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Mito da sociedade cordial:

SS e Soc.civil

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Mito da sociedade cordial:

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• “Nós, brasileiros, somos o povo da alegria, do calor humano, da hospitalidade e do sexo; tudo bem, temos lá nossas mazelas, nossos problemas, mas nenhum povo é mais caloroso, simpático e sensual neste planeta; nos identificamos pela nossa cordialidade, simpatia e calor humano” (Jessé Souza)

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Raízes do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982).

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• Para ele, a idéia de cordialidade, como característica marcante do brasileiro, estaria aplicada, em seu verdadeiro sentido, inclusive etimológico, que remete a coração. Opondo assim, emoção a razão. Acontece que devido a polissemia da palavra, o termo adquiriu, pela dinâmica da linguagem, o sentido de polidez.

• Afinal, o que haveria de errado na cordialidade brasileira, nesse sentido de afetuosidade típica de um povo? Não haveria nada condenável se a afabilidade se desse em ambiente privado, em relações entre familiares e amigos.

• O problema surge quando a cordialidade se manifesta na esfera pública. Porque o “homem cordial” seria individualista, avesso à hierarquia, indisciplinado, e afeito ao paternalismo e ao compadrio, ou seja, não se trata de um perfil adequado para a vida civilizada numa sociedade democrática.

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• “O Estado não é uma ampliação do círculo familiar”, afirma o ensaísta. “Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição.”

• Para o homem cordial, no entanto, há uma extensão natural entre os dois planos. A atitude se manifesta até na linguística, “com o nosso pendor acentuado para o emprego de diminutivos”.

• Falamos aqui do “jeitinho brasileiro”, como sintese negativa da ação do homem cordial para beneficiar os “seus”.

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Eldorado de Carajás:

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Carandiru

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Candelária

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Noticias de uma guerra particular:

• O Brasil é o responsável por quase um terço do total de homicídios nas Américas (cerca de 140 mil) e por quase 10% de todas as mortes do planeta (cerca de 468 mil).

• Estamos falando de um país extremamente violento (e muito pouco cordial, pelo menos com os discriminados, que são torturáveis, prisionáveis e extermináveis).

• No ano de 2009 foram cometidos 43.909 homicídios no Brasil, o que representa uma taxa de 22,7 mortes por 100.000 habitantes. A taxa média global é de 6,9 mortes por grupo de 100.000 habitantes.

• Dez mulheres são assassinadas diariamente no nosso país, sendo 7 por pessoas do seu relacionamento (marido ou ex-marido, namorado ou ex-namorado e noivo ou ex-noivo)

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SOBERANIA E ESTADO MODERNO:

“o termo soberania aparece no final do século XVI, juntamente com o de Estado, para indicar em toda a sua plenitude, o poder estatal, como sujeito único e exclusivo da política, trata-se de um conceito político-jurídico que possibilita ao Estado moderno, mediante sua lógica interna, impor-se ao modelo de organização Feudal de poder, decorrendo da necessidade de unificação e concentração de poder, reunindo em uma única instancia o monopólio da força num território para assim manter máxima unidade e coesão política sobre os seus cidadãos através do uso legal da violência” (BOBBIO, p.1179, 2004).

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• De fato, com a idéia e a prática de soberania popular, nela se distinguem o poder e o governo – o primeiro pertence aos cidadãos, que a exercem instituindo as leis e as instituições políticas (Estado); o segundo é uma delegação de poder, por meio de eleições, para que alguns (legislativo, executivo, judiciário) assumam a direção da coisa pública. Isso significa, como indica a expressão latina res publica, que nenhum governante pode identificar-se com o poder e apropriar-se privadamente dele (CHAUÍ , p.150, 2012).