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SUBORDINAÇÃO DA RENDA DA TERRA E RESISTÊNCIA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO CAMPONESA Lucas de Andrade Lira Miranda Cavalcante 1 Universidade Federal de Sergipe (UFS) [email protected] GT4: Campesinato e Agronegócio Resumo O presente estudo possui como objetivo analisar as estratégias de subordinação da renda da terra ao capital, no Projeto de Assentamento Jacaré-Curituba. Compreendemos este processo analisando a produção camponesa no contexto da mundialização do capital de forma como a relação Estado/Capital/Trabalho pode viabilizar o empreendedorismo no Projeto de Assentamento Jacaré-Curituba. Vem ocorrendo o processo de subordinação da renda da terra camponesa ao capital no P.A. Jacaré-Curituba, seja por meio de venda para atravessadores, pela dependência ao capital financeiro. Compreendendo a partir da crise estrutural do capital, o modelo de desenvolvimento do “novo rural brasileiro” coopera com o empreendedorismo rural, nesse sentido o camponês é necessário a acumulação capitalista, visto que, são tecidos discursos na defesa do capital financeiro e do aprofundamento do crédito no espaço agrário. Palavras-Chave: Renda da terra; Estado; Capital; Trabalho 1. Introdução O presente artigo possui como objetivo analisar as estratégias de subordinação da renda da terra ao capital no Projeto de Assentamento Jacaré-Curituba. A pesquisa encontra-se em fase inicial, sendo assim, os resultados obtidos são parciais. Concomitantemente às leituras e à pesquisa documental, a necessidade de discutir a problemática proposta envolve o estudo reflexivo das categorias: espaço e território, assim como sobre a Questão Agrária em diversos estudos. Inicialmente estudamos os conceitos de empreendedorismo, empreendedorismo rural, terra, Estado, trabalho e capital. 1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO-UFS), Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), é Membro do Grupo de Pesquisa Estado, Capital Trabalho e as Politicas de Reordenamento Territorial. (GPECT-UFS).

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SUBORDINAÇÃO DA RENDA DA TERRA E RESISTÊNCIA DA UNIDADE DE

PRODUÇÃO CAMPONESA

Lucas de Andrade Lira Miranda Cavalcante1

Universidade Federal de Sergipe (UFS)

[email protected]

GT4: Campesinato e Agronegócio

Resumo

O presente estudo possui como objetivo analisar as estratégias de subordinação da renda da

terra ao capital, no Projeto de Assentamento Jacaré-Curituba. Compreendemos este processo

analisando a produção camponesa no contexto da mundialização do capital de forma como a

relação Estado/Capital/Trabalho pode viabilizar o empreendedorismo no Projeto de

Assentamento Jacaré-Curituba. Vem ocorrendo o processo de subordinação da renda da terra

camponesa ao capital no P.A. Jacaré-Curituba, seja por meio de venda para atravessadores,

pela dependência ao capital financeiro. Compreendendo a partir da crise estrutural do capital,

o modelo de desenvolvimento do “novo rural brasileiro” coopera com o empreendedorismo

rural, nesse sentido o camponês é necessário a acumulação capitalista, visto que, são tecidos

discursos na defesa do capital financeiro e do aprofundamento do crédito no espaço agrário.

Palavras-Chave: Renda da terra; Estado; Capital; Trabalho

1. Introdução

O presente artigo possui como objetivo analisar as estratégias de subordinação da

renda da terra ao capital no Projeto de Assentamento Jacaré-Curituba. A pesquisa encontra-se

em fase inicial, sendo assim, os resultados obtidos são parciais. Concomitantemente às

leituras e à pesquisa documental, a necessidade de discutir a problemática proposta envolve o

estudo reflexivo das categorias: espaço e território, assim como sobre a Questão Agrária em

diversos estudos. Inicialmente estudamos os conceitos de empreendedorismo,

empreendedorismo rural, terra, Estado, trabalho e capital.

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO-UFS), Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), é Membro do Grupo de Pesquisa Estado, Capital Trabalho e as Politicas de Reordenamento Territorial. (GPECT-UFS).

A pesquisa teve como fundamento o materialismo histórico dialético que apresenta

como principais características: a compreensão da história de forma processual e não-linear; o

processo contraditório de reprodução do espaço pelo capital e analisar a realidade para depois

abstrair intelectualmente, evidenciando dessa forma a materialidade do mundo.

No sistema do capital são utilizados vários estratagemas para extrair renda do

campesinato, uma relação de produção não capitalista, e dentre eles, destaca-se o

empreendedorismo rural, segundo o qual busca-se aproximar o camponês à lógica da

produção capitalista. A unidade de produção camponesa deve submeter-se à racionalização e

controle dos custos para serem administradas como “empresas rurais”. Há como fundamento

desse processo de desenvolvimento capitalista no campo, o desenvolvimento de forma

desigual, contraditória e combinada, simultaneamente, engendra de forma articulada e

contraditória, o trabalho assalariado e a produção camponesa (OLIVEIRA, 2001).

O empreendedorismo precisa ser compreendido a partir da crise estrutural do sistema

do capital. Além de ocultar as relações sociais de produção, é imposto ao indivíduo – nesse

caso compreendido de forma atomista – a necessidade de inovar para conseguir se manter no

mercado capitalista. Entretanto, com a crise estrutural do sistema do capital, há o avanço do

capital a partir novas formas de extração do mais-valor, como pode ser analisado no

empreendedorismo rural.

Nesse desenvolvimento contraditório, para ser um “empreendedor rural” são

requeridas competências empresariais, o que contraria a lógica da unidade de produção

camponesa, que é regida pela lógica da produção familiar na terra de vida e trabalho voltado

para os produtores diretos. Conforme apresenta Carneiro (1996, s.p.), essa nova categoria

social de empreendedor rural:

[...] teria, paradoxalmente, recuperado a autonomia camponesa de gerar as

múltiplas oportunidades de rendimento que o campo oferece. De tal

combinação resultaria o ‘camponês-empresário’, que pode executar tanto

atividades de transformação e de comercialização de produtos agrícolas [...]

Sendo assim, a autora compreende o camponês enquanto um empresário, visto que,

este, necessita “empreender”, através de variadas formas, objetivando conseguir cada vez

mais lucro com suas atividades produtivas no campo, combinando assim suas atividades

agrícolas com a comercialização, entre outras atividades. Dessa forma são atribuídas

características ao camponês que divergem da sua realidade concreta.

O trabalho camponês é necessário à acumulação capitalista. Na leitura de Martins

(2013, p.36-37):

[...] o capitalismo, na sua expansão, não só redefine antigas relações

subordinadas à reprodução do capital, mas também engendra relações não

capitalistas, igual e contraditoriamente necessárias a essa reprodução. [...] A

produção capitalista de relações não capitalistas de produção expressa não

apenas uma forma de reprodução ampliada das contradições do capitalismo

– o movimento contraditório não só de subordinação de relações pré-

capitalistas no capital, mas também de criação de relações antagônicas e

subordinadas não capitalistas.

Como destacado acima, o capitalismo gera contradições no seu processo de expansão,

não só redefine como reproduz relações contraditórias à sua lógica, engendrando também

relações capitalistas, pois, concomitantemente, em que ocorre a territorialização do capital no

campo há também a recriação camponesa. Para compreender esses processos, é primordial a

análise da unidade camponesa familiar de produção, a partir da realidade no Projeto de

Assentamento Jacaré-Curituba, situado entre os municípios de Canindé do São Francisco e

Poço Redondo, localizado no Território do Alto Sertão Sergipano.

O Alto Sertão Sergipano permaneceu durante décadas com a estrutura fundiária

apresentando alto índice de concentração fundiária, sob o domínio dos grandes proprietários e

da pecuária extensiva. Com o início das obras da Barragem de Xingó e da Usina Hidrelétrica

de Xingó, no final da década de 1980, ocorreu um aumento populacional devido à oferta de

empregos na economia local. Com a finalização dessas obras, os trabalhadores ficaram

desempregados, nesse contexto, a luta pela terra se intensificou, e consequentemente a

consolidação dos movimentos sociais em Sergipe, especialmente o MST.

2. A unidade de produção camponesa na contramão da acumulação capitalista

O Assentamento Jacaré-Curituba está localizado entre os municípios de Canindé do

São Francisco e Poço Redondo e foi implementado entre os anos de 1997 e 2002. É composto

por um total de 10 assentamentos, sendo denominado pelo INCRA como Complexo Jacaré-

Curituba. Segundo dados do INCRA (2017), ocupa uma área de 15.683,00 hectares, possui

817 assentados para uma capacidade total de 1.378. Inicialmente concebido como um

Perímetro Irrigado voltado a empresários e a exploração hidro agrícola, semelhante ao

implantado no Platô de Neópolis, foi dividido em 79 lotes entre as famílias assentadas.

Constitui-se como o maior projeto de Assentamento irrigado da América Latina, apesar disso,

as obras não foram finalizadas e estavam paralisadas até o ano de 1999, o que leva à

necessidade da elaboração, a partir de negociação do MST com o INCRA, de um “Plano de

Sustentabilidade Mínima do Assentamento Jacaré-Curituba de 1999 a 2002” coordenado por

Carvalho (1999) apontando saídas para minimizar os conflitos até a finalização das obras de

irrigação. Segundo Tanezini (2014, p.472): “A saída provisória encontrada pelo MST foi a

exploração da área através de atividades coletivas de grupos em média de 20 famílias e/ou

individual sem delimitação dos lotes”. Entretanto, o Estado é funcional aos interesses

capitalistas e, portanto, realiza a implantação de assentamentos no Alto Sertão Sergipano para

reduzir conflitos por terra, mas não são finalizadas as obras para irrigação do P.A. Jacaré

Curituba.

Somente em 2009, são iniciados os investimentos do Governo Federal para a

implementação do sistema de irrigação, em torno de R$ 15.286.117,38 no Jacaré-Curituba

através do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. Além disso, até hoje, o sistema de

irrigação não foi readequado à agricultura camponesa, mantendo as dimensões do projeto de

agricultura empresarial, adequado ao modelo inicialmente proposto ao perímetro irrigado.

Essa inadequação do sistema de irrigação vem trazendo inúmeros problemas à produção dos

assentados devido a problemas técnicos, o que levam a necessidade de improvisação e baixa

pressão para irrigação bem como rodízio entre os lotes irrigados. A respeito das obras de

irrigação, Ramos Filho (2013, p.177) destaca que:

Esta atuação do Estado, através de órgãos como a CODEVASF e INCRA, é

intencional e tem a perspectiva de inviabilizar futuramente o assentamento

irrigado Jacaré-Curituba. O INCRA pressionado politicamente para resolver

os conflitos agrários, mediante processos desapropriatórios reivindicados

pelos trabalhadores e de outro lado sofrendo ações dos proprietários ávidos

por impedir a desapropriação dos latifúndios, destina, aos beneficiários, lotes

de reforma agrária em dimensões exíguas, para pragmaticamente solucionar

os conflitos. Entretanto sem visão de futuro alguma, inviabiliza a reprodução

ampliada da família camponesa.

Nesse exemplo, é evidente a funcionalidade do Estado ao capital, na medida em que,

realiza a implementação de assentamentos preferencialmente em locais onde historicamente

há intensa luta pela reforma agrária, mas, contraditoriamente, ao criá-los, não são

disponibilizadas infraestruturas básicas para a reprodução da agricultura camponesa. Dessa

forma, além de dispor de uma infraestrutura de irrigação precária há o processo de

minifundização. Segundo os Índices básicos do INCRA (2013), o módulo fiscal em Canindé

do São Francisco e Poço Redondo é em ambos os municípios de 70 ha, entretanto, a média

por família assentada é de 19,20 ha.

No Alto Sertão Sergipano, esses perímetros irrigados inicialmente estavam voltados à

fruticultura de exportação e beneficiamento, como destaca o Plano de Consolidação do

Assentamento – PCA do Jacaré-Curituba, INCRA (2010, p.10) e possuía como objetivo: “[...]

a fruticultura irrigada para o abastecimento interno e exportação de frutas in natura e/ou

processadas, orientado, portanto, a produtores rurais tecnificados e a uma agroindústria local

com produtos de qualidade”.

De acordo com Silveira (2006, p.39)

Os projetos de irrigação têm desempenhado papel fundamental na

alavancagem do desenvolvimento e na melhoria do padrão de vida da

população. Como fatores positivos desse processo podem ser citados os

seguintes: (i) aumento da renda dos produtores; (ii) redução do fluxo

migratório campo-cidade; (iii) expansão das oportunidades de emprego em

áreas rurbanas; (iv) aumento da produtividade agrícola; (v) geração de

excedentes de produção; e (vi) integração da produção aos mercados.

Entretanto, segundo Sousa (2013, p.47)

A criação dos Perímetros Irrigados, a partir dos anos de 1960, abriu e

continua a abrir para o Estado capitalista que neles empregou e emprega o

seu dinheiro, possibilidades diferentes de enriquecimento em relação às

possibilidades que são abertas pelo capital. No momento que este entrega a

terra, por meio da venda, aos empresários e pequenos produtores está

entrando em processo de metamorfose da renda capitalizada empregada em

capital.

Visto que, a composição orgânica do capital na agricultura é menor do que na

indústria, com a propriedade da terra, existe a obtenção da renda da terra absoluta pelo capital

(MARX, 2017), bem como os sistemas de irrigação proporcionam o ganho de renda

diferencial II, além disso, o Estado afirma mais vantagens à acumulação do capital por meio

da consolidação desse modelo de desenvolvimento, visto que, o direciona a grandes

proprietários reduzindo dessa forma a quantidade de capital investido na obtenção das terras e

utilizando-o em capital fixo e aumento tecnológico. Nesse sentido, o desenvolvimento

apresentado por Silveira (2006) está associado ao avanço do sistema do capital sobre a

agricultura, portanto, ocorre de forma desigual, contraditória e combinada, subordinando

assim relações não-capitalistas e, concomitantemente, expropriando camponeses.

Como forma de resistência camponesa busca-se a comercialização de produtos

provenientes de menores áreas com cultivos diversificados em feiras do Alto Sertão

Sergipano com o auxílio da COOPRASE2, principalmente em Canindé do São Francisco,

Poço Verde e Nossa Senhora da Glória, além de participarem de feiras da reforma agrária em

vários municípios de Sergipe.

3. A sujeição da renda da terra camponesa no contexto da crise estrutural do capital

Ao contrário do que versam a maior parte dos economistas, o sistema do capital

escapa ao controle significativo humano. Isso pode ser compreendido na medida em que ele

ter surgido em toda a história como a mais poderosa estrutura “totalizadora” do controle,

controlando inclusive humanos que devem se adaptar ou perecer ao sistema do capital

2 Cooperativa Regional dos Assentados de Reforma Agrária do Sertão de Sergipe – Localizada no P.A. Jacaré-Curituba.

(MÉSZÁROS, 2002). Com sua forma totalizante de controle, esse sistema, acaba dominando

também relações de produção que não se constituem ainda parte da acumulação capitalista.

Apesar de Marx não ter utilizado o termo o capital financeiro ele foi analisado por

Hilferding (1985) que compreende o capital financeiro como a unificação do capital. Para

essas unificações é primordial o papel do sistema de crédito mundial, pois, além de reduzir o

tempo de rotação do capital é possível ter maior mobilidade do capital. Segundo Mészáros

(2002, p.100): “Com relação à sua determinação mais profunda, o sistema do capital é

orientado para a expansão e movido pela acumulação. Essa determinação constitui, ao

mesmo tempo, um dinamismo antes inimaginável e uma deficiência fatídica.” (destaque do

autor). Contraditoriamente, a maior necessidade do sistema do capital é da expansão tendo

como princípio a acumulação, e, ao mesmo tempo, sua maior contradição, ao reduzir o

consumo devido ao desemprego estrutural, bem como da tentativa de adiamento da crise

estrutural do capital a partir do sistema de crédito e do capital fictício.

A crise estrutural é entendida, de acordo com Mészáros (2002, p.100) como uma crise

cujas implicações afetam “o sistema do capital global não apenas em um dos seus aspectos –

o financeiro/monetário, por exemplo - mas em todas as suas dimensões fundamentais, ao

colocar em questão a sua viabilidade como sistema reprodutivo social.” Essa crise leva a

antagonismos insuperáveis do capital, visto que impõe barreiras à acumulação capitalista. Na

crise estrutural, que ganha mais evidência a partir da década de 1970, vem ocorrendo

processos de centralização e concentração de capital, unificando cada vez mais o capital e

concentrando riqueza, ocorre com isso o predomínio das sociedades anônimas.

Com a crise estrutural, o capital financeiro tende a inserir novos espaços à acumulação

capitalista, principalmente a partir do sistema de crédito, possibilitando assim o aumento de

consumo de mercadorias como contra tendência à queda tendencial da taxa de lucro. Marx

(2017) analisando a crescente composição orgânica do capital aponta que a tendência à queda

da taxa geral de lucro constitui-se como marca do desenvolvimento da força produtiva social

do trabalho.

Dentre as estratégias de extração do mais-valor o capital, a partir de políticas públicas,

financiadas por instituições financeiras, está o empreendedorismo, segundo a concepção

schumpeteriana, o empreendedor, para fazer parte do desenvolvimento econômico precisa

realizar inovações, alterando antigos hábitos e produtos por outros novos (SCHUMPETER,

1997). Já o empreendedorismo para Zarpellon (2010, p.2)

[...] é visto mais como um fenômeno individual, ligado à criação de

empresas, quer através de aproveitamento de uma oportunidade ou

simplesmente por necessidade de sobrevivência, do que também um

fenômeno social que pode levar o indivíduo.

Dessa forma, o empreendedorismo define que é preciso aproveitar as mudanças e

oportunidades e utilizá-las para criar novos padrões de consumo e novas mercadorias. O

empreendedorismo rural constitui-se enquanto uma derivação da análise do

empreendedorismo, a partir do espaço agrário.

Almeida (2016, p.139) se contrapõe ao conceito de empreendedorismo e destaca

[...] a funcionalidade que o empreendedorismo tem para o sistema do capital

na atualidade se desenvolve em diversas dimensões: contribui para a

acumulação do capital, favorece o domínio do capital sobre os trabalhadores

e, dentre outros aspectos, enfraquece a classe trabalhadora e suas lutas.

A autora prossegue sua análise compreendendo o empreendedorismo como expressão

das novas configurações do trabalho a partir da reestruturação produtiva e aumento do capital

constante e da composição orgânica do capital. Com isso há uma quebra na divisão

hierárquica do trabalho e o empreendedor “trabalharia para ele mesmo”, entretanto, as

relações sociais de produção não são monádicas, mas sim, compreendidas e dominadas pelo

sistema sociometabólico do capital em busca da extração do mais-valor nas mais diversas

esferas de produção, dentre elas no campo.

Conforme Carrion (2005, s.p.), o empreendedor rural deve apresentar as seguintes

características, ou seja, apresentar uma racionalidade econômica para manter sua unidade

produtiva que são:

a) Saber enxergar oportunidades;

b) Ter habilidade para começar e recomeçar sempre que preciso;

c) Ser capaz de "vender seu peixe" de maneira eficiente;

d) Ter uma boa rede de relacionamentos;

e) Enxergar as necessidades do mercado;

f) Ter opinião própria;

g) Persistir, sempre;

h) Assumir riscos;

i) Ser um líder entusiasmado;

j) Querer crescer sempre;

Como podemos observar, o empreendedorismo rural se fundamenta na compreensão

do camponês enquanto sujeito totalmente integrado ao mercado, imputando,

contraditoriamente, a lógica da produção capitalista no campo ao camponês. A concepção do

empreendedorismo rural tem sido defendida por diversos autores de diversas Ciências, entre

eles podemos destacar: Tomei & Lima (2012); Veiga (s.d.,2005), Abramovay (2003). Esses

autores compreendem a unidade de produção camponesa a partir das suas potencialidades.

Segundo Abramovay (2003, p.6) o empreendedorismo de pequeno porte “[...] afirma a

importância de políticas voltadas explicitamente a aumentar as capacidades produtivas e de

melhor inserção nos mercados de milhões de empreendimentos que hoje mal conseguem

reproduzir-se.” Desta forma, o camponês, segundo essa concepção, necessita integrar-se ao

mercado, adquirindo inúmeros insumos, contraindo empréstimos para “aumentar seu

potencial” enquanto “empreendedor”.

Todavia, tendo como base o crédito e a constante inovação, destacando que: “[...] o

empreendedor, em princípio e como regra, necessita de crédito — entendido como uma

transferência temporária de poder de compra —, a fim de produzir e se tornar capaz de

executar novas combinações de fatores para tornar-se empreendedor.” (SCHUMPETER,

1997, p.10). Ora, se o camponês precisa tomar empréstimos para se “metamorfosear” em

empreendedor rural, como ele poderia “inovar”, tendo que seguir subordinado ao contrato

com o banco?

Tendo em vista que a principal modalidade de empréstimo realizada para a produção

familiar é o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que

para a aquisição do crédito é necessário realizar um projeto para o banco, sendo assim,

analisaremos esse modelo de financiamento segundo Gazolla & Schneider (2008, p.9):

O financiamento, deste modo, é específico e pontual a uma cultura, o que faz

com que o agricultor familiar se especialize produzindo o que o Pronaf lhe

disponibiliza recursos, em detrimento, por exemplo, de um processo de

diversificação rural ou de plantio dos cultivos voltados a sua alimentação.

Gazolla & Schneider apud Rodrigues (2012, p.158), destaca que:

[...] a contradição gerada pelo PRONAF, propiciar a inserção mercantil e a

especialização produtiva dos produtores familiares via os cultivos dinâmicos

e, assim, a consequente vulnerabilização da produção para o autoconsumo

levando produtor familiar, em muitos casos, a situações de insegurança

alimentar e incertezas em relação a sua reprodução.

A produção para autoconsumo, neste processo, vem sendo substituída pelos cultivos

dinâmicos e que realizam o ciclo do capital mais rápido do que produtos para autoconsumo.

Com isso, vem ocorrendo à vulnerabilidade da produção camponesa e insegurança alimentar,

processo que pode ser confirmado a partir de entrevista com liderança do assentamento

Jacaré-Curituba. Em pesquisa de campo (2015), a liderança afirma que: “O essencial para a

alimentação não é produzido no assentamento.” Nesse sentido, a partir desse relato e de dados

obtidos em campo, é possível afirmar que a produção dos principais produtos com extensas

áreas em produção no assentamento, como o quiabo e o milho são voltados para suprir as

necessidades do mercado, reduzindo dessa forma a produção de outros cultivos de

autoconsumo em detrimento da produção para o mercado.

Para essa análise é fundamental a análise da renda da terra, que consiste numa quantia

paga ao proprietário fundiário na forma capitalista ou a obtenção do mais-produto – forma

não capitalista e que é a forma de realização da propriedade fundiária (MARX, 2017). Marx

(2017) realiza sua análise sobre renda da terra tendo como suposto que modo capitalista

domina a agricultura assim como os demais setores da economia buscando o lucro e para

obter essa renda é necessária a prévia separação dos meios de produção da classe

trabalhadora:

Assim, como o modo de produção capitalista em geral baseia-se na

expropriação dos trabalhadores das condições de trabalho, na agricultura ele

se baseia na expropriação dos trabalhadores rurais da terra e sua

subordinação a um capitalista, que explora a agricultura visando o lucro.

(MARX, 2017, p. 675)

Com a expropriação dos trabalhadores rurais da terra ocorre a inserção do modo

capitalista no campo e o predomínio das relações assalariadas tanto no campo como na

cidade. Segundo Oliveira Júnior (2012, p. 80) “Na agricultura, o mais-valor traveste-se em

uma das suas formas – a renda da terra, quando da monopolização do território. Podendo

ainda travestir-se na forma mais-valor, quando da territorialização do capital.” O processo de

monopolização do território, bem como a utilização de insumos e a dívida com o PRONAF

acabam extraindo parte da renda da terra camponesa, fazendo com que seja necessária cada

vez a obtenção de dinheiro.

Dessa forma, a produção familiar camponesa precisa cada vez mais de dinheiro, que

após a desagregação da pequena indústria camponesa e do crescimento industrial urbano,

“[...] não apenas para a compra de coisas dispensáveis, e mesmo supérfluas, mas também para

a compra de coisas necessárias. Ele não pode mais lavrar a sua terra, não pode mais prover a

sua manutenção sem dinheiro.” (KAUTSKY, 1998, p.21)

O campesinato brasileiro é caracterizado por Martins (1995) como itinerante e

desenraizado, sendo historicamente excluído principalmente após a instituição da Lei de

Terras de 1850. Mas, como sujeito histórico ativo, houve inúmeras revoltas camponesas entre

1822 e 1963. Para frear a luta pela reforma agrária, houve a aliança entre classes, para a

implantação da ditadura militar. Ela facilitou a inserção do capital financeiro no espaço

agrário brasileiro a partir da década de 1970 (SILVA, 2014), realizando o que ficou conhecido

como modernização conservadora da agricultura. Segundo Delgado (2005, p.58), esse período

incorporou outra demanda: “o aprofundamento das relações técnicas da agricultura com a

indústria e de ambos com o setor externo”. O processo de modernização técnica aprofundou

ainda mais a heterogeneidade no espaço agrário brasileiro, concentrando-se nas regiões Sul e

Sudeste, nesse sentido

[...] pode-se visualizar nesse processo de modernização um pacto agrário

tecnicamente modernizante e socialmente conservador, que, em simultâneo à

integração técnica da indústria com a agricultura, trouxe ainda para o seu

abrigo as oligarquias rurais ligadas à grande propriedade territorial

(DELGADO, 2005, p.61)

A modernização conservadora possibilitou a inserção do capital financeiro no espaço

agrário, na medida em que, implementou a União do Sistema Nacional de Crédito,

aprofundando as relações de crédito na agricultura principalmente para grandes proprietários.

Contraditoriamente,

[...] a concessão de crédito que antes ficava restrita as grandes empresas, aos

conglomerados agroindustriais e detentores de extensas áreas de terra, a

partir da reinvindicação dos movimentos sociais passou a ser destinada a

produção familiar pelo viés de políticas públicas. Para tanto, o Estado

consegue transformar o que seria uma conquista social em mais uma forma

de subsunção do trabalho ao capital. (SILVA, 2014, p.75)

Referente a isso, em entrevista durante pesquisa de campo (2016), se verificou que em

2000, os assentados obtiveram acesso ao PRONAF, mas 500 famílias dum total de 817

famílias, ou seja, 61,20% dos lotes que adquiriram empréstimos estão endividados no Banco

do Nordeste. Evidencia-se a funcionalidade do Estado na acumulação capitalista pela

implementação de políticas públicas que consolidam a territorialização do capital financeiro

no campo. Contraditoriamente a esse processo, o camponês se reproduz em resistindo à lógica

do capital, com exploração baseada no trabalho familiar, Chayanov (2014, p. 105) aponta que:

Uma olhadela apenas para a estrutura interna desta exploração bastaria para

nos fazer perceber que, na ausência da categoria salário, é impossível situar

nesta estrutura o lucro líquido, a renda e o juro do capital, considerados

como verdadeiras categorias econômicas no sentido capitalista do termo.

Como a força de trabalho na unidade de produção familiar é baseada no trabalho no

trabalho familiar, as principais categorias econômicas capitalistas não podem ser utilizadas

para analisá-la. Transpor essas categorias econômicas é um equívoco teórico que está

imbricado a negação da luta de classes e da histórica luta pela terra do campesinato.

Para Fabrini & Roos (2014, p. 40-41)

A produção camponesa, embora incorporada à dinâmica capitalista de uma

forma desigual e contraditória, não está pautada no lucro médio como os

empresários da indústria, por exemplo. Uma parte da produção camponesa é

elaborada e destinada ao consumo direto da família, autoconsumo, e a outra

parte é transformada em mercadoria no comércio dessa produção indicando

uma diferença entre a agricultura camponesa e a agricultura capitalista.

Enfatiza-se o caráter distinto da produção camponesa, pois, sua lógica de reprodução

social, mesmo que inserida na dinâmica do capitalismo, tem relações totalmente diferentes da

relação da agricultura capitalista, não estando pautada no lucro médio e na exploração do

trabalho.

A luta camponesa é a luta contra o capital, tendo em vista que, ao

subordinar-se à lógica capitalista o camponês perde a sua autonomia. A

expansão do capital se faz de forma desigual e contraditória. Se os

camponeses são expulsos da terra por causa desta expansão, estabelecendo

relações de trabalho assalariado, a sua permanência na terra é necessária

também a esta expansão, engendrando relações de trabalho não capitalistas.

Ao se utilizar da mão-de-obra não remunerada (parceiro camponês), o

capitalista recebe parte do fruto do trabalho destes. Converte-o em

mercadorias e o transforma em capital. Desta forma ao criar e recriar o

trabalho camponês (forma não–capitalista de produção) ele expande o seu

capital. (CONCEIÇÃO, 1991, p. 94).

Nesse contexto o empreendedorismo rural funciona com o objetivo de expandir as

relações capitalistas no campo, Arnold (2011, p.17) aproxima-se a uma definição do

empreendedorismo rural ao afirmar que:

[...] rural pode ser considerado como uma das alternativas para a

agropecuária. A situação que se busca é contar com empresas ‘comerciais’

no campo, ou seja, aquela que pratica a compra e venda de produtos e

serviços através do ato de comércio e tendo por objetivo o lucro. Para tanto,

o produtor rural precisa desenvolver as necessárias competências

empresariais e desenvolver características empreendedoras.

O camponês passa a ser visto como ultrapassado, sendo substituído pelo conceito de

“produtor rural” e posteriormente por empreendedor rural. A força ideológica da substituição

do termo camponês para estes termos oculta os conflitos e o debate da luta pela reforma

agrária como condição de garantia da terra e condição de vida. Sendo construído um

arcabouço teórico que indica o fim do campesinato e a necessária metamorfose de camponês

em agricultor familiar, segundo Abramovay (1992, p. 130) “as sociedades camponesas são

incompatíveis com o ambiente econômico onde imperam relações claramente mercantis.”

Paulino (2008, p. 284) reforça o caráter ideológico do empreendedorismo rural ao afirmar

que: “O esforço de um segmento em implantar na unidade camponesa a racionalidade da

empresa capitalista pode ser apreendida na insistência da contabilidade rigorosa, para a qual a

empresa inclusive disponibiliza planilhas e toda a orientação. ”

O discurso tido como um ato espontâneo e que representa as próprias ideias, na

verdade é tecido polifonicamente entre sujeitos do mesmo grupo social possuindo signos

compartilhados socialmente, adquirindo um caráter interindividual (BAKHTIN, 2010).

Bakhtin (2010, p.36) ao discorrer sobre a separação entre a consciência individual e os

fenômenos ideológicos, afirma que, “[...] separando os fenômenos ideológicos da consciência

individual nós os ligamos às condições e às formas da comunicação social. A existência do

signo nada mais é do que a materialização dessa comunicação.” Os signos ideológicos

constituem-se pontes que interligam a consciência individual com a ideologia. Segundo

Conceição (2014), para compreender melhor o discurso é necessário relacioná-lo ao contexto

social, observando a conjuntura econômica e política, para identificar o caráter do discurso.

O discurso é carregado de traços ideológicos, sendo polifônico, na medida em que, os

signos utilizados em nossa fala são compartilhados socialmente e possuem vozes de diferentes

grupos sociais. Segundo a concepção de Bakhtin (2010) a língua não existe enquanto

enunciação monológica individual e isolada. Sua estrutura tem caráter social. Segundo

Conceição (2014, p.21) o discurso é “tecido polifonicamente por fios dialógicos de vozes, que

polemizam entre si, que se complementam ou que respondem umas às outras”. O discurso é

social e polifônico, na medida em que, não se caracteriza como produto já acabado, mas está

em constante modificação e sendo produzido de modo interindividual, pelas múltiplas vozes

presentes no discurso.

O camponês necessita, segundo o discurso do empreendedorismo rural, obter lucro,

desenvolvendo para isso as habilidades empresariais e a capacidade de empreender,

superando as vicissitudes do mercado. Entretanto, para ser inserido no empreendedorismo

rural, é necessário o acesso ao crédito fundiário, para serem realizados investimentos para

aumentar a produtividade, subordinando a renda da terra camponesa ao capital financeiro.

Nesse viés, o discurso do empreendedorismo rural no Projeto de Assentamento Jacaré

Curituba aparentemente cria oportunidades aos “empreendedores rurais”.

A ideologia funciona como um simulacro da realidade projetando ideais de modo

inverso da realidade vivida. As ideias tendem a ser uma representação invertida do processo

real. Desse modo o sujeito social que tem características típicas de camponês de base familiar,

se autodenomina como “empresário do campo”.

4. Considerações Finais

Diante das análises realizadas, vem ocorrendo a subordinação da renda da terra

camponesa ao capital no P.A. Jacaré-Curituba, seja por meio de venda para atravessadores,

pela dependência ao capital financeiro. E as contradições são ocultadas pelo discurso do

empreendedorismo rural, que ofuscam as relações sociais de produção, compreendendo este

como parte das novas estratégias de subordinação da renda da terra ao capital no Projeto de

Assentamento Jacaré-Curituba, dentre elas podemos destacar o crédito fundiário, pacote

tecnológico da revolução verde e a comercialização a intermediários, que, contraditoriamente,

os assentados vêm se organizando para combater. Compreendendo a partir da crise estrutural

do capital, o modelo de desenvolvimento do “novo rural brasileiro” coopera com o

empreendedorismo rural, compreendendo o camponês enquanto agricultor familiar é

necessário a acumulação capitalista, visto que, são tecidos discursos na defesa do capital

financeiro e do aprofundamento do crédito no espaço agrário.

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