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PROCESSO DO TRABALHO Flávio Nunes [email protected] – www.flavionunes.adv.br Flávio Filgueiras Nunes 1 SOLUÇÃO DE CONFLITOS TRABALHISTAS 1. FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO TRABALHISTA Os conflitos que surgem em decorrência da incidência de uma norma pré-estabelecida pelo Direito Material em cada caso concreto, podem ser solucionados por diversos métodos. As formas de resolver tais conflitos integram dois grandes grupos, denominados de meios autônomos ou heterônomos de solução de conflitos. No primeiro caso, os próprios interessados extinguem o dissenso. Na segunda hipótese, cabe a um terceiro ofertar uma sugestão ou solucionar, diretamente, o conflito de interesses. AUTÔNOMOS AUTODEFESA ou AUTOTUTELA: as próprias partes buscam defender as suas razões em relação ao opositor. Na seara trabalhista, os exemplos mais comuns são a greve e o lockout. AUTOCOMPOSIÇÃO: as partes conversam entre si buscando a forma de solução aos seus conflitos. Tal forma de diálogo é a melhor, pois as partes sabem onde podem ceder em suas posições celebrando o acordo. Divide-se em: a) unilateral caracterizada pela renúncia de uma das partes à sua pretensão; b) bilateral quando ocorre transação, cada uma das partes faz concessões recíprocas. Os exemplos são os acordos e as convenções coletivas; HETERÔNOMOS MEDIAÇÃO: uma terceira pessoa propõe uma solução; ARBITRAGEM: uma terceira pessoa impõe uma solução aos litigantes. Art. 1º da Lei n. 9.307/96 As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. JURISDIÇÃO 1.1 FORMAS AUTÔNOMAS 1.1.1 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA A) Formação As Comissões de Conciliação Prévia foram instituídas com o objetivo de apresentar aos sujeitos da relação individual de trabalho forma para a solução do conflito existente. Trata-se de forma extrajudicial de solução de conflito promovida pelas partes em dissídios, autocomposição.

Solução de Conflitos Trabalhistas (1)

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    SOLUO DE CONFLITOS TRABALHISTAS

    1. FORMAS DE SOLUO DE CONFLITO TRABALHISTA Os conflitos que surgem em decorrncia da incidncia de uma norma pr-estabelecida pelo Direito Material em cada caso concreto, podem ser solucionados por diversos mtodos. As formas de resolver tais conflitos integram dois grandes grupos, denominados de meios autnomos ou heternomos de soluo de conflitos. No primeiro caso, os prprios interessados extinguem o dissenso. Na segunda hiptese, cabe a um terceiro ofertar uma sugesto ou solucionar, diretamente, o conflito de interesses. AUTNOMOS AUTODEFESA ou AUTOTUTELA: as prprias partes buscam defender as suas razes em relao ao opositor. Na seara trabalhista, os exemplos mais comuns so a greve e o lockout. AUTOCOMPOSIO: as partes conversam entre si buscando a forma de soluo aos seus conflitos. Tal forma de dilogo a melhor, pois as partes sabem onde podem ceder em suas posies celebrando o acordo. Divide-se em: a) unilateral caracterizada pela renncia de uma das partes sua pretenso; b) bilateral quando ocorre transao, cada uma das partes faz concesses recprocas. Os exemplos so os acordos e as convenes coletivas; HETERNOMOS MEDIAO: uma terceira pessoa prope uma soluo; ARBITRAGEM: uma terceira pessoa impe uma soluo aos litigantes. Art. 1 da Lei n. 9.307/96 As pessoas capazes de contratar podero valer-se da arbitragem para dirimir litgios relativos a direitos patrimoniais disponveis. JURISDIO

    1.1 FORMAS AUTNOMAS

    1.1.1 COMISSO DE CONCILIAO PRVIA

    A) Formao

    As Comisses de Conciliao Prvia foram institudas com o objetivo de apresentar aos sujeitos da relao individual de trabalho forma para a

    soluo do conflito existente. Trata-se de forma extrajudicial de soluo de conflito promovida pelas partes em dissdios, autocomposio.

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    As Comisses de Conciliao Prvia podero ser criadas no mbito das

    empresas, grupo de empresas, sindicatos e intersindical com representao paritria, representantes dos empregados e empregadores,

    consoante art. 625-A da CLT:

    Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comisses de Conciliao Prvia, de composio paritria, com representante

    dos empregados e dos empregadores, com a atribuio de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.

    Pargrafo nico. As Comisses referidas no caput deste artigo podero ser constitudas por grupos de empresas ou ter carter

    intersindical. (Includo pela Lei n 9.958, de 12.1.2000)

    Quanto a composio:

    Comisses institudas nas empresas (art. 625-B da CLT):

    sero compostas de no mnimo 2 e mximo de 10 membros, sendo a metade dos membros indicada pelos empregadores e a outra

    metade eleita pelos empregados em escrutnio secreto fiscalizado pelo sindicato dos trabalhadores. Sero eleitos representantes

    titulares e suplentes em igual proporo para mandato de um ano, sendo permitida uma reconduo. Aos representantes eleitos

    (titulares e suplentes) ser garantida a estabilidade no emprego at um ano aps o trmino do mandato. Os empregados eleitos tero

    computado como de interrupo os perodos em que estiverem atuando como conciliadores.

    Comisso instituda no Sindicato (art. 625-C): a constituio e

    o funcionamento das Comisses nos sindicatos sero definidas em

    conveno e acordo coletivo.

    Quanto a necessidade de submeter o conflito existente Comisso de Conciliao Prvia antes da busca do judicirio o STF em

    julgamento da ADIN n. 2139 DF proferiu deciso no sentido de ser facultativa a submisso prvia as Comisses de Conciliao Prvia.

    Havendo a opo pela soluo do conflito mediante Comisso de

    Conciliao Prvia no h obrigao de constituir advogado.

    Quanto a formalidade para a apresentao da reclamao perante a Comisso esta ser apresentada por escrito ou reduzida a termo por

    qualquer membro devendo ser entregue ao final cpia assinada aos interessados (art. 625-D, 1).

    No havendo conciliao ser entregue aos litigantes declarao da tentativa frustada de conciliao, com a descrio do objeto para fins de

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    apresentao em eventual reclamao trabalhista perante a Justia do Trabalho (art. 625-D, 2).

    Havendo conciliao ser lavrado termo de acordo assinado pelos

    litigantes servindo o mesmo como ttulo executivo extrajudicial, com eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente

    ressalvadas (art. 625-E).

    A Comisso de Conciliao Prvia tem o prazo de 10 (dez) dias, a contar da apresentao do pedido pelo interessado, para a realizao da

    sesso de tentativa de conciliao (art. 625-F). Se no prazo noticiado no houver sesso de tentativa de acordo ser fornecida declarao de

    no conciliao ao demandantes (art. 625-F, pargrafo nico).

    Haver a suspenso do prazo prescricional a partir da provocao da

    Comisso de Conciliao Prvio, recomeando a fluir, pelo pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustada de conciliao ou do esgotamento do

    prazo previsto para realizao da sesso de conciliao de 10 (dez) dias (art. 625-G).

    B) Leitura Recomendada

    TRABALHADOR NO OBRIGADO A SUBMETER DEMANDA A COMISSO

    DE CONCILIAO PRVIA

    Fonte: www.tst.jus.br texto publicado em (Ter, 4 Set 2012)

    A Stima Turma do Tribunal Superior do Trabalho no conheceu de recurso da Liberty Paulista Seguros S.A., que pretendia a extino de ao

    trabalhista ajuizada por ex-empregada, em razo de a lide no ter sido

    submetida a Comisso de Conciliao Prvia (CCP). A Turma adotou entendimento do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que demandas

    trabalhistas podem ser levadas Justia independentemente de terem sido analisadas por uma CCP.

    A ex-empregada da Liberty Paulista Seguros ajuizou ao trabalhista

    perante a 3 Vara do Trabalho de Salvador (BA), sem submet-la a anlise de comisso de conciliao prvia. A sentena acolheu

    parcialmente as pretenses, no entanto, a empresa recorreu, afirmando que faltou trabalhadora interesse de agir, j que no levou a demanda

    para ser analisada pela CCP antes de ingressar em juzo.

    O Tribunal Regional do Trabalho da 5 Regio (BA) rejeitou os argumentos da empresa e manteve a deciso do primeiro grau. As comisses de

    conciliao prvia devem ser criadas por empresa ou sindicato. Para o

    Regional, como a Liberty Paulista no demonstrou a existncia de CCP em seu mbito, no caberia empregada o nus de tal prova.

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    Inconformada, a empresa recorreu ao TST e apontou violao ao artigo 625-D da CLT, que determina que qualquer demanda trabalhista seja

    submetida comisso de conciliao prvia, se existente no mbito da empresa ou sindicato.

    O relator, ministro Pedro Paulo Manus, no conheceu do recurso e

    considerou correta a deciso do Regional, j que entendimento pacfico do TST que "a prvia submisso da demanda Comisso de Conciliao

    Prvia no configura pressuposto processual ou condio da ao", mas apenas instrumento extrajudicial de soluo de conflitos. Assim, o

    empregado livre para optar pela conciliao perante a comisso prvia ou ingressar diretamente com ao trabalhista.

    O TST passou a adotar entendimento do Supremo Tribunal Federal, que,

    em sede de Ao Direita de Inconstitucionalidade, decidiu que aes

    trabalhistas podem ser analisadas pelo poder Judicirio antes que tenham sido submetidas a uma dessas comisses, em atendimento ao princpio

    constitucional do acesso Justia (inafastabilidade do controle judicial). A deciso foi unnime.

    (Letcia Tunholi/RA)

    Processo: RR-139900-53.2005.5.05.0003

    C) Exerccio de Fixao

    01. (FCC 2012 - TRT - 1 REGIO (RJ) Prova: Juiz do Trabalho) Quanto Comisso de Conciliao Prvia correto afirmar:

    a) A Comisso instituda no mbito da empresa ser composta de, no mnimo, dois e, no mximo, dez membros, com mandato de dois anos,

    permitida uma reconduo.

    b) Aceita a conciliao, ser lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comisso, garantindo-

    se ao interessado o prazo de 8 (oito) dias para interposio de recurso ordinrio.

    c) O termo de conciliao ttulo executivo extrajudicial e ter eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente ressalvadas.

    d) vedada a dispensa dos representantes dos empregados e dos empregadores, membros da Comisso de Conciliao Prvia, titulares e

    suplentes, at um ano aps o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.

    e) Qualquer demanda de natureza trabalhista ser submetida Comisso de Conciliao Prvia, desde que formulada obrigatoriamente por escrito

    se, na localidade da prestao de servios, houver sido instituda a Comisso no mbito da empresa ou do sindicato da categoria.

    02. (CESPE 2013. Especialista em Gesto de Telecomunicaes Advogado) O feito dever ser previamente submetido comisso

    de conciliao prvia, sob pena de arquivamento da reclamao.

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    Certo ( ) Errado ( ).

    03. (CESPE 2010. MPU. Analista Processual) facultado ao empregador dispensar empregado membro da comisso de

    conciliao prvia. Certo ( ) Errado ( ).

    04. (TRT - 2 REGIO (SP) 2009. Juiz do Trabalho) Relativamente Comisso de Conciliao Prvia o Excelso Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que:

    a) inconstitucional a norma jurdica que criou a Comisso de Conciliao Prvia.

    b) inconstitucional a interpretao que exige a submisso da demanda Comisso de Conciliao Prvia antes da interposio da ao.

    c) A matria no adentra ao campo da constitucionalidade, cabendo a

    interpretao exclusivamente Justia do Trabalho, sendo impossvel discutir o tema naquela Corte.

    d) H necessidade de submisso da demanda Comisso de Conciliao Prvia antes da propositura da ao trabalhista e sua ausncia acarreta

    em extino do feito por falta de condio da ao. e) H necessidade de submisso da demanda Comisso de Conciliao

    Prvia antes da propositura da ao trabalhista e sua ausncia acarreta em extino do feito por ausncia de pressuposto processual.

    05. (CESPE 2013. Analista - Percia em Clculo Judicial) A

    provocao da comisso de conciliao prvia interrompe o prazo prescricional.

    CERTO ( ) ERRADO ( )

    06. (FCC 2011. TRT - 24 REGIO (MS). Analista Judicirio - rea

    Judiciria) Joo, representante suplente dos empregados, membro de Comisso de Conciliao Prvia, foi suspenso por cinco dias em

    razo da prtica de falta grave passvel de demisso por justa causa. Neste caso, seu empregador:

    a) poder dispensar Joo aps o trmino da pena de suspenso aplicada, tendo em vista que o membro suplente de Comisso de Conciliao Prvia

    no possui estabilidade. b) poder dispensar Joo imediatamente, tendo em vista que o membro

    suplente de Comisso de Conciliao Prvia no possui estabilidade. c) dever ajuizar reclamao escrita ou verbal a fim de instaurar inqurito

    para apurao de falta grave perante uma das Varas do Trabalho, dentro de quinze dias, contados da data da suspenso de Joo.

    d) dever ajuizar reclamao escrita a fim de instaurar inqurito para apurao de falta grave perante uma das Varas do Trabalho, dentro de

    trinta dias, contados da data da suspenso de Joo.

    e) dever ajuizar reclamao escrita a fim de instaurar inqurito para apurao de falta grave perante o Tribunal Regional do Trabalho

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    competente, dentro de sessenta dias, contados da data da suspenso de Joo.

    Gabarito: 01 C; 02 errado; 03 errado; 4 B; 5- certo; 6 b.