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Elke Oliveira Fernandes Como lidar com os conflitos da alma a luz da Palavra de Deus Prefacio Pr. Paschoal Piragine Jr.

Sonda-me - Como lidar com os conflitos da alma à luz da Palavra de Deus

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"Neste livro, a Drª. Elke usa seus conhecimentos de psiquiatria associados a uma profunda pesquisa bíblica, agradavelmente temperados com sua própria experiência de fé, para tratar tanto das emoções humanas quanto da própria espiritualidade como conexão com o Todo-Poderoso nos vários aspectos das vivências humanas." Pr. Paschoal Piragine Jr., teólogo, escritor e pastor da Primeira Igreja Batista de Curitiba

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Elke Oliveira Fernandes

Como lidar com os con� itos da alma

a luz da Palavra de Deus

PrefacioPr. Paschoal Piragine Jr.

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Sonda-me 1ª edição

Curitiba2016

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ELKE OLIVEIRA FERNANDES

Sonda-meCOMO LIDAR COM OS CONFLITOS DA ALMA À LUZ DA PALAVRA DE DEUS

1ª edição

Curitiba2016

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Elke Oliveira FernandesSonda-me

Como lidar com os conflitos da alma à luz da Palavra de Deus

Coordenação editorial: Walter FeckinghausEdição: Sandro BierRevisão: Josiane Zanon MoreschiCapa: Sandro BierEditoração eletrônica: Josiane Zanon Moreschi

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Palavra de Deus : Cristianismo 211

Salvo indicado em contrário, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia na Nova Tradução na Linguagem de Hoje da Sociedade bíblica do Brasil (2000).

Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores.

Editora Evangélica EsperançaRua Aviador Vicente Wolski, 353 - CEP 82510-420 - Curitiba - PR

Fone/fax: (41) [email protected] - www.editoraesperanca.com.br

Fernandes, Elke Fabiola Nery Oliveira

Sonda-me : como lidar com os confl itos da alma à luz da Palavra de Deus / Elke Fabiola Nery Oliveira Fernandes. - - 1. ed. - - Curitiba : Editora Esperança, 2016.

ISBN 978-85-7839-133-1

1. Aconselhamento - Aspectos religiosos 2. Confl itos - Aspectos religiosos - Cristianismo 3. Palavra de Deus (Teologia) 4. Vida cristã I. Título.

15-10603 CDD-211

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Sumário

Prefácio.....................................................................................................................7Introdução...............................................................................................................9

Parte I.....................................................................................................................11Capítulo 1 – A alma humana........................................................................13Capítulo 2 – Emoções......................................................................................19Capítulo 3 – Pensamentos.............................................................................31Capítulo 4 – Vontade.......................................................................................45

Parte II....................................................................................................................57Capítulo 5 – Ansiedade..................................................................................59Capítulo 6 – Medo............................................................................................75Capítulo 7 – Preocupação.............................................................................85Capítulo 8 – Vergonha....................................................................................93Capítulo 9 – Tristeza....................................................................................101

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Capítulo 10 – Culpa..........................................................................................121 Capítulo 11 – Orgulho....................................................................................133Capítulo 12 – Inveja........................................................................................149Capítulo 13 – Teimosia..................................................................................167Capítulo 14 – Raiva..........................................................................................177Capítulo 15 – Amargura.................................................................................191Capítulo 16 – Angústia...................................................................................205Capítulo 17 – Desespero................................................................................215Capítulo 18 – Sofrimento...............................................................................221Capítulo 19 – Vaidade.....................................................................................231Capítulo 20 – A alma e os desejos humanos.........................................239Capítulo 21 – A alma onde habitam a fé, a esperança e o amor..... 247Conclusão...........................................................................................................251

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Prefácio

H á um grande desafio no desejo de olhar para a alma humana.Lembro-me de um trabalho que tive de escrever

quando estudava teologia no seminário. O título era: “A origem da alma humana à luz das escrituras”. A grande questão era: quando a alma de cada ser humano é formada? É um ato divino cada novo ser que nasce na terra ou Deus já tem capacitado o homem, através da reprodução, a gerar uma nova alma na concepção de cada novo ser?Já naqueles dias descobri a complexidade do tema. Mas hoje, com mais de 35 anos de ministério, posso dizer que a complexidade é ainda maior, pois cada ser humano, único e especial, revela, em sua maneira de ser exclusiva, aspectos da sua alma que podem ser su-marizados didaticamente em grupos, mas que nunca serão enten-didos em toda sua dinâmica e peculiaridade a não ser particular-mente e, ainda assim, superficialmente.Por isso, o desafio de escrever um livro como este já se encontra no próprio tema.Quando olhamos para a Bíblia, descobrimos que o tema da alma humana é desenvolvido de modo crescente, como uma revelação progressiva de Deus. Assim, no livro de Gênesis descobrimos que o

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primeiro sentido de alma é colocado pelos teólogos como “ânima”, ou seja , a essencia da própria vida. Por isso, nos primeiros capítu-los da Bíblia, todo ser vivente é chamado de alma vivente.Mas, no decorrer da revelação de Deus, descobriremos que o sentido da palavra alma passa a agregar características da imagem de Deus na natureza humana, como vontade, livre-arbítrio, emoções, etc.Nos livros de Salmos, nos profetas e também no Novo Testamento, aspectos da espiritualidade e relacionamento com Deus são acres-centados.Neste livro, a Drª. Elke usa seus conhecimentos de psiquiatria asso-ciados a uma profunda pesquisa bíblica, agradavelmente tempera-dos com sua própria experiência de fé, para tratar tanto das emo-ções humanas quanto da própria espiritualidade como conexão com o Todo-Poderoso nos vários aspectos das vivências humanas.Foi muito agradável ler este livro e perceber nas palavras escritas a doçura desta serva de Deus que, como ninguém, sente conosco, in-terpreta como uma sábia conselheira e ministra nossas vidas tanto nos aspectos da ciência humana quanto no poder do Espírito Santo revelado nas Escrituras Sagradas.Tenho que confessar que senti um orgulho santo, se é que existe or-gulho que seja santo. Mas, um santo prazer em perceber que aquela jovem médica que vi enfrentar seus dilemas de fé no processo de conversão, que pude acompanhar nas tomadas de decisão corajo-sas na busca da santidade, agora como uma ministra do Reino, co-locar em palavras os reflexos da alma humana que ela mesma tem acompanhado em sua carreira médica, sendo decodificados pela infalível palavra do criador da alma.Por isso quero desafiá-lo a saborear cada página de sabedoria espiritu-al e prática aqui contidos, na certeza de que o autor da vida o ajudará a perceber-se para ser transformado pela poderosa graça de Jesus.

Pr. Paschoal Piragine Junior29 de Janeiro de 2016

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Introdução

P odemos sentir raiva? Até que ponto a raiva é normal ou adequada? Quais são os sentimentos bons e quais são os sentimentos ruins? Como lidar com meus medos e preo-

cupações? Ouvimos muitas perguntas semelhantes a estas em nos-so cotidiano. E que respostas temos a dar a estes questionamentos? Além das respostas da medicina e psicologia tão bem conhecidas e indicadas, encanta-me perceber como a Palavra de Deus é tão clara ao nos mostrar as respostas do Senhor para cada uma destas per-guntas.

O Criador do homem e da vida, também Criador das emoções, nos dirige através das Escrituras ao conhecimento da nossa alma. Esse tão conhecido “manual de instruções” do ser humano não po-deria nos deixar sem respostas também no que diz respeito ao co-nhecimento da alma.

Neste livro podemos perceber como homens e mulheres da Bí-blia viviam sentimentos, como lidavam com eles e como o Senhor os dirigia no entendimento e condução de suas emoções e compor-tamentos em cada momento. Deus, mais uma vez, não se omite ao clamor dos seus filhos. Responde quando chamado, ensinando-nos

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a lidar com nós mesmos, conforme sua vontade e valores. A respos-ta e a presença do Senhor em nossas dores, dificuldades e dúvidas são reais e constantes.

Deus usa pessoas e relacionamentos para nos auxiliar, quer se-jamos médicos, psicólogos, conselheiros, amigos. Mas sua presen-ça é indispensável e inigualável! As respostas que ele tem para nós através de sua Palavra estão acessíveis para todos e precisam ser seguidas, regadas de oração e obediência ao Pai e Criador da alma humana. Na presença do Senhor temos paz, e nosso coração pulsa no ritmo do seu coração.

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PARTE I

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Capítulo 1 A ALMA HUMANA

A o começar a refletir sobre o que a Bíblia nos ensina a respeito da alma do homem, lembrei-me de Carolina, uma jovem de 23 anos, vivendo em meio a muita dor

emocional. Carolina vivenciou o divórcio dos pais aos 10 anos, e em meio a discussões sobre guarda de filhos e questões financeiras, mudou-se com sua mãe de São Paulo para Curitiba. Sempre foi mui-to quieta, não se enturmava muito na escola, não tinha muito inte-resse em frequentar grupos em sua igreja, embora fosse aos cultos com a mãe e o irmão.

Quando começou a namorar Cláudio, aos 18 anos, Carolina se mostrava muito inquieta quando o namorado não ligava. Em uma ocasião em que ele viajou com os pais, Carolina não parava de man-dar mensagens para o rapaz, ficou mais irritada em casa, não se concentrava nos estudos. Pensava todo o tempo que ele poderia co-nhecer lá uma moça “mais bonita e interessante do que ela”, segun-do suas próprias palavras. Entre fim e reinício do relacionamento, o que ocorreu algumas vezes, tornou-se mais e mais obsessiva em re-lação ao namorado, questionando o que ele fazia, onde e com quem estava ou a que horas chegava do trabalho.

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Quando discutiam, Carolina se exaltava excessivamente, che-gando em um momento a atirar o celular de Cláudio ao chão, que-brando-o. Sempre que passava a raiva, ela se arrependia, chorava, mas os episódios de descontrole emocional se repetiam, até que o namoro chegou a um momento delicado, e o rapaz rompeu o relacionamento. Desde então Carolina entrou em uma fase de de-sespero emocional. Mesmo já tendo se passado um ano do fim do namoro, Carolina não se esquece de Cláudio, irrita-se com todos os que tentam falar com ela sobre suas reações, grita com a mãe, culpa os pais dizendo que tudo isso é porque eles se divorciaram, e “isso acabou com sua vida”. Continua a mandar mensagens para o ex-namorado de maneira insistente e, quando ele não responde, fala palavras ofensivas.

Em algumas ocasiões está tão desgastada com esse ciclo de so-frimento que não vai à aula, não consegue ter amigos na faculdade, fica somente pensando no que fazer para conquistar o namorado novamente. Não se interessa por amizades, pois os assuntos con-versados pelas colegas da faculdade ou igreja lhe parecem muito sem graça. Está sempre com o semblante irritado, e quando alguém tenta se aproximar, afasta a pessoa com respostas abruptas. Caroli-na está dominada por suas emoções; há raiva, amargura, ansiedade, e tantos outros sentimentos difíceis ao mesmo tempo. Rosângela, mãe de Carolina, não sabe mais o que fazer para ajudar a filha, e o pai não se envolve com a situação, dizendo que a culpa é da mãe, que pediu o divórcio.

As pessoas dessa família estão em um ciclo de dor muito intenso e constante, o que não é incomum em nosso meio. Em cultos e reu-niões de escola bíblica, confraternizações e tantos outros encontros entre cristãos, há, muitas vezes, pessoas em sofrimento, e tantas vezes não percebemos. Talvez esteja acontecendo algo com você ou alguém de sua família que afete sua vida emocional e dificulte, in-clusive, seus momentos de oração e busca de Deus. E pode ser que

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você ainda não tenha compartilhado com outras pessoas, seja por medo, vergonha, sentimento de culpa, ou até por pensamentos dis-torcidos, como “isso só acontece comigo, ninguém vai me entender ou acho que meu caso não tem jeito mesmo”.

Enquanto lê este livro, você irá perceber que a Palavra de Deus nos ensina sobre nossas emoções e pensamentos e nos dá direções claras sobre como lidar com as dores da alma. Precisamos estar atentos e disponíveis para essa caminhada de restauração, pois, al-gumas vezes, Deus nos solicita mudanças de postura ou tomadas de decisões e atitudes que temos adiado. Mas, ao nos submetermos à sua Palavra e vontade, veremos seu mover em nosso favor.

Provavelmente você já tenha ouvido algumas vezes que corpo, alma e espírito constituem o ser humano e estão intimamente re-lacionados entre si, mas falar sobre cada uma dessas partes de ma-neira individualizada facilita o entendimento do processo de res-tauração e santificação. Enquanto o corpo é a instância material do homem, a alma e o espírito compõem o homem imaterial. A alma humana é constituída pelos pensamentos, emoções e vontade. Atra-vés da alma o ser humano expressa sua personalidade e exerce seu livre-arbítrio.

Antes de sermos salvos não temos outra possibilidade a não ser o domínio do nosso ser pela alma: ou seja, éramos domina-dos por nossas emoções, nossos desejos, instintos, pensamentos e vontade. Após a salvação, nosso espírito é religado ao Espírito de Deus, e agora não devemos mais ser controlados pela alma, mas, progressivamente, ser cada dia mais conduzidos pelas ver-dades estabelecidas em nosso espírito, que recebe da fonte viva de Deus. Agora devemos, pelo poder de Deus em nós, vencer a carne e nos tornarmos crentes espirituais. Esse é um trabalho que fazemos desde o momento do novo nascimento e dura toda a vida; é vencer o ego, mesmo percebendo que, incansavelmente, ele tentará dominar.

Capítulo 1 – A alma humana

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Vigiem e orem para que não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil é conseguir (Mt 26.41). A carne é, de fato, fraca, e podemos observar isso facilmente ao olhar para nossa vida cristã antes e após a conversão. Basta deixarmos de vigiar por alguns dias e de buscar a comunhão com Deus, e lá está nossa alma, novamente fortalecida, tentando nos dominar.

Assim como acontecia com Carolina, quantas vezes muitos de nós tentamos controlar nossa alma ao não satisfazer nossos de-sejos ou instintos, não gritar descontrolados quando algo não sai conforme planejamos, não ter reações impulsivas para satisfazer nossas vontades e tantas outras coisas que, como cristãos, sabe-mos ser inadequadas. Porém, por nosso próprio esforço, mudanças verdadeiras e profundas não ocorrerão. Ainda que aparentemen-te tenhamos conseguido por um momento, logo aquele comporta-mento, emoção ou desejo poderão se manifestar novamente com a mesma intensidade de antes. Não devemos viver toda uma vida buscando submeter a alma por nosso próprio esforço; seria inútil. Pela crucificação e ressurreição, Jesus já venceu por nós. Nosso tra-balho é agora nos submetermos ao Espírito de Deus, que conduzirá o processo de santificação, e seremos participantes desse processo. Deus não o fará por nós; mas conosco, com nosso consentimento e participação, que consiste em nos submetermos à sua vontade e direção.

Muitos dos conflitos que nós, cristãos, vivemos são decorren-tes de uma luta interna, em que a alma está se opondo ao que é espiritual. Nosso espírito, em comunhão com o Espírito Santo nos propõe, orienta ou adverte sobre algo, mas relutamos em seguir sua direção, afinal já estamos tão acostumados a fazer do nosso jeito! Frequentemente sabemos que há uma vontade de Deus para nós em determinado momento ou situação, e nossa alma quer nos levar para outro lado, o lado da nossa própria vontade. Outras ve-zes, sabemos que estaremos pecando se optarmos por uma ação

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ou comportamento, mas sentimos um conflito entre fazê-lo ou não. E como nossa vontade atua fortemente sobre nós! É realmente difí-cil para nós mudar algo que fizemos talvez por toda uma vida! Mas é necessário buscarmos o crescimento espiritual, pois nem Deus e nem nós mesmos desejamos que nossa vida cristã fique estagnada. Se somos salvos, oramos e buscamos conhecer as Escrituras, é ne-cessário que venham os frutos da santificação! E nesses momentos de conflito, devemos parar, se possível nos recolher e analisar o que pode estar ocorrendo, com o auxílio do Espírito Santo. E sere-mos orientados por ele quando o buscarmos, e cabe a nós obede-cer àquilo que o Senhor nos revelar como sua vontade.

Na busca de viver conforme o padrão de Deus, nada conseguire-mos sem a ajuda do Espírito Santo. E o padrão divino está na vida guiada pelo Espírito de Deus, que se comunica com o espírito do homem. O centro da vida da alma é o homem; o centro da vida do espírito renascido é Deus.

Em cada época da vida cristã o Espírito Santo vai trabalhando áreas diferentes em nosso coração. Isso não ocorre ao mesmo tem-po em todos os âmbitos da nossa vida. Deus vai nos mostrando o que ele quer curar em cada momento, e cabe a nós sermos seus colaboradores. Se não conseguimos ainda entender ou obedecer ao que deve ser transformado em uma área de nossa existência, Deus repetidamente nos dará oportunidade de vencer aquela etapa, e somente depois passará para o item seguinte. E como ele nos dará essas oportunidades? Trazendo pessoas ou situações que nos colo-quem de frente exatamente com aquela fraqueza ou aquele pecado, para que possamos vencê-lo. Você terá a oportunidade de vencer, por exemplo, a falta de submissão a autoridades, a mentira, o pe-cado sexual, a maledicência, e assim sucessivamente no decorrer de toda a vida. E ele fará isso uma ou várias vezes na mesma área, até que tenhamos vencido pelo seu poder em nós. Neste livro, va-mos examinando temas ligados à alma humana, e é essencial que

Capítulo 1 – A alma humana

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seja lido regado com oração e com reflexões pautadas na Palavra de Deus e na orientação do Espírito Santo. Falaremos agora sobre as três instâncias da alma: emoções, pensamento e vontade.

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Capítulo 2 EMOÇÕES

A vida afetiva é composta, principalmente, pelos sen-timentos e emoções, e essa dimensão psíquica dá significado às vivências humanas de um modo geral.

Um fato ocorrido conosco ganha brilho ou cor de acordo com as percepções emocionais de cada um de nós, que os vivenciamos ou presenciamos. Basta se lembrar de um momento em que recebeu uma notícia agradável ou que ocorreu algo que você esperava mui-to. Lembra-se como ficou contente e como todos os outros proble-mas, por um momento, pareceram menores? Essas sensações de que tudo, de repente, muda para melhor ou para pior, podem ser efeito do nosso estado emocional. As emoções são reações afetivas momentâneas e de curta duração, desencadeadas por estímulos significativos. Os sentimentos tendem a ser mais estáveis do que as emoções, e geralmente associados a valores, conteúdos e represen-tações mentais.1

Marcos é guiado por emoções, principalmente quando rece-be uma notícia de que alguém está doente. Ele fica preocupado e começa e perceber seu próprio corpo, à procura de sintomas

1 Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. (Porto Alegre: Armed, 2000.)

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semelhantes. Em uma ocasião teve dores de cabeça, que foram diagnosticadas como enxaqueca. Antes de saber a causa das do-res, ficava mais quieto, preocupado, imaginando que tinha um tumor cerebral; chegou a pensar como seria a vida de seus filhos após sua morte. Três meses após o diagnóstico da enxaqueca, soube que um vizinho estava internado por esquizofrenia. Vol-tou a ficar tenso, vigiava seus pensamentos, sentia medo de ficar em casa sozinho, porque achava que ia “enlouquecer” também. Ao consultar médicos e ser assegurado que não era portador das doenças que o amedrontavam, já saía do consultório anima-do, beijava a esposa e os filhos, levava-os para passear e queria “aproveitar a vida”, ao sentir-se saudável novamente. Até que surgia a preocupação seguinte.

Assim como ocorre com Marcos, nossas emoções podem va-riar rapidamente na sucessão dos acontecimentos que vamos vi-venciando. Culturalmente, emoção e razão são dimensões, muitas vezes, antagônicas, e algumas pessoas vivem e se deixam guiar mais intensamente pela vida emocional do que pela razão, poden-do ocorrer também o oposto. Porém, o equilíbrio deve ser buscado também nessa área, uma vez que, assim como a razão, as emoções também têm funções importantes. A tristeza, por exemplo, serve para que possamos expressar uma perda, seja ela real ou imaginá-ria. O medo pode nos advertir de uma ameaça ou sofrimento atual ou futuro. A compaixão nos leva em direção ao outro, na intenção de auxiliar em uma necessidade. A vergonha nos lembra que come-temos uma transgressão.

O que ocorre, muitas vezes, é que as emoções, por sua caracterís-tica de intensidade e expressividade, dirigem a vida humana, indo além das funções para as quais foram criadas. Percebemos que, ao sentir um medo excessivo, vergonha que não leva à mudança ou reparação do erro ou tristeza persistente, por exemplo, ficamos fo-cados muito mais na emoção do que naquilo que ela nos mostra que

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precisa ser solucionado; assim, emoções excessivas nos paralisam, ou podem nos levar também a ações inadequadas. Se estamos sob emoções intensas, a capacidade de pensar com clareza fica diminu-ída, não conseguimos ver uma solução para o que estamos vivendo, não percebemos com nitidez os fatos.

Uma questão importante a se pensar é se devemos controlar nossos sentimentos ou submetê-los à vontade de Deus. O controle dos sentimentos pode significar tentar dominá-los ou apenas não darmos importância ao que se passa em nossas emoções, como se elas não existissem, e não fazermos nada a respeito disso. Na sub-missão, reconhecemos o que sentimos, mas escolhemos fazer o que o Senhor nos propõe segundo sua Palavra.

Tenham por todos o mesmo cuidado. Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes.

Que nenhum de vocês fique pensando que é sábio!Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal

maneira que vocês recebam a aprovação dos outros.No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. Meus queridos irmãos, nunca

se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me

vingarei, eu acertarei contas com eles, diz o Senhor.”Mas façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver

com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará

queimar de remorso e vergonha”. Não deixem que o mal vença vocês,

mas vençam o mal com o bem.

Romanos 12.16-21

Capítulo 2 – Emoções

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Essa é uma das inúmeras passagens bíblicas que nos exortam a viver segundo o padrão de Deus, e não pautados nos sentimentos humanos. Você já deve ter percebido que, muitas vezes, as emoções são o obstáculo para que vivamos em santidade! Não é mesmo fácil “domar” nossas emoções, pois isso significa, frequentemente, fazer exatamente o contrário daquilo que pedem nossos desejos e vonta-de. Quando nos ofendem, por exemplo, o impulso inicial, em geral, é discutir, revidar a ofensa; mas Deus nos pede que sejamos humil-des, que ofereçamos a outra face (Mt 5.39). Portanto, para buscar a santificação, devemos deixar que o Espírito Santo trabalhe também em nossas emoções.

Pense agora em alguém que muito o maltratou. Agora imagine esta pessoa vivendo uma dificuldade, como frio, fome, enfermida-de ou qualquer outra. Se isso já ocorreu com você, como reagiu? A tendência natural é não nos importarmos, não irmos em direção a esta pessoa ou, quem sabe, tentarmos ajudar somente para mostrar que somos “superiores”. Mas o Senhor ensina e ordena que deve-mos suprir essas necessidades, e sem orgulho ou qualquer outro sentimento de superioridade. Não é verdade que necessitamos de uma transformação para seguir aquilo que Deus nos ensina?

Se alguém nos faz algum mal, muito rapidamente concluímos que fomos lesados em nossos direitos e esperamos do outro a re-paração. Mais uma vez, esta é a reação natural do ser humano; nosso primeiro pensamento é olhar para o que nos fizeram com indignação e acusação, e olharmos para nós mesmos como víti-mas, como se houvesse apenas um lado ou versão da história. Cla-ro que há situações em que, indiscutivelmente, somos vítimas de tanta maldade que há no mundo, mas outras vezes não somos tão vítimas assim como gostamos de supor ou contar aos outros. So-cialmente, não há nada de errado em buscarmos a reparação dos nossos direitos, usando de vários meios possíveis e disponíveis. Mas podemos optar por fazer algo ainda melhor: Deus nos pede

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que entreguemos a ele a solução e a reparação do mal. Pede que não sejamos justos aos nossos próprios olhos, porque realmente em nós não há a verdadeira justiça. Mas é assim que nos sentimos quando somos lesados. Enchemos os pulmões, levantamos nosso queixo, colocamos o dedo em riste e falamos, cheios de razão, so-bre o que mal que nos foi feito.

Os versículos citados acima falam ainda de amor, mas não do amor que nasce da alma humana natural. O amor que o ser humano consegue sentir pelo outro frequentemente é um amor condicional; outras vezes é apenas paixão por pessoas, causas ou objetivos que os une, e chamamos isso de amor.

Quantas canções seculares citam o amor! Mas quando observamos a qualidade desse amor tantas vezes cantado, concluímos que não é o amor que Jesus nos ensina. Crescemos com a mente distorcida em re-lação ao verdadeiro significado dessa palavra. E caminhamos amando ao modo secular. O amor que nasce do coração do homem carnal não é o amor puro e verdadeiro, mas temos em nós a fonte onde podemos buscar e encontrar esse amor que Deus nos convida a vivenciar.

Vendo o mundo pelas lentes da emoção

Então, naquela noite, todo o povo gritou e chorou. Todos os israelitas reclamaram contra Moisés e Arão e disseram:

– Seria melhor que tivéssemos morrido no Egito ou mesmo neste deserto! Por que será que o Senhor Deus nos trouxe para

esta terra? Nós vamos ser mortos na guerra, e as nossas mulheres e os nossos filhos vão ser presos.

Seria bem melhor voltarmos para o Egito!E diziam uns aos outros:

– Vamos escolher outro líder e voltemos para o Egito!

Números 14.1-4

Capítulo 2 – Emoções

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Existem muitas pessoas em sofrimento à nossa volta e tantas vezes não percebemos.

Talvez esteja acontecendo algo com você ou alguém de sua família que afete sua vida emocional e difi culte, inclusive, seus mo-mentos de oração e busca de Deus. E pode ser que você ainda não tenha comparti lhado com outras pessoas, seja por medo, vergo-nha, senti mento de culpa, ou até por pensa-mentos distorcidos, como “isso só acontece comigo”, “ninguém vai me entender” ou “acho que meu caso não tem jeito mesmo”.

Enquanto lê este livro, você perceberá que a Palavra de Deus nos ensina sobre nossas emoções e pensamentos e nos dá direções claras sobre como lidar com as dores da alma. Precisamos estar atentos e disponíveis para essa caminhada de restauração, pois, algumas vezes, Deus nos solicita mudanças de postura ou tomadas de decisões e ati tu-des que temos adiado.

Corpo, alma e espírito consti tuem o ser humano e estão inti mamente relaciona-dos entre si. Falar sobre cada uma dessas partes de maneira individualizada facilita o entendimento do processo de restauração e santi fi cação.

A autora

Pr. Paschoal Piragine Jr., teólogo, escritor e pastor da Primeira Igreja Bati sta de Curiti ba

Neste livro, a Drª. Elke usa seus conhecimentos de psiquiatria associados a uma profunda pesquisa bíblica, agradavelmente temperados com sua própria experiência de fé, para tratar tanto das emoções humanas quanto da própria espiritualidade como conexão com o Todo-Poderoso nos vários aspectos das vivências humanas.