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guia sobre PROJETOS de REDD+ na américa latina Mariano Colini Cenamo Mariana Nogueira Pavan Ana Cristina Barros Fernanda Carvalho

STATUS do projeto GUIA SOBRE PROJETOS DE REDD+ NA … · 2018-06-27 · 1 projeto Peru 35,5 milhões tCO 2 e 4 projetos Bolívia 5,8 milhões tCO 2 e 1 projeto Paraguai 13 milhões

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STATUS do projeto

Desenho Implementação Em validação validado venda de créditos

linha de base

histórica modelada ou projetada

instituição proponente do projeto

Governo ONG Setor privado

fontes de financiamento

mecanismo de mercado doações

CO-BENEfícios

Conservação da biodiversidade

Melhoria da qualidade de vida das comunidades

Conservação de bacias hidrográfi cas

Recuperação de matas ciliares

créditos gerados/ano

X anosY tCO2e

W tCO2e/a

como interpretar o guia

GUIA

SOB

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ROJE

TOS

DE R

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NA

AMér

ica

lati

na

Indica a quantidade esperada de reduções de emissões a serem geradas pelas atividades do projeto em um determinado período de tempo.

guia sobre

PROJETOS de REDD+na américa latina

Mariano Colini Cenamo Mariana Nogueira Pavan Ana Cristina Barros Fernanda Carvalho

Realização

Apoio

casebook-cover.indd 1 04.08.10 14:51:46

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O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2004 em Manaus, capital do Estado do Amazonas. O Idesam participa ativamente das negociações da Convenção do Clima, com foco principal em florestas e REDD+. Nossos programas e projetos estão focados na promoção do desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia e em outros biomas. Desenvolvemos e implementamos projetos para Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), bem como treinamentos e capacitações aliados ao assessoramento e monitoramento de políticas públicas. O Idesam acredita que valorizar as florestas em pé é essencial para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e a manutenção do equilíbrio climático global.

A The Nature Conservancy (TNC) é uma organização voltada para a conservação ambiental, que busca entender os grandes problemas de nossa geração e encontrar soluções para o desafio de proteger os ecossistemas naturais de forma conciliadacom o desenvolvimento econômico e social. Estamos presentes em mais de 30 países, atuando na conservação de diferentes ecossistemas No Brasil desde 1988, a organização atua em todos os biomas presentes no país - Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Campos Sulinos e Pantanal. Contamos com uma sólida base científica na busca por soluções pragmáticas aos desafios ambientais atuais, das mudanças climáticas à conservação da biodiversidade. Acreditamos que a redução do desmatamento deve ser parte de uma ampla resposta global de combate às mudanças climáticas, que considere todas as principais fontes de emissão de carbono. O trabalho da TNC nesse segmento vem demonstrando que existem metodologias viáveis para responder a desafios técnicos como vazamento, permanência e adicionalidade, e que o REDD+ pode trazer benefícios para comunidades indígenas e locais, assim como para a biodiversidade.

Os autores gostariam de agradecer as contribuições dos seguintes indivíduos (suas organizações são apenas referência e podem ter se alterado desde sua contribuição) –em ordem alfabética:Almir Suruí (Associação Metareilá), André Aquino (Banco Mundial), André Tomita (Ecomapuá), Augusto Castro (Ministerio do Meio Ambiente – Peru), Beto Borges (Forest Trends), Bruno Matta, Claudio Schneider (Conservação Internacional), Daniela Carrión (Ministério do Meio Ambiente – Equador), Edenise Garcia (The Nature Conservancy), Eddy Mendoza (Conservação Internacional), Gabriel Carrero (Idesam), Gabriel Ribenboim (Fundação Amazonas Sustentável), Gilberto Tiepolo (TNC Brasil), Greg Fishbein (TNC), Jacob Olander (Katoomba Incubator), João Tezza Neto (Fundação Amazonas Sustentável), Jorge Torres (SFMBAM), Juan Jose Rodriguez (The Nature Conservancy); Lucia Ruiz (CIMA – Cordillera Azul), Luis Meneses Filho (SEMA-Acre), Maria Eugênia Arroyo (WWF Peru), Maria Patricia Tobon (Cornare), Marioldy Sanchez (AIDER), Max Lascano (Ministerio do Meio Ambiente – Equador), Monica de Los Rios (SEMA-Acre), Natalia Calderon (Fundação Amigos de la NAturaleza – FAN Bolivia), Nicole Virgilio (TNC), Omar Samaoya (Rainforest Alliance), Oscar Rojas (Defensores de la Naturaleza), Osvaldo Stella Martins (IPAM), Pedro Marques (Watershed Consulting), Pedro Soares (Idesam), Rane Cortez (TNC), Ricardo Miranda de Britez (SPVS), Ricardo Rettmann (IPAM), Rocco Cheirasco (Greenoxx), Sarene Marshall (TNC), Silvia Gomez Caviglia (Greenoxx), Tatiana Pequeño (CIMA – Cordillera Azul), Thais Megid (Fundação Amazonas Sustentável), Victor Salviati (Fundação Amazonas Sustentável), equipe UN-REDD Programme, Veronica Galmez (Ecobona / Intercooperation), Yan Speranza (Fundação Moisés Bertoni).

O conteúdo da seção de projetos foi construído a partir de questionários respondidos pelos próprios responsáveis dos projetos, tanto de forma escrita quanto por conversas telefônicas. Dúvidas específicas sobre cada projeto devem ser encaminhadas diretamente às instituições responsáveis pelos mesmos. O Idesam e a TNC Brasil comunicam que não têm responsabilidade pelos dados e informações dos projetos aqui publicados.

Autores: Mariano Colini Cenamo, Mariana Nogueira Pavan, (Idesam), Ana Cristina Barros e Fernanda Carvalho (TNC Brasil)Projeto gráfico: Gabi JunsProdução de mapas: Gabriel CarreroImagens: Arquivo IdesamTiragem: 750 exemplaresGráfica: Grafisa

Este documento foi impresso em papel Reciclato® 90g/m2 (miolo) e 240g/m2 (capa). O papel Reciclato® tem em sua composição 25% de matéria pós-consumo e no seu branqueamento não é utilizado cloro. Procuramos deixar a área de sangria limpa, para assegurar que a maior parte das aparas ficassem prontas para reciclagem. As dimensões deste documento também foram escolhidas para minimizar o desperdício de papel.

Esta publicação deve ser citada como:CENAMO, M. C., PAVAN, M.N, BARROS, A.C., CARVALHO, F. Guia sobre Projetos de REDD+ na América Latina. 2010. Manaus, Brasil. 96 PG.

Esta publicação foi impressa com o apoio da

STERN, N. Stern Review: The Economics of Climate Change. Cambridge, UK: Cambridge University Press. 2006.

STRASSBURG, TURNER, B. R.K. FIShER, B. SChAEFFER, R. LOvETT, A. (2009). Reducing emissions from deforestation—The ”combined incentives” mechanism and empirical simulations. Global Environmental Change. 19(2):265-278.

casebook-cover.indd 2 04.08.10 14:51:47

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2a. edição

manaus, AM, braSilJULHO de 2010

Mariano Colini Cenamo1, Mariana Nogueira Pavan2, Ana Cristina Barros3 e Fernanda Carvalho4

1 Secretário Executivo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) |

2 Coordenadora do Programa Mudanças Climáticas do Idesam | 3 Representante no Brasil da The Nature

Conservancy (TNC-Brasil) | 4 Coordenadora política de mudanças climáticas da TNC-Brasil

guia sobre

PROJETOS de REDD+na américa latina

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índice

PARTe 1 introdução . . . . . . . . . . . . . . . 7apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9o papel dos projetos de redd+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10incentivos positivos para REDD+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Status do REDD+ pós-cop15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13o papel das populações indígenas e tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19o mercado voluntário de carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20padrões de certificação para redd+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

PARTe 2 resumo dos projetos de redd+ na américa latina . . . . 25como interpretar o guia de projetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26descrição dos aspectos técnicos e metodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

os projetos de redd+noel kempff (bolívia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30psa carbono - acre (brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34ecomapuá (brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36gênesis (brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38transamazônica (Brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Juma (Brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42Antonina e guaraqueçaba (Brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Suruí (Brasil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Sociobosque (equador) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48biosfera maya (Guatemala) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50sierra de las minas (guatemala) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52Sierra del Lacandón (guatemala) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54MBaracayú (paraguai) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56alto mayo (peru) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

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cordilheira azul (peru) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60madre de diós (peru) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62tambopata (peru) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

projetos em fase inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

outras iniciativas relevantesfcpf . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71programa un-redD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72iniciativa internacional da noruega para florestas e clima . . . . . . . . . . . . 74força tarefa dos governadores para floresta e clima (GCF) . . . . . . . . . . . . 75parceria global de redd+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76fundo amazônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

PARTe 3 análises e considerações finais . . . . . . . 81 análise geral dos projetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89acrônimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

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PARTe 1 introdução

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Guatemala23,1 milhões tCO2e

3 projetos

Equador190 milhões tCO2e

1 projeto

Peru35,5 milhões tCO2e

4 projetos

Bolívia5,8 milhões tCO2e

1 projeto

Paraguai13 milhões tCO2e

1 projeto

Brasil267 milhões tCO2e

7 projetos

América Latina530.614.762 tCO2e

17 projetos

Figura 01 Redução total de emissões por país e número de projetos

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PARTe 1 introdução

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apresentação

Este guia foi desenvolvido a partir de uma parceria entre o Instituto de Conservação e Desen-volvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e a The Nature Conservancy – Brasil (TNC). Trata-se de uma publicação prática e simplificada para apresentação de projetos e iniciativas relacionadas a REDD+ atualmente em desenvolvimento em diversos países da América Latina.

O objetivo do guia foi identificar a estrutura e o funcionamento de projetos e atividades subna-cionais de REDD+ que possam contribuir tanto para a construção de sistemas nacionais quanto para o mecanismo internacional de REDD+ que se propõe no âmbito da Convenção do Clima (UNFCCC). Assim, são apresentados projetos e iniciativas mapeadas por meio da aplicação de questionários, respondidos por seus responsáveis, cujos resultados foram resumidos de forma comparativa. O resultado é uma compilação de informações que, esperamos, possa ser útil para atores relevantes como governos, investidores, negociadores de países partes da UNFCCC e a sociedade civil em geral, com dados recentes sobre o status atual de elaboração e implementação de atividades de REDD+.

Existe uma grande expectativa por parte de governos e atores subnacionais (prefeituras, proprie-tários de terras privadas, associações indígenas, ONGs, etc.) quanto ao potencial de um meca-nismo de REDD+ que possa promover e viabilizar a conservação de florestas e o desenvolvimen-to de comunidades. Governos estaduais e municipais vêm buscando um maior envolvimento nas discussões internacionais e o papel desses atores na construção de estratégias de REDD+ tem se mostrado de grande relevância. No caso brasileiro, o estado do Amazonas já possui uma legislação específica sobre REDD+ em Unidades de Conservação (UC’s), e outros estados, como Acre, Pará e Mato Grosso, estão construindo seus programas e estratégias. Há também no Brasil um projeto de lei federal (PL 5586/2009) que prevê a criação de um sistema nacional de REDD+, atualmente em tramitação no Congresso Nacional. É crescente a necessidade de informações claras e concretas sobre resultados de negociações, e suas implicações sobre as iniciativas e pro-jetos já em andamento e as diferentes abordagens metodológicas para construção de projetos, que devem integrar tais processos.

Neste guia, foram mapeados 17 projetos em diversas fases de implementação (ver pag 25) nos seguintes países: Bolivia, Brasil, Equador, Guatemala, Paraguai e Peru, além de iniciativas sub-nacionais e outros programas internacionais relacionados a REDD+ como o Fundo Amazônia no Brasil e o FCPF do Banco Mundial.

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O papel dos projetos de REDD+Um dos objetivos principais deste guia é fornecer um panorama dos projetos e atividades de REDD+ e mostrar que, apesar da indefinição nas negociações sobre REDD+ correntes no âm-bito da UNFCCC, diversos países, estados e instituições já estão desenvolvendo projetos e ini-ciativas concretas que têm grande relevância em gerar lições replicáveis. Vale lembrar que o foco deste estudo foram projetos que tem suas atividades voltadas principalmente à redução de emissões do desmatamento e degradação florestal (REDD), ainda que alguns contenham outras atividades como manejo florestal e reflorestamento.

Os projetos e iniciativas piloto subnacionais têm um papel muito relevante pois têm maior agi-lidade de implementação e permitem gerar lições importantes, que muitas vezes podem ser replicáveis a outras situações. Também têm um papel fundamental no processo de preparação (readiness) tanto em termos técnicos/metodológicos, mas sobretudo na construção de capacida-des institucionais em países que ainda não têm um nível de governança suficiente para imple-mentar esquemas de REDD+ em escala nacional. Desta maneira, entendemos que os projetos subnacionais podem ser uma valiosa ferramenta de implementação para REDD+, inclusive para países que almejam estabelecer sistemas nacionais. Lições decorrentes desses projetos podem ainda informar o desenho de políticas internacionais, nacionais e subnacionais, aproximando processos de situações e soluções já experimentadas na prática.

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PARTe 1 introdução

11

1 REDD+ (Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal mais Conservação Florestal, Manejo

Florestal Sustentável e Manutenção de Estoques Florestais | 2 Sétima Conferência das Partes das Nações Unidas em Mudança

Global do Clima (7th Conference of Parties on Global Climate Change) – COP 7, realizada em Marrakesh, na Índia, em 2001.

| 3 O documento conhecido como os “Acordos de Marrakesh” (Decisão 17/CP.7), foi um pacote de políticas e medidas para a

regulamentação das atividades válidas no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Incentivos Positivos para a Redução de Emissões do Desma-tamento e Degradação Florestal (REDD+)1

As Negociações da Convenção do ClimaAs mudanças climáticas são hoje o maior problema ambiental enfrentado pela humanidade. Fren-te a este contexto, foi adotada em 1992 a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A Convenção tem como objetivo principal estabilizar a concentração de ga-ses de efeito estufa (GEE) na atmosfera em níveis seguros para a humanidade, englobando diver-sos setores. No entanto, desde o início de sua operacionalização, as questões relativas às florestas tropicais foram sempre tratadas de forma marginal dado ao fato desses ecossistemas constituírem tanto fontes quanto potenciais sumidouros de GEE.

Durante a COP-72, em 2001, quando foram aprovados os “Acordos de Marrakesh”3, regulamen-tando as atividades válidas para o MDL, a conservação de florestas foi excluída dos mecanismoss de compensação previstos no Protocolo de Quioto. Entre as justificativas para que atividades de desmatamento evitado ficassem de fora, alegou-se que avaliar a contribuição para a redução das emissões de GEE pela adoção de medidas para contenção do desmatamento envolvia diversas incertezas e dificuldades metodológicas, bem como poderia afetar a soberania nacional e o direito ao desenvolvimento dos países detentores de florestas que viessem a aderir ao regime.

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Nos anos seguintes, diversos estudos e propostas foram conduzidos paralelamente às discussões oficiais, buscando formas voluntárias de compensar esforços empreendidos para a redução de emissões do desmatamento. Dentre estas, teve especial importância a proposta para criação de um “Mecanismo de Redução Compensada do Desmatamento” (Santilli et al, 2005)4, apresentado pela primeira vez em 2003, durante a COP-9 em Milão.

Estas iniciativas foram fundamentais para que, em 2005, durante a décima primeira Conferência das Partes (COP 11/MOP 1), o assunto voltasse a entrar em pauta nas negociações da UNFCCC. A proposta veio através de uma submissão conjunta de Papua Nova Guiné e Costa Rica5, apoiada por Bolívia, República Centro-Africana, Chile, Congo, República Democrática do Congo, República Dominicana e Nicarágua (conhecidos como “Coalizão dos Países de Florestas Tropicais”)6.

Em 2006, durante a COP-12 / MOP 2, em Nairóbi, todos os países foram convidados a submeter suas visões sobre abordagens políticas e incentivos positivos que pudessem ser adotados para a “Redução de Emissões do Desmatamento nos Países em Desenvolvimento (REDD)” no âmbito da Convenção7. Em fevereiro de 2007 o Brasil apresentou sua proposta sobre “abordagens políticas e incentivos positivos para redução das emissões por desmatamento nos países em desenvolvimen-to8”. O Brasil propunha um arranjo voluntário, baseado em performance, para remuneração aos países em desenvolvimento que realmente demonstrassem redução de suas taxas de desmatamen-to em relação à média histórica dos últimos dez anos. Posteriormente essa proposta foi implemen-tada nacionalmente com o lançamento do Fundo Amazônia (ver página 77).

Em março de 2007, foi organizado pela UNFCCC o II Workshop Técnico sobre Redução de Emis-sões do Desmatamento nos Países em Desenvolvimento9. O Workshop teve como objetivo prin-cipal discutir as diferentes visões dos países membros e entidades observadoras sobre a evolução do REDD e foi encerrado com o consenso de que é urgente a adoção de medidas efetivas para a redução das emissões do desmatamento. Foi consenso também que existem metodologias, técni-cas e ferramentas suficientes para estimar e monitorar essas emissões, não existindo assim impe-dimentos técnicos para o avanço na implantação imediata de um mecanismo para REDD, o que falta é vontade política.

Ao final de 2007, durante a COP-13 realizada em Bali, ocorreram avanços significativos para a inclusão de florestas no regime internacional do clima. Foi adotado o Plano de Ação de Bali, tam-bém conhecido como “Mapa do Caminho de Bali”, que estabeleceu um processo de discussão para

4 A proposta pode ser encontrada no livro “Tropical Deforestation and Climate Change”, disponível no website do IPAM: www.

ipam.org.br | 5 Disponível em http://unfccc.int/resource/docs/2005/cop11/eng/misc01.pdf. | 6 Para mais detalhes sobre o contexto

histórico de REDD, veja Humphreys, 2008. | 7 Submissões disponíveis em: http://unfccc.int/methods_and_science/lulucf/

items/3896.php | 8 Disponível em http://unfccc.int/resource/docs/2007/sbsta/eng/misc02.pdf | 9 O I Workshop sobre Redução de

Emissões por Desmatamento nos Países em Desenvolvimento foi realizado em Outubro de 2006 na cidade de Milão, Itália. Maiores

informações em: http://unfccc.int/methods_and_science/lulucf/items/3896.php

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PARTe 1 introdução

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o fortalecimento da implementação da Convenção até 2012 e posteriormente. O tema do REDD entrou na lista dos assuntos a serem discutidos no período de dois anos entre Bali e Copenhagen (COP15 – dez/2009). Outro papel fundamental da reunião de Bali foi a definição de diretrizes metodológicas10 para incentivar o desenvolvimento de iniciativas piloto.

Sob o marco do Mapa de Bali, foram criados dois grupos de trabalho: o AWG-LCA11 e o AWG-KP12. O primeiro grupo discute a cooperação de longo prazo, no âmbito da Convenção, e é onde ocorrem as discussões sobre REDD. O segundo grupo discute questões específicas do Protocolo de Quioto e seu provável novo período de compromisso.

Durante o ano de 2009, aconteceram diversas reuniões intermediárias que tinham como objetivo avançar nos textos de negociação, que começaram a ser construídos no início do ano e que seriam adotados em Copenhagen. Assim, houve alguns avanços e o texto, que foi bastante trabalhado, chegou à COP15 com um tamanho menor e mais “amigável”, porém com diversos temas polêmi-cos a serem negociados.

status do REDD+ pós-COP15A décima quinta Conferência das Partes (COP15), que aconteceu em Copenhagen, foi um marco importante para o mecanismo, que já passava atender pelo nome de REDD+ (ver box na página 14). Apesar do descontentamento e frustação que os resultados causaram de maneira geral. A COP15 seria o ápice das intensas negociações que aconteceram em 2008 e 2009 e seria o divisor de águas, definindo tanto o futuro do regime internacional do clima como, mais especificamente, definições claras e finalmente corpo e estrutura para a implementação de um mecanismo interna-cional de REDD+.

No entanto, não houve uma definição tão completa quanto se esperava. Com a morosidade e polê-mica dentro das negociações de outros temas fundamentais para o futuro regime climático – como a definição das metas dos países desenvolvidos (Anexo I) para o período pós-2012 – e com o tempo

10 A Decisão COP/13 fornece um guia de boas práticas para incentivar projetos e iniciativas piloto, serão utilizadas como

“atividades demonstrativas de REDD” para fornecer subsídios ao processo de negociação da UNFCCC. O documento está

disponível em: http://www.idesam.org.br/documentos/01_ResumoCOP13.pdf | 11 Ad-hoc Working Group on Long-Term

Cooperative Action | 12 Ad-hoc Working Group on the Kyoto Protocol

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se esgotando, todas as negociações foram suspensas ao final da Conferência, para que os líderes de estado pudessem tentar amarrar alguma decisão que não desper-diçasse todos os esforços empreendidos nas negociações até aquele ponto.

Assim, as maiores definições que eram esperadas para REDD+, como esca-la de implementação (se nacional ou subnacional, por um período tempo-rário) e fontes de recursos (fundos pú-blicos, mercados e abordagens ligadas ao mercado, como leilão de permissão de emissões), não ocorreram. Também não houve consenso sobre uma meta global de redução do desmatamento (há uma proposta européia de 50% até 2020) e questões relativas a MRV (como medir, relatar e verificar as reduções de emissões). Outro aspecto pendente de definição é a relação entre o REDD+ e NAMAs (medidas de mitigação nacio-nalmente apropriadas) que são os com-promissos voluntários a serem assumidos pelos países em desenvolvimento.

Por outro lado, aconteceram, avanços importantes que contribuíram para esboçar o desenho final do mecanismo de REDD+. Dentre eles, podemos citar a aprovação de uma “minuta de decisão13” no SBSTA14, que destaca dispositivos que incluem a inserção de uma salvaguarda específica à ga-rantia de direitos e inclusão de populações indígenas e tradicionais nos mecanismos de REDD+. Outro ponto definido foi a possibilidade de países terem sistemas de monitoramento subnacionais, desde que conectados à um sistema nacional. Isto não se aplicaria à escala de implementação por projetos, mas permitiria que um país estratifique suas regiões de monitoramento como parte de seu sistema nacional.

Já no AWG-LCA, grupo que negocia os aspectos políticos do REDD+, pouco foi efetivamente definido. No entanto, houve consenso em alguns pontos importantes que já começam a desa-

13 FCCC/CP/2009/11/Add.1, Decision 4/CP.15 - Methodological guidance for activities relating to reducing emissions from

deforestation and forest degradation and the role of conservation, sustainable management of forests and enhancement of forest

carbon stocks in developing countries. | 14 SBSTA – Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice (Corpo Auxiliar para

Conselho Científico e Tecnológico)- Este grupo serve como um link entre informações e avaliações providas por experts (como

IPCC) e a COP, que está focada na formulação de políticas.

Dentro das negociações da Convenção do Clima, o mecanismo que inicalmente chamou-se RED passou por processos de construção e inclusão de outras ativi-dades em seu escopo. Em 2005, quando o mecanismo foi proposto, incluía apenas desmatamento (RED), e conforme a inclusão destas outras atividades, a sigla foi modificando-se de tal maneira:

RED• Redução de Emissões do DesmatamentoREDD• Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação FlorestalREDD+• Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal, e o papel da conservação, manejo florestal sustentável e o aumento dos esto-ques de carbono.

Atualmente, utiliza-se REDD+ para definir qualquer ati-vidade que esteja contemplada dentro do escopo previsto no mecanismo. Exemplo, um projeto que contemple ape-nas ações de redução do desmatamento é considerado ainda assim um projeto de REDD+, mesmo consideran-do apenas uma das atividades do escopo todo.

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tar alguns nós que vinham se ar-rastando das negociações prévias, consolidados numa minuta de decisão da COP que, como a do SBSTA, não chegou a ser aprova-da em Copenhagen. Um deles é a definição do escopo de REDD, que agora torna-se definitivamente REDD+, ou “redução de emissões do desmatamento e degradação florestal e o papel da conservação, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono florestal em países em desenvol-vimento”. O outro é a previsão de implementação em fases, proposta conhecida como phased approach, onde as atividades e fluxos de re-cursos se iniciariam por ações de fortalecimento institucional e de governança, definição de marcos legais e implementação de ativida-des demonstrativas, evoluindo aos poucos até a efetiva implementação em escala nacional.

No entanto, os pontos importantes e cruciais brevemente mencionados acima acabaram tendo sua definição adiada para as próximas negociações, em virtude da falta de consenso entre os países. Dentre estes, três podem ser considerados os maiores gargalos da implementação de um mecanis-mo de REDD+. São eles:

1 FinanciamentoSem dúvida, o tema mais importante para a construção do mecanismo de REDD+ é a estratégia de financiamento que será criada para viabilizar suas ações. As opções que estão na mesa são:

a Fundos e mecanismos baseados em doações voluntárias (Ex: Parceria Global para REDD+, descrita em mais detalhes na página 76)

b Abordagens ligadasaomercadodecarbono, com recursos provenientes de venda e leilões de permissões de emissões, onde REDD+ poderia ou não gerar créditos de carbo-no que seriam utilizados pelos países desenvolvidos no cumprimento de suas metas de emissões, e

c Umaabordagemmista, com aportes iniciais feitos com auxílio dos países em desenvol-vimento e posterior migração para mecanismos de mercado compensatório de metas dos países desenvolvidos.

O phased approach, citado no texto de REDD+, é o proces-so de implementação do mecanismo em três fases diferentes, encorajando os países a progredirem da construção e imple-mentação inicial de capacidades até alcançarem resultados de longo prazo em REDD+ que possam ser medidos, reportados e verificados. As fases previstas são:

Fase 1: Desenvolvimento de uma estratégia nacional de REDD+, atividades de desenvolvimento de capacitação e construção de capacidades, fortalecimento institucional e melhoria da capacidade de monitoramento

Fase 2: Implementação de políticas e medidas nacionais de REDD+ desenhadas na fase anterior, abordando ade-quadamente as causas do desmatamento, permitindo uma possível compensação de atividades demonstrativas basea-das em indicadores de redução de desmatamento.

Fase 3: Implementação em escala total. Nesta fase, poderiam acontecer compensações financeiras, baseadas em resultados, devidamente medidos, relatados e verificados.

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A vantagem principal dos mecanismos de mercado é a possibilidade de participação do setor pri-vado, o que tem se mostrado essencial para levantar o enorme volume de recursos necessários para conter o desmatamento tropical. Além disso, a participação de recursos provenientes do mercado permite maior agilidade na captação de recursos e, consequentemente, maior velocidade para imple-mentação. O principal questionamento em relação aos fundos e abordagens não vinculadas a merca-do é sobre a capacidade de captar os recursos financeiros na magnitude e longevidade necessária para efetivamente reduzir emissões. Segundo Eliasch (2008) seriam necessários de U$17 a 33 bilhões para reduzir o desmatamento 50% até 2030. No entanto, vale destacar que um mecanismo de mercado para REDD+ deve necessariamente estar vinculado à assunção de metas mais severas pelos países desenvolvidos, sob pena de comprometer o equilíbrio ambiental do regime.

2 EscalaOutro tema de extrema importância se refere às escalas de implementação que serão consideradas para o funcionamento do mecanismo dentro da Convenção. De um lado, existe a proposta de sistemas nacionais onde a captação, distribuição de recursos e implementação de atividades seria feita diretamente por governos nacionais. Esta proposta utiliza como principal argumento a jus-tificativa de que sistemas nacionais evitam vazamentos15 de um projeto para outro, e facilitam as atividades de monitoramento.

De outro lado está a proposta da implementação de REDD+ por meio de iniciativas e projetos sub-nacionais, algo similar ao atual mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Essa abordagem só se justifica sob a argumentação de que problemas metodológicos são plenamente solucionáveis e que somente através de projetos vinculados ao mercado de carbono seria possível atingir o volume de recursos necessário para efetivamente atacar o problema do desmatamento em escala global. Atualmente, é possível afirmar que apesar do risco de existir vazamentos em escala subnacional, é possível identificar e monitorar o problema, excluindo estas emissões da contabilidade de redu-ções de cada projeto. Além disso, atividades em escala subnacional podem ser mais ágeis em captar recursos e implementar suas atividades, o que gera conhecimentos e capacidades que podem ser replicáveis não apenas em outros projetos, mas também podem servir como etapa inicial de evo-lução para um sistema nacional de REDD+ . A minuta do texto do LCA sobre REDD+ inclui uma opção relativa ao reconhecimento de atividades subnacionais por um período temporário até sua integração a uma abordagem nacional.

Conciliando as duas abordagens propostas (nacionais e subnacionais), existe a proposta de uti-lizar um sistema híbrido (nested approach)16, onde se permitiria a implementação de projetos e iniciativas subnacionais, sob uma contabilidade e monitoramento nacional. Contanto que exista um registro robusto e confiável de todas as transações efetuadas em escala subnacional, é possível rastrear cada tonelada transacionada, o que evita dupla contabilidade e ainda permite a integração

15 “Vazamentos são definidos pela mudança líquida nas emissões antropogênicas por fontes de gases de efeito estufa, que ocorrem

fora dos limites do projeto e são mensuráveis e atribuíveis à atividade de projeto” | 16 Para mais detalhes ver Pedroni et al 2009

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PARTe 1 introdução

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de projetos mesmo dentro de um sistema nacional. Um desafio é a integração entre as reduções nacionais e subnacionais, por exemplo: o que acontece com projetos que efetivamente reduzem suas emissões, mas o país hospedeiro não apresenta uma redução absoluta em suas taxas de des-matamento?

3 Linha de basePor último, tem sido praticamente impossível se atingir um consenso sob qual seria a melhor forma para o estabelecimento de cenários de referência em nível nacional, ou linhas de base, sobre os quais seriam calculadas as reduções de emissões que se espera atingir com o REDD+.

A linha de base é o cenário que representa ausência do projeto, ou situação de business-as-usual. Simplificadamente, é a previsão do que ocorreria em termos de desmatamento e emissões de GEE se o projeto não existisse. Os métodos usados na determinação de linhas de base influenciam decisiva-mente a magnitude e acurácia das reduções de emissões de carbono. É importante que a linha de base seja monitorada ao longo do tempo e correções sejam feitas em situações como mudanças políticas, de governança, taxas de desmatamento e condições socioeconômicas.

Atualmente, discutem-se basicamente duas abordagens:

i Médias históricas do desmatamento: considerando as taxas de desmatamento de períodos passados para projetar linearmente sua média para o futuro; e

ii Projeções e modelagens de simulação do desmatamento: baseadas na análise de pressu-postos e parâmetros socioeconômicos que interfiram na dinâmica de desmatamento futu-ro, como aumento populacional, construção de infraestruturas, políticas governamentais, entre outros.

O grande desafio é harmonizar diferentes situações de desmatamento e conservação florestal nos diversos países tropicais elegíveis para REDD+ sem que isso gere incentivos perversos. Por exemplo, se o futuro mecanismo de REDD+ beneficiar apenas os países que possuem altas taxas históricas de desmatamento, isso não apenas cria um incentivo perverso para os países mais des-matadores, como não recompensa aqueles que sempre empreenderam esforços para conservar suas florestas. Além disso, em países da bacia do Congo ou como a Guiana, que têm alta cobertura florestal e um histórico de baixas taxas de desmatamento, a adoção de um sistema de linha de base histórica pode não refletir o real futuro esperado para suas florestas. O fato de que no passado as taxas de desmatamento foram baixas não implica necessariamente que estas florestas continuarão sendo preservadas. Assim, é fundamental encontrar um mecanismo que não premie os países que mais desmataram e acabe punindo aqueles que mais se esforçaram para conservar suas florestas.

Atualmente, vem sendo discutida cada vez mais uma abordagem denominada “estoque-fluxo” (stock-flow), que é baseada na remuneração da conservação florestal e de seus estoques de carbono. O conceito de estoque-fluxo se baseia na necessidade de gerar incentivos para a conservação, tanto em “florestas ameaçadas” (onde se pode quantificar uma tendência eminente de desmatamento,

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ou linha de base); como em florestas que não apresentem uma ameaça imediata de desmatamento. Esta abordagem, que propõe a manutenção e alocação de recursos para preservação dos estoques aliados à redução do desmatamento a partir de uma linha de base é também citada em publicações como Strassburg et al (2009), Fearnside (1997) e Cattaneo (2009).

Especificamente, a abordagem de manutenção de estoques está mais alinhada com o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA, ver glossário), em oposição aos mecanismos que re-muneram aqueles que não impactam o ambiente (Moura Costa, 2009). As vantagens ligadas a esta nova abordagem (remuneração por estoques), como mencionado acima, baseiam-se na remune-ração por todas as florestas e seus estoques de carbono, independente do nível de ameaça que está ocorrendo atualmente, pelo tempo em que permanecerem preservadas. Os pagamentos são feitos a partir de uma taxa constante, baseadas na quantificação e monitoramento dos estoques, remu-nerando assim, também áreas com baixas taxas históricas de desmatamento.

Dentre outros pontos positivos desta abordagem, vale destacar que os projetos não necessitariam demonstrar sua adicionalidade, pois são compensados diretamente pela conservação de estoques florestais e, em conseqüência também não requer determinação de cenários de linha de base e vetores locais do desmatamento. Além disso, previne a ocorrência de vazamentos e elimina po-tenciais incentivos perversos associados com a criação de ameaças de desmatamento para “inflar” cenários de linha de base.

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PARTe 1 introdução

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A abordagem permite também alinhar escalas nacional e subnacional, uma vez que os obstáculos técnicos (linha de base, adicionalidade, permanência, etc) não estarão presentes. Em resumo, o pagamento pelos estoques de carbono cria um custo de oportunidade para as florestas, ao invés de analisar apenas o custo de oportunidade de cenários alternativos de uso da terra. Especialmente no caso da América Latina, o pagamento por estoques beneficiará povos indígenas e comunidades locais e tradicionais, que vêm ao longo dos séculos conservando as florestas em seus territórios.

o papel das Populações Indígenas e Tradicionais

Outro ponto de extrema importância das discussões sobre REDD+ diz respeito à garantia dos di-reitos e ao envolvimento dos povos indígenas e comunidades tradicionais. A principal crítica feita a atividades de REDD+ é a possibilidade da implementação deste tipo de iniciativa deslocar os povos da floresta de seus territórios tradicionais (Griffths e Martone, 2009). Embora a garantia aos direitos indígenas seja citada no Mapa do Caminho de Bali, é crucial que as iniciativas de REDD+ não prejudiquem os principais responsáveis pela conservação das florestas. Assim, é necessário garantir que a implementação de iniciativas de REDD+ possa assegurar os direitos legais de posse e uso da terra pelas populações que nelas habitam, bem como garantir que seus modos de vida e produção sejam respeitados e considerados no desenho e implementação de atividades previstas.

Os povos da floresta têm direito ao consentimento informado, prévio e livre (Griffths e Martone, 2009). Assim, é fundamental para o sucesso de initiativas de REDD+ que povos indígenas e popu-lações tradicionais estejam envolvidas tanto na elaboração quanto na implementação e monitora-mento destas atividades. Um entendimento dos papéis, responsabilidades e potenciais riscos por parte destes atores numa iniciativa de REDD+ deve estar claro.

Outra questão também importante diz respeito à repartição justa e equitativa de benefícios. As ini-ciativas de REDD+ devem criar mecanismos que garantam que os benefícios oriundos do carbono cheguem de fato às mãos das comunidades comprometidas com o projeto. Desta forma, deve fazer parte destas iniciativas a criação de mecanismos de controle e transparência sobre a repartição de benefícios entre os diversos atores envolvidos.

As iniciativas de REDD+ devem constituir uma grande oportunidade para o reconhecimento do papel que estas comunidades têm tido na conservação das florestas do mundo, e devem, portanto, garantir e não ameaçar o direiro de posse da terra e outros direitos garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Conforme apresentado anteriormente, a questão das populações indígenas e tradicionais ganhou destaque por sua inclusão na decisão do SBSTA, e cada vez mais os padrões e mesmo o próprio mercado atentam para a necessidade dos projetos e iniciativas efetivamente respeitarem, consulta-rem e incluírem as populações indígenas e tradicionais em suas atividades. Vale também ressaltar

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que a minuta de texto sobre REDD+ do LCA faz menção à UNDRIP – Delaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que inclui todos os direitos mencionados acima. A inclusão da UNDRIP no texto atende a uma demanda desses povos no processo de negociação.

O Mercado Voluntário de CarbonoEmbora as negociações dentro da UNFCCC sejam longas e complexas e o arcabouço para a estru-turação de um mecanismo de REDD+ ainda esteja em construção, alguns sinais positivos dados pela Convenção têm gerado uma boa resposta de diversos atores do setor privado e inclusive de governos, que buscam se antecipar ao estabelecimento de um possível mercado em estruturação para REDD+, através da implantação de iniciativas-piloto. Além disso, há empresas com preocupações ligadas à imagem e responsabilidade corporativas que encontraram em projetos de redução de desmatamento uma oportunidade interessante de mitigar voluntariamente suas emissões de GEEs.

Nesse sentido, paralelamente ao mercado de carbono criado pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), existem já diversas iniciativas voluntárias e independentes para o desenvolvimento de projetos e atividades de REDD+.

Este novo mercado, chamado de “mercado voluntário” por não estar ligado a metas obrigatórias dos países, vem crescendo de maneira bastante rápida nos últimos 3 anos. O volume de créditos transacionados aumentou mais de 64% entre os anos 2006 e 2007, e mais de 89% entre os anos 2007 e 2008. Assim, o volume financeiro movimentado teve um aumento extremamente significa-tivo, movimentando em 2008 praticamente sete vezes o montante negociado em 2006.

Tabela 01 Valores globais transacionados anualmente, por tipo de mercado (em milhões de dólares) 2006 2007 2008

Voluntário $ 96,7 $ 335 $ 705

Regulatório $ 31.051 $ 63.710 $ 119.483,4

Total $31.147,7 $64.045,0 $120.188,4 Fonte: Hamilton et al, 200917

Tabela 02 Volumes transacionados anualmente, por tipo de mercado (em MtCO2e)2006 2007 2008

Voluntário 24,6 65 123,4

Regulatório 1.642 2.918 4.090

Total 1.667 2.983 4.213 Fonte: Hamilton et al, 2009

17 Hamilton, K et al. State of the Voluntary Carbon Markets 2009. Ecosystem Marketplace & New Carbon Finance. Disponivel em:

http://ecosystemmarketplace.com/documents/cms_documents/StateOfTheVoluntaryCarbonMarkets_2009.pdf

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PARTe 1 introdução

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Tabela 03 Volumes e valores globais transacionados no mercado de carbono florestal

MercadosVolume (MtCO2) Valor (milhões US$)

Total Histórico 2008 Total

Histórico 2008

Voluntário OTC18 15,319 3,7 129,7 31,5

CCX 2,6 1,3 7,9 5,3

TotalMercadoVoluntário 17,9 5,0 137,6 36,8New South Wales 1,8 0,2 - -

MDL A/R 0,5 0,1 2,9 0,3

NZ ETS 0,1 0,7

Kyoto (AAU) 0,6 8,0

TotalMercadoRegulado 2,9 0,2 11,6 0,3

TotalMercadosGlobais 20,8 5,3 149,2 37,1Fonte: Hamilton et al, 200920

Destes valores totais, a grande maioria refere-se à créditos de A/R21, visto que estes são créditos incluídos dentro das regulações da Convenção do Clima e também podem ser negociados no mercado voluntário. Já os créditos de projetos de REDD+22 representam o segundo maior volume transacionado no mercado voluntário OTC, e correspondem por 24% (3,1 MtCO2) do volume total transacionado neste mercado – o que indica a grande significância de atividades de REDD+ neste cenário.

Estes projetos têm sido concebidos principalmente por meio de acordos bilaterais e metodologias com processos de validação independente, que permitem uma aplicação imediata e começam a di-tar a formação de um mercado voluntário de carbono para atividades de REDD+. Este guia busca enquadrar o “estado da arte” para projetos que se incluem neste perfil dentro da América Latina.

18 OTC significa “over the counter”, ou seja, o mercado voluntário que não se realiza sob nenhuma plataforma ou bolsa e

geralmente é caracterizado por negociações diretas ou bilaterais. Pode ter uma tradução como “fora do balcão” | 19 15.3 MtCO2

de créditos florestais foram transacionados no Mercado Voluntário OTC. Desenvolvedores de Projeto, representando 209

projetos diferentes executaram vendas primárias, o que representa 13.2 MtCO2 em créditos. Os outros 2MtCO2 foram rastreados

como vendidos por intermediários. | 20 Disponível em http://moderncms.ecosystemmarketplace.com/repository/moderncms_

documents/SFCM_2009_smaller.pdf | 21 Ver glossário | 22 Corresponde aos projetos que tem REDD como sua atividade principal

e não inclui projetos com atividades combinadas (ex: REDD + A/R)

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Figura 02 Crescimento do mercado voluntário de carbono entre 2006 e 2008

Padrões de CertificaçãoSeguindo a lógica do MDL e das iniciativas piloto de REDD+, o desenvolvimento de projetos deve adotar metodologias conceituadas para quantificação e monitoramento dos créditos de carbono, apresentando-as em Documentos de Concepção de Projetos (DCP)23. Como estas transações são feitas geralmente de maneira bilateral e não seguem regras pré-definidas, é fundamental a adoção de salvaguardas que garantam que o projeto em questão seja transparente e robusto. Como forma de dar credibilidade a este processo, muitos projetos têm optado por se submeterem à análise e certificação por uma validação independente.

Dentre estes padrões, destacam-se o Voluntary Carbon Standards (VCS)24, que tem foco maior na parte específica relacionada aos cálculos de carbono e questões metodológicas. Outro padrão bastante utilizado por vários projetos é o Climate, Community and Biodiversity Standards (CCB Standards)25, que verifica os impactos positivos do projeto em termos de co-benefícios. Além dos relacionados ao clima, esses são referentes a impactos positivos nas comunidades e sobre a biodiversidade.

2006 2007 2008

800

700

600

500

400

300

200

100

0

-140

- 120

- 100

- 80

- 60

- 40

- 20

-0

Mi US$ MtCO2e

Mi US$

MtCO2e

23 Um exemplo de DCP é o apresentado pelo Projeto de RED da RDS do Juma, disponível em:

http://www.idesam.org.br/projetos/rdsjuma.php | 24 Maiores informações em: www.v-c-s.org | 25 Os padrões de Clima,

Comunidade e Biodiversidade (CCB) para Concepção de Projetos, foram criados para fomentar o desenvolvimento e

comercialização de projetos que forneçam benefícios significativos e confiáveis para o clima, para as comunidades e para a

biodiversidade de maneira integrada e sustentável. Os projetos que cumprem com os Padrões CCB adotam boas práticas a fim

de gerar reduções confiáveis e robustas de emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que geram também benefícios

líquidos para as comunidades locais e para a biodiversidade: Disponível em: www.climatestandards.org

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PARTe 2 resumo dosprojetos de redd+ na américa latina

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Como interpretar o guia de projetosPara a apresentação e comparação dos projetos de REDD+ mapeados neste guia, os aspectos técni-cos e metodológicos mais relevantes de cada um deles foram destacados e apresentados por ícones ilustrativos. A discussão detalhada sobre as opções e implicações de cada abordagem é apresentada na parte 1 do guia. As seguintes figuras serão apresentadas em todos os projetos:

STATUS DO PROJETODemonstra o status atual do projeto e/ou se está em validação, já foi validado sob um padrão específico, ou se os créditos gerados já foram vendidos.

Desenho Implementação Em validação Validado Venda créditos

REDUÇÕES LÍQUIDAS DE EMISSÕESIndica a quantidade esperada de reduções de emissões a serem geradas pelas atividades do projeto em um determinado período de tempo. É necessário destacar que, em muitos projetos que ainda estão em fase de desenho, estes números podem ser bastante preliminares e mudarem no futuro.

FONTES DE FINANCIAMENTOIndica qual será a estratégia financeira que será adotada para acessar fundos para implementar as atividades dos projetos26. São divididas em duas categorias:

Mecanismosdemercado, o que significa que os projetos comercializam, ou tem intenção de

comercializar, os créditos de carbono gerados nos mercados de carbono para compensação de emissões.

Fundosbaseadosemdoaçõesvoluntárias, não relacionadas à geração de compensações

e não ligadas a nenhum mercado.

INSTITUIÇÃO PROPONENTE DO PROJETOIndica qual a natureza da instituição proponente ou líder do projeto, ou seja, instituição que detém a titularidade sobre os créditos de REDD+ e será a principal responsável pela implementação das atividades do projeto.

Governo ONG Setor privado

26 Note que este item é referente apenas ao destino dos créditos, o financiamento para atividades de preparação (readiness) não são

considerados

XXanosYYtCO2e

WWtCO2e/a

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PARTE 2 resumo dos projetos de redd+ na américa latina

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LINHA DE BASEIndica qual a abordagem de linha de base, ou o cenário na ausência do projeto (business-as-usual –BAU) podendo ser:

Linhadebasehistórica, que considera taxas médias de desmatamento em um determinado período de

referência, projetando-as para o futuro de forma linear.

Linhadebasemodeladaouprojetada, desenvolvida baseada em modelos de mudança

de uso e cobertura do solo que projetam o desmatamento futuro baseados na análise dos agentes e causas socioeconômicas específicas.

CO-BENEFíCIOSAlém dos benefícios climáticos gerados por reduções de emissões, outros benefícios ambientais e sociais são também gerados em projetos de REDD+.

Conservação da Biodiversidade

Melhoria da qualidade de vida das

comunidades

Conservação de bacias hidrográficas

Recuperação de matas ciliares

PERFIL DE COBERTURA FLORESTAL DOS PAÍSES

Cobertura Florestal

Perda anual de cobertura

florestal

GFBD Grande cobertura florestal, baixas taxas de desmatamento 85-100% 0-0,1%

GFMD Grande cobertura florestal, médias taxas de desmatamento

50-85% 0,4-0,8%

GFAD Grande cobertura florestal, altas taxas de desmatamento 50-95% 0,8-1,5%

MFMD Média cobertura florestal, médias taxas de desmatamento 35-50% 0,3-0,8%

BFBD Baixa cobertura florestal, baixas taxas de desmatamento 1-35% 0-0,3%

Fonte: Griscom, B. et al., 2009

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Descrição dos Aspectos técnicos e metodológicos:

Linha de base A linha de base é o cenário que representa a quantidade de emissões de GEE oriundas do desma-tamento que ocorreria na ausência do projeto. Os métodos usados na determinação de linhas de base influenciam diretamento a magnitude e precisão das estimativas de reduções de emissões de carbono. É importante que a linha de base seja monitorada ao longo do tempo e eventuais corre-ções sejam feitas em situações onde ocorram alterações em cenários políticos, taxas de desmata-mento e condições socioeconômicas relacionadas ao projeto.

AdicionalidadeA adicionalidade é a demonstração de resultados reais, mensuráveis e de longo prazo esperados pelo projeto quanto à redução ou prevenção de emissões de carbono que não ocorreriam em sua ausência. As reduções de emissões só devem ser contabilizadas para REDD+ quando comprovam claramente que são atribuíveis às atividades do projeto e representam uma alteração no cenário de linha de base.

Vazamento (ou leakage )Vazamentos são definidos como a mudança líquida nas emissões antropogênicas, por fontes de GEE, que ocorrem fora dos limites do projeto e que são mensuráveis e atribuíveis às atividade do projeto.

Permanência A longevidade de estoques de carbono considerando o manejo e eventuais distúrbios naturais que possam afetá-los . Uma característica de projetos de carbono baseados no uso da terra é a possibili-dade de reverter os benefícios de carbono, seja pela ocorrência de distúrbios naturais (ex: . incêndios, doenças, pestes e outros eventos climáticos incomuns), ou da falta de garantias concretas de que as atividades do uso da terra originais não serão retomadas após o término das atividades do projeto.

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os projetos de redd+

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Projeto de Ação Climática Noel Kempff Mercado (PAC-NK)

30anos5.837.341tCO2e194.578tCO2e/a

A abordagem do projeto foi a incorporação áreas de floresta adjacentes ao já exis-tente Parque Noel Kempff Mercado, que estavam ameaçadas por concessões flo-restais e desmatamentos não-planejados, garantindo assim sua efetiva implemen-tação. O parque foi expandido em 83 1.689 hectares, e atualmente possui 1.582.322 hectares. A expansão incorporou ecossistemas não representados no perímetro original do Parque, e aprimorou sua proteção pelo estabelecimento de limites na-turais. Dentro da área de expansão, a área elegível para REDD é das ex-concessões, compreendendo 642.184 hectares de florestas já degradadas por corte raso e rema-nescentes a serem futuramente desmatados. É essa a área conhecida como PAC-NK, localizada em San Inacio, no departamento de Santa Cruz, Bolívia, em uma área de transição entre a Floresta Seca Chiquitana e a Amazônia

O projeto é administrado pela Fundación Amigos de la Naturaleza (FAN), tendo como parceiros a TNC (responsável pelo desenho do projeto e administração dos recursos) e o Governo da Bolívia; e como investidores a American Electric Power (AEP), a BP America e a PacifiCorp. A FAN e a Winrock International foram res-ponsáveis pela medição de carbono.

O projeto foi validado pela Societe Generale de Surveillance, com base em dire-trizes do MDL para projetos A/R, melhor conhecimento disponível à época de elaboração do projeto.

Aspectos Metodológicos

Linha de base27

Através de imagens de satélite de 1986, 1992 e 1996, foi possível calcular a taxa de desmatamento na área do projeto. A simulação do desmatamento futuro foi feita através do modelo GEOMOD28, que utiliza dados históricos para projetar a quantidade e localização do desmatamento. Os resultados, baseados nos vetores de desmatamento, estimaram as áreas ameaçadas de corte raso nos próximos 30 anos. Para o cálculo da redução de emissões, cada uma das áreas recebeu uma de

BOLíVIA

Taxa de desmatamento do país: 0,5 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: N/A

27 Como as reduções de emissões se deram pela redução de desmatamento e de degradação, houve duas

abordagens distintas de contabilidade. Como não havia metodologias disponíveis à época, o projeto criou sua

própria, que foi revista e aprimorada várias vezes à medida em que se tornaram disponíveis novas informações,

refinamentos metodológicos e tecnologias. | 28 O Geomod é um modelo de simulação de mudança de uso do

solo, implementado no Idrisi, um software de SIG desenvolvido pela Clark University (Pontius et al., 2001; Brown

et al., 2007). É um modelo baseado em grids que prevê a transição de uma classe de uso do solo para outra, por

exemplo, a locação de células grid que passam, através do tempo, da classe 1 para a classe 2. Assim, o Geomod

pode ser utilizado para prever áreas que possivelmente passarão da classe florestal 1 para a classe não florestal 2

(desmatamento) em um dado período de tempo.

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cinco classificações de vegetação através de imagens Landsat e verificação em campo. O conteúdo de carbono de cada tipo de vegetação foi determinado por pesquisa de campo, como medição do diâmetro das árvores e análise de solos. Para isso, 625 parcelas permanentes foram estabelecidos na área para medir e monitorar os estoques de carbono. Essa linha de base será reavalidada a cada 5 anos para refletir mudanças institucionais, estruturais, de taxas locais de desmatamento e socioeconômicas.

A criação da linha de base de degradação evitada envolveu a previsão do cenário business-as-usual de emissões que seriam causadas pelas concessões de madeira, posteriormente canceladas. Pelo fato da atividade madeireira ser impactada pelo mercado, a linha-de-base foi determinada com base num modelo econométrico (Sohgen e Brown) que previu o volume de colheitas futuras tanto na área do projeto como em toda a Bolívia, e os impactos de carbono associados.

AdicionalidadeO projeto não é obrigatório por lei. Apesar de já haver um parque adjacente à área de expansão, expandir o parque não era obrigatório e nem planejado. Um estudo de viabilidade conduzido anteriormente ao projeto demonstrou que o Governo da Bolívia não tinha recursos nem vontade política suficientes para cancelar as concessões florestais e expandir o parque. O financiamento do projeto permitiu mudar o status-quo através da compra das concessões, expansão do parque e ati-vidades de desenvolvimento comunitário visando reduzir a conversão de florestas. Sem o projeto, o corte raso continuaria a se expandir nas áreas de concessão, novos núcleos populacionais e co-munidades sem direitos à terra, como era prática comum. Por fim, o cenário com projeto resultou em menos emissões do que o cenário da linha de base.

VazamentosO maior risco de vazamentos a curto prazo seria a expansão das atividades de agricultura de sub-sistência das comunidades vivendo na borda da área extendida do parque. Para tanto, foram im-plementadas ações de desenvolvimento comunitário, campanhas educacionais, assistência para garantir o status legal e título da terra, e um plano de manejo para terras ancestrais. Talvez a prin-cipal estratégia tenha sido designar uma área de 360.565 hectares para as comunidades vizinhas como “território ancestral indígena”, garantindo assim seus direitos de propriedade. Foi também estabelecido um buffer ao redor da área para monitorar possíveis vazamentos. Como a ameaça de desmatamento vinha da expansão da agricultura de subsistência e não da agricultura comercial, não houve vazamento de mercado.

PermanênciaA área do projeto foi incorporada a um parque nacional, conforme Decreto Supremo do Governo Boliviano, e tem proteção efetiva do Serviço Nacional de Áreas Protegidas (SENARP). A admi-nistração do projeto é feita pela FAN. O Governo Boliviano tem direito a 49% das reduções do projeto, havendo portanto convergência de interesses. Foi estabelecido um fundo para a proteção e manejo do parque aumentado. Com novas oportunidades de geração de renda, direito à terra e um plano de uso sustentável da terra, espera-se que as comunidades não usem a área do parque para

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agricultura de subsistência. O risco de fogo foi calculado com base em dados sobre a ocorrência de incêndios de 1997 a 2005. Como resultado, houve a dedução de 5% dos créditos a serem gerados como garantia contra o risco de fogo.

Monitoramento O projeto tem uma área de controle de 15km no entorno do parque, baseado na teoria de que os fazendeiros de subsistência que estariam desmatando a área do projeto não viajariam longas distâncias para desmatar outros locais. São monitorados a dinâmica de biomassa (625 parcelas permanentes) e o desmatamento, impactos sócio-econômicos, desenvolvimento de mercados para madeira, além de riscos como vazamentos e incêndios. Estas atividades são feitas pela FAN-Bolívia. A FAN monitorou os gastos dos ex-concessionários a fim de indentificar se houve rein-vestimentos em outras concessões. Apesar da maioria ter abandonado a indústria madeireira, o sócio minoritário reinvestiu 7,3% da indenização numa concessão próxima, explorada em 1997 e 1998. Isso não foi contado como vazamento privado porque uma parte das colheitas já havia sido considerada no modelo econométrico da Bolívia.

Custos e aspectos financeirosDesenho, Implementação e Manutenção: US$11,5 mi de 1997 a 2006.Fontes de financiamento: As três empresas (AEP, BP America e PacifiCorp), e a TNC investiram no total U$ 10.850.000. Parte destes fundos são destinados aos programas do projeto e uma outra parte a um fundo fiduciárioRetornos financeiros: não houve ainda comercialização de créditos.

Destino dos créditos e preçoOs créditos de carbono referentes ao projeto ainda não foram comercializados. Desses, conforme o contrato, 49% seriam do governo da Bolívia e 51% dos investidores, AEP, BP e PacifiCorp.

Relação com esquema nacionalA estratégia Boliviana de REDD+ em nivel nacional ainda está em construção, sendo assim não foi ainda estabelecido um diálogo para definir como se integrarão ambas as propostas.

Principais desafiosComo não havia precedentes de projetos de carbono florestal na Bolívia antes do projeto, a infra-estrutura para a venda de créditos não existia quando o projeto começou e o tratamento tributário dos créditos não era claro. Seguem pendentes portanto a comercialização de créditos e a repartição de benefícios. Há um processo em curso pelo Governo da Bolívia a fim de definir tais questões.

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Projeto Pagamento por Serviços Ambientais - Carbono do Estado do Acre (Projeto PSA CARBONO)

15anos62,5milhõestCO2e4.166.667tCO2e/a

O projeto visa valorizar o ativo florestal do Acre de forma a viabilizá-lo como fonte de serviços ambientais para as atuais e futuras gerações da população do Estado, da Amazônia e do planeta. Em sua fase inicial irá abranger 8 municípios locali-zados no Estado do Acre, Brasil, somando 5.800.000 ha em diversas áreas com diferentes tipos de vegetação da floresta amazônica.

Em uma primeira etapa do projeto, foram definidas áreas prioritárias, sob maior pressão de desmatamento e que englobam diversas categorias fundiárias (terra in-dígena, unidades de conservação, assentamentos, etc.). Estas áreas foram selecio-nadas a fim de orientar o investimento inicial dos recursos financeiros.

O projeto, que é proposto e coordenado pelo Governo Estadual do Acre, em par-ceria com WWF Brasil, IUCN, GTZ e IPAM prevê um programa de Pagamento por Serviços Ambientais, incluindo a compensação por redução das emissões do desmatamento, degradação florestal, manejo sustentável e conservação de flores-tas (REDD+) – configurando a fração Carbono.

Aspectos metodológicos

Linha de baseConsidera as taxas médias históricas estaduais de desmatamento nos últimos dez anos, projetando-as para um período de cinco anos (mesma abordagem do Fun-do Amazônia), com revisão a cada cinco anos. Para a quantificação das emissões reduzidas para cada área, o projeto utilizou uma quantidade média de carbono por hectare (com base em estudos locais) e calculou o desmatamento evitado em cada área prioritária, supondo que 50% do desmatamento futuro do Estado ocorrerá dentro destas áreas, visto que estas se localizam nas regiões mais críticas de pressão de desmatamento no Acre.

AdicionalidadeOs critérios para a demonstração da adicionalidade do projeto ainda estão em processo de elaboração pelos proponentes do projeto.

VazamentosSerão monitoradas as taxas de desmatamento em todo o Estado, e parte dos crédi-tos será assinalada como seguro para o caso de possíveis vazamentos.

PermanênciaA estratégia se baseia em custear e reestruturar o sistema de produção das pro-priedades privadas, intensificar e aumentar a produtividade de áreas desmatadas e utilizar as florestas de maneira sustentável, garantindo sua existência e a provisão

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6% – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,42%

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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contínua dos SA. O projeto considera que a geração de renda sustentável aliada a melhorias no sistema de comando e controle aumenta as chances de garantia de permanência, uma vez que con-solida a conservação e o manejo florestal como principal atividade econômica da propriedade.

Monitoramento Para o monitoramento do desmatamento serão utilizados sistemas remotos, baseados no método do Prodes e imagens Landsat, feitos pelo INPE e pela Unidade Central de Geoprocessamento do Estado do Acre.

Custos e aspectos financeirosDesenho, pré-implementação e validação: US$58829 milImplementação: US$ 294 milhões para os próximos 15 anosFontes de financiamento: Preparação – Recursos próprios, WWF e GTZImplementação – Fundo Amazônia (em negociação), TV Sky inglesa, entre outros.Retornos financeiros: Ainda não definidos

Destino dos créditos e preçoEstratégia ainda não definida, mas prevê comercialização no mercado de carbono.

Relação com esquema nacionalO projeto PSA Carbono se alinha com a metodologia de linha de base do Governo Federal e com o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia através do plano estadual.

Principais desafiosCertificação em larga escala e captação de recursos para custeio do projeto. Implementação de um sistema de governança transparente e eficaz.

29 Considerando uma cotação onde US$ 1 = R$ 1,7.

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Projeto Ecomapuá Amazon REDD

20anos6milhõestCO2e300.000tCO2e/a

O objetivo do projeto é a conservação e restauração de uma área de floresta ama-zônica que pertencia a uma empresa madeireira antes da compra da propriedade pelos proponentes do projeto. A área está localizada no município de Breves, na ilha do Marajó, região norte do Estado do Pará. A área total do projeto, de 94.171 hectares, e está localizada dentro de uma propriedade privada pertencente a em-presa Ecomapuá Conservação LTDA. A vegetação dominante é de floresta amazô-nica, divididos entre floresta densa e floresta ombrófila aluvial.

Além do componente de REDD, o projeto propõe atividades de reflorestamento, bem como pesquisa e desenvolvimento das relações com as comunidades de entorno.

O projeto é realizado em parceria entre a Ecomapuá Conservação Ltda., imple-mentadora do projeto; a Winrock International, responsável pelo estudo de viabi-lidade do projeto; Larry Morris, consultor independente responsável pela elabo-ração do PDD para o padrão CCB; a Universidade da Georgia, responsável pelas medições de carbono no solo; ainda a definir o responsável pelos estudos e planos de reflorestamento e manejo de baixo impacto; e o Instituto Amazônia Sustentável, responsável pelas questões sociais do projeto.

Aspectos metodológicos

Linha de baseA linha de base ainda está em contrução, e utilizará um modelo baseado nos mó-dulos da “REDD methodology Framework” Version 1.0 – April 200930: “Estimation of baseline carbon stock changes and greenhouse gas emissions from unplanned deforestation”.

AdicionalidadeA análise de adicionalidade do projeto foi elaborada através do estabelecimento de cenários de prováveis usos do solo na ausência do projeto. A primeira etapa foi a identificação de cenários alternativos de uso do solo, aliado a uma análise de inves-timentos para determinar se o cenário do projeto seria menos atrativo economica-mente frente aos outros cenários. Na ausência do projeto, espera-se a continuação de atividades de desmatamento praticadas pelos agentes e vetores identificados.

VazamentosO projeto trabalha com a hipótese de que a principal fonte de vazamentos será o deslocamento de agentes externos para outras áreas. Assim, será utilizada a “REDD methodology Framework” Versão 1.0 – Abril de 2009 atualmente em va-

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,84 %

30 http://www.netinform.net/KE/files/pdf/1_REDD-MF%20REDD%20methodology%20framework%20v1.1.pdf

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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lidação no Voluntary Carbon Standards, para estimar as emissões provenientes do deslocamento de atividades.

PermanênciaSerá assegurada através do plano de monitoramento do projeto, que prevê ações de controle e fiscalização, bem como desenvolvimento de atividades econômicas junto às comunidades do en-torno. Além disso, será criado um buffer que irá reter a comercialização de 20 a 40% dos VERs (verified emissions reductions) gerados, para suprir casos de não-permanência dos créditos.

Monitoramento Será feito com base na metodologia “REDD Methodology Framework” versão 1.031, atualmente em processo de validação junto ao Voluntary Carbon Standards – VCS, e será realizado pelo IAS – Ins-tituto Amazônia Sustentável.

Custos e aspectos financeirosImplementação: Custos preliminares estimados em US$ 12,5 por hectare, somando US$ 23,6 milhõesFontes de financiamento: Capital próprioRetornos financeiros: (N/A)

Destino dos créditos e preçoExiste intenção de comercialização dos créditos com atores do setor privado.

Relação com esquema nacionalEste projeto faz parte da estratégia nacional da política ambiental na Amazônia através da dimi-nuição do desmatamento e conservação da biodiversidade. No entanto ele é fruto de uma iniciati-va privada e voluntária da Ecomapuá Conservação Ltda em parceria com a IAS.

Principais desafiosEnvolvimento efetivo da comunidade nas atividades e benefícios do projeto, além da concientização e sensibilização da população com relação à conservação e o uso sustentável da biodiversidade.

31 Disponível em www.netinform.net/.../1_REDD-MF%20REDD%20methodology%20framework%20v1.1.pdf

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Projeto de REDD Genesis

20anos57.389tCO2e2.869tCO2e/a

O objetivo do projeto é garantir a proteção de uma área natural de cerrado, loca-lizado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Lajeado, no distrito de Taquareussu, próximo à da cidade de Palmas, no Estado do Tocantins, região Norte do Brasil. O projeto tem a intenção de transformar a área, de 121.415 hec-tares, em uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural. De acordo com a legislação brasileira, esta última categoria (RPPN) tem regras de uso mais restri-tras do que a primeira (APA).

O projeto é desenvolvido em parceria entre o Instituto Ecológica, responsável pela coordenação do projeto e suas atividades; a CantorCO2e Brasil, responsável pelo desenvolvimento do PDD; e a CarbonFund.org, responsável pela articulação do projeto entre a Hyundai, financiadora do projeto, e as outras instituições.

Aspectos metodológicos

Linha de baseA construção do cenário de linha de base foi feita utilizando um modelo desenvolvido através de ferramentas de SIG, devido a dificuldade de se utilizar projeções lineares (médias históricas de desmatamento) para explicitar os vetores e dinâmicas de desmatamento no estado do Tocantins, principalmente perto do município de Palmas.

AdicionalidadeNa ausência do projeto, o cenário seria a continuação das práticas comuns – agri-cultura de subsistência, uso insustentável dos recursos naturais e desenvolvimento de pecuária utilizando práticas rudimentares, como o fogo. O projeto irá propor-cionar uma alteração na tendência atual de manutenção de práticas insustentáveis relacionadas ao manejo dos recursos naturais e utilização de práticas rudes como utilização de fogo para o desmatamento da vegetação.

VazamentosNão é esperado que os agentes do desmatamento migrem para as áreas definidas como “cinturão de vazamento”, estabelecidas pelo projeto. Espera-se que, com a adoção das atividades propostas pelo projeto junto às comunidades locais, seja gerado um “vazamento positivo”, ou seja, o “cinturão de vazamento” pode vir a obstruir tendências de desmatamento e degradação além dos limites do projeto.

PermanênciaA permanência dos créditos será assegurada através da criação de RPPNs em lei, o que proíbe mudanças na cobertura vegetal da área. Além da garantia dos me-canismos legais, 20% do total das VERs geradas pelo projeto serão retidas como

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,67 %

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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contingência durante o processo de verificação e monitoramento do projeto, para cobrir qualquer vazamento ou perda acidental de créditos do projeto (não-permanência).

Benefícios adicionais Diminuição de uso do fogo, o que irá resultar em menores índices de doenças respiratórias, que ame-açam a qualidade de vida das populações. Preservação de áreas consideradas como hotspots.

Monitoramento Todas as atividades propostas pelo projeto utilizarão a ferramenta “Metodologia Carbono Social”32. Através dessa ferramenta será possível criar uma série de indicadores aplicáveis para o monitora-mento das ações do projeto, que envolvem também monitoramento do desmatamento.

Custos e aspectos financeirosNão disponíveis

Destino dos créditos e preçoOs créditos serão vendidos à Hyundai Motors América (HMA). Os valores das transações não estão disponíveis.

Relação com esquema nacionalO Governo Estadual do Tocantins está ciente e de acordo com o desenvolvimento do projeto, que se encaixa no escopo da Política Ambiental Estadual (Lei n.261, 1991) e a Política Estadual de Mu-danças Climáticas (Lei n.1917, 2008). A Secretaria de Desenvolvimento Agrário afirma também que a titularidade dos créditos é dos desenvolvedores do projeto.

Principais desafiosO Governo Brasileiro ainda não adotou um sistema nacional de REDD+ que inclua o cerrado, embora tenha recentemente adotado um compromisso voluntário de redução de 40% do des-matamento desse bioma no Acordo de Copenhagen. Assim, o projeto Genesis teve que estimar o desmatamento futuro e quantificar os estoques de carbono e consequentes emissões por meios próprios e independentes.

Outro desafio foi estabelecer uma projeção linear que explique os vetores e dinâmicas do desma-tamento no estado do Tocantins.

32 http://www.socialcarbon.org/Guidelines/Files/Base_Indicators_Communities_v1_Portuguese.pdf

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Projeto de Desmatamento Evitado em Pequenas Propriedades Rurais na Região da Rodovia Transamazônica

10anos3.136.953tCO2e313.695tCO2e/a

O projeto envolve um grupo de 350 famílias de produtores rurais, que vivem em 15 projetos de assentamento nas margens da Rodovia Transamazônica (BR-230) entre os municípios de Senador José Porfírio, Pacajá e Anapú, na região oeste do Estado do Pará. A área total do projeto é de 31.745 hectares.

O objetivo do projeto é alterar o modelo histórico de desenvolvimento nas pro-priedades rurais da região, baseado atualmente na agricultura de “corte e queima”, com baixa produtividade e baixo valor agregado, para um modelo que envolva principalmente melhorias de práticas agropecuárias, com assistência técnica, tec-nologias de produção e infra-estrutura, aumentando a renda das famílias e dimi-nuindo a pressão por novos desmatamentos. Este é um projeto que atualmente se encontra submetido para apoio financeido do Fundo Amazônia.

O projeto é desenvolvido em parceria entre o Instituto de Pesquisa Ambiental da Ama-zônia (Ipam) e a Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) responsável pelo planeja-mento e execução das atividades do projeto, e o Fundo para a Biodiversidade (FUNBIO) que terá a função de gerenciar os recursos financeiros gerados pelo projeto.

Aspectos metodológicos

Linha de baseO cenário de linha de base foi estabelecido levando em consideração as taxas históricas de desmatamento na região do projeto, demarcada dentro dos limites do “Pólo do Proam-biente da Transamazônica33”. Para o cálculo da taxa de desmatamento na linha de base, foram utilizadas as médias de desmatamento na região entre os anos de 1998 a 2009.34

AdicionalidadeNa ausência do projeto, o cenário provável seria de perpetuação das práticas comuns realizadas pelas famílias que vivem na área, como agricultura de baixo rendimento e sistema de “corte-e-queima”, o que exige a abertura constante de novas áreas flo-restais. Como estas famílias não tem condições financeiras de alterar seu modo de produção, os recursos oriundos do projeto são a única maneira de garantir que estas famílias tenham acesso à capacitação, assistência técnica e infraestrutura que as per-mitam realizar a conservação florestal e o uso sustentável de suas áreas.

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 4,8 %

33 O Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural (Proambiente) visa promover

o equilíbrio entre a conservação dos recursos naturais e a produção familiar rural, por meio da gestão ambiental

territorial rural, do planejamento integrado das unidades produtivas e da prestação de serviços ambientais.Surgiu

de uma proposta dos movimentos sociais rurais da Amazônia. Tem como públicos prioritários os agricultores

familiares e os povos e comunidades tradicionais. Atualmente são 11 pólos na Amazônia Legal envolvendo cerca

de 4.000 famílias | 34 Foi excluído do cálculo o ano de 2001, que teve um desmatamento muito acima da média.

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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VazamentosPor ser um projeto piloto, que envolve somente 350 famílias, os proponentes do projeto optaram por assumir que eventuais vazamentos seriam insignificantes devido à pequena escala do projeto.

PermanênciaA mudança de sistemas de produção e adoção de práticas mais sustentáveis é a principal estratégia para garantir que estas florestas irão permanecer conservadas. Além disso, será criado um fundo local para o projeto, que realizará a gestão dos recursos comuns (investimentos de transição) e estará voltado para a distribuição de recursos para cada família, relativo ao tamanho da área de floresta em pé de cada propriedade (com base em seus custos de oportunidade). O Fundo também tem o po-tencial de alavancar recursos adicionais para que o projeto se perpetue por mais tempo do que os 10 anos iniciais, inclusive com a potencialidade de expansão para além destas 350 famílias.

Monitoramento O monitoramento da manutenção das áreas de floresta será realizado via satélite e por meio de visitas a campo, pelos próprios participantes. Já o monitoramento sócio-econômico se dará por meio do “Índice de Sustentabilidade do Polo do ProAmbiente da Transamazônica35”, atualizado anualmente.

Custos e aspectos financeirosPagamento pelo custo de oportunidade: US$ 5.965.19936 para as 350 famílias, o que representa uma média de US$ 82,7/ha/ano, num total de US$ 17.043 para cada família anualmente.Investimentos de transição: US$ 7.151.912 para mudar o modelo de desenvolvimento regional.Custos totais: O custo total do projeto, considerando também custos administrativos, estima-se em US$ 15.427.499. O custo das toneladas de CO2 do projeto (relação entre os custos do projeto e volume de reduções de emissões gerado) ficou em cerca de US$ 4,92.Fontes de financiamento: Fundo Amazônia (em negociação)

Destino dos créditos e preçoNão serão gerados créditos a serem comercializados com o setor privado, visto que o projeto se destina ao Fundo Amazônia.

Relação com esquema nacionalO projeto foi construído especificamente para ser submetido ao Fundo Amazônia, sendo assim, se insere diretamente na proposta do sistema nacional.

Principais desafiosNão disponível.

35 Para monitorar o impacto do projeto sobre as comunidades, foi criada uma lista de indicadores de sustentabilidade, traduzidos

como um Índice de Sustentabilidade do Pólo do ProAmbiente da Transamazônica Estes indicadores devem ser aplicados anualmente

em todas as famílias pertencentes ao projeto e, assim, reavaliado ano a ano. Incluem melhoria de renda, saúde, acesso a transportes,

escolaridade e educação, segurança alimentar, entre outros aspectos relevantes. | 36 Considerando uma cotação onde US$ 1 = R$ 2,2.

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Projeto de REDD da RDS do Juma

44anos189milhõestCO2e4.295.455tCO2e/a

O Projeto consiste na criação e implementação de uma Reserva de Desenvolvi-mento Sustentável (RDS), para conter o desmatamento em uma região sob grande pressão de mudança de uso do solo, localizada no município de Novo Aripuanã, no sul do Estado do Amazonas. A RDS do Juma é uma área protegida estadual, com área total de 589.612 ha, que compreende áreas de floresta amazônica com três diferentes tipologias de floresta.

Os proponentes e implementadores do projeto são a Fundação Amazonas Sustentá-vel (FAS) e o Governo do Estado do Amazonas, que tem a responsabilidade de co-ordenar e implementar as atividades previstas pelo projeto, bem como sua gestão;. a rede de Hotéis Marriott, responsável pelo financiamento e compra dos créditos de REDD – que serão utilizados para compensar suas emissões de carbono; e o Institu-to de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), parceiro técnico responsável pela coordenação da elaboração do Documento de Concepção do Projeto (DCP), e do processo de validação no CCB. O projeto está validado junto aos Padrões CCB e se encontra em processo de validação junto ao VCS.

Aspectos metodológicos

Linha de baseFoi utilizado o modelo SimAmazonia I37 para projetar o cenário de linha de base do projeto para os próximos 44 anos. Esse modelo considera pressupostos como cresci-mento populacional, construção de infraestruturas e outros parâmetros para estimar as taxas futuras de desmatamento para a Amazônia. Vale lembrar que o principal vetor de desmatamento na região é a pavimentação de estradas já existentes para melhoria dos acessos, visto que o projeto está localizado entre a BR-319 e a BR-230, e é cruzado pela rodovia AM-174. A pavimentação destas rodovias está prevista em planos gover-namentais federais e estaduais e espera-se grande aumento na pressão de desmata-mento na área do projeto após a conclusão de tais obras.

AdicionalidadeOs benefícios financeiros do carbono foram considerados na decisão de criar a re-serva do Juma, sendo estes indispensáveis para a manutenção do projeto. Sem esses benefícios, não seria possível a criação e efetiva implementação da Reserva.

VazamentosNão são esperados impactos negativos sobre os estoques de carbono nas áreas ex-ternas, uma vez que serão adotadas estratégias para evitar a migração populacio-nal e mudanças no uso solo. Pelo contrário, se espera que sua implementação gere

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 1,41 %

37 http://www.csr.ufmg.br/simamazonia/ (Soares-Filho et. Al, 2006)

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“vazamentos positivos”, uma vez que conduzirá ações para a redução do desmatamento também fora dos limites do projeto.

PermanênciaSerá estabelecido um buffer de créditos (10%), conforme a metodologia estabelecida pelo VCS. Além disso, será estabelecido um fundo permanente, com o objetivo de garantir o fluxo de recursos neces-sários para garantir a implementação do projeto mesmo após o término da venda dos créditos.

Monitoramento O plano de monitoramento contempla os estoques e dinâmica do carbono, desmatamento, cenário de linha de base, biodiversidade e situação socioambiental e socioeconômica das comunidades. Para tanto, serão feitos acompanhamentos por satélite e medições/investigações em campo.

Custos e aspectos financeirosDesenho, pré-implementação e validação: US$2 milhõesImplementação: US$500,000/ano (2009 – 2011)Manutenção: Pode variar entre US$ 24 e 41 milhões (considerando taxas de desconto de 5 e 2%, respectivamente)Fontes de financiamento: Contribuições de hóspedes do MarriottRetorno financeiro: Os recursos gerados serão direcionados inteiramente à implementação do projeto. Os retornos podem variar, pois estão sujeitos às contribuições dos hóspedes.

Destino dos créditos e preçoOs créditos serão vendidos à rede de hotéis Marriott, que os utilizará para compensar as emissões dos hóspedes que contribuírem voluntariamente ao programa.

Relação com esquema nacionalO Plano Nacional sobre Mudança do Clima prevê uma redução de 40% do desmatamento na Amazônia até o final de 2009, com base na taxa de desmatamento dada pelo no período entre 1996 e 2005. De 2010 a 2013, a intenção é que reduza em mais 30%, comparados com os índices de 2006 a 2009 e, até 2017, mais 30% sobre os quatro anos anteriores. Recentemente, o Governo Federal anunciou a intenção de reduzir o desmatamento em 80% até 2020. O Projeto do Juma pretende contribuir com essas metas de reduções, gerando lições aprendidas que possam ser replicadas em outras áreas como MRV, distribuição de benefícios, envolvimento de comunidades, etc.

Principais desafiosPor ser o primeiro projeto do tipo no Brasil, os maiores desafios foram o estabelecimento da linha de base, a definição dos limites do projeto, a estimativa dos estoques de carbono e a definição da estratégia de monitoramento. Na fase de implementação, os maiores desafios estão relacionados à alocação eficiente dos recursos, considerando as dificuldades logísticas e adequação do projeto às realidades locais.

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Este é um conjunto de três projetos realizados em áreas diferentes de floresta atlân-tica localizadas nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no Estado do Paraná. São áreas muito próximas umas das outras e que seguem a mesma lógica de projeto. Porém, como cada projeto tem investidores diferentes e contabilidade independente das reduções de emissões, os conceitos gerais de implementação do projeto serão apresentados agrupados e os aspectos específicos de cada projeto separadamente.

ProjetoConservaçãodaFlorestaAtlânticaÁrea total : 8.600 hectares, localizados no município de Antonina Área restaurada: 1.297 ha. Total de carbono seqüestrado: 434.356 tCO2 em 40 anosDesmatamento esperado no cenário de linha de base: 6.139 ha Emissões evitadas: 964.762 tCO2 em 40 anos (entre os anos 2001 e 2041)Total geral (restauração + conservação): 1.399.118 tCO2 em 40 anosFinanciado pela empresa americana General Motors

ProjetoPilotodeReflorestamentoemAntoninaÁrea total: 3.300 hectares, localizados no município de Antonina Área restaurada: 239 ha. Total de carbono sequestrado: 85.783 tCO2 em 40 anosDesmatamento esperado no cenário de linha de base: 902 ha Emissões evitadas: 63.158 tCO2 em 40 anos (entre os anos 2002 e 2042) Total geral (restauração + conservação): 148.941 tCO2 em 40 anosFinanciado pela empresa americana Chevron

ProjetoAçãocontraoAquecimentoGlobalemGuaraqueçabaÁrea total: 6.700 hectares, localizados no município de Guaraqueçaba. Área restaurada 359 ha. Total de carbono seqüestrado: 124.385 tCO2 em 40 anosDesmatamento esperado no cenário de linha de base: 4.717 ha Emissões evitadas: 369.293 tCO2 em 40 anos (entre os anos 2000 e 2040)Total geral (restauração + conservação): 493.678 tCO2 em 40 anosFinanciado pela empresa American Eletric Power

O objetivo do projeto é transformar áreas originalmente utilizadas para criação de búfalos em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e implementar ações de reflores-tamento, proteção e fiscalização contra invasões e atividades externas, bem como degrada-ção causada pelos búfalos nas florestas primárias. Todas as áreas são privadas e pertencem à ONG Sociedade de Proteção e à Vida Silvestre e Educação Ambiental (SPVS). A TNC-Brasil presta assessoria técnica e financeira e gerencia os fundos do projeto.

Aspectos metodológicos

Linha de baseGerada a partir do modelo de projeção do desmatamento GeoMod. Foi feito também um

40anos1.397.213tCO2e34.930tCO2e/a

Conservação da Floresta Atlântica, Projeto Piloto de Reflorestamento e Projeto Ação contra o Aquecimento Global em Antonina e guaraqueçaba

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 1,58 %

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estudo multi-temporal, para verificar a evolução histórica do desmatamento em cada tipo de vegetação.

AdicionalidadeAs florestas, que antes do início do projeto eram fazendas privadas de criação de búfalo, estavam sob pres-são de desmatamento pelos proprietários e em constante degradação pelo avanço dos búfalos na floresta. Além disso, existiam diversos casos de extração ilegal de palmito e madeira, feito por agentes externos ao projeto. A aquisição e transformação da área em RPPN gera um compromisso perpétuo de conservação por parte dos novos proprietários. O recurso investido pelas empresas em troca dos créditos de carbono era a única maneira de garantir a compra e efetiva implementação das atividades de conservação previstas.

VazamentosO principal risco de vazamentos era que os ex-proprietários comprassem novas áreas para instalação de um novo rebanho de búfalos. A estratégia para lidar com este problema foi comprar as fazendas com todo o rebanho, para evitar que este fosse instalado em outras áreas, e monitorar os ex-proprietários durante um certo período para garantir que eles não comprariam novas áreas para instalação de atividades que causassem desmatamento. Além disso, as áreas no entorno do projeto foram mapeadas e monitoradas, e qualquer ocor-rência de desmatamento foi averiguada para garantir que não existia nenhuma relação direta com o projeto.

PermanênciaA partir da transformação da área em RPPN, o proprietário é obrigado a garantir perpetuamente sua conser-vação. Além disso, a implementação de programas de fiscalização e proteção ajuda a garantir que estas flores-tas ficarão de pé. Não existe o risco de incêndios, visto que a área tem índices de precipitação altíssimos e não existem registros de incêndios na região. Outra atividade que garante a implementação dos projetos previstos foi a criação de um fundo permanente, para assegurar a implementação do projeto durante 40 anos.

Monitoramento Feito através de fiscalização da área e trabalho com as comunidades.

Custos e aspectos financeirosDesenvolvimento e implementação – O projeto recebeu um investimento inicial total de US$18 milhões pela compra do carbono, das três empresas. Destes, 30% foram utilizados para a compra das propriedades e o restante é mantido em um fundo permanente, que garante a manutenção do projeto por 40 anos.

Destino dos créditos e preçoTodo o carbono pertence aos compradores, nas respectivas áreas onde foram feitos seus investimentos.

Relação com esquema nacionalO projeto foi elaborado em um período muito anterior ao início das discussões de REDD+ em âmbito nacional, sendo assim não foi estabelecido um diálogo neste ámbito na época de início do projeto.

Principais desafiosA manutenção das áreas destinadas à conservação e trabalho em conjunto com as comunidades.

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Projeto carbono Suruí

O projeto consiste na proteção de uma terra indígena, atualmente ameaçada por invasões, extração ilegal de madeira e conversão de terra para agricultura e pecu-ária. O projeto está localizado na terra indígena Sete de Setembro, entre os muni-cípios de Cacoal e Espigão d’Oeste no Estado de Rondônia; e Rondolândia, no es-tado do Mato Grosso. Sua área total é de 248.000 hectares, divididos entre Floresta Ombrófila Submontana Aberta e Floresta Ombrófila Submontana Densa.

O projeto é desenvolvido pela Associação Metareilá, proponente do projeto que apóia e fiscaliza as atividades e é quem viabilizará o repasse de recursos ao povo Paiter-Suruí; em parceria com a ONG Kanindé, responsável pela elaboração do etnozoneamento, assistência técnica e plano de reflorestamento; a ONG Forest Trends e Incubadora Katoomba, que fornecem apoio técnico na formulação e implementação do projeto, assessoria jurídica, capacitação em pagamento por serviços ambientais e contato com investidores; o Idesam é responsável pela construção dos cenários de linha de base, quantificação das reduções de emissões e coordenação técnica do DCP; a ACT-Brasil, responsável pelo processo de construção participativa do projeto, assessoria jurídica à Metareilá e assessoria antropológica do projeto, bem como o desenvolvimento do ban-co de dados de SIG; e FUNBIO, responsável por construir e gerir o fundo permanente do projeto que repassará recursos para a Associação Metareilá.

Aspectos metodológicos

Linha de baseNo cenário de business as usual, uma porção significativa da TI seria desmatada para a implantação de atividades produtivas (ex. pecuária e agricultura) de produ-tores e fazendeiros locais, assim como pelas próprias populações indígenas. Para tanto, está sendo construído um modelo específico de projeção do desmatamento, considerando a influência dos principais vetores de desmatamento na área do pro-jeto. As estimativas preliminares foram feitas com base no modelo SimAmazonia I.

AdicionalidadeSob as atuais condições, a conservação florestal é economicamente menos atrativa do que outros usos da terra. Sem os recursos do carbono, seria cada vez mais difícil para o povo Suruí proteger suas florestas e evitar a conversão para outros usos do solo. Assim, os recur-sos financeiros gerados pelos créditos serão investidos no estabelecimento de alternativas econômicas viáveis baseadas em sistemas agroflorestais sustentáveis, combinados com outras opções complementares de geração de renda que ainda estão sendo discutidas.

VazamentosA abordagem para lidar com vazamentos ainda está sendo definida. Vazamentos causados por mudanças de atividades das comunidades serão monitoradas dentro de um “cinturão de vazamentos”, e serão também desenvolvidas atividades que

30anos5milhõestCO2e166.667tCO2e/a

Brasil

Taxa de desmatamento do país: 0,6 % – GFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,30 %

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possam mitigar este risco, tais como atividades alternativas de produção florestal e agricultura.

PermanênciaO projeto espera lidar com o risco de não-permanência através do desenho de projeto sólido e parti-cipativo, a criação de um mecanismo financeiro de longo prazo, baseado em um fundo permanente e investimentos em alternativas de geração de renda sustentável. Estas atividades são parte de um plano de 50 anos que os Suruí criaram para guiar seu desenvolvimento. Uma porção dos créditos será reservada à comercialização, de acordo com a análise de parâmetros de risco do VCS.

Monitoramento Será feito com a colaboração das comunidades locais, através de uma combinação entre análises de imagens de satélite e coleta de dados sobre os estoques de carbono, além do sistema público do PRODES38. Prevê também monitoramento social e da biodiversidade, baseado em monitoramento comunitário com contribuições de instituições parceiras.

Custos e aspectos financeirosDesenvolvimento: Aproximadamente US$ 390.000.Implementação: US$ 3 milhões nos primeiros 3 anos e posteriormente US$ 500.000 ao ano.39

Fontes de financiamento: O desenho do projeto é financiado por doações de organizações filan-trópicas e busca financiadores para ser implementado.Retornos financeiros: Ainda não definidos

Destino dos créditos e preçoAinda não definido, mas espera-se vender os créditos no mercado voluntário.

Relação com esquema nacionalNão existe uma ligação direta com um esquema nacional de REDD+. No entanto, qualquer esquema nacio-nal venha a ser implantado no Brasil deverá contabilizar os territórios indígenas já demarcados, que abran-gem 15% do território nacional e, portanto, terá uma relação direta com o Projeto Carbono Suruí.

Principais desafiosUm dos principais desafios encontrados pelo projeto são as incertezas que existem sobre o direito de po-pulações indígenas desenvolverem projetos de carbono, vendê-los e receber benefícios de REDD+ direta-mente, que tem significado certa barreira e desincentivo para a captação de recursos, articulação política e envolvimento de parceiros internacionais no projeto. Também é um desafio desenhar uma linha de base que reflita adequadamente as futuras pressões sobre o povo Suruí, visto que as taxas históricas de des-matamento são baixas, mas tem a tendência de aumento no futuro. Outros pontos estratégicos tem sido fortalecer a capacidade institucional do povo Paiter-Suruí para a administração e repartição dos recursos financeiros, e desenvolver uma abordagem para lidar com vazamentos.

38 Para mais informações, acesse www.obt.inpe.br/prodes | 39 É importante destacar que estes valores são preliminares e podem sofrer

alterações no futuro. Estes custos só serão considerados a partir do terceiro ano, quando iniciar a implementação do projeto no campo.

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programa Sociobosque

O Programa SocioBosque (PSB) é uma iniciativa do Governo do Equador para conservar suas florestas naturais e melhorar a qualidade de vida de suas comuni-dades. O projeto engloba todo o territorio nacional, e tem uma meta de conserva-ção de 4 milhões de hectares (66% das florestas que estão fora do Sistema Nacional de Áreas Protegidas), que será alcançada através de incentivos financeiros a pro-prietários de terras e comunidades que voluntariamente aderirem ao programa.

O programa é implementado pela Secretaria de Meio Ambiente do Equador. Di-versos memorandos de entendimentos (acordos de cooperação) foram assinados entre o PSB e diversas ONGs para executarem o programa. De acordo com estes acordos, as ONGs irão facilitar o proceso de inclusão de novos beneficiários ao programa, em coordenação com a Secretaria de Meio Ambiente.

Aspectos metodológicos

Linha de baseO cenário de linha de base foi definido considerando as taxas médias de desma-tamento dos últimos dez anos no país e projetando-as linearmente para os próxi-mos sete anos, o que corresponde a uma perda de 198.000 hectares/ano. Cálculos preliminares estimam uma redução de emissões potencial de 190 milhões tCO2 em 7 anos a partir do início do projeto.

AdicionalidadeInformação não disponível.

VazamentosInformação não disponível.

PermanênciaNão existem descontos previstos no caso de perda de área florestal, apenas um mecanismo de sanção previsto para os casos de não cumprimento ao acordo. No entanto, caso exista perda de cobertura florestal, esta é quantificada e diminui-se o valor do incentivo.

Monitoramento As reduções serão monitoradas pela Secretaria de Meio Ambiente, através da im-plementação de um sistema de monitoramento de emissões de GEE, seguindo guias de LULUCF aplicadas ao setor florestal. Ainda, o status da cobertura florestal será monitorado através de sensores remotos e visitas de campo.

7anos190milhõestCO2e27.142.857tCO2e/a

Equador

Taxa de desmatamento do país: 1,8 % – GFAD

Taxa de desmatamento do projeto: 1,8 %

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Custos e aspectos financeirosDesenho e Implementação: Entre US$80 e 100 milhões por ano para implementar o programa, quando se alcançar a meta total de hectares e conforme o valor atual do incentivo.Fontes de financiamento: Recursos governamentais.A quantia paga para cada proprietário privado ou comunidade pode atingir um máximo de US$30/ha/ano, transferidos duas vezes ao ano e incluídas em um acordo de 20 anos.

Destino dos créditos e preçoAinda não existe a geração de créditos e o projeto é financiado atualmente apenas pelo governo. A idéia é trabalhar para tornar o PSB compatível com um futuro mecanismo internacional de REDD+.

Relação com esquema nacionalO programa é um dos componentes da estratégia nacional de REDD+ do Equador.

Principais desafiosGarantir a sustentabilidade financeira no logo prazo, e o constante monitoramento das propieda-des incluídas no programa.

Maisinformaçõesemwww.ambiente.gov.ec/paginas_espanhol/sitio/index.html

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20anos20milhõestCO2e1milhãotCO2e/a

Projeto de Redução de Emissões por Desmatamento Evitado e Degradação de Florestas na Reserva da biosfera maya

O objetivo do projeto é a implementação de uma área protegida que se encontra atualmente sob grande pressão de desmatamento e degradação. O projeto abrange uma área de 4 municípios, localizado no departamento de Petén, região Norte da Guatemala. A área do projeto é de 600.000 hectares, nas Terras Baixas da Penínsu-la de Yucatán, com florestas tropicais úmidas.

O projeto é desenvolvido através de uma parceria entre o Conselho Nacional de Áreas Protegidas da Guatemala, que administra as áreas onde o projeto está sendo desenvolvido; a Associação de Comunidades Florestais de Petén (ACOFOP), res-ponsável pelas atividades de redução do desmatamento através do manejo florestal sustentável em concessões florestais; o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais, que é membro da comissão de coordenação do projeto e ponto focal da Guatemala na UNFCCC; a Associação Grêmio de Exportadores de Produtos não tradicionais, que apóia financeiramente o desenvolvimento do DCP e a etapa inicial de implementação das atividades para redução do desmatamento; a USAID - missão Guatemala, que apóia financeiramente a gestão inicial do projeto e sua administração; o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que apóia fi-nanceiramente a administração do projeto e o desenvolvimento do marco legal e metodológico; e a Rainforest Alliance, que atua como assessor técnico e facilitador em todo o processo de desenvolvimento do projeto.

Aspectos metodológicos

Linha de baseSerá construída através de modelos de mudança de uso e cobertura do solo (LCM) que irão projetar a dinâmica futura de desmatamento na região. O projeto conta com informações históricas de boa qualidade sobre o desmatamento nos últimos 20 anos, que estão sendo utilizadas como referência para o desenvolvi-mento da linha de base.

AdicionalidadeA adicionalidade foi estudada com base na ferramenta de análise de adicionali-dade40, que identificou diversas barreiras de investimentos, institucionais e so-cioculturais que impedem a contenção do desmatamento na área, na ausência do projeto.

VazamentosA principal ameaça de vazamentos relaciona-se com ameaças externas que podem causar desmatamentos em outros locais a partir da implementação do projeto.

Guatemala

Taxa de desmatamento do país: 1,4 % – MFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,42 %

40 Disponível em http://cdm.unfccc.int/methodologies/ARmethodologies/tools/ar-am-tool-01-v2.pdf

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Para lidar com este problema, atualmente, está sendo construído o cenário linha de base para uma região de aproximadamente 4.000.000 ha (incluindo a área do projeto), que permitirá identificar as zonas de vazamento e desenvolver alternativas para combatê-lo.

PermanênciaO projeto é proposto por grupos que tem uma base social com alto nível de organização, com ex-periência em implementação de atividades produtivas que dão valor às florestas, como por exemplo manejo florestal e estratégias de redução do desmatamento a fim de garantir a permanência dos cré-ditos. Além disso, pretende-se criar um buffer de créditos para lidar com outros possíveis riscos.

Benefícios adicionais Proteção de sítios arqueológicos mayas.

Monitoramento Estratégia em desenvolvimento.

Custos e aspectos financeirosDesenvolvimento (pre-implementação/validação): US$ 1.000.000Implementação: Entre US$3 e 5 mi por ano. Fontes de financiamento: USAID, BID, Asociación Gremial de Exportadores, Conselho Nacional de Áreas Protegidas (CONAP)Retornos financeiros: Estima-se ao redor de US$ 5 milhões por ano, considerando o preço do carbono variando entre US$4 e 5 por tCO2.

Destino dos créditos e preçoAinda não se chegou a uma negociação, mas existem possibilidades de vendas ao setor privado e organismos multilaterais.

Relação com esquema nacionalO projeto será montado sobre uma linha de base subnacional, que representa quase 35% do terri-tório do país. Atualmente, se discute como esta linha de base poderá ser integrada dentro de uma linha de base nacional.

Principais desafiosEstabelecer consenso com os principais atores, os governos e os gestores da floresta. O entendimento geral do conceito REDD, já que existem muitas divergências e incertezas, também foi um desafio.

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20anos1,9milhõestCO2e95.000tCO2e/a

Programa de Serviços Ambientais por Sequestro de Carbono na Reserva da Biosfera Sierra de las Minas

O projeto da Reserva da Biosfera Sierra de Las Minas está localizado nos muni-cípios de La Tinta e Purulhá, nos departamentos de Baja Verapaz e Alta Verapaz, região central/norte da Guatemala. Sua área total é de 102.939 ha, contendo Flo-restas Tropicais Úmidas e Floresta Montana.

O objetivo do projeto é gerar recursos para garantir a efetiva implementação de parte da reserva que encontra-se sob grande pressão de desmatamento. O projeto situa-se em uma área de floresta natural e prevê, além da conservação florestal, a recuperação de áreas desmatadas, reflorestamentos, medidas de controle de incên-dios florestais e a criação de fontes de geração de renda sustentável para a popula-ção no entorno de sua área.

O projeto é desenvolvido em parceria entre o Conselho Nacional de Áreas Pro-tegidas, gestor das APs, responsável pela outorga de permissões de permanência das comunidades que vivem dentro da reserva; Defensores de la Naturaleza, uma ONG nacional que é co-gestora da área e implementará o projeto; Rainforest Alliance, que apoia o desenho do projeto e a busca por compradores dos crédi-tos; a The Nature Conservancy, que assessora o desenvolvimento do mecanismo financeiro; Universidade do Vale da Guatemala, que fornece assistência técnica, e Fundação Solar Sandia Labs, que fez a análise e atualização das informações sobre os estoques de carbono.

Aspectos metodológicos

Linha de baseAs estimativas de REDD do projeto serão feitas utilizando uma linha de base projetada, a ser desenvolvida através de um modelo LCM. Os dados sobre os estoques de carbono da vegetação e suas respectivas emissões no cenário de desmatamento serão obtidos através de inventários florestais locais.

AdicionalidadeO governo da Guatemala não tem condições de prover o adequado e necessário fluxo de recursos para garantir a fiscalização do parque, que se encontra sob ameaça de invasões e desmatamentos ilegais. Além disso, as comunidades do entorno não recebem assistência técnica do governo para garantir os meios necessários para sua sobrevivência. Assim, os recursos do carbono são a única garantia de que a área terá controle e fiscalização e as comunidades do entorno receberão não apenas assistên-cia técnica, mas também terão acesso a outras fontes de renda sustentáveis.

Guatemala

Taxa de desmatamento do país: 1,4 % – MFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,17 %

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VazamentosO risco de vazamento consiste nas comunidades que desmatariam a área do parque na linha de base e que, por estarem impossibilitadas de desmatar a partir da implementação do projeto, pode-riam migrar para desmatar outras áreas fora dos limites do projeto. Para lidar com isso, o projeto pretende implementar medidas para estabilizar as comunidades que já vivem dentro de sua área, melhorando sua qualidade de vida e gerando outras fontes de renda. Um plano de monitoramento de vazamentos será implementado na área do projeto e limites do Parque. Será criado também um buffer de créditos, com porcentagem ainda não definida.

PermanênciaPropõe-se a criação de um fundo permanente com os recursos gerados pelo carbono, a fim de garantir o fluxo de recursos necessários para as atividades previstas inicialmente durante o tempo de vida do projeto e possivelmente após o término também. Além disso, serão feitos acordos de fiscalização com o governo e serão implementadas atividades de desenvolvimento sustentável jun-to às comunidades de entorno.

Monitoramento O monitoramento dos estoques e dinâmica do carbono será feito através de inventários florestais, baseados em uma metodologia proposta pela Winrock International.

Custos e aspectos financeirosEtapa de desenho: (PIN/inventário): US$130.000 Fontes de financiamento: Apoio das instituições envolvidas no projetoRetornos financeiros: Ainda estão sendo calculados. A partir do estabelecimento do cenário de linha de base e estoques de carbono, serão gerados dados que permitirão verificar a factibilidade econômica e o preço necessário do carbono para que o projeto seja viável.

Destino dos créditos e preçoO projeto ainda não chegou a esta etapa, mas tem intenções de vender os créditos gerados no mercado voluntário, com certificação CCB e VCS.

Relação com esquema nacionalO projeto foi discutido e articulado com o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (órgão gover-namental) e busca contribuir para o desenvolvimento de marcos políticos e regulatórios para REDD+, ainda inexistente no país.

Principais desafiosLidar com as indefinições legais existentes no país e garantir os recursos necessários para o desenho completo do projeto.

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20anos1.237.557tCO2e61.878tCO2e/a

Projeto “Desmatamento Evitado no Parque Nacional Sierra del Lacandón”

O projeto consiste na efetiva implementação do Parque Nacional Sierra del Lacandón, localizado no município de La Libertad, departamento de Petén, região Norte da Gua-temala. O Parque está incluído dentro da Reserva da Biosfera Maya, em uma área de 171.300 ha, contendo Florestas Úmidas de Usumacinta e Florestas de montanhas.

O objetivo do projeto é gerar recursos para garantir a efetiva implementação do Parque, que possui uma população de aproximadamente 15.000 pessoas vivendo basicamente de agricultura e pecuária. O projeto situa-se em uma área de floresta natural conservada e prevê, além da conservação florestal, a recuperação de áreas desmatadas, medidas de controle de incêndios florestais e a implementação de outras fontes de geração de renda sustentável.

O projeto é uma parceria entre o Conselho Nacional de Áreas Protegidas, gestor das APs e quem outorga permissões de permanência das comunidades que vivem nestas áreas; Defensores de la Naturaleza, uma ONG nacional que co-gere a área e imple-mentará o projeto; Rainforest Alliance, que apóia o desenho do projeto e a busca por compradores; a TNC, que assessora o desenvolvimento do mecanismo financeiro; a ONG Oro Verde, fornece assistência técnica e financeira e apoia a busca por compra-dores; a Conservação Internacional (CI), contribuiu para o desenho do modelo de desmatamento e atua na Plataforma Nacional de Mudanças Climáticas; e o Governo da Guatemala, contribuindo com aportes para realizar os inventários de carbono.

Aspectos metodológicos

Linha de baseO estabelecimento do cenário de linha de base do projeto será feito através de projeções baseadas na “Methodology for Estimating Reductions of Greenhouse Gases Emissions from Frontier Deforestation”. Os dados sobre estoque de carbono da vegetação e suas respectivas emissões serão obtidos através de inventários florestais e análises de imagens de satélite.

AdicionalidadeO governo da Guatemala não pode prover o adequado e necessário fluxo de recursos para garantir a fiscalização do parque, que se encontra sob o risco de invasões e des-matamentos ilegais. As comunidades da área e seu entorno não recebem assistência do governo para garantir os meios necessários para sua sobrevivência. Assim, os recursos do carbono são a única garantia de que haverá controle e fiscalização, e as comunidades rece-berão não apenas assistência, mas também acesso a outras fontes de renda sustentáveis.

Guatemala

Taxa de desmatamento do país: 1,4 % – MFMD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,48 %

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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VazamentosO risco de vazamentos consiste em um possível deslocamento das comunidades que desmatariam dentro do parque na linha de base e que, com a implementação do projeto, poderiam passar a des-matar em outras áreas externas. Para lidar com isso, o projeto pretende implementar medidas para estabilizar as comunidades que já vivem dentro da área, melhorando sua qualidade de vida e gerando outras fontes de renda, e monitorar e fiscalizar as áreas do projeto e do entorno do Parque. Será criado também um buffer de créditos, com porcentagem ainda não definida.

PermanênciaPopõe-se a criação de um fundo permanente com os recursos gerados pelo carbono, a fim de garantir o fluxo de recursos necessários para as atividades previstas inicialmente durante o tempo de vida do projeto e possivelmente após o término também. Além disso, serão feitos acordos de fiscalização com o governo e a implementação de atividades de desenvolvimento sustentável junto às comunidades de entorno.

Monitoramento O monitoramento dos estoques e dinâmica do carbono será realizado por inventários florestais, baseados na “Methodology for Estimating Reductions of Greenhouse Gases Emissions from Frontier Deforestation”.

Custos e aspectos financeirosEtapa de desenho: (PIN/inventário): US$100.000 Fontes de financiamento: Apoio das instituições envolvidas no projetoRetornos financeiros: Ainda estão sendo calculados. A partir do estabelecimento do cenário de linha de base e estoques de carbono, serão gerados dados que permitirão verificar a factibilidade econômica e o preço necessário do carbono para que o projeto seja viável.

Destino dos créditos e preçoO projeto ainda não chegou a esta etapa, mas tem intenções de vender os créditos gerados no mercado voluntário.

Relação com esquema nacionalO projeto foi discutido e articulado com o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (órgão gover-namental), e busca contribuir com o desenvolvimento de marcos políticos e regulatórios para REDD+, ainda inexistentes no país. Também, se trabalha na oficialização das linhas de base sub-nacionais para a Guatemala, que inclui o projeto.

Principais desafiosLidar com as indefinições legais existentes no país e garantir os recursos necessários para o de-senho completo do projeto, assim como establecer condições favoráveis que permitam o desen-volvimento dos mercados de carbono na Guatemala. Também, a busca de fontes de recursos para concluir o DCP.

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35anos13milhõestCO2e371.429tCO2e/a

Projeto Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Mbaracayú

O projeto consiste na criação e proteção de uma área protegida privada na região leste do Paraguai, que é uma zona conflituosa e sob grande pressão de uso da terra. O Projeto está localizado na Reserva Natural del Bosque MBaracayu em Ygatimí, no Departamento de Canindeyú – Paraguai, cuja área é 64.400 hectares.

O projeto foi um dos pioneiros em termos de compensação por conservação de florestas e como não havia nenhuma definição clara de temas como REDD na data de início do projeto (1990), os proponentes tiveram que criar alguns conceitos e montar um arranjo estrutural próprio para o desenvolvimento do projeto.

O projeto é administrado e implementado pela Fundación Moises Bertoni, que tem a função de executar as ações previstas pelo projeto; e a The Nature Con-servancy (TNC) como parceira responsável pela administração dos recursos da venda do carbono seqüestrado.

Aspectos metodológicos

Linha de baseEm 1990, a metodologia existente implicava na medição do carbono sequestrado pela floresta com base em inventários de medição de carbono no solo, raízes, e cobertura vegetal. Desta maneira, a partir da garantia de conservação do parque firmada entre a Fundação Moises Bertoni e a empresa AES, foi feita uma estima-tiva de quanto carbono seria sequestrado pela floresta em 35 anos, chegando a um cálculo de 27 milhões, dos quais 13 seriam utilizados pela empresa para sua compensação. A metodologia utilizada foi validada por “experts” internacionais em medição de carbono florestal.

AdicionalidadeCom base nas estatísticas e imagens de satélites de desmatamento das áreas vizin-has, verificou-se que o cenário business-as-usual sem a criação da reserva seria o desaparecimento daquelas florestas. Isto se confirma também pelo fato de que, no momento da criação do projeto, existia a oferta de compra da área por um grupo brasileiro para implementar um projeto agrícola na região.

VazamentosO projeto conta com diversas iniciativas socioeconomicas e ambientais que estão em andamento na área de entorno no projeto, onde existem comunidades tradi-cionais e indígenas. A estratégia do projeto é criar alternativas de geração de renda e desenvolvimento rural, bem como a educação e capacitação técnica, para manter estas famílias em suas áreas e garantir que não haja deslocamento de atividades de desmatamento que seriam realizadas na área do parque para outras áreas.

Paraguai

Taxa de desmatamento do país: 1 % – MFMD

Estimativas da taxa de desmatamento do projeto não se aplicam neste caso.

Baseada em estoques de C

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PermanênciaEstá baseada em marcos legais de proteção e cooperação com as comunidades vizinhas em prol da conservação, que incorporaram boas práticas ambientais em seus sistemas de produção. Também, foi criado um fundo fiduciário, alimentado por recursos da venda inicial dos créditos de carbono, que garante a sustentabilidade dos recursos mesmo após o final do contrato de venda (35 anos).

Benefícios adicionais A criação de um selo socioambiental para produtos das comunidades do entorno, criação de um centro educacional para comunidades rurais e indígenas, com um curso técnico em ecologia. Em 2000, a Unesco criou a primeira Reserva da Biosfera do país, tendo a reserva Mbaracayú como núcleo. O plano de tra-balho prevê cinco temas: (i) Consolidar a gestão da reserva e a criação de um comitê local, (ii) Pesquisas Científicas, (iii) Desenvolvimento Rural, (iv) Educação Ambiental, (v) Iniciativas de Conservação priva-das, para criar novas reservas.

Monitoramento O monitoramento do desmatamento e estoques de carbono das florestas será através de imagens de satélites e levantamentos in situ.

Custos e aspectos financeirosImplementação: US$2.000.000 para compra da propriedade e conversão em reserva e US$150.000 anuais para estabelecimento do sistema de trabalho e proteçãoManutenção: US$ 500.000 anuaisFontes de financiamento:

Fundo fiduciário: criado a partir da venda inicial do créditos de carbono (representa cerca de •50% dos custos totais)Cooperação Internacional: Para financiar parte dos custos totais (ex:USAID, UE, Banco •Mundial, BID, AECID, outros)Retornos financeiros: Através dos rendimentos do fundo fiduciário, que se iniciou com •US$1.500.000 e atualmente possui cerca de US$ 5.200.000.

Destino dos créditos e preçoNão houve venda de créditos. O valor de US$ 0,15 t/CO2 diz respeito ao valor da doação feita pela AES Corp. traduzido em toneladas de carbono.

Relação com esquema nacionalO sistema nacional do Paraguai ainda está em desenvolvimento, e o projeto pode ser útil para o desenvolvimento de projetos semelhantes.

Principais desafiosManter a área conservada frente a pressões externas, visto que a área está em uma das zonas mais conflituosas do país. Também, arcar com os significativos custos anuais que necessitam de outras fontes, complementares ao fundo fiduciário.

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30anos4.243.582tCO2e141.453tCO2e/a

Projeto de Reflorestamento e Desmatamento Evitado na Floresta Protegida Alto MayO e área de entorno

O objetivo do projeto é garantir a efetiva implementação e conservação de uma área protegida e seu entorno. O Projeto abrange 11 municípios localizados nas regiões de San Martin e Amazonas, na região norte do Peru. Sua área total é de aproximada-mente 425.405 hectares, divididos entre floresta amazônica e floresta montana.

O projeto é realizado em parceria entre a Conservação Internacional (CI), líder do projeto, a Asociación para la Investigación y el Desarrollo Integral (AIDER), ONG responsável pelos levantamentos dos dados de biomassa e carbono; Aso-ciación de la Virgen de la Medalla Milagrosa (AVMM), ONG responsável pela implementação dos acordos de conservação; Asociación Ecosistemas Andinos (ECOAN) – outra ONG encarregada de implementar os acordos de conservação, e; o Ministerio do Meio Ambiente (MINAM), através do Serviço Nacional de Áre-as Naturais Protegidas (SERNANP), que apoia a implementação do projeto através da coordenação do Bosque de Proteção Alto Mayo. O projeto ainda conta com o apoio jurídico da Sociedad Peruana de Derecho Ambiental (SPDA).

Aspectos metodológicos

Linha de baseO projeto utiliza um modelo de projeção futura do desmatamento (Idrisi), que incor-pora dados de análise histórica de mudança de uso do solo, obtidos através de ima-gens de satélite e faz projeções futuras das tendências de desmatamento na região.

AdicionalidadeA área está localizada em uma região sob grande pressão de migração, por conta de populações rurais que vêm dos Andes para se instalar na região e conduzir processos de desmatamento e instalação de cultivos agrícolas. Como o Estado não é capaz de fornecer fundos constantes e suficientes para garantir a efetiva proteção e implemen-tação da área, é através dos benefícios financeiros gerados pelo carbono que estas despesas serão custeadas.

VazamentosUm dos riscos do projeto é que as populações que vivem dentro da reserva se mudem para a área de entorno e causem aumento das emissões fora da reserva. Neste caso, serão feitos acordos de conservação com estas populações, que poderão continuar vivendo em suas comunidades já estabelecidas, mas que concordem em não desma-tar novas áreas. Na zona de amortecimento (entorno) serão também desenvolvidas atividades de assistência técnica e melhoria dos sistemas agroflorestais. Atividades de controle e fiscalização serão feitas em coordenação com as autoridades locais.

Peru

Taxa de desmatamento do país: 0,1 % – GFBD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,24 %

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PermanênciaSerão promovidas atividades sustentáveis que forneçam outras fontes de renda às comunidades, tais como sistemas agroflorestais, e atividades de ecoturismo, especialmente nas áreas de amortecimento do Parque (entorno). Existe a previsão de um buffer de créditos, mas isto ainda está em definição.

Monitoramento O monitoramento das reduções de emissões será feito utilizando metodologias propostas pelo Bio-Carbon Fund (BioCF) e em validação no Voluntary Carbon Standards (VCS). Para os co-benefícios, se utilizará as metodologias de Acordos de Conservação, que consiste em estabelecer acordos com as comunidades locais para gerar atividades de conservação e evitar o avanço do desmatamento.

Custos e aspectos financeirosFase de desenho: US$2 milhões, em 3 anosFontes de financiamento: Walt Disney CompanyRetornos financeiros: Ainda não calculados

Destino dos créditos e preçoEstas VERs serão utilizadas para compensar as emissões da Walt Disney Company.

Relação com esquema nacionalO sistema nacional de REDD+ que o Peru está apoiando é coincidente com este projeto, pois a posição nacional apoia o enfoque nested approach41. O Governo está envolvido e de acordo com seu desenvolvimento e implementação.

Principais desafiosO principal desafios do projeto é a busca de fundos para desenvolver o projeto, especialmente fren-te às dificuldades econômicas mundiais. Outra questão foi quanto à necessidade de capacitação dos envolvidos sobre o tema (bem como governo e população beneficiária).

41 Para mais detalhes veja Pedroni et al 2009.

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20anostCO2eN/D

Projeto de Redução de Emissões de Carbono por Desmatamento Evitado para a Proteção do Parque Nacional Cordilheira Azul

O objetivo do projeto é garantir a manutenção de uma área protegida, o Parque Nacional Cordillera Azul-PNCAZ, criado no ano de 2002, que depende atualmente de recursos ex-ternos sem estabilidade para sua implementação. A proposta é que os recursos do projeto possam garantir os fluxos financeiros necessários para sua manutenção a longo prazo. O Parque abrange 6 municípios localizados nas regiões de San Martin, Ucayali, Huanuco e Loreto, no Peru, somando uma área total de 1.353.191 hectares, com vegetação de Floresta Tropical Montana de Neblina e Florestas em Colinas, nas Yungas Peruanas.

O projeto está sendo proposto em parceria entre o Centro de Conservación, In-vestigación y Manejo de Áreas Naturales (CIMA – Cordillera Azul), The Field Museum of Natural History de Chicago, TerraCarbon LLC e o Serviço Natural de Áreas Naturais Protegidas, ente do Governo Peruano.

Aspectos metodológicos

Linha de baseO cenário de linha de base foi elaborado através de um modelo de simulação (Land Use Change Modelling – LCM) para projetar o desmatamento que acon-teceria no Parque e sua zona tampão, utilizando uma região de referencia de 2,8 milhões de hectares (pouco maior que a área do parque e sua zona tampão). Irá considerar todo o período de duração do projeto, de 2007 a 2027. Como a meto-dologia utilizada ainda está em processo de validação junto ao VCS, estes dados são preliminares e poderão sofrer ajustes no futuro.

AdicionalidadeO fato da área ter sido declarada Parque Nacional em 2002 não garante automatica-mente sua conservação. Foram necessários numerosos e intensos esforços para con-seguir os fundos que garantam sua implementação, visto que o Estado Peruano tem orçamento limitado para implementar áreas protegidas. Neste sentido, o projeto de carbono seria uma das possibilidades para apoiar ações de manejo da área do parque e sua zona de entorno, garantindo assim sua efetiva proteção e consolidação.

VazamentosO principal risco de vazamentos é o deslocamento de atividades que aconteceriam dentro da região do parque e que, após o início do projeto, se desloquem para ou-tras áreas, visto que existe um processo de migração em curso naquela região. Para lidar com este prolema, foi criado um buffer ao redor da reserva para monitorar possíveis vazamentos, com mais de 2,3 milhões de hectares, limitada por diversos rios a seu redor, para monitorar possíveis vazamentos. Além disso, o projeto prevê a criação de um buffer de créditos, onde 15 a 20% dos créditos gerados serão pos-tos à parte para lidar com o caso de vazamentos e não permanência.

Peru

Taxa de desmatamento do país: 0,1 % – GFBD

Taxa de desmatamento do projeto: N/D

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PermanênciaAté os dias atuais, todas as ações executadas no Parque - incluindo aquelas desenvolvidas na zona tampão, para reduzir as ameaças ao parque - dependiam de recursos exclusivos de doação de fontes internacionais. Ao conseguir benefícios financeiros de carbono é possível assegurar a sus-tentabilidade econômica do projeto e o estabelecimento de um fundo fiduciário permanente, que permita implementar ações que garantam sua conservação a longo prazo. Não existem muitos pro-blemas com incêndios florestais na área, mas ainda assim, será estabelecido um buffer de créditos de 15 a 20% (ver item acima) para lidar com estes riscos.

Monitoramento Será feito através de análises de imagens de satélites e verificações de campo. Complemetariamen-te, haverá uma metodologia de monitoramento de gestão integral através do Índice de Compatibi-lidade com a Conservação (ICC), que vem sendo implementado desde 2004.

Custos e aspectos financeirosPre-implementação/validação: Aproximadamente US$ 200.000 para desenvolvimento do modelo de desmatamento e o DCP.Implementação: Aproximadamente US$2 milhões anuais, totalizando US$ 40 milhões para toda a duração do projeto. Fontes de financiamento: Para a manutenção do Parque e desenvolvimento de atividades, os re-cursos são oriundos de fontes externas (USAID, Moore Foundation, Blue Moon, entre outras). Para efeitos concretos do desenho do projeto, o principal apoiador é a empresa Exelon.Retornos financeiros: Ainda não calculados.

Destino dos créditos e preçoA idéia é acessar o mercado voluntário para negociar as VERs geradas pelo projeto.

Relação com esquema nacionalAtualmente, o Peru está avaliando e desenhando suas posições sobre esquemas REDD+. No caso do Sis-tema de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado (SINANPE), liderado pelo Serviço Nacional de Área Na-turais (SERNANP) e tendo como base o enfoque “Nested Approach”, viabiliza-se a análise de oportunida-des geradas pelos serviços ambientais presentes, bem como propicia a participação e apoio da sociedade civil, por exemplo por contratos de administração, como no caso do Parque Nacional Cordillera Azul.

Principais desafiosA aplicação de uma metodologia que permita projetar o desmatamento de maneira realista, consi-derando as variáveis que influem na dinâmica do desmatamento é um grande desafio. A questão dos “vazios legais” sobre a regulação do tema, que está em constante desenvolvimento, foi outro desafio.

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20anos27.304.727tCO2e1.365.236tCO2e/a

Madre de Dios Amazon REDD Project

O Projeto consiste na conservação de uma área de 100.000 ha sob concessão florestal, localizada em Iñapari, em Tahuamanu, Madre de Dios – Peru, com vegetação ama-zônica, na região que pertence ao Corredor de Conservação Vilcabamba-Amboró, um dos centros de biodiversidade mais importantes a nível mundial.

O projeto é implementado em uma área de concessão florestal pertencente a duas ma-deireiras: Maderacre e Maderyja, que realizam o manejo florestal certificado (FSC) nestas áreas. Como manejam anualmente uma área muito pequena frente à area do projeto, os recursos do manejo não são suficientes para cobrir os custos de fiscalização e controle da área, que encontra-se sob pressão de invasão e desmatamento

O projeto é uma parceria entre as companhias madeireiras Maderacre SAC e Ma-deryja SAC como donas do projeto, a Greenoxx ONG que desenvolve e financia o projeto, a AIDER, colaboradora local; e apoio da WWF, CESVI e Pronaturaleza, que possibilitaram a obtenção da certificação FSC para as operações de manejo florestal sustentável. O projeto está atualimente validado junto aos Padrões CCB com “gold status”, além disso, foi recentemente inscrito na Plataforma Markit Environmental Registry, como primeiro passo para sua futura validação junto aos Padrões VCS.

Aspectos metodológicos

Linha de baseA linha de base foi estabelecida a partir de dados de carbono de inventários flo-restais e equações alométricas, de acordo com o Guia de Boas Práticas do IPCC, e os dados de projeção de tendências futuras de desmatamento gerados a partir do modelo DINAMICA.

AdicionalidadeA análise de adicionalidade se baseou na ferramenta de adicionalidade do MDL42, comparando o cenário com e sem projeto. O cenário na ausência do projeto é de grande pressão sobre as áreas que não estão sob o sistema de manejo, aumentando as chances de desmatamentos ilegais. Além disso, está prevista a pavimentação da rodovia Interoceanica Sur, que irá também aumentar muito a pressão sobre as florestas e gerar uma maior necessidade de controle e vigilância.

VazamentosA análise de vazamentos se baseou em duas metodologias sob validação no VCS: “Es-timation of emissions from activity shifting for avoided unplanned deforestation43” para

Peru

Taxa de desmatamento do país: 0,1 % – GFBD

Taxa de desmatamento do projeto: 0,88 %

42 http://cdm.unfccc.int/methodologies/ARmethodologies/tools/ar-am-tool-01-v2.pdf | 43 http://www.netinform.

net/KE/files/pdf/13_LK-ASP%20Leakage%20activity%20shifting%20planned%20deforestation%20v1.0.pdf

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

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estimar os vazamentos, e “Methodology for Estimating Reductions of Greenhouse Gases Emissions from Frontier Deforestation44” para determinar o cinturão de vazamentos (área buffer). O projeto prevê ainda o monitoramento dos vazamentos através de uma série de indicadores definidos para este fim.

PermanênciaPretende-se criar um buffer de não-permanência para reter 20% dos créditos gerados pelo projeto. Além disso, atividades previstas de monitoramento e vigilância ajudam a garantir a permanência dos créditos.

Monitoramento Será feito o monitoramento da linha de base para verificar a precisão das projeções utilizadas; do desmatamento, feito in situ e através de imagens de satélite; e o do uso do solo e mudança de cobertura do solo, estoques de carbono, emissões de gases não-CO2 e vazamentos. Além disso, se monitoram também os benefícios sócioambientais gerados pelo projeto.

Custos e aspectos financeirosPre-implementação/validação: US$150.000Implementação: 2009: US$525.434Manutenção: Custos totais em 20 anos - US$ 47.392.771Fontes de financiamento: Greenoxx, Maderacre SAC e Maderyja SACRetornos financeiros: Estimativa de US$ 135.912.633 para os 20 anos, considerando um preço de US$4/tCO2 até o ano de 2009 e de US$5 de 2009 adiante.

Destino dos créditos e preçoO projeto já vendeu suas primeiras 40.000 toneladas de CO2 em maio de 2010, a um preço de US$7 por certificado de carbono.

Relação com esquema nacionalPor estarem em sistemas de concessão, as empresas tem o direito de manejar os serviços ambien-tais destas áreas. Houve diversas consultas com o governo federal, que deu aval para o desenho e implementação do projeto.

Principais desafiosCoordenar o trabalho em equipe com especialistas de diversas áreas distintas e conseguir o en-volvimento de todos os que, de alguma maneira, serão impactados pelo projeto, de maneira a asegurar o cumprimento dos objetivos do mesmo.

44 http://www.v-c-s.org/methodology_mferofffd.html

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20anostCO2eN/D

Projeto “Desmatamento Evitado na Reserva Nacional Tambopata e Parque Nacional Bahuaja Sonene - Madre de Dios”

O objetivo do projeto é proteger as florestas naturais existentes na Reserva Nacio-nal de Tambopata e no Parque Nacional Bahuaja Sonene, através de atividades para promover o desenvolvimento sustentável das comunidades residentes na área de entorno, bem como ações de fiscalização e controle. O projeto está localizado nos municípios de Tambopata e Inambari, região de Madre de Dios, no sudeste do Peru. Sua área total é de 550.000 ha, composta por florestas úmidas tropicais.

O projeto é desenvolvido em parceria entre a Associación para la Investigación y Desarollo Integral (AIDER), que é a responsável técnica e executora do projeto, atra-vés de um contrato de administração com o Estado Peruano; a companhia Bosques Amazônicos (SFMBAM), investidora do projeto e proprietária dos créditos de car-bono; e o Estado Peruano, proprietário do patrimônio florestal da nação.

Aspectos metodológicos

Linha de baseO cenário de linha de base será desenhado a partir de um modelo de simulação do desmatamento baseado no software DINAMICA. O desmatamento ali ocorre, basicamente, de maneira não planejada tanto por expansão da fronteira agrícola quanto a partir da abertura de novas áreas não diretamente ligadas à áreas previa-mente desmatadas. Este padrão depende de vários fatores, como distância de rios navegáveis, centros populacionais, mineração, rodovias e áreas já desmatadas, etc.

AdicionalidadeA construção da Rodovia de Integração Interoceanica Sul, que unirá o Brasil ao Oceano Pacífico é o principal vetor de desmatamento previsto, pois irá diminuir os custos de acesso à floresta e aumentar a rentabilidade das atividades agrope-cuárias. Sem os recursos do carbono, não seria possível à SFMBAM financiar as atividades executadas pela AIDER, e o Estado não teria recursos suficientes para fazê-lo, neste novo cenário de construção da estrada.

VazamentosO projeto criará um “cinturão de vazamentos”, baseado na zona de buffer estabelecida para a Reserva como área para pequisa e análise. Serão monitorados os deslocamentos de atividades agropecuárias e extração de minério como principais fatores de vazamen-tos. Contudo, espera-se que estes vazamentos sejam minimizados pela implementação de um programa de fomento a iniciativas produtivas alternativas, que modifiquem o padrão de desenvolvimento econômico da região, associado ao desmatamento.

PermanênciaA AIDER tem um contrato de 7 anos para administração da área, com possibilida-

Peru

Taxa de desmatamento do país: 0,1 % – GFBD

Taxa de desmatamento do projeto:N/D

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de de extensão para 20. Independentemente, o contrato firmado entre a SFMBAM e o Estado Pe-ruano garante que o Estado se comprometa a realizar as ações necessárias para garantir a perma-nência dos certificados que forem gerados, como ações de controle e fiscalização. Está ainda sendo acordado o mecanismo financeiro que garantirá os pressupostos anuais a partir do oitavo ano.

Monitoramento Será utilizada a metodologia modular, atualmente em processo de validação no Voluntary Carbon Standards45.

Custos e aspectos financeirosDesenho e pré-implementação: US$ 5,2 milhões durante os 7 primeiros anos (inclui inventários de carbono, elaboração da linha de base e DCP, implementação de projetos de produção, etc.) e US$ 500 mil por ano para os 13 anos seguintesFontes de financiamento: A SFMBAM está financiando todos os custos do projeto.Retornos financeiros: Ainda não estimados

Destino dos créditos e preçoAs VERs esperadas serão comercializadas com o setor privado, e já existem negociações neste sentido.

Relação com esquema nacionalO sistema nacional de REDD+ que o Peru está apoiando é coincidente com este projeto, pois a po-sição nacional apoia o enfoque nested approach46. Este projeto, em particular, conta com o respaldo formal do Estado Peruano, através de um Contrato de Administração. Atualmente, o Peru vem ini-ciando o processo de preparação do Readiness Proposal Plan para o Banco Mundial (FCPF). Além disso, existe um consorcio de organizações da região de Madre de Dios com o objetivo de desenvol-ver ferramentas técnicas consesuadas (modelagem de desmatamento, geração de mapas históricos e estimativa de estoques de carbono), para evitar a proliferação de informações incongruentes entre os projetos, o que poderia afetar a credibilidade de tais projetos.

Principais desafiosEstabelecer o cenário de desmatamento futuro na zona do projeto, visto que o desmatamento histórico não representa a tendência atual e futura, devido à construção de diversas obras de in-fraestrutura. Também, a determinação dos vazamentos associados ao projeto representam outro desafio importante, bem como demonstrar a adicionalidade em uma área natural protegida.

45 Disponível em http://www.v-c-s.org/methodology_rmm.html | 46 ara mais detalhes veja Pedroni et al 2009

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Projetos em fase inicialAlém dos projetos descritos anteriormente, existem outros projetos que ainda estão em fase preli-minar e não dispõem de todas as informações técnicas e metodológicas levantadas pelo guia. Mui-tos destes projetos já incorporam conceitos e lições aprendidas de outros projetos já desenvolvidos. Isto é um claro indicativo do importante papel que iniciativas subnacionais tem no processo de readiness e no processo de replicação de casos de sucesso. Dentre eles, podemos citar:

Projeto Piloto de REDD no Noroeste do Mato Grosso.Localizado em diversos municípios do noroeste do Estado do Mato Grosso, engloba uma área total de 10.500.000 hectares, dos quais cerca de 8,6 milhões são de áreas de remanescentes florestais. É desenvolvido em parceria entre o Governo do Estado do Mato Grosso, a The Nature Conservancy (TNC – Brasil) e o Instituto Centro de Vida (ICV). O projeto tem três objetivos principais: (i)

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melhorar a governança das florestas, (ii) promover a conservação florestal em terras privadas e unidades de conservação e, (iii) compensar os povos indígenas e comunidades tradicionais por seus esforços em prol da conservação florestal. Estima-se uma redução de emissões de cerca de 500 milhões de tCO2, para toda a região, entre os anos 2009 e 2018.

Projeto REDD Calha Norte no Pará.O projeto localiza-se na região Calha Norte do estado do Pará, nas Florestas Estaduais do Paru, Faro e Trombetas, totalizando 7,4 milhões de hectares. É desenvolvido em parceria entre a Se-cretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-PA), a Conservação Internacional (CI) Brasil e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O projeto visa evitar o avanço do desmatamento e promover a conservação dos estoques de carbono nas florestas estaduais, onde

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as principais ameaças são atividades de exploração madeireira, mineração, garimpo e abertura de novas estradas. Visa também envolver os habitantes locais nas atividades previstas pelo pro-jeto, garantindo que as comunidades recebam diretamente os recursos oriundos dos créditos de carbono gerados.

Projeto Apuí Mais Verde, Amazonas.Apuí é um município que ocupa uma área de aproximadamente 5 milhões de hectares no sudeste do Estado do Amazonas, Brasil. O Projeto envolve uma área total de aproximadamente 20.000 ha, composta por propriedades rurais pertencentes a agricultores e pecuaristas de Apuí. O objetivo é a recuperação da qualidade da água e do solo através do reflorestamento de 1.500 ha e a redução de emissões do desmatamento e degradação florestal (REDD) de cerca de 3.800 ha baseados em um componente de pagamento por serviços ambientais. Os cálculos preliminares apontam para cerca de 2,5 milhões de tCO2 em 2035 considerando REDD e reflorestamento.O Idesam desenvolve o projeto em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Apuí. Os produtores são convidados a participar voluntariamente no projeto, escolhendo uma área de pelo menos 5 ha a serem reflorestados em suas propriedades. O projeto fornecerá assistência técnica e mudas, exigindo o comprometimento dos participantes a não desmatarem novas áreas em suas propriedades. O projeto irá estabelecer também um viveiro central de mudas e apoiar o desenvolvimento de novos viveiros. Visa ainda implementar um sistema de pagamentos por ser-viços ambientais aos proprietários que se associarem. O Projeto Apuí Mais Verde tem o intuito de servir para desencadear um processo de mudança social e produtiva, rumo a um plano municipal de desenvolvimento sustentável com baixas emissões de carbono. Atualmente, o projeto está em fase de estruturação com a coleta de dados dos participantes, de suas propriedades e do georrefe-renciamento das propriedades. Paralelamente, a busca de um esquema de sustentação econômica em longo prazo está em andamento. A Fundação AVINA e a Incubadora de Projetos do Grupo Katoomba estão apoiando a estruturação deste Projeto.

Projeto Cadastro de Compromisso Socioambiental do Xingu (CCSX).O projeto está localizado na região das cabeceiras do Rio Xingu, no Estado do Mato Grosso - Bra-sil, e engloba diversas propriedades privadas. É desenvolvido em parceria entre a ONG Aliança da Terra e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). O projeto visa implementar um protocolo de ajuste socioambiental para produtores rurais, com o objetivo de estimular a produção da agricultura sob bases sociais e ambientais, que incluam a identificação e priorização de boas práticas de manejo da terra, ao mesmo tempo que auxilia os proprietários de terras a resolverem qualquer conflito entre produção e proteção socioambiental. Os benefícios gerados pelo CCSX são: (i) transparência da performance socioambiental dos produtores, (ii) apoio à promoção de boas práticas de manejo, (iii) reconhecimento dos esforços dos produtores cadastrados em prol da conservação e manejo dos recursos naturais em suas propriedades, e (iv) aumento e melhoria do acesso ao mercado para produtos registrados. Além destes, outros benefícios podem ser mencio-

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nados, como o encorajamento do reconhecimento legal do título e propriedade da terra através da certificação e a criação de incentivos econômicos, financeiros e políticos para beneficiar os produ-tores responsáveis. Mais informações em: http://www.ipam.org.br/biblioteca/livro/id/110.

Projeto São Félix do Xingu, Pará.Localizado do sudeste do Estado do Pará, o município de São Félix do Xingu tem 8.6 milhões de hectares, dos quais 50% são terras indígenas e 6% são áreas protegidas. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Governo do Estado do Pará, o Governo do Município e a The Nature Conservancy (TNC Brasil). O principal vetor de desmatamento na região é a pecuária insustentável. Para lidar com o problema, as estratégias do projeto são: fornecer ferramentas para que os pecuaristas e a indústria da pecuária possam cumprir a legislação florestal, melhorar as práticas pecuárias de grande e pequena escala, melhorar a governança florestal no nível estadual e municipal, apoiar atividades como produção de leite e cacau, desenvolvimento de pagamento por serviços ambientais para proprietários privados e fortalecimento da gestão e proteção de terras indígenas e áreas protegidas.

Projeto Florestas de San Nicolás, Colombia.O projeto localiza-se nos vales de San Nicolas, na parte leste do departamento de Antioquia, Colômbia. Tem como objetivo reduzir o desmatamento em uma área de 10.744 hectares, em um período de 20 anos, onde os principais vetores de desmatamento são a ampliação de áreas agrope-cuárias, degradação por extração de lenha e crescimento demográfico. Para diminuir as taxas de desmatamento, o projeto pretende trabalhar com as comunidades e donos de propriedades dentro destas áreas, implementando atividades de proteção ativa, enriquecimento biológico e econômico, além de atividades de educação, sensibilização e fortalecimento das autoridades ambientais.

Projeto de Manejo Florestal Comunitário como Alternativa ao Desmatamento em Três Comunidades Nativas Certificadas, na Região de Ucayali, Peru.O projeto localiza-se em uma área de 35.000 hectares, na região de Ucayali, centro-leste do Peru. É realizado em parceria entre as comunidades e a ONG Aider, assessor técnico e socioestratégico das comunidades durante todo o processo de manejo e do projeto de REDD. O projeto visa remunerar financeiramente as comunidades, visto que os retornos econômicos do manejo florestal em suas propriedades não são suficientes para garantir o controle e fiscalização de suas áreas, bem como garantir o adequado fluxo de recursos. Além disso, pretende também sensibilizar ambientalmente as comunidades e promover práticas agrícolas e agroflorestais sustentáveis. Cada uma das comu-nidades será responsável por implementar o projeto de REDD em seus territórios.

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Outras iniciativas relevantesAlém dos projetos de REDD+ apresentados neste guia, existem outras iniciativas que não propria-mente se caracterizam como projetos específicos, mas sim como programas e iniciativas que tem um papel importante não apenas em gerar reduções de emissões, mas também de estruturar as etapas de preparação (readiness) de países em desenvolvimento elegíveis a REDD+.

Nesta seção são apresentados três programas internacionais: O Forest Carbon Partnership Facility (FCPF), o UN-REDD Programme, a Iniciativa Internacional da Noruega para Florestas e Clima. Estes programas têm como objetivo principal capacitar os países a implementar sistemas nacionais que gerem reduções robustas e confiáveis, e que tenham no REDD+ um importante instrumento não apenas de contribuição à mitigação das mudanças climáticas, mas também de desenvolvi-mento econômico e social. Também é mencionada a recente Parceria Global de REDD+, iniciativa voluntária que visa servir como plataforma interina para que os países possam aumentar a escala de ações e financiamento em REDD+.

Outra iniciativa importante aqui descrita é a Força Tarefa dos Governadores para Floresta e Clima, iniciativa de estados subnacionais dos EUA, Brasil, Mexico, Nigeria e Indonesia. Além destas, é descrito o Fundo Amazônia, uma iniciativa do Governo Brasileiro criada para arrecadar doações voluntárias de países/indivíduos/companhias que queiram contribuir financeiramente para a re-dução do desmatamento no Brasil.

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

71FOREST CARBON PARTNERSHIP FACILITY (FCPF)

O “Forest Carbon Partnership Facili-ty (FCPF)” é uma iniciativa do Banco Mundial, lançada em 2007 e que se tornou operacional em 2008, é uma parceria global focada em reduzir emis-sões do desmatamento e degradação florestal, conservação de estoques de carbono, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono florestal (REDD+). O FCPF é composto de dois mecanismos:

MecanismodePreparação.As atividades incluídas dentro deste mecanismos atualmente apóiam a prepa-ração de 37 países para participar um um sistema futuro, de larga escala, de incentivos positivos para REDD+. Este mecanismo oferece assistência técnica e financeira para estes países desenvolverem uma estratégia e REDD+, ou seja, um amplo plano nacional para redução de emissões do desmatamento e degradação florestal, conservação de estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de car-bono florestal, o estabelecimento de um cenário nacional de referência e o desenho e implementação de um sistema nacional de MRV (monitoramento, relatoria e verificação) conectados à REDD+. Os países participan-tes elaboram um Readiness Preparation Proposal (R-PP), que, uma vez endorsada pelo Comitê de Participantes do FCPF, é financiada pelo mecanismo de preparação.

FundodeCarbono. Esse fundo visa apoiar “Programas de Redução de Emissões” por meio de compen-sações baseadas em resultados. Os países receberão pagamentos por reduzir suas emissões abaixo dos níveis do cenário de referência se: (a) demonstrarem titularidade dos créditos de REDD+ e capacidade adequada de monitoramento, e (b) estabelecerem um cenário de referência realista e opções para redução de emissões.

Juntos, estes mecanismos visam gerar informações e lições a partir do desenvolvimento de um me-canismo inovador e realista, efetivo em termos de custo e que consiga reduzir emissões do desmata-mento, mitigar as mudanças climáticas e gerar outros benefícios adicionais.Atualmente, 37 países estão selecionados para participar do Mecanismo de Preparação do FCPF. Destes, seis têm seus R-PP – Readiness Preparation Proposal revisados pelo Comitê de Participantes e tiveram fundos alocados para conduzir suas propostas (República Democrática do Congo, Gana, Guiana, Indonesia, México e Panama). Diversos outros países já estão seguindo os passos destes seis primeiros e irão apresentar seus R-PPs nas próximas reuniões do Comitê.

A meta do Fundo de Preparação é de US$185 milhões, com contribuições esperadas de pelo menos US$5 mi por doador, de governos e de outras entidades públicas e privadas. Em relação ao fundo de carbono, seu volume operacional mínimo é de US$200 milhões. Para lidar com o risco de vazamentos dentro do país, a abordagem do programa será a nível nacional. Esta abordagem não impede que programas e projetos nacionais seja implementados, porém, eles deverão estar vinculados ao sistema de contabilidade e ao cenário de referência nacionais.

Paramaisinformações,acessewww.forestcarbonpartnership.org

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72 Programa UN-REDD (UN-redd programme )

O Programa Colaborativo das Nações Unidas para a Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento, ou “Programa UN-REDD”, é uma parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura - FAO, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD e o Programa nas Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. O programa auxilia países em desenvolvimento a preparar e implementar suas estratégias nacionais de REDD+ e baseia-se no poder de agregação e expertise das três agên-cias. Nos países, o Programa UN-REDD está auxiliando no preparo das estratégias e mecanis-mos de REDD+, incluindo itens chave como níveis de referência de emissões, mecanismos para o envolvimento de stakeholders e melhoraria da governança florestal. A nível global, o Programa fornece apoio no que se refere a um consenso internacional em REDD+, e desenvolve soluções normativas e abordagens padronizadas baseadas na ciência concreta, como parte dos avanços dos instrumentos de REDD+ na UNFCCC.

Os objetivos do Programa UN-REDD são: empoderar os países para gerirem seus processos nacionais de REDD+, auxiliá-los a identificar estratégias para abordar as causas do desmatamento e da degrada-ção florestal, desenvolver métodos e ferramentas para medir, relatar e verificar (MRV) as emissões de GEE, facilitar a participação de todos os atores nacionais e fornecer assistência técnica e financeira.

A meta de um mecanismo de REDD+ é gerar o fluxo de recursos necessários para incentivar uma redução significativa de emissões do desmatamento e degradação florestal em países em desenvol-vimento. Para preparar este mecanismo, primeiramente é necessário avaliar quais as estruturas de pagamento e apoio a projetos de REDD+ poderiam criar incentivos para reduções de emissões que sejam reais, duradouras, alcançáveis, confiáveis e mensuráveis, e que mantenham e melhorem os serviços ecossistêmicos e modos de vida das populações dependentes das florestas.

Para alcançar tais objetivos, as instituições parceiras do Programa UN-REDD contribuem com suas áreas de expertise específicas e complementares. A FAO apóia questões técnicas relacionadas a flo-restas e ao desenvolvimento de processos robustos de MRV para estoques e fluxos de carbono, assim como outros elementos não-carbono. A UNDP aborda questões de governança e as implicações socioeconômicas de REDD+, incluindo a participação da sociedade civil e comunidades indígenas e locais. A UNEP reúne e engaja tomadores de decisão envolvidos na agenda REDD+, e promove um entendimento dos benefícios ambientais adicionais promovidos pelo REDD+.

Atualmente, vinte e dois (22) países participam do UN-REDD Programme com status diferentes: enquanto todos participam da disseminação de conhecimento e rede de contatos, nove deles atu-almente se qualificam para os financiamentos do UN-REDD Programme, conforme marcado no mapa abaixo, enquanto os outros recebem status de “observadores”. A seleção foi feita baseada em diálogos entre as três agências e os países envolvidos – baseados em uma série de critérios que incluiu a vontade expressa do país em participar, relevância para a agenda global de REDD+ (incluindo po-tencial de redução de emissões) e desejo de alcançar um balanço regional.

Paramaisinformações,acessewww.un-redd.org

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74 Iniciativa Internacional da Noruega para Florestas e Clima

Em 2007, durante as negociações internacionais em Bali, a Noruega se comprometeu com fundos substanciais para esforços em reduzir as emissões do desmatamento e degradação florestal. Assim, estabeleceu-se a “Iniciativa Internacional da Noruega para Florestas e Clima” para implementar tais atividades. O objetivo é desenvolver um papel no estabelecimento de um regime global, compulsório e de longo prazo para o pós-2012 que garanta cortes suficientemente grandes nas emissões globais de GEE e a inclusão de redução de emissões do desmatamento e degradação florestal em um novo regime climático internacional, para antecipar ações de geração de reduções de emissões que sejam verificáveis e custo-efetivas, e para promover a conservação de florestas naturais para manter sua capacidade de estocagem de carbono. Os fundos terão um limite anual de aproximadamente 600 milhões de dólares.

A Iniciativa Internacional da Noruega para Florestas e Clima coopera com os seguintes parceiros e respectivas contribuições46:AsNaçõesUnidas:que estabeleceram o Programa UN-REDD, para coordenar ações das Nações Unidas nesta área, e recebeu um aporte de US$ 50 milhões.OBancoMundial: estabeleceu dois programas para auxiliar países em desenvolvimento em seus esforços para reduzir emissões do desmatamento e degradação floresta. Um deles é o Forest Carbon Partnership Facility, que recebeu US$ 40 milhões, e o Forest Investment Program, que recebeu US$ 50 milhões.OFundoFlorestaldaBaciadoCongo: este fundo, que é sediado pelo Banco de Desenvolvimento Africano, apóia esforços de conservação e uso sustentável das florestas na bacia do Congo. Irá receber US$ 100 milhões entre 2008 e 2010.FundoAmazônia:irá fornecer fundos para projetos que apoiem os esforços das autoridades bra-sileiras para reduzir o desmatamento. Todos os pagamentos ao fundo serão relacionados à sua per-formance, ou seja, até onde o Brasil conseguir reduzir suas emissões do desmatamento e degradação florestal. Irá receber até US$ 1 bilhão em 7 anos.Tanzania: A Noruega, através de uma cooperação bilateral, está apoiando os esforços da Tanzania em reduzir suas emissões do desmatamento e degradação florestal, e está também incluída nos pro-gramas de REDD das Nações Unidas e do Banco Mundial. Irá receber US$100 milhões em 5 anos.Norad:O propósito desta fonte de financiamentos é apoiar atividades pilotos de REDD+ e o de-senvolvimento de metodologias por organizações da sociedade civil, a fim de gerar informação para as negociações de mudanças climáticas e experiências no campo. O fundo disponível em 2008 foi de aproximadamente US$ 2 milhões, em 2009 US$ 25 milhões e em 2010 espera-se aproxima-damente a mesma quantia de 2009.AOrganizaçãoInternacionaldeMadeiraTropical(ITTO): estabeleceu um novo programa para reduzir o desmatamento e a degradação flroestal e aumentar a provisão de serviços ambientais em florestas tropicais (REDDES). A quantidade de fundos alocados não está disponível.

Maisinformaçõesemwww.regjeringen.no/climate-and-forest-initiative

46 Recursos doados em 2009.

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

75Força Tarefa dos Governadores para Floresta e Clima (GCF)

A Força Tarefa dos Governadores sobre Clima e Florestas (GCF) é uma iniciativa conjunta de Esta-dos e Províncias dos EUA (Califórnia, Wisconsin e Illinois), Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e MatoGrosso), Indonésia (Aceh, Papua, Kalimantan do Leste e Kalimantan do Oeste), Nigéria (Cross RiverState) e México (Campeche), que foi criada com o objetivo de implementar mecanis-mos de incentivo para a redução de emissões do desmatamento e degradação florestal (REDD+) entre seus estados participantes. Em grande parte a iniciativa é motivada pelos estados norte-ame-ricanos, liderados pela Califórnia, que estão estabelecendo sistemas internos de cap & trade onde as empresas submetidas ao cap poderiam compensar parte de suas reduções adquirindo créditos de carbono gerados por atividades de REDD dos estados ricos em florestas tropicais.

A iniciativa foi criada em novembro de 2008 com o objetivo de compartilhas experiências e cons-truir capacidades e desenvolver recomendações para autoridades e tomadores de decisão, conside-rando maneiras para integrar atividades de REDD+ e carbono florestal nos mercados emergentes de gases de efeito estufa. Com apoio da Fundação Gordon & Betty Moore e a Fundação David and Lucile Packard, o GCF tem suas atividades divididas entre três grupos de trabalho:

1) Padrões e Critérios para REDD+ – Visa garantir que as atividades de REDD serão desenvolvi-das seguindo padrões e critérios de REDD definidos, fazendo assim com que tais atividades sejam confiáveis e sigam a mesma lógica.

2) Coordenação e Mecanismos de Contabilidade – visa garantir que as atividades de REDD se-jam adequadamente contabilizadas, coordenadas com estratégias abrangentes e consistentes com as exigências locais de participação e repartição de benefícios.

3) Levantamento de necessidades – Conduz análises constantes das necessidades técnicas, insti-tucionais e legais para implementar atividades de REDD+ nos estados/provínicias participantes.

A última reunião realizada pelo GCF foi em maio de 2010 na província de Aceh, Indonesia, com o objetivo de reportar o progresso dentro dos grupos de trabalho, a próxima reunião será em setem-bro, com o objetivo de finalizar as diretrizes de trabalho compostas por estas três linhas de ação, e planejar os próximos passos da parceria. As tarefas definidas para 2010 são quatro:1) Elaborar um relatório sobre estruturas sub-nacionais para implementação de REDD+ 2) Desenvolver um trabalho contínuo sobre oportunidades de financiamento público para REDD+ no âmbito GCF3) Construir uma plataforma de dados sobre o GCF4) Definir estratégias de comunicação e envolvimento formal de “stakeholders”

Está prevista ainda uma reunião em Santarém, em setembro de 2010, onde espera-se ter um pro-cesso mais estruturado para a participação dos stakeholders.

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76 Parceria Global de REDD+

A parceria47, assinada em maio de 2010 por 58 países, é um arcabouço voluntário e não vinculante sob o qual os parceiros desenvolverão esforços colaborativos de REDD+. Prevê a coordenação de iniciativas bilaterais e multilaterais de REDD+ já existentes (como o FCPF e o UN-REDD, entre outros), com o objetivo de coordenar os esforços entre estas iniciativas a fim de criar uma base de dados que possa identificar lacunas e evitar sobreposições de investimentos. O trabalho não pretende se contrapor, e sim apoiar e contribuir com o processo de negociação em curso na UN-FCCC. No futuro, a parceria será substituída ou incorporada no mecanismo de REDD+ que for definido no âmbito da Convenção do Clima.

A parceria servirá como plataforma temporária para que os parceiros possam dar escala à ações e financiamentos destinados à atividades de REDD+, implementando ações imediatas, inclusive aprimorando a efetividade, transparência e coordenação de iniciativas e instrumentos financeiros para aumentar a transferência de conhecimentos e fortalecer capacidades.

Os parceiros serão orientados pelos seguintes princípios:

Foco em apoio aos esforços de REDD+ de países em desenvolvimento:•Inclusão de todos os países envolvidos, bem como representantes de atores interessados•Transparência nos financiamentos, ações e resultados de REDD+•Foco no desembolso coordenado de finaciamento de escala para REDD+ de forma a superar •lacunas, evitar sobreposições e maximizar ações e apoio.Considerar a continuidade de necessidades de financiamento de médio e longo prazo e de •ações, promovendo ligações com outros processos relevantes, inclusive o High Level Advisory Group on Climate Finance48.Intercâmbio de lições aprendidas e transferência de conhecimentos através de discussões e •apresentações das iniciativas de REDD+ dos parceirosBuscar garantir a sustentabilidade e integridade econômica, social e ambiental dos esforços de REDD+•Promover as salvaguardas presentes na minuta de decisão sobre REDD+ do LCA, ajustadas •por qualquer decisão da COP sobre o assunto.

Para atingir seus objetivos, a parceria se encontrará regularmente em alto nível oficial ou politico de-pendendo dos assuntos, e com encontros em nível técnico para tratar de temas específicos. Os encon-tros serão coordenados por um país em desenvolvimento e um país desenvolvido, selecionados por seis meses não renováveis. Atualmente os coordenadores são Japão e Papua Nova Guiné, que serão sucedidos por França e Brasil. O montante de recursos prometidos até agora é de U$ 4 bilhões.

47 REDD+ Partnership. Adopted, may 27, 2010. http://www.oslocfc2010.no/partnershipdocument.cfm | 48 Grupo criado

após a décima quinta Conferência das Partes (COP15), com o objetivo de definir os próximos passos para avançar com o

compromisso global de fornecer US$100 bilhões de recursos públicos e privados até 2020 para financiar ações de mitigação e

adaptação nos países em desenvolvimento.

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PARTe 2 resumo dos projetos de REDD+ na américa latina

77FUNDO AMAZÔNIA

O Fundo Amazônia foi criado pelo Governo Brasileiro com base em demandas e sugestões da sociedade civil, com contribuição inicial do governo da Noruega. O fundo é gerido pelo Ban-co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seguindo diretrizes e critérios estabelecidos por um Comitê Orientador, composto por representantes dos governos federal e estaduais, ONGs, movimentos sociais, povos indígenas, cientistas e empresas. Conta também com um Comitê Técnico, nomeado pelo Ministério do Meio Ambiente, cujo papel é atestar as emissões e reduções de emissões provenientes do desmatamento na Amazônia.

O objetivo do fundo é captar doações na forma de “investimentos não-reembolsáveis”, para aplica-ção em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, bem como a promoção da conservação e do uso sustentável das florestas na Amazônia. Além destes, até 20% dos recursos poderão apoiar o desenvolvimento de sistemas de controle e monitoramento em outros biomas brasileiros e outros países tropicais.

A partir das doações recebidas, serão emitidos diplomas, equivalentes às toneladas de “carbono reduzido” correspondentes ao valor da contribuição, que serão precificadas em US$ 5/tCO2. Cada doador terá direito a um diploma, atestando sua contribuição para a redução de emissões em um dado período e sua quantidade expressa em toneladas de CO2. Estes diplomas serão nominais e intransferíveis, não gerando direitos patrimoniais ou créditos de carbono para compensação de emissões de qualquer natureza.

Os cálculos de redução de emissões anuais serão baseados na comparação entre as emissões histó-ricas dos últimos 10 anos (revistas a cada cinco anos) e as emissões no ano em questão. Caso haja redução efetiva do desmatamento o Fundo poderá captar recursos correspondentes às toneladas reduzidas, para investimento; caso as emissões sejam maiores, esta diferença será descontada nos recursos esperados para o período seguinte. Estas reduções de emissões serão validadas pelo Co-mitê Técnico-Científico.

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78 Fundo Amazônia

A perspectiva do Fundo Amazônia é promover a captação de aproximadamente US$ 20 bi até o ano de 2020. O primeiro doador do Fundo Amazônia foi o governo da Noruega, que se com-prometeu com US$1 bilhão, a serem repassados ao Brasil durante 7 anos. O primeiro repasse, de US$140 milhões, já foi efetuado.

O repasse de recursos do Fundo se dá através de um processo de análise e seleção interna realizado pelo BNDES (período de transação máximo de 7 meses), que não está necessariamente vinculado a demonstração efetiva de resultados em termos de redução de emissões (quantificação em tCO2). Podem ser financiados projetos de instituições governamentais e não governamentais, estrutura-dos nas seguintes áreas:

Gestão de florestas públicas e áreas protegidas; •Controle, monitoramento e fiscalização ambiental; •Manejo florestal sustentável; •Atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta; •Zoneamento ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária; •Conservação e uso sustentável da biodiversidade; e •Recuperação de áreas desmatadas.•

Em julho de 2010, constavam 70 operações ativas na base de dados do Fundo. Os seis projetos mais avançados (4 contratados e 2 aprovados) somam aproximadamente 86,3 milhões de reais. Os pro-jetos que compõem esta primeira etapa de aprovação incluem atividades de combate e prevenção ao desmatamento, cadastro ambiental rural (CAR), regularização fundiária, gestão ambiental e territorial, recuperação de áreas degradadas, geração de renda em comunidades, entre outros. Um dos projetos tem como área de abrangência toda a Amazônia Brasileira e os outros tem foco nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.

Maisinformaçõesemwww.fundoamazonia.gov.br

Figura 04 Número de projetos por nível operacional (em julho de 2010)

8em análise

36em perspectiva

17enquadrados

2aprovados

4contratados

3carta-consulta

Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) – FUNBIO

TNC Brasil

Bolsa Floresta (FAS)

Sementes do Portal (Instituto Ouro Verde)

SEMA - Pará

Imazon - Pará

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PARTE 3 análises e considerações finais

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Figura 05 Área total dos projetos de REDD+ na América Latina(hectares)

4%

642.458

45%

6.783.20927%

4.000.000

6%

874.239

1%

64.40016%

2.428.596

7 Brasil 1 Equador 3 Guatemala 1 Paraguai 4 Peru 1 Bolívia

50%

267.091.555

Figure 06 Volume de reduções de emissões do desmatamento e degradação florestal esperados por país, nos 17 projetos mapeados na América Latina (tCO2e)

36%

190.000.000

4%

23.137.557

3%

13.000.000

6%

31.548.3091%

5.837.341

Análise Geral dos ProjetosComo o objetivo principal deste guia é analisar o perfil e a importância de projetos subnacionais e iniciativas, bem como seu potencial papel na implementação completa de mecanismos de REDD+ nacionais e internacionais, a pesquisa de dados focou-se em analisar apenas os projetos mais avan-çados e que já tinham tais informações disponíveis.

No total, foram mapeados e descritos 17 projetos de REDD+, considerados como em “estágio avançado de implementação”. Estes projetos estão distribuídos em 6 países da América Latina: Bolivia (01), Brasil (07), Equador (01), Guatemala (03), Paraguai (01) e Peru (04) (ver tabela 03).

Juntas, estas iniciativas visam proteger cerca de 15 milhões de hectares de florestas tropicais – uma área equivalente a 3,5 vezes o território da Dinamarca, evitando a emissão de cerca de 530 milhões de toneladas de CO2e – o equivalente a mais da metade das emissões totais anuais do setor de transporte da União Européia (figura 06).

Projetos por país:

(ha)(tCO2e)

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PARTe 3 análises e considerações finais

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Tabela 04 Projetos mapeados neste guia

Projeto Área (ha) Tempo de vida (anos)

REDD (tCO2e)

Bolivia Noel Kempff 642.458 30 5.837.341

Brasil Acre 5.800.000 15 62.500.000

Ecomapuá 94.171 20 6.000.000

Gênesis 1.076 20 57.389

Transamazonica 31.750 10 3.136.953

Juma 589.612 44 189.000.000

Antonina & Guaraqueçaba 18.600 40 1.397.213

Suruí 248.000 30 5.000.000

Equador SocioBosque 4.000.000 7 190.000.000

Guatemala Biosfera Maya 600.000 20 20.000.000

Sierra de las Minas 102.939 20 1.900.000

Sierra del Lacandon 171.300 20 1.237.557

Paraguai Mbaracayu 64.400 35 13.000.000

Peru Alto Mayo 425.405 30 4.243.582

Cordillera Azul 1.353.191 20 -

Madre de Dios/Greenoxx 100.000 20 27.304.727

Tambopata 550.000 20 -

Total 14.792.902 530.614.762

Custos de implementação e geração de REDD+Entre os 17 projetos analisados, apenas 0849 apresentaram estimativas para seus custos totais de implementação ao longo do tempo de vida do projeto, conforme apresentado na tabela 04. A média de vida destes projetos é de 20,7 anos, variando de 07 para o programa SocioBosque, a 44 anos para o projeto Juma.

O investimento total necessário para implementar estes 8 projetos é de US$1.077.525.467 Este investimento irá resultar na redução de cerca de 503 milhões de toneladas de CO2, que seriam emitidas para a atmosfera em um cenário business as usual, sem a implementação destes projetos. A média de custo de geração de REDD+ por tCO2 é US$3,22/tCO2e (± 2,02).

49 O projeto Mbaracayú, no Paraguai, apesar de ter dados suficientes que permitam fazer esta mesma análise de custos de

geração de REDD, não será incluído nestas análises de custos por seguir uma lógica diferente de estabelecimento de linha de

base e quantificação de geração de créditos.

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Houve uma enorme variação nos custos de geração de REDD+ não apenas entre países mas tam-bém entre projetos dentro de um mesmo país. Estes custos apresentaram um valor mínimo de $0,22/tCO2 e um valor máximo de $ 4,92/tCO2, conforme apresentado na figura 06.

Tabela 05 Custos de implementação e geração de REDD+ por tCO2e

Projeto Duração do projeto (anos)

Custo Total Implementação

(US$)

Custo de geração de REDD (US$/

tCO2e)Brasil Juma 44 41.000.000 0,22

Ecomapuá 20 23.597.968 3,93

Suruí 30 16.500.000 3,30

Acre 15 294.000.000 4,70

Transamazonica 10 15.427.499 4,92

Equador SocioBosque 7 560.000.000 2,95

Guatemala Biosfera Maya 20 80.000.000 4,00

Peru Madre de Dios/Greenox 20 47.000.000 1,72

Média 20,75 3,22

Total 1.077.525.467

Figure 07 Custo da geração de REDD+ por tCO2e

É necessário destacar que estes custos foram calculados de forma preliminar e cobrem diferentes estratégias adotadas por cada projeto para gerar suas reduções de emissões. A variação destes custos pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles:

Suruí, Brasil

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reduções de emissões (MtCO2e)

custo por tCO2e (US$)

Juma, Brasil

200

160

120

80

40

0

MtCO2e US$/tCO2e5

4

3

2

1

0

SocioBosque, Equador

Ecomapuá, BrasilAcre, Brasil

Biosfera Maya, Guatemala

Transamazônica, Brasil

Madre de Dios, Peru

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PARTe 3 análises e considerações finais

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1) Contexto de pressão de desmatamento: as principais causas e intensidade de pressão de desmatamento tem implicações diretas no desenho e, principalmente, no escopo das ativi-dades que serão implementados pelo projeto

2) Situação fundiária: o custo de oportunidade da conservação florestal pode variar signifi-cativamente dependendo da situação fundiária do projeto (pública, privada, comunitária, territórios indígenas, etc), por exemplo, a proteção de terras públicas tende a custar menos do que em terras privadas

3) Escopo de atividades: podem representar uma enorme variação nos custos de implemen-tação, dependendo principalmente dos benefícios socioambientais que o projeto espera gerar (Ex: apoio às comunidades, melhoria na biodiversidade, sistemas hidrológicos, etc)

4) Localização e acesso à area do projeto: os custos logísticos e administrativos para imple-mentar as atividades previstas podem variar em função da localização do projeto e sua forma de acesso

5) Instituições parceiras: projetos que tem parcerias governamentais podem ter uma redu-ção nos custos devido à contrapartida financeira e infraestrutura existente não considera-da nos custos do projeto

Assim, a combinação destes fatores será determinante para definir os custos de implementação de cada projeto de REDD+. Por exemplo, pode esperar-se que em regiões com difícil acesso, pouca presença do estado, grande pressão de desmatamento e presença de comunidades, os custos de implementação de projetos de REDD+ sejam bastante altos. Isto se deve ao fato de que tais projetos terão: (i) altos custos logísticos, (ii) grande investimento para estruturar atividades, monitorar e controlar atividades ilegais, (iii) atividades de longo prazo relacionadas ao desenvolvimento social e econômico das comunidades existentes, entre outros.

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Instituições Proponentes e Status de ImplementaçãoMais da metade dos projetos de REDD+ analisados estão ainda em fase de desenho. Esta fase é caracterizada principalmente pelo planejamento e preparação de atividades e a elaboração do Documento de Concepção do Projeto (DCP) – que irá quantificar as reduções de emissões esperadas pelo projeto. O DCP é também o documento necessário para conduzir os processos de validação e certificação. Esta fase geralmente se inicia após o estudo inicial de viabilidade, quando os proponentes estão seguros a respeito da implementação do projeto.

Sobre o perfil das instituições proponentes de projetos de REDD+ é válido salientar a participação significativa de governos – presentes em 58% dos projetos analisados. Isto deve-se ao fato de que grande parte dos projetos (figura 08) são conduzidos em terras públicas ou áreas protegidas, que por lei são geridas por governos. Estes governos são geralmente locais (departamentos, municípios, distritos, etc) – com a exceção do Programa SocioBosque – o que reflete a importância e inovação da participação de governos locais na gestão de florestas.

Figura 08 Status de Implementação dos 17 projetos de REDD+ mapeados

Figura 09 Instituições Proponentes dos 17 projetos de REDD+ mapeados na América Latina

12%setor privado

12%governo

12%ONG

41%ONG/ governo

18%ONG/ setor privado

6%governo/ setor privado

24%implementação

6%venda de VERs/ sem validação

6%venda de VERs/ em validação

6%venda de VERs/ projeto validado

59%desenho

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PARTe 3 análises e considerações finais

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Considerações finaisOs desenvolvimentos recentes acerca de REDD+, tanto no que se refere aos projetos e iniciativas-piloto que têm se multiplicado pela América Latina e pelo mundo, como nos avanços alcançados para a construção de um arcabouço global no âmbito da UNFCCC e também em cooperações bilaterais, indicam que o REDD+ veio para ficar.

Aportes significativos vêm sendo anunciados recentemente(U$ 4 bilhões da Parceria Global de REDD+) por países desenvolvidos para financiar as fases de “preparação” (readiness) dos países detentores de florestas, principalmente aqueles que não possuem plena governança florestal.

O desenvolvimento de projetos, iniciativas-piloto e atividades demonstrativas constitui um passo essencial nesse processo de preparação, gerando não somente aprendizado, modelos e experiências replicáveis, mas também resultados concretos em termos de reduções de emissões de GEE e benefícios a comunidades e a biodiversidade.

Abaixo são apresentados e discutidos alguns resultados e ponderações, que reforçam essas afirmações:

1. Reduções de Emissões de GEE e MRV: Os 17 projetos analisados prevêem evitar a emissão de cerca de 530 milhões de toneladas de CO2 entre nos próximos 44 anos. O processo de desenho e implementação destes projetos tem gerado enorme aprendizado, tanto em aspectos metodológicos relacionados a linhas de base, monitoramento, relatoria e verificação (MRV), como para promover sistemas de governança florestal e criar mecanismos de repartição de benefícios e engajamento de populações indígenas e tradicionais.

2. Escala de Implementação: Foi mapeada uma quantidade significativa de projetos e iniciativas subnacionais de REDD+ na América Latina. Estes projetos estão desempenhando um papel importante para gerar reduções de emissões de GEE e comprovam a necessidade de se estabelecer arranjos locais como estratégia eficiente para promover REDD+ (evitando burocracia e buscando maior engajamento ativo de populações indígenas e tradicionais), desde que integradas a sistemas nacionais de contabilidade.

3. Registro Nacional e Contabilidade do REDD+: A implementação de iniciativas de REDD+ em escala subnacional (programas, projetos e atividades) deve estar sempre atrelada a uma estrutura de monitoramento, relatoria e verificação (MRV) a nível nacional. Para garantir transparência e evitar dupla contabilidade entre reduções de emissões nacionais e subnacionais, se propõe a criação

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de Sistemas Nacionais de Registro de REDD+. Tais Sistemas já estão em discussão preliminar em alguns países da América Latina, como Brasil e Peru.

4. Arcabouços Institucionais (Sistemas de REDD+): A implementação de programas e projetos de REDD+ exige melhorias funcionais nas estruturas de governo da grande maioria dos países da América Latina. A gestão do meio ambiente e recursos naturais pode se beneficiar da criação de arcabouços de governança florestal, como sistemas de registro e MRV ou órgãos voltados a trabalhar com REDD+, que seriam úteis também para outras políticas e estratégias de uso da terra, como programas voltados ao manejo sustentável de madeira e produtos não-madeireiros e consolidação de áreas protegidas.

5. Linha de base: A maior parte dos projetos analisados (76%) optou por utilizar uma linha de base projetada/modelada, ao invés de médias históricas. Esta situação é justificável pelo fato de que a maioria desses projetos está localizada em regiões com taxas de desmatamento histórico inferiores à média nacional, mas antevêem um desmatamento futuro superior – e assim necessitam ter sua linha de base “ajustada”. Isto reflete a importância de considerar e avaliar condições específicas de cada projeto (agentes e vetores do desmatamento), ao invés de simplesmente aplicar uma “média nacional”.

6. Vazamentos: A implementação de REDD+ em escala de projetos sempre foi questionada pelo risco de se gerar vazamentos dentro do país – no entanto isto nunca foi comprovado com dados e situações reais. Todos os projetos analisados mostraram abordagens sérias e concretas para lidar com seus vazamentos. O argumento de que REDD+ deveria focar apenas na implementação nacional (por causa de vazamentos) não deve ser considerado uma verdade absoluta. É necessário ponderar que questões sérias de falta de governança, presentes em países em desenvolvimento, são mais difíceis e profundas de solucionar do que a questão de vazamentos. Melhorias na governança requerem investimentos de longo prazo, que poderiam ser atingidos gradualmente através da implementação de projetos, programas e iniciativas subnacionais de REDD+. 7. Custos de geração de REDD+: A análise dos projetos contidos neste estudo permite afirmar que os recursos financeiros disponíveis atualmente para a implementação de REDD+ estão atualmente muito aquém do necessário. O investimento necessário para a implementação de apenas 08 projetos (dos 17) analisados é de cerca de US$1 bilhão. Esta quantia representa um quarto dos recursos comprometidos pela Parceria Global de REDD+, assinada em maio de 2010. Por outro lado, a área florestal desses projetos, representa apenas 0,99% da cobertura de florestas tropicais no mundo. O “custo médio de geração de REDD+” dos projetos analisados foi estimado em US$ 3,22/tCO2 (± R$2,02).

Este estudo concluiu que, se bons projetos de REDD+ forem desenvolvidos, com a devida qualidade e rigor técnico e metodológico, podem se tornar fortes instrumentos não apenas para reduzir emissões de GEE e mitigar as mudanças climáticas, trazendo desenvolvimento sustentável à suas populações tradicionais, mas também assumindo um papel essencialna construção e aprimoramento das estruturas, políticas e arranjos institucionais necessários para a implementação internacional do REDD+ no âmbito da UNFCCC.

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PART 3 conclusion

anexos

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Lista de AcrônimosAPP Área de Preservação Permanente CCB Padrões Clima, Comunidade e BiodiversidadeCCX Bolsa do Clima de ChicagoDCP Documento de Concepção de ProjetoFCPF Mecanismo de Parceria de Carbono Florestal FSC Brasil Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council)GEE Gases de Efeito EstufaINPE Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisIPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas LULUCF Uso do Solo, Mudança do Uso do Solo e FlorestasMtCO2 Milhão de Toneladas Métricas de Dióxido de CarbonoMDL Mecanismo de Desenvolvimento LimpoONG Organização Não GovernamentalPRODES Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por SatélitePSA Pagamentos por Serviços AmbientaisREDD+ Redução das Emissões do Desmatamento e da Degradação florestal, e conservação florestal, manejo florestal sustentável e o aumento dos estoques de carbonoSIG Sistema de Informação Geográfica TI Terra Indígena UC Unidade de Conservação UNFCCC Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima VCS Voluntary Carbon Standard

Glossário

Acordos de Marrakech Acordos alcança-dos na COP-7 que estabelecem várias regras de “operação” das provisões mais complexas do Protocolo de Quioto. Entre outras coisas, os acordos incluem detalhes para o estabeleci-mento de um sistema de comércio de emissões de gases de efeito estufa, a implementação e o monitoramento do mecanismo de desenvolvi-mento limpo do Protocolo, e a criação e ope-ração de três fundos para apoiar os esforços de adaptação à mudança climática.

Adicionalidade A adicionalidade é a demons-tração de resultados reais, mensuráveis e de

longo prazo esperados pelo projeto quanto à redução ou prevenção de emissões de carbono que não ocorreriam em sua ausência. As redu-ções de emissões só devem ser contabilizadas para REDD+ quando comprovam claramente que são atribuíveis às atividades do projeto e representam uma alteração no cenário de linha de base.

Atividade subnacional Atividades imple-mentadas no plano subnacional como parte da estratégia REDD+ do país. As atividades subna-cionais podem ser implementadas por governos, autoridades locais, ONGs ou entidades privadas.

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Podem estar incluídas num mecanismo nacio-nal ou internacional de crédito.

Comunidades locais Não há uma definição internacional universalmente aceita de comu-nidades locais, embora o termo tenha sido defi-nido em certos instrumentos legais internacio-nais, e com relação a uma atividade particular refere-se a comunidades dentro da área de in-fluência da atividade.

CQNUMC Convenção Quadro das Nações Uni-das para Mudanças do Clima (UNFCCC em inglês).

Degradação Mudanças dentro da floresta que afetam negativamente a estrutura ou função do sítio ou da situação da floresta, diminuindo as-sim sua capacidade de proporcionarprodutos e/ou serviços. No que diz respeito a REDD, degradação se refere especificamente à redução na densidade de carbono.

Desmatamento Segundo a definição dos Acordos de Marrakech, a conversão diretamen-te induzida pelo homem de terra florestada em terra não florestada.

Desmatamento Bruto Área desmatada num determinado período e zona, sem levar em consideração a área florestada/ reflorestada no mesmo período e zona.

Estoque de carbono A massa de carbono contida num reservatório de carbono.

Florestamento Segundo definição dos Acordos de Marrakech, é a conversão, induzida diretamente pelo homem, de terra que não foi florestada por um período de pelo menos 50 anos em terra florestada por meio de plantio, semeadura, e/ou a promoção induzida pelo ho-mem de fontes naturais de sementes.

Fonte Um depósito (reservatório) que absorve ou guarda carbono emitido por outros compo-nentes do ciclo de carbono, com mais carbono sendo emitido do que absorvido.

Linha de base A linha de base é o cenário que representa a quantidade de emissões de GEE oriundas do desmatamento que ocorreria na ausência do projeto. Os métodos usados na de-terminação de linhas de base influenciam direta-mento a magnitude e precisão das estimativas de reduções de emissões de carbono. É importante que a linha de base seja monitorada ao longo do tempo e eventuais correções sejam feitas em situações onde ocorram alterações em cenários políticos, taxas de desmatamento e condições socioeconômicas relacionadas ao projeto.

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) Um mecanismo estabelecido no Artigo 12 do Protocolo de Quioto e que visa assistir às Partes não incluídas no Anexo 1 para que atinjam o desenvolvimento sustentável e con-tribuam para o objetivo final da CQNUMC, e assistir às Partes incluídas no Anexo 1 para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões.

Mercado de carbono Qualquer mercado que cria e transfere unidades ou direitos de emissão.

Mitigação No contexto de mudança climá-tica, é a intervenção humana para reduzir as fontes ou aumentar os sumidouros de gases de efeito estufa.

MRV Um processo de monitoramento, relato-ria e verificação (MRV) que assegura um be-nefício climático confiável associado a redu-ções de emissão e aumento de remoções reais e mensuráveis (quantificados em toneladas de CO2 equivalente).

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Níveis de referência Nível de referência é sinônimo de linha de base de crédito para for-necer incentivos a um país anfitrião de REDD se as emissões estiverem abaixo desse nível.

OSIRIS Ferramenta Excel Aberta para Análises de Impactos de REDD (OSIRIS é um modelo de simulação usado para projetar impactos de vários mecanismos REDD propostos).

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) É um instrumento de incentivo finan-ceiro que visa remunerar algum recebedor (pessoa, comunidade, governos, etc) pela ma-nutenção dos serviços ambientais de uma de-terminada área (manutenção do estoque de carbono, conservação da biodiversidade, ma-nutenção da beleza cênica, etc). Também defi-nido como uma transação voluntária, na qual um serviço ambiental definido, ou uso do solo que possa assegurar tal serviço, é comprado por, ao menos, um comprador de, ao menos, um provedor, sob a condição de que o provedor garanta a provisão deste serviço.

Partes Anexo 1 Os países industrializados lis-tados no Anexo 1 à CQNUMC que se compro-meteram a retornar suas emissões de gases de efeito estufa aos níveis de 1990 até o ano 2000, como no Artigo 4.2 (a) e (b). As Partes ao Ane-xo também aceitaram metas de emissões para o período 2008-2012 conforme o Artigo 3 e o Anexo B do Protocolo de Quioto.

Partes não incluídas no Anexo 1 Todos os países que não estão incluídos no Anexo 1 do CQNUMC ou do Protocolo de Quioto. A maioria dos países em desenvolvimento são Partes não incluídas no Anexo 1.

Permanência A longevidade de estoques de carbono considerando o manejo e eventuais distúrbios naturais que possam afetá-los. Uma característica de projetos de carbono baseados

no uso da terra é a possibilidade de reverter os benefícios de carbono, seja pela ocorrência de distúrbios naturais (ex: incêndios, doenças, pes-tes e outros eventos climáticos incomuns), ou da falta de garantias concretas de que as atividades do uso da terra originais não serão retomadas após o término das atividades do projeto.

Plano de Ação de Bali Em dezembro de 2007, em Bali, a 13ª Conferênci das Partes à CQNUMC adotou o Plano de Ação de Bali des-crevendo um processo que levou dois anos para finalizar um resultado acordado em 2009 na Dinamarca (CQNUMC Decisão 1/CP.13). No Plano de Ação de Bali, as Partes confirmaram seu compromisso de enfrentar a mudança cli-mática global mediante, entre outras, a inclusão de abordagens de política e incentivos positivos a temas relacionados a REDD.

Povos indígenas Não há definições inter-nacionais universalmente aceitas de povos in-dígenas, embora o termo tenha sido definido em certos instrumentos legais internacionais. Segundo as Nações Unidas, a abordagem mais útil é identificar, em vez de definir, os povos in-dígenas. Isso se baseia no critério fundamental da autoidentificação, conforme delineado em diversos documentos de direitos humanos.

Preparação (readiness) Ações adotadas pelo país anfitrião de REDD, entre elas um processo de elaboração de política, consultas e formação de consenso, e teste e avaliação de uma estratégia nacional de REDD, antes da im-plementação escalonada de REDD.

PROAMBIENTE O Programa de Desenvolvi-mento Socioambiental da Produção Familiar Rural (Proambiente) tem como objetivo pro-mover o equilíbrio entre a conservação dos re-cursos naturais e produção familiar rural, por meio da gestão ambiental territorial rural, do planejamento integrado das unidades produti-

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vas e da prestação de serviços ambientais.Sur-giu de uma proposta dos movimentos sociais rurais da Amazônia. Tem como públicos prio-ritários os agricultores familiares e os povos e comunidades tradicionais. Atualmente são 11 pólos localizados na Amazônia Legal envol-vendo cerca de 4.000 famílias

Protocolo de Quioto Protocolo adotado em 1997 no âmbito da CQNUMC. O Protocolo de Quioto, entre outras coisas, estabelece metas vinculantes para redução de emissões de gasesde efeito estufa por parte dos países industriali-zados. O primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto termina em 2012.

Redução Certificada de Emissão (RCE)Uma unidade de reduções de GEE emitida se-gundo o mecanismo de desenvolvimento lim-po. Uma RCE é igual a uma tonelada métrica de CO2 equivalente, calculada usando os po-tenciais de aquecimento global recomendados pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) e aprovados pela COP.

Reflorestamento Segundo os Acordos de Marrakech, é a conversão, induzida diretamen-te pelo homem, de terra não florestada em terra florestada por meio de plantio, semeadura, e/ou a promoção induzida pelo homem de fontes naturais de sementes em área que foi floresta-da, mas convertida em terra não-florestada.

Reservatório de carbono Um reservatório que tem a capacidade de acumular ou emitir carbono. Os Acordos de Marrakech preconi-zam que todas as mudanças nos seguintes re-servatórios de carbono sejam computadas: bio-massa acima do solo, biomassa abaixo do solo, serapilheira, madeira morta, solo orgânico; preconiza também que um dado reservatório possa ser ignorado caso informação verificável e transparente seja fornecida de que o reserva-tório não é uma fonte.

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natu-ral. Área privada, destinada pelo proprietário, de modo perpétuo, ao objetivo de conservar a diversidade biológica, sendo permitidas a pes-quisa científica e a visitação com objetivos tu-rísticos, recreativos e educacionais

Vazamento (ou Leakage) Vazamentos são definidos como a mudança líquida nas emissões antropogênicas, por fontes de GEE, que ocor-rem fora dos limites do projeto e que são men-suráveis e atribuíveis às atividade do projeto.

Verificação Avaliação independente de uma terceira parte a respeito das reduções de emis-são esperadas ou reais de uma determinada ati-vidade de mitigação.

Voluntary Carbon Standards Padrão de certificação para créditos de emissões não re-guladas sob o Protocolo de Kyoto

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BibliograFiaCATTANEO, A. 2009. A “Stock-Flow-with Targets” Mechanism for Distributing Incentive Payments to Reduce Emis-sions from Deforestation. http://www.whrc.org/policy/PDF/Stock_Flow_June09.pdf FEARNSIDE, P.M. 2000. Global warming and tropical land-use change: greenhouse gas emissions from biomass burning, decomposition and soils in forest conversion, shifting cultivation and secondary vegetation. Climatic Change, 46: 115-158. FEARNSIDE, P.M. 2000. Greenhouse gas emissions from land-use change in Brazil’s Amazon region. pp. 231-249 In: R. Lal, J.M. Kimble and B.A FEARNSIDE, P., 1997: Monitoring needs to transform Amazonian forest maintenance into a global warming-mitiga-tion option. Mitigation and Adaptation Strategies for Global Change 2: 285-302.

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O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2004 em Manaus, capital do Estado do Amazonas. O Idesam participa ativamente das negociações da Convenção do Clima, com foco principal em florestas e REDD+. Nossos programas e projetos estão focados na promoção do desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia e em outros biomas. Desenvolvemos e implementamos projetos para Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), bem como treinamentos e capacitações aliados ao assessoramento e monitoramento de políticas públicas. O Idesam acredita que valorizar as florestas em pé é essencial para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e a manutenção do equilíbrio climático global.

A The Nature Conservancy (TNC) é uma organização voltada para a conservação ambiental, que busca entender os grandes problemas de nossa geração e encontrar soluções para o desafio de proteger os ecossistemas naturais de forma conciliadacom o desenvolvimento econômico e social. Estamos presentes em mais de 30 países, atuando na conservação de diferentes ecossistemas No Brasil desde 1988, a organização atua em todos os biomas presentes no país - Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Campos Sulinos e Pantanal. Contamos com uma sólida base científica na busca por soluções pragmáticas aos desafios ambientais atuais, das mudanças climáticas à conservação da biodiversidade. Acreditamos que a redução do desmatamento deve ser parte de uma ampla resposta global de combate às mudanças climáticas, que considere todas as principais fontes de emissão de carbono. O trabalho da TNC nesse segmento vem demonstrando que existem metodologias viáveis para responder a desafios técnicos como vazamento, permanência e adicionalidade, e que o REDD+ pode trazer benefícios para comunidades indígenas e locais, assim como para a biodiversidade.

Os autores gostariam de agradecer as contribuições dos seguintes indivíduos (suas organizações são apenas referência e podem ter se alterado desde sua contribuição) –em ordem alfabética:Almir Suruí (Associação Metareilá), André Aquino (Banco Mundial), André Tomita (Ecomapuá), Augusto Castro (Ministerio do Meio Ambiente – Peru), Beto Borges (Forest Trends), Bruno Matta, Claudio Schneider (Conservação Internacional), Daniela Carrión (Ministério do Meio Ambiente – Equador), Edenise Garcia (The Nature Conservancy), Eddy Mendoza (Conservação Internacional), Gabriel Carrero (Idesam), Gabriel Ribenboim (Fundação Amazonas Sustentável), Gilberto Tiepolo (TNC Brasil), Greg Fishbein (TNC), Jacob Olander (Katoomba Incubator), João Tezza Neto (Fundação Amazonas Sustentável), Jorge Torres (SFMBAM), Juan Jose Rodriguez (The Nature Conservancy); Lucia Ruiz (CIMA – Cordillera Azul), Luis Meneses Filho (SEMA-Acre), Maria Eugênia Arroyo (WWF Peru), Maria Patricia Tobon (Cornare), Marioldy Sanchez (AIDER), Max Lascano (Ministerio do Meio Ambiente – Equador), Monica de Los Rios (SEMA-Acre), Natalia Calderon (Fundação Amigos de la NAturaleza – FAN Bolivia), Nicole Virgilio (TNC), Omar Samaoya (Rainforest Alliance), Oscar Rojas (Defensores de la Naturaleza), Osvaldo Stella Martins (IPAM), Pedro Marques (Watershed Consulting), Pedro Soares (Idesam), Rane Cortez (TNC), Ricardo Miranda de Britez (SPVS), Ricardo Rettmann (IPAM), Rocco Cheirasco (Greenoxx), Sarene Marshall (TNC), Silvia Gomez Caviglia (Greenoxx), Tatiana Pequeño (CIMA – Cordillera Azul), Thais Megid (Fundação Amazonas Sustentável), Victor Salviati (Fundação Amazonas Sustentável), equipe UN-REDD Programme, Veronica Galmez (Ecobona / Intercooperation), Yan Speranza (Fundação Moisés Bertoni).

O conteúdo da seção de projetos foi construído a partir de questionários respondidos pelos próprios responsáveis dos projetos, tanto de forma escrita quanto por conversas telefônicas. Dúvidas específicas sobre cada projeto devem ser encaminhadas diretamente às instituições responsáveis pelos mesmos. O Idesam e a TNC Brasil comunicam que não têm responsabilidade pelos dados e informações dos projetos aqui publicados.

Autores: Mariano Colini Cenamo, Mariana Nogueira Pavan, (Idesam), Ana Cristina Barros e Fernanda Carvalho (TNC Brasil)Projeto gráfico: Gabi JunsProdução de mapas: Gabriel CarreroImagens: Arquivo IdesamTiragem: 750 exemplaresGráfica: Grafisa

Este documento foi impresso em papel Reciclato® 90g/m2 (miolo) e 240g/m2 (capa). O papel Reciclato® tem em sua composição 25% de matéria pós-consumo e no seu branqueamento não é utilizado cloro. Procuramos deixar a área de sangria limpa, para assegurar que a maior parte das aparas ficassem prontas para reciclagem. As dimensões deste documento também foram escolhidas para minimizar o desperdício de papel.

Esta publicação deve ser citada como:CENAMO, M. C., PAVAN, M.N, BARROS, A.C., CARVALHO, F. Guia sobre Projetos de REDD+ na América Latina. 2010. Manaus, Brasil. 96 PG.

Esta publicação foi impressa com o apoio da

STERN, N. Stern Review: The Economics of Climate Change. Cambridge, UK: Cambridge University Press. 2006.

STRASSBURG, TURNER, B. R.K. FIShER, B. SChAEFFER, R. LOvETT, A. (2009). Reducing emissions from deforestation—The ”combined incentives” mechanism and empirical simulations. Global Environmental Change. 19(2):265-278.

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STATUS do projeto

Desenho Implementação Em validação validado venda de créditos

linha de base

histórica modelada ou projetada

instituição proponente do projeto

Governo ONG Setor privado

fontes de financiamento

mecanismo de mercado doações

CO-BENEfícios

Conservação da biodiversidade

Melhoria da qualidade de vida das comunidades

Conservação de bacias hidrográfi cas

Recuperação de matas ciliares

créditos gerados/ano

X anosY tCO2e

W tCO2e/a

como interpretar o guia

GUIA

SOB

RE P

ROJE

TOS

DE R

EDD+

NA

AMér

ica

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na

Indica a quantidade esperada de reduções de emissões a serem geradas pelas atividades do projeto em um determinado período de tempo.

guia sobre

PROJETOS de REDD+na américa latina

Mariano Colini Cenamo Mariana Nogueira Pavan Ana Cristina Barros Fernanda Carvalho

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