SOLVENTES E INALANTES

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SCMSP - CAISM Departamento de lcool e drogas E2 Manuela Samir Maciel Salman

Dezembro 2011

Solvente: substncia capaz de dissolver coisas, altamente voltil. Inalante: substncia que pode ser introduzida no organismo atravs da aspirao pelo nariz ou boca.

Muitos inflamveis Grupo qumico dos hidrocarbonetos Tolueno, xilol, n-hexano, acetato de etila

Depressores do SNC

Produtos comerciais legais

Esmaltes, colas de sapateiro, tintas, tinner, propelentes, gasolina, removedores, vernizes, acetona, fludo de isqueiro, fludos corretivos, gs hilariante.

Produtos ilegaisLana perfume: produto desodorizante em forma de um spray. O lquido, que a base de cloreto de etila e acondicionado sob presso em ampolas de vidro, devido a combinao do gs e perfume, ao ser liberado, forma um fino jato com efeito congelante. Cheirinho de lol: preparado clandestino a base de clorofrmio e ter.

Tolueno lquido transparente e incolor, inflamvel, comumente usado como um solvente industrial na fabricao de tintas, produtos qumicos, farmacuticos e borracha

Maior potencial para o abuso.Cascola (tolueno + n-hexano) Patex Extra (tolueno + acetato de etila) Brascoplast (tolueno + acetato de etila + solvente para borracha)

Abuso

EUA e Austrlia: 26% jovens 12 anos uso experimental. Mais de 22 milhes de norte-americanos > ou = 12 anos usaram inalantes, e todos os anos mais de 750.000 inalantes usam pela primeira vez. Entre 1971 e 1999, 1.857 mortes foram atribuda a inalantes no Reino Unido: 87% sexo masculino e 66% at 20 anos (maioria entre 14-18 anos). Jovens com famlias desestruturadas, de baixa renda. Crianas e adolescentes de rua. Produtos de fcil acesso, baratos, legais.

Incio tpico de experimentao mais precoce pr-adolescncia

Extenso perodo de maturao neural (poda sinptica e mielinizao) reas associadas com habilidades executivas e de auto-regulao, tais como controles inibitrios e regulao do afeto. Adolescentes podem tolerar doses mais altas de substncias psicoativas antes de experimentar os mesmos efeitos comportamentais, apesar de ser mais vulnervel s suas propriedades neurotxicas.

Estresse precoce severo cascata de alteraes neurobiolgicas

Alteraes persistentes no eixo hipotlamo-hipfise-adrenal e no sistema de catecolaminas que afetam um gama de processos de desenvolvimento cerebrais.

Maior distrbios estruturais e funcionais do crebro, bem como subseqentes do desenvolvimento cognitivo.Maior gravidade da dependncia dificuldades em regulao ou cessar uso (problemas atencionais, planejamento e controle dos impulsos), particularmente em indivduos com vulnerabilidades pr-mrbidas.

Altas taxas de problemas de sade mental entre usurios de inalantes e muitos jovens usurios passam por maus tratos na infncia, o que j leva a prejuzos na neurognese, poda sinptica e na mielinizao. Aspirao involuntria

Trabalhadores de indstria de sapatos ou de oficinas de pintura Exposio crnica diria

A forma fsica determina o modo do consumo. Colas: cheiradas em sacos ou a partir da prpria embalagem. Aerossis: lquido, so inalados a partir do prprio recipiente em panos embebidos com o produto. Fluido de isqueiro: coloca-se a vlvula entre os dentes e pressiona para a liberao do gs. Jovens tipicamente inalam deliberadamente vapores por 15-20 vezes durante um perodo relativamente breve (10-15 min) altssimas concentraes.

Sniffing: inalao direta do recipiente ou uma pea de roupa pulverizada com a substncia, pelo nariz ou pela boca. Huffing: aumenta a quantidade de vapores disponveis por aquecimento inicial da substncia ou segurando um pano embebido sobre o nariz ou boca. Bagging: aumenta ainda mais a concentrao de vapores inalados, e envolve a respirao de um papel ou saco plstico contendo a substncia voltil.

Hidrocarbonetos alifticos eliminados inalterados por via respiratria. Hidrocarbonetos aromticos convero heptica em metablitos hidroflicos, excreo renal. Dada sua alta natureza lipoflica, solventes orgnicos acessam rapidamente o crebro (1 a 3 min) e os nveis sanguneos permanecem altos por longo perodo. O tolueno produz uma resposta rpida, nocompetitiva, de inibio quase completa e reversvel das correntes catinicas atravs de receptores NMDA.

Evidncias crescentes de que solventes agem sobre alvos moleculares comuns. Exposio agudaPotencial estresse oxidativo. Inibio do receptor NMDA, especfica para subunidades NR1 e NR2B.

Efeito em neurnios cultivados de hipocampo de ratos. Tolueno: protena m-opiide no ncleo do tronco

cerebral (rafe dorsal e substncia cinzenta periaquedutal) e nveis de dopamina e serotonina em gnglios basais em ratos.

Resultados consistentes com hiperexcitabilidade glutamatrgica durante a retirada, de forma semelhante ocorre durante a retirada do lcool Teoria de sensibilizao cruzada entre os inalantes e outras drogas. subunidades de receptores NR1 e NR2B e no crtex pr-frontal medial e subunidades NR2B no ncleo accumbens. nveis de subunidade GABA a1 no crtex prfrontal medial e dessa expresso no mesencfalo ventral.

Encefalopatia tolueno

Estudos com animais observaram gliose e ativao de astrcitos na substncia branca, ao contrrio de morte neuronal. Induo de disfuno dopaminrgica persistente nos gnglios da base de ratos: associao com comportamento de repetio e dficits cognitivos.

Dados contra desmielinizao ou avaria no membrana neuronal e a favor de deficincia da viabilidade funcional como resultado da leso axonal difusa.

Ativao do sistema de recompensa modulao da atividade dopaminrgica mesolmbica e liberao de dopamina na rea tegumentar ventral.

1 fase: Excitao

Euforia, tonturas, perturbaes auditivas e visuais. Nuseas, espirros, tosse, sialorria, fascies avermelhadas.Confuso, desorientao, fala pastosa, viso turva, perda do auto-controle, cefalia, palidez. Agravo das alucinaes. acentuada do estado de alerta, incoordenao ocular, incoordenao motora com marcha vacilante, replexos diminudos, processos alucinatrios evidentes. Queda da presso, convulses, inconscincia, coma, morte (parada cardiorrespiratria).

2 fase: Depresso

3 fase: Depresso aprofundada

4 fase: Depresso tardia

Continuum dose-dependente (alteraes bifsicas): progresso de excitao motora em baixas doses para sedao, deficincia motora e anestesia em doses mais altas. Apesar de alguns inalantes possuirem propriedades pr-convulsivantes, a maioria tm efeitos anticonvulsivantes (provvel conseqncia da atividade sobre receptores NMDA e GABAa). Exposio repetida aumento efeitos motores da cocana (sensibilizao cruzada), sugerindo uma via neuroqumica comum.

Uso crnico efeitos txicos neurolgicos, hepticos, renais e pulmonares. Alteraes renais doenas crnicas (especialmente tolueno), incluindo acidose tubular renal, clculos urinrios, glomerulonefrite e insuficincia renal. Hepatite txica e insuficincia heptica tambm foram documentados, enquanto que o Benzeno: associado com supresso da medula ssea, resultando em linfoma, leucemia e anemia aplstica. Os efeitos pulmonares mais comuns so devido danos diretos ao tecido pulmonar e asfixia e alguns hidrocarbonetos podem levar a pneumonite qumica.

Dficits neurolgicos persistentes: neuropatia perifrica, disfuno cerebelar, danos dos nervos cranianos, atrofia cortical, encefalopatia e demncia. Clnica caracterstica de toxicidade neurolgica inespecfica: confundidos com outras causas de danos neurolgicos (TCE, hipxia), bem como abuso de outras substncias.

Abuso crnico de n-hexano (um componente da gasolina e colas muitos) e metil cetona n-butil (componente de tintas) fortemente associado a neuropatia perifrica. Tolueno: associado a doena cerebelar, encefalopatia e demncia.

Anomalias mais comuns do que em outras drogas. Atrofia difusa do crebro, cerebelo e alargamento de sulcos e dilatao ventricular, mais acentuadas em regio periventricular, subcortical (por exemplo, gnglios basais e tlamo) e substncia branca. Desmielinizao, hiperintensidades, atrofia corpo caloso e perda da fronteira substncias branca e cinzenta. Leucoencefalopatia com perda de mielina multifocal.

Solventes causam anormalidades mais extensas e graves em substncia branca do que outros inalantes, levando a maior comprometimento cognitivo. Sndrome amotivacional

fluxo sanguneo no crtex pr-frontal bilateral relacionada com o grau de severidade de avolio e apatia hipoperfuso frontal como substrato biolgico para o estado amotivacional.

Abuso cronico

27% dilatao atrfica dos ventrculos e sulcos 20% hipointensidade tlamo.

Gravidade significativamente associada com abuso por mais de 4 anos.

Rosenberg et al. (2002) no observaram melhoras significativas nas medidas de ressonncia magntica ou neuropsicolgicos aps 5 ou 18 meses de abstinncia (2 grupos). Cairney et al. (2004, 2005) melhorias significativas na deficincias neurocomportamentais (reflexo palmo-mentoniano, tremor postural, aprendizagem, dficit atencional) aps 2 anos de abstinncia da gasolina (sniffing) e em muitos casos, normalizados.

Altos nveis de comprometimento obtiveram o maior grau de melhora com a abstinncia, porm menor probabilidade de recuperar completamente.

Inalantes atravessam facilmente a barreira placentria aborto espontneo, parto prematuro, sintomas de abstinncia no recmnascido. Tolueno: associado com malformao fetal, incluindo deformidades craniofaciais, como as observadas na sndrome alcolica fetal. Tais achados destacam o impacto deletrio da exposio de longa durao de inalantes em perodos chave do desenvolvimento.

Uso a longo prazo resultando em dficits neurolgicos e cognitivos, prejuzo da ateno, da velocidade de processamento de informao, aprendizagem, coordenao e memria, habilidades executivas (incluindo memria de trabalho), bem como testes de inteligncia verbal. Dficits neuropsicolgicos consistentes com patologia de substncia branca (tolueno preferencialmente afeta esta regio em relao estruturas de substncia cinzenta).

Usurios intoxicados sentem-se menos inibidos, com maior propenso a agir impulsivamente ou assumir riscos leses acidentais (comprometimento das habilidades motoras) Risco de asfixia ou queimaduras provocadas por exploso dos solventes Uso com sacos plsticos: aps certo tempo j no consegue afastar do nariz e, assim, a intoxicao agrava-se, podendo levar ao coma e morte.

No h nenhum nvel seguro: uso pela primeira vez leva a risco de morte sbita por arritmias cardacas.

Inalantes parecem sensibilizar o miocrdio catecolaminas endgenas, resultando em arritmia ventricular fatal se o usurio est assustado ou agitado. Tolueno inibe reversivelmente canais de sdio voltagemdependente, o que pode explicar parcialmente os seus efeitos arritmognicos.

A prtica de pulverizao de inalantes diretamente na boca tambm potencialmente fatal, pelos agentes de refrigerao contidos em aerossis morte por asfixia por congelamento de laringe ou edema pulmonar.

Lubman et al. Inhalant abuse among adolescents: neurobiological considerations. British Journal of Pharmacology. (2008) 154, 316-326. Anderson et al. Recognition and Prevention of Inhalant Abuse. American Family Physician. Sept, 2003. (68)5. Al-Hajri, Z; Del Bigio, M.R. Brain damage in a large cohort of solvent abusers. Acta Neuropathology. (2010) 119:435-445. Solventes ou inalantes. Google Docs.