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Juventude e Participação: Interação com as redes sociais Stéfany Sidô Ventura Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”, Universidade Federal de Minas Gerais. [email protected] Bárbara Monteiro de Barros da Gama Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”, Universidade Federal de Minas Gerais. [email protected] Resumo Os jovens ainda são uma incógnita para a política. Alguns defendem seu comportamento transformador e outros alegam que são apáticos e descrentes da política. No entanto, não se pode negar seu potencial para o aprendizado, debate e atuação política. A partir dos dados da pesquisa “Jovens Eleitores e Novas Tecnologias”, desenvolvida pelo grupo “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral” (UFMG). A proposta é compreender o comportamento dos jovens na internet, no que se refere à participação política. Procura-se entender como os jovens se informam sobre política na internet e, se e como eles participam, tendo como locus as principais redes sociais. Como recurso metodológico, optou-se por considerar dados de acesso à internet e tipificação, além da análise da interação dos jovens nas redes sociais, através da utilização dos recursos próprios das redes. Resumo Expandido

Stéfany Sidô Ventura · ... trazendo consequências para ele próprio e para ... os jovens tinham pré-disposição e tendências à delinquência e ... para causas políticas Escrever

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Juventude e Participação: Interação com as redes sociais

Stéfany Sidô Ventura

Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do

Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”,

Universidade Federal de Minas Gerais.

[email protected]

Bárbara Monteiro de Barros da Gama

Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do

Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”,

Universidade Federal de Minas Gerais.

[email protected]

Resumo

Os jovens ainda são uma incógnita para a política. Alguns defendem seu

comportamento transformador e outros alegam que são apáticos e descrentes

da política. No entanto, não se pode negar seu potencial para o aprendizado,

debate e atuação política. A partir dos dados da pesquisa “Jovens Eleitores e

Novas Tecnologias”, desenvolvida pelo grupo “Opinião Pública, Marketing

Político e Comportamento Eleitoral” (UFMG).

A proposta é compreender o comportamento dos jovens na internet, no que se

refere à participação política. Procura-se entender como os jovens se informam

sobre política na internet e, se e como eles participam, tendo como locus as

principais redes sociais. Como recurso metodológico, optou-se por considerar

dados de acesso à internet e tipificação, além da análise da interação dos

jovens nas redes sociais, através da utilização dos recursos próprios das

redes.

Resumo Expandido

Os jovens ainda são uma incógnita para a política. Alguns defendem seu

comportamento transformador e outros alegam que são apáticos e descrentes

da política. No entanto, não se pode negar seu potencial para o aprendizado,

debate e atuação política. A partir dos dados da pesquisa “Jovens Eleitores e

Novas Tecnologias”, desenvolvida pelo grupo “Opinião Pública, Marketing

Político e Comportamento Eleitoral” (UFMG), a proposta é compreender o

comportamento dos jovens na internet, no que se refere à participação política.

Procura-se entender como os jovens se informam sobre política na internet e,

mais ainda, se e como eles participam, tendo como locus as principais redes

sociais.

Como recurso metodológico, optou-se por considerar dados de acesso à

internet e tipificação, além da análise da interação dos jovens nas redes

sociais, através da utilização dos recursos próprios das redes. O segmento

escolhido para análise são os estudantes do ensino médio de escolas públicas

de Belo Horizonte, por considerar relevante a influência de aspectos

socioeconômicos, culturais e educacionais nesse contexto.

Palavras-chaves: política, juventude, internet, participação

Visões de juventude

Muito se tematizou e uma gama de conceitos acerca da juventude foram

formulados por pesquisadores e estudiosos ao longo dos tempos. Ser “jovem”

e estar incorporado à “juventude” não são fatores e muito menos conceitos

estáticos. Por estarem inseridos em contextos histórico-culturais, estes são

fluidos e maleáveis, apresentam nuances que podem ser produzidas e até

mesmo percebidas de acordo com a conjuntura temporal apresentada.

Em uma concepção sociológica, temos a juventude como uma noção social.

Um momento de transição entre infância e maturidade, onde o indivíduo é

incorporado ao mundo das responsabilidades, cristalização de valores e

integração social, marcando sua fase adulta.

“Por isso mesmo é um momento crucial para a continuidade social: é nesse momento que a integração do individuo se efetiva ou não, trazendo consequências para ele próprio e para a manutenção da coesão social.”

ABRAMO, pp. 29.

Notamos então ,segundo esta teoria funcionalista sociológica, o porquê da

recorrente interpretação da juventude como “problema”. Há certo pânico ao se

pensar nas possíveis disfunções e descontroles que uma juventude com déficit

na incorporação dos valores e das regras sociais podem causar ao bom

funcionamento e no processo da integração social.

Nos anos 50, a visão incorporada à juventude foi a dos “rebeldes sem causa”

onde, os jovens tinham pré-disposição e tendências à delinquência e

transgressão. Na década de 1960 e inicio da década de 1970, os jovens

apresentavam ameaça a ordem social, visto que estes eram demasiado críticos

ao governo, a cultura e a moral vigentes.

A apropriação e utilização de movimentos estudantis e sindicais por estes foi

massiva como forma de contestação e atuação política para mostrar à

sociedade seu descontentamento e crítica com a conjuntura política e social

que viviam.

“Foi somente depois, quando tais movimentos juvenis já haviam entrado num refluxo, que a imagem dessa juventude dos anos 60 foi reelaborada e assimilada de uma forma positiva, generalizando a ótica da minoria que neles depositava diferentes tipos de esperança: a imagem dos jovens nos anos 60 plasmou-se como a de uma geração idealista, generosa, criativa que ousou sonhar e se comprometer com a mudança social. Essa reelaboração positiva acabou, desse modo, por fixar assim um modelo ideal de juventude: transformando a rebeldia, o idealismo, a inovação e a utopia características essenciais dessa categoria etária.”

ABRAMO, pp. 31

A juventude da década de 1980 vista como oposta à das décadas anteriores.

Os jovens apresentavam características fortemente vinculadas à interesses e

posições individualistas, conservadoras , politicamente apáticos e indiferentes

aos assuntos públicos e sociais. As décadas de 1990 e 2000 apresentam uma

juventude que é globalizada e globalizante, que percebe as mudanças e

transformações sociais como uma utopia, talvez por isto, são apáticos e

desinteressados pela política, demonstram grande pragmatismo no cotidiano e

têm fortes valores hedonistas.

‘Descortina-se uma nova configuração do universo juvenil: a crise do espaço universitário como significativo para a elaboração das referencias culturais, o enfraquecimento da noção de cultura alternativa como modo de contraposição ao sistema, e a emergência de uma intensa vivencia, por parte dos jovens das camadas populares, no campo de lazer ligado à indústria cultural.’

MISCHE, apoud ABRAMO, 1994,82

Participação política e Juventude

Há uma crescente preocupação de diversos atores políticos com a participação

e mobilização da juventude nas instancias políticas formais e informais pois, o

que se percebe é a ausência dos jovens nestes canais de participação, baixa

adesão em organismos e movimentos políticos (partidos, movimento estudantil,

sindicatos, etc.).

Em uma pesquisa realizada por Telles (2010) com a participação de 500 jovens

entre 18 e 24, moradores de Belo Horizonte (MG), 82,4% dos entrevistados

afirmaram ter pouco ou nenhum interesse por política. Quando perguntados

sobre o grau de importância de alguns temas 44,4% dos jovens percebem a

política como nada ou pouco importante.

Tabela 2 - Participação Política

Discussão

política

Distintivo

político

Comício

ou

assembleia

Solicitar

dinheiro ou

contribuir

financeiramente

para causas

políticas

Escrever

blog

Greve

Nunca

participou

80,2% 83,6% 79,4% 97% 95,4% 92%

participou,

mas não

participa

mais

14,6% 14% 18,4% 1,8% 2,2% 6,2%

Participa

atualmente

5,2% 2,4% 2,2% 1,2% 2,4% 1,8%

TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Pesquisa Juventude, participação e voto. DCP/UFMG/Fapemig/Ipespe.

Outro ponto interessante, apontado na pesquisa de Telles é que em uma

escala de 0 – 10 na qual zero significa nenhuma confiança e dez total

confiança, nenhuma das instituições: partidos políticos, o congresso nacional, a

assembleia legislativa e a câmara municipal atinge graus de confiança maiores

que 4,4 enquanto a Igreja e as ONG’s têm uma confiança média de mais de 6.

O projeto

Com o objetivo de fomentar a cidadania política, intensificar e qualificar a

participação, o grupo de pesquisa Opinião Púbica, Marketing Político e

Comportamento Eleitoral, sediado na Universidade Federal de Minas Gerais,

promove o diálogo entre a pesquisa e a realidade num projeto extensionista

denominado: Jovens Eleitores e Novas Tecnologias.

Por encontrar nos jovens um grupo com elevado potencial para a atuação e

aprendizado e por entender que a ciência política tem a capacidade não só de

compreender o comportamento deste ator da sociedade civil, mas também de

interferir em sua realidade, proporcionando informações balizadas para uma

atuação política efetivamente cidadã, o Projeto Jovens Eleitores e Novas

Tecnologias atua com os estudantes, de ensino médio, de escolas públicas

(municipais e estaduais) de Belo Horizonte.

Considerando a importância que o ambiente digital possui na vida dos jovens,

acreditamos que esta é uma ferramenta importante para a construção de novas

práxis políticas, servindo à ampliação dos espaços participativos para os jovens

socialmente vulneráveis com direito ao voto facultativo ou em vias de obtê-lo.

A proposta foi de utilizar as novas tecnologias, como twitter, sites de

relacionamento e blogs, com o intuito de despertar nos jovens o interesse para

a atuação política, estimulando a participação para além dos períodos

eleitorais, investigando suas formas de interação com a política em ambiente

digital e escolar.

Objetivos

Dentre os objetivos do projeto estão a promoção da participação e o fomento

ao interesse aos assuntos públicos, pelos jovens de, 15 a 18 anos, estudantes

de Ensino Médio da rede pública para que estes possam atuar politicamente,

de maneira qualificada, durante os interstícios eleitorais e no momento do voto.

O projeto visa investigar as formas de interação dos jovens e o ambiente

virtual, possibilitando a atuação e difusão de informações sobre política e afins,

visando este objetivo disponibilizamos o Portal Opinião Pública que é um

espaço de interação entre a Academia e a comunidade.

Tendo em vista o interesse que ferramentas com caráter interativo e dialógico

como o microblog twitter e as demais potencialidades da WEB 2.0 despertam

nos jovens, contribuindo para que a produção científica lhes seja acessível e

que estes possam fornecer material para pesquisas, acervos de fontes

primárias e secundárias, bem como bases de dados na área de opinião pública

e comportamento eleitoral.

Portanto, além do contato face a face entre membros do grupo de pesquisa,

alunos e professores do Ensino Médio nas oficinas, palestras, debates e

reuniões de trabalho que ocorreram no ambiente escolar, o projeto visa

fomentar o contato permanente entre esses atores no ambiente virtual,

utilizando as novas tecnologias e redes sociais para fazê-lo.

Metodologia utilizada

Para a realização das oficinas foi estabelecida uma parceria com as escolas de

Ensino Médio da Rede Pública em conjunto com a Secretaria Municipal de

Educação de Belo Horizonte e a Secretaria Estadual de Educação de Minas

Gerais, coordenações pedagógicas e professores, com objetivo de criar um

diálogo crítico sobre o cotidiano político, sobre as formas de participação

política e a apropriação das novas tecnologias e redes sociais para a

integração e principalmente para a atuação política.

- As oficinas

As oficinas são realizadas por bolsistas do Projeto Jovens Eleitores e Novas

Tecnologias. Nas oficinas instiga-se os alunos à falarem sobre suas

percepções sobre política e fazerem uma avaliação do que entendem da

atuação dos políticos, das instituições e logo após fala-se da importância do

voto e da participação política em geral.

Da possibilidade do uso das novas tecnologias e das redes sociais para se

fazer e informar sobre política. Anterior ao momento das oficinas, os

realizadores do projeto fazem contato com os professores que acompanham o

projeto nas escolas, e lhes é passado que os alunos deve fazer uma redação

com o tema “O que é política?”. A partir destas redações pode se notar o nível

de interesse/apatia e conhecimento que os alunos apresentam sobre o tema.

Dentro das oficinas os alunos são instigar a pensar e a debater sobre questões

políticas, dificuldade e possibilidades de participação, o papel das redes sociais

e das novas tecnologias como forma de ativismo político e a importância e a

qualidade das informações obtidas através da mídia. Também são aplicados

questionários com os estudantes, com perguntas referentes ao acesso e

utilização da internet e redes sociais, perguntas relacionadas ao seu perfil

socioeconômico e político.

Ao final das oficinas os alunos informam os e-mails que utilizam para acesso às

redes sociais e assim são incorporados as redes sociais utilizadas pelo projeto

(Twitter, Facebook e Blog) para que haja um contato permanente e um

intercambio de visões e conhecimentos.

Perfil dos Alunos

O foco do projeto desde o principio era abarcar uma amostra correspondente à

juventude referente às escolas públicas da cidade de Belo Horizonte. Foram

contemplados principalmente alunos entre a faixa etária de 15 a 18 anos,

incluindo também alguns alunos com a idade acima dessa média, sobretudo no

turno noturno.

Cabe traçar o perfil destes alunos para que seja possível mensurar as

conclusões a posteriori. Além do mais, é importante que seja considerada a

corrente sociológica por trás desta análise, corrente esta que aborda a ideia de

que o interesse, os valores e as crenças de um dado grupo categórico se

referem a determinadas divisões sociais (neste caso, o grupo categórico diz

respeito especificamente à jovens, de escolas públicas).

“...os indivíduos não possuem uma identificação

consciente, objetividade política organizada ou fins

específicos. Porém, seus membros são unidos em

função de determinados aspectos como sexo, faixa

etária ou condição educacional.”

TELLES, Em Debate, v. 2, 22-27, nov. 2010

Pode-se considerar factual, portanto, que a condição educacional interfere

significativamente na formação da opinião destes jovens. O contexto em que

estão inseridos molda especificidades para a formação de suas ideias,

opiniões.

“Assim, o ato de votar ou participar decorre da

centralidade do individuo e os mecanismos de

coação psicológica, lógica e social afetam as

escolas político-eleitorais e as condutas individuais.”

TELLES, Em Debate, v. 2, 22-27, nov. 2010

É importante considerar que os estudantes participantes do Projeto, integravam

em sua grande maioria classe média baixa. Foi aferida, através dos

questionários aplicados, alta porcentagem de acesso à internet na casa de

amigos e lan house o que indica que possuir internet em próprio domicílio ainda

não é uma realidade comum a todos.

Ao analisar o acesso nas escolas constatou-se que este é nulo. Mesmo que

não tenha sido aplicado questionário socioeconômico, através de observação

atenta da equipe que trabalho no Projeto, juntamente com análises dos

questionários (que mensurava, por exemplo, o tipo de ferramenta da internet

que estes jovens mais utilizavam) foi possível traçar através de tais indícios

que não se tratava de alunos com uma renda elevada.

Outro ponto importante que foi analisado foi o claro desinteresse pelo tema

abordado nas oficinas, a descrença e uma opinião pessimista em relação à

politica. O interesse por busca de informações, notícias e leituras diversas é

bastante reduzido, ainda que as escolas em sua maioria demonstre fazer

esforços para incentivar este tipo de interesse nos alunos.

Utilização da Internet

Um dos parâmetros para averiguar que tipo de conteúdo os jovens mais

buscam na internet, além das conversas durante as oficinas, foi a aplicação do

questionário.

Através deste, ficou claro o interesse destes jovens ao acessar a internet.

Percebeu-se que os estudantes não possuem o hábito de acessar a noticias e

a conteúdos informativos, sendo seu principal foco os sites de relacionamentos.

A partir disto, foram criados mecanismos para que pudéssemos efetivamente

participar da realidade destes jovens e proporcionar-lhes, através de meios com

os quais se identificassem, informações, e também despertar um possível

interesse sobre política.

O questionário foi importante também para a avaliação de onde o acesso à

internet era feito pelos estudantes. Segue abaixo gráfico que mostra tais dados:

Gráfico 1 - Acesso à Internet

Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias

Como é possível ver através do gráfico a grande maioria tem acesso à internet

de casa e o local onde menos utilizam a ferramenta é nas escolas. Muitas

vezes esse número reduzido de acessos nas escolas se dá devido a fatores

relacionados à infraestrutura, como, por exemplo, carência de espaço na

escola para aulas em laboratórios ou locais apropriados, ou até mesmo um

número suficiente de máquinas para a utilização de todos os alunos. Em alguns

casos, por mais que tenham o número suficiente, os aparelhos se encontram

em ruim conservação ou até mesmo nem funcionam.

É importante frisar também que por mais que tenha ficado claro o contínuo

esforço das escolas em fomentar o interesse pela leitura, essa prática não era

capaz de se concretizar no ambiente externo a ela, ou seja, no cotidiano destes

alunos. Aferiu-se assim que essas ferramentas de rede poderiam ser mais bem

aproveitadas também para este fim, uma vez que os jovens preenchem grande

parte de seu tempo livre com a utilização da internet.

Da utilização das redes

O tópico acima deixa clara qual a preferência dos jovens ao utilizar os meios de

comunicação através da internet. Sendo assim, foram criadas algumas redes

que pudessem efetivamente causar algum impacto na realidade destes jovens

e que pudesse fazer parte da visão passada nas próprias oficinas, onde se

destacava a participação para além do período eleitoral.

Foram criados perfis nas principais fontes de utilização dos alunos. É

importante deixar claro que ao longo do Projeto houve uma significativa

mudança na preferencia destes jovens por determinados tipos de rede. No

início, a rede mais utilizada era o site de relacionamento Orkut (isto no ano de

2010). De 2011 pra frente fica clara a migração da grande maioria para o

Facebook.

Dados revelam que esta migração não se deu somente em relação aos jovens

abordados na pesquisa e que na verdade abrange uma mudança em uma

escala maior. De acordo com dados divulgados em julho de 2012 pela Experian

Hitwise, o Facebook obteve 54,99% de participação no Brasil, em

contraposição aos 18,24% registrados no ano de 2011. Isso indica um

crescimento de 36,75 pontos percentuais.

A criação de um perfil foi feita onde aferiu-se maior interesse dos jovens.

Através dos questionários percebeu-se uma maior identificação com o

Facebook e o microblog Twitter. Principalmente no perfil do Facebook foi

constatado que não somente os jovens envolvidos na pesquisa seguiam a

página como também professores, perfis de movimentos sociais e por

pesquisadores da área de comunicação, ciência politica e educação.

Já em relação ao Twitter o interesse maior apresentado se deu por parte de

pesquisadores sobre o tema. E mesmo que não necessariamente utilizassem a

ferramenta “seguir” no perfil, jovens afirmaram que acompanhavam a página,

ainda que com baixa frequência.

Outra ferramenta criada pelo Projeto nas redes, foi o Blog. Este funciona como

um concentrador das principais informações referentes ao projeto, além de

oferecer noticias que fomentassem o interesse pela política. Além disso é

possível ter acesso a alguns vídeos desde os utilizados nas oficinas, quanto

outros, além de disponibilizar dicas de livros.

Interação com o Projeto

Através da análise específica de cada uma das redes sociais criadas para fim

de promove uma relação face a face com o público alvo, foi possível aferir o

grau de envolvimento dos alunos com o que estava sendo divulgado e exposto.

Dos 226 “amigos” ligados ao perfil do Facebook, por exemplo, grande parte se

referia a alunos da instituição de ensino UFMG, e a páginas de cunho cultural

ou político. Isso deixa claro que mesmo que o objetivo inicial da criação da

página tenha sido atrair os alunos das escolas visitadas, a página repercutiu

também em searas diferentes, incluindo um público mais abrangente.

Outra análise que tornou possível a constatação da interação do jovem com o

projeto, foi através da ferramenta “curtidas” presente também no site de

relacionamentos Facebook.

Segue abaixo gráfico que mostra tal interação no espaço de alguns meses de

pesquisa:

Gráfico 1 – Interação alunos / Facebook – “Número de curtidas”

Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias

Foi utilizada a mesma forma para mensurar a participação analisando a

ferramenta “compartilhadas”, também do site de relacionamentos Fcebook

Segue abaixo tabela que explicita os dados:

Gráfico 2 – Interação alunos / Facebook – “Compartilhadas”

Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias

As análises feitas no Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias deixa claro

o nível de interação dos jovens com as redes sociais. Mesmo que estas sejam

bastante utilizadas no cotidiano destes alunos, fica evidente que quando não se

trata de um assunto em voga entre eles, e que não é tema relevante para

apreciação, mesmo que estejam dentro de um meio bastante visualizado,

acessado, não agrega interesse. Os assuntos que mais despertam interesse e

geram maior repercussão ainda continuam sendo os relacionados à corrupção.

Tal ausência de uma reciprocidade por parte dos jovens nos leva a refletir

sobre a questão da aproximação da identidade e apropriação do perfil

enquanto ferramenta de interlocução entre estes e a rede.

Como observado anteriormente nos dados da pesquisa de Telles (2010), pode-

se dizer que a desconfiança nas instituições gera afastamento e pouco

interesse justamente por não ser algo sui generis da juventude utilizada como

público específico desta pesquisa.

Essa característica da desconfiança está presente independentemente da

classe etária ou econômica. Em suma, o que foi possível analisar é que por

mais que tenham sido pensadas especificamente como meio atrativo para este

público de jovens, a ausência de legitimidade atribuída por eles mesmos às

redes, gerou certo distanciamento. Este fato se reverberou nas análises das

demais redes , não somente no Facebook.

A conta no Twitter foi criada também com intuito de promover o diálogo com os

estudantes que integram o projeto. O Twitter @jovenseleitores possui 63

seguidores, sendo a maioria deles professores das escolas que participaram

das oficinas e também pesquisadores das áreas de política, juventude,

comunicação e redes sociais. Há também muitos perfis de ONG’s e outras

organizações.

O Twitter segue 86 perfis que possuem a mesma linha de perfis dos seguidores

mencionados anteriormente, porém, o grande diferencial está na quantidade e

diversidade de canais de notícias, informações políticas, instituições que

também alimentam o perfil do projeto com a possibilidade de retweets sobre

notícias e informações. Não foi marcado nenhum tweet como favorito bem

como lista.

Abaixo tabela que evidencia a reprodução da falta de aproximação dos jovens

com as redes criadas, através da análise dos tweets e retweets de alguns

meses do projeto no microblog Twitter:

Data Tweettado/ Retweettado

Se Retweetado, de quem?

Texto

15/jan/13 Tweettado - Facebook anuncia nova ferramenta de busca para conteúdo compartilhado na rede social http://folha.com/no1215176 via @folha_com

13/dez/12 Retweetado Estado de Minas @em_com

Mais de 36 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão ser assassinados até 2016 no país http://bit.ly/SX11WV via @em_com

12/dez/12 Tweettado - Chuvas! http://jovenseleitoresnt.wordpress.com/2012/12/03/chuvas/ … Leia e deixe o seu comentário.

12/dez/12 Retweettado Prefeitura de H @pbhonline

Confira a programação que celebra os 115 anos de BH: http://ow.ly/g2cGX

12/dez/12 Retweetado Revista Educação @revistaeducacao

Como sua escola trabalha a inclusão? Participe da enquete em nosso site! http://www.revistaeducacao.com.br

27/nov/12 Tweettado -

Escola Municipal Mestre Ataíde: Luíza Glória autografa o livro iHistórias de Glóri...http://mestreataide.blogspot.com/2012/11/luiza-gloria-autografa-o-livro.html?spref=tw …

31/out/12 Tweettado -

Colóquio Internacional "Mídia, corrupção e novas tecnologias". MESA 1: Jovens Eleitores e Novas Tecnologias. http://opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=168 …

08/out/12 Tweettado -

http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?&tagIds=382541&time=all&orderBy=mais-recentes&edFilter=editorial&video=eleicoes-no-brasil-sao-destaque-na-imprensa-internacional-0402CC1 3172D4993326 …

12/set/12 Retweettado Grupo OpiniãoPública @OpPublica

DOXA convida: mesa redonda sobre ELEIÇÕES MUNICIPAIS http://opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=161 …

23/ago/12 Retweettado UFMG @ufmgbr

#UFMG publica edital de seleção para Colégio Técnico, Centro Pedagógico e Teatro Universitário. http://bit.ly/PIQXid

23/ago/12 Retweetado UO Política @UOLPolitica

Veja vídeos de várias cidades e os fatos mais importantes do horário eleitoral http://uol.com/bycF3m #UOL #Eleicoes2012

17/ago/12 Tweettado -

Quiz: você está por dentro do mensalão? TESTE SEUS CONHECIMENTOS! http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/1133419-quiz-voce-esta-por-dentro-do-mensalao.shtml …

09/ago/12 Tweettado - Dica para acompanhar as eleições municipais de Belo Horizonte http://eleicoes.uol.com.br/2012/belo-horizonte/ …

05/ago/12 Retweettado - Esta no ar a edição de julho do periódico Em Debate (UFMG): "Comunicação política e comportamento eleitoral"http://opiniaopublica.ufmg.br/edicaoAtual.php

25/jun/12 Tweettado -

TSE define regras para veiculação de propaganda eleitoral gratuitahttp://www.em.com.br/app/noticia/politica/2012/06/25/interna_politica,302190/tse-define-regras-para-veiculacao-de-propaganda-eleitoral.shtml …

18/jun/12 Tweettado -

Começam hoje inscrições para o Sisu; há mais de 30 mil vagashttp://www1.folha.uol.com.br/saber/1106280-comecam-hoje-inscricoes-para-o-sisu-ha-mais-de-30-mil-vagas.shtml …

11/jun/12 Tweettado -

FIT-BH apresenta três grandes espetáculos internacionais nesta terça-feira ::. 12/06 http://www.otempo.com.br/entretenimento/ultimas/?IdNoticia=27428 … via@otempoonline

11/jun/12 Retweettado c beleme er @cybelemeyer

Internet+segurança é tema p/ os professores da @EscolasdoAmanha na comunidade Ning http://migre.me/9p6W2 #amanhadigital Participe!

26/abr/12 Tweettado - Escolas participantes do projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias http://wp.me/P1G4lB-4G via @wordpressdotcom

24/abr/12 Tweettado - Dica da semana: vídeo "Intervozes - Levante sua voz - A Verdadeira história da mídia brasileira " : http://migre.me/8OnqB

17/abr/12 Tweettado - Os Jovens Eleitores também está no Facebook: http://migre.me/8Imht

16/abr/12 Retweettado log Educação @blog_educacao

Veja vídeos de várias cidades e os fatos mais importantes do horário eleitoral http://uol.com/bycF3m #UOL #Eleicoes2012

16/abr/12 Retweettado Grupo OpiniãoPública @OpPublica

Inscrições para Jovens Pesquisadores em Opinião Pública - V Congresso Latinoamericano da WAPOR - Bogotá 2012 http://www.opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=144 …

Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias

Através destas tabelas e gráficos. Além das várias análises a partir das oficinas

e dos dados gerados na realização do projeto, pode-se dizer que a relação

entre os jovens e a política na internet, seja na busca por informações ou na

participação, parece refletir seu cotidiano “offline”. Este comportamento nas

redes é congruente com a atuação e visão destes mesmos jovens estudantes,

que em sua grande maioria se vincula ao pessimismo em relação à política e

também à descrença frente a possíveis mudanças como reflexo de sua

participação no cotidiano fora do ambiente virtual.

Conclusão

A maior parte dos jovens apresenta forte interesse ao recorrer às chamadas

mídias tradicionais, por informações sobre entretenimento (esportes, música,

temas adolescentes encontrados em redes como blogs) e na internet isso se

reproduz.

Por mais que os dados mostrem que temas relacionados a política cheguem ao

conhecimento dos jovens, estes parecem ignorá-los. Isso mostra que se

informar ou não sobre o assunto não está associado ao dispêndio de recursos,

dado que o acesso a maioria das informações pela internet é livre e é

facilmente encontrado em redes disponibilizados por órgãos públicos como a

Câmara dos Vereadores, Assembleia Legislativa, Congresso Nacional entre

outros.

O que se percebe é que há uma facilidade de acesso a noticias e referencias

sobre temas políticos, mas esses não se encaixam no leque de interesses da

juventude retratada. É importante ressaltarmos que apesar dos jovens

reconhecerem a importância da política e da participação nela, há um

desconhecimento dos mecanismos presentes na internet para que possam

participar efetivamente do meio politico, seja através de redes sociais, portais

institucionais como os citados anteriormente e recursos como petições online,

por exemplo.

A respeito da interação dos jovens com as redes sociais criadas pelo projeto,

aferimos a baixíssima, quase inexistente, participação. Inicialmente o objetivo

dos canais era proporcionar meios para fomentar e possibilitar o diálogo. A

possibilidade da dupla via de informações foi o ponto central para a criação das

redes sociais do Projeto. Porém, com a baixa interação o objetivo modificou-se

para que se pudesse atingir os alunos de outras formas. As redes então,

tornaram-se canais para disponibilização de notícias, eventos, vídeos e

imagens.

No que tange à aplicabilidade da metodologia escolhida, que envolvia a

realização de oficinas nas escolas e aplicação dos questionários vis a vis, para

um contato direto com o objeto de estudo, foram encontrados alguns

problemas de ordem prática.

Além de muitas escolas não apresentarem um espaço físico apropriado e que

oferecesse os recursos para a realização das dinâmicas, havia também

ineficiência e insuficiência de materiais e recursos de informática para os

alunos (corroborando os dados apresentados anteriormente que revela que 0%

dos alunos acessa a internet pela escola) o que dificultava a execução. Muitas

escolas apresentaram interesse pelo projeto, mas a cobrança do Estado por

rendimentos dos alunos impossibilitava que as oficinas fossem inseridas no

cronograma de atividades da escola.

Faz-se necessário a publicização e o fomento à projetos, principalmente, de

extensão nesta área e com este público especifico, para que haja o

intercâmbio de conhecimento academia/sociedade e que este tenha como

objetivo a qualificação, a suscitação do interesse pelo tema e a possibilidade

de transformação política e social.

Referências Bibliográficas:

ABRAMO, Helena Wendel, (1997). Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. IN Revista Brasileira de Educação, p 25-36, São Paulo. CASTRO, Mary Garcia, (2006). Juventude e Participação: Perfil e Debate. UNESCO, Brasilia, artigo divulgado no site da Instituição em janeiro de 2006. MISCHE, Ann, (1997). De estudantes a cidadãos. Universidade de Columbia: Tese de doutorado. TELLES, Helcimara de Souza, (2011). Condutas políticas, valores e voto dos eleitores jovens de Belo Horizonte. IN Revista do legislativo, p. 83-103, Belo Horizonte. TELLES, Helcimara de Souza(2010). Jovens Eleitores: decifra-me ou te devoro. Em Debate , v. 2, p. 22-27, 2010. 8