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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA QUALIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA, CUIABÁ-MT FELIPE DE ALMEIDA DIAS LUIZ AIRTON GOMES

Sub-bacia Quarta Feira

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1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA QUALIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA,

CUIABÁ-MT

FELIPE DE ALMEIDA DIAS

LUIZ AIRTON GOMES

Cuiabá – Mato GrossoDezembro 2008

Page 2: Sub-bacia Quarta Feira

2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA QUALIDADE AMBIENTAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA CUIABÁ-MT

FELIPE DE ALMEIDA DIAS

Monografia submetida à Faculdade de

Arquitetura Engenharia e Tecnologia

da Universidade Federal de Mato

Grosso, como parte dos requisitos para

obtenção do Grau de Bacharel em

Engenharia Sanitária

Orientador: Luiz Airton Gomes

Cuiabá – Mato GrossoDezembro de 2008

Page 3: Sub-bacia Quarta Feira

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

FOLHA DE APROVAÇÃO

IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA BACIA DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA, CUIABÁ-MT

FELIPE DE ALMEIDA DIAS

Monografia defendida e aprovada em 15 de dezembro de 2008, pela banca examinadora

__________________________________________Prof. Dr. Luiz Airton Gomes

ORIENTADORUFMT/DESA

_________________________________________Paulo Cézar Bodstein Gomes

UFMT/DESA

___________________________________________José Manoel de Almeida Filho

UFMT/DESA

Page 4: Sub-bacia Quarta Feira

IV

DEDICATÓRIA

A meus pais, Viniel e Anair, que sempre me apoiaram e nunca me deixaram faltar nada.

Page 5: Sub-bacia Quarta Feira

V

AGRADECIMENTOS

Expresso meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma,

colaboraram para a conclusão deste trabalho. Agradeço em especial:

A Deus, por ter me dado tudo o que precisei;

A minhas irmãs, por terem tido paciência comigo durante a elaboração deste

trabalho;

A meus amigos e colegas de classe, que ajudaram a tornar esses cinco anos de curso

mais agradáveis e divertidos;

Aos meus colegas do DETRAN que sempre me compreenderam e me deram apoio

nos momentos precisei;

Ao Prof. Dr. Luiz Airton Gomes, por me passar segurança e orientação nos

momentos em que precisei

Page 6: Sub-bacia Quarta Feira

VI

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA...............................................................................................................................IV

AGRADECIMENTOS......................................................................................................................V

SUMÁRIO........................................................................................................................................VI

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................IX

RESUMO..........................................................................................................................................XI

ABSTRACT.....................................................................................................................................XII

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1

2. OBJETIVO.................................................................................................................................3

2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................3

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................................3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................4

3.1.PROBLEMAS DA URBANIZAÇÃO.......................................................................................4

3.2 RECURSOS HÍDRICOS EM CUIABÁ....................................................................................5

3.3 USO DO SOLO..........................................................................................................................6

3.3.1 Urbanização e Loteamento..................................................................................................6

3.3.2 Área de Preservação Permanente........................................................................................7

3.4 POLUIÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA.....................................................................................7

3.4.1 Tipos de Esgoto...................................................................................................................8

3.4.2 Esgotos Domésticos............................................................................................................8

3.4.3 Características dos esgotos Domésticos..............................................................................8

3.4.4 Águas Pluviais.....................................................................................................................9

3.5 SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO..................................................................................9

3.5.1 Sistema Unitário..................................................................................................................9

Page 7: Sub-bacia Quarta Feira

VII

3.5.2 Sistema Separador Absoluto...............................................................................................9

3.5.3 Sistema público convencional...........................................................................................10

3.5.4 Sistema de esgotamento em Cuiabá..................................................................................10

3.6 ASPECTOS HIDROLÓGICOS...............................................................................................11

3.6.1 Bacia Hidrográfica............................................................................................................11

3.6.2 Tempo de concentração.....................................................................................................11

3.6.3 Coeficiente de deflúvio.....................................................................................................11

3.7 EROSÃO..................................................................................................................................12

4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................................14

5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................16

5.1 LOCALIZAÇÃO......................................................................................................................16

5.2 TOPOGRAFIA.........................................................................................................................17

5.3 HIDROGRAFIA......................................................................................................................17

5.4 GEOLOGIA.............................................................................................................................19

5.5 VEGETAÇÃO..........................................................................................................................19

5.6 CLIMA.....................................................................................................................................19

5.7 PERFIL DOS BAIRROS.........................................................................................................20

5.7.1 Área da Bacia....................................................................................................................20

5.7.2 C.P.A.................................................................................................................................21

5.7.3 Alvorada............................................................................................................................21

5.7.4 Despraiado.........................................................................................................................22

5.7.5 Santa Marta........................................................................................................................22

5.7.6 Do Quilombo.....................................................................................................................22

6. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO..........................................................................24

6.1 OCUPAÇÃO DO SOLO..........................................................................................................24

6.1.1 Invasões e Áreas de Preservação Permanente...................................................................27

6.2 SANEAMENTO NA BACIA DO QUARTA-FEIRA.............................................................31

Page 8: Sub-bacia Quarta Feira

VIII

6.2.1 Sistema de Coleta de Esgoto.............................................................................................31

6.2.2 Esgoto e o Córrego Quarta-Feira.......................................................................................32

6.3 LIXO NO CÓRREGO..............................................................................................................34

6.4 EROSÃO..................................................................................................................................35

7. DISCUSSÃO.............................................................................................................................37

7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA......................................................37

8. CONCLUSÃO..........................................................................................................................41

9. RECOMENDAÇÕES..............................................................................................................42

10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA..................................................................................................43

11. ANEXOS...............................................................................................................................47

11.1 ANEXO A..............................................................................................................................48

Page 9: Sub-bacia Quarta Feira

IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área de estudo delimitada pela linha vermelha..................................................................16

Figura 2: Curvas de nível da bacia do Quarta-Feira...........................................................................17

Figura 3: Área da bacia do córrego Quarta-Feira...............................................................................18

Figura 4: Abairramento da sub-bacia do córrego Quarta-feira segundo a Prefeitura........................20

Figura 5: Densidade demográfica nos bairros da bacia de drenagem do córrego Quarta feira..........21

Figura 6: Urbanização da bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira.............................................24

Figura 7: Distribuição da ocupação do solo na bacia do Quarta-Feira..............................................25

Figura 8: Área correspondente ao parque Eldorado, bairro Alvorada...............................................26

Figura 9: Situação das invasões das áreas de preservação permanente.............................................27

Figura 10: Aspecto do córrego no bairro Alvorada............................................................................28

Figura 11: Áreas de preservação no córrego Quarta-Feira.................................................................29

Figura 12: Aspecto do fundo de vale no parque Eldorado propício a erosão e assoreamento...........30

Figura 13: Lixo acumulado no leito do córrego.................................................................................34

Figura 14: Área sujeita a erosão no bairro Alvorada (parque Eldorado)...........................................35

Figura 15: Aspecto da margem do córrego Quarta-Feira...................................................................35

Figura 16: Córrego Quarta-Feira no bairro Despraiado.....................................................................38

Page 10: Sub-bacia Quarta Feira

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores de C por tipo de ocupação.....................................................................................12

Tabela 2: Características físicas da bacia e hidrográficas da bacia do Quarta-Feira.........................18

Tabela 3: Dados dos bairros da bacia do Quarta-Feira......................................................................23

Tabela 4: Coeficiente de deflúvio médio da bacia do Quarta-Feira...................................................25

Page 11: Sub-bacia Quarta Feira

XI

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento da influência da ocupação

urbana na qualidade ambiental do córrego Quarta–Feira, afluente do Ribeirão do Lipa,

situado na região noroeste de Cuiabá, buscando elaborar um diagnóstico do uso e ocupação

do solo na bacia. Através de imagens de satélite, e dados oficiais sobre infra-estrutura da

região foi traçada a feição socioeconômica da população da bacia do córrego. Foram

analisados nesse trabalho, o sistema de coleta de esgotos, situação atual das áreas de

preservação permanente e do próprio córrego Quarta-Feira, e apontados alguns fatores

responsáveis pela degradação do córrego. O levantamento mostrou que não existe rede de

esgotamento sanitário na região do córrego, e que ele encontra-se poluído devido ao

lançamento de esgotos e lixo, que chega através do sistema de drenagem de águas pluviais.

Expôs também que o canal do córrego sofre com a erosão e um significativo trecho de Área

de Preservação Permanente encontra-se degradada, por conta das invasões.

Palavras-chave: Alvorada, Despraido, esgoto.

Page 12: Sub-bacia Quarta Feira

XII

ABSTRACT

This study aimed to do a survey of the influence of the occupation in the urban

environmental quality of the stream Quarta-Feira, tributary of Ribeirão do Lipa, located in

the northwest of Cuiaba, seeking to develop a diagnostic of the use and occupation of land

in the basin. Through satellite imagery and official data on infrastructure in the region was

drawn to feature socioeconomic population of the basin of the stream. Was analyzed in this

work, the sewage collection system, current status of the areas of permanent preservation

and the Quarta-Feira stream itself, and pointed out some factors responsible for the

degradation of the stream. The survey showed that there is no network of sewerage services

in the region of the stream, and it is polluted due to the release of sewage and garbage that

comes through the drainage of rain water. Also explained that the channel of the stream

suffers from erosion and a significant portion of Permanent Preservation Area is degraded,

on account of the invasion.

Keywords: Alvorada, Despraiado, sewer.

Page 13: Sub-bacia Quarta Feira

1

1. INTRODUÇÃO

Resultante de um processo de ocupação impensado e inadequado, a grande maioria

das cidades brasileiras se constituiu e cresceu nos vales dos rios, encostas íngremes,

terrenos alagadiços, etc. e à margem do planejamento urbano, ocupando-se de áreas

impróprias ao assentamento urbano.

Conseqüências disso são ruas desorganizadas, sistemas e infra-estrutura urbana

deficientes, adensamento populacional inadequado, favelas, enchentes, deslizamentos,

congestionamentos, poluição, e tantas outras situações que comprometem a qualidade de

vida da população e são agravadas pela desigualdade social, ineficiência do serviço público,

baixa escolaridade entre outros fatores.

O desordenamento na formação e crescimento da cidade gera impactos graves ao

meio ambiente, como ocupação de áreas protegidas, poluição dos mananciais com o esgoto

domestico sem tratamento e lixo, ocupação de áreas de encostas, etc., além de afetar a

qualidade de vida da população (MOTA, 2003). Esse processo foi vivenciado em

praticamente todas capitais brasileiras e em Cuiabá não foi diferente.

Segundo a SEPLAN (2006), a partir da década de 70, Cuiabá passou por um forte

crescimento populacional, registrando no período entre 1970 e 2005 um crescimento

populacional de quase 500%. Contudo, esse crescimento não foi acompanhado da infra-

estrutura e planejamento necessários, o que resultou no comprometimento do meio

ambiente urbano da capital, especialmente dos córregos situados dentro do perímetro

urbano da capital.

Uma ferramenta para o controle do crescimento das cidades foi lançada na

Constituição de 1988, onde se definiu que todos os municípios com população acima de

20.000 habitantes deveriam criar seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.

Page 14: Sub-bacia Quarta Feira

2

Em 24 de dezembro de 1992 foi aprovada a Lei Complementar Municipal n.º 003

Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, que passou a ordenar o

crescimento da cidade, estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento social integrado e

ecologicamente sustentável. Juntamente com a Lei do Plano Diretor aprovou-se também a

Lei Complementar Municipal n.º 004, que instituiu, entre outras coisas, o Código Sanitário

e de Posturas do Município, o Código de Defesa do Meio Ambiente e Recursos Naturais

(CUIABÁ, 2007). Atualmente está em vigor a lei n° 150/2007, sendo que a lei n° 003/1992

foi revogada.

Embora haja leis que ordenam o uso do solo urbano, o seu cumprimento é falho,

principalmente em relação às áreas de mananciais. Devido ao crescimento desordenado e

ausência do poder público, os córregos que estão situados dentro do perímetro urbano da

cidade de Cuiabá apresentam alterações em suas características naturais devido à ação do

homem. Segundo o Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá

(2004), muitos dos córregos que atravessam a cidade já tiveram seus leitos retificados e

canalizados, o que os descaracteriza completamente, e acaba por transformá-los em

receptores de esgotos domésticos não tratados.

Dentre os córregos que não receberam canalização está o Quarta-feira. Situado na

região noroeste da cidade, o córrego Quarta-Feira é um afluente do Ribeirão do Lipa. A

área de sua bacia de drenagem é de 5.6km² e população estimada em 14 mil habitantes.

Devido despejo dos efluentes domésticos produzidos pela população residente na bacia,

lançamento de lixo, ocupações irregulares, dentre outros problemas decorrentes da

ocupação desordenada e ausência de infra-estrutura, sua qualidade encontra-se visivelmente

deteriorada. Este trabalho abordará a influência da ocupação da área da bacia do córrego na

sua qualidade ambiental.

Page 15: Sub-bacia Quarta Feira

3

2. OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar os impactos causados pelas invasões e ausência de saneamento na qualidade

ambiental do córrego Quarta-Feira.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Delimitar a área da bacia do córrego Quarta-Feira;

Quantificar a população residente na sub-bacia do córrego quarta – feira;

Avaliar a situação Áreas de Preservação Permanente;

Quantificar o lançamento de efluentes no Córrego Quarta-Feira;

Avaliar a situação atual do córrego Quarta-Feira.

Page 16: Sub-bacia Quarta Feira

4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1.PROBLEMAS DA URBANIZAÇÃO

Segundo o IBGE (2001) a população mundial cresceu muito rapidamente nas

ultimas décadas, sendo esse crescimento facilmente percebido nas cidades, que passaram a

concentrar grande parte de todo esse crescimento. O Brasil seguiu essa tendência mundial e

já em 2000 tinha aproximadamente 80% de sua população total habitando as cidades,

contra 31,2% na década de 40.

Nesse processo acelerado de urbanização, as cidades, especialmente aquelas de

países subdesenvolvidos, não se prepararam para receber esse contingente advindo

principalmente do campo. O resultado desse processo de urbanização é uma ocupação

desordenada do solo, sem a infra-estrutura necessária aos novos habitantes e tampouco

proteção devida aos ecossistemas naturais remanescentes nas cidades (MOTA, 2003). Essa

ocupação impensada não gera apenas problemas ambientais, mas também problemas

sociais como marginalização, surgimento de favelas, loteamentos clandestinos, aumento da

criminalidade, desemprego, entre outros.

O crescimento desordenado das cidades penaliza também o meio ambiente,

especialmente os recursos hídricos, devido ao lançamento de esgotos domésticos e

industriais sem tratamento algum.

Segundo TUCCI (2002), o processo de urbanização pode provocar alterações no

ciclo hidrológico de uma bacia, especialmente sobre os seguintes aspectos:

Aumento do volume e redução do tempo de escoamento superficial após as

chuvas (aumento do ‘runoff’), antecipando o pico das cheias;

Diminuição da infiltração da água, devido a impermeabilização e

compactação do solo;

Page 17: Sub-bacia Quarta Feira

5

Redução do lençol freático, podendo chegar muitas vezes ao seu

esgotamento;

Consumo de água superficial e subterrânea, para abastecimento público e

demais fins;

Aumento da erosão do solo e conseqüentemente assoreamento dos cursos d

´água.

Além do impacto causado nos recursos hídricos, com a sua poluição, assoreamento,

canalização. Dos impactos no solo com o lançamento de lixo, e esgotos sem tratamento, há

também poluição do ar, sonora, desmatamentos, aterramentos de rios, lagoas, córregos etc.

(MOTA, 2003) que contribuem negativamente para a qualidade de vida e degradação do

meio ambiente nas cidades.

3.2 RECURSOS HÍDRICOS EM CUIABÁ

A cidade de Cuiabá é rica em recursos hídricos: há diversos rios, ribeirões e

córregos por toda a sua área urbana. Todos eles fazem parte da bacia do rio Cuiabá, que é

um dos rios formam o pantanal mato-grossense (CUIABÁ, 2007).

È um rio de grande importância para o estado, pois é o responsável pelo

abastecimento das duas maiores cidades do estado, seus peixes são fontes de sustento para

população ribeirinha e na época das chuvas suas águas cumprem importante papel na cheia

do pantanal.

A cidade de Cuiabá, junto com Várzea Grande, são as maiores responsáveis pela

poluição das águas do rio Cuiabá e conseqüentemente do pantanal, visto que são as maiores

cidades pertencentes a bacia deste, e grande parte dos esgotos dessas cidades são lançados

nos rios e córregos que as cortam. Há também outro grave problema que é o lançamento de

lixo e entulho no leito dos córregos e rios, que ocorre.

Córregos como o da Prainha, do Barbado, do Gambá, o Quarta feira, Mané Pinto,

Engole Cobra, do Moinho, entre outros que cortam Cuiabá recebem diariamente os esgotos

gerados pela população residente na cidade. Segundo CUIABÁ (2007), em 2005 Cuiabá

tinha 54% do seu esgoto coletado e apenas 29% do total recebiam tratamento.

Todos estes problemas têm recebido ultimamente uma atenção especial do público

em geral, devido: ao aumento da consciência ecológica da população; pressão pela melhora

Page 18: Sub-bacia Quarta Feira

6

da qualidade de vida nas habitações; plano de aceleração do crescimento (PAC), que

destinou recursos especiais para a área do saneamento básico, entre outros motivos. Mas

apesar dessa atenção que o problema tem recebido, pouco ainda foi feito para se resolver o

problema que é uma constante nas grandes cidades brasileiras.

Entretanto, de acordo com ARAÚJO (2002) os lançamentos de esgoto e lixo nos

rios e córregos são apenas parte do problema. Nas cidades grandes, além da poluição há

também a ocupação das áreas de preservação permanente (APP) que ficam nas

proximidades dos córregos, geralmente por famílias carentes, o que mostra que o problema

vai muito além da questão ambiental e urbanística.

3.3 USO DO SOLO

Uso do solo é o conjunto das atividades, processos individuais de produção e

reprodução, de uma sociedade por sobre uma aglomeração urbana assentados sobre

localizações individualizadas, combinadas com seus padrões ou tipos de assentamento, do

ponto de vista da regulação espacial. Pode se dizer que o uso do solo é reflexo da

reprodução social no plano do espaço urbano.

Segundo MOTA (2004), o uso do solo é uma combinação de um tipo de uso

(atividade) e de um tipo de assentamento (edificação).Assim, admite uma variedade tão

grande quanto as atividades da própria sociedade. Se categorias de uso do solo são criadas,

é principalmente com a finalidade de classificação das atividades e tipos de assentamento

para efeito de sua regulação e controle através de leis de zoneamento, ou leis de uso do

solo.

Essas leis visam o uso apropriado do meio ambiente, dentro de limites capazes de

manter sua qualidade e equilíbrio, em níveis aceitáveis, visando a conservação dos recursos

ambientais, de forma a proporcionar o desenvolvimento sustentável da cidade, e garantir a

qualidade de vida desejável as populações atuais e futuras.

3.3.1 Urbanização e Loteamento

Pode-se dizer que urbanização é o processo de mudança das características rurais de

uma região para as características próprias das cidades. Segundo BOTELHO (1998) com o

crescimento das cidades, estas avançam para áreas antes não ocupadas ou com baixa

Page 19: Sub-bacia Quarta Feira

7

ocupação, como sítios e chácaras situadas nos arredores das cidades, que muitas vezes

ainda conservam suas características naturais como a cobertura vegetal, nascentes e

córregos. Essas áreas recebem melhoramentos, para que sejam utilizadas pela população da

cidade. O processo de instalação de infra-estrutura e equipamentos urbanos e a ocupação da

área é chamado de Urbanização.

Uma das formas de se aproveitar uma área propícia a ocupação é fazendo seu

loteamento, que segundo BOTELHO (1998) significa: retirar parte considerável de sua

vegetação; abrir ruas fazendo cortes e aterros; criar “plateau” para as edificações; edificar

nos lotes; pavimentar ruas; e habitar a área.

3.3.2 Área de Preservação Permanente

As Áreas de Preservação Permanente - APP -são áreas nas quais, por imposição da

lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos

hídricos, da estabilidade geológica e da biodiversidade, bem como o bem-estar das

populações humanas. Segundo ARAÚJO (2002), o regime de proteção das APP é bastante

rígido: a regra é a intocabilidade, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação

apenas nos casos de utilidade pública ou interesse social legalmente previstos.

De acordo com a lei complementar nº 004, de 1992 a ocupação do solo no

município de Cuiabá deve respeitar as seguintes limitações, que estão estabelecidas no seu

artigo 537.

No município de Cuiabá existem áreas instituídas pelos poderes públicos para

assegurar sua proteção ambiental. Essas unidades de conservação foram estabelecidas pelas

esferas federal, estadual e municipal. São áreas como o Parque Nacional da Chapada dos

Guimarães, Parque Mãe Bonifácia, Parque Massairo Okamura, entre outros. Existem

também as Unidades de Conservação Ambiental Criadas pela Lei Complementar Municipal

n.º 004/92. São exemplos: mata ciliar do córrego Quarta-Feira; mata ciliar do ribeirão da

Ponte; mata ciliar do ribeirão do Lipa; mata ciliar do rio Cuiabá; cerrado do Centro Político

Administrativo; mata ciliar do córrego do Moinho, Gumitá e Barbado; cabeceira do córrego

da Prainha (Bairro Alvorada, entre os loteamentos Consil e Quarta-Feira) (CUIABÁ, 2007).

Page 20: Sub-bacia Quarta Feira

8

3.4 POLUIÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA

O lançamento indiscriminado dos esgotos nos corpos d’água, sem o devido

tratamento, pode causar inúmeros inconvenientes. Estes se apresentam com maior ou

menor importância, de acordo com os efeitos adversos que podem causar aos usos

benéficos da água.

De acordo com JORDÃO & PESSOA (2005), entre os inconvenientes do esgoto

urbano marcado pela predominância dos esgotos domésticos, estão as matérias orgânicas

solúveis, que causam a depleção do oxigênio dissolvido na água, caracterizando o principal

efeito no corpo receptor. Isso se deve aos processos de estabilização da matéria orgânica,

realizada pelas bactérias decompositoras que usam o oxigênio disponível na água para sua

respiração, depurando assim a matéria orgânica.

Das características físicas, o teor de matéria sólida é o de maior importância, em

termos de dimensionamento e controle de operações das unidades de tratamento. A

remoção da matéria sólida é fonte de uma série de operações das unitárias de tratamento,

ainda que represente apenas cerca de 0,08% dos esgotos (a água compõe os restantes

99,92%), ( JORDÃO & PESSOA pag.46, 4º Ed.).

3.4.1 Tipos de Esgoto

Segundo FUNASA (2004), existem quatro tipos de esgotos: o esgoto doméstico, o

esgoto industrial, as águas pluviais, e as águas de infiltração, que a partir do subsolo se

introduzem na rede. Para este trabalho terá importância apenas os esgotos domésticos e

águas pluviais.

3.4.2 Esgotos Domésticos

De acordo com JORDÃO e PESSÔA (2005) os esgotos domésticos ou domiciliares

provêm de residências, prédios, e edificações quaisquer que tenham instalações de

banheiros, lavanderias, cozinhas ou outro dispositivo de utilização da água para fins

domésticos. São compostos de águas contendo matéria fecal e as águas servidas resultantes

de banho e de lavagens de utensílios e roupas.

Page 21: Sub-bacia Quarta Feira

9

3.4.3 Características dos esgotos Domésticos

As características dos esgotos variam qualitativa e quantitativamente, de acordo

com o uso feito da água. O volume de esgoto produzido varia dependo da atividade e do

uso da água. Para isso a ABNT sugere a adoção de valores médios de produção de esgoto ,

de acordo com a atividade. Para este trabalho foi adotado a contribuição per capita de

esgoto de 130 litros por dia, que se enquadra entre o padrão médio e baixo de ocupação

residencial

O esgoto doméstico leva consigo predominantemente matéria orgânica, que

demanda oxigênio para ser tratado. O oxigênio é essencial para que haja vida,

De acordo com JORDÃO & PESSÔA (2005) para dimensionamento e projeto das

unidades de tratamento, alem da vazão de esgoto, um dado importante é a contribuição

unitária de DBO. A partir desse dado por ser quantificada a carga orgânica presente no

esgoto, e dimensionar seu tratamento. A ABNT recomenda a adoção de 54 g.DBO/hab.d.

como carga orgânica unitária média pra o Brasil.

3.4.4 Águas Pluviais

É a água provinda das chuvas, que é coletada pelos sistemas urbanos de saneamento

básico nas chamadas galerias de águas pluviais ou esgotos pluviais e que pode ter

tubulações próprias (sendo chamado, neste caso, de sistema separador absoluto, sendo

posteriormente lançadas nos cursos d'água, lagos, lagoas, baías ou no mar).

As águas pluviais podem ainda juntar-se ao esgoto doméstico na tubulação

destinada a este. Neste caso tem-se o chamado sistema unitário de esgotos.

3.5 SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO

3.5.1 Sistema Unitário

É a coleta dos esgotos pluviais, domésticos e industriais em um único coletor. Tem

custo de implantação elevado, assim como o tratamento também é caro. Tem a vantagem de

permitir a implantação de um único sistema. Para seu dimensionamento devem ser

previstas as precipitações máximas com período de recorrência geralmente entre cinco de

dez anos (BRASIL 2004).

Page 22: Sub-bacia Quarta Feira

10

3.5.2 Sistema Separador Absoluto

O esgoto doméstico e industrial ficam separados do esgoto pluvial. É o usado no

Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas pluviais não são tão prejudiciais

quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por necessitar tratamento, e aquela pode ser

lançada diretamente no curso d’água receptor.. Assim como o esgoto industrial nem sempre

pode se juntar ao esgoto sanitário sem tratamento especial prévio.

3.5.3 Sistema público convencional

De acordo com BRASIL (2004), são partes constitutivas do sistema público

convencional de esgotamento sanitário: ramais predial, que transportam o esgoto das casas

até a rede pública; coletores primários de esgoto, que levam o esgoto doméstico das casas

até os coletores tronco; coletores tronco, que recebem ligações de outros coletores e;

interceptores, que correm nos fundos de vale, margeando os cursos d´água ou canais. São

responsáveis pelo transporte dos esgotos gerados na sua sub-bacia, evitando que os mesmos

sejam lançados nos corpos d´água.

3.5.4 Sistema de esgotamento em Cuiabá

De acordo com uma consulta feita junto a SANECAP, os sistemas de esgotamento

sanitário instalados em Cuiabá são:

Sistema Isolado Convencional com Tratamento: São núcleos habitacionais

que foram construídos, com sistema completo de esgoto domestico, ou seja rede coletora e

tratamento;

Sistema Isolado Convencional sem Tratamento: São núcleos habitacionais

que foram construídos, com sistema completo de esgoto domestico, ou seja, rede coletora e

tratamento, no entanto não está sendo feito o tratamento;

Sistema Integrado Convencional: Este sistema foi projetado em 1.985 para

atender todo o sistema de coleta e tratamento de esgoto domestico de Cuiabá e Várzea

Grande, onde seu tratamento principal é na ETE Zanildo Costa Macedo;

Sistema Condominial: Este sistema é constituído de duas redes distintas:

uma convencional construída na rua considerada rede principal, e outra por dentro dos

lotes, considerada condominial.

Page 23: Sub-bacia Quarta Feira

11

Sistema Combinado ou Misto: este sistema foi projetado, para que na mesma

rede seja feita a coleta de águas pluviais e esgoto doméstico. Atende hoje as bacias de

drenagem do córrego da Prainha e Mané Pinto com interceptor do córrego Mané Pinto até a

Prainha e uma estação elevatória recalca até a ETE Zanildo Costa Macedo no Bairro Dom

Aquino.

3.6 ASPECTOS HIDROLÓGICOS

3.6.1 Bacia Hidrográfica

“Bacia hidrográfica ou bacia de contribuição de uma seção de um curso de água é a

área geográfica coletora de água de chuva que, escoando pelo solo atinge a seção

considerada.” (NELSON et al, 1976, p.39)

A bacia hidrográfica é sempre referida a uma determinada secção do rio. Quando se

define genericamente a secção do rio se diz respeito à foz. A bacia é delimitada em seu

perímetro, por um divisor que separa as águas encaminhando-as para diversos rios. O

divisor segue por uma linha rígida em torno da bacia, atravessando o curso d’água somente

na sua secção final. O divisor une os pontos de cota máxima entre bacias, mas podem

existir, no seu interior, picos isolados com cota superior bem como depressões com cota

inferior.

3.6.2 Tempo de concentração

Segundo NELSON et al (2007), tempo de concentração de um curso de água é o

intervalo de tempo contado a partir do início da precipitação para que toda a bacia

hidrográfica correspondente passe a contribuir na vazão de uma determinada seção.

Corresponde à duração da trajetória da partícula de água que demore mais tempo para

chegar a tal seção.

São fatores que influenciam no tempo de concentração de uma bacia: forma,

declividade média, tipo de cobertura vegetal, comprimento e declividade do curso principal

e afluentes, e condições do solo no momento em que a chuva se inicia.

Page 24: Sub-bacia Quarta Feira

12

3.6.3 Coeficiente de deflúvio

O coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio, ou ainda,

coeficiente de “runoff”, é definido como a razão entre o volume de água escoado

superficialmente e o volume de água precipitado. Este coeficiente pode ser relativo a uma

chuva isolada ou relativo a um intervalo de tempo onde várias chuvas ocorreram (NELSON

et al 2007).

É claro que, conhecendo-se o coeficiente de “runoff” para uma determinada chuva

intensa de uma certa duração, pode-se determinar o escoamento superficial de outras

precipitações de intensidades diferentes, desde que a duração seja a mesma. Este

procedimento é muito usado para se prever a vazão de uma enchente provocada por uma

chuva intensa.

Tabela 1: Valores de C por tipo de ocupação.

DESCRIÇÃO C

Área comercialCentral Bairros

0,70 – 0,900,50 – 0,70

Área residencialResidências IsoladasUnidades Múltiplas (separadas)Unidades Múltiplas (conjugadas)Lotes com mais de 2.000m²Áreas com apartamentos

0,35 – 0,500,40 – 0,600,60 – 0,650,30 – 0,450,50 – 0,70

Área industrialIndústrias levesIndústrias pesadas

0,50 – 0,800,60 – 0,90

Parques, cimitériosPlaygroundsPátios ferroviáriosÁreas sem melhoramentos

0,10 – 0,250,20 – 0,350,20 – 0,400,10 – 0,30

Fonte: TUCCI (1995)

3.7 EROSÃO

“Consiste basicamente numa série de transferências de energia e matéria gerada por

um desequilíbrio do sistema água/solo/cobertura vegetal, as quais resultam numa perda

progressiva do solo” (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2005, p.301).

Page 25: Sub-bacia Quarta Feira

13

Os processos erosivos estão relacionados com as condições naturais dos terrenos,

destacando-se a chuva, a cobertura vegetal, a topografia e os tipos de solo, e está

relacionado diretamente ao o assoreamento dos cursos d’água.

Page 26: Sub-bacia Quarta Feira

14

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi feito a partir de dados primários, pesquisa observacional, e também

levantamento de dados junto a órgãos públicos. Foram realizadas consultas a órgãos da

administração municipal, como o IPDU e a SANECAP, bem como à própria Prefeitura

Municipal de Cuiabá, a fim de levantar dados da população, perfil socioeconômico dos

bairros que compõe a bacia, e cobertura do saneamento na região.

Para a determinação dos limites da bacia hidrográfica, e seus aspectos físicos,

topográficos e hidrográficos foram usadas imagens geradas pelos satélites da Digital Globe,

disponibilizadas através do programa Google Earth, que fornece a escala e cotas em relação

ao nível do mar com uma precisão de 20 metros. Para editar as imagens de satélite foi

utilizado o programa AutoCAD. Através dessa ferramenta foi possível levantar

informações como a área e perímetro da bacia em questão.

Para a determinação do coeficiente de deflúvio a área da bacia foi classificada,

segundo o uso do solo, em áreas não edificadas e áreas já edificadas. Os valores médios de

C para cada tipo de ocupação do solo foram relacionados com a área equivalente a essa

forma de ocupação, como mostra a equação abaixo:

C=(C 1x A 1 )+(C 2x A 2)

A 1+ A 2

Em que:

A – Proporção em % em relação área total

C – Coeficiente de deflúvio

A população residente na bacia de drenagem do Quarta-Feira, adotada para esse

trabalho, é apenas parte do total que o IPDU (2007) aponta como residente nos bairros que

a compõe. Isso de deve ao fato da bacia de drenagem não englobar totalmente a área desses

Page 27: Sub-bacia Quarta Feira

15

bairros. Logo, para a bacia do Quarta-Feira a população adotada neste trabalho é de 14 mil

habitantes, ou 50% do total. Esse valor foi adotado por melhor representar a área da bacia

em relação a total.

A estimativa da produção diária de esgotos foi feita a partir da população residente

na bacia, e a contribuição de esgotos por habitante usada foi a recomendada pela NBR

7229, de acordo com o perfil socioeconômico da população da área de estudo.

Page 28: Sub-bacia Quarta Feira

16

5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

5.1 LOCALIZAÇÃO

Foi estudada a sub-bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira, que está localizada

na região noroeste da cidade, dentro do perímetro urbano de Cuiabá, capital do estado de

Mato Grosso. Compreende parte dos bairros: Alvorada, residencial Paiaguás, Centro

Político Administrativo, Despraiado, do Quilombo e Santa Marta. A área da bacia é de

aproximadamente 5,6 km² e conta com uma lagoa artificial de cerca de sete hectares.

Page 29: Sub-bacia Quarta Feira

17

Figura 1: Área de estudo delimitada pela linha vermelha

Fonte: Google Earth (2008)5.2 TOPOGRAFIA

Na área da bacia do córrego Quarta-Feira predomina declividade baixa, com baixos

espigões e vales estreitos. Ocorre leve declive, em torno de 2% na sua parcela final, sendo

predominante na porção média da bacia (bairro Alvorada) declividades que variam entre 3

e 5%, podendo haver trechos onde a declividade atinge 8% como na região entre a lagoa

do CPA e os prédios do Governo do Estado (palácio Paiaguás, SAD, e outros), localizados

no bairro. A declividade média do curso d’água é inferior a 2% tendo seu início na cota 223

e sua desembocadura na cota 171.

Figura 2: Curvas de nível da bacia do Quarta-Feira

5.3 HIDROGRAFIA

O córrego Quarta-Feira faz parte da bacia do Ribeirão do Lipa, que por sua vez é

afluente do rio Cuiabá. Possui aproximadamente 4,3 quilômetros de comprimento, estando

sua nascente localizada nas coordenadas 15°33’45”,80 S e 56°04’17”,47 O no Centro

Político Administrativo. Nasce na cota 223m e deságua no Ribeirão do Lipa a 171m. A

declividade média do curso d’água, é a inferior 2%.

Page 30: Sub-bacia Quarta Feira

18

Cerca 700 metros a jusante da nascente do Quarta-Feira situa-se a lagoa do CPA,

formada pelo represamento desse córrego durante a construção do Centro Político

Administrativo. A represa não possui um papel de regulador direto do nível do córrego,

pois na maior parte do ano o nível de suas águas é inferior ao nível do vertedor, impedindo

o curso natura das águas. Contudo pode haver minas d’água logo a jusante do barramento

especialmente no período chuvoso.

Figura 3: Área da bacia do córrego Quarta-Feira

Tabela 2: Características físicas da bacia e hidrográficas da bacia do Quarta-Feira

Características da Bacia do Quarta-FeiraÁrea da Bacia 5,62 km²Área Urbanizada 3,53 km²Área não Urbanizada 2,08 km²Perímetro da bacia de drenagem 11.9 kmExtensão do Curso d’água 4,3 km²Declividade do Curso d’água 1,2%Comprimento da bacia 4,24 kmLargura média da bacia 1.325 metrosFator de Forma 0,31Coeficiente de Compacidade 2,12Coeficiente de deflúvio da bacia 0,40

Page 31: Sub-bacia Quarta Feira

19

Tempo de Concentração* 66,6 min

*segundo fórmula de Z.P. KIRPICH.

Além do vale principal onde está o córrego Quarta-Feira existem outros vales

secundários, que naturalmente são secos a maior parte do ano, e servem como canal coletor

das águas proveniente das chuvas.

5.4 GEOLOGIA

A cidade de Cuiabá apresenta-se sobre rochas pré-cambrianas datadas do

proterozóico médio, pertencentes ao grupo Cuiabá, constituídas principalmente por filitos

intrudidos por filões de quartzo leitoso, características que são reproduzidas na área de

estudo. Sobre os filitos alterados, observa-se delgada camada de solos litólicos constituidos

por material grosseiro de cascalhos e fragmentos ferruginizados (GUARIM &

VILANOVA, 2008).

5.5 VEGETAÇÃO

A vegetação da área urbana é constituída principalmente por remanescentes de

cerrado, cerradão, matas ciliares e vegetação exótica. As áreas periféricas são dominadas

pela vegetação de cerrado, com arvores que atingem cerca de 4 metros de altura e cerradão,

tipo vegetacional florestal de cerrado, com arvores que atingem cerca de oito metros de

altura e copas entrelaçadas. A mata ciliar que acompanha os corpos d’água de apresentam

mais densas que o cerradão, podendo ocorrer arvores com mais de dez metros de altura. A

mata semi-descidua e a mata de encosta, com espécies arbóreas com extratos de mais de

dez metros de altura, ocorrem mesclados as demais formações nas áreas de relevo

acentuado (GUARIM & VILANOVA, 2008).

5.6 CLIMA

Segundo o IPDU (2007) a cidade de Cuiabá apresenta clima Tropical Continental,

podendo variar entre o Tropical Continental Úmido nos meses chuvosos quando as

temperatura são mais altas, e o Tropical Continental Seco, que ocorre nos meses de

estiagem (junho a setembro), com umidade relativa baixa, entre 18 e 40%.

Page 32: Sub-bacia Quarta Feira

20

A temperatura média anual fica na faixa dos 27° Celcius e a precipitação anual

média varia entre 1.400mm e 1.800mm (CUIABÁ, 2007)

5.7 PERFIL DOS BAIRROS

Neste item é traçado um breve perfil dos bairros que formam a bacia do córrego

Quarta feira, a fim de subsidiar a discussão acerca da qualidade ambiental do córrego.

Figura 4: Abairramento da sub-bacia do córrego Quarta-Feira segundo a Prefeitura

5.7.1 Área da Bacia

A bacia do córrego Quarta-Feira possui aproximadamente 5,6km², e está localizado

na região noroeste da cidade de Cuiabá. A população total dos bairros que compõe a bacia

do Quarta feira é de aproximadamente 28.000 habitantes. Contudo, para este trabalho será

adotado apenas 50% dessa população, perfazendo um total de 14 mil habitantes.

Enquanto o município de Cuiabá (Macrozona urbana de Cuiabá, lei nº4719/04)

com uma área de 254,57km² (IPDU, 2007) e população de 554.021 habitantes (SEPLAN,

2006), possui uma densidade populacional de 21,76 hab./ha a bacia do Quarta-Feira tem

uma densidade populacional de 23,79 hab/ha

Page 33: Sub-bacia Quarta Feira

21

Figura 5: Densidade demográfica nos bairros da bacia de drenagem do córrego Quarta feira.

5.7.2 C.P.A.

Localizado na região norte da cidade, possui uma área de 731,67 hectares e

população de 1.479 habitantes, com densidade populacional de 2,02 hab./ha CUIABÁ

(2007).

Em sua área está localizada a lagoa do Paiaguás que tem sua origem na mesma

época de formação do bairro. O CPA é uma área de propriedade do estado, onde estão

localizados os prédios que abrigam a administração pública estadual. Possui grande área

ainda coberta pela vegetação, sendo a que se encontra menos degradada dentro da sub-bacia

do córrego Quarta-feira.

5.7.3 Alvorada

Localizado na região oeste do município de Cuiabá, possui uma área de 230,12

hectares segundo dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá/IPDU (2007). Ainda segundo a

Prefeitura, trata-se de um bairro de renda médio-alta, com população de 12.267 habitantes e

densidade de 53,30hab/ha. Existem no bairro 3.529 domicílios, sendo que destes, 3.398 são

Page 34: Sub-bacia Quarta Feira

22

abastecido pela rede geral de água. Do total de domicílios, 2.208 possuíam ligação na rede

de esgoto ou galeria de águas pluviais, e os restantes utilizam sistema de fossa séptica ou

valas de escoamento para rio lago ou outro escoadouro. De acordo com a Prefeitura

Municipal de Cuiabá/IPDU (2007) o sistema público de coleta de lixo atende a 98,15% dos

domicílios do bairro.

5.7.4 Despraiado

Localizado na região oeste do Município de Cuiabá, com uma população de 4.727

habitantes e área de 269,93 hectares, possui uma densidade populacional de 17,50 hab./ha

segundo dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá/IPDU (2007).

O Despraiado é um bairro de renda média, sendo que a renda média dos

responsáveis pelo domicílio é de 5,80 salários mínimos (Perfil Socioeconômico dos Bairros

de Cuiabá, IPDU 2007, pag. 32). Existem no bairro 1.467 domicílios, dos quais 1.448 são

abastecidos pela rede geral e cerca de 97% do total de domicílios lançam seus esgotos em

fossas sépticas ou rudimentares. O lixo é coletado em 67% dos domicílios.

5.7.5 Santa Marta

Com uma área de 62,82 hectares, o bairro Santa Marta está localizado na região

oeste da cidade, tem uma população de 707 habitantes e densidade populacional de 11,50

hab./ha.

O bairro é de renda média alta e existem 185 domicilios sendo que 182 deles eram

abastecidos pela rede geral de água. Do total de domicílios 63 lançam seus esgotos em rede

da águas pluviais e ou de esgotos. O restante lança os esgotos em fossas sépticas e

rudimentares e a coleta de lixo atinge quase que a totalidade dos domicílios.

5.7.6 Do Quilombo

Localizado na Região oeste com área de 148,12 hectares e população de 7.779

habitantes (CUIABÁ, 2007) tem densidade populacional de 52,52 hab./ha.

É um bairro de classe média alta, sendo que do total de 7.779 pessoas, 5.361

moravam em casas, 2.301 em apartamentos, e o restante em cômodos ou domicílios

coletivos. Do total de domicílios 2.045 eram abastecidos pela rede geral de água, e 1.340

Page 35: Sub-bacia Quarta Feira

23

eram ligadas a rede pública de esgoto ou a galeria de águas pluviais. Coleta de lixo atende

a cerca de 97% dos domicílios.

Tabela 3: Dados dos bairros da bacia do Quarta-Feira.

BAIRROS Área total

(hectares)

População total Densidade

populacional

(hab./ha)

Nº de

domicílios

Renda

C.P.A. 731,67 1.479 2,02 390 Baixa

Alvorada 230,12 12.267 53,30 3529 Médio-alta

Res. Paiaguás 66,60 3.903 58,60 1.334 Média

Despraiado 269,93 4.727 17,50 1.467 Média

Quilombo 148,12 7779 52,52 2.147 Médio-alta

Santa Marta 62,82 707 11,50 185 Médio-alta

Fonte: CUIABÁ (2007).

Page 36: Sub-bacia Quarta Feira

24

6. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO.

Neste item serão apresentados os resultados das observações feitas na bacia de

drenagem do córrego Quarta feira, dados extraídos a partir das imagens de satélite, e

contextualização com os dados de população e saneamento publicados pela Prefeitura

Municipal de Cuiabá.

6.1 OCUPAÇÃO DO SOLO

A área da sub-bacia do córrego Quarta-Feira está localizada dentro do perímetro

urbano do Município de Cuiabá, numa região que tem passado por processo de valorização,

especialmente a sua porção norte, devido a sua proximidade com o Centro Político

Administrativo, shopping center, facilidade de acesso, entre outros fatores.

Apesar das vantagens de sua localização, a sub-bacia do Quarta-feira possui cerca

de 37% de sua área total desocupada. Na parte da bacia que está localizada no bairro CPA

estão os prédios da administração pública estadual, e é aquela que apresenta menor nível de

ocupação do solo. Isso se deve ao fato desse bairro se tratar de uma zona de interesse

ambiental por ser área de recarga de aqüífero, definida pela lei complementar nº103/03 que

trata do zoneamento. O restante da área é ocupada predominantemente por residências e

pequenos comércios, havendo, contudo extensas áreas passíveis de urbanização nos bairros

Alvorada e Despraiado.

Page 37: Sub-bacia Quarta Feira

25

37%

63%área não urbanizadaárea urbanizada

Figura 6: Urbanização da bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira.

Figura 7: Distribuição da ocupação do solo na bacia do Quarta-Feira

Dentre as áreas desocupadas, destaca-se uma em especial. Localizada na parte leste

do bairro Alvorada, na margem esquerda do córrego Quarta feira, tem cerca de 40 hectares,

e cobertura vegetal presente somente no fundo de vale, o que torna a área especialmente

frágil a erosão do solo. Segundo plantas de loteamento do IPDU esta área recebe o nome de

parque Eldorado.

Page 38: Sub-bacia Quarta Feira

26

Figura 8: Área correspondente ao parque Eldorado, Bairro Alvorada.

Como já citado, a bacia do Quarta-Feira é ocupada predominantemente por

residências, havendo também condomínios verticais de poucos andares e o comércio nas

avenidas principais dos bairros. Grande parte dessas ocupações estão em desacordo com o

código de obras do município, com relação aos índices de impermeabilização do solo, o que

interfere no ciclo hidrológico da bacia, com o aumento do escoamento superficial da água

das chuvas.

Tabela 4: Coeficiente de deflúvio médio da bacia do Quarta-Feira

Superfície Área (hectares) Área (%)Coeficiente de

escoamento Sup. (C)*Urbanizada 353,9 63 0,55Não urbanizada 208,7 37 0,15Área total 562,6 100 0,40

*Segundo TUCCI (2002)

Page 39: Sub-bacia Quarta Feira

27

Áreas densamente ocupadas, como o Bairro Quilombo e parte do Alvorada,

apresenta elevada taxa de ocupação do solo, possuem maior área impermeabilizada e logo,

maiores coeficientes de escoamento superficial, se comparadas as áreas sem ocupação.

O fato de apresentar grande parcela da área da bacia ainda não ocupada, não

significa que sua ocupação se deu respeitando as características do local, o meio ambiente,

ou a leis de ocupação do solo do município. Nos bairros Alvorada e Despraiado, por

exemplo, as muitas famílias residem na área às margens do córrego, o que representa um

risco para elas, e causam danos ao meio ambiente, além de ir contra as leis de uso do solo

do município, que as definem como Unidades de Conservação Integral.

6.1.1 Invasões e Áreas de Preservação Permanente

Uma situação comum nas grandes cidades, as invasões de áreas urbanas, em geral

por pessoas carentes, causam muitos problemas, tanto a cidade como ao meio ambiente,

pois são processos que se dão de maneira desordenada, sem infra-estrutura e

acompanhamento do poder público.

Na bacia do córrego Quarta feira as invasões se fazem presente não apenas em

propriedades desocupadas, mas também em áreas protegidas por lei. Essa situação só vem

somar-se com outros problemas que existem nessa área e contribuem para a degradação do

córrego Quarta-Feira.

Segundo a Lei Complementar nº 004/92 a mata ciliar do córrego Quarta feira é uma

das Unidades de Preservação Integral definidas para o município de Cuiabá. Nela é

proibido todo e qualquer tipo de edificação num limite mínimo de 30 metros a partir do

curso d’água. Contudo em alguns trechos do córrego a lei não é respeitada, no que diz

respeito à ocupação da área, e a faixa que deveria ser preservada é tomada por casas e

barracos.

Page 40: Sub-bacia Quarta Feira

28

Figura 9: Situação das invasões das áreas de preservação permanente

A questão da invasão de áreas de preservação permanente (APP) é mais critica no

bairro Alvorada. No seu trajeto no interior do bairro, por um trecho aproximadamente 800

metros o córrego segue margeado por casas e barracos, até o ponto em que cruza com a

Avenida República do Líbano. Além disso, no mesmo bairro existe uma invasão onde

moram aproximadamente 90 famílias.

O fato das invasões de APP, em especial no bairro Alvorada, estarem relacionadas

principalmente com a população carente pode nos levar a conclusões erradas,

especialmente se comparadas com a situação do condomínio Alphagarden.

Localizado no bairro Despraiado, com residências de alto padrão, o condômino

fechado Alphagarden tem parte de sua área cruzando a faixa de preservação. Por ser

fechado (murado) significa dizer que no trecho em que cruza a APP seus muros atravessam

a área de margem do córrego, inclusive o próprio córrego, isolando parte da área de

preservação e do curso d’água, como se tais fossem de propriedade particular.

Page 41: Sub-bacia Quarta Feira

29

Figura 10: Aspecto do córrego no bairro Alvorada.

As Áreas de Preservação Permanente (APP), como a mata ciliar do córrego Quarta

feira, são parcelas do solo urbano definidas como Unidades de Proteção Integral, onde

devem ser mantidas todas as características naturais, objetivando a preservação do

ecossistema, como o definido na lei nº 004/92, que trata do plano diretor do município.

Uma situação que pode ser observada na bacia do Quarta-Feira é a relação

degradação/urbanização. Das áreas que são definidas como Zona de Interesse Ambiental e

APP, as que se encontram menos degradadas são aquelas localizadas em bairros com baixa

densidade populacional. A situação da mata ciliar nos trechos situados no CPA e na parte

final do bairro Despraiado é boa, e a vegetação característica do local encontra-se

preservada. Essas duas partes da bacia têm em comum a ausência de moradias nas

proximidades do córrego, o que contribui para a manutenção da vegetação do local.

Aproximadamente 2,28km de matas ciliares encontram-se preservadas, o que equivale a

53% da extensão total do córrego Quarta-Feira, localizadas predominantemente nas áreas

relacionadas acima.

Page 42: Sub-bacia Quarta Feira

30

47%

53%Áreas degradadasÁreas preservadas

Figura 11: Áreas de preservação no córrego Quarta-Feira

Apesar de em sua maior parte a mata ciliar do córrego Quarta-Feira se apresentar

conservada, em uma significativa parcela, 47% do seu curso, ela é inexistente, ou

descaracterizada, seja pelas invasões ou remoção da vegetação nativa. Com relação às

invasões de APP, em cerca de 25% do trajeto do córrego, ou pouco mais de um quilometro,

a APP é invadida,e como já exposto, situação que é mais grave no bairro Alvorada.

Outro problema que é verificado na bacia do Quarta-Feira é a descaracterização das

matas ciliares e de fundo de vale, com a remoção da vegetação original, como ocorre, por

exemplo, na região correspondente ao parque Eldorado. Na Figura 12 se pode observar um

trecho de fundo de vale com a vegetação descaracterizada e ainda recebendo esgotos.

A remoção da mata ciliar traz grandes danos ao curso d’água, uma vez que ela atua

como uma proteção para o mesmo. Ela serve como um filtro para as águas, fazendo a

retenção dos sedimentos carreados pelo escoamento superficial decorrente das chuvas, e

como mitigadora do processo de assoreamento quando a área de drenagem que as envolve

se encontra sem cobertura de espécie alguma (Figura 12). Além das matas ciliares

protegerem contra o assoreamento e contribuírem com a qualidade da água, elas ajudam na

absorção de água pelo solo contribuindo para a manutenção do fluxo d’água.

Page 43: Sub-bacia Quarta Feira

31

Figura 12: Aspecto do fundo de vale no parque Eldorado propício a erosão e assoreamento.

6.2 SANEAMENTO NA BACIA DO QUARTA-FEIRA

6.2.1 Sistema de Coleta de Esgoto

Segundo CUIABÁ (2007c) Cuiabá possui aproximadamente 47 mil ligações de

esgoto, o que representa 38% das ligações de água da capital. Contudo, do total de esgoto

coletado, apenas 29% é tratado, segundo a mesma fonte.

Da mesma forma que grande parte da cidade, a área correspondente a bacia de

drenagem do córrego Quarta-feira sofre grande carência no que diz respeito ao saneamento.

A partir das plantas de rede de esgoto e estações de tratamento existentes em Cuiabá é

possível notar que a bacia de drenagem do ribeirão do Lipa, da qual o córrego Quarta feira

faz parte, não possui rede coletora de esgoto, sendo a exceção os condomínios

relativamente novos, como o Florais Cuiabá, por exemplo, que usa sistema de fossa séptica

seguida de filtro anaeróbio. (CUIABÁ, 2007c).

Page 44: Sub-bacia Quarta Feira

32

Como citado acima, a bacia do córrego Quarta feira não dispõe de sistema de coleta

de esgoto, nem tratamento do mesmo. Isso implica dizer que todo o efluente líquido

produzido na bacia tem como destino o córrego Quarta feira.

De acordo com CUIABÁ (2007d), do total de 7226 domicílios situados nos bairros

que compõe a bacia, 3570 lançam seus esgotos em fossas sépticas ou rudimentares, o que

representa cerca de 50% do total de domicílios. O uso de fossas sépticas é indicado para

zona rural ou residências isoladas que não dispõe de sistemas de coleta de esgoto, sendo

uma solução pouco recomendada para as cidades, devido ao risco de contaminação do solo.

A partir de uma população estimada em 14 mil habitantes, e dispondo do perfil

socioeconômico característico dos bairros, é possível quantificar o lançamento de esgotos

no córrego Quarta feira. Segundo a NBR 7229, a produção diária de esgotos para

residências do padrão médio, que é o predominante na região segundo o CUIABÁ (2007),

está na faixa dos 130 l/hab. Logo, de acordo com JORDÃO & PESSÔA (2005), para a

bacia de drenagem do córrego Quarta feira temos:

Qm = (população equivalente) x (percapita de esgoto)

Qm = 14.000 hab. x 130 l/hab.dia

Qm = 1.820 m³/dia ou 21,06 l/s

Onde Qm é a vazão média de esgotos na bacia.

O córrego Quarta feira é intermitente, portanto durante a estação seca do ano não há

fluxo d’água em seu leito, ou pelo menos não deveria. Contudo, o que ocorre é que devido

ao lançamento dos esgotos provenientes domicílios instalados na bacia, o curso d’água se

tornou perene. Isto é, seu fluxo se tornou permanente devido à ausência de um sistema de

esgotamento sanitário que faça a coleta do esgoto produzido na sua bacia de drenagem.

Como não há sistema de coleta de esgoto na região, os efluentes fazem seu caminho até o

córrego através das galerias de águas pluviais.

É importante salientar que a vazão obtida acima é uma média. Na prática os valores

de vazão do esgoto variam durante o dia, apresentando picos durante as horas do dia em

que o consumo de água nas residências é maior, e valores abaixo da média para as horas do

dia em que o consumo de água é menor.

6.2.2 Esgoto e o Córrego Quarta-Feira

Page 45: Sub-bacia Quarta Feira

33

Como já exposto neste trabalho, toda a bacia de drenagem do córrego Quarta feira é

carente de um sistema de coleta e tratamento de seus efluentes domésticos. Logo, significa

dizer que esses efluentes têm dois prováveis destinos: a infiltração no solo ou capitação por

redes de águas pluviais, onde estas eventualmente existam, com o conseqüente lançamento

no córrego.

Esse esgoto doméstico é formado essencialmente por matéria orgânica, e uma das

formas de se medir a sua quantidade é através da Demanda Bioquímica de Oxigênio

(DBO). Essa determinação mede a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar

biologicamente a matéria orgânica presente no esgoto (JORDÃO & PESSOA, 2005). A

partir de valores clássicos de contribuição unitária da DBO temos os seguintes valores de

carga orgânica total lançada no Quarta feira e sua concentração no córrego:

Carga Afluente

C = P x C un.

C = 14.000 hab. x 0,054 kg.DBO/hab.d

C = 756 kg.DBO/d

Onde C é a carga orgânica afluente em kg.DBO/dia, P é a população residente na

bacia de drenagem do Quarta feira, e C un. é a contribuição unitária da DBO.

Concentração de DBO

Conc.DBO = C / Qe

Conc.DBO = (756 kg/d) / (1.820m³/d)

Conc.DBO = 415 mg.DBO/l

Onde a Concentração de DBO é dada em miligramas de DBO por litro de efluente,

C é a carga orgânica afluente em kg.DBO/dia, e Qe é a vazão diária de esgotos na bacia.

Esses valores de concentração no entanto dizem respeito somente a ao esgoto lançado no

córrego. A concentração de DBO no corpo receptor é de fato inferior, devido a diluição que

o efluente sofre ao ser despejado no corpo receptor. Diluição essa que no caso do Quarta

feira é muito pequena devido a vazão reduzida do córrego.

O despejo de esgotos domésticos no córrego Quarta feira tem início já pouco depois

de nascente. Efluentes advindos do DETRAN, SEMA, Assembléia Legislativa e outros

prédios são lançados na lagoa do CPA, iniciando um ciclo de poluição e degradação que se

prolonga até o ponto da sua confluência com o ribeirão do Lipa.

Page 46: Sub-bacia Quarta Feira

34

Durante sua passagem pelo bairro Alvorada, o córrego recebe despejo de esgotos

que são lançados na galeria de águas pluviais e conduzidas por ela até seu leito. Somam-se

a esses despejos aqueles que são provenientes dos “vales secos”, que, da mesma forma que

o curso d’água principal, recebe o efluente das residências adjacentes, inclusive de prédios,

como os localizados em frente ao TRT (Figura 14).

No bairro Despraiado o as principais contribuições de efluentes são provenientes da

rede de drenagem urbana e dos fundos de vale que saem do bairro Quilombo, que tem

densidade populacional alta (dos bairros que compõe a bacia é o que apresenta maior

população).

6.3 LIXO NO CÓRREGO

Segundo CUIABÁ (2007d), a coleta de lixo atende praticamente 100% das

residências da bacia de drenagem do Quarta Feira (item 5.7), como exceção do bairro

Despraiado, onde abrange apenas 67% dos domicílios.

Contudo nota-se que apesar da coleta ainda há muito lixo no curso do córrego, o que

agrava o quadro de degradação existente no córrego. Mais do que um problema ambiental,

a disposição do lixo em local inapropriado trás riscos a saúde, pois pode servir ambiente

para a reprodução de vetores, como moscas, baratas, mosquitos, ratos, etc.

A presença de lixo no córrego pode ser explicada não apenas pelo lançamento dos

resíduos diretamente no curso d’água, mas também pelo lixo que é levado até ele pela

galeria de águas pluviais, arrastado pelo escoamento das chuvas.

Page 47: Sub-bacia Quarta Feira

35

Figura 13: Lixo acumulado no leito do córrego

6.4 EROSÃO

A erosão do solo pode ser causada pela ação do vento, das chuvas, insolação, ação

antrópica, entre outros fatores. Na bacia do córrego Quarta-Feira a ação erosiva mais

significante é a causada pela água das chuvas. Dependendo às características da superfície

em que a chuva cai, e a intensidade e duração da chuva, pode vir a formar-se o escoamento

superficial (PINTO, 2007), que é um dos principais agentes da erosão.

Na bacia do córrego Quarta-Feira existem extensas áreas como o parque Eldorado

(Figura 14), sem cobertura vegetal, que são vulneráveis a ação da erosão laminar, que vai

retirando solo suas camadas superficiais, formadas por partículas menores.

O escoamento superficial da chuva provoca aumento vazão do córrego. As águas

descem córrego abaixo com volume e energia suficientes para causar erosão nas margens

do córrego, especialmente nos trechos onde não há proteção por matas ciliares, como na

Figura 15.

Page 48: Sub-bacia Quarta Feira

36

Figura 14: Área sujeita a erosão no bairro Alvorada (parque Eldorado).

Figura 15: Aspecto da margem do córrego Quarta-Feira

Page 49: Sub-bacia Quarta Feira

37

7. DISCUSSÃO

7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA

Atualmente o córrego Quarta feira encontra-se muito degradado, especialmente no

que diz respeito à qualidade de suas águas, devido ao lançamento de efluentes não tratados

ao logo de todo o seu percurso. O despejo de efluentes sem tratamento no curso d’água

agride o meio ambiente, poluindo o córrego, transformando-o em fonte de disseminação de

doenças, e incomodo para a população, devido à aparência ruim e odor desagradável.

Acaba por tornar-se num simples coletor de esgoto. Isso leva a queda da qualidade

ambiental e qualidade de vida da população da região (MOTA, 2003).

Essa situação de degradação ambiental causada pelo lançamento de esgotos in

natura no córrego Quarta feira, contudo, pode ser revertida através da coleta e tratamento de

efluentes gerados em sua bacia de drenagem. Isso evitaria que os esgotos produzidos pelas

residências atingissem o córrego, combatendo a sua principal fonte de degradação.

Experiências bem sucedidas na despoluição de córregos urbanos, como as

conduzidas pela Sabesp, no município de São Paulo mostram que a partir implementação

da rede de esgotos é possível recuperar a qualidade ambiental dos córregos urbanos.

A construção da rede de esgoto deve ser seguida de adaptações nas ligações de

esgoto das residências com a rede pública, para que de fato os efluentes sejam lançados

nela, e não na galeria de águas pluviais como já vem ocorrendo em toda bacia. Esse

processo deve ser monitorado, para que não haja novas ligações na rede de águas pluviais.

O esgoto coletado seria levado por coletores tronco um interceptor, que localizado

ao lado do córrego faria uso da topografia do local o transporte do efluente. Esse efluente

então seria conduzido até uma estação de tratamento, onde passaria por um processo de

despoluição. A adoção desse sistema traria significativa melhora para a qualidade ambiental

Page 50: Sub-bacia Quarta Feira

38

do córrego (BORGES et al, 2001), posto que impediria que uma carga orgânica diária da

ordem de 750 kg.DBO chegasse no curso d’água.

Vale dizer, no entanto, que obras de infra-estrutura, como as necessárias para o

saneamento do córrego são caras, e no caso de serem implementadas em áreas já

urbanizadas, causam transtornos para a população local e para o trânsito, pois é necessária a

abertura de valas, mobilização de máquinas e tratores, para a colocação da rede de esgotos

e adaptações.

As ações objetivando a melhoria da qualidade ambiental de um córrego não devem

se restringir a obras de infra-estrutura, pois como (MASSONE e PAIXÃO, 2006)

descrevem em artigo sobre despoluição do córrego Carajás, em São Paulo, as ações de

monitoramento, fiscalização por parte do poder público e educação ambiental da

população, estão fortemente relacionadas ao sucesso de um programa de recuperação

ambiental de áreas urbanas.

Segundo PEREIRA (2003) também é de igual importância para preservação do

meio ambiente de uma região, o planejamento das futuras atividades, para que se possa

definir o que será executado posteriormente em projetos e obras de saneamento, por

exemplo, para que a infra-estrutura comporte crescimento da região.

Além dos esgotos ocorrem também processos erosivos nas margens do córrego que

estão diretamente relacionados com o escoamento das águas das chuvas. O escoamento

superficial, que ocorre quando a superfície sobre a qual a chuva cai se satura, é

encaminhado pelo sistema de drenagem, através de sarjetas e galerias até o córrego, e está

relacionado diretamente com a forma de ocupação do solo. Conforme TUCCI (2003), os

sistemas de drenagem urbana no Brasil foram, na sua maioria, concebidos visando, o

escoamento rápido das águas precipitadas. Sistema esse que segundo o próprio TUCCI

(2003), transfere o problema do escoamento das águas de chuva para jusante, tendo como

conseqüência imediata o aumento da vazão nos canais, podendo causar inundações.

Na bacia do Quarta-Feira, esse aumento na vazão decorrente das chuvas tem sido o

um dos responsáveis pela erosão do canal do córrego. A ausência da mata ciliar em alguns

trechos, somada a impermeabilização do solo na bacia, que diminui a infiltração e acelera o

escoamento das águas também tem grande importância no processo. O escoamento rápido

Page 51: Sub-bacia Quarta Feira

39

das águas faz com que elas cheguem ao córrego com volume e energia suficientes para

erodir as margens e leito do curso d’água.

Figura 16: Córrego Quarta-Feira no bairro Despraiado

A bacia do Quarta-Feira sofre também a ação da erosão laminar. Grandes lotes

vazios na bacia do córrego, e muitos deles sem cobertura vegetal, como no loteamento

parque Eldorado, por exemplo, estão sujeitos a esse processo. Esse processo erosivo

decorrente do escoamento superficial da água das chuvas, se dá em toda a bacia, inclusive

nas áreas impermeabilizadas. Contudo atua mais intensamente em áreas desprovidas de

cobertura vegetal (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2005, p.301). Esse sedimento carreado

tende a acumular-se no canal do córrego, causando o assoreamento do canal, e os

problemas decorrentes dele.

É importante colocar também que o escoamento superficial da água das chuvas

contribui com a poluição do córrego, uma vez que pode arrastar o lixo presente nas ruas até

o corpo d’água.

A poluição dos corpos d’água e a sua degradação por erosão são processos

decorrentes do desordenamento do uso e ocupação do solo (MOTA, 2003). O mesmo pode

se dizer das invasões em áreas de preservação. No córrego Quarta-Feira, essa situação

ocorre por expressiva parcela de suas margens, chegando próximo aos 50%. Como já

Page 52: Sub-bacia Quarta Feira

40

mencionado neste trabalho, as APP devem ser mantidas intocadas, sendo que a situação

atual configura crime ambiental, por destruí-la e modificá-la.

Uma solução para esse problema é a desocupação das áreas de preservação e a sua

recuperação ambiental, como está sendo feito em Brasília, no entorno do lago Paranoá. As

desapropriações costumam ser processos demorados, contudo são necessárias para devolver

ao córrego suas características naturais. Por meio da recuperação das áreas degradadas por

invasões e desmatamentos outros problemas podem ser resolvidos ou minimizados, como

por exemplo a erosão do canal e das margens do córrego e o arrasto de sedimentos para o

seu leito.

Page 53: Sub-bacia Quarta Feira

41

8. CONCLUSÃO

Através de dados obtidos e observações na bacia de drenagem do córrego podemos

concluir que as águas do córrego Quarta-Feira encontram-se impactadas devido ao

lançamento direto de esgotos em seu leito

Neste trabalho foi observado que a situação atual da bacia do córrego Quarta-Feira,

especialmente do córrego é resultado da ocupação desordenada do solo, sem infra-estrutura

necessária. Através de dados secundários e observações na bacia de drenagem do córrego

podemos concluir que as águas do córrego Quarta-Feira encontram-se impactadas devido

ao lançamento direto de esgotos em seu leito.

O lançamento de esgoto no Quarta-Feira se dá através das galerias de águas pluviais

e despejos diretos de esgoto domestico das casas que se localizam no seu entorno. Isso

ocorre devido a ausência de redes de coleta de esgotos em toda a bacia do Quarta-Feira

Em relação às Áreas de Preservação Permanente, pode-se concluir que de fato são

pouco preservadas visto que, apresentam algum tipo de degradação em cerca de 47% das

áreas protegidas do entorno do córrego e em aproximadamente 25% da extensão total do

córrego ocorrem invasões. Contudo, com exceção do trecho do córrego localizado no bairro

Alvorada, as margens se encontram pouco ocupadas, facilitando um possível processo de

recuperação.As invasões, agressões a mata ciliar do córrego e o uso desordenado do solo

deram margem a processos erosivos, que atualmente já se encontram instalados em trechos

do curso d’água.

Através do que foi levantado a respeito do córrego Quarta-Feira e sua bacia de

drenagem, podemos finalmente concluir que a atual situação do córrego é critica, mas

possível de ser revertida. A reversão do quadro de degradação, além de devolver a

qualidade ambiental à região, teria o importante papel de mostrar para a população que

esses córregos podem ser despoluídos e deixar de ser apenas uma fonte de incomodo.

Page 54: Sub-bacia Quarta Feira

42

9. RECOMENDAÇÕES

Pode-se aferir das informações levantadas por esse trabalho que o córrego Quarta-

Feira tem sua qualidade ambiental seriamente degrada. Contudo, como mostram

experiências pelo Brasil e exterior, ainda possível de ser recuperada.Os resultados desse

trabalho apontam para diversas medidas no sentido se devolver a sanidade ao córrego

como:

Investir na construção de sistemas de coleta e tratamento de esgotos na bacia de

drenagem do Quarta-Feira;

Remover as casas localizadas em Área de Preservação Permanente;

Limpar o leito do córrego;

Cumprir o plano diretor, no controle da urbanização e ocupação dos lotes;

Controlar da erosão e assoreamento;

Educar a população da região e envolve-la a questão ambiental e preservação do

córrego.

Reflorestar as margens do córrego que estão degradadas

Recomenda-se a realização de trabalhos nessa linha em outras bacias de córregos

urbanos de Cuiabá, a fim de poder relacionar características ambientais e de ocupação de

diferentes lugares.

Page 55: Sub-bacia Quarta Feira

43

10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA.

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Page 59: Sub-bacia Quarta Feira

47

11. ANEXOS

Page 60: Sub-bacia Quarta Feira

48

11.1 ANEXO A

LEI COMPLEMENTAR Nº 004, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1992.

“INSTITUI O CÓDIGO SANITÁRIO E DE POSTURAS DO MUNI-

CÍPIO, O CÓDIGO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS

NATURAIS, O CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES E DÁ OUTRAS

PROVIDÊNCIAS”.

FREDERICO CARLOS SOARES CAMPOS, Prefeito Municipal de Cuiabá.

Faço saber que a Câmara Municipal de Cuiabá aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

[...]

SEÇÃO I

DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP

Art. 537. Consideram-se áreas de preservação permanente as florestas e demais formas

de vegetação situadas:

I – ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa

marginal, cuja largura mínima seja:

a) de 30 m (trinta metros) para os cursos d’água de menos de 10 m (dez metros) de

largura;

b) de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 m (dez

metros) a 50 m (cinqüenta metros) de largura;

c) de 100 m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 m (cinqüenta

metros) a 200 m (duzentos metros) de largura;

d) de 200 m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 m

(duzentos metros) a 600 m (seiscentos metros) de largura;

II – ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de águas naturais ou artificiais;

Page 61: Sub-bacia Quarta Feira

49

III – nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que

seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 m (cinqüenta metros);

IV – no topo de morros, montes, montanhas e serras;

V – nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45 graus equivalente a 100 %

(cem por cento) na linha de maior declive;

VI – nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa

nunca inferior a 100 m (cem metros) em projeções horizontais.

Art. 538. São PROIBIDOS depósitos de qualquer tipo de resíduos, escavações e o

exercício de quaisquer atividades nas áreas de preservação permanente.

Art. 539. É PROIBIDO cortar, destruir, danificar árvores em florestas e demais áreas de

preservação permanente.

Art. 540. É PROIBIDO penetrar em florestas e demais áreas de preservação perma-

nente, portando armas, substâncias ou instrumentos de caça, ou de exploração de produtos

ou subprodutos florestais.

Art. 541. É PROIBIDO o uso de fogo nas áreas de preservação permanente, bem como

qualquer ato ou omissão que possa ocasionar incêndios.

Art. 542. A recuperação das matas ciliares das áreas de preservação permanente será

executada pelo infrator que as degradar, sob pena de responsabilidade civil e sanções

administrativas.