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Oferecimento Texto de Ricardo Romeiro

Storyteller 04 - O Agente, a Data e o Nome

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Texto: O Agente, a Data e o Nome Autor: Ricardo Romeiro

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Oferecimento

Texto deRicardo Romeiro

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ela sorriu inocentemente, mantendo um olhar brincalhão — Eu pesquisei o seu modus operandi e instruí um dos seguranças a ficar abaixado na parede oposta a porta e se fingir de morto após seus dois disparos. No fim das contas, foi até fácil e você não... A garota foi interrompida pelos gritos histéricos de Luiza no viva-voz do telefone: — Valdeci!!! Ôh Valdeci! Vai me deixar falando sozinha? Tá me ignorando? Além de esquecer nosso aniversário de casamento, ainda não me responde? VALDECIIIIII!!!! “Essa não.”, pensou Valdec..., quero dizer, Agente 47. Baby Doll desatou a rir incontrolavelmente. — Valdeci? Esse é o nome que está usando? — envergou o corpo gargalhando — Que nome é esse? Nome de mulher ou de homem? Que merda hein!— mais uma vez riu, quase chorando. 47 fez uma careta, “Droga". Com sua ultimas forças, aproveitou a guarda baixa da menina, levantou o braço que ainda segurava a pistola e disparou. Acertou o peito Baby Doll e ela automaticamente parou de rir. Ela caiu de costas, batendo violentamente a cabeça no vaso sanitário. Em meio aos berros irados de Luiza, o corpo inerte de uma adolescente assassina, a reputação destruída e uma dormência anestesiadora no corpo todo, o Agente 47... ou Valdeci, não tirava um pensamento da cabeça: "Por que diabos eu tinha que errar a data.”.

“Golpe baixo!”, pensou, “Estou é ficando velho para isso.”. 47 estava caído, de costas no chão. Seu ombro queimava, mas pelo menos a bala não havia se alojado em seu corpo. Levantou-se rapidamente, com o braço esquerdo tentou estancar o sangue no ombro e com o direito apontou novamente para a garota... ...Que não estava mais lá!! — Droga! Droga! — olhou para todo o quarto, e não avistou a maldita: — Garotinha, cadê você? Não acreditava que havia falhado tão grotescamente. Provavelmente outros segu-ranças apareceriam logo. Ou ele terminava o serviço agora, ou teria que fugir. Foi quando... ...Seu telefone tocou pela enésima vez naquela noite. Olhou para a tela do celular: “Luiza Chamando”. — Ai meu Deus do céu, que mulher viu! — desconcentrado e furioso atendeu, enquanto com o ombro bom apoiou o celular na orelha — Fala Luiza! — Eu não estou acreditando que você não está aqui em casa ainda. — Mas eu não te disse que estou trabalhando, mulher? — tentou não ofegar devido a dor, e começou a caminhar pelo quarto do hotel procurando a garota. — Disse. Mas eu achei que você viria para casa ainda hoje. — Luiza, eu tenho que trabalhar. Será que nós podemos conversar quando eu chegar em casa? — Não senhor. Já que você não está aqui, vamos conversar A-GO-RA! O Agente 47 baixou a cabeça, suspirou, e disse: — Tudo bem Luiza, fala!— estava olhando agora atrás de uma das portas. —Você sabe que dia é hoje? — Nem vem com essa história, — foi em direção ao banheiro —nosso aniversário de casamento é amanhã. Eu já reservei até uma mesa no retauran... — dessa vez o tiro foi praticamente perfeito. Profissional. Não perfurou seu coração, mas sabia que seu pulmão direito estava condenado. Sentiu suas pernas bambearem, mas o que foi primeiro ao chão foi seu celular. Quando o aparelho caiu, o viva-voz foi ativado, e caindo de joelhos, 47 ouviu em alto e bom som a voz de sua histérica esposa: — ... um idiota! Você sempre confunde o dia. É dia 21 e não dia 22! Vê se põe na sua cabeça que nos casamos no dia 21. Ou seja, hoje nós fazemos 5 anos de casados, não amanhã seu imbecil! Que bom né! Agora você está aí no trabalho e eu aqui, feito uma paspalha! “Ah não, mais uma vez eu errei a data”. O Agente 47 tentou falar algo, mas se engasgou com o próprio sangue. Não tinha nem forças para cair deitado no chão. Enquanto sua mulher continuava reclamando, a adolescente loira, magra e adorável surgiu a sua frente segurando uma .45. "Que patético eu sou.”, pensou ele sorrindo tristemente. A menina parou a sua frente no vão da porta do banheiro, e com um sorriso mali-cioso disse: — Agente 47. O assassino número um do mundo vencido por uma adolescente. — Encostou a arma na testa dele — Eu sou Baby Doll. E fui eu quem contratou sua agência e exigi que que o responsável pelo serviço fosse o famoso Agente 47. — ela pressionou mais o cano da arma na testa dele— Na verdade, eu fui contratada antes de você. Você tem muitos inimigos. Me pagaram muito bem para te matar. E para te contratar não gastei nem um terço do que ganhei. — sorriu belamente. “Como assim?”, pensou indignado 47. — Eu respondo seu pensamento. Fui treinada, assim como você, desde criança. Não uma aberração geneticamente alterada como você é, mas tenho meus talentos. —

mais uma vez. “Que se dane”, pensou ele, e não atendeu. Terminou a instalação do receptor. Ele havia adquirido esses explosivos de um bom fornecedor. Pouco barulho, pouco estrago, alta eficácia. Trocou mais uma vez o silenciador de sua pistola e sacou uma segunda, também com silenciador. Com a mão direita, que segurava uma das pistolas, acionou o detonador com o dedo anelar. A explosão foi seca, sem muito barulho, mas serviu para seu propósito. Rapida-mente soltou o detonador e chutou a porta apontando as duas armas para frente, no local exato que bons seguranças deveriam estar no quarto. E novamente, viu tudo em câmera lenta... ...Antes que a porta se chocasse contra o sofá no meio do quarto, o Agente 47 disparou duas vezes com cada pistola na direção que estava apontando, sem realmente conseguir ver seus alvos. Entrou no quarto e no momento que a porta enfim se chocou com o sofá, abriu os braços e disparou ao mesmo tempo as duas pistolas. Dois corpos caíram ao seu lado. A confusão causara um pouco de poeira, então não pôde ver se havia acertado os outros dois seguranças que deveriam estar na parede oposta. Tinha que ser cauteloso, mas mesmo assim não se preocupava muito. Não sabia a importância da garota, mas devia ser bem importante. Afinal, as ordens eram urgentes e a quantidade de seguranças indicava um alvo dos mais de Nível 1. Mesmo assim, ele sabia que era o melhor. Seu telefone vibrou mais uma vez. Olhando ao redor do quarto enquanto a poeira baixava, atendeu. — Oi! — sussurrou gritado, se é que isso é possível. A resposta do outro lado era inconfundível para ele: — Seu cachorro!! Deligou na minha cara!! E onde você está? Estou te esperando e você não chega! — Depois conversamos LUIZA! — desligou rápido, pois percebeu um vulto se movendo a sua esquerda. Apontou a pistola, e o vulto parou. De soslaio, viu que havia acertado os outros dois seguranças na parede de frente para a porta. Não resistiu e sorriu satisfeito. Quando voltou sua atenção para o vulto, viu que era uma adolescente magra, loira, e adoravelmente inocente. O alvo. — Há mais seguranças aqui? — perguntou para ela. Ela apenas balançou a cabeça negativamente. “Bom.”, pensou ele. Percebeu que a garota não parecia assustada, porém podia ser apenas impressão sua. 47 fixou o olhar novamente na garota, e antes de puxar o gatilho pronunciou a frase que era a sua marca registrada: — Desculpe. Não é nada pess... — não terminou a frase.

Sentiu apenas bala atravessando seu ombro direito. “Maldita mentirosa.”. Aproveitou o impulso que seu corpo teve com o tiro e girou nos calcanhares enquanto caía, e com a arma do braço esquerdo acertou o disparo entre os olhos do segurança, que primeiro caiu de joelhos, depois tombou para o lado. Por um momento acreditou se tratar do quinto segurança, o que deveria estar ao lado da garota, mas ao olhar para parede oposta a porta viu que havia somente um corpo. Este era um dos seguranças que o Agente 47 acreditava ter eliminado. O filho da mãe havia se fingido de morto.

Outro tiro, outra morte. Pegou a primeira cápsula antes que tocasse o chão. O Terceiro ainda estava de costas, se virando quando a bala estourou sua nuca. Três tiros, três mortes. Agilmente pegou as outras duas cápsulas no ar. A situação ficou um pouco mais complicada agora. Como esconderia três corpos? Não tinha idéia. O Banheiro era sua única saída. Quando estava carregando o ultimo corpo para dentro do banheiro, novamente seu telefone vibrou. "Luiza Chamando”. — Quié!? — atendeu bufando. — “Quié”? Tô te interrompendo é? — a voz de Luiza soava histericamente normal do outro lado da linha. — Sim Luiza, está. Como eu já te disse, estou trabalhando. — Até essa hora? Você não vai chegar mais cedo hoje? — Não Luiza. Não vou chegar mais cedo. Assim que eu terminar o que tenho que fazer aqui, eu vou. Tudo bem? — Não, não está tudo bem. Não acredito que você ainda está trabalhando. — Pode acreditar. Se eu não estivesse, você não poderia fazer sua academia ou ir ao cabeleireiro toda semana — Limpou com papel higiênico um pouco de cérebro que havia sujado seu sapato. — Ah é? Você acha que eu dependo de você pra tudo né, seu... — Sim, acho! — respondeu 47 antes que ela concluísse, e em seguida desligou. Sentiu-se estranhamente orgulhoso por ter desligado o telefone na cara de Luiza. Temia a retaliação.

O Agente 47 se apaixonara por Luiza em uma missão de infiltração. Estava disfarçado e usando um nome falso, nome inclusive que ele odiou e que odeia até hoje. Ela ficou encantada com a careca e a tatuagem de código de barras na nuca do Agente 47. Desde então, ele foi obrigado a assumir permanentemente o nome, pois se casou com Luiza e não podia revelar seu trabalho e verdadeira identidade (ou falta dela). Mas isso era outra história, pois agora tinha que matar uma adolescente.

Saiu novamente do banheiro, e dessa vez o corredor estava vazio. Caminhou cuidadosamente até a porta do quarto e encostou o ouvido na porta para tentar ouvir algo. A televisão estava ligada. Com certeza no quarto haveria ao menos 4 seguranças armados. Tinha que ser cauteloso e objetivo. Mas sabia que não teria mais como manter a discrição ao invadir o quarto. Tinha que eliminar a garota o mais rápido possível. Lembrou-se da planta do quarto que havia roubado dias antes de invadir o hotel. Se os seguranças fossem bons profissionais, um estaria no lado esquerdo e o outro no lado direito da porta, encostados na parede. Outro estaria na parede oposta, de frente para a porta. E o quarto segurança ficaria ao lado da criança, de olho na janela também. Agora, se fossem maus profissionais, 47 acreditava que teria mais trabalho, pois a disposição deles no quarto seria aleatória. Ele torcia para que fossem dos bons, facilitando assim o seu trabalho. Olhou para as câmeras de segurança do corredor. Pelo jeito seu programa de repetição de imagens ainda estava rodando sem problemas. Sorriu. Tirou o explosivo plástico que estava enrolado em sua canela e aplicou nas extremidades da porta. Quando ía instalar o receptor do detonador, seu telefone tocou

Dois tiros. Dois mortos. O Agente 47 era sem dúvida o melhor assassino em atividade. Trocou o silenciador, pois a discrição era sua marca, e manteria isso assim. Escondeu os dois corpos e em seguida continuou a infiltração. O alvo era uma garota de 15 anos, que por algum motivo precisava morrer. Ele não se importava, afinal, seguir as ordens estava acima da moralidade. O Agente 47 se escondeu em uma coluna e olhou pelo corredor. Tudo limpo. Avançou. Como de costume, usava um terno italiano preto e luvas. Sua careca branca se destacava do terno. Lembrou que no dia seguinte teria que pagar a parcela do Civic e levar a mulher para jantar. Cinco anos de casado. Luiza sem dúvida era seu maior desafio. Enquanto avançava pelo corredor seu telefone vibrou, estava no silencioso, e sendo assim ele ignorou. Estava chegando na porta do quarto da garota quando o telefone vibrou nova-mente. Parou e olhou para a tela externa do celular. “Luiza Chamando”. — Ah Luiza, agora não. — sussurrou. Mas como que ignorando o sussurro do Agente 47, Luiza não parou de ligar. Ele recuou, entrou num banheiro que havia no corredor e atendeu tentando pare-cer normal: — Alô. — Onde você está? — disse ela em tom irritado a voz do outro lado. — Trabalhando Luiza. — Ah é, trabalhando? Interessante. Ele revirou os olhos, e disse: — Por quê Amor, qual o problema? — Nenhum. Vai demorar para chegar em casa? — Se você continuar me ligando, sim. — Tá bom então seu grosso! Tchau! — e desligou antes que ele pudesse respond-er. Suspirou, balançou a cabeça e abriu cuidadosamente a porta do banheiro. Não chegou a sair, pois agora no corredor haviam três homens que aparentemente estranha-ram a ausência dos outros seguranças. — Ah Luiza, você ainda vai acabar me matando. — falou consigo mesmo. Pensou em uma estratégia, calculando o tempo que teria que gastar com cada um dos homens. Não estava preocupado, afinal, já se safara de situações bem piores. Quando saiu do banheiro, a cena em sua mente aconteceu em câmera lenta. Andando de lado, já com a pistola mirando na cabeça da primeira vitima. Um tiro, uma morte. Se abaixou, praticamente no momento em que o segundo homem notou sua presença, a primeira cápsula ainda subia girando no ar quando 47 disparou novamente.

O Agente, a Data e o Nome

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ela sorriu inocentemente, mantendo um olhar brincalhão — Eu pesquisei o seu modus operandi e instruí um dos seguranças a ficar abaixado na parede oposta a porta e se fingir de morto após seus dois disparos. No fim das contas, foi até fácil e você não... A garota foi interrompida pelos gritos histéricos de Luiza no viva-voz do telefone: — Valdeci!!! Ôh Valdeci! Vai me deixar falando sozinha? Tá me ignorando? Além de esquecer nosso aniversário de casamento, ainda não me responde? VALDECIIIIII!!!! “Essa não.”, pensou Valdec..., quero dizer, Agente 47. Baby Doll desatou a rir incontrolavelmente. — Valdeci? Esse é o nome que está usando? — envergou o corpo gargalhando — Que nome é esse? Nome de mulher ou de homem? Que merda hein!— mais uma vez riu, quase chorando. 47 fez uma careta, “Droga". Com sua ultimas forças, aproveitou a guarda baixa da menina, levantou o braço que ainda segurava a pistola e disparou. Acertou o peito Baby Doll e ela automaticamente parou de rir. Ela caiu de costas, batendo violentamente a cabeça no vaso sanitário. Em meio aos berros irados de Luiza, o corpo inerte de uma adolescente assassina, a reputação destruída e uma dormência anestesiadora no corpo todo, o Agente 47... ou Valdeci, não tirava um pensamento da cabeça: "Por que diabos eu tinha que errar a data.”.

“Golpe baixo!”, pensou, “Estou é ficando velho para isso.”. 47 estava caído, de costas no chão. Seu ombro queimava, mas pelo menos a bala não havia se alojado em seu corpo. Levantou-se rapidamente, com o braço esquerdo tentou estancar o sangue no ombro e com o direito apontou novamente para a garota... ...Que não estava mais lá!! — Droga! Droga! — olhou para todo o quarto, e não avistou a maldita: — Garotinha, cadê você? Não acreditava que havia falhado tão grotescamente. Provavelmente outros segu-ranças apareceriam logo. Ou ele terminava o serviço agora, ou teria que fugir. Foi quando... ...Seu telefone tocou pela enésima vez naquela noite. Olhou para a tela do celular: “Luiza Chamando”. — Ai meu Deus do céu, que mulher viu! — desconcentrado e furioso atendeu, enquanto com o ombro bom apoiou o celular na orelha — Fala Luiza! — Eu não estou acreditando que você não está aqui em casa ainda. — Mas eu não te disse que estou trabalhando, mulher? — tentou não ofegar devido a dor, e começou a caminhar pelo quarto do hotel procurando a garota. — Disse. Mas eu achei que você viria para casa ainda hoje. — Luiza, eu tenho que trabalhar. Será que nós podemos conversar quando eu chegar em casa? — Não senhor. Já que você não está aqui, vamos conversar A-GO-RA! O Agente 47 baixou a cabeça, suspirou, e disse: — Tudo bem Luiza, fala!— estava olhando agora atrás de uma das portas. —Você sabe que dia é hoje? — Nem vem com essa história, — foi em direção ao banheiro —nosso aniversário de casamento é amanhã. Eu já reservei até uma mesa no retauran... — dessa vez o tiro foi praticamente perfeito. Profissional. Não perfurou seu coração, mas sabia que seu pulmão direito estava condenado. Sentiu suas pernas bambearem, mas o que foi primeiro ao chão foi seu celular. Quando o aparelho caiu, o viva-voz foi ativado, e caindo de joelhos, 47 ouviu em alto e bom som a voz de sua histérica esposa: — ... um idiota! Você sempre confunde o dia. É dia 21 e não dia 22! Vê se põe na sua cabeça que nos casamos no dia 21. Ou seja, hoje nós fazemos 5 anos de casados, não amanhã seu imbecil! Que bom né! Agora você está aí no trabalho e eu aqui, feito uma paspalha! “Ah não, mais uma vez eu errei a data”. O Agente 47 tentou falar algo, mas se engasgou com o próprio sangue. Não tinha nem forças para cair deitado no chão. Enquanto sua mulher continuava reclamando, a adolescente loira, magra e adorável surgiu a sua frente segurando uma .45. "Que patético eu sou.”, pensou ele sorrindo tristemente. A menina parou a sua frente no vão da porta do banheiro, e com um sorriso mali-cioso disse: — Agente 47. O assassino número um do mundo vencido por uma adolescente. — Encostou a arma na testa dele — Eu sou Baby Doll. E fui eu quem contratou sua agência e exigi que que o responsável pelo serviço fosse o famoso Agente 47. — ela pressionou mais o cano da arma na testa dele— Na verdade, eu fui contratada antes de você. Você tem muitos inimigos. Me pagaram muito bem para te matar. E para te contratar não gastei nem um terço do que ganhei. — sorriu belamente. “Como assim?”, pensou indignado 47. — Eu respondo seu pensamento. Fui treinada, assim como você, desde criança. Não uma aberração geneticamente alterada como você é, mas tenho meus talentos. —

mais uma vez. “Que se dane”, pensou ele, e não atendeu. Terminou a instalação do receptor. Ele havia adquirido esses explosivos de um bom fornecedor. Pouco barulho, pouco estrago, alta eficácia. Trocou mais uma vez o silenciador de sua pistola e sacou uma segunda, também com silenciador. Com a mão direita, que segurava uma das pistolas, acionou o detonador com o dedo anelar. A explosão foi seca, sem muito barulho, mas serviu para seu propósito. Rapida-mente soltou o detonador e chutou a porta apontando as duas armas para frente, no local exato que bons seguranças deveriam estar no quarto. E novamente, viu tudo em câmera lenta... ...Antes que a porta se chocasse contra o sofá no meio do quarto, o Agente 47 disparou duas vezes com cada pistola na direção que estava apontando, sem realmente conseguir ver seus alvos. Entrou no quarto e no momento que a porta enfim se chocou com o sofá, abriu os braços e disparou ao mesmo tempo as duas pistolas. Dois corpos caíram ao seu lado. A confusão causara um pouco de poeira, então não pôde ver se havia acertado os outros dois seguranças que deveriam estar na parede oposta. Tinha que ser cauteloso, mas mesmo assim não se preocupava muito. Não sabia a importância da garota, mas devia ser bem importante. Afinal, as ordens eram urgentes e a quantidade de seguranças indicava um alvo dos mais de Nível 1. Mesmo assim, ele sabia que era o melhor. Seu telefone vibrou mais uma vez. Olhando ao redor do quarto enquanto a poeira baixava, atendeu. — Oi! — sussurrou gritado, se é que isso é possível. A resposta do outro lado era inconfundível para ele: — Seu cachorro!! Deligou na minha cara!! E onde você está? Estou te esperando e você não chega! — Depois conversamos LUIZA! — desligou rápido, pois percebeu um vulto se movendo a sua esquerda. Apontou a pistola, e o vulto parou. De soslaio, viu que havia acertado os outros dois seguranças na parede de frente para a porta. Não resistiu e sorriu satisfeito. Quando voltou sua atenção para o vulto, viu que era uma adolescente magra, loira, e adoravelmente inocente. O alvo. — Há mais seguranças aqui? — perguntou para ela. Ela apenas balançou a cabeça negativamente. “Bom.”, pensou ele. Percebeu que a garota não parecia assustada, porém podia ser apenas impressão sua. 47 fixou o olhar novamente na garota, e antes de puxar o gatilho pronunciou a frase que era a sua marca registrada: — Desculpe. Não é nada pess... — não terminou a frase.

Sentiu apenas bala atravessando seu ombro direito. “Maldita mentirosa.”. Aproveitou o impulso que seu corpo teve com o tiro e girou nos calcanhares enquanto caía, e com a arma do braço esquerdo acertou o disparo entre os olhos do segurança, que primeiro caiu de joelhos, depois tombou para o lado. Por um momento acreditou se tratar do quinto segurança, o que deveria estar ao lado da garota, mas ao olhar para parede oposta a porta viu que havia somente um corpo. Este era um dos seguranças que o Agente 47 acreditava ter eliminado. O filho da mãe havia se fingido de morto.

Outro tiro, outra morte. Pegou a primeira cápsula antes que tocasse o chão. O Terceiro ainda estava de costas, se virando quando a bala estourou sua nuca. Três tiros, três mortes. Agilmente pegou as outras duas cápsulas no ar. A situação ficou um pouco mais complicada agora. Como esconderia três corpos? Não tinha idéia. O Banheiro era sua única saída. Quando estava carregando o ultimo corpo para dentro do banheiro, novamente seu telefone vibrou. "Luiza Chamando”. — Quié!? — atendeu bufando. — “Quié”? Tô te interrompendo é? — a voz de Luiza soava histericamente normal do outro lado da linha. — Sim Luiza, está. Como eu já te disse, estou trabalhando. — Até essa hora? Você não vai chegar mais cedo hoje? — Não Luiza. Não vou chegar mais cedo. Assim que eu terminar o que tenho que fazer aqui, eu vou. Tudo bem? — Não, não está tudo bem. Não acredito que você ainda está trabalhando. — Pode acreditar. Se eu não estivesse, você não poderia fazer sua academia ou ir ao cabeleireiro toda semana — Limpou com papel higiênico um pouco de cérebro que havia sujado seu sapato. — Ah é? Você acha que eu dependo de você pra tudo né, seu... — Sim, acho! — respondeu 47 antes que ela concluísse, e em seguida desligou. Sentiu-se estranhamente orgulhoso por ter desligado o telefone na cara de Luiza. Temia a retaliação.

O Agente 47 se apaixonara por Luiza em uma missão de infiltração. Estava disfarçado e usando um nome falso, nome inclusive que ele odiou e que odeia até hoje. Ela ficou encantada com a careca e a tatuagem de código de barras na nuca do Agente 47. Desde então, ele foi obrigado a assumir permanentemente o nome, pois se casou com Luiza e não podia revelar seu trabalho e verdadeira identidade (ou falta dela). Mas isso era outra história, pois agora tinha que matar uma adolescente.

Saiu novamente do banheiro, e dessa vez o corredor estava vazio. Caminhou cuidadosamente até a porta do quarto e encostou o ouvido na porta para tentar ouvir algo. A televisão estava ligada. Com certeza no quarto haveria ao menos 4 seguranças armados. Tinha que ser cauteloso e objetivo. Mas sabia que não teria mais como manter a discrição ao invadir o quarto. Tinha que eliminar a garota o mais rápido possível. Lembrou-se da planta do quarto que havia roubado dias antes de invadir o hotel. Se os seguranças fossem bons profissionais, um estaria no lado esquerdo e o outro no lado direito da porta, encostados na parede. Outro estaria na parede oposta, de frente para a porta. E o quarto segurança ficaria ao lado da criança, de olho na janela também. Agora, se fossem maus profissionais, 47 acreditava que teria mais trabalho, pois a disposição deles no quarto seria aleatória. Ele torcia para que fossem dos bons, facilitando assim o seu trabalho. Olhou para as câmeras de segurança do corredor. Pelo jeito seu programa de repetição de imagens ainda estava rodando sem problemas. Sorriu. Tirou o explosivo plástico que estava enrolado em sua canela e aplicou nas extremidades da porta. Quando ía instalar o receptor do detonador, seu telefone tocou

Dois tiros. Dois mortos. O Agente 47 era sem dúvida o melhor assassino em atividade. Trocou o silenciador, pois a discrição era sua marca, e manteria isso assim. Escondeu os dois corpos e em seguida continuou a infiltração. O alvo era uma garota de 15 anos, que por algum motivo precisava morrer. Ele não se importava, afinal, seguir as ordens estava acima da moralidade. O Agente 47 se escondeu em uma coluna e olhou pelo corredor. Tudo limpo. Avançou. Como de costume, usava um terno italiano preto e luvas. Sua careca branca se destacava do terno. Lembrou que no dia seguinte teria que pagar a parcela do Civic e levar a mulher para jantar. Cinco anos de casado. Luiza sem dúvida era seu maior desafio. Enquanto avançava pelo corredor seu telefone vibrou, estava no silencioso, e sendo assim ele ignorou. Estava chegando na porta do quarto da garota quando o telefone vibrou nova-mente. Parou e olhou para a tela externa do celular. “Luiza Chamando”. — Ah Luiza, agora não. — sussurrou. Mas como que ignorando o sussurro do Agente 47, Luiza não parou de ligar. Ele recuou, entrou num banheiro que havia no corredor e atendeu tentando pare-cer normal: — Alô. — Onde você está? — disse ela em tom irritado a voz do outro lado. — Trabalhando Luiza. — Ah é, trabalhando? Interessante. Ele revirou os olhos, e disse: — Por quê Amor, qual o problema? — Nenhum. Vai demorar para chegar em casa? — Se você continuar me ligando, sim. — Tá bom então seu grosso! Tchau! — e desligou antes que ele pudesse respond-er. Suspirou, balançou a cabeça e abriu cuidadosamente a porta do banheiro. Não chegou a sair, pois agora no corredor haviam três homens que aparentemente estranha-ram a ausência dos outros seguranças. — Ah Luiza, você ainda vai acabar me matando. — falou consigo mesmo. Pensou em uma estratégia, calculando o tempo que teria que gastar com cada um dos homens. Não estava preocupado, afinal, já se safara de situações bem piores. Quando saiu do banheiro, a cena em sua mente aconteceu em câmera lenta. Andando de lado, já com a pistola mirando na cabeça da primeira vitima. Um tiro, uma morte. Se abaixou, praticamente no momento em que o segundo homem notou sua presença, a primeira cápsula ainda subia girando no ar quando 47 disparou novamente.

Page 4: Storyteller 04 - O Agente, a Data e o Nome

ela sorriu inocentemente, mantendo um olhar brincalhão — Eu pesquisei o seu modus operandi e instruí um dos seguranças a ficar abaixado na parede oposta a porta e se fingir de morto após seus dois disparos. No fim das contas, foi até fácil e você não... A garota foi interrompida pelos gritos histéricos de Luiza no viva-voz do telefone: — Valdeci!!! Ôh Valdeci! Vai me deixar falando sozinha? Tá me ignorando? Além de esquecer nosso aniversário de casamento, ainda não me responde? VALDECIIIIII!!!! “Essa não.”, pensou Valdec..., quero dizer, Agente 47. Baby Doll desatou a rir incontrolavelmente. — Valdeci? Esse é o nome que está usando? — envergou o corpo gargalhando — Que nome é esse? Nome de mulher ou de homem? Que merda hein!— mais uma vez riu, quase chorando. 47 fez uma careta, “Droga". Com sua ultimas forças, aproveitou a guarda baixa da menina, levantou o braço que ainda segurava a pistola e disparou. Acertou o peito Baby Doll e ela automaticamente parou de rir. Ela caiu de costas, batendo violentamente a cabeça no vaso sanitário. Em meio aos berros irados de Luiza, o corpo inerte de uma adolescente assassina, a reputação destruída e uma dormência anestesiadora no corpo todo, o Agente 47... ou Valdeci, não tirava um pensamento da cabeça: "Por que diabos eu tinha que errar a data.”.

“Golpe baixo!”, pensou, “Estou é ficando velho para isso.”. 47 estava caído, de costas no chão. Seu ombro queimava, mas pelo menos a bala não havia se alojado em seu corpo. Levantou-se rapidamente, com o braço esquerdo tentou estancar o sangue no ombro e com o direito apontou novamente para a garota... ...Que não estava mais lá!! — Droga! Droga! — olhou para todo o quarto, e não avistou a maldita: — Garotinha, cadê você? Não acreditava que havia falhado tão grotescamente. Provavelmente outros segu-ranças apareceriam logo. Ou ele terminava o serviço agora, ou teria que fugir. Foi quando... ...Seu telefone tocou pela enésima vez naquela noite. Olhou para a tela do celular: “Luiza Chamando”. — Ai meu Deus do céu, que mulher viu! — desconcentrado e furioso atendeu, enquanto com o ombro bom apoiou o celular na orelha — Fala Luiza! — Eu não estou acreditando que você não está aqui em casa ainda. — Mas eu não te disse que estou trabalhando, mulher? — tentou não ofegar devido a dor, e começou a caminhar pelo quarto do hotel procurando a garota. — Disse. Mas eu achei que você viria para casa ainda hoje. — Luiza, eu tenho que trabalhar. Será que nós podemos conversar quando eu chegar em casa? — Não senhor. Já que você não está aqui, vamos conversar A-GO-RA! O Agente 47 baixou a cabeça, suspirou, e disse: — Tudo bem Luiza, fala!— estava olhando agora atrás de uma das portas. —Você sabe que dia é hoje? — Nem vem com essa história, — foi em direção ao banheiro —nosso aniversário de casamento é amanhã. Eu já reservei até uma mesa no retauran... — dessa vez o tiro foi praticamente perfeito. Profissional. Não perfurou seu coração, mas sabia que seu pulmão direito estava condenado. Sentiu suas pernas bambearem, mas o que foi primeiro ao chão foi seu celular. Quando o aparelho caiu, o viva-voz foi ativado, e caindo de joelhos, 47 ouviu em alto e bom som a voz de sua histérica esposa: — ... um idiota! Você sempre confunde o dia. É dia 21 e não dia 22! Vê se põe na sua cabeça que nos casamos no dia 21. Ou seja, hoje nós fazemos 5 anos de casados, não amanhã seu imbecil! Que bom né! Agora você está aí no trabalho e eu aqui, feito uma paspalha! “Ah não, mais uma vez eu errei a data”. O Agente 47 tentou falar algo, mas se engasgou com o próprio sangue. Não tinha nem forças para cair deitado no chão. Enquanto sua mulher continuava reclamando, a adolescente loira, magra e adorável surgiu a sua frente segurando uma .45. "Que patético eu sou.”, pensou ele sorrindo tristemente. A menina parou a sua frente no vão da porta do banheiro, e com um sorriso mali-cioso disse: — Agente 47. O assassino número um do mundo vencido por uma adolescente. — Encostou a arma na testa dele — Eu sou Baby Doll. E fui eu quem contratou sua agência e exigi que que o responsável pelo serviço fosse o famoso Agente 47. — ela pressionou mais o cano da arma na testa dele— Na verdade, eu fui contratada antes de você. Você tem muitos inimigos. Me pagaram muito bem para te matar. E para te contratar não gastei nem um terço do que ganhei. — sorriu belamente. “Como assim?”, pensou indignado 47. — Eu respondo seu pensamento. Fui treinada, assim como você, desde criança. Não uma aberração geneticamente alterada como você é, mas tenho meus talentos. —

mais uma vez. “Que se dane”, pensou ele, e não atendeu. Terminou a instalação do receptor. Ele havia adquirido esses explosivos de um bom fornecedor. Pouco barulho, pouco estrago, alta eficácia. Trocou mais uma vez o silenciador de sua pistola e sacou uma segunda, também com silenciador. Com a mão direita, que segurava uma das pistolas, acionou o detonador com o dedo anelar. A explosão foi seca, sem muito barulho, mas serviu para seu propósito. Rapida-mente soltou o detonador e chutou a porta apontando as duas armas para frente, no local exato que bons seguranças deveriam estar no quarto. E novamente, viu tudo em câmera lenta... ...Antes que a porta se chocasse contra o sofá no meio do quarto, o Agente 47 disparou duas vezes com cada pistola na direção que estava apontando, sem realmente conseguir ver seus alvos. Entrou no quarto e no momento que a porta enfim se chocou com o sofá, abriu os braços e disparou ao mesmo tempo as duas pistolas. Dois corpos caíram ao seu lado. A confusão causara um pouco de poeira, então não pôde ver se havia acertado os outros dois seguranças que deveriam estar na parede oposta. Tinha que ser cauteloso, mas mesmo assim não se preocupava muito. Não sabia a importância da garota, mas devia ser bem importante. Afinal, as ordens eram urgentes e a quantidade de seguranças indicava um alvo dos mais de Nível 1. Mesmo assim, ele sabia que era o melhor. Seu telefone vibrou mais uma vez. Olhando ao redor do quarto enquanto a poeira baixava, atendeu. — Oi! — sussurrou gritado, se é que isso é possível. A resposta do outro lado era inconfundível para ele: — Seu cachorro!! Deligou na minha cara!! E onde você está? Estou te esperando e você não chega! — Depois conversamos LUIZA! — desligou rápido, pois percebeu um vulto se movendo a sua esquerda. Apontou a pistola, e o vulto parou. De soslaio, viu que havia acertado os outros dois seguranças na parede de frente para a porta. Não resistiu e sorriu satisfeito. Quando voltou sua atenção para o vulto, viu que era uma adolescente magra, loira, e adoravelmente inocente. O alvo. — Há mais seguranças aqui? — perguntou para ela. Ela apenas balançou a cabeça negativamente. “Bom.”, pensou ele. Percebeu que a garota não parecia assustada, porém podia ser apenas impressão sua. 47 fixou o olhar novamente na garota, e antes de puxar o gatilho pronunciou a frase que era a sua marca registrada: — Desculpe. Não é nada pess... — não terminou a frase.

Sentiu apenas bala atravessando seu ombro direito. “Maldita mentirosa.”. Aproveitou o impulso que seu corpo teve com o tiro e girou nos calcanhares enquanto caía, e com a arma do braço esquerdo acertou o disparo entre os olhos do segurança, que primeiro caiu de joelhos, depois tombou para o lado. Por um momento acreditou se tratar do quinto segurança, o que deveria estar ao lado da garota, mas ao olhar para parede oposta a porta viu que havia somente um corpo. Este era um dos seguranças que o Agente 47 acreditava ter eliminado. O filho da mãe havia se fingido de morto.

Outro tiro, outra morte. Pegou a primeira cápsula antes que tocasse o chão. O Terceiro ainda estava de costas, se virando quando a bala estourou sua nuca. Três tiros, três mortes. Agilmente pegou as outras duas cápsulas no ar. A situação ficou um pouco mais complicada agora. Como esconderia três corpos? Não tinha idéia. O Banheiro era sua única saída. Quando estava carregando o ultimo corpo para dentro do banheiro, novamente seu telefone vibrou. "Luiza Chamando”. — Quié!? — atendeu bufando. — “Quié”? Tô te interrompendo é? — a voz de Luiza soava histericamente normal do outro lado da linha. — Sim Luiza, está. Como eu já te disse, estou trabalhando. — Até essa hora? Você não vai chegar mais cedo hoje? — Não Luiza. Não vou chegar mais cedo. Assim que eu terminar o que tenho que fazer aqui, eu vou. Tudo bem? — Não, não está tudo bem. Não acredito que você ainda está trabalhando. — Pode acreditar. Se eu não estivesse, você não poderia fazer sua academia ou ir ao cabeleireiro toda semana — Limpou com papel higiênico um pouco de cérebro que havia sujado seu sapato. — Ah é? Você acha que eu dependo de você pra tudo né, seu... — Sim, acho! — respondeu 47 antes que ela concluísse, e em seguida desligou. Sentiu-se estranhamente orgulhoso por ter desligado o telefone na cara de Luiza. Temia a retaliação.

O Agente 47 se apaixonara por Luiza em uma missão de infiltração. Estava disfarçado e usando um nome falso, nome inclusive que ele odiou e que odeia até hoje. Ela ficou encantada com a careca e a tatuagem de código de barras na nuca do Agente 47. Desde então, ele foi obrigado a assumir permanentemente o nome, pois se casou com Luiza e não podia revelar seu trabalho e verdadeira identidade (ou falta dela). Mas isso era outra história, pois agora tinha que matar uma adolescente.

Saiu novamente do banheiro, e dessa vez o corredor estava vazio. Caminhou cuidadosamente até a porta do quarto e encostou o ouvido na porta para tentar ouvir algo. A televisão estava ligada. Com certeza no quarto haveria ao menos 4 seguranças armados. Tinha que ser cauteloso e objetivo. Mas sabia que não teria mais como manter a discrição ao invadir o quarto. Tinha que eliminar a garota o mais rápido possível. Lembrou-se da planta do quarto que havia roubado dias antes de invadir o hotel. Se os seguranças fossem bons profissionais, um estaria no lado esquerdo e o outro no lado direito da porta, encostados na parede. Outro estaria na parede oposta, de frente para a porta. E o quarto segurança ficaria ao lado da criança, de olho na janela também. Agora, se fossem maus profissionais, 47 acreditava que teria mais trabalho, pois a disposição deles no quarto seria aleatória. Ele torcia para que fossem dos bons, facilitando assim o seu trabalho. Olhou para as câmeras de segurança do corredor. Pelo jeito seu programa de repetição de imagens ainda estava rodando sem problemas. Sorriu. Tirou o explosivo plástico que estava enrolado em sua canela e aplicou nas extremidades da porta. Quando ía instalar o receptor do detonador, seu telefone tocou

Dois tiros. Dois mortos. O Agente 47 era sem dúvida o melhor assassino em atividade. Trocou o silenciador, pois a discrição era sua marca, e manteria isso assim. Escondeu os dois corpos e em seguida continuou a infiltração. O alvo era uma garota de 15 anos, que por algum motivo precisava morrer. Ele não se importava, afinal, seguir as ordens estava acima da moralidade. O Agente 47 se escondeu em uma coluna e olhou pelo corredor. Tudo limpo. Avançou. Como de costume, usava um terno italiano preto e luvas. Sua careca branca se destacava do terno. Lembrou que no dia seguinte teria que pagar a parcela do Civic e levar a mulher para jantar. Cinco anos de casado. Luiza sem dúvida era seu maior desafio. Enquanto avançava pelo corredor seu telefone vibrou, estava no silencioso, e sendo assim ele ignorou. Estava chegando na porta do quarto da garota quando o telefone vibrou nova-mente. Parou e olhou para a tela externa do celular. “Luiza Chamando”. — Ah Luiza, agora não. — sussurrou. Mas como que ignorando o sussurro do Agente 47, Luiza não parou de ligar. Ele recuou, entrou num banheiro que havia no corredor e atendeu tentando pare-cer normal: — Alô. — Onde você está? — disse ela em tom irritado a voz do outro lado. — Trabalhando Luiza. — Ah é, trabalhando? Interessante. Ele revirou os olhos, e disse: — Por quê Amor, qual o problema? — Nenhum. Vai demorar para chegar em casa? — Se você continuar me ligando, sim. — Tá bom então seu grosso! Tchau! — e desligou antes que ele pudesse respond-er. Suspirou, balançou a cabeça e abriu cuidadosamente a porta do banheiro. Não chegou a sair, pois agora no corredor haviam três homens que aparentemente estranha-ram a ausência dos outros seguranças. — Ah Luiza, você ainda vai acabar me matando. — falou consigo mesmo. Pensou em uma estratégia, calculando o tempo que teria que gastar com cada um dos homens. Não estava preocupado, afinal, já se safara de situações bem piores. Quando saiu do banheiro, a cena em sua mente aconteceu em câmera lenta. Andando de lado, já com a pistola mirando na cabeça da primeira vitima. Um tiro, uma morte. Se abaixou, praticamente no momento em que o segundo homem notou sua presença, a primeira cápsula ainda subia girando no ar quando 47 disparou novamente.

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ela sorriu inocentemente, mantendo um olhar brincalhão — Eu pesquisei o seu modus operandi e instruí um dos seguranças a ficar abaixado na parede oposta a porta e se fingir de morto após seus dois disparos. No fim das contas, foi até fácil e você não... A garota foi interrompida pelos gritos histéricos de Luiza no viva-voz do telefone: — Valdeci!!! Ôh Valdeci! Vai me deixar falando sozinha? Tá me ignorando? Além de esquecer nosso aniversário de casamento, ainda não me responde? VALDECIIIIII!!!! “Essa não.”, pensou Valdec..., quero dizer, Agente 47. Baby Doll desatou a rir incontrolavelmente. — Valdeci? Esse é o nome que está usando? — envergou o corpo gargalhando — Que nome é esse? Nome de mulher ou de homem? Que merda hein!— mais uma vez riu, quase chorando. 47 fez uma careta, “Droga". Com sua ultimas forças, aproveitou a guarda baixa da menina, levantou o braço que ainda segurava a pistola e disparou. Acertou o peito Baby Doll e ela automaticamente parou de rir. Ela caiu de costas, batendo violentamente a cabeça no vaso sanitário. Em meio aos berros irados de Luiza, o corpo inerte de uma adolescente assassina, a reputação destruída e uma dormência anestesiadora no corpo todo, o Agente 47... ou Valdeci, não tirava um pensamento da cabeça: "Por que diabos eu tinha que errar a data.”.

“Golpe baixo!”, pensou, “Estou é ficando velho para isso.”. 47 estava caído, de costas no chão. Seu ombro queimava, mas pelo menos a bala não havia se alojado em seu corpo. Levantou-se rapidamente, com o braço esquerdo tentou estancar o sangue no ombro e com o direito apontou novamente para a garota... ...Que não estava mais lá!! — Droga! Droga! — olhou para todo o quarto, e não avistou a maldita: — Garotinha, cadê você? Não acreditava que havia falhado tão grotescamente. Provavelmente outros segu-ranças apareceriam logo. Ou ele terminava o serviço agora, ou teria que fugir. Foi quando... ...Seu telefone tocou pela enésima vez naquela noite. Olhou para a tela do celular: “Luiza Chamando”. — Ai meu Deus do céu, que mulher viu! — desconcentrado e furioso atendeu, enquanto com o ombro bom apoiou o celular na orelha — Fala Luiza! — Eu não estou acreditando que você não está aqui em casa ainda. — Mas eu não te disse que estou trabalhando, mulher? — tentou não ofegar devido a dor, e começou a caminhar pelo quarto do hotel procurando a garota. — Disse. Mas eu achei que você viria para casa ainda hoje. — Luiza, eu tenho que trabalhar. Será que nós podemos conversar quando eu chegar em casa? — Não senhor. Já que você não está aqui, vamos conversar A-GO-RA! O Agente 47 baixou a cabeça, suspirou, e disse: — Tudo bem Luiza, fala!— estava olhando agora atrás de uma das portas. —Você sabe que dia é hoje? — Nem vem com essa história, — foi em direção ao banheiro —nosso aniversário de casamento é amanhã. Eu já reservei até uma mesa no retauran... — dessa vez o tiro foi praticamente perfeito. Profissional. Não perfurou seu coração, mas sabia que seu pulmão direito estava condenado. Sentiu suas pernas bambearem, mas o que foi primeiro ao chão foi seu celular. Quando o aparelho caiu, o viva-voz foi ativado, e caindo de joelhos, 47 ouviu em alto e bom som a voz de sua histérica esposa: — ... um idiota! Você sempre confunde o dia. É dia 21 e não dia 22! Vê se põe na sua cabeça que nos casamos no dia 21. Ou seja, hoje nós fazemos 5 anos de casados, não amanhã seu imbecil! Que bom né! Agora você está aí no trabalho e eu aqui, feito uma paspalha! “Ah não, mais uma vez eu errei a data”. O Agente 47 tentou falar algo, mas se engasgou com o próprio sangue. Não tinha nem forças para cair deitado no chão. Enquanto sua mulher continuava reclamando, a adolescente loira, magra e adorável surgiu a sua frente segurando uma .45. "Que patético eu sou.”, pensou ele sorrindo tristemente. A menina parou a sua frente no vão da porta do banheiro, e com um sorriso mali-cioso disse: — Agente 47. O assassino número um do mundo vencido por uma adolescente. — Encostou a arma na testa dele — Eu sou Baby Doll. E fui eu quem contratou sua agência e exigi que que o responsável pelo serviço fosse o famoso Agente 47. — ela pressionou mais o cano da arma na testa dele— Na verdade, eu fui contratada antes de você. Você tem muitos inimigos. Me pagaram muito bem para te matar. E para te contratar não gastei nem um terço do que ganhei. — sorriu belamente. “Como assim?”, pensou indignado 47. — Eu respondo seu pensamento. Fui treinada, assim como você, desde criança. Não uma aberração geneticamente alterada como você é, mas tenho meus talentos. —

mais uma vez. “Que se dane”, pensou ele, e não atendeu. Terminou a instalação do receptor. Ele havia adquirido esses explosivos de um bom fornecedor. Pouco barulho, pouco estrago, alta eficácia. Trocou mais uma vez o silenciador de sua pistola e sacou uma segunda, também com silenciador. Com a mão direita, que segurava uma das pistolas, acionou o detonador com o dedo anelar. A explosão foi seca, sem muito barulho, mas serviu para seu propósito. Rapida-mente soltou o detonador e chutou a porta apontando as duas armas para frente, no local exato que bons seguranças deveriam estar no quarto. E novamente, viu tudo em câmera lenta... ...Antes que a porta se chocasse contra o sofá no meio do quarto, o Agente 47 disparou duas vezes com cada pistola na direção que estava apontando, sem realmente conseguir ver seus alvos. Entrou no quarto e no momento que a porta enfim se chocou com o sofá, abriu os braços e disparou ao mesmo tempo as duas pistolas. Dois corpos caíram ao seu lado. A confusão causara um pouco de poeira, então não pôde ver se havia acertado os outros dois seguranças que deveriam estar na parede oposta. Tinha que ser cauteloso, mas mesmo assim não se preocupava muito. Não sabia a importância da garota, mas devia ser bem importante. Afinal, as ordens eram urgentes e a quantidade de seguranças indicava um alvo dos mais de Nível 1. Mesmo assim, ele sabia que era o melhor. Seu telefone vibrou mais uma vez. Olhando ao redor do quarto enquanto a poeira baixava, atendeu. — Oi! — sussurrou gritado, se é que isso é possível. A resposta do outro lado era inconfundível para ele: — Seu cachorro!! Deligou na minha cara!! E onde você está? Estou te esperando e você não chega! — Depois conversamos LUIZA! — desligou rápido, pois percebeu um vulto se movendo a sua esquerda. Apontou a pistola, e o vulto parou. De soslaio, viu que havia acertado os outros dois seguranças na parede de frente para a porta. Não resistiu e sorriu satisfeito. Quando voltou sua atenção para o vulto, viu que era uma adolescente magra, loira, e adoravelmente inocente. O alvo. — Há mais seguranças aqui? — perguntou para ela. Ela apenas balançou a cabeça negativamente. “Bom.”, pensou ele. Percebeu que a garota não parecia assustada, porém podia ser apenas impressão sua. 47 fixou o olhar novamente na garota, e antes de puxar o gatilho pronunciou a frase que era a sua marca registrada: — Desculpe. Não é nada pess... — não terminou a frase.

Sentiu apenas bala atravessando seu ombro direito. “Maldita mentirosa.”. Aproveitou o impulso que seu corpo teve com o tiro e girou nos calcanhares enquanto caía, e com a arma do braço esquerdo acertou o disparo entre os olhos do segurança, que primeiro caiu de joelhos, depois tombou para o lado. Por um momento acreditou se tratar do quinto segurança, o que deveria estar ao lado da garota, mas ao olhar para parede oposta a porta viu que havia somente um corpo. Este era um dos seguranças que o Agente 47 acreditava ter eliminado. O filho da mãe havia se fingido de morto.

Outro tiro, outra morte. Pegou a primeira cápsula antes que tocasse o chão. O Terceiro ainda estava de costas, se virando quando a bala estourou sua nuca. Três tiros, três mortes. Agilmente pegou as outras duas cápsulas no ar. A situação ficou um pouco mais complicada agora. Como esconderia três corpos? Não tinha idéia. O Banheiro era sua única saída. Quando estava carregando o ultimo corpo para dentro do banheiro, novamente seu telefone vibrou. "Luiza Chamando”. — Quié!? — atendeu bufando. — “Quié”? Tô te interrompendo é? — a voz de Luiza soava histericamente normal do outro lado da linha. — Sim Luiza, está. Como eu já te disse, estou trabalhando. — Até essa hora? Você não vai chegar mais cedo hoje? — Não Luiza. Não vou chegar mais cedo. Assim que eu terminar o que tenho que fazer aqui, eu vou. Tudo bem? — Não, não está tudo bem. Não acredito que você ainda está trabalhando. — Pode acreditar. Se eu não estivesse, você não poderia fazer sua academia ou ir ao cabeleireiro toda semana — Limpou com papel higiênico um pouco de cérebro que havia sujado seu sapato. — Ah é? Você acha que eu dependo de você pra tudo né, seu... — Sim, acho! — respondeu 47 antes que ela concluísse, e em seguida desligou. Sentiu-se estranhamente orgulhoso por ter desligado o telefone na cara de Luiza. Temia a retaliação.

O Agente 47 se apaixonara por Luiza em uma missão de infiltração. Estava disfarçado e usando um nome falso, nome inclusive que ele odiou e que odeia até hoje. Ela ficou encantada com a careca e a tatuagem de código de barras na nuca do Agente 47. Desde então, ele foi obrigado a assumir permanentemente o nome, pois se casou com Luiza e não podia revelar seu trabalho e verdadeira identidade (ou falta dela). Mas isso era outra história, pois agora tinha que matar uma adolescente.

Saiu novamente do banheiro, e dessa vez o corredor estava vazio. Caminhou cuidadosamente até a porta do quarto e encostou o ouvido na porta para tentar ouvir algo. A televisão estava ligada. Com certeza no quarto haveria ao menos 4 seguranças armados. Tinha que ser cauteloso e objetivo. Mas sabia que não teria mais como manter a discrição ao invadir o quarto. Tinha que eliminar a garota o mais rápido possível. Lembrou-se da planta do quarto que havia roubado dias antes de invadir o hotel. Se os seguranças fossem bons profissionais, um estaria no lado esquerdo e o outro no lado direito da porta, encostados na parede. Outro estaria na parede oposta, de frente para a porta. E o quarto segurança ficaria ao lado da criança, de olho na janela também. Agora, se fossem maus profissionais, 47 acreditava que teria mais trabalho, pois a disposição deles no quarto seria aleatória. Ele torcia para que fossem dos bons, facilitando assim o seu trabalho. Olhou para as câmeras de segurança do corredor. Pelo jeito seu programa de repetição de imagens ainda estava rodando sem problemas. Sorriu. Tirou o explosivo plástico que estava enrolado em sua canela e aplicou nas extremidades da porta. Quando ía instalar o receptor do detonador, seu telefone tocou

Dois tiros. Dois mortos. O Agente 47 era sem dúvida o melhor assassino em atividade. Trocou o silenciador, pois a discrição era sua marca, e manteria isso assim. Escondeu os dois corpos e em seguida continuou a infiltração. O alvo era uma garota de 15 anos, que por algum motivo precisava morrer. Ele não se importava, afinal, seguir as ordens estava acima da moralidade. O Agente 47 se escondeu em uma coluna e olhou pelo corredor. Tudo limpo. Avançou. Como de costume, usava um terno italiano preto e luvas. Sua careca branca se destacava do terno. Lembrou que no dia seguinte teria que pagar a parcela do Civic e levar a mulher para jantar. Cinco anos de casado. Luiza sem dúvida era seu maior desafio. Enquanto avançava pelo corredor seu telefone vibrou, estava no silencioso, e sendo assim ele ignorou. Estava chegando na porta do quarto da garota quando o telefone vibrou nova-mente. Parou e olhou para a tela externa do celular. “Luiza Chamando”. — Ah Luiza, agora não. — sussurrou. Mas como que ignorando o sussurro do Agente 47, Luiza não parou de ligar. Ele recuou, entrou num banheiro que havia no corredor e atendeu tentando pare-cer normal: — Alô. — Onde você está? — disse ela em tom irritado a voz do outro lado. — Trabalhando Luiza. — Ah é, trabalhando? Interessante. Ele revirou os olhos, e disse: — Por quê Amor, qual o problema? — Nenhum. Vai demorar para chegar em casa? — Se você continuar me ligando, sim. — Tá bom então seu grosso! Tchau! — e desligou antes que ele pudesse respond-er. Suspirou, balançou a cabeça e abriu cuidadosamente a porta do banheiro. Não chegou a sair, pois agora no corredor haviam três homens que aparentemente estranha-ram a ausência dos outros seguranças. — Ah Luiza, você ainda vai acabar me matando. — falou consigo mesmo. Pensou em uma estratégia, calculando o tempo que teria que gastar com cada um dos homens. Não estava preocupado, afinal, já se safara de situações bem piores. Quando saiu do banheiro, a cena em sua mente aconteceu em câmera lenta. Andando de lado, já com a pistola mirando na cabeça da primeira vitima. Um tiro, uma morte. Se abaixou, praticamente no momento em que o segundo homem notou sua presença, a primeira cápsula ainda subia girando no ar quando 47 disparou novamente.

Page 6: Storyteller 04 - O Agente, a Data e o Nome

ela sorriu inocentemente, mantendo um olhar brincalhão — Eu pesquisei o seu modus operandi e instruí um dos seguranças a ficar abaixado na parede oposta a porta e se fingir de morto após seus dois disparos. No fim das contas, foi até fácil e você não... A garota foi interrompida pelos gritos histéricos de Luiza no viva-voz do telefone: — Valdeci!!! Ôh Valdeci! Vai me deixar falando sozinha? Tá me ignorando? Além de esquecer nosso aniversário de casamento, ainda não me responde? VALDECIIIIII!!!! “Essa não.”, pensou Valdec..., quero dizer, Agente 47. Baby Doll desatou a rir incontrolavelmente. — Valdeci? Esse é o nome que está usando? — envergou o corpo gargalhando — Que nome é esse? Nome de mulher ou de homem? Que merda hein!— mais uma vez riu, quase chorando. 47 fez uma careta, “Droga". Com sua ultimas forças, aproveitou a guarda baixa da menina, levantou o braço que ainda segurava a pistola e disparou. Acertou o peito Baby Doll e ela automaticamente parou de rir. Ela caiu de costas, batendo violentamente a cabeça no vaso sanitário. Em meio aos berros irados de Luiza, o corpo inerte de uma adolescente assassina, a reputação destruída e uma dormência anestesiadora no corpo todo, o Agente 47... ou Valdeci, não tirava um pensamento da cabeça: "Por que diabos eu tinha que errar a data.”.

“Golpe baixo!”, pensou, “Estou é ficando velho para isso.”. 47 estava caído, de costas no chão. Seu ombro queimava, mas pelo menos a bala não havia se alojado em seu corpo. Levantou-se rapidamente, com o braço esquerdo tentou estancar o sangue no ombro e com o direito apontou novamente para a garota... ...Que não estava mais lá!! — Droga! Droga! — olhou para todo o quarto, e não avistou a maldita: — Garotinha, cadê você? Não acreditava que havia falhado tão grotescamente. Provavelmente outros segu-ranças apareceriam logo. Ou ele terminava o serviço agora, ou teria que fugir. Foi quando... ...Seu telefone tocou pela enésima vez naquela noite. Olhou para a tela do celular: “Luiza Chamando”. — Ai meu Deus do céu, que mulher viu! — desconcentrado e furioso atendeu, enquanto com o ombro bom apoiou o celular na orelha — Fala Luiza! — Eu não estou acreditando que você não está aqui em casa ainda. — Mas eu não te disse que estou trabalhando, mulher? — tentou não ofegar devido a dor, e começou a caminhar pelo quarto do hotel procurando a garota. — Disse. Mas eu achei que você viria para casa ainda hoje. — Luiza, eu tenho que trabalhar. Será que nós podemos conversar quando eu chegar em casa? — Não senhor. Já que você não está aqui, vamos conversar A-GO-RA! O Agente 47 baixou a cabeça, suspirou, e disse: — Tudo bem Luiza, fala!— estava olhando agora atrás de uma das portas. —Você sabe que dia é hoje? — Nem vem com essa história, — foi em direção ao banheiro —nosso aniversário de casamento é amanhã. Eu já reservei até uma mesa no retauran... — dessa vez o tiro foi praticamente perfeito. Profissional. Não perfurou seu coração, mas sabia que seu pulmão direito estava condenado. Sentiu suas pernas bambearem, mas o que foi primeiro ao chão foi seu celular. Quando o aparelho caiu, o viva-voz foi ativado, e caindo de joelhos, 47 ouviu em alto e bom som a voz de sua histérica esposa: — ... um idiota! Você sempre confunde o dia. É dia 21 e não dia 22! Vê se põe na sua cabeça que nos casamos no dia 21. Ou seja, hoje nós fazemos 5 anos de casados, não amanhã seu imbecil! Que bom né! Agora você está aí no trabalho e eu aqui, feito uma paspalha! “Ah não, mais uma vez eu errei a data”. O Agente 47 tentou falar algo, mas se engasgou com o próprio sangue. Não tinha nem forças para cair deitado no chão. Enquanto sua mulher continuava reclamando, a adolescente loira, magra e adorável surgiu a sua frente segurando uma .45. "Que patético eu sou.”, pensou ele sorrindo tristemente. A menina parou a sua frente no vão da porta do banheiro, e com um sorriso mali-cioso disse: — Agente 47. O assassino número um do mundo vencido por uma adolescente. — Encostou a arma na testa dele — Eu sou Baby Doll. E fui eu quem contratou sua agência e exigi que que o responsável pelo serviço fosse o famoso Agente 47. — ela pressionou mais o cano da arma na testa dele— Na verdade, eu fui contratada antes de você. Você tem muitos inimigos. Me pagaram muito bem para te matar. E para te contratar não gastei nem um terço do que ganhei. — sorriu belamente. “Como assim?”, pensou indignado 47. — Eu respondo seu pensamento. Fui treinada, assim como você, desde criança. Não uma aberração geneticamente alterada como você é, mas tenho meus talentos. —

mais uma vez. “Que se dane”, pensou ele, e não atendeu. Terminou a instalação do receptor. Ele havia adquirido esses explosivos de um bom fornecedor. Pouco barulho, pouco estrago, alta eficácia. Trocou mais uma vez o silenciador de sua pistola e sacou uma segunda, também com silenciador. Com a mão direita, que segurava uma das pistolas, acionou o detonador com o dedo anelar. A explosão foi seca, sem muito barulho, mas serviu para seu propósito. Rapida-mente soltou o detonador e chutou a porta apontando as duas armas para frente, no local exato que bons seguranças deveriam estar no quarto. E novamente, viu tudo em câmera lenta... ...Antes que a porta se chocasse contra o sofá no meio do quarto, o Agente 47 disparou duas vezes com cada pistola na direção que estava apontando, sem realmente conseguir ver seus alvos. Entrou no quarto e no momento que a porta enfim se chocou com o sofá, abriu os braços e disparou ao mesmo tempo as duas pistolas. Dois corpos caíram ao seu lado. A confusão causara um pouco de poeira, então não pôde ver se havia acertado os outros dois seguranças que deveriam estar na parede oposta. Tinha que ser cauteloso, mas mesmo assim não se preocupava muito. Não sabia a importância da garota, mas devia ser bem importante. Afinal, as ordens eram urgentes e a quantidade de seguranças indicava um alvo dos mais de Nível 1. Mesmo assim, ele sabia que era o melhor. Seu telefone vibrou mais uma vez. Olhando ao redor do quarto enquanto a poeira baixava, atendeu. — Oi! — sussurrou gritado, se é que isso é possível. A resposta do outro lado era inconfundível para ele: — Seu cachorro!! Deligou na minha cara!! E onde você está? Estou te esperando e você não chega! — Depois conversamos LUIZA! — desligou rápido, pois percebeu um vulto se movendo a sua esquerda. Apontou a pistola, e o vulto parou. De soslaio, viu que havia acertado os outros dois seguranças na parede de frente para a porta. Não resistiu e sorriu satisfeito. Quando voltou sua atenção para o vulto, viu que era uma adolescente magra, loira, e adoravelmente inocente. O alvo. — Há mais seguranças aqui? — perguntou para ela. Ela apenas balançou a cabeça negativamente. “Bom.”, pensou ele. Percebeu que a garota não parecia assustada, porém podia ser apenas impressão sua. 47 fixou o olhar novamente na garota, e antes de puxar o gatilho pronunciou a frase que era a sua marca registrada: — Desculpe. Não é nada pess... — não terminou a frase.

Sentiu apenas bala atravessando seu ombro direito. “Maldita mentirosa.”. Aproveitou o impulso que seu corpo teve com o tiro e girou nos calcanhares enquanto caía, e com a arma do braço esquerdo acertou o disparo entre os olhos do segurança, que primeiro caiu de joelhos, depois tombou para o lado. Por um momento acreditou se tratar do quinto segurança, o que deveria estar ao lado da garota, mas ao olhar para parede oposta a porta viu que havia somente um corpo. Este era um dos seguranças que o Agente 47 acreditava ter eliminado. O filho da mãe havia se fingido de morto.

Outro tiro, outra morte. Pegou a primeira cápsula antes que tocasse o chão. O Terceiro ainda estava de costas, se virando quando a bala estourou sua nuca. Três tiros, três mortes. Agilmente pegou as outras duas cápsulas no ar. A situação ficou um pouco mais complicada agora. Como esconderia três corpos? Não tinha idéia. O Banheiro era sua única saída. Quando estava carregando o ultimo corpo para dentro do banheiro, novamente seu telefone vibrou. "Luiza Chamando”. — Quié!? — atendeu bufando. — “Quié”? Tô te interrompendo é? — a voz de Luiza soava histericamente normal do outro lado da linha. — Sim Luiza, está. Como eu já te disse, estou trabalhando. — Até essa hora? Você não vai chegar mais cedo hoje? — Não Luiza. Não vou chegar mais cedo. Assim que eu terminar o que tenho que fazer aqui, eu vou. Tudo bem? — Não, não está tudo bem. Não acredito que você ainda está trabalhando. — Pode acreditar. Se eu não estivesse, você não poderia fazer sua academia ou ir ao cabeleireiro toda semana — Limpou com papel higiênico um pouco de cérebro que havia sujado seu sapato. — Ah é? Você acha que eu dependo de você pra tudo né, seu... — Sim, acho! — respondeu 47 antes que ela concluísse, e em seguida desligou. Sentiu-se estranhamente orgulhoso por ter desligado o telefone na cara de Luiza. Temia a retaliação.

O Agente 47 se apaixonara por Luiza em uma missão de infiltração. Estava disfarçado e usando um nome falso, nome inclusive que ele odiou e que odeia até hoje. Ela ficou encantada com a careca e a tatuagem de código de barras na nuca do Agente 47. Desde então, ele foi obrigado a assumir permanentemente o nome, pois se casou com Luiza e não podia revelar seu trabalho e verdadeira identidade (ou falta dela). Mas isso era outra história, pois agora tinha que matar uma adolescente.

Saiu novamente do banheiro, e dessa vez o corredor estava vazio. Caminhou cuidadosamente até a porta do quarto e encostou o ouvido na porta para tentar ouvir algo. A televisão estava ligada. Com certeza no quarto haveria ao menos 4 seguranças armados. Tinha que ser cauteloso e objetivo. Mas sabia que não teria mais como manter a discrição ao invadir o quarto. Tinha que eliminar a garota o mais rápido possível. Lembrou-se da planta do quarto que havia roubado dias antes de invadir o hotel. Se os seguranças fossem bons profissionais, um estaria no lado esquerdo e o outro no lado direito da porta, encostados na parede. Outro estaria na parede oposta, de frente para a porta. E o quarto segurança ficaria ao lado da criança, de olho na janela também. Agora, se fossem maus profissionais, 47 acreditava que teria mais trabalho, pois a disposição deles no quarto seria aleatória. Ele torcia para que fossem dos bons, facilitando assim o seu trabalho. Olhou para as câmeras de segurança do corredor. Pelo jeito seu programa de repetição de imagens ainda estava rodando sem problemas. Sorriu. Tirou o explosivo plástico que estava enrolado em sua canela e aplicou nas extremidades da porta. Quando ía instalar o receptor do detonador, seu telefone tocou

Dois tiros. Dois mortos. O Agente 47 era sem dúvida o melhor assassino em atividade. Trocou o silenciador, pois a discrição era sua marca, e manteria isso assim. Escondeu os dois corpos e em seguida continuou a infiltração. O alvo era uma garota de 15 anos, que por algum motivo precisava morrer. Ele não se importava, afinal, seguir as ordens estava acima da moralidade. O Agente 47 se escondeu em uma coluna e olhou pelo corredor. Tudo limpo. Avançou. Como de costume, usava um terno italiano preto e luvas. Sua careca branca se destacava do terno. Lembrou que no dia seguinte teria que pagar a parcela do Civic e levar a mulher para jantar. Cinco anos de casado. Luiza sem dúvida era seu maior desafio. Enquanto avançava pelo corredor seu telefone vibrou, estava no silencioso, e sendo assim ele ignorou. Estava chegando na porta do quarto da garota quando o telefone vibrou nova-mente. Parou e olhou para a tela externa do celular. “Luiza Chamando”. — Ah Luiza, agora não. — sussurrou. Mas como que ignorando o sussurro do Agente 47, Luiza não parou de ligar. Ele recuou, entrou num banheiro que havia no corredor e atendeu tentando pare-cer normal: — Alô. — Onde você está? — disse ela em tom irritado a voz do outro lado. — Trabalhando Luiza. — Ah é, trabalhando? Interessante. Ele revirou os olhos, e disse: — Por quê Amor, qual o problema? — Nenhum. Vai demorar para chegar em casa? — Se você continuar me ligando, sim. — Tá bom então seu grosso! Tchau! — e desligou antes que ele pudesse respond-er. Suspirou, balançou a cabeça e abriu cuidadosamente a porta do banheiro. Não chegou a sair, pois agora no corredor haviam três homens que aparentemente estranha-ram a ausência dos outros seguranças. — Ah Luiza, você ainda vai acabar me matando. — falou consigo mesmo. Pensou em uma estratégia, calculando o tempo que teria que gastar com cada um dos homens. Não estava preocupado, afinal, já se safara de situações bem piores. Quando saiu do banheiro, a cena em sua mente aconteceu em câmera lenta. Andando de lado, já com a pistola mirando na cabeça da primeira vitima. Um tiro, uma morte. Se abaixou, praticamente no momento em que o segundo homem notou sua presença, a primeira cápsula ainda subia girando no ar quando 47 disparou novamente.

Page 7: Storyteller 04 - O Agente, a Data e o Nome

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