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Plano de Insolvência de SOLMATE – Comércio de materiais de construção, S.A. Processo N.º 748/12.7TYLSB 3º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa Apresentação pelo devedor de acordo com Art. 193.º do CIRE (Decreto-Lei 53/2004 de 18-03, redacção do Decreto-Lei 200/2004 de 18-08)

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Plano de Insolvência de

SOLMATE – Comércio de materiais de construção, S.A.

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa

Apresentação pelo devedor de acordo com Art. 193.º do CIRE (Decreto-Lei 53/2004 de 18-03, redacção do Decreto-Lei 200/2004 de 18-08)

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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Índice

1. Enquadramento da empresa e das razões que determinaram a insolvência

1.1. Apresentação da empresa

1.1.1. História

1.1.2. Caracterização da empresa

1.1.3. Causas da Situação de insolvência

2. Descrição da situação patrimonial, financeira e reditícia da insolvente (al. a) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)

2.1. Situação actual da empresa

2.1.1. Departamento Comercial

2.1.2. Direcção Financeira

2.1.3. Recursos Humanos

2.1.4. Património

2.2. Enquadramento Macroeconómico e Sectorial

3. Objectivos do Plano de Insolvência (al. b) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)

3.1. Objectivos e estratégias a implementar

3.2. Medidas necessárias à execução

3.3. Alterações decorrentes do Plano, para as posições jurídicas dos credores

4. Impacto espectável do Plano, por comparação

5. Reestruturação do passivo e planos de pagamentos

5.1. Créditos Laborais

5.2. Fazenda Nacional

5.3. Segurança Social

5.4. Créditos Garantidos

5.5. Créditos Comuns

5.6. Créditos Subordinados

5.7. Créditos sob condição suspensiva e resolutiva

5.8. Outras condições

6. Fiscalização do Plano de Insolvência

7. Anexos

Anexo 1 - Estudo de Viabilidade Económica e Financeira 1

Conta de Exploração previsional

Demonstração previsional de fluxos de caixa

Demonstração de resultados previsional

Balanço previsional

Anexo 2 - Situação Patrimonial da empresa

Demonstrações Financeiras Individuais Exercício 2011

Balancete Analítico actualizado

1 Os documentos a que se refere o Anexo 1 protestam-se juntar no prazo de 30 dias, em virtude de se aguardar o encerramento

definitivo das contas da empresa, bem como a certificação legal das mesmas.

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1 - Enquadramento da empresa e das razões que determinaram a insolvência

1.1. Apresentação da Empresa

1. História

A sociedade “Solmate – Comércio de materiais de Construção, S.A.” iniciou a sua actividade em

Julho de 1988, tendo a sua sede na Urb. Lapinha, lote 15 segunda fase, lojas A e B.

Em Março de 1990 mudou a sua sede para a Est. Nacional 125 Marateca – Chinicato em Lagos.

A empresa foi constituída com o Capital Social de 1500 contos (7.481,97 euros) e inicialmente,

contando com um quadro de 3 funcionários (sendo um o sócio-gerente).

Nos três primeiros anos de actividade a empresa registou um crescimento exponencial das suas

vendas. Em 1995 deu-se o primeiro aumento de capital social, que passou então a ser de 22500

contos (112.229,53 euros).

Até 1999 a gerência da empresa apostou numa forte política de fidelização de clientes, no

reforço da sua imagem e na prestação de um bom serviço pós–venda, em detrimento do

crescimento acelerado das vendas. Em 1999 deu-se um novo aumento de capital social, que

passou então a ser de 52500 contos (261868,90 euros). Nesta altura a empresa contava com um

quadro de 19 pessoas (sendo um o sócio-gerente) e o seu volume de vendas tinha crescido

cerca de 43% face ao ano de 1998.

Em 2001 deu-se um novo aumento de capital social, passando para EUR 501.000,00 (quinhentos

e um mil euros). Neste ano, o armazém de mercadorias mudou a sua localização (que até essa

data se encontrava junto da sede) para o Sargaçal (actualmente com 5000 m2), em Lagos.

Em 2002 abriu a nova exposição de materiais, com 900 m2, junto à sede.

Em 2003 a empresa passou de sociedade por quotas para sociedade anónima tendo-se

verificado um novo aumento de capital, passando para EUR 501.200,00 (um milhão e duzentos

mil euros).

Em Novembro de 2005, o Armazém e Loja de canalização passaram para o Armazém Geral no

Sargaçal.

A 21 de Julho de 2006, a Solmate obtém a Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, pela

Q.S.C.B. – Quality System Certification Bureau, segundo a Norma NP EN ISO 9001:2000, no

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âmbito da Comercialização e Distribuição de Produtos para a Construção Civil, com o Certificado

de Conformidade C2006-00008.

Em Dezembro de 2006, efectuou uma Fusão por incorporação da empresa SOLPROM, detentora

dos Armazéns do Sargaçal.

Em Dezembro de 2007, mudaram-se os escritórios centrais para junto dos armazéns e dos

escritórios da Logística, no Sargaçal.

Em Março de 2008, dois dos accionistas transmitiram as suas acções à Empresa Solmate II,

SGPS, Lda.

Nesse mesmo anos, a Solmate adquiriu 50% da Empresa Comunical, Empreendimentos

Turísticos e Imobiliários, Lda.

Em 2008 a imagem da Solmate sofreu ainda alterações - nova frase, imagem associada e o

Logótipo mudou de cores (azul acinzentado em vez do laranja).

Em 2009, a Administração começou a ponderar a possibilidade da empresa alargar o seu

negócio a outros mercados emergentes .

Em 21 de Julho de 2009, a empresa renovou a Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade,

segundo a Norma NP EN ISO 9001:2008, com o Certificado C2009-00006. Ainda neste ano, a

empresa mudou de sistema informático, de SAP para Xsoft. Abriu também uma Loja em Loulé e

alterou o seu Capital Social para EUR 1.000.000,00 (um milhão de euros).

Em Julho de 2010 a empresa mudou de Organismo Certificador e assinou contrato com a TUV

Rheinland. Nesse mesmo ano, mudou de Técnico Oficial de Contas.

No final de 2011, por força da queda da facturação e da conjuntura sócio económica, encerrou a

Loja de Loulé. Apesar do fecho, mantiveram-se as relações comerciais com alguns Clientes.

Em Abril de 2012, o capital social foi reduzido para 195 mil euros, estando associado a um único

Administrador – Eduardo Santana. Nessa mesma data, foi alterada a morada da sede social para

Av. Miguel Bombarda, nº 70, 1º piso, letra F, Lisboa, de modo a diversificar os mercados da

Solmate, tendo com consideração a redução da actividade verificada na área geográfica e de

negócio da Solmate.

No dia 24 de Abril foi pedida Insolvência com Recuperação Económica.

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2. Missão

A Solmate tem por missão comercializar produtos (equipamentos, materiais e ferramentas)

para a construção civil de forma a:

• oferecer uma adequada relação qualidade preço;

• satisfazer as necessidades e expectativas intrinsecas e extrinsecas dos seus clientes;

• gerar riqueza para os seus investidores;

• contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores.

3. Visão

A Solmate é uma empresa conceituada e reconhecida pela qualidade e pela capacidade técnica

dos seus profissionais. Pretende recuperar a solidez e estabilidade económica para os difíceis

anos que se avizinham.

4. Política da Qualidade

A política da qualidade da Solmate visa a satisfação dos seus clientes através de uma boa oferta

de produtos tendo como orientação a Visão da Administração que se empenha em que a

empresa esteja comprometida com:

• o cumprimento dos requisitos assumidos (do cliente, internos, normativos e legais)

• a redução de falhas e defeitos;

• a reutilização e posterior encaminhamento de resíduos para destino adequado, numa

perspectiva de preservação do meio ambiente;

• a optimização dos resultados em função da satisfação das pessoas que nela trabalham;

• a optimização dos recursos; e

• a melhoria contínua da eficácia do seu sistema de gestão.

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1.1.2. Caracterização da empresa

A Solmate é detida em 100% pela Solmate II, SGPS, Lda. a qual é, pos sua vez, detida por

Eduardo Santana, administrador da Solmate.

A Solmate dedica-se, essencialmente, à compra e venda de materiais de construção em

Portugal, tendo exercido a sua actividade nos últimos anos, essencialmente, na Região do

Algarve.

A Solmate é uma referência regional na comercialização de materiais de construção, quer em

termos organizacionais quer em termos de instalações de exposição de produtos.

Exercendo a sua actividade com um grande rigor e exigência, podendo ser considerada uma

referência e uma escola de boas práticas.

Não obstante, e tendo em consideração o clima económico existente que afecta de forma

relevante toda a cadeia de valor do sector imobiliário, o volume de facturação da Requerente

tem vindo a diminuir e os recebimentos previstos não se têm concretizado em resultado da

insolvência de diversos clientes.

1.1.3 Causas da situação de insolvência

A Solmate, em 2009, 2010 e 2011 teve uma facturação de, respectivamente, € 9.974.414,73, €

10.542.628,97 e € 9.559.148,76, tendo a facturação vindo a diminuir de forma significativa

desde o mês de Novembro de 2011.

Acontece que as entradas de dinheiro na tesouraria da Solmate não têm correspondido ao valor

da facturação da Solmate, fruto dos incumprimentos, moras de pagamento e insolvências de

alguns clientes da Solmate, resultantes do ambiente económico em que vivemos.

O não pagamento à Solmate de produtos vendidos por esta fez com que a Solmate recorresse a

financiamentos bancários para necessidades de fundo de maneio, com os respectivos encargos

bancários associados.

Desde 2008 até à presente data, já foram declarados insolventes 40 clientes da Solmate, que

originou o não recebimento definitivo pela Requerente de facturação no valor de €

1.956.657,49.

Refira-se, em particular, o pedido de insolvência da FDO apresentado em Fevereiro de 2012,

que determinou o não recebimento de € 328.245,83.

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Em resultado das imparidades reconhecidas por dívidas de clientes incobráveis, dos custos de

pessoal da Solmate, dos custos financeiros que têm vindo a aumentar significativamente nos

últimos anos e da forte redução de vendas iniciada em Novembro de 2011, a Solmate

apresentou em 2011 um resultado líquido negativo de € 905.987,99, tendo procedido em

consequência à redução do seu capital social de € 1.000.000,00 para € 195.000,00, mediante

deliberação da Assembleia Geral da Solmate e através de cobertura de prejuízos acumulados.

Finalmente, não obstante o Balanço da Solmate evidenciar a 31 de Dezembro de 2011 um

capital próprio positivo de € 1.461.411,25, de acordo com a certificação legal das contas de

2011 da Solmate, emitida pelo respectivo Fiscal Único, o capital próprio pode estar

sobreavaliado em € 1.324.000,00, em resultado do saldo da rubrica imparidades de saldos de

clientes constituída de acordo com critérios fiscais poder ser insuficiente naquele montante,

considerando também de difícil recuperabilidade um crédito existente sobre a Solmate II, SGPS,

Lda., no valor de € 908.738,37, referente a um financiamento conferido pela Solmate à Solmate

II, SGPS, Lda. destinado ao investimento na internacionalização da Solmate e ao financiamento

da actividade da Solmate II, SGPS, Lda.

Em resultado da situação exposta, a Solamte já iniciou um processo de redução de custos da sua

estrutura, tendo realizado um procedimento de despedimento colectivo em Março de 2012, de

modo a adaptar a sua estrutura ao actual mercado e à sua capacidade de compra e venda de

materiais de construção, estando a procurar diversificar as suas áreas de negócio.

Sem prejuízo da administração da Solmate já ter iniciado um processo de reestruturação,

revela-se essencial para o sucesso do mesmo que este seja realizado através do presente

processo de insolvência, tendo em consideração a pressão de tesouraria existente e o facto da

Solmate não conseguir fazer face à totalidade das responsabilidade vencidas e vincendas.

A situação de pressão de tesouraria acima relatada levou a uma situação de insolvência actual

da Solmate verificada em Abril de 2012.

Sem prejuízo da situação de insolvência actual em que a Solmate se encontra, esta considera

que reúne todas as condições para continuar a sua actividade, através de um processo de

ajustamento e reestruturação da empresa, orientando todas as suas vendas para clientes cujo

risco de crédito seja reduzido ou inexistente, privilegiando-se pagamentos a pronto pagamento.

Tal reestruturação passará por uma redução dos custos de estrutura, por uma maior selecção

de clientes, pela procura de novas geografias e pela prestação de serviços de valor acrescentado

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associados à compra e venda de materiais de construção, o que levará a uma provável

diminuição da facturação da Requerente, mas a uma correspondência real entre facturação e

recebimentos.

2 - Descrição da situação patrimonial, financeira e reditícia da insolvente (al. a) do nº 2

do Art. 195.º do CIRE)

2.1. Situação actual da empresa

Actualmente e após declaração de insolvência, a Solmate, mantém a sua actividade diária

corrente com todas as suas responsabilidades cumpridas, nomeadamente os impostos,

contribuições para a Segurança Social e salários, encontrando-se contudo sujeita a restrições e

constrangimentos diversos decorrentes da sua situação financeira, existindo uma grande

dificuldade em gerir fornecedores e clientes mediante a declaração de insolvência, o que, nesta

fase, torna a tesouraria bastante debilitada e sem boas perspectiva antes de aprovado o Plano

de Insolvência agora apresentado.

Refira-se que a notícia da insolvência da empresa, tanto no seio de fornecedores como de

clientes, tem claramente consequências que em nada favorecem o normal funcionamento da

empresa que, exige nesta fase um esforço de gestão redobrado, sendo esta a altura em que

efectivamente se evidencia a credibilidade que a sua Administração tem perante estas

entidades que, se pode considerar, um dos principais activos da empresa.

Não pode também deixar de se referir que as linhas de crédito que habitualmente são utilizadas

na gestão financeira da empresa, estão actualmente comprometidas e facilmente se poderá

concluir que esforço dos credores terá também de atingir as instituições financeiras que não

poderão deixar de apoiar a empresa e a sua tesouraria de curto prazo.

Por seu turno, também a situação reditícia, ou seja, a capacidade que a empresa possui de gerar

lucro, de criar riqueza, está também dependente da aprovação do Plano, podendo contudo

concluir-se que mesmo assim a actividade não é actualmente deficitária, mas está longe da

velocidade cruzeiro que se espera possa atingir, e que permitirá cumprir o que agora se propõe

aos credores.

Como se verá ao longo do presente documento, é entendimento desta administração e em

função das causas da situação de insolvência, que a empresa tem capacidade de recuperação

com a aprovação do Plano ora apresentado, e pode, no futuro, gerar lucros e a honrar os seus

compromissos, pagando aos seus credores da forma ora proposta.

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2.1.1. Departamento Comercial

O Departamento Comercial da Solmate, nesta data, está a ser gerido e coordenado

directamente pela sua administração, tendo a Solmate mantido a relação com os seus clientes

após a declaração de insolvência, sendo essencial para o sucesso do presente plano de

insolvência a manutenção da loja da Solmate aberta ao público, uma vez que parte relevante da

sua facturação é proveniente de vendas directas realizada a clientes que se deslocam a essa

loja.

2.1.2. Direcção Financeira

A Solmate irá manter os procedimentos organizacionais e de controlo de gestão existentes na

empresa, os quais permitem avaliar ao dia o estado financeiro da empresa, permitindo, dessa

forma, a rigorosa implementação do plano de insolvência que se propõe pelo presente.

2.1.3. Recursos Humanos

Ainda antes de se apresentar à insolvência, a Solmate promoveu em Março de 2012 um

despedimento colectivo para ajustar a sua estrutura de custos fixos ao volume de facturação

estimado.

Sem prejuízo, e tendo em consideração que o volume de facturação continua a diminuir, a

Solmate irá iniciar um novo processo de despedimento colectivo, em Junho de 2012, de modo a

que a estrutura de pessoal da Solmate fique reduzida a 13 trabalhadores, sendo estes os

adequados e essenciais à implementação do plano de insolvência.

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2.1.4. Património

A empresa possui património circulante e imobilizado, devidamente descriminado nos

documentos integrantes do anexo 2, concretamente o Balancete Geral Analítico e

Demonstrações Financeiras individuai, que em resumo totalizam os seguintes montantes:

Valor Valor

Aquisição Contab.

ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS (Leasings excluídos)

Terrenos e Recursos Naturais 220.003,30 € 220.003,00 €

Edifícios e Outras Construções 1.322.240,87 € 1.028.143,51 €

Equipamento Básico 823.581,86 € 42.487,86 € 100.000,00 €

Equipamento de Transporte 485.050,00 € 31.760,00 € 75.000,00 €

Ferramentas e Utensílios - € - € - €

Equipamento Administrativo 174.490,00 € 39.671,00 € 15.000,00 €

Taras e Vasilhame - € - € - €

Imobilizações em Curso 138.024,01 € 138.024,01 € 100.000,00 €

Outras Imobilizações Corpóreas 103.597,03 € 16.406,40 € 10.000,00 €

Total dos Activos Fixos Tangíveis 3.266.987,07 € 1.516.495,78 € 1.550.000,00 €

ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS

Propriedade Industrial e outros activos 99.330,00 € 99.330,00 € - €

Total dos Activos Fixos Tangíveis 99.330,00 € 99.330,00 € - €

PARTICIPAÇÕES FINANCEIRAS

Termate (100%) 27.363,00 €

Comunical (50%) - €

Emacor ACE - Fundo de Garantia 27.732,00 €

Emacor ACE - Fundo de Tesouraria 25.500,00 €

Total das participações financeiras - € - € 80.595,00 €

VALORES A RECEBER DAS PARTICIPADAS (suprimentos)

Termate 70.736,00 €

Comunical 169.933,00 €

Total de suprimentos - € - € 240.669,00 €

CLIENTES

Clientes Conta Correntes 1.093.743,00 €

Clientes titulos a receber 690.639,00 €

Ajustamentos de Clientes - 972.937,00 €

Total de Clientes - € - € 811.445,00 €

INVENTÁRIOS

Mercadorias 1.095.281,00 €

Provisão para deprecição de existências - 900.000,00 €

Total de Clientes - € - € 195.281,00 €

2.877.990,00 €

Valor espectável de

Liquidaçao /

Recuperação

Descrição

1.250.000,00 €

Total do património da empresa

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2.2. Enquadramento Macroeconómico e Sectorial

2.2.1. Enquadramento Macroeconómico

As projecções do Banco de Portugal apontam para uma contracção da economia portuguesa em

2011 e 2012, seguida de uma virtual estagnação em 2013. Esta contracção da actividade

económica, a qual não tem precedente na economia portuguesa, traduz uma queda significativa

da procura interna, tanto pública como privada, num quadro de ajustamento dos desequilíbrios

macroeconómicos básicos. A forte contracção da procura interna é acompanhada por um

crescimento significativo das exportações, o qual não é no entanto sufi ciente para compensar o

impacto do ajustamento dos níveis de procura por parte dos agentes residentes, num quadro de

desalavancagem do sector privado e consolidação orçamental.

No quadro da crise da dívida soberana na área do euro, a economia portuguesa intensificou em

2011 o inadiável processo de ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados ao

longo dos últimos anos. Estes desequilíbrios tinham-se traduzido em necessidades de

financiamento externo persistentes e elevadas e, consequentemente, numa trajectória

insustentável da posição de investimento internacional.

Num contexto de fortes tensões nos mercados financeiros internacionais, estes desequilíbrios

constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa, que contribuiu para a perda de

acesso do sector público – e, em consequência, do sector bancário – a financiamento de

mercado em condições regulares. Deste modo, o Estado português solicitou assistência

financeira junto do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. Este pedido deu lugar à

formalização de um Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), em que o Governo

de Portugal se comprometeu a adoptar medidas de ajustamento dos desequilíbrios

macroeconómicos e de carácter estrutural. Estas medidas visam assegurar condições

indispensáveis ao aumento do potencial de crescimento da economia portuguesa e permitir um

padrão de crescimento sustentável face ao novo quadro de funcionamento dos mercados

financeiros internacionais, mas têm um inevitável efeito contraccionista no curto prazo. Assim,

as projecções para o período 2011-2013 apontam para uma contracção sem precedente da

actividade económica e da procura interna, acompanhada de uma redução substancial do

desequilíbrio externo da economia portuguesa.

Atendendo ao nível de endividamento externo atingido, a redução da procura interna

necessária para assegurar as condições de solvabilidade externa da economia portuguesa tem

uma magnitude sem precedente. O seu impacto sobre a actividade económica dependerá em

larga medida do enquadramento externo da economia portuguesa.

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Ao nível interno, a projecção do Banco de Portugal é fortemente condicionada pela adopção de

medidas de consolidação orçamental no âmbito do Orçamento de Estado para 2012 (OE2012).

A composição da despesa agregada da economia alterar-se-á significativamente ao longo do

horizonte de projecção. As condicionantes de origem interna implicarão uma queda da procura

interna privada, que traduz uma contracção sem precedente do consumo privado, em particular

do consumo de bens duradouros, depois de um período prolongado de crescimento acima do

PIB, e do investimento privado (tanto empresarial como residencial). A queda acumulada do

volume de consumo público no período 2011-2013 será da ordem de 7.5 por cento,

contrastando com o aumento persistente registado no passado. Ao longo deste período,

assume-se a continuação da redução das despesas de investimento das Administrações

Públicas. Em sentido contrário, as exportações deverão manter um crescimento próximo do

considerado para a procura externa dirigida à economia portuguesa, sendo mesmo a única

componente da procura agregada a registar taxas de crescimento positivas ao longo de todo o

horizonte de projecção. Esta alteração da composição da despesa agregada traduz-se numa

posição próxima do equilíbrio da balança corrente e de capital em 2013, a qual é fundamental

para assegurar as condições de solvabilidade da dívida externa, um dos requisitos necessários

para o regresso da posição de investimento internacional a uma trajectória sustentável.

A inflação medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) deverá manter-se

em níveis elevados em 2012 e descer para próximo de 1 por cento em 2013.

As projecções do Banco de Portugal apontam para que a contracção da actividade económica

em 2011 tenha sido menos pronunciada que a antecipada no Boletim Económico do Outono.

Esta revisão traduz uma evolução da actividade no segundo semestre menos desfavorável do

que a antecipada, com destaque para a revisão em alta do crescimento das exportações. Para

2012 perspectiva-se uma maior contracção da actividade económica, decorrente da reavaliação

da queda da procura interna e das medidas de consolidação incluídas no OE2012.

Adicionalmente, a revisão em baixa do crescimento económico mundial implicou uma revisão

não negligenciável da procura externa, com impacto na evolução das exportações.

Em termos prospectivos o enquadramento internacional incorpora uma significativa

desaceleração da actividade económica mundial em 2012, num quadro de recente

recrudescimento das tensões nos mercados financeiros internacionais, decorrente, em larga

medida, da intensificação da crise da dívida soberana na área do euro. Esta evolução implica um

expressivo abrandamento da procura externa dirigida às empresas portuguesas em 2012, que

deverá recuperar de forma significativa em 2013.

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As condições de financiamento da economia portuguesa deverão manter-se restritivas, sendo

marcadas pelo processo de desalavancagem gradual e ordenado do sector bancário e pela

redução dos níveis de endividamento de famílias e empresas.

A informação disponível sobre a evolução recente da economia portuguesa aponta para que a

actividade económica tenha contraído 1.6 por cento em 2011. Esta evolução traduz uma queda

generalizada das componentes da procura interna, que contrasta com um crescimento

significativo das exportações no período (cerca de 8 por cento). No mesmo período, o consumo

privado caiu 3 por cento. De destacar ainda a magnitude de redução do consumo público, após

anos consecutivos de aumento expressivo. Não obstante o aumento das exportações, a redução

da procura interna traduziu-se numa queda da procura agregada, induzindo uma significativa

redução das importações de bens e serviços, em particular devido ao elevado conteúdo

importado das componentes da procura que registaram quedas mais expressivas.

As perspectivas para a procura externa publicadas no Boletim de Dezembro de 2011 do Banco

Central Europeu (BCE) apontam para um abrandamento expressivo da procura externa dirigida

às empresas portuguesas em 2012 (de 4.7 por cento em 2011 para 3.2 por cento em 2012),

seguido de um aumento de 5.7 por cento em 2013. O abrandamento da procura mundial em

2012 decorre do recrudescimento das tensões financeiras internacionais associado inter alia à

crise da dívida soberana na área do euro e da consequente necessidade de ajustamento dos

desequilíbrios das contas públicas num conjunto mais alargado de países na área do euro.

As condições de financiamento da economia portuguesa deverão manter-se restritivas. O

processo de desalavancagem do sector bancário deverá continuar, implicando a manutenção de

condições de concessão de crédito restritivas, em linha com o observado ao longo dos últimos

meses.

Prevê-se a manutenção das taxas de juro Euribor em níveis médios claramente inferiores aos

observados no período imediatamente anterior à eclosão da crise económica e financeira

internacional.

O processo de consolidação orçamental em curso afectará negativamente o crescimento da

economia portuguesa, mas deverá criar condições para um crescimento sustentável no longo

prazo.

No conjunto de medidas do lado da receita com impacto em 2012, é de salientar a passagem de

um conjunto de bens e serviços que estavam sujeitos a taxa reduzida ou intermédia para a taxa

normal do IVA, incluindo o efeito remanescente do aumento do IVA sobre a electricidade e o

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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gás a partir de 1 de Outubro de 2011, a que acresce a introdução de portagens nas SCUTs e o

aumento das taxas moderadoras na saúde. O OE2012 contempla ainda um aumento da

tributação directa sobre as famílias e as empresas, nomeadamente através da redução ou

eliminação de benefícios fiscais e o agravamento da tributação dos rendimentos empresariais.

De entre as medidas do lado da despesa é de destacar a suspensão diferenciada e progressiva

dos subsídios de férias e de Natal para os funcionários públicos, a não actualização das tabelas

de remunerações, a par da manutenção do corte dos salários aplicado em 2011 e da redução do

número de efectivos da Administração Pública.

Oferta, procura e contas externas

As projecções apontam para a manutenção do quadro recessivo que caracterizou a economia

Portuguesa ao longo de 2011, no contexto do ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos

que a marcaram ao longo da última década. Assim, perspectiva-se uma redução do PIB de 3.1

por cento em 2012 e um crescimento de apenas 0.3 por cento em 2013 (após uma contracção

de 1.6 por cento em 2011), acompanhada por uma expressiva contracção da procura interna.

Esta evolução da actividade económica em Portugal determinará um afastamento do produto

per capita face à média da área do euro. A redução continuada da procura interna, tanto

pública como privada, até final do horizonte de projecção e o crescimento das exportações

implicam uma redução do peso da procura interna no PIB. Este padrão de despesa contribuirá

para a redução significativa do défice externo crónico que caracterizou a economia portuguesa

ao longo da última década.

A contracção da actividade económica projectada para o total da economia em 2012 deverá ser

extensível aos sectores privado e público. Em 2013, a actividade no sector público deverá

continuar a retrair, determinada pelo processo de consolidação orçamental, ao passo que a

actividade no sector privado deverá apresentar um aumento ao longo do ano, ainda que de

magnitude limitada. É de salientar contudo que o sector de bens e serviços transaccionáveis -

indústria transformadora e actividades do sector de serviços orientadas para a exportação –

deverá beneficiar do aumento da procura externa dirigida à economia portuguesa em 2013, que

tenderá a compensar, ainda que parcialmente, a contracção da procura interna.

Por seu turno, a evolução da actividade nos sectores da construção e de serviços não

transaccionáveis será determinada pela forte contracção da procura interna.

Relativamente ao mercado de trabalho, contempla-se uma redução do emprego de 1.8 e 0.6

por cento, respectivamente em 2012 e 2013 (queda de 1.0 por cento em 2011), que resulta de

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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efeitos contemporâneos e desfasados da evolução da actividade económica. Em 2012 a

magnitude da contracção do emprego será relativamente similar nos dois sectores - público e

privado - ao passo que em 2013 será mais intensa no sector público. Desta forma, o contributo

do factor trabalho para a evolução do PIB deve manter-se negativo. Estima-se que o contributo

do stock de capital para o crescimento do PIB também seja negativo, cerca de 0.2 p.p. nos dois

anos, dada a acentuada quebra do investimento. Por fim, espera-se que o contributo da

produtividade total de factores para o crescimento do PIB passe de -1.8 p.p. em 2012 para +0.9

p.p. em 2013. Esta evolução da produtividade total dos factores sugere uma redução na

intensidade de utilização dos factores em 2012, seguida de um aumento em 2013, num quadro

de contínua queda do emprego em termos médios anuais.

As projecções apontam para uma diminuição do consumo privado de 6.0 por cento em 2012 e

de 1.8 por cento em 2013 (queda de 3.6 por cento em 2011), o que corresponde a uma queda

acumulada de 11.0 por cento no período 2011-2013. Esta redução é determinada por uma

queda da mesma ordem de grandeza do rendimento disponível real das famílias, num quadro

caracterizado por condições de financiamento restritivas, que dificultarão o alisamento do

consumo e deverão implicar alguma reestruturação dos balanços das famílias. Desta forma, o

consumo privado, que cresceu a um ritmo similar ao registado na área do euro no período

1999-2006 e a um ritmo superior em 2007-2010, deverá apresentar uma forte queda, que

contrasta com o aumento antecipado na área do euro.

A evolução do rendimento disponível real será marcada quer pelas medidas de consolidação

orçamental quer pela redução do emprego e contenção salarial. Num contexto de manutenção

de condições especialmente adversas no mercado de trabalho, em particular com um forte

aumento do desemprego, perspectiva-se uma redução das remunerações reais no sector

privado, sendo particularmente acentuada em 2012. A redução significativa do rendimento

disponível deverá tornar activas as restrições orçamentais intertemporais para um maior

número de famílias, aumentando consequentemente a proporção de agregados familiares com

restrições de liquidez activas.

Neste contexto, espera-se uma subida gradual da taxa de poupança média das famílias no

período 2012-2013, não só devido à poupança forçada associada às amortizações do crédito,

em particular à habitação, mas também por motivos de precaução. De facto, a situação no

mercado de trabalho deverá ampliar a incerteza quanto à evolução do rendimento e da riqueza

futura das famílias, constituindo um travão adicional para a evolução do consumo privado.

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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A componente de consumo de bens duradouros deverá reduzir-se muito mais intensamente

nesta fase de retracção da actividade económica, apresentando uma marcada evolução pró-

cíclica que será mais pronunciada devido à maior restritividade no acesso ao crédito ao

consumo. A redução acumulada do consumo de bens duradouros no período 2011-2013 deverá

ser superior a 40 por cento. Por seu turno, o consumo de bens não duradouros deverá também

registar uma contracção sem precedentes.

As exportações de bens e serviços devem manter-se como a única componente da procura

agregada com variação positiva ao longo do horizonte de projecção. Em concreto, espera-se um

abrandamento muito pronunciado em 2012 (de 7.3 por cento em 2011 para 4.1 por cento em

2012), e uma aceleração para 5.8 por cento em 2013. A evolução projectada para as

exportações segue de perto o crescimento da procura externa. Ao nível das componentes, é

expectável um padrão de crescimento relativamente similar para as exportações de

mercadorias e para as de serviços.

Por fim, constata-se que o padrão de comportamento das exportações de bens e serviços tem

seguido uma trajectória de evolução similar à média da área do euro.

Por sua vez as importações de bens e serviços deverão cair significativamente em 2012, após a

queda estimada para 2011, e crescer ligeiramente em 2013. Esta evolução das importações é

largamente determinada pela contracção da procura interna, em particular das componentes

com maior conteúdo importado.

As necessidades de financiamento externo da economia portuguesa, medidas pelo saldo

conjunto das balanças corrente e de capital em percentagem do PIB, devem reduzir-se no

horizonte de previsão de um défice de 6.8 por cento do PIB em 2011 para 1.6 por cento em

2012, esperando-se um ligeiro excedente em 2013 (0.8 por cento). Este processo de redução do

desequilíbrio externo da economia portuguesa ocorre no contexto de uma expressiva queda da

procura interna, – traduzindo a desalavancagem gradual e ordenada do sector privado bem

como a redução progressiva do défice do sector público - combinada com a manutenção de

uma procura externa relativamente dinâmica.

A redução projectada das necessidades de financiamento externo traduz uma diminuição

expressiva do défice da balança de bens e serviços em percentagem do PIB, de 3.7 por cento em

2011 para excedentes de 0.3 e 2.4 por cento respectivamente em 2012 e 2013. A redução do

défice da balança comercial reflecte essencialmente a evolução do volume das exportações e

das importações, uma vez que o efeito dos termos de troca é negligenciável. O défice da

balança de rendimentos deverá reduzir-se marginalmente em 2012 e adicionalmente em 2013

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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para um nível próximo de 5.5 por cento do PIB, não obstante a deterioração da posição de

investimento internacional. Por sua vez, o excedente conjunto da balança de transferências

correntes e de capital em percentagem do PIB deverá registar uma melhoria temporária, em

linha com as hipóteses para as transferências da União Europeia.

Preços e salários

Os preços no consumidor, medidos pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC),

deverão apresentar um crescimento médio de 3.2 por cento em 2012, valor próximo do

esperado para 2011 (3.6 por cento), seguido de um abrandamento muito pronunciado em 2013

(1.0 por cento). A relativa estabilidade da taxa de inflação em 2012 resulta da combinação de

uma aceleração dos preços da componente não energética (de 2.3 por cento para 2.7 por

cento), com um forte abrandamento da componente energética (de 12.8 por cento para 6.1 por

cento). De acordo com os principais determinantes macroeconómicos – evolução globalmente

favorável dos custos unitários de trabalho no sector privado e dos preços das importações –

seria expectável um nível de inflação claramente inferior a 2 por cento em 2012-2013. No

entanto, o conjunto de medidas discricionárias de âmbito orçamental com impacto significativo

nos preços implica uma projecção para a inflação em 2012 acima de 3 por cento.

O actual cenário macroeconómico prevê uma desaceleração muito pronunciada dos custos

unitários de trabalho e dos preços de importações de bens não energéticos, assim como do

preço do petróleo em euros no horizonte de projecção. A evolução dos salários no sector

privado, um dos principais determinantes dos preços no consumidor, deverá ser condicionada

pela continuada deterioração das condições no mercado de trabalho – redução de emprego em

termos líquidos e aumento da taxa de desemprego para níveis historicamente elevados - no

actual contexto de retracção pronunciada da actividade económica.

Conclusões

A evolução da economia portuguesa ao longo do horizonte de projecção será indelevelmente

marcada pelo processo de ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos estruturais, no

contexto do PAEF acordado com a União Europeia, os países da área do euro e o Fundo

Monetário Internacional.

A redução dos níveis de endividamento de famílias e empresas, em conjugação com o processo

de desalavancagem gradual e ordenada do sector bancário, é essencial para garantir o

contributo do sector privado para a recuperação da actividade económica no médio prazo. O

sistema bancário, enquanto intermediário financeiro com um relacionamento privilegiado com

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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os clientes, deverá canalizar os recursos financeiros disponíveis para as empresas

financeiramente viáveis e com planos de negócio sustentáveis no médio e longo prazo,

contribuindo por esta via para uma reestruturação eficiente do sector empresarial.

A implementação de reformas estruturais deve ser acelerada de forma a promover a

competitividade da economia portuguesa e a concorrência nos mercados de trabalho e do

produto, reduzir os custos de contexto da actividade empresarial e aumentar a qualificação da

população activa. Pela sua natureza, estas medidas não têm um impacto imediato, pelo que

protelar a sua implementação atrasará a recuperação da economia e impedirá que a economia

portuguesa acompanhe a fase ascendente do ciclo económico global.

O equilíbrio entre as medidas destinadas à correcção dos desequilíbrios macroeconómicos

estruturais, com efeitos contraccionistas no curto prazo, e as reformas estruturais, que visam o

aumento do crescimento potencial e a criação de emprego, é fundamental para assegurar um

ajustamento eficiente e rápido da economia portuguesa. Estas condições são indispensáveis ao

sucesso do processo de ajustamento económico e financeiro e à construção de um paradigma

económico que promova o crescimento de forma sustentável em Portugal.

2.2.2. Enquadramento Sectorial

De acordo com a análise de conjuntura do sector de construção divulgada pela Associação

Portuguesa de Comerciantes de Materiais de Construção, o quarto trimestre do ano 2011 foi

particularmente negativo para a atividade da construção, tendo-se verificado um aumento da

intensidade de deterioração em todos os indicadores.

Com efeito, o índice de produção no sector da construção e obras públicas caiu 8,8% no quarto

trimestre de 2011 quando comparado com trimestre anterior. A diminuição foi de 6,95% no

segmento de obras de engenharia e de 10,92% no segmento de construção de edifícios.

Em termos homólogos, a redução superou mesmo a observada no terceiro trimestre, tendo-se

verificado uma diminuição de 12,64% no índice total da produção na construção e obras

públicas (contra 10,71% no trimestre anterior), o que correspondeu a uma diminuição de

12,22% na construção de edifícios e de 13,16% nas obras de engenharia.

A diminuição observada na evolução trimestral do licenciamento de obras revela, também, uma

maior intensidade.

O número de edifícios licenciados no terceiro trimestre de 2011 diminuiu 5,96% quando

comparado com o trimestre anterior (5,5% no terceiro trimestre), ao mesmo tempo que a

variação homóloga registou uma diminuição de 12,29%. Por sua vez, o número total de fogos

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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licenciados em construções novas para habitação familiar registou uma variação trimestral de -

10,45% (-8,31% no trimestre anterior).

A construção nova de habitação permanece em queda acentuada, tendo sido emitidas licenças

de construção para apenas 3581 fogos, a nível nacional, contra 3999 no trimestre anterior, a

que corresponde uma variação homóloga de -33,82% e uma variação média anual de -30,2%

(que compara com -19,87% e -26,1%, respetivamente, no terceiro trimestre). No total, o

número de fogos para habitação licenciados durante o ano de 2011 foi inferior a 17 mil, o que

constitui o mínimo desta série, iniciada em 1995 e que atingiu o seu máximo em 1999, ano em

que foram licenciados cerca de 120 mil fogos. De assinalar que 2011 foi o 12º ano consecutivo

de quebras no licenciamento de fogos.

O subsector da reabilitação, que vinha mostrando há dois trimestres consecutivos alguma

resistência à crise, foi também afetado, tendo o número de licenças de obras de reabilitação

registado um decréscimo no trimestre de 4,71% (de 2363 para 2264), mantendo-se mesmo

assim positivas, quer a variação homóloga que se cifrou em 2,35%%, quer a variação média no

último ano que atingiu os 3,6%. O número de licenças de obras de reabilitação já representa

39,5% do total das licenças, embora tal se fique a dever mais à diminuição das obras novas do

que ao aumento da reabilitação…

Mas, talvez o melhor indicador de todos seja mesmo a evolução das vendas de cimento para o

mercado interno que, desde meados de 2008 não pararam de baixar. Ao longo de 2011 a

variação homóloga trimestral foi mesmo a mais negativa de sempres, atingindo no quarto

trimestre uma redução de 21,1%.

Esta contração da atividade do setor exprimiu-se, também, ao nível do emprego, tendo, só a

construção, perdido 23 mil postos de trabalho, no quarto trimestre de 2011.

O futuro próximo não trará, infelizmente melhorias, antes pelo contrário. Com o crédito à

habitação muito dificultado (passou de 1,2 milhões de Euros/mês em 2007 e 2008, para cerca

de 200 milhões de Euros/mês no final de 2011) e o crédito para promoção e construção

completamente bloqueado, a atividade nos próximos meses deverá reduzir-se ainda mais.

E, se em 2011, o valor dos concursos abertos tinha registado um decréscimo (-29%) face ao ano

anterior, as novas obras públicas foram “adiadas” e muitas das que estão em curso sofreram

interrupções por falta de financiamento. As autarquias, responsáveis por uma fatia importante

deste segmento, encontram-se, na sua maioria, em grave situação financeira o que inviabilizará,

nomeadamente em face da legislação recente (Lei 8, de 2012), que venham a assumir

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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compromissos num prazo de tempo porventura longo. Nos dois primeiros meses de 2012, as

quebras nos concursos abertos cifravam-se já em -64%, em valor, relativamente ao período

homólogo, enquanto as quebras nos adjudicados atingiram os -37%.

Obras Licenciadas

O número de edifícios licenciados no quarto trimestre de 2011 diminuiu 5,96% quando

comparado com o trimestre anterior. A variação homóloga registou uma diminuição na ordem

dos 12,29%.

Edifícios Licenciados

A variação média anual no trimestre em análise foi de -9,9%.

Edifícios Licenciados

O número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar registou uma

variação trimestral de -10,45%. A variação homóloga atingiu os -33,82% e a variação média

anual foi de – 30,2%.

Licenciamento de Obras

No que diz respeito ao número de licenças de obras, verificou-se um decréscimo, em termos

trimestrais, de 4,71%.

Licenças para Obras de Reabilitação

A variação homóloga das licenças para obras de reabilitação no quarto trimestre manteve-se,

todavia, positiva (2,35%), assim como a variação anual média (3,6%).

Produção na Construção e Obras Públicas

O índice de produção no sector da construção e obras públicas revelou uma diminuição de

8,80% no quarto trimestre do ano de 2011 quando comparado com trimestre anterior. A

diminuição verificou-se no segmento de obras de engenharia em 6,95% e no segmento de

construção de edifícios em 10,92%.

Em termos homólogos, verificou-se uma diminuição de 12,64% no índice total da produção na

construção e obras públicas, o que correspondeu a uma diminuição de 12,22% na construção de

edifícios e de 13.16% nas obras de engenharia.

Índice de Produção na Construção e Obras Públicas

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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A variação média anual no índice de produção total foi de -9,85%, verificando-se uma quebra de

10,12% no sector dos edifícios e de 9,69% nas obras de engenharia.

Vendas de Cimento

No quarto trimestre de 2011 as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado

interno diminuíram, em termos homólogos, 21,1%.

De acordo com os Inquéritos de Opinião da Comissão Europeia, a confiança no sector da

construção desceu face ao trimestre anterior, fixando-se nos -62,8 (valor mais baixo dos últimos

4 anos).

Emprego

No último trimestre do ano de 2011, o emprego na construção e obras públicas registou uma

taxa de variação homóloga de -11,99% e uma taxa de variação trimestral de -4,38%

relativamente ao trimestre anterior.

A variação média nos últimos 12 meses terminados em dezembro foi de -10.1% (-9,3% em

setembro).

Remunerações

No quarto trimestre de 2011, o índice de remunerações registou uma taxa de variação

homóloga de -8,71%, e uma variação trimestral de 3,00% relativamente ao terceiro trimestre.

A variação média nos últimos 12 meses terminados em dezembro foi de -5,8% (-5,2% em

setembro).

Taxas de Juro

A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação atingiu em dezembro

o valor de 2,720%, o que traduz um acréscimo mensal de 0,015 pontos percentuais face ao mês

de novembro.

Em dezembro, as taxas de juro implícitas nos contratos para Aquisição de Habitação

aumentaram 0.016 p.p., comparativamente com o mês anterior, para 2.736%.

Em ambos os Regimes de Crédito observou-se uma tendência crescente das taxas de juro,

passando para 2,676% no Regime Geral (0,015 p.p. superior ao nível do mês anterior) e para

3,010% no Regime Bonificado Total (acréscimo de 0,019 p.p.).

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Inquérito de Conjuntura promovido pela Associação Portuguesa de Comerciantes de Materiais

de Construção (4.º Trimestre de 2011)

- Vendas diminuem novamente para a maioria das empresas

- Nível de Atividade permanece fortemente negativo

- Queda das Vendas Homólogas atinge mais fortemente as empresas retalhistas

- Prevê-se aprofundamento da recessão no 1º trimestre de 2012

Apreciação Global

Como se esperava, os negócios das empresas do setor voltaram a diminuir no último trimestre

do ano e de forma ainda mais intensa que nos períodos anteriores.

A percentagem de empresas que registou quebras de vendas face ao trimestre anterior foi de

55%, ligeiramente inferior à observada no trimestre anterior, mas o saldo negativo das

respostas extremas no item “vendas” foi bastante superior (-52,5%, contra -47,6% no 3º

Trimestre), tendo ficado, todavia, um pouco abaixo do que se previa (-56,1%).

Tal ficou a dever-se a uma maior diminuição do número de empresas que afirmaram o aumento

das “vendas” (2,5%, o que compara com os 8,7% registados no trimestre anterior).

A percentagem de empresas que afirmou ter diminuído as existências (29,2%) voltou a ficar

bastante aquém da percentagem dos que viram reduzir as vendas, verificando- se as habituais

dificuldades de ajustamento dos stocks ao nível de actividade, com reflexos negativos na

rentabilidade e na tesouraria.

No que respeita ao comportamento relativo dos subsectores armazenista e retalhista, apesar de

continuarem a partilhar uma evolução de sentido negativo, voltaram a apresentar diferenças

significativas, sobretudo no indicador “vendas homólogas”.

De facto, as empresas retalhistas, com exceção da correção do “nível de existências” que se

mostrou mais coerente com a variação das vendas, evidenciaram uma degradação mais

acentuada em todos os outros indicadores.

Em especial, os retalhistas registaram, no indicador “vendas homólogas”, um total de respostas

(100%) no sentido da diminuição, enquanto os armazenistas registaram um saldo negativo de

55%.

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Os resultados relativos aos “preços de venda”, parecem continuar a revelar uma menor

sensibilidade dos armazenistas à concorrência e a sua evolução negativa, no conjunto, deve ser

considerada preocupante já que continua a verificar-se uma forte pressão inflacionista nos

preços dos mais diversos bens e serviços em Portugal, nomeadamente nos combustíveis.

Assim, pelo segundo trimestre consecutivo, os “preços de venda” apresentaram um sentido de

descida, apesar de menos intenso que no período anterior. A tendência de diminuição dos

preços foi mais ou menos generalizada, à exceção dos seguintes grupos de produtos: “tintas,

vernizes e colas”, “perfis, caixilharias e acessórios” e “tetos e divisórias”. Os grupos de produtos

que revelaram maior pressão no sentido da descida dos preços de venda foram “telhas, tijolos e

outros produtos de barro vermelho e grés” e “azulejos, ladrilhos e mosaicos”.

Apesar da evolução do setor medida por todos os indicadores ser clara e fortemente negativa, a

intensidade de agravamento foi mais reduzida no último trimestre, salvo no caso das “vendas”

e das “vendas homólogas”.

No caso das “existências”, esta menor intensidade, ainda que signifique um menor

desinvestimento em stocks, não tem uma leitura necessariamente positiva, uma vez que,

porque não acompanhou a variação do número de respostas que afirmaram a diminuição das

vendas, poderá ter implícita uma diminuição da rentabilidade e maiores dificuldades de

tesouraria.

No que diz respeito à variação das apreciações sobre o “nível de atividade” face ao trimestre

antecedente, verificamos uma enorme diferença entre os dois subsetores, não obstante a

percentagem global das respostas que referem a sua deterioração seja semelhante à apurada

no 3º trimestre.

De fato, enquanto entre os armazenistas houve uma clara diminuição do número de respostas

que classificaram como “mau” o nível de atividade realizado, verificou- se que entre as

empresas retalhistas foram as respostas que haviam considerado “bom” o nível de atividade no

trimestre anterior que não se repetiram.

A situação mais preocupante e ao mesmo tempo que melhor ilustra a contínua redução do

mercado dos materiais de construção, resulta da leitura da evolução do indicador “vendas

homólogas”, que desde o 4º Trimestre de 2010 vem apresentando, de forma sistemática, um

comportamento mais desfavorável, indiciando que as quebras de vendas face ao mesmo

período do ano anterior são, trimestre após trimestre, sentidas por um cada vez maior número

de empresas.

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O saldo negativo das respostas extremas observado neste 4º trimestre de 2011 foi de -75,7%

(contra - 70,7% no trimestre anterior), percebendo-se que são cada vez em menor número as

empresas que têm conseguido evitar a diminuição do respetivo volume de negócios.

A confirmá-lo está o aumento registado na percentagem das empresas que afirmou ter

diminuído as vendas face ao período homólogo do ano anterior. Foram 83,8% (contra 80,5% no

segundo trimestre). Entretanto, apenas 8,1% das empresas afirmou o aumento das vendas face

ao trimestre homólogo (9,8% no trimestre anterior).

As expectativas para o primeiro trimestre de 2012 são novamente negativas, se bem que

exprimam um menor pessimismo, até porque, em termos de sazonalidade, o último trimestre

do ano tem sido historicamente o pior período do ano.

Na verdade, não é de esperar outra coisa que não seja a retração do mercado e a diminuição

das vendas, acompanhando a forte recessão que a economia portuguesa está a atravessar e que

se deverá agravar ao longo de, pelo menos, os primeiros seis meses de 2012.

Se tomarmos em linha de conta que a evolução do licenciamento de obras é um indicador que

permite antecipar a evolução dos trabalhos de construção e a venda de materiais de

construção, então as estatísticas oficiais só podem significar que, nos próximos meses, não

poderemos esperar outra coisa que não seja redução de atividade. De fato, em dezembro de

2011 foram licenciados 997 fogos em construção nova, o que traduz uma quebra de 42% face

ao período homólogo. Sublinhe-se que, até à presente data, não havia qualquer registo de se

terem licenciado menos de mil fogos num mês. No cômputo do ano, foram licenciados 16.737

fogos em construção nova o que revela uma quebra de 32,2%, face a 2010. Em termos de área

licenciada na construção de edifícios para habitação, a quebra em 2011 foi de 1.627m2, em

termos homólogos.

O subsector da reabilitação pese o seu enorme potencial, também não irá contribuir, no curto

prazo, para alterar a situação do setor já que o número de licenças de obras de reabilitação

registou no último trimestre de 2011, inclusive, um decréscimo, em termos trimestrais, de

4,71%, não obstante se manterem ligeiramente positivas, quer a variação homóloga que se

cifrou em 2,35%, quer a variação anual média que atingiu os 3,6%.

As perspetivas para os próximos meses, por isso, afiguram-se ainda mais negativas, se

atendermos também ao aumento do desemprego e da tributação dos imóveis, bem como às

crescentes restrições ao crédito, em especial para aquisição de habitação.

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O único fator positivo evidenciado são as alterações à legislação do arrendamento (o despejo e

o regime de atualização das rendas).

A introdução de uma taxa liberatória/tributação autónoma em IRS para os rendimentos das

rendas, medida que é indispensável para viabilizar o investimento no mercado do

arrendamento e que poderia alavancar a reabilitação urbana, continua a suscitar dúvidas por

parte do Governo e nunca entrará em vigor antes de 2013.

3 - Objectivos do Plano de Insolvência (al. b) do nº 2 do Art. 195.º do CIRE)

3.1. Objectivos e estratégias a implementar

O objectivo principal deste plano de insolvência é reestruturar o passivo da empresa e fazer

nascer uma "nova" empresa lucrativa, encaminhando os lucros gerados na satisfação dos

credores, deixando-os numa situação bem mais vantajosa do que ficariam num cenário de

liquidação.

Relativamente às medidas a levar a cabo pela Gestão da empresa, de forma a inverter a

situação negativa dos últimos exercícios, consequência das causas antes explicitadas, podemos

salientar as seguintes:

a) Ajustamento da estrutura de pessoal da empresa ao nível da actividade existente com

uma diminuição, no ano de 2012, de 19 trabalhadores, mediantes despedimento

colectivo realizado em Março de 2012 e a realizar em Junho de 2012, diminuindo o

número de trabalhadores para 11.

b) Focalização do departamento comercial em materiais destinados a reabilitação urbana

e a pequenas intervenções, privilegiando-se o pagamento a pronto pagamento e a

venda directa na loja da Solmate.

c) Continuação de rigoroso controlo de custos, possibilitando aumento da competitividade

da empresa e possibilitando o incremento das margens de comercialização;

d) Implementação de rigoroso controlo e avaliação do risco de clientes de forma a eliminar

por completo a incobrabilidade de créditos.

O Plano de Insolvência, posto em prática com a implementação destas medidas, tem como

principal objectivo a manutenção da actividade da empresa ora insolvente, a manutenção dos

postos de trabalho e o pagamento a credores de forma bem mais vantajosa que a que seria

atingida num cenário de encerramento de estabelecimento e liquidação.

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Os principais activos da empresa, que são o know-how da sua administração, que funciona

como pulmão da capacidade da empresa, a capacidade técnica dos seus colaboradores, o

posicionamento no mercado e os largos anos de experiência e a consciência do cometimento de

alguns erros, são aqueles que, em situação de liquidação, não passam para os cofres dos

credores, perdendo-se no mesmo dia em que se decide iniciar a liquidação.

Em termos financeiros e não havendo grande margem de manobra na tesouraria, pois está

dificultada a possibilidade de crédito bancário ou mesmo de fornecedores, terá que ser a

própria actividade a financiar.

Em suma, podemos concluir que a proposta de Plano de Insolvência tem como objectivo a

recuperação económica e financeira desta unidade comercial, através da reestruturação do seu

passivo, acompanhando com medidas de gestão financeira, comercial e estratégica, que irão

certamente deixar todos os credores numa situação mais favorável do que aquela que seria

conseguida por via da simples liquidação dos activos da insolvente.

Não podemos deixar de referir, o numero de insolvências que atingiu o nosso país, devendo, no

nosso mais modesto entendimento, este ser um factor a considerar por parte dos credores,

aquando da votação deste plano, no sentido de efectivamente terem em consideração que esta

unidade, também sofreu as consequências de uma crise generalizada e irá permanecer em

funcionamento unicamente para satisfazer os seus credores, não havendo por parte da

estrutura accionista qualquer perspectiva de distribuição de dividendos, até o plano estar

integralmente cumprido.

Uma referência muito especial à possibilidade de insucesso do Plano de Insolvência agora

apresentado, de forma a permitir aos credores acreditar que caso aconteça, a sua situação não

ficará prejudicada, pois a Administração da empresa compromete-se a não manter exploração

deficitária, e em situação nenhuma será ponderada a alienação de activos para financiar custos

de exploração, podendo concluir-se que a aprovação deste Plano de Insolvência, no pior dos

cenários, apenas poderá tratar-se de um adiamento da liquidação.

3.2. Medidas necessárias à execução

A execução do Plano de Insolvência passa, obviamente, por cumprir o pagamento dos créditos

verificados e reconhecidos pela respectiva sentença, encontrando-se, na proposta de

pagamento cumprido o disposto no Art. 194.º do C.I.R.E.

Para atingir os objectivos agora propostos, será fundamental obter dos clientes os recebimentos

previstos pelas vendas já realizadas, bem como manter linhas de apoio à tesouraria, pois, como

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facilmente se compreenderá não será nos fornecedores que se conseguirá, pelo menos no curto

prazo, o crédito que a tesouraria da empresa necessita para este novo arranque da actividade.

Cremos ainda que, o estigma da existência de uma empresa declarada insolvente permanecer

no mercado, terá uma normal tendência a dissipar-se, não devendo ser esse um factor que

deverá condicionar os credores a não acreditar na possível recuperação da empresa.

3.3. Alterações decorrentes do Plano de Insolvência, para as posições jurídicas dos

credores:

a) A Aprovação do Plano de Insolvência implica a derrogação dos seguintes preceitos do CIRE:

i) Art. 91.º, nº1, na medida em que passa a haver uma moratória para o cumprimento

das obrigações da insolvente, admitindo-se o pagamento dos créditos sobre o

insolvente em prestações, podendo ainda usar de um período de carência;

ii) Art. 172.º a 184.º, na medida em que passa a vigorar um regime especial de

pagamento aos credores, de acordo com o que vier a ser aprovado em Assembleia

de Credores e constar da sentença homologatória do Plano nela aprovado.

b) Art. 230.º, n.º 1, al. b), atendendo ao conteúdo do presente Plano de Insolvência, a sua

homologação não determinará o encerramento do processo, estando contudo prevista a

fiscalização pelo Administrador de Insolvência, nos termos do Art. 220.º do CIRE.

c) Nos termos do Art. 221.º, estipula-se que terão prioridade sobre os créditos sobre a

insolvência, em novo processo de insolvência aberto entes de findo o período de

fiscalização, os créditos que sejam constituídos nesse período, desde que essa prioridade

lhe seja reconhecida expressamente e por escrito, com indicação do montante abrangido e

confirmação pelo Administrador de Insolvência.

d) Não estando previsto o encerramento deste processo de insolvência com a sentença

homologatória de Plano de Insolvência, em caso de incumprimento do mesmo – fica

vedado o requerimento de insolvência por qualquer legitimado, derrogando-se o Art. 20.º,

n.º1, al. f), ficando o Administrador de Insolvência, no prazo máximo de 60 dias a contar

desse incumprimento, incumbido de, nos termos do Art. 75.º nº 1 do CIRE, requerer ao Juiz

a convocação de uma Assembleia de Credores extraordinária, que vise deliberar o destino a

dar à insolvente, por aplicação, com as devidas adaptações, dos poderes dados à

Assembleia de Credores, nos termos do Art. 156.º do CIRE.

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4 - Impacto espectável do Plano, por comparação com a situação que interviria na

ausência de qualquer plano de insolvência.

Pretende-se com este plano de insolvência que os credores sejam beneficiados com a

manutenção da actividade da empresa, obtendo uma maior satisfação quando em comparação

com um cenário de liquidação.

Ora num cenário de liquidação, cumpriria efectuar os pagamentos resultantes da sentença de

verificação e graduação de créditos, transitada em julgado, após liquidação de todo o activo da

insolvente e de percorrido todo o processo de insolvência, que, para os menos familiarizados

com este tipo de processos, se informa que seguramente não demoraria menos de 2 a 3 anos.

Contudo e no cumprimento do que se considera dever fazer parte conteúdo do plano de

insolvência, cumpre elaborar cenários comparativos, ou seja, o que se espera ser efectivamente

vantajoso para os credores, na aprovação do plano de insolvência em comparação com um

cenário de liquidação.

Esta comparação será efectuada no pressuposto de que os créditos laborais gozam de privilégio

mobiliário geral e imobiliário especial.

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4.1. Cenário de Liquidação:

Bens Imóveis (a) 1.250.000 €

Bens Móveis 300.000 €

Particições Financeiras 80.595 €

Suprimentos em empresas participadas 240.669 €

Clientes (b) 811.445 €

Stocks 195.281 €

Total da Liquidação 2.877.990 €

Custas do processo e remuneração do Administrador de Ins. 125.000 €

Valor a distribuir pelos credores 2.752.990 €

Crédito Total Valor a pagar %Crédito Não

Satisfeito

Crédito de Trabalhadores (c) 600.000 € 600.000 € 100,0% - €

Administração Tributária e Segurança Social(Ultimos 12 Meses) 49.150 € 49.150 € 100,0% - €

Instituições Financeiras com garantia real (CCAM) 1.128.283 € 1.128.283 € 100,0% - €

Instituições Financeiras, credores comuns 2.673.553 € 429.873 € 16,1% 2.243.680 €

Fornecedores, credores comuns 2.844.725 € 457.396 € 16,1% 2.387.329 €

Restantes Credores, credores comuns 549.097 € 88.288 € 16,1% 460.809 €

Total 7.844.808 € 2.752.990 € 35,1% 5.091.818 €

Total de Créditos Comuns 6.067.375 €

Valor a distribuir por créditos comuns 975.557 €

(a) A avaliação de bens móveis, penas contempla o imóvel que garante o

crédito da CCAM.

(b) O Valor da rubrica de clientes está calculado à data de Fevereiro de 2012,

não tendo sido actualizadas as imparidades deste exercício, pelo que o

cenário de liquidação pode ainda ser bens mais penoso para os credores,

sublinhando portanto que esta rubrica está tratada numa perspectiva de

liquidação bastante optimista.

(c) Os créditos de trabalhadores estão calculados numa base previsional de

20.000€ por trabalhador, considerando o despedimento da globalidade.

Em conclusão, pretende-se com este cenário prever que, numa perspectiva bastante optimista,

os trabalhadores receberiam a totalidade dos seus créditos, bem como o Estado e Segurança

Social e credor garantido com hipoteca sobre imóvel da insolvente, sendo que os credores

comuns, ou seja todos os restantes, receberiam cerca de 16% do seu crédito, num prazo que

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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não se consegue prever, mas que se estima seja de largos anos, pois está em causa recebimento

de clientes, com recurso por certo a acções judiciais a instaurar dentro e fora do território

nacional.

Este é sem dúvida nenhuma o que de pior pode acontecer a todos os credores, pois, em caso de

reprovação do plano de insolvência, estão a optar pelo quadro mais desvantajoso, além de

estarem a liquidar a possibilidade de recuperação de uma empresa, ou seja de um cliente.

Sublinhe-se ainda que o incumprimento do Plano não comprometerá a posição dos credores,

podendo apenas adiar por alguns meses o que quem pretende reprovar o Plano considera mais

vantajoso, pois a devedora assume desde já perante os seus credores, neste Plano de

Insolvência, que não permanecerá em laboração caso verifique a existência de uma exploração

deficitária e não alienará património para financiar a actividade.

4.2. Plano de Insolvência

Crédito Total Valor a pagar %Crédito Não

Satisfeito

Crédito de Trabalhadores (a) 260.000 € 260.000 € 100,0% - €

Administração Tributária e Segurança Social(Ultimos 12 Meses) 49.150 € 49.150 € 100,0% - €

Instituições Financeiras com garantia real (CCAM) 1.128.283 € 1.128.283 € 100,0% - €

Instituições Financeiras, credores comuns 2.673.553 € 1.336.777 € 50,0% 1.336.777 €

Fornecedores, credores comuns 2.844.725 € 1.422.363 € 50,0% 1.422.363 €

Restantes Credores, credores comuns 549.097 € 274.549 € 50,0% 274.549 €

Total 7.504.808 € 4.471.121 € 59,6% 3.033.688 €

(a) Cálculos efectuados tendo em consideração uma redução de 13

trabalhadores.

Bem podemos verificar que de acordo com o Plano de Insolvência proposto, os credores

receberão cerca de mais 1.700.000€, que num cenário de liquidação imediata, ficando mesmo

os credores garantidos/privilegiados em situação mais desfavorável, na liquidação, pois só iriam

receber após conclusão do processo, o que efectivamente se estima poder demorar vários anos,

e de acordo com o Plano de Insolvência apresentado, além de se esperar virem a ser liquidados

na totalidade, a seu recebimento será muito mais cedo.

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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De sublinhar que a manutenção de postos de trabalho leva a que os créditos não satisfeitos

num cenário de liquidação sejam superiores a 5.000.000€, enquanto o cenário de Plano de

Insolvência, prevê que não sejam satisfeitos 3.033.000€, ou seja uma vantagem de cerca de

2.000.000€, para os credores.

Note-se ainda que com a aprovação do Plano de Insolvência e consequente continuidade da

laboração da empresa, naturalmente que haverá um nível de recuperação de crédito de clientes

bem diferente, pois como é do conhecimento geral, a cobrança de dívidas de clientes de

empresas declaradas insolventes, reveste uma dificuldade acrescida, ainda mais tratando-se de

equipamentos aplicados em obra e com fáceis invocações de defeitos, sendo também

frequentemente invocados quebras de contractos de fornecimento, produto fora dos padrões

de qualidade, enfim, um sem número de situações que se poderão evitar com a continuidade da

actividade da empresa.

Não poderá deixar de se referir que desta forma se mantêm cerca de 11 postos de trabalho,

podendo naturalmente haver crescimento de pessoal, o que não aconteceria em caso de

liquidação da empresa.

Podem os credores considerar que a comparação está desenvolvida com uma margem de

segurança considerável, apenas podendo haver alguma dúvida por parte dos credores por

assentar em perspectivas de resultados da empresa, o que, sendo previsional é falível.

Quanto a esse particular, não pode deixar de ser dito que não foi tido em consideração a

possibilidade de desenvolvimento de novos mercados e a potenciação do volume de negócios

para níveis já anteriormente atingidos, em que a empresa facturava mais de 12.000.000€

anuais.

Refira-se que o esforço de pagamento em velocidade cruzeiro, ou seja, após período de

carência, é de cerca de 23.000€ mensais, o que poderá ser atingido com a empresa a laborar a

menos 75% do seu normal.

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5 - Reestruturação do passivo e planos de pagamentos.

Quanto ao plano de pagamento e reestruturação de passivo, cuja elaboração assenta nas

directrizes do Instituto de Segurança Social e da Fazenda Nacional, bem como, no princípio

comparativo do cenário de liquidação, anteriormente exposto, resulta a seguinte proposta:

5.1. Créditos Laborais

Período de carência de pagamento de 12 meses;

Pagamento em 24 prestações mensais, sem juros, iguais e sucessivas, vencendo-se a

primeira em 13 mês após homologação do Plano de Insolvência e trânsito em julgado

da sentença de verificação e graduação de créditos, sem prejuízo da possibilidade de

pagamento antecipado.

5.2. Fazenda Nacional

Pagamento em 120 prestações mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira

imediatamente após homologação do Plano de Insolvência e trânsito em julgado da

sentença de verificação e graduação de créditos, tudo de acordo com o disposto nos nºs

2 e 3 do Art. 30.º e nº 3 do Art. 36.º, ambos da LGT; artºs 196.º e 199.º do CPPT; do Art.

125.º da Lei 55-A/2010, de 31/12 e, quanto aos juros de mora, os nºs 3 e 5, do Art. 3º

do DL 73/99, de 16/3, com excepção do ponto seguinte:

As dívidas cuja liquidação tenha sido objecto de impugnação, apenas serão pagas, em

caso de decaimento nas respectivas impugnações judiciais, em 120 prestações mensais,

iguais e sucessivas, com início no dia 1 do mês seguinte ao do trânsito em julgado da

respectiva sentença.

Para o cumprimento do plano de pagamento proposto à Fazenda Nacional, a Insolvente

compromete-se a prestar garantias idóneas, pelo valor da dívida, através da

constituição de penhor mercantil sobre os bens móveis da empresa, constantes em

inventário anexo.

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5.3. Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, com cenários alternativos, conforme

previsto no Art. 200.º do CIRE

Pagamento da dívida em 150 prestações mensais, iguais e sucessivas, sem período de

carência, vencendo-se a primeira no mês seguinte ao da data da sentença de

homologação do plano de insolvência;

Redução de 80% de juros vencidos, conforme declaração subscrita pelo administrador

de insolvência, que comprova a imprescindibilidade de tal redução para a viabilidade da

sociedade, recalculados à data da declaração de insolvência e tendo em conta o cálculo

de renúncias de créditos a efectuar;

A taxa de juros vincendos será determinada de acordo com o cálculo de renúncias de

créditos a efectuar e de acordo com a idoneidade das garantias a prestar, pelo que, a

sua fixação é feita em 3,5%;

Para cumprimento do plano de pagamento proposto à Segurança Social é proposta a

constituição de penhor mercantil sobre os bens móveis da empresa, constantes em

inventário anexo.

O pagamento das contribuições mensais e respectivos juros de mora vencidos

posteriormente à data da declaração de insolvência, até à data de aprovação do plano

de insolvência.

5.4. Crédito garantido – Caixa de Crédito Agrícola Mútuo

Período de carência de 18 meses, iniciado após homologação do plano de insolvência e

trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos;

Pagamento de 100% do capital em divida, em 120 meses;

Os juros vincendos serão pagos de acordo com as seguintes taxas:

o até ao final do 5.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1 mês, acrescido de

spread de 2%;

o do início do 6.º ano até ao final do 10.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1

mês, acrescida de um spread de 3%;

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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5.5. Créditos comuns

Período de carência de 18 meses, iniciado após homologação do plano de insolvência e

trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos;

Perdão de 50% do capital em dívida e inexigibilidade de juros vencidos;

Os juros vincendos serão pagos de acordo com as seguintes taxas:

o até ao final do 6.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1 mês;

o do início do 7.º ano até ao final do 12.º ano, inclusive, aplica-se a taxa Euribor 1

mês, acrescida de um spread de 0,5%;

o do início do 13.º ano até final, aplica-se a taxa Euribor 1 mês, acrescida de um

spread de 1%;

pagamento em 162 prestações mensais e sucessivas;

os juros devidos durante o período de carência, serão diluídos no decurso do prazo

restante.

5.6. Créditos subordinados

Perdão total dos créditos subordinados;

5.7. Créditos sob condição suspensiva e resolutiva (incluindo leasings)

Estes créditos não são sujeitos a condição de pagamento em sede de Plano de

Insolvência porque não é expectável que se venham a efectivar numa perspectiva de

continuidade da empresa e do cumprimento das suas obrigações, não sendo também,

pelos mesmos motivos, consideradas os pagamentos de indemnizações a trabalhadores

reintegrados.

5.8. Outras condições

Caso se verifique que a empresa se encontra em melhor situação económica do que a

prevista no presente plano e sem prejuízo da não descapitalização da sociedade que

torne impossível o integral cumprimento do Plano de Viabilização e, logo, a recuperação

da sociedade, poderá ser equacionada a antecipação total ou parcial dos pagamentos

Processo N.º 748/12.7TYLSB – 3º Juízo Tribunal do Comércio de Lisboa - Plano de Insolvência – SOLMATE, S.A.

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parciais previstos no presente plano, sempre com respeito pelos limites máximos

previstos no presente plano, rateado aos credores, sem prejuízo da preferência dos

novos credores (“Melhor Fortuna”)

Faz-se notar que, para efeitos de apresentação do presente plano de insolvência, foi

considerada a contabilidade do devedor actual, nomeadamente no estudo de

viabilidade económica apresentado, pelo que aquando da sentença de verificação e

graduação de créditos reconhecidos poderá o presente Plano sofrer pequenas

adaptações tendo em conta a realidade então apurada;

Ficam sem efeito, quaisquer outros planos de pagamento acordados, relativamente a

créditos sobre a insolvência.

6 - Fiscalização do Plano de Insolvência

Propõe-se, mesmo prevendo-se que o processo não seja encerrado, conforme referido no

ponto 3.3., al. b), que a execução do Plano de Insolvência seja fiscalizada pelo Administrador de

Insolvência nomeado, Dr. Jorge Calvete, nos termos do Art. 220.º do CIRE, auferindo uma

remuneração mensal de 1.500€ mensais, durante 36 meses.

Lisboa, 8 de Junho de 2012