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48 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO / JULHO 2013 Vidros de segurança SOLUÇÕES INOVADORAS A utilização de fachadas com vidros de segurança recrudesceu nos últimos anos, em razão da crescente utilização de fachadas envidraçadas e da necessidade de proteção a eventos de vandalismo e invasão, com uso de armas de fogo, em locais como guaritas, joa- lherias, bilheterias e casas lotéricas. Qualquer tipo de ação direcionada à fachada ou agente que a deteriore afeta tanto as placas de vidro como todos os outros com- ponentes que integram o sistema de vedação. Assim, ao se falar em fachadas com vidro de segurança, aborda-se o vidro e suas interações com os outros componentes. Os vidros de segurança nas fachadas não visam tanto atender os requisitos de desempe- nho estrutural (cargas de vento e impactos, por exemplo), como as premissas referentes ao uso e operação, específicas para cada edificação. Neste contexto devem ser avaliados os riscos referentes às ações como: tentativa de intrusão, armas de fogo, impacto de veículos, explosões ou vandalismos generalizado. Portanto, o tipo de edificação, o entorno, os índices de criminalidade, o acesso, o fator econômico e o uso são fatores de risco que devem ser avaliados nos projetos das fachadas, principalmente nos aspectos de desempenho estrutural e segurança no uso e operação. Critérios de segurança O vidro é de segurança quando sua tecnologia de fabricação ou montagem per- mite reduzir a probabilidade de acidentes por choques ou deformações. O vidro temperado, por exemplo, é aplicado em portas e vitrinas de lojas, bancos, assim como no mercado automotivo, pois estilhaça em centenas de pequenos pedaços não pontiagudos ou lascas que poderiam machucar. Há também os vidros multilaminados e os aramados. O primeiro é uma união de vidros, realizada em sua fabrica- ção, onde são utilizadas duas ou mais lâminas de vidro intercaladas por uma ou mais camadas de Polivinil Butiral (PVB) ou resina. Já o vidro aramado possui em seu interior uma malha quadriculada de arame de aço que mantém sua integridade física após a quebra. Os vidros comercialmente chamados de antivandalismo ou blindados são vidros multi- laminados, sendo que a sua composição varia em função da aplicação e nível de proteção solicitada. A fachada com vidros de segurança é composta de esquadrias, guarnições, selantes e dispositivos de fixação. Esses componentes também devem ser dimensionados de modo compatível às exigências das fachadas. Ao se adotar um vidro multilaminado, blindado, as esquadrias não podem, por exemplo, ser de alumínio comum, ou apresentar estruturas suportes (tipo aranha) que possuem pequena resistência a impactos. As normas nacionais de vidros de segu- rança abordam principalmente requisitos e métodos de avaliação relativos à segurança estrutural. A norma ABNT NBR 7199: 1989 – Projeto, Execução e Aplicações de Vidro na Construção Civil – determina as condições a serem obedecidas no projeto de envidraçamen- to, orientando dimensionamento da espessura do vidro em função do tipo de vidro e sua localização na edificação. Entretanto, há duas normas (ABNT NBR Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected] [email protected] ANDRÉ LUIZ GONÇALVES SCABBIA é pesquisador do IPT e doutorado pela EESC/ USP, atua na linha de pesquisa relacionada à segurança ao fogo ANDRÉ DELFINO AZE- VEDO é pesquisador do IPT, engenheiro civil, graduado na Poli-USP, desenvolve trabalhos na área de sistemas construtivos Invasão de agência bancária pela fachada envidraçada

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48 revista notícias da construção / Julho 2013

vidros de seguranças O l u Ç Õ e s i n O v A d O r A s

A utilização de fachadas com vidros de segurança recrudesceu nos últimos anos, em razão da crescente utilização de fachadas envidraçadas e da necessidade de proteção a eventos de vandalismo e invasão, com uso de armas de fogo, em locais como guaritas, joa-lherias, bilheterias e casas lotéricas.

Qualquer tipo de ação direcionada à fachada ou agente que a deteriore afeta tanto as placas de vidro como todos os outros com-ponentes que integram o sistema de vedação. Assim, ao se falar em fachadas com vidro de segurança, aborda-se o vidro e suas interações com os outros componentes.

Os vidros de segurança nas fachadas não visam tanto atender os requisitos de desempe-nho estrutural (cargas de vento e impactos, por exemplo), como as premissas referentes ao uso e operação, específicas para cada edificação. Neste contexto devem ser avaliados os riscos referentes às ações como: tentativa de intrusão, armas de fogo, impacto de veículos, explosões ou vandalismos generalizado.

Portanto, o tipo de edificação, o entorno, os índices de criminalidade, o acesso, o fator econômico e o uso são fatores de risco que devem ser avaliados nos projetos das fachadas, principalmente nos aspectos de desempenho estrutural e segurança no uso e operação.

Critérios de segurançaO vidro é de segurança quando sua

tecnologia de fabricação ou montagem per-mite reduzir a probabilidade de acidentes por choques ou deformações. O vidro temperado, por exemplo, é aplicado em portas e vitrinas de lojas, bancos, assim como no mercado automotivo, pois estilhaça em centenas de pequenos pedaços não pontiagudos ou lascas que poderiam machucar. Há também os vidros multilaminados e os aramados. O primeiro é uma união de vidros, realizada em sua fabrica-

ção, onde são utilizadas duas ou mais lâminas de vidro intercaladas por uma ou mais camadas de Polivinil Butiral (PVB) ou resina. Já o vidro aramado possui em seu interior uma malha quadriculada de arame de aço que mantém sua integridade física após a quebra.

Os vidros comercialmente chamados de antivandalismo ou blindados são vidros multi-laminados, sendo que a sua composição varia em função da aplicação e nível de proteção solicitada.

A fachada com vidros de segurança é composta de esquadrias, guarnições, selantes e dispositivos de fixação. Esses componentes também devem ser dimensionados de modo compatível às exigências das fachadas. Ao se adotar um vidro multilaminado, blindado, as esquadrias não podem, por exemplo, ser de alumínio comum, ou apresentar estruturas suportes (tipo aranha) que possuem pequena resistência a impactos.

As normas nacionais de vidros de segu-rança abordam principalmente requisitos e métodos de avaliação relativos à segurança estrutural. A norma ABNT NBR 7199: 1989 – Projeto, Execução e Aplicações de Vidro na Construção Civil – determina as condições a serem obedecidas no projeto de envidraçamen-to, orientando dimensionamento da espessura do vidro em função do tipo de vidro e sua localização na edificação.

Entretanto, há duas normas (ABNT NBR

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]@ipt.br

anDrÉ LUiz gonÇaLVeS SCabbiaé pesquisador do iPt e doutorado pela eeSC/USP, atua na linha de pesquisa relacionada à segurança ao fogo

anDrÉ DeLFino aze-VeDo é pesquisador do iPt, engenheiro civil, graduado na Poli-USP, desenvolve trabalhos na área de sistemas construtivos

invasão de agência bancária pela

fachada envidraçada

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15000:2005 e ABNT NBR NM 298:2000) que avaliam a resistência dos vidros quanto a impactos de armas de fogo, seres humanos e objetos. Duas normas estrangeiras foram selecionadas para contribuir com a avaliação dos vidros com relação aos aspectos de se-gurança do usuário (BS EM 356:2000 e BS EN 1063:2000), particularmente quanto à resistência a impactos de ferramenta manual e de armas de fogo.

Os critérios e métodos de ensaio dessas normas estão em tabela disponível em http://www.sindusconsp.com.br/downloads/tabe-la_artigo_si_ed_124.pdf.

Considerações finais A avaliação técnica de fachadas com vi-

dro de segurança deve levar em conta todos os componentes e não só o vidro. No caso dessas fachadas envidraçadas, também devem ser abordados: estrutura suporte dos vidros (perfis guias e montantes metálicos - esquadrias), dispositivos de fixação (parafusos, presilhas, chumbadores), elementos de isolamento, como gaxetas e calços, materiais de vedação, entre outros.

Todos os métodos de ensaios para vidro descritos são aplicados em corpos de prova de pequenas dimen-sões. Entretanto, não se tem certeza se é possível extrapolar tais resulta-dos de ensaio para vidros de grandes dimensões e, portanto, avaliações e métodos de ensaio específicos devem ser criados e testados a fim de garantir o uso destes sistemas de fachadas com a segurança devida.

acima, cobertura com estrutura metálicas e vidros do Museu britânico, em londres (esq.); escada em vidro laminado da apple Store, na Holanda (dir.).abaixo, detalhe do vidro laminado do degrau da apple Store; mais abaixo, cabines blindadas do Estádio Wembley, em londres