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i SOLUÇÃO PROPOSTA PARA O PROBLEMA DE CAVITAÇÃO EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE QUEROSENE DE AVIAÇÃO Michel Ferreira de Queiroz Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Reinaldo de Falco Rio de Janeiro Novembro de 2018

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i

SOLUÇÃO PROPOSTA PARA O PROBLEMA DE CAVITAÇÃO

EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE QUEROSENE DE AVIAÇÃO

Michel Ferreira de Queiroz

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Reinaldo de Falco

Rio de Janeiro

Novembro de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM / POLI / UFRJ

SOLUÇÃO PROPOSTA PARA O PROBLEMA DE CAVITAÇÃO

EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE QUEROSENE DE AVIAÇÃO

Michel Ferreira de Queiroz

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Examinada por:

Prof. Reinaldo de Falco, Eng.

Prof. Fábio Luiz Zamberlan, DSc.

Prof. Roberto Ivo, Dsc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2018

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iii

“A curiosidade é mais importante que o conhecimento. ”

Albert Einstein

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iv

Agradecimentos

Dedico esse trabalho aos meus pais, Marcos e Mírian, que me deram todo o

suporte necessário durante a minha caminhada, além de me mostrarem a real

importância da educação. Vocês são a fonte da minha inspiração, e sem vocês eu não

teria conseguido.

À minha família, por torcer tanto por mim e por me amar incondicionalmente

mesmo durante a minha ausência por conta da faculdade.

À minha namorada Carolina, por ter estado ao meu lado me ajudando a superar

os momentos mais difíceis. Você tornou a minha vida muito melhor! Muito obrigado.

Aos meus amigos de Teresópolis, por compreenderem que ser amigo é muito

mais do que estar presente todos os dias. Obrigado pelo apoio de vocês.

Aos meus amigos da FURG, em especial à coordenadora Fabiane, por ter feito

seu trabalho de forma excepcional e por ter sido exemplo de profissional para mim.

Aos meus amigos da UC Davis, que estiveram comigo durante o melhor ano da

minha vida. Espero encontrá-los em breve no próximo MC encontro!

Aos meus amigos da UFRJ, pelas noites viradas de estudo. A amizade de vocês

foi fundamental.

À todos os integrantes do BAJA FURG, FURGBOL, PET Mecância, FRUCD e

da Minerva Bots , por terem me ensinado tanto durante esses anos.

À todos os meus amigos do Pool do Galeão, em especial ao Augusto e ao

Paulinho, por terem me recebido da melhor forma possível e por terem me dado todo o

suporte que eu precisava durante o meu último ano. Eu não poderia imaginar que o

estágio seria tão bom.

Aos professores Fábio Zamberlan e Roberto Ivo pela participação na banca

avaliadora do trabalho, e por suas considerações importantíssimas para a melhoria do

trabalho. Muito obrigado!

Ao professor Reinaldo de Falco, por sua imensa paciência e por ter sido o melhor

prefessor que eu tive durante a faculdade. Foi um prazer imenso ter tido você como

orientador.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

SOLUÇÃO PROPOSTA PARA O PROBLEMA DE CAVITAÇÃO

EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE QUEROSENE DE AVIAÇÃO

Michel Ferreira de Queiroz

Novembro/2018

Orientador: Reinado de Falco

Curso: Engenharia Mecânica

Os caminhões-tanque têm uma grande relevância no mercado de distribuição de

combustíveis no Brasil. No campo da aviação, além de, por vezes, serem o meio de

transporte do combustível entre as bases e os aeroportos, os caminhões-tanque são

responsáveis por grande parte dos abastecimento das aeronaves.

Desta forma, garantir que o sistema responsável pelo bombeamento do

combustível do caminhão funcione de maneira adequada é, também, garantir um

produto de qualidade e uma operação segura.

Visando o reingresso de um caminhão-tanque na operação de abastecimento de

aeronaves no Aeroporto do Galeão, um estudo do sistema de bombeamento desse

caminhão foi desenvolvido a partir de conhecimentos relacionados a sistemas

mecânicos, teorias de hidráulica e bombas centrífugas. O trabalho buscou comprovar a

causa da cavitação na bomba desse caminhão, assim como mostrar os ganhos

decorrentes da melhoria proposta.

Palavras-chave: cavitação, aviação, caminhão-tanque, abastecimento, bombas

centrífugas, combustíveis, mecânica, hidráulica, querosene

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer

PROPOSED SOLUTION FOR A CAVITATION OCCURRENCE

ON A AVIATION KEROSENE CENTRIFUGAL PUMP

Michel Ferreira de Queiroz

November/2018

Advisor: Reinaldo de Falco

Course: Mechanical Engineering

Tank trucks have a great relevance in the fuel distribution market in Brazil. In the

case of aviation, in addition to being sometimes the fuel means of transport between the

bases and the airports, the trucks are responsible for a large part of the aircraft supply.

In this way, ensuring that the system responsible for truck fuel pumping works

properly is also to ensure a quality product and safe operation.

Aiming at the re-entry of a tank truck in the aircraft supply operation at Galeão

Airport, a study of the pumping system of this truck was developed from knowledge

related to mechanical systems, hydraulic theories and centrifugal pumps. The work

sought to confirm the cause of the cavitation in the truck pump, as well as to show the

gains resulting from the proposed improvement.

Keywords: cavitation, aviation, tank truck, supply, centrifugal pumps, fuels,

mechanics, hydraulics, kerosene

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Sumário

1. Introdução ................................................................................................................. 1

2. Objetivo .................................................................................................................... 3

3. Teoria de mecânica dos fluidos e bombas centrífugas .............................................. 3

3.1 Mecânica dos fluidos ..................................................................................... 3

3.1.1 Massa específica (ρ) ....................................................................... 3

3.1.2 Densidade (d) .................................................................................. 4

3.1.3 Peso específico (γ) .......................................................................... 4

3.1.4 Volume específico (𝜗𝑒) ................................................................... 4

3.1.5 Pressão de vapor (𝑃𝑣) ..................................................................... 5

3.1.6 Viscosidade absoluta ou dinâmica (µ) ............................................. 5

3.1.7 Viscosidade cinemática (ν) .............................................................. 5

3.1.8 Pressão (𝑃)...................................................................................... 5

3.1.9 Velocidade de escoamento (𝑉) ........................................................ 6

3.1.10 Número de Reynolds (𝑅𝑒) ............................................................. 6

3.1.11 Teorema de Bernoulli .................................................................... 7

3.1.12 Perda de carga .............................................................................. 7

3.1.13 Determinação da curva do sistema................................................ 9

3.2 Teoria de bombas ........................................................................................ 11

3.2.1 Tipos de bombas ........................................................................... 11

3.2.2 Curvas características e ponto de trabalho .................................... 13

3.2.3 Curvas de NPSH e Cavitação em bombas .................................... 16

3.3 Acessórios da tubulação .............................................................................. 18

3.3.1 Válvulas ......................................................................................... 18

3.3.2 Filtro .............................................................................................. 23

3.3.3 Manômetro diferencial de pressão ................................................. 24

4. Estudo de caso ....................................................................................................... 26

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4.1 Apresentação do sistema............................................................................. 26

4.1.1 Características do fluido ................................................................ 30

4.2 Cálculo da altura manométrica de sucção (ℎ𝑠) ............................................ 30

4.2.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑠) ................................. 31

4.2.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑠) e fator de atrito (𝑓𝑠) .......... 32

4.2.3 Cálculo das perdas (ℎ𝑓𝑠) ............................................................... 35

4.3 Cálculo da altura manométrica de descarga (ℎ𝑑) ......................................... 36

4.3.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑑, 3") ............................ 37

4.3.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑑, 3") e fator de atrito (𝑓𝑑, 3") 37

4.3.3 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑑, 2") ............................ 38

4.3.4 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑑, 2") e fator de atrito (𝑓𝑑, 2") 39

4.3.5 Cálculo das perdas (ℎ𝑓𝑑) .............................................................. 41

4.4 Cálculo da altura manométrica total (𝐻) ...................................................... 44

4.5 Cálculo do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ................................................................................... 45

4.6 Validação da bomba .................................................................................... 47

4.7 Possíveis causas da cavitação .................................................................... 51

4.7.1 Diminuição do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ............................................................... 51

4.7.2 Aumento da vazão ......................................................................... 55

5. Estudo da nova operação do sistema ..................................................................... 58

5.1 Cálculo da altura manométrica da linha de bypass (ℎ𝑏𝑝) ............................. 61

5.1.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑏𝑝) ............................... 62

5.1.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑏𝑝) e fator de atrito (𝑓𝑏𝑝)...... 63

5.1.3 Cálculo das perdas (ℎ𝑓, 𝑏𝑝) ........................................................... 63

5.1.4 Cálculo da altura manométrica total (𝐻𝑏𝑝) .................................... 64

5.2 Determinação da vazão da bomba .............................................................. 65

5.3 Proposição de melhoria e consequências .................................................... 77

5.3.1 Novo ponto de trabalho ................................................................. 79

5.3.2 Redução no tempo de abastecimento ........................................... 80

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5.3.3 Aumento da eficiência da bomba ................................................... 81

5.3.4 Redução no aumento de temperatura do combustível ................... 83

5.3.5 Economia na manutenção ............................................................. 84

6. Conclusão ............................................................................................................... 85

7. Bilbiografia .............................................................................................................. 86

Anexo A. Diagrama de Moody .................................................................................... 89

Anexo B. Gráfico da Rugosidade Relativa .................................................................. 90

Anexo C. Comprimentos equivalentes ........................................................................ 91

Anexo D. Gráfico de perdas na mangueira ................................................................. 94

Anexo E. Curvas da bomba ........................................................................................ 95

Anexo F. Dados técnicos do Ford Cargo 2422............................................................ 96

Anexo G. Ficha técnica da tomada de força ............................................................... 97

Anexo H. Dados do Querosene de Aviação ................................................................ 97

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1. Introdução

Conforme o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil [1], o Brasil possui

mais de 2500 aeroportos, o que o torna a segunda nação com o maior número de

aeroportos do mundo [2]. O modal aéreo tem sido de extrema importância para a

economia do país, e, apenas em 2017, mais de 112 milhões de passageiros e cerca de

1,08 milhão de toneladas de carga foram transportadas por aviões [1].

Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), nesse mesmo ano, o

custo de operação para as empresas aéreas foi por volta de R$ 34,6 bi, sendo que

27,5% desse custo foi voltado apenas para o abastecimento e lubrificação das

aeronaves [3]. A estimativa é que, nos próximos 20 anos, essa demanda pelo setor da

aviação possa dobrar [4]. Esse cenário demonstra o potencial que o mercado de refino

e distribuição de combustíveis de aviação no país.

Para que o combustível que sai das refinarias chegue às aeronaves, é

necessário um grande investimento em infraestrutura e logística. O fluxo logístico de

abastecimento das aeronaves do Aeroporto do Galeão e do Aeroporto de Guarulhos

(dois dos aeroportos mais movimentados do país [5]), é mostrado na Figura 1.

Figura 1. Fluxo logístico do abastecimento de aeronaves [6]

Como pode-se observar, o querosene de aviação, após ser refinado, é

transportado para as Bases Primárias e para os Pools através de dutos. Pools são bases

de distribuição onde duas ou mais empresas são sediadas e dividem os custos da

instalação e operação, visando a redução dos riscos do negócio. No caso do Pool do

Aeroporto do Galeão, estão sediadas 3 distribuidoras: a Shell, a BR e a BP.

Nesses aeroportos, após o combustível chegar aos tanques dos Pools através

dos dutos, ele é transportado para a aeronave de duas formas: utilizando caminhões-

tanque ou caminhões servidores.

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No caso dos caminhões-tanques, o caminhão deve ter seu tanque enchido de

combustível no local chamado “ilha de enchimento” (que é abastecida pelos tanques do

Pool), para que, então, possa se mover para um local próximo à aeronave e abastece-

la. O abastecimento se dá através do bombeamento de combustível do tanque do

caminhão para o tanque da aeronave.

Figura 2. Abastecimento de aeronave por caminhão-tanque

Já no caso dos caminhões servidores, o abastecimento da aeronave ocorre

através da conexão entre um hidrante e o bocal da aeronave. O hidrante, por sua vez,

é abastecido por uma linha subterrânea pressurizada de combustível, que vem dos

tanques do Pool. A função do caminhão, nesse caso, é realizar essa conexão de forma

segura e eficiente.

Figura 3. Abastecimento de aeronave por caminhão servidor

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A partir dessas informações, fica evidente a importância das bombas hidráulicas

para a distribuição de combustíveis, uma vez que elas fazem parte de todas as etapas

do fluxo logístico de abastecimento de aeronaves do país. O trabalho em questão focará

na última parte dessa cadeia, que é o abastecimento das aeronaves; mais

especificamente, o abastecimento realizado por um caminhão-tanque.

2. Objetivo

Este trabalho tem como principal objetivo solucionar a ocorrência de cavitação

em uma bomba centrífuga situada em um caminhão-tanque abastecedor de aeronaves,

além de compreender o motivo do superaquecimento do combustível bombeado. O

caminhão-tanque de estudo é um importante ativo da empresa “X”, e está situado em

um dos maiores aeroportos do Brasil, o que mostra sua real importância para a operação

de abastecimento de querosene de aviação no país.

Inicialmente, serão apresentados conceitos básicos de hidráulica e de bombas

utilizados no estudo. Logo após, acessórios e termos utilizados na aviação serão

expostos afim de facilitar o entendimento do problema apresentado.

Uma análise do sistema de abastecimento do caminhão será feita afim de

identificarmos a causa da cavitação. A causa do problema será estudada, e, ao final do

projeto, uma solução será proposta em conjunto com suas melhorias.

3. Teoria de mecânica dos fluidos e bombas centrífugas

Com o objetivo de embasar a teoria aplicada nesse estudo, neste capítulo serão

apresentados conceitos fundamentais de mecânica dos fluidos focados para o

entendimento de aspectos importantes no dimensionamento de bombas centrífugas.

3.1 Mecânica dos fluidos

De acordo com a referência [7], a mecânica dos fluidos lida com o

comportamento de fluidos tanto em repouso, quanto em movimento. Desta forma,

entender os princípios básicos dessa ciência se torna fundamental para a compreensão

dos temos apresentados posteriormente.

3.1.1 Massa específica (ρ)

A massa específica é a propriedade que relaciona a massa de determinada

substância com uma unidade de volume ocupado.

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ρ =𝑚

𝑉𝑜𝑙 (3.1)

ρ = Massa específica [kg/m³];

m = Massa [kg];

V = Volume [m³].

3.1.2 Densidade (d)

A densidade de um líquido, ou sólido, é a razão entre a massa específica da

substância “ρ” e a massa específica da água a 70 °F (15,5 °C) “ρ𝐻2𝑂" na pressão

atmosférica ao nível do mar. O valor da densidade é adimensional.

𝑑 = 𝜌

ρ𝐻2𝑂 (3.2)

ρ = Massa específica da substância[kg/m³];

ρ𝐻2𝑂 = Massa específica da água[kg/m³];

d = Densidade [adimensional].

3.1.3 Peso específico (γ)

O peso específico, segundo [8], é a força, por unidade de volume, exercida em

uma substância em um corpo de densidade “𝜌” sumbetido a uma aceleração da

gravidade “g”.

γ = ρ. g (3.3)

γ = peso específico [N/m³];

ρ = massa específica [kg/m³];

g = aceleração da gravidade [m/s²].

3.1.4 Volume específico (𝜗𝑒)

O volume específico é o volume ocupado por determinada substância dividio

pela unidade de massa. Pode ser calculado pelo inverso da massa específica.

𝜗𝑒 =𝑉𝑜𝑙

𝑚 (3.4)

𝜗𝑒 = volume específico [m³/kg];

Vol = volume [m³];

m = massa [kg].

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3.1.5 Pressão de vapor (𝑃𝑣)

A pressão de vapor é a pressão exercida por um vapor quando este está em

equilíbrio dinâmico com o líquido que lhe deu origem. É importante citar que, como a

temperatura faz com que os líquidos tendam à fase gasosa, quanto maior a temperatura,

maior a pressão de vapor da substância. Uma vez que bombas centrífugas aplicam

diferenças de pressão em fluidos líquidos, é imprescindível que a menor pressão obtida

na tululação esteja acima da pressão de vapor do líquido bombeado. As consequências

desse tipo de ocorrência serão mais aprofundadas no Capítulo 3.2.3.

3.1.6 Viscosidade absoluta ou dinâmica (µ)

Viscosidade é a prorpriedade do fluido que determina a resistência desse fluido

ao escoamento gerada por um atrito interno. Quanto mais viscoso for o fluido, mais

resistência ele apresentará a determinado escoamento, e quanto maior a temperatura

do fluido, menor será sua viscosidade dinâmica. A unidade utilizada para essa

propriedade é “Pa.s”.

3.1.7 Viscosidade cinemática (ν)

Viscosidade cinemática é a relação entre a viscosidade dinâmica e a massa

específica do fluido.

ν = µ

ρ (3.5)

ν = viscosidade cinemática [m²/s];

µ = viscosidade dinâmica [Pa.s];

ρ = massa específica [kg/m³].

3.1.8 Pressão (𝑃)

Pressão pode ser definida como a razão entre força aplicada à uma unidade de

área. Na hidrostárica, é comum encontrarmos pressão como altura de coluna d’água.

Essa associação veio da relação entre a pressão “P” associada a uma altua “H” de um

líquido de peso específico “γ”.

𝑃 = γ.H (3.6)

P = pressão [N/m²];

γ = peso específico [N/m³];

H = altura de coluna do líquido [m].

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3.1.9 Velocidade de escoamento (𝑉)

A velocidade de escoamento representa o espaço percorrido por uma parcela de

fluido a cada segundo.

𝑉 =4. 𝑄

𝐷2. 𝜋 (3.7)

V = Velocidade de escoamento [m/s];

Q = Vazão volumétrica [m³/s];

D = Diâmetro da tubulação [m].

No caso do abastecimento de aeronaves, a velocidade de escoamento (ou

vazão) do combustível na tubulação determina o quão rápido a aeronave será

abastecida. Entretanto, esse parâmetro deve ser muito bem controlado, uma vez que

um aumento súbito da vazão gera uma grande variação de pressão, podendo causar

danos aos componentes do sistema de abastecimento do caminhão e da aeronave.

Essa variação repentida de pressão é denominada “golpe de aríete”, e pode ser causada

pela abertura ou fechamento de válvulas.

3.1.10 Número de Reynolds (𝑅𝑒)

O número de Reynolds é uma grandeza adimensional que permite sabermos se

o escoamento se apresenta em regime laminar, transitório ou turbulento através e

parâmetros como o diâmetro do tubo “D”, a velocidade do escoamento “V” e a

viscosidade cinemática (𝑣) através da equação:

𝑅𝑒 =𝐷. V

𝑣 (3.8)

Re = número de Reynolds [adimensional];

D = diâmetro interno da tubulação [m];

V = velocidade média de escoamento [m/s];

𝑣 = viscosidade cinemática do fluido na temperatura de trabalho [kg/m³].

Para os cálculos desse trabalho, será considerado escoamento laminar todo

escoamento que apresentar Re<2000; escoamento turbulento para Re>2000, uma vez

que, na prática, um escoamento com Re>2000 só será laminar para situações muito

específicas.

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3.1.11 Teorema de Bernoulli

O teorema de Bernoulli é utilizado para descrever o escoamento de um fluido

utilizando os princípios de conservação de energia considerando que regime é

permanente e que não há troca de trabalho entre os pontos de entrada e de saída.

𝑍1 +𝑃1

γ+

𝑉12

2𝑔= 𝑍2 +

𝑃2

γ+

𝑉22

2𝑔+ ℎ𝑓 (3.9)

𝑍 = altura estática [m];

𝑃 = pressão no fluido [N/m²];

V = velocidade de escoamento [m/s];

𝑔 = aceleração da gravidade [m/s²].

ℎ𝑓= perda de carga [m].

Os termos “𝑍1”, “ 𝑃1

γ” e “

𝑉12

2𝑔” podem ser chamados de “altura geométrica”, “altura

piezométrica” e “altura cinética”, respectivamente. O termo “ℎ𝑓” representa a perda

de carga entre os pontos de entrada (1) e saída (2) durante o escoamento.

A grande utilidade dessa equação, para o estudo em questão, é a determinação

da curva do sistema. Tal curva evidencia a relação entre a alutra manométrica total (que

será definida posteriormente) e a vazão.

3.1.12 Perda de carga

A perda de carga “ℎ𝑓”, representa a perda de energia por unidade de peso do

fluido entre dois pontos de entrada e saída de determinado escoamento. Para seu

estudo, consideramos que ela é dividida em duas partes: perda de carga normal e

localizada.

ℎ𝑓 = ℎ𝑓𝑛 + ℎ𝑓𝐿 (3.10)

ℎ𝑓𝑛= perda de carga normal [m].

ℎ𝑓𝐿= perda de carga localizada [m].

A perda de carga normal representa a perda de carga decorrente de trechos

retos de tubulação. Para sua determinação em escoamentos turbulentos, utilizaremos

a equação de Darcy-Weisbach.

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ℎ𝑓𝑛 = 𝑓𝐿

𝐷

𝑉2

2. 𝑔 (3.11)

ℎ𝑓𝑛= perda de carga normal [m];

𝑓 = fator de atrito [adimensional];

𝐿 = comprimento da tubulação reta [m];

D = diâmetro interno da tubulação [m];

𝑉 = velocidade média de escoamento [m/s²].

𝑔= aceleração da gravidade [m/s²].

O fator de atrito “𝑓” pode ser encontrado, tanto pra escoamentos turbulentos

quanto para laminares, pela equação proposta por Churchill ou através do Ábaco de

Moody encontrado no Anexo A. Nesse estudo, utilizaremos a equação de Churchill.

𝑓 = 8 . [(8

𝑅𝑒)12

+ 1

(𝐴 + 𝐵)1,5]

112

(3.12)

Onde “A” e “B” podem ser calculados através das seguintes equações:

𝐴 = [2,457 . 𝑙𝑛 (1

7𝑅𝑒

0,9

+ 0,27.𝜀𝐷

)]

16

(3.13)

𝐵 = (37530

𝑅𝑒)16

(3.14)

O termo "𝜀

𝐷" representa a rugosidade relativa, e depende do material e do

diâmetro interno da tubulação. Este termo pode ser determinado utilizando o Anexo

B.

A perda de carga localizada, gerada por acidentes e acessórios na tubulação

(como filtros, válvulas e joelhos, por exemplo) pode ser determinada através do

método de comprimentos equivalentes. Este método consiste em adicionar ao trecho

reto da tubulação um comprimento que levaria à mesma perda de carga que o

acessório ou acidente geraria nas mesmas condições. Os comprimentos

equivalentes de cada acessório ou acidente podem ser encontrados nas tabelas do

Anexo C.

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3.1.13 Determinação da curva do sistema

A curva do sistema representa a variação de energia por unidade de peso “H”

que o sistema irá solicitar para diferentes vazões. Essa energia é chamada de altura

manométrica total, e pode ser calculada a partir da seguinte equação:

𝐻 = ℎ𝑑 − ℎ𝑠 (3.15)

Onde:

ℎ𝑑= altura manométrica de descarga [m];

ℎ𝑠= altura manométrica de sucção [m].

A altura manométrica de descarga representa a energia por unidade de peso

que deve haver no flange de descarga da bomba para que o liquido atinja determinado

ponto, atendendo as necessidades do projeto. A altura manométrica de sucção, por sua

vez, representa a energia por unidade de peso que existe no flange de sucção da bomba

devido as condições do sistema.

Para o sistema com o reservatório de sucção e descarga à pressão atmosférica,

temos o seguinte esquema:

Figura 4. Esquema de bombeamento com reservatórios à pressão atmosférica [12] – modificada pelo autor

Neste caso, a altura manométrica de sucção e descarga podem ser calculadas

a partir das seguintes equações:

ℎ𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠 +𝑃𝑠

𝛾 (3.16)

ℎ𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑 +𝑃𝑠

𝛾 (3.17)

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10

Como os reservatórios estão à pressão atmosférica, as equações de “hs” e “hd”

se reduzem a:

ℎ𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠 (3.18)

ℎ𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑 (3.19)

Onde:

𝑍𝑠= altura estática de sucção [m];

ℎ𝑓𝑠= perda de carga na sucção [m].

𝑍𝑑= altura estática de descarga [m];

ℎ𝑓𝑑= perda de carga na descarga [m].

Substituindo as equações (3.18) e (3.19) na equação (3.15), temos que:

𝐻 = (𝑍𝑑 − 𝑍𝑠) + (ℎ𝑓𝑠 + ℎ𝑓𝑑) (3.20)

A altura manométrica total pode ser vista como uma soma de duas parcelas: o

“H estático” (que não varia com a vazão) representado por “(𝑍𝑑 − 𝑍𝑠)”, e o “H de fricção”

(que é em função da vazão) representado por “(ℎ𝑓𝑠 + ℎ𝑓𝑑)”.

A partir disso, podemos traçar a curva do sistema, que, como dito anteriormente,

consiste na variação da altura manométrica total “H” em função da vazão “Q”.

Figura 5. Curva do sistema [12]

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11

A partir desses conceitos, observamos que a curva do sistema pode ser

modificada a partir de alguns fatores: natureza do líquido bombeado (quanto mais

viscoso o líquido, maior a perda de carga, por exemplo), temperatura do líquido

(influencia diretamente nas propriedades do líquido), nível de líquido nos reservatórios

de sucção e descarga (alteram as alturas estáticas), mudança nas pressões dos

reservatórios (afetam os “H estáticos”), e demais alterações nas linhas (alteração do

diâmetro da linha, elevação dos reservatórios, inclusão ou exclusão de acessórios).

3.2 Teoria de bombas

Segundo [8], bombas são definidas como “máquinas operatrizes hidráulicas que

conferem energia ao líquido com a finalidade de transportá-lo de um ponto para o outro

obedecendo às condições do processo”. Uma fonte motora às alimentam, e elas cedem

parte dessa energia para o fluido em forma de energia de pressão e energia cinética. A

teoria por trás do estudo das bombas será discutida nos capítulos que seguem.

3.2.1 Tipos de bombas

A classificação de uma bomba pode levar em conta sua aplicação ou a forma

com que a energia é cedida ao fluido. Este segundo tipo de classificação pode ser

observado na Figura 6.

As bombas do tipo Dinâmicas ou Turbobombas são classificadas dessa forma

pois movimentam o líquido a partir do movimento de rotação do impelidor. Os diferentes

tipos de turbobombas são classificados tanto pela forma com que a energia é cedida ao

fluido pelo impelidor, quanto pela orientação de saída do fluido do impelidor.

As bombas centrífugas (que serão alvo do estudo do próximo capítulo)

inicialmente fornecem energia cinética ao líquido através da rotação do impelidor. Essa

energia, entretanto, é majoritariamente convertida em energia de pressão quando o

líquido sai do impelidor e é forçado a passar pela voluta, cuja área da secção transversal

aumenta no sentido do escoamento, como mostrado na Figura 7.

As bombas volumétricas ou de deslocamento positivo, ao contrário das

turbobombas, fornecem energia ao líquido diretamente na forma de pressão através da

movimentação de algum órgão mecânico que força o fluido a se movimentar. Um

exemplo de bomba volumétrica que utiliza um pistão para fornecer energia, é mostrado

na Figura 8.

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12

Figura 6. Classificação das bombas [8]

Figura 7. Bomba centrífuga em corte [12]

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13

Figura 8. Bomba de deslocamento positivo do tipo pistão [13]

3.2.2 Curvas características e ponto de trabalho

Para demonstrar o funcionamento das bombas para diferentes vazões, 3

diferentes curvas geralmente são disponibilizadas pelos fabricantes: a curva da carga

“H” versus vazão “Q”, a curva de potência absorvida “𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠” versus vazão “Q” e a curva

de rendimento total “η” versus vazão “Q”.

Figura 9. Curvas características e ponto de trabalho [12]

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14

A curva da carga (chamada de “curva da bomba”), representa a energia por

unidade de peso “H” que a bomba pode fornecer ao fluido para determinada vazão. Esta

curva normalmente é fornecida para diferentes rotações da bomba.

A curva de rendimento leva em conta o rendimento volumétrico (que é decorrente

da recirculação de líquido dentro da própria bomba devido às folgas entre os

componentes), o rendimento mecânico (devido à fricção entre os componentes da

bomba) e o rendimento hidráulico (que ocorre por conta do atrito do líquido bombeado).

Caso essa curva não seja fornecida pelo fabricante, o rendimento para cada ponto de

trabalho pode ser calculado a partir da equação abaixo.

η =𝛾.𝐻. 𝑄

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠. 75 (3.21)

η = rendimento em determinado ponto de trabalho [adimensional];

𝐻 = altura manométrica total [m];

𝑄 = vazão [m³/s]

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 = potência absorvida pela bomba [CV]

𝛾 = peso específico [kgf/m³]

A curva de potência consumida (ou potência absorvida), representa a potência

deve ser fornecida à bomba para que ela funcione, e também é fornecida pelo

fabricante.

O ponto de trabalho consiste no ponto de intersecção entre a curva do sistema

e a curva da bomba, e determina em quais condições o sistema está operando. É

importante citar que o ponto de trabalho é móvel, uma vez que depende da vazão, das

curvas do sistema e da bomba, e das configurações do sistema sobre o qual a bomba

está operando. A modificação do ponto de trabalho pode se dar, por exemplo, para

atender a uma nova condição de operação do sistema.

Um exemplo prático dessa modificação do ponto de trabalho se dá através da

recirculação, apresentada na Figura 10.

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15

.

Figura 10. Esquema de bombeamento com recirculação [12] – modificada pelo autor

A recirculação é normalmente utilizada para desviar parte do fluido bombeado

para a sucção, e, dessa forma, reduzir a vazão na linha de descarga ou controlar a

pressão na descarga da bomba. Esse método, entretanto, não é energeticamente

eficiente pois toda energia cedida ao fluido recirculado é desperdiçada. Além disso,

deve-se prever, na seleção da bomba, o aumento de vazão na bomba decorrente dessa

operação.

Sabendo a altura manométrica referente a determinado ponto de trabalho, seu

respectivo rendimento e potência absorvida, é possível calcular o aumento de

temperatura do fluido quando este é bombeado.

Em geral, o aquecimento do líquido bombeado em qualquer vazão pode ser

calculado através da seguinte equação:

ΔT =𝐻

427. (

1

η− 1) .

1

𝑐𝑙 (3.2

Onde:

ΔT – Aumento de temperatura [°C]

H – Altura manométrica total [m]

η – Rendimento da bomba no ponto de trabalho

𝑐𝑙 – Calor específico do líquido em 𝑘𝑐𝑎𝑙

𝑘𝑔.°C

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3.2.3 Curvas de NPSH e Cavitação em bombas

A cavitação é um fenômeno conhecido por conta de suas consequências

negativas para a operação de bombas hidráulicas. Esse fenômeno ocorre quando, em

qualquer ponto da tubulação, a pressão absoluta atinge um valor inferior à pressão de

vapor do líquido, fazendo com que parte desse líquido vaporize, formando bolhas. Essas

bolhas, quando voltam para uma região com uma pressão superior à pressão de

vaporização do líquido, colapsam, gerando uma onda de choque. No caso da operação

com bombas centrífugas, a região que apresenta a menor pressão da linha é na entrada

do impelidor, por esse motivo, essa é a região que apresenta a maior chance de

formação de bolhas. Dependendo do tipo de bomba, o colapso dessas bolhas pode

ocorrer no próprio canal do impelidor ou na entrada da voluta.

As consequências da cavitação dependem da intensidade que ela ocorre, da

duração do fenômeno, do líquido bombeado e do material da bomba. As principais

consequências são: altos ruídos, vibração, danificação do material da bomba e alteração

das curvas características.

Figura 11. Alteração das curvas e do ponto de trabalho devido a cavitação [8]

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17

A – Curva de rendimento em condições normais de operação;

B – Curva de rendimento durante a cavitação;

C – Curva da bomba em condições normais de operação;

D – Curva da bomba durante a cavitação;

E – Curva do sistema;

1 – Ponto de operação em condições normais;

2 – Ponto de operação durante a cavitação;

Q1 – Vazão em condições normais de operação;

Q2 – Vazão durante a cavitação.

O gráfico acima nos mostra, de forma simplificada, as mudanças nas curvas

características que ocorrem durante a cavitação. Pode-se observar que, durante a

cavitação, a vazão, o rendimento e a altura manométrica total do sistema são abaixo do

esperado.

O estudo da cavitação em bombas é baseado no cálculo do NPSH (Net Positive

Suction Head), que representa a energia absoluta por unidade de peso existente no

flange de sucção da bomba. Essa energia é equacionada da seguinte forma:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = ℎ𝑠 +𝑃𝑎 − 𝑃𝑣

𝛾 (3.23)

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 – NPSH disponível [m];

ℎ𝑠 – altura manométrica de sucção [m];

𝑃𝑎 – pressão atmosférica [Pa];

𝑃𝑣 – pressão de vapor do líquido na temperatura de bombeio [Pa];

𝛾 – peso específico [kgf/m³];

É interessante saber, portanto, qual a quantidade mínima de energia absoluta

por unidade de peso que deve haver no flange de sucção, em determinada vazão, para

que a cavitação não ocorra. Esse valor é chamado de NPSH requerido (𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞), e

deve ser fornecido pelo fabricante. Traçando a curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝” para diferentes

vazões, juntamente à curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞”, obtem-se, no ponto de intersecção, a vazão

máxima permissível para a bomba no sistema.

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Figura 12. Curva de NPSH requerido versus NPSH disponível [8]

Comumente, durante a seleção da bomba, uma margem de segurança de 0,6

metros de líquido é utilizada como margem de segurança. Sendo assim, para que não

ocorra a cavitação, consideraremos que:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 + 0,6 (3.24)

3.3 Acessórios da tubulação

Para que o bombeamento de combustível ocorra de forma eficiente e segura,

alguns acessórios são adicionados ao módulo de abastecimento dos caminhões-

tanque. O entendimento do funcionamento de cada um desses acessórios é de extrema

importância, tanto para a operação de abastecimento, quanto para o estudo em questão.

3.3.1 Válvulas

As válvulas são acessórios utilizados para interromper, restringir ou liberar a

passagem de produto por determinada tubulação. No caso do caminhão-tanque

abastecedor, diferentes tipos de válvulas são encontrados em seu módulo de

abastecimento.

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Figura 13. Válvula de fundo [14]

A válvula de fundo é acionada por um comando pneumático no momento em que

a tomada de força (responsável por transmitir potência do motor para a bomba) é ligada.

Sua função, durante o abastecimento de uma aeronave, é liberar a passagem de

combustível do tanque para a tubulação e evitar que partículas sólidas passem para a

tubulação de sucção comprometendo o funcionamento da bomba e a qualidade do

produto. Durante o enchimento do caminhão (processo no qual ocorre entrada de

combustível no tanque), a válvula de fundo atua impedindo a entrada de combustível no

tanque quando o nível de combustível atinge um valor pré-determinado, evitando, dessa

forma, possíveis vazamentos.

Figura 14. Punho deadman [15]

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Para que o operador de abastecimento tenha controle sobre a passagem de

combustível pela linha mesmo afastado do caminhão, um acionador chamado de “punho

deadman” é conectado via cabo ao módulo de abastecimento para controlar a

passagem de produto. Quando acionado, ele abre a válvula deadman e ajusta o motor

à uma aceleração predefinida, permitindo, dessa forma, que o combustível chegue à

aeronave. Quando o gatilho é liberado, a válvula deadman interrompe a passagem de

produto pela linha e faz com que a rotação do motor volte para a marcha lenta.

Figura 15. Válvula deadman [16]

A válvula deadman é uma válvula controladora de pressão que atua regulando

a passagem de produto quando o gatilho do punho deadman é pressionado e liberado.

A empresa “X” utiliza da seguinte regulagem: abertura total da válvula em 5 segundos

após o acionamento do punho deadman (para evitar o dano na aeronave decorrente do

golpe de aríete), e o fechamento total da válvula em 3 segundos após a liberação do

gatilho do punho deadman ou durante o fechamento do bocal da aeronave (impedindo

danificação do caminhão em caso de aumento de pressão repentino e impedindo um

grande vazamento caso algo dê errado).

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Figura 16. Válvula borboleta [17]

A válvula borboleta promove uma interrupção rápida e eficaz no fluxo de

combustível através do fechamento da linha pela rotação de uma haste. Esta válvula é

aberta completamente antes do abastecimento e completamente fechada ao final.

Figura 17. Válvula esfera [18]

A válvula esfera também promove uma eficiente interrupção no fluxo de

combustível, porém, diferentemente da válvula borboleta, através do giro de uma esfera

vazada. Esse tipo de válvula apresenta uma estanqueidade maior do que a válvula

borboleta, e também não deve ser utilizada semiaberta.

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Figura 18. Válvula de bypass

Um exemplo do uso da válvula esfera é na linha de bypass do caminhão-tanque

(que será mostrada mais a diante). Essa válvula é responsável por manter a descarga

da bomba a uma pressão inferior a determinado valor, e por impedir que a bomba opere

com uma vazão abaixo da vazão mínima permissível. Caso a pressão exceda

determinado valor, a válvula é acionada por um comando pneumático que faz com que

ela abra e permita o fluxo de combustível pela linha de bypass, fazendo com que o ele

retorne para o tanque do caminhão.

Figura 19. Válvula primária [19]

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A válvula primária é utilizada para acoplar a mangueira de abastecimento do

caminhão ao tanque da aeronave de forma rápida, fácil e segura. Ela permite a

passagem de combustível quando devidamente acoplada, e impede que o combustível

saia caso esteja desacoplada, para que não ocorram vazamentos.

Figura 20. Válvula de retenção do tipo portinhola [20]

A válvula de retenção do tipo portinhola é utilizada para manter o fluxo de produto

em apenas um sentido. No caso do caminhão-tanque, ela é utilizada na entrada do

tanque pela linha de bypass para permitir que produto passe da linha de bypass para o

tanque, e não o contrário.

3.3.2 Filtro

Os filtros são comumente utilizados para garantir a qualidade de determinado

produto, evitando que substâncias indesejadas sejam encontradas nos líquidos

bombeados. No caso caminhões tanque abastecedores, o filtro utilizado é do tipo

monitor.

No interior de seus vasos, os filtros monitores possuem elementos filtrantes que,

além de reterem partículas sólidas que possam vir a estar no combustível, possuem a

particularidade de impedir a passagem do combustível em caso de presença de água.

Isto é feito a partir da reação química entre uma substância que reage com a água

entupindo a passagem de combustível e impedindo o fluxo.

Este tipo de filtro é largamente utilizado na aviação uma vez que a presença de

água no combustível pode compromete o funcionamento do motor das aeronaves.

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Figura 21. Filtro monitor [21]

3.3.3 Manômetro diferencial de pressão

Vários tipos de manômetros são utilizados no caminhão-tanque para o

monitoramento de pressão da linha. O manômetro diferencial de pressão, chamado

informalmente de “diferencial de pressão”, é utilizado para obtenção de uma leitura

rápida da diferença de pressão na entrada e na saída do filtro.

Figura 22. Manômetro diferencial de pressão

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Através de sua leitura, é possível identificar se o filtro monitor está funcionando

devidamente ou não. A leitura do manômetro é anotada em todos os abastecimentos,

como forma de obter um histórico do diferencial de pressão. Caso ocorra uma grande

queda no diferencial de pressão do filtro, pode-se concluir que algum elemento filtrante

está permitindo passagem de combustível além do normal, indicando um mal

funcionamento do mesmo. Caso a diferença de pressão se eleve, é possível que algum

elemento filtrante esteja obstruindo a passagem de combustível, por conta da presença

de água ou de entupimentos por partículas. Por motivos de segurança, o sistema de

abastecimento interrompe o fluxo de combustível pela linha caso a diferença de pressão

entre a entrada e a saída do filtro seja igual ou superior a 15 Psi.

Sendo assim, o diferencial de pressão é de extrema importância para garantir a

qualidade do produto entregue e da segurança do abastecimento.

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4. Estudo de caso

Neste capítulo, será analisado o sistema de abastecimento de um caminhão-

tanque abastecedor de aeronaves da empresa “X” cuja bomba vem demonstrando

problemas de cavitação durante a operação de abastecimento.

Nos últimos 11 meses, o caminhão vem apresentando ruídos na bomba quando

esta é submetida à vazão de 500 L/min (observada no medidor de vazão), mesmo com

o giro do motor relativamente baixo (por volta de 800 RPM). Além disso, foi observado

que a mangueira de abastecimento enfumaçava durante a operação, o que indica um

superaquecimento do combustível bombeado. Durante esse período, o selo da bomba

teve que ser trocado repetidas vezes por mal funcionamento, o impelidor teve que ser

retirado para manutenção, e especialistas foram contratados para identificar a causa

básica do problema, porém não obtiveram sucesso.

Para que o caminhão não ficasse parado e para que a empresa não fosse

prejudicada pela demora no abastecimento decorrente da baixa vazão de

abastecimento, o caminhão foi utilizado apenas para abastecimentos de aeronaves de

asa baixa e que demandassem uma baixa vazão, subutilizando o ativo da companhia.

O objetivo desse estudo é verificar se a bomba está mal dimensionada ou não,

entender o motivo da cavitação e do superaquecimento do combustível, e propor uma

solução; além de demonstrar as melhorias atingidas pela proposta.

4.1 Apresentação do sistema

A bomba que vem apresentando problemas de cavitação está situada em um

caminhão da marca Ford, modelo 2422. Este caminhão apresenta sistema de

abastecimento “por pressão” e “por gravidade”.

O sistema de abastecimento “por gravidade” é utilizado para operações que

exijam vazões próximas a 100 L/min, como é o caso de abastecimentos de aviões

particulares de pequeno porte, por exemplo. Já o sistema de abastecimento “por

pressão” é utilizado para operações que exijam vazões de 500 a 1300 L/min, para aviões

de médio e grande porte.

Como o objetivo do estudo, inicialmente, é determinar se o mal dimensionamento

da bomba é o motivo da cavitação, o foco do estudo será dado para a situação que mais

exige da bomba e que também é a mais cotidiana, que é o abastecimento por pressão.

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Figura 23. Caminhão-tanque abastecedor

Atualmente, o caminhão utiliza a bomba da Gormpan Rupp, modelo 03H1-GL

para bombear produto do tanque do caminhão para o tanque das aeronaves.

Figura 24. Bomba centrífuga [22]

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Devido à complexidade do módulo de abastecimento do caminhão-tanque, um

esquema simplificado será apresentado para mostrar o posicionamento de alguns dos

componentes importantes do sistema.

Figura 25. Esquema do sistema de abastecimento do caminhão-tanque

Um esquema de cores foi utilizado para melhorar a visualização dos

subsistemas. A Tabela 1 demonstra a relação de cada cor com determinada parte do

sistema.

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Tabela 1. Esquema de cores da Figura 25.

A tubulação em cinza foi apresentada apenas com o intuito de mostrar algumas

das perdas de carga do sistema, porém não há produto passando por ela.

Para facilitar ainda mais a análise, será considerado o seguinte sistema, cujo

objetivo é apenas evidenciar as diferenças de altura entre o tanque do caminhão e do

avião:

Figura 26. Esquema simplificado do bombeamento de combustível para a aeronave [12] – modificada pelo autor

Onde:

𝑍𝑠 – Altura da coluna de sucção [m]

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒– Altura da coluna de combustível no tanque [m]

𝑍𝑑 – Altura da coluna de descarga [m]

A mudança de temperatura do meio ambiente afeta diretamente a pressão dos

tanques. Para contornar essa variação, válvulas de ventilação são utilizadas para

controlar as pressões internas, tanto do tanque do caminhão, quanto do tanque da

aeronave. Por esse motivo, será considerado que ambos os tanques estão submetidos

a pressões internas iguais à atmosférica.

Para determinar se a bomba foi selecionada erradamente ou não, é necessário

o levantamento da curva do sistema. De posse dessa curva, da curva e “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙”

e das curvas da bomba, fornecidas pelo fabricante, teremos as informações necessárias

para a análise da cavitação. Os próximos capítulos darão foco ao levantamento dessas

curvas.

COR PARTE DIÂMETRO

VERDE SUCÇÃO 3"

VERMELHO DESCARGA 3"

AZUL DESCARGA 2"

CINZA N/A N/A

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4.1.1 Características do fluido

É de grande importância a compreensão das propriedades do líquido bombeado

pois estas têm influência direta nas curvas características do sistema.

Atualmente, no campo da aviação, são utilizados basicamente dois tipos de

combustível: o AVGAS, que é a gasolina de avião, e o JET-A1, que é a querosene de

aviação. Entretanto, o caminhão a ser estudado trabalha apenas com o JET-A1, e por

isso este será o fluido de trabalho.

Como as propriedades do combustível dependem de sua temperatura, e a

temperatura varia de acordo com as condições operacionais e principalmente com as

condições climáticas, utilizaremos a chamada “temperatura padrão” da aviação,

correspondente a 20 graus Celsius.

Seguem abaixo alguns dos dados importantes do JET-A1 que serão utilizados

nos próximos capítulos que e podem ser encontradas no Anexo D.

Tabela 2. Dados do querosene de aviação

4.2 Cálculo da altura manométrica de sucção (ℎ𝑠)

Levando em conta a Figura 26, pode-se calcular a energia manométrica por

unidade de peso existente no flange de sucção, que é representada pela altura

manométrica de sucção (ℎ𝑠), através da equação (3.16).

ℎ𝑠 = 𝑍𝑠 +𝑃𝑠

𝛾− ℎ𝑓𝑠

Conforme citado no Capítulo 4.1, será considerado que ambos os tanques estão

submetidos à pressão atmosférica. Dessa maneira, a equação se resume a equação

(3.18).

ℎ𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠

Massa específica 837 kg/m³

Temperatura de bombeio 20 °C

Viscosidade Cinemática (v) 0,000002 m²/s

Pressão de Vapor 100 Pa

Peso específico (γ) 8210,97 N/m³

DADOS DO FLUIDO BOMBEADO

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Para que se possa determinar se o dimensionamento da bomba foi feito

corretamente, é importante considerar que a bomba funcione no cenário menos

favorável, ou seja, com o tanque de combustível com o menor volume de operação

possível (vazio) e durante o abastecimento do avião com a asa mais alta

(aproximadamente 4 metros, com relação à bomba). Sendo assim:

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 0 𝑚

Sabendo que a diferença de altura entre o fundo do tanque (onde fica localizada

a válvula de fundo) e a bomba é de 60 cm, temos que a altura estática de sucção é:

𝑍𝑠 = 0,6 + ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒

𝑍𝑠 = 0,6 𝑚

4.2.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑠)

Para calcular a perda de carga gerada pelos acidentes e acessórios do trecho

de sucção, o método dos comprimentos equivalentes, abordado no capítulo 3.1.12, será

utilizado. Os valores de comprimentos equivalentes unitários foram retirados do Anexo

C.

Tabela 3. Comprimentos equivalentes dos acessórios/acidentes na sucção

Somando os comprimentos equivalentes de cada acessório e acidente do trecho

da sucção, o comprimento equivalente total no trecho será obtido.

𝐿𝑠 = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + 𝐿 𝑣á𝑙𝑣. 𝑑𝑒

𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜

+ 𝐿 𝑇ê𝑅𝑎𝑚𝑎𝑙

+ 2. 𝐿 𝑇ê𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜

+ 3. 𝐿𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90° + 2. 𝐿𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 45°

𝐿𝑠 = 2,75 + 20 + 4,88 + 2 . 1,52 + 3 . 2,29 + 2 . 1,145

𝐿𝑠 = 39,8 𝑚

Tipo Qtd Leq unitário Leq

Trecho reto 2,75 1 2,75

Válvula de fundo (pé e crivo) 1 20 20

T - fluxo pelo ramal 1 4,88 4,88

T - fluxo direto 2 1,52 3,04

Joelho 90° (raio curto) 3 2,29 6,87

Joelho 45° 2 1,145 2,29

ACIDENTES NA SUCÇÃO

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32

Esse cálculo nos permite simplificar a análise de perda de carga pois agora será

considerado que o trecho da tubulação de sucção é formado apenas por uma tubulação

reta de 39,8 m.

4.2.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑠) e fator de atrito

(𝑓𝑠)

Por questões de segurança, na aviação, a maior vazão permitida para um

caminhão-tanque abastecedor utilizando uma única mangueira é de 300GPM (0,019

m³/s) por conta da eletricidade estática gerada com o movimento do combustível.

Quanto maior é a vazão, maior é a velocidade do fluido no encanamento, e, por

consequência, maior é carga eletrostática acumulada no fluido bombeado. A carga

eletrostática é levada extremamente a sério pela empresa “X” por conta do potencial de

formação de fagulha gerado por seu acúmulo, que pode acarretar a ignição do

combustível.

Como a análise é feita baseada na situação mais crítica de operação,

consideraremos a vazão de 300GPM nos cálculos.

Para essa vazão, através da equação (3.7), tem-se que a velocidade de sucção

é:

𝑉𝑠 = 4 . 𝑄

𝜋. 𝐷𝑠2

𝑉𝑠 = 4 .0,019

𝜋. 0,07622

𝑉𝑠 = 4,2 𝑚/𝑠

Sabendo que a tubulação de sucção tem 3 polegadas (0,0762 m) e que a

viscosidade cinemática encontrada no Anexo D para o querosene de Aviação (JET-A1)

é 2. 10−6, utilizando a equação (3.8), temos que o número de Reynolds vale:

𝑅𝑒𝑠 = 𝐷𝑠 . 𝑉𝑠 .

𝜐

𝑅𝑒𝑠 = 0,0762 . 4,2

0,000002

𝑅𝑒𝑠 = 1,5 . 105

Conforme foi dito no capítulo 3.1.10, como o número de Reynolds calculado é

muito superior ao valor limite de 2000 para escoamento laminar, pode-se considerar que

o escoamento é turbulento.

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33

Para o cálculo das perdas de carga, é necessário determinar o fator de atrito "𝑓",

que depende tanto do Reynolds quanto da rugosidade relativa da tubulação.

Será utilizado o Anexo B para determinar a rugosidade relativa para uma

tubulação de 3 polegadas (0,0762 m) de aço comercial traçando uma reta vertical a

partir do valor de 76 mm (eixo horizontal), até que esta reta cruze a linha correspondente

a “aço comercial”. O valor correspondente ao ponto de intersecção dessas duas retas,

no eixo vertical, corresponde a rugosidade relativa do trecho.

Figura 27. Determinação da rugosidade relativa [10]

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34

Sendo assim:

𝜀

𝐷(𝑎ç𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙, 3") = 0,0006

Como a curva do sistema compreende diferentes vazões, e, sabendo que o

número de Reynolds varia com a vazão e que o fator de atrito varia com o número de

Reynolds, não seria prático retirarmos o valor do fator de atrito "𝑓" do Diagrama de

Moody [9]. Por esse motivo, será obtido o valor do fator de atrito através da equação de

Churchill (3.12). Esta equação será, posteriormente, utilizada para calcular o fator de

atrito para outras vazões.

Substituindo o Número de Reynolds e a rugosidade relativa nas equações (3.13)

e (3.14) para o cálculo de “A” e “B”, temos que:

𝐴 =

[ 2,457 . 𝑙𝑛 (

1

71,5 . 105

0,9

+ 0,27 . 0,0006

)

] 16

𝐴 = 6,9 . 1020

E:

𝐵 = (37530

1,5 . 105)16

𝐵 = 1,01 . 10−10

Finalmente, substituindo os valores de “A” e “B” na equação (3.12), obtemos o

fator de atrito para o trecho da sucção.

𝑓 = 8 . [(8

1,5 . 105)12

+ 1

(6,9 . 1020 + 1,01 . 10−10)1,5]

112

𝑓𝑠 = 0,0198

Como foi dito, tanto o número de Reynolds quanto o fator de atrito variam com a

vazão. Como a vazão máxima permissível é de 300 GPM, para demonstrarmos o

comportamento do escoamento de forma eficiente, calcularemos os valores de "𝑅𝑒𝑠"e

"𝑓" para três vazões inferiores a 300 GPM, e uma vazão superior.

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35

Tabela 4.Variação do Número de Reynolds e fator de atrito com a vazão

4.2.3 Cálculo das perdas (ℎ𝑓𝑠)

Substituindo os valores encontrados do fator de atrito, comprimento equivalente

e velocidade máxima do fluido no escoamento na equação (3.11), temos que a energia

por unidade de peso perdida no trecho de sucção, em metros, é de:

ℎ𝑓𝑠 = 𝑓𝑠. 𝐿𝑠 . 𝑉𝑠

2

𝐷𝑠 . 2 . 𝑔

ℎ𝑓𝑠 = 0,0198 . 39,8 . 4,22

0,0762 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑠 = 9,1 𝑚

A partir do valor da perda de carga e da altura estática de sucção, podemos

finalmente aplicar equação (3.18) para o cálculo da altura manométrica de sucção.

ℎ𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠

ℎ𝑠 = 0,6 − 9,1

ℎ𝑠 = − 8,5 𝑚

Para outras vazões, temos:

Tabela 5. Variação das perdas e do head de sucção com a vazão

(GPM) (m³/s) Vs (m/s) Re e/D A B fs

0 0 0 0 0,0006 0 0 0

100 0,006 1,384147 52736,01 0,0006 2,32E+20 0,004329 0,022769

200 0,013 2,768294 105472 0,0006 4,96E+20 6,60E-08 0,02071

300 0,019 4,152442 158208 0,0006 6,97E+20 1,01E-10 0,019846

400 0,025 5,536589 210944 0,0006 8,51E+20 1,01E-12 0,019358

SUCÇÃO

(GPM) (m³/s) hfs hs

0 0 0,0 0,6

100 0,006 1,2 -0,6

200 0,013 4,2 -3,6

300 0,019 9,1 -8,5

400 0,025 15,8 -15,2

SUCÇÃO

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36

4.3 Cálculo da altura manométrica de descarga (ℎ𝑑)

A altura manométrica de descarga representa a quantidade de energia

manométrica por unidade de peso no flange de descarga, e seu cálculo é muito similar

ao da altura manométrica de sucção. Entretanto, a tubulação de descarga do caminhão-

tanque estudado possui um trecho de 3 polegadas de diâmetro e um trecho de 2

polegadas. Por esse motivo, primeiramente serão calculadas as perdas da tubulação de

3 polegadas, para, em seguida, calcular as perdas da tubulação de 2 polegadas e, no

final, unir as duas para obter as perdas da linha de descarga.

Como foi citado no capítulo 4.2, devemos considerar o cenário menos favorável

para o funcionamento da bomba. No caso da descarga, o caso mais crítico seria durante

o abastecimento de um 767, que é o avião de asa mais alta abastecido pelo caminhão

estudado. Através do site da Boeing [23], podemos dizer que a altura desse tipo de

aeronave é de 15,85m.

Figura 28. Boeing 767 [23] – modificada pelo autor

Considerando que o bocal de abastecimento (local onde a válvula primária é

acoplada) fica próximo da metade da parte inferior da asa do 767, pode-se observar que

a distância entre o chão e o bocal de abastecimento é por volta de 3,5 vezes inferior à

altura total do avião. Isso nos dá uma altura aproximada de 4,5 m do bocal de

abastecimento com relação ao chão. Sabendo que a bomba está a pouco mais de 60

cm de altura do chão, será considerado que o bocal de abastecimento está a 4 metros

de altura, com relação à bomba. Ou seja, a altura estática de descarga é:

𝑍𝑑 = 4 𝑚

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37

4.3.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑑,3")

O comprimento equivalente da tubulação de descarga de 3 polegadas de

diâmetro será determinado analogamente ao procedimento executado para a tubulação

de sucção. A Tabela 6 mostra alguns dos acidentes e acessórios que constam nessa

parte da tubulação e seus respectivos comprimentos equivalentes, retirados do Anexo

C. Por não serem tabeladas, as perdas referentes aos outros acessórios serão

calculadas posteriormente.

Tabela 6. Comprimentos equivalentes dos acidentes/acessórios no trecho de 3 polegadas da descarga

Somando os comprimentos equivalentes, temos que o comprimento equivalente

da tubulação de descarga de 3 polegadas é:

𝐿𝑑,3" = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + 8. 𝐿𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90° + 2𝐿 𝑣á𝑙𝑣.𝑏𝑜𝑟𝑏𝑜𝑙ℎ𝑒𝑡𝑎

+ 3. 𝐿 𝑇ê.𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜

+ 𝐿 𝑇ê.𝑟𝑎𝑚𝑎𝑙

𝐿𝑑,3" = 3,5 + 8 . 2,29 + 2 . 3,66 + 3 . 1,52 + 4,88

𝐿𝑑,3" = 38,58 𝑚

4.3.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑑,3") e fator de

atrito (𝑓𝑑,3")

Novamente, considerando uma vazão de 300GPM na equação (3.7), com um

diâmetro de 3 polegadas, tem-se que a velocidade de escoamento do combustível

nesse trecho da descarga é:

𝑉𝑑,3" = 4 . 𝑄

𝜋. 𝐷𝑑,3"2

Tipo Qtd Leq unitário Leq

Trecho reto 3,5 1 3,5

Joelho 90° (raio curto) 8 2,29 18,32

Válvula Borbolheta 2 3,66 7,32

T - fluxo direto 3 1,52 4,56

T - fluxo pelo ramal 1 4,88 4,88

ACIDENTES NA DESCARGA - 3 "

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𝑉𝑑,3" = 4 . 0,019

𝜋. 0,0,07622

𝑉𝑑,3" = 4,2 𝑚/𝑠

Como o número de Reynolds depende apenas do diâmetro da tubulação, da

velocidade do escoamento e da viscosidade cinemática do combustível, observa-se

que, para esse trecho da descarga, os valores de “𝑅𝑒𝑑,3"”, ”𝜀

𝐷 “ e “𝑓𝑑,3"” serão

semelhantes à tubulação de sucção. Sendo assim:

𝑅𝑒𝑑,3" = 𝐷𝑑,3" . 𝑉𝑑,3" .

𝜐

𝑅𝑒𝑑,3" = 0,0762 . 4,2

0,000002

𝑅𝑒𝑑,3" = 1,5 . 105

𝜀

𝐷(𝑎ç𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙) = 0,0006

𝐴 = 6,9 . 1020

𝐵 = 1 . 10−10

𝑓𝑑,3" = 0,0198

A Tabela 7 demonstra como esses valores variam com a vazão.

Tabela 7. Variação do Número de Reynolds e do fator de atrito com a vazão

4.3.3 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑑,2")

Analogamente à tubulação de tubulação de 3 polegadas, o método dos

comprimentos equivalentes será utilizado para o cálculo das perdas nesse trecho. A

Tabela 8. apresenta os acessórios e acidentes da linha de descarga da tubulação de 2

polegadas de diâmetro e seus respectivos comprimentos equivalentes (retirados do

Anexo C).

(GPM) (m³/s) Vd (m/s) Re e/D A B fd

0 0 0,00 0 0,0006 0 0 0

100 0,006 1,38 52736,01 0,0006 2,32E+20 4,33E-03 2,28E-02

200 0,013 2,77 105472 0,0006 4,96E+20 6,60E-08 2,07E-02

300 0,019 4,15 158208 0,0006 6,97E+20 1,01E-10 1,98E-02

400 0,025 5,54 210944 0,0006 8,51E+20 1,01E-12 1,94E-02

DESCARGA - 3"

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39

Tabela 8. Comprimentos equivalentes dos acidentes/acessórios no trecho de 2 polegadas da descarga

O valor do comprimento equivalente do venturi foi calculado considerando-o uma

redução de 3” para 1,5”, em seguida de uma ampliação de 1,5 para 3”, com uma redução

de 3” para 2” no final. Já a entrada do carretel pode ser simplificado por 3 curvas de 90°

em sequência. A entrada no avião (saída da tubulação do caminhão para o tanque de

combustível do avião), foi simplificada considerando o Anexo C como referência.

Somando os comprimentos equivalentes, tem-se que o comprimento equivalente da

linha de descarga da tubulação de 2 polegadas vale:

𝐿𝑑,2" = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + 𝐿𝑣𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑖 + 𝐿 𝑣á𝑙𝑣.𝑏𝑜𝑟𝑏𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎

+ 3. 𝐿𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90° + 𝐿𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑎𝑣𝑖ã𝑜

𝐿𝑑,2" = 1 + (0,73 + 1,16 + 0,7) + 3,66 + 3.1,6 + 2,74

𝐿𝑑,2" = 14,8 𝑚

4.3.4 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑑,2") e fator de

atrito (𝑓𝑑,2")

Como agora o diâmetro da tubulação é menor, os parâmetros para a tubulação

de 2 polegadas de diâmetro terão que ser calculados através da equação (3.7). Tem-

se, então:

𝑉𝑑,2" = 4 . 𝑄

𝜋. 𝐷𝑑,2"2

𝑉𝑑,2" = 4 . 0,019

𝜋. 0,0,07622

𝑉𝑑,2" = 9,3 𝑚/𝑠

Tipo Qtd Leq unitário Leq

Venturi 1 2,59 2,59

Trecho reto 1 1 1

Válvula Borboleta 1 3,66 3,66

Entrada Carretel 3 1,6 4,8

Entrada avião 1 2,74 2,74

ACIDENTES NA DESCARGA - 2 "

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Substituindo os valores encontrados na equação (3.8), temos que o número de

Reynolds para a tubulação de 2 polegadas é:

𝑅𝑒𝑑,2" = 𝐷𝑑,2" . 𝑉𝑑,2" .

𝜐

𝑅𝑒𝑑,2" = 0,0508 . 9,3

0,000002

𝑅𝑒𝑑,2" = 2,3 . 105

Novamente, observa-se um escoamento com o número de Reynolds superior a

2000, o que mostra que o escoamento é turbulento em toda a tubulação.

Como rugosidade relativa também depende do diâmetro da tubulação, o método

utilizado na seção 4.2.2 foi refeito, nos dando uma rugosidade relativa para o trecho de

2 polegadas de:

𝜀

𝐷(𝑎ç𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙, 2") = 0,0009

Aplicando a formula de Churchill (3.12) para o cálculo do fator de atrito “𝑓𝑑,2"”,

teremos:

𝐴 =

[ 2,457 . 𝑙𝑛 (

1

72,3 . 105

0,9

+ 0,27 . 0,0009

)

] 16

𝐴 = 5,2 . 1020

𝐵 = (37530

2,3 . 105)16

𝐵 = 1,5 . 10−13

Substituindo os valores na equação (3.12), tem-se que o fator de atrito para a

tubulação de 2 polegadas de diâmetro é:

𝑓𝑑,2" = 8 . [(8

2,3 . 105)12

+ 1

(5,2 . 1020 + 1,5 . 10−13)1,5]

112

𝑓𝑑,2" = 0,0206

A Tabela 9 nos mostra como esses valores variam com a vazão.

Tabela 9. Variação do Número de Reynolds e fator de atrito com a vazão

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4.3.5 Cálculo das perdas (ℎ𝑓𝑑)

Além das perdas consideradas, algumas perdas que não são tabeladas também

tem que ser levadas em conta, e, por isso, serão obtidas por diferença de pressão,

conforme foi explicado no capítulo 3.1.11.

A queda de pressão na mangueira pode ser observada no Anexo E traçando

uma vertical a partir da vazão de 1100 L/min (300GPM) até encontrar a linha

correspondente a uma mangueira de 2 polegadas (50 mm), e traçando, no ponto de

encontro, uma horizontal até o eixo vertical, que representa a queda de pressão para

uma mangueira de 10 metros. A Figura 29 demonstra o procedimento.

(GPM) (m³/s) Vd (m/s) Re e/D A B fd

0 0 0,00 0 0,0009 0 0 0,00E+00

100 0,006 3,11 79104 0,0009 2,51E+20 6,59E-06 2,25E-02

200 0,013 6,23 158208 0,0009 4,22E+20 1,01E-10 2,11E-02

300 0,019 9,34 237312 0,0009 5,23E+20 1,53E-13 2,06E-02

400 0,025 12,46 316416 0,0009 5,9E+20 1,53E-15 2,03E-02

DESCARGA - 2"

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Figura 29. Queda de pressão na mangueira de abastecimento [24]

Esse procedimento nos dá uma queda de pressão de aproximadamente 1,5 bar,

ou 150.000 Pa. Refazendo o processo para as outras vazões, considerando que o

caminhão possui uma mangueira de 10 m, temos:

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Tabela 10. Variação da queda de pressão na mangueira para diferentes vazões

Para o cálculo da queda de pressão no filtro monitor será considerado o cenário

menos favorável para a operação, seguindo o limite imposto pelo próprio sistema de

segurança do caminhão, como citado no capítulo 3.3.3. As quedas de pressão na

válvula deadman e na válvula Primária foram estimadas considerando um cenário

conservador. A queda de pressão no medidor pode ser desconsiderada segundo [30].

Sendo assim, a Tabela 11 demonstra as quedas de pressão nos acessórios para

uma vazão de 300GPM.

Tabela 11. Queda de pressão e energia por unidade de peso em alguns acessórios da descarga

A partir da equação (3.11), pode-se calcular a perda total no trecho da descarga.

ℎ𝑓𝑑 = 𝑓𝑑,3". 𝐿𝑑,3" .𝑉𝑑,3"

2

𝐷𝑑,3" .2 .𝑔+

𝑓𝑑,2". 𝐿𝑑,2" .𝑉𝑑,2"2

𝐷𝑑,2" .2 .𝑔+ ℎ𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 + ℎ𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + ℎ 𝑣á𝑙𝑣.

𝑑𝑒𝑎𝑑𝑚𝑎𝑛+

ℎ 𝑣á𝑙𝑣.𝑝𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑎

ℎ𝑓𝑑 = 0,0198. 38,58 . 4,22

0,0762 . 2 . 9,81+

0,0206. 14,8 . 9,32

0,0508 . 2 .9,81+ 18,3 + 12,6 + 12,6 + 12,6

ℎ𝑓𝑑 = 91,5 𝑚

Como as perdas de carga da mangueira, do filtro, da válvula deadman e da

válvula primária são grandes, se comparadas aos outros acessórios da tubulação, seria

incoerente consideramos que as perdas são constantes com a vazão, pois, para uma

vazão baixa, uma diferença de 15 Psi no filtro não iria condizer com a realidade, por

exemplo.

L/min Vazão (GPM) Δp (Pa)

0 0 0

379 100 19000

757 200 75000

1136 300 150000

1514 400 200000

MANGUEIRA

Tipo Δp (psi) Δp (Pa) Δp/γ (m)

Trecho reto mang (10m) 22 150000 18,3

Filtro Monitor 15 103421 12,6

Válvula Deadman 15 103421 12,6

Válvula Primária 15 103421 12,6

DESCARGA

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Por esse motivo, as quedas de energia por unidade de peso desses acessórios

foram alteradas linearmente com a vazão de operação.

Tabela 12. Variação na queda de energia por unidade de peso de alguns acessórios com a vazão

Substituindo o valor da altura estática de descarga “𝑍𝑑” e o valor da perda de

carga ℎ𝑓𝑑 na equação (3.19), tem-se:

ℎ𝑑 = 4 + 91,5

ℎ𝑑 = 95,5 𝑚

A Tabela 13 mostra como a altura manométrica de descarga varia com diferentes

vazões.

Tabela 13. Variação das perdas e do head de descarga com a vazão

4.4 Cálculo da altura manométrica total (𝐻)

O cálculo da altura manométrica total (ou head total), cujo conceito foi introduzido

no capítulo 3.1.13, pode ser feito pela diferença entre a altura manométrica de descarga

e a altura manométrica de sucção através da equação (3.15).

𝐻 = ℎ𝑑 − ℎ𝑠

Sendo assim, para 300GPM, temos:

𝐻 = 95,5 − (−8,5)

𝐻 = 104 𝑚

0 100 200 300 400 (GPM)

ACESSÓRIO 0 0,006 0,013 0,019 0,025 (m³/s)

Filtro monitor 0,0 4,2 8,4 12,6 16,8

Válvula Deadman 0,0 4,2 8,4 12,6 16,8

Válvula Primária 0,0 4,2 8,4 12,6 16,8

(m)

(GPM) (m³/s) hfd hd

0 0 0,0 4,0

100 0,006 19,3 23,3

200 0,013 50,6 54,6

300 0,019 91,5 95,5

400 0,025 136,7 140,7

DESCARGA

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45

Novamente, para outras vazões, temos:

Tabela 14. Variação do Head total com a vazão

A partir da variação da altura manométrica total com a vazão, pode-se traçar a

curva do sistema. Essa curva nos mostra a variação de energia por unidade de peso

que o sistema solicita em função da vazão de abastecimento.

Figura 30. Curva do sistema de abastecimento

4.5 Cálculo do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝

Como foi citado no capitulo 3.2.3, para evitar que a bomba cavite é necessário

que o “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙” seja maior que o “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜” pela bomba. O “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜”

é fornecido pelo fabricante da bomba; resta, então, calcularmos o “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙”. O

mesmo pode ser calculado através da equação (3.23):

(GPM) (m³/s) H (m)

0 0 3,4

100 0,006 23,8

200 0,013 58,2

300 0,019 104,0

400 0,025 155,9

H

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46

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = ℎ𝑠 + 𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣

𝛾

Pode-se observar, portanto, que o “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 “ depende apenas de propriedades

do fluido bombeado e da altura manométrica de sucção.

Substituindo os valores encontrados no capítulo 4.1.1 e o valor de “ℎ𝑠”, para uma

vazão de 300GPM temos:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = −8,5 + 101324,7 − 100

8210,97

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 3,8 m

Calculando para as outras vazões, tem-se:

Tabela 15. Variação do NPSH disponível com a vazão

Podemos, agora, traçar a curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝" 𝑣𝑠 Vazão “Q”.

Figura 31. Curva de NPSH disponível da bomba

(GPM) (m³/s) NPSH disp

0 0 12,9

100 0,006 11,8

200 0,013 8,7

300 0,019 3,8

400 0,025 -2,9

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47

4.6 Validação da bomba

Para determinar se a cavitação está sendo causada por conta de um mal

dimensionamento da bomba, é necessário analisar como a bomba trabalha no sistema

estudado.

O primeiro passo é sabermos qual a maior vazão permitida para o funcionamento

da bomba através da análise do “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝” e “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞”.

A curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝” já foi traçada, resta traçarmos a curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞” da

bomba. Esta curva pode ser encontrada no gráfico da bomba fornecida pelo fabricante.

Figura 32. Curvas características da bomba [25]

Para facilitar a visualização, a curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞” foi passada para o “Excel” e

plotada juntamente à curva de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”.

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Figura 33. Curva de NPSH disponível versus NPSH requerido

A partir deste gráfico é possível determinarmos a vazão que a bomba deveria

começar a cavitar através do ponto em que curvas se cruzam. Pode-se dizer, então,

que a vazão máxima permissível é de 70 m³/h, ou 1166,67 L/min.

Para uma vazão de 500 L/min, ou 30 m³/h (que é a vazão citada no início do

Capítulo 4 como sendo a vazão observada no medidor durante a cavitação), tem-se que

o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 vale 11 metros e o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 vale 1,5m.

Figura 34. Determinação nos NPSH’s para uma vazão de 30 m³/h

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49

Sendo assim, considerando a equação (3.24), tem-se que:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 + 0,6

11 > 1,5 + 0,6

11 > 2,1

Portanto, podemos dizer que, a princípio, não haveria motivos para a bomba

cavitar com uma vazão de 500 L/min. Apesar disso, a análise será continuada.

Considerando que agora sabemos a vazão máxima de cavitação, é necessário

que saibamos em qual vazão a bomba deveria estar operando quando ela estivesse

girando a 1000 RPM (considerando o cenário menos favorável, com a rotação máxima

da bomba).

Para isso, é necessário utilizarmos as curvas da bomba para diferentes rotações

fornecida pelo fabricante. É importante citar que a curva fornecida pelo fabricante já

considera a massa específica do combustível (informação destacada no gráfico), e que

as curvas não precisam ser corrigidas pois o combustível não é considerado um líquido

viscoso.

Figura 35. Curvas características da bomba [25]

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50

Novamente para facilitar a visualização, a curva foi passada para o programa

Excel, em conjunto com a curva do sistema.

Figura 36. Curvas da bomba versus curva do sistema de abastecimento

O ponto de trabalho a 1000 RPM, que determina em qual situação a bomba está

trabalhando, é determinado a partir da intersecção entre a curva do sistema

(representada por “H”) e a curva de da bomba girando a 1000 RPM.

Figura 37. Determinação do ponto de trabalho na rotação máxima

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Podemos concluir, portanto, que a 1000 RPM a bomba estaria trabalhando com

uma vazão de aproximadamente 55 m³/h (916 L/min), ou seja, nem com a rotação

máxima de trabalho ela deveria estar cavitando, pois esse valor é muito inferior ao valor

da vazão de cavitação encontrada em 4.6 (70 m³/h). Por esse motivo, foi eliminada a

possibilidade da bomba estar mal dimensionada, e outras possíveis causas da cavitação

terão que ser analisadas.

4.7 Possíveis causas da cavitação

Conforme citado no Capítulo 3.2.3, existem vários fatores que podem levar a

bomba a cavitar. Na próxima seção, esses fatores serão avaliados levando em conta o

funcionamento do sistema de abastecimento do caminhão-tanque.

4.7.1 Diminuição do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝

A partir do capítulo 3.2.3, percebe-se que a mudança de alguns fatores pode

influenciar de forma negativa o valor calculado do “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”. Logo abaixo, alguns

desses fatores serão levantados, e, em seguida, será feita uma breve explicação de

como eles foram testados a fim de determinarmos se eles estavam ou não interferindo

no valor do “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”.

- Diminuição da altura estática de sucção (𝑍𝑠): sabe-se que o volume de

combustível no tanque do caminhão varia durante o abastecimento, uma vez que esse

combustível está sendo transportado para a aeronave, e, consequentemente, a altura

estática de sucção também varia. Entretanto, conforme citado no capítulo 4.2 , será

considerada a situação menos favorável para o estudo, e isso inclui o tanque vazio (por

mais que essa situação seja incomum no dia a dia da operação de abastecimento). Por

esse motivo, não há razões para acreditarmos que essa seja a causa da cavitação da

bomba.

- Aumento da altitude no local de instalação da bomba: o aumento da altitude

levaria à uma diminuição da pressão atmosférica, que, por consequência, diminuiria o

valor do “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”. Entretanto, o caminhão não saiu de dentro do aeroporto, e o mesmo

se encontra ao nível do mar. Além disso, mesmo que o caminhão trabalhasse em uma

altitude elevada, essa diferença de altitude não justificaria tamanha diminuição do

“𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”.

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- Aumento da temperatura de bombeamento do líquido: o aumento da

temperatura levaria à uma diminuição do peso específico do combustível. Essa

diminuição afeta diretamente no rendimento da bomba, diminuindo-o. Quando o

rendimento da bomba diminui, mais calor é transferido da bomba para o combustível,

aumentando ainda mais a temperatura do líquido, recomeçando o ciclo. Além disso,

conforme foi dito em 3.1.5, quanto maior for a temperatura de um fluido, maior é sua

pressão de vapor. Esse aumento de “𝑝𝑣”, juntamente à diminuição da viscosidade do

fluido, acarreta um menor valor de “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”. Foi relatado pelos operadores que,

durante alguns abastecimentos, a mangueira de abastecimento estava esquentando

demais. Isso prova que realmente houve um aumento na temperatura do combustível

no abastecimento. Por esse motivo, esse fato deve ser estudado mais a frente.

- Perdas na linha de sução: quanto maiores forem as perdas na linha de sução,

menor será a altura manométrica de sucção “ℎ𝑠”, e, de acordo com a equação 3.23,

essa diminuição gera uma diminuição no “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”. Observando a linha de sução,

nota-se que existem, além da perda distribuída, 4 tipos de acidentes que geram perdas

localizadas: joelhos de 90°, 45°, “tês” e uma válvula de pé e crivo (chamada de válvula

de fundo). A linha foi revisada, e os acidentes foram recontados. O único motivo que

justificaria um aumento na perda de carga nessa linha, seria uma obstrução na

tubulação. Essa obstrução poderia ser causada por dois motivos: dejetos na linha que

foram se acumulando com o tempo e uma falha na abertura da válvula de fundo do

tanque. Como já foi citado, os altos padrões de qualidade exigidos para os combustíveis

de aviação diminuem a chance de resíduos serem encontrados. Este fato diminui, mas

não elimina, a possibilidade de obstrução da linha. Uma falha na abertura da válvula de

fundo, é, entretanto, muito mais provável de ocorrer.

Figura 38. Tanque de combustível e flange interno da válvula de fundo

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Como pode ser observado na imagem acima, checar se a válvula de fundo

realmente abre de forma eficiente com o acionamento da tomada de força não é uma

tarefa trivial, uma vez que esta encontra-se na parte interna no tanque.

Sabendo que a válvula de fundo deve abrir com o acionamento da tomada de

força, um simples teste foi realizado. Em primeiro lugar, o teste não deveria ser feito

durante um abastecimento por questões de segurança. O caminhão foi, então,

direcionado para a ilha de enchimento.

Figura 39. Caminhão-tanque na ilha de enchimento

Após termos o caminhão posicionado e com pressão suficiente na linha

pneumática, a mangueira foi acoplada ao bocal de enchimento do caminhão para que o

combustível circulasse enquanto testávamos o funcionamento da válvula de fundo,

impedindo que a mesma parcela de combustível ficasse em contato com a bomba por

muito tempo e acabasse superaquecendo. Esse procedimento é chamado de

recirculação.

Figura 40. Operação de recirculação

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O esquemático do teste pode ser observado na Figura 41. Novamente, não há

fluxo de combustível através da linha de cor cinza.

Figura 41. Esquema do sistema de recirculação do caminhão-tanque

Após o acoplamento da mangueira no bocal de enchimento, um operador de

abastecimento experiente subiu no tanque e abriu a boca de visita do caminhão

(comporta utilizada para entrada no tanque), bem acima da válvula de fundo.

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Em seguida, a tomada de força foi ligada, e a válvula de fundo não apresentou

problemas. O procedimento foi repetido algumas vezes para ter certeza de que a válvula

estava funcionando, o que acabou por descartando a possibilidade de um mal

funcionamento da válvula de fundo estar gerando uma decréscimo no “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”.

- Diminuição na pressão no reservatório de sucção: conforme evidenciado no

capítulo 3.2.3, uma diminuição da pressão no reservatório de sucção causaria uma

redução no “𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”. Entretanto, a válvula de ventilação do tanque foi verificada

durante os procedimentos de verificação de rotina do caminhão e não demonstrou

problemas no funcionamento.

4.7.2 Aumento da vazão

Outro motivo que poderia fazer com que a bomba cavitasse seria um aumento

excessivo da vazão, que, além de aumentar a perda de carga na sucção diminuindo o

“𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝”, poderia simplesmente fazer com que a bomba trabalhasse em uma vazão

acima da vazão máxima permissível, calculada no capítulo 4.6. Entretanto, não faria

sentido pensar que a bomba estaria trabalhando em uma vazão acima da permissível,

uma vez que medidor mostrava uma vazão de 500 L/min durante a cavitação, a menos

que combustível estivesse recirculando pela linha de bypass.

Figura 42. Linha de by-pass e válvula de by-pass

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Como foi citado no capítulo 3.2.2, a linha de bypass serve para proteger a bomba

em caso de um aumento de pressão excessivo na linha de descarga (nesse caso, a

válvula deve abrir para pressões acima de 80 Psi) ou para evitar que a bomba opere

abaixo da vazão mínima permissível.

Para verificar se a válvula de bypass estava aberta indevidamente (mesmo para

baixas pressões na descarga), a mangueira foi desconectada do bocal de enchimento

de forma a impedir fluxo de combustível pela linha de abastecimento. Caso a válvula de

bypass estivesse aberta, ao ligar a tomada de força, combustível seria recirculado pela

linha de bypass e seria observada a entrada de combustível do tanque, mesmo com

uma pressão na descarga inferior a 80Psi.

A Figura 43 mostra a lógica do teste mostrando aonde teria fluxo de produto

(tubulação de cor amarela e verde) e onde não teria (tubulação de cor cinza).

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Figura 43. Esquema do teste da válvula de by-pass

Conforme suspeitado, o operador observou movimentação de produto no tanque

durante o teste mesmo com a pressão na linha de descarga inferior a 80 Psi (como

podemos observar na Figura 44), o que indicava que a válvula de bypass estava mal

regulada ou estava aberta continuamente, e, por conta disso, havia combustível sendo

recirculado.

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Figura 44. Manômetro de entrada do filtro monitor

A possível relação entre a cavitação da bomba e a recirculação será o objeto de

estudo do capítulo 5.

5. Estudo da nova operação do sistema

Uma vez encontrada uma possível causa do problema de cavitação, uma nova

análise do sistema deve ser feita para confirmá-la. Desta vez, será considerado que,

além de alimentar o sistema de abastecimento, a bomba está alimentando o sistema de

bypass. O esquema da nova operação está mostrado na Figura 45.

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Figura 45. Esquema da operação de abastecimento com recirculação simultânea

A Tabela 16 relaciona as cores da Figura 45 com as respectivas partes e

diâmetros dos techos.

Tabela 16. Esquema de cores da Figura 45.

COR PARTE DIÂMETRO

VERDE SUCÇÃO 3"

VERMELHO DESCARGA 3"

AZUL DESCARGA 2"

AMARELO BYPASS 2"

CINZA N/A N/A

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Para simplificarmos a análise do sistema, consideraremos a Figura 46.

Figura 46. Esquema da operação de abastecimento com recirculação simultânea [12] – modificada pelo autor

Onde:

𝑍𝑑 – Altura da coluna de descarga da linha de abastecimento [m]

𝑍𝑏𝑝 – Altura da coluna de descarga da linha de by-pass [m]

A nova operação do sistema deve ser analisada, uma vez que todos os cálculos

feitos anteriormente para a descarga da bomba não consideraram a recirculação de

produto pela linha de bypass.

O manual da KSB é bem prático nas resoluções de problemas desse tipo, onde

uma única bomba é utilizada para abastecer dois reservatórios em alturas diferentes.

Primeiramente, é necessário compreender qual é a real vazão que se passa pela

bomba. Para isso, é necessário considerar a lei de conservação de massa para o novo

sistema.

Σ𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = Σ𝑄𝑠𝑎𝑖

Onde 𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 é a vazão de combustível que está entrando na bomba e 𝑄𝑠𝑎𝑖 é a

vazão que está deixando a bomba. Sabendo que a bomba agora abastece dois

reservatórios, temos que:

𝑄𝑠𝑢𝑐çã𝑜 = 𝑄𝑏𝑦𝑝𝑎𝑠𝑠 + 𝑄𝑎𝑏𝑎𝑠𝑡𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

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Ou seja, a vazão que efetivamente passa pela bomba é a soma da vazão que

vai para a aeronave com a vazão que volta para o tanque pela linha de bypass.

O próximo passo é traçar a nova curva do sistema, agora com a bomba

abastecendo dois reservatórios em alturas diferentes. Para isso, segundo o manual da

KSB [11], duas curvas independentes devem ser traçadas: uma curva representando o

abastecimento da aeronave (que deve levar em conta que não há recirculação pela linha

de bypass), e uma curva representando a recirculação do combustível (que deve

considerar que a linha de abastecimento está fechada, e não há fluxo de produto por

ela).

A curva do sistema de abastecimento já foi determinada no capítulo 4.4.

Figura 47. Curva do sistema de abastecimento

O próximo passo é traçar a curva do sistema de bypass. Para isso, será

necessário calcularmos como a altura manométrica total do sistema “H” varia com a

vazão.

5.1 Cálculo da altura manométrica da linha de bypass (ℎ𝑏𝑝)

Para o cálculo da altura manométrica da linha de bypass, será utilizada a mesma

equação (3.15) que foi usada para o cálculo da altura manométrica total do sistema de

abastecimento.

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𝐻 = ℎ𝑑 − ℎ𝑠

Desta vez, entretanto, utilizaremos a referência “bp” para indicar é que se trata

do sistema de bypass. Sabendo que a sucção é a mesma tanto para o sistema de

abastecimento quanto para o sistema de bypass, temos que:

𝐻 = ℎ𝑏𝑝 − ℎ𝑠 (5.1)

Resta, portanto, calcular a altura manométrica de descarga ‘ℎ𝑏𝑝”.

5.1.1 Cálculo dos comprimentos equivalentes (𝐿𝑏𝑝)

Da mesma forma que foi feito para o sistema de abastecimento, é necessário

identificar os acidentes e acessórios que geram perdas de carga no sistema de bypass

e calcular o comprimento equivalente do sistema. Sabendo que o diâmetro da tubulação

da linha de bypass é de duas polegadas, que a válvula de retenção é do tipo portinhola,

e que a válvula de bypass é do tipo esfera, pode-se listar, a partir da consulta ao Anexo

C, os comprimentos equivalentes para cada acessório ou acidente da linha de bypass.

Tabela 17. Comprimentos equivalentes dos acessórios/acidentes na linha de bypass

Somando as perdas de cada acidente, temos que o comprimento equivalente da

tubulação vale:

𝐿𝑏𝑝 = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + + 𝐿 𝑇ê.𝑟𝑎𝑚𝑎𝑙

+ 𝐿𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 3−2 + 4. 𝐿𝑗𝑜𝑒𝑙ℎ𝑜 90° + 𝐿 𝑣á𝑙𝑣.𝑏𝑦−𝑝𝑎𝑠𝑠

+ 𝐿 𝑣á𝑙𝑣.𝑟𝑒𝑡𝑒𝑛çã𝑜

+ 𝐿𝑠𝑎í𝑑𝑎

𝐿𝑏𝑝 = 1,5 + +3,35 + 0,7 + 4.1,6 + 1,07 + 6,71 + 2.2,74

𝐿𝑏𝑝 = 22,5 𝑚

Tipo Qtd Leq unitário Leq

Trecho reto 1,5 1 1,5

T - fluxo pelo ramal 1 3,35 3,35

Redução 3" pra 2" 1 0,7 0,7

Joelho 90° (raio curto) 4 1,6 6,4

Válvula bypass 1 1,07 1,07

Válvula de retenção 1 6,71 6,71

Saída tanque 1 2,74 2,74

BYPASS

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5.1.2 Cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒𝑏𝑝) e fator de

atrito (𝑓𝑏𝑝)

Como o diâmetro da tubulação é de duas polegadas, e o material da tubulação

é o mesmo (aço comercial), os valores do número de Reynolds e o fator de atrito podem

ser retirados dos cálculos realizados no capítulo 4.3.3.

𝑉𝑏𝑝 = 9,3 𝑚/𝑠

𝑅𝑒𝑏𝑝 = 2,3 . 105

𝜀

𝐷(𝑎ç𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙) = 0,0009

𝑓𝑏𝑝 = 0,0205

Tabela 18. Variação do Número de Reynolds e do fator de atrito com a vazão

5.1.3 Cálculo das perdas (ℎ𝑓,𝑏𝑝)

Substituindo na equação (3.11) os valores encontrados, pode-se dizer que o

comprimento equivalente da linha de bypass é:

ℎ𝑓,𝑏𝑝 = 𝑓𝑏𝑝. 𝐿𝑏𝑝 . 𝑉𝑏𝑝

2

𝐷𝑏𝑝 . 2 . 𝑔

ℎ𝑓,𝑏𝑝 = 0,0205. 22,5 . 9,32

0,0508 . 2 . 9,81

ℎ𝑓,𝑏𝑝 = 40,5 𝑚

Com esse valor, pode-se calcular a altura manométrica de descarga através da

equação (3.19).

ℎ𝑏𝑝 = 𝑍𝑏𝑝 + ℎ𝑓,𝑏𝑝

(m³/h) Vr (m/s) Re e/D A B fr

0,0 0,0 0 0,0009 0 0 0

22,7 3,1 79104,01 0,0009 2,51E+20 6,59E-06 0,0225

45,4 6,2 158208 0,0009 4,22E+20 1,01E-10 0,0211

68,1 9,3 237312 0,0009 5,23E+20 1,53E-13 0,0206

90,9 12,5 316416,1 0,0009 5,9E+20 1,53E-15 0,0203

BY-PASS

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Como a linha de bypass alimenta o tanque pelo fundo, tem-se que a altura

estática de descarga é a mesma que a altura estática de sução.

𝑍𝑏𝑝 = 𝑍𝑠

𝑍𝑏𝑝 = 0,6 𝑚

Pode-se agora, encontrar a altura manométrica de descarga da linha de bypass.

ℎ𝑏𝑝 = 0,6 + 40,5 𝑚

ℎ𝑏𝑝 = 41,1 𝑚

A variação das perdas e da altura manométrica de descarga da linha de bypass

com a vazão está explicita na Tabela 19.

Tabela 19. Variação das perdas e do head da linha de by-pass com a vazão

5.1.4 Cálculo da altura manométrica total (𝐻𝑏𝑝)

Através dos valores encontrados na seção anterior, juntamente à altura

manométrica de sucção calculada no Capítulo 4.2.3, podemos calcular o valor da altura

manométrica total da linha de bypass, para 300 GPM através da equação (3.15).

𝐻𝑏𝑝 = ℎ𝑏𝑝 − ℎ𝑠

𝐻𝑏𝑝 = 41,1 − (−8,5)

𝐻𝑏𝑝 = 49,6 𝑚

A Tabela 20 mostra como a atura manométrica total do sistema de bypass varia

com a vazão.

(GPM) (m³/s) hfbp hbp

0 0 0,0 0,6

100 0,006 4,9 5,5

200 0,013 18,5 19,1

300 0,019 40,5 41,1

400 0,025 70,9 71,5

BYPASS

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Tabela 20. Variação do Head total do sistema de bypass com a vazão

A partir desses dados, podemos traçar a curva do sistema de bypass..

Figura 48. Curva do sistema de bypass

5.2 Determinação da vazão da bomba

De posse das duas curvas independentes dos sistemas de abastecimento e do

sistema de bypass, e, seguindo com a solução proposta pelo manual da KSB [11], para

obter a curva da nova operação do sistema (abastecimento com recirculação

simultânea), é necessário somar a vazão das duas curvas para cada head

correspondente. O objetivo é encontrar a curva que representa o bombeamento

simultâneo para a aeronave e para o próprio tanque, ou seja, a curva resultante de uma

associação de linhas em paralelo. O processo para a determinação dessa curva será

demonstrado em seguida.

(m³/h) Hbp

0,0 0,0

22,7 6,1

45,4 22,7

68,1 49,6

90,9 86,7

BYPASS

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A Figura 49 mostra a curva do sistema de bombeamento em laranja

(representada por “H”), e a curva do sistema de bypass em azul (representada por

“Hbp”).

Figura 49. Curvas do sistema de bypass e do sistema de abastecimento

O procedimento para determinar a curva do sistema em paralelo consiste em

somar as vazões das duas curvas para os respectivos heads. Faremos isso traçando

uma reta na horizontal a partir do head de 20 m até que essa reta cruze a primeira curva,

e no ponto de intersecção, outra reta será traçada (dessa vez na vertical) para

determinar a vazão correspondente para aquele head (no caso, 20 m³/h).

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Figura 50. Determinação da curva do sistema em paralelo

O mesmo procedimento foi realizado para outros heads para as duas curvas. Na

Tabela 21, foram somadas as vazões correspondentes a cada head das duas curvas.

Tabela 21. Vazões correspondentes a cada head nos sistemas de abastecimento e bypass

Dessa forma, tem-se que a curva do sistema correspondente à operação de

abastecimento com recirculação simultânea (representada por “H+Hbp”), é:

Head (m) Vazão , H Vazão, Hbp Soma vazões

0 0 0 0

4 0 15 15

5 2,3 17,5 19,8

10 7,5 26,5 34

20 19 38 57

30 27,5 47 74,5

40 34 55 89

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68

Figura 51. Curvas do sistema de abastecimento, bypass e sistema em paralelo

Com a curva resultante da associação, pode-se descobrir qual a vazão que está

passando na bomba quando ela cavita e descobrir se o fato da válvula de bypass estar

indevidamente aberta justifica a cavitação. Para isso, as curvas da bomba são plotadas

juntamente às outras curvas.

Figura 52. Curvas do sistema e curvas da bomba

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De posse desse gráfico, é necessário identificar o ponto de trabalho da bomba

durante a operação, e, para isso, precisamos saber sob qual rotação a bomba está

sendo submetida (neste caso, não será considerado o pior cenário, como foi feito

anteriormente, e sim o cenário que mais se aproxima da realidade). Tanto as curvas da

bomba, quanto as especificações de transmissão da tomada de força (acionador da

bomba), são disponibilizados pelo fabricante.

Não havia equipamentos para medir a rotação diretamente na entrada do eixo

da bomba. A única informação de rotação de havia disponível era a rotação do motor

do caminhão, e, através disso, é possível estimar com certo grau de precisão a rotação

da bomba utilizando o método descrito abaixo.

O sistema de transmissão de potência da bomba é composto pela caixa de

câmbio do caminhão, tomada de força, transmissão do tipo cardan (normalmente

utilizados para transmitir potência entre dois eixos que estejam em alturas diferentes) e

uma redução acoplada diretamente na bomba, como mostra a Figura 53.

Figura 53. Esquema do sistema de potência da bomba

Conforme foi observado na operação de abastecimento, no ato de ligar a tomada

de força (com a rotação do motor no ponto mais baixo de operação), a bomba já estava

apresentando altos ruídos, característicos da ocorrência de cavitação. Como pode-se

observar na Figura 54, isso ocorria quando a rotação indicada no tacômetro do motor

do caminhão estava próxima de 800 RPM.

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70

Figura 54. Tacômetro do caminhão

Através do manual técnico do caminhão (Anexo G) é possível saber qual é o tipo

de caixa de câmbio utilizada.

Figura 55. Modelo de transmissão do Ford Cargo 2422 [26]

Através do catálogo da tomada de força que consta no Anexo H, é possível

identificar a relação de transmissão de rotação entre o motor do caminhão e a saída da

tomada de força. Pode-se observar, olhando no canto esquerdo da tabela, que a tomada

de força foi selecionada corretamente para atuar em conjunto com a caixa de câmbio

do caminhão.

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Figura 56. Catálogo da tomada de força [27]

Através da Figura 56, observa-se que para cada 1000 RPM do motor do

caminhão, a rotação de saída da tomada de força é de 1228 RPM. Ou seja:

1,228 . 𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 𝑁𝑡𝑜𝑚𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒

𝑓𝑜𝑟ç𝑎

O próximo passo é identificar a relação de transmissão de entrada e saída da

junta cardan.

Na Figura 57, pode-se observar que o cardan trabalha com uma angulação muito

pequena. Para facilitar os cálculos, será considerado que a transmissão cardan funciona

como um eixo rígido na horizontal, ligando a tomada de força à redução da bomba.

Figura 57. Tomada de força e cardan

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72

Sendo assim:

𝑁𝑡𝑜𝑚𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒

𝑓𝑜𝑟ç𝑎

= 𝑁𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜𝑐𝑎𝑟𝑑𝑎𝑛

É importante citar que a bomba utilizada no caminhão-tanque apresenta uma

redução própria em sua carcaça com razão de transmissão de 4,09:1, entretanto, esta

não precisa ser considerada uma vez que as curvas da bomba consideram a rotação de

entrada nessa redução, e não na bomba em si (essa informação encontra-se na parte

superior do gráfico da bomba, mostrado na Figura 58).

Figura 58. Curvas da bomba [25]

Consideraremos, então, que:

𝑁𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜𝑐𝑎𝑟𝑑𝑎𝑛

= 𝑁𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎

Sendo assim, com uma rotação do motor de 800 RPM, temos:

𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 800 𝑟𝑝𝑚

𝑁𝑡𝑜𝑚𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒

𝑓𝑜𝑟ç𝑎

= 1,228 . 800

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𝑁𝑡𝑜𝑚𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒

𝑓𝑜𝑟ç𝑎

≅ 980 𝑟𝑝𝑚

Então:

𝑁𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜𝑐𝑎𝑟𝑑𝑎𝑛

= 980 𝑟𝑝𝑚

𝑁𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = 980 𝑟𝑝𝑚

Ou seja, podemos considerar que, durante a operação, a rotação da bomba se

aproxima de 980 RPM.

É importante citar que, pela dificuldade de se determinar o exato ponto de

trabalho durante a cavitação (devido às mudanças nas curvas características

explicitadas no capítulo 3.2.3), todas as análises referentes a esse ponto serão

conservativas, e, por isso, não considerarão tais efeitos.

Observando novamente a curva do sistema (representada por “H+Hbp”) versus

a curva da bomba, nota-se que a linha do sistema não cruza a curva da bomba

correspondente a uma vazão de 980 RPM (que ficaria próxima à de 1000RPM).

Figura 59. Curvas da bomba e curva do sistema em paralelo

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Por esse motivo, extrapolaremos o resultado do cruzamento da curva com a

curva do sistema para uma rotação de 980 RPM. Para essa rotação, o ponto de trabalho

está identificado como “A” na Figura 60..

Figura 60. Extrapolação do ponto de trabalho a 980 RPM

Como pode-se observar, a 980 RPM a vazão correspondente da bomba está em

torno de 104 m³/h (1733 L/min), o que, segundo o cálculo realizado no capítulo 4.6, é

muito acima da vazão máxima limite de cavitação (70m³/h). Ou seja, durante a operação

de abastecimento com recirculação simultânea, a bomba estava trabalhando com uma

vazão acima de sua capacidade máxima. Isso nos permite afirmar que o fato da válvula

de bypass estar aberta foi o motivo da cavitação.

Outras conclusões podem ser tiradas da Figura 60. Se traçarmos a curva do

sistema de abastecimento e a curva do sistema de bypass independentes, novamente

utilizando o manual da KSB [11], pode-se identificar a parcela de vazão que estava

sendo direcionada para a aeronave e a parcela que estava sendo bombeada para o

tanque do caminhão.

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Figura 61. Curvas dos sistemas versus curvas da bomba

Traçando uma horizontal a partir do ponto A, obtemos os pontos B e C, nas

intersecções com as duas curvas. Estes pontos nos mostram a parcela de vazão de

contribuição à recirculação e ao abastecimento da aeronave, respectivamente.

Figura 62. Determinação das vazões

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Ou seja, a 980 RPM, a vazão de combustível recirculado pela na linha de bypass

era de aproximadamente 65 m³/h (1083 L/min) e a vazão na linha de abastecimento era

de 39 m³/h (650 L/min). O valor encontrado condiz com a vazão descrita no início do

capítulo 4, de 550 L/min, uma vez que essa análise não leva em conta a mudança de

fase do combustível durante a cavitação e, por consequência, não leva em conta

redução da vazão (citada no capítulo 3.2.3).

Desta forma, podemos compreender o motivo pelo qual a bomba estava

cavitando mesmo quando o medidor indicava uma vazão tão baixa. Na verdade, a vazão

mostrada no medidor correspondia apenas a uma parcela da vazão que estava

efetivamente passando pela bomba.

Pode-se afirmar que, quando o medidor indicava uma vazão de 650 L/min

(39m³/h), ele estava mostrando apenas a vazão que estava sendo utilizada para o

abastecimento (ponto C). Na verdade, o fluxo de combustível que estava sendo

bombeado pela bomba era de 1733 L/min (104 m³/h, ponto A), que corresponde à uma

vazão acima da vazão de cavitação encontrada na análise de NPSH do sistema.

Enquanto isso, 1083 L/min estavam sendo bombeados para o sistema de bypass. A

Figura 63 ilustra a situação descrita.

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Figura 63. Demonstração das diferentes vazões

5.3 Proposição de melhoria e consequências

Após analisar a válvula de bypass para compreender o motivo dela estar

indevidamente aberta, foi constatado que a mangueira de ar responsável pelo

fechamento da válvula não estava instalada, e a única mangueira que chegava à válvula

era a responsável pela abertura da mesma.

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Figura 64. Válvula de bypass

A solução para o problema parece, em um primeiro momento, trivial. Se a válvula

aberta está causando a cavitação da bomba, a solução, aparentemente, era fechar a

válvula permanentemente. Entretanto, é necessário levar em conta o motivo pelo qual

a linha de bypass foi colocada ali.

O principal motivo para a linha de bypass ter sido instalada é para que a

recirculação proteja a bomba em caso de um aumento de pressão excessivo na linha

de descarga, gerado por um fechamento repentino de alguma válvula ou por algum tipo

de obstrução, durante a operação. No caso em questão, a válvula de bypass é aberta

pelo comando pneumático assim que a pressão na entrada do filtro excede 80 Psi,

fazendo com que o fluxo de produto seja redirecionado para o tanque do próprio

caminhão. Este mecanismo garante que o fluxo contínuo de produto pela bomba seja

mantido.

Outra grande utilidade da linha de bypass é para uma situação na qual uma

vazão abaixo da vazão recomendada é necessária. Como mostrado anteriormente,

quando essa linha está aberta, apesar da vazão de abastecimento ser baixa, a bomba

está trabalhando a uma vazão superior por estar contribuindo para dois reservatórios

diferentes. Uma bomba trabalhando sob uma vazão inferior à recomendada pode

apresentar: baixa eficiência de operação, superaquecimento, barulho excessivo,

vibração entre outros.

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Entretanto, essa situação não é comum na aviação, uma vez que, quanto mais

rápido um avião for abastecido (quanto maior a vazão de abastecimento), melhor

aproveitado será o caminhão.

Por esse motivo, a solução proposta consistiu em ajustar a válvula de bypass de

forma que ela abrisse e fechasse conforme foi projetada.

Feita essa manutenção, algumas melhorias foram observadas durante a

operação com o caminhão.

5.3.1 Novo ponto de trabalho

Segundo os cálculos realizados no capítulo 5.2, o ponto de trabalho do sistema

com a válvula de bypass aberta indicava um head de 46 m e uma vazão de 104 m³/h na

bomba, porém, apenas 39 m³/h (650 L/min) eram realmente destinados ao

abastecimento da aeronave.

A partir do momento que a válvula foi consertada e começou a operar

normalmente, o novo ponto de trabalho foi alterado para uma vazão de 52 m³/h (866

L/min) com um head de 73 m.

Figura 65. Ponto de trabalho a 980 RPM

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80

A foto tirada do medidor de vazão, indicando a vazão de abastecimento depois

da manutenção realizada na válvula de bypass, comprova o resultado obtido pelo

estudo.

2

Figura 66. Medidor de vazão

5.3.2 Redução no tempo de abastecimento

Considerando que a média de volume de um abastecimento realizado por um

caminhão-tanque é no aeroporto estudado é de 10.000 L, e, sabendo que a vazão de

abastecimento aumentou de 500 L/min para 866 L/min, uma redução de em média 73%

no tempo de abastecimento será observada com a mudança.

Sabendo que o caminhão faz em média 4 abastecimentos por dia, essa mudança

economizaria quase 34 minutos todos os dias. Entretanto, essa estimativa se baseia no

fato de que o caminhão, antes de ser consertado, estava abastecendo aviões de grande

porte, que exigiam grandes volumes de combustível, o que não é verdade. Como foi

citado no começo do capítulo 4, o caminhão tinha sido limitado a abastecer aeronaves

de pequeno porte que exigiam uma menor vazão, e, logo depois, havia sido retirado de

operação.

Pode-se dizer então, que o aumento de vazão de abastecimento do caminhão,

além de reduzir o tempo gasto em abastecimentos de aviões menores, permitiu que o

caminhão fosse utilizado para a aviação de grande porte de forma segura, o que foi de

grande valia para a empresa.

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Na Figura 67, que mostra o gráfico feito a partir de dados fornecidos pela

empresa, pode-se observar o aumento do uso do caminhão a partir do ajuste do

sistema, que foi realizado no final do mês março.

Figura 67. Gráfico demonstrativo do aumento de uso do caminhão

5.3.3 Aumento da eficiência da bomba

Como o gráfico de rendimento não é fornecido pelo fabricante, os rendimentos

dos pontos dois pontos de trabalho (com e sem recirculação) serão calculados

manualmente através da equação (3.21). Desta vez, a análise considerará o real ponto

de trabalho da bomba durante a operação de abastecimento com recirculação

simultânea, mesmo que o ponto esteja fora das linhas que demarcam a área útil de

operação da bomba.

A partir do gráfico fornecido pelo fabricante, observa-se que, durante o

abastecimento com recirculação simultânea (indicado como “COM CIRCULAÇÃO” na

Figura 68), a potência absorvida pela bomba era de aproximadamente 25 kW.

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Figura 68. Determinação dos pontos de trabalho [25] – modificada pelo autor

Considerando o head e a vazão desse ponto de trabalho, através da equação

(3.21), temos:

η =𝛾. 𝐻. 𝑄

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠. 75

Onde:

𝐻 = 46 𝑚

𝑄 = 104𝑚3

ℎ 𝑜𝑢 0,02889 𝑚3/𝑠

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 = 18,6 𝑘𝑊 𝑜𝑢 25,28 𝐶𝑉

𝛾 = 8210 𝑁/𝑚3 𝑜𝑢 837 𝑘𝑔𝑓

Substituindo os valores, é possível determinar o rendimento da bomba para a

operação de abastecimento com recirculação simultânea.

η = 58%

Para o sistema com a válvula de bypass operando normalmente (ponto indicado

como “SEM RECIRCULAÇÃO”), temos:

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83

𝐻 = 73𝑚

𝑄 = 52𝑚3

ℎ 𝑜𝑢 0,0144 𝑚3/𝑠

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 = 13,8 𝑘𝑊 𝑜𝑢 18,7 𝐶𝑉

𝛾 = 8210 𝑁/𝑚3 𝑜𝑢 837 𝑘𝑔𝑓

Aplicando na equação (3.21), temos que o rendimento da bomba nesse ponto

vale:

η = 63%

Esse resultado mostra um aumento de aproximadamente 5% no rendimento da

bomba durante a operação, devido à mudança realizada.

Novamente, é importante citar que a queda de rendimento devido á cavitação

não foi considerada. Por conta disso, podemos esperar um aumento de rendimento

ainda mais relevante.

5.3.4 Redução no aumento de temperatura do combustível

Conforme foi dito no início do capítulo 4, um aumento excessivo na temperatura

do combustível foi observado durante a operação de abastecimento (antes do conserto

da válvula do bypass), sendo possível visualizar fumaça saindo da mangueira de

abastecimento.

O aumento excessivo da temperatura do líquido bombeado é um problema

comumente encontrado para bombas que trabalham com fluxo reduzido, pois a

diferença entre a potência consumida e a potência desenvolvida é transmitida em

grande parte para o líquido na forma de calor. Um exemplo é durante o shutoff, onde a

bomba trabalha com a válvula na descarga completamente fechada e apenas um

pequeno volume de liquido entra em contato com a carcaça da bomba, fazendo com

que o fluido superaqueça.

Entretanto, o problema de superaquecimento também pode acontecer para

casos onde o fluido bombeado volta para o reservatório de sucção, que é o caso da

recirculação de produto pela linha de bypass.

Para a operação de abastecimento com recirculação simultânea, temos que o

aumento de temperatura decorrente do bombeamento, é de:

ΔT =46

427. (

1

0,58− 1) .

1

0,470

ΔT = 0,26°C

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Já para a operação de abastecimento apenas, temos que o aumento de

temperatura decorrente do bombeio vale:

ΔT =73

427. (

1

0,63− 1) .

1

0,470

ΔT = 0,21°C

Pode-se observar que, depois do concerto da válvula de bypass, haverá uma

diminuição de 20% no aumento de temperatura todas as vezes que o combustível passa

pela bomba.

O aumento de temperatura calculado pode parecer pequeno, mas é importante

relembrar que, além de não estarmos considerando a queda de rendimento causado

pela cavitação (que geraria um aumento ainda maior na temperatura do combustível

bombeado), parte do combustível que sai da bomba retorna para o tanque do caminhão

aumentando a temperatura do combustível que já estava no tanque. Esse combustível,

a uma nova temperatura, será bombeado, e, novamente, parte dele retornará para o

tanque, reiniciando o processo. Outro fato que deve ser levado em conta, é que a

equação utilizada para o cálculo do aumento da temperatura não leva em consideração

o aumento de temperatura provocado pela cavitação quando a região metálica da

bomba é submetida a repetidas ações mecânicas provocadas pelo colapso dos vapores.

Isso mostra que, dependendo do tempo de operação, a diferença no aumento de

temperatura pode ser muito maior.

Depois do conserto da válvula de bypass, não foi relatado mais nenhuma

ocorrência de fumaça saindo da mangueira de abastecimento, o que representa um

grande ganho para segurança da operação.

5.3.5 Economia na manutenção

Pelo fato do caminhão ter operado durante algum tempo sob condições de

cavitação, alguns problemas foram surgindo, e medias provisórias foram tomadas para

manter o caminhão em condições mínimas de operação.

- Troca de selo: por conta da vibração gerada pela cavitação da bomba, o selo

mecânico foi danificado, o que fez com que uma pequena parcela de combustível

pingasse da bomba durante o bombeamento. A empresa, entretanto, é extremamente

rígida no que diz respeito à vazamentos de combustíveis, e, por esse motivo, o selo teve

que ser trocado 2 vezes em um período de 2 anos, o que correspondeu a um gasto

aproximado de R$ 1.000 por ano.

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- Soldagem do impelidor: o impacto gerado pelo colapso das bolhas de vapor

nas pás do impelidor fizeram com que o mesmo fosse erodido. A erosão do impelidor

gerou um desequilíbrio de massa, que, associado com as altas rotações, geraram ainda

mais vibração na bomba. Por conta disso, o impelidor teve que ser retirado e soldado

numa tentativa de reestabelecer o equilíbrio de massa. Essa correção teve um custo de

R$ 300.

Considerando que o caminhão continuaria sendo utilizado sob as mesmas

condições de operação, que a empresa não tentasse resolver o problema comprando

uma bomba mais potente, e que os problemas gerados pela cavitação não evoluíssem

e continuassem ocorrendo com a mesma frequência (o que é improvável), a economia

em manutenção gerada pelo conserto da válvula de bypass em um ano seria de, no

mínimo, R$ 1150.

Além dessa economia, é necessario levar em conta o custo de um caminhão

parado para a empresa, sua depreciação com o tempo, e o consequente sobreuso dos

demais caminhões na operação.

6. Conclusão

O estudo realizado a partir de teorias de hidráulica e de bombas, considerando

a condição menos favorável de operação do caminhão-tanque, nos permitiu concluir

que a causa da cavitação era a abertura indevida da válvula de bypass, que gerava um

aumento excessivo na vazão da bomba, contrariando a ideia de que a bomba não havia

sido selecionada corretamente. O mal funcionamento dessa válvula, além de causar a

cavitação, também justificou o aumento excessivo de temperatura do combustível, pois

o líquido era obrigado a passar pela bomba mais de uma vez durante a operação.

Além dos ganhos financeiros propiciados pela reativação do ativo da companhia

e pela economia gerada em manutenção, o ganho em segurança operacional também

deve ser levado em conta.

A bomba do caminhão-tanque agora opera de forma segura e atende a todos os

requisitos da operação de abastecimento no aeroporto.

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em 29 de outubro de 2018

[28] Disponível em <

http://mjaviation.com.br/publicas/files/Ficha%20Informacoes%20de%20Seguranca%20

JET.pdf > Acessado em 29 de outubro de 2018

[29] Disponível em http://www.aalborg-industries.com.br/downloads/calor-especifico-

medio.pdf > Acessado em 29 de outubro de 2018

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88

[30] Disponível em < https://www.lcmeter.com/applications/aviation-refuelers-hydrant-

carts/flow-meters/ms-series-positive-displacement-meters > Acessado em 29 de

outubro de 2018

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Anexo A. Diagrama de Moody

Figura A.1: Ábaco de Moody [9]

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Anexo B. Gráfico da Rugosidade Relativa

Figura B.1: Gráfico de rugosidade relativa [10]

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Anexo C. Comprimentos equivalentes

Figura C.1: Comprimentos equivalentes [10]

Figura C.2: Comprimentos equivalentes [10]

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Figura C.3: Comprimentos equivalentes [10]

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Figura C.4: Comprimentos equivalentes [10]

Figura C.5: Comprimentos equivalentes [11]

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Anexo D. Gráfico de perdas na mangueira

Figura D.1: Queda de pressão na mangueira [24]

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Anexo E. Curvas da bomba

Figura E.1: Curvas da bomba [25]

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Anexo F. Dados técnicos do Ford Cargo 2422

Figura F.1: Ficha técnica Ford 2422 [26]

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Anexo G. Ficha técnica da tomada de força

Figura G.1: Ficha técnica da tomada de força [27]

Anexo H. Dados do Querosene de Aviação

Figura H.1: Dados do querosene de aviação [11]

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Figura H.2: Calor específico do querosene [29]