1
EDITOR: LARISSA TEZZARI [email protected] C ULTURA PORTO VELHO-RO . 27 E 28 DE AGOSTO DE 2011 Em “Fina Estampa”, Amália recebe um buquê de flores mas o presente foi para Griselda, papel de Lília Cabral. PÁGINA C2 DIVULGAÇÃO GILMAR DE JESUS No dia 11 de março de 2010, diante de uma plateia de 600 pessoas, três corajosos enfrentaram o desafio de se tornarem os primeiros artistas locais a testarem seu potencial no stand-up comedy, ou o hu- mor de cara limpa, como tam- bém é conhecido. O desem- penho, que ainda rende boas risadas, foi o primeiro passo para que a brincadeira se tor- nasse um projeto mais sério. Hoje, quase um ano e meio depois, Santiago Roa, Marcos Magalhães, Renan Battosai, Allan Hallse, Maguii Leonello e Paulo Pará formam o Ossos do Orifício, o único grupo de comédia em pé do Estado. Mesmo tendo sido a pri- meira tentativa de fazer hu- mor com o cotidiano, após a apresentação, um empresá- rio convidou o grupo para se apresentar em um bar da Ca- pital. Dos membros que hoje formam o Ossos do Orifício, Santiago, Alan, Renan e Mar- cos estão juntos desde o pri- meiro dia. Outros nomes pas- saram pelo palco, até Maguii e Paulo se fixarem no grupo. “Somos o único grupo de Ron- dônia e o segundo da região Norte”, conta Santiago, refe- rindo-se ao Pé Na Rede, grupo de Belém (PA), responsável por revelar nomes como Muri- Santiago, Marcos e Renan, três dos integrantes do Ossos do Orifício lo Couto, integrante do “Agora é Tarde”, da Band. O palco, ornamentado ape- nas com um banquinho e um microfone, está aberto para interessados em mostrar seu talento. “Temos o ‘Open Mic’, justamente para oferecer esse espaço”, conta Marcos, “mas sempre passando por uma se- leção para saber se o texto não é copiado e se encaixa com o stand-up”. A preocupação tem motivo: os seis rapazes só apresentam textos autorais. Uma dificuldade enfrenta- da por eles é fazer com que o público entenda a diferença do humor stand-up para as piadas ou anedotas. “A gente pega as experiências das nos- sas vidas, os causos do rádio, televisão, do nosso trabalho e levamos para o palco”, expli- ca Santiago. Como é o único grupo da cidade, a plateia cheia tem se tornado uma prática constante, e a preocu- pação com o texto aumenta. “No início era muito difícil porque não tínhamos experi- ência. Hoje temos uma faci- lidade maior para escrever”, diz Renan, explicando que por apresentarem todas as semanas, precisa haver uma rotatividade maior dos tex- tos. Para Marcos, o Ossos do Orifício desenvolve um tra- balho heróico: “A gente apre- senta duas vezes por semana e consegue vir com um texto diferente sempre”. Santiago diz que o fato de serem desconhecidos se torna um desafio. “Quando acon- tecem shows aqui em Porto Velho, com humoristas já fa- mosos, de programas de TV, já existe uma pré-disposição a rir, já existe uma idolatria”, conta. HUMOR. Com seis integrantes e de cara limpa, o grupo Ossos do Orifício faz piada com o cotidiano Stand-up sem preconceito O sucesso que o grupo tem feito em Porto Velho já rendeu frutos: Renan se apresentou em São Paulo, em eventos como o Campus Party, que reúne amantes da tecnologia e internet, e no Comedians, clube paulistano pioneiro em stand-up; Re- nan e Maguii foram finalis- tas na eliminatória regional do I Campeonato de Stand- Up Comedy, organizado pelo Festival Risadaria, também na capital paulista, em mar- ço desse ano; e o grupo tem convites para apresentações em outros estados da região, como Acre e Roraima. As apresentações aconte- cem na segunda-feira, no Bo- teco da Fama, na terça-feira ,no Debate Bar e as sextas, no Sport Bar. Para mais informa- ções e conhecer mais sobre o trabalho do grupo, acesse o facebook (Ossos do Orifício) e o twitter (@ossosdoorificio). HUMOR ABRE PORTAS De acordo com os integran- tes, ultrapassar a barreira da desconfiança com o público lo- cal também precisa acontecer. “Já ouvimos frases do tipo ‘ah, eles são de Rondônia, deve ser muito sem graça’. Rola um pre- conceito”, conta Renan. “En- caramos um público que nem sempre está acostumado com o modelo do stand-up”. Marcos acha que o humor muitas vezes não é entendido e que o público acaba achan- do que o grupo quer denegrir a imagem da cidade. “E não é isso. É um show. É humor”, enfatiza. Esse debate em cima do “politicamente correto” vi- rou assunto recentemente por conta de uma polêmica envol- vendo o humorista Rafinha Bastos. O grupo defende. Para Renan “ele é um comediante e comédia stand-up não é pra qualquer um”. “Você vê uma pessoa subir em um palco, com um microfone, falando mal do lugar onde você mora, se não tiver um conhecimento mínimo do que ele está fazen- do, você realmente vai enca- rar aquilo como um desaforo, uma ofensa”, continua. Na realidade, Renan diz que os textos não devem ser encara- dos como opinião pessoal. “Tá faltando um pouco mais de en- tendimento, de compreensão”. Apesar disso, o grupo diz que em um ano e meio de apresentações foram poucos os problemas que tiveram com o público. A RELAÇÃO COM O PÚBLICO “Há imagens poéticas e sutilezas bem humoradas no texto (...) Uma interpreta- ção comovente, uma direção muito precisa, tecnicamente muito bem executada, uma iluminação belíssima, de um arranjo cênico eficiente e de um texto maravilhoso”. As- sim, Luís Paulo Vasconcelos, ator e diretor teatral, mestre pela State University of New York, define o monólogo Frei Molambo. A peça volta em nova temporada nesse final de semana, dias 27 e 28 de agosto, às 20h30, no Teatro Um do Sesc Esplana- da. A entrada é gratuita com contribuição voluntária. Com texto escrito na dé- cada de 1960, pela paraiba- na Lourdes Ramalho, uma das mais significativas es- critoras do nordeste, a peça é dirigida por Suely Rodri- gues, que atua há mais de 30 anos na área, e encena- da pelo ator Juraci Júnior. Frei Molambo conta a histó- ria de Rolando, um frei que questiona o ser humano e suas ações, seus pecados, seus valores, aponta um mundo perecível e que, em meio a tantos problemas so- ciais, vê em uma criança, a esperança de tudo. Enquan- to faz sua peregrinação, anunciando o apocalipse, o frei cumpre o acordo com seu anjo protetor, que para cada erro cometido em seu caminho, dará um rasgão em suas roupas. Apesar de ter sido escrito há algumas décadas, o tex- to, que chegou a ser proibi- do na ditadura militar, traz à tona temas ainda atuais nos dias de hoje. E apesar de enfocar as problemáticas do cotidiano, os toques de hu- mor com pitadas de ironia, deixam o espetáculo leve, fazendo com que o público se divirta e participe em vá- rios momentos do que acon- tece em cena. A montagem é assinada pelo grupo Raízes do Porto, que atua há 19 anos priman- do pela qualidade, pesquisa, diversidade das linguagens cênicas e valorizando os artistas locais. Em Porto Velho o espetáculo estreou em 2007, cumprindo várias temporadas. Em 2009, a peça recebeu o prêmio de melhor ator e melhor tex- to durante o IV Festival de Teatro da Amazônia, em Manaus (AM). Na ocasião também foi indicado nas ca- tegorias espetáculo, direção, iluminação, figurino e cená- rio. Em julho desse ano, a peça foi apresentada no 21° Festival de Inverno de Gara- nhuns (PE). A temporada conta com o apoio cultura da Editora Pindaíba, site de notícias Rondônia ao Vivo, Caffé Cravo e Canela, Amazônia Adventure e Giga Vestibu- lares. “Frei Molambo” com entrada gratuita TEATRO. FREI MOLAMBO Datas: 27 e 28 de agosto Horário: 20h30 Local: Teatro Um do Sesc Esplanada Informações: 8120-4183 Entrada Gratuita Considerada uma das me- lhores ficções científicas do cinema de todos os tempos, a saga “Planeta dos Macacos’’ ga- nhou mais um capítulo desde ontem. Ou melhor, a história de chimpanzés e gorilas inteli- gentes que se revoltam contra humanos ganha um prólogo: “Planeta dos Macacos - a Ori- gem’’, de Rupert Wyatt, se pas- sa antes dos acontecimentos do longa homônimo de 1968 e de suas sequências. Na versão de 2011 da his- tória originalmente escrita em 1953, James Franco dá vida ao cientista Will Rodman. Ele leva o macaco César para casa. Ao tentar proteger o pai de Rod- man, ele fere um homem e é levado para um local onde várias outras espécies de ma- cacos estão aprisionadas e são maltratadas. Decidido a sair daquela situação e revoltado com as atitudes humanas, Cé- sar decide, utilizando a sua in- teligência, vingar-se daqueles que o maltratam. (FP) A origem do “Planeta dos Macacos” CINEMA. LARISSA TEZZARI [email protected] @larissatezzari Juraci Júnior no papel do Frei Rolando RONALDO NINA

Stand-up sem preconceito

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Grupo Ossos do Orifício, o primeiro grupo de comédia em pé de Rondônia.

Citation preview

Page 1: Stand-up sem preconceito

editor: larissa tezzari [email protected]

CulturaPorto Velho-ro . 27 e 28 de agosto de 2011 Em “Fina Estampa”,

Amália recebe um buquê de flores mas o presente foi para Griselda, papel de Lília Cabral.Página c2

diVulgação

Gilm

ar d

e je

sus

No dia 11 de março de 2010, diante de uma plateia de 600 pessoas, três corajosos enfrentaram o desafio de se tornarem os primeiros artistas locais a testarem seu potencial no stand-up comedy, ou o hu-mor de cara limpa, como tam-bém é conhecido. O desem-penho, que ainda rende boas risadas, foi o primeiro passo para que a brincadeira se tor-nasse um projeto mais sério. Hoje, quase um ano e meio depois, Santiago Roa, Marcos Magalhães, Renan Battosai, Allan Hallse, Maguii Leonello e Paulo Pará formam o Ossos do Orifício, o único grupo de comédia em pé do Estado.

Mesmo tendo sido a pri-meira tentativa de fazer hu-mor com o cotidiano, após a apresentação, um empresá-rio convidou o grupo para se apresentar em um bar da Ca-pital. Dos membros que hoje formam o Ossos do Orifício, Santiago, Alan, Renan e Mar-cos estão juntos desde o pri-meiro dia. Outros nomes pas-saram pelo palco, até Maguii e Paulo se fixarem no grupo. “Somos o único grupo de Ron-dônia e o segundo da região Norte”, conta Santiago, refe-rindo-se ao Pé Na Rede, grupo de Belém (PA), responsável por revelar nomes como Muri-

Santiago, Marcos e Renan, três dos integrantes do Ossos do Orifício

lo Couto, integrante do “Agora é Tarde”, da Band.

O palco, ornamentado ape-nas com um banquinho e um microfone, está aberto para interessados em mostrar seu talento. “Temos o ‘Open Mic’, justamente para oferecer esse espaço”, conta Marcos, “mas sempre passando por uma se-leção para saber se o texto não é copiado e se encaixa com o stand-up”. A preocupação tem motivo: os seis rapazes só apresentam textos autorais.

Uma dificuldade enfrenta-da por eles é fazer com que

o público entenda a diferença do humor stand-up para as piadas ou anedotas. “A gente pega as experiências das nos-sas vidas, os causos do rádio, televisão, do nosso trabalho e levamos para o palco”, expli-ca Santiago. Como é o único grupo da cidade, a plateia cheia tem se tornado uma prática constante, e a preocu-pação com o texto aumenta. “No início era muito difícil porque não tínhamos experi-ência. Hoje temos uma faci-lidade maior para escrever”, diz Renan, explicando que

por apresentarem todas as semanas, precisa haver uma rotatividade maior dos tex-tos. Para Marcos, o Ossos do Orifício desenvolve um tra-balho heróico: “A gente apre-senta duas vezes por semana e consegue vir com um texto diferente sempre”.

Santiago diz que o fato de serem desconhecidos se torna um desafio. “Quando acon-tecem shows aqui em Porto Velho, com humoristas já fa-mosos, de programas de TV, já existe uma pré-disposição a rir, já existe uma idolatria”, conta.

HuMOR. com seis integrantes e de cara limpa, o grupo Ossos do Orifício faz piada com o cotidiano

Stand-up sem preconceitoO sucesso que o grupo

tem feito em Porto Velho já rendeu frutos: Renan se apresentou em São Paulo, em eventos como o Campus Party, que reúne amantes da tecnologia e internet, e no Comedians, clube paulistano pioneiro em stand-up; Re-nan e Maguii foram finalis-tas na eliminatória regional do I Campeonato de Stand-Up Comedy, organizado pelo Festival Risadaria, também

na capital paulista, em mar-ço desse ano; e o grupo tem convites para apresentações em outros estados da região, como Acre e Roraima.

As apresentações aconte-cem na segunda-feira, no Bo-teco da Fama, na terça-feira ,no Debate Bar e as sextas, no Sport Bar. Para mais informa-ções e conhecer mais sobre o trabalho do grupo, acesse o facebook (Ossos do Orifício) e o twitter (@ossosdoorificio).

HuMOR abRe PORtaS

De acordo com os integran-tes, ultrapassar a barreira da desconfiança com o público lo-cal também precisa acontecer. “Já ouvimos frases do tipo ‘ah, eles são de Rondônia, deve ser muito sem graça’. Rola um pre-conceito”, conta Renan. “En-caramos um público que nem sempre está acostumado com o modelo do stand-up”.

Marcos acha que o humor muitas vezes não é entendido e que o público acaba achan-do que o grupo quer denegrir a imagem da cidade. “E não é isso. É um show. É humor”, enfatiza. Esse debate em cima do “politicamente correto” vi-rou assunto recentemente por conta de uma polêmica envol-vendo o humorista Rafinha

Bastos. O grupo defende. Para Renan “ele é um comediante e comédia stand-up não é pra qualquer um”. “Você vê uma pessoa subir em um palco, com um microfone, falando mal do lugar onde você mora, se não tiver um conhecimento mínimo do que ele está fazen-do, você realmente vai enca-rar aquilo como um desaforo, uma ofensa”, continua. Na realidade, Renan diz que os textos não devem ser encara-dos como opinião pessoal. “Tá faltando um pouco mais de en-tendimento, de compreensão”.

Apesar disso, o grupo diz que em um ano e meio de apresentações foram poucos os problemas que tiveram com o público.

a RelaçãO cOM O PúblicO

“Há imagens poéticas e sutilezas bem humoradas no texto (...) Uma interpreta-ção comovente, uma direção muito precisa, tecnicamente muito bem executada, uma iluminação belíssima, de um arranjo cênico eficiente e de um texto maravilhoso”. As-sim, Luís Paulo Vasconcelos, ator e diretor teatral, mestre pela State University of New York, define o monólogo Frei Molambo. A peça volta em nova temporada nesse final de semana, dias 27 e 28 de agosto, às 20h30, no Teatro Um do Sesc Esplana-da. A entrada é gratuita com contribuição voluntária.

Com texto escrito na dé-cada de 1960, pela paraiba-na Lourdes Ramalho, uma das mais significativas es-critoras do nordeste, a peça é dirigida por Suely Rodri-gues, que atua há mais de 30 anos na área, e encena-da pelo ator Juraci Júnior. Frei Molambo conta a histó-ria de Rolando, um frei que questiona o ser humano e suas ações, seus pecados,

seus valores, aponta um mundo perecível e que, em meio a tantos problemas so-ciais, vê em uma criança, a esperança de tudo. Enquan-to faz sua peregrinação, anunciando o apocalipse, o frei cumpre o acordo com seu anjo protetor, que para cada erro cometido em seu caminho, dará um rasgão em suas roupas.

Apesar de ter sido escrito há algumas décadas, o tex-to, que chegou a ser proibi-do na ditadura militar, traz à tona temas ainda atuais nos dias de hoje. E apesar de enfocar as problemáticas do cotidiano, os toques de hu-mor com pitadas de ironia, deixam o espetáculo leve, fazendo com que o público se divirta e participe em vá-rios momentos do que acon-tece em cena.

A montagem é assinada pelo grupo Raízes do Porto, que atua há 19 anos priman-do pela qualidade, pesquisa, diversidade das linguagens cênicas e valorizando os artistas locais. Em Porto

Velho o espetáculo estreou em 2007, cumprindo várias temporadas. Em 2009, a peça recebeu o prêmio de melhor ator e melhor tex-to durante o IV Festival de Teatro da Amazônia, em Manaus (AM). Na ocasião também foi indicado nas ca-tegorias espetáculo, direção, iluminação, figurino e cená-rio. Em julho desse ano, a peça foi apresentada no 21° Festival de Inverno de Gara-nhuns (PE).

A temporada conta com o apoio cultura da Editora Pindaíba, site de notícias Rondônia ao Vivo, Caffé Cravo e Canela, Amazônia Adventure e Giga Vestibu-lares.

“Frei Molambo” com entrada gratuitateatRO.

FRei MOlaMbO

Datas: 27 e 28 de agostoHorário: 20h30Local: Teatro Um do Sesc EsplanadaInformações: 8120-4183Entrada Gratuita

Considerada uma das me-lhores ficções científicas do cinema de todos os tempos, a saga “Planeta dos Macacos’’ ga-nhou mais um capítulo desde ontem. Ou melhor, a história de chimpanzés e gorilas inteli-gentes que se revoltam contra humanos ganha um prólogo: “Planeta dos Macacos - a Ori-gem’’, de Rupert Wyatt, se pas-sa antes dos acontecimentos do longa homônimo de 1968 e de suas sequências.

Na versão de 2011 da his-tória originalmente escrita em 1953, James Franco dá vida ao cientista Will Rodman. Ele leva o macaco César para casa. Ao tentar proteger o pai de Rod-man, ele fere um homem e é levado para um local onde várias outras espécies de ma-cacos estão aprisionadas e são maltratadas. Decidido a sair daquela situação e revoltado com as atitudes humanas, Cé-sar decide, utilizando a sua in-teligência, vingar-se daqueles que o maltratam. (FP)

a origem do “Planeta dos

Macacos”

cineMa.

larissa tezzari [email protected] @larissatezzari

Juraci Júnior no papel do Frei Rolando

rona

ldo

nina