarem colaborações para a Vivência: artigos,

desenhos, etc.

- Solicitar aos profissionais, principalmente àqueles que conhecem o nosso programa, o

envio de artigos à Revista.

- Orientar e motivar os companheiros a fazerem ou renovarem suas assinaturas, e

encaminhar à Vivência as assinaturas, renovações e sugestões dos assinantes.

- Seria bom que o RVD participasse das Reuniões Mensais do Distrito apresentando

sugestões para o RSG, incentivando a eleição do RV e, caso o grupo ainda não possua,

o RSG faria a divulgação da Revista.

- Ao RVD que tiver condições de visitar os Grupos de seu Distrito sugere-se apadrinhar

ou acompanhar o RV do Grupo falando sempre sobre a Revista Vivência e principalmente

sobre o tema específico de cada edição.

- A participação do RVD na Reunião Mensal da Área, na medida do possível, também é

importante.

- Tudo que fizermos para A. A. através de um trabalho como Servidor de confiança

estaremos fazendo para nós mesmos.

COMO CONQUISTAR E MANTER OS ASSINANTES DA REVISTA

VIVÊNCIA?

1) Da importância dos Detalhes

• As melhores técnicas de conquistar assinantes não custam absolutamente nada.

• Os assinantes adoram cortesia, simpatia, entusiasmo, alegria e companheirismo.

• Um aperto de mão, um abraço com alegria e a satisfação em atender, valem mais que

todas as promoções que são feitas por outros meios.

2) Acompanhamento

• a chave da fidelidade do assinante é o acompanhamento.

• Jamais esquecer o assinante. Jamais deixar que ele esqueça.

• Será bem sucedido quando se faz o acompanhamento dos membros assinantes

3) Contato Pessoal

• A propaganda é apenas 1% do processo de divulgação; o contato no dia a dia é o que

realmente funciona.

• Nada substitui um contato pessoal e caloroso.

• Todos querem se sentir únicos, esperados e importantes.

4) Sorrir

• A cada dia olho no espelho e analiso como anda a minha expressão facial.

• Evito expressão de indiferença

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• Elimino a expressão de tristeza.

• Reforço toda expressão de alegria.

• Sorrio com franqueza quando falo algo.

5) Demonstração do Produto

• Valorizo cada demonstração, pois represento pessoas que se envolveram no processo

das edições.

• Procuro sempre mostrar da melhor forma a Revista Vivência e os Serviços.

• Os apelos feitos para os olhos são 70% mais eficazes do que apenas o uso das

palavras.

6) Facilidade e Agilidade

• Quanto mais facilito e agilizo a operação, mais os assinantes são atraídos.

• Manter as coisas simples, eliminando burocracia excessiva.

7) Laços de Companheiros

• Faço amigos. Todos gostam de comprar amigos.

• Procuro encantar os assinantes.

• Lealdade e transparência nas informações.

8) Comodidade

• Faço tudo para que o assinante ache cômodo fazer assinatura ou renovar comigo.

• Jamais dificulto as coisas.

• Procuro ser solução e não problema para o assinante.

9) Credibilidade

• Os pequenos atos desonestos prejudicam tanto ou mais que os grandes.

• Não prometo o que não posso cumprir.

• Evito criar altas expectativas.

• Procuro fazer mais que prometi.

• Os companheiros precisam confiar em mim para fazer ou renovar assinaturas.

• Eu sou a imagem da estrutura de serviços da Irmandade.

10) Motivação

• Pensamento positivo me transforma naquilo que penso.

• Ajo entusiasticamente.

• Entusiasmado, contagio meus companheiros RV’s, RVD’s e eles, os assinantes.

• “Não” é a palavra mais desmotivante.

11) Assinantes satisfeitos

• Assinantes satisfeitos são meus mais poderosos aliados.

• Minha principal tarefa é fazer o assinante feliz.

• Eles voluntariamente farão divulgação da Revista Vivência e da Irmandade.

12) Ação

• Haja o que houver, ajo.

• Perdendo tempo, destruo muitas oportunidades.

• Procuro a perfeição: sempre algo para melhorar.

• Ideias não são suficientes, somente a ação importa.

13) Reclamações

• Para cada reclamação, outros 20 assinantes com o mesmo problema não o fizeram.

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• A reclamação é de grande valia para sanar os erros e melhorar sempre mais.

• Transformo o assinante queixoso em assinante ativo.

14) Persistência

• Em geral, não é no primeiro contato que a pessoa assina a Revista Vivência.

• A maioria desiste apenas a um passo do sucesso. Thomas A. Edison, um dos maiores

gênios da nossa História, persistiu mil vezes até inventar a lâmpada elétrica.

15) Criatividade

• Uso a imaginação.

• Observo e anoto tudo o que pode ser mudado e melhorado.

• Não imito, crio.

• As boas ideias possuem uma elegante simplicidade.

• Toda ideia nova é absurda, até que se torne um sucesso.

16) Acreditar em si mesmo

“Eu posso” é uma sentença poderosa. Há situações em que meu “faro” é fundamental.

• Ouço a minha intuição.

• Acredito em mim, mesmo que ninguém mais acredite.

Se eu não acreditar em mim, quem o fará?

• Todos gostam de compartilhar com o otimista.

REVISTA VIVÊNCIA

NA ÁREA 02 - MG

PODEMOS AJUDAR?

Se você é ASSINANTE DA REVISTA VIVÊNCIA na ÁREA 02 – MG, ou deseja ser um

assinante, ou mesmo, renovar a sua assinatura, presentear e no seu Grupo Base não tem

o RV (Representante da Revista Vivência) e no Distrito ao qual o seu Grupo faz parte,

não tem o RVD (Representante da Revista Vivência do Distrito), nos colocamos a sua

disposição para ajudar, basta manter contato.

e-mail: [email protected]

ANONIMATO by passea

5. Anonimato

5.1. A respeito de colocar a tradição do anonimato em primeiro lugar

Box 4-5-9, Natal / 1988 (pág 10-11)

=>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday88.pdf

Titulo original: “Respecto a colocar en primer lugar la tradicion de anonimato”.

Recentemente, em uma reunião de Grupo celebrada em Nova Jersey, um dos

participantes propôs uma modificação de grande monta na literatura de A.A. Provocou

alguma comoção. A proposta era que a Décima Segunda Tradição, também conhecida

como a tradição do anonimato, fosse “elevada” da última da lista para ser dali em diante a

Primeira Tradição. Um dos temas tratados nessa reunião, foi como reativar a consciência

interna da Irmandade a respeito da importância do anonimato para o futuro

desenvolvimento e sucesso de A.A. O membro em questão usou o seguinte argumento:

Se o anonimato é de primeira importância para o bem estar de A.A. – e certamente é,

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então a tradição do anonimato deve ser a primeira e não a última e por conseguinte deve

encabeçar a lista. Considerando o mal compreendido que devem estar o significado e o

propósito por parte dos membros em geral, esta sugestão parecia ter seu mérito.

Efetivamente, esta nova lógica quase nos estava gritando que o “álcool” e o “anonimato”

eram as palavras-raízes do nome da Irmandade. Portanto, já que o “álcool”e o tema e o

impulso principal do primeiro dos Doze Passos, não seria justo e apropriado que

“anonimato”, com a mesma importância no que diz respeito à Irmandade, fosse o tema e

o impulso principal da primeira das Doze Tradições? Parece fazer sentido. Mas,

realmente o tem? Alguns dias depois dessa reunião em Nova Jersey, o subcomitê de

Informação Pública dos Custódios foi informado desta proposta – e seguiu-se uma

discussão muito instrutiva da qual surgiu, aliás, com grande rapidez, evidência

incontrovertível de que a Decima Segunda Tradição, a tradição do anonimato, é a décima

segunda e última porque assim deve ser. De acordo com a exposição do membro do

comitê, na mente da maioria dos principiantes – inclusive na de grande parte de membros

com vários anos de sobriedade, e com certeza para a maioria das pessoas de fora da

Irmandade, “anonimato”equivale a “vergonha”ou “medo”,e praticar o anonimato é

esconder-se. Esta é, de fato, a impressão provocada pela palavra “anonimato” quando

não é devidamente explicada, principalmente no que se refere aos membros de A.A. Se o

mero ou simples anonimato, não explicado, fosse o tema da Primeira Tradição, não iria

ser convidativo para o leitor explorar as outras onze, nas que se baseia a tradição do

anonimato. Pelo contrário, poderia causar repulsão e, portanto privá-lo, talvez para

sempre, de um dos verdadeiros tesouros de A.A. Portanto, os motivos do anonimato

estão explicados cuidadosa e individualmente nas onze tradições que lhe precedem, com

a finalidade de que o membro de A.A. ao chegar à Décima Segunda tenha plena

consciência das lições que aprendeu, assim como o consolo, a tranquilidade e outros

benefícios derivados da prática do anonimato. De acordo com o comitê, ninguém propôs

que o Décimo Segundo Passo, que começa dizendo “Tendo experimentado um despertar

espiritual, por meio destes Passos...” – quer dizer, os onze anteriores, deveria mudar de

lugar na série, passado último para o primeiro. De forma semelhante, as lições, os

objetivos e os benefícios descritos nas primeiras onze tradições estão resumidos e

consumados na Decima Segunda Tradição que diz “O anonimato é o alicerce espiritual

das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios

acima das personalidades”. Teria algo de ruim (ou “anti-programa”) pôr em dúvida a

colocação da tradição do anonimato e depois dedicar uma séria discussão ao assunto?

Definitivamente, não. Desde tempos remotos, quando a literatura básica de A.A. começou

a ser publicada, sempre houve membros que encontraram palavras ou locuções que, no

seu modo de ver, deveriam ser mudadas. Talvez algumas frases inteiras deveriam ser

riscadas ou alguns parágrafos suprimidos, ou reorganizados – ou removê-los para outro

lugar. Por muito acertada que possa parecer alguma correção ao primeiro olhar, uma

consideração mais aprimorada demonstra, a maioria das vezes, que, com relação ao que

precede e segue, o conteúdo é precisamente o que deve ser e está onde deve estar sem

possibilidade de “melhorá-lo”.Aos que propuseram a mudança, assim como aos demais, a

discussão lhes ensinou o raciocínio original que colocou a tradição do anonimato como a

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décima segunda e última, e ainda deu a este raciocínio uma nova e viva força.

5.2. Fotografias nos eventos de A.A.: Pensar antes de clicar

Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2007 (pág. 3-4)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_febmar07.pdf

Título original: “Fotos en los eventos de A.A. Pensar antes de pulsar”.

Atualmente, quando se podem bater fotos dos nossos amigos de A.A. com um rápido

movimento de “focalizar e clicar”a partir de qualquer telefone celular, está mais fácil que

nunca esquecer a Decima Primeira Tradição de A.A. que diz: “Nossas relações com o

público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o

anonimato pessoal na imprensa, no radio e em filmes”. E de fato, esta Tradição resistiu às

provas do tempo.

Na Conferência de Serviços Gerais de 1974, Ruth H., então Delegada do Sudeste de

Nova York, disse: “Recentemente um membro local tirou fotos de todos os assistentes a

um aniversário pessoal, sem perguntar a ninguém se queria ou não ser fotografado. O

participante de honra (que está sóbrio há muitos anos em A.A.) foi fotografado junto com

os oradores e cortando o bolo, como se fosse um casamento. Quando perguntou ao

fotógrafo se havia pedido permissão aos assistentes para tirar fotos, ele disse: ‘É o meu

Grupo e a câmera é minha’”. Em outro caso, relatou Ruth, um membro que tinha sido

fotografado na reunião de seu aniversario, “ingenuamente colocou a fotografia na mesa

da sala de estar da sua casa. Um vizinho entrou, olhou e indicou com o dedo

outra pessoa na foto dizendo ‘não sabia que ele era membro de A.A.’”. Esse assunto,

disse Ruth, “foi apresentado na assembleia de Área. Alguns disseram: ‘todo mundo me

via bêbado, porque haveria de me esconder em A.A.?’”. Outros opinavam que se poderia

afugentar os principiantes, ou, pelo contrário, os principiantes podem pensar que ficaria

bem chegar na próxima reunião de aniversário munido de uma câmera. Depois de discutir

o assunto, Ruth disse,

“a assembleia aprovou a moção de que nosso comitê de Área‘sugere energicamente’ que

não sejam feitas fotografias em nenhuma reunião de A.A. – para proteger o anonimato de

todos os presentes e não afugentar os participantes, uma vez que fazer fotos viola ‘o

espirito da Primeira, Décima Primeira e Décima Segunda Tradições’”. Atualmente, a

decisão de fazer ou não fazer fotos de membros de A.A. nos eventos de A.A. é um

assunto de consciência de Grupo. Por exemplo, antes ou depois do último café da

manhã/almoço da Conferência de Serviços Gerais, são feitas muitas fotografias – mas

não durante nenhuma das sessões plenárias. De acordo com um membro do pessoal do

Escritório de Serviços Gerais – ESG, a experiência coletiva de A.A. indica que deve ser

consultada a consciência de Grupo antes de tomar uma decisão desse tipo. Se a

consciência de Grupo não aprova que se façam fotos, seria prudente anunciar essa

decisão de forma reiterada a todo o Grupo. E em todos os casos, antes de fazer uma

fotografia de um ou mais membros, é sugerido pedir permissão tanto a eles como ao

servidor indicado pelo Grupo para lidar com esse assunto. Repetidamente, a experiência

demonstrou aos AAs que estar no foco do público é perigoso para a nossa sobriedade

pessoal – e para nossa sobrevivência coletiva se quebramos o anonimato

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diante do público e depois nos embriagamos. Mas, como disse Bill W., nosso cofundador,

“era preciso dar a conhecer A.A. de alguma maneira. Assim, recorremos à ideia de que

seria muito melhor deixar que nossos amigos o fizessem por nós” – entre eles, nossos

sete Custódios não alcoólicos (no Brasil são quatro). Podem ficar na frente das câmeras

ou utilizar seus nomes completos sem risco para si próprios ou para a Irmandade. Assim,

fazem chegar a mensagem de A.A. a muitos alcoólicos doentes e aos profissionais que

os assessoram e cuidam deles. Numa seção do Livro de Trabalho de Informação Pública

são oferecidas sugestões “Para levar a mensagem através dos meios de comunicação”.

Sugere que quando um membro de A.A. aparece na TV, o rádio ou internet, e se

identifica como tal, “será prudente fazer alguns acertos anteriores com o entrevistador

para que seja utilizado apenas o primeiro nome, e para que sua imagem apareça em

forma de silhueta, sem possibilidade de ser identificada. Na Conferência de Serviços

Gerais de 1968, foi manifestada a opinião de que‘aparecer na TV de uma maneira que se

possa ver todo o rosto é uma quebra de anonimato ainda que não seja revelado o nome

completo’”.Entretanto, se um membro de A.A. aparece publicamente como um alcoólico

em recuperação, mas não revela que é membro de A.A., “não há nenhum problema com

respeito ao anonimato. O membro aparece como qualquer outro convidado pode utilizar

seu nome completo e sua imagem pode ser reproduzida normalmente”. É importante ter

em conta que “um membro de A.A. que apareça como tal, com o anonimato protegido,

em um programa de entrevistas deve explicar com antecedência ao entrevistador que os

AAs tradicionalmente limitam seus comentários ao programa de A.A. O membro não se

apresenta como um especialista nem fala a respeito da doença do alcoolismo, as drogas,

o índice de suicídios, etc.”. Tradicionalmente, “os AAs falam por si próprios, não pela

Irmandade em seu conjunto”. Geralmente costumam ressaltar que “o único interesse de

A.A. é a recuperação e a sobriedade continuada” dos alcoólicos que procuram a

Irmandade em busca de ajuda. E que, “quando falamos como membros de A.A. nos

asseguramos de dizer que A.A. não opina sobre assuntos alheios à Irmandade”.

Ao refletir sobre as nossas Tradições de anonimato no número de outubro de 1948 da

Grapevine, Bill W. expressou com franqueza e um toque de humor, uma ideia que ainda

tem ressonância na atualidade: “Temos bons amigos à direita e à esquerda, tanto entre

os proibicionistas como entre os anti proibicionistas. Como a maioria das sociedades, às

vezes somos escandalosos – mas nunca em público... Nossos amigos da imprensa e do

rádio superaram-se a si próprios. Qualquer um pode ver que parecemos estar mimados.

Nossa reputação já é muito melhor que o nosso caráter real”.

5.3. Mais perguntas sobre o anonimato

Box 4-5-9, Primavera (Mar.) 2013 (pág 1-2)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring13.pdf

Título original: “Más preguntas sobre el anonimato”

No número de outono (Set.) de 2012 do Box 4-5-9 apareceram várias perguntas e

respostas relacionadas com o anonimato a nível pessoal – por exemplo, durante as

reuniões de A.A. e diante do público, baseadas na Décima Primeira Tradição de A.A.

(N.T.:1). Como indicado no primeiro parágrafo desse artigo, aquelas perguntas e

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respostas era apenas uma pequena parte das indagações que chegam ao Escritório de

Serviços Gerais – ESG, em Nova York. Neste artigo trataremos de algumas mais.

Pergunta. –

Faz pouco tempo, num artigo da imprensa (ou Internet ou vídeo) apareceu a fotografia de

um membro de A.A. acompanhada do seu nome completo. O ESG irá encaminhar a esse

membro algum comunicado para indicar-lhe que isso é uma violação da Tradição do

anonimato?

Resposta. –

A resposta do membro do pessoal do ESG lotado na seção de Informação Pública é

muito provável que seja algo parecido com o seguinte: “Permita-me que lhe explique

como tratamos as quebras de anonimato aqui no ESG. Quando chega ao ESG uma

noticia de quebra de anonimato documentada e pode ser identificada a Área onde mora o

membro em questão, enviamos uma cara ao Delegado dessa Área, com cópias do artigo

ou transcrição e umas cartas-modelo de resposta adaptáveis à situação. O Delegado

normalmente escreve ao membro. Este procedimento está baseado numa Ação

Recomendável da Conferência.

De maneira geral, não contatamos os profissionais da mídia com referência a quebras de

anonimato quando suas reportagens foram baseadas em informações facilitadas por um

membro de A.A. Pedimos a colaboração da imprensa naquilo relacionado com manter

nossa Tradição de anonimato, mas esses profissionais não são obrigados a seguir

nossas Tradições a esse respeito. A responsabilidade de respeitar a Tradição do

anonimato não cabe aos profissionais da mídia, mas ao membro individual de A.A.

Tratamos sempre de nos comunicar de uma maneira não punitiva e que não possa ser

interpretada como tal de maneira a não provocar ainda mais controvérsia escrevendo

alguma coisa que possa ser publicada mais tarde num jornal, revista, etc. como sendo ‘A

opinião de A.A.’” Pergunta. – O membro do pessoal do ESG envia a mesma carta de

“Quebras de Anonimato”ao Delegado quando num obituário está indicado que o falecido

era membro de A.A. e também são publicados os nomes completos de outros membros

de A.A.?

Resposta. –

De maneira geral, aos membros de A.A., parece-lhes pouco sensato quebrar o anonimato

de um membro inclusive depois de morto, mas em todo caso, a decisão final sobre essa

questão cabe à família do membro. Entretanto, os membros de A.A. concordam com que

deva ser respeitado o anonimato dos membros vivos citados nos obituários ou em

qualquer folheto comemorativo ou nota necrológica.

Pergunta. –

Tem A.A. em seu conjunto uma política geral que se refira ao anonimato póstumo dos

cofundadores, Bill W. e o Dr. Bob?

Resposta. – Não. Mas no ano de 2001a Junta de Serviços Gerais aprovou a seguintes

normas para servir como guia aos AAs em toda atividade de informação publica

relacionada com os cofundadores de A.A.: “As normas de informação pública do ESG

devem servir para guardar ao máximo possível o

anonimato dos membros de A.A. vivos ou mortos, incluindo os cofundadores. A seção de

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Informação Pública existe no que se refere ao público em geral, como uma fonte de

informação relacionada com o programa de recuperação da Irmandade de Alcoólicos

Anônimos, não como fonte de informação sobre membros individuais de Alcoólicos

Anônimos, vivos ou mortos. Na medida em que já se encontra na nossa literatura de A.A.

informação não anônima sobre

os nossos cofundadores, a qual está disponível ao público em geral, podem ser dirigidas

as solicitações de informação a estes textos. A seção de Informação Pública pode facilitar

copias dessa informação aos meios de comunicação. Não deve ser oferecida

voluntariamente nem facilitar

informação adicional, por respeito aos princípios tradicionais de anonimato de A.A., ou

pela alta estima que os cofundadores, como membros da Irmandade de Alcoólicos

Anônimos. Tinham por estes princípios. Não deve ser facilitada informação sobre outros

membros de A.A., antigos ou atuais, sob

nenhuma circunstância”.

Pergunta. –

Os cofundadores fizeram, eles mesmos, algum comentário a respeito do anonimato

póstumo?

Resposta. – No livro “A.A. Atinge a Maioridade”, Bill escreve: “O Dr. Bob era

essencialmente uma pessoa mais humilde que eu. De alguma forma era uma pessoa

espiritual ‘natural’ e o anonimato lhe resultava fácil. Não podia entender porque algumas

pessoas precisavam de tanta publicidade. Nos anos que precederam à sua morte, seu

exemplo pessoal de respeito ao anonimato ajudou-me muito a guardar o meu próprio.

Lembro particularmente, uma comovente ocasião que acredito que todos Aas deveriam

conhecer. Quando foi comunicado que tinha uma afecção mortal, alguns de seus amigos

sugeriram que se erguesse um monumento ou mausoléu na sua honra e na da sua

mulher Anne, alguma coisa digna de um fundador e sua esposa. Certamente, este foi um

tributo muito natural e espontâneo. O comitê criado para esse fim chegou inclusive a lhe

mostrar a maquete do monumento proposto. Comentando isto comigo, o Dr. Bob sorriu e

disse: ‘Deus os abençoe. Têm boas intenções. Mas pelo amor de Deus, Bill, Porque não

nos enterram a você e a mim como aos demais? Um ano depois da sua morte visitei o

cemitério de Akron onde repousam os restos mortais do Dr. Bob e Anne. A simples lápide

mortuária não diz uma única palavra a respeito de Alcoólicos Anônimos. Algumas

pessoas podem pensar que este casal maravilhoso levou longe demais o anonimato

pessoal ao recusar, com firmeza, usar as palavras ‘Alcoólicos Anônimos’até na lápide. Da

minha parte não acredito que seja assim. A mim parece-me que este último e comovente

exemplo de humildade tem um valor mais duradouro para A.A. que qualquer publicidade

espetacular ou mausoléu majestoso”.

Pergunta. –

Já sei que na literatura de A.A. Bill escreveu muito a respeito do anonimato, mas estou

seguro que ele não poderia ter previsto a explosão tecnológica moderna. Como

protegemos o anonimato on-line?

Resposta. –

A comunicação em A.A. nos dias atuais flui de um alcoólico para outro através da

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tecnologia de ponta, de uma maneira relativamente aberta que vai evoluindo com muita

rapidez. A proteção do anonimato é a preocupação principal dos membros, cada vez mais

numerosos, que acessam a Internet.Um recurso orientador da experiência compartilhada

de A.A. referente aos sítios da Web é o artigo de serviço do ESG “Perguntas frequentes a

respeito dos sítios Web de A.A.”(N.T.:2). A pregunta de número 7 diz: “E, enquanto ao

anonimato?”. Sua resposta: “Observamos todos os princípios e Tradições de A.A. em

nossos sítios Web. Uma vez que o anonimato é ‘o alicerce espiritual das nossas

Tradições’, praticamos o anonimato em todo Este folheto foi atualizado pela 61ª

Conferência de Serviços Gerais em maio de 2011. No passado outono (Set. 2012), o

Comitê deInformação Pública dos Custódios pediu que fosse atualizada a capa para

comunicar melhor os membros a respeito do conteúdo de uma ampla variedade de

informação a respeito do anonimato nos meios eletrônicos e nas redes sociais, sobre o

anonimato póstumo e como falar do anonimato aos membros da sua família. Momento

em todos os sítios Web de A.A. Um sítio Webde A.A. é um meio de comunicação público

que tem a capacidade de alcançar a audiência mais diversificada e numerosa possível e,

portanto, é necessário valermos-nos da mesma proteção que utilizamos diante da

imprensa, do rádio e o cinema. Ao utilizar os meios digitais, os membros de A.A. são

responsáveis pela proteção do seu próprio anonimato e o dos demais. Quando enviamos

mensagens de texto ou escrevemos num blog devemos assumir que estamos fazendo

uma divulgação pública. Quando quebramos nosso anonimato nestes fóruns, é possível

que, inadvertidamente, quebremos o anonimato de outros”.(Ver “Guia de Orientação na

Internet”, Junaab, código 245).

Para mais informação sobre o anonimato “on-line”, ver o folheto “Compreendendo o

Anonimato”, (ao lado) (N.T.:3) recém-reimpresso com nova capa contendo arte e

símbolos para representar a grande variedade de recursos para que os membros de A.A.

protejam seu anonimato e o dos seus companheiros.

5.4. O anonimato – a humildade em ação

Box 4-5-9, Ago. Set. / 1996 (pág. 1-2)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept96.pdf

Título original: “El anonimato: la humildad en acción".

Nesta década de 1990, na que se considera Alcoólicos Anônimos como uma força do

bem, parece que cada vez mais membros bem-intencionados,incluindo uma multidão de

celebridades bem conhecidas, revelam seus nomes como membros de A.A.nos meios de

comunicação e fazem alarde da sobriedade alcançada na Irmandade – sempre com a

intenção de ajudar o alcoólico que ainda sofre. Talvez não conheçam a Tradição do

Anonimato, ou a considerem como algo fora de moda ou, ainda, que acreditem que o

mais importante é procurar que a mensagem seja difundida. Isto não é novidade. Como

escreveu Bill W., cofundador de A.A., faz mais de 40 anos, no número de janeiro de 1955

na revista Grapevine: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias de

experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maioria delas ensinam-nos as

mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somos os maiores racionalizadores

do mundo; que fortalecidos com o pretexto de fazer coisa boas porA.A., quebrando nosso

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anonimato, poderemos

estar reiniciando nossa velha busca desastrada pelo poder e prestígio pessoal, as honras

públicas e o dinheiro – os mesmos impulsos implacáveis que antes, ao serem frustrados,

fizeram-nos beber; as mesmas forças que atualmente desgarram o mundo. Além do mais,

deixam muito claro o fato de que uma quantidade suficientemente grande de pessoas que

quebraram seu anonimato de forma sensacionalista, poderia arrastar consigo a nossa

Irmandade inteira para uma rua sem saída”. Como nos indica a literatura de A.A., as Doze

Tradições pedem-nos repetidamente que renunciemos a nossos desejos pessoais em

favor do bem comum, e assim levem-nos a compreender que o espirito de sacrifício,

simbolizado pelo anonimato, é a base de todas as nossas Tradições. Tudo isto é muito

bom, mas, como indivíduos e como membros de um Grupo, qual é a melhor maneira de

colocar em prática este princípio? Quais os critérios que utilizamos para abrir o

anonimato? E, o que podemos fazer para evitar as quebras do anonimato? Em 1988 uma

onda de quebras de anonimato conduziu à formação de um subcomitê especial do

Comitê de Informação Pública da Junta de Serviços Gerais. Sua tarefa, que não tinha

nada a ver com culpar os meios de comunicação e tinha muito a ver com o fato de que a

Irmandade deveria fazer seu próprio inventario, tinha duas facetas: elevar a consciência

dos membros “a respeito do propósito do anonimato e porque é vital nossa sobrevivência

como Irmandade; e pedir aos AAs de todos os lugares que ajudem a proteger esta

salvaguarda”. Faz alguns meses, enquanto o subcomitê estava-se preparando para se

dissolver depois de seis anos de esforços intensos, seus membros chegaram à conclusão

de que quantos mais Distritos, Áreas e Grupos de A.A. compartilhem sua experiência a

respeito da Tradição do Anonimato, mais saudável ela se tornará e mais saudáveis

ficaremos nós. Com essa finalidade, o comitê sugeriu uma série de temas de discussão.

A seguir, aparecem alguns deles, acompanhados de algumas das muitas respostas

encontradas na literatura de A.A.

Pergunta:

Qual é a relação entre o anonimato e “o egoísmo - o egocentrismo... a raiz de todos

nossos problemas”como Bill W. descreve no Livro Grande?

Resposta:

Bill W. com frequência advertia que se nos esquecermos do princípio do anonimato, iria

se abrir a caixa de Pandora (*) do egoísmo, liberando os espíritos da ambição mundana

tão perniciosos para nossa sobrevivência. Portanto, explicava, “a essência espiritual do

anonimato é o sacrifício dos nossos desejos pessoais em prol do bem comum”.

Pergunta:

Como tratamos o assunto do anonimato dentro do Grupo?

Resposta:

De maneira geral, não escondemos de ninguém a nossa identidade nos nossos Grupos e

reuniões. Entretanto, cada individuo e cada Grupo têm o direito de utilizar seus próprios

métodos. Porém, de acordo com o espirito das Tradições, é necessário que percebamos

que o principio do anonimato é bom para todos nós; devemos sempre ter presente que a

segurança e a eficácia futuras de A.A. dependem da sua conservação. Ao mesmo tempo,

todos os membros de A.A. devem ter o privilégio de vestir-se de tanto anonimato pessoal

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quanto desejem.

Pergunta:

E o anonimato pessoal a nível público?

Resposta:

A nível pessoal, o anonimato assegura que os membros não sejam identificados como

alcoólicos; a nível da imprensa, a radio, a televisão e o cinema, ressalta a igualdade de

todos os membros ao colocar um freio naqueles que poderiam se aproveitar de sua

afiliação a A.A. para conseguir reconhecimento, poder e ganância pessoal.De acordo com

a Décima Primeira Tradição – forma longa, “Nossa relações com o público em geral

devem caracterizar-se por um anonimato pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a

publicidade sensacional. Nossos nomes e fotografias, na qualidade de membros de A.A.,

não devem ser divulgados pelo radio, cinema ou imprensa. Nossas relações com o

público devem orientar-se pelo princípio da atração e não da promoção. Nunca há

necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor deixar que nossos amigos

nos recomendem”.

Pergunta:

Colocamos e um pedestal alguns AAs?

Resposta:

Em um artigo publicado no número de outubro de 1947 da revista Grapevine, Bill W. falou

da síndrome do pedestal: “Por alguma razão, parece que qualificativo ‘fundador’chegou a

se aplicar exclusivamente ao Dr. Bob e a mim... Este sentimento nos é muito

comovedor...

entretanto, começamos a nos perguntar se, no longo prazo, tal ênfase exagerado será

bom para A.A.” Sua resposta a este situação esta na declaração explicita de que “como

membros particulares de A.A. devemos ser anônimos perante o público em geral... o Dr.

Bob e eu acreditamos que esta

saudável doutrina também deve aplicar-se a nós. Não pode haver nenhuma boa razão

para abrir uma exceção com ‘os fundadores’. “Quanto mais tempo os pioneiros de A.A.

ficarmos no centro do cenário, mais possível será que sentemos perigosos precedentes

para estabelecer uma liderança personalizada e permanente. Para assegurar o bem

futuro da Irmandade, não é precisamente isto que devemos evitar?... Embora sempre

gostaríamos de ter a satisfação de ser lembrados entre os originadores, esperamos que

vocês comecem a considerar-nos apenas como pioneiros e não como ‘fundadores’.

Assim,

poderemos também nos juntar a A.A.?” O Dr. Bob morreu em novembro de 1950; Bill W.,

em janeiro de 1971 – e seu nome, fotografia e história apareceram pela primeira vez nos

meios de comunicação do mundo todo. Na primavera daquele ano, a Conferência de

Serviços Gerais determinou que “não é prudente quebrar o anonimato de um membro

inclusive depois da sua morte, mas, em cada situação cabe à família tomar a decisão

final”. A Conferência de 1992 reafirmou esta opinião acrescentando que “os Arquivos

Históricos continuarão protegendo o anonimato dos AAs falecidos assim como o dos

demais membros”. Considerando o atual (1996) numero de membros de A.A. –

aproximadamente dois milhões no mundo todo, as quebras de anonimato ante o público,

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embora preocupantes quando acontecem porque podem representar perigo, de fato são

relativamente poucas e incomuns. De acordo com um relatório com o título “As Origens

do Anonimato”,apresentado pelo Comitê de Arquivos Históricos da Junta de Serviços

Gerais à Conferencia de Serviços Gerais de 1989, “é possível que isto se deva ao fato de

que, na medida em que a Irmandade vai amadurecendo, os membros alcançam uma

compreensão cada vez mais clara do valor que tem o anonimato a nível publico para eles

mesmos”.(*) N.T.: Caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, extraído do mito da

criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A "caixa" era na verdade

um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do Mundo. Então Pandora,

com sua curiosidade, abriu o frasco e todo o seu conteúdo, exceto um item, foi liberado

para o mundo. O item remanescente foi a esperança. Hoje em dia, abrir uma "caixa de

Pandora"significa criar um mal que não pode ser desfeito.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_de_Pandora

5.5. O anonimato diante do público

Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 8-9)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf

Título original: “El anonimato ante el público”.

Uma figura de muita visibilidade do cinema se interna em um centro de tratamento; sai e

aparece em um programa de televisão falando em termos elogiosos de “minha nova vida

em A.A.” Poucos meses mais tarde sai publicada a noticia de que “novamente foi

encontrado embriagado”. Um político apanhado em maus lençóis protesta, “o álcool me

fez atuar desse jeito, porém agora assisto reuniões de A.A.” Ou, um escritor, bem

intencionado, mas excessivamente entusiasmado, fala de sua “cura em A.A.” e promete

publicar a sua história para “ajudar outros iguais a mim”. Passados seis meses aparece a

noticia da sua “recaída”. O que faz a Irmandade frente a quebras de anonimato como

estas e outras que acontecem a cada ano às centenas? O que fazem individualmente os

membros de A.A. para ajudar? E, a quem cabe a responsabilidade? Como se percebe

claramente nas cartas enviadas ao Escritório de Serviços, ESG, muitos membros de A.A.

estão realmente preocupados, e de fato, alguns ficam com raiva devido a essas rupturas

da Tradição do anonimato, à qual Bill W., chamava “a chave de nossa sobrevivência

espiritual”. Entretanto, muitos desses companheiros desconhecem o que faz o ESG a

respeito, nem como eles próprios podem ajudar e contribuir para um efeito decisivo. A

cada ano o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia uma carta aos

representantes dos meios de comunicação para lhes explicar a Tradição do anonimato de

A.A. perante o público. Muito apropriadamente em nossa época de computadores, e

diferentemente da primeira missiva um tanto verbal enviada em 1949, o texto, que

aparece que aparece no sítio de A.A. – http://www.aa.org, é breve e conciso. No entanto,

apesar das ligeiras revisões cosméticas feitas ao longo dos anos, a mensagem não

mudou. Primeiro, há uma expressão de gratidão “pela ajuda que nos deram nossos

amigos dos meios de comunicação que nos ajudaram a salvar inumeráveis vidas”.Logo

pedimos às agências de mídia que continuem nos ajudando, apresentando os membros

de A.A. unicamente por seu nome no registro civil sem divulgar fotos em que o membro

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possa ser reconhecido. “O anonimato tem uma importância fundamental para nossa

Irmandade e oferece aos nossos membros a segurança de que sua recuperação será um

assunto confidencial. Com frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que

possa revelar sua identidade”. A carta de anonimato mais recentemente redigida, em

fevereiro de 2004, como de costume será publicada em três idiomas – inglês español e

francês, e enviada a aproximadamente 10.000 jornais periódicos e emissoras de rádio e

televisão nos EUA e Canadá, com a esperança de que os editores gerentes, repórteres,

apresentadores de rádio e TV e muitos outros que trabalham nesse campo,

especialmente os entrevistadores e que fazem reportagens sobre celebridades que são

membros de A.A., a vejam, a leiam e a levem em conta. À carta e juntado um cartão de

resposta com porte pago e outro cartão com informações básicas de A.A. Em muitas

Áreas o Comitê de Informação ao Público local fazem copias do texto em papeis com seu

timbre e as enviam aos representantes dos meios de comunicação locais. Embora

façamos todo o possível para informar os meios de comunicação sobre nossa Décima

Primeira Tradição, normalmente não mantemos contato direto com os profissionais que

fazem suas reportagens baseados em informações fornecidas por membros de A.A. No

folheto de A.A., “Compreendendo o anonimato”, nos é lembrado que não é da

responsabilidade dos meios de comunicação manter nossas Tradições; é nossa

responsabilidade pessoal. Portanto, quando o ESG toma conhecimento de uma quebra

de anonimato diante do público, a Conferência de Serviços Gerais recomendou que o

membro do pessoal locado do escritório de informação pública comunique o fato ao

Delegado da área onde o incidente aconteceu. Dessa maneira, um membro local pode

entrar em contato com o companheiro cujo anonimato foi violado para falar-lhe

amigavelmente sobre a importância da Décima Primeira Tradição. O modelo de carta que

se ajunta à nota dirigida ao Delegado diz o seguinte: “Talvez esta quebra de anonimato

tenha ocorrido sem o seu consentimento ou sem você saber; entretanto, se for

entrevistado no futuro, ficaremos muito gratos se tiver a gentileza de mencionar nossas

Tradições de anonimato aos profissionais de mídia. Às vezes não as compreendem, mas,

quase sempre as respeitam”. Ao final das contas, a experiência de A.A. indica que os que

têm maior probabilidade de proteger nossas Tradições são os Grupos e os membros

individuais. Cada vez que um Grupo realiza uma reunião focada nas Tradições, o cimento

que mantém unida nossa Irmandade, ou lembra aos participantes ao abrir a reunião “o

que aqui é dito, não sai daqui”,o conceito que vamos formando do anonimato diante do

público vai ficando mais forte. A cada vez que um padrinho reforça ao iniciante a

importância do anonimato diante do público, explicando-lhe, com palavras da Décima

Primeira Tradição, que “a ambição pessoal não tem lugar em A.A.”, se torna mais forte o

nosso anonimato coletivo. Talvez seja este o nosso meio principal para antepor a tudo

nosso bem-estar comum.

5.6. O anonimato e as redes sociais

Box 4-5-9, Inverno (Dez.) 2009 (pág. 8-9)

=>http:// http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday09.pdf

Título original: “El anonimato y el Internet” (Também traduzido e adaptado pelo CATI-

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JUNAAB para o Brasil)

No mundo atual com o ritmo acelerado da alta tecnologia, os membros de A.A. estão

acessando a Internet em número cada vez maior e de forma que não poderia ter sido

imaginado até dez anos atrás. O bate-papo online de membros em todo o mundo se

tornou comum, e uma quantidade enorme de informações sobre o alcoolismo e AA é

obtida apenas com um clique do mouse. Portanto, com a amplitude do alcance da

Internet vieram desafios, preservar as Tradições de A.A. no universo online é um assunto

importante para todos na Irmandade. Tal como acontece com vários temas que são

abordados pelo AA, o Escritório de Serviços Gerais – ESG compilou um conjunto de

Orientações sobre a Internet (MG-18) (no Brasil os Guias de orientação de A.A. na

Internet aprovadas pela XXXIV CSG) com base na experiência compartilhada dos

membros de A.A., através de seus comitês

e comissões, que cobrem muitas das questões que esta nova tecnologia nos trás. Uma

dessas áreas de preocupação é a questão do anonimato

online, particularmente no que se refere aos sites de redes sociais, o que levou-nos a ter

um olhar mais atento para a literatura de A.A. e como as Tradições de A.A. podem ser

mais bem aplicadas neste meio popular de comunicação. "Qual é o propósito do

anonimato em Alcoólicos Anônimos?" e,"Por que é frequentemente referido simplesmente

como a melhor proteção que a Irmandade tem para garantir a sua existência e

crescimento?". Para estas perguntas a Conferência de Serviços Gerais de A.A. aprovou o

panfleto, "Entendendo o anonimato"(EUA/Canadá), que esclarece sobre anonimato e as

Tradições de A.A., trata da publicação em artigo de jornal/revistas ou sites na Internet,

sobre o nome completo ou fotos de membros de A.A.. "Se olharmos para a história da

AA, desde o seu início em 1935 até agora,", diz o folheto,“é claro que o anonimato serve

para duas funções diferentes, mas igualmente vitais:

Ao nível pessoal, o anonimato fornece proteção para todos os membros identificados

como alcoólatras, um salvaguarda de segurança, muitas vezes de importância crucial

para recém chegados. Ao nível da imprensa, rádio, TV, filmes e novas tecnologias de

mídia como a Internet, o anonimato sublinha a igualdade na Irmandade de todos os

membros, colocando um freio sobre aqueles que poderiam explorar sua filiação em AA

para conseguir o reconhecimento, poder, ou ganho pessoal". Quanto à pergunta

específica, "Sobre o anonimato online?”,os Guias de Orientações de A.A.

na Internet dizem: "Um Web Site é um meio público, que tem o potencial de atingir o

público mais amplo possível e, por conseguinte, exige as mesmas garantias que usamos

ao nível da imprensa, rádio e cinema".No entanto, o ESG recebe numerosas

comunicações de membros preocupados com quebras

de anonimato online, uso inadequado do nome e direitos autorais e marcas registradas de

A.A., matérias sendo indevidamente usados em sítios de redes sociais como Facebook,

MySpace, Twitter, Orkute outros. Estes sítios oferecem aos indivíduos a oportunidade de

postar uma grande quantidade

de informações pessoais (e outras), e também permitem que os usuários criem redes

sociais de “grupos"ou "eventos" para pessoas com interesses afins. Alguns membros não

publicam em seus perfis nada que seja relacionado ao A.A., enquanto outros entendem

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que é correta a publicação, desde que não seja especificamente mencionado A.A., já

outros colocam abertamente a condição de membros de A.A. Um membro nos escreveu o

seguinte: “Digitei ‘Alcoólicos Anônimos’num desses sítios de redes sociais e surgiu uma

comunidade com mais de 6.600 membros. Entendi que parecia ser um lugar seguro para

frequentar por isso achei que estava tudo bem. Então entrei para ver quem eram os

membros e quando a página abriu vi o nome e o sobrenome dos membros dessa

comunidade, muitos com fotos. A partir daí, dependendo das configurações de

privacidade das pessoas, pude ver facilmente informações pessoais sobre essas

pessoas, suas famílias e amigos”. “Eu fui apadrinhado sobre a importância de nossas

tradições", continua dizendo o membro de A.A. “e de manter nossa Irmandade da mesma

maneira que a encontramos... Em minha opinião esta página não reflete o que é de A.A.”.

Na sua resposta a outro membro de A.A. que escreveu ao ESG expressando

inquietações semelhantes, o membro do pessoal do ESG responsável pela seção de

Informação Pública diz: “Alguns membros de A.A. acham que sítios de redes sociais são

um espaço privado; outros membros discordam fortemente e os entendem como um

ambiente público. Os guias de Orientação de A.A. na Internet definem que os sítios de

redes sociais são de ‘natureza pública’". Quando é alertado sobre eventual quebra de

anonimato a nível público – em revistas, jornais, televisão, etc., e depois de comprovar

que realmente se tratava de uma quebra de anonimato, o ESG normalmente encaminha o

caso para o Delegado da Área onde reside o membro para que se

encarregue de resolver esse assunto da maneira que lhe pareça oportuno (o Delegado da

Área geralmente envia um lembrete amigável para esse membro falando a respeito da

importância da Décima Primeira Tradição). Em relação à Internet, o método atual de

abordar a quebra de anonimato de um membro em nível público “não se aplica bem aos

sítios das redes sociais”. Dada a popularidade alcançada pela Internet e o grande número

de pessoas envolvidas. A questão do anonimato passou a ser preocupante, e procuramos

na experiência compartilhada acumulada dentro da Irmandade a respeito deste meiode

comunicação em rápida evolução, observar as palavras de Bill W. quando descreve o

anonimato como “o alicerce espiritual das nossas Tradições”. Como a maioria dos

assuntos em A.A., independentemente de como a Internet e novas tecnologias

possibilitem um e outro membro compartilharem, há grande benefício ha ser alcançado se

tivermos um cuidado e uma avaliação prudente sobre esse assunto que causa

preocupação para muitos membros. Falar com os padrinhos em A.A. e outros

companheiros a respeito de como aplicar as Tradições “on line”, possivelmente oferecerá

aos membros que utilizam esta tecnologia uma melhor compreensão de como nos

apresentar como membros de A.A. diante de qualquer pessoa –

seja ou não membro de A.A., que possa “entrar” sem avisar nas salas dos muitos sítios

das redes sociais Conforme apresentado no panfleto "Entendendo o

Anonimato"(EUA/Canadá), a respeito do anonimato online, a consciência coletiva de AA

expresso através de Conferência (EUA/Canadá) aprovou, na sua literatura sugestão que

"os lugares de acesso público da Internet, como sites da Web com texto, gráficos, áudio e

vídeo deve ser considerados como uma forma de ‘meios de comunicação pública’. Assim,

eles precisam ser tratados da mesma maneira como a imprensa, rádio, TV e filmes. Isto

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significa que os nomes completos e os rostos não devem ser usados, nem dados de

identificação. No entanto, o nível de anonimato, nos correios eletrônicos, reuniões on-line

e salas de chat serão uma decisão pessoal".

5.7. O anonimato e os meios de comunicação

Box 4-5-9, Primavera (março) 2010 (pág. 9)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring10.pdf

Título original: “Carta de Anonimato a los medios de comunicación”.

A cada ano, desde 1949, o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia

uma “Carta de Anonimato”anual aos meios de comunicação.

A singela carta agradece aos membros desses meios – repórteres de notícias, diretores

de fotografia e apresentadores de rádio e de televisão, o apoio que sempre prestaram a

Alcoólicos Anônimos no sentido de respeitar e proteger o anonimato dos membros de

A.A. e pede que esta

colaboração mantenha sua continuidade. Além disso, a carta solicita que ao apresentar

os membros de A.A. utilizem apenas o nome, sem o sobrenome, e que não sejam feitas

fotografias nas que possam ser reconhecidos seus rostos. Também explica que: “O

anonimato tem uma importância central para a nossa Irmandade e oferece aos nossos

membros a segurança de que sua recuperação será um assunto confidencial. Com

frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que possa revelar sua

identidade”.Neste mês de fevereiro (2010), foram enviadas aproximadamente 9.000

cartas aos meios de comunicação dos EUA e Canadá (incluindo os meios em español

dos EUA e em francês de Québec). A carta também está na Web, no sitio do GSO.

Apesar do alcance da Carta de Anonimato e do cuidado dos membros e grupos de A.A.

de todas as partes e lugares, ocorrem quebras de anonimato, algumas ocasionadas por

celebridades bem intencionadas ansiosas por “ajudar outros alcoólicos como eu”.O que é

feito para responder a essas quebras de anonimato e às dezenas que ocorrem a cada

ano? Como indicam as cartas que se recebem no Escritório de Serviços Gerais, os

membros têm expressado uma constante preocupação por estas violações à Décima

Primeira Tradição, ”Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da

promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em

filmes”a qual Bill W., chamou de “a chave da sobrevivência espiritual de A.A. ”Quando

ocorre uma quebra de anonimato, os membros de A.A. pedem com frequência ao ESG

que envie uma carta aos responsáveis pelos meios que veicularam a notícia. Porém,

desde faz bastante tempo, o consenso da Conferência de Serviços Gerais tem sido que a

responsabilidade de proteger a Tradição do Anonimato a nível público e de responder às

quebras de anonimato nos meios de comunicação, cabe aos indivíduos, grupos e órgãos

de serviço da Irmandade. Assim, quando ocorre uma quebra de anonimato a nível público

o gabinete de Informação ao Público do ESG, envia uma carta ao delegado da Área

pertinente informando sobre os detalhes e sugerindo que o delegado ou outro servidor de

confiança se ponha em contato com o membro. O ESG apenas escreverá a carta se o

delegado assim o solicitar.

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5.8. O anonimato nas reuniões “on line”

Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 7-8)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf

Título original: “El anonimato em las reuniones em línea”

A internet é um lugar sedutor para os AAs. Consideramos as reuniões on-line como

entidades de extensão global por estar na Web; mas, e o anonimato on-line? É bastante

natural que os AAs, sentados na frente de seus computadores, tenham a impressão de

estar compartilhando individual e pessoalmente em um ambiente íntimo, especialmente

por não se encontrar entre uma multidão de companheiros numa grande sala de reunião.

Entretanto, há que se fazer uma advertência, a experiência de A.A. sugere que: a internet

é um meio de comunicação internacional e nem todos que “escutam” têm a mesma

amplitude de conhecimento a respeito do que A.A. é e não é e por isso precisamos nos

lembrar, e a nossos companheiros, que o que fazemos é levar a mensagem de A.A. e

não a nossa mensagem pessoal. A maioria dos AAs informados pelas lições da nossa

história compartilha a crença de que, entre outras coisas, o anonimato tem dois

importantes objetivos: a segurança e a espiritualidade. A certeza de que será respeitada

sua privacidade é o que torna possível a participação franca nas reuniões de A.A.; e nos

lembra, conforme a Décima Segunda Tradição, de “colocar os princípios acima das

personalidades”. Adaptar o princípio do anonimato para ser utilizado em nossas incursões

na internet ainda é um trabalho em curso e muitos AAs. Recorrem ao Escritório de

Serviços Gerais – ESG, para pedir orientação. Um membro escreveu: “É adequado que

os membros utilizem seus nomes completos nos intercâmbios de mensagens?” A

resposta do ESG: “Nossa experiência indica que a maioria dos membros utiliza seu nome

completo e, de fato, quando escrevem para este Escritório – onde o anonimato é

protegido, pedimos não apenas que utilizem seu nome completo, mas também a Área ou

região de onde escrevem. É possível interceptar qualquer correio, eletrônico ou de

tartaruga, e os que estão preocupados com esta possibilidade podem optar por não

revelar sua identidade. É uma decisão pessoal”. No artigo de serviço muito popular

chamado “Perguntas frequentes sobre a Web site de A.A.”,o ESG diz que em seu próprio

Web site (www.aa.org), que tem quase 5.000 visitantes por dia, o escritório “observa

todos os princípios e Tradições de A.A.” Enquanto ao anonimato, a experiência da

Irmandade indica que “um web site de A.A. é um médio de comunicação público que tem

capacidade para alcançar a audiência mais diversa e numerosa possível e portanto, é

necessário nos valer da mesma proteção que utilizamos diante da imprensa, a rádio e o

cinema”.O Grupo on-line dos Lamplighters (www.aa-lamplighters.org), estabelecido em

1991, e que agora tem quase 700 membros em mais de 30 países, adota a seguinte

postura referente ao anonimato: “O Grupo Lamplighters (acendedores), aluga um

‘servidor de lista’, o equivalente eletrônico a um porão de igreja. Através disso

controlamos a entrada às nossas reuniões e pedimos aos iniciantes apenas que nos

façam uma declaração de intenção baseada na Terceira Tradição – ‘Para ser membro de

A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber’. As pessoas que ficam navegando à

toa não podem casualmente numa reunião nossa. Precisam ser ‘membros’ dos

Lamplighters e ter feito a inscrição anteriormente. A inscrição, por suposto, é gratuita”. Os

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Lamplighters explicam também que,“devido à configuração eletrônica do nosso servidor

de lista, o anonimato costuma estar mais bem protegido na internet do que nas reuniões

regulares de A.A. A muitos de nós nos parece que o fato de ignorar a raça, a idade, as

características físicas, o sotaque, a vestimenta, ou até o sexo dos companheiros torna

mais fácil antepor os princípios às personalidades. É claro que continuamos pedindo aos

nossos membros que respeitem o anonimato de todos seus companheiros. E os

alcoólicos que por qualquer razão que seja, queiram mais segurança, podem entrar com

pseudônimos para proteção adicional do seu anonimato”.

5.9. Quando abrir seu anonimato não é quebra de anonimato.

Box 4-5-9, Outono (Set.) 2012 (pág. 1-2)

=> http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_fall12.pdf

Título original: “Cuando romper tu anonimato no es ruptura de anonimato”.

Embora se tenha escrito muito a respeito do anonimato na literatura de A.A. – ver, por

exemplo, o folheto aprovado pela Conferência de Serviços Gerais “Entendendo o

Anonimato” (JUNAAB, código 216), a julgar pelos comunicados que chegam ao Escritório

de Serviços Gerais por parte dos membros da Irmandade, parece que ainda há muitas

dúvidas e confusão relacionadas com a “base espiritual de todas as nossas Tradições”. A

seguir aparece um apanhado das perguntas que recebemos por telefone e por correio

postal e eletrônico, e algumas respostas extraídas da literatura de A.A.

Pergunta. -

Temos um membro que recentemente veio de outra cidade e que usa seu sobrenome nas

reuniões. Devemos dizer a esta pessoaque está violando a Tradição do Anonimato?

Resposta. -

Em “A linguagem do coração”, p. 16, Bill W. escreve: “Deve ser o privilégio de cada

membro de A.A. se abrigar com tanto anonimato pessoal quanto deseje. Seus

companheiros de A.A. devem respeitar seus desejos e ajuda-lo a guardar seu anonimato

no grau que lhe pareça apropriado”. Portanto, cabe a cada indivíduo decidir até que ponto

quer ser anônimo abaixo do nível público. Usar seu sobrenome numa reunião de A.A. não

é “violar” a Tradição de A.A. De fato, o autor de um artigo publicado no número de

fevereiro de 1969da revista Grapevine, atribuiu ao Dr. Bob as seguintes palavras

referentes à Decima Primeira Tradição. “Já que nossa Tradição sobre o anonimato

designa com precisão o nível em que se deve manter o anonimato, deve ser evidente a

todos que conseguem ler e entender nosso idioma que manter o anonimato em qualquer

outro nível é definitivamente uma violação dessa Tradição”. “O A.A. que esconde sua

identidade perante os companheiros Aas com o emprego de um nome suposto, viola a

Tradição tanto quanto o AA que permite que seu nome apareça na imprensa em conexão

com assuntos pertencentes a A.A.”. “O primeiro esta mantendo seu anonimato acima do

nível da imprensa, do radio e de filmes, o último está mantendo seu anonimato abaixo do

nível da imprensa, do radio e de filmes – enquanto a Tradição estabelece que devemos

manter nosso anonimato no nível da imprensa, do radio e de filmes”. (O Dr. Bob e os

Bons Veteranos, p. 271/7/1-272).

Pergunta. -

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O que devo fazer se vejo uma personalidade de renome em uma reunião, como por

exemplo, um ator, uma atriz ou o Delegado da Polícia local.

Resposta. -

Como todos os demais, as personalidades públicas devem desfrutar da proteção do

anonimato no grau que desejarem.

Pergunta. -

Vi num jornal um anúncio publicado por um Grupo de A.A. que dava o endereço de onde

o Grupo se reunia e outras coisas. Vocês não deveriam entrar em contato com esse

Grupo por ter quebrado o anonimato a nível público?

Resposta. -

Suponhamos que um alcoólico enfermo nunca tenha tido a boa sorte de conhecer um

membro de A.A. Como essa pessoa nos poderia encontrar? Seria uma busca muito dura

se o Grupo local acredita que também deve ser anônimo. Há que lembrar que a Decima

Primeira Tradição trata do anonimato pessoal. Os alcoólicos não irão se sentir atraídos a

A.A. se não sabem que existe... (As Doze Tradições Ilustradas).

Pergunta. -

Não me sinto envergonhado pelo meu alcoolismo e não me parece necessário guardar

segredo do fato de ser membro de A.A. Ao contrário, acredito que minha história pode

ajudar outras pessoas. Acredito que deva poder usar meu nome completo no meu livro

(entrevista televisada, blog, sítio na Web, etc.), ao compartilhar minha experiência em

A.A. Por que isso causaria problemas a outra pessoa?

Resposta. -

Revelar publicamente ser membro de A.A. em qualquer médio acessível pelo público é

considerado uma violação da Tradição de Anonimato de A.A. Em um artigo publicado em

“O melhor da Grapevine”, Bill W. diz: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias

de experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maior parte delas nos ensinam as

mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somo os maiores racionalizadores

do mundo; que, fortalecidos pelo pretexto de fazer boas ações para A.A., quebrando

nosso anonimato, podemos recomeçar nossa velha busca desastrosa pelo poder e

prestígio pessoais, das honrarias e do dinheiro: os mesmos impulsos implicáveis que

anteriormente, ao serem frustrados,

nos fizeram beber...”

Pergunta. -

Por que dizemos que “o anonimato é a base espiritual de todas as nossas Tradições?”.

Resposta. -

“... Essas experiências nos ensinaram que o anonimato é a verdadeira humildade em

ação. Trata-se de uma qualidade espiritual na vida de A.A. envolvendo tudo, em todo

lugar, hoje em dia. Movidos pelo espirito do anonimato, tentamos deixar de lado os

nossos desejos naturais de ganhar distinções pessoais como membros de A.A., tanto

entre os nossos companheiros como entre o público em geral. Ao colocarmos de lado

essas aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós toma parte da

confecção de um manto protetor que cobre toda a nossa Irmandade e sob o qual nos é

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dado crescer e trabalhar em conjunto”. (Os Doze Passos e as Doze Tradições, p. 170/3/1)

5.10. Reflexões sobre o anonimato

Box 4-5-9, Ago. Set./1988 (pág. 1 a 3)

=>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept88.pdf

Título original: “¿Ha pensado recientemente en el anonimato?”

Uma recente onda de rupturas de anonimato levou à formação de um subcomitê especial

do Comitê de Informação Pública dos Custódio. A este comitê foi-lhe designada uma

tarefa interessante e um tanto curiosa. Como disse um membro do novo grupo na sua

primeira reunião: “estaremos procurando um

meio para lembrar aos alcoólicos de todos os lugares, algo que a maioria de nós já sabe

– mas do qual raramente falamos, ou seja, que, para os alcoólicos sóbrios, a prática do

anonimato deveria ser tão agradável e emocionante quanto a própria sobriedade”Tendo

iniciado os trabalhos em abril do presente ano (1988), os dez homens e mulheres do

subcomitê estão estudando as diversas maneiras em que se quebra o anonimato, assim

como os possíveis meios através dos quais essas quebras, tanto as intencionais – se as

houver, como as não intencionais – como parece ser a maioria delas, podem ser

evitadas. Além do mais, diferentemente da maior parte dos esforços acordados que no

passado focavam o anonimato, esta campanha não está dirigida aos meios de

comunicação nem a nenhum indivíduo ou grupo fora da Irmandade, mas, unicamente aos

membros de A.A. Desta vez, a proposta a de considerar com carinho o presente brilhante

do anonimato, e de solicitar a ajuda dos AAs de todos os lugares, para que perdure a

proteção de sua promessa, seu prazer e seu poder. Ao abordar o problema, alguns

membros do comitê se lembraram de ocasiões em que seu próprio anonimato poderia ter

sido quebrado, ou quase. Conseguiram mantê-lo porque perceberam de repente o que

estavam fazendo, ou o que estavam a ponto de fazer.

Um membro, por exemplo, falou da sua associação com uma universidade onde, como

alcoólico e membro de A.A., servia como membro de uma junta consultiva que tinha

planejado um novo curso que iria fazer parte do programa de estudos da instituição – o

estudo e o tratamento do alcoolismo.

“Depois de aprovado o curso”,disse este membro do comitê, “seria publicado um panfleto

a respeito do mesmo onde iria constar meu nome como membro da junta consultiva. Uma

funcionária da universidade me telefonou querendo saber quais eram minhas credenciais

– por suposto, minha credencial profissional.

Infelizmente, nessa mesma semana perdi meu posto; entretanto, para atender à

funcionária, assim como à universidade, dei como subsidio minhas ‘credenciais’ em A.A.

– coordenador de tal comitê ou tal junta, etc., o qual nos pareceu satisfatório tanto à

universidade como a mim próprio. Passados alguns minutos após desligar o telefone, tive

a estranha sensação de que havia alguma coisa inadequada naquilo que tinha feito. De

repente, ‘a ficha caiu’... Telefonei à funcionaria e lhe disse que não poderia utilizar as

credenciais que lhe tinha dado, uma vez que ao fazê-lo estaria quebrando meu anonimato

diante do público. Não havia inconveniente algum em que ela soubesse minha afiliação a

Alcoólicos Anônimos;mas, esta afiliação não deveria aparecer num panfleto disponível ao

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público. Sua resposta foi: ‘sabia que me ligaria prontamente. Essas credenciais de A.A.

tampouco me pareceram indicadas’”. Uma lição que pode ser extraída desta anedota é

que se não temos sempre presente a ideia, o propósito e o valor do anonimato, qualquer

um de nós pode, inadvertidamente, quebrar seu anonimato. Entre outras experiências

compartilhadas na sala, foi contada uma bastante curiosa que tinha

a ver com um artigo a respeito das mulheres e o alcoolismo publicado na revista Family

Circle. O Escritório de Serviços Gerais – ESG tinha pedido ao membro em questão para

participar de uma entrevista e documentar o artigo, e ela consentiu com prazer. “De

fato”,disse, “estava pessoalmente

encantada por ter sido escolhida para essa importante tarefa”. De acordo com a

companheira, o escritor, por respeito ao seu anonimato pessoal, lhe deu outro nome e

idade e mudou todas as informações pessoais, de tal maneira que, quando apareceu o

artigo “tinha outro nome – Ruth, uma idade diferente – 53 anos, e um tempo de

sobriedade um pouco mais curto que o verdadeiro. Na realidade, todo o que se referia a

mim tinha mudado, com

exceção da minha história de desespero e libertação que foi apresentada com todo

detalhe e fidelidade”. Agora vem o curioso desta experiência: “Pouco tempo depois da

publicação do artigo, uma mulher que já me tinha ouvido falar várias vezes, me chamou

e, a pesar de todas as mudanças dos

dados específicos, perguntou-me ‘é sua a história que aparece na revistaFamily Circle? ’.

Ela soube quem tinha sido entrevistada. Passado um mês, chegou uma carta ao ESG

encaminhada à minha atenção. Vinha de uma mulher canadense e na carta dizia que seu

nome também era Ruth e que também tinha 53 anos e queria agradecer à tal Ruth da

história publicada na Family Circle porque tinha recebido tanta inspiração que agora tinha

o que descreveu como‘três belíssimas semanas de sobriedade’”. Depois surgiu o

poderoso significado deste breve relato: “Obviamente, o verdadeiramente importante da

minha história manifestou-se sem envolver meu ego nem meu nome pessoal. Ajudei outra

pessoa e mantive meu anonimato. Entretanto, foi uma felicidade que quase estraguei

porque estive planejando responder pessoalmente à mulher; recomendaram-me que não

o fizesse. Recomendação acertada!”. “Entretanto”, o membro do comitê disse concluindo

“ainda sinto uma grande satisfação toda vez que lembro que um artigo a respeito de mim

própria – mas que não expunha minha identidade, atraiu atenção e teve efeitos positivos.

E cada a cada vez que me lembro volto a sentir a

alegria misteriosa, mas poderosa, do anonimato” Alguns outros membros do subcomitê

tinham histórias interessantes para contar, todas relacionadas com o fato de ter revelado

a outra pessoa o fato de serem alcoólicos ou membros de A.A. Um deles, seguindo a

recomendação de um companheiro de A.A., advertiu seu dentista que, por ser alcoólico,

não poderia tomar determinado medicamento sem correr perigo. A única resposta do

dentista foi a de insistir no pagamento integral antes de continuar com o tratamento. (Fica

claro que, embora tenha comunicado o aviso apropriado, este acabou sendo distorcido

por quem o recebeu). Outro membro do subcomitê relatou uma situação parecida onde

houve uma resposta diferente. Seu chefe imediato na empresa em que trabalhava sabia

desde o início que ele era membro de A.A. e que era tão atuante no serviço de A.A. que

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em determinados dias não podia fazer horas extras. Mais tarde, quando surgiu um

problema alcoólico com um alto executivo da companhia, esse chefe pediu, e

prontamente recebeu permissão, para dizer ao presidente que a ajuda de A.A.

encontrava-se à disposição na empresa mesmo. Depois de se entrevistar com o

presidente, o chefe voltou para informar a resposta daquele alto executivo à noticia de

que havia entre os funcionários um membro de A.A. Era (e o citou diretamente) “Eu sabia

que esse tipo tinha algo de especial”. Certamente, alguns de nós revelamos a outras

pessoas que tínhamos feito algo a respeito do nosso alcoolismo sem precisar dizer

palavra alguma.Simplesmente se percebe. Assim foi com um membro do subcomitê que

relatou uma comovente história que tinha começado com uma chamada feita pelo porteiro

do deu edifício através do interfone do seu apartamento. O membro em questão morava

no prédio desde cinco anos antes de ingressar em A.A. e agora contava cinco anos de

sobriedade. Falando pelo interfone, o porteiro disse com alguma hesitação: “Não sei

precisamente como lhe dizer, mas, parece ue faz alguns anos o senhor tinha um

problema que agora não tem. Espero que não se sinta ofendido se lhe perguntasse se

tenho razão, e se a tenho, me permitiria que lhe perguntasse o que fez a respeito daquele

problema? Temos um funcionário no prédio que tem um problema e talvez o senhor

possa ajuda-lo”. O seguinte e feliz episódio desta história diz que, é claro, que tinha o

problema obteve ajuda; e o feliz resultado, pelo menos até a data, conta como agora

aquele funcionário, depois de uns quantos anos ainda está sóbrio e é um membro

dedicado de A.A. Tão significativo quanto este, é outro aspecto da história. O anonimato

deste membro de A.A. não foi quebrado nem sequer a nível pessoal, pelas suas palavras,

mas, simplesmente por estar sóbrio. Foi a mudança de comportamento e da sua

aparência que o “denunciaram”. Este é o caso de um membro que leva a mensagem

sendo a mensagem, sem dizer uma palavra a respeito dele. Não fez nada até que lhe foi

pedida ajuda. Na medida em que continuava a discussão, outro membro do subcomitê

explicou como, em algumas situações de trabalho, a quebra do anonimato pode causar

problemas graves. Este alcoólico, um produtor de televisão, ofereceu-se para documentar

um programa proposto a respeito do alcoolismo e a adição às drogas. Ao apresentar

quase sem demora material suficiente parta uma dúzia de episódios, o chefe da produção

perguntou-lhe como se havia tornado erudito com tanta rapidez, e ele respondeu um

pouco relutante, que era membro de A.A. “Formidável!”,respondeu o chefe. “Assim,

podemos focar o assunto desde dentro”. Embora a proposta preocupasse o membro,

podia racionalizá-lo – e ao que parece, com bastante razão, pensando que as

precauções que se referem à quebra do anonimato ao nível da imprensa, da rádio, da

televisão e do cinema, apenas têm a ver com, por

exemplo, aparecer na televisão, não trabalhar na mesma. E o seu trabalho era

simplesmente redigir o roteiro, indicar os participantes convidados, etc.; ele não iria

aparecer na tela. Entretanto, conforme ia realizando sua tarefa percebeu que não podia

ser objetivo enquanto à matéria. Por exemplo, não podia tolerar opiniões a respeito de

A.A. e o alcoolismo que diferiam das suas e da experiência de outros membros do

programa. Isto levou a argumentações acaloradas, por vezes desagradáveis, e, sem

duvida improdutivos como chefe da produção. Para resolver o problema, foi necessário

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encomendar o projeto a outro produtor, uma pessoa que nunca tinha trabalhado em um

programa a respeito do alcoolismo e que sabia muito pouco a respeito da doença.

Entretanto, conforme lembra o membro de A.A., o novo produtor era um profissional muito

competente, que aprendeu rapidamente, e o programa acabou tendo muito sucesso. “Um

exemplo de reportagem televisiva de primeira categoria que ajudou muitas pessoas”.

Ao que acrescentou, “Eu não poderia tê-lo feito melhor”. Atualmente, este membro ainda

é produtor, mas já não se mete na corrente principal da

preparação e produção de programas a respeito do alcoolismo. Cada vez mais colegas

de trabalho sabem que é membro de A.A., porém oferece suas opiniões ou sugestões

apena se lhe forem pedidas. “Já não trato de fazer reportagens objetivas a respeito de

Alcoólicos Anônimos. Consegui perceber com clareza que não há maneira de ser objetivo

quando se trata de algo que salvou a minha vida”. É possível que os membros do

subcomitê, pelo fato de haverem tido experiências no anonimato muito diferentes umas

das outras, tenham uma ampla variedade de opiniões sobre como se dirigir à Irmandade

com referencia a esse assunto. Entretanto, um ponto que o subcomitê esta de acordo por

unanimidade é que a nível de Grupo – o nível mais importante dentro de A.A., parece que

se dedica pouco tempo e pouca discussão ao anonimato e à sua importância tanto para o

programa como para os membros individuais. Assim, o plano inicial do subcomitê será o

de procurar e colocar em pratica algumas formas de provocar “um pequeno renascimento

do entusiasmo”a respeito do anonimato, e baseados nisso ampliar os esforços. Para

começar, o subcomitê espera poder recolher uma pequena “biblioteca” de histórias,

contadas por membros, que tratem das suas experiências de anonimato: as quebras que

por pouco não aconteceram; as não intencionais tanto a nível pessoal como ao nível

público, e as consequências destas revelações. Espera-se também obter histórias

daqueles que descobriram os benefícios do anonimato, a verdadeira alegria que vem de

passar a mensagem de uma maneira serena e discreta, e a grande satisfação que

sempre segue ao ato de dar sem esperar nada em troca, nem sequer o reconhecimento.

Tem alguma história para contar a respeito do anonimato? Uma experiência pessoal a

esse respeito que queira compartilhar? Escreva a: Subcommittee on Anonymity, Box 459,

Grand Central Station, New York, NY 10163. Os membros do comitê aguardam suas

noticias. Precisamos da sua ajuda. E parece que o anonimato também.

EU NÃO ESTOU NO A.A. SÓ PARA PARAR DE BEBER by passea

“EU”

Não estou no A. A. só para parar de beber

RENDIÇÃO – ADMISSÃO – ACEITAÇÃO

O Primeiro Passo nos fala de rendição. A palavra “render” me leva a outra: “derrota” e

derrota para mim era algo inconcebível. Meu orgulho me impedia de enxergar qualquer

tipo de derrota, mas os companheiros de A. A. conseguiram abrir uma brecha em meu

orgulho, o suficiente para eu me sentir derrotado pelo álcool.

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Eu me rendi, admiti e aceitei que eu era um alcoólico. Tinha algo errado em minha

maneira de beber. Percebi logo cedo em A. A. que eu tinha que viver no mundo real, que

a vida no mundo imaginário do alcoolismo estava me destruindo e não me levaria a lugar

nenhum.

A admissão da impotência é o primeiro passo para a libertação desta obsessão mental

poderosa que nos leva sempre a buscar o álcool como refúgio. Aliada a esta obsessão ou

depois de satisfeita esta obsessão através da ingestão de algum gole de bebida surgia

outra força tão poderosa quanto à obsessão que era a compulsão. Esta compulsão me

obrigava a continuar bebendo cada vez mais. Que loucura!

Como entender que uma pessoa inteligente, segura de si, já experiente, ciente do buraco

para o qual estava encaminhando não conseguia controlar a sua maneira de beber? Pois

é, eu não tinha resposta para esta pergunta, mas o A. A. logo em seu Primeiro Passo

para a recuperação me mostrou a dura realidade: o alcoolismo é um doença incurável,

progressiva e de fins quase sempre fatais. Que triste notícia, mas junto com esta triste

notícia veio outra e esta outra era confortadora e me mostrava o caminho a ser seguido: -

só existe uma forma de deter este anseio louco pela bebida alcoólica: Este caminho é

evitar o primeiro gole, pois é ele que põe em movimento toda esta loucura mental, esta

obsessão aliada a compulsão que leva o alcoólico cada vez mais para o fundo, cada vez

mais para a escuridão do fundo de poço. E é esta fabulosa sugestão que eu venho

seguindo com sucesso: evitando o primeiro gole e me apoiando nos companheiros

através das reuniões venho conseguindo, um dia de cada vez, conter esta destruição

chamada alcoolismo. Quero destacar dois pontos muito importantes que constam em

nossa literatura:

1) Nos primeiros tempos de A. A. era pensamento que somente os alcoólicos mais

desesperados conseguiriam digerir esta notícias amargas, mas com o passar dos anos

puderam perceber que mesmo aqueles que apenas eram bebedores potenciais poderiam

ser atingidos pela experiência salvadora de A. A. e conseguiram evitar muitos anos de

puro inferno em suas vidas. Cada vez mais, alcoólicos mais jovens e com um fundo de

poço menos doloroso vêm alcançando A. A.

2) Existe uma pergunta de fundamental importância em nosso Primeiro Passo: Por que

insistir que todo A. A. precisa chegar ao fundo de poço? E a resposta vem logo a seguir:

porque para praticar os restantes onze passos de A. A. requer a adoção de atitudes e

ações que quase nenhum alcoólico sonharia adotar. Quem se dispõe a ser rigorosamente

honesto e tolerante? Honestidade, tolerância, compreensão, humildade, coragem e tantas

outras virtudes até então desconhecidas para o alcoólico passam a ter importância

fundamental na prática do restante do programa. Mas não precisamos nos desesperar,

pois estas virtudes virão aparecendo pouco a pouco, um dia de cada vez, necessitamos

para que isso ocorra somente ter a mente aberta e boa vontade.

(Fonte: Revista Vivência Nº 111-Jan-Fev/2008 – Onofre/Cachoeira do Campo/MG)

RENDIÇÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea

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RENDIÇÃO

“Na Opinião do Bill”

NAS MÃOS DE DEUS

Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram

quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que

pudéssemos ter planejado.

Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar

no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosa

obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe um Deus,

que Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”

De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha

mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de

espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase

passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro

mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma

maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos

pregadores!”

AUTO CONFIANÇA E FORÇA DE VONTADE

Quando pela primeira vez fomos desafiados a admitir a derrota, a maioria de nós se

revoltou. Havíamos nos aproximado de A. A. esperando aprender a ter auto confiança.

Então nos disseram que, no tocante ao álcool, de nada nos serviria a auto confiança:

aliás, ela era um empecilho total. Não era possível ao alcoólico vencer a compulsão pela

mera força de vontade.

É quando tentamos fazer com que nossa vontade se harmonize com a vontade de Deus,

que começamos a usá-la corretamente. Para todos nós, esta foi uma das mais

maravilhosas revelações. Todo o nosso problema tinha sido o mau uso da força de

vontade. Tínhamos tentado atacar nossos problemas com ela ao invés de tentar fazer

com que ela se alinhasse com os planos de Deus para conosco. O propósito dos Doze

Passos de A. A. é tornar isto cada vez mais possível.

A FORÇA NASCENDO DA FRAQUEZA

Se estamos dispostos a parar de beber, não podemos abrigar, de forma nenhuma, a

esperança de que um dia seremos imunes AL álcool.

Tal é o paradoxo da recuperação em A. A.: a força nascendo da fraqueza e da derrota

completa, a perda de uma vida antiga como condição para encontrar uma nova.

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SOMENTE COM O PODER DA INTELIGÊNCIA?

Para o homem ou mulher intelectualmente auto suficiente, muitos Aas podem dizer: “Sim,

éramos como você – inteligentes demais para nosso próprio bem. Adorávamos ouvir as

pessoas nos chamarem de precoces. Usávamos nossa instrução para nos vangloriar,

embora tivéssemos o cuidado de esconder isso dos outros. Secretamente, achávamos

que poderíamos flutuar acima dos outros, somente com o poder da inteligência.

“O progresso científico nos dizia que não havia nada que o homem não pudesse fazer. O

conhecimento era todo poderoso. O intelecto era capaz de conquistar a natureza. Uma

vez que éramos mais brilhantes do que a maioria (assim pensávamos), os benefícios da

vitória seriam nossos, automaticamente. O deus do intelecto substituía o Deus de nossos

pais.

“Mas novamente o álcool tinha outras idéias. Nós, que tão brilhantemente tínhamos

vencido, de repente nos convertemos nos maiores derrotados de todos os tempos.

Percebemos que tínhamos que mudar ou morrer.”

A PEDRA FUNDAMENTAL DO ARCO DO TRÍUNFO

Tendo experimentado a destruição alcoólica, abrimos nossas mentes em relação às

coisas espirituais. A esse respeito, o álcool foi um grande persuasor. Ele finalmente nos

derrotou obrigando-nos a raciocinar.

Tivemos que deixar de fazer o papel de Deus. Isso não funcionou. Decidimos que dali por

diante, nesse drama da vida, Deus ia ser nosso Diretor. Ele seria o Chefe: nós, os Seus

agentes.

As boas idéias, na sua maioria, são simples, e esse conceito constitui a pedra

fundamental do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.

PRELÚDIO AO PROGRAMA

Poucas pessoas tentarão praticar sinceramente o programa de A. A., a não ser que

tenham “chegado ao fundo do poço”, pois praticar os Passos de A. A. requer a adoção de

atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que ainda bebe pode sonhar em adotar. O

alcoólico típico, egoísta ao extremo, não se interessa por essa perspectiva, a não ser que

tenha que fazer essas coisas para não morrer.

Sabemos que o recém-chegado tem que “chegar ao fundo do poço”, do contrário pouca

coisa pode acontecer. Por sermos alcoólicos que o compreendem. Podemos usar a fundo

o poderoso argumento da obsessão mais alegria, como uma força que pode destruir seu

ego. Só assim ele pode se convencer de que unicamente com seus recursos tem pouca

ou nenhuma chance.

NÓS NÃO ESTAMOS LUTANDO

Paramos de lutar com tudo e com todos – mesmo com o álcool, pois a essa altura a

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sanidade voltou. Agora podemos reagir sadia e normalmente, e constatamos que isso

aconteceu quase automaticamente. Vemos que essa nova atitude face ao álcool é

realmente uma dádiva de Deus.

Aí esta o milagre. Não estamos lutando com ele, nem estamos evitando a tentação.

Tampouco temos que prestar juramento. Em vez disso, o problema foi removido. Ele não

existe para nós. Não somos nem atrevidos nem medrosos.

É assim que reagimos – enquanto nos mantivermos em boas condições espirituais.

VITÓRIA NA DERROTA

Convencido de que nunca conseguiria fazer parte e jurando nunca me conformar com o

segundo lugar, eu sentia que simplesmente tinha que vencer em tudo que quisesse fazer,

fosse trabalho ou divertimento. Como essa atraente fórmula de bem viver começou a dar

resultado, de acordo com a idéia que eu então fazia do que fosse sucesso, fiquei

delirantemente feliz.

Mas quando acontecia de um empreendimento falhar, eu me enchia de ressentimento e

depressão que só podiam ser curados com o próximo triunfo. Portanto, muito cedo

comecei a avaliar tudo em termos de vitória ou derrota – “tudo ou nada”. A única

satisfação que eu conhecia era vencer.

Somente através da derrota total é que somos capazes de dar os primeiros passos em

direção à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente vem a

ser o leito de rocha firme sobre o qual podem ser construídas vidas felizes e significativas.

ACEITANDO AS DÁDIVAS DE DEUS

“Embora muitos teólogos afirmem que as experiências espirituais súbitas representem

alguma distinção especial ou algum tipo de preferência divina, eu questiono esse ponto

de vista. Todo ser humano, qualquer que sejam seus atributos para o bem ou para o mal,

é uma parte da economia espiritual divina. Portanto, cada um de nós têm seu lugar, e não

posso aceitar que Deus pretenda elevar alguns mais do que outros.

“Dessa forma, é preciso que todos nós aceitemos qualquer dádiva positiva que

recebamos com profunda humildade, tendo sempre em mente que primeiro foram

necessárias nossas atitudes negativas, como um meio de nos reduzir a um estado tal que

nos deixasse prontos para receber uma dádiva positiva através da experiência da

conversão. Nosso próprio alcoolismo e a imensa deflação, que finalmente daí resultou,

constituem na verdade a base sobre a qual repousa nossa experiência espiritual.”

FORÇAS CONSTRUTIVAS

Minha opinião era tão arraigada, como a frequentemente vemos hoje em dia nas pessoas

que se dizem atéias ou agnósticas, sua vontade de descrer é tão forte, que parecem

preferir a morte a uma busca sincera de Deus, feita com a mente aberta. Felizmente para

mim e para muitos como eu que buscaram A. A., as forças construtivas, produzidas em

nossa Irmandade, quase sempre venceram essa colossal teimosia. Abatidos e

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completamente derrotados pelo álcool, frente a frente com a prova viva da libertação e

rodeados por pessoas que podiam nos falar do fundo do coração, finalmente nos

rendemos.

E então, paradoxalmente, nos encontramos numa nova dimensão, o verdadeiro mundo

do espírito e da fé. Boa vontade suficiente, mente aberta suficiente – e pronto!

NUNCA O MESMO OUTRA VEZ

Descobrimos que quando um alcoólico plantava na mente de outro a idéia da verdadeira

natureza de sua doença, este jamais voltaria a ser o mesmo. Após cada bebedeira, ele

diria a si mesmo: “Talvez esses Aas tenham razão”. Depois de algumas experiências

assim, e muitas vezes antes do começar a ter grandes dificuldades, ele voltaria a nós,

convencido.

Nos primeiros anos, aqueles dentre nós que ficaram sóbrios em A. A., eram na verdade

casos horríveis e completamente sem esperança. Mas depois começamos a ter sucesso

com alcoólicos moderados, e mesmo com alguns alcoólicos em potencial. Começaram a

aparecer pessoas mais jovens. Chegavam muitas pessoas que ainda tinham trabalho, lar,

saúde e posição social.

Naturalmente foi necessário que esses recém-chegados chegassem emocionalmente ao

fundo do poço, mas eles não tiveram que chegar a todos os tipos de fundo de poço

possíveis para admitir que estavam derrotados.

A ESPERANÇA NASCIDA DO DESESPERO

Carta ao Dr, Carl Jung:

“Muitas experiências de conversão, qualquer que seja a variedade, têm como

denominador comum o profundo colapso do ego. O indivíduo enfrenta um dilema

impossível.

“No meu caso, o dilema tinha sido criado por minha compulsão pela bebida, e o profundo

sentimento de desespero foi extremamente aumentado por meu médico. Foi aumentado

ainda mais quando meu amigo alcoólatra contou-me de seu veredicto de desespero com

respeito ao caso de Rowland H.

“No despertar de minha experiência espiritual, veio-me uma visão de uma sociedade de

alcoólicos. Se cada sofredor levasse a outro a visão científica quanto à condição

desesperada do alcoólico, poderia abrir-lhe a possibilidade de uma experiência espiritual

transformadora. Esse conceito foi e é a base do sucesso, que desde então A. A. tem

alcançado.”

FELIZES – QUANDO SOMOS LIVRES

Para a maioria das pessoas normais a bebida significa a libertação da preocupação, do

aborrecimento e da ansiedade. Significa uma alegre intimidade com os amigos e um

sentimento de que a vida é boa.

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Mas não foi isso o que aconteceu conosco, nos últimos tempos de nossas pesadas

bebedeiras. Os velhos prazeres desapareceram. Havia um desejo ardente de gozar a

vida, como nunca, e uma dolorosa ilusão de que algum novo controle milagroso nos

permitisse fazê-lo. Havia sempre mais uma tentativa e mais um fracasso.

Estamos certos de que Deus nos quer ver felizes, alegres e livres. Portanto, não podemos

compartilhar a crença de que esta vida seja necessariamente um vale de lágrimas,

embora em certa época tenha sido exatamente isto para muitos de nós. Mas ficou claro

que vivíamos criando nossa própria miséria.

EM BUSCA DA FÉ PERDIDA

Muitos Aas podem dizer a uma pessoa sem fé: “Nós desviamos da fé que tínhamos

quando crianças. Com a chegada do sucesso material, achamos que estávamos

ganhando o jogo da vida. Isso era emocionante e nos fazia felizes.

“Por que deveríamos nos preocupar com abstrações teológicas e deveres religiosos ou

com o estado de nossas almas aqui ou no além? A vontade de ganhar nos levaria para

frente”.

“Mas então o álcool começou a nos dominar. Finalmente, quando começamos a ver

nosso placar marcando zero, e percebemos que mais um golpe nos colocaria fora do jogo

para sempre, tivemos que buscar nossa fé perdida. Foi em A. A. que a reencontramos.”

ENTREGAR-SE SEM RESERVAS

Depois de fracassar em meus esforços para fazer alguns bêbados pararem de beber, o

Dr. Silkworth novamente me lembrou da observação do professor William James de que

as experiências espirituais realmente transformadoras quase sempre se baseiam num

estado de calamidade e colapso. “Pare de lhes pregar sermões”, disse o Dr. Silkworth, “e

dê-lhes primeiro os duros fatos médicos. Isso pode sensibilizá-los tão profundamente que

talvez venham a querer fazer qualquer coisa para recuperar-se. Então sim, elas poderão

aceitar aquelas suas idéias espirituais e talvez até um Poder Superior”.

Pedimos que você seja destemido e meticuloso desde o início. Alguns de nós procuramos

nos agarrar às nossas antigas idéias, e o resultado foi nulo – até que nos entregamos

sem reservas.

COMBATE SEM AJUDA

Na verdade, poucos são aqueles que, assaltados pelo tirano álcool, venceram o combate

sem ajuda. É um fato estatístico que os alcoólicos quase nunca se recuperam, só por

meio de seus próprios recursos.

A caminho de Point Barrow, no Alaska, dois garimpeiros se instalaram numa cabana com

uma caixa de uísque. O tempo ficou muito ruim e a temperatura baixou para 20 graus

negativos; eles ficaram tão bêbados que deixaram o fogo apagar. Quando estavam a

ponto de morrer por congelamento, um deles acordou a tempo de reacender o fogo. Saiu

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para procurar combustível e avistou um tambor de óleo vazio, cheio de água congelada.

Embaixo do gelo, avistou um objeto amarelo-avermelhado. Eles descongelaram o tal

objeto, e era um livro de A. A. Um deles leu o livro e parou de beber. A lenda diz que ele

se tornou o fundador de um de nossos grupos mais longínquos do norte.

O INSTINTO DE VIVER

Quando homem e mulheres ingerem tanto álcool a ponto de destruir suas vidas, cometem

um ato totalmente antinatural. Contrariando seu desejo instintivo de auto preservação,

parecem estar inclinados à auto destruição. Lutam contra seu mais profundo instinto.

À medida que vão progressivamente se humilhando pela terrível surra administrada pelo

álcool, a graça de Deus pode penetrar neles e expulsar sua obsessão. Aqui, seu

poderoso instinto de viver pode cooperar plenamente com o desejo de seu Criador de

lhes dar uma nova vida.

“A característica central da experiência espiritual consiste em dar a quem a experimenta

uma nova e melhor motivação, fora de qualquer proporção com qualquer processo de

disciplina, crença ou fé.

“Essas experiências não podem nos tornar íntegros de uma vez; constituem um

renascimento a uma nova e verdadeira oportunidade.”

“IMPOTENTE PERANTE O ÁLCOOL”

Eu vinha descendo continuamente ladeira abaixo e, naquele dia em 1934, estava

acamado no andar superior do hospital, sabendo pela primeira vez que estava

completamente sem esperança.

Lois estava no andar térreo, e o Dr. Silkworth estava tentando, com suas maneiras gentis,

transmitir a ela o que estava acontecendo comigo e que meu caso era sem esperança.

“Mas Bill tem uma grande força de vontade”, ela disse. “Ele tem tentado

desesperadamente ficar bom. Doutor, por que ele não consegue parar?”

Ele explicou que minha maneira de beber, que anteriormente era um hábito, tornou-se

uma obsessão, uma verdadeira loucura que me condenava a beber contra meu desejo.

“Nos últimos estágios de nosso alcoolismo ativo, a vontade de resistir já não existe.

Portanto, quando admitimos a derrota total e quando ficamos inteiramente dispostos a

tentar os princípios de A. A., nossa obsessão desaparece e entramos numa nova

dimensão – a liberdade sob a vontade de Deus, como nós O concebemos.”

DESDE A RAIZ PRINCIPAL

O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura, sem antes admitamos a

derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda.

É dito a todo recém-chegado, e logo ele percebe por si mesmo, que sua humilde

admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à

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libertação de seu jugo embriagador.

Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas

o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma

visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,

trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são coisas

que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira dedicada ao

egocentrismo não pode ser mudada de repente.

ALTO E BAIXO

Quando nossa Irmandade era pequena, lidávamos somente com “casos desesperados”.

Muitos alcoólicos menos desesperados tentavam A. A., mas não eram bem-sucedidos

porque não podiam admitir sua desesperança.

Nos anos seguintes isso mudou. Os alcoólicos que ainda tinham saúde, família, trabalho

e até dois carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. À medida que

essa tendência crescia, jovens que mal passavam de alcoólicos em potencial passaram a

juntar-se a eles. Como poderiam pessoas como essas aceitar o Primeiro Passo?

Recordando nossas próprias histórias de bebida, mostrávamos a eles que anos antes de

reconhecê-lo, já havíamos perdido o controle, que mesmo naquela época nossa maneira

de beber já não era um mero hábito, que era na verdade o começo de uma progressão

fatal.

VÁ COM CALMA, MAS VÁ

A procrastinação na verdade é apenas preguiça.

“Tenho observado que algumas pessoas conseguem suportar alguma procrastinação,

mas muito poucos conseguem viver em completa rebeldia.”

“Temos conseguido colocar muitos bebedores problema diante desta terrível alternativa:

‘Ou nós, Aas, fazemos isso, ou morreremos’. Uma vez que isto entre em sua cabeça,

beber mais só vai apertar mais o laço.

“Como muitos alcoólicos têm dito: ‘Cheguei ao ponto em que ou permanecia em A. A. ou

do lado de fora. De modo que aqui estou!’”

(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 2-42-49-60-87-118-121-135-168-174-209-217-218-

235-242-245-246-283-305-314-322)

ADMISSÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea

ADMISSÃO

“Na Opinião do Bill”

ACERCA DA HONESTIDADE

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O perverso desejo de ocultar um mau motivo, atrás do bom, se infiltra nos atos humanos

de alto a baixo. Esse tipo sutil e evasivo, de farisaísmo, pode se esconder sob o ato ou

pensamento mais insignificante. Aprender a identificar, admitir e corrigir essas falhas,

todos os dias, constitui a essência da formação do caráter e de uma vida satisfatória.

A decepção dos outros está quase sempre enraizada na decepção de nós mesmos.

De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto

enfrentar uma outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito

daquilo que há tanto tempo temos escondido, nossa disposição de “limpara a casa” é

ainda muito teórica. Quando somos honestos com outra pessoa, isso confirma que temos

sido honestos conosco e com Deus.

NA HORA DA VERDADE, SOMOS TODOS IGUAIS

No princípio, passaram-se quatro anos antes que A. A. conseguisse levar à sobriedade

permanente uma única mulher alcoólica. Assim como aquelas pessoas que tiveram um

fundo de poço “muito alto”, as mulheres diziam que eram diferentes; elas não precisavam

de A. A. Mas, com o aperfeiçoamento da comunicação, principalmente pelas próprias

mulheres, a situação mudou.

Esse processo de identificação e transmissão tem continuado. Aqueles que viviam na

sarjeta diziam que eram diferentes. Ainda com mais ênfase, o membro da alta sociedade

(ou o bêbado das altas rodas) dizia a mesma coisa, como também diziam os artistas e os

profissionais, os ricos e os pobres, os religiosos, os agnósticos, os índios e os esquimós,

os veteranos e os prisioneiros.

Mas hoje todas essas pessoas, e muitas outras, falam sobriamente do quanto todos nós,

alcoólicos, somos iguais na hora da verdade.

VIVA SERENAMENTE

Quando um bêbado está com uma terrível ressaca porque bebeu em excesso ontem, ele

não pode viver bem hoje. Mas existe um outro tipo de ressaca que todos

experimentamos, bebendo ou não. Essa é emocional, resultado direto do acúmulo de

emoções negativas de ontem e, às vezes, de hoje – raiva, medo, ciúme e outras

semelhantes.

Se queremos viver serenamente hoje e amanhã, sem dúvida precisamos eliminar essas

ressacas. Isso não quer dizer que precisamos perambular morbidamente pelo passado.

Requer, isso sim, uma admissão e correção dos erros cometidos – agora.

CRESCIMENTO PELO DÉCIMO PASSO

Naturalmente, no decorrer dos próximos anos, cometeremos erros. A experiência nos tem

ensinado que não precisamos ter medo de cometê-los, desde que mantenhamos a

disposição para confessar nossas faltas e corrigi-las prontamente. Nosso crescimento

como indivíduos tem dependido desse saudável processo de ensaio e erro. Assim

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crescerá nossa Irmandade.

Devemos sempre nos lembrar de que qualquer sociedade de homens e mulheres que

não podem corrigir livremente suas próprias faltas, inevitavelmente chega à decadência e

até mesmo ao colapso. Esse é o castigo universal por não continuar fazendo seu

inventário moral e atuar de acordo com ele, do mesmo modo nossa sociedade como um

todo deve fazer, se quisermos sobreviver e prestar serviço de maneira proveitosa e

satisfatória.

NÃO PODEMOS VIVER SOZINHOS

Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para irmos contra nossos desejos naturais;

todos eles reduzem nosso ego. Quando se trata da redução do ego, poucos Passos são

mais duros de aceitar do que o Quinto Passo. Dificilmente qualquer um deles é mais

necessário à sobriedade prolongada e à paz de espírito.

A experiência de A. A. nos ensinou que não podemos viver sozinhos e com os problemas

que nos pressionam e com os defeitos de caráter que os causam ou agravam. Se

passarmos o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele mostrar, para nosso

alívio, aquelas experiências que preferimos não lembrar, então se torna mais urgente do

que nunca desistirmos de viver sozinhos com aqueles atormentadores fantasmas do

passado. Temos que falar deles para alguém.

Não podemos depender totalmente dos amigos para resolver todas as nossas

dificuldades. Um bom conselheiro nunca pensará em tudo, por nós. Ele sabe que a

escolha final deve ser nossa. Entretanto, ele pode ajudar a eliminar o medo, oportunismo

e a ilusão, tornando-nos capazes de fazer escolhas afetuosas, prudente e honestas.

FORÇA DE VONTADE E ESCOLHA

“Nós, Aas, sabemos que é inútil tentar destruir a obsessão de beber só pela força de

vontade. Entretanto, sabemos que é preciso uma grande vontade para adotar os Doze

Passos de A. A. como um modo de vida que pode nos devolver a sanidade.

Qualquer que seja a gravidade da obsessão pelo álcool, felizmente descobrimos que

ainda podem ser feitas outras escolhas vitais. Por exemplo, podemos admitir que somos

impotentes pessoalmente perante o álcool; que a dependência de um ‘Poder Superior’ é

uma necessidade, mesmo que esta seja simplesmente uma dependência de um grupo de

A. A. Então podemos preferir tentar uma vida de honestidade e humildade, fazendo um

serviço desinteressado para nossos companheiros e para ‘Deus como nós O

concebemos’.

Conforme continuamos fazendo essas escolhas e assim indo em busca dessas altas

aspirações, nossa sanidade volta e desaparece a compulsão para beber”.

CONVERSAS QUE CURAM

Quando pedimos orientação a um amigo em A. A., não devemos hesitar em lembrá-lo de

nossa necessidade de completo sigilo. A comunicação íntima normalmente é tão livre e

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fácil entre nós que um AA pode às vezes esquecer-se de guardar segredo. Nunca

deveríamos violar o santo refúgio protetor desta que é a mais curativa de todas as

relações humana.

Essas comunicações privilegiadas têm vantagens incalculáveis. Encontramos nelas a

perfeita oportunidade de sermos totalmente honestos. Não precisamos nos preocupar

com a possibilidade de prejudicar outras pessoas e nem precisamos temer o ridículo ou a

condenação. E também temos a melhor oportunidade possível para identificarmos o auto-

engano.

EXAMINANDO O PASSADO

Deveríamos fazer um preciso e exaustivo exame de como nossa vida passada afetou

outras pessoas. Em muitos casos descobrimos que, embora o dano causado aos outros

não tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos o foi.

Além do mais, os conflitos emocionais danosos permanecem muito profundos, abaixo do

nível da consciência, às vezes quase esquecidos. Portanto, deveríamos tentar relembrar

e rever bem estes acontecimentos passados que deram origem a esses conflitos e

continuam causando violentos desequilíbrios emocionais, perturbando dessa forma nossa

personalidade e mudando nossa vida para pior.

Reagimos mais fortemente às frustrações do que as pessoas normais. Revivendo esses

episódios e discutindo-os em estreita confiança com outra pessoa, podemos reduzir seu

tamanho e portanto seu poder inconsciente.

“ADMITIMOS PERANTE DEUS”

Desde que você não esconda nada, ao fazer o Quinto Passo, sua sensação de alívio

aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de seu

confinamento e, milagrosamente, desaparecem à medida que são reveladas. Com a

diminuição da dor, uma tranqüilidade restauradora toma seu lugar. E quando a humildade

e a serenidade estiverem assim combinadas, pode acontecer algo de grande significação

para nós.

Muitos Aas, anteriormente agnósticos ou ateus, nos dizem que foi nessa fase do Quinto

Passo que de fato sentiram, pela primeira vez, a presença de Deus. E mesmo aqueles

que já tinham fé, muitas vezes tomaram consciência de Deus como nunca antes.

VITÓRIA NA DERROTA

Convencido de que nunca conseguiria fazer parte e jurando nunca me conformar com o

segundo lugar, eu sentia que simplesmente tinha que vencer em tudo que quisesse fazer,

fosse trabalho ou divertimento. Como essa atraente fórmula de bem viver começou a dar

resultado, de acordo com a idéia que eu então fazia do que fosse sucesso, fiquei

delirantemente feliz.

Mas quando acontecia de um empreendimento falhar, eu me enchia de ressentimento e

depressão que só podiam ser curados com o próximo triunfo. Portanto, muito cedo

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comecei a avaliar tudo em termos de vitória ou derrota – “tudo ou nada”. A única

satisfação que eu conhecia era vencer.

Somente através da derrota é que somos capazes de dar os primeiros passos em direção

à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente vem a ser o leito

de rocha firme sobre o qual podem ser construídas vidas felizes e significativas.

GUIA PARA UM CAMINHO MELHOR

Quase nenhum de nós gostou da idéia do auto-exame, da redução do orgulho e da

confissão das imperfeições que os Passos requerem. Mas vimos que o programa

realmente funcionava para os outros e viemos a acreditar na desesperança da vida tal

como a estávamos vivendo.

Portanto, quando fomos abordados por aquelas pessoas que tinham resolvido o

problema, só nos restou apanhar o simples conjunto de instrumentos espirituais que

puseram ao nosso alcance.

Nas Tradições de A. A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas

falhas. Confessamos que temos defeitos de caráter, como a sociedade, e que esses

defeitos nos ameaçam continuamente. Nossas Tradições são um guia para melhores

formas de trabalhar e de viver, e representam para a sobrevivência e harmonia do grupo

o que os Doze Passos de A. A. representam para a sobriedade e paz de espírito de cada

membro.

UM PRINCÍPIO SALVADOR

Essa prática de admitir os próprios defeitos a uma outra pessoa é, sem dúvida, muito

antiga. Foi validada em todas os séculos, e caracteriza a vida de todas as pessoas

espiritualmente centradas e verdadeiramente religiosas.

Mas hoje a religião não é nem de longe a única defensora desse princípio salvador. Os

psiquiatras e psicólogos apontam a grande necessidade que todo ser humano tem de

desenvolver percepção e conhecimento práticos de suas próprias falhas de personalidade

e de discuti-las com uma pessoa compreensiva e digna de confiança.

No que se refere aos alcoólicos, A. A. vai ainda mais longe. A maioria de nós declararia

que sem a corajosa admissão de nossos defeitos para um outro ser humano, não

poderíamos nos manter sóbrios. Até que estejamos dispostos a tentar isso, parece

evidente que a graça de Deus não nos tocará para expulsar nossas obsessões

destrutivas.

NUNCA O MESMO OUTRA VEZ

Descobrimos que quando um alcoólico plantava na mente de outro a idéia de verdadeira

natureza de sua doença, este jamais voltaria a ser o mesmo. Após cada bebedeira, ele

diria a si mesmo: “Talvez esses Aas tenham razão”. Depois de algumas experiências

assim, e muitas vezes antes do começar a ter grandes dificuldades, ele voltaria a nós,

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convencido.

Nos primeiros anos, aqueles dentre nós que ficaram sóbrios em A. A., eram na verdade

casos horríveis e completamente sem esperança. Mas depois começamos a ter sucesso

com alcoólicos moderados, e mesmo com alguns alcoólicos em potencial. Começaram a

aparecer pessoas mais jovens. Chegavam muitas pessoas que ainda tinham trabalho, lar,

saúde e posição social.

Naturalmente foi necessário que esses recém-chegados chegassem emocionalmente ao

fundo do poço, mas eles não tiveram que chegar a todos os tipos de fundo de poço

possíveis para admitir que estavam derrotados.

COMPLETA A LIMPEZA DA CASA

Muitas vezes, os recém-chegados procuram guardar para si mesmos os fatos

desagradáveis referentes às suas vidas. Tentando evitar a experiência humilhante do

Quinto Passo, eles tentaram métodos mais fáceis. Quase sem exceção se embriagaram...

Tendo preservado no resto do programa, perguntavam-se por que tinham recaído.

Acho que a razão é que eles nunca completaram a limpeza de sua casa. Fizeram seu

inventário, mas continuaram agarrados a alguns de seus piores defeitos. Eles somente

pensaram que tinham perdido seu egoísmo e medo. Somente pensaram que tinham se

humilhado. Mas não tinham aprendido o suficiente sobre humildade, coragem e

honestidade. Até que contaram a outra pessoa toda a sua vida.

O COMEÇO DA VERDADEIRA AFINIDADE

Quando chegamos em A. A. e pela primeira vez na vida nos encontramos entre pessoas

que pareciam nos compreender, a sensação de pertencer foi muito emocionante.

Achamos que o problema de isolamento tinha sido resolvido.

Mas logo descobrimos que, embora não estivéssemos mais sozinhos, no sentido social,

ainda sofríamos das antigas angústias do isolamento ansioso. Enquanto não falássemos,

com toda franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos mais alguém fazer o mesmo,

ainda não fazíamos parte.

O Quinto Passo foi a resposta. Foi o começo de uma verdadeira afinidade como o homem

e com Deus.

O PRIVILÉGIO DE COMUNICAR

Todos devem concordar que nós, Aas, somos pessoas incrivelmente afortunadas.

Afortunadas porque sofremos tanto. Afortunadas porque podemos conhecer-nos,

compreender-nos e amar-nos uns aos outros tão bem.

Esses atributos e virtudes raramente caem do céu. Na verdade, a maioria de nós sabe

muito bem que essas dádivas são raras e que têm sua verdadeira origem em nosso

sofrimento comum e em nossa libertação comum, pela graça de Deus.

Assim sendo, somos privilegiados por podermos comunicar-nos uns com os outros numa

intensidade e de uma maneira raramente alcançada por nossos amigos não-alcoólicos do

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mundo que nos cerca.

“Eu costumava me envergonhar de minha situação e não falava sobre isso. Mas hoje

confesso francamente que tenho tendência à depressão e isso tem atraído para mim

outras pessoas com a mesma tendência. Trabalhar com eles tem me ajudado bastante”.

“DESTEMIDO E MINUCIOSO”

Minha auto análise tem sido frequentemente falha. Às vezes tenho deixado de

compartilhar meus defeitos com as pessoas certas; outras vezes tenho confessado os

defeitos delas, em lugar dos meus, e ainda outras vezes, minha confissão dos defeitos

tem sido mais de queixas, em alta voz, acerca de minhas circunstâncias e meus

problemas.

Quando A. A. sugere um destemido inventário moral, isso deve parecer a todo recém-

chegado que lhe estamos pedindo mais do que ele é capaz de fazer. Cada vez que ele

tenta olhar para dentro de si, o orgulho diz: “Você não precisa percorrer esse caminho...”

e o medo diz: “Não se atreva a olhar!”

Mas o orgulho e o medo desse tipo não passam de bichos-papões. Uma vez que façamos

inventário com toda a boa vontade e nos esforcemos para fazê-lo minuciosamente, uma

luz maravilhosa invade essa cena nebulosa. À medida que persistimos, nasce um tipo de

confiança totalmente novo, e a sensação de alívio com a qual finalmente nos deparamos

é incrível.

QUANDO OS CONFLITOS AUMENTAM

Algumas vezes eu seria forçado a examinar situações onde estava agindo mal. No

mesmo instante, eu começaria freneticamente a procurar desculpas.

“Essas”, eu exclamaria, “são realmente faltas de um homem de bem”. Quando essa frase

favorita fosse destruída, eu pensaria: “Bem se aquelas pessoas me tratassem sempre

bem, eu não teria que me comportar da maneira que me comporto”. A desculpa seguinte

seria esta: “Deus sabe muito bem que tenho terríveis compulsões. Simplesmente não

posso vencê-las, só mesmo Ele vai ter que me tirar dessa”. Finalmente chegava o

momento em que eu exclamaria: “Isso eu positivamente não farei! Nem mesmo tentarei”.

Claro que meus conflitos foram aumentando, porque eu estava completamente carregado

de desculpas, recusas e revolta.

Numa auto-avaliação, o que nos vem à mente, quando estamos sozinhos, pode ser

distorcido por nossa própria racionalização. A vantagem de falar com uma outra pessoa é

que podemos obter, diretamente, seus comentários e conselhos a respeito de nossa

situação.

DESDE A RAIZ PRINCIPAL

O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora, sem que antes admitimos

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a derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda.

É dito a todo recém-chegado,e logo ele percebe por si mesmo, que sua humilde

admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à

libertação de seu jugo embriagador.

Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas

o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma

visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,

trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são coisas

que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira dedicada ao

egocentrismo não pode ser mudada de repente.

CONTANDO O PIOR

Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: “Como sou terrível!”

Do mesmo modo como muitas vezes, por orgulho, exagerava minhas mais modestas

qualidades, também exagerava meus defeitos através do sentimento de culpa. Em todos

os lugares, eu vivia confessando tudo (e mais um pouco) a quem quisesse me ouvir.

Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros era uma grande

humildade de minha parte e considerava isso um consolo e um grande bem espiritual.

Porém, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos

danos que causei aos outros. Esses episódios eram apenas a base para contar histórias

e fazer exibicionismo. Junto com essa compreensão, veio o começo de um certo grau de

humildade.

ALTO E BAIXO

Quando nossa Irmandade era pequena, lidávamos somente com “casos desesperados”.

Muitos alcoólicos menos desesperados tentavam A. A., mas não eram bem-sucedidos

porque não podiam admitir sua desesperança.

Nos anos seguintes isso mudou. Os alcoólicos que ainda tinham saúde, família, trabalho

e até dois carros na garagem, começaram a reconhecer seu alcoolismo. À medida que

essa tendência crescia, jovens que mal passavam de alcoólicos em potencial passaram a

juntar-se a eles. Como poderiam pessoas como essas aceitar o Primeiro Passo?

Recordando nossas próprias histórias de bebida, mostrávamos a eles que anos antes de

reconhecê-lo, já havíamos perdido o controle, que mesmo naquela época nossa maneira

de beber já não era mero hábito, que era na verdade o começo de uma progressão fatal.

PERDÃO

Através do Quinto Passo, que é de vital importância, começamos a ter a sensação de que

poderíamos ser perdoados, fosse o que fosse que tivéssemos pensando ou feito.

Muitas vezes, ao trabalhar nesse Passo com nossos padrinhos ou conselheiros

espirituais, pela primeira vez nos sentimos verdadeiramente capazes de perdoar os

outros, não importando quão profundamente sentíssemos que eles tivessem nos

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ofendido.

Nosso inventário moral nos tinha convencido de que todo perdão era desejável, mas foi

somente quando fizemos resolutamente o Quinto Passo que soubemos no íntimo que

éramos capazes, tanto de aceitar o perdão como também de perdoar.

(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 17-24-48-65-83-88-102-111-126-135-149-164-209-

213-228-231-261-289-305-311-314-318)

ACEITAÇÃO – NA OPINIÃO DO BILL by passea

ACEITAÇÃO

“Na Opinião do Bill”

TUDO OU NADA

A aceitação e a fé são capazes de produzir cem por cento de sobriedade. De fato, elas

geralmente conseguem; e assim deve ser, caso contrário, não podemos viver. Mas a

partir do momento em que transferimos essas atitudes para nossos problemas

emocionais, descobrimos que só é possível obter resultados relativos. Ninguém pode, por

exemplo, livrar-se completamente do medo, da raiva e do orgulho. Consequentemente,

nesta vida não atingiremos uma total humildade nem amor. Assim, vamos ter que nos

conformar, com referência à maioria de nossos problemas, pois um progresso muito

gradual, às vezes é interrompido por grandes retrocessos. Nossa antiga atitude de “tudo

ou nada” terá que ser abandonada.

LUZ PROVENIENTE DE UMA ORAÇÃO

Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos

modificar. Coragem para modificar aquelas que podemos, e Sabedoria para distinguir

umas das outras.

Guardamos como um tesouro nossa “Oração da serenidade”, porque ela nos traz uma

nova luz que pode dissipar nosso velho e quase fatal hábito de enganar a nós mesmos.

No esplendor dessa oração, vemos que a derrota, quando bem aceita, não significa

desastre. Sabemos agora que não temos que fugir, nem deveríamos outra vez tentar

vencer a adversidade por meio de um outro poderoso impulso arrasador, que só pode nos

trazer problemas difíceis de serem resolvidos.

LIVRANDO-SE DE UMA “BEBEDEIRA SECA”

“Às vezes nós ficamos deprimidos. Disso sei muito bem; eu mesmo fui um campeão das

bebedeiras secas. Enquanto as causas superficiais constituíam uma parte do quadrado;

acontecimentos que precipitavam a depressão; estou consciente de que as causas

fundamentais eram muito mais profundas.

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“Intelectualmente, eu poderia aceitar minha situação, mas emocionalmente não.

“Para esses problemas, certamente não há respostas adequadas, mas parte da resposta

certamente se encontra no esforço constante para praticar todos os Doze Passos de A.

A.”

ACEITAÇÃO DIÁRIA

“Grande parte de minha vida foi passada repisando as faltas dos outros. Essa é uma das

muitas formas sutis e maldosas da auto-satisfação, que nos permite ficar

confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras

vezes dissemos: ‘Se não fosse por causa dele (ou dela), como eu seria feliz!”

Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos

como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma

humildade realista, sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar.

Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um

exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.

Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos

da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do terrorismo, eles podem ser a base

segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o

progresso espiritual.

A FORÇA NASCENDO DA FRAQUEZA

Se estamos dispostos a parar de beber, não podemos abrigar, de forma nenhuma, a

esperança de que um dia seremos imunes ao álcool.

Tal é o paradoxo da recuperação em A. A.: a força nascendo da fraqueza e da derrota

completa, a perda de uma vida antiga como condição para encontrar uma nova.

LIBERDADE ATRAVÉS DA ACEITAÇÃO

Admitimos que não podíamos vencer o álcool com os recursos que ainda nos restavam, e

assim aceitamos o fato de que só a dependência de um Poder Superior (mesmo que

fosse apenas nosso Grupo de A. A.) poderia resolver esse problema até aqui insolúvel.

No momento em que fomos capazes de aceitar inteiramente esses fatos, iniciou-se nossa

libertação da compulsão alcoólica.

Para a maioria de nós foi preciso grande esforço para aceitar esses dois fatos. Tivemos

que abandonar nossa querida filosofia de auto-suficiência. Não o conseguimos apenas

com a força de vontade; isso aconteceu como resultado do desenvolvimento da boa

vontade para aceitar esses novos fatos da vida.

Não fugimos nem lutamos, mas aceitamos. E então começamos a ser livres.

NENHUM PODER PESSOAL

“ A princípio, o remédio para minhas dificuldades pessoais parecia tão evidente que eu

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não podia imaginar um alcoólicos recusando a proposta que lhe fosse adequadamente

apresentada. Acreditando firmemente que Cristo pode fazer tudo, eu tinha a idéia

inconsciente de supor que Ele faria tudo por meu intermédio – quando e da maneira que

eu quisesse. Depois de seis longos meses, tive que admitir que ninguém tinha se

apoderado do Mestre – nem mesmo eu.

“Isso me levou à boa e saudável conclusão de que havia muitas situações no mundo

sobre as quais eu não tinha nenhum poder pessoal – que, se eu estava tão pronto a

admitir isso a respeito do álcool, devia admitir também em relação a muitas outras coisas.

Tinha que ficar quieto a muitas outras coisas. Tinha que ficar quieto e entender que Ele e

não eu, era Deus.”

OBSTÁCULOS EM NOSSO CAMINHO

Vivemos num mundo cheio de inveja. Em grau maior ou menor, todos são contaminados

por ela. Deste defeito certamente retiramos uma satisfação deturpada porém definida. Se

assim não fosse, porque poderíamos tanto tempo desejando o que não temos, em vez de

trabalhar para obtê-lo, ou furiosamente procurando qualidade que nunca teremos, em vez

de adaptarmo-nos aos fatos, aceitando-os?

Cada um de nós gostaria de viver em paz consigo mesmo e com seus semelhantes.

Gostaríamos de ser assegurados de que a graça de Deus pode fazer por nós aquilo que

não podemos.

Temos visto que os defeitos de caráter baseados em desejos imprevidentes a indignos

são obstáculos que bloqueiam nosso caminho em direção a esses objetivos. Agora

vemos, com clareza, que estivemos fazendo exigências irracionais a nós mesmos, aos

outros e a Deus.

DOIS CAMINHOS PARA OS MEMBROS MAIS ANTIGOS

Os fundadores de muitos grupos acabam por dividirem-se em duas categorias,

conhecidas na linguagem de A. A. como “velhos mentores” e “velhos resmungões”.

O velho mentor vê sabedoria na decisão do grupo de assumir sua própria direção e não

guarda ressentimento ao ver reduzido seu status. Seu julgamento, reforçado por

considerável experiência, é saudável: ele está disposto a ficar de lado, aguardando com

paciência os acontecimentos.

O velho resmungão está certamente convencido de que o grupo não pode caminhar sem

ele. Ele constantemente conspira para reeleger-se e continua sendo consumido pela auto

piedade. Quase todos os membros mais antigos de nossa sociedade passaram por isso,

em maior ou menor grau. Felizmente, a maior parte deles sobreviveu para se transformar

no velho mentor. Estes vêm a ser a verdadeira e duradoura liderança de A. A.

MAIS DO QUE CONFORTO

Quando me sinto deprimido, repito para mim mesmo declarações como estas: “O

sofrimento é a pedra de toque do progresso...” “Não tema o mal”... “Isso também vai

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passar”... “Essa experiência pode se transformar em benefício”.

Esses fragmentos de oração trazem muito mais do que um mero conforto. Eles me

mantêm no caminho da aceitação perfeita, dissolvem meus temas obsessivos de culpa,

depressão, revolta e orgulho; e às vezes me dão a coragem para mudar as coisas que

posso e sabedoria para perceber a diferença.

O APRENDIZADO NÃO TERMINA NUNCA

“Minha experiência, como antigo membro, é em alguns pontos paralela à sua e as de

muitos outros. Todos nós descobrimos que chega o momento em que não mais podemos

conduzir os negócios funcionais dos grupos, das áreas ou, em meu caso, de A. A. com

um todo. Em última análise, só valemos pelo exemplo espiritual que porventura tenhamos

dado. Nesta medida tornamo-nos símbolos úteis – e isso é tudo.”

“Tornei-me discípulo do movimento de A. A., ao invés do professor que eu outrora achava

que era”.

A OBSESSÃO E A RESPOSTA

A idéia de que de algum modo, algum dia, vai controlar e desfrutar da bebida constitui a

grande obsessão de todo bebedor anormal. A persistência dessa ilusão é incrível. Muitos

a perseguem até as portas da loucura e da morte.

O alcoolismo, e não o câncer, era minha doença. Mas qual a diferença? O alcoolismo não

era também um consumidor do corpo e da mente? O alcoolismo levaria mais tempo para

matar, mas o resultado era o mesmo. Então decidi, que se houvesse um grande Médico

que pudesse curar a doença do alcoolismo, o melhor que eu poderia fazer era procurá-Lo

imediatamente.

SATISFAÇÕES DE UMA VIDA CORRETA

Como é maravilhoso sentir que não precisamos nos distinguir especialmente de nossos

companheiros para podermos ser úteis e profundamente felizes. Poucos de nós podemos

ser líderes destacados, e nem queremos sê-lo.

O serviço prestado com alegria; as obrigações honestamente cumpridas; os problemas

bem aceitos ou resolvidos com a ajuda de Deus; a consciência de que em casa ou no

mundo lá fora somos parceiros num esforço comum; o fato de que aos olhos de Deus

somos todos importantes; a prova de que o amor dado livremente sempre traz retorno; a

certeza de que não estamos mais isolados e sós em prisões construídas por nós

mesmos; a segurança de que podemos nos ajustar e pertencer ao esquema de Deus –

essas são as satisfações de uma vida correta, que jamais poderiam ser substituídas por

qualquer pompa ou cerimônia ou por qualquer quantidade de posses materiais.

REVOLTA OU ACEITAÇÃO

Todos nós passamos por períodos em que somente podemos orar com o maior

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empenho. Às vezes, vamos ainda mais longe. Somos acometidos por uma revolta tão

doentia que simplesmente não conseguimos orar. Quando essas coisas acontecem, não

devemos achar que somos tão doentes. Devemos simplesmente voltar à prática da

oração, tão logo possamos, fazendo o que sabemos ser bom para nós.

Uma pessoa que persiste na oração encontra-se na posse de grandes dádivas. Quando

tem que lidar com situações difíceis, descobre que pode enfrentá-las. Pode aceitar a si

mesma e ao mundo que a cerca.

Pode fazer isso porque agora aceita um Deus que é Tudo – e que ama a todos. Quando

ela diz: “Pai nosso que estais no céu, santificado seja Teu nome”, ela quer dizer isso

profunda e humildemente. Quando em verdadeira meditação e portanto livre dos

clamores do mundo, sabe que está nas mãos de Deus, que seu destino final está

realmente seguro, aqui e no além, aconteça o que acontecer.

(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 6-20-30-44-49-109-114-131-138-148-169-194-254-

293)

HUMILDADE by passea

HUMILDADE

A palavra humildade, de acordo com nossa concepção, tem relação com nossos

sentimentos perante o Poder Superior. Essa humildade vem ligada ao sentimento de

espiritualidade e não a bens materiais.

Temos necessidade de praticá-la em todos os sentidos se quisermos crescer como seres

humanos pertencentes à irmandade do mundo, como o quer este nosso Poder Superior.

Dentre as muitas formas de defini-la, humildade significa: a virtude que nos dá o sentido

de como realmente somos.

Muitas vezes ela é interpretada como sendo fraqueza, rebaixamento, mas, a realidade, a

humildade é força, é aceitação, é a capacidade de pedir perdão e se perdoar.

Humildade é o ponto de partida para nosso crescimento espiritual, porque sem a

humildade não haveria a aceitação dos Passos, lemas e Tradições que são a base de

nossa reformulação de vida.

Encontramo-la logo no 1º Passo, quando admitimos que somos impotentes perante o

álcool, e que nossas vidas haviam-se desmoronado completamente à mercê dessa

doença.

No 2º Passo vamos encontrá-la na submissão ao Poder Superior e na admissão de no

passado nosso modo de pensar, agir e viver não era razoável e equilibrado. Contudo, a

experiência da vida não nos deixa duvidar que o ser humano não é todo sábio, nem todo

poderoso, nem capaz de um amor perfeito.

Essas qualidades pertencem a um ser Superior, segundo entendimento que cada um

tenha Dele.

Podemos entregar-lhe nossas tristezas, dissabores e pedir que nos ajude com sua

bondade infinita.

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No 3º Passo vamos encontrá-la na rendição incondicional ao Poder Superior quando

formos capazes de dizer: - Senhor, não sou capaz de resolver este problema sozinho,

preciso de Sua orientação e cuidados; ensina-me Sua vontade em relação a mim e a

farei.

Já no 4º Passo vamos precisar de humildade para podermos nos olhar honestamente e

fazer uma auto análise sincera do que realmente somos.

Talvez seja difícil e desagradável levar a cabo um inventário moral próprio e com toda

sinceridade, mas é um passo vital, se desejamos progredir.

No 5º Passo vamos encontrar a humildade na admissão de nossas falhas perante Deus,

perante nós mesmos e confidenciando-as a um outro ser humano de confiança. Tal

reconhecimento requer tanto humildade, como honestidade.

É muito mais fácil sermos honestos com outra pessoa do que conosco mesmos.

Até certo ponto todos nós somos tolhidos pela nossa necessidade de justificar as nossas

ações e palavras. Se admitirmos os nossos erros a nós mesmos, a Deus e a outro ser

humano, teremos uma vaga idéia da pessoa maravilhosa que poderemos ser.

No 6º Passo vamos encontrá-la na disposição em remover os nossos defeitos de caráter,

entregando-os ao Poder Superior para que nos ajude a eliminá-los.

Não podemos confiar somente nos nossos duvidosos poderes humanos. Tornamo-nos

capazes de ver também nossas qualidades como dádivas de Deus.

Não deveria eu compreender que Deus não remove um defeito para produzir um vácuo,

um vazio, mas sim, para dar lugar ao seu conceito de amor, bondade e tolerância?

No 7º Passo, encontramos a humildade na promessa de utilizarmos honestidade e

inteligência que são dádivas divinas para solucionarmos nossos problemas.

Essa rendição ante a vontade de Deus põe em movimento todo seu amoroso poder para

devolver às nossas vidas a ordem e serenidade.

Pedir a Deus humildemente que elimine nossas culpas é uma das mais nobres ações e

uma das melhores maneiras de orar que existe.

A palavra chave é humildade, o nosso reconhecimento de que necessitamos que um

Poder Superior a nós mesmos nos ajude a ver uma perspectiva real e a manter nossas

mentes abertas à verdade.

A humildade não requer submissão ou padecimentos, tudo isto encerra qualidades

negativas contra as quais não podemos nos rebelar.

A verdadeira humildade é da livre aceitação.

No 8º Passo vamos encontrar a humildade na disposição em admitir nossos erros de

modo que possamos limpar a nossa consciência de culpa.

O que fazer para livrar-nos de tal condição?

Fazendo uma relação de todas as pessoas com quem temos atuado mal, nos dispondo a

reparar o dano causado. A quem magoei?

Seguramente as pessoas mais próximas a mim: minha família – se consciente ou

inconscientemente carregamos este fardo de culpa, isto deve ser apagado fazendo

correções.

Somente então encontraremos paz de espírito e um padrão mais racional de

pensamentos e comportamento.

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A humildade é a boa vontade em fazer correções; muitas vezes cria a oportunidade de

fazê-las de maneira natural, espontânea e sem embaraços. E isso leva ao crescimento

espiritual.

Vamos encontrar a humildade no 9º Passo, na coragem de reparar os danos causados,

os desacordos e a falta de compreensão entre mim e meus parentes ou ex-amigos.

Um auto-exame honesto e prudente será necessário. Um casual pedido de desculpas,

por exemplo, raramente é suficiente para livrar-nos da culpa de críticas prejudiciais.

A melhor maneira de reparar os estragos é mudando nossas atitudes, adotando um trato

marcado pela constante bondade e compreensão.

No 10º Passo vamos encontrá-la na atenção suficiente de revisão e preparação para o

meu dia-a-dia, renovando meus esforços para progredir no desenvolvimento pessoal.

Olhar para dentro de si mesmo: ai que encontraremos todas as respostas.

No 11º Passo vamos encontrar a humildade na disposição de estar em comunhão com

nosso Poder Superior, pedindo-lhe apenas a capacidade de reconhecer Sua vontade,

pondo de lado todas as orações em que imponho minha vontade, instruindo a Deus sobre

o que queremos que faça por nós.

O objetivo das preces e das meditações é manter nossas mentes abertas a receptivas à

orientação.

Este processo de “escuta interior” orientará nossos pensamentos e ações e trará paz à

nossa existência.

“É Deus que nos dá forças e torna perfeito o nosso caminho”.

“Deus está presente em todas as criaturas, mas nem todas estão igualmente cientes de

sua presença”.

No 12º Passo vamos encontrar a humildade estando sempre dispostos a levar a

mensagem aos outros.

Essa necessidade está sempre ao meu redor se eu me mantiver suficientemente alerta

para reconhecê-la.

Ajudando os outros, também me ajudo.

Essa é a culminação triunfante – o resumo – dos Passos, é o reconhecimento de que

alcançamos uma profunda consciência de Deus e a nossa relação para com Ele, e que

estamos prontos para continuar o trabalho, levando aos outros a luz e a dignidade que

encontramos. Então, quando obtenho uma idéia clara e sensata de onde estou, qual o

caminho em que estou, passo a perceber que meu crescimento espiritual apenas

começou.

E quanto mais eu me conscientizar da minha capacidade, da minha pequenez e dividir

em porções o que eu posso fazer, as minhas desculpas e a minha importância ficam

ridículas e cômicas.

Assim, conscientizado de mim, tomo também consciência e fé de que Deus é bom e que

preciso Dele para abafar meu orgulho e saber então o significado da palavra Humildade.

No livro “O melhor de Bill”, Bill citou o seguinte trecho:

“Esta é a razão pela qual vejo humildade para o dia de hoje como aquele meio-termo

seguro e garantido entre esses extremos emocionais violentos. Trata-se de um lugar

tranqüilo onde posso manter perspectiva e equilíbrio suficientes para iniciar o meu

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próximo passo em direção à estrada claramente indicada que leva a valores eternos”.

(Fonte: Revista Vivência Nº 91 – Set/Out-2004 – Rubens A.. /Paulina/SP)

HUMILDADE – REFLEXÕES DIÁRIAS by passea

HUMILDADE – REFLEXÕES DIÁRIAS

Servindo meu irmão

O membro de A. A. fala ao recém-chegado, não com espírito de grandeza, mas com o

espírito de humildade e fraqueza.

Enquanto passam os dias em A. A. peço a Deus para guiar meus pensamentos e minhas

palavras ao falar. Neste labor de contínua participação na Irmandade, tenho muitas

oportunidades de falar. Assim, frequentemente peço a Deus para me ajudar a observar

meus pensamentos e palavras, que elas possam ser verdadeiras e próprias reflexões de

nosso programa; focalizar minhas aspirações mais uma vez para procurar Sua direção;

para me ajudar a ser realmente agradável e amável, prestativo e curativo, mas sempre

cheio de humildade e livre de qualquer traço de arrogância.

Talvez eu tenha que enfrentar atitudes ou palavras desagradáveis; recursos típicos do

alcoólico que ainda sofre. Se isto vier a acontecer, tomarei um momento para concentrar-

me em Deus; e então ser capaz de responder de uma perspectiva de compostura, força e

sensibilidade.

Uma caminho para a fé

A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir a fé. Toda reunião de A.

A. é uma segurança de que Deus nos levará de volta à sanidade, se soubermos nos

relacionar corretamente com Ele.

Minha última bebedeira deixou-me num hospital totalmente quebrado. Foi então que fui

capaz de ver passado flutuar na minha frente. Percebi que por causa da bebida, tinha

vivido todos os pesadelos que pudera haver imaginado. Minha própria teimosia e

obsessão para beber levaram-me para um abismo escuro de alucinações, apagamentos

e desespero. Finalmente vencido, pedi ajuda a Deus. Sua presença convenceu-me para

que acreditasse. Minha obsessão pelo álcool foi tirada e minha paranóia foi suspensa.

Não estou mais com medo. Sei que minha vida é saudável e sã.

Dois “magníficos padrões”

Todo o progresso de A. A. pode ser expressado em apenas duas palavras: humildade e

responsabilidade. Todo o nosso desenvolvimento espiritual pode ser medido, com

precisão, conforme nosso grau de adesão a estes magníficos padrões.

Conhecer e respeitar as opiniões, talentos e prerrogativas dos outros, e aceitar estar

errado, mostra-me o caminho da humildade.

Praticar os princípios de A. A. em todos os meus assuntos me leva a ser responsável.

Respeitar estes preceitos dá crédito à Quarta Tradição – e a todas as outras Tradições da

Irmandade.

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Alcoólicos Anônimos tem desenvolvido uma filosofia de vida cheia de motivações válidas,

rica dos mais altos e relevantes princípios e valores éticos, uma maneira de vida que

pode ser estendida além dos limites da população alcoólica. Para honrar estes preceitos,

preciso somente rezar e cuidar de cada companheiro como se cada um fosse meu irmão.

Afinal, livre

Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser

humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa

um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço

sincero de ser aquilo que poderíamos ser.

Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de

compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após

fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o

Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta

liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.

Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.

É bom ser eu mesmo

Inúmeras vezes os novatos procuram guardar para si certos fatos de suas vidas...

Desviaram-se para métodos mais fáceis... mas, não aprenderam o suficiente sobre a

humildade.

Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar

para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto”

nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo.

É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso

compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa

compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso

praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira

humildade. Métodos mais fáceis não funcionam.

Uma liberdade sempre crescente

É no Sétimo Passo que efetuamos a mudança em nossa atitude que nos permite, com a

humildade servindo de guia, sair de dentro de nós mesmos em direção aos outros e a

Deus.

Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam Dele e da

luz do Espírito, embarquei numa viagem mais gloriosa do que podia imaginar.

Experimentei libertação destas características que me mantinham escondido em mim

mesmo. Devido à humildade desta Passo, hoje me sinto limpo.

Sou especialmente consciente deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus

companheiros. Sei que Ele me concedeu forças para cumprir Sua vontade e me preparou

para qualquer pessoa ou coisa que possa surgir no meu caminho hoje. Estou realmente

em Suas mãos e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.

Sou um instrumento

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“Humildemente rogamos a Ele que nos livre de nossas imperfeições.”

O assunto de humildade é um dos mais difíceis. Humildade não é pensar menos do que

deveria de mim mesmo: humildade é reconhecer que eu faço bem certas coisas, é aceitar

cortesmente um elogio.

Deus pode somente fazer para mim o que Ele pode fazer através de mim. Humildade é o

resultado de saber que Deus é quem faz, não eu. Na luz desta percepção, como posso

ter orgulho de minhas realizações? Sou um instrumento, e qualquer trabalho que pareça

estar fazendo, está sendo feito por Deus através de mim. Peço a Deus diariamente que

remova minhas imperfeições, para que possa mais livremente continuar meus assuntos

de A. A. de “amor e serviço.”

Um momento decisivo

Um momento decisivo em nossas vidas chegou quando procuramos a humildade como

algo que realmente desejávamos, em vez de algo que precisávamos ter.

Ou a maneira de viver de A. A. Torna-se uma alegria ou eu volto para a escuridão e

desespero do alcoolismo. A alegria acontece em minha vida quando minha atitude em

relação a Deus e à humildade se tornam um desejo ao invés de uma carga. A escuridão

de minha vida transforma-se em uma luz radiante, quando eu compreendo que ser

verdadeiro e honesto ao fazer o meu inventário, resulta em minha vida ficar plena de

serenidade, liberdade e alegria.

A confiança em meu Poder Superior se aprofunda e o fluxo de gratidão se espalha

através de mim. Estou convencido de que ser humilde é ser verdadeiro e honesto ao

tratar comigo e com Deus. Então, humildade é algo que “realmente desejo”, ao invés de

ser “uma coisa que devo ter”.

Abandonando o centro do palco

Pois, sem certas doses de humildade, nenhum alcoólico poderá permanecer sóbrio...

Sem ela não podem viver uma vida de muita utilidade ou, com os contra-tempos,

convocar a fé que se necessita para enfrentar qualquer emergência.

Por que tanta resistência à palavra “humildade”? Eu não sou humilde ante outras

pessoas, mas para Deus, como eu O entendo. Humildade significa “mostrar um respeito

submisso” e ao ser humilde eu percebo que não sou o centro do universo. Quando bebia

eu era consumido pelo orgulho e o egocentrismo. Sentia o mundo todo girar em torno de

mim, que eu era o mestre do meu destino. A humildade me dá condições de depender

mais de Deus para me ajudar a vencer os obstáculos e minhas próprias imperfeições,

para que possa crescer espiritualmente. Preciso resolver mais problemas difíceis para

aumentar minha competência e, quando encontro os obstáculos da vida, preciso aprender

a superá-los com a ajuda de Deus.

Comunhão diária com Deus demonstra minha humildade, e me abastece com a

compreensão de que ser mais poderoso do que eu está disposto a me ajudar, se eu parar

de tentar representar o papel de Deus.

Humildade é uma dádiva

Já que colocávamos a confiança própria em primeiro lugar, permanecia fora de cogitação

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uma autêntica fé num Poder Superior. Faltava esse ingrediente básico de toda a

humildade, o desejo de solicitar e fazer a vontade de Deus.

Quando vim pela primeira vez para A. A., desejava encontrar um pouco da ilusória

qualidade chamada humildade. Não percebi que procurava por humildade porque

pensava que poderia me ajudar a conseguir o que eu queria, e que eu faria qualquer

coisa pelo outros se eu pensasse que Deus, de alguma forma, me recompensaria por

isto. Agora tento me lembrar que as pessoas que encontro durante o meu dia estão tão

próximas de Deus quanto eu poderia estar, enquanto estiver nesta terra. Preciso rezar

para saber a vontade de Deus hoje e ver como minha experiência com a esperança e a

dor pode ajudar outras pessoas; se posso fazer isto não preciso procurar humildade, ele

me encontrou.

Um ingrediente nutritivo

Apesar de que a humildade houvesse anteriormente representado uma alimentação

forçada, agora começa a significar o ingrediente nutritivo que pode nos trazer a

serenidade.

Quantas vezes me concentro em meus problemas e frustrações?

Quando estou tendo um “bom dia”, estes mesmos problemas diminuem em importância e

minha preocupação com eles se reduz. Não seria melhor se encontrasse a chave para

abrir “a mágica” de meus “dias bons” para usar no infortúnio dos meus “dias maus”?

Já tenho a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que meus

problemas desapareçam, posso rezar pedindo a humildade! A humildade curará a dor. A

humildade será tirada de mim mesmo. A humildade, esta força que me é concedida por

esse “Poder Superior a mim mesmo”, é minha, basta pedir! A humildade devolverá o

equilíbrio a minha vida. A humildade permitirá o equilíbrio a minha vida. A humildade

permitirá me aceitar alegremente como ser humano.

Orgulho

Há milhares de anos vimos querendo aumentar nossa parcela de segurança, prestígio e

romance. Quando parecia que estávamos tendo êxito, bebíamos para viver sonhos ainda

maiores. Quando estávamos frustrados, mesmo que pouco, bebíamos para esquecer.

Nunca havia o suficiente daquilo que julgávamos querer.

Em todos esses esforços, muitos dos quais bem intencionados, ficamos paralisados pela

nossa falta de humildade.

Havia-nos faltado a visão de que o aperfeiçoamento do caráter e os valores espirituais

deveriam vir primeiro, e que as satisfações materiais não constituíam o propósito da vida.

Repetidamente me aproximei do Sétimo Passo, somente para retroceder e me

reorganizar. Faltava alguma coisa e me escapava o impacto do Passo. O que eu não

havia visto direito? Uma palavra simples: lida mas ignorada, a base de todos os Passos,

na verdade de todo o programa de Alcoólicos Anônimos – essa palavra é “humildemente”.

Entendi meus defeitos: constantemente adiava meu trabalho; ficava com raiva facilmente;

sentia muita auto-piedade; e pensava: por que eu? Então me lembrei: “o orgulho sempre

vem antes da queda” e eliminei o orgulho e minha vida.

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“Uma medida de humildade”

Em todos os casos, o sofrimento havia sido o preço de ingresso para uma nova vida.

Porém, este valor de ingresso havia comprado mais do que esperávamos, trouxe uma

medida de humildade que logo descobrimos ser um remédio para a dor.

Foi doloroso deixar de tentar controlar minha vida, embora o sucesso me havia iludido e,

quando a vida ficava muito difícil, eu bebia para escapar. Aceitar a vida em seus termos,

é o que aprenderei através da humildade que experimento quando coloco minha vontade

e minha vida aos cuidados de Deus, como eu O entendo.

Com minha vida aos cuidados de Deus, o medo, a incerteza e a raiva não são mais

minhas respostas para aquelas situações da vida que eu preferiria não acontecessem

para mim. A dor de viver esses momentos será curada pelo conhecimento de que recebi

da força espiritual para sobreviver.

Rendição e autocrítica

Minha estabilidade proveio de tentar dar, não de exigir que me dessem.

É assim que penso que pode funcionar com a sobriedade emocional. Se olharmos cada

distúrbio que temos, grande ou pequeno, encontraremos em sua raiz uma dependência

doentia, e, em consequência, exigências doentias. Que possamos, com a ajuda de Deus,

entregar continuamente essas exigências alei jantes. Então nos poderá ser dada a

liberdade para viver e amar: poderemos então fazer um Décimo Segundo Passo para nós

mesmos e para os outros, em direção à sobriedade emocional.

Anos de dependência do álcool, como um alterador químico de meu humor, tiraram-me a

capacidade de interagir emocionalmente com meus companheiros. Pensava que tinha de

ser auto-suficiente, autoconfiante, e auto motivado num mundo de pessoas não

confiáveis. No final perdi minha dignidade e fiquei dependente, sem qualquer capacidade

para confiar em mim mesmo ou acreditar em qualquer outra coisa. Rendição e auto-

exame, enquanto compartilho com os que chegam, ajudam-me a pedir humildemente por

socorro.

Gratidão pelo que tenho

Durante este processo de aprendizagem, a respeito de humildade, o resultado mais

profundo de todos foi a mudança de nossa atitude sobre Deus.

Hoje minhas preces consistem principalmente em dizer “obrigado” ao meu Poder Superior

por minha sobriedade e pela maravilhosa generosidade de Deus, mas preciso também

pedir ajuda e força para colocar em prática a Sua vontade na minha vida. Não preciso

pedir a Deus a cada minuto para me socorrer de situações em que me coloco por não

fazer a Sua vontade. Agora minha gratidão parece estar ligada diretamente à humildade.

Enquanto tenho humildade para ser grato pelo que tenho, Deus continua me

abastecendo.

Defeitos removidos

Porém, agora as palavras: “Sozinho nada sou, o Pai é quem faz”, começaram a adquirir

um significado brilhante e animador.

Quando coloco o Sétimo Passo em ação, devo lembrar que não há espaço para

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preencher. Eu não digo, “humildemente peço a Ele para (preencher o espaço) remover

meus defeitos”.

Por anos eu preenchi o espaço imaginário com: “Ajuda-me!”, “Dá-me a coragem para!” E

com “Dá-me a força!”, etc. O Passo diz simplesmente que Deus removerá meus defeitos.

O único trabalho que devo fazer é “humildemente pedir”, o que, para mim significa pedir o

conhecimento de que por mim mesmo não sou nada, o Pai é que “Faz o trabalho”.

Peço para Deus decidir

“Peço que removas de mim todo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil,

a Ti aos meus semelhantes.”

Tenho admitido minha impotência e tomado a decisão de colocar minha vida e minha

vontade sob os cuidados de Deus, como eu O concebo, não sou eu quem decide quais

os defeitos serão removidos, nem a ordem em que os defeitos serão removidos. Peço a

Deus que decida quais os defeitos que me impedem de ser útil a Ele e aos outros e

então, humildemente,peço que os remova.

Impelidos

Impelidos por centenas de formas de medos, auto-ilusão, egoísmo e auto piedade,

pisamos nos pés dos outros e eles revidam.

Meu egoísmo era a força que me impelia para a bebida. Bebia para celebrar o sucesso e

bebia para afogar as minhas desgraças. Humildade é a resposta. Aprendo a entregar a

minha vontade e aminha vida aos cuidados de Deus. Meu padrinho me diz que o serviço

me mantém sóbrio. Hoje me pergunto: Procurei saber a vontade de Deus para comigo?

Prestei serviço a meu Grupo de A. A.?

Eu escolho o anonimato

Temos a certeza de que a humildade, expressa pelo anonimato, é a maior salva-guarda

que Alcoólicos Anônimos sempre poderá ter.

Uma vez que não existem regras em A. A., coloco-me onde quero estar e, portanto,

escolho o anonimato. Desejo que meu Deus me use, humildemente, como uma de suas

ferramentas neste programa. Sacrifício é a arte de dar de mim mesmo generosamente,

permitindo que a humildade substitua meu ego. Com a sobriedade, suprimo aquela ânsia

de gritar para o mundo:

“Eu sou um membro de A. A.” e experimento alegria e paz interior. Deixo as pessoas

verem as mudanças em mim e espero que elas perguntem o que me aconteceu. Coloco

os princípios de espiritualidade à frente de julgamentos precipitados, de fofocas e de

críticas. Desejo amor e carinho em meu Grupo, para poder crescer.

Uma mente aberta

A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir à fé...

Meu pensamento alcoólico me levou a acreditar que eu podia controlar a bebida, mas não

conseguia. Quando vim para A. A., percebi que Deus estava falando para mim através do

meu Grupo. Minha mente se abriu o suficiente para perceber que eu precisava de Sua

ajuda. Uma real e honesta aceitação de A. A. levou mais tempo, mas com ela veio a

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humildade. Sei como eu era insano, e hoje sou extremamente grato por ter minha

sanidade restaurada e ser um alcoólico sóbrio.

A nova e sóbria pessoa que sou, é muito melhor do que jamais eu poderia ter sido sem A.

A.

Guardiões ativos

Para nós, contudo, trata-se muito mais do que uma política salutar de relações públicas.

É mais do que uma negação do egoísmo. Esta Tradição é um lembrete permanente e

prático de que a ambição pessoal não tem lugar em A. A.

Nela cada membro se transforma num diligente guardião da nossa Irmandade.

O conceito básico de humildade é expresso na Décima Primeira Tradição. Ela me permite

participar completamente do programa numa maneira simples e profunda; ela preenche

minha necessidade de ser parte integral de um todo significativo. Humildade me traz mais

perto do espírito atual de companheirismo e unicidade, sem o qual eu não poderia

permanecer sóbrio.

Lembrando que todo membro é um exemplo de sobriedade, cada um vivendo a Décima

Primeira Tradição, posso experimentar liberdade porque cada um de nós é anônimo.

Uma genuína humildade

... que devemos conduzir-nos com a genuína humildade. Isto para que nossas grandes

bênçãos jamais nos estraguem: para que vivamos eternamente em grata contemplação

d’Aquele que reina sobre todos nós.

A experiência me ensinou que minha personalidade alcoólica tem tendência para o

grandioso. Mesmo que tiver, aparentemente, boas intenções, posso sair pela tangente

atrás de minhas “causas”. Meu ego toma conta e perco de vista o meu propósito primeiro.

Posso até tomar o crédito pela obra de Deus em minha vida. Esse sentimento exagerado

de minha própria importância é perigoso para a minha sobriedade e pode causar grande

dano a A. A. como um todo.

Minha salvaguarda, a Décima Segunda Tradição, serve para manter-me humilde.

Percebo, tanto como um indivíduo, como um membro da Irmandade, que não posso me

gabar de minhas façanhas, e que “Deus faz por nós o que não podemos fazer por nós

mesmos”.

Anonimato

O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da

necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

A Décima Segunda Tradição tornou-se importante nos primeiros dias de minha

sobriedade e, junto com os Doze Passos, continua a ser indispensável em minha

recuperação. Tornei-me consciente, após ingressar na Irmandade, de que tinha

problemas de personalidade. Assim, quando ouvi pela primeira vez a mensagem da

Tradição, estava muito claro: existe uma maneira imediata para, com os outros, encarar

meu alcoolismo e seus acompanhantes, a raiva e as atitudes defensivas e ofensivas. Vi a

Décima Segunda Tradição como sendo uma grande desinfladora do ego; ela aliviou a

minha raiva e me deu uma chance de utilizar os princípios do programa. Todos os

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Passos, e esta Tradição em particular, têm-me guiado por décadas de sobriedade

contínua. Sou grato àqueles que estavam aqui quando precisei deles.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 29-46-127-139-143-198-199-201-202-203-204-205-

206-207-208-210-213-227-250-300-342-354-373)

HUMILDADE – NECESSIDADE DE: NA OPINIÃO

DO BILL by passea

HUMILDADE – Necessidade de:

NA OPINIÃO DO BILL

Livres da escuridão

A auto-análise é o meio pelo qual trazemos uma nova visão, ação e graça para influir no

lado escuro e negativo de nosso ser. Com ela vem o desenvolvimento daquele tipo de

humildade, que nos permite receber a ajuda de Deus. No entanto, ela é apenas um

passo. Vamos querer ir mais longe. Vamos querer que o bem que está dentro de todos

nós, mesmo dentro dos piores, cresça e floresça. Mas, antes de tudo, vamos querer a luz

do sol; pouco se pode crescer na escuridão. A meditação é nosso passo em direção ao

sol.

“Uma luz clara parece descer sobre nós – quando abrimos os olhos. Uma vez que nossa

cegueira é causada por nossos próprios defeitos, precisamos primeiro conhecê-los a

fundo. A meditação construtiva é o primeiro requisito para cada novo passo em nosso

crescimento espiritual.”

A humildade em primeiro lugar

Encontramos muito em A. A. que antes pensavam, como nós, que humildade era

sinônimo de fraqueza. Eles nos ajudaram a nos reduzir ao nosso verdadeiro tamanho.

Com seu exemplo nos mostraram que a humildade e o intelecto poderiam ser

compatíveis, contanto que colocássemos a humildade em primeiro lugar. Quando

começamos a fazer isso, recebemos a dádiva da fé que funciona. Essa fé também é para

você.

Apesar da humildade primeiro ter significado uma humilhação, agora ela começa a

representar o ingrediente que pode nos trazer serenidade.

Caminho direto para Deus

“Acredito firmemente tanto na orientação como na oração. Mas estou bem consciente e

espero que humilde o suficiente para ver que não há nada de infalível em minha

orientação.

No momento em que acreditar que encontrei um perfeito caminho para Deus, eu me

tornarei egoísta o suficiente para entrar em verdadeira dificuldade. Ninguém pode causar

mais sofrimento desnecessário do que aquele que possui força e acha que a obteve

diretamente de Deus.”

Conquista material

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Nenhum membro de A. A. quer condenar os avanços materiais. Nem entramos em

discussão com muita gente que se agarra à crença de que satisfazer nossos desejos

básicos é o objetivo principal da vida. Mas estamos convencidos de que nenhum tipo de

pessoa no mundo jamais se atrapalhou tanto, tentando viver segundo esse pensamento,

como os alcoólicos.

Estávamos à procura de mais segurança, prestígio e romance. Quando parecíamos estar

sendo bem-sucedidos, bebíamos para viver sonhos ainda maiores. Quando estávamos

frustrados, mesmo um pouco, bebíamos para esquecer.

Em todas essas lutas, muitas delas bem-intencionadas, nosso maior obstáculo era nossa

falta de humildade. Faltava-nos ver que a formação do caráter e os valores espirituais

tinham que vir em primeiro lugar e que as satisfações materiais eram simplesmente sub-

produtos e não o principal objetivo da vida.

A verdadeira ambição e a falsa

Concentrávamos muito em nós mesmos e naqueles que nos cercavam. Sabíamos que

éramos cutucados, por medo ou ansiedade descabidos, a uma vida que levava à fama,

dinheiro e ao que supúnhamos que fosse liderança. Assim, o falso orgulho tornou-se o

outro lado da terrível moeda com a marca do “medo”. Simplesmente tínhamos que ser a

pessoa mais importante, a fim de encobrir nossas inferioridades mais profundas.

A verdadeira ambição não é aquilo que achávamos que era. Ela é o profundo desejo de

viver de maneira útil e caminhar humildemente, sob a Graça de Deus.

Rompa as paredes do ego

As pessoas que são impelidas pelo orgulho, inconscientemente não enxergam seus

defeitos. Os recém-chegados desse tipo certamente não precisam de consolo. O

problema é ajudá-los a descobrir uma trinca nas paredes construídas pelo seu ego,

através da qual a luz da razão possa brilhar.

Adquirir uma humildade maior é o princípio fundamental de cada um dos Doze Passos de

A. A., pois sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólico pode ser permanente

sóbrio.

Quase todos os Aas descobriram também que, a não ser que desenvolvam essa preciosa

qualidade, muito mais do que a necessária para se obter a sobriedade, ainda não têm

muita probabilidade de virem a ser verdadeiramente felizes. Sem ela não podem viver

com propósito útil ou, nas horas difíceis, apelar para a fé que pode enfrentar qualquer

emergência.

Respeito próprio através do sacrifício

No princípio sacrificamos o álcool. Tivemos que fazê-lo, ou ele nos teria matado. Mas não

poderíamos nos libertar do álcool a menos que fizéssemos outros sacrifícios. Tivemos

que jogar fora a auto justificação, a auto piedade e a raiva. Tivemos que nos livrar da

competição louca em busca do prestígio pessoal e grandes saldos bancários. Tivemos

que assumir a responsabilidade pelo nosso estado lamentável e deixar de culpar os

outros por isto.

Foram realmente sacrifícios? Sim, foram. Para obter suficiente humildade e respeito

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próprio a fim de permanecermos vivos, tivemos que abandonar o que tinha realmente

sido nosso bem mais querido – nossa ambição e nosso orgulho ilegítimos.

A humildade “perfeita”

Eu, por minha parte, tento encontrar a definição mais verdadeira de humildade que puder.

Ela não será a definição perfeita por que eu serei sempre imperfeito.

Nesse artigo, escolheria a definição seguinte: “A humildade absoluta consistiria num

estado de completa libertação de mim mesmo, na libertação de todas as exigências que

meus defeitos de caráter lançam tão pesadamente sobre mim agora. A humildade perfeita

seria a total boa vontade de, em todos os momentos e lugares, reconhecer e fazer a

vontade de Deus”.

Quando penso nessa visão, não preciso ficar desanimado porque nunca a atingirei, nem

preciso me encher da presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes.

Preciso apenas contemplar essa visão, deixando-a crescer e encher meu coração. Isto

feito, posso compará-la ao meu último inventário pessoal. Tenho então uma saudável

idéia de onde me encontro no caminho para a humildade. Vejo que minha caminhada em

direção a Deus apenas começou.

Ao reduzir-me ao meu verdadeiro tamanho, minhas preocupações comigo mesmo e o

sentimento de minha própria importância fazem-me rir.

A base de toda a humildade

Uma vez que estávamos convencidos de que poderíamos viver exclusivamente pela

nossa força e inteligência, tornava-se impossível a fé num Poder Superior.

Isto era assim, mesmo quando acreditávamos que Deus existia. Podíamos na verdade ter

as mais fervorosas crenças religiosas, que continuavam estéreis, porque nós mesmos

ainda tentávamos fazer o papel de Deus. Já que púnhamos a autoconfiança em primeiro

lugar não era possível uma verdadeira confiança num Poder Superior. Faltava aquele

ingrediente básico da humildade, o desejo de buscar e fazer a vontade de Deus.

Os racionaliza dores e os modestos

Nós, alcoólicos, somos os maiores racionaliza dores do mundo. Animados pela desculpa

de que estamos fazendo grandes coisas para o bem de A. A., podemos, ao quebrar o

anonimato, continuar com nossa antiga e desastrosa busca de poder e prestígio pessoal,

honras públicas e dinheiro – as mesmas ambições implacáveis que, quando frustradas,

certa vez nos conduziram à bebida.

O Dr. Bob era essencialmente uma pessoa muito mais humilde do que eu, e ele

compreendeu o anonimato muito facilmente. Quando ficou evidente que ele estava

mortalmente doente, alguns de seus amigos sugeriram que se erguesse um monumento

ou mausoléu em sua homenagem e de sua esposa Anne – algo digno de um fundador e

sua esposa. Falando-me a esse respeito, o Dr. Bob sorriu e disse: “Deus os abençoe.

Eles têm boa intenção. Mas vamos deixar que tanto você quanto eu sejamos enterrados

igual a qualquer outra pessoa”.

No cemitério de Akron, onde jazem o Dr. Bob e Anne, a lápide simples não diz sequer

uma palavra a respeito de A. A. Esse comovente e definitivo exemplo de modéstia tem

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um valor mais permanente para A. A. do que qualquer promoção pública ou monumento

grandioso.

Aceitando as dádivas de Deus

“Embora muito teólogos afirmem que as experiências espirituais súbitas representem

alguma distinção especial ou algum tipo de preferência divina, eu questiono esse ponto

de vista. Todo ser humano, qualquer que sejam seus atributos para o bem ou para o mal,

é uma parte da economia espiritual divina. Portanto, cada um de nós têm seu lugar, e não

posso aceitar que Deus pretenda elevar alguns mais do que outros.

“Dessa forma, é preciso que todos nós aceitemos qualquer dádiva positiva que

recebamos com profunda humildade, tendo sempre em mente que primeiro foram

necessárias nossas atitudes negativas, como um meio de nos reduzir a um estado tal que

nos deixasse prontos para receber uma dádiva positiva através da experiência da

conversão. Nosso próprio alcoolismo e a imensa deflação, que finalmente daí resultou,

constituem na verdade a base sobre a qual repousa nossa experiência espiritual.”

A arrogância e seu oposto

Um possível membro muito teimoso foi levado pela primeira vez a uma reunião de A. A.,

na qual dois oradores (ou talvez palestrantes), falavam sobre o tema “Deus, como eu O

concebo”. Suas atitudes manifestavam arrogância. De fato, o último orador se excedeu

em suas convicções teológicas.

Ambos estavam repetindo, o que eu fazia anos atrás. Em tudo o que diziam estava

implícita a mesma idéia: “Gente, ouçam o que estamos dizendo. Nós é que sabemos o

que é o verdadeiro A. A. – e é melhor que vocês o aceitem”.

O novo possível membro disse que tinha entendido e foi embora. Seu padrinho protestou

dizendo que isso não era o verdadeiro A. A., mas era tarde demais. Ninguém mais

conseguiu abordá-lo depois disso.

Considero a “humildade só por hoje” como uma postura sadia e segura, um meio do

caminho entre os violentos extremos emocionais. É um lugar tranqüilo, onde posso

manter a perspectiva necessária e o suficiente equilíbrio para dar mais um pequeno

passo no caminho claramente demarcado que conduz aos valores eternos.

Fé e ação

A educação e o treinamento religiosos de seu provável membro podem ser bem

superiores aos que você tenha. Nesse caso, ele vai duvidar que você possa acrescentar

alguma coisa, ao que ele já conhece. Mas desejará saber por que as próprias convicções

não funcionaram, enquanto as suas parecem funcionar bem. Talvez ele seja um exemplo

de que a fé sozinha não basta.

Para ser vital, a fé deve ser acompanhada de auto-sacrifício, altruísmo e ação construtiva.

Admita a possibilidade de ele saber mais a respeito de religião do que você, mas chame a

atenção dele para o fato de que, por mais profundas que sejam sua fé e educação

religiosa, essas qualidades não devem ter lhe servido muito, caso contrário ele não

estaria solicitando ajuda.

O Dr. Bob não precisava de mim para sua orientação espiritual. Ele tinha mais do que eu.

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Na verdade o que ele mais precisava, quando nos encontramos pela primeira vez, era de

uma profunda deflação e da compreensão, que somente um bêbado pode dar a outro. O

que eu precisava era de humildade, de esquecimento de mim mesmo e de estabelecer

um verdadeiro parentesco com outro ser humano de meu próprio tipo.

Uma Irmandade – muitas crenças

Como sociedade, nunca deveremos nos tornar vaidosos a ponto de supor que somos

autores e inventores de uma nova religião. Humildemente refletimos que cada um dos

princípios de A. A. foi retirado de fontes antigas.

Um ministro na Tailândia nos escreveu: “Levamos os Doze Passos de A. A. ao maior

mosteiro budista desta província, e o sacerdote responsável pela organização disse:

‘Esses passos são excelentes! Para nós, budistas, eles seriam ainda mais aceitáveis se

vocês tivessem inserido a palavra ‘bem’ em seus Passos, em vez de ‘Deus’. Entretanto,

vocês dizem nesses Passos que é um Deus como cada qual O concebe, e isso

certamente inclui o bem. Sim, os Doze Passos de A. A. certamente serão aceitos pelos

budistas aqui.’”

Os membros mais antigos de St. Louis recordam como o Padre Edward Dowling ajudou-

os a começarem seu grupo. Aconteceu de o grupo ser composto por uma grande maioria

de protestantes, mas isso não o perturbava em absoluto.

Humildade para a Irmandade, também

Nós, Aas, às vezes exageramos as virtudes de nossa Irmandade. Não nos esqueçamos

de que, na verdade, poucas dessas virtudes foram de fato conquistadas por nós. Para

começar, fomos forçados a elas pelo cruel chicote do alcoolismo. Finalmente as

adotamos, não porque o quiséssemos, mas sim porque fomos forçados a fazê-lo.

A seguir, à medida que o tempo ia confirmando a aparente correção de nossos princípios

básicos, começamos a nos conformar porque essa era a coisa certa a fazer. Alguns de

nós, e eu em especial, ajustamo-nos então, ainda que com alguma relutância.

Mas finalmente chegamos a um ponto onde passamos a desejar nos conformar com

alegria com esses princípios que a experiência, sob a graça de Deus, nos ensinou.

Em direção à maturidade

Muitos membros mais antigos, que têm submetido a “cura das bebedeiras” de A. A. a

severos mas bem-sucedidos testes, descobrem que frequentemente ainda lhes falta

sobriedade emocional. Para obter isto, precisamos desenvolver real maturidade e

equilíbrio (ou seja, humildade) em nossas relações com nós mesmos, com nossos

semelhantes e com Deus.

Não permitamos nunca que A. A. seja uma entidade fechada; não recusemos nunca

nossa experiência ao mundo que nos cerca, se ela puder ser útil e valiosa. Deixemos que

nossos membros, individualmente, atendam o chamado de cada um dos campos da

atividade humana. Deixemos que eles levem a experiência e o espírito de A. A. em todos

esses assuntos, seja qual for o bem que posam realizar. Pois Deus nos salvou apenas do

alcoolismo; o mundo nos recebeu de volta para a cidadania.

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A. A. em duas palavras

“Todo o progresso de A. A. pode ser expresso em apenas duas palavras: humildade e

responsabilidade. Todo nosso desenvolvimento espiritual pode ser medido, com precisão,

conforme nosso grau de adesão a esses magníficos padrões.

“Uma humildade sempre mais profunda, acompanhada por uma crescente boa vontade

para aceitar e cumprir com nossas responsabilidades – estas são realmente as pedras de

toque para todo o crescimento na vida do espírito. Elas nos proporcionam a essência do

bem, tanto no ser como no atuar. É por meio delas que conseguimos encontrar e fazer a

vontade de Deus.”

O único propósito

Há quem profetize que A. A. pode muito bem tornar-se uma nova ponta de lança para um

despertar espiritual no mundo todo. Quando nossos amigos dizem essas coisas, estão

sendo não só generosos como também sinceros. Mas nós, de A. A. devemos refletir que

tal homenagem e tal profecia podem acabar se transformando numa bebida tóxica para a

maioria de nós, se realmente viermos a acreditar que esse é o verdadeiro propósito de A.

A., e se começarmos a nos comportar dessa maneira.

Portanto, nossa sociedade deverá ajustar-se prudentemente a seu único propósito: o de

levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Tratemos de resistir à orgulhosa idéia de

que, se Deus nos permitiu o êxito numa área, estamos destinados a ser um meio de

graça salvadora para todos.

A humildade traz a esperança

Já que agora não mais patrocinamos bares e bordéis, já que levamos o salário para casa,

já que estamos tão ativos em A. A. e agora que as pessoas nos felicitam por esses sinais

de progresso – bem, naturalmente ficamos nos felicitando. Certamente ainda não

estamos muito perto de atingir humildade.

Deveríamos estar dispostos a tentar a humildade, procurando remover nossas

imperfeições, da mesma forma que fizemos quando admitimos que éramos impotentes

perante o álcool e viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia nos

devolver à sanidade.

Se a humildade pôde nos permitir encontrar a graça, através da qual pôde ser banida a

obsessão mortal do álcool, então deve haver esperança de se obter o mesmo resultado,

em relação a qualquer outro problema que possamos ter.

(Fonte: Na Opinião do Bill – páginas: 10-36-38-40-46-74-97-106-139-160-168-199-212-

223-226-244-271-304-325)

HUMILDADE – PARA HOJE – POR BILL by passea

HUMILDADE – para hoje

por Bill

Não pode haver nenhuma humildade absoluta para nós, seres humanos. Na melhor das

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hipóteses, podemos apenas vislumbrar o significado e o esplendor desse ideal perfeito.

Como diz o livro Alcoólicos Anônimos, “Não somos santos... reivindicamos o progresso

espiritual, ao invés da perfeição espiritual”. Apenas Deus em Si mesmo pode se

manifestar no absoluto; nós, seres humanos, temos que viver e crescer no domínio do

relativo. Buscamos a humildade para hoje.

Consequentemente, na prática, nos perguntamos: “Exatamente o que significa ‘humildade

para hoje’ e como a reconheceremos quando a encontrarmos?”

Dificilmente precisamos ser lembrados de que a culpa ou a revolta excessiva conduz à

pobreza espiritual. Mas passou-se muito tempo antes que percebêssemos que podíamos

ser ainda mais arruinados pelo orgulho espiritual. Quando nós, os primeiros Aas, tivemos

nosso primeiro vislumbre do quão espiritualmente orgulhosos podíamos ser, criamos a

expressão: “Não tente ficar maravilhosamente bem até Quinta feira!” Essa admoestação

dos velhos tempos pode parecer outro desses jeitosos álibis que podem nos desculpar

por não tentarmos fazer o melhor possível. Não obstante, uma análise mais apurada

revela exatamente o contrário. Esta é a nossa forma em A. A. de nos precavermos contra

a cegueira do orgulho e as perfeições imaginárias que não possuímos.

Agora que não freqüentamos mais bares e bordéis, agora que levamos o salário para

casa, agora que somos tão ativos em A. A. e que as pessoas nos parabenizam por esses

sinais de progresso – bem, naturalmente passamos a nos congratular com nós mesmos.

E todavia podemos não estar ao alcance da humildade. Pretendendo agir corretamente e

não obstante agindo mal, quantas vezes dissemos ou pensamos, “Meu plano é correto e

o seu é falho”, “Graças a Deus os seus pecados não são os meus”, “Você está

prejudicando A. A. e eu vou detê-lo”, “Eu tenho a orientação de Deus e portanto Ele está

do meu lado”, e assim por diante, infinitamente.

A coisa alarmante acerca dessa cegueira do orgulho é a facilidade com que ela é

justificada. Mas não precisamos ir muito longe para perceber que esse tipo de auto

justificação ilusória é um destruidor universal da harmonia e do amor. Ela coloca homens

contra homens e nações contra nações. Por meio dela, pode-se fazer com que toda as

formas de loucura e violência pareçam certas e até mesmo respeitáveis. É claro que não

cabe a nós condenar. Precisamos apenas investigar a nós mesmos.

Como podemos então trabalhar cada vez mais para reduzir nossa culpa, revolta e

orgulho?

Quando inventário esses defeitos, gosto de pintar um quadro e contar uma história a mim

mesmo. Meu quadro é aquele de uma Rodovia para a Humildade e minha história é uma

alegoria. Em um dos lados da minha Rodovia, vejo um grande pântano. Os acostamentos

da Rodovia acompanham um charco raso que finalmente se funde naquele lamaçal da

culpa e da revolta no qual me afundei tão frequentemente. A auto-destruição está lá à

espreita e eu sei disso. Mas o terrenos do outro lado da minha Rodovia parece excelente.

Vejo clareiras convidativas e, além delas, grandes montanhas. As incontáveis trilhas que

levam a essa terra agradável parecem seguras. Será fácil, penso eu, encontrar o caminho

de volta.

Juntamente com alguns amigos, decido tomar um rápido atalho. Escolhemos nosso

caminho e alegremente o seguimos. Sonhadoramente, alguém logo diz: “Talvez

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encontremos ouro no topo daquelas montanhas”. E então, para nossa surpresa, achamos

ouro – não pepitas dos regatos, mas sim moedas plenamente cunhadas. Uma das faces

dessas moedas apresenta a inscrição: “Isto é ouro puro – vinte e quatro quilates”. Com

toda certeza, pensamos, esta é a recompensa pelo nosso paciente e penoso caminhar de

volta para a eterna luminosidade da Rodovia.

Logo no entanto, começamos a notar as palavras na outra face das nossas moedas e

temos estranhos pressentimentos. Algumas delas ostentam inscrições muito atraentes:

“Eu sou o Poder”, “Eu sou a aclamação”, “Eu sou a riqueza”, “Eu sou a Retidão”, dizem

elas. Mas outras inscrições parecem muito estranhas. Por exemplo: “Eu sou a Raça

Suprema”, “Eu sou o Benfeitor”, “Eu sou as Boas Causas” e “Eu sou Deus”. Isso é muito

intrigante. Não obstante, embolsamos as moedas. Mas em seguida vêm aquelas

realmente chocantes e dizem: “Eu sou o Orgulho”, “Eu sou a Raiva”, “Eu sou a Agressão”,

“Eu sou a Vingança”, “Eu sou a Discórdia”, “Eu sou o Caos”. Reviramos então uma única

moeda – apenas uma – na qual se lê: “Eu sou o próprio Demônio”. E alguém entre nós

fica horrorizado e grita: “Isto é ouro de tolo e este é o paraíso dos tolos – vamos cair fora

daqui!”

Mas muito não querem voltar conosco. “Vamos ficar aqui e separar estas moedas

malditas”, dizem eles. “Escolheremos apenas aquelas que trazem as inscrições felizes.

Aquelas que dizem, por exemplo, ‘Poder’, ‘Glória’ e ‘Retidão’. Vocês vão se arrepender de

não terem ficado aqui” . Não é de se estranhar que tenham se passado muitos anos antes

que parte do nosso grupo original voltasse à Rodovia.

Essa é a história daqueles que juraram nunca voltar. Eles haviam dito: “Este dinheiro é

ouro de verdade e não venham nos dizer o contrário. Vamos acumular tudo que

pudermos. É claro que não gostamos dessas frases loucas. Mas há muita lenha aqui.

Vamos fundir tudo isso em bons e sólidos tijolos de ouro”. Então os recém-chegados

adicionaram: “Foi assim que o ouro do Orgulho levou nossos irmãos. Eles já estavam

discutindo acerca dos seus tijolos quando partimos. Alguns estavam feridos e outros

estavam morrendo. Eles haviam começado a se destruir uns aos outros”.

Esse quadro simbólico ilustra para mim graficamente como poderei conseguir a

“humildade para hoje”, apenas na medida em que for capaz de evitar o pântano da culpa

e da revolta, bem como aquela terra bela mas ilusória semeada com a moeda do

Orgulho. É assim que poderei encontrar e permanecer na Estada para a Humildade que

fica entre o pântano e a terra do outro lado. É portanto permanentemente necessário um

inventário constante que possa revelar quando estou saindo do caminho.

É claro que nossas primeiras tentativas desse inventário estão prontas a ser muito irreais.

Eu costumava ser um campeão da auto-avaliação irreal. Queria contemplar apenas a

parte da minha vida que parecia boa. Exagerava em quaisquer virtudes que supunha

haver conquistado. Em seguida eu me congratulava pelo grande trabalho que estava

realizando. Assim, minha auto-ilusão inconsciente nunca falhava em converter o meu

pequeno ativo bom em um sério passivo. Esse processo surpreendente era sempre

agradável, Isso naturalmente gerava uma terrível ansiedade por mais “realizações” e

ainda mais aprovação. Eu estava recaindo diretamente no padrão dos meus dias de

bebedeira. Lá estavam os mesmos velhos objetivos – poder, fama e aplauso. Além disso,

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eu dispunha do melhor álibi conhecido – o álibi espiritual. O fato de eu ter realmente um

objetivo espiritual sempre fez essa insensatez absoluta parecer perfeitamente justa. Eu

não conseguia diferenciar uma moeda boa de outra ruim; era uma fundição de ouro em

tijolos da pior espécie. Lamentarei para sempre os prejuízos que causei às pessoas ao

meu redor. Na realidade, estremeço ainda quando percebo o que poderia ter feito para A.

A. e seu futuro.

Naquela época, eu não estava muito preocupado acerca das áreas vitais nas quais

estava imobilizado. Sempre havia um álibi. “Afinal de contas”, dizia a mim mesmo, “estou

ocupado demais com questões muito mais importantes”. Essa era a minha prescrição

quase perfeita para o conforto e a complacência.

Mas ocasionalmente eu tinha simplesmente que enfrentar determinadas situações onde,

frente a frente, estava me saindo muito mal. De imediato, estabelecia-se uma

assombrosa revolta. Em seguida, a procura de desculpas tornava-se frenética. “Essas

são na realidade as falhas de um homem bom”, exclamava eu. Quando esse truque

preferido finalmente se desmantelava, eu pensava: “Bem, se essa gente ao menos me

tratasse direito, eu não teria que me comportar desse jeito”. A desculpa seguinte era:

“Deus sabe muito bem que eu tenho medonhas compulsões. Não consigo simplesmente

superar essa. Assim, Ele terá que me libertar”. Finalmente vinha o instante em que eu

gritava: “Isso eu positivamente não farei; nem mesmo tentarei”. É claro que meus conflitos

continuavam se acumulando, porque eu simplesmente estava cheio de desculpas e

recusas.

Quando esses problemas haviam finalmente me esgotado o suficiente, havia ainda uma

outra fuga. Eu começava a vadear no pântano da culpa. Lá, o orgulho e a revolta cediam

espaço à depressão. Embora as variações fossem muitas, meu tema principal sempre

era: “Eu sou horrível”. Assim como havia exagerado minhas modestas conquistas através

do orgulho, assim eu exagerava agora meus defeitos através da culpa. Eu corria por aí

confessando tudo (e muito mais!) a quem quer que me ouvisse. Acreditem ou não, eu

tomava isso como uma grande humildade da minha parte e contava com isso como meu

único ativo e consolação remanescentes!

Durante esse ataques de culpa, nunca havia um arrependimento decente pelos males

que eu havia causado, nem propósito algum de fazer reparações conforme pudesse.

Nunca me ocorreu a idéia de pedir perdão a Deus, muito menos de perdoar a mim

mesmo. É claro que minha deficiência realmente grande – orgulho e arrogância

espirituais – nunca era examinada. Eu havia desligado a luz por meio da qual poderia tê-

la enxergado.

Acredito hoje que posso estabelecer uma clara conexão entre minha culpa e meu

orgulho. As duas atitudes recebiam, com certeza, atenção. Quando orgulhoso eu podia

dizer: “Olhem para mim, eu sou maravilhoso”. Na culpa eu resmungava: “Sou horrível”.

Consequentemente, a culpa é na realidade o verso da moeda do orgulho. A culpa

objetiva, a auto-destruição e o orgulho vida a destruição dos outros.

É por essa razão que veja a “humildade para hoje” como a posição segura entre esses

dois extremos emocionais exagerados. Ela é um lugar calmo onde posso manter uma

perspectiva e um equilíbrio suficientes para dar meu pequeno passo seguinte no caminho

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nitidamente demarcado que leva aos valores eternos.

Muitos de nós experimentaram oscilações emocionais muito maiores que as minhas.

Outros experimentaram menos. Mas todos nós as experimentamos às vezes. Acredito no

entanto que não precisamos lastimar esses conflitos. Eles parecem ser uma parte

necessária do crescimento emocional e espiritual. Eles são a matéria-prima a partir da

qual tem que ser realizado grande parte do nosso progresso.

Alguém duvida que A. A. não passe de um poço transbordante de dor e conflito? A

resposta é: “Claro que não”. Em grande parte, nós Aas realmente encontramos a paz.

Embora intermitentemente, conseguimos atingir uma crescente humildade cujos

dividendos foram a serenidade e a alegria legítima. Não nos desviamos mais tanto quanto

fazíamos.

No início dessa meditação, acreditava-se que os ideais absolutos estivessem muito além

do nosso alcance ou mesmo da nossa compreensão; que careceríamos tristemente de

humildade se realmente achássemos que podíamos atingir algo como a perfeição

absoluta neste breve intervalo de existência terrena. Essa presunção seria certamente o

ápice do orgulho espiritual.

Raciocinando dessa forma, muitas pessoas não fazem nenhuma concessão relativa aos

valores espirituais absolutos. Os perfeccionistas, afirmam elas, ou estão cheios de

presunção porque imaginam que atingiram algum objetivo impossível, ou então estão

atolados na auto-condenação porque não fizeram na disso.

Penso que não devemos sustentar essa visão. Não é culpa dos grandes ideais que eles

sejam ocasionalmente mal-utilizados, tornando-se assim desculpas esfarrapadas para a

culpa, a revolta e o orgulho. Por outro lado, não poderemos crescer muito a menos que

tentemos constantemente vislumbrar quais são os eternos valores espirituais. Como diz o

Décimo Primeiro Passo do programa de recuperação de A. A.: “Procuramos melhorar,

através da prece e da meditação, nosso contato com Deus na forma que O concebíamos,

rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós e forças para realizar

esta vontade”. Isso certamente significa que devemos nos voltar Para Perfeição de Deus

como nosso guia, ao invés de como o objetivo a ser atingido em algum período de tempo

previsível.

Tenho certeza de que, por exemplo, devo procurar a melhor definição de humildade que

me seja possível conceber. Essa definição não terá que ser absolutamente perfeita – sou

apenas solicitado a tentar. Suponhamos que eu escolha uma definição como essa: “A

humildade perfeita seria um estado de completa libertação de mim mesmo, libertação de

todas a s exigências que meus defeitos de caráter me impõe agora tão pesadamente. A

humildade perfeita seria uma disposição total, permanente e une presente para descobrir

e cumprir a vontade de Deus”.

Quando medito sobre essa concepção, não preciso desanimar porque nunca a atingirei,

nem preciso ficar cheio de mim por presumir que qualquer dia desse possuirei todas

essas virtudes.

Preciso apenas apoiar-me na própria concepção, deixando-a crescer e preencher cada

vez mais o meu coração. Feito isso, posso compará-la ao meu último inventário pessoal.

Terei então uma idéia lúcida e sadia de onde realmente me encontro na Rodovia para

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Humildade. Percebo que minha jornada em direção a Deus apenas começou. A medida

que sou reduzido ao meu tamanho e estatura corretos, minha auto-centralização e minha

importância tornam-se divertidas. Cresce então a certeza de que tenho um lugar nessa

Rodovia, de que posso avançar ao longo dela com uma paz e uma confiança cada vez

mais profundas. Percebo mais uma vez que Deus é bom, que não preciso temer o mal.

Esta é uma enorme dádiva, essa percepção de que a um destino para mim.

A medida em que continuo a contemplar a perfeição de Deus, descubro ainda mais uma

alegria. Em criança, ouvindo a minha primeira sinfonia, senti-me arrebatado por uma

indescritível harmonia embora pouco entendesse de onde ou como ela surgirá. Assim,

quando ouço a Música das Esferas de Deus, posso ouvir novamente aqueles couros

divinos através dos quais sou informado de que o grande compositor me ama – e de que

eu O amo.

(Fonte: O melhor de Bill – paginas: 36 a 47)

HUMILDADE – CAMINHOS PARA: – NA OPINIÃO

DO BILL by passea

HUMILDADE – Caminhos para:

NA OPINIÃO DO BILL

Nas mãos de Deus

Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram

quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que

pudéssemos ter planejado.

Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar

no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosas

obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe Deus, que

Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”

De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha

mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de

espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase

passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro

mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma

maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos

pregadores!”

Buscando o ouro do insensato

O orgulho é o grande causador da maioria das dificuldades humanas, o principal

obstáculo ao verdadeiro progresso. O orgulho nos induz a exigir de nós e dos outros; e as

exigências não podem ser cumpridas sem perverter ou fazer mau uso dos instintos que

Deus nos deu. Quando a satisfação de nossos instintos em relação ao sexo, segurança e

posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho entre em cena

para justificar nossos excessos.

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Posso alcançar a “humildade por hoje” apenas na medida em que sou capaz de evitar,

por um lado, o lamaçal de sentimentos de culpa e revolta, e por outro, essa bela mas

esmagadora terra semeada de moedas de ouro do orgulho do insensato. É assim que

posso encontrar e permanecer no verdadeiro caminho da humildade, que está situado

entre esses dois extremos. Logo, é necessário um inventário constante que possa

mostrar quando me afasto do caminho.

O sistema econômico de Deus

“No sistema econômico de Deus, nada é desperdiçado. Através do fracasso, aprendemos

uma lição de humildade que é provavelmente necessária, por mais dolorosa que seja.”

Nem sempre chegamos mais perto da sabedoria por causa de nossas virtudes; nossa

melhor compreensão frequentemente tem fundamento nos sofrimentos de nossos antigos

desatinos. Pelo fato disso ter sido a essência de nossa experiência individual, é também a

essência de nossa experiência como irmandade.

Aceitação diária

“Grande parte de minha vida foi passada repisando as faltas dos outros. Essa é uma das

muitas formas sutis e maldosas de auto-satisfação, que nos permite ficar

confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras

vezes dissemos: ‘Se não fosse por causa dele (dela), como eu seria feliz!’”

Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos

como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma

humildade realista sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar.

Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um

exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.

Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos

da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do derrotismo, eles podem ser a base

segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o

progresso espiritual.

Não podemos viver sozinhos

Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para irmos contra nossas desejos naturais;

todos eles reduzem nosso ego. Quando se trata da redução do ego, poucos Passos são

mais duros de aceitar do que o Quinto Passo. Dificilmente qualquer um deles é mais

necessário à sobriedade prolongada e à paz de espírito.

A experiências de A. A. nos ensinou que não podemos viver sozinhos e com os

problemas que nos pressionam e com os defeitos de caráter que os causam ou agravam.

Se passarmos o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele mostrar, para

nosso alívio, aquelas experiências que preferimos não lembrar, então se torna mais

urgente do que nunca desistirmos de viver sozinhos com aqueles atormentadores

fantasmas do passado. Temos que falar deles para alguém.

Não podemos depender totalmente dos amigos para resolver todas as nossas

dificuldades. Um bom conselheiro nunca pensará em tudo, por nós. Ele sabe que a

escolha final deve ser nossa. Entretanto, ele pode ajudar a eliminar o medo, oportunismo

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e a ilusão, tornando-nos capazes de fazer escolhas afetuosas, prudentes e honestas.

Coragem e prudência

Quando o medo persistiu, nós já o conhecíamos e fomos capazes de lidar com ele.

Começamos a ver cada adversidade como uma oportunidade enviada por Deus para

desenvolver a espécie de coragem que nasce há humildade não do desafio.

A prudência é um terreno trabalhável, um canal de navegação seguro entre os obstáculos

do medo de um lado e descuido do outro. A prudência na prática cria um clima definido, o

único clima em que a harmonia, eficiência e progresso espiritual firmes podem ser

conseguidos.

“A prudência é o interesse racional sem preocupação.”

A humildade perfeita

Eu, por minha parte, tento encontrar a definição mais verdadeira de humildade que puder.

Ela não será a definição perfeita porque eu serei sempre imperfeito.

Nesse artigo, escolheria a definição seguinte: “A humildade absoluta consistiria num

estado de completa libertação de mim mesmo, na libertação de todas as exigências que

meus defeitos de caráter lançam tão pesadamente sobre mim agora. A humildade perfeita

seria a total boa vontade de, em todos os momentos e lugares, reconhecer e fazer a

vontade de Deus”.

Quando penso nessa visão, não preciso ficar desanimado porque nunca a atingirei, nem

preciso me encher da presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes.

Preciso apenas contemplar essa visão, deixando-a crescer e encher meu coração. Isto

feito, posso compará-la ao meu último inventário pessoal. Tenho então uma saudável

idéia de onde me encontro no caminho para a humildade. Vejo que minha caminhada em

direção a Deus apenas começou.

Ao reduzir-me ao meu verdadeiro tamanho, minhas preocupações comigo mesmo e o

sentimento de minha própria importância fazem-me rir.

“Admitimos perante Deus...”

Desde que você não esconda nada, ao fazer o Quinto Passo, sua sensação de alívio

aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de seu

confinamento e, milagrosamente, desaparecem à medida que são reveladas. Com a

diminuição da dor, uma tranqüilidade restauradora toma seu lugar. E quando a humildade

e a serenidade estiverem assim combinadas, pode acontecer algo de grande significação

para nós.

Muitos Aas, anteriormente agnósticos ou ateus, nos dizem que foi nessa fase do Quinto

Passo que de fato sentiram, pela primeira vez, a presença de Deus. E mesmo aqueles

que já tinham fé, muitas vezes tomaram consciência de Deus como nunca antes.

Guia para um caminho melhor

Quase nenhum de nós gostou da idéia do auto-exame, da redução do orgulho e da

confissão das imperfeições que os Passos requerem. Mas vimos que o programa

realmente funcionava para os outros e viemos a acreditar na desesperança da vida tal

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como estávamos vivendo.

Portanto, quando fomos abordados por aquelas pessoas que tinham resolvido o

problema, só nos restou apanhar o simples conjunto de instrumentos espirituais que

puseram ao nosso alcance.

Nas Tradições de A. A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas

falhas. Confessamos que temos defeitos de caráter, como sociedade, e que esses

defeitos nos ameaçam continuamente. Nossas Tradições são um guia para melhores

formas de trabalhar e de viver, e representam para a sobrevivência e harmonia do grupo

o que os Doze Passos de A. A. representam para a sobriedade e paz de espírito de cada

membro.

Percepção da humildade

Uma melhor percepção da humildade inicia uma mudança revolucionária em nossa

maneira de ver. Nossos olhos começam a se abrir aos imensos valores resultantes do

doloroso esvaziamento do ego. Até agora, dedicamos grande parte de nossas vidas a

fugir do sofrimento e dos problemas. A fuga através da garrafa foi sempre nossa solução.

Então, em A. A., observamos e escutamos. Por todo lado vimos o fracasso e a miséria

transformados pela humildade em valores inestimáveis.

Para quem tem progredido em A. A., a humildade significa uma claro reconhecimento do

que e de quem realmente somos, seguido de uma tentativa sincera de nos tornar aquilo

que poderíamos ser.

Entre os extremos

“ verdadeira questão é se podemos aprender de nossas experiências algo que sirva de

base para podermos crescer e para ajudar outros a crescerem à imagem e semelhança

de Deus.

“Sabemos que se nos negarmos a fazer aquilo que é razoavelmente possível para nós,

seremos castigados. E também seremos castigados se pretendermos ter uma perfeição

que simplesmente temos.

“Aparentemente o caminho da relativa humildade e progresso deve estar entre esses

extremos. Em nosso lento progresso em abandonar a rebeldia, a verdadeira perfeição

está sem dúvida muito distante.”

O começo da humildade

“Há poucos pontos absolutos inerentes aos Doze Passos. Quase todos os Passos estão

abertos à interpretação baseada na experiência e na visão do indivíduo.

“Consequentemente, o indivíduo é livre para começar os Passos no ponto em que puder

ou quiser. Deus, como nós O concebemos, pode ser definido como um ‘Poder maior...’

ou, como o Poder Superior. Para milhares de membros, o próprio grupo de A. A. tem sido,

no início, um ‘Poder Superior’. Esse reconhecimento é fácil de aceitar, se o recém-

chegado sabe que os membros, em sua maioria, estão sóbrios e ele não.

“Sua admissão é o começo da humildade – pelo menos o recém-chegado está disposto a

renunciar à idéia de que ele mesmo é Deus. Isso é tudo o que ele precisa para começar.

Se, continuando esta admissão, ele relaxar e praticar todos os Passos que

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puder,certamente crescerá espiritualmente.”

Alcançando a humildade

Percebemos que não precisávamos sempre apanhar e levar cacetadas para ter

humildade. Ela poderia ser alcançada seja se a procurássemos voluntariamente, seja

pelo constante sofrimento.

Em primeiro lugar, procuramos obter um pouco de humildade, sabendo que morreremos

de alcoolismo se não o fizermos. Depois de algum tempo, embora ainda possamos nos

revoltar, até certo ponto, começamos a praticar a humildade, porque essa é a coisa certa

a se fazer.

“Chega então o dia em que, finalmente livres da revolta, praticamos a humildade, porque

no fundo a queremos como um modo de vida.”

Complete a limpeza da casa

Muitas vezes, os recém-chegados procuram guardar para si mesmos os fatos

desagradáveis referentes às suas vidas. Tentando evitar a experiência humilhante do

Quinto Passo, eles tentaram métodos mais fáceis. Quase sem exceção se embriagaram...

Tendo preservado no resto do programa, perguntavam-se porque tinham recaído.

Acho que a razão é que eles nunca completaram a limpeza de sua casa. Fizeram seu

inventário, mas continuaram agarrados a alguns de seus piores defeitos. Eles somente

pensaram que tinham perdido seu egoísmo e medo. Somente pensaram que tinham se

humilhado. Mas não tinham aprendido o suficiente sobre humildade, coragem e

honestidade. Até que contaram a outra pessoa toda a sua vida.

Perfeição – apenas um objetivo

Nós, seres humanos, não podemos ter humildade absoluta. No máximo podemos apenas

vislumbrar o significado e o esplendor desse perfeito ideal. Só Deus pode Se manifestar

no absoluto; nós seres humanos, precisamos viver e crescer no domínio do relativo.

Assim sendo, buscamos progredir na humildade para hoje.

Poucos de nós estão prontos para sequer sonhar com a perfeição moral e espiritual;

queremos apenas nos desenvolver tanto quanto esteja ao nosso alcance nessa vida, de

acordo, é claro, com as mais variadas idéias que cada um tenha sobre o que esteja ao

seu alcance. Lutamos equivocadamente para alcançar objetivos determinados por nós

mesmos, em vez de lutar pelo objetivo perfeito, que é o objetivo de Deus.

O instinto de viver

Quando homens e mulheres ingerem tanto álcool a ponto de destruir suas vidas,

cometem um ato totalmente antinatural. Contrariando seu desejo instintivo de auto

preservação, parecem estar inclinados à auto destruição. Lutam contra seu mais profundo

instinto.

Á medida que vão progressivamente se humilhando pela terrível surra administrada pelo

álcool, a graça de Deus pode penetrar neles e expulsar sua obsessão. Aqui, seu

poderoso instinto de viver pode cooperar plenamente com o desejo de seu Criador de

lhes dar uma nova vida.

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“A característica central da experiência espiritual consiste em dar a quem a experimenta

uma nova e melhor motivação, fora de qualquer proporção com qualquer processo de

disciplina, crença ou fé.

“Essas experiências não podem nos tornar íntegros de uma vez; constituem um

renascimento a uma nova e verdadeira oportunidade.”

Precisamos a ajuda de fora

Era evidente que uma auto-avaliação, feita a sós, e admissão de nossos defeitos,

baseada só nessa avaliação, nem de longe seriam suficientes. Tínhamos que ter ajuda de

fora, se quiséssemos saber e admitir a verdade a nosso respeito – a ajuda de Deus e de

um outro ser humano.

Somente através de uma discussão sobre nós mesmos, sem esconder nada, somente

com a disposição de seguir conselho em direção ao pensamento correto, à honestidade

sólida e à verdadeira humildade.

Se estivermos nos enganando, um conselheiro competente pode rapidamente percebê-lo.

E, à medida que ele habilmente nos afasta de nossas fantasias, ficamos surpresos ao

descobrir que vamos tendo poucos dos costumeiros ímpetos de nos defender das

verdades desagradáveis. De nenhuma outra forma podem desaparecer tão prontamente

o medo, o orgulho e a ignorância. Depois de certo tempo, percebemos que estamos

numa nova base firme para a integridade, e agradecidos damos crédito a nossos

padrinhos, cujos conselhos nos indicaram o caminho.

Para matar ou curar o sofrimento

“Acredito que quando éramos alcoólicos ativos, bebíamos principalmente para acabar

com o sofrimento de um tipo ou de outro – físico, emocional ou psíquico. É claro que cada

pessoa tem um ponto fraco, e suponho que você tenha encontrado o seu – por essa

razão é que recorremos à garrafa outra vez.

“Se eu fosse você, não me culparia tanto por isso; por outro lado, a experiência deveria

redobrar sua convicção de que o álcool não tem um poder permanente para acabar com

o sofrimento”.

Em cada história de A. A., o sofrimento tinha sido o preço da admissão para uma nova

vida. Mas esse preço tinha comprado mais do que esperávamos. Ele trouxe humildade,

que logo descobrimos que era um remédio para o sofrimento. Começamos a ter menos

medo do sofrimento e a desejar a humildade mais do que nunca.

Desde a raiz principal

O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura, sem que antes

admitamos a derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade

toda.

É dito a todo recém-chegado, e logo ele percebe por si mesmo, que sua humildade

admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à

libertação de seu jugo embriagador.

Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas

o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma

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visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano,

trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são as

coisas que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira

dedicada ao egocentrismo não pode ser mudada de repente.

Contado o pior

Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: “Como sou terrível!”

Do mesmo modo como muitas vezes, por orgulho, exagerava minhas mais modestas

qualidades, também exagerava meu defeitos através do sentimento de culpa. Em todos

os lugares, eu vivia confessando tudo (e mais um pouco) a quem quisesse me ouvir.

Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros era uma grande

humildade de minha parte e considerava isso um consolo e um grande bem espiritual.

Porém, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos

danos que causei aos outros. Esses episódio eram apenas a base para contar histórias e

fazer exibicionismo. Junto com essa compreensão, veio o começo de um certo grau de

humildade.

Nosso manto maior

Quase todo jornalista que vai fazer uma reportagem sobre A. A. se queixa, a princípio, da

dificuldade de escrever sua matéria sem citar nomes. Mas esquece rapidamente esta

dificuldade quando compreende que este é um grupo de pessoas que não se preocupa

de forma alguma com o aplauso.

Provavelmente é a primeira vez em sua vida que ele faz uma reportagem sobre uma

organização onde ninguém quer publicidade pessoal. Por mais cético que ele seja, essa

sinceridade evidente o transformará num amigo de A. A.

Movidos pelo espírito do anonimato, enquanto membros de A. A. tentamos deixar de lado

nossos desejos naturais de distinção pessoal, tanto entre nossos companheiros

alcoólicos como ante o público em geral. À medida que deixamos de lado estas

aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós contribui para tecer um

manto protetor que cobre toda nossa sociedade e sob o qual podemos crescer e trabalhar

em unidade.

(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 2-12-31-44-83-91-106-126-149-156-159-191-211-

213-236-246-248-291-305-311-316)

A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O

ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA HUMILDADE by passea

A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA

HUMILDADE

Uma criação em lar religioso me incutiu uma noção de humildade sempre ligada a ficar de

joelhos. Na minha vida adulta engrossei o caudal daqueles que vêem humildade

intimamente relacionada à pobreza. Foi difícil entender o sentido de humildade. Em A. A.

me foi mostrado que nossos Doze Passos refletem um conteúdo de humildade, quase

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sempre ao lado da fé.

Foi relativamente fácil relacionar um conteúdo de humildade com a heterogênica

composição de nossa Unidade. Entendia humildade como a minha coexistência no Grupo

em pé de igualdade com companheiros menos providos de recursos ou de escolaridade.

Aceitei essa condição de bom grado. Acresce que a não-religiosidade de A. A. me

liberava de ver a humildade em atitude de genuflexão.

Foi cômodo formar uma convicção de que o A. A. teria uma concepção diferente de

humildade. Levou tempo para que percebesse que não existem distintas acepções de

humildade.

Talvez a descrição que alguém possa fazer da humildade contenha uma visão particular

que de forma alguma destoa do significado único.

Em dicionários encontrei definições secundárias de humildade, que contemplavam uma

noção de modéstia, pobreza e ainda respeito, reverência e submissão. Contudo, em

destaque, a definição: Humildade: virtude que nos dá o sentimento de nossa fragilidade.

A aceitação de nossa condição humana.

A aceitação de nossa condição humana nos tira a veleidade de sermos Deus. Essa

mesma aceitação de nossa humildade nos põe, de imediato, em nível de igualdade com

as criaturas e nos induz mais facilmente ao reconhecimento de um Criador. Daí a total

desnecessidade de darmos relevo à nossa personalidade. Daí a importância de nos

despirmos dos atos que nos destacam. Daí a convicção plena de que nosso maior

tesouro está em nossas intenções.

E que a pura alegria de nosso sentimento íntimo, vale mais, é mais gratificante do que os

momentos de pequena glória que podemos ter ao declarar nossa autoria.

(Fonte: Revista Vivência – 91 – Set./Out. 2004 – Guaracy)

HUMILDEMENTE ROGAMOS A ELE QUE NOS

LIVRASSE DE NOSSAS IMPERFEIÇÕES by passea

“HUMILDEMENTE ROGAMOS A ELE QUE NOS LIVRASSE DE NOSSAS

IMPERFEIÇÕES”

Ao pedir:

“Humildade”: refiro-me sinceramente às minhas limitações reconhecendo que sou falível,

sujeito a cometer erros.

“Rogamos”: peço e suplico a Ele.

“Ele”: um Ser Superior a mim, potencializa dor e iluminador da minha auto-imagem.

“Que nos livrasse”: que me possibilite ficar resguardado, a salvo.

“De nossas imperfeições”: incorreções ou falhas apuradas nos Passos anteriores.

Notemos que a palavra “Ele” na frase está unindo o nosso reconhecimento da

superioridade de Deus ao nosso desejo de evoluir e crescer seguindo Sua orientação e

preceitos.

No 7º Passo o que se faz é reconhecer que apesar do esforço que fizemos nos 4º, 5º e 6º

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Passos para fazer um inventário o mais completo e honesto possível de nossa vida

passada relacionando por escrito tudo de que nos lembramos e reexaminando

cautelosamente com lisura e isenção de ânimo, de tudo o que foi listado pode haver

ocorrido omissões involuntárias.

Além disso, existe ainda a possibilidade de não termos feito uma avaliação plenamente a

certada no nosso inventário, já que nossa capacidade de discernir e apreciar com

imparcialidade as coisas é muito inferior à de Deus.

Justo por isso nós Lhe pedimos com humildade que potencialize nosso espírito e nossa

mente suprindo suas deficiências de modo que possamos conhecer a verdade sobre nós

e nosso comportamento, incorporando à nossa imagem mental fatos exatos com base

nos quais possamos corrigir os erros que cometemos livrando-nos assim, dos danos que

causamos a nós mesmos, criando condições de reparar nos Passos seguintes os danos

causados a terceiros.

Em outras palavras, eu peço a Deus que me auxilie ampliando minha capacidade de

entendimentos e compreensão além do normal.

Chegou a hora de percorrer o caminho rumo à liberdade do espírito com a ajuda de um

Poder Superior a mim mesmo. Com a ajuda deste Poder Superior que eu chamo de

Deus, eu, alcoólico, compreenderei que me julguei espezinhado, fiz péssimos conceitos

de mim mesmo, acumulei críticas a respeito de meus pensamentos e ações e adquiri

sentimentos de inferioridade, de não prestar, baseado somente em provas que qualquer

pessoa imparcial rejeitaria e quase sempre motivado por um perfeccionismo injustificável.

Através do 7º Passo descobrirei que é hora de encontrar um conceito verdadeiro a

respeito da minha pessoa passando a agir como amigo e não como inimigo de mim

mesmo.

Saberei que não sou herói nem vilão, mas apenas um ser humano com defeitos e

qualidades como qualquer outro e que está neste mundo para evoluir fazendo o bem a

mim mesmo e a meus semelhantes. Por pior que alguém seja sempre tem algo de bom

para oferecer.

Percebi ainda com clareza o essencial: tenho que me perdoar e gostar de mim mesmo

para poder perdoar e gostar dos outros.

Descobri que mudar meus hábitos colocando coisas novas e boas em minha mente vão

ajudar-me a construir uma imagem adequada e realista baseada no meu sucesso e não

no meu fracasso.

Para mim foi e é tremendamente importante para a prática deste Passo o convívio e a

frequência às reuniões de A. A., onde consegui vividamente me aceitar como sou e aos

outros como são através dos exemplos, da compreensão, da solidariedade e do

sentimento de integração em um grupo social em vez do isolamento.

A troca de idéias e experiências, o encontro de novos e verdadeiros amigos, a visão de

novos horizontes e caminhos, além de uma série enorme de outras coisas que só existem

em A. A. facilitaram muito minha integração no mundo e na vida como um ser digno,

decente e capaz.

No Grupo tenho desfrutado de momentos em que sinto algo parecido à verdadeira paz de

espírito; meus olhos começaram a se abrir aos imensos valores que resultaram

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diretamente do doloroso esvaziamento do ego.

Sozinho nada sou, o Pai é que faz!

Tenho procurado cultivar a virtude da humildade, este dom que Deus me deu para que,

através dele eu reconheça meu exato tamanho.

Praticando este Passo procuro me tornar livre de minhas imperfeições no tanto que for

possível, mas não me tornando perfeccionista, porque só Deus é perfeito.

É bom ter sempre na mente estas verdades:

“Não sou melhor porque me louvam, nem sou pior porque me censuram. Sou, na

verdade, o que sou aos Teus olhos Senhor e, à luz da minha consciência”.

“O que vem de fora não me faz mal porque não me torna mal. Só que vem de dentro

pode me fazer mal, porque pode me tornar mal”.

Concluo que todos nós podemos e devemos ser felizes.

A alegria e a risada espontânea contagiam assim como tudo mais que sai naturalmente

de dentro.

É um fato psicológico que os sentimentos que temos para com as outras pessoas são os

sentimentos que temos em relação a nós mesmos.

Nós damos o que possuímos.

Quando começamos a nos sentir mais caridosos com os outros estamos fazendo a

mesma coisa conosco.

É dessa maneira que nos tornamos melhores e nos livramos de nossos defeitos e

imperfeições rumo à liberdade do espírito. Passando a gostar de nós mesmos, limpamos

a nossa casa (mente) e ficamos em condições de ir recolher o lixo que jogamos na casa

dos outros (8º Passo).

Aprender a “viver com os outros” é uma aventura fascinante!

(Fonte: Revista Vivência Nº 117 – Antônio)

HUMILDADE – UM SENTIMENTO QUE LEVA A

PESSOA A RECONHECER SUAS

PRÓPRIAS LIMITAÇÕES by passea

HUMILDADE

“Um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias limitações”

Humildade é uma palavra que vem do latim “húmus” que significa terra boa para se

cultivar, que recebe bem e germina a semente. Refere-se à qualidade daqueles que

sabem ouvir e não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar serem

superiores a elas.

A humildade é a virtude que mostra o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia,

respeito, pobreza, reverência e submissão.

É nessa posição que talvez se situe a humildade confissão de Albert Einstein quando

reconhece que “por detrás da matéria há algo de inexplicável”..

A humildade é preciosa aos olhos de Deus e revela que quem possuir será mais e mais

abençoado e agraciado com os Seus cuidados; ela conserva a alma na tranqüilidade e

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contentamento, mesmo em meio às dificuldades diárias e gera a paciência e resignação

nos momentos mais difíceis.

Pode-se defini-la como “um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias

limitações; modéstia; ausência de orgulho.

É conveniente que utilizemos a humildade para eliminarmos nossos defeitos, tal como o

fizemos ao admitir que éramos impotentes perante o álcool e chegamos à crença de que

um Poder Superior a nós mesmos nos poderia devolver a sanidade. Se a humildade pode

capacitar-nos a encontrar a graça por meio da qual a obsessão conseguiu desvanecer-se,

então deve existir a esperança de que conseguiremos os mesmos resultados com

respeito a qualquer outro problema que possamos ter.

A humildade é tão importante para mantermo-nos sóbrios como comer e beber é

importante para nossa sobrevivência.

Conseguir ser humilde é o princípio essencial de cada um dos Doze Passos; é o caminho

da tolerância que nos mantém sóbrios. Sem desenvolver esta preciosa virtude

perderemos a probabilidade de encontrar a felicidade.

Procurando ser humilde tenho tentado ser honesto comigo e com meus semelhantes para

aprender a admitir e corrigir minhas falhas. Se cultivo o orgulho não enxergo a realidade,

torno-me incapaz de amar, de perdoar, de aceitar, de tolerar e de conviver.

A prática da humildade consiste em desenvolver sentimentos há muito perdidos

principalmente por causa do alcoolismo: a compaixão pela dor do outro, a misericórdia

pelos sentimentos alheios, a empatia de me perceber igual nas perdas e nas conquistas.

Registro aqui minha gratidão por estar hoje sóbrio, conquistando dia a dia minha vida

envolto pelo amor de um Poder Superior a mim que, se eu deixar me livrará de minhas

imperfeições.

(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev. 2009 – Jorge)

7º PASSO by passea

7º PASSO

“Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”

Este Passo inicia-se com uma palavra chave para o nosso processo de recuperação:

HUMILDADE. Uma das palavras de nossa língua com a qual perdemos um gande tempo

tentando explicá-la e nunca conseguimos devido à grande dificuldade em praticá-la.

Desde criança recebemos direcionamentos para sermos o melhor, o mais bonito, o mais

capaz e quando o fazemos nos colocam num pedestal e nos inflam o ego.

Geralmente encontramos grande dificuldade para analisar nossas imperfeições, pois é

muito cômodo culpar os outros e essas imperfeições são a causa do nosso deficiente

relacionamento.

Quando por necessidade somos obrigados a nos retratar chamamos a isto de renúncia e

nos orgulhamos de nossa atitude.

Este Passo nos traz uma novidade: - o não exigir e sim pedir.

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Nossos defeitos são sempre alimentados pelo medo de perder ou não conseguir algo que

consideramos essencial para nossa felicidade.

Sabemos que alguns de nossos defeitos dependem só de nossa própria vontade para

serem corrigidos: - mentimos porque queremos ou gostamos; fofocamos, agredimos com

palavras e atitudes, somos donos da verdade, somos impacientes, procrastinamos,

somos falsos, etc. porque nos acostumamos a isso e disso tudo podemos nos livrar

adotando novas atitudes.

Existem, porém problemas que são mais graves, pois são inerentes à nossa

personalidade.

Quando perdemos o controle erramos instintivamente e o posterior arrependimento nada

resolve ou ainda piora a situação. Deste descontrole somente Ele nos pode oferecer

condições de nos livrarmos.

Analisando friamente o assunto em minha vida constatei que tenho que fazer alguma

coisa, pois todo o descontrole parte de uma situação perfeitamente controlável.

Sem me dar conta, inicio um processo que pouco a pouco alimenta neurose que me

domina e só termina quando explodo e, normalmente esta explosão tem que atingir

alguém que culpo por aquele meu estado, pois adoro ser vítima.

Através da prática deste Passo venho conseguindo paz interior, tranqüilidade e

sobriedade, que dependem muito da minha capacidade de ser equilibrado e responder

aos problemas com atitudes dentro de uma faixa de reações emocionais normais.

Venho conseguindo este novo modo de viver trilhando a proposta dos Doze Passos de A.

A. e freqüentando as reuniões do Grupo, onde encontro cumplicidade e calor humano.

Do próximo Passo em diante vou me preparar para um mundo que será sempre o

mesmo: - eu é que deverei ser diferente.

Fui excluído por ser diferente de uma forma negativa e agora, a inclusão vai depender de

mim, que eu seja mais uma vez diferente, porém de maneira positiva.

(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev.2009 – Érico/SP)

ORAÇÃO DO SÉTIMO PASSO by passea

A ORAÇÃO DO SÉTIMO PASSO

“Libertação do egoísmo em busca da humildade.”

Em uma reunião de serviços de A. A. onde os nervos de certos companheiros, inclusive

os meus, já estavam à flor da pele para serem manifestados, um companheiro sereno fez

a seguinte pergunta: vocês já fizeram a oração do 7º Passo?

Todos ficaram perplexos. Eu mesmo tentei lembrar que oração era esta, mas não

consegui. Espera aí! Tem oração no Sétimo Passo?

Que oração é essa? Eu conhecia muito bem as orações da Serenidade e de São

Francisco, as duas mais usadas em A. A., mas a oração do Sétimo Passo passou-me

despercebida.

Então o companheiro pegou o “Livro Azul” (Alcoólicos Anônimos) e no capítulo 6

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“Entrando em Ação” onde Bill W. escreve sobre os Doze Passos e justamente no Sétimo

Passo havia essa oração que dizia assim:

“Meu criador, agora desejo que me aceites como sou, por inteiro, bom e mau. Peço que

removas de mim tudo e qualquer defeito de caráter que me impeça de ser útil a Ti e aos

meus companheiros. Conceda-me forças para que ao sair daqui, eu cumpra as tuas

ordens. Amém!”

Chegando em casa refleti melhor sobre esta oração e sobre a mensagem deste passo

que me fez olhar alguns de meus defeitos de frente e humildemente pedir que o Poder

Superior arrancasse de dento de mim todo o mal.

Quando surgem situações que querem destruir minha serenidade, a dor muitas vezes me

leva a pedir a Deus a clareza para identificar meu papel na situação.

Admitindo minha impotência perante meus defeitos peço por aceitação. Tento ver como

meus defeitos de caráter contribuíram para a situação. Poderia ter sido mais paciente?

Fui tolerante, insisti em fazer da minha maneira? Estava assustado?

Á medida que meus defeitos são revelados, coloco a autoconfiança de lado e

humildemente peço a Deus que remova minhas imperfeições.

A situação pode não mudar, mas com a prática de exercitar a humildade, desfruto de paz

e serenidade, que são os benefícios naturais por colocar minha confiança em um Poder

Superior a mim mesmo.

Descobri neste Passo a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que

meus problemas desapareçam, posso rezar pedindo humildade!

A humildade curará a dor. A humildade permitirá que eu me aceite alegremente como ser

humano, sujeito a erros! Repetidamente trabalhei no Sétimo Passo. Ás vezes retrocedia e

me reorganizava. Faltava alguma coisa e me escapava o trabalho do Passo: - o que eu

não havia visto direito? Uma palavra simples, lida, mas ignorada, a base de todos os

Passos, na verdade de todo o programa de Alcoólicos Anônimos; essa palavra é

humildemente.

Entendi muito de meus defeitos. Constantemente adiava meu trabalho, ficava com raiva

facilmente, sentia muita auto-piedade, e pensava: - por que eu? Então me lembrei: “o

orgulho sempre vem antes da queda” e eliminei o orgulho da minha vida...

Descobri que a verdadeira alegria da vida está em dar algo ao próximo.

Ficar livre das minhas imperfeições faz com que eu possa mais livremente fazer meu

serviço e permite que cresça em mim a humildade. Minhas imperfeições podem ser

colocadas humildemente, aos cuidados amorosos de Deus para que possam ser

removidas.

A essência do 7º Passo é a humildade e a melhor maneira de buscá-la é poder dar tudo

de mim para Deus: o bom e o mau para que “Ele” possa remover o mau e devolver-me o

bom.

Tendo admitido minha impotência perante alguns defeitos, e tomando a decisão de

colocar minha vida e minha vontade aos cuidados de Deus, não sou eu quem decide

quais defeitos serão removidos, nem a ordem que serão removidos, ou ainda a hora que

serão removidos.

Peço a Deus que decida quais os defeitos que me impedem de ser útil a ”Ele” e aos

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outros e então, humildemente peço que os remova.

Não estou mais disposto a viver com a multidão de defeitos de caráter que caracterizaram

minha vida quando eu bebia. O Sétimo Passo é o meu veículo para libertação destes

defeitos. Rezo para ser ajudado a identificar o medo escondido nos defeitos e então peço

a Deus para me libertar do medo. Esse método tem funcionando para mim sem falhas e é

um dos grandes milagres de minha vida em Alcoólicos Anônimos.

Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam “Dele” e

da luz do espírito, embarqueis na viagem mais gloriosa que podia imaginar. Experimentei

a libertação destas características que me mantinham escondido em mim mesmo.

Devido a humildade deste Passo, hoje me sinto limpo. Sou especialmente consciente

deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus companheiros. Sei que Ele me

concede forças para cumprir sua vontade e me prepara para qualquer obstáculo ou coisa

que possa surgir no meu caminho hoje. Sei que estou realmente seguro nas mãos de

Deus e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.

(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan/.Fev.2009 – Garcia/Ribeirão Preto/SP)

QUANDO SOU HUMILDE? by passea

QUANDO SOU HUMILDE?

“Quando vou ao Grupo e peço a Deus humildade para poder entender os depoimentos

dos companheiros; quando vou depor e peço também humildade para poder falar sem

orgulho, acanhamento ou vergonha e muitas outras imperfeições que tenho”

Sou um alcoólico em recuperação; hoje, com uma liberdade maior do que a de ontem,

pois estou liberto de uma escravidão na qual eu não percebia que estava.

Hoje graças aos Doze Passos de A. A. tenho responsabilidade sobre minha pessoa e

minhas escolhas traçaram o meu amanhã.

Primeiramente gostaria de agradecer a todos os companheiros mais antigos da

Irmandade por estarem dando continuidade aos trabalhos de Bill e Bob.

Quando vou ao Grupo peço a Deus humildade para poder entender os depoimentos dos

companheiros; peço também mente aberta para poder saber ouvir e entender a cada um

e, quando vou depor peço também humildade para poder falar retirando minha vergonha,

orgulho e muitas outras imperfeições que tenho.

Não adianta ir ao Grupo e não participar da programação; ir ao Grupo e não ter a

humildade para mudar; não adianta, pois viçarei o mesmo bêbado de antes, porém sem

beber se eu não me cobrar com humildade para estar me reformulando de nada

adiantaria minha parada na militância alcoólica.

Hoje compreendo a humildade como uma fonte de sabedoria para minha recuperação.

Só por hoje tenho responsabilidade reconhecendo o meu real lugar que é freqüentando o

Grupo.

Quando estava na ativa não tinha escolha, pois a doença me levava a ser irresponsável,

mentiroso, manipulador, fazendo tudo de errado e com muita insanidade.

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Hoje, com a sanidade devolvida tenho que ter humildade e mudar, pois só assim minha

mente votará a dar frutos bons uma vez que o círculo vicioso da ativa levou vários anos e,

só essa real humildade vai me devolver uma vida feliz sem uso do álcool. Essa humildade

me trará paz de espírito o que busco para o meu crescimento pessoal e espiritual.

Grato a Irmandade que me estendeu a mão e me ajudou na libertação da miséria de vida

que eu estava levando.

Hoje, graças ao cultivo da humildade, estou liberto e feliz 24 horas de serenidade e

sobriedade.

(Fonte: Revista Vivência – 117 – Jan./Fev.2009 – Francismar/Divinópolis/MG)